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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
MÍRIA RODRIGUES MARTINS
CONFIGURANDO O PERFIL DE BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA
DE IDOSOS – Um Estudo no Projeto Autonomia do Idoso (PAI) – UNIVALI
Biguaçu (SC)
2009
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MÍRIA RODRIGUES MARTINS
CONFIGURANDO O PERFIL DE BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA
DE IDOSOS – Um Estudo no Projeto Autonomia do Idoso (PAI) – UNIVALI
Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) apresentado como requisito parcial para obtenção de créditos curriculares, bem como para a posterior obtenção do título de Bacharel em Enfermagem pela Universidade do Vale do Itajaí – Biguaçu. Orientadora: Profª. Drª. Lygia Paim.
Biguaçu (SC)
2009
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MÍRIA RODRIGUES MARTINS
CONFIGURANDO O PERFIL DE BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA
DE IDOSOS – Um Estudo no Projeto Autonomia do Idoso (PAI) – UNIVALI
Este Trabalho de Conclusão de Curso foi submetido ao processo de avaliação pela Banca
Examinadora, atendendo as normas da legislação vigente do Curso de Graduação em
Enfermagem da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI.
Área de Concentração: Enfermagem
Biguaçu, Dezembro de 2009.
______________________________________
Profª. Drª. Lygia Paim
UNIVALI – C. E. Biguaçu
Orientadora
______________________________________
Prfª. Drndª. Angela Maria Blatt Ortiga
UNIVALI – C. E. Biguaçu
Membro
______________________________________
Profª Esp. Liliane Werner dos Santos
UNIVALI – C. E. Biguaçu
Membro
3
AGRADECIMENTOS
Gostaria respeitosamente de agradecer...
À Deus, por iluminar meu caminho.
Aos meus pais Idalmiro e Maria das Graças, meus exemplos de vida, pela dedicação,
compreensão e amor. Em especial à minha mãe, a financiadora e grande incentivadora de tudo
sempre.
Ao meu irmão Isac pelo carinho e atenção dispensados.
Aos familiares pelo apoio. Em especial as tias e madrinhas Maria Domícia e Lúcia por estarem
sempre presentes.
Aos amigos pelo auxílio. Em especial as amigas Mariana, Paula, Priscila e Tábata que nunca
deixaram de me acolher.
Ao meu namorado, Luiz Fernando, pela força, paciência e amor que sempre me dedicou.
Às amigas acadêmicas/enfermeiras Ana Cristina, Eyleen, Piera, Roberta e Suélen pelo
companheirismo nesta difícil e prazerosa caminhada.
Ao Projeto Autonomia do Idoso, professores, bolsistas e idosos, pela oportunidade de estar junto
ao grupo como bolsista, pelo carinho e ajuda neste período em que estivemos próximos.
Aos idosos do Projeto Autonomia do Idoso participantes desta pesquisa pela receptividade,
atenção e carinho que me ofereceram.
Aos professores e colegas de turma que contribuíram para minha formação nesta trajetória
acadêmica.
À Banca Examinadora, Angela Maria Blatt Ortiga e Liliane Werner dos Santos, pela aceitação
em participar da avaliação deste trabalho.
À professora Lygia Paim pela orientação e atenção para a construção desta pesquisa.
À todos que direta ou indiretamente contribuíram para esta pesquisa.OBRIGADA!
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RESUMO
Nesta pesquisa foi estudado o perfil de Bem-Estar e Qualidade de Vida em idosos, participantes de um Grupo de Convivência da proposta extensionista da UNIVALI, o Projeto Autonomia do Idoso (PAI). Reconhecer como relevante o estudo sobre a vida saudável de idosos justifica-se não somente do ponto de vista biológico, mas também econômico, social, dentre outros. O objetivo da pesquisa foi configurar o perfil de Bem-Estar e Qualidade de Vida de idosos vinculados ao “PAI”. A pesquisa foi guiada por um olhar cultural, conforme teoria proposta por Leiniger apud George (1993). A metodologia baseou-se nos conceitos da Pesquisa Convergente Assistencial (PCA), devido a assistência em simultaneidade ao estudo. O local do estudo foi o domicílio dos seis idosos participantes. A coleta de dados foi feita através de um instrumento desenvolvido por Nahas (2001), o Pentáculo do Bem-Estar, além de um Roteiro de Entrevista Semi-Estruturada. O corpo da pesquisa, produzido pelo agrupamento dos dados obtidos, formaram textos, os quais foram objeto de Análise Hermenêutica. A discussão deu-se analisando os Pentáculos Individuais, o Coletivo e a Relação entre o Pentáculo Coletivo e o “PAI”. Resulta da análise cinco tópicos: A) Avanços e Equívocos da Nutrição; B) A Redescoberta do Corpo em Movimento Coletivo; C) A Alta Adesão ao Comportamento Preventivo; D) A Plenitude no Relacionamento Social e E) Vulnerabilidades ao Estresse. Conclui-se que no grupo de idosos pesquisados há Fatores de Influência ao alcance do Bem-Estar e Qualidade de Vida mais desenvolvidos, e outros ainda frágeis. Os Entrevistados possuem conhecimento sobre a importância de cada um dos Fatores e sabem que Nutrição, Atividade Física, Comportamento Preventivo, Relacionamento Social e Controle de Estresse, são pilares, que se bem estruturados erguem uma vida saudável em uma crescente Qualidade de Vida. Palavras-chave: Idoso; Autonomia; Qualidade de Vida; Cuidado de Saúde.
5
ABSTRACT
This research has obtained through the profile of Welfare and Quality of Life in elderly participants in a social group in the proposed extension worker UNIVALI the Autonomy of the Elderly Project (PAI). Recognizing how important the research about the healthy life of elderly people is justified not only from biological terms, but also economic, social ones, among others. Its goal was to set up the profile of Welfare and Quality of Life of elderly linked to the "PAI". This study was followed by a cultural sight according to the theory proposed by Leininger quoted George (1993). The methodology has based on the concepts of Convergent Assistencial Research (PCA), mainly on the principle of simultaneity of assistance and study. The study site was the place of six elderly participants. The data collection was fullfilled using an instrument developed by Nahas (2001), named the Pentacle Welfare, apart from a script for Semi-Structured Interview to check the situation involving the pentacle and influence related to the work of the “PAI”. The group of obtained data, composed of texts, according to the analysis using a hermeneutic of Minayo, joining Individual and Collective Pentacles and the Relationship between the Collective Pentacle and acquisitions of information acquired in the "PAI". Five topics emerge from the analysis: A) Advances and Nutrition Concepts; B) The Rediscovery of the Body in Collective Motion; C) Adhering hardly to Preventive Behavior; D) The emphasis on the interpretation of Social Relationship and E) People become vulnerable to Stress. It is concluded that this group of elderly people, according to themselves, there are factors influencing the reaching the Welfare and Quality of Life more developed and other ones more fragile. The Respondents have knowledge about the importance of each factor and they know that Nutrition, Physical Activity, Preventive Behavior, Social Relationships and Stress Control, are pillars when are well structured, conduct to a healthy and increasing Quality of Life on Elderly People. Key-words: Elderly, Autonomy, Quality of Life, Care of Health.
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LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Pentáculo do Bem-Estar……………………………………………………………......70
Figura 2: Pentáculo E1 Sol.............................................................................................................40
Figura 3: Pentáculo E2 Estrela.......................................................................................................41
Figura 4: Pentáculo E3 Mar............................................................................................................42
Figura 5: Pentáculo E4 Lua............................................................................................................42
Figura 6: Pentáculo E5 Lago..........................................................................................................43
Figura 7: Pentáculo E6 Cachoeira..................................................................................................44
Figura 8: Pentáculo Coletivo..........................................................................................................46
7
LISTA DE QUADROS
Quadro 1: Ganhos da Atividade Física...........................................................................................19
Quadro 2: Distribuição dos dados registrados através do Pentáculo do Bem-Estar.......................45
Quadro 3: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Nutrição................................................49
Quadro 4: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Atividade Física....................................51
Quadro 5: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Comportamento Preventivo..................54
Quadro 6: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Relacionamento Social.........................55
Quadro 7: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Controle de Estresse.............................57
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SUMÁRIO
1 O PROBLEMA E A JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO DO TEMA.............................10
2 OBJETIVOS..............................................................................................................................13
2.1 OBJETIVO GERAL.................................................................................................................13
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS...................................................................................................13
3 REVISÃO DA LITERATURA.................................................................................................14
3.1 ENVELHECIMENTO..............................................................................................................14
3.1.1 Medicalização no Envelhecimento.....................................................................................15
3.1.2 Envelhecimento e Capacidade para o Trabalho...............................................................17
3.1.3 Envelhecimento e Atividade Física....................................................................................18
3.1.4 Envelhecimento e Alimentação...........................................................................................20
3.1.5 Envelhecimento e Estresse..................................................................................................21
3.1.6 Educação em Saúde e Experiências Andragógicas...........................................................22
3.2 QUALIDADE DE VIDA.........................................................................................................23
3.2.1 Qualidade de Vida e Envelhecimento................................................................................25
3.3 SAÚDE E BEM-ESTAR..........................................................................................................27
3.4 A CULTURA E SUA INFLUÊNCIA NO BEM-ESTAR/QUALIDADE DE VIDA..............28
4 MARCO CONCEITUAL..........................................................................................................31
5 METODOLOGIA......................................................................................................................35
5.1 TIPO DE ESTUDO..................................................................................................................35
5.2 LOCAL DO ESTUDO.............................................................................................................36
5.3 SUJEITOS DO ESTUDO.........................................................................................................36
5.4 COLETA DE DADOS.............................................................................................................37
5.5 ANÁLISE DOS DADOS.........................................................................................................39
5.6 ASPECTOS ÉTICOS...............................................................................................................39
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO...............................................................................................40
7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................................58
REFERÊNCIAS............................................................................................................................61
APÊNDICES.................................................................................................................................64
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Apêndice 1: Termo de Compromisso e Aceite de Orientação.......................................................64
Apêndice 2: Termo de Aceite da Instituição..................................................................................65
Apêndice 3: Termo de Consentimento Livre e Esclarecido...........................................................66
Apêndice 4: Roteiro de Entrevista Semi-Estruturada Situando os Fatores de Influência do Bem-
Estar e Qualidade de Vida..............................................................................................................68
ANEXOS........................................................................................................................................69
Anexo 1: Pentáculo do Bem-Estar..................................................................................................69
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1 O PROBLEMA E A JUSTIFICATIVA PARA O ESTUDO DO TEMA
Reconhecer como relevante o estudo de temas relativos á vida saudável de idosos
justifica-se não somente do ponto de vista biológico, mas também do ponto de vista econômico,
social, dentre outros vários aspectos. Sabe-se que o tratamento que é ofertado aos idosos em cada
etapa evolutiva histórica, é de certo modo, uma construção social, e existem vários elementos que
influenciam o modo de olhar os idosos, o que é objeto de revisão quando uma pesquisa se ocupa
de participantes desse grupo populacional.
A área da saúde, com sua tendência à medicalização e a polifarmácia para a população
idosa, vem substituindo o cuidado pelo remédio e, muitas vezes, comprometendo principalmente
a capacidade intelectiva e afetando a cognição durante o envelhecimento. São caminhos
inconvenientes à Educação em Saúde e em algumas situações inibem a aprendizagem e o
acréscimo à autonomia em idosos.
Cuidar do envelhecimento não se restringe a perspectiva biológica, embora esta não possa
ser deixada de lado, será preciso justificar o exercício de relacionamento interpessoal, da
discussão de assuntos ligados à seus suportes sociais, independência, cidadania e até mesmo às
condições de estresse vivenciadas na família, na comunidade e consigo mesmos.
Lidar com idosos é também, refinar suas qualidades e aptidões à fraternidade,
solidariedade, em seus modos de vida diário, em sua interioridade e nas suas relações com os
outros.
Do ponto de vista econômico, trabalhar o Bem-Estar, e a Qualidade de Vida em idosos
representa a busca de transformações sociais e sabe-se das implicações econômicas por que
passam os que envelhecem numa sociedade, até pouco tempo, vista como uma sociedade de
jovens. As oportunidades minguadas de produção, a fabricação de doenças, o acesso dificultado a
tratamentos de saúde, deslocamentos, entre outros.
As pesquisas na área da saúde têm mostrado que esta não é meramente a ausência de
doença, e sim, muito mais do que isso. Saúde engloba um conceito amplo, variável e
multifatorial. A idéia de que a pessoa idosa é doente, e, um “peso morto” na sociedade, está
ficando esquecida, o idoso ganha cada vez mais espaço no meio social (CACHIONI, DIOGO,
NERI, 2006).
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No Brasil, o idoso é amparado sob a forma de lei. A lei de número 8.842 de 4 de janeiro
de 1994, tem por objetivo garantir os direitos sociais do idoso, visando sua autonomia, integração
e participação na sociedade (BRASIL, 1994).
Para Brêtas, Souza e Skubs (2007) em prol da saúde e Bem-Estar do idoso tem-se ainda,
salvo algumas exceções, o apoio e ajuda da família e grupo de amigos em que ele se insere.
Afinal, o âmbito familiar é, ou deve ser, fonte de amor e cuidado mútuo entre seus componentes.
Existe também, um terceiro tipo de apoio fornecido ao grupo pertencente à terceira idade,
o cuidado prestado a nível institucional, ou seja, em casas de repouso, em unidades de saúde e em
hospitais. O serviço prestado em instituições de saúde é feito por profissionais da área da saúde,
dentre eles, o enfermeiro (BRÊTAS, SOUZA e SKUBS, 2007).
No ano de 2000 a população idosa representava cerca de 9% da população mundial, em
2025 estima-se que este número cresça para 14% (JOIA e RUIZ, 2006).
Atualmente é perceptível e visível, através da vivência cotidiana e por meio de
acompanhamento de pesquisas desenvolvidas, que a expectativa de vida da população aumentou.
O que se deve à diminuição da taxa de fertilidade; à diminuição da mortalidade; à melhoria dos
serviços de saúde, alimentação, higiene; entre outros aspectos. Deste modo, se acentua o
crescimento da população idosa, não somente no Brasil, mas no mundo inteiro. Então, é preciso
parar e repensar sobre o Estilo de Vida do idoso de hoje e sobre a Qualidade de Vida desta
população (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
Nahas (2001), autor que explora o tema Qualidade de Vida, operacionalizou a construção
de uma figura de cinco pontas denominada Pentáculo do Bem-Estar, situando Fatores de
Influência para o alcance do Bem-Estar e Qualidade de Vida. Por sua vez, este mesmo autor,
define conceitos relevantes para o estudo, entre eles, o que trata Estilo de Vida como um
“conjunto de ações habituais que refletem as atitudes, os valores e as oportunidades na vida das
pessoas”.
Justifica-se esta pesquisa na valorização do grupo populacional de idosos em suas
atividades diárias ou Estilo de Vida, na concepção de Nahas (2001). Estuda-se, do ponto de vista
operacional, a vivência de idosos a partir da influência do Grupo de Convivência Projeto
Autonomia do Idoso (PAI) de acordo com a responsabilidade social do cuidado à vida e saúde na
proposta extensionista da UNIVALI. Outro argumento justificativo está na visibilidade da
assistência à saúde dos idosos, que o grupo “PAI” agrega em suas atividades.
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Os benefícios associados às práticas de trabalhos no grupo “PAI” objetivam uma melhora
na Qualidade de Vida dos idosos, e por conseguinte, em um ganho econômico e social quando os
mesmos passam à adoecer menos e à refinar suas relações interpessoais, convivendo em grupo.
Segundo Freitas (2006) o processo de envelhecimento é um fenômeno pelo qual todo
indivíduo passa. Fenômeno esse, que traz consigo uma série de eventos corporais, psicológicos e
espirituais. De modo geral, o corpo e a mente ficam debilitados, acabam enfraquecendo suas
funções.
