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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS INSTITUTO DE QUÍMICA PALOMA SANTANA PRATA CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DE PETRÓLEO POR CROMATOGRAFIA BIDIMENSIONAL ABRANGENTE E ANÁLISE MULTIVARIADA DE DADOS CAMPINAS 2016

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE CAMPINAS

INSTITUTO DE QUÍMICA

PALOMA SANTANA PRATA

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DE PETRÓLEO POR CROMATOGRAFIA

BIDIMENSIONAL ABRANGENTE E ANÁLISE MULTIVARIADA DE DADOS

CAMPINAS

2016

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PALOMA SANTANA PRATA

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DE PETRÓLEO POR CROMATOGRAFIA

BIDIMENSIONAL ABRANGENTE E ANÁLISE MULTIVARIADA DE DADOS

Tese de Doutorado apresentada ao Instituto de

Química da Universidade Estadual de Campinas

como parte dos requisitos exigidos para a obtenção

do título de Doutora em Ciências

Orientador: Prof. Dr. Fabio Augusto

ESTE EXEMPLAR CORRESPONDE À VERSÃO FINAL DA TESE DEFENDIDA PELA

ALUNA PALOMA SANTANA PRATA, E ORIENTADA PELO PROF. DR. FABIO

AUGUSTO

CAMPINAS

2016

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BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Fabio Augusto (Orientador)

Dr. Ramsés Capilla (CENPES/Petrobras/RJ)

Prof. Dr. Bruno José Gonçalves da Silva (DQ-UFPR)

Profa. Dra. Márcia Cristina Breitkreitz (IQ-UNICAMP)

Prof. Dr. Paulo Cesar Muniz de Lacerda Miranda (IQ-UNICAMP)

A Ata da defesa com as respectivas assinaturas dos membros encontra-se no

processo de vida acadêmica do(a) aluno(a).

Este exemplar corresponde à redação final da Tese de

Doutorado defendida pela aluna PALOMA SANTANA

PRATA, aprovada pela Comissão Julgadora em 04 de

novembro de 2016.

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“Nothing in life is to be feared, it is only to be understood. Now

is the time to understand more, so that we way fear less.”

Marie Curie

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Dedico este trabalho aos meus amores,

Nancy, Paulo, Pablo e Hugo, que são a

minha fortaleza e meu refúgio.

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Agradecimentos

Em primeiro lugar agradeço ao bom Deus por ter me dado o dom da vida e

principalmente pela oportunidade de aprender, crescer e realizar tamanhos os sonhos

que tive até este momento e terei por toda a minha vida, obrigada!

Agradeço aos meus queridos e amados pais, Paulo e Nancy, e ao meu amado irmão,

Pablo, pela oportunidade, paciência, força e muito amor que me manteve firme por

todo esse tempo distante de vocês. Obrigada por estarem sempre torçendo,

acreditando e rezando infinitamente por mim!

Agradeço imensamente ao meu melhor amigo e namorado que a química me deu de

presente. Hugo César, sem você ao meu lado, esses anos seriam bem mais difíceis!

Obrigada pela força, viagens, congressos, discussões científicas e principalmente por

todo amor que construímos ao longo desses anos.

Aos meus familiares, em especial aos meus tios Filomeno, Ana Paula, Chico, Euclídia,

Neuza e Neilton por toda a preocupação, torcida e por compreender minha ausência

neste 4 anos.

Aos meus amigos de infância (Amanda, Alane, Fernandinha, Nahiara, Ítalo, Renata,

Tássia e Tarcila) obrigada pela amizade e pela torcida.

Ao meu orientador, Prof. Dr. Fabio Augusto, agradeço por todo o seu profissionalismo

e apoio durante esse tempo.

À minha grande amiga e companheira de laboratório, Noroska Gabriela (Gaby)

obrigada por compartilhar comigo os seus dias no Brasil com toda a sua alegria,

obrigada por me ajudar nos fracionamentos intermináveis e nas grandes discussões

sobre petróleo e cromatografia. Que continuemos essa amizade por toda a nossa vida.

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Às minhas parceiras de prestações de serviços, Mariana Gama e Lucília Vilela

(adorável amiga e técnica do laboratório) por todo tempo, dedicação, companheirismo

e boas gargalhadas.

Aos meus companheiros de laboratório do LCG e LabCrom (Breno, Bruno, Jadson,

Jordana, Mayra, Paula e Soraia) e em especial ao Pós-Doc Guilherme Alexandrino

agradeço pela parceria, paciência e ensinamentos sobre quimiometria.

À CAPES pela bolsa concedida.

Em fim, agradeço a todos os professores, funcionários e colegas do Instituto de

Química e a todos que contribuíram direta ou indiretamente para a realização deste

trabalho.

A todos minha sincera gratidão.

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RESUMO

A caracterização geoquímica é amplamente utilizada como ferramenta para estudo do

petróleo levando ao desenvolvimento de novas estratégias e tecnologias de

exploração de óleos brutos. Devido à alta complexidade desta fonte energética

natural, a utilização de técnicas analíticas com alto poder de resolução e sensibilidade

juntamente com ferramentas quimiométricas são necessárias para simplificação do

procedimento de análise – que tradicionalmente se baseia na determinação de

compostos ditos biomarcadores associados a determinadas características

geoquímicas. Este trabalho foi dividido em três capítulos, sendo que na primeira parte,

o principal objetivo foi extrair o máximo de informações geoquímicas (indicadores de

nível de biodegradação, indicadores de paleoambiente de deposição e de evolução

térmica) a partir de amostras obtidas de diferentes bacias sedimentares brasileiras por

metodologia convencional (GC-MS e GC-MS/MS) através da análise, identificação e

cálculo de parâmetros tendo como base famílias moleculares de biomarcadores de

petróleo. Na segunda etapa foi realizada a otimização das condições de trabalho para

a análise de petróleo por cromatografia gasosa bidimensional abrangente acoplado a

um espectrômetro de massas (GC×GC-QMS), juntamente com um pré-tratamento

simplificado das amostras (utilização da fração de maltenos) e análise de dados

utilizando a ferramenta quimiométrica de componentes principais multimodo (MPCA).

Os resultados mostraram que 4 componentes principais (PC) explicaram 93,57% da

variância dos dados, expressando principalmente a diferença entre hidrocarbonetos

saturados (n-alcanos entre C13-C18 e C19-C30 e os principais isopreníodes pristano e

fitano). A PC1 apresentou a maior variação entre os dados distinguindo óleos

severamente biodegradados dos demais óleos, enquanto que a hipótese sobre o tipo

de paleoambiente de deposição, condições de oxidação do meio e evolução térmica

dos óleos puderam ser sugeridas por interpretação das outras componentes de maior

relevância. Adicionalmente, considerações sobre a fonte das amostras de óleo

estudadas também foram inferidas baseadas na distribuição de fenantrenos e seus

derivados, e de terpanos tri-, tetra- e pentacíclicos. Por fim, no capítulo III foi realizado

uma comparação entre as duas metodologias e foi possível notar que este trabalho

pode vir a tornar-se uma nova ferramenta para a potencial análise no auxílio da

caracterização geoquímica de petróleo de modo a atribuir de maneira mais simples e

rápida informações sobre os processos de biodegradação, paleoambiente de

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deposição e evolução térmica do petróleo através da utilização do alto poder de

separação gerado pela GC×GC quando combinada a procedimentos de pré-

tratamento amostral extremamente simples empregado juntamente com a análise

multivariada empregando o MPCA.

Palavras-chave: Petróleo, Biomarcadores, GC×GC-QMS, MPCA.

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ABSTRACT

The geochemical characterization of petroleum is an essential task to

develop new strategies and technologies when analyzing the commercial potential of

crude oils for exploitation. Due to the chemical complexity of these natutal energy

surce, the use of modern analytical techniques along with multivariate exploratory data

analysis approaches are required to obtnaid simplified analysis procedure – which

traditionally is based on the determination of biomarkers compounds associated with

relevant geochemical characteristics about the oils. This work was divided intro tree

chapters; the main objective of the first chaptes was to extract important geochemical

information (biodegradation indicators, paleoenvironment and maturity indicators)

obtained from saturated fraction of sample oils from different production basins by

conventional methodology (GC-MS and GC-MS/MS) through the analysis,

identification and calculation of parameters based on biomarkers families. In the

second part of this study, after optimization of the best working conditions of oil by

comprehensive two-dimensional gas chromatography coupled to quadrupole mass

spectrometry (GC×GC-QMS) along with a simplified prior treatment, the maltene

fraction of the oils were analizated by GC×GC-QMS, and chromatographic data

treatment was performated by multiway principal component analysis (MPCA). The

results showed that four PC explained 93.57% of the data variance, expressing mainly

the differences on the profiles of the saturated hydrocarbon fraction of the oils (C13-

C18 and C19- C30 n-alkanes and the pristane/phytane ratio). The PC1 grouped the

samples of severely biodegraded oils, while the type of the depositional

paleoenvironments of the oils and its oxidation conditions (as well as their thermal

maturity) could be inferred analysing others relevant MPC. Additionally,

considerations about the source of the oil samples was also possible based on the

overall distribution of relevant biomarkers such as the phenanthrene derivatives, tri-,

tetra- and pentacyclic terpanes. Finaly, in Chapter III it was performed a comparison

of conventional (GC-MS and GC-MS/MS) and GC×GC-QMS + MPCA methods for oil

analysis. It can be concluded that this approach could aid the geochemical

chracterization of oils to generate simple and fast information about biodegradation,

paleoenvironment and maturity of petroleum.

Key-words: Petroleum, Biomarkers, GC×GC-QMS, MPCA.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1: Etapas de desenvolvimento da matéria orgânica e formação do petróleo.

FONTE: adaptado de Prata (2012) [18] e Peters et al. (2005) [17]. .......................... 29

FIGURA 2: Relação entre o precursor biológico (Hopanopoliol) e sua conversão no

biomarcador (Hopanóide) através da evolução diagenética da matéria orgânica. .... 30

FIGURA 3: Exemplos de biomarcadores indicativos de condições específicas em

paleoambiente deposicional: Gamacerano, -Carotano, Pristano e Fitano............... 31

FIGURA 4: Conversão do colesterol (precursor biológico) em sua estrutura geológica

mais estável (colestano - esterano C27) encontrado em sedimentos e no petróleo bruto.

ADAPTADO: Peters et al. (2005) [17]. ...................................................................... 33

FIGURA 5: Ilustração dos principais processos de geração e acumulação de petróleo

em rochas reservatórios: 1) Geração do óleo; 2) Migração primária; 3) Migração

secundária; 4) Acumulação do petróleo em rocha reservatório; 5) Escape do petróleo

para a superfície provocado por falhas na rocha reservatório. ADAPTADO: Burrus

(1998) [26]. ................................................................................................................ 35

FIGURA 6: Estrutura química do 4-metilesterano. .................................................... 36

FIGURA 7: Ilustração do processo de biodegradação e mudanças na qualidade do

petróleo. ADAPTADO: Cruz e Marsaioli (2012) [30]. ................................................. 37

FIGURA 8: Escala de biodegradação de petróleo que mostra o aumento do nível de

biodegradação de petróleo relacionado com a remoção seletiva de grupos de

biomardores. ADAPTADO: Prata (2012) [18] e Peters et al. (2005) [31]. .................. 38

FIGURA 9: Estrutura química do 17-25-norhopano, representativo da família dos

hopanos desmetilados utilizado como biomarcador de biodegradação. ................... 39

FIGURA 10: Ilustração da biossíntese de n-alcanos a partir de ácidos graxos.

ADAPTADO: Peters et al. (2005) [17] e Mogollón (2015) [35]. .................................. 40

FIGURA 11: Cromatogramas representativos da fração saturada de petróleo não-

biodegradado (a) e com aumento da biodegradação (b, c e d) com ênfase para os

compostos pristano (pr) e 17-hopano. ADAPTADO: Peters et al. (2002) [37]. ....... 41

FIGURA 12: Formação do pristano e fitano através da cadeia lateral da clorofila.

ADAPTADO: Prata (2012) [18] e Peters et al. (2005) [17]......................................... 42

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FIGURA 13: Formação do pristano através da oxidação e descarboxilação do

tocoferol presente em ambientes de água doce. ADAPTADO: Rontani e Bonin (2011)

[38]. ........................................................................................................................... 43

FIGURA 14: Estrutura química do -carotano e seu principal fragmento característico.

.................................................................................................................................. 44

FIGURA 15: Estrutura das principais famílias de esteranos (esteranos regurales,

diasteranos e 4-metilesteranos). ............................................................................. 45

FIGURA 16: Diagrama ternário que expressa a distribuição de esteranos em relação

a fonte de organismos e os respectivos paleoambientes de deposição. ADAPTADO:

Kilops (2005) e Huang (1979) [41, 46] ...................................................................... 46

FIGURA 17: Estruturas dos epímeros biológicos (20R) e geológico (20S) para o

5(H),14(H),17(H) C29 esterano. ........................................................................... 47

FIGURA 18: Configurações esteroisoméricas dos hopanos: 7,21(H)-hopanos ()

(a), os 17,21(H)-hopanos () (b) e os 17,21(H)-hopanos () ou moretanos (c)

.................................................................................................................................. 48

FIGURA 19: Transformação da bacteriohopanotetrol no hopano de configuração

biológica e em seguida a sua transformação nas configurações geológicas presentes

em óleos brutos e rochas geradoras. ADAPTADO: Peters et al. (2005) [31] e

Farrimond et al. (1996) [50]. ...................................................................................... 49

FIGURA 20: Estruturas do 17(H)-22,29,30-trisnorhopano (Tm) e 18(H)-22,29,30-

trisnorneohopano (Ts). .............................................................................................. 50

FIGURA 21: Estrutura química do gamacerano (C30H52) monitorado através da

transição m/z 412>191. ............................................................................................. 51

FIGURA 22: Mapa de localização das principais bacias produtoras de petróleo do

Brasil. ........................................................................................................................ 57

FIGURA 23: Fluxograma do fracionamento sara com extração da fração de

hidrocarbonetos saturados, análise por GC-MS e GC-MS/MS, identificação de

biomarcadores, cálculo de parâmetros e caracterização do petróleo. ...................... 59

FIGURA 24: Cromatogramas dos íons totais (a) e os fragmentogramas do íon extraído

m/z 85 (b) representativo das amostras provenientes da bacia de Campos, com

diferentes níveis de biodegradação. .......................................................................... 63

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FIGURA 25: Cromatogramas dos íons totais (a) e os fragmentogramas do íon extraído

m/z 85 (b) representativo das amostras provenientes da bacia Potiguar (Rio Grande

do Norte), Sergipe/Alagoas e Miranga. ..................................................................... 64

FIGURA 26: Fragmentogramas do íon m/z 125 obtidos por GC-MS, representativos

de amostras com alta abundância relativa , baixa abundância e sem a presença de -

Carotano. ................................................................................................................... 68

FIGURA 27: Cromatogramas representativos das amostras de petróleo no modo sem

com sua identificação por números (ver Tabela 5 em anexo) para as transições

correspondete à família de esteranos. ...................................................................... 70

FIGURA 28: Estrutura química dos esteranos C30: 24-n-propilcolestano e 24-iso-

propilcolestano. ......................................................................................................... 72

FIGURA 29: Estruturas químicas representativas das principais classes de 4-

metilesteranos: 4-metil-24-etilcolestano (a) e 4,23,24-trimetilcolestano (b). ......... 73

FIGURA 30: Cromatogramas das amostras (a) M1, (b) M2 e (c) TM2 para a série dos

4-metilesteranos obtidos por GC-MS/MS(SRM) através das transições m/z 414 > 231

(séries dos 4-metilestigmastanos) e m/z 414 > 98 (série dos dinosteranos). ............ 74

FIGURA 31: Cromatogramas correspondentes aos terpanos pentacíclicos (hopanos)

representativos para as amostras da bacia de Sergipe/Alagoas (TM2) característico

de amostras marinhas e C10 representando amostras da bacia de Campos, Miranga

e Potiguar. ................................................................................................................. 76

FIGURA 32: Típico sistema de cromatografia de frações parciais (GC-GC).

ADAPTADO: Seeley (2012) [87]. .............................................................................. 86

FIGURA 33: Representação gráfica da capacidade de pico de sistemas

cromatográficos convencionais, não-abrangentes e abrangentes. ........................... 87

FIGURA 34: Representação de um sistema típico e simplificado da cromatografia

gasosa bidimensional abrangente. ADAPTADO: Liu e Phillips (1991) [96]. .............. 88

FIGURA 35: Influência do período de modulação na separação cromatográfica. em

(a) PM 6s com separação dos compostos; (b) 7s e (c) 8s respectivamente.

ADAPTADO: Mostafa et al. (2012) [101]. .................................................................. 90

FIGURA 36: Separações cromatográfica utilizando um conjunto apolar + polar (a) e

polar + apolar (b). ADAPTADO: Mondello (2011) [103]. ............................................ 91

FIGURA 37: Ilustração do processo básico de geração de um cromatograma

bidimensional. ADAPTADO: Dallüge et al. (2003) [81]. ............................................. 93

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FIGURA 38: Ilustração simplificada do funcionamento de um modulador criogênico de

quatro jatos. ADAPTADO: Hantao (2014) [114]. ....................................................... 94

FIGURA 39: Ilustração simplificada do funcionamento de um modulador criogênico de

Loop. ADAPTADO: Hantao (2014) [114]. .................................................................. 95

FIGURA 40: Ilustração da decomposição de uma matriz X em seus respectivos

escores (T) e pesos (P) para cada componente principal. ........................................ 97

FIGURA 41: Desdobramento de um cubo de dados multidimensional (1tr x 2tr x n) em

uma matriz de dados X (n, 1tr x 2tr) antes de ser realizado o PCA. ............................ 98

FIGURA 42: Gráfico que ilustra o número de publicações por ano para a pesquisa de

petróleo e GC×GC. FONTE: Web of Science [126]................................................... 99

FIGURA 43: Fluxograma de isolamento da fração de maltenos para posterior análise

por GC×GC, análise de dados por MPCA e caracterização do petróleo. ................ 104

FIGURA 44: Melhores cromatogramas utilizando o modulador de 4 jatos. (a) 20% de

inserção de jato quente, (b) 30%, (c) 40 % e (d) 50% respectivamente. ................. 108

FIGURA 45: Cromatogramas do óleo bruto obtidos por GC×GC-FID com modulador

de 4 jatos utilizando como gás de resfriamento gelo seco (a) e mistura de água + gelo

(b). ........................................................................................................................... 109

FIGURA 46: Cromatogramas de diferentes jogos de colunas: (a) HP5 + BPX-50; (b)

Petrocol + SolgelWax; (c) HP1 + IL; (d) HP5 + SogelWax. .................................... 111

FIGURA 47: Cromatogramas referentes aos testes realizado com diferentes períodos

de modulação para a análise da fração de maltenos: (a) PM = 3 s; (b) PM = 6 s; (c) PM

= 8 s; (d) PM = 10 s. ................................................................................................. 113

FIGURA 48: Cromatogramas bidimensionais GC×GC-QMS (TIC) de diferentes óleos

provenientes da bacia de campos e com diferentes níveis de biodegradação: (a) sem

biodegradação, (b) leve, (c) moderado e (d) severa. .............................................. 115

FIGURA 49: Gráfico de hotelling (T2) por resíduos (Q), verificando a ausência de

outliers no conjunto de amostras analisadas. as amostras em vermelho são

provenientes da bacia de Campos, em verde são da bacia de Sergipe/Alagoas, em

azul escuro e azul claro as amostras do Recôncavo e Potiguar respectivamente. . 116

FIGURA 50: Gráfico de escores da PC1 x PC2 obtidos após o mpca dos dados obtidos

por GC×GC-QMS (TIC) para a fração de maltenos. As cores vermelho, verde, azul

escuro e azul claro evidenciam os óleos oriundos das bacias sedimentares de

Campos, Sergipe/Alagoas, Recôncavo e Potiguar, respectivamente. .................... 117

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FIGURA 51: Cromatograma representativo dos pesos da PC1. ............................. 118

FIGURA 52: Escores da PC1 a partir do pca realizado com a normalização dos dados

GC×GC-QMS (TIC) obtidos da fração de maltenos. em verde destacam-se os óleos

da bacia de Sergipe/Alagoas, vermelho os da bacia de Campos, azul escuro são do

Recôncavo e azul claro óleos provenientes da bacia Potiguar. .............................. 119

FIGURA 53: Cromatograma representativo dos pesos da PC2: Pesos positivos em

amarelo e pesos negativos em azul. ....................................................................... 121

FIGURA 54: Cromatograma representativo dos pesos da PC3: Pesos positivos em

amarelo e negativos em azul. .................................................................................. 121

FIGURA 55: Gráfico de escores da PC2 X PC3 para a fração de maltenos obtidos

através do GC×GC-QMS (TIC). Os óleos foram ordenados de acordo com suas bacias

sedimentares: Sergipe/Alagoas (verde), Campos (vermelho), Recôncavo (azul

escuro) e Potiguar (azul claro). ............................................................................... 122

FIGURA 56: Cromatograma representativo do gráfico de pesos da PC4. .............. 123

FIGURA 57: Gráfico de escores da PC1 X PC4 para a fração de maltenos obtidos

através do GC×GC-QMS (TIC). As cores verde, vermelho, azul escuro e azul claro

evidenciam os óleos estudados provenientes das bacias de Sergipe/Alagoas,

Campos, Recôncavo e Potiguar, respectivamente. ................................................. 124

FIGURA 58: Cromatograma representativo do gráfico de pesos da PC4 utilizando os

cromatogramas dos íons extraídos (m/z 113, m/z 127, m/z 169 e m/z 183) enfatizando

a relação dos isoprenóides (principalmente Pr e F) na fração de maltenos. ........... 125

FIGURA 59: Gráfico de escores da PC1 X PC4 utilizando os cromatogramas dos íons

extraídos (m/z 113, m/z 127, m/z 169 e m/z 183). as cores verde, vermelho, azul

escuro e azul claro evidenciam os óleos estudados provenientes das bacias de

Sergipe/Alagoas, Campos, Recôncavo e Potiguar, respectivamente. .................... 126

FIGURA 60: Cromatograma representativo dos pesos da PC1 utilizando os

cromatogramas do íon extraído (m/z 191) enfatizando a variação principalmente entre

os terpanos tricíclicos e metil- e dimetil fenantreno. ................................................ 128

FIGURA 61: Gráfico de escores da PC1 X PC2 utilizando os cromatogramas do íon

extraído (m/z 191). As cores verde, vermelho, azul escuro e azul claro evidenciam os

óleos estudados provenientes das bacias de Sergipe/Alagoas, Campos, Recôncavo e

Potiguar, respectivamente. ...................................................................................... 129

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FIGURA 62: Cromatograma representativo dos pesos da PC2 utilizando os

cromatogramas do íon extraído (m/z 191) enfatizando a variação principalmente entre

os terpanos tricíclicos e metil- e dimetil fenantreno. ................................................ 130

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LISTA DE TABELAS

TABELA 1: Principais transições (íons precursores e íons produtos) utilizadas para a investigação e identificação de esteranos. ................................................................ 45

TABELA 2: Principais transições por MRM para a análise dos principais composto da família de Hopanos. .................................................................................................. 48

TABELA 3: Informações sobre as bacias sedimentares nas quais as amostras de petróleo foram extraídas. ........................................................................................... 58

TABELA 4: Tabela de parâmetros de biomarcadores de petróleo utilizados para a identificação do ambiente deposicional e evolução térmica dos óleos estudados. ... 80

TABELA 5: Tabela de compostos identificados por GC-MS/MS em todas as amostras de petróleo. ............................................................................................................... 82

TABELA 6: Conjuntos de colunas avaliados para a melhor separação dos compostos de petróleo por GC×GC. ......................................................................................... 110

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LISTA DE ABREVIAÇÕES

1D: Primeira dimensão

2D: Segunda dimensão

1tR: Tempo de retenção na primeira dimensão

2tR: Tempo de retenção na segunda dimensão

BPX-50: 50% fenil,50% polidimetilsiloxano

CAD: Dissociação induzida por colisão (collisionally activated dissociation)

COW: Correlation Optimazed Warping

DB-1: 100% dimetilsiloxano

DB-17: 50% fenil,50% polidimetilsiloxano

DB5: 5 % fenil polidimetilsiloxano

FID: detector por ionização em chama

GC: cromatografia gasosa convencional

GC×GC: cromatografia gasosa bidimensional abrangente

GC×GC-FID: cromatografia gasosa bidimensional abrangente com detecção por ionização em chama

GC×GC-QMS: cromatografia gasosa bidimensional abrangente com detecção por espectrometria de massas com analisador quadrupolo

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GC-FID: cromatografia gasosa convencional com detecção por ionização em chama

