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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINA THYRCIA PEPLAU GAGLIARDI MADEIRA INTERNACIONALIZAÇÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (MPE’S) APLICANDO A TÉCNICA DE BENCHMARKING: UM ESTUDO DE CASO NA EMPRESA AROMA DA TERRA Florianópolis 2015

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UNIVERSIDADE DO SUL DE SANTA CATARINATHYRCIA PEPLAU GAGLIARDI MADEIRA

INTERNACIONALIZAÇÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (MPE’S)APLICANDO A TÉCNICA DE BENCHMARKING: UM ESTUDO DE

CASO NA EMPRESA AROMA DA TERRA

Florianópolis

2015

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THYRCIA PEPLAU GAGLIARDI MADEIRA

INTERNACIONALIZAÇÃO DE MICRO E PEQUENAS EMPRESAS (MPE’S)APLICANDO A TÉCNICA DE BENCHMARKING: UM ESTUDO DE

CASO NA EMPRESA AROMA DA TERRA

Trabalho de Conclusão de Cursoapresentado ao Curso de RelaçõesInternacionais da Universidade do Sul deSanta Catarina como requisito parcial àobtenção do título de Bacharel emRelações Internacionais.

Orientador: Prof. Rejane Roecker, Ma.

Florianópolis

2015

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AGRADECIMENTOSEm vários momentos da elaboração deste trabalho muitas foram as

pessoas que estiveram presentes, trazendo suas colaborações e auxiliando

positivamente para realização desta etapa. No desejo de demonstrar minha sincera

gratidão a todos, registro aqui meus agradecimentos.

A Deus por me conduzir em todos os momentos difíceis dando-me forças,

serenidade e capacidade de evoluir a cada dia. Ao Daniel, que me acompanha

diariamente, orientando o melhor caminho a seguir.

Aos meus amigos pelo incentivo e paciência, destacando minha querida

amiga Maysa pela força diária.

À minha família, minha irmã Ana Carolina, meu pai Antônio, meus primos

e tios, obrigada pelo apoio incondicional, em especial à minha mãe Adir, amo vocês.

À equipe do SINDPREVS/SC, por me permitir alcançar esse objetivo, em

especial ao departamento jurídico, o meu muito obrigada pela amizade, colaboração,

dedicação e apoio nesse momento. À Pauline pela ajuda, sempre tão prestativa e

atenciosa.

À professora e orientadora Rejane Roecker pela disponibilidade,

dedicação, confiança e aprendizado. À professora e coordenadora Silvia Natália

Barbosa Back, muito obrigada pela oportunidade e incentivo.

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RESUMO

A busca da internacionalização pelas empresas têm se tornado cada vez mais

relevante para acompanhar as exigências de um mercado globalizado, objetivando

obter destaque diante da concorrência. O presente trabalho tem como objetivo

identificar as etapas que podem ser aplicadas à empresa Aroma da Terra para seu

processo de internacionalização e, para tanto, apresenta um panorama do setor de

cosméticos no Brasil e em Santa Catarina, com uma análise aprofundada sobre uma

Micro e Pequena empresa da região da Grande Florianópolis. Visando auxiliar no

seu processo de exportação, utiliza-se da ferramenta benchmarking, tomando com

base a literatura, estudos e teorias sobre a internacionalização, através de pesquisa

descritiva, documental, bibliográfica e de campo, por meio de entrevista com análise

qualitativa. A aplicação do benchmarking neste trabalho aponta as principais ações

que podem ser tomadas para obter sucesso no empreendimento, mediante análise

de propostas de desenvolvimento e aprimoramento das atividades da empresa para

sua inserção no mercado externo. O resultado desta pesquisa atesta que as

informações adquiridas nos conceitos apresentados na fundamentação teórica,

juntamente com a utilização da ferramenta proposta, são aplicáveis ao anseio de

internacionalização da micro e pequena empresa Aroma da Terra, foco do estudo.

Palavras-chave: Internacionalização. Micro e Pequena empresa. Cosméticos.

Benchmarking.

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ABSTRACT

The company’s internationalization search has become even more applicable to

follow the requirements of a globalized market, aiming to being the best in the

competitive market. This paper aims to identify the steps that can be applied to the

Aroma da Terra’s business for its internationalization process, showing an overview

of the cosmetics industry in Brazil, with a deeply analysis in a micro and small

business in Grande Florianópolis, located in the state of Santa Catarina. The paper is

based in studies about internationalization, through descriptive, documental and

bibliographical research, and aims to assist in the export process, for this process it is

used the benchmarking tool. Based on analysis of the action plan, which was

developed to improve the company’s activities for insertion in foreign markets, in this

paper, the benchmarking application points out the main action that should be taken

to succeed in development. The result of this research confirms that the entire

information acquired in the theoretical concepts presented in the grounds along the

utilization of the proposal are applicable tool to internationalization yearning of micro

business called Aroma da Terra, which is the focus of this study.

Keywords: Internationalization. Micro and small Business. Cosmetics. Benchmarking.

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LISTA DE SIGLAS

ABDI – Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial

ABIHPEC – Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e

Cosméticos

ALADI – Associação Latino-Americana de Integração

APEX-BRASIL – Agência Brasileira de Promoção de Investimentos

CNDs – Consultoras Natura Digital

CNO – Consultoras Natura Orientadoras

CNs – Consultoras Natura

CRM – Customar Relationship Management

DEPLA – Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior

DPR – Departamento de Promoção Comercial e Investimentos

FIESC – Federação das Indústrias de Santa Catarina

IED – Investimentos Estrangeiros Diretos

MDIC – Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior

MERCOSUL – Mercado Comum do Sul

MPE’s – Micro e Pequenas Empresas

MRE – Ministério das Relações Exteriores

PIB – Produto Interno Bruto

SEBRAE – Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas

SECEX – Secretaria de Comércio Exterior

SECOMs – Setores de Promoção Comercial

TCU – Tribunal de Contas da União

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................91.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA ..............................................................9

1.2 OBJETIVOS ...................................................................................................................11

1.2.1 Objetivo geral ............................................................................................................111.2.2 Objetivos específicos..............................................................................................111.3 JUSTIFICATIVA ............................................................................................................12

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .................................................................13

1.4.1 Caracterização da pesquisa ..................................................................................131.4.2 Técnicas para coleta e análise de dados...........................................................141.4.3 Limitações da pesquisa..........................................................................................161.5 ESTRUTURA DO TRABALHO ...................................................................................16

2 REFERENCIAL TEÓRICO.............................................................................................182.1 GLOBALIZAÇÃO...........................................................................................................18

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS ............................................................21

2.2.1 Conceito de Internacionalização de Empresas................................................222.2.2 Teorias da Internacionalização.............................................................................232.3 MODELOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO ..............................................................28

2.4 ETAPAS DO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO .......................................................30

2.4.1 Exportação Direta e Exportação Indireta...........................................................312.4.2 Definindo produtos e destinos para o acesso ao mercado exterior ..........312.5 INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS ..............................34

2.6 EXPORTAÇÃO NAS MPE’S .......................................................................................36

2.7 BENCHMARKING E OS BENEFÍCIOS DE SUA UTILIZAÇÃO ............................38

2.7.1 Princípios do Benchmarking.................................................................................392.7.1.1 Código de Ética ........................................................................................................40

2.7.2 Tipos de Benchmarking..........................................................................................412.7.3 Metodologia de Estudo do Benchmarking ........................................................423 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS ..............................................................443.1 APRESENTAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES NO MERCADO DE CÓSMÉTICOS

NO BRASIL.............................................................................................................................44

3.1.1 Exportação do mercado de cosméticos nas MPE’S.......................................473.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA NATURA....49

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3.2.1 Caracterização da empresa ...................................................................................493.2.2 O processo de internacionalização.....................................................................513.3 MECANISMOS DE EXPORTAÇÃO COM BASE NO BENCHMARKING PARA

INTERNACIONALIZAÇÃO DA EMPRESA AROMA DA TERRA ..................................58

3.4 DESCRIÇÃO DA EMPRESA FOCO DO ESTUDO .................................................61

3.4.1 Caracterização da empresa Aroma da Terra ....................................................623.5 ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO PARA INTERNACIONALIZAÇÃO DA

EMPRESA AROMA DA TERRA .........................................................................................67

4 RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS ..........................................................704.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS QUANTO A PROPOSTA DO TRABALHO .............70

4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS QUANTO AOS RESULTADOS DO ESTUDO DE

CASO.......................................................................................................................................71

4.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA .....................................................................................72

4.4 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS ............................................................72

REFERÊNCIAS .....................................................................................................................73APÊNDICE .............................................................................................................................79APÊNDICE A – ENTREVISTA: AROMA DA TERRA ....................................................80

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho refere-se ao processo de internacionalização de

micro e pequenas empresas (MPE’S) voltadas para o mercado de cosméticos;

Especificamente sobre o processo de exportação de seus produtos e as barreiras

encontradas para concretização do mesmo. Para isso, foram analisados aspectos

positivos e negativos de um caso de sucesso real de internacionalização de uma

empresa bem sucedida neste ramo, quais os órgãos de apoio e consultoria

disponíveis, os incentivos do governo e quais os benefícios da utilização do

benchmarking para a consolidação da internacionalização. Por fim, este trabalho

buscou mostrar possíveis etapas que podem ser aplicadas para propor a

concretização do empreendimento ao adotar uma das ferramentas de gestão, tendo

como foco de estudo a empresa Aroma da Terra, localizada na região da Grande

Florianópolis.

1.1 EXPOSIÇÃO DO TEMA E DO PROBLEMA

A globalização é um tema que está presente nas discussões sobre as

transformações da economia global, sendo algumas vezes identificada como a

expansão das empresas transnacionais (SANTOS; CINTRA; BALMELLI, 1997).

Analisando sua esfera comercial, a globalização está relacionada à tendência de

equilíbrio das estruturas de oferta e demanda, onde o aumento da capacidade

produtiva de uma empresa sobre o seu mercado local irá gerar a busca por novas

oportunidades mercadológicas. O surgimento de um mercado verdadeiramente

global ocorre quando as empresas e pessoas começam a trocar informações e

movimentar bens entre as nações.

Atualmente com o avanço das tecnologias, possibilitou o crescimento

desses mercados globais, permitindo a produção, distribuição de produtos e

marketing em escalas também ampliadas. Mesmo havendo diferenças culturais

entre os povos, essa ferramenta conduz a um melhor entendimento e conhecimento

das tradições e condições dos mercados financeiros externos, atraindo um volume

crescente de incentivos para inserção de novos empreendimentos no cenário

internacional. Diante a aceitação da inovação da produção pela demanda nacional,

surge a necessidade de crescimento das empresas domésticas, face às

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oportunidades que as relações comerciais internacionais que vêm se tornando cada

vez mais atrativas. A internacionalização das empresas consiste na sua participação

ativa nos mercados externos e esta participação é fundamental para a estabilidade

econômica dos países. Através de seus dados, o Ministério do Desenvolvimento

Indústria e Comércio Exterior (2011), demostra que essa representatividade das

internacionalizações é a melhor estratégia para o crescimento econômico interno,

sendo expresso significativamente no Produto Interno Bruto (PIB) mundial (BRASIL,

2011b).

Acerca da atuação do Brasil nessa abertura comercial internacional,

vários autores apontam um lento crescimento em razão de barreiras protecionistas

nos mercados importadores, burocracia na administração pública interna, bem como

pela exigência da demanda internacional, que por sua vez estreita o grau de

competitividade (HECKTHEUER; PALMEIRA, 2006). O governo brasileiro incentiva

às exportações, que é a forma mais simples de internacionalização, cabendo ao

mesmo à disponibilização de recursos tradicionais. O país conta com órgãos

estruturados para auxiliar as empresas quanto a sua qualificação e capacitação para

o ingresso no comércio exterior. O Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas

Empresas (SEBRAE), por exemplo, tem como principal função conceder suporte às

pequenas empresas em diversas questões como Formação de Preço de Venda,

Administração Financeira, Recursos Humanos, entre outros. As micro e pequenas

empresas (MPE’s) são geradoras de emprego e renda, porém sua participação nas

exportações do Brasil ainda é insignificante, representando menos de 14% das

exportações totais do país, segundo Martignago (2011, p. 142). Isso se deve às

dificuldades que as MPE’s enfrentam para manterem-se com as atividades

exportadoras desempenhadas continuamente, em função da tradição de mercado

que os países concorrentes já possuem.

Trazendo essa realidade para o estado de Santa Catarina, conforme

dados da Federação das Indústrias de Santa Catarina (FIESC), o índice de

exportação geral mais recente é de 3,68% do total exportado pelo país, ficando em

10º lugar no ranking nacional. Isso representa um crescimento significativo no

mercado financeiro do estado catarinense. São oferecidos pelo governo, programas

baseados na diminuição de custos e atualização de tecnologias a fim de tornar as

pequenas empresas competitivas (FEDERAÇÃO DAS INDÚSTRIAS DE SANTA

CATARINA, 2014). Várias MPE’s buscam formas de consultorias como o SEBRAE

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para inicializar seu processo de exportação, entretanto nem todas as empresas que

procuram essa orientação, de fato, conseguem colocar em prática o programa

proposto para exportar seus produtos.

Contextualizadas as referidas ideias e informações, a pergunta central

dessa pesquisa direcionada à MPE Aroma da Terra, é a seguinte: Utilizando-se daferramenta benchmarking, quais etapas de internacionalização podem seraplicadas na empresa Aroma da Terra?

1.2 OBJETIVOS

Neste tópico serão apresentados o objetivo geral e os específicos,

tomando como base o problema de pesquisa, pois são os mesmos que irão

direcionar a realização do estudo.

1.2.1 Objetivo geral

Identificar as etapas que podem ser aplicadas à empresa Aroma da Terra

para seu processo de internacionalização, utilizando-se da ferramenta

benchmarking.

1.2.2 Objetivos específicos

- Apresentar um panorama das exportações no mercado de cosméticos

no Brasil e em Santa Catarina;

- Descrever o processo de internacionalização numa empresa brasileira

de cosméticos que possa servir de parâmetro no benchmarking;

- Identificar os mecanismos de exportação que podem ser aplicados na

empresa foco do estudo;

- Desenvolver um plano de ação com base no benchmarking, para propor

a efetivação da internacionalização da MPE Aroma da Terra.

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1.3 JUSTIFICATIVA

As relações internacionais deixaram de ser temas embatidos somente

entre discussões acadêmicas, pois atualmente as negociações em âmbito

internacional estão presentes de forma muito intensa em nossas vidas, o que chama

a atenção para um estudo minucioso sobre o processo de globalização e a

abertura de mercado que está cada vez mais constante. Essa nova realidade facilita

o comércio internacional e a entrada de concorrentes estrangeiros, exigindo que as

empresas nacionais ampliem suas visões, buscando alternativas para manterem-se

competitivas nessa dinâmica global.

O presente trabalho justifica-se para atentar ao grau de capacidade de

expansão da empresa Aroma da Terra, situada na região da Grande Florianópolis,

para além do mercado regional catarinense ao qual não é concedida a devida

importância quanto a sua possível participação nas exportações nacionais, em

virtude da atuação eminente das grandes empresas que já internacionalizam seus

produtos. É nesse cenário que se observa a importância de um profissional que

realize a interlocução entre os agentes de mercado, apresentando possibilidades de

inserção da empresa à internacionalização, mediante identificação de um plano de

ação frente às barreiras impostas e as medidas corretivas necessárias para posterior

concretização do empreendimento.

Optou-se por este estudo, pois além de ser um tema relevante e atual,

traz também a preocupação para conscientização da sociedade local de que

valorizando seus produtos e profissionais, além de auxiliar no desenvolvimento

econômico do estado de Santa Catarina, principalmente resultará em retorno

financeiro e profissional, incentivando o crescimento da região. Visto que a maioria

das micro e pequenas empresas não possui instrução na área de comércio exterior e

diante a dificuldade de acesso às informações no que tange às problemáticas

encontradas no processo de exportação e o devido acompanhamento durante todo o

desenvolvimento do mesmo, o presente trabalho irá auxiliar a empresa Aroma da

Terra que pretende entrar no comércio internacional. Permitindo a ampliação do

conhecimento acerca do mercado sobre uma visão de consultoria e gestão

estratégica, possibilitando vantagens em relação aos concorrentes internos,

diversificando mercados, melhorando a qualidade de produção para adquirir

melhores resultados.

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Frente às inúmeras possibilidades de atuação que o curso de Relações

Internacionais oferece, a relevância dessa apresentação consiste em abranger o

máximo de informações, conceitos, teorias e princípios adquiridos individualmente

por cada disciplina no decorrer da formação acadêmica, que serão utilizados para

proporcionar a efetivação da pesquisa proposta. Servindo de modelo para os novos

empreendedores locais, bem como uma de ferramenta de estudo para os alunos

que buscam mais fundamentos sobre a exportação dos produtos de uma MPE da

nossa região e também de auxílio para aqueles que optarem em realizar um estudo

no âmbito das instituições de ensino, pesquisa e extensão universitária envolvendo o

mesmo tema apresentado neste.

Desta maneira esse trabalho de conclusão de curso possibilita o

esclarecimento não só para os empresários e estudiosos interessados, como

também é de extrema importância na realização pessoal e profissional da autora

enquanto internacionalista.

