UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais,...
Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA ...AIEs Antiinflamatórios Esteroidais,...
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS
MESTRADO
AVALIAÇÃO DE FELINOS DOMÉSTICOS COMO FATOR DE RISCO A INFECÇÃO POR TOXOPLASMA GONDII EM
SALVADOR, BAHIA, BRASIL
MARINA BEZERRA DE ANDRADE
SALVADOR – BAHIA
AGOSTO/2017
i
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
ESCOLA DE MEDICINA VETERINÁRIA E ZOOTECNIA
PÓS-GRADUAÇÃO DE CIÊNCIA ANIMAL NOS TRÓPICOS
AVALIAÇÃO DE FELINOS DOMÉSTICOS COMO FATOR DE
RISCO A INFECÇÃO POR TOXOPLASMA GONDII EM
SALVADOR, BAHIA, BRASIL
MARINA BEZERRA DE ANDRADE
Mestrado
SALVADOR – BAHIA
AGOSTO/2017
ii
MARINA BEZERRA DE ANDRADE
AVALIAÇÃO DE FELINOS DOMÉSTICOS COMO FATOR DE
RISCO A INFECÇÃO POR TOXOPLASMA GONDII EM
SALVADOR, BAHIA, BRASIL
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação
de Ciência Animal nos Trópicos da Universidade Federal
da Bahia, como requisito parcial para a obtenção do título
de Mestre em Ciência Animal nos Trópicos.
Orientador: Prof. Dr. Ricardo Portela
Coorientador: Profa. Dra. Fernanda Washington de Mendonça Lima
SALVADOR-BA
AGOSTO-2017
iii
Sistema de Biblioteca – SIBI/UFBA
Andrade, Marina Bezerra de.
Avaliação de felinos domésticos como fator de risco a infecção por Toxoplasma gondii em Salvador,
Bahia, Brasil.- Salvador, 2017. 49 p. : il.
Orientador: Ricardo Wagner Dias Portela.
Coorientadora: Fernanda Washington de Mendonça Lima.
Dissertação (Mestrado em Medicina Veterinária) - Escola de
Medicina Veterinária e Zootecnia, Universidade Federal da Bahia, 2017.
1.Zoonoses – Salvador (BA). 2. Doenças Transmissíveis por Alimentos (DTA). 3. Gato. 4. Toxoplasmose - Salvador (BA). I. Portela, Ricardo Wagner Dias. II. Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia. Universidade Federal da Bahia. Título.
CDU – 616.993
iv
MARINA BEZERRA DE ANDRADE
AVALIAÇÃO DE FELINOS DOMÉSTICOS COMO FATOR DE RISCO A
INFECÇÃO POR TOXOPLASMA GONDII EM SALVADOR, BAHIA, BRASIL
Dissertação defendida e aprovada pela Comissão Examinadora em 31 de Agosto de
2017.
Comissão Examinadora:
_______________________________ Dra. Fernanda W. de Mendonça Lima
UFBA
Presidente da Banca
________________________________ Dra. Stella Maria Barrouin Melo
UFBA
________________________________
Dr. Thiago Campanharo Bahiense
UFBA
________________________________ Dra. Geyanna Dolores Lopes Nunes
UFS
SALVADOR-BA
AGOSTO - 2017
iv
"Aqueles que passam por nós, não vão sós, não nos deixam sós; deixam um
pouco de si, levam um pouco de nós"
Antoine de Saint-Exupèry
“Sou realmente um homem quando meus sentimentos, pensamentos e atos
têm uma única finalidade: a comunidade e seu progresso.”
Albert Einstein
Este trabalho é dedicado a todos os pacientes
felinos, aos apoiadores por defender esta espécie
mal compreendida, principalmente no nosso país, e a
todos que apoiaram e acreditaram que seria possível!
v
AGRADECIMENTOS
À minha eterna orientadora profa. Dra. Fernanda pela dedicação inexorável
durante todo o nosso trabalho.
Ao prof. Dr. Ricardo por ter me adotado como orientanda e acolhido nosso
trabalho já em andamento.
À equipe da Felina Veterinária e Dra. Ilka e Dra. Mariana, Érica e Everton, e
estagiários.
Toda equipe do HOSPMEV (CCPA, CMPA e LAC), Silvinho e Marília da
recepção... sempre me ajudando a “catar” gatos!
Aos laboratórios VetinLab, LACTFAR, SIDI e LDPA. Em especial à Elenice
“Berê”, MSc. Maria Virgínia, Dr. Daniel e os estagiários do SIDI; Prof. Dr. Pita, Dr.
Rogério e Dr. Gideão, pós-graduandos e estagiários do LDPA.
Ao Dr. Aroldo Carneiro, ex-professor e atualmente médico veterinário da
Secretaria Municipal de Saúde, Centro de Controle de Zoonoses (CCZ) de Salvador.
Aos amigos e médicos veterinários, que contribuíram na construção do trabalho:
“Buba”, “Binha”, “21”, “João do CAFA”, e Paulo Bahiano.
Agradeço o apoio financeiro da CAPES, e apoios técnicos e de execução do SIDI e
LDPA.
vi
LISTA DE TABELAS
Página
Tabela 1 – Distribuição geográfica da soroprevalência para IgG anti-T. gondii
em gatos domésticos, como relatada por alguns estudos científicos.
08
Tabela 2 – Distribuição geográfica da soroprevalência para IgG anti-T. gondii
em humanos, como relatada por alguns trabalhos científicos.
12
Tabela 3 – Relatos científicos que avaliaram fatores de risco para infecção
com T. gondii.
14
Tabela 4 – Frequência de soropositividade da população total de pessoas
incluídas nesse estudo, independentemente de terem ou não gatos,
e correlação com variáveis relativas a hábitos alimentares, sexo,
idade.
21
Tabela 5 - Frequência de soropositividade e desconhecimento sobre a
infecção por Toxoplasma gondii.
22
Tabela 6 – Correlação da soropositividade para presença de IgG anti-T.
gondii em humanos que criam gatos com fatores relacionados à
criação dos mesmos.
25
Tabela 7 – Resultado dos responsáveis e a relação com o tempo de criação com
gatos.
26
vii
LISTA DE ILUSTRAÇÕES
Página
Figura 1 – Fluxograma da frequência da soropositividade dos humanos. 19
Figura 2 – Fluxograma da frequência da soropositividade dos gatos dos
quais os proprietários responderam questionários e se
submeteram à coleta de sangue.
20
viii
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
AIEs Antiinflamatórios Esteroidais, corticosteróides
CDPK calcium-dependent protein kinase
CMIA Imunoensaio de Micropartículas por Quimioluminescência
DTA Doença de Transmissão Alimentar
ELISA Enzyme-linked immunosorbent assay/ Ensaio de Imunoabsorção Enzimática
FIV Vírus da Imunodeficiência Felina
FeLV Vírus da Leucemia Felina
HAI/ IH Hemoaglutinação Indireta
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IgG Imunoglobulina do tipo G
IgA Imunoglobulina do tipo A
IgM Imunoglobulina do tipo M
IGRA Interferon-gamma Release Assay
LAT Técnica de Aglutinação em Látex
MAD Método de Aglutinação Direta
MAT Técnica de Aglutinação Modificada
MS Ministério da Saúde
OIE Organização Internacional de Epizootias/World Organization for Animal Health
OMS Organização Mundial da Saúde
PCR Polymerase Chain Reaction
RIFI/ IFI/ IFAT Reação de Imunofluorescência Indireta
RN recém-nascido
SIDA/ HIV Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
SIDI Serviço de Imunologia de Doenças Infecciosas
SNC Sistema Nervoso Central
SRD Sem Raça Definida
SRS SAG1 Related Sequence, proteína de superfície
ix
SUMÁRIO
Avaliação de felinos domésticos como fator de risco a infecção por Toxoplasma
gondii em Salvador, Bahia, Brasil
Página
Resumo 01
Abstract 02
Introdução 03
Objetivos 04
Hipótese 04
Revisão de Literatura
1 O protozoário Toxoplasma gondii 05
2 Epidemiologia da infecção por T.gondii
2.1 Gato doméstico 07
2.1.1 Fatores de risco para a infecção por T.gondii em gatos 09
2.2 Humanos 10
2.2.1 Fatores de risco para a infecção por T.gondii em humanos 12
3 Diagnóstico laboratorial da infecção por T.gondii 13
Materiais e Métodos 16
Resultados e Discussão 19
Conclusão 27
Considerações Finais 27
Referências Bibliográficas 28
Apêndices 37
1
Avaliação de felinos domésticos como fator de risco a infecção por
Toxoplasma gondii em Salvador, Bahia, Brasil
RESUMO
A toxoplasmose é uma protozoonose cosmopolita, causada pelo Toxoplasma gondii e
acomete aves e mamíferos, dentre estes o homem, e o gato doméstico que é o hospedeiro
definitivo. Por sua grande importância na saúde pública, nas medicinas humana e
veterinária têm-se realizado diversas pesquisas voltadas para seu diagnóstico, controle e
prevenção. Como existem relatos controversos na literatura científica sobre a
importância ou não da criação de gatos como fator de risco para a infecção por este
protozoário, o presente estudo teve como objetivo avaliar a criação de felinos
domésticos como fator de risco para infecção por Toxoplasma gondii em humanos na
cidade de Salvador, estado da Bahia, assim também como avaliar outros potenciais
fatores de risco para aquisição da infecção. Como principal ferramenta de pesquisa
aplicou-se sorologia por ELISA para detecção de anticorpos específicos da classe IgM e
IgG em um grupo de 104 humanos, sendo metade destes proprietários de gatos e a outra
metade não proprietários, como grupo controle. Dentre os felinos, 70 animais foram
testados através das técnicas de HAI e RIFI. Os resultados da sorologia foram então
confrontados com as respostas dos questionários aplicados aos humanos e se procedeu a
uma análise estatística para verificar possíveis associações. Nenhum gato foi positivo
nos testes sorológicos. Não houve correlação estatisticamente significativa para o fato
de se possuir gato ou não e a soropositividade para T. gondii em humanos (p=0,091).
Dentre os fatores de risco com correlação significativa, foram verificados os seguintes
hábitos: consumo de verduras cruas sem lavar (p=0,002), consumo de frutas sem lavar
(p=0,003), e preparo de alimento com água não tratada (p=0,009), bem como ofertar
outro alimento que não ração comercial ao gato de estimação (p=0,001). Como
conclusão, podemos afirmar que no ambiente doméstico não há influência do fato de se
criarem gatos na soroprevalência para T. gondii na população estudada da cidade de
Salvador, e que hábitos de higiene, principalmente alimentar, influenciam diretamente
na exposição ao protozoário.
Palavras chaves: fatores de risco, Felis catus, toxoplasmose, zoonose.
2
Evaluation of domestic cat ownership as a risk factor to human infection with
Toxoplasma gondii in Salvador, Bahia, Brazil
ABSTRACT
Toxoplasmosis is a worldwide-distributed protozoan zoonosis, caused by Toxoplasma
gondii and affects birds and mammals, including humans, and the domestic cat is the
definitive host. As an important disease in the public health, it is highly investigated in
both human and veterinary medicine fields. Researchers are being conducted worldwide
on the development of diagnosis assays and toxoplasmosis control and prevention
measures. As there are conflicting data on the role of cat ownership as a risk factor to
the human infection with the protozoa, the aim of the present study was to evaluate pet
cats as risk factor to Toxoplasma gondii infection in humans from Salvador city, Brazil,
and also evaluate other potential risk factors. ELISA was performed to detect specific
IgM and IgG in a group of 104 humans, being half of them cat owners, and also IHA
and IFAT were used to test 70 cats owned by these 52 people. The serological results
were correlated with epidemiological data collected through a questionnaire applied to
the humans screened in this study through statistical tests. None of the cats was positive
in the serological assays. There was no significant statistic correlation between the fact
of having a cat or not and the T. gondii infection in humans (p=0,091). The following
habits have been significantly correlated as risk factors: consumption of raw vegetables
without proper washing (p=0,002), consumption of fruits without previous washing
(p=0,003), food prepared with non-treated water (p=0,009), as well as offering to cats
non-commercial food (p=0,001). With these results, it can be concluded that cat
ownership has no influence in the infection by T. gondii in the studied population from
Salvador city, and that hygiene habits, mainly food consumption preventive measures,
have influence in the infection with the protozoa.
