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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CUIDADOS CLÍNICOS EM ENFERMAGEM E SAÚDE ELINE SARAIVA SILVEIRA ARAÚJO CUIDADO DE ENFERMAGEM NA INTERAÇÃO ENFERMEIRA-PESSOA COM DIABETES FUNDAMENTADO NA TEORIA DE ALCANCE DE METAS DE KING FORTALEZA - CEARÁ 2013

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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO CEARÁ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CUIDADOS CLÍNICOS EM

ENFERMAGEM E SAÚDE

ELINE SARAIVA SILVEIRA ARAÚJO

CUIDADO DE ENFERMAGEM NA INTERAÇÃO ENFERMEIRA-PESSOA

COM DIABETES FUNDAMENTADO NA TEORIA DE ALCANCE DE METAS

DE KING

FORTALEZA - CEARÁ

2013

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ELINE SARAIVA SILVEIRA ARAÚJO

CUIDADO DE ENFERMAGEM NA INTERAÇÃO ENFERMEIRA-PESSOA

COM DIABETES FUNDAMENTADO NA TEORIA DE ALCANCE DE METAS

DE KING

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-

Graduação Cuidados Clínicos em

Enfermagem e Saúde, do Centro de Ciências

da Saúde da Universidade Estadual do Ceará,

como requisito parcial para a obtenção do

Grau de Mestre.

Área de Concentração: Cuidados Clínicos

em Enfermagem e Saúde.

Linha de Pesquisa: Fundamentos e Práticas

do Cuidado Clínico em Enfermagem e

Saúde.

Orientadora: Profa Dr

a Maria Vilani

Cavalcante Guedes

FORTALEZA - CEARÁ

2013

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Dados Internacionais de Catalogação na Publicação

Universidade Estadual do Ceará

Biblioteca Central Prof. Antônio Martins Filho

Bibliotecário Responsável – Francisco Welton Silva Rios – CRB-3/919

A663c Araújo, Eline Saraiva Silveira

Cuidado de enfermagem na interação enfermeira-pessoa com diabetes

fundamentado na teoria do alcance de metas de King / Eline Saraiva Silveira Araújo .

-- 2013.

CD-ROM. 86 f. : il. (algumas color.) ; 4 ¾ pol.

“CD-ROM contendo o arquivo no formato PDF do trabalho acadêmico,

acondicionado em caixa de DVD Slim (19 x 14 cm x 7 mm)”.

Dissertação (mestrado) – Universidade Estadual do Ceará, Centro de Ciências da

Saúde, Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde,

Fortaleza, 2013.

Área de Concentração: Cuidados Clínicos em Enfermagem e Saúde.

Orientação: Prof.ª Dr.ª Maria Vilani Cavalcante Guedes.

1. Teoria de enfermagem. 2. Atenção primária à saúde. 3. Diabetes mellitus. I.

Título.

CDD: 610.73

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ELINE SARAIVA SILVEIRA ARAÚJO

CUIDADO DE ENFERMAGEM NA INTERAÇÃO ENFERMEIRA-PESSOA

COM DIABETES FUNDAMENTADO NA TEORIA DE ALCANCE DE METAS

DE KING

BANCA EXAMINADORA

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Dedico este trabalho a Deus, à minha

família, em especial à minha mãe

pelo apoio, incentivo e

companheirismo.

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AGRADECIMENTOS

A Deus e a Nossa Senhora por sempre iluminarem e guiarem meus passos,

dando-me coragem para superar os obstáculos desta caminhada.

À minha mãe, pelo apoio incondicional, por sempre acreditar no meu potencial.

Ao meu companheiro Emmanuel e minhas filhas Kalyne e Karoline, fontes de

alegria e amor na minha vida. Obrigada por compreenderem meus momentos de

ausências.

A todos os professores do Programa de Pós-Graduação em Cuidados Clínicos

em Saúde que contribuíram, direta ou indiretamente, para o alcance desta conquista. Em

especial, à minha orientadora Maria Vilani Cavalcante Guedes, por me encorajar a

superar meus limites, e me propiciar oportunidades de conhecimentos.

Às professoras Márcia Barroso Camilo de Ataíde, Lúcia de Fátima da Silva e

Thereza Maria Magalhães Moreira, pelas valiosas contribuições para o aprimoramento

deste trabalho.

A toda a equipe de Saúde da Família II do Mucuripe, e aos pacientes

participantes, que colaboraram para a realização deste estudo.

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RESUMO

Diabetes mellitus (DM) é uma doença crônica, associada a várias complicações, sendo

uma das principais causas de morbi-mortalidade na população. Neste contexto, os

profissionais objetivam o controle desta doença por meio da adesão dos pacientes com

diabetes aos cuidados de promoção e manutenção da saúde, favorecendo as pessoas a

assumirem comportamentos saudáveis, modificarem o estilo de vida e seguirem o

tratamento. A enfermeira, em especial, tem o desafio de dispensar assistência aos

indivíduos, família e comunidade, mediante cuidado direto ou indireto, buscando

desenvolver interação com estes pacientes. Cabe-lhe ajudar na compreensão da

necessidade de assumir modificações no estilo de vida, contribuindo para sua adesão ao

controle glicêmico. Por sua vez, as Teorias de Enfermagem fundamentam o cuidado, com

conhecimentos próprios, a fim de melhorar a qualidade da assistência prestada a pessoas,

em diferentes campos de conhecimento. Desta forma, a pesquisa aqui elaborada

objetivou, sobretudo, verificar a eficácia de intervenções em enfermagem, fundamentada

na Teoria de Alcance de Metas, na melhoria do cuidado à pessoa com diabetes e na sua

adesão ao tratamento. Procedeu-se a um estudo de intervenção, do tipo longitudinal,

randomizado simples, na Unidade de Atenção Primária à Saúde Flávio Marcílio, no

município de Fortaleza – CE. A população foi composta por diabéticos cadastrados em

uma equipe de saúde da família desta unidade e a amostra contou com sessenta

diabéticos, divididos igualmente no grupo de intervenção e no grupo comparativo. Como

instrumento de coleta de dados, utilizaram-se formulário de identificação para todos os

pacientes, formulário de identificação de problemas para o grupo comparativo e o

formulário de metas estabelecidas para o grupo de intervenção. A coleta ocorreu de

fevereiro a agosto de 2013, com consultas a cada 45 dias. Com o grupo de intervenção,

realizou-se a consulta de enfermagem, a partir da interação enfermeira-paciente

utilizando a Teoria de Alcance de Metas com base nos problemas de saúde identificados,

estabeleciam-se metas mútuas, discutiam-se meios de obtenção das metas e, nos meses

seguintes, avaliava-se se as metas tinham sido atingidas. Para o grupo comparativo, foram

feitas consultas de enfermagem, sem fundamentação teórica específica. Ao final de seis

meses, todos os participantes foram reavaliados. Respeitaram-se os aspectos ético-legais

da pesquisa envolvendo seres humanos de acordo com a Resolução 466, de 2012, do

Conselho Nacional de Saúde, e o projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Estadual do Ceará, sob protocolo n0 201.296. Como resultados obtidos

constaram: a maior parte dos pacientes são mulheres, 46 (76,7%); a predominância de

idade foi acima de 60 anos; a metade eram casados (50,0%); com baixa escolaridade, 26

(43,3%), de um a cinco anos de estudo; a maioria, 52 (86,7%), não trabalhavam ou eram

aposentados. Alguns, 7 (11,7%), faziam uso de cigarro, e 6 (10,0%) faziam uso de álcool;

quanto à prática de atividade física era exercitada por 18 (30,0%). Elevado número de

pacientes já eram hipertensos, 46 (76,7%). No grupo de intervenção encontrou-se

melhora significativa estatisticamente nos valores de PAD(p=0,0156) e glicemia

(p<0,0001), e a maior parte dos pacientes aderiram às metas definidas no estudo. No

grupo comparativo, houve uma elevação significativa no valor glicêmico, e melhora em

alguns aspectos do tratamento, como perda de peso, prática de atividade física e redução

da glicemia. Desses resultados, pôde-se concluir pela viabilidade do emprego da Teoria

de Alcance de Metas na Estratégia Saúde da Família pela enfermeira, de forma a

colaborar para o controle, apesar de lento, mas contínuo para os pacientes diabéticos, pois

evidenciaram-se resultados positivos para a adesão ao tratamento do diabetes e melhoria

da qualidade de vida.

Descritores: Teoria de Enfermagem; Atenção Primária à Saúde; Diabetes Mellitus.

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ABSTRACT

Diabetes mellitus (DM) is a chronic disease associated with various complications,

being one of the leading causes of morbidity and mortality in the population. In this

context, health professionals aim to control this disease through the adherence of

diabetic patients to health promotion and maintenance care, encouraging people to adopt

healthy behaviors, change their lifestyle, and adhere to treatment. Nursing, in particular,

has the challenge of delivering assistance to individuals, families and communities

through direct or indirect care, seeking to establish interaction with these patients.

Nurses must help them understand the need to adopt changes in lifestyle, contributing to

their adherence to glycemic control. In turn, the care is based on Nursing Theories, with

own knowledge in different fields of knowledge, in order to improve the quality of

assistance provided to people. Therefore, this research aimed primarily at verifying the

effectiveness of nursing interventions based on the Theory of Goal Attainment, on

improving the care for diabetic patients, and on their adherence to treatment. We

conducted an intervention study of longitudinal, simple random type in the Primary

Healthcare Unit Flávio Marcílio, in Fortaleza-CE, Brazil. The population consisted of

diabetic patients registered in a family health team of this unit, and the sample consisted

of sixty diabetic patients, divided equally in the intervention and the comparison group.

As data collection instrument, we used an identification form for all patients, a problem

identification form in the comparison group and a form for established targets in the

intervention group. Data collection happened from February to August 2013 with

consultations every 45 days. With the intervention group, we performed the nursing

consultation from the nurse-patient interaction using the Theory of Goal Attainment

based on identified health problems, we established mutual goals, discussed means of

achieving the goals and, in the following months, we evaluated whether they had

accomplished it. For the comparison group, we performed nurse consultations without

specific theoretical foundation. At the end of six months, we reassessed all the

participants. We respected the ethical and legal aspects of research involving human

subjects in accordance with Resolution 466/2012 of the National Health Council. The

Research Ethics Committee of the Universidade Estadual do Ceará approved the project

under protocol No. 201.296. In the results, we found that most patients were women, 46

(76.7%); mostly aged above 60 years; half were married (50.0%); with low education,

26 (43.3%), one to five years of study; the majority, 52 (86.7%), did not work or were

retired. Some, 7 (11.7%), were using tobacco, and 6 (10.0%) were using alcohol; and 18

(30.0%) performed physical activities. A high number of patients were already

hypertensive, 46 (76.7%). In the intervention group, we found statistically significant

improvement in DBP (p=0.0156) and glucose (p<0.0001), and most patients adhered to

the goals established in the study. In the comparison group, there was a significant

elevation in the glycemic value and improvement in some aspects of treatment, such as

weight loss, physical activity and reduction in blood glucose. From these results, we

verified the feasibility of implementing the Theory of Goal Attainment in the Family

Health Strategy by nursing, in order to contribute to the control, although slow, but

steady for diabetic patients, since it presented positive results for adherence to diabetes

treatment and improved quality of life.

Descriptors: Nursing Theory; Primary Health Care; Diabetes Mellitus.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................

2 OBJETIVOS.....................................................................................

3 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................

3.1 Imogene King: estrutura conceitual, sistemas e conceitos.................

3.2 A Teoria de Imogene King.................................................................

3.2.1 Uma estrutura conceitual para enfermagem..................................

3.2.2 Sistema pessoal................................................................................

3.2.3 Sistema interpessoal........................................................................

3.2.4 Sistema social..................................................................................

3.3 Teoria de Alcance de Metas...............................................................

4 METODOLOGIA...................................................................................

4.1 Tipo de estudo....................................................................................

4.2 Local do estudo..................................................................................

4.3 População e amostra..........................................................................

4.4 Instrumento de coleta de dados.........................................................

4.5 Protocolo de coleta de dados.............................................................

4.6 Organização e análise dos dados.......................................................

4.7 Aspectos ético-legais.........................................................................

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO...........................................................

6 CONCLUSÃO.........................................................................................

REFERÊNCIAS........................................................................................

APÊNDICES.............................................................................................

ANEXO......................................................................................................

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1 INTRODUÇÃO

O diabetes mellitus (DM) é considerado um problema de saúde pública, com

evolução crônica, acometendo as pessoas em qualquer idade, condição socioeconômica

e localização geográfica. Associado a várias complicações, é uma das principais causas

de morbi-mortalidade no mundo.

Conforme estudo internacional, o diabetes encontra-se presente em 382

milhões de pessoas no mundo, com projeção de ampliar este número para 592 milhões

em 2035. Em todos os países, o diabetes mellitus tipo 2 está aumentando (IDF, 2013).

No Brasil, a grande magnitude das doenças crônicas não transmissíveis (DCNT)

corresponde a 72% das causas de mortes, sendo crescente o número de óbitos por

diabetes (BRASIL, 2011).

Por diabetes compreende-se um grupo de doenças metabólicas caracterizadas

por hiperglicemia, associada a complicações, disfunções e insuficiência de vários

órgãos, especialmente olhos, rins, nervos, cérebro, coração e vasos sanguíneos

(BRASIL, 2006). Segundo se percebe, o paciente diabético requer cuidado clínico e

educação continuada para melhor qualidade de vida e prevenção das complicações

agudas e crônicas. As complicações decorrentes do DM comprometem a produtividade,

a qualidade de vida e a sobrevida dos indivíduos, acarretando altos custos para seu

controle metabólico e tratamento das suas complicações. Em consequência do não

tratamento ou do tratamento irregular da doença, há aumento de consultas, de

dispensação de medicação, exames, internações, cirurgias e procedimentos

especializados. Somando a isso, a incapacidade laborativa provisória, ou permanente, da

pessoa com diabetes desencadeia enorme impacto econômico e social em nosso meio.

Neste contexto, os profissionais objetivam o controle da doença, mediante

adesão dos pacientes com diabetes aos cuidados de promoção e manutenção da saúde.

Desse modo, propiciam às pessoas assumirem comportamentos saudáveis, modificarem

o estilo de vida e seguirem o tratamento.

A enfermeira, em especial, tem o desafio de dispensar assistência aos

indivíduos, família e comunidade, via cuidado direto ou indireto, buscando desenvolver

o cuidado em interação com estes pacientes. Ela ajuda na compreensão da necessidade

de assumir modificações no estilo de vida, e contribui para sua adesão ao controle

glicêmico.

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Segundo Guedes e Araújo (2005, p.242), “os enfermeiros, na sua prática

profissional, devem fundamentar-se em princípios científicos fazendo uso das teorias de

enfermagem e do respectivo método que permite nas suas fases a operacionalização

destas teorias”.

Por sua vez, as Teorias de Enfermagem fundamentam o cuidado, com

conhecimentos próprios, com vistas a melhorar a qualidade da assistência prestada a

pessoas, em diferentes campos de conhecimento.

Uma destas teorias, a de Alcance de Metas de Imogene King, descreve a

natureza da relação enfermeira-paciente para o alcance de metas, as quais são

desenvolvidas num processo de interação, por meio da comunicação. Neste caso,

utiliza-se a avaliação da enfermeira com este paciente, ao identificar problemas,

distúrbios na saúde, suas percepções dos problemas e compartilhar informações para

planejar estratégias no intuito de atingir as metas propostas em comum acordo (KING,

1981; LEOPARDI, 2006).

Para King (1981), o indivíduo está inserido em três sistemas interativos:

pessoal, interpessoal e social. A partir destes sistemas, se houver interação enfermeira-

paciente estabelecem juntos objetivos reais e alcançáveis pelo paciente. Trata-se de um

método participativo, em que a enfermeira emprega esses elementos preconizados para

a obtenção de metas definidas pelo paciente e por ela, por meio dos seus principais

elementos, isto é: percepção, comunicação e transação.

Na valorização do indivíduo no seu contexto social e familiar, buscando suas

potencialidades no empoderamento e autonomia do sujeito, a Teoria de King torna-se

um instrumento relevante no desenvolvimento do cuidado clínico de enfermagem.

Assim, questiona-se: o estabelecimento de metas de saúde mediante práticas

clínicas na interação enfermeira-pessoa com diabetes, na Estratégia Saúde da Família

(ESF), fundamentada na Teoria de Alcance de Metas de King, contribui para melhor

adesão ao tratamento?

A hipótese apresentada é a de que o estabelecimento de metas, pela interação

enfermeira-pessoa com diabetes, colabora no cuidado e na adesão à terapêutica do

diabetes mellitus.

Inserida na Estratégia Saúde da Família, a enfermeira, ao desenvolver suas

atividades, magnificou seu espaço de trabalho e ampliou sua inserção, seja nas

atividades assistenciais, seja nas administrativas e educativas fundamentais para

consolidação da ESF e também do Sistema Único de Saúde (SUS), por compartilhar dos

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seus princípios e diretrizes e buscar um atendimento humanizado em saúde, resolutivo e

capaz de responder às necessidades sociais e de saúde da população.

Uma das ações desenvolvidas pelas equipes, com base nas sete áreas da Norma

Operacional Básica de Assistência à Saúde (BRASIL, 2002), é o acompanhamento dos

pacientes com DM, com ações tanto no âmbito individual por meio de consultas de

rotina e visitas domiciliárias, quanto nas ações de cunho coletivo em grupos de

educação em saúde. Essas estratégias visam o controle e redução das complicações

decorrentes desta doença.

As equipes da ESF têm, ainda, como instrumento importante para melhorar a

prevenção, diagnóstico, tratamento e controle do diabetes, o Plano de Reorganização da

Atenção à Hipertensão Arterial e o Diabetes Mellitus (BRASIL, 2001) e dentre diversas

ações estipuladas está o Sistema de Gestão Clínica de Hipertensão Arterial e Diabetes

Mellitus da Atenção Básica (SISHIPERDIA).

O SISHIPERDIA permite cadastrar, acompanhar e garantir os insumos aos

pacientes com hipertensão e diabetes de todas as unidades básicas de saúde. É uma

excelente fonte de informação tanto para a equipe quanto para os gestores, pois com

esta ferramenta é possível traçar em médio prazo o perfil epidemiológico desta

população e adotar estratégias de intervenção voltadas à melhoria da qualidade de vida

dessas pessoas, bem como a redução de custo social (BRASIL, 2001).

Esse programa contribui para orientar o gestor na aquisição dos medicamentos

essenciais, considerando que o SUS os fornece gratuitamente, para o controle do

diabetes, na rede básica de saúde, cujo financiamento é pactuado nas três esferas de

governo (BRASIL, 2012).

Com o trabalho desenvolvido pelas equipes de Saúde da Família ocorrem

vários avanços. Contudo, os pacientes ainda enfrentam várias barreiras no acesso às

consultas e exames, além da irregularidade na distribuição de insumos e medicamentos,

que dificultam a adesão ao tratamento do paciente com diabetes.

Nas últimas décadas, a prevalência do DM tem crescido significativamente.