1.4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

A fim de atingir os objetivos predeterminados no presente trabalho, este

capítulo apresenta os métodos utilizados no decorrer da pesquisa explicando como

os mesmos foram aplicados.

1.4.1 Caracterização da pesquisa

Diante dos objetivos propostos, a pesquisa se classifica como sendo

descritiva, onde o objeto de pesquisa é observado e descrito sem que exista

modificação por parte do pesquisador. Conforme Rudio (1986, p. 57):

A pesquisa descritiva deseja conhecer a sua natureza, sua composição,processos que o constituem ou nele se realizam. Para alcançar resultadosválidos, a pesquisa necessita ser elaborada corretamente, submetendo-seàs exigências do método. Os dados obtidos podem ser qualitativos ouquantitativos e podem aparecer de diversas formas, tais como: pesquisa deopinião, pesquisa de motivação, estudo de caso, pesquisa para análise detrabalho e pesquisa documental.

A pesquisa descritiva procura descobrir e observar o que acontece,

sendo, portanto a descrição, narração, classificação e interpretação do fenômeno.

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Com isso, para a realização da pesquisa serão utilizadas técnicas de

coleta de dados como entrevistas com aplicação de questionário a fim de solucionar

o problema da pesquisa em questão. Este trabalho também se classifica como uma

pesquisa de caráter exploratório, pois se utiliza de levantamento bibliográfico e

documental, onde será necessário que o pesquisador inicie um processo de

sondagem para obter maior conhecimento do objeto de estudo. Por ser bastante

específica, pode-se afirmar que ela assume forma de um estudo de caso, sempre

em concordância com outras fontes que darão base ao assunto abordado (DUARTE,

2013).

Segundo Oliveira (1999), a pesquisa será desenvolvida a partir de uma

abordagem qualitativa que descreve a complexidade de uma determinada hipótese

ou problema, onde será possível compreender e classificar os processos dinâmicos

experimentados.

O método de pesquisa a ser utilizado é o de estudo de caso, analisando

experiências das micro e pequenas empresas em profundidade, com o propósito de

utilizá-los para extrair situações e soluções utilizadas que possam ser úteis a outras

organizações que tenham de enfrentar problemas ou fenômenos similares. Segundo

Gil (2008), o estudo de caso garante conhecimento detalhado do objeto pesquisado,

investigando um fenômeno dentro de um contexto real.

Este estudo pode apontar diferentes propósitos como explorar situações

reais onde os limites não estão claramente definidos; descrever a situação do

contexto em que está sendo feita determinada investigação; formular hipóteses ou

desenvolver teorias; e explicar as variáveis causais de determinado fenômeno em

situações complexas que não possibilitam a utilização de levantamento e

experimentos.

1.4.2 Técnicas para coleta e análise de dados

Foram utilizadas como técnicas de coleta de dados a pesquisa

bibliográfica, documental e entrevista para o desenvolvimento do trabalho. A

pesquisa bibliográfica, conforme define Gil (2008), é desenvolvida com base no

material já elaborado, constituído principalmente de livros e artigos científicos. Ou

seja, é um resumo mais completo do referido trabalho e aos dados relacionados ao

tema, dentro de uma sequencia lógica na visão de outros autores.

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Para essa pesquisa documental foi analisado o desenvolvimento e

processo de internacionalização da uma empresa de cosméticos, líder no mercado,

Natura Cosméticos. De acordo com Simioni (2009), a coleta de dados é o ato de

pesquisar, procurar informações sobre um determinado assunto ou temas

correlacionados, juntando provas e documentos a fim de facilitar uma análise

posterior.

A pesquisa bibliográfica é baseada na consulta de todas as fontessecundárias relativas ao tema que foi escolhido para realização do trabalho.Abrange todas as bibliografias encontradas em domínio público como:livros, revistas, monografias, teses, artigos de Internet (CASTILHO;BORGES; PEREIRA, 2011, p. 11).

Paralelamente, para o desenvolvimento da pesquisa foram utilizados

como métodos para a coleta de dados em um estudo de caso, com a entrevista

semiestruturada em uma micro e pequena empresa do setor de higiene pessoal,

perfumaria e cosmético, chamada Aroma da Terra. O roteiro da entrevista se

encontra no Apêndice A do presente trabalho. Segundo Simioni (2009), a entrevista

possibilita a obtenção de dados referentes aos diversos aspectos envolvidos no

tema da pesquisa, desde o comportamento humano diante uma determinada

situação até os métodos utilizados de maneira estrutural da empresa.

A MPE Aroma da Terra, localizada na região da Grande Florianópolis que

buscou orientação no SEBRAE, bem como aceitou o auxílio do presente trabalho

para estudar a possibilidade de exportar seus produtos e a empresa Natura, já ativa

no processo de internacionalização, constituem o universo de pesquisa deste

trabalho, que, de acordo com Rudio (1986), possuem as mesmas características

definidas para um estudo específico, representando a totalidade de indivíduos.

Caracteriza-se assim a amostra, ou seja, parte da população ou do universo

selecionada nesta pesquisa.

A ferramenta de análise de dados utilizada foi a análise qualitativa

categorial. Castilho, Borges e Pereira (2011) a conceituam como sendo aquela que

trabalha com descrições, comparações e interpretações, procurando entender um

fenômeno específico em profundidade, diferenciando-se de estatísticas, regras e

outras generalizações.

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1.4.3 Limitações da pesquisa

O estudo apresentou limitações importantes quanto ao universo de

pesquisa e a amostra utilizada. Sobre o universo de pesquisa, as MPE’s não

apresentam muita estrutura para a internacionalização e nem todas as empresas

têm um acompanhamento após receber consultoria para efetivar seu projeto de

exportação, apresentando pouco planejamento.

Desta forma, a pesquisa limita-se ao acesso das informações de

empresas desse porte e ao estudo da exportação das empresas Aroma da Terra e

Natura. A compreensão através de bibliografias de diferentes autores sobre

internacionalização e gestão, e posteriormente, o estudo de caso da inserção das

duas empresas no exterior, trará a compreensão das melhores práticas para

concretizar a internacionalização desse setor.

1.5 ESTRUTURA DO TRABALHO

O presente trabalho divide-se em 4 capítulos que buscam elucidar um

entendimento sobre o objetivo traçado na realização da pesquisa. O primeiro

capítulo consiste na introdução da pesquisa, onde estão apresentados o tema, o

problema, os objetivos geral e específico que se almejam auferir, bem como a

justificativa da pesquisa, visando evidenciar os elementos que determinaram a

composição do trabalho para o leitor. Ainda neste capítulo, são identificados os

métodos utilizados no desenvolvimento do trabalho, o tipo de pesquisa, o método de

estudo e as ferramentas de coleta e análise de dados que foram utilizados.

Sobre o referencial teórico, exposto no segundo capítulo, estão

sintetizados os estudos já realizados por demais autores abordando temas como

globalização, internacionalização de empresas; conceitos, teorias e modelos de

internacionalização; o processo nas empresas brasileiras; exportação para MPE’S e

o mercado de cosméticos; além do benchmarking e seus benefícios. No terceiro

capítulo consta a apresentação e análise de dados. Neste capítulo encontra-se o

histórico do processo de exportações no mercado de cosméticos no Brasil e nas

micro e pequenas empresas, a descrição de como ocorreu a internacionalização de

uma empresa brasileira do ramo que serve de parâmetro no benchmarking proposto

na pesquisa, a identificação dos mecanismos de exportação, paralelamente com a

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caracterização e histórico da empresa Aroma da Terra, analisando as condições de

mercado conforme sua organização atual.

Nas considerações finais são apresentados os resultados obtidos no

trabalho em resposta aos objetivos propostos, ao desenvolvimento de um plano de

ação para concretizar a internacionalização da empresa analisada, bem como são

feitas sugestões para estudos futuros, todos demostrados no quarto capítulo. Nas

referências, estão relacionadas as bibliografias consultadas e exploradas como base

para o desenvolvimento da pesquisa.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

O capítulo a seguir expõe a base teórica do estudo realizado,

apresentado conceitos referente à globalização, internacionalização, teorias, a

internacionalização das empresas brasileiras, assim como uma apresentação de um

panorama das exportações das MPE’s de Santa Catarina, para melhor compreensão

da atual situação desta atividade.

2.1 GLOBALIZAÇÃO

A globalização, no que diz respeito à sua conceituação, Tomassini,

Soares e Lima (1997) concordam com a ideia de outros autores em ser um

fenômeno complexo que envolve processos e atores diferentes, o que dificultaria

analisar suas implicações, salientando um paradoxo do processo de globalização.

Santos, Cintra e Balmelli (1997), entretanto, interpretam a utilização do termo como

um fenômeno de diminuição do mundo pela maior acessibilidade do mercado,

proporcionada pelas novas tecnologias em comunicação e transportes. Identificando

também a globalização como a afirmação do mercado sobre os Estados Nacionais,

do que resultaria sua dissolução. Sobre essa visão Tomassini, Soares e Lima (1997,

p. 86) apresenta ainda outra abordagem:

Um aspecto interessante da discussão é até que ponto a globalização não éuma ideologia. Certamente, existem fenômenos no plano da economia, emparticular a hegemonia do capital, que impedem que a consideremosapenas algo construído, para legitimar certas práticas de intervenção social.Contudo, há vários indícios que sugerem a pertinência de uma visão críticadesse fenômeno.

Como se pode ver, a globalização é identificada por uma variedade de

significados, explicável pelo impacto deste processo em diferentes áreas. Caldas e

Amaral (1998) acreditam que a globalização é um processo de gradual eliminação

de barreiras econômicas e consequentemente responsável pelo aumento das trocas

internacionais e interação transnacional. A essa análise entende-se a globalização

como um processo e não um fato consumado. Acerca das tendências da economia

global, esta questão tem se tornado um dos grandes pontos centrais de debates

contemporâneos, cujo regionalismo pode ser visto como uma reação protecionista à

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globalização. Como exemplo, o Brasil procurou resistir o quanto pode a este

processo (CALDAS; AMARAL, 1998).

Segundo Santos (2000), a globalização é de certa forma, o ápice do

processo de internacionalização do mundo capitalista, não apenas a existência

desse novo sistema de técnicas. Ela é também o resultado das ações que

asseguram a emergência de um mercado dito global, responsável pelo essencial nos

processos políticos atualmente eficazes. Dessa maneira, o termo globalização é

utilizado para expressar o processo de integração de muitas sociedades sob os

aspectos sociais, políticos, culturais e econômicos, em constante evolução

(SANTIAGO, 2006).

Alguns autores mostram que o processo de globalização e o

desenvolvimento tecnológico caminham juntos, desenvolvendo o comércio

internacional entre países e resultando no crescimento das negociações

internacionais, consequentemente diminuindo as fronteiras nacionais. Mariotto

(2007) sugere que o avanço tecnológico influencia a criação de meios de

comunicação mais eficientes como a internet, o celular ou as videoconferências,

facilitando as negociações internacionais e fortalecendo ainda mais o cenário do

comércio internacional. Sobre uma visão em nível econômico, Cassiolato e Lastres

(1998, p. 11) apresentam o seguinte:

Destaca-se que a novidade nesta nova forma de organização da economiaglobal não é tanto que o comércio internacional tenha se tornado parteimportante da economia de cada nação; mas que as economias nacionaisagora funcionam efetivamente e em tempo real como unidades de um todoglobal. Neste sentido, considera-se que a atual aceleração do processo deglobalização vá além do processo de internacionalização da economia umavez que envolve a interpenetração das atividades econômicas e daseconomias nacionais ao nível global.

De uma perspectiva financeira, Baumann (1996) expõe que um maior

grau de globalização corresponde a um aumento do volume de recursos, aliado ao

aumento da velocidade de circulação dos mesmos e a interação dos efeitos dessa

troca sobre as diversas economias.

Giddens (2000) ressalta que o entendimento de globalização pode ser

melhor conceituado como aspectos fundamentais da separação do espaço-tempo.

Estando entrelaçado de eventos e relações sociais à distância com os

acontecimentos locais.

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A principal razão da existência do comércio internacional é a simples

constatação de que nenhum país é autossuficiente para produzir tudo o que

necessita. De acordo com Foschete (2006), os países procuram se especializar

naquelas atividades produtivas em que têm vantagem relativa sobre outros países,

estabelecendo trocas internacionais.

Em um nível político, a globalização, ou o progresso das comunicações

globais, levou a expansão da democracia no mundo. A percepção das sociedades

sobre os direitos das mulheres, igualdade sexual, homossexualismo, casamento e

relação pais-filhos foram profundamente modificadas. Em muitos aspectos, de forma

positiva e progressista, sendo assim, pode-se afirmar que os modelos de famílias

não tradicionais foram impulsionados pela globalização (GIDDENS, 2000).

No que tange a globalização internacional da economia, Vasquez (2009),

contrapõe a ideia que os países que importam ou exportam bens e serviços com

facilidade e rapidez, apontam para um fluxo de mercado que tende aumentar. As

abordagens ortodoxas assumem a separação entre questões internas e externas,

entre os campos nacional e internacional, e entre o local e o global. Os processos de

crescente interdependência política e econômica observada no cenário mundial

foram então explicados por teorias distintas, tais como a teoria da interdependência

complexa1 e a teoria sistêmica mundial2.

Posteriormente, após a degradação do socialismo de Estado e da

consolidação mundial do capitalismo, se observou uma intensificação na discussão

sobre globalização tanto na academia como em outras instâncias (GUEDES, 2003).

Para Dias (2004), na mesma proporção em que o progresso de globalização evolui,

verifica-se que os valores e formas de gerenciamento integram-se com os negócios,

trazendo reorganizações econômicas, sociais e políticas aplicadas pelos países e

seus mercados, promovendo o estreitamento das relações comerciais.

As principais organizações mundiais buscam o aumento da acumulação

de capital e da rentabilidade, fazendo pressões sobre os governos, para

1 Teoria elaborada por Robert Keohane e Joseph Nye, com intuito de explicar as mudanças daseconomias capitalistas bem como sua instabilidade, cujo segundo eles, diversas conexõestransnacionais estavam surgindo, aumentando relações (principalmente as econômicas) entre paísese sociedades e ampliando as oportunidades de cooperação entre nações.

2 Teoria elaborada por Immanuel Wallerstein, um estudo do sistema social e suas inter-relações como avanço do capitalismo mundial como forças determinantes entre os diferentes países.

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21

consecutivamente, ampliar seus negócios no cenário internacional, facilitando assim

a integração global. Nessa mesma linha de raciocínio, Ramos (2004, p. 128) diz:

A interindependência econômica gerada pelos avanços tecnológicos e pelaspráticas comerciais do capitalismo em conjunto com acordos regionais epreferenciais alterou sobremaneira a realização dos negócios, que acaboutomando caráter mundial.

A globalização, portanto representa para as empresas uma estratégia de

ampliação de seus mercados e uma forma de enfrentar as condições de

concorrência ocasionadas pelo novo cenário mundial. Segundo Bassi (1997), com a

abertura ao comércio internacional, as empresas que sempre atuaram em mercado

internacional considerado seguro, passaram a sofrer uma grande competição de

concorrentes nacionais e internacionais. Este novo cenário impulsionou a utilização

de estratégias, buscando integrar e expandir suas atividades internacionais.

Aproveitando as economias de escala tem-se como objetivo aumentar sua

competitividade global. A conquista dos mercados mundiais por empresas nacionais

utiliza-se de exemplos de sucesso das empresas transnacionais incutidas no

processo de globalização e consequentemente resultantes da sua abertura

internacional. Incentivando dessa maneira a inclusão de novas empresas no

mercado mundial (URBASCH, 2004).

2.2 INTERNACIONALIZAÇÃO DE EMPRESAS

Na presente seção são apresentados os estudos já realizados por

diversos autores a partir da análise acercada dicotomia entre os conceitos da

internacionalização, bem como através de uma revisão teórica das teorias de

internacionalização. Por fim, discutir-se-á a participação do Brasil no fenômeno, a

internacionalização em micro e pequenas empresas, e quais os pontos de apoio

disponíveis para a inserção das MPE’s no mercado internacional. Cada uma dessas

partes busca apresentar fundamentação para posteriormente ser relacionada à

atuação no mercado exterior da empresa selecionada para a pesquisa.

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22

2.2.1 Conceito de Internacionalização de Empresas

O conceito de internacionalização de empresas ainda é amplo e discutido

na literatura especializada. Alguns autores consideram que internacionalizar-se

significa integrar-se com mercados para além dos domínios territoriais, para outros é

uma atividade exportadora resultante de um planejamento estratégico direcionado

para o mercado externo. Para Goulart, Arruda e Brasil (1996), de forma ampla e

abrangente, a internacionalização pode ser definida como um processo crescente e

continuado de envolvimento das operações de uma empresa com países fora de sua

base de origem.

Na visão dos autores Alem e Cavalcanti (2005), em razão das

características distintas dos produtos e dos mercados são oportunizadas estratégias

diferentes de investimento externo. O processo de internacionalização das empresas

envolve duas classes principais: o atendimento de mercados externos via

exportações; e o investimento direto no exterior, seja para a instalação de

representações comerciais, seja para a implantação de unidades produtivas. Em

discordância com a visão anterior, Mariotto (2007) considera a internacionalização

apenas como um processo de envolvimento crescente da empresa em operações

internacionais, onde o primeiro contato vivenciado por uma empresa com o mercado

estrangeiro ocorre por meio de uma importação ou exportação.