Keywords: risk factors, Felis catus, toxoplasmosis, zoonosis
3
INTRODUÇÃO
Os gatos podem ser importantes fontes de infecção de diferentes agentes
zoonóticos, tais como vírus da raiva, Toxoplasma gondii, larva migrans cutânea, e
também os agentes etiológicos da peste bubônica, da tularemia e do tifo (GERHOLD &
JESSUP, 2013). A transmissão para humanos do protozoário Toxoplasma gondii é a
mais estudada dentre elas e tem gerado questionamentos a respeito do papel do felino
na epidemiologia desta infecção em áreas urbanas e rurais (DATTOLI et al., 2011).
Para o gato doméstico adquirir a infecção, devem ser avaliados alguns fatores
que podem ser decisivos, tais como: hábitos de caça, ingestão de carne crua, ou o acesso
à rua, terra ou areia contaminadas (OPSTEEGH et al., 2012). A soroprevalência para
infecção por T. gondii em felinos no mundo varia de 0% a 90% (AKHTARDANESH et
al., 2010) e considera-se que a prevalência média esteja entre 30 e 40% (RAHIMI et al.,
2015).
Além do contato com fezes contaminadas de felinos, as principais fontes de
infecção por T. gondii para humanos são pela ingestão de carnes e verduras
contaminadas por solo e água onde gatos infectados e liberando os parasitos nas fezes
defecaram recentemente, ou por ingestão de carnes e seus subprodutos crus ou mal
passados contendo cistos teciduais, bem como pela ingestão de leite contaminado e seus
derivados não pasteurizados (JONES, PARISE & FIORE, 2014). Há ainda risco de
transmissão de oocistos ao alimento através de insetos vetores carreadores, tais como
moscas e baratas (HILL & DUBEY, 2002).
Estudos apontam que um terço da população mundial possui anticorpos para T.
gondii, variando de 10 a 80% a depender do país e região analisados (ROBERT-
GANGNEUX, 2014). Entre humanos, há polêmicas sobre a maior chance de infecção
para humanos de diferentes sexos (ENGROFF et al., 2014), e a presença do gato no
convívio doméstico é também questionada quanto ao real risco da transmissão pelo
contato com estes animais (JUNG et al., 2017). Sendo assim, o presente estudo teve
como objetivo avaliar a criação de felinos domésticos como fator de risco para infecção
por Toxoplasma gondii para seus proprietários na cidade de Salvador, estado da Bahia,
Brasil.
4
OBJETIVOS
Geral:
Avaliar se o convívio com felinos domésticos pode ser um fator de risco para infecção
por Toxoplasma gondii para seus proprietários, na cidade de Salvador, estado da Bahia,
Brasil.
Específicos:
- Detectar imunoglobulinas anti-T. gondii em gatos e nos seus respectivos responsáveis;
- Verificar a associação da soropositividade em humanos com as condições relatadas
nos questionários aplicados.
HIPÓTESE
O convívio com o gato doméstico não é fator de risco para infecção por T. gondii em
seus proprietários, na cidade de Salvador, Bahia, Brasil.
5
REVISÃO DE LITERATURA
1 O protozoário Toxoplasma gondii
Toxoplasma gondii é um protozoário pertencente ao Filo Apicomplexa, Classe
Coccidia, Ordem Eucoccidiorida, Família Sarcocystidae, Subfamília Toxoplasmatinae.
Dentro desta Subfamília, além do Gênero Toxoplasma, também há os Gêneros
Hammondia, Besnoitia e Neospora, os quais podem ser fonte de reação-cruzada em
ensaios sorológicos (SCHARES et al., 2016).
T. gondii é parasito intracelular obrigatório, que possui complexo apical na
extremidade afilada dos taquizoítos, esporozoítos e bradizoítos. Este complexo é
composto por um conjunto de estruturas responsáveis pela penetração na célula do
hospedeiro, que contêm organelas secretórias especializadas, tais como roptrias e
micronemas, e de elementos do citoesqueleto, como os anéis polares e o conóide
(DUBEY, 2009). Pertence ao Filo Apicomplexa por possuir apicoplasto, uma organela
essencial para a sobrevivência e multiplicação do protozoário (SU et al., 2012).
O protozoário apresenta três formas infectantes: taquizoíto, uma forma clássica
de multiplicação rápida na doença aguda, presente no sangue e secreções, tais como o
leite; bradizoíto, forma latente mais encontrada em infecções crônicas dentro de cistos
teciduais presentes em tecidos e órgãos; e esporozoíto, contido dentro do oocisto,
liberados nas fezes de felídeos infectados. O oocisto não é infectante logo após liberado
no ambiente, ou seja, ainda não está esporulado nas fezes. Sob aerobiose por 1 a 5 dias,
ocorrerá a esporulação, com a formação no seu interior de dois esporocistos, cada um
com quatro esporozoítos. Após ingestão do oocisto infectante pelo hospedeiro
intermediário, o parasito leva de 5 a 21 dias para colonizar tecidos (LAPPIN et al.,
2015), sendo a infecção de hospedeiros intermediários um reflexo da contaminação
ambiental de uma região (ENGROFF et al., 2014).
A viabilidade do oocisto no ambiente depende da temperatura e umidade do
ambiente onde foi liberado, e é necessária exposição ao oxigênio por no mínimo 24
horas para ocorrer esporulação e se tornar infectante por mais de um ano (CERRO et al.,
2014). Em anaerobiose, o oocisto não esporula mesmo após 30 dias, sendo sensível a
cozimento acima de 60o C por um minuto, assim perdendo o potencial infectante
6
(JONES & DUBEY et al., 2012). Porém, o oocisto é resistente a congelamento a -21o C
e por 28 dias no ambiente, ao contrário de bradizoítos, que perdem a infectividade
quando a temperatura interna da carne congelada chega a -12o C. Uma vez que os
oocistos podem sobreviver por mais de um ano, se mantendo viáveis, a presença de
gatos é considerando um fator desencadeante do ciclo epidemiológico, tornando difícil
o controle ambiental deste parasito (LAPPIN et al., 2015).
A contaminação por oocistos na pastagem é a principal via de transmissão para
animais de produção no setor agropecuário extensivo, e altas taxas de prevalência da
infecção pelo protozoário em rebanhos brasileiros podem complicar a situação do Brasil
como potencial exportador de produtos destes animais para o consumo (DATTOLI et
al., 2011). Sendo a infecção aguda e grave por T. gondii considerada uma Doença de
Transmissão por Alimentos (DTA), deve-se evitar o consumo de carnes cruas ou mal
passadas, ou mesmo conservadas sem congelamento, os quais podem manter a
infectividade do parasito (ROSSI et al., 2014).
O T. gondii é considerado um parasita eficiente por raramente causar doença
clínica, ser facilmente transmitido, e conseguir subverter as barreiras do organismo dos
hospedeiros (MURRAY, 2011). Segundo Morlon-Guyot e colaboradores (2014), esta
eficiência só é possível por mecanismos de escape do T. gondii, tais como interação de
antígenos de superfície e fatores secretórios de virulência (proteínas SRS e CDPK) com
o sistema imune do hospedeiro, que podem levar a um estado de tolerização do
hospedeiro por culminar na sobrevivência intracelular de taquizoítos e possibilitar a
formação de cisto tecidual.
As roptrias são capazes de subverter os mecanismos de sinalização da ativação
de células dendríticas, e assim o parasita consegue ser carreado por elas e evitar a morte
por resposta imune inata; esse mecanismo funciona como estratégia de disseminação
para chegar ao estágio latente em órgãos e tecidos do hospedeiro. Também, após a
ingestão, seja de esporozoítos ou bradizoítos, o protozoário utiliza estratégias para
debelar as barreiras imunes do intestino (MURRAY, 2011).
Existe uma estrutura clonal das cepas de T. gondii, sendo reconhecidos três
genótipos principais, I, II e III, os quais podem ser diferenciados através de ensaios
moleculares de restrição e sequenciamento, e que também apresentam graus variáveis
de patogenia em modelo murino (CAN et al., 2014; MCLEOD et al., 2012; SILVA et
7
al., 2014). A linhagem mais comum encontrada em humanos é o tipo II e suas variantes,
denominadas atípicas, que apresentam perfis de mistura entre os genótipos, sendo essa
linhagem considerada cistogênica para camundongos, com grau de patogenicidade
menor que a tipo I (MURRAY, 2011). O genótipo tipo I é o mais patogênico para
camundongos, com potencial de causar em humanos a toxoplasmose congênita (TC) e
suas consequências ao feto, tais como neuropatia, retinopatia e morte fetal (MCLEOD
et al., 2012). Um estudo realizado no Brasil por Vallochi e colaboradores (2005)
demonstrou que o tipo I foi responsável pela maior parte de casos de patologias
oculares em humanos. O tipo III é o menos patogênico para camundongos, e no Irã foi
descrito como associado a abortamentos em mulheres (ABDOLI et al., 2017). Em outro
trabalho realizado no Brasil por Silva et al. (2014), ao estudar crianças recém-nascidas
com TC, os tipos I e III foram descritos como mais virulentos que o tipo II.
Alguns genótipos incomuns já foram encontrados em alguns países, com
destaque para o Brasil (MCLEOD et al., 2012; SILVA et al., 2014). Existe uma
diversidade notável nas estirpes encontradas na América do Sul, evidenciando
recombinação sexual dos genótipos, enquanto que na América do Norte e na Europa
predominam genótipos clonais sem recombinação entre eles (SU et al., 2012). Estes
achados justificam situações em que pode ocorrer a reinfecção em humanos
imunocompetentes por ingestão de produtos cárneos contendo T. gondii com
background genético diferente (ELBEZ-RUBINSTEIN et al., 2009), e de acordo com
experimento nos Estados Unidos, o mesmo pode ocorrer em gatos (JENSEN et al.,
2015).
2 Epidemiologia da infecção por T. gondii
2.1 Gato doméstico
Os resultados encontrados por diversos autores mostram uma frequência da
infecção pelo protozoário em felinos que varia de 0% a 90% no mundo
(AKHTARDANESH et al., 2010; HADDADZADEH et al., 2006), e pode-se dizer que a
média da prevalência da infecção por T. gondii está entre 30 e 40% dos gatos (RAHIMI
et al., 2015). Vale ressaltar que os gatos soronegativos para IgG anti-T. gondii podem
estar na fase hiperaguda da infecção ou realmente nunca tiveram contato com o
8
parasito (ARAÚJO et al., 2011). Neste último caso, seriam animais suscetíveis à primo-
infecção os quais, após este evento, eliminariam oocistos no ambiente. Sendo assim, é
ainda mais importante orientar o proprietário na adoção de medidas que reduzam a
possibilidade de infecção do seu animal por T. gondii, como mantê-lo dentro de casa,
fornecer alimentos seguros e apropriados, fornecer água tratada, dentre outros
(RAHIMI et al., 2015). São listados na Tabela 1 alguns trabalhos que mostraram a
detecção de anticorpos anti-T. gondii em gatos domésticos.
Tabela 1 - Distribuição geográfica da soroprevalência para IgG anti-T. gondii em
gatos domésticos, como relatada por alguns estudos científicos.
Local Amostras
(n)
Característica
dos animais
Prevalência
(%) Técnica Referência
Brasil
Bahia 201; 30 Domiciliados; Errantes 21,4; 23,3 RIFI Munhoz et al. (2017)
Fernando de
Noronha
348; 247
Domiciliados; Errantes
71,26; 54,74
RIFI Magalhães et al.
(2016)
Maranhão 200 Errantes 34,0 RIFI Braga et al. (2012)
Pará 32 Domiciliados 0,0 ELISA Meneses et al. (2011)
Paraná 282 Domiciliados 16,3 RIFI Cruz et al. (2011)
Pernambuco
35
Rurais errantes
25,7
RIFI Arraes-Santos et al.
(2016)
Rio Grande do Sul 245 Domiciliados; Errantes 39,2; 47,11 HAI e RIFI Pinto et al. (2009)
Santa Catarina 300 Domiciliados 14,33 RIFI Rosa et al. (2010)
São Paulo 70 Total urbanos e rurais 15,7 RIFI Coelho et al. (2011)
Outros Países
China 145 Errantes 17,2 ELISA Wang et al. (2012)
Coréia
80;72 Domiciliados;
Errantes
0,0; 11,0
ELISA
Lee et al. (2010)
Estados Unidos
12.628
Domiciliados doentes
28,6 ELISA Vollaire, Radecki &
Lappin (2005)
Irã
70; 70 Domiciliados;
Errantes
34,2; 44,2
MAT Akhtardanesh et al.
