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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DANIELA EWALD PREVALÊNCIA DA SÍNDROME METABÓLICA E DOS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM MULHERES TRABALHADORAS EM TURNOS ITAJAÍ - SC 2011

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DANIELA EWALD

PREVALÊNCIA DA SÍNDROME METABÓLICA E DOS PRINCIPAIS FATORES DE

RISCO E DE PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM

MULHERES TRABALHADORAS EM TURNOS

ITAJAÍ - SC

2011

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DANIELA EWALD

PREVALÊNCIA DA SÍNDROME METABÓLICA E DOS PRINCIPAIS FATORES DE

RISCO E DE PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM

MULHERES TRABALHADORAS EM TURNOS

Dissertação apresentada ao Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho, Centro de Ciências da Saúde, Universidade do Vale do Itajaí, como requisito para a obtenção do grau de Mestre em Saúde e Gestão do Trabalho.

Orientadora: Profa. Dra. Luciane Peter Grillo

ITAJAÍ – SC

2011

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FICHA CATALOGRÁFICA

E14p

Ewald, Daniela, 1982- Prevalência da síndrome metabólica e dos principais fatores de risco e de proteção para doenças crônicas não transmissíveis em mulheres trabalhadoras em turnos [manuscrito] / Daniela Ewald. – 2011. 99 f. : il. ; 30 cm

Cópia de computador (Printout(s)). Dissertação (Mestrado Saúde e Gestão do Trabalho) – Universidade do Vale do Itajaí, Pró-reitoria de Pesquisa. Pós-graduação, Extensão e Cultura, 2011. “Orientador: Prof.ª Drª. Luciane Peter Grillo”. Bibliografia: f. 76-83.

1. Mulheres – Saúde e higiene. 2. Doenças crônicas. 3. Sistema de turnos de trabalho. 4. Famílias – Saúde e higiene. I. Universidade do Vale do Itajaí. II. Título. CDU: 616-083

Cristina M. V. Porciúncula – CRB 14/966

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DANIELA EWALD

PREVALÊNCIA DA SÍNDROME METABÓLICA E DOS PRINCIPAIS FATORES DE

RISCO E DE PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM

MULHERES TRABALHADORAS EM TURNOS

Esta dissertação foi julgada adequada para a obtenção do grau de Mestre em Saúde e Gestão

do Trabalho e aprovada pelo Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do

Trabalho da Universidade do Vale do Itajaí, Centro de Ciências da Saúde, Itajaí.

Área de concentração: Saúde da Família

Linha de pesquisa: A família em seu ciclo vital

Itajaí, 01 de novembro de 2011.

Profa. Dra. Luciane Peter Grillo

Universidade do Vale do Itajaí

Presidente e Orientadora

Profa. Dra. Elisete Navas Sanches Próspero

Universidade do Vale do Itajaí

Membro interno

Profa. Dra. Denise Petrucci Gigante

Universidade Federal de Pelotas

Membro externo

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AGRADECIMENTOS

A Deus, que me deu o dom da vida e me concede oportunidades para que ela se

desenvolva sob sua proteção.

Aos meus pais, Leomar e Marlene, pelo amor incondicional e pelo incentivo à busca

constante do crescimento espiritual e profissional, e por não medirem esforços para chegar

onde cheguei. Amo vocês de uma forma inexplicável e imensurável.

Ao meu querido noivo, André, pela compreensão em todos os momentos em que

estive ausente, pelos momentos de distração, pelo amor sem esperar nada em troca, fruto do

amor generoso, que sempre nos unirá. Amo você!

Aos meus queridos sobrinhos, Vinícius e Manuela, pela alegria que me

proporcionaram, sempre com um sorisso sincero quando eu mais precisei.

À minha orientadora, professora Dra. Luciane Peter Grillo, pela disponibilidade,

atenção e pelas inúmeras contribuições enriquecedoras à elaboração desta dissertação.

Agradeço imensamente pelo talento e sabedoria dispensada!

À Faculdade Metropolitana de Blumenau (Fameblu/Grupo Uniasselvi), da qual sou

docente, que consentiu o uso de materiais para a coleta dos dados na empresa.

Às acadêmicas do curso de Nutrição da Fameblu/Grupo Uniasselvi, que auxiliaram na

coleta de dados deste estudo, em especial às alunas Joelma Sandri, Luciana Valão, Juliana

Calzoni, que como futuras nutricionistas com certeza seguirão esse caminho.

Ao professor do curso de Biomedicina da Fameblu/Grupo Uniasselvi, Antônio

Roberto Rodrigues Abatepaulo, pelos esclarecimentos sobre exames bioquímicos.

Ao estatístico Leo Lynce Valle de Lacerda pelas valiosas análises e tratamento dos

dados.

À nutricionista Teresinha F. Soehn por todo o envolvimento e apoio para a realização

deste estudo e a toda a equipe do restaurante Nutry Labory®, instalado na empresa Kyly, que

sempre nos recebeu tão bem e proporcionou o espaço para a divulgação e coleta dos dados.

À bolsista de Nutrição, Franciele Caleffi, pela presteza e auxílio na tabulação dos

dados e por todo o apoio na elaboração deste estudo.

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A toda equipe do Grupo Kyly®, que proporcionou a realização do trabalho na

empresa, em especial aos setores do ambulatório, segurança do trabalho, portaria e gestão

humana; a citar nomes, meu agradecimento especial para Fabiana de Souza Medeiros, Carine

Werner, Adriana dos Santos, Sandra Swirkowski, Cristina Arruda e Karen Ivone Schomann

Bamsi. Obrigada pelo carinho e apoio!

À equipe do Laboratório Hemos® de Blumenau pela parceria e apoio na coleta de

dados, em especial ao Dr. Kelson Keith Kitamura Yoshioka e à Dra. Larissa C. Machado

Welter, por todo o esclarecimento cedido.

A todas as minhas amigas e aos meus familiares, pela ausência nesse período do

Mestrado.

Ao Programa de Mestrado Profissional em Saúde e Gestão do Trabalho da

Universidade do Vale do Itajaí pela oportunidade de realizar este estudo e aos meus novos

colegas pelo companheirismo durante esta jornada.

Às pessoas que consentiram participar do estudo, cuja generosidade possibilitou o

desenvolvimento deste estudo.

A todos os locais que trabalho, que por hora tive que abandonar diante da dedicação e

finalização deste estudo. Obrigada pelo apoio e compreensão!

E por fim, muito obrigada ainda aos integrantes da banca, por todo o conhecimento

cedido para a melhora e enriquecimento deste trabalho.

Muito obrigada!

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“Se, na verdade, não estou no mundo para

simplesmente a ele me adaptar, mas para

transformá-lo; se não é possível mudá-lo sem

um certo sonho ou projeto de mundo, devo

usar toda possibilidade que tenha para não

apenas falar de minha utopia, mas participar de

práticas com ela coerentes”.

Paulo Freire

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PREVALÊNCIA DA SÍNDROME METABÓLICA E DOS PRINCIPAIS FATORES DE RISCO E DE PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS EM

MULHERES TRABALHADORAS EM TURNOS

DANIELA EWALD

RESUMO

A síndrome metabólica (SM) é um transtorno complexo caracterizado por um conjunto de fatores de risco, associado à alta morbimortalidade cardiovascular e elevado custo socioeconômico, e juntamente com as doenças crônicas não transmissíveis está se tornando prioridade em saúde pública no Brasil. O objetivo deste estudo foi avaliar a prevalência da SM e dos principais fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em mulheres trabalhadoras em turnos de uma empresa têxtil na região centro-norte de Santa Catarina. Foi um estudo transversal, quantitativo, realizado em 2010 na sede da empresa. A amostra foi composta por mulheres na faixa etária entre 20 e 59 anos, que exercem sua função laboral em turnos de trabalho fixos, distribuídas em setor administrativo (turno diurno regular) e setor da produção (primeiro, segundo e terceiro turnos). Foram adotados os critérios diagnósticos para a SM propostos pelo National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III, com avaliação bioquímica em jejum da glicemia, triglicerídeos e colesterol de lipoproteína de alta densidade, verificação da pressão arterial e determinação do estado nutricional por meio de peso, altura e circunferência abdominal. Aplicou-se um questionário adaptado, composto por indicadores monitorados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico. Identificou-se 21,9% de SM entre as mulheres avaliadas, sendo que as variáveis mais prevalentes foram obesidade abdominal (21,3%), baixas concentrações de colesterol de lipoproteína de alta densidade (19,4%) e hipertensão arterial (16,8%). Foi encontrada relação significativa entre as variáveis da SM e o setor de produção (p=0,042). Em relação aos fatores de risco e proteção para doenças crônicas, observou-se que a obesidade, o consumo de carne com gordura e leite integral foi estatisticamente superior nas mulheres da produção. As mulheres da empresa têxtil apresentaram maior prevalência de obesidade, consumo de bebidas alcoólicas, leite integral, líquidos artificiais e atividade física no tempo livre e/ou deslocamento quando comparadas com mulheres do Brasil e do Estado de Santa Catarina. Considerando os efeitos prejudiciais do trabalho em turnos, é importante estabelecer um sistema de vigilância que monitore os fatores de risco e proteção e propor atividades de promoção e educação em saúde para essa população.

Palavras-chave: Síndrome metabólica. Trabalho em turnos. Saúde da mulher.

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PREVALENCE OF METABOLIC SYNDROME AND KEY RISK AND PROTECTION FACTORS FOR NON-COMMUNICABLE CHRONIC DISEASES AMONG

FEMALE SHIFT WORKERS

DANIELA EWALD

ABSTRACT

Metabolic syndrome (MS) is a complex disorder characterized by a set of risk factors, associated with high cardiovascular morbidity and mortality and a high socioeconomic cost which, together with chronic non-communicable diseases, is becoming a priority public health concern in Brazil. The aim of this study was to evaluate the prevalence of MS and key risk and protection factors for non-communicable chronic diseases among female shift workers of a textile company in the central-northern region of the State of Santa Catarina. It was a transversal, quantitative study, carried out in 2010 at the company’s headquarters. The sample consisted of women aged between 20 and 59 years, who worked shifts. They included administrative workers (regular day shift) and production workers (first, second and third shifts). The diagnostic criteria for MS proposed by the National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III were adopted, with biochemical evaluation, in fasting, of glycemia, trygliceride and high-density lipoprotein cholesterol levels. Blood pressures were taken, and nutritional state was determined by weight, height and abdominal circumference. An adapted questionnaire was applied, consisting of indicators monitored by the Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Telephone Survey Monitoring System for Risk and Protection Factors for Chronic Diseases). A level of 21.9% of MS was identified among the women evaluated, the most prevalent variables being abdominal obesity (21.3%), low high-density lipoprotein cholesterol concentrations (19.4%), and high blood pressure (16.8%). A significant correlation was found between the variables for MS and the production sector (p=0.042). In terms of the risk and protection factors for chronic diseases, it was seen that obesity, consumption of fatty meat and whole fat milk were statistically higher among the production workers. The female workers of the textile company had a higher prevalence of obesity, consumption of alcohol, whole fat milk, soft drinks and physical activity during their free time or while travelling, compared with average Brazilian women, and those of the State of Santa Catarina. Considering the harmful effects of shift work, it is important to establish a monitoring system that monitors the risk and protection factors and proposes activities for promoting health education for this population.

Keywords: Metabolic syndrome. Shift work. Womens’ health.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1- Ciclos de vida, de acordo com o Sisvan.............................................................

Tabela 2- Valores de referência do índice de massa corporal para adultos........................

Tabela 3- Critérios diagnósticos para síndrome metabólica em mulheres adultas.............

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Artigo 1: Prevalência de síndrome metabólica e de seus componentes entre mulheres trabalhadoras em turnos no sul do Brasil Tabela 1- Características sociodemográficas das mulheres distribuídas por turno de

trabalho de uma empresa têxtil, Brasil, 2010.......................................................................

Tabela 2- Características antropométricas das mulheres distribuídas por turno de

trabalho de uma empresa têxtil, Brasil, 2010.......................................................................

Tabela 3- Distribuição da prevalência da síndrome metabólica e de seus componentes

de acordo com o turno de trabalho, Brasil, 2010.................................................................

Tabela 4- Distribuição da presença ou ausência da síndrome metabólica e dos itens

classificatórios nas mulheres da empresa têxtil, Brasil, 2010..............................................

Artigo 2: Fatores de risco e proteção para doenças crônicas entre mulheres trabalhadoras em turnos

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Tabela 1- Percentuais relativos à faixa etária, escolaridade e estado civil das mulheres

avaliadas de acordo com o setor: administrativo ou produção ...........................................

Tabela 2- Prevalência dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em

mulheres trabalhadoras no setor administrativo e produção de uma empresa têxtil, SC,

2010......................................................................................................................................

Tabela 3- Prevalência dos fatores de proteção para doenças crônicas não transmissíveis

em mulheres trabalhadoras no turno administrativo e produção de uma empresa têxtil,

SC, 2010...............................................................................................................................

Tabela 4- Média e intervalo de confiança (IC) dos fatores de risco das mulheres da

empresa têxtil, SC, 2010, e dados Brasil, 2011....................................................................

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Tabela 5- Média e intervalo de confiança (IC) dos fatores de proteção das mulheres da

empresa têxtil, SC, 2010, e dados Brasil, 2011....................................................................

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

Anvisa – Agência Nacional de Vigilância Sanitária

CA – Circunferência abdominal

CC – Circunferência da cintura

CLSI – Clinical and Laboratory Standards Institute

CNPq – Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico

DCV – Doenças cardiovasculares

DM – Diabetes mellitus

DCNT – Doenças crônicas não transmissíveis

EGIR – Grupo Europeu para Estudo de Resistência Insulínica

GATS – Global Adult Tobacco Survey

GGLAS – Gerência Geral de Laboratórios de Saúde Pública

HAS – Hipertensão arterial sistêmica

HDL-c – Colesterol de lipoproteína de alta densidade

IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística

IDF – Federação Internacional de Diabetes

IMC – Índice de massa corporal

NCEP-ATP III – National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III

OMS – Organização Mundial da Saúde

PETab – Pesquisa Especial de Tabagismo

PeNSE – Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar

PIBIC – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica

PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios

PNS – Política Nacional de Saúde

POF – Pesquisa de Orçamento Familiar

Sisvan – Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

SM – Síndrome metabólica

SOP – Síndrome de ovários policísticos

SVS – Secretaria de Vigilância em Saúde

SUS – Sistema Único de Saúde

Univali – Universidade do Vale do Itajaí

Vigitel – Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito

Telefônico

WHO – World Health Organization

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.............................................................................................................................

1.1 JUSTIFICATIVA.........................................................................................................................

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA.....................................................................................................

2 OBJETIVOS .................................................................................................................................

2.1 OBJETIVO GERAL.....................................................................................................................

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS.......................................................................................................

3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA................................................................................................

3.1 COMPREENSÕES DA SÍNDROME METABÓLICA...............................................................

3.2 TURNOS DE TRABALHO E A RELAÇÃO COM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS...........................................................................................................................

3.3 POLÍTICAS DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NO

BRASIL..............................................................................................................................................

3.4 FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS...........................................................................................................................

4 METODOLOGIA..........................................................................................................................

4.1 TIPO DE ESTUDO......................................................................................................................

4.2 LOCAL DO ESTUDO.................................................................................................................

4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA......................................................................................................

4.4 ASPECTOS ÉTICOS...................................................................................................................

4.5 COLETA DE DADOS.................................................................................................................

4.6 INSTRUMENTOS DO ESTUDO................................................................................................

4.6.1 Avaliação sociodemográfica...................................................................................................

4.6.2 Fatores de risco........................................................................................................................

4.6.3 Fatores de proteção.................................................................................................................

4.6.4 Critérios diagnósticos e componentes da síndrome metabólica..........................................

4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA...........................................................................................................

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO..................................................................................................

5.1 ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO NO BRITISH JOURNAL OF NUTRITION............................

5.2 ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO NA REVISTA DE SAÚDE PÚBLICA.................................

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................................

REFERÊNCIAS...............................................................................................................................

APÊNDICES.....................................................................................................................................

ANEXOS...........................................................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) constituem um problema de saúde de

grande magnitude e representam uma ameaça à saúde e ao desenvolvimento humano tanto nos

países ricos quanto nos de média e baixa renda (MOURA et al., 2011). Caracterizam-se por

apresentar uma etiologia incerta, múltiplos fatores de risco, longo período de latência, origem

não infecciosa, tempo de evolução prolongado e complicações associadas a deficiências e

incapacidades funcionais (MARIATH et al., 2007; BICALHO, 2010), sendo responsáveis por

63% das mortes em 2008 no mundo (BRASIL, 2011a). Em 2007, aproximadamente 72% das

mortes no Brasil foram atribuídas às DCNT, com destaque para as doenças cardiovasculares,

respiratórias crônicas, diabetes e câncer (SCHMIDT et al., 2011).

De acordo com o Ministério da Saúde, um terço dessas mortes ocorre em pessoas com

idade inferior a 60 anos. As principais causas dessas doenças incluem fatores de risco

modificáveis como tabagismo, consumo nocivo de bebida alcoólica, inatividade física e

alimentação inadequada (BRASIL, 2011a).

A rápida transição demográfica no Brasil, que produziu uma pirâmide etária com

maior peso relativo para adultos e idosos, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e

Estatística (IBGE, 2009a), e o aumento da expectativa de vida contribuem para que

determinados fatores como a obesidade visceral, a intolerância à glicose, a hipertensão arterial

sistêmica (HAS), a hipertrigliceridemia e os níveis baixos de colesterol de lipoproteínas de

alta densidade (HDL-c) se tornem mais frequentes (TUBALDINI et al., 2008). A expansão

dessas doenças crônicas tem sido atribuída principalmente ao crescimento da renda,

industrialização e mecanização da produção, urbanização, sedentarismo, maior acesso a

alimentos em geral, incluindo os processados, e a globalização de hábitos não saudáveis que

produziram rápida transição nutricional (SCHMIDT et al., 2011).

Como parte do processo de dotar o país de instrumentos eficazes para monitorar a

frequência e distribuição dos principais fatores determinantes de DCNT, o Ministério da

Saúde implantou em 2006, em todas as capitais dos 26 estados brasileiros e no Distrito

Federal, o Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por

Inquérito Telefônico (Vigitel), que ocorre anualmente e tem como objetivo verificar a

prevalência de fatores de risco e proteção para doenças não transmissíveis na população

brasileira e subsidiar ações de promoção da saúde e prevenção de doenças (BRASIL, 2011b).

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Concomitantemente, nas duas últimas décadas se observou um aumento mundial no

número de pessoas portadoras de síndrome metabólica (SM), descrita por Furlaneto, Goulart e

Carmona (2009) como um transtorno complexo, caracterizado por um conjunto de fatores de

risco cardiovascular, representado pela combinação de, pelo menos, três dos cinco parâmetros

usados para definir a síndrome: circunferência abdominal elevada, aumento dos triglicerídeos,

diminuição dos níveis de HDL-c, glicemia de jejum elevada e aumento da pressão arterial.

Estas condições podem ocorrer simultaneamente em um indivíduo com mais frequência que o

esperado.

Segundo Oliveira et al. (2009), a prevalência da SM depende muito do critério

utilizado para a sua definição e por esta razão os estudos diferem muito quanto aos resultados.

Embora a SM seja mencionada na literatura há mais de 80 anos, somente a partir de estudos

publicados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) — World Health Organization

(WHO, 1998) — e pelo National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III

(NCEP-ATP III, 2001) foram definidos os critérios para o seu diagnóstico, sendo

posteriormente recomendados pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005).

Inatividade física, idade avançada, mudanças hormonais e alterações genéticas são

conhecidas por agravar a prevalência, mas o papel de cada um desses fatores pode variar de

acordo com a etnia (ECKEL; GRUNDY; ZIMMET, 2005). A complexidade dos fatores

causais e as diferentes manifestações clínicas e abordagens terapêuticas dificultam a

delimitação epidemiológica do problema (GELONEZE 2006; VIEIRA; TURATO, 2010;

OLIVEIRA; SOUZA; LIMA, 2006), porém, há forte convergência de opiniões descritas na

literatura sobre o aumento da prevalência dos sintomas e dos fatores de risco associados aos

padrões dietéticos do mundo ocidental (VIEIRA; TURATO, 2010).

Em todo o mundo tem crescido a preocupação com a síndrome metabólica, tendo em

vista que os portadores da síndrome possuem achados clínicos e laboratoriais que são fortes

preditores de agravos à saúde, particularmente à saúde cardiovascular (SALAROLI et al.,

2007), que pode ser seriamente afetada pela distribuição central de gordura (BOPP;

BARBIERO, 2009).

Com referência ao diagnóstico da SM, Sá e Moura (2010) afirmam que o seu principal

objetivo é a adequação do tratamento e o controle dos fatores de risco que possam

potencializar o quadro, considerando que as doenças que compõem esta síndrome são

crônicas e suas sequelas irreversíveis.

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Nesse contexto, diversas evidências têm demonstrado que o trabalho em turno pode

estar associado com importantes problemas de saúde, quando comparado a trabalhos diurnos

regulares (CRISPIM et al., 2009). Há indicações de que o trabalho noturno está relacionado

com risco aumentado de obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares, resultante da má

adaptação fisiológica cronicamente para dormir e comer em tempos anormais do ritmo

circadiano (SCHEER et al., 2009). Um estudo realizado por Antunes et al. (2010) concluiu

que trabalhar em turno pode desempenhar um papel no desenvolvimento e/ou nas precoces

manifestações clínicas de distúrbios metabólicos, tornando-se um fator de risco para a SM.

Para melhor compreensão, trabalho em turnos é definido como um tipo de organização

laboral que visa assegurar a continuidade da produção (de bens e/ou serviços) graças à

presença de várias equipes que atuam em períodos diferentes (fixos ou rotativos, em regime

de turnos ou de plantão) num mesmo posto de trabalho (WATERHOUSE et al., 2003;

BERGER; HOBBS, 2006).