GC-MS/MS: Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas sequêncial

HC/MDGC: Cromatografia gasosa multidimensional de frações parciais

HP5: 5% fenil polidimetilsiloxano

HP50: 50% fenil,50% polidimetilsiloxano

HPLC : cromatografia líquida de alta eficiência

ICP: Índice de Preferência de carbonos

IL61: 1,12-Di [tripropilfosfônio] dodecano[Tf2N] trifluorometilsulfonato

loop: Alça de modulação

m/z: razão massa/carga

MPCA: análise de componentes principais multimodo

n1: capacidade de pico da primeira dimensão

n2: capacidade de pico da segunda dimensão

PC: componente principal

PCA: análise de componentes principais

PM: Período de modulação

SARA: separação em coluna aberta das frações de saturados, aromáticos, resinas e

asfaltenos contidas no petróleo

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SFC: Cromatografia em liquido supercrítico (Supercritical Fluid Chromatography)

SIM: Monitoramento de íon selecionado (selected ion monitoring)

Solgelwax: polietilenoglicol

SRM: Monitoramento de reação selecionada (selected reaction monitoring)

SRM/GC-MS: Cromatografia gasosa acoplada a espectrometria de massas, analise

no modo de monitoramento de reação selecionada

TIC: Cromatograma de íons totais (total ion chromatogram)

UCM: Mistura complexa não-resolvida

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO GERAL ........................................................................ 24

CAPÍTULO I ......................................................................................... 27

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA CONVENCIONAL DE PETRÓLEO

POR GC-MS E GC-MS/MS .................................................................. 27

1.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 28

1.1.1. PETRÓLEO .............................................................................................. 28

1.1.2. BIOMARCADORES .................................................................................. 30

1.1.3. PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE BIOMARCADORES ...................................... 39

1.1.4. CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA A ESPECTROMETRIA DE

MASSAS (GC-MS e GC-MS/MS) ........................................................................... 52

1.2. OBJETIVOS .................................................................................................... 55

1.2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ..................................................................... 55

1.3. PARTE EXPERIMENTAL ............................................................................... 56

1.3.1. MATERIAIS ............................................................................................... 56

1.3.2. LIMPEZA DE VIDRARIAS ........................................................................ 56

1.3.3. AMOSTRAS DE ÓLEO BRUTO ............................................................... 56

1.3.5. CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS ....................................................... 60

1.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................... 61

1.4.1. n-ALCANOS E ISOPRENOIDES .............................................................. 61

1.4.2. -CAROTANO .......................................................................................... 66

1.4.3. ESTERANOS ............................................................................................ 69

1.4.4. HOPANOS ................................................................................................ 75

1.5. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA ORGÂNICA DAS AMOSTRAS

ANALISADAS ........................................................................................................... 78

1.6. ANEXOS ......................................................................................................... 80

CAPÍTULO II ........................................................................................ 84

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DE PETRÓLEO POR GC×GC-MS

E FERRAMENTAS QUIMIOMÉTRICAS .............................................. 84

2.1. INTRODUÇÃO ................................................................................................ 85

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2.1.1. TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS MULTIDIMENSIONAIS ..................... 85

2.1.2. FERRAMENTAS QUIMIOMÉTRICAS ...................................................... 96

2.1.3. ANÁLISE DE PETRÓLEO E INVESTIGAÇÃO DE BIOMARCADORES

POR GC×GC E QUIMIOMETRIA .......................................................................... 98

2.2. OBJETIVOS .................................................................................................. 102

2.2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS ................................................................... 102

2.3. PARTE EXPERIMENTAL ............................................................................. 103

2.3.1. MATERIAIS ............................................................................................. 103

2.3.2. LIMPEZA DE VIDRARIAS ...................................................................... 103

2.3.3. APRESENTAÇÃO DAS AMOSTRAS ..................................................... 103

2.3.4. ISOLAMENTO DA FRAÇÃO DE MALTENOS ........................................ 103

2.3.5. CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS ..................................................... 105

2.3.6. MODELAGEM QUIMIOMÉTRICA .......................................................... 106

2.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................... 106

2.4.1. OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ANÁLISE POR GC×GC .............. 106

2.4.2. AVALIAÇÃO DOS PERFIS CROMATOGRÁFICOS POR GC×GC-QMS E

ANÁLISE QUIMIOMÉTRICA ................................................................................ 114

2.5. CONCLUSÕES ............................................................................................. 130

CAPÍTULO III ..................................................................................... 132

COMPARAÇÃO ENTRE A ANÁLISE CONVENCIONAL (GC-MS E GC-

MS/MS) E GCXGC-QMS COM ANÁLISE MULTIVARIADA DE DADOS

(MPCA) PARA CARACTERIZAÇÃO DE PETRÓLEO, CONCLUSÕES

GERAIS E PERSPECTIVAS .............................................................. 132

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................. 135

4.1. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................ 136

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24

INTRODUÇÃO GERAL

O petróleo é uma mistura complexa formada por milhares de compostos

orgânicos constituídos principalmente por hidrocarbonetos saturados, aromáticos,

resinas, asfaltenos além de compostos contendo enxofre, nitrogênio, oxigênio e

alguns metais tais como níquel e vanádio [1]. A partir das frações obtidas é possível

obter a identificação de diversas classes de compostos para a caracterização do óleo.

Estes compostos, os biomarcadores (compostos orgânicos fósseis originados de

compostos naturais que sofrem transformações ao longo do tempo, pressão e

temperatura, mantendo a estrutura principal intacta), são amplamente utilizados na

indústria de petróleo para identificar grupos de óleos geneticamente relacionados,

para correlacionar óleos com suas rochas fontes, além de obter informações sobre a

origem da matéria orgânica contida em uma rocha sedimentar, do paleoambiente de

deposição, do grau de evolução térmica e biodegradação de óleos [2, 3].

A principal metodologia para a classificação do óleo por análise de

biomarcadores consiste em fracionar o petróleo através da cromatografia em coluna

aberta (SARA) para a separação dos hidrocarbonetos saturados, aromáticos, resinas

e asfaltenos por diferença de polaridade, e caracterizar estas frações (principalmente

a fração de hidrocarbonetos saturados) por diversas metodologias analíticas utilizando

por exemplo as técnicas de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) [4, 5],

cromatografia de fluido supercrítico (SFC) [6], e principalmente a cromatografia

gasosa acoplada com detector por ionização em chamas (GC-FID) e espectrômetro

de massas (GC-MS) [7].

A GC-MS é uma das técnicas instrumentais que mais se destacam para

esta finalidade. Uma “impressão digital” do óleo pode ser obtida através da

identificação de diversas classes químicas realizada por similaridade espectral. Em

algumas situações, o monitoramento seletivo de íons (SIM) pode ser utilizado e

mesmo que exista um alto grau de coeluição, o íon do analito será detectado com

precisão e exatidão, exceto no caso em que um mesmo íon é proveniente de

diferentes compostos. Contudo, nesse caso, a informação espectral que fornece a

base para a elucidação estrutural é perdida. Alternativamente, sistemas de tandem

(MSn), são altamente seletivos e informativo quanto a estrutura do analito.

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25

Entretanto, mesmo aproveitando ao máximo o potencial do sistema

cromatográfico e do MS, muitas vezes não é possível obter a separação requerida à

caracterização dos componentes de determinada amostra. Além disso, a baixa

resolução e/ou baixo limite de detecção deste equipamento podem omitir informações

importantes geradas por compostos que apresentam baixa relação sinal/ruído. Outra

deficiência está no refinado manuseio e tratamento amostral. É imprescindível uma

etapa de fracionamento, limpeza e separação em diversas classes de compostos

devido a diferença de polaridade encontrada em uma única amostra (saturados,

aromáticos, resinas e asfaltenos) na qual é requerido tempo e experiência do analista.

Portanto, para a resolução destes problemas, faz-se necessário a utilização de

metodologias e equipamentos que forneçam alta resolução, sensibilidade e detecção.

A Cromatografia gasosa bidimensional abrangente (GC×GC) destaca-se

principalmente pela análise com o mínimo pré-tratamento amostral e por nos oferecer

um máximo de informações em uma única análise [8]. Nessa técnica os compostos

que co-eluem na primeira coluna podem ser separados na segunda, especialmente

se as fases estacionárias possuem capacidades de solvatação distintas e portanto,

diferentes seletividades [9]. Além disso, os conjuntos de colunas devem levar a maior

utilização do espaço cromatográfico, ou seja, uma maior capacidade de picos (número

máximo de picos separáveis) [10].

No cromatograma do sistema GC×GC é possível visualizar diversos

compostos ou grupos de compostos correlacionados que são melhor resolvidos e que

co-eluiriam utilizando a técnica de GC convencional, resultando em um maior

detalhamento da composição e diversidade da amostra, tornando-se uma

característica única e poderosa em comparação com outras técnicas. Sendo assim, a

GC×GC tornou-se uma das técnicas mais vantajosas na análise de misturas de alta

complexidade, tais como drogas, alimentos, amostras biológicas e petróleo.

Embora a GC×GC seja superior quando comparada a GC convencional, a

complexidade da amostra juntamente com a grande quantidade de dados gerados

obtidos por GC×GC tornam utilização de ferramentas quimiométricas uma

interessante estratégia para fins da análise de dados, facilitando a compreensão dos

resultados que não seriam facilmente resolvidos pelo analista [11, 12].

A adicional dimensão cromatográfica adquirida na análise por técnicas

multidimensionais, tal como a GC×GC, requer a utilização de métodos quimiométricos

capazes de analisar de maneira correta os dados multivariados gerados. Dessa forma,

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26

na análise por MPCA (Multiway Principal Components Analysis), que é

estatisticamente equivalente a PCA (Principal Components Analysis), os dados são

desdobrados em um arranjo de dados multidimensional, por exemplo dados GC×GC-

QMS, em uma matriz (amostras, tempo de retenção 1D + tempo de retenção 2D) antes

de ser realizado o PCA [13]. Dessa forma, a análise quimiométrica multivariada pode

ser uma alternativa para a extração de informações de perfis cromatográficos de

amostras de petróleo de diferentes bacias sedimentares.

Nesse contexto, a proposta deste trabalho foi verificar se a cromatografia

bidimensional combinada com ferramentas quimiométricas poderia se tornar uma

alternativa para a caracterização geoquímica orgânica dispensando as etapas

manuais de fracionamento. Assim, este trabalho foi subdividido em três capítulos, no

qual o Capítulo I tratará a caracterização geoquímica de diversos óleos provenientes

de diferentes bacias petrolíferas brasileiras por meio da investigação de

biomarcadores e cálculo de parâmetros geoquímicos da fração de hidrocarbonetos

saturados por técnicas convencionais GC-QMS e GC-MS/MS para a determinação do

paleoambiente de deposição do óleo, evolução térmica e principalmente

biodegradação das amostras. O Capítulo II, irá abordar a simplificação no

procedimento de análise utilizando como técnica cromatográfica a GC×GC juntamente

com ferramentas quimiométricas (MPCA) com o objetivo de associar de maneira direta

os perfis bidimensionais das amostras com os principais parâmetros geoquímicos sem

a necessidade de identificação e determinação individual de biomarcadores para a

caracterização geoquímica das mesmas amostras utilizadas anteriormente. Por fim, o

Capítulo III, fará uma comparação entre as duas metodologias com a finalidade de

comprovar que a caracterização de petróleo é possível utilizando metodologias

diferenciadas como a realizada neste trabalho.

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27

Capítulo I

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA CONVENCIONAL

DE PETRÓLEO POR GC-MS E GC-MS/MS

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28

1.1. INTRODUÇÃO

1.1.1. PETRÓLEO

As transformações físico-químicas da matéria orgânica durante a

sedimentação juntamente com a atividade biológica e alteração da temperatura e

pressão dão origem ao petróleo [14]. Característico por ser rico em hidrocarbonetos

saturados, aromáticos, resinas e asfaltenos, o petróleo atualmente é considerado uma

das fontes naturais de maior valor econômico do mundo e por isso teorias sobre a sua

origem e formação são determinantes para a investigação e suposições sobre a

produção e quantidade de óleo ainda existente [15].

1.1.1.1. FORMAÇÃO E ORIGEM

Existem diversas teorias que explicam a origem e formação do petróleo,

contudo dois modelos teóricos se destacam devido ao contraste em suas ideias. A

teoria abiogênica ou abiótica (inorgânica) afirma que o petróleo deriva de processos

não biológicos por formação do metano no manto terrestre, com posterior

polimerização e migração por falha tectônicas para níveis mais rasos da crosta

terrestre [15, 16]. Já a teoria biótica ou biogênica (orgânica) sustenta a formação do

petróleo a partir do soterramento da matéria orgânica com o auxílio de pressão,

temperatura e tempo [14]. Embora existam evidências científicas para ambas as

teorias, a mais aceita é a origem orgânica. No entanto, não há nada que impeça que

ambas as teorias sejam verdadeiras.

A teoria biogênica está baseada nas transformações físico-químicas que a

matéria orgânica sofre durante a história geológica das bacias sedimentares, e o

processo de conversão deste material em petróleo pode ser subdividido em três

estágios de evolução:

- Diagênese: período em que a matéria orgânica sofre alterações microbiológicas no

qual biopolímeros (lipídeos, proteínas, carboidratos) são consumidos e transformados

em novas estruturas policondensadas (geopolímeros) através da perda de grupos

funcionais, reações de condensação, aromatização e polimerização dando origem ao

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querogênio, que é defino como a fração complexa insolúvel rica em matéria orgânica

presente em rochas sedimentares) [14, 17].

- Catagênese: período em que há um aumento da temperatura e pressão devido a

consecutiva deposição sedimentar que altera significativamente a estrutura do

querogênio através da perda de cadeias alifáticas e redução de duplas ligações com

formação do petróleo rico em hidrocarbonetos de cadeias curtas e geração de gás

úmido. É nesta etapa que o querogênio chega ao seu estágio final.

- Metagênese: último estágio da evolução da matéria orgânica, caracterizado por alta

temperatura e pressão onde há a transformação dos restos de matéria orgânica em

gás metano e resíduos carbonosos.

A Figura 1 representa as etapas descritas acima. É possível notar todos os

estágios de desenvolvimento progressivo da matéria orgânica durante a evolução

sedimentar e por conseguinte a formação do petróleo.

Figura 1: Etapas de desenvolvimento da matéria orgânica e formação do petróleo. Fonte:

Adaptado de Prata (2012) [18] e Peters et al. (2005) [17].

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30

1.1.2. BIOMARCADORES

Marcadores biológicos, biomarcadores ou fósséis químicos são compostos

orgânicos complexos constituídos por carbono, hidrogênio e outros elementos

originados de produtos naturais que sofreram pequenas transformações durante o

processo de formação do petróleo (principalmente durante a diagênese e catagênese)

devido ao aumento de temperatura, pressão e sedimentação, mantendo a estrutura

principal intacta [2, 17].

Três características são essenciais para que um composto seja

considerado um biomarcador, são elas:

- ter esqueleto quimicamente estável para que não sofra degradação durante a

evolução da matéria orgânica;

- a estrutura principal deve estar relacionada e ser encontrada em altas concentrações

em organismos vivos;

- o precursor biológico deve ser comum para um conjunto de indivíduos;

Um exemplo da relação precursor biológico/biomarcador pode ser

encontrado na Figura 2, onde o precursor, um hopanopoliol comum no reino

procarionte, dá origem a classe de hopanos encontrados no petróleo [19].

Figura 2: Relação entre o precursor biológico (Hopanopoliol) e sua conversão no biomarcador

(Hopanóide) através da evolução diagenética da matéria orgânica.

Na indústria petroquímica a avaliação dos biomarcadores é extremamente

importante por permitir identificar grupos de óleos geneticamente relacionados,

correlacionar óleos com suas fontes geradoras, além de obter informações sobre a

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origem da matéria orgânica e paleambiente de deposição em que o petróleo foi

gerado, grau de evolução térmica da matéria orgânica, migração e biodegradação do

óleo [3, 14]. Isto acontence em virtude da correlação entre os biomarcadores com

processos dinâmicos associados a formação e evolução de sedimentos com a matéria

orgânica [20]. Em razão disto, a busca por novos biomarcadores, bem como um

estudo aprofundado do petróleo são importantes e fundamentais na busca da origem

do sistema deposicional, do grau de evolução térmica e preservação das

características originais. Desta forma é possível classificar os biomarcadores em cinco

tipos distintos: i) indicadores de paleoambiente de deposição, ii) evolução térmica, iii)

identidade (correlação óleo/óleo e óleo/rocha geradora), iv) biodegradação e v)

migração.

1.1.2.1. PALEOAMBIENTE DE DEPOSIÇÃO

A avaliação do paleoambiente de deposição é essencial para a

carcaterização do tipo de matéria orgânica presente nos sedimentos que podem estar

associados a microorganismos, plantas e animais (biotas específicos) que se

desenvolveram naqueles ambientes antes da geração do petróleo, deixando seus

registros químicos nos sedimentos ou no óleo.

Biomarcadores específicos como o gamacerano e-carotano (Figura 3),

por exemplo, são característicos em ambientes com alta salinidade e por isso podem

ser utilizados como biomarcadores associados a fonte deposicional. Outro exemplo

específico são isoprenóides pristano (Pr) e fitano (F) que estão associados as

condições redox do ambiente (óxico ou anóxico) apresentados na Figura 3 [17].

Figura 3: Exemplos de biomarcadores indicativos de condições específicas em paleoambiente

deposicional: Gamacerano, -carotano, Pristano e Fitano.

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Atualmente, novos biomarcadores característicos de ambientes

específicos estão sendo estudados, Kaiser e Arz (2016) [21] verificaram a presença

de possíveis novos biomarcadores em sedimentos do mar báltico. Hakimi e Ahmed

(2016) [22] caracterizaram rochas geradoras da sub-bacia de Jiza localizada a oeste

do Yemen no Oriente Médio através da análise geoquímica e observaram que as

rochas desta sub-bacia foram depositadas em um ambiente marinho deltáico, com

contribuição de matéria orgânica marinha e terrestre.

1.1.2.2. EVOLUÇÃO TÉRMICA

A evolução térmica é a alteração progressiva que a matéria orgânica

sedimentar sofre durante a formação do petróleo por efeitos termocatalíticos [20]. É

neste período que ocorre o craqueamento do querogênio e formação de

hidrocarbonetos que irão compor o petróleo. A temperatura é o fator principal para que

esta transformação ocorra. Quando esta temperatura é ideal, pode-se dizer que o

petróleo está ou ultrapassou a “janela de geração de óleo”. Portanto, este fator é

essencial na indústria petroquímica para identificação de potenciais níveis de

geradores, servindo para qualificar uma bacia sedimentar geradora de petróleo [20].

Muitos dos biomarcadores utilizados como indicadores de evolução

térmica estão relacionados a reações de esteroisomerizações, craqueamento e

aromatização, modificando a estereoquímica do composto convertendo-os em seus

produtos mais estáveis [2]. Um exemplo clássico é mostrado na Figura 4 onde é

possível observar a conversão do colesterol (precursor biológico) em seu produto mais

estável chamado de colestano (produto geológico) através da quebra de uma ligação

dupla e perda de uma hidroxila durante a diagênese.

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Figura 4: Conversão do colesterol (precursor biológico) em sua estrutura geológica mais estável

(Colestano - Esterano C27) encontrado em sedimentos e no petróleo bruto. ADAPTADO: Peters

et al. (2005) [17].

Hackley et al. (2013) [23] avaliaram a evolução térmica de diversas

amostras provenientes dos Apalaches (Estados Unidos) por multiplas técnicas

analíticas (reflectância de vitrinita, pirólise de rochas, cromatografia gasosa dos

extratos de rochas e da fração de saturados) e observaram que a avaliação evolução

térmica através da análise cromatográfica de biomarcadores mostrou-se mais

confiável em comparação com outras análises, principalmente em relação ao índice

de reflectância de vitrinita.

1.1.2.3. IDENTIDADE (CORRELAÇÃO ÓLEO/ÓLEO E ÓLEO/ROCHA

GERADORA)

Os biomarcadores responsáveis pela caracterização da identidade do

petróleo servem para identificar similaridades ou diferenças entre conjuntos de óleos

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provenientes de uma mesma rocha geradora ou bacia (correlação óleo/óleo) ou

comparando-se diversos óleos com potenciais rochas geradoras (correlação

óleo/rocha geradora) [20].

Murillo et al. (2016) [24] analisaram petróleo e sedimentos da bacia de

Hammerfest (Noruega) e sugeriram a correlação entre diferentes óleos e

condensados por análise estatística multivariada (análise de agrupamentos

hierárquicos e PCA) utilizando dados geoquímicos como n-alcanos, isoprenóides e

compostos aromáticos. Além disso, os autores sugeriram a correlação entre óleos e

rochas geradoras específicas.

1.1.2.4. MIGRAÇÃO

Após a formação do petróleo podem ocorrer diversos processos de

transformação do petróleo, um destes processos pode modificar a composição do

petróleo bruto é a migração, que é controloda por efeitos físico-químicos que

influenciam na mudança de local destes óleos para zonas de acumulação que

possuem porosidade e permeablilidade ideal para armazenamento do mesmo

(chamadas de rochas reservatórios ou traps) [25].

Este processo é controlado por fatores como a pressão sedimentar

presente naquele ambiente, tamanho dos poros das rochas geradoras e reservatórios

e força ou pressão capilar que ocorre devido a tensão interfacial entre duas fases

imiscíveis (óleo/água, gás/água) . Sendo assim, a migração pode ser subdividida em

três etapas:

i) migração primária: que ocorre quando a pressão de saturação dos poros de

uma rocha supera a pressão da própria rocha, gerando microfissuras que

se comunicam e o óleo é expulso da rocha;

ii) migração secundária: que ocorre fora da rocha geradora, em rochas com

boa permeabilidade e boa porosidade, podendo ocorrer por falhas e/ou

fissuras;

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iii) migração terciária: que acontece principalmente devido a efeitos tectônicos

que provocam falhas nas rochas reservatórios e fazem com que o petróleo

migre para uma outra rocha reservatório.

Após o período de geração, migração e acumulação do óleo na rocha

reservatório, o óleo acumulado pode ser descoberto por falhas e infiltração ou escape

do óleo para a superfície (exudação) [26]. A Figura 5 ilustra os principais processos

para a formação e acumulação do petróleo em bacias sedimentares: 1) geração do

óleo em rochas geradoras; 2) migração primária do óleo; 3) migração secundária do

petróleo; 4) acumulação do óleo em uma rocha reservatório; 5) o escape do petróleo

para a superfície em consequência de uma fratura na rocha reservatório.

Figura 5: Ilustração dos principais processos de geração e acumulação de petróleo em rochas

reservatórios: 1) geração do óleo; 2) migração primária; 3) migração secundária; 4) acumulação

do petróleo em rocha reservatório; 5) escape do petróleo para a superfície provocado por falhas

na rocha reservatório. ADAPTADO: Burrus (1998) [26].

Após o estudo geológico da bacia, juntamente com a análise de

biomarcadores que podem indicar a migração do petróleo é possível chegar na fonte

geradora do óleo, bem como em novas acumulações de petróleo ao logo da bacia

sedimentar. Um exemplo clássico de biomarcadores indicadores de migração é família

dos esteranos. Zhang et al. (2004) [27] classificaram óleos pertencentes a uma

mesma bacia que apresentaram características de migração através da presença e

ausência de 4-metilesteranos (Figura 6).

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Figura 6: Estrutura química do 4-metilesterano.

1.1.2.5. BIODEGRADAÇÃO

A biodegradação – alteração das propriedades físicas e químicas do

petróleo por organismos vivos [28] – pode ser considerada um dos fatores mais

importantes da análise geoquímica devido a sua influência e modificação da qualidade

e composição do óleo, o que torna os processos de refino despendiosos, prejudicando

a indústria petroquímica responsável por atuar nesta área [29].

A biodegradação é um dos vários processos que podem alterar as

propriedades dos flúidos (óleo e gás) contidos nos reservatórios. A composição e

qualidade do petróleo estão vinculados diretamente a determinadas condições

geológicas e geoquímicas que detém requisitos à vida microbiana tais como as

interfaces entre óleo e água [30]. Estes microorganismos (geralmente bactérias e

fungos) que tem acesso aos reservatórios através de fluxo de água são os principais

agentes modificadores dos hidrocarbonetos mais leves, aumentando

progressivamente o teor de resinas, asfaltenos, metais como níquel e vanádio, bem

como, a densidade, teor de enxofre, acidez (formação de ácidos carboxílicos e fenóis)

e viscosidade [28, 30]. No início do processo, os hidrocarbonetos são utilizados como

fonte de energia, e ao final do processo são transformados em metabólitos, por

exemplo, ácidos orgânicos e/ou CO2, o que gera uma diminuição de hidrocarbonetos

saturados [30]. A Figura 7 ilustra o esquema de biodegradação e alteração da

qualidade do petróleo através do consumo de hidrocarbonetos em óleos e

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condensados até a sua transformação em óleos pesados (asfálticos, ricos em resinas

e asfaltenos). Além disso, nesta figura é possível observar a mudança na densidade

e API (escala arbitrária que mede a densidade de derivados do petróleo criado pelo

American Petroleum Institute).

Figura 7: Ilustração do processo de biodegradação e mudanças na qualidade do petróleo.

ADAPTADO: Cruz e Marsaioli (2012) [30].