(2010)
Holanda
450
Domiciliados
18,2
ELISA Opsteegh et al.
(2012)
México 150 Rurais errantes 9,3 MAT Dubey et al. (2009)
México
105
Domiciliados
21
MAT Alvarado-Esquivel et
al. (2009b)
Peru 154 Domiciliados 11,0 HAI Cerro et al. (2014)
Tailândia
348
Domiciliados
10,1
MAT Sukhumavasi et al.
(2012)
Legenda: ELISA, Ensaio de Imunoabsorção Enzimática; HAI, Hemaglutinação Indireta; MAT, Técnica
de Aglutinação Modificada; RIFI, Reação de Imunofluorescência Indireta.
9
O gato soropositivo e na fase crônica da infecção tem como benefício para o
convívio humano a não eliminação de oocistos em suas fezes, o que só acontece nas
primeiras semanas após a primo-infecção, semelhante à reação imunológica vacinal
(LAPPIN et al., 2015). A reativação, mesmo em gatos imunocomprometidos, é
insignificante no tocante a uma nova fase de eliminação de oocistos no ambiente
(CERRO et al., 2014), assim como não eliminam oocistos quando gatos positivos se
reinfectam com ingestão de presa ou carne crua contendo cistos de T. gondii de
genótipos diferentes da primo-infecção, justificando as variações genéticas (JENSEN et
al., 2015; SU et al., 2012).
2.1.1 Fatores de risco para infecção por T. gondii em gatos
Para o gato doméstico adquirir a infecção, devem ser avaliados alguns fatores
que podem influenciar na soropositividade, tais como idade, hábito de caça com
ingestão de presa infectada, ou ingestão de carne crua de animal infectado oferecida
pelo responsável, ou o acesso à rua, terra e areia contaminada (OPSTEEGH et al., 2012).
As aves têm mostrado importância como reflexo da contaminação ambiental, bem como
na infecção de felídeos que habitualmente caçam esses animais (MILLAR et al., 2008).
O gato jovem, entre a 6ª e 14ª semanas de vida, tem alta atividade de caça que pode
facilitar a primo-infecção e, após o período de incubação de 5 a 20 dias e durante a
parasitemia, começa a eliminar oocistos. Após esse período, o gato cessa a eliminação
de oocistos nas fezes (CERRO et al., 2014).
Em trabalho realizado em gatos domésticos, observou-se uma menor
associação da criação do animal de companhia com o risco de adquirir a infecção
quando sob cuidados de um proprietário (FAKHFAKH et al., 2013); mas em outro
estudo, curiosamente, gatos com acesso à rua e com hábitos alimentares peculiares não
foram, necessariamente, mais soropositivos (MUNHOZ et al., 2017). No entanto, em
revisão sistemática durante 38 anos sobre fatores de risco para adquirir a infecção por T.
gondii no Irã, Rahimi et al. (2015) afirmam que há maior soropositividade em gatos
machos, juvenis e de rua.
Há uma constante associação de prevalência com a idade, pois quanto maior a
idade maior a chance de adquirir a infecção, por isso gatos jovens normalmente
10
apresentam frequência de soropositividade menor que adultos (PINTO et al., 2009), e
em relação à procedência, pois gatos de área rural demonstraram ter soropositividade
maior do que gatos de área urbana devido à exposição aos diversos fatores de risco
(ARRAES-SANTOS et al., 2016; COELHO et al., 2011). Também, segundo Opsteegh
et al. (2012), não foi encontrada associação com gênero, raça, status reprodutivo ou
status vacinal. Com a restrição de acesso ao ambiente contaminado ou caça de animais
infectados, juntamente com cuidados dentro de casa com alimento comercial exclusivo
ao invés de ofertar carne crua, o gato domiciliado pode não ter soropositividade
(MENESES et al., 2011); porém, outro estudo detectou que podem existir variações de
soropositividade independentemente dos animais serem errantes, domiciliados, ou
terem acesso à rua (AKHTARDANESH et al., 2010; LEE et al., 2010; PINTO et al.,
2009).
2.2 Humanos
Estudos apontam que cerca de um terço da população mundial possui
anticorpos para T. gondii, variando de 10 a 80% entre países de acordo com seus
diversos fatores de influência (ROBERT-GANGNEUX, 2014). Uma listagem de alguns
estudos epidemiológicos sobre a infecção com o protozoário em humanos pode ser vista
na Tabela 2.
Em pacientes humanos, a soropositividade para IgG anti-T. gondii pode estar
associada a idade, como já visto que crianças têm frequência de soropositividade menor
que idosos (DATOLLI et al., 2011; ENGROFF et al., 2014), e, no entanto, independe da
procedência, indígena, rural ou urbana (ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2011;
ARAÚJO et al., 2011; BORGUEZAN et al., 2014). Segundo Engroff et al. (2014), a
associação de soropositividade da população estudada com gênero ou com o fato de ter
gato em casa sugere relação com o estilo de vida, hábitos de comer alimentos crus ou
mal cozidos, ou jardinagem sem luva e falta de higienização das mãos.
Sabendo que há transmissão transplacentária quando a mulher adquire pela
primeira vez a infecção por T. gondii durante a gestação, esta então é considerada
população de risco, com prováveis consequências graves para o feto, tais como morte
fetal ou comprometimento no desenvolvimento do recém-nascido; porém, a mulher
soropositiva antes da gestação tem riscos de abortamentos próximos ao zero
11
(BITTENCOURT et al., 2012). O leite materno é também fonte de transmissão do
protozoário, uma vez que o recém-nascido pode apresentar soropositividade para
toxoplasmose humana logo após o nascimento (HILL & DUBEY, 2002), sendo
coerentes então cuidados perinatais, tais como a mãe evitar comer carnes cruas ou mal
passadas, ingerir água filtrada, recolher as fezes do gato infectado, e lavar as mãos,
frutas e verduras (JONES, PARISE & FIORE, 2014).
Segundo Jones & Dubey (2012) a infecção por T. gondii é a mais comum em
todo o mundo, sendo considerada a infecção alimentar aguda a segunda maior causa de
morte e quarta causa de hospitalização nos E.U.A., quando consideradas somente as
DTA. Ainda assim, segundo o Ministério da Saúde e a Secretaria de Vigilância em
Saúde do Brasil, a toxoplasmose não está na lista de Doenças Negligenciadas ou mesmo
na lista de doenças de notificação obrigatória no Brasil (BRASIL, 2008).
Segundo o Ministério da Saúde (2015), o Brasil não possui nenhum programa
de diagnóstico da infecção por T. gondii em animais de produção, em gatos ou em
humanos. Há o registro de quatro surtos no Brasil que datam dos anos de 2002, 2006,
2011 e 2014, sendo um deles considerado o maior do mundo, comprometendo a saúde
de 426 pessoas no estado do Paraná (DUBEY et al., 2012). Ainda em 2015, houve um
surto no período de janeiro e fevereiro em São Marcus, estado do Rio Grande do Sul,
com 154 casos divulgados pela Secretaria de Saúde local, sendo confirmada a
associação com o consumo de carne crua ou mal passada, com diagnóstico clínico de
coriorretinite toxoplásmica na população humana (BRASIL, 2015).
Desde 1978 existe um programa nacional de prevenção da toxoplasmose
congênita na França, sendo os dados de prevalência utilizados para sistemas de
monitoramento e controle da infecção na Europa (VILLARD et al., 2016). O estado do
Rio Grande do Sul estabeleceu que a toxoplasmose é uma doença de notificação
obrigatória desde 1998, por perceber a necessidade do acompanhamento da infecção
pelo T. gondii. A população ganhou assim, além do acompanhamento constante,
tratamento gratuito pelo SUS (BITTENCOURT et al., 2012). No restante do país, além
de não ser uma doença de notificação obrigatória, só foi adotada a avaliação do
atendimento pré-natal a partir de 2011.
.
12
Tabela 2 - Distribuição geográfica da soroprevalência para IgG anti-T. gondii em
humanos, como relatada por alguns trabalhos científicos.
Local Amostras
(n)
Característica Prevalência
(%)
Técnica Referência
Brasil
Bahia 82 HIV positivos 77,3 ELISA e RIFI Nunes et al. (2004)
Bahia 1217 Crianças 17,5 ELISA Dattoli et al. (2011)
Mato Grosso do Sul 256 Indígenas 26,17 RIFI e ELISA Borguezan et al. (2014)
Paraná 422 Gestantes 56,6 ELISA e CMIA Bittencourt et al. (2012)
Paraná 98 Rurais 84,7 MAD Araújo et al. (2011)
Rio Grande do Sul 599 Idosos 88,0 ELISA Engroff et al. (2014)
Outros países
Espanha 1627 Gestantes 92,2 ELISA Ramos et al. (2011)
Estados Unidos 7.072 > 6 anos 13,2 ELISA Jones et al. (2014)
Líbia 300; 300 Psiquiátricos;
Controles
50,3 ; 33,0 ELISA Elsaid et al. (2014)
México 439 Gestantes rurais 8,2 ELISA Alvarado- Esquivel et al. (2009a)
México 61; 203; 168 Encanadores;
Construtores;
Jardineiros
6,6 ; 8,4 ; 6,0 ELISA Alvarado- Esquivel et al. (2010)
México 974 Urbanos 6,1 ELISA Alvarado- Esquivel et al. (2011)
Nigéria 216 Gestantes 31,5 CMIA Uttah et al. (2013)
Legenda: ELISA, Ensaio de Imunoabsorção Enzimática; HAI, Hemaglutinação Indireta; MAD, Método
de Aglutinação Direta; CMIA, Imunoensaio de Quimioluminescência de Micropartículas, Método Ensaio
Imunoenzimático Indireto; RIFI, Reação de Imunofluorescência Indireta.
2.2.1 Fatores de risco para infecção por T. gondii em humanos
Existem autores que associam a maior prevalência da infecção por Toxoplasma
gondii em humanos ao contato com gatos, como pode ser visto na Tabela 3. No
entanto, outros autores afirmam que não há associação com pessoas que têm contato
com gato como fator de risco (ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2009a;
CHANDRASENA et al., 2016; FAKHFAKH et al., 2013; FLATT & SHETTY, 2012;
FU et al., 2014; GELAYE et al., 2015; HOFHUIS et al., 2011; JUNG et al., 2017;
KAMANI et al., 2009; KOLBEKOVA et al., 2007; QUADROS et al., 2015; YOBI et
al., 2014), mostrando como mais importantes outros hábitos humanos (MAATEN et al.,
2016; WEI et al., 2016). Os fatores de risco para humanos que convivem com o gato
13
domiciliado infectado seriam: não realizar limpeza diária da caixa de areia, realizar
jardinagem sem luva em áreas que o gato tem acesso para defecar, e ter contato das
fezes ou do solo contaminado com a boca, segundo já listado por alguns autores,
inclusive no estado da Bahia (CERRO et al., 2014; DATTOLI et al., 2011). Em revisão
sistemática, foi visto que hábitos de acariciar o pelo ou o contato diretamente com o
gato domiciliado não são fatores de risco para a infecção ao seu responsável
(FAKHFAKH et al., 2013).
O risco de adquirir a infecção através da ingestão de alimentos crus ou mal
cozidos, tanto para humanos quanto para gatos, existe devido à contaminação ambiental
com oocisto contendo esporozoitos esporulados, sendo então o manejo de pastagens a
melhor prevenção em animais de produção (ROSSI et al., 2014). Como medida
preventiva a campo, devem-se manter outros animais, incluindo gatos, longe da
pastagem, estábulo e fontes de alimento dos animais de produção, e as fazendas
deveriam estar incluídas nos programas de qualidade e segurança alimentar. O
monitoramento de animais soropositivos deveria ser realizado em abatedouros com
sistema de descontaminação após o abate (T. gondii-free), que inclui procedimentos tais
como o congelamento, irradiação ou alta pressão (KIJLSTRA & JONGERT, 2008).
