UNIVERSIDADE DE SOROCABA PRO- REITORIA...

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0 UNIVERSIDADE DE SOROCABA PRO- REITORIA ACADÊMICA PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS FARMACÊUTICAS Ítalo Frizo EFEITOS DO COGUMELO Lentinulaedodes (SHIITAKE) NA EXPOSIÇÃO MATERNO-FETAL AO METOTREXATO SOROCABA/SP 2014

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UNIVERSIDADE DE SOROCABA

PRO- REITORIA ACADMICA

PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIAS FARMACUTICAS

talo Frizo

EFEITOS DO COGUMELO Lentinulaedodes (SHIITAKE) NA EXPOSIO

MATERNO-FETAL AO METOTREXATO

SOROCABA/SP

2014

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ItaloFrizo

EFEITOSDO COGUMELO Lentinulaedodes(SHIITAKE) NA EXPOSIO

MATERNO-FETAL AO METOTREXATO

SOROCABA, SP

2014

Dissertao apresentada Banca Examinadora do Programa de Ps-graduao no Mestrado Cincias Farmacuticasda Universidade de Sorocaba, como exigncia parcial para obteno do Ttulo de Mestre em Cincias Farmacuticas. Orientadora ProfDr Marli Gerenutti

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ItaloFrizo

EFEITOS DO COGUMELO Lentinulaedodes (SHIITAKE) NA EXPOSIO

MATERNO-FETAL AO METOTREXATO

BANCA EXAMINADORA _____________________________________________

ProfaDraMarli Gerenutti Presidente da Banca

Universidade de Sorocaba

___________________________________ ProfaDra Yoko Oshima-Franco

Universidade de Sorocaba

____________________________________

ProfaDraRaquel de Mendona Rosa-Castro Universidade de Sorocaba

Dissertao aprovada como requisito parcial para obteno do grau de Mestre no Programa de Ps-graduao em Mestrado de Cincias Farmacutica da Universidade de Sorocaba.

Aprovado em ___/___/____

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AGRADECIMENTOS

Gostaria primeiramente de agradecer a Deus por me permitir conseguir

tornar- se um homem de honra, honesto, vitorioso e vencedor de mais um obstculo.

Tambm gostaria de agradecer a minha famlia e a todos que me apoiaram

nos momentos difceis e de afastamento para realizao das atividades para

concluso desta etapa da minha vida.

Gostaria de agradecer e dedicar meu trabalho realizado neste projeto a minha

esposa rica e minha filha gata pelas muitas vezes que as deixei s ou me afastei

por tempos para executar as tarefas para concretizao desta fase.

A minha gratido eterna ficam as pessoas que foram fundamentais para que o

projeto se conclusse: a minha orientadora ProfaDraMarli

Gerenutti,ProfaMsMagaliGlauzer Silva, as mestrandas Mrcia Rebelo,Sthefany

Rodrigues Fernandes Viana e ThaisaBorimPickler; aos Tcnicos do laboratrio

Valria, Neia, Mrcia e a aluna de iniciao cientfica GiovanaSabadim, por toda

ateno e ajuda a mim concedida, a vocs deixo meus sinceros agradecimentos.

A empresa Yuri Cogumelos meu agradecimento pela doao das amostras de

cogumelos doadas para desenvolvimento da pesquisa.

Enfim agradeo a todos e todas que de alguma forma estiveram presentes e

puderam me ajudar, fica aqui meu muito obrigado.

4

``Bom mesmo ir luta com determinao, abraar a vida com paixo, perder com

classe e vencer com ousadia, por que o mundo pertence a quem se atreve. E a vida

muito bela para ser insignificante.

Charles Chaplin

5

RESUMO

Oemprego de cogumelos medicinais, como recurso de prtica generalizada

na medicina popular e tem aumentado acentuadamente nas ltimas dcadas. A

utilizao do Lentinulaedodesvem crescendo significativamente e, em alguns pases

utilizado tradicionalmente por suas propriedades teraputicas. Neste trabalho

pretendeu-se a avaliar o efeito protetor do Lentinulaedodes sobre uma droga

imussupressora (metotrexato) em modelo gestao em ratas. Foram utilizadosos

seguintes tratamentos: Lentinulaedodes 0.4g/kg/dia (SI), Lentinulaedodes 0.8

g/kg/dia (SII), metotrexato 0.20 mg/kg/dia (MTX), Lentinulaedodes 0.4g/kg/dia +

metotrexato 0.20 mg/kg/dia (SIMTX), Lentinulaedodes 0.8 g/kg/dia + metotrexato

0.20 mg/kg/dia (SIIMTX). Foram avaliados os parmetros bioqumicos sanguneos

maternos (ATL, AST, creatinina, ureia e estresse oxidativo) e morfolgicos fetais. Os

resultados obtidos indicam que a amostra de Lentinulaedodes utilizadaencontrou-se

dentro dos parmetros descritos na literatura para as concentraes de glucanas e

de compostos fenlicos.Tanto o Lentinulaedodes (SI e SII) quanto o MTX,como as

associaes (SIMTX SIIMTX) no promoveram efeitos de toxicidade materna,

entretanto em todos os tratamentos observou-se efeito fetotxico. O

Lentinulaedodes apresenta um efeito importante sobre a capacidade reprodutiva das

ratas durante o perodo de pr--implantao, sendo que este reverte os efeitos

deletrios promovidos pelo MTX nesta fase. Pode-se concluir que a utilizao

doLentinulaedodes como protetor na exposio ao metotrexato deve ser

considerada para se evitar abortos espontneos, entretanto, por apresentar efeitos

fetotxicos, suas doses devem ser bem definidas.

Palavras-chave:Anlise Bioqumica.Cogumelo

Shiitake.Lentinulaedodes.Toxicidade.

6

ABSTRACT

The use of medicinal mushrooms as a source of general practice in folk

medicine has increased in recent decades. The use of Lentinulaedodes has grown

significantly and in some countries is traditionally used for its therapeutic properties.

This work intended to evaluate the protective effect of Lentinulaedodes on the

imussupressor drug (methotrexate) in pregnancy model in rats. The following

treatments were used: Lentinulaedodes 0.4 g/kg/dia (SI), Lentinulaedodes 0.8

g/kg/day (SII) , methotrexate 0.20 mg/kg/day (MTX), Lentinulaedodes 0.4g/kg/dia +

methotrexate 0.20 mg/kg/day (SIMTX), Lentinulaedodes 0.8 g/kg/day + methotrexate

0:20 mg/kg/day (SIIMTX). Fetal maternal blood biochemical parameters (ATL, AST,

creatinine, urea and oxidative stress) were evaluated and morphological? The results

indicate that the sample Lentinulaedodes used was within the parameters described

in the literature for the concentration of glucans and phenolic compounds. Both

Lentinulaedodes (SI and SII) and MTX, as associations (SIMTX e SIIMTX) did not

cause maternal toxicity effects, however in all treatments were observed fetotoxic

effect. The Lentinulaedodes has an important effect on the reproductive capacity of

female rats during the pre - deployment, and this reverses the deleterious effects

promoted by MTX at this stage. It can be concluded that the use of Lentinulaedodes

as a protective exposure to methotrexate should be considered to prevent

miscarriages; however, by presenting fetotoxiceffects, their dose should be well

defined

Keywords: Biochemistry Analysis.Shiitake Mushrooms. Shiitake.Toxicity.

7

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Lentinulaedodes etapas da produo em bloco de substrato. 18

Figura 2 - Linhagens de Lentinulaedodesidentificadas por cdigo. 31

Figura 3 - Comprovao da presena de compostos fenlicos amostra de Lentinulaedodes (Mtodo: Folin-Ciocauteau).

34

Figura 4 - tero retirado de ratas para avaliao da capacidade reprodutiva. 40

Figura 5 - Avaliao morfolgica externa de fetos fixados em Bodian: medidas realizadas com paqumetro.

41

Figura 6 - Sequncia de cortes de Wilson realizada nos fetos aps fixao em Bodian.

42

Figura 7 - Etapas do processo de diafanizao e colorao de fetos para a anlise ssea.

43

Figura 8 - Feto diafanizado para avaliao morfolgica ssea. 44

Figura 9 - Curva analtica do cido glico usado para quantificao de compostos fenlicos no Lentinulaedodes.

45

Figura 10 - Curva da glutationa reduzida (GSH) utilizada para avaliao de estresse oxidativo em sangue de ratas prenhes.

48

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Sinonmias do Lentinulaedodes (1877- 1975). 15

Tabela 2 - Composio (%) de cidos graxos do Lentinulaedodes. 19

Tabela 3 - Ganho de peso (gramas) de ratas expostas ao Lentinulaedodes, ao metotrexato e s associaes, durante o perodo de gestao.

47

Tabela 4 - A anlise dos parmetros antioxidantes CAT (catalase) e GSH (glutationa reduzida) em sangue das ratas expostas ao Lentinulaedodes, ao metotrexato e s associaes durante o perodo de gestao.

49

Tabela 5 - Anlise bioqumica dos parmetros: transaminase alanina aminotrasnferase (ALT),transaminase aspartatoaminotransferase (AST), creatinina (CREJ2) e ureia (UREL) realizada em sangue de ratas expostas ao Lentinulaedodes, ao metotrexato e s associaes durante o perodo de gestao.

51

Tabela 6 - Desempenho reprodutivo de ratas expostas ao Lentinulaedodes, ao metotrexato e s associaes, durante o perodo de gestao.

54

Tabela 7 - Avaliao do desenvolvimento do concepto de ratas expostas ao Lentinulaedodes, ao metotrexato e s associaes, durante o perodo de gestao.

56

Tabela 8 - Medidas morfolgicas (cm) externas dos fetos de ratas expostas ao Lentinulaedodes, ao metotrexato e s associaes, durante o perodo de gestao.

58

9

LISTA DE ABREVIATURAS

ALT Alanina aminotransferase

AMG Amiloglicosidase

AST Aspartatoaminotransferase

CAT Catalase

CREJ2 Creatinina

DHFR Dihidrofolatoredutase

DTNB 5-5-ditio-bis-2-cido nitrobenzico

EAG Equivalente de cido glico

FDA FoodandDrugAdministration

GLDH Glutamato desidrogenase

GPH-Px

GPH-R

Glutationaperoxidase

Glutationaredutase

GSH Glutationa

GS-SG Glutationadissulfeto

GSH-T Glutationatransferase

Hb Hemoglobina

LDH Lactato desidrogenase

NADH Nicotinamida adenina dinucleotdeo

MDH Malatodesidrogenase

MTX Metotrexato

NK Natural Killer

ROS Espcie reativa de oxignio

10

SUMARIO

1INTRODUO 13

1.1 Composio qumica do Lentinulaedodes 19

1.2 Utilizao teraputica do Lentinulaedodes 20

1.3 Agentes promotores do estresse oxidativo

1.4 Exposio materna ao metotrexato e avaliao toxicolgica na gestao

23

25

1.5 JUSTIFICATIVA 28

2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

2.2 Objetivos especficos

30

30

30

3MATERIALE MTODOS 31

3.1Lentinulaedodes 31

3.2Obteno da amostra seca de Lentinulaedodes 31

3.3 Dosagens de glucanas e de compostos fenlicos 32

3.3.1 Determinao de glucanas 32

3.3.2 Determinao de compostos fenlicos 33

3.4 Animais 34

3.4.1Acasalamento e prenhez 35

3.5 Administraodas drogas 35

3.6 Avaliao da toxicidade materna 36

3.6.1 Avaliao bioqumica 36

3.6.1.1 Determinao da glutationa reduzida (GSH) 37

3.6.1.2 Determinao da atividade da catalase (CAT) 37

3.6.1.3Determinao da transaminase aspartatoaminotransferase (AST),

transaminase alanina aminotransferase (ALT), creatinina e da ureia.

