UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior...

46
UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA TAMIRES SANTANA SANTOS TRANSPORTE SUPERFICIAL DA BIOMASSA ZOOPLANCTÔNICA, COM ÊNFASE EM CHAETOGNATHA, NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA, BRASIL. SALVADOR 2016

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

INSTITUTO DE GEOCIÊNCIAS

PROGRAMA DE GRADUAÇÃO EM OCEANOGRAFIA

TAMIRES SANTANA SANTOS

TRANSPORTE SUPERFICIAL DA BIOMASSA ZOOPLANCTÔNICA, COM

ÊNFASE EM CHAETOGNATHA, NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA,

BRASIL.

SALVADOR 2016

Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

TAMIRES SANTANA SANTOS

TRANSPORTE SUPERFICIAL DA BIOMASSA ZOOPLANCTÔNICA, COM

ÊNFASE EM CHAETOGNATHA, NA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA,

BRASIL.

Monografia apresentada ao Curso de Graduação em

Oceanografia, Instituto de Geociências, Universidade

Federal da Bahia, como requisito parcial para obtenção do

grau de Bacharel em Oceanografia.

Orientador: Prof. Dr. Paulo Mafalda Jr. Co-Orientadora: Prof. Dr. Christiane Sampaio de Souza

SALVADOR 2016

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

III

Dedico esse trabalho a meu esposo

Paulo Freitas Junior

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

IV

AGRADECIMENTOS

A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre.

Aos meus pais, pelo apoio financeiro durante esses anos.

Aos meus tios, primos e irmã pelo apoio durante toda a minha vida, pelos

momentos felizes e compreensão por minhas escolhas.

Aos meus colegas de graduação e professores que me ajudaram nesse

período, principalmente aos que se tornaram grandes amigos e foram fundamentais

para que eu conseguisse cumprir esse ciclo. Guardarei vocês eternamente.

Aos meus orientadores Paulo Mafalda e Christiane Souza, pelo acolhimento,

por acreditarem em meu potencial e me ensinarem a fazer ciência.

À família LABPLAN, os antigos, os novos e especialmente Lin, Xena, Igor

Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução desse trabalho.

Aos amigos Raíza Lopes e Jean Rodrigues pela ajuda crucial e paciente

trabalho de revisão. Amo vocês.

Às amigas de longa data, Thalita, Raquel, Lilian, Tiana e Rebecca, por todos

os momentos, pelo apoio e por atrapalhar meus estudos às vezes, mantendo minha

sanidade mental. Lindas!

Aos que me incentivaram na fase de aprovação e escolha do curso,

especialmente Camila Cunha e Alan Barbosa.

Ao meu esposo Paulo Freitas Junior por sua dedicação durante esses anos,

por acreditar em mim quando eu mesma desacreditei e pelo apoio incondicional

nesse período.

Ao EcoPaleo, pela disponibilização dos dados de fitoplâncton.

À FAPESB, pelas bolsas concedidas durante este projeto.

A todos qυе de alguma forma fizeram parte dа minha formação, о mеυ muito

obrigado.

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

V

SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS ...................................................................................... VII

LISTA DE TABELAS ..................................................................................... VIII

RESUMO ........................................................................................................ IX

1. INTRODUÇÃO ....................................................................................... 10

1.1 ÁREA DE ESTUDO ............................................................................ 12

2. OBJETIVO ............................................................................................. 15

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS .............................................................. 15

3. MATERIAL E MÉTODOS ...................................................................... 15

3.1 AMOSTRAGEM ................................................................................. 15

3.2 PROCEDIMENTO LABORATORIAL E ANÁLISE DE DADOS ........... 17

3.2.1 Tratamento das amostras ............................................................. 17

3.2.2 Determinação da biomassa zooplanctônica .................................. 17

3.3 ANÁLISE DE DADOS......................................................................... 18

3.3.1 Frequência de Ocorrência (FO) .................................................... 18

3.3.2 Abundância Relativa dos Organismos (Ar) ................................... 19

3.3.3 Índice de Riqueza de Margalef (IRM)............................................ 19

3.3.4 Densidade dos Organismos (D) .................................................... 19

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA .................................................................... 20

3.4.1 Análise Inferencial ......................................................................... 20

3.4.2 Análise Multivariada ...................................................................... 20

3.5 DIAGRAMA T-S ................................................................................. 20

3.6 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL ............................................................... 21

4. RESULTADOS ...................................................................................... 21

4.1 CARACTERIZAÇÃO PLUVIOMETRICA ............................................ 21

4.2 CARACTERIZAÇÃO OCEANOGRÁFICA .......................................... 22

4.2.1 Temperatura ................................................................................. 22

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

VI

4.2.2 Salinidade ..................................................................................... 22

4.2.3 Diagrama T-S ................................................................................ 22

4.2.4 Turbidez ........................................................................................ 23

4.3 COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DA ASSEMBLÉIA

ZOOPLANCTÔNICA .............................................................................................. 23

4.3.1 Abundância Relativa (AR%) .......................................................... 23

4.3.2 Índice Riqueza de Margalef .......................................................... 24

4.3.3 Frequência de Ocorrência (FO%) ................................................. 25

4.3.4 Densidade Total ............................................................................ 25

4.3.5 Densidade dos grupos dominantes ............................................... 26

4.4 BIOMASSA ZOOPLANCTÔNICA ...................................................... 28

4.4.1 Biovolume ..................................................................................... 28

4.4.2 Peso Úmido .................................................................................. 28

4.4.3 Peso Seco ..................................................................................... 29

4.4.4 Peso Orgânico .............................................................................. 29

4.5 INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA DA MASSA DE ÁGUA SOBRE A

ASSEMBLÉIA ZOOPLANCTÔNICA ...................................................................... 29

4.6 CHAETOGNATHA COMO INDICADORES DE MASSAS DE ÁGUA . 31

5. DISCUSSÃO.......................................................................................... 32

5.1 CARACTERISTIVAS PLUVIOMÉTRICAS E OCEANOGRÁFICAS ... 32

5.2 ASSEMBLÉIA ZOOPLANCTÔNICA................................................... 32

5.3 VARIABILIDADE ESPACIAL DA ASSEMBLÉIA ZOOPLANCTÔNICA

34

5.4 CHAETOGNATHA INDICADORES DE MASSAS DE ÁGUA ............. 35

6. CONCLUSÕES ...................................................................................... 36

7. REFERÊNCIAS ..................................................................................... 38

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

VII

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1. LOCALIZAÇÃO DA BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA (LESSA ET AL., 2009) ... 14

FIGURA 2. POSIÇÃO DAS QUATRO ESTAÇÕES DE MONITORAMENTO DISTRIBUÍDAS AO LONGO

DO EIXO PRINCIPAL DA BTS, ENTRE O CANAL DE SALVADOR E O CANAL DE SÃO ROQUE.

............................................................................................................................ 16

FIGURA 3. PRECIPITAÇÃO PLUVIOMÉTRICA (MM) MENSAL OBSERVADA (MAIO DE 2012 E

JULHO DE 2013), E ESPERADA (MÉDIA ENTRE JANEIRO DE 1997 E DEZEMBRO DE 2012),

EM SALVADOR, BAHIA. FONTE: INMET ................................................................... 21

FIGURA 4. DIAGRAMA T-S, OBTIDO DURANTE O PERÍODO ENTRE MAIO DE 2012 E JULHO DE

2013, NO PERFIL BTS ........................................................................................... 22

FIGURA 5. ABUNDÂNCIA RELATIVA DOS GRUPOS ZOOPLANCTÔNICOS CARACTERÍSTICOS NO

EIXO PRINCIPAL DA BTS, DURANTE O PERÍODO ENTRE MAIO DE 2012 E JULHO DE 2013.

............................................................................................................................ 24