A população idosa, pelo fato de diminuir o desempenho de suas funções diárias, é alvo
fácil para uma vida sem qualidade, entretanto, existem ferramentas que auxiliam para o aumento
do Bem-Estar nesta faixa etária. Então, surgem algumas questões sobre Qualidade de Vida em
idosos: Como o idoso se alimenta? O idoso pratica atividades físicas? O idoso utiliza alguma
forma de prevenção de doenças? Como é o relacionamento social do idoso? Como o idoso
controla situações de estresse?
Neste trabalho procuro olhar as relações existentes entre Bem-Estar/Qualidade de Vida e
Autonomia em idosos, no Projeto Autonomia do Idoso (PAI), e as expressões dos próprios idosos
associando tais relações. A idéia baseia-se na compreensão de que o desenvolvimento da
Qualidade de Vida em idosos depende de proporcionar-lhes meios para que sejam capazes de
usufruir sua autonomia. A autonomia, então, é vista como uma condição subjacente às pessoas
em todas as etapas de sua vida; porém, essa autonomia requer meios para manifestar-se como
uma essencial componente na vida dos idosos.
Diante de tais considerações, vale desenhar a Questão Norteadora como segue: Como se
configura o perfil de Bem-Estar e Qualidade de Vida de idosos vinculados ao Projeto
Autonomia do Idoso (PAI) – UNIVALI?
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2 OBJETIVOS
2.1 OBJETIVO GERAL
Elaborar e implementar uma estratégia para a configuração do perfil de Bem-Estar e
Qualidade de Vida de idosos vinculados a Grupos de Convivência.
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS
• Dar visibilidade ao Pentáculo do Bem-Estar individual de idosos vinculados ao “PAI”.
• Construir e dar visibilidade ao Pentáculo do Bem-Estar do grupo “PAI”.
• Buscar fatores de fortalecimento e fragilidades ao perfil de Bem-Estar e Qualidade de
Vida de idosos vinculados ao “PAI”.
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3 REVISÃO DA LITERATURA
3.1 ENVELHECIMENTO
Conforme a lei de número 8.842 de 4 de janeiro de 1994, considera-se idoso o indivíduo
com mais de 60 anos de idade (BRASIL, 1994).
O envelhecimento é entendido como um processo amplo e dinâmico onde ocorrem
modificações nas formas e funções orgânicas de um indivíduo, deixando-o mais vulnerável à
patologias e conseqüentemente, à morte. O envelhecimento pode ser de origem biológica, social,
intelectual e funcional, podendo associar uma, algumas, ou todas estas divisões (CACHIONI,
DIOGO e NERI, 2006).
Envelhecimento biológico é aquele que interfere no funcionamento das funções orgânicas,
acontece com todos no decorrer de toda a vida e difere de uma pessoa para outra. O
envelhecimento social pode ser entendido como a perda da capacidade para o trabalho. Já o
intelectual é percebido como as falhas das funções cognitivas. Por fim, o envelhecimento
funcional acontece quando o indivíduo precisa que outros cumpram suas atividades básicas e
habituais (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
Vários são os fatores que contribuem para que ocorra o processo do envelhecimento,
dentre eles, fatores genéticos, ambientais e comportamentais, o que vai influenciar diretamente a
quantidade e a qualidade do tempo de vida. Sendo que esta quantidade e Qualidade de Vida têm
uma relação íntima com o Estilo de Vida Individual (JOIA e RUIZ, 2006).
Para Cachioni, Diogo e Neri (2006), pode-se dividir o processo de envelhecimento em
três aspectos principais, são eles:
Envelhecimento primário – diminuição progressiva da capacidade de adaptação ao meio
em que vive, como a dificuldade de locomoção, por exemplo.
Envelhecimento secundário – alterações advindas das patologias que geralmente estão
associadas à velhice, como as doenças cardíacas, por exemplo.
Envelhecimento terciário ou terminal – processo onde ocorrem perdas cognitivas e físicas
significativas, geralmente é o período que antecede a morte.
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É considerado um processo gradual pelo fato de que não se torna idoso do dia para a noite
e acima de tudo, é influenciado por fatores intrínsecos, do próprio organismo, e extrínsecos, do
ambiente e Estilo de Vida (NAHAS, 2001).
Quando o idoso apresenta-se perdendo suas capacidades físicas e mentais de forma
gradual e progressiva, de acordo com o avanço da idade, o processo é chamado de senescência. Já
quando a diminuição de capacidades estiver acompanhada de alguma patologia, o processo
denomina-se senilidade (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
O processo de envelhecer acaba movimentando toda a família e o meio social, e não
somente o indivíduo que passa por ele. O que acontece em uma família em que os pais
envelhecem é a inversão de papéis, onde os cuidadores passam a ser os filhos e os cuidados, os
pais (JOIA e RUIZ, 2006).
A medicina e a ciência tratam do envelhecimento humano de duas formas, através da
geriatria, que diz respeito à prevenção e tratamento de doenças comuns durante a velhice; e a
gerontologia, que relaciona-se ao estudo do processo de envelhecimento de maneira geral, da
Qualidade de Vida e envelhecimento e dos fatores que aceleram o processo (NAHAS, 2001).
3.1.1 Medicalização no Envelhecimento
Com a ascensão do poder da medicina, o processo de envelhecimento passou a ser
avaliado, pesquisado e tratado por este grupo específico. Na visão de alguns médicos e leigos, o
processo de envelhecimento acontece de igual modo para todos, onde velhice é sinônimo de
doença e todos os velhos são iguais e reagem da mesma forma (CACHIONI, DIOGO e NERI,
2006).
Voltando um pouco na história, no início do século XX, o Brasil passou a preocupar-se
com a velhice, visto que a mesma se associava a mendicância e a doença. Então foram criados os
primeiros asilos, entretanto esses atendiam loucos, mendigos e doentes, velhos ou não. A saúde
do idoso só começou a receber atenção realmente por volta dos anos de 1950 e 1960. Nessa
época a velhice era o mesmo que doença ou retorno à infância (LOPES, 2000 apud CACHIONI,
DIOGO e NERI, 2006).
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Cachioni, Diogo e Neri, (2006), analisaram o processo de envelhecimento e constataram
que a velhice não é uma patologia, nem o retorno à infância, mas um processo fisiológico e
normal pelo qual as pessoas passam.
Os avanços científicos subseqüentes na área da geriatria e gerontologia passaram a
distinguir cada vez mais o envelhecimento biológico das patologias relacionadas ao
envelhecimento. Todavia o processo da velhice geralmente se associa à ocorrência de doenças,
em sua maioria, decorrentes de anos de vida convivendo com fatores de risco (CACHIONI,
DIOGO, NERI e 2006).
Avanços científicos buscam, também, fatores que favorecem o antienvelhecimento,
entretanto, pesquisadores sérios desta área, ainda não têm conclusões concretas sobre o assunto.
(CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
O que se observa, freqüentemente, é que os próprios idosos geralmente associam o
envelhecimento à doença, e Qualidade de Vida ao uso de medicações. Onde o médico é quem
tem o poder e os remédios são sempre necessários. É lógico que a figura médica é de extrema
importância, não somente para idosos, mas de uma maneira geral, portanto, faz-se necessário
compreender que os mesmos não são detentores de poderes mágicos para salvar as pessoas. Mais
do que isso, as pessoas, de um modo geral, devem compreender que a Qualidade de Vida está
muito mais relacionada ao seu próprio comportamento do que à influência biomédica
(CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
Aproximadamente 23% da população brasileira consomem mais da metade da produção
nacional de medicamentos, e nesta porcentagem destacam-se as pessoas acima de 60 anos. O
número elevado do consumo de medicamentos entre os idosos tem sido descrito no Brasil e no
mundo (FLORES e MENGUE, 2005).
Uma pesquisa feita em Porto Alegre/RS indica que um número elevado de idosos, toma
em média de 2 à 4 medicamentos prescritos ou não, e muitos utilizam-se da polifarmácia. A
polifarmácia pode ser definida basicamente como o uso concomitante de fármacos em número
maior do que o clinicamente indicado, ou mesmo a prescrição abusiva destes. A maioria dos
idosos não possuem uma noção tão exata das indicações, interações e reações medicamentosas, e
relatam a importância do auxílio de um cuidador/companheiro, bem como de profissionais da
saúde (FLORES e MENGUE, 2005). Desta forma, quando bem orientado através de abordagens
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adequadas de Educação em Saúde, o idoso passa a desenvolver sua autonomia, também, quanto a
ingestão de fármacos.
3.1.2 Envelhecimento e Capacidade para o Trabalho
Devido ao aumento da expectativa de vida, a população passou a trabalhar mais tempo,
mais anos de serviço, pois no mundo capitalista, o lucro é o principal foco. Então, quanto mais se
vive, mais se trabalha, pois um indivíduo “parado” não é fonte de lucro, e sim de prejuízo, o que
não interessa à lógica vigente. Entretanto, a diminuição das funções fisiológicas, associadas ao
avanço da idade, diminui, também, a capacidade para o trabalho (CACHIONI, DIOGO e NERI,
2006).
Estar exercendo funções de trabalho e ser útil em alguma função específica, é ter
Qualidade de Vida, então é preciso prevenir-se e responsabilizar-se por sua própria saúde para ter
condições suficientes de estar produzindo por mais tempo (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
A realização de atividades físicas, além de favorecer a capacidade para o trabalho,
também contribui para uma melhor capacidade cardiorespiratória e musculoesquelética,
principalmente (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
Outro ponto importante é a ergonomia, uma ciência que estuda problemas relacionados ao
trabalho e busca soluções para os mesmos. De modo a planejar tarefas, ter ambientes e objetos de
trabalho específicos, enfim, ferramentas que auxiliem na prevenção de acidentes, no Bem-Estar
do trabalhador e na melhoria de seu desempenho (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
Para Cachioni, Diogo e Neri (2006), alguns fatores podem facilitar o desenvolvimento de
atividades no trabalho e mesmo de Atividades de Vida Diária (AVD), dentre eles:
O carregamento de cargas deve ser realizado com peso apropriado, compactado e
segurado próximo ao corpo.
Equipamentos, como mesas e cadeiras, devem ser ajustados conforme o peso e a altura do
indivíduo e janelas de fácil manipulação.
As tarefas devem ser planejadas para otimizar o tempo e evitar deslocamentos inúteis.
Dispositivos de apoio como barras e rampas devem estar presentes, bem como a
realização do trabalho em equipe, onde um ajuda o outro.
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O local deve ter boa iluminação e ruídos devem ser evitados ou deve-se utilizar de
equipamentos de proteção auricular.
Outro fator importante relaciona-se com a realização de atividades de movimentação do
corpo, principalmente para aqueles que exercem atividades muito tempo sentados. Durante o
trabalho ao menos três vezes ao dia deve-se parar para fazer sessões de alongamento e
relaxamento muscular, prevenindo estresse, as Lesões por Esforço Repetitivo (LER) e até mesmo
fraturas (CAMPANELLI et al, 2006).
3.1.3 Envelhecimento e Atividade Física
Atividade física é todo movimento realizado de forma voluntária, o que difere do
exercício físico, que é uma atividade física realizada de forma planejada e repetida, para
desenvolver ou manter a aptidão física. A aptidão física, então, é a capacidade que o indivíduo
adquire para realizar atividades físicas. Tudo isso forma um ciclo no entorno do desenvolvimento
de força e habilidade físicas (MAZO et al., 2001 apud CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
Nahas (2001) cita um trecho de um conceito de Hipócrates formado há mais ou menos
dois mil anos que diz que “todas as partes corporais, se usadas com moderação e exercitadas em
tarefas a que estão acostumadas, tornam-se saudáveis e envelhecem mais lentamente; se pouco
utilizadas, tornam-se mais sujeitas às doenças e envelhecem rapidamente”. Uma reflexão tão
antiga faz-se ainda verdadeira, mesmo hoje onde as pesquisas na área estão avançadas.
A aptidão física possui relação direta com a Qualidade de Vida de todos os grupos etários,
mas em especial à terceira idade, que é quando o indivíduo percebe mais a perda de autonomia
relacionada à inatividade (NAHAS, 2001).
A diminuição da Qualidade de Vida que ocorre durante o processo de envelhecimento
ocorre principalmente devido a três fatores principais, o envelhecimento natural, a ocorrência de
doenças e ao desuso. Influenciando diretamente o processo de desuso vem a atividade física, que
por sua vez acaba retardando este processo e o aparecimento de patologias (NAHAS, 2001).
A realização freqüente de atividade física traz uma série de benefícios orgânicos ao idoso,
dentre eles: aumento da força e função musculoesquelética, aumento do fluxo sangüíneo
corporal, maior flexibilidade, melhora a postura, melhoria no equilíbrio, diminuição da
quantidade de gordura, melhora o funcionamento neuronal, reduz a resistência à insulina, reduz o
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risco de desenvolvimento de doenças coronarianas e acidentes vasculares cerebrais, diminui o
risco de ocorrência de obesidade, dentre outros (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
Além de benefícios orgânicos, a atividade física traz consigo ganhos psicossociais. Faz
com que o idoso aumente sua auto-estima, sua estética corporal, suas relações sociais, sua
disposição para atividades de trabalho e lazer (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
De acordo com Meirelles (2000) apud CACHIONI, DIOGO e NERI, (2006), o principal
objetivo da realização de atividades físicas em idosos é o retardamento do envelhecimento, visto
que o mesmo é um processo inevitável.
A atividade física aumenta a força muscular e a flexibilidade, deste modo o idoso
promove sua independência e autonomia para a realização de atividades diárias (CACHIONI,
DIOGO e NERI, 2006).
Conforme Nahas (2001), a atividade física trás ganhos fisiológicos, psicológicos e sociais,
estes divididos em imediatos e a médio prazo conforme o Quadro 1.
Fisiológicos Psicológicos Sociais Benefícios Imediatos
- Controla níveis de glicose; - Estimula a ativação de neurotransmissores; - Melhora a qualidade do sono.
- Relaxa; - Diminui ansiedade e estresse; - Melhora o estado emocional e espiritual.
- Promove a segurança, a confiança em si mesmo; - Melhora a integração social e cultura.
Benefícios a Médio Prazo
- Melhora a capacidade cardiorespiratória e cardiovascular; - Mantém e diminui a perda de massa muscular; - Aumenta a força e a flexibilidade muscular.
- Estimula a melhora na percepção de Bem-Estar; - Promove a saúde mental; - Melhora a capacidade cognitiva.
- Promove maior integração com a comunidade; - Aumenta a rede de contatos; - Preserva e amplia as funções sociais.
Quadro 1: Ganhos da Atividade Física Fonte: Nahas (2001), adaptado pela autora.
O idoso necessita de mais tempo para ganhar o ritmo necessário à prática de exercícios,
portanto, o mesmo deve ser orientado para que se exercite lentamente, evitando o cansaço. As
dificuldades encontradas devem ser enfrentadas, visto que a atividade física é algo que auxilia, de
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maneira muito intensa, na melhora da Qualidade de Vida, de qualquer grupo etário, crianças,
jovens, adultos, e idosos (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
Sabe-se que a inatividade física atual é decorrente da modernidade que traz consigo os
carros automotivos, a televisão, o controle remoto, os elevadores, enfim, uma gama de
ferramentas, e estas têm muita importância, entretanto não se pode deixar escravizar por elas. O
sedentarismo é um problema de saúde pública, visto que é um fator coadjuvante e/ou causal de
várias patologias (NAHAS, 2001).
Sedentária é aquela pessoa que não pratica ou pratica o mínimo de atividade física
diariamente, que não caminha, não trabalha, não faz as atividades domésticas, não pratica
atividades ativas de lazer (NAHAS, 2001).
Pesquisas de Joia e Ruiz (2006) sobre idosos de Botucatu/SP revelam que uma grande
porcentagem dos idosos que responderam a pesquisa, não praticam atividade física alguma.