38

3.7 Avaliao da capacidade reprodutiva 39

3.8Avaliao do desenvolvimento do concepto 40

11

3.8.1 Avaliao morfolgica externae visceral de fetos 41

3.8.2 Avaliao morfolgica ssea de fetos 42

3.9Anlise Estatstica 44

4 RESULTADOS 45

4.1 Teores de glucanas e de compostos fenlicos no Lentinulaedodes 45

4.2 Efeitos da exposio ao Lentinulaedodes, ao metotrexato e s

associaessobre da toxicidade materna

46

4.2.1 Avaliao do ganho de peso de ratas prenhes 46

4.2.2 Avaliao bioqumica materna 48

4.2.3 Avaliao da capacidade reprodutiva 52

4.3 Efeitos da exposio ao Lentinulaedodes, ao metotrexato e s.

associaes sobre o desenvolvimento do concepto

55

4.3.1 Avaliao morfolgica externa, visceral e ssea de fetos 57

5DISCUSSO 59

6CONSIDERAES FINAIS

7CONCLUSO

63

64

REFERNCIAS 65

ANEXO A - Certificado de aprovao em CEUA /Uniso 76

ANEXO B - Descarte dos animais 77

ANEXO C - Atestado de sade animal

ANEXO D - Atividades acadmico-cientficas desenvolvidas pelo aluno

ANEXO E - Atividades em estgio docente

78

79

82

12

1 INTRODUO

O cultivo decogumelos realizado h mais de 10 sculos na China e os

registros histricos indicam que a primeira espcie cultivada foi Auriculria auricula,

aproximadamente no ano de 600 d.C, e em seguida Flamulina velutipes, cerca de

800 d.C, e a terceira Lentinula edodes, por volta de 900 d.C (HERRERA, 2001).

Hipcrates foi o primeiro a mencionar o valor medicinal dos cogumelos, em 400 a.C.

Na primeira meno sobre os cogumelos, estes foram descritos como alimentos de

paladar agradvel para se consumir em forma de ch,mas para consumo na forma

solida no apresenta saboraprazvel(BEYER, 2003).

No Brasil, nas ltimas dcadas, o consumo de cogumelosvem crescendo

significativamente quando comparado a pases Europeus e Asiticos. Este fato est

atribudo presena de colnias de imigrantes asiticos espalhadas por todo o pas,

indicando que estes so os responsveis pelo cultivo e incorporao do consumo de

cogumelos no hbito alimentar dos brasileiros (FIDALGO; GUIMARES, 1985).

Os supostos benefcios medicinais e alimentcios dos cogumelos so os

responsveis pelo aumento nacional da procura e da produo, sendo que a

produo nacional de cogumelos comestveiscresce, em mdia, 15% ao ano

(SHIBATA; DEMIATE 2003). A produo mundial tambm vem aumentando em

nmero exponenciale,na ultima dcada, estimou-se uma produo de 18 milhes de

toneladas, levando a um crescimento econmico na rea (FAOSTAT, 2009).

Embora no Brasilexista a insuficincia de dadosque demonstrem o real perfil

das variedades de cogumelos cultivadas e consumidas, sabe-se que dentre

asvariabilidades de cogumelos produzidas se destaca o Shiitake(MATTILA et al.,

2000; SALES-CAMPOS et al., 2009). Shiitake (shii, tipo de rvore; take, cogumelo

em japons) um fungo aerbio decompositor de madeira, e que decompe

resduos vegetais intactos que ainda no sofreram prvia decomposio por outros

microrganismos (NAPPI; MORETTO, 1998), e cientificamente denominado

Lentinula edodes (CHANG; MILES, 1989).

O cogumelo Lentinula edodesocorre naturalmente em florestas da zona

temperada e subtropical da sia, em pases como o Japo, China, Brneo, Coria,

13

Tailndia, Burma, Nova Guin, alm de algumas regies do Himalaia e Filipinas. Por

apresentar caractersticas sensoriais excelentes foi denominado alimento dos

deuses pelos romanos e por suas propriedades teraputicas e nutricionais, ficou

conhecido como elixir da vida pelos chineses (NAPPI;MORETTO, 1998).

O cultivodoLentinulaedodes se originou na China e logo aps, comeou a ser

produzida no Japo e posteriormente, nos EUA, Europa e Amrica Latina (ROYSE

et al., 1985; SABOTA, 1996).

O interesse pela produo, cultivo e consumo do cogumelo Lentinula edodes

vem aumento progressivamente tornando-se oterceiro cogumelo mais consumido no

mundo(HANDAYANIet al., 2011).

Embora, no Brasil, j existam grandes produtores e importadores de

cogumelos, o cultivo normalmente se d em pequenas propriedades que, na maioria

das vezes, utilizam instalaes j existentes as quais so adaptadas, apresentando

manejo e cultivo rudimentares(BONONI et al., 1995).A regio do Alto Tiet (SP) a

maior produtora de cogumeloLentinula edodes, fato atribudo existncia da maior

colnia de imigrantes japoneses do Brasil (FRANCO, 2006; VILELA, 2012).

A micologia reconhece cinco filos nos fungos e, os fungos comestveis so

encontrados nos filos Ascomycota e Basidiomycota. No filo Basidiomycota esto

classificados os cogumelos comestveis (RAVEN; EVERT; EICHHORN, 2007),

sendo que na ordem Agaricales encontra-se o maior nmero desses cogumelos e os

mais conhecidos (URBEN, 2004).

A classificao taxonmica empregada para o cogumelo Lentinula

edodessegundo Nappi e Moretto (1998) assim descrita: Reino: Fungi; Diviso:

Mycota; Classe: Basiodiomycetes; Subclasse: Holobasiodiomycetidae; Ordem:

Agaricales; Famlia: Tricholomataceae; Gnero: Lentinula; Espcie: Lentinula

edodes.No ltimo sculo, o cogumelo Lentinula edodes recebeu varias

denominaes (Tabela 1), e,em 1975 recebeu a denominao utilizada at a data de

hoje; entretanto, alguns autores e produtores ainda citam suas sinonmias.

14

Tabela 1- Sinonmias do Lentinula edodes (1877- 1975)

Nomes Ano

Agaricus edodes 1877

Collybia shiitake 1886

Armilaria edodes 1887

Agaricus russaticeps 1888

Lepiota shiitake 1889

Lentinus tonkinensis 1890

Mastaleucomyces edodes 1891

Pleurotus russaticeps 1891

Cortinellus shiitake 1899

Tricholoma shiitake 1918

Cortinellus 1925

Lentinus shiitake 1936

Cortinellus edodes 1938

Lentinus edodes 1941

Lentinula edodes 1975

FONTE: PRZYBYLOWICZ; DONOGHUE, 1988.

Segundo Urben (2004) os cogumelos so essencialmente terrestres. Porm

existem algumas espcies quecrescem em substrato de ligninaou emexcremento de

herbvoros.

O Lentinula edodes um cogumelo que cresce em substrato de lignina, e

pode ser produzido em toras, mtodo tradicional ou pode ser produzido em cultivo

intensivo. Embora, tradicionalmente o Lentinula edodesseja produzido em cepasde

eucalipto, o cultivo axnico em substratos base de diversos resduos agrcolas

vemganhando espao na produo comercial deste cogumelo(EIRA; MINHONI,

1996; SAN ANTONIO, 1981).

No cultivo axnico a colheita acontece mais rapidamentee a eficincia

biolgica do fungo bastante elevada(HIROMOTO, 1991; LEVANON

et al., 1993;PRZYBYLOWICZ; DONOGHUE, 1988). Neste cultivo intensivo so

utilizados blocos de serragem suplementada com nutrientes e substratos agrcola,

como por exemplo, farelos de cereais. Estes substratos atuam como fontes

15

denitrognioorgnico necessrio ao aumento da massa miceliana, interferindo com a

produtividade e eficincia biolgica do fungo.

A produtividade do fungo depende da sua capacidade de secretarenzimas

como as celulases, hemicelulases e ligninases, induzindo a liberao de nutrientes

para seu crescimento (BUSWELL; CAI; CHANG 1996; MONTINI,2001; ZHANXI;

ZHANHUA, 2001). As trocas gasosas dos substratos, durante o

crescimentovegetativo, para a produo destas enzimas so importantes, pois

trocas gasosas deficientes durante ocrescimento do fungo podem diminuir a

velocidade de miceliao em virtude da inibio da atividadeenzimtica

(DONOGHUE;DENISON, 1995 1996).

As selees adequadas do substrato, da suplementao e da linhagem,

garantem melhor resultado na produo. Entretanto, o controle das condies

climticas, o nmero de orifcios inoculados e os mtodos de manejo tambm so

fatores fundamentais que podem interferir no rendimento da produo (ANDRADE,

2003; MINHONI et al., 2005).

Antigamente, o bagao de cana prensado, devido suas caractersticas de

compactao fibrosa e areada, era um resduo muito utilizado na produo e no

cultivo de Lentinula edodes. No entanto, por ter sido considerado um resduo final

rico em paredecelular, de baixo contedo de clulas inteiras, baixadensidade e

pobre em protenas e minerais sempre houve a necessidade de suplementao com

nutrientes, de preferncia solveis para estarem prontamentedisponveis para o

fungo (BUSWELL; CAI; CHANG 1996; SANTOS, 1990). Sendo assim, a serragem

de eucalipto suplementada, vem ganhando espao na produo axnica do

Lentinula edodes.

A Figura 1 ilustra o processo de produo axnica do Lentinula edodes

utilizando na blocagem, a serragem de eucalipto suplementada. Este processo de

produo consiste inicialmente na lavagem da serragem para a extrao de

contaminantes fsicos e qumicos; mistura de substrato ao material a ser emblocado;

esterilizao dos blocos acondicionados em invlucros apropriados, para posterior

inoculao das cepas; inoculao das cepas; armazenamento dos blocos em salas

16

refrigeradas e com controle de unidade para o desenvolvimento de hifas; retirada

dos invlucros de acondicionamento; estoque dos blocos em sala de cultivo e coleta,

com temperatura e unidade controladas. A fase aps o desenvolvimento das hifas

o momento onde ocorre a comercializao dos blocos inoculados, para o cultivo em

pequena e mdia escala. Em todo este processo, o controle de qualidade

microbiolgico dos blocos e a manuteno das cepas, so fundamentais para a

produo sustentvel do Lentinula edodes.

17

Figura 1- Lentinula edodes etapas da produo em bloco de substrato.

(A) (B)

(C) (D)

(E) (F)

(G) (H) Legenda: A) Lavagem e secagem da serragem; (B) inoculao das cepas; (C) blocos inoculados sendo preparado para armazenamento; (D) armazenamento para a produo de hifas; (E) blocos sendo encaixotados para a comercializao; (F) blocos prontos para distribuio; (G)- blocos em processo de inicio de produo; (H) blocos produzindo para a coleta. Fonte: Elaboraoprpria

18

1.1Composioqumica do Lentinula edodes

Os cogumelos apresentam em sua constituio estruturas responsveis

pelas execues de funes importantes para proteo do organismo,

especialmente por serconsideradouma importante fonte de protenas (DIAS et al.,

2004; SUGUI et al., 2003). O cogumelo Lentinula edodesapresenta em sua

composio qumica, 90% de gua, 3-5% de carboidratos, 10-40% de protena, 2-

8% de lipdeos, 44% de fibras, 8-10% de minerais (BREENE 1990; BORCHERS et

al.,1999;CHEUNG et al., 2003).

Os teores de lipdeos presentes em cogumelos so extremamente baixos,

segundo dados analisados por Chang e Miles (1989) ficam entre os valores 1.1 e

8.3%. No cogumelo Lentinula edodes foi encontrado 2.1% de gordura em base seca,

foi concludo que 77.7% dos lipdeos eram formados de cidos graxos insaturados

com prevalncia para linolico (LONGVAH;DEOSTHALE 1998). A Tabela 2 indica a

composio lipdica do Lentinula edodes.