FIGURA 6. VARIABILIDADE ESPACIAL DO ÍNDICE DE RIQUEZA DE MARGALEF NO EIXO

PRINCIPAL DA BTS, DURANTE O PERÍODO ENTRE MAIO DE 2012 E JULHO DE 2013. ..... 24

FIGURA 7. FREQUÊNCIA DE OCORRÊNCIA PERCENTUAL DOS GRUPOS ZOOPLANCTÔNICOS

CARACTERÍSTICOS NO EIXO PRINCIPAL DA BTS, DURANTE O PERÍODO ENTRE MAIO DE

2012 E JULHO DE 2013. ......................................................................................... 25

FIGURA 8. VARIABILIDADE ESPACIAL DA DENSIDADE DOS GRUPOS DOMINANTES NO EIXO

PRINCIPAL DA BTS, DURANTE O PERÍODO ENTRE MAIO DE 2012 E JULHO DE 2013. ..... 27

FIGURA 9. VARIABILIDADE ESPACIAL DO BIOVOLUME (A) PESO ÚMIDO (B) DO

MESOPLÂNCTON NO EIXO PRINCIPAL DA BTS, DURANTE O PERÍODO ENTRE MAIO DE

2012 E JULHO DE 2013. ......................................................................................... 28

FIGURA 10. VARIABILIDADE ESPACIAL DO PESO SECO (A) PESO ORGÂNICO (B) DO

MESOPLÂNCTON NO EIXO PRINCIPAL DA BTS, DURANTE O PERÍODO ENTRE MAIO DE

2012 E JULHO DE 2013. ......................................................................................... 29

FIGURA 11. DIAGRAMA DE ORDENAÇÃO DA ANÁLISE DE REDUNDÂNCIA PARA A ESTRUTURA

DA MASSA DE ÁGUA E ZOOPLÂNCTON, ENTRE MAIO DE 2012 E JULHO DE 2013, NO

PERFIL BAÍA DE TODOS OS SANTOS, BAHIA. (CAMPANHAS: 1 – 20; ESTAÇÕES DE

AMOSTRAGEM 1, 4, 7 E 10). ................................................................................... 30

FIGURA 12. VARIABILIDADE ESPACIAL DE QUETOGNATOS, ENTRE MAIO DE 2012 E JULHO DE

2013, NO EIXO CENTRAL DA BTS. ........................................................................... 31

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

VIII

LISTA DE TABELAS

TABELA 1. PROFUNDIDADE MÉDIA (PM), LATITUDE E LONGITUDE DAS ESTAÇÕES DE

AMOSTRAGEM NO PERFIL BTS. ............................................................................... 16

TABELA 2. RESULTADOS DAS MÉDIAS, DO TESTE DE KRUSKAL-WALLIS (P-VALOR) E DO

TESTE DE COMPARAÇÕES MÚLTIPLAS STUDENT-NEWMAN-KEULS (P-VALOR), PARA A

ANÁLISE DA VARIABILIDADE ESPACIAL (ESTAÇÕES) DAS VARIÁVEIS OCEANOGRÁFICAS. . 23

TABELA 3. RESULTADOS DAS MÉDIAS E DO TESTE DE KRUSKAL-WALLIS (P-VALOR) PARA A

ANÁLISE DA VARIABILIDADE TEMPORAL (CAMPANHAS) DAS VARIÁVEIS OCEANOGRÁFICAS.

............................................................................................................................ 23

TABELA 4. RESULTADOS DO TESTE DE KRUSKAL-WALLIS (P-VALOR) PARA A ANÁLISE DA

VARIABILIDADE ESPACIAL (ESTAÇÕES) E TEMPORAL (CAMPANHAS); E DO TESTE DE

COMPARAÇÕES MÚLTIPLAS STUDENT-NEWMAN-KEULS (P-VALOR), DAS VARIÁVEIS

RELACIONADAS À ASSEMBLEIA ZOOPLANCTÔNICA. .................................................... 26

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

IX

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo caracterizar o transporte superficial do

zooplâncton, com ênfase em Chaetognatha, entre o canal de Salvador e o canal de

São Roque, na Baía de Todos os Santos, Salvador. As coletas foram realizadas

mensalmente entre maio de 2012 e julho de 2013, acompanhando a progressão da

estofa de maré enchente em quatro estações baía adentro. Em cada estação foi

realizado um perfil vertical da coluna d’água com um CTD (Condutivity, Temperature

and Depth). As amostras de mesozooplâncton foram coletadas a bordo de uma

lancha rápida empregando rede cônica com malha de 200 µm, dotada de fluxômetro.

A composição da assembleia zooplanctônica da BTS de Salvador foi característica

de ambiente marinho, com maioria dos grupos holoplanctônica e minoria

meroplanctônica. Foram identificados 41 grupos, sendo 6 característicos: Copépoda,

Chaetognatha, Larvacea, P. avirostris, L. faxoni e Brachyura. Copépoda foi o grupo

mais abundante, seguido de Lucifer faxoni. Durante o período de amostragem, a

pluviosidade observada foi menor que a esperada. Foi identificado um período seco

entre setembro/2012 e março/2013 e dois períodos chuvosos: entre maio/2012 e

agosto/2012 além do período entre abril/2013 e julho/2013. Episódios de aumento

na precipitação aumentaram a descarga do rio e de nutrientes na Baía de Todos os

Santos, o que gerou um aumento da biomassa planctônica na desembocadura do

Rio Paraguaçu. Temperatura e Salinidade não apresentaram variabilidade espacial,

mas apresentaram variabilidade temporal. Turbidez não apresentou variabilidade

temporal, mas apresentou variabilidade espacial. A Riqueza de Margalef demonstrou

correlação negativa com a turbidez. Os dados de temperatura e salinidade indicaram

a presença de duas massas de água na BTS: Água Tropical e Água Costeira. O

gradiente oceanográfico gerado pela presença de duas massas de água explicou a

variabilidade espacial dos organismos indicadores hidrológicos. Foram encontradas

4 espécies de Chaetognatha indicadoras de massas de água: Parasagitta tenuis,

Flaccisagitta enflata, Flaccisagitta hexaptera e Krohnitta pacifica. Ficou evidenciado

o transporte superficial do zooplâncton para fora da Baía de Todos os Santos.

Palavras chave: transporte larval, circulação gravitacional, estuário.

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

10

1. INTRODUÇÃO

O zooplâncton estuarino possui função crucial nesse ambiente. Ele controla o

crescimento do fitoplâncton em determinados períodos do ano (MÜLLER & RAYA-

RODRIGUEZ, 2012), contribui para ciclagem de nutrientes inorgânicos em águas

salobras por meio da excreção de formas de nitrogênio e fósforo (NEUMANN-

LEITÃO, S. 1995), além de ser predado por espécies de peixes com valor

econômico (RODRIGUEZ, S.K. & MORALEZ, R., 2012). A assembleia planctônica é

composta por organismos que variam desde bactérias a ovos e larvas de peixes,

que desenvolvem papel fundamental na cadeia trófica, transferindo a produção

primária para níveis superiores. (BOLTOVSKOY, 1981; CAVALCANTI, E.A.H. et al.,

2008).

O cálculo de biomassa é uma maneira de quantificar a energia armazenada

sob a forma de matéria orgânica. Apesar de ser uma ferramenta importante, utilizada

em estudos de produtividade, condição nutricional e do papel de cada espécie na

cadeia trófica (RÉ, 2001), essa determinação não deve, em hipótese alguma,

substituir os cálculos de abundância numérica e composição taxonômica, sendo

apenas uma medida para suplemento e complemento do estudo (BEERS, 1981).

Nos estuários, a salinidade é fulcral no controle do desenvolvimento e

distribuição espacial do zooplâncton: espécies que suportam altos valores de

salinidade na entrada dos estuários são substituídas por espécies adaptadas à baixa

salinidade no interior do estuário. (TAN H. et al., 2004). Outro fator determinante na

distribuição do zooplâncton é a hidrodinâmica estuarina. A dinâmica das marés,

juntamente com a descarga fluvial, regula a população planctônica (WOOLDRIDGE

& CALLAHAN, 2000). De acordo com tipo e direção das correntes de maré, o

ambiente pode atuar no transporte, exportando ou importando organismos das áreas

costeiras adjacentes (RAWLINSON et al., 2005).

Grande parte dos organismos que constituem o zooplâncton possui um curto

período de vida. Além disso, estudos prévios demonstram que podem ocorrer

mudanças na densidade e diversidade desses organismos, além de mudanças

celulares (mutações), conforme o ambiente se modifica natural ou antropicamente

(MCLUSKY, 2013; URIARTE &VILLATE, 2004). Dessa forma, esses organismos

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

11

podem ser utilizados como excelentes bioindicadores, além de se adaptarem muito

bem a ambientes dinâmicos como os estuários (DAY JR. et al. 1989).

Youssara & Graudy (2001) defendem que embora diversos aspectos da

assembleia zooplânctonica sejam relativamente invariáveis, algumas espécies

demonstram preferência por determinada estrutura hidrológica. Dessa forma, além

de bons indicadores da qualidade da água, o zooplâncton tem sido utilizado,

também, como indicador de massas d’água por vários autores (RUSSELL, FS, 1935;

BIERI, 1959; SUND, 1964; ULLOA, R, 2000; RESGALLA Jr., 2008).

O filo Chaetognatha é caracterizado por conter espécies indicadoras de

massas d’água (ULLOA, R, 2000; VEGA-PÉREZ & SCHINKE, 2011). Em meio aos

principais grupos que compõem o zooplâncton, esse filo inclui 209 espécies

amplamente distribuídas através dos oceanos, dentre as quais, 25 ocorrem em

águas brasileiras (VEJA-PÉREZ & SCHINKE, 2011; SOUZA et al. 2014). Esse

conjunto de organismos chega a compor 10% da biomassa total do zooplâncton

marinho (BALL & MILLER, 2006). Quetognatos possuem papel chave no

zooplâncton marinho, uma vez que atuam como competidores, predadores e presas

(CASTRO P & HUBER M., 2005). Somado a isso, o filo também é relacionado às

áreas de atrativo potencial pesqueiro (BOLTOVSKOY, 1981).

Além desses fatores, a ampla distribuição dos quetognatos torna esse grupo

um grande estruturador das assembleias zooplanctônicas marinhas, com sua

influência atingindo níveis tróficos mais elevados (PAERRE, 1980). Em função

dessas características, esse filo vem sendo estudado por diversos pesquisadores no

nordeste do Brasil (PRADO, M.S., 1961; CAVALCANTI et al., 2004; ARAÚJO,

H.M.P. et al., 2005; MELO, D.C.M., 2015).