3 Diagnóstico sorológico da infecção por T. gondii
Os testes sorológicos detectam anticorpos específicos através de imunoensaios
que, a depender da técnica utilizada e do tempo de exposição do hospedeiro, podem
detectar diferentes classes de imunoglobulinas (ENGROFF et al., 2014). Para auxiliar
na escolha do teste, é importante levar em consideração a epidemiologia da espécie a
ser estudada, a localização geográfica e suas determinantes ambientais, auxiliando na
escolha da amostra, da técnica e na interpretação dos dados obtidos (DATTOLI et al.,
2011). Portanto os resultados obtidos devem ser comparados com estudos cujas
influências determinadas sejam semelhantes, bem como os pontos de corte (cut-offs)
devem ser criteriosamente avaliados (SUKHUMAVASI et al., 2012).
Segundo Millar et al. (2008), podem ser utilizadas várias técnicas com objetivo
de detectar anticorpos específicos anti-T. gondii, tais como Ensaio de Imunoabsorção
Enzimática (ELISA), Hemoaglutinação Indireta (HAI), e Reação de
Imunofluorescência Indireta (RIFI).
14
Tabela 3 – Relatos científicos que avaliaram fatores de risco para infecção
com T. gondii.
Referência Local Amostras
(n)
Perfil Prevalência
(%)
Técnica Fatores de risco*
Wilking et al. (2016) Alemanha 6564 Adultos 55,0 ELISA Contato com gato
Dattoli et al. (2011) Brasil 1217 Crianças 17,5 ELISA Contato com gato
Sroka et al. (2010) Brasil 963 Gestantes 68,6 CMIA Contato com gato
Spalding et al. (2005) Brasil 2126 Gestantes 74,5 RIFI Contato com gato
Zhang et al. (2016) China 520;
303;
217
Coreanos;
Manchus;
Mongois
16,54;
13,86;
20,73
ELISA Contato com gato; consumo de
carne mal passada; consumo de
alimentos lavados com água não
tratada
Abamecha & Awel
(2016)
Etiópia 232 Gestantes 85,3 ELISA Contato com gato; consumo de
carne crua ou mal passada
Hofhuis et al. (2011) Holanda 1031 >20 anos 35,0 ELISA Contato com gato; consumo de
carne mal passada; consumo de
frutas ou verduras cruas ou
lavadas com água não tratada
Flatt & Shetty (2012) Inglaterra 2610 Gestantes 17,32 ELISA Consumo de carne crua ou mal
passada; consumo de leite cru
Alvarado- Esquivel et
al. (2010)
México 61 ; 203 ;
168
Encanadores;
Construtores;
Jardineiros
6,6;
8,4;
6,0
ELISA Contato com gato; consumo de
frutas ou verduras cruas ou
lavadas com água não tratada
Alvarado- Esquivel et
al. (2011)
México 974 Urbanos 6,1 ELISA Consumo de carne crua ou mal
passada
Uttah et al. (2013) Nigéria 216 Gestantes 31,5 CMIA Contato com gato
Kamani et al. (2009) Nigéria 180 Adultos 23,9 ELISA Consumo de carne crua ou mal
passada; consumo de frutas ou
verduras cruas ou lavadas com
água não tratada
Said et al. (2017) Reino
Unido
55 Adultos 50,9 ELISA Consumo de carne crua ou mal
passada
Flegr (2017) República
Tcheca
1443;
422
Mulheres;
Homens
30,1 ; 20,1 ELISA e
CFT
Consumo de frutas ou verduras
cruas ou lavadas com água não
tratada
Fakhfakh et al. (2013) Tunísia 2351 Gestantes 47,7 ELISA Consumo de carne crua ou mal
passada; consumo de frutas ou
verduras cruas ou lavadas com
água não tratada
Legenda: ELISA, Ensaio de Imunoabsorção Enzimática; CFT, Complement-Fixation Test; CMIA,
Imunoensaio de Quimioluminescência de Micropartículas; RIFI, Reação de Imunofluorescência Indireta.
*Associação significativa com p < 0,05.
O teste de HAI tem demonstrado ser útil em triagem de diagnóstico, por ser
um método fácil, realiza várias amostras por placa, e rápido, com resultados em apenas,
no máximo 2 horas (PINTO et al., 2009). É um teste citado pela Organização
Internacional de Epizootias (OIE) para o diagnóstico da toxoplasmose em gatos (OIE,
2008), apesar de apresentar sensibilidade menor que os imunoensaios primários.
15
A técnica de RIFI, por ser sensível e segura por utilizar antígeno inativo, pode
ser utilizada para detecção de imunoglobulinas G e M, e se tornou a técnica mais
difundida e utilizada como padrão-ouro no diagnóstico da infecção por T. gondii em
gatos. No entanto, seu custo se torna elevado quando comparado a outras técnicas, por
sua utilização depender de equipamento especial, conjugado específico para a espécie
felina, além de não poder ser automatizado e ter variação de resultados de acordo com o
observador, dependendo de equipe treinada (CERRO et al., 2014).
O método ELISA está entre os de maior aceitação para avaliar anticorpos anti-
T. gondii em nível de rebanho, com o princípio de utilizar antígeno solúvel de 1ª, 2ª ou
3ª geração adsorvido a poços de microtitulação em placas de ELISA, para reagir com o
anticorpo da amostra e ser revelado com o anticorpo anti-imunoglobulina conjugado à
enzima. Dentre as vantagens, é um método relativamente rápido, permite análise de
grande número de amostras testadas ao mesmo tempo, bem como tem reprodutibilidade
em sistema automatizado. Por essas razões é amplamente utilizado no diagnóstico da
infecção em laboratórios de análises clínicas para humanos. Como desvantagem,
necessita de conjugado espécie-específico, deve-se proceder à padronização da técnica e
necessita de equipamento especial para leitura dos resultados, encarecendo seu custo
(BITTENCOURT et al., 2012; BORGUEZAN et al., 2014; DATTOLI et al., 2011;
ENGROFF et al., 2014; OPSTEEGH et al., 2012).
A resposta imune humoral de anticorpos IgM anti-T. gondii em humanos é
detectável a partir de uma semana de infecção, tendo declínio após 1 a 3 meses de
infecção. Por outro lado, anticorpos IgG específicos são detectáveis após 2 semanas,
com picos em 3 meses, e com redução lenta de IgG após 1,5 ano, podendo permanecer
detectável até a morte do indivíduo (VILLARD et al., 2016), sendo assim, a utilização
da técnica de ELISA ou outro imunoensaio primário se torna ideal para a realização
simultânea de ambos anticorpos (BITTENCOURT et al., 2012).
Segundo experimento em 30 gatos negativos para FIV, FeLV e Toxoplasma
gondii, com inoculação experimental oral de bradizoítos de T.gondii, IgG, foi detectado
após 28 dias em alguns dos gatos, mas detectável em 29 dos gatos após 84 dias de
infecção (LAPPIN et al., 2015). Em outro estudo, se conseguiu detectar IgM após 10 a
14 dias de infecção, com declínio após 18 dias de infecção, e IgG foi detectada após 14
dias de infecção, com aumento contínuo até 30 dias após a infecção. (YIN et al., 2015).
16
MATERIAIS E MÉTODOS
1 População de estudo e aplicação do questionário
Humanos participantes que conduziam seus felinos domésticos a clínicas
veterinárias da cidade de Salvador eram entrevistados à medida que chegavam ao
atendimento veterinário e aceitavam participar. Os participantes que não possuíam gatos
eram entrevistados à medida que chegavam ao Serviço de Imunologia de Doenças
Infecciosas da Faculdade de Farmácia da UFBA para realizar exames, e eram
questionados se tinham interesse em participar e se não possuíam gato em casa. Os
humanos que concordaram em fazer parte do estudo foram entrevistados utilizando um
questionário estruturado (Apêndice A). Como critério de inclusão, pessoas que nunca
criaram gatos participaram do grupo controle.
As amostras foram divididas em dois grupos: proprietários e não proprietários
de gatos. Foram convidados 130 proprietários de 151 gatos, no entanto apenas 52
pessoas deste grupo participaram efetivamente, os quais possuíam o total de 70 gatos. O
número amostral do grupo controle, ou seja, não proprietário, foi de 52 pessoas, as
quais foram submetidas também à coleta de sangue. Todas as pessoas assinaram o
Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) (Apêndice B) aceitando
participar do projeto. Os proprietários dos gatos receberam um flyer informativo
(Apêndice C), bem como oritentação sobre medidas preventivas para não adquirir a
infecção por Toxoplasma gondii.
De acordo com as respostas dadas nos questionários e na análise dos animais
no momento da coleta, foram analisadas as seguintes variáveis: gênero, idade, origem
(rua ou gatil), status reprodutivo, raça, acesso a terra, acesso à rua, contato com outros
gatos, compartilhamento de caixa de areia, e dieta alimentar. As análises dos hábitos
humanos foram realizadas avaliando a influência das seguintes variáveis: gênero e
características de procedimentos de segurança alimentar. E foram obtidas informações
aplicáveis apenas aos proprietários, tais como limpeza da caixa de areia (meio,
frequência) e há quantos anos tem contato com gatos dentro de casa.
2 Obtenção de amostras
As coletas de amostras de soros dos 70 gatos, obtidas por conveniência, foram
17
realizadas entre os períodos de 01 de março a 01 de abril de 2015, em clínica particular
especializada em felinos na cidade de Salvador, e no Hospital Veterinário Prof. Renato
de Medeiros Neto da Universidade Federal da Bahia (HOSPMEV/ UFBA), de 01 de
março a 01 de outubro de 2016, em Salvador, Bahia.
As coletas de amostras dos 52 proprietários de gatos e 52 não proprietários
foram realizadas no mesmo período em laboratório clínico humano localizado na
Faculdade de Farmácia (LACTFAR/ UFBA), no campus da UFBA de Ondina.
Profissionais da saúde humana auxiliaram no presente trabalho na obtenção de amostras
humanas, desde a coleta à análise laboratorial, bem como profissionais da saúde animal
auxiliaram desde a coleta à análise laboratorial.
3 Questões éticas
Este estudo foi submetido e aprovado pelo Comitê de Ética da Faculdade de
Medicina – Parecer no. 1.574.698, para a coleta em humanos, como consta na
Plataforma Brasil. A parte que versa sobre a coleta em felinos foi aprovada pelo Comitê
de Ética no Uso de Animais da Escola de Medicina Veterinária e Zootecnia da
Universidade Federal da Bahia - Pareceres no. 03/2015 e no. 51/2015.
4 Sorologia das amostras de felinos
Como recomendado pela OIE para diagnóstico da toxoplasmose em animais,
foram realizados dois ensaios sorológicos distintos para diagnóstico final. Foram então
escolhidos os ensaios de HAI e RIFI, realizados no LDPA.
A técnica de Hemaglutinação Indireta (HAI) foi realizada utilizando kit
comercial e segundo descrição do fabricante (Imuno-HAI TOXOPLASMOSE®,
WIENER). Esta técnica foi utilizada para detecção de IgG dos gatos do presente estudo,
usando o cut-off sugerido pelo fabricante de 1:32. Inicialmente as amostras foram
diluídas e adicionadas aos poços da placa. Depois foram adicionadas hemácias de aves
sensibilizadas com antígeno e aguardou-se o tempo para ocorrer a reação e poder fazer a
análise de cada paciente na placa específica de hemaglutinação. O ensaio relata, em sua
bula, ter sensibilidade de 100% e especificidade de 99,3%.
A Imunofluorescência Indireta foi realizada de acordo com o descrito
anteriormente por Miller et al. (2002). Os soros foram adicionados às lâminas contendo
18
o antígeno (taquizoíto total fixado da cepa RH tipo I de T. gondii, cultivo realizado no
LDPA). Em cada lâmina, foram incluídos os soros controles, positivo e negativo,
oriundos de experimento prévio (banco de soros do LDPA/UFBA). Foi utilizado o
conjugado fluorescente (anti-IgG de gato conjugado com isotiocianato de fluoresceína -
SIGMA®) na diluição de 1:400. As amostras, em diluição inicial de 1:16 (cut-off)
foram avaliadas em microscópio de fluorescência, em aumento de 1.000 vezes.
5 Sorologia das amostras de humanos
As amostras humanas foram testadas no SIDI para a detecção de IgG e IgM
anti-T. gondii com kits comerciais de ELISA (RADIM Diagnostics®), seguindo
recomendações do fabricante, em aparelho de automação para análise laboratorial e
leitura das amostras (Alisei®, Vyttra Diagnósticos). O cut-off considerado para IgG foi
de 11,0 UI/µL de índice de reatividade, e para IgM sendo considerado reagente ou não,
como sugerido pelo fabricante. O ensaio relata, em sua bula, que possui 97,1% de
sensibilidade e 99,1% de especificidade.