Tabela 2-Composio (%) de cidos graxos do Lentinula edodes.

cido mirstico 0.71

cido esterico 1.66

cido palmotilico 1.93

cido oleico 6.23

cido palmtico 21.94

cido linolico 67.53

Fonte: NAPPI;MORETTI, 1998.

Os minerais presentes no Lentinula edodesso o clcio, potssio, magnsio,

fsforo, sdio, cobre, ferro, mangans e zinco representando de 56 a 70% do total

de cinzas. Do contedo de minerais mais significativos est o clcio com 0.05 g/kg, o

potssio, 26.7g/kg, o magnsio, 1.55 g/kg e o fsforo com 8.7 g/kg(MATTILA et al.,

2001).

Os cogumelos podem ser uma boa fonte de vitamina B1, B2, B12, niacina,

biotina e vitamina C e folatos totais. Na Finlndia, em estudos realizados com

diversas espcies de cogumelos, Mattila et al (2000) observaram que o

19

Lentinulaedodesfoi a espcie que apresentou os mais elevados teores de vitamina

C (2.1mg/100g), B12 (0.07g/100g) e D (0.1 g/100g).

Entretanto, atualmente, o grande destaque dos valores nutricionais e

medicinais dos cogumelos est relacionado ao teor de glucanas, em especialao teor

das -glucanas. As -glucanas so aucares que esto ligados quitina e protenas,

presentes na parede celular e frutos dos fungos, so polissacardeos e exo

polissacardeos com funo estrutural (MOL et al.,1990).Em glucanosparticulares,

como o homo-e hetero-glucanos com(1 3), (14)eo (16)ligaes

glucosdicas, suposto serem osresponsveis poralgumas das

propriedadessaudveis decogumelos (LEE et al., 2009; MANZI; PIZZOFERRATO

2000).

A -glucana presente no Lentinula edodes conhecida como lentinan ou

lentinana(NEHA et. al.,2012). So estruturas moleculares que seguem uma ordem

formando um anel, que diferem da celulose das plantas, pois apresentam um tipo

especial de ligao entres as unidades e possuem ramificaes de alto peso

molecular (CLEARY; GRAHAN; HUSBAND, 1999; SHU; WEM; LIN,2003).A

lentinana uma -D-Glucana de alta massa molecular e configurao helicodal

isolada a partir de extrato aquoso do fungo (CHIARA et al., 1969). A frmula

molecular (C6 H10O5)n.

Os cogumelos tambm apresentam compostos fenlicos que so molculas

constitudas de pelo menos um anel aromtico, onde um hidrognio substitudo por

um radical de grupo hidroxila.A maioria observada na forma de steres ou

heterosideos, e no em uma forma isolada na natureza (SIMES et al., 2000).

1.2Utilizao teraputica do Lentinula edodes

Cerca de 25% dos frmacos empregados atualmente advem direta ou

indiretamente de produtos naturais, especialmente de plantas e fungos. Entretanto,

nas ltimas dcadas, os frmacos de origem natural que apareceram no mercado

so, em maior proporo, provenientes de pesquisas cientficas realizadas na China,

na Coria e no Japo, sendo que a contribuio dos pases ocidentais neste perodo

foi bem menor. (YUNES; CECHINEL-FILHO, 2001).

20

Segundo Chandra (2011a) os cogumelos exticos tm sido muito utilizados

na medicina chinesa antiga, devido suas propriedades imunomoduladoras no

tratamento e/ou na preveno de doenas crnicas. Nos ltimos anos, no Ocidente,

em especial, a busca por produtos e alimentos saudveis, como os cogumelos, vem

aumento e despertando o interesse na medicina preventiva.

Mundialmente os cogumelos tm sido reconhecidos como alimento funcional,

e o acmulo de conhecimentos prticos sobre os cogumelos adequados para

consumo e aqueles que so venenosos ou psicotrpicos, garantem em parte, a

segurana de seu uso. Em muitas partes do mundo, especialmente na Europa,

cogumelos selvagens so regularmente coletados e usados diretamente como

alimento principal ou adicionado a sopas, guisados e chs(BRAUER et al., 2002;

MINATO; MIZUNO; TERAI, 1999;SUGUI et al., 2003).

Em pases como a Coria, China e Japo, nos quais os cogumelos so

utilizados em grande escala e apresentamsignificativa importncia na economia, os

estudos sobre suas propriedades medicinais esto mais sedimentados. As principais

aes farmacolgicas avaliadas at o presente momento referem-se: a

hepatoproteo relacionada proteo de hepatcitos pela LM-lignina (ITOH et

al.,2010; SASIDHARAN et al., 2010;YOSHIOKA et al.,2012); tratamento ou

preveno de doenas crnicas e hipercolesterolemia (CHANDRA et al., 2011b;

LAWRANCE et al., 2011); efeito de eliminao de radicais atravs de compostos

fenlicos como cido sirngio e cido vanlico (ISHIKAWA et al., 2001; ITOH et

al.,2010); efeito imunomodulador pela presena de polissacardeos e glucanas

(ITOH et al.,2009); efeito antitumoral(TANAKA et al., 2011).

Uma das mais notveis caractersticas dos extratos derivados de cogumelos

medicinais sua habilidade de funcionar como imunoestimulador, ou seja, a

constituio fisiolgica do mecanismo de defesa do hospedeiro melhorada pela

exposio a componentes que restauram a homeostase e melhoram a resistncia

para doenas. Entretanto, somente nas ltimas trs dcadas, a tecnologia qumica

tem sido hbil para isolar componentes relevantes e utiliz-losem experimentos

controlados para aplicao anticncer (CHIHARA et al.,1970; HATVANI, 2001;LIU;

OOI; CHANG, 1997; SUGUI et al., 2003).

21

Alguns autores sugerem que o efeito antitumoral atribuido s -

glucanasoriundas de cogumelos, estligado frao d-glucano;seu efeito

farmacologico difere dos demais tratamentos quimioterpicos, pois as -

glucanasatuam aumentando a atividade das funes imunolgicas

(ADEREM;ULEVITCH, 2000).

As -glucanasso reconhecidas pelo sistema inato, ativando clulas Natural

Killer (NK), macrfagos, clulas T, promovendo a liberao de citocinas e

interleucinas, assim como tambm produzindo anticorpos (DONG et al.,2002;

MIZUNO et al.,1990a).

Certas espcies de cogumelos tm conhecido efeito na diminuio do

colesterol quando adicionado na dieta de animais em experimentos. A eritadenine

isolada de Lentinula edodes mostrou que a sua ao pode ser hipocolesterolmica

devido depresso da secreo do colesterol do fgado para a corrente sangunea,

entretanto, um mecanismo mais detalhado no foi definido (MANZI;

PIZZOFERATTO, 2000; SUGUIYAMA; AKACHI; YAMAKAWA, 1995).

O Lentinula edodes usado tradicionalmente para doenas de funo imune,

alergias, infeco fngica, gripes, resfriados, doenas cardacas, hiperlipidemia,

sendo o primeiro macro fungo a entrar no domnio da biotecnologia moderna, por

apresentarestas possveis aplicaes teraputicas (BISEN et al., 2010).

Os extratos brutos de Lentinula edodeseas-glucanas, extradas dos

polissacardeos de Lentinula edodes so utilizados no Japo, como medicamentos,

desde os anos 80, sendo estas ltimas, comercializados pelo nome de Lentinan

(MIZUNO et al., 1990; WATANABE et al., 2006).No Brasil, a atual legislao no

permite a comercializao de extratos de cogumelos (Resoluo da Diretoria

Colegiada, RDC n. 14 de 31 de maro de 2010 (BRASIL, 2010) e apenas o

cogumelo Agaricus blazei possui registro como alimento.

O uso milenar de cogumelos medicinais mostrou, ao longo dos anos, que

determinadas espciespodem apresentar substncias potencialmente perigosas e

por essa razo devem ser utilizadas com cuidado, respeitando seus riscos

22

toxicolgicos (VEIGA JNIOR et al., 2005). Os efeitos mais preocupantes do uso

indiscriminado de cogumelos medicinais sobre a gestao, os quais podem

promover efeitos teratognicos, embriotxicos e abortivos, uma vez que, os

constituintes destes cogumelos podem atravessar a placenta, gerando danos ao

concepto (GERENUTTI; GROTTO, 2013).

1.3 Agentes promotores do estresse oxidativo

Nos organismos aerbios so produzidas espcies reativas de oxignio

(ROS), durante o perodo de atividade biolgica das clulas. Para que exista a

manuteno do equilbrio do funcionamento do organismo, aps esta produo,

estas espcies so removidas pelo sistema de defesa. Este sistema de defesa

envolve enzimas e molculas no enzimticas (FRIDOVICH, 1999; VALKO et al.,

2007).

O estresse oxidativo uma situao onde a produo de espcies reativas de

oxignio excessiva, levando a um desequilbrio fisiolgico que pode resultar na

destruio das defesas antioxidantes, promovendo a inutilizao ou a inibio da

funo normal no organismo (LACHANCE; NAKAT; JEONG, 2001; MACHLIN;

BENDICH, 1987). Normalmente, o processo de estresse oxidativo danifica lipdios,

protenas e DNA celulares (FU et al., 1998; RIDNOUR et al., 2005;VALKO et al.,

2007).

Os radicais livres presentes no organismo humano so tomos ou molculas

que contenham eltrons desemparelhados em seu orbital, estes apresentam

atividade aumentada, pois so quimicamente mais ativos, os radicais derivados de

oxignio so a espcie reativa de oxignio (ROS) e so, portanto a classe mais

importante produzida pelo organismo humano em grandes quantidades (GILBERT,

2000; GUTTERIDGE; HALLIWELL, 2000; MILLER; BUETTNER; AUST, 1990).Alm

de o ROS ser produzido porfatores fisiolgicos normais, existem outros co-fatores

ambientais como radiao, poluio e tabagismo, que levam tambm a formao de

radicais livres resultando em estresse oxidativo, levando ao aparecimentos de vrias

doenas (SIZER; WHITNEY, 2003).

23

O estresse oxidativo deve ser prevenido assegurando que os nveis de

antioxidantes e quelantes de radicais livres estejam em nveis adequados (FRIES et

al.,1993).

Segundo Clarke (2009) a ao dos antioxidantes no organismo proteger as

clulas do estresse oxidativo. As molculas e substncias que apresentam efeitos

antioxidantes podem desacelerar processos de oxidao levando o organismo,

agora protegido, a uma maior longevidade. Portanto, de extrema importncia

manter o equilbrio entre o sistema de defesa e os radicais livres.

Para que o sistema fique em homeostase existem duas formas de captao e

uso de radicais, uma advinda de uma dieta rica em alimentos contendo os

antioxidantes e outra do prprio organismo, atravs de um sistema de enzimas

celulares, onde suas concentraes so equilibradas por herana gentica. Estes

sistemas enzimticos so representados pela superxido dismutase (SOD), catalase

(CAT), glutationa peroxidase (GPH-Px), glutationa (GSH), e estes so as principais

barreiras enzimticas para a eliminao dos radicais livres (CADENAS,1997; FANG;

YANG; WU, 2002; FERREIRA; MATSUBARA, 1997;VALKO et al.,2007).

A GSH um tripeptdeo, contendo cistena e o tiol no protico mais

abundante nas clulas dos mamferos. Concentraes baixas de GSH tm sido

reportadas em algumas doenas, como a AIDS, e estassociado ao maior risco de

estresse oxidativo e da ocorrncia de infeces oportunistas. Este decrscimo do

GSH pode refletir o aumento na produo de antioxidantes, num grau que excederia

a capacidade de detoxificao do GSH. O oxignio um gs indispensvel para

ciclo vital, mas pode causar danos ao nosso organismo uma vez que promove

formao de radicais livres devido ao metabolismo das clulas (BARROS et.

al.,2008; KITZBERGER, 2005).