Para Cassiano et al (2005), a realização de atividades físicas por idosos, trás consigo uma
gama de vantagens psicossociais. Visto que um indivíduo que desenvolve a capacidade para
caminhar com segurança terá maior facilidade para atravessar a rua ou pegar um ônibus, por
exemplo.
A atividade física é essencial para promover Qualidade de Vida, está associada ao Bem-
Estar e a saúde em todos os períodos da vida, principalmente durante o processo de
envelhecimento, quando o risco para o sedentarismo é maior, levando a morbidades e à
mortalidade mais facilmente. Todavia, não é o instrumento único para tal promoção, deve sempre
estar associada a outras ferramentas como a alimentação saudável, suporte social, controle de
estresse, etc. Afinal, de que adianta um indivíduo exercitar-se e deixar a desejar outros fatores de
influência para a Qualidade de Vida (NAHAS, 2001).
3.1.4 Envelhecimento e Alimentação
A alimentação está intimamente ligada à aspectos sociais, religiosos e econômicos da
vida, vai além da forma de nutrir o organismo. Há uma diversidade imensa na forma como o
alimento é cultivado, preparado e ingerido. Na maior parte do mundo a responsabilidade pelo
cultivo dos alimentos está ligada ao trabalho masculino e o seu preparo fica sob a
responsabilidade feminina, o que pode se modificar conforme a cultura (HELMAN, 1994).
21
É contraditório que atualmente a principal causa de morte no mundo seja a fome, e, logo
atrás, em segundo lugar a obesidade. É o velho bordão que se faz presente, uns com tanto e outros
com tão pouco (REPRESAS, 2001).
A expressão “somos o que comemos” apesar de ser simples e muito batida, é verdadeira.
O corpo humano é uma estrutura que necessita de nutrientes para manter-se e evoluir e estes
nutrientes são extraídos dos alimentos. Existem basicamente cinco grupos principais de nutrientes
essenciais ao organismo: carboidratos, gorduras, proteínas, vitaminas e minerais (NAHAS, 2001).
Para comer bem o indivíduo precisa unir diariamente porções de cada grupo de nutrientes,
sendo que o excesso, principalmente de carboidratos e gorduras, é prejudicial à saúde (NAHAS,
2001). Uma alimentação saudável inclui uma ingesta diária de 4 à 5 porções de hortaliças e 3 à 5
porções de frutas (PHILIPPI, 2003 apud CAMPANELL et al, 2006).
Estudos feitos com famílias de Cascavel/PR mostram que grande parte dos entrevistados
(na faixa etária de 6 à 70 anos) alimentam-se de forma errada, com uma ingesta de gorduras e
carboidratos em excesso, além de pouca quantidade de frutas e verduras. (PILATTI; RUGISKI e
SCANDELARI, 2005)
O idoso possui uma diminuição das funções orgânicas como um processo natural, então
muitas glândulas diminuem sua produção e secreção, órgãos e sistemas corpóreos ficam
debilitados, então o fator nutritivo exerce um papel importante no controle deste processo, sendo
a alimentação primordial para a promoção de Bem-Estar na terceira idade (FREITAS, 2006).
3.1.5 Envelhecimento e Estresse
O estresse é entendido como um desequilíbrio existente entre uma situação e o
enfrentamento individual desta (CAMPANELLI et al, 2006). É um estado fisiológico, que
quando em nível moderado, não é considerado prejudicial, já em nível mais elevado pode levar
ao aparecimento de patologias e até a morte (HELMAN, 1994).
O estresse pode ser de ordem física ou psicológica. Quando se refere a algo físico pode
relacionar-se a uma gripe, uma fratura óssea, enfim, e geralmente a forma com que se demonstra
este estresse é através de sinais e sintomas que o corpo dá, como a dor, a febre (NAHAS, 2001).
Já quando se refere ao psicológico pode se relacionar a um desentendimento com alguém
até a morte de uma pessoa próxima. Várias são as formas como se demonstra o estresse, pois as
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pessoas reagem de modo diferente. Mas geralmente o indivíduo torna-se arredio e solitário
(NAHAS, 2001).
O idoso está muito vulnerável ao estresse, visto que com passar dos anos o corpo torna-se
cada vez mais susceptível a estresses físicos, como fraturas por quedas, diabetes, hipertensão.
Além disso, o estresse psicológico aflige de modo significante esta parcela da população, pois
muitos acabam perdendo sua autonomia, perdem amigos e familiares, sentem-se inúteis, muitas
vezes são maltratados, o que gera um conflito psicológico muito grande (NAHAS, 2001).
A velhice é um momento na vida em que os indivíduos geralmente têm um maior tempo
livre, o que se deve a aposentadoria e a independência dos filhos, o que pode desencadear
sentimentos de inutilidade e solidão. Este é um fator causador de uma baixa no nível de
Qualidade de Vida, assim como a hipertensão e o colesterol elevado, por exemplo (D’ALENCAR
et al, 2005).
3.1.6 Educação em Saúde e Experiências Andragógicas
Desde os tempos mais antigos, onde não havia nem a escrita ou a existência de
professores, a humanidade passa o decorrer dos anos transmitindo informações de geração em
geração, assim os indivíduos formam sua própria cultura. O educador era considerado aquele que
ensinava crianças, hoje em dia é um disseminador de informações, aquele que orienta, instiga e
conduz (MATAI e MATAI, 2006).
Com o passar dos anos foi possível perceber que a educação destinada à criança possui
diferenças com àquela fornecida à adultos. Esta idéia de que o adulto tem características de
aprendizagem diferente da criança não é tão recente. A história aponta que estudiosos como Carl
Rogers, Paulo Freire, e pensadores como Rosseau, já indicavam essas diferenças. Desde o final
do século XX surgiu a formulação do conceito de Andragogia, “andro” que significa homem
adulto e “gogia” no sentido de guiar, conduzir (CAVALCANTI, 1999).
A partir desta idéia vem crescendo o interesse de vários estudiosos com relação a
andragogia, Knowles (1980) aponta estudos para que a Educação em Saúde para adultos seja
realizada com diferentes estratégias de abordagem. Como através do ensino cooperativo, onde a
experiência anterior do adulto passa a ser o referencial para um novo conhecimento. Com está
diferente abordagem, o adulto-idoso acaba tendo sua autonomia ainda mais beneficiada.
23
3.2 QUALIDADE DE VIDA
O termo “Qualidade de Vida” é recente, começou a ser utilizado freqüentemente a uns 30
anos atrás (ALBUQUERQUE, 2003). Surge para dar ênfase ao qualitativo e não mais ao
quantitativo (MOPU, 1979 apud ALBUQUERQUE, 2003). Ultimamente a Qualidade de Vida é
abordada em meio ao comércio, ao governo, às políticas de saúde, e à população (CACHIONI,
DIOGO e NERI, 2006).
Segundo Albuquerque (2003), mais ou menos por volta de 1930 surge o controle de
qualidade, para avaliar produtos e serviços prestados por uma empresa. Pouco tempo depois o
controle de qualidade de indivíduos era observado pelo ganho financeiro do mesmo. Hoje o
conceito é “Qualidade de Vida” e esta avalia as condições de vida de pessoas e sociedades.
Qualidade de Vida é um conceito bem amplo, subjetivo e difícil de definir, pois cada um
percebe-se de uma maneira e de diferentes maneiras no decorrer de sua vida. Envolve
saúde/doença, Bem-Estar, alimentação, atividade física, cultura, lazer, relações sociais, relações
de trabalho, enfrentamento de estresse, entre outros Fatores de Influência (NAHAS, 2001).
Conceitos iniciais referentes à Qualidade de Vida enfocavam mais o aspecto financeiro,
ultimamente existe maior relação com a satisfação pessoal e as relações interpessoais. Para
alguns, pode ser resumida em uma única palavra, felicidade, o que dificulta sua interpretação.
Enfim, em qualquer significado que se dê a Qualidade de Vida, tem que estar associada às
satisfações das Necessidades Humanas Básicas (NAHAS, 2001).
Pode ser observada coletiva ou individualmente. No âmbito coletivo, utilizam-se
indicadores como o índice de morbimortalidade, expectativa de vida, níveis de escolaridade.
Além desses e de outros indicadores, temos o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH)
desenvolvido pela Organização das Nações Unidas (ONU), que avalia as condições de vida de
uma população através da escolaridade, longevidade e renda per capita (NAHAS, 2001). Na
forma individual ela é geralmente mensurada através de questionários com perguntas referentes
ao cotidiano do indivíduo, abordando tópicos sobre alimentação, atividades diárias,
saúde/doença, uso de medicações, atividades físicas, entre outros (CACHIONI, DIOGO e NERI,
2006).
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Existem várias formas de abordagem como, Qualidade de Vida relacionada à saúde,
relacionada à capacidade para o trabalho, relacionada à alimentação, enfim inúmeras são as
possibilidades para se poder mensurá-la (NAHAS, 2001).
Para mensurar a Qualidade de Vida de uma maneira simples, genérica e extremamente
subjetiva pode-se usar as escalas numéricas, escalas com cores, escalas com expressões faciais.
Nestas escalas podem ser verificados níveis de dor, de alegria, de conforto, entre outros, o que
influencia diretamente o Bem-Estar de um indivíduo (JOIA e RUIZ, 2006).
De acordo com os conceitos adotados por Cachioni, Diogo e Neri (2006), Qualidade de
Vida está intimamente relacionado à promoção de saúde e prevenção de doenças. A prevenção de
patologias pode ser dividida em três momentos distintos:
Prevenção primária – quando se previne de uma doença ou agravo específico.
Prevenção secundária – quando se diagnostica precocemente uma patologia.
Prevenção terciária – quando se trata da reabilitação de um indivíduo.
Uma das várias formas de avaliar a Qualidade de Vida é proposta pela Organização
Mundial de Saúde (OMS), através do Word Health Organization of Life Instrument Bref
(WHOQOL), que nada mais é do que um questionário contendo várias perguntas que abordam
questões subjetivas, multidimensionais e a presença de dimensões positivas e negativas. O
questionário possui variações, onde a quantidade de perguntas pode variar, conforme a
necessidade desejada. Vários são os domínios utilizados pelo WHOQOL, entre eles o domínio
físico, domínio psicológico, nível de independência, relações sociais, ambiente, aspectos
espirituais/religião/crenças pessoais (PILATTI, RUGISKI e SCANDELARI, 2005).
A Qualidade de Vida advém de hábitos que promovem a saúde/Bem-Estar ou de
intervenções que tratem de doenças, ou seja, quando o indivíduo não pode se utilizar da
Qualidade de Vida para evitar doenças, as intervenções terapêuticas devem ser realizadas contra a
doença e em prol da Qualidade de Vida (ALBUQUERQUE, 2003).
25
3.2.1 Qualidade de Vida e Envelhecimento
Para o idoso, qualidade de vida significa sentir-se bem, poder desempenhar sua autonomia
e independência para a realização de atividades diárias (SPIRDUSO e CRONIN, 2001 apud
CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006). Portanto, para desenvolvê-la os idosos necessitam de meios
para que sejam capazes de usufruir sua autonomia.
O conceito de autonomia está diretamente relacionado à Qualidade de Vida durante o
processo de envelhecimento. Entretanto não é somente nessa faixa etária da vida que a autonomia
é bem quista, pelo contrário, saber e conseguir cuidar-se sozinho é uma conquista comemorada
desde a infância, quando bebê esboça seus primeiros passos. No decorrer da vida as pessoas
querem sua autonomia, seja financeira, pessoal, ou de qualquer outro tipo (FORTUNA, 2005).
A autonomia é algo conseguido para que se possa desempenhar Atividades Diárias.
Conforme Cachioni, Diogo e Neri (2006), as Atividades Diárias subdividem-se em:
Atividades de Vida Diária (AVD) – relacionadas com o autocuidado, como banhar-se,
vestir-se, alimentar-se, etc.
Atividades Instrumentais de Vida Diária (AIVD) – atividades mais complexas que têm
relação com a comunidade, como fazer compras em um supermercado ou fazer trabalhos
domésticos, por exemplo.
Atividades Avançadas de Vida Diária (AAVD) – são aquelas ainda mais complexas,
como dirigir, tocar um instrumento musical, por exemplo.
Quanto mais atividades um idoso realiza, mais desenvolve sua independência e amplia
seu Bem-Estar/Qualidade de Vida (CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
O Estatuto do Idoso (2003) em seu capítulo II, considera dever de todos assegurar ao
idoso liberdade, respeito, dignidade, integridade e autonomia. Respeitando seu direito de ir e vir,
sua opinião, prática de diversão, participação na vida familiar e comunitária, participação na vida
política e acima de tudo colocando-o a salvo de qualquer tratamento desumano (BRASIL 2003).
Para D’Alencar et al (2008), uma das formas de promoção de Bem-Estar em idosos são as
atividades de dança. O que promove aumento da auto-estima, afasta sentimentos de solidão,
promove a percepção de potencialidades individuais, promove a interação em grupo, revigora o
corpo e a alma, etc. Além disso, é uma atividade bem aceita por esta parcela da população.
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Baseando-se nos conceitos de Cachioni, Diogo e Neri (2006), pode-se dizer que a
Qualidade de Vida subdivide-se em duas grandes partes:
Domínio funcional – onde se observa as capacidades físicas, cognitivas, AVD e sua auto-
avaliação.
Domínio do Bem-Estar – onde se observa a presença de doença, dor, desconforto
emocional e a percepção geral de seu Bem-Estar.
Para Nahas (2001), existem alguns fatores que influenciam de maneira negativa a
Qualidade de Vida em pessoas idosas, entre eles a perda da independência, a falta de suporte
social e as questões financeiras.
A questão financeira da população idosa no Brasil é crítica, a grande maioria vive com
pouco mais de um salário mínimo, o que geralmente, não é suficiente (JOIA e RUIZ, 2006).
Para muitos a Qualidade de Vida está relacionada com o poder aquisitivo, o que não é
uma verdade absoluta, por isso, deve-se atentar para a sensibilização sobre hábitos saudáveis, e
que os mesmos não se relacionam com o desprendimento de uma grande quantia em dinheiro.
Por exemplo, uma horta cultivada em casa é algo barato que contribui, para uma alimentação
saudável, o que promove Qualidade de Vida (PILATTI, RUGISKI e SCANDELARI, 2005).
Nahas (2001), propõe que a idade de uma pessoa pode ser definida de dois modos, a idade
cronológica, que é quantos anos a pessoa viveu desde seu nascimento até o dia atual; e, a idade
biológica, definida como a idade de alguém quando comparada ao seu Estilo de Vida, por
exemplo um idoso de 65 anos pode ter uma idade biológica menor do que uma pessoa 20 anos
mais nova, devido à prática de hábitos saudáveis.
Um estudo feito por Joia e Ruiz (2006) sobre a Qualidade de Vida de idosos do município
de Botucatu/SP revelou que mais da metade dos entrevistados consideram ter uma vida muito
boa. O que demonstra que mesmo com as limitações relacionadas à autonomia, com as
dificuldades financeiras e com o baixo nível de escolaridade, boa parte da população estudada
considera-se satisfeita com sua vida. O mesmo estudo mostra que o nível de escolaridade é mais
baixo quanto mais alta for a idade, provavelmente pelo fato de que quanto mais remotos os
tempos mais eram difíceis às condições para estudar. E é importante ressaltar que o nível de
instrução escolar também influi sobre a Qualidade de Vida, visto que quanto maior o grau de
instrução, maior sua autonomia em relação a informação anunciada na mídia.
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Qualidade de Vida baseia-se fundamentalmente no conceito de movimento. Movimento
do corpo, da mente e do espírito (MORROW, 2002 apud CACHIONI, DIOGO e NERI, 2006).
