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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA REGINA YANAKO MORIYA Uso de xilanases e lacases de microrganismos no branqueamento de polpas organosolv de palha de cana-de-açúcar e estudo dos derivados celulósicos obtidos Lorena –SP 2007

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA

REGINA YANAKO MORIYA

Uso de xilanases e lacases de microrganismos no branqueamento de polpas organosolv

de palha de cana-de-açúcar e estudo dos derivados celulósicos obtidos

Lorena –SP

2007

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REGINA YANAKO MORIYA

Uso de xilanases e lacases de microrganismos no branqueamento de polpas organosolv

de palha de cana-de-açúcar e estudo dos derivados celulósicos obtidos

Tese apresentada à Escola de Engenharia de Lorena da Universidade de São Paulo para a obtenção do título de Doutor em Biotecnologia Industrial.

Área de Concentração: Conversão de biomassa Orientador: Dr. Adilson Roberto Gonçalves

Lorena - SP

2007

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Este trabalho eu dedico a:

Minha família mãe Satiko, pai João, minha filha Kamila e irmãos Francisco e Roberto e irmã

Edilene pelo carinho e compreensão e apoio em todos os momentos de minha vida.

Ao Jânio pela presença e apoio para alcançar este objetivo.

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AGRADECIMENTOS

À Escola de Engenharia de Lorena (EEL-USP), em especial ao Departamento de

Biotecnologia pela oportunidade do curso de doutorado.

Ao Prof. Dr. Adilson Roberto Gonçalves, pela orientação e apoio ao longo de todo o trabalho,

inclusive pelos ensinamentos na área prática, acadêmica e de pesquisa.

A todos os professores, em especial ao Prof. Dr. George Jackson de Morais Rocha, que me

auxiliaram durante esse trabalho.

Às professoras Profª Drª. Adriane Maria Ferreira Milagres, Profª Drª Maria Bernadete de

Medeiros, Profª Drª Fabrícia de Faria e Profª Drª Marta Cristina Duarte pelo gentil

fornecimento de enzimas, sem as quais não seria possível fazer este trabalho.

A todos os funcionários da Escola de Engenharia de Lorena, em especial aos funcionários do

Departamento de Biotecnologia José Carlos Tavares, Jussara, José Moreira e Cibele.

À Novozymes pela gentil doação de enzima.

À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES) pela bolsa de

doutorado concedida.

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RESUMO

MORIYA, R.Y. Uso de xilanases e lacases de microrganismos no branqueamento de polpas organosolv de palha de cana-de-açúcar e estudo dos derivados celulósicos obtidos. 2007. 141 f. Tese (Doutorado em Biotecnologia Industrial) - Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2007. O objetivo deste trabalho foi estudar o branqueamento enzimático e químico de polpas organosolv de palha de cana-de-açúcar e obter a carboximetilcelulose de polpa de palha branqueada por uma seqüência de branqueamento livre de cloro. A palha de cana apresentou a composição química de 36% de glucana, 28% de pentosana, 26% de lignina total e 2% de cinzas. Foram feitos estudos de otimização das polpações acetosolv e etanol-água da palha. A polpação acetosolv foi feita na temperatura de refluxo do solvente ácido acético 93% (v/v) com 0,4% de HCl (relação massa polpa) como catalisador. As melhores condições para a polpação acetosolv da palha foram: relação palha/solvente 1/30 (m/v) e tempo de polpação de 3 h, com rendimento de 49%. A polpa acetosolv de palha apresentou a composição química de 50% de glucana, 16%

de polioses, 26% de lignina total e 5% de cinzas com viscosidade 5,5 cP e número kappa 58. Os estudos de otimização da polpação etanol-água da palha foram feitos em reator de 200 mL utilizando a relação palha/solvente 1:10 (m/v) e mistura solvente etanol:água 1:1 (v/v). Foi feita uma ampliação de escala para a polpação etanol-água da palha em reator de 40 L com rendimento da polpação de 36%. A polpa apresentou 55% de glucana, 3% de polioses, 25% de lignina total e 3,6% de cinzas com viscosidade 3 cP e número kappa 61. Uma outra polpação etanol-água foi feita na temperatura de 160ºC com rendimento de polpação de 39%. A polpa foi classificada com rendimento de 87%. A polpa apresentou a composição química de 52% de glucana, 10% de polioses, 26% de lignina total e 2% de cinzas, com viscosidade de 14 cP e número kappa 53. As polpas foram submetidas ao biobranqueamento com xilanase de três origens microbiológicas: fungo Thermoascus aurantiacus, bactéria Bacillus pumilus e fungo termofílico recombinante Humicola grisea var.thermoidea produzida por levedura Pichia pastoris. Em polpas acetosolv, o uso de xilanase de Bacillus pumilus proporcionou melhora na viscosidade e a xilanase de Thermoascus aurantiacus proporcionou redução do número kappa. Na polpa etanol-água (3% de polioses e viscosidade 3 cP) o uso de xilanase foi ineficaz, no entanto na polpa etanol-água (10% de polioses e viscosidade 14 cP) o uso de 1 unidade de xilanase de Bacillus pumilus se mostrou adequado no biobranqueamento da polpa. Foi utilizada a lacase comercial e foram avaliados os mediadores 1-hidroxibenzotriazol (HBT) e o ácido violúrico (AV) em polpas etanol-água, sendo que o ácido violúrico foi mais eficiente do que o HBT na deslignificação da polpa. A polpa etanol-água foi branqueada de acordo com uma seqüência de branqueamento totalmente livre de cloro juntamente com enzimas. O uso de xilanase melhorou a propriedade de alvura e o sistema lacase-mediador deslignificou a polpa. O efeito combinado dos dois sistemas enzimáticos permitiu branquear a polpa etanol-água de palha e obter a carboximetilcelulose.

Palavras-chave: Palha de cana. Polpação organosolv. Xilanases. Lacases. Branqueamento. Carboximetilcelulose

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ABSTRACT

MORIYA, R.Y. Use of microbial xylanases and laccases in the bleaching of organosolv pulps from sugacane straw and study of the cellulosic derivatives obtained. 2007. 141 f. Thesis (Doctoral in Industrial Biotechnology) - Escola de Engenharia de Lorena, Universidade de São Paulo, Lorena, 2007. The objective of this work was to study the enzymatic and chemical bleaching of organosolv pulps of straw and to obtain carboxymethylcellulose, using totally chlorine-free sequence. Sugarcane straw presented the chemical composition 36% glucan, 28% pentosan, 26% total lignin and 2% ashes. The acetosolv pulping was carried out reflux temperature of acetic acid solvent mixture 93% (v/v) with 0.4% (w/w) HCl as catalyst. The best conditions for the acetosolv pulping of the straw were: relation straw/solvent ratio 1/30 (w/v) and 3 h pulping, with 49% pulp yield. The acetosolv straw pulp presented the chemical composition 50% glucan, 16% pentosan, 26% total lignina and 5% ashes and with viscosity 5.5 cP and number kappa 58. The studies of optimization of the ethanol-water pulping had been made in 200-mL reactor using the 1:10 (m/v) ratio straw/solvent and solvent mixture ethanol/water 1:1 (v/v).The scale-up of ethanol-water pulping of the straw was carried out in 40-L reactor and the yield pulping was 36%. The reproduction of the results that were obtained in 200-mL reactor did not occurred, having great degradation of pentosan of the straw leading to pulps with 55% glucan, 3% pentosan, 25% total lignin and 3.6% ashes, viscosity 3 cP and kappa number 61. Another ethanol-water pulping reaction was performed at 160ºC with 39% yield pulping. The pulp was classified with 87% yield. The pulp presented the chemical composition 52% glucan, 10% pentosan, 26% total lignin and 2% ashes with viscosity 14 cP and kappa number 53. The pulp was submitted to the xylanase biobleaching coming from three microbiological origins: fungal xylanase from Thermoascus aurantiacus, thermophylic bacterial Bacillus pumilus and fungal recombinant Humicola grisea var. thermoidea produced by Pichia pastoris yeast. In acetosolv pulps, the use of xylanase from Bacillus pumilus provided improvement in viscosity and xylanase from Thermoascus aurantiacus provided the reduction of the kappa number. In the ethanol/water pulp (3% pentosan and viscosity 3 cP) the use of xylanase was inefficient, however in the ethanol-water pulp (10% pentosan and viscosity 14 cP) the use of 1 unit of xylanase of Bacillus pumilus showed adequate in the biobleaching of the pulp. The ethanol-water pulp was submitted to the bleaching with the laccase-mediator system. Commercial laccase was used and it had been evaluated the mediators 1-hidroxybenzotriazole (HBT) and the violuric acid (VA). VA was more efficient than HBT to delignify the pulp. The use of xylanase improved the brightness property and the laccase-mediator delignificated the pulp, the use of two enzymatic system allowed to bleach the ethanol/water straw pulp and to get carboxymethylcellulose. Keywords: Sugarcane straw. Organosolv pulping. Xylanases. Laccases. Pulp bleaching. Carboxymethylcellulose.

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

AMA Ácido Monocloro Acético ASTM American Standart Test Methods ATR Reflexão Atenuada (Atenuated Reflexion Technique) AV Ácido Violúrico CLAE Cromatografia Líquida de Alta Eficiência CMC Carboximetilcelulose DNS Ácido 3,5 Dinitrossalicílico ECF Livre de Cloro Elementar (Elemental Chlorine Free) FTIR Infravermelho com Transformada de Fourier (Fourier Transform Infrared) GS Grau de Substituição HBT 1-hidroxibenzotriazol (1-Hydroxybenzotriazole) MEV Microscopia Eletrônica de Varredura LMS Sistema Lacase Mediador (Laccase Mediator System) PCA Análise por Componentes Principais (Principal Component Analysis) TAPPI Tecnical Association of Pulp and Paper Industry TCF Totalmente Livre de Cloro (Totally Chlorine Free) X Xilanase XE Xilanase seguida de Extração Alcalina

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1. Simbologia das etapas de branqueamento..............................................................35

Tabela 6.1. Composição química de palhas de cana, trigo e arroz ..........................................59

Tabela 6.2. Resultados de rendimento de polpação, viscosidade, número kappa e composição química de polpas acetosolv de palha de cana .........................................................................62

Tabela 6.3. Perda de componentes na polpação acetosolv ......................................................62

Tabela 6.4. Valores de tempo e temperatura e matriz do planejamento fatorial ..................... 63

Tabela 6.5. Resultados de rendimento de polpação, viscosidade, número kappa e composição química de polpas etanol-água obtidas no segundo planejamento fatorial ..............................64

Tabela 6.6. Composição química de palha de cana e polpa acetosolv 82

Tabela 6.7. Composição química de polpas acetosolv tratadas com xilanase de H. grisea ....82

Tabela 6.8. Composição química de polpas acetosolv tratadas com xilanase de B. pumilus ..82

Tabela 6.9. Composição química de polpas acetosolv tratadas com xilanase de T.aurantiacus .82

Table 6.10. Perda de componente etapa polpa-tratamento xilanolítico ...................................83

Tabela 6.11. Perda de componentes etapa polpa branqueada com xilanase-branqueamento químico 83

Tabela 6.12. Rendimento dos tratamentos enzimáticos de polpas acetosolv 87

Tabela 6.13. Rendimento global do processo de transformação de palha em polpa acetosolv branqueada 87

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Tablea 6.14. Resulatados de composição química de polpas etanol-água (1) tratadas com xilanase de B. pumilus 89

Tabela 6.15. Resultados de viscosidade, número kappa e lignina total de polpas etanol-água (1) tratadas com lacase de P. ostreatus ou lacase comercial e mediador HBTou AV 94

Tabela 6.16. Resultados de número kappa de polpas branqueadas com o sistema a lacase mediador 97

Tabela 6.17. Planejamento fatorial completo 23 para a otimização das condições de branqueamento de polpas etanol-água de palha 102

Tabela 6.18. Resultados de número kappa de polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase mediador/HBT por 4 h de reação 102

Tabela 6.19. Resultados de número kappa e lignina total de polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase-mediador/HBT 103

Tabela 6.20. Valores obtidos e valores preditos pelo modelo matemático do planejamento fatorial da otimização do sistema lacase mediador/HBT de polpas etanol-água (2) 106

Tabela 6.21. ANOVA para o número kappa (LE) de polpas tratadas com sistema lacase mediador(HBT) por 1 h de reação 107

Tabela 6.22. Resultados de número kappa e lignina total de polpas etanol-água tratadas com o sistema lacase-mediador/AV 111

Tabela 6.23. ANOVA para o número kappa (LE) de polpas tratadas com sistema lacase mediador/AV) por 1 h de reação 113

Tabela 6.24. Valores obtidos e valores preditos pelo modelo matemático para polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase-mediador/AV 113

Tabela 6.25 Bandas de oscilações características na região do infravermelho para a celulose (SILVERSTEIN e BASSLER, 1974) 121

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1. Hipóteses propostas para a ação da xilanase como auxiliar no branqueamento de polpas químicas: (A) cromóforos derivados de xilana; (B) complexo lignina-carboidrato; (C) xilana redepositada e (D) inchamento das fibras, em que (L= lignina, X= xilana) (WONG et al., 1997b) 27

Figura 2.2. Mecanismo de oxidação realizado pela lacase e subseqüentes reações não enzimáticas 31

Figura 2.3. Possíveis reações de oxidação da lignina pela lacase (ARCHIBALD et al., 1997) 32

Figura 2.4. O papel do mediador na atividade da lacase 32

Figura 2.5. Reação de despolimerização de lignina 36

Figura 2.6 Reações de degradação oxidativa de sistemas aromáticos 36

Figura 2.7. Formação de novas estruturas cromóforas 37

Figura 4.1. Representação esquemática do processo de branqueamento de polpas organosolv e obtenção de carboximetilcelulose. 43

Figura 4.2. Estruturas dos mediadores 1-hidroxubenzotriazol (HBT) e do ácido violúrico (VA) 46

Figura 6.1. Micrografia eletrônica de varredura (A) palha in natura (ampliação de 100x), (B) palha in natura (ampliação de 500 x) e (C) palha in natura (ampliação de 10.000 x). 59

Figura 6.2. Micrografia eletrônica de varredura (A) polpa etanol-água (2) não classificada (ampliação de 100 x), (B) polpa etanol-água (2) não classificada (ampliação de 500 vezes) 67

Figura 6.3. Micrografia eletrônica de varredura do rejeito grosso da classificação da polpa etanol-água (2) (a) ampliação de 100 vezes e (b) ampliação de 500 vezes 67

Figura 6.4. Micrografia eletrônica de varredura (A) polpa etanol-água (2) classificada, (ampliação de 1000 x), (B) polpa etanol-água (2) classificada (ampliação de 2000 x) e (C) polpa etanol-água (2) classificada (ampliação de 10.000 x) 67

Figura 6.5. (A) viscosidade e (B) Número kappa de polpas acetosolv de palha tratadas com xilanase e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina 68

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Figura 6.6. Seletividade (relação viscosidade/número kappa) de polpas acetosolv de palha tratadas com diferentes cargas enzimáticas e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina 69 Figura 6.7. Açúcares redutores liberados no filtrado do tratamento de polpas acetosolv com xilanase de H. grisea 70

Figura 6.8. Espectros de UV de materiais coloridos (cromóforos) liberados durante o tratamento enzimático (A) tratamento de polpas acetosov somente com diversas cargas de xilanase e (B) tratamento de polpas com xilanase seguida de extração alcalina 71

Figura 6.9. Espectros de infravermelho de polpas acetosolv tratadas com xilanase de Humicola grisea 72

Figura 6.10. Correlação entre os scores PC 1x PC2 dos espectros FTIR de polpas acetosolv tratadas (A) tratadas com xilanase de Humicola griseae e (B) tratadas com xilanase seguida de extração alcalina 72

Figura 6.11. Loading obtido dos espectros de FTIR de polpas acetosolv de palha de cana tratadas com xilanase Humicola grisea 73

Figura 6.12. Viscosidade (A) e número kappa (B) de polpas acetosolv tratadas com diferentes cargas de xilanase de B. pumilus 74

Figura 6.13. Seletividade de polpas acetosolv tratadas com xilanase de B. pumilus 75

Figura 6.14. Açúcares redutores liberados no filtrado dos tratamentos de polpas acetosolv tratadas com xilanase e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina (xilanase de B. pumilus) 75

Figura 6.15. Cromóforos liberados no filtrado do tratamento de polpas acetosolv tratadas com xilanase de B. pumilus (X) e xilanase seguida de extração alcalina (B) 76

Figura 6.16. Viscosidade (A) e número kappa (B) de polpas acetosolv tratadas com xilanase de T. aurantiacus 77

Figura 6.17. Seletividade (relação viscosidade e número kappa) de polpas acetosolv tratadas com xilanase de T. aurantiacus 78

Figura 6.18. Açúcares redutores liberados no filtrado do tratamento de polpas acetosolv com xilanase de T. aurantiacus 79 Figura 6.19. Cromóforos liberados no filtrado de polpas acetosolv tratadas com xilanase de T. aurantiacus (A) xilanase e (B) xilanase seguida de extração alcalina 79

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Figura 6.20. Viscosidade de polpas acetosolv tratadas com diferentes cargas enzimáticas e com diferentes xilanases de diferentes origens microbiológicas 80 Figura 6.21. Número kappa de polpas acetosolv tratadas com diferentes cargas enzimáticas e com diferentes xilanases de diferentes origens microbiológicas 81

Figura 6.22. Perda de componentes (A) glucana, (B) xilana e (C) lignina total no processo total: da polpação da palha a polpa biobranqueada com xilanase e com extração alcalina 84

Figura 6.23. (A) seletividade (relação perda de glucana/perda de lignina) e (B) seletividade (relação perda de xilana/perda de lignina) de polpas acetosolv tratadas com diferentes xilanases 86

Figura 6.24. Viscosidade e número kappa de polpas etanol-água 1 de palha de cana tratadas com diferentes cargas de xilanase de B. pumilu s (X) e polpas tratadas com xilanase de Bacillus pumilus seguidas de extração alcalina 90

Figura 6.25. Espectros de infravermelho de polpas etanol-água (1) tratadas com xilanase e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina 91

Figura 6.26. Correlação entre os scores PC 1x PC2 dos espectros FTIR de polpas etanol-água tratadas com xilanase de Bacillus pumilus 92

Figura 6.27. Loading obtido dos espectros de FTIR de polpas etanol-água de palha de cana tratadas com xilanase Bacillus pumilus 92

Figura 6.28. Viscosidade (A) e número kappa (B) de polpa etanol-água (2) tratadas com xilanase de B. pumilus 95

Figura 6.29. Açúcares redutores liberados nos filtrados dos tratamentos de polpas etanol-água (2) com xilanase de B. pumilus 96

Figura 6.30. Cromóforos liberados no filtrado de polpas etanol-água (2) tratadas com xilanase de B. pumilus (A) xilanase e (B) xilanase seguida de extração alcalina 97

Figura 6.31. Mecanismo de transferência de elétron (TE) (FABBRINI et al., 2002) 98

Figura 6.32. Ciclo voltamétrico do ácido violúrico 99

Figura 6.33. Ciclo voltamétrico do ABTS 99

Figura 6.34. Mecanismo radicalar com transferência de hidrogênio atômico de uma estrutura da lignina 100

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Figura 6.35. Formação do radical aminoxil em mediador que possuem >N-OH 101

Figura 6.36. Acompahamento do biobranqueamento de polpas etanol-água (2) com o sistema lacase mediador/HBT 105

Figura 6.37. Diagrama de pareto com os valores dos efeitos de polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase mediador (HBT) por 1 h de reação 107

Figura 6.38. Gráfico dos valores preditos versus resíduos para o tratamento lacase mediador/HBT de polpas etanol-água (2) 108

Figura 6.39. Superfície de resposta e contorno em função da quantidade de lacase, mediador e consistência para o número kappa (LE) de polpas etanol-água (2) 109

Figura 6.40. Acompanhamento do biobranqueamento de polpas etanol-água (2) com o sistema lacase mediador/AV 112

Figura 6.41. Diagrama de pareto com os valores dos efeitos de polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase mediador (AV) por 1 h de reação 114

Figura 6.42. Gráfico dos valores preditos versus resíduos para o tratamento lacase mediador/AV de polpas etanol-água (2) 114

Figura 6.43. Superfície de resposta e curvas de contorno para o sistema lacase mediador/AV de polpas etanol-água (2) 115

Figura 6.44. Espectros de UV dos filtrados de tratamento de polpa etanol-água (2) com o sistema lacase mediador/AV : 80 UI/g de lacase, 2,25% de Av e 6% de consistência 116

Figura 6.45. Espectros de UV dos filtrados de tratamento de polpa etanol-água (2) com o sistema lacase mediador/AV : 80 UI/g de lacase, 0,5% de Av e 6% de consistência 117

Figura 6.46. Alvura de polpas etanol-água (2) branqueadas com uma seqüência de branqueamento enzimático e com reagentes de branqueamento livre de cloro 120

Figura 6.47. Número kappa de polpas etanol-água branqueadas com uma seqüência de branqueamento enzimático e com reagentes de branqueamento livre de cloro 120

Figura 6.48. Espectros de infravermelho de carboximetilcelulose de palha de cana branqueada, da polpa de palha branqueada 133 Figura 6.49. Espectro de infravermelho de duas carboximetilceluloses comerciais 134

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO 16

2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 18

2.1. Palha de Cana-de-Açúcar 18

2.2. Processos de Polpação 21

2.3. Polpa de Dissolução 23

2.4. Branqueamento Enzimático de Polpas 24

2.4.1. Biobranqueamento de Polpas com Xilanases 24

2.4.2. Biobranqueamento de Polpas com Lacase 29

2.5. Branqueamento Químico de Polpas 33

2.6. Derivados de Celulose 38

3. OBJETIVOS 42

4. MATERIAIL E MÉTODOS 43

4. 1. Otimização dos processos de polpação organosolv 44

4. 1. 1. Polpação acetosolv da palha de cana-de-açúcar 44

4. 1. 2. Polpação etanol-água da palha de cana-de-açúcar 44

4. 2. Determinação de atividade enzimática 45

4. 2. 1. Atividade de xilanase 45

4. 2. 2. Atividade de lacase 45

4. 3. Estudo da branqueabilidade das polpas organosolv 45

4.3. 1. Biobranqueamento com xilanases 45

4. 3. 2. Biobranqueamento com lacase 46

4. 3.3. Análise da ação enzimática através do balanço de massa 47

4. 4. Branqueamento químico 49

4. 4.1. Estágio com peróxido de hidrogênio 49

4. 4. 2. Estágio com hidróxido de sódio 50

4. 5. Obtenção de derivado de celulose 50

5. ANÁLISE DOS RESULTADOS 52

5. 1. Determinação do rendimento de polpação 52

5. 2. Viscosidade 52

5. 3. Número kappa 53

5. 4. Alvura 54

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5. 5. Hidrólise ácida da polpa 55

5. 5. 1 .Determinação de carboidratos e ácidos orgânicos por CLA 56

5. 5.2. Determinação de lignina insolúvel (lignina Klason) 56

5. 5. 3. Determinação do teor de cinzas (lignina Klason) 56

5. 5. 4. Determinação da lignina solúvel 57

5. 5. 5. Determinação de furfural e hidroximetilfurfural 57

5. 6. Espectros no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR) 57

5. 7. Análise por componentes principais (PCA) dos espectros FTIR 58

5. 8. Microscopia eletrônica de varredura (MEV) 58

6. RESULTADOS E DISCUSSÃO 59

6. 1. Polpação acetosolv da palha de cana 60

6. 2. Polpação etanol-água da palha 62

6 .3. Tratamento enzimático da polpa acetosolv 66

6. 3. 1. Xilanase de Humicola grisea 66

6. 3. 2. Xilanase de Bacillus pumilus 73

6.3.3.Xilanase de Thermoascus aurantiacus 76

6. 3. 4. Estudo comparativo do uso das xilanases nas polpas acetosolv de palha 80

6. 3. 4. 1. Análise de perdas de componentes das polpas acetosolv tratadas com três

xilanases de origens microbiológicas diferentes 81

6. 4. Sistema lacase mediador (LMS) 87

6. 5. Tratamento enzimático das polpas etanol-água (1) 88

6. 6. Polpas etanol-água (2) branqueadas com xilanase de Bacillus pumilus 94

6. 7. Otimização das condições de biobranqueamento das polpas etanol-água (2)

com o sistema lacase comercial/HBT 101

6 .8. Otimização das condições de biobranqueamento de polpas etanol-água (2) tratados

com lacase comercial e mediador ácido violúrico 110

6. 9. Seqüência de branqueamento de polpas etanol-água (2) de palha 118

6. 10. Obtenção de Carboximetilcelulose de polpa etanol-água de palha branqueada

com seqüência livre de cloro 131

7. CONCLUSÕES 125

RECOMENDAÇÕES FUTURAS 126

REFERÊNCIAS 127

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1.INTRODUÇÃO

O Brasil é o maior produtor mundial de cana-de-açúcar. A cana é plantada para a

obtenção de açúcar e de álcool. O potencial de produção de resíduos da cana-de-açúcar

(matéria seca) representa em média 14% da massa de colmos. Dessa forma, para cada

tonelada de cana (colmos) produzida têm-se a produção de 140 kg de bagaço e igual

quantidade de palha de cana.

O desenvolvimento de um processo eficiente e economicamente viável, com o intuito

de converter biomassa (palha de cana) de baixo valor agregado em produtos de alto valor

comercial, pode proporcionar substanciais benefícios econômicos, ambientais e sociais. A

transformação da biomassa requer processos de pré-tratamento e conseqüente separação dos

constituintes da biomassa. Os processos ideais de tratamento da biomassa devem não somente

romper a estrutura celular da planta, mas também utilizar produtos químicos baratos, requerer

equipamentos simples e não causar impacto ambiental negativo.

Na cultura da cana-de-açúcar é comum a prática da queimada dos campos de cultivo,

eliminando a palha e facilitando a colheita manual da cana, porém essa prática da queimada

dos canaviais que antecede a colheita da cana causa sérios problemas ambientais e danos à

saúde da população das cidades produtoras de cana. No Estado de São Paulo existe lei que

proíbe a prática das queimadas e assim há grande quantidade desse resíduo agrícola.

Para o uso integral e racional da biomassa lignocelulósica é necessário fazer a

separação de seus constituintes macromoleculares: celulose, poliose e lignina. O processo de

polpação organosolv é um processo alternativo aos processos tradicionais kraft e sulfito e que

permite o aproveitamento integral da biomassa produzindo menos danos ao meio ambiente,

além da polpa obtida ser mais facilmente branqueada (remoção de cromóforos e lignina).

As xilanases são enzimas hidrolíticas e que catalisam a reação de degradação das

xilanas. As xilanases podem ser produzidas por fungos ou bactérias. Para a aplicação na

indústria de polpa e papel são interessantes xilanases termoestáveis e alcalofílicas e que sejam

livres de celulase para não degradarem a celulose da polpa. A enzima xilanase produz

modificações superficiais na fibra de celulose, proporcionando a melhor remoção de lignina

residual presente na polpa. Essa ação xilanolítica proporciona a redução do consumo de

reagentes de branqueamento.

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As lacases são enzimas oxidativas que catalisam reações de polimerização e

despolimeração da lignina, são capazes de oxidar uma variedade de compostos fenólicos e

substâncias inorgânicas presentes em efluentes industriais.

Estudos de pré-branqueamento de polpas com as enzimas xilanase e lacase obtidas de

diferentes microrganismos têm sido feitos juntamente com o uso de agentes químicos de

branqueamento livres de cloro, nos quais são utilizados derivados de oxigênio, peróxido de

hidrogênio e extração alcalina com hidróxido de sódio. O tratamento enzimático das polpas

permite a redução da quantidade desses reagentes de branqueamento para obter polpa com

mesma alvura ou ainda proporcionam melhoras nas propriedades da polpa.

A polpa branqueada pode ser usada para a fabricação de diversos derivados de

celulose, como por exemplo, acetato de celulose, raion, carboximetilcelulose, etc. A

carboximetilcelulose é o derivado de celulose de maior valor econômico, por possuir vasta

aplicação em indústria alimentícia, farmacêutica, etc.

No presente trabalho, através de processsos tecnológicos e biotecnológicos, foi

possível transformar a biomassa (palha de cana), resíduo agrícola sem valor econômico, em

carboximetilcelulose (derivado de celulose) com alto valor agregado.

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2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1. Palha de Cana-de-Açúcar

A cana-de-açúcar é uma gramínea pertencente ao gênero Saccharum, originária da

Índia e foi introduzida no Brasil logo após seu descobrimento. A cana-de-açúcar cresce na

maioria dos países tropicais e subtropicais e é usada principalmente para a obtenção de açúcar

e álcool. Na safra de 2006/07 a produção de cana foi de 476 milhões de toneladas (AGROL

NOTÍCIAS, 2007), sendo que a região Centro-Sul é responsável por 87% da produção

nacional. São Paulo é o maior produtor, cabendo ao estado 60% da colheita nacional e ao

Norte e Nordeste contribuindo com 13% da produção total. Dos 476 milhões de toneladas de

cana produzidos, 423 milhões de toneladas serão destinados à indústria sucro-alcooleira,

sendo 237 milhões de toneladas para produção de açúcar. A industrialização total de álcool

(hidratado, anidro e neutro) vai consumir 186 milhões de toneladas de cana, gerando 18

bilhões de litros de álccol e o restante da produção de cana (46 milhões de toneladas) será

destinado a outros fins, como cachaça, rapadura, ração animal e replantio (O GLOBO, 2006).

O potencial de produção de resíduos da cana-de-açúcar (matéria seca) representa em

média 14% da massa da cana. Dessa forma, para cada tonelada de cana (colmos) produzida

têm-se 140 kg de resíduo seco (CENBIO, 2003), assim o Brasil está produzindo por safra

anual mais de 60 milhões de toneladas de palha de cana.

Para fazer-se a colheita da cana nos campos de cultivo, faz-se o uso da queima da

palha, prática prejudicial à saúde e ao meio ambiente. Dados da Cetesb de Araraquara,

comprovam que, em 1998, a queima da palha da cana-de-açucar produziu quatro vezes mais

fuligem do que o emitido pelos veículos da Região Metropolitana de São Paulo naquele ano.

Estima-se que no ano de 2004 foram jogadas na atmosfera cerca de 55 mil toneladas de

material particulado, em que 94% corresponde a partículas finas e ultrafinas, capazes de

provocar problemas pulmonares, como inflamações no sistema respiratório, crises de asma e

efisema pulmonar (MORAIS, 2004).