Ao estudar o efeito do trabalho em turnos sobre a saúde dos trabalhadores, Gemelli,

Hilleshein e Lautert (2008) destacam que a interação entre o relógio solar, social e biológico

resulta no ritmo circadiano, que tem duração em torno de 24 horas, sendo o ciclo de sono e

vigília, o mais evidente. A diminuição da duração do sono, a dessincronização do ritmo

circadiano e a alteração dos aspectos ambientais apresentam forte tendência a alterar a

qualidade de vida e desencadear a doença em trabalhadores em turnos (CRISPIM et al.,

2009).

Elias e Navarro (2006) acentuam que as transformações ocorridas nas últimas décadas

no mundo do trabalho têm repercutido na saúde dos indivíduos e no coletivo de trabalhadores

de forma intensiva. A incorporação crescente da tecnologia, somada a um novo e complexo

conjunto de inovações organizacionais modificou profundamente a estrutura produtiva dos

países capitalistas avançados e, em níveis diferenciados, a dos países de desenvolvimento

capitalista tardio, como é o caso do Brasil, provocando mudanças profundas na organização,

nas condições e nas relações de trabalho (ELIAS; NAVARRO, 2006).

A promoção da saúde parte do pressuposto de que saúde e qualidade de vida não

dependem do oferecimento isolado de um dado serviço, mas sim, da oferta de um conjunto de

condições de vida e de trabalho (FERREIRA; MAGALHÃES, 2007). As autoras ressaltam

que áreas prioritárias para a promoção da saúde são a alimentação e a nutrição, direitos

humanos fundamentais consignados na Declaração Universal dos Direitos Humanos e são

requisitos básicos para a promoção e a proteção da saúde.

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Estudos mostram que estratégias de controle dos fatores de risco dessas doenças,

combinadas com educação comunitária e monitoramento dos indivíduos de alto risco,

contribuíram para uma queda substancial na mortalidade em quase todos os países

desenvolvidos (MALTA et al., 2011).

Mesmo que a Política Nacional de Alimentação e Nutrição direcione esforços para

uma agenda integrada na área da nutrição, essa política reconhece a natureza complexa da

obesidade e de outras DCNT relacionadas à nutrição e define um conjunto de ações no âmbito

da área da saúde e em outros setores para assegurar ambientes que favoreçam dietas saudáveis

e estilos de vida ativos para todos (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 2008).

Portanto, diante da problemática inerente à SM e às DCNT, em constante ascensão no

Brasil, associada aos trabalhadores em turnos, considerou-se oportuno, neste estudo,

identificar a prevalência da SM e dos principais fatores de risco e proteção para DCNT em

mulheres trabalhadoras em turnos.

1.1 JUSTIFICATIVA

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) estão rapidamente se tornando

prioridade em saúde pública no Brasil e políticas para sua prevenção e controle têm sido

implementadas. Em 2007, a taxa de mortalidade por DCNT no Brasil foi de 540 óbitos por

100.000 habitantes. Apesar da mortalidade bruta causada pelas DCNT ter aumentado 5%

entre 1996 e 2007, a mortalidade padronizada por idade diminuiu 20%, particularmente em

relação às doenças cardiovasculares e respiratórias crônicas, em conjunto com a

implementação bem-sucedida de políticas de saúde que levaram à redução do tabagismo e à

expansão do acesso à atenção básica em saúde. No entanto, mesmo com essas reduções, a

mortalidade brasileira causada pelas DCNT permanece alta e o aumento rápido e continuado

da obesidade, hipertensão e diabetes denuncia a inadequação das estratégias atuais e coloca o

desafio de tomar outras providências (SCHMIDT et al., 2011).

De acordo com relatório da Organização Mundial de Saúde, a mortalidade por DCNT

padronizada por idade em 2004 no Brasil é menor que a da Rússia, Nigéria, Índia e Tanzânia

e maior que a do Reino Unido, Canadá e de quase todos os outros países sul-americanos. Em

termos nacionais, em 1996, a mortalidade por DCNT foi maior na região do Nordeste,

diminuiu em todas as regiões entre 1996 e 2007, mas diminuiu mais no Sul e Sudeste,

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deixando o Norte e o Nordeste (as regiões mais pobres do Brasil) com a mortalidade mais alta

por DCNT em 2007 (WHO, 2009a).

Estimativas conservadoras da OMS para o Brasil sugerem que perdas na força de

trabalho e diminuição das poupanças familiares resultantes de apenas três DCNT (diabetes,

doença do coração e acidente vascular cerebral) levarão a uma perda na economia brasileira

de US$ 4,18 bilhões entre 2006 e 2011 (ABEGUNDE et al.; 2007).

Ao abordar as muitas transformações socioeconômicas e demográficas que vêm

ocorrendo em todas as regiões do mundo ao longo das últimas décadas, Schlindwein e

Kassouf (2006) destacam que se observam no Brasil importantes mudanças no processo de

urbanização, na composição das famílias e na participação da mulher no mercado de trabalho.

Estimativas da Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por

Inquérito Telefônico (Vigitel) mostram um aumento contínuo no excesso de peso e obesidade

em adultos de 2006 a 2010, sendo observados respectivamente 42,7% para 48,1% e 11,4%

para 15% (BRASIL, 2007; BRASIL, 2011b).

Segundo Rosa et al. (2011), a obesidade tem sido associada a efeitos adversos à saúde

das mulheres a curto e longo prazo. Mulheres obesas apresentam diminuição da capacidade

reprodutiva e aumento do risco de desfechos adversos na gestação. Dados publicados sobre a

população brasileira feminina pelo Vigitel revelam significativa frequência de excesso de

peso (44,3%) e obesidade (15,5%). Em âmbito estadual, para a capital de Santa Catarina

(Florianópolis), esses valores foram respectivamente 39% e 13% (BRASIL, 2011b).

Além das variáveis citadas, o Vigitel também registrou para a população brasileira

masculina e feminina valores significativos de outros fatores de risco para doenças crônicas,

entre eles o tabagismo (17,9% e 12,7%, respectivamente), consumo abusivo de bebidas

alcoólicas (26,8% e 10,6%), consumo de carne com excesso de gordura (45,5% e 24,5%),

leite com teor integral de gordura (57,5% e 55,5%) e líquidos artificiais (30,9% e 25,7%).

Entre os fatores de proteção, o Vigitel revelou dados sobre o consumo regular de frutas e

hortaliças (24,7% e 34,4%), feijão (72,2% e 62%), proteção contra a radiação ultravioleta

(35,9% e 53,5%) e atividade física no tempo livre e/ou no deslocamento (32,8% e 29%). Na

população feminina, a realização da mamografia nos últimos dois anos e a citologia oncótica

para câncer de colo de útero registrou valores respectivamente de 72,6% e 81,3% (BRASIL,

2011b).

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Na análise de Sá e Moura (2010), o sistema contínuo de Vigitel se configura numa

importante ferramenta para estudos, uma vez que, dentre as questões realizadas, é possível

identificar as quatro situações consensuais recomendadas para a classificação da síndrome

metabólica, isto é, indicadores de obesidade, hipertensão arterial, diabetes e dislipidemia.

A incidência de SM deve crescer de forma preocupante nos próximos anos, uma vez

que muitas das alterações que a compõem estão relacionadas ao estilo de vida moderno. A

prevalência de SM na população brasileira não está muito bem estabelecida e varia conforme

a população estudada e a faixa etária considerada (TUBALDINI et al., 2008).

Nesse contexto, segundo a Sociedade Brasileira de Hipertensão (2006) e a Sociedade

Brasileira de Cardiologia (2007), a SM ganha dimensão como um dos principais desafios da

prática clínica. Sua concomitância com afecções cardiovasculares aumenta a mortalidade

geral em duas vezes e a cardiovascular em cerca de três vezes. O grande desafio, no contexto

de saúde pública, é a de identificar indivíduos em alto risco de desenvolver doença

cardiovascular (DCV) e diabetes mellitus tipo 2. O aumento do número de pessoas com SM

mostra a grande necessidade da identificação da síndrome e da implementação de estratégias

de prevenção (SOCIEDADE BRASILEIRA DE DIABETES, 2007).

Assim, torna-se necessário o conhecimento da prevalência da SM em nossa população

como base para o adequado dimensionamento e direcionamento de ações de saúde, sobretudo

o estabelecimento de medidas de prevenção primárias e secundárias, com reflexos nos custos

socio-econômicos produzidos pelos elevados índices globais de morbidade e mortalidade por

doenças cardiovasculares (OLIVEIRA; SOUZA; LIMA, 2006).

Ao enfatizar que o diagnóstico da SM está condicionado à realização de exames

físicos e bioquímicos e que muitos deles são de difícil acesso pela população brasileira, Sá e

Moura (2010) consideram que o uso de informações já existentes, de base populacional, que

se aproximam dos indicadores recomendados, é aceitável como triagem para uma primeira

estimativa da ocorrência e distribuição da SM no país, no sentido de contribuir para melhor

compreensão da sua magnitude, ainda que subestimada pela falta de acesso a serviços

diagnósticos, e subsidiar ações de intervenção no sentido de reduzir os fatores de risco a ela

associados.

Tubaldini et al. (2008) ressaltam que a disfunção autonômica e cardiovascular assume

importante papel no aparecimento e na manutenção das alterações fisiológicas relacionadas à

SM. Além disso, segundo os autores, há evidências dos efeitos benéficos da dieta e,

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principalmente, do exercício físico crônico na atenuação das disfunções da SM, o que reforça

a importância da mudança no estilo de vida como conduta não-farmacológica no tratamento

e na prevenção da SM.

O plano de ação 2008–2013 da OMS para DCNT focaliza quatro DCNT que foram

responsáveis por 58% das mortes no Brasil em 2007 (doenças cardiovasculares, diabetes,

câncer e doenças respiratórias crônicas) e seus quatro atores de risco compartilhados

(tabagismo, inatividade física, alimentação não saudável e uso prejudicial de álcool) (WHO,

2008).

Concomitantemente, trabalhadores em turnos têm recebido especial atenção na

literatura científica da área da nutrição, pois tem sido associada a maior propensão ao

desenvolvimento de obesidade com a modificação do comportamento alimentar desses

trabalhadores (CRISPIM et al., 2009). Além do mais, os efeitos do trabalho em turnos vêm

sendo alvo crescente de estudos devido à associação da discordância entre o turno de trabalho

e o ritmo circadiano e os potenciais agravos da saúde (GEMELLI; HILLESHEIN;

LAUTERT, 2008).

Apesar do conhecimento acumulado e difundido socialmente, é difícil desenvolver um

modo de vida mais saudável. De um lado, porque vários fatores de risco estão relacionados ao

prazer, são disseminados na mídia e reforçados pelo consumismo da sociedade atual. De

outro, o impacto dos fatores de risco comportamentais sobre a saúde é sentido em idades mais

avançadas, pois se associam a doenças que se desenvolvem lenta e silenciosamente, e cuja

incidência é preponderante na população com idade ≥ 40 anos. Intervenções de saúde pública

devem promover comportamento saudável desde as idades mais jovens e, preferentemente,

desde a infância (BARRETO; PASSOS; GIATTI, 2009).

No caminho da responsabilidade social empresarial, a qualidade de vida no trabalho e

do trabalhador, com a visibilidade à saúde de maneira integral e interligada, tem sido uma das

metas obrigatórias das empresas para minimizar o absenteísmo e o afastamento do trabalho

com consequente aumento da produtividade.

Em escala global, caracteriza-se também o crescimento da exploração da força de

trabalho feminino, que leva à complexificação das relações entre gênero e classe. Na divisão

sexual do trabalho, geralmente as atividades baseadas em capital intensivo são preenchidas

pelo trabalho masculino, enquanto aquelas dotadas de menor qualificação, freqüentemente

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fundadas no trabalho intensivo são destinadas às mulheres, o que estaria deixando-as mais

vulneráveis à superexploração (ANTUNES, 2001).

Diante dos dados demonstrados, especialmente no que se refere à saúde do

trabalhador, optou-se por este estudo com o intuito de conhecer os fatores inerentes ao

desenvolvimento da SM em trabalhadoras que têm a sua jornada de trabalho em turnos, tendo

em vista os efeitos prejudiciais no equilíbrio do ritmo circadiano. O diferencial desta pesquisa

está no fato de focar especificamente as mulheres como grupo a ser investigado, já que a

maioria dos trabalhos encontrados na literatura se concentra em homens ou em ambos os

sexos. Enfatiza-se que apesar da importância da SM, em sua maioria os estudos brasileiros

avaliam populações específicas, sendo escassos aqueles que avaliam a magnitude desse

problema em nível populacional.

Investir no monitoramento da saúde e propor atividades de promoção e educação em

saúde para essa população, para os casos de SM diagnosticados e prevenção de novos casos,

vem ao encontro das tendências e necessidades na prestação de serviços desse setor e das

estratégias em saúde pública. Ressalta-se que as mulheres que apresentaram diagnóstico de

SM receberam orientações para a melhor resolubilidade do problema e foram acompanhadas

no processo de aplicação de tais indicações.

1.2 PROBLEMA DA PESQUISA

Qual a prevalência da síndrome metabólica (SM) e dos principais fatores de risco e de

proteção para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em mulheres trabalhadoras em

diferentes turnos de uma empresa têxtil na região centro-norte de Santa Catarina?

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2 OBJETIVOS

2.1 OBJETIVO GERAL

Avaliar a prevalência da síndrome metabólica (SM) e dos principais fatores de risco e

de proteção para doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) em mulheres trabalhadoras em

diferentes turnos de uma empresa têxtil na região centro-norte de Santa Catarina.

2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

• Descrever as condições sociodemográficas, de saúde, padrão alimentar e atividade

física da população estudada.

• Verificar a frequência dos principais fatores de risco e de proteção para doenças

crônicas nas mulheres trabalhadoras de turnos.

• Determinar o estado nutricional por meio da antropometria (peso, estatura,

circunferência abdominal).

• Realizar avaliação bioquímica da glicemia em jejum, lipoproteína de alta densidade

(HDL-c) e triglicerídeos.

• Verificar a pressão arterial.

• Comparar as variáveis do presente estudo com dados estaduais e nacionais.

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3 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

3.1 COMPREENSÕES DA SÍNDROME METABÓLICA

As alterações metabólicas relacionadas ao desenvolvimento de doenças

cardiovasculares (DCV) e diabetes mellitus (DM) vêm sendo estudadas com maior

intensidade desde a primeira metade do século XX. Bruno (2009) faz uma síntese da trajetória

dessas investigações, lembrando que Kylin, em 1923, descreveu a combinação de alterações

como hipertensão arterial sistêmica (HAS), hiperglicemia e hiperuricemia. Na década de 1940

Vague observou que a obesidade abdominal era a mais encontrada junto das alterações

metabólicas dos diabéticos e dos portadores de DCV. Em 1988 Reaven relacionou a

resistência à insulina com as alterações do metabolismo da glicose, dos lipídeos e a HAS,

chamando de “síndrome X”, porém excluiu a obesidade. Em 1989 Kaplan nomeou essas

alterações de “quarteto mortal”, enquanto outros estudiosos passaram a utilizar o termo

síndrome da resistência à insulina (BRUNO, 2009).

Atualmente essas alterações no metabolismo humano são denominadas síndrome

metabólica (SM), mas ainda não há consenso na sua definição e nos pontos de corte dos seus

componentes, com repercussões nas políticas de saúde e na prática clínica (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005). Para inserir a SM na prática clínica, muitas

organizações têm formulado critérios para o seu diagnóstico (FARIA et al., 2009).

Os critérios mais aceitos são aqueles produzidos pela Organização Mundial da Saúde

(WHO, 1998), pelo Grupo Europeu para Estudo de Resistência Insulínica (EGIR) e pelo

National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATPIII, 2001),

sendo este recomendado pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome

Metabólica (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2005).

As causas do desenvolvimento da SM são complexas e não estão totalmente

esclarecidas. As evidências da literatura levam a crer que a SM resulta da influência do meio

ambiente em indivíduos geneticamente predispostos. A SM tornou-se um importante tópico

de pesquisa na década de 1990, devendo os resultados auxiliar a compreender melhor a

fisiopatologia dessa doença e suas inter-relações (TUBALDINI, et al.; 2008).

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Neste estudo foram utilizados os critérios do NCEP-ATPIII (2001) e a seguir serão

citados alguns trabalhos que utilizaram esse critério diagnóstico para avaliar a SM nas

populações.

Oliveira, Souza e Lima (2006) realizaram um estudo de prevalência no distrito rural de

Cavunge, semiárido baiano. Participaram 240 indivíduos com idade entre 25 a 87 anos, sendo

42,5% (n=102) homens e 57,5% (n=138) mulheres. Observou-se que a ocorrência de SM foi

maior em mulheres (38,4%) do que em homens (18,6%) e mais elevada entre aqueles com

idade ≥45 anos (41,4%) do que naqueles com idade <45 anos (15,9%). A estratificação por

sexo e idade revelou prevalência maior entre mulheres com idade ≥45 anos (56,9%),

possivelmente associada à menopausa.

No estudo de Royer et al. (2007) foi observada incidência da SM variando de 28,1% a

42,9% numa população feminina de mulheres latino-americanas de respectivamente 40-44

anos e 60-64 anos.

Em um estudo realizado por Ford et al. (2002) foi analisada a prevalência da SM no

sexo masculino e feminino, de acordo com diferentes faixas etárias, em um inquérito

epidemiológico em saúde na população americana. Dentre os resultados, os pesquisadores

verificaram que não há diferença em relação à prevalência da SM de acordo com o sexo. A

prevalência da síndrome ajustada para a idade é de 23,7%, porém, para a faixa etária de 20 a

29 anos a prevalência é de 6,7% e esse valor aumenta de forma progressiva de acordo com o

aumento da idade. Na faixa etária de 60 a 69 anos, a prevalência é de 43,5% e de 42% para a

faixa etária acima de 69 anos. Os resultados dessa amostra representativa de adultos

mostraram que a SM é altamente prevalente nessa população.

Soares, Azevedo e Maranhão (2007) realizaram pesquisa com o objetivo de determinar

a prevalência de SM em uma amostra de 102 mulheres com diagnóstico de síndrome dos

ovários policísticos (SOP), residentes em Natal, RN. É importante salientar que essa doença

pode afetar 10% da população feminina em idade reprodutiva e existem poucos relatos

brasileiros publicados sobre esses índices. Foi encontrada uma prevalência de SM em 28,4%,

sendo crescente de acordo com a faixa etária (10% de 20–24 anos, 34,2% de 25–29 anos e

46,2% de 30–34 anos; p<0,05). Observou-se que o valor detectado nas pacientes com SOP,

principalmente na idade entre 25-34 anos, é bastante superior quando comparado aos outros

estudos brasileiros, apesar de quase inexistentes.

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O único estudo de base populacional do qual se tem conhecimento indicou prevalência

de 29,8% de SM em moradores de Vitória (ES), sem diferença entre os sexos. Foram

coletados dados socioeconômicos, bioquímicos, antropométricos e hemodinâmicos em 1.630

indivíduos, na faixa etária de 25 a 64 anos, sendo 743 (45,6%) homens e 887 (54,4%)

mulheres. De 25 a 34 anos, a prevalência de SM foi 15,8%, alcançando 48,3% na faixa etária

de 55 a 64 anos. Verificou-se aumento progressivo da prevalência em mulheres do maior para

o menor nível socioeconômico. O parâmetro da SM mais frequente em mulheres foi

hipertensão, seguida do nível baixo de colesterol de lipoproteínas de alta densidade (HDL-c),

obesidade abdominal, hipertrigliceridemia e hiperglicemia. Os autores concluíram que a

prevalência de SM foi elevada, inclusive nos mais jovens, com grande contribuição da

hipertensão para o seu diagnóstico (SALAROLI et al.; 2007).

Salaroli et al. (2007) ainda notaram incremento da prevalência da SM com o aumento

da idade, tanto nos homens quanto nas mulheres, não havendo diferença significativa entre

sexos em nenhuma das faixas etárias do estudo. Porém, chama atenção a prevalência elevada

da SM mesmo na faixa etária mais baixa. Diferenças na distribuição por sexo, faixa etária,

dieta e grau de atividade física, além de características étnicas e genéticas, podem afetar o

aparecimento dos diversos componentes da SM.

Um estudo com 440 mulheres de 20 a 59 anos, com o objetivo de investigar a

prevalência de obesidade e seus fatores associados em usuárias de serviços de pronto

atendimento do Sistema Único de Saúde (SUS) no sul do Brasil, encontrou a prevalência de

sobrepeso e obesidade em 30,2% e 34,1%, respectivamente, aumentando de acordo com a

faixa etária, e 44,1% de obesidade central. Cerca de 60% (n=265) das mulheres referiram

apresentar algum agravo à saúde, sendo que 139 apresentavam mais de um agravo

concomitante. Hipertensão (36,4%), diabetes (18,4%) e depressão (13,6%) foram as doenças

referidas com mais frequência. Atividade física insuficiente, história de três ou mais

gestações, idade maior que 50 anos e obesidade central foram associadas a uma prevalência

maior de obesidade (ROSA et al., 2011).

Outro estudo, realizado no período de 2004-2005 com 4.296 participantes da coorte de

nascidos em 1982 na cidade de Pelotas (RS), teve como objetivo descrever a prevalência de

SM e sua associação com estilo de vida contemporâneo. A prevalência da SM foi pesquisada

em 3.599 deles, utilizando os critérios do NCEP-ATP III e da Federação Internacional de

Diabetes (IDF) e encontrou-se uma prevalência da SM de 5,9% e 6,7%, respectivamente.

Dentre os fatores de risco avaliados, o fumo, a ingestão de álcool e atividade física não foram

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associados com a SM. Entre as mulheres, a renda familiar e a escolaridade foram associadas

inversamente com a presença da SM, o sobrepeso aumentou o risco de SM em 7,73 vezes e a

obesidade aumentou em 40,67 vezes (SILVEIRA et al.; 2010).

Considerando-se as dimensões continentais de nosso país, é plausível admitir que

fatores genéticos, ambientais e socioeconômicos podem ser responsáveis por diferenças

regionais na prevalência não apenas da SM, mas também de outras morbidades

cardiovasculares, como hipertensão arterial e diabetes mellitus (SOARES; AZEVEDO;

MARANHÃO, 2007).