3.3 SAÚDE E BEM-ESTAR
A saúde é considerada um conceito amplo que abrange não somente a ausência de
doenças, mas um Bem-Estar físico, mental, social e espiritual. A Qualidade de Vida influencia
diretamente o estado de saúde de uma pessoa, do mesmo modo, a saúde interfere na Qualidade de
Vida, entretanto, por muitas vezes as pessoas em geral só tendem a promover Qualidade de Vida,
quando sua saúde já está afetada. Ou seja, a Qualidade de Vida é utilizada como um meio
curativo, quando está deveria fazer parte de um Estilo de Vida para promoção de saúde e
prevenção de doenças (NAHAS, 2001).
Atualmente a população tem mais conhecimento e acesso às medidas de promoção à
saúde do que há alguns anos atrás. Contudo, a vida corrida do mundo industrializado, acaba por
atrapalhar esse processo, de modo que as pessoas hoje em dia são mais estressadas, sedentárias,
vivem sob pressão, a alimentação é inadequada, entre outros fatores (NAHAS, 2001).
No século passado as medidas de prevenção de doenças estavam centradas basicamente
em melhorias ambientais, como a qualidade da água e esgoto, apesar de em alguns locais do
mundo esta barreira ainda não ter sido superada, os fatores ambientais já não são mais o foco
principal. Hoje em dia, fatores individuais são mais visados. Além disso, a ascensão da medicina
e as descobertas científicas são fatores que favorecem a ocorrência de saúde (NAHAS, 2001).
Nahas (2001), cita alguns fatores negativos que afetam o Estilo de Vida e a saúde dos
indivíduos, mas que são modificáveis, dentre eles:
Fumo, álcool e drogas – a escolha em usar drogas é algo individual.
Estresse – geralmente relaciona-se com a vida atarefada e o trabalho sob pressão. É um
fator que talvez não se tenha como fugir, porém existem maneiras de aliviar, modificando
a maneira de reagir a uma situação incômoda e investindo em momentos de lazer.
Sedentarismo – decorrente do Estilo de Vida moderno, onde não se caminha nem ao
menos para ir até a padaria na esquina de casa, por exemplo. Fator facilmente
modificável, realizando atividades físicas, caminhando mais, utilizando mais a bicicleta
ao invés do carro, entre outras atividades.
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Alimentação inadequada – a alimentação tem relação direta com a saúde e Qualidade de
Vida, quanto melhor alimenta-se, melhor seu Estilo de Vida.
Suporte social precário – família e amigos são fonte de Bem-Estar e saúde, de modo
inverso, sua ausência promove má Qualidade de Vida.
Certos fatores como a hereditariedade e o envelhecimento não são modificáveis,
entretanto hábitos de vida saudáveis e um comportamento preventivo acabam minimizando estes
fatores (NAHAS, 2001).
Nahas (2001), define um conceito chamado de saúde positiva, que é caracterizado pelo
viver bem, usufruir de um Bem-Estar geral, estar satisfeito e aproveitar a vida da melhor forma
possível. Em contraposição, ele define um conceito para saúde negativa, o que relaciona-se com
a ocorrência de doenças e a própria morte.
“O organismo humano foi construído para ser ativo” (NAHAS, 2001). Desde os tempos
remotos o homem necessita usar de sua força para se alimentar, para mover-se e para trabalhar,
entretanto com a modernidade, surgem as máquinas, que poupam o trabalho humano. Sendo
assim, hoje, se trabalha sentado em frente ao computador, se usa o telefone e a internet para se
comunicar, até mesmo hábitos de lazer atuais são jogos e bate-papos eletrônicos. Tudo isso
promove conforto, porém as pessoas estão deixando cada vez mais de movimentar, tornam-se
sedentárias trazendo prejuízos à vida (NAHAS, 2001).
Para Costa e Pereira (2007), o Bem-Estar maximiza-se quando o idoso é acompanhado
em âmbito domiciliar em meio à família e a rede social, sob o cuidado de profissionais de saúde,
o que inclui diretamente o enfermeiro como peça chave no processo de formação de atitudes
terapêuticas que potencializam o estado de saúde através da promoção da autonomia.
3.4 A CULTURA E SUA INTERFERÊNCIA NO BEM-ESTAR/QUALIDADE DE VIDA
Para que se possa falar a respeito da cultura como um modo de interferência sobre o perfil
de Qualidade de Vida de um indivíduo/grupo, deve-se abordar a Antropologia, ou seja, “o estudo
do homem”. A Antropologia busca compreender a origem, o desenvolvimento, a organização
social e política, a religião, a língua, as artes, e todo o contexto que circunda a vida humana. Ela
se subdivide em diversos ramos como a Antropologia Médica, que estuda como diferentes
culturas explicam as causas das doenças; a Antropologia Física, que fala sobre a evolução da
29
espécie humana; a Antropologia sobre a cultura material, que estuda a arte humana através dos
tempos; a Antropologia Social, que busca comparar a sociedade e sua cultura; entre outras
(HELMAN, 1994).
A cultura é definida por Tylor (1871) apud Helman (1994) como “um complexo formado
por conhecimento, crenças, artes, moral, leis, costumes e toda e qualquer capacidade ou hábito
adquiridos pelo homem como membro de uma sociedade”.
Seja qual for a cultura, sempre há a divisão entre sexo, faixa etária, parentesco, nível
econômico, grau de instrução, índole, sadio/doente, entre outras. Vale ressaltar também, que uma
mesma sociedade possui diversas formas de cultura herdada por seus antepassados, cada qual
com sua linguagem, comportamento, vestuário, padrões alimentares, moradia, e assim por diante.
Todos os indivíduos, independente de sua cultura, podem vir a sofrer no decorrer de sua vida o
processo de aculturação, isto é, a incorporação de alguns atributos de outra cultura (HELMAN,
1994).
O estado de Bem-Estar, então, é influenciado diretamente pela cultura, entretanto, não é o
único fator que o condiciona. Existe, também, aspectos individuais (sexo, idade, etc.), aspectos
educacionais (científicos, empíricos, etc.) e os aspectos socioeconômicos (classe social, rede
social, etc.) (HELMAN, 1994).
Para Helman (1994) o fator alimentação sofre forte influência da cultura. De acordo com
o mesmo autor os alimentos podem ser classificados de modo geral em cinco sistemas:
Alimento versus não-alimento: Cada cultura define aquilo que pode ou não ser ingerido
por seus indivíduos, onde muitas vezes não se avalia o valor nutricional. No Reino Unido,
por exemplo, cachorros e gatos são comestíveis, o que no Brasil não é um costume,
mesmo que possam ter um alto valor nutricional.
Alimento sagrado versus alimento profano: A dicotomia entre sagrado e profano não está
ligada somente à alimentação, mas inclui também formas de vestimenta, comportamento,
linguagem ou rituais. Este sistema de classificação está diretamente ligado à religião. O
hindus, por exemplo, são proibidos de comerem carne de vaca; islâmicos e judeus não
comem carne de porco e seus derivados; muitos rastafaris são vegetarianos, entre outros.
Classificações paralelas dos alimentos: Nada mais é do que a divisão generalista entre
alimentos quentes e frios. Esta divisão não diz respeito a temperatura real do alimento,
mas aos valores referentes a ele, como os efeitos fisiológicos e terapêuticos.
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O alimento usado como remédio, o remédio usado como alimento: Todas as culturas
identificam e utilizam determinado alimento como tratamento terapêutico. Existem
especificidades para cada patologia ou mesmo para estados fisiológicos, como a
menstruação, gravidez e amamentação. Muitos dos fitoterápicos ou mesmo algumas
drogas utilizadas no tratamento de doenças possuem alto valor nutritivo, o que caracteriza
o remédio usado como alimento e vice-versa.
Alimentos sociais: Quando o alimento possui maior valor simbólico que nutritivo.
Quando se come de forma privada, o alimento não é considerado social, entretanto em um
grande banquete o alimento é visto como social. Neste caso o alimento é tido como um
sinal de status e de manifestação de relações interpessoais.
O fato é que todas as crenças que circundam os hábitos alimentares podem contribuir de
maneira satisfatória em prol do Bem-Estar do indivíduo, entretanto, podem haver equívocos
quanto a eficácia dos alimentos, o que pode ser um agravante no estado de saúde/doença. Estas
influencias culturais podem excluir da dieta de um indivíduo seus nutrientes essenciais, bem
como podem estimular a ingestão de alimentos prejudiciais (HELMAN, 1994).
Conforme os escritos de Helman (1994), o estresse é um outro fator que sofre grande
influência da cultura. A situação de estresse pode agravar-se ou minimizar-se dependendo do
indivíduo e de acordo com as relações interpessoais, o apoio familiar, a religião, o apoio social,
etc.
A cultura brasileira de um modo mais geral sofre forte influência indígena, portuguesa e
africana. Dos índios herdou-se principalmente o costume da pesca e da agricultura. Dos
portugueses, o comércio, a navegação e as idéias capitalistas. Dos negros, a dança e a
alimentação. Entretanto outros povos também contribuíram para a formação da cultura brasileira,
entre eles: japoneses, chineses, coreanos, franceses, ingleses, alemães, italianos, etc. No estado de
Santa Catarina, os principais colonizadores foram os povos da Ilha de Açores, em Portugal, o que
caracteriza a cultura açoriana, ligada à pesca, agricultura, criação de animais, ao comércio, entre
outros fatores. Entretanto, vários povos contribuíram para a colonização do estado, o que
caracteriza o fenômeno da aculturação (CALDAS e MOTTA, 1997).
Para Carreira e Rodrigues (2006), a cultura brasileira interfere de maneira direta as
práticas relacionadas a religião e ao uso da fitoterapia como formas de auxílio no processo
saúde/doença.
31
4 MARCO CONCEITUAL
O marco teórico de uma pesquisa é a adoção intencional de concepções teóricas como
base para sua elaboração, o fundamento que guia a pesquisa desde sua projeção até a análise e
discussão dos dados colhidos. Nesta pesquisa foi utilizada uma teoria associada a indicativos
conceituais, desta forma o estudo é guiado por um Marco Conceitual.
Para tanto, torna-se requerido uma análise prévia de não-incompatibilidade entre
concepções de Nahas (2001) e as concepções teórico-culturais leiningerianas (GEORGE, 1993),
ambas a respeito de construtos de Saúde e Bem-Estar e suas influências sócio-culturais. Da
análise interessou primariamente o convencimento de que ambos tratam do termo Bem-Estar
como expressão que se refere à saúde.
O referencial teórico utilizado como base para a elaboração deste trabalho foi buscado
então, em concepções teóricas derivadas da Teoria da Diversidade e Universalidade Cultural do
Cuidado, de Madeleine Leininger, associando-a a indicativos conceituais de Qualidade de Vida
de Nahas (2001). Tal processo associativo resulta no marco conceitual e auxilia na compreensão
da cultura e suas interferências no Estilo de Vida de idosos, sobretudo no que diz respeito a suas
crenças e valores em relação aos fatores da Qualidade de Vida dos mesmos.
Para Leininger, diferentes povos possuem diferentes culturas e linhas de pensamento.
Cada qual com suas crenças e valores específicos. Portanto os modos de pensar e agir de um
indivíduo/comunidade influenciam sua Qualidade de Vida. Nesta pesquisa, o interesse é conhecer
de que modo a participação em um Grupo de Convivência influencia a saúde/Bem-Estar e quais
os fatores que interferem no perfil de Qualidade de Vida.
Leininger acredita que a cultura, definida como o modo de pensar e agir de uma
sociedade, representa um eixo norteador que perpassa gerações e, as influencia de maneira direta.
Por sua vez, Nahas (2001) refere-se a influência da Qualidade de Vida, Saúde e Bem-Estar,
apresentando fatores primordiais a saber: Nutrição, Atividade Física, o Comportamento
Preventivo, Relacionamento Social e o Controle do Estresse. O que se interpreta é o
desdobramento que cada fator indicado por Nahas (2001) pode ampliar a dimensão cultural que a
ele se vincula.
32
Levando-se em consideração o conceito de Bem-Estar de
Leininger, onde se propõe o cuidado como prática tradicional e familiar,
pode-se transpor esta idéia para associar ao conceito de Qualidade de
Vida proposto por Nahas (2001), que diz que a mesma possui
interferência de cinco principais fatores. Assim, tem-se como resultado a
idéia de que a Qualidade de Vida é uma condição representativa da
Saúde/Bem-Estar, sendo ela influenciada por fatores positivos e
negativos caracterizando o Estilo de Vida da pessoa e sua relação com as
práticas de cuidado.
O estado de Bem-Estar é conseguido com base no cuidado tradicional e familiar, bem
como no cuidado prestado pelos sistemas profissionais de saúde, onde a busca pela saúde é feita
através das relações das pessoas e grupos com centros de saúde. Os serviços de saúde incluem o
interesse de capacitação do idoso para promover e proteger seu estado de Bem-Estar, respeitando
suas individualidades, focando os aspectos culturais e otimizando sua Qualidade de Vida. A
Qualidade de Vida da pessoa está também em razão da qualidade de suas relações com outras.
Esta visão foge da restrita ótica biológica como hegemônica.
Em sua teoria, Leininger define vários conceitos, e, para a elaboração desta pesquisa,
alguns deles serão priorizados: Ser Humano, Saúde, Sociedade, Enfermagem, Cuidado, Cultura,
Diversidade Cultural de Cuidado e Visão de Mundo. Destacando o vértice desta proposta como o
Cuidado Culturalmente Coerente ou Congruente.
Ser Humano: Ser único, pensante, que nasce, cresce, se reproduz, envelhece e morre, ou seja, passa por várias fases em sua vida. Nestas fases ele interage com o meio onde vive e com as pessoas que o cercam, formando sua maneira própria de pensar. O ser humano é capaz de promover diversas formas de cuidado, independente da cultura em que se insere (GEORGE, 1993, pág. 291). O idoso, então, requer ser respeitado como ser humano que é, pois cada qual passa, e já passou, por diferentes fases no decorrer de suas vidas sempre com a interferência de suas crenças.
33
Saúde: Estado de Bem-Estar onde o indivíduo/idoso apresenta-se capaz de desempenhar atividades da maneira mais satisfatória para o mesmo. É um conceito que se entende como universal, visto que está presente em todas as formas de cultura e em todas as faixas etárias (GEORGE, 1993, pág. 291). Sociedade: Conceito que na verdade une outros conceitos, como o de visão de mundo, estrutura social e contexto ambiental. Os indivíduos agrupados em um conjunto, denominado sociedade, agem de acordo com sua cultura e estão inseridos em um ambiente (GEORGE, 1993, pág. 291). De igual modo os idosos, que são um grupo definido pela faixa etária, estão presentes em diversos tipos de agrupamento de pessoas, que formam uma sociedade, agem conforme sua cultura e se inserem em ambientes que lhes são convenientes como influência a seu Bem-Estar. Enfermagem: Profissão que abrange o cuidado, que deve ser prestado de acordo com as diferentes formas de cultura, direcionado para todo e qualquer indivíduo, independente de cor, idade, credo ou religião, o que inclui, é claro, os idosos (GEORGE, 1993, pág. 291). Cuidado: Tido como domínio central da enfermagem, é a prestação de auxílio ao indivíduo/idoso/grupo com o objetivo de manter, promover ou recuperar seu estado de Bem-Estar (GEORGE, 1993, pág. 288). Cultura: Conjunto de valores e crenças que permeia a vida de pessoas e grupos e interfere em seu modo de pensar e agir com relação a si mesmo, aos outros e ao meio onde se insere (GEORGE, 1993, pág. 287). Os idosos configuram um grupo populacional importante na evolução contemporânea por sua expressão quantitativa e qualitativa para a cultura e seu desenvolvimento no campo social. Sendo assim, deve-se valorizar seus próprios modos de agir frente às várias situações da vida, com qualidade, manifestações de Bem-Estar e sua significação no mundo da saúde. Diversidade Cultural de Cuidado: São as diversas formas de cuidado utilizadas para o indivíduo/idoso conforme as diferentes situações e diferentes culturas existentes (GEORGE, 1993, pág. 287). Visão de Mundo: É o modo como um indivíduo/idoso percebe o mundo que o cerca, embasado no seu próprio conhecimento, sobre as coisas do seu entorno e alcance (GEORGE, 1993, pág. 288).