Mais de 70 produtos químicos já foram identificados na fumaça resultante das

queimadas, sendo que muitos desses produtos são tóxicos ou têm ação cancerígena. De modo

geral, os componentes básicos da poluição atmosférica resultante das queimadas são

constituídos de material particulado (MP). Mais de 90% da massa de partículas encontradas

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na fumaça produzida pela queima de produtos vegetais, como é o caso das queimadas nos

canaviais e das queimadas urbanas, consiste de partículas finas, justamente a fração de MP

que maior prejuízo traz à saúde. Essas partículas medem menos do que 10 micrômetros, são

invisíveis a olho nu, e podem ser levadas para dentro dos pulmões através do ar inalado na

respiração. As partículas maiores não chegam a penetrar profundamente no aparelho

respiratório, pois ficam retidas nas narinas e nas vias aéreas superiores, mas nem por isso

deixam de ser prejudiciais. As partículas maiores, visíveis a olho nu, representam o

“carvãozinho” que se deposita no chão e nos objetos quando ocorrem queimadas. As

partículas descritas acima contêm, além do elemento carbono (principal constituinte do

carvão), um número muito elevado de substâncias químicas, que formam o grupo de Material

Orgânico Particulado (MOP). A combustão de matéria orgânica, como nas queimadas, é uma

das principais fontes do MOP encontrado na atmosfera. Entre as substâncias presentes no

MOP há os compostos conhecidos pelo nome de Hidrocarbonetos Policíclicos Aromáticos

(HPAs), muitos deles com propriedades carcinogênicas, como é o caso do benzopireno,

benzofluoranteno, benzoantraceno e benzofenantreno. A queima produz também SO2,

responsável pela chuva ácida, e ozônio que, em baixas altitudes, causa problemas

respiratórios (MORAIS, 2004).

Um aumento médio de 10 mg/m3 de fuligem na atmosfera, provoca um acréscimo de

9% na procura pelas inalações nos hospitais de Araraquara, mostrando que a queima desse

tipo específico de biomassa (cana-de-açúcar) é realmente prejudicial à saúde. A cidade de

Araraquara é responsável por 8 a 10% da produção de cana no Estado de São Paulo, este por

sua vez, responde por mais de 50% da produção nacional (EDUCACIONAL, 2004).

O governo do Estado de São Paulo, pela lei nº 11.241 de 19 de setembro de 2002,

dispõe que a eliminação da queima seja gradativa, de modo que em 2006 30% da queima seja

eliminada e que até 2021 a eliminação da queima da palha seja de 100% (MCT, 2003). A

queimada consiste em atear fogo no canavial de forma que aproximadamente 30% da

biomassa (folhas secas e verdes) existente sejam destruídas. As folhas da cana (palha) não

participam diretamente da produção de açúcar ou álcool, assim considera-se essa biomassa

matéria-prima descartável (AGÊNCIA FOLHA, 2007). No período da safra de cana, o setor

canavieiro é o que mais gera emprego, com a maioria da mão-de-obra vindo de outros estados

de São Paulo. Terminada a colheita os cortadores de cana são dispensados e voltam aos seus

estados de origem. Com o fim das queimadas no Estado de São Paulo os trabalhadores

imigrantes deverão se deslocar para outros estados produtores de cana, onde a queimada ainda

é perrmitida. No Estado de São Paulo o próprio setor sucro-alcooleiro acabará absorvendo

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grande parte da mão de obra, mas se faz necessário o desenvolvimento de programas de

qualificação e culturas que absorvam mão-de-obra (SAMPAIO, 2007).

Nas indústrias sucro-alcooleiras, após a moagem da cana, o principal subproduto é o

bagaço. Tradicionalmente, o bagaco de cana tem sido usado como combustível na própria

usina, produzindo vapor e gerando energia. Com uma eficiência de 80 - 85% nas caldeiras

chega-se a obter um excedente de 30 - 50% do bagaço gerado (SILVÉRIO, 1988; ARMAS e

BIANCHI, 1990).

O bagaço atualmente usado no abastecimento das caldeiras para a co-geração de

energia elétrica para consumo próprio nas usinas/destilarias poderá ser destinado à produção

de álcool pela utilização de uma tecnologia chamada de DHR (Dedini Hidrólise Rápida). O

método consiste na utilização do processo de hidrólise, transformando o bagaço da cana em

açúcares, que, fermentados e destilados, resultam em álcool. Embora o sistema já tenha

alcançado pleno desenvolvimento tecnológico, ainda está em fase de aumento de escala para

ser implantado em escala industrial. O DHR, patenteado em vários países do mundo, tem

inúmeras vantagens, a principal é que vai incrementar substancialmente a produtividade de

uma destilaria, que hoje produz 7.740 l/hectare: com o pleno desenvolvimento da tecnologia

DHR, a produção de álcool de bagaço será de 13.800 l/hectare. A palha da cana, que

atualmente é queimada para facilitar o corte no campo, substituirá o bagaço na geração de

energia para consumo próprio. O processo DHR permite ainda a utilização de dois

subprodutos que são combustíveis: a lignina e a vinhaça, que poderão ser acrescentadas à

palha no abastecimento das caldeiras (UDOP, 2004). Outros processos de hidrólise estão

sendo amplamente estudados, com destaque para o Projeto BIOETANOL, financiado pela

FINEP –Convênio Chamada Pública 4183-05.

Os produtos da cana tiveram aumento de 9,7% na oferta interna em 2006, em relação

ao ano anterior, chegando a 33,1 milhões de toneladas equivalentes de petróleo. A produção

de álcool cresceu 10,8% no período chegando a 17,8 bilhões de litros. O bagaço e o açúcar

tiveram crescimento de 17,7% na produção, chegando a 310 milhões de toneladas. Estudo

feito pelo Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) aponta para a

produção de álcool a partir de resíduos como bagaço de cana e palha de milho (SAMPAIO,

2007). Quando se avalia a produção de etanol a partir de matérias-primas renováveis,

questiona-se sobre o uso da terra em detrimento à produção de alimentos. Segundo PEREIRA

(2007) é exatamente neste aspecto que reside o maior interesse na utilização de biomassas

residuais. “Não há necessidade de se aumentar a extensão de áreas agricultáveis para a

produção de matérias-primas. O objetivo é transformar resíduos sólidos em fontes valiosas de

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carboidratos, visando a produção de combustíveis e de uma variedade de substâncias

químicas”. Para que o bagaço ou palha de cana seja utilizado como matéria-prima de

produção de etanol é necessário desorganizar o complexo lignocelulósico. Para tal fim são

necessárias etapas de pré-tratamento físicos, químicos ou biológicos. O pré-tratamento de

maior interesse industrial é a explosão a vapor, devido seu baixo custo e emprego em escala

comercial (PEREIRA, 2007).

Os processos de sacarificação e fermentação simultâneos (hidrolisados podem ser

fermentados a etanol) é uma forte tendência de aproveitamento de celulose para a produção de

etanol (PEREIRA, 2007).

Além do bagaço e da palha de cana serem utilizados para a geração de energia, existe

ainda o grande interesse da sociedade e das indústrias em utilizar recursos renováveis para a

obtenção de produtos químicos, como por exemplo, polpa celulósica para fabricação de papel

e derivados de celulose como carboximetilcelulose, xantato de celulose, etc. Esse interesse é

devido à disponibilidade de grande quantidade de resíduos agrícolas e porque cada vez mais

vêm sendo estudados métodos que utilizem resíduos agrícolas.

2.2. Processos de Polpação

O desenvolvimento de um processo eficiente e economicamente viável, com o intuito

de converter biomassa de baixo valor agregado em produtos de alto valor comercial, pode

proporcionar substanciais benefícios. Um pré-tratamento ideal deve não somente romper a

estrutura celular da planta, mas também utilizar produtos químicos baratos, requerer

equipamentos simples e não causar impacto ambiental.

Para que se possa fazer o uso integral dos resíduos lignocelulósicos é necessária a

separação de seus constituintes, sendo o processo de polpação um dos mais eficientes para tal

propósito.

A grande demanda da produção de polpa, principalmente, em países desenvolvidos,

tem levado à falta de matéria-prima lenhosa e a um gradual desmatamento de algumas áreas

do planeta. Assim, como matéria-prima alternativa, possuem um particular interesse os

materiais não lenhosos como palha de trigo e outros resíduos agrícolas (JIMÉNEZ et al;

1999). A fabricação de polpa para papel através de palhas de cereais é um processo delicado

para ser feito pelos processos industriais tradicionais papeleiros devido à presença de

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derivados de sílica presentes na matéria-prima que dificultam a reciclagem dos reagentes de

polpação contidos no licor negro. A polpação organosolv em meio ácido é capaz de resolver

esse tipo de problema (PAN et al; 1999; SEISTO e POPPIUS-LEVLIN, 1997).

O processo de polpação organosolv é um processo alternativo à produção de polpa que

usa solventes orgânicos e apresenta vantagens em relação à polpação tradicional sulfito e

sulfato (kraft) que geram grande quantidade de efluentes poluentes do meio ambiente

(JIMÉNEZ et al; 1997). A polpação organosolv apresenta vantagens, tais como: a melhora na

eficiência da polpação, ao usar álcool basicamente não ocorre perda de celulose, a

reprecipitação de lignina sobre a superfície das fibras é mínima (PASZNER e CHO, 1989),

existe a possibilidade de recuperação do solvente orgânico por destilação e as polioses e a

lignina também podem ser recuperadas e utilizadas como insumos químicos; desse modo o

processo organosolv possibilita o uso integral da biomassa (GOYAL et al., 1992;

JONHANSSON et al., 1987). O processo organosolv apresenta ainda vantagens quanto ao

baixo capital de investimento, possibilitando a instalação de plantas para a produção em

pequena escala (BENDZALA e KOKTA, 1995; MCDONOUGH, 1993), a inexistência de

problemas relacionados com odores fortes próximos às indústrias (RAYMOND e AKHTAR,

1998) e a facilidade na adequação de etapas de branqueamento utilizando reagentes não

clorados (RAYMOND e AKHTAR, 1998, CURVELO et al., 1994).

Na deslignificação organosolv utilizam-se solventes classificados distintamente em

solventes de baixo e alto ponto de ebulição. Com os solventes de alto ponto de ebulição,

podem ser realizadas deslignificações a temperaturas iguais ou inferiores à de refluxo, sem a

necessidade de pressão. Incluem-se nesta classe ácido acético, ácido fórmico e glicóis. A

outra classe de solventes compreende os álcoois metanol, etanol, isopropanol e cetonas de

baixo ponto de ebulição. Nesse caso as reações de deslignificação são desenvolvidas a

pressões elevadas (SARKANEN, 1990).

É necessário avaliar e estudar as condições de processo específicas para a produção de

vários tipos de polpa de acordo com a viabilidade local de diferentes países. Em Maharashtra

(Índia), a cana-de-açúcar é abundantemente plantada e o bagaço é uma das maiores e mais

barata matéria-prima para a produção de papel (KULKARNI e RAO, 1996).

A qualidade da polpa produzida, usando como matéria-prima uma gramínea ou palha,

varia com o processo e com as condições de polpação. No entanto, indiferentemente à espécie

de matéria-prima e condições de processo, há indícios de que as polpas produzidas a partir de

materiais não lenhosos apresentam baixa qualidade, principalmente baixa resistência para

fabricar papel. A grande freqüência com que polpas de não lenhosos têm sido usados no

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mundo, apesar delas não serem apropriadas para um grau de papel, é devido a falta de polpa

de madeira adequada e a adaptação as circunstâncias, ou seja, há uma razão lógica e um

interesse consciente, na Europa, pela polpação de não lenhosos, pois na falta de polpas de

fibra curta e com uma abundante colheita agrícola é razoável que se usem os abundantes

resíduos agrícolas (THYKESSON et al.; 1997).

Atualmente a palha de trigo é uma importante matéria-prima para a produção de polpa

e papel através do processo de polpação soda com a obtenção de polpa na China. No entanto,

o processo convencional de polpação soda causa sério problema de poluição dos efluentes

líquidos (ZHAO et al.; 2001).

2.3. Polpa de Dissolução

Após o processo de polpação, a polpa obtida pode ser usada na fabricação de papel ou

ser utilizada na fabricação de polpas de dissolução.

A polpa de dissolução é uma polpa química branqueada, de baixo rendimento (30-

35%), com um alto conteúdo de celulose pura, tecnicamente referida como α-celulose (95-

98%), e relativamente baixo conteúdo de poliose (1-10%) e lignina (<0,05%), adequada para

uso em derivados de celulose como raion e acetato de celulose (BIERMANN, 1996, LEWIN

e GOLDSTEIN, 1991).

A eficiência na conversão da celulose em um específico derivado depende do

conteúdo de lignina e de poliose presente na polpa de dissolução. Alta alvura (baixo conteúdo

de lignina residual na polpa) é um requisito para a produção da maioria dos derivados de

celulose, por exemplo, a alvura das polpas de dissolução está relacionada com a cor do

produto final, o raion. Excessiva quantidade de poliose na polpa de dissolução pode afetar

seriamente o entumescimento da polpa no processo de mercerização, prejudicar a

filtrabilidade da viscose e diminuir propriedades de resistência da viscose (HINCK et al.,

1985).

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2.4. Branqueamento Enzimático de Polpas

Nos meados dos anos 70 foi detectada a presença de substâncias organocloradas, de

dioxinas e de furanos nos efluentes de fábricas de celulose branqueada (MOUNTEER, 1992).

As substâncias organocloradas possuem ligações carbono-cloro, que não são comuns na

natureza e são de difícil degradação, causando efeito negativo ao meio ambiente (REEVE e

EARL, 1989). Os compostos organoclorados são formados durante o processo de

branqueamento da polpa celulósica como resultado do uso de cloro molecular. As substâncias

organocloradas dibenzodioxinas e dibenzofuranos policlorados e seus isômeros tetra clorados

são bioacumulativos, potencialmente tóxicos e persistentes no meio ambiente (BERRY et al.,

1991; DE SOUZA et al., 1989).

Recentemente, o aumento das pressões ambientais e leis mais rigorosas tem

fortalecido a proteção ao meio ambiente, de modo que é necessário pesquisar métodos

alternativos para as plantas industriais de polpação e branqueamento visando à redução de

efluentes poluentes. Essas pressões têm levado ao desenvolvimento de técnicas que visam

melhorar os processos de polpação e reduzir a quantidade de lignina contida na polpa e nas

plantas de branqueamento (ZHAO et al; 2001).

Modificações nos processos de polpação e nos estágios de branqueamentos têm sido

desenvolvidos implicando na extensão do tempo de cozimento e na introdução de uma etapa

de pré-branqueamento com oxigênio para a remoção de lignina residual. Alternativas

biológicas para minimizar o conteúdo de hemiceluloses e lignina na polpa de dissolução estão

sendo investigadas.

2.4.1. Biobranqueamento de Polpas com Xilanases

As enzimas que atuam nos polissacarídeos formados por xilana são classificadas em

dois grupos: endo-β-1,4-xilanases (EC 3.2.1.8 xilana xilanoidrolase) e exo-β-1,4-xilanases

(EC 3.2.1.37 D-xilana xilanoidrolase). As endoxilanases microbianas são classificadas em

dois grupos de acordo com a seqüência de aminoácidos homólogos em família 10 e 11. Em

termos de propriedades catalíticas a diferença encontrada entre as famílias 10 e 11 é que as

enzimas da família 10 exibem maior versatilidade catalítica do que a família 11, pois a

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endoxilanase da família 10 mostra melhor capacidade em clivar as ligações glicosídicas das

cadeias de xilana, tais como ácido metil-glucurônico, ácido acético e α-L-arabinofuranosídeo

(BIELY et al., 1997).

Pesquisas têm focado o uso de xilanases (CHRISTOV e PRIOR, 1997; CHRISTOV et

al., 1997) e fungos de degradação branca (CHRISTOV et al., 1996) no biobranqueamento de

polpas sulfito para melhorar a seletividade e remoção de lignina nas polpas de dissolução.

A aplicação de xilanases alcalinas na indústria de papel e polpa tem ganho importância

por ser uma tecnologia não produtora de compostos organoclorados. A primeira publicação

sobre xilanase alcalofílica de bactéria foi feita por HORIKOSHI e ATSUKAWA (1973).

Outras publicações foram feitas com xilanases alcalofílicas, como xilanase produzida por

Aspergillus fischeri (CHANDRA e CHANDRA, 1996) que exibe estabilidade a pH 9,0, ou

ainda xilanase de fungo alcalofílico que possui atividade em pH 6,5 a 9,0 (BANSOD et al.,

1993) e o Bacillus sp (NCIM 59) que produz dois tipos de xilanases ativas em pH 10 e 50ºC

(DEY et al., 1992).

Xilanases de diferentes origens têm sido avaliadas quanto a sua interação com polpas

de vários tipos. Em escala de laboratório, xilanases de microrganismos como Streptomyces

roseiscleroticus (PATEL et al., 1993), actinomycetes (DAVIS et al., 1992), T. harzianum

(SENIOR et al., 1988) e Humicola sp (SILVA et al., 1994) têm sido usadas no tratamento de

polpas e sua habilidade no branqueamento tem sido estudada. O biobranqueamento de polpas

de bagaço de cana usando xilanase alcalofílica e termofílica de Bacillus sp com subseqüente

branqueamento com peróxido resultou na diminuição do número kappa em 10 unidades e um

aumento na alvura de 2,5% (KULKARNI e RAO, 1996). A xilanase termoestável de

Thermotoga maritima foi comparada com a xilanase comercial Pulpzyme HC e resultou numa

eficiente liberação de lignina em polpa kraft (CHEN et al., 1997). As xilanases clonadas

expressas em Bacillus cereus (TREMBLAY e ARCHIBALD, 1993) e E. coli (PAICE et al.,

1988) também aumentaram a deslignificação de polpas kraft não branqueadas.

Nos processos de branqueamento enzimático das polpas, um pH alto (meio alcalino) e

temperatura ótima de ação de cada enzima são de maior importância. Muitas linhagens álcali-

tolerantes de Bacillus produzem xilanase com pH ótimo em torno de 9,0 e foram usadas no

biobranqueamento (OKAZAKI et al., 1985). Xilanase termoestável de Bacilus

sterarothermophilus T-6 apresentou ótimos resultados a 65ºC e pH 9,0 e tem sido usada com

sucesso em testes em escala industrial (LAPIDOT et al., 1996).

De acordo com KALOGERIS et al. (1999) ao se tratar xilana de madeira mole (4-O-

metil-D-glucoronoxilana) com a xilanase termoestável (peso molecular 33 kDa) de

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Thermoascus aurantiacus foram identificados como produtos de hidrólise principalmente, a

xilose, xilobiose e oligossacarídeos ácidos, possivelmente ácido aldotetraurônico. Além disso,

esta xilanase foi capaz de atacar os terminais não redutores, propriedade não encontrada nas

xilanases da família 11. A endoxilanase da família 10 requer dois resíduos não substituídos de

xilopiranosil entre as ramificações, enquanto que as endoxilanases da família 11 requerem

três resíduos não substituídos de xilopiranosil consecutivos (BIELY et al., 1993). Com

acetilxilana e xiloligossacarrídeo acetialado foram observados produtos de hidrólise

(oligossacarídeos) com maior mobilidade cromatográfica (gel de eletroforese) do que a xilose

e estão presentes nos hidrolisados das xilanases da família 10. A endoxilanase investigada por

BIELY (1993) foi capaz de liberar grande quantidade de produtos não acetilados, xilose,

xilobiose, xilotriose e oligossacarídeos isômeros com ligações β-1,3, que possui mobilidade

cromatográfica de um isômero de xilotriose.

São propostos mecanismos para a obtenção dos efeitos de branqueamento das polpas:

a) Remoção de cromóforos derivados de xilana: no cozimento alcalino as moléculas de

xilose e xilana podem sofrer modificações, formando estruturas parcialmente aromáticas e

coloridas. Esses cromóforos derivados da degradação de xilana podem ser removidos mais

facilmente pelo uso de xilanase do que por reagentes químicos (WONG et al., 1997b).

b) Complexo lignina-carboidrato: assume-se que há uma ligação entre lignina e polioses

na polpa que restringe a remoção da lignina residual. O rompimento das cadeias de xilana

pela xilanase separa as ligações de lignina-carboidrato, melhora o acesso dos reagentes de

branqueamento e facilita a remoção da lignina em subseqüentes seqüências químicas de

branqueamento (BAJPAI e BAJPAI, 1996; ERIKSSON, 1997;YOUNG e AKHTAR, 1998;

WONG et al., 1997 b).

c) Xilana redepositada: A ação das xilanases como auxiliar no branqueamento também

têm sido atribuída à remoção de xilana redepositada sobre as fibras durante o processo de

polpação. Parte das xilanas que foram inicialmente dissolvidas no processo de polpação kraft

pode reprecipitar sobre as fibras da polpa. Isso ocorre principalmente no final do processo

kraft convencional quando a alcalinidade do licor de cozimento diminui. A xilana

redepositada sobre a superfície da polpa pode encobrir a lignina residual tornando-a

inacessível aos reagentes de branqueamento. A xilanase hidrolisa parte da xilana

redepositada, permitindo melhor acesso dos reagentes de branqueamento até a lignina

residual, tornando mais fácil a remoção dessa lignina (BAJPAI e BAJPAI, 1996; YOUNG e

AKHTAR, 1998; ERIKSSON, 1997; FARREL et al., 1996; WONG et al., 1997b).

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d) Inchamento das fibras: interações entre a celulose e a xilana podem contribuir para a

integridade das fibras da polpa dificultando a remoção da lignina presente no interior dessa

estrutura. O uso de xilanase pode romper essa estrutura facilitando uma subseqüente remoção

da lignina residual. Ocorre também o inchamento das fibras que gera poros maiores do que as

macromoléculas de xilanas removidas (WONG et al., 1997b).

A figura 2.1 mostra hipóteses propostas para a ação da xilanase.

Figura 2.1. Hipóteses propostas para a ação da xilanase como auxiliar no branqueamento de polpas químicas: (A) cromóforos derivados de xilana; (B) complexo lignina-carboidrato; (C) xilana redepositada e (D) inchamento das fibras, em que (L= lignina, X= xilana) (WONG et al., 1997b).

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Dentre os mecanismos citados, os mais aceitos para explicar o efeito do uso da

xilanase no branqueamento das polpas celulósicas são a remoção das xilanas redepositadas

sobre as fibras e a quebra do complexo lignina-carboidrato.

Estudos detalhados feitos em laboratório mostram que não são caros os investimentos

necessários para adaptar o tratamento enzimático às condições fabris existentes, com exceção

ao ajuste de pH. O tratamento enzimático tem se mostrado completamente compatível com os

equipamentos industriais existentes. A pioneira no mundo foi a companhia finlandesa, que

começou testes em escala fabril em 1988.

Desde 1991, o biobranqueamento, juntamento com processos ECF (elemental chlorine

free) ou TCF (totally chlorine free), tem sido continuamente usado em escala industrial na

Finlândia. A quantidade de cloro requerida no branqueamento é reduzida de 20-30% e como

resultado tem-se a redução da carga de AOX nos efluentes de branqueamento de 15-20%.

Maior número de testes industriais têm sido feitos na Europa, principalmente na

Escandinávia, onde a maioria da polpa kraft é produzida (KULKARNI et al., 1999).

Na última década têm sido feitos muitos estudos de biopolpação e biobranqueamento

de madeiras mole e dura (AKHTAR et al.; 1993; BHANDARI e SRIVASTAVA; 1992).

Cavacos de madeira são tratados com fungos degradadoras de lignina, fungos de degradação

branca (CAMARERO et al., 1998; YASHIMORI et al.; 1993) e polpas têm sido tratadas com

xilanases antes da etapa convencional de branqueamento (JIMÉNEZ et al. 1999; VALCHEV

et al., 1998).

O pré-tratamento com fungo reduz tanto a energia necessária para o refino como o

consumo de reagentes de polpação ou ainda, as polpas apresentam melhor qualidade e o

impacto negativo causado ao meio ambiente é reduzido. O inconveniente de se usar o

tratamento fúngico é que leva muito tempo (cerca de 2 a 4 semanas) e ocorre perda de

rendimento devido à degradação de polissacarídeos e lignina. Para superar esses problemas,

parece ser mais interessante usar enzimas isoladamente, pois o tratamento enzimático

apresenta como vantagem levar apenas horas, ao invés de muitos dias como requer o

tratamento fúngico (ZHAO et al., 2001).

Enzimas como xilanases, mananases e enzimas oxidativas, como lacase e manganês-

peroxidase também têm sido aplicados com sucesso no branqueamento de polpas,

proporcionando diminuição de agentes químicos e aumentando a alvura da polpa (GÜBTIZ et

al., 1996 b; VIIKARI et al., 1994). As endo-1,4-β-xilanases (β-1,4-D-xilana hidrolase, EC

3.2.1.8) têm mostrado considerável potencial na redução de xilana contida nas polpas de

dissolução. Por exemplo, 50% de xilanas presentes em polpas branqueadas podem ser

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removidas pela xilanase produzida pelo fungo Aureobasidium pullulans (CHRISTOV e

PRIOR, 1996).

2.4.2. Biobranqueamento de Polpas com Lacase

Os métodos de branqueamento enzimáticos têm recebido muita atenção por não

causarem danos ao meio ambiente.

Enzimas tais como lignina peroxidase (LiP EC. 1.11.1.14), manganês peroxidase

(MnP EC.1.11.1.13) e lacase (EC.1.10.3.2) são enzimas responsáveis pela degradação e

despolimerização da lignina (KIRK e CULLEN, 1998). Segundo dados da literatura a

manganês peroxidase e as lacases atuam mais efetivamente na degradação da lignina do que

as ligninas peroxidases. Assim a manganês peroxidase tem sido usada para aumentar a alvura

das polpas (PAICE e BOURBONNAIS, 1995) e as lacases no branqueamento de polpas

(WONG et al., 1999).

Em adição a xilanase, a lacase tem sido investigada no biobranqueamento de polpas

kraft, pois reduzem o número kappa e aumentam a branqueabilidade da polpa quando usada

com um mediador químico e oxigênio (BOURBONNAIS e PAICE, 1992). A lacase pode ser

produzida em grande quantidade e a um preço razoável e usa como receptor de elétrons o

oxigênio que é barato. No entanto, para o uso de lacase em polpas celulósicas com a

finalidade de reduzir o número kappa, requer-se um mediador redox e este sim, é caro e ainda

é uma barreira na implantação de lacase em branqueamento de polpas (LI et al., 1999).

A lacase pertence a uma família de oxidases multi-cobre e contém quatro átomos de

cobre classificados em três tipos; cobre do tipo 1 (cobre “azul” paramagnético e que apresenta

absorbância a 610 nm), tipo 2 (cobre paramagnético “não azul”) e tipo 3 (diamagnético que

apresenta absorbância a 330 nm) (COUTO e HERRERA, 2006, CLAUS, 2004). Os cobres

dos tipos 1 e 2 estão envolvidos na captura e transferência de elétrons. Os cobres 2 e 3 estão

envolvidos na ligação com o oxigênio (CALL e MÜCKE, 1997). As lacases catalizam a

reação de redução de 4 elétrons do oxigênio (O2) a 2 moléculas de água.

A lacase é largamente encontrada em numerosos fungos, em várias espécies de plantas

(MAYER, 1987), na bactéria Azospirillum lipoferum (FAURE et al., 1994) e em uma dúzia de

insetos (THOMAS et al., 1989). A lacase possui várias funções, como participar da

biossíntese da lignina (O’MALLEY et al., 1993), conferir patogenicidade às plantas

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(SBAGHI et al., 1996), degradar a parede celular de plantas (MACHUCA e DURAN, 1993;

KATASE e BOLLAG, 1991), melanizar bactérias (FAURE et al., 1994) e causar a melanina

virulenta em humanos (WILLIAMSON, 1994). Quimicamente, todas essas funções da lacase

estão relacionadas à oxidação de substâncias aromáticas; no entanto, o efeito oxidativo é

diferente em cada situação podendo ocorrer em situações opostas, por exemplo, em plantas, a

lacase oxida monolignóis para polimerizar a lignina e a lacase de fungos de degradação

branca degradam e despolimerizam a lignina (LI et al., 1999).

Fungos de degradação branca realizam a deslignificação oxidativa seletiva dos tecidos

da madeira secretando muitas enzimas (HAVE e TEUNISSEN, 2001), como a lignina-

peroxidase (LiP) (TIEN e KIRK, 1983), manganês - peroxidase (MnP) (KUWAHARA et al.,

1984) e lacase (EC 1.10.3.2) (MESSERSCHMIDT, 1997). Acredita-se que o potencial redox

das enzimas lignina degradadoras desempenha papel crucial em subunidades não fenólicas,

subestruturas predominantes na madeira, com alto potencial redox. A lignina peroxidase é

capaz de oxidar compostos aromáticos não fenólicos com um alto potencial de ionização

como o 1,2-dimetoxibenzeno (E1/2= 1.500 mV) e álcool veratrílico (KERSTEN et al., 1990) e

desse modo se torna uma enzima chave na degradação fúngica da lignina. No entanto,

acredita-se que a lacase tenha um papel menos importante, possuindo um potencial redox de

800 mV, não podendo oxidar o álcool veratrílico (um típico composto modelo não fenólico da

lignina). Porém, a lacase é capaz de oxidar alguns compostos (mediadores) com potencial

redox maiores do que o dela (BOURBONNAIS e PAICE, 1990; BOURBONNAIS et al.,

1998). A acessibilidade e a manipulação da lacase é maior do que da lignina peroxidase e da

manganês peroxidase e o sistema lacase-mediador apresenta aplicações práticas (LI et al.,

1999) como a deslignificação de polpa química e no branqueamento de corantes índigo

(KIERULFF, 1997).

A oxidação de substratos pela lacase leva a formação de radicais que podem reagir de

três maneiras (CLAUS, 2004):

- ligação cruzada de monômeros: a oxidação enzimática pela lacase de compostos fenólicos e

anilinas gera radicais que reagem entre si formando dímeros, oligômeros ou polímeros com

ligações covalentes entre C-C, C-O e C-N,

- degradação de polímeros: lacases estão envolvidas na degradação de polímeros complexos

naturais, como a lignina ou ácidos húmicos (CLAUS e FILIP, 1998). Os radicais gerados

levam a quebra de ligações covalentes e a liberação de monômeros,

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- abertura de anéis aromáticos: em muitos casos a lacase cataliza a abertura do anel aromático.

Esta reação é de interesse na degradação de xenobióticos como nitroaromáticos e tintas

sintéticas (DURÀN e ESPOSITO, 2000).

As lacases são capazes de quebrar algumas das ligações da lignina e catalisar a

oxidação de uma larga variedade de compostos aromáticos como substratos fenólicos e íons

inorgânicos ligados a moléculas redutíveis pelo oxigênio presentes na água (YAROPOLOV et

al., 1994). Compostos fenólicos podem ser oxidados por agentes oxidantes com potencial

redox suficiente para a remoção de um elétron do fenol, no entanto esta reação de oxidação

pode ser feita enzimaticamente, por exemplo, pelas lacases ou peroxidases (REN e

BUSCHLE-DILLER, 2007), como mostra a figura 2.2.

lacase não enzimático

Figura 2.2. Mecanismo de oxidação realizado pela lacase e subseqüentes reações não

enzimáticas.

A lacase somente é capaz de oxidar o álcool veratrílico, ou outros dímeros de lignina

não fenólicos (BOURBONNAIS e PAICE, 1990; ARCHIBALD et al., 1997). O grupo

hidroxila do fenol e/ou o carbono α (α-C) pode ser oxidado ao correspondente aldeído ou

grupo funcional cetona (figura 2.3).

A lacase apresenta uma grande especificidade ao substrato, especificidade que pode

ser aumentada pela adição de mediadores redox (CALL e MUCKE, 1997).