O grau de biodegradação depende da composição do conjunto microbiano

(microorganismos aeróbicos e/ou anaeróbicos), o tipo do óleo, e das condições

ambientais como temperatura, nível de oxigênio no meio, salinidade, pH e nutrientes

presentes [31]. Para que ocorra a biodegradação é necessária à presença de

oxigênio, nitratos, sulfatos, íons férricos e nutrientes inorgânicos, tais como fósforo,

além de microrganismos capazes de degradar compostos do petróleo e a ausência

de microrganismos que inibem e/ou limitam o crescimento destes microrganimos

degradadores [30, 31]. Além disso, é imprescindível que a rocha geradora tenha

porosidade e permeabilidade suficiente para permitir a difusão de nutrientes e

mobilidade de microrganismos com uma temperatura de aproximadamente 80°C [26].

A escala feita por Peters e Moldowan em 1993 [31] é utilizada até os dias

de hoje e foi feita com base na resistência de diversos biomarcadores realizada

através da abundancia relativa de diversas clases de compostos. Inicalmente são

consumidos compostos de baixa massa molecular como os n-alcanos, seguido por

alcanos ramificados e isoprenoides acíclicos, alquicicloexanos, alquil benzenos,

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alcanos biciclicos e hidrocarbonetos poliaromáticos com 1, 2, 3 e anéis, esteranos,

hopanos/diasteranos, esteroides aromáticos e porfirinas. A Figura 8 mostra

esquematicamente o nível de biodegradação que o petróleo pode apresentar através

do consumo e análise de diversas famílias de biomarcadores.

Figura 8: Escala de biodegradação de petróleo que mostra o aumento do nível de biodegradação

de petróleo relacionado com a remoção seletiva de grupos de biomardores. ADAPTADO: Prata

(2012) [18] e Peters et al. (2005) [31].

A família dos hopanos desmetilados (25-norhopanos) é um exemplo

clássico de biomarcadores de alta biodegradação por apresentarem maior resistência

ao consumo por bactérias em relação aos seus homólogos regulares [31, 32]. A Figura

9 ilustra a estrutura química do 17-25-norhopano representativo da família dos

hopanos desmetilados. Li et al. (2015) [33] estudaram o comportamento da família

dos 25-norhopanos dentro de uma coluna de biodegradação em óleos provenientes

de um mesmo ambiente deposicional e evolução térmica. Os autores observaram que

esta família de compostos é resultado da desmetilação dos hopanos regulares, mas

que não são o produto final do processo de biodegradação.

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39

Figura 9: Estrutura química do 17-25-norhopano, representativo da família dos hopanos

desmetilados utilizado como biomarcador de biodegradação.

1.1.3. PRINCIPAIS FAMÍLIAS DE BIOMARCADORES

O estudo geoquímico do petróleo é baseado na identificação de classes

de compostos presentes no óleo bruto. Estas famílias podem ser estudadas

separadamente ou em conjunto através de parâmetros ou razões calculadas a partir

dos cromatogramas gerados por diversas técnicas como a cromatografia gasosa.

Para maior entendimento será descrito adiante os principais compostos ou família de

compostos biomarcadores.

1.1.3.1. n-ALCANOS

Os n-alcanos e isoprenóides são considerados as primeiras classes

utilizadas em geoquímica orgânica para caracterizar óleos e sedimentos com

conteúdo orgânico, devido à facilidade na identificação por meio da análise do extrato

por GC-QMS [34].

Por estarem presentes em diversas fontes de matéria orgânica (plantas,

bactérias e fitoplânctons) é possível caracterizar o petróleo quanto a origem da

matéria orgânica através do cromatograma de íons totais e de maneira mais

específica através do seu cromatograma seletivo de íons selecionados (m/z 85). Uma

distribuição com predominância de hidrocarbonetos de cadeia longa (> n-C23) é

comum em um ambiente de deposição proveniente de plantas terrestres e algas de

água doce encontradas principalmente em ambientes lacustres de água doce e estão

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40

gerelmente relacionados a lipídeos provenientes de angiospermas. Por outro lado, um

ambiente marinho que é rico em matéria orgânica derivada de fitoplânctons e algas

bentônicas, esta distribuição é apresentada como sendo unimodal com máximo entre

os hidrocarbonetos de cadeia curta (n-C15 a n-C17) [14, 17].

A biossíntese de formação dos n-alcanos foi ilustrada na Figura 10, e

propõe que as n-parafinas poderiam ser formadas a partir da redução de ácidos

graxos por desidratação ou perda de CO2 [17, 35].

Figura 10: Ilustração da biossíntese de n-alcanos a partir de ácidos graxos. ADAPTADO: Peters

et al. (2005) [17] e Mogollón (2015) [35].

Outra observação que pode ser extraída por intermédio da distribuição de

hidrocarbonetos no cromatograma é o Índice de Preferência de Carbono (IPC) [36],

que pode ser calculado através da integração das áreas de alguns n-alcanos como

apresentado abaixo.

Este parâmetro denota o tipo de matéria orgânica no meio, bem como a

evolução térmica do óleo. O IPC < 1,0 (predomínio de n-alcanos pares) juntamente

com dominância de hidrocarbonetos de cadeia leve sugerem uma origem marinha.

Por outro lado, um IPC > 2,0 ( preferência ímpar) em conjunto com uma preferência

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de hidrocarbonetos de cadeia longa significa que o ambiente poderia ter uma

influência de matéria orgânica terrestre [18, 36]. Contudo, este parâmetro deve ser

utilizado com cautela, já que a predominância de cadeia ímpar pode também

evidenciar uma baixa evolução térmica.

A evolução térmica pode ser evidenciada devido a formação de

hidrocarbonetos de cadeia curta durante o período de diagênese por craqueamento

dos hidrocarbonetos de cadeia longa e por isso, um IPC ~ 1 evidencia uma elevada

maturidade térmica enquanto que um 4 < IPC < 7 sugere uma formação biogênica

característica de uma baixa evolução térmica. É importante ressaltar que além da

evolução térmica, o IPC pode ser afetado pela biodegradação por meio do consumo

de hidrocarbonetos de cadeia curta por microorganismos [17, 36].

A Figura 11 exemplifica o efeito da biodegradação do petróleo com o

aparecimento da mistura complexa não-resolvida também chamada de UCM

(unresolved complex mixture). Os primeiros indícios da biodegradação ocorre com o

consumo de hidrocarbonetos leves, pesados e outros compostos como foi discutido

no item 1.1.2.5. Além disso, óleos com maior grau de biodegradação mostram

mudanças em seus cromatogramas pelo aumento da linha de base e por

consequência da UCM, que pode ser explicada pela remoção de n-alcanos e

isoprenóides acíclicos por ação microbiana e proeminência de outros compostos que

não foram consumidos como por exemplo os hopanos (Figura 11 B, C e D) [37].

Figura 11: Cromatogramas representativos da fração saturada de petróleo não-biodegradado

(A) e com aumento da biodegradação (B, C e D) com ênfase para os compostos Pristano (Pr) e

17-hopano. ADAPTADO: Peters et al. (2002) [37].

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42

1.1.3.2. ISOPRENOIDES

1.1.3.2.1. PRISTANO E FITANO

Os isoprenoides acíclicos mais estudados como biomarcadores de

petróleo são o pristano (2,6,10,14-tetra-metilpentadecano / Pr) e o fitano (2,6,10,14-

tetra-metilhexadecano / F). Por serem provenientes da cadeia lateral da clorofila A

(fitol) por processos de oxidação e redução (mostrado na Figura 12) e dependentes

das condições redox dos sedimentos, a formação do Pr e F pode ser atribuída

diretamente ao ambiente de deposição em que o óleo foi gerado. Um meio oxidante é

característico de uma relação Pr > F, enquanto que um meio redutor é marcado por

um maior teor de F em relação ao Pr [17].

O

O

NN

NN

O O

Mg

O

Cadeia lateral fitil da clorofila

Clorofila

Condições anóxicas

Condições óxicas

RHO

Fitol

RHO

O

Oxidação

Ác. Fitênio

DescarboxilaçãoR

Redução

R

Pristano (C19)Pristeno

RHO

Diidro Fitol

Redução ReduçãoR

Fitano (C20)

Figura 12: Formação do pristano e fitano através da cadeia lateral da clorofila. ADAPTADO: Prata

(2012) [18] e Peters et al. (2005) [17].

Outra maneira da produção de pristano ocorre por meio da oxidação e

posteriormente descaboxilação do tocoferol (exibido na Figura 13), enquanto que o

fitano pode ser formado por organismos metanogênicos e halófilos por redução de

lipídeos.

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43

O

R1

HO

R2

R3

R1

R2

R3

-CH3

-CH3

-CH3

-H

-CH3

-CH3

-H

-H

-H

Tocoferóis

Figura 13: Formação do pristano através da oxidação e descarboxilação do tocoferol presente

em ambientes de água doce. ADAPTADO: Rontani e Bonin (2011) [38].

É importante ressaltar que o fitol e tocoferol são abundantes em

ambientes de água doce e que ambientes salinos são relacionados a uma grande

população de organimos metanogênicos e halófilos [38]. Assim, podemos relacionar

a razão Pr/F com o tipo de deposição da matéria orgânica que pode gerar o óleo. A

razão Pr/F < 1 é característico de condições de deposição anóxicas, já a razão Pr/F >

1 indica ambientes deposicionais com maior condições óxicas. Valores abaixo de 0,8

são encontrados em ambientes com fontes carbonática ou hipersalina. Valores acima

de 3,0 são indicativos da entrada de matéria orgânica terrestre. Óleos com valores

para esta razão entre 0,8-3,0 podem ser considerados como óleos gerados ou

mantidos em condições sub-óxicas. Contudo, esta razão deve ser analisada em

conjunto com outros biomarcadores por apresentar modificação com o aumento da

evolução térmica e biodegradação.

Outras razões como Pr/n-C17 e F/n-C18 támbem podem ser calculadas,

mas apenas quando o óleo não é biodegradado, pelo fato dos microorganismos

consumirem os n-alcanos primeiro.

1.1.3.2.2. -CAROTANO

O -carotano (peridro--caroteno) foi primeiramente identificado em xistos

do Green River-Utah/USA em 1967 por Murphy et al. [39] e após sua descoberta foi

encontrado em diversas fontes geológicas (sedimentos e petróleo). Watts e Maxwell

(1977) [40] observaram que houve modificação e redução de alguns carotenóides

durante a diagênese, principalmente com o aumento da sedimentação e temperatura

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em sedimentos sob condições altamente anóxicas e marinha, mas relataram que o -

carotano manteve-se estável sob estas condições.

Por serem encontrados em ambientes anóxicos, lacustres salinos ou em

ambientes marinhos deltáicos onde organismos tais como algas unicelulares estão

presentes, e estarem ausentes em ambientes de água doce, este composto pode ser

considerado como um biomarcador de ambiente de deposição salina [17]. Óleos

provenientes de origem marinha evaporítica foram relatados por apresentarem altas

concentrações de -carotano e outros compostos em sua composição [41]. A Figura

14 mostra a estrutura química do -carotano que pode ser identificado pelo

monitoramento do íon m/z 125 e tem seu íon molecular m/z 558 [42].

Figura 14: Estrutura química do -carotano e seu principal fragmento característico.

1.1.3.3. ESTERANOS

Derivados de esteróis provenientes da membrana lipídica de organismos

eucarióticos principalmente plantas superiores e algas, os esteranos podem ser

utilizados para investigação do ambiente de deposição de sedimentos ricos destes

compostos, maturidade e biodegradação do óleo [43]. Os primeiros estudos sobre

compostos esteroidais presentes em sedimentos aconteceram na década de 1950

com a identificação de esteranos C27 a C29 em extratos de solos e que posteriormente

foram encontrados no petróleo [44]. A Figura 15 exibe a estrutura das principais sub-

famílias de esteranos (esteranos regulares, diasteranos e 4-metilesteranos) e que

por apresentarem diversos centros quirais podem ocorrer com uma grande variedade

de estereoisômeros.

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45

Figura 15: Estrutura das principais famílias de esteranos (Esteranos regurales, diasteranos e 4-

metilesteranos).

Os esteranos podem ser identificados através do monitoramento do íon

m/z 217 porém devido a quantidade de compostos que co-eluem, a identificação por

meio de um espectrômetro de massas do tipo triploquadrupolo no modo MRM

(monitoramento de reações multiplas) faz-se necessário para uma maior

confiabilidade na identificação. A tabela 1 exibe os principais íons precursores e

produtos monitorados para a identificação desta classe.

Tabela 1: Principais transições (íons precursores e íons produtos) utilizadas para a

investigação e identificação de esteranos.

Compostos Íon precursor (m/z) Íon produto (m/z)

Esteranos C26 358

217 Esteranos C27 372 Esteranos C28 386 Esteranos C29 400 Esteranos C30 414

Metilesteranos C30 414 231

Por estarem presentes em diversos tipos de organismos e apresentarem

variação na sua distribuição, os esteranos podem ser utilizados como biomarcadores

de paleoambiente de deposição. Os esteranos regulares (por exemplo os 4-desmetil-

esteranos) de C27 a C29 contribuem diferentemente na composição de alguns grupos

de organismos. Os fitoplânctons usualmente contém uma maior abundância de

esteranos C28, também chamados de ergostanos, enquanto que zooplânctons são

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46

ricos em esteranos C27 (colestanos) e plantas terrestres possuem maior quantidade

de esteranos C29 (estigmastanos) [41, 45]. Um gráfico térnário pode ser utilizado para

expressar a influência da distribuições dos esteranos em relação aos diversos

paleoambientes de deposição (Figura 16).

Figura 16: Diagrama ternário que expressa a distribuição de esteranos em relação a fonte de

organismos e os respectivos paleoambientes de deposição. ADAPTADO: Kilops (2005) e Huang

et al. (1979) [41, 46]

Huang e Meinschein (1979) [46] propuseram que este diagrama poderia

ser utilizado para diferenciar diversos ecossistemas e distinguir grupos de óleos brutos

a partir de uma mesma rocha geradora. Entretanto, vale ressaltar que esta família

também está sujeita a sofrer influência da evolução térmica.

Devido a elevada quantidade de centros assimétricos nos esterois, uma

mistura complexa de vários estereoisômeros seria possível de ser encontrada,

contudo, por causa da alta especificidade enzimática do colesterol, apenas um

estereoisômero do colesterol existe em quantidades significativas em organismos

vivos [41].

A principal configuração dos esteróides [8(H), 9(H), 10(CH3), 13(CH),

14(H), 17(H) 20R] (Figura 17) em organismos vivos pode sofrer alterações durante

os processos de diagênese e catagênese mas o esqueleto carbônico é preservado

com modificações para a mistura de configurações 20R e 20S esteranos (Figura 17).

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47

Figura 17: Estruturas dos epímeros biológicos (20R) e geológico (20S) para o 5(H),14(H),17(H) C29

esterano.

A razão C29 20S/(20S + 20R) pode variar entre 0 até 0,5. Quando a janela

de geração do óleo entra em estado de equilíbrio ou seja, quando óleo atinge um

estágio de maior evolução térmica, valores entre 0,52 a 0,55 são encontrados [17].

Além disso, outro parâmetro que pode ser utilizado é a análise da

isomerização nos carbonos C5, C14 e C17. Assim, como os isômeros 20S e 20R, os

isômeros e sofrem também influência da elevada evolução térmica e por isso

pode ser utilizada [47]. Valores da razão /( + ) entre 0,67-0,71 indicam que

o óleo é termicamente evoluído e que a rocha geradora alcançou grau elevado na

geração de óleo [31, 48].

1.1.3.4. HOPANOS

Os hopanos ou triterpanos pentacíclicos geralmente contém de 27 a 35

átomos de carbono em uma estrutura naftênica composta por quatro anéis de 6

membros e um anel de 5 membros. Estes compostos são produzidos por organismos

e ocorrem principalmente em três formas estereoisoméricas: os 17,21(H)-hopanos

(), os 17,21(H)-hopanos () e os 17,21(H)-hopanos () ou moretanos,

constituintes comuns em petróleo e sedimentos [49] que são representados na Figura

18.

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Figura 18: Configurações esteroisoméricas dos hopanos: 7,21(H)-hopanos () (A), os

17,21(H)-hopanos () (B) e os 17,21(H)-hopanos () ou moretanos (C)

O fingerprint desta família pode ser obtida através do monitoramento do

íon m/z 191 ou com maior precisão via análise por GC-MS/MS no modo MRM através

do monitoramento das principais transições apresentadas na Tabela 2, podendo

estender-se até 35 átomos (Homoopanos C35 detecdaos pela transição m/z 468 >

191).

Tabela 2: Principais transições por MRM para a análise dos principais composto da família de hopanos.

Compostos Íon precursor (m/z) Íon produto (m/z)

Trisnoropanos C27 370

191 Bisnoropanos C28 384

Hopanos C30 412 Homoopanos C31 426

As bactérias que degradam os precursores e formam esta família podem

produzir compostos com 27 a 35 átomos de carbono. As estruturas que apresentam

30 carbonos são consideradas hopanos, as que perdem grupos metílicos levam a

denominação de norhopanos, como exemplo o 25,28,30-trisnorhopano que perderam

três grupos metílicos (25, 28 e 30) localizados ligados aos carbonos C8, C10 e C22. Por

outro lado, os hopanos que apresentam em sua estrutura mais que 30 átomos de

carbono levam em seu nome o prefixo homo- como os homohopanos C31. Além disso,

a configuração - e - também são utilizadas devido alguns carbonos apresentarem

centros assimétricos com outros grupos funcionais que estão para baixo ou para cima

do plano do anel.

Um dos maiores precursores dos hopanos em sedimentos e petróleo bruto

é a bacteriohopanotetrol que apresenta estereoquímica (Figura 19). Esta

estereoquímica (configuração biológica, é principalmente encontrada em

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sedimentos com baixa evolução térmica e em consequência de ser termicamente

instável, e sua abundância decresce rapidamente com a conversão para as

configurações - e -hopanos (mais estáveis) [17, 31]. A Figura 19 apresenta a

transformação da bacteriahopanotetrol (encontrada em camadas lipídicas em

organismos procariontes) no hopano de configuração biológica (22R) e que devido

a sua elevada instabilidade é convertido em configurações geológicas (- e )

encontradas em rochas geradoras e petróleo bruto [50].

Figura 19: Transformação da bacteriohopanotetrol no hopano de configuração biológica e em

seguida a sua transformação nas configurações geológicas presentes em óleos brutos e rochas

geradoras. ADAPTADO: Peters et al. (2005) [31] e Farrimond et al. (1996) [50].

Os hopanos podem ser encontrados em óleos de diferentes origens

contudo, óleos de origem lacustre apresentam alta intensidade destes compostos

quando comparado a óleos de origem marinha. A razão esteranos regulares/hopanos,

que consiste nos compostos esteranos C27, C28 e C29 (20R e 20S) e (20R e

20S) e 17-hopanos (22R e 22S) de C29-C33, pode ser utilizada para sugerir a entrada

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50

de matéria provenientes de organismos eucarióticos (plantas terrestres e algas) ou de

organismos procarióticos (bactérias) em rochas e petróleo bruto. Em geral, altas

concentrações de esteranos e razões de esteranos/hopanos maior ou igual a 1 são

característicos de matéria orgânica marinha com maior contribuição de plânctons e/ou

algas bentônicas, do mesmo modo, altas concentrações de hopanos e baixa razão

esterano/hopanos podem sugerir a entrada de matéria orgânica terrígena e/ou

microbiológica.

Além desta razão, outros compostos como os desmetilados 17-22,28,30-

trisnorhopano (Ts) e 18-22,29,30-trisnorhopano (Tm) podem ser aplicados para

indicar a evolução térmica dos óleos.

Durante a catagêne, o composto Tm é menos estável que o Ts, e assim é

possível calcular as razões Ts/Tm e Ts/(Ts+Tm) utilizada principalmente para óleos

provenientes da mesma fonte. Devido a baixa estabilidade do Tm em relação o Ts, é

possível sugerir que óleos com alta evolução térmica apresentem uma maior

concentração do composto mais estável, enquanto que petróleos com baixa evolução

térmica apresenta uma maior concentração do composto metaestável em relação ao

mais estável. Contudo, estas razões precisam ser analisadas com cautela, pois pode

haver modificações devido a biodegradação. A estrutura dos compostos Ts e Tm são

apresentados na Figura 20 e estes podem ser melhor identificados através da

transição m/z 370 > 191 por GC-MS/MS.

Figura 20: Estruturas do 17(H)-22,29,30-trisnorhopano (Tm) e 18(H)-22,29,30-

trisnorneohopano (Ts).

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51

1.1.3.5. GAMACERANO

O gamacerano (Figura 21) identificado através da transição m/z 412 > 191

é um triterpano pentacíclico primeiramente identificado por Hill et al. em 1966 em

xistos do Green River [31]. Por ser frequentemente encontrado em amostras

hipersalinas pode ser considerado como um biomarcador indicador de

hipersalinidade. Sua origem ainda é incerta, mas sabe-se que ele pode ser originado

através da redução do tetrahimanol (gamaceran-3-ol), que é frequentemente

encontrado em sedimentos marinhos, na fase de diagênese [51].

Figura 21: Estrutura química do gamacerano (C30H52) monitorado através da transição m/z

412>191.

A principal fonte do tetrahimanol são os ciliados marinhos que vivem na

interface entre zonas óxicas e anóxicas em colunas de estratificação de água

características pela diferença de densidade da água causada pela hipersalinidade do

meio [52]. Assim, a abundância de gamacerano sugere a presença da coluna de

estratificação de água durante o processo de sedimentação e por consequência o

sugerimento de hipersalinidade do meio.

O índice de gamacerano (razão entre o gamacerano/17(H),21(H)-

hopano C30) é utilizado para distinguir famílias de óleos de fontes hipersalinas, salinas,

marinhas e não-marinhas através desta razão correlacionadas com outras razões

discutidas anteriomente. Uma alta razão é característico de hipersalinidade,

ambientes salinos apresentam valores menores e ambientes ricos em matéria

orgânica terrestre apresentam razões próximos de zero. Sendo assim, é possível

diferenciar óleos e sedimentos de origem marinha e não-marinha. É importante

ressaltar que em óleos biodegradados o gamacerano é mais resistente que os

hopanos e isto poderá levar a um erro em óleos e sedimentos com elevado grau de

biodegradação.

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Através da correlação de todos os parâmetros acima discutidos, é

possível sugerir o ambiente de deposição, evolução térmica e biodegradação dos

óleos e sedimentos. Contudo, estas informações só puderam ser discutidas devido a

análise por técnicas instrumentais como a cromatografia gasosa acoplada a

espectrometria de massas. Esta técnica, foi utilizada para a análise convencional de

biomarcadores e será abordada a seguir.

1.1.4. CROMATOGRAFIA GASOSA ACOPLADA A ESPECTROMETRIA DE

MASSAS (GC-MS e GC-MS/MS)

A geoquímica orgânica molecular preocupa-se exclusivamente com a

caracterização de petróleo através da análise de biomarcadores para obter

informações a respeito do ambiente de deposição das rochas geradoras de óleo,

biodegradação, evolução térmica e qualquer outra informação que esteja relacionada

a geoquímica de petróleo [53].

O aumento do número de biomarcadores identificados nas últimas

décadas deve-se principalmente ao desenvolvimento de técnicas analíticas capazes

de analisar amostras complexas. Em especial, a cromatografia gasosa acoplada a

esceptrometria de massas (GC-MS e GC-MS/MS) destaca-se para esta finalidade.

A GC-MS pode ser utilizada para detectar e indentificar compostos

aproveitando-se dos tempos de retenção relativos, padrões de eluição e dos padrões

de fragmentação de massas característicos das estruturas dos compostos. Em

algumas situações, o cromatograma dos íons totais (TIC, total ion current) pode ser

utilizado para observar o perfil cromatográfico das amostras e inferir informações

sobre, por exemplo, o tipo de ambiente de deposição em que o óleo foi gerado. Além

disso, é possível extrair informações sobre a biodegradação (aparecimento de uma

mistura complexa não-resolvida (UCM) e desaparecimento de compostos leves). Esta

primeira análise é chamada de fingerprint do petróleo onde é possível ter uma

“impressão digital” do mesmo.

Embora o TIC permita a averiguação das primeiras informações sobre um

conjunto de óleos, uma análise mais aprofundada é necessária para garantir a

confiabilidade dos resultados. A análise realizada pelo monitoramento seletivo de íons

(SIM, select ions monitoring) é utilizada para gerar um fingerprint de famílias de

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biomarcadores específicos, por exemplo, as famílias de hopanos e esteranos podem

ser analisadas através dos íons m/z 191 e m/z 217 respectivamente, em consequência

do aumento da relação sinal/ruído e seletividade [31]. Neste modo, íons diagnóstico

para vários compostos de interesse são selecionados por análise e para cada

composto geralmente o íon selecionado é o mais abundante no espectro de massas,

também chamado de pico base. Contudo, devido a grande quantidade de compostos

que possam conter estes mesmos íons e a perda da informação espectral que fornece

a base para a elucidação estrutural, este tipo de análise muitas vezes não é suficiente

para a investigação de biomarcadores. Neste caso, estes problemas podem ser

resolvidos pela utilização de sistemas cromatográficos acoplados a espectrômetros

em Tandem (GC-MSn) que são altamente seletivos e informativos quanto a estrutura

do analito .