34
Cuidado Culturalmente Coerente ou Congruente: O conhecimento acerca da visão de mundo, da estrutura social, dos valores culturais, do contexto ambiental, e do uso da linguagem é essencial para a prática de um cuidado coerente, ou seja, um cuidado prestado conforme a necessidade do indivíduo/idoso, e guiado por sua maneira de ser e seu contexto social (GEORGE, 1993, pág. 288). O interesse no uso dessas concepções volta-se para o quadro que caracteriza o perfil de um grupo de idosos a ser investigado e interpretado à luz do que vem a ser o seu perfil quanto a Qualidade de Vida e Bem-Estar.
Objetivando melhor compreender a Qualidade de Vida de idosos e seus antecedentes
culturais, é necessário enfatizar a importância expressa pelo conhecimento êmico, ou seja, “o
conhecimento que advém do interior de cada pessoa, seu conhecimento próprio acerca das
coisas” (GEORGE, 1993). Para exemplificar, na prática ouve-se, por exemplo, que determinado
alimento é bom ou ruim para certa cultura, para determinado grupo social. Então, pode-se
perceber, que os mitos e ritos de ordem alimentar são muitos e diversificados conforme hábitos
conservados na história de vida de cada grupo social. Este conhecimento expressa uma cultura
própria e trás influências ao comportamento saudável, assim como em outros aspectos da vida,
como na realização de atividades físicas, nos relacionamentos sociais, no comportamento
preventivo ao processo de saúde/doença, no enfrentamento de situações de estresse, etc.
35
5 METODOLOGIA
Ao interpretar Nahas (2001) tornou-se possível dar visibilidade a algumas dimensões nas
práticas cotidianas de pessoas idosas que freqüentam um Grupo de Extensão Universitária cuja
proposta básica é a ativação de processos fundamentais ao desenvolvimento da autonomia
individual e coletiva. Este estudo está concentrado no “PAI”, um espaço social em que há
convivência entre a equipe de Educação em Saúde, e usuários da rede de saúde local.
A extensão universitária proporciona a articulação da educação, representada pela
instituição UNIVALI campus Biguaçu, situada na jurisdição da Secretaria de Educação de
Biguaçu; e da saúde, através do sistema de saúde local na circunscrição da Secretaria de Saúde
correspondente.
5.1 TIPO DE ESTUDO
Este estudo caracteriza-se como um estudo de campo e do tipo Pesquisa Convergente-
Assistencial (PCA). A escolha da PCA se faz presente visto que Bem-Estar e Qualidade de Vida
são realidades percebidas e expressadas pelos idosos e detectadas pela interpretação qualitativa
das mesmas, em momentos assistenciais (TRENTINI e PAIM, 2004).
A PCA foi eleita por atender a dois critérios. O primeiro é a minha vinculação à equipe
interdisciplinar do “PAI” e meu próprio interesse na escolha do tema “Qualidade de Vida”; e o
segundo, é a intencionalidade de realizar assistência aos idosos do “PAI” simultaneamente ao
processo de pesquisa. A maior característica desse tipo de pesquisa é produzir novo
conhecimento e mudança na qualidade assistencial, ou seja, alimentar ambos os processos, tanto
o de pesquisa, quanto o de assistência. Neste sentido, o projeto é apreciado pelo grupo “PAI” e
está compatível com seus objetivos críticos-integrativo-assistencial.
Para os idosos, neste estudo, torna-se como apropriada a PCA, sobretudo em razão de
cumprir durante as entrevistas não só com o que diz respeito aos dados para a pesquisa, mas em
conjunto com a Política Nacional de Atenção Básica à Saúde de acordo com o que se fizer
necessário e, portanto, o que corresponde à assistência prevista pelo tipo de pesquisa.
36
5.2 LOCAL DO ESTUDO
A coleta de dados ocorreu no ambiente domiciliar de cada um dos idosos participantes em
horários previamente agendados entre a acadêmica pesquisadora e os mesmos. A residência é um
local apropriado ao trabalho, pela familiaridade que os idosos participantes da pesquisa têm com
tal espaço; o que não altera sua espontaneidade, e condiz com o meio mais natural ao
desenvolvimento deste estudo.
Os sujeitos são idosos da área de abrangência da Unidade Básica de Saúde (UBS) Clínica
Integrada de Atenção Básica (CIABS) com a qual se firmou um compromisso através do Aceite
da Instituição (Apêndice 2).
A CIABS situa-se em Biguaçu e tem a função de prestar serviços de Atenção Básica à
Saúde, com base nos fundamentos do Sistema Único de Saúde (SUS), entre eles, a promoção,
proteção, recuperação e reabilitação da saúde da criança, do adolescente, da mulher, do adulto e
do idoso. Atende os indivíduos de sua área de abrangência, o que inclui os bairros próximos.
O Projeto Autonomia do Idoso – PAI possui seis anos e tem como objetivo ampliar a
autonomia da população idosa, através da Educação em Saúde. As atividades são desenvolvidas
com base em eixos temáticos tais como, direito, cidadania, saúde, comunicação, cultura. O “PAI”
engloba ações multidisciplinares nas áreas de enfermagem, nutrição, psicologia, fisioterapia,
medicina, educação física, entre outras.
Os encontros do “PAI” são realizados às terças-feiras, na UNIVALI, os participantes
possuem 60 anos ou mais. Os encontros duram das 14 às 17 horas e incluem uma atividade
envolvendo algum dos eixos temáticos, o lanche e um tempo final para uma dinâmica ou o bingo
(atividade eleita pelos próprios idosos). Atualmente o grupo conta com vinte e cinco idosos
participantes; três professoras a saber: uma psicóloga (coordenadora), uma nutricionista e uma
enfermeira, todas docentes em Cursos da Saúde na UNIVALI; e dois extensionistas, um
acadêmico de psicologia e uma acadêmica de enfermagem.
5.3 SUJEITOS DO ESTUDO
A amostra é constituída por um recorte, composto por um terço dos freqüentadores
assíduos do grupo (correspondente a dezoito idosos aproximadamente), totalizando, portanto, seis
37
idosos vinculados ao “PAI”. Excluem-se dessa participação idosos não orientados no tempo e
espaço; com dificuldades de comunicação; ou mesmo impedidos por falta de horário disponível
para participar das atividades previstas: ser entrevistado(a) e ser visitado(a) domiciliariamente.
A constituição da amostra foi intencional, porém passou pelo seguinte processo:
a) exposição da síntese do projeto de pesquisa a todos os idosos membros do grupo;
b) elaboração de uma lista com os que se voluntariaram a participar da pesquisa;
c) devido ao grande número de voluntários, foi feito um acordo para sortear seis deles, então
estes passaram a ser os sujeitos do estudo, dois do sexo masculino e quatro do sexo feminino;
d) os sujeitos foram registrados na pesquisa como “Entrevistados” (E) e diferenciados uns dos
outros com referências de natureza ecológica:
E1 Sol, E2 Estrela, E3 Mar, E4 Lua, E5 Lago e E6 Cachoeira.
e) com esta amostra de seis participantes, foi obtido de cada um a assinatura do Termo de
Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice 3), documento onde os sujeitos expressam
seu interesse em participar como entrevistados. No TCLE foram registrados os diretos dos
mesmos e a dignidade do relacionamento, além de sua valorização ao longo de todo o estudo.
Os sujeitos do presente estudo são idosos com antecedentes de encontros durante os
trabalhos do Grupo “PAI” e possuem certa familiaridade com os companheiros do referido grupo,
onde guardam um relacionamento de qualidade, respeito e consideração mútua.
5.4 COLETA DE DADOS
A abordagem foi feita através de Visitas Domiciliares (VD) com o uso de dois
instrumentos: O primeiro refere-se ao formulário a ser preenchido na composição do Pentáculo
do Bem-Estar de Nahas (2001) (Anexo 1). Neste instrumento de pesquisa estão contidos quinze
itens em torno dos Fatores de Influência para o alcance do Bem-Estar e Qualidade de Vida; três,
referentes à Nutrição; três, à Atividade Física; três, ao Comportamento Preventivo; três, ao
Relacionamento Social; e três, ao Controle de Estresse. Cada item, do respectivo Fator dá origem
a uma resposta em uma escala de zero à três. As respostas obtidas foram interpretadas e
transcritas na forma de pintura, preenchendo a figura do Pentáculo. A cor vermelha representa
Nutrição, a cor verde Atividade Física, a cor azul Comportamento Preventivo, a cor laranja
Relacionamento Social e a cor amarela Controle de Estresse.
38
Uma outra etapa da VD foi destinada à compreensão das figuras do Pentáculo do Bem-
Estar preenchidos. Houve curiosidade e prazer dos idosos ao ver alguns Fatores de Influência
incompletos, outros com certa plenitude de alcances. Foi até mesmo divertido perceber as
fisionomias mudarem conforme o preenchimento das cores a partir de seus relatos de minutos
atrás. Os Entrevistados receberam uma figura do Pentáculo em branco para que pudessem
posteriormente refazer ou mesmo preencher com outra pessoa, todos demonstraram interesse, o
que evidencia uma certa ludicidade e a confortável convivência entre entrevistador e entrevistado.
A entrevista foi flexibilizada, respeitando o ritmo de cada um. Os idosos foram
questionados se preferiam continuar em um segundo dia, o que não foi preciso, não necessitando
um re-agendamento nenhuma vez. Desta forma foi possível fazer uma pequena pausa, o que
ocorreu com naturalidade, assim se prosseguiu com outras conversações amistosas.
Uma pausa refaz o ânimo e remove cansaços. Trentini e Paim (2004) escrevem a respeito
de um tipo de entrevista denominado “entrevista-conversação” onde pode haver pausas, sem que
seja necessário esgotar a busca de dados de uma só vez, isso permite que haja uma quebra de
formalidade, além disso, a conversação informal, pode trazer informações complementares ou
novas questões de interesse ao cuidado, que está simultâneo à pesquisa, em sua significação
convergente assistencial. A título de exemplificação, durante uma VD, enquanto um dos
Entrevistados falava de sua limitação para caminhar, devido a uma lesão crônica em seu pé,
foram feitas orientações sobre cuidados para manter o equilíbrio, prática de exercícios, entre
outras. Essa troca de informações serviu tanto para a pesquisa, quanto para a assistência.
A VD prosseguiu com o uso do segundo instrumento, que refere-se a um Roteiro de
Entrevista Semi-Estruturada (Apêndice 4), onde o objetivo foi associar o que ocorre no “PAI”,
com os avanços, manutenções e regressões em cada um dos Fatores de Influência. Nesta parte o
foco foi uma questão fundamental: De que modo o grupo “PAI” influencia em sua Nutrição,
Atividade Física, Comportamento Preventivo, Relacionamento Social e Controle de Estresse?
Para tanto, foi solicitada a autorização de efetuar gravação do diálogo mantido.
Para a coleta de dados a VD, foi uma estratégia construída na relação profissional-usuário
e utilizada como modalidade de procedimento assistencial historicamente praticada pela
enfermagem. A extensão aos domicílios, além de favorecer a autoridade das falas dos idosos,
também os deixa mais aptos a falar de si mesmos.
39
5.5 ANÁLISE DOS DADOS
A análise dos dados compreende três modalidades: A primeira delas, a partir de
preenchimento de formulário próprio de Nahas (2001) relativo ao registro dos itens que compõem
Pentáculos do Bem-Estar, individualizado. A segunda relaciona-se a construção de um Pentáculo
Coletivo do Grupo de Convivência “PAI”. A terceira, corresponde a entrevista semi-estruturada,
sobre a influência do “PAI” sobre os Fatores de Bem-Estar e Qualidade de Vida.
Por sua vez, o corpo da pesquisa, produzido pelo agrupamento dos dados obtidos desses
instrumentos e da coleta de informações gravadas, por transcrição formaram textos, os quais
foram objeto de Análise Hermenêutica, na tipificação da autoria de Minayo (2002). Nesta fase,
muitos detalhes esclarecedores se valerão do Diário de Campo do Pesquisador, o que em
conjunto interpretativo, com base em conceitos de Nahas (2001) e Leininger apud George (1993),
fortalecerão os achados em categorias emergentes da análise prevista.
5.6 ASPECTOS ÉTICOS
A ética neste estudo está fundamentada nas Normas e Diretrizes que regulamentam a
Pesquisa envolvendo Seres Humanos, conforme Resolução 196/96 do Conselho Nacional de
Saúde, nos itens que se referem a especificidade da pesquisa. Ao se tratar de pessoas idosas, toda
a privacidade e confidencialidade será preservada, bem como os direitos para interromper a
participação na pesquisa sem implicações, além disso as suas respectivas continuidades de
assistência foram objeto de compromisso da pesquisadora e todos os participantes do estudo. O
anonimato em caso de divulgação da pesquisa fica assegurado. Além disso, alguns cuidados
assistenciais foram desenvolvidos simultaneamente durante a pesquisa pelo fato de proporcionar
maior conforto aos idosos partícipes e também atender a preceitos da PCA.
A entrada nos domicílios foi esperada pelos idosos. A “autoridade do dono da casa” e a
“autoridade do representante do serviço de saúde” eram representações de culturas diversificadas,
porém harmoniosas, pelas informações expressas. As aproximações já feitas pela freqüência no
Grupo “PAI”, facilitaram a receptividade. A própria coleta de dados, nas residências dos
usuários, fortalecia a afinidade já existente e a compreensão das atividades, até pela minha
presença já conhecida, como Bolsista de Extensão no Grupo de Convivência “PAI”.
40
6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Uma vez que além da visibilidade do Bem-Estar e Qualidade de Vida individual, interessa
a este estudo a visibilidade do Perfil Coletivo, bem como associar esse Perfil a possíveis
aquisições feitas por influência das trocas de saberes no interior do grupo “PAI”, esta análise e
discussão permeará esses três diferentes estágios: I) Pentáculos Individuais; II) Pentáculo
Coletivo; III) Relações do Pentáculo Coletivo e a influência do “PAI”. Do ponto de vista
teórico os dados obtidos requerem à sua interpretação um olhar cultural pela presença da
diversidade de hábitos, congruências e incongruências.
I) Pentáculos Individuais:
Em conformidade à um dos objetivos específicos desta pesquisa – Dar visibilidade ao
Pentáculo do Bem-Estar individual de idosos vinculados ao “PAI” – são apresentados os
Pentáculos dos seis idosos entrevistados, dando ênfase à suas positividades e fragilidades.
Figura 2: Pentáculo E1 Sol
E1 Sol retrata na figura representativa de seu Bem-Estar e Qualidade de Vida que suas
maiores fragilidades encontram-se nos Fatores referentes à Nutrição, devido ao fato de sua
41
alimentação estar intimamente ligada ao convívio com outros locais e pessoas que não sua casa
ou seus familiares; Atividades Física devido à limitações de ordem física que possui; e Controle
de Estresse, possivelmente pelo engajamento assíduo que possui em prol da comunidade.
Todavia nos Fatores Comportamento Preventivo e Relacionamento Social, destaca-se alcançando
a totalidade no preenchimento da figura, pois realiza exames anualmente, procura cultivar
amizades e ser ativo em seu ambiente social.
Figura 3: Pentáculo E2 Estrela
E2 Estrela mostra em seu Pentáculo deficiências nos Fatores: Nutrição, Atividade Física e
Controle de Estresse. O que se observa, durante a entrevista, ocorrer em função da falta de
interesse em se alimentar com frutas e verduras; da movimentação corpórea ocorrer somente em
função do trabalho fora de casa; e a expressão de falta de controle durante uma discussão. Nos
Fatores Comportamento Preventivo e Relacionamento Social, revela um bom resultado o que
ocorre devido ao seu interesse em participar de grupos de convivência e equilíbrio do tempo
dedicado ao lazer com o tempo dedicado ao trabalho.
