Universidade do Minho Instituto de Ciências...

91
Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociais João Carlos de Pereira Ferreira e Silva Arantes janeiro de 2014 A Importância da Comunicação Online na Gestão de Eventos: o Caso do Barcelona Festival of Song UMinho|2014 João Carlos de Pereira Ferreira e Silva Arantes A Importância da Comunicação Online na Gestão de Eventos: o Caso do Barcelona Festival of Song

Transcript of Universidade do Minho Instituto de Ciências...

Page 1: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

Universidade do MinhoInstituto de Ciências Sociais

João Carlos de Pereira Ferreira e Silva Arantes

janeiro de 2014

A Importância da Comunicação Onlinena Gestão de Eventos: o Caso do Barcelona Festival of Song

UM

inho

|201

4 J

oão

Car

los

de P

erei

ra F

erre

ira e

Silv

a Ar

ante

s A

Im

po

rtâ

nci

a d

a C

om

un

ica

ção

Online

na

Ge

stã

o d

e E

ven

tos:

o C

aso

do

Bar

celo

na

Fest

ival

of

Song

Page 2: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

Trabalho realizado sob a orientação da Professora Doutora Teresa Ruão

Universidade do MinhoInstituto de Ciências Sociais

João Carlos de Pereira Ferreira e Silva Arantes

janeiro de 2014

Dissertação de MestradoMestrado em Ciências da ComunicaçãoÁrea de Especialização em Publicidade e Relações Públicas

A Importância da Comunicação Onlinena Gestão de Eventos: o Caso do Barcelona Festival of Song

Page 3: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

DECLARAÇÃO

Nome: João Carlos de Pereira Ferreira e Silva Arantes

Endereço eletrónico: [email protected]

Número do Bilhete de Identidade: 12772062

Título dissertação: A Importância da Comunicação Online na Gestão de Eventos: o

Caso do Barcelona Festival of Song

Orientador: Professora Doutora Teresa Ruão

Ano de conclusão: 2014

Designação do Mestrado: Mestrado em Ciências da ComunicaçãoÁrea de Especialização em Publicidade e Relações Públicas

É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

Assinatura: ________________________________________________

Page 4: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

iii

Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço a orientação, ensinamentos, bons conselhos e paciência da

minha orientadora, Professora Doutora Teresa Ruão.

Agradeço também à MSBarcelona, na pessoa de Montserrat Gonzalez e à Doutora

Patrícia Caicedo, Diretora do Barcelona Festival of Song, por me receber e por me

deixar participar no seu projeto, sem o qual não poderia ter desenvolvido esta

dissertação e por tudo aquilo que me ensinou no decorrer do meu estágio.

Agradeço a todos aqueles que de uma forma ou de outra contribuíram para a criação e

desenvolvimento deste projeto, desde os meus amigos e familiares, que nunca me

deixaram desistir, aos participantes do festival.

Agradeço à minha família, à minha Mãe, ao meu Pai e à minha Irmã pelo amor e pelos

ensinamentos que me passaram e que fizeram de mim a pessoa que sou hoje. Por

último, e não menos importante, agradeço e dedico esta dissertação ao meu Irmão, que

ainda que já não esteja fisicamente ao meu lado sei que me acompanha, protege e guia

ao longo da minha caminhada pela vida. Estás e estarás para sempre presente em mim!

Page 5: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

iv

Page 6: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

v

“To live in hearts we leave behind is not to die”

Thomas Campbell - Hallowed Ground

Page 7: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

vi

Page 8: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

vii

Resumo

Titulo: A importância da comunicação online na gestão de eventos: o caso do

Barcelona Festival of Song

A nossa dissertação, centra-se na importância da comunicação online relativamente à

gestão de eventos, principalmente no processo de comunicação do Barcelona Festival of

Song, uma vez que grande parte deste processo se realiza através de meios online. Fator

que muito atraiu a nossa atenção e nos levou a proceder ao seu estudo através de uma

auditoria de comunicação

A nova grande revolução do mundo da comunicação deu-se com o aparecimento da

internet e de todos os seus meios online, especialmente as redes socais. Isso reacendeu o

debate sobre o declínio de um meio de comunicação antigo face ao aparecimento de um

novo e algumas vozes voltaram a levantar-se a prever o fim dos meios tradicionais

perante os meios online.

Sem dúvida que os meios online são muito importantes, e deve ser-lhes dada a devida

atenção. Estes meios são importantes, quer pelo abrangente público que atingem, a

facilidade de utilização e os poucos recursos financeiros que necessitam. As redes

sociais, principalmente, vieram introduzir um tipo de comunicação mais próxima e mais

pessoal relativamente ao recetor da mensagem. Isso deu mais segurança, mas também

mais poder, ao consumidor.

Os meios online já não são encarados como o futuro; eles são o presente e devem ser

utilizados pelas empresas e pelos consumidores de forma estratégica e útil para que os

seus objetivos sejam atingidos.

Palavras-chave: comunicação; música; ópera; internet; redes sociais; meios online;

comunicação online.

Page 9: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

viii

Page 10: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

ix

Abstract

Title: The importance of the online communication in managing events: the case of

the Barcelona Festival of Song

Our dissertation focuses on the importance of the online communication regarding

managing events, especially the communication process of the Barcelona Festival of

Song, given that a great deal of that process is done through online means. This was one

of the factors which draw our attention and led to its study through a communication’s

audit.

The new great revolution in the communication’s world came with the rising of the

internet and its online means, especially the social networks. This has rekindled the

debate about the decline of the traditional means of communication, and some voices

resurfaced foretelling the termination of these means in comparison to the online ones.

It is beyond doubt that the online means are very important, and its due attention must

be given. These means are important because of the range of public they reach, the

simplicity of its use and the few financial resources they require. The social networks,

have introduced a new type of communication, which is closer and more personal when

it comes to the receiver of the message. This has given a bigger sense of security, but

also more power, to the consumer.

The online means are no longer perceived as the future; they are the present and should

be used by the companies and the consumers in a strategic and useful way so that their

goals are met.

Key-words: communication; music; opera; internet; social-networks; online means;

online communication.

Page 11: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

x

Page 12: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

xi

Índice

Agradecimentos ............................................................................................................................ iii

Resumo ........................................................................................................................................ vii

Abstract ........................................................................................................................................ ix

Índice de quadros ........................................................................................................................ xii

Índice de ilustrações .................................................................................................................... xii

1. A comunicação online ............................................................................................................... 4

1.1. O que é a comunicação online ............................................................................................ 4

1.2. A importância da comunicação online ............................................................................... 4

1.3. A evolução da comunicação online .................................................................................... 8

1.4. Comunicação online vs. Comunicação tradicional .......................................................... 11

1.5. Quais os meios de comunicação online – a importância das redes sociais ...................... 17

2. Barcelona Festival of Song® .................................................................................................. 25

2.1. História e criação do festival ............................................................................................ 25

2.2. Em que consiste o festival ................................................................................................ 28

2.3. Objetivos do festival......................................................................................................... 30

3. Metodologia deste Estudo de Caso ......................................................................................... 32

3.1. Os estudos de caso ........................................................................................................... 32

3.1.1. As auditorias de comunicação ................................................................................... 34

3.2. O nosso estudo de caso – auditoria ao processo de comunicação do BFOS .................... 36

4. A comunicação do Barcelona Festival of Song®.................................................................... 40

4.1. Importância da comunicação online ................................................................................. 40

4.2. Processo de comunicação do festival ............................................................................... 42

4.2.2. Meios online .............................................................................................................. 44

4.4. Análise SWOT do BFOS ................................................................................................. 49

4.4. O uso da internet de segunda geração no festival – a ponte com São Paulo .................... 50

Conclusão .................................................................................................................................... 52

Referencias Bibliográficas .......................................................................................................... 55

Anexos......................................................................................................................................... 64

1.Entrevistas ............................................................................................................................ 64

1.1.Patrícia Caicedo – Diretora do Festival ......................................................................... 64

1.2. Josani Keunecke – Professora do festival .................................................................... 69

1.3.Amelia Rivera – Participante do festival ....................................................................... 71

2. Cartazes e Flyers ................................................................................................................. 73

3. Páginas de internet e facebook ............................................................................................ 75

Page 13: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

xii

Índice de quadros

Quadro 1 - Comparação da Comunicação Tradicional e da Comunicação Online ........ 17

Quadro 2 - Esquema resumo do processo de comunicação do BFOS............................ 39

Quadro 3 - Resumo dos meios utilizados ....................................................................... 48

Quadro 4 - Análise SWOT ............................................................................................. 49

Índice de ilustrações

Ilustração 1: Cartaz de promoção do curso de verão do BFOS ...................................... 73

Ilustração 2: Cartaz/flyer de promoção dos concertos do BFOS .................................... 74

Ilustração 3: Cartaz de um dos concertos do BFOS ....................................................... 74

Ilustração 4: Cartaz de pedido de doação ....................................................................... 75

Ilustração 5: Página de internet do Barcelona Festival of Song ..................................... 75

Ilustração 6: Página de internet de Patrícia Caicedo ...................................................... 76

Ilustração 7: Página de internet da Mundo Arts ............................................................. 76

Ilustração 8: Facebook do Barcelona Festival of Song .................................................. 77

Ilustração 9: Facebook Patrícia Caicedo ........................................................................ 77

Ilustração 10: Página de evento do facebook; um dos concertos do festival .................. 78

Ilustração 11: Página de evento do facebook; uma das conferências do curso de verão 78

Page 14: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

1

Introdução

O tema desta dissertação é o Barcelona Festival of Song (BFOS), um festival de música

clássica criado em 2005 por Patrícia Caicedo em Barcelona, e o seu processo de

comunicação.

A área dos eventos sempre foi um âmbito das relações públicas que me despertou

bastante interesse. Interesse esse que foi crescendo, devido ao facto de ter trabalhado

durante diversos anos num espaço de entretenimento e de ter acompanhado o processo

de preparação de diversos eventos organizados pela empresa, desde concertos a festas

temáticas. Esse interesse foi ainda mais reforçado com um curto estágio que realizei

numa empresa de organização de eventos na cidade de São Paulo, no Brasil.

Uma vez que não pude fazer Erasmus, pois já tinha realizado um período de

intercâmbio durante a licenciatura, decidi que iria fazer um estágio durante o segundo

ano do mestrado. Como tinha mais disponibilidade de tempo, resolvi também que esse

estágio teria de ser feito fora de Portugal, preferencialmente em Espanha. Pela simples

razão de que sentia a necessidade de melhorar as minhas capacidades na língua

espanhola. Assim, parti para Barcelona, tendo conseguido um estágio na Mundo Arts

através da Mobility Specialists MS Barcelona.

Durante os cinco meses em que estagiei na Mundo Arts fiz um pouco de tudo e

participei nas diversas atividades desenvolvidas pela organização do BFOS. Refiro-me a

traduções de páginas web, à atualização das mesmas, gestão de mailing lists, contacto

com colaboradores, participantes e professores, gestão de redes sociais, distribuição de

programas e publicidade do festival, contacto com a designer gráfica, avaliação dos

locais dos concertos, receção e acompanhamento dos participantes, supervisionamento e

gestão de outros sete estagiários que se juntaram a nós nas semanas mais próximas ao

Page 15: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

2

festival e organização dos próprios eventos/concertos. Além de tudo isso, quando os

concertos começaram, ajudei a montar e desmontar as salas, a receber os convidados e o

público, geri as necessidades dos artistas, fui fotógrafo e cameraman, distribuí garrafas

de águas, entreguei flores e certificados como forma de agradecimento; em suma, fiz

um pouco de tudo e aprendi mais do que alguma vez poderia imaginar quando

embarquei nesta aventura em terras catalãs.

Assim sendo, depois desta experiência pareceu-nos que seria interessante e produtivo

usar esta experiência profissional como ambiente de análise na preparação desta

dissertação, de modo a tirar partido de tudo o que aprendi durante esta ‘viagem’. Por

essa razão esta dissertação irá centrar no BFOS e no seu processo de comunicação.

Trata-se de um processo de comunicação que é realizado maioritária e principalmente

através de ferramentas online, razão pela qual vamos explorar a importância dessas

ferramentas no mundo da comunicação nos dias de hoje, tendo sempre como referência

e exemplo o caso em estudo. Na verdade, praticamente tudo o que está relacionado com

o festival é tratado online, através de ferramentas como o skype, facebook, Google+,

twitter, mailchimp, joomla!, linkedin, Yahoo gourps, etc.

Ferramentas estas que foram indispensáveis não só na promoção do festival, mas

também na sua organização, uma vez que muitos dos serviços utilizados e contratados

para o festival estavam fisicamente muito distantes de Barcelona. A título de exemplo,

refira-se que a designer gráfica trabalhava a partir da Colômbia, os gestores das páginas

de internet estavam na Índia e o material gráfico (cartazes, flyers, programas) foi

encomendado a uma empresa alemã. Isto já para não falar de todos os contactos prévios

ao festival feitos com alunos e professores, que chegaram de diversas partes do mundo,

como Estados Unidos, Brasil, México, Irlanda, entre outros. Assim, torna-se evidente a

Page 16: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

3

importância dos meios online no BFOS. E, face ao exposto, chegamos ao tema deste

trabalho que enunciamos como: “A importância da comunicação online na gestão de

eventos: o caso do Barcelona Festival of Song”.

O estudo desenvolvido será, agora, apresentado nas páginas seguintes, cuja organização

passamos a descrever. A primeira aborda a temática da comunicação online, a sua

importância e procede à comparação com os meios de comunicação considerados mais

tradicionais. Na segunda parte, falaremos sobre o BFOS, a sua história e os seus

objetivos. A terceira parte consistirá de uma apresentação da metodologia utilizada: os

estudos de caso e auditorias de comunicação. E a quarta e última parte apresenta o

estudo de caso do processo de comunicação do BFOS, onde falaremos do próprio

processo, dos meios utilizados e da importância da comunicação online.

Page 17: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

4

1. A comunicação online

1.1. O que é a comunicação online

A comunicação online refere-se a todo o tipo comunicação escrita ou visual e a todo o

tipo de troca de informações efetuadas através de computadores ou outros meios ligados

em rede. E como referem alguns autores, “a comunicação online data dos últimos anos

da década de 1960 quando pesquisadores norte-americanos desenvolveram protocolos

que permitiam o envio e a receção de mensagens através de computadores. (…) A área

em que comunicação online se começou a difundir primeiramente foi a área da

educação nos anos de 1980, devido ao crescimento do uso dos pc’s” (Warschauer,

2001).1 Esta difusão no meio académico deu-se através do uso de plataformas

percursoras das atuais plataformas de e-learning, que serviam para troca de informações

e comunicação entre alunos e alunos e professores.

As formas e vias de comunicação ligadas à internet são bastante variadas, e vão desde o

e-mail ao instant messaging (IM), passando pelo feedback que o utilizador pode deixar

em blogs, pelos formulários de contacto nas páginas de internet, os fóruns e as salas

chat chegando às redes sociais. Todos estes meios e formatos são considerados meios

de comunicação online.

1.2. A importância da comunicação online

A comunicação online tem tido uma crescente importância nos processos de

comunicação das empresas e das marcas. Numa era em que tudo acontece à velocidade

da luz, em que as pessoas querem ter todas as informações no próprio segundo, querem 1Esta citação assim como todos os materiais lidos e consultados em espanhol e em inglês, assim como as entrevistas efetuadas, foram traduzidos livremente por mim e não foram sujeitos a nenhuma tradução especializada.

Page 18: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

5

tudo, no momento e bem detalhado, a utilização das páginas de internet e das redes

sociais é cada vez mais relevante e mais aconselhada para as empresas que querem ter

sucesso no competitivo e feroz mercado atual.