A GC-MS/MS consiste na utilização de três analisadores de massas (triplo

quadrupolo) conectados em série, no qual o primeiro quadrupolo é responsável por

realizar uma primeira análise de varredura (SCAN) ou uma análise seletiva (SIM) dos

íons precursores [54]. Esta etapa é seguida da dissociação dos íons em um

compartimento denominado cela de colisão (segundo quadrupolo). A colisão entre os

íons precursores e um gás inerte contido na cela de colisão leva, assim,à formação

dos íons produtos que são então analisados por um terceiro quadrupolo nos modos

SCAN ou SIM [54].

Por causa da alta seletividade oferecida pela utilização de vários

quadrupolos, a espectrometria de massas em Tandem possibilita direcionar as

análises para a investigação de compostos que coeluiem com impurezas isobáricas,

para resolver estruturas de compostos desconhecidos, auxiliar na quantificação com

alta sensibilidade em matrizes de alta complexidade e para confirmação adicional em

análises utilizando o modo SIM [31].

Os principais modos utilizados para análise de biomarcadores são [55,

56]:

i) Monitoramento de reações selecionadas (SRM, selected reaction

monitoring): um íon precursor é monitorado e após sua fragmentação,

apenas um único íon produto é selecionado. Este tipo de sistema é utilizado

para detectar com alta sensibilidade e seletividade famílias de

biomarcadores. Por exemplo, a família de esteranos (C26 a C30) que

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54

aumentam sua série com pelo acréscimo de um grupo metila podem ser

separados pelo monitoramento dos íons precursores m/z 358, m/z 376, m/z

386, m/z 400 e m/z 414 e pelo íon produto m/z 217.

ii) Varredura de íons produtos ou dissociação induzida por colisão (CAD,

Parent-mode/ collision-activated decomposition): neste modo um ou mais

íons precursores são são selecionados, colidem com o gás inerte, se

dissociam formando íons produtos e os espectros de massas destes íons

produtos são registrados. Um ou mais íons produtos de uma família de

biomarcadores podem ser monitorados e sua principal aplicação está na

determinação estrutural de biomarcadores.

iii) Varredura de íons precursores (precursor ion scan): neste modo, uma

varredura dos íons no primeiro quadrupolo é realizado, seguido da colisão

com o gás inerte e monitoramento de íons com m/z selecionado.

Especificamente, este modo serve principalmente para a análise de classes

de compostos que tem características estruturais comuns.

iv) Perda neutra (neutral loss scan): neste caso, os quadrupolos são ajustados

para fazer uma varredura dos íons (Q1), que após colisão com o gás na

cela de colisão (q2), faz uma varredura daqueles compostos que perderam

uma determinada massa neutra a partir dos íons precursores. Por exemplo,

o monitoramento de compostos contendo enxofre que sofrem uma perda

neutra de m/z 32.

A combinação da espectrometria de massas com a cromatografia gasosa

auxilia na identificação e investigação de estruturas químicas de componentes

individuais e famílias de biomarcadores. Porém, mesmo com a utilização de técnicas

avançadas, devido a complexidade da amostra, torna-se necessário o emprego de

tratamentos prévios antes da análise por GC-MS e GC-MS/MS proporcionando

informações mais detalhadas e com maior confiabilidade.

O fracionamento em coluna aberta é um dos métodos mais utilizados para

a separação de grupos de compostos contidos no petróleo. Este procedimento

consiste na separação das frações de hidrocarbonetos saturados, aromáticos, resinas

e asfaltenos por diferença de polaridade entre estas classes, e por isso ganhou a

denominação de SARA (Separação por coluna aberta das frações de hidrocarbonetos

Saturados, Aromáticos, Resinas e Asfaltenos do petróleo).

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55

A utilização do fracionamento da amostra juntamente com a cromatografia

gasosa acoplada a espectrometria de massas permite uma análise geoquímica

detelhada de amostras de petróleo. Sendo assim, este procedimento será abordado

a seguir.

1.2. OBJETIVOS

O objetivo principal deste trabalho foi desenvolver estratégias para a

classificação e análise geoquímica de petróleo bruto combinado a GC×GC com pré-

processamento mínimo de amostras juntamente com a utilização de ferramentas

quimiométricas de processamento multivariado de dados. Sendo assim, a análise

geoquímica convencional (fracionamento em coluna aberta e análise de

biomarcadores da fração de hidrocarbonetos saturados por GC-MS e GC-MS/MS) foi

realizada neste capítulo com o intuito de caracterizar óleos provenientes de diversas

bacias petrlíferas brasileiras por análise, identificação de biomarcadores e cálculo de

parâmetros geoquímicos por técnicas convencionais para a determinação do nível de

biodegradação, paleoambiente de deposição e evolução térmica de amostras de

petróleo para posterior comparação com a nova metodologia proposta.

1.2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Analisar a fração de hidrocarbonetos saturados através de GC-MS e GC-

MS/MS para a identificação de biomarcadores de petróleo e posterior

estimativa de parâmetros geoquímicos;

Determinar do tipo de paleoambiente de deposição, evolução térmica e

biodegradação de todas as amostras de petróleo.

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56

1.3. PARTE EXPERIMENTAL

1.3.1. MATERIAIS

Os solventes utilizados foram de pureza igual ou superior a 99%. Para o

fracionamento do óleo foram utilizados n-hexano (Tédia, USA), algodão tratado

(extraido com clorofórmio em Soxhlet por 12 h) e sílica gel neutra 60-200 Mesh ASTM

(Davisil grade 62, Sigma Aldrich – São Paulo, Br), ativada em mufla a 300 °C por 3

horas e armazenada em dessecador até o momento do uso.

1.3.2. LIMPEZA DE VIDRARIAS

As vidrarias utilizadas foram lavadas com água deionizada, detergente

neutro e deixada em imersão por 2 h em solução alcóolica de hidróxido de potássio.

Em seguida, foram enxaguadas com água, água deionizada, álcool etílico absoluto,

acetona comercial, secas e mantidas em estufa a 60 °C até a sua utilização, com

exceção do material volumétrico que foi seco à temperatura ambiente. Antes da

utilização todo o material foi lavado com solvente de uso.

1.3.3. AMOSTRAS DE ÓLEO BRUTO

As amostras empregadas neste estudo fazem parte do acervo dos grupos

de geoquímica orgânica do IQ-Unicamp, tendo sido previamente estudadas por esses

grupos no escopo da sua participação na Rede Temática de Geoquímica Orgânica

(formada pela Petrobras e universidades brasileiras). As 28 amostras foram coletadas

em suas respectivas bacias sedimentares, transportadas em frascos tipo âmbar e

armazenadas a temperatura ambiente até posterior análise. A Figura 22 mostra o

mapa das bacias produtoras de petróleo brasileiro com destaque para aquelas bacias

que foram utilizadas neste trabalho.

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57

Figura 22: Mapa de localização das principais bacias produtoras de petróleo do Brasil.

As amostras provenientes da bacia de Campos foram nomeada de C1 a

C11, as amostras provenientes da bacia de Sergipe/Alagoas foram nomeadas IP1,

CP1 a CP8, U1 e U2. Por fim, as amostras provenientes da bacia do Recôncavo e

Potiguar foram denominadas M1, M2 e VAL. A Tabela 3 contém informações

relevantes sobre as amostras empregadas.

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58

Tabela 3: Informações sobre as bacias sedimentares nas quais as amostras de petróleo foram

extraídas.

Identificação Bacia

C1 Campos (Rio de Janeiro) C2 Campos (Rio de Janeiro) C3 Campos (Rio de Janeiro) C4 Campos (Rio de Janeiro) C5 Campos (Rio de Janeiro) C6 Campos (Rio de Janeiro) IP1 Sergipe/Alagoas VAL Potiguar (Rio Grande do Norte) M1 Recôncavo (Bahia) M2 Recôncavo (Bahia) C7 Campos (Rio de Janeiro) C8 Campos (Rio de Janeiro) C9 Campos (Rio de Janeiro) C10 Campos (Rio de Janeiro) C11 Campos (Rio de Janeiro) TM1 Sergipe/Alagoas TM2 Sergipe/Alagoas CP1 Sergipe/Alagoas CP2 Sergipe/Alagoas CP3 Sergipe/Alagoas CP4 Sergipe/Alagoas CP5 Sergipe/Alagoas CP6 Sergipe/Alagoas CP7 Sergipe/Alagoas CP8 Sergipe/Alagoas AN1 Sergipe/Alagoas U1 Sergipe/Alagoas U2 Sergipe/Alagoas

1.3.4. FRACIONAMENTO EM COLUNA ABERTA PARA SEPARAÇÃO DAS

FRAÇÕES DE HIDROCARBONETOS SATURADOS, AROMÁTICOS,

REINAS E ASFALTENOS (SARA)

Para o preparo das colunas, um chumaço de algodão tratado era colocado

no fundo de uma bureta de 50,00 mL. A bureta com algodão era lavada com n-hexano

e a seguir empacotada com 30,0 ± 0,1 g de sílica-gel suspensa nesse solvente.

Para o fracionamento das amostras 100,00 ± 0,05 mg de óleo bruto eram

pesados em um vidro de relógio, suspenso em 1 mL de n-hexano misturado com 10,00

± 0,05 mg de sílica gel e a suspensão resultante aplicada na ponta da coluna. A

eluição da fração de hidrocarbonetos saturados (F1) foi realizada com a passagem de

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60 mL de n-hexano; o eluato era recolhido em balão de fundo redondo (250 mL),

evaporado em evaporador rotatório (40° C e 100 rpm), transferido para frascos de

vidro (5 mL), seco sob fluxo de nitrogênio, pesado e o resíduo dissolvido em n-hexano

até que atingissem a concentração de 30,00 mg/mL. Após essa etapa, todas as

amostras foram analisadas por GC-MS e GC-MS/MS, com posterior identificação de

biomarcadores, cálculo de parâmetros geoquímicos e caracterização do petróleo. A

Figura 23 ilustra o fluxograma do procedimento experimental convencional realizado

para a análise da fração de hidrocarbonetos saturados para todas as amostras.

Figura 23: Fluxograma do fracionamento SARA com extração da fração de hidrocarbonetos

saturados, análise por GC-MS e GC-MS/MS, identificação de biomarcadores, cálculo de

parâmetros e caracterização do petróleo.

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60

1.3.5. CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS

1.3.5.1. GC-MS E GC-MS/MS

As análises foram realizadas em um cromatógrafo a gás acoplado a um

detector espectrométrico de massas sequencial em tandem (TQ8040 Shimadzu,

Kioto, Japão). A coluna capilar de sílica fundida RTX-5ms (Restek Corporation,

Pensilvânia-EUA) (fase estacionária difenil-dimetil-polisiloxano) com 30 m, 0,25 mm

de diâmetro interno e 0,25 m de espessura de fase.

Para todas as análises foram utilizadas as seguintes condições

cromatográficas: programação de temperatura do forno da coluna de 70 °C a 325 °C

com uma taxa de aquecimento de 3 °C∙min-1, temperatura do injetor a 300 °C. O fluxo

de gás de arraste foi ajustado para 0,6 mL∙min-1, com Hidrogênio (99% de pureza)

como gás de arraste e razão de divisão no injetor de 1:10. O volume de injeção foi de

1 L e o tempo total de análise foi 85 min. A temperatura da fonte de íons foi 270 °C

e 280 °C na interface, com taxa de aquisição de 10 Hz.

Os métodos SCAN (varredura) e SRM foram utilizados com faixa de

varredura de m/z 60 a 600 Da e ionização feita por impacto de elétrons a 70 eV.

Cromatogramas no modo de monitoramento de íons seletivos (SIM) foram obtidos

selecionando-se os íons m/z 125 e m/z 85 para posterior análise do -carotano e

hidrocarbonetos saturados.

As análises realizadas por GC-MS/MS (SRM) utilizaram como gás de

colisão Argônio (99% de pureza) e energia de colisão de 12 eV. As transições

monitoradas foram mostradas nas Tabela 1 e 2.

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61

1.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

As condições do ambiente deposicional e matéria orgânica existente no

meio em que o óleo é gerado e/ou depositado exercem grande influência no fingerprint

cromatográfico dos biomarcadores [17]. Fatores diagenéticos, tais como, a mudança

nas condições de temperatura durante a deposição da matéria orgânica, pressão e

pH do meio podem alterar a composição química e afetar diretamente a estabilidade

e teor destes biomarcadores transformando-os em espécies estáveis sob aquelas

condições. Assim, a presença, ausência ou variação no teor destes marcadores

fósseis através da análise por GC-MS e GC-MS/MS podem auxiliar na identificação

das principais caracterísicas dos óleos e consequentemente facilitar a dedução do

ambiente deposicional, maturidade térmica e biodegradação [20, 57].

1.4.1. n-ALCANOS E ISOPRENOIDES

A análise dos n-alcanos pode auxiliar na determinação do paleoambiente

de deposição em que o óleo foi gerado, sua evolução térmica é o primeiro parâmetro

utilizado para investigação da biodegradação [34]. Os cromatogramas de íons totais

(TIC) e os fragmentogramas do íon seletivo (m/z 85) são utilizados para inferir sobre

estes parâmetros.

Algas marinhas e bactérias fotossintéticas são ricas em n-alcanos entre

C15, C17 e C19; no entanto, plantas vasculares apresentam predomínio de

hidrocarbonetos de cadeia longa (n-C27, n-C29 e n-C31). Diferenças nas concentrações

desses grupos de compostos pode sugerir a entrada de matéria orgânica em

sedimentos e petróleos proveniente de matéria orgânica marinha ou terrestre [58].

Chevalier et al. (2015) [59] fizeram um estudo baseado na distribuição de n-alcanos

para identificar diferentes fontes de matéria orgânica em sedimentos costeiros da

França. Eles distinguiram três diferentes grupos de fontes matéria orgânica

discriminados a partir da distribuição de n-alcanos: i) algas multicelulares (Zostera sp.)

– n-C17, n-C19, n-C21, n-C23 e n-C25; ii) algas (Rhodophyta/algas vermelhas e

Chlorophyta/algas verdes) – n-C15 e n-C17; iii) plantas terrestres – n-C25, n-C27, n-C29,

n-C31 [59].

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62

De modo geral, uma distribuição bimodal com predominância de

hidrocarbonetos ímpares mais pesados (n-C23 a n-C31) é característica de ambientes

lacustres, devido à presença de compostos provenientes de plantas superiores.

Contrariamente, uma predominância de n-alcanos de cadeia curta (n-C15 a n-C17) com

perfil unimodal é característica de óleos marinhos com contribuição de algas [14, 18,

31, 34]. Porém esta informação pode ser perdida com o aumento da evolução térmica

dos óleos, já que pode haver a quebra de ligações C-C de n-alcanos de cadeia longa

com a formação de n-alcanos de cadeia menor [60].

A partir do cromatograma de íons totais da fração de hidrocarbonetos

saturados foi possível caracterizar os óleos deste estudo. As amostras C1, C2, C3,

C4, C5, C6, C7, C9, C11 e U1 apresentaram predominância bimodal, com maiores

concentrações de n-alcanos de C15 a C17, o que é característico de amostras de

origem lacustre com influência marinha. Os óleos M2, VAL apresentaram perfis de

distribuição de n-alcanos de C19 a C23, o que pode ser associado a amostras lacustres

sem contaminação por matéria orgânica de origem marinha e com influência de

organismos terrestres. Os óleos IP1, TM1, TM2, CP1, CP2, CP3, CP4, CP5, CP6,

CP7, CP8, AN1 e U2 apresentaram uma distribuição unimodal característica de

contribuição de algas provenientes de ambiente marinho. O perfil de n-alcanos das

amostras C8, C10 não pode ser avaliado devido ao elevado níveis de biodegradação

das amostras (que leva à diminuição das concentrações de n-alcanos).

As Figuras 24 e 25 apresentam os cromatogramas de íons totais

representativos (A) e os seus respectivos fragmentogramas (B) referente aos n-

alcanos e isoprenoides (m/z 85), ilustrando a variedade na distribuição de n-parafinas,

a predominância de hidrocarbonetos ímpares/pares e a biodegradação dos óleos em

estudo.

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63

Figura 24: Cromatogramas dos íons totais (A) e os fragmentogramas do íon extraído m/z 85 (B) representativo das amostras provenientes da bacia

de Campos, com diferentes níveis de biodegradação.

C17 C

18

C19 C

20 C

21 C22

C23 C

24 C25

C

26 C

27 C28

C

29 C30

C16 C

15

C14

C13

C11(A)

C11(B)

C8(A)

C8(B)

C9(A)

C9(B)

C10(A)

C10(B)

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Figura 25: Cromatogramas dos íons totais (A) e os fragmentogramas do íon extraído m/z 85 (B) representativo das amostras provenientes da bacia

Potiguar (Rio Grande do Norte), Sergipe/Alagoas e Miranga.

VAL(A)

VAL(B)

TM2(A)

TM2(B) M2(B)

M2(A)

M1(B)

M1(A)

C17 C

18 C19

C20 C21

C22 C

23 C

24 C

25 C

26 C

27 C

28 C29

C

30 C

16

C15

C14 C

13

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65

Outro parâmetro mensurável a partir dos cromatogramas e importante na

determinação da maturidade térmica dos óleos é o Índice de Preferência de Carbono

(IPC). Valores iguais ou próximos de 1 são predominantes em óleos imaturos [31, 36];

por outro lado, valores entre 4 e 7 são característicos de óleos termicamente maturos

[31, 36]. De acordo com os dados obtidos na Tabela 4 (anexo), a faixa de valores

medidos para este parâmetro nas amostras analisada foi de 0,91 a 1,26 – indicando

tanto uma baixa evolução térmica de todas as amostras, como também uma variação

relativamente pequena neste parâmetro.

Também foi possível avaliar o grau de biodegradação dos óleos,

determinando-se o parâmetro proposto por Peters et al. [31] a partir dos

cromatogramas obtidos. Dentro do conjunto de amostras existiam desde óleos com

biodegradação muito leve (C11), escala de 0-1, nível moderado de biodegradação

(C8), escala de (3-4) e nível severo (C10), no qual houve o consumo total de n-alcanos

(escala 5-6). As diferenças entre os perfis da Figura 24 se devem às diferenças entre

a biodegradabilidade das diversas classes de compostos presentes, que resulta em

sua degradação seletiva em comparação a compostos mais resistentes a

biodegradação. Esta variação pode decorrer em consequência do número de

carbonos da sequência homóloga, da estrutura, da configuração isomérica óptica ou

mesmo ser resultado de uma relação microbiológica desconhecida e altamente

complexa . [24]. Dentre as amostras estudadas neste trabalho, existem aquelas com

biodegradação muito leve de 0-1 (C11, IP1, TM1, TM2), leve 1-2 (C1, C2, C3, C4, C5,

C6, C7, M2, VAL, CP1, CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7, CP8, AN1, U1 e U2), leve a

moderada de 3-4 (C9), moderada a alto 5-6 (C8 e M1) e severa de 6-7 (C10).

Os isoprenoides mais importantes quanto à caracterização geoquímica

orgânica são o pristano (Pr) e fitano (F) pelo fato de que sua formação é dependente

de condições óxicas ou anóxicas durante a sedimentação e geração do petróleo [61].

A razão Pr/F<1 é característica de condições de deposição anóxicas, já um valor para

a relação Pr/F>1 indica ambientes deposicionais óxicos. Valores abaixo de 0,8 são

encontrados em ambientes com fontes carbonática ou hipersalina [62]. Valores acima

de 3,0 são indicativos da entrada de matéria orgânica terrestre. Óleos com valores

para esta razão entre 0,8-3,0 podem ser considerados como gerados ou mantidos em

condições sub-óxicas [31, 62].

Os dados apresentados na Tabela 4 mostram a variedade das condições

redox do ambiente que os óleos do conjunto de amostras analisado foram depositados

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66

e/ou formados. As amostras que apresentaram características de um ambiente

deposicional altamente redutor foram TM1, TM2 (0,44 e 0,47 respectivamente). A

amostra com maior influência do ambiente óxico foi a VAL com valor de 2,00. Outros

parâmetros numéricos derivados da análise de n-alcanos e isoprenóides, como Pr/n-

C17 e F/n-C18, também foram calculados e os valores apresentados na Tabela 4.

Porém, qualquer interpretação decorrente da avaliação destes e de outros parâmetros

similares deve ser feita com cautela, já que eles também poderão sofrer alteração da

razão por causa do consumo preferencial de n-alcanos em comparação com os

isoprenoides devido à biodegradação e maturidade térmica.

Quanto ao grau de biodegradação, as amostras que apresentaram um

maior destaque foram os óleos C8, C9, C10 e M1. Foi possível notar um consumo

significativo de hidrocarbonetos saturados e a presença de UCM nos cromatogramas

destas amostras. O consumo total de n-alcanos e isoprenoides foi observado no óleo

C10, indicando que esta amostra se encontra num grau bastante elevado de

biodegradação.

1.4.2. -CAROTANO

O -carotano, que é detectado em fragmentogramas obtidos monitorando

o íon m/z 125, pode sugerir o tipo de paleoambiente de deposição em que o óleo foi

gerado: ele é característico de óleos formados em ambientes lacustres salinos,

anóxicos e marinhos altamente restritos e pode evidenciar a alta salinidade do meio

[63].

Os óleos M1, TM1, TM2, CP1, CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7, CP8 e

U2 apresentaram altas concentrações de -carotano, ao contrário das amostras C1,

C2, C3, C4, C5, C6, C7, C8, C9, C10, C11, M2, VAL, 7IP, AN1 e U1. Ambientes com

alta salinidade e marinho evaporítico resultam em formação de óleos com altas

concentrações de -carotano; já óleos gerados em ambientes lacustres de água doce

não apresentam este composto. Finalmente, petróleos gerados em ambientes

lacustres salinos, marinho carbonático, marinho deltáico e marinho com litologia

siliclástica ou calcária contém concentrações muito baixas de -carotano [31, 64, 65].

A Figura 26 exibe cromatogramas de amostras representativas da variabilidade de

concentrações de -carotano (e respectiva diversidade de ambientes deposicionais)

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67

no conjunto analisado: TM2 (formado em ambiente marinho evaporítico com alta

salinidade); P4, M1 e VAL (ambientes com baixa salinidade) e amostras C6 e IP1

(concentrações baixas de -carotano consistentes com ambiente em ambientes

lacustres de água doce).

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68

Figura 26: Fragmentogramas do íon m/z 125 obtidos por GC-MS, representativos de amostras com alta abundância relativa , baixa abundância e sem

a presença de -carotano.

TM1

C10

M1

VAL

C6

IP1

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69

1.4.3. ESTERANOS

Derivados de esteróis provenientes de organismos eucarióticos, os

esteranos são associado ao ambiente de deposição do óleo, maturidade e

biodegradação [31, 43]. Esta família foi identificada em todos os óleos analisados por

GC-MS/MS(SRM) através das transições m/z 372>217 (C27 esteranos), m/z 386>217

(C28 esteranos), m/z 400>217 (C29 esteranos) e m/z 414>217 (C30 esteranos). A

estimativa da abundância relativa de todos os compostos foi calculada com base no

composto 5(H), 14(H), 17(H) colestano (20R) considerando para isto sua

abundância como 100%.

A partir dos cromatogramas obtidos para as amostras do conjunto, foi

possível notar que houve uma variação na concentração desses, o que é ilustrado nos

cromatogramas obtidos para as amostras TM2 e C10 (Figura 27). Os óleos que

apresentaram um perfil próximo ao do petróleo TM2 foram as amostras provenientes

da bacia de Sergipe/Alagoas (CP1, CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7, CP8, TM1, IP1

e U2). Os óleos que possuíram um perfil próximo ao óleo C10 foram as provenientes

da bacia de Campos, Recôncavo e Potiguar (C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7, C8, C9,

C11, M1, M2 e VAL) e apenas uma amostra específica da bacia de Sergipe/Alagoas

(U1). Além disso, percebeu-se em amostras provenientes da bacia de

Sergipe/Alagoas similares a TM2 alta abundância relativa de esteranos. Isto é

característico de óleos de origem marinha (alta abundância de esteranos) e de fonte

lacustre (baixa abundância de esteranos).

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70

Figura 27: Cromatogramas representativos das amostras de petróleo no modo SEM com sua identificação por números (ver Tabela 5 em anexo)

para as transições correspondete à família de esteranos,

TM2 C

27 esterano

m/z 372>217 100%

TM2 C

28 esterano

m/z 386>217 20%

TM2 C

29 esterano

m/z 400>217 33,33%

TM2 C

30 esterano

m/z 414>217 5,33%

C10 C

27 esterano

m/z 372>217 100%

C10 C

28 esterano

m/z 386>217 50%

C10 C

29 esterano

m/z 400>217 75%

C10 C

30 esterano

m/z 414>217 25%

1 3

2 4

5 6

7

8

2

4

5 7 8

1

3

9

9

11 10

10

11

12

12

13

13

14

14

15

15 16

16

18

17 18

19

19

20

20

17

21

21 22

23

24

25

25

27 26

26 28

30 27

28 29

32 31

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71

Outra informação que pode ser sugerida através dos perfis

cromatográficos é a relação entre colestanos C27, C28 ergostanos e C29 estigmastanos.