Este crescimento decorre, sobretudo, do envelhecimento populacional, da maior

urbanização e do aumento de obesos e sedentários. Segundo Bezerra et al. (2010), com

a modernidade, ocorre também a evolução científica e tecnológica, a qual, por um lado,

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amplia as possibilidades das pessoas se divertirem e trabalharem sem sair de casa, e por

outro, contribui para o sedentarismo.

Justifica-se o estudo pela alta prevalência de diabetes mellitus, o qual atinge

5,6% da população das capitais brasileiras (BRASIL, 2011). Como enfermeira da

Estratégia Saúde da Família, percebem-se a complexidade do tratamento, as barreiras

encontradas pelos pacientes com diabetes na adesão e na manutenção dos níveis

normoglicêmicos. A relevância do controle glicêmico fundamenta-se no fato de que

muitos pacientes com diabetes enfrentam obstáculos por diversos fatores, como:

dificuldade de acesso ao serviço de saúde, distância entre o local de moradia e os

serviços que prestam atendimento, custos financeiros, irregularidade na dispensação de

medicações e insumos. Conforme se sabe, o descontrole leva a consequências. Entre

estas, amputações, cegueira, nefropatia, neuropatias, doenças cardiocerebrovasculares,

além de outras sequelas.

Diante dos resultados obtidos com este trabalho, o conhecimento produzido

poderá fortalecer as consultas de enfermagem, nas quais o profissional tem a

oportunidade de utilizar o mencionado conhecimento, transformar-se num ser crítico,

questionar suas próprias atitudes e participar de forma mais ativa nos cuidados

prestados, promovendo estratégias na adesão do tratamento.

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2 OBJETIVOS

Verificar a eficácia de intervenções em enfermagem, fundamentada na Teoria de

Alcance de Metas, na melhoria do cuidado à pessoa com diabetes e na sua adesão ao

tratamento;

Comparar os resultados desta interação com o cuidado cotidiano de enfermagem

desenvolvido na Estratégia Saúde da Família.

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3 REFERENCIAL TEÓRICO

3.1 Imogene King: estrutura conceitual, sistemas e conceitos

Imogene King nasceu em 30 de janeiro de 1923, em West Point, Iowa, nos

Estados Unidos. Em 1948, recebeu o grau de bacharel em ciências da educação em

enfermagem e em 1957 conquistou o título de mestre em enfermagem pela St. Louis

University. Em 1961, titulou-se doutora pelo Teacher’s College, da Universidade de

Columbia, Nova York. King também foi agraciada com um Doutoramento honorário

pela Southern Illinois University em 1980.

Ademais, trabalhou na enfermagem como administradora, educadora e

assistencial. Mesmo aposentada, viajou por todos os Estados Unidos, Canadá, Japão,

Alemanha e Suécia, onde proferiu conferências para enfermeiras, estudantes, e

participou de congressos. A estudiosa recebeu prêmios de muitas organizações em

honra dos seus contributos para a enfermagem. Em 1997, recebeu uma medalha de ouro

do governador da Flórida por contribuir para o avanço da enfermagem naquele estado. E

em 2005, foi nomeada “lenda viva” pela Academia Americana de Enfermagem.

No dia 24 de dezembro de 2007, faleceu em Pasadena, Flórida, EUA, sendo

homenageada com a seguinte frase "Que todos nós hoje queimemos uma vela para a luz

que a ilustre Imogene deixou sobre nós com seu sorriso, conhecimento e paixão em

todos os dias” (MESSMER; PALMER, 2008).

Segundo Messmer e Palmer (2008), King foi pioneira no campo da

enfermagem teórica, principalmente por aliar teoria e prática clínica. Da sua biografia,

infere-se que ela possui vasto conhecimento nas áreas de domínio cognitivo e

experimental.

3.2 A Teoria de Imogene King

Nesta teoria, King (1981) começa a discorrer explicando o que é a

enfermagem. Descreve as ações de enfermagem como atividades realizadas nas quais a

enfermeira pensa, percebe, julga e age nas situações a ela relacionadas. Estas ações

ocorrem em ambientes onde são desenvolvidas relações entre enfermeiras e pacientes.

As enfermeiras coletam informações, analisam as percepções, trocam informações,

estabelecem metas em comum, tomam decisões e resolvem problemas, usando

conhecimentos e habilidades para ajudar estes indivíduos a manter a saúde.

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É a partir destes conceitos e delimitações que King constrói uma estrutura

conceitual para a enfermagem, sua teoria sobre a dinâmica do sistema de interações

baseada na teoria dos sistemas.

3.2.1 Uma estrutura conceitual para a enfermagem

A meta da enfermagem é a melhoria da saúde de indivíduos e o cuidado de

saúde de grupos. Cabe-lhe aceitar a seguinte premissa: seres humanos são sistemas

abertos interagindo com o ambiente; então uma estrutura conceitual para a enfermagem

deve ser organizada para incorporar estas ideias (KING, 1981).

Neste âmbito, a teorista (1981) propõe uma estrutura onde ela faz inferência

segundo a qual seres humanos são sistemas que juntos formam um sistema interpessoal

e este sistema interage formando um sistema social. Tal estrutura foi organizada para

incorporar a ideia de que seres humanos são sistemas abertos interagindo com o

ambiente.

3.2.2 Sistema pessoal

Por sistema pessoal entende-se o próprio indivíduo, caracterizado como ser

racional e emocional, portanto, ser complexo. Consoante King (1981, p.20) no

“processo de interação, indivíduos reagem com pessoas, eventos e objetos de acordo

com suas percepções, expectativas e necessidades”. Por isso, para compreensão da

interação, é necessário uma compreensão desse sistema pessoal. A autora aponta seis

conceitos relacionados a esse sistema que auxiliam neste entendimento. São eles:

A percepção - definida como “um processo de organização, interpretação e

transformação de informações dos dados sensoriais e da memória” (KING, 1981, p.24).

“É a representação da realidade do ser humano” (KING, 1981, p.20). Como afirma, a

percepção é o maior conceito da sua teoria e um marcante ponto para a interação. É um

processo cognitivo no qual o indivíduo busca em seu inconsciente fatos e valores que

interferem na interação. A percepção é parte do crescimento e desenvolvimento da

pessoa e influencia em sua definição de metas e necessidades (KLEIN, 1970 apud

KING, 1981).

O self - é o que eu penso de mim e o que eu sou capaz de ser ou fazer (KING,

1981, p.26). “É uma interação pessoal com o ambiente que é influenciado pela troca de

interações com outros e que dá alguma consciência do modelo de relacionamento do eu

com o meu” (ROGERS, 1961 apud KING, 1981, p.27). O conhecimento de self é o

modo como eu me defino para mim mesmo e para os outros, é o entendimento do

comportamento humano. Caracteriza-se por: (1) dinâmica individual, valores e crenças;

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(2) sistema aberto e limites artificiais; e (3) meta orientada (a orientação das metas

direciona atividades para a realização do self).

O crescimento e desenvolvimento - para Freud (1966) apud King (1981),

existem quatro estágios do desenvolvimento. São eles: (1) estágio oral na primeira

infância; (2) estágio anal entre 2-3 anos; (3) estágio de fala na idade pré-escolar; e (4)

estágio genital na adolescência. Segundo refere, a origem do comportamento vem de

energias biológicas que podem ser direcionadas a diferentes meios. Quanto às

características do crescimento e desenvolvimento citadas por King (1981), mencionam-

se: (1) trocas celulares, moleculares e comportamentais em seres humanos; e (2)

funções da herança genética, experiências significativas e satisfatórias e um ambiente

que conduz à ajuda de indivíduos com vistas a adquirirem maturidade.

A percepção da pessoa sobre seu corpo, reações adversas da sua aparência e o

resultado de reações adversas do self são referidas como imagem corporal. Esta é

definida como a maneira pela qual o indivíduo consegue se ver. Suas atitudes podem ser

diferentes, dependendo da sua relação com a própria imagem.

O espaço – este é um conceito universal, pessoal, percebido por cada pessoa

como único e subjetivo. É situacional, pois a distância espacial pode ser estendida ou

contraída conforme a natureza do relacionamento em cada situação. É dimensional, em

função da área, do volume, da distância e do tempo. Tais dimensões são influenciadas

pelas diferenças culturais (KING, 1981).

O tempo - para King (1981, p.42), “é percepção subjetiva de uma sucessão de

eventos do passado para o presente e para o futuro”. É definido como a duração entre a

ocorrência de um evento e a ocorrência de outro, sendo o tempo irreversível. Contudo,

a percepção humana de tempo varia de uma pessoa para outra e é determinada pela

idade, educação, posição de vida, funções sociais, valores e atitudes.

3.2.3 Sistema interpessoal

Na ótica de King (1981), o mundo é composto de seres humanos e objetos que

interagem no ambiente, e estes seres humanos agem em vários sistemas interpessoais.

Existem determinados conceitos na compreensão dos sistemas interpessoais.

Entre estes:

As interações humanas – entendidas como atos de duas ou mais pessoas em

presença mútua, podem revelar o que uma pessoa pensa ou sente pela outra, como um

percebe o outro, o que o outro faz por ele, quais suas expectativas do outro e como cada

um reage à ação do outro (KING, 1981). Como King relata, a ação é uma sequência de

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comportamentos de interações de pessoas, que incluem: (1) ação mental –

reconhecimento das condições presentes; (2) ação física – início de operações ou

atividades relacionadas às condições ou situações; e (3) ação mental - para exercer

controle sobre os eventos e as ações físicas na busca pelo alcance de metas. Em

situações concretas nas quais seres humanos estão participando ativamente nos eventos,

e esta participação ativa em busca do alcance de metas provoca troca nos indivíduos,

verifica-se transação.

Na Figura 1 mostra-se como o processo de interações humanas ocorre.

Figura 1: Processo de interações humanas (adaptado de KING, 1981)

Conforme a Figura 1, as percepções, julgamentos, ações e reações dos seres

humanos irão determinar as transações que eles realizarão. King (1981, p.1) define

transações como “interações resolutas que conduzem ao alcance de metas”.

Ainda como afirma King (1981, p.61), “os maiores conceitos na interação

humana são: percepção, comunicação e transação”. Contudo, o componente

informacional da interação pode ser observado como comunicação e o componente

avaliativo como transação.

Transações são elementos possíveis de aparecer nas mensagens, porquanto se

dão quando os indivíduos estão interagindo para o alcance das suas metas, porém é

preciso, primeiramente, investigá-las nas conversações.

Quanto à comunicação - definida por King (1981) como o intercâmbio de

pensamentos e opiniões entre indivíduos, é o meio pelo qual a interação social e a

aprendizagem acontecem, sendo influenciada pelos inter-relacionamentos de metas,

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necessidades e expectativas de uma pessoa; e é o meio de troca de informações entre

indivíduos e ambiente, em sistemas abertos, onde há a ocorrência contínua e dinâmica

da comunicação. Esta é dividida em duas categorias: (1) comunicação intrapessoal –

comunicação não verbal, que envolve trocas nervosas, de informação genética, entre

várias outras trocas verificadas no nosso organismo; e (2) comunicação interpessoal – a

qual é classificada como verbal e não verbal e se dá entre indivíduos. Segundo King

(1981), as enfermeiras usam habilidades e conhecimentos para obter informações

acuradas sobre os comportamentos dos pacientes, e são percebidas por estes como

cuidadoras, ocupadas demais, frias e eficientes. Enfermeiras usam conhecimentos e

habilidades de comunicação para ajudar indivíduos que atravessam interferências no seu

estilo de vida.

Na ótica de King (1981, p.81) ao citar Kuhn (1975), o processo de transação, é

“a transferência de valores entre dois ou mais indivíduos”. Acontece como um processo

de interação entre pessoas, pessoa com objeto, envolvendo o ambiente, com o objetivo

de alcançar metas. Por meio da comunicação, observação e interpretação da informação,

as interações são focalizadas nas metas e um relacionamento interpessoal positivo

começa a se estabelecer.

Inclui-se, ainda, o papel - quando, “o desenvolvimento do conceito de interação

requer conhecimento do papel desde que o papel de uma pessoa seja definido em

relação ao papel de outra pessoa, como o papel da enfermeira e do paciente” (KING,

1981, p.89). Ou seja, para que a interação aconteça é necessário haver uma definição

dos papéis; este é visto como uma relação com outra pessoa, uma posição e uma

situação. Consoante o conceito de papel, um indivíduo precisa se comunicar com o

outro e interagir em caminhos que auxiliem no alcance de metas. Nos papéis, as funções

são dinâmicas e mudam de situação para situação.

Outro componente é o estresse – considerado um fator energia em sistemas

abertos que aumenta ou diminui de acordo com os estressores em interações homem-

ambiente. É um estado dinâmico pelo qual o ser humano interage com o ambiente para

manter equilíbrio voltado ao crescimento, desenvolvimento e desempenho que envolve

uma troca de energia e informação entre a pessoa e o ambiente para regulação e controle

do estressor (KING, 1981).

3.2.4 Sistema social

Este é um sistema de limite organizado de papéis sociais, comportamentos e

práticas desenvolvidas para manter valores e mecanismos de regulação dessas reações

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(KING, 1981). Um construto de sistema social é essencial para a estrutura conceitual de

enfermagem.

Segundo King (1981), é um sistema que tem sua origem na reunião de grupos

com interesses e necessidades especiais, formando organizações e compondo

sociedades. Os conceitos relacionados neste sistema são os seguintes:

A organização - é a forma pela qual as atividades contínuas são administradas

para alcançar metas. O entendimento da estrutura organizacional ajuda as enfermeiras

na identificação e no enfrentamento dos conflitos entre a organização e seus papéis e

funções profissionais. Está associada ao conhecimento de autoridade e poder (KING,

1981). Para as organizações responsáveis pelos cuidados de saúde, a meta é ajudar

indivíduos a manter sua saúde, se possível, e aprender a enfrentar as doenças.

A autoridade - é um processo ativo e recíproco de transação no qual

conhecimento, experiência, percepções e valores dos sujeitos influenciam a definição,

confirmação e aceitação dos que se encontram em posições organizacionais, associados

a esse poder. É essencial à realização de metas e às organizações, sobretudo as

formalmente constituídas. Nos diversos sistemas de cuidado à saúde onde as

enfermeiras trabalham, há a necessidade de entender a autoridade organizacional

vigente, assim como a autoridade legítima da enfermeira. Sua apropriada utilização em

uma organização promove satisfação ao trabalhador, eficiência, elevação moral e

facilita o alcance de metas (KING, 1981).

O poder - é uma característica da autoridade, sendo o processo por meio do qual

uma ou mais pessoas influenciam as demais numa determinada situação. O poder existe

dentro das relações sociais e os que o exercem podem controlar grupos e organizações.

É universal, situacional, dinâmico e meta-dirigido (KING, 1981).

O status - é como a posição de um indivíduo em um grupo é percebida por

outros indivíduos. É o prestígio adquirido ao desempenhar um papel (KING, 1981).

A tomada de decisão - é um conceito-chave em qualquer organização. Decisões

são julgamentos feitos, e afetam o curso da ação a ser desenvolvida em situações

específicas. Tornou-se um conceito essencial para as pessoas em todos os aspectos da

vida. A própria ação ou resposta humana é decorrente de um processo de tomada de

decisão. As decisões são situacionais e dirigidas a metas, compondo um processo

contínuo, que envolve uma situação, estado ou problema. Constantemente, enfermeira e

paciente tomam decisões sobre metas a serem alcançadas. Faz-se, então, necessária a

informação compartilhada entre eles, respeitando os aspectos éticos (KING, 1981).

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3.3 Teoria de Alcance de Metas

Consoante estabelece a Teoria de Alcance de Metas, a enfermagem é um

processo de interação, reação e transação, e tem como foco central da estrutura de King

o ser humano dinâmico, cujas percepções dos objetos, das pessoas e dos eventos

influenciam seus comportamentos, sua interação social e sua saúde. Como mencionado,

a estrutura conceitual inclui três sistemas: pessoal, interpessoal e social (LEOPARDI,

2006).

King utiliza os conceitos dos três sistemas dinâmicos interacionais para

formular uma Teoria de Enfermagem que preconiza a obtenção de metas definidas pelo

paciente e pela enfermeira por meio da transação na situação de enfermagem. É um

método participativo, dinâmico, que torna o paciente um ser atuante no seu processo de

saúde-doença-saúde.

A teorista resume a estrutura conceitual da seguinte forma: indivíduos

compreendem o sistema pessoal relacionando-se com o meio ambiente, chamado

sistema pessoal; ao interagir com outras pessoas, forma díades, tríades, pequenos e

grandes grupos, constituindo o sistema interpessoal; os grupos com interesses e

necessidades comuns formam as organizações, evoluem para comunidades e

sociedades, configurando o sistema social. “A tese principal da estrutura é a de que

cada ser humano percebe o mundo como uma pessoa total, fazendo transações com

indivíduos e coisas no ambiente” (KING, 1981, p.141). Portanto, a percepção toma

lugar em cada mundo concreto da pessoa e é uma parte essencial da vida.

Considerando como conceitos abstratos seres humanos, ambiente, saúde e

sociedade, de acordo com King, o conhecimento desses conceitos colabora na interação

da enfermeira com o paciente, no entendimento de como os seres desenvolvem suas

atividades de vida diária nos vários papéis que assumem nos sistemas onde estão

inseridos.

Ainda conforme King (1981), a Teoria de Alcance de Metas descreve a

natureza das interações enfermeira-paciente, propositais, para mutuamente estabelecer

metas, explorar e acordar meios que conduzem ao alcance das metas. Sua estrutura

conceitual e teorias são baseadas no princípio segundo o qual seres humanos interagem

com o meio ambiente com a finalidade de atingir o estado de saúde que lhes permita

desenvolver seus papéis sociais.

Como pressupostos específicos, a teorista ressalta:

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As percepções, metas, necessidades e valores da enfermeira e do paciente

influenciam o processo de interação;

As pessoas têm o direito de conhecer sobre si mesmas e de participar das

decisões que influenciam suas vidas, saúde e os serviços da comunidade, podendo

aceitar ou rejeitar o cuidado de saúde;

Os profissionais de saúde têm a responsabilidade de obter informações que

ajudem os indivíduos a tomar decisões sobre seu cuidado de saúde;

As metas dos profissionais de saúde e as dos receptores do cuidado podem ser

incongruentes, logo, pode ocorrer conflitos.

Cabe enfatizar: a teoria deriva da estrutura conceitual dos sistemas pessoal e

interpessoal, mediante os conceitos de interação, percepção, comunicação verbal e não

verbal, transação, papel, estresse, crescimento e desenvolvimento.

As interações são permeadas pela comunicação verbal e não verbal, havendo

troca e interpretação de informações, pelo compartilhamento de valores, necessidades e

desejos de cada membro, levando a transações, pelas percepções de cada participante e

pelos estressores que influenciam cada pessoa na situação (KING, 1981). Por ser a

enfermagem um processo de interação, mediante a comunicação, a enfermeira explora

meios e acordos para obtenção de metas estabelecidas.

Nessa interação, os comportamentos observáveis são esses:

1. Reconhecimento das condições apresentadas, como um problema de saúde,

social ou relacionado ao homem;

2. Operações ou atividades relacionadas à situação ou condições, como

decisões sobre metas; e

3. Motivação para exercer algum controle sobre os eventos na situação para

atingir objetivos, como acordos quanto aos meios para alcançá-los.