Compreender os mecanismos físicos de transporte larval é fundamental para

os estudos de dispersão do zooplâncton. Respondendo perguntas sobre a origem e

assentamento das larvas é possível encontrar soluções para questões como a

sobrepesca, fragmentação de habitats críticos e estabelecimento de áreas marinhas

protegidas (CARRILLO & VASQUEZ, 2008). O conhecimento sobre o

comportamento larval em ecossistemas costeiros marinhos é importante para os

estudos de ecologia do zooplâncton e dos ambientes em que está inserido, gerando

dados sólidos para o gerenciamento costeiro. Estudos como esses são uma

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

12

ferramenta de grande valor no entendimento das relações entre estuário e zona

costeira em regiões tropicais.

Melo Júnior et al., (2007) indicam que no nordeste brasileiro existem muitas

informações disponíveis sobre biomassa zooplanctônica, porém o conhecimento

sobre a dinâmica do fluxo de biomassa sestônica entre o estuário e a região costeira

ainda é limitado.

Estudos sobre a composição, biomassa, produtividade e variabilidade espaço-

temporal do plâncton se iniciaram há várias décadas na Baía de Todos os Santos

(SANTOS, 1970; PEIXINHO, 1972; MAFALDA JR. et al., 2008). Ainda assim, existe

carência de conhecimento da sua variabilidade horizontal/vertical e transporte de

biomassa. Tornam-se necessários estudos multidisciplinares que indiquem a

influência de processos hidrodinâmicos sobre a abundância e distribuição das

assembleias planctônicas para que a dinâmica do ambiente pelágico seja melhor

compreendida (LOPES et al., 2009).

Os trabalhos executados sobre o zooplâncton da BTS apresentam pequena

extensão espaço-temporal, e foram realizados principalmente no norte da BTS e na

baía de Aratu (MAFALDA JR., 2003, 2008; FORTE NETO et al., 2014; MALTEZ et

al., 2014). Em função disso, existe a necessidade de um esforço em obtenção

regular de dados para permitir um zoneamento da composição, densidade e

biomassa zooplanctônica. Dessa forma será possível avaliar a tendência do seu

transporte no eixo principal da BTS, uma vez que variações sazonais no padrão de

circulação já foram detectadas (CIRANO E LESSA, 2007).

1.1 ÁREA DE ESTUDO

A Baia de Todos os Santos (BTS) (Figura 1) é uma grande baía localizada nas

bordas da terceira maior cidade brasileira, Salvador, e possui relevância reconhecida

por ser a segunda maior baía do Brasil e um polo turístico por excelência (HATJE et

al., 2009). A BTS desempenha papel central no desenvolvimento do Estado da

Bahia, abrigando diversos portos e a capital do Estado (Salvador), além do polo

petroquímico (LOPES, R., 2009).

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

13

Pereira & Lessa (2009) definiram o clima da região como tropical e úmido.

Descreveram, também, um período chuvoso entre março e julho sendo este,

responsável por 60% da precipitação anual, e um período seco entre agosto e

fevereiro.

A circulação na BTS é forçada pelas marés e boa parte da baía possui

características essencialmente marinhas, com a coluna d’água bem misturada.

Essas características são consequências da pequena descarga fluvial presente na

baía, de forma que condições estuarinas somente são observadas próximas à saída

dos rios (DOMINGUEZ & BITTENCOURT, 2009). Variações na altura de maré, na

BTS, são geradas desde a entrada da baía, em decorrência de suas características

morfológicas. No interior na BTS, as marés são semi diurnas, com variações

inferiores a 2 m durante a quadratura e cerca de 3 m durante a sizígia (LESSA et al.,

2009).

Três grandes bacias de drenagem associadas aos rios Subaé, Jaguaripe e

Paraguaçu, além de outras 91 pequenas bacias são responsáveis pela descarga da

BTS. A baía possui regiões com características particulares de circulação de água,

consequência da união entre a complexidade da dinâmica de maré, a localização

dos pontos de descarga de água doce, as diferenças climáticas entre Salvador e

Cachoeira (eixo Leste-Oeste) e a diferença de sazonalidade das chuvas entre as

bacias de drenagem (LESSA et al., 2009).

Duas massas d’água características, geradas pelas diferenças sazonais de

salinidade e temperatura, são encontradas na BTS, segundo Cirano e Lessa (2007):

a Água Tropical, que penetra a baía durante o período do verão, possui salinidade

acima de 36 e temperaturas acima de 20ºC; e a Água Costeira, que se forma na

BTS no período de inverno, impedindo a entrada da Água Tropical, possui

salinidades inferiores a 36 e é mais fria que a Água Tropical.

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

14

Figura 1. Localização da Baía de Todos os Santos, Bahia (LESSA et al., 2009)

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

15

2. OBJETIVO

Caracterizar o transporte superficial do zooplâncton com ênfase em

Chaetognatha, entre o canal de Salvador e o canal de São Roque.

2.1 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

Caracterizar a variabilidade espaço-temporal da estrutura da assembleia

mesozooplanctônica, em termos de composição taxonômica, frequência de

ocorrência, abundância relativa, riqueza e densidade.

Investigar a correlação entre a estrutura da massa de água (temperatura,

salinidade e turbidez) e o mesozooplâncton (densidade e biomassa).

Identificar espécies de quetognatos indicadores hidrológicos.

3. MATERIAL E MÉTODOS

3.1 AMOSTRAGEM

Foram realizadas 14 campanhas, em preamar de quadratura, com início em

maio de 2012 e término em julho de 2013. As campanhas de quadratura ocorreram

mensalmente, acompanhando a progressão da estofa de maré enchente em quatro

estações baía adentro (Tabela 1; Figura 2), de modo a encontrar as mesmas

condições dinâmicas em todas as estações (sinoticidade dinâmica).

As estações de amostragens foram localizadas na entrada do canal de

Salvador (estação 1), centro da BTS (estação 4), desembocadura do estuário do

Paraguaçu (estação 7) e no canal de São Roque (estação 10). A distância entre as

estações 1 à 10 foi, aproximadamente, 50 km; trecho onde a profundidade média é

de 26 m.

Em cada estação foi realizado um perfil vertical da coluna d’água com um CTD

(Condutivity, Temperature and Depth) Seacat Profiler, modelo SBE 19 Plus, que

registrou dados de temperatura (°C) e turbidez (NTU). O CTD, acoplado a um sensor

SRO Seapoint, derivou - com base na pressão e condutividade - dados de

profundidade (m) e salinidade.

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

16

As amostras de mesozooplâncton foram coletadas a bordo de uma lancha

rápida, através de arrastos horizontais de superfície com duração de 3 minutos

empregando rede cônica com malha de 200 µm, dotada de fluxômetro (Hydro-Bios)

para quantificação do volume de água filtrada (OMORI & IKEDA, 1992). Após

coletadas, as amostras foram transferidas para frascos plásticos e fixadas a bordo

em solução formalina a 4%.

Tabela 1. Profundidade Média (PM), latitude e longitude das estações de amostragem no perfil BTS.

ESTAÇÃO

AMOSTRAL

PM (m) LATITUDE LONGITUDE

ESTAÇÃO 1 32 12⁰59'33.0"S 38⁰32'93.0"O

ESTAÇÃO 4 28 12⁰52'0.0"S 38⁰39'39.0"O

ESTAÇÃO 7 18 12⁰49'24.0"S 38⁰45'47.0"O

ESTAÇÃO 10 33 12⁰51'3.6"S 38⁰50'26.4"O

Figura 2. Posição das quatro estações de monitoramento distribuídas ao longo do eixo principal da BTS, entre o canal de Salvador e o canal de São Roque.

Rio Paraguaçu

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

17

3.2 PROCEDIMENTO LABORATORIAL E ANÁLISE DE DADOS

3.2.1 Tratamento das amostras

Em laboratório, a análise do zooplâncton foi feita em sua totalidade utilizando

microscópio estereoscópico. A contagem dos organismos foi feita através de

alíquotas 5% da amostra (BONEY, 1976).

O biovolume planctônico foi estimado a partir da sedimentação total do

zooplâncton em proveta graduada (BOLTOVSKOY, 1981). Os resultados foram

expressos em ml e convertidos em ml/m3 utilizando o volume de água filtrado,

através das seguintes fórmulas:

𝐕𝐚𝐟 = 𝐀 ∗ 𝐑 ∗ 𝐂

Onde,

Vaf = volume de água filtrado (m3);

A = área da boca da rede (m2);

R = número de rotações do fluxômetro;

C = fator de calibração do fluxômetro (m/rotações).

Os resultados foram expressos em m3.

𝐁𝐢𝐨𝐯𝐨𝐥𝐮𝐦𝐞 = 𝐁𝐢𝐨𝐯𝐨𝐥𝐮𝐦𝐞 (𝐦𝐥)

𝐕𝐚𝐟 (𝐦𝟑)

Os resultados foram expressos em ml/m3.