O número kappa é uma medida da quantidade de lignina residual na polpa e a

diminuição do número kappa após a polpa tratada com o sistema lacase-mediador sugere que

a deslignificação ocorreu. Assim como outros sistemas enzimáticos, o sistema lacase-

mediador pode ser altamente seletivo, causando perdas no rendimento devido à pequena

degradação de carboidratos (WONG et al., 1999).

No sistema lacase-mediador, a enzima oxida o mediador (BAIOCCO et al., 2003) e a

espécie resultante Medox (mecanismo ilustrado na figura 2.4) pode oxidar substratos não

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fenólicos, mecanismo que difere da simples transferência de elétrons pela enzima

(MESSERSCHMIDT, 1997).

Lignina

Lignina

Lignina

Lignina

Lignina Lignina

Lignina

Lignina

Lignina Lignina

O Lignina –C-H

Lignina

Figura 2.3. Possíveis reações de oxidação da lignina pela lacase (ARCHIBALD et al., 1997).

O2 Lacase Medox Substrato

H2O Lacaseox Med Substratoox

Figura 2.4. O papel do mediador na atividade da lacase.

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Mediadores artificiais de lacase têm sido descritos (FABRINNI et al., 2002;

BOURBONNAIS et al., 1997; CALL e MÜCKE, 1997). Mediadores que possuem a função

N-OH possuem melhor desempenho (D’ACUNZO et al., 2002; JOHANNES e

MAJCHERCZYK, 2000).

A lacase está limitada a oxidar a lignina que se encontra na fase aquosa ou na

superfície da fibra, pois a enzima não pode penetrar na parede da fibra de madeira

(GOODELL et al., 1998).

Aplicando um mediador há a possibilidade da lacase oxidar substratos inacessíveis na

parede da fibra, bem como estruturas não fenólicas e assim o substrato distante

(BOURBONNAIS et al., 1997; XU et al., 1997).

O tratamento de deslignificação não é completo, ou seja, uma pequena quantidade de

lignina ainda permanece em contato íntimo com a celulose. Essa lignina remanescente é

responsável pela tonalidade apresentada pela polpa, precisa ser removida, não só para obter

uma celulose completamente pura, mas também para dar um aspecto de alvura elevado

(HEITZ et al., 1991), característica fundamental para proporcionar uma alta qualidade ao

produto final. Para satisfazer estas exigências é utilizado o processo chamado branqueamento,

ou seja, levar a fibra ao seu estado natural de alvura que é branco. Ao sair da etapa de

deslignificação, a celulose ainda é marcada não só pela presença de uma certa quantidade de

lignina como também por outras impurezas em menores quantidades como, grupos

cromóforos, íons metálicos, grupos fenólicos, resinas, e outros compostos coloridos oriundos

do material lignocelulósico.

2.5. Branqueamento Químico de Polpas

Branquear é então modificar, reduzir ou, eliminar estes elementos, que absorvem a luz

visível.

A rigor, o branqueamento é o prosseguimento da etapa de deslignificação, com a

principal característica de solubilização da lignina para mais fácil remoção, usando produtos

químicos mais seletivos, porém mais caros.

No caso de produção de polpa chamada de alto rendimento, a lignina é mantida na

fibra e é simplesmente transformada não influindo na cor. Há outros casos em que a remoção

quase completa da lignina torna-se necessária; isto ocorre quando a celulose é matéria-prima

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para obtenção de nitrato de celulose, acetato de celulose ou raion. A celulose para esses fins é

chamada de celulose química ou polpa solúvel. Em função do grau de alvura que se deseja

obter, a eliminação da lignina residual se faz em vários estágios, tanto por razões técnicas

quanto econômicas.

Tem-se observado que é possível conseguir um maior grau de alvura da polpa com

uma menor degradação da celulose, ao se aplicar quantidades menores de reagentes de

branqueamento em etapas sucessivas, com lavagens entre elas (KLING, 1985). É considerado

que, a eliminação dos produtos oxidados por lavagens expõe novamente a superfície que não

reagiu a uma nova oxidação, pois a matéria dissolvida não está susceptível a uma oxidação

adicional. Com este tipo de procedimento, ocorre uma eliminação mais acentuada da lignina,

com redução da quantidade de produtos químicos gastos. Normalmente, nas indústrias, são

utilizadas as seguintes etapas: primeiramente uma cloração com o objetivo de degradar a

lignina, seguida de um estágio alcalino para a neutralização e dissolução dos produtos de

degradação, terminando com um ou mais estágios de oxidação com extrações alcalinas

intermediárias.

Os principais agentes de branqueamento são: cloro, hipoclorito de cálcio e sódio,

dióxido de cloro, clorito de sódio, clorato de sódio, peróxido de hidrogênio e ozônio.

A simbologia normalmente usada para representar as etapas mais utilizadas em uma

seqüência de branqueamento é vista na tabela 2.1. É usada a primeira letra de cada substância

para denominar os estágios, assim C=cloro, E=extração alcalina com NaOH, H=hipoclorito

de sódio, D=dióxido de cloro, P=peróxido de hidrogênio e O= branqueamento com oxigênio.

Para escolha de uma seqüência de branqueamento alguns aspectos importantes não

podem ser deixados de lado como manter o custo ao mínimo possível, utilizar reagentes

menos poluidores e diminuir o volume de efluentes.

Polpas químicas de plantas não lenhosas (linho, cânhamo, juta ou sisal) são mais

difíceis de branquear do que as polpas químicas de madeira devido às características químicas

e anatômicas como a presença, na maioria delas, de fibras do xilema lignificadas juntamente

com as fibras do floema que possuem melhores propriedades para as aplicações têxteis ou

para papel (AKIM et al., 1996). Atuais seqüências químicas de branqueamento totalmente

livre de cloro (TCF) que utilizam o peróxido de hidrogênio, oxigênio e/ou ozônio não

conferem adequada alvura às polpas obtidas a partir de fibras não lenhosas e Cl2 e ClO2 estão

sendo usados no branqueamento industrial. No entanto, é necessário e urgente o

desenvolvimento de tecnologias que não causem danos ao meio ambiente para a manufatura

de papéis de fibras não lenhosas em países industrializados e em desenvolvimento. Devem ser

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desenvolvidas seqüências de branqueamento que limitem o uso de cloro, devido este causar

um impacto muito negativo no meio aquático (GARCIA et al., 2000).

Industrialmente polpas branqueadas por processos totalmente livres de cloro (TCF)

possuem grau de alvura 88-92% ISO. Para se obter polpas com maior alvura (93% ISO) é

necessário ainda, o desenvolvimento de tecnologias de branqueamento. Comumente a

tecnologia de branqueamento conhecida como TCF utiliza como agentes de branqueamento o

ozônio, o peróxido de hidrogênio e o oxigênio.

Tabela 2.1. Simbologia das etapas de branqueamento.

SÍMBOLO ESTÁGIO DE BRANQUEAMENTO C Cloração E Extração Alcalina H Hipocloração D Dióxido de Cloro P Peróxido de Hidrogênio O Oxigênio Z Ozônio Eo Extração Oxidativa Ep Extração Alcalina com Peróxido

A seqüência de branqueamento em que se usa ozônio ou peróxido depende de cada

fábrica, sendo que os principais fatores influenciadores da seqüência são o tipo de material a

ser processado (madeira mole, dura ou gramínea), a existência de equipamento capacitado, a

alvura final desejada e as propriedades (resistência) da polpa. Traços de metais,

particularmente ferro e manganês, devem ser controlados nos processos de branqueamento

TCF.

Com a finalidade de reduzir a quantidade de lignina residual nas polpas, diferentes

estudos têm sido realizados com oxigênio em uma etapa de pré-branqueamento (ABDULL-

KARIM e RAB, 1995; ALLISON e MCGROUTER, 1995; IRVINE et al., 1993;

MCDONOUGH, 1995).

No pré-branqueamento com oxigênio, é necessário otimizar as condições operacionais

para que se tenha um balanço entre a eliminação de lignina e a preservação das propriedades

físicas e mecânicas das fibras de celulose (TOKOYAMA et al., 1999).

O peróxido de hidrogênio começou a ser usado nos processos de branqueamento para

completar a ação do oxigênio (LACHENAL et al., 1997; SUN e ARGYROPOULOS, 1995).

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No branqueamento com peróxido de hidrogênio para se conseguir uma significante redução

de lignina é necessária grande quantidade de peróxido, aumentando o custo do processo que

se justificaria com considerável aumento da alvura das polpas obtidas e se fazendo necessário

o controle de íons metálicos dissolvidos (SOINI et al., 1998).

O efeito branqueante do peróxido de hidrogênio tem sido atribuído a ação oxidativa do

ânion peróxido (HOO-). Segundo LACHENAL e PAPADOPOLOS (1988), as reações do

peróxido com a lignina podem ser divididas em três categorias: despolimerização da lignina,

eliminação de grupos cromóforos e criação de novos cromóforos.

A despolimerização da lignina pode ocorrer através do ataque do ânion HOO- aos

grupos carbonilas das cadeias laterais de lignina (figura 2.5).

Figura 2.5. Reação de despolimerização de lignina.

A eliminação de cromóforos pode ocorrer através da degradação oxidativa de grupos

fenólicos aromáticos e quinonas, também pela degradação do ânion HOO- ou dos produtos de

decomposição do peróxido (figura 2.6).

Figura 2.6. Reações de degradação oxidativa de sistemas aromáticos.

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A reação do peróxido de hidrogênio sobre as estruturas quinonas podem resultar na

formação de substâncias cromóforas (figura 2.7).

A dissolução do peróxido de hidrogênio aumenta com o aumento da temperatura e a

concentração do ânion HOO- depende da alcalinidade do meio reacional, sugerindo que as

condições de branqueamento com peróxido de hidrogênio sejam normalmente alcalinas.

A decomposição do peróxido em água e oxigênio é catalisada por certos íons

metálicos. O oxigênio liberado não tem apenas ação branqueante, mas também pode causar

degradação dos componentes celulósicos. Torna-se, assim necessária a utilização de aditivos

estabilizantes e protetores dos carboidratos celulósicos, sendo os aditivos mais utilizados o

silicato de sódio e sulfato de magnésio (LACHENEL e PAPADOPOULOS, 1988).

Figura 2.7. Formação de novas estruturas cromóforas.

Os metais de transição exercem efeito negativo no branqueamento com peróxido de

hidrogênio e/ou ozônio, pois podem decompô-los gerando radicais hidroxilas, que são de

baixa seletividade em relação à celulose (GRATZL, 1990). O manganês, apesar de ter um

efeito catalisador da decomposição do peróxido de hidrogênio, não reduz a seletividade do

branqueamento com peróxido, ozônio e oxigênio, porque não gera radicais hidroxilas durante

a decomposição desses reagentes. No entanto, o ferro, além de catalisar a decomposição

desses reagentes, resulta na formação de radicais hidroxilas, ocasionando perda na

seletividade (BRYANT, 1996).

Os metais de transição Mn, Co, Cu e Fe, os quais possuem uma significativa atividade

catalítica sobre oxidantes derivados de oxigênio, encontram-se na polpa kraft, ligados aos

grupos ácidos metilglucurônicos (polioses) e grupos carboxílicos da celulose e da lignina.

Esses metais devem ser removidos da polpa com quelantes com pH entre 4 a 7, ou por

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lavagem ácida a um pH inferior a 3 (DEVENYNS et al., 1994), antes do branqueamento com

oxidantes derivados do oxigênio, isto é, em processos TCF. Os metais alcalinos Mg e Ca

complexam os metais de transição, agindo como estabilizantes do peróxido de hidrogênio

(LAPPIERRE et al., 1995). O cálcio, quando em concentrações suficientemente altas, se

prende aos sítios de ligação do quelante, reduzindo a eficiência do mesmo (BEAUDRY,

1994).

Para que se consiga alvuras satisfatórias (% ISO maiores que 80%) usando somente

peróxido de hidrogênio é necessário combinar altas temperaturas, pressão, pH e tempo de

residência (ANDERSON e AMINI, 1996). No entanto, existem desvantagens como queda de

rendimento, significante investimento de capital, custos adicionais de energia e custos

químicos, existe também o impacto negativo causado à qualidade da fibra, bem como a

corrosão de equipamentos causada pela alta temperatura e alta alcalinidade.

Ao se fazer o uso de tetraacetiletilenodiamina (TAED) o branqueamento com peróxido

se torna vantajoso, pois o tempo de reação é menor e não há a necessidade das condições

agressivas de reação, pois o peróxido é convertido “in situ” em um forte oxidante (ácido

peracético ou o ânion paracético), dependendo do pH e do estágio do branqueamento.

Geralmente, o forte oxidante “in situ” evita dificuldades de controle de processo e requer

menor investimento em capital (CROUND e MATHEWS, 1998; LEDUC et al., 1998).

Há poucos trabalhos que reportam somente o uso de peróxido no branqueamento de

fibras não lenhosas (KHRISTOVA et al., 2003). KORDSACHIA (2000) branqueou polpa

ASAM (alcalino-sulfito-antraquinona-metanol) de cânhamo. A polpa quelada não branqueada

possuía alvura 68,2% ISO (devido à polpação ASAM). Com estágios QP (quelante e

peróxido) com uma carga total de peróxido de 2-3%, a alvura final alcançada foi de 89,9 a

90,8% ISO e houve redução de kappa de apenas 1,5 unidades.

2.6. Derivados de Celulose

A celulose é usada principalmente em maior ou menor grau de purificação, na forma

de papel e papelão, mas derivados celulósicos possuindo proriedades diferentes da celulose

são utilizados em numerosos campos.

A celulose é um polímero feito de unidades de glicose e não pode ser facilmente

convertida em produtos. A cadeia polimérica de celulose interage com outra através das

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ligações de hidrogênio e das forças de Van der Waals formando a região cristalina (FENGEL

e WEGENER, 1989). As principais reações que a celulose pode sofrer são: reações de

substituição e oxidação dos grupos hidroxílicos; hidrólise de ligações acetálicas tanto em

meio básico como em meio ácidos; redução e oxidação dos grupos aldeídicos terminais para

formar grupos alcoólicos ou carboxílicos (KOGA, 1988). Os grupos hidroxílicos da celulose

podem reagir como os de um álcool comum para formar vários derivados: ésteres com ácidos

inorgânicos e orgânicos, éteres com outros álcoois, alcoolatos com álcalis, aminas, etc

(KLEMM et al., 1998).

Do ponto de vista técnico, os mais importantes derivados de celulose são os ésteres e

éteres com uma larga faixa de aplicações.

A álcali-celulose é um importante intermediário para a formação de determinados

ésteres e éteres (VARSHNEY e PATEL, 1988).

Mediante tratamentos químicos na celulose é possível obter compostos com

características novas e particulares, entre eles: fibras, plásticos, revestimentos a prova d´agua,

herbicidas, lacas, tintas e vernizes, explosivos, espessadores para produtos acabados,

materiais resistentes à ação de microrganismos, filmes fotográficos, membranas para

hemodiálise e purificação de água, e outros (VARSHNEY e PATEL, 1989; ZOLLINGER,

1988; HORTAL e LLUCIÁ, 1984).

A variedade de produtos derivados de celulose, obtidos por meio de tratamentos

químicos, tem-se elevado a uma tal dimensão que é necessário ter uma classificação dos

grandes grupos de produtos, atendendo a classes de reações pelas quais são obtidos, como por

exemplo, reações homogêneas e heterogêneas.

Com respeito a forma dos produtos três classes são destacadas:

1. Compostos moleculares os quais normalmente não são estáveis,

2. Produtos de substituição que se formam devido à reação química entre os grupos hidroxilas

e os reagentes utilizados,

3. Produtos de oxidação, normalmente muito degradados.

Do ponto de vista técnico, os éteres de celulose (metilcelulose, etilcelulose,

carboximetilcelulose, hidroximetilcelulose e hidroxipropilcelulose) aparecem como um dos

mais importantes derivados de celulose e possuem um amplo campo de aplicações,

particularmente os éteres solúveis em água possuem vasta aplicação em detergentes, nas

indústrias de alimento, têxteis e cosméticos (NEVELL e ZERONIAN, 1985).

O tipo de reação mais comumente utilizado na preparação de éteres de celulose é a

substuição nucleofílica (INGOLD, 1953). A introdução de grupos éter na molécula de

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celulose resulta em um produto solúvel em água (mesmo em água fria). O tipo de substituinte

bem como o grau de substituição determina essa propriedade dos éteres de celulose. Ao se

utilizar substituintes hidrofílicos uma solubilidade em água é alcançada com derivados de

celulose com baixo grau de substituição (GS). Os derivados de celulose obtidos com os

substituintes hidrofóbicos com baixo GS apresentam solubilidade em álcali e em água. Os

derivados de celulose que são solúveis em solventes orgânicos apresentam alto GS (LEWIN e

GOLDSTEIN, 1991).

Na preparação de éteres de celulose, a celulose é convertida para álcali celulose que,

posteriormente, reage com um haleto de alquila para produzir o éter de celulose.

A carboximetilcelulose (CMC) é o éter de celulose comercialmente mais importante,

possuindo amplas aplicações científicas, especialmente devido às suas características

polieletrolíticas. A carboximetilcelulose é largamente produzida tendo uma produção mundial

de 360.000 toneladas por ano (DAPÍA et al., 2003). O processo de obtenção da CMC ocorre

em duas etapas distintas, a alcalinização e a eterificação. Na etapa de alcalinização (promove

o entumescimento das fibras de celulose) ocorre a reação entre a celulose e o hidróxido de

sódio, formando álcali-celulose.

1ª etapa: Alcalinização:

celulose – OH + NaOH celulose –O- + Na+ + H2O

(álcali celulose)

Na etapa de eterificação, a álcali celulose-celulose reage com o ácido

monocloroacético (ou seu sal de sódio) para formar a carboximetilcelulose (FENGEL e

WEGENER, 1989).

2ª atapa: Eterificação:

CH2ClOOH + NaOH CH2ClCOONa + H2O

Celulose – O- + Na + CH2ClCOONa celulose-O-CH2COONa + Na Cl

carboximetilcelulose

Uma reação paralela à síntese do CMC ocorre levando à formação de glicolato de sódio

como subproduto principal (impureza) que é eliminada na etapa de purificação da

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carboximetilcelulose:

CH2ClOONa + NaOH CH2OHCOONA + NaCl

glicolato de sódio

A carboximetilcelulose tem vasta aplicação na indústria de alimentos e fármacos. Uma

das aplicações específica da carboximetilcelulose é no pós-operatório de cirurgias a laser para

correção de miopia, evitando os sintomas de ressecamento dos olhos e reduzindo a incidência

de defeitos causados durante a cirurgia com laser. O efeito protetivo do carboximetilcelulose é

provavelmente devido à propriedade de forte mucoadesão dos grupos carbonil da

carboximetilcelulose servindo como lubrificante e protegendo a superfície epitelial de traumas

causados pela passagem de microqueratoma sobre a córnea (AHEE et al., 2002).

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3. OBJETIVOS

Este trabalho teve por objetivo estudar o branqueamento enzimático e químico de

polpas organosolv de palha.

Para alcançar tal objetivo foram realizadas as etapas:

1. Estudo e otimização dos processos de polpação etanol-água e acetosolv da palha de cana;

2. Estudar o branqueamento enzimático com xilanases obtidas de diversas origens

microbiológicas e com lacase comercial no sistema lacase mediador.

3. Estudar o branqueamento químico das polpas organosolv e o uso do pré-tratamento

enzimático;

4. Estudar as características apropriadas para a obtenção de polpas de dissolução, tais como

número kappa, alvura e composição química das polpas organosolv;

5. Obter a carboximetilcelulose da polpa de dissolução de palha obtida pelo processo

organosolv.

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4. MATERIAL E MÉTODOS

A palha de cana foi fornecida pela Usina Açucareira Ester S. A que está localizada em

Cosmópolis - S.P.

A palha foi seca ao ar até que atingisse umidade de cerca de 10%. Para fazer as

reações de polpação a palha foi cortada manualmente em pedaços de cerca de 3 cm de

comprimento.

Na figura 4.1 está representada a obtenção de derivado de celulose

(carboximetilcelulsose) a partir de palha de cana-de-açúcar.

palha “in natura caracterização

Polpação organosolv (etanol-água e acetosolv)

caracterização

Tratamento Enzimático (xilanase e lacase)

Atividade enzimática

Branqueamento Químico

Peróxido de Hidrogênio

Extração Alcalina

Celulose Branqueada

Eterificação

Carboximetilcelulose caracterização

NaOH/ETANOL (50% AMA e 50%etanol)

Caracterização da polpa

Figura 4.1. Representação esquemática do processo de branqueamento de polpas organosolv e obtenção de carboximetilcelulose.

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4. 1. Otimização dos processos de polpação organosolv

4. 1. 1. Polpação acetosolv da palha de cana-de-açúcar

A polpação da palha foi realizada em sistema aberto, com ácido acético 93% (v/v) e na

presença de catalisador (HCl), como descrito por BENAR (1992). Para fins de otimização do

processo de deslignificação da palha foi feito um estudo da melhor relação palha/solvente e

do melhor tempo de cozimento da palha.

Foram feitas polpações utilizando-se a relação palha/solvente de 1:20 e 1:30 (m/v). Na

relação biomasse/solvente de 1:20 foi utilizado um balão de fundo redondo de 1000 mL em

que foram colocados 10 g de palha juntamente com 172 mL de ácido acético glacial, 350μL

de HCl 37% e 11 mL de água destilada. Na relação biomassa/solvente de 1:30 foram

utilizados 10 g de palha, 266 mL de ácido acético glacial, 34 mL de água destilada e 350 μL

de HCl 37%.

Para a determinação do melhor tempo de deslignificação, foram feitas polpações entre

1 e 6 h de cozimento. O balão foi aquecido à temperatura de refluxo do ácido acético (110°C).

Após a polpação, a mistura foi removida e filtrada. A polpa obtida foi lavada com

ácido acético 93% para a remoção da lignina residual. A polpa foi seca ao ar e guardada para

análises posteriores.

4. 1. 2. Polpação etanol-água da palha de cana-de-açúcar

A polpação da palha foi realizada em uma autoclave de 200 mL com agitação

horizontal, provida de manta elétrica de aquecimento, em que foram colocados 10 g de palha,

100 mL de uma mistura etanol-água 1:1 (v/v) [relação licor/palha 10:1(v/m)] (MORIYA,

2003).

Para a determinação das melhores condições de deslignificação da palha, foram

realizadas polpações variando de 150°C a 215°C e os tempos de cozimento variaram de 1 a 4

h de reação.

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4. 2. Determinação de atividade enzimática

4. 2. 1. Atividade de xilanase

A atividade da xilanase foi determinada pela medida da quantidade de açúcares

redutores liberados a partir de xilana, de acordo com o método de BAILEY et al. (1992). Os

açúcares redutores foram dosados pelo método do ácido 3,5-dinitrossalicílico (DNS)

(MILLER, 1959). Uma unidade de atividade enzimática é definida como a quantidade de

enzima necessária para produzir 1μmol de xilose por minuto a 50ºC.

4. 2. 2. Atividade de lacase

A atividade da lacase foi determinada usando siringaldazina 1 mM como substrato,

com tampão citrato-fosfato 0,1 M a pH 5 e a temperatura ambiente. Uma unidade de enzima é

definida como 1,0 μmol de produto formado por minuto nas condições do teste (SUNTIO,

1988).

4. 3. Estudo da branqueabilidade das polpas organosolv

4. 3. 1. Biobranqueamento com xilanases

As polpas organosolv foram submetidas ao tratamento enzimático em concentrações

de enzima que variam de 5 a 50 unidades de enzima por grama de polpa seca por 2 h

(MORIYA, 2003) e um tratamento foi feito aplicando-se 150 unidades de enzima por 20 h. O

tratamento foi efetuado em bolsas plásticas, em banho termostatizado a 50ºC, com polpas com

10% de consistência. Em seguida a polpa foi submetida a uma extração alcalina com NaOH

0,5% (m/v) por 1 h a 60°C.

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As xilanases utilizadas no estudo do branqueamento enzimático foram gentilmente

fornecidas por:

• UNICAMP: Xilanase produzida pela bactéria Bacilus pumilus (DUARTE et al.,

2001);

• Universidade de Goiás: Xilanase de fungo termofílico Humicola grisea var

thermoidea produzida em levedura Pichia pastoris (FARIA et al., 2001);

• EEL-USP: Xilanase de fungo Thermoascus aurantiacus (MILAGRES et al., 2004).

4. 3. 2. Biobranqueamento com lacases

Foi utilizado um extrato enzimático produzido por Pleurotus ostreatus (MEDEIROS

et al., 1999) com atividade de 500 UI.L-1. Em erlenmeyer de 125 mL foram colocados 10g de

polpa seca, água destilada de modo que a polpa tenha consistência de 5%, tampão fosfato de

sódio 0,01 M pH 4,5. Foram testados como mediadores o ácido violúrico e o 1-

hidroxibenzotriazol (HBT). A temperatura de tratamento foi de 45°C por 4 h (CAMARERO

et al., 2003). Na figura 4.2. estão apresentadas as estruturas dos mediadores HBT (C6H5N3 e

massa molar 119,13) e do ácido violúrico (C4H3N3O4.H2O e massa molar 175,10).

1- Hidroxibenzotriazol

(HBT) Ácido violúrico

(VA)

Figura 4.2. Estruturas dos mediadores 1-hidroxibenzotriazol (HBT) e do ácido violúrico (VA).

O sistema lacase comercial (fornecida gentilmente pela Novozymes) foi aplicado na

polpa organosolv com cargas que variaram de 10 a 150 unidades de lacase por grama de polpa

seca com os mediadores 1-hidroxibenzotriazol (HBT) ou ácido violúrico (AV) na quantidade

de 0,5 a 4% (realçao massa de polpa) por 1, 4 ou 8 h de reação a 45ºC em shaker com

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agitação de 160 rpm com polpas com consistências variadas de 2 a 10% e em tampão fosfato

de sódio 0,01 M pH 4,5.

Após o tratamento enzimático, a polpa foi lavada com água destilada na temperatura

do tratamento enzimático, filtrada em funil de Büchner e foi submetida à extração alcalina

com NaOH 1,5% (m/v) a 60°C por 1 h. Após a extração alcalina a polpa foi filtrada em funil

de Büchner e lavada com água destilada até o filtrado atingir pH neutro e incolor.

4.3.3. Análise da ação enzimática através do balanço de massa

Em um processo de transformação da biomassa (palha de cana) até a obtenção de

polpas branqueadas o material lignocelulósico passa por etapas (processos) químicos ou

biotratamentos. O balanço de massa material leva em consideração a composição química da

biomassa ou das polpas tratadas enzimaticamente e polpas branqueadas químicamente.

A conservação da massa para o tratamento de biomassa de uma única etapa de um

processo é dado por:

PROCESSOM0

M1

M2PROCESSOM0

M1

M2

Pela conservação da massa:

Mo = M1 + M2 (equação 1)

em que M0= massa inicial, M1 e M2 são massas que saem do processo.

A definição de rendimento é dado por:

R (%)= (MF /M0)*100 (equação 2)

em que R (%) = rendimento em porcentagem da etapa, MF = massa final, M0 = massa inicial.

O balanço de massa para uma etapa de um processo é dado por:

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M0

Mf Mp

Processo

Mp=M0 - Mf (equação 3)

Multiplicando a equação 3 por 100 e dividindo por M0 tem-se:

P = 100 – 100 * (Mf/M0)

P = 100 – 100 * (CfMTf / C0 MT0 )

P = 100 – (Cf*R)/C0 (equação 4)

em que Cf= componente final,

C0 = componente inicial,

R = rendimento da etapa (%).

Para um processo de transformação da biomassa até a obtenção de uma polpa

branqueada tem-se o balanço global de massa:

Biomassa

Polpa Pré-tratadaPolpa

Polpa Branqueada

Mp = Mo.(1-0,01.Pp)

Mo Mp Mx Me

0,01.Pp.Mo 0,01.Px.Mp 0,01.Pe.Mx

Mx = Mp.(1-0,01.Px) Me = Mx.(1-0,01.Pe)

BiomassaPolpa Pré-tratadaPolpa

Polpa BranqueadaBiomassa

Polpa Pré-tratadaPolpa

Polpa Branqueada

Mp = Mo.(1-0,01.Pp)

Mo Mp Mx MeMo Mp Mx Me

0,01.Pp.Mo 0,01.Px.Mp 0,01.Pe.Mx

Mx = Mp.(1-0,01.Px) Me = Mx.(1-0,01.Pe)

(equação 5)

( ) ( ) ( )

( )

( ) EXPEPXEXPEXPG

XPPXEXPXPG

XPEPXPG

PPPPPPPPPPPPP

PPPPPPPPPP

MPPMPPPPP

4

40

0

1001,0

1001,001,0101,0

01,0101,0101,01

+++⋅−++=

+−−⋅+−+=

−⋅−⋅⋅+−⋅+= ( ) ( ) ( )

( )

( ) EXPEPXEXPEXPG

XPPXEXPXPG

XPEPXPG

PPPPPPPPPPPPP

PPPPPPPPPP

MPPMPPPPP

4

40

0

1001,0

1001,001,0101,0

01,0101,0101,01

+++⋅−++=

+−−⋅+−+=

−⋅−⋅⋅+−⋅+=

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O rendimento do processo global é dado por: ( )

( ) ( )

( )

( )( )

XPEPEPXPG

XPEPEPXPG

XPEPXPG

XPEPXPG

XE

PXPG

G

XEPXPG

PRPRPRPPP

PRPRPRPPPPRPRPPP

MPMPRPPP

MMP

MMPPP

MPerdidaMassa

MMPMPMPPerdidaMassa

4

0

000

00

1001,001,0

10001,010010001,01100100

01,01100100100

100100_

10001,001,001,0_

−−++=

÷−++=−⋅⋅++=

−⋅⋅++=

×⋅+⋅+==⋅

⎟⎟⎠

⎞⎜⎜⎝

⎛×⋅⋅+⋅⋅+⋅⋅=

R−

(equação 6)

( ) ( ) ( ) (( ) ( )[ ]

[ ]

EXPG

EXPG

XEEXEXPG

XEEXPG

XEPEPXPPG

RRRR

RRRR

RRRRRRRR

RRRRRR

RRRRRRRRR )PComo

4

4

4

4

4

10

10

1001,001,0101,001,01

1001001,001,0101,011

1001001010001,010001,0100100100:

=

−=−

−++−−−⋅=−

−⋅+−+−+−+−⋅=−

−⋅−⋅−−⋅+−⋅+−=−

=

4. 4. Branqueamento químico

Após o estudo feito nos itens 4.3.1 e 4.3.2 foi escolhida apenas uma xilanase e

determinado o melhor mediador para o sistema lacase-mediador.

O branqueamento combinado, com o uso de enzimas e reagentes químicos de

branqueamento pode ser feito para a obtenção de polpas de dissolução. Os reagentes químicos

de branqueamento utilizados foram o peróxido de hidrogênio e a extração alcalina, assim o

branqueamento químico das polpas foi feito por um processo totalmente livre de cloro (TCF)

de modo a se obter polpas de dissolução.

