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Universidade do Minho Instituto de Ciências Sociais Célia Maria Vilela Pontes Janeiro de 2013 Casas Brasonadas de Guimarães: Um itinerário Turístico-Cultural Volume I UMinho|2013 Célia Maria Vilela Pontes Casas Brasonadas de Guimarães: Um itinerário Turístico-Cultural Volume I

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Universidade do MinhoInstituto de Ciências Sociais

Célia Maria Vilela Pontes

Janeiro de 2013

Casas Brasonadas de Guimarães: Um itinerário Turístico-Cultural

Volume I

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Trabalho realizado sob a orientação doProfessor Doutor José Manuel Lopes Cordeiroe doMestre Manuel Sampaio Pimentel Azevedo Graça

Universidade do MinhoInstituto de Ciências Sociais

Célia Maria Vilela Pontes

Janeiro de 2013

Dissertação de MestradoMestrado em Património e Turismo Cultural

Casas Brasonadas de Guimarães: Um itinerário Turístico-Cultural

Volume I

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DECLARAÇÃO

Nome: Célia Maria Vilela Pontes

Endereço electrónico: [email protected] Telefone: 965082443

Número do Cartão do Cidadão: 10591860

Título dissertação: Casas Brasonadas de Guimarães: Um Itinerário Turístico-Cultural

Orientadores: Professor Doutor José Manuel Lopes Cordeiro e o Mestre Manuel Sampaio Pimentel

Azevedo Graça

Ano de conclusão: 2013

Designação do Mestrado: Património e Turismo Cultural

1. É AUTORIZADA A REPRODUÇÃO INTEGRAL DESTA DISSERTAÇÃO APENAS PARA EFEITOS DE INVESTIGAÇÃO, MEDIANTE DECLARAÇÃO ESCRITA DO INTERESSADO, QUE A TAL SE COMPROMETE;

Universidade do Minho, ___/___/______

Assinatura: ________________________________________________

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Volume I

AGRADECIMENTOS

Para a elaboração deste trabalho foi imprescindível o apoio e o envolvimento de algumas

pessoas e Instituições. Como tal aqui deixo o meu reconhecimento e gratidão a todos eles. O

desenvolvimento de uma investigação pressupõe várias etapas e os seus contributos constituíram-se

elementares para a sua conclusão.

Em primeiro lugar quero agradecer aos meus orientadores, Professor Doutor José Manuel Lopes

Cordeiro (Docente da Universidade do Minho) e ao Mestre Manuel Azevedo Graça (Diretor do Museu de

Alberto Sampaio, Paço dos Duques de Bragança e Museu de Etnologia do Porto), pelos incentivos e

ensinamentos e por terem acreditado neste projeto.

Ao António José Oliveira por todo o apoio e carinho, pelas palavras de encorajamento, discussão

de ideias e pela cedência de Bibliografia.

Um agradecimento a todos os que se mostraram disponíveis para responder aos questionários e

aos que prontamente abriram as portas das suas Casas Brasonadas. Um agradecimento especial ao

Sérgio Ferreira e ao Dr. António Alberto Rodrigues Ribeiro, Juiz Desembargador do tribunal da Relação

pela simpatia e disponibilidade em mostrar-me a Casa dos Couto. Ao Sr. Francisco Vieira, Presidente

do Sindicato Têxtil do Minho e Trás os Montes, pela disponibilidade em mostrar-me a Casa dos Moreira

de Sá. À Dona Guilhermina e ao Francisco Viamonte da Silveira pela simpatia e disponibilidade na visita

que efetuamos ao jardim e Casa dos Pombais. À Dona Maria Adelaide Pereira de Moraes pelas

informações sobre algumas Casas Brasonadas de Guimarães. À Dra. Maria José Nascimento da DGPC

(Direção Geral do Património Cultural) pela disponibilidade no tratamento dos questionários.

Aos colegas do grupo Origens, Genealogia e História da Família do facebook pelos incentivos e

pelos ensinamentos, um especial agradecimento ao Dr. Miguel de Sousa e ao genealogista Fernando

Manuel Moreira de Sá Monteiro pela cedência de documentação. À Emília Cunha, pela cedência de

dados estatísticos do Turismo de Guimarães.

Aos colegas de trabalho do Museu de Alberto Sampaio pelas palavras de encorajamento, em

particular à Adriana Lopes pelo profissionalismo na tradução do resumo da tese. Aos colegas de

Mestrado pelo apoio e trocas de saber.

Por último, um agradecimento aos meus Pais e ao meu irmão, que sempre estiveram presentes

na minha vida.

A todos um enorme obrigada.

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Volume I

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Volume I

RESUMO

A casa é um documento autêntico da vida do homem, documento de pedra e cal, mas de

extraordinária importância para estudarmos os costumes, a evolução do gosto e da vida social. Nas

casas está resumido todo um estilo de vida, por isso ela é um elemento importantíssimo para o estudo

duma sociedade, em qualquer época que se considere. A cidade de Guimarães em especial o seu

centro histórico tem vários exemplos que testemunham a sua historia ao longo dos tempos. Abordar as

Casas Brasonadas de Guimarães como património a ser valorizado através de um itinerário turístico-

cultural, foi a divisa que deu início a este nosso estudo. Pensamos como área de estudo, o concelho de

Guimarães, no entanto e devido a questões metodológicas e temporais descartamos esta ideia,

cingindo-nos ao centro urbano. Espaço em que delimitamos ao centro histórico e seus arrabaldes.

Temos, no entanto, noção da necessidade de prolongarmos o nosso itinerário ao vasto concelho de

Guimarães, que possui um diversificado conjunto de casas brasonadas.

Após selecionada a área de estudo, foram identificadas e posteriormente selecionadas as casas

de interesse para esta investigação, baseando-se a escolha em critérios previamente estabelecidos.

Estas casas já foram estudadas por diferentes autores, nomeadamente a sua genealogia e heráldica,

no entanto, a sua valorização não pode passar só por essa investigação. O estudo de um património

cultural é essencial para o conhecermos, mas só isto não chega para que lhe possamos dar o respetivo

valor, é necessário colocá-lo a comunicar com o visitante. Nas Casas Brasonadas encontramos um

recurso que depois de trabalhado poderá contribuir para o enriquecimento da oferta cultural da cidade.

O objetivo geral desta investigação prende-se com a proposta de elaboração de um itinerário

turístico-cultural. Especificamente procurou-se identificar, examinar e valorizar as Casas Brasonadas do

centro urbano de Guimarães, realçando o seu potencial atrativo turístico para organizar uma Rota. Um

dos objetivos centrais do estudo foi reconhecer a potencialidade turística de casas com esta tipologia.

No terreno visitamos as Casas, falamos com alguns proprietários e conseguimos analisar estes

elementos âncora da nossa Rota. Abordámos as fases de preparação e desenvolvimento da Rota, e

tivemos também a preocupação de incluir a possível entidade promotora, analisar a perceção dos

sujeitos responsáveis por algumas entidades a envolver no Projeto e sugerir elementos para a sua

dinamização. Ficou excluída a implementação e teste da Rota, por não ser esse um dos objetivos a que

nos propúnhamos. Contudo, ficou reconhecida a atratividade que estas Casas suscitam na população

local e nos visitantes. Motivo suficiente para ser implementada a Rota das Casas Brasonadas do centro

urbano de Guimarães, e quem sabe, no futuro alargar ao concelho no seu todo.

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Volume I

ABSTRACT

A house is a genuine document of human life, a document of stone and lime, but of an

extraordinary importance to the study of the habits, the evolution of taste and social life. The houses

reveal a lifestyle and are therefore a very important factor to the study of a society at any period of time.

The city of Guimarães, especially the historical centre, has several examples that demonstrate its

history. Approaching the houses with coat of arms of Guimarães as a heritage to be highlighted through

a touristic and cultural itinerary was the reason that led to this study. For this purpose, we first

considered the area of the municipality of Guimarães, however, and because of methodological and

time issues, we abandoned this intention, taking into account only the urban centre: a geographic area

limited to the historic centre and its suburbs. We have though the notion that there’s need to expand

our itinerary to the vast municipality of Guimarães, which possesses a wide set of emblazoned houses.

After selecting a field of study, we identified and later chose the houses with interest to this

research, basing our choice in previously established criteria. These houses have already been studied

by different authors, namely in what concerns genealogy and heraldic. But its valorization can not be

reduced to that research. Studying a cultural heritage is essential for us to know it but not enough to

value it. It is necessary to put it into communication with the visitor. In the houses with coat of arms we

find a resource that after being worked can contribute to enrich the cultural offer of the city.

The main purpose of this research is to propose the elaboration of a touristic and cultural

itinerary. Specifically, we tried to identify, examine and highlight the noble houses of the historic centre

of Guimarães, underlining its touristic potential in order to develop a route. A key objective of this study

was to acknowledge the touristic potential of houses belonging to this category. On the field we visited

the houses, spoke to some of the owners and managed to analyse these anchor elements of our route.

We addressed the stages of preparation and development of the route, yet seeking to include the

possible promoter, analysing the perception of those who are responsible for some of the entities to

involve in the route and suggesting elements to promote it. The implementation and testing of the route

have been excluded from this project since they weren't part of the aims. However, the attractiveness

that these houses have both on the population and the visitors became evident. Reason enough to

implement the route of the houses with coat of arms of the urban centre of Guimarães and, in the

future, extend it to the entire municipality.

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Volume I

ÍNDICE GERAL

Volume I

I – INTRODUÇÃO…………………………………………………………………………………………………………. 1

1.1. Apresentação do Tema………………………………………………………………………………………….1

1.2. Objetivos……………………………………………………………………………………………………………3

1.3. Metodologia……………………………………………………………………………………………………… 4

II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO………………………………………………………………………………… 7

2.1. Estado da Arte……………………………………………………………………………………………………….7

2.2. Turismo Cultural: definição e potencialidade………………………………………………………………11

.. 2.3. A relevância das Rotas no Turismo Cultural……………………………………………………………… 14

III – GUIMARÃES: NA ROTA DO TURISMO CULTURAL………………………………………………… 18

3.1. Caracterização do município…………………………………………………………………………………….18

3.1.1. Caracterização física…………………………………………………………………………………………18

3.1.2. Caracterização humana……………………………………………………………………………………. 20

3.1.3. Caracterização histórica……………………………………………………………………………………. 27

3.2. Análise do Turismo de Guimarães…………………………………………….………………………………. 31

3.2.1. Evolução recente………………………………………………………………………………………….. 31

3.2.2. Recursos e atrativos turísticos da cidade……………………………………………………….…..…34

3.2.3. Oferta: equipamentos e serviços turísticos………………….……….………………………………...42

3.2.4. Procura Turística……………………………………………………………………………………….… 49

IV – ESTUDO DE CASO: CASAS BRASONADAS DE GUIMARÃES E AS SUAS

POTENCIALIDADES TURÍSTICAS………………………………………………….………………………..……..51

4.1. A casa nobre: breve caracterização………………………………………………………………………….…….51

4.1.1. Casa nobre armoriada: conceito……………………………………………………………………………61

4.2. Casas brasonadas de Guimarães: um património a valorizar……………………………………………...64

4.2.1. Enquadramento geral…………………………………………………………………………………………...64

4.2.2. Identificação e caracterização do objeto de estudo ……………………………………………………..66

4.3. Rota das Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães………………………………………………78

4.3.1. Objetivos gerais e específicos………………………………………………………………………………...78

4.3.2. Avaliação…………………………………………………………………………………………………………….79

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Volume I

4.3.3. Definição e descrição dos itinerários………………………………………………………………………...82

4.3.3.1. Principais itinerários………………………………………………………………………………….……85

4.3.3.2. Itinerários curtos e temáticos…………………………………………………………………………...98

V – ELEMENTOS PARA A DINAMIZAÇÃO E PROMOÇÃO DA ROTA………………………………..110

VI – Considerações finais…………………………………………………………………………………………..118

Bibliografia…………………………………………………………………………………………………………………120

Volume II

Nota Introdutória

Anexo 1 - Recursos turísticos: Património civil e religioso

Anexo 2 - Equipamentos e serviços turísticos

Anexo 3 - Modelo de questionário

Anexo 4 - Tratamento de dados dos questionários através do software SPSS

Anexo 5 – Fichas de Inventário

Anexo 6 – Mapa com a localização geral das Casas Brasonadas do Centro Urbano de Guimarães

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Volume I

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ACIG – Associação Comercial e Industrial de Guimarães

AL – Alojamento Local

A.M.A.P. – Arquivo Municipal Alfredo Pimenta

A.S.C.M.G. – Arquivo da Santa Casa da Misericórdia de Guimarães

CAAA – Centro de Assuntos da Arte e Arquitetura

CEC – Capital Europeia da Cultura

CMG – Câmara Municipal de Guimarães

DCH – Divisão do Centro Histórico

DGEMN – Direção Geral dos Monumentos Nacionais

DG – Diário do Governo

DR – Diário da República

Fig. – Figura

GPS – Global Positioning System

ICOMOS –International Council on Monuments and Sites

IGESPAR – Instituto de Gestão do Património Arquitetónico e Arqueológico

MAS – Museu de Alberto Sampaio

NUT – Nomenclatura de Unidades Territoriais

OMT – Organização Mundial de Turismo

SPSS – Statistical Package for the Social Sciences

SWOT – Strenghts, Weakness, Opportunities e Threats.

Vol. – Volume

UM – Universidade do Minho

UNESCO – United Nations Educational, Scientific and Cultural Organization

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Volume I

ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1 – Carta militar de Guimarães e freguesias vizinhas. Serviços Cartográficos do Exército, Escala

1/25 000, Continente (Série M888)……………………………………………………..………….……19

Figura 2 – Atual concelho de Guimarães e seus limites urbanos (CMG, 2011)……………………….…... .21

Figura 3 – Densidade populacional das freguesias do concelho de Guimarães (CMG, 2011)…….…..…22

Figura 4 - Principais vias de comunicação do Concelho de Guimarães (CMG)……………………….…..….24

Figura 5 - Vista aérea do largo do Toural (CMG, 2001)……………………………………………………………..25

Figura 6 - Mapa com a Zona Classificada como Património Cultural da Humanidade e Zona de

Intervenção da D.C.H (CMG/DCH, 2012)……………………………………………………….…….…..26

Figura 7 - Litografia da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira (século XIX)…………………….………….27

Figura 8 - Litografia de Nossa Senhora da Oliveira (século XIX)……………………………………….….…..…29

Figura 9 - Palácio e Centro Cultural Vila Flor (Foto da Autora)……………………………………….………..….32

Figura 10 - Plataforma das Artes (Foto da Autora)……………………………………………………….…………..33

Figura 11 - Vista aérea do centro histórico de Guimarães (CMG, 2001)……………………………………….34

Figura 12 - Bordado de Guimarães (retirado de http://artesanatoguimaraes.wordpress.com).............37

Figura 13 - Cantarinha dos Namorados (MAS)………………………………………………………………….……..37

Figura 14 – Maria Guimarães ( http://guimaraes2012.blogs.sapo.pt/tag/guimar%C3%A3es)..............39

Figura 15 - Jardins do Palácio Vila Flor (Foto da Autora)……………………………………………….…………..41

Figura 16 – Parque do Monte Latito (Foto da Autora)…………………………………………………..……………41

Figura 17 - Cerca do Convento de Santa Marinha da Costa (Foto da Autora)……………………..………….42

Figura 18 – Perspetiva da Montanha da Penha (Foto da Autora)……………………………………....….…….42

Figura 19 – Largo da Oliveira (Foto da Autora)…………………………………………………………….…….…….44

Figura 20 – Praça de Santiago (Foto da Autora)………………………………………………………………….……44

Figura 21 – Praça de Santiago durante a realização do Euro 2004 (Foto da Autora)…………………….…46

Figura 22 - Reconstituição do voto de D. João I pelas escolas da cidade de Guimarães e MAS (MAS,

2001)…………………………………………………………………………………………….……………...48

Figura 23 – Instituto de Design (antiga Fábrica de Curtumes da Ramada de António Martins Ribeiro)

(Foto da Autora)……………………………………………………………………………………………….49

Figura 24 – Torre dos Almadas…………………………………………………………………………………………....54

Figura 25 – Casa do Arco na rua de Santa Maria (Foto da Autora)………………………………………………56

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Volume I

Figura 26 – Localização das 30 Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães (mapa extraído no

Google Earth)……………………………………………………………………………….……………….…68

Figura 27 - Pedra de Armas pintado no teto de uma das salas da casa dos Couto (Foto da Autora)…..73

Figura 28 – Museu de Alberto Sampaio (Foto da Autora)…………………………………………………..…...…84

Figura 29 - Pinturas com motivos heráldicos, no travejamento do teto da Igreja de Nossa Senhora da

Oliveira (DGEMN)…………………………………………………………………………………….……….85

Figura 30 – Padrão do Salado e antigos Paços do Concelho (Foto da Autora)………………………..………86

Figura 31 – Vista aérea do antigo convento de Santa Clara (CMG, 2001)……………………………….…….87

Figura 32 – Vista aérea do largo Martins Sarmento (CMG, 2001)………………………………………….…….88

Figura 33 – Vista aérea sobre o Monte Latito (CMG, 2001)………………………………………………….…….89

Figura 34 – Antigo Convento de Santo António dos Capuchos (Foto da Autora)………………………….….89

Figura 35 – Vista aérea do Largo João Franco (CMG, 2001)………………………………………………………91

Figura 36 – Itinerário do “centro histórico de Guimarães” com a localização das respetivas Casas

Brasonadas (extraído do Google Earth)………………………………………………………………...92

Figura 37 – Padrão de D. João I (Foto da Autora)…………………………………………………………………….94

Figura 38 – Fachada da capela da Ordem Terceira de São Domingos e da Igreja com o mesmo nome

(Foto da Autora)……………………………………………………………………………………………….94

Figura 39 – Viela de ligação entre a rua da Liberdade e a rua da Caldeiroa (Foto da Autora)……………95

Figura 40 – Igreja do antigo Convento de São Francisco e capela da Venerável Ordem de São Francisco

(Foto da Autora)……………………………………………………………………………………………….96

Figura 41 – Igreja de Nossa Senhora da Consolação e dos Santos Passos (Foto da Autora)…………….97

Figura 42 – Itinerário dos “arrabaldes” com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do

Google Earth)……………………………………………………………………………………….………….98

Figura 43 – Itinerário “Casas brasonadas numa rua de Elite” com a localização das respetivas Casas

Brasonadas (extraído do Google Earth)………………………………………………………………...99

Figura 44 – Itinerário “Uma Casa, uma peça” com a localização das respetivas Casas Brasonadas

(extraído do Google Earth)……………………………………………………………………………..…101

Figura 45 – Itinerário “Uma Casa, uma Instituição” com a localização das respetivas Casas Brasonadas

e instituições religiosas (extraído do Google Earth)………………………………………………..103

Figura 46 – Vista aérea da Casa do proposto e Jardim posterior (extraído do Google Earth)……………104

Figura 47 – Pormenor do jardim da Casa dos Pombais (Foto da Autora)……………………….……………105

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Volume I

Figura 48 – Vista aérea da Casa dos Pombais e jardim (extraído do Google Earth)……………………….105

Figura 49 e 50 – Pormenores do jardim do Palácio Vila Flor (Fotos da Autora)………………..…………..105

Figura 51 – Itinerário “Uma Casa, um jardim” com a localização das respetivas Casas Brasonadas e

jardins (extraído do Google Earth)………………………………………………………..…………….106

Figura 52 – Retrato de D. José de Bragança. Paço Arquiepiscopal de Braga………………….……………107

Figura 53 – Casa dos Carvalho onde D. José de Bragança se hospedou (extraído BARBOSA: 1886)..107

Figura 54 – Postal dos inícios do século XX: Largo João Franco. Ao fundo a Casa dos Carvalho e do

lado direito perspetiva da Casa dos Couto……………………………………………..…………...108

Figura 55 – Itinerário “Três Casas, um arcebispo” com a localização das respetivas Casas Brasonadas

(extraído do Google Earth)……………………………………………………….…………….…….…..109

Figura 56 – Retábulo de São Jorge (MAS, ED2) ……………………………………………………………….……112

Figura 57 – Túmulo com jacente de Manuel Valadares (MAS,L-63)……………………….…………………..112

Figura 58 - Relicário com relíquia de São Torcato (MAS, O-26)……………………………..………………….113

Figura 59 – Cruz processional (MAS, O-19)……………………………………………………….………………….113

Figura 60 - Batuta do último fidalgo do Toural (MAS,O-155)………………………………….…………………113

Figura 61 – Teto da capela de São Jorge, Casa Navarros de Andrade (MAS, P-70)………….……………113

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Volume I

ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1 – Elementos facilitadores e inibidores à implementação da Rota das Casas Brasonadas no

centro urbano de Guimarães………………………………………………………………………………..79

Tabela 2 - Peças do MAS com ligação a Casas Brasonadas……………………………………………………..100

Tabela 3 - Componentes para a comercialização do produto turístico…………………………………….….110

ÍNDICE DE GRÁFICOS

Gráfico 1 – Localização das Casas Brasonadas……………………………………………………………………….71

Gráfico 2 – Estado de conservação das pedras de armas………………………………………………………….71

Gráfico 3 – Número de pedras de armas existentes em cada Casa…………………….…………………….…72

Gráfico 4 – Tipo de material utilizado na feitura da pedra de armas da fachada………………………….…73

Gráfico 5 – Leitura Heráldica…………………………………………………………………………………………….…74

Gráfico 6 – Casas com Jardim esteticamente relevante……………………….……………………………………75

Gráfico 7 – Utilização atual……………………………………………………………………………………………….…76

Gráfico 8 – Tipo de proprietário da Casa………………………….…………………………………………………….77

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Volume I

“O património cultural de um povo é um dos seus mais caros valores e sociedade que não tem

passado, que não tem património moral e cultural, é pobre, ainda que possa ser rica no gozo de

efémeros bens materiais. Compete-nos pois guardar ciosamente cada pedra, cada manuscrito, cada

obra de arte ou de simples respeito histórico, o simples relicário, os conceitos da própria forma de

vida, as normas muito especiais da nossa maneira de estar no mundo” (ALVES, 1984:6).

I – INTRODUÇÃO

1.1. Apresentação do tema

Iniciamos o presente estudo com uma frase que demonstra a importância do Minho no

panorama turístico: “O Minho – região turisticamente privilegiada – é relicário das melhores

tradições portuguesas” (DIAS, 1970: 175 -176). Como minhota que somos não poderíamos deixar

de estudar um tema que se enquadra nesta região. De facto e como nos refere Basílio Dias, é

“Terra de nobreza e de famílias ilustres – das mais antigas de Portugal – era a região escolhida, em

tempos remotos, para deleite e descanso“. Delimitamos a área geográfica do nosso estudo à cidade

de Guimarães, “berço nobilíssimo da monarquia portuguesa” 1.

O primeiro contacto com o tema deste nosso estudo surgiu acerca de doze anos atrás,

aquando da realização da nossa licenciatura. Na época foi-nos solicitado a feitura de um trabalho

para a disciplina de Gestão do Património, ministrada pela Arquiteta Margarida Coelho. O tema foi

quase de imediato escolhido, tendo em conta que pouco tempo antes e durante uma passagem

pelo centro histórico de Guimarães, deparámo-nos com uma vasta oferta de casas brasonadas. Este

testemunho importantíssimo da história da cidade despertou-nos o interesse e a preocupação na

sua salvaguarda. Demonstrar que estes imóveis constituem um património valioso capaz de

enriquecer a oferta cultural da cidade de Guimarães, foi um dos objetivos desse trabalho de

licenciatura. Hoje e depois de passado alguns anos decidimos aprofundar o tema e alargar o nosso

espaço de estudo (de onze casas estudadas ao de leve, passamos para trinta e uma na atualidade).

O conhecimento adquirido ao longo dos anos, sobre a história, o património e o turismo de

Guimarães permitiu aprofundar a temática deste nosso trabalho. Abordar as casas brasonadas de

1 Assim se refere CALDAS, 1996: 25.

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Volume I

Guimarães como património a ser valorizado através de um itinerário turístico, foi a divisa que deu

início a este nosso estudo. No turismo há um grande interesse por património cultural, lugares

históricos e cidades com uma oferta cultural variada, surgindo novas perspetivas para a economia

urbana de uma localidade. O turismo também é visto como um meio de viabilizar a conservação de

patrimónios culturais e um incentivo para a inovação de atividades, podendo tornar-se uma força

importante para a defesa da herança cultural. Os itinerários turísticos são na atualidade uns das

melhores formas de salvaguardar e promover o nosso património cultural. Além de contribuir para o

desenvolvimento da região onde o itinerário está inserido.

Pensamos como espaço geográfico, o concelho de Guimarães, no entanto e devido a

questões metodológicas e restrições temporais descartamos esta ideia, cingindo-nos ao centro

urbano. Espaço que delimitamos ao centro histórico e seus arrabaldes. Temos no entanto noção da

necessidade de prolongarmos o nosso itinerário ao vasto concelho de Guimarães, que possui um

amplo conjunto de casas brasonadas. Após selecionada a área de estudo, foram identificadas e

posteriormente selecionadas as casas de interesse para esta investigação, baseando-se a escolha

em critérios previamente estabelecidos. Estas casas já foram estudadas por diferentes autores,

nomeadamente a genealogia e heráldica, no entanto a sua valorização não pode passar só por esse

estudo. O estudo de um património cultural é essencial para o valorizarmos, mas só isto não chega

para mostrar o seu interesse, é necessário colocá-lo a comunicar com o visitante. E nada melhor

que a criação de itinerários. E nas casas brasonadas encontramos um recurso que depois de

trabalhado pode contribuir para o enriquecimento da oferta turística de uma cidade. No nosso

estudo, além da proposta de criação de uma Rota de Casas Brasonadas do centro urbano de

Guimarães, incluímos igualmente elementos para a dinamização da respetiva Rota, que poderão

funcionar como um motor de arranque para uma possível e futura implementação. Demonstrar que

a implementação de uma Rota das Casas Brasonadas no centro urbano de Guimarães é uma mais-

valia na oferta turística da cidade é outro dos objetivos genéricos que se pretende desenvolver neste

estudo.

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Volume I

1.2. Objetivos

O objetivo geral desta investigação prende-se com a proposta de elaboração de uma Rota de

Casas Brasonadas existentes em Guimarães que abranja diferentes itinerários. Deste modo,

procurou-se identificar, examinar e valorizar as casas brasonadas do centro urbano de Guimarães,

realçando o seu potencial como atrativo turístico para que se organizasse uma Rota. Neste trabalho

abordámos as fases de preparação e desenvolvimento da rota. Contudo, houve a preocupação de

incluir a possível entidade promotora, analisar a perceção dos sujeitos responsáveis por algumas

entidades a envolver na rota e sugerir elementos para a sua dinamização. Ficará excluída a

implementação no terreno e teste da rota, por não ser esse um dos objetivos a que nos

propúnhamos.

Neste sentido, os objetivos específicos compreendem:

– Analisar o estado da arte, realizando uma revisão bibliográfica com a identificação das teses

de doutoramento; dissertações de mestrados; artigos científicos e outras obras que contribuam para

o conhecimento das Casas Brasonadas e do turismo cultural, nomeadamente sobre Rotas.

- Reconhecer a importância económica, social, religiosa e artística de Guimarães ao longo dos

séculos;

- Desenvolver o interesse pela história local;

- Promover o estudo científico das Casas Brasonadas e do centro urbano;

- Proteger, valorizar e divulgar um património edificado que testemunha a evolução urbana da

cidade;

-Promover a genealogia e heráldica local;

- Demonstrar as potencialidades turísticas das Casas Brasonadas, com particular incidência em

Guimarães;

- Apresentar e desenvolver elementos para a criação de uma Rota de Casas brasonadas;

- Aferir da viabilidade da criação de uma Rota de Casas Brasonadas no centro urbano de

Guimarães;

-Promover parcerias entre as diversas Instituições e entidades locais.

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Volume I

1.3. Metodologia

Para a realização de um projeto turístico-cultural é necessário primeiramente um estudo

histórico sobre o que pretendemos valorizar. Assim, neste trabalho a metodologia utilizada foi a

pesquisa documental e a pesquisa de campo. Na pesquisa documental, reunimos informações

secundárias, ou seja, aquelas obtidas em pesquisas anteriores e em informações bibliográficas

coletadas em livros, documentos, arquivos, folhetos, Internet e outras fontes esclarecedoras. Estas

informações permitiram definir alguns conceitos-chave, caracterizar o espaço em estudo para além

de identificar critérios de constituição das rotas. Em complemento, a investigação de campo

proporcionou a verificação de algumas informações obtidas na pesquisa de laboratório,

nomeadamente no que se refere ao levantamento da oferta da cidade (recursos, atrativos,

equipamentos e serviços turísticos).Na pesquisa documental encontramos elementos para definir o

nosso objeto de estudo. Conseguiu-se definir o que é uma Casa Brasonada, o elemento-âncora na

construção da nossa Rota. Para demonstrarmos a importância da valorização destas casas

efetuamos o enquadramento legal das mesmas, através da consulta de legislação sobre o tema.

Reconhecido o seu valor legal e patrimonial como Bem Cultural, passamos à identificação

cartográfica das casas, não sem antes limitar o espaço de estudo. Primitivamente pensamos numa

Rota que abrangesse o concelho de Guimarães. Devido ao fator temporal, este pensamento foi

descartado. Optamos pelo centro histórico de Guimarães, mas decidimos não nos limitar ao espaço

intramuros por acharmos que estas casas se prolongam aos arruamentos limítrofes.

Para o levantamento das Casas Brasonadas do espaço limitado por nós, foi necessário

percorrer todas as ruas e identificar as casas que ostentam uma pedra de armas. Esta identificação

só foi possível com uma pesquisa de campo que se traduziu no contacto com arrendatários e/ou

proprietários das casas. É de referir que a abordagem aos proprietários e/ou arrendatários permitiu

sensibiliza-los para o nosso trabalho, sendo notório a disponibilidade de muitos em participar numa

possível Rota de Casas Brasonadas. Salientamos o fato do sucesso de qualquer projeto turístico

passar primeiramente pela envolvência da população local. A pesquisa de campo foi essencial para

obter informações in loco das casas selecionadas, conseguindo desta forma completar, comprovar e

atualizar dados. As informações referentes a cada casa selecionada foram coligidas numa ficha de

inventário realizada para o efeito. Conseguimos deste modo conhecer detalhadamente cada casa

em estudo. Por uma questão organizacional foram colocadas no volume II. Por fim, houve

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Volume I

necessidade de obter elementos concretos, que permitissem aferir e confirmar da importância que

uma Rota de Casas Brasonadas teria para Guimarães. Deste modo auscultamos algumas entidades

representativas da cidade, tendo em conta o contacto que à posteriori estas pessoas possam vir a

ter com a Rota em causa. A seleção da Amostra recaiu sobre entidades estabelecidas no centro da

cidade, e que representam diferentes áreas: alojamento2, restauração3, entretenimento noturno4,

comércio local5, residentes6, turismo7, entidades culturais8. Escolhemos aleatoriamente três

entidades por cada área selecionada, totalizando 21 questionários.