Ao investigar o risco cardiovascular em trabalhadores de uma grande empresa do Rio

de Janeiro, Bruno (2009) constatou que obesidade, pressão alta, diabetes mellitus,

dislipidemia e SM são consequências da combinação de cargas psíquicas e cognitivas no

trabalho, acrescidas do estilo de vida moderno, estressante, sedentário, maus hábitos

alimentares (mais gorduras e energia) e tabagismo. Esses fatores isolados ou em conjunto

podem precipitar o aparecimento das doenças cardiovasculares. Para a autora, o diagnóstico

precoce e a adoção de medidas para controle dos riscos cardiovasculares são fundamentais

para se evitar incapacidade ou morte precoce dos trabalhadores.

3.2 TURNOS DE TRABALHO E A RELAÇÃO COM DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS

Depois da descoberta do fogo, por volta de 7000 antes de Cristo, as atividades

humanas, que até então eram totalmente orientadas pelos ciclos de luz solar diurna e de

escuridão noturna, foram com o tempo sofrendo transformações. Mesmo precária, a

iluminação possibilitada pelo fogo permitia, já na Roma Antiga, o trabalho noturno de

entregadores de mercadorias. No século XVIII, a invenção da máquina a vapor e a

mecanização dos trabalhos nas fábricas deflagraram a primeira revolução industrial, com

extensão das atividades laborativas para a noite (RODRIGUES, 1998).

Outros acontecimentos importantes da história são citados por Rodrigues (1998) em

seu estudo sobre os impactos do trabalho em turnos, como a invenção da lâmpada

incandescente por Thomas Edison em 1879 e a instalação da primeira usina geradora de

eletricidade em Nova Iorque em 1882 — fatos que, segundo o autor, concretizaram a maior

evolução singular da história do trabalho em turnos. Ele acentua que durante a primeira guerra

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mundial houve grande êxodo do campo para a cidade a fim de atender às operações durante

24 horas por dia nas fábricas de munição. A busca incessante de conforto material levou à

criação da sociedade 24 horas. O conforto e lucratividade trazidos pelo progresso tecnológico

da sociedade 24 horas têm contrapartidas negativas sobre os trabalhadores. A vida natural,

praticada por milênios, desenvolveu nas pessoas ciclos biorrítmicos naturais, um dos quais é o

ciclo circadiano. O trabalho em turnos contraria este ciclo gerando algumas consequências

negativas.

Dentre os impactos sobre a saúde, gerados pela discordância entre o turno de trabalho

e o ritmo circadiano, Gemelli, Hilleshein e Lautert (2008) apontam agravos crônicos, como

doenças cardiovasculares e resistência insulínica, enfatizando que outros efeitos observados,

notadamente em trabalhadores de turnos rotativos ou noturnos, são alterações da qualidade do

sono e estado de alerta, cansaço e risco para acidentes e erros.

Além de problemas cardiovasculares, o trabalho por turnos pode facilitar o

desenvolvimento de doenças gastrointestinais, muito provavelmente como resultado da

ressincronização do relógio biológico, o que prejudica tanto a quantidade quanto a qualidade

do sono e faz com que a ingestão de alimentos seja irregular ou que interfira com as funções

normais do organismo (WATERHOUSE et al., 1997). Portanto, os trabalhadores devem

organizar sua ingestão de alimentos nas refeições e lanches conforme os horários

estabelecidos (NIEDHAMMER; LERT; MARNE, 1996).

Em um estudo realizado por Assis et al. (2003), investigou-se a ingestão de alimentos

de coletores de lixo da cidade de Florianópolis (SC) que exerciam suas funções em turnos de

trabalho (manhã, tarde e noite). Não houve diferença na ingestão diária de energia, apesar das

diferenças em escolhas alimentares e ritmos circadianos. Vários fatores não associadas à

mudança tiveram um impacto significativo sobre ingestão: hora do dia, hora desde a última

refeição, idade e índice de massa corporal (IMC). Os turnos de trabalho influenciaram

significativamente na ingestão de amidos, bebidas alcoólicas e doces. Em diferentes períodos

do dia, alimentação e ingestão de nutrientes foram consideravelmente afetados pelas

mudanças. A análise da distribuição circadiana de escolhas alimentares e ingestão de

nutrientes é importante para os trabalhadores por turnos, porque a ingestão diária total não

pode revelar diferenças associadas.

Antunes et al. (2010) realizaram estudo no Hospital das Clínicas de Porto Alegre (RS)

com o objetivo de correlacionar o trabalho de turno com o IMC, circunferência da cintura

(CC), cronotipo e sintomas depressivos em 27 trabalhadores com idade entre 25 e 60 anos.

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Observaram que trabalhadores de turno apresentaram maior IMC e CC quando comparados

aos diurnos e o tempo de trabalho de turno foi correlacionado à CC e idade. Não houve

correlação entre trabalho em turno e sintomas depressivos e cronotipo. Os autores sugerem

que o trabalho de turno desempenha um papel no desenvolvimento e/ou nas precoces

manifestações clínicas de distúrbios metabólicos, tornando-se um fator de risco para o

desenvolvimento da obesidade e SM.

Pesquisa desenvolvida por Biggi et al. (2008) com trabalhadores do sexo masculino de

uma empresa responsável pela limpeza de ruas e coleta de lixo teve o objetivo de verificar a

relação do trabalho noturno e fatores de risco metabólico e cardiovascular. Foram avaliados

488 trabalhadores (157 do turno diurno, 12 do turno noturno e 319 que já trabalharam em

ambos os turnos) que trabalharam entre 1976 e 2007 e foram comparados com indivíduos que

sempre exerciam iguais funções, mas em turnos diurnos. A idade variou de 22 a 62 anos e o

tempo de trabalho de 1 a 28 anos. Como resultado, os trabalhadores noturnos fumavam mais e

tinham IMC, colesterol total e triglicerídeos significativamente mais elevados do que os

trabalhadores do dia. Nenhum efeito consistente foi observado na glicemia de jejum, enzimas

hepáticas e pressão arterial, enquanto uma maior incidência de doença cardiovascular foi

observada em trabalhadores noturnos. Concluiu-se que trabalho em turno relacionado com a

desregulação do ritmo circadiano pode ocasionar alterações em um ou mais componentes da

SM.

A investigação de Esquirol et al. (2009) avaliou o impacto do trabalho em turno

noturno e diurno sobre a SM. Foi realizado um estudo transversal, comparando 98

trabalhadores por turnos rotativos estritamente regulares a 100 dias de trabalho dentro da

mesma plataforma petroquímica. Análise de regressão logística múltipla demonstrou que o

trabalho noturno foi associado com a ocorrência de SM. Análises também testaram os ritmos

da dieta para o desenvolvimento da SM e concluíram que uma ingestão dietética no café da

manhã e lanches nos intervalos parecem ser fatores protetores para SM, enquanto uma alta

carga no jantar favorece a sua ocorrência. Em todos os modelos testados, o trabalho em turnos

permaneceu significativamente associado à SM, tendo em conta variáveis potenciais como a

tensão no trabalho, atividade física, parâmetros alimentares e distribuição de refeições.

O objetivo do estudo prospectivo realizado por Pietroiusti et al. (2010) foi avaliar se

existe uma relação causal entre trabalho noturno e o desenvolvimento de SM em enfermeiros

do sexo masculino e feminino (n=402), livres de qualquer componente da SM no início do

estudo. Os avaliados foram acompanhados durante quatro anos e o grupo controle (n=336) foi

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formado por enfermeiros que realizaram o trabalho diurno no mesmo período. A incidência de

SM foi verificada em 9% (n=36) entre os trabalhadores noturnos e 1,8% (n=6) entre os

diurnos. Este estudo mostra, pela primeira vez que, durante um período de quatro anos, o

desenvolvimento da SM foi significativamente mais elevado em trabalhadores noturnos. Os

resultados abrem caminho para semelhantes estudos prospectivos de confirmação em

trabalhadores envolvidos em outras atividades e sugerem que a vigilância médica adequada e,

se necessário, alterações no horário de trabalho devem ser consideradas, além de

aconselhamento dietético e mudança do estilo de vida.

3.3 POLÍTICAS DE DOENÇAS CRÔNICAS NÃO TRANSMISSÍVEIS NO BRASIL

O Brasil vem organizando, nos últimos anos, ações no sentido da estruturação e

operacionalização de um sistema de vigilância específico para as doenças e agravos não

transmissíveis, de modo a conhecer a distribuição, magnitude e tendência das doenças

crônicas e seus fatores de risco e apoiar as políticas públicas de promoção à saúde. Como

resposta ao desafio das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT), o Ministério da Saúde

recentemente divulgou o Plano de Ações Estratégicas Para o Enfrentamento das DCNT no

Brasil 2011-2022, que visa preparar o país nos próximos dez anos para enfrentar e deter essas

doenças. Tem também implementado importantes políticas de enfrentamento (BRASIL,

2011a):

- Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por

Inquérito Telefônico (Vigitel): foi implantado em 2006 e investiga a frequência de fatores de

risco e proteção para doenças crônicas e morbidade referida em adultos (≥18 anos) residentes

em domicílios com linha fixa de telefone nas capitais do Brasil com 54.000 entrevistas anuais.

- Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD): é a pesquisa que inclui questões

relacionadas à saúde a cada três anos, fornecendo informações individuais sobre

características socioeconômicas e demográficas e indicadores de saúde selecionados,

incluindo fatores de risco e doenças crônicas autorrelatadas. Em 2008 ela incluiu, pela

primeira vez, dados sobre consumo de tabaco, atividade física e exposição à violência.

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- Pesquisa de Orçamento Familiar (POF): é a pesquisa nacional que elabora o perfil do

estado nutricional e dos gastos, incluindo compras relacionadas à nutrição de famílias

brasileiras, junto com medidas de altura e peso. Permite a criação de índices de consumo de

alimentos e tendências temporais na disponibilidade de alimentos nos domicílios (SCHMIDT

et al., 2011).

- Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab): faz parte da iniciativa do Global Adult

Tobacco Survey (GATS).

- I Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (PeNSE): investiga comportamentos

relacionados à nutrição, fumo e atividade física e relacionamentos entre família e escola.

Além disso, mede o peso e a altura de crianças da oitava série do ensino fundamental (14

anos) em todas as capitais brasileiras. Em 2009 foi realizado um inquérito com cerca de 63

mil alunos do 9º ano das escolas públicas e privadas das capitais do Brasil e Distrito Federal,

em parceria com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e com os ministérios

da Saúde e da Educação. Esse inquérito acontecerá a cada três anos.

– Política de Promoção da Saúde: aprovada em 2006, prioriza ações de alimentação

saudável, atividade física, prevenção do uso do tabaco e álcool, inclusive com transferência

de recursos a estados e municípios para a implantação dessas ações, de forma intersetorial e

integrada.

– Pesquisa Nacional de Saúde (PNS): é a primeira pesquisa sobre saúde e está programada

para 2013. Inclui pressão sanguínea e outros parâmetros clínicos e medidas de laboratório

(SCHMIDT et al., 2011).

– Atividade Física: o Ministério da Saúde lançou, em 7 de abril de 2011, o programa

Academia da Saúde, de promoção de atividade física, com meta de expansão a 4 mil

municípios até 2015. Desde 2006, a Secretaria de Vigilância em Saúde (SVS) apoia e financia

programas de atividade física que já somam mais de 1.000 projetos em todo o país.

– Tabaco: o sucesso da política antitabaco é um ponto de grande relevância que reflete no

declínio da prevalência das DCNT. Destacam-se as ações regulatórias, como a proibição da

propaganda de cigarros, as advertências sobre o risco de problemas nos maços do produto e a

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adesão à Convenção-Quadro do Controle do Tabaco em 2006. Em 2011 foram realizadas

consultas públicas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para ampliação das

advertências nos maços, maior controle da propaganda nos pontos de venda e proibição de

aditivos de sabor no cigarro.

– Alimentação: o incentivo ao aleitamento materno tem sido uma importante iniciativa do

Ministério da Saúde, ao lado de mensagens claras, como o Guia de Alimentação Saudável, e

parcerias, como a do Ministério do Desenvolvimento Social no programa Bolsa Família. O

Brasil também se destaca na regulamentação da rotulagem dos alimentos. Além disso, foram

realizados acordos com a indústria para a redução do teor das gorduras trans e, recentemente,

novos acordos voluntários de metas de redução de sal em 10% ao ano em pães, macarrão e,

até o final de 2011, nos demais grupos de alimentos.

– Expansão da atenção primária: a atenção primária em saúde cobre cerca de 60% da

população brasileira. As equipes atuam em território definido, com população adstrita,

realizando ações de promoção, vigilância em saúde, prevenção, assistência e

acompanhamento longitudinal dos usuários, o que é fundamental na melhoria da resposta ao

tratamento dos usuários com DCNT. Foram publicados os Cadernos da Atenção Básica e

guias para o controle de hipertensão arterial, diabetes, obesidade e cuidados cardiovasculares.

– Distribuição gratuita de medicamentos para hipertensão e diabetes: expansão da

atenção farmacêutica e distribuição gratuita de mais de 15 medicamentos para hipertensão e

diabetes (anti-hipertensivos, insulinas, hipoglicemiante, AAS, estatinas). Em março de 2011,

o Programa Farmácia Popular passou a ofertar medicamentos gratuitos para hipertensão e

diabetes em mais de 12 mil farmácias privadas. Essa medida ampliou o acesso e foram

distribuídos, até abril de 2011, mais de 3,7 milhões de tratamentos, aumentando em 70% a

distribuição de medicamentos para hipertensos e diabéticos.

– Rastreamento para câncer: houve aumento na cobertura de exames preventivos de câncer

de mama (mamografia) de 54,8% (2003) para 71,1% (2008) e aumento na cobertura de exame

preventivo para câncer do colo do útero de 82,6% (2003) para 87,1% (2008), entre mulheres

com idade entre 25 a 59 anos, segundo a PNAD 2008 (IBGE, 2010b). Ainda persistem

desigualdades, em relação à escolaridade e região, que precisam ser superadas.

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3.4 FATORES DE RISCO E PROTEÇÃO PARA DOENÇAS CRÔNICAS NÃO

TRANSMISSÍVEIS

Quando se coloca em discussão os fatores de risco e proteção para DCNT, deve-se

considerar o fato de que a exposição ao tabagismo, à alimentação inadequada e ao

sedentarismo frequentemente se inicia na adolescência e se consolida na vida adulta. Esses

fatores aumentam o risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, diabetes e câncer,

principais causas de morbimortalidade na vida adulta. Estudos epidemiológicos têm mostrado

que as doenças cardiovasculares seriam causa relativamente rara de morte na ausência dos

principais fatores de risco (BARRETO; PASSOS; GIATTI, 2009).

Segundo o estudo Interheart, realizado em 52 países, fatores como dislipidemia,

cigarro, hipertensão, diabetes, obesidade abdominal, fatores psicossociais, baixo consumo de

frutas e hortaliças, consumo abusivo de álcool e inatividade física respondem por 90% do

risco atribuível populacional em homens e 94% em mulheres, afetando todas as idades ou

países (BARRETO; PASSOS; GIATTI, 2009).

Fatores de risco comportamentais podem ser evitáveis e são passíveis de ações de

prevenção e controle. Medidas de promoção da saúde que favoreçam hábitos de vida

saudáveis são importantes na redução das taxas de morbidade e mortalidade dessas doenças,

além da melhora na qualidade de vida (MALTA et al., 2006; WHO, 2005). O monitoramento

da frequência dos fatores de risco tem sido objeto de vigilância em muitos países, visando a

orientar políticas públicas que busquem reduzir a ocorrência de DCNT (WHO, 2005).

O tabagismo é considerado pela OMS a principal causa de morte evitável e analisar

suas propensões de prevalência podem apoiar ações para reduzir sua taxa de ocorrência

(MALTA et al., 2010). A magnitude do problema é identificada ao considerar que cerca de

1/3 da população mundial adulta seja fumante (WHO, 2005). No Brasil, duas pesquisas

nacionais mostram que a prevalência do tabagismo em pessoas com 18 anos ou mais diminuiu

substancialmente, de 34,8% em 1989 para 22,4% em 2003 (MONTEIRO et al., 2007). Uma

redução ainda maior para 17,2% (21,6% de homens e 13,1% de mulheres com 15 anos de

idade ou mais) foi registrada até 2009, estimada pela Global Adult Tobacco Survey (GATS),

uma pesquisa representativa em nível nacional que incluiu mais de 50 mil domicílios em

todos os estados brasileiros (IBGE, 2009b).

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O consumo abusivo de bebidas alcoólicas também é um dos fatores de risco para

DCNT (WHO, 2002; MASCARENHAS et al., 2009), como cirrose hepática, pancreatite

crônica, insuficiência cardíaca, acidente vascular cerebral, neoplasias, além de ocorrências

como acidentes de trânsito e violência (MALTA et al., 2011). Por essas razões, a cessação do

tabagismo e a moderação do consumo de álcool são recomendadas, tanto para a prevenção

primária, quanto para a prevenção secundária (COSTA et al., 2009).

A inatividade física, a obesidade e o sobrepeso também vêm sendo ressaltados como

um importante entrave para o controle das DCNT (EYKEN; MORAES, 2009). A transição

nutricional ocorrida no mundo, incluindo-se o Brasil, com aumento do consumo excessivo de

alimentos gordurosos e calóricos, é representada pela redução da desnutrição e pelo aumento

do excesso de peso e da obesidade (WHO, 2005).

A mais recente pesquisa nacional sobre antropometria, realizada em 2008–2009,

confirma a tendência do aumento na prevalência de excesso de peso e obesidade no sexo

feminino, 48% e 16,9%, respectivamente (IBGE, 2010a). Resultados publicados recentemente

pelo Sistema Vigitel, referentes à capital de Santa Catarina, Florianópolis, e ao ano de 2010,

revelam 38,9% e 13,4%, respectivamente, em mulheres com 18 anos de idade ou mais

(BRASIL, 2011b).

No Brasil, os padrões de atividade física começaram a ser estudados recentemente,

portanto, tendências seculares de gasto de energia são desconhecidas. Em 1996-97, uma

pesquisa nacional mostrou que apenas 3,3% dos adultos brasileiros relataram realizar o nível

mínimo recomendado de trinta minutos de atividade física durante o período de lazer, pelo

menos cinco dias por semana (MONTEIRO; CONDE; MATSUDO, 2003). Autorrelatos

registrados em pesquisas Vigitel sugerem que os níveis de atividade física melhoraram, mas é

provável que isso ainda não seja suficiente para compensar o declínio no gasto de energia

ocupacional (SCHMIDT, 2011).

O padrão alimentar dos indivíduos é um importante condicionante da

morbimortalidade por doenças crônicas ao longo de todas as fases da vida. Dietas ricas em

frutas e hortaliças e com produtos com baixo teor de gorduras diminuem o risco

cardiovascular, contribuem para a redução do peso, atuam diretamente na redução da pressão

arterial e previnem o câncer (JAIME et al., 2009; MANCIA et al., 2007).

Com base em dados da OMS, Santos, César e Malta (2010) advertem que o consumo

excessivo de gorduras saturadas de origem animal aumenta o número de doenças

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cerebrovasculares e doenças isquêmicas do coração, bem como o consumo insuficiente de

frutas, legumes e verduras. Também as dislipidemias, causadas majoritariamente pelo

consumo excessivo de gorduras saturadas de origem animal, como carnes com excesso de

gordura e leite com teor integral de gordura, aumentam as doenças cerebrovasculares e

doenças isquêmicas do coração (WHO, 2005; WHO, 2009a).

As estatísticas são preocupantes. Malta et al. (2011) salientam que o consumo

insuficiente de frutas, legumes e verduras (consumo diário inferior a 400 gramas ou,

aproximadamente, cinco porções por pessoa) é responsável anualmente por 2,7 milhões de

mortes e por 31% das doenças isquêmicas do coração, 11% das doenças cerebrovasculares e

19% dos cânceres gastrointestinais ocorridos em todo o mundo.

Frutas e hortaliças são alimentos importantes, pois são fontes de micronutrientes,

fibras e de outros componentes com propriedades funcionais. Ademais, são alimentos de

baixa densidade energética, isto é, com poucas calorias em relação ao volume da alimentação

consumida, o que favorece a manutenção do peso corporal saudável (JAIME et al., 2009).

Esses dados demonstram e relevância de iniciativas que incentivem o consumo, a

produção e a comercialização desses alimentos na perspectiva de promoção da saúde e da

segurança alimentar e nutricional como um direito humano (VASCONCELOS, 2006; JAIME

et al., 2009).

Outro alimento muito importante para a população brasileira é o feijão. O Guia

Alimentar para a População Brasileira recomenda a ingestão de pelo menos uma porção diária

de feijão ou outra leguminosa (ervilha seca, grão-de-bico, lentilha, soja) pelo alto teor em

fibras e ferro encontrado nesses alimentos, além de sua relativa baixa densidade energética

(uma porção de feijão corresponde a aproximadamente 5% das calorias diárias), desde que

evitadas preparações com alto teor de gordura. A combinação de uma parte de feijão para

duas de arroz, típica da culinária brasileira, assegura proteínas de alta qualidade na dieta

(BRASIL, 2005).

Com referência ao câncer, dados da Organização Mundial de Saúde (WHO, 2009b)

revelam que ele é responsável por mais de 12% de todas as causas de óbito no mundo, com

cerca de dez milhões de casos novos e sete milhões de mortes por ano. Evidências mostram

que hábitos alimentares inadequados e a falta de atividade física têm um papel distinto como

fator de risco para o câncer (MALTA et al., 2011).

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O sistema Vigitel disponibiliza um indicador que avalia a proteção contra radiação

ultravioleta e dois indicadores do acesso da população feminina a serviços de diagnóstico

precoce de câncer: a frequência da realização do exame de mamografia e a frequência de

realização do exame de citologia oncótica para câncer de colo do útero (BRASIL, 2010,

BRASIL, 2011b).