4. 4.1. Estágio com peróxido de hidrogênio

O branqueamento das polpas organosolv de palha foi feito em sacos de polietileno, em

banho termostatizado, com 30 g de polpa seca, a temperatura de 60°C, por 1 h, com pH entre

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8 a 12,2, polpa com consistência 5% e peróxido de hidrogênio 5% (massa relação a polpa).

4. 4. 2. Estágio com hidróxido de sódio

A extração alcalina com hidróxido de sódio tem como objetivos principais remover a

lignina transformada pela reação com peróxido, que não foi totalmente eliminada pelas

lavagens anteriores e reduzirem a quantidade de polioses que, por ventura, ainda estejam na

polpa. Este estágio tem característica depuradora.

A extração alcalina das polpas foi feita em erlenmeyer, em banho termostatizado, com

20 g de celulose (base seca), a temperatura de 65°C, por 1 h, com hidróxido de sódio 3%

(relação massa polpa), pH inicial 11,5-12,0 e polpa com consistência 3-5%. Ao término da

reação, o material foi filtrado em funil de Büchner e lavado exaustivamente até o filtrado não

apresentar mais coloração.

4. 5. Obtenção de derivado de celulose

A metodologia de obtenção de carboximetilcelulose foi adicionar em um frasco de 500

mL com três bocas 5 g de polpa branqueada, 92,5 g de etanol, 3,7 g de água e uma solução de

hidróxido de sódio (5 g de NaOH e 8 g de água); a mistura foi agitada mecanicamente e a

temperatura de reação foi de 15± 5°C por 1 h.

Após a alcalinização, foi adicionada na mistura reacional uma solução de ácido

monocloroacético (AMA) e etanol a 50% em massa (6,5 g de AMA e 6,5 g de etanol). Essa

adição foi feita a 20°± 5°C. Terminada a adição a temperatura foi elevada a 60°C e a reação

foi deixada por 3 h. Terminado o tempo de reação, a mistura foi drenada e a fase sólida

suspensa em metanol a 70% e neutralizada com ácido acético a 90%. A suspensão foi filtrada

e o precipitado foi lavado repetidamente com etanol e seco em estufa a 60°C (SILVA et al.,

1997).

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O ganho de massa da carboximetilcelulose foi detrminado pela equação 7.

% GM = [ (MCMC – Mpb )/Mpb] *100 (equação 7)

em que %GM = ganho de massa,

MCMC = massa de carboximetilcelulose (g),

Mpb = massa de polpa branqueada (g).

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5. ANÁLISE DOS RESULTADOS

5. 1. Determinação do rendimento de polpação

O rendimento das polpas obtidas no item 4.1.2. foi determinada pela diferença entre a

massa de palha antes da polpação com a massa de polpa obtida após o término da polpação. O

rendimento bruto das polpações pode ser dado por:

R (%) = (m/M)* 100 (equação 8)

em que R (%) = rendimento da polpação em porcentagem, m= massa de polpa, em gramas, M= massa de palha, em gramas.

5. 2. Viscosidade

A viscosidade está relacionada com o grau de polimerização da celulose e

indiretamente, com a resistência do papel.

Para as determinações de viscosidade das polpas obtidas foi utilizado um viscosímetro

Ostwald-Fensk de 200 mL imerso em banho termostatizado a 25,0 ± 0,1°C, seguindo-se a

metodologia padrão TAPPI (1982).

O líquido foi aspirado até ultrapassar as duas marcas de calibração e deixado escoar.

Foi determinado o tempo necessário para o menisco do líquido passar entre as 2 marcas,

utilizando-se um cronômetro. Conhecendo-se os valores de densidade e viscosidade do H2SO4

98% na temperatura de medida, pôde-se calcular a constante do viscosímetro pela equação 9.

A medida foi repetida 3 vezes.

kv = V/(t*d) (equação 9)

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em que: k = constante do viscosímetro (cP.s-1

. g-1

. cm3);

V = viscosidade do H2SO4 a 25°C = 19,25 cP (TAPPI, 1982);

d = densidade do H2SO4 a 25°C = 1,84 g.cm-3 (WEAST, 1984);

t = tempo de escoamento (s).

A viscosidade das polpas foi determinada por método padrão (TAPPI, 1982). Em

béqueres pesaram-se exatamente 0,125 g (com precisão de 0,1 mg) de polpa seca e em

seguida adicionaram-se 25 mL de etilenodiamina cúprica (solução 0,5 mol.L-1 em Cu2+). A

mistura foi agitada magneticamente por 30 min. Após esse tempo, a mistura foi filtrada em

cadinho de vidro sinterizado (nº 3) e transferida para o viscosímetro, previamente aferido. A

solução foi aspirada e o tempo de escoamento foi medido com um cronômetro como descrito

anteriormente. O cálculo de viscosidade da polpa foi determinado pela equação 10:

V = k*t*d (equação 10)

em que: V = viscosidade da solução (cP);

k = constante do viscosímetro (cP.s-1

.g-1

.cm3 );

t = tempo de escoamento (s);

d = densidade da solução de celulose (1,052 g.cm-3

- TAPPI, 1982);

5. 3. Número kappa

O número kappa é uma medida do teor de lignina residual na polpa e foi determinado

pela oxidação por permanganato de potássio e titulação com tiossulfato de sódio, seguindo-se

metodologia padrão TAPPI (1985).

Amostras das polpas, com massas entre 0,30 e 0,35 g (com precisão de 0,1 mg), foram

pesadas em béqueres, e cada uma delas foi suspensa em 10 mL de água destilada. Cada

suspensão de polpa foi transferida com 140 mL de água para um erlenmeyer de 500 mL que

foi mantido a 25°C sob agitação magnética.

Misturaram-se 25,00 mL de uma solução padrão de KMnO4 0,1 eq.L-1 (recém

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preparada) com 25,00 mL de H2SO4 4 eq.L-1 em um erlenmeyer de 125 mL, que foi mantido a

25°C sob agitação magnética (solução A).

A solução A foi adicionada quantitativamente a cada erlenmeyer contendo a suspensão

de polpa, utilizando-se 50 mL de água destilada para lavar as paredes do erlenmeyer. Após

exatos 10 min (medidos com um cronômetro) foram adicionados 5,0 mL de uma solução de

KI 1,0 eq.L-1. Essa mistura foi titulada com uma solução padronizada de Na2S2O3 0,2 eq.L-1

até próximo ao ponto de viragem (desaparecimento da cor castanha). Foram adicionados 2,5

mL de uma solução de amido 2% (m/v) e a titulação continuada até a viragem de azul a

incolor.

Adicionalmente foi quantificado o consumo de KMnO4 sem a adição de polpa

(branco), substituindo-se a suspensão de polpa por 150 mL de água destilada e seguindo-se o

mesmo procedimento descrito acima.

O número kappa foi determinado pelas equações 11 a 13 (TAPPI, 1985).

P = [(b - a).N]/0,1 (equação 11)

f = 0,0084*P + 0,895 (equação 12)

nº k = P*f* [1 + 0,013.* (25 - T)]/W (equação 13)

em que: P = volume de KMnO4 que reagiu (mL);

a = volume de Na2S2O3 consumido pela amostra (mL);

b = volume de Na2S2O3 consumido pelo branco (mL);

f = fator de correção determinado para cada P;

N = normalidade da solução de Na2S2O3;

T = temperatura da análise (°C);

W = massa da polpa seca (g);

nº k = número kappa.

5. 4. Alvura

A alvura das polpas foi determinada de acordo com a norma TAPPI 452 om-98. Os

corpos de prova foram preparados seguindo a norma TAPPI T- 218 sp-97. Cerca de 3 gramas

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de polpa (base seca) foram desagregadas por 5 minutos, a pH 5,5 e consistência de

aproximadamente 0,3%. Após desagregação, a suspensão de polpa foi vertida em um funil de

Büchner de 110 mm de diâmetro e filtrada a vácuo. Após filtração, o funil foi invertido e a

polpa foi liberada utilizando-se fluxo de ar. A folha de prova assim formada foi então

prensada (10-12 kgf/cm2) durante 90 segundos e colocada para secar em ambiente protegido

da luz. A alvura das polpas foi determinada em um aparelho Photovolt modelo 577. A

porcentagem de reflexão foi determinada a 457 nm em cinco pontos diferentes das polpas e os

resultados foram apresentados como média destas medidas. A gramatura, ou seja, a massa por

unidadede área do papel, foi calculada através da equação 14:

g = (m/A)*104 (equação 14)

em que: g = gramatura (g/cm2),

m = massa do corpo de prova (g),

A = área do corpo de prova (cm2).

5. 5. Hidrólise ácida da polpa

Foi feita para a caracterização química da palha ou da polpa para quantificar os

carboidratos presentes e avaliar a extensão da ação enzimática. Foi utilizado o método

modificado de Klason (ASTM, 1956).

Amostras de 2 g de palha (moída a 30 mesh) ou 1 g da polpa seca, pesados com

precisão de 0,1 mg, foram transferidos para um béquer de 100 mL e tratados com 10 mL de

H2SO4 72% (p/p), sob vigorosa agitação, em um banho termostatizado a 45,0 ± 0,5°C por 7

min. A reação foi interrompida com a adição de 50 mL de água destilada. A amostra foi

transferida quantitativamente para um frasco erlenmeyer de 500 mL, elevando-se o volume de

água a 140 mL.

Para a completa hidrólise dos oligômeros restantes, o erlenmeyer foi fechado com

papel alumínio e autoclavado por 30 min a 1,05 bar. Após a descompressão da autoclave, o

frasco foi retirado e resfriado à temperatura ambiente, sendo a mistura reacional filtrada e o

hidrolisado transferido para um balão volumétrico de 250 mL, diluído com água destilada e

armazenado para análise posterior (SILVA, 1995).

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5. 5. 1 .Determinação de carboidratos e ácidos orgânicos por CLAE

Uma alíquota de 20 mL do hidrolisado, obtido no item 5.5, foi diluída com água

destilada em balão volumétrico de 25 mL após elevar-se o pH da solução com NaOH 2

mol.L -1 de 0,6 para a faixa de 1 a 3.

O hidrolisado ácido foi extraído em cartuchos de extração sólida Sep-Pak C18

(Waters), para a remoção de compostos aromáticos e, então, injetado diretamente em uma

coluna Aminex HPX-87H (300 x 7,8 mm, Bio-Rad Laboratories Ltd) em um cromatógrafo

Shimadzu LC-10AD. Como fase móvel foi empregado H2SO4 0,005 mol.L-1 com fluxo de 0,6

mL.min-1, a 45°C. Os compostos foram monitorados com um detector de índice de refração

Shimadzu RID-6 A.

5. 5.2. Determinação de lignina insolúvel (lignina Klason)

O material insolúvel retido no papel de filtro obtido no item 5.5. (lignina Klason) foi

lavado com aproximadamente 1,8 L de água destilada e secos em estufa a 110°C até massa

constante. A percentagem de lignina insolúvel (Klason) foi calculada em relação à massa de

polpa seca.

5. 5. 3. Determinação do teor de cinzas (lignina Klason)

O material obtido no item 5.5 foi colocado em um cadinho de porcelana previamente

calcinado e tarado. Em seguida, foi calcinado inicialmente a 400°C e depois por mais 2 h a

800°C. Após a calcinação, o cadinho foi resfriado em dessecador e a massa de cinzas

determinada. A massa de cinzas da lignina foi usada para corrigir o teor de lignina insolúvel

(por diferença).

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5. 5. 4. Determinação da lignina solúvel

A quantidade de lignina solúvel foi determinada pela medida de absorbância a 280 nm

em um espectrofotômetro Shimadzu UV-150-02.

Foram colocados 5 mL do hidrolisado (obtido no item 5.5) em um balão volumétrico

de 100 mL. Foram acrescentados 50 mL de água destilada e 40 gotas de NaOH 6,5 eq.L-1.

Após agitação, o volume foi completado com água destilada. A linha base foi medida com

uma solução de NaOH 6,5 eq.L-1 a leitura da solução de hidrolisado foi feita a 280 nm em

celas de quartzo.

5. 5. 5. Determinação de furfural e hidroximetilfurfural

Furfural e hidroximetilfurfural foram determinados por CLAE, em uma coluna

LiChrospher 100 RP-18 (5μm) de 125 x 4 mm (Hewlett-Packard), utilizando-se

acetonitrila/água 1:8 (v/v) com 1% de ácido acético como fase móvel, a uma vazão de 0,8

mL.min-1 a 25°C. O hidrolisado foi previamente diluído com água na razão de 1:100, filtrado

em membrana de diâmetro de poro de 0,47 μm (Milipore), e injetado com uma válvula

Rheodyne equipada com alça de injeção de 20 μL. Os compostos foram detectados a 276 nm,

em um detector UV/Visível Shimadzu SPD-10. As concentrações de furfural e

hidrometilfurfural foram determinadas a partir de curvas de calibração obtidas com os

compostos puros.

5. 6. Espectros no Infravermelho com Transformada de Fourier (FTIR)

Os espectros de FTIR foram obtidos diretamente das amostras de polpa utilizando a

técnica de reflexão atenuada (ATR) em um equipamento Nicolet Avatar 320. Após correção

na linha de base pelo método poligonal (FAIX, 1991), os espectros foram normalizados pela

absorção a 900 cm-1, correspondendo à vibração do grupo O-C-O envolvendo o carbono-1

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(anomérico) dos polissacarídeos. A análise por componentes principais (PCA) foi utilizada

para a classificação dos espectros.

A análise dos derivados de celulose também foram feitos por espectrofotometria no

infravermelho.

5. 7. Análise por componentes principais (PCA) dos espectros FTIR

Os espectros de FTIR das polpas branqueadas e não branqueadas foram convertidos

para arquivos texto usando o software OMNIC (Nicolet, Inc.). O conjunto de dados para cada

espectro foi submetido ao cálculo de PCA usando os programas BIOTEC e FAEN

compilados em FORTRAN, que foram escritos em nosso laboratório, adaptados da literatura

(SCARMÍNIO e BRUNS, 1989).

5. 8. Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A palha de cana e as polpas etanol-água foram presas em um suporte com auxílio de

fita de carbono e submetidas ao recobrimento metálico com ouro, espessura de 7 μm com

uma voltagem de 40 mA sob atmosfera de argônio. As amostras metalizadas foram

submetidas a análise em microscópio eletrônico de varredura 1450 V (equipamento

disponível no Departamento de Materiais operando a 20 kW e utilizando detector de elétrons

secundários. As amostras foram dispostas de forma que seja possível observar as

modificações superficiais das fibras da palha e das polpas organosolv.

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6. RESULTADOS E DISCUSSÃO

A palha de cana-de-açúcar utilizada neste trabalho foi cedida pela Usina Ester

localizada em Cosmópolis-S.P. A tabela 6.1 traz a composição química da palha utilizada

neste trabalho e dados de palha de trigo e de arroz (PAN e SANO, 2005). De acordo com

PAN e SANO (2005) as palhas de trigo e arroz apresentam teores de glucana e lignina

similares, porém a palha de cana-de-açúcar apresenta menores quantidades de glucana e de

pentosana do que as palhas de trigo e arroz. A palha de arroz apresenta elevado conteúdo de

cinzas (16,5%) e a palha de cana apresenta elevado teor de extrativos (5,27%).

Tabela 6.1. Composição química de palhas de cana, trigo e arroz. Componente (%) Canaa Trigo Arroz Glucana 36,1 ± 0,5 55,4 57,7 Pentosana b 28,3 ± 0,1 40,2 33,0 Lignina total 26.2 ± 0,5 19,0 ± 0,5 18,5 ± 0,6 Cinzas 2,1 ± 0,2 9,6 ± 0,2 16,5 ± 0,3 Extrativos 5,27 ± 0,1 5,3 ± 0,2 3,1 ± 0,1

aPalha de cana utilizada neste trabalho. bPentosanas incluso grupos acetila, grupos acetila= 1,45 ± 0,1

Para o estudo morfológico da palha de cana utilizada neste trabalho foram feitas

microscopias eletrônicas de varredura (MEV). A palha de cana apresenta uma camada na

superfície externa (filme) protetivo.

Na figura 6.1 observam-se vários vacúolos que podem ser bem observados na

micrografia (C) da figura 6.1, que não é comum no bagaço de cana.

(C) (A) (B)

Figura 6.1. Micrografia eletrônica de varredura (A) palha in natura (ampliação de 100x), (B) palha in natura (ampliação de 500 x) e (C) palha in natura (ampliação de 10.000 x).

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6. 1. Polpação acetosolv da palha de cana

Na literatura não existem dados sobre a polpação acetosolv de palha de cana e apenas

dados sobre a polpação de outros tipos de palha como palha de trigo com ácido acético (PAN

E SANO, 2005), palha de trigo com acetona-água (JIMÉNEZ et al., 1998), palha de arroz

com ácido fórmico (LAM et al., 2001).

De acordo com VÁZQUEZ e colaboradores (1997) para polpações acetosolv de

madeira o grau de deslignificação é mais evidente para tempos de reação de 4 a 6 h de reação.

Neste trabalho os estudos de polpação acetosolv da palha foram feitos de 1 a 6 h de reação. A

relação biomassa/solvente utilizada nos estudos de polpação acetosolv da palha de cana foram

baseadas nas condições feitas para bagaço de cana de acordo com BENAR (1992), porém

com o uso da relação biomassa solvente de 1:14 (m/v) não houve a formação de polpa. As

polpações acetosolv da palha foram feitas utilizando-se a relação palha/solvente de 1/20

(m/v), 0,4% de HCl (relação à massa de polpa seca) como catalisador, por 6 horas de reação,

no entanto, mas utilizando-se esta relação biomassa/solvente não houve a formação de polpa.

A relação biomassa/solvente foi alterada para 1/30 (m/v) por períodos de reação de 1 a

6 h. Mesmo aumentando a relação biomassa/solvente, nas reações feitas com 1 e 2 h não

houve a formação de polpa. Os resultados de rendimento e as propriedades de viscosidade,

número kappa e a composição química das polpações realizadas com 3 a 6 h de reação estão

apresentados na tabela 6.2.

A palha de cana utilizada neste trabalho possuía 1,45% de grupos acetilas (tabela 6.1)

e pode-se observar que ocorreu a incorporação de grupos acetilas no processo de polpação da

palha, esta incorporação foi aumentada de acordo com o aumento do tempo de polpação,

como pode ser observado na tabela 6.1. De acordo com PAN E SANO (2005) durante a

polpação com ácido acético ocorre a incorporação de grupos acetil em grupos hidroxil da

lignina e nos carboidratos.

De acordo com a tabela 6.2, com 3 h de polpação o rendimento de polpação foi de

45% e aumentando-se o tempo de polpação para 4 a 6 h, o rendimento passou a ser de 54 a

56%. Com o aumento do tempo de polpação ocorreu a diminuição da viscosidade das polpas.

O aumento do tempo de polpação de 3 a 6 h degradou as polioses e conseqüentemente

verificou-se a diminuição da viscosidade das polpas. Verificou-se também o aumento do

número kappa das polpas acetosolv com o aumento do tempo de polpação, ocasionando,

provavelmente a reprecipitação da lignina nas fibras celulósicas (VÁSQUEZ et al., 1997). A

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partir de 3 h de polpação não verificou-se o aumento da deslignificação das polpas, atingindo-

se um patamar com 3 horas de reação.

A partir dos resultados apresentados na tabela 6.2, determinou-se que a melhor

condição de polpação acetosolv da palha foi 3 h de reação com relação biomassa/solvente de

1/30 (m/v), pois para polpas celulósicas o ideal é a polpa apresentar uma maior viscosidade

(preservação da celulose), menor número kappa (menor quantidade de lignina residual) e o

maior conteúdo em glucana. Cerca de 30 bateladas de polpação acetosolv da palha foram

feitas na condição determinada como a melhor, obtendo-se um rendimento de 48,84 a 50%

em polpa bruta.

As polpas obtidas nestas bateladas foram homogeneizadas e caracterizadas quanto à

composição química, viscosidade e número kappa. A polpa apresentou a seguinte composição

química: 50,57 ± 0,49% de glucana, 11,09 ± 0,34% de pentosanas 5,54 ± 0,02% de ácido

acético, 25,67 ± 0,34% de lignina total e 5,22 ± 0,16% de cinzas. A viscosidade da polpa

acetosolv foi de 5,55 ± 0,15 cP e o número kappa da polpa foi de 58,02 ± 1,67. A polpa

acetosolv tratada somente com NaOH 0,5 % (m/v) apresentou viscosidade de 6,54 ± 0,43 cP e

número kappa 39,24 ± 0,34. Esta polpa foi utilizada nos estudos de biobranqueamento com

xilanase.

Apesar de poucos dados, há uma correlação quase linear entre número kappa e teor de

lignina residual. Com r2 = 0,8 tem-se a relação % lignina = 0,295 kappa + 16,4. É uma

correlação diferente da obtida anteriormente para o bagaço.

Na polpação acetosolv da palha de cana-de-açúcar existe uma correlação entre a

viscosidade e os componentes da polpa. Através de uma matriz com três incógnitas e três

variáveis foi possível determinar a relação da viscosidade com a glucana, pentosana e lignina

no processo de polpação acetosolv da palha. Dessa forma: viscosidade (cP) = 0,063* glucana

(%) + 0,372 * pentosana (%) -0,096 * lignina total (%). Essa correlação da viscosidade com

os componentes da polpa demonstou que a viscosidade é pouco influenciada pela glucana

(0,063), a pentosana tem grande influência na propriedade de viscosidade e a lignina possui

influência negativa na viscosidade das polpas.

No processo de polpação da palha houve a perda de componentes da palha (glucana,

xilana e lignina total). Conforme a tabela 6.3, no processo de polpação houve a perda de cerca

de 20% de glucana, em tempos maiores de polpação houve a degradação em maior extensão

das polioses, porém o aumento do tempo de polpação não solubilizou a lignina.

O sinal negativo nos valores de perda de grupos acetilas significa que não houve perda

deste componente e sim que houve incorporação destes grupos na polpa, incorporação esta

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que aumentou com o aumento do tempo de polpação, fato que pode ser confirmado também

pela composição química da polpa apresentado na tabela 6.2.

A incorporação de grupos acetilas foi observada também em polpações acetosolv de

bagaço de cana, incorporação de até 12% de grupos acetilas nas ligninas isoladas (DE

GROOTE et al., 1991).

Tabela 6.2. Resultados de rendimento de polpação, viscosidade, número kappa e composição química de polpas acetosolv de palha de cana. Tempo de polpação 3 h 4 h 5 h 6 h Rendimento (%) 45,47 ± 2,80 54,43 ± 2,09 54,92 ± 5,44 56,13 ± 4,31 Viscosidade (cP) 7,49 ± 0,82 6,74 ± 0,45 5,59 ± 0,39 4,86 ± 0,39 Número kappa 16,59 ± 0,89 14,0 ± 0,83 29,61 ± 1,62 31,96 ± 2,00 Glucana (%) 59,80 ± 2,76 62,58 ± 2,38 59,31 ± 3,15 59,13 ± 2,89 Pentosana (%) 12,62 ± 0,36 12,47 ± 0,09 11,39 ± 2,19 9,76 ± 0,10 Grupos Acetila (%) 3,14 ± 0,33 3,46 ± 0,80 4,19 ± 0,69 4,61 ± 0,04 Lignina total (%) 23,02 ± 2,33 19,12 ± 2,91 24,75 ± 5,15 25,92 ± 3,50 Cinzas (%) 4,53 ± 0,76 5,81 ± 0,42 4,53 ± 0,19 5,21 ± 0,76

Tabela 6.3. Perda de componentes na polpação acetosolv. Perda de Componente

3 h 4 h 5 h 6 h

Glucana (%) 20,17 ± 3,90 21,93 ± 1,20 24,29 ± 2,91 23,51 ± 2,20 Xilana (%) 77,09 ± 2,46 76,35 ± 3,65 75,86 ± 0,74 86,50 ± 0,12 Lignina Total (%) 69,91 ± 3,12 67,71 ± 0±,89 65,71 ± 2,98 51,29 ± 1,48 Grupos Acetila (%) -32,75 ± 1,26 -33,37 ± 3,10 -54,16 ± 0,47 -58,47 ± 1,43

6. 2. Polpação etanol-água da palha

Segundo TOMAZ (1996) a caracterização morfológica das fibras celulósicas da palha

de tabaco: comprimento médio de 1,24 mm, valor intermediário entre o das fibras do

eucalipto (1,0 mm) e do Pinus (4,0 mm), principais fontes de matérias-primas celulósicas,

para as demais dimensões da fibra, os valores médios obtidos foram de 4,33, 4,15 e 12,80

mm, respectivamente, para a espessura da parede celular, diâmetro do lume e largura da fibra,

embora os rendimentos em fibras, tanto no processo ácido (34,63%) como no básico (33,97%)

tenham sido relativamente baixos, esse material, pelas características micrométricas das

fibras, pode ser utilizado na obtenção de celulose e papel, para usos que requeiram baixos

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níveis de resistência. Apesar da possibilidade de fabricar papel com fibras de palha de cana,

neste trabalho optou-se por fazer polpações para a obtenção de polpas de dissolução.

Para os estudos das melhores condições da polpação etanol-água da palha de cana

foram feitos dois planejamentos experimentais. Os parâmetros de tempo e temperatura

escolhidos no primeiro planejamento fatorial foram definidos de acordo com dados da

literatura para estudos de polpação etanol-água de palha de trigo (JIMÉNEZ et al., 1999), pois

não existem dados na literatura sobre polpação etanol-água de palha de cana.

Na tabela 6.4 estão apresentados os valores de tempo e temperatura estudados no

primeiro planejamento fatorial 22.

Nos estudos da polpação etanol-água da palha de cana, nos experimentos realizados a

150 e 170ºC, em reator de 200 mL, não houve a formação de polpa em tempos de 1 a 4 h de

reação, a 190ºC por 1 h houve a formação de polpa com rendimento de 52% e com 4 h de

reação o rendimento de polpação foi de 60%, porém as polpas obtidas eram visualmente

muito escuras e apresentaram respectivamente, o número kappa 52,76 e 59,08.

Tabela 6.4. Valores de tempo e temperatura e matriz do planejamento fatorial.

Temperatura (°C) 150 170 190 Tempo (h) 1 2,5 4 Nível -1 0 +1

Ensaio Temperatura Tempo 1 + + 2 - + 3 + - 4 - - 5 0 0 6 0 0

A partir destes resultados optou-se por fazer um segundo planejamento fatorial, devido

as condições usadas neste primeiro planejamento não terem se mostrado adequadas para a

obtenção de polpas celulósicas com alto teor de celulose e baixo de lignina. O primeiro

planejamento experimental mostrou que para a polpação etanol-água da palha de cana era

necessário utilizar temperaturas maiores que 170ºC e tempos menores que 4 h de reação,

assim no segundo planejamento fatorial foram utilizadas temperaturas que variaram de 185 a

215ºC e tempos de polpação de 1,5 a 2,5 h.

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De acordo com a tabela 6.5, para uma mesma temperatura de polpação, o aumento do

tempo de reação, proporcionou aumento do rendimento em polpa. Em polpas obtidas a 185ºC,

o aumento de 1 h no tempo de polpação ocasionou a diminuição da viscosidade das polpas de

12,17 para 10,64 cP. Esta diminuição de viscosidade foi acompanhada pela degradação das

pentosanas, pois a polpa obtida a 185ºC com 1,5 h de reação apresentou 14,12% de pentosana

e a polpa obtida com 2,5 h de reação apresentou 11,83% de pentosana (redução de 16,2%).

Em temperaturas maiores (215ºC) o aumento do tempo de reação, ocasionou a

diminuíção da viscosidadde das polpas em 18,2% (215ºC/1,5 h= 5,38 cP e 215ºC/2,5 h = 4,4

cP). No entanto, a 215 ºC o aumento de uma hora de reação ocasionou a redução de pentosana

de 9,6% (2,49 e 2,25% de pentosana), redução esta menor do que nas polpações realizadas a

185ºC. Na temperatura de 215ºC a polpa apresentou 33% de lignina, quantidade esta maior do

que nas polpações realizadas a 185 e 200ºC, e conseqüentemente, o número kappa da polpa

foi elevado (61). Na temperatura de 215ºC, provavelmente a lignina que foi solubilizada no

processo de polpação já esteja reprecipitando na polpa, ou ainda, nesta temperatura ocorreram

reações de condensação da lignina, acarretando a alta quantidade de lignina insolúvel presente

na polpa. No processo de polpação organosolv ocorre a reprecipitação da lignina sobre as

fibras celulósicas levando ao alto número kappa das polpas (XU et al., 2007).

Tabela 6.5. Resultados de rendimento de polpação, viscosidade, número kappa e composição química de polpas etanol-água obtidas no segundo planejamento fatorial. Temp.(°C)/Tempo (h) 185/ 1,5 185/2,5 200/2,0 200,0/2,0 215/1,5 215/2,5 Rendimento (%) 45,18 47,49 51,67 52,85 53,75 55,61 Viscosidade (cP) 12,17 10,64 6,97 7,46 5,38 4,40 Número kappa 59,14 54,45 58,99 61,02 64,40 61,40 Glucana (%) 57,47 58,64 62,20 63,63 59,65 60,29 Pentosana (%) 14,12 11,83 6,07 6,49 2,49 2,25 Lignina total (%) 25,56 26,11 26,82 25,67 33,31 33,08 Cinzas (%) 2,84 3,41 4,90 4,21 4,55 4,37

Uma correlação da viscosidade pode ser feita com os componentes da polpa etanol-

água da cana: viscosidade (cP) = -0,408* glucana (%) + 2,303 * pentosana (%) + 0,720 *

lignina total (%). Na polpação etanol-água da cana a glucana muito pouco influenciou a

viscosidade, a maior influência foi dada pela pentosana. O alto número kappa das polpas

etanol-água pode ser explicado pela topoquímica de deslignificação. De acordo com

NIKKHIL e PASZNER (1989) na polpação etanol a lignina presente na lamela média e nos

cantos da célula são removidas preferencialmente à lignina da parede secundária.

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A partir dos resultados apresentados na tabela 6. 5, para a polpação etanol-água de

palha de cana escolheu-se a temperatura de 200ºC e 2 h de reação, pois nestas condições o

rendimento de polpação foi maior do que na polpação realizada a 185ºC, porém menor do que

a 215ºC. No estudo de polpação devem ser avaliados a composição química das polpas e as

propriedades físicas devem ser levadas em conta de acordo com o destino das polpas. Assim

para a polpação etanol-água da palha foi escolhido a condição de polpação em que a polpa

apresentou menor número kappa, maior rendimento e quantidade de pentosana menor (mesmo

em detrimento da viscosidade da polpa).