A recolha consistiu na realização de questionários9 de resposta fechada, através dos quais

foram colocadas questões relacionadas não só com a oferta cultural/turística de Guimarães, mas

também com o conhecimento e importância que as entidades representativas locais dão às Casas

Brasonadas. Os questionários foram realizados entre os dias 10 e 16 de outubro de 2012.

Para o tratamento dos dados recolhidos utilizou-se o software SPSS (Statistical Package for

the Social Sciences)10.

Da sua análise chegamos às seguintes conclusões11:

Acerca da questão “se consideram que Guimarães possui uma vasta oferta cultural”, 52,4%

dos inquiridos respondeu muito, deixando para 2º lugar com 28,6% quem considera que tem média

e com 19% responderam elevada oferta cultural.

Relativamente ao que sugerem para visitar em Guimarães notou-se que a maioria (57,1%),

escolhe o centro histórico de Guimarães.

Quanto às rotas turísticas do concelho, a Rota da Penha é sem sombra de dúvida a mais

conhecida pelos inquiridos (95,2%). A Rota da Citânia é conhecida por 76,2% e a Rota de São

2 Os seguintes: Hotel do Toural e dois Hostels.

3 A saber: Restaurante Histórico, Restaurante Paraxut e Restaurante Cozinha Regional Santiago.

4 Os seguintes: Rolhas e Rótulos, Cocunuts e Egas Moniz.

5 A saber: Associação Comercial e Industrial de Guimarães, Artesanato Santiago e Vimaranes Artesanato.

6 Moradores no Centro Histórico.

7 Turismo Porto e Norte de Portugal, Turismo de Guimarães e Qualititours.

8 Museu de Alberto Sampaio, Paço dos Duques e Muralha-Associação de Guimarães para a Defesa do Património.

9 Ver em anexo modelo do questionário.

10 É um software aplicativo do tipo científico, teve a sua primeira versão em 1968 e é um dos programas de análise estatística mais

usados nas ciências sociais.

11 O tratamento dos dados analisados informaticamente (tabelas e gráficos), encontram-se reproduzidos no Volume II.

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Volume I

Torcato é conhecida por 66,7% dos inquiridos. A menos conhecida é a Rota do património Industrial

do Vale do Ave (66,7%).

Quando se pergunta se já as visitou, 85,7% respondeu que sim, sendo a Rota da Penha a que

obteve maior pontuação com 61,9% a responder que já a tinha visitado. Com igualdade percentual

(33,3%) temos a Rota do Vinho Verde e a Rota do Património Industrial do Vale do Ave, portanto as

menos visitadas. Denota-se contudo que 81% dos inquiridos estão interessados em visitá-las e

quando lhes perguntamos quais as que teriam mais interesse respondem todas (23,8%).

Constatamos também que a maioria dos inquiridos (57%1) considera que as Rotas não são

em número suficiente.

Relativamente às Casas Brasonadas da cidade, os inquiridos são conhecedores da sua

existência (76,2%), sendo a Casa do Arco a mais conhecida (76,2%). Denotamos, no entanto, que

existe pouco conhecimento das denominações destas casas e que 85,7% dos inquiridos gostariam

de obter informações acerca de cada uma das Casas Brasonadas.

Por fim, salientamos que a totalidade dos inquiridos consideram que seria uma mais-valia

para a cidade a existência de uma Rota sobre Casas Brasonadas.

Tendo em conta estes resultados confirmarmos a importância que poderá ter a criação de

uma Rota de Casas Brasonadas no centro urbano de Guimarães.

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Volume I

II – ENQUADRAMENTO TEÓRICO

2.1. Estado da Arte

Neste subcapítulo pretende-se realizar uma abordagem aos artigos científicos e monografias

mais antigas e recentes sobre as temáticas que nos debruçamos neste trabalho académico. Esta

revisão da literatura permite-nos compreender as ideias principais dos diversos autores que se

interessam pela temática em estudo e as suas publicações.

Sendo as Casas Brasonadas habitadas ao longo de gerações por famílias, foi necessária a

consulta de alguma bibliografia de Genealogia que serviu como suporte ao estudo central, neste

caso Cristóvão Alão de Morais, que escreveu “Pedatura Lusitana” (MORAIS, 1943-1948), uma das

obras de referência da Genealogia Portuguesa. Também nesta área temos Felgueiras Gayo, um dos

mais importantes genealogistas portugueses, que redigiu ”Nobiliário de Famílias de Portugal”,

edição composta por 33 volumes. Este importante trabalho genealógico em formato manuscrito foi

legado à Santa Casa da Misericórdia de Barcelos e só veio a ser impresso em meados do século XX,

com uma reedição na segunda metade do mesmo século (GAYO, 1989). Outra obra de referência

na literatura Genealógica Portuguesa é a de Manuel de Sousa da Silva, “Nobiliário das Gerações de

Entre Douro e Minho”, escrita entre 1680 e 1705 (que se encontra na Casa – Museu de Camilo

Castelo Branco em S. Miguel de Ceide) e reeditada em 2000 (SILVA, 2000).

Para a lição heráldica de alguns brasões existentes nas casas em estudo utilizamos alguma

bibliografia geral sobre a heráldica portuguesa, nomeadamente a obra de Manuel Artur Norton

“Algumas características da heráldica portuguesa” (NORTON, 2004), o “Armorial Lusitano” de

Afonso Eduardo Martins Zuquete (ZUQUETE, 1961) e o “Vocabulário de heráldica”, de Luís

Bandeira (BANDEIRA, 1985). De igual modo, recorremos a endereços eletrónicos que nos

forneceram dados sobre a interpretação heráldica12.

Sobre a heráldica das pedras de armas das casas vimaranenses temos o estudo pioneiro

para Guimarães da obra de Armando de Mattos “Pedras de Armas de Portugal”, no qual dedica um

capítulo aos brasões de algumas casas por nós estudadas (MATTOS, s/d). Mais tarde, em 1985,

Artur Vaz Osório da Nóbrega faz um levantamento exaustivo das pedras de armas de Guimarães em

12 Citamos como exemplo, os seguintes: http://www. geneall.net; http://www. armorial. net/; http:// www. heraldica. genealogias.

org/; http: // www. Biblioteca -genealogica-lisboa.org

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dois volumes da sua obra “Pedra de Armas e Armas Tumulares do Distrito de Braga” (NÓBREGA,

1981- 1985).

Para o estudo da casa nobre portuguesa consultamos diversas obras de referência. Nesse

sentido recorremos às dissertações de mestrado em Historia de Arte, de Manuel Azevedo Graça

(GRAÇA, 2004) e de José Carlos Ribeiro da Silva (SILVA, 2007). Relativamente monografias foram

consultadas vários autores. Podemos citar, os seguintes: António Lambert Pereira da Silva (SILVA,

s/d), Joaquim Jaime B. Ferreira-Alves (ALVES, 2001), onde são referenciadas as características das

casas nobres na época moderna no espaço urbano, que apresentam características diferentes das

do espaço rural, que são estudadas na obra de Carlos de Azevedo (AZEVEDO, 1988). Nesta obra, o

autor aborda a evolução da casa nobre portuguesa, procurando interpretar os edifícios à luz dos

diferentes estilos e buscando as preocupações dominantes das várias épocas. Marcus Binney e

Nicolas Sapieha (BINNEY; SAPIEHA, 1987) fazem referência à designação de solar e à sua

cronologia, bem como às características regionais da habitação nobre em Portugal. Na obra de

Francisco de Azeredo (AZEREDO, 1978) podemos ter uma perspetiva da evolução da casa senhorial

portuguesa. As obras de Anne de Stoop: “Quintas e Palácios nos Arredores de Lisboa” (STOOP,

1986), “Palácios e Casas Senhoriais do Minho” (STOOP, 1993) e “Living in Portugal” (STOOP,

2007), podem contribuir para termos noções da história e características destas casas.

Sobre as Casas Brasonadas de Guimarães temos vários artigos publicados por Maria

Adelaide Pereira de Moraes denominados “Velhas Casas” no Boletim de Trabalhos Históricos, do

Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, ao longo de mais de trinta anos e reunidos em dois volumes

editados em 2001 (MORAES, 2001). Estes trabalhos foram pioneiros e servem de base para

qualquer investigador que se dedique à genealogia vimaranense. A extinta Direção Geral dos

Edifícios e Monumentos Nacionais no seu inventário do património arquitetónico relativo aos

diversos distritos Portugueses, existente no endereço eletrónico “www.monumentos.pt“, efetua uma

descrição arquitetónica e cronológica de algumas casas brasonadas de Guimarães. Também o site

do IGESPAR (www.igespar.pt) apresenta interessantes descrições sobre o património vimaranense e

legislação sobre património. Bernardo Ferrão e José Ferrão Afonso no seu artigo “O Património

Habitacional de Guimarães” inserido na publicação de candidatura de Guimarães a Património

Mundial debruçam-se sobre a história e análise arquitetónica de alguns dos exemplares das casas

por nós estudadas (FERRÃO; AFONSO, 1998). Especificamente sobre uma das nossas casas (Casa

dos Lobo Machado), temos o estudo de Manuel Alves de Oliveira “Retificação a uma nota de Robert

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Smith”, datado de 1977, que se revela interessante por o autor ter publicado na íntegra o contrato

de obra deste imóvel (OLIVEIRA, 1977). Também acerca da Casa dos Lobo Machado temos o artigo

de Fernando Conceição inserido numa monografia publicada pela ACIG em 2009 dedicada

exclusivamente a este imóvel (CONCEIÇÃO, 2009).

Sobre o estudo de uma das artérias onde possuímos quatro casas temos o trabalho de Maria

Conceição Falcão Ferreira (FERREIRA, 1989). A mesma autora na sua dissertação de Doutoramento

(FERREIRA, 2010) prolonga o estudo para todas as artérias do espaço urbano intramuros e

extramuros de Guimarães medieval.

Relativamente à bibliografia existente sobre a história local vimaranense e seu património,

esta é vasta, existem vários estudos editados. Como obras de referência e de monógrafos utilizamos

os estudos do padre Torcato Peixoto de Azevedo que nos dá uma perspetiva de Guimarães em

1692 (AZEVEDO, 2000). Outra obra, publicada em Lisboa, em 1706, de António Carvalho da Costa

intitulada “Corografia Portuguesa” (COSTA, 1706) fornece-nos no capítulo dedicado a Guimarães

informações sobre a sua história urbana, embora se baseie no trabalho do Padre Torcato de

Azevedo. Outro testemunho de Guimarães no século XVIII é a publicação das Memórias Paroquiais

de 1758, referente ao distrito de Braga, transcritas por Viriato Capela (CAPELA, 2003). Para o

século XIX, consultamos a obra do Padre António José Ferreira Caldas importante testemunho para

a genealogia e história vimaranense (CALDAS, 1996). Quanto ao século XX utilizamos diversos

estudos de Alberto Vieira Braga, de Alfredo Guimarães, os trabalhos de Maria Adelaide Pereira de

Morais (MORAES, 1978; MORAES, 1998) e a obra de José Maria Gomes Alves (ALVES, 1994).

Também o trabalho de Manuela Alcântara Santos e Nuno Vassalo da Silva (SANTOS; SILVA, 1998)

sobre a coleção de ourivesaria do Museu de Alberto Sampaio foram importantes para o

conhecimento e proveniência de algumas peças. Os catálogos das exposições “Guimarães, mil anos

a construir Portugal” e “D. Manuel e a sua época nas coleções do Museu de Alberto Sampaio”

editados respetivamente em 2000 e 2001, coordenados por Isabel Maria Fernandes, foram uma

base importante de trabalho. Relativamente a trabalhos académicos sobre a história de Guimarães,

utilizamos a tese de mestrado de Maria José Meireles (MEIRELES, 2000) e a tese de doutoramento

de António José de Oliveira (OLIVEIRA, 2011A). No que se refere a publicações periódicas utilizamos

diversos artigos da Revista de Guimarães (editada pela Sociedade Martins Sarmento) e o Boletim de

Trabalhos Históricos (do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta). Para a área do turismo de Guimarães,

consultamos a tese de mestrado de Vítor Marques (MARQUES, 2011), que contém os dados

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Volume I

estatísticos mais completos e recentes sobre o turismo vimaranense. Também as Atas das diversas

edições do Congresso da Casa Nobre, realizado em Arcos de Valdevez, contribuíram para o estudo

do tema, especificamente a comunicação sobre “Património Cultural e Estratégia de

Desenvolvimento Turístico da Cidade de Guimarães” de J. Cadima Ribeiro e Paula Cristina

Remoaldo (RIBEIRO; REMOALDO, 2011). Outros estudos relacionados com o turismo de Guimarães

foram consultados, tais como: ”Guimarães: Guia de Turismo” de Alfredo Guimarães (GUIMARÃES,

1953); “Guia de Turismo Cientifico de Guimarães” coordenado por Said Jalali (GUIA, 2009); “Guia

de Portugal” no volume dedicado ao Minho, editado pela Fundação Calouste Gulbenkian;

“Guimarães” de António Carlos de Azeredo (AZERED0, 2011); e o “Guia de Arquitetura de

Guimarães” de Eduardo Fernandes (FERNANDES, 2011). A nível de endereços eletrónicos sobre o

património e turismo vimaranense consultamos os seguintes sites: guimaraesturismo.com;

www.cm-guimaraes.pt; www.csarmento.uminho.pt e www.monumentos.pt.

No que diz respeito ao turismo, nomeadamente o turismo cultural utilizamos alguns trabalhos

académicos nomeadamente dissertações de mestrado e doutoramento, bem como artigos

científicos. No que se refere a artigos científicos sobre turismo em particular turismo cultural,

salientamos os trabalhos de Luís Saldanha Martins (MARTINS, 2011); José Vicente Andrade

(ANDRADE, 1976); José Newton Coelho Menezes (MENEZES, 2004); Priscilla Roberta Camargo

Ferreira (FERREIRA, 2011); Reinaldo Dias (DIAS, 2005); Elsa Peralta da Silva (SILVA, 2000A).

Importante também foi a consulta da “Carta Internacional do Turismo Cultural” adotada pelo

ICOMOS em 1999 e a consulta do site do turismo de Portugal (www.turismodeportugal.pt).

Para o estudo das Rotas e itinerários consultamos a “Carta dos Itinerários Culturais”,

elaborada pelo Comité Científico Internacional dos Itinerários Culturais do ICOMOS, ratificada em

2008. Importante foram também os estudos de Xerardo Pereiro (PERÉZ, 2002)“; de Pedro Manuel

Mendonça Silva Cravo (CRAVO, s/d); J. Paula e L. Bastos “Fotointerpretação aplicada na otimização

de rotas turísticas”; Ana Paula Amaral Simões da Silva (SILVA, 2011). Acrescentamos ainda o

“Plano de ação e dinamização turística e cultural da rota do Românico do Vale do Sousa”, publicado

em 2002 (PLANO, 2002).

Recorrendo à pesquisa bibliográfica e online, quisemos averiguar a existência de outras

rotas/ itinerários com tema idêntico ao nosso objeto de estudo. Assim relativamente ao nosso País

existem diversas rotas turísticas, não se conhecendo, no entanto, a existência de uma ligada

exclusivamente às casas brasonadas. A que mais se aproxima com o tema deste projeto é o roteiro

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de casas brasonadas na cidade de Portalegre. Esta traduz-se num circuito urbano com dezasseis

casas. Contudo, a única informação sobre este roteiro é no site da Câmara Municipal de Portalegre13

e num desdobrável realizado para o efeito, com informações reduzidas sobre as casas. Podemos

afirmar que a implementação de uma Rota sobre o tema de Casas Brasonadas será uma novidade

em Portugal, tendo em conta que uma rota deve ter um centro de interpretação, ser dinamizada e

possuir uma entidade gestora. Quanto ao País vizinho, temos em Espanha, mais concretamente em

Santiago de Compostela um roteiro de casas brasonadas e apalaçadas, embora este roteiro se

traduza num desdobrável com reduzidas informações sobre as casas. Ainda em Espanha no

município de Vimianzo, Província da Corunha, temos a Rota dos Paços e Casas Brasonadas “Rutas

de Pazos e Casas Blasonadas”14, um itinerário rural que abrange várias freguesias do município.

2.2. Turismo Cultural: definição e potencialidade

A atividade turística assume na sociedade contemporânea uma importância económica

fundamental15. Tanto a nível local ou regional, como à escala nacional e, mesmo, mundial, o turismo

desempenha um importante papel enquanto gerador de riqueza e enquanto fenómeno capaz de

contribuir para o desenvolvimento de economias deprimidas, nomeadamente, através do

aproveitamento de recursos endógenos. No que concerne a Portugal, a OMT estima, para o período

1995-2020, uma taxa de crescimento médio anual de 2,1%, passando dos 9,5 milhões de

chegadas de turistas internacionais, em 1995, para 16 milhões, em 2020 (TURISMO, 2002: 143).

Segundo esta Organização o “Turismo é o conjunto de atividades praticadas pelos indivíduos

durante as suas viagens e permanência em locais situados fora do seu ambiente habitual, por um

período contínuo que não ultrapasse um ano, por motivos de lazer, negócios e outros” (TURISMO,

2002:143). Eduardo Porto propõe como definição de turismo “um deslocamento de uma ou mais

pessoas que deixam a sua residência para ir a outro local por livre escolha, por vontade própria,

onde serão utilizados serviços como meios de hospedagem, transporte, alimentação,

entretenimento e que muitas vezes possibilita a participação em atividades da comunidade local,

havendo trocas culturais” (PORTO, 2009:15-16).

13 www.cm-portalegre.pt 14 www.vimianzo.es 15 Acerca deste assunto ver: MARTINS, 2011.

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Um dos sectores do turismo com mais impacto é sem dúvida o turismo cultural. Para Dias

(DIAS, 2005: 71), esta é uma das modalidades de turismo alternativo que apresenta uma das

maiores possibilidades de crescimento, "dada à diversidade de conteúdos que podem ser

explorados, tornando-se excelente complemento a qualquer outra forma de turismo". O turismo

cultural é assim caracterizado pela necessidade de descoberta, de encontro com outras pessoas e

lugares, com o objetivo de se conhecer os costumes e tradições, ou seja a identidade cultural do

local visitado. Sobre este assunto referem“que o turismo cultural pode definir-se como sendo a

principal motivação do turista ao procurar novas formas de conhecimento e novas emoções através

do contacto com o território e do seu património histórico e cultural” (AGUIAR; FERREIRA; PINTO,

2009: 1-23). Esta natureza cultural nas viagens é bem antiga, já em 3000 a. C., sabe-se que o

Egipto era uma Meca para os viajantes que para lá afluíam para contemplar as pirâmides e outros

monumentos16. Contudo, a história contemporânea do turismo emerge entre o século XVIII e XIX: o

“Grande Tour”, que era uma viagem de formação (e iniciação) dos nobres e burgueses com o

objetivo de contactar com outros povos e culturas, criando assim um capital cultural que lhes

serviria para ser melhor aceite no seu próprio país e investir nas tarefas de liderança e governança

(PEREIRO PERÉZ, 2009). De acordo com Costa (2010) e citado por Ferreira (FERREIRA, 2011) no

século XVIII o “Grande Tour” consistia em viagens organizadas para a elite Inglesa, pois estava

geograficamente afastada dos demais países europeus. Desse modo, apenas as classes abastadas

podiam viajar com o objetivo de aprender, de “ganharem cultura”, pois através de pinturas, artes e

a vivência com diferentes culturas, a elite aumentava seu conhecimento. Considera-se assim essas

viagens como um marco no turismo cultural. Já no século XIX, Thomas Cook é considerado o mais

famoso organizador de viagens turísticas pela Europa. Ele possibilitou uma maior democratização

das viagens na Europa, criou roteiros pré-estabelecidos não só para a elite, mas para as demais

classes. Essa iniciativa revolucionou o mundo moderno e hoje é tido como um marco histórico do

turismo.

Podemos constatar que a natureza cultural do turismo é antiga, no entanto a ligação entre

turismo e cultura é relativamente recente mais, ainda quando nos referimos ao conceito “turismo

cultural”, definido por vários autores e com diferentes perspetivas disciplinares (PEREIRO PERÉZ,

2009). Na Carta Internacional sobre Turismo Cultural do ICOMOS (1999), este é definido como

16 http://br. monografias. com (GOMES, Mariana Elias - Patrimônio cultural e turismo: estudo de caso sobre a relação entre o órgão Arp Schinitger e a população local

de Mariana)

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Volume I

uma forma de turismo que tem por objeto central o conhecimento de monumentos, sítios históricos

e artísticos ou qualquer elemento do património cultural. Refere ainda esta Carta que é um

movimento de pessoas motivadas essencialmente por algum interesse cultural, como

representações artísticas, festivais e outros eventos culturais, visitas a lugares e monumentos

históricos, viagem de estudos, folclore, arte ou peregrinação. Confirma Andrade (ANDRADE, 1976),

que representa uma modalidade de turismo cuja motivação do deslocamento se dá, com o objetivo

de encontros artísticos, científicos, de formação e informação. Em nosso entender turismo cultural é

tudo o que faz pulsar uma região, uma cidade, os monumentos, mas também as festas e romarias.

Outras definições existem: para Pereiro Pérez (PEREIRO PERÉZ, 2003) pode ser entendido como

”um ato e uma prática cultural”, face ao turismo convencional e de massas; (BARRETO 1995: 21)

apresenta a seguinte definição: “aquele que não tem como atrativo principal um recurso natural. As

coisas feitas pelo homem constituem a oferta cultural, portanto turismo cultural seria aquele que

tem como objetivo conhecer os bens materiais e imateriais produzidos pelo homem”.

Citando Ferreira (FERREIRA, 2011) é comum atribuir Turismo Cultural apenas a cidades

históricas, com um vasto acervo de museus, galerias e centros históricos. Contudo, este pode

acontecer também nas regiões. Na verdade, as grandes transformações da economia e da

sociedade criaram condições para o desenvolvimento turístico em meio urbano. O crescente

interesse pelo património e pelas atividades culturais, levado a cabo pelo desenvolvimento de novos

padrões de consumo e de gostos, conduziu a um fenómeno de valorização e dinamização do

turismo em espaço urbano. A isto se refere Pereiro Peréz “na atualidade a cidade ressurge com a

reinvenção do lazer e o consumo; o marketing tenta renovar a imagem dos centros urbanos para

atrair capital” (PEREIRO PERÉZ, 2009).

Nesse contexto, Pereiro Peréz conclui que: “Em síntese, podemos afirmar que a cidade,

enquanto modo de vida e de habitar o espaço, é produto da história e obedece à articulação entre

vários modelos de urbanismo. Estes modelos são não apenas morfológicos e arquitetónicos, mas

também sociais e culturais. [...] o conceito de cultura é um conceito alargado que pode integrar

desde um evento cultural até a atmosfera ou ambiente de uma cidade, isto é, os modos de vida

quotidianos. A definição contempla produtos culturais como o patrimônio cultural, as artes, as

indústrias culturais e os estilos de vida de um destino” (PEREIRO PERÉZ, 2009: 292, 294).

Constatamos que a existência de pessoas motivadas em conhecer culturas diversas é a base

do turismo cultural. Na realidade, o turista cultural aposta na qualidade do produto e exige um nível

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elevado de qualidade das infraestruturas e serviços; procura uma oferta personalizada; visita

monumentos, museus, festas tradicionais, etc.; gasta mais dinheiro que o turista tradicional; tem

tendência a alojar-se no seio da comunidade que visita em detrimento dos resorts turísticos; possui

ainda um nível cultural médio-alto. Salientamos que o turismo cultural promove o desenvolvimento

social e económico do município por via da cultura local e do seu património. É instrumento de

valorização da identidade cultural, da preservação e conservação do património, e da promoção

económica de bens culturais. O seu papel na preservação e utilização dos patrimónios culturais

(materiais e imateriais) contribui para a manutenção dos lugares históricos e constitui ainda um

enorme potencial quando combina o patrimonio cultural com as tendências modernas do turismo.

Todavia, o desenvolvimento do turismo cultural tem algumas particularidades, pois apresenta uma

diversidade de elementos que nele podem ser inseridos para que se possa confecionar um produto

turístico de qualidade. Impera portanto, estabelecer um conjunto de atividades que tenham algo de

comum entre si, para que num só produto o turista possa experimentar toda a diversidade cultural

da região. É necessário o estabelecimento de redes de organizações para a sua construção devendo

estar envolvidos produtores artesanais, museus, teatros, grupos etnográficos, etc. Requer pois uma

estratégia concertada entre os diversos atores envolvidos, público e privados, de caráter local,

regional e Internacional.

2.3. A relevância das Rotas no Turismo Cultural

O touring cultural e paisagístico, é considerado um dos 10 produtos estratégicos para o

desenvolvimento turístico em Portugal. A sua motivação principal é descobrir, conhecer e explorar

os atrativos de uma região e a sua atividade prende-se com percursos em tours, rotas ou circuitos

de diferente duração e extensão, em viagens independentes ou organizadas17. De fato, as rotas são

uma das práticas turísticas mais procuradas na vertente de turismo cultural. As rotas ou itinerários

culturais são um sistema de compactação de recursos e/ou de produtos que conferem conteúdos

culturais aos lugares visitados, concedendo assim um sinal de prestigio social aos visitantes que os

percorrem e simultaneamente uma adquisição de conhecimentos e redistribuição económica. Sobre

17 Acerca do perfil do consumidor de viagens de Touring vêr: Touring cultural e paisagístico in www.turismodeportugal.pt

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este assunto a Carta dos Itinerários Culturais18, refere que: “os Itinerários Culturais representam

processos evolutivos, interactivos e dinâmicos das relações humanas interculturais, realçando a rica

diversidade das contribuições dos diferentes povos para o património cultural”. Servem de fato para

promover/divulgar recursos e, até mesmo, despertar o interesse daqueles que ainda não são

devidamente (re)conhecidos. Na verdade os recursos, quando adequadamente selecionados e

utilizados, valorizam os itinerários e podem torna-lo num serviço diferenciado19. No Dia Europeu do

Turismo, comemorado em Bruxelas a 27 de setembro de 2010, a Comunidade Europeia, os

Estados Membros e o Conselho da Europa anunciaram a concertação de políticas que valorizam as

rotas culturais como veículo de promoção da Europa enquanto destino turístico de excelência20.

Salientaram ainda que o conceito de rotas culturais corresponde a uma crescente procura dos

turistas relativamente a novos destinos e culturas, propondo um novo modelo de turismo não só

capaz de reduzir a concentração e sazonalidade mas, simultaneamente, reforçar os laços de uma

Europa comum através da descoberta de um património partilhado. Desenvolvidos nos anos 1980 e

1990 pelo Conselho de Europa e pela Unesco, os itinerários culturais aparecem agora impulsados

por muitas organizações públicas e privadas. Pereiro Peréz define itinerário da seguinte forma:

“...um circuito marcado por sítios e etapas relacionados com um tema. Este tema deverá ser

representativo de uma identidade regional própria, para favorecer um sentimento de pertença, de

reconhecimento ancorado na memória coletiva. O conjunto organizado formado pelos sítios e

etapas tem um valor emblemático e simbólico para a população local e, para o conjunto de pessoas

externas, denominadas de visitantes. O tema designado pode dar-se a conhecer a volta de

diferentes valores culturais: o vínculo histórico, o vínculo etnográfico, o vínculo social, uma corrente

artística, uma identidade geográfica, uma identidade arquitetónica, as atividades tradicionais, as

atividades artísticas, as produções artísticas “(PEREIRO PERÉZ, 2009: 232-233).

De acordo com esta definição, os critérios de criação de um itinerário cultural devem atender

aos valores culturais, à memória histórica, à História, ao património cultural e à pluralidade de

identidades de um território. Acrescenta ainda Begoña Bernal de Santa Olalla, que do ponto de vista 18 Elaborada pelo Comité Científico Internacional dos Itinerários Culturais (CIIC) do ICOMOS, retificada pela 16ª Assembleia Geral do

ICOMOS, em 4 de Outubro de 2008, no Québec, Canadá.

19 http://pt.scribd.com/doc/26054535/MODULO-7-Itinerarios-e-Destinos-Turisticos

20 Retirado de www.turismodeportugal.pt

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científico um itinerário cultural é um caminho com base territorial real, objetivo e fisicamente

identificável (SANTA OLALLA, 2002). Portanto, o conceito de rota e itinerários culturais assentam,

na existência de um espaço real, com história.

Em síntese a Rota Cultural é uma atividade que pode ser promovida pelo setor público e/ou

privado. Resulta do estabelecimento de redes, é uma excelente forma de organizar a oferta em

torno de uma temática e por último, permite e facilita o acesso/consumo dos recursos de um

destino.

O gosto e motivação dos turistas têm-se alterado, estes procuram um maior número de

formas de turismo cultural. A cultura é sem dúvida das mais importantes motivações associadas ao

turismo e tem crescido em importância na oferta turística de uma região. Tem dado origem a

itinerários temáticos muito interessantes baseados nas especificidades de cada região. No entanto é

preciso ter em conta que as rotas têm uma identidade temática e que o turista atual procura

diversidade.

Nos últimos anos assistiram-se a várias experiências portuguesas de criação de rotas

turísticas de motivação cultural21. Porém, são poucas as ações de nível qualitativo superior, capazes

de gerar, pela sua exemplaridade, sinergias e atitudes de continuidade (PLANO, 2004).

Constatamos que o aproveitamento dos recursos de uma região, sejam eles de qualquer

tipologia, para fins turísticos ou de lazer deve ser sempre devidamente acautelado. De fato, apesar

de estarem no suporte de qualquer atividade turística, não são todavia, suficientes para garantir o

seu efetivo desenvolvimento. À sua volta devem emergir diferentes serviços e infraestruturas, tais

como: o alojamento, a restauração, as atividades de animação e diversão, os serviços de

informação turística, etc. Só deste modo, podemos assegurar uma contínua procura que, por sua

vez, irá garantir a sustentabilidade económica destas atividades e o desenvolvimento do espaço

envolvente. Mas como se elabora um itinerário cultural? Sem o propósito de aqui apresentar um

levantamento exaustivo dos vários autores que definem as fases de elaboração e implementação de

uma rota ou itinerário cultural podemos sintetizar as diversas abordagens do seguinte modo:

21 Segundo um estudo de Patrícia Remelgado em Setembro de 2011 havia em Portugal cerca de 500 Rotas Culturais, em Maio de

2012 havia já mais 10 Rotas Culturais (“Rotas e Percursos Culturais: Onde está o negócio?”, comunicação apresentada no seminário

“Rotas e Percurso Culturais: do conteúdo ao negócio”, organizado pela Fundação da Juventude e pportodosmuseus.pt, realizado nos

dias 15 e 16 de Novembro de 2012 na Fundação Engenheiro António de Almeida).