42
Figura 4: Pentáculo E3 Mar
E3 Mar mostra vulnerabilidades em sua figura no que diz respeito à Nutrição, Atividade
Física e Controle de Estresse. O que é justificado pelo mesmo devido ao fato de nem sempre se
alimentar com cinco ou mais porções de frutas e verduras ao dia; por não praticar tanto exercício
físico; e pela falta de tempo para relaxar muitas vezes. Porém mostra o alcance máximo no
Comportamento Preventivo e Relacionamento Social por revelar-se uma pessoa preocupada com
a pressão arterial e com os níveis de colesterol, além de cultivar amizades ajudando e sendo
ajudado sempre.
Figura 5: Pentáculo E4 Lua
43
E4 Lua demonstra vazios nas lacunas de seu Pentáculo nos Fatores Nutrição, justificável
por não ingerir cinco ou mais porções de frutas e verduras ao dia; Atividade Física, por não
realizar atividades periódicas; e Controle de Estresse, por nem sempre conseguir tempo para
relaxar devido ao serviço de casa. Nos Fatores Comportamento Preventivo e Relacionamento
Social destaca-se por não fumar ou beber além de participar dos eventos da igreja, como festas e
novenas.
Figura 6: Pentáculo E5 Lago
E5 Lago reflete em sua figura algumas ausências no preenchimento em Nutrição, devido a
alimentação á base de poucas frutas e carnes gordas frequentemente; e em Atividades Física, pelo
fato de apresentar limitações em membros inferiores, mas mesmos assim se utiliza da bicicleta
como principal meio de transporte. Em Comportamento Preventivo, Relacionamento Social e
Controle de Estresse demonstra a satisfação com sua saúde, com o círculo de amizades e ainda
relata não conhecer o estresse em sua vida.
44
Figura 7: Pentáculo E6 Cachoeira
E6 Cachoeira deixa claro suas fragilidades referentes à Nutrição em função do
esquecimento e falta de tempo para adquirir frutas e verduras; à Atividade Física, devido a não
periodicidade em sua realização; e ao Controle de Estresse pelos problemas que enfrenta em sua
casa. Entretanto em seu Comportamento Preventivo e Relacionamento Social revela-se
preocupado com o excesso de peso, além de mostrar-se ativo em seu ambiente social.
II) Pentáculo Coletivo:
Foram compostos seis Pentáculos segundo o instrumento de Nahas (2001). Tais figuras
portam indícios do Bem-Estar e da Qualidade de Vida de cada idoso. Por aproximação, esses seis
Pentáculos formam o Perfil de Bem-Estar e Qualidade de Vida do Projeto Autonomia do Idoso.
Para tanto foi feito o cálculo das médias dos valores de cada um dos itens pertencentes aos
Fatores de Influência, correspondendo ao que representaria uma figura do grupo, como mostra o
Quadro 2.
45
FATORES DE INFLUÊNCIA
PARA O ALCANCE DO BEM-ESTAR E
QUALIDADE DE VIDA
SU
JEIT
O D
E
PE
SQU
ISA
E1
Sol
E2
Est
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E3
Mar
E4
Lua
E5
Lag
o
E6
Cac
hoei
ra
Méd
ia d
o G
rupo
a) Sua alimentação diária inclui ao menos 5 porções de frutas e verduras.
1 0 1 1 1 1 1
b) Você evita ingerir alimentos gordurosos e doces.
2 2 2 3 2 2 2
Nutrição *
c) Você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia, incluindo café da manhã completo.
3 3 3 3 1 3 3
d) Você realiza ao menos 30 minutos de atividades físicas 5 ou mais dias na semana.
3 0 1 1 3 1 1
e) Ao menos 2 vezes por semana você realiza exercícios que envolvam força e alongamento muscular.
1 1 3 1 2 3 2
Atividade Física
**
f) No seu dia-a-dia, você caminha ou pedala como meio de transporte e, usa as escadas ao invés do elevador.
3 1 2 3 2 2 2
g) Você conhece sua Pressão Arterial (PA), seus níveis de Colesterol e procura controlá-los.
3 3 3 3 3 2 3
h) Você não fuma e não bebe mais que uma dose por dia.
3 3 3 3 3 3 3
Comportamento Preventivo
***
i) Você respeita as normas de trânsito. 3 3 3 3 3 3 3 j) Você procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos.
3 3 3 3 3 3 3
k) Seu lazer inclui encontros com amigos, atividades esportivas, participação em entidades sociais.
3 3 3 3 3 3 3
Relacionamento Social ****
l) Você procura ser ativo em sua sociedade.
3 1 3 3 3 3 3
m) Você reserva tempo todos os dias para relaxar.
3 3 2 3 3 0 2
n) Você mantém uma discussão sem alterar-se.
1 0 3 3 3 2 2
Controle de Estresse
*****
o) Você equilibra o tempo dedicado ao lazer com o dedicado ao trabalho.
3 3 2 1 1 3 2
Quadro 2: Distribuição dos dados registrados através do Pentáculo do Bem-Estar
* Estas respostas já mostram a influência do “PAI” no fator nutricional. Apesar de a maior parte
dos relatos fazerem referências positivas ao grupo, quando questionados sobre sua alimentação,
referem não praticar aquilo que aprendem. O que reflete a necessidade de se repensar as
estratégias de educação em saúde, considerando a cultura, e fatores socio-econômicos.
46
** Com relação a movimentação do corpo a média do grupo obteve os menores valores, o que
mostra a necessidade de uma maior sensibilização dos mesmos neste sentido. A realização não
contínua de atividades físicas justifica-se pela ocorrência de doenças, pela falta de tempo ou pela
falta de ânimo para movimentar-se sozinho.
*** Neste Fator de Influência a amostra da pesquisa expôs a relação direta que o “PAI” tem com
seu envelhecimento saudável, visto que a média do grupo alcançou o maior valor numérico (3).
Segundo eles isto se dá através dos relatos de incentivo à busca de consultas, realização de
exames, melhora na alimentação, realização de movimentação do corpo, trazendo palestras, etc.
**** De acordo com as resposta dos sujeitos de pesquisa, os mesmos mostram-se em alto
desenvolvimento no que diz respeito a seu Relacionamento Social. O que retrata indivíduos que
cultivam amizades, participar de atividades em grupo e ser ativos em seu ambiente social.
***** Este aspecto mostra um grupo em evolução. A resposta média dos sujeitos, foi a de que
“quase sempre” é possível reservar um tempo para relaxar e equilibrar o tempo dedicado ao lazer
com o dedicado ao trabalho. Entretanto relatam que o “PAI” influencia positivamente através dos
alongamentos realizados nas reuniões e das conversas com os amigos.
Figura 8: Pentáculo Coletivo
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Todos os entrevistados encontram vulnerabilidades em Nutrição, Atividade Física e em
menor grau em Controle de Estresse; e no geral todos possuem positividades em Comportamento
Preventivo e Relacionamento Social. Mas é preciso pensar que o máximo é diferente para cada
um, pois as pessoas de adaptam e alcançam o seu ideal individual. Vale ressaltar que os padrões
idealizados são diferentes da realidade popular.
É necessário considerar que os Fatores de Influência não são isolados ou independentes,
são intimamente ligados e permeáveis pela própria natureza do ser humano. Os dados
distribuídos provêm de uma avaliação informal do próprio idoso ao buscar respostas para as
questões que constituem o Pentáculo do Bem-Estar e Qualidade de Vida. O cenário era a própria
casa do respondente e a presença da entrevistadora lhe parecia familiar. Falavam de si com muita
liberdade e mesmo sinceros, há que se considerar vários fatores que interferem na exatidão para
uma auto-avaliação. Contudo, a idéia é relativizar e considerar que há aproximação com a
realidade. Além disso, há uma diferença que se precisa levar em conta – a perspectiva do saber
profissional e a perspectiva do saber popular. Neste aspecto, a questão é se há congruência entre
esses saberes. Esta posição aqui adotada é conceituada por Madeleine Leininger, e se baseia na
importância de se buscar congruências nas diferenças culturais existentes em diferentes grupos.
III) Relações do Pentáculo Coletivo e a influência do “PAI”:
Nesta parte mais enfática da conversação foi tratado de alguns desdobramentos temáticos
sobre a influência do “PAI” sobre o Bem-Estar e Qualidade de Vida dos Entrevistados. Os temas
emergentes estão a seguir configurados:
A) AVANÇOS E EQUÍVOCOS DA NUTRIÇÃO
Ao conceber o fator nutricional como uma resposta cultural e atribuirmos à diversidade de
influências ao comportamento nutricional da pessoa idosa residente no sul do Brasil, vemos que
seus componentes representam ramos familiares de diversas origens, com heranças italiana,
açoriana, alemã, dentre os Entrevistados. Por esse ângulo, alguns hábitos alimentares podem estar
incorporados segundo essas origens. Nos modos de preparo e de seleção de alimentos há mitos e
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ritos que estão entranhados no cotidiano destas pessoas idosas. Isto pode se constituir em
facilidades ou dificuldades para a compreensão das possibilidades de uma nutrição apropriada.
O fator nutricional como influência ao Bem-Estar e Qualidade de Vida é fundamental em
qualquer fase do ciclo vital e tem suas especificidades de acordo com as situações que cada
pessoa ou grupo enfrenta.
Os resultados das entrevistas apontam avanços no desenvolvimento nutricional,
principalmente no que diz respeito ao número de refeições e quantidades por refeição. Tais
avanços destacam-se pela qualificação dos alimentos, o que está atribuído não só ao saber êmico
do idoso em seu meio cultural, mas referido pelos mesmos como uma visível influência do seu
convívio no grupo, ouvindo informações repassadas em palestras.
Exemplificam sobre o que ouvem, como o valor nutricional de ingerir mais frutas e
verduras, porém expressam suas dificuldades em incluir essa prática no seu cotidiano. Acham
importante a aprendizagem declarada na expressão “colorir o prato” com verdes, amarelo,
vermelho, o que entendem como a variação de verduras, legumes e frutas, mas confessam o
desinteresse que ainda têm em relação a esse tipo de alimento. Resistem nessa inclusão ainda que
tenham a informação. Por outro lado, afirmam que desde que informados sobre os males da
gordura em alimentos, e por já terem experiência dos danos que a mesma pode causar, ainda que
gostem de seu sabor, pensam antes de se servir com alimentos que contenham gordura ou açúcar.
Abrem mão desta regra geral quando participam de refeições em grupo, quando não resistem a
saborear frituras ou bolos.
Relembram de um modo especial uma atividade com foco nutricional, uma sessão de
aproveitamento de partes de alimentos, feita com a maior parte dos integrantes do grupo, na
residência de um deles. Nesta atividade aprenderam pela curiosidade, em um clima animado e
com a participação de todos; aproveitaram cascas de frutas e produziram alimentos antes nunca
vistos. Relatam essa sessão como uma reunião muito agradável e repetiram as informações a
familiares e vizinhos.
Atribuem ao “PAI” a aprendizagem de distribuir as refeições, quantificá-las com mais
adequação, colorí-las pelos diferentes tons de alimentos; minimizar as gorduras, doces e sal.
Ainda que se equivoquem às vezes, isto representa avanços comportamentais que fazem a
diferença ao alcance de seu Bem-Estar e Qualidade de Vida, conforme os recortes dialogais do
Quadro 3.
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ENTREVISTADOS ALGUNS RECORTES DIALOGAIS EXEMPLIFICADORES – NUTRIÇÃO
E1 Sol “Evito gorduras, mas como doces numa festa, por exemplo. Na casa de outra pessoa, se tem gordura, vou comer.” “O grupo ensina como comer várias cores de comida, não tudo só verde.”
E2 Estrela “Coisa mais difícil eu comer verdura, eu até compro, mas difícil me interessar em comer.” “Teve aquele dia na casa de nossa colega, que a gente reaproveitou as cascas das frutas, fizemos geléia, fritamos a casca da banana.”
E3 Mar “Não é sempre que como 5 frutas e verduras diferentes no dia, se dissesse que sim ia ta pegando mentira, mas eu como frutas e verduras sim.” “O que a gente aprende é falado pra família e eles gostam.”
E4 Lua “Evito gordura porque o colesterol e a diabete deram altos, tem que controlar.” “Pelas palestras aprendemos a cuidar da saúde.”
E5 Lago “A carne mais saborosa é a costela, é a mais gordurosa.” “A gente aprendeu que tem que se alimentar bem.”
E6 Cachoeira “Esqueço de comprar frutas, passou o dia e não comprei, mas como.” “Doce eu gosto, mas evito. Principalmente quando a gente sabe que tem que se amar.”
Quadro 3: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Nutrição
B) A REDESCOBERTA DO CORPO EM MOVIMENTO COLETIVO
Este é um dos Fatores de Influência ao Bem-Estar e Qualidade de Vida, em geral, mais
divulgado recentemente. No “PAI” vem se reservando horário para alongamento durante os
encontros, o que se constitui para os idosos, um motivo de atração e valorização do profissional
de Educação Física inserido nas atividades semanais do grupo.
Os exercícios guiados pelo professor e executados coletivamente pelos idosos e membros
da equipe de saúde, tem provocado um comportamento de alegria e prazer, revelado através dos
semblantes sorridentes durante a execução desta prática. Além do ambiente lúdico manifesto em
palavras e gestos espontâneos, ao mesmo tempo surgem lembranças que revelam o Bem-Estar
que parecem estar sentindo.
A chegada do profissional que coordena os exercícios faz com que o grupo concentre-se
no movimento e na atividade dirigida, formando uma nova fisionomia grupal, uma aderência de
todos, e ao perceber que seus corpos estão respondendo melhor a repetição de um exercício,
mostram-se ansiosos em comunicar a todos ali, seu novo alcance. Esta descoberta do corpo em
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movimento no ambiente coletivo, imprime um comentário que se traduz em certa vaidade e
impulsiona o próprio alcance coletivo, entretanto leva-se em consideração as limitações e as
diferenças entre os integrantes. Aprende-se nessa movimentação física, ainda, atividades de
cooperação, ajuda mútua e os benefícios sociais, o que é significativo no âmbito da proposta do
“PAI”.
Além das atividades envolvendo a pesquisa, durante a realização de outras atividades
envolvendo o grupo, percebe-se o entusiasmo de muitos idosos em dar continuidade ao estímulo
feito no “PAI”, pois muitos deles realizam caminhadas, exercícios em casa, academia,
hidroginástica, entre outros.
As entrevistas referem-se à relevância da atividade e a consciência do valor dessa prática
de modo orientado tecnicamente, principalmente na faixa etária de idosos. Vale ressaltar que a
atividade física repercute em facilidades orgânicas, no combate ao estresse, na aptidão à
recreação e lazer, no convívio social, etc.
Há afinidade entre esse clima descrito e a educação neste século XXI. Segundo Matai e
Matai (2006) os aprendizes precisam de um ambiente que lhes permita descobrir e experimentar,
aprendem melhor quando praticam em interação, e percebem vantagens pessoais quando se
sentem descontraídos e podem se divertir. Nos tempos atuais o facilitador é a pessoa que orienta,
instiga e conduz o aprendiz ao conhecimento.
Como a aprendizagem de exercitar-se tem modificado o humor e a disposição dos
Entrevistados deste estudo, os encontros do “PAI” não tem se distanciado do que escreve Nahas
(2001), quando diz que a aptidão física possui relação direta com a Qualidade de Vida, em
especial na terceira idade, quando o indivíduo percebe mais a perda da autonomia relacionada à
inatividade.