Nas interações enfermeira-paciente, há coleta de informações, observação e

medição de parâmetros do paciente, interpretação e nova troca de informações, na qual

a enfermeira agora partilha informações pertinentes com o paciente; este observa a

enfermeira, questiona, participa do estabelecimento de metas. Desse modo, a interação é

percebida como eventos que alguém valoriza, quer ou deseja, levando o atendimento a

trazer resultados mensuráveis das situações de enfermagem. Como enfatiza King (1981,

p.144), “esta teoria deveria servir como um modelo de prática relacionado às interações

enfermeira-paciente e, neste sentido, uma teoria normativa”.

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As atividades da enfermagem são um processo de interação entre enfermeira e

paciente em que cada um percebe o outro e a situação, e por meio da comunicação,

estabelecem-se metas, exploram-se meios e acordam-se para atingir metas. Nelas os

comportamentos observáveis na enfermeira e paciente são: reconhecimento das

condições apresentadas, como problema de saúde; decisões sobre metas; motivação e

meios para alcance das metas.

Neste âmbito, as proposições da Teoria de Alcance das Metas são as seguintes:

1. Se a acurácia perceptual está presente nas interações enfermeira-paciente,

ocorrerão transações;

2. Se enfermeira e paciente fazem transações, metas serão alcançadas;

3. Se metas são alcançadas, haverá satisfação;

4. Se metas são alcançadas, ocorrerá cuidado efetivo de enfermagem;

5. Se as transações são feitas nas interações enfermeira-paciente, aumentarão o

crescimento e desenvolvimento;

6. Se as expectativas e as performances de papel são percebidas pela

enfermeira e paciente como congruentes, ocorrerão transações;

7. Se conflito de papel é experimentado pela enfermeira, paciente ou ambos, se

dará estresse nas interações enfermeira-paciente;

8. Se enfermeiras com conhecimentos e habilidades especiais transmitem

informações apropriadas aos pacientes, acontecerá estabelecimento e alcance de metas

mútuas.

Quanto aos limites internos da teoria, mencionam-se: o fato de a enfermeira e o

paciente não se conhecerem; a habilitação para o exercício da profissão pela enfermeira;

as necessidades de cuidado por parte do paciente; então, ao se encontrarem, este

colabora para o estabelecimento mútuo de metas; e ambos interagem para o alcance

dessas metas. Já os limites externos são: a interação entre duas pessoas; a habilitação do

profissional de enfermagem e pacientes com necessidades de cuidados de enfermagem;

essas interações devem acontecer em ambientes naturais (KING, 1981).

Para a teorista, tais limites não restringem a teoria a tempo e espaço, porquanto

as interações enfermeira-paciente podem acontecer em qualquer situação de

enfermagem.

Segundo George (2000) ao citar King (1981), a teorista desenvolveu

proposições previsivas: ambos devem ter exatidão perceptiva, saberem os seus papéis na

interação e comunicação que levem à transação; esta leva à obtenção de metas,

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implementando o crescimento e desenvolvimento mútuo, efetivando a assistência de

enfermagem.

Como se percebe, a Teoria de Imogene King torna-se de relevante utilidade para

os profissionais de enfermagem, pois é um instrumento de investigação, orientação e

educação. Logo, auxilia na visão dos fatores que influenciam o ambiente e qualidade de

vida das pessoas, e pode facilitar uma avaliação da própria assistência.

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4 METODOLOGIA

4.1 Tipo de estudo

Trata-se de estudo de intervenção para pacientes com diabetes mellitus,

desenvolvido com uma proposta de cuidado de enfermagem fundamentada teoricamente

para observar se esta promovia um melhor cuidado e adesão da pessoa com diabetes ao

tratamento, levando ao alcance da meta geral de bem-estar destes pacientes.

Foi um estudo do tipo longitudinal, no qual, para Polit e Beck (2011), são

efetuadas coletas de dados às mesmas pessoas, e que fornecem dados em dois ou mais

pontos temporais durante certo período. Nele analisaram-se mudanças ao longo do

tempo, determinando a sequência temporal dos fenômenos.

Por ser interventivo, caracterizou-se como do tipo randomizado simples em

que há a seleção de números iguais de participantes para cada grupo, seguindo a

amostragem aleatória simples. Segundo Polit e Beck (2011), neste tipo de estudo, não

há pareamento das características ou variáveis específicas. Assim, após a formação dos

grupos, realizou-se avaliação estatística com vistas a analisar se as diferentes

frequências para as variáveis pesquisadas eram estatisticamente significantes.

Para tanto, formaram-se dois grupos de pacientes com diabetes, de igual

tamanho, denominados de grupo comparativo e grupo de intervenção. Como

estabelecido, o grupo de intervenção passou pela consulta de enfermagem, com

propostas de intervenções. Negociadas as metas e avaliação do alcance das metas

propostas com base na Teoria de Imogene King, comparou-se melhoria nas variáveis

físicas e nas mudanças no estilo de vida de pacientes com diabetes. O grupo

comparativo passou pela consulta de enfermagem, no tocante à assistência de

enfermagem recebida no cotidiano da unidade de saúde, sem explícita fundamentação

teórica específica.

Então, ao final do processo, pôde-se comparar os resultados entre os dois

grupos, no relacionado ao desfecho das variáveis iniciais dos pacientes com diabetes.

4.2 Local do estudo

Consoante mencionado, o estudo foi realizado na Unidade de Atenção Primária

à Saúde Flávio Marcílio (UAPSFM) do Sistema Único de Saúde, em Fortaleza-Ceará-

Brasil. Referida unidade tem como objetivo atender pacientes residentes na área adscrita

dos bairros Mucuripe, Varjota e Meireles.

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Quanto à escolha da unidade para desenvolvimento da pesquisa, deu-se por ser

campo de trabalho da pesquisadora. Esta condição pode facilitar a interação enfermeira-

paciente, pois segundo a Teoria de Alcance de Metas, quando ocorre esta interação

conduz-se ao alcance de metas.

No referente à estrutura física do serviço, há dois pavimentos, com consultórios

médicos, odontológicos, de enfermagem, recepção, farmácia, sala de espera,

imunização, coleta de exames laboratoriais, sala de procedimentos, expurgo,

esterilização e copa.

A equipe de saúde é multidisciplinar e com diversas especialidades, a saber:

enfermagem, fisioterapia, odontologia, fonoaudiologia, psicologia, serviço social,

farmácia, terapia ocupacional, além de especialidades médicas.

Como observado, a equipe de enfermagem é composta por onze enfermeiras e

oito técnicas de enfermagem, as quais desenvolvem suas atividades nos diversos setores

ambulatoriais e nas visitas domiciliares. Quanto às consultas de enfermagem, os

atendimentos são variáveis, de acordo com a agenda e escala de serviço destes

profissionais.

No período da coleta, a UAPSFM contava com três equipes da Estratégia Saúde

da Família e uma equipe da Estratégia de Agentes Comunitários de Saúde. A pesquisa

foi realizada com pacientes da área de abrangência da equipe 2 de Saúde da Família,

composta por uma enfermeira, uma odontóloga, uma auxiliar de enfermagem, uma

auxiliar de saúde bucal e seis agentes comunitários de saúde. Existem 989 famílias

cadastradas e, destas, 147 pessoas com diagnóstico de DM, com uma média de 35

consultas de enfermagem mensal ao diabético.

As consultas ao diabético, na equipe escolhida para a coleta de dados, são feitas

a cada dois meses, intercalando a consulta de enfermagem com a consulta médica,

quando recebem o medicamento para controle de diabetes, orientações sobre dieta,

atividade física, entre outras. Enquanto as consultas de enfermagem ocorrem nas quartas

e quintas-feiras pela manhã, as consultas médicas não têm dia específico para paciente

diabético e são realizadas por um profissional vinculado à Secretaria Estadual de Saúde,

lotado na referida unidade, não vinculado à equipe de Saúde da Família. Assim, os

pacientes retornam para a consulta de enfermagem a cada quatro meses.

A instituição é campo de prática e de estágio para alunos de enfermagem,

nutrição, gestão hospitalar, entre outros, estando conveniada com universidades

particulares situadas no município de Fortaleza.

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4.3 População e amostra

Consoante ressaltado, a população foi constituída de pacientes com diabetes

cadastrados em uma equipe de Saúde da Família. Conforme cadastro realizado pela

equipe, existiam 147 pacientes diabéticos.

Como critérios de inclusão constaram: estar regularmente cadastrados no

SISHIPERDIA da equipe de Saúde da Família; ter idade superior ou igual a 18 anos; ter

diagnóstico de diabetes referido há pelo menos seis meses; ter ou estar em condições de

dialogar sobre sua condição de saúde e tratamento.

Excluíram-se aqueles desprovidos de capacidade cognitiva para interação e

comunicação adequada, que são limites apontados na Teoria de Alcance de Metas

(KING, 1981).

Da amostra fizeram parte sessenta pacientes selecionados aleatoriamente, na

medida em que chegaram para a consulta de enfermagem de rotina, nos meses de

fevereiro e março de 2013. Dessa forma, não se fez pareamento, de acordo com as

variáveis a serem estudadas. Após convite para participar no estudo, os pacientes foram

inseridos randomizadamente no grupo comparativo ou no grupo de intervenção. Houve

perda de quatro participantes do estudo pois, no decorrer da pesquisa, dois foram a óbito

e dois mudaram de endereço.

Segundo Creswell (2010), como forma de controle, neste tipo de investigação

cada participante do estudo tem igual probabilidade de ser selecionado. Desta forma,

elimina-se a possibilidade de diferenças sistemáticas entre as características dos

participantes passíveis de afetar os resultados, de modo que quaisquer diferenças nos

resultados podem ser atribuídas ao tratamento.

4.4 Instrumento de coleta de dados

Para os dois grupos efetuou-se, na primeira consulta de enfermagem, coleta de

dados baseline, para futuras comparações. As informações foram coletadas e registradas

em formulário contendo os dados sociodemográficos, familiares, clínicos, estilo de vida,

comorbidades, percepção/acompanhamento geral da saúde, self/imagem corporal,

tempo, interações humana, papel e relacionamento, nutrição e metabolismo,

eliminações, sono e repouso, sexualidade e reprodução. Quanto ao grupo de

intervenção, além dos dados baseline, utilizou-se a consulta de enfermagem

fundamentada na Teoria de Alcance de Metas. O formulário continha as decisões

tomadas no processo de interação enfermeira-paciente, metas estabelecidas

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conjuntamente, avaliações subsequentes e avaliação final. No grupo comparativo era

realizada a consulta de enfermagem sem fundamentação teórica, e registravam-se em

um formulário os problemas detectados e a evolução destes.

4.5 Protocolo de coleta de dados

A investigação ocorreu no período de fevereiro a agosto de 2013, com vistas ao

acompanhamento contínuo dos dois grupos participantes do estudo por seis meses,

comparando a consulta de enfermagem (grupo comparativo), com a consulta de

enfermagem fundamentada na Teoria de Alcance de Metas de King (grupo de

intervenção), analisando seus benefícios, dificuldades e exequibilidade.

Iniciou-se a coleta de dados após a aprovação pelo Comitê de Ética em

Pesquisa, aceitação do convite por cada participante, independente do grupo de estudo

onde seria alocado. Esta ocorreu durante a consulta de enfermagem. Todas as variáveis

dos dois grupos, de intervenção e comparativo, foram coletadas pela própria

pesquisadora.

Na primeira consulta da coleta de dados da pesquisa, coletaram-se os dados

baseline dos dois grupos, contidos no formulário. As consultas subsequentes foram

agendadas para 45 dias.

Com o grupo comparativo, procedeu-se à consulta de enfermagem, e os

pacientes foram agendados para novas consultas. Tentava-se não modificar a dinâmica

de consultas, embora tenha se alterado a rotina de atendimento recebida pela equipe da

ESF. Portanto, cada paciente foi acompanhado pela pesquisadora durante seis meses, no

total de quatro consultas de enfermagem. Avaliaram-se as variáveis escolhidas para

comparação com o grupo de intervenção.

Neste grupo, os pacientes foram consultados, avaliados e estabeleceram-se

metas com eles. Em cada consulta do paciente com diabetes do grupo de intervenção,

elaborou-se Lista de Problemas detectados e compartilhados na interação enfermeira-

paciente. Após discussão preencheu-se a Lista de Metas em comum acordo, procurando

solucionar ou minimizar o problema. Ademais, discutiam-se meios que viabilizassem o

alcance destas metas, as quais foram avaliadas nas consultas posteriores. Nas consultas

subsequentes, avaliaram-se as condições gerais dos pacientes, com vistas a detectar suas

conquistas no tocante à adesão ao tratamento e para definir novas metas.

Em todas as consultas foram mensuradas as seguintes variáveis:

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A glicemia capilar, medida pelo aparelho digital Accu-Chek®. Após orientação

ao paciente do procedimento, colocou-se a fita no aparelho, escolheu-se um dos

quirodáctilos com boa perfusão periférica, e deu-se uma picada superficial com lanceta

própria para este procedimento: ao sair uma gota de sangue se colocava na fita teste e o

local perfurado era pressionado com algodão seco.

Mediram-se valores tensionais utilizando a técnica padrão-ouro para aferição

da pressão arterial de acordo com as recomendações da Sociedade Brasileira de

Hipertensão. O esfignomanômetro aneroide empregado foi previamente calibrado,

regulado e atestado pelo Inmetro, observando-se o tamanho do manguito adequado à

circunferência do braço do paciente e estetoscópio biauricular de uso pessoal da

pesquisadora. Os indivíduos eram orientados a esvaziar a bexiga urinária, ficar na

posição sentada e descruzar os membros. Após cinco minutos de repouso, fez-se a

verificação, no braço direito do paciente.

Mensurou-se o peso corporal em balança digital portátil com capacidade de

130 kg e com precisão de 100g, colocada em superfície plana. Os pacientes eram

pesados descalços, com o mínimo de roupa possível, corpo ereto no centro da balança,

braços estendidos ao longo do corpo e sem movimento.

Para a medição da estatura, o instrumento foi um antropômetro, com

subdivisão 0,5 cm, com a utilização de um esquadro sobre a cabeça dos pacientes,

descalços, pés unidos e paralelos, em posição ereta e olhando para a frente.

A circunferência abdominal foi mensurada com fita métrica flexível e

inextensível, no ponto médio entre a crista ilíaca anterior superior e a última costela.

Essas variáveis foram avaliadas em cada paciente dos dois grupos nas quatro

consultas. Tais dados foram compilados e organizados, constituindo um banco de dados

de comparação, cujo objetivo era avaliar a mudança ou não nos dois grupos

participantes. Assim, após cada ciclo de consultas e ao final do processo, os dois grupos

foram comparados, no respeitante às variáveis colocadas anteriormente, que configuram

a melhoria do estado de saúde deles.

Infelizmente, um paciente do grupo comparativo foi a óbito antes do retorno da

segunda consulta e outro mudou de endereço. Quanto ao grupo intervenção, uma

paciente também veio a óbito antes da quarta consulta e uma mudou de endereço. Todos

foram excluídos do estudo.

4.6 Organização e análise dos dados

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Segundo definido, os dados foram organizados em um banco de dados no

programa Excel for Windows e posteriormente transportados para o software SPSS

versão 20.0(Statistical Package for the Social Sciences), onde foram processados para

avaliação estatística analítica, relação e entrecruzamento das diversas variáveis, com

utilização de testes estatísticos.

Ilustrativamente, os dados estão apresentados em tabelas onde foram dispostas

as variáveis. Calcularam-se as frequências simples, percentual, percentual acumulado,

média, desvio padrão, mínimo e máximo das variáveis. Analisaram-se a associação das

variáveis categóricas por meio dos testes não paramétricos do Qui-quadrado, a razão de

verossimilhança e o teste de Friedman, adotando-se um nível de significância estatística

de 5% (p<0,05), quando da associação de algumas variáveis em estudo.

De posse dos resultados, passou-se a discuti-los à luz da literatura nacional e

internacional atualizada sobre diabetes mellitus e da Teoria de Alcance de Metas de

Imogene King.

4.7 Aspectos ético-legais

Neste estudo, cumpriram-se os preceitos éticos e legais a serem respeitados nas

investigações envolvendo seres humanos, conforme a Resolução 466/2012 do Conselho

Nacional de Saúde (BRASIL, 2012). Em princípio, encaminhou-se uma cópia do

projeto de pesquisa ao Sistema Municipal Saúde-Escola de Fortaleza solicitando

autorização para realizar o estudo na referida Unidade de Atenção Primária à Saúde.

Posteriormente o projeto foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa para apreciação

e autorização para coletar dados. O projeto foi aprovado pelo CEP da Universidade

Estadual do Ceará (UECE), com parecer favorável, sob protocolo n0 201.296.

Todos os sujeitos foram convidados e previamente informados acerca dos

objetivos, da justificativa e procedimentos desta pesquisa. Foram-lhes garantidos o

sigilo de identidade, o livre consentimento e a opção de participar ou não da pesquisa,

podendo desistir a qualquer momento, sem que isso lhes trouxesse qualquer prejuízo.

Os riscos foram mínimos porque a coleta de dados ocorreu por meio da

consulta de enfermagem. Durante as mensurações não houve nenhum desconforto ou

constrangimento, mas a pesquisadora estava preparada para algum imprevisto,

sobretudo porque a glicemia capilar já é rotina para o paciente em tratamento do

diabetes.

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Foram respeitados os princípios da beneficiência ao grupo de intervenção, o

qual se deu pelo acompanhamento com um cuidado fundamentado teoricamente,

durante os meses de estudo; e da não maleficência ao grupo controle, já que continuou

recebendo a assistência de enfermagem desenvolvida institucionalmente.

Por se conhecer as dificuldades do paciente na adesão ao tratamento do

diabetes mellitus, os benefícios deste tornam-se indispensáveis para melhorar a adesão

às medidas usadas no controle do diabetes. Com as intervenções observou-se a melhora

na conduta desta doença.

Assegurou-se a privacidade, de forma a proteger a imagem e a identidade dos

participantes, evitando-lhes todo e qualquer prejuízo. Os valores sociais, culturais,

morais e religiosos também foram respeitados.

Estabeleceu-se como meta a divulgação dos resultados do estudo em espaços

científicos, como congressos, simpósios, encontros, além da comunidade onde este foi

realizado de acordo com a Resolução 466 (BRASIL, 2012), com objetivo de dar retorno

por meio de benefícios para as pessoas e a comunidade onde a pesquisa se desenvolveu.

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5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

Inicia-se a apresentação dos resultados da consulta baseline dos pacientes

diabéticos do estudo, tanto do grupo de intervenção quanto do grupo comparativo.

Consoante proposto na Teoria de Alcance de Metas, as enfermeiras interagem com os

pacientes, colhem informações, observam e medem parâmetros destes, interpretam

informações (KING, 1981). Na Tabela 1, consta o perfil socioeconômico dos pacientes

diabéticos participantes do estudo.