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Para Paula & Bastos (PAULA; BASTOS, 2002), a elaboração de uma rota passa por quatro

etapas: definição da rota a implementar; apresentação dos pontos turísticos que irão compor a rota;

efetuar o levantamento geográfico e de acesso que ligam os pontos turísticos; e aplicar um

programa que irá traçar a rota. Estes aspetos referem-se apenas às etapas de preparação e

desenvolvimento da rota, fases que constam na elaboração do nosso estudo.

Joaquim Graça e Raquel Moreira (GRAÇA; MOREIRA, 2006) acrescentam outras fases

essenciais para a construção e gestão de uma rota turística:

- realização de visitas exploratórias à região;

- consulta de bibliografia e outras fontes relevantes;

- levantamento de inventário dos recursos existentes;

- caracterização de definição das potencialidades;

- definição dos produtos e sub-produtos;

- monitorização das rotas.

Por fim, Pedro Cravo (CRAVO, S/D) referindo-se à criação de circuitos turísticos apresenta

uma proposta que julgamos ser de igual modo útil e complementar à criação de uma rota ou

itinerário cultural. Vejamos a proposta:

- levantamento e localização dos diferentes recursos da região;

- identificação dos diversos percursos possíveis (consoante os locais por onde se pretenda passar);

- análise das distâncias, tempos e custos relativos a cada uma das hipóteses;

- determinação do(s) percurso(s) final(is) a implementar;

- acompanhamento e monitorização do funcionamento do circuito ( para que se possam efetuar as

alterações que se mostrem necessárias com passar do tempo).

A criação de um itinerário não determina que este possa assegurar por si mesmo a sua

viabilidade financeira. Stasiak citado por Ana Paula Silva (SILVA, 2011) constata isso mesmo: “uma

rota não é automaticamente um produto turístico. É necessária a sua comercialização”.

De fato, é necessário agrupar um conjunto de bens e serviços (transporte, restauração,

alojamento, etc.) com o objetivo de satisfazer o público-alvo. Este autor refere que “se não for

comercializado o percurso é apenas um traçado sem qualquer significado comercial”.

Para tal, é imperativo um correto posicionamento no mercado, uma estratégia, uma imagem

de marca, etc.

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III – GUIMARÃES: NA ROTA DO TURISMO CULTURAL

3.1. Caracterização do Município

3.1.1.Caracterização Física

Guimarães está situado no Distrito de Braga, pertence à sub-região do Vale do Ave (Nut III)22

limitado a norte e noroeste pelos concelhos de Póvoa de Lanhoso e Braga, respetivamente, a

sudoeste por Santo Tirso, a sul e sudoeste por Felgueiras e Vizela, a nascente pelo concelho de Fafe

e a poente por Vila Nova de Famalicão. Integrado numa sub-região granítica (bacia hidrográfica do

Ave)23, na Província do Minho no Noroeste de Portugal.

No concelho de Guimarães, as linhas de água mais representativas do Ave são o rio Vizela e

o rio Selho, sendo de referir a elevada densidade de linhas de água existentes, associada a declives

suaves e perturbações de escoamento que originam zonas com drenagem deficiente traduzido por

longos períodos de encharcamento e, na ocorrência de cheias em determinadas áreas durante a

estação do Inverno24. Foi a abundância de ribeiros espalhados pelo termo, como o rio Selho e o rio

Vizela, afluentes do Ave, que contribuíram para o desenvolvimento desta região e para a fertilidade

das suas terras (COSTA, 1999:17).

22 NUT- Nomenclatura de Unidades Territoriais para fins estatísticos criada pelo Decreto lei nº 46/89, 15 de Fevereiro. Sobre a

caraterização geográfica do Vale do Ave consulte-se: GONÇALVES; COSTA, 2002.

23 A bacia hidrográfica do Ave, possui uma área total de 1390 Km2, é limitada a norte pela bacia do Cávado, a leste pela bacia do

Douro e a sul pelas bacias do Leça e do Douro ( www.cm-guimaraes.pt).

24 In www.cm-guimaraes.pt

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Fig.1 – Carta militar de Guimarães e freguesias vizinhas. Serviços Cartográficos do Exército, Escala 1/25 000,

Continente (Série M888)

Relativamente ao clima, a cidade e concelho de Guimarães é caracterizado por Invernos

frescos e Verões moderados a quentes; a temperatura mínima média do mês mais frio varia entre 2

e 5ºC, verificando-se durante 10/15 a 30 dias por ano temperaturas negativas. A temperatura

máxima média do mês mais quente varia entre 23 e 32ºC, verificando-se durante 20 a 120 dias por

ano temperaturas máximas superiores a 25ºC25.Relativamente à precipitação esta apresenta

elevados índices devido à passagem de superfícies frontais, conjugadas com o efeito das

montanhas, apresentando totais anuais de precipitação superiores a 1500 mm26.

25 Dados retirados in: www.cm-guimaraes.pt 26 Dados retirados in: wwwcm-guimaraes.pt

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Achamos justificável a referência a estes dados sobre o clima, visto que é um dos fatores

motivadores ou repulsores á feitura do nosso itinerário.

Relativamente à morfologia, o concelho de Guimarães apresenta três unidades morfológicas

que estruturam a paisagem e que assentam nos vales do rio Ave, Selho e Vizela, correspondentes à

paisagem de menor altitude (77-300 metros) onde predominam sistemas agrícolas e onde se

desenvolvem os sistemas urbanizados, assim como numa orla mais montanhosa (florestal) nas

áreas limítrofes do concelho. Neste contexto morfológico salienta-se ainda a existência de um

maciço montanhoso que se destaca pela sua altitude (613 metros) - a Serra da Penha27.

Quanto à natureza geológica, o concelho de Guimarães é essencialmente ocupado por rochas

graníticas, com pequenos afloramentos de rochas xistentas a noroeste e sudeste do concelho; ao

longo dos Rios Ave, Vizela e Selho encontram-se depósitos superficiais recentes constituídos por

cascalheiras fluviais e por argilas pouco espessas.

A fauna existente no concelho de Guimarães e, em particular, na área urbana, constitui uma

comunidade relativamente pobre e pouco diversificada. Ainda assim existem espécies com interesse

ecológico e que interessa proteger.

3.1.2. Caracterização Humana

Administrativamente Guimarães é um concelho composto por 69 freguesias que se inserem

numa área de 242,32 km228. Nas últimas décadas revelou um forte dinamismo de cariz

demográfico e económico, De acordo com dados preliminares dos Censos de 2011, o município de

Guimarães tinha, no ano de 2011, um total de 158.108 habitantes.

27 In www.cm-guimaraes.pt (Ver também www.monumentos.pt). Morfologicamente o concelho é, de forma genérica, rodeado a NE.

pelas Serras de Outeiro e Penedice, Sameiro e Falperra, a Norte pela Serra da Senhora do Monte e a SO. pelos montes de Santa

Marinha e de Santa Catarina (Penha). A Sul localiza-se o vale do rio Vizela e de NE. para SO., dividindo o concelho, apresenta-se o

vale do rio Ave e o rio Selho, que é um dos seus principais afluentes

28 In www.guimaraesturismo.com

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Figura 2 - Atual concelho de Guimarães e seus limites urbanos (C.M.G. 2011)

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Fig. 3 – Densidade populacional das freguesias do concelho de Guimarães (CMG, 2011)

A sede do concelho - local definido para a implementação do nosso itinerário - possui um

centro histórico com 121 hectares de área correspondendo a apenas 5,3% da cidade de Guimarães

(MARQUES, 2011). Este principal recurso e atrativo turístico do Município sofreu entre 1940 e 2001

uma diminuição de cerca de 20% da sua população residente. Como resultado do processo de

reabilitação urbana, iniciado na década de 80 do século XX e a indicação como Património Cultural

da Humanidade, em dezembro de 2001, associada à construção de novos equipamentos culturais

e desportivos, a cidade tem sido capaz de atrair um número crescente de visitantes (MARQUES,

2011).

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É um dos concelhos mais jovens de Portugal dista, aproximadamente, 350 km da sua capital,

Lisboa e cerca de 50 km da cidade do Porto. As vias de acesso mais diretas, para quem pretende

deslocar-se á cidade de Guimarães, são as vias rodoviárias e ferroviária. A este nível a cidade está

bem posicionada já que possui uma boa rede de autoestradas. Utilizando a atual rede de

autoestradas, de Guimarães chega-se ao Porto em aproximadamente 30 minutos (A7 e A3), a Braga

em 15 minutos (A11), a Vigo em 90 minutos (A7 e A3) e a Lisboa em 180 minutos (A3, A7 e A1)29.

Existem várias empresas rodoviárias que efetuam ligações, diretas e/ou não diretas, entre qualquer

ponto de Portugal e Guimarães.

29 Dados retirados em www.cm-guimaraes.pt

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Fig. 4 – Principais vias de comunicação do Concelho de Guimarães (CMG)

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A nível da rede ferroviária a ligação faz-se através da linha eletrificada, a partir da qual são

estabelecidas várias ligações diretas e/ou não diretas entre vários destinos, e que permite que a

deslocação entre Guimarães/Porto, e vice-versa, demore aproximadamente 60 minutos.

(Informação: http://www.cp.pt/)

O aeroporto mais próximo de Guimarães é o aeroporto Francisco Sá Carneiro, no Porto, que

dista cerca de 50 km de Guimarães. Desde o dia 25 de Junho de 2012 que está em funcionamento

um serviço de transfer entre a cidade de Guimarães e o Aeroporto do Porto. A ligação é efetuada

diariamente e tem uma duração de 50 minutos, sem qualquer paragem30.

As coordenadas GPS do centro da cidade, mais concretamente do largo do Toural são as

seguintes: latitude: 41.4418° / longitude: - 8.29563°

Fig. 5 – Vista aérea do largo do Toural (CMG, 2001)

Guimarães caracteriza-se, na sua globalidade, por ser um território onde a atividade industrial

predomina. Como diz José Augusto Vieira (VIEIRA, 1886:585):

“ O berço da monarquia — diz reverentemente a tradição.

A colmeia industrial do Minho — deve acrescentar modernamente a história”.

30 Retirado no dia 21/09/2012 em http://proximaviagem.com/dicas-viagem/get-bus-liga-guimaraes-aeroporto-porto/

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Analisando a sua estrutura económica, deve ser destacada a importância e o impacto

histórico das indústrias dos têxteis e do vestuário. Hoje, e apesar das dificuldades que estas

indústrias enfrentam, ainda contribuem fortemente para as exportações e para o emprego local. A

sua estrutura produtiva possui, por um lado uma elevada taxa de população ativa (53,8%), e por

outro, uma percentagem extraordinariamente elevada da população empregada no Sector

Secundário (64,8%), com uma participação inferior à média nos sectores primário (1,5%) e terciário

(33,7%). Excetua-se a área urbana da Cidade, principalmente o Centro Histórico onde o sector

terciário é mais representativo.

Desde o dia 13 de Dezembro de 2001 que o Centro Histórico de Guimarães está classificado

pela UNESCO, assumindo-se como um dos investimentos mais reprodutivo e duradoiro do

município. O seu carácter de singularidade, reconhecido a nível mundial é um dos seus atributos

mais rentáveis (MARQUES, 2011).

Fig. 6 – Mapa com a Zona Classificada como Património Cultural da Humanidade e Zona de Intervenção da D.C.H (CMG/DCH, 2012)

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3.1.3. Caraterização histórica

A fundação da cidade de Guimarães remonta a tempos anteriores aos da fundação da

nacionalidade, aqui, começaram a dar-se os primeiros passos no caminho que levaria ao

nascimento da terra portuguesa. Considerada berço da nacionalidade, sobre ela muitos já

escreveram. Segundo Alberto Sá “desses trabalhos, é possível, com alguma nitidez, apreciar no

tempo o curso do processo de formação do núcleo habitacional, prefigurador do centro urbano

medieval “ (SÁ, 2001:33).

Para entendermos o prestígio histórico desta cidade, vila até 22 de Junho de 1853, temos

que recuar à centúria de novecentos, quando a condessa Mumadona Dias31 decide construir um

mosteiro32 dedicado ao Salvador do Mundo, à Virgem Maria e aos Santos Apóstolos, junto à

importante via Braga – Coimbra.

Fig. 7 – Litografia da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira (século XIX)

31 Viúva do conde Hermenegildo Gonçalves, que faleceu antes de 950. Mumadona assumiu o governo do Condado Portucalense e, na

zona de Vimaranes mandou erguer duas obras de grande importância: o Mosteiro de Sta Maria de Guimarães e o primeiro castelo de

Guimarães que serviu de defesa do Mosteiro.

32 O Mosteiro de Guimarães era, nesses primeiros tempos, uma instituição dúplice, que albergava frades e freiras, e que se regia pela

Regra Comunis, a regra monástica ditada por S. Frutuoso e reformada por S. Rosendo (MONTEIRO, 1981:41-42).

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Para o sucesso urbano de Guimarães, a fundação do mosteiro foi acontecimento de crucial

importância, “ele foi o elemento nuclear, em torno do qual começou a estruturar-se uma povoação,

com as suas origens, instituições, realidades materiais, sociais, religiosas, etc.“ (MONTEIRO,

1981:40).

Mário Jorge Barroca acerca deste Mosteiro refere que “seria em seu redor que se

começaram a fixar os primeiros habitantes da futura cidade. O Mosteiro afirmou-se, portanto, como

verdadeiro núcleo gerador do fenómeno urbano” (BARROCA, 2000: 16-17).

Devido a um contexto de instabilidade Mumadona manda edificar um Castelo a pouca

distância do Mosteiro que serviu de defesa a este, contra as investidas dos infiéis. Cria-se assim

dois pontos de fixação a “vila baixa” em torno do mosteiro, centro religioso e “vila alta” ao redor do

castelo, local de defesa. O primeiro, à medida que os séculos foram passando, foi reforçando a sua

importância, transformando o espaço à sua volta, a praça maior33, no centro religioso e político da

vila, ao qual confluíram as principais ruas. Enquanto que o segundo, foi perdendo o seu papel

aglutinador. No século XI, o Conde D. Henrique e sua mulher D. Teresa estabelecem-se como

detentores do condado portucalense34, e o velho Mosteiro dedicado a Santa Maria dá origem a uma

Colegiada35. É também em Guimarães que seu filho, D. Afonso Henriques, conquista o direito ao

trono do condado e do reino que haveria de ser Portugal, após a Batalha de S. Mamede a 24 de

Julho de 1128.

Da colegiada fez D. Afonso Henriques quase uma Sé, tais foram as prerrogativas que em seu

favor acrescentou. Estendendo-se a fama milagreira da Senhora, afluíam de toda a parte os

romeiros para suplicar a sua intercessão (VIEIRA, 1886: 13).

Na verdade a Colegiada de Santa Maria, designada mais tarde de Nossa Senhora da Oliveira,

foi instituída por El-Rei D. Afonso Henriques e privilegiada por Papas e Reis. Ao longo dos seus

vários séculos de existência, foi formando e ampliando o seu tesouro com a doação de preciosos

33 Referimo-nos ao Largo da Oliveira.

34 Os condes tiveram um importante papel no desenvolvimento urbano de Guimarães fomentando a fixação de uma comunidade de

francos, fazendo em 1096 uma doação para que estes edificassem um templo dedicado a Santiago na praça com o mesmo nome

(BARROCA, 2000A :21). E nesse mesmo ano atribuíram a Carta de Foral, que regulamentou pela primeira vez a vida urbana da urbe,

com sucessivas alterações pelos monarcas até 1517.

35 O Conde D. Henrique resolveu considerá-lo capela real, alcançando do papa a extinção do mosteiro e a ereção da sua igreja em

colegiada subordinada a um Dom Prior (VIEIRA, 1886: 13).

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bens móveis, muito fruto da ligação dos seus priores á Casa Real36. Podemos dizer que desde o

tempo da Mumadona até ao fim da Renascença as joias de oferta somaram-se aos milhares.

A vila de Guimarães transformou-se lentamente num grande centro de romagem, adquirindo

assim uma importante função religiosa. A igreja de Santa Maria transformou-se num dos maiores

centros de peregrinação do Portugal medievo, onde afluíam imensos romeiros e peregrinos37.

Fig. 8 – Litografia de Nossa Senhora da Oliveira (século XIX)

Foi com D. João I e seus privilégios à Virgem Maria e à Vila de Guimarães que o afluxo de

peregrinos aumentou38. A Vila prosperou par a par com o santuário. “A Importância de Guimarães

36 Vieram ali, em peregrinação devota, todos os reis portugueses da primeira dinastia e grande parte dos da segunda (GUIMARÃES,

1930:6).

37 Várias são as monografias que atribuem ao santuário de Santa Maria uma grande importância, só ultrapassada por Santiago de

Compostela (FERREIRA, 1989; FERREIRA,2010; OLIVEIRA, 1998).

38 Sobre estes privilégios e a devoção de D. João I à Virgem Maria consultar a seguinte bibliografia: CATÁLOGO, 1992; CATÁLOGO,

1985; BRITO, 1981: 325-366; BANDEIRA, 1981: 367-382; SEGURADO, 1981: 205-211; TEIXEIRA, 1973; CARVALHO, 1947: 25-28;

AMARAL, 1967: 6-7; PINA,1953: 13; MEIRA, 1921:134; AZEVEDO, 2000: 302-305; MORAES, 1998: 27-34; MARQUES, 1994: 80-

82; ESTAÇO, 1754; LOPES, 1990: 161-162.

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no quadro urbano do reino parece, todavia, ser já algo provado”, assim refere Conceição Falcão

(FERREIRA, 2010: 115).

Algumas habitações nobres ficaram como testemunho da presença de elementos da mais

alta condição que haviam integrado o séquito real (FERREIRA, 1989: 16).

No século XVIII o cabido da Colegiada detinha importantes rendimentos. O culto à virgem

milagrosa, chamariz de peregrinos, deu a Guimarães uma grande importância religiosa (COSTA,

1999: 17).

Foram várias as visitas régias à Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, os nossos monarcas

tinham uma devoção especial à Senhora da Oliveira e uma singular atenção à Colegiada, da qual

eram padroeiros.

“Uma visita régia feita a qualquer vila ou cidade, representou sempre, em todos os tempos, e

de um modo geral, um acontecimento de primeira plana, de brilhante giro planetário, de alta

significação e distinção, de louco regozijo popular, de transcendente prestigio para a politica

encapotada e enxofrada dos concelhos, e de orgulho doirado para a gema fidalga e para a nobreza

de linha, que urdiam e teciam, vulgarmente, todos os atos administrativos, militares e sociais dentro

da esfera dos partidos e dos interesses da região visitada”. Assim refere-nos Alberto Vieira Braga

(BRAGA, 1993: 115-116).

As visitas dos reis das primeiras dinastias, representaram e assinalaram acontecimentos

históricos, marcaram a História porque quase sempre eram registados em documentos com um

fundo de política e de governo nacional. Algumas visitas régias eram mais ou menos demoradas,

começando a figurar casas brasonadas em vários locais onde a corte39 decidia assentar arraiais. A

aposentadoria dos primeiros Reis que Guimarães recebeu e daqueles que aqui fazem corte, foi o

riquíssimo e então faustoso Paço dos Duques de Bragança. Os palacetes de Vila Flor, Arco e Conde

de Margaride, foram depois as pousadas graciosas de muitos Soberanos e Nobres do Reino que nos

visitaram (BRAGA, 1993: 116).

Nos séculos XVII e XVIII era um concelho bastante populoso e desenvolvido,

comparativamente aos restantes concelhos limítrofes. A população urbana de Guimarães rondaria

39 A corte resolvia ditar, instituir ou decretar, consoante as regalias pedidas ou os privilégios deliberadamente concedidos. Formaram-

se cortes em diversas partes, e as visitas régias demoravam-se, mais dias, menos dias, em determinados pontos. (BRAGA, 1993:

115-116).

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Volume I

os 7852 habitantes no século XVIII, assim nos refere Maria Norberta Amorim (AMORIM, 1987:

477).

A vila torna-se num Pólo de atração para comerciantes, para viajantes e peregrinos a

caminho de Santiago de Compostela e pelo culto e devoção local a Santa Maria da Oliveira. O

acolhimento além das estalagens era igualmente proporcionado por uma vasta rede de mosteiros,

albergarias e hospitais (OLIVEIRA, 1998: 115). A vila detinha infraestruturas vitais a toda a

população que refletiam um cunho cosmopolita.

Podemos denotar que Guimarães desde muito cedo atraiu a vinda de forasteiros, teve um

importante papel na história do Pais e conseguiu manter até aos nossos dias a riqueza de outrora.

3.2. Análise do Turismo de Guimarães

3.2.1. Evolução recente

A cidade de Guimarães assume-se como um território com elevada carga simbólica, não

fosse ela berço da nacionalidade. Constitui um bom exemplo de conservação do património urbano

português, justificando a designação de Património da Humanidade, que lhe foi atribuída pela

UNESCO em 2001. A sua atratividade é incrementada pela oferta de infra estruturas e a

implementação de um programa de animação turística crescentemente diversificado (RIBEIRO;

REMOALDO, 2011: 627).

Guimarães, tradicionalmente ligado à atividade Industrial, conseguiu ao longo dos anos dotar

o município de um razoável parque hoteleiro. Isto devido à presença de um vasto número de

empresas exportadoras essencialmente ligadas aos têxteis e à produção de calçado. Esta forte

ligação ao setor produtivo local criou um mercado de turismo de negócios que secundarizou o

turismo de lazer.

Todavia o declínio de algumas atividades industriais, nomeadamente do setor exportador do

têxtil, refletiu-se na hotelaria local com as taxas de ocupação a diminuir. Este declínio teve nos finais

dos anos 90 do século XX, o acompanhamento por parte da autarquia do desenvolvimento de uma

estratégia de desenvolvimento turístico apoiado na requalificação e regeneração urbana do seu

centro histórico.

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Volume I

Em simultâneo os agentes turísticos locais, nomeadamente os hoteleiros, que até aqui

tinham a sua atenção e estratégias comerciais focadas na captação de hóspedes junto do tecido

empresarial local, tiveram que alterar o seu posicionamento no mercado atualizando as suas

estratégias de comunicação e comercialização direcionando-as aos clientes com motivações na área

do turismo cultural urbano (MARQUES, 2011:27-28).

Isto refletiu-se no aumento de turistas, desde 1995 até 1999 a cidade de Guimarães teve

segundo os dados estatísticos dos postos de turismo de Guimarães, uma média de crescimento de

15,9%.

A forte aposta na implantação de estruturas culturais e desportivas proporcionaram

condições de apresentação de um programa anual alargado de atividades. Em 2004 a cidade

acolheu alguns jogos do Campeonato do Europeu de Futebol, levando a uma visibilidade nacional e

internacional importante. Preparando a cidade para o acolhimento de grandes eventos e elevados

montantes de visitantes. Em 2005 é inaugurado o Pavilhão Multiusos de Guimarães, capaz de

receber grandes eventos culturais, desportivos e congressos. Em 2006 é aberto o Centro Cultural

Vila Flor, com dois auditórios, salas de conferências e uma grande área expositiva. O município fica

assim dotado de infra estruturas essenciais ao desenvolvimento de atividades culturais e desportivas

de grande nível.

Fig. 9 – Palácio e Centro Cultural Vila Flor (Foto da Autora)

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Volume I

Mais recentemente outros projetos foram desenvolvidos, inseridos na Capital Europeia da

Cultura 2012, a regeneração urbana da Zona de Couros40, a criação da Plataforma das Artes, a

abertura da Casa da Memória, do CAAA – Centro de Assuntos da Arte e Arquitetura, cuja missão

será apoiar e estimular a produção e a criação artística em Guimarães. Estes espaços e todo o

programa cultural inserido na CEC vieram reforçar o posicionamento do município no contexto

nacional na área do turismo cultural e urbano. Estes investimentos públicos também tiveram reflexo

na capacidade hoteleira instalada no município. Houve uma evolução relativamente à criação de

novos equipamentos hoteleiros em 2011 e 2012. Também o número de visitantes aos dois postos

de turismo da cidade registou nos últimos dez anos uma clara tendência de subida41. De fato o

município tem visto aumentar a sua notoriedade e capacidade de atrair visitantes de forma

crescente. Dos turistas que mais visitam o município, destacamos os Espanhóis. E relativamente à

origem por províncias dos visitantes espanhóis em 2010, verifica-se que 33% são oriundos da

província espanhola mais próxima e com melhores acessibilidades com a nossa região – a Galiza42.

Fig. 10 – Plataforma das Artes (Foto da Autora)

40 “As caraterísticas que a indústria de curtumes de Guimarães apresentou ao longo dos tempos- nomeadamente a sua localização na

zona de Rio de Couros, compreendendo diversas pequenas ruas, pequenos largos e becos, e contendo nem a área reduzida uma

grande aglomeração de casas, lagares, lagaretas, barracas, tinas, secadouros- conferiu-lhe uma importância histórica e patrimonial

que hoje em dia integra a própria fisionomia urbana da cidade. (…) Para além da sua importância do ponto de vista patrimonial a

zona de Rio de Couros assume também um particular significado na história da arqueologia industrial no nosso pais, em virtude da

proposta para a sua classificação como imóvel de interesse público, aprovada em Julho de 1977 pela então Direção- Geral do

Património Cultural” (In CORDEIRO, 1996: 259).

41 A última década registou um crescimento médio anual de 6,7%, no número de visitantes (In: MARQUES, 2011:29).

42 Sobre este assunto veja-se: MARQUES, 2011:30.

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Volume I

3.2.2. Recursos e atrativos turísticos da cidade

Guimarães assume-se como um destino com destaque na região onde se localiza e um

importante destino nacional. O seu centro histórico está classificado como património da

Humanidade (2001), mantém as suas tradições, as suas raízes e identidade, como ninguém. A isto

se refere já Ramalho Ortigão, como podemos verificar no seguinte extrato:

“A pequena cidade de Guimarães é a mais rica de Portugal, a mais trabalhadora, a de mais

recursos próprios e independentes de todo o favor alheio (…) Lisboa - inútil é dizê-lo – não tem

indústria nenhuma que se sustente independentemente (…) Guimarães, no meio do movimento

interior do seu trabalho conserva o fundo cunho tradicional, antigo legitimamente português”

(ORTIGÃO,1885).

É este aspeto que a torna diferente da maior parte das outras cidades, dos outros centros

históricos. Aqui vivemos oito séculos de história ligados à fundação de Portugal. E como diz José

Augusto Vieira (VIEIRA, 1886: 585) é o berço da monarquia.

Um centro histórico classificado de Património Cultural da Humanidade pela UNESCO, a sua

importância cultural pela associação à origem da nação Portuguesa e mais recentemente, a sua

indicação como Capital Europeia da Cultura em 2012, assumem-se como os seus principais

destaques e elementos diferenciadores no contexto da oferta turística nacional e internacional.

Fig. 11 – Vista aérea do centro histórico de Guimarães (CMG, 2001)

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Volume I

Para chegar a estas classificações foi necessário o trabalho das diversas entidades e gentes

de Guimarães. E pegando no slogan do evento Guimarães Capital Europeia da Cultura 2012, “o

Património somos nós”. Património são as pessoas que dão vida a esta cidade, que mantém as

suas lendas, tradições, festas, romarias, que cimentam a sua identidade e o seu orgulho em ser

vimaranense. Existe um grande sentimento de “paternidade” pelos habitantes da cidade, a noção

de património parece intrínseca a quem nela vive. E é notório a admiração de quem é de fora por

esta cidade e pelo bairrismo da sua população.

Entendemos que nesta cidade a tradição e o progresso andam de mãos dadas. Aqui

encontramos testemunhos de outrora enlaçados num contexto de modernidade. Como diz Maria

José Meireles (MEIRELES, 2000:19), “ … uma cidade pode cristalizar no tempo, manter-se idêntica

alguns séculos, ou ser destruída por catástrofe natural, ou ainda evoluir mas deixar permanecer as

marcas da passagem do tempo”.

Nesta cidade respira-se património nas suas múltiplas dimensões, seja ele arquitetónico,

arqueológico, industrial, natural, etnográfico ou gastronómico. Os atrativos da cidade passam por

toda esta diversificação de património e os seus recursos turísticos imperam tanto na quantidade

como na qualidade.

Só no centro histórico de Guimarães estão classificados 22 imóveis, conjuntos ou sítios (10

monumentos nacionais, 10 imóveis de interesse público e 2 imóveis de interesse municipal).

Encontrando-se 3 em vias de classificação43.

Identificamos cinco áreas específicas de recursos turísticos, que importa apreciar em

Guimarães: património edificado e artístico; património religioso; parques e jardins; festas, tradições

e artesanato; gastronomia e vinhos.

Património edificado e artístico44 - Com um glorioso passado histórico, excecionalmente

bem preservada, a cidade de Guimarães reflete a evolução de alguns edifícios particulares desde os

tempos medievais até ao presente, com particular incidência entre os séculos XV e XIX. O valor do

seu património edificado é reflexo da sua importância histórica, religiosa, política e económica.

Pelas ruas estreitas do seu centro histórico, emergem edifícios arquitetonicamente ricos. Casas

nobres, com brasão ou sem ele, monumentos alusivos a acontecimentos históricos, chafarizes, 43 www.igespar.pt – consultado em 10 de Outubro de 2012.

44 No Volume II podemos visualizar a Tabela 1 com o património edificado e artístico classificado ou em vias de ser classificado. E a

Tabela 2 com o restante património edificado e artístico da cidade. (Decidimos selecionar o existente no espaço intramuros e

arrabaldes, situados no nosso percurso ou perto deste).

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Volume I

fontes e parte da sua muralha. De facto Guimarães é possuidor de um património cultural e

religioso de forte relevo artístico e histórico.

Património religioso45 - A sociedade portuguesa é profundamente marcada pelo

Catolicismo e é detentora de um património rico e moldado, que conjuga a cultura com a religião46.