Os esteranos C27 (colestanos) e C28 (ergostanos) são mais abundantes em matéria

orgânica de origem marinha derivada de plânctons e invertebrados marinhos (e

portanto, em óleos formados em ambientes com predominância destes organismos);

por outro lado, os esteranos C27 e C29 (estigmastanos) são predominantes em matéria

orgânica de plantas superiores e animais [46]. Foi observado em todas as amostras

uma maior abundância relativa dos colestanos C27 em relação aos ergostanos e

estigmastanos, que pode caracterizar ambientes marinhos derivados de plânctons

marinhos, bem como de ambientes lacustres derivados de zooplânctons [46, 66].

Sendo assim, foi possível sugerir que as amostras IP1, TM1, TM2, CP1, CP2, CP3,

CP4, CP5, CP6, CP7, CP8, AN1 e U2 apresentaram características de óleos de

origem marinha, enquanto que os óleos C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7, C8, C9, C10,

C11, M1, VAL e U1 apresentaram um perfil de amostras lacustres.

Além destas informações, observou-se que as amostras provenientes da

bacia de Campos (C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7, C8, C9, C10, C11), Recôncavo (M2),

Potiguar (VAL) e a amostra U1 (Sergipe/Alagoas), apresentaram maior abundância

relativa de diasteranos C27 em relação aos colestanos (C27). Isto pode ser associado

à origem dos sedimentos presentes durante o período de formação do óleo [57]. Uma

alta abundância de diasteranos em relação aos esteranos é característica de óleos

formados em ambientes pobres em fontes carbonáticas, o que é típico de ambientes

lacustres [66-68]. Já o contrário indica óleos gerados em ambientes ricos em fontes

carbonáticas, predominantemente depositadas em ambientes marinhos [31, 68, 69].

Além disso, alta razão diasterano/esterano também pode ser resultado de evolução

térmica ou severa biodegradação da amostra [70, 71]. Com o aumento da evolução

térmica os esteróides sofrem rearranjos e podem formar os precursores dos

diasteranos [31]. Além disso, a biodegradação pode resultar em consumo mais

pronunciado de esteranos regulares em relação aos diasteranos, o que ocorre

paralelamente com a ausência de n-alcanos e isoprenóides e com a presença dos 25-

norhopanos (compostos formados pela degradação dos hopanos) [31, 71]. Isto foi

observado em todas as amostras similares ao óleo C10. Estas observações são

consistentes com as inferências anteriores sobre as amostras semelhantes a TM2,

qualificadas como provenientes de fontes marinhas, enquanto que os óleos análogas

ao petróleo C10 podem ser caracterizadas com fonte lacustre.

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72

A presença de C30 também foi detectada principalmente em óleos

provenientes da bacia de Sergipe/Alagoas (Figura 27, óleo TM2, transição m/z

414>217). Estes compostos estão presentes em alta abundância em óleos de origem

marinha e assim, servem para diferenciar fontes marinhas de fontes terrestres [31].

Duas principais configurações são encontradas para os C30 esteranos, são elas os 24-

n-propilcolestanos e 24-iso-propilcolestanos (Figura 28). Mello e Gaglianone (1988)

[65] identificaram em estes compostos em óleos provenientes em amostras do sul da

bacia de Sergipe/Alagoas e em óleos da bacia do Maranhão e estão em conformidade

com as amostras analisadas neste estudo.

Figura 28: Estrutura química dos esteranos C30: 24-n-propilcolestano e 24-iso-propilcolestano.

A família dos 4-metil esteranos, que consiste em dois grandes grupos:

esteranos C30 substituídos nas posições 4 e 24, e C30 dinosteranos (esteranos C30

substituídos nas posições 4, 23 e 24, por exemplo: 4,23,24-trimetilcolestanos) foi

investigada no intuito de diferenciar amostras de origem marinha e lacustre de água

doce de fontes lacustres salina [35, 72].

A análise realizada através do monitoramento das transições m/z 414 >

98 e m/z 414 > 231 características para esta família, pode indicar a presença ou

ausência de dinosteranos (característicos de sedimentos marinhos ricos em

dinoflagelados marinhos), especialmente através da abundância relativa de 4,metil-

24-etilcolestanos (característico em ambientes lacustres de água doce e fonte marinha

relacionados com os dinoflagelados não-marinhos e marinhos) [31, 65, 73]. A Figura

29 mostra exemplos das estruturas químicas das duas maiores classes de 4-

metilesteranos.

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73

Figura 29: Estruturas químicas representativas das principais classes de 4-metilesteranos: 4-

metil-24-etilcolestano (a) e 4,23,24-trimetilcolestano (b).

As amostras provenientes da bacia de Sergipe/Alagoas (IP1, TM1, TM2,

CP1, CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7, CP8, AN1 e U2) apresentaram uma alta

abundância de dinosteranos e presença de 4-metil-24-etilcolestanos, característico

de ambientes marinhos ricos em dinoflagelados marinhos [73, 74]. As amostras da

bacia de Campos apresentaram baixa abundância relativa de 4-metil-24-

etilcolestanos e não apresentaram dinosteranos, característicos de ambientes

lacustres. A amostra M2, também contém compostos relacionados aos 4-metil-24-

etilcolestanos, em maior concentração quando comparada aos óleos da bacia de

Campos. Além disso, não foi detectada a presença de dinosteranos, o que corrobora

uma fonte lacustre de água doce para este óleo [35].

A Figura 30 ilustra os cromatogramas representativos obtidos

monitorando as transições características dos 4-metilesteranos nas amostras

estudadas. O óleo TM2 é representativo para as amostras IP1, TM1, TM2, CP1, CP2,

CP3, CP4, CP5, CP6, CP7, CP8, AN1 e U2, sugerindo um ambiente de deposição

marinho; já a amostra M1 é representativa das amostras da bacia de Campos (C1,

C2, C3, C4, C5, C6, C7, C8, C9, C10, C11), U1 (Sergipe/Alagoas) e VAL (Potiguar) e

sugere um paleoambiente de fonte lacustre salina. Finalmente, para a amostra M2, foi

possível sugerir uma fonte lacustre de água doce.

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74

Figura 30: Cromatogramas das amostras (a) M1, (b) M2 e (c) TM2 para a série dos 4-

metilesteranos obtidos por GC-MS/MS(SRM) através das transições m/z 414 > 231 (séries dos 4-

metilestigmastanos) e m/z 414 > 98 (série dos dinosteranos).

Outro parâmetro estudado através dos esteranos é a evolução térmica.

Esta pode ser avaliada por meio da razão entre compostos isômeros R, S, - e

- 5(H),14(H),17(H)-C29 (m/z 400 > 217, Figura 27) [31, 72]. Apenas a configuração

‘R’ ocorre em precursores esteroides de organismos vivos e com a evolução térmica

ocorre conversão deste para esteranos de configuração ‘R’ e ‘S’ [46]. O mesmo ocorre

com a configuração isomérica -C29 em relação a configuração -C29 [31]. Os

parâmetros ββ/(+)-C29 e S/(R+S)-C29 foram calculados para todos os óleos,

e podem ser observados na Tabela 4.

Os valores para a razão S/(R+S)-C29 podem variar de zero a 0,55 – 0,57

(valores obtidos quando há um máximo no nível de geração de óleo). Porém, como

este parâmetro também é dependente da fonte do óleo, sua interpretação deve ser

feita com cuidado. Já a razão ββ/(+)-C29 o valor que indica a máxima

produção está entre 0,67 e 0,71 [31]. Esta razão é indicada para comparação de

amostras que diferem em seu paleoambiente de deposição por não sofrer alteração

com a mudança da fonte de matéria orgânica dos diferentes óleos [2].

(a) M1 m/z 414 > 231

6,7%

M1 m/z 414 > 98

M1 m/z 414 > 98

(b) M2 m/z 414 > 231

53%

M2 m/z 414 > 98

(c) TM2 m/z 414 > 231

67%

TM2 m/z 414 > 98

33

39

35

39

38

38 37

37

36 36 35

34 33

39

38

37

36 35

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75

Para as amostras em estudo, os valores obtidos estavam entre 0,19 a 1,00

para a relação S/(R+S)-C29 e entre 0,18 a 0,67 para a razão ββ/(+)-C29. Os

óleos C2, C3, C4, C6, C7, C8, C9, C10, CP1, CP4, CP5, CP7, CP8, AN1 e U1

apresentaram valores próximos ao nível máximo para a razão entre os isômeros R e

S. As amostras que apresentaram maiores valores para este parâmetro foram os

óleos C5, CP1, CP5, CP6, AN1 e U1. Sendo assim, levando em consideração os dois

parâmetros, as amostras CP1, CP5, AN1 e U1 foram que apresentaram maior

evolução térmica com tendência a aproximarem-se do nível máximo da janela de

geração de óleo. Em oposição, as amostras que apresentaram valores mínimos para

as duas razões caracterizando baixa evolução térmica foram M2, TM1, TM2, CP2 e

CP3.

1.4.4. HOPANOS

Constituintes mais comuns em material orgânico presente em rochas e

sedimentos, os hopanos fazem parte de uma das mais importantes e investigadas

classes de biomarcadores [49]. Comumente utilizados como indicadores de

paleoambiente de deposição e evolução térmica de óleos e sedimentos e

biodegradação, o padrão de presença e distribuição destes compostos pode ser

obtido tanto por monitoramento de um único íon no modo GC-MS(SIM): m/z 191como

por GC-MS/MS monitorando as transições m/z 370>191, m/z 398>191, m/z 412>191,

m/z 426>191 e m/z 440>191 [14, 41]. A Figura 31 ilustra a distribuição do hopanos

para os óleos TM2 (representativa das amostras de óleos da bacia de

Sergipe/Alagoas - IP1, TM1, TM2, CP1, CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7, CP8, AN1

e U2) e C10 (representativa dos óleos das bacias de Campos - C1, C2, C3, C4, C5,

C6, C7, C8, C9, C10, C11, Miranga - M1 e M2, Potiguar - VAL e apenas um óleo da

bacia de Sergipe/Alagoas - U1).

A abundância relativa dos compostos desta família foi calculada em

relação ao maior pico detectado em cada amostra, cuja área relativa foi definifo como

sendo 100 %; para as amostras TM2 e C10 estes foram os picos dos hopanos C30 e

C29, respectivamente.

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76

Figura 31: Cromatogramas correspondentes aos terpanos pentacíclicos (Hopanos) representativos para as amostras da bacia de Sergipe/Alagoas (TM2) característico de

amostras marinhas e C10 representando amostras da bacia de Campos, Miranga e Potiguar.

TM2 C

27 Hopano

m/z 370>191 14,3%

C10 C

27 Hopano

m/z 370>191 21,3%

TM2 C

29 Hopano

m/z 398>191 42,9%

C10 C

29 Hopano

m/z 398>191 100%

TM2 C

30 Hopano

m/z 412>191 100%

C10 C

30 Hopano

m/z 412>191 38,8%

TM2 C

31 Hopano

m/z 426>191 14,3%

C10 C

31 Hopano

m/z 426>191 12,5%

TM2 C

32 Hopano

m/z 440>191 7,14%

C10 C

32 Hopano

m/z 440>191 9,40%

40

40 41

41

42 42

43

44

45 45

47

46 46

47

49

48 48

49

50 51

50 52 52

51 53

53

54 54

55

56 56

55

57 58

58

60 59

61 61 62

62

63 64 63 64

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77

Altas concentrações de esteranos são tipicamente encontradas em óleos

formados por matéria orgânica marinha com maior contribuição de plânctons e/ou

algas bentônicas [31]. Inversamente, altas concentrações de hopanos são indicativos

de matéria orgânica terrestre e/ou microbiana [31]. A abundância relativas dos

hopanos no óleo C10 é aproximadamente dez vezes maior que no óleo TM2,

característico de óleos lacustres [65]. Esta observação foi confirmada calculando e

avaliando a razão esteranos/hopanos (Tabela 4). De modo geral, valores de pelo

menos 1,00 unidade para esta razão são característicos de ambientes marinhos.

Contrariamente, um baixo valor para esta razão é indicativo de matéria orgânica

terrestre e/ou microbiológica [31, 75]. Sendo assim, os óleos IP1, TM1, TM2, CP1,

CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7, CP8, AN1 e U2, provenitentes da bacia de

Sergipe/Alagoas foram as que destacaram e apresentaram características de óleos

marinhos (Figura 31, amostras representadas pela TM2). Em contrapartida, os óleos

das bacias de Campos (C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7, C8, C9, C10, C11), Recôncavo

(M1 e M2), Potiguar (VAL) e apenas uma amostra da bacia Sergipe/Alagoas (U1)

apresentaram características de óleos lacustres.

Através da análise dos hopanos também é possível a avaliação da

evolução térmica de sedimentos e óleos. Este parâmetro pode ser avaliado utilizando

a relação entre o 18-22,29,30-trisnorhopano (Ts) e 17-22,29,30-trisnorhopano (Tm)

[76]. Como o composto Tm é menos estável que o Ts, quanto maior a evolução

térmica, maior será a concentração do último em relação ao primeiro [77, 78]. Os óleos

que apresentaram maiores valores para a razão Ts/Tm e consequentimente maior

evolução térmica foram as amostras M1, CP8, U1 e U2. A relação Ts/(Ts+Tm) foi

também calculada e seus valores também estão na Tabela 4. Este parâmetro é

comumente utilizado em conjunto com Ts/Tm, especialmente quando são

comparados óleos gerados a partir de uma mesma rocha geradora. Sendo assim,

após avaliação e concordância entre os dois parâmetros, as amostras C7, C9, TM1,

CP2, CP3, CP5 e CP6 apresentaram menor evolução térmica.

O gamacerano (composto não hopanóide) foi também identificado em

todos os óleos deste trabalho. Este biomarcador é característico da estratificação da

coluna de água em ambientes marinhos e não-marinhos resultado da hipersalinidade

e é detectado por GC-MS/MS no modo SRM monitorando a transição m/z 412 > 191

[52]. Em todas as amostras ele foi detectado. Para a estratificação da coluna d’água

nas amostras de forma mais confiável, calculou-se e avaliou-se também a razão

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78

Gamacerano/Hopano (Tabela 4). As amostras provenientes da bacia de Campos

apresentaram valores entre 0,06 e 0,45; para estas amostras, este parâmetro pode

também ter sido influenciado pela biodegradação dos óleos. As amostras oriundas da

bacia de Sergipe/Alagoas apresentaram valores entre 0,14 e 0,48, enquanto para a

amostra da bacia Potiguar o valor foi de 0,27 e para os óleos do Recôncavo 0,32 e

0,36. Quanto maior esta razão, maior a coluna de estratificação de água e

consequentemente, maior a salinidade do ambiente.

Após cálculo e avaliação deste e de todos os outros parâmetros acima

citados, foi possível sugerir o tipo de paleoambiente de deposição, evolução térmica

e biodegradação dos óleos estudados neste trabalho.

1.5. CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA ORGÂNICA DAS AMOSTRAS

ANALISADAS

Com base nos resultados descritos acima e por comparação com os

dados da literatura, foi possível caracterizar os óleos através de parâmetros

geoquímicos para identificação do paleoambiente de deposição, evolução térmica e

biodegradação das amostras analisadas neste trabalho.

Os óleos que apresentaram características de um ambiente deposicional

marinho evaporítico foram TM1, TM2, CP1, CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7, CP8,

AN1 e U2 por apresentar alta relação Pr/F, com predominância par sobre ímpar dos

n-alcanos, com alta relação Esterano/Hopano, presença de esteranos C30, alta

concentração de -carotano e gamacerano, e esteranos C27 maior que esteranos C29

[65, 79, 80].

Óleos provenientes do ambiente lacustre salino podem ser caracterizados

através da presença da predominância de n-alcanos com dominância ímpar sobre par,

pristano maior que fitano, alta razão hopano/esterano (> 5) com baixa concentração

de esteranos, Ts<Tm, presença de -carotano, gamacerano com alta ou média

intensidade e alta concentração do -hopano C30 [65, 79]. Houve uma

predominância deste tipo de ambiente dentre as amostras estudadas, nas quais as

que apresentaram estes aspectos foram C1, C2, C3, C4, C5, C6, C7, C8, C9, C10,

C11, M1, VAL e U1.

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79

O ambiente lacustre de água doce pode ser diferenciado de outros

ambientes deposicionais através da alta abundância de hidrocarbonetos de alto peso

molecular com predominância ímpar/par, pristano maior que fitano, baixa razão

esterano/hopano, Ts>Tm, baixa concentração de esteranos, presença de

gamacerano e ausência de -carotano. O único óleo que foi classificado como sendo

deste tipo de ambiente foi o proveniente da bacia do Recôncavo denominado M2.

A única amostra que apresentou características de um ambiente marinho

com influência de ambiente de origem lacustre foi a IP1. As principais características

geoquímicas molecular deste tipo de ambiente são a baixa relação Pr/F,

predominância de n-alcanos impar/par, alta razão esterano/hopano, alta abundância

relativa dos esteranos C30, e alta abundância relativa de diasteranos. Alguns destes

parâmetros foram encontrados nesta amostra e foi possível caracterizá-la como sendo

proveniente de um ambiente deposicional marinho com influência de um ambiente

deposicional lacustre, e pode ser denominado como um óleo de origem marinho

restrito.

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80

1.6. ANEXOS

Tabela 4: Tabela de Parâmetros de biomarcadores de petróleo utilizados para a identificação do ambiente deposicional e evolução térmica dos

óleos estudados.

Amostras

Parâmetros C1 C2 C3 C4 C5 C6 IP1 VAL M1 M2 C7 C8 C9 C10 C11

CPI 1,05 0,97 1,06 1,05 1,09 1,02 1,14 1,23 - 1,05 0,98 - 1,05 - 1,06

Pr/F 1,52 1,11 1,13 1,44 1,32 1,26 0,69 2,00 - 0,75 1,17 - 1,36 - 1,25

Pr/(n-C17) 0,75 0,41 0,59 0,75 0,47 0,38 0,44 0,63 - 0,18 0,67 - 2,73 - 0,55

F/(n-C18) 0,63 0,43 0,54 0,62 0,40 0,32 1,03 0,30 - 0,26 0,72 - 2,15 - 0,54

-Carotano Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo - Baixo Baixo Baixo Baixo Baixo

20S/(20S+20R)

ESTERANOS 0,32 0,57 0,52 0,53 0,45 0,59 0,41 0,45 0,36 0,26 0,56 0,53 0,56 0,52 0,49

/()

ESTERANOS 0,57 0,52 0,44 0,54 0,67 0,54 0,49 0,49 0,41 0,37 0.58 0,46 0,53 0,48 0,56

Ts/Tm HOPANOS 0,56 0,70 0,89 0,76 1,11 0,67 1,21 1,82 2,34 1,26 0,41 0,63 0,55 0,96 0,83

Ts/(Ts+Tm)

HOPANOS 0,36 0,41 0,47 0,43 0,53 0,40 0,55 0,64 0,70 0,56 0,29 0,39 0,36 0,49 0,45

Gamacerano/Hopano 0,13 0,15 0,12 0,06 0,06 0,13 0,24 0,27 0,37 0,32 0,13 0,10 0,10 0,23 0,07

Esterano/Hopano 0,34 0,34 0,37 0,27 0,31 0,34 3,14 0,17 0,23 0,54 0,25 0,31 0,33 0,72 0,33

Parâmetros TM1 TM2 CP1 CP2 CP3 CP4 CP5 CP6 CP7 CP8 AN1 U1 U2

CPI 1,20 1,08 1,26 1,17 1,07 0,96 1,05 0,91 1,08 0,97 1,05 1,14 1,06

Pr/F 0,44 0,47 0,92 0,82 1,07 1,16 0,86 0,86 1,09 1,16 0,92 1,67 1,20

Pr/(n-C17) 1,11 1,10 0,67 0,62 0,66 0,51 0,64 0,67 0,58 0,53 0,67 0,31 0,50

F/(n-C18) 3,22 3,08 1,04 1,18 1,14 0,67 1,20 1,04 0,77 0,82 1,01 0,19 0,75

-Carotano Alto Alto Alto Alto Alto Alto Alto Alto Alto Alto Alto Baixo Alto

20S/(20S+20R)

ESTERANOS 0,27 0,19 0,68 0,30 0,28 0,56 0,73 0,74 0,63 0,64 0,70 1,00 0,38

/()

ESTERANOS 0,27 0,18 0,34 0,37 0,33 0,36 0,34 0,31 0,40 0,32 0,34 - 0,41

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81

Ts/Tm HOPANOS 0,34 0,50 - 0,60 0,47 1,86 0,49 0,60 0,85 1,12 0,74 2,14 1,03

Ts/(Ts+Tm)

HOPANOS 0,25 0,34 - 0,37 0,32 0,65 0,33 0,38 0,46 0,53 0,42 0,68 0,51

Gamacerano/Hopano 0,48 0,51 0,30 0,32 0,29 0,14 0,27 0,19 0,26 0,24 0,34 0,35 0,30

Esterano/Hopano 2,52 2,31 2,97 2,56 3,00 6,26 2,59 2,89 4,13 3,27 6,81 0,64 4,23

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82

Tabela 5: Tabela de compostos identificados por GC-MS/MS em todas as amostras de petróleo.

Pico Composto Fórmula MM (g/mol)

1 5α(H),14α(H), 17α(H)-colestano (20R) C27H48 372

2 5α(H),14ß(H), 17ß(H)-colestano (20S) C27H48 372

3 5α(H),14ß(H), 17ß(H)-colestano (20R) C27H48 372

4 5α(H),14α(H), 17α(H)-colestano (20S) C27H48 372 5 13α(H),17β(H)-diacolestano (20R) C27H48 372 6 13α(H),17β(H)-diacolestano (20S) C27H48 372 7 13β(H),17α(H)-diacolestano (20R) C27H48 372 8 13β(H),17α(H)-diacolestano (20S) C27H48 372 9 5α(H),14α(H), 17α(H)-ergostano (20R) C28H50 386

10 5α(H),14ß(H), 17ß(H)-ergostano (20S) C28H50 386 11 5α(H),14ß(H), 17ß(H)-ergostano (20R) C28H50 386 12 5α(H),14α(H), 17α(H)-ergostano(20S) C28H50 386 13 13α(H),17β(H)-diaergostano (20R) C28H50 386 14 13α(H),17β(H)-diaergostano (20S) C28H50 386 15 13β(H),17α(H)-diaergostano (20R) C28H50 386 16 13β(H),17α(H)-diaergostano (20S) C28H50 386 17 5α(H),14α(H), 17α(H)-estigmastano (20R) C29H52 400

18 5α(H),14ß(H), 17ß(H)-estigmastano (20S) C29H52 400

19 5α(H),14β(H), 17β(H)-estigmastano (20R) C29H52 400

20 5α(H),14α(H), 17α(H)-estigmastano (20S) C29H52 400 21 13α(H),17β(H)-diaestimagstano (20R) C29H52 400 22 13α(H),17β(H)-diaestimagstano (20S) C29H52 400 23 13β(H),17α(H)-diaestimagtano (20R) C29H52 400 24 13β(H),17α(H)-diaestimagtano (20S) C29H52 400 25 5α(H),14α(H), 17α(H)-24-iso-propilcolestano (20R) C30H54 414

26 5α(H),14ß(H), 17ß(H)-24-iso-propilcolestano (20S) C30H54 414

27 5α(H),14ß(H), 17ß(H)-24-iso-propilcolestano (20R) C30H54 414

28 5α(H),14α(H), 17α(H)-24-iso-propilcolestano (20S) C30H54 414

29 13α(H),17β(H)-dia-24-iso-propilcolestano (20R) C30H54 414

30 13α(H),17β(H)-dia-24-iso-propilcolestano (20S) C30H54 414

31 13β(H),17α(H)-dia-24-iso-propilcolestano (20R) C30H54 414

32 13β(H),17α(H)-dia-24-iso-propilcolestano (20S) C30H54 414

33 3β-metil-24-etilcolestano (20S) C30H54 414

34 2α-metil-24-etilcolestano14β(H),17β(H) (20R) C30H54 414

35 3β-metil-24-etilcolestano 14β(H),17β(H) (20R) C30H54 414

36 3β-metil-24-etilcolestano 14α(H),17β(H) (20S) C30H54 414

37 4-metil-24-etilcolestano 14β(H),17β(H) (20R*) C30H54 414

38 2α-metil-24-etilcolestano 20R+ 4α-metil-24-etilcolestano 14β(H),17β(H)20S)

C30H54 414

39 4α-metil-24-etilcolestano 14β(H),17β(H) (20R) C30H54 414

40 18(H)-22,29,30-trisnorhopano (Ts) C27H46 370

41 18(H)-22,29,30-trisnorhopano (Ts) C27H46 370

42 17α(H)-22,29,30-trisnorhopano (Tm) C27H46 370

43 17β(H)-22,29,30-trisnorhopano (Tm) C27H46 370

44 C2917α(H)-diahopano C29H50 398

45 17α(H),21ß(H)-30-norhopano (C29Hop) C29H50 398

46 17ß(H),21α(H)-30-norhopano C29H50 398

47 C(14α-) homo-26-nor-17α-hopano C30H52 412

48 C3017α(H)-diahopano C30H52 412

49 17α(H),21ß(H)-hopano (C30Hop) C30H52 412 50 18α(H)-neohopano (C30Ts) C30H52 412 51 17α(H),21α(H)-hopano (C30aaHop) C30H52 412 52 17β(H),21α(H)-hopano (C30baHop) C30H52 412

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83

53 Gamacerano C30H52 412 54 C31 17α(H)-diahopano (22S+22R) C31H54 426

55 17α(H),21ß(H),-homohopano (22S) C31H54 426 56 17α(H),21ß(H),-homohopano (22R) C31H54 426 57 3β-metil-17α(H),21ß(H)-hopano (S) C31H54 426 58 17β(H),21α(H)-homohopano (22S+22R) C31H54 426 59 C32 17α(H)-diahopano (22S) C32H56 440

60 C32 17α(H)-diahopano (22R) C32H56 440 61 17α(H),21ß(H)-bishomohopano (22S) C32H56 440 62 17α(H),21ß(H)-bishomohopano (22R) C32H56 440 63 17β(H),21α(H)-bishomohopano (22S) C32H56 440 64 17β(H),21α(H)-bishomohopano (22R) C32H56 440

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84

Capítulo II

CARACTERIZAÇÃO GEOQUÍMICA DE PETRÓLEO

POR GC×GC-MS E FERRAMENTAS

QUIMIOMÉTRICAS

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85

2.1. INTRODUÇÃO

2.1.1. TÉCNICAS CROMATOGRÁFICAS MULTIDIMENSIONAIS

A necessidade de atender áreas como a petroleômica, proteômica e

metabolômica, e as crescentes exigências para adequada separação, identificação e

quantificação de biomarcadores e metabólitos, promoveram uma grande sofisticação

instrumental, elevando o poder de resolução para detecção e identificação destes

analitos. Na análise de amostras com certo grau de complexidade por técnicas

unidimensionais, o poder de separação muitas vezes é insuficiente ou, quando

adequado, requer elevado tempo de processamento [81]. Por essas razões, o

surgimento de novos sistemas multidimensionais promoveu um salto exponencial na

capacidade de análise dessas matrizes [81, 82].