Tabela 1: Perfil socioeconômico de pacientes com diabetes mellitus participantes do

estudo. Fortaleza-CE, 2013

Variável Grupo de Intervenção Grupo Comparativo

No %

No %

p

SEXO 0,542(1)

Feminino 24 52,2 22 47,8

Masculino 6 42,9 8 57,1

IDADE 0,347(1)

35 a 59 anos 10 55,6 8 44,4

60 a 79 anos 15 46,9 17 53,1

80 a 87 anos 5 50 5 50

ESTADO CIVIL 0,118(1)

Casado 19 63,3 11 36,7

Viúvo 5 35,7 9 64,3

Solteiro/separado 6 37,5 10 62,5

ANOS DE ESTUDO 0,239(1)

Analfabeto 7 43,8 9 56,2

1 a 5 anos 11 42,3 15 57,7

6 a 11 anos 12 66,7 6 33,3

TRABALHA 0,448(1)

Sim 5 62,5 3 37,5

Não 25 48,1 27 51,9

n=60 1

teste do qui-quadrado.

Como se pode evidenciar na Tabela 1, para as variáveis expostas, houve

diferença quanto à sua frequência nos grupos estudados, porém não foi estatisticamente

significante, pois p ≥ 0,05. Com base nos dados apresentados, pode-se observar o

seguinte:

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Em relação à característica sexo, 46 (76,7%) dos participantes do estudo são do

sexo feminino; destes, 24 (52,2%) foram integrantes do grupo de intervenção e 22

(47,8%) participaram no grupo comparativo. Não houve diferença estatística

significante entre os dois grupos.

Resultado semelhante a esta investigação foi observado em outros estudos com

pacientes com diabetes mellitus nos quais a amostra foi predominantemente feminina.

No estudo de Marinho et al. (2012), encontraram-se 88,1% da amostra do sexo

feminino; em Torres et al. (2011), 77,8% da amostra obtida também eram do sexo

feminino; no de Torres, Roque e Nunes (2011), o sexo feminino foi identificado em

69,8%, além de 58% no estudo de Boas et al. (2012).

Em contraposição aos dados encontrados nesta pesquisa, a maior frequência de

diabetes segundo dados do Ministério da Saúde, na população adulta das 26 capitais e

do Distrito Federal, verificou-se no sexo masculino, com 8,3% em Fortaleza. Quanto ao

sexo feminino nesta cidade, referiram ser portadoras de diabetes 6,5% da população

acima de 18 anos. Sobre a frequência dos que referiram diagnóstico prévio de diabetes,

foi de 5,6%, variando entre 2,3% em Palmas e 7,3% em Fortaleza (BRASIL, 2012).

Cabe enfatizar: desenvolve-se uma política de saúde mais voltada para a

população feminina, em que se assiste a mulher na sua etapa reprodutiva. Acrescida a

estes aspectos está a realidade populacional do Estado do Ceará onde 51,3% da

população é feminina (BRASIL, 2010).

A faixa etária variou de 35 a 87 anos, com média de 67,2 ± 11,9 anos. Como se

percebeu, 42 (70,0%) dos pesquisados possuíam idade superior a 60 anos. Destes, 20

(33,3%) participaram no grupo de intervenção e 22 (36,7%) no grupo comparativo, mas

não houve significância estatística entre os dois grupos analisados. Embora o diabetes

possa ocorrer em qualquer fase, sua prevalência tende a aumentar com a idade.

Inegavelmente, o diabetes é um sério problema, capaz de atingir todas as faixas

etárias, e quando atinge faixas etárias menores, a pessoa conviverá durante muitos anos

com as comorbidades decorrentes da doença, a qual interfere na qualidade e na

expectativa de vida.

Em estudo multicêntrico sobre a prevalência do diabetes no Brasil, a influência

da idade foi evidenciada pelo incremento de 2,7% na faixa etária de 30 a 59 anos para

17,4% na de 60 a 69 anos, ou seja, um aumento de 6,4 vezes (DIRETRIZES, 2013).

Conforme dados do Ministério da Saúde, em ambos os sexos, o diagnóstico de

diabetes se tornou mais comum com o avançar da idade, para homens a partir de 45

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anos e para mulheres a partir de 35 anos (BRASIL, 2012). Como consta em Torres,

Roque e Nunes (2011), segundo estudos nacionais e internacionais, o diabetes tem um

pico de incidência ao redor dos 50 anos de idade.

Ainda de acordo com estes autores, a predominância de diabetes ocorreu em

pacientes com mais de 60 anos de idade. Esta predominância também esteve presente no

estudo de Torres et al. (2011) onde a idade média dos pacientes foi de 60,9 ± 8,4 anos.

Tal resultado corrobora outro estudo com populações de diabéticos, a exemplo do

descrito por Rocha, Zanetti e Santos (2009) que apresentaram 56,4% da amostra com

idade superior a 60 anos.

O número de indivíduos diabéticos está em ascensão em virtude do crescimento

e envelhecimento populacional, da maior urbanização, da crescente prevalência de

obesos e sedentários, bem como da maior sobrevida dos pacientes diabéticos

(DIRETRIZES, 2013).

Nas palavras de Torres, Roque e Nunes (2011, p.92), “deve-se levar em

consideração a relação entre este envelhecimento e associação com a presença de

doenças crônicas não transmissíveis, em especial o diabetes, mais prevalente entre as

mulheres e as pessoas de maior idade”.

Diante desta problemática da população idosa acometida por diabetes, podem-se

ressaltar ainda as dificuldades e limitações inerentes à idade, quando o processo de

envelhecimento acarreta alterações físicas, psíquicas e sociais, com diminuição gradual

e progressiva da capacidade funcional, podendo comprometer o seguimento e o

tratamento do diabetes.

No referente ao estado civil, 30 (50,0%) eram casados. Como em outras

investigações sobre diabetes, a maioria é casada. No estudo de Marinho et al. (2012),

60,4% eram casados ou mantinham união estável; no de Boas et al. (2012), 70,4% eram

casados. Pode-se enfatizar também os viúvos do presente estudo, 14 (23,3%) da

amostra, o que condiz com Otero, Zanetti e Teixeira (2007), segundo os quais 18,5%

dos pacientes estudados eram viúvos. Ainda como enfatizam, isso pode constituir um

fator que interfere no tratamento de diabetes, porquanto, em alguns casos, a perda do

companheiro pode se associar a outras alterações, a exemplo de depressão, desânimo e

perda da vontade de viver.

Otero, Zanetti e Teixeira (2007) ressaltam que famílias estruturadas possibilitam

ambiente mais apropriado, como apoio ao paciente com diabetes, influenciando-lhe

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fortemente o comportamento diante da doença, levando-o a colaborar para melhor

obtenção do controle metabólico.

Na pesquisa em foco, observou-se baixa escolaridade nos participantes. Nela a

escolaridade variou de analfabetos a onze anos de estudo, com média de 4,1 ± 3,2. A

predominância foi de 26 (43,3%), que tinham de um a cinco anos de estudo. Consoante

se percebe, esta realidade é semelhante à macrorrealidade brasileira e aos outros países

em desenvolvimento e aos subdesenvolvidos onde há uma precária educação. Existe,

portanto, uma parte considerável da população desprovida de acesso a esta ou, quando

têm acesso, a qualidade fica a desejar.

Esse cenário da realidade educacional do Brasil é explicitado no Censo de 2010

sobre a educação segundo o qual 9,6% da população brasileira de 15 anos ou mais de

idade era analfabeta. Na região Nordeste identificou-se a maior taxa de analfabetismo

nesta população, e no Estado do Ceará este indicador é de 17,2% (BRASIL, 2010).

No estudo de Torres, Roque e Nunes (2011), a escolaridade de ensino

fundamental incompleto foi encontrada em 49,2% dos pacientes; no de Marinho et

al.(2012), realizado em uma cidade no interior do Ceará, 39,4% cursaram o ensino

fundamental incompleto; no de Boas et al. (2012), a média de escolaridade foi de 5,4 ±

3,9 anos de estudo; para Miyar-Otero et al. (2010) prevaleceu o baixo nível de

escolaridade, pois 35,5% tinham ensino fundamental incompleto e 9,7% eram

analfabetos.

A baixa escolaridade é preocupante, em especial porque a formação escolar

básica é o fundamento para uma melhor compreensão do processo saúde-doença de

modo geral, e sobretudo para diabéticos, que requerem uma compreensão específica do

desenvolvimento da doença e como fator de risco para complicações agudas e crônicas.

Exigem-se, pois, mudanças nos comportamentos, atitudes e hábitos de vida da

população.

Quanto ao trabalho, a maioria, 52 (86,7%), não exerciam nenhuma atividade ou

eram aposentados. Esses dados estão congruentes com a idade dos sujeitos investigados.

Contudo, 8 (13,3%) ainda estão inseridos no mercado de trabalho. No estudo de Otero,

Zanetti e Teixeira (2007), 24,1% da sua população ainda desenvolvia atividades

laborais.

No presente estudo defende-se a ideia segundo a qual a orientação e o

conhecimento necessários para adesão ao tratamento do diabético dependem da

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comunicação estabelecida na interação enfermeiro-paciente, utilizando-se uma

linguagem apropriada à realidade local da clientela.

Cabe enfatizar: para a randomização dos participantes do estudo, que ocorreu

aleatoriamente, as variáveis apresentam diferentes frequências, porém não são

estatisticamente significantes. Quanto aos fatores de risco, podem-se observar na Tabela

2 os que contribuem para complicações.

Tabela 2: Distribuição da frequência dos fatores de risco de pacientes com diabetes

mellitus participantes do estudo. Fortaleza-CE, 2013

Variável

Grupo de Intervenção

NO

%

Grupo Comparativo

NO %

p

FUMA

Sim 1 14,3 6 85,7 0,44(1)

Não 29 54,7 24 45,3

BEBE

Sim 3 50,0 3 50,0 1,00(1)

Não 27 50,0 27 50,0

ATIVIDADE FÍSICA

Não 20 47,6 22 52,4 0,573(1)

Sim 10 55,6 8 44,4

PARTICIPA DE

GRUPOS

Não 23 53,5 20 46,5 0,390(1)

Sim 7 41,2 10 58,8

n=60 1teste do Qui-quadrado

Como se pode perceber, para as variáveis analisadas, há aspectos positivos do

estilo de vida dos diabéticos, tanto no grupo de intervenção quanto no grupo

comparativo. Consoante já comentado, essas diferenças entre os dois grupos não

denotaram significância estatística. Portanto, espera-se que não interfiram no

acompanhamento dos pacientes com base na Teoria de Alcance de Metas.

Em relação ao tabagismo, sete pacientes declararam-se fumantes, constituindo

11,7% da amostra da pesquisa. Destes, 1 (14,3%) participou no grupo de intervenção e 6

(85,7%) no grupo comparativo.

Sobre este aspecto, no grupo de intervenção, o paciente que referiu ser tabagista

fumava há mais de quarenta anos, e vinte cigarros/dia. No grupo comparativo, dois

pacientes fumavam cinco cigarros/dia; um, oito cigarros/dia; outro, quinze cigarros/dia;

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e dois disseram fumar vinte cigarros/dia. Referente ao tempo, um relatou ser tabagista

há quatro anos, um há vinte anos e os outros quatro há mais de quarenta anos.

Conforme o estudo de Boas et al. (2012), o tabagismo foi encontrado em 6,2%

dos pacientes atendidos no serviço de ambulatório da atenção terciária. Urge, pois, a

cessação do fumo, tanto na prevenção primária como na secundária. Ainda como

afirmam, o fumo é o fator de risco mais importante para o desenvolvimento e a

progressão da doença arterial obstrutiva periférica no paciente diabético (DIRETRIZES,

2013).

No presente estudo identificaram-se 8 (13,3%) pacientes que haviam parado de

fumar, cinco no grupo de intervenção e três no grupo comparativo. Já no estudo de

Otero, Zanetti e Teixeira (2007), 35,2% dos pacientes eram ex-fumantes.

Ademais, a prática de etilismo esteve presente em 6 (10,0%) dos pacientes,

sendo igualmente distribuídos nos dois grupos, 3 (50,0%) em cada um. No grupo de

intervenção, encontraram-se dois pacientes que faziam uso há mais de quarenta anos,

uma vez por semana, e um há mais de vinte anos, também uma vez por semana. No

grupo comparativo, um referiu beber há dez anos, duas vezes por semana; outro faz uso

de álcool há vinte anos, duas vezes por semana; e um tem o hábito há mais de quarenta

anos, e faz uso duas vezes por semana.

No estudo de Boas et al. (2012), realizado em um ambulatório de nível terciário,

o consumo de bebida alcoólica foi mencionado por 19,8% dos participantes. Na

pesquisa de Otero, Zanetti e Teixeira (2007), desenvolvida no interior de São Paulo, no

tocante ao álcool, 50% dos pacientes ingeriam bebidas alcoólicas, e a maioria (88,8%)

referiu fazer uso socialmente.

De acordo com as Diretrizes (2013), a ingestão excessiva de etanol (>30g/dia) é

associada com alteração da homeostase glicêmica, elevação da resistência insulínica e

pressão arterial, podendo também ser fator de risco para acidente vascular cerebral.

Ainda como refere, deve ser feita restrição total de bebidas alcoólicas a diabéticos

adolescentes, gestantes, lactantes, entre outros.

Quanto à atividade física, no início da pesquisa, 18 (30,0%) dos participantes já

a praticavam. Destes, 2 (3,4%) o faziam duas vezes por semana, 6 (10,0%) três vezes

por semana, 5 (8,5%) quatro vezes por semana e também 5 (8,5%) praticavam cinco

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dias por semana. Dentre os praticantes de atividade física, 2 (3,4%) faziam há menos de

um ano, 8 (13,4%) entre um e quatro anos, 4 (6,6%) já a adotavam de cinco a oito anos,

e 4 (6,6%) há mais de dez anos. Entre os que praticavam alguma atividade física, 10

(55,6%) participaram no grupo de intervenção e 8 (44,4%) no grupo comparativo.

Ao tratar de hábitos de vida, como afirmam Otero, Zanetti e Teixeira (2007),

57,4% dos pacientes diabéticos usuários da atenção primária à saúde executavam algum

tipo de atividade física. No estudo de Boas et al. (2012), 55,5% dos participantes

mencionaram a prática de atividade física (regular ou esporadicamente).

Para Faria et al. (2013), é inquestionável o papel do exercício físico regular e do

seguimento do plano alimentar no controle do diabetes, bem como na prevenção de

complicações micro e macrovasculares. Como as Diretrizes (2013) reafirmam, existem

evidências consistentes dos efeitos benéficos da prática de atividade física na prevenção

e no tratamento do diabetes mellitus, principalmente nos grupos de maiores riscos, como

os obesos e os familiares de diabéticos. Também segundo a mesma fonte, a prática de

atividade física atua sobre o controle glicêmico e sobre outros fatores de comorbidades,

como a hipertensão e a dislipidemia, reduzindo o risco cardiovascular.

Ressalta-se, ainda: a prevenção da doença cardiovascular no diabetes está

associada ao tratamento de fatores de risco como: hipertensão, dislipidemia, obesidade,

tabagismo e sedentarismo (DIRETRIZES, 2013)

No tocante à religião, a mais prevalente foi a católica, 53 (88,3%) dos pacientes,

seguida por 7 (11,7%) evangélicos. Dos pacientes em estudo 17 (28,3%) disseram

participar de atividades de grupo. Destes, 7 (41,2%) estavam no grupo de intervenção, 1

(14,3%) participava de associação de moradores e 6 (85,7%) de grupos religiosos; no

grupo comparativo, 4(40,0%) participavam de atividades desenvolvidas pelos

bombeiros, 2(20,0%) de associação de moradores e 4 (40,0%) de grupos religiosos. Na

Tabela 3, expõe-se a distribuição da frequência dos pacientes segundo doenças e

complicações.

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Tabela 3: Distribuição da frequência dos pacientes segundo doenças e/ou complicações

referidas pelos participantes do estudo. Fortaleza-CE, 2013

VARIÁVEL Grupo de Intervenção Grupo Comparativo p

No % N

o %

HAS

Sim 24 52,2 22 47,8 0,542(1)

Não 6 42,9 8 57,1

DISLIPIDEMIA

Sim 13 50,0 13 50,0 1,000(2)

Não 17 50,0 17 50,0

PÉ DIABÉTICO

Sim 3 42,9 4 57,1 0,688(1)

Não 27 50,9 26 49,1

AMPUTAÇÃO

Sim 0 0,0 1 100,0 0,236(2)

Não 30 50,8 29 49,2

RETINOPATIA

Sim 9 42,9 12 57,1 0,417(1)

Não 21 53,8 18 46,2

INSUFICIÊNCIA

RENAL

Sim 0 0,0 1 100 0,236(2)

Não 30 50,8 29 49,2

A V C

Sim 1 50,0 1 50,0 1,000(2)

Não 29 50,0 29 50,0

ESTRESSE REFERIDO

Sim 15 51,7 14 48,3 0,796(1)

Não 15 48,4 16 51,6

n=60 1

teste do qui-quadrado; 2 razão de verossimilhança.

Como observado, um dado negativo levantado na clientela estudada é que 46

(76,7%) são hipertensos. Destes, 1 (1,7%) referiu ter hipertensão há menos de um ano,

14 (23,3%) referiram tê-la entre um e cinco anos, 17 (28,3%) de seis a quinze anos e 14

(23,3%) há mais de dezesseis anos. Dos que apresentavam hipertensão, 24 (52,2%)

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participaram no grupo de intervenção e 22 (47,8%) no grupo comparativo. Não houve

significância estatística entre os dois grupos.

Hipertensão arterial e diabetes mellitus são condições clínicas frequentemente

associadas. Cerca de 40,0% já se encontram hipertensos por ocasião do diagnóstico de

diabetes. Ressalta-se, pois, a importância do tratamento da hipertensão arterial nos

diabéticos, tanto para prevenção da doença cardiovascular quanto para minimizar a

progressão da doença renal e da retinopatia diabética (DIRETRIZES, 2013).

Na investigação de Sampaio et al. (2008), a hipertensão arterial foi a

comorbidade mais presente entre os indivíduos com diabetes 70,9% em comparação

com outras doenças associadas. Na de Otero, Zanetti e Teixeira (2007), 61,1% dos

pacientes apresentavam hipertensão arterial associada. Este achado é equivalente ao

encontrado no estudo de Faustino et al. (2011), onde 59,4% eram hipertensos.

Em Faria et al. (2009), a hipertensão arterial aparece como a principal

comorbidade em 56,5% dos pacientes diabéticos, seguida pela dislipidemia, 43,5%, e a

obesidade 41,3% dos pacientes.

Quanto às dislipidemias, foi relatada no presente estudo por 26 (43,3%)

pacientes, divididos igualmente nos dois grupos. Nas Diretrizes (2013), a dislipidemia é

um preditor expressivo de doença cardiovascular e deve ser rigorosamente tratada.

Ainda como expõe, o tratamento da hipertensão arterial e dislipidemia reduz

substancialmente o risco de complicações do diabetes mellitus.

De acordo com a pesquisa de Boas et al. (2012), entre as comorbidades de maior

frequência constaram as dislipidemias e a hipertensão arterial sistêmica. Consoante

Faria et al. (2013), as principais comorbidades identificadas foram a hipertensão arterial

em 81,3% dos pacientes usuários da atenção primária e dislipidemia em 32,4% destes

pacientes. Diferentemente destes dados, tem-se o estudo de Faustino et al. (2011), no

qual 2,0% dos participantes referiram dislipidemias.