A composição taxonômica do mesozooplâncton foi feita ao nível de grandes

grupos (BOLTOVSKOY, 1981), com exceção do filo Chaetognatha que foi

identificado em nível de espécie segundo literatura (BOLTOVSKOY, 2005).

3.2.2 Determinação da biomassa zooplanctônica

As amostras de zooplâncton foram padronizadas para 200 ml após a triagem do

ictioplâncton (ovos e larvas de peixe), devido sua relevância para a compreensão da

dinâmica de populações de espécies de importância comercial e do funcionamento do

ecossistema costeiro (BOLTOVZKOY, 1981).

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

18

A determinação da biomassa mesozooplanctônica, em 50% da amostra, foi

realizada através do peso úmido, peso seco e peso orgânico, seguindo a

metodologia de Omori & Ikeda (1992) e os resultados foram expressos em mg/m3.

O cálculo da biomassa (biomassa úmida, seca e orgânica) foi obtido a partir do

quociente entre o valor de cada amostra (N) e o volume de água filtrada (Vaf),

(MACHADO, 1980), utilizando-se a seguinte fórmula:

𝐁 = 𝐍 ∗ 𝟐

𝐕𝐚𝐟

Onde,

B = Biomassa;

N = valor de biomassa em cada amostra (Mg);

Vaf = volume de água filtrado (m3);

2 é o fator que corrige o total da amostra para 100%.

3.3 ANÁLISE DE DADOS

3.3.1 Frequência de Ocorrência (FO)

A Frequência de Ocorrência foi calculada através da seguinte fórmula:

𝐅𝐎 = 𝐓𝐚

𝐓𝐀∗ 𝟏𝟎𝟎

Onde,

FO = Frequência de Ocorrência;

Ta = número de amostras que o táxon ocorre;

TA = total de amostras. Os resultados estão apresentados em percentagem

(%).

Para a estimativa da Frequência de Ocorrência de cada táxon foi utilizada a

escala de Neumann-Leitão (1994), considerando:

> 70 % muito frequente; 70 – 40 % frequente; 39 – 10 % pouco frequente; < 10

% esporádico.

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

19

3.3.2 Abundância Relativa dos Organismos (Ar)

A Abundância Relativa foi calculada pela fórmula:

𝐀𝐫 = 𝐍

𝐍𝐚∗ 𝟏𝟎𝟎

Onde,

N = densidade total de organismos de cada táxon nas amostras;

Na = densidade total de organismos nas amostras.

Os resultados estão expressos em percentagem (%).

3.3.3 Índice de Riqueza de Margalef (IRM)

A riqueza foi avaliada através do número de taxa pelo IRM (MARGALEF,

1958), que foi estimado pela fórmula:

𝐈 = 𝐒 – 𝟏

𝐋𝐨𝐠 𝐍.

Onde,

I = Índice de riqueza;

S = número de taxa presente na amostra;

N = número de indivíduos na amostra (abundância).

3.3.4 Densidade dos Organismos (D)

A densidade de organismos por unidade de volume foi obtida pela fórmula:

𝐃 = 𝐍𝐭

𝐕𝐭

Onde,

D= densidade;

Nt = número total de organismos de cada táxon nas amostras;

Vt = volume total de água filtrado.

Os resultados estão expressos em org/m3.

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

20

3.4 ANÁLISE ESTATÍSTICA

3.4.1 Análise Inferencial

Os dados oceanográficos (temperatura, salinidade e turbidez) e os dados de

plâncton (densidade e biomassa de mesozooplâncton) foram submetidos ao Teste

de Shapiro-Wilk (TSW) para avaliar a sua normalidade. Como os dados não foram

normais, foi empregado o Teste de Kruskal-Wallis (TKW). Estes testes foram

realizados através do programa Bioestat 5.3 (AYRES et al., 2000).

3.4.2 Análise Multivariada

Sobre as matrizes de táxons e de variáveis ambientais foi aplicado um método

multidimensional de ordenação, conhecido como análise direta de gradiente e a

Análise de Redundância (RDA). A RDA possui a finalidade de evidenciar a estrutura

dos conjuntos de dados oceanográficos responsáveis pela sua variabilidade. A

matriz de táxons foi formada com os grupos zooplanctônicos característicos.

Segundo RICHARDSON et al., (1980), espécies raras carregam pouca

informação classificatória. Ademais, análises ecológicas baseadas em matrizes

extensas, devido inclusão de taxa que ocorre com frequência esporádica, fornecem

resultados duvidosos, uma vez que se atribui alta correlação aos táxons que

possuem grande número de ausências simultâneas (NEUMANN-LEITÃO, 1994).

Com a intenção de normalizar os dados - através da homogeneização das

variâncias - e reduzir o efeito das espécies dominantes, foi aplicada a transformação

log (x+1) sobre os dados de densidade de zooplâncton (CASSIE, 1962).

O teste de permutações de Monte Carlo foi realizado para testar a significância

estatística da contribuição das variáveis ambientais (temperatura, salinidade e

turbidez) e dos eixos canônicos (TER BRAAK, 1986).

A análise RDA foi realizada empregando o pacote estatístico Canoco for

Windows versão 4.5 (TER BRAAK & SMILAUER, 1998).

3.5 DIAGRAMA T-S

O diagrama T-S (temperatura e salinidade) foi utilizado para caracterizar as

massas de água.

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

21

3.6 DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL

A representação da distribuição espacial da biomassa e da densidade dos

principais grupos foi realizada através da elaboração de mapas utilizando o

programa SURFER FOR WINDOWS da Golden Software Inc. (KEEKLER,1995).

4. RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO PLUVIOMETRICA

A região de Salvador apresenta um padrão de precipitação pluviométrica,

analisado ao longo de 40 anos, composto por um período seco (precipitação inferior

a 133 mm), entre agosto e fevereiro, e um período chuvoso (valores superiores a

133 mm), entre março e julho (SEI, 1999).

A pluviosidade mensal total (Figura 3), registrada durante o período da

amostragem (maio de 2012 a julho de 2013), indicou que o volume de chuvas

observado não foi o esperado em relação à média dos últimos 15 anos (janeiro de

1997 a dezembro de 2012), conforme o teste de aderência para proporções

esperadas desiguais (Teste de Qui-quadrado, p<0,0001).

Figura 3. Precipitação pluviométrica (mm) mensal observada (maio de 2012 e julho de 2013), e esperada (média entre janeiro de 1997 e dezembro de 2012), em Salvador, Bahia. Fonte: INMET

0

100

200

300

400

500

J F M A M J J A S O N D J F M A M J J A S O N D

mm

Mês

Observada

Esperada

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

22

4.2 CARACTERIZAÇÃO OCEANOGRÁFICA

4.2.1 Temperatura

A temperatura média não apresentou diferença espacial significativa (Tabela 2)

no período de amostragem, porém houve diferença temporal (Tabela 2) significativa

com a menor temperatura em agosto/2012, na campanha 5 (25ºC) e a maior

temperatura em fevereiro/ 2013, na campanha 12 (29 ºC).

4.2.2 Salinidade

A salinidade média não apresentou diferença espacial (Tabela 2) significativa

no período de amostragem, porém houve diferença temporal (Tabela 3) significativa

com a menor salinidade junho/2013, na campanha 18 (33.7) e a maior salinidade em

fevereiro/2013, na campanha 12 (37.7).

4.2.3 Diagrama T-S

Através do diagrama T-S (Figura 4), pode-se visualizar as massas de Água

Costeira e Tropical na Baía de Todos os Santos. A massa de Água Costeira

(Salinidade entre 31,4 e 36 e temperatura entre 24,8ºC e 29,5ºC) foi formada entre

maio e novembro/2012 e entre maio e julho/2013. A massa de Água Tropical

(salinidade maior que 36 e temperatura entre 25ºC e 30,5ºC) foi registrada em todas

as campanhas, no período de amostragem, com exceção dos meses de julho e

agosto de 2012.

Figura 4. Diagrama T-S, obtido durante o período entre maio de 2012 e julho de 2013, no perfil BTS

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

23

4.2.4 Turbidez

Para a turbidez, não houve diferença temporal (Tabela 3) significativa no

período de amostragem. Porém, a turbidez média aumentou da estação 1 para a

estação 10, apresentando diferença espacial (Tabela 2) significativa.

Tabela 2. Resultados das médias, do Teste de Kruskal-Wallis (p-valor) e do Teste de Comparações Múltiplas Student-Newman-Keuls (p-valor), para a análise da variabilidade espacial (estações) das variáveis oceanográficas.

1 4 7 10 TKW 1x4 1x7 1x10 4x7 4x10 7x10

TEMP 26.4 27.3 27.8 27.9 p = 0.0697

SAL 36.6 36.4 35.7 34.4 p = 0.0744

TUR 0.62 0.72 1.80 3.05 p = 0.0000 p>0.05 p<0.01 p<0.01 p<0.01 p<0.01 p>0.05

Tabela 3. Resultados das médias e do Teste de Kruskal-Wallis (p-valor) para a análise da variabilidade temporal (campanhas) das variáveis oceanográficas.