As técnicas multidimensionais podem ser definidas como aquelas onde

dois sistemas de separação com seletividades diferentes são combinadas em série, o

que aumenta a capacidade de separação, detecção e identificação dos constituintes

de uma amostra [83]. Elas podem ser divididas em técnicas multidimensionais

abrangentes e não-abrangentes.

Para que seja considerada abrangente, é necessário que, no mínimo uma

fração representativa de todos os componentes da amostra sejam separados por duas

técnicas de separação com seletividades diferentes, demonstrando assim um perfil

distinto de retenção e também que percentagens iguais de todos esses componentes

passem por ambas dimensões. Além disso é necessário que os analitos separados

em uma das dimensões não sejam recombinados na dimensão seguinte, para que

seja mantido o perfil de eluição observado na primeira separação [9, 84, 85].

Na cromatografia multidimensional não-abrangente apenas algumas

frações da primeira dimensão são transferidas para o segundo sistema analítico,

dessa forma, não representando os componentes da amostra em sua totalidade [86].

Dentre as técnicas de separação multidimensionais não-abrangentes, técnicas

hifenadas como a cromatografia gasosa multidimensional de frações parciais (GC-GC

ou HC/MDGC, heart-cut multidimensional gas chromatography) é frequentemente

utilizada. A Figura 32 ilustra o esquema típico de um sistema GC-GC. Neste sistema,

a amostra é introduzida na primeira coluna (também chamada de pré-coluna) e

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86

arrastada por um fluxo de gás, sofrendo a primeira separação cromatográfica, até

chegar a interface. Esta interface (modulador) transfere o efluente proveniente da

primeira coluna para uma válvula limitadora de fluxo (capilar de restrição desativado),

no qual conduz a amostra para um detector ou pequenas e restritas frações para a

segunda coluna para que sofra uma segunda separação e chegue ao segundo

detector [86, 87].

Figura 32: Típico sistema de cromatografia de frações parciais (GC-GC). ADAPTADO: Seeley

(2012) [87].

O aumento da capacidade de separação da cromatografia

multidimensional pode ser discutido em termo do incremento na “capacidade de pico”

[88]. Idealmente a capacidade de pico de uma sistema unidimensional (1D) tem que

exceder o número de analitos de uma matriz, o que raramente ocorre para amostras

muito complexas, causando a sobreposição de picos e diminuição da qualidade da

análise [9, 89]. Uma alternativa para minimizar este problema é a escolha de uma fase

estacionária seletiva. Além disso, aumentar o comprimento e diminuir o diâmetro

interno da coluna favorece a resolução dos componentes [90], porém, nessa situação,

o tempo de análise aumenta bastante.

A análise multidimensional, proporciona aumento da capacidade de picos

em relação a 1D. Se por exemplo, a capacidade de pico da 1D for n1 e a capacidade

da segunda dimensão (2D) “heart-cut” for n2, a capacidade total de picos será dada

Injetor

Modulador

Detector 1 Detector 2

Coluna Primária Coluna Secundária

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87

por n1 + n2 picos [84, 85]. Dessa forma, o plano de retenção contém maior capacidade,

adaptando-se a misturas um pouco mais complexas. A Figura 33 representa a

capacidade de pico em sistemas cromatográficos convencionais, não-abrangentes e

abrangentes.

Figura 33: Representação gráfica da capacidade de pico de sistemas cromatográficos

convencionais, não-abrangentes e abrangentes.

As técnicas hifenadas do tipo GC-GC são efetivas para uma grande

variedade de amostras, sendo que, as áreas que fazem maior uso deste modo de

análise, são: petroquímica com a análise de componentes traços [91], albiental [92,

93], e farmacêutica [94, 95]. Porém, muitas vezes não são eficientes na separação de

determinadas matrizes altamente complexas. Esses sistemas complexos são comuns

em análise de petróleo devido a elevada diversidade estrutural e físico-química dos

compostos biomarcadores. Nesses casos, faz-se necessário a utilização de técnicas

multidimensionais mais avançadas e abrangentes, tais como a GC×GC.

A cromatografia gasosa bidimensional abrangente (GC×GC) foi

inicialmente descrita por Liu e Phillips em 1991 [96], que descreveram um sistema

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88

onde duas colunas com diferentes seletividades foram conectadas em série através

de uma interface denominada modulador, que continuamente coleta, focaliza e

reinjeta frações do eluato da primeira coluna na segunda coluna. Esta é considerada

a maior inovação da GC após o desenvolvimento de colunas capilares em 1958, e

desde o seu desenvolvimento é considerado uma das técnicas de separação mais

poderosas, extensivamente aplicada na separação de matrizes complexas [82].

Os principais atrativos da GC×GC são: i) a elevada capacidade de pico;

ii) o aumento do sinal dos analitos devido a reconcentração realizada pelo modulador

e iii) a habilidade em produzir um cromatograma estruturado [82, 97]. A Figura 34

representa o sistema cromatográfico bidimensional abrangente.

Figura 34: Representação de um sistema típico e simplificado da cromatografia gasosa

bidimensional abrangente. ADAPTADO: Liu e Phillips (1991) [96].

A separação e análise em um sistema bidimensional abrangente é muito

mais poderosa do que em um sistema unidimensional ou multidimensional não-

abrangente. Se a capacidade de pico da 1D for n1 e da 2D for n2, a capacidade total

de picos será n1 x n2 picos (Figura 33) [84]. Sendo assim, a capacidade de pico é

exponencialmente maior do que em sistemas unidimensionais ou multidimensionais

tipo heart-cut. Além disso, a identificação é confiável já que cada analito apresenta

dois tempos de retenção.

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89

Uma boa estruturação do cromatograma é capaz de fornecer informações

sobre classes de compostos (séries homólogas, isômeros, etc.) contidas nas amostras

(geralmente aglomerados em regiões bem definidas, “clusters”) e fornecer

informações qualitativas, já que é possível fazer uma análise visual de grupos de

compostos e identificá-los com ajuda de um espectrômetro de massas [10, 82, 97].

Entretanto, para obter um cromatograma bem estruturado é preciso ter

uma alta capacidade de pico, ortogonalidade, resolução e sensibilidade, além de uma

boa otimização desses parâmetros. Idealmente, para que exista ortogonalidade é

necessário que a separação na primeira coluna não seja correlacionada com a

separação na segunda coluna [98]. Atenderá a este requisito sistemas

multidimensionais que apresentem dois mecanismos de separação diferentes

aplicados a toda a amostra [83, 99].

A configuração de um sistema GC×GC é relativamente simples quando

considerado o incremento na resolução e detectabilidade [100]. As principais

condições operacionais que devem ser otimizadas em GC×GC são o período de

modulação ou frequência, escolha da fase estacionária e dimensões da coluna,

programação da temperatura e configurações do detector [101].

O período de modulação ou frequência (PM) é o tempo que o modulador

leva para coletar, focalizar e reinjetar uma fração da amostra proveniente da primeira

coluna para a segunda coluna e está relacionado ao tempo necessário para que os

compostos sejam eluidos na 2D. Esse período tem que ser curto o suficiente para que

a separação da primeira dimensão não seja perdida, ou seja, se o modulador não

executasse sua função, quando os analitos separados na primeira dimensão

percorressem a segunda coluna, os picos poderiam se sobrepor e coeluiriam, fazendo

com que fosse perdido o principal requisito da GC×GC [101]. Além disso, o PM deve

ser constante em toda a corrida. Para não perder a separação, um pico deve ser no

mínimo fracionado três vezes [102]. Por exemplo, se um composto demora 24 s para

eluir da primeira dimensão, então o período de modulação deve ser de no máximo 8s.

A Figura 35 ilustra um experimento que demonstra a influência do período

de modulação na separação cromatográfica [101]. Os autores utilizaram três

diferentes períodos de modulação: 6s, 7s, 8s. Com período de modulação de 6s (A)

os picos estão visualmente separados. Quando o período de modulação é alterado

para 7s (B) e 8s (C), é possível visualizar a coeluição parcial e completa dos

compostos, respectivamente. A sobreposição dos compostos é consequência do

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longo ciclo de modulação que proporciona tempo suficiente para reunir dois picos

parcialmente separados na primeira dimensão.

Figura 35: Influência do período de modulação na separação cromatográfica. Em (A) PM 6s com

separação dos compostos; (B) 7s e (C) 8s respectivamente. ADAPTADO: Mostafa et al. (2012)

[101].

O PM poder ser estendido de 2s até 12s. Utilizar um PM curto, é vantajoso

para aqueles compostos que não se sobrepõem na 1D, mas que tem o mesmo tempo

de retenção na 2D, entretanto, sua maior desvantagem, é que períodos curtos, afetam

compostos que tem maior interação com a 2D, podendo ocorrer picos fora do ciclo de

modulação (wrap-around). Este fenômeno ocorre quando um composto apresenta um

tempo de eluição na 2D superior ao período de modulação, fazendo com que a

estrutura do cromatograma seja modificada. Este fato deve ser considerado um

problema quando há sobreposição de picos, pois, a identificação torna-se

praticamente impossível [101]. A Figura 35 no item A, ilustra um exemplo claro de

“wrap-around” para o pico 3. A separação obtida na 1D deve ser mantida na 2D, mas

para que isto ocorra, o modulador tem que ser frio o suficiente para que compostos

não escapem da coleta e saiam fora de ciclo.

Outro parâmetro a ser estudado são as dimensões da coluna. Para que a

separação na primeira coluna não seja perdida, a separação na segunda dimensão

deverá ser suficiente rápida para que as frações injetadas pelo modulador não se

sobreponham. Para isto é necessário que o mecanismo de separação na 2D seja tão

rápido quanto o período de modulação, ou seja, colunas muito longas, poderiam levar

a sobreposição de compostos. Em geral, a primeira dimensão é sempre nas medidas

que já eram utilizadas para a sua análise unidimensionais por GC [81]. A escolha das

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dimensões da segunda coluna, dependerá da velocidade com que os analitos saem

para o detector, mas em geral as dimensões variam de 0,5 m a 2,0 m de comprimento

[81].

Além das dimensões do conjunto de colunas, o sucesso da separação por

GC×GC depende diretamente das diversas fases estacionárias que as compõe. A

otimização da fase estacionária para separações de misturas complexas, é

praticamente impossível sem a prévia análise no sistema cromatográfico

convencional. Isto acontece devido a imensidão de compostos com diversas

estruturas e polaridades presentes em amostras complexas.

O conjunto mais utilizado em GC×GC é feito com fases estacionárias

apolares + polares, ditas como conjuntos “normais”. Existe ainda os tipos reversos,

menos utilizados, no qual o conjunto de colunas é composto primeiramente por uma

coluna polar ou de alta polaridade, e uma segunda coluna apolar ou de média a baixa

polaridade. A Figura 36 ilustra duas separações obtidas por um conjunto normal (A;

apolar + polar) e um conjunto reverso (B; polar + média polaridade). Neste caso, a

utilização de um conjunto reverso, proporcionou uma melhor resolução dos

componentes aromáticos da amostra, permitindo a quantificação de analitos dentre as

classes dos monoaromáticos e diaromáticos [103].

Figura 36: Separações cromatográfica utilizando um conjunto apolar + polar (a) e polar + apolar

(b). ADAPTADO: Mondello (2011) [103].

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92

Colunas do tipo de líquido iônico, estão sendo cada vez mais utilizadas

principalmente por possuir um alto limite de temperatura e por sua fase estacionária

ser de alta polaridade, que proporciona uma maior seletividade por manter interações

específicas entre analitos de alta polaridade [104]. Diferenciando-se assim, das

colunas polares normais que geralmente possuem baixo limite de temperatura [105].

Dessa forma, espera-se que seja altamente seletiva para alcalóides, flavonoides e

compostos polares em geral e menos seletivas para terpenóides, por exemplo.

Ragonese et al. (2012) [106], fez uma breve revisão sobre a utilização de colunas de

liquido iônico para diversos tipos de análises por GC×GC, a qual observou que a maior

eficiência deste tipo de coluna foi obtida para a análise de ésteres metílicos de ácidos

graxos.

Apesar da elevada importância dos demais componentes da GC×GC, o

modulador é considerado o coração da técnica, é a interface que interliga a 1D à 2D.

As principais funções de um modulador são: acumular continuamente ou “aprisionar”

pequenas frações provenientes da primeira separação, também chamada de fase de

coleta, reconcentrar (focagem) as frações eluídas no espaço ou tempo, e reinjetar

estas frações com pulsos rápidos (frações de segundos) e periódicos na segunda

dimensão [89, 98]. Normalmente a separação na segunda dimensão termina antes

que a próxima fração reconcentrada é injetada [81]. Consequentemente, o modulador

é o maior responsável pela eficiência da 2D (se os analitos não forem remobilizados

de maneira rápida e eficaz, haverá um alargamento dos picos adicional ao causado

pela segunda separação) [105].

O modulador pode estar localizado no final da 1D, no início da 2D ou entre

as duas colunas. Sua importância é tamanha, que na sua ausência, os analitos

separados na 1D podem sobrepor-se na 2D não obtendo a separação desejada. A

Figura 37, ilustra o processo básico da modulação, no qual descreve desde a

separação unidimensional, até a visualização de um cromatograma GC×GC. O

primeiro passo (A), ilustra o processo de modulação no qual vários e rápidos

cromatogramas são gerados pela 2D lado a lado de acordo com o período de

modulação (B). O terceiro passo (C), é a transformação dos sinais em um gráfico

bidimensional, no qual são representados os tempos de retenção da 1D (Tr1) x tempo

de retenção da 2D (Tr2) x intensidade do pico. A transformação do gráfico com os

tempos de retenção em matrizes é feita geralmente por um software e visualizada em

forma de um gráfico de cores (F), de contorno (E) ou um gráfico tridimensional (D).

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93

Figura 37: Ilustração do processo básico de geração de um cromatograma bidimensional.

ADAPTADO: Dallüge et al. (2003) [81].

O modulador é a única peça responsável por injetar continuamente o

eluato da primeira na segunda coluna e, desde seu surgimento em 1991 [96],

assumiram vários formatos e tamanhos. Dentre eles, os que mais se destacam são

os baseados em operações pneumáticas (válvulas e fluxo) [107, 108] e os térmicos

(criogênicos) [109-112].

Os moduladores criogênicos são baseados na incidência de jatos quentes

e jatos resfriados com nitrogênio líquido alternadamente sobre um capilar para a

devida compressão da banda cromatográfica e remobilização para a 2D . Os

moduladores de quatro jatos [111] e o modulador de loop [110] são os que mais se

destacam nessa função.

Nos moduladores de quatro jatos (Figura 38), os dois estágios de

modulação (aprisionamento e dessorção das bandas cromatográficas) são realizadas

em locais diferentes, ou seja, no primeiro estágio inicia-se o ciclo de modulação pelo

aprisionamento do eluato proveniente da 1D com incidência do jato frio enquanto que

no segundo estágio ocorre a dessorção das bandas pela incidência de um jato quento

(Figura 38 – 1). Em seguida, os jatos são invertidos e a incidência de um jato quente

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94

no primeiro estágio faz com que a banda seja dessorvida e focalizada no segundo jato

frio (responsável por comprimir a banda antes da remobilização para a 2D) (Figura 38

– 2 e 3). Posteriormente, há novamente a inversão dos jatos e o eluato é remobilizado

em uma banda estreira para a 2D (Figura 38 – 4). Sua maior vantagem está na

eficiência em aprisionar os compostos bastante voláteis [113].

Figura 38: Ilustração simplificada do funcionamento de um modulador criogênico de quatro

jatos. ADAPTADO: Hantao (2014) [114].

Os moduladores criogênicos de loop são capazes de aprisionar, comprimir

a banda cromatográfica proveniente da 1D e remobilizar os analitos para a 2D

utilizando apenas dois jatos. Para isto, um capilar é posicionado entre as duas colunas

e todo o processo de modulação acontece ali, em dois pontos distintos do capilar. O

1D

1D

1D

1D

2D

2D

2D

2D

F

F

F

F

F

F

F

F

Q Q

Q Q

Q Q

Q Q

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95

primeiro passo é realizado pelo aprisionamento do eluato proveniente na 1D através

da incidência de um jato criogênico (Figura 39 – 1). Em seguida, o jato quente é

acionado para que ocorra a dessorção dos analitos para dentro da alça de modulação

ou loop (Figura 39 – 2). A incidência dos jatos frio e quente é realizada

alternadamente, até que a banda cromatográfica percorra todo o capilar e alcance a

região de modulação onde serão aprisionados novamente (Figura 39 – 3) para

posterior transferência para a 2D na forma de pulsos estreitos (Figura 39 – 4).

Figura 39: Ilustração simplificada do funcionamento de um modulador criogênico de loop.

ADAPTADO: Hantao (2014) [114].

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96

Neste trabalho, foram realizados testes com moduladores criogênicos de

4 jatos e loop. Os equipamentos utilizados são protótipos desenvolvidos pelo próprio

grupo de pesquisa, resfriados com nitrogênio líquido e aquecidos por resistências

elétricas, no qual seus funcionamentos foram descritos nas Figuras 38 e 39.

2.1.2. FERRAMENTAS QUIMIOMÉTRICAS

A complexidade dos dados gerados por GC×GC em amostras petrolíferas

requer a utilização de ferramentas que auxiliem na maior compreensão e interpretação

da informação contida em cromatogramas de GC×GC [115]. Desta forma, a utilização

de ferramentas quimiométricas, baseadas na estatística multivariada, matemática e

ciências da computação, pode ser uma alternativa para a extração de informações de

perfis cromatográficos de diferentes amostras de petróleo [116].

Através da análise exploratória de dados, principalmente pela utilização

de métodos de reconhecimento de padrões não-supervisionados, é possível por

exemplo, identificar amostras de uma mesma origem ou diferenciá-las a partir de seus

perfis cromatográficos [117]. Além disso, é possível a identificação de picos que

contribuam para esta separação, o que a torna um método atrativo na análise do

fingerprint de petróleo, bem como na análise de biomarcadores.

A Análise de Componentes Principais (PCA, Principal Component

Analysis), introduzida por Karl Person em 1901 [118] e divulgado em 1933 pelo

trabalho de Hotelling [119], é uma das abordagens quimiométricas mais comuns para

a análise exploratória de dados. Neste método, a dimensionalidade original dos dados

é reduzida por eliminação da co-linearidade entre as variáveis resultando na

compressão dos dados em novas variáveis denominada de componentes principais

(PCs, Principal Components) preservando a informação química relevante. A

interpretação dos dados será então realizada através da projeção das amostras no

subespaço definido pelas PCs [120-122].

Este método é baseado na representação de uma matriz de dados X em

termos do produto de duas matrizes menores: T (escores ou scores) que mostra a

relação entre as amostras, e P (pesos ou loadings) que evidencia a correlação entre

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as variáveis e retém a quantidade de informações possível, mais a matriz E (erros ou

resíduos) [122, 123]. A equação para o PCA é mostrada abaixo e a Figura 40 ilustra

a decomposição da matriz X nos escores (tr) e pesos (𝐩𝒓𝐭 ) para cada componente

principal.

𝑿 = 𝑻𝑷𝒕 + 𝑬 = 𝐭𝟏 . 𝐩𝟏𝐭 + 𝐭𝟐 . 𝐩𝟐

𝐭 + ⋯ + 𝐭𝐫 . 𝐩𝒓𝐭 + 𝑬

Figura 40: Ilustração da decomposição de uma matriz X em seus respectivos Escores (T) e Pesos

(P) para cada componente principal.

As PCs são responsáveis, em ordem decrescente pelo número máximo

de informações geradas sem repetição. Cada PC é produzida pela projeção das

variáveis em um sub-espaço reduzido, onde os escores mostram as coordenadas das

amostras na PC e os pesos mostram as contribuições das variáveis originais na PC

[124].

Para dados de ordem superior como a GC×GC (Tempo de retenção na 1D

(1TR) x Tempo de retenção na 2D (2TR) x Amostras (N)), torna-se necessário o emprego

de metodologias de ordem superior. Na Análise de Componentes Principais

Multimodo (MPCA, Multiway Principal Components Analysis), que é uma extensão da

PCA, o cubo de dados multidimensional (1TR x 2TR x amostras) (Figura 41) é

inicialmente desdobrado na forma de uma matriz X (N, 1TR x 2TR) antes de ser

realizado o PCA [13].

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Figura 41: Desdobramento de um cubo de dados multidimensional (1TR x 2TR x N) em uma matriz

de dados X (N, 1TR x 2TR) antes de ser realizado o PCA.

Assim como o PCA, o MPCA é considerado um método não-

supervisionado, onde não é preciso ter nenhuma conhecimento prévio a respeito da

classificação da amostra. Para amostras de petróleo, este método pode auxiliar na

identificação dos principais grupos de compostos responsáveis pela diferenciação

entre amostras.

2.1.3. ANÁLISE DE PETRÓLEO E INVESTIGAÇÃO DE BIOMARCADORES POR

GC×GC E QUIMIOMETRIA

A utilização da GC×GC na análise de petróleo vem crescendo

consideravelmente, principalmente no estudo do fingerprint do óleo e de

biomarcadores responsáveis pela identificação de características geoquímicas

relevantes para a identificação de particularidades presentes em grupos de óleos.

Embora a GC-MS seja comumente utilizada para a caracterização de

petróleo, mesmo com a utilização de ferramentas quimiométricas, como o PCA, como

no trabalho de Pasadakis et al. (2004) [125], que observaram que a utilização do PCA

pode auxiliar na diferenciação de óleos com misturas de fontes da bacia de Williston

(USA) quando utilizada a fração de hidrocarbonetos saturados, ainda assim, o sistema

de análise convencional (análise, identificação e cálculo de parâmetros de

biomarcadores) e análise de outras frações do petróleo deverão ser realizados em

conjunto para dar maior confiabilidade aos dados.

Neste sentido, a utilização de técnicas multidimensionais, como a

GC×GC, pode facilitar a análise de amostras complexas, diminuindo o pré-tratamento

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99

amostral e número de co-eluições juntamente com o aumento significativo da

capacidade de pico, do espaço de separação e detectabilidade.

O número de trabalhos com a aplicação da GC×GC para a análise de

petróleo vem crescendo anualmente, contudo o número de trabalhos relacionados a

GC×GC, Petróleo e Quimiometria é ainda pequeno. A Figura 42 ilustra o número de

trabalhos publicados por ano utilizando a pesquisa de Petróleo e GC×GC até o ano

de 2015 realizada utilizando o site Web of Science [126].