Conforme divulgado, é evidente o impacto social e financeiro do diabetes

mellitus e se relaciona essencialmente com suas complicações, sobretudo aquelas que

acometem os membros inferiores. Nesta perspectiva, a pessoa com diabetes requer um

cuidado especial com os pés.

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Segundo identificado no presente estudo, 7 (11,7%) dos pacientes referiram ter

ou já ter tido pé diabético. No Consenso Internacional de Pé Diabético, este é

conceituado como infecção, ulceração e/ou destruição de tecidos moles associados a

alterações neurológicas e vários graus de doença arterial periférica nos membros

inferiores. Como consta em Audi et al. (2011), na avaliação dos membros inferiores,

16% dos pacientes apresentavam úlceras ou amputações.

Nos países em desenvolvimento, a infecção é, ainda, a complicação mais

comum das úlceras, e grande parte destas pode ser tratada ambulatorialmente. As

pesquisas recentes expressam uma incidência entre 1,0% e 4,1%, e a incidência de

ulceração ao longo da vida nas pessoas com diabetes tem sido estimada em 25%, e 85%

das úlceras precedem as amputações (AUDI et al., 2011). Este binômio úlcera e

infecção constitui a causa mais comum de internações prolongadas, e concorre para

25% das admissões hospitalares nos Estados Unidos (DIRETRIZES, 2013).

Nos pacientes em estudo, 1 (1,7%) havia sofrido amputação, há três anos. Em

Laurindo et al. (2005), as amputações estavam presentes em 5,0% dos pacientes

atendidos no ambulatório do hospital da base de São José do Rio Preto (SP).

Quando se trata de diabetes, um problema de grande relevância é o aspecto

mutilador da amputação, pelo impacto socioeconômico global. A cada minuto, ocorrem

duas amputações em todo o mundo decorrentes do diabetes (DIRETRIZES, 2013).

Ressalta-se também a retinopatia diabética como uma das mais graves

complicações relacionadas ao diabetes mellitus. Como constatado, estava presente em

21 (35,0%) dos sessenta participantes do estudo. Esta complicação constitui a principal

causa de cegueira em pessoas com idade entre 20 e 74 anos. No Brasil, ainda não se tem

com exatidão a prevalência de retinopatia, mas sabe-se que, após vinte anos de doença,

mais de 90,0% dos diabéticos tipo 1 e 60% daqueles com tipo 2 apresentarão algum

grau de retinopatia. De acordo com estudos realizados em diferentes regiões do país, a

prevalência é de 24,0% a 39,0% (DIRETRIZES, 2013).

No estudo de Faria et al. (2013), quanto às complicações crônicas, a retinopatia

esteve presente em 37,8% e a cardiopatia em 20,3% dos diabéticos.

Já a nefropatia diabética foi identificada em 1 (1,7%) paciente, que há três anos

realizava hemodiálise, três vezes por semana. Esta complicação crônica do diabetes está

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associada ao importante aumento de mortalidade, em especial relacionado com a doença

cardiovascular (DIRETRIZES, 2013).

Para Fráguas, Soares e Silva (2008), a doença renal crônica e o início do

tratamento de diálise englobam situações que comprometem os aspectos físicos e

psicológicos, com repercussões pessoais, familiares e sociais. Assim, é necessário

reaprender a viver num mundo permeado por procedimentos técnicos, consultas e

exames.

Para Zagury e Zagury (2009), quando o diabetes ocorre de forma isolada

predispõe o paciente a um alto risco para eventos cardiovasculares, entretanto, quando

esta comorbidade coexiste com a hipertensão, o risco de acidente vascular cerebral e

doença coronariana duplica e a ocorrência de estágios avançados da doença renal

aumenta 5 a 6 vezes.

No presente estudo, acidente vascular cerebral já acometeu 2 (3,3%) pacientes;

um em cada grupo de estudo. Segundo Zagury e Zagury (2009), a hipertensão, quando

está associada a diabetes, aumenta substancialmente o risco de acidente vascular

cerebral, retinopatia, nefropatia e doença coronariana.

Nos EUA, a doença arterial coronariana é uma causa importante de óbitos, e sua

primeira manifestação é o infarto do miocárdio ou a morte súbita, em cerca de 25,0%

dos pacientes diabéticos (DIRETRIZES, 2013). Na pesquisa ora exposta, nenhum

paciente tinha sofrido infarto agudo do miocárdio.

Ademais, 29 (48,0%) pacientes referiram enfrentar fatores estressantes, seja no

cotidiano familiar, seja nas situações de trabalho, seja no enfrentamento da doença.

Destes, 15 (51,7%) participaram no grupo de intervenção e 14 (48,3%) no grupo

comparativo.

As complicações crônicas do DM estão cada vez mais frequentes. Entre estas,

aumento do risco de doenças cardiovasculares, distúrbios neurológicos, úlceras,

amputações, retinopatia e nefropatia, em virtude de alterações nos níveis de glicose

(MASCARENHAS et al., 2011; RAO et al., 2010; MOREIRA et al., 2008;

BAINBRIDGE, 2008). No entanto, o diagnóstico precoce e um plano de prevenção

rigoroso podem ser eficazes para reduzir a quantidade de complicações nesta população.

Na Tabela 4, expõe-se a distribuição de doenças familiares dos participantes do estudo.

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Tabela 4: Distribuição de doenças familiares dos pacientes participantes do estudo.

Fortaleza-CE, 2013

VARIÁVEL Grupo de Intervenção Grupo Comparativo p

No % N

o %

FAMILIAR DIABÉTICO

Sim 16 44,4 20 55,6 0,292(1)

Não 14 58,3 10 41,7

QUAL FAMILIAR DIABÉTICO

Pai/mãe 11 50,0 11 50,0 0,693(1)

Irmãos 5 35,7 9 64,3

FAMILIAR HIPERTENSO

Sim 20 55,6 16 44,4 0,292(1)

Não 10 41,7 14 58,3

QUAL FAMILIAR HIPERTENSO

Pai/mãe 10 58,8 7 41,2

Irmãos 9 52,9 8 47,1 0,930(2)

Outros 1 50,0 1 50,0

n=60 1

teste do qui-quadrado; 2razão de verossimilhança.

Consoante evidenciado, a história familiar e a obesidade parecem ter efeito

aditivo no risco de desenvolvimento de diabetes. Para diabetes gestacional e para

diabetes pós-transplante, a história familiar de diabetes em parentes de primeiro grau é

considerada um fator de risco (DIRETRIZES, 2013).

Como observado, o diabetes mellitus referido como comorbidade em familiares

foi relatado por 36 (60,0%) dos pacientes do estudo. Destes, 16 (44,4%) estavam no

grupo de intervenção, e conforme relataram, 11 (50,0%) são pai/mãe, 5 (35,7%) irmãos;

no grupo comparativo foram 20 (55,6%). Destes, 11 (50,0%) são acometidos pai/mãe, 9

(64,3%) irmãos.

Em Otero, Zanetti e Teixeira (2007), 79,6% dos pacientes mencionaram diabetes

mellitus em familiares. No estudo de Faustino et al. (2011), foram identificados 54,5%

de casos de familiares com diabetes.

Cabe ressaltar: na infância, o diagnóstico de diabetes mellitus tipo 2 deverá ser

feito considerando critérios clínicos como idade e sexo do paciente, presença de

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obesidade e história familiar positiva para diabetes tipo 2. Segundo o Consenso da

Associação Americana de Diabetes (ADA), deverá submeter-se à triagem para diabetes

mellitus tipo 2 na infância toda criança obesa, que apresente dois ou mais dos fatores de

risco: história familiar com diabetes em parentes de primeiro e segundo grau; grupos

étnicos de risco, como índios americanos, afro-americanos, hispânicos,

asiáticos/habitantes de ilhas do Pacífico; sinais de hipertensão arterial, dislipidemia,

síndrome dos ovários policísticos.

Na maioria dos pacientes, o diagnóstico de diabetes mellitus 2 poderá ser

baseado na clínica e no curso da doença. No entanto, este deve ser suspeito, sobretudo

nos pacientes adolescentes, negros, obesos, muitas vezes sem queixas clínicas, mas com

história familiar da doença presente (DIRETRIZES, 2013).

No estudo em foco, 36 (60,0%) pacientes afirmaram familiares terem

hipertensão arterial sistêmica. Destes, 20 (55,6%) participaram no grupo de intervenção

e, como relataram, 10 (50,0%) são pai/mãe, 9 (45,0%) irmãos e 1 (5,0%) outro familiar;

e no grupo comparativo foram 16 (55,6%). Destes, 7 (43,7%) são acometidos pai/mãe, 8

(50,0%) irmãos e 1 (6,3%) outro familiar.

Em Otero, Zanetti e Teixeira (2007), nos antecedentes familiares, a hipertensão

arterial foi referida em 72,2% dos pacientes. No estudo de Faustino et al. (2011), com

usuários da unidade básica de saúde da família na Paraíba, realizado com pacientes

obesos, foram citados no histórico familiar de morbidades, mencionadas por 81,6%

hipertensão arterial, por 73,8% obesidade, por 38,9% cardiopatas e por 2,0%

dislipidemias.

Ao investigar os antecedentes familiares, os dados encontrados estão em

concordância com a literatura que aponta como fatores de risco a hereditariedade e as

comorbidades para o surgimento de diabetes (BRASIL, 2004). Na Tabela 5, relacionam-

se o conhecimento e percepções dos pacientes diabéticos.

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Tabela 5: Conhecimento e percepções dos participantes do estudo sobre o diabetes.

Fortaleza-CE, 2013

VARIÁVEL Grupo de Intervenção Grupo Comparativo p

No % N

o %

CONHECIMENTO

SOBRE A DOENÇA

Não 13 48,1 14 51,9 0,795(1)

Sim 17 51,5 16 48,5

DIFERENÇA POR

SER DIABÉTICO

Sim 18 58,1 13 41,9 0,196(1)

Não 12 41,4 17 58,6

RELACIONAMENTO

FAMILIAR

Ótimo 7 43,8 9 56,2

Estável 22 55,0 18 45,0 0,438 (1)

Difícil 1 25,0 3 75,0

n=60 1teste do qui-quadrado.

Consoante referido no processo de interação enfermeiro-paciente, da Teoria de

Imogene King, cada indivíduo traz seus conhecimentos, necessidades, percepções e

experiências pessoais que influenciam no processo para o alcance de metas (KING,

1981).

No tocante aos conhecimentos sobre diabetes mellitus, 27 (45,0%) dos pacientes

disseram saber o que é diabetes, suas complicações e forma de prevenção. Destes, 13

(48,1%) estavam no grupo de intervenção e 14 (51,9%) no grupo comparativo. Não

houve significância estatística entre os dois grupos.

Conforme Faria et al. (2013), quanto maior o tempo de diagnóstico do diabetes

mellitus, espera-se maior conhecimento sobre a doença, melhor entendimento e manejo

do esquema terapêutico e, consequentemente, maior adesão ao tratamento indicado. No

entanto, os profissionais de saúde devem ponderar com os pacientes idosos, pois pode

ocorrer declínio da capacidade cognitiva e motora, maior grau de dependência para as

ações de autocuidado, como tomada de medicamento e seguimento do plano alimentar e

de exercício físico.

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De modo geral, o conhecimento é usado quando enfermeiras interagem com

pacientes numa variedade de sistemas de saúde. Neste processo de interação, trocam

ideias por meio da comunicação, seja verbal ou não verbal. Mas quando as metas são

incongruentes, os conflitos podem ocorrer e aumentar o estresse em ambas (KING,

1981).

Na investigação de Faria et al. (2009), o conhecimento do paciente em relação

ao medicamento do qual faz uso apresenta ligação direta com a compreensão da

importância e necessidade do tratamento.

Vários fatores influenciam no dia a dia das pessoas com diabetes, desde a

alimentação diferenciada, uso contínuo de medicação, dor em face de glicemia e/ou uso

de insulina, complicações agudas e crônicas, entre outros. Isto foi encontrado no estudo

quando mais da metade dos pacientes, 31 (51,7%), afirmaram sentir diferença no

cotidiano por serem diabéticos. Assim, prestar assistência a um paciente que luta contra

um problema de saúde ou se defronta com imprevistos no respeitante à saúde é o

primeiro propósito da enfermagem (KING, 1981).

A Teoria de Alcance de Metas embasa-se no pressuposto segundo o qual o foco

da enfermagem está nos seres humanos interagindo com seu ambiente (KING, 1981).

Logo, para se acompanhar os diabéticos é importante conhecer o ambiente onde estão

inseridos e sua estrutura familiar.

No tangente ao relacionamento familiar, 40 (66,7%) dos pacientes do estudo

referiram ter um relacionamento estável com os familiares, 16 (26,6%) mencionaram

um relacionamento ótimo e 4 (6,7%) uma convivência difícil com eles.

Um bom relacionamento com a família é sempre um fator positivo em qualquer

situação. Para Boas et al. (2012), as orientações recebidas por pessoas diabéticas podem

ser influenciadas pela família ou por outras pessoas significativas. Isto poderia levar a

maior adesão, tanto nas recomendações de dieta e exercício físico quanto no tratamento

medicamentoso. Ao mesmo tempo, há também a possibilidade de que essa influência

possa conflitar com as recomendações dos profissionais de saúde, dificultando a adesão.

Em King (1981), a comunicação é definida como um processo por meio do qual

a informação é dada de uma pessoa para outra, seja diretamente nos encontros face a

face, ou indiretamente, pelo telefone, televisão ou palavra escrita. A informação pode

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ser transmitida entre enfermeira e paciente, enfermeira e famílias e enfermeira e outros

profissionais. Neste âmbito, a comunicação estabelece uma mutualidade entre

cuidadores e sujeitos do cuidado.

As pessoas com diabetes e seus familiares devem ser inseridas em programas de

educação nutricional, mediante conscientização da importância do autocuidado e da

independência quanto às decisões e atitudes referentes à sua alimentação para o controle

do diabetes (DIRETRIZES, 2013). Na Tabela 6, consta a distribuição das variáveis

relacionadas ao tratamento dos participantes do estudo.

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Tabela 6 :Distribuição das varáveis relacionadas ao tratamento dos participantes do

estudo. Fortaleza-CE, 2013

VARIÁVEL Grupo de Intervenção Grupo Comparativo p

No % N

o %

CONFIA NO TRATAMENTO

Sim 25 52,1 23 47,9 0,519(1)

Não 5 41,7 7 58,3

ADESÃO AO TRATAMENTO

Adere 13 43,3 17 56,7 0,302(1)

Não adere 17 56,7 13 43,3

DIFICULDADE NO

TRATAMENTO

Sim 22 50,0 22 50,0 1,000(1)

Não 8 50,0 8 50,0

QUAIS DIFICULDADES

Nega 8 50,0 8 50,0

Dieta 12 50,0 12 50,0

Dieta + medicamento 3 75,0 1 25,0

Dieta + medic+ ativ física 0 0,0 3 100,0 0,089(2)

Dieta + atividade física 3 75,0 1 25,0

Dieta + outros 0 0,0 1 100,0

Atividade física 0 0,0 3 100,0

Outros 4 80,0 1 20,0

FAZ USO CORRETO DA

MEDICAÇÃO

Sim 22 44,9 27 55,1 0,095(1)

Não 8 72,7 3 27,3

MUDA DOSAGEM DO

MEDICAMENTO

Sim 9 75,0 3 25,0 0,053(1)

Não 21 43,8 27 56,2

JÁ FICOU SEM TOMAR

MEDICAMENTO

Sim 18 52,9 16 47,1 0,602(1)

Não 12 46,2 14 53,8

TRATAMENTO DEPENDE

DE

Dieta 3 60,0 2 40,0

Dieta + medicamento 9 42,9 12 57,1

Dieta + medic+ ativ física 12 54,5 10 45,5 0,551(1)

Dieta + atividade física 1 100,0 0 0,0

Medicamento 4 40 6 60

Outros 1 100,0 0 0,0

n=60 1qui-quadrado;

2razão de verossimilhança.

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A percepção é a representação da realidade para cada ser humano; varia de

pessoa para pessoa. Busca sentido para as experiências de cada indivíduo, representa

sua imagem da realidade, e o comportamento do indivíduo é influenciado (KING,

1981).

No presente estudo, segundo observado, 48 (80,0%) dos pacientes referiram

confiar no tratamento. Destes, 25 (52,1%) no grupo de intervenção e 23 (47,9%) no

grupo comparativo.

Em Boas et al. (2012), a adesão ao tratamento não medicamentoso (dieta e

exercício físico) foi de 69,1% dos participantes e ao tratamento medicamentoso foi de

95,7% dos pesquisados.

Determinados fatores são enumerados na Teoria de Alcance de Metas como

comportamentos observáveis. Por exemplo, quando se pode ressaltar a motivação para

exercer algum controle sobre os eventos na situação para alcançar os objetivos, como

acordar meios para alcançá-los (KING, 1981).

Em relação à adesão ao tratamento, 30 (50,0%) afirmaram aderirem. Destes, 13

(43,3%) estavam no grupo de intervenção. Sabe-se que as dificuldades encontradas

pelos pacientes diabéticos envolvem a adesão à dieta prescrita ou sugerida, a

disponibilidade e uso de fármacos, a disponibilidade, interesse e condição clínica de

executar atividade física. Este é um item que requer mais atenção na teoria em estudo,

pois, na interação enfermeira-paciente, poderá se reverter este quadro e melhorar os

índices de adesão.

Quando se realizou a consulta baseline deste estudo, 44 (73,3%) dos pacientes

referiram dificuldades na realização do tratamento. E quando reveladas suas

dificuldades, destes, 24 (54,5%) confirmaram adesão à dieta, 4 (9,1%) adesão à dieta e

uso correto da medicação, 4 (9,1%) cumprimento da dieta e exercício físico, 3 (6,8%) só

à prática de atividade física e 3 (6,8%) tanto no uso da medicação quanto na dieta e

atividade física. E, ainda: 1 (2,3%) citou dieta e outros, e 5 (11,4%) outras dificuldades.

Ainda como observado neste estudo, dos que referiram dificuldades, a dieta só

ou associada a outros fatores foi citada por 36 (81,8%) dos pacientes. A segunda maior

queixa é quanto à prática de atividade física, mencionada por 10 (22,7%) pacientes, em

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virtude de falta de tempo, falta de companhia, dificuldades de deambulação, falta de

locais adequados e de segurança na área.

Ao discutir percepção, King (1981) a define como cada representação da

realidade. Já a interação é um processo de percepção e comunicação entre pessoas e

entre pessoa e ambiente, por comportamentos verbais e não verbais, que são meta-

dirigidos. Quando dois indivíduos estão juntos por um propósito, como uma situação de

enfermagem, eles se percebem, e percebem a situação. Fazem julgamentos, agem

mentalmente ou tomam uma decisão para agir. Nem todos os comportamentos são

diretamente observáveis, mas fazem-se inferências sobre o que cada um percebe e

pensa.

De acordo com a Tabela 6, há uma alta incidência de pacientes que na consulta

de enfermagem baseline referiram fazer uso correto da medicação prescrita, 49 (81,7%).