Por sua vez, Cachioni, Diogo e Néri (2006), tratam em seus escritos que além de
benefícios orgânicos, a atividade física traz consigo ganhos psicossociais. Faz com que o idoso
aumente sua alto-estima, sua estética corporal, suas relações sociais, sua disposição para o
trabalho e lazer. Os mesmo autores, acrescentam que a Atividade Física aumenta a força
muscular e a flexibilidade, e, deste modo o idoso promove sua independência e autonomia para a
realização de Atividades Diárias.
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Neste aspecto ligado à Atividade Física, embora o “PAI” tenha encontro direto com seus
idosos cadastrados, apenas num dia da semana sua influência se faz sentir. Todavia nas falas dos
Entrevistados encontra-se sua intenção em buscar fazer exercícios nos outros dias da semana.
O que hoje acontece e é atestado pelos próprios entrevistados, se refere aos Benefícios
Imediatos, e com a continuidade dos incentivos articulados pelo grupo “PAI”, espera-se
Benefícios à Médio Prazo, tanto fisiológicos, como psicológicos e sociais. Benefícios sociais,
destacam-se pelo aumento da rede de contatos, ampliação da comunicação e solidariedade. Estes
são alguns ganhos provenientes da Atividade Física, conforme Nahas (2001), o que se confirma
através das falas dispostas no Quadro 4.
ENTREVISTADOS ALGUNS RECORTES DIALOGAIS EXEMPLIFICADORES – ATIVIDADE FÍSICA
E1 Sol “Faz 30 anos que me incomodo com um problema no pé (...) mas quando está melhor, eu danço, brinco, pulo.” “Eu acho assim, no grupo a gente aprende a se relacionar com outras pessoas e com o corpo.”
E2 Estrela “Caminho para ir trabalhar, do ponto de ônibus até o serviço, ida e volta.” “No grupo isso está presente (atividade física), e Deus o livre se faltar. Só sentar e comer, não dá.”
E3 Mar “Ando mais à pé do que de carro.” “A gente brinca entre a turma, não está sozinho. Na turma a gente tem sempre a física, essas coisa né.”
E4 Lua “Não é toda semana que eu caminho, mas tem semana que faço umas 3 caminhadas grandes.” “No grupo a gente faz alongamento, dançamos na quadrilha.”
E5 Lago “Alongamento é todo dia quando acordo.” “A física no grupo me ajuda bastante, pode ser que não seja pra todos, pra mim ajuda.”
E6 Cachoeira “Uma vez na semana isso acontece sempre (exercício físico).” “Tem a ginástica, o fato da caminhada até o nosso encontro, já é uma atividade física.”
Quadro 4: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Atividade Física
C) A ALTA ADESÃO AO COMPORTAMENTO PREVENTIVO
O Comportamento Preventivo refere-se à hábitos de praticar ações de benefício a seu
corpo, antes dos acontecimentos danosos, é praticado quando precedido de um saber para saber
fazer, o que depende necessariamente de questões culturais, sociais. Se utiliza um
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Comportamento Preventivo em prol de um bom Relacionamento Social, Nutrição, Atividade
Física de Controle de Estresse; portanto este perpassa todos os Fatores.
No instrumento de coleta de dados, os itens deste Fator de Influência tratam do controle
da PA, colesterol, uso de fumo, de álcool e respeito às normas de trânsito. Estas questões, como
todos os outros Fatores de Influência ao alcance do Bem-Estar e Qualidade de Vida propostos
pelo instrumento desenvolvido por Nahas (2001), tratam de promoção à saúde e prevenção de
doenças.
Neste tópico as respostas revelam pleno alcance, segundo os próprios Entrevistados,
principalmente devido à autonomia da pessoa idosa com o apoio do Serviço de Saúde, no que diz
respeito a controles de natureza fisiológica exercidos periodicamente para manter a saúde e evitar
o adoecimento, portanto, evitar danos à saúde.
Os dados máximos alcançados pelo Fator de Influência Comportamento Preventivo
poderiam trazer a hipótese de que os demais Fatores estariam em alcance de pontos aproximados
à maximização, visto que o Comportamento Preventivo inclui uma Nutrição adequada, a prática
de Atividade Física, bons Relacionamentos Sociais e o Controle de Estresse. No entanto, é
preciso que ao analisar os dados saiamos de uma ótica linear e façamos frente a considerações
específicas que sobrepõem condicionantes à própria efetividade do idoso em sua prevenção de
doenças, além disso, como já citado os itens deste Fator de Influência não cita alimentação,
atividade física, relações sociais ou controle de estresse. Contudo, ao falar sobre prevenção, os
Entrevistados citaram uma alimentação adequada, a realização de exercícios físicos, as relações
social e o controle de estresse.
Há multicausas, predominantemente de ordem econômica e social, que variam de idoso a
idoso e se manifestam no cotidiano como empecilhos ao propósito de alcançar o Bem-Estar e
Qualidade de Vida. Por mais que os serviços planejem ações de Educação em Saúde, aquilo que é
tão claro para profissionais de saúde requer ser incorporado pelo idoso. A exemplo, de substituir
tipos de alimentos, formas alternativas de atividades físicas, diversidade de relacionamentos
sociais e de modos alternativos ao controle do estresse.
Tendo em vista que as respostas procedem de um grupo de idosos que busca a autonomia
em saúde, tal proposta necessita de adequadas ações de Educação em Saúde, uma vez que se
tratam de pessoas idosas dotadas de consciência e hábitos de saúde, por vezes, já consolidados ao
longo de sua existência. Este aspecto na aprendizagem do adulto-idoso impõem-se como
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complexo no que diz respeito a informar os meios mais adequados conforme as possibilidades da
pessoa idosa.
É fato que o adulto tem características de aprendizagem diferente da criança. A história
aponta que estudiosos já indicavam essas diferenças há tempos atrás. O conceito de Androgogia,
aponta diferentes estratégias de abordagem na educação para adultos, partindo do princípio de
explorar suas experiências anteriores. Com esta diferente abordagem, o idoso acaba tendo sua
autonomia ainda mais beneficiada, pois seu conhecimento anterior é levado em consideração.
O “PAI” tem feito muitos ensaios de abordagens de Educação em Saúde voltada para
idosos ao longo dos seus seis anos de existência. E o que mais se percebe é que é imprescindível
que em toda estratégia a ser utilizada deve-se valorizar o princípio de que alguma experiência
esses idosos têm sobre o tema a ser explorado, e esta experiência deve ser o ponto de partida para
um processo de troca, agregando valores a esta aprendizagem.
Além disso, conforme os escritos de Cunha e Silva (2002), o educador deve estar
preparado para deparar-se com diferentes tecnologias, níveis econômicos e culturas. Onde o foco
deve estar na adaptabilidade.
Tem sido possível reconhecer, pela experiência no referido grupo, que, na qualidade de
aprendizes, mostram-se mais interessados pelo desenvolvimento de habilidades com uma
imediata aplicação prática do que aprendem.
Para esses idosos a abordagem de temas é mais eficiente, em resultados de adesão,
quando a proposta se vale de seus próprios hábitos, respeitando seu saber êmico, na linguagem
utilizada por Leininger apud George (1993). Ao contrário disto, quando se desconsidera sua
experiência, as pessoas idosas não darão tanta importância a orientação e percebem-se
vulneráveis a “infantilização”.
Nestes aspectos a maior ou menor adesão ao Comportamento Preventivo depende de
informações adequadas e da valorização do conhecimento prévio destes idosos-aprendizes, o que
é buscado pelo “PAI” como expressam em suas falas no Quadro 5.
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ENTREVISTADOS ALGUNS RECORTES DIALOGAIS EXEMPLIFICADORES – COMPORTAMENTO PREVENTIVO
E1 Sol “Faço exames anualmente.” “Eles (PAI) dizem que tem que procurar o médico antes de ficar doente, tem que se prevenir.”
E2 Estrela “Só brigo no trânsito, quanto estou estressada.” “Teve a fisioterapeuta que ensinou a gente a andar, foi muito bom né.”
E3 Mar “Nos exames só o diabetes que deu alto, mas está no limite.” “O grupo ensina que é pra gente fazer o tratamento direito.”
E4 Lua “Graças a Deus não fumo, não posso nem sentir o cheiro.” “A gente aprende a cuidar da alimentação, a física, o alongamento ajudam pra não ter doença.”
E5 Lago “Minha pressão é estável, sempre 11x7.” “O grupo trás coisas como o negócio de controlar a pressão.”
E6 Cachoeira “Controlo na comida, quando sinto que engordei, quero perder.” “O grupo trás muitas coisas boas explicando sobre saúde. É super importante, a gente aprendendo e levando a sério, envelhecendo com mais saúde.”
Quadro 5: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Comportamento Preventivo
D) A PLENITUDE NO RELACIONAMENTO SOCIAL
O Relacionamento Social, segundo as respostas dos Entrevistados, revela praticamente
pleno alcance, principalmente devido à convivência em grupos sociais, sejam grupos de idosos,
sejam grupos de amizade, ou grupos de oração. Vale ressaltar que todos os Entrevistados são da
religião católica, são praticantes e ativos nas atividades envolvendo a igreja, o que se caracteriza
em maior parte, como uma influência cultural.
Os relatos mostram, ainda, uma forte atuação dos sujeitos da pesquisa em seu ambiente
social, quando mostram-se engajados nas questões em prol de sua comunidade, como em
assuntos políticos ou de controle social em meio a prefeitura. De acordo com Cachioni, Diogo e
Néri (2006) estar exercendo funções de trabalho e ser útil em alguma função específica, é ter
Qualidade de Vida.
Além disso, o próprio grupo “PAI” favorece a ampliação e qualificação nos
relacionamentos sociais dos idosos participantes. Por muitas vezes, alguns dos idosos chegam às
reuniões antes do horário estabelecido e formam pequenos grupos de conversa tratando de contar
uns aos outros alguns fatos que estão lhes preocupando ou mesmo algum desejo de socializar
dúvidas referentes a problemas de seu cotidiano.
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O encontro do grupo é um momento onde os idosos interagem entre si, com os
professores e bolsistas. Neste momento é possível conversar, retirar dúvidas, rir, brincar, aprender
algo novo, relembrar algo já conhecido, enfim, os encontros semanais do “PAI” ampliam a rede
social da vida de cada um dos participantes.
Os Entrevistados referem estar satisfeitos com seu círculo de amizades e que o “PAI”
interfere positivamente neste aspecto, como é mostrado, também, no trabalho de Benedet e
Spricigo (2008) desenvolvido no mesmo Grupo de Convivência, quando acadêmicas de
enfermagem da UNIVALI. Os idosos relatam que durante cada uma das reuniões é possível
conhecer melhor os colegas e conquistar novas amizades, Para Nahas (2001), a Qualidade de
Vida relaciona-se com a satisfação pessoal e as relações interpessoais.
Quando o idoso está inserido em uma rede social há um aumento em seu Bem-Estar e
Qualidade de Vida, o que potencializam o estado de saúde através da promoção da autonomia
(COSTA E PEREIRA, 2007). Isto pode ser percebido através dos recortes dialogais expostos no
Quadro 6.
ENTREVISTADOS ALGUNS RECORTES DIALOGAIS EXEMPLIFICADORES – RELACIONAMENTO SOCIAL
E1 Sol “Eu luto e vou atrás das coisas, se não ando, tenho o telefone pra falar.” “Depois que eu entrei no grupo, aprendi mais. A gente aprende coisas do dia-a-dia que a gente está por fora, e eu sou muito interessada nas coisas.”
E2 Estrela “Faço parte do grupo da novena do apostolado e do PAI.” “Quando entrei no grupo, a metade daquele pessoal eu já conhecia, da igreja, do mercado, mas quando a gente se encontrou ali foi maravilhoso.”
E3 Mar “Graças a Deus, tudo tranqüilo nas amizades.” “O grupo ajuda a conhecer as pessoas melhor né. Mais amizades com as pessoas que a gente nunca viu.”
E4 Lua “Já fomos várias vezes festeiros na igreja.” “A palestra, aquela que falou dos remédios (com uma farmacêutica), foi muito bom pra mim, porque eu não entendia nada destas coisas.”
E5 Lago “A mulher não participa e não gosta que eu participe dos grupos, isso eu não estou gostando.” “A gente se apega com muitas pessoas no grupo, alguns já saíram, outros faleceram... Numa hora dessa a gente fica meio sentido.”
E6 Cachoeira “Sou sempre metida em tudo, querendo descobrir as coisas certas e erradas.” “As reuniões são encontros com amigos e faz a gente estar mais feliz de estar misturado, unido. Ajuda a esquecer os problemas.”
Quadro 6: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Relacionamento Social
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E) VULNERABILIDADES AO ESTRESSE
As pessoas idosas atravessam gerações e nessa travessia surgem mudanças de todas as
ordens, desde as gerações do trabalho manual, técnico, até o trabalho com alta tecnologia tal
como vivemos todos, neste século XXI.
Os ajustes do idoso às diferentes gerações, a sua convivência com novos mundos, vai
tornando-o mais vulnerável ao desequilíbrio existente entre tais situações e o enfrentamento
individual das mesmas (CAMPANELL, 2006).
Quando de ordem física, o estresse pode representar por um ferimento, uma fratura, então
o organismo reagem com sinais e sintomas, como a febre ou a dor, por exemplo. Quando o
estresse é de origem psicológica pode relacionar-se à discussões com familiares ou amigos, ou
ainda, a morte de alguém próximo. Os indivíduos reagem de diferentes formas, mas o mais
comum é tornar-se arredio e solitário diante de uma situação de estresse (Nahas, 2001).
O idoso está muito mais vulnerável ao estresse, pois com o passar do tempo torna-se mais
susceptível ao estresse físico (fraturas por quedas, diabetes, hipertensão), mas também ao estresse
psicológico, pois percebem a perda de sua autonomia, perdem mais amigos e familiares, e
muitos, sentem-se inúteis, outros são maltratados. Todos estes fatores geram conflitos internos,
alto nível de estresse, depressão e solidão. Conforme D’Alencar (2005) e Nahas (2001), todos
estes fatores afetam o Bem-Estar e a Qualidade de Vida.
As entrevistas com estes idosos do “PAI” trazem a noção de que suas respostas traduzem
confiança na influência da aprendizagem que vem sendo construída no citado grupo. Revelam em
suas falas que a convivência em grupo e o que aprendem juntos, faz com que enfrentem os
desafios estressantes. Percebem, ainda, que para controlar o estresse é necessário ativar
continuamente a Nutrição, a Atividade Física, o Comportamento Preventivo e o Relacionamento
Social.
A cultura familiar e dos grupos comunitários têm recebido informações repassadas por
eles segundo o que aprendem no “PAI”. Isto os aproxima e lhes permite serem vistos com
respeito e certa autoridade em relação ao demais com que convivem. Entretanto, foi citado entre
os Entrevistados que apesar de notificar o que aprende no grupo para seus familiares, nem sempre
eles escutam com sensibilidade seus relatos.
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No que tange o Fator de Influência Controle de Estresse, os exercícios físicos,
especialmente os alongamentos no “PAI” e as caminhadas em outros grupos, fazem relaxar o
corpo e a mente, conforme comentários feitos pelos próprios idosos. Ao ouvir as entrevistas, vê-
se que segundo eles, ouvem e aprendem a conduta para o controle do estresse, porém confessam
que nem tudo conseguem ter como prática, como nota-se nos dizeres destacados no Quadro 7.
ENTREVISTADOS ALGUNS RECORTES DIALOGAIS EXEMPLIFICADORES – CONTROLE DE ESTRESSE
E1 Sol “Eu luto pelo correto, se está errado, está errado, se está certo, peço desculpa.” “Aprendi no grupo a não atropelar quando outra pessoas está falando.”
E2 Estrela “Quando contrariada, me controlo na frente da pessoa.” “A gente aprende bastante, como fazer a educação física.”