6 Análises estatísticas
Com o auxílio do software Microsoft Excel©, foi feita a elaboração de tabelas
através dos dados de sorologia obtidos. Os dados de sorologia e sua associação com as
respostas dos questionários foram submetidos a análises pelos testes de Qui-Quadrado
de Pearson e de Odds Ratio, utilizando-se o software estatístico SPSS® (versão 21.0 for
Windows). As correlações foram consideradas como estatisticamente significativas
quando p < 0,05.
19
Critérios de Inclusão LACTFAR + Questionário
ELISA ELISA Proprietários Não proprietários
IgG IgM IgG IgM
RESULTADOS E DISCUSSÃO
A presença do gato no convívio doméstico é questionada com relação ao real
risco da transmissão do Toxoplasma gondii pelo contato com estes animais domésticos
(JUNG et al., 2017). Devido a essa polêmica, se a criação de gato é ou não fator de risco
para infecção humana, este estudo verificou a correlação em animais e proprietários da
cidade de Salvador. Este estudo não apenas inclui somente ensaios sorológicos em
humanos, como também nos felinos domésticos que conviviam no mesmo ambiente que
as pessoas, diferencial dos demais estudos referentes à sorologia desta infecção.
1 Resultados sorológicos
Foram incluídos neste estudo homens e mulheres, de idades variáveis, e
nenhuma pessoa apresentou soropositividade para IgM, portanto nenhum dos
envolvidos no estudo demonstrava infecção recente. Por outro lado, 46,15% (48/104)
foram soropositivos para IgG independente da criação de gato ou não, sendo esta
frequência bem próxima dos resultados encontrados por Fakhfakh et al. (2013) na
Tunísia, com 47,7% de soropositividade dentre as 2.351 gestantes, e de Wilking et al.
(2016) na Alemanha, com 55% de 6.564 adultos sendo soropositivos. Com relação aos
proprietários de gatos, foram coletadas amostras de sangue de 52 pessoas e de seus 70
gatos domiciliados, e destes foram soropositivas para IgG 20 pessoas (40,38%). O
grupo de pessoas que não possuíam gatos foi constituído por 52 pessoas, e destas 28
(53,84%) foram soropositivas para IgG. Esses resultados estão dispostos na Figura 1.
Figura 1 - Fluxograma da frequência da soropositividade dos humanos.
Resultados 20+ 32- 0+ 52- 28+ 24- 0+ 52-
Frequências 40,38% 0,0% 53,84% 0,0%
20
Dos 70 gatos cujos proprietários concordaram em responder os questionários, nenhum
apresentou sorologia positiva para IgG específica anti-T. gondii em nenhum dos dois testes
utilizados neste estudo, como disposto na Figura 2. Em outros estudos, gatos
domiciliados também tiveram soropositividade de 0,0% no Brasil e na Coréia, sendo
que a soronegatividade exclui estes gatos como fonte de infecção para a infecção
humana neste momento em especial (LEE et al., 2010; MENESES et al., 2011).
Figura 2 - Fluxograma da frequência da soropositividade dos gatos dos quais os
proprietários responderam questionários e se submeteram à coleta de
sangue.
Critérios de Inclusão Felina e HOSPMEV
HAI
RIFI
IgG IgG
Resultados 0+ 70- 0+ 70-
Frequências 0,0% 0,0%
O animal de companhia, quando sob cuidado de um proprietário, tem reduzido
o risco de adquirir a infecção por T.gondii (CERRO et al., 2014; MENESES et al.,
2011; MUNHOZ et al., 2017; OPSTEEGH et al., 2012), justificando a soronegatividade
na população de gatos do presente estudo, onde 54,28% tinham idade acima de um ano
(38/70), 60,0% eram adotados de rua (42/70), 65,71% sem raça definida (46/70),
28,57% não castrados (20/70), 14,28% têm acesso a terra (10/70), 10,0% têm acesso a
rua (7/70), e 34,28% compartilham a caixa de areia com outros gatos da casa (24/70).
Deve-se levar em consideração também que gatos de um ambiente urbano têm menos
acesso a fontes de infecção, principalmente pelo meio urbano se caracterizar por mais
pessoas morando em apartamentos do que em casas, o que limita o contato desses
felídeos com presas e terra contaminada.
2 Análise de fatores de risco na população humana total estudada
Observamos, como um resultado principal deste trabalho, que não houve
associação entre a soropositividade e a presença do gato em ambiente domiciliar
[p=0,091, OR (IC 95%) = 1,451 (0,940–2,241)], demonstrado na Tabela 4. E tal
situação também foi vista por outros autores (ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2009a;
21
CHANDRASENA et al., 2016; FAKHFAKH et al., 2013; FLATT & SHETTY, 2012;
FU et al., 2014; GELAYE et al., 2015; JUNG et al., 2017; KAMANI et al., 2009;
KOLBEKOVA et al., 2007; QUADROS et al., 2015; YOBI et al., 2012). Mas também
há relatos científicos nos quais essa correlação foi evidenciada (ABAMECHA &
AWEL, 2016; ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2010; DATTOLI et al., 2011;
HOFHUIS et al.,2011; SPALDING et al., 2005; SROKA et al., 2010; UTTAH et al.,
2013; WILKING et al., 2016; ZHANG et al., 2016). No entanto, quando analisamos o
fato de que os gatos deste estudo que eram criados por pessoas que responderam aos
questionários foram soronegativos para IgG anti-T. gondii em ambos os testes utilizados
neste estudo, podemos aferir que estes gatos não representavam fontes de transmissão
para a infecção da população humana. Também deve ser mencionado que o presente
estudo considerou proprietários que levavam seus gatos em clínicas veterinárias, o que
demonstra preocupação e cuidado com seus animais, e por isso essas pessoas podem
possuir cuidados maiores com seus animais que evitam a exposição a fatores de risco
para a infecção por T. gondii em felinos.
Tabela 4 - Frequência de soropositividade da população total de pessoas incluídas nesse
estudo, independentemente de terem ou não gatos, e correlação com variáveis
relativas a hábitos alimentares, sexo e idade. (Continua)
IgG positivo
n (%)
OR (IC 95%) p
Cria gatos
Não† (n=52) 28 (53,8)
Sim (n=52) 20 (38,4) 1,451 (0,940 - 2,241) 0,091
Consumo de carne crua1
Não (n=91) 38 (41,7)
Sim (n=13) 10 (76,9) 0,778 (0,465 – 1,302) 0,379
Consumo de carne mal passada1
Não (n=44) 17 (38,6)
Sim (n=60) 31 (51,6) 0,743 (0,464 – 1,189) 0,200
Consumo de leite in natura1
Não (n=54) 26 (48,1)
Sim (n=50) 22 (44,0) 0,951 (0,616 – 1,467) 0,821
Consumo de verduras cruas sem lavar1
Não (n=39) 12 (30,7)
Sim (n=65) 36 (55,3) 1,764 (1,226 – 2,537) 0,002*
Consumo de frutas sem lavar1
Não (n=52) 19 (36,5)
Sim (n=52) 29 (55,7) 1,809 (1,174 – 2,786) 0,003*
22
Tabela 4 - Frequência de soropositividade da população total de pessoas incluídas nesse
estudo, independentemente de terem ou não gatos, e correlação com variáveis
relativas a hábitos alimentares, criação ou não de gatos, sexo e idade. (Continuação)
IgG positivo
n (%)
OR (IC 95%) p
Consumo de água1
Água filtrada (n=79) 28 (35,4)
Água não filtrada (n=25) 20 (80,0) 0,881 (0,570 – 1,362) 0,574
Preparo alimentar 1, 2
Água tratada (n=70) 17 (24,2)
Água não tratada (n=34) 31 (91,1) 1,823 (1,231 – 2,697) 0,009*
Idade (anos)
0 – 20 (n=11) 0 (0) .
21 – 40 (n=43) 17 (39,5) 1,625 (1,268 – 2,083) 0,014*
41 a 60 (n=39) 22 (56,4) 2,615 (1,706 – 4,009) 0,001*
61 a 80 (n=11) 9 (81,8) 3,677 (1,397 – 9,624) 0,001*
Gênero
Masculino (n=13) 8 (61,5)
Feminino (n=91) 40 (43,9) 1,097 (0,636 – 1,894) 0,746
Legenda: 1 Alguma vez durante toda a vida. 2 Água tratada - com sanitizantes ou filtrada; água não
tratada - água diretamente da torneira. † Nunca criou gato na vida. *Associação estatisticamente
significativa no teste de Qui-quadrado de Pearson (p < 0,05).
O desconhecimento da toxoplasmose em si pode ser um fator de risco para ter
contato com o protozoário (ROSSI et al., 2014), no entanto, menos da metade dos
humanos soropositivos (41,67%) conheciam pelo menos um tópico sobre a doença
(risco, transmissão ou prevenção), como simplificado na Tabela 5. Dentre os
proprietários, apenas 15,38% (8/52) não tinha conhecimento de algum tópico, e destes
20,00% (4/20) eram soropositivos, contra não proprietários com ausência de
conhecimento eram 82,69% (43/52) e destes 85,71% (24/28) soropositivos, sendo,
portanto o conhecimento mais presente na população proprietária de gatos e que leva
seu animal ao centro de atendimento especializado.
Tabela 5 – Frequência de soropositividade e desconhecimento sobre a infecção por
Toxoplasma gondii.
Proprietários
n/total (%)
Não proprietários
n/total (%)
Total
n/total (%)
Desconhecimento 8/52 (15,38%) 43/52 (82,69%) 51/104 (59,34%)
Soropositivos com desconhecimento
4/20 (20,00%) 24/28 (85,71%) 28/48 (58,33%)
Apesar de já ter sido relatado que não existe predisposição de idade para
23
adquirir a infecção (ENGROFF et al., 2014), há uma maior exposição ao agente ao
longo da vida, com maior risco temporal de adquirir a infecção.
Da população total, mesmo tendo maioria do sexo feminino atendido no
laboratório conveniado e participando do estudo, 40 (83,33%) mulheres e 08 (16,66%)
homens soropositivos, não houve associação entre soropositividade e sexo das pessoas
incluídas e testadas nesse ensaio [p=0,746; OR (IC 95%) = 1,097 (0,636–1,894)], o
mesmo foi encontrado por Engroff e colaboradores (2014).
Os hábitos alimentares da população total demonstraram maior importância na
infecção por T. gondii, tais como consumir verduras cruas sem lavar [p=0,002; OR (IC
95%) = 1,764 (1,226 – 2,537)], consumir frutas sem lavar [p=0,003; OR (IC 95%) =
1,809 (1,174 – 2,786)], e o preparo de alimentos com água não tratada [p=0,009; OR
(IC 95%) = 1,823 (1,231 – 2,697)], como pode ser visto na Tabela 5. Esses fatores de
risco também já foram descritos por Alvarado-Esquivel et al. (2010) no México,
Fakhfakh et al. (2013) na Tunísia, Flegr (2017) na República Tcheca, Hofhuis et al.
(2011) na Holanda, Kamani et al. (2009) na Nigéria e Zhang et al. (2016) na China.
É reconhecido que a água é um veículo de diversos patógenos, portanto bons
hábitos de higiene evitam a infecção também por T. gondii. Wilking et al. (2016)
descrevem que o hábito vegetariano reduziu o risco de adquirir a infecção por T. gondii,
no entanto ainda existe este risco. O fato de não ser perguntado neste estudo sobre a
água utilizada para o preparo do alimento pode ter interferido diferenciando dos
resultados dos demais trabalhos e do nosso trabalho especificamente, já que o nosso
demonstra fatores de risco relacionados ao preparo inadequado de produtos não
cárneos. O consumo de carne crua ou mal passada é um fator de risco comum que já
visto por Abamecha & Awel (2016) na Etiópia, Flatt & Shetty na Inglaterra (2012) e
Hofhuis et al. (2010) na Holanda. No entanto, no presente estudo, não houve associação
estatística em relação ao consumo de carne crua ou mal passada com a soropositividade,
assim como revelaram estudos por Flegr (2016) e Uttah et al. (2013). Talvez esse fato se
deva à pouca tradição de consumo de carne suína e de pequenos ruminantes na capital
baiana, o que é mais comum no interior (ARAÚJO et al., 2011; BITTENCOURT et al.,
2012; ENGROFF et al., 2014), e também pelo fato de que o acesso à carne comercial é
maior para carnes fiscalizadas pelo SIF (Sistema de Inspeção Federal), o que já não
acontece em um meio rural, onde pode-se ter acesso a carnes não fiscalizadas. Também
24
existe maior tradição de consumo de carnes bovinas, que não estão tão relacionadas à
transmissão do parasito segundo Said e colaboradores (2017).