A realização do exame de citologia oncótica para câncer de colo do útero a cada três

anos é preconizada pelo Ministério da Saúde para todas as mulheres com idade entre 25 e 59

anos e também para mulheres mais jovens com vida sexual ativa. Exames anuais são

recomendados para mulheres com citologia alterada. As maiores frequências de mulheres

entre 25 e 59 anos de idade que referem ter realizado exame de citologia oncótica para câncer

de colo do útero nos últimos três anos foram observadas em São Paulo (90,4%), Porto Alegre

(89,5%) e Curitiba (88,1%) e as menores em Maceió (67,7%), Macapá (68,2%) e Distrito

Federal (70,0%). Em Florianópolis este percentual foi de 85,1% (BRASIL, 2011b).

A frequência de adultos que referem se proteger contra a radiação ultravioleta variou

entre 38,8% em Salvador a 57,2% em Palmas. No sexo feminino, as maiores frequências

foram observadas no Distrito Federal (71,6%), Palmas (68,2%), e Curitiba (63,9%), e as

menores em Salvador (43,5%), Fortaleza (47,3%) e Maceió (47,8%). Em Florianópolis este

percentual foi de 63,6%. No conjunto da população adulta das 27 cidades estudadas, 45,4%

das pessoas referem se proteger contra a radiação ultravioleta, sendo essa proporção maior em

mulheres (53,5%) do que em homens (35,9%). Entre homens, não há uma relação bem

definida entre a proteção contra a radiação ultravioleta e idade; entre mulheres, a frequência

de proteção aumenta com a idade até os 44 anos de idade. A frequência de proteção contra a

radiação ultravioleta aumenta fortemente com a escolaridade nos dois sexos, alcançando

71,5% entre as mulheres com 12 ou mais anos de escolaridade (BRASIL, 2011b).

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4 METODOLOGIA

4.1 TIPO DE ESTUDO

O estudo teve caráter transversal e foi do tipo exploratório de natureza quantitativa.

4.2 LOCAL DO ESTUDO

Este estudo foi desenvolvido no município de Pomerode, localizado no Médio Vale do

Itajaí, região centro-norte do Estado de Santa Catarina, nas proximidades das cidades de

Blumenau, Timbó, Indaial e Jaraguá do Sul. Sua distância de Florianópolis, a capital do

estado, é de 162 km. A cidade de Pomerode possui 27.772 mil habitantes e uma área total de

216 km² (IBGE, 2010b).

O nome Pomerode está ligado à origem de seus fundadores, imigrantes vindos da

Pomerânia (Pommern), norte da Alemanha. O início da colonização de Pomerode remonta ao

ano de 1863, quando os primeiros imigrantes, liderados pelo colonizador Ferdinand Hackrath,

decidiram subir um afluente do Rio Itajaí-Açu, em Blumenau. Eram abertas picadas ao longo

do curso do rio, que foi chamado Rio do Texto (POMERODE, 2011).

Os primeiros imigrantes de Pomerode se estabeleceram ao longo do rio pelo sistema

de minifúndios (pequenas fazendas) onde eram cultivados arroz, fumo, batata, mandioca, cana

de açúcar, milho e feijão. Os colonos também se dedicavam à criação de gado leiteiro e suíno,

cujas matrizes vieram da Europa. Anos mais tarde, a indústria da porcelana se tornou uma das

mais importantes para a economia local. Hoje a cidade é considerada um forte polo têxtil e

metalmecânico (POMERODE, 2011).

Pomerode foi fundada em 19 de dezembro de 1958 e teve sua emancipação político-

administrativa da cidade de Blumenau declarada em 21 de janeiro de 1959. Até hoje mantém

o fascínio de uma pequena comunidade com a forte influência alemã em seus costumes

(POMERODE, 2011).

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4.3 POPULAÇÃO E AMOSTRA

A população deste estudo foi constituída por trabalhadores do sexo feminino que

exercem trabalhos em turnos em uma empresa do ramo têxtil localizada na cidade de

Pomerode, Santa Catarina. A população avaliada foi composta por mulheres adultas entre 20 e

59 anos, conforme os ciclos de vida do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional

(Sisvan) (Tabela 1).

Tabela 1- Ciclos de vida, de acordo com o Sisvan

CICLOS IDADE

Crianças

Adolescentes

Adulto

Idoso

< 10 anos de idade

≥ 10 anos e < 20 anos de idade

≥ 20 anos e < 60 anos

≥ 60 anos de idade

Fonte: BRASIL, 2008

A empresa têxtil atualmente possui 1.187 colaboradores, distribuídos em três filiais na

região do Médio Vale do Itajaí. As mulheres representam 56% (n=661) dos colaboradores e

exercem suas funções em quatro turnos de trabalho, divididas em setor administrativo e de

produção. No setor administrativo, também nomeado turno diurno (horário da geral), o

horário de trabalho é das 7h30min às 17h18min de segunda a sexta-feira. No setor de

produção os turnos são subdivididos em primeiro, segundo e terceiro. No primeiro turno as

atividades são realizadas entre 5h e 13h30min e aos sábados das 5h às 9h. No segundo turno o

horário é das 13h30min às 22h e sábados das 9h às 13h e no terceiro turno, das 22h às 5h da

manhã, de domingo a sexta-feira.

Considerando todas as mulheres da empresa que exercem suas atividades nos quatro

turnos de trabalho, o número totaliza 408 e, destas, 93 trabalham no setor administrativo e 315

no setor da produção.

As mulheres avaliadas foram selecionadas aleatoriamente por meio de amostra casual

simples proporcional, com erro máximo de 5% e uma confiança mínima de 95%. Dessa

forma, a amostra foi composta por 155 mulheres, sendo 40 do setor administrativo e 115 do

setor da produção, no artigo intitulado “Prevalência de síndrome metabólica e de seus

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componentes entre mulheres trabalhadoras em turnos em uma empresa no sul do Brasil”, e

por 152 mulheres, sendo 39 do setor administrativo e 113 da produção, no artigo “Fatores de

risco e proteção para doenças crônicas entre mulheres trabalhadoras em turnos”.

Os critérios de inclusão foram: ser mulher, adulta, funcionária da empresa têxtil e

assinar o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A). Os critérios de exclusão

foram: ser gestante ou nutriz.

4.4 ASPECTOS ÉTICOS

O projeto de pesquisa foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da

Universidade do Vale do Itajaí, registrado sob o número 213/10.

Mediante aceitação voluntária das participantes, foi solicitada a assinatura de duas vias

de um Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, onde constavam todas as etapas do

estudo. Uma das vias ficou em posse da assinante e outra em posse da pesquisadora.

Todas as participantes do estudo tiveram a devolutiva dos resultados, assim como a

empresa na qual foi realizado o estudo. Foram adotadas ações de promoção e educação em

saúde para todos os participantes e as mulheres que apresentaram diagnóstico de síndrome

metabólica foram orientadas e acompanhadas (Apêndice B).

4.5 COLETA DE DADOS

A coleta de dados foi realizada em 2010 na sede da empresa, por profissionais

capacitados, supervisionados e previamente treinados para tal fim. A verificação da pressão

arterial foi realizada por técnicas de enfermagem, a coleta de sangue e a análise bioquímica

foram realizadas por um laboratório particular e a avaliação antropométrica e o registro dos

demais dados, pela pesquisadora e alunos do curso de Nutrição. O registro de todos os dados

coletados foi armazenado em um questionário individual adaptado (Apêndice C). Foi

realizado um estudo piloto para testar o instrumento.

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O estudo foi estruturado em seis etapas:

Etapa 1: sensibilização de todos os funcionários da empresa têxtil por meio de

cartazes encaminhados por sistema eletrônico e afixados nos murais da empresa e distribuição

de convites nos horários das refeições com informações sobre o estudo e as datas das

avaliações antropométricas.

Etapa 2: avaliação do estado nutricional por meio da antropometria (peso, estatura e

circunferência abdominal), cálculo do índice de massa corporal (IMC) e orientações gerais

individuais. Essa etapa foi realizada pela pesquisadora e pelos alunos do curso de Nutrição no

restaurante da empresa, no horário das refeições dos funcionários. Participaram homens e

mulheres nessa etapa, no entanto, foram convidados para a próxima etapa todos os

participantes que preenchiam os critérios de inclusão citados no item 3.3.

Etapa 3: agendamento por meio de telefone para a coleta de sangue das mulheres

selecionadas.

Etapa 4: com horários pré-agendados e conforme o turno de trabalho de cada

funcionária, foi realizada a coleta de sangue no ambulatório clínico da empresa têxtil por

profissionais capacitados de um laboratório particular. Nessa etapa também houve a aferição

da pressão arterial por técnicas de enfermagem e a coleta de dados referentes às condições

sociodemográficas, fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis

(BRASIL, 2011b).

Etapa 5: devolutiva individual dos resultados da avaliação bioquímica e as

orientações pertinentes a cada caso com relação aos hábitos alimentares saudáveis (Apêndice

B).

Etapa 6: promoção e educação em saúde para todos os participantes e não

participantes do estudo por meio de palestras sobre alimentação saudável (Apêndice B). As

mulheres diagnosticadas com SM foram encaminhadas para o ambulatório da empresa para

tratamento e acompanhamento médico.

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4.6 INSTRUMENTOS DO ESTUDO

O instrumento de coleta de dados, aplicado na forma de entrevista, foi um questionário

adaptado, composto por indicadores monitorados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de

Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), já testado e

validado em estudos anteriores no Brasil (BRASIL, 2010).

4.6.1 Avaliação sociodemográfica

As variáveis avaliadas foram: faixa etária (20-29, 30-39, 40-49, 50-59 anos de idade),

estado civil atual (solteiro, casado ou união estável mais de 6 meses, separado ou divorciado,

viúvo) e escolaridade (0-8, 9-11, ≥12 anos de estudo) (BRASIL, 2011b).

4.6.2 Fatores de risco

Dentre os fatores de risco, as seguintes variáveis foram avaliadas:

Excesso de peso e obesidade: foi avaliado a partir do cálculo do IMC, dividindo-se o

peso em quilogramas pela altura ao quadrado em metros (kg/m²), segundo os pontos de corte

da WHO (1995) (Tabela 2). O excesso de peso foi caracterizado pelo número de mulheres que

possuíam IMC igual ou superior a 25 kg/m2 e com obesidade o número de mulheres com IMC

igual ou superior a 30 kg/m2 (BRASIL, 2011b).

Tabela 2- Valores de referência do índice de massa corporal para adultos

Diagnóstico IMC (kg/m2)

Magreza Grau III

Magreza Grau II

Magreza Grau I

Eutrofia

Pré-obeso

Obesidade Grau I

Obesidade Grau II

Obesidade Grau III

< 16

16 – 16,9

17 – 18,4

18,5 – 24,9

25 – 29,9

30 – 34,9

35 – 39,9

≥ 40

Fonte: WHO, 1995

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Para a avaliação do peso corporal foi utilizada a balança digital da marca Welmy® com

capacidade mínima de 1 kg e máxima de 300 kg e sensibilidade de 50 g. As avaliadas foram

orientadas a ficarem descalças, com o mínimo de vestimentas, no centro da plataforma da

balança, com o peso do corpo distribuído igualmente em ambos os pés e com os braços ao

lado do corpo (WHO, 1995). A estatura foi aferida utilizando-se estadiômetro tipo trena da

marca WCS Cardiomed®, estando a avaliada em posição ereta, com os pés juntos, descalços,

mãos ao lado do corpo e cabeça posicionada num ângulo de 90° (WHO, 1995).

Tabagismo: foi avaliado o número de mulheres que responderam positivamente à

questão “A senhora fuma?”, independentemente do número de cigarros, da frequência e da

duração do hábito de fumar (BRASIL, 2011b).

Consumo abusivo de bebidas alcoólicas: foi avaliado o número de mulheres que

consumiram nos últimos trinta dias, em um único dia, mais de quatro doses de bebida

alcoólica. Uma dose de bebida alcoólica corresponde a uma lata de cerveja, uma taça de vinho

ou uma dose de cachaça, uísque ou qualquer outra bebida alcoólica destilada (BRASIL,

2011b).

Consumo de carnes com gordura visível: foi avaliado o número de mulheres que

costumam consumir carnes com gordura aparente ou sem a remoção da pele (BRASIL,

2011b).

Consumo de leite com teor integral de gordura: foi avaliado o número de mulheres

que costumam consumir leite integral (BRASIL, 2011b).

Consumo de bebidas artificiais: foi avaliado o número de mulheres que costumam

consumir refrigerante e/ou suco artificial com açúcar em cinco ou mais dias por semana

(BRASIL, 2011b).

4.6.3 Fatores de proteção

As variáveis analisadas como fatores de proteção foram:

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Consumo regular de frutas e hortaliças: foi avaliado o número de mulheres que

consumiam frutas e hortaliças em cinco ou mais dias por semana (BRASIL, 2011b).

Consumo de feijão: foi avaliado o número de mulheres que costumam consumir

feijão em cinco ou mais dias por semana (BRASIL, 2011b). O Guia Alimentar para a

População Brasileira recomenda a ingestão de pelo menos uma porção diária de feijão ou

outra leguminosa pelo alto teor de fibras e ferro encontrado nesses alimentos, além de sua

baixa densidade energética, desde que evitadas preparações com alto teor de gordura

(BRASIL, 2005).

Proteção contra a radiação ultravioleta: foi avaliado o número de mulheres que

usam alguma proteção contra o sol, após 30 minutos de exposição ao sol andando na rua, no

trabalho ou no lazer (BRASIL, 2011b).

Exame de citologia oncótica para câncer de colo do útero: foi avaliado o número de

mulheres (25 a 59 anos) que realizaram exame de citologia oncótica nos últimos três anos,

conforme preconizado pelo Ministério da Saúde (BRASIL, 2011b).

Atividade física no tempo livre (lazer) e/ou no deslocamento: foi avaliado o número

de mulheres que praticam pelo menos 30 minutos diários de atividade física de intensidade

leve ou moderada em cinco ou mais dias da semana ou pelo menos 20 minutos diários de

atividade física de intensidade vigorosa em três ou mais dias da semana e também aquelas

mulheres que se deslocam para o trabalho ou escola de bicicleta ou caminhando e que

despendem pelo menos 30 minutos diários no percurso de ida e volta. Atividade com duração

inferior a 10 minutos não foi considerada para efeito do cálculo da soma diária de minutos

despendidos pelo indivíduo com exercícios físicos (HASKELL et al., 2007). Caminhada,

caminhada em esteira, musculação, hidroginástica, ginástica em geral, natação, artes marciais,

ciclismo e voleibol foram classificados como práticas de intensidade leve ou moderada;

corrida, corrida em esteira, ginástica aeróbica, futebol, basquetebol e tênis foram classificados

como práticas de intensidade vigorosa (AINSWORTH et al., 2000; BRASIL, 2011b).

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41

4.6.4 Critérios diagnósticos e componentes da síndrome metabólica

Neste estudo, o diagnóstico da síndrome metabólica (SM) foi baseado nos critérios do

National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III),

desenvolvido em 2001, com base na definição de obesidade da WHO (1998), e recomendado

pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (2005).

O método sugerido pelo NCEP-ATP III (2001) foi desenvolvido para uso clínico e não

exige a comprovação de resistência à insulina, facilitando assim a sua utilização. A SM

representa a combinação simultânea de pelo menos três destas condições: obesidade

abdominal, hipertensão arterial sistêmica (HAS), hipertrigliceridemia, glicemia em jejum

prejudicada e baixas concentrações sanguíneas de colesterol de lipoproteína de alta densidade

(HDL-c) (Tabela 3).

A I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica (2005)

recomenda que o uso de medicação anti-hipertensiva ou de hipolipemiantes, assim como o

diagnóstico prévio de diabetes mellitus (DM), preencham os critérios específicos dos

componentes da SM de pressão arterial, triglicerídeos e glicemia em jejum.

Tabela 3- Critérios diagnósticos para síndrome metabólica em mulheres adultas

Componentes Níveis Obesidade abdominal por meio de circunferência

abdominal

Pressão Arterial

Glicemia em jejum

Triglicerídeos

HDL Colesterol

> 88 cm

≥ 130 mmHg ou ≥ 85 mmHg

≥ 110 mg/dL

≥ 150 mg/dL

< 50 mg/dL

Fonte: NCEP-ATP III, 2001

A circunferência abdominal foi obtida com o auxílio de uma fita métrica extensível, de

material resistente, com precisão de 0,1 cm e 150 cm, estando o indivíduo despido nesta

região, em pé, com os pés juntos, os braços estendidos lateralmente e o abdômen relaxado. A

fita foi posicionada na cicatriz umbilical ou, sobretudo em indivíduos muito obesos, entre a

crista ilíaca e o rebordo da última costela (HAN et al., 1995).

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A pressão arterial foi aferida por meio da técnica auscultatória com

esfigmomanômetro aneróide, com graduação de 0 a 300 mmHg, cujo manguito foi adaptado

no braço esquerdo do sujeito e o estetoscópio posto sobre a linha de sua artéria braquial. O

manguito foi insuflado com o sujeito sentado, em repouso de cinco minutos, no mínimo.

Foram realizadas três medidas da pressão arterial, com intervalo de um minuto entre elas,

sendo a média das duas últimas consideradas a pressão arterial do indivíduo (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE HIPERTENSÃO, 2006). Segundo os pontos de corte definidos pela V

Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial da Sociedade Brasileira de Hipertensão (2006),

valores iguais aos recomendados pelo NCEP-ATP III (2001) para a classificação de SM são

classificados como limítrofes para o diagnóstico de hipertensão arterial.

A determinação dos componentes glicemia, triglicerídeos e HDL-c foi realizada por

meio de avaliação bioquímica em jejum, antes do turno de trabalho, com horários pré-

agendados conforme a disponibilidade de cada participante do estudo. As amostras

sanguíneas foram coletadas no ambulatório clínico da empresa têxtil por profissionais

qualificados de um laboratório de análise clínica particular e encaminhadas imediatamente ao

laboratório para a análise bioquímica com metodologia apropriada para cada analítico.

Para a coleta sanguínea, as avaliadas foram orientadas a ficarem em jejum de 12 horas.

A punção venosa foi realizada na avaliada sentada por pelo menos 10 a 15 minutos para evitar

variações ortostáticas da volemia e garantir a consistência entre as dosagens (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CARDIOLOGIA, 2007).

A amostra de sangue das mulheres foi obtida por punção venosa na região da fossa

antecubital, na área anterior do braço em frente e abaixo do cotovelo, onde está localizado um

grande número de veias (cefálica, cubital mediana e basílica), após breve garroteamento. A

técnica de coleta utilizada foi preferencialmente a vácuo, conforme recomenda atualmente o

Clinical and Laboratory Standards Institute (CLSI, 2008). Para todas as dosagens foram

utilizadas amostras de soro, colhidas em tubo com gel separador e ativador da coagulação. As

amostras foram centrifugadas num prazo de 30 a 45 minutos por 5 minutos em alta rotação.

Os sistemas analíticos atenderam às recomendações de desempenho e as amostras foram

mantidas sob refrigeração até a realização das dosagens, processadas dentro do período de

estabilidade dos analitos nessa condição (GGLAS, 2002). As dosagens da glicemia em jejum,

triglicerídeos e HDL-c foram realizadas em automação por química seca utilizando os slides

Vitros Chemistry Products® da Ortho Clinical Diagnostics®, em tubos primários

identificados com código de barras (ORTHO-CLINICAL DIAGNOSTICS, 2008).

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4.7 ANÁLISE ESTATÍSTICA

Para a análise estatística foram adotados testes não paramétricos em todas as

comparações realizadas, tendo em vista a natureza não normal dos dados.

As possíveis associações entre os setores de trabalho (administrativo e produção) e a

presença ou ausência de SM e risco foi verificada por meio do teste Exato de Fisher, com

nível de significância de 5%.

Foi utilizado o teste não paramétrico de Mann Whitney para verificar possíveis

diferenças na prevalência dos itens classificatórios (de zero, quando nenhum item foi marcado

a cinco, quando todos os cinco itens marcados) para a SM de acordo com os setores de

trabalho produção e administrativo.

Foram estimadas as probabilidades da proporção amostral pertencer a população de

Florianópolis e do Brasil por meio da aproximação binomial-normal. Foram calculados

intervalos de confiança de 95% para as proporções de cada fator de risco e proteção das

amostras da empresa têxtil. Estes intervalos foram comparados com os valores estabelecidos

para Florianópolis e Brasil (BRASIL, 2011b). As probabilidades dos valores amostrais da

empresa têxtil pertencer às populações de Florianópolis e Brasil foram calculadas por meio de

estimativas Z com base na aproximação binomial-normal.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados e a discussão são apresentados em dois artigos elaborados para

publicação. O primeiro, intitulado “Prevalência de síndrome metabólica e de seus

componentes entre mulheres trabalhadoras em turnos no sul do Brasil”, será encaminhado

para apreciação do British Journal of Nutrition. O outro, “Fatores de risco e proteção para

doenças crônicas entre mulheres trabalhadoras em turnos”, foi enviado para a Revista de

Saúde Pública.

5.1 ARTIGO PARA PUBLICAÇÃO NO BRITISH JOURNAL OF NUTRITION

Prevalência de síndrome metabólica e de seus componentes entre mulheres trabalhadoras em turnos no sul do Brasil

Versão abreviada: Síndrome metabólica em mulheres trabalhadoras

Daniela Ewald1; Luciane Peter Grillo2; Franciele Caleffi 3

1Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho, Universidade do Vale do Itajaí, Rua Uruguai, 458, Bloco 27, Itajaí-SC, CEP 88302-202, Brasil. [email protected] 2Departamento de Mestrado em Saúde Pública, Universidade do Vale do Itajaí, Rua Uruguai, 458, Bloco 27, Itajaí-SC, CEP 88302-202, Brasil. [email protected] 3Graduação em Nutrição, Universidade do Vale do Itajaí, Rua Uruguai, 458, Bloco 27, Itajaí-SC, CEP 88302-202, Brasil. [email protected]

Correspondência: Daniela Ewald. +55(00)473334-0042 (telefone residencial). Rua Maringá, n. 887, bairro Salto do Norte, Blumenau, Santa Catarina, CEP 89065-700. Universidade do Vale do Itajaí, Rua Uruguai, 458, Bloco 27, Sala 309, Itajaí - SC, CEP 88302-202, Brasil.