C2 C3 C5 C6 C7 C8 C9 C10 C12 C14 C15 C17 C18 C20 TKW

TEMP 26.4 26.0 25.0 26.6 26.4 28.3 27.8 28.4 29.6 29.5 28.7 27.3 26.6 26.3 p<0.05

SAL 35.5 34.3 34.3 35.4 35.9 36.2 36.8 37.5 37.7 37.6 37.5 35.7 33.7 33.6 p<0.05

TUR 1.3 1.8 1.1 0.9 1.3 0.8 2.3 2.8 1.9 2.6 1.9 1.1 1.1 0.9 p>0.05

4.3 COMPOSIÇÃO E ESTRUTURA DA ASSEMBLÉIA ZOOPLANCTÔNICA

4.3.1 Abundância Relativa (AR%)

A Abundância Relativa percentual forneceu o critério empregado na

determinação dos grupos característicos da assembleia zooplanctônica. Foram

selecionados os grupos com abundância relativa superior a 0,4%: Penilia avirostris

(Dana, 1852), Lucifer faxoni (Borradaile, 1915), Copépoda, Brachyura, Chaetognatha

e Larvacea. Copépoda apresentou-se como o grupo dominante, representando

83,5% da abundância total, seguido de Lucifer faxoni (9,1%), Chaetognatha (2,3%),

Penilia avirostris (1,4%), Brachyura (0,6%) e, por fim, Larvacea (0,4%) (Figura 5).

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

24

Figura 5. Abundância relativa dos grupos zooplanctônicos característicos no eixo principal da BTS, durante o período entre maio de 2012 e Julho de 2013.

4.3.2 Índice Riqueza de Margalef

Durante o período de amostragem, os valores do Índice de riqueza de Margalef

médios (IRM) variaram entre 2.4 e 3.4. O resultado da análise de variância

demonstrou diferença significativa para a variabilidade temporal, com os menores

valores relacionados aos maiores valores de turbidez e pluviosidade; e para a

variabilidade espacial (Tabela 4), com os valores do IRM diminuindo da estação 1,

em direção a estação 10 (Figura 6).

83,5

9,12,4 1,4 0,6 0,4 2,5

0,0

20,0

40,0

60,0

80,0

100,0

Copepoda L.faxoni Chaetognata P.avirostris Brachyura Larvacea Outros

AR%

Figura 6. Variabilidade espacial do Índice de Riqueza de Margalef no eixo principal da BTS, durante o período entre maio de 2012 e julho de 2013.

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

25

4.3.3 Frequência de Ocorrência (FO%)

A Frequência de Ocorrência percentual dos grupos característicos não

apresentou grande variabilidade ao longo das campanhas, tendo como referência a

escala de frequência de ocorrência de Neumann-Leitão (1994). Os grupos

apresentaram FO% maior que 70% na maioria das campanhas, sendo

caracterizados como muito frequentes. As exceções foram: Penilia avirostris, não foi

registrada nas campanhas 2 e 14, e foi classificada como frequente na campanha 20

(FO= 50%); Lucifer faxoni não foi registrado na campanha 8 e foi classificado como

frequente nas campanhas 14 (FO= 50%) e 20 (FO= 50%); Brachyura foi classificado

como frequente na campanha 20 (FO= 50%); Chaetognatha foi classificado como

pouco frequente na campanha 8 (FO= 25%); e Larvacea foi classificado como

frequente na campanha 2 (FO= 50%) (Figura 7).

4.3.4 Densidade Total

Durante o período de amostragem, a densidade média do zooplâncton variou

entre 881 org/m³ e 7524 org/m³. Não houve diferença temporal significativa no

período de amostragem (Teste KW= 0.4895), porém houve diferença espacial

significativa (Teste KW= 0.0002) (Tabela 4), com uma tendência a maiores valores

de densidade nos pontos 7 e 10 e menores valores nos pontos 1 e 4.

Figura 7. Frequência de Ocorrência percentual dos grupos zooplanctônicos característicos no eixo principal da BTS, durante o período entre maio de 2012 e julho de 2013.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

26

4.3.5 Densidade dos grupos dominantes

A densidade dos táxons variou da seguinte forma: Copépoda, entre 1 org/m³ e

84648 org/ m³; Lucifer faxoni, entre 0.1 org/m³ e 10005 org/m³; Chaetognatha, entre

0.1 org/m³ e 2984 org/m³; Penilia avirostris, entre 0.1 org/m³ e 865 org/m³; de

Brachyura, entre 0.1 org/m³ e 470 org/m³; e Larvacea, entre 0.1 org/m³ e 114 org/m³.

Durante o período de amostragem, não houve diferença temporal significativa

para os seguintes grupos: Copépoda, Lucifer faxoni, Brachyura, Larvacea. Porém,

houve diferença temporal significativa para os seguintes grupos: Chaetognatha,

Penilia avirostris. Não houve diferença espacial significativa para os seguintes

grupos: Chaetognatha, Penilia avirostris e Larvacea. Porém, houve diferença

espacial significativa para os seguintes grupos: Copépoda, Lucifer faxoni e

Brachyura, com os valores de densidade aumentando do ponto 1 em direção ao

ponto 10 (Tabela 4) (Figura 8).

Tabela 4. Resultados do Teste de Kruskal-Wallis (p-valor) para a análise da variabilidade espacial (estações) e temporal (campanhas); e do Teste de Comparações Múltiplas Student-Newman-Keuls (p-valor), das variáveis relacionadas à assembleia zooplanctônica.

TKW- Temporal

TKW - Espacial

1x4 1x7 1x10 4x7 4x10 7x10

BIO p>0.05 p = 0.0055 p<0.05 p<0.01 p<0.05 p>0.05 p>0.05 p>0.05

PU p>0.05 p = 0.0001 p<0.01 p<0.01 p<0.01 p>0.05 p>0.05 p>0.05

PS p>0.05 p = 0.0015 p<0.01 p<0.01 p<0.05 p>0.05 p>0.05 p>0.05

PO p>0.05 p = 0.0181 p<0.05 p<0.01 p<0.05 p>0.05 p>0.05 p>0.05

Densidade Total

p>0.05 p = 0.0002 p>0.05 p< 0.05 < 0.0001 p>0.05 p<0.01 p>0.05

Densidade P.avirostris

p< 0.05 p =0.0551

Densidade L.faxoni

p>0.05 p =0.0000 p>0.05 p<0.01 p<0.01 p<0.01 p<0.01 p>0.05

Densidade Brachyura

p>0.05 p = 0.0165 p>0.05 p<0.05 p<0.01 p>0.05 p>0.05 p>0.05

Densidade Copepoda

p>0.05 p = 0.0052 p>0.05 p<0.01 p<0.01 p>0.05 p<0.05 p>0.05

Densidade Chaetognatha

p< 0.05 p = 0.8571

Densidade Larvacea

p>0.05 p = 0.1646

Índice de Margalef

p< 0.05 p = 0.0261 p>0.05 p>0.05 p< 0.05 p>0.05 p>0.05 p>0.05

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

27

Figura 8. Variabilidade espacial da densidade dos grupos dominantes

no eixo principal da BTS, durante o período entre maio de 2012 e julho de 2013.

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

28

4.4 BIOMASSA ZOOPLANCTÔNICA

4.4.1 Biovolume

Durante o período de amostragem, a densidade média do biovolume do

mesoplâncton variou entre 2.0 ml/m³ e 3.5 ml/m³. Não foi encontrada diferença

temporal significativa, porém houve uma diferença espacial significativa (Tabela 4),

com uma clara tendência do aumento da densidade do biovolume da estação 1 em

direção a estação 10, com um pico de biovolume do mesoplâncton no ponto 7

(Figura 9A).

4.4.2 Peso Úmido

O valor médio do Peso Úmido variou entre 0.17 g/m³ e 1.08 g/m³. Não foi

encontrada uma diferença temporal significativa, porém houve diferença espacial

significativa (Tabela 4), com tendência de aumento do Peso Úmido da estação 1 até

a estação 7 e posterior decréscimo em direção ao ponto 10 (Figura 9B).

Figura 9. Variabilidade espacial do Biovolume (A) Peso Úmido (B) do mesoplâncton no eixo principal da BTS, durante o período entre maio de 2012 e julho de 2013.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

29

4.4.3 Peso Seco

O valor médio de Peso Seco variou entre 0.014 g/m³ e 0.060 g/m³. Não foi

encontrada uma diferença temporal significativa, porém houve diferença espacial

significativa (Tabela 4), com tendência de aumento do Peso seco da estação 1 até a

estação 7 e posterior decréscimo em direção ao ponto 10 (Figura 10A).

4.4.4 Peso Orgânico

O valor médio do Peso Orgânico variou entre 0.008 g/m³ e 0.023 g/m³. Não foi

encontrada uma diferença temporal significativa, porém houve diferença espacial

significativa (Tabela 4), com tendência de aumento do Peso Orgânico da estação 1

até a estação 7 e posterior decréscimo em direção ao ponto 10 (Figura 10B).