A GSH apresenta as funes de quelante de radicais livres (HO, H2O2, LOO

e ONOO-), quer reagindo diretamente com estes, quer indiretamente como co-factor

de enzimas antioxidantes como a GSHPx e a GSH-T, entre outras. No processo de

neutralizao dos radicais livres, a GSH oxidada com a formao do radical GS,

este rapidamente reativo com um segundo radical GS, formando a molcula

24

glutationa dissulfeto (GS-SG), que no antioxidante. A GS-SG novamente

reduzida a duas GSH pela enzima GPH-R. A GSH utilizada para regenerar ao seu

estado ativo, outras molculas antioxidantes como a vitamina C e a vitamina E. A

capacidade da GSH para regenerar as molculas antioxidantes mais importantes

est ligada ao estado redox do par Glutationa dissulfeto/Glutationa (GS GSSG/GSH)

(PASTORE et al., 2003).

A presena de antioxidantes vinda de alimentos em nossa dieta diria assume

um importante papel protetor, aliviando os efeitos deletrios dos oxidantes. Os

fitoqumicos presentes em diversos produtos naturaisso compostos bioativos, que

so capazes de reduzir a ao dos oxidantes no organismo, e englobam

carotenides (-caroteno, -caroteno, -criptoxantina, lutena,zeaxantina,

astaxantina e licopeno); compostos fenlicos: cidos fenlicos (cidos

hidroxibenzicos e cidos hidroxicinmicos), flavonides (flavonis, flavonas,

flavanis, flavanonas, antocianidinas e isoflavonides), estibenos, cumarinas e

taninos; alcalides; compostos azotados (derivados da clorofila,aminocidos e

aminas) e compostos organossulforados:(isotiocianatos e compostos de enxofre

allicos) (HALL; CUPPETT, 2007).

Vrias drogas sintticas, utilizadas para doenas crnicas, tem demonstrado

serem indutoras de estresse oxidativo. Dentre estas drogas, destaca-se o

metotrexato, para o qual esto sendo direcionados muitos estudos que possam

protegem o organismo de seus efeitos deletrios (ATASHFARAZ;FAROKHI;

NAJAFI, 2013;BOZKURT et al.; 2014; IBRAHIM et al., 2013).

1.4 Exposio materna ao metotrexato e avaliao toxicolgica na gestao

O metotrexato (MTX) amplamente utilizado em altas doses para o

tratamento de doenas malignas, incluindo leucemia aguda na infncia, leucemia

linfoctica, osteosarcoma, linfoma,doena de Hodgkin, cncer de cabea e pescoo,

cncer de pulmo, cncer de mama, psorase, coriocarcinoma e os tumores

trofoblsticos relacionados. Apresenta alguma atividade imunossupressora em

baixas doses. O metotrexato um frmaco que possui as mesmas caractersticas do

25

cido flico apresentando efeito de antagonista competitivo, inibindo a sntese de

DNA e a reproduo celular (PEREIRA et al., 2014; SEO et al., 2009).

A enzima dihidrofolato redutase (DHFR) inibida pelo metotrexato, causando

acmulo intracelular de dihidrofolato. Este acmulo provoca a inibio na sntese de

purinas e timidilato. especfico para a fase S da diviso celular, capaz de inibir de

forma irreversvel a enzima didrofolatoredutase. Esta inibio impede formao de

tetraidrofolato, a partir de diidrofolato. O tetridrofolato cofator necessrio

transferncia de tomos de carbono, essenciais para a sntese do DNA e do RNA. O

metotrexato tambm age inibindo, de forma parcialmente reversvel, a enzima

timidilatosintetase, envolvida na proliferao celular (MARQUES, 2008).

O metotrexato (MTX) um teratognico potente quando utilizado em doses

elevadas para o cncer ou para a interrupo da gravidez ectpica. Um agente

teratognico definido como qualquer substncia, organismo, agente fsico ou

estado de deficincia que, estando presente durante a vida embrionria ou fetal,

produz uma alterao na estrutura ou funo da descendncia (DICKE, 1989;

SMILTHELLS, 1980). O termo teratogenicidade provm do grego teratos, que

significa monstro. O sentido original da palavra refere-se a malformaes

anatmicas macroscpicas, embora atualmente tenha se expandido sua definio

para englobar anomalias mais sutis como atraso intra-uterino e distrbios

bioqumicos e psicomotores (LIMA et al., 2001).

A ao de um agente teratognico sobre o embrio ou feto em

desenvolvimento depende de diversos fatores, destacando-se: (1) estgio de

desenvolvimento do concepto, (2) relao entre dose e efeito, (3) gentipo materno-

fetal, e (4) mecanismo patognico especfico de cada agente (BERNARDI 1991;

GERENUTTI; DE SOUZA-SPINOZA;SCHLER-FACCINI, 2002).

A exposio a altas doses ao MTX durante a gravidez est associada com a

embriopatia do metotrexato, porm, h incerteza sobre o potencial teratognico em

doses reumatolgicas, em especial, quando utilizado uma vez por semana, em

baixas doses (WEBER-SCHOENDORFER et al., 2014). Com base em relatos de

casos humanos de exposio, a embriopatia promovida pelo metotrexatotem sido

26

descrita com caractersticas que incluemdficit de crescimento, microcefalia,

hipoplasia dos ossos do crnio, fontanelas amplas, craniossinostose coronal ou

lambdoidal, ponte nasal larga, arcadas superciliares rasas,olhos proeminentes,

orelhas de implantao baixa, hipoplasia maxilar, epicanto, membros curtos, p torto

congnito, hipodactilia e sindactilia. Esta sndrome pode ser associada com

exposies entre 6 e 8 semanas aps a concepo e nveis de dosagem de 10

mg/semana (FELDKAMP; CAREY, 1993; HYOUN; OBICAN; SCIALLI, 2012). Weber-

Schoendorfer et al (2014), aps estudo multicntrico, sugeriram que o uso ps-

concepo de doses reumatolgicas de metotrexato (MTX) est associado com um

risco aumentado de defeitos congnitos graves e aborto espontneo e tal evidncia

no foi encontrada para o uso de pr-concepo.

Embora seu uso possua implicaes importantes para o tratamento de

doenas reumatolgicas, mesmos em baixas doses, a segurana em mulheres em

idade reprodutiva ainda escassa (MARTIN et al., 2014).

Em modelos animais, nas doses correlacionadas exposio materna em

humanos (19.2 mg/kg/dia), o metotrexatopromoveu anormalidades que incluem

hidrocefalia, microftalmia, palatosquese, micrognatia, displasia vertebral e caudal,

focomelia, hemimelia, sindactilia e ectrodactilia (HYOUN; OBICAN; SCIALLI, 2012).

27

1.5 JUSTIFICATIVA

A exposio aprodutos naturaisdurante o processo de gestao responsvel

por cerca de 1% dos problemas que envolvem o feto com relao a malformaes.O

risco teratolgico existe durante todo perodo gestacional, no entanto maior na

fase de embriognese, quando ocorrem a diferenciao tecidual e organognese.

(ARAUJO, 1998)

Para que um produto seja recomendvel como alimento e/ou medicamento,

suas propriedades biolgicas devem ser bem conhecidas.Dependendo do material

gentico que o agente mutagnico atinge, as manifestaes das mutaes sero

diferentes, podendo at ter efeitos deletrios. Quando a mutao ocorre nas clulas

somticas, h vrias consequncias, sendo as mais comuns formao de tumores

benignos ou malignos; a morte celular, que pode causar envelhecimento precoce;

mal formaes e abortos, durante o desenvolvimento embrionrio. Entre os testes

recomendados pelo US Food and Drug Administration (FDA), destacam-se os

relacionados s atividades mutagnicas e antimutagnicas (FDA, 2013).

Os dados relacionados mutagenicidade do cogumelo Lentinula edodes,

Shiitake, assim como o da maioria dos cogumelos comestveis so escassos e

alguns resultados de experimentos realizados apresentam atividade mutagnica

varivel, isto pode ser atribudo a vrios fatores, entre eles, a composio qumica

dos cogumelos, que dependente das variaes geogrficas, sazonais e

intraespecficas(GRUTER; FRIEDERICH; WURGLER, 1991; STERNER et al.,

1982a, 1982b).

Sendo assim, estudos baseados em segurana de suplementos produzidos

com cogumelos, em especial ao Lentinula edodes, tornam se cada vez mais

importantes (YOSHIOKA; TAMESADA; TOMI, 2010). Estes estudospodem auxiliar

tanto o produtor quanto ao registro de um novo alimento, como podem garantir o

consumo seguro pela populao.

Por outro lado, ao se garantir a segurana da utilizao do Lentinula

edodesdurante a gestao, o mesmo poder ser utilizado com adjuvante na

28

exposio a agentes supostamente deletrios durante o perodo crtico do

desenvolvimento do concepto, como o caso do metotrexato (MTX).

29

2OBJETIVOS

2.1 Objetivogeral Avaliar a segurana da exposio materna ao Lentinula edodes para uma

possvel preveno aos efeitos deletrios do metotrexato durante o perodo de

gestao.

2.2 Objetivos especficos

Determinar a concentrao de glucanase de compostos fenlicos no

Lentinula edodes.

Comparar a capacidade reprodutiva de ratas expostas ao Lentinula

edodes(0.4g/k/dia e 0.8g/kg/dia)ao metotrexato (0.20mg/kg/dia) e s

associaes entre estas drogas(0.4g/k/dia + 0.20 mg/kg/dia; 0.8g/kg/dia +

0.20 mg/kg/dia).

Avaliar a toxicidade materna durante o perodo da gestao por meio de

anlises bioqumicas: transaminase alanina aminotrasnferase (ALT) e

transaminase aspartato aminotransferase (AST), creatinina,ureia, glutationa

reduzida (GSH) e catalase (CAT).

Avaliar o desenvolvimento morfolgico externo, visceral e sseo de fetos

provenientes de ratas expostas ao Lentinula edodes (0.4g/k/dia e

0.8g/kg/dia)ao metotrexato (0.20 mg/kg/dia) e s associaes entre estas

drogas (0.4g/k/dia + 0.20 mg/kg/dia; 0.8g/kg/dia + 0.20 mg/kg/dia) durante o

perodo de gestao.

30

3Material e Mtodos

3.1Lentinula edodes

As amostras de cogumelos Lentinula edodes (Shiitake) foram fornecidas pela

Empresa Yuri Cogumelos, localizada na cidade de Sorocaba, So Paulo, sendo as

mesmas produzidas pela prpria empresa. A linhagem utilizada foi de origem

japonesa adaptada no Brasil, pela empresa. A Figura 2 mostra a identificao das

sries de linhagens considerando suas origens no Japo.

Figura 2- Linhagens de lentinula edodes identificadas por cdigo

Fonte: Elaboraoprpria

3.2Obteno da amostra seca de Lentinula edodes

As amostras de cogumelo in natura foram picadas com faca de inox, em

tamanhos homogneos no mesmo dia da coleta e transporte para a universidade.

Foram pesados 5 kg da amostra e colocadas em estufa com circulao de ar(marca

Orion 515) a temperatura de 50C, por um perodo de aproximadamente 24h, onde

a mesma permaneceu at alcanar concentrao de 5 a 15% de massa seca. Aps

o perodo foram pesadas as amostras (secas) vrias vezes at que a mesma

apresentase o mesmo peso mdio por trs vezes. O rendimento foi de 445.14g de

amostra seca. A amostra seca foi moda (moinho de facas e martelo marca

31

Marconi), em seguida tamisada em tamises (malha 50 e malha 60), com a

finalidade de obteno de partculas homogneas para serem suspendidas em

gua. O rendimento final foi de 105.30g de amostra seca tamisada (2.106%). O p

tamisado foi acondicionado em embalagens plsticas hermticas mantidas em

dessecador.

3.3 Dosagens de glucanas e de compostos fenlicos

Para as dosagens de glucana e compostos fenlicos, foram utilizados 15 g de

Lentinula edodesseco e tamisado.