E3 Mar “Antigamente a gente trabalhava mais, não tinha muito tempo para descansar.” “No grupo é falado pra passear para não se estressar, essas coisas.”
E4 Lua “Às vezes dá pra relaxar, não é sempre.” “No grupo, a conversa, o bate-papo é muito bom, isso relaxa muito.”
E5 Lago “Às vezes trabalho mais do que descanso.” “Enquanto está numa conversa, rindo e brincando o tempo passa sem perceber, e isso é muito bom. E agora a gente não tendo o que fazer, ficar sentado dentro do quarto esperando a morte chegar... (risos) Isso não dá.”
E6 Cachoeira “Em casa tenho que engolir muita coisa, mas quando estouro, sai de baixo.” “O relacionamento com outras pessoas ajuda, e bastante, a ter um controle na convivência com os familiares.”
Quadro 7: Alguns recortes dialogais exemplificadores – Controle de Estresse
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7 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao buscar dar visibilidade aos Fatores de Influência ao Bem-Estar e Qualidade de Vida de
pessoas idosas que freqüentam o grupo “PAI”, a estratégia desta pesquisa foi utilizar o conceito
teórico do Pentáculo do Bem-Estar de Nahas (2001). De cada Pentáculo Individual fazer uma
aproximação do perfil de Bem-Estar e Qualidade de Vida das pessoas idosas e representar esse
perfil em um Pentáculo Coletivo do referido grupo.
Os Fatores de Influência ao Bem-Estar e Qualidade de Vida vêm sendo objeto de
aprendizagem por abordagem intencional de temas do interesse à vida de idosos, na programação
do Grupo “PAI”, na qualidade de proposta extensionista da UNIVALI.
Ao analisar as falas dos Entrevistados, o conceito cultural de saúde em Leininger apud
George (1993), bem como os conceitos de Bem-Estar e Qualidade de Vida de Nahas (2001),
foram os referenciais teóricos e se voltaram ao interesse da congruência entre os Serviços de
Saúde e as necessidades cotidianas dos idosos atendidos mediante a proposta do “PAI”.
Resultam alguns pontos altos de desenvolvimento e mudança do comportamento das
pessoas idosas frente aos Fatores de Influência, e num esforço desses idosos em fazer
comunicação das informações obtidas a seus familiares e amigos, o que não lhes faz perceber
retorno, mas lhes assegura um espaço de mais confiança e auto-estima no que estão aprendendo.
Nos cinco Fatores estudados, são diferentes as respostas individualizadas, segundo as
circunstâncias de enfrentamento de cada idoso, porém têm certa aproximação nas figuras de seus
respectivos Pentáculos do Bem-Estar.
Embora falem sobre os trabalhos e as pessoas do grupo “PAI”, a que pertencem, é
estranho que se utilizem de expressões que não traduzem sua inclusão no referido grupo.
Utilizam falas como “Aquele grupo”, “O grupo lá”, etc., ao invés de uma linguagem como
“Nosso grupo”. Apesar disso, o grupo é sempre elogiado e citado com entusiasmo no sentido de
conforto, amizade e aprendizagem.
Pode-se notar que no grupo de idosos pesquisados inseridos no Projeto Autonomia do
Idoso – PAI e representantes de todo o grupo, há Fatores de Influência para o alcance do Bem-
Estar e Qualidade de Vida mais fortemente desenvolvidos, e outros ainda frágeis. Para o alcance
deste Bem-Estar e desta Qualidade de Vida, tão almejados, é preciso de uma organização de vida
e da qualidade de relacionamentos que estes idosos possuem com si mesmos e com os outros.
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O perfil de Bem-Estar e Qualidade de Vida dos idosos vinculados ao “PAI” exibe um
certo equilíbrio na percepção dos próprios usuários, quanto ao “Comportamento Preventivo” e
“Relacionamento Social”. Nestes dois Fatores, o entusiasmo das falas dos idosos é dominante e
se assemelha ao que operacionalmente trata Nahas (2001). Diferente desses Fatores, o “Controle
de Estresse” que operacionalmente resume-se em reservar tempo para relaxar, manter uma
discussão sem alterar-se e dividir o tempo com trabalho e lazer – o que segundo eles próprios,
não conseguem atingir totalmente, ainda que estejam exercitando para o alcance destas práticas.
Por sua vez, a “Nutrição” e a “Atividade Física”, embora venham sendo objeto de
focalização das atividades do “PAI”, ainda não conseguem mais pelas realidades de seus modos
de viver: material e cultural. Mesmo não atingindo o que está teoricamente questionado, como
por exemplo, a ingestão de determinados alimento (ou não) como se fosse uma prescrição, esses
idosos fazem, a seu modo, o equilíbrio na ingestão de alguns tipos de alimentos. Ao conhece-los
em suas localidades e em seus limites e possibilidades, o que sugere é a definição de modos
nutricionais aparentemente não prejudiciais a sua saúde. Assim, o esvaziamento de determinados
itens não correspondem a alcances de Mal-Estar e menor Qualidade de Vida.
O Fator “Atividade Física” recai na mesma lógica para o preenchimento do Pentáculo do
Bem-Estar. Trata-se de observar que ao fazer prescrições quantificadas, há um desencontro entre
o que é feito e o que é dito, trazendo a negativa do idoso, o que apresenta na figura do Pentáculo,
um esvaziamento.
No Grupo “PAI”, essas duas atividades possuem orientação segura, com resposta imediata
aos idosos e com alta agradabilidade, mas os Fatores “Nutrição” e “Atividade Física”, são
coincidentemente quantificados em exatidão e sem alternativas para o preenchimento da resposta.
Portanto, o perfil que se configura como Bem-Estar e Qualidade de Vida do “PAI” é
animador em razão da consciência que os idosos vêm demonstrando nas práticas relativas aos
Fatores de Influência à Saúde. Ensinam ao Grupo que atitudes prescritivas precisam ser
relativizadas, conforme situações personalizadas para que a aprendizagem e as práticas dos
idosos se concretizem no contexto do equilíbrio do viver saudável.
O Grupo vêm crescendo em “Relacionamento Social e no “Comportamento Preventivo”,
vêm recebendo atenção do Serviço de Saúde conforme suas periodicidades de exames e
realização de consultas, ampliando também as relações com os profissionais de saúde. Ao que
tudo indica, tem se desenvolvido o acolhimento do idoso como usuário deste Serviço e o usuário
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tem se mostrado eficiente para o alcance de Bem-Estar e Qualidade de Vida. Essa aproximação,
usuário e profissional de saúde, constrói passo a passo, a congruência no cuidado cultural.
Vale ressaltar que este trabalho mostra-se fiel à PCA por responder positivamente as
questões propostas por este tipo de pesquisa, dentre elas: a estreita relação com a situação
assistencial; a intenção de encontrar solução para problemas sociais dos sujeitos; a evidência da
articulação da prática profissional e os referenciais teóricos da pesquisa; os registros de cuidado
serviram como fonte de informações; e esteve clara a idéia no decorrer do trabalho que a
prioridade esteve em sistematizar o que fazer para construir conhecimento através do contexto
assistencial (TRENTINI e PAIM, 2004).
Um olhar ao conjunto de dados que emergem deste estudo, permite ver que uma das
principais influências ao alcance da Saúde Positiva, na expressão de Nahas (2001), é a
aprendizagem pela troca de experiências, incentivada pela orientação programática do “PAI”,
pelo menos no sentimento e verbalização dos próprios idosos.
A proposta de crescente autonomia, esta que move a existência da aquisição de mais
Bem-Estar e Qualidade de Vida, mostra-se apropriada como ponto de partida e chegada de
alcances dos fatores determinantes de um viver idoso saudável. Um viver saudável proposto
também por outros Grupos de Convivência do município de Biguaçu, além do “PAI”.
É importante mencionar que durante a apresentação desta pesquisa em Banca Fechada,
um dos membros, a Profª Esp. Liliane Werne dos Santos, também Secretária de Saúde do
município em questão, comentou sobre sua preocupação com a alienação do “PAI” em relação a
rede de Grupos de Convivência de Biguaçu, e propôs sua articulação com os demais Grupos para
que desfrute de algumas vantagens com o apoio da Secretaria de Saúde, bem como possa
socializar sua proposta e seus trabalhos com os outros Grupos de Convivência. Desta forma, por
meio da troca de experiências, todos são beneficiados e o alcance para o Bem-Estar/Qualidade de
Vida é promovido com uma maior abrangência e efetividade.
A configuração do perfil de Bem-Estar e Qualidade de Vida de Idosos vinculados ao
“Projeto Autonomia do Idoso”, equivale ao indício de uma trajetória de abordagem andragógica
que já exibe alguns resultados de práticas reveladoras de fortes aquisições de Educação em Saúde
e de um prosseguimento firme voltado ao interesse de atingir um estágio de cuidado
culturalmente congruente, caracterizado nos encontros entre profissionais de saúde e idosos como
seus usuários.
61
REFERÊNCIAS
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64
APÊNDICES
Apêndice 1: Termo de Compromisso e Aceite de Orientação
TERMO DE COMPROMISSO E ACEITE DE ORIENTAÇÃO
Eu, Lygia Paim, professora do Curso de Graduação em Enfermagem – UNIVALI
concordo orientar o Trabalho de Conclusão de Curso da acadêmica Míria Rodrigues Martins,
intitulado: CONFIGURANDO O PERFIL DE BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA DE
IDOSOS – Um Estudo no Projeto Autonomia do Idoso (PAI) – UNIVALI. Estou ciente das
normas para a elaboração do trabalho, bem como do calendário de atividades proposto.
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Local e Data
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Acadêmica de enfermagem Professora Orientadora
Míria Rodrigues Martins Lygia Paim
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Apêndice 2 Termo de Aceite da Instituição
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE EDUCAÇÃO BIGUAÇU
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TERMO DE ACEITE DA INSTITUIÇÃO
Declaro para os devidos fins, que autorizo a realização do projeto de monografia:
CONFIGURANDO O PERFIL DE BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA
DE IDOSOS – Um Estudo no Projeto Autonomia do Idoso (PAI) – UNIVALI,
a ser realizado com idosos da área de abrangência da Clínica Integrada de Atenção Básica
(CIABS), no município de Biguaçu, estado de Santa Catarina, no segundo semestre de 2009.
O estudo será realizado pela acadêmica Míria Rodrigues Martins, do Curso de Graduação
em Enfermagem, da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, sob a orientação da professora
enfermeira Dra. Lygia Paim.
______________________________ _______________________________
Local e Data Assinatura do Responsável
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Apêndice 3 Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE EDUCAÇÃO BIGUAÇU
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
Viemos apresentar ao Sr(a) com muito compromisso o convite para participar de uma
pesquisa sobre elementos constituintes da Qualidade de Vida em pessoas idosas.
O objetivo do estudo referente ao Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) é reunir
informações de pessoas idosas que participam da atividade extensionista da UNIVALI através do
Projeto Autonomia do Idoso (PAI) para compor o Perfil de Qualidade de Vida do grupo “PAI”.
A sua participação na pesquisa requer alguns acordos: Aceitar a(s) visita(s) domiciliar(es)
pré-agendadas; e Participar como entrevistado.
Qualquer participação neste estudo independe de pagamento ou recebimento de ordem
financeira ou material. Afirmamos que não há riscos previstos.
Asseguramos que as informações obtidas pelo pesquisador durante a pesquisa estarão sob
nossa responsabilidade e mesmo quando divulgadas, sua identidade será preservada e mantida em
confidência. Além disso, todos os dados terão uso apenas destinado aos fins exclusivos desta
pesquisa, com possível desdobramento apenas em publicações e apresentações científicas.
E o Sr(a) tem a garantia de poder fazer perguntas e obter as respostas durante o
andamento da pesquisa sobre qualquer dúvida sobre este estudo.
_________________________________ _______________________________
Enfª Drª Lygia Paim – Orientadora Míria Rodrigues Martins – Acadêmica
Tel: (48) 32246475 Tel: (48) 32434502
Biguaçu, _____ de _____________ de 2009.
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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ – UNIVALI
CENTRO DE EDUCAÇÃO BIGUAÇU
CURSO DE GRADUAÇÃO EM ENFERMAGEM
DECLARAÇÃO
Declaro que me foi explicado e compreendi do que trata, os objetivos e quais as
atividades de mim esperadas na pesquisa sobre Qualidade de Vida em Idosos, motivos pelos
quais aceito e declaro minha participação.
Reconheço os meus direitos e compromissos de participação, bem como a franca
autonomia de sair da pesquisa em qualquer de suas fases sem precisar declarar motivos e
continuar usufruindo de todos os direitos assistenciais à saúde.
_________________________________ _______________________________
Local e Data Assinatura do Participante
Tel:
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Apêndice 4: Roteiro de Entrevista Semi-Estruturada situando Fatores de Influência do Bem-Estar
e Qualidade de Vida
ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADO SITUANDO OS FATORES DE
INFLUÊNCIA DO BEM-ESTAR E QUALIDADE DE VIDA
1. Fator de influência Nutricional.
2. Fator de influência na realização de Atividades Físicas.
3. Fator de influência no Comportamento Preventivo com Relação ao Processo
Saúde/Doença.
4. Fator de influência nos Relacionamentos Sociais.
5. Fator de influência no Controle dos Níveis de Estresse.
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ANEXOS
Anexo 1: Pentáculo do Bem-Estar
PENTÁCULO DO BEM-ESTAR
Os fatores de influência para o alcance do Bem-Estar e Qualidade de Vida especificados
na figura representam características do Estilo de Vida e devem ser considerados conforme a
escala que segue:
(0) absolutamente não faz parte do seu Estilo de Vida
(1) às vezes corresponde ao seu comportamento
(2) quase sempre verdadeiro em seu comportamento
(3) a afirmação é sempre verdadeira no seu dia-a-dia; faz parte do seu Estilo de Vida
Nutrição
a. Sua alimentação diária inclui ao menos 5 porções de frutas e verduras ( )
b. Você evita ingerir alimentos gordurosos (carnes gordas, frituras) e doces ( )
c. Você faz 4 a 5 refeições variadas ao dia, incluindo café da manhã completo ( )
Atividade Física
d. Você realiza ao menos 30 minutos de atividades físicas moderadas/intensas, de forma
contínua ou acumulada, 5 ou mais dias na semana ( )
e. Ao menos 2 vezes por semana você realiza exercícios que envolvam força e alongamento
muscular ( )
f. No seu dia-a-dia, você caminha ou pedala como meio de transporte e, preferencialmente,
usa as escadas ao invés do elevador ( )
Comportamento Preventivo
g. Você conhece sua Pressão Arterial, seus níveis de Colesterol e procura controlá-los ( )
h. Você não fuma e não bebe mais que uma dose por dia ( )
i. Você respeita as normas de trânsito (pedestre, ciclista ou motorista); se dirige usa cinto de
segurança e nunca ingere álcool ( )
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Relacionamento Social
j. Você procura cultivar amigos e está satisfeito com seus relacionamentos ( )
k. Seu lazer inclui encontros com amigos, atividades esportivas em grupo, participação em
associações ou entidades sociais ( )
l. Você procura ser ativo em sua sociedade, sentindo-se útil em seu ambiente social ( )
Controle de Estresse
m. Você reserva tempo (ao menos 5 minutos) todos os dias para relaxar ( )
n. Você mantém uma discussão sem alterar-se, mesmo quando contrariado ( )
o. Você equilibra o tempo dedicado ao trabalho com o tempo dedicado ao lazer ( )
Considerando as respostas anteriores, os espaços são coloridos construindo uma
representação visual do Estilo de Vida.
- Deixar em branco se pontuou (0)
- Preencher do centro até o primeiro círculo se pontuou (1)
- Preencher do centro até o segundo círculo se pontuou (2)
- Preencher do centro até o terceiro círculo se pontuou (3)
Figura 1: Pentáculo do Bem-Estar Fonte: Nahas (2001).