Este achado corrobora o estudo de Faria et al. (2013), no qual 84,4% dos pacientes

aderiram ao tratamento medicamentoso.

Ao comparar os dados do presente estudo com os obtidos na investigação de

Faria et al. (2009), observa-se que a falta de conhecimento acerca da terapia

medicamentosa tem causado forte impacto na saúde e na qualidade de vida,

principalmente naquelas pessoas com um ou mais agravos na saúde. Ademais, a

utilização incorreta do medicamento pode decorrer da falta de conhecimento. Portanto,

o paciente que conhece e compreende seu tratamento medicamentoso pode utilizá-lo

devidamente, embora isso não assegure necessariamente o uso correto, pois envolve

outros fatores.

No presente estudo, 12 (20,0%) dos pacientes disseram mudar a dosagem do

medicamento quando sentiam algum efeito diferente. Assim, referiram reduzir a

medicação ou até mesmo nem usá-la.

Na investigação de Faria et al. (2009), 39,1% dos participantes afirmaram usar

corretamente a dose dos medicamentos, 30,4% de forma parcialmente correta e 26,1%

de forma incorreta. Boas et al. (2012), em estudo desenvolvido em uma unidade

ambulatorial de nível terciário de Ribeirão Preto, quanto à adesão medicamentosa,

identificaram correlação inversa, porém de fraca magnitude, entre essa variável e

valores médios de pressão arterial diastólica.

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Na consulta com os pacientes diabéticos participantes deste estudo, 34 (56,7%)

disseram não fazer uso contínuo da medicação por falta do produto. E a queixa mais

citada foi a falta de medicação nas unidades de atenção primária à saúde, por 82,4% dos

pacientes.

Diferentemente, consoante indicou o estudo de Araújo et al. (2012), 62,0% dos

entrevistados nas unidades básicas de saúde de Fortaleza nunca haviam interrompido o

tratamento farmacológico por falta de medicamentos.

Entre os fatores alegados dos quais depende o tratamento, 22 (36,7%) citaram a

dieta, com o uso da medicação e associada à atividade física, 21 (35,0%) a dieta

associada à medicação, seguidos de 10 (16,7%) que referiram apenas o uso da

medicação e 5 (8,4%) somente dieta.

Portanto, o medicamento foi mencionado por 53 (88,3%) dos pacientes seja só

ou associado a outro componente do tratamento, seguido pela dieta, por 49 (81,7%)

pacientes. Logo, eles sabem os fatores que influenciam no seu tratamento, no entanto,

isto não significa que aderem ao tratamento.

Esses dados convergem com outros das Diretrizes (2013). Segundo estas, a

educação para adultos mostra-se efetiva para melhorar os resultados clínicos e a

qualidade de vida a curto prazo.

No estudo de Faria et al. (2013), 84,4% dos pacientes aderiram ao tratamento

medicamentoso, 58,6% ao exercício físico e 3,1% ao plano alimentar. Apenas 1,4%

aderiu aos três componentes do tratamento. Para 47,7% dos pacientes observou-se a

adesão ao tratamento medicamentoso e exercício físico. Também se constatou que

43,0% aderiram a um único componente do tratamento e 6,2% a nenhum. Sobre a

distribuição das variáveis relacionadas aos hábitos alimentares dos participantes do

estudo, ve-se a Tabela 7.

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Tabela 7: Distribuição das varáveis relacionadas aos hábitos alimentares dos

participantes do estudo. Fortaleza-CE, 2013

VARIÁVEL Grupo de Intervenção Grupo Comparativo p

No % N

o %

DIETA EQUILIBRADA

Segue 22 46,8 25 53,2 0,347(1)

Não segue 8 61,5 5 38,5

COME MAIS QUE AS

NECESSIDADES

Sim 7 58,3 5 41,7 0,519(1)

Não 23 47,9 25 52,1

QUANTIDADE DE

AÇÚCAR

Normal 17 77,3 5 22,7

Pouco 9 32,1 19 67,9 0,005(1)

Não usa 4 40,0 6 60,0

USO DE ADOÇANTE

Sim 25 46,3 29 53,7 0,085(1)

Não 5 83,3 1 16,7

DOCES

Controla 17 40,5 25 59,5 0,024(1)

Não controla 13 72,2 5 27,8

COMIDAS PREPARADAS

COM AÇÚCAR

Café 4 44,4 5 55,6

Café e suco 8 88,9 1 11,1 0,014(2)

Suco 2 100,0 0 0,0

Não 16 40,0 24 60,0

SAL

Normal 9 52,9 8 47,1

Pouco 19 46,3 22 53,7 0,217(2)

Às vezes 2 100 0 0,0

USO DE SALEIRO À

MESA

Não 23 50,0 23 50,0 1,00(1)

Sim 7 50,0 7 50,0

CONSUMO EXCESSIVO

DE GORDURA

Sim 2 33,3 4 66,7 0,389(1)

Não 28 51,9 26 48,1

REFRIGERANTE POR

SEMANA

Nenhuma 8 40,0 12 60,0

1 vez 9 47,4 10 52,6

2 vezes 5 62,5 3 37,5 0,051(2)

3 vezes 2 28,6 5 71,4

4 vezes 4 100,0 0 0,0

7 vezes 2 100,0 0 0,0

n=60 1

teste do qui-quadrado; 2razão de verossimilhança.

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Inegavelmente, pacientes com diabetes sentem dificuldades de seguir as

orientações alimentares. Diante desta situação, deve-se considerar a percepção da

pessoa acerca da doença e como esta pode influenciar na melhoria do seu estado de

saúde e na adesão ao tratamento. Conforme mencionado, o papel pode ser definido

como uma série de comportamentos esperados das pessoas. Como profissional, o papel

da enfermeira é baseado em seus conhecimentos, habilidades e valores da profissão

(KING, 1981). Buscou-se, pois, incentivar a melhora dos comportamentos alimentares

dos pacientes em estudo

Destes pacientes, 47 (78,3%) afirmaram seguir uma dieta equilibrada. Eram 25

(53,2%) no grupo comparativo e 22 (46,8%) no grupo de intervenção.

No estudo de Otero, Zanetti e Teixeira (2007), 61,1% dos pacientes avaliados na

atenção básica disseram seguir o plano alimentar.

Quanto ao consumo maior que as necessidades, foi referido por 12 (20,0%) dos

participantes. O consumo frequente e excessivo de gorduras, açúcar e sal aumenta o

risco de doenças como obesidade, hipertensão arterial, diabetes e doenças do coração

(BRASIL, 2008).

No quesito referente ao consumo de açúcar, 22 (36,7%) consumiam

normalmente o produto, 28 (46,7%) faziam pouco uso e 10 (16,6%) não usavam.

Quanto ao uso de adoçante, 54 (90,0%) dos pacientes responderam

afirmativamente e 6 (10,0%) negativamente, logo, não o consumiam em nenhuma

alimentação. No tocante ao consumo de doces, 42 (70,0%) disseram controlar a ingestão

de doces e 18 (30,0%) não conseguem controlá-la.

Sobre o preparo de alimentos com açúcar no cotidiano familiar, sobressaiu o uso

de açúcar no café por 9 (15,0%) dos pacientes, no café e suco, também por 9 (15,0%)

deles e somente no suco por 2 (3,3%). Contudo, 40 (66,7%) disseram não utilizar açúcar

no cotidiano familiar.

No tangente ao uso de sal, 17 (28,3%) o referiram como normal, 41 (68,4%)

usam em quantidade reduzida e 2 (3,3%) esporadicamente. Um ponto positivo

encontrado foi que 46 (76,7%) não têm a prática de colocar o saleiro à mesa, pois isto

induz ainda mais ao uso excessivo de sal. Como divulgado, “o povo brasileiro consome

mais de duas vezes o recomendado” (DIRETRIZES, 2013).

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Sobre o consumo de gorduras, 54 (90,0%) disseram não fazê-lo excessivamente,

pois os níveis elevados de colesterol e triglicérides aumentam o risco de complicações

aos pacientes diabéticos.

Neste âmbito, a terapia nutricional tem sua importância reconhecida por

entidades científicas como um componente essencial para a adesão de estilo de vida

saudável. Nas estratégias nutricionais incluem-se a redução energética e de gorduras e o

limite da ingestão de bebidas alcoólicas. Ademais, a ingestão de gorduras saturada e

trans está positivamente associada a marcadores inflamatórios e inversamente à

sensibilidade à insulina (DIRETRIZES, 2013).

Sabe-se dos malefícios advindos dos refrigerantes, principalmente nos valores de

açúcar e sódio presentes. Quanto ao consumo de refrigerante, apenas 20 (33,3%)

responderam negativamente, 19 (31,7%) faziam uso uma vez por semana, 8 (13,3%)

duas vezes por semana, 7 (11,7%) três vezes por semana, 4 (6,7%) pacientes quatro

vezes por semana e 2 (3,3%) fazem uso diariamente. Dos que consomem tal bebida, 8

(20,0%) preferem refrigerante do tipo normal e 32 (80,0%) o tipo diet/light. Contudo,

produtos diet ou light também podem conter teores elevados de sódio Assim, é essencial

consultar as informações nutricionais nos rótulos (DIRETRIZES, 2013).

Esta prática deve ser sempre adotada, e somada à educação alimentar gera

afeitos positivos. Segundo Torres, Roque e Nunes (2011), o processo educativo é

fundamental para o autogerenciamento dos cuidados da doença, e auxilia na redução de

complicações crônicas do diabetes. Ainda como identificaram, a educação voltada para

a prevenção e o controle do diabetes é um desafio para os pacientes e para os

profissionais de saúde.

Para discussão dos problemas detectados na consulta baseline do presente

estudo, pode-se inferir que os pacientes diabéticos têm desafios quanto à adesão ao

tratamento, tanto medicamentoso quanto não medicamentoso. Isto envolve a

necessidade de modificações positivas no estilo de vida adotado, ou seja, é preciso

ocorrer transações no processo interativo.

Vale ressaltar: na rotina da unidade de saúde em investigação, a consulta de

enfermagem é realizada a cada quatro meses. Entretanto, com o desenvolvimento deste

estudo, como os pacientes retornavam a cada 45 dias, contribuiu-se para uma maior

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aproximação e avaliação das metas acordadas na interação. Defende-se a ideia segundo

a qual o encontro contínuo facilita a retomada das metas de saúde estabelecidas ao

longo das interações, como se mostra na Tabela 8.

Tabela 8: Resultados dos exames clínicos dos participantes do estudo. Fortaleza-CE,

2013

1a consulta 2

a consulta 3

a consulta 4

a consulta p

GRUPO DE

INTERVENÇÃO

n=28

PAS

Mínima

Máxima

Média(DP)

100

180

139,6 ± 20,3

100

180

138,2 ± 20,0

90

200

137,9 ± 22,8

110

180

137,1 ± 20,0

0,9471(1)

PAD

Mínima

Máxima

Média(DP)

70

110

82,9 ± 9,8

70

110

84,6 ± 10,4

60

100

81,8 ± 11,9

70

90

77,5 ± 7,0

0,0156(1)

GLICEMIA

Mínima

Máxima

Média(DP)

66

453

229,5 ± 110,3

74

376

217,6 ± 93,4

98

415

197,7 ± 79,2

72

377

167,0 ± 62,1

<0,0001(1)

GRUPO

COMPARATIVO

n=28

PAS

Mínima

Máxima

Média(DP)

80

180

128,9 ± 21,8

80

180

127,9 ± 20,2

90

180

128,6 ± 19,6

90

160

130,0 ± 17,2

0,8864(1)

PAD

Mínima

Máxima

Média(DP)

60

100

78,2 ± 11,2

50

100

76,1 ± 10,3

50

90

75,4 ± 10,0

50

90

78,9 ± 8,7

0,2342(1)

GLICEMIA

Mínima

Máxima

Média(DP)

78

431

190,3 ± 88,4

106

414

199,9 ± 78,5

80

444

201,0 ± 89,7

78

409

211,4 ± 96,1

0,0124(1)

1teste de Friedman

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Como se pode evidenciar na Tabela 8, ambos os grupos foram avaliados em

quatro consultas, quando foram acompanhados quanto aos valores pressóricos e

glicêmicos. Conforme mencionado, neste estudo empregou-se a Teoria de Alcance de

Metas, e para isso os pacientes foram divididos em dois grupos: grupo de intervenção e

grupo controle. Na teoria utilizam-se conceitos abstratos que podem ser divididos em

seres humanos, ambiente, saúde e sociedade, e quando são de conhecimento da

enfermeira, ajudam-na a entender que por meio das interações humanas, baseadas em

percepções, seres humanos desenvolvem atividades da vida diária em vários papéis.

Com a intenção de que cada paciente assuma seu papel no tratamento,

abordaram-se as transações, as quais, para a teoria em estudo, representam uma situação

da vida onde cada pessoa entra na situação como um participante ativo, e pode ser

modificada no processo dessa experiência. É um fluxo contínuo de eventos que, em

ordem sucessiva implica mudanças (KING,1981).

Quanto aos valores da pressão arterial sistólica (PAS), no grupo de intervenção,

a redução destes valores não foi estatisticamente significante. Caiu apenas 2,5 mmHg na

média das PAS, do início até o término do estudo, sempre ultrapassando o valor

recomendado pela Sociedade Brasileira de Diabetes para pacientes com DM. Ou seja,

apesar dessa diminuição, os valores da média não se mantiveram dentro dos padrões de

normalidade. Em relação ao valor mínimo, houve um leve aumento, comparando-se a

primeira com a última consulta, conforme mostra a Tabela 8.

De acordo com as Diretrizes (2013), a pressão arterial sistólica no paciente com

diabetes deve ficar abaixo de 130 mmHg, idealmente, abaixo de 120 mmHg. Ademais, a

associação de mais de um agente anti-hipertensivo pode ser necessária e recomendada

para se manter dentro dos valores desejáveis.

Nos valores da pressão arterial diastólica (PAD), houve diminuição

estatisticamente significativa, (p=0,0156), ao se comparar a primeira com a última

consulta, e a segunda consulta em relação à quarta (p=0,0047) também foi significante.

A redução verificada na média das PAD foi de 5,4 mmHg do início ao término do

estudo, mas ao final a média destes pacientes do grupo de intervenção apontava valores

de PAD dentro dos padrões recomendados pelas Diretrizes (2013) para pacientes com

DM. Nos valores da máxima da PAD, porém, houve uma redução de 20 mmHg, logo,

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próximo ao recomendado. Em relação ao valor mínimo, manteve-se o mesmo, conforme

mostra a Tabela 8.

Os valores glicêmicos tiveram diminuição de 62,5 na média das glicemias, do

início ao término do estudo. Mas apesar dessa diminuição, os valores da média não se

mantiveram dentro dos padrões de normalidade. Quanto aos valores glicêmicos, houve

uma redução estatisticamente significativa. E quando comparada cada consulta com a

última, encontrou-se significância estatística em todas. No referente ao valor máximo,

houve redução de forma expressiva, como exposto na Tabela 8.

Observou-se, porém, que quantidade significativa da amostra manteve níveis

glicêmicos bem acima de 140 mg/dl nas quatro consultas efetivadas. Além disto,

segundo se constatou, a glicemia capilar média manteve-se elevada nesta amostra em

todos estes registros. No entanto, há de se considerar a redução gradativa nos valores da

glicemia capilar média e na máxima verificada nas consultas, que não foi capaz de

assegurar um adequado controle glicêmico dos pesquisados. Como este estudo foi

realizado em um curto espaço de tempo, esperava-se que nos meses seguintes se

atingiriam os valores idealizados. Consoante proposto, o controle glicêmico é melhor

avaliado e mais clinicamente fundamentado pela combinação dos resultados da

automonitorização domiciliar da glicemia e dos níveis de hemoglobina glicada

(DIRETRIZES, 2013).

Em relação ao grupo comparativo, encontrou-se o seguinte:

Nos valores da pressão arterial sistólica houve aumento nos valores mínimos e

médios da PAS, mas não foi significante estatisticamente. No valor mínimo encontrado

houve um acréscimo, passando de 80 para 90 mmHg, porém no valor máximo,

verificou-se uma redução de 180 para 160 na última consulta. Quanto à média

encontrada, sofreu um acréscimo de 1,1 mmHg da primeira para a última consulta.

Sobre os valores da pressão arterial diastólica, ocorreu diminuição não

estatisticamente significante entre os valores da PAD; nos valores da mínima da PAD,

houve uma redução de 10 mmHg, ficando nos padrões de ideal recomendados pelas

Diretrizes (2013). Para os valores da máxima da PAD, verificou-se também uma

redução de 10 mmHg, portanto, próximo ao recomendado. Quanto às PAD médias,

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houve redução na segunda e na terceira consulta, mas na última esta média superou a

média do início do estudo.

Nos valores de glicemia no grupo comparativo da pesquisa observou-se um

aumento no valor mínimo da glicemia ao se comparar a primeira com a segunda

consulta, e um decréscimo em relação à terceira, finalizando o estudo com a glicemia

mínima igual à do começo deste. Em relação à glicemia máxima encontrada,

identificou-se um declínio na segunda consulta, mas na terceira houve um aumento,

ficando acima do valor do início do estudo. Na última, porém, este valor ficou abaixo do

máximo inicial, com redução de 22,0 mg/dl. Quanto à glicemia média, verificou-se uma

ascensão entre os valores de 21,1 mg/dl, e este acréscimo foi significante

estatisticamente.

No estudo de Boas et al. (2012), as médias da pressão arterial sistólica foram

140 mmHg (dp=22,4) e da diastólica 78 mmHg (dp=11,8). Em Sampaio et al. (2008), a

pressão arterial diastólica média obtida foi de 87 mmHg. Ou seja, pelo menos, metade

da amostra dos pacientes em estudo apresentavam PAD acima dos valores normais, e os

valores de média e mediana da glicemia foram considerados altos, 167mg/dl e 193

mg/dl.

No estudo de Miyar-Otero et al. (2010), com pacientes usuários de unidade

básica de saúde, onde foram acompanhados três meses, ao se comparar a PAS obtida no

início e no término do estudo houve uma redução na mediana em 2 mmHg, bem como

um decréscimo do valor máximo. No referente aos valores da PAD, observou-se uma

redução da média de 89 mmHg para 79,6 mmHg, bem como a redução do valor máximo

de 112 mmHg para 100 mmHg.

As variáveis foram analisadas no início e no final dos seis meses de coleta com

cada participante nos dois grupos a fim de subsidiar a comparação das mudanças no

estilo de vida dos diabéticos inseridos neste estudo de intervenção.

Consoante proposto, um programa de intervenções desenvolvido com pacientes

com diagnóstico de diabetes pode ser estruturado para propiciar ao indivíduo

conhecimentos, atitudes e habilidades necessárias, objetivando capacitá-lo a entender e

a motivar-se a participar efetivamente do regime terapêutico no dia a dia (TORRES;

PEREIRA; ALEXANDRE, 2011).

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Santos e Torres (2012) ressaltam a necessidade de reordenar as práticas

educativas em DM, e o desenvolvimento de metas de atuação nas ações educativas,

buscando estabelecer estratégias de promoção, prevenção e controle da doença.