A distinção entre exportação, licenciamento ou investimento direto, é um

aspecto fundamental e amplamente discutido na literatura, pois constituem as três

formas gerais de como as empresas podem participar de negócios em um mercado

estrangeiro. Diante deste pensamento, Xavier e Turolla (2006, p. 02) acrescentam:

A expansão internacional de empresas se dá em bases incrementais, deforma que os passos iniciais servem como investimentos em informação eajudam a identificar o custo e o grau de certeza dos passos seguintes.Nesse sentido, os passos iniciais de uma estratégia de investimento diretoestrangeiro consistem na exportação; no investimento prévio em estruturasde distribuição no atacado; e o investimento em subsidiárias em países ouregiões próximos ao território-alvo do investimento.

Neste mesmo raciocínio, Martignago (2011) afirma que diante a

pluralidade do conceito de internacionalização faz-se entender que a exportação é

uma forma simples e direta de internacionalização, atendendo apenas uma

dimensão. Sendo assim, para que uma empresa obtenha êxito é necessário

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23

desenvolver crescentemente para as formas de internacionalização que exigem mais

comprometimento.

Para melhor compreensão do cenário internacional serão apresentadas

algumas das principais teorias da internacionalização, e posteriormente como

ocorreu o fenômeno no Brasil e nas MPE’s. Para facilitar a análise proposta no

presente trabalho, a internacionalização de empresas e o comércio internacional

como um todo ficará mais definido nos próximos capítulos.

2.2.2 Teorias da Internacionalização

De acordo com Rocha (2002), as teorias que abordam a

internacionalização de empresas desdobram-se em duas perspectivas: a econômica

e a comportamental. A primeira foi criada a partir dos estudos de economia

internacional cujos pesquisadores tiveram como objetivo mostrar as razões pelas

quais as empresas procuraram internacionalizar-se. Já as teorias com abordagem

econômica demostram a internacionalização como um processo essencialmente

racional, enfatizando que a mesma ocorre visando melhores resultados financeiros e

mais eficazes (SILVA, 2010). O enfoque econômico permite anterior à tomada de

decisões que seja prevista a disponibilidade de informações. Em contrapartida, a

teoria comportamental compreende um gradual comprometimento de recursos e a

definição preferencial de mercados que sejam mais próximos culturalmente,

iniciando assim, sua inserção em novos negócios internacionais. (CARNEIRO; DIB,

2007).

Dentre as teorias conhecidas na literatura sobre abordagem econômica,

serão analisadas as seguintes: a Teoria do Investimento Direto, Teoria do Ciclo de

Vida do Produto, a Teoria da Internalização e o Paradigma Eclético. Segundo

Amatucci (2009), tais teorias só começaram a surgir em meados da década de 1960

com a análise do economista Stephen Herbert Hymer, voltada para a organização

industrial e as imperfeições de mercado.

Ao desenvolver sua pesquisa para tese de doutorado, Hymer percebeu

que a lógica dos Investimentos Diretos não acompanha o modelo de fluxo de

capitais, sendo determinado exclusivamente, pela amplitude das operações

internacionais das empresas individualmente. Ao contrário do que se pensava, não

eram as diferenças nas taxas de juros determinantes dos fluxos de capitais para o

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24

investimento estrangeiro. Dessa maneira, a teoria do Investimento Direto surge para

melhor averiguar a situação de propriedade das empresas sobre seus investimentos

e seu respectivo controle, porém a mesma só foi publicada em 1976.

Carneiro e Dib (2007) com base na teoria acima citada confirmam a ideia

de que as empresas procuram internacionaliza-se com expectativa de reforçar seu

poder no exterior, visto que o fato de atingir o mercado internacional significava

aumento das complexidades das estruturas organizacionais, relacionados

diretamente com o crescimento e poder das empresas no mercado nacional.

A tese do ciclo de vida do produto foi elaborada por Raymond Vernon em

1966, e baseia-se no princípio da imperfeição do mercado. Ou seja, observando as

variações no comércio e investimentos internacionais, percebe-se que as inovações

existentes no mercado local da matriz, permitem ampliar o ciclo de vida dos

produtos, no sentido que as empresas podem expandir sua produção para outros

países, cujas demandas possam ser desenvolvidas, determinando o fluxo de

investimentos no exterior de acordo com o ciclo de vida estipulado (SILVA, 2010). A

teoria do ciclo do produto define que o assentimento de quando e onde investir em

inovações de produtos é conduzido pela evolução das vantagens comparativas de

custos, ao evidenciar a importância desses elementos sobre a definição dos padrões

de comércio e de investimento internacionais, segundo seu idealizador (VERNON,

1979).

Seguindo os passos das teorias anteriores, Buckley e Casson

desenvolvem em 1976 uma tese baseada na internalização de custos: a teoria da

internalização, onde se analisa as vantagens econômicas para então optar sobre a

atuação no mercado internacional, ou seja, quando os custos de aplicação de

investimentos no exterior forem menores que no mercado nacional. Carneiro e Dib

(2007) expõem que é através da maximização da eficiência por meio da redução de

custos em fazer negócios no exterior que as empresas buscam a internalização,

desde que tenham vantagens de custos, determinando quando e onde esses

negócios devem ocorrer, sempre visando aumentar os lucros. Ainda segundo os

autores, a internalização de produtos ou serviços, pode ocorrer em outros países de

acordo com a configuração de custos de transação e na incidência do melhor modo

de entrada (exportação, licenciamento, controle, investimento direto):

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25

Na primeira etapa as empresas optam pela exportação, por envolver menorrisco, e ser uma forma barata de se conhecer o mercado; tão logo omercado se mostra interessante, o IED garantirá o controle sobre a marca eo Know-how; outras vantagens de internalização ficarão mais claras para afirma a partir desse estágio (ROCHA; ALMEIDA, 2006, p. 22-23).

O Paradigma Eclético da Produção Internacional de Dunning (1998) por

sua vez, parte do princípio de que as empresas se internacionalizam por meio de

Investimentos Estrangeiros Diretos (IED) pelos seguintes motivos: (a) para explorar

as vantagens competitivas (de localização e de propriedade) e (b) para internalizar

operações que seriam mais caras ou ineficientes se fossem feitas de acordo com os

mecanismos de mercado. Esta teoria baseia-se em elucidar as razões e fatores que

influenciam na decisão das empresas em realizar investimentos diretos em países

estrangeiros (DUNNING, 1998).

A ideia desta teoria é justamente a lógica dessas razões que definirão o

local aonde as empresas irão se internacionalizar, pois o cenário, ou região

escolhida deve oferecer vantagens relativas à exuberância de recursos naturais ou

humanos de qualidade e baixo custo como, por exemplo, inovações tecnológicas,

infraestrutura, estabilidade politica e econômica, regime cambial, demanda do

mercado (CARNEIRO; DIB, 2007). Reforçando esta teoria eclética da produção

internacional, Martignago (2011) afirma que há uma integração das vantagens de

localização, vantagens de propriedade e vantagens de internalização, como forma

de criar uma teoria unificada de Investimento Direto Externo. Segue sua explanação

acerca da afirmativa anterior:

São essas três vantagens que, em conjunto, determinam se a empresaentrará no mercado externo via investimento externo direto ou se optará poroutras formas de entrada. Várias combinações das vantagens depropriedade, internalização e localização podem surgir (MARTIGNAGO,2011, p. 67).

Partindo para abordagem comportamental, temos a teoria ou Modelo de

Uppsala. Vários autores e acadêmicos o consagram como uma das principais teorias

mais amplas e completas, criadas por Johanson, Paul e Vahlne. Guedes (2007)

descreve o modelo como um processo experimental de aquisição de novos

conhecimentos e não como um processo de designação de recursos como

mencionado nas teorias anteriores. Ele se inicia como resposta a uma coerção

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26

contingente por procura de mercados, sendo que quando o mercado doméstico está

saturado é que haverá a busca pela demanda internacional.

Carneiro e Dib (2007) ressaltam que para a escolha do destino da

internacionalização será considerado o tamanho do mercado em potencial e menor

“distância psíquica” em relação ao mercado local. O processo ocorrerá

sequencialmente por comprometimentos graduais de recursos, primeiro pela

exploração do próprio mercado nacional, seguido pela exportação e posteriormente

serão estabelecidas subsidiárias de vendas.

O último passo será o estabelecimento de unidades de produção no

exterior. Agregado a essa visão, Silva (2010) considera que a empresa deverá ser

reconhecida como integrante de uma rede de relacionamentos, onde na mesma

proporção em que se enquadra no cenário internacional, não somente irá interceder

como também propiciará prosseguimento ao processo de internacionalização.

Na década de 70, pesquisadores da Universidade de Uppsala analisaram

o processo de internacionalização de firmas suecas manufatureiras, para

desenvolver um modelo de como definir mercados e formas de entrada para se

internacionalizar (HILAL; HEMAIS, 2003). Esses mesmos autores enfatizam que a

internacionalização das firmas, não depende somente dos recursos em que usam

nos países estrangeiros, mas também, as networks que essa firma possui. A

questão das redes de relacionamento (networks) é considerada uma evolução

natural do pensamento da Escola de Uppsala.

Para Johanson e Vahlne, um dos mais importantes documentos gerados

pela escola Nórdica, foi a pesquisa na qual eles defendiam que o processo de

internacionalização se dava de forma incremental, em razão das incertezas e falhas

nas informações recebidas sobre o novo mercado (SOUZA; DREHE; AMAL, 2007).

Dentro da abordagem comportamental, sobre o modelo Nórdico, Silva

(2010) afirma que a Teoria do Empreendedorismo foi criada por Andersson,

contribuindo em 2000 com sua pesquisa, cujo papel do empreendedor no processo

de internacionalização é incorporado, defendendo ser fundamental, pois, dependerá

dele a iniciativa pela busca de novos mercados.

Ao descrever o perfil do empreendedor, Andersson (apud GALIMBERT,

2009) determina três tipos: o empreendedor técnico, que gere ações visando

inovação tecnológica; o empreendedor estrutural, propondo as estratégias de

atuação sendo monopolista ou indicando quebra de um monopólio; e o

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empreendedor de marketing, objetivando abrir mercados e desenvolver novas

formas de distribuição (GALIMBERT, 2009). Ainda nessa mesma linha de

pensamento, Hilal e Hemais (2003, p. 111) complementam o conceito:

Um dos pressupostos subjacentes da escola é que a internacionalização dafirma, seja por meio de exportações, seja por meio de investimentos diretos(FDI), é uma consequência do seu crescimento. Quando o mercadodoméstico está saturado e, consequentemente, o número de oportunidadeslucrativas diminui até o ponto de impedir a ampliação da firma, devem-sebuscar novos locais para se expandir. Dado que as novas alternativasgeralmente parecem ser mais incertas do que as velhas fórmulas familiares,supõe-se que a expansão será dirigida para locais mais similares àquelesdas operações existentes.

Vale salientar que os fatores abordados pelos pesquisadores nórdicos

como racionalidade limitada, processos de aprendizagem à base de ação, e uma

estrutura dispersada e complexa quanto a recursos e competências influência até

hoje as características da gerência (DUNNING, 1998).

Hilail e Hemais (2003) concluem que as empresas têm melhor

conhecimento de seus ambientes mais imediatos, ou melhor, a incerteza em relação

ao resultado de uma ação aumentará com a distância psíquica. Dessa forma elas

procuram alternativas em que possam se sentir o menos estrangeiras possível.

Para uma melhor compreensão das principais teorias de

internacionalização apresentadas nesse capítulo, o Quadro 1 apresenta um resumo

das mesmas.

Quadro 1 - Resumo das principais teorias de internacionalização:

(continua)Teoria Autor Conceito AbordagemInvestimentoDireto

Hymer Para aumentar seu poder demercado, há a internacionalizaçãoatravés de investimento direto.

Eco

nôm

ica

Ciclo de vidado produto

Vernon Internacionalização é realizadapara locais que reduzam os custosda empresa.

ParadigmaEclético

Dunning A internacionalização acontecequando há alguma vantagemcompetitiva, de localização,propriedade ou internalização.

Internalização Buckley eCasson

A análise dos custos de transaçãoda operação irá definir ainternacionalização e expansão.

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Quadro 2 - Resumo das principais teorias de internacionalização:

(conclusão)Teoria Autor Conceito AbordagemModeloUppsala

Johanson,Paul eVahlne

Empresas se internacionalizam deforma gradual. Influência dadistância psíquica e networks nainternacionalização.

Com

porta

men

tal

EscolaNórdica

Andersson O papel do empreendedor éfundamental nainternacionalização de empresas.

Fonte: Adaptado de Silva (2010)

Observa-se no quadro acima, que as quatro teorias de abordagem

econômica atentam para importância dos investimentos e os cuidados com a

retenção de custos no processo, acarretando no êxito da internacionalização e até

mesmo, ampliando seu poder mercado. Por outro lado, as teorias de cunho

comportamental, visam descrever a internacionalização como um processo

sequencial, onde o empreendedorismo é a peça chave para o desenvolvimento

gradual da inserção das empresas em novos mercados externos.

2.3 MODELOS DE INTERNACIONALIZAÇÃO

Existem várias formas de inserção no mercado internacional sendo que as

análises de características do mercado juntamente com os produtos indicam a

melhor forma de entrar no processo de internacionalização. Minervini (2008) aponta

que uma das decisões mais importantes da empresa é a de estabelecer a

modalidade com que vai entrar no mercado, pois disso dependerá muito o futuro da

exportação. Escolher os tipos de entrada para comercialização para o comércio

exterior significa definir a forma de estratégia de distribuição cuja se anseia optar

entre os canais diretos ou indiretos.

Vasconcellos e outros (2008) enfatizam que diante a diversidade dos

mercados internacionais, as diferenças que existem entre os mercados deve ser

analisada em uma dimensão de interligações comercias e logísticas onde ocorre o

fluxo de produtos desde a sua origem até o ponto de venda no país consumidor.

Neste presente trabalho, é abordado, em especial, a exportação, modelo que será

analisado na pesquisa. Maia (2011) assegura que os países que adotaram o modelo

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exportador, progrediram mais que a Índia, Paquistão e Argentina, optantes do

modelo substituição das importações.

Apresentando os principais critérios que levam a escolha da melhor

forma de internacionalização, Minervini (1997) aponta algumas características do

próprio exportador, tais como: objetivos da exportação, tipo de produto, grau de

controle, disponibilidade de investimento, estrutura da empresa, a possibilidade de

acesso a recursos humanos e financeiros. Seguindo pelos demais que se referem às

características do mercado externo: sistema de comunicação, sistema de

distribuição, tipo de mercado, volumes de vendas, legislação, contratos, custos de

promoção, custos e margens de distribuição, taxas de crédito e de inflação

concentração ou dispersão de compradores. O modelo Exportador tem por objetivo

desenvolver uma atividade produtora, capaz de suprir o mercado interno e ser

competitiva no exterior. Maia (2011, p. 118) indica alguns pontos positivos a esse

modelo de internacionalização:

O crescimento da população não fica limitado ao mercado doméstico que épequeno; Como o mercado internacional é muito amplo, a produção podeser em larga escala, o que reduz custos; No mercado externo, a mercadorianacional não está protegida por atos do governo. Isso obriga o produtornacional a um constante desenvolvimento técnico, o que é bom para opróprio consumidor nacional.

Melsohn (2006) conclui definindo a exportação como a principal estratégia

de entrada no mercado internacional utilizada pelas MPE’s, pois devido a sua

dimensão apresentam carência de recursos financeiros e organizacionais,

minimizando assim o risco associado à internacionalização inserindo no cenário

internacional com esse tipo de entrada.

Bortoto e outros (2004) salientam que as exportações podem ser

classificadas como diretas, quando a empresa exportadora é quem fatura a

mercadoria internacionalizada, ou indiretas, quando a exportação é realizada por

outras empresas que adquirem produtos com a finalidade de inseri-los no mercado

internacional. A exportação direta consiste no conhecimento do processo de

exportação pela empresa em toda a sua extensão, desde a pesquisa de mercado, o

contato com o importador, a documentação de exportação, os acordos comerciais

internacionais, até as embalagens, transações bancárias específicas da exportação

e transporte (BRASIL, 2011a). A exportação indireta é realizada por meio de

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empresas estabelecidas no Brasil que adquirem produtos para exportá-los

(BORTOTO et al, 2004). Dessa maneira, a empresa que produz a mercadoria não

acompanha a comercialização externa do produto, do transporte para o país de

destino, da localização de compradores externos, de pesquisas de mercados e da

promoção do produto no exterior.

As exportações podem ainda ser com cobertura cambial, quando resulta

em pagamento pelo importador dos produtos ou serviços enviados ao exterior ou

sem a cobertura cambial, quando não há pagamento (RODAS, 1985).

De acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio

Exterior (MDIC), é válido ressaltar a importância do planejamento na atividade

exportadora, onde sua elaboração leva a relações mais estáveis entre parceiros de

comércio exterior, propiciando redução de custos de transação e maior

previsibilidade do plano exportador (BRASIL, 2011b). A propósito, o Ministério das

Relações Exteriores (MRE) acrescenta a ideia de planejamento anterior com a

seguinte sugestão:

Igualmente importante é a participação em feiras e em exposições no Brasilque são visitadas por empresários de outros países. Geralmente, nessasfeiras e exposições ocorrem importantes contatos comerciais que podemresultar em operações de exportação. Uma vez identificados os mercadosde destino e o tipo de produto que atende ao consumidor estrangeiro, aempresa que deseja ter participação ativa no mercado internacional deveráadaptar parte de sua linha de produção para gerar, de forma sistemática, osbens destinados ao mercado externo. Como decorrência, o mercadointernacional passa a estar incorporado ao dia a dia da empresa (BRASIL,2011a).

Definida a ideia de internacionalização em uma empresa, é fundamental

que a mesma conheça o processo de exportação, seguindo as etapas necessárias

para se transformar numa exportadora ativa, descritos na seção seguinte.

2.4 ETAPAS DO PROCESSO DE EXPORTAÇÃO

O Ministério das Relações Exteriores Brasil (2011) classifica as empresas

segundo as seguintes categorias: Não interessada – a empresa prefere vender

exclusivamente para o mercado nacional, mesmo que por acaso ocorra

demonstrações de interesses por clientes estabelecidos no exterior; Parcialmente

interessada – a empresa não mantém um plano consiste de exportação, mesmo

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atendendo aos pedidos recebidos de clientes no exterior; Exportadora experimental

– a venda é feita apenas a países vizinhos, por ser considerada uma extensão do

mercado interno, face à aproximação de preferências dos consumidores e hábitos,

bem como algumas normas adotadas; Exportadora ativa – os produtos são alterados

e adaptados exclusivamente para atender a demandas no exterior, onde a atividade

exportadora é parte principal dos planos, orçamento e estratégia da empresa

(BRASIL, 2011a).

2.4.1 Exportação Direta e Exportação Indireta

De acordo com Ministério do Desenvolvimento Indústria e Comércio

Exterior (MDIC), pode-se conceituar a exportação como a venda de bens, produtos

ou serviços que será consumida ou utilizada em outro país. Essa atividade pode ser

realizada de maneira direta, quando as empresas são responsáveis por todos os

procedimentos de exportação e têm o conhecimento de todo o processo, como a

pesquisa de mercado, contato com o importador, documentação de exportação,

acordos comerciais internacionais, embalagem, transações bancárias específicas da

exportação e transporte (BRASIL, 2011b).

Outra forma de exportação é a indireta, quando o processo de exportação

é executado por um terceiro agente, geralmente uma empresa de exportação. Essa

modalidade é realizada por meio de empresas estabelecidas no Brasil que compram

mercadorias de terceiros para exportá-los. Assim, a empresa que produz o produto

não se responsabiliza pela comercialização externa do mesmo, nem do transporte

para o país de destino, além de não se preocupar com a localização de

compradores fora do país, e pesquisas de mercados para promoção externa do

produto (BRASIL, 2011a).

2.4.2 Definindo produtos e destinos para o acesso ao mercado exterior

É primordial a empresa que deseja exportar, decidir qual produto que irá

negociar nos mercados estrangeiros, devendo ser identificado, dentro de sua linha

de produtos, aqueles que supram às necessidades e às preferências dos

consumidores dos mercados internacionais a serem explorados. O Ministério das

Relações Exteriores também chama atenção para assuntos de extrema importância

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como níveis de preços aplicados no exterior, processos de distribuição do produto,

capacidade de produção da empresa que almeja a internacionalização, cuidados

com a embalagem, marketing do produto, viabilidade de transporte para o mercado

alvo, exigências tarifárias e não tarifárias praticadas no local de destino e

concorrência (BRASIL, 2011a).

Por isso a importância da pesquisa de mercado, pois quanto mais

informações sobre o país que se deseja exportar, menor o risco de surpresas no

decorrer do processo de exportação que podem levar ao fracasso. Seguindo essa

premissa, apresenta-se a seguinte indicação:

Nessa tarefa, as empresas brasileiras podem contar com o apoio doDepartamento de Promoção Comercial e Investimentos (DPR) do Ministériodas Relações Exteriores (MRE), que efetua pesquisas de mercado, noexterior, prepara informações sobre produtos brasileiros com potencial deexportação, identifica oportunidades de exportação e orienta exportadoressobre como exportar para este ou aquele mercado (BRASIL, 2011a).

Tão importante quanto a pesquisa de mercado é a participação em feiras

e em exposições cujas mesmas são visitadas por empresários de outros países.

Proporcionam contatos comerciais significativos que podem resultar em operações

de exportação futuras. Uma vez definidos os mercados de destino e o qual produto

que atende a demanda designada, a empresa deverá adaptar parte de sua linha de

produção, para negociar os bens destinados ao mercado externo.

Consequentemente, a empresa irá incorporar o mercado internacional à sua rotina

na produção (BRASIL, 2011a).

O Ministério das Relações Exteriores (MRE) criou o Sistema de Promoção

Comercial, objetivando conciliar a oferta das empresas brasileiras à exportação da

demanda internacional. Para promover comercialmente no exterior, o MRE

desenvolveu o Departamento de Promoção Comercial e Investimentos (DPR), tendo

em vista o crescimento e à variedade das exportações brasileiras. No exterior, o

DPR presta atendimento aos exportadores brasileiros através da rede de Setores de

Promoção Comercial (SECOMs), situados em Embaixadas e em Consulados do país

(BRASIL, 2011a).

Para melhor visualização e entendimento do processo, as fases da

exportação estão representadas no Fluxograma 1 a seguir. As etapas seguem uma

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sequência de atividades indispensáveis para iniciar uma atividade exportadora,

direcionando o desenvolvimento do processo.

Fluxograma 1 - Etapas da Exportação:

Planejamento

Disponibilidadedo Produto

Plano denegócio

Pesquisa demercado

Comunicação entreas partes

Feiras e exposições

MarketingInternacional

Capacitação de RH

Necessidades deconsumo

Rodada deNegócios

Canais dedistribuição

Definiçãodo produto

Fonte: Baseado em Brasil (2011a).

O fluxograma 1 demonstra que existem algumas etapas sequenciais que

definem o passo a passo da exportação, sendo essas: O Planejamento – onde se

estuda a possibilidade de internacionalização e quais ferramentas disponíveis de

auxílio; A definição do Produto, cujo já mencionado acima, é de suma importância

para o acesso ao mercado exterior; A pesquisa de mercado, não diferente da

relevância anterior, é preciso conhecer e definir o publico alvo; Feiras e exposições,

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34

onde serão feitos os primeiros contatos e adquiridos as primeiras informações

diretas; Rodada de Negócios, onde se reúnem os empresários que demandam e

ofertam serviços no mesmo local, para facilitar o encontro e o intercâmbio comercial

e tecnológico entre empresas, estimulando a parceria possibilitando acesso a novos

mercados; Capacitação de Recursos Humanos, nessa etapa serão feitos curso e

treinamentos para aperfeiçoar a equipe envolvida; Marketing Internacional;

Identificação das necessidades de Consumo; Disponibilidade do produto - estes três

últimos itens estão interligados para atender à demanda externa; Comunicação entre

o exportador e o importador; Canais de distribuição, onde serão definidos os agentes

de distribuição; e por fim, apresentar o Plano de negócio, onde há a elaboração do

projeto com cronograma para apresentar ao importador e aguardar sua aceitação

(BRASIL, 2011a).

2.5 INTERNACIONALIZAÇÃO DAS EMPRESAS BRASILEIRAS

A exportação tem sido vista para as empresas brasileiras como atividade

importante para o desenvolvimento e crescimento das mesmas. Leonidou (apud

ROCHA, 2002) referiu-se à exportação como pré-requisito essencial para o

crescimento, lucratividade até sobrevivência futura. O interesse do governo em

aumentar a atividade exportadora e o conhecimento ofertado de como a exportação

impacta o desempenho das empresas é extremamente relevante, não menos

importante, o comprometimento com a exportação é considerado como requisito

para o sucesso (ROCHA, 2002).

Devido à política brasileira de incentivos à exportação inaugurada na

década de 60 foi despertado o interesse de alguns pesquisadores, porém o boom

exportador foi reduzido progressivamente nos anos 80, em razão dos custos dos

incentivos, tendo passado de 37,2% em 1969, para 64,1% em 1982, justificando o

estímulo dos pesquisadores quanto o seu impacto em longo prazo (LEMOS, 1985).

Fugir de um mercado doméstico saturado foi o principal motivo indicado

pelas de empresas exportadoras. Esse motivo é frequentemente citado na literatura

internacional. Rocha (2002, p. 90) reforça os motivos da inserção brasileira no

mercado exportador:

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35

Naturalmente, os incentivos governamentais não poderiam deixar deaparecer entre os mais importantes motivos. No caso brasileiro, dado o vultoque adquiriram entre a década de 60 e a de 80. Embora tivessem sidocriados para tornar os produtos brasileiros mais competitivos em preço,mais tarde passaram a ser uma forma de compensar os exportadores porpolíticas cambiais não realistas. Curiosamente, os incentivos tornaram-semenos importantes para as empresas que efetivamente se engajaram emexportação.

De certo modo, os resultados dos estudos apresentados por Rocha

(2002) indicam que os motivos para exportar pelas empresas brasileiras são mais

reativos do que proativos. A possibilidade de reduzir riscos também foi uma

motivação para as empresas brasileiras, onde ainda segundo Lemos (1985) a

turbulência do ambiente político, social e econômico dos anos 80 fez com que a

diversificação de mercados se tornasse alternativa estratégica mais atraente.

Quanto à percepção das barreiras obstáculos encontrados pelas

empresas brasileiras na exportação, Cardoso e Dorndusch (1980) contribuem com

sua pesquisa identificando alguns fatores relevantes apresentados no Quadro 2 a

seguir.

Quadro 2 - Principais barreiras à exportação brasileira:

Barreiras CaracterísticasImpacto da experiência em exportação A falta de experiência em exportação

tende a gerar falha na percepção deproblemas

Impacto da continuidade das exportações Os exportadores estavam menospreocupados com a adequação deincentivos financeiros e concorrênciainternacional, se comparados a ex-exportadores.

Impacto do envolvimento comexportações

O envolvimento em exportaçõesmostrou-se negativamente associadoà percepção de dificuldades em fazerpropaganda e promoção emmercados externos.

Impacto da agressividade para exportar Os exportadores passivosapresentam maior consciência da suafalta de competitividade, estando osagressivos mais sensíveis a esseobstáculo.

Adequação dos incentivos governamentais A adequação de incentivos era menossatisfatória pelos exportadores menosenvolvidos e malsucedidos.

Fonte: Baseado em Rocha (2002)

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36

Nesse Quadro, os autores citados reforçam os motivos que levaram aos

principais impedimentos que dificultaram a exportação brasileira, destacando-se a

falta de experiência dos empreendedores, mostrando as possibilidades de falhas na

gestão, investimentos, competitividade e adaptação aos incentivos oferecidos.

2.6 EXPORTAÇÃO NAS MPE’S

O Ministério das Relações Exteriores (2011) informa que conforme o

relatório de Exportação Brasileira por Porte de Empresa, publicação do

Departamento de Planejamento e Desenvolvimento do Comércio Exterior (DEPLA),

faz-se notória a significativa participação de micro e pequenas empresas (MPE’s)

que se mantêm como o grupo preponderante no comércio exterior, com participação

de 45,4% no total de estabelecimentos, correspondendo a 9.973 empresas. Na

Tabela 1 será representado através de dados, o contexto acima referido:

Tabela 1 – Participação no Comércio Exterior/ exportações por porte de empresa

Porte da empresa N° Operadores Valor U$Micro Empresa 4.556 225.452.235Pequena Empresa 5.417 1.806.976.815Média Empresa 5.710 8.819.000.104Grande Empresa 5.791 244.782.186.156Pessoa Física 472 405.953.123Não definido 1 6.335Total 21.947 256.039.574.768Fonte: Brasil (2011a)

Nota-se na Tabela acima, que a soma da participação no mercado

externo das micro e pequenas empresas, supera o numero de envolvimento das

grandes empresas Acerca do relatório de exportação por porte de empresa,

constata-se que do total de 9.973 micro e pequenas empresas exportadoras, 5.551

pertencem ao setor de indústrias e 4.599 representam o setor de comércio e

serviços. No que diz respeito ao valor exportado, o setor de indústria movimenta

64,5% do valor total do grupo. A receita de exportações das MPEs não é

representativa no contexto nacional, entretanto, sua participação crescente dessa

categoria no número global de empresas com atuação no comércio exterior vem

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37

crescendo significativamente com capacidade de geração de renda da população

brasileira (BRASIL, 2011a).

Hecktheuer e Palmeira (2006) abordam o conceito das MPE’s como

sendo caracterizada pela baixa intensidade de capital, forte presença de

proprietários, sócios e membros da família como mão de obra ocupada nos

negócios, poder decisório centralizado, estreito vínculo entre os proprietários e as

empresas, não se distinguindo, principalmente em termos contábeis e financeiros,

pessoa física e jurídica, e registros contábeis pouco adequados. Entretanto, as

informações apresentadas pelo SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO E

PEQUENAS EMPRESAS (2014), afirmam que a estratificação das empresas

brasileiras segundo seu tamanho, tem adotado como critério de classificação o

número de pessoas ocupadas e o faturamento/ receita. Tomando como base essa

classificação feita pelo SEBRAE, uma micro empresa é associada à faixa de 1 a 19

pessoas ocupadas, enquanto as pequenas empresas à de 20 a 99 pessoas. O

principal destino das exportações das MPE’s são os países que compõem a

Associação Latino-Americana de Integração (ALADI).

Somente em 2011, 38,2% (US$ 776,2 milhões) das exportações desseporte de empresas se dirigiram aos países do bloco. Para o MERCOSUL, asMPEs exportaram US$ 428,9 milhões, equivalente a 21,1% do total dasexportações do segmento. Quanto às empresas de porte médio, o principaldestino das vendas externas também foi a ALADI, com participação de35,2%, respondendo por exportações de US$ 3,104 bilhões do total doporte que somou US$ 8,819 bilhões (BRASIL, 2011a).

A Região da Grande Florianópolis registrou US$ 198 milhões em

exportações no ano de 2013 e importou US$ 1,8 bilhões, segundo dados da

Federação das Indústrias de Santa Catarina (2014), representados pela Tabela 2

abaixo:

Tabela 2: Balança Comercial em 2013 (US$):

(continua)Municípios Exportações Importações SaldoÁguas Mornas 1.073.232 1.052.051 21.181Alfredo Wagner 573.748 0 573.748Antônio Carlos 0 1.868.308 -1.868.308Biguaçu 7.066.336 6.338.250 728.086Florianópolis 21.888.259 570.069.750 -548.181.491

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38

Tabela 2: Balança Comercial em 2013 (US$):

(conclusão)Municípios Exportações Importações SaldoPalhoça 7.501.701 393.524.554 -386.022.853Paulo Lopes 232.679 95.507 137.172Rancho Queimado 20.953 0 20.953Santo Amaro daImperatriz

1.323.407 5.292.266 -3.968.859

São José 112.741.294 630.879.177 -518.137.883Tijucas 34.895.825 149.972.002 -115.076.177Fonte: Brasil (2011b)

Como se observa na Tabela 2, a região da Grande Florianópolis, tem

relevante participação na balança comercial brasileira, reforçando o motivo do

presente trabalho, em optar por analisar uma empresa local.

2.7 BENCHMARKING E OS BENEFÍCIOS DE SUA UTILIZAÇÃO

Uma das definições mais comum de benchmarking, segundo Spendolini

(1993), é o processo contínuo e sistemático de avaliação de produtos e processos

de trabalho em organizações que são reconhecidas como modelos das melhores

práticas, com o objetivo de melhoria organizacional.

A ferramenta benchmarking surge na década de 70, sendo um marco

importante na empresa Xerox3, onde iniciou um processo sistemático de pesquisa

sobre os processos de gestão e produção realizados em empresas concorrentes

além de outras organizações mais fortes de reconhecimento no mercado, em

determinados setores (CAMP, 1998). Durante a década de 80, este conceito foi

difundido em todo mundo e na década de 90 o seu uso estendeu-se, principalmente,

em organizações norte-americanas e europeias com o lançamento do livro

“Benchmarking: The Search for Industry Best Practices That Lead to Superior

Performance”, por Robert C. Camp em 1989, sendo posteriormente lançado no

Brasil com o título “Benchmarking: O Caminho da Qualidade Total” (CAMP, 1998).

3 Xerox Corporation é uma empresa americana baseada em Stamford (Connecticut) atuante no setorde tecnologia da informação e documentação. É mundialmente conhecida como o inventorda fotocopiadora. Também é comum, no Brasil, o uso da palavra xerox ou xérox como sinônimo demáquina fotocopiadora ou de fotocópia, assim como o uso do verbo xerocar como sinônimo de fazeruma fotocópia.

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Benchmarking é uma das ferramentas de gestão organizacional com

maior utilidade, cujo de acordo com Araújo (2001) permite explorar, compreender,

analisar e utilizar as soluções de uma empresa, concorrente ou não, diante uma

situação para que se possam vislumbrar oportunidades e ameaças, podendo ser

visto como um processo de investigação. Essa técnica revela as melhores práticas

de uma organização conhecida como destaque de seu ramo, usando-a como

referencial, no intuito de promover a perspectiva do que pode ser melhorado para

equiparar a qualidade do processo, prática ou produto similar que esteja sendo

executado de maneira mais eficiente e eficaz, visando programar e implementar

melhorias significativas na empresa em ascensão de mercado. Seu fundamento é

explorar o desconhecido para transformar o resultado numa ação empreendedora

(ARAÚJO, 2001).