A Igreja assumiu-se ao longo dos séculos como o maior encomendador de obras artísticas no

campo da talha, pintura, pedraria, carpintaria, ourivesaria e organaria. Esta diversidade artística

pode ser ainda hoje apreciada nas antigas igrejas conventuais e das Ordens Terceiras, bem como

nos Museus da cidade. O património religioso de Guimarães conseguiu percorrer os séculos

mantendo viva a mensagem do seu passado, possibilitando a todos aqueles que o percorrem

atentamente constatar o trabalho artístico de mestres oriundos de diferentes locais do noroeste

português e da Galiza. Transformaram-se as funções, modificaram-se e laicizaram-se os espaços47.

Património etnológico: festas, tradições e artesanato – Em Guimarães há uma

grande tradição no Artesanato. Bordados em linho, olaria, ferro forjado, ourivesaria e filigrana,

cestos e mobiliário de verga, cutelaria, cantaria e a talha. As peças símbolo deste rico Artesanato

Vimaranense, é a ”Cantarinha dos Namorados”48 e o Bordado de Guimarães. A “Cantarinha dos

Namorados” servia para um rapaz pedir uma rapariga em casamento, e sendo o pedido aceite e

consentido pelos pais, era o local onde se colocavam as oferendas aos noivos. O Bordado de

Guimarães, certificado em 2010, é a evolução do bordado popular usado nos trajes rurais

vimaranenses, desde pelo menos o final do século XIX, e que por sua vez foi influenciado pelo

bordado oitocentista49.

45 No Volume II ver as Tabelas 3 e 4 com o património religioso classificado e outro não classificado de Guimarães.

46 O património religioso tem um carácter particular, em virtude de nele coexistirem e, por vezes, haver conflito entre dois cultos

diferentes, um estético e outro divino (BAUER, 1993: 24-37).

47 Podemos apresentar os seguintes exemplos: O extinto Convento de Santa Clara transformou-se no edifício sede da Câmara

Municipal de Guimarães e o Convento de Santa Marinha da Costa em Pousada

48 A "Cantarinha dos Namorados" é a peça símbolo de toda uma riqueza criativa que começou como atividade secundária dos

criadores e hoje representa uma verdadeira indústria com representatividade patente em dezenas de empresas. In: www.avedigital.pt

(tirado em 13/10/2012). Sobre a evolução da Olaria Vimaranense veja-se: FERNANDES, 2002: 300 -320.

49 Sobre o Bordado de Guimarães veja-se: FERNANDES, 2006.

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Volume I

Fig. 12 - Bordado de Guimarães (retirado de http://artesanatoguimaraes.wordpress.com)

Fig. 13 - Cantarinha dos Namorados (MAS)

As vivências culturais e as tradições são fundamentais para a atração de turistas e visitantes

a uma determinada região. Em Guimarães as festividades tradicionais - festas religiosas e romarias -

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ocupam um lugar de destaque nas vivências culturais com tradição no concelho. Em todas as

freguesias realizam-se numerosas festas religiosas durante quase todo o ano, mas a grande festa da

cidade e do concelho são as Gualterianas, em honra de São Gualter, decorrem sempre no primeiro

fim-de-semana de agosto. Trata-se de uma festividade que se iniciou em 1906 e tem caráter laico. A

festa profana é marcada pelo Cortejo do Linho, pela Batalha das Flores e por fim, como é tradição,

a Marcha Gualteriana encerra as festas. É de referir também as Nicolinas, que chamam à cidade

uma multidão de visitantes. Esta Festa dos Estudantes de Guimarães é celebrada em honra de São

Nicolau de Mira. Iniciam-se a 29 de novembro e terminam a 7 de dezembro. São compostas por

vários números: o Pinheiro e Ceias Nicolinas, as Novenas, as Posses, o Pregão Académico

Vimaranense, as Maçãzinhas, as Danças de São Nicolau, o Baile da Saudade e a Roubalheira.

Sem o impacto das duas festas atrás referidas, mas de grande tradição popular, temos a

Festa de Santa Luzia. Esta festividade acontece anualmente a 13 de dezembro, junto à capela de

Santa Luzia, na Rua Francisco Agra. Associada a esta festa está a tradicional venda de bolos,

confecionados com farinha de centeio e açúcar, designados como Sardões e Passarinhas, com

óbvias conotações sexuais.

Estas festas poderão, certamente, potenciar o desenvolvimento e dinamização da Rota das

Casas Brasonadas do Centro Urbano de Guimarães, aproveitando a realização das atividades

religiosas e de manifestações culturais paralelas, bem como o fluxo de pessoas que ocorrem a estes

eventos.

No âmbito da CEC 2012, foi criada uma figura que sintetiza numa imagem icónica as

referências e tradições de Guimarães: “Maria Guimarães”50. Este novo símbolo tem associado uma

pequena linha de merchandising que inclui ímanes, crachás e sombrinhas de chocolate. “Maria

Guimarães” é representada com um elmo, uma referência a D. Afonso Henriques, e um lenço azul,

que simboliza a primeira bandeira do Reino. No alto do elmo, apresenta ainda a cantarinha dos

namorados, peça artesanal da cidade. Esta boneca de barro pretende simbolizar as tradições

Vimaranenses. Nesta peça estão expressadas as indústrias representativas de Guimarães:

cutelarias, curtumes, calçado, bordados e artesanato.

50 A criadora foi Madalena Martins.

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Volume I

Fig. 14 - Maria Guimarães (http://guimaraes2012.blogs.sapo.pt/tag/guimar%C3%A3es)

Património gastronómico - A arte de bem cozinhar e de bem comer está bem vincado

neste concelho. Os principais pratos revelam-se nas receitas tradicionais da cozinha minhota e não

são muito diferentes dos que se podem encontrar noutras cidades do Minho: arroz de frango de

"pica no chão", rojões e bucho recheado, papas de sarrabulho e arroz do mesmo, bacalhau assado

ou recheado. A acompanhar estes pratos está, invariavelmente, o vinho verde da região51. A doçaria

tradicional vimaranense é composta por doces conventuais: o toucinho-do-céu52 e as tortas de

Guimarães53. Mas outras há que adoçam a boca dos vimaranenses e de quem visita a cidade: os

Amores, os Beijinhos de Noiva, as Rochas, o Creme Queimado, a Aletria, o Pão-de-ló de Guimarães

as Douradinhas e as Brisas da Penha. Em grande parte os doces tradicionais foram deixados pelo

Convento de Santa Clara de geração em geração até aos nossos dias. Encontrando-se atualmente à

venda em algumas pastelarias típicas da cidade54.

Património natural: parques e jardins - Guimarães é um concelho privilegiado a nível do

património natural e paisagístico, não estivesse ele situado num vale da região mais verde de

51 www.avedigital.pt (retirado em: 15/10/2012). A Casa de Sezim, situada na freguesia de Tabuadelo, no concelho de Guimarães,

produz e comercializa vinho verde com a marca da própria casa. Em pergaminhos medievais existentes no arquivo particular desta

Casa brasonada, referem já a produção vinícola nessa época. Sobre a história desta casa e sua família veja-se o estudo: MORAES,

2001:659-831, vol.2

52 “Doce confecionado em vários locais em Portugal, fazia-se em tempos idos, em Guimarães, no convento de Santa Clara, e, parece

que também, no de Santa Rosa de Lima. O toucinho-do-céu era presença obrigatória na mesa, no período Pascal”. (citado de:

TOUCINHO, 2011. Sobre a doçaria conventual Vimaranense veja-se: BRAGA, 1927: 113-118; FERNANDES;OLIVEIRA, 2004: 62-63.

53 As Tortas de Guimarães, confecionadas unicamente na cidade e Guimarães, são um doce originário do antigo Convento de Santa

Clara, fundado no século XVI pelo cónego Baltasar de Andrade (sobre a bibliografia das Tortas de Guimarães veja-se a nota anterior).

54 Destacamos e Casa Costinhas e a Pastelaria Clarinha.

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Volume I

Portugal. Nos últimos anos, o Município tem desempenhado um papel fulcral na preservação do

ambiente, com a criação de espaços verdes, o Concelho viu assim surgir vários jardins55 e parques

de lazer de média56 e grande dimensão. Com a principal função de garantir uma boa qualidade de

vida dos habitantes, os espaços verdes do concelho de Guimarães para além de serem

ecologicamente importantes, têm também uma elevada importância no embelezamento da cidade.

A este propósito vejamos o seguinte extrato: “São espaços que geram uma biodiversidade elevada

(principais potenciadores da fauna e flora locais), com base nos princípios da sustentabilidade,

diversidade biológica e sensorial dos sistemas vivos. A sua importância torna-se essencial

principalmente nas cidades que são grandes centros de poluição, contribuindo para moderar o

microclima urbano, permitindo a redução da amplitude térmica e regularização das temperaturas”57.

É de referir que a Câmara municipal de Guimarães já recebeu três prémios Nacionais pelos

seus espaços verdes:

- Prémio Nacional, atribuído em 2004 ao Cemitério de Monchique na sequência da sua

candidatura ao Prémio Nacional de Arquitetura Paisagista.

- Menção Honrosa em 2006 aos espaços exteriores dos Jardins do Centro Cultural Vila

Flor58, na sequência da sua candidatura ao Prémio Nacional de Arquitetura Paisagista.

- Prémio Nacional na categoria de Espaços Públicos Urbanos em 2009,ao parque Lazer

da Ínsua, localizado na Vila de Ponte.

55 A título de exemplo: O jardim do Carmo é um pequeno jardim no centro da cidade e apresenta uma envolvente arbórea com

alguma expressão como plátanos, castanheiros da Índia, cedro, tílias, ciprestes e camélias. Há também sebes de azáleas, buxo, hera,

murta e canteiros de amores e margaridas.

56 A título de exemplo: O parque da Quintã tem cerca de 12 hectares, é uma zona verde que foi reabilitada e tem hoje grande

importância para a urbanização das Quintãs. Trata-se aliás, da única área de razoáveis dimensões e características passíveis de uso

para lazer da população nomeadamente, parque infantil e percursos pedonais.

57 In www.cm-guimarães.pt

58 “Localizado na área central da cidade de Guimarães, o Palácio Vila Flor e os seus jardins (com cerca de 1,5 hectares) remontam ao

século XVIII e, desde então, as suas funções e intervenções foram numerosas. Dos espaços constantes da “Quinta de Vila Flor”,

mantiveram-se intactos os jardins de buxo que se desdobram em socalcos fronteiriços à fachada norte do palácio”

In:www.guimaraesturismo.com.

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Fig. 15 – Jardins do Palácio Vila Flor (Foto da Autora) Fig. 16 – Parque do Monte Latito (Foto da Autora)

O Departamento de Ambiente da Câmara Municipal, tem vindo a implementar uma estratégia

integrada de valorização e requalificação ambiental. É seu intuito a promoção do desenvolvimento

Sustentável através da elaboração, em curso, da Agenda 21 Local para o Município de Guimarães59

Um dos projetos que o Município implementou nos últimos anos (inaugurada a 24 de junho de

2008) e que contribui para um Município ambientalmente sustentável foi a criação de uma Horta

pedagógica60.

Noutro ponto da cidade, mais precisamente no Monte Latito, encontramos um parque com

cerca de 10 hectares, criado nos anos 50 para a valorização dos monumentos-símbolo da nação61.

Também o Parque da cidade, que compreende uma área de cerca de 30 hectares, localiza-se

no centro da cidade, é uma mais-valia ambiental e paisagística da cidade. Como alternativa a este

parque existe o espaço verde do Campus de Azurém da Universidade do Minho62. Oferece uma

vasta área relvada para a constante prática desportiva onde os percursos pedonais criados

interligam os espaços. A passagem da Ribeira de Santa Luzia bem como os lagos, são enquadrados

pela vegetação existente que integram paisagisticamente o espaço do Campus.

59 “… o nosso objetivo último é a criação de um Município ambientalmente sustentável, assente na participação e

corresponsabilização de todos os cidadãos neste ambicioso desígnio, capaz de proporcionar às atuais e às futuras gerações os

melhores níveis de qualidade ambiental e de vida.” In : www.cm-guimaraes.pt

60 “A Horta Pedagógica e Social de Guimarães é um espaço de domínio público onde se possibilita a melhoria da qualidade de vida

das populações e o aumento da experiência prática e sensorial na ligação com a Natureza que se traduz na possibilidade de contacto

entre a população e as espécies agrícolas que utilizamos na nossa alimentação, através do seu envolvimento em diversas atividades”

In: In www.cm-guimarães.pt

61 “Adaptado à colina, é constituído por amplos relvados e frondosas árvores, de que se destacam plátanos, castanheiros,

castanheiros da Índia e ciprestes, aproveitando o traçado de antigas ruas como caminhos de peões” In: www.turismoguimaraes.com

62 Neste parque encontra-se uma escultura da autoria de José de Guimarães.

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Volume I

Já fora do centro da cidade, mas nas suas proximidades temos o extenso parque, muito

arborizado e com várias espécies botânicas63, parte da antiga cerca do convento de Santa Marinha

da Costa, hoje transformado em Pousada. Subindo a encosta vamos ter ao ex-libris natural deste

concelho: a Montanha da Penha. Um local privilegiado pela natureza e de extrema importância para

a população, não só pelo impacto visual que tem sobre a cidade vimaranense, mas também porque

conjuga religiosidade e natureza, elementos que ocupam um lugar de extraordinária importância. Ao

esplendor do Santuário, altivo no topo da montanha, junta-se uma paisagem verdejante, fortemente

pontuada pela imponência do granito e recantos singulares64.

Fig. 17 – Cerca do Convento de Santa Marinha da Costa Fig. 18 – Perspetiva da Montanha da Penha (Foto da Autora) (Foto da Autora)

Em suma, podemos afirmar que o património cultural, nas suas diversas vertentes, é sem

dúvida o atrativo com um potencial mais elevado. A cidade tem-se assumido cada vez mais como

destino turístico cultural.

3.2.3. Oferta: equipamentos e serviços turísticos

A oferta turística de Guimarães, ao nível das infra estruturas tanto públicas (requalificação de

espaços públicos, equipamentos culturais, desportivos e de lazer) como privadas (capacidade

hoteleira, espaços de restauração, entretenimento noturno e comercio tradicional), dotam o

município de uma mais-valia no contexto turístico do noroeste peninsular. A diversificação de oferta

63 Em 1992, foi efetuado a identificação das árvores e arbustos da cerca do convento (FERNANDES; SILVA: 63-70).

64 A Penha possui 60 hectares de área verde preservada, situando-se a cinco quilómetros do centro da cidade e a 5 minutos de

teleférico. Aqui conjuga-se variadíssimas vertentes tais como a religião, a cultura (grutas e ermidas), a desportiva, o lazer (com

percursos pedestres pelos trilhos, teleférico e visitas guiadas de minitrem) e a ambiental (diversidade ecológica em termos de fauna e

flora).

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Volume I

turística, coloca Guimarães numa posição bastante atrativa. Durante a preparação e realização do

Programa da Capital Europeia da Cultura 2012, a cidade viu intensificar e diversificar a sua oferta

ao nível de equipamentos e serviços turísticos.

Relativamente ao alojamento houve o melhoramento de alguns equipamentos Hoteleiros,

no entanto a grande novidade foi a abertura de novas ofertas: os Hostels. Decidimos fazer o

levantamento das unidades de alojamento que se situam no percurso e/ou na zona envolvente do

nosso trajeto. Tal como evidencia a Tabela 565, a cidade possui uma vasta variedade de unidades de

alojamento.

A novidade turística em Guimarães neste ano de festa da cultura não se ficou pelo alojamento

mas estendeu-se ao meio de transporte. Criou-se o primeiro Yeollow Bus, um mini autocarro que

leva os visitantes a conhecer os principais pontos de interesse turístico da cidade. Bem mais

tradicional é o outro meio de transporte que surgiu durante 2012, uma charrete puxada por dois

magníficos cavalos. Os visitantes podem assim recuar no tempo e conhecer a cidade através deste

tradicional meio de transporte.

Também não podemos esquecer o autocarro que efetua o serviço de transfer diário entre a

cidade de Guimarães e o Aeroporto Francisco de Sá Carneiro.

É de referir que as infraestruturas culturais foram um dos impactos mais positivos da

cidade, novos equipamentos surgiram para atrair população e visitantes: Casa da Memória,

Plataforma das Artes, Fábrica Asa, CAAA. Mas também projetos culturais foram implementados

como é exemplo o projeto “Descobrir Guimarães-lugares criativos”66 e “Guimarães Intimo”67.

Uma cidade que antes de ser Capital Europeia da Cultura, já era atrativa aos turistas, no ano

2012 viu intensificar o seu número. Em simultâneo, o comércio de venda de produtos para turistas

aumentou na cidade. Guimarães viu nascer mais e diferentes pontos de venda de produtos

regionais e artesanato. Podemos dizer que o comércio tradicional impera nas principais artérias

da cidade, com maior destaque para o seu centro histórico. Como referem J. Cadima Ribeiro e

65 Volume II: Tabela 5 – Alojamento.

66 “O projeto Descobrir Guimarães é uma proposta de design urbano que desenvolve um sistema de sinalização original, cujo objetivo

é lançar desafios para que habitantes e visitantes percorram circuitos alternativos na exploração da cidade. O participante é

conduzido a pontos de interesse e lugares inesperados, criando-se uma experiência inovadora e lúdica, base de uma narrativa que

possibilita a construção de uma nova leitura da cidade e que provoca um sentido crítico sobre a estrutura urbana” (In:

www.guimaraesturismo.com).

67 Projeto que engloba elementos performativos com a comunidade, turismo interativo e jogos urbanos.

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Paula Cristina Remoaldo: “Aqui persiste este tipo de comércio, com as vantagens e inconvenientes

que lhe são associadas, apesar da população que ai reside não ultrapassar os 14,2% do total da

população da cidade” (RIBEIRO; REMOALDO, 2011: 637). É também no centro histórico que reside

um número razoável de serviços direcionados para públicos mais jovens e turistas. Destes serviços

destacam-se os restaurantes68 e bares69 que se concentram principalmente nos dois locais com

mais simbolismo da cidade: o largo da Oliveira e a praça de Santiago. Locais que sobretudo no

Verão são palco de intensa atividade cultural.

Fig.19 – Largo da Oliveira (Foto da Autora) Fig. 20 – Praça de Santiago (Foto da Autora)

Como cidade cultural que é, Guimarães possui vários espaços que dinamizam a

atividade cultural da cidade. Espaços que já enriqueciam a cidade antes desta ser Capital

Europeia da Cultura, mas que viu o seu numero de visitantes aumentar70. O castelo e os museus

são sem sombra de dúvida os equipamentos de cultura com mais procura. E segundo os dados

estatísticos deste ano todos os museus da cidade aumentaram o seu número de entradas 71. De

facto a riqueza das coleções dos museus de Guimarães constituem uma atratividade que é

importante salientar. Vejamos esta oferta: museu de Alberto Sampaio, museu arqueológico Martins

Sarmento, Paço dos Duques de Bragança, os núcleos e percursos museológicos (núcleo

arqueológico da Associação Comercial e Industrial de Guimarães, percurso museológico do

Convento de Santo António dos Capuchos), as Bibliotecas, as Galerias de Arte, etc. Os

equipamentos e serviços de cultura da cidade revelam-se uma mais-valia na atratividade turística de

Guimarães. Esta oferta estende-se ainda, às rotas e percursos implantados ou que simplesmente

68 Acerca da oferta do serviço de restauração ver Tabela 5 no Volume II

69 Acerca da oferta de serviço de entretenimento noturno ver Tabela 5 no Volume II

70 Informação cedida pelo Posto de Turismo de Guimarães.

71 Informação cedida pelo Posto de Turismo de Guimarães.

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Volume I

passam pelo concelho: Rota de São Torcato, Rota da Penha, Rota da Citânia, Rota do Vinho Verde,

Rota do Património Industrial do Vale do Ave.

Mas a visita cultural a uma cidade estende-se quase sempre às compras e em Guimarães

este simples gesto pode proporcionar momentos enriquecedores. De fato fazer compras em

Guimarães permite associar a visita à cidade patrimonial entrando em espaços reabilitados e

encontrando os principais produtos da economia regional: têxteis-lar (segmento onde o concelho de

Guimarães é o maior produtor), linhos, cutelarias e bordados. Encontramos também uma variedade

de lojas de vestuário e calçado, com design próprio, criado em empresas locais inovadoras, que

localizaram na cidade a venda de produtos que destinam predominantemente aos mercados

internacionais. O visitante mais universal poderá ir procurar centros comerciais, uns localizados em

empreendimentos residenciais acolhedores e de convívio, outros de maior dimensão com as lojas

das marcas comerciais mais atrativas. A pensar no grande aumento de visitantes que um evento

como a Capital Europeia da Cultura podia trazer, a Câmara Municipal criou o Roteiro

“Guimarães Marca”, iniciativa que divulga os produtos industriais com origem local e os espaços

de venda a que podem aceder. É com certeza uma iniciativa que veio valorizar o empreendedorismo

local.

O desporto e o lazer são um complemento á atratividade de Guimarães, o concelho

desenvolveu um elevado padrão de atividade no contexto do associativismo desportivo e das suas

Instituições. De facto, a prática desportiva alargou-se a uma grande franja da população, atraindo

atletas para as diferentes modalidades e competições, sensibilizando um número crescente de

pessoas para hábitos saudáveis de vida72. Os números demonstram que Guimarães é uma terra de

gente amante do desporto. Pensando neste facto a autarquia tem vindo a empreender trabalho na

construção de equipamentos de desporto e lazer. É de referir que a maioria e/ou diversificação das

instalações desportivas e de lazer estão centradas na sede do Concelho ou a escassos quilómetros.

Como é sabido a atividade desportiva seja ela federada ou amadora, movimenta a população.

São os torneios, os campeonatos ou simplesmente as festas desportivas, que impulsionam o

desenvolvimento da economia local. Exemplo disso foi o campeonato europeu de futebol realizado

em 2004 em Portugal, que teve como um dos vários palcos a cidade de Guimarães.

72 “Podemos salientar que Guimarães tem trezentas e trinta e três (333) entidades ligadas ao desporto, que utilizam duzentas e

sessenta (260) instalações desportivas, distribuídas pelas sessenta e nove (69) freguesias do Concelho de Guimarães (Dados

retirados de: www.tempolivre.pt).

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Fig. 21 – Praça de Santiago durante a realização do Euro 2004 (Foto da Autora)

Também é notório o movimento da cidade e dos estabelecimentos de restauração, nos dias

em que o maior clube da cidade joga, seja no seu estádio, seja através da televisão. Na verdade, o

Vitória Sport Clube com uma massa associativa fervorosa, é dos clubes que mais adeptos leva ao

estádio, sem dúvida um impulsionador de desenvolvimento da economia da cidade. Mas nem só de

futebol vive o principal clube do concelho, natação, basquetebol, andebol, voleibol, Pólo aquático,

boxe/ kickboxing, ténis de mesa, judo, atletismo, voleibol feminino, ciclismo, futebol de praia e uma

equipa de veteranos compõem este clube. Modalidades que já deram mostra de dinamismo e

sucesso, ingredientes para atrair adeptos e consequentemente para a dinamização da cidade nos

dias de jogos. A par da dinamização nos dias de jogos, não podemos esquecer que muitas das

equipas do Vitória Sport Clube entram em torneios e campeonatos internacionais e aguçam a

curiosidade pela cidade Património da Humanidade.

Muitas das atividades desportivas amadoras fazem-se ao ar livre, e de fato no concelho têm

surgido vários circuitos para a prática do pedestrianismo e cicloturismo. Relativamente aos circuitos

de manutenção, existem dois: um encontra-se inserido no Parque da Cidade com uma extensão de

900 metros, o outro com igual extensão encontra-se inserido no Parque da Cidade Desportiva73.

73 Além do circuito de manutenção o Parque da Cidade Desportiva integra em si três Piscinas, a Pista de Atletismo Irmãos Gémeos

Castro, a Pista de Cicloturismo e o Pavilhão Multiusos. Para mais informações consultar o site: www.tempolivre.pt

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O golf é outra modalidade praticada ao ar livre e a cidade oferece através da Universidade do

Minho um Campo de Práticas de Golf74. Este espaço ocupa uma área de 1,4 hectares, no campus

da UM em Azurém. Os Serviços de Ação Social da UM, dinamizadores da ideia, argumentam que se

trata de um projeto inovador, dada a sua ligação a uma universidade, mas também por associar a

prática desportiva à investigação científica.

O teleférico compõe a oferta de espaços de lazer da cidade, único na região, proporciona

uma viagem de 1.700 metros, vencendo uma altitude de 400 metros em apenas alguns minutos.

Ótimos acessos e parque de estacionamento para ligeiros e autocarros, o Teleférico transforma uma

visita a Guimarães num momento inesquecível75. Este meio de transporte leva-nos ao ex-libris

natural do concelho – o Monte da Penha. Mas também durante a CEC 2012, proporcionou

momentos de cultura através de exposições temporárias.

Como culminar da importância do Desporto em Guimarães, salientamos a realização no ano

de 2013 do evento: “Guimarães Cidade Europeia do Desporto 2013”. Um acontecimento que

possibilitará uma maior oferta na cidade.

Relativamente ao ensino e atividade pedagógica, este pode contribuir para atratividade

turística de um destino?

Sem dúvida, o facto de Guimarães possuir uma Universidade com referência nacional e

internacional, leva a que seja um pólo atrativo para jovens. E de facto é um concelho com uma taxa

de juventude muito elevada. No entanto, atrai também alunos e investigadores estrangeiros através

de programas europeus e na realização de congressos internacionais. A própria Universidade do

Minho através do seu corpo docente, dos cursos ai ministrados e de publicações científicas76

apresenta-se como um dos fatores de desenvolvimento na investigação do património e turismo. Em

simultâneo tem-se verificado uma forte dinâmica pedagógica a nível das suas Instituições de

ensino, com a organização de eventos, concursos e outras atividades, que dinamizam a cidade. É

muito frequente estas Instituições interagirem com a população através da demonstração daquilo

que aprendem em contexto de sala de aula.

74 Acerca deste Campo de Práticas de Golf consultar o site: www.sas.uminho.pt

75 In: www.guimarãesturismo.com

76 Além de teses de mestrado na área do património e turismo de Guimarães, destacamos o Guia de Turismo Cientifico de Guimarães,

publicado em 2009, em colaboração com a Câmara Municipal de Guimarães e com a Escola de Engenharia da Universidade do

Minho (GUIA, 2009).

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Fig. 22 – Reconstituição do voto de D. João I pelas escolas da cidade de Guimarães e MAS (MAS,2001)

Recentemente o edifício da antiga Fábrica de Curtumes da Ramada77 (Zona de Couros) foi

reabilitado para atividades académicas. Inaugurado em julho de 2012, alberga o Instituto de

Design78. Este Instituto, segundo palavras de António Almeida Henriques, secretário de Estado

adjunto da Economia, é “exemplo promissor, uma semente para o futuro, fazendo de Guimarães

mais do que o berço da nacionalidade, o berço da criatividade em Portugal“79.

77 Fábrica da António Martins Ribeiro da Silva, fundada na década de 1930, o edifício preserva vestígios da sua arquitetura Industrial

nomeadamente as cores da fachada, o “amarelo palha” e o “sangue de boi” das caixilharias referidos na documentação como

características dos edifícios industriais da zona de couros. Esta fábrica laborou até 2005, estando sempre ligada à família Martins

Ribeiro da Silva “os Painços”, tendo sido a última fabrica que fechou portas na zona de Couros (In www.guimaraesturismo.com,

retirado em 20/10/2012).

78 O Instituto de Design nasceu na zona de Couros, no âmbito do projeto CamUrbis. Para além de acolher o curso de Design da

Universidade do Minho, é também a sede do FinD Lab Guimarães um Laboratório de Fabricação Digital munido dos mais recentes

meios de conceção e fabrico assistido por computador.

79 Em entrevista ao Noticias de Guimarães, retirado em 12/09/2012 in http://www.noticiasdeguimaraes.com/instituto-do-design-

inaugurado-na-antiga-fabrica-de-curtumes-da-ramada-guimaraes-%E2%80%9Cberco-dacriatividade%E2%80%9D/

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Fig. 23 – Instituto de Design (antiga Fábrica de Curtumes da Ramada de António Martins Ribeiro) (Foto da Autora)

3.2.4. Procura Turística

A análise da procura turística de Guimarães revela-se de grande importância, já que a partir

dos dados recolhidos sobre essa mesma procura, é possível tirar ilações acerca do estado turístico

da cidade, bem como concluir se este satisfaz as motivações e anseios dos turistas. Os dados

apurados constituirão instrumentos de trabalho que possibilitarão aos sectores público e privado

que operam no turismo, reformular e direcionar os seus produtos, de forma a melhorarem a

qualidade dos seus serviços. Os dados mais atuais acerca da procura turística de Guimarães

encontram-se devidamente analisados na tese de mestrado de Vítor Marques (MARQUES, 2011).

Este autor apresenta as seguintes conclusões (MARQUES, 2011:44-45) com base em inquéritos

elaborados nos meses de Dezembro de 2010 e abril, julho e agosto de 2011:

- O fato de Guimarães ser um destino classificado como Património Mundial surge como a

principal indicação de motivo da visita, com 39% das respostas, logo seguido do Touring (visita das

cidades históricas) da região, com 28% das respostas;

- A classificação de Guimarães como Património Mundial, está fortemente relacionada com os

atributos físicos, patrimoniais e arquitetónicos do destino, evidenciando a sua importância como

elemento que integra o processo de decisão como motivação de viagem.

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Atualmente, poderá ser acrescentado como motivação da procura turística do destino

Guimarães, a realização da CEC 201280. A programação do evento foi um dos fatores de procura

durante o ano 2012. No entanto, o marketing ao redor da CEC 2012 e todas as infraestruturas

criadas vão proporcionar certamente a continuação da procura turística.

80 Disto mesmo nos dá conta os dados estatísticos da afluência de turistas nos postos de turismo da cidade.

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IV - ESTUDO DE CASO: CASAS BRASONADAS DE GUIMARÃES E AS SUAS

POTENCIALIDADES TURÍSTICAS

4.1. A Casa nobre: breve caracterização

Guimarães, berço da nação, conserva ainda hoje um riquíssimo património mercê dos

acontecimentos históricos que testemunhou ao longo dos séculos, como podemos observar no

seguinte extrato:

“Aqui nasceu a Casa de Bragança, Reis, nobreza, clero e povo fizeram a cidade onde hoje

habitamos, deixaram as suas marcas no granito dos edifícios, nas palavras dos documentos, na

beleza das obras de arte, nos artefactos de trabalho, e, também, na memória e no devir do

vimaranense atual” (FERNANDES, 2000: 10).