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Resumo O objetivo deste estudo foi descrever a prevalência da síndrome metabólica (SM) e seus componentes em mulheres trabalhadoras em diferentes turnos de trabalho no sul do Brasil. Para definir a SM, utilizaram-se os critérios diagnósticos do National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III. Foi realizada a avaliação bioquímica em jejum da glicemia, triglicerídeos e colesterol de lipoproteínas de alta densidade (HDL-c), verificada a pressão arterial e determinado o estado nutricional por meio de peso, altura e circunferência abdominal. Foram avaliadas 155 mulheres, distribuídas em dois setores conforme o turno de trabalho (administrativo e produção). Identificou-se uma prevalência de 21,9% de SM entre as mulheres, sendo que as variáveis classificatórias mais frequentes foram a obesidade abdominal (21,3%), baixas concentrações de HDL-c (19,4%) e hipertensão arterial (16,8%). A comparação dos itens classificatórios da SM mostrou diferença significativa (p=0,042) para os dois setores. As mulheres com o diagnóstico da SM apresentaram valores estatisticamente superiores em todos os componentes da SM quando comparadas com as mulheres com ausência de SM. Os resultados deste estudo fornecem informações para subsidiar a elaboração e reavaliação de políticas de saúde pública na busca de investir no monitoramento da saúde e propor atividades educativas para essa população, considerando os efeitos do trabalho em turnos na saúde do trabalhador. Palavras-chave: Síndrome metabólica. Trabalho em turnos. Saúde da mulher.

Introdução

A síndrome metabólica (SM) é um transtorno complexo, caracterizado por um

conjunto de fatores de risco cardiovascular, representado pela circunferência abdominal

elevada, aumento dos triglicerídeos, diminuição dos níveis de colesterol de lipoproteínas de

alta densidade (HDL-c), glicemia de jejum elevada e aumento da pressão arterial1. Constitui

uma entidade que tem sido objeto de crescente preocupação em todo o mundo, pois são fortes

preditores de agravos à saúde, tendo a distribuição central de gordura um papel importante

nos eventos cardiovasculares2.

A incidência de SM deve crescer de forma preocupante nos próximos anos, uma vez

que muitas alterações que a compõem estão relacionadas ao estilo de vida moderno,

justificando, portanto, considerar a SM como uma preocupação em termos de saúde pública3.

A prevalência da SM na população brasileira não está muito bem estabelecida,

dependendo muito do critério utilizado para a sua definição e por esta razão os estudos

diferem quanto aos resultados4. Embora a SM seja mencionada na literatura há mais de 80

anos, somente a partir de estudos publicados pela Organização Mundial da Saúde e pelo

National Cholesterol Education Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III) foram

definidos os critérios para o seu diagnóstico, sendo no Brasil posteriormente recomendados

pela I Diretriz Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da SM(5-7).

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46

O trabalho em turnos pode estar associado com importantes problemas de saúde,

quando comparado a trabalhos diurnos regulares. A diminuição da duração do sono, a

dessincronização do ritmo circadiano e a alteração dos aspectos ambientais apresentam forte

tendência a alterar a qualidade de vida e desencadear a doença em trabalhadores em turnos8.

Há indicações de que o trabalho noturno está relacionado com risco aumentado de obesidade,

diabetes e doenças cardiovasculares, resultante da má adaptação fisiológica cronicamente para

dormir e comer em tempos anormais do ritmo circadiano. Trabalhar em turno pode

desempenhar um papel no desenvolvimento e/ou nas precoces manifestações clínicas de

distúrbios metabólicos, tornando-se um fator de risco para a SM9.

Portanto, mediante a problemática inerente à SM em constante ascensão no Brasil,

associada aos efeitos prejudiciais no equilíbrio do ritmo circadiano nas jornadas de trabalho

em turnos, considerou-se oportuno, neste estudo, avaliar a prevalência da SM e seus

componentes em mulheres trabalhadoras de diferentes turnos em uma empresa têxtil, como

base para o adequado dimensionamento e direcionamento de ações de saúde.

Métodos

Foi realizado um estudo transversal, do tipo exploratório e de natureza quantitativa.

População e Amostragem

Participaram do estudo mulheres adultas, na faixa etária entre 20 e 59 anos,

colaboradoras de uma empresa do ramo têxtil, localizada em uma cidade no sul do Brasil. As

mulheres exercem suas funções laborais em quatro turnos de trabalho fixos, divididas em

setor administrativo e produção. O setor administrativo atende ao turno da geral e o horário de

trabalho é das 7h50min às 17h18min de segunda a sexta-feira. O setor da produção

compreende três turnos de trabalho. No primeiro turno, as atividades são realizadas no horário

entre 5h e 13h30min e aos sábados das 5h às 9h; no segundo turno, entre 13h30min e 22h e

sábados das 9h às 13h00min, e no terceiro turno, entre 22h e 5h da manhã, de domingo a

sexta-feira.

As mulheres avaliadas foram selecionadas aleatoriamente por meio de amostra casual

simples proporcional, com erro máximo de 5% e uma confiança mínima de 95%. Dessa

forma, a amostra foi composta por 155 mulheres, sendo 40 mulheres do setor administrativo e

115 do setor da produção, sendo 53 do primeiro turno, 46 do segundo turno e 16 do terceiro

turno.

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47

Coleta dos Dados

Foi realizada em 2010 na sede da empresa, por profissionais capacitados e

supervisionados para tal fim. O registro de todos os dados coletados foi armazenado em um

questionário individual.

Caracterização da População

Para caracterizar a população foi aplicado um questionário para a coleta de

informações sociodemográficas referentes a idade, escolaridade e estado civil.

Síndrome Metabólica

O diagnóstico da SM foi baseado nos critérios do National Cholesterol Education

Program’s Adult Treatment Panel III (NCEP-ATP III), recomendado pela I Diretriz

Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica(6,7).

A SM representa a combinação simultânea de pelo menos três das seguintes condições:

obesidade abdominal (circunferência abdominal >88cm), hipertensão arterial sistêmica (HAS

≥130 mmHg ou ≥85 mmHg), hipertrigliceridemia (triglicerídeos ≥150 mg/dL), glicemia em

jejum prejudicada (≥110 mg/dL) e baixas concentrações sanguíneas de colesterol de

lipoproteína de alta densidade (HDL-c <50 mg/dL).

O uso de medicação anti-hipertensiva ou hipolipemiantes, assim como diagnóstico

prévio de diabetes mellitus, preencheram os critérios específicos dos componentes da SM de

pressão arterial, triglicerídeos e glicemia em jejum, conforme recomenda a I Diretriz

Brasileira de Diagnóstico e Tratamento da Síndrome Metabólica7.

A circunferência abdominal foi obtida com o indivíduo despido nesta região, em pé,

com os pés juntos, os braços estendidos lateralmente e o abdômen relaxado10.

A pressão arterial foi aferida por profissionais qualificados por meio da técnica

auscultatória com esfigmomanômetro aneróide. Em repouso de no mínimo cinco minutos

foram realizadas três medidas, com intervalo de um minuto entre elas, sendo a média das duas

últimas considerada a pressão arterial11.

A determinação dos componentes glicemia, triglicerídeos e HDL-c foi realizada por

meio de avaliação bioquímica em jejum de 12 horas, com horários pré-agendados. A punção

venosa foi realizada na avaliada sentada por pelo menos 10 a 15 minutos para evitar variações

ortostáticas da volemia e garantir a consistência entre as dosagens12. A técnica de coleta

utilizada foi preferencialmente a vácuo13. As amostras sanguíneas foram coletadas no

ambulatório da empresa têxtil por profissionais qualificados de um laboratório de análise

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clínica particular e encaminhadas imediatamente ao laboratório para a análise bioquímica com

metodologia apropriada para cada analítico14.

Estado Nutricional

O estado nutricional foi determinado por meio da verificação das medidas de peso e

estatura e posterior cálculo do Índice de Massa Corporal (IMC)15.

Análise Estatística

Para a análise estatística foram adotados testes não paramétrico em todas as

comparações realizadas, tendo em vista a natureza não normal dos dados. As possíveis

associações entre os setores de trabalho (administrativo e produção) e a presença ou ausência

de SM e risco foi verificada por meio do teste Exato de Fisher, com nível de significância de

5%.

Foi utilizado o teste não paramétrico de Mann Whitney para verificar possíveis

diferenças na prevalência dos itens classificatórios (de zero, quando nenhum item foi marcado

a cinco, quando todos os cinco itens marcados) para a SM de acordo com os setores de

trabalho produção e administrativo.

Aspectos Éticos

O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade do Vale

do Itajaí. Foram desconsideradas as mulheres em período de gestação ou amamentação. Todas

as participantes do estudo tiveram a devolutiva dos resultados, assim como a empresa na qual

foi realizado o estudo. Foram adotadas ações de promoção e educação em saúde para todos os

participantes e as mulheres que apresentaram diagnóstico de SM foram orientadas e

encaminhadas para tratamento específico.

Resultados e Discussão

As características sociodemográficas das mulheres estudadas podem ser observadas na

Tabela 1, apresentadas por setor de trabalho (administrativo e produção). A faixa etária

prevalente foi de 20 a 29 anos, observada em maior frequência no administrativo, seguida de

30 a 39 anos, com maior prevalência na produção. A escolaridade prevalente foi de 0 a 8 anos

de estudo, com prevalência na produção, seguida de 9 a 11 anos de estudo, observada em

maior frequência nas mulheres do setor administrativo. Para o estado civil, prevaleceram as

mulheres casadas em ambos os setores.

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Tabela 1

As características antropométricas das mulheres estão apresentadas na Tabela 2.

Observou-se que, de acordo com o índice de massa corporal, o estado nutricional

predominante no setor de produção foi a pré-obesidade e no setor administrativo a eutrofia.

Tabela 2

No Brasil, os resultados publicados recentemente pela Pesquisa de Orçamentos

Familiares (POF) 2008-2009 confirmam a tendência do aumento na prevalência de excesso de

peso e obesidade, apontando 48% e 16,9%, respectivamente, para indivíduos com 20 anos de

idade ou mais (IBGE, 2010)16. Dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e

Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (VIGITEL) indicam um aumento

contínuo no excesso de peso e obesidade em adultos de 2006 a 2010, sendo observados

respectivamente 42,7% para 48,1% e 11,4% para 15%17.

O excesso de peso é um fator danoso a saúde e está relacionado a prejuízos à saúde

dos trabalhadores em turno. De acordo com Nogueira et al.18, o IMC igual ou maior a 25

kg/m² em indivíduos adultos, mesmo sem associação de outros fatores de risco, pode ser

considerado um importante atestado para alto risco cardiovascular, associado

proporcionalmente com a quantidade de quilos acima do ideal.

Os resultados antropométricos avaliados por turno de trabalho neste estudo se

assemelham aos de outros autores. Schiavo19 observou que trabalhadores que exercem sua

função no período noturno apresentavam média de índice de massa corporal

significativamente maior em comparação com o turno diurno. Silveira et al.20 verificaram que

40,2% dos trabalhadores avaliados apresentavam excesso de peso e encontraram associação

com distúrbios do sono, o que acarreta em sonolência, irritabilidade, déficit de atenção e

memória, prejuízos induzidos pela alteração do sistema neuro-cognitivo e que apresentam

impacto negativo nas condições de saúde e de trabalho. Pietroiusti et al.21 acompanharam a

jornada de trabalho de enfermeiros durante quatro anos e encontraram a incidência de SM em

9% entre trabalhadores noturnos e 1,8% entre os diurnos.

Alguns autores ainda sugerem como fator predisponente do excesso de peso a

associação entre o turno de trabalho e os hábitos alimentares. Assis et al.22 apontam que o

trabalho noturno favorece a ingestão irregular de alimentos e facilita o acúmulo de peso e

desenvolvimento de certas doenças como as cardiovasculares e as gastrointestinais. Antunes

et al.23 explica que a regulação circadiana visa sincronizar a energia disponível e o gasto

necessário para mudanças no meio externo, de acordo com a fase claro-escuro e neste

processo também estão envolvidos os componentes da homeostase energética como o ciclo

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sono-vigília, a termogênese, a alimentação e o metabolismo de lipídeos e de glicose, o que

associa a relação do turno de trabalho como influente no excesso de peso e na SM. Esquirol et

al.24 concluíram que a ingestão da dieta adequada parece ser fator protetor para a SM em

trabalhadores de turnos.

O excesso de peso na região abdominal é um importante fator associado a SM e seus

componentes. Ribeiro Filho et al.2 observaram a relação entre o excesso de peso,

principalmente na região abdominal central e anormalidades como apneia do sono e

hiperlipidemia pós prandial. Ainda mencionam que o ganho de peso na região abdominal é

preditor independente para o desenvolvimento da SM, mais importante que o excesso de

gordura corporal total caracterizada pelo IMC e explicam que o comportamento metabólico

da gordura intra-abdominal difere do tecido adiposo subcutâneo periférico, estabelecendo a

relação da influência do adipócito com a insulina, cortisol, catecolaminas e outras substâncias

que participam da regulação de diversos processos como a função endotelial, aterogênese,

sensibilidade à insulina e regulação do balanço energético.

Rosa et al.25 em estudo com mulheres de 20 a 59 anos usuárias do Sistema Único de

Saúde (SUS) também na região sul do Brasil encontraram prevalência de sobrepeso e

obesidade em 30,2% e 34,1%, respectivamente e 44,1% de obesidade central. Hipertensão

(36,4%), diabetes (18,4%) e depressão (13,6%) foram as doenças referidas com mais

freqüência.

No que se refere à prevalência de SM, no presente estudo foi possível verificar que

21,9% (n=34) do total das mulheres avaliadas apresentaram SM. O setor administrativo

apresentou 3,9% desta totalidade e o turno de produção 18%. A prevalência dos componentes

que caracterizam a síndrome está descrita na Tabela 3. Em ordem decrescente, a maior

prevalência foi para a obesidade abdominal, baixas concentrações de HDL-c, hipertensão

arterial, hipertrigliceridemia e glicemia alterada. Destaca-se que a obesidade abdominal esteve

presente nas mulheres diagnosticadas com a SM, exceto em uma delas.

Tabela 3

Neste estudo, a análise da associação entre a presença e a ausência da SM e o setor de

trabalho (administrativo versus produção), por meio do teste de Fisher (p=0,15), demonstrou

que não houve associação significativa.

A associação da obesidade abdominal com a SM encontrada neste estudo é

mencionada também por outros autores. Rosini et al.26 avaliaram a prevalência de SM em 146

indivíduos hipertensos-tabagistas e verificaram que 45,9% das pessoas que tinham SM

apresentavam circunferência da cintura acima do referendado. Kuhnen et al.27 citaram em

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estudo que a obesidade abdominal visceral está associada a hipertensão, dislipidemias e

homeostase glicose-insulina.

Os resultados identificados para prevalência de SM neste estudo são superiores aos

considerados pela OMS, 1,6% a 15% dependendo da população estudada e faixa etária

avaliada3. Em outros estudos também se verificou uma importante prevalência. Royer et al.28

encontraram incidência da SM variando de 28,1% a 42,9% numa população feminina de

mulheres latino-americanas de respectivamente 40-44 anos e 60-64 anos. Salaroli et al.29

encontraram, em estudo de base populacional, prevalência de 29,8% de SM, sem diferença

entre os sexos, e o parâmetro da SM mais frequente em mulheres foi hipertensão, seguida do

nível baixo de HDL-c, obesidade abdominal, hipertrigliceridemia e hiperglicemia. De 25 a 34

anos, a prevalência de SM foi 15,8%. Os autores concluíram que a prevalência de SM foi

elevada, inclusive nos mais jovens.

Outro estudo, realizado no período de 2004-2005 com 4296 participantes da coorte de

nascidos em 1982 na cidade de Pelotas, também na região sul do Brasil, encontrou uma

prevalência da SM de 5,9% com os mesmos critérios utilizados no presente estudo. Entre as

mulheres, o sobrepeso aumentou o risco de SM em 7,73 vezes e a obesidade aumentou em

40,67 vezes30.

Alguns estudos ainda mostram que indivíduos portadores de alguma doença associada

têm um maior risco de desenvolver características que compõem o quadro de SM. Soares et

al.31 realizaram um estudo com mulheres com diagnóstico de síndrome dos ovários

policísticos e observaram a prevalência de SM em 28,4%, sendo crescente de acordo com a

faixa etária (10% de 20–24 anos, 34,2% de 25–29 anos e 46,2% de 30–34 anos; p<0,05).

Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD 2008), no Brasil,

59,5 milhões de pessoas (31,3%) afirmaram apresentar pelo menos uma doença crônica; do

total da população, 5,9% declararam ter três ou mais doenças crônicas e esses percentuais

aumentam com a idade32.

Considerando os componentes da SM, dados nacionais publicados recentemente para a

população brasileira feminina, referente ao ano de 2010, mostraram uma significativa

frequência de excesso de peso (44,3%), obesidade (15,5%), hipertensão arterial (25,5%) e

diabetes referidos (7,0%). Os dados referentes ao Estado de Santa Catarina, região na qual se

realizou o presente estudo, foram: 38,9%, 13,4%, 22,6% e 7,1%, respectivamente17.

A Figura 1 apresenta as médias dos itens classificatórios da SM. O setor da produção

teve uma média de itens (1,37) superior ao setor administrativo (0,9).

Figura 1

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52

A comparação deste número de itens classificatórios realizada pelo teste de Mann-

Whitney mostrou diferença significativa (p=0,042) para os dois setores.

A Tabela 4 apresenta a relação entre os itens classificatórios da SM e as mulheres com

presença e ausência de SM, independente do setor de trabalho. As médias das variáveis foram

significativamente maiores nas mulheres com presença de SM.

Tabela 4

Em relação às condições de trabalho em turnos como efeito para o desenvolvimento da

SM, pode-se considerar a dessincronizacão do ritmo circadiano como um fator prejudicial,

uma vez que expõe o trabalhador a mudanças no estilo de vida, no padrão alimentar e nas

alterações metabólicas, pode-se considerar ainda que o trabalho em turno pode agir como um

estressor oxidativo, diminuindo a capacidade antioxidante plasmática e levando aos efeitos

metabólicos provocados26.

Considerações Finais

As mulheres avaliadas apresentaram uma prevalência significativa de SM e observou-

se uma relação significativamente superior de itens classificatórios da síndrome para as

mulheres do setor de produção. Destaca-se um importante índice de obesidade abdominal,

principalmente naquelas diagnosticadas com SM. É preciso considerar que qualquer

predomínio de SM merece investigação, uma vez que esta é classificada a partir da relação de

três fatores importantes associados com doenças cardiovasculares, doenças crônicas e alto

risco de mortalidade.

As análises avaliadas para essa população contribuem como informações para

subsidiar a elaboração e reavaliação de políticas de saúde pública, na busca de um melhor

atendimento às necessidades do trabalhador e de critérios bem definidos para os componentes

da síndrome metabólica, visto que para a população brasileira não está muito bem

estabelecida a sua prevalência, em função dos critérios utilizados, e por esta razão os estudos

diferem quanto aos resultados.

Uma possível limitação do estudo foi a não realização da análise ajustada para as

condições socioeconômicas, visto que os diferentes itens classificatórios da SM podem ter

diferentes comportamentos por condições socioeconômicas e que essas, por sua vez, também

exercem influência sobre o turno de trabalho.

Estes resultados também abrem caminho para semelhantes estudos prospectivos de

confirmação em trabalhadores envolvidos em outras atividades e sugerem que a vigilância

médica e periódica nos colaboradores, principalmente naqueles que desenvolvem trabalhos

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em turnos, seja realizada. As estratégias devem ser criadas para propiciar escolhas saudáveis

de estilo de vida. É necessário que os trabalhadores sejam alertados quanto à necessidade de

medidas preventivas, como a verificação constante da pressão arterial, realização de exames

bioquímicos, medidas antropométricas como o peso e circunferência abdominal,

especialmente na população feminina. Essas medidas podem atrasar ou impedir a progressão

de SM, diabetes mellitus, doença cardiovascular e outras complicações que podem afetar a

sobrevivência de gerações futuras.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) pelo

auxílio financeiro (Bolsa de Iniciação Científica - PIBIC). Declaramos inexistência de

conflito de interesse por todos os autores. Daniela Ewald participou da concepção, coleta,

análise e interpretação dos dados e redação do manuscrito. Luciane Peter Grillo participou da

concepção, análise e interpretação dos dados e revisão final do manuscrito. Franciele Caleffi

colaborou na tabulação dos dados e redação do manuscrito.

TABELAS

Tabela 1- Características sociodemográficas das mulheres distribuídas por turno de trabalho de uma empresa têxtil, Brasil, 2010. Número de indivíduos e prevalência, n (%). Setor

Administrativo n=40

Setor de Produção n=115

Total de mulheres

Variáveis 1ºTurno n=53

2ºTurno n=46

3ºTurno n=16

Total produção

n=155

Idade (anos) 20 a 29 21 (52,5) 16 (30,2) 16 (34,8) 8 (50) 40 (34,8) 61 (39,3) 30 a 39 9 (22,5) 24 (45,3) 12 (26,1) 5 (31,2) 41 (35,7) 50 (32,3) 40 a 49 8 (20,0) 11 (20,7) 14 (30,4) 3 (18,8) 28 (24,3) 36 (23,2) 50 a 59 2 (5,0) 2 (3,8) 4 (8,7) 0 (0) 6 (5,2) 8 (5,2) Escolaridade (anos)

0 a 8 8 (20,0) 28 (52,8) 25 (54,3) 10 (62,5) 63 (54,8) 71 (45,8) 9 a 11 20 (50,0) 24 (45,3) 19 (41,3) 6 (37,5) 49 (42,6) 69 (44,5) ≥12 12 (30,0) 1 (1,9) 2 (4,4) 0 (0) 3 (2,6) 15 (9,7) Estado Civil Solteiro 17 (42,5) 8 (15,1) 4 (8,7) 1 (6,2) 13 (11,3) 30 (19,4) Casado 22 (55,0) 41 (77,3) 36 (78,3) 14 (87,6) 91 (79,1) 113 (72,9) Separado ou divorciado

1 (2,5) 2 (3,8) 5 (10,9) 1 (6,2) 8 (7,0) 9 (5,8)

Viúvo 0 (0) 2 (3,8) 1 (2,1) 0 (0) 3 (2,6) 3 (1,9)

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Tabela 2- Características antropométricas das mulheres distribuídas por turno de trabalho de uma empresa têxtil, Brasil, 2010. Média e Desvio Padrão, Md(DP).