3.3.1 Determinao de glucanas

A determinao de glucanas foi realizada em duplicata, pelo mtodo da

Foundation of Japonese Food Analysis Center (1980) modificado por Prosky et al.

(1988). O mtodo analtico oficial japons e consiste em hidrlises enzimticas e

qumicas.

Duas alquotas de 1g cada foram depositadas em frasco de Erlenmeyer (500

mL), com 50 mL de tampo fosfato 80 mM (pH 6.0). Logo em sequncia, a soluo

foi tratada com 0.1mL da enzima -amilase termostvel Termamyl (Novo Nordisk)

e incubada por 30 min em banho-maria (60oC); aps, inseriu-se 0.1 mL protease

neutra bacteriana (Novo Nordisk),o pH de 7.5 foi ajustado com hidrxido de sdio

(NaOH 25 mM), e a soluo foi incubada por 30min em banho-maria (60C); em

continuidade, adicionou-se 0.3 mL de amiloglicosidase AMG (Novo Nordisk), pH

de 4.5 foi ajustado com acido clordrico( HCl75mM), e a soluo foi incubada em

banho-maria por 30min (60C).

Terminado o tratamento enzimtico, 200 mL de soluo de lcool etlico a

95% foramadicionadoss amostras, os bales volumtricos foram mantidos em

banho-maria por 60 min.(60C), aps resfriamento, o excesso de lcool do

sobrenadante foi retirado por suco, at que sobrassem as fibras insolveis

precipitadas no balo; estas fibrasprecipitadas foram separadas por centrifugao

em centrigufa da marca Eppendorf 5804R (20000g /10minutos). Os precipitados

32

desta centrifugao foram lavados com soluo de lcool etlico e acetona a 80%,

este procedimento foi realizado por 3 vezes. Aps evaporao em capela, do lcool

etlico e da acetona, ao precipitado foramadicionados 10 mL de soluo de acido

sulfrico (H2SO472%) e os bales volumtricos foram incubados a temperatura

ambiente por 4h, para hidrlise das fibras compostas de glucanas.

Em seguida a este processo de digesto foram acrescentados aos bales 140

mL de gua destilada, estes foram incubados em banho-maria em ebulio por 2h.

Terminado o perodo de encubao, o pH foi ajustado para 7.0 com hidrxido de

sdio (NaOH5M), o volume foi completado para 300mL. As duplicatas foram

filtradas em papel de filtro Whatman n 5B, e a quantidade de glicose foi

determinada pelo mtodo enzimtico com leitura em espectrofotmetro em

comprimento de onda 505 nm, utilizando-se 1.0 mL do composto 4-aminofenazona

(0.025mol/L)/fenol (0.055mol/L), na presena de glicose oxidase (1 U/mL) e

peroxidase (0.15 U/mL) (LaborlabLtda).

A concentrao de glucanas presente nos cogumelos em base seca

foicalculada atravs da equao matemtica:

Glucana (g/100g)= Glicose (g/100g)x 0.9

Onde: 0.9 = fator de correo

3.3.2 Determinao de compostos fenlicos

A extrao de compostos fenlicos foi realizada em triplicatasegundo o

mtodo descrito por Scalbert et al. (1989) de acordo com as modificaes realizadas

por Ramirez-Anguiano et al. (2007). Trs alquotas de 1g foram acondicionadas em

cubetas de vidro, as quais se adicionou 10 mL metanol 80%, agitando-se em

agitador de tubos Vrtex (2 min.),e deixando-se o solvente em contato com a

amostra por 12h. Em seguida, centrifugou-se em centrifuga Empendorrf 5804R

(10000 rpm/ 8 minutos), coletou-se0.5 mL do sobrenadante, e acrescentou-se 2.5

mL de folin-Ciocauteau (10%) com 2 mL de Na2CO3(7.5%) deixando em contato por

33

30min a T ambiente . O mtodo baseia-se na reao com o reagente de Folin-

Ciocauteau, reagente proveniente da mistura de dois cidos fosfomolibdico e

fosfotungstico, onde, na presena de compostos fenlicos observa-se alterao de

colorao do amarelo ao azul (Figura 3); durante a reao na presena de fenis

ocorre formao de complexo de colorao azul (reao redutor) e a intensidade

dada em relao concentrao de grupos hidroxilas extradas das amostras

analisadas(ANGELO; JORGE, 2007; OLIVEIRA et al., 2009).Aleitura da absorbncia

da soluo foi realizada em espectrofotmetro (760 nm). O cido glico foi utilizado

como padro de referncia para dosagens de compostos fenlicos noLentinula

edodes, pois apresenta alta qualidade de materializao da medida e melhor

incerteza (FIDELIS, 2006).

Figura 3-Comprovao da presena de compostos fenlicos (Mtodo: Folin-Ciocauteau)

Fonte: Elaboraoprpria

3.4 Animais

Foram utilizados ratos Wistar, machos e fmeas, com aproximadamente 60

dias de idade, pesando entre 160-180 gramas. Todos os animais foram adquiridos

no biotrio da Anilab-Animais de Laboratrio Criao e Comrcio Ltda, possuem

laudo de sade (ANEXO C). Os experimentos foram realizados deacordo com o

The Guide for the Care and Use of Laboratory Animal (National Research Council,

1996) and European Community guidelines (EEC Directive of 1986; 86/609/EEC).

Todos os procedimentos foram aprovados pela CEUA- UNISO sob protocolo n

007/2012(ANEXO A). Os animais foram mantidos no Biotrio de Experimentao da

34

Uniso, alojados em gaiolas plsticas medindo 40X60X20, com tampas metlicas.

gua e rao foram fornecidas ad libitum. O peso dos animais foi registrado

diariamente.

3.4.1Acasalamento eprenhez

Para o acasalamento, os animais foram alojados no mximo 02 machos com

05 fmeas, por um perodo noturno de 12 horas. Por meio de observaes

microscpicas, a indicativa do primeiro dia da prenhez foi presena de

espermatozoides no esfregao proveniente do lavado vaginal (DAMASCENO et al.,

2008).

3.5 Administraodas drogas

As concentraes de Lentinula edodes utilizadas para este estudo foram

eleitas considerando-se o consumo de cogumelos na China (10 kg/70 kg/ano).

Assim, a dose administrada aos ratos foi selecionado com base nas doses de

referncia (RFD) normalmente calculadas a partir de valores (NOAEL) Nvel de

efeito adverso no observado, dividindo pela incerteza (10) e os fatores de

modificao (10) (RFD = NOAEL/100), o que significa exposio de 400 mg/kg/dia.

Finalmente, foram propostos doses de 400 e 800 mg / kg de peso corporal do rato.

(MENDONA, 2005).

Os animais, aps a confirmao da prenhez foram alojados em nmero de

dois animais por gaiola e divididos em 06 grupos de seis animais: grupo 1 (grupo

controle), grupo SI (0.4 g/kg/dia de Lentinula edodes), grupo SII (0.8 g/kg/dia de

Lentinula edodes), grupo MTX (0.20 mg/kg/dia de metotrexato), grupo SIMTX (0.4

g/kg/dia de Lentinula edodes + 0.20 mg/kg/dia de metotrexato), grupo SIIMTX (0.8

g/kg/dia de Lentinula edodes + 0.20 mg/kg/dia de metotrexato).

As concentraes de 0.4 g/kg/dia e 0.8 g/kg/diade Lentinula edodes

foram preparadas diariamente, por diluio em gua purificada

(aparelho MilliQ, pH 7.0); aadministrao foi por via oral, com auxlio

de agulha de gavagem. A administrao diria do Lentinula edodes(os

35

grupos SI, SII, SIMTX e SIIMTX)foi realizada do primeiro ao vigsimo

dia de prenhez,sempre s 8:00 horas, por via oral.

A concentraes de 0.20 mg/kg/dia de metotrexato (lote 12123921C,

Pharnostra)foimanipulada em farmcia magistral, em soluo com

gua bidestilada (processo de osmose reversa), acondicionadas em

frasco mbar revestido com alumnio, mantidas em refrigerao, por

um perodo mximo de 15 dias (estabilidade garantida pelo fornecedor

aps ressuspenso). A administrao diria do metotrexato (os grupos

MTX, SIMTX, SIIMTX) foi realizada do quarto ao nono dia de prenhez

devidos ser o perodo de desenvolvimento celular,sempre s 8:00

horas,por via oral.

3.6 Avaliao da toxicidade materna

No vigsimo primeiro dia de prenhez as ratas foram anestesiadas com

quetamina (anestsico geral na dose de 30 mg/kg - intramuscular) e o cloridrato de

xilazina (relaxante muscular na dose de 6mg/kg). Para a avaliao da toxicidade

materna foram avaliados os parmetros bioqumicos e parmetros de capacidade

reprodutiva.

3.6.1 Avaliao bioqumica

Para a avaliao bioqumica das ratas prenhes foram analisados os seguintes

parmetros sanguneos: estresse oxidativo, funo renal e funo heptica. O

volume de sangue coletado por puno venosa (heptica) em seringa previamente

heparinizada, foi de 3 a 5 mL. Este sangue foi imediatamente transferido para tubo

com anticoagulante EDTA. Deste tubo, uma alquota de 500 L foi transferida para

tubo tipo Eppendorf, e armazenada em freezer a -80C. O restante do sangue foi

centrifugado em centrifuga de bancada refrigerada, SORVALL, Modelo ST 16R(10

min, 4000 rpm), o plasma foi utilizado para anlises bioqumicas.

Para os parmetros de estresse oxidativo foram analisadas as concentraes

de glutationa reduzida (GSH), e atividade da enzima catalase no sangue das ratas

prenhes; para os parmetros de funo renal foram dosadas a creatinina e a ureia;

36

para os parmetros de funo heptica foram dosadas as transaminases aspartato

aminotransferase (AST) e alanina aminotransferase (ALT). As avaliaes renais e

hepticas foram realizadas por kits no Equipamento Cobas C111 (Roche).

3.6.1.1 Determinao da glutationa reduzida (GSH)

A determinao da GSH se deu por quantificao dos tiis totais, em leitora

de placas, com deteco visvel, baseada no mtodo de Ellman (1959). Para isso,

150 L do sangue ratas prenhez coletos na cesaria, sempre mantido em banho de

gelo, foram hemolisados com 100 L de Triton X-100 a 10% e precipitados com 100

L de cido tricloro actico (TCA) a 30%. As amostras foram centrifugadas a 4C em

centrifuga de bancada refrigerada, SORVALL, Modelo ST 16R (10 min, 4000 rpm),

e os sobrenadantes separados. Aps, 50 L de cada sobrenadante foi diludo em

900 Lde tampo fosfatos e reagiram com 50 L de 5-5-ditio-bis-2-cido

nitrobenzico (DTNB), formando um complexo amarelo. A leitura foi realizada em

seguida em Leitora Automtica de MicroplacasTECAN, modelo INFINITE M200

PRO (412 nm). Os resultados esto expressos em mol/mL sangue.

3.6.1.2 Determinao da atividade da catalase(CAT)

A atividade da enzima catalase foi avaliada por espectrofotometria UV/VIS

utilizando mtodo de Aebi (Aebi, 1984). O mtodo baseia-se na decomposio do

H2O2 pela catalase, ao longo do tempo, monitorado a 240 nm. Para tanto,

primeiramente o sangue foi diludo em tampo fosfato de potssio (10 L de sangue

+ 590 Lde tampo). Aps, uma alquota de 20 Ldeste sangue diludo foi misturado

a 1.910 Lde tampo fosfato de potssio 50 mM (pH 7.0) e 70 L de H2O2 foi

adicionado, dando incio reao. As mudanas na absorbncia foram monitoradas

por cinco minutos (Espectrofotmetro da marca FEMTO, modelo 800XI). Uma

constante de variao (), relacionada com a hemoglobina (Hb), auxilia na

expresso dos valores da atividade no sangue (/gHb).