Na verdade, os hábitos do público e dos consumidores estão a mudar e assim a forma de

comunicar deverá acompanhar essa mudança. “Mark Austin e Jim Aitchinson (2007: 44

e 45) descrevem que ‘a mídia não é mais uma experiência unidirecional: agora ela é um

conceito impossivelmente complexo, ela é infinita…’” (Wypych, s/d: 2). Assim, como

foi referido anteriormente, as empresas devem acompanhar essa mudança na sua forma

de comunicar, devem adaptar-se aos novos mercados e principalmente aos novos

públicos. Públicos estes que têm cada vez mais conhecimento e são mais exigentes.

No seguimento dessa ideia de mudança, pela qual a comunicação está a passar, e da

premente necessidade de acompanhamento dessa mudança, estamos a assistir a uma

forte adaptação, cada vez mais, da publicidade aos meios online. “(…) a publicidade

passa a ser nitidamente relacionada à tecnologia dos meios de comunicação e as

empresas ficam cada vez mais ousadas na utilização dessas linguagens” (Wypych, s/d:

1), linguagens essas que além de ousadas são cada vez mais pessoais e direcionadas

para cada consumidor, ou pequeno grupo de consumidores.

A proximidade com o consumidor torna-se assim maior porque “a internet cria vários

‘nós’, em oposição à mídia de massa que assume o papel de um único ‘nós’ para

difundir a informação. A partir do surgimento da internet a massa também passou a ser

produtora de conteúdo, não existe somente um ‘nós’, todos podem ser ‘nós’ e

disseminadores de opinião” (Wypych, P. s/d: 4), fazendo com que o consumidor se sinta

especial e único. Na verdade, a interação na internet é praticamente de um para um (e

não de um para o público em geral), é muito mais pessoal, o que atraí de uma forma

Page 19: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

6

extremamente considerável o público, uma vez que faz com que o consumidor, aquele

que está a consumir o serviço ou produto, se sinta especial e único e não apenas mais

um no meio de uma multidão à qual a empresa quer impingir o seu produto para

apresentar resultados e lucros.

As regras da comunicação mudaram, como nos diz Bento (2009), e para cativar os

consumidores “é necessário dar-lhes algo em troca, (…) recompensá-los. O produto não

é tudo, há que apelar à criatividade, fazendo com que o consumidor se sinta parte

integrante do produto. A publicidade não pode ser (…) um monólogo.” O tempo da

‘ditadura da publicidade’ acabou. Os consumidores estão mais informados e seletivos.

Cada vez têm mais a capacidade e o poder de decisão, a informação e a escolha são

tantas que se vai tornando mais e mais complicado uma organização conseguir vender o

seu produto. Já quase nada é novo ou diferente o suficiente para que o produto se venda

por si mesmo, a criatividade e a proximidade ao consumidor são fatores chave.

A ideia, referida no parágrafo anterior, que Bento (2009) nos transmite de que “o

produto não é tudo” é bastante interessante e cada vez mais importante. O consumidor

quer sempre comprar algo mais do que um simples produto, quer comprar uma história,

uma memória, uma recordação, por vezes quer comprar o status que o produto lhe pode

trazer, a unicidade, a posição de detentor de algo único e especial. Nem que esse

sentimento de ser especial seja sentido apenas pelo consumidor, o importante é que ele

sinta que o que está a comprar é muito mais do que um simples produto, porque um

simples produto pode ser encontrado em qualquer lugar, mas aquele que é especial e

como consequência torna o consumidor especial também, com algo mais, não. Assim, a

publicidade deve comunicar muito mais do que apenas o produto que está a tentar

vender, mas todas estas ideias e sentimentos.

Page 20: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

7

Seguindo esse percurso de mudança, de que temos estado a falar, e da evolução dos

tempos e da própria comunicação, é compreensível que a publicidade online veja a sua

importância a aumentar e tenha cada vez mais força no processo de comunicação das

empresas. Por estas razões, como refere Wypych (s/d: 2) “muitas empresas estão

dependendo cada vez menos da publicidade paga. A publicidade nos meios de

comunicação de massa não mais desempenha o papel central no marketing. Os

consumidores estão saturados com milhares de anúncios publicitários no dia-a-dia. Para

diminuir os gastos com a publicidade de massa, bem como para encontrar novas formas

de se comunicar com os consumidores, as empresas têm de se voltar para outros

métodos (Cafferky, 1999: p. 15) ”. Métodos esses que passam, necessariamente, pelos

meios online, pelas redes sociais, pelos blogs e pelas páginas de internet.

Como defende Reino (s/d: 2) “as novas tecnologias de comunicação e armazenamento

de dados vem revolucionando todos os sectores da nossa sociedade. Para as empresas

que querem permanecer vivas e com lucratividade nos dias de hoje é essencial dominar

as novas formas de comunicação e relacionamento que a internet oferece.” Esta

necessidade de dominar o mundo online não é importante apenas para empresas novas

ou para aquelas que têm como público-alvo os jovens, nem mesmo apenas para

empresas que comercializam produtos ou serviços relacionados com o próprio mundo

online ou com as novas tecnologias. Como é explicado num artigo da página de internet

da empresa Brandignity2, esta necessidade de dominar o mundo online abrange todos os

tipos de empresas “independentemente da indústria na qual opera, a mídia social deve

ser uma parte importante da sua estratégia de publicidade e relações públicas. Todos os

negócios devem ter algum tipo de plataforma de marketing de redes sociais e este deve

ser utilizado pelo menos uma vez por semana, ou idealmente diariamente.” 2 www.brandignity.com é uma empresa de marketing de motores de busca fundada em 2010 que se tem tornado cada vez mais uma

referência e tem entre os seus clientes empresas como o Bank of America e o The Wasinghton Post.

Page 21: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

8

Por todas estas razões, o número de empresas que vem aderindo à comunicação online

tem aumentado, segundo pesquisas efetuadas e citadas por Clara Shih, C.E.O. da

Hearsay Social, num artigo da revista administradores.com “73,5% das empresas norte-

americanas já consideram as mídias sociais primordiais para a estratégia de suas

empresas. O facebook é a principal forma dessas empresas conseguirem conversar e

conhecer o seu público”, é também uma forma das empresas estarem cada vez mais

próximas do seu público, fazendo cada um dos integrantes desse público sentir-se único

e especial, o que é algo bastante importante, como já referimos anteriormente.

Nas palavras de Patrícia Caicedo, na entrevista que nos concedeu, uma das grandes

mais-valias e alterações que a internet veio trazer não só, mas principalmente, ao mundo

da comunicação foi a “democratização do acesso aos grandes públicos. O investimento

necessário para se poder promover é muito menos do que o que se necessitava nos

tempos em que não existia internet.” (Caicedo, entrevista: 2013)3

1.3. A evolução da comunicação online

Como já referimos no primeiro ponto deste capítulo, a comunicação online surgiu nos

últimos anos da década de 60 do século XX quando foram desenvolvidos protocolos

que permitiam o envio e a receção de mensagens através de computadores (Warschauer,

2001). E, desde então, num espaço de pouco mais de cinquenta anos, a evolução foi

tremendamente rápida e grande. Evoluímos de uma época, entre os anos 1930 e 1970,

em que as tecnologias chegaram a ser apelidadas de ‘instrumentos de tirania’ (Ferreira,

2003: 6), até aos dias de hoje em que as tecnologias são uma parte completamente

integrante e ativa das nossas vidas. 3 Excerto da entrevista concedida pela diretora do Barcelona Festival of Song, Dra. Patrícia Caicedo. Entrevista reproduzida na integra nos anexos desta dissertação.

Page 22: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

9

Passamos de computadores que ocupavam salas inteiras e tinham pouca capacidade de

memória, eram lentos e realizavam apenas operações muito simples e básicas, até

computadores que são cada vez mais pequenos e finos, a tablets e mini-tablets que são

capazes de realizar todo o tipo de operações, rapidamente e com uma capacidade de

resposta incrível. Essa evolução verificou-se de forma ainda mais rápida e alucinante no

que toca à internet. Hoje em dia temos o mundo na palma da mão! Sem sairmos do

lugar onde estamos podemos viajar a países longínquos, a outros planetas até; podemos

conversar com amigos e familiares que estão a milhares de quilómetros de distância;

podemos fazer compras, desde arroz, a sapatos passando por livros e todo o tipo de

artigos; podemos trabalhar, enviar emails, fazer reuniões, videoconferências; podemos

deixar todos os nossos amigos saberem o que estamos a fazer, onde e com quem, o que

estamos a comer, que música estamos a ouvir, se estamos contentes ou tristes, alegres

ou zangados, apaixonados ou de coração partido e até se estamos com dor de barriga. É

o mundo digital, sem o qual já praticamente nenhum habitante de um país tecnológica e

eletronicamente evoluído, consegue viver. Já quase não sabemos existir sem o iPhone, o

iPad, o iPod, um androide, o iMessage, o whatsapp, o facebook, o twitter, o instagram,

o tumblr, o Youtube e outros tantos blogs e redes sociais.

Hoje em dia é tão trágico ficar sem internet como na década de 90 do século passado era

ficar sem eletricidade a meio de um campeonato de Sonic na Sega Saturn. Devo

reforçar, uma vez mais, que esta é uma ideia talvez exagerada e caricaturada que só se

aplicará a uma parte da população de alguns países do primeiro mundo e que de algum

modo pode pretender representar toda a população do globo. Aliás, em algumas regiões

pode ser encarada como uma afronta aos verdadeiros problemas e tragédias que

populações inteiras de países subdesenvolvidos enfrentam diariamente. Algo que não

Page 23: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

10

queremos, de modo algum, ignorar, queremos apenas mostrar como a internet se impôs

rapidamente no estilo de vida europeu e, sobretudo, norte-americano.

“Paralelamente à evolução tecnológica já referida, surge uma mudança social provocada

pelas mudanças de hábitos e pela universalidade do uso da internet. Dada a sua maior

apetência à adoção de novas tecnologias” (Passos, 2011: 11) as gerações mais jovens

são as mais afetadas e as que mais utilizam estas novas ferramentas de comunicação. “É

então importante frisar as características de uma geração que acompanha o crescimento

exponencial da internet e dos seus efeitos, habituada desde o primeiro dia a uma

realidade social e tecnológica completamente diferente (Dionísio, Rodrigues, Nunes,

Faria e Canhoto, 2009) designada de Geração Y” (Passos, 2011: 11).

As novas gerações nasceram com a internet, enquanto as gerações anteriores tiveram de

mudar o hábito de usar aparelhos mais elementares, em grande parte dos casos, como

telemóveis com a capacidade única de fazer e receber chamas e enviar e receber

mensagens. Estes tiveram de se habituar a trabalhar com aparelhos que são telemóveis,

computadores, tablets e máquinas fotográficas, tudo ao mesmo tempo; ao contrário das

novas gerações, que conhecem apenas esses aparelhos mais evoluídos. Assim não é de

estranhar que o neto de seis anos mexa com muita mais facilidade num iPhone do que a

avó, que na altura em que tinha seis anos ainda utilizava lousas para aprender a escrever

nas salas de aula.

Assim vemos como a evolução das novas tecnologias e principalmente da internet foi

galopante nas últimas décadas e principalmente na última década, que foi quando surgiu

o facebook, que é o que podemos considerar, até hoje, uma das maiores revoluções a

nível de internet e de novas tecnologias. O facebook surgiu apenas em 2004 e desde

Page 24: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

11

então provocou grandes alterações no ‘mundo’ que o utiliza. E essas alterações, como é

óbvio, também atingiram e mudaram o mundo da comunicação.

1.4. Comunicação online vs. Comunicação tradicional

Segundo a definição do Dicionário de Comunicação (Rabaça, 1987: 151) “a palavra

comunicação deriva do latim comunicare, cujo significado seria ‘tornar comum’,

‘partilhar’, ‘repartir’, ‘trocar impressões’, ‘conferenciar’. Comunicar implica

participação (comunicatio tem o sentido de participação”)”. Por seu lado, para Miller

(Rabaça, 1987: 151) comunicação “significa informação que passa de um lugar para o

outro”. O que vai de encontro à definição de Hovland (Rabaça, 1987: 151), que nos diz

que “a comunicação é o processo por meio do qual o individuo (o comunicador)

transmite estímulos (geralmente símbolos verbais) para modificar o comportamento de

outros indivíduos (recetores)”.

Todas estas definições, vão de encontro ao que aprendemos em comunicação sobre o

seu processo. Este procedimento depende de vários fatores e é influenciado por diversos

condicionantes. Assim, o processo de comunicação necessita de um mínimo de dois

indivíduos, um emissor e um recetor. Para dar início ao processo, o emissor irá tentar

transmitir, ao recetor, um sinal, informação, ideia ou conceito, sendo para isso

necessário um canal de comunicação, canal esse que pode assumir variadas formas

físicas ou tecnológicas. É importante que a informação que vai ser transmitida seja

traduzida para um código conhecido por todos os intervenientes, caso contrário isto

pode tornar-se um condicionante muito grande. Para evitar um outro condicionante é

também necessário fornecer um contexto à mensagem a ser transmitida, de outro modo

esta pode não ser bem compreendida. Todos estes fatores de contexto podem ser

Page 25: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

12

denominados de ruído, ruído este que engloba tudo aquilo que dificulta o processo de

comunicação e perturba a receção ou compreensão da mensagem enviada pelo emissor.

Por fim, a finalidade do processo de comunicação é criar feedback ou gerar reações e

respostas por parte do recetor. Só assim sabemos se o processo foi bem executado e

conhecemos a opinião do recetor à nossa ideia.

Ora, o mundo da comunicação sofreu muitas alterações desde que estas definições

foram escritas em 1987, mas a verdade é que elas continuam a ser corretas e até atuais,

porque certas coisas não mudam, apenas se têm de adaptar a novas circunstâncias. Uma

dessas grandes mudanças (ou circunstância que se alterou, como lhe queiramos chamar)

que se deu no mundo, e não apenas no da comunicação, foi o crescimento da internet.

Este crescimento fez com que o mundo da comunicação sofresse grandes alterações,

sendo uma delas o aparecimento da comunicação online. Como já vimos anteriormente,

a definição de Hovland (in Rabaça, 1987: 151) continua a ser muito corrente se apenas

lhe adicionarmos os estímulos visuais, interativos e sensoriais, entre outros, que nos

foram trazidos pela comunicação online.

As formas de comunicar mudaram bastante na última década, cada vez mais o online é

preferido ao tradicional, porque é mais rápido, atinge um maior número de pessoas e é

mais barato. Mas ainda assim a comunicação tradicional continua a ser bastante usada,

referimo-nos aos anúncios de televisão, de rádio, da imprensa escrita ou aos outdoors

que continuam a ser utilizados. Apesar de alguns autores, como João Passos (2011: 10)

do Lisbon University Intitute, defenderem que “as tradicionais estratégias de Marketing

e a exposição de produtos através dos meios tradicionais estão em pleno declínio nesta

nova era”. João Passos segue explicando porque acredita que a comunicação tradicional

está em pleno declínio, dizendo que “a maturação do mercado e da experiência online

Page 26: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

13

levou à constatação de que a eficácia do meio televisivo, rádio, imprensa e outros

tradicionais tem vindo a decair ao longo dos últimos anos” (2011:10).