Possuidora de um núcleo urbano de formação medieval estruturado em função de uma

dinâmica urbana gerada por duas forças opostas de atração e proteção - o Castelo na colina e o

mosteiro dúplice na planície, com a localização que hoje corresponde à do complexo da Igreja de

Nossa Senhora da Oliveira. Palco de acontecimentos históricos ligados ao poderio real e

eclesiástico, de uma posição geográfica privilegiada (cruzamento de estradas), que desde cedo

permitiu o aparecimento de uma próspera comunidade de mercadores e o aspeto sociológico de ter

uma “elite” com certo poder político e económico no noroeste de Portugal. Foram fatores que

contribuíram para a evolução da urbe vimaranense. Acerca deste assunto refere António José de

Oliveira, “ … como não poderia deixar de ser, o próspero crescimento do aglomerado atraiu à vila

um número crescente de habitantes dos mais diversos ofícios e estratos sociais que obviamente

imprimiram uma fisionomia característica à estrutura urbana, mas que cuja tipologia própria se

reflete na existência de um dédalo de ruas medievais confinadas numa malha urbana estreita, que

nos oferecem muitas vezes a surpresa de desembocar em praças monumentais ou em espaços

valorizados com edifícios de mole imponente construídos em época posterior já no século XVII e

XVIII, em que as edificações de estilo Barroco e Rococó se destacam no meio do apinhado casario

medieval“ (OLIVEIRA, 2011: 27).

De fato, o centro histórico de Guimarães é como conjunto testemunho de um

desenvolvimento urbano, reunindo exemplares únicos de construção. Pela sua uniformidade,

sistema construtivo, técnicas construtivas tradicionais, características arquitetónicas, tipologias

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distintas, enriquecem a cidade de elementos que demonstram a evolução da cidade em diferentes

épocas, além da sua inclusão na paisagem constituir uma riqueza excecional. Estes elementos

permitiram a classificação do Centro Histórico de Guimarães a Património Mundial da Humanidade.

Muitas e arquitetonicamente ricas são as casas que Guimarães possui, dignas de uma

referência especial. Diversos autores as tratam com algum cuidado porque elas representam

épocas e estilos bem diferentes e merecedores de estudos específicos. Como nos diz Carlos de

Azevedo (AZEVEDO, 1988: 13) a casa é um documento autêntico da vida do homem, documento de

pedra e cal, mas de extraordinária importância para estudarmos os costumes, a evolução do gosto

e da vida social. Nas casas está resumido todo um estilo de vida, por isso ela é um elemento

importantíssimo para o estudo duma sociedade, em qualquer época que se considere.

Em muitos casos não é possível saber com precisão a época em que muitas foram

construídas. É muito frequente que a casa que atravessou gerações e subsistiu pelos séculos fora

tenha sofrido obras, restauros, ampliações e transformações, quer no exterior, quer no interior. No

entender de Carlos Azevedo tal fato tem originado certa confusão no espirito de muitas pessoas

que, não compreendendo o edifício como um complexo e não sabendo, possivelmente, ler os

elementos estilísticos que definem as várias épocas, o julgam mais antigo por nele se conservar

qualquer elemento de séculos mais recuados. Esta mistura de estilos que se observa numa casa

não a torna menos digna, pois através das sucessivas transformações é-nos dado acompanhar a

evolução do gosto e as alterações que se deram na vida social das diferentes épocas.

Em Guimarães a riqueza do inventário das casas mais flamejantes de frontaria, ou mais

modestas e corridas é relativamente grande. Caracteriza-se pela autenticidade de tipos

arquitetónicos diferenciados, erguidos com os sistemas construtivos tradicionais, constituindo

exemplos de evolução da cidade nas suas diferentes épocas. Entre a diversidade de tipos

arquitetónicos, devemos destacar a casa nobre urbana81. De facto a diversidade e riqueza

arquitetónica das casas nobres na urbe vimaranense são dignas de uma referência especial. São

vários os exemplos que testemunham a história da cidade. Umas outrora respeitadas, com o asseio

e dignidade dos seus proprietários, não são hoje mais do que relíquias envergonhadas pelo seu

lamentável estado de conservação; outras perderam a sua função original e servem hoje como sede

de alguns serviços públicos. Mas todas elas continuam a enriquecer a cidade e a testemunhar as

vivências dos Vimaranenses como sempre o fizeram ao longo da sua existência.

81 In www.monumentos.pt

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Na elaboração deste nosso trabalho deparámo-nos com a diversidade de definições de

tipologias por parte de algumas obras de referência82 decidimos no entanto usar o termo casa

nobre83. Acerca das primeiras casas nobres portuguesas diz-nos Carlos Azevedo (AZEVEDO, 1988:

19) que estas começam com a torre, e é no Norte, na região de Entre Douro e Minho – berço da

nacionalidade –, onde vamos encontrar os primeiros exemplos deste tipo de construção, que tanta

influência havia de exercer no posterior desenvolvimento da casa portuguesa.

Relativamente à contemporânea malha urbana de Guimarães podemos encontrar algumas

casas-torres que teriam sido residências de linhagens secundárias da nobreza, mas só uma chegou

até nós, já dos finais do século XIV e provavelmente adulterada pela D.G.E.M.N. Referimo-nos à

torre dos Almada, no largo da Tulha84. Acerca destas torres Francisco Azeredo diz-nos: “existem em

algumas casas do norte e centro do país foram construídas, mediante autorização régia a partir do

século XV. Raríssimas são as anteriores. Datam desta época as torres mais antigas que, no entanto,

não atingem mais de 12 metros de altura e que são, de uma maneira geral, construídas em lugares

chãos” (AZEREDO, 1978:12-13).

82 AZEVEDO, 1988; AZEREDO, 1978; STOOP, 1986; STOOP, 1993; SILVA, 1995; ALVES, 1995; ALVES, 2001; GRAÇA, 2004).

83 “Casas nobres chamamos às que tem logea, ou pateo, com aposentos capazes para huma família” (BLUTEAU, 1716: tomo 5,

731).

84 Acerca desta casa torre vejam-se as palavras de Bernardo Ferrão e José Ferrão Afonso: “Provavelmente em finais do primeiro

quartel do séc. XVI, a antiga casa torre dos Almadas no largo da Tulha, hoje Dr. Avelino Germano foi alterada, e as obras incluíram o

rasgar de uma bela janela de sacada renascentista, moldurada com colunelos e decoração de tipo lombardo que, ainda hoje se pode

admirar, no primeiro piso, sobre o portal chanfrado e ligeiramente apontado de entrada” (FERRÃO; AFONSO, 2002: 284-285).

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Fig. 24 – Torre dos Almadas (Foto da Autora)

Esta tipologia permaneceu ao longo dos séculos XVI e mesmo XVII, mas associada a um

corpo habitacional, exemplo disso é a Casa dos Laranjais85 com a sua torre seiscentista, constitui

um excelente exemplar desta situação evolutiva. Acerca das casas nobres portuguesas86 mais

antigas, Francisco Azeredo refere-nos que são anteriores ao século XV, de extrema modéstia, de

dimensões muito reduzidas e de arquitetura muito simples. De uma forma geral distinguiam-se das

outras por terem, além do andar térreo, onde se situavam as lojas e estábulos, um outro andar, o

andar nobre, que era a habitação propriamente dita. Eram despidas de qualquer ornamentação de

cantaria ou até de reboco, que só veio a aparecer mais tarde. Condiziam com o teor de vida

modesto dos seus proprietários, embora fossem condes, ricos-homens ou infanções, a quem não

repugnava pegar no arado ou fazer os mais trabalhos rurais (AZEREDO,1978). No século XV, o

espaço destinado a habitação torna-se mais amplo e há uma maior necessidade de contacto com a

natureza, pelo que as fachadas se tornam mais abertas e surgem as janelas amaineladas, e a

noção de conforto é mais exigente, e dai a profusão de chaminés de fogões de aquecimento.

85 Ver ficha de inventário no Volume II.

86 Casas Senhoriais é o termo utilizado pelo autor.

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A mais complexa de todas as casas do século XV (final da Idade Média), é o Paço dos Duques

de Bragança87, embora este nada tenha a ver com o tipo de casas mais características desta época.

Acerca deste monumento diz Carlos Azevedo (AZEVEDO,1988: 31) que este não vai desempenhar

papel preponderante no ulterior desenvolvimento da casa nobre portuguesa. A partir do século XV,

verificou-se em Portugal uma intensificação da edificação de “paços”, sobretudo urbanos, para

habitação da nobreza principal. Assim, e provavelmente influenciado pela imponente e

contemporânea presença do Paço do Duque de Bragança de quem era fidalgo, Fernão de Sousa

mandará construir, em finais do século XV, na rua de Santa Maria, os seus “paços”, usando como

material a pedra. Casa hoje conhecida como do Arco, “é uma precoce e pragmática planta em H na

qual o corpo central se lança, balconado, sobre a rua de Santa Maria, seguindo o exemplo do não

muito distante paço do concelho manuelino” (AFONSO, 2007: 257). Com uma estrutura muito

característica noutras povoações medievais portuguesas, esta será um bom exemplo da casa nobre

urbana seiscentista de Guimarães, da sua vontade de conquista de espaço, variedade, audácia e

inovação. Uma das mais antigas artérias de feição medieval, eixo principal de ligação entre o núcleo

do Castelo, situado na cota alta e o núcleo do mosteiro, na parte baixa da vila, é a rua de Santa

Maria88. Outrora rua de elite, situada perto da igreja principal e da praça, num ponto fácil de acesso

às portas da cidade e ao castelo, nela residiu o clero e a nobreza. Testemunha na atualidade belos

exemplares com fachadas a cantaria de granito, salientando-se a já referida Casa do Arco89, também

conhecida como Casa dos Condes de Azenha, exemplar de influência neoclássica, uma das mais

características desta artéria.

87 É justamente a partir de 1401 e 1420 que se constroem os paços de Barcelos e Guimarães por iniciativa do primeiro Duque de

Bragança, filho natural de D. João I, que mercê das suas viagens e cultura, introduziu na arquitetura da casa senhorial ideias novas.

(AZEREDO, 1978:87).

88 Acerca desta rua consultar: FERREIRA, 1989.

89 Ver ficha de inventário no Volume II.

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Fig. 25 – Casa do Arco na rua de Santa Maria (Foto da Autora)

Mas também aqui encontramos a casa dos Valadares de Carvalho90, a casa de Francisco

Duarte de Meireles91, local onde nasceu o arqueólogo Mário Cardoso, já no fim da rua deparámo-nos

com a casa dos Peixoto92 bem junto à belíssima igreja de Nossa Senhora da Oliveira. A Rua de Santa

Maria foi desde a época medieval uma das ruas mais importantes da vila, tornando-se por isso

objeto de diversos estudos. Com o tempo perdeu alguma da sua importância, o que se foi refletindo

na sua história. “Já nos inquéritos de 1258 deixam perceber que as casas “nobres” estavam em

baixo, nas proximidades da igreja de Santa Maria, para onde pendia, já, o essencial dos dias”

(FERREIRA, 2010: 133).

Ao longo do século XVI e para além das casas já referidas, outras tipologias habitacionais

aristocráticas se foram criando, “com frontarias cuidadosamente aparelhadas em cantaria de

granito, e com dimensões relativamente pequenas, estas novas residências nobres obedecem já a

uma regularização do loteamento urbano com o consequente alinhamento das frentes e

nivelamento das alturas (piso térreo e um ou dois sobrados)” (FERRÃO; AFONSO, 1998: 43).

Algumas casas propriedade de ricos mercadores e de oficiais régios enriquecidos, apresentam

90 Ver ficha de inventário no Volume II.

91 Ver ficha de inventário no Volume II.

92 Ver ficha de inventário no Volume II.

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fachadas com uma decoração imponente, sendo apenas a ausência da pedra de armas que as

diferencia das suas congéneres detidas pela nobreza. Acerca desta época (séculos XVI/ XVII)

Francisco Azeredo (AZEREDO, 1978) refere que a era dos descobrimentos e da expansão

ultramarina e consequente contacto com outros povos, o estreitar de relações comerciais com o

norte da Europa e com o Mediterrâneo e as novas possibilidades económicas da nobreza e

burguesia, possibilitaram novos horizontes à arquitetura e nomeadamente no que se refere à

habitação nobre. Esta deixa de se limitar ao estritamente necessário para abrigo dos seus

utilizadores e passa a ter outras exigências, não só de conforto como de arte. Assim vemos surgir os

espaços livres para varandas e terraços e a ornamentação do Manuelino e do Renascimento. Um

facto curioso, é o aparecimento da torre como elemento decorativo, ou até como representação da

nobreza do edifício que aliada à escadaria e ao brasão em cantaria na fachada dão ao edifício um

aspeto de solenidade que os individualiza em relação aos restantes.

O século XVII assistirá à construção das grandes casas nobres no espaço intramuros. Elas

sucederam às torres medievais e ao despertar do valor simbólico das fachadas em Quinhentos

(AFONSO, 2007). Ao contrário do final da época medieval em que os construtores portugueses

tinham elaborado um tipo de casa nobre que se inspirava fundamentalmente na arquitetura militar.

Nascera dessa forma a casa-torre, o primeiro tipo evoluído da residência nobre portuguesa que vai

manter-se através dos séculos. Agora, a principal contribuição do século XVII é a casa de planta em

U (AZEVEDO, 1988:55). Utilizando a pedra como material construtivo a casa nobre urbana nesta

época é de grandes dimensões, algumas como na Casa Mota Prego93, “resultam já de um

desenvolvimento orgânico de estruturas anteriores, de finais do século XV e XVI, que a centúria de

seiscentos regularizará” (FERRÃO; AFONSO, 1998: 45). Os mesmos autores referem que a casa

dos Navarros de Andrade e a dos Coutos são imóveis do século XVII94, que possuem ainda

elementos de casas quinhentistas, nomeadamente nas pequenas dimensões do lote e na decoração

da sua fachada (FERRÃO; AFONSO, 1998: 45). A tipologia da casa nobre urbana sofrerá, algumas

alterações ao longo do século XVII no que se refere aos materiais construtivos, a disposição dos

pisos, o tipo de varandas e a variedade decorativa das fachadas (FERRÃO; AFONSO, 1998: 45). Em

Portugal assiste-se ao aparecimento de novos edifícios que correspondem a um esforço para

adaptar os conhecimentos obtidos na época renascentista a um tipo de casa mais conforme às

93 Também designada de Casa dos Carvalho (ver ficha de inventário no Volume II).

94 O mesmo sucedendo com a Casa dos Valadares, apesar de mais antiga (1620).

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nossas exigências (AZEVEDO, 1988: 55). Esta época deixou entre nós algumas boas e enriquecidas

construções, sobretudo de carácter civil, apalaçadas e armoriadas, duma arquitetura de sóbrio

gosto clássico, como era corrente na época95. Estendem-se por todas as ruas, em pedra trabalhada,

nas janelas, nas portas, nos cachorros, nos portais e na elegância dos átrios.

Nesta época o Minho é assinalado por uma intensa atividade de remodelação e construção

patente em edifícios religiosos e civis que continuará durante todo o século XVIII. A este fenómeno

não é alheia a “revitalização económica, ligada à extensão da cultura do milho e à chegada das

primeiras remessas de ouro do Brasil” (ROCHA, 1993: 144). Assiste-se a um novo labor

arquitetónico de palácios senhoriais, fortemente implantados nesta região. Estendendo-se esta

dinâmica a casas urbanas ou rurais, que esperavam igualmente, intervenções que proporcionassem

ao seu proprietário uma exibição social do seu poder económico, através de uma arquitetura de

fachada. Raramente em Guimarães, encontramos diferentes tipologias de habitação corrente da

primeira metade do século XVIII, mantendo estas geralmente características das suas precedentes

seiscentistas (FERRÃO; AFONSO, 1998: 46). Acerca desta época diz-nos Alberto Vieira Braga, que

“por entre disformidades e contrastes de formas e feitios, levantaram-se várias casas de boa

cantaria, amplas de sólida construção, com dependências interiores desafogadas, rasgado pé direito

e elegantes decorações exteriores, na harmonia das padieiras horizontais ou arqueadas, de um

alinhamento airoso e regional” (BRAGA, 1986: 1148).

Também Natália Ferreira Alves (ALVES, 2000: 58) refere que o século XVIII foi um dos

períodos mais fecundos sob o ponto de vista artístico, tendo deixado testemunhos eloquentes nas

suas diversas expressões. Neste século vemos desenvolverem-se as fachadas principais e

assistimos ao enriquecimento da decoração envolvente de portas e janelas de cantaria e o

aparecimento de frontões para exibir o brasão, normalmente extraordinariamente rico de decoração

no seu paquife96 e com o escudo de forma abaulada (AZEREDO, 1978: 87).

Esta política económica favorável à construção arquitetónica constatou que a resposta dos

artistas locais não era suficiente. Esta situação levou à necessidade de chamar artistas galegos ao

95 Em Portugal encontram-se os seguintes exemplos: Palácio dos Marqueses de Fronteira (Lisboa), Casa dos Duques de Aveiro (

Setúbal), a Casa da Tapada ( Amares), Palácio Galveias ( Lisboa), Casa de Vale de Flores( Braga), Casa do Calhariz ( Sesimbra), Casa

de Covas ( Vila Nova de Cerveira), Paço dos Cunhas (Nelas).

96 Vejamos a definição extraída do Vocabulário Heráldico: “O paquife originou-se numa peça de pano leve que servia para proteger o

elmo da incidência do sol e que se prolongava sobre as costas do cavaleiro servindo de cobre-nucas. (…) É a esta peça que faz parte

integrante do elmo que se dá o nome de paquife “ (BANDEIRA, 1985: 177).

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Minho97. Disto mesmo damos conta na construção de algumas das casas nobres que encontramos

no centro histórico de Guimarães e que são referidas neste nosso projeto. Ao longo da segunda

metade do séc. XVIII, nas ruas de maior movimento da urbe vimaranense ergueram-se uma série de

casas nobres urbanas que apresentam, no trato das suas fachadas, uma decoração rococó,

respeitando as frentes em que se inserem, do qual o mais singular exemplo é a casa dos Lobo

Machado98, construída em 1754, em parceria, pelos mestres pedreiros Galegos Amaro Farto e

Vicente de Carvalho99.

Em algumas pedras de armas encontramos a decoração rocaille, como o da Casa do

Proposto, ou em portões, como na Casa do Canto. Contendo ainda uma fachada com elementos

decorativos rococós, mas já sensível ao neoclássico, temos o exemplo da casa das Hortas. Algumas

das casas tardo-barrocos possuem jardins, sendo de salientar o do Palácio Vila Flor100 e o Palácio de

Vila Pouca101. Outro tipo de casas nobres surgem também nesta altura no espaço extramuros de

Guimarães, com cariz urbano, de grandes dimensões e desenvolvendo-se horizontalmente, citamos:

a Casa do Fidalgo do Toural102 e a Casa do Carmo (dos Condes de Margaride)103. Por regra os

edifícios nobres urbanos do século XVIII tinham apenas dois pisos, a frontaria era a mais valorizada

expressava o estatuto social do seu proprietário. Estas casas localizavam-se normalmente em áreas

da urbe vimaranense consideradas mais importantes, em ruas movimentadas ou em largos

propícios a atos sociais, ou, se implantadas nos arrabaldes, em lugar sobranceiro, donde se

avistava a então Vila e podia ser contemplada, de longe, pela população (CONCEIÇÃO, 2009: 33).

Guimarães vê ainda surgir na transição do século XVIII para o século XIX, inúmeros solares

com menores dimensões, por vezes apenas as sua pedras de armas os fazem distinguir das

vizinhas habitações burguesas, como é exemplo a casa dos Freitas do Amaral104. A partir de meados

97 Sobre os mestres oriundos da Galiza que exerceram a sua atividade em Guimarães no século XVIII, veja-se: BRAGA, 1963; ROCHA,

1993; OLIVEIRA, 2011A.

98 Ver ficha de inventário no Volume II.

99 Sobre esta Casa ver ficha de inventário no volume II.

100 Ver ficha de inventário no Volume II.

101 Também conhecida por casa dos Condes de Vila Pouca (o 1º conde de Vila Pouca foi Rodrigo de Sousa Teixeira da Silva Alcoforado), hoje muito

modificada para ser utilizada como Colégio do Sagrado Coração de Maria (AZEREDO, 2011:78).

102 Ver ficha de inventário no Volume II.

103 Ver ficha de inventário no Volume II.

104 Ver ficha de inventário no Volume II.

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do século XIX, a diferenciação entre a casa nobre e a burguesa deixa de ter razão de ser, pois as

tipologias urbanas de habitação são completamente indistintas.

A Casa Nobre em Guimarães, assim como no resto do Pais sofreu uma longa evolução,

representam na atualidade aquilo que ficou de tempos passados o que revela o espirito conservador

do português. Estas casas podem ainda ser divididas em categorias conforme os casos, a mais

interessante divisão tipológica é de Francisco de Azeredo (AZEREDO, 1978:14).

- Palácio: residência de monarcas e edifícios com dimensões suficientemente grandes para

justificarem este termo;

- Paço: residências de reis, príncipes e bispos e edifícios onde os monarcas tivessem pernoitado

pelo menos uma vez;

- Solar: local de origem de uma família;

- Quinta: conjunto de terras cercadas por muros, podendo ter ou não edifícios residenciais;

- Torre: as torres propriamente ditas e/ ou edifícios nelas originados;

- Casal: conjunto de terras delimitadas por marcos, também podendo ter ou não edifícios

residenciais;

- Casa: termo genérico, aplicável a uma multiplicidade de edifícios e a residências de famílias

fidalgas situadas em aglomerados;

- Casa do Mosteiro: antigos conventos e mosteiros transformados em residências privadas, após a

expropriação das Ordens Religiosas (1834) e consequente alienação por parte do Estado.

Mais recentemente Manuel Azevedo Graça (GRAÇA, 2004: 28-29) acrescentou mais três

designações:

- Palacete: palácio pequeno;

- Quinta de Recreio: casa de campo de divertimento, de deleite e recreação;

- Casa de Vilegiatura: edifícios de residência sazonal, em estâncias balneares e de montanha.

Neste nosso projeto, optámos por designar todos os edifícios pelo termo genérico de Casa.

Em concordância com Manuel Azevedo Graça (GRAÇA, 2004), estamos longe das construções

palacianas de Lisboa, nenhum deles ocupará quarteirões inteiros, como na capital105.Também

nenhum terá risco tão erudito e académico, num quase provincianismo. E por último os materiais

105 Também Joaquim Jaime Ferreira Alves na sua obra “ A casa nobre no Porto, na época moderna”, faz referência ao termo Casa em

vez de Palácio, pelo fato das reduzidas dimensões dos edifícios nobres do Porto (ALVES, 2001).

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utilizados condicionarão os motivos decorativos: o granito predominante no Norte é de mais difícil

moldagem que o calcário existente a Sul, o que acaba por transformar o seu aspeto geral.

4.1.1. Casa Nobre Armoriada: conceito

Dentro do conceito de casa nobre incidimos o olhar nas casas orgulhosamente marcadas

com pedras de armas. Estas casas foram, ao longo de toda a história, o berço onde nasceram, se

criaram e educaram as grandes figuras da Igreja e de relevo nacional, tanto nas armas como nas

letras, de tal forma que para se fazer uma história conscienciosa de Portugal não poderá deixar de

se estudar a história destas casas. Casas que ostentam na fachada uma pedra de armas, símbolo

de nobreza106 ou fidalguia. Casas que de uma forma especial nos chamam a atenção, seja pela sua

dimensão, beleza da fachada, ou simplesmente por ostentar uma pedra de armas e despertar em

nós a curiosidade de decifrar os símbolos ali demarcados. É natural que, vendo-se uma destas

pedras, haja a curiosidade de saber o que representam aqueles motivos, por vezes estranhos e nem

sempre compreensíveis, que nas mesmas se encontram neles relevados, e qual a finalidade de tão

curiosos documentos (MATTOS, S/D: 27). É no conhecimento e compreensão dos motivos que ali

estão representados, que reside o seu valor simbólico107.

Felgueiras Gayo diz-nos que as Armas tiveram a sua origem nos torneios do século X, nos

exercícios de guerra e divertimento de galanteria com que se ocupavam os antigos cavaleiros

Alemães, para mostrar a sua destreza, e valor. Não se autorizava o uso das Armas a qualquer

pessoa, mesmo que nobre, sem que este tivesse participado no tal combate. Diz-nos o autor que o

Brasão não é tão antigo como as Armas do século X, e que foram ensinadas regras que

compuseram a arte a que se chama Brasão. Os Alemães inventarão as Armas e os Franceses

compuseram a Arte do Brasão, formando as leis Heráldicas108 no tempo de Carlos Magno, o qual

criou doze cavaleiros com título de Reis de Armas, e dois oficiais inferiores, um de Passantes, e

outro de Arautos.

106 “Dá-se o nome de nobreza a um conjunto de indivíduos que goza, em virtude de transmissão legal hereditária, de uma categoria

social privilegiada, e também, quase sempre, de privilégios políticos, com direitos superiores aos da maioria da população”

(ZUQUETE, 1961).

107 “Não se enquadra ele na simbólica geral, mas origina-se de um dos seus variados setores, que dá pelo nome de heráldica, a qual é

uma verdadeira ciência, tida em grande apreço como auxiliar da História” (MATTOS, S/D:27).

108 “Assim como o Brasão é Arte, assim deve ter regras e preceitos como todas” (GAYO, 1989:38).

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Também Armando de Mattos (MATTOS, S/D: 25-26) faz-nos referência á origem das pedras

de armas, segundo ele um costume trazido pelos germanos invasores, ou pelos suevos, que se

transmitiu pelas gerações até ao aparecimento do Estado português. A origem das pedras de armas

vem do uso tradicional109, legalizado com o mais alto documento heráldico: a carta de armas. Este

autor refere-nos ainda que as pedras de armas têm valor simbólico, histórico, social e artístico. Uma

Pedra de Armas personifica não só um estatuto social como privilégios concedidos diretamente pela

realeza. Tem um carácter eterno até pela escolha do próprio material, o granito, testemunho “quase

perpétuo da linhagem dos seus proprietários que deixam na rocha a genealogia da família e as

respetivas alianças” (SILVA, 2007). A esta pedra é associada a própria casa que, não raro, fica

também conhecida pelo nome da família que a habita há várias gerações: “Exibição de posição e

poder, o escudo assume agora um valor de memória de uma sociedade e uma forma de viver que

se extinguiu” (SILVA, 2007).Têm grande valor cultural e histórico, pois falam-nos da História de uma

família, de uma classe e do País. Desperta o espirito de quem repara nestas pedras, o desejo de

conhecer o que representam, qual o papel histórico que desempenham. As pedras de armas

lembram-nos sempre ações de fama, atitudes meritórias, intenções dignas (MATTOS, S/D: 28).

Nelas encontramos “a lembrança do fundador da família, daquele que viu seu nome nobilitado. È

uma clara evocação da origem, a presença da tradição do nome, o espelho do brio do sangue”

(MATTOS, S/D: 29). Representam o momento mais alto da linhagem devendo os seus membros

não o esquecer. Do ponto de vista decorativo são muitas vezes a parte mais exuberante da casa, a

marca que dá dignidade e fidalguia ao conjunto. Segundo Armando Mattos: “documentam a difusão

de escolas decorativas, pois pela sua presença atestam o conhecimento de determinados

pormenores estilísticos e arquitetónicos; são verdadeiros índices estéticos, visto a sua conceção e

execução implicarem conhecimentos de arte” (MATTOS, S/D: 30). O seu estudo, ajuda-nos a

conhecer as famílias preponderantes num determinado concelho, as ligações existentes entre elas e

os fortes laços que as unem, e acima de tudo a importância simbólica que ainda têm na atualidade,

sendo- lhe a mesma reconhecida pelo peso histórico que representam.

109 “Ainda a heráldica estava mal definida, sem regras que pudessem orientar seu desenvolvimento, já nos túmulos dos ricos-homens

e infanções e de outros grandes senhores, se abriam no duro granito portucalense figuras de natureza diversa, mas todas elas de

carácter simbólico, algumas das quais tinham a função de serem sinal privativo de suas linhagens ilustres” (MATTOS, S/D: 25).

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As Armas são uma prova de honra e nobreza dadas pelos Príncipes em reconhecimento de

alguma ação ou serviço considerável110. As Armas são compostas de cores111 e figuras,

representadas nos escudos112 das bandeiras, e cotas, para diferenciar as famílias. As Armas de

Família, são as que nos interessam para o nosso estudo, permitem distinguir uma casa de outra113.

Desde os tempos medievais, os brasões tornaram-se de uso comum para os guerreiros e

para a nobreza, como tal, foi-se desenvolvendo uma linguagem bem articulada que regula e

descreve a heráldica civil.

A normalização da heráldica portuguesa começa, em 1512 no reinado de D. Manuel I114, com

algumas características das quais talvez a mais importante seja a nova conceção de armas de

família. Todos podem ser agraciados com armas de família por meio duma Carta de Brasão de

Armas emitida oficialmente pelo único serviço existente em Portugal criado para fins de mercês

heráldico-genealógicas115. É com o Rei D. Manuel I e a publicação do Ordenação da Armaria e da

110 As comunidades também costumam ter as suas Armas, contam-se nove formas de Armas que são: Armas de Domínio, de Aliança,

de Comunidade, de Conceção, de Dignidade, de Senhorio, de Sucessão, de Pertença, de Família.

111 Quando as Armas não são iluminadas com cores, assinalam-se com pontos, linhas e manchas (GAYO, 1989:26). Alguns autores

escreveram sobre as Armas serem pintadas: OLIVEIRA, 2003; OLIVEIRA B: 138, nota 38.

112 Relativamente ao Escudo, Felgueiras Gayo diz-nos que é o” fundo, o pano, ou campo onde se gravam as peças, e figuras que

compõem as Armas, tem diversas formas conforme as pessoas, e uso dos Maçons: os Portugueses, e Castelhanos trazem-nos

quadrados e redondos, mas não pontudos por baixo. As mulheres trazem partido ou abraçado com as Armas do marido. As filhas

usam o escudo em lisonja partido em Pala com a parte direita vazia para as Armas do marido com que se casarem. As viúvas

conservam o escudo cheio com as Armas do marido na ponta direita e as suas na esquerda“ (GAYO, 1989:25).

113Estas Armas são de oito modos: Apelantes, Arbitrarias, Verdadeiras, Falsas, Inqueridas, Puras e Cheias, Diferenciadas, Carregadas,

Difamadas (GAYO, 1989:24-25).