A prática educativa constitui a melhor forma de conscientizar a pessoa com

diabetes sobre a relevância do autocuidado, na qual paciente e enfermeiro analisam a

melhor forma de controle do diabetes mellitus. Na Tabela 9 consta a análise das metas

propostas para o grupo de intervenção.

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Tabela 9: Análise das metas propostas para o grupo de intervenção. Fortaleza-CE, 2013

METAS 10

retorno

20 retorno 3

0 retorno

ALC NÃO ALC NÃO ALC NÃO

% % % % % %

Iniciar uso de adoçante/

Retirar açúcar da dieta

10

90,9

01

9,1

11

84,6

02

15,4

12

85,7

02

14,3

Iniciar/reiniciar atividade

física

04

30,8

09

69,2

05

33,3

10

66,7

14

66,7

07

33,3

Fazer uso regular da

medicação/ insulina

02

66,7

01

33,3

04

100

00 07

100

00

Fazer controle alimentar

01

25,0

02

75,0

03

60,0

02

40,0

05

100

00

Reduzir consumo de

massas/ carboidratos

04

80,0

01

20,0

07

87,5

01

12,5

08

88,9

01

11,1

Aumentar ingesta de

frutas

02

66,7

01

33,3

04

100

00 05

100

00

Ingerir refrigerante

diet/light ou parar

04

80,0

01

20,0

06

85,7

01

14,3

06

85,7

01

14,3

Perder peso

01

50,0

01

50,0

03

75,0

01

25,0

03

75,0

01

25,0

Seguir consulta com

nutricionista

01

50,0

01

50,0

01

33,3

02

66,7

02

50,0

02

50,0

Reduzir valor glicêmico

02

66,7

01

33,3

04

100

00 03

100

00

Controlar fatores

estressores

01

33,3

02

66,7

00 04

100

03

60,0

02

40,0

ALC = meta alcançada; NÃO = meta não alcançada.

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A Teoria de Alcance de Metas descreve a natureza das interações enfermeira-

paciente que conduzem ao alcance de metas, na qual enfermeiras propositadamente

interagem com pacientes para mutuamente estabelecer metas, explorar e concordar com

meios para alcançá-las. Metas mútuas estão baseadas na avaliação da enfermeira no

respeitante aos problemas, distúrbios na saúde, suas percepções dos problemas.

Enfermeiras e pacientes compartilham informações para buscar o alcance das metas

(KING, 1981).

Ainda segundo a mesma fonte, uma teoria de alcance de metas é derivada de

sistemas abertos; nesta teoria, os principais elementos são manifestados no sistema

interpessoal no qual duas pessoas, que normalmente são estranhas, juntam-se na

organização do cuidado de saúde para ajudarem e serem ajudadas a manter um estado

de saúde que permite desenvolver os papéis. Um importante fator nas interações

enfermeiro-paciente é a percepção acurada, a qual representa o primeiro passo a

direcionar as metas mútuas, e examina meios para buscar o alcance de metas.

Nesta pesquisa, analisaram-se os pacientes do grupo de intervenção a partir das

metas traçadas em comum acordo nas consultas de enfermagem baseadas na Teoria de

Imogene King.

Como observado na consulta de enfermagem baseline, um paciente praticava

atividade física, fazia controle rigoroso da dieta e mantinha níveis glicêmicos

controlados. Traçou-se, então, como meta manter estas práticas, as quais foram

cumpridas pelo paciente nos três retornos.

Quanto à meta de iniciar o uso de adoçante/retirar o açúcar da dieta, foi

estabelecida em comum acordo com onze pacientes do grupo de intervenção. Destes, 10

(90,9%) mostraram resultado no primeiro retorno. A mesma meta foi determinada para

treze pacientes na segunda consulta. Destes, 11 (84,6%) referiram conseguir atingir a

meta traçada. Dos quatorzes para os quais foi traçada esta meta na terceira consulta, ao

retornarem, 12 (85,7%) conseguiram atingir. Isto é positivo, pois sabe-se das

dificuldades dos pacientes de retirar o açúcar da alimentação, mudar hábitos diários

pessoais e familiares e aderir a uma dieta mais restrita.

De acordo com Faria et al. (2013), mudanças comportamentais e adesão ao

tratamento medicamentoso são fundamentais para prevenção das complicações agudas e

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crônicas. O profissional deve negociar prioridades, monitorar a adesão, motivar a

participação e reforçar o esforço do paciente no manejo do seu tratamento. Mesmo

quando há mudanças comportamentais e adesão ao tratamento medicamentoso, manter

o controle metabólico por longo tempo é difícil porque depende de vários componentes

envolvidos no tratamento do diabetes.

É inegável a importância da prática da atividade física no controle do diabetes,

mas sua adesão ainda está sendo lentamente alcançada pelos pacientes diabéticos. Neste

estudo, na primeira consulta traçou-se em comum acordo com os pacientes, como meta

a ser atingida, o início/reinício da prática de atividade física, com treze pacientes.

Destes, apenas 4 (30,8%) conseguiram cumprir a meta. Na segunda consulta foi

estabelecida com quinze pacientes. Já houve uma melhora na adesão, pois 5 (33,3%)

iniciaram/reiniciaram esta prática. Na última consulta, dos 21 participantes, 14 (66,7%)

cumpriram o proposto. São visíveis as dificuldades dos pacientes em adotar esta prática,

por não ser prioridade, por falta de incentivo ou até mesmo acomodação.

Para ampliar as atividades de promoção à saúde na atenção primária, criaram-se

os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF). Na unidade onde foi realizada a

pesquisa esses núcleos tinham grupos de doenças crônicas com prática de caminhada,

mas com as mudanças de gestão ocorreu troca de profissionais, com consequente

suspensão dos trabalhos desenvolvidos.

Quanto aos que já praticavam atividade física, para dois pacientes traçou-se

como meta manter esta prática, a qual foi alcançada nos dois retornos seguintes; na

terceira consulta traçou-se a mesma meta para três pacientes, e estes conseguiram

atingi-la.

Na ótica de Faria et al. (2013), o profissional de saúde deve sistematizar sua

intervenção para o empoderamento dos pacientes. O acompanhamento de pacientes por

especialistas em diabetes, com orientações e metas exequíveis, é decisivo na redução da

glicemia, da hemoglobina glicada e tabagismo.

Evidentemente, o uso regular da medicação ainda é um desafio para a saúde,

principalmente nos pacientes diabéticos, e quando se refere ao uso de insulina isto se

acentua ainda mais. Dificuldades foram percebidas no decorrer deste estudo, sobretudo

na restrita dispensação de medicamentos na atenção primária. Em virtude da pouca

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importância dada à medicação pelos pacientes, por seus sinais e sintomas não aparentes

e da baixa renda da população, muitos não priorizam a compra da medicação e ficam

sem usá-la. Neste estudo, uma das metas foi o uso regular da medicação oral ou insulina

pelos pacientes na atenção primária à saúde. Na primeira consulta este foi estabelecido

como meta para três pacientes. Destes, dois atingiram. Na segunda consulta estabeleceu-

se para quatro pacientes, e todos conseguiram cumpri-la. Na terceira consulta acordou-

se com sete pacientes, e todos também conseguiram cumpri-la. Portanto, quando o

paciente se sente corresponsável pelo tratamento, e no seu poder de empoderamento, os

índices de adesão melhoram.

Nos casos de uso irregular da medicação é fundamental se traçar estratégias de

intervenções individuais, com identificação das principais queixas referidas pelos

pacientes e apoio da equipe de saúde multiprofissional, para conseguir adesão ao

tratamento medicamentoso.

Para Faria et al. (2009), a informação clara e precisa quanto à utilização dos

medicamentos, advinda de profissionais de saúde qualificados, pode incentivar o

paciente de forma a motivá-lo para o autocuidado e para a adesão à terapêutica

medicamentosa. Diferentemente, a falta de conhecimento induz o paciente a utilizar o

medicamento de maneira incorreta. Contudo, uma abordagem compartilhada entre

paciente e profissional de saúde pode suprir essas lacunas de conhecimento.

No tratamento de diabetes, uma dieta equilibrada é o ponto mais questionado e

quase a totalidade dos pacientes do estudo referiram as dificuldades de adesão, em face,

sobretudo, dos custos da alimentação para este público. Neste estudo, traçou-se como

uma das metas o controle de alimentos hipercalóricos. Dos três pacientes atendidos na

primeira consulta, apenas um conseguiu atingir. Já na segunda consulta houve uma

significativa melhora, pois dos cinco pacientes com esta meta, três conseguiram cumpri-

la, e com êxito, e no retorno da terceira consulta, os cinco referiram adesão à dieta

hipocalórica.

Cabe ressaltar: o emprego apropriado da linguagem na comunicação

profissional-paciente é um fator decisivo.No estudo de Torres, Roque e Nunes (2011), a

utilização de linguagem adequada ajuda os pacientes a planejar suas refeições, cumprir

os horários e o plano alimentar, além do incentivo à prática de atividades físicas. A

construção de novos conhecimentos pode levar à aquisição de comportamentos

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preventivos e estímulo ao gerenciamento da sua doença. Portanto, o profissional

enfermeiro deve estar intimamente ligado aos recursos educativos, uma vez que o

processo de cuidar está atrelado à educação.

Ainda sobre os dados do estudo, os carboidratos, quando consumidos em

excesso, provocam ganho de peso, hiperglicemia, acúmulo de gordura. Com isso, na

primeira consulta traçou-se a redução do consumo como meta para cinco pacientes.

Destes, quatro conseguiram cumpri-la. Na segunda consulta, quando foi traçada para

oito pacientes, sete reduziram este consumo; já na terceira, para os nove pacientes aos

quais se propôs esta meta, oito a cumpriram.

Programas estruturados que enfatizam mudanças no estilo de vida, incluindo

educação nutricional, restrição de gorduras e energética, associadas à prática de

atividade física e monitoramento pelos profissionais de saúde, podem conduzir à perda

de peso a longo prazo (DIRETRIZES, 2013).

Sabe-se que a dieta da maioria dos brasileiros inclui muitos carboidratos, por

serem de baixo custo e maior facilidade de acesso, diferentemente da alimentação com

frutas e verduras, ainda consumidas de modo restrito.

O consumo de frutas ainda não é uma prática comum, principalmente nas

populações de baixa escolaridade. Na primeira consulta estabeleceu-se o aumento do

consumo como meta para três pacientes, e dois conseguiram atingi-la. Na segunda e

terceira consulta, esta foi cumprida por quatro e cinco pacientes, respectivamente.

Para o Ministério da Saúde, em nível nacional, recomenda-se o consumo de

maiores quantidades de frutas, legumes e verduras e menor quantidade de gorduras,

açúcares e sal, os quais têm implicações profundas na saúde e na qualidade de vida das

pessoas. O ideal são três porções de frutas por dia (BRASIL, 2008).

Nas Diretrizes (2013) recomenda-se fracionar o plano alimentar em seis

refeições, sendo três principais e três lanches. Quanto à forma de preparo dos alimentos,

deve-se dar preferência aos grelhados, assados, cozidos no vapor ou até mesmo crus.

Mas neste estudo, conforme percebido, alguns pacientes não seguiam esta indicação.

Diante disto, definiu-se como meta para dois pacientes aumentar os números de

refeições. Na primeira consulta, a meta foi atingida e mantida nos três retornos

seguintes.

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Ressalta-se, ainda: o consumo de refrigerante é uma prática comum nos dias

atuais, pela sua facilidade de acesso, baixo custo e não divulgação dos riscos deste para

a saúde, por sua quantidade de açúcar, sódio, corantes, entre outros. Estabeleceu-se,

então, como meta o abandono total deste consumo ou pelo menos usar refrigerante

diet/light. Na primeira consulta esta foi traçada como meta para cinco pacientes. Destes,

quatro conseguiram atingi-la. Na segunda e terceira consulta foi em comum acordo

estabelecida para sete pacientes, e destes, seis a cumpriram nos retornos seguintes.

No presente estudo, também se enfocou a obesidade. Esta é uma realidade

mundial. Segundo dados do Ministério da Saúde, no conjunto da população adulta das

27 cidades brasileiras, a frequência do excesso de peso foi de 48,5% e de obesos, 15,8%

(BRASIL, 2013). Na primeira consulta propôs-se a perda de peso como meta para dois

pacientes. Um alcançou. Na segunda e terceira consulta, propôs-se para quatro. Destes,

três conseguiram reduzir o peso nas consultas subsequentes.

Sabe-se da importância da equipe multidisciplinar e do papel do nutricionista no

apoio às equipes de Saúde da Família para acompanhamento dos pacientes diabéticos.

Apesar da implantação destas equipes, nem todas dispõem deste profissional. Por não

ser uma rotina o acompanhamento por este profissional, traçou-se como meta para dois

pacientes a consulta com o nutriconista, mas apenas um realizou. Na segunda consulta

de enfermagem, propôs-se a meta para três, e também apenas um realizou. Na terceira

consulta foi traçada para quatro pacientes, e dois conseguiram atingi-la.

Alcançar as metas propostas no tratamento de diabetes requer esforço da equipe

de saúde composta por educadores em diabetes mellitus, nutricionista especializado e a

pessoa com diabetes (DIRETRIZES, 2013).

Na atualidade, o atendimento do paciente com diabetes desenvolvido por uma

equipe multiprofissional tem como finalidade levá-lo a compreender a importância da

modificação do estilo de vida com vistas ao bom controle metabólico.

Em virtude de inúmeras fatores já mencionados, a hiperglicemia ou o mal

controle glicêmico ainda está presente em vários pacientes. No entanto, para melhorar

isto, por suas repercussões no futuro, estabeleceu-se como meta para pacientes com

hiperglicemia a redução desta. Na primeira consulta foi traçada para três pacientes, e

dois conseguiram reduzir; na segunda foi traçada para quatro pacientes, os quais a

cumpriram, e na terceira para três, que também a cumpriram.

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Fatores estressores influenciam indiretamente no descontrole glicêmico,

referidos como problemas diários familiares ou de trabalho. Diante disto foi sugerido

sair do confronto com estes agentes agressores, mas somente um referiu melhoras no

primeiro retorno. No seguinte a meta não foi atingida por nenhum paciente, e no terceiro

retorno foi atingida por três.

Para King (1981), quando o estresse aumenta nos indivíduos interagindo numa

situação, seu campo perceptual é limitado e suas decisões diminuem em racionalidade.

Estes fatores podem levar à redução de interações e de estabelecimento de metas e

tornar inefetivo o cuidado de enfermagem.

Ainda como parte da reeducação dos hábitos das pessoas diabéticas, ressalta-se a

importância da água para nosso corpo. Como observado, um paciente referiu fazer uso

muito restrito de líquido. Propôs-se, então, como meta o aumento do consumo de

líquidos. Ele afirmou ter aumentado a ingesta e a manteve nos retornos seguintes.

O acompanhamento do diabético pelo profissional de saúde é uma das etapas do

tratamento de diabetes. No histórico de dois pacientes, estes sempre faltavam às

consultas. Traçou-se como meta o comparecimento de ambos no dia agendado da

consulta, e nos três retornos eles compareceram.

A hipertensão tem forte associação com o diabetes. Para dois pacientes que já

eram hipertensos e faziam uso normal de sal, estabeleceu-se como meta reduzir o

consumo de sal, objetivo atingido por eles nos três retornos.

No estudo de Faria et al. (2013), 84,4% dos participantes apresentaram adesão

ao tratamento medicamentoso, 58,6% ao exercício físico e 3,1% ao plano alimentar.

Apenas 1,4% aderiu aos três componentes do tratamento. Para 47,7% dos pacientes

observou-se a adesão ao tratamento medicamentoso e ao exercício físico. Também se

constatou que 43% aderiram a um único componente do tratamento e 6,2% a nenhum.

Conforme a pesquisa mostrou, os pacientes diabéticos para as quais foram

traçadas metas, e que cumpriram medidas terapêuticas e de autocuidado, obtiveram

resultados. É, pois, importante esta interação paciente-enfermeiro para os que não

aderem ao tratamento. Para King (1981), quando uma meta é alcançada em interações

enfermeira-paciente, significa que as transações foram valorizadas pela enfermeira e

paciente.

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Para aumentar a adesão dos pacientes com DM, uma estratégia adotada é o

desenvolvimento pela equipe de saúde, em especial, por enfermeiras, de atividades

educativas no intuito de ampliar os conhecimentos do paciente sobre o controle da

doença, além da implementação de atividades de promoção da saúde. O paciente, a

família e a comunidade têm papel fundamental no controle do DM, já que as

complicações se relacionam com déficit de autocuidado e não adoção de medidas de

hábitos saudáveis de vida (MASCARENHAS et al., 2011).

Ao incluir a família no processo de cuidar nas necessidades do cotidiano, a

enfermeira colabora de forma ímpar na otimização dos recursos disponíveis para que a

pessoa adoecida gradativamente assuma a execução destes cuidados (MOREIRA et al.,

2008). A família, em particular, tem sua importância na formação de valores que

contribuem como um sistema de apoio relevante para o paciente. Para o seguimento do

tratamento dos pacientes com DM, os familiares ajudam com o apoio emocional, nos

momentos de impotência e diante dos desafios a enfrentar. Sobre os problemas

detectados no grupo comparativo, estão expostos na Tabela 10.

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Tabela 10: Análise dos problemas detectados para o grupo comparativo. Fortaleza-CE,

2013

PROBLEMA 10 retorno

2

0 retorno 3

0 retorno

MELH MANT MELH MANT MELH

MANT

% % % % % %

Sem problemas

01

25,0

03

75,0

00 04

100

00 04

100

Sedentarismo

02

14,3

12

85,7

03

18,8

13

81,3

06

37,5

10

62,5

Controle/perda de

peso

03

75,0

01

25,0

03

75,0

01

25,0

03

60,0

02

40,0

Sobrepeso/ obesidade

00 08

100

00 09

100

00 09

100

Hiperglicemia

00 04

100

01

16,7

05

83,3

01

14,3

06

85,7

Uso irregular da

medicação

00 02

100

04

100

00 04

100

00

Dieta excessiva

00 01

100

02

66,7

01

33,3

02

66,7

01

33,3

Uso de açúcar e doces

02

33,3

04

66,7

03

50,0

03

50,0

04

57,1

03

42,9

Uso habitual de fumo

(masca)

00 03

100

01

33,3

02

66,7

00 03

100

MELH = melhorou; MANT= manteve o problema.

Como observado, os participantes do grupo comparativo apresentaram melhora

nos problemas detectados. Acredita-se que com a interação e o acompanhamento mais

próximos ao paciente adotados na pesquisa e a maior frequência às consultas, mesmo

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sem terem sido estabelecidas metas, ao saberem que estavam participando da pesquisa,

estes participantes mostraram maior adesão aos hábitos de vida saudáveis.

Em quatro pacientes do grupo comparativo não foram identificados

problemas/alterações no seu tratamento para diabetes, e estes se mantiveram estáveis no

decorrer das três consultas de enfermagem subsequentes. Mesmo no caso de pacientes

que já têm hábitos de vida saudável, é preciso incentivá-los a mantê-los.