Setor Administrativo

n=40

Setor de Produção n=115

Total de mulheres

Variáveis 1ºTurno n=53

2ºTurno n=46

3ºTurno n=16

Total produção

n=155

Peso (Kg) 63,9 (15,6) 68,09 (15,3) 68,09 (14,2) 73,25 (19,7) 69,26 (15,5) 67,88 (15,7) Altura (m) 1,64 (0,0) 1,60 (0,0) 1,61 (0,0) 1,60 (0,0) 1,61 (0,0) 1,61 (0,0) IMCa

(kg/m²) 23,62 (5,2) 26,35 (5,7) 26,58 (5,2) 28,48 (7,6) 26,74 (5,8) 25,93 (5,8)

CAb (cm) 84,23 (12,8) 88,33 (13,1) 85,82 (10,9) 93,09 (19,6) 87,99 (13,5) 87,02 (13,4) a Índice de Massa Corporal b Circunferência Abdominal

Tabela 3- Distribuição da prevalência da Síndrome Metabólica e de seus componentes de acordo com o turno de trabalho, Brasil, 2010. Número e prevalência, n(%). Setor

Administrativo n=40

Setor de Produção n=115

Total de mulheres

1ºTurno n=53

2ºTurno n=46

3ºTurno n=16

Total produção

n=155

Obesidade abdominal 6 (15) 14 (26,4) 6 (13,0) 7 (43,7) 27 (23,5) 33 (21,3) Hipertensão arterial 5 (12,5) 9 (17,0) 7 (15,2) 5 (31,2) 21 (18,3) 26 (16,8) Glicemia alterada 0 (0) 1 (1,8) 1 (2,1) 1 (6,2) 3 (2,6) 3 (1,9) Hipertrigliceridemia 4 (10) 8 (15,0) 3 (6,5) 3 (18,7) 14 (12,2) 18 (11,6) HDL-c a reduzido 4 (10) 12 (22,6) 7 (15,2) 7 (43,7) 26 (22,6) 30 (19,4) Síndrome Metabólica 6 (15) 14 (26,4) 7 (15,2) 7 (43,7) 28 (24,3)b 34 (21,9)

a Colesterol de lipoproteína de alta densidade b Teste Exato de Fisher

Tabela 4- Distribuição da presença ou ausência da Síndrome Metabólica e dos itens classificatórios nas mulheres da empresa têxtil, Brasil, 2010. Média e Desvio Padrão, Md(DP). Itens classificatórios Presença de SM

n=34 Ausência de SM

n=121 p a

Circunferência Abdominal (cm) 102,79 (10,9) 82,59 (10,4) <0,0001 Pressão Arterial Sistólica (mmHg) 12,91 (1,4) 11,59 (1,0) <0,0001 Pressão Arterial Diastólica (mmHg) 8,12 (0,9) 7,37 (0,8) <0,0001 Glicose (mg/dL) 89,59 (21,1) 80,94 (8,01) <0,01 HDL-c b (mg/dL) 44,32 (9,2) 56,74 (11,9) <0,0001 Triglicerídeos (mg/dL) 152,06 (67,7) 86,37 (29,9) <0,0001

aTeste Mann Whitney (p<0,05) bColesterol de lipoproteína de alta densidade

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FIGURA

Figura 1- Diagrama de caixas representativo da média de itens classificatórios para a síndrome metabólica das mulheres em geral, distribuídas por setor administrativo e produção de uma empresa têxtil, Brasil, 2010. (aMédia, bErro Padrão, cIntervalo de Confiança).

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Fatores de risco e proteção para doenças crônicas entre mulheres trabalhadoras em turnos

Risk and protective factors for chronic diseases among women working in

shifts

Mulheres trabalhadoras em turnos

Daniela Ewald1; Luciane Peter Grillo2

1 Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho, Universidade do Vale do Itajaí, Rua Uruguai, 458, Bloco 27, Itajaí-SC, CEP 88302-202, Brasil. [email protected] 2 Mestrado em Saúde e Gestão do Trabalho, Universidade do Vale do Itajaí, Rua Uruguai, 458, Bloco 27, Itajaí-SC, CEP 88302-202, Brasil. [email protected]

RESUMO As doenças crônicas não transmissíveis estão se tornando prioridade em saúde pública no Brasil e representam uma ameaça à saúde e ao desenvolvimento humano. Este estudo quantitativo do tipo transversal, de caráter exploratório, descreve a prevalência dos principais fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis entre as mulheres trabalhadoras em diferentes turnos. A população foi constituída por 152 mulheres com idade entre 20 e 59 anos, trabalhadoras de uma empresa no ramo têxtil localizada no sul do Brasil, região centro-norte do Estado de Santa Catarina, que exercem sua função laboral em quatro turnos de trabalho fixos, divididas em setor administrativo (n=39) e produção (n=113). A coleta dos dados foi realizada por meio da aplicação de um questionário adaptado, composto por indicadores monitorados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel). Observou-se que a obesidade (p<0,001), o consumo de carne com gordura (p<0,05) e leite integral (p<0,05) foi estatisticamente superior nas mulheres da produção. As mulheres da empresa têxtil apresentaram estatisticamente maior prevalência de excesso de peso, obesidade, consumo de bebidas alcoólicas, leite integral, líquidos artificiais e atividade física quando comparadas com mulheres da capital do Estado de Santa Catarina, porém o tabagismo e a proteção contra radiação ultravioleta foram inferiores. Quando comparados com os dados nacionais, os resultados foram superiores para obesidade, consumo de bebidas alcoólicas, leite integral, líquidos artificiais, consumo de frutas e hortaliças e atividade física, porém o consumo de feijão foi estatisticamente inferior. Tendo em vista os efeitos prejudiciais do trabalho em turnos, é importante estabelecer um sistema de vigilância que monitore os fatores de risco e proteção nessa população e propor atividades de promoção e educação em saúde nos níveis local, estadual e nacional. DESCRITORES: Saúde da mulher. Doença crônica. Trabalho em turnos. ABSTRACT

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Chronic non-communicable diseases are becoming a priority public health concern in Brazil, and represent a threat to human development. This quantitative, cross-section, explorative study describes the prevalence of the main risk and protection factors among female workers of different shifts. The study sample consisted of 152 women aged between 20 and 59 years, working at a textile company in the South of Brazil, region north-central state of Santa Catarina. The women worked in four shifts, divided between the administrative sector (n=39) and the production sector (n=113). Data were collected by means of an adapted questionnaire consisting of indicators monitored by the Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico – Vigitel (Telephone Survey Monitoring System for Risk and Protection Factors for Chronic Diseases). It was observed that obesity (p<0.001), and consumption of fatty meat (p<0.05) and whole fat milk (p<0.05) were statistically higher in the women working in the production sector. The women of the textile company had a statistically higher prevalence of excess weight, obesity, consumption of alcohol, whole fat milk, and soft drinks and physical activity, compared with women from the capital of the State of Santa Catarina, but smoking and protection against ultraviolet radiation were lower. Compared with the national data, the results were higher for obesity, consumption of alcohol, whole fat milk, soft drinks, fruits and vegetables and physical activity, but the consumption of beans were statistically lower. Bearing in mind the harmful effects of shift work, it is important to establish a monitoring system that monitors the risk and protection factors and proposes activities for promoting health education for this population. Keywords: Women’s health. Chronic disease. Shift work

INTRODUÇÃO

As doenças crônicas não transmissíveis (DCNT) são as principais causas de

mortes no mundo e têm gerado elevado número de óbitos prematuros, perda de

qualidade de vida com alto grau de limitação nas atividades de trabalho e de lazer,

além dos impactos econômicos para as famílias, comunidades e a sociedade em

geral, agravando as iniquidades e aumentando a pobreza,6 além de representar uma

ameaça à saúde e ao desenvolvimento humano tanto nos países ricos quanto nos

de média e baixa renda.20 Em 2008, das 57 milhões de mortes no mundo, 36

milhões ou 63% foram causadas por DCNT, com destaque para as doenças

cardiovasculares, diabetes, câncer e doença respiratória crônica.1

No Brasil as DCNT constituem problema de saúde de grande magnitude e

correspondem a cerca de 72% das causas de mortes, atingindo indivíduos de todas

as camadas socioeconômicas e, de forma mais intensa, aqueles pertencentes a

grupos vulneráveis, como os idosos e os de baixas escolaridade e renda.25

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Os principais fatores de risco para DCNT são o tabagismo, a alimentação não

saudável, a inatividade física e o consumo nocivo de álcool, sendo todos preveníveis

e responsáveis pela epidemia de sobrepeso e obesidade e pela elevada prevalência

de hipertensão arterial e colesterol alto.28

Os processos de transição demográfica, epidemiológica e nutricional, a

urbanização e o crescimento econômico e social contribuem para o maior risco da

população brasileira ao desenvolvimento de doenças crônicas.25 Há que se

considerar o fato de que, tendo o Brasil uma das populações que envelhecem mais

rapidamente no mundo, a carga de doenças crônicas no país tende a aumentar,

exigindo um novo modelo de atenção à saúde para essa população.6

Dados do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para

Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) revelam que os níveis de

atividade física no lazer na população adulta são baixos (15%) e apenas 18,2%

consomem cinco porções de frutas e hortaliças em cinco ou mais dias por semana,

34% consomem alimentos com elevado teor de gordura e 28% consomem

refrigerantes cinco ou mais dias por semana, o que contribui para o aumento da

prevalência de excesso de peso e obesidade, que atingem 48% e 14% dos adultos,

respectivamente.7

Nesse contexto, diversas evidências têm demonstrado que o trabalho em

turno pode estar associado com importantes problemas de saúde quando

comparado a trabalhos diurnos regulares. A diminuição da duração do sono, a

dessincronização do ritmo circadiano, alteração dos aspectos ambientais e

modificações do comportamento alimentar são os fatores capazes de alterar a

qualidade de vida e desencadear a doença em trabalhadores em turnos.8,24

A emergência dessas doenças é muito influenciada pelas condições de vida,

não sendo resultado unicamente de escolhas individuais; por outro lado, ao longo da

vida existem muitas oportunidades de prevenção devido à longa duração de tais

doenças.20 O fortalecimento da vigilância é uma prioridade nacional e global. Há

necessidade premente de se investir na melhoria de cobertura e da qualidade dos

dados de mortalidade e na condução de pesquisas regulares dos fatores de risco em

escalas nacional e global.32

No caminho da responsabilidade social empresarial, a questão da qualidade

de vida no trabalho e do trabalhador, com a visibilidade à saúde de maneira integral

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e interligada, tem sido uma das metas obrigatórias das empresas para minimizar o

absenteísmo e a rotatividade, com consequente aumento da produtividade.

Pautado nessas preocupações, este estudo descreve a prevalência dos

principais fatores de risco e proteção entre as mulheres trabalhadoras em diferentes

turnos de uma empresa têxtil, a fim de produzir informações que orientem as

políticas de promoção da saúde e redução das DCNT nos níveis local, estadual e

nacional.

MÉTODOS

O estudo teve caráter transversal e foi do tipo exploratório de natureza

quantitativa. A população foi constituída por mulheres trabalhadoras de uma

empresa no ramo têxtil, localizada no sul do Brasil, região centro-norte do Estado de

Santa Catarina. As mulheres representam 56% (n=661) dos 1.187 colaboradores

distribuídos em três unidades de negócio. Exercem sua função laboral em quatro

turnos de trabalho fixos, divididas em setor administrativo (turno diurno regular:

7h50min às 17h18min) e produção (subdivididas em três turnos: o primeiro das 5h

às 13h30min, o segundo das 13h30min às 22h e o terceiro das 22h às 5h).

As mulheres avaliadas foram selecionadas aleatoriamente por meio de

amostra casual simples proporcional, com erro máximo de 5% e uma confiança

mínima de 95%. A amostra foi composta por 152 mulheres, sendo 39 do setor

administrativo e 113 da produção.

O estudo foi aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa da Universidade

do Vale do Itajaí.

Os fatores de risco e proteção para DCNT e os dados sociodemográficos

foram avaliados por meio da aplicação de um questionário adaptado, composto por

indicadores monitorados pelo Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção

para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), já testado e validado em

estudos anteriores no Brasil.5 A coleta foi realizada em 2010 na sede da empresa,

por profissionais capacitados para tal fim.

As variáveis sociodemográficas incluíram: faixa etária (20-29, 30-39, 40-49,

50-59 anos de idade), escolaridade (0-8, 9-11, ≥12 anos de estudo) e estado civil

(solteiro, casado ou união estável mais de 6 meses, separado ou divorciado, viúvo).

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Dentre os fatores de risco, as seguintes variáveis foram avaliadas: excesso de

peso e obesidade (número de mulheres com índice de massa corporal – IMC igual

ou superior a 25 kg/m2 e igual ou superior a 30 kg/m2, respectivamente, dividindo-se

o peso em quilogramas pela altura ao quadrado em metros (kg/m²), segundo pontos

de corte da WHO27 (1995); tabagismo (número de mulheres que fumam,

independentemente do número de cigarros, da freqüência e da duração do hábito de

fumar); consumo excessivo de bebida alcoólica (número de mulheres que, nos

últimos trinta dias, chegaram a consumir, em um único dia, mais de quatro doses de

bebida alcoólica); carnes com excesso de gordura (número de mulheres que

costumam consumir carne com gordura aparente ou sem a remoção da pele); leite

com teor integral de gordura (número de mulheres que costumam consumir leite

integral) e bebidas artificiais (número de mulheres que costumam consumir

refrigerantes e/ou suco artificial com açúcar cinco ou mais dias por semana).7

As variáveis analisadas como fatores de proteção foram: consumo de frutas e

hortaliças (número de mulheres que costumam consumir regularmente em cinco ou

mais dias da semana); feijão (número de mulheres que costumam consumir feijão

em cinco ou mais dias da semana); proteção contra a radiação ultravioleta (número

de mulheres que usam alguma proteção contra o sol após 30 minutos de exposição

andando na rua, no trabalho ou no lazer) e a realização de exame preventivo de

citologia oncótica (número de mulheres entre 25 e 59 anos que realizaram exame

nos últimos três anos).7

Para a avaliação da prática de atividade física no tempo livre (lazer) e/ou no

deslocamento, como fator de proteção, foi avaliado o número de mulheres que

costumam praticar pelo menos 30 minutos diários de atividade física de intensidade

leve ou moderada em cinco ou mais dias da semana ou atividades de intensidade

vigorosa por pelo menos 20 minutos diários em três ou mais dias da semana ou

aquelas mulheres que se deslocam para o trabalho de bicicleta ou caminhando e

que despendem pelo menos 30 minutos diários no percurso de ida e volta.7

Para a análise estatística foram estimadas as probabilidades da proporção

amostral pertencer a população de Florianópolis e do Brasil por meio da

aproximação binomial-normal. Foram calculados intervalos de confiança de 95%

para as proporções de cada fator de risco e proteção das amostras da empresa

têxtil. Estes intervalos foram comparados com os valores estabelecidos para

Florianópolis e Brasil.7 As probabilidades dos valores amostrais da empresa têxtil

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pertencer às populações de Florianópolis e Brasil foram calculadas por meio de

estimativas Z com base na aproximação binomial-normal.

RESULTADOS

As características sociodemográficas das mulheres estudadas podem ser

observadas na tabela 1, apresentadas por setor de trabalho (administrativo e

produção).

Tabela 1

As tabelas 2 e 3 ilustram a prevalência dos fatores de risco e proteção para

DCNT, respectivamente, em mulheres que exercem suas atividades em turnos de

trabalho (setor administrativo e produção).

Tabela 2

Quanto aos fatores de risco analisados, o consumo de carne com excesso de

gordura e leite com teor integral de gordura foi estatisticamente superior nas

mulheres da produção quando comparado ao das trabalhadoras do setor

administrativo. Em relação à obesidade, a razão de prevalência foi 2,4 vezes maior

nas mulheres da produção quando comparadas com mulheres do setor

administrativo. No que se refere aos padrões alimentares, verifica-se que as

mulheres da produção têm a razão de prevalência 2,6 vezes maior em relação ao

consumo de carne com excesso de gordura e 1,1 vezes em relação ao consumo de

leite integral quando comparadas às do administrativo.

Tabela 3

Em relação aos fatores de proteção analisados, em relação a prática de

atividade física no tempo livre e/ou deslocamento, a razão de prevalência foi de 1,4

vezes maior nas mulheres da produção quando comparadas às do administrativo.

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As tabelas 4 e 5 apresentam a média e o intervalo de confiança (IC) dos

fatores de risco e proteção das mulheres trabalhadoras na empresa têxtil,

comparando com os dados nacionais (Brasil) e estaduais (Florianópolis).

Tabela 4

Quando se compara as mulheres da empresa têxtil com as da capital do

Estado de Santa Catarina, tem-se estatisticamente maior prevalência do excesso de

peso e obesidade nas mulheres da empresa têxtil. Para o tabagismo, a proporção de

mulheres fumantes na empresa têxtil é estatisticamente inferior à da capital do

estado, porém, o consumo de bebida alcoólica é estatisticamente superior. No que

se refere à alimentação, o consumo de leite com teor integral de gordura e líquidos

como refrigerantes e sucos artificiais apresentou proporções significativamente

maiores do que nas mulheres da capital de Santa Catarina. Ao comparar as

mulheres da empresa têxtil com as do Brasil, observa-se maior prevalência

significativa de obesidade nas mulheres da empresa têxtil, que também consomem

significativamente maior quantidade de bebida alcoólica, assim como leite com teor

integral de gordura e líquidos como refrigerantes e sucos artificiais (Tabela 4).

Tabela 5

Quanto aos alimentos considerados marcadores de padrões alimentares

saudáveis, como frutas e hortaliças, o consumo foi significativamente maior nas

mulheres da empresa têxtil quando comparado ao das mulheres brasileiras, porém, o

consumo de feijão foi significativamente menor. A realização da atividade física no

tempo livre e/ou deslocamento foi significativamente superior em relação às

mulheres do país. A proteção contra radiação ultravioleta foi estatisticamente inferior

nas mulheres da empresa têxtil, no entanto, a atividade física no tempo livre e/ou

deslocamento foi significativamente maior em relação às mulheres de Florianópolis

(Tabela 5).

DISCUSSÃO

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O sobrepeso e a obesidade são fatores de risco importantes para várias

doenças crônicas, com destaque para as doenças cardiovasculares, respiratórias

crônicas, diabetes e câncer, levando a um aumento da mortalidade geral. A

proporção de adultos com excesso de peso e obesidade tem aumentando de forma

progressiva em todos os inquéritos realizados.25 Cerca de 2,8 milhões de pessoas

morrem a cada ano em decorrência do excesso de peso ou da obesidade.28

A mais recente pesquisa nacional sobre antropometria, realizada em 2008–

2009, confirma a tendência do aumento na prevalência de excesso de peso e

obesidade, apontando 48% e 16,9%, respectivamente, para indivíduos com 20 anos

de idade ou mais.13 Dados do Vigitel indicam um aumento contínuo no excesso de

peso e obesidade em adultos de 2006 a 2010, sendo observados respectivamente

42,7% para 48,1% e 11,4% para 15%. O maior incremento no excesso de peso foi

verificado nas regiões Norte (6,5%) e Nordeste (6,1%), enquanto o aumento da

obesidade foi maior nas regiões Sul (4,3%) e Sudeste (4,1%). Na população

feminina, em 2010, foi observada significativa frequência de excesso de peso

(44,3%) e obesidade (15,5%), como observado na Tabela 4.7

Neste estudo, observou-se que a prevalência de obesidade nas mulheres da

empresa têxtil foi estatisticamente superior à observada na população geral de

mulheres do Brasil e da capital do Estado de Santa Catarina, fato este também

observado para o excesso de peso quando comparadas com as mulheres da capital.

A obesidade tem sido associada a efeitos adversos à saúde das mulheres a

curto e longo prazo.16 Estudos realizados no sul do Brasil encontraram a prevalência

de sobrepeso e obesidade em 30,2% e 34,1%, respectivamente, em 440 mulheres

de 20 a 59 anos, usuárias de serviços de pronto atendimento do Sistema Único de

Saúde (SUS) em Criciúma, SC.22 No Rio Grande do Sul, Teichmann et al26 (2006) e

Gigante et al10 (2007) encontraram uma prevalência de obesidade de 18% e 23,4%,

respectivamente, em mulheres da mesma faixa etária do presente estudo.

Um fato importante a ser considerado é que as mulheres do setor da

produção que exercem seus trabalhos em turnos tiveram prevalência superior de

obesidade quando comparadas com as do administrativo. Outro estudo no Rio

Grande do Sul, com 27 trabalhadores com idade entre 25 e 60 anos, constatou que

trabalhadores noturnos apresentaram maior índice de massa corporal e

circunferência da cintura quando comparados aos diurnos. Os resultados sugerem

que o trabalho de turno desempenha um papel no desenvolvimento e nas precoces

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manifestações clínicas de distúrbios metabólicos, tornando-se um fator de risco para

o desenvolvimento da obesidade e síndrome metabólica.2 Outros trabalhos também

confirmam esses achados.3,21

As mulheres do setor da produção, quando comparadas com as mulheres do

administrativo, também consumiam estatisticamente quantidade superior de carnes

com gordura e leite integral, fato que pode estar associado à alta prevalência de

obesidade encontrada neste estudo. É importante ainda salientar que não houve o

ajuste para variáveis socioeconômicas no presente estudo, o que poderia explicar e

ser associado a algumas diferenças estatísticas aqui apresentadas. No entanto,

dados sobre renda não estão disponíveis no sistema Vigitel, o que justifica a não

utilização desta variável no presente estudo, já que alguns dados são comparativos.