114 “De D. Manuel em diante a nobreza toma decididamente, o caráter de palaciana. A sua influência na administração da India foi

uma das causas da decadência do domínio português, e na crise de 1580 mostrou-se a nobreza, em grande parte, venalíssima.(…) O

último arranque de revolta da nobreza contra a realeza deu-se no reinado de D. José I, podendo dizer-se que o atentado contra o

monarca, a 3-IX-1758, e a violenta e pressão que se lhe seguiu são dos factos que mais deram ao reinado a sua própria fisionomia e

o seu significado social.(…) A Monarquia liberal criou muitos novos titulares a alargou muito as honras da nobreza, distinguindo não

só militares e políticos, com servição relevantes na Guerra Civil e na administração pública, mas também escritores, artistas,

diplomatas, industriais, comerciantes, banqueiros, etc. Depois de proclamada a República, um Decreto de 18-X-1910 aboliu os títulos

nobiliárquicos, distinções honorificas e direitos de nobreza” (ZUQUETE, 1961: 16).

115 “A partir desta data já a usufruição oficial de armas de família deixa de ser um apanágio exclusivo dos descendentes das famíl ias

da aristocracia conhecida, cujos antepassados entroncavam nos da primeira dinastia que acabara em 1385,mas também os

descendentes daqueles que tinham sido agraciados com armas de mercê nova durante a segunda dinastia” (NORTON, 2004:1019).

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Carta do Regimento da Nobreza dos Reis de Armas, que surge a regulamentação das diferenças

heráldicas que nunca mais deixaram de funcionar até ao presente116.

É também partir do reinado deste monarca, que passa a ser obrigatório o uso do timbre117

nos escudos de armas de família. Ficou também estabelecida a regra geral que o timbre é sempre

proveniente da primeira partição do escudo de armas. Esta norma ainda hoje está em vigor, mas

nem sempre foi cumprida (NORTON, 2004:1022).

4.2. Casas Brasonadas de Guimarães: um património a valorizar

4.2.1. Enquadramento geral

O despertar da curiosidade na resolução do significado de uma pedra de armas, a quem

pertenceu, como foi o percurso dessa família e da própria casa que a ostenta, é o mote para iniciar

a criação de um itinerário sob o tema “Casas Brasonadas do centro Urbano de Guimarães”.

A nossa formação leva-nos a sintetizar o nosso projeto na valorização, divulgação e

dinamização das casas que ostentam a pedra de armas. A genealogia, a heráldica e a História de

Arte dão-nos elementos utilíssimos para conhecer as casas nobres armoriadas, mas são disciplinas

à margem do turismo cultural.

Inventariar e estudar as pedras de armas de qualquer região tem sempre um interesse

positivo, tanto no campo social, como no histórico e até no artístico (MATTOS, 1953:1). O inventário

destas casas contribui para a identificação de um património cujo o significado é pouco conhecido e

por conseguinte para a sua proteção. A proteção dos bens culturais assenta na classificação e na

inventariação, disto nos dá conta a lei nº107/ 2001 de 8 de Setembro. Esta lei define os bens

culturais como aqueles que “pelo seu reconhecido valor próprio devam ser considerados como de

interesse relevante para a permanência e identidade da cultura Portuguesa através do tempo”.

Nestes bens refletem “valores de memória, antiguidade, autenticidade, originalidade, raridade,

singularidade e exemplaridade“. Ora as casas que ostentam um brasão, que pertenceram a famílias

116 “O uso da diferença nas armas portuguesas de família já era utilizado antes de 1512, pelo que o Ordenação da Armaria teria sido

apenas a regularização duma atuação heráldica em uso” (NORTON, 2004: 1020).

117 É a parte das armas que se coloca sobre o virol do elmo ou em cima do coronel. Acerca deste tema consultar: ZUQUETE, 1961;

BANDEIRA, 1985: 206.

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nobres ou aristocratas, são um testemunho de uma época e constituem identidade cultural de uma

determinada região. Todas as casas brasonadas de Guimarães fazem parte da sua identidade

cultural e refletem memória do passado, como tal devem ser preservadas e valorizadas.

Cada comunidade, tendo em conta a sua memória coletiva e consciente do seu passado, é

responsável, quer pela identificação, quer pela gestão do seu património, disto mesmo refere a

Carta de Cracóvia, que valoriza a conservação dos monumentos e dos edifícios com valor

histórico, mantendo a sua autenticidade e integridade. Diz ainda esta Carta que os edifícios que

constituem as zonas históricas podendo não se destacar pelo seu valor arquitetónico especial,

devem ser salvaguardados como elementos de continuidade urbana, devido às suas características

dimensionais, técnicas, espaciais, decorativas e cromáticas, elementos de união insubstituíveis para

a unidade orgânica da cidade.

A recomendação para a salvaguarda dos conjuntos históricos e a sua função na

vida contemporânea, declara que os conjuntos históricos constituem através dos anos

testemunhos da riqueza e da diversidade das criações culturais, religiosas e sociais da humanidade.

Todas as vilas grandes e pequenas com centros históricos exprimem os valores próprios de

civilizações urbanas tradicionais, declara a Carta de Vilas Históricas, Outubro 1987. A mesma

Carta diz ainda que os valores a preservar são os de carácter histórico da vila e todos os elementos

materiais e espirituais que exprimem a sua imagem. Isto confirma que todas as casas pertencentes

a um centro histórico devam ser salvaguardadas. Dado que grande parte das casas que

pretendemos estudar estão inseridas no centro histórico de Guimarães, este é mais um motivo para

que mereçam um cuidado especial.

Casas com brasão identificam uma família, é nele que se encontra a lembrança do fundador

e é uma clara evocação da origem, a presença da tradição do nome. Além de valor simbólico,

histórico e social têm valor artístico, já que a sua execução implica conhecimentos de arte. São eles

também importantes para a permanência da identidade cultural vimaranense.

O património arquitetónico de Guimarães é constituído também por estas casas. Seguindo a

definição de património arquitetónico da Carta Europeia do Património Arquitetónico, este

não é “formado somente pelos nossos monumentos mais importantes, mas também pelos

conjuntos que constituem as nossas cidades antigas…”. Por outro lado, reconhece que só uma

gestão integrada dos bens patrimoniais poderá permitir resultados satisfatórios. Do ponto de vista

arquitetónico e urbano, as ações de salvaguarda integrada do património existente na cidade ainda

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não estão totalmente resolvidas, algumas casas brasonadas continuam degradadas, o que não está

de acordo com a Carta de Veneza.

Alguns autores (MORAES, 2001; MATTOS, S/D; NÓBREGA, 1981-1985; FERREIRA, 1989)

estudaram a história genealógica das famílias que habitaram estas casas, outros (BRAGA, 1986;

OLIVEIRA, 1977; MORAES, 1978; FERRÃO; AFONSO, 1998; MEIRELES, 2000; CONCEIÇÃO, 2009;

OLIVEIRA, 2011A) a própria arquitetura dos edifícios. Mas a valorização não pode passar só por

esse estudo e aqui entra o turismo; temos um recurso que trabalhado pode servir como mais uma

oferta cultural de uma cidade que já por si é Berço da Nação, Capital Europeia da Cultura 2012 e

possuidora de um centro histórico classificado como Património Mundial.

O estudo de um património cultural é essencial para o conhecermos, mas depois é

necessário colocá-lo a comunicar com o seu visitante. E nada melhor para o conhecer do que

caminhar entre ele …

Incidimos o nosso objeto de estudo sobre o espaço intramuros e arrabaldes. Embora sendo

realidades específicas, constituem parte de um conjunto mais alargado, que inclui a área urbana e

concelhia. Contudo, devido a razões de ordem metodológica e temporal, levaram-nos a limitar

espacialmente o nosso projeto. Mas temos noção, da necessidade de prolongarmos o nosso

itinerário ao vasto concelho de Guimarães.

4.2.2. Identificação e caracterização do objeto de estudo

Neste nosso projeto conseguimos fazer o levantamento de 30118 casas armoriadas. A escolha

recaiu em primeiro lugar nas casas que ostentam uma pedra de armas, estas casas podiam ser

pequenas ou grandes, simples ou com fachadas ornamentadas, mas deviam simbolizar a

arquitetura civil e representar a heráldica de família. Definido o recurso o passo seguinte foi limitar o

espaço, o levantamento incidiu sobre o espaço intramuros e arrabaldes. Decidimos não nos limitar

ao espaço intramuros por acharmos que estas casas se prolongam em termos arquitetónicos e

cronológicos aos arruamentos limítrofes. Nos arrabaldes decidimos valorizar o fator deslocação, ao

nível temporal e de acessibilidade.

118 Não incluímos neste levantamento a Casa do Cano, localizada na rua D. Teresa (zona extramuros) por se encontrar distante em termos espaciais das Casas do 2º itinerário, referente aos arrabaldes. Também na rua Cães de Pedra encontramos um portal com brasão, no entanto, a Casa já não existe.

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Vejamos o mapa que se segue. Este mostra-nos a localização das casas em estudo: a azul

estão assinaladas as casas fora da zona intramuros e a amarelo as casas localizadas dentro do

perímetro amuralhado.

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Fig. 26 – Localização das 30 Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães (mapa extraído no Google Earth)

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Volume I

Legendagem da figura 26

1- Casa dos Peixoto 2- Casa do Arco 3- Casa de Francisco Duarte de Meireles 4- Casa dos Valadares de Carvalho 5- Casa do Carmo 6- Paço dos Duques de Bragança 7- Casa dos Laranjais 8- Casa nº25 do largo dos Laranjais 9- Casa dos Navarros de Andrade 10- Casa dos Valadares 11- Casa dos Almeida (da rua Escura) 12- Casa dos Lobo Machado 13- Casa dos Couto 14- Casa dos Carvalho 15- Casa dos Araújo e Abreu

16- Casa dos Freitas e Sampaio 17- Casa dos Freitas do Amaral 18- Casa do Fidalgo do Toural 19- Casa do Proposto 20- Casa dos Pombais 21- Casa da Granja 22- Casa dos Moreira do Vale 23- Casa dos Ribeiro de Carvalho 24- Casa dos Moreira de Sá 25- Casa de Cimães 26- Casa dos Lobatos 27- Casa dos Borges Pais do Amaral 28- Palácio Vila Flor 29- Casa do Canto 30- Casa das Hortas

Assinalado a localização, passamos à caracterização específica das Casas. Decidimos

criar uma ficha de inventário por nos parecer a forma mais correta de analisar cada Casa em

estudo. Após a consulta de algumas tipologias de fichas utilizadas por outros autores119, optamos

por elaborar uma que nos pudesse responder ao que procurávamos para o nosso estudo. E o

resultado foi este:

Designação Localização

Concelho:

Freguesia:

Rua:

Coordenadas GPS :

Caracterização do Edifício

Época de Construção:

Proprietário inicial:

Proprietário atual:

Arquiteto / Construtor / Autor do Projeto:

119 Referimo-nos às fichas de inventário publicadas por: GRAÇA, 2004; www.monumentos.pt

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Descrição do Edifício

Enquadramento:

Descrição do Edifício: Lição Heráldica: Proteção:

Utilização Inicial:

Utilização atual:

Afetação/ Classificação:

Características Particulares: Dados Técnicos e Materiais: Intervenção Realizada: Cronologia: Estado de Conservação:

Fontes Arquivísticas e Bibliográficas: World Wide Web: Base Cartográfica: Documentação Fotográfica: Documentação Administrativa: Observações

Para o preenchimento dos vários itens correspondentes às casas em estudo, recorremos

a um trabalho de campo, uma pesquisa bibliográfica, arquivística e cartográfica, bem como uma

consulta a sites ligados ao património português (por exemplo, www.monumentos.pt;

www.igespar.pt).

Na elaboração de algumas fichas, não nos foi possível preencher todos os campos devido

à ausência de informações arquivísticas e bibliográficas, nomeadamente no que concerne ao

arquiteto/construtor ou autor do edifício.

Relativamente ao campo “proprietário atual” optamos nos casos de entidades privadas não

especificar a designação dos seus proprietários por vários motivos: existência de diversos

proprietários para o mesmo imóvel; pela indefinição da posse motivada por questões de partilha;

dificuldade de consulta de registos de propriedade. Nos casos de entidades públicas, optamos

por especificar o detentor. As fichas das casas estudadas, por uma questão de ordem prática e

metodológica, encontram-se em anexo no Volume II.

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Volume I

Após o inventário, cabe-nos analisar alguns dados relativo às casas em estudo. Deste

modo optamos por sintetizar graficamente alguns dados que consideramos relevantes para uma

melhor caracterização e avaliação das casas selecionadas.

Gráfico 1 – Localização das Casas Brasonadas

Do universo de 30 Casas, 16 encontram-se na zona intramuros e as restantes 14 nos

arrabaldes. Deparámo-nos com um relativo equilíbrio numérico dos imóveis quanto à sua

implantação geográfica.

Gráfico 2 – Estado de conservação das Pedras de Armas

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3

6

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15

18

Intramuros Extramuros

0 2 4 6 8

10 12 14 16 18 20 22 24 26 28

Bom estado de conservação

Em recuperação Mau estado de conservação

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Volume I

Ao longo do nosso projeto deparamos com situações que se foram alterando. Por exemplo

algumas casas que inicialmente estavam em mau estado de conservação foram ao longo do ano

2012 alvo de recuperações. Referimo-nos, à Casa dos Freitas de Sampaio, no largo Condessa do

Juncal, à Casa dos Araújo e Abreu, na rua Vale Donas e à Casa das Hortas na rua Dr. José

Sampaio. A Casa da família Lobato e a Casa da família Moreira de Sá estão em mau estado de

conservação e consequentemente devolutas. A primeira devido a abandono a segunda devido a

um incêndio ocorrido neste século.

Concluímos que no universo de 30 Casas, a grande maioria encontra-se em bom estado

de conservação e possíveis de serem visitadas.

Gráfico 3 – Número de Pedras de Armas existentes em cada Casa

Através da análise deste gráfico observamos que a 27 Casas correspondem a 27 Pedras

de Armas. As exceções encontrámos na Casa Navarros de Andrade com duas Pedras de Armas

na fachada do edifício; na Casa Vila Flor com duas Pedras de Armas, uma na fachada principal e

outra na fachada posterior; e por último na Casa dos Couto, com duas Pedras de Armas em

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3

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Uma Pedra de Armas Mais de uma Pedra de Armas

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Volume I

cada uma das fronteiras do edifício e uma terceira pintada no teto em madeira de uma das

salas120.

Fig. 27 - Pedra de Armas pintada no teto de uma das salas da Casa dos Couto (Foto da Autora)

Gráfico 4 – Tipo de material utilizado na feitura da Pedra de Armas da fachada

120 Além deste teto com brasão pintado, encontramos numa das salas da Casa dos Pombais um teto em masseira de madeira pintada com o brasão de família, ao centro.

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Granito Metal

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Como seria de esperar numa cidade localizada numa região predominantemente de solos

graníticos, a grande maioria das Pedras de Armas inseridas na fachada são de material granítico.

A única exceção é a Casa da Família dos Borges Pais do Amaral localizada na rua da Caldeiroa,

em que o material é em metal.

Gráfico 5 – Leitura Heráldica

No nosso trabalho de campo encontramos quatro casos em que não conseguimos fazer a

leitura heráldica das pedras de armas, isso devido ao facto destas estarem picadas. Referimo-

nos à Casa das Hortas, à Casa do Fidalgo do Toural, à Casa dos Laranjais e à Casa nº25 (largo

dos Laranjais). Desconhecemos os motivos que levaram a que estas pedras de armas tivessem

sido picadas. No entanto, através de um provimento do Corregedor121 datado de 22 de Fevereiro

de 1786, redigido nas Casas da Câmara de Guimarães, relativo à posse indevida de Pedras de

Armas, é deliberado o seguinte:

“ Nesta foi requerido pelos habitantes desta vila que muitas casas dela tinham armas na

frente de suas casas ao mesmo tempo que os possuidores delas não são das mesmas famílias

que tenham faculdade para poderem usar delas, pelo que proveu e mandou que os atuais

121 Trata-se do Dr. José Bernardo Alves do Vale.

0

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Legivel Ilegivel

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possuidores das referidas casas para que lhe apresentem os títulos por que tem as ditas armas

e não o fazendo, lhas mandem picar” 122.

Nesta provisão denota-se que quem não comprovasse que o brasão inscrito na fachada da

casa era de sua família, teria que o picar. Talvez seja esta a razão de algumas Pedras de Armas

estarem picadas.

Gráfico 6 – Casas com Jardim esteticamente relevante

Das casas em estudo existem sete que possuem um jardim esteticamente relevante e de

média dimensão, são elas: Casa do Proposto, Casa dos Pombais, Palácio Vila Flor, Casa do

Canto, Casa de Cimães, Casa do Carmo e Casa dos Carvalho. Alguns destes jardins encerram

tanques, fontes, chafarizes e arbustos de buxo. A maioria deles passa despercebido à população

local, pois situam-se nas traseiras da casa. Apenas os jardins da Casa dos Pombais e da Casa

do Canto possuem jardim a anteceder a frontaria da casa. Concluímos que a grande maioria das

casas com jardim, como seria de esperar, situam-se no espaço dos arrabaldes, onde a pressão

urbana ao longo dos séculos menos se fez sentir.

122 Documento publicado por CAPELA,1993: 259-260.

0

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Sem jardim Com jardim

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Gráfico 7 – Utilização atual 123

Inicialmente as Casas Brasonadas que estudamos tiveram como utilização residencial. No

século XX, muitas das casas perderam o seu caráter essencialmente habitacional para darem

lugar a funções relacionadas com comércio e serviços. Esta mudança deveu-se ao fato de

algumas das casas terem saído do património familiar por venda ou partilhas. Casos houve,

embora se mantivessem no seio das famílias, por motivos de rentabilidade económica, as casas

foram arrendadas em parte ou na totalidade. Atualmente, como podemos verificar pelo gráfico,

encontramos apenas cinco casas exclusivamente utilizadas para fins habitacionais. Temos doze

casos em que as casas mantêm o caráter inicial de habitação, no entanto partilham essa função

com outras, nomeadamente comércio e serviços. Outras há (duas casas) que perderam a sua

função habitacional e hoje dedicam-se exclusivamente ao comércio. Encontramos sete imóveis

que atualmente têm como função exclusiva a prestação de serviço público.

123 Acerca da utilização atual das casas vejam-se as respetivas fichas de inventário no Volume II.

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3

4

5

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Gráfico 8 – Tipo de proprietário da Casa

No que concerne aos proprietários das casas em estudo, podemos constatar através do

gráfico 8 que a grande maioria está na posse de privados124 (25). Neste universo além das

entidades individuais, incluímos também entidades coletivas, tais como: Instituições Bancárias,

Associação Comercial e Industrial de Guimarães, Sindicato Têxtil, a Colegiada de Nossa Senhora

da Oliveira, Irmandade de Nossa Senhora do Carmo e a Santa Casa da Misericórdia de

Guimarães. No setor público (órgãos de poder local e central) encontramos apenas quatro casas.

Tratam-se de imóveis pertencentes à Câmara Municipal de Guimarães (Palácio Vila Flor, Casa

Navarros de Andrade125 e Casa dos Couto126) e à Direção Regional de Cultura do Norte (Paço dos

Duques de Bragança). Por fim, com propriedade pública/ privada temos apenas um único caso.

Trata-se da Casa da família Ribeiro de Carvalho pertencente ao Ministério da Justiça e a

particulares.

124 Algumas casas estão na posse de mais que um privado. Podemos referir a Casa do Fidalgo do Toural, na posse de três

instituições bancárias e de um proprietário individual. Outro caso é a Casa dos Lobato que é pertença de um proprietário

individual e de um coletivo (Santa Casa da Misericórdia de Guimarães) por disposição testamentária.

125 Aqui funciona o Arquivo Municipal Alfredo Pimenta.

126 Sede do Tribunal da Relação de Guimarães

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2

4

6

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Privado Público Público/ Privado

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4.3. Rota das Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães

Uma das fases de preparação e desenvolvimento de uma rota é o reconhecimento do

percurso no terreno, no qual deverá ser feito um desvio sempre que ao longo deste se encontre

algo que se considere digno de interesse, monumento, igreja, etc. Com a informação recolhida

elabora-se um percurso. É com a definição do percurso que se constitui um itinerário que vai

promover/ divulgar os recursos e despertar o interesse daqueles que ainda não são devidamente

(re)conhecidos. Podemos salientar que a realização de itinerários constitui um bom meio de

apresentação do património e recursos de uma região. Quando estes são implementados numa

região ou num espaço urbano, constituem instrumentos de desenvolvimento local. Os itinerários

culturais urbanos para além da preservação do património histórico e cultural, com a sua

exploração poderão estabelecer formas de dinamização social, económica mas também cultural

dos centros urbanos. Segundo Pereiro Peréz “apostar neles pode significar um custo muito baixo

e uma rentabilidade muito alta através da geração de riqueza indireta” (PEREIRO PERÉZ, 2002).

Na realidade, o investimento inicial na criação de um itinerário cultural é relativamente

baixo se o compararmos com a rentabilidade económica que a médio prazo poderá daí advir.

4.3.1 Objetivos gerais e específicos

Constitui objetivo geral da Rota divulgar, proteger e valorizar um património (casas

brasonadas) que testemunha a evolução da cidade. Na verdade este património, depois de

estudado, divulgado e dinamizado, pode contribuir para o aumento da oferta turística de

Guimarães. Dotar a cidade de um novo produto turístico, capaz de envolver entidades

particulares e privadas é uma mais-valia para uma cidade tão diversificada.

No que diz respeito aos objetivos específicos, podemos sintetiza-los da seguinte forma:

- Dinamizar a cidade tendo como base as casas brasonadas que possui;

- Dar a conhecer a genealogia das famílias que habitaram estas casas e que contribuíram para

história da cidade e do concelho de Guimarães;

- Promover o interesse pela heráldica local;

- Dotar Guimarães de um novo produto turístico, enriquecendo a sua oferta turística;

- Criar novos nichos de mercado;

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- Promover o desenvolvimento económico da cidade;

- Elaborar roteiros sobre as Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães;

- Diversificar o plano anual de atividades do Museu de Alberto Sampaio, dotando-o como

entidade gestora da Rota.

4.3.2. Avaliação

Como elementos facilitadores e inibidores à implementação da Rota das Casas

Brasonadas no centro urbano de Guimarães podemos apresentar os que constam no quadro

seguinte.

Tabela 1 - Elementos facilitadores e inibidores à implementação da Rota das Casas

Brasonadas no centro urbano de Guimarães127

Elementos Facilitadores Elementos Inibidores

1 - A sua localização - um centro histórico certificado como “Património da Humanidade”

1 - O clima, com Invernos frios e chuvosos e amplitudes térmicas anuais significativas, devido aos fatores continentalidade e localização

2 - A oferta cultural no período de Verão, centrada num dos locais de passagem da Rota (centro histórico)

2 - O fato do Norte de Portugal e o Minho, em particular, onde se insere, constituir um “produto residual” em termos de estratégia turística nacional

3 - A visibilidade que o “destino turístico cultural Guimarães” teve a nível nacional e internacional, com o evento “Cidade Europeia da Cultura 2012”.

3 - A limitada visibilidade do “destino turístico cultural Guimarães”, por falta de um evento periódico de grande visibilidade “internacional” que lhe projete a imagem (apesar desta visibilidade ter crescido durante 2012, em que Guimarães foi Cidade Europeia da Cultura).

4 - A proximidade e boa acessibilidade entre os principais monumentos128 e museus129 com

4 - Débil qualidade e quantidade da oferta de animação cultural.

127 Relativamente aos elementos facilitadores e inibidores do turismo na cidade de Guimarães, veja-se: RIBEIRO; REMOALDO,

2011:639, Tabela 2.

128 Por exemplo: Castelo, Igreja de Nossa Senhora da Oliveira, Padrão do Salado, antigo convento de Santa Clara, Igreja de São

Francisco.

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Elementos Facilitadores Elementos Inibidores

o itinerário a implementar, permitindo ao turista visitá-los sem grande esforço em termos de mobilidade.

5 - A qualidade das infraestruturas hoteleiras existentes, incluindo duas pousadas de grande valor arquitetónico, Hotéis, Hostels e uma Pousada da Juventude

5 - A débil oferta de alojamento em termos quantitativos.

6 - As acessibilidades (posiciona-se a 50 km do Aeroporto Internacional do Porto, com ligação direta por autoestrada A3 e A7, e está a 160 km do Aeroporto Peinador, em Vigo)

6 - As boas acessibilidades com as principais cidades do Norte do País não facilitam a estadia em Guimarães.

7 - O reconhecimento nacional e internacional de Guimarães como um dos melhores destinos turísticos em 2012.

7 - A deficiente concertação de itinerários e de promoção com outros municípios da região que possibilite uma estadia mais prolongada do turista e a diversificação do cabaz de produtos oferecido.

8 - O itinerário abrange uma área de frequência turística consolidada (centro histórico) mas também valoriza e aumenta esta presença noutras áreas da cidade.

9 - Possibilidade de visitar o exterior de todas as casas.

9 - A impossibilidade de visitar o interior de algumas casas de propriedade privada.

10 - Disponibilidade de alguns organismos instalados nas casas permitirem visitas ao seu interior.

10 - Dificuldade de visitar o interior de algumas casas fora do horário pós laboral.

11 - Disponibilidade de alguns privados permitirem visitas ao interior das casas.

11 - Impossibilidade de visitar alguns compartimentos privados.

Análise Swot

A Análise SWOT revela-se a forma essencial de validar as estratégias planeadas na criação

de um itinerário cultural. O objetivo da avaliação é agrupar uma série de informações positivas e

129 Por exemplo: Museu de Alberto Sampaio, Paço dos Duques de Bragança, Museu Arqueológico da Sociedade Martins

Sarmento, percurso museológico do convento de Santo António dos Capuchos.

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negativas sobre o território de implementação desse itinerário. Deste modo consegue-se criar

uma estratégia conducente ao seu desenvolvimento.

Esta análise SWOT da Rota das Casas Brasonadas do centro urbano de Guimarães,

pretende criar um ponto de partida para que mais tarde, com o resultado dos dados analisados,

seja possível desenvolver propostas concretas de atuação para combater as fragilidades

detetadas.

Oportunidades

Boa localização face aos aeroportos de Porto e Vigo;

Boas acessibilidades – a este nível a cidade apresenta uma boa rede viária para a

população local e visitantes

Proximidade regional com pólos turísticos importantes – nomeadamente Braga e Porto,

podendo desenvolver-se alguma complementaridade na promoção e captação dos fluxos

de visitantes;

Investimentos em Animação Turística como mais-valia local – por parte de privados e

públicos;

Potenciação da promoção turística e seus principais produtos turísticos;

Oferta de estabelecimentos de restauração e entretenimento noturno com

funcionamento todo o ano - Atração de receitas que podem ser reinvestidas na região,

nomeadamente na preservação e conservação dos seus recursos naturais e culturais;

Criação de percursos pedestres;

Tendência para a valorização de aspetos relacionados com o património edificado;

Aposta na oferta de novos produtos turísticos, potenciando os recursos endógenos;

Aproveitar o investimento público para o sector do turismo;

Pontos Fracos

Destino turístico de passagem;

Falta de indicação e sinalização dos pontos de interesse turístico no terreno;

Falta de acesso aos pontos de interesse turístico, quer por via de horários incompatíveis

ou por via de desconhecimento e ausência de acompanhamento;

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Falta de recursos humanos especializados (guias);

Falta de documentos em língua estrangeira e fraca qualidade de informação;

Falta de informação sobre a oferta turística existente;

Carências na promoção e informação turística, especialmente de materiais de

divulgação;

Poucas empresas de animação;

Pontos Fortes

Reconhecimento internacional do seu Património

Riqueza e diversidade de recursos culturais (património, artesanato, gastronomia)

Qualidade e valor da paisagem urbana

Boas acessibilidades;

Aumento do número de visitantes nacionais e estrangeiros nos anos de 2011/2012;

Bom acolhimento e simpatia da população local para com os visitantes.

Ameaças

O aumento significativo do número de visitantes pode prejudicar a sustentabilidade do

concelho;

A procura é cada vez mais exigente, relativamente à oferta/disponibilidade de animação;

A qualidade dos serviços e da informação, torna imperativa a qualificação da sua oferta;

Possibilidade de o destino ser preterido a favor de outros em proximidade, com uma

oferta de maior qualidade e mais oportunidades de atividades de animação.

4.3.3. Definição e descrição dos itinerários

Decidimos subdividir a Rota em dois itinerários diversificados geograficamente, mas

complementares historicamente: centro histórico de Guimarães e da cidade. Estes espaços

correspondem a períodos diferentes do desenvolvimento e expansão urbana da cidade ao longo

do tempo. O centro histórico corresponde aos dois pólos fundadores e aglutinadores da cidade: o

castelo e a Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, que se fundiram por deliberação de D. João

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I em 1389 (FERREIRA, 2000). Os arrabaldes, espaço extramuros, coincidem com a abertura de

novos eixos viários de ligação a outras cidades do noroeste de Portugal (Braga e Porto) e com a

edificação de novos conventos fruto da expansão urbana. Estes itinerários encontram-se num

ambiente urbano. Devido à sinuosidade das ruas de cariz medieval e à proximidade geográfica

dos seus recursos turísticos, os percursos deverão ser pedestres, utilizando os passeios das

praças, calçadas, ruas e outras artérias urbanas da cidade. Efetivamente, os circuitos pedestres

associados ao turismo cultural em ambientes urbanos têm vindo a ganhar alguma notoriedade,

detendo vantagens favoráveis a outro tipo de circuitos. Estes constituem instrumentos de

desenvolvimento local e a sua exploração poderá possibilitar formas de dinamização social,

económica e cultural aos centros urbanos.

Para definir um percurso é necessário fazer a ligação entre os pontos turísticos que irão

traçar a rota. Os nossos percursos levam-nos a percorrer todo o espaço classificado Património

Mundial da Humanidade (corresponde ao nosso 1º itinerário) e arruamentos circundantes

(corresponde ao 2º itinerário). Podemos definir estes percursos como lineares de pequena rota.

O 1ºitinerário, ou seja, o do centro histórico, perfaz uma distância total de 1757 metros, sendo

um percurso com grau de dificuldade fácil e com poucos desníveis: a altitude máxima é de 220

metros e a mínima de 181 metros. O 2º itinerário, denominado arrabaldes, totaliza uma

distância de 4751 metros, sendo igualmente um percurso com grau de dificuldade fácil e com

poucos desníveis: a altitude máxima é de 200 metros e a mínima de 175 metros. Estes

percursos são aconselhados durante todo o ano, no entanto os dias de precipitação podem ser

um impedimento à sua realização.