A dosagem Hb foi feita pelo Kit Comercial de Hemoglobina Bioclin, baseado

na metodologia da cianometahemoglobina. Em tubo de ensaio foram colocados 1L

sangue e 2mL de reagente de cor do kit Bioclin, a leitura foi realizada em

espectrofotmetro (FEMTO, modelo 800XI)em comprimento de onde 540 nm; para

37

cada anlise foram preparados, diariamente, em triplicata, os padres do kit

Bioclin. Os resultados Hb para posterior anlise de GSHforam calculados pela

formula:

Hb= absorbncia do teste/absorbncia do padro x 10

Onde:10 = fator de correo

3.6.1.3 Determinao da transaminase aspartato aminotransferase (AST),transaminase alanina aminotransferase (ALT), creatinina e da ureia.

Para as dosagens de transaminases alanina aminotrasnferase (ALT) e

aspartato aminotransferase (AST), creatinina e ureia utilizaram-se o plasma. Todas

as dosagens foram realizadas em equipamento automatizado COBAS C111

(Roche), por meio de kits especficos para este equipamento: ALTL, ASTL, CREJ2

e UREAL (Roche).

O teste de ALTL (Roche) tem como princpio a catalisao da reao entre

L-alanina e 2-oxoglutarato. O piruvato formado reduzido por NADH numa reao

catalisada por lactato desidrogenase (LDH), formando L-lactato e NAD+. O ASTL na

amostra catalisa a transferncia de um grupo amino entre L-aspartato e 2-

oxoglutarato, formando oxoloacetato e L-glutamato. O oxoloacetato com NADH na

presena de malato desidrogenase (MDH), formando NAD+. A taxa de oxidao de

NADH diretamente proporcional s atividades catalticas de ALT e AST,

determinada medindo a diminuio da absorbncia. Ambos os testes possuem um

intervalo de medio de 200-700 U/L e o comprimento de onda utilizado de

340/378 nm

O teste de creatinina CREJ2 (Roche) baseia-se no mtodo de Jaff,

atravs de um ensaio colorimtrico cintico. Numa soluo alcalina a creatinina

forma um complexo amarelo-avermelhado com picrato. A taxa de formao do

corante proporcional concentrao de creatinina na amostra O intervalo de

medio do teste de 0,2-12.4 mg/dL e o comprimento de onda de 512/583 nm.

38

O princpio do teste da ureia UREL (Roche) cintico e baseia-se em duas

reaes. Primeiramente a ureia hidrolisada pela urease, dando origem a amnia e

carbonato. Na segunda reao, o 2-oxoglutarato reage com amnia na presena de

glutamato desidrogenase (GLDH) e da coenzima NADH, dando origem a L-

glutamato. O NADH oxidado a NAD, a taxa de diminuio da concentrao de

NADH diretamente proporcional concentrao de ureia na amostra. O teste

possui um intervalo de medio de 3,0-240 mg/dL e utiliza como comprimento de

onda 340/409 nm.

O COBAS C111 foi desenvolvido para laboratrios de pequeno porte, possui

um rendimento de 60 a 85 testes/hora, apresenta como princpio de medio a

fotometria de absorbncia, utiliza doze comprimentos de onda e realiza medio

monocromtica e bicromtica.

OCfas (Calibrator for automated systems, Roche) foi utilizado para realizar a

calibrao dos reagentes; o controle de qualidade para a monitorizao da exatido

e preciso dos mtodos quantitativos foi realizado empregando-se, antes do inicio

das anlises, o reagente Precinorm U plus. Os reagentes dos kits foram inseridos no

disco refrigerado prprio para reagentes; o segmento de cubetas foi inserido no anel

interno; as amostras foram cadastradas no equipamento e o pedido foi definido.

Foram colocados 300 uL de plasma no cup de amostra e o mesmo foi inserido na

rea de amostras, que tem capacidade de oito amostras por vez. O equipamento

verifica a qualidade da cubeta, pipeta os reagentes e as amostras, incuba e inicia as

medies. Os resultados foram calculados pelo equipamento com base nos

resultados de medio fotomtrica que determinaram a quantidade de absorbncia

no fludo.

3.7Avaliao da capacidade reprodutiva

Para a avaliao da capacidade reprodutiva, as ratas foram cesariadas, com

uma inciso longitudinal na linha alba para exposio do tero e dos ovrios. O tero

e os ovrios foram retirados. O tero foi inspecionado quanto ao nmero de fetos, de

implantaes e reabsores visveis (Figura4). Os ovrios, os fetos e as placentas

39

foram pesados. Foi verificada a vitalidade fetal, por meio de um leve estmulo

mecnico com a ponta do dedo indicador.Os corpos lteos foram contados

(DAMASCENO et al., 2008).

Figura 4-tero retirado de ratas para avaliao da capacidade reprodutiva.

Fonte: Elaborao prpria

Os fetos foram sacrificados com halotano (1%) em cmara fechada. A

capacidade reprodutiva das fmeas foi calculada por meio das frmulas:

Porcentagem de Perdas Pr-implantao = no corpos lteos no

implantaes / no corpos lteos X100

Porcentagem de Perdas Ps-implantao = no de implantaes no de

fetos vivos / no de implantaes X100

3.8 Avaliao do desenvolvimento do concepto

Para as anlises desenvolvimento do concepto, todos dos fetos foram

analisados segundo os parmetros: avaliao morfolgica externa, avaliao

visceral, avaliao morfolgica ssea. (GERENUTTI et al.; 2006)

40

3.8.1 Avaliao morfolgica externae visceral de fetos

Aps a pesagem, 50% dos fetos de cada fmea foramfixados em lquido de

Bodian. A soluo fixadora de Bodian consiste em 148 mL de gua destilada, 50 mL

de formaldedo, 50 mL de cido actico glacial e 752 mL de lcool etlico a 95%. Os

fetos foram colocados em vidro com tampa de rosca contendo a soluo, e as

anlises foram realizadas no prazo mximo de 15 dias aps a fixao.

(DAMASCENO et al., 2008).

As seguintes medidas externas foram determinadas com o auxlio de um

paqumetro: anteroposterior do crnio, lterolateral do crnio, anteroposterior do

trax, lterolateral do trax, crniocaudal, cauda (Figura 5).

Figura 5- Avaliao morfolgica externa de fetos fixados em Bodian: medidas realizadas com paqumetro.

(A) (B)

(C) (D)

(E) (F)

Legenda: (A) Antero-posterior do crnio; (B) latero-lateral do crnio; (C) latero-lateral do trax; (D) antero-posterior do trax;( E) crnio-caudal;(F) cauda.Fonte: Elaborao prpria

41

Os fetos destinados s avaliaes viscerais foram separados em dois grupos:

um grupo foi analisado segundo os cortes de Wilson (Figura 6) e o segundo grupo

foi analisado seguindo as tcnicas de toracotomia e microseco. As avaliaes

visceraisforam realizadas com o auxlio de estereomicroscpio com iluminao direta

(Olimpus), seguindo-se uma sequncia padronizada. As informaes obtidas foram

descritas e armazenadas em protocolo para posterior anlise (DAMASCENO et al.,

2008).

Figura 6-Sequncia de cortes de Wilson realizada nos fetos aps fixao em Bodian.

Fonte: Elaborao prpria

3.8.2 Avaliao morfolgica ssea de fetos.

A avaliao morfolgica ssea foi realizadapelo processo de eviscerao e

diafanizao, com observao em estereomicroscpio (Olympus, 66X)e fonte

auxiliar de luz.

Os fetos destinados anlise esqueltica permaneceramem soluo de

acetona pura (Merck), em vidro com tampa de rosca, por perodo de 24 horas. Em

cada feto foi realizado, um corte transversal abaixo das costelas e cortes oblquos

dos lados direito e esquerdo at a regio anal, formando um tringulo. O intestino,

as vsceras abdominais, o diafragma e as vsceras torcicas foram retirados com o

auxlio de pina de ponta fina. Aps a eviscerao, os fetos foram submetidos ao

processo sequencial diafanizao e colorao com alizarina red-S (Figura 7).

42

Figura 7-Etapas do processo de diafanizao e colorao de fetos para a anlise ssea.

Fonte: Elaborao prpria

A diafanizao alcanada com a macerao dos tecidos moles (pele e

musculatura) pelo hidrxido de potssio (KOH) a 1% em gua destilada; o

clareamento foi realizado com a soluo clareadora, constituda por uma parte de

lcool benzlico, duas partes de glicerina e duas partes de etanol absoluto. A

alizarina red-S foi empregada para visualizar o esqueleto (Figura 8), pois se fixa nos

locais em que houve deposio de clcio, corando os ossos de vermelho

(DAMASCENO et al., 2008). O esqueleto foi examinado sistematicamente, da

cabea cauda.

43

Figura 8- Feto diafanizado para avaliao morfolgica ssea.

Vista Dorsal Vista Frontal

Fonte: Elaborao prpria

3.9Anlise Estatstica

Para a anlise dos resultados foi utilizado o nvel de significncia entre 1 e

5%. O teste de Bartlet foi usado para avaliar a homocedasticidade (erros devem ter

varincia constante, representado por valores de F) dos dados; a anlise de

varincia Anova para dados paramtricos, seguida do teste Tukey-Kramer para

comparaes mltiplas em todos os experimentos realizados. O teste do Qui-

quadrado foi utilizado para comparaes no paramtricas, em porcentagens. Para

as anlises foi utilizado o programa GraphPad InStat.

44

4 RESULTADOS

4.1 Teores de glucanas e de compostos fenlicos no Lentinula edodes

O Lentinula edodes analisado apresentou nas amostras estudas 0.53 g

glucanas/ 100g de glicose de cogumelo seco.

A curvaanaltica (Figura9) foi construda nas concentraes entre 0.5 a5 mg

de cido glico por g de amostra seca, seguindo a metodologia adaptada da

Farmacopeia Portuguesa(2002). Osresultados foram expressos em mg de

equivalente de cido glico (EAG)/grama de amostraem base seca.

Figura 9- Curva analtica do cido glico usado para quantificao de compostos fenlicos no

Lentinula edodes.

A concentrao de compostos fenlicos na amostra de Lentinula edodes foi

de 2.4mg/g.

45

4.2 Efeitosda exposio ao Lentinula edodes, ao metotrexato e s associaes sobretoxicidade materna.

4.2.1 Avaliao do ganho de peso de ratas prenhes

O ganho de pesodos animais foi considerado em dias intercalados (1-3 dias

de gestao: F= 1.656, p 0.05; 4-6 dias de gestao: F= 2.984, p0.05; 7-9 dias de

gestao: F= 9.144, p 0.0001; 10-12 dias de gestao: F= 37.555, p 0.0001; 13-

15 dias de gestao: F= 5.721, p 0.05; 16-18 dias de gestao: F= 33.393, p

0.0001; 19-21 dias de gestao: F= 55.683, p 0.0001). Os resultados (Tabela 3)

obtidos indicam que o Lentinula edodes nas doses de 0.4 e 0.8 g/kg/diapossui uma

tendncia em promover um aumento no ganho de peso quando comparado ao grupo

controle (Tabela 3). O metotrexato, conforme o esperado promoveu uma reduo do

ganho de peso, tanto quando comparado ao grupo controle quanto aos grupos que

receberam o Lentinula edodes(0.4 e 0.8 g/kg/dia). Por outro lado pode-se observar

que no grupo onde houve a associao entre metotrexato e Lentinula edodes0.4

g/kg/dia, esta reduo do ganho de peso persistiu. Entretanto, quando da

associao entre metotrexato e Lentinula edodes0.8 g/kg/dia, inicialmente observa-

se que ocorre uma reverso da reduo do ganho de peso comparada ao grupo

exposto ao metotrexato, e esta reverso estende-se at o 12 dia de gestao; aps

este perodo, esta associao entre metotrexatoLentinula edodes0.8 g/kg/dia torna-

se altamente prejudicial ao ganho de peso das gestantes reduzindo este parmetro.