2.7.1 Princípios do Benchmarking

A base metodológica do benchmarking é formada por quatro princípios,

que de acordo com Watson (1994), são respectivamente: reciprocidade, analogia,

medição e validade. Estes devem ser observados cuidadosamente, pois caso os

mesmos não sejam bem compreendidos e adotados, acarretarão em resultados

negativos que poderão comprometer consideravelmente a entidade. Para melhor

compreensão, o Quadro 3 seguinte, apresenta os atributos de cada um.

Quadro 3 - Princípios do Benchmarking:

Princípio Características

ReciprocidadeProcesso baseado em reciprocidade, trocas. As empresas ouentidades atuam em parceria, compartilhando informações comhonestidade e ética, visando resultados proveitosos para ambas.

Analogia

Envolve análises de processos operacionais ou quaisquer outrasvertentes e práticas similares para comparar e adaptar osresultados da empresa envolvida.

Medição

Consiste em comparações de desempenho, sendo esta a suaessência. Justamente a capacidade de observação e medição doprocesso é que permitirão a empresa identificar as oportunidades emelhores resultados para aperfeiçoamento.

ValidadeTodos os envolvidos devem se basear em fatos. Para alcançarmelhorias significativas, os dados precisam ser válidos, levando aconvicção e veracidade das amostras ou informações obtidas.

Fonte: Baseado em Araújo (2001, p. 190-191).

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40

Os princípios citados no Quadro 3, concernem-se à essência da aplicação

da ferramenta; a parceria honesta e ética, a semelhança das práticas para estudo, a

comparação acerca do desempenho e veracidade dos fatos. Devendo-se, portanto,

exercê-los impreterivelmente para não prejudicar os resultados da análise proposta.

A adoção dos respectivos princípios consiste numa boa prática do benchmarking e

consequentemente, resultará numa proposta eficiente para melhoria do processo

analisado.

2.7.1.1 Código de Ética

Não menos importante, ainda se tratando de princípios, faz-se necessária

a atenção ao denominado “Código de Ética do benchmarking”, assim chamado por

Watson (1994). O autor sustenta a ideia de que para obter sucesso, não é relevante

apenas a observação dos requisitos anteriormente mencionados, mas também a

criação de uma relação forte e confiável entre os parceiros, vez que a ferramenta se

baseia numa investigação e coleta de dados para a potencialização organizacional.

Em concordância com o ponto de vista anteriormente referido, Araújo

(2001) ressalta algumas premissas do código, tais quais: (a)Legalidade, onde deve

haver anuência ou assentimento do parceiro com a empresa que promoverá o

estudo;(b)Troca, quando os parceiros se agregam na análise objetivando resultados

benéficos para ambas às partes; (c)Confidencialidade, não poderá ser revelada a

nenhuma outra empresa as informações confiadas pelo seu parceiro; (d)Uso, os

dados obtidos serão de uso exclusivo para o propósito do aprimoramento de

processos através do benchmarking; (e)Primeiro contato, este será sempre iniciado

com os responsáveis diretos do objeto de estudo; (f)Terceira parte, somente sob

autorização prévia do parceiro é que poderá ser compartilhada sua identidade;

(g)Preparação, todo o trabalho preparatório do benchmarking e pesquisa

aprofundada da própria empresa deve estar concluído antes de contatar o parceiro;

(h)Conclusão, os compromissos deverão ser cumpridos e satisfatórios mas para

tanto, se faz necessário certificar a viabilidade dos resultados antes de assumir o

acordo; (i)Compreensão e ação, antes de iniciar o estudo, deverá haver claro

entendimento e um acordo formal entre as empresas para que após a aliança

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41

firmada com as respectivas diretrizes, todo o trato será honrado e o manuseio das

informações será de acordo com a vontade do parceiro (ARAUJO, 2001).

2.7.2 Tipos de Benchmarking

Spendolini (1993) esclarece que o benchmarking pode ser interno, ou

seja, dentro da própria empresa e externo, quando há análise de atividades de um

parceiro. O processo não se restringe à investigação visto que o objetivo principal é

a identificação e análise das melhores práticas, ocasionando assim, tipos distintos,

além de outros diversos fatores igualmente considerados.

Acerca do benchmarking interno, o seu propósito fundamental é o de

identificar o grau de desempenho, bem como reunir informações sobre a

organização em si, podendo ser utilizado numa posterior avaliação de benchmarking

externo.

No que tange ao externo, Araújo (2001) ressalta a diferenciação de dois

tipos de benchmarking: o competitivo, onde existe uma vantagem sobre os

concorrentes em razão da identificação das melhores práticas e o posicionamento

que oportuniza aos produtos e serviços após a obtenção de dados, e o funcional ou

genérico, do qual o intuito é o de promover a atividade de pesquisa sem advir de um

objeto exclusivo em interesse pela empresa interessada no processo.

Em contrapartida, o Tribunal de Contas da União (TCU) identifica outros

três tipos de benchmarking após uma auditoria organizacional que são: o

Benchmarking Organizacional, o de Desempenho e o de Processo (BRASIL, 2000).

O Quadro 4 a seguir, mostra de maneira sintetizada a visão dos autores

sobre os diferentes tipos de benchmarking.

Quadro 4 - Tipos de Benchmarking:

(continua)Tipo Definição Vantagens

Interno Atividades similares emlocais e departamentosdistintos.

Facilidade na coleta dedados e bons resultadospela pratica em outrossetores já excelentes.

Competitivo Concorrentes diretos. Informações relevantes parao resultado almejado epráticas/tecnologiascomparáveis.

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Quadro 4 - Tipos de Benchmarking:

(conclusão)Tipo Definição Vantagens

Funcional(genérico)

Organizações reconhecidaspelos produtos, processos eserviços.

Potencial para descobrirpráticas inovadoras,desenvolvimentos das redesde contato e resultadosestimulantes.

Organizacional Estrutura organizacional eestratégica com diferentesabordagens para solução deproblemas

Gera novas ideias,identificando oportunidadespara melhorias, permiteconhecer boas práticas,contextualizando asinformações obtidas noestudo.

De Desempenho Indicadores qualitativos,produtividade, custos,eficiência, e utilização derecursos.

Identifica as diferençasrelevantes no desempenho,questionando sua existênciae incentivando a melhora nopadrão de desempenho.

De Processo Procedimentos, sistemasgerenciais e processosadministrativos.

Enfatiza a existência deboas práticas, emitindorecomendações sobre osprincipais procedimentospara alcançar patamares deexcelência (tal qualconcorrentes reconhecidos).

Fonte: Spendolini (1993. p. 18); Brasil (2000 p. 09).

O Quadro acima apresenta quais os tipos de análises que podem ser

realizadas através da aplicação do benchmarking. A sua definição será feita

conforme as características necessárias para o estudo, sendo que esse último

identificado no quadro, o benchmarking de Processo, foi o escolhido e utilizado para

o desenvolvimento do trabalho que se encontra melhor definido e detalhado no

desenvolvimento do plano de ação exposto no capítulo 3.

2.7.3 Metodologia de Estudo do Benchmarking

Algumas fases devem ser consideradas para a aplicação do

benchmarking que englobam o conceito do ciclo PDCA (Planejar, Executar,

Observar e Corrigir). Conforme Spendolini (1993), a metodologia é utilizada para

enfatizar o objetivo principal do benchmarking, ou seja, a melhoria do processo em

análise. A Figura 1 representa a aplicabilidade da mesma no conteúdo proposto.

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Figura 1 - A metodologia do benchmarking:

Fonte: Baseado em Spendolini (1993. p. 11).

De acordo com a Figura 1, observa-se uma sequencia de ações que

devem ser efetuadas de maneira ordenada e sistêmica para alcançar o objetivo

almejado da pesquisa, começando pelo planejamento e seguindo até a adaptação e

efetivação de práticas para melhoria do processo. A caracterização de cada etapa

está definida no decorrer do estudo do benchmarking na empresa Aroma da Terra

descrito nos capítulos seguintes para melhor compreensão. A aplicação

do benchmarking, sob a perspectiva de avaliação de desempenho das atividades da

empresa Aroma da Terra, é defendida neste trabalho como um importante

instrumento gerencial.

Portanto, diante as constatações apresentadas anteriormente, mostra-se

de grande relevância a pesquisa realizada. Dessa maneira, a fundamentação teórica

explanada concede base para as próximas sessões do trabalho, nas quais consta a

apresentação e análise de dados referentes ao estudo de caso realizado na região

da Grande Florianópolis com MPE Aroma da Terra que demonstrou interesse em

concretizar seu projeto de exportação.

Conhecer oProcesso.

Definir tipo debenchmarking,com base nosdadoscoletados.

Avaliar,compreender,medir,comparar.

Práticas denegócio,produtos,serviços.

Estabelecermetas eobjetivos paramelhorar oprocessoanalisado.

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44

3 APRESENTAÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Na seção anterior apresentou-se o embasamento teórico obtido por meio

da pesquisa bibliográfica e documental relacionada ao trabalho proposto. Esta

fundamentação possibilitou conhecer e descrever os principais conceitos e modelos

de internacionalização de empresas, identificar as etapas da exportação e como ela

se comporta no mercado brasileiro, bem como conhecer a ferramenta benchmarking

e os benefícios de sua aplicação. Com base nessas informações foi possível coletar

os dados necessários da pesquisa e analisá-los. Desse modo, este capítulo se inicia

com uma breve apresentação das exportações no mercado de cosméticos no Brasil,

seguido da descrição do processo de internacionalização de uma empresa nacional,

tida como referência no ramo. Posteriormente serão mencionados os mecanismos

de exportação com base no benchmarking para internacionalização da empresa

Aroma da Terra, juntamente com a descrição de sua caracterização para enfim,

apresentar um plano de ação através dos resultados obtidos na pesquisa.

3.1 APRESENTAÇÃO DAS EXPORTAÇÕES NO MERCADO DE CÓSMÉTICOS

NO BRASIL

O Brasil vem registrando crescimento significativo no universo de

cosméticos, considerado um segmento extremamente dinâmico. A pesquisa

realizada pelo Euromonitor4 aponta que o Brasil é o terceiro maior mercado mundial

em cosméticos, estando atrás somente dos Estados Unidos e Japão. Confirmando

essa estatística, em 2012, o setor faturou US$ 42 bilhões no país, significando um

crescimento de 87% desde 2007 (EUROMONITOR INTERNATIONAL, 2014).

Ainda conforme o levantamento, o Brasil poderá alcançar a vice-liderança

até 2017, se mantiver o índice de crescimento. Entre 2008 e 2012, o faturamento da

indústria de cosméticos e higiene pessoal no Brasil aumentou uma taxa três vezes

superior ao crescimento global, chegando a 12,4% ao ano, como mostra o Gráfico 1,

a seguir.

4 Euromonitor International Ltd é uma propriedade privada, com sede em Londres conhecidacomo inteligência de mercado da empresa. Fornece pesquisa de mercado, relatórios de inteligênciade negócios e os dados de pesquisa para as indústrias.

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Gráfico 1 – Ranking mundial da indústria de cosméticos:

Fonte: Euromonitor (2014)

O Gráfico acima mostra o bom desempenho do país em relação ao

mercado mundial, estando atrás somente dos Estados Unidos e China

respectivamente. Apresenta também o ranking das principais categorias brasileiras,

no ramo de cosméticos, mais vendidas no mundo. Mesmo sendo o 3º maior

mercado de cosméticos e higiene pessoal do mundo, como apresentado na figura

anterior, o país é apenas o 15º colocado quando se analisa somente o volume de

vendas de produtos premium5. Ainda é modesto o consumo desses produtos, em

detrimento de produtos considerados de massa, sendo essa uma particularidade

relevante ao mercado brasileiro (BANCO NACIONAL DE DESENVOLVIMENTO

ECONÔMICO E SOCIAL, 2014).

Para que se possa compreender essa ascensão do Brasil no ranking

mundial, é necessária uma breve análise do comportamento do país no mercado

internacional nos últimos anos, demonstrado na Tabela 3.

Na representação abaixo, são apontados os déficits e superávits do país

nos últimos 10 anos, conforme oscilação econômica no Brasil, como a depreciação e

posterior valorização da moeda em vários momentos, resultada de planos de

Governo diferentes.

5 Classificação do Eromonitor International

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Tabela 3 – Balança Comercial Importações X Exportações:

BALANÇA COMERCIAL (US$'Milhões)HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E COSMÉTICOSAno Importação Exportação Saldo2003 171 295 1242004 180 387 2072005 236 473 2372006 317 564 2472007 409 617 2082008 506 725 2192009 493 662 1692010 744 775 312011 942 877 -652012 1.037 843 -1952013 1.195 783 -4122014 1.071 798 -272%Cresc.Últimos10 anos

495,6% 106,3%

% Cresc.MédioÚltimos10 anos

19,5% 7,5%

Fonte: Baseado em Associação Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos(2014).

A tabela acima mostra a balança comercial dos produtos de Higiene

Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, o que demonstra um crescimento médio

composto de 7,5% a.a. nas exportações entre 2004 e 2014, e as importações de

19,5%a.a. no mesmo período, referente aos últimos dez anos. A diferença na

balança comercial é justificada conforme relatório apresentado pela Associação

Brasileira da Indústria de Higiene Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (2014):

Até 1994, o país manteve superávits em sua Balança Comercial entre 10 e15 bilhões de dólares. [...] Em 2001, o real foi novamente desvalorizado,principalmente devido à crise econômica na Argentina, provocando umsuperávit de US$ 2,7 bilhões. Seguiu-se em 2002 outra forte depreciação doReal incrementando o superávit para US$ 13,2 bilhões, em 2003 o superávitfoi de US$ 24,9 bilhões. De 2004 a 2006, apesar da valorização do real, osuperávit apresentou crescimento, atingindo US$ 46,5 bilhões em 2006. Em2014 o déficit foi de US$ 4 bilhões

Como observado, mesmo que as importações tenham apresentado um

maior percentual nas participações do mercado mundial de cosméticos em razão do

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cenário econômico nacional ter sido mais propício para essa atividade, ainda assim,

é notório o crescimento das exportações nos últimos anos, sendo esse o alvo para

continuidade da pesquisa: a possibilidade de expandir os negócios para o mercado

estrangeiro. Dessa maneira, a próxima subseção apresenta os dados de exportação

voltados especificamente para as micro e pequenas empresas, que é o objeto do

estudo de caso do presente trabalho.

3.1.1 Exportação do mercado de cosméticos nas MPE’S

Conforme apontado no referencial teórico acerca do contexto da

exportação nas MPE’s, conclui-se que a tendência de aquecimento no setor de

cosméticos e higiene pessoal, juntamente com incentivos governamentais têm

despontado um forte interesse nas micro e pequenas empresas em abranger seu

mercado para o exterior. O Programa de Desenvolvimento Setorial de Higiene

Pessoal, Perfumaria e Cosméticos, é um exemplo do referido incentivo, que em

parceria com Agência Brasileira de Desenvolvimento Industrial (ABDI) e o SEBRAE,

buscam desenvolver nas empresas desse ramo, de maneira sustentável, acesso e

adequação ao mercado, além de apresentar inovação e avanços em tecnologia,

através da gestão e divulgação de conhecimento, proporcionando assim, um

fortalecimento às MPE’s do setor que aderirem ao programa (ASSOCIAÇÃO

BRASILEIRA DA INDÚSTRIA DE HIGIENE PESSOAL, PERFUMARIA E

COSMÉTICOS, 2014).

Outro aspecto relevante para empreendedores do mercado de cosméticos

são os altos faturamentos com as exportações nos últimos anos, enfatizando a

crescente demanda pelos produtos brasileiros.

Segundo dados divulgados pela Associação Brasileira da Indústria deHigiene Pessoal (ABIHPEC), Perfumaria e Cosméticos, o percentual decrescimento das exportações desses produtos nos últimos 10 anos é de293,5. Nos últimos 16 anos, o faturamento deste setor passou de R$ 4,9bilhões para R$ 29,4 bilhões. Em 2012 o Brasil faturou US$ 42 bilhõesnesse setor em 2012 (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS MICRO EPEQUENAS EMPRESAS, 2014).

Em concordância com as propostas anteriores, encontra-se também apoio

na Agência Brasileira de Promoção de Investimentos (APEX-BRASIL), que junto

com a ABIHPEC se esforçam para aumentar ainda mais as exportações desses

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48

produtos. Para tanto é fundamental conhecer os principais mercados que compram

os produtos nacionais. O Gráfico 2 abaixo, elaborado em 2003 pelo Ministério do

Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior mostra quais eram os principais

destinos das exportações nas micro e pequenas empresas brasileiras, estando em

primeiro lugar a União Europeia, seguida dos Estados Unidos e Mercosul (BRASIL,

2011b).

Gráfico 2 – Relação dos principais parceiros das exportações nas MPE’s:

Fonte: Baseado em Brasil (2011b); Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas(2014).