4.5 INFLUÊNCIA DA ESTRUTURA DA MASSA DE ÁGUA SOBRE A

ASSEMBLÉIA ZOOPLANCTÔNICA

Foi aplicado um modelo estatístico multivariado, conhecido como análise direta

de gradiente, do tipo Análise de Redundância (RDA), para 14 campanhas de

Figura 10. Variabilidade espacial do Peso Seco (A) Peso Orgânico (B) do mesoplâncton no eixo principal da BTS, durante o período entre maio de 2012 e julho de 2013.

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

30

amostragem realizadas entre maio/2012 e julho/2013, onde foi possível verificar que

a variância percentual acumulada na relação espécie e ambiente foi muito elevada

(88%) e extremamente significante (Teste de Monte-Carlo, p=0,002).

Houve uma clara separação entre as estações de amostragem 1 e 4 (lado

esquerdo do diagrama de ordenação), em relação as estações 7 e 10 (lado direito

do diagrama de ordenação), que se separam em dois grupos (Figura 11). No lado

direito se encontram as estações de amostragem que estiveram, sob a influência

dos valores mais elevados de temperatura, turbidez e densidade fitoplanctônica, os

táxons: Parasagitta friederici (Ritter-Zahony, 1911), Parasagitta tenuis (Conant,

1896), Lucifer faxoni, larva zoea de Brachyura, Copépoda. No lado esquerdo se

encontram as estações de amostragem que estiveram sob a influência dos valores

mais elevados de salinidade, os táxons: Penilia avirostris, Flaccisagitta enflata

(Grasse, 1881) e Flaccisagitta hexaptera (D’Orbigny, 1843) e Larvacea. Os dados de

densidade do fitoplâncton foram cedidos pelo Laboratório de Ecologia e

Paleoecologia (EcoPaleo) do Instituto de Biologia (UFBA).

Figura 11. Diagrama de ordenação da Análise de Redundância para a estrutura da massa de água e zooplâncton, entre maio de 2012 e julho de 2013, no perfil Baía de Todos os Santos, Bahia. (Campanhas: 1 – 20; estações de amostragem 1, 4, 7 e 10).

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

31

4.6 CHAETOGNATHA COMO INDICADORES DE MASSAS DE ÁGUA

Entre os organismos zooplanctônicos pertencentes ao Filo Chaetognatha, foi

possível reconhecer espécies indicadoras de Água Costeira e Água. As espécies de

origem estuarino-costeira, Parasagitta friderici e Parasagitta tenuis foram capturadas

ao longo de todo o eixo central da BTS. Parasagitta tenuis predominou na Água

Costeira. Já a espécie de origem oceânica, Flaccisagitta enflata, que esteve

presente apenas nos pontos 1 e 4, predominou na Água Tropical. Por fim, as

espécies mesopelágicas Flaccisagitta hexaptera e Krohnitta pacifica (AIDA, 1897)

estiveram presentes apenas durante a ocorrência de eventos localizados de

ressurgência costeira (Dezembro-Março), penetrando até 17 km no interior da BTS

(Santos et al., 2014), sendo, portanto, consideradas possíveis indicadoras de Água

de Ressurgência (Figura 12).

Figura 12. Variabilidade espacial de quetognatos, entre maio de 2012 e julho de 2013, no eixo central da BTS.

Rio Paraguaçu

Krohnitta pacifica

Flaccisagitta enflata

Flaccisagitta hexaptera

Parasagitta friederici

Parasagitta tenuis

Krohnitta pacifica

Flaccisagitta enflata

Flaccisagitta hexaptera

Parasagitta friederici

Parasagitta tenuis

Krohnitta pacifica

Flaccisagitta enflata

Flaccisagitta hexaptera

Parasagitta friederici

Parasagitta tenuis

Krohnitta pacifica

Flaccisagitta enflata

Flaccisagitta hexaptera

Parasagitta friederici

Parasagitta tenuis

Krohnitta pacifica

Flaccisagitta enflata

Flaccisagitta hexaptera

Parasagitta friederici

Parasagitta tenuis

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

32

5. DISCUSSÃO

5.1 CARACTERISTIVAS PLUVIOMÉTRICAS E OCEANOGRÁFICAS

Durante o período de estudo, foi caracterizado um período seco entre

setembro/2012 e março/2013, com precipitações inferiores a 133 mm; e dois

períodos chuvosos: entre maio/2012 e agosto/2012 além do período entre abril/2013

e julho/2013, com precipitações superiores a 133 mm.

Entre maio e novembro/2012 e entre maio e julho/2013, foi registrada no

interior da BTS a massa de Água Costeira. Essa massa de água é formada no

interior da baía em função da elevação da pluviosidade e consequente aumento da

vazão estuarina (MAFALDA JR. et al. 2004). Já a massa de Água Tropical foi

registrada durante quase todo o período de amostragem, com exceção dos meses

de julho e agosto de 2012.

Em virtude da plataforma continental estreita, com cerca de 10 km de extensão

(BRANDINI et al., 1997), a BTS é a única baía no litoral brasileiro que apresenta

penetração de Água Tropical em seu interior (LESSA et al., 2009). A Água Tropical

avança em direção a costa norte da Bahia, atingindo a Baía de Todos os Santos nos

meses de verão (CIRANO & LESSA, 2007). Essa água Tropical é parte do fluxo em

direção ao sul da Corrente do Brasil, que é caracterizada por salinidade acima de 36

e temperatura acima de 18ºC (MAFALDA et al., 2009).

Entre maio e novembro de 2012 e entre maio e julho de 2013, foi registrado,

simultaneamente a presença das duas massas de água. Essa ocorrência simultânea

também já foi registrada durante os monitoramentos hidroquimicos realizados no

porto de Aratu (FERREIRA et al., 2012) e no porto de Salvador (UFBA-CODEBA,

2011).

5.2 ASSEMBLÉIA ZOOPLANCTÔNICA

As assembleias larvais estuarinas normalmente evidenciam baixa riqueza e

elevada abundância de indivíduos, quando comparada à zona costeira adjacente

(HARRIS et al., 2001). As costas adjacentes tropicais apresentam riqueza elevada e

baixa abundância do zooplâncton (BOLTOVSKY, 1981). O Índice de Margalef, nesse

estudo, variou entre 2,4 e 3,4. Foi registrado, um total de 41 taxa, sendo 6 táxons,

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

33

considerados principais (abundância relativa superior a 0,4 %). Os resultados

demonstram uma riqueza moderada, comparativamente aos resultados encontrados

por Neuman - leitão (1998) (141 taxa) e Cavalcanti (2004) (44 taxa) na costa

adjacente.

O Índice de Margalef esteve associado aos valores de turbidez. A turbidez

não variou significativamente no tempo, porém variou significativamente no espaço.

Através dos resultados do Teste de Comparações Múltiplas Student - Newman -

Keuls, podemos verificar que a turbidez não variou significativamente entre as

estações 1 e 4 e entre as estações 7 e 10, mais próximas umas das outras. Porém,

a estação 1 se diferenciou significativamente das estações 7 e 10, assim como a

estação 4. Os maiores valores de Turbidez associados às estações 7 e 10 são

resultado da descarga fluvial do Rio Paraguaçu. Os menores valores do Índice de

Margalef, associados aos maiores valores de turbidez nas estações 7 e 10, indicam

que a turbidez próxima ao canal do Paraguaçu é um fator desfavorável à riqueza

planctônica. Esse padrão também foi evidenciado por Moura (1979).

Dentre os grupos característicos, Copépoda, Chaetognatha, Larvacea, P.

avirostris e L. faxoni pertencem ao holoplâncton e representaram 97% da amostra. O

único grupo pertencente ao meroplancton foi Brachyura, que representou 0,6% da

amostra. Os grupos encontrados são característicos de ambientes marinhos

tropicais (MAFALDA, 2003, 2004); o que era esperado, uma vez que as

amostragens foram realizadas durante a maré enchente.

Todos os grupos foram considerados muito frequentes (FO > 70%). A

Frequência de Ocorrência não apresentou diferença significativa durante as

campanhas. Copépoda apresentou-se como o grupo dominante, representando

83,5% da abundância total, seguido de Lucifer faxoni (9,1%), Chaetognatha (2,3%),

Penilia avirostris (1,4%), Brachyura (0,6%) e, por fim, Larvacea (0,4%). A dominância

de Copépoda em estuários tropicais é uma característica comum (GARCIA, 2012;

DE CARVALHO et al., 2014; SILVA, 2014).

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

34

5.3 VARIABILIDADE ESPACIAL DA ASSEMBLÉIA ZOOPLANCTÔNICA

O diagrama de ordenação obtido para o eixo central da BTS evidenciou uma

separação espacial das estações de amostragens em função das características

oceanográficas e da composição do zooplâncton. Ademais, foi possível observar

também um gradiente oceanográfico gerado pelas massas de Água Costeira e

Tropical. A análise indicou que o gradiente oceanográfico gerado pela presença de

duas massas de água explica a variabilidade espacial dos organismos indicadores

hidrológicos.

No presente estudo, as espécies que apresentaram variações temporais

significativas foram Chaetognatha e Penilia avirostris. Esse fato demonstra como os

dois táxons podem ser bons indicadores de massas de água. As variações dentro

de uma assembleia planctônica são, principalmente, determinadas pelo movimento

das massas de água que regula a mistura de nutrientes (LAWRENCE et al.,2004).