Em complemento destes dois itinerários que constituem o percurso da Rota das Casas

Brasonadas do centro urbano de Guimarães, incluímos outros itinerários de menor escala e

temáticos, a saber:

Casas Brasonadas numa rua de Elite

Uma Casa, uma peça

Uma Casa, uma Instituição

Uma Casa, um Jardim

Três Casas, um Arcebispo

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Estes itinerários foram elaborados a partir do universo das casas incluídas nos dois

principais itinerários da Rota. Contudo não abrangem mais que quatro casas, de forma a que

possam ser mais facilmente utilizados em termos de distancia/tempo. Em alguns casos,

incluem casas dos dois principais itinerários da Rota.

O ponto encontro para a realização dos dois principais itinerários (centro histórico e

arrabaldes) localiza-se em pleno coração da cidade, no antigo claustro e demais dependências

da Colegiada de Nossa Senhora da Oliveira, local onde hoje funciona o Museu de Alberto

Sampaio (MAS)130. Além da merecida visita, serão dadas as informações necessárias para

percorrer estes itinerários.

Quantos aos itinerários curtos e temáticos, estes poderão iniciar o percurso no MAS, com

exceção do itinerário “Uma Casa, uma Instituição” e “Três Casas, um Arcebispo”, que

terão como ponto de partida o Paço dos Duques de Bragança. Esta diferenciação deve-se ao fato

do próprio Paço dos Duques integrar esses dois itinerários temáticos e o MAS se encontrar

espacialmente distante destes percursos. Relembramos também o fato do Paço dos Duques e

do MAS integrarem desde agosto de 2012 a mesma gestão diretiva131.

Fig. 28 – Museu de Alberto Sampaio (Foto da Autora)

130 Fundado pelo Decreto Lei nº 15209 de 17 de Março de 1928, sob iniciativa do prestigiado historiador vimaranense Alfredo

Guimarães. A abertura ao público ocorreu a 1 de Agosto de 1931.

131 Ver despacho nº 10915/2012, publicado no Diário da República,2ª série,nº156, de 13 de Agosto de 2012, página 28316.

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4.3.3.1. Principais itinerários

Itinerário do Centro histórico de Guimarães:

Deixado o Museu, iniciamos o nosso percurso dirigindo-nos à primeira casa brasonada: a

Casa dos Peixoto132. No caminho passamos pelo largo da Oliveira, uma escolha simbólica, pois

foi em torno deste largo que nasceu a cidade de Guimarães. Aqui encontramos a Igreja de Nossa

Senhora da Oliveira, local de visita obrigatória, inteiramente ligada à fidalguia vimaranense e do

Reino. Aparecem aqui também representadas algumas das armas das famílias que se

distinguiram na Batalha de Aljubarrota133 (ver fig.29).

Fig. 29 - Pinturas com motivos heráldicos, no travejamento do teto da Igreja de Nossa Senhora da Oliveira (DGEMN)

Defronte à Igreja está o Padrão do Salado134, comemorativo da Batalha do Salado travada

em 1340, entre Cristãos e Mouros, junto da ribeira do Salado, na província de Cádis (sul de

Espanha). Do lado Norte deste largo encontra-se o edifício dos antigos Paços do Concelho135.

132 Caso o utilizador por algum motivo (por exemplo, encerramento do museu, previamente ter adquirido dados para a utilização

do percurso) não passe pelo museu, poderá dirigir-se diretamente á primeira Casa da Rota.

133 Pinturas redescobertas aquando das obras de restauro efetuadas pela DGEMN. Sobre estas pinturas veja-se: FERROS, 1981.

134 “D. Afonso IV mandou erguer este alpendre gótico, para comemorar a Batalha do salado, em que as forças portuguesas,

conjuntamente com as castelhanas de Afonso XI, venceram o rei mouro de Granada e os Benimerines de Marrocos. No seu

interior podemos admirar um riquíssimo cruzeiro em pedra calcária, executada em 1342, oferecido por Pero Esteves, negociante

vimaranense residente em Lisboa” (AZEREDO, 2011: 44).

135 No século XX este edifício foi sede do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Biblioteca da Fundação Calouste Gulbenkian, Museu

de Arte Primitiva Moderna e atualmente alberga a Divisão do Touring cultural e paisagístico do Turismo Porto e Norte de Portugal.

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Volume I

Podemos ainda fazer uma pausa nas esplanadas existentes no largo da Oliveira e saborear o

espaço e a gastronomia local.

Fig. 30 – Padrão do Salado e antigos Paços do Concelho (Foto da Autora)

Deixamos o largo da Oliveira e dirigimo-nos à rua de Santa Maria, a mais antiga da

cidade; aqui encontramos várias casas brasonadas, a nº 28 da rua é uma casa que pertenceu à

família Peixoto de Carvalho136, tendo sido ampliada no século XVIII, quando Gonçalo Peixoto

de Carvalho comprou uma das casas com quintal junto às casas que já tinha, dando-lhe o

aspeto que hoje tem. A casa tem assim características do século XVIII, altura das obras. O

símbolo heráldico da família está colocado numa das esquinas do edifício.

Continuando a subir a rua de Santa Maria deparámo-nos com uma das casas mais

características desta rua, conhecida como Casa do Arco, pois o passadiço que se sobrepõe à

pitoresca rua assim o justifica. É a antiga Casa dos Cavaleiros, que os Almadas, da Casa da

Azenha, adquiriram em princípios do século XIX, nela recebendo D. Miguel, então Infante.

Atualmente pode-se dizer que este edifício é de estilo neoclássico, mas a antiguidade da casa é

muito anterior a este período artístico. A Pedra de Armas, do século XIX, está colocada no

136 Sobre as Casas destacadas a negrito neste subcapítulo, vejam-se as respetivas fichas de inventário que incluímos no Volume II

deste trabalho.

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Volume I

passadiço que une os dois lados da casa. Este símbolo heráldico encima a janela com varanda

de ferro voltada para Norte.

Deixando a Casa do Arco para trás, passamos pelo antigo Convento de Santa Clara137, hoje

edifício da Câmara Municipal de Guimarães. Mais à frente podemos saborear as típicas Tortas

de Guimarães138, na Casa Costinha. Chegamos num instante à Casa de Francisco Duarte de

Meireles. A sua construção remonta ao segundo quartel do século XVIII. Foi pertença de

Francisco Duarte de Meireles, a quem foi concedido em 1737 as armas dos Braganças. Foi

nesta casa que nasceu o arqueólogo e historiador Mário Cardoso em 1889.

Fig. 31 – Vista aérea do antigo convento de Santa Clara (CMG,2001)

Ao terminar esta rua chegamos à Casa dos Valadares de Carvalho, que foi pertença

de Lucas Fernandes de Carvalho e de D. Benta Rosa Vieira Valadares. A carta de brasão de

armas só foi passada em 1781, ao seu neto Tomás José de Carvalho Valadares Vieira. É uma

casa do século XVIII com o valor de uma mansão urbana, tipo nortenho. Deixamos a rua de

137 Sobre a origem, evolução e extinção desta Instituição monástica feminina, veja-se FERNANDES; OLIVEIRA: 11-179.

138 Acerca desta doçaria conventual veja-se: FERNANDES, et al, 2012.

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Volume I

Santa Maria, em direção ao largo Martins Sarmento, também conhecido de largo do Carmo, aqui

temos a igreja do antigo Convento do Carmo139.

Fig. 32 – Vista aérea do largo Martins Sarmento (CMG, 2001)

Continuamos o nosso percurso para Norte em direção ao monte Latito, e passamos pela

magnífica Casa do Carmo/ Casa dos Conde de Margaride. A sua construção remonta ao

século XVIII; é uma casa armoriada com o brasão do Cardoso de Macedo (Condes de

Margaride). A carta de brasão de armas foi passada a Domingos José de Cardoso Macedo,

cavaleiro professo na ordem de Cristo, fidalgo de cota de armas e senhor da Casa de Margaride

(Mesão Frio- Guimarães)140 e da Casa do Carmo.

Deixando esta Casa deparámo-nos com o monte Latito; aqui encontramos o imponente

Paço dos Duques de Bragança. Mandado construir pelo fundador da Casa de Bragança, D.

Afonso, conde de Barcelos, pouco depois de se tornar senhor da Vila de Guimarães. Edificado

junto a um dos monumentos mais carregados de simbolismo da independência de Portugal, o

Castelo de Guimarães e ao lado da Capela de S. Miguel, segundo a tradição, o local onde foi

batizado o primeiro rei de Portugal. 139 Sobre esta Instituição monástica feminina veja-se: OLIVEIRA, 2003; OLIVEIRA, 2011A.

140 Casa recentemente classificada como Monumento de Interesse Público (Portaria n.º 740-FI/2012, Diário da República,2ª

série, Nº 252, de 31-12-2012).

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Volume I

Fig. 33 – Vista aérea sobre o Monte Latito (CMG, 2001)

Nas proximidades destes monumentos encontramos o extinto Convento de Santo António

dos Capuchos onde podemos visitar a Igreja, sacristia, claustro e o Museu, pertença da Santa

Casa da Misericórdia.

Fig. 34 – Antigo Convento de Santo António dos Capuchos (Foto da Autora)

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Volume I

Prosseguimos o nosso caminho para o largo Martins Sarmento. Descemos este largo pelo

lado direito, passamos pela casa do conceituado arqueólogo do século XIX, Martins Sarmento, e

dirigimo-nos ao largo dos Laranjais, passando pela rua das Trinas.

Chegando ao Largo dos Laranjais, deparámo-nos com mais duas casas brasonadas. O

primeiro exemplar data do século XVIII, a Casa dos Laranjais; é composta por dois corpos

distintos, sendo um deles uma bela torre de dois andares, construída cerca de 1720. O Brasão

(atualmente picado) está colocado na fachada Sul e é de 1720, pertença da família Barros de

Faria. De frente a esta casa, no nº25, temos mais um edifício do século XVIII no qual a pedra de

armas também se encontra picada141. Deixamos o largo dos Laranjais e seguimos pela rua João

Lopes de Faria. Ai encontramos um magnífico exemplar do séc. XVIII, a Casa da família dos

Navarros de Andrade ou das Lamelas, hoje o Arquivo Municipal Alfredo Pimenta. Logo de

seguida e já na rua Gravador Molarinho, encontramos a singela Casa seiscentista da família

dos Valadares de Vasconcelos. Continuando a percorrer esta artéria encontramos a Casa

do Morgado dos Almeidas; é uma casa do século XVII e pertenceu à família Carvalho e

Almeida. Ainda nesta rua temos a possibilidade de visitar a galeria de arte Gomes Alves e

algumas lojas de artesanato. Deixamos a rua Gravador Molarinho e entramos na rua da Rainha,

uma das artérias mais comerciais do centro histórico de Guimarães. Aqui temos a Casa dos

Lobo Machado, moradia nobre típica do século XVIII, com frontaria de estilo rococó. Este

edifício está classificado como Imóvel de Interesse Público e protegido pelo Decreto de lei nº

129/77, DR 226 de 28 de Setembro de 1977. Defronte à casa dos Lobo Machado temos a

Casa dos Couto, edifício imponente mandado construir por D. José de Bragança, Arcebispo de

Braga entre 1746-49 para a sua residência em Guimarães. Foi pertença da família dos Coutos, e

aqui podemos ver os dois brasões da família, um na fachada que dá para a rua da Rainha e

outro para o largo João Franco (antigo terreiro da Misericórdia). Ainda junto a estas casas temos

a bela Igreja e casa do Despacho da Misericórdia. Viramo-nos para norte do largo e deparámo-

nos com a notável casa senhorial, com torre merloada, a Casa dos Carvalho, que foi pertença

da família dos Lopes de Carvalho Fonseca e Camões. A data da sua construção é imprecisa,

considerando-se no entanto do século XVI. O brasão é da família dos Carvalhos e está colocado

na fachada principal. Bem perto daqui, mas já na rua Vale de Donas, temos a Casa dos

141 Sobre a problemática da denominação desta casa, veja-se a respetiva ficha de inventário no Volume II.

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Volume I

Araújo, edifício degradado durante alguns anos, atualmente alvo de restauro. Aqui podemos

apreciar a bela Pedra de Armas que ostenta.

Fig. 35 – Vista aérea do Largo João Franco (CMG, 2001)

Regressamos ao largo João Franco em direção à rua da Arrochela, uma rua estreita de

cariz medieval, com alguns passadiços, que nos conduz ao largo Condessa do Juncal. Na parte

norte deste largo, confrontando com o mesmo e com a rua Dr. Avelino Germano, temos a última

casa do nosso itinerário: Casa dos Freitas e Sampaio, recentemente recuperada.

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Fig. 36– Itinerário do “centro histórico de Guimarães” com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth). Legenda: 1 – Casa dos Peixoto; 2- Casa do Arco; 3 – Casa de Francisco Duarte de Meireles; 4 – Casa dos Valadares de Carvalho; 5 – Casa do Carmo; 6 – Paço dos Duques de Bragança; 7 – Casa dos Laranjais; 8 – Casa nº 25 do Largo dos Laranjais; 9 – Casa dos Navarros de Andrade; 10 – Casa dos Valadares; 11 – Casa dos Almeidas; 12 – Casa dos Lobo Machado; 13 – Casa dos Couto; 14 – Casa dos Carvalho; 15 – Casa dos Araújo e Abreu; 16 – Casa dos Freitas e Sampaio.

Itinerário dos Arrabaldes:

Após sairmos do MAS, e deixarmos a zona classificada Património Cultural da

Humanidade, seguimos o nosso itinerário para a zona extramuros, através da antiga porta da

Senhora da Guia.

Caminhamos ao longo da alameda de São Dâmaso até ao largo do Toural; aqui

deparamo-nos com a antiga torre da Alfandega com a inscrição “Aqui nasceu Portugal”.

No lado sul do largo do Toural, temos a nossa primeira casa, conhecida como a Casa

dos Freitas do Amaral. Trata-se de uma casa nobre estreita e de pequenas dimensões, que

pertenceu a João Pinto de Carvalho Teixeira de Sousa e Silva142, fidalgo de Cota d`Armas143,

procurador por Guimarães às Cortes de 1828. Casou com uma senhora Freitas do Amaral

142 Nasceu em 1791 e faleceu em 1844. 143 Obteve Carta de Brasão em 1817.

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descendente da Casa de Sezim (AZEREDO, 2011:68). A designação Freitas do Amaral em

detrimento do apelido Pinto de Carvalho, talvez se deva à importância social e económica que a

família Freitas do Amaral tinha em Guimarães.

Prosseguimos por este largo em direção à magnífica Basílica de S. Pedro. No seguimento

deste templo temos a Casa do Fidalgo do Toural, uma casa setecentista, outrora uma

grande casa senhorial pela riqueza e alianças familiares efetuadas (AZEREDO, 2011:67).

Deixamos a sala de visita de Guimarães, assim é designado o largo do Toural por muitos

Vimaranenses, em direção à rua Paio Galvão. Nesta rua encontramos o museu arqueológico da

Sociedade Martins Sarmento144, um dos primeiros museus arqueológicos de Portugal. Mais à

frente deparámo-nos com o antigo mercado municipal, hoje Plataforma das Artes, inaugurado a

24 de junho de 2012, podendo ver-se aqui a coleção do conceituado artista plástico José de

Guimarães. Seguimos caminho, em direção a outra casa brasonada, desta vez situada na rua de

S. Gonçalo, antes do estádio do Vitória Sport Clube. Descemos a rua, e do lado esquerdo

encontramos a Casa do Proposto, bela residência senhorial barroca do século XVIII. Deixamos

para trás esta casa e continuamos o percurso para a Avenida de Londres; ao fundo à direita

temos a Casa dos Pombais (também conhecida por Casa do Visconde de Viamonte da

Silveira). Este imóvel de estilo maneirista e neoclássico foi adaptado para fins de Turismo

Habitação. Como vizinha temos a Casa da Granja; esta casa e quinta remonta à época dos

Descobrimentos, tendo sido no entanto enobrecida nos dois séculos seguintes com uma nova

fachada e uma pedra de armas (AZEREDO, 2011:89). Prosseguimos pela rua D. João I,

encontrando pelo caminho o Padrão de D. João I, construído para comemorar a vitória

alcançada por este em Aljubarrota e pela conquista da Praça de Ceuta. Este Padrão em estilo

renascentista situa-se em frente à capela de S. Lázaro. Dali partiu o rei descalço pelas ruas da

Vila até à Senhora da Oliveira, para agradecer a vitória alcançada (AZEREDO 2011:88). Ao cimo

da rua, defronte à Igreja do extinto Convento de S. Domingos145 temos mais duas casas

144 A Sociedade Martins Sarmento é uma instituição cultural de utilidade pública sem fins lucrativos fundada em Guimarães em

1881 em homenagem ao arqueólogo e etnógrafo vimaranense Francisco Martins Sarmento

145 O claustro foi classificado como Monumento Nacional pelo decreto de 16 de Junho de 1910, publicado no Diário do Governo

nº136, de 23 de Junho de 1910, enquanto que a igreja, apenas seria classificada de imóvel de interesse público pelo decreto nº

42 255, publicado pelo Diário do Governo nº 105, de 8 de Maio 1959. No Claustro deste antigo convento encontra-se o Museu

Arqueológico da Sociedade Martins Sarmento, onde podemos encontrar diversas Pedras de Armas.

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armoriadas. A primeira é a Casa dos Moreira do Vale, logo a seguir temos a Casa da

família Ribeiro de Carvalho.

Fig. 37 – Padrão de D. João I (Foto da Autora) Fig. 38 – Fachada da capela da Ordem Terceira de São Domingos e da Igreja com o mesmo nome (Foto da Autora)

Deixamos a rua D. João I, antiga rua de Gatos, e entramos novamente no largo do Toural

e caminhamos em direção à rua de Camões, não sem antes saborear as iguarias da Pastelaria

Clarinha que fica no nosso trajeto. Descendo a rua, encontramos à direita a Casa dos Moreira

de Sá, adquirida por compra no século XVIII, por Major Valentim Brandão Moreira de Sá

Sottomayor (e Menezes)146.

Ao fim da rua deparámos com o antigo convento de Santa Rosa de Lima (ou das

Domínicas), hoje igreja paroquial da freguesia de S. Sebastião. Seguimos à esquerda pela rua da

Liberdade, e poucos metros à frente encontramos a Casa de Cimães, alvo de uma

recuperação ente 2011/2012.

Deixamos esta casa, andamos poucos metros e entramos na viela à esquerda. Leva-nos à

rua da Caldeiroa, onde nos deparamos com uma Casa Brasonada em mau estado de

conservação: a Casa dos Lobatos.

146 Informação cedida gentilmente pelo genealogista Manuel Fernando Moreira de Sá Monteiro.

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Fig. 39 – Viela de ligação entre a rua da Liberdade e a rua da Caldeiroa (Foto da Autora)

Subimos a rua da Caldeiroa e quase ao cimo encontramos discretamente, a Casa dos

Borges Pais do Amaral, de simples arquitetura, destacamos o material que constitui a pedra

de Armas, único exemplar na nossa Rota feito de metal.

Chegámos ao largo Valentim Moreira de Sá, aqui nos deparamos com uma avenida

repleta de árvores de grande porte; é nela que existe a magnifica residência aristocrática,

mandada construir por Tadeu Luís António Lopes de Carvalho de Fonseca e Camões, fidalgo da

Casa Real: o Palácio de Vila Flor. Um local que merece ser apreciado, nomeadamente os

seus jardins com magnificas camélias e rododendros.

Deixámos este magnífico Palácio para trás e seguimos novamente pela avenida D. Afonso

Henriques em direção ao largo Valentim Moreira de Sá. Chegados a este largo caminhamos à

direita pela Alameda de São Dâmaso, vamos encontrando uma das mais belas igrejas de

Guimarães, cujo o patrono é São Francisco147. Aqui encontramos algumas capelas tumulares (por

exemplo a do antigo Morgadio dos Carvalhos) e pedras tumulares.

147 “ … A Igreja de S. Francisco parece ter sido fundada por carta régia de D. João I, a sua origem, porém, é mais remota e

corresponde à vinda para esta cidade dos primeiros frades seguidores do Povorello de Assis, por meados século XIII” (AZEREDO,

2011: 94).

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Fig. 40 – Igreja do antigo Convento de São Francisco e capela da Venerável Ordem de São Francisco (Foto da Autora)

Depois de visitarmos esta bela igreja, e porque está aqui tão perto, descemos a estreita

rua denominada de Travessa de S. Francisco que nos leva à renovada Zona de Couros. Aqui

seguimos pela rua de Vila Verde. No início desta artéria deparamo-nos com a Pousada da

Juventude. Continuamos o nosso percurso ao longo da rua de Vila Verde até desembocarmos na

avenida D. João IV, para conhecer a Casa do Canto, outrora Quinta do Campo, com um

magnífico portão armoriado (com as armas de Gonçalo André Lopes de Carvalho e Nápoles).

Descemos a avenida em direção à Igreja de Nossa Senhora da Consolação e dos Santos Passos,

também conhecida de São Gualter148.

148 O projeto deste templo é da autoria do arquiteto Bracarense André Soares. As torres sineiras foram acrescentadas no século

XIX.

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Fig. 41 – Igreja de Nossa Senhora da Consolação e dos Santos Passos (Foto da Autora)

Prosseguimos pelo edifício da Vimágua (empresa criada pelos municípios de Guimarães e

Vizela para a administração dos vários serviços de gestão de água) e seguimos pela rua Rei do

Pegu, em direção à última casa do nosso itinerário, a Casa das Hortas. Magnifica residência

aristocrata, construída no séc. XVIII e conhecida também por Palácio das Hortas. Durante as

guerras liberais foi queimada e a Pedra de Armas picada.

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Fig. 42 – Itinerário dos “arrabaldes” com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth).

Legenda: 1 – Casa dos Freitas do Amaral; 2 – Casa do Fidalgo do Toural; 3 - Casa do Proposto; 4 – Casa dos Pombais; 5 – Casa das Granjas; 6 – Casa dos Moreira do Vale; 7 – Casa dos Ribeiro de Carvalho; 8 – Casa dos Moreira de Sá; 9 – Casa de Cimães; 10 – Casa dos Lobatos; 11 – Casa dos Borges Pais do Amaral; 12 – Palácio Vila Flor; 13 – Casa do Canto; 14 – Casa das Hortas.

4.3.3.2. Itinerários curtos e temáticos

Casas Brasonadas numa rua de Elite

Este itinerário pretende percorrer todas as Casas Brasonadas da rua de Santa Maria,

considerada a mais antiga de Guimarães, funcionando como um dos eixos ordenadores do

espaço urbano de Guimarães medieval, ligando a Vila baixa à Vila alta. Conceição Falcão

dedicou-lhe um estudo denominando-a uma rua de Elite (FERREIRA, 1989).

É a rua com mais Casas Brasonadas dos nossos dois itinerários principais. Aqui

encontramos as seguintes casas: Casa dos Peixoto, Casa do Arco, Casa de Francisco

Meireles, Casa dos Valadares de Carvalho. Nesta rua encontramos importantes

exemplares arquitetónicos nos quais destacamos o extinto Convento de Santa Clara (atualmente

edifício sede da Autarquia), fundado no século XVI. Atualmente esta artéria assume-se como das

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mais importantes a nível da afluência turística. Aqui encontramos por exemplo: lojas de

artesanato, restauração, bares, a biblioteca municipal e o posto de turismo de Guimarães.

Este itinerário percorre uma distância de 349 metros.

Fig. 43 – Itinerário “Casas Brasonadas numa rua de Elite” com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth). Legenda: 1- Casa dos Peixoto; 2- Casa do Arco; 3 – Casa de Francisco Meireles; 4 – Casa dos Valadares Carvalho

Uma Casa, uma Peça

Este itinerário pretende ligar algumas peças em exposição no Museu de Alberto Sampaio

a algumas casas da nossa Rota. De fato algumas peças museológicas têm como local de origem

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casas ou ligação a casas estudadas neste nosso trabalho. Exemplo disso são as seguintes

peças:

Tabela 2 - Peças do MAS com ligação a Casas Brasonadas

Denominação Nº inventário

Proveniência/antigo possuidor

Observações

Altar de São Jorge MAS,ED2 Casa dos Navarros de Andrade, capela particular

Retábulo do século XVII

Teto com brasão pintado dos Peixoto

MAS,P-70 Casa dos Navarros de Andrade, capela particular

Relíquia de são Torcato

MAS, O-26

Cónego Rui Gomes Golias, Este cónego foi proprietário no século XVII da Casa dos Navarros de Andrade

Batuta MAS,O-155 João António Vaz Vieira da Silva Melo Alvim Nápoles de Menezes Madeira e Freitas (último Fidalgo do Toural)

Casa do Fidalgo do Toural

Cruz Processional MAS,O-19 D.Afonso,1º Duque de Bragança

Provável oferta à igreja de São Miguel do Castelo

Tumulo com Jacente e armas dos Valadares149

MAS, L-63 Este túmulo integrava a capela de São Luís (anexa ao claustro da colegiada da Oliveira)

Esta capela foi instituída e vinculada por Manuel de Valadares. Por sua morte o Morgado passou para seu primo Sebastião de Valadares cuja descendência morou na casa dos Valadares (rua João Lopes de Faria).

O visitante neste itinerário terá que previamente visitar as salas de exposição do MAS que

contêm as peças e posteriormente visitarão as respetivas casas brasonadas. Deste modo o

percurso começa assim no MAS, percorre a rua Egas Moniz, onde temos a casa galardoada pelo

prémio Europa Nostra em 1985, pelo restauro efetuado pelo arquiteto Fernando Távora.

Passamos o largo Condessa do Juncal e saímos pelo postigo de São Paio em direção ao largo do

Toural. Aqui encontramos a primeira casa: a Casa do Fidalgo do Toural. Daqui seguimos em

direção à Porta da Vila na qual entramos no espaço intramuros. Seguimos pelo largo da

Misericórdia, onde encontramos duas Casas Brasonadas (a dos Carvalho e a dos Couto) e

149 Esta Pedra de Armas possui a mesma leitura heráldica do brasão da Casa dos Valadares, da rua João Lopes de Faria.

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prosseguimos em direção à rua Gravador Molarinho através da rua Dr. António Mota Prego.

Nesta rua temos a Casa dos Valadares, antiga morada dos descendentes de Manuel

Valadares. Mais à frente encontramos a Casa Navarros de Andrade, atualmente Arquivo

Municipal Alfredo Pimenta. Desta casa são provenientes três peças do MAS, como podemos

verificar na Tabela 2. Daqui desembocamos no largo dos Laranjais e prosseguimos pela rua das

Trinas em direção ao largo Martins Sarmento. Subindo este largo vamos ao encontro do Paço

dos Duques, residência do ofertante da cruz processional existente no MAS.

Este itinerário tem uma distância total de 1222 metros.

Fig. 44 – Itinerário “Uma Casa, uma peça” com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth). Legenda: 1- Casa do Fidalgo do Toural; 2- Casa dos Valadares; 3 – Casa dos Navarros de Andrade; 4 – Paço dos Duques de Bragança

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Uma casa, uma Instituição

Este itinerário pretende fazer a ligação de Casas Brasonadas a Instituições da cidade.

Exemplo disso é o Paço dos Duques de Bragança e a Igreja de São Francisco. Dona

Constança, filha do Conde de Gijon, segunda esposa do 1º Duque de Bragança150, que terá vivido

no Paço dos Duques, tem a jacente do túmulo na capela-mor da Igreja de São Francisco.

Podemos estabelecer uma ligação entre a Casa do Carmo (também designada Casa dos

Conde de Margaride) e a Igreja de Nossa Senhora da Consolação e dos Santos Passos. Este elo

fazemo-lo pelo fato do 1º Conde de Margaride ter sido Provedor da Irmandade de Nossa Senhora

da Consolação e dos Santos Passos. Esta ligação continuou com os seus descendentes,

nomeadamente com o 2º Conde de Margaride, Dr. Henrique Cardoso Martins de Meneses. Este

Conde além de ter sido Provedor desta Irmandade, adquiriu em 1912, o grupo escultórico da

Madre Deus151 (Nossa Senhora, São José e o Menino Jesus). A Irmandade de Nossa Senhora da

Consolação e dos Santos Passos é depositária destas imagens, que se encontram ao culto na

Igreja dos Santos Passos.

Este itinerário percorre uma distância de 1209 metros, iniciando-se no Paço dos

Duques de Bragança. Daqui segue em direção à Casa do Carmo, prosseguindo pela rua de

Santa Maria, desembocando no largo da Oliveira. Passamos em frente ao MAS e através da

porta da Senhora da Guia continuamos em direção à Igreja de São Francisco. Após a visita

ao interior deste Templo, seguimos viagem atá à Igreja de Nossa Senhora da Consolação e

Santos Passos.

150 D. Afonso foi o 8º Conde de Barcelos, título que recebeu em 1401, e 1º Duque de Bragança, desde 1442. Em 1402, desposou D. Beatriz Pereira, filha única do Condestável D. Nuno Álvares Pereira, de quem teve dois filhos. Enviuvou em 1414, e em 1420, casou com D. Constança de Noronha (PAÇO, 1960: 7). 151 Foram executadas em Lisboa e transportadas em 1748 para a igreja do Convento da Madre de Deus, de Guimarães, em cumprimento de um voto de Luís António da Costa Pego, capelão do rei D. João V (MAURICIO,2004: 31-32).

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Fig. 45 – Itinerário “Uma Casa, uma Instituição” com a localização das respetivas Casas Brasonadas e instituições religiosas (extraído do Google Earth). Legenda: 1- Paço dos Duques de Bragança; 2- Casa do Carmo; 3 – Igreja de São Francisco; 4 – Igreja de Nossa Senhora da Consolação e dos Santos Passos.

Uma Casa, um Jardim

Este itinerário pretende dar a conhecer as casas da Rota possuidoras de um jardim de

buxo de média dimensão e com elementos decorativos. Neste sentido incluímos no percurso a

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Casa do Proposto, a Casa dos Pombais e o Palácio Vila Flor152.Vejamos de seguida uma breve

descrição de cada jardim:

Casa do Proposto – Na frontaria posterior encontramos um espaço ajardinado com percursos

geométricos, possivelmente com origens no século XVIII. Possui ao centro um tanque

ornamentado com pináculos em granito.

Fig. 46 – Vista aérea da Casa do Proposto e Jardim posterior (extraído do Google Earth)

Casa dos Pombais – A anteceder a frontaria principal da casa encontramos um jardim com

canteiros delimitados por arbustos de buxo, japoneiras e árvores de fruto. Aqui encontramos

também fontes e tanques de grandes dimensões. Uma das fontes possui uma bica com

carranca e taça circular. No lado Este do imóvel encontramos edifícios de apoio às tarefas

agrícolas.