Figura 42: Gráfico que ilustra o número de publicações por ano para a pesquisa de petróleo e

GC×GC. FONTE: Web of Science [126].

Araújo et al. (2016) [127] realizaram uma carcaterização geoquímica

molecular de óleos da bacia de Sergipe/Alagoas identificando a presença de

biomarcadores como gamacerano, -carotano, hopanos, esteranos e dinosteranos

através da análise da fração de hidrocarbonetos saturados cíclicos por GC×GC-

TOFMS.

Oliveira et al. (2012) [128] fizeram uma comparação entre o GC×GC-

TOFMS e GC-MS, no qual observaram a presença de compostos biomarcadores que

não foram detectados na análise convencional. Além disso, os autores conseguiram

identificar características geoquímicas para identificação do paleoambiente de

deposição do óleo, evolução térmica e biodegradação de petróleos brasileiros através

da análise de hidrocarbonetos saturados.

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100

Kiepper et al. (2014) [129] investigaram a presença de biomarcadores

não-usuais para a família de metil-hopanos através do fracionamento SARA e análise

da fração de hidrocarbonetos saturados e aromáticos por GC-MS e GC×GC-TOFMS,

sugerindo um novo parâmetro para identificação de óleos de origem lacustre e

marinha.

Li et al. (2014) [130] e Soares et al. (2013) [131] avaliaram a

biodegradação de óleos brutos através da análise da fração de hidrocarbonetos

saturados e observaram a presença séries completas de biomaracadores que não

apareceriam por análise convencional e descobriram novos compostos que poderiam

servir como possíveis biomarcadores para a caracterização de óleos altamente

biodegradados bem como cálculo de novos parâmetros geoquímicos que poderiam

sugerir o gral de biodegradação de petróleo.

Outras frações como a de hidrocarbonetos aromáticos e a sua mistura

complexa não-resolvida (UCM) em petróleo com diferentes níveis de biodegradação

também foram estudadas [132, 133]. Outros trabalhos mostraram que as frações

contendo compostos nitrogenados e sulfurados [134, 135] foram também analisadas.

Embora a utilização da GC×GC tenha melhorado a investigação de novos

biomarcadores e caracterização geoquímica de óleos, a maior partes destes trabalhos

foram realizados com pré-tratamento amostral por utilização do fracionamento SARA.

Como consequência, devido ao elevado número de etapas, contaminação e perda

dos analitos-chave são possíveis. Trabalhos como o de Mogollón et al. (2016) [136]

que caracterizaram amostras da bacia do Recôncavo (Brasil) por técnicas

convencionais (análise de biomarcadores e cálculo de parâmetros por GC-MS e GC-

MS/MS) e fizeram uma comparação através da análise da fração de maltenos por GC-

MS, GC×GC-MS e GC×GC-MS/MS no qual foi observado que a diminuição na etapa

de pré-tratamento e vantagens da GC×GC, levaram a um melhor entendimento do

desenvolvimento da matéria orgânica para esta bacia com alteração da distribuição

dos compostos contidas nestas amostras. Além disso, Gao et al. (2016) [137]

verificaram a utilização de uma nova metodologia para análise de óleos brutos

utilizando a extração por microseringa com gás de purga acoplado a um GC×GC-

TOFMS. Neste trabalho, os autores compararam esta técnica com a análise

convencional e identificaram compostos a nível de traço e famílias de terpanos,

esterano, diamantóides e compostos nitrogenados. Além disso, os autores

observaram o efeito da biodegradação de óleos brutos.

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101

A utilização da Quimiometria como ferramenta auxiliar pode contribuir

ainda mais para a análise e caracterização de petróleo. Um exemplo deste benefício

está descrito no trabalho de Ventura et al. (2011) [138] em que as similaridades

químicas entre óleos brutos obtidos intra e entre reservatórios foram estudadas de

forma exploratória utilizando Análise de Componentes Principais Multi-modo (MPCA)

em regiões conhecidas e específicas do cromatogra. Neste trabalho, os autores

conseguiram agrupar diferentes tipos de óleos de acordo com as similaridades intra e

inter reservatórios, além disso, foi possível extrair a informação sobre os principais

compostos que auxiliaram nesta separação.

Casilli et al. (2014) [139] utilizaram o cálculo de parâmetros geoquímicos

de evolução térmica através da análise e identificação de biomarcadores por GC×GC

para a realização de PCA e observou que os óleos de uma mesma bacia poderiam

ser separados em três grupos principais baseados em diamantóides, compostos

saturados e compostos aromáticos.

Zhang et al. (2015) utilizaram parâmetros geoquímicos relacionados a

maturidade (razões conhecidas e propostas de esteróides triaromáticos) e condições

redox do paleoambiente de deposição (Pr/F) para realizar a análise de PCA e de

agrupamentos hierárquicos (HCA, Hierarchical Cluster Analysis) em que foi

contastado a presença de três conjuntos de óleos que apresentaram semelhanças

com a análise convencional dos mesmos óleos.

Visando uma análise simplificada e mais detalhada do fingerprint de

petróleo, a proposta deste trabalho foi utilizar um rápido pré-tratamento amostral

(retirada da fração que não é analizável por GC) tendo como objetivo a minimização

de etapas de manipulação amostral através da análise por GC×GC e ferramentas

quimiométricas (MPCA).

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102

2.2. OBJETIVOS

O objetivo deste capítulo foi verificar o uso da cromatografia gasosa

bidimensional abrangente (GCxGC) combinada com ferramentas quimiométricas, em

especial a análise de componentes principais multi-modo (MPCA), como alternativa

para a caracterização geoquímica orgânica dispensando as etapas manuais de

fracionamento do petróleo em hidrocarbonetos saturados, aromáticos, resinas e

asfaltenos.

2.2.1. OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Demonstrar que é possível simplicar o preparo de amostras petroquímicas

devido a utilização de técnicas multidimensionais como a GCxGC, por

eliminação do fracionamento em coluna.

Caracterizar as amostras de petróleo provenientes das bacias de

Sergipe/Alagoas, Campos, Recôncavo e Potiguar por GCxGC-MS combinada

com a MPCA.

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103

2.3. PARTE EXPERIMENTAL

2.3.1. MATERIAIS

Os solventes utilizados nesta parte do trabalho foram de grau HPLC com

nível de pureza igual ou superior a 99%. Para a extração da fração de maltenos do

óleo foram utilizados n-pentano (Tédia, USA) e n-hexano (Tédia, USA). Além disso,

tudos de centrifugação de 10 mL (Sigma-Aldrish) foram utilizados.

2.3.2. LIMPEZA DE VIDRARIAS

As vidrarias utilizadas foram lavadas com água deionizada, detergente

neutro e deixada em imersão por 2 h em solução alcóolica de hidróxido de potássio

para retirada de possíveis resíduos. Em seguida, foram enxaguadas com água, água

deionizada, álcool etílico absoluto, acetona comercial e posta em estufa a 60 °C até a

sua utilização. Antes da utilização todo o material foi lavado com solve nte de uso.

2.3.3. APRESENTAÇÃO DAS AMOSTRAS

As amostras utilizadas neste capítulo, fazem parte do acervo dos grupos

de geoquímica orgânica do IQ-Unicamp. As 28 amostras provenientes de bacias

sedimentares brasileiras (Campos, Recôncavo, Sergipe/Alagoas e Potiguar) foram

analisadas no capítulo anterior e mais informações podem ser encontradas na Tabela

3 (Capítulo I).

2.3.4. ISOLAMENTO DA FRAÇÃO DE MALTENOS

O procedimento de isolamento da fração de maltenos consistiu na

pesagem de (100,00 ± 0,05) mg do óleo em tubos de centrifugação. Em seguida foram

adicionados 10,00 mL de n-pentano e centrifugados por 5 min em temperatura

ambiente com rotação de 300 rpm. Logo após, o líquido sobrenadante foi separado

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104

do precipitado e este foi novamente centrifugado com 7 mL de n-pentano por mais 5

vezes, até que toda a fração de maltenos fosse isolada [140].

Posteriormente, as amostras foram reconcentradas até a completa

evaporação do solvente sob fluxo de nitrogênio, pesadas para a determinação de suas

massas reais e diluídas em balão volumétrico (2,00 mL) utilizando n-hexano em

volume suficiente para que as concentrações das amostras fossem de 20,00 mg/mL.

Em seguida, foram transferidas para “vial” de 2,00 mL e guardadas em refrigerador

até o momento da sua análise. Apenas 1,00 L desta fração para todos os óleos foram

injetados em GC-QMS, GC×GC-FID e GC×GC-QMS. A Figura 43 mostra um

fluxograma resumido de todas as etapas realizadas.

Figura 43: Fluxograma de isolamento da fração de maltenos para posterior análise por GC×GC,

análise de dados por MPCA e caracterização do petróleo.

Amostra de óleo (100 mg)

Centrifugação 300 rpm (3 min)

Adição de n-pentano (7mL)

(repetidos por 5x)

Fração de Maltenos (20,00 mg/mL em n-Hexano)

Resinas e Asfaltenos

GC×GC-QMS (1L)

Tratamento

Quimiométrico (MPCA)

Caracterização do

Petróleo

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105

2.3.5. CONDIÇÕES CROMATOGRÁFICAS

As condições de análise foram otimizadas primeiramente em um

cromatógrafo a gás acoplado a um detector por ionização em chamas GC×GC-FID

(AGILENT 6890) e reproduzidas no GC×GC-QMS (TQ8040 Shimadzu, Kioto-JP). A

coluna capilar de sílica fundida RTX-5ms (Restek Corporation, Pensilvania-EUA) (fase

estacionária difenil-dimetil-polisiloxano) com 30 m, 0,25 mm de diâmetro interno e 0,25

m de espessura de fase foi utilizada como primeira dimensão. Em seguida, 1 m de

coluna HP5-MS (0,25 mm de diâmetro interno e 0,25 m de espessura de fase, 5%

fenil 95% Dimetil Polisiloxano) foi utilizada como capilar de ligação (loop) entre a 1D e

2D, e 1 m de uma coluna Rxi-17 Sil (50%-fenil 50% -metilpolisiloxano, Restek GC

Columns) com dimensões: 0,15 mm de diâmetro interno e 0,15 m de espessura de

fase foi utilizada como segunda dimensão. Além disso, os moduladores de 4 jatos e

loop e foram utilizados para testes e após escolha do modulador, testes para escolha

das melhores condições de análise foram realizados através da comparação entre

análises realizadas em diferentes conjunto de colunas, período de modulação, vazão.

Para todas as análises foram utilizadas as seguintes condições

cromatográficas: temperatura inicial do forno 70ºC, com programação de temperatura

de 70 ºC a 325 ºC a uma faixa de 3 ºC.min-1, temperatura do injetor a 300 ºC. O fluxo

de gás de arraste foi ajustado para 0,8mL.min-1, com utilização de Hidrogênio (99%

de pureza) como gás de arraste e razão de divisão no injetor de 1:30. O volume de

injeção foi de 1 L e o tempo total de análise foi 85 minutos. A temperatura do detector

de ionização em chamas foi de 350 ºC e da fonte de íons foi 270ºC e 280ºC na

interface, com taxa de aquisição de 33 Hz para o espectrômetro de massas (MS).

O modo SCAN (varredura) foi utilizados com faixa de varredura de m/z 60

a 600 Da e ionização feita por impacto de elétrons a 70 eV. Além disso, os íons m/z

113, m/z 127, m/z 169, m/z 183 e m/z 191 foram selecionados para posterior análise

quimiométrica.

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106

2.3.6. MODELAGEM QUIMIOMÉTRICA

Os cromatogramas dos dados brutos obtidos por GC×GC-QMS (TIC)

foram convertidos para arquivos .txt e exportados para o Matlab® (Matworks, Natick

– MA, USA) como uma matriz desdobrada X(N, 1tR x 2tR), onde N é o número de

amostras e 1tR x 2tR é o produto dos tempos de retenção da primeira e segunda

dimensões.

A matriz X foi processada por subtração da linha de base por rotina escrita

pelo grupo de pesquisa. Os picos foram alinhados pico a pico realizado através do

algoritmo icoshift (Interval Correlation Optimised Shifting) versão 1.2.3 [141].

Os cromatogramas dos íons extraídos (EIC) para a família de n-alcanos e

isoprenoides (m/z 113, m/z 127, m/z 169, m/z 183) e m/z 191 para a família de

terpanos também foram utilizados e processados da mesma maneira.

A análise por MPCA foi realizada com os dados centrados na média

utilizando o Pls_Toolbox® 7.5 software (Eigenvector Research Inc., Wenatchee – WA,

USA). Os pesos de cada componente principal foram reconstruídos para que

obtivessem estrutura bidimensional e pudessem ser identificados.

2.4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

2.4.1. OTIMIZAÇÃO DAS CONDIÇÕES DE ANÁLISE POR GC×GC

Para a avaliação dos jogos de colunas que levassem a maior separação,

as condições do forno, injetor e detector foram mantidas as mesmas (item 2.3.5.), o

período de modulação foi mantido em 6 s e a vazão do gás de arraste em 0,6 ml/min.

Após a escolha do conjunto de colunas, foram testadas diferentes vazões e período

de modulação. Todos estes experimentos foram realizados em um GC×GC-FID

protótipo devido a sua robustez e manuseio simples, e após otimização, as condições

foram reproduzidas no GC×GC-QMS

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107

2.4.1.1. TESTES COM MODULADOR DE 4 JATOS

Na tentativa de encontrar as melhores condições de análise,

primeiramente foram realizados testes com um modulador de 4 jatos, no qual seu

funcionamento já foi explicado no item 2.1.1. (Figura 38). Os ensaios foram

executados a princípio, utilizando o conjunto de colunas RTX-5ms (difenil-dimetil-

polisiloxano, 30 m x 0,25 mm x 0,25 m) e como segunda dimensão uma coluna RTX-

17 Sil (50% fenil-50% metilsiloxano, 1 m × 0,15 mm × 0,15 μm). O petróleo escolhido

como amostra teste foi a fração de maltenos do óleo C11 por apresentar uma vasta

diversidade de hidrocarbonetos saturados e aromáticos.

Os primeiros testes foram realizados utilizando um período de modulação

(PM) de 6 s, modificando-se apenas o tempo de inserção do jato quente, mantendo-

se constante o jato frio (50%), e as pressões do jato de coleta (10 psi) e de focagem

(12 psi). A Figura 44 apresenta os melhores cromatogramas obtidos utilizando o

modulador de 4 jatos: no item (a) é descrito uma inserção de jato quente de 20%, no

item (b) 30%, no item (c) 40% e no item (d) 50%.

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Figura 44: Melhores cromatogramas utilizando o modulador de 4 jatos. (a) 20% de inserção de

jato quente, (b) 30%, (c) 40 % e (d) 50% respectivamente.

Embora a melhor separação dos compostos de petróleo tenha sido

observada utilizando as condições descritas no item (d), ainda assim, foi possível

observar um grande alargamento dos compostos na 2D, bem como uma baixa

utilização do espaço de separação proporcionado pelo maior espaço de separação

proporcionado pela GC×GC. Ainda, foi notado que os compostos mais pesados

(acima de n-C25) não foram facilmente observados. Isto pode ser explicado pelo

excesso de retenção na coleta e focagem dos eluatos, ficando retidos no modulador.

Na tentativa de eliminar o resfriamento excessivo provocado pelo uso de

nitrogênio líquido, foi utilizado gelo seco e água + gelo como gás resfriadores, como

mostrado nos cromatogramas da Figura 45 (a) gelo seco e (b) água + gelo.

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Figura 45: Cromatogramas do óleo bruto obtidos por GCxGC-FID com modulador de 4 jatos utilizando como

gás de resfriamento gelo seco (a) e mistura de água + gelo (b).

Apesar das tentativas realizadas por modificação da temperatura do jato

frio, foi possível observar que a modificação da temperatura do jato afetou

significamente a separação dos compostos na segunda dimensão. A Figura 45 (a)

mostrou que a utilização de gelo seco (temperatura de -78 °C) ainda foi responsável

por reter demasiadamente os compostos do petróleo e assim, não houve uma boa

separação da 2D. Já com a utilização de água e gelo (temperatura de ~ 0 °C) foi

possível observar uma melhora na separação da segunda dimensão, mas ainda assim

houve espelhamento dos compostos mais leves.

Na literatura, há relatos que o modulador de 4 jatos é altamente

recomendado para a análise de compostos com maior volatilidade, por exemplo os

mono-, di-, tri- e sesterpenos que estão presentes em grande variedade em óleos

essenciais . Para compostos de petróleo, no qual há grande variedade química

(compostos sarados, ramificados, cíclicos, aromáticos, nitrogenados, sulfurados, etc.),

este tipo de análise torna-se desvantajosa, principalmente para a análise do fingerprint

do óleo, no qual o objetivo maior é a maior separação de todos os compostos

presentes em uma única análise [110, 142]. Assim, baseado nos resultados acima

citados, foi proposto a utilização do modulador de duplo estágio do tipo loop no qual

seu funcionamento já foi relatado no item 2.1.1. (Figura 39).

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110

2.4.1.2. MODULADOR DE LOOP

Após todos as tentativas de análise através da utilização do modulador de

4 jatos, foi desenvolvido no próprio laboratório de cromatografia gasosa da Unicamp,

um protótipo do modulador térmico criogênico de dois estágios do tipo loop baseado

naquele vendido comercialmente [143].

Os primeiros testes foram realizados em um GC×GC-FID, no qual foi

adicionado entre a primeira e segunda dimensão um capilar de sílica fundida com 1

m de comprimento e 0,25 mm de diâmetro interno.

Quatro jogos de colunas foram avaliados com o intuito de maximizar a

separação cromatográfica e a otimização a utilização do espaço cromatográfico para

os compostos analisados através da inspeção visual dos cromatogramas. Os

conjuntos de colunas testados foram listados na Tabela 6.

Tabela 6: Conjuntos de colunas avaliados para a melhor separação dos compostos de petróleo por GC×GC.

1D (Dimensões da coluna) 2D (Dimensões da coluna)

HP5 + BPX50 HP-5 (5% fenil polidimetilsiloxano)

(30m x 0,25 mm x 0,25 m)

BPX-50 (50% fenil polisilfenileno-

silxano)

(1,18 m x 0,1 mm x 0,1 m)

Petrocol +

SolgelWax

Petrocol (polidimetilsiloxano) (50m x

0,20 mm x 0,50 m)

SolgelWax (polietilenoglicol) (2 m x

0,1mm x 0,1 m)

HP1 + IL61 HP1ms (100% polidimetilsiloxano)

(30m x 0,25 mm x 0,25 m)

IL61 (1,12-Di [tripropilfosfônio]

dodecano[Tf2N]

trifluorometilsulfonato) (1 m x 0,1 mm

x 0,08 m)

HP5 + SolgelWax HP-5 (5% fenil polidimetilsiloxano)

(30m x 0,25 mm x 0,25 m)

SolgelWax (polietilenoglicol) (2 m x

0,1mm x 0,1 m)

A ortogonalidade entre as fases, termo utilizado para representar a

combinação resultante entre dois mecanismos de separação independentes é um dos

fatores que auxiliam na maior utilização do espaço cromatogrático onde os

componentes são uniformemente distribuídos ao longo de todo os espaço 2D [88].

Usualmente, uma primeira dimensão apolar é combinada com uma segunda

dimensão polar, então, a fase estacionária da 1D separa os compostos pelo aumento

do ponto de ebulição e a 2D por polaridade. Entretanto, conjuntos ditos não-usuais

como por exemplo, a utilização de duas colunas polares que diferem pelo seu

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mecanismo de separação, podem ser utilizadas, dependendo assim, da

especificidade e do interesse da amostra. Omais et al. (2011) [144] verificaram a

utilização de um conjunto SolgelWax + DB1 para a separação e análise de derivados

da liquefação do carvão e observaram que o jogo de colunas a ser escolhido depende

necessariamente dos componentes da amostra e das suas interações com as fases

estacionárias. Assim, como o intuito deste trabalho foi a maior utilização do espaço

cromatográfico com separação intra e inter classes, os conjuntos relacionados na

Tabela 6 e Figura 46 foram estudados.

Figura 46: Cromatogramas de diferentes jogos de colunas: (a) HP5 + BPX-50; (b) Petrocol +

SolgelWax; (c) HP1 + IL; (d) HP5 + SogelWax.

O conjunto de colunas que resultou em uma maior utilização do espaço

cromatográfico foi HP5-BPX50, no qual foi possível observar uma maior eficiência

cromatográfica definida através da largura dos picos em cada dimensão e dos seus

respectivos tempos de retenção e uma maior estruturação cromatográfica examinada

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112

através da separação intra- e inter- classes de compostos. Os cromatogramas obtidos

utilizando o GC×GC-FID foram mostrados na Figura 46.

De acordo com a Figura 46, foi possível observar que os conjuntos

Petrocol + SolgelWax, HP1 + IL e HP5 + SogelWax devido a polaridade na segunda

dimensão não houve uma grande utilização do espaço cromatográfico, mas houve

uma melhor separação entre classes. Além disso, houve um grande alargamentos das

bandas cromatográficas na segunda dimensão principalmente para os compostos

mais pesados (n-C25 <) principalmente para os conjuntos Petrocol + SolgelWax, HP1

+ IL (Figura 46 (b) e (c)) o que diminui a resolução dos picos e prejudica a análise

destes compostos. Apesar do “wrap-around”, fenômeno que acontece quando os

compostos apresentam tempos de retenção da segunda dimensão maiores que o

período de modulação [142], presente no conjunto HP5 + BPX-50, a separação intra

e inter classes, bem como a estruturação dentro das classes e a maior utilização do

espaço foi melhor observada neste conjunto. Outro fator que definiu a escolha do

conjunto de colunas, foi a temperatura de eluição dos compostos mais retidos em

relação à temperatura máxima de uso das colunas cromatográficas. Por exemplo, uma

coluna SolgelWax tem sua temperatura máxima em 280 °C, o que dificultaria a eluição

de compostos pesados como o -carotano (composto por átomos de 40 carbonos).

Por isso, entre todos os conjuntos de colunas estudados, o jogo HP5 + BPX-50 foi

utilizado nos experimentos posteriores para a obtenção de todos os perfis

cromatográficos.

Com a escolha do conjunto de colunas definido, outro parâmetro

estudado foi o período de modulação (PM). O período de modulação é a duração de

um ciclo completo de modulação entre coleta da 1D, reconcentração dos analitos

provenientes dela e a transferência para a 2D [142], que pode durar de 2 a 10

segundos. Foram testados os períodos de 3 s, 6 s, 8 s e 10 s. A Figura 47 mostra

todos os períodos de modulação utilizados: (a) 3 s, (b) 6 s, (c) 8 s e (d) 10 s. O período

de modulação de 3 s comprometeu a separação na primeira dimensão e por isso não

foi utilizado. Na utilização do PM de 8 s e 10 s houve o espelhamento dos compostos

mais leves e foi constadado a presença de wrap-around, sendo assim, o PM escolhido

em empregado em todas as análises subsequentes foi o PM de 6 s.

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Figura 47: Cromatogramas referentes aos testes realizado com diferentes períodos de

modulação para a análise da fração de maltenos: (a) PM = 3 s; (b) PM = 6 s; (c) PM = 8 s; (d) PM =

10 s.

Após a escolha do período de modulação, observou-se que a vazão do

gás dentro do loop modificava a separação dos compostos na segunda dimensão

[101, 145]. Sendo assim, foram testados uma vazão real de 0,4 mL/min, 0,6 mL/min,

0,8 mL/min e um 1,0 mL/min de vazão dentro da coluna. Foi o observado que uma

vazão de 1 mL/min prejudicava a separação na primeira e segunda dimensão devido

a menor interação dos analitos com a fase estacionária, menores vazões como 0,4

mL/min e 0,6 mL/min faziam com que os compostos ficassem muito retidos

aumentando o alargamento dos picos o que dificultava a separação. Dessa maneira

a vazão de 0,8 mL/min foi escolhida e utilizada em todos os experimentos.

Todas estas condições foram reproduzidas em um cromatógrafo a gás

bidemensional abrangente acoplado a um espectrômetro de massas e após a análise

cromatográfica unidimensional para caracterização convencional dos óleos e

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114

otimização das condições cromatográficas bidimensionais, os perfis comatográficos

da fração de maltenos foram obtidos e analisados em um GC×GC-QMS.

2.4.2. AVALIAÇÃO DOS PERFIS CROMATOGRÁFICOS POR GC×GC-QMS E

ANÁLISE QUIMIOMÉTRICA

2.4.2.1. BIODEGRADAÇÃO

A partir do perfil cromatográfico bidimensional foi possível observar a

diferença entre diversas amostras com níveis de biodegradação diferentes. A Figura

48 mostra os cromatogramas bidimensionais por GC×GC-QMS (TIC) para os óleos

que apresentaram grandes diferenças nos níveis de biodegradação, calculados e

confirmados com base em parâmetros geoquímicos.

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115

Figura 48: Cromatogramas Bidimensionais GC×GC-QMS (TIC) de diferentes óleos provenientes

da bacia de Campos e com diferentes níveis de biodegradação: (a) sem biodegradação, (b) leve,

(c) moderado e (d) severa.