Ainda assim, apesar de reconhecermos a veracidade e razão às ideias defendidas por

Passos, não cremos que a comunicação tradicional como a conhecemos alguma vez vá

desaparecer. Outras grandes mudanças aconteceram ao longo da história, outras formas

de comunicação apareceram e isso não significou necessariamente a extinção das que já

existiam. Por exemplo, quando se iniciou a era da televisão muitos previram que seria o

fim da rádio, causado pelo desinteresse das pessoas, pois a televisão era muito mais

interessante, apelativa e atrativa. Tal não aconteceu, deu-se uma adaptação às novas

circunstâncias e formas de comunicação, mas a rádio sobreviveu, ocupando o seu lugar

no mundo da comunicação e coexistindo com a televisão. O mesmo acontece/acontecerá

com a comunicação online e a comunicação tradicional. Com o aparecimento da

primeira, a segunda teve de passar por processos de mudança, de forma a adaptar-se à

nova realidade, mas isso não significa que irá ser extinta. Assim como no século

passado a rádio e a televisão se adaptaram de forma a coexistirem, também agora os

meios online e os tradicionais se adaptarão.

Ainda assim, Passos, não é o único a defender esta ideia da extinção dos meios

tradicionais, encontramos um artigo do blog addcomunicacao.com (s/a, 2012) que nos

apresenta dados mais concretos relativamente a investimentos realizados nestas duas

áreas da comunicação de forma a defender essa mesma ideia. O artigo diz-nos que:

“A comunicação está a mudar, bem como os locais de procura de informação e contacto com os novos produtos e serviços. De forma a acompanhar as mudanças do comportamento dos consumidores os marketers também estão a mudar os meios que privilegiam na hora de inserir publicidade. De acordo com as perspectivas da eMarketer, com base no mercado dos EUA, a grande tendência de crescimento no investimento publicitário irá

Page 27: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

14

para o meio online, com uma estimativa de crescimento acima dos 20% para este ano, quase 40 bilhões de dólares. Uma aposta derivada da atual conjetura económica e do desenvolvimento das Redes Sociais e novas funcionalidades dos sites. Esta tendência de aposta nos sites como veículo para chegar ao consumidor será mantida até 2014 num crescimento de dois dígitos, prevendo-se que em 2016 o valor do investimento publicitário neste meio alcance os 62 bilhões de dólares. Este fenómeno de rápido crescimento dos meios online face aos mais tradicionais, em especial os meios em papel como jornais e revistas, fará com que pela primeira vez o investimento em publicidade online nos EUA ultrapasse o valor total gasto em jornais e revistas impressas, 39,5 bilhões de dólares vs 33,8 bilhões de dólares. Relativamente à televisão, os elevados custos de inserção de publicidade fazem com que seja o meio com o maior investimento publicitário, contudo devido às dificuldades económicas e ao crescimento dos meios online terá um crescimento bastante lento. As estimativas indicam que em 2016 sejam investidos aproximadamente 72 bilhões de dólares neste meio, apenas mais 10 bilhões do que nos meios online. Estes valores, quando comparados com as previsões para 2012 (64,8 bilhões de dólares e 39,5 bilhões de dólares respetivamente) demonstram o forte crescimento que se prevê na escolha dos meios online. Este estudo vem demonstrar a crescente importância da internet e da sua presença no dia a dia dos consumidores, demonstrando uma mudança dos estilos de vida e das preferências num curto espaço de tempo, fazendo com que seja crucial a atualização das empresas às novas tendências do mercado”.

Este artigo mostra-nos as grandes mudanças que os processos de comunicação têm

sofrido desde o aparecimento do online. Tem mudado não apenas a forma de

comunicar, mas também a forma como as empresas encaram essa mudança. Se existiam

algumas que no início eram relutantes a aceitar estas mudanças, hoje em dia já são

muitos poucas, ou quase nenhumas, as empresas que não aderiram ao online, nem que

seja com uma simples página de internet da empresa ou perfil no facebook.

Page 28: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

15

Ainda assim, a comunicação tradicional continua a ter uma grande importância nos

processos de comunicação das empresas, como nos diz West (s/d in

smallbuisness.chron.com) “os canais de comunicação online tais como as páginas de

internet, os blogs e as redes sociais tomaram a indústria da comunicação de assalto.

Ainda assim, os canais de comunicação tradicionais continuam a ser muito relevantes e

uteis para atingir uma audiência alvo. Os canais de comunicação tradicionais têm as

suas vantagens e desvantagens, as quais devem ser consideradas para comunicar

eficazmente”.

Uma das principais alterações que a comunicação online veio trazer aos processos de

comunicação foi a possibilidade do público se envolver muito mais nesses mesmos

processos. A interação, a possibilidade de se expressar e dar a sua opinião é muito

importante para o público. “Segundo Eco (1993), a pós-modernidade não se trata apenas

de um conceito científico e sim de um estado de espírito que deve ser percebido dentro

do sujeito e do contexto no qual se insere, pois cada um imprime um ritmo e uma forma

de pós-modernidade” (Vieira, s/d: 4), sendo que neste caso um fenómeno da pós-

modernidade é o das redes sociais e o online. Esta ideia de que a comunicação deixa de

ser algo tão inatingível e passa a ser algo mais próximo ao público, é muito importante

para o consumidor sentir que faz parte do processo e que tem poder de decisão e

escolha. Indo tudo isto, de encontro à ideia que já defendemos anteriormente da

necessidade de fazer com que o consumidor se sinta único e especial e sinta, acima de

tudo, que tem uma voz e que essa voz é ouvida.

Esta ideia é suportada pela noção de comunidade, se tivermos em atenção que “tudo o

que é feito online rodeia o conceito de construção de uma comunidade ou um grupo de

animadores que podem apoiar o seu negócio. As pessoas gostam de sentir que fazem

parte de algo único e especial e isso geralmente surge de ser parte de uma comunidade.

Page 29: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

16

A força de uma comunidade é uma força de branding muito poderosa que pode fazer

crescer significativamente um negócio on e offline” (s/a, 2011 in brandignity.com).

Essa noção de comunidade é muito importante, e foi cada vez mais alargada no

facebook com a criação de grupos e páginas de determinada marca ou produto. “O

consumidor tem a opção de se associar à comunidade que quiser e dentro dessa

comunidade pode expor livremente as suas ideias e criticas, comentar produtos e

serviços, trocar opiniões com perfeitos desconhecidos”, refere Passos (2011: 12), que

partilham os mesmos gostos que ele.

“De certo modo, essa nova forma de comunicar, surgida a partir das redes sociais,

possibilita que o relacionamento entre partes de criação e consumo final se torne mais

aberta, com a opinião ativa do público”, afirmam Brittos, Reckziegel (2011: ed. 672).

Essa proximidade com o consumidor é muito importante para ambas as partes, passando

“o consumidor a ter mais poder de comunicação, (…) na prática passa ele a controlar o

meio e a forma como o meio está disponível (Dionísio, Rodrigues, Nunes, Faria e

Canhoto, 2009) o que lhe confere um maior poder negocial” (Passos, 2011: 12). Tendo

o consumidor esse poder, sente-se mais próximo e ganha mais confiança na marca ou

produto, o que fará com que o consuma mais ou o divulgue, o que é positivo para a

empresa também. Assim é uma situação que beneficia ambas as partes.

Dadas estas considerações, cremos que não podemos dizer que a comunicação online é

melhor do que a comunicação tradicional ou vice-versa. Ambas são importantes e

indispensáveis aos processos de comunicação das empresas que querem ver as suas

marcas ou produtos divulgados e consumidos pelo público. Nenhuma delas deve ser

considerada mais importante do que a outra, elas devem complementar-se e os

Page 30: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

17

responsáveis pela comunicação das empresas devem saber usar ambas de forma

apropriada, beneficiando assim as empresas e os consumidores.

De seguida apresentamos um quadro resumo onde enumeramos as diferenças entre a

comunicação tradicional e a comunicação online:

Comunicação Tradicional Comunicação Online

Unidirecional; Bidirecional;

Distante do consumidor; Próxima ao consumidor;

Estanque à opinião do consumidor; Aberta à opinião do consumidor;

Não influenciável (instantaneamente) pela

opinião do consumidor;

Influenciada pela opinião do consumidor;

Depois de criada e apresentada ao público

não sofre alterações;

Vai sendo alterar consoante as opiniões e

reações do público;

Dispendiosa; Mais barata;

Quadro 1 - Comparação da Comunicação Tradicional e da Comunicação Online

1.5. Quais os meios de comunicação online – a importância das redes

sociais

São considerados meios de comunicação online todos os meios de comunicação que

utilizam como suporte a internet. Como foi mencionado nos pontos anteriores, estes

Page 31: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

18

meios de comunicação surgiram e evoluíram nos últimos anos, principalmente na última

década e têm crescido muito em termos de adesão por parte do público.

De entre estes meios, os que têm mais sucesso e adesão por parte do público são as

redes sociais, Boyd e Ellison (2008: 2), definem redes sociais “como serviços baseados

na web que permitem que qualquer indivíduo: (1) construa um perfil público ou

semipúblico, (2) articule uma lista de outros utilizadores com os quais partilha uma

ligação (vulgarmente designados por amigos), (3) veja e cruze a sua lista de ligações

com aquela construída por outros indivíduos dentro do sistema”.

Ainda de acordo com Boyd e Ellison (2008: 2), “o que torna as redes sociais únicas é

que não só permitem a indivíduos conhecerem estranhos, mas antes permitem que os

utilizadores articulem e tornem visíveis as suas próprias redes” e opiniões com grande

facilidade e rapidez, até no que diz respeito ao contacto com as empresas e marcas.

Na era anterior às redes socais, se queríamos fazer uma sugestão, critica ou reclamação

(já não falando da era anterior à internet – quando tínhamos de utilizar a ‘caixa de

sugestões’) tínhamos de o fazer na página de internet da empresa, preenchendo um

formulário, submetendo a nossa sugestão e depois tínhamos de esperar por uma

resposta, isto se ela viesse. Hoje em dia, com o facebook é muito mais fácil emitirmos a

nossa opinião relativamente a um produto, serviço ou empresa. Ainda que não o

façamos diretamente à empresa, se esta não tiver uma página ou perfil no facebook,

podemos colocar um comentário no nosso mural que chegará à nossa rede de amigos e

pode ser comentado e até partilhado, gerando algum buzz em torno do assunto. Se a

empresa utilizar o facebook, este processo torna-se ainda mais simples e direto.

Simplesmente vamos à sua página e deixamos a nossa opinião no mural. Geralmente a

resposta é quase imediata, até porque quase todas as grandes empresas (e não só) têm

Page 32: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

19

um departamento para gerir as redes sociais. O potencial de resposta é muito elevado,

assim, se a empresa fizer uma boa gestão das suas redes sociais, quase que

imediatamente recebemos uma resposta ao nosso comentário, quer seja para agradecer a

sugestão ou ideia ou para rebater a critica e explicar-nos porque é que estamos errados

ou porque é que a empresa agiu de determinada forma.

Convém referir que as empresas devem ter muita atenção às redes sociais e a quem as

colocam a gerir, pois ao contrário dos antigos formulários online, as redes sociais são

públicas e toda a gente que está nelas pode ver os comentários, sendo praticamente

impossível ignora-los ou não os gerir da melhor forma possível. As empresas devem ter

muita atenção ao facto de ainda acontecer que, ao contrário das céleres respostas de que

falávamos no parágrafo anterior, por vezes os comentários não obtêm resposta, ou pior,

são apagados ou geridos da pior forma possível.

Um exemplo e prova disso foi o que se passou na página do facebook da EDP –

Energias de Portugal, quando em 2011 a utilizadora Joana Couve Vieira publicou um

comentário opondo-se ao plano nacional de barragens e adicionou o link de uma página

que havia sido criada contra esse mesmo plano. A forma que a EDP encontrou para lidar

com a crítica foi apagar o comentário da utilizadora alegando que esta não havia

cumprido o código de conduta da página. Tal gerou uma grande controvérsia,

despoletando milhares de comentários que já não se prendiam com o plano nacional de

barragens, mas sim com a censura e a má gestão da rede social por parte da empresa.

(Ribeiro, 2011 in publico.pt)

Ora este tipo de situações de má gestão das redes sociais não podem acontecer, pois

trazem uma repercussão muito negativa para a empresa. Neste caso, os responsáveis

pela gestão das redes sociais da EDP podiam ter optado por simplesmente encerrar a

Page 33: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

20

página de facebook alegando que não tinham condições de gerir adequadamente os

comentários e opiniões, mas o facto de terem apagado o comentário da utilizadora rasou

a censura. Deu uma ideia de que os responsáveis estavam a tentar ‘calar’ a utilizadora

porque ela tinha razão e eles não sabiam como rebater as suas alegações. Então

apagaram o comentário na esperança de ‘pode ser que mais ninguém tenha visto e a

coisa ficar por aqui’, o que não foi, de todo, a abordagem mais correta.

Assim que a gestão das redes sociais é muito importante. Como nos diz Bento (2009),

“a regra da web não é estar simplesmente online, mas estar presente nas redes sociais

com qualidade.” A empresa deve garantir que tem os meios apropriados para as gerir

antes de aderir às redes sociais. Ideia que nos é confirmada pela diretora do festival,

Patrícia Caicedo, quando afirma que “a internet é uma ferramenta muito importante que

deve ser utilizada com prévio conhecimento da mesma e dos mercados.” (Caicedo,

entrevista: 2013).

De acordo com Brittos e Reckziegel (2011: 672):

“com a crescente explosão de redes sociais, verificada nos últimos anos, a mudança de comportamento (…) das organizações para com a mídia passou por uma (esperada) mudança. Em muitos casos, as relações (…) tiveram de ser readaptadas e estruturadas para o uso das tecnologias digitais. Através da internet surgiram novas formas de comunicação, capazes de mudar essa dinâmica, obrigando empresas a se reinventarem e atrair públicos interessados em programas originalmente destinados ao entretenimento. As acções de propaganda e marketing através dos meios tradicionais perderam espaço gerando novas formas de comunicação mercadológica”.

Não foi apenas a forma de comunicar das empresas que mudou com o aparecimento das

redes sociais. Depois de terem surgido, as próprias redes sociais foram sofrendo

Page 34: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

21

alterações como nos diz “Castells (2001: 384, in Reino, s/d: 8) (…) as redes sociais

foram se desenvolvendo, a partir do que as pessoas foram realizando dentro delas,

incluindo então ações e realizações de marketing”. Assim, não foi apenas o mercado

que se adaptou às redes sociais, mas as redes sociais também se adaptaram aos seus

utilizadores e às suas necessidades, acabando por passarem “a ser utilizadas como

ferramentas de comunicação com o mercado, pois, (…) estas tratam espaços de

sociabilidade de construção identitária, recursos estes muito caros na agregação de

valores de um produto no mercado” (Vieira, s/d: 11).

Como temos vindo a provar ao longo desta dissertação, as redes sociais, e

principalmente o facebook são uma grande ajuda quando o objetivo é criar uma relação

mais próxima e amistosa entre as empresas e os clientes. Assim que, cada vez mais, as

empresas têm tentado encontrar formas sempre mais eficazes de contactar e atingir os

seus clientes através das redes sociais. Indo, tudo isto, de encontro à importância

anteriormente referida da boa gestão das redes sociais por parte das empresas.

A importância das redes sociais nos processos de marketing das organizações já foi

bastante reforçada ao longo desta dissertação. Um outro ponto que é tão pertinente

como a relevância das redes sociais, é a forma como as organizações as estão a utilizar.

Porque de nada serve o facto de os meios online serem uma plataforma tão importante e

abrangente se as organizações não souberem tirar o melhor partido possível delas. Neste

contexto, torna-se também, de grande pertinência tentar compreender até que ponto

estas plataformas são eficazes na divulgação dos conteúdos das organizações.