Além disso, fatores como taxa de crescimento, mortalidade, afundamento de

organismos e seus predadores também geram variações dentro da comunidade.

(LEVINTON, 1995).

Outros táxons não apresentaram variabilidade temporal significativa, porém

apresentaram variabilidade espacial significativa: Copépoda, Lucifer faxoni e

Brachyura. Esses táxons se adaptam facilmente a variabilidades de descarga de

água doce, de forma que a densidade e abundância desses grupos variam conforme

proximidade ou distância da fonte de água doce no estuário (BRADFORD- GRIEVE

et al., 1999). Lawrence et al. (2004) demonstraram, por exemplo, que o número de

Copépodas pode sofrer variações espaciais em decorrência da variabilidade das

descargas de pequenos rios que determinam a distribuição de salinidade no

sistema. Ao longo do gradiente gerado entre as estações mais internas e a saída da

BTS, ocorre diminuição na abundância e densidade das larvas e jovens de

crustáceos. Esse resultado evidência o transporte superficial para fora da baía,

associado à circulação gravitacional.

Biovolume, Peso Úmido, Peso seco e Peso Orgânico não apresentaram

variabilidade temporal significativa. Contudo, houve uma diferença espacial

significativa, de forma que os valores dessas variáveis foram crescentes a partir da

estação 1, em direção a estação 10, com maiores valores na estação 7. Sendo a

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

35

região mais externa da baía, mais oligotrófica e a região mais próxima à saída do rio

Paraguaçu, mais produtiva (DOMINGUEZ et al., 2009); os maiores valores dessas

variáveis foram encontrados na desembocadura do rio (estação 7) e os menores, no

canal de Salvador (estação 1). Os maiores valores registrados de BIO, PU, PS e PO

coincidiram com os períodos de maiores precipitações, que gerou maior aporte de

água doce para a BTS. O aumento da descarga fluvial e consequente aumento da

descarga de nutrientes, estimulou a produção planctônica na desembocadura do

estuário do Paraguaçu (estação 7).

5.4 CHAETOGNATHA INDICADORES DE MASSAS DE ÁGUA

Segundo Avila et al. (2006) as espécies de quetognatos se distribuem da

seguinte forma: Parasagitta friderici é uma espécie epipelágica, nerítica, euritérmica

e comum em estuários. Distribuída no Atlântico entre 40ºN e 40ºS; Parasagitta

tenuis é uma espécie epipelágica, nerítica e comum em estuários no Nordeste do

Brasil. É encontrada no Atlântico e Indo-Pacífico; Flaccisagitta enflata é epipelágica,

eurittérmica, eurihalina e típica de águas superficiais. Ocorre tanto em regiões

neríticas quanto oceânicas e é distribuída entre 40ºN e 40ºS; Flaccisagitta hexaptera

é mesopelágica e relacionada com águas quentes e de alta salinidade. Trata-se de

uma espécie tropical-subtropical distribuída entre 40ºN e 40ºS.

Krohnitta pacifica é uma espécie mesopelágica superficial. Distribuída entre

30ºN e 30ºS (PRADO, M.S., 1961).

F. enflata é normalmente, a espécie dominante nas regiões que ocorre

(SOUZA et al., 2014). Nesse estudo, essa espécie não foi dominante, porém

apresentou maior abundância relacionada com maiores salinidades. Souza et al.

(2014) indicam que essa espécie parece estar limitada a áreas com altas salinidades

( > 36). Além disso, F. enflata é tolerante à grande variação de temperatura, embora

prefira águas de 18ºC a 21ºC (PRADO M.S., 1961). No presente estudo, foi

registrada a presença dessa espécie em temperaturas variando de 24ºC a 26ºC, o

que explica a baixa abundância dessa espécie na BTS. Dessa forma, a F. enflata foi

considerada uma indicadora de Água Tropical na BTS.

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

36

P. tenuis foi a espécie mais abundante encontrada nesse estudo. Ela esteve

relacionada com as menores salinidades e maiores temperaturas. Essa espécie,

normalmente é dominante em águas costeiras (COSTON-CLEMENTS et al., 2009).

Na baía, a P. tenuis foi considerada indicadora de Água Continental.

As amostras mais abundantes de P. friderici foram de Água tropical, entretanto,

alguns exemplares foram encontrados na massa de Água Continental. Apesar de ser

descrita como pertencente a baixas salinidades, essa espécie pode suportar

salinidades de até 37 (VEG- PÉREZ, 2001). Por sua ampla distribuição dentro da

BTS e baixa correlação com a água tropical, a P. friderici não pode ser considerada

indicadora de massa de água nesse trabalho.

F. hexaptera ocorreu em apenas 3 campanhas, onde a temperatura variou

entre 24.8ºC e 27.9ºC e a salinidade esteve em torno de 37. Souza et al. (2014)

registraram a ocorrência dessa espécie em condições de temperatura e salinidade

parecidas no sudoeste do Atlântico.

K. pacifica é a espécie mais rara no presente estudo. Foi coletada em duas

estações e em apenas uma campanha. A presença dessa espécie em regiões de

plataforma e oceânica, na costa brasileira, foi registrada por alguns autores

(HOSOE, 1956; PRADO, 1961; RESGALLA & MONTÚ, 1995).

F. hexaptera e K. pacifica só foram registradas durante a ocorrência de eventos

localizados de ressurgência na plataforma continental de Salvador, o que pode ser o

indicativo de que essas espécies estejam relacionadas à Água de Ressurgência.

O transbordamento de quetognatos estuarino-costeiros, (P. friderici e P. tenuis)

na superfície, em direção à desembocadura da BTS e a penetração de espécies de

origem oceânica (F. enflata) e mesopelágica (K. pacifica e F. hexaptera) no interior

da BTS, ilustram o papel da circulação gravitacional na transferência de organismos

zooplanctônicos entre a plataforma e a BTS, além da importância da ressurgência

costeira.

6. CONCLUSÕES

Durante o período de amostragem, a pluviosidade observada foi menor que a

esperada. Foi identificado um período seco entre setembro/2012 e março/2013 e

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

37

dois períodos chuvosos: entre maio/2012 e agosto/2012 além do período entre

abril/2013 e julho/ 2013.

Os dados de temperatura e salinidade indicaram a presença de duas massas

de água na BTS: Água Tropical e Água Costeira.

A composição da assembleia zooplanctônica da BTS foi de ambiente marinho

tropical. A maioria dos grupos é holoplanctônico e apenas 1 grupo é

meroplanctônico.

Todos os grupos foram classificados como muito frequentes. A Abundância

Relativa e densidade das larvas e jovens de crustáceos diminuíram ao longo do

gradiente gerado entre as estações mais internas e a saída da BTS, evidenciando o

transporte superficial para fora da baía.

A densidade de Chaetognatha e Penilia avirostris apresentou diferença

espacial significativa, indicando que esses táxons são bons indicadores de massas

de água.

A Riqueza de Margalef demonstrou correlação negativa com a turbidez,

indicando que a turbidez próxima ao canal do Paraguaçu é um fator desfavorável à

riqueza planctônica.

O gradiente oceanográfico gerado pela presença de duas massas de água

explica a variabilidade espacial dos organismos indicadores hidrológicos.

A desembocadura do rio Paraguaçu (estação 7) é uma região produtiva e,

portanto, concentrou os maiores valores de biovolume, Peso Úmido, Peso Seco e

Peso Orgânico.

Entre os organismos zooplanctônicos pertencentes ao filo Chaetognatha, foi

possível reconhecer espécies indicadoras de Água Costeira, Água Tropical e

possíveis espécies indicadoras de ressurgência costeira. Parasagitta tenuis é

indicadora de Água Costeira; Flaccisagitta enflata é indicadora de Água Tropical;

Krohnitta pacifica e Krohnitta pacifica são possíveis indicadoras de ressurgência

sobre a plataforma continental de Salvador.

Fica evidenciado o transporte superficial do zooplâncton para fora da Baía de

Todos os Santos.

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

38

7. REFERÊNCIAS

ARAÚJO, H. M. P.; RIBEIRO, V. A. Distribuição das espécies de Chaetognatha na

plataforma continental de Sergipe e Alagoas. Brazilian Journal of Aquatic Science

and Technology, v. 9, n. 1, p. 19-23, 2005.

AVILA, L. R. M.; ARRUDA, M. R.; BONECKER, S. L. C. Chaetognatha.

Documentos REVIZEE Score Central: Atlas de Zooplâncton da região central

da Zona Econômica Exclusiva brasileira, v. 21, p. 165-184, 2006.

AYRES, M. et al. BioEstat 2.0. Aplicação Estatística nas Áreas das Ciências

Biológica e Médica. 2000.

BALL, Eldon E; MILLER, David J. Phylogeny: the continuing classificatory

conundrum of chaetognaths. Current Biology, v. 16, n. 15, p. R593-R596, 2006.

BEERS, J. R. Determinación de la biomasa del zooplancton. Atlas del zooplancton

del Atlántico Sudoccidental y métodos de trabajo con el zooplancton marino, p.

133-140, 1981.