Quanto ao sedentarismo, foi acompanhado como problema na primeira consulta

em quatorze pacientes. Destes, doze mantiveram o problema no primeiro retorno; já na

segunda consulta foi identificado em dezesseis, quando o problema permaneceu em

treze, e houve uma redução quando dos dezesseis identificados na terceira consulta, dez

continuaram sedentários.

Como descrito, sobrepeso e obesidade são uma epidemia mundial. Esta

comorbidade foi observada em oito pacientes na primeira consulta, que mantiveram na

consulta subsequente, e em nove, que na segunda e terceira consulta também a

mantiveram.

Nos pacientes identificados com altos valores glicêmicos, segundo se percebeu

nas consultas subsequentes, quatro mantiveram no primeiro retorno. Na segunda

consulta, dos seis presentes, cinco permaneceram acima dos padrões recomendados pelo

Ministério da Saúde no retorno seguinte. Em sete pacientes da terceira consulta, seis

ainda apresentaram hiperglicemia. Este resultado evidencia as dificuldades encontradas

pelos pacientes nas mudanças das práticas de atividades diárias. Mesmo com a

proximidade das consultas de enfermagem, quando seriam avaliados com mais

frequência, ainda não conseguiam reduzir os valores glicêmicos.

Em face dos seguintes motivos, a prática de uso irregular da medicação é

comum entre os pacientes diabéticos: o longo período de tratamento, as múltiplas

dosagens diárias, o custo para a população, pois a dispensação pelas unidades de

atenção primária à saúde estava cada vez mais precária. Neste grupo de estudo,

identificou-se, inicialmente, em dois pacientes, que continuaram a prática irregular na

consulta seguinte; já na segunda e terceira consulta, foi identificada em quatro

pacientes, mas ao retorno todos haviam melhorado.

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Dieta excessiva foi percebida logo de início em um paciente deste grupo, que

manteve a prática; em três, na segunda consulta, e um continuou com esta prática. Na

terceira consulta foi observada também em três pacientes, e um manteve esta prática.

Sabe-se que o controle alimentar é uma dificuldade referida pela população em geral,

em virtude da grande oferta de alimentos industrializados com conservantes e de

alimentos gordurosos e calóricos. Ademais, o custo da alimentação para o paciente

diabético é mais elevado.

No tocante ao uso de açúcar, foi identificado na primeira consulta em seis

pacientes. Destes, quatro mantiveram esta prática; na segunda consulta foi identificado

nos mesmos pacientes, e três referiram ainda continuar fazendo uso. Na terceira

consulta foi observado em sete pacientes, dos quais três persistiram nela. Para a retirada

do açúcar da dieta, deve-se buscar a família como rede de apoio. Cabe-lhe incentivar o

paciente para esta prática.

Como parte do tratamento da pessoa diabética, incluem-se os hábitos

alimentares, os quais exigem maior esforço e motivação dos pacientes. O baixo

consumo de frutas é uma realidade da nossa população e foi constatado em um paciente,

e este o manteve durante os três retornos. Uma das recomendações do Ministério da

Saúde é o aumento do consumo de frutas, legumes e verduras. Como mencionado, o

consumo de frutas deve ser de três porções por dia (BRASIL, 2008).

Ainda como observado, na segunda consulta constatou-se início de lesões nos

pés de um paciente, o qual, embora orientado sobre os cuidados com os pés, não aderiu

a estes. Na terceira consulta, também foi percebido em dois pacientes, e apesar de

reforçado o cuidado com os pés, nenhum deles seguiu o recomendado.

Quanto ao uso habitual de fumo, três pacientes referiram esta prática. No

primeiro retorno todos mantinham a prática; no segundo, apenas dois, mas ao

regressarem no terceiro retorno, os três estavam fumando. Sabe-se tratar-se de um vício,

e que muitos já o praticam há anos. Urge serem desenvolvidas políticas públicas

efetivas de apoio a estes pacientes para o abandono deste vício.

O uso de álcool foi mencinado por um paciente, e permaneceu em todos os seus

retornos. São evidentes os malefícios do álcool aos diabéticos, mas esta ainda é uma

prática comum na nossa clientela.

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Segundo Torres, Roque e Nunes (2011), para o profissional de saúde trabalhar

educação em saúde de forma mais compreensiva e interventiva é importante seu

envolvimento com os pacientes, seus problemas, suas alegrias, o conhecimento do seu

cotidiano e da sua realidade social.

Para Faria et al. (2013), no cenário nacional e internacional, a não adesão ao

tratamento do diabetes mellitus é um problema conhecido pois prejudica a resposta

fisiológica à doença, a relação profissional-paciente, além de aumentar o custo direto e

indireto do tratamento.

Neste âmbito, a educação voltada para a prevenção e o controle em DM

apresenta um desafio, quer para os indivíduos, quer para profissionais de saúde, por

estar associada aos hábitos alimentares saudáveis, à adesão à prática de atividades

físicas e à promoção da saúde (TORRES; PEREIRA; ALEXANDRE, 2011).

Para as pessoas com DM, a educação em saúde deve ser implementada,

continuamente, integrando as ações de acolhimento, formação de vínculos, buscando

desenvolver a autonomia nas pessoas diabéticas, incluindo maneiras de compreender e

de lidar com a doença (PARKIN; DAVIDSON, 2009; MOREIRA et al., 2008).

Como parte das suas atividades, a enfermeira exerce papel essencial no cuidado

às pessoas, principalmente no estímulo ao autocuidado à saúde, no enfrentamento às

mudanças ocorridas no decorrer da doença. Cabe-lhe incentivar a melhoria do bem-estar

dos pacientes e aumentar a adesão ao processo terapêutico.

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6 CONCLUSÃO

No presente estudo teve-se como um dos objetivos verificar a eficácia de

intervenções em enfermagem, fundamentada na Teoria de Alcance de Metas, na

melhoria do cuidado à pessoa com diabetes e na sua adesão ao tratamento. E ao final do

estudo, com base nesta teoria, pode-se afirmar que este objetivo foi alcançado, pois a

proposta da teoria promoveu melhor adesão dos pacientes diabéticos ao tratamento

sugerido em comum acordo com estes.

As variáveis de saúde acompanhadas e avaliadas durante o estudo permitem

afirmar a validade da Teoria de Alcance de Metas como meio que fundamenta o

cuidado de enfermagem ao paciente diabético no contexto da atenção primária à saúde.

Portanto, o enfermeiro da Estratégia Saúde da Família pode utilizá-la como instrumento

de cuidado, com vistas a munir os profissionais com meios eficazes para a assistência ao

paciente diabético. Quando o paciente sente-se corresponsável por seu tratamento, atua

ativamente com poder decisivo nas possíveis mudanças para melhor adesão ao cuidado

proposto.

Ao comparar os resultados desta interação fundamentada na teoria empregada,

considera-se que a adesão dos pacientes ao tratamento proposto foi atingida, porquanto

os mesmos parâmetros foram gradativamente comparados entre os dois grupos (de

intervenção e comparativo), chegando-se à conclusão de que a fundamentação teórica

trouxe mais resultados positivos nos dados clínicos do paciente diabético.

A PAD e os valores glicêmicos das consultas do grupo de intervenção

mostraram redução destes, com significância estatística, p=0,0156 e p<0,0001,

respectivamente, comparados nas quatro consultas. E também, ao se observar a adesão

ao uso de adoçante, à prática de atividade física, ao controle alimentar e ao uso de

refrigerante light.

Perceberam-se algumas limitações relativas ao tempo de desenvolvimento da

pesquisa; à falta de estrutura na rede de apoio às equipes de Saúde da Família, quanto a

espaços sociais para desenvolver atividades físicas e de grupo; ao suporte da equipe

multiprofissional, na pessoa do nutricionista, para melhor adequação da dieta dos

pacientes; às questões culturais dos hábitos alimentares. Pode-se admitir também como

limitação a avaliação dos dois grupos ter sido realizada pela própria pesquisadora, a

qual empregou todos os esforços para evitar viés na avaliação dos grupos. Isto, porém,

não garante ter-se mantido imparcial.

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Como identificado nos dois grupos do estudo, o acompanhamento mais

frequente e as consultas mais próximas aos pacientes diabéticos promoveram vigilância

positiva, já que, em face de maior interação de ambas, pôde-se melhor adequar as

estratégias de adesão ao tratamento proposto com consequente promoção da qualidade

de vida dos participantes diabéticos.

Nesta perspectiva, ante os resultados encontrados, finaliza-se este estudo com a

confiança de que o cuidado clínico de enfermagem favorece positivamente a clientela

diabética, com vistas a melhorar a assistência de enfermagem a ela direcionada.

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APÊNDICES

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APÊNDICE A – FORMULÁRIO 1a Consulta de Enfermagem

DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS

Nome:__________________________________________________________

Sexo: ( ) Feminino ( )Masculino Idade: ____________ Cor: __________

Estado civil:______________ Anos de estudo:___________________

Atividade profissional ( ) Sim ( ) Não ( ) Aposentado

Profissão do ativo: __________________

Número de pessoas que residem em sua casa: __________________________

Renda mensal:___________

Renda familiar:__________________

Religião: ( ) Católica ( ) Evangélica ( ) Outra ______________

DADOS FAMILIARES

Hipertensão arterial ( ) ____________ Diabetes mellitus ( ) ____________

Doença cardiovascular ( ) _______________

Outras doenças:____________________________

DADOS SOBRE A SAÚDE

Ano do diagnóstico do DM _____________

Tratamento não medicamentoso ( ) Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

Tratamento medicamentoso ( )Glibenclamida ( )Metformina ( )Glicazida ( )Insulina NPH

( )Insulina regular ( )Insulina lantus ( )Glimepirida ( )Clorpropamida ( )_______________

Presença de Hipertensão Arterial ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe

Presença de Colesterol alto ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe

Presença de Triglicerídeos alto ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe

Há quanto tempo faz tratamento medicamentoso: ______

Confia no tratamento medicamentoso ( ) Sim ( ) Não.Por quê?

Já ficou sem medicamento ( ) Não ( ) Sim. Por quê?

Tem conhecimento sobre a doença ( )Sim ( ) Não ( ) Parcialmente

ESTILO DE VIDA

Atividade física ( ) Não ( ) Sim. Realiza quantas vezes por semana? ( ) 2 ( )3 ( )4

Há quanto tempo faz regularmente? _____________

Mobilidade física ( ) Normal ( ) Prejudicada

Já sofreu queda ( ) Não ( ) Sim. Houve fratura?

Tabagismo ( ) Sim ( )Não ( ) parou. Há quanto tempo? _______Quantos cigarros por dia? _____

Uso de bebidas alcoólicas ( ) Sim ( ) Não ( ) Parou. Há quanto tempo? ____________Quantas

vezes por semana? ________

Considera-se estressado ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sabe analisar

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COMORBIDADES:

Amputação por diabetes ( ) Onde: _______________ Há quanto tempo?_____________

( )Pé diabético ( ) Retinopatia diabética ( ) Doença renal ( ) Hipertensão arterial ( )

Infarto agudo do miocárdio ( ) Acidente vascular cerebral ( ) Insuficiência cardíaca ( ) Outras

coronariopatias ( )________________________

DADOS ANTROPOMÉTRICOS / LABORATORIAIS

Peso (em kg) ______ Altura (em metros) __________ IMC ___________

Circunferência abdominal ____ Circunferência quadril _____

Frequência cardíaca _________

Níveis pressóricos nas consultas de enfermagem

1-Ótima 2-Normal 3-Limítrofe 4-HA leve 5-HA moderada 6-HA grave 7-Sistólica isolada

P.A. ____________________________ Data _________________ Classificação________

P.A. ___________________________ Data _________________ Classificação________

P.A. ____________________________ Data _________________ Classificação________

P.A. ____________________________ Data _________________ Classificação________

Níveis glicêmicos nas consultas de enfermagem

Glicemia (mg/dl) __________________ Data _________________ Jejum ( ) Pós ( )

Glicemia (mg/dl) __________________ Data _________________ Jejum ( ) Pós ( )

Glicemia (mg/dl) __________________ Data _________________ Jejum ( ) Pós ( )

Glicemia (mg/dl) _________________ Data _________________ Jejum ( ) Pós ( )

PERCEPÇÃO/ACOMPANHAMENTO GERAL DA SAÚDE

Como está sua saúde: ___________________________________________________

______________________________________________________________________

O diabetes interfere na sua vida: ( ) Não ( ) Sim. Em quê? _______________________

______________________________________________________________________

Como percebe sua adesão ao tratamento: ( ) Total ( ) Parcial ( ) Não adere

Você acha que seu tratamento depende de que: ( ) Dieta ( ) Medicamento ( ) Atividade

física ( )____________

Muda dosagem por conta própria? ( )Não ( )Sim. Por quê?

Você percebe alguma diferença no seu dia a dia por ser diabético: ( ) Não ( ) Sim.

Quais? ________________________________________________________________

Você tem dificuldades na adesão do seu tratamento: ( ) Não ( ) Sim. Quais? ( ) Dieta

( ) Medicamento ( ) Atividade física ( ) _________

Faz uso correto da medicação: ( ) Sim ( )Não

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SELF / IMAGEM CORPORAL

Como você se percebe? ______________________________________________

Condições da pele: ( ) Normal ( ) Ressecada

Condições do cabelo: ( ) Normal ( ) Alterado

Lentes corretivas: ( ) Sim ( ) Não

Mucosa oral: ( ) Normal ( ) Alterada

Dentição: ( ) Normal ( ) Ausente parcialmente ( ) Ausente totalmente

Unhas: ( ) Normais ( ) Alteradas

Edema nos MMII: ( ) Ausente ( ) Presente

Realiza cuidados com os pés: ( ) Sim ( )Não

Dormência nas mãos: ( ) Sim ( ) Não

Dormência nos pés: ( ) Sim ( ) Não

TEMPO

Como administra seu tempo para desenvolver atividades para controle do diabetes:

_________________________________________________________________

INTERAÇÕES HUMANAS

Como é seu relacionamento com seus familiares: ( )Ótimo ( )Estável ( )Difícil ( ) _____

O que sua família pode fazer por você?______________________________________

Quais as contribuições da sua família no seu tratamento: _________________________

Como é o uso de sal por seus familiares: ______________________________________

______________________________________________________________________

Como é o uso de açúcar por seus familiares: _________________________________

As comidas já são preparadas com açúcar: ( ) Café ( ) Suco ( )

Consumo de refrigerantes por semana: ( ) Diário ( ) 3 ( ) 4. Este é ( ) Normal ( ) Light

Participa de grupos sociais ou religiosos: ( ) Não ( ) Sim. Qual? ( ) Bombeiros/ Ativ.

física ( ) Associação ( ) Religioso ( )______________________

Alguma parte do seu tratamento não é permitida pela sua igreja ( ) Não ( ) Sim. Qual?

_______________

PAPÉIS E RELACIONAMENTO

Qual seu papel no seu tratamento: ___________________________________________

______________________________________________________________________

Qual a contribuição dos profissionais de saúde no seu tratamento: _______________

______________________________________________________________________

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Qual a participação da enfermagem no seu tratamento:________________________

______________________________________________________________________

Qual a participação da enfermeira no seu tratamento:______________

______________________________________________________________________

NUTRIÇÃO E METABOLISMO

Dieta: ( ) Equilibrada ( ) Não segue

Ingestão de alimentos maior que as necessidades: ( ) Não ( ) Sim

Número de refeições diárias ( ) 3 ( ) 4 ( ) 6 ( )______

Ingestão de água/ dia ( ) Copos de água por dia

Ingestão de açúcar ( ) Sim ( ) Não

Ingestão de adoçante ( ) Sim ( ) Não

Doces ( ) Controla ( ) Consome moderadamente ( ) Consome muito

Ingestão de sal ( ) Pouco ( ) Normal

Uso de saleiro na mesa ( ) Sim ( ) Não

Consumo excessivo de gordura ( ) Sim ( ) Não

Deglutição ( ) Normal ( ) Prejudicada

Ingestão de frutas/dia: ____ vezes

Ingestão de pão/dia: ____ vezes

Ingestão de bolo/semana: ____ vezes

Ingestão de carne vermelha/dia: ____ vezes

ELIMINAÇÕES

Incontinência urinária ( ) Sim ( ) Não

Infecção urinária de repetição ( ) Sim ( ) Não

Constipação ( ) Sim ( ) Não

Diarreia ( ) Sim ( ) Não

SONO E REPOUSO

Número de horas de sono por dia? ____ horas

Padrão de sono: ( ) Contínuo ( ) Acorda às vezes ( ) Acorda várias vezes

Acorda à noite para ir ao banheiro? ( ) Não ( ) Sim. Quantas vezes?______

Ronco ( ) Não ( ) Sim

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APÊNDICE B – TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

Estamos convidando V.Sa. a participar da pesquisa intitulada CUIDADO DE

ENFERMAGEM NA INTERAÇÃO ENFERMEIRA-PESSOA COM DIABETES,

FUNDAMENTADO NA TEORIA DE ALCANCE DE METAS DE KING, cujo objetivo é

verificar a eficácia de uma intervenção em enfermagem, fundamentada na Teoria de

Alcance de Metas, na melhoria do cuidado à pessoa com diabetes e na sua adesão ao

tratamento.

O (a) senhor (a) terá plena liberdade para aceitar ou não o convite para participar, assim

como de permanecer ou não no estudo sem nenhum prejuízo para seu atendimento neste

serviço. Sua participação será respondendo algumas perguntas, permitindo que a

pesquisadora examine seu corpo e verifique sua pressão arterial, seu peso, sua altura,

sua cintura e glicemia capilar.

Os riscos do estudo são mínimos, pois os dados da pesquisa serão coletados por meio de

entrevista e medidas da pressão arterial, peso, altura, circunferência da cintura e

glicemia capilar, e se ocorrer alguma intercorrência a pesquisadora estará atenta para

resolvê-la. Não haverá pagamento por sua participação, assim como o (a) senhor(a) não

terá nenhum gasto com o estudo.

Como benefícios, garantimos que o estudo contribuirá para que a enfermagem possa

ajudar o paciente com diabetes a enfrentar as barreiras impostas pela doença por meio

de uma melhor assistência.

Garantimos sigilo sobre sua identidade e as informações prestadas serão utilizadas

exclusivamente para os fins deste estudo. Os resultados serão enviados à sua unidade de

saúde como subsídio para a melhoria da prestação de serviço e posteriormente serão

publicados em revistas científicas e apresentados em eventos científicos da área.

Este termo será preenchido em duas vias, uma para o pesquisado e a outra para o

pesquisador.

Para esclarecer quaisquer dúvidas sobre esta pesquisa, favor se comunicar com a

pesquisadora responsável pelo telefone: 3433.2737/8843.2725 ou no Campus do Itaperi

– UECE, ainda, com o Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Estadual do Ceará

pelo telefone 3101. 9890

Atenciosamente

Eline Saraiva Silveira Araújo

Eu, ____________________________________________, declaro que depois de ser

esclarecido pelo pesquisador e ter entendido o que me foi explicado, concordo em participar

voluntariamente da pesquisa.

Fortaleza, ______ de ______________ de ______

_______________________________ _______________________________

Assinatura do Pesquisador Responsável Assinatura ou Digital do Pesquisado

____________________________________________________

Assinatura de quem recebeu o Consentimento

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ANEXO

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