“Segundo Clara Shih, uma das maiores especialistas sobre o assunto, as pessoas e

empresas não podem deixar de estar próximas de onde os seus clientes estão” (Gomez,

2013: 7) e os clientes estão cada vez mais nas redes sociais. As empresas não podem

Page 35: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

22

também esquecer que “o Facebook é uma ferramenta (…) utilizada para criar buzz”

(Rebelo & Alturas, 2011: 6), e devem assim aprender a utilizar isso a seu favor e a favor

das suas empresas e marcas.

No último parágrafo da sua dissertação, João Passos, diz-nos que o facebook é a maior

rede social do mundo, e a verdade é que o crescimento da rede social não para. E tem

sido um crescimento fascinante, especialmente por ser num tão curto espaço de tempo.

O facebook passou de 500 milhões de utilizadores em 2010, quando já nessa altura

detinha o título de site mais visitado da internet, ultrapassando até o motor de busca

Google (Gomez, 2013: 7), para os mais de 1000 milhões de utilizadores ativos, segundo

fontes recentes. (Soares, 2013: in publico.pt). Assim, é impossível ignorar o poder e a

força deste meio de divulgação, de geração de opiniões, de partilha de informações e

nenhuma empresa o deve fazer.

Ainda na dissertação de João Passos do Lisbon University Institute (2011), encontramos

uma passagem que resume de forma bastante explicita tudo o que defendemos nos

últimos parágrafos sobre as redes sociais. João Passos (2011: 17) diz que:

“(Algumas empresas) apenas começaram a utilizar as redes sociais há pouco tempo, facto coerente com a novidade que estas plataformas constituem e ainda com a noção da sua utilidade num âmbito de marketing. Com efeito, as empresas mais pequenas foram as mais céleres na adoção desta abordagem digital através das redes sociais, talvez (especulam os autores) pelos baixos custos de entrada associados assim como por não -haver necessidade de mão-de-obra especializada a trabalhar neste tipo de promoção. No que se refere às equipas por detrás da gestão da presença das empresas nas redes sociais, estas variam na dimensão conforme a própria dimensão da empresa, variando de uma pequena equipa apoiada geralmente por uma consultora de marketing digital, até uma pessoa responsável pela gestão de todas as páginas da empresa online. Sem excepção, todas as empresas analisadas utilizam as redes sociais como uma

Page 36: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

23

forma directa, rápida e eficiente de comunicação com os seus clientes. Algumas, no entanto, começam também a descobrir as potencialidades destas plataformas para obter avaliações dos clientes em relação a determinada campanha ou produto, como instrumento de branding e até como geradora de vendas. O tipo de rede social usada varia conforme os objectivos de marketing e conforme o tipo de cliente que se quer atingir. Ainda que estas acções nas redes sociais sejam usadas em complementaridade com divulgação na TV, Websites, E-mail ou publicidade SEO (Search Engine Optimization), existe um problema com a medição exacta do impacto destas acções no consumidor. No entanto, todos os entrevistados concordam que os resultados destas acções são excelentes pelo irrisório investimento necessário e todos percepcionam que há uma grande aceitação por parte dos seus clientes no esforço feito para se aproximarem deles. Isto gerará, com certeza, maior investimento no futuro e uma integração total das redes sociais nas estratégias de marketing. As companhias que utilizam redes sociais no âmbito de marketing estão a usar o método da tentativa e erro na procura da melhor forma de extraírem o melhor partido, mas não há dúvidas de que, (…) as redes sociais sejam uma plataforma de aposta, especialmente para os que têm menores meios e menores apoios.”

As afirmações de João Passos continuam a ser verdade, mesmo dois anos depois de ele

as ter escrito, com o pequeno pormenor de que o futuro de que fala já chegou e neste

momento já praticamente todas as empresas aderiram às redes sociais. Desde a pequena

padaria ou loja de informática do bairro até à multinacional de moda ou pneus para

automóveis, o tipo de organizações que estão presentes no facebook é impressionante.

Agora é o futuro, e no mundo em que vivemos, que se move a uma velocidade

vertiginosa, em que tudo muda de um momento para o outro e estar atualizado para

vingar em qualquer área de negócios é quase tão importante quanto comer é para

sobrevivermos, as empresas não podem ignorar o peso e a importância da comunicação

online e das redes sociais, principalmente do facebook que apesar de toda a

Page 37: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

24

concorrência continua a ter mais do dobro dos utilizadores do seu concorrente mais

próximo, o Google+, que tem neste momento 500 milhões de utilizadores registados

(s/a, 2013 in veja.abril.com.br), apesar de pouco se ouvir falar dele, ou do twitter, que

apesar de ter apenas 200 milhões de utilizadores (Pereira, 2013: in publico.pt) tem

bastante força, especialmente nos Estados Unidos, onde grandes personalidades,

celebridades e opinion makers o utilizam para opinar sobre todo o tipo de assuntos.

Page 38: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

25

2. Barcelona Festival of Song®

2.1. História e criação do festival

O Barcelona Festival of Song (BFOS) foi criado em 2005 por Patrícia Caicedo,

colombiana, médica e soprano residente em Barcelona há vários anos. Como nos foi

dito pela própria na entrevista que realizamos, e que está transcrita nos anexos desta

dissertação, apesar de ser médica a música sempre fez parte da sua vida e sempre foi

uma paixão. Estudou música desde os cinco anos e após terminar o curso de medicina

continuou a dedicar-se ao estudo do canto e da música. Durante vários anos conciliou a

medicina com a música e ao longo desse processo foi-se apercebendo que a música a

fazia feliz e aos poucos começou a surgir a ideia, e a possibilidade, de se dedicar a ela

por completo e a tempo integral. Foi um processo lento e “orgânico” como a própria

diz, mas quando finalmente chegou o momento de ter de escolher entre a medicina e a

música, o amor pela música falou mais alto. Acabando até por academicamente se focar

na música. Patrícia completou no início de 2013 o doutoramento em musicologia na

Universidad Complutense de Madrid.

Ao longo dos seus estudos e da sua carreira musical, Patrícia sempre se debruçou sobre

a música clássica, principalmente sobre o repertório vocal da América Latina e da

Península Ibérica. Desde que começou a estudar música, Patrícia apercebeu-se que

havia um nicho no mercado relativamente à música da América Latina e da Península

Ibérica. Normalmente todos aqueles que estudam e interpretam música clássica cingem-

se aos repertórios mais famosos, o italiano, o alemão, o francês, entre outros, mas pouco

ou nada havia dedicado ou centrado na música clássica produzida nos países da

América Latina e da Península Ibérica. O repertório destes países, apesar de pouco

divulgado é bastante extenso e rico.

Page 39: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

26

Este repertório não inclui apenas criações e obras compostas durante e após a

colonização europeia, integra também várias composições anteriores a isto,

composições ainda feitas pelos indígenas muito antes da chegada dos colonizadores.

Com a chegada destes, as composições sofreram alterações, começaram inevitavelmente

a ser influenciadas pelas correntes e instrumentos trazidos da Europa pelos

colonizadores, os sons e os temas adaptaram-se mas nunca perderam a sua identidade.

Uma época especialmente marcante, que o foi não só para a música mas para todas as

artes, foi o período das lutas pela independência dos impérios europeus, nomeadamente

do Português e do Espanhol. Em que todos os artistas falaram, pintaram, cantaram e

compuseram sobre o nacionalismo, o amor à pátria, as raízes e sobre as próprias lutas

pela independência.

Assim Patrícia, que é uma cidadã do mundo mas continua a ter as suas raízes muito

ligadas a uma ex-colónia espanhola, Colômbia, a sua terra natal, sempre teve um

vínculo e um apreço muito grande por este repertório. E, como já referimos

anteriormente, ao longo do seu percurso foi-se apercebendo que este repertório era

praticamente ignorado por todos, não por falta de interesse, mas principalmente por

desconhecimento, porque nunca foi devidamente divulgado. Patrícia atua quase

exclusivamente em espanhol, português (principalmente português do Brasil), catalão e

em duas línguas nativas, quéchua e nahuati. A sua formação foi, como é habitual para

qualquer pessoa que estuda música clássica, centrada no repertório francês, italiano e

alemão. Mas por sua própria vontade sempre estudou e procurou obter formação no

repertório que realmente a apaixonava, o latino-americano e ibérico.

Como referimos no parágrafo anterior, a mentora do festival é uma cidadã do mundo, a

sua vida, quer a nível pessoal, quer a nível profissional levou-a a viver e a viajar por

várias partes do mundo. Patrícia que agora vive em Barcelona há mais de dez anos, já

Page 40: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

27

viveu em Miami, em Nova Iorque e São Francisco e já lecionou e atuou, além das

cidades já referidas, no Texas, em Bogotá e em países como Itália, Rússia, Alemanha,

Dinamarca, Portugal e Brasil, entre outros.

Ainda quando vivia nos Estados Unidos, Patrícia apercebeu-se “de que os cantores

líricos viajavam para a Europa para estudar o repertório tradicional da ópera e da lied e

não existia nenhum espaço dedicado ao meu repertório” (Caicedo, entrevista: 2013).

Quando já estava a viver em Barcelona, a vontade de Patrícia de fazer alguma coisa

relativamente ao facto de o repertório que tanto a apaixonava ser tão desconhecido, não

só do público em geral, mas também dos profissionais da área, dos cantores, dos

músicos e dos compositores, passou a ser ainda mais forte. Assim começou a ser cada

vez mais persistente e urgente a ideia de criar um espaço específico não só para a

divulgação deste repertório, mas também um espaço onde cantores e músicos pudessem

aprender e aprofundar o seu conhecimento sobre o mesmo. Assim surgiu, em 2004, o

Barcelona Festival of Song sob a direção de Patrícia Caicedo e produzido e organizado

pela Mundo Arts, uma empresa sediada nos Estados Unidos e dirigida também pela

mesma. Um ano antes da primeira edição do BFOS, em 2004, Patrícia deu início à sua

preparação. Foi um processo longo e demorado, tudo estava por fazer, desde a escolha

do nome do festival, à procura de parceiros e patrocinadores, encontrar lugares para

realizar os concertos, divulgar o festival ao público e aos possíveis participantes. Como

nos conta a organizadora na entrevista que nos concedeu, “o festival não recebe dinheiro

de nenhuma instituição, mas recebe ajuda em géneros de instituições públicas”

(Caicedo, entrevista: 2013), por exemplo o governo da Catalunha através do seu

Departamento de Cultura disponibiliza alguns espaços públicos, como a biblioteca da

Catalunha, para a realização de concertos, outras entidades disponibilizam também os

seus espaços para a realização de concertos, workshops e aulas. Outras instituições

Page 41: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

28

apoiam também o BFOS, por exemplo a TMB – Transports Metropolitans de Barcelona

que nas semanas anteriores ao festival passa o spot promocional do mesmo na sua rede

de televisão nas estações de metro e nas carruagens. Ainda que com todas as ajudas, o

festival tem elevados custos financeiros, principalmente no que se refere ao alojamento

dos participantes, alunos e professores e o aluguer do piano utilizado nas aulas e nos

concertos (apesar de a entidade que aluga o piano fazer um preço especial numa

tentativa de ajudar o festival, o custo é bastante elevado).

Financeiramente o festival é sustentado principalmente pelas propinas pagas pelos

alunos que se inscrevem para participar no festival. Este ano, pela primeira vez na

história do festival, a sua diretora na apresentação de cada um dos concertos atreveu-se

a apelar à generosidade do público e colocou um cartaz (em anexo – ilustração 4) e uma

caixa de doações na entrada do espaço para que os presentes pudessem deixar alguma

contribuição, uma vez que todos os concertos são completamente grátis para o público.

Infelizmente Espanha, tal como Portugal, não está a passar por momentos muito fáceis a

nível económico, assim que nem sempre as contribuições foram as esperadas. Mas de

qualquer forma a recetividade do público a este atrevimento foi bastante positiva.

2.2. Em que consiste o festival

O BFOS tem não só uma componente artística e cultural, mas também uma componente

académica. Assim, passando a explicar melhor, o BFOS é composto por duas vertentes,

a artística, que inclui os concertos, e a académica, com os seminários, conferências,

aulas e master classes. Esta dualidade é bastante clara nos meios de publicitação do

festival, onde se pode ler “Barcelona Festival of Song – Curso de verão e série de

Page 42: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

29

concertos de repertório vocal Espanhol e Latino-Americano” (cartaz publicitário em

anexo – ilustração 1 a 3).

Analisando a edição de 2013, organização na qual estive envolvido, o festival decorreu

entre os dias 27 de junho e 6 de julho. No decorrer desses dez dias foram apresentados

dez concertos, se contarmos um espetáculo de uma outra artista colombiana, Marta

Gómez, realizado já no dia 20 de junho. Que, apesar de não ter sido organizado pela

Mundo Arts, foi colocado no cartaz de concertos numa tentativa conjunta, da Mundo

Arts e dos gestores da cantora, de atrair os seus públicos para o outro evento. Com esta

parceria a Mundo Arts pôde dar a conhecer o seu trabalho e os seus eventos aos fãs de

Marta Gómez e vice-versa.

Os nove concertos do festival consistiram de um espetáculo inaugural pela própria

diretora do festival, a soprano Patrícia Caicedo, de um concerto de flamenco, dois

recitais de piano de uma pianista catalã e um pianista americano, uma apresentação de

uma mezzo-soprano catalã, um outro de uma mezzo-soprano brasileira, Josani

Keunecke, que foi também uma das professoras do curso de verão do festival, dois

concertos dos estudantes e, este ano excecionalmente, um espetáculo de um género

musical diferente do que é habitual no festival, pelo Sydney Children’s Choir.

Simultaneamente aos concertos, que se realizavam à noite, durante o dia decorriam as

aulas, workshops, seminários e master classes. Os dias dos alunos eram regidos por um

apertado horário e começavam logo pela manhã com aulas de Lucid Body uma técnica

de body awareness, seguida de aulas, master classes, conferências e seminários sobre o

tema do dia, sendo que cada dia foi dedicado a um país ou região da América Latina e

da Península Ibérica. A parte teórica do programa incluía desde aulas sobre a história

Page 43: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

30

dos países e da respetiva música, a aulas de dicção das diversas línguas trabalhadas. As

tardes eram dedicadas às aulas práticas e ensaios.

A edição de este ano contou com seis alunos: três norte-americanas, um mexicano, uma

irlandesa e uma holandesa. E com seis professores, uma brasileira (já referida) da

Universidade do Estado de São Paulo, uma inglesa especializada na técnica de Lucid

Body, um maestro argentino, duas linguistas catalãs e a própria diretora do festival.

Assim, através desta resumida descrição podemos começar a ter uma breve ideia de

tudo o que o BFOS envolve.

2.3. Objetivos do festival

O BFOS nasceu de um sonho de divulgar e dar a conhecer um estilo muito específico de

música, assim o seu principal objetivo é, nas palavras da própria diretora “promover a

nível internacional o repertório vocal escrito por compositores latino-americanos e

ibéricos, escrito em espanhol, português e catalão. Formar as novas gerações de

cantores, estimular os compositores e criar um espaço para a difusão desta música”

(Caicedo, entrevista: 2013). Como nos foi também dito pela diretora do festival, um dos

principais objetivos é estimular os compositores a continuarem a criar esta música e

continuarem a compor nestas línguas. Nesse âmbito, todos os anos é encomendado pela

direção do festival a um compositor latino-americano ou ibérico um novo ciclo de

canções inédito que é estreado num dos concertos no decorrer do festival.