A análise visual simples indica que para o óleo C10 (Figura 48 (d)) os

picos de n-alcanos e isoprenóides são de intensidade reduzida (característico em

óleos com nível de biodegradação severa), no qual pode ser notado através da baixa

intensidade dos compostos definido por pequenas manchas nas cores azul/preto. De

maneira oposta, o óleo C11 (Figura 48 (a)) apresentou uma alta intensidade dos

mesmos compostos identificados por manchas nas cores amarelo/vermelho. Para

uma avaliação formal, menos subjetiva dos graus de biodegradação das amostas, os

cromatogramas foram utilizados como dados de entrada em modelamento pelo

algoritmo MPCA com o objetivo de caracterizar de maneira simples e rápida óleos de

diferentes bacias sedimentares que apresentassem níveis de biodegradação

próximos sem a utilização de fracionamento e análise de biomarcadores.

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116

Os perfis cromatográficos obtidos foram exportados como TIC em formato

.txt e explorados através do MATLab, com alinhamento realizado através do algoritmo

icoshift como descrito em detalhes no item 2.3.6. Quatro componentes principais

(PCs) foram selecionadas, as quais explicaram 93,57% da variância dos dados (PC1

= 72,75%; PC2 = 11,73%; PC3 = 6,83% e PC4 = 2,26%).

O gráfico de hotelling (T2) por resíduos (Q) foi construído com o objetivo

de verificar à presença de possíveis outliers nos resultados. A Figura 49 evidenciou

que nenhuma das amostras apresentou valores de T2 e Q acima dos limites de

tolerância definidos, evidenciando a ausência de outliers na modelagem. Embora a

amostra IP1 apresente um valor excessivo para hotelling, ela não não foi considerada

um outlier em virtude da intensidade dos compostos parafínicos se destacarem das

demais amostras como confirmado pela análise da PC1 (Figura 49).

Figura 49: Gráfico de Hotelling (T2) por Resíduos (Q), verificando a ausência de outliers no

conjunto de amostras analisadas. As amostras em vermelho são provenientes da bacia de

Campos, em verde são da bacia de Sergipe/Alagoas, em azul escuro e azul claro as amostras do

Recôncavo e Potiguar respectivamente.

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117

O gráfico dos escores de todas as componentes principais foram

avaliados. O gráfico dos escores da PC1 x PC2 é mostrado na Figura 50. Analisando

este gráfico foi possível observar altos valores dos escores para as amostras

provenientes da bacia do Recôncavo (M2) e Sergipe/Alagoras (IP1), com IP1 > M2,

quando projetadas no eixo da PC1.

Figura 50: Gráfico de escores da PC1 x PC2 obtidos após o MPCA dos dados obtidos por

GC×GC-qMS (TIC) para a fração de maltenos. As cores vermelho, verde, azul escuro e azul claro

evidenciam os óleos oriundos das bacias sedimentares de Campos, Sergipe/Alagoas,

Recôncavo e Potiguar, respectivamente.

A partir da avaliação do gráfico de pesos para a PC1 (Figura 51), que é a

representação gráfica de modo a emular um cromatograma de GC×GC, foi possível

verificar que a maior variância da PC1 foi devido a fração de hidrocabonetos saturados

e isoprenóides que apresentam maior intensidade de sinal, por exemplo n-alcanos

C14-C29 e isoprenóides. Sendo assim, é possível explicar esta separação

principalmente das amostras IP1 e M2 devido a alta intensidade da classe de n-

alcanos quando comparados as outras amostras analisadas. Óleos ricos em

compostos parafínicos são relatados e característicos de petróleos com origem

tipicamente lacustre de água doce ou salina e sem biodegradação e em ambientes

marinhos deltáicos [65, 146].

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Figura 51: Cromatograma representativo dos pesos da PC1.

Casilli et al. (2014) relatou que os óleos prevenientes da bacia do

Recôncavo apresentam características de petróleos de origem lacustre, o que reforça

a hipótese gerada através da análise dos dados gerados por GC-QMS (Capítulo I) e

que explica a diferenciação da amostra M2 na PC1(Figura 50).

Em contrapartida, para os óleos C7, C8, C9 e C10, provenientes da bacia

de Campos e a amostra M1 proveniente da bacia do Recôncavo, foram obtidos os

valores de escores mais baixo na avaliação da PC1, característicos de petróleos com

baixa concentração de hidrocarbonetos. De acordo com o análise dos biomarcadores

feita anteriormente, e seguindo a escala de Peters e Moldowan [31], foi possível

observar que estas amostras apresentaram um alto grau de biodegradação a partir

dos resultados da PC1.

Embora o grau de biodegradação dos óleos (C10 > C8 > M1 > C9 > C7)

não esteja diretamente associada aos scores da PC1, esta informação apenas pode

ser depreendida dos escores da PC1 após análise usando dados normalizados

conforme mostrado na Figura 52.

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119

Figura 52: Escores da PC1 a partir do PCA realizado com a normalização dos dados GC×GC-

QMS (TIC) obtidos da fração de maltenos. Em verde destacam-se os óleos da bacia de

Sergipe/Alagoas, vermelho os da bacia de Campos, azul escuro são do Recôncavo e azul claro

óleos provenientes da bacia Potiguar.

Apenas após normalização dos dados de entrada para o MPCA foi

possível obter escores e pesos associados de maneira direta ao grau de

biodegradação das amostras. Ao normalizar cada cromatograma pelo comprimento

do vetor, os sinais referentes as amostras biodegradadas estarão na mesma escala

de intensidade em relação as amostras pouco biodegradadas, assegurando que toda

a informação qualitativa que distingue as amostras biodegradadas das outras seja

mantida [117, 147].

Embora todas as amostras estejam na mesma concentração (20 mg/mL),

o teor de parafinas existente em cada um dos óleos é diferente, de forma que amostras

não-biodegradadas terão os sinais cromatográficos referente as parafinas muito mais

intensos nos respectivos cromatogramas brutos, enquanto que nas amostras

biodegradadas, esses sinais são pouco intensos. Com a normalização de cada

cromatograma para o comprimento do respectivo vetor, os óleos mais biodegradados

terão os seus sinais amplificados em relação aos sinais das amostras não-

biodegradadas. Como a amplificação dos sinais cromatográficos será maior conforme

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for o grau de biodegradação da amostra, haverá uma dinstinção mais clara do nível

de biodegradação entre as amostras quando utilizado a normalização como pré-

processamento previamente a MPCA.

A partir do gráfico de escores da PC1 pelas amostras (Figura 52), foi

possível diferenciar os óleos através do nível de biodegradação (C10 > C8 > M1 > C9

> C7> C11), diferenciando os óleos de diferentes níveis de biodegradação, que não

puderam ser diferenciados apenas por inspeção visual dos cromatogramas obtidos

por GC×GC-QMS (TIC).

2.4.2.2. PALEOAMBIENTE DE DEPOSIÇÃO E CORRELAÇÃO ÓLEO/ROCHA

GERADORA

Uma vez que a concentração da fração de maltenos foi mantida constante

em todas os óleos analisados, a análise dos dados gerados através do MPCA com a

utilização dos dados normalizados não foi realizada a fim de evitar a variação no fundo

de escala dos cromatogramas que poderiam atrapalhar a interpretação dos dados na

averiguação do ambiente deposicional das amostras analisadas.

Embora a PC1 foi capaz de explicar a biodegradação dos óleos, outras

informações geoquímicas puderam ser inferidas através da análise dos escores da

PC2 e PC3 do TIC e da análise dos cromatogramas de íons extraídos (Extracted Ion

Chromatogram, EIC). Os pesos da PC2 exibidos na Figura 53, demonstraram a

diferença da razão de n-alcanos/isoprenóides, com destaque para os óleos IP1 e M2

que apresentam menor e maior valores de escores quando projetados na PC2 (Figura

50).

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Figura 53: Cromatograma representativo dos pesos da PC2: Pesos positivos em amarelo e

pesos negativos em azul.

Os pesos da PC3 (Figura 54), descreveram a diferença na distribuição de

n-alcanos entre nC13-nC18 e nC19-nC30, que representa a “impressão digital” dos óleos.

Figura 54: Cromatograma representativo dos pesos da PC3: pesos positivos em amarelo e

negativos em azul.

A Figura 55 mostra o gráfico de escores da PC2 x PC3. Os óleos que

apresentaram maiores valores nos escores da PC3, significam ter uma maior

concentração de n-alcanos entre nC13-nC18 quando comparadas aos n-alcanos entre

nC19-nC30. Enquanto que as amostras que apresentaram altos valores de escores na

PC2, significam serem ricos em n-alcanos de cadeia longa na faixa de nC19-nC30.

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Figura 55: Gráfico de escores da PC2 x PC3 para a fração de maltenos obtidos através do

GC×GC-QMS (TIC). Os óleos foram ordenados de acordo com suas bacias sedimentares:

Sergipe/Alagoas (verde), Campos (vermelho), Recôncavo (azul escuro) e Potiguar (azul claro).

Os óleos IP1, TM1, TM2 e M2 apresentaram um pefil distinto das demais.

A amostra M2 apresentou um alto valor de escores na PC2, característico de amostras

ricas em hidrocarbonetos de cadeia curta e longa (nC13-nC30), e baixo valor de escore

na PC3, característico de óleos que tenham um maior teor de hidrocarbonetos entre

nC19-nC30 em relação aos alcanos de cadeia curta. Isto sugere um perfil bimodal que

pode dar indícios da entrada de matéria orgânica proveniente de plantas superiores

que caracterizam ambientes deposicionais lacustres. Outros óleos, tais como C1, C2,

C3, C4, C5, C6 e C11 (provenientes da bacia de Campos), VAL e U1 apresentaram

valores positivos de escores para a PC2 e PC3 , o que sugere uma origem lacustre

com influência marinha. Além disso, uma correlação linear entre a PC2 e a PC3 pode

ser observada no gráfico de escores entre a PC2 e PC3 exibida na Figura 55, com

exceção para os óleos IP1, TM1, TM2, VAL, U1, e M2 e suas replicatas. Isto pode

sugerir um aumento da contribuição de um ambiente sobre outro, ou seja, poderia

haver a influência de um ambiente marinho sobre o ambiente lacustre ou virce-versa.

Analisando os valores de escores da PC3 e da PC2 para os óleos IP1,

TM1 e TM2, foi possível observar uma dominância dos hidrocarbonetos de cadeia

curta, o que pode sugerir a entrada de matéria orgânica derivada de fonte marinha em

confirmação com os resultados analisados no Capítulo I. Embora os os óleos CP1,

CP2, CP3, CP4, CP5, CP6, CP7, CP8 e AN1 também sejam pertencentes a bacia de

Sergipe/Alagoas e serem fonte marinha segundo a análise realizada anteriormente,

uma correlação entre a PC2 e PC3 foi observada. É importante salientar que a

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maturidade térmica assim como a biodegradação afeta o perfil de hidrocarbonetos

devido ao aumento da temperatura com transformação dos n-alcanos de cadeia longa

em homólogos de cadeias mais curtas, influenciando no perfil global de

hidrocarbonetos saturados [31] e que estes óleos podem ser de origem marinha e

apresentarem uma influência lacustre.

A avaliação dos escores da PC1 e PC2 para os óleos altamente

biodegradados (C10, C8, M1, C9 e C7) não forneceu informações sobre o ambiente

deposicional de modo tão claro quanto as amostras acima justificada um baixo teor

de n-alcanos devido a degradação dos mesmos.

Além destas informações, o gráfico da PC1 x PC4 também foi analisado

e seu gráfico de pesos é exibido na Figura 56.

Figura 56: Cromatograma representativo do gráfico de pesos da PC4.

A partir do gráfico de pesos da PC4 (Figura 56), a principal informação

química diz respeito aos isoprenóides pristano (Pr) e fitano (F). Os pesos positivos

para o pristano e em conjunto com os pesos negativos para o fitano está diretamente

associada com a razão Pr/F que é frequentemente utilizada como parâmetro

geoquímico para caracterizar ambientes deposicionais redutores ou oxidantes na

geração do óleo. Ambientes hipersalinos e marinho carbonáticos apresentam a

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preferência do fitano em relação ao pristano, enquanto que ambientes de origem

lacustre são desenvolvidos em meios oxidantes apresentando uma maior relação do

pristano em relação ao fitano. Os valores calculados para esta razão por meio da

análise unidimensional já foram apresentados na Tabela 4 e discutidos no Capítulo I.

De acordo com o gráfico de escores da PC1 x PC4 apresentado na Figura

57, foi possível observar que as amostra TM1 e TM2 apresentaram baixos valores de

escores, característicos de ambientes deposicionais redutores. Por outro lado, uma

alta razão Pr/F foi evidenciada nos óleos não-biodegradados provenientes da bacia

de Campos.

Figura 57: Gráfico de escores da PC1 x PC4 para a fração de maltenos obtidos através do

GC×GC-QMS (TIC). As cores verde, vermelho, azul escuro e azul claro evidenciam os óleos

estudados provenientes das bacias de Sergipe/Alagoas, Campos, Recôncavo e Potiguar,

respectivamente.

Para melhor averiguação destes resultados, foi realizado a extração dos

íons característicos para os isoprenóides (m/z 113, m/z 127, m/z 169, m/z 183),

chamados de cromatogramas de íons extraídos (EIC) a partir do TIC da fração de

maltenos por GC×GC-QMS para todas as amostras com posterior análise por MPCA.

As duas primeiras PCs (variância explicada de 85,71 %) forneceram

resultados semelhantes ao MPCA realizado com o TIC da fração de maltenos, sendo

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125

assim, não serão mostrados os gráficos de escores e pesos para estas PCs, o que é

explicado devido a família de n-alcanos responderem nos mesmos íons

característicos para os isoprenóides.

A Figura 58 e 59 respectivamente, mostra o cromatograma representativo

dos pesos para o pristano e fitano e o gráfico de escores da PC1 x PC4.

Figura 58: Cromatograma representativo do gráfico de pesos da PC4 utilizando os

cromatogramas dos íons extraídos (m/z 113, m/z 127, m/z 169 e m/z 183) enfatizando a relação

dos isoprenóides (principalmente Pr e F) na fração de maltenos.

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126

Figura 59: Gráfico de escores da PC1 x PC4 utilizando os cromatogramas dos íons extraídos

(m/z 113, m/z 127, m/z 169 e m/z 183). As cores verde, vermelho, azul escuro e azul claro

evidenciam os óleos estudados provenientes das bacias de Sergipe/Alagoas, Campos,

Recôncavo e Potiguar, respectivamente.

A PC4 foi a componente principal que mais teve destaque na ánalise dos

isoprenóides Pristano e Fitano. A PC4 em conformidade com os dados

unidimensionais mostrados na Tabela 4 e avaliados no Capítulo I, apresentaram os

óleos TM1 e TM2 como sendo provenientes de ambientes mais redutores. Em

contrapartida, o óleo pertencente a bacia Potiguar (VAL), apresentou um perfil de

óleos formados sobre condições mais óxicas quando comparada as outras amostras.

Os óleos que apresentaram um perfil sub-óxico puderam ser melhor subdividos de

acordo com os seus respectivos campos: Campos de Carmópolis e Angeli (Bacia

de Sergipe/Alagoas) < Miranga (Recôncavo) < Tabuleiro dos Martins

(Sergipe/Alagoas). Contudo, apesar desta razão contribuir para a avaliação do

ambiente deposicional, outros fatores tais como a biodegradação e maturidade

térmica, também influenciam na avaliação da razão Pr/F, o que dificulta a precisão

desta análise.

Mello et al. (1988) [65, 79] e Souza Júnior et al. (2013) [63] estudaram

óleos provenientes da bacia de Campos e de Sergipe/Alagoas respectivamente, e

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127

identificaram óleos com características de ambiente deposicional lacustre e marinho

evaporítico através da análise de biomarcadores corroborando com as características

de oxicidade extraídas dos a partir da análise do MPCA. Os óleos oriundos dos

campos de Carmópolis e Angelin, ainda que oriundos da bacia de Sergipe/Alagoas,

segundo a análise do do gráfico de escores da PC1 x PC4 apresentaram condições

sub-óxicas característicos de fontes marinhas com influência lacustre em

conformidade com os estudos realizados por Souza Júnior et al. (2013) [63]. O óleo

M2 proveniente da Bacia do Recôncavo, destacou-se por apresentar altos valores de

escores para a PC1 e PC4, diferenciando-se das outras amostras, o que pode ser

explicado através da contribuição de hidrocarbonetos de cadeia londa (PC1) em

conjunto com uma maior percentagem do fitano em relação ao pristano. Estas

características comprovam uma forte influência de um ambiente lacustre para as

amostras provenientes da bacia do Recôncavo.

Na tentativa de realizar uma análise mais aprofundada da variabilidade

química dos óleos, os cromatogramas dos íons extraídos para o fragmento m/z 191

foi investigado. O gráfico de pessos da PC1 (Figura 60) enfatizou a distribuição de

terpanos tri-, tetra- e pentacíclicos e do fenantreno e seus derivados (metil- e dimetil-

). Embora o metil- e dimetilfenantrenos respondam principalmente nos íons m/z 192 e

m/z 206, respectivamente, estes compostos aromáticos também foram identificados

quando se extraiu exclusivamente o íon m/z 191. Esta PC explicou 43,01 % da

variância dos dados demonstrando principalmente a variação global dos compostos

tricíclicos.

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128

Figura 60: Cromatograma representativo dos pesos da PC1 utilizando os cromatogramas do íon

extraído (m/z 191) enfatizando a variação principalmente entre os terpanos tricíclicos e metil- e

dimetil fenantreno.

Observando o gráfico de escores da PC1 x PC2 (Figura 61) e projetando

todas as amostras na PC1, foi possível visualisar que as amostras provenientes da

bacia de Sergipe/Alagoas (verde), Recôncavo (azul escuro) e Potiguar (azul claro)

apresentaram baixos valores de escores, ou seja, apresentaram altas contribuições

principalmente de dimetilfenantrenos quando comparados aos óleos da bacia de

Campos (vermelho). Por outro lado, as amostras de Campos diferenciaram-se dos

outros óleos por apresentar altos valores de escores (Figura 61), principalmente pelos

metilfenantrenos (Figura 60).

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129

Figura 61: Gráfico de escores da PC1 x PC2 utilizando os cromatogramas do íon extraído (m/z

191). As cores verde, vermelho, azul escuro e azul claro evidenciam os óleos estudados

provenientes das bacias de Sergipe/Alagoas, Campos, Recôncavo e Potiguar, respectivamente.

Da mesma forma, o cromatograma representativo dos pesos da PC2

(Figura 62) também mostrou diferenças entre a abundância de fenantrenos e terpanos

entre as amostras de petróleo. Projetando todas as amostras no eixo da PC2 (Figura

61), houve uma clara distinção entre óleos TM1 e TM2 das outras no qual apresentou

pesos mais negativos, enquanto que as amostras que apresentaram maior

biodegradação (C7, C8, C9, C10, C11 e M1) apresentaram pesos mais positivos

apresentando uma maior concentração de compostos derivados de fenantrenos. Além

disso, foi possível observar uma maior concentração dos terpanos pentacíclicos nas

amostras TM1 e TM2, isto pode ser explicado devido a alta concentração de

biomarcadores encontrados em amostras proveninentes de ambientes marinho

evaporítico, como já foi relatado por Mello et al. (1988) [65, 79]. Outra maneira de

diferenciar os ambientes seria pela análise do PCA dos cromatogramas do íon

extraído m/z 217, contudo, este estudo não foi realizado devido a baixa resolução

destes picos nos cromatogramas obtidos por GC×GC neste trabalho.

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Figura 62: Cromatograma representativo dos pesos da PC2 utilizando os cromatogramas do íon

extraído (m/z 191) enfatizando a variação principalmente entre os terpanos tricíclicos e metil- e

dimetil fenantreno.

Kruge (2000) [148] relataram uma diferença na concentração de

derivados de fenantrenos entre óleos de origem lacustre e marinha através da análise

de PCA. Além disso este autor relatou que estes compostos juntamente com outros

parâmetros (naftalenos e seus derivados, dibenzotiofenos e seus derivados) poderiam

ser utilizados para a diferenciação da evolução térmica das amostras.

2.5. CONCLUSÕES

Os resultados obtidos neste capítulo revelaram que através da utilização

de técnicas multidimensionais (GC×GC-QMS), é possível a redução do pré-

tratamento amostral, diminuindo a manipulação e mantendo a distribuição natural dos

compostos na amostra. A avaliação dos perfis cromatográficos através da análise

quimiométrica por MPCA permitiu realizar uma avaliação das características

geoquímicas de petróleo que auxiliaram no entendimento da biodegradação e

paleoambiente de deposição em que o petróleo foi gerado.

A biodegradação apresentou a maior variabilidade nas concentrações dos

compostos contidos na fração de maltenos, resultando na primeira informação

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131

identificada no sub-espaço das PCs. Da mesma forma, o tipo de paleoambiente de

deposição e condições de oxidação dos óleos foram estimados através dos pesos

extraídos das PCs, expressando principalmente a diferença entre n-alcanos de

cadeias curtas (nC13-nC18) e longas (nC19-nC30) e razão Pristano/Fitano (Pr/F) na

fração de maltenos para todos os óleos. Além disso, diferenças globais na abundância

relativa de fenantrenos e seus derivados e terpanos tri-, tetra e pentacíclicos também

foram observados através da análise do íon m/z 191, diferenciando-se óleos com

maior biodegradação e amostras com diferentes paleoambientes de deposição,

podendo ser utilizadas em conjunto com outras análises.

Assim, a avaliação quimiométrica mostrou-se eficiente quando

comparada ao método de análise de biomarcadores por cromatografia gasosa

unidimensional, o que pode vir a se tornar um método auxiliar na avaliação do

paleoambiente de deposição e biodegradação de petróleos.

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132

Capítulo III

COMPARAÇÃO ENTRE A ANÁLISE CONVENCIONAL

(GC-MS E GC-MS/MS) E GCxGC-QMS COM ANÁLISE

MULTIVARIADA DE DADOS (MPCA) PARA

CARACTERIZAÇÃO DE PETRÓLEO, CONCLUSÕES

GERAIS E PERSPECTIVAS

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133

3.1. COMPARAÇÃO ENTRE A ANÁLISE CONVENCIONAL (GC-MS E GC-

MS/MS) E GCxGC-QMS COM ANÁLISE MULTIVARIADA DE DADOS

(MPCA) PARA CARACTERIZAÇÃO DE PETRÓLEO, CONCLUSÕES

GERAIS E PERSPECTIVAS

Neste trabalho, a análise unidimensional para as amostras de petróleo de

diferentes bacias sedimentares brasileiras foi realizada no capítulo I com o intuito de

atribuir de maneira correta o ambiente deposicional, grau de biodegradação e

maturidade das amostras estudadas. Este procedimento requer etapas de pré-

processamento amostral (análise de fracionamento SARA) que além de serem tedioso

e cansativo, além de requerer um grande consumo de solventes orgânicos. Esta

etapa, pode se tornar uma alta fonte de erros, imprecisão e uma potencial fonte de

contaminação do material a ser cromatografado.

Como foi mostrado no Capítulo II, devido a elevada capacidade de

separação proporcionado pela GC×GC, que elimina a necessidade de etapas de

separação em classes de compostos proporcionando um aumento considerável na

confiabilidade dos resultados e uma diminuição do tempo e custo da análise, foi

possível realizar uma análise detalhada do óleo bruto por GC×GC com procedimentos

de manipulação da amostra simplificados. Outra importante particularidade utilizada

neste trabalho foi a utilização de cromatogromas bidimensionais como dados de

entrada algorítmos de processamento multivariado. Nesta etapa, a utilização dos

dados brutos apenas com convencional e relativamente simples pré-processamento

para alinhamento dos picos e centralização na média foram efetuados para posterior

análise de dados.

Finalmente, é convencional na análise geoquímica orgânica de petróleo a

caracterização de amostras de petróleo (biodegradação, paleoambiente de deposição

e evolução térmica dos óleos) estarem associados a parâmetros calculados através

da análise minunciosa de biomoarcadores por inspeção cromatograma por

cromatograma de biomarcadores previamente conhecidos. Todavia, esta etapa é

complexa e demorada, uma vez que diversas classes de compostos podem estar

associados a mais de uma propriedade da amostra.

Por fim, neste trabalho, foram utilizados amostras de petróleo com

diferentes níveis de biodegradação, paleoambiente de deposição e evolução térmica

com o intuito de expandir e produzir modelos poderosos que fossem simultaneamente

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134

capazes de avaliar de maneira real as diversas condições geoquímicas contidas no

petróleo.

Em suma, este trabalho é uma indicação do alto potencial da GC×GC

quando combinada a procedimentos de pré-tratamento amostral extremamente

simples empregado juntamente com ferramentas quimiométricas, como a análise

multivariada de dados, pode vir a ser uma nova ferramenta para a análise potencial

no auxílio para a caracterização geoquímica orgânica de petróleo.

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135

REFERÊNCIAS

BIBLIOGRÁFICAS

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