Em contrapartida, analisando o mesmo Gráfico, observa-se que o cenário

mudou nos últimos anos, cujos principais blocos de destino das exportações das

MPE’s atualmente são: (1º) Mercosul (26%), (2º) Aladi (18%), (3º) União Européia

(17%),( 4º) Estados Unidos e Canadá (15%); (5º) Ásia-Pacífico (10%) e (6º) Demais

países (15%). Tais informações foram apresentadas no relatório anual do SEBRAE

em 2012. Ainda que com fraco desempenho econômico, a Argentina é principal

parceiro do Brasil no Mercosul, seguida de outros países da América Latina cujo

crescimento econômico esperado para 2015 supera o brasileiro como o Chile,

México, Paraguai, Colômbia, Bolívia e Peru (SERVIÇO BRASILEIRO DE APOIO ÀS

MICRO E PEQUENAS EMPRESAS, 2014).

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49

Constituídos os alvos em potencial de mercados para exportação dos

produtos da Aroma da Terra, faz-se necessário uma identificação minuciosa do perfil

dos clientes e consumidores atuais e potenciais, bem como a definição das etapas

para internacionalização que podem ser utilizadas para atender e alcançar esses

mercados. A próxima seção do trabalho descreve como ocorreu o processo de

internacionalização na empresa Natura para comparação de organização da

empresa foco do estudo e posteriormente, com base no benchmarking, apresentar

um plano de ação para a empresa Aroma da Terra de como concentrar seus

investimentos, suas ações e seus esforços de marketing e vendas nos produtos,

mercados, canais e instrumentais que lhe proporcionem maior probabilidade de

aceitação, compra e, principalmente, fidelização de consumidores estrangeiros.

3.2 DESCRIÇÃO DO PROCESSO DE INTERNACIONALIZAÇÃO DA NATURA

As informações a seguir foram obtidas através de pesquisa bibliográfica e

documental utilizando-se o benchmarking de Processo e obedecendo ao Código e

Ética, cujas informações aqui descritas foram disponibilizadas pela própria empresa

Natura, em seus relatórios anuais e serão utilizadas exclusivamente para obtenção

de resultados positivos na empresa Aroma da Terra sobre seu processo de

internacionalização.

3.2.1 Caracterização da empresa

Antônio Luiz da Cunha Seabra trabalhava na empresa multinacional

Remington Rand do Brasil, se desligando em 1966, para ingressar no laboratório

Bionat, que pertencia a Pierre e Catherine Berjeaut. Com as primeiras experiências

adquiridas no ramo dos cosméticos, Seabra juntamente com Jean-Pierre Berjeaut,

filho de Pierre e Catherine, fundam a Natura em 28 de agosto de 1969 (SOUTO,

2011). A empresa foi inicialmente constituída com o nome de Indústria e Comércio

de Cosméticos Berjeaut, passando a razão social da empresa para Indústria e

Comércio de Cosméticos Natura Ltda. somente em janeiro de 1970.

A partir de 1973, a Natura começou a distribuir seus produtos através de

pequenos representantes em algumas cidades do Brasil, entre eles a Jewel (RS), a

Esteticenter (SP) e a Natubel (RJ). Neste mesmo ano, a fábrica da Natura foi

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50

transferida para o bairro de Valo Velho (SP), tendo uma produção de 600

unidades/mês de produtos para o corpo, rosto e cabelos (SOUTO, 2011).

A opção pela venda direta ocorre em 1974, onde reconhecem que a força

do contato pessoal e das relações levavam os produtos à casa de mais

consumidores e, consequentemente, atraía mais lucros. Já preocupados com

compromisso de equilíbrio com a vida no planeta, em 1983 foi a primeira empresa de

cosméticos a oferecer refil de produtos. Com o passar dos anos de aperfeiçoamento

e crescimento econômico da empresa, em 2004 a Natura abre capital na

BM&FBovespa., sendo que no ano seguinte é criado O Movimento Natura para

incentivar as consultoras a se engajarem em causas socioambientais, atuando como

agentes de transformação nas comunidades onde vivem. Inaugurado pela Natura

em 2014, o Ecoparque em Benevides (PA), é um complexo industrial que pretende

gerar negócios sustentáveis a partir da sociobiodiversidade amazônica e impulsionar

o empreendedorismo local (NATURA COSMÉTICOS S.A., 2014).

Com sede em Cajamar (SP), a Natura é a maior empresa do Brasil do

setor de higiene pessoal, perfumaria e cosméticos e também no segmento da venda

direta, com forte presença na América Latina, trabalhando em operações com a

Argentina, Chile, México, Peru, Colômbia e França. Os produtos chegam, ainda, à

Bolívia, por meio de distribuidores. A estrutura se completa com oito centros de

distribuição no País e seis nas Operações Internacionais que movimentam em torno

de 62,3 mil pedidos de Consultoras e Consultores Natura (CNs) por dia.

Atualmente, fazem parte dessa cadeia, aproximadamente, 7 mil colaboradores, 1,6

milhão de CNs e quase 14 mil Consultoras Natura Orientadoras (CNOs), além de

mais de 5 mil fornecedores e terceiros e 32 comunidades agroextrativistas.

Alcançando cerca de 100 milhões de consumidores, equivalentes a 58,5% dos lares

brasileiros atendidos pelo menos uma vez ao ano (NATURA COSMÉTICOS S.A.,

2014).

A Natura evidencia o acerto de suas estratégias competitivas tendo sua

marca uma das mais valorizadas no Brasil e no exterior. A empresa é uma

companhia integrada que desenvolve e fabrica produtos de higiene e beleza,

distribuindo e comercializando os mesmos. Líder de mercado, em 2010 atingiu a

participação de 14,4% no mercado brasileiro, o terceiro maior no mundo

(EUROMONITOR, 2014; NATURA COSMÉTICOS S.A, 2011).

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51

3.2.2 O processo de internacionalização

Em razão da proximidade geográfica e cultural, a atividade inicial de

internacionalização da Natura ocorreu em 1982, através da implantação da

operação chilena por meio da empresa de distribuição Jambar y Cia que importava

os produtos, caracterizando o primeiro mercado externo alcançado. A escolha,

porém foi precipitada, cujo obteve resultados bastante baixos nos primeiros anos,

devido a pouca identificação do distribuidor local com o perfil da empresa. Além

disso, outros fatores contribuíram para o insucesso desta primeira tentativa, tais

como a constante rotatividade da equipe responsável pela gerência no Chile e a

necessidade de adequação às políticas comerciais chilenas de exigências

orçamentárias, o que impossibilitava reduzir os preços ao nível dos concorrentes

(PAAVOLA, 2007). Diante essa constatação, a Natura decidiu transformar a unidade

chilena em filial e encerrar o acordo com o distribuidor.

Somente em 1994 houve a segunda inserção no mercado estrangeiro

quando a Natura contratou um ex executivo da então oponente AVON, para

gerenciar a iniciativa e implantar as vendas na Argentina. A escolha desse

profissional ocorreu em função da falta de recursos humanos para dedicação à

operação no país vizinho, em virtude de um forte crescimento econômico no Brasil.

Mais uma vez a empresa não conseguiu o êxito almejado na internacionalização,

pois a alta rotatividade das revendedoras juntamente com os baixos volumes de

venda significou um forte obstáculo no processo, resultando na necessidade de

reavaliação das estratégias de vendas na Argentina em 1998 (PAAVOLA, 2007).

Durante essa fase de reavaliação, foram estabelecidos centros de

distribuição e a empresa Natura promoveu a formação de consultoras de vendas

(CNs), firmando operações próprias de comercialização na Argentina, Chile, Peru e

em Portugal. Na Argentina, enviou nova equipe de gestão para assumir não apenas

a logística e cadeia de fornecimento, mas toda a operação, contudo a atividade só

apresentou lucros quatro anos depois quando houve a desvalorização da moeda

argentina. Por falta de coordenação, obteve em Portugal um processo mal sucedido.

A compatibilidade cultural e proximidade física foram pontos decisivos no propósito

de internacionalizar os produtos para América Latina e Portugal, porém o fracasso

na relação luso-brasileira levou a empresa a descobrir a relevância em averiguar as

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52

diferenças culturais antes de firmar um acordo comercial (GRACIOSO; NAJJAR,

2000).

O terceiro ciclo de internacionalização na Natura teve início em 2000,

sendo uma fase de investimentos em infraestrutura, capacitação e inovação. Diante

das transformações, a Natura percebeu que a sua marca já não correspondia ao

movimento vivenciado pela empresa, havendo a necessidade de mudança do

logotipo para transmitir a filosofia do “Bem Estar Bem”. Contrataram então uma

empresa inglesa especializada em consultoria para realizar pesquisas sobre a

impressão da marca e imagem da mesma. Após pesquisas qualitativas e definida a

nova imagem da marca, conforme a Figura 2, a empresa investiu em processos de

lançamento para o público e preparo das consultoras para que a substituição da

marca antiga dentro da empresa ocorresse de maneira gradual e através de

embalagens e divulgação da marca para o público externo.

Figura 2 - Mudança da marca:

Fonte: baseado em GRACIOSO; NAJJAR (2000, p. 5).

A figura confirma a conclusão das pesquisas realizadas que identificou

que a marca precisava de leveza e passar a imagem de movimento, modernidade e

segurança para seus clientes. Dessa maneira, a marca anterior que demonstrava

estática, com um traçado mais pesado e tradicional, foi sobreposta pela novidade

com grande aceitação dos consumidores (GRACIOSO; NAJJAR, 2000).

Com base nas experiências anteriores onde suas incursões nos países

não foram como esperadas, em 2004 a Natura compreende a necessidade de

desenvolver um planejamento para prosseguir na sua internacionalização. Dessa

maneira foram levantadas algumas possibilidades a serem analisadas com o intuito

de não cometer os mesmos erros do passado.

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Quatro alternativas foram discutidas, a fim de garantir a eficácia do

processo de internacionalização, focando na gestão da empresa, tendo como

opções: implantar equipe da Natura autônoma, com poder de decisão tendo um

responsável pelas operações, subordinado aos proprietários; criar regionais

responsáveis pelas vendas, comunicação, logística, canais de distribuição com

gerentes administrativos e de marketing; criar um modelo estrutural centralizado e

organizado por marcas, com equipe multifuncional responsável pela estratégia de

marketing para promoção da marca; ou inspirado na Procter&Gamble (P&G),

buscaria atender às necessidades dos clientes e pelas marcas do portfólio mais

adequadas ao mercado de atuação (PAAVOLA, 2007).

Havia um grande interesse em explorar as possibilidades dos países ricos

com alto poder de consumo, além do fato de que estar presente na Europa e

Estados Unidos, valorizaria mais a marca no Brasil. Diante disso, segundo Paavola

(2007), o executivo na Natura Philippe Pommez, então responsável pela expansão

internacional, foi incumbido de reunir dados sobre esses países. Fez então uma

pesquisa de mercado no Canadá, EUA, França, Alemanha, Itália, Inglaterra,

Portugal, Espanha, Rússia e Japão, sempre buscando analisar a situação

econômica, o mercado de cosméticos, as preferências do público e as possibilidades

de aceitação do produto. Estudos sobre os principais concorrentes Avon, Unilever,

Boticário, L’oréal, Dior, Shiseido, Oriflan e Davidoff, também foram realizados,

considerando as linhas de produção, público-alvo e o tipo de venda mais utilizada

por cada um deles.

Após a conclusão das pesquisas e sucessivas reuniões, a empresa

definiu as questões do planejamento inicial. A França foi o país escolhido para o

novo processo de internacionalização. Foi então apresentada linha Ekos (chamada

na Europa de Ekos Natural) que objetivava se legitimar diante a demanda na

França, como uma proposta inovadora de originalidade nacional, produzindo

mercadorias diferenciadas das já consumidas pelos franceses. O modelo de

internacionalização, atualmente, ainda está em aberto para permitir o aprimoramento

sempre que necessário, contudo, apostaram na venda direta e selecionaram uma

equipe da Natura no local, com autonomia de decisão e visão de

empreendedorismo, na tentativa de evitar tornar a organização burocrática. Ao

mesmo tempo, houve um aumento nos investimentos na América Latina, seguindo

os modelos iniciais utilizados no Chile e Argentina, com operações próprias no Local.

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54

Philippe Pommez passou a ser o consultor da empresa desde a apresentação

eficiente de sua pesquisa (PAAVOLA, 2007).

Conforme dados da Natura Cosméticos S.A. (2014) a abertura das

negociações com México, ocorreu em 2005 e sucessivamente na Venezuela e

Colômbia, nos anos consecutivos. Em 2008, já havia parceria comercial em sete

países, entretanto para facilitar à entrada no mercado europeu, a empresa decidiu

potencializar sua marca, como mencionado anteriormente sobre a apresentação da

linha Ekos, diferenciando-a apenas da abordagem através das consultoras de

venda. Durante esse período até 2011, a empresa comercializou seus produtos em

diversos países das Américas e da Europa através de operações próprias ou de

parcerias com terceiros. A Natura utiliza a diferenciação de seus produtos,

caracterizados pelo uso de componentes da biodiversidade brasileira de forma

sustentável, como estratégia de posicionamento no mercado mundial. Buscando

sempre transformar esses princípios ativos em produtos que trazem benefícios para

os cosméticos, de maneira que possam ser reconhecidos e aceitos mundialmente

(CONTADOR; STAL, 2010).

O grande diferencial observado na Natura como estratégia de negócios, a

utilização de colaboradores e consultoras. Consideradas como pilar fundamental,

alavancaram as vendas e deram base para internacionalização, que se mantém em

crescimento até os dias atuais. A Natura ressalta e reconhece a importância das

consultoras, onde mantém canal aberto para novas adesões continuamente. Para

isso, investe em Marketing e Endomarketing6 com novas possibilidades de geração

de renda para as CNs (NATURA COSMÉTICOS S.A., 2014).

Outro novo formato criado pela empresa é o de consultoria digital, que

tem atraído novas profissionais. Aproximadamente, 15 mil Consultoras Natura

Digitais (CNDs) foram registradas na Rede Natura até dezembro de 2014. A

empresa utiliza Endomarketing para aprofundar o entendimento sobre vários perfis

de consultoras, obtendo maior ênfase nesse modelo, que mantém as CNs como elo

intermediário entre a empresa e o cliente final. Além disso, investe em treinamentos

e capacitações para que elas possam gerar cada vez mais negócios em rede,

representadas nos Gráficos 3 e 4 a seguir (NATURA COSMÉTICOS S.A, 2014).

6 Endomarketing é um conjunto de ações de marketing institucional dirigida para o público interno(colaboradores, fornecedores, acionistas, vendedores) das corporações.

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Gráfico 3 – Treinamento de Consultoras Natura no Brasil nos últimos três anos:

Fonte: Natura Cosméticos S.A. (2014)

O gráfico 3 demonstra o contínuo interesse da empresa em investir nos

treinamentos das consultoras, e estas, por sua vez, correspondem aos resultados

esperados pela Natura no Brasil, buscando cada vez mais o aprendizado e a

capacitação. O Gráfico 4 retrata o índice de treinamento a nível internacional.

Gráfico 4 – Treinamento de Consultoras Natura em Operações Internacionais nos

últimos três anos:

Fonte: Natura Cosméticos S.A. (2014).

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56

Observa-se no Gráfico 4, uma diminuição das participações nos

treinamento desde 2012, justificando-se essa diferença pelo nível de deslealdade7

ter aumentado nos últimos três anos, acerca da permanência das CNs na empresa.

Embora a remuneração seja atraente, a cultura e realidade econômica dos países

analisados contribuíram para essa defasagem, mas ainda assim, a Natura procura

manter equilibrado o padrão e percentual de capacitações anuais, por acreditar na

importância desse aprimoramento constante das colaboradoras. Nesse último

gráfico, em função das especificidades dos modelos do México e da França, o

indicador não é monitorado (NATURA COSMETICOS S.A, 2014).

Como observado nos dois gráficos, a Natura acredita que o investimento

contínuo na capacitação de seus CNs, será revertido em eficiência e

consequentemente, lucratividade para a empresa em âmbito geral. As conclusões da

análise dos gráficos servem de base para o desenvolvimento de um projeto-piloto

em 2015, focado na qualificação das consultoras no processo de entrada e a

capacitação sucessiva.

Recentemente, a Natura passou a acrescentar o CRM (Customer

Relationship Management) no modelo de venda direta, graças aos avanços digitais,

pois parte dos investimentos promocionais foram direcionados a campanhas

segmentadas, conforme o nível de atividade das consultoras em cada ciclo e o tipo

de produtos que costumam adquirir. Dessa maneira, a comunicação ficou mais

personalizada, gerando resultados positivos na produtividade e será ampliada em

2015 (NATURA COSMÉTICOS S.A., 2014).

Garcia e Furtado (2002) apontam a realidade de uma forte barreira

econômica para as exportações quanto à exigência de um alto padrão de qualidade

dos produtos em face ao critério técnico e produtivo advindo de grandes marcas com

reconhecimento internacional como a Revlon, Estée Lauder, P&G e Shiseido. A

Natura inicia sua parceria internacional, exportando para o Chile, seguido da Bolívia,

Argentina e Peru, através de negociação com distribuidores locais.

A empresa avalia que as operações internacionais vêm-se fortalecendo

ao longo dos anos, estando integradas desde 2000 com as do mercado nacional.