Muito embora seja relatado que o consumo de leite in natura, ou seja, ingestão
do leite cru sem processamento, seja um fator de risco para adquirir a infecção por T.
gondii (FLATT & SHETTY, 2012), nem o presente estudo nem outros autores
encontraram associação com o consumo de leite cru como fator de risco (ABAMECHA
& AWEL, 2016; ALVARADO-ESQUIVEL et al., 2010; SAID et al., 2016), ou mesmo
outros estudos nem incluíram essa pergunta específica (DATTOLI et al., 2011;
KAMANI et al., 2009; WILKING et al., 2016; ZHANG et al., 2016). Talvez também
nesse momento deve-se considerar o fato de que a população urbana da cidade de
Salvador tem acesso a leite comercial já pasteurizado, o que já não aconteceria em um
ambiente rural, onde o acesso a leite sem pasteurização é mais fácil, e por isso esse leite
sem tratamento pode servir de fonte de infecção.
3 Análise de fatores de risco relacionados à criação do gato
De fato, quando analisamos os hábitos e características de criação de gatos, a
única variável que apresentou associação estatística foi o consumo de outros alimentos
que não somente ração [p=0,001; OR (IC 95%) = 3,444 (1,580 – 7,511)], demonstrado
na Tabela 6, e achados semelhantes foram encontrados por Abamecha & Awel (2016),
Hofhuis et al. (2011) e Zhang et al. (2016). O fato de o gato predar pequenos roedores e
outros animais infectados com cistos teciduais de T. gondii é reconhecido como uma
fonte de infecção importante para os felinos, sendo bem similar ao oferecimento de
carne crua, mesmo que processada, para os animais (ABAMECHA & AWEL, 2016). No
presente estudo, não houve associação estatisticamente significativa com relação ao
gênero do gato, idade, raça, origem de obtenção, status reprodutivo, acesso a terra,
acesso a rua, contato com outros gatos da casa, contato com gatos de rua, ter ou não
caixa de areia, compartilhar esta com outros gatos da casa, limpeza diária da caixa, ou
utilização de pá na coleta das fezes, ou tempo de criação de gatos (este último detalhado
na Tabela 7), e estes achados estão em desacordo com autores que apontam estes
fatores de risco para adquirir a infecção por este protozoário (ARRAES-SANTOS et al.,
2016; COELHO et al., 2011; RAHIMI et al., 2015).
25
Tabela 6 – Correlação da soropositividade para presença de IgG anti-T. gondii em
humanos que criam gatos com fatores relacionados à criação dos mesmos.
Fatores gatos IgG positivo
n (%) OR (IC 95%) p
Gênero1
Fêmea (n=27) 9 (33,3)
Macho (n=31) 11 (35,4) 1,320 (0,660 – 2,369) 0,430
Idade gato (anos) 1
< 1 (n=20) 8 (40,0)
1 a > 10 (n=38) 12 (31,5) 0,794 (0,399 – 1,581) 0,519
Raça 1
Definida (n=12) 3 (25,0) .
SRD (n=46) 17 (36,9) 1,349 (0,489 – 3,274) 0,541
Origem de obtenção1
Compra (n=16) 6 (37,5)
Adoção (n=42) 14 (33,3) 0,860 (0,413 – 1,791) 0,963
Status reprodutivo 1
Castrado (n=38) 12 (31,5)
Não castrado (n=20) 8 (40,0) 2,000 (1,057 – 3,783) 0,48 Acesso à terra
Não (n=42) 16 (38,0)
Sim (n=10) 4 (40,0) 0,750 (0,306 – 1,841) 0,510 Acesso à rua
Não (n=45) 9 (20,0)
Sim (n=7) 5 (71,4) 1,049 (0,502 – 2,192) 0,899 Contato com outros gatos
Não (n=19) 6 (31,5)
Sim (n=33) 14 (42,4) 1,133 (0,530 – 2,425) 0,744 Possui contato
Dentro de casa (n=27) 16 (59,2)
Rua (n=6) 4 (66,6) 1,917 (0,961 – 3,823) 0,131 Alimentação
Só ração (n=31) 6 (19,3)
Outros alimentos (n=21) 14 (66,6) 3,444 (1,580 – 7,511) 0,001* Caixa de areia
Não (n=4) 1 (25,0)
Sim (n=48) 19 (39,5) 1,241 (0,674 – 2,286) 0,565 Compartilhamento de caixa
Não (n=24) 11 (45,8)
Sim (n=24) 8 (33,3) 0,727 (0,356 – 1,485) 0,376 Limpeza da caixa
Diária (n=46) 17 (36,9)
Não diária (n=2) 2 (100,0) 1,294 (0,454 – 3,692) 0,656 Meio da limpeza
Pá (n=42) 17 (40,4)
Outros (n=6) 2 (33,3) 1,294 (0,564 – 3,282) 0,575
Legenda: SRD (Sem Raça Definida). 1Um mesmo proprietário pode ter mais de um gato participante.
*Associação estatisticamente significativa no teste de no teste de Qui-quadrado de Pearson (p < 0,05).
26
Tabela 7 – Resultado dos responsáveis e a relação com o tempo de criação com gatos.
Tempo de criação com gatos (anos)
Responsáveis 0 a 10 11 a 20 21 a 30 31 a 40 41 a 50 51 a 60 Total
IgG + 9 6 2 2 0 1 20
IgG - 25 3 1 3 0 0 32
Total 34 9 3 5 0 1 52
Mesmo pessoas que já criavam gatos, desde meses a 50 anos, foram
soronegativas para a infecção por T.gondii, excluindo a criação de gato como problema
da população no presente estudo. Com a domesticação e cuidados com hábitos
alimentares, há consequentemente uma restrição de acesso ao ambiente contaminado ou
caça de animais infectados, e o gato domiciliado pode então não ter soropositividade
(FAKHFAKH et al., 2013; MENESES et al., 2011). E como visto em revisão
sistemática, hábitos de acariciar o pelo ou o contato diretamente com o gato domiciliado
não são fatores de risco para a infecção do responsável (FAKHFAKH et al., 2013).
27
CONCLUSÃO
Com relação à soropositividade para anticorpos específicos anti-T. gondii em
uma amostra de população humana de Salvador, não encontramos correlação estatística
significativa com o fato de a pessoa criar ou não gatos. De uma população de 70 gatos
pertencentes a 52 pessoas, nenhum deles apresentou soropositividade nos ensaios
utilizados. Os fatores de risco mais importantes para a infecção por T. gondii na
população humana foram consumir verduras cruas ou frutas sem lavar, preparar
alimentos com água não tratada, e o hábito de criação de gatos mais associado com a
infecção pelo protozoário foi o oferecimento de outros alimentos que não a ração
comercial.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Os hábitos alimentares estão mais associados com a infecção com T. gondii em um
fragmento da população de Salvador do que a criação de gato em si, necessitando-se investigar
quais fontes de infecção estão relacionadas com a transmissão do protozoário no ambiente
urbano. Embora exista uma vasta literatura sobre a sorologia de gatos domésticos sobre
toxoplasmose, a nossa compreensão sobre a real importância da presença do gato na
toxoplasmose humana é superficial. Em termos gerais, os cuidados devem estar
voltados para o preparo de frutas e verduras e produtos de origem animal.
28
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABAMECHA, F. & AWEL, H. (2016) Seroprevalence and risk factors of Toxoplasma
gondii infection in pregnant women following antenatal care at Mizan Aman General
Hospital, Bench Maji Zone (BMZ), Ethiopia. BMC Infectious Diseases, 16, n. 1, p.
460-468.
ABDOLI, A., DALIMI, A., SOLTANGHORAEE, H., & GHAFFARIFAR, F. (2017)
Molecular detection and genotypic characterization of Toxoplasma gondii in
paraffin- embedded fetoplacental tissues of women with recurrent spontaneous
abortion. International Journal of Fertility & Sterility, v. 10, n. 4, p. 327-332.
AKHTARDANESH, B., ZIAALI, N., SHARIFI, H., & REZAEI, S. (2010) Feline
immunodeficiency virus, feline leukemia virus and Toxoplasma gondii in stray and
household cats in Kerman–Iran: Seroprevalence and correlation with clinical and
laboratory findings. Research in veterinary science, v. 89, n. 2, p. 306-310.
ALVARADO-ESQUIVEL, C., TORRES-CASTORENA, A., LIESENFELD, O.,
GARCÍA-LÓPEZ, C.R., ESTRADA-MARTÍNEZ, S., SIFUENTES-ÁLVAREZ, A.,
MARSAL-HERNÁNDEZ, J.F., ESQUIVEL-CRUZ, R., SANDOVAL-HERRERA, F.,
CASTAÑEDA, J.A. & DUBEY, J.P. (2009a) Seroepidemiology of Toxoplasma gondii
infection in pregnant women in rural Durango, Mexico. Journal of parasitology, v. 95,
n. 2, p. 271-274.
ALVARADO-ESQUIVEL, C., LIESENFELD, O., HERRERA-FLORES, R. G., RAMÍREZ-SÁNCHEZ, B. E., GONZÁLEZ-HERRERA, A., MARTÍNEZ-GARCÍA,
S. A., & DUBEY, J. P. (2009b) Seroprevalence of Toxoplasma gondii antibodies in cats
from Durango City, Mexico. Journal of parasitology, v. 93, n. 5, p. 1214-1216.
ALVARADO-ESQUIVEL, C., LIESENFELD, O., MÁRQUEZ-CONDE, J. A.,
ESTRADA-MARTÍNEZ, S., & DUBEY, J. P. (2010) Seroepidemiology of infection
with Toxoplasma gondii in workers occupationally exposed to water, sewage, and soil
in Durango, Mexico. Journal of Parasitology, v. 96, n. 5, p. 847-850.
ALVARADO-ESQUIVEL, C., ESTRADA-MARTÍNEZ, S., PIZARRO-
VILLALOBOS, H., ARCE-QUIÑONES, M., LIESENFELD, O., & DUBEY, J.P.
(2011) Seroepidemiology of Toxoplasma gondii infection in general population in a
northern Mexican city. The Journal of parasitology, v. 97, n. 1, p. 40-43.
ARAÚJO, D.A.D., SILVA, A.V.D., ZANETTE, D.F., SILVA, D.R.D., CORREA,
N.A.B., VESLASQUEZ, L.G., & PINTO NETO, A. (2011) Investigação dos fatores
associados à infecção pelo Toxoplasma gondii em cães e seres humanos de Porto
Figueira, PR. Veterinária e Zootecnia, v. 18, n. 1, p. 98-111.
ARRAES-SANTOS, A.I., ARAÚJO, A.C., GUIMARÃES, M.F., SANTOS, J.R.,
PENA, H.F.J., GENNARI, S.M., AZEVEDO, S.S., LABRUNA, M.B., HORTA, M.C.
(2016) Seroprevalence of anti-Toxoplasma gondii and anti-Neospora caninum
29
antibodies in domestic mammals from two distinct regions in the semi-arid region of
Northeastern Brazil. Veterinary Parasitology: Regional Studies and Reports, v. 5, p.
14-18.
BITTENCOURT, L.H.F.D.B., LOPES-MORI, F.M.R., MITSUKA-BREGANÓ, R.,
VALENTIM-ZABOTT, M., FREIRE, R.L., PINTO, S.B., & NAVARRO, I.T. (2012)
Soroepidemiologia da toxoplasmose em gestantes a partir da implantação do Programa
de Vigilância da Toxoplasmose Adquirida e Congênita em municípios da região oeste
do Paraná. Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia, v. 34, n. 2, p. 63-68.
BORGUEZAN, C., SANCHES, F.G., MADEIRA DE OLIVEIRA, J.T., NORBERG,
P.R.B.M., URIARTE, M.A.A., & NORBERG, A.N. (2014) Seroprevalencia de
anticuerpos anti-Toxoplasma gondii en indígenas de la etnia Terena, Mato Grosso do
Sul, Brasil. Revista Cubana de Medicina Tropical, v. 66, n. 1, p. 48-57.