O BFOS prima também pela originalidade, pois é um espaço único no mundo dedicado

a este tipo de música. Não existe nenhum outro festival ou curso de verão que se lhe

possa comparar. Como nos explica a sua diretora, o BFOS é um espaço único “ em

Page 44: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

31

primeiro lugar pelo seu repertório, pela sua componente académica e pelo facto de ser

um espaço intergeracional, isto é, no curso tanto participam estudantes como

professores que querem aprender o repertório4” (Caicedo, entrevista: 2013).

Assim, o objetivo do BFOS é transmitir este amor pela música clássica da América

Latina e da Península Ibérica, que foi o que levou a diretora do festival a criar este

festival, às novas gerações de artistas e estimular o seu crescimento, a sua procura e o

seu desenvolvimento.

4 Como exemplo disso mesmo, este ano uma das estudantes vindas dos Estados Unidos era uma professora universitária já com mais de 60 anos, que tinha sido professora das outras duas estudantes norte-americanas, que eram oriundas da mesma universidade, a University of Minnesota.

Page 45: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

32

3. Metodologia deste Estudo de Caso

3.1. Os estudos de caso

De acordo com Hamel (1993:1) “a origem do termo estudo de caso está relacionada

com a origem do termo história de caso. Sendo a última largamente utilizada em

campos clínicos como a Psicologia e a Medicina. (…) Um estudo de caso é um estudo

aprofundado dos casos considerados”. Ou seja, é um estudo detalhado do tema ou

organização escolhido de forma a conseguirmos ficar a conhecer esse tema em

profundidade. Os estudos de caso servem também para fazer avaliações detalhadas,

como no estudo que desenvolvemos, dos processos de comunicação utilizados por

empresas ou marcas.

Referindo-se à história dos estudos de caso, Hamel (1993:2) diz-nos que “se tivéssemos

de enumerar nomes e escolas de pensamento associadas com os estudos de caso (…)

teríamos indubitavelmente de começar com Bronislaw Malinowski, Frédéric Le Play e

os membros da Chicago School. A história dos estudos de caso gira em torno desses

nomes. (…) Ainda assim, a história da ascensão, da queda e do dramático ressurgimento

dos estudos de caso depende se estivermos a falar de Sociologia ou Antropologia e as

suas escolas francesas ou anglo-saxónicas.” Assim vemos que ao longo da história os

estudos de caso passaram por períodos em que foram desacreditados. Aliás, o que

aconteceu a praticamente todas as correntes de pensamento num ou outro período da

história, já que todas elas passaram por períodos de aceitação e de descredibilização,

para depois disso se verem, em muitos casos, a ser novamente aceites e aclamadas como

as mais corretas e pertinentes.

Existem várias definições para o que um estudo de caso pode ser. Algumas defendem

que “o estudo de caso trata-se de uma abordagem metodológica de investigação

Page 46: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

33

especialmente adequada quando procuramos compreender, explorar ou descrever

acontecimentos e contextos complexos, nos quais estão simultaneamente envolvidos

diversos fatores” (Araújo et al., 2008: 4). Yin (1994) defende que o estudo de caso é

definido pelo próprio assunto a ser estudado e pela forma como os dados são recolhidos

e analisados. Por seu lado Bell (1989: 145) “define o estudo de caso com o termo

guarda-chuva para uma família de métodos de pesquisa cuja principal preocupação é a

interação entre fatores e eventos.” Fidel (1992: 37-50) acredita que o estudo de caso não

é nada mais do que uma “pesquisa de campo” na qual o investigador não tem qualquer

interferência. Ponte (2006: 2), por seu lado, considera que um estudo de caso “é uma

investigação particularística (…) que se debruça sobre uma situação específica que se

supõe única ou especial, pelo menos em certos aspetos, procurando descobrir o que há

nela de mais essencial e característico e, desse modo, contribuir para a compreensão

global de um certo fenómeno de interesse.” Apesar das diferentes abordagens e

definições do termo ‘estudo de caso’, todos os autores são uníssonos ao falar da

importância das características especiais do assunto a ser estudado e das duas questões

principais às quais um estudo de caso deve responder: “como” e “porquê”.

No caso do nosso estudo de caso é exatamente isso que se passa, debruçamo-nos sobre

o Barcelona Festival of Song, e vamos falar sobre o seu processo de comunicação,

sobretudo sobre o facto de praticamente todo ele ser efetuado online.

Um estudo de caso deve ter uma base teórica muito forte, como nos diz Yin (1994: 3) “a

confiança nos conceitos teóricos para guiar a recolha de dados dos estudos de caso

continua a ser uma das mais importantes estratégias para completar estudos de caso com

sucesso.” Depois de estabelecidos esses conceitos teóricos “os estudos de caso incluem

vários métodos. Podem incluir entrevistas, observações participativas e estudos de

campo.” (Hamel, 1993: 1) Podem ainda compreender a observação direta, análise

Page 47: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

34

documental e entrevistas realizadas para a produção de uma auditoria de comunicação.

Foram estas últimas que utilizamos na elaboração do nosso estudo de caso, uma vez que

realizamos entrevistas não só à diretora do BFOS mas também a participantes

(entrevistas que estão reproduzidas nos anexos desta dissertação), e efetuamos

observação direta e análise documental, uma vez que participamos ativamente na

organização do BFOS.

Relativamente aos objetivos de um estudo de caso, além da necessidade de responder às

duas perguntas já mencionadas anteriormente, “como” e “porquê”, as opiniões dos

autores também divergem um pouco. Fidel (1992) defende que o principal objetivo deve

ser a compreensão do evento para que se possam desenvolver teorias relativas a esse

evento observado. Por outro lado, Yin (1994) argumenta que as principais motivações

para realizar um estudo de caso devem ser, explorar e descrever ou explicar um

determinado evento. Mas para Guba e Lincoln (1994) um estudo de caso deve ser muito

mais pragmático, deve apenas relatar e descrever factos e situações como os mesmos

aconteceram, de forma a proporcionar conhecimentos para que os efeitos possam ser

estudados ou comprovados. Por seu lado, Ponte (1994) afirma que o objetivo é

descrever e analisar, características, às quais Merriam (1998) acrescenta uma terceira,

avaliar. Numa tentativa de enquadrar todas estas opiniões e objetivos, Gomez et al.

(1996:99) sintetizam que os objetivos principais de um estudo de caso devem ser:

‘explorar, descrever, explicar, avaliar e/ou transformar’.

3.1.1. As auditorias de comunicação

Uma auditoria de comunicação é uma avaliação feita a todos os processos de

comunicação que a gestão de uma empresa ou marca integra. “É uma revisão de todas

Page 48: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

35

as ferramentas de comunicação, incluindo uma avaliação da sua eficácia. A auditoria

inclui [por isso] uma revisão por um profissional de comunicação interno ou externo à

empresa assim como grupos de discussão e questionários às audiências que se espera

que estejam a ler a nossa comunicação”, defende Alms (2012).

Existem várias razões pelas quais uma empresa deve fazer uma auditoria de

comunicação. Se os resultados não estiverem a ser os esperados ou até mesmo se

estiverem. Não têm de ser apenas razões negativas, também motivações positivas

podem levar a uma auditoria de comunicação. Uma vez que, se os resultados estiverem

a ser positivos, realizar uma auditoria pode ajudar a manter esses resultados, a não

baixar os padrões e a melhora-los ainda mais, se possível. Uma auditoria irá ajudar a

empresa a entender “o quão eficazes são as suas ferramentas de comunicação, a

determinar os pontos fortes e fracos de cada uma delas e fornecer

recomendações/melhorias/mudanças às mesmas” (Alms, 2012). Ajudará também a

receber feedback, do público, dos consumidores e dos próprios colaboradores. Por tudo

isto, os especialistas defendem que uma auditoria de comunicação deve ser realizada no

mínimo de dois em dois anos.

A auditoria deverá ainda ser feita seguindo um certo padrão, de forma a cobrir todas as

áreas necessárias. Assim deverá passar por um processo de análise, onde em primeiro

lugar serão determinadas as áreas a ser auditadas e os métodos utilizados para o fazer.

Deverá ser avaliado o plano de comunicação antigo e todas as ferramentas nele

utilizadas. Depois disso, dever-se-á passar à parte do feedback quer dos consumidores,

quer dos colaboradores da empresa (de todos os níveis). Este feedback é conseguido

através de inquéritos, questionários e discussões de grupo. Depois de recebido o

feedback este tem de ser analisado para que se possa fazer uma análise SWOT

(Strenghts, weaknesses, opportunities, threats). Depois de feita esta análise e baseado

Page 49: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

36

nela e no feedback, é altura de fazer um novo plano de comunicação e recomendar

alterações nas ferramentas e estratégias utilizadas, ou melhorias, no caso de as utilizadas

já serem as corretas. E é aqui que o trabalho do auditor externo (caso esta avaliação

tenha sido feita por um) termina. O seguinte e último passo, a implementação do novo

plano de comunicação, é responsabilidade da própria empresa.

Uma boa auditoria de comunicação deverá ser capaz de responder a várias questões

relativamente ao processo de comunicação de uma empresa. Entre as quais (Smith, s/d):

Quais são os nossos objetivos e metas para a comunicação?

O atual plano de comunicação é eficaz?

As nossas mensagens são claras e consistentes?

Estamos a atingir o público-alvo com as nossas mensagens e a leva-los a agir?

O que é que os consumidores pensam da nossa comunicação?

As nossas comunicações suportam o plano estratégico geral para o nosso

negócio e organização?

O que tornará a nossa comunicação mais eficaz no futuro?

O que falta no nosso plano de comunicação?

Que oportunidades de comunicação estamos a perder?

O que é que estamos a fazer que não deveríamos fazer?

Respondendo a todas estas questões uma auditoria será completa, eficaz e totalmente

abrangente.

3.2. O nosso estudo de caso – auditoria ao processo de comunicação do

BFOS

Page 50: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

37

Neste ponto da nossa dissertação iremos falar especificamente da auditoria que

realizamos ao processo de comunicação do BFOS, qual a metodologia utilizada e as

deliberações a que chegamos. Para iniciar este ponto, consideramos ser pertinente

especificar a questão de partida para este estudo de caso, que é:

Tentaremos ao responder a esta questão testando três hipóteses (H):

Relativamente à H1, a eficácia destes meios será medida através do número de pessoas

que responderam “vou” ou “talvez” aos convites para os eventos no facebook e pelo

feedback das pessoas nos próprios eventos. A H2 é defendida pelo enquadramento

teórico que fizemos e pelos números representativos do aumento do investimento neste

tipo de comunicação, que indica que os profissionais da área reconhecem a importância

do online, pois cada vez investem mais dinheiro nele e lhe dedicam mais atenção. No

caso do BFOS esta hipótese será testada pela análise dos resultados de um plano de

comunicação assente, essencialmente, nos meios online e pelas respostas obtidas pelas

técnicas qualitativas. A visibilidade da H3 refere-se ao nível de conhecimento que o

Qual a importância da comunicação online para a promoção/divulgação dos eventos?

H1 – Os meios online potenciam de forma eficaz a comunicação dos eventos;

H2 – A comunicação online é um benefício para a comunicação de eventos;

H3 – A comunicação online dá mais visibilidade aos eventos.

Page 51: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

38

público tem dos eventos, e no nosso caso esse nível foi medido pela assistência que os

nossos eventos tiveram ao longo do BFOS.

Durante o estágio realizado na Mundo Arts, foi possível contactar diretamente com o

processo de comunicação do festival, de forma a compreende-lo na sua totalidade. Essa

experiencia aconteceu por meio da observação direta, da análise documental e de

entrevistas, principalmente a realizada à diretora do festival, que ajudou muito a

entender todo este processo. O contacto com a realidade permitiu o aprofundamento dos

conhecimentos acerca dos métodos e dos meios de comunicação utilizados e dos

resultados obtidos através dos mesmos.

Durante a preparação do festival, assisti a reuniões, acompanhei negociações com

participantes, apoiantes e patrocinadores, analisei material utilizado na comunicação de

edições anteriores, clipping e tudo aquilo que me pudesse ajudar a compreender melhor

a forma como a comunicação do BFOS funciona e é gerida.

Tentando responder aos principais pontos que envolvem uma auditoria de comunicação,

podemos dizer que o plano de comunicação utilizado pelo BFOS é o mais adequado

tendo em conta os objetivos pretendidos e os recursos disponíveis. O festival dispõe de

pouquíssimos recursos, quer humanos, quer financeiros, assim que não pode investir

muito em nenhuma área, incluindo também a área da comunicação. Ainda assim, tendo

em conta os recursos disponíveis e o processo utilizado, o feedback é geralmente

razoavelmente bom. O curso de verão tem sempre participantes e os concertos

audiência. Ainda que, grande parte das vezes não seja o número de participantes ou a

audiência desejados ou até mesmo ideais, mas dadas as circunstâncias são satisfatórios.

Page 52: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

39

O processo de comunicação do festival não é diferente do processo de comunicação de

qualquer outra organização, como pode ser atestado no esquema seguinte, que

apresentamos em tom de síntese deste processo:

Quadro 2 - Esquema resumo do processo de comunicação do BFOS

Mundo

Arts/BFOS

(Emissor)

Participantes/Público

geral

(Recetor)

Cursos de verão e

ciclo de concertos

(Mensagem)

Redes sociais, sites, cartazes,

flyers, spot publicitário, etc.

(Meios)

Participação no curso de

verão e nos eventos

(Resposta; Reação)

Page 53: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

40

4. A comunicação do Barcelona Festival of Song®

4.1. Importância da comunicação online

“O consumidor atual está substancialmente imune aos meios de comunicação e à

publicidade tradicionais, o que encorajou os marketers a encontrarem novas formas de

melhorar o envolvimento do consumidor (Bagozzi el al. 2006). Dado este contexto, as

redes sociais online e especialmente o Facebook, por causa do seu número de

utilizadores, são áreas de ação obrigatórias, onde ainda há imenso espaço para formas

inovadoras de interação com o consumidor” (Passos et al., s/d: 1). Esta é uma das

razões pelas quais a comunicação do BFOS se centra maioritariamente no online, esta e

o facto de que a maior parte das participantes do festival vem de fora do país, tornando

os meios online os mais fáceis para chegar a esses participantes.

Os meios online assumem uma extrema importância não só no processo de

comunicação do BFOS, mas também em todos os campos da organização dos eventos,

desde a preparação dos mesmos, angariação de participantes, serviços, etc. De todos os

meios online utilizados na comunicação do BFOS as mailing lists e as redes sociais são

as melhores plataformas para divulgar eventos, pelos seus baixos custos e pela enorme

visibilidade que alcançam (Fiorio, 2012). O Twitter, pela facilidade de manejo e o

Facebook pela abrangência de públicos e utilizadores, são talvez os dois meios que mais

importância e relevância têm. São os dois meios aos quais é dada mais atenção, e

também, os que permitem atingir um maior número de pessoas. Com uma boa e bem

estruturada campanha viral “é possível alcançar uma visibilidade incrível para

determinados eventos. Por isso, uma empresa que cria estratégias de divulgação

considerando todos os elementos do Twitter (e Facebook) tem mais chances de ser

eficaz, atraindo um público maior do que o estimado” (Fiorio, 2012).

Page 54: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

41

O Facebook principalmente tem uma grande importância no meio musical, uma das

coisas mais partilhadas pelos seus utilizadores é música. O que é muito bom para os

artistas e para os eventos musicais. Por exemplo, se um utilizador do Facebook que tem

900 amigos na sua rede partilhar uma música de um novo artista ou banda que ainda é

desconhecido, os seus 900 amigos irão ter acesso a essa música, se pelo menos 10%

deles gostarem e voltarem a partilhar são mais 90 vezes que a música é partilhada e irá

atingir toda a rede de amigos desses 90 utilizadores, gerando um efeito de bola de neve

e uma publicidade, divulgação e visibilidade enormes para o novo artista ou banda sem

qualquer custo associado no campo da comunicação.