Dados do Vigitel mostram que entre 2006 e 2010 todas as regiões do Brasil

apresentaram queda no consumo de carne com gordura, porém o aumento no

consumo de frutas e hortaliças não foi verificado na mesma intensidade, inclusive

com redução de 3,2% na região Sul.7 Segundo a WHO32 (2011), a alimentação não

saudável está aumentando rapidamente na população de baixa renda, incluindo o

consumo de gorduras.

O padrão alimentar dos indivíduos é um importante condicionante da

morbimortalidade por doenças crônicas ao longo de todas as fases da vida. Dietas

ricas em frutas e hortaliças e com produtos com baixo teor de gorduras diminuem o

risco cardiovascular, contribuem para a redução do peso, atuam diretamente na

redução da pressão arterial e previnem o câncer.15,23

Autorrelatos das mulheres neste estudo revelam que todas realizavam suas

refeições no restaurante da empresa, que oferece diariamente porção de frutas e

hortaliças, possibilitando assim a escolha de alimentos consideráveis saudáveis. No

entanto, mesmo com um consumo de frutas e hortaliças acima do verificado para a

população brasileira, ainda é baixo o percentual de mulheres que seguiu as

recomendações nutricionais estabelecidas pela Organização Mundial de Saúde

(OMS), o que coloca o Brasil em situação bastante desfavorável quanto às

comparações com estimativas para países desenvolvidos. A OMS preconizou, na

Estratégia Global para Alimentação, Atividade Física e Saúde, a adoção de hábitos

saudáveis, incluindo o aumento do consumo de frutas e hortaliças, a produção e a

comercialização desses alimentos na perspectiva de promoção da saúde e da

segurança alimentar e nutricional como um direito humano.31

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O consumo excessivo de líquidos artificiais pelas mulheres da empresa têxtil

também pode estar relacionado ao fato de o restaurante da empresa servir sucos

artificiais diariamente aos seus colaboradores.

Ao contrário das frutas e hortaliças, o consumo do feijão foi significativamente

inferior na população têxtil quando comparado ao nacional. O Guia Alimentar para a

População Brasileira recomenda a ingestão de pelo menos uma porção diária de

feijão ou outra leguminosa pelo alto teor de fibras e ferro encontrado nesses

alimentos, além de sua baixa densidade energética.4

Os resultados revelaram que muitas trabalhadoras utilizavam a bicicleta como

meio de transporte para o seu deslocamento até o local de trabalho, esse fato pode

ser explicado devido a cidade não possuir transporte coletivo municipal e possui

ciclovias em todo o seu território. No Brasil, a ocupação e as atividades no

transporte representam grande parte da atividade total dos indivíduos e a inclusão

deste tipo de atividade é um fator importante, uma vez que as atividades domésticas

são muito específicas e amplamente realizadas por mulheres na faixa etária

estudada.11

Estima-se que 3,2 milhões de pessoas morrem a cada ano devido à

inatividade física.28 Indivíduos que são insuficientemente ativos têm 20 a 30% de

aumento do risco de todas as causas de mortalidade.31

Dados do Vigitel indicam que a prática de, no mínimo, trinta minutos de

atividade física pelo menos cinco dias por semana entre os adultos residentes nas

capitais do Brasil passou de 14,8% em 2006 para 14,9% em 2010. Os homens,

pessoas jovens e de maior escolaridade são os mais ativos. Em 2010, 14,2% dos

adultos foram considerados inativos.7

No presente estudo, o consumo abusivo de bebidas alcoólicas chama a

atenção, pois foi significativamente superior às médias nacional e estadual, porém

sem diferença entre setores de trabalho. O consumo de álcool é um dos fatores de

risco para DCNT como a cirrose hepática, pancreatite crônica, insuficiência cardíaca,

acidente vascular cerebral, neoplasias, além de ocorrências como acidentes de

trânsito e violência.19 Aproximadamente 2,3 milhões morrem a cada ano pelo

consumo prejudicial de álcool, correspondendo a 3,8% de todas as mortes do

mundo.29

Para o tabagismo, a proporção de mulheres fumantes na empresa têxtil foi

estatisticamente inferior à da capital do estado e sem diferença estatística para o

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Brasil. Um ponto positivo é a baixa prevalência de fumantes encontradas no

presente estudo. O Brasil tem se destacado como o país que vem reduzindo

progressivamente a prevalência de tabagismo nas Américas.6 Dados nacionais

mostram uma redução para 17,2% (21,6% de homens e 13,1% de mulheres com 15

anos de idade ou mais) até 2009, estimada pela Global Adult Tobacco Survey, uma

pesquisa representativa em nível nacional que incluiu mais de 50 mil domicílios em

todos os estados brasileiros.12

O tabagismo é considerado pela OMS como a principal causa de morte

evitável e analisar suas propensões de prevalência podem apoiar ações para reduzir

sua taxa de ocorrência.17 Cerca de 6 milhões de pessoas morrem a cada ano pelo

uso do tabaco, tanto por utilização direta ou pelo fumo passivo.30 Estima-se que

fumar cause aproximadamente 71% do câncer de pulmão, 42% das doenças

respiratórias crônicas e aproximadamente 10% das doenças cardiovasculares.28

Outro fator positivo no presente estudo foi a alta prevalência da realização da

citologia oncótica pelas mulheres da empresa têxtil, porém sem diferença estatística

com dados nacionais e estaduais, o que demonstra que a população feminina

realiza com freqüência o exame preventivo ginecológico para detecção do câncer do

colo do útero. Em relação a mortalidade causada por esse tipo de câncer, houve

uma queda, principalmente nas capitais brasileiras e nas regiões mais

desenvolvidas, em função da ampliação do acesso e da melhoria de qualidade do

exame preventivo ginecológico.14 Todavia, a incidência de câncer do colo do útero

no Brasil ainda continua sendo uma das mais altas do mundo.25 Evidências mostram

que hábitos alimentares inadequados e a falta de atividade física têm papel

relevante como fator de risco para o câncer.18

Fato preocupante observado neste estudo, é que a população da empresa

têxtil se protege menos contra raios ultravioletas do que a população da capital de

Santa Catarina e que apenas 48% dessa população faz o uso de proteção contra

radiação ultravioleta. A necessidade do uso de protetores solares contra a radiação

ultravioleta e de outros métodos de proteção é uma realidade indiscutível.9

Apesar do rápido crescimento das DCNT, o impacto dessas doenças pode ser

revertido por meio de intervenções amplas e custo-efetivas de promoção de saúde

para redução de seus fatores de risco, além da melhoria da atenção à saúde,

detecção precoce e tratamento oportuno. Torna-se importante promover o

desenvolvimento e a implementação de políticas públicas efetivas, integradas,

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sustentáveis e baseadas em evidências para a prevenção e o controle das DCNT e

seus fatores de risco e fortalecer os serviços de saúde, voltados para cuidados

crônicos, principalmente na população feminina. Além do mais, recomenda-se uma

vigilância médica e periódica dirigida às colaboradoras da empresa, em especial

àquelas que desenvolvem trabalhos em turnos. As estratégias devem ser criadas

para propiciar escolhas saudáveis de estilo de vida.

Agradecimentos

Ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq)

pelo auxílio financeiro (Bolsa de Iniciação Científica - PIBIC).

Ao Grupo Kyly que nos consentiu a realização desta pesquisa.

TABELAS

Tabela 1 – Percentuais relativos à faixa etária, escolaridade e estado civil das mulheres avaliadas de acordo com o setor: administrativo ou produção. Variáveis Administrativo Produção Total Faixa etária (anos)

20 - 29 51,3 33,6 38,2 30 - 39 23,1 36,3 32,9 40 - 49 20,5 24,8 23,7 50 - 59 5,1 5,3 5,3

Escolaridade (anos) 0 - 8 17,9 54,0 44,7 9 - 11 51,3 44,2 46,1 ≥ 12 30,8 1,8 9,2

Estado Civil Solteiro 41,0 9,7 17,8 Casado ou união estável (>6 meses)

56,4 80,5 74,3

Separado ou divorciado 2,6 7,1 5,9 Viúvo 0,0 2,7 2,0

Total 100 100 100

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Tabela 2 – Prevalência dos fatores de risco para doenças crônicas não transmissíveis em mulheres trabalhadoras no setor administrativo e produção de uma empresa têxtil, SC, 2010. Número e porcentagem, n (%).

Administrativo n = 39

Produção n = 113

pa Fatores de risco

Excesso de peso ns Obesidade <0,001 Tabagismo ns Consumo bebida alcoólica ns Consumo carne com gordura <0,05 Consumo leite integral <0,05 Consumo líquido artificial

6 (15,4) 9 (23,1) 2 (5,1) 11 (28,2) 4 (10,3) 34 (87,2) 32 (82,1)

30 (26,5) 63 (55,8) 14 (12,4) 26 (23) 30 (26,5) 110 (97,3) 98 (86,7) ns

aTeste Exato de Fisher (p<0,05)

Tabela 3 – Prevalência dos fatores de proteção para doenças crônicas não transmissíveis em mulheres trabalhadoras no turno administrativo e produção de uma empresa têxtil, SC, 2010. Número e porcentagem, n (%). Fatores de proteção Administrativo

n = 39 Produção n = 113

pa

Consumo de frutas e hortaliças ns Consumo de feijão ns Citologia oncótica ns Proteção ultravioleta ns Atividade física

22 (56,4) 10 (25,6) 31 (79,5) 20 (51,3) 16 (41)

51 (45,1) 43 (38,1) 94 (83,2) 53 (46,9) 63 (55,8) ns

aTeste Exato de Fisher (p<0,05)

Tabela 4 – Média e intervalo de confiança (IC) dos fatores de risco das mulheres da empresa têxtil, SC, 2010, e dados Brasil, 2011.a

Fatores de Risco

Brasil Florianópolis Empresa Têxtil b pFL c pBR d % e % (IC 95%) % (IC 95%) Excesso de Peso 44,3 38,9 (34.9-42.9) 47,4 (39.4-55.3) <0,05 ns Obesidade 15,5 13,4 (10.8-15.9) 23,7 (16.9-30.4) <0,01 <0,01 Tabagismo 12,7 16,4 (13-19.9) 10,5 (5.7-15.4) <0,01 ns Consumo bebida alcoólica 10,6 12,3 (9.4-15.1) 24,3 (17.5-31.2) <0,001 <0,0001 Consumo carne com gordura 24,5 23,8 (19.9-27.8) 22,4 (15.7-29) ns ns Consumo leite integral 55,5 52,0 (47.9-56) 97,7 (95.4-100.1) <0,0001 <0,0001 Consumo líquido artificial 25,7 26,9 (23-30.8) 85,5 (79.9-91.1) <0,0001 <0,0001 aMédia Brasil e média e intervalo de confiança Florianópolis dos fatores de risco da amostra feminina do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel); bMulheres do setor administrativo e produção; cProporção Florianópolis (p< 0,05); dProporção Brasil (p< 0,05); eO estudo para o Brasil não relata o intervalo de confiança.

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Tabela 5 – Média e intervalo de confiança (IC) dos fatores de proteção das mulheres da empresa têxtil, SC, 2010, e dados Brasil, 2011.a

Fatores de Proteção Brasil Florianópolis Empresa Têxtilb pFLc pBRd %e % (IC 95%) % (IC 95%) Consumo de frutas e hortaliças 34,4 45,2 (41.3-49.2) 48,0 (40.1-56) ns <0,001 Consumo de feijão 62,0 33,0 (29.1-37) 34,9 (27.3-42.4) ns <0,0001 Citologia oncótica 81,3 85,1 (81.3-88.8) 82,2 (76.2-88.3) ns ns Proteção ultravioleta 53,5 63,6 (59.3-67.9) 48,0 (40.1-56) <0,0001 ns Atividade física 29,0 30,5 (26.9-34.2) 52,0 (44-59.9) <0,0001 <0,0001 aMédia Brasil e média e intervalo de confiança Florianópolis dos fatores de proteção da amostra feminina do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel); bMulheres do setor administrativo e produção; cProporção Florianópolis (p< 0,05); dProporção Brasil (p< 0,05); eO estudo para o Brasil não relata o intervalo de confiança.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A síndrome metabólica (SM) e as doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)

atualmente constituem um grave problema de saúde pública no Brasil e no mundo, com

necessidade de diagnóstico e intervenção precoce. Promover o desenvolvimento e a

implementação de políticas públicas efetivas, integradas, sustentáveis e baseadas em

evidências para a prevenção e o controle das DCNT e seus fatores de risco e fortalecer os

serviços de saúde, voltados para cuidados crônicos, são necessidades reais e que devem não

apenas fazer parte do Plano de Ações Estratégicas Para o Enfrentamento das DCNT no Brasil,

2011-2022, mas serem colocados em prática.

As equipes devem atuar em território definido, com população adstrita, realizando

ações de promoção, vigilância em saúde, prevenção, assistência e acompanhamento

longitudinal dos usuários, o que é fundamental na melhoria da resposta ao tratamento dos

usuários com DCNT e assim expandindo a atenção primária no nosso país. Além do mais,

políticas nacionais, estaduais e locais de saúde irão gerar melhores resultados e terão um

impacto importante na prevenção primária de doenças crônicas.

Ressalta-se o argumento de Schmidt et al. (2011) de que a prioridade e o apoio político

para prevenir as DCNT precisam ser reforçados mediante ênfase em seu controle pelas

medidas sociais ao invés de individuais, em seu papel no retardo do crescimento econômico e

perpetuação da pobreza e intervenções custo-efetivas que permitam o controle. Metas

nacionais precisam ser desenvolvidas para reduzir as doenças crônicas e seus fatores de risco,

com ênfase especial na obesidade, e para o incremento de políticas e ações para atingi-las.

As ações de promoção à saúde e prevenção de DCNT devem se estender por todo o

ciclo da vida. Iniciar durante a gravidez, com cuidados pré-natais e nutrição adequada, passar

pelo estímulo ao aleitamento materno, proteção à infância e adolescência, e atingir a

exposição aos fatores de risco (álcool, tabaco), estimulando os fatores protetores (alimentação

saudável, atividade física), continuar na fase adulta e durante todo o curso da vida.

No que se refere à saúde do trabalhador, recomenda-se uma vigilância médica e

periódica nos colaboradores, principalmente naqueles que desenvolvem trabalhos em turnos

As estratégias devem ser criadas para propiciar escolhas saudáveis de estilo de vida. É

necessário que os trabalhadores sejam alertados quanto à necessidade de medidas preventivas

como a verificação constante da pressão arterial, realização de exames bioquímicos, medidas

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antropométricas como o peso, circunferência abdominal e a realização de exames preventivos

do câncer, especialmente no caso da população feminina. Essas medidas podem atrasar ou

impedir a progressão de SM, diabetes mellitus, doença cardiovascular e outras complicações

que podem afetar a sobrevivência de gerações futuras.

Ainda, torna-se importante salientar a necessidade da criação de critérios bem

definidos para os componentes da síndrome metabólica, visto que para a população brasileira

não está muito bem estabelecida a sua prevalência em função dos critérios utilizados e por

esta razão os estudos diferem quanto aos resultados.

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WORLD HEALTH ORGANIZATION. Global status report on non-communicable diseases, 2010. Geneva: World Health Organization, 2011.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Você está sendo convidada para participar, como voluntária, em uma pesquisa cujo titulo é:

Prevalência da Síndrome Metabólica e dos principais fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em mulheres trabalhadoras em turnos. Após ser esclarecida sobre as informações a seguir, no caso de aceitar fazer parte do estudo, assine ao final deste documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é da pesquisadora responsável. Em caso de recusa você não será penalizada de forma alguma.

O presente trabalho tem por objetivo avaliar a prevalência da síndrome metabólica e dos principais fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis em mulheres trabalhadoras em diferentes turnos de uma empresa têxtil na região centro-norte de Santa Catarina e propor atividades educativas.

Sua colaboração consistirá na participação de uma avaliação para verificar peso, altura, circunferência abdominal, pressão arterial e coleta sanguínea para a realização de exames bioquímicos da glicemia em jejum, colesterol de lipoproteína de alta densidade (HDL-c) e triglicerídeos. Cada participante também responderá um questionário sobre condições sociodemográficas, de saúde, padrões alimentares e atividade física. Os dados obtidos serão analisados de maneira a fornecerem informações suficientes para podermos caracterizar o perfil das trabalhadoras dessa empresa têxtil, conhecendo as condições de saúde dessa população, bem como na prevenção de doenças crônicas.

As mulheres que apresentarem diagnóstico de alguma doença crônica receberão orientações e serão encaminhadas ao ambulatório da empresa para atendimento/acompanhamento médico.

A sua participação é espontânea, não remunerada e os dados individuais não serão divulgados em hipótese alguma, bem como será garantido o seu anonimato, mas a sua colaboração na obtenção dos resultados contribuirá enormemente para o conhecimento da situação da saúde da população em estudo.

Gostaria de informar, ainda, que os resultados desta pesquisa serão utilizados somente com finalidade acadêmica podendo vir a ser publicados em revistas especializadas ou em eventos científicos, com o rigor do anonimato dos respondentes. A aceitação não implica que você estará obrigado a participar, podendo interromper sua participação a qualquer momento, mesmo que já tenha iniciado, bastando, para tanto, comunicar aos pesquisadores. Esta pesquisa é de cunho acadêmico e não visa uma intervenção imediata. Durante a participação, se tiver alguma reclamação, do ponto de vista ético, você poderá contatar com os responsáveis por esta pesquisa. Caso aceite participar, por favor, preencha os dados a seguir:

CONSENTIMENTO DE PARTICIPAÇÃO DO SUJEITO

Eu, _____________________________________, RG_____________, CPF ____________ abaixo- assinado, concordo em participar do presente estudo como sujeito. Fui devidamente informada e esclarecida sobre a pesquisa, os procedimentos nela envolvidos, assim como os possíveis riscos e benefícios decorrentes de minha participação. Foi-me garantido que posso retirar meu consentimento a qualquer momento, sem que isto leve a qualquer penalidade ou interrupção de meu acompanhamento/assistência/tratamento. Local e data: _______________________________________________________________ Nome: ____________________________________________________________________ Assinatura do sujeito ou responsável: __________________________________________ Telefone para contato: _______________________________________________________ Nome das pesquisadoras: Profa. Dra Luciane Peter Grillo - Fone: (47) 9975-3101 – [email protected] e Daniela Ewald - Fone: (47) 9141-8656 – [email protected]. Assinatura das pesquisadoras: _______________________ e _______________________

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APÊNDICE B – Fotos das ações de promoção e educação em saúde na empresa têxtil

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APÊNDICE C - Questionário para avaliação sociodemográfica, antropométrica, pressão

arterial, exames bioquímicos, de saúde, padrões alimentares e atividade física

IDENTIFICAÇÃO

1. Nome:______________________________ 2. Telefone para contato: _______________ 3. Data de Nascimento: _____/_____/_____ . 4. Data da entrevista: ____/____/____. 5. Turno de Trabalho: ___________________ Setor de Trabalho: _____________________

INFORMAÇÕES SOCIODEMOGRÁFICAS

6. Qual seu estado conjugal atual? [1] solteira [2] casada legalmente [3] união estável há mais de seis meses [4] viúva [5] separada ou divorciada [88] não quis informar 7. Até que série a senhora cursou com aprovação?

ENSINO FUNDAMENTAL

ENSINO MÉDIO ENSINO SUPERIOR

1 2 3 4 5 6 7 8 1 2 3 completo incompleto

SEM ESCOLARIDADE

AVALIAÇÃO ANTROPOMÉTRICA: 8. Peso: _______kg 9. Estatura: _______cm 10. CA: _______cm PRESSÃO ARTERIAL: 11. PA1: __________ PA2: __________ PA3: __________ EXAMES BIOQUÍMICOS: 12. Glicemia de jejum: ________ 13. Triglicerídeos: _________ 14. HDL-c: __________

INFORMAÇÕES DE SAÚDE 15. Faz uso regular de medicamentos? [1] sim [2] não Se sim, qual/quais? _____________________________________________________ 16. História pregressa de patologias: ( ) DM ( ) HAS ( ) Dislipidemia ( ) Outras. Qual/Quais? ____________________________________________________________ 17. A senhora fuma? [1] sim [2] não 18. Quando fica exposta ao sol por mais de 30 minutos, seja andando na rua, no trabalho ou no

lazer, a senhora costuma usar alguma proteção contra o sol (filtro solar, chapéu, sombrinha, roupa ou vestimenta)? [1] sim [2] não [3] às vezes [4] não fica exposta ao sol mais de 30 minutos

19. A senhora já fez algum exame de papanicolau (o exame de colo de útero)? [1] sim [2] não

[77] não sabe/não lembra

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20. Quanto tempo faz desde a última vez que fez exame de papanicolau (colo de útero)? [1]

menos de 1 ano [2] entre 1 e 2 anos [3] entre 2 e 3 anos [4] entre 3 e 5 anos [5] 5 ou mais anos [77] não lembra

21. A senhora já fez algum exame de mamografia, raio-X das mamas? [1] sim [2] não [77] não

sabe/não lembra 22. Quanto tempo faz desde a última vez que fez exame de mamografia, raio-X das mamas? [1]

menos de 1 ano [2] entre 1 e 2 anos [3] entre 2 e 3 anos [4] entre 3 e 5 anos [5] 5 ou mais anos [77] não lembra

INFORMAÇÕES SOBRE PADRÕES ALIMENTARES 23. Em quantos dias da semana a senhora costuma comer feijão? [1] 1 a 2 dias por semana [2] 3 a

4 dias por semana [3] 5 a 6 dias por semana [4] todos os dias (inclusive sábados e domingos) [5] quase nunca [6] nunca

24. Quando a senhora consome carne costuma: [1] tirar sempre o excesso de gordura visível [2]

comer com a gordura [3] não come carne com muita gordura [4] não consome nenhum tipo de carne.