BRAGA, M.D.S.C.D., ANDRÉ, M.R., JUSI, M.M.G., FRESCHI, C.R., TEIXEIRA,
M.C.A., & MACHADO, R.Z. (2012) Occurrence of anti-Toxoplasma gondii and anti-
Neospora caninum antibodies in cats with outdoor access in São Luís, Maranhão,
Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 21, n. 2, p. 107- 111.
BRASIL, Ministério da Saúde. Departamento de Vigilância das Doenças
Transmissíveis (DVDT). Relatórios de Investigações de Surtos e Boletins
Eletrônicos da SVS/MS, 2015.
BRASIL, Secretaria de Vigilância em Saúde. Doenças Negligenciadas. Brasília, 2008,
p. 37. Disponível em: http://www.senado.leg.br/comissoes/cas/ap/
AP_20080604_Doencas_Negligenciadas.pdf
CAN, H., DÖŞKAYA, M., AJZENBERG, D., ÖZDEMIR, H. G., CANER, A., İZ, S.
G., DÖŞKAYA, A. D., ATALAY, E., ÇETINKAYA Ç., ÜRGEN, S., KARAÇALI, S.,
ÜN, C., DARDÉ, M.-L., GÜRÜZ, Y. (2014) Genetic characterization of Toxoplasma
gondii isolates and toxoplasmosis seroprevalence in stray cats of Izmir, Turkey. PloS
One, v. 9, n. 8, e104930.
CERRO, L., RUBIO, A., PINEDO, R., MENDES-DE-ALMEIDA, F., BRENER, B., &
LABARTHE, N. (2014) Seroprevalence of Toxoplasma gondii in cats (Felis catus,
Linnaeus 1758) living in Lima, Peru. Revista Brasileira de Parasitologia Veterinária,
v. 23, n. 1, p. 90-93.
CHANDRASENA, N., HERATH, R., RUPASINGHE, N., SAMARASINGHE, B.,
SAMARANAYAKE, H., KASTURIRIRATNE, A., & DE SILVA, N. R. (2016)
Toxoplasmosis awareness, seroprevalence and risk behavior among pregnant women in
the Gampaha district, Sri Lanka. Pathogens and Global Health, v. 110, n. 2, p. 62-67.
COELHO, W. M. D., DO AMARANTE, A. F. T., DE CARVALHO APOLINÁRIO, J.,
COELHO, N. M. D., DE LIMA, V. M. F., PERRI, S. H. V., & BRESCIANI, K. D. S.
(2011) Seroepidemiology of Toxoplasma gondii, Neospora caninum, and Leishmania
spp. infections and risk factors for cats from Brazil. Parasitology research, v. 109, n. 4,
30
p. 1009-1013.
CRUZ, M. D. A., ULLMANN, L. S., MONTAÑO, P. Y., HOFFMANN, J. L.,
LANGONI, H., & BIONDO, A. W. (2011) Seroprevalence of Toxoplasma gondii
infection in cats from Curitiba, Paraná, Brazil. Revista Brasileira de Parasitologia
Veterinária, v. 20, n. 3, p. 256-258.
DATTOLI, V.C., VEIGA, R.V., CUNHA, S.S., PONTES-DE- CARVALHO, L.,
BARRETO, M.L., & ALCANTARA-NEVES, N.M. (2011) Oocyst ingestion as an
important transmission route of Toxoplasma gondii in Brazilian urban children.
Journal of Parasitology, v. 97, n. 6, p.1080-1084.
DUBEY, J.P. (2009) The history of Toxoplasma gondii — the first 100 years. Journal
of Eukaryotic Microbiology, v. 55, n. 6, p. 467-475.
DUBEY, J. P., VELMURUGAN, G. V., ALVARADO-ESQUIVEL, C., ALVARADO-
ESQUIVEL, D., RODRÍGUEZ-PEÑA, S., MARTÍNEZ-GARCÍA, S., GONZÁLEZ-
HERRERA, A., FERREIRA, L.R., KWOK, O.C.H. & SU, C. (2009) Isolation of
Toxoplasma gondii from animals in Durango, Mexico. (Online) Journal of
Parasitology, v. 95, n. 2, p. 319-322.
DUBEY, J. P., LAGO, E. G., GENNARI, S. M., SU, C., & JONES, J. L. (2012)
Toxoplasmosis in humans and animals in Brazil: high prevalence, high burden of
disease, and epidemiology. Parasitology, v. 139, n. 11, p. 1375-1424.
ELBEZ-RUBINSTEIN, A., AJZENBERG, D., DARDÉ, M. L., COHEN, R.,
DUMÈTRE, A., YERA, H., GONDON, E., JANAUD, J.-C., & THULLIEZ, P.
(2009) Congenital toxoplasmosis and reinfection during pregnancy: case report, strain
characterization, experimental model of reinfection, and review. The Journal of
Infectious Diseases, v. 199, n. 2, p. 280-285.
ELSAID, M. M., AZBEDAH, A. G., DIA EDDIN, E. & ALKOUT, A. (2014) The
prevalence of Toxoplasma gondii infection in psychiatric patients in Tripoli, Libya.
Journal of American Science, v. 10, n. 5, p. 135-140.
ENGROFF, P., ELY, L.S., GUISELLI, S.R., GOULARTE, F.H., GOMES, I., VIEGAS,
K., & DE CARLI, G.A. (2014) Seroepidemiology of Toxoplasma gondii in elderly
individuals treated under the Family Health Strategy, Porto Alegre, Rio Grande do Sul,
Brazil. Ciência & Saúde Coletiva, v. 19, n. 8, p. 3385-3393.
FAKHFAKH, N., KALLEL, K., ENNIGRO, S., KAOUECH, E., BELHADJ, S. &
CHAKER, E. (2013) Risk factors for Toxoplasma gondii and immune status of
pregnant women: cause and effect?. La Tunisie Medicale, v. 91, n. 3, p. 188-190.
FLATT, A. & SHETTY, N. (2012) Seroprevalence and risk factors for toxoplasmosis
among antenatal women in London: a re-examination of risk in an ethnically diverse
population. The European Journal of Public Health, v. 23, n. 4, p. 648-652.
31
FLEGR, J. (2017) Predictors of Toxoplasma gondii infection in Czech and Slovak
populations: the possible role of cat-related injuries and risky sexual behavior in the
parasite transmission. Epidemiology & Infection, v. 145, n. 7, p. 1351-1362.
FU, C. J., CHUANG, T. W., LIN, H. S., WU, C. H., LIU, Y. C., LANGINLUR, M. K.,
LU, M.-Y., HSIAO, W. W.-W. & FAN, C. K. (2014) Toxoplasma gondii
infection: seroprevalence and associated risk factors among primary school children
in the capital area of the Republic of the Marshall Islands. Japanese journal of
infectious diseases, v. 67, n. 5, p. 405-410.
GELAYE, W., KEBEDE, T., & HAILU, A. (2015) High prevalence of anti- toxoplasma
antibodies and absence of Toxoplasma gondii infection risk factors among pregnant
women attending routine antenatal care in two Hospitals of Addis Ababa,
Ethiopia. International Journal of Infectious Diseases, v. 34, p. 41-45.
GERHOLD, R.W & JESSUP, D.A. (2013) Zoonotic diseases associated with free-
roaming cats. Zoonoses Public Health, v. 60, n. 3, p. 189-95.
HADDADZADEH, H. R., KHAZRAIINIA, P., ASLANI, M., REZAEIAN, M.,
JAMSHIDI, S., TAHERI, M., & BAHONAR, A. (2006). Seroprevalence of
Toxoplasma gondii infection in stray and household cats in Tehran. Veterinary
Parasitology, v. 138, n. 3, p. 211-216.
HILL, D. & DUBEY, J.P. (2002) Toxoplasma gondii: transmission, diagnosis and
prevention. Clin Microbiol Infect, v. 8, n. 10, p. 634–640.
HOFHUIS, A., VAN PELT, W., VAN DUYNHOVEN, Y. T. H. P., NIJHUIS, D. M.,
MOLLEMA, L., VAN DER KLIS, F. R. M., HAVELAAR, A. H. & KORTBEEK, M.
(2011) Decreased prevalence and age-specific risk factors for Toxoplasma gondii IgG
antibodies in The Netherlands between 1995/1996 and 2006/2007. Epidemiology &
Infection, v. 139, n. 4, p. 530-538.
JENSEN K.D.C., CAMEJO A., MELO M.B., CORDEIRO C., JULIEN L.,
GROTENBREG G.M., FRICKEL E., PLOEGH H.L., YOUNG L., SAEIJ J.P.J. (2015)
Toxoplasma gondii superinfection and virulence during secondary infection correlate
with the exact ROP5/ROP18 allelic combination. MBio (American Society for
Microbiology), v. 6, n. 2, p. 1-15.
JONES, J.L. & DUBEY, J.P. (2012) Foodborne toxoplasmosis. Clinical Infectious
Diseases, v. 55, n. 6, p. 845-851.
JONES, J. L., PARISE, M. E., & FIORE, A. E. (2014) Neglected parasitic infections in
the United States: toxoplasmosis. The American journal of tropical medicine and
hygiene, v. 90, n. 5, p. 794-799.
32
JONES, J.L., KRUSZON-MORAN, D., RIVERA, H.N., PRICE, C., WILKINS, P.P.
(2014) Toxoplasma gondii Seroprevalence in the United States 2009–2010 and
Comparison with the Past Two Decades. The American Journal of Tropical
Medicine and Hygiene, v. 90, n. 6, p. 1135 – 1139.
JUNG, B. K., SONG, H., LEE, S. E., KIM, M. J., CHO, J., SHIN, E. H., & CHAI, J. Y.
(2017) Seroprevalence and Risk Factors of Toxoplasma gondii Infection among Cat
Sitters in Korea. The Korean Journal of Parasitology, v. 55, n. 2, p. 203-206.
KAMANI, J., MANI, A.U., EGWU, G.O., & KUMSHE, H. A. (2009) Seroprevalence
of human infection with Toxoplasma gondii and the associated risk factors, in
Maiduguri, Borno state, Nigeria. Annals of Tropical Medicine & Parasitology, v.
103, n. 4, p. 317-321.
KIJLSTRA, A., & JONGERT, E. (2008) Control of the risk of human toxoplasmosis
transmitted by meat. International Journal for Parasitology, v. 38, n. 12, p. 1359-
1370.
KOLBEKOVA, P., KOURBATOVA, E., NOVOTNA, M., KODYM, P., & FLEGR, J.
(2007) New and old risk‐factors for Toxoplasma gondii infection: prospective
cross‐sectional study among military personnel in the Czech Republic. Clinical
Microbiology and Infection, v. 13, n. 10, p. 1012-1017.
LAPPIN, M. R., VANLARE, K. A., SEEWALD, W., ROYCROFT, L. M., SCORZA,
A. V., KING, S. & ROBERTS, E. S. (2015) Effect of oral administration of
cyclosporine on Toxoplasma gondii infection status of cats. American journal of
veterinary research, v. 76, n. 4, p. 351-357.
LEE, S.-E., KIM, J.-Y., KIM, Y.-A., CHO, S.-H., AHN, H.-J., WOO, H.-M., LEE, W.-
J., & NAM, H.-W. (2010) Prevalence of Toxoplasma gondii Infection in Stray and
Household Cats in Regions of Seoul, Korea. Korean Journal of Parasitology, v. 48, n.
3, p. 267-270.
MAATEN, T. S.-V., TURNER, D., TILBURG, J.V., & VAARTEN, J. (2016) Benefits
and Risks for People and Livestock of Keeping Companion Animals: Searching for a
Healthy Balance. Journal of Comparative Pathology, v. 155, p. 8-17.
MAGALHÃES, F.J.R., RIBEIRO-ANDRADE, M., SOUZA, F.M., LIMA, F.C.D.F.,
BIONDO, A.W., VIDOTTO, O., NAVARRO, I.T. & MOTA, R.A. (2016)
Seroprevalence and spatial distribution of Toxoplasma gondii infection in cats, dogs,
pigs and equines of the Fernando de Noronha Island, Brazil. Parasitology
International, v. 66, n. 2, p. 43-46.
MCLEOD, R., BOYER, K.M., LEE, D., MUI, E., WROBLEWSKI, K., KARRISON,
T., NOBLE, A.G., WITHERS, S., SWISHER, C.N., HEYDEMANN, P.T., SAUTTER,
M., BABIARZ, J., RABIAH, P., MEIER, P., & GRIGG, M.E. (2012) Prematurity and
severity are associated with Toxoplasma gondii alleles (NCCCTS, 1981-2009). Clinical
Infectious Diseases, v. 54, n. 11, p. 1595-1605.