A partir dos resultados do segundo planejamento fatorial foi feita uma ampliação de

escala em reator de 40 L, utilizando-se 200ºC e 2 h de polpação. Na ampliação de escala, em

reator de 40 L, o rendimento de polpação foi de 35,8% valor considerado baixo, pois para

polpações químicas o rendimento é em torno de 50% (CURVELO et al., 1991). A

composição química da polpa obtida na ampliação de escala foi 54,8 ± 2,5 % de glucana, 2,7

± 0,1 % de pentosana, 4,0 ± 0.1 % de ácido fórmico, 24,5 ± 0,1 % de lignina total e 3,6 ±

0,1% de cinzas (polpa etanol-água 1). Esta polpa apresentou viscosidade de 3,14 ± 0,11 cP,

viscosidade baixa comparada a polpas kraft de eucalipto (25 cP) (DUARTE et al., 2003) e que

reflete o baixo conteúdo de pentosanas (2,7%). A polpa etanol-água de palha apresentou

número kappa 60,9 ± 2, considerado um valor de número kappa alto devido a precipitação da

lignina na polpa que estava dissolvida no licor de polpação. As polpas organosolv usualmente

possuem número kappa alto mas são facilmente branqueáveis (XU et al., 2007).

Na reação realizada em reator de 40 L não houve a reprodução dos resultados obtidos

na polpação realizada a 200°C por 2 h no reator de 200 mL, pois houve grande degradação

das pentosanas, ou seja, a polpa obtida no reator de 200 mL apresentou em torno de 6% de

pentosana e a polpa obtida na apliação de escala apresentou 2,7% de pentosanas. Esta grande

diferença de composição química da polpa pode ser explicada devido ao reator de 40 L levar

cerca de 3 h para atingir a temperatura de 200ºC e levar cerca de 18 h para esfriar até

temperatura ambiente e poder ser descarregado. Esses fatores de operacionalidade do reator

devem ter influenciado grandemente na degradação da polpa e reprecipitação da lignina sobre

as fibras da polpa. Esta condição de polpação etanol-água para a palha de cana não se mostrou

adequada para obter polpas com alto conteúde de glucana e baixo teor de lignina.

Outra polpação ethanol-água da palha de cana-de-açúcar foi feita no reator de 40 L,

nas mesmas condições descritas anteriormente, no entanto, foi utilizada a temperatura de

160ºC. Após o resfriamento do reator, o reator foi aberto e a palha ainda se encontrava inteira,

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porém estava cozida e foi desfibrada por agitação mecânica, lavada com água comum e

classificada. O rendimento de polpa bruta foi de 38,4% e de polpa classificada foi de 87,8%.

A polpa etanol/água classificada apresentou a composição química: 51,8 ± 0,4 % de glucana,

9,9 ± 0,2% de pentosanas, 26,3 ± 0,3% de lignina total e 2,4 ± 0,1% de cinzas. Esta polpa

etanol-água de palha apresentou viscosidade 13,9 ± 1,2 cP e número kappa 52,7 ± 0,30 (polpa

etanol-água 2).

Para uma caracterização morfológica das polpas etanol-água (2) foram feitas

micrografias de varredura eletrônica na polpa etanol-água (2) não classificada, (figura 6.2), do

rejeito da classificação (figura 6.3) e da polpa etanol-água (2) classificada (figura 6.4).

Na figura 6.3 estão apresentadas as micrografias do material que não passou na

peneira do classificador e que foi considerado como rejeito grosso. Na micrografia (A)

existem muitos feixes de fibras unidos que apresentam vacúolos e na micrografia (B) que é

uma ampliação de uma fibra da figura (A) pode-se observar melhor a estrutura na forma de

vacúolo e pode-se observar alguns elementos esféricos que pode ser a lignina reprecipitada na

superfície da fibra.

Na figura 6.4 (A) na micrografia da polpa etanol-água (2) classificada é possível

observar fibras de celulose finas, longas e achatadas (indicado por setas) soltas, na

micrografia (B) a fibra apresenta diversos vacúolos ao longo da fibra e na figura (C) está

mostrada a estrutura de uma célula de um traqueídeo.

6 .3. Tratamento enzimático da polpa acetosolv

6. 3. 1. Xilanase de Humicola grisea

A polpa acetosolv foi submetida ao tratamento com xilanase recombinante de

Humicola grisea var. thermoidea com cargas enzimáticas que variaram de 1 a 50 unidades

por 2 h e 150 unidades de enzima por 20 h. Os resultados de viscosidade e número kappa das

polpas acetosolv tratadas com diferentes cargas enzimáticas e seguidas de extração alcalina

estão apresentados na figura 6.5.

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(A) (B)

Figura 6.2. Micrografia eletrônica de varredura (A) polpa etanol-água (2) não classificada (ampliação de 100 x), (B) polpa etanol-água (2) não classificada (ampliação de 500 vezes).

(A) (B)

Figura 6.3. Micrografia eletrônica de varredura do rejeito grosso da classificação da polpa etanol-água (2) (a) ampliação de 100 vezes e (b) ampliação de 500 vezes.

(A) (B) (C)

Figura 6.4. Micrografia eletrônica de varredura (A) polpa etanol-água (2) classificada, (ampliação de 1000 x), (B) polpa etanol-água (2) classificada (ampliação de 2000 x) e (C) polpa etanol-água (2) classificada (ampliação de 10.000 x).

De acordo com a figura 6.5 (A), com baixa dose (1 unidade) de enzima a polpa tratada

com xilanase apresentou viscosidade 15% maior do que a polpa controle (sem enzima) e o

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aumento da carga enzimática para 50 e 150 unidades provocaram queda da viscosidade da

polpa, provavelmente ocorrendo a degradação das polioses pela ação enzimática. Nas polpas

tratadas com xilanase seguida da extração alcalina ocorreu leve queda da viscosidade em

relação à polpa sem enzima, possivelmente a remoção dos produtos de ação enzimática

retirados pela extração alcalina afetem a viscosidade das polpas. As polpas tratadas com

xilanase seguida de extração alcalinas tratadas com cargas de xilanse de 20 a 150 unidades

atingiram um patamar de viscosidade (6,5 cP).

Não se observou a queda do número kappa das polpas acetosolv tratadas com as

variadas cargas enzimáticas e somente com 150 unidades de xilanase pode-se reduzir 7% do

número kappa da polpa quando comparado com a polpa controle (sem enzima). As polpas

tratadas com baixas cargas de xilanase (1 e 2 unidades) apresentaram número kappa maior do

que a polpa somente tratada com extração alcalina e somente com altas doses enzimáticas (50

e 150 unidades de enzima) proporcionaram diminuição de 7 pontos no número kappa

(representando redução de 18%), de acordo com figura 6.5 B.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

0 5 10 20 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Vis

cosi

dade

(cP)

X XE (A)

0

10

20

30

40

50

60

70

0 5 10 20 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Núm

ero

kapp

a

X XE (B)

Figura 6.5. (A) viscosidade e (B) Número kappa de polpas acetosolv de palha tratadas com xilanase e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina.

A relação viscosidade/número kappa representa a seletividade do tratamento das

polpas. Pela figura 6.6, com baixas cargas de xilanase a seletividade é menor do que ao se

usar altas cargas. No entanto, nas polpas tratadas com xilanase seguida de extração alcalina

pode-se ver que a seletividade, com baixas cargas enzimáticas, (5 e 20 UI/g) a seletividade é

maior do que a da polpa controle e que não é maior do que a seletividade da polpa tratada

com xilanase seguida de extração alcalina por 20 h de tratamento.

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A análise dos açúcares redutores liberados nos filtrados dos tratamentos enzimáticos é

um indicativo da ação xilanolítica. Os filtrados dos meios reacionais foram diluídos 1,5 vezes

para a monitoração dos açúcares redutores liberados (Abs540nm).

As polpas acetosolv tratadas com baixas cargas enzimáticas (1 a 5 unidades de enzima

por grama de polpa seca) apresentaram a maior liberação de açúcares redutores e utilizando-

se altas doses de xilanase a liberação de açúcares redutores é a mais alta (figura 6.7).

0 10 20 30 40 50 140 145 150 155

0,08

0,100,14

0,16

0,18

0,20

Sele

tivid

ade

Carga de Enzima (UI/g)

X XE

Figura 6.6. Seletividade (relação viscosidade/número kappa) de polpas acetosolv de palha tratadas com diferentes cargas enzimáticas e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina.

A quantidade de açúcares redutores liberados após a extração alcalina das polpas

tratadas com xilanase é maior do que das polpas tratadas somente com xilanase. Com o uso de

1 a 10 unidades de xilanase a quantidade de açúcar redutor liberado foi de 1,5 mg/g de polpa e

com cargas maiores de xilanase a quantidade de açúcar redutor liberado foi de 1,0 mg/g de

polpa (figura 6.7).

SALLES e colaboradores (2004) trataram polpas Kraft de eucalipto com cargas de 1,5,

2,5 e 5 UI.g-1 de xilanase de H. grisea var. thermoidea por tempos de reação de 1 a 4 h.Com a

carga de 1,5 unidade de enzima por 3 h foi obsevado o máximo de açúcares redutores (1,84

mg/g) e substâncias cromóforas liberadas.

No branqueamento xilanolítico, acredita-se que ocorre a quebra das ligações entre a

lignina e o carboidrato e assim ocorrendo a abertura da estrutura da polpa (PATEL et al.,

1993). Pouco é conhecido sobre a natureza dos compostos que conferem cor à polpa Kraft e

pesquisas atribuem a cor a lignina residual, mas estudos realizados por ZIOBRO (1990 a, b)

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indicam que a degradação dos carboidratos é a fonte dos produtos que dão cor a polpa

(PATEL et al., 1993).

0 10 2 0 3 0 40 50 1 40 1 45 1 50 1550 ,0

0 ,1

0 ,8

1 ,0

1 ,2

1 ,4

1 ,6

Açúc

ares

Red

utor

es (m

g/g

polp

a)

C a rga de E n z im a (U I/g )

X X E

Figura 6.7. Açúcares redutores liberados no filtrado do tratamento de polpas acetosolv com xilanase de H. grisea.

PATEL e colaboradores (1993) caracterizaram parcialmente os cromóforos liberados

pela ação xilanolítica e observaram que a maioria dos componentes absorve mais fortemente

na região da luz visível.

Os filtrados dos tratamentos xilanolíticos foram diluídos 10 vezes e determinadas as

absorbâncias espectroscopicamente a 237, 254, 280 e 465 nm e foi feito também o espectro

total de 200 a 600 nm de cada filtrado.

A figura 6.8 mostra o perfil de absorção na região do UV das substâncias cromóforas

liberadas no tratamento das polpas acetosolv com xilanase de H. grisea. Na figura 6.8 (A) a

maior carga xilanolítica empregada liberou compostos cromóforos que apresentaram a maior

absorbância. Na figura 6.8 (B) os espectros dos filtrados das polpas tratadas com xilanase

seguida de extração alcalina apresentam uma absorbância forte em 280 nm, indicativo da

presença de compostos fenólicos.

SALLES e colaboradores (2004) trataram polpas Kraft de eucalipto com cargas de 1,5,

2,5 e 5 UI.g-1 de xilanase de H. grisea var. thermoidea por tempos de reação de 1 a 4 h. Na

aplicação de todas as cargas enzimáticas, nas micrografias de varredura foram observados

efeitos similares (peeling) na fibra de celulose.

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0,00,10,20,30,40,50,60,70,80,91,01,11,21,31,41,51,61,71,81,92,02,12,22,32,42,5

200 250 300 350 400 450 500

Comprimento de onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

0 1 2 5 10 20 50 150

00,250,5

0,751

1,251,5

1,752

2,252,5

2,753

3,253,5

3,754

4,254,5

4,755

5,25

200 250 300 350 400 450 500

Comprimento de onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

0 1 2 5 10 20 50

(B) (A)

Figura 6.8. Espectros de UV de materiais coloridos (cromóforos) liberados durante o tratamento enzimático (A) tratamento de polpas acetosov somente com diversas cargas de xilanase e (B) tratamento de polpas com xilanase seguida de extração alcalina.

Espectros de infravermelho de polpas acetosolv tratadas sem enzima, tratadas somente

com NaOH, tratadas com xilanase e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina foram

feitos e apresentaram perfis semelhantes entre si, como mostra a figura 6.9.

Devido os espectros de infravermelho de polpas acetosolv serem semelhantes fez-se o

tratamento estatístico dos dados, a chamada Análise por Componentes Principais (PCA), para

verificar se seria possível evidenciar alguma diferença entre os espectros. A figura 6.10

mostra os gráficos bidimensionais PC1 x PC2 de polpas tratadas com xilanase recombinante

de H. grisea e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina.

Pelo gráfico dos scores PC 1 x PC 2 das polpas acetosolv tratadas com xilanase, figura

6.10 (A), pode-se diferenciar as polpas tratadas com diferentes cargas enzimáticas: as polpas

tratadas com baixas doses (representadas por pontos na figura 6.10 A) se encontram na parte

inferior do gráfico e estão circuladas por elipse contínua, as polpas tratadas com 50 e 150

unidades de xilanase se encontram na parte superior do gráfico e que não são muito distintas

entre si, devido a proximidade dos pontos (estão circuladas com elipse descontínua).

Apesar dos resultados das propriedades de viscosidade e número kappa das polpas

tratadas com enzima serem próximos à polpa controle a Análise por Componentes Principais

mostrou que estas polpas não são semelhantes. As polpas tratadas com xilanase seguida de

extração alcalina apresentam diferenças entre si (figura 6.10 B), porém estas diferenças não

são tão acentuadas como mostra o gráfico dos scores das polpas tratadas somente com

xilanase, figura 6.10 (A).

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-0,4

-0,2

0,0

0,2

0,4

0,6

0,8

1,0

1,2

400900140019002400290034003900

Número de Onda (cm-1)

Abs

orbâ

ncia

X 1U X 5U X 10U NaOH XE 5U

Figura 6.9. Espectros de infravermelho de polpas acetosolv tratadas com xilanase de Humicola grisea.

Xilanase

-8-6-4-202468

101214

-30 -20 -10 0 10 20PC1

PC2

controle 1U 2U 5U 10U 20U 50U 150U

(A)

XE

-2

-1

-1

0

1

1

2

2

3

3

-12 -7 -2 3 8PC1

PC2

controle 1U 2U 5U 10U 20U 50U

(B)

Figura 6.10. Correlação entre os scores PC 1x PC2 dos espectros FTIR de polpas acetosolv tratadas (A) tratadas com xilanase de Humicola griseae e (B) tratadas com xilanase seguida de extração alcalina.

Os loadings obtidos a partir dos dados de PCA (componentes principais) possuem as

informações que compõem o gráfico número de onda x absorbância e representam a fração ou

peso de cada componente. Esses loadings são significativos por apresentarem dados de

propriedade química, bem como possíveis modificações em ligações químicas.

Na figura 6.11, o PC 1 traz informações da fibra da polpa e o PC 2 é influenciado

pelas ligações C-O (em torno de 1000 cm-1) característico de éter.

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-0,8

-0,7

-0,5

-0,4

-0,2

-0,1

0,1

0,3

0,4

0,6

0,7

50075010001250150017502000

Número de Onda (cm-1)

Load

ing

PC1 PC2

Figura 6.11. Loading obtido dos espectros de FTIR de polpas acetosolv de palha de cana tratadas com xilanase Humicola grisea.

Para as polpas acetosolv, o uso de altas doses de xilanase não melhorara as

propriedades de viscosidade e número kappa das polpas e a análise de açúcares redutores

mostrram que a partir de 20 unidades de xilanase atingiu-se um patamar de açúcares redutores

liberados nos filtrados dos tratamentos xilanolíticos. Pela análise dos cromóforos liberados

nos filtrados das polpas tratadas com xilanase de H. grisea seguida de extração alcalina foi

evidenciado que ocorreu a liberação de compostos fenólicos na presente na polpa (absorção

em 280 nm), apesar desta xilanase não produzir grandes efeitos de redução de número kappa

das polpas.

6. 3. 2. Xilanase de Bacillus pumilus

Polpas acetosolv de palha de cana foram tratadas com xilanase de B. pumilus com

cargas xilanolíticas de 5 a 50 UI/g por 2 h e com 150 UI/g por 20 h de reação.

As polpas acetosolv de palha tratadas com variadas cargas xilanolíticas apresentaram

aumento de viscosidade de 12% em relação a polpa original (polpas tratadas com xilanase

apresentaram viscosidade em torno de 6,2 cP e a polpa original apresentou viscosidade 5,55

cP.

As polpas tratadas com 20 e 50 unidades de xilanase seguida de extração alcalina (XE)

apresentaram aumento de 19,8% na viscosidade (relação polpa somente com NaOH= 6,5 cP e

XE 20 e 50 = 7,84 cP), conforme figura 6.12 (A). As polpas que foram tratadas com 10 e 20

unidades de xilanase apresentaram redução do número kappa de 3,7%, que corresponde a

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redução de 2,2 unidades de número kappa (relação polpa original kappa= 58,0 e número

kappa polpas 10 e 20= 55,8). As polpas tratadas com 10 ou 150 unidades de xilanase seguida

de extração alcalina apresentram redução de número kappa de 2 unidades de número kappa e

que representa redução de 5,0% (relação polpa original extraída com NaOH, número

kappa=39,24 e polas XE-10 ou 150, número kappa= 37,22), (figura 6.12 B).

A relação viscosidade/número kappa é dada como a seletividade do tratamento

enzimático, para polpas tratadas com xilanase (X) e polpas tratadas com xilanase seguida de

extração alcalina (XE) o perfil da seletividade dos tratamentos X e XE são semelhantes, a

seletividade das polpas XE são maiores do que das polpas X. A polpa tratada com a carga de

10 unidades de xilanase apresentou a maior seletividade. Ao se utilizar cargas xilanolíticas

maiores que 20 unidades atingiu-se um patamar de seletividade (figura 6.13).

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 5 10 20 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Visc

osid

ade

(cP)

X XE (A)

0

10

20

30

40

50

60

70

0 5 10 20 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Núm

ero

kapp

a

X XE (B)

Figura 6.12. Viscosidade (A) e número kappa (B) de polpas acetosolv tratadas com diferentes cargas de xilanase de B. pumilus.

NEETA e RAO (1996) biobranquearam polpas de bagaço de cana quimiomecânicas

com xilanase de Bacillus sp. NCIM 59 com cargas xilanolíticas de 10 a 40 unidades de

xilanase e constataram que com o uso de 10 unidades de xilanase foi o máximo de redução de

número kappa alcançado e que o aumento na carga de enzima não resultou em diminuição do

número kappa das polpas.

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0 10 20 30 40 50 140 145 150 1550,08

0,10

0,12

0,16

0,18

0,20

Sel

etiv

idad

e

Carga de Enzima (UI/g)

X XE

Figura 6.13. Seletividade de polpas acetosolv tratadas com xilanase de B. pumilus.

O tratamento das polpas acetosolv com xilanase de B. pumilus seguida de extração

alcalina liberou maiores quantidades de açúcares redutores do que somente o tratamento da

polpa com xilanase. No entanto, não houve grande variação da quantidade de açúcar redutor

(0,8 mg por g de polpa) liberado com a variação da carga de enzima (figura 6.14).

0 10 20 30 40 50 140 145 150 155

0,1

0,2

0,7

0,8

0,9

Açúc

ares

Red

utor

es (m

g/g)

Carga de Enzima (UI/g)

X XE

Figura 6.14. Açúcares redutores liberados no filtrado dos tratamentos de polpas acetosolv tratadas com xilanase e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina (xilanase de B. pumilus).

A análise dos cromóforos liberados nos filtrados de polpas acetososolv tratadas com

xilanase mostraram que as polpas tratadas com 5 ou 20 unidades de xilanase produziram

filtrados com a maior absorbância (figura 6.15 (A) e as polpas tratadas com xilanase seguida

de extração alcalina (XE) com as menores cargas enzimáticas apresentaram filtrados com as

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maiores absorbâncias e com espectros de UV com forte absorbância em 280 nm (presença de

compostos fenólicos) (figura 6.15 B).

00,30,60,91,21,51,82,12,42,7

220 270 320 370 420 470

Comprimento de onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

0 5 1020 50 150

(A)

0

0,8

1,6

2,4

3,2

4

4,8

5,6

6,4

220 270 320 370 420 470

Comprimento de Onda (nm)Abs

orbâ

ncia

0 5 1020 50 150

(B)

Figura 6.15. Cromóforos liberados no filtrado do tratamento de polpas acetosolv tratadas com xilanase de B. pumilus (X) e xilanase seguida de extração alcalina (B).

6.3.3.Xilanase de Thermoascus aurantiacus

Polpas acetosolv de palha foram tratadas com cargas de xilanase de T. aurantiacus de

5 a 50 unidades de enzima por 2 h e com 150 unidades por 20h de reação.

As polpas acetosolv tratadas com diferentes cargas xilanolíticas não apresentaram

variação da viscosidade em relação à polpa original e a polpa tratada com 5 unidades de

xilanase seguida de extração alcalina (XE) apresentou leve aumento de viscosidade (7,09 cP)

(relação polpa tratada com NaOH, viscosidade 6,5 cP), as demais cargas xilanolíticas

causaram leve queda da viscosidade (6,3 cP) (figura 6.16 A ). As polpas tratadas com 5, 20 ou

50 unidades de xilanase apresentaram redução de 7,8 unidades de número kappa (número

kappa 50,20) comparados com a polpa original (número kappa 58), a polpa tratada com 10

unidades de xilanase apresentou a maior redução de número kappa 16,9% (relação polpa

original) e que corresponde a uma diminuição de 9,8 unidades de número kappa (polpa X-10,

número kappa 48,2) (figura 6.16 A).

A polpa tratada com 150 unidades de xilanase apresentou o mesmo número kappa da

polpa original. As polpas tratadas com 5 e 10 unidades de xilanase seguida de extração

alcalina apresentaram redução de número kappa de 9,62 e 5,55 unidades de número kappa,

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respectivamente e que corresponde a uma redução de 24,5 e 15% do número kappa (relação

polpa extraída com NaOH, número kappa 39,24 e polpa XE -5= 29,62 e polpa XE10= 33,36).

O uso de alta carga xilanolítica (150 UI/g) não alterou o número kappa da polpa, de acordo

com a figura 6.17 (B).

012

345678

0 5 10 20 50 150Carga de Enzima (UI/g)

Visc

osid

ade

(cP)

X XE(A)

0

10

20

30

40

50

60

0 5 10 20 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Núm

ero

kapp

a

X XE(B)

Figura 6.16. Viscosidade (A) e número kappa (B) de polpas acetosolv tratadas com xilanase de T. aurantiacus.

ZHAO e colaboradores (2002) trataram polpas soda de palha de trigo com extrato de

cultura de Aspergillus niger contendo xilanase na dose de 4UI/g de polpa seca, por 6-8 h e

obtiveram polpas com redução de 2 unidades de número kappa. JIANG et al. (2006) trataram

polpas de palha de trigo com diferentes cargas de xilanase de Thermotoga maritima (2,5 a 150

UI/g) e verificaram que altas doses enzimáticas levavam a queda nas propriedades mecânicas

da polpa.

A relação viscosidade/número kappa, ou seja, seletiviade do processo xilanolítico para

polpas tratadas com diferentes cargas de xilanase foi a mesma (0,1), havendo grande

seletividade somente nas polpas tratadas com 5 e 10 unidades de xilanase seguida de extração

alcalina (XE), 0,25 e 0,18, respectivamente como pode ser visto na figura 6.17.

A polpa acetosolv tratada com 150 unidades de xilanase de T. aurantiacus apresentou

as mesmas propriedades de viscosidade e número kappa da polpa original, no entanto, a

análise dos açúcares redutores liberados nos filtrados dos tratamentos enzimáticos (figura

6.18) mostrou que ao se utilizar esta quantidade de enzima houve a maior liberação de

açúcares redutores (0,140 mg/g polpa). Para polpas tratadas com xilanase seguida de extração

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alcalina (XE), as cargas enzimáticas de 5 ou 50 unidades foram as que proporcionaram as

maiores liberações de açúcares redutores, 0,385 e 0,366 mg/g polpa), respectivamente.

0 10 20 30 40 50 140 145 150 1550,08

0,10

0,12

0,14

0,16

0,18

0,20

0,22

0,24

Sel

etiv

idad

e

C arga de E nz im a (U I/g )

X X E

Figura 6.17. Seletividade (relação viscosidade/número kappa) de polpas acetosolv tratadas com xilanase de T. aurantiacus.

A análise de cromóforos liberados nos filtrados dos tratamentos enzimáticos está

mostrada na figura 6.19. As polpas tratadas com 5 ou 50 unidades de xilanase apresentaram

filtrados que apresentaram maior absorbância (figura 6.19 A), nesta figura também é possível

ver que a polpa controle (polpa tratada sem enzima) também libera substâncias cromóforas.

As polpas tratadas com 5 ou 50 unidades de xilanase seguida de extração alcalina liberaram

substâncias cromóforas que absorvem em maiores absorbâncias do que as polpas tratadas com

as demais cargas xilanolíticas (figura 6.19 B) e nesta figura é possível observar uma forte

absorção em 280 nm (presença de compostos fenólicos).

LI e colaboradores (2005) trataram polpas soda antraquinona de palha de trigo com

cargas de xilanase de Thermomyces lanuginosus de 2,5 a 120 unidades de xilanase por grama

de polpa a 60ºC por tempos de 1 a 6h de reação. Estes autores observaram que com o aumento

do tempo de tratamento da polpa ocorreu o aumento na liberação de açúcares redutores e as

substâncias cromóforas (apresentam absorbância na região da luz ultravioleta e visível)

liberadas foram resultantes da ação enzimática sugerindo que houve significante diminuição

da aromaticidade da lignina residual (confirmada pela redução do número kappa da polpa). As

polpas soda antraquinona de palha de trigo possuíam número kappa 22 e alvura 39% ISO e

com a aplicação de 5 unidades de xilanase por 1 h de reação foi observada a redução de 1

ponto no número kappa da polpa. Todas as cargas enzimáticas empregadas proporcionaram

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aumento da alvura das polpas de 1,8 a 7,8% ISO, sendo que o uso de 40 UI/g de xilanase de

T. lanuginosus proporcionou a maior alvura. O uso de xilanase provocou pequena queda das

propriedades de tensão e rasgo da polpa. O pré-tratamento da polpa com xilanase permitui a

redução de cloro ativo de 28% para polpa com mesma alvura sem tratamento enzimático.

0 10 20 30 40 50 140 145 150 1550,000,020,040,060,080,100,120,140,25

0,30

0,35

0,40

0,45

0,50

Açúc

ares

Red

utor

es (m

g/g

polp

a)

Carga de Enzima (UI/g)

X XE

Figura 6.18. Açúcares redutores liberados no filtrado do tratamento de polpas acetosolv com xilanase de T. aurantiacus.

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

5

220 270 320 370 420 470

Comprimento de Onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

0 5 10 20 50 150

(A)

00,5

11,5

22,5

33,5

44,5

5

220 270 320 370 420 470Comprimento de Onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

0 5 10 20 50 150

(B)

Figura 6.19. Cromóforos liberados nos filtrados de polpas acetosolv tratadas com xilanase de T. aurantiacus (A) xilanase e (B) xilanase seguida de extração alcalina.

Em 1993, PATEL e colaboradores mostraram que a xilanase purificada de

Streptomyces roseiscleroticus diferem umas das outras em sua habilidade de reduzir número

kappa e de liberar substâncias cromóforas das polpas Kraft de carvalho. No presente trabalho

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foi constatado, que diferentes xilanases produzem diferentes efeitos nas propriedades físicas

das polpas e que atuam de maneiras diferentes de acordo com os açúcares redutores e

substâncias cromóforas liberadas. A redução do número kappa das polpas e a economia de

reagentes de branqueamento é função do tipo de polpa e do tratamento enzimático, ou seja a

seqüência em que o tratamento enzimático e químico é feito influenciam nas propriedades

finais das polpas (JEFFRIES et al., 1998). A literatura reporta que em polpas Kraft, o número

kappa é influenciado pela presença de ácidos hexenurônicos (substâncias insaturadas

formadas a partir do ácido 4-O-metil-D-glucurônico presente na xilana durante a polpação)

(GELLERSTEDT, 1996).

6. 3.4. Estudo comparativo do uso das xilanases nas polpas acetosolv de palha

Xilanases de três diferentes origens microbiológicas (bactéria, fungo e fungo

trabalhado geneticamente) foram utilizadas para o biobranqueamnto de polpas acetosolv.

A figura 6.20 mostra a viscosidade das polpas acetosolv tratadas com as diferentes

xilanases e diferentes cargas enzimáticas. A polpa tratada com 50 unidades de xilanase de B.

pumilus seguida de extração alcalina foi a polpa que apresentou a maior viscosidade (cerca de

8 cP).

A figura 6.21 mostra o número kappa das polpas tratadas com as três diferentes

xilanases e com diferentes cargas enzimáticas. A polpa que apresentou o menor número kappa

foi a polpa tratada com 5 unidades de xilanase de T. aurantiacus seguida de extração alcalina.

0

1

2

3

4

5

6

7

8

9

0 5 10 20 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Vis

cosi

dade

(cP)

H. grisea (XE) B. pumilus (XE) T. aurantiacus (XE)H. grisea (X) B. pumilus (X) T. aurantiacus (X)

Figura 6.20. Viscosidade de polpas acetosolv tratadas com diferentes cargas enzimáticas e com xilanases de diferentes origens microbiológicas.

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0

10

20

30

40

50

60

70

0 5 10 20 50 150Carga de Enzima (UI/g)

Num

ero

kapp

a

H. grisea (X) B. pumilus (X) T. aurantiacus (X)H. grisea (XE) B. pumilus (XE) T. aurantiacus (XE)

Figura 6.21. Número kappa de polpas acetosolv tratadas com diferentes cargas enzimáticas e com diferentes xilanases de diferentes origens microbiológicas.

6. 3. 4. 1. Análise de perdas de componentes das polpas acetosolv tratadas com três

xilanases de origens microbiológicas diferentes

Com dados da composição química da palha, da polpa acetosolv, das polpas

biobranqueadas com xilanase e das polpas branqueadas com NaOH e conhecendo-se o

rendimento de cata etapa é possível fazer o balanço de massa e cálculos da perda de

componentes no processo de transformação da biomassa (palha) até a obtenção de polpa

branqueada.

A tabela 6.6 traz a composição química da palha de cana e da polpa acetosolv obtida

neste trabalho. Nas tabelas 6.7, 6.8 e 6.9 estão apresentadas a composição química das polpas

acetosolv tratadas com as diferentes xilanases e com as cargas enzimáticas de 5, 50 ou 150

unidades de enzima e também estão apresentadas a composição química das polpas XE

(xilanase seguida de extração alcalina). As análises de composição química foram feitas em

duplicata. As polpas acetosolv foram tratadas com variadas cargas de xilanase, com a

finalidade de estudar a ação xilanolítica nas polpas. O estudo do balanço material e perdas de

componentes foi feito usando polpas que foram tratadas com 5, 50 ou 150 unidades de

enzima, por se tratar de cargas enzimáticas que foram baixas, médias e altas.

Com os dados das tabelas 6.6, 6.7, 6.8 e 6.9 e foram feitos os cálculos de perda de

componentes nas etapas de polpação-branqueamento xilanolítico (tabela 6.10) e tratamento

xilanolítico-branqueamento químico (tabela 6.11).

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Tabela 6.6. Composição química de palha de cana e polpa acetosolv.