Reforçando essa integração, em 2011 a Natura contou com infraestrutura,

7 O conceito de “lealdade” para a empresa Natura baseia-se nas pesquisas de satisfação respondidaspelos colaboradores/funcionários sobre os seguintes itens: interesse em permanecer na organização,contentamento no trabalho desenvolvido e compensação pela atividade realizada.

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conhecimento de mercado, lideranças, produtos, canal de vendas e redes de

relacionamento capazes de dar suporte à expansão da participação da empresa

nesses mercados internacionais. (NATURA COSMÉTICOS S.A, 2011). Para tanto,

houve maior investimento no desenvolvimento das operações internacionais no

mesmo ano em que a Natura também reestruturou as operações brasileiras

(SOUTO, 2011).

A política de substituição de importações beneficiou a empresa até

meados de 1990, onde tornava os produtos importados inacessíveis a grande parte

da população. Somente com a abertura comercial, a vinda de concorrentes

estrangeiros para o Brasil foi facilitada e muitas empresas nacionais fecharam ou

foram compradas, ressaltando a Natura no mercado nacional (CONTADOR; STAL,

2010).

Os indicadores de inovação mais recentes da companhia representados

na Tabela 4, desde 2010 são resultados do lançamento mais de 191 produtos

Natura, sendo que mais de 65% da receita da empresa foi originada de novos itens

do portfólio.

Tabela 4 - Indicadores de Inovação da Natura

Indicadores de Inovação 2012 2013 2014Volume médio diárionegociado de ações (R$milhões)

54,3 61,1 47,8

Investimento em Inovação(R$ Milhões) 154 207 2016

Porcentagem da receitalíquida investida em inovação 2,6 3 3

Fonte: Natura Cosméticos S.A. (2014).

Essa tabela indica que a inovação é cada vez mais importante em todos

os aspectos de negócios da Natura, sendo considerada primordial para a

rentabilidade da rede e sucesso contínuo no processo de internacionalização da

mesma. A direção da empresa almeja que no modelo comercial, na construção de

relacionamentos e de soluções diante dos desafios socioambientais, esteja presente

também a inovação e não apenas no desenvolvimento de produtos (SOUTO, 2011).

Nas Operações Internacionais, o plano de negócio tem como meta

acelerar a transferência das inovações e dos aprendizados, especialmente para

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Argentina, Chile e Peru nos quais os negócios já estão mais consolidados, seguindo

na expansão do canal de vendas e do nível de conhecimento da marca na Colômbia

e no México. A expectativa é que chegue ao Brasil em 2015, grandes centros

urbanos globais consumidores de um segmento premium de cosméticos em razão

do processo de crescimento da Aesop8 no mercado internacional (NATURA

COSMÉTICOS S.A, 2014).

Com base nas informações adquiridas acerca do processo de

internacionalização da empresa Natura, a próxima seção apresenta quais são os

mecanismos de exportação utilizados, aplicando o benchmarking para benefício e

aperfeiçoamento na empresa Aroma da Terra.

3.3 MECANISMOS DE EXPORTAÇÃO COM BASE NO BENCHMARKING PARA

INTERNACIONALIZAÇÃO DA EMPRESA AROMA DA TERRA

Aplicando o benchmarking de Processo, depois de realizado o

planejamento onde foi definido o objeto do estudo e o tipo de benchmarking, seguiu-

se para a coleta de dados na empresa líder de mercado no segmento de

cosméticos. Dadas às informações inicia-se a terceira etapa da metodologia dessa

ferramenta, onde os dados coletados são analisados. As boas práticas são

enfatizadas juntamente com os principais procedimentos realizados com excelência

para que se possa compará-los posteriormente à empresa Aroma da Terra, a fim de

elaborar um plano de ação para adaptação e melhorias da mesma.

Como visto na fundamentação teórica, para obter êxito no processo de

internacionalização, faz-se necessário um planejamento, seguido de algumas fases

para concluir seu empreendimento. A empresa Natura optou pela exportação direta,

sendo a mesma responsável por todos os procedimentos das exportações e tendo

conhecimento de todo o processo, apresenta relatórios anuais de como alcançou

determinada meta e os dados numéricos de todos os setores envolvidos.

Em seus relatórios, não foi mencionada a participação em feiras e

exposições, mas sabe-se da importância desses eventos para inserir uma empresa

no mercado internacional, logo esse mecanismo deverá ser aplicado pela empresa

8 Aesop é uma marca australiana do segmento premium de cosméticos, que firmou um processo deintegração bem sucedido com a empresa Natura em 2014.

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Aroma da Terra, vez que ainda não tem reconhecimento de sua marca no mercado

estrangeiro. O Quadro 5 apresenta as práticas ou mecanismos realizados pela

Natura conforme etapas da exportação já mencionadas na seção 2.4.2, para melhor

visualização do que poderá ser utilizado na empresa foco do estudo.

Quadro 5 – Mecanismos de exportação utilizados pela empresa Natura:

Mecanismos ou Etapas da Exportação

Planejamento Definição entre 4 opções para análise de gestão ealternativas de destino da exportação.

Definição do produto Produtos com componentes da biodiversidade brasileira.

Pesquisa deMercado

Estudo dos mercados dos países cogitados para aatividade, bem como análise dos concorrentes.

Rodada de NegóciosDefinidos destino e produto, há a formação de consultorese designação da equipe gestora para vendas locais,facilitando a comunicação.

Capacitação de RH Colaboradores e consultoras são continuamente treinadose capacitados

MarketingInternacional

Sustentabilidade, ampla divulgação em redes decomunicação sobre os produtos, endomarketing,divulgação através da venda direta e mudança da marca.

Necessidades deConsumo

Adaptação dos produtos face às necessidades dosconsumidores, como exemplo a Linha Ekos, na França.

Disponibilidade deProduto

Canal de vendas e redes de relacionamento (CNs) sãoresponsáveis pela expansão de consumo necessário parafabricação dos produtos, bem como investimentos eminovação para qualificação dos mesmos.

Comunicação entreas Partes

Além das vendas on-line, a comunicação personalizadanas vendas diretas através das consultoras é um elo entrea empresa e o cliente final.

Canais deDistribuição

CNDs, CNs, CRM (venda direta) na França edistribuidores locais na América Latina.

Plano de negócioAcelerar a transferência das inovações e dosaprendizados para mercados já consolidados a fim deexpandir a internacionalização à grandes centros, comsegmento de produtos premuim.

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

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Observa-se nesse quadro, que a empresa Natura seguiu todas as etapas

para exportação, utilizando de mecanismos disponíveis que foram sendo

aperfeiçoados com o tempo, experiências e investimentos. Percebe-se como pontos

fortes no seu processo de internacionalização o sistema de consultoras de venda,

uma rede de colaboradores treinados e leais à empresa; o marketing, onde é bem

focado para sustentabilidade e qualidade dos produtos; e a inovação com

tecnologias mais avançadas para desenvolvimento de produtos e pesquisas de

mercado.

Em contrapartida, o esquema de vendas diretas através de consultoras,

poderá ser prejudicado em razão da volatilidade do mercado internacional, pois

conforme oscilações monetárias de cada país se houver uma crise financeira em um

determinado mercado, as vendas serão diretamente atingidas, pelo fato dos

produtos não serem classificados como necessidade básica, como aconteceu no

caso da Argentina.

Esse é um ponto fraco analisado na empresa, assim como a sua

fragilidade frente a grandes centros, onde há saturação do nicho de mercado, sendo

este um desafio a ser solucionado pela própria Natura.

Ressalta-se que para uma empresa que trabalha há 46 anos no mercado

nacional, sendo destes 33 anos de atuação no exterior, os possíveis problemas

apresentados poderão ser facilmente sanados, tamanha sua capacidade em

melhorar continuamente seus processos.

Analisando esses fatores, para um bom desempenho da empresa Aroma

da Terra em seu processo de internacionalização, além de seguir e adaptar as

práticas apresentadas poderá ser utilizado, para iniciar sua exportação, outros

mecanismos de apoio coordenados por diversos órgãos já mencionados no

referencial teórico.

Os órgãos nacionais que podem auxiliar nesse desenvolvimento são o

Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC), Secretaria de

Comércio Exterior (SECEX), Ministério das Relações Exteriores (MRE) e Serviço

Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), tendo em vista a

diferença de porte das empresas estudadas no presente trabalho.

Dessa maneira, o Fluxograma 2 a seguir apresenta os principais

mecanismos de exportação que podem ser utilizados pela empresa Aroma da Terra,

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baseando-se nas etapas realizadas com êxito pela Natura em seu processo de

exportação.

Fluxograma 2 – Mecanismos de exportação para Aroma da Terra:

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

Como visto no referencial teórico, tais mecanismos citados no Fluxograma

de Processo apresentado são de suma importância para iniciar a atividade de

exportação, apresentando uma sequencia de atividade que pode ser utilizada pela

empresa foco do estudo, iniciando com um bom planejamento até a definição de um

plano de negócios, após a última etapa sugerida. Os mesmos serão adaptados para

a empresa Aroma da Terra e descritos na elaboração do plano de ação que será

apresentado posteriormente à próxima fase do trabalho.

Dando sequencia a aplicação do benchmarking, a seção subsequente

descreve a caracterização da empresa Aroma da Terra, levantando os pontos

positivos já existentes, bem como os procedimentos que precisam ser adaptados

que poderão ser utilizados na análise final, conforme proposto no objetivo geral.

3.4 DESCRIÇÃO DA EMPRESA FOCO DO ESTUDO

As informações sobre a empresa Aroma da Terra foram todas obtidas

através de entrevista e contatos informais com a sócia e proprietária Ângela de

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62

Oliveira Silva, administradora da empresa no Brasil, em representação dos seus

presidentes que, atualmente, residem em Portugal.

3.4.1 Caracterização da empresa Aroma da Terra

A empresa Aroma da Terra foi fundada inicialmente em Portugal, em 1987

fabricando e distribuindo produtos de higiene pessoal, perfumes, cosméticos e

alimentos funcionais, todos com base em elementos da natureza. Além de

comercializar no mercado português, passaram a enviar os produtos de lá para

serem vendidos no Brasil, mas com o passar do tempo, apostando no seu

desenvolvimento e por proximidade da cultura e relações familiares, os fundadores

Nautilha Santos e Paulo Santos que estavam preparados para as oportunidades que

o mercado brasileiro se encontrava na época, resolveram trazer para o Brasil todo o

seu conhecimento.

Inaugurada em 1992, a Aroma da Terra Brasil, assim chamada por seus

presidentes para diferenciá-la da empresa de Portugal, montou o segundo

laboratório de produção e investigação, localizado na Grande Florianópolis, no

município de São José, Santa Catarina, oficializando assim sua atividade brasileira,

cujo passou a produção para laboratório próprio e local, vez que financeiramente

seria mais viável produzir do que importar. A Figura 3 apresenta as fachadas das

empresas no Brasil e em Portugal.

Figura 3 – Fachadas das empresas:

Fonte: Aroma da Terra (2015).

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63

Embora os donos e presidentes sejam os mesmos para as duas

empresas, todos os produtos são fabricados e vendidos em nível nacional apenas,

tanto na empresa Aroma da Terra Brasil, quanto na empresa Aroma da Terra

Portugal. A empresa brasileira tem como principais produtos os cosméticos,

aromaterapia e suplemento alimentar, tendo representantes autônomos que atuam

em vários estados nacionais, apresentando maior número de vendas e sendo mais

atuante em São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Desde o início, a empresa optou em realizar a venda direta aos clientes

finais, diferenciando apenas quanto ao público alvo, que antes era na sua maioria

donas de casa e, atualmente, os clientes são de várias idades, níveis de

escolaridade e profissões, embora o público feminino seja ainda o mais fiel.

Para incentivar a compra fidedigna, foi criado o Top Ranking Mensal,

onde o cliente pode ganhar viagens, cruzeiros, entre outros privilégios. A distribuição

continua sendo feita através de consultoras que apresentam os catálogos e

mostruários de produtos aos clientes, onde posteriormente, os produtos escolhidos

são entregues aos compradores.

Não há seleção na contratação das consultoras, sendo aceitas todas as

inscrições sem discriminação. É apresentada uma carta proposta aos interessados,

incentivando sua adesão e aos que se inscrevem são feitos treinamentos pelos

coordenadores, por setores e temas. Dependendo da necessidade ou áreas, as

capacitações podem ser semanais, quinzenais, semestrais e anuais, com eventos. A

empresa afirma que existe fidelidade em questão de permanência na empresa

quanto às consultoras e não há desistência ou abandono de vínculo das mesmas.

A divulgação da marca na época da fundação foi feita no tradicional “boca

a boca”, com raras propagandas em rádio ou revistas locais, seguindo a mesma

estratégia utilizada em Portugal.

Várias crises econômicas mundiais e locais seguiram desde a fundação

da empresa, as vendas caíram nestes períodos, mas logo todas foram superadas,

embora com muito empenho devido à falta de experiência nesse sentido. Diante

esses obstáculos algumas alterações dentro do marketing, foram necessárias para

gerenciar tais crises anteriores e estar preparado para soluções rápidas caso venha

ocorrer uma nova dificuldade financeira.

Ciente de que o mercado está sujeito a passar por uma nova crise, em

razão da situação da economia brasileira, para gerenciar a situação, vários estudos

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estão sendo feitos pela administração, desde uso da Internet para manter as vendas

até a possibilidade de fundir a empresa, em nível nacional à outra.

Atualmente, a Aroma da Terra conta com cerca de 10 funcionários na

fábrica brasileira para a produção e controle dos pedidos, além de aproximadamente

10. mil colaboradores entre distribuidores locais e consultoras de venda. Apresentam

10 linhas diferentes de produtos, tais quais: Perfumes, Facial, Corporal, Capilar,

Sport Man, Aromasol, Aromaterapia, Suplementos Alimentares, Viagem e

Profissional. Totalizando aproximadamente, 150 itens de fabricação, sendo a

Essência Ativante, vide Figura 3, a mais vendida dentre todos.

Figura 3 – Produto mais vendido:

Fonte: Aroma da Terra (2015).

A figura 3 identifica o “carro-chefe” das vendas, a Essência Ativante, da

linha Aromaterapia. Este produto combina óleos essenciais de eucalipto, menta e

cidreira que ao ser aplicado na nuca e testa, ajuda a eliminar a fadiga e as dores de

cabeça, proporcionando também alívio em caso de resfriados e gripes, conforme

informações do laboratório da empresa.

O controle de disponibilidade dos produtos é feito através da contagem

simples de estoque e reposição dos mesmos, sendo que a fabricação é realizada

conforme demanda repassada pelas consultoras locais. No que tange ao acesso às

matérias-primas, os presidentes afirmam que não encontra dificuldade na obtenção

da mesma.

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65

A empresa Aroma da Terra procura, sempre que possível, participar de

feiras e eventos tanto em Portugal como no Brasil, tendo como representantes seus

coordenadores. O resultado dessas participações foram prêmios recebidos de

grande relevância para a firma, pois são motivadores de constante melhoria, o que

justifica o reconhecimento da marca na Europa e Mercosul em algumas publicações

encontradas na internet, bem como na própria apresentação da empresa Aroma da

Terra, onde afirma que aposta na solidificação e expansão internacional, mesmo não

exportando seus produtos ainda.

Entre os prêmios, são destacados: (a) Troféu Melhores do Mercosul 2006

(pesquisa realizada por empresas do ramo); (b) Prêmio Cosmética 2001, Revista

ELES & ELAS; (c) Prêmio Saberviver Beleza 2006, Revista Saberviver; 1º Lugar

Categoria Corpo - Reafirmante - Leite de Beleza; (d) Prêmio Especial Publico 2008,

Revista Saberviver; 1º Lugar Perfumaria Senhora - Perfume 15 Anos Feminino e 1º

Lugar Perfumaria Homem - Perfume 15 Amos Masculino;(e) Prémio Cliente Aplauso

Millennium BCP 2009/10/11; (f) Sintra Empreende 2011 - Gestão e

Empreendedorismo, da AESintra ( Associação Empresarial de Sintra )

A empresa tem interesse e disponibilidade em investir em projetos para

melhoria e crescimento da mesma, inclusive já tendo realizado vários estudos nesse

sentido. Em algumas oportunidades buscou consultoria para novas práticas, mas em

razão do conservadorismo dos diretores, nem todas as propostas foram efetivadas.

O objetivo da Aroma da Terra é ser a empresa nº 1 no ramo de

cosméticos no Brasil e para tanto sabe a importância do cuidado com a

sustentabilidade.

Nesse sentido, todos os produtos são elaborados a partir da seleção do

melhor encontrado da natureza, através de seus princípios ativos proporcionando

formulações especialmente desenvolvidas com a pureza e suavidade das plantas,

flores, frutos e madeiras.

Segundo os responsáveis pela empresa, a matéria-prima é estudada em

detalhes pelos químicos do laboratório, profissionais competentes que convertem os

ingredientes em produtos conceituados e de qualidade, visando à melhora contínua

para atender ao mercado cada vez mais exigente, respeitando as normas de

procedimento de fabricação internacional.

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Além disso, os investimentos sempre são disponibilizados buscando a

inovação em vários setores, principalmente no que tange a fabricação em

cosméticos e produtos alimentícios, da Linha Suplementos Alimentares.