33
MENESES, A.M.C., NEGRÃO, K.A., MIRANDA, C.F., BASTOS, R.K.G., DE
SOUZA, N.F., DOS SANTOS KURODA, R. B., MORAES, C.C.G. DE, & BENIGNO,
R.N.M. (2011) Ensaio imunoenzimático indireto para detecção de anticorpos IgG anti-
Toxoplasma gondii em gatos na cidade de Belém do Pará, Brasil. Revista de Ciências
Agrárias/Amazonian Journal of Agricultural and Environmental Sciences, v. 52, n.
1, p. 99-105.
MILLAR, P.R., SOBREIRO, L.G., BONNA, I.C.F., & AMENDOEIRA, M.R.R. (2008)
A importância dos animais de produção na infecção por Toxoplasma gondii no Brasil.
Semina: Ciências Agrárias, v. 29, n. 3, p. 693-706.
MILLER, M. A., GARDNER, I. A., PACKHAM, A., MAZET, J. K., HANNI, K. D.,
JESSUP, D., ESTES, J., JAMESON, R., DODD, E., BARR, B. C., GULLAND, F. M.,
LOWENSTINE, L. J. & CONRAD, P. A. (2002) Evaluation of an indirect fluorescent
antibody test (IFAT) for demonstration of antibodies to Toxoplasma gondii in the sea
otter (Enhydra lutris). Journal of Parasitology, v. 88, n. 3, p. 594-599.
MORLON-GUYOT, J., BERRY, L., CHEN, C.-T., GUBBELS, M.-J., LEBRUN, M. &
DAHER, W. (2014) The Toxoplasma gondii calcium-dependent protein kinase 7 is
involved in early steps of parasite division and is crucial for parasite survival. (Online)
Cellular Microbiology, v. 16, p. 95–114.
MUNHOZ, A.D., HAGE, S.B., CRUZ, R.D.S., CALAZANS, A.P.F., SILVA, F.L.,
ALBUQUERQUE, G.R., LACERDA, L.C. (2017) Toxoplasmosis in cats in
northeastern Brazil: Frequency, associated factors and coinfection with Neospora
caninum, feline immunodeficiency virus and feline leukemia virus. Veterinary
Parasitology: Regional Studies and Reports, p. 35-38.
MURRAY, P. J. (2011) Macrophages as a battleground for toxoplasma pathogenesis.
Cell host & microbe, v. 9, n. 6, p. 445-447.
NUNES, C.D.L.X., GONÇALVES, L.A., SILVA, P.T. & BINA, J.C. (2004)
Características clinicoepidemiológicas de um grupo de mulheres com HIV/AIDS em
Salvador-Bahia. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 37, n. 6, p.
436-440.
OIE, Organização Internacional de Epizootias/ World Organisation for Animal Health,
Terrestrial Manual, Cap. 2.9.10 – Toxoplasmosis, 2008, p. 1284-1293. Disponível
em: https://web.oie.int/eng/normes/MMANUAL/2008/pdf/2.09.10_TOXO.pdf
OPSTEEGH, M., HAVEMAN, R., SWART, A. N., MENSINK-BEEREPOOT, E.,
HOFHUIS, A., LANGELAAR, M. F. M., & VAN DER GIESSEN, J. W. B. (2012)
Seroprevalence and risk factors for Toxoplasma gondii infection in domestic cats in The
Netherlands. Preventive veterinary medicine, v. 104, n. 3, p. 317-326.
PINTO, L.D., ARAUJO, F.A.P.D., STOBBE, N.S. & MARQUES, S.M.T. (2009)
Soroepidemiologia de Toxoplasma gondii em gatos domiciliados atendidos em clínicas
34
particulares de Porto Alegre, RS, Brasil. Ciência Rural, v. 39, n. 8, p. 2464- 2469.
QUADROS, R. M. D., ROCHA, G. C. D., ROMAGNA, G., OLIVEIRA, J. P. D.,
RIBEIRO, D. M., & MARQUES, S. M. T. (2015) Toxoplasma gondii
seropositivity and risk factors in pregnant women followed up by the Family Health
Strategy. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v. 48, n. 3, p. 338-
342.
RAHIMI, M. T., DARYANI, A., SARVI, S., SHOKRI, A., AHMADPOUR, E.,
TESHNIZI, S. H., MIZANI, A. & SHARIF, M. (2015) Cats and Toxoplasma gondii: a
systematic review and meta-analysis in Iran: review article. Onderstepoort Journal of
Veterinary Research, v. 82, n. 1, p. 1-10.
RAMOS, J. M., MILLA, A., RODRÍGUEZ, J. C., PADILLA, S., MASIÁ, M. &
GUTIÉRREZ, F. (2011) Seroprevalence of Toxoplasma gondii infection among
immigrant and native pregnant women in Eastern Spain. Parasitology research, v. 109,
n. 5, p. 1447-1452.
ROBERT-GANGNEUX, F. (2014) It is not only the cat that did it: How to prevent and
treat congenital toxoplasmosis. Journal of Infection, v. 68, p. 125-133.
ROSA, L. D., MOURA, A. B. D., TREVISANI, N., MEDEIROS, A. P., SARTOR, A.
A., SOUZA, A. P. D., & BELLATO, V. (2010) Toxoplasma gondii antibodies on
domiciled cats from Lages municipality, Santa Catarina State, Brazil. Revista
Brasileira de Parasitologia Veterinária, v. 19, n. 4, p. 268-269.
ROSSI, G.A.M., HOPPE, E.G.L., MARTINS, A.M.C.V. & PRATA, L.F. (2014)
Zoonoses parasitárias veiculadas por alimentos de origem animal: revisão sobre a
situação no Brasil. Arquivos do Instituto Biológico, v. 81, n. 3, p. 290-298.
ROSSI, G. A. M., HOPPE, E. G. L., MARTINS, A. M. C. V., & PRATA, L. F. (2014)
Foodborne parasitic zoonosis: a review of the situation in Brazil. Arquivos do Instituto
Biológico, v. 81, n. 3, p. 290-298.
SAID, B., HALSBY, K.D., O'CONNOR, C. M., FRANCIS, J., HEWITT, K.,
VERLANDER, N. Q., GUY, E., & MORGAN, D. (2017) Risk factors for acute
toxoplasmosis in England and Wales. Epidemiology & Infection, v. 145, n. 1, p. 23-
29.
SCHARES, G., ZILLER, M., HERRMANN, D.C., GLOBOKAR, M.V., PANTCHEV,
N., CONRATHS, F.J. (2016) Seasonality in the proportions of domestic cats shedding
Toxoplasma gondii or Hammondia hammondi oocysts is associated with climatic
factors. International Journal for Parasitology, v. 46, n. 4, p. 263-273.
SILVA, L. A., ANDRADE, R. O., CARNEIRO, A. C. A., & VITOR, R. W. (2014)
Overlapping Toxoplasma gondii genotypes circulating in domestic animals and humans
in southeastern Brazil. PloS one, v. 9, n. 2, e90237.
SPALDING, S. M., AMENDOEIRA, M. R. R., KLEIN, C. H. & RIBEIRO, L. C.
35
(2005) Serological screening and toxoplasmosis exposure factors among pregnant
women in South of Brazil. Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, v.
38, n. 2, p. 173-177.
SROKA, S., BARTELHEIMER, N., WINTER, A., HEUKELBACH, J., ARIZA, L.,
RIBEIRO, H., & LIESENFELD, O. (2010) Prevalence and risk factors of
toxoplasmosis among pregnant women in Fortaleza, Northeastern Brazil. The
American Journal of Tropical Medicine and Hygiene, v. 83, n. 3, p. 528-533.
SU, C., KHAN, A., ZHOU, P., MAJUMDAR, D., AJZENBERG, D., DARDÉ, M. L.,
ZHU, X.Q., AJIOKA, J.W., ROSENTHAL, B.M., DUBEY, J.P., &
SIBLEY, L. D. (2012) Globally diverse Toxoplasma gondii isolates comprise six major
clades originating from a small number of distinct ancestral lineages. Proceedings of
the National Academy of Sciences, v. 109, n. 15, p. 5844-5849.
SUKHUMAVASI, W., BELLOSA, M.L., LUCIO-FORSTER, A., LIOTTA, J.L., LEE,
A.C., PORNMINGMAS, P., CHUNGPIVAT, S., MOHAMMED, H.O., LORENTZEN,
L., DUBEY, J.P. & BOWMAN, D.D. (2012) Serological survey of Toxoplasma gondii,
Dirofilaria immitis, Feline Immunodeficiency Virus (FIV) and Feline Leukemia Virus
(FeLV) infections in pet cats in Bangkok and vicinities, Thailand. Veterinary
parasitology, v. 188, n. 1, p. 25-30.
UTTAH, E. C., AJANG, R., OGBECHE, J., ETTA, H., & ETIM, L. (2013)
Comparative Seroprevalence and Risk Factors of Toxoplasmosis among Three
Subgroups in Nigeria. Journal of Natural Sciences Research, v. 3, n. 8, p. 23-28.
VALLOCHI, A. L., MUCCIOLI, C., MARTINS, M. C., SILVEIRA, C., BELFORT,
R., & RIZZO, L. V. (2005) The genotype of Toxoplasma gondii strains causing ocular
toxoplasmosis in humans in Brazil. American Journal of Ophthalmology, v. 139, n. 2,
p. 350-351.
VILLARD, O., CIMON, B., L’OLLIVIER, C., FRICKER-HIDALGO, H.,
GODINEAU, N., HOUZE, S., PARIS, L., PELLOUX, H., VILLENA, I. &
CANDOLFI, E. (2016) Serological diagnosis of Toxoplasma gondii infection:
recommendations from the French National Reference Center for
Toxoplasmosis. Diagnostic Microbiology and Infectious Disease, v. 84, n.1, p. 22-33.
VOLLAIRE, M.R., RADECKI, S.V., & LAPPIN, M.R. (2005) Seroprevalence
of Toxoplasma gondii antibodies in clinically ill cats in the United States. American
Journal of Veterinary Research, v. 66, n. 5, p. 874-877.
WANG, Q., JIANG, W., CHEN, Y.-J., LIU, C.-Y., SHI, J.-L. & LI, X.- T. (2012)
Prevalence of Toxoplasma gondii antibodies, circulating antigens and DNA in stray cats
in Shanghai, China. (Online) Parasites and Vectors, v. 5, n. 190.
WEI, H.-X., HE, C., YANG, P.-L., LINDSAY, D.S., & PENG, H.-J. (2016)
Relationship Between Cat Contact and Infection by Toxoplasma gondii in
Humans: A Meta-Analysis. Comparative Parasitology, v. 83, n. 1, p. 11-19.
36
WILKING, H., THAMM, M., STARK, K., AEBISCHER, T., & SEEBER, F. (2016)
Prevalence, incidence estimations, and risk factors of Toxoplasma gondii infection
in Germany: a representative, cross-sectional, serological study. Scientific reports, v.
6.
YIN, Q., EL-ASHRAM, S., LIU, X.-Y. & SUO, X. (2015) Early detection of
Toxoplasma gondii-infected cats by interferon-gamma release assay. Experimental
Parasitology, v. 157, p. 145-149.
YOBI, D., VAN GEERTRUYDEN, J. P., PIARROUX, R., JACQUELINE, F., &
TSHINDELE, P. L. (2012) High prevalence of toxoplasmosis and risk factors in
Pregnant women in Kinshasa, Democratic Republic of Congo. International Journal
of Infectious Diseases, v. 16, e179.
ZHANG, X. X., ZHAO, Q., SHI, C. W., YANG, W. T., JIANG, Y. L., WEI, Z. T.,
WANG, C.-F. & YANG, G. L. (2016) Seroprevalence and associated risk factors
of Toxoplasma gondii infection in the Korean, Manchu, Mongol and Han ethnic groups
in eastern and northeastern China. Epidemiology & Infection, v. 144, n. 9, p. 2018-
2024.
37
APÊNDICES
38
APÊNDICE A – Ficha de dados contendo informações dos envolvidos no projeto e
fatores de risco para a toxoplasmose humana e felina.
39
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) acordado pelos
responsáveis que participaram do projeto.
40
APÊNDICE C - Informativo contendo informações sobre toxoplasmose e entregue aos
responsáveis sob forma de livreto.