O mesmo se passa com eventos musicais desde que o facebook adicionou aos seus

atributos a possibilidade de criar eventos. Como sugere Passos (2011: 23), “uma das

novidades introduzidas pelo Facebook é o sistema de eventos. Podem criar-se eventos

como se fossem páginas de utilizador ou marca, com descrição, imagens promocionais e

no qual pode ver os convidados e quem vai participar ou não.” Esta característica do

Facebook não é apenas utilizada para eventos musicais, é útil em todos os campos, até

se quisermos facilitar o envio de convites para a nossa festa de aniversário, criamos o

evento, que pode ser público ou restrito ao grupo que quisermos, e convidamos os

amigos que desejamos. “Espalhar a palavra criando um evento de Facebook para o seu

evento pode ajudar a alcançar uma audiência mais ampla, persuadir mais pessoas a

participar e construir uma base de fãs maior. A criação do evento e o marketing são

grátis.”5

Para os eventos musicais esta característica é ainda mais importante, “existe, (…) uma

tradução direta entre o conhecimento de eventos musicais no Facebook e a assiduidade

5 http://www.flyte.biz/resources/newsletters/12/10/facebook-events.php

Page 55: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

42

a estes eventos dado que 63% do inquiridos que conheceram eventos musicais através

do Facebook afirmam ter estado presentes em pelo menos um.” (Passos, 2011: 71) Isto

é muito importante tendo em conta que se não fosse graças ao facebook estas pessoas

nunca teriam tomado conhecimento dos eventos. Apesar deste tipo de eventos musicais

não serem os que os utilizadores mais partilham, uma vez que “70% dos inquiridos

partilha eventos musicais menos de uma vez por mês” (Passos, 2011:70). Não obstante

o baixo índice de partilha, a sua importância é elevada, uma vez que “o grau com que

(estes eventos) atingem o consumidor é muito alto, visto que 88% dos inquiridos já teve

conhecimento de um evento musical através do Facebook” (Passos, 2011:70).

Por todas estas razões, no BFOS, criamos eventos de facebook para todos os nossos

concertos e não só, para todas as conferências, master classes e workshops, (exemplos

de eventos do Facebook em anexo – ilustrações 10 e 11) permitindo assim a

participação de pessoas externas ao festival também nestes eventos de âmbito

académico, mediante o pagamento de uma pequena propina. E a prova de que resultam,

é que tivemos pessoas a inscreverem-se para os eventos académicos depois te terem

visto o evento no Facebook do festival. Da mesma forma tivemos conhecimento de

algumas pessoas que vieram assistir aos concertos depois de terem tomado

conhecimento através do facebook, quer tenha sido na página do festival ou através de

algum amigo que depois de ter recebido o convite convidou algumas das pessoas da sua

rede de amigos para participarem no evento.

4.2. Processo de comunicação do festival

Como já mencionamos anteriormente a esmagadora maioria da troca de mensagens

efetuadas no processo de comunicação do BFOS acontecem através de ferramentas

Page 56: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

43

online, mas ainda assim existe uma pequena parte que é feita através de meios mais

tradicionais. Por esta razão e de forma a tornar a compreensão deste ponto mais fácil, o

mesmo será dividido em dois subpontos, meios tradicionais e meios online.

4.2.1. Meios tradicionais

Como é óbvio a preparação de cada festival começa meses antes, para não dizer mesmo

que começa praticamente mal acaba a edição anterior. Neste momento a edição do

BFOS de 2014, que festejará a sua 10ª edição, já está a ser preparada. No que toca à

comunicação, cerca de quatro meses antes do início do festival foram mandados fazer

cartazes e flyers que foram enviados para departamentos de música, escolas de música e

conservatórios de todo o mundo, através do correio. Instituições estas que fazem parte

de uma base de dados de instituições-alvo de todo o mundo, da Austrália aos Estados

Unidos, da China ao Brasil, da África do Sul à Noruega. Estas instituições receberam os

materiais de publicidade do festival juntamente com uma carta da diretora a apresentar o

projeto e a solicitar a divulgação dos materiais ao pessoal docente e discente das

instituições. O principal objetivo desta ação é a angariação de participantes para a parte

académica do BFOS. Esta é uma parte muito importante, uma vez que as propinas pagas

pelos participantes são o único provento monetário que o festival tem.

Mas num momento mais próximo da realização do festival, e numa ação já voltada para

o público em geral e numa tentativa de captar mais assistência para os concertos, a rede

de transportes de Barcelona TMB oferece-se para ajudar passando o spot publicitário do

festival na sua rede de televisão nas estações de metro e nas carruagens.

Page 57: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

44

Também nos dias anteriores e nos próprios dias dos eventos foram distribuídos por toda

a cidade flyers do festival. Nos dias anteriores aos eventos os flyers foram distribuídos

por hotéis, postos de turismo e outros pontos estratégicos da cidade, como escolas de

músicas e lojas de materiais musicais. Nos dias dos eventos os flyers foram distribuídos

nas ruas próximas aos locais onde os concertos iriam decorrer, de forma a atrair locais e

turistas que por ali passassem e não tivessem programa para mais tarde.

4.2.2. Meios online

Agora passamos aos meios online, os mais importantes no processo de comunicação do

BFOS. Desde que se inicia a preparação do festival seguinte começa a ser enviada

regularmente uma newsletter com informações do festival: como está a correr o

processo de organização do novo festival, as datas, os participantes, etc., para uma

mailing list de mais de oito mil pessoas através de um provedor de serviços de email de

marketing, o Mailchimp. Essa mailing list foi construída ao longo dos anos, nas viagens

realizadas para concertos e para lecionar, pela diretora do festival, na participação em

congressos e encontros de música clássica e através de uma exaustiva pesquisa online

de todos os conservatórios e departamentos de música de universidades de todo o

mundo. Ainda no âmbito dos emails são enviados também mensagens mais

personalizados, em nome da diretora do festival, a um número mais restrito de pessoas,

cerca de mil e cem. Estas pessoas são antigos colaboradores do festival, diretores de

grandes escolas e centros musicais e embaixadas e consulados de países da América

Latina para que estes possam divulgar os materiais promocionais do festival entre as

suas comunidades.

Page 58: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

45

Outra das ferramentas online utilizadas são as páginas de internet, não só as ligadas ao

festival, como a do próprio festival (anexo – ilustração 5), a da Mundo Arts (anexo –

ilustração 7) e a da própria diretora do festival (anexo – ilustração 6), mas também

páginas de revistas de música, de eventos musicais, culturais, sociais. Basicamente

qualquer página web ligada à cultura, ócio, música e eventos que nos permitisse

anunciar o festival sem custos. A página do festival está traduzida em espanhol, catalão,

inglês, português e alemão e contém todas as informações relativas ao festival, desde

datas, eventos, participantes, professores, missão, preços, depoimentos de participantes

anteriores, tudo o que pode ser necessário para o consumidor ter o máximo de

informação possível sobre o BFOS. As páginas da Mundo Arts e da própria Patrícia

Caicedo, apresentam sempre com grande destaque o spot e o cartaz do festival e vários

links para toda a informação. A promoção efetuada nas outras páginas de eventos e de

cultura já mencionadas dependem das configurações das próprias páginas. Algumas

apenas nos permitiam publicar o nome do festival e o link para a página web, outras

permitiam-nos publicar o cartaz promocional e outras até possibilitam a opção de

publicitar cada um dos eventos do festival separadamente anexando o cartaz de cada um

desses eventos. Adaptamo-nos a cada uma das situações, visto que o nosso lema sempre

foi aproveitar ao máximo todos os recursos disponíveis utilizando o mínimo de recursos

financeiros possível.

Chegamos assim ao último recurso online utilizado no processo de comunicação do

BFOS, as redes sociais, que, principalmente na divulgação do festival a possíveis

audiências dos concertos, são talvez o meio e ferramenta mais importante. O BFOS

utiliza grande parte das redes sociais disponíveis, o Facebook, o Twitter, o Google+ e o

Yahoo Groups. De entre estas, presta-se uma maior atenção, pelo seu impacto com o

público, ao Facebook e ao Twitter. Todas elas são atualizadas regularmente. Nos meses

Page 59: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

46

anteriores ao festival esta atualização é normalmente semanal, e com a proximidade da

data de início, as atualizações passam a ser mais regulares, chegando, nos dias

anteriores ao festival, a ser diárias. Nestas atualizações são publicados os cartazes do

festival, o spot publicitário, informações sobre as inscrições e os eventos. Mas no

Facebook e no Twitter as atualizações são quase diárias, nos meses antecedentes ao

festival e nos dias anteriores e durante o período do mesmo as atualizações chegam a ser

feitas várias vezes ao dia.

No Facebook foram criados os já mencionados eventos, para todos os concertos e

componentes académicos do festival. O festival possui uma página de facebook própria

(anexo – ilustração 8), assim como a diretora (anexo – ilustração 9) e existem também

vários grupos criados no facebook relacionados com o festival (estes grupos foram

criados por ex alunos para se manterem em contacto, por exemplo. Não foram criados

nem são geridos pela Mundo Arts). Existem também dezenas de grupos do facebook

ligados à música clássica, grupos de cantores e de músicos de todo o mundo.

Numa tentativa de atrair a maior atenção possível para o festival e para os seus eventos,

as nossas páginas eram atualizadas regularmente com publicações sobre a organização

do festival, curiosidades sobre o mesmo, os cartazes, flyers, o spot, os links dos eventos,

etc. Tudo isto era colocado não só nestas páginas, mas também nas páginas de todos os

grupos que mencionamos antes.

A recetividade e o feedback da utilização das páginas do Facebook foram sempre muito

boas, assim como relativamente aos eventos criados. Várias pessoas que assistiram aos

concertos disseram-nos que tomaram conhecimento dos mesmos através dos eventos do

Facebook, porque um amigo que recebeu o convite achou interessante e convidou os

seus amigos, ou porque apareceu no seu feed de notícias que um amigo tinha respondido

Page 60: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

47

que ia ao evento e levados pela curiosidade foram ver que evento era. O Twitter também

é muito utilizado para publicar pequenas atualizações sobre o festival, sobre os eventos

e a sua localização ou até mesmo para partilhar o link do eventos criados no Facebook.

É indiscutível que as redes sociais são uma grande mais-valia para a promoção e para o

processo de comunicação do BFOS. Sem elas seria impossível atingir o número de

pessoas que conseguimos atingir e divulgar de forma tão vasta o festival e os seus

eventos.

A importância destes meios foi-nos explicada pela própria diretora do festival na

entrevista que nos concedeu e pode ser confirmada na resposta à questão 10. A

entrevista encontra-se transcrita nos anexos desta dissertação (anexo 1.1.).

De seguida apresentamos um quadro síntese dos diversos meios utilizados no processo

de comunicação do BFOS:

Page 61: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

48

Tipo de comunicação Meios Tradicionais Meios Online

Spot televisivo Sites

Flyers Facebook

Cartazes Twitter

Entrevista de rádio Google+

Revistas

especializadas

Sites de cultura e

lazer

Cartas enviadas aos

responsáveis das

principais escolas

de música do

mundo

Yahoo Groups

MailChimp

YouTube

Revistas online

Quadro 3 - Resumo dos meios utilizados

Page 62: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

49

4.4. Análise SWOT do BFOS

Strengths Weaknesses

Sobre o Festival:

Unicidade do festival; Ausência de concorrência direta; Atratividade da cidade de

Barcelona.

Sobre o Festival:

Falta de recursos financeiros; Falta de recursos humanos; Tema um pouco desconhecido do

público.

Sobre a comunicação do Festival: Atualidade das formas de

comunicação; Utilização de meios online; Importância dada às redes sociais.

Sobre a comunicação do Festival:

Falta de recursos financeiros; Falta de recursos humanos; Dificuldade em atingir o público-

alvo.

Opportunities Threats

Sobre o Festival:

Existência de nicho de mercado para este produto;

Tema pouco desenvolvido; Interesse de culturas mais recentes

em tradições antigas.

Sobre o Festival:

Crise económica; Desinteresse das autoridades em

promover a cultura; Dificuldade em encontrar

parceiros e patrocinadores;

Sobre a comunicação do Festival:

Massificação da internet; Crescente uso das redes sociais; Facilidade de usos destes meios.

Sobre a comunicação do Festival:

Resistência às novas tecnologias (por parte de alguns consumidores);

Alguns consumidores ainda duvidam da credibilidade do marketing feito online;

Quadro 4 - Análise SWOT

Page 63: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

50

4.4. O uso da internet de segunda geração no festival – a ponte com São

Paulo

Desde de há dois anos a esta parte, o BFOS começou a realizar-se em simultâneo em

Barcelona e em São Paulo, no Brasil, numa iniciativa conjunta com a Prefeitura de São

Paulo e o Centro Cultural de São Paulo. O evento no Brasil não é tão grande como em

Barcelona, nem se estende pelo mesmo período de tempo. É apenas um complemento

ao festival, uma forma de promover o festival e de dar a hipótese de participar a quem

não pode ir a Barcelona.

O evento no Brasil inclui uma aula e um concerto interativos. Os eventos são realizados

com a ajuda da Internet2 e consistem de uma aula com alunos e professores dos dois

lados do Atlântico. Os alunos que estão em Barcelona recebem dicas e formação dos

professores que estão em São Paulo e os alunos que estão em São Paulo recebem dos

professores que estão em Barcelona. O concerto é realizado com público nas duas

cidades também e é realizado através da projeção de imagens em tempo real. Os alunos

atuam alternadamente em Barcelona e em São Paulo.

A Internet2 segundo informações da Rede Nacional de Ensino e Pesquisa do Brasil, é

uma iniciativa de um consórcio norte-americano sem fins lucrativos “voltado para o

desenvolvimento de tecnologias e aplicações avançadas de redes de internet para as

comunidades académicas e de pesquisa. A iniciativa envolve mais de 200 universidades

norte-americanas, além de agências do governo e de indústria e visa ao

desenvolvimento de novas aplicações como telemedicina, bibliotecas digitais,

laboratórios virtuais, entre outras que não são viáveis com a tecnologia de internet

Page 64: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

51

atual.”6 É uma tecnologia muito utilizada no campo da medicina, quer no âmbito da

formação quer em situações mais práticas, como a realização de cirurgias.

O BFOS orgulha-se de ser pioneiro e high-tech friendly em mais este projeto que é

também tão importante para a divulgação do festival e consequentemente no seu

processo de comunicação.

6 https://www.rnp.br/redes/internet2.html

Page 65: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

52

Conclusão

Ao longo desta dissertação abordamos o tema da comunicação online, debatemos a sua

importância, a sua evolução e vantagens e desvantagens comparativamente com os

meios de comunicação tradicionais. Usamos como exemplo de estudo para o nosso

trabalho o caso do Barcelona Festival of Song, evento que privilegia e usa quase

exclusivamente os meios de comunicação online.

Os meios de comunicação online exibem uma série de vantagens relativamente aos

meios tradicionais, sendo os baixos custos talvez a sua mais gritante característica,

sobretudo no ambiente de crise económica em que vivemos. Outras vantagens deste tipo

de comunicação prendem-se com a facilidade de utilização e tratamento das mesmas, a

grande abrangência que têm, não só relativamente aos campos em que podem ser

utilizadas, mas também na variedade e quantidade de público que atingem. Ou seja, são

meios baratos com os quais se podem atingir um grande número de possíveis

consumidores.