Componente (%) Palha Polpa Acetosolv Glucana 36,1± 0,50 50,57 ± 0,49 Pentosana 28,30 ± 0,1 15,63 ± 0,34 Lignina total 26,2 ± 0,50 25,67 ± 0,34 Cinzas 2,10 ± 0,2 5,22 ± 0,16

Tabela 6.7. Composição química de polpas acetosolv tratadas com xilanase de H. grisea. Polpa

Rendimento (%)

Glucana (%)

Pentosana (%)

Lignina Total (%)

Cinzas (%)

X-5 88,57 40,99 ± 2,10 11,12 ± 0,31 25,32 ± 0,50 5,40 ± 0,11 X-50 96,22 48,62 ± 2,80 9,61 ± 0,20 23,18 ± 0,47 5,88 ± 0,47 X-150 97,51 51,35 ± 2,12 11,63 ± 0,50 23,34 ± 0,65 5,45 ± 0,16 XE-5 89,27 60,94 ± 1,53 12,46 ± 0,35 18,52 ± 0,35 4,04 ± 0,13 XE-50 90,09 58,56 ± 1,12 12,16 ± 0,70 18,49 ± 0,80 4,13 ± 0,13 XE-150 83,25 60,16 ± 1,50 12,57 ± 0,30 18,98 ± 0,70 4,32 ± 0,44 Tabela 6.8. Composição química de polpas acetosolv tratadas com xilanase de B. pumilus. Polpa

Rendimento (%)

Glucana (%)

Pentosana (%)

Lignina Total (%)

Cinzas (%)

X-5 89,48 55,35 ± 3,45 11,30 ± 1,0 24,76 ± 0,44 5,90 ± 0,20 X-50 89,49 45,32 ± 2,98 11,22 ± 0,30 31,80 ± 0,20 5,70 ± 0,20 X-150 90,27 39,91 ± 0,10 10,90 ± 0,70 31,71 ± 0,40 5,79 ± 0,30 XE-5 86,24 45,61 ± 2,80 12,39 ± 0,30 26,72 ± 0,72 4,70 ± 0,07 XE-50 82,68 47,16 ± 1,90 12,92 ± 0,96 26,18 ± 0,50 5,45 ± 0,70 XE-150 85,64 53,57 ± 2,73 9,99 ± 0,13 25,29 ± 0,82 4,72 ± 0.40 Tabela 6.9. Composição química de polpas acetosolv tratadas com xilanase de T.aurantiacus. Polpa

Rendimento (%)

Glucana (%)

Pentosana (%)

Lignina Total (%)

Cinzas (%)

X-5 92,80 54,57 ± 1,50 15,56 ± 0,90 24,00 ± 0,50 5,57 ± 0,10 X-50 81,48 50,28 ± 1,33 11,72 ± 0,30 27,97 ± 0,30 5,85 ± 0,34 X-150 80,23 50,15 ± 0,60 11,32 ± 0,50 30,52 ± 0,16 5,47 ± 0,10 XE-5 82,64 54,57 ± 0,34 14,76 ± 0,84 29,77 ± 0,80 4,46 ± 0,50 XE-50 88,56 50,28 ± 0,59 10,69 ± 0,40 30,14 ± 0,56 4,87 ± 0,10 XE-150 90,94 51,15 ± 0,41 10,47 ± 0,75 29,23 ± 0,86 4,71 ± 0,36

A parttir dos dados de perdas de components em cada etapa do processo: palha de

cana, polpação acetosolv, tratamento xilanolítico de polpas acetosolv e branqueamento

químico, calculou-se a perda global dos componentes no processo geral de transformação da

biomassa. A figura 6.22 mostra a perda dos componentes da biomassa (palha) até obtenção

uma polpa branqueada.

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Tabela 6.10. Perda de componente etapa polpa-tratamento xilanolítico. Perda de Glucana (%) Carga de Enzima (UI/g polpa

seca) H. grisea B. pumilus T. aurantiacus 5 14,36 ± 2,92 10,49± 1,66 44,58 ± 3,37 50 15,44 ± 3,31 18,52 ± 0,53 51,06 ± 1,38 150 14,42 ±0,96 21,6 ± 0,53 57,97 ± 1,0

Perda de Pentosanas (%) Carga de Enzima (UI/g polpa seca) H. grisea B. pumilus T. aurantiacus 5 51,66 ± 1,89 32,49 ± 1,07 50,53 ± 0,6 50 43,8 ± 0,24 36,14 ± 0,67 63,37 ± 1,30 150 29,29 ± 0,20 39,48 ± 0,66 68,29 ± 1,0

Perda de Lignina Total (%) Carga de Enzima (UI/g polpa seca) H. grisea B. pumilus T. aurantiacus 5 12,97 ± 0,62 13,64 ± 1,44 13,4 ± 1,62 50 13,05 ± 0,34 4,4 ± 0,59 16,75 ± 0,29 150 11,32 ± 1,46 1,2 ± 0,52 22,95 ± 0,43 Tabela 6.11. Perda de componente etapa polpa branqueada com xilanase-branqueamento químico.

Perda de Glucana (%) Carga de Enzima (UI/g polpa seca)

H. grisea B. pumilus T. aurantiacus

5 31,94 ± 3,37 50,36 ± 2,20 51,64 ± 4,00 50 28,33 ± 2,57 21,71 ± 1,93 57,78 ± 4,19 150 34,74 ± 2,74 41,56 ± 2,56 62,12 ± 3,44

Perda de Pentosanas (%) Carga de Enzima (UI/g polpa seca)

H. grisea B. pumilus T. aurantiacus 5 85,64± 2,79 84,96 ± 1,70 82,04 ± 3,83 50 83,62 ± 1,29 89,48 ±1,07 77,31 ± 2,65 150 85,63 ± 1,25 90,16 ± 2,10 69,85 ± 0,66

Perda de Lignina Total (%) Carga de Enzima (UI/g polpa seca)

H. grisea B. pumilus T. aurantiacus

5 97,79 ± 1,64 61,94 ± 1,43 71,31 ± 2,06 50 78,47 ± 2,20 79,48 ± 0,59 70,68 ± 1,71 150 80,61 ± 2,49 74,23 ± 3,59 69,94 ± 0,85

O uso de 150 unidades de xilanase de B. pumilus degradou cerca de 35% da glucana

no processo global de tansformação da palha em polpa branqueada. A menor degradação das

glucanas foi obtida com o uso das xilanase de H. grisea e cargas de 50 ou 150 unidades de

xilanase de B. pumilus degradaram cerca de 22% das glucanas. De um modo geral, ao se

aumentar a carga de enzima ocorreu a maior degradação das glucanas.

Ao se aumentar a carga de xilanase de T. aurantiacus de 5 a 150 unidades ocorreu,

também maior degradação das pentosanas. A maior degradação das pentosanas ocorreu com o

uso de 150 UI/g de xilanase de T. aurantiacus (cerca de 45%). O uso da xilanase de B.

pumilus também provocou degradação de pentosanas, da ordem de 40%, com variadas cargas

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xilanolíticas e a xilanase de H. grisea foi que provocou menor degradação das pentosanas

(cerca de 25%), conforme figura 6.22 (B).

O uso de 5 unidades de xilanase de H. grisea se mostrou extremamente eficiente na

remoção de lignina no processo de transformação da palha à polpa branqueada, pois a perda

de lignina chegou a 90%. O uso de 5 unidades de xilanase de B. pumilus degradou cerca de

50% da lignina e mesmo com o uso de altas doses de xilanase de T. aurantiacus (150 UI/g)

não se observou grande degradação de lignina (cerca de 15%), conforme figura 6.22 (C).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

5 50 150Carga de Enzima (UI/g)

Per

da d

e G

luca

na (%

)

T. aurantiacus H. grisea B. pumilus (A)

05

101520253035404550

5 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Per

da de Pen

tosa

na (%

)

T. aurantiacus H. grisea B. pumilus (B)

010

2030

4050

6070

8090

100

5 50 150Carga de Enzima (UI/g polpa)

Perd

a de

Lig

nina

Tot

al (%

)

T. aurantiacus H. grisea B. pumilus (C)

Figura 6.22. Perda de componentes (A) glucana, (B) xilana e (C) lignina total no processo total: da polpação da palha a polpa biobranqueada com xilanase e com extração alcalina

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A lignina residual presente nas polpas após o processo de polpação é escura, devido já

estar modificada e oxidada e devido ao fato de estar covalentemente ligada as polioses e

fibras de celulose faz com que seja difícil de remover (SHOLAM et al., 1992).

As perdas de componentes no processo de transformação da palha em polpa

branqueada é devido não somente a ação enzimática (remove xilana de baixa massa molar),

mas também devido aos processos de polpação e branqueamento com NaOH, pois a lignina e

as pentosanas são solúveis em meio alcalino. A extração alcalina das polpas foi feita com

NaOH 0,5% (m/v), esta concentração foi utilizada para possibilitar o estudo da ação

xilanolítica nas polpa, pois ao se utilizar soluções alcalinas em concentrações maiores, o

efeito da ação enzimática pode ser mascarada pela ação da extração alcalina e as polpas,

assim apresentarem mesmas propriedades de viscosidade e número kappa mesmo sendo

tratadas com cargas enzimáticas distintas.

As xilanases livres de celulase possuem grande importância na indústria de polpa e

papel, pois ao hidrolisar a xilana resulta em poros na fibra da celulose e assim, os agentes

oxidantes podem mais facilmente degradar a lignina residual da polpa. Usando esta

tecnologia, polpa branqueada de superior qualidade pode ser produzida com menores

consumos de cloro. Outro importante efeito causado pela ação das xilanases é a hidrólise de

polioses não dissolvidas, que atuam como cromóforos e compostos aromáticos (SHOLAM et

al, 1992; ZIOBRO, 1990).

Tem-se pesquisado microrganismos produtores de xilanase que são ativas em pH alto

(alcalofílicas), termoestáveis e com o mínimo de produção de celulase. No entanto, xilanases

produzidas por fungos invariavelmente, possuem pH ótimo menor que 5,5 (HALTRICH et al.,

1996) e embora produzam xilanase com alta atividade, a presença de quantidade considerável

de celulase e baixo pH torna-as menos adequados para a indústria de polpa e papel. Existem

alguns casos reportados na literatura de produção de alta atividade de xilanase acompanhada,

porém, com também elevada atividade de celulase, como por exemplo, Trichoderma reesei

(atividade de xilanase= 960 UI/ml para 180 ml de filtrado da cultura com 9,6 UI/ml de

celulase) (BAILEY et al., 1993), Schizophillum commune também é um produtor de alta

atividade xilanolítica (1244 UI/ml) e produção de 65,3 UI/ml de CMCase e 5,0 UI/ml de

FPase (STEINER et al., 1987). Fungos que apresentam quantidades negligenciáveis de

atividades celulolíticas (0,01 UI/ml) como Thermomyces lanuginosus são muito raros

(GOMES et al., 1993; PURKARTHOFER, SINNER e STEINER, 1993). A maioria das

culturas produtoras das xilanases que se dizem livres de celulase possuem pequenas

atividades celulolíticas, mesmo cultura de microrganismos como o Bacillus SSP-34

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(SUBRAMANIYAN, PREMA e RAMAKRISHNA, 1997). A medida de atividade

celulolítica pode ser afetada por resíduos de xilose presentes nos substratos comerciais da

celulose, usados nos testes de atividade celulolítica (SUBRAMANIYAN e PREMA, 2000).

A figura 6.22 mostrou que existem diferenças na degradação dos componentes da

biomassa ao se utilizar xilanases de fontes microbiológicas distintas. Estudos com xilanases

de fungo têm resultado na redução do consumo de cloro, no entanto ocasiona queda na

viscosidade que não são aceitáveis. Presumivelmente, a queda de viscosidade é devido a

contaminação de celulase nas preparações de xilanase. O uso de xilanases livres de celulase

nas indústrias de polpa deve permitir a produção de raion com qualidade de polpa de

dissolução, pois xilanases livres de celulase são seletivas na remoção de polioses causando

mínimos danos a celulose.

A figura 6.23 (A) mostra a seletividade (relação perda de glucana/perda de lignina)

para as polpas acetosolv tratadas com as diferentes xilanases. Para a polpa acetosolv tratada

com 50 unidades de xilanase de B. pumilus esta relação se mostrou a maior e na figura 6.23

(B) está ilustrada a seletividade (relação perda de xilana/perda de lignina) que é maior para as

polpas acetosolv tratadas com 5 unidades de xilanase de B. pumilus, sendo que o uso de 50

unidades de xilanase proporcionou uma seletividade semelhante para as três xilanases.

0 10 20 30 40 50 140 1500,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

0,9

Sele

tivid

ade

(glu

cana

/lign

ina)

Carga de Enzima (UI/g)

H.g B.p T.a

(A)

0 10 20 30 40 50 140 1500,85

0,90

0,95

1,00

1,05

1,10

1,15

1,20

1,25

1,30

1,35

1,40

Sel

etiv

idad

e (p

ento

sana

/lign

ina)

Carga de Enzima (UI/g)

H.g B.p T.a

(B)

Figura 6.23. (A) seletividade (relação perda de glucana/perda de lignina) e (B) seletividade (relação perda de xilana/perda de lignina) de polpas acetosolv tratadas com diferentes xilanases.

A partir dos dados de rendimento de polpação da palha (RP= 49,42%), tratamento

xilanolítico e branqueamento químico (mostrados na tabela 6.12) foi possível calcular o

rendimento global do processo de transformação da palha em polpa branqueada.

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Tabela 6.12. Rendimento dos tratamentos enzimáticos de polpas acetosolv. Polpa H. grisea B. pumilus T. aurantiacus X-5 88,57 89,48 92,80 X-50 96,22 89,49 81,48 X-150 97,51 90,27 80,23 XE-5 89,27 86,24 82,64 XE-50 90,09 82,68 88,56 XE-150 83,25 85,64 90,94

O rendimento global do processo utilizando diversas cargas enzimáticas e xilanases de

fontes microbiológicas distintas estão apresentados na tabela 6.13. O rendimento do processo

global de transformação da palha em polpa acetosolv branqueada foi maior com o uso da

xilanase de H. grisea e menor com o uso da xilanase de T. aurantiacus. O significado físico

do rendimento global do processo de transformação da palha em polpa branqueada é o

seguinte; partindo-se de 100 g de palha (base seca), consegue-se obter cerca de 39,07 g de

polpa branqueada com 5 UI/g de xilanase de H. grisea .

Tabela 6.13. Rendimento (em %) global do processo de transformação de palha em polpa acetosolv branqueada.

Carga de Enzima (UI/g)

H. grisea B. pumilus T. aurantiacus

5 39,07 38,13 37,90 50 42,84 36,57 35,66 150 40,12 38,20 36,05

A xilanase de H. grisea seria a xilanase mais adequada para ser utilizada em uma etapa

de pré-branqueamento químico de polpas acetosolv, pois baixas doses de enzima se

mostraram eficientes na modificação das propriedades físicas da polpa e o fato do extrato

xilanolítico ter sido produzido por uma enzima recombinante se mostrou eficiente na não

degradação de glucanas e ainda apresentou um rendimento global do processo maior do que

com o uso das demais xilanases.

6. 4. Sistema lacase mediador (LMS)

Polpas acetosolv foram biobranqueadas com o sistema lacase mediador (laccase

mediator system- LMS) com 150 unidades de lacase comercial por grama de polpa, 3,6% (em

relação à polpa) de mediador HBT ou AV com polpas com 2% de consistência por 1 h a 45ºC,

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em shaker com agitação de 160 rpm. Após o tratamento com o sistema lacase mediador as

polpas foram submetidas ao branqueamento com NaOH 1,5% (m/v) por 1 h a 60ºC. A análise

de número kappa foi feita nas polpas branqueadas, polpas estas branqueadas na seqüência LE

(L=lacase e E=extração alcalina). Os tratamentos de branqueamento das polpas acetosolv e as

análises de número kappa foram feitos em duplicata.

As polpas acetosolv branqueadas com lacase/HBT apresentaram número kappa 26,08

± 1,00 e as polpas branqueadas com lacase/AV apresentaram número kappa 17,27 ± 1,94,

evidenciando assim, que para polpas acetosolv o sistema lacase mediador/AV se mostrou

mais eficiente na deslignificação da polpa.

Uma relação foi feita entre a lignina total (%) obtida através da hidrólise ácida e o

número kappa de polpas de palha de cana-de-açúcar obtidos através de diversos tratamentos,

tais como tratamento biológico com fungo Ceriporiopus subvermispora, polpação etanol-água

catalisada com ácido sulfúrico, polpação etanol-água catalisada com NaOH e polpas de palha

de cana organosolv (etanol-água e acetosolv) tratadas com xilanase. A relação entre número

kappa e lignina é dado por (SAAD, 2007).

Número kappa = 2,00 * Lignina total (%) + 0,95 , r2= 0,7972 (equação 15)

De acordo com a relação número kappa e lignina, a quantidade de lignina presente nas

polpas branqueadas com lacase/HBT foi de 13,15 ± 0,50 % e com lacase/AV foi de 9,10 ±

0,96.

6. 5. Tratamento enzimático das polpas etanol-água (1)

As polpas obtidas na primeira polpação realizada no reator de 40 L foram submetidas

ao estudo de branqueamento com variadas cargas de xilanase de Bacillus pumilus.

A hidrólise ácida das polpas etanol-água (1) tratadas com xilanase de B. pumilus

(tratamento X) e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina (polpas XE) foi feita para

a determinação da composição química das polpas tratadas enzimaticamente. Os dados da

tabela 6.14.

De acordo com a tabela 6.14, o tratamento da polpa etanol-água (1) com variadas

cargas de xilanase de B.pumilus proporcionou o enriquecimento da polpa em glucana. A carga

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enzimática de 10 unidades proporcionou o maior aumento de glucana 11,71% em relação à

polpa controle (controle 61,72% e X,10= 68,95% de glucana) e a extensão do tratamento

enzimático com doses maiores e tempos mais longos de tratamento (20 h e 150 UI/g polpa

seca) levaram a degradação de 15% das polioses em relação à polpa sem tratamento

enzimático (controle 3,27% e X,150 UI= 2,77% de pentosanas). As polpas tratadas com

diferentes cargas xilanolíticas apresentaram 9,7% a menos de lignina do que a polpa controle.

A ação da xilanase pode ser melhor detectada através da extração alcalina das polpas

tratadas com xilanase, pois o hidróxido de sódio dissolve a lignina e os produtos da ação

enzimática facilitando a ação dos reagentes químicos de branqueamento. A extração alcalina

removeu 58% da lignina presente na polpa controle, nas polpas XE a ação enzimática

promoveu a remoção de lignina adicional de 13%. Em polpas etanol-água de palha a xilanase

de B. pumilus degradou 34% das polioses presentes na polpa.

Tablea 6.14. Resulatados de composição química de polpas etanol-água (1) tratadas com xilanase de B. pumilus. Amostra Glucana (%) Pentosana (%) Lignina Total (%) Cinzas (%) Controle (sem enzima)

61,72 ± 2,10 3,27 ± 0,29 31,47 ± 2,39 4,15 ± 0,29

Controle (somente NaOH)

70,08 ± 0,60 2,02 ± 0,10 13,12 ± 2,35 2,71 ± 0,12

X-5 UI 66,47 ± 0,56 3,23 ± 0,01 29,06 ± 1,82 3,53 ± 0,48 XE-5 UI 74,46 ± 2,24 2,26 ± 0,08 12,27 ± 2,44 3,00 ± 0,64 X- 10 UI 68,95 ± 1,20 2,41 ± 0,05 28,97 ± 2,43 3,36 ± 0,25 XE-10 UI 75,38 ± 1,55 2,14 ± 0,10 11,43 ± 0,99 2,85 ± 0,19 X-20 UI 64,22 ± 2,59 3,13 ± 0,23 28,46 ± 1,93 3,34 ± 0,12 XE-20 UI 73,23 ± 2,23 2,01 ± 0,02 11,71 ± 1,34 2,87 ± 0,13 X-50 UI 64,68 ± 1,51 3,38 ± 0,22 26,89 ± 0,80 3,23 ± 0,06 XE-50 UI 75,57 ± 0,61 2,17 ± 0,03 13,46 ± 2,77 3,02 ± 0,07 X-150 UI 61,79 ± 3,01 2,77 ± 0,23 27,96 ± 0,08 3,40 ± 0,35 XE-150 UI 71,01 ± 2,70 1,83 ± 0,09 12,95 ± 0,33 2,77 ± 0,35

Os resultados de viscosidade e número kappa das polpas etanol-água tratadas com

diferentes cargas de xilanase de B. pumilus podem ser vistos na figura 6.24.

De acordo com a figura 6.24 (A), as polpas tratadas com cargas enzimáticas de 5 a 20

unidades de enzima apresentaram a mesma viscosidade da polpa controle (sem enzima) em

torno de 3,10 cP. A polpa tratada com xilanase seguida de extração alcalina apresentou

melhora de 11,8% na viscosidade em relação à polpa controle. A extensão do tratamento

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enzimático com doses maiores de enzima (50 e 150 UI/g) causou de 7 a 9% de diminuição na

viscosidade das polpas refletindo a degradação de pentosanas ocorrida com altas doses de

enzima. As polpas tratadas com xilanase seguida da extração alcalina ficaram mais

enriquecidas em glucana, devido a remoção de lignina, conseqüentemente, levando as polpas

com maiores viscosidades do que as polpas somente tratadas com xilanase.

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

4

4,5

0 5 10 20 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Vis

cosi

dade

(cP

)

X XE (A)

0

10

20

30

40

50

60

0 5 10 20 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Núm

ero

kapp

a

k X XE (B)

Figura 6.24. Viscosidade e número kappa de polpas etanol-água (1) de palha de cana tratadas com diferentes cargas de xilanase de B. pumilus (X) e polpas tratadas com xilanase de Bacillus pumilus seguidas de extração alcalina (XE).

De acordo com a figura 6.24 (B), a carga enzimática de 20 UI/g proporcionou o menor

número kappa (57) das polpas tratadas somente com xilanase, representando queda do

número kappa de 6,6% em relação à polpa original, porém doses maiores de enzima não

proporcionaram queda de número kappa das polpas. Esta carga xilanolítica proporcionou a

maior viscosidade (3,79 cP). As polpas tratadas com xilanase seguida de extração alcalina

apresentaram número kappa cerca de 8 pontos acima da polpa controle (polpas extraídas com

NaOH). Os produtos da degradação enzimática, podem estar sendo liberados pela extração

alcalina e podem estar interferindo na quantificação do número kappa.

Como os valores da composição química, viscosidade e número kappa são valores

similares para as polpas tratadas com diferentes cargas enzimáticas, foi feito o espectro de

infravermelho das polpas controle, tratadas com xilanase de B. pumilus e tratadas com

xilanase seguida de extração alcalina (XE), (figura 6.25).

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-0,40

-0,20

0,00

0,20

0,40

0,60

0,80

1,00

1,20

400900140019002400290034003900

Número de Onda (cm-1)

Abs

orbâ

ncia

c x5 x10 x20 e

xe5 xe10 xe20

Figura 6.25. Espectros de infravermelho de polpas etanol-água (1) tratadas com xilanase e tratadas com xilanase seguida de extração alcalina.

Devido ao perfil dos espectros de infravermelho serem semelhantes entre si, como

pode ser visto na figura 6.25, foi feito um tratamento estatístico destes espectros, chamado

Análise por Componentes Principais (PCA). Na Análise por Componentes Principais 391

variáveis foram transformados em três componentes principais que determinam 96,48% das

diferenças encontradas nos espectros. Nos gráficos bidimensionais cada ponto é

representativo de um espectro de uma polpa e quanto mais próximos se encontrarem estes

pontos significa que as polpas apresentam semelhanças e quanto mais distantes estiverem

significa que as polpas são diferentes.

Pela figura 6.26, a análise dos componentes principais 1 e 2 das polpas etanol-água (1)

tem-se três grupos distintos de polpas: as polpas tratadas com 20 unidades de xilanase estão

marcadas com uma elipse contínua e se encontram na parte inferior do gráfico, as polpas

controle (sem enzima) e as polpas originais se encontram na parte superior e estão marcadas

com elipse descontínua, demonstrando a semelhança encontrada na análise química, o terceiro

grupo de polpas são as polpas que foram tratadas com as maiores cargas enzimáticas (50 e

150 UI/g) que estão demarcadas com elipse tracejada na parte superior esquerda do gráfico.

As polpas tratadas com xilanase seguida de extração alcalina apresentam diferenças

entre si, sendo que as polpas tratadas com baixas cargas de enzima se encontram na parte

inferior do gráfico e as tratadas com doses maiores se encontram na parte superior do gráfico;

de acordo com a figura 6.26 (B).

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Xilanase

-15

-10

-5

0

5

10

15

-30 -20 -10 0 10 20 30PC1

PC2

controle X 5 X 10 X 20 X 50 X 150 p. original

Xilanase + NaOH

-9

-8

-7

-6

-5

-4

-3

-2

-1

0

-5 0 5 10 15 20

PC 1

PC 2

NaOH XE 5 XE 10 XE 20 XE 50 XE 150

(A) (B)

50 e 150 UI

20 UI

Figura 6.26. Correlação entre os scores PC 1x PC2 dos espectros FTIR de polpas etanol-água tratadas com xilanase de Bacillus pumilus (A) e (B) xilanase seguida de extração alcalina.

Através do gráfico de loading versus número de onda é possível inferir em que

comprimentos de onda possíveis modificações em ligações químicas poderiam estar

ocorrendo. Pela figura 6.27, nas polpas etanol-água (1) de palha o PC 1 traz informações da

fibra da polpa e o PC 2 é influenciado pelas ligações C-O (em torno de 1000 cm-1),

característica de éter.

-0,8-0,7-0,5-0,4-0,2-0,10,10,30,40,60,7

500650800950110012501400

Número de Onda (cm-1)

Load

ing

PC1 PC2

Figura 6.27. Loading obtido dos espectros de FTIR de polpas etanol-água de palha de cana tratadas com xilanase Bacillus pumilus.

Na tentativa de degradar a lignina presente na polpa etanol-água (1) e

conseqüentemente, diminuir o número kappa desta polpa foi aplicado o sistema lacase

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mediador. Os resultados de viscosidade e número kappa das polpas tratadas com lacase estão

apresentados na tabela 6.15 e de acordo com esta tabela, o uso somente de lacase de P.

ostreatus não proporcionou a diminuição do número kappa da polpa. O tratamento da polpa

com o sistema lacase-mediador seguida da extração alcalina proporcionou queda de 13% do

número kappa (número kappa 18,18) da polpa quando comparado à polpa somente extraída

com NaOH (número kappa 20,97). As polpas etanol-água (1) tratadas com o sistema lacase

comercial com HBT ou AV apresentaram número kappa semelhantes (em torno de 35) e que

corresponde a uma diminuição de 57,5% do número kappa em relação à polpa original

(número kappa polpa original 60,9). As polpas tratadas com lacase comercial e mediador,

seguida de extração alcalina apresentaram número kappa em torno de 22, número kappa

maior do que a polpa somente branqueada quimicamente (número kappa 20,97) e que também

são valores maiores do que a polpa tratada com o sistema lacase mediador de P. ostreatus

seguida de extração alcalina, representando aumento de 4 unidades de número kappa.

As polpas etanol-água (1) foram tratadas com o sistema lacase mediador com HBT ou

AV, nas seguintes condições: 4% (em relação à polpa) de HBT ou AV, 30 UI/g lacase e

consistência de 5% por 4 h a 45ºC em shaker com agitação de 160 rpm. A lacase utilizada foi

a lacase comercial. O rendimento do tratamento com lacase foi de 98%. A extração alcalina

das polpas tratadas com o sistema lacase mediador foi feita com NaOH 1,5% (m/v) por 1 h a

65ºC e foi determinado o número kappa das polpas.

Polpa etanol-água (1) tratadas com altas cargas enzimáticas (150 UI/g) e baixa

consistência (2%) com carga de mediador (HBT) similar não apresentou maior redução do

número kappa em relação a polpa tratada com menor carga de lacase (30 UI/g) e com

consistência maior (10 %). Para o sistema lacase mediador com o uso de HBT como mediador

a consistência da polpa em torno de 5% e cargas de lacase menores (30 UI/g) e tempos

maiores (4 h) se mostraram mais eficientes na deslignificação do que o uso de altas doses de

lacase (150 UI/g) por 1 h de tratamento. Para o sistema lacase mediador com o uso de AV

como mediador, diferentes cargas enzimáticas, diferentes quantidades de mediador e

diferentes consistências e tempos de reação diferentes produziram polpas com similares

número kappa. Assim para o sistema lacase comercial e mediador AV é mais interessante

economicamente utilizar as menores condições, ou seja, menores quantidades de lacase e de

mediador e tempo de reação de 1 h e maiores consistências (10%) que em termos industriais

são mais viáveis (ao usar menos água no processo geram-se menos efluentes).

A polpa etanol-água (1) tratadas somente com lacase de Pleurotus ostreatus não

apresentou redução do número kappa, ou seja, aparentemente não houve a deslignificação da

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polpa. Porém, ao se analisar o conteúdo de lignina na polpa tratada com lacase de Pleurotus

oestreatus seguida de extração alcalina houve a deslignificação da polpa etanol-água de 14%.

Somente o uso de mediador HBT proporcionou deslignificação da polpa (43%), no entanto, a

polpa tratada com lacase comercial/ HBT e seguida de extração com NaOH apresentou

mesmo conteúdo de lignina que a polpa tratada somente com NaOH (não havendo portanto,

deslignificação da polpa). O mesmo comportamento foi observado com o uso do mediador

AV (tabela 6-15).

A deslignificação da polpa pode ser avalida em termos de variação do número kappa

ou pela quantidade de lignina total (%), como mostra as equações 16 e 17:

% deslignificação = [(nº kappa final – nº kappa inicial)/nº kappa inicial]*100 (equação 16)

ou % deslignificação = [(lignina total final – lignina inicial)/lignina inicial]*100 (equação 17)

Tabela 6-15. Resultados de viscosidade, número kappa e lignina total de polpas etanol-água (1) tratadas com lacase de P. ostreatus ou lacase comercial e mediador HBTou AV. Amostra Viscosidade (cP) Número Kappa Lignina Total (%)c

Controled 2,72 ± 0,04 60,90 ± 2,00 29,97 Controle (NaOH) 3,27 ± 0,03 20,97 ± 0,12 10,01 Lacase P. ostreatus 2,78 ± 0,04 61,77 ± 1,66 30,41 Lacase P. ostreatus+ NaOH 3,37 ± 0,18 18,18 ± 2,34 8,61 Lacase Comercial/HBT - 35,18 ± 2,82 17,11

Lacase Comercial/HBT + NaOH - 22,31 ± 0,80 10,68 Lacase Comercial/AV - 36,10 ± 0,55 17,57 Lacase Comercial/AV + NaOH - 22,65 ± 0,80 10,85 Lacase Comercial/HBT + NaOHa - 38,02 ± 2,61 18,53 Lacase Comercial/AV + NaOHb - 21,81 ± 2,63 10,43

apolpa etanol-água tratada com 150 UI/g lacase, 3,6% (relação polpa) HBT, 2% consistência. bpolpa etanol-água tratada com 10 UI/g lacase, 1,5% (relação polpa) AV, 10% consistência. c Lignina total (%) calculado a partir de nº kappa = 2,00*lignina total (%) + 0,95, r2 = 0,7972. d Lignina total na polpa original: 24,5 ± 0,1 (determinada por hidrólise ácida).