Preocupados com a imagem da empresa e sabendo da sua importância

frente aos consumidores, após estudos em marketing, em 2012, elaboraram uma

embalagem de destaque para sua marca para realçar sua visibilidade no mercado,

conforme demostrada na Figura 4.

Figura 4 – Embalagem diferenciada para presente:

Fonte: Aroma da Terra (2015).

Como visto na imagem, a empresa que atua no país há mais de 20 anos,

tem o cuidado na sua apresentação, para que esta seja bem aceita pelo público em

geral, reforçando sua preocupação com a sustentabilidade e, além disso, trabalham

com marketing digital e redes sociais como o Facebook, para sua divulgação no

mercado. Em Portugal, além dessas ferramentas, realizam algumas publicações em

revistas locais.

Cientes da existência de mais de 96 empresas de cosméticos somente

em Santa Catarina, segundo dados da Associação Brasileira da Indústria de Higiene

Pessoal, Perfumaria e Cosméticos (2014), os proprietários afirmam que em razão da

meta estabelecida de se tornar a empresa líder no Brasil, os únicos considerados

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concorrentes aos quais há o prévio conhecimento das atividades e consideram

importante acompanhar o desenvolvimento dos procedimentos, são os mesmos

enumerados pela empresa Natura, já citados no seu processo de

internacionalização.

Diante das informações coletadas, a próxima etapa do trabalho designa-

se a apresentar o plano de ação elaborado, com base nos pontos positivos

encontrados na empresa Aroma da Terra, sugerindo algumas adaptações e ações

necessárias para obter sucesso no início da atividade de exportação.

3.5 ELABORAÇÃO DO PLANO DE AÇÃO PARA INTERNACIONALIZAÇÃO DA

EMPRESA AROMA DA TERRA

Com a finalidade de organizar o trabalho de planejamento e elaboração

do plano de ação, com base nas caracterizações das empresas apresentadas, as

informações coletadas foram utilizadas para definição das diferenças chave durante

o processo de internacionalização da empresa Natura.

Assim, o plano de ação para a empresa Aroma da Terra foi elaborado,

estabelecendo-se as ações a serem executadas, com o emprego da ferramenta de

qualidade 5W2H para nortear as operações e as conclusões tiradas após a

execução da mesma.

A ferramenta 5W2H consiste numa lista de determinadas atividades que

precisam ser desenvolvidas com o máximo de clareza possível por parte dos

colaboradores da empresa, objetivando eliminar por completo qualquer dúvida que

possa surgir sobre um processo ou ação.

É elaborada uma planilha para mapeamento destas atividades, onde

ficará estabelecido o que será feito, quem é o responsável, em qual período de

tempo, em qual área da empresa e todos os motivos pelos quais esta atividade deve

ser feita, além de verificar qual o custo para realização das ações.

Dessa maneira, os passos sugeridos a serem seguidos até o início das

atividades de exportação pela empresa Aroma da Terra estão listados no Quadro 6 a

seguir.

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Quadro 6 – Plano de ação para internacionalização da empresa Aroma da Terra:

Atividade Motivo Responsável Descrição Local Tempo Valor

(O que ?) (Por que?) (Quem?) (Como?) (Aonde?) (Atéquando?)

(Quantocusta?)

Planejamento paraexportação

É essencial o estudopara estabilidade daempresa paraconcretizar a ação

Alta diretoria /presidentes

Manter a clareza doobjetivo, levantarpossibilidades paraestabilizar a empresa(parcerias ou outrosrecursos) e encontrara melhor solução

Na sala dadiretoria daempresa

01/06/15 a01/07/15 Sem custos

Pesquisa demercado

É imprescindívelconhecer o mercadopara defeinir odestino da exportação

Administrador

Pesquisar na internet,visitar as empresasque trabalham nosetor

Na internet, emoficinas daregião, e nasempresas queprestam cursosna área

01/06/15 a15/06/15

R$ 50 emcombustível

Capacitação deRH paraexportação

Por ser tratar de umanova etapa naempresa é necessáriaa capacitação daequipe para que aatividade sejagerenciada com êxito

Alta diretoria/gerente de RH

Através de programasde exportaçãodisponibilizados pelaFIESC

No audiório daFIESC, comacompanhamento até a primeiraexportação

01/06/15 a01/06/16

R$ 12.500pelo curso

Capacitação deconsultores ecolaboradores

Por ser tratar de umanova etapa naempresa é necessáriaa capacitação daequipe para que aatividade sejaexecutada com êxito

Gerente do RH

Através detreinamentos voltadospara exportação apóso aprendizado peladiretoria no programade exportação, com autilização de materialpertinente ao assunto

Na sala dereuniões do RHou através detreinamentos on-line, no caso deconsultorasinternacionaisrecrutadas

15/01/16 a15/06/16

R$ 500,00pelo material

Analise dasnecessidades deconsumo

Após definido odestino, conforme aspreferências dademanda local,haverá a necessidadede adaptação dosprodutos eembalagens

Gerente Geral

Através de pesquisasquantitativas equalitativas paraadpatação dosprodutos eembalagens

No setor demarketing, nainternet, empesquisas aopublico daregião

01/02/16 a01/04/16

R$ 5.000 emembalagense materialparapesquisa

Investimento emMarketingInternacional

Para aceitação dopúblico é precisodivulgar a marca emoutros meios decomunicação, comoem revistas e internet

Gerente deMarketing

Através de anunciosde meia página emrevistas e divulgaçãona internet

Revistasconceituadas jáutilizadas pelosconcorrentes einternet

15/05/16 a15/06/16

R$ 10.000por anunciosmensaisnuma tiragemde 12.000exemplares

Fonte: Elaborado pela autora, 2015.

O plano de ação apresentado no Quadro 6, parte da atividade essencial

para qualquer tomada de decisão: o planejamento. É preciso que os objetivos

estejam claros e bem compreendidos e para tanto, faz-se necessário um

levantamento de todas as possíveis alternativas que possam conduzir ao êxito da

finalidade proposta. Foi estipulado um período de trinta dias para que a diretoria

possa averiguar cada detalhe. Como ocorreu com a Natura, que após análise de

quatro opções decidiram pela mais viável em vista das condições da empresa no

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momento, essa operação se bem elaborada e cooperada por todos os envolvidos,

não gerará custos.

A segunda ação sugerida, também de grande relevância é a pesquisa de

campo. Nota-se que o prazo estipulado encerra antes da decisão do planejamento,

pois essa pesquisa deverá ser levada à diretoria para definição do destino da

exportação. O fácil acesso às informações sobre outros países através da internet

reduz os custos a apenas com deslocamento urbano, se necessário para contato

com empresas que possam contribuir com algum dado mais específico.

A terceira ação, não menos importante, foi adaptada da Rodada de

Negócios, apresentada como mecanismo de exportação no item 3.3 no trabalho,

sugerindo a participação no programa de exportação Start Export, realizado pela

FIESC desde 2004, que em parceria com o SEBRAE. O programa desenvolve um

treinamento durante um ano, voltado exclusivamente para iniciar a atividade

exportadora, acompanhando a empresa até a sua primeira remessa ao exterior, cujo

incluiria a primeira rodada de negócios. Em se tratando de capacitações, a quarta

atividade proposta, é de levar esse novo conhecimento às consultoras já

cadastradas e recrutar novas colaboradoras no local de destino, vez que a empresa

opta em permanecer com a venda direta.

A quinta ação é voltada para as adaptações que se farão necessárias

quanto aos produtos e embalagens, e por isso a importância de analisar as

necessidades de consumo após a finalização do planejamento e antes de encerrar o

programa de capacitação.

Após a execução da etapa anterior, sugere-se como última atividade

desse plano de ação, investir em marketing internacional, vez que para haver

demanda no local de destino, os consumidores precisam conhecer a marca. O

período proposto de inicio dessa atividade deve ser anterior ao término do

treinamento, pois assim que os primeiros produtos forem levados ao exterior, já

haverá procura pelos clientes. Após todas essas etapas, a empresa deverá

estabelecer um plano de negócios para controlar o desenvolvimento da atividade.

Como observado, a proposta elaborada apresenta um conjunto de

atividades aplicáveis para execução em médio prazo, possibilitando a reorganização

da empresa para dar início a essa nova fase empreendedora, considerando que a

empresa Aroma da Terra já possui características similares à empresa líder, o que

facilita a gestão estratégica da mesma.

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4 RESULTADOS E CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste capítulo são apresentadas as considerações finais acerca do

entendimento dos objetivos da pesquisa, estudo de caso e plano de ação proposto.

As contribuições e limitações do presente estudo são explanadas, seguido em sua

finalização, pela sugestão de trabalhos futuros.

4.1 CONSIDERAÇÕES FINAIS QUANTO A PROPOSTA DO TRABALHO

A proposta inicial da presente pesquisa tem como pressuposto que as

micro e pequenas empresas (MPE’s) são geradoras de emprego e renda, porém sua

participação nas exportações do Brasil ainda é insignificante. Mesmo aquelas que

buscam formas de consultorias para inicializar seu processo de exportação, nem

todas conseguem colocar em prática o programa proposto para expandir seu

mercado ao exterior.

Identificado o referido cenário, a pesquisa buscou responder a pergunta

subsequente:

“Utilizando-se a ferramenta benchmarking, quais etapas de

internacionalização podem ser aplicadas na empresa Aroma da Terra?”

Para alcançar o objetivo principal desta pesquisa de “Identificar as etapas

que podem ser aplicadas à empresa Aroma da Terra para seu processo de

internacionalização, utilizando-se da ferramenta benchmarking”, os objetivos

específicos foram desenvolvidos e alcançados das seguintes maneiras:

Foi realizada uma pesquisa bibliográfica, gerando um referencial teórico

sobre os principais conceitos de globalização, teorias e modelos internacionalização,

etapas do processo de exportação, internacionalização das empresas brasileiras,

exportação nas MPE’s, além do estudo sobre o benchmarking e os benefícios de

sua utilização, que serviram de base fundamental para o desenvolvimento deste

trabalho, permitindo identificar conceitos e práticas considerados relevantes na

literatura. As informações adquiridas no referencial teórico permitiram ter o

conhecimento necessário dos autores renomados para compreender como se

comporta o mercado de cosméticos no Brasil e em Santa Catarina, descritos no seu

processo de exportações.

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Foi escolhida uma empresa reconhecida no mercado de cosméticos em

nível nacional que serviu de parâmetro para análise do benchmarking, onde foi

possível conhecer sua caracterização e seu processo de internacionalização,

apontado os pontos negativos onde foram descritos os ajustes necessários para

obter sucesso no empreendimento e os pontos positivos que a levaram ao título de

líder no mercado.

A aplicação do benchmarking permitiu identificar e analisar os

mecanismos de exportação utilizados pela empresa que já conquistou o mercado

externo, indicando quais etapas que podem ser realizadas pela empresa foco do

estudo. Em complementação ao objetivo proposto, foi apresentada a pesquisa de

um estudo de Caso numa micro e pequena empresa do ramo de cosméticos, no

município de São José/ SC, que apresentou interesse em expandir seu mercado,

cujo foi permitido conhecer seu histórico, objetivos, atividades realizadas e gestão

organizacional. Evidenciando que a empresa tem grandes possibilidades de

crescimento, em vista dos seus pontos positivos, se comparados aos utilizados no

processo de internacionalização da empresa analisada através do benchmarking.

Os conhecimentos e informações levantadas possibilitaram a elaboração

de um plano de ação que propôs algumas atividades e adaptações para a

consumação da internacionalização da empresa Aroma da Terra, com base na

análise advinda do benchmarking. Esses dados foram suficientes para a condução

da proposta das ações necessárias (planejamento, pesquisa de mercado,

capacitação de RH, análise das necessidades de consumo e investimento em

marketing Internacional) para maturidade da empresa, direcionar um planejamento

focado na exportação e sugerir a efetivação do empreendimento.

4.2 CONSIDERAÇÕES FINAIS QUANTO AOS RESULTADOS DO ESTUDO DE

CASO

Este presente estudo possibilitou a oportunidade de desenvolver a

utilização de duas ferramentas, uma de gestão (benchmarking) e a outra de

qualidade (Plano de ação 5W2H), bem como a abstração do conhecimento ligado ao

empreendedorismo, permitindo o levantamento de informações essenciais para o

desenvolvimento da proposta da dissertação. Constatou-se ainda que o plano de

ação sugerido, se bem aplicado, funcionará de maneira eficiente e organizada,

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reduzindo as possibilidades de falhas, diante a situação atual da empresa que

possui o propósito de alavancar suas vendas para o exterior. Conclui-se que as

análises e ações propostas no presente trabalho são todas aplicáveis para o

desenvolvimento da empresa, ressaltando que a decisão final sobre a execução

destas, fica a critério da presidência da Aroma da Terra no Brasil.

4.3 LIMITAÇÕES DA PESQUISA

Algumas limitações foram apresentadas à pesquisa no decorrer de sua

realização:

A pesquisa de campo foi realizada com duas únicas empresas. Sendo a

primeira escolhida como foco do estudo do trabalho, por demonstrar interesse em

expandir seu mercado. A segunda empresa analisada foi escolhida em razão da

aplicação do benchmarking, por ser considerada líder no mercado de cosméticos no

Brasil e de grande reconhecimento internacional.

A entrevista foi realizada apenas com um correspondente, a sócia e

proprietária da empresa foco do estudo.

Atenta-se que estas limitações não influenciaram no resultado final da

pesquisa.

4.4 SUGESTÕES DE TRABALHOS FUTUROS

Como assunto para próximos estudos, sugere-se o mapeamento de todas

as atividades de exportação durante o funcionamento da empresa estudada,

identificando gargalos e solucionando-os por meio da aplicação de ferramentas de

gestão e de qualidade utilizadas neste trabalho. Considera-se que essa proposta de

efetivação da internacionalização pode ser levada a novos trabalhos acadêmicos

para análise de outras micro e pequenas empresas que almejem o mesmo

resultado, analisando suas particularidades e possibilidades de inserção no exterior.

Outro trabalho que pode ser sugerido para dar continuidade a esta

pesquisa, é levar até à empresa Aroma da Terra em Portugal os conhecimentos

adquiridos, modificando as análises particulares para a realidade local, com o

objetivo de expandir seu mercado na Europa, não havendo a necessidade de fundir

a comercialização com a empresa brasileira, em um primeiro momento.

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APÊNDICE

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APÊNDICE A – Entrevista: Aroma da Terra

Nome do entrevistado/cargo:Empresa: AROMA DA TERRA INDÚSTRIA E COMÉRCIO.

1) Como surgiu a Aroma da Terra?

2) Há quanto tempo a empresa atua em Santa Catarina?

3) Quais são seus principais produtos?

4) A empresa possui representação em outro Estado ou país?

5) Para quais Estados/países são vendidos seus produtos?

6) Quando a empresa iniciou sua atividade no Brasil, quais eram os produtos

vendidos na época? Era fabricação própria?

7) Para quem vendiam e como era feita a distribuição dos produtos?

8) Como era feita a divulgação da marca e porque o nome “Aroma da Terra”?

9) Houve algum momento de crise na empresa? Como foi superado?

10) Em publicações encontradas na internet, há informação de prêmios

recebidos. Quais foram esses prêmios e que relevância eles têm para empresa?

11) A empresa participa de feiras e eventos com que frequência? Quem

representa a empresa nesses encontros?

12) Houve alguma alteração na estrutura da empresa desde a sua fundação?

13) Quantos funcionários existem hoje?

14) Quantos tipos de produtos/ linhas existem atualmente na empresa?

15) Qual é o “carro-chefe” das vendas e por que esse produto se destaca dos

demais?

16) Como é feita a venda dos produtos em geral (venda direta, distribuidores,

consultoras...)?

17) Como é feito o controle de disponibilidade (estoque) dos produtos?

18) Qual é a média (em números) de vendas por ano?

19) Existe alguma dificuldade na produção ou em adquirir matéria prima?

20) Como é feita a seleção das consultoras de venda? Quantas são atualmente?

21) Com que material elas trabalham?

22) É feito treinamento contínuo com essas colaboras? Quem acompanha seu

desenvolvimento?

23) Existe fidelidade das consultoras?

24) Há investimentos em inovação? Que tipo?

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25) Há investimento em marketing?

26) Há cuidado/ preocupação com sustentabilidade?

27) Qual é o público alvo? Há fidelidade dos clientes?

28) Oscilações monetárias do país prejudicam ou já prejudicaram a empresa? De

que forma?

29) Qual é a missão (objetivo) da empresa?

30) A empresa tem interesse e disponibilidade em investir em projetos para

melhoria e crescimento da mesma?

31) A empresa já buscou alguma consultoria para novas práticas? Se sim,

quando foi? Obteve êxito?

32) Na apresentação da empresa há a informação de “aposta na solidificação e

expansão internacional”, assim como algumas publicações como o site

http://www.mundodastribos.com/cosmeticos-naturais-aroma-da-terra.html, em

17/11/2010, diz haver reconhecimento da marca na Europa e Mercosul. Como se

deu esse reconhecimento, vez que a empresa afirma não comercializar no mercado

externo (tanto no Brasil, como em Portugal)?

33) Após a conclusão da análise do presente Trabalho de Conclusão de Curso

(TCC) e apresentação do plano de ação de ação desenvolvido para empresa Aroma

da Terra, há interesse em aplicação efetiva da mesma?