47

Tabela 3- Ganho de peso (gramas) de ratasexpostas ao Lentinula edodes, ao metotrexato e s associaes, durante o perodo de gestao.

Dias de

gestao

Grupos

Controle SI SII MTX SIMTX SIIMTX

1-3 7.662.65 7.832.60 10.003.84 9.003.63 11.803.40 10.83 1.47

4-6 9.00 1.54 8.33 2.87 7.66 2.73 9.001.63 3.20 2.77*c 7.33 1.26

7-9 9.331.82 9.33 1.96 10.83 2.35 5.501.39*ab 5.801.16*ab 7.33 1.44

10-12 8.16 1.15 10.83 1.48* 10.83 1.06* 5.331.43*ab 2.00 1.77*abc 9.33 1.34cd

13-15 9.33 1.33 10.331.88 7.501.81 10.00 2.50 8.60 1.88 5.50 1.46*ac

16-18 10.502.46 19.33 2.09* 18.002.94* 9.500 2.43ab 9.202.90ab 4.16 1.62*abcd

19-21 21.664.45 24.663.15 19.50 2.29a 10.83 2.17*ab 10.80 2.96*ab 1.33 0.80*abcd

Nota: Grupos controle (soluo salina), (SI)Lentinula edodes 0,4 g/kg/dia, (SII) Lentinula edodes 0.8 g/kg/dia, (MTX) metotrexato, (SIMTX) Lentinula edodes 0.4

g/kg/dia + metotrexatoe (SIIMTX) Lentinula edodes0.8 g/kg/dia + metotrexato. *Comparao do grupo controle (p 0.05, ANOVA, Teste de Tuckey-Kramer mltiplas

comparaes); (a) comparao ao grupo SI, (b) comparao ao grupo SII, (c) comparao ao grupo MTX, (d) comparao com SIMTX

48

4.2.2 Avaliao bioqumica materna

Para a avaliao da concentrao de GSH foi construda a curva analtica nas

concentraes entre 0.005 mM e 0.1 mM de glutationa reduzida, seguindo tambm a

metodologia de Ellman (1959). Esta curva de calibrao da GSH est representada

na Figura10.

Figura 10-Curva da glutationa reduzida (GSH) utilizada para avaliao de estresse oxidativo em

sangue de ratas prenhes.

As determinaes da GSH e da CATno sangue das ratas prenhes esto

indicadas na Tabela4. Com relao atividade da CAT, no foi observada diferena

entre todos os grupos analisados (F= 0.8904, p 0.05). Por outro lado, com relao

concentrao de GSH, uma diminuio no seu nvel foi observada somente no grupo

que recebeu a maior concentrao de Lentinula edodes (0.8 g/kg/dia). Nos

gruposque receberam metotrexatoe no grupo que recebeu a associao

entremetotrexatoe Lentinula edodes (0.8 g/kg/dia) a concentrao de GSH se elevou

quando comparada ao grupo controle; todos os grupos expostos ao metotrexato,

associado ao Lentinula edodes ouno associado, tiveram um aumento de GSH

quando comparados aos grupos que receberam apenas o Lentinula edodes (F=

36.449, p 0.0001).

49

Tabela 4-A anlise dos parmetros antioxidantes CAT (catalase) e GSH (glutationa reduzida) em sangue das ratas expostas ao Lentinula edodes,

ao metotrexato e s associaes duranteo perodo de gestao.

Grupos

Anlise Controle SI SII MTX SIMTX SIIMTX

CAT (k/gHb) 86.9724.36 92.6923.40 81.54 26.22 71.4816.39 82.6037.05 63.7631.90

GSH (mol/mL) 0.37 0.06 0.21 0.04cd 0.17 0.06*cd 0.720.10*abd 0.44 0.13abc 0.57 0.09*ab

Nota: Grupos controle (soluo salina), (SI) Lentinula edodes 0.4 g/kg/dia, (SII)Lentinula edodes 0.8 g/kg/dia, (MTX) metotrexato, (SIMTX) Lentinula edodes 0.4

g/kg/dia + metotrexato e (SIIMTX) Lentinula edodes0.8 g/kg/dia + metotrexato. *Comparao do grupo controle (p 0.05, ANOVA, Teste de Tuckey-Kramer

mltiplas comparaes); (a) comparao ao grupo SI, (b) comparao ao grupo SII, (c) comparao ao grupo MTX, (d) comparao com SIMTX

50

A Tabela 5 apresenta as dosagens bioqumicas da AST, daALT, da creatinina,

e da ureia de ratas do 21 dia de gestao. Os resultados obtidos indicam que

houve uma reduo dos nveis de ASTL para todos os animais dos grupos

experimentais quando comparados ao grupo controle (F= 6.894, p 0.001).

Entretanto, as dosagens de ALTL apresentaram reduo apenas nos grupos

expostos ao metotrexato e nos grupos onde houve a associao entre o metotrexato

com Lentinula edodes (doses de 0.4 e 0.8 g/kg/dia), quando comparados ao grupo

controle e aos grupos expostos somente ao Lentnula edodes(F= 14.765, p

0.0001).

As dosagens de creatinina mostraram- se reduzidas apenas nos grupos

expostos ao Lentinula edodes na dose de 0.8 g/kg/dia e associao entre

metotrexato eLentinula edodesna dose de 0.4 g/kg/dia quando ao grupo controle (F=

2.860, p 0.05). Por outro lado, as dosagens de ureia encontram-se reduzidas para

todos os grupos experimentais quando comparados ao grupo controle (F= 4.319,

p0.001).

51

Tabela 5-Anlise bioqumica dos parmetros:transaminase alanina aminotrasnferase (ALT),transaminase aspartato aminotransferase (AST), creatinina

(CREJ2) e ureia(UREL) realizadaem sangue de ratas expostas ao Lentinula edodes, ao metotrexato e s associaesdurante o perodo de gestao.

Testes Grupos

Controle SI SII MTX SIMTX SIIMTX

ASTL(U/L) 105.93 19.46 78.31 13.56* 64.30 12.25* 68.70 14.42* 68.06 14.94* 74.23 7.93*

ALTL (U/L) 69.87 2.84 68.93 2,05 68.53 3.88 58.98 3.53*ab 59.06 3.74*ab 63.13 2.83*a

CREJ2 (mg/dL) 0.32 0.04 0.27 0.09 0.22 0.07* 0.26 0.03 0.22 0.03* 0.24 0.04

UREL (mg/dL) 57.70 2.25 45.18 6.65* 47.75 6.0* 45.21 4.9* 47.73 5.53* 46.46 6.84*

Nota: Grupos controle (soluo salina), (SI) Lentinula edodes 0.4 g/kg/dia, (SII)Lentinula edodes 0.8 g/kg/dia, (MTX) metotrexato, (SIMTX) Lentinula edodes

0.4 g/kg/dia + metotrexato e (SIIMTX) Lentinula edodes0.8 g/kg /dia + metotrexato. *Comparao do grupo controle (p 0.05, ANOVA, Teste de Tuckey-

Kramer mltiplas comparaes); (a) comparao ao grupo SI, (b) comparao ao grupo SII, (c) comparao ao grupo MTX, (d) comparao com SIMTX

52

4.2.3 Avaliao da capacidade reprodutiva

O desempenho reprodutivo de ratas foi avaliado pela porcentagem de perdas

pr e ps-implantao; o quadro 1mostra os parmetros utilizados para o clculo

das perdas.

Quadro 1- Parmetros utilizados para o clculo de perdas pr-implantao e perdas ps-

implantao de ratas expostas ao Lentinula edodes, ao metotrexato e s associaesdurante o

perodo de gestao,

Parmetros Grupos

Controle SI SII MTX SIMTX SIIMTX

Corpos lteos 65 68 72 86 58 80

Implantaes 60 66 69 69 51 75

Fetos 60 65 55 25 23 3

Nota: Grupos controle (soluo salina),(SI) Lentinula edodes 0.4 g/kg/dia, (SII)Lentinula edodes

0.8 g/kg/dia, (MTX) metotrexato, (SIMTX) Lentinula edodes 0.4 g/kg/dia + metotrexato e

(SIIMTX) Lentinula edodes0.8 g/kg/dia + metotrexato.

ATabela 6 mostra os efeitos da exposio ao Lentinula edodes e ao

metotrexato, isoladamente ou em associao sobre a porcentagem de perdas pr e

ps-implantao.

Os resultados encontrados mostram que Letinula edodes nas doses de 0.4 e

0.8 g/kg/dia reduziu as perdas pr-implantao quando comparadas ao grupo

controle. O metotrexato aumentou as perdas pr-implantao quando comparado

aos grupos controle e Lentinula edodes nas doses de 0.4 e 0.8 g/kg/dia; entretanto,

na associao do metotrexato ao Lentinula edodes (0.4 g/kg/dia) observa-se uma

reduo desta perda, porm esta ainda permanecemaior quando comparada ao

grupo controle e aos grupos expostos apenas ao Lentinula edodes nas doses de 0.4

e 0.8 g/kg/dia. Por outro lado, na associao do metotrexato ao Lentinula edodes(0.8

g/kg/dia) observa-se uma reduo desta perda promovidas pelo metotrexato ou na

associao com Lentinula edodes (0.4 g/kg/dia). Porm as perdas causadas neste

53

grupo, embora no difiram das do grupo controle, so maiores do que as perdas de

ratas expostas ao Lentinula edodes nas doses de 0.4 e 0.8 g/kg/dia.

Quanto s perdas ps-implantao, o metotrexato conforme o esperado

promoveu um aumento deste parmetro, porm em associao com o Lentnula

edodes na dose de 0.4 g/kg/dia, apresentou uma reduo neste parmetro. Por

outro lado, na associao metotrexato com Lentnula edodes na dose de 0.8

g/kg/dia, ocorreu um aumento acentuado desta perda. Observa-se ainda, que o

Lentnula edodes na dose de 0.8 g/kg/dia, tambm promoveu aumento de perdas

ps- implantao quando comparado ao grupo controle.

54

Tabela 6- Desempenho reprodutivo de ratas expostas ao Lentinula edodes, ao metotrexato e s associaes,durante o perodo de gestao.

Porcentagem Grupos

Controle SI SII MTX SIMTX SIIMTX

Perdas pr-implantao 7.69 2.94* 4.16* 19.76*ab 12.06*ab 6.25 *abcd

Perdas ps-Implantao 0 1.51 20.28*a 63.76*ab 54.90*ab 96*ab

Nota; Grupos controle (soluo salina), (SI) Lentinula edodes 0.4 g/kg/dia, (SII)Lentinula edodes 0.8 g/kg/dia, (MTX) metotrexato, (SIMTX) Lentinula edodes

0.4 g/kg/dia + metotrexato e (SIIMTX) Lentinula edodes0.8 g/kg/dia + metotrexato.*Comparao do grupo Controle (p 0.05, Teste do Qui-quadrado); (a)

comparao ao grupo SI, (b) comparao ao grupo SII, (c) comparao ao grupo MTX, (d) comparao com SIMTX.

55

4.3 Efeitos da exposio ao Lentinula edodes, ao metotrexato s associaes sobre o desenvolvimento do concepto

A Tabela 7mostra que houve uma reduo de peso de fetos epara todos os

grupos quando comparados ao grupo controle (F= 85.231, p 0.0001). Este efeito foi

mais expressivo quando o Lentinula edodes nas doses de 0.4 e 0.8 g/kg/dia est

associado ao metotrexato. O peso da placenta somente encontra-se reduzido

quando da associao do Lentinula edodes 0.8 g/kg/dia ao metotrexato (F= 3.461,

p0.001). Por outro lado, no foi observado reduo na vitalidade fetal, pois todos os

fetos formados encontravam-se vivos.