152 Não incluímos neste itinerário duas casas que possuem jardim de média dimensão e com alguma relevância estética (Casa do Carmo e Casa de Cimães), porque de momento não possuem condições de acesso aos respetivos jardins. Futuramente estes condicionalismos poderão ser ultrapassados e consequentemente poderão ingressar neste itinerário.

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Fig. 47– Pormenor do jardim da Casa dos Pombais Fig. 48 – Vista aérea da Casa dos Pombais e jardim (Foto da Autora) (extraído do Google Earth)

Palácio Vila Flor – Nas traseiras do Palácio existe um Jardim formado por três terraços de

grandes dimensões ligados por escadarias. Possui diversos elementos decorativos, tais como:

estátuas, urnas, pináculos, fontes, chafarizes e tanques. No primeiro terraço encontramos

camélias, rododendros e arbustos de buxo. No terraço intermédio ajardinado, temos algumas

japoneiras. Estes terraços são delimitados por espaldares de cantaria.

Fig. 49 e 50 – Pormenores do jardim do Palácio Vila Flor (Fotos da Autora)

Este itinerário percorre uma distância de 2577 metros. Iniciamos no MAS e seguimos pelo

largo da Oliveira, atravessando a rua da Rainha, desembocando no largo do Toural. Daqui

seguimos pela rua Paio Galvão, onde se localiza o museu arqueológico da Sociedade Martins

Sarmento e a Plataforma das Artes. Prosseguimos para a rua de São Gonçalo. A meio desta

artéria encontramos a nossa primeira casa e respetivo jardim: Casa do Proposto. Após a sua

visita seguimos para a avenida de Londres onde se situa a Casa dos Pombais e o seu jardim.

Continuamos o nosso percurso pela rua D. João I, onde se encontra o padrão com o mesmo

nome. Na travessa Bento Cardoso deparamo-nos com o extinto Convento de Santa Rosa de

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Lima153, que atualmente assume funções de igreja paroquial de São Sebastião. Seguimos viagem

pela rua de Camões rumo ao largo do Toural. Daqui subimos a arborizada avenida D. Afonso

Henriques em direção ao Palácio Vila Flor e o seu magnífico jardim.

Fig. 51 – Itinerário “Uma Casa, um jardim” com a localização das respetivas Casas Brasonadas e jardins (extraído do Google Earth). Legenda: 1- Casa do Proposto; 2- Casa dos Pombais; 3 – Palácio Vila Flor

Três Casas, um Arcebispo

Este itinerário pretende fazer a ligação de D. José de Bragança, arcebispo de Braga,

durante o período de 1741 e 1756154, com três casas brasonadas do centro histórico de

Guimarães, a saber: Paço dos Duques de Bragança, Casa dos Carvalho e Casa dos Couto.

153 Este convento foi fundado em 1680. 154 D. José de Bragança nasceu a 6 de Maio de 1703, era filho ilegítimo do rei D. Pedro II e de D. Francisca Clara da Silva. Para conhecer a biografia desta figura ver, por exemplo: MILHEIRO, 2003: 110-120.

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Este arcebispo, meio-irmão do rei D. João V, viveu em Guimarães entre 10 de dezembro

de 1746 e 22 junho de 1748 (OLIVEIRA, 2011A:132-182). Neste período de tempo Guimarães

festejou a estadia de D. José porque há mais de um século que não era visitada por um príncipe

da Casa de Bragança.

Após a sua entrada triunfante155 na Vila de Guimarães ele pernoitou na casa hoje

conhecida como Casa dos Carvalho. Esta casa pertencia na altura a Tadeu Camões, Senhor dos

Coutos de Abadim e Negrelos, cavaleiro professo da Ordem de Cristo, familiar do Santo Oficio e

Académico da Real Academia de História156.

Fig. 52 – Retrato de D. José de Bragança. Fig.53 – Casa dos Carvalho onde D. José de Paço Arquiepiscopal de Braga Bragança se hospedou (extraído BARBOSA:1886).

Em agosto de 1747, D. José de Bragança resolveu comprar uma casa, hoje denominada

Casa dos Couto, perto da do seu amigo Tadeu Camões, que reformou e mobilou para sua

residência (OLIVEIRA, 2001; MORAES, 2005: 27, nota 52).

Na qualidade de descendente de D. Afonso, 1º Duque de Bragança, visitou a 7 de janeiro

de 1748 o Paço dos Duques e pensou na reedificação do mesmo para sua residência (CAMÕES,

1747-1749: 1 vol.,14). No entanto, devido ao estado avançado de degradação do imóvel, que

acarretaria um excessivo gasto monetário, desistiu desta ideia e comprou a Casa dos Couto

155 Sobre esta entrada veja-se: Oliveira: 2011A; MILHEIRO: 2003; CAMÕES,1747-1749.

156 Frontispício da obra: CAMÕES,1747-1749, 1 vol.

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(CAMÕES, 1747-1749: vol. 2, 69), que seria mais tarde, a 6 de Janeiro de 1749, doada ao seu

criado João Lopes da Gama (MORAES, 2005: 27, nota 52).

Fig. 54 – Postal dos inícios do século XX: Largo João Franco. Ao fundo a Casa dos Carvalho e do lado direito perspetiva da Casa dos Couto.

Após esta breve nota histórica, temos o fundamento para criar um itinerário que ligue D.

José de Bragança às duas casas (Casa dos Carvalho e Casa dos Couto) onde residiu em

Guimarães e ao Paço dos Duques (que visitou e tentou restaurar para sua residência).

Este itinerário, que percorre 635 metros, inicia-se no Paço dos Duques de Bragança,

desce o largo Martins Sarmento em direção à rua das Trinas. Daqui e passando pelo largo dos

Laranjais, seguimos através das ruas João Lopes de Faria e Gravador Molarinho até à Praça de

São Tiago.

Aqui viramos à direita para a rua Dr. António Mota Prego e chegamos à Casa dos

Carvalho. Em frente a esta casa temos o largo da Misericórdia, local onde se situa a Casa dos

Couto, última paragem do nosso itinerário.

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Fig.55 – Itinerário “Três Casas, um Arcebispo” com a localização das respetivas Casas Brasonadas (extraído do Google Earth). Legenda: 1- Paço dos Duques de Bragança; 2- Casa dos Carvalho; 3 – Casa dos Couto

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V - ELEMENTOS PARA A DINAMIZAÇÃO E PROMOÇÃO DA ROTA

A simples criação de uma Rota não significa que esta possua em si mesmo, uma procura

satisfatória para garantir a sua sustentabilidade económica. Para tal é importante transformá-la

num produto turístico157. Para atingir este patamar é necessário passar pela agregação de vários

componentes: recursos, infraestruturas, equipamentos, serviços e experiências/ atividades158. No

nosso caso de estudo podemos apresentar a título de exemplo prático, a seguinte tabela que

congrega os vários componentes acima enunciados:

Tabela 3 - Componentes para a comercialização do produto turístico Recursos Casas Brasonadas Infraestruturas Acessos Equipamentos Centro de acolhimento (MAS), aparcamentos, comércio

tradicional, restauração, alojamento Serviços Sinalética, guias, áudio-guia, desdobráveis Experiências/ Atividades Visitar e vivenciar as casas

Além do envolvimento destes componentes para a comercialização do produto turístico, é

necessário primeiramente saber qual o mercado que pretendemos abranger, isto é, identificar o

nosso público-alvo, desenhando iniciativas especificas para chegar até ele e responder às suas

necessidades. No nosso caso de estudo, a estratégia mais apropriada para abordar o mercado

alvo será o marketing diferenciado ou de segmentação, ou seja, identificar e definir os grupos

que queremos atrair e assim desenvolver diferentes programas de acordo com os segmentos

que pretendemos atingir159. Paralelamente, é necessário um correto posicionamento no mercado,

que poderá ser feito através de um bom plano de dinamização e promoção do produto. 157 Produto turístico é “qualquer tipo de serviço ou conjunto de atrativos de um empreendimento região ou país, envolvendo a

participação de numerosos agentes, promotores e operadores”. Referido por Pedro Manuel Mendonça da Silva Cravo (CRAVO,

S/D).

158 Informação retirada do módulo: Produtos e Indústrias Culturais, da unidade curricular Património e Sociedade ministrada pela

professora Doutora Ana Bettencourt, no âmbito do mestrado em Património e Turismo Cultural na universidade do Minho no Ano

letivo 2010/2011.

159 Julgamos ser à partida, o público-alvo da nossa Rota: turistas culturais em visita, turistas de congressos em visitas culturais,

grupos organizados, grupos escolares, grupos de indivíduos especialmente interessados (genealogistas, heraldistas,

historiadores).

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Simultaneamente é imprescindível uma entidade que possa gerir e monitorizar a Rota. No caso

concreto da Rota que aqui apresentamos, optamos por escolher o Museu de Alberto Sampaio160,

em Guimarães, como entidade gestora da Rota das Casas Brasonadas do centro urbano de

Guimarães. Esta escolha foi motivada por vários fatores:

- Localização geográfica: o MAS situa-se em pleno centro histórico, assumindo-se como um local

privilegiado em relação ao traçado da Rota e seus itinerários;

- Capacidade de mobilização: o MAS possui uma boa ligação institucional com o meio onde se

insere;

- Acervo museológico: o MAS integra na sua coleção peças oriundas de algumas casas

integrantes da Rota. Além de um acervo bastante representativo de pedras de armas (de família

e eclesiástica) e pedras tumulares.

- Simbolismo histórico do edifício: o MAS alberga as antigas dependências da colegiada da Nossa

Senhora da Oliveira (casa do cabido, sala do capitulo, claustro e capelas anexas), um local de

elite na Guimarães medieval161.

- Centro Documental: o MAS possui um acervo documental e bibliográfico da história local.

- Realização de encontros científicos: no 19º Encontro de História Local, realizado no dia 4 de

Novembro de 2011, o tema foi “Da Gens de Guimarães”. Neste Encontro os vários oradores

convidados debruçaram-se sobre as famílias e artistas ilustres da cidade162.

- Ligação da mestranda ao MAS: como nosso local de trabalho possibilita-nos um maior

conhecimento da instituição, paralelamente ao facto do diretor do MAS ser o nosso coorientador.

De seguida, apresentaremos os vários elementos que julgamos importantes para a

dinamização e promoção da Rota.

Como ponto de partida será pertinente a elaboração de uma brochura tendo sempre

uma base científica de suporte. No caso em estudo, esta base já foi iniciada neste nosso projeto,

nomeadamente nas fichas de inventário realizadas. No entanto, sabemos que terá de ser

160 O site do MAS é o seguinte: www.masampaio.imc-ip.pt

161 Sobre este aspeto veja-se: FERREIRA,1989.

162 As comunicações apresentadas foram as seguintes: “Uma família de entalhadores em Guimarães no século XVIII: os Cunha

Correia Vale”( António José de Oliveira); “Os Cantos de Guimarães Achegas sobre uma origem”(Rui Faria); “Dum tronco comum

nascem altas ramagens: brotam modestos ramos” (Maria Adelaide Pereira de Moraes);” Origens familiares de Alberto Sampaio

em Guimarães”(Emília Nóvoa Faria); “Assinalando os brasões da Colegiada da Oliveira” (Manuel Azevedo Graça).

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Volume I

complementado com um estudo monográfico interdisciplinar abrangendo por exemplo os

domínios da genealogia, heráldica, história de arte e história local. Esse estudo deve ser editado

de forma a enriquecer o interesse e o conhecimento pelo tema das Casas Brasonadas.

A organização de uma exposição temporária no MAS, subordinada ao tema “Uma

peça, uma casa”, será uma forma de demonstrar a ligação das Casas da Rota com a coleção

museológica do MAS, bem como dar a conhecer peças provenientes de algumas Casas da Rota.

Destacamos aqui seis peças que poderão integrar essa exposição: retábulo de S. Jorge163, teto de

madeira pintada, ao centro está o brasão dos Peixoto164; cruz processional do século XV165;

relíquia de São Torcato166; batuta em prata do século XIX167; túmulo com jacente e armas dos

Valadares168. Seria importante que esta exposição pudesse dispor de um Catálogo.

Fig. 56 - Retábulo de São Jorge (MAS, ED2) Fig. 57 - Tumulo com jacente de Manuel Valadares (MAS,L- 63)

163 Proveniente da capela de S. Jorge/do Senhor Jesus, na casa das Lamelas/ Navarros de Andrade. Este retábulo do século XVII,

possui o seguinte nº de Inventário: MAS ED2.

164 Proveniente da capela de S. Jorge/ do senhor Jesus, na casa das Lamelas/ Navarros de Andrade. Com o nº de Inventário:

MAS, P-70.

165 Segundo o Historiador Pedro Dias terá sido uma provável oferta de D. Afonso, Duque de Bragança para integrar as alfaias

litúrgicas da igreja de São Miguel do Castelo (Guimarães) (SANTOS; SILVA, 1998: 66).O nº de inventário: MAS,O-19.

166 Pertença do Cónego Rui Gomes Golias, proprietário no século XVII da Casa das Lamelas/ Navarros de Andrade. Com o nº de

inventário: MAS, O-26.

167 Pertenceu a João António Vaz Vieira da Silva Melo Alvim Nápoles de Menezes Madeira e Freitas, último Fidalgo do Toural. Com

o nº de inventário: MAS,O-155.

168 Sarcófago de 1550 com ligação à Casa dos Valadares da rua João Lopes da Faria. Nº de inventário: MAS, L-63.

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Fig. 58 - Relicário com relíquia de São Torcato (MAS, O-26) Fig. 59 – Cruz processional (MAS, O-19)

Fig. 60 - Batuta do último fidalgo do Toural (MAS,O-155)

Fig. 61 – Teto da capela de São Jorge, Casa Navarros de Andrade (MAS, P-70)

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Com o intuito de envolver a comunidade local e dar a conhecer a Rota, será importante a

organização de Workshops integrando mesas redondas com proprietários e residentes das

casas, instituições vimaranenses e autarquia.

Tendo o MAS uma tradição na organização de congressos169 será pertinente a feitura de

um seminário dedicado aos seguintes painéis: Casas Nobres, Casas Brasonadas, Heráldica,

Genealogia entre outros. Convidando estudiosos nessas áreas pretendemos promover o estudo

dessas temáticas e de novos utilizadores para a Rota.

Com o objetivo de manter um estudo permanente e atualizado sobre a temática da Rota

terá importância a criação de um centro de investigação contendo uma biblioteca com

bibliografia específica e com documentação administrativa, gráfica e cartográfica das casas

integrantes na Rota.

O levantamento e recolha de fontes arquivísticas170, bibliográficas171 e orais no

seio dos descendentes das famílias que originalmente habitaram as casas será uma mais-valia

para a ampliação do acervo deste centro de investigação. Algumas dessas histórias mais

singulares e curiosas deverão levar à edição de uma monografia e constar na informação que os

guias e áudio guias fornecerão aos utilizadores da Rota.

Contar uma história é proporcionar uma vivência. Isto vai de encontro ao que o turista

atual procura num produto turístico deste tipo, ou seja uma imagem de emoção em detrimento

da de consumo.

Hoje em dia as novas tecnologias são uma das formas mais eficazes de disponibilizar

informação. Para tal é importante a criação de um roteiro em ficheiro MP3 para ser distribuído

169 Referimos a título de exemplo os Encontros de História Local (com 19 edições) e o Congresso Histórico comemorativo dos 150

anos do nascimento de Alberto Sampaio, organizado em 1991.

170 Uma dessas histórias até agora inédita, encontrámos no fundo notarial do Arquivo Municipal Alfredo Pimenta. Em 1777, Maria

Rosa, solteira, órfã de Pedro de Campos morador da rua do Cano, criada na Casa do Proposto do capitão-mor Pedro

Bernardino envolveu-se fisicamente com Manuel José também criado na mesma casa. Desse relacionamento, Maria Rosa perdeu

a virgindade. Para desistir da ação judicial a interpor a Manuel José, este indemnizou-a em mil e seiscentos reis. Dessa

desistência foi feita escritura notarial a 8 de Abril de 1777 pelo Tabelião Nicolau António Pereira, da Vila de Guimarães. A

testemunhar este documento de perdão encontravam-se: Francisco José Teixeira, escudeiro de João de Sousa da Silveira da

Casa dos Pombais, e Custódio Pereira de Assunção, alfaiate, da rua Nova das Oliveiras. Possivelmente devido a este episódio

no momento da assinatura da nota notarial Manuel José já não era criado na Casa do Proposto, mas na Casa dos Pombais

(A.M.A.P., N-1085, fls.56-57, nota do tabelião Nicolau António Pereira. “Perdão que dá Maria Roza solteira filha que ficou de

Pedro de Campos da rua do Cano a Manuel Joze assistente nos Pombais”).

171 Grande parte destas histórias podem ser extraídas de: MORAES, 2001.

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Volume I

em áudio guias. Estes guias são importantes para que o utilizador possa de uma forma flexível

percorrer o seu itinerário. Para evitar um maior custo na aquisição deste material poderão ser

utilizados os áudio guias já existentes no posto de turismo172. Para este efeito seria necessário

um prévio protocolo entre a entidade gestora da Rota e a autarquia. A criação de um Website173

multilingue possibilitará abranger um grande número de potenciais utilizadores nacionais e

estrangeiros, que poderão obter todas as informações da Rota e ainda poder descarregar em

ficheiro PDF o mapa e o roteiro da mesma. Dentro deste contexto e de um modo mais

económico temos as redes sociais que hoje em dia se transformaram num meio de

comunicação e divulgação de grande escala.

A realização de visitas ao Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, instalado numa das

casas da Rota (Casa das Lamelas/Navarros de Andrade), pode proporcionar momentos

enriquecedores, quando a visita tiver como objetivo consultar a documentação arquivística de

uma das Casas Brasonadas da Rota, podemos escolher uma visita por mês sempre com

diferentes casas.

Para a informação e divulgação da Rota é necessário estabelecer uma campanha de

promoção e imagem que contemple a elaboração de um plano de sinalética174, bem como a

criação de um logótipo175. É preciso ter em mente que a acessibilidade é uma das qualidades

que um destino turístico deve ter, pelo que é importante que a sinalética seja facilmente

compreensível por todos. Relativamente ao nosso itinerário, é necessário a colocação de

sinalização da Rota nos acessos à região (pontos de entrada no concelho e centro da cidade)

bem como na estação ferroviária e rodoviária da cidade. Esta sinalização deve indicar o trajeto

até ao centro histórico, mais concretamente ao MAS, local onde se iniciarão os nossos

percursos; aqui será prestada ao visitante toda a informação e documentação da Rota.

172 Com a atual inovação tecnológica estes áudio-guias poderão ser complementadas e/ou substituídos por aplicações para

smartphone e tablets, etc.

173 Este Website específico da rota poderá ser acedida através de links associados a páginas web de interesse turístico e cultural

tais como: Camara Municipal de Guimarães, Turismo de Guimarães, Museu de Alberto Sampaio, e de Instituições afetas às

casas, (Tribunal da Relação de Guimarães, Palácio dos Duques de Bragança, ACIG, Arquivo Municipal Alfredo Pimenta, Santa

Casa da Misericórdia de Guimarães, etc), e outras.

174 A sinalética tem um contributo importante visto que proporciona ao utilizador uma melhor identificação, orientação e

informação da mesma. É uma ferramenta “que nos conduz por um determinado percurso, realçando o que de bom tem para

nos mostrar e “ocultando” ou “ desviando” tudo o que se considera menos simpático” (VERDIAL, 2006).

175 O logótipo é uma das partes visíveis da marca (VERDIAL, 2006).

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Juntamente com a sinalética, deve estar o logótipo que acompanhará e identificará todas

as atividades desenvolvidas pela Rota, bem como o visitante ao longo do seu percurso.

A conceção do logótipo da nossa Rota é algo que não ficará dispendioso visto que o MAS

possui recursos humanos experientes na criação de grafismos que compõem os cartazes e

painéis das suas atividades176. Em complemento será importante a criação de um código QR177

contendo informações sobre a Rota e suas Casas Brasonadas. Esta aplicação deverá constar nos

suportes de divulgação (por exemplo, desdobráveis e cartazes) e/ou junto dos locais de

passagem de visitantes, nomeadamente a estação ferroviária e a central de camionagem da

cidade.

Para que a chegue aos mais pequenos é imperativo a existência de um serviço

educativo. Numa fase inicial poder-se-ia utilizar os recursos já existentes no MAS. Todavia não

é de todo descabido uma colaboração dos serviços educativos do Arquivo Municipal Alfredo

Pimenta, instalado numa das Casas da Rota (Casa Navarros de Andrade) e/ou com os serviços

educativos do Paço dos Duques de Bragança.

Dentro desta área sugerimos a criação de roteiro infantil sob o tema e/ou um livro de

histórias ligadas ás famílias que habitaram as respetivas casas.

A criação de um pacote turístico por parte da Rota é importante para a sua

sustentabilidade, como tal é pertinente descrevermos um que possa ser implementado.

O utilizador da rota poderá ter a oportunidade de pernoitar numa das Casas Brasonadas

(Casa dos Pombais, que tem turismo de habitação), jantar/almoçar noutra casa brasonada

(Casa dos Carvalhos, aqui está o restaurante Histórico), participar e assistir a atividades noutras

casas da Rota (visita guiada à coleção museológica do Paço dos Duques de Bragança, assistir a

concertos no auditório do Centro Cultural Vila Flor (Palácio Vila Flor) e no fim da noite divertir-se

no seu café concerto.

Sabemos da importância da criação de itinerários curtos e específicos sobre um

determinado tema, uma vez que estes contribuem para uma maior dinâmica da Rota e facilitam

176 A criação do logotipo associado à Rota já está a ser estudado.

177 “Criado em 1999 pela japonesa Denso Wave, fabricante de componentes eletrónicos para automóveis, o código QR (do inglês

Quick Response) em 2D tem a forma de um quadrado preenchido com pontos brancos e pretos. (…) Este código é muito comum

em revistas e anúncios, com informações na forma de texto ou ligação para um sítio online, permite conduzir o consumidor para

conteúdos multimédia, como foto galerias, música ou vídeo” (http://www.deco.proteste.pt/tecnologia/nc/dicas/codigo-qr-faz-

tremer-o-velho-codigo-de-barras).

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Volume I

a sua fruição por parte dos visitantes. No capítulo anterior já nos referimos acerca desta

temática mas, no entanto, é importante salientar a necessidade de uma dinamização constante.

Para o efeito, a criação de novos itinerários é fundamental para cativar outros públicos.

Os vários elementos de dinamização e promoção acima enunciados servem como uma

simples representação de um processo muito mais complexo. Isto é, para concretizar no terreno

todos estes elementos é necessário primeiramente inseri-los numa estratégia de marketing

profundamente determinada pelos objetivos de mercado e pelo mercado alvo.

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VI CONSIDERAÇÕES FINAIS

No início deste estudo formulamos as seguintes questões de investigação: “As Casas

Brasonadas podem servir como elemento âncora de uma rota turístico-cultural?” Depois de

respondermos a esta questão formulamos a seguinte: “A Rota de Casas Brasonadas contribui

para o aumento e diversificação da oferta turística de Guimarães?” Julgamos ter respondido a

estas questões durante a realização desta investigação. Primeiro foi necessário demonstrar o

valor patrimonial destas casas, conseguido através de um enquadramento legal. Consultamos

leis, cartas e convenções ficando claro a existência de um património cultural a ser protegido e

valorizado. No terreno visitamos as casas, falamos com alguns proprietários e conseguimos

analisar estes elementos âncora da nossa Rota.

Ficaram demonstradas as suas potencialidades como recurso turístico, nomeadamente o

seu potencial atrativo, conseguido com questionários às entidades locais. A criação de uma Rota

com Casas Brasonadas será, após a sua transformação como produto turístico, um contributo à

multiplicação da oferta turística de Guimarães. Foi possível verificar que a criação de uma Rota

de Casas Brasonadas é possível no centro urbano de Guimarães. Além do elevado numero,

riqueza arquitetónica e histórica, verificamos que uma grande parte destas casas pertencem a

entidades públicas, o que possibilita a sua visita e fruição. No entanto, conseguimos verificar que

alguns particulares estão recetivos à visita, nomeadamente aqueles que utilizam estas casas

como serviços ou comércio. De fato alguns dos serviços podem ser extremamente úteis à

viabilização da Rota. Por exemplo, uma das Casas é utilizada como Turismo de Habitação e

outra como restaurante. Não esquecendo aquelas que são organismos públicos e são ao mesmo

tempo atrativos para os visitantes: Paço dos Duques de Bragança (museu), Casa dos Lobo

Machado (núcleo museológico da ACIG), Casa Navarros de Andrade (Arquivo Municipal Alfredo

Pimenta), Palácio Vila Flor (centro cultural) etc.

Sabemos da necessidade de articular vários elementos de atração num determinado

destino. Oliveira, citado por Luís Ferreira refere que muito raramente há um único motivo a atrair

os turistas, o destino precisa de ser muito forte para dominar um só motivo em exclusivo

(FERREIRA, s/d). Na maioria dos casos articula-se a história com a arte, com o shopping, com a

gastronomia e com muitos outros elementos de atração. De fato, a escolha de determinados

destinos para as nossas visitas tem muito a ver com o que neles se oferece. Assim é notório a

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necessidade de se articular os itinerários da nossa Rota com outras ofertas turísticas de

Guimarães. E neste aspeto Guimarães é rico178; o fato do traçado da Rota abranger os locais de

maior oferta da cidade, é um fator positivo para o sucesso da mesma. A criação de um itinerário

como forma de proteger, valorizar e divulgar um património cultural pode não conseguir atingir

estes objetivos se não houver o envolvimento de agentes, promotores e operadores, ou seja, se

não o transformar num verdadeiro produto turístico. Para tal é necessário, citando Pedro Cravo,

a sua apresentação ao público de uma forma organizada, envolvendo transporte, restauração,

alojamento, etc., mas também um correto posicionamento no mercado, uma estratégia, uma

imagem de marca, etc. (CRAVO, s/d). Relativamente à sua comercialização como produto

turístico é fundamental uma análise de viabilidade económica e a elaboração de um bom plano

de marketing. Pedro Cravo refere que este deve conter: uma análise detalhada da oferta e da

procura, por forma a identificar os potenciais concorrentes e o perfil dos turistas; a determinação

das vantagens competitivas; a definição das estratégias de atuação, que poderão ser várias; as

ações de monitorização e um plano de contingência, para fazer face a eventuais problemas que

possam surgir, quer com o próprio produto, quer no ambiente envolvente.

A elaboração de um plano de marketing não fez parte do nosso estudo, no entanto

sabemos da necessidade deste ser realizado aquando da implementação no terreno da nossa

Rota. Contudo, o fato de colocarmos o MAS como entidade promotora, com recursos humanos e

materiais próprios, é um elemento facilitador à constituição da mesma. Além de que estão

envolvidas na Rota casas ligadas a instituições com poder financeiro, judicial e cultural, as quais

poderão também participar na sua implementação.

Ficou reconhecido a atratividade que estas Casas provocam na população local e nos

visitantes. Este potencial conjugado com as infraestruturas e atratividades turísticas da cidade,

são a base necessária para implementar a Rota das Casas Brasonadas do centro urbano de

Guimarães179.

178 A oferta turística de Guimarães é notória no capítulo e pelo levantamento de atrativos turísticos que apresentamos no Volume II. 179 Dado a existência de numerosas casas brasonadas nas freguesias vimaranenses, poder-se-ia no futuro, alargar

geograficamente a Rota ao concelho de Guimarães.

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http://www.noticiasdeguimaraes.com/instituto-do-design-inaugurado-na-antiga-fabrica-de-

curtumes-da-ramada-guimaraes-%E2%80%9Cberco-dacriatividade%E2%80%9D/ (consultado em

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Legislação

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Decreto-Lei nº 15209, Diário do Governo, de 17-03-1928.

Decreto n.º 26 450, Diário do Governo, I Série, n.º 69, de 24-03-1936.

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Volume I

Decreto n.º 35 532, Diário do Governo, I Série, n.º 55, de 15-03-1946.

Portaria, Diário do Governo, nº 170, de 23-07-1955.

Decreto nº 42 255, Diário do Governo nº 105, de 8-05-1959.

Decreto n.º 45 327, Diário do Governo, I Série, n.º 251, de 25-10-1963.

Decreto n.º 735/74, Diário do Governo, I Série, n.º 297, de 21-12-1974.

Decreto de lei nº 129/77, Diário da República, I Série, nº 226 de 28-09-1977.

Decreto n.º 8/83, Diário da República, I Série, n.º 19, de 24-01-1983.

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Lei n.º 107/2001, Diário da República, de 8-09-2001.

Aviso n.º15171/2010, Diário da República, 2.ª série, n.º 147, de 30-07-2010.

Despacho nº 10915/2012, Diário da República, 2ª série, nº156, de 13-08-2012.

Portaria n.º 740-FI/2012, Diário da República, 2ª série, Nº 252, de 31-12-2012.

Cartas e Convenções Internacionais sobre Património

1964 - Carta de Veneza - II Congresso Internacional de Arquitetos e Técnicos de Monumentos

Históricos/ICOMOS.

1975 - Carta Europeia do Património Arquitetónico, Conselho da Europa.

1976 - Recomendação sobre a Salvaguarda dos Conjuntos Históricos e da sua Função na Vida

Contemporânea, UNESCO.

1987 - Carta Internacional para a Salvaguarda das Cidades Históricas, ICOMOS.

1999 - Carta Internacional sobre Turismo Cultural, ICOMOS.

2000 - Carta de Cracóvia sobre os Princípios para a Conservação e o Restauro do Património

Construído, Conferência Internacional sobre Conservação.

2008 - Carta dos Itinerários Culturais, Comité Científico Internacional dos Itinerários Culturais do

ICOMOS.

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Errata

Volume I

Página Linha Onde se lê Leia-se

XXI 8 Gráfico 2 – Estado de conservação das pedras de armas

Gráfico 2 – Estado de conservação das Casas Brasonadas

1 24 (de onze casas estudadas, (…) passamos para trinta e uma)

(de onze casas estudadas, (…) passamos para trinta)

4 9 (…) obtidas na pesquisa de laboratório (…) obtidas na pesquisa documental 71 8 Gráfico 2 – Estado de conservação

das pedras de armas Gráfico 2 – Estado de conservação das Casas Brasonadas

78 20-21 (…) capaz de envolver entidades particulares e privadas

(…) capaz de envolver entidades públicas e privadas

88 14 (…) ao lado da Capela de S. Miguel (…) ao lado da Igreja de S. Miguel

90-91 29-1 (…) Casa dos Araújo (…) Casa dos Araújo e Abreu 95 12 (…) vamos encontrando uma das

mais belas igrejas de Guimarães (…) vamos encontrar uma das mais belas igrejas de Guimarães