Como ponto de partida para esta dissertação propusemo-nos a responder à questão

“Qual a importância da comunicação online na promoção/divulgação dos eventos?”.

Pensamos ter conseguido demonstrar que estes meios e ferramentas de comunicação são

realmente importantes e cada vez mais indispensáveis nos processos de comunicação de

todo o tipo de eventos e principalmente dos eventos musicais, aqueles que estudamos. O

que, cremos, ficou provado com os fundamentos teóricos e exemplos práticos que

demos.

Pensamos também ter conseguido, ao longo da dissertação, atestar as hipóteses

formuladas. Hipóteses essas que propunham que os meios online potenciam a eficácia

Page 66: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

53

dos eventos e que também trazem mais visibilidade aos eventos musicais, servindo

assim, como benefícios para os mesmos e para as organizações que os promovem.

Acreditamos ter provado as hipóteses, utilizando como base os resultados na nossa

auditoria ao BFOS, assim, relativamente à H1, acreditamos que os meios online

potenciam eficazmente a comunicação dos eventos visto que uma média de 25 pessoas

responderam “vou” ou “talvez” aos convites para os eventos do festival realizados

através do facebook. A suportar esta hipótese temos também as pessoas que

compareceram aos eventos, e que apesar de não terem respondido ao convite feito no

facebook nos disseram que tomaram conhecimento dos mesmos através de meios

online. Relativamente à H2, acreditamos que ficou comprovada com o enquadramento

teórico e as fontes usadas, que reflete a crescente importância dos meios online e o

crescente investimento nos mesmos por parte das empresas e instituições. E no caso do

BFOS esta hipótese é provada pelo quase exclusivo uso destes meios. No que toca à H3,

esta ficou provada com a assistência aos eventos dos BFOS, uma média de 120 pessoas

em cada evento, e pelo número de participantes, 6, no curso de verão.

Cremos ter provado ao longo da dissertação, com a nossa pesquisa e exemplos, que é

indiscutível que os meios online e principalmente as redes sociais são, cada vez mais, de

extrema importância para todo o tipo de eventos, mas principalmente para os musicais,

para o aumento da sua visibilidade e para a potencialização da sua eficácia.

Os meios e as ferramentas de comunicação online são e continuarão a ser extremamente

indispensáveis nos processos de comunicação das empresas e das marcas. A cada vez

maior adesão do público às redes sociais, que parece não abrandar, demonstra que estas

ferramentas chegaram para ficar e para revolucionar os mercados e o mundo.

Page 67: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

54

Reforçamos, no entanto, que não queremos com isto afirmar o declínio ou até mesmo

decretar o óbito dos meios de comunicação tradicionais. Como argumentamos ao longo

desta dissertação, eles continuam a ter uma grande importância e um papel vital nos

processos de comunicação das organizações. Aquilo a que se assiste e a que se

continuará a assistir, é a uma adaptação por parte dos meios de comunicação

tradicionais às novas circunstâncias e à nova realidade, de forma a caminhar na direção

de uma coexistência dos dois tipos de comunicação. Com cada uma delas ocupando o

seu lugar e tendo a sua importância, sem existir a necessidade de anulação ou

sobreposição ao outro.

Page 68: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

55

Referencias Bibliográficas

(s/a) (2011), 8 Reasons Why Social Media Is More Important Than Ever.

[http://www.brandignity.com/2011/03/4-reasons-why-social-media-is-more-

important-than-ever/] acedido em 14/09/2013

(s/a) (2013), Google+ em 2014: é vai ou racha. Veja.

[http://veja.abril.com.br/blog/vida-em-rede/facebook/google-em-2014-e-vai-ou-

racha/] acedido em 15/01/2014

(s/a) (2012), Publicidade Online vs Publicidade Tradicional.

[http://www.addcomunicacao.com/site/blog_entry.php?id=215] acedido em

16/12/2013

Acioli, S. (2007), Redes sociais e teoria social: revendo os fundamentos do

conceito.

[http://www.uel.br/revistas/uel/index.php/informacao/article/viewArticle/1784]

acedido em 13/09/2013

Albagil, M. (2010), Tendências da Comunicação Online Mídias Sociais e Web 2.0.

[http://www.slideshare.net/albagli/tendencias-comunicacao-online] acedido em

12/12/2013

Alexandria, N. (2013), A importância do marketing para o sucesso do evento.

[https://www.oevento.com/blog/novidades-tendencias/a-importancia-do-marketing-

para-o-sucesso-do-seu-evento.do] acedido em 16/09/2013

Alms, S. (2012), What is a Communications Audit? Why Do One? And When?

[http://www.almsink.com/uncategorized/what-is-a-communications-audit-why-do-

one-and-when/] acedido em 16/12/2013

Araújo, C. et al. (2008) Estudo de Caso. Universidade do Minho.

[http://grupo4te.com.sapo.pt/estudo_caso.pdf] acedido em 18/01/2014

Page 69: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

56

Bell, J. (1989), Doing your research project: a guide for the first-time researchers

in education and social science. Milton Keynes, England: Open University Press

Bento, P. (2009), Redes sociais como ferramenta de marketing. Expresso.

[http://expresso.sapo.pt/redes-sociais-como-ferramenta-de-

marketing=f535611#comentarios] acedido em 17/01/2014

Boyd, D. & Ellison, N. (2008), Social Network Sites: Definition, History, and

Scholarship.

[http://www.postgradolinguistica.ucv.cl/dev/documentos/90,889,Social_network_bo

yd_2007.pdf] acedido em 15/01/2014

Brittos, V. & Reckziegel, M. (2011), O poder de comunicação das redes sociais.

Ed. 672.

[http://www.observatoriodaimprensa.com.br/news/view/_ed672_o_poder_de_comu

nicacao_das_redes_sociais] acedido em 13/09/2013

Burd, L. (s/d), Social Networks.

[http://web.media.mit.edu/~mres/clubhouse/handouts/socialnet-v2.pdf] acedido em

14/09/2013

Caicedo, P. (2013) La Canción Artistica Latinoamericana: Identidad Nacional,

Performance Practice Y Los Mundos Del Arte, Tesis Doctoral, Madrid Universidad

Complutense de Madrid in [http://eprints.ucm.es/22624/1/T34567.pdf] acedido em

17/01/2014

Duvillier, F. (1990), Dictionaire Bilingüe de la Publicité et de la Communication.

Bordos, Paris: Ed. Dunod

Ellison, N., Steinfield, C. & Lamp, C. (2007) The Beneficts of Facebook Friends:

Social Capital and College Students Use of Online Social Network Sites, Michigan:

Department of Telecommunication, Information Studies, and Media, Michigan State

Page 70: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

57

University. [http://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/j.1083-

6101.2007.00367.x/pdf] acedido em 16/01/2014

Evangelista, A. (2008), Meios de Comunicação Tradicionais X Mídias Alternativas,

Como Está a Qualidade da Informação que Chega á População?. UFRGN

[http://www.intercom.org.br/papers/nacionais/2008/resumos/R3-1448-1.pdf]

acedido em 16/12/2013

Ferreira, J. (s/d), Mutações Sociais e Novas Tecnologias: O potencial radical da

Web. [http://www.bocc.ubi.pt/pag/felz-jorge-potencial-radical-da-web.pdf] acedido

em 17/01/2014

Fidel, R. (1992), The case study method: a case study, In: Glazier, J & Powell, R.

(s/d), Qualitative research in information management. Englewood, Co: Libraries

Unlimited

Figueira, R. (s/d), Propaganda tradicional vs. propaganda interativa.

[http://www.arteccom.com.br/webdesign/downloads/29/3.pdf] acedido em

16/12/2013

Fiorio, V. (2012), O impacto do Twitter na divulgação de eventos.

[http://www.produzindoeventos.com.br/midias-sociais/o-impacto-do-twitter-na-

divulgacao-de-eventos/] acedido em 14/09/2013

Gomes, T. (2013), A importância das redes sociais na divulgação de empresas.

[http://www.slideshare.net/thaynaregina908/a-importncia-das-redes-sociais-na-

divulgao-de-empresas-17924923] acedido em 13/09/2013

Holland, R. (2011), Communication Audit: What It Is and How We Do It.

[http://robertjholland.wordpress.com/2011/04/18/communication-audit-what-it-is-

and-how-we-do-it/] acedido em 15/12/2013

Page 71: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

58

Holland, R. & Gill, K. (s/d), How To Conduct a Communication Audit – and Why.

[http://www.hollandcomm.com/pdf/Communication_Audit_JECM_SeptOct06.pdf]

acedido em 15/12/2013

Kaushal, N. (2013), 5 Ways Social Media Can Promote Your Offline Event.

[http://socialmediatoday.com/navneet/1299331/5-ways-social-media-promote-your-

offline-event] acedido em 13/09/2013

Machado, J. & Tijiboy, A. (2005), Redes Sociais Virtuais: um espaço para

efectivação da aprendizagem cooperativa. CINTED-UFRGS.

[http://www.inf.ufes.br/~cvnascimento/artigos/a37_redessociaisvirtuais.pdf] acedido

em 13/09/2013

Neto, I. (2011) Os Desafios dos Média Sociais na Comunicação Organizacional: A

Emergência do Facebook Como Ferramenta de Comunicação. Universidade do

Minho

[http://repositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/18101/1/Ivo%20Emanuel%20C

ampos%20Machado%20Neto.pdf] acedido em 17/01/2014

O’Reilly, T. (2006), Web 2.0 Compact Definition: Trying Again.

[http://radar.oreilly.com/2012/01/012412-radar-script.html/2014] acedido a

17/01/2014

Owyang, J. (2008), What Makes a Successful Marketing Campain on Social

Networks. [http://www.web-strategist.com/blog/2008/02/19/what-makes-a-

marketing-campaign-on-social-networks-successful/] acedido em 18/01/2014

Passos, J. (2011), A Importância das Redes Sociais no Consumo e Divulgação de

Conteúdos e Eventos Musicais: O Caso do Facebook em Portugal. Lisboa, ISCTE.

[https://repositorio.iscte.pt/bitstream/10071/5189/1/A%20IMPORT%C3%82NCIA

Page 72: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

59

%20DAS%20REDES%20SOCIAIS%20NA%20DIVULGA%C3%87%C3%83O%

20DE%20CONTE%C3%9ADOS%20E.pdf] acedido em 15/09/2013

Passos, J. et al. (s/d), The Importance os Social Networking in the Dissemination of

Musical Contents and Musical Events: The Case of Facebook in Portugal.

[http://www.lcbr-online.com/index_files/proceedingsemc12/12emc018.pdf] acedido

em 13/09/2013

Pereira, J. (2013), O Twitter em números. Publico.

[http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/o-twitter-em-numeros-1608119] acedido

em 15/01/2014

Pinto, M. (2012), Facebook atinge os mil milhões de utilizadores.

[http://pplware.sapo.pt/redes_sociais/facebook-atinge-os-mil-milhes-de-

utilizadores/] acedido em 15/01/2014

Poe, M. et al. Eds. (s/d), Teaching and Learning Online Communication,

Community, and Assessment. Boston: University of Massachusetts.

[http://www.umass.edu/oapa/oapa/publications/online_handbooks/Teaching_and_L

earning_Online_Handbook.pdf] acedido em 15/01/2014

Ponte, J. (2006), Estudos de caso em educação matemática.

[http://www.educ.fc.ul.pt/docentes/jponte/docs-pt/06-

Ponte%20(Estudo%20caso).pdf] acedido em 15/01/2014

Quivy, R. & Campenhoudt, L. (1998), Manual de Investigação em Ciências Sociais,

Lisboa: Gradiva. [http://pt.scribd.com/doc/37937019/Quivy-e-Campenhoudt-

Manual-de-Investigacao-em-Ciencias-Sociais] acedido em 17/01/2014

Rabaça, C. & Barbosa, G. (1987) Dicionário de Comunicação. São Paulo: Ed. Ática

Rebelo, M. & Alturas, B. (2011), Social Networking as a Marketing Tool: Study of

Participation in Cultural Events Promoted by Facebook. Liverpool: Academy of

Page 73: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

60

Marketing.

[http://www.academia.edu/2983923/Social_networking_as_a_marketing_tool_study

_of_participation_in_cultural_events_promoted_by_Facebook] acedido em

18/01/2014

Reino, L. (s/d), Redes Sociais e Marketing Digital, o Caso do Firula’s Café. UFMA.

[http://www.bocc.ubi.pt/pag/reino-lucas-redes-sociais-e-marketing-digital.pdf]

acedido em 13/09/2013

Ribeiro, S. (2011), Eliminação de comentário por parte da EDP no Facebook gera

polémica. [http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/eliminacao-de-comentario-por-

parte-da-edp-no-facebook-gera-polemica-1516892] acedido em 17/12/2013

Riggs, N. (2010), / Outcomes of Organizational Communication & Social Media –

A Draft Framework. [http://www.nateriggs.com/7-outcomes-of-organizational-

communication-social-media-a-draft-framework/] acedido em 17/01/2014

Scott, D. (2010), Blogs and Media Relations.

[http://www.webinknow.com/2007/02/blogs_and_media.html]

Scott, D. (2006), The New Rules Of Marketing & PR. New Jersey: John Wiley &

Sons. [http://www.davidmeermanscott.com/documents/New_Rules_of_PR.pdf]

acedido em 17/01/2014

Smith, K. (s/d), Tem Steps for Conducting a Communications Audit.

[http://www.urbanwordsgroup.com/tensteps.pdf] acedido em 15/12/2013

Soares, T. (s/d), Cibermedi@: Os meios de comunicação social portugueses online.

[http://www.bocc.ubi.pt/pag/soares-tania-cibermedia.pdf] acedido em 17/12/2013

Soares, M. (2013), YouTube alcança mil milhões de utilizadores mensais. Publico.

[http://www.publico.pt/tecnologia/noticia/youtube-alcanca-mil-milhoes-de-

utilizadores-mensais-1588593] acedido em 15/01/2014

Page 74: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

61

Szymaniak, W. (coord.), (2000), Dicionário de Ciências da Comunicação. Porto

Editora

Thomas, M. (1986), Dicionário de Marketing. Lisboa: Edições Sílabo

Tomaél, M. et al. (s/d), Das redes sociais à inovação.

[http://www.scielo.br/pdf/ci/v34n2/28559.pdf] acedido em 13/09/2013

Vieira, M. (s/d), Redes sociais, construções identitárias e os processos de consumo

na pós-modernidade. Universidade Federal do Pará.

[http://www.bocc.ubi.pt/pag/vieira-manuela-redes-sociais-construcoes-

identitarias.pdf] acedido em 13/09/2013

Warschauer, M. (2001), Online communication. In R Carter & D. Nunan (Eds.), The

Cambridge guide to teaching English to speakers of other languages (pp. 207-212).

Cambridge: Cambridge University Press.

[http://gse.uci.edu/person/warschauer_m/oc.html] acedido em 13/09/2013

West, B. (s/d), Traditional Communication Channels.

[http://smallbusiness.chron.com/traditional-communication-channels-65162.html]

acedido em 16/12/2013

Wood, A. & Smith, M. (s/d), Online Communication Linking Technology, Identity

& Culture (2ª Ed)

[http://www.pgce.soton.ac.uk/ict/NewPGCE/PDFs10/Online%20coms%20linking%

20tech,%20identity,%20culture%202.pdf] acedido em 15/01/2014

Wood, A. & Smith, M. (s/d), Online Communication Linking Technology, Identity

& Culture (2ª Ed) [http://sutlib2.sut.ac.th/sut_contents/H97655.pdf] acedido em

12/12/2013

Wypych, P. (s/d), O Buzz Marketing Virtual e o Ciberespaço.