56

Tabela 7- Avaliao do desenvolvimento do concepto de ratas expostas ao Lentinula edodes, ao metotrexato e s associaes,durante o perodo de

gestao.

Parmetros Grupos

Controle SI SII MTX SIMTX SIIMTX

Vitalidade fetal (%) 100 100 100 100 100 100

Peso dos fetos (g) 5.750,59 4.570.68* 3.970.42*a 4.180.52*a 3.770.44*a 2.64 0.26*abcd

Peso da placenta (g) 0.82 0.11 0.810.12 0.880.18 0.850.14 0.820.20 0.540.04*abcd

Nota: Grupos controle (soluo salina), (SI) Lentinula edodes 0.4 g/kg/dia, (SII)Lentinula edodes 0.8 g/kg/dia, (MTX) metotrexato, (SIMTX) Lentinula edodes

0.4 g/kg/dia + metotrexato e (SIIMTX) Lentinula edodes0.8 g/kg/dia + metotrexato. *Comparao do grupo controle (p 0.05, ANOVA, Teste de Tuckey-

Kramer mltiplas comparaes); (a) comparao ao grupo SI, (b) comparao ao grupo SII, (c) comparao ao grupo MTX, (d) comparao com SIMTX

57

4.3.1 Avaliao morfolgica externa, visceral e ssea de fetos.

Nas avaliaes externas observou-se que em todos os grupos os fetos no

apresentaram sindactilia, hipodactilia, focomelia, alteraes abdominais, alterao

na fixao de olhos, alterao de palato. Tambm no foram observados alteraes

nas estruturas sseas. Entretanto, dos parmetros viscerais avaliados, no grupo

exposto o metotrexato, observou-se que 12% dos fetos (3 em 25 fetos) apresentou

hidrocefalia.

A Tabela 8 mostra as medidas utilizadas para a avaliao morfolgica externa

de fetos. Os resultados obtidos indicam que houve uma reduo de todos os

parmetros avaliados, tanto para os grupos expostos ao Lentinula edodes quando

administrado isoladamente como administrado em associao ao metotrexato (latero

lateral do crnio F= 16.757, p 0.0001; antero posterior do crnio: F= 10.518, p

0.0001; Latero lateral do trax: F= 12.761, p 0.0001; antero posterior do trax: F=

26.032, p 0.0001; crnio caudal; F= 31.090, p 0.0001; cauda: F= 19.055, p

0.0001). A associao da dose de 0.8 g/kg/dia de Lentinula edodes ao metotrexato

promoveu as maiores redues nas medidas.

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Tabela 8- Medidas morfolgicas (cm) externas dos fetosde ratas expostas ao Lentinula edodes, ao metotrexato e s associaes,durante o perodo de

gestao.

Medidas

Grupos

Controle SI SII MTX SIMTX SIIMTX

Latero lateral do crnio 0.780.10 0.680.06* 0.640.05* 0.610.05* 0.680.06* 0.590*

Antero posterior do crnio 1.360.22 1.200.08* 1.160.04* 1.100.06* 1.380.24* 0.980.02*abc

Latero lateral do trax 1.010.19 0.870.10* 0.780.08* 0.800.08* 0.860.09* 0.580.05*ad

Antero posterior do trax 0.990.70 0.890.08* 0.780.07* 0.820.07* 0.850.09* 0.620.02*abcd

Crnio caudal 5.64 0.70* 4.980.33* 4.460.21*a 4.480.34*a 4.610.26* 3.360.23*abcd

Cauda 1.340.29 1.07 0.10* 0.940.09* 0.940.11* 1.140.09*b 0.750.05*d

Nota: Grupos controle (soluo salina), (SI) Lentinula edodes 0.4 g/kg/dia, (SII)Lentinula edodes 0.8 g/kg/dia, (MTX) metotrexato, (SIMTX) Lentinula edodes 0.4

g/kg/dia + metotrexato e (SIIMTX) Lentinula edodes0.8 g/kg/dia + metotrexato. *Comparao do grupo controle (p 0.05, ANOVA, Teste de Tuckey-Kramer

mltiplas comparaes); (a) comparao ao grupo SI, (b) comparao ao grupo SII, (c) comparao ao grupo MTX, (d) comparao com SIMTX

5 DISCUSSO

Este estudo fundamenta-se na premissa de que o Lentinula edodespode atuar

como um agente antioxidante, reduzindo os efeitos deletrios dos perxidos sobre

os tecidos. Neste sentido, o metotrexato, frmaco imunossupressor, promotor do

aumento das atividades de espcies reativas ao oxignio, foi utilizado para avaliar os

benefcios do potencial protetor e antioxidante do Lentinula edodessobre a

gestao(STAJI et al., 2013).

Os cogumelos apresentam numerosos compostos com atividadeantioxidante:

como vitaminas, polissacardeos, peptdeos, protenas, cidos orgnicos,

carotenides e compostos fenlicos (BORS; SARAN 1987). E embora

existamnumerosos antioxidantes sintticos que podem melhorar a capacidade do

sistema de defesa, a preferncia ainda dada aos antioxidantes naturais, devido

aos efeitos txicos e mutagnicos que estes antioxidantes sintticos podem

promover (STAJI et al. 2013). Neste sentido, ressalta-se a importncia das

dosagem de compostos fenlicos no Lentinula edodes. O valor encontrado (2.4 mg

decido glico/g base seca) est prximos ao dos estudos realizados por Pauli e

Sylos( 2010). Por lado, Reis et al. (2012) ao extrair compostos fenlicos a partir do

miclio do Lentinula edodes, obtiveram uma dosagem de 12.53 mg/g de cido glico

no extrato. Estas diferenas de dosagem de compostos fenlicos podem estar

diretamente relacionadas ao substrato utilizado no cultivo axnico.

Os compostos fenlicos so conhecidos por suas propriedades anti-oxidantes

e dentre estes, os flavonoides se destacam por esta atividade (DORMAN et al.,

2003). Entretanto, h evidncias de que as atividades biolgicas de flavonides

podem desempenhar um papel duplo em mutagnese e carcinognese. Podendo

atuar como antimutagenicos / promutagenicos e antioxidantes / pr-oxidantes, o que

em grande parte dependente dos nveis de consumo e as condies fisiolgicas

doorganismo (SKIBOLA;SMITH, 2000).

A amostra de Lentinula edodes utilizada neste estudo tambm apresentou

valores de gua e glucanas dentro dos valores preconizados na literatura. O

rendimento seco do Lentinula edodes foi de 10%, o que indica que este cogumelo

apresenta em torno de 90% de sua composio, em gua, e conforme Mattila et al

(2000), isto o indicativo de seu importante valor nutricional.

O resultado da dosagem de glucanas realizados na amostra de lentinula

edodesfoi0.53 g/100g de glicose. Os resultados encontrados apresentam-se dentro

faixa de glucanas obtida para as diversas espcies de cogumelos foi de 0.21g a

0.53g/100g de glicose, realizado em metodologia similar a empregada neste estudo

por Manzi e Pizzoferrato (2000).

A reduo do ganho de peso de gestante um fator importante na avaliao

da toxicidade materna, a qual deve estar associada s alteraes bioqumicas

maternas para a inferncia sobre a toxicidade de um agente externo (GERENUTTI;

DEL FIOL; GORPO,2006); os resultados obtidos neste estudo mostraram que o

Lentinula edodes promove um aumento do ganho de peso quando administrado

isoladamente. Entretanto, nos animais expostos ao metotrexato e nas associaes

pode-se observar uma reduo no ganho de peso.

Os ensaios in vivo com o Lentinula edodes, indicam que este cogumelo no

induz toxicidade materna, quando observados os parmetros para toxicidade renal e

heptica. As dosagens de ALT e ASTnos animais dos grupos experimentais foram

inferiores as do grupo controle. O aumento da atividade da ALTL e ASTL uma

indicativa de leses hepticas, induzidas por agentes exgenos,estudos

randomizados realizados com o metotrexato em humanos, portadores de artrite

reumatoide e hepatite C, indicam que a exposio a este frmaco, no promoveu

alterao nos nveis de AST e ALT(IANNONEet al., 2014).

Somado a isto, tambm se observou uma reduo dos nveis sanguneos de

creatinina nos grupos SII (0.8 g/kg/dia) e SIMTX (0.4 g/kg/dia) em relao ao grupo

controle. Com relao ureia apresentou reduo dos nveis em todos os grupos

experimentais em relao ao grupo controle. Teores sanguneos de ureia e

creatinina aumentados podem estar diretamente relacionados ao teor de protenas

da dieta e serem indicativo de estado patolgico renal (RENN et al., 2000).

Osresultados de avaliao heptica e renal indicam que as mes no apresentaram

efeitos de toxicidade exposio ao Lentinula edodes, ao metotrexato e nem

mesmo s associaes empregadas.

As CAT so enzimas que funcionam como canal de limpeza promovendo

detoxificao do metabolismo celular normal decompondo H2O2 (peroxido de

hidrognio) em H2O (gua) e O2 (oxignio) (BREUSEGEM, 2001).As dosagens

sanguneas de CAT em ratas prenhes indicam que nem o Lentinula edodes, nem o

MTX ou as associaes, promoveram alteraes significativas em relao ao grupo

controle.

As anlises de GHS nas gestantes indicam que o Lentinula edodes na

concentrao de 0.4 g/kg/dia no apresentou diferena do controle, e que o

Lentinula edodes na concentrao de 0.8 g/kg/diadiminuiu o GSH, mostrando que

em concentraes elevadas um composto com potencial antioxidante pode se tornar

um pr-oxidante(SKIBOLA;SMITH, 2000).

Dorman et al. (2003) afirmam que um aumento dos nveis de exposio aos

compostos fenlicos, quer atravs da dieta ou por suplementao, pode,

potencialmente, sobrecarregar o sistema que conduz formao de espcies

reativas de oxignio. Alm disso, estes autores, ressaltam que em perodos onde

existe um aumento do desenvolvimento celular, como na gestao, a exposio em

doses excessivas de substncias que contenham compostos fenlicos pode

promover uma maior sensibilidade celular aos efeitos deletrios do agente pr-

oxidante.

Os resultados obtidos, ou seja, o aumento da concentrao de GSH confirma

a ao oxidante do MTX. Por outro lado, esta atividade oxidante do MTX parece ter

sido inibida quando da associao comLentinula edodes(0.4 g/kg/dia), onde

observa-se uma reduo da GSH. Entretanto, na associao MTX eLentinula

edodes(0.8 g/kg/dia) esta ao oxidante permanece.

Segundo Lucchi et al (2005) pacientes expostos aos agentes que promovem

aumento do nvel de estresse, apresentam aumento da atividade GSH, isso parece

indicar a existncia de um mecanismo de adaptao do organismoem virtude do

aumento dessa atividade. Isto parece justificar o aumento ocorrido nos grupos MTX,

SIMTX, SIIMTX, onde apresentaram um aumento significativo de GSH em relao

ao grupo controle.

Segundo Weber-Schoendorfer et al (2014) o uso ps-concepo de doses

reumatolgicas de metotrexato est associado ao risco aumentado de defeitos

congnitos graves e aborto espontneo.Em nossos resultados a exposio

dometotrexato(MTX), corrobora esta informao, uma vez que o metotrexato (MTX)

promoveu uma significativa perda pr-implantao e uma acentuada perda ps-

implantao. Entretanto, a perda pr-implantao apresenta-se reduzida quando da

associao do metotrexato aoLentinula edodes; e este efeito parece ser dose

dependente, reforando a capacidade de proteo do Lentinula edodes sobre os

efeitos txicos do metotrexato, uma vez que as ratas foram expostas ao Lentinula

edodesdesde o primeiro dia gestao. As ratas expostas associao do

metotrexato com Lentinula edodes0.8 g/kg/dia tiveram suas perdas pr-implantao

inferiores a associao do metotrexato com Lentinula edodes0.4 g/kg/dia, e foram

semelhantes aos do grupo