25. Em quantos dias da semana a senhora costuma comer pelo menos um tipo de verdura ou

legume (alface, tomate, couve, cenoura, chuchu, berinjela, abobrinha – não vale batata, mandioca ou inhame)? [1] 1 a 2 dias por semana [2] 3 a 4 dias por semana [3] 5 a 6 dias por semana [4] todos os dias (inclusive sábados e domingos) [5] quase nunca [6] nunca

26. Em quantos dias da semana a senhora costuma comer salada de alface e tomate ou salada de

qualquer outra verdura ou legume cru? [1] 1 a 2 dias por semana [2] 3 a 4 dias por semana [3] 5 a 6 dias por semana [4] todos os dias (inclusive sábados e domingos) [5] quase nunca [6] nunca

27. Em quantos dias da semana a senhora costuma comer frutas? [1] 1 a 2 dias por semana [2] 3 a

4 dias por semana [3] 5 a 6 dias por semana [4] todos os dias (inclusive sábados e domingos) [5] quase nunca [6] nunca

28. Quando toma leite, que tipo de leite a senhora costuma tomar? [1] integral [2] semidesnatado

ou desnatado [3] qualquer tipo [4] não sabe [5] não toma nenhum tipo de leite 29. Em quantos dias da semana a senhora costuma tomar refrigerante ou suco artificial (por

exemplo: tampico, tang, etc.)? [1] 1 a 2 dias por semana [2] 3 a 4 dias por semana [3] 5 a 6 dias por semana [4] todos os dias (inclusive sábados e domingos) [5] quase nunca [6] nunca

30. A senhora costuma consumir bebida alcoólica? [1] sim [2] não (pule para q32) 31. Nos últimos 30 dias, a senhora chegou a consumir mais do que 4 doses de bebida alcoólica

em uma única ocasião? Uma dose de bebida alcoólica corresponde a uma lata de cerveja, uma taça de vinho ou uma dose de cachaça, uísque ou qualquer outra bebida alcoólica destilada. [1] sim [2] não

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INFORMAÇÕES SOBRE ATIVIDADE FÍSICA NO TEMPO LIVRE E/OU NO DESLOCAMENTO

32. Nos últimos três meses, a senhora praticou algum tipo de exercício físico ou esporte? [1] sim [2] não (pule para q37) 33. Qual o tipo principal de exercício físico ou esporte que a senhora praticou? ANOTAR APENAS O PRIMEIRO CITADO [ ] caminhada (não vale deslocamento para trabalho) [ ] caminhada em esteira [ ] corrida [ ] corrida em esteira [ ] musculação [ ] ginástica aeróbica [ ] hidroginástica [ ] ginástica em geral [ ] natação [ ] artes marciais e luta [ ] bicicleta [ ] futebol [ ] basquetebol [ ] voleibol [ ] tênis [ ] outros 34. A senhora pratica o exercício pelo menos uma vez por semana? [ ] sim [ ] não – (pule para q47) 35. Quantos dias por semana a senhora costuma praticar exercício físico ou esporte? [ ] 1 a 2 dias por semana [ ] 3 a 4 dias por semana [ ] 5 a 6 dias por semana [ ] todos os dias (inclusive sábado e domingo) 36. No dia que a senhora pratica exercício ou esporte, quanto tempo dura esta atividade? [ ] menos que 10 minutos [ ] entre 10 e 19 minutos [ ] entre 20 e 29 minutos [ ] entre 30 e 39 minutos [ ] entre 40 e 49 minutos [ ] entre 50 e 59 minutos [ ] 60 minutos ou mais 37. Para ir ou voltar ao seu trabalho, faz algum trajeto a pé ou de bicicleta? [ ] sim, todo o trajeto [ ] sim, parte do trajeto [ ] não (finalizar aqui) 38. Quanto tempo a senhora gasta para ir e voltar neste trajeto (a pé ou de bicicleta)? [ ] menos que 10 minutos [ ] entre 10 e 19 minutos [ ] entre 20 e 29 minutos [ ] entre 30 e 39 minutos [ ] entre 40 e 49 minutos [ ] entre 50 e 59 minutos [ ] 60 minutos ou mais 39. Atualmente, a senhora está freqüentando algum curso/escola ou leva alguém em algum curso/escola? [ ] sim [ ] não [ ] não quis informar 40. Para ir ou voltar a este curso ou escola, faz algum trajeto a pé ou de bicicleta? [ ] sim, todo o trajeto [ ] sim, parte do trajeto [ ] não

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ANEXOS

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ANEXO A - Normas do British Journal of Nutrition para preparo de manuscritos

Instructions for Contributors British Journal of Nutrition

The British Journal of Nutrition is an international peer-reviewed journal that

publishes original papers, review articles and short communications in all branches of nutritional science. Short communications will be expedited through the review process. The underlying aim of all work should be, as far as possible, to develop nutritional concepts. The British Journal of Nutrition encompasses the full spectrum of nutritional science including epidemiology, dietary surveys, nutritional requirements and behaviour, metabolic studies, body composition, energetics, appetite, obesity, ageing, endocrinology, immunology, neuroscience, microbiology, genetics and molecular and cell biology. The journal does not publish case studies or papers on food technology, food science or food chemistry.

The British Journal of Nutrition publishes the following: Full Papers, Short Communications, Review Articles, Systematic Reviews, Horizons in Nutritional Science, Workshop Reports, Invited Commentaries, Letters to the Editor/Nutrition Discussion Forums, Book Reviews, Obituaries, Notices, Announcements and Editorials.

Form of full papers submitted for publication. The onus of preparing a paper in a form suitable for sending to press lies with the author. Authors are advised to consult a current issue in order to make themselves familiar with the British Journal of Nutrition as to typographical and other conventions, layout of tables etc. Sufficient information should be given to permit repetition of the published work by any competent reader of the British Journal of Nutrition. Authors are encouraged to consult the latest guidelines produced by the International Committee of Medical Journal Editors (ICMJE), which contains a lot of useful generic information about preparing scientific papers http://www.icmje.org/ and also the CONSORT guidelines for reporting results of randomised trials http://www.consort-statement.org/ Authors are invited to nominate up to four potential referees who may then be asked by the Editorial Board to help review the work. Typescripts should be prepared with 1·5 line spacing and wide margins (2 cm), the preferred font being Times New Roman size 12. At the ends of lines words should not be hyphenated unless hyphens are to be printed. Line numbering and page numbering is required. Spelling should generally be that of the Concise Oxford Dictionary (1995), 9th ed. Oxford: Clarendon Press. Papers should normally be divided into the following parts:

(a)Title page: authors' names should be given without titles or degrees and one

forename may be given in full. The name and address of the institution where the work was performed should be given, as well as the main address for each author. The name and address of the author to whom correspondence should be sent should be clearly stated, together with telephone and fax numbers and email address. Other authors should be linked to their address using superscript Arabic numerals. Any necessary descriptive material about the authors, e.g. Beit Memorial Fellow, should appear at the end of the paper in the Acknowledgments.If the paper is one of a series of papers that have a common main title followed by a subtitle specific to the individual paper, numbering should not be used to indicate the sequence of papers. The format should be 'common title: specific subtitle', with a short common title, e.g. Partitioning of limiting protein and energy in the growing pig: testing quantitative rules against experimental data. The title page should also contain a shortened

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version of the paper's title, not exceeding forty-five letters and spaces in length, suitable for use as a running title in the published paper. Authors are asked to supply three or four key words or phrases (each containing up to three words) on the title page of the typescript.

(b)Abstract: each paper must open with an abstract of not more than 250 words. The

abstract should be a single paragraph of continuous text outlining the aims of the work, the experimental approach taken, the principal results and the conclusions and their relevance to nutritional science.

(c)Introduction: it is not necessary to introduce a paper with a full account of the

relevant literature, but the introduction should indicate briefly the nature of the question asked and the reasons for asking it. It should be no longer than two pages.

(d)Experimental methods: methods should appear after the introduction. (e)Results: these should be given as concisely as possible, using figures or tables as

appropriate. (f)Discussion: while it is generally desirable that the presentation of the results and the

discussion of their significance should be presented separately, there may be occasions when combining these sections may be beneficial. Authors may also find that additional or alternative sections such as 'conclusions' may be useful. The discussion should be no longer than five pages.

(g)Acknowledgments: these should be given in a single paragraph after the discussion

and include the following information: source of funding, declaration regarding any conflicts of interest and a brief statement as to the contribution(s) of each author.

(h)References: these should be given in the text using the Vancouver system. They

should be numbered consecutively in the order in which they first appear in the text using superscript Arabic numerals in parentheses, e.g. ‘The conceptual difficulty of this approach has recently been highlighted(1,2–4)’. If a reference is cited more than once the same number should be used each time. References cited only in tables and figure legends and not in the text should be numbered in sequence from the last number used in the text and in the order of mention of the individual tables and figures in the text. At the end of the paper, on a page(s) separate from the text, references should be listed in numerical order. When an article has more than three authors only the names of the first three authors should be given followed by ‘et al.’ The issue number should be omitted if there is continuous pagination throughout a volume. Names and initials of authors of unpublished work should be given in the text as ‘unpublished results’ and not included in the References. Titles of journals should appear in their abbreviated form using the NCBI LinkOut page http://www.ncbi.nlm.nih.gov/projects/linkout/journals/jourlists.fcgi?typeid=1&type=journals&operation=Show References to books and monographs should include the town of publication and the number of the edition to which reference is made.

(i)Statistical treatment of results: Data from individual replicates should not be

given for large experiments, but may be given for small studies. The methods of statistical analysis used should be described, and references to statistical analysis packages included in the text, thus: Statistical Analysis Systems statistical software package version 6.11 (SAS Institute, Cary, NC, USA). Information such as analysis of variance tables should be given in

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the paper only if they are relevant to the discussion. A statement of the number of replicates, their average value and some appropriate measure of variability is usually sufficient.

Comparisons between means can be made by using either confidence intervals (CI) or significance tests. The most appropriate of such measures is usually the standard error of a difference between means (SED), or the standard errors of the means (SE or SEM) when these vary between means. The standard deviation (SD) is more useful only when there is specific interest in the variability of individual values. The degrees of freedom (df) associated with SED, SEM or SD should also be stated. The number of decimal places quoted should be sufficient but not excessive. Note that pH is an exponential number, as are the log(10) values often quoted for microbial numbers. Statistics should be carried out on the scalar rather than the exponential values.

If comparisons between means are made using CI, the format for presentation is, e.g. ‘difference between means 0·73 (95 % CI0·314, 1·36) g’. If significance tests are used, a statement that the difference between the means for two groups of values is (or is not) statistically significant should include the level of significance attained, preferably as an explicit P value (e.g. P=0·016 or P=0·32) rather than as a range (e.g. P<0·05 or P>0·05}. It should be stated whether the significance levels quoted are one-sided or two-sided. Where a multiple comparison procedure is used, a description or explicit reference should be given. Where appropriate, a superscript notation may be used in tables to denote levels of significance; similar superscripts should denote lack of a significant difference.

Where the method of analysis is unusual, or if the experimental design is at all complex, further details (e.g. experimental plan, raw data, confirmation of assumptions, analysis of variance tables, etc.) should be included.

(j)Figures: figures and diagrams can be prepared using most applications but please

do not use the following: cdx, chm, jnb or PDF. All figures should be numbered and legends should be provided. Each figure, with its legend, should be comprehensible without reference to the text and should include definitions of abbreviations. Latin names for unusual species should be included unless they have already been specified in the text. Each figure will be positioned near the point in the text at which it is first introduced unless instructed otherwise.

Note that authors will be charged 350 GBP for the publication of colour figures. Authors from countries entitled to free journal access through HINARI will be exempt from these charges.

(l)Tables. Tables should carry headings describing their content and should be

comprehensible without reference to the text. Tables should not be subdivided by ruled lines. The dimensions of the values, e.g. mg/kg, should be given at the top of each column. Separate columns should be used for measures of variance (SD, SE etc.), the ± sign should not be used. The number of decimal places used should be standardized; for whole numbers 1·0, 2·0 etc. should be used. Shortened forms of the words weight (wt) height (ht) and experiment (Expt) may be used to save space in tables, but only Expt (when referring to a specified experiment, e.g. Expt 1) is acceptable in the heading.

Footnotes are given in the following order: (1) abbreviations, (2) superscript letters, (3) symbols. Abbreviations are given in the format: RS, resistant starch. Abbreviations appear in the footnote in the order that they appear in the table (reading from left to right across the table, then down each column). Abbreviations in tables must be defined in footnotes. Symbols for footnotes should be used in the sequence: *†‡§||¶, then ** etc. (omit * or †, or both, from the sequence if they are used to indicate levels of significance).

For indicating statistical significance, superscript letters or symbols may be used. Superscript letters are useful where comparisons are within a row or column and the

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level of significance is uniform, e.g. ‘a,b,cMean values within a column with unlike superscript letters were significantly different (P<0·05)’. Symbols are useful for indicating significant differences between rows or columns, especially where different levels of significance are found, e.g. ‘Mean values were significantly different from those of the control group: *P<0·05, **P<0·01, ***P<0·001’. The symbols used for P values in the tables must be consistent.

Tables should be placed at the end of the text. Each table will be positioned near the point in the text at which it is first introduced unless instructed otherwise.

Please refer to a recent copy of the journal for examples of tables. (m)Numbers. Numerals should be used with units, for example, 10 g, 7 d, 4 years

(except when beginning a sentence, thus: ‘Four years ago...’); otherwise, words (except when 100 or more), thus: one man, ten ewes, ninety-nine flasks, three times (but with decimal, 2·5 times), 100 patients, 120 cows, 136 samples.

(n)Ethics of human experimentation. The notice of contributors is drawn to the

guidelines in the World Medical Association (2000) Declaration of Helsinki: Ethical Principles for Medical Research Involving Human Subjects, with notes of clarification of 2002 and 2004 (http://www.wma.net/e/policy/b3.htm), the Guidelines on the Practice of Ethics Committees Involved in Medical Research Involving Human Subjects (3rd ed., 1996; London: The Royal College of Physicians) and the Guidelines for the Ethical Conduct of Medical Research Involving Children, revised in 2000 by the Royal College of Paediatrics and Child Health: Ethics Advisory.

Committee (Arch Dis Child (2000) 82, 177–182). A paper describing any experimental work on human subjects should include a statement that ethical approval has been obtained.

(o)Disclosure of financial support and other relevant interests. The source of

funding should be identified in the acknowledgement section of the manuscript. All potential conflicts of interest, or financial interests of the author in a product or company that is relevant to the article, should be declared.

(p)Proofs. PDF proofs are sent to authors in order that they make sure that the paper

has been correctly set up in type. Excessive alterations involving changes other than typesetting errors may have to be disallowed or made at the author's expense. All corrections should be made in ink in the margins: marks made in the text should be only those indicating the place to which the corrections refer. If corrected proofs are not received from authors within 7 days the paper may be published as it stands. Offprints. A PDF of the paper will be supplied free of charge to the corresponding author of each paper or short communication, and offprints may be ordered on the order form sent with the proofs.

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ANEXO B – Normas da Revista de Saúde Pública para preparo de manuscritos

Resumo São publicados resumos em português, espanhol e inglês. Para fins de cadastro do manuscrito, deve-se apresentar dois resumos, um na língua original do manuscrito e outro em inglês (ou em português, em caso de manuscrito apresentado em inglês). Como regra geral, o resumo deve incluir: objetivos do estudo, principais procedimentos metodológicos (população em estudo, local e ano de realização, métodos observacionais e analíticos), principais resultados e conclusões. Estrutura do texto Introdução – Deve ser curta, relatando o contexto e a justificativa do estudo, apoiados em referências pertinentes ao objetivo do manuscrito, que deve estar explícito no final desta parte. Não devem ser mencionados resultados ou conclusões do estudo que está sendo apresentado. Métodos – Os procedimentos adotados devem ser descritos claramente; bem como as variáveis analisadas, com a respectiva definição quando necessária e a hipótese a ser testada. Devem ser descritas a população e a amostra, instrumentos de medida, com a apresentação, se possível, de medidas de validade; e conter informações sobre a coleta e processamento de dados. Deve ser incluída a devida referência para os métodos e técnicas empregados, inclusive os métodos estatísticos; métodos novos ou substancialmente modificados devem ser descritos, justificando as razões para seu uso e mencionando suas limitações. Os critérios éticos da pesquisa devem ser respeitados. Os autores devem explicitar que a pesquisa foi conduzida dentro dos padrões éticos e aprovada por comitê de ética. Resultados – Devem ser apresentados em uma seqüência lógica, iniciando-se com a descrição dos dados mais importantes. Tabelas e figuras devem ser restritas àquelas necessárias para argumentação e a descrição dos dados no texto deve ser restrita aos mais importantes. Os gráficos devem ser utilizados para destacar os resultados mais relevantes e resumir relações complexas. Dados em gráficos e tabelas não devem ser duplicados, nem repetidos no texto. Os resultados numéricos devem especificar os métodos estatísticos utilizados na análise. Material extra ou suplementar e detalhes técnicos podem ser divulgados na versão eletrônica do artigo. Discussão – A partir dos dados obtidos e resultados alcançados, os novos e importantes aspectos observados devem ser interpretados à luz da literatura científica e das teorias existentes no campo. Argumentos e provas baseadas em comunicação de caráter pessoal ou divulgadas em documentos restritos não podem servir de apoio às argumentações do autor. Tanto as limitações do trabalho quanto suas implicações para futuras pesquisas devem ser esclarecidas. Incluir somente hipóteses e generalizações baseadas nos dados do trabalho. As conclusões devem finalizar esta parte, retomando o objetivo do trabalho. Referências Listagem: As referências devem ser normalizadas de acordo com o estilo Uniform Requirements for Manuscripts Submitted to Biomedical Journals: Writing and Editing

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for Biomedical Publication, ordenadas alfabeticamente e numeradas. Os títulos de periódicos devem ser referidos de forma abreviada, de acordo com o Medline, e grafados no formato itálico. No caso de publicações com até seis autores, citam-se todos; acima de seis, citam-se os seis primeiros, seguidos da expressão latina “et al”. Referências de um mesmo autor devem ser organizadas em ordem cronológica crescente. Sempre que possível incluir o DOI do documentado citado. Citação no texto: A referência deve ser indicada pelo seu número na listagem, na forma de expoente após a pontuação no texto, sem uso de parênteses, colchetes e similares. Nos casos em que a citação do nome do autor e ano for relevante, o número da referência deve ser colocado a seguir do nome do autor. Trabalhos com dois autores devem fazer referência aos dois autores ligados por &. Nos outros casos apresentar apenas o primeiro autor (seguido de et al. em caso de autoria múltipla).

Tabelas Devem ser apresentadas depois do texto, numeradas consecutivamente com algarismos arábicos, na ordem em que foram citadas no texto. A cada uma deve-se atribuir um título breve, não se utilizando traços internos horizontais ou verticais. As notas explicativas devem ser colocadas no rodapé das tabelas e não no cabeçalho ou título. Se houver tabela extraída de outro trabalho, previamente publicado, os autores devem solicitar formalmente autorização da revista que a publicou, para sua reprodução. Para composição de uma tabela legível, o número máximo é de 12 colunas, dependendo da quantidade do conteúdo de cada casela. Tabelas que não se enquadram no nosso limite de espaço gráfico podem ser publicadas na versão eletrônica. Notas em tabelas devem ser indicadas por letras, em sobrescrito e negrito. Se houver tabela extraída de outro trabalho, previamente publicado, os autores devem solicitar autorização para sua reprodução, por escrito. Informações complementares: - Devem ter até 3.500 palavras, excluindo resumos, tabelas, figuras e referências. - As tabelas e figuras, limitadas a 5 no conjunto, devem incluir apenas os dados imprescindíveis, evitando-se tabelas muito longas. - As referências bibliográficas, limitadas a cerca de 25, devem incluir apenas aquelas estritamente pertinentes e relevantes à problemática abordada. Deve-se evitar a inclusão de número excessivo de referências numa mesma citação. Citações de documentos não publicados e não indexados na literatura científica (teses, relatórios e outros) devem ser evitadas. Caso não possam ser substituídas por outras, não farão parte da lista de referências bibliográficas, devendo ser indicadas nos rodapés das páginas onde estão citadas. - Os resumos devem ser apresentados no formato estruturado, com até 300 palavras, contendo os itens: Objetivo, Métodos, Resultados e Conclusões. - A estrutura dos artigos originais de pesquisa é a convencional: Introdução, Métodos, Resultados e Discussão, embora outros formatos possam ser aceitos. A Introdução deve ser curta, definindo o problema estudado, sintetizando sua importância e destacando as lacunas do conhecimento que serão abordadas no artigo. As fontes de dados, a população estudada, amostragem, critérios de seleção, procedimentos analíticos, dentre outros, devem ser descritos de forma compreensiva e completa, mas sem prolixidade. A seção de Resultados deve se limitar a descrever os resultados encontrados sem incluir interpretações/comparações. O texto deve complementar e não repetir o que está descrito em tabelas e figuras. A Discussão deve incluir a apreciação dos autores sobre as limitações do estudo, a comparação dos achados com

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a literatura, a interpretação dos autores sobre os resultados obtidos e sobre suas principais implicações e a eventual indicação de caminhos para novas pesquisas. Identificação do Manuscrito O título deve ser conciso e completo, contendo informações relevantes que possibilitem recuperação do artigo nas bases de dados. O limite é de 90 caracteres, incluindo espaços. Se o manuscrito for submetido em inglês, fornecer um título em português. Título resumido Deve conter até 45 caracteres, para fins de legenda nas páginas impressas. Descritores Devem ser indicados entre 3 e 10, extraídos do vocabulário "Descritores em Ciências da Saúde" (DeCS), nos idiomas português, espanhol e inglês, com base no Medical Subject Headings (MeSH). Se não forem encontrados descritores adequados para a temática do manuscrito, poderão ser indicados termos não existentes nos conjuntos citados. Co-autores Identificar os co-autores do manuscrito pelo nome, sobrenome e instituição, conforme a ordem de autoria. Financiamento da pesquisa Se a pesquisa foi subvencionada, indicar o tipo de auxílio, o nome da agência financiadora e o respectivo número do processo. Apresentação prévia Tendo sido apresentado em reunião científica, indicar o nome do evento, local e ano da realização. Quando baseado em tese ou dissertação, indicar o nome do autor, título, ano, nome do programa de pós-graduação e instituição onde foi apresentada.