BIERI, Robert. The distribution of the planktonic Chaetognatha in the Pacific and

their relationship to the water masses. Limnology and Oceanography, v. 4, n. 1, p.

1-28, 1959.

BOLTOVSKOY, Demetrio. Atlas del Zooplancton del Atlantico Sudoccidental: y

métodos de trabajo con el zooplankton marino. Mar del Plata, Argentina.

Publicación especial del INIDEP, 1981. 935p.

BOLTOVSKOY, Demetrio. Zooplankton of the South Atlantic Ocean. A taxonomic

reference work with identification guides and spatial distribution patterns. DVD ROM.

World Biodiversity Database Compact Disc Series. ETI Bioinformatics,

Multimedia Interactive Software. 2005.

BONEY, A. D. Phytoplânkton – the Institute of the Biology’s – Studies in Biology nº

52, London: Edward Arnold, 1976. 115 p.

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

39

BRADFORD-GRIEVE, J. M. et al. Copepoda. South atlantic zooplankton, v. 2, p.

869-1098, 1999.

BRANDINI, F.P et al. Planctolonologia na plataforma continental do Brasil: diagnose

e revisao bibliografica. In: Planctolonologia na plataforma continental do Brasil:

diagnose e revisao bibliografica. MMA, 1997.

CARRILLO, L; VÁSQUEZ-YEOMANS, L.; DE JESÚS NAVARRETE, A. La incierta

vida de las larvas marinas. Ecofronteras, v. 34,p. 18-20, 2008.

CASSIE, R. Morrison. Frequency distribution models in the ecology of plankton and

other organisms. The Journal of Animal Ecology, p. 65-92, 1962.

Castro, P.Huber, M. Marine Biology.Traducao. 5. Ed. New York: The McGraw-Hill

Companies, 2005. p. 207

CAVALCANTI, E.A.H.; NEUMANN-LEITÃO, S; VIEIRA, D.A. Mesozooplankton of the

estuarine system of Barra das Jangadas, Pernambuco, Brazil. Revista Brasileira de

Zoologia, v. 25, n. 3, p. 436-444, 2008.

CAVALCANTI, Eliane Aparecida Holanda; LARRAZÁBAL, Maria Eduarda Lacerda

de. Macrozooplâncton da Zona Econômica Exclusiva do Nordeste do Brasil

(segunda expedição oceanográfica-REVIZEE/NE II) com ênfase em Copepoda

(Crustacea). Revista Brasileira de Zoologia, v. 21, n. 3, p. 467-475, 2004.

CIRANO, Mauro; LESSA, Guilherme Camargo. Oceanographic characteristics of

Baía de Todos os Santos, Brazil. Revista Brasileira de Geofísica, v. 25, n. 4, p.

363-387, 2007.

COSTON-CLEMENTS, Linda; WAGGETT, Rebecca J.; TESTER, Patricia A.

Chaetognaths of the United States South Atlantic Bight: Distribution, abundance and

potential interactions with newly spawned larval fish. Journal of Experimental

Marine Biology and Ecology, v. 373, n. 2, p. 111-123, 2009.

DAY JR., J. W. et al. Estuarine Ecology. New York: Willey-Interscience, 1989. 556

p.

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

40

DE CARVALHO, A.S.S. et al. Abundância das larvas de Porcellanidae (Decapoda,

Anomura) no meroplâncton do estuário do Rio Caeté, estuário amazônico

brasileiro. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology, v. 17, n. 2, p. 7-

15, 2014.

DOMINGUEZ, J.M.L. & BITTENCOURT, A.C.S.P. Geologia. In: Hatje, V. & Andrade,

J.B. (Org.). Baía de Todos os Santos: aspectos oceanográficos. Salvador: EDUFBA;

2009. 1:121-156

FERREIRA, A.N.; BERETTA, M.; MAFALDA, P.O. Avaliação do impacto da

dragagem sobre associação fitoplanctônica do porto de Aratu, Baía de Todos os

Santos, Bahia. Arquivos de Ciência do Mar, v. 45, n. 1, 2012.

FORTE NETO, J. B. et al. A variabilidade da biomassa planctônica sob influência da

sazonalidade e da dragagem do porto de Aratú, Baía de Todos os Santos, Brasil.

Tropical Oceanography, Recife, v. 42, n. 2, p. 230-242, 2014

GARCIA, Tatiane Martins. Ecologia do mesozooplâncton de um estuário

semiárido tropical. 2012. Tese (Doutorado em Ciências Marinhas Tropicais).

Instituto de Ciências do Mar. Universidade Federal do Ceará. 2012.

GRANT, G. C. Chaetognatha from the central and southern Middle Atlantic Bight:

Species composition, temperature-salinity relationships, and interspecific

associations. Fishery Bulletin, v. 89, n. 1, p. 33-40, 1991.

HARRIS, S. A.; CYRUS, D. P.; BECKLEY, L. E. Horizontal trends in larval fish

diversity and abundance along an ocean-estuarine gradient on the northern

KwaZulu-Natal coast, South Africa. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 53, n.

2, p. 221-235, 2001.

HATJE, V. & ANDRADE, J.B. 2009. Baía de Todos os Santos: Aspectos

Oceanográficos. Salvador: EDUFBA; 2009.

HOSOE, K. Chaetognaths from the isles of Fernando de Noronha. Universidade

de Sao Paulo, 1956.

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

41

KEEKLER, D., SURFER for Windows. Version 6. User’sGuide. 1995

LAWRENCE, D.; VALIELA, I.; TOMASKY, G. Estuarine calanoid copepod

abundance in relation to season, salinity, and land-derived nitrogen loading, Waquoit

Bay, MA. Estuarine, Coastal and Shelf Science, v. 61, n. 3, p. 547-557, 2004.

LEPS - SMILAUER, P. CANOCO. Reference Manual User´s Guide to Canoco for

Windows. Ithaca, Microcomputer Power, 1998. 352 p.

LESSA, G.C. et al. Oceanografia Física. In: Hatje V. & Andrade, J.B. (Org). Baía de

Todos os Santos: aspectos oceanográficos. Salvador: EDUFBA; 2009. 1:68-119.

LEVINTON, Jeffrey S. Marine biology: function, biodiversity, ecology. New York:

Oxford University Press, 1995.

LIANG, T. H.; VEGA-PÉREZ, L. A. Diversity, abundance and biomass of

epiplanktonic chaetognath off South Atlantic western sector, from Cabo Frio (23 S,

42 W) to São Pedro and São Paulo Rocks (01 N, 29 W). Oceanides, v. 16, n. 1, p.

34-48, 2001.

LOPES, R.M., DIAS, J.F. & GAETA, R.R. O Ambiente Pelágico. In: Hatje, V. &

Andrade, J.B. (Org.). Baía de Todos os Santos: aspectos oceanográficos. Salvador:

EDUFBA; 2009. 1:121-156.

MAFALDA JR, P.; SOUZA, C. S.; VELAME, M. P. B. Fish larvae assemblage of a

coastal area under influence of petrochemical activities, in Todos os Santos Bay,

Bahia, Brazil. Aquatic Ecosystem Health & Management, v. 11, n. 4, p. 457-464,

2008.

MAFALDA JR. et al. Biomassa planctônica, hidrografia e pluviosidade na costa norte

da Bahia, Brasil. Tropical Oceanography, v. 32, n. 2, p. 143-158, 2004.

MAFALDA JR., P.O; SOUSA,P.M.M. de; SILVA, E.M. Estrutura Hidroquímica e

Biomassa Planctônica no Norte da Baía de Todos os Santos, Bahia, Brasil. Tropical

Oceanography, Recife, v. 31, n. 1. p. 31-51, 2003

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

42

MAFALDA JUNIOR et al. Oceanografia Biológica: Biomassa Zooplanctônica na ZEE

da Região Nordeste do Nordeste do Brasil. In: Fábio Hissa Vieira Hazin. (Org.).

Coleção PROGRAMA REVIZEE SCORE NORDESTE. Fortaleza: Martins &

Cordeiro Ltda, 2009, v. 2, p. 27-47.

MALTEZ, L.C.; MAFALDA, P.O.; NEUMANN-LEITÃO, S. Influence of oceanographic

seasonality and dredging activities on the fish larvae assemblage in the Port of Aratu,

Todos os Santos Bay. Brazilian Journal of Aquatic Science and Technology, v.

18, n. 2, p. 1-10, 2014.

MARGALEF, R. Information theory in ecology. Gen. Syste, 3: 36-71., 1958.

MCLUSKY, Donald. The estuarine ecosystem. Springer Science & Business

Media, 2013.

MELO JÚNIOR, M de et al. Fluxes of zooplankton biomass between a tidal estuary

and the sea in Northeastern Brazil. Brazilian Journal of Oceanography, v. 55, n. 4,

p. 239-249, 2007.

MELO, Danielle Caroline da Mota. Chaetognatha do Arquipélago de Fernando de

Noronha (NE, Brasil). 2015. Dissertação (Mestrado em Oceanografia). 2015.

MOURA, P. L. Material em suspensão na Baía de Todos os Santos. 1979.

Dissertação (Mestrado em Geologia). Instituto de Geociências. Universidade Federal