6. 6. Polpas etanol-água (2) branqueadas com xilanase de Bacillus pumilus

Polpas etanol-água (2) foram submetidas ao biobranqueamento com xilanase de B.

pumilus com carga enzimáticas de 1 a 50 unidades de enzima por grama de polpa seca por 2 h

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e um tratamento foi feito a exaustão com 150 UI/g por 20 h. Na figura 6.28 estão

apresentados os resultados de viscosidade e número kappa.

A polpa etanol-água (2) original (sem tratamento enzimático) apresentou viscosidade

(13,94 cP), viscosidade cerca de 10 unidades maior do que a polpa obtida na ampliação de

escala realizada a 200ºC (viscosidade 3,14 cP). O uso de uma e duas unidades de xilanase

ocasionaram aumento da viscosidade das polpas de 9,68 e 1,29% respectivamente, em relação

à polpa original (X-1= 15,29 cP e X-2= 14,12 cP). O aumento da carga xilanolítica provocou

redução da viscosidade das polpas etanol-água (2) que atingiu um patamar em 9 cP a partir de

5 unidades de xilanase. As polpas tratadas com 5 ou 50 unidades de xilanase seguida de

extração alcalina apresentaram aumento na viscosidade de 5,9% (relação polpa somente

tratada com NaOH, viscosidade 15,93 cP) (polpas XE-5 ou XE- 50= 16,87 cP) (figura 6.28

A).

As polpas tratadas com as diversas cargas xilanolíticas não apresentaram redução do

número kappa (figura 6.28 B).

4

6

8

10

12

14

16

18

20

0 1 2 3 4 5 10 20 50 150

Carga de Enzima (UI/g)

Vis

cosi

dade

(cP

)

X XE (A)

0102030405060708090

0 1 2 3 4 5 10 20 50 150Carga de Enzima (UI/g)

Núm

ero

kapp

a

X XE (B)

Figura 6.28. Viscosidade (A) e número kappa (B) de polpa etanol-água (2) tratadas com xilanase de B. pumilus.

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Apesar de não ter sido observada a redução do número kappa das polpas tratadas com

xilanase de B. pumilus houve a liberação de açúcares redutores nos filtrados dos tratamentos

xilanolíticos, essa liberação foi maior com o uso de maiores cargas de enzima e a quantidade

de açúcares redutores foi maior nos filtrados dos tratamentos das polpas com xilanase seguida

de extração alcalina (XE), se destacando o uso de três unidades de xilanase (figura 6.29).

A análise das substãncias cromóforas liberadas nos filtrados dos tratamentos xilanolíticos

mostrou que o uso de 150 UI/g de xilanase liberou substâncias que possuem maior

absortividade (figura 6.30 A). A figura 6.30 (B) apresenta o espectro na região da luz visível

em que é possível observar que a polpa controle (tratada sem enzima, mas com tampão) libera

substãncias cromóforas, a intensidade de absorbância das substãncias cromóforas liberadas no

tratamento com NaOH é maior do que no tratamento somente com xilanase. Os espectros de

UV apresentam forte absorção no comprimento de onda 280 nm, que é um indicativo da

presença de compostos fenólicos.

0 10 20 30 40 50 140 145 150 1550,0

0,1

0,4

0,5

0,6

0,7

Açúc

ares

Red

utor

es (m

g/g

polp

a)

Carga de Enzima (UI/g)

X XE

Figura 6.29. Açúcares redutores liberados nos filtrados dos tratamentos de polpas etanol-água (2) com xilanase de B. pumilus.

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0

0,3

0,6

0,9

1,2

1,5

1,8

2,1

2,4

2,7

3

220250280310340370400430460

Comprimento de Onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

0 1 2 3 45 10 20 50 150

(A)

0

0,5

1

1,5

2

2,5

3

3,5

220 250280 310 340 370400 430 460

Comprimento de Onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

0 1 2 3 45 10 20 50 150

(B)

Figura 6.30. Cromóforos liberados no filtrado de polpas etanol-água (2) tratadas com xilanase de B. pumilus (A) xilanase e (B) xilanase seguida de extração alcalina.

As polpas etanol-água (2) foram biobranqueadas com o sistema lacase comercial

mediador com dois mediadores HBT e AV com 30 UI/g de lacase, 4% (relação polpa seca) de

mediador e 5 % de consistência. As polpas tratadas com o sistema enzimático foram

branqueadas com hidróxido de sódio 1,5% (m/v) por 1 h a 65ºC e o número kappa e a

quantidade de lignina total das polpas estão apresentados na tabela 6.16.

Tabela 6.16. Resultados de número kappa de polpas etanol-água (2) branqueadas com o sistema a lacase mediador. Amostra Número kappa Lignina total (%)a

Lacase/HBT 35,92 ± 2,22 17,48 Lacase/AV 32,05 ± 2,83 15,55 Lacase /HBT + NaOH 20,86 ± 0,10 9,95 Lacase/AV + NaOH 21,59 ± 0,10 10,32 a Lignina total (%) calculado a paritr de nº kappa = 2,00*lignina total (%) + 0,95, r2 = 0,7972.

Para polpas etanol-água (2) o sistema lacase comercial/AV se mostrou mais eficiente

em deslignificar a polpa do que o sistema lacase/HBT e após o branqueamento químico o

sistema lacase/HBT apresentou pequena melhora em relaçaõ ao sistema lacase/AV na

deslignificação da polpa.

Somente a lacase não é capaz de oxidar o álcool veratrílico ou outros compostos

modelos diméricos não fenólicos de lignina. No entanto, sustâncias tais como ABTS ou

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remazol brilhante azul intermediam a oxidação do álcool veratrílico na presença de lacase. A

velocidade da reação de oxidação do álcool veratrílico é dependente da natureza e da

concentração do mediador (BOURBONNAIS e PAICE, 1990). Os requisitos necessários ao

mediador são: ser um composto de baixa massa molecular que possa difundir facilmente na

fibra da polpa e possa oxidar a lignina, a forma radicalar do mediador deve possuir longo

tempo de vida no meio aquoso à temperatura ambiente, o potencial de oxidação requerido

deve ser alto o suficiente para permitir a oxidação dos grupos aromáticos presentes na lignina

(KIM et al., 2001).

A fim de se entender a função do mediador no sistema lacase-mediador, algumas

considerações podem ser feitas. O potencial redox da lacase é independente de sua origem e é

tipicamente 0,7-0,8 V (FABBRINI et al., 2002). O potencial de oxidação (E0) do HBT é de

1,08 V e do ácido violúrico é de 0,916 V, de acordo com KERSTEN e colaboradores (1990)

assim o potencial redox da lacase é maior do que dos mediadores estudados e a lacase possui,

então, potencial redox suficiente para converter os mediadores para o estado oxidado (Medox)

através da abstração de um elétron. No sistema lacase-mediador a função da lacase é oxidar o

mediador e o mediador oxidado em uma etapa subseqüente não enzimática oxida o substrato.

O mecanismo proposto do ciclo catalítico do sistema lacase-mediador então é válido

(figura 2.4). No entanto, de que forma se encontra o Medox é que é .o aspecto relevante nesse

sistema. Para o mediador ácido violúrico (VA) é válido o mecanismo de transferência de

elétron da figura 6.31.

Figura 6.31. Mecanismo de transferência de elétron (TE) (FABBRINI et al., 2002)

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O ácido violúrico consiste em um mediador eletroquímico de processos de

branqueamento. A figura 6.32 mostra o ciclo voltamétrico do ácido violúrico. O potencial de

oxidação do ácido violúrico é de 1,02 V e o de redução é de 0,91 V (relação potencial padrão

de hidrogênio) (KIM et al., 2001).

Corrente (µA)

Potencial (V vs Eletrodo Padrão Hidrogênio)

Tampão Acetato

Figura 6.32. Ciclo voltamétrico do ácido violúrico.

Para uma melhor compreensão do ciclo voltamétrico que ocorre nas reações do

sistema lacase-mediador/AV da figura 6.32, pode-se analisar os estudos feitos por

BOUBONNAIS et al (1998) com o ciclo voltamétrico do ABTS (figura 6.33) tendo o álcool

veratrílico como substrato. Os radicais cátion e dicátion do ABTS são relativamente estáveis e

a transferência do elétron no sistema lacase-mediador é completamente reversível.

Corrente (µA)

Figura 6.33. Ciclo voltamétrico do ABTS.

Potencial (mV)

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Segundo BOURBONNAIS e colaboradores (1998) na catálise oxidativa, o mediador

ABTS é oxidado ao radical dicátion ABTS2+. O radical dicátion difunde na solução e oxida o

álcool veratrílico. Essa reação é irreversível devido a oxidação do álcool veratrílico a

veratraldeído, que regenera o radical ABTS•+ .

Para o HBT, o mecanismo é radicalar com transferência de hidrogênio atômico, de

acordo com a figura 6.34.

Assim, a etapa inicial de oxidação do HBT a HBT•+ pela lacase, e a desprotonação do

HBT•+ deva seguir como num ciclo voltamétrico. Tanto o HBT quanto o ácido violúrico

possuem o grupo >N – OH e o mediador oxidado é o radical aminoxil (>N- O•) (figura 6.34)

que é capaz de abstrair um hidrogênio atômico do substrato (GALLI e GENTILLI, 2004)

levando a formação de um radical benzílico que, então, é transformado em produtos de

oxidação pela interação com o oxigênio (figura 6.34).

lacase

Figura 6.34. Mecanismo radicalar com transferência de hidrogênio atômico de uma estrutura da lignina.

O ciclo voltamétrico do HBT é de baixa varredura (5 mV/s) indicando que o radical

produzido pela oxidação eletroquímica é muito reativo (POTTHAST et al., 2001) e não é

estável e que se decompõe a compostos não redutíveis (BOURBONNAIS et al., 1998),

indicando que Medox sofre relativa rápida decomposição (FABBRINI et al., 2002). Na

oxidação de substratos não fenólicos com o sistema lacase-mediador, os produtos de

decomposição das espécies do Medox podem levar a reações laterais com o substrato. Como

exemplo de reações laterais, GRECI (1983) mostrou que a espécie >N-O• pode ser adicionada

ao >N-OH original, formando as correspondes espécies >N-H reduzidas.

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VA

Figura 6.35. Formação do radical aminoxil em mediador que possuem >N-OH.

6. 7. Otimização das condições de biobranqueamento das polpas etanol-água (2) com o

sistema lacase comercial/HBT

Para a determinação das melhores condições para o biobranqueamento de polpas

etanol-água (2) com lacase e mediador/HBT foi feito um planejamento fatorial 23 em que

foram usadas como variáveis independentes a consistência, quantidade de lacase e quantidade

de mediador. A consistência foi variada de 2 a 10%, a quantidade de lacase estudada foi de 10

a 150 UI/g de polpa seca e o mediador foi estudado na faixa de 0,5 a 4% (relação polpa seca)

com pontos axiais e 4 repetições no ponto central. A tabela 6.17 traz a matriz do planejamento

fatorial.

Para a determinação do melhor tempo de tratamento foram feitos experimentos de

acordo com a matriz do planejamento nos tempos de 1, 4 e 8 h de reação em shaker a 160 rpm

de agitação a 45 ºC. Foi obtido como variável resposta o número kappa das polpas tratadas

com o sistema lacase mediador e extraídas com NaOH 1,5% (m/v), uma vez que as polpas

somente tratadas com lacase mediador, por 4 h, apresentaram número kappa alto (valores

maiores que a polpa original, número kappa 52,7, polpa etanol-água somente com extração

alcalina apresentou número kappa em torno de 20, como mostra a tabela 6.18.

Tabela 6.17. Planejamento fatorial completo 23 para a otimização das condições de branqueamento de polpas etanol-água de palha.

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Níveis originais das variáveis Níveis codificados das variáveis Ensaios Lacase (UI/g)

Mediador (%)

Consistência (%)

Lacase Mediador Consistência

1 80 2,25 6 0 0 0 2 38,3 3,29 3,62 -1 1 -1 3 121,6 1,21 8,38 1 -1 1 4 10 2,25 6 -1,68 0 0 5 150 2,25 6 1,68 0 0 6 80 2,25 6 0 0 0 7 121,6 1,21 3,62 1 -1 -1 8 38,3 3,29 8,38 -1 1 1 9 38,3 1,21 8,38 -1 -1 1 10 80 2,25 6 0 0 0 11 80 4 6 0 1,68 0 12 80 2,25 10 0 0 1,68 13 121,6 3,29 3,62 1 1 -1 14 80 2,25 6 0 0 0 15 80 2,25 2 0 0 -1,68 16 80 0,5 6 0 -1,68 0 17 121,6 3,29 8,38 1 1 1 18 38,3 1,21 3,62 -1 -1 -1

Tabela 6.18. Resultados de número kappa de polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase mediador/HBT por 4 h de reação. Experimentos Lacase HBT Consistência Número kappa (L) 1 0 0 0 83,62 2 -1 -1 -1 83,92 3 0 0 -1,68 74,81 4 -1 1 -1 76,04 5 0 0 1,68 81,86 6 1 1 1 74,95 7 1 -1 -1 83,15 8 1 -1 1 78,14 9 -1 1 1 66,82 10 0 0 0 80,83 11 0 1,68 0 78,33 12 0 0 0 74,62 13 -1,68 0 0 95,79 14 0 0 0 71,74 15 1 1 -1 77,26 16 -1 -1 1 95,63 17 0 -1,68 0 106,47 18 -1 -1 -1 63,36

A tabela 6.19 mostra os resultados do número kappa LE e de lignina total de polpas

tratadas de acordo com o planejamento fatorial da tabela 6.17. Para polpas etanol-água (2)

tratadas com o sistema mediador/HBT o uso da maior quantidade de mediador, com 1 h de

reação, não proporcionou a maior redução do número kappa das polpas (ensaio 11 da tabela

6.19). A polpa etanol-água apresentou o menor número kappa LE (número kappa 6,52 e

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lignina total 2,78%) no ensaio realizado com 2,25% (relação massa de polpa ou 18 mmol) de

mediador, menor consistência e 80 unidades de lacase por 1 h (ensaio 3 da tabela 6,19). Para

as polpas etanol-água o sistema lacase-mediador/HBT com baixas consistências (2%) foi a

que apresentou menor número kappa. Com 1 h de reação, a carga de mediador não foi

relevante no processo de deslignificação da polpa, pois tanto as polpas tratadas com a menor

carga (0,5%) como com a maior carga (4%) apresentaram mesma quantidade de lignina

(16%) e que não apresentaram deslignificação em relação à polpa original (tratada somente

com NaOH). A consistência foi relevante na deslignificação das polpas etanol-água tratadas

com 1 h de reação, pois polpas tratadas com mesma carga de lacase e mediador, apresentaram

diferentes graus de deslignificação: polpas com 2 % de consistência apresentaram 72,0% de

deslignificação enquanto polpas tratadas com 10% de consistência apresentaram 43,2% de

deslignificação.

Tabela 6.19. Resultados de número kappa e lignina total de polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase-mediador/HBT.

Lacase Mediador Consistência Kappa Kappa kappa Lignina Lignina LigninaEnsaio (UI/g) (%) (%) 1 h 4h 8h (%) 1 h (%) 4 h (%) 8h1 80 2,25 6 25,03 45,94 33,21 12,04 22,50 16,132 38,3 1,21 3,619 32,35 42,93 27,98 15,70 20,99 13,523 80 2,25 2 6,52 39,64 26,91 2,78 19,35 12,984 38,3 3,29 3,619 26,25 37,58 36,13 12,65 18,32 17,595 80 2,25 10 12,26 38,66 28,44 5,66 18,86 13,756 121,6 3,29 8,38 26,87 39,32 29,55 12,96 19,19 14,307 121,6 2,21 3,619 22,61 42,66 23,74 10,83 20,86 11,398 121,6 1,21 8,38 24,06 41,67 9,10 11,55 20,36 4,079 38,3 3,29 8,38 18,47 34,52 30,03 8,76 16,79 14,5410 80 2,25 6 20,64 41,8 30,68 9,85 20,43 14,8611 80 4 6 33,00 13,29 26,74 16,02 6,17 12,9012 80 2,25 6 25,06 43,22 33,26 12,05 21,14 16,1513 10 2,25 6 14,43 33,41 15,78 6,74 16,23 7,4214 80 2,25 6 32,08 39,94 28,19 15,56 19,50 13,6215 121,6 3,29 3,619 34,40 39,64 32,18 16,72 19,35 15,6116 38,3 1,21 8,38 26,91 42,21 24,03 12,98 20,63 11,5417 80 0,5 6 33,59 42,87 24,82 16,32 20,96 11,9318 150 2,25 6 35,56 46,62 9,87 17,31 22,84 4,46 Polpa original: número kappa 52,69 e lignina total 25,87 e polpa tratada com NaOH; número kappa 20,86 e lignina total 9,96 (valores de lignina calculados de acordo com nº kappa = 2,00*lignina total (%) + 0,7972.

Com 1 h de reação a carga de enzima também foi significativa na deslignificação da

polpa, ou seja, com o uso de 10 unidades de lacase a polpa apresentou 6,74% de lignina e com

o uso de 80 unidades de enzima a polpa apresentou 12% de lignina total. Assim o uso de

menores quantidades de enzima proporcionaram maiores deslignificações da polpa. Portanto,

para a polpa etanol-água o mais interessante economicamente é o uso de baixas cargas de

mediador (devido ao alto custo do mediador), baixa carga enzimática (custo da enzima). No

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entanto, o que não se mostrou adequado para uma aplicação industrial foi a baixa consistência

(2%) que seria ideal entre 15 ou 20%. Com 4 h de reação apenas o uso de 80 unidades de

lacase, 4 % de mediador e polpa com 6% de consistência apresentou deslignificação de 38%.

Para longos períodos de tratamento (8 h) o uso de consistências maiores de 2%, ou seja, acima

de 6%, proporcionam a deslignificação da polpa em diferentes extensões: uso de 8,38% de

consistência proporcionou deslignificação de 59,13%, com 6% de consistência a

deslignificação foi de 55,2%, com o uso de altas cargas enzimáticas, respectivamente de

121,6 e 150 unidades e uma deslignificação menor (25,5%) foi obtida com 6% de

consistência, porém com o uso de pouca lacase (10 unidades) (tabela 6.19).

POTTHAST e colaboradores (2001) estudaram a cinética da oxidação do álcool

benzílico com o sistema lacase-mediador HBT. A reação do HBT com a lacase é muito lenta

e a formação do radical HBT•+ é a etapa determinante da reação, assim toda a reação é

controlada enzimaticamente e matematicamente descrita por uma cinética de ordem zero,

contrariamente à reação com o uso do ABTS, como mediador, em que a reção é de segunda

ordem. A formação do benzaldeído também é uma reação de ordem zero, uma vez que a

formação do radical HBT•+ (intermediário oxidado pela lacase) é a etapa determinante da

reação. Todas as reações subseqüentes são cineticamente dependentes deste processo, e assim

a formação do benzaldeído também exibe cinética de ordem zero. A reação é de ordem zero

até cerca de 5 horas de reação e depois desse tempo um aumento da desativação da enzima

desacelera a geração de benzaldeído.

A figura 6.36 apresenta a cinética do sistema lacase mediador/HBT para os estudos

das melhores condições de biobranqueamento de polpas etanol-água (2). Os dados da cinética

de biobranqueamento de polpas etanol-água (2) com mediador HBT mostraram que com 1 e 8

h de reação as polpas apresentaram número kappa similares e que na maioria dos ensaios do

planejamento fatorial as polpas tratadas com 1 h de reação apresentaram número kappa

menores.

Segundo BALAKSHIN e colaboradores (1998) a cinética de deslignificação de polpa

com o sistema lacase mediador é de pseudo primeira ordem em 4 h de reação. No entanto, a

revisão dos dados cinéticos revela que os dados da cinética de deslignificação se ajustam

melhor matematicamente, a uma reação de segunda ordem para períodos reacionais de 24 h.

A cinética de deslignificação é complexa devido não somente a reatividade da lignina residual

presente na polpa, mas também porque a atividade catalítica do sistema lacase mediador pode

mudar com o tempo de reação.

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Cinética Lacase Comercial HBT

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

55

0 1 2 3 4 5 6 7 8

Tempo (h)

Núm

ero

kapp

a

123456789101112131415161718

Figura 6.36. Acompahamento do biobranqueamento de polpas etanol-água (2) com o sistema lacase mediador/HBT.

No tratamento de polpa karft de pinus com o sistema lacase mediador/HBT a atividade

da lacase diminuiu com o aumento do tempo de reação (AMANN, 1997; BOURBONNAIS e

PAICE, 1996). O excesso de mediador pode causar a decomposição da lacase levando a um

menor grau de deslignificação da polpa (AMANN, 1997). Segundo IBARRA e colaboradores

(2006) 50% da atividade da lacase de Pycnoporus cinnabarinus permaneceu depois de 12 h a

50ºC na ausência de HBT, no entanto, na presença de 3,3 mM HBT (concentação molar de

mediador usado no tratamento de polpa), a lacase foi fortemente inativada e somente 9% da

atividade da lacase pode ser recuperada após 12 h de incubação. Mais de 50% de inativação

da lacase por HBT foi produzida nas primeiras 4 h. Na presença de polpa kraft de Eucalyptus

globulus, a inativação da lacase por HBT foi menor cerca de 20%.

Nos branqueamentos de polpas com o sistema lacase mediador o oxigênio (O2) pode

ser consumido pela degradação oxidativa da lignina residual da polpa, resultando na

deslignificação, mas também ocorrem reações laterais com substâncias da lignina já oxidada.

A concentração dos centros reativos dos substratos é relativamente maior do que a

concentração das espécies catalíticas uma vez que os centros reativos do substrato são

constituídos pela lignina residual e pelos fragmentos de lignina solubilizados. De acordo com

resultados da cinética depois de 12 h de reação a deslignificação da polpa chegou ao fim por

razão que pode ser a desativação do sistema catalítico (BALAKSHIN et al., 1999).

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A partir dos resultados da cinética do tratamento lacase mediador foi determinado

como melhor tempo 1 h de reação. Com os dados de 1 h de reação e com os valores de

número kappa após extração alcalina das polpas tratadas com lacase mediador foi feito o

modelo matemático com as variáveis codificadas que representa o número kappa (LE) em

função da carga de lacase, quantidade de mediador e consistência:

Número Kappa (LE) = 88,2895 - 0,140117*Lacase - 17,9384*HBT -10,4025*Consistência -

0,00176502*Lacase2 + 0,0476441*Lacase*HBT +0,0358757*Lacase*Consitência +

0,666775*HBT2 +2,22457*HBT*Consitência + 0,113275*Consitência2

O modelo explica 83,82% dos dados e o ajuste dos dados foi de 65,62%.

A tabela 6.20 mostra os valores obtidos e os valores preditos pelo modelo matemático,

com significância de 10%.

De acordo com a tabela 6.20 os valores altos de número kappa obtidos

experimentalmente foram próximos aos valores preditos pelo modelo matemático, no entanto

para valores de número kappa baixos não houve semelhança com os valores propostos pelo

modelo matemático proposto. O ideal no tratamento de polpas com o sistema lacase-mediador

é obter polpas com os menores valores de número kappa, e conseqüentemente as polpas com

baixo número kappa possuem menor conteúdo em lignina residual e que portanto são

interessantes para a produção de polpas de dissolução.

Tabela 6.20. Valores obtidos e valores preditos pelo modelo matemático do planejamento fatorial da otimização do sistema lacase mediador/HBT de polpas etanol-água (2). Ensaio Valor Obtido Valor Ajustado Lim. Conf. – 90% Limit. Conf. +90% 1 25,03 26,29 21,85 30,74 2 32,35 29,83 22,54 37,12 3 6,52 11,32 4,04 18,61 4 26,25 24,63 17,69 31,57 5 12,26 10,63 3,69 17,57 6 26,87 26,29 21,84 30,74 7 22,61 20,79 13,51 28,08 8 24,06 28,16 20,87 35,45 9 18,47 16,66 9,37 23,95 10 20,64 26,29 21,84 30,74 11 33,00 32,21 25,27 39,15 12 25,06 23,42 16,48 30,36 13 14,43 18,52 11,23 25,81 14 32,08 26,29 21,84 30,74 15 34,40 32,21 25,85 39,73 16 26,91 32,79 17,51 31,39 17 33,59 24,45 23,79 38,37 18 35,56 40,35 33,07 47,64

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A tabela 6.21 apresenta a análise de variância para o número kappa (LE) de polpas

etanol-água tratadas com lacase mediador/HBT.

Devido a grande variabilidade inerente aos bioprocessos que envolvem enzimas

(RODRIGUES e IEMMA, 2005) foram considerados significativos os parâmetros com p-

valores menores que 10% (p<0,1) (tabela 6.21) e de acordo com a figura 6.37. Assim foram

significativos 5 termos; lacase, consistência, termo quadrático da lacase, interação lacase e

consistência e a interação mediador (HBT) e consistência.

Tabela 6.21. ANOVA para o número kappa (LE) de polpas tratadas com sistema lacase mediador/HBT por 1 h de reação. Soma de

Quadrados Quadrados Médias

FCalc p-valor

A:lacase 236,387 236,387 10,31 0,0124 B: HBT 72,7118 72,7118 3,17 0,1129 C: Consistência 105,834 105,834 4,61 0,0640 AA 118,583 118,583 5,17 0,0526 AB 34,0725 34,0725 1,49 0,2576 AC 101,175 101,175 4,41 0,0689 BB 6,57888 6,57888 0,29 0,6068 BC 242,55 242,55 10,57 0,0117 CC 5,20771 5,20771 0,23 0,6465

Diagrama de Pareto

Efeito padronizado

+-

0 1 2 3 4

CCBBAB

B:HBTAC

C:ConsitênciaAA

A:LacaseBC

Figura 6.37. Diagrama de pareto com os valores dos efeitos de polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase mediador (HBT) por 1 h de reação.

Uma das condições exigidas pelo modelo estatístico utilizado na análise de variância é

que os erros de ajustamento sejam independentes e normalmente distribuídos e tal verificação

pode ser feita através do gráfico de valores preditos versus resíduos, em que não é identificada

tendência que poderia invalidar o modelo matemático proposto, como mostra a figura 6.38.

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A figura 6.39 mostra a superfície de resposta e curvas de contorno para as condições:

quantidade de lacase e de mediador e a consistência que levam a obter polpas com número

kappa em torno de 5. A quantidade de HBT foi fixada em 3,6% devido ter sido a quantidade

de mediador mostrada como a que leva aos menores valores de número kappa.

Valores Preditos

Res

íduo

s

0 10 20 30 40-6

-4

-2

0

2

4

6

Figura 6.38. Gráfico dos valores preditos versus resíduos para o tratamento lacase mediador/HBT de polpas etanol-água (2).

A figura 6.39 mostra a superfície de resposta e as curvas de contorno em função da

quantidade de lacase, mediador e consistência para o número kappa (LE) de polpas etanol-

água (2). Pela figura 6.39, ao se utilizar a carga de 150 unidades de lacase por grama de polpa

(base seca), obtém polpas com número kappa LE de 4 a 7, com a quantidade de mediador

variando em toda extensão estudada e em consistências de 2 a 4,5%. Como a quantidade de

mediador HBT não se mostrou determinante para o número kappa das polpas etanol-água

tratadas com o sistema lacase-mediador, o uso das menores cargas de mediador é mais

economicamente viável, uma vez que nos processos lacase-mediador, a maior barreira para a

implementação industrial é o preço do mediador.

A condição otimizada dada pelo modelo matemático foi: consistência 9,98%, 150 UI/g

polpa seca de lacase e 0,5% (relação polpa seca) de mediador HBT. Pela análise da superfície

de resposta e curvas de contornos foram escolhidas para a validação do modelo matemático as

condições; 2% de consistência, 150 UI/g lacase e 3,6% de mediador. Foram feitos tratamentos

em triplicata das polpas etanol-água com o sistema lacase mediador e a análise de número

kappa foi feito em polpas após o branqueamento com NaOH 1,5% (m/v) por 1 h a 65ºC. O

número kappa apresentado pela polpa foi de 33,46 ± 0,18, assim não validando o modelo

matemático que nestas condições apresentaria polpa com número kappa 3,77.

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CONSISTÊNCIA: 2,0 (%)

1,500 4,588 7,677 10,765 13,854 16,942 20,031 23,119 26,208 29,296 above

CONSISTÊNCIA: 2,0 (%)

LACASE (UI/g)

MED

IAD

OR

(%)

0,5

1

,0

1,5

2

,0

2,5

3

,0

3,5

4

,0

30 60 90 120 150

HBT:3,6 (%)

1,500 4,500 7,500 10,500 13,500 16,500 19,500 22,500 25,500 28,500 above

HBT:3,6 (%)

LACASE (UI/g)

CO

NS

ISTÊ

NC

IA (%

)

2

3

4

5

6

7

8

9

10

30 60 90 120 150

LACASE: 150 (UI/g)

1,500 4,536 7,57310,60913,64516,68219,71822,75525,79128,827

above

LACASE (UI/g)

CONSISTISTÊNCIA (%)

ME

DIA

DO

R (%

)

0

,5

1,0

1

,5

2,0

2

,5

3,0

3

,5

4,0

2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 6.39. Curvas de contorno em função da consistência, quantidade de lacase e mediador para o número kappa (LE) de polpas etanol-água (2).

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O modelo exponencial proposto ajustou 65,62% dos dados e assim não se mostrando

um modelo adequado para o sistema lacase comercial mediador/HBT para polpas etanol-água

(2) de palha de cana. Como sugestão de trabalhos futuros, seria continuar fazendo novos

experimentos para a otimização das melhores condições de biobranqueamento com lacase

mediador/HBT ou ainda testar outros modelos matemáticos para os resultados obtidos neste

trabalho.

6 .8. Otimização das condições de biobranqueamento de polpas etanol-água (2) tratados

com lacase comercial e mediador ácido violúrico

O estudo das melhores condições para o tratamento das polpas etanol-água (2) com o

sistema lacase comercial mediador/AV foi feito utilizando a mesma matriz de planejamento

fatorial apresentada na tabela 6.17. Experimentos com 1, 4 ou 8 h de reação foram feitos para

determinar o melhor tempo de reação.

A tabela 6.22 apresenta os resultados de número kappa e lignina total de polpas etanol-

água (2) tratadas com o sistema lacase-mediador/AV, de acordo com os ensaios do

planejamento experimental da tabela 6.17. De acordo com os resultados apresentados na

tabela 6.22 semelhantemente às condições de quantidade de mediador (2,25%) e quantidade

de lacase (80 UI/g) utilizadas no sistema lacase-mediador/HBT, porém com o uso de 6% de

consistência a polpa obtida com 1 h de reação apresentou número kappa 5,21 e lignina total

de 2,13% (ensaio 12), porém não foi com uma hora de reação que a polpa apresentou os

menores número kappa e sim com 8 h de reação. Nos ensaios 14: mediador 2,25% e lacase 80

UI/g e consistência 6% a polpa apresentou número kappa 3,98 com lignina total de 1,51% e

no ensaio 9, também com 8 h de reação, a polpa apresentou número kappa 4,91 e lignina total

de 1,98% com o uso de 38,3 unidades de lacase, 3,29% de mediador e 8,38% de consistência.