[http://www.bocc.ubi.pt/pag/bocc-marketing-wypych.pdf] acedido em 13/09/2013

Page 75: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

62

Yin, R. (1994), Case Study Research: Design and Methods (2ª Ed) Thousand Oaks,

CA: SAGE Publications

Foram também consultados:

http://www.administradores.com.br/noticias/tecnologia/especialista-em-

facebook-fala-sobre-importancia-da-rede-social-no-meio-empresarial/37086/

acedido em 14/09/2013

http://www.ask.com/question/what-is-the-definition-of-online-communication

acedido em 12/12/2013

www.barcelonafestivalofsong.com

http://www.blogers.com.br/meios-de-comunicacao-antigos-e-atuais/ acedido em

17/12/2013

http://www.bndsoftware.com/newsite/onlinetrad.aspx acedido a 16/12/2013

http://www.briefing.pt/marketing/o-marketing-nao-marketing-de-beyonce.html

acedido em 17/12/2013

https://www.facebook.com/

http://www.flyte.biz/resources/newsletters/12/10/facebook-events.php acedido

em 13/09/2013

http://grupo4te.com.sapo.pt/mie2.html acedido em 17/12/2013

http://groups.yahoo.com/neo

http://www.gttp.org/docs/HowToWriteAGoodCase.pdf acedido a 17/12/2013

http://itlaw.wikia.com/wiki/Online_communication acedido em 12/12/2013

http://www.jrsconsulting.net/freearticles_1.html acedido em 15/12/2012

http://mailchimp.com/

Page 76: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

63

http://www.mgcomunicacao.com.br/porque-anunciar-na-internet.asp acedido em

16/12/2013

https://www.mundoarts.com

http://www.patriciacaicedo.com/

http://www.pcmag.com/encyclopedia/term/60733/online-communications

acedido em 12/12/2013

https://plus.google.com/

http://prezi.com/slys0c7vetmk/comunicacao-online-face-a-comunicacao-nao-

mediatizada/ acedido em 16/12/2013

https://repositorio.iscte.pt/handle/10071/5189 acedido em 15/09/2013

http://www.slideshare.net/admpub09/comunicao-o-processo-de-comunicao

acedido em 22/01/2014

https://twitter.com/

http://www.wikihow.com/Do-a-Case-Study acedido em 17/12/2013

http://www.youtube.com/

Page 77: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

64

Anexos

1. Entrevistas

1.1. Patrícia Caicedo – Diretora do Festival

1. Como é que uma médica de formação se apaixona pela música a ponto de fazer

dela a sua vida e a sua carreira?

Estudei música desde os 5 anos de idade e a música sempre fez parte da minha vida.

Ao terminar o curso de medicina decidi dedicar algum tempo a estudar canto e

durante esse processo descobri que a música me fazia muito feliz e pouco a pouco

foi crescendo a ideia de dedicar-me a ela por completo. Fui um processo orgânico

até que chegou o momento de decidir-me e decidi-me pela música.

2. Como surgiu a ideia do Barcelona Festival of Song?

Como cantora e musicóloga especializei-me no estudo da história e da interpretação

do repertório vocal da América Latina e da Península Ibérica. A minha missão é dar

a conhecer as suas obras e os seus compositores.

Dentro desta missão surgiu a ideia de criar o BFOS com a finalidade de preencher

um vazio no sistema educativo das instituições de música do mundo ocidental que

não incluem este repertório no seu currículo habitual.

Quando vivia nos Estados Unidos dei-me conta de que os cantores líricos viajavam

para a Europa no verão para estudar o repertório tradicional da ópera e da lied, e não

existia nenhum dedicado ao meu repertório. Decidi assim criar esse espaço.

Page 78: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

65

3. A primeira edição do festival foi em 2005. Quanto tempo antes começou o

trabalho para conseguir tornar este sonho em realidade?

Comecei a conceber a ideia um ano antes.

4. Qual é o principal objectivo do festival?

Promover a nível internacional o repertório vocal escrito por compositores latino-

americanos e ibéricos em português, espanhol e catalão. Formar as novas gerações

de cantores, estimular os compositores e criar um espaço para a difusão desta

música.

5. O que é que distingue o Barcelona Festival of Song dos outros festivais de

música clássica?

Em primeiro lugar, o seu repertório, a componente académica e o facto de ser um

espaço intergeracional, isto é, no curso participam em pé de igualdade, estudantes e

professores que querem aprender o repertório. Desde 2012 incorporamos o uso da

Internet de segunda geração, para levar os nossos conteúdos ao Brasil.

6. O festival tem alguma ajuda financeira de alguma entidade pública ou privada?

O festival não recebe dinheiro de nenhuma instituição, mas recebe ajuda em géneros

de instituições públicas.

7. Uma grande parte, senão quase todo o processo de marketing do festival é

realizada através da internet. Quais são as razões para isso acontecer?

A internet tem sido uma ferramenta chave para o desenvolvimento do festival. A

falta de fundos para realizar marketing tradicional levou-nos a desenvolver uma

Page 79: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

66

forte presença online e a utilizar a internet como a principal ferramenta de

promoção. As inscrições são realizadas pela internet e também em algumas das

aulas utiliza-se a Internet2.

8. Como descreveria, de forma simplificada, o processo de marketing do festival?

O BFOS conta com uma página de internet muito completa, na qual se explicam os

diferentes aspectos do mesmo. Essa página de internet está traduzida em várias

línguas.

Ao longo dos anos, construímos mailing lists de pessoas que estão dentro do nosso

target market. A estas pessoas enviamos newsletters periódicas e mensagens

personalizadas.

Utilizamos as redes sociais, como o Twitter, Facebook e o YouTube, e contamos

também um canal de TV online (mundoartstv), no qual promovemos vídeos dos

nossos eventos.

Anunciamo-nos em revistas especializadas que chegam ao nosso nicho de mercado.

9. Já desde o início que a internet tem um papel tão importante no processo de

marketing do festival, ou essa importância foi aumentando com o passar do

tempo?

Desde o início do festival que a internet tem sido muito importante, ainda que, nos

últimos anos o seu protagonismo tenha sido maior, graças ao crescimento das redes

sociais e, no nosso caso particular, ao uso da Internet2.

10. Qual a importância das redes sociais, como o facebook ou o twitter na

divulgação do festival?

Page 80: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

67

Através dessas redes conseguimos manter-nos presentes na memória dos nossos

clientes e fazemos chegar informação e promoção.

“Parte da missão do BFOS desde o seu início tem sido a promoção internacional do

repertório vocal ibero-americano e dos seus compositores, um objectivo muito

ambicioso que pretende ter um impacto global. Este objectivo que até há alguns

anos podia soar a uma utopia, hoje é potencialmente possível graças à chegada e ao

desenvolvimento das tecnologias de informação, especialmente graças ao uso

massivo da internet.

A existência de internet e as muitas possibilidades que ela oferece para as pessoa sde

todos os níveis sociais e nacionalidades tem sido uma peça determinante para que

um evento como o BFOS, que nasceu graças à iniciativa privada de uma só pessoa e

que não está vinculado a nenhuma instituição educativa ou governamental, tenha

podido manter-se durante oito anos e que tenha uso impacto internacional.

Uma iniciativa individual como esta, tem naturalmente recursos económicos

bastante limitados. Sem dúvida o êxito e sobrevivência deste evento, que envolve

agentes produtores de significado provenientes de diversos continentes e que conta

com um orçamento baixo, não teriam sido possíveis sem o crescimento e

desenvolvimento das novas tecnologias de informação. O uso a internet tornou

possível que a informação sobre o curso se dê a conhecer através de páginas de

internet, grupos sociais, emails, vídeos e áudios que chegam a todo o mundo. Graças

à internet os alunos podem matricular-se electronicamente, podem enviar os seus

materiais de inscrição e inclusive fazer audições online. Este factor foi, sem dúvida,

decisivo para a continuação do projecto e possibilitou a sua difusão entre os grupos

alvo.

Page 81: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

68

Desde um ponto de vista socio-tecnológico experimentamos o poder das redes

sociais graças ao rápido crescimento das tecnologias da comunicação e informação.

O acesso à internet fez com que fosse possível que pessoas, que de outra forma

nunca teriam tido conhecimento do repertório e do curso, pudessem aceder e

participar no BFOS convertendo-se em agentes produtores de significado. Em suma,

a internet tem um poder em si mesma e outorga poder a quem a utiliza como

ferramenta.” (Caicedo, 2013: 270)

11. O festival alcançou os objectivos que tinha quando o criou?

Sim claro, apesar que gostaríamos de crescer mais e ter maior presença na cidade.

12. Como é que uma só pessoa consegue produzir um festival tão grande como este?

Este festival foi iniciado por uma pessoa apenas, ma sé possível graças à

colaboração de muitas pessoas generosas e comprometidas. A minha função tem

sido a de liderar e contagiar os outros com o sentido de missão do BFOS. Ao longo

dos anos muitas pessoas têm contribuído e tornado possível o êxito e crescimento do

festival.

No que toca à organização e coordenação do mesmo, tem sido possível que apenas

uma pessoa o organize durante a maior parte do ano graças, entre outras coisas, à

internet que facilita o acesso a muitas pessoas a partir de um computador.

O meu conhecimento sobre o tema que se estuda, é muito importante, assim como o

conhecimento do target market e a minha familiarização com a internet e as

tecnologias da informação.

Page 82: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

69

13. A dissertação que estou a escrever é sobre a importância do online na

comunicação de uma organização e na divulgação dos seus eventos, assim que

mais nos pode dizer sobre a importância do online en geral para o processo de

comunicação do Barcelona Festival of Song?

A internet é uma ferramenta muito importante que deve ser utilizada com

conhecimento prévio da mesma e dos mercados.

A essência do marketing, isto é, o conhecimento dos clientes e do mercado,

continuam a ser os mesmos que no antigo paradigma do marketing.

Na actualidade a internet de certa forma, ‘democratizou’ o acesso aos grandes

públicos. O investimento necessário para se poder promover é muito menor do que

aquele que era necessário em tempos nos quais a internet não existia.

1.2. Josani Keunecke – Professora do festival

1. Como tomou conhecimento do Barcelona Festival of Song?

Eu tomei conhecimento do Barcelona Festival of Song através de minha orientadora

de Doutorado, Prof. Dra. Martha Herr, e de dois amigos: Lenine Santos e Adriano

Pinheiro. Todos foram professores do Festival em edições anteriores.

2. Quantas vezes já participou no Barcelona Festival of Song como professora?

Em de 2013 foi a primeira vez que eu participei do Festival como professora.

3. Na sua opinião qual a importância do Barcelona festival of Song no panorama

artístico e musical?

Page 83: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

70

A importância do Festival é enorme! Carecemos de pessoas como a cantora Patrícia

Caicedo que promove Festivais, concertos, encontros para divulgar e estudar a

música Ibero-Americana. O mundo do canto de câmera ainda não conhece as

belezas de nossas canções e existe um mercado mundial para interpretação de novas

canções.

4. O que diferencia o Barcelona Festival of Song dos outros festivais de música

clássica?

A principal diferença é que ele está voltado especificamente para músicos/cantores

interessados na canção de câmera Ibero-Americana. O aluno que se matricula para

participar do Festival sabe exactamente o que quer e vai encontrar no Festival.

5. Como sabe, praticamente todo o processo de comunicação e de marketing do

festival é efectuado através da internet e das redes sociais, qual a sua opinião em

relação a isso? Pensa que é a estratégia mais acertada?

Com certeza, sim. As gerações de novos intérpretes nasceram com a internet e a

tecnologia faz parte de suas vidas. Também acredito que através da internet você

consegue divulgar o Festival para o maior de pessoas se comparado com

divulgações impressas.

6. Qual a importância da internet e das redes sociais na divulgação do seu próprio

trabalho como artista?

É bastante grande. Eu utilizo as redes sociais para divulgação do meu trabalho, dos

meus concertos. Também utilizo as redes socias para fazer meu próprio marketing

através do uso de imagens do meu trabalho como intérprete.

Page 84: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

71

Quando quero ser mais pessoal no meu convite eu opto por enviá-lo por e-mail.

Para mim, soa mais pessoal do que quando você simplesmente envia um convite

para todos os seus amigos do Facebook, por exemplo.

Enfim, a rede social, no meu caso, é mais uma ferramenta de autopromoção do que

uma rede de amizade.

7. Nos últimos dois anos o Barcelona Festival of Song realizou uma parceria com a

cidade de São Paulo e realizou-se também lá, o que pensa dessa iniciativa e qual

a sua importância?

Iniciativas como a parceria entre o Barcelona Festival of Song e o Centro Cultural

de São Paulo são muito bem-vindas para o mundo da música. Acredito que podemos

nos beneficiar da tecnologia e poder ter aulas ou master classes com grandes

músicos, professores, que podem estar em lugares tão distantes. O mundo

corporativo já se beneficia com esta tecnologia. O mundo das Artes deve fazer o

mesmo.

1.3. Amelia Rivera – Participante do festival

2. Como tomou conhecimento sobre o Barcelona Festival of Song?

Tomei conhecimento através do cartaz promocional na Universidade de Minnesota.

3. Qual crê ser a importância do Barcelona Festival of Song no panorama musical?

Page 85: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

72

É o único festival focado na canção artística ibero-americana, e se não fosse o seu

esforço, possivelmente cada vez mais até as composições que existem em

bibliotecas e casas se perderiam, porque ninguém se interessa por elas.

4. O que é que distingue o Barcelona Festival of Song dos outros festivais de

música clássica?

O foco na canção artística ibero-americana.

5. O que aprendeu durante o Barcelona Festival of Song?

Estilos de execução e história da música ibero-americana e dicção para cantores.

6. O Barcelona Festival of Song ajudou-a a melhorou-a enquanto cantora e artista?

Tornou-me mais consciente de um repertório que era praticamente desconhecido

para mim.

7. Grande parte do processo de comunicação e marketing do festival é feito através

da internet e das redes sociais, acredita que essa é a forma mais fácil de chegar

às pessoas interessadas no festival?

Não. Acredito que a melhor forma seja promover-se através de escolas de música e

faculdades de música nas universidades. Só depois de ver o cartaz na universidade é

que fui pesquisar mais informação na internet.

8. Qual é a importância da internet e das redes sociais para si enquanto jovem e

artista?

Permite-me partilhar a minha música e seguir a actividade de outros artistas.

9. Quais são as melhores recordações que levou do Barcelona Festival of Song?

Page 86: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

73

A qualidade dos músicos e o vasto conhecimento e experiência dos conferencistas e

dos professores.

2. Cartazes e Flyers

Ilustração 1: Cartaz de promoção do curso de verão do BFOS

Page 87: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

74

Ilustração 2: Cartaz/flyer de promoção dos concertos do BFOS

Ilustração 3: Cartaz de um dos concertos do BFOS

Page 88: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

75

Ilustração 4: Cartaz de pedido de doação

3. Páginas de internet e facebook

Ilustração 5: Página de internet do Barcelona Festival of Song

Page 89: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

76

Ilustração 6: Página de internet de Patrícia Caicedo

Ilustração 7: Página de internet da Mundo Arts

Page 90: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

77

Ilustração 8: Facebook do Barcelona Festival of Song

Ilustração 9: Facebook Patrícia Caicedo

Page 91: Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociaisrepositorium.sdum.uminho.pt/bitstream/1822/30458/1/João Carlos de... · durante diversos anos num espaço de entretenimento e

78

Ilustração 10: Página de evento do facebook; um dos concertos do festival

Ilustração 11: Página de evento do facebook; uma das conferências do curso de verão