As polpas etanol-água tratadas com lacase-mediador/AV por 8 h de reação apresentaram

valores baixos de número kappa (em torno de 4), porém longos períodos de tratamento não

são adequados industrialmente, sendo assim mais adequado optar por 1 h de reação, mesmo

com polpas com número kappa ligeiramente maior do que as polpas obtidas com 8 h de

reação. Com uma hora de reação, o uso de 80 unidades de lacase, 2,25% de mediador e 6% de

consistência proporcionou deslignificação da polpa de 78,6%. Para as mesmas condições de

lacase (80 UI/g) e mediador (2,25%) a consistência não foi relevante na deslignificação da

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polpa; já para cargas maiores de lacase (121,6 UI/g) e mediador (3,29%) a consistência foi

relevante com maiores consistências apresentando menores graus de deslignificação. Para

maiores cargas de enzima ocorreu maior deslignifição da polpa, ou seja, ao se utilizar 8 vezes

mais lacase a deslignificação da polpa foi quadruplicada. Para tempo de reação de 4 h, o

aumento da consistência de 2 para 6% diminui a deslignificação da polpa em 50%. A carga de

mediador não foi relevante para 80 unidades de lacase e 6 % de consistência na

deslignificação da polpa. Para 8 h de reação o aumento da carga de lacase de 10 para 80

unidades não aumentou o grau de deslignificação da polpa, o aumento da consistência da

polpa proporcionou maior grau de deslignificação e a variação da quantidade de mediador não

foi relevante para a deslignificação da polpa.

Tabela 6.22. Resultados de número kappa e lignina total de polpas etanol-água tratadas com o sistema lacase-mediador/AV.

Lacase Mediador Consistência Kappa Kappa kappa Lignina Lignina LigninaEnsaio (UI/g) (%) (%) 1 h 4h 8h (%) 1 h (%) 4 h (%) 8h1 80 2,25 6 33,30 17,16 17,14 16,17 8,10 8,102 38,3 1,21 3,619 31,11 15,30 27,79 15,08 7,18 13,423 80 2,25 2 30,38 10,59 24,35 14,71 4,82 11,704 38,3 3,29 3,619 19,39 10,83 23,78 9,22 4,94 11,425 80 2,25 10 25,90 23,75 10,48 12,48 11,40 4,776 121,6 3,29 8,38 14,86 21,86 6,42 6,96 10,46 2,747 121,6 2,21 3,619 16,15 28,57 20,46 7,60 13,81 9,768 121,6 1,21 8,38 23,47 10,36 6,10 11,26 4,71 2,579 38,3 3,29 8,38 8,02 22,80 4,91 3,54 10,92 1,9810 80 2,25 6 27,40 28,01 10,68 13,23 13,53 4,8611 80 4 6 22,38 24,31 18,64 10,71 11,68 8,8412 80 2,25 6 5,21 4,66 20,85 2,13 1,85 9,9513 10 2,25 6 17,85 10,54 8,69 8,45 4,79 3,8714 80 2,25 6 25,95 29,58 3,98 12,50 14,32 1,5115 121,6 3,29 3,619 8,38 20,00 14,90 3,71 9,53 6,9816 38,3 1,21 8,38 16,85 22,45 24,90 7,95 10,75 11,9817 80 0,5 6 22,46 31,72 24,60 10,75 15,38 11,8318 150 2,25 6 29,25 14,58 11,80 14,15 6,81 5,43 Polpa original: número kappa 52,69 e lignina total 25,87 e polpa tratada com NaOH; número kappa 20,86 e lignina total 9,96 (valores de lignina calculados de acordo com nº kappa = 2,00*lignina total (%) + 0,7972.

A figura 6.40 mostra os dados cinéticos do tratamento de polpas etanol-água.

O perfil dos tratamentos das polpas etanol-água (2) com sistema lacase mediador/AV é

semelhante ao perfil apresentado pelas polpas tratadas com o sistema lacase/HBT, no entanto

os valores de número kappa (LE) das polpas tratadas com o sistema lacase mediador/AV são

menores do que os das polpas tratadas com lacase mediador/HBT.

Assim como no sistema lacase mediador/HBT foi escolhido como melhor tempo de

tratamento o tempo de 1h de reação e as análises de número kappa foram feitas nas polpas

tratadas com lacase mediador seguida de extração alcalina com NaOH 1,5% (m/v).

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Cinética Lacase Comercial/AV

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

0 2 4 6 8

Tempo (h)

Núm

ero

kapp

a

123456789101112131415161718

Figura 6.40. Acompanhamento do biobranqueamento de polpas etanol-água (2) com o sistema lacase mediador/AV.

O modelo matemático em função das variáveis consistência, quantidade de lacase e

mediador AV e do número kappa (LE) das polpas etanol-água (2) é dado por:

kappa LE ac vilúrico = 60,5816 - 0,250663*Lacase - 28,0755*AV -13,9765*Consitência +

0,000740596*Lacase2 + 0,128105*Lacase*AV +0,0338502*Lacase*Consitência +

2,1803*AV2 + 0,85281*AV*Consitência+ 1,21623*Consitência2

O modelo matemático explicou 88,67% dos dados e ajustou 71,68% dos dados.

A tabela 6.23 mostra a análise de variância para as polpas etanol-água (2) tratadas com

lacase mediador/AV.

A nível de 10% de significância apenas os termos quantidade de mediador, interação

lacase mediador e a consistência quadrática foram significativas, como pode ser observado na

tabela 6.23 e no diagrama de pareto dos efeitos padronizados na figura 6.41.

Os valores de número kappa obtidos e os preditos pelo modelo matemático estão

apresentados na tabela 6.24, a um nível de significância de 10%.

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Tabela 6.23. ANOVA para o número kappa (LE) de polpas tratadas com sistema lacase mediador/AV por 1 h de reação. Soma de

Quadrados Quadrados Médias

FCalc p-valor

A:lacase 43,02 43,02 2,13 0,1949 B: AV 102,04 102,04 5,05 0,0658 C: Consistência 1,81 1,81 0,09 0,7747 AA 18,13 18,13 0,90 0,3802 AB 178.,67 178,67 8,84 0,0249 AC 65,33 65,33 3,23 0,1224 BB 61,08 61,08 3,02 0,1328 BC 25,85 25,85 1,28 0,3013 CC 521,35 521,35 25,79 0,0023

De acordo com a tabela 6.24 os valores preditos pelo modelo matemático e os valores

obtidos experimentalmente não diferem muito entre si. Para o maior valor de número kappa

obtido experimentalmente e o valor predito existe uma diferença de 5 pontos e os valores

mais baixos de número kappa obtidos experimentalmente se aproximaram mais aos valores

preditos pelo modelo, mostrando assim que houve um ajuste dos dados ao modelo proposto.

Tabela 6.24. Valores obtidos e valores preditos pelo modelo matemático para polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase-mediador/AV. Experimentos Valor

Obtido Valor Ajustado

Lim. Conf. -90% Lim. Conf. + 90%

1 33,29 28,61 23,57 33,64 2 31,11 29,75 22,59 36,91 3 30,37 28,43 21,04 35,83 4 19,38 21,68 14,25 29,09 5 25,90 28,28 21,42 35,13 6 14,86 28,61 23,57 33,64 7 16,14 16,70 9,54 23,86 8 23,47 19,62 12,23 27,01 9 8,02 6,70 -0,45 13,86 10 27,40 28,61 23,57 33,64 11 22,37 27,02 20,16 33,88 12 5,21 9,80 2,95 16,66 13 17,85 15,86 8,47 23,25 14 25,94 28,61 23,57 33,64 15 8,37 8,44 1,02 15,86 16 16,84 16,86 9,44 24,28 17 22,45 19,16 11,19 27,12 18 29,24 8,38 -4,05 20,83

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Gráfico de Pareto

Efeito Padronizado

+-

0 1 2 3 4 5 6

C:ConsitênciaAABC

A:LacaseBBAC

B:AVABCC

Figura 6.41. Diagrama de pareto com os valores dos efeitos de polpas etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase mediador (AV) por 1 h de reação.

A figura 6.42 mostra o gráfico dos valores preditos versus resíduos para as polpas

etanol-água (2) tratadas com o sistema lacase mediador/AV.

Valores preditos

Res

íduo

s

0 10 20 30 40

-4,7

-2,7

-0,7

1,3

3,3

5,3

Figura 6.42. Gráfico dos valores preditos versus resíduos para o tratamento lacase mediador/AV de polpas etanol-água (2).

A validação do modelo foi feita em triplicata usando as condições: 10 % de

consistência, 10 UI/g de polpa seca de lacase e 1,5% (relação polpa seca) de mediador/AV. A

análise do número kappa foi feita após o branqueamento das polpas tratadas com o sistema

lacase mediador/AV e extração alcalina com NaOH 1,5% (m/v). Para estas condições o valor

do número kappa (LE) predito pelo modelo matemático é de 14,79 e o resultado encontrado

foi de 8,12 ± 1,56, sendo que o modelo ajustou 71,68% dos dados. Nos experimentos feitos

com lacase-mediador/AV as variáveis estudadas (quantidade de lacase, quantidade de

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mediador e consistência) foram melhores ajustados pelo modelo matemático proposto do que

o modelo proposto para os experimentos realizados com o sistema lacase-mediador/HBT.

A figura 6.43 apresenta a superfície de resposta e de curvas de contorno para o sistema

lacase mediador/AV de polpas etanol-água (2).

CONSISTÊNCIA: 10 (%)

1,500 4,582 7,664 10,745 13,827 16,909 19,991 23,073 26,155 29,236 above

CONSISTÊNCIA: 10 (%)

LACASE (UI/g)M

ED

IAD

OR

(%)

0

,5

1

,0

1

,5

2

,0

2

,5

3

,0

3

,5

4

,0

30 60 90 120 150

HBT: 1,5 (%)

1,500 4,574 7,647 10,721 13,794 16,868 19,941 23,015 26,089 29,162 above

AV: 1,5 (%)

LACASE (UI/g)

CO

NSI

STIS

TÊN

CIA

(%)

2

3

4

5

6

7

8

9

10

30 60 90 120 150

LACASE: 10 (UI/g)

1,500 4,582 7,664 10,745 13,827 16,909 19,991 23,073 26,155 29,236 above

LACASE: 10 (UI/g)

CONSISTISTÊNCIA (%)

ME

DIA

DO

R (%

)

0

,5

1,0

1

,5

2,0

2

,5

3,0

3

,5

4,0

2 3 4 5 6 7 8 9 10

Figura 6.43. Superfície de resposta para o sistema lacase mediador/AV de polpas etanol-água (2).

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Para o sistema lacase-mediador/AV, segundo a figura 6.43, para se obter polpas com

número kappa LE entre 4 e 7, ou número kappa menores do que 4, seria necessário utilizar

baixas cargas de mediador (1%) e consistências altas (7 a 9%), com o uso de 10 unidades de

lacase por grama de polpa seca. Essas quantidades utilizadas se mostram economicamente

interessantes industrialmente, pois ao se utilizar consistências altas (cerca de 10%) utiliza-se

menos água, gerando menos efluente, baixas doses de mediador (1%) e baixas cargas

enzimáticas (10 UI/g) representam custos menores em uma aplicação industrial do que se

fosse utilizar 150 UI/g de enzima. Em termos comparativos com a xilanase, o uso de 10

unidades de lacase ainda, é uma alta carga enzimática, pois o sistema xilanolítico é eficaz com

doses de uma unidade de enzima.

Foi feito o espectro na região da luz visível (UV) dos filtrados dos tratamentos de

polpas etanol-água (2) com o sistem lacase mediador/AV com 1, 4 ou 8 h de reação. Na figura

6.44 foi utilizado 80 UI/g de lacase, 2,25% (relação massa de polpa seca) de AV e

consistência 6,0%. Na figura 6.44 foi utilizada mesma quantidade de lacase e a mesma

consistência, porém a quantidade de mediador foi menor, 0,5%. Na figura 6.45 nota-se que

com 8 h de reação o espectro de UV apresentou forte absorção em 280 nm (presença de

compostos fenólicos) e existe a aborção em 550 nm (absorção do mediador AV). Com menor

quantidade de mediador (0,5%) (figura 6.38) a maior absorção em 280 nm foi notada com

uma hora de reação. A oxidação do ácido violúrico (AV) na presença de lacase leva a

diminuição da absorbância em 310 nm (XU et al., 2000).

00,10,20,30,40,50,60,70,80,9

11,11,21,31,41,51,61,7

200 300 400 500 600 700 800

Comprimento de Onda (nm)

Abs

orbâ

ncia

1-8h 1-1h 1-4h

Figura 6.44. Espectros de UV dos filtrados de tratamento de polpa etanol-água (2) com o sistema lacase mediador/AV: 80 UI/g de lacase, 2,25% de Av e 6% de consistência.

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0

0,5

1

1,5

2

2,5

200 230 260 290 320 350 380 410 440 470 500 530 560 590

Comprimento de Onda (nm)

Abso

rbân

cia

1h 4h 8h

Figura 6.45. Espectros de UV dos filtrados de tratamento de polpa etanol-água (2) com o sistema lacase mediador/AV: 80 UI/g de lacase, 0,5% de AV e 6% de consistência.

Segundo GENG, LI e Xu (2004) os sistemas pressurizados com oxigênio não

melhoraram o branqueamento de polpas tratadas com o sistema lacase-mediador ácido N-(4-

cianofenil) acetoidroxâmico (NCPA), sintetizado de acordo com o procedimento descrito por

BRINK e CRUMBLISS (1982) em comparação com os sistemas de branqueamento de polpas

expostos ao ar. Nos experimentos pressurizados com oxigênio, a alvura e o número kappa

foram constantes por 1 a 3 h de reação, assim o tempo de 1 h foi suficiente para o sistema

lacase comercial (Trametes villosa, doado pela Novozymes Biotech)e mediador NCPA

degradarem a lignina em polpas Kraft de madeira mole. Outras variáveis estudas no

branqueamento destas polpas foram a consistência, quantidade de lacase e de mediador. O

aumento da consistência de 2,5 para 5% modificou levemente a alvura (58,5 % ISO), no

entanto quando a consistência foi alterada de 5% para 10% houve diminuição de 2,5% na

alvura. Não foi totalmente compreendido como a consistência afeta a efecácia do

branqueamento. Presumivelmente, a velocidade de difusão e penetração da lacase e dos

mediadores nas fibras da polpa podem ser menores em polpas com maior consistência.

Quando a carga de lacase foi dobrada de 12,5 unidade por grama de polpa para 25 unidade,

houve significante aumento da alvura (1,5 % ISO) e diminuição do número kappa (um ponto)

das polpas com 5 ou 10 mg de mediador NCPA por grama de polpa. O aumento da carga de

lacase de 25 para 50 ou 100 unidades por grama de polpa não alterou a alvura ou o número

kappa das polpas.

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6. 9. Seqüência de branqueamento de polpas etanol-água (2) de palha

A polpa etanol-água (2) foi branqueada com uma seqüência de branqueamento

enzimático e químico totalmente livre de cloro. Foram estudados as ordens de aplicação de

xilanase de B. pumilus (1 unidade de enzima por grama de polpa seca) e 10 UI/g de lacase

comercial, com 1,5% de mediador (relação à massa de polpa) e a condição otimizada para o

sistema lacase mediador/Av foi de 10 % de consistência, porém em erlenmeyer, com

quantidades de polpa maiores (30 g de polpa seca) do que as utilizadas nos experimentos de

otimização (2 g) não foi possível obter um sistema homogênio, assim foi utilizado a

consistência de 5%.

Foram estudadas as sequüências de branqueamento: XLE1PE2 e LE1XPE2 em que X=

xilanase, L= lacase comercial mdiador/AV, E1= extração alcalina com NaOH 1,5 % (m/v), P=

peróxido de hidrogênio 5% (relação a polpa seca), com 2% (relação a polpa seca) e E2=

extração alcalina com NaOH 3% (relação massa de polpa), E3= extração alcalina com 1,5%

de NaOH em relação a massa de polpa. Todos as etapas de branqueamento foram feitas

usando 5% de consistência, exceto a etapa de branqueamento com xilanase foi feita com 10%

de consistência em saco plástico que permitiu agitação manual da polpa os demais ensaios

foram feitos em erlenmeyer de 500 mL. A temperatur do tratamento xilanolítico foi de 50 ºC

por 2 h, o tratamento com lacase mediador foi feito a 45ºC em banho termostatizado por 1 h e

as extrações alcalinas e branqueamentos com peróxido de hidrogênio foram feitas a 60ºc por 1

h de reação.

As condições de branqueamento utilizadas na etapa com peróxido de hidrogênio foram

feitas de acordo com as condições otimizadas para o bagaço de cana pré-tratado por explosão

a vapor, de acordo com FARIA (1994).

Para o estudo da ação enzimática foram feitos os branqueamentos de polpas etanol-

água (2) na seqüência XLE1 e LE1X. As polpas branqueadas com a seqüência iniciadada com

xilanase apresentaram número kappa 20,65 ± 2,52 e a iniciada por lacase apresentou número

kappa 36,82 ± 3,86. A ordem de aplicação da xilanase ou da lacase influenciou no número

kappa das polpas, porém a alvura das polpas foi a mesma 24,7 % ISO.

Polpas etanol-água (2) foram tratadas na seqüência XPE2 e LPE2 e apresentaram

número kappa 26,62 ± 1,55 e 15,99 ± 2,12 e alvura 28 e 26,4 % ISO, respectivamente. Como

controle foi feito o branqueamento PE2 das polpas etanol-água (2) ou seja o branqueamento

sem enzima e a polpa apresentou número kappa 37,42 ± 1,59 e alvura 25,8 % ISO.

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Os dados apresentados mostraram que existem diferenças ao se alterar a ordem do uso

das enzimas xilanase e lacase e que a lacase foi mais eficiente em reduzir o número kappa das

polpas etanol-água em uma seqüência de branqueamento e a xilanase foi mais eficiente para

melhorar a propriedade de alvura da polpa.

Estudos de seqüência de branqueamento aplicando lacase por duas vezes foi feito

usando a seqüência LE2LE e LE2LE2PE3 e as polpas apresentaram número kappa 55,4 ± 1,36

e 13,36 ± 2,84 e alvura 22,8 e 33,9 % ISO, respectivamente. Demonstrando que o uso de

apenas lacase mediador não reduz o número kappa das polpas, mas que na seqüência de

branqueamento o uso de lacase foi eficiente na redução do número kappa das polpas e que

contribuiu para o aumento da alvura das polpas. Segundo BALASHIN eta al. (1999) os

resultados de um tratamento com múltiplas etapas resultam em polpas com menor quantidade

de lignina residual. A quantidade de lignina residual removível em uma única etapa é limitada

e ocorre a deposição e acumulação de produtos oxidados na superfície da fibra da polpa

durante o tratamento enzimático que bloquea as demais reações oxidativas degradativas da

lignina residual. Uma vez que os fragmentos de lignina são removidos do meio reacional, a

polpa se torna sujeita a nova deslignificação. Outra razão para a limitação da deslignificação

da polpa pode ser a dificuldade de penetração dos reagentes na fibra da polpa e assim

limitando a degradação oxidativa da lignina residual somente à superfície das fibras. A

extração alcalina remove a lignina degrada permitindo o maior acesso dos reagentes à lignina

residual.

A polpa etanol-água (2) branqueada de acordo com a seqüência E1PE2 apresentou

número kappa 9,03 ± 0,50 e alvura 41,6 % ISO, assim mostrando que a polpa somente com o

branqueamento químico atingiu número kappa menor do que a polpa branqueada

enzimaticamente, porém o uso das enzimas auxiliou no aumento da alvura das polpas.

As polpas branqueadas com a seqüência XLE1PE2 e LE1XPE2 apresentaram número

kappa 15,27 ± 1,26 e 14,32 ± 3,25, respectivamente, ou seja, se levado em consideração o

desvio padrão, as polpas apresentaram o mesmo número kappa no final das seqüências de

branqueamento. Porém, as polpas branqueadas com a seqüência iniciada com a lacase

apresentou alvura 42,6% ISO e a polpa branqueada com a xilanase no início apresentou

alvura 39,8 % ISO.

A figura 6.46 apresenta a alvura das polpas branqueadas com diversas seqüências de

branqueamento e a figura 6.47 apresenta o número kappa dessas polpas.

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In ic ia l

X LE

X P E

LE X

LE LE

LP E

LE LE P E

X LE P E

LE X P E

0 10 20 30 40

A lvu ra (% IS O )

Eta

pa d

e B

ranq

ueam

ento

E P E

P E

Figura 6.46. Alvura de polpas etanol-água (2) branqueadas com uma seqüência de branqueamento enzimático e com reagentes de branqueamento livre de cloro.

IBARRA e colaboradores (2006) fizeram estudos para determinar o melhor ponto de

incorporação do tratamento enzimático (lacase-mediador) na seqüência de branqueamento

industrial TCF consistindo de oxigênio, quelação e peróxido de hidrogênio. Foi comparada a

performance do tratamento das polpas com lacase-HBT antes e depois da etapa de

deslignificação com oxigênio. Os resultados finais de viscosidade e número kappa em ambos

os tratamentos foram similares, mas a maior alvura foi obtida quando o tratamento

enzimáticofoi aplicado depois do estágio de branqueamento com peróxido de hidrogênio.

Inicial XLE XPE LEX LELE LPE LELEPE XLEPE0

10

20

30

40

50

Núm

ero

kapp

a

Etapa de Branqueamento

EPE

E

PE

Figura 6.47. Número kappa de polpas etanol-água branqueadas com uma seqüência de branqueamento enzimático e com reagentes de branqueamento livre de cloro.

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6. 10. Obtenção de Carboximetilcelulose de polpa etanol-água de palha branqueada com

seqüência livre de cloro

A polpa branqueada com a seqüência LE1XPE2 foi utilizada para a obtenção de

carboximetilcelulose, pois apresentou menor número kappa e maior alvura do qua a polpa

branqueada com a sequeência de branqueamento iniciada com xilanase.

Foram utilizados 5,0 g de polpa etanol-água (2) de palha de cana branqueada de

acordo com uma sequência de branqueamento TCF para a obtenção de carboximetilcelulose.

Obteve-se 6,93 g de carboximetilcelulose, que corresponde a um ganho de massa de 38,6%.

Nos derivados de celulose ocorre a introdução de grupos funcionais ou ramificações

na cadeia da molécula. Na reação de obtenção de CMC, o hidrogênio da hidroxila da celulose

é substituído pelo grupo –CH2COONa. A introdução do grupo funcional na celulose resulta

na obtenção de um produto de massa molar maior do que a celulose de partida, fazendo com

que haja um ganho de massa. A incorporação de –CH2COONa por unidade de resíduo de

glicose corresponde a 23,6% de substituição ou 0,70 grupo CH2COONa. O valor teórico

máximo de substituição é 3,0, no entanto a substituição chega a ser de 1,2 de acordo com

MACHADO (2000).

Foram feitos espectros de infravermelho de duas CMC comerciais, da polpa etanol-

água de palha branqueada e da CMC obtida neste trabalho.

A tabela 6.25 apresenta as bandas de oscilações características na região do

infravermelho para a celulose (SILVERSTEIN e BASSLER, 1974).

Tabela 6.25 Bandas de oscilações características na região do infravermelho para a celulose (SILVERSTEIN e BASSLER, 1974). Grupo funcional Tipo de deformação Região da Banda

(cm-1) -C-H; -CH2 Axial assimétrica, simétrica

Angular simétrica no plano e fora do plano Angular assimétrica no plano e fora do plano

2926 – 2853 1465 e 1350 720 e 1150

-O-H Axiais Angular no plano Angular fora do plano

3550 – 3200 1420 – 1330 769-650

-C-O; C-O-C

axial 1260 -1000

H2O adsorvida Angular simétrica no plano ~ 1600

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A reação de carboximetilação ocorre pela substituição de um átomo de hidrogênio do

grupo hidroxila por um grupo carboximetila. A figura 6.42 apresenta os espectros de

infravermelho da CMC de palha e da polpa etanol-água branqueada. Nestes espectros foi

possível observar um decréscimo na absorbência da banda na região relativa ao estiramento

axial de O-H em 3600 cm-1e deslocamento dessa banda na região em torno de 3650-3400 cm -

1. A diminuição da absorbância deve-se a eterificação dos grupos O-H da celulose por grupos

carboximetílicos e o deslocamento da banda é devido à diminuição das ligações de hidrogênio

intramoleculares.1000 cm-1. Uma banda característica das ligações C-O e C-O-C típica de

éteres foi evidenciada na região de 1150-1000 cm-1.

A introdução do grupo –CH2COONa na estrutura da celulose (grupo que possui a

ligação carbonila inserida no grupo carboxilato) absorve na faixa de 1650-1550 cm-1 devido à

deformação axial assimétrica e essa danda diferencia basicamente o espectro da celulose

(polpa branqueada) com o da CMC.

A figura 6.48 apresenta o espectro de infravermelho de duas carboximetilceluloses

comerciais.

0,20,30,30,40,40,50,50,60,60,70,70,8

400900140019002400290034003900

Númro de Onda (cm-1)

Abso

rbân

cia

CMC Comercial "CPKelco"

0,0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,5

0,6

0,7

0,8

400900140019002400290034003900

Número de Onda (cm-1)

Abs

orbâ

ncia

CMC Comercial

Figura 6.48. Espectro de infravermelho de duas carboximetilceluloses comerciais.

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A figura 6.49 apresenta os espectros de infravermelho da palha, da polpa branqueada e

da carboximetilcelulose obtida a partir de polpa de palha de cana branqueada.

De acordo com as especificações da CMC comercial da marca “CPKelco”, esta CMC

possui grau de substituição 0,60 a 0,95. Esta CMC comercial é um aditivo versátil que pode

ser aplicado em muitos campos industriais devido a habilidade de reter água e a capacidade de

engrossar líquidos, possui a propriedade de regular fluxos, estabiliza dispersões e atua como

um agente formador de filme.

A CMC obtida neste trabalho possui grau de substituição 0,78 e que estaria dentro da

faixa do grau de substituição da CMC comercial da marca CPkelco, assim provavelmente a

CMC de palha de cana poderia ser utilizada para as aplicações descritas acima.

O grau de substituição da CMC obtida foi avaliado através da análise da banda de

absorção na região de 1600 cm-1 em relação à banda na região de 901 cm-1 (Abs1600/Abs901),

devido a banda a 901 cm-1 corresponder à vibração do grupo O-C-O envolvendo o carbono-1

(anomérico) dos polissacarídeos e não sofrer influência dos outro grupos (MOROHOSHI,

1991). Através da relação de banda Abs1600/Abs901 foi possível obter um grau de substituição

de 0,78 para a CMCNa de palha de cana.

RUZENE (2005) obteve CMCNa de polpa etanol-água de bagaço de cana branqueada

com uma única etapa com clorito de sódio com grau de substituição de 0,63 (valor obtido pela

relção através da relação de banda Abs1600/Abs901.

Foi feito um teste de corpo de prova (MACHADO, 2000) com a CMC de palha obtida

neste trabalho. Neste teste verifica-se a afinidade da CMC com a água. Em um becker

colocou-se água e uma ponta de espátula de CMC na água. A amostra de CMC dissolveu-se

completamente na água e ficou com um aspecto gelatinoso. A dissolução da amostra de CMC

obtida a partir de polpa de palha em água confirma o sucesso na obtenção desse derivado de

celulose, pois a celulose (polpa de palha) mesmo sendo um material polar não dissolve em

água e a CMC por ser uma molécula polar tem grande afinidade com a água.

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Polpa Branqueada

00,10,20,30,40,50,60,70,80,9

11,11,21,31,41,5

400750110014501800215025002850320035503900

Número de Onda (cm-1)

Abs

orbâ

ncia

CMC Palha

0

0,1

0,2

0,3

0,4

0,50,6

0,7

0,8

0,9

1

400750110014501800215025002850320035503900

Número de Onda (cm-1)

Abs

orbâ

ncia

0

0,2

0,4

0,6

0,8

1

1,2

1,4

1,6

400750110014501800215025002850320035503900

Número de Onda (cm-1)

Abs

orbâ

ncia

Polpa Branqueada CMC Palha

Figura 6.49. Espectros de infravermelho de carboximetilcelulose de palha de cana branqueada, da polpa de palha branqueada.

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7. CONCLUSÕES

A palha de cana, apesar de ser um material lignocelulósico tal como o bagaço de cana

apresentou comportamento diferenciado do bagaço nos processos de polpação organosolv,

principalmete na polpação etanol-água, em que a polpa obtida necessitou ser classificada para

a remoção de estruturas da palha que não formaram polpa.

As xilanases de diferentes origens microbiológicas apresentaram diferentes ações nas

propriedades físicas das polpas. Em termos de viscosidade a xilanase de B. pumilus se

mostrou mais eficiente na melhora desta propriedade da polpa acetosolv. Em termos de

redução do número kappa das polpas acetosolv o uso da xilanase de T. aurantiacus se

mostrou mais eficiente.

A análise dos cromóforos e da quantidade de açúcares redutores liberados nos filtrados

dos tratamentos de polpas acetosolv com as diversas xilanases mostrou que elas atuam de

diferentes modos e que de modo geral ao se utilizar altas doses de xilanase houve a maior

liberação de açúcares redutores.

A xilanase de Humicola grisea pode ser usada com baixas cargas enzimáticas em

polpas acetosolv que não provocam a degradação da celulose em grande extensão.

O processo de polpação etanol-água influenciou grandemente as propriedades das

polpas. Na polpa etanol-água com cerca de 3% de pentosanas não foi observada melhoras nas

propriedades da polpa e não foi observada a ação xilanolítica. Em polpa etanol-água com

cerca de 10% de pentosanas o uso de 1 unidade de xilanase mostrou melhorar a propriedade

de viscosidade da polpa.

O sistema lacase mediador aplicado em polpa etanol-água (com 10% pentosana)

apresentou diferentes comportamentos na redução de número kappa. O mediador ácido

violúrico se mostrou mais eficiente na desliginificação das polpas etanol-água.

O uso de xilanase em seqüência de branqueamento da polpa etanol-água de palha

melhorou a propriedade de alvura da polpa e o uso de lacase foi mais eficiente na redução da

quantidade de lignina residual da polpa.

O uso combinado da xilanase com a lacase possibilitou obter polpa etanol-água

branqueada de acordo com uma seqüência de branqueamento totalmente livre de cloro que foi

utilizada para a obtenção da carboximetilcelulose.

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RECOMENDAÇÕES FUTURAS

Estudar o sistema lacase mediador nas polpas acetosolv de palha de cana.

Fazer um estudo mais aprofundade da ação do sistema lacase mediador com o uso de

HBT em polpa etanol-água de palha.

Fazer o estudo das seqüências de branqueamento enzimático e químico de polpas

acetosolv e etanol-água para a obtenção de outros derivados de celulose que não a

carboximetilcelulose.

Fazer a caracterização da lignina de palha de cana e estudar a lignina presente nas

polpas tratadas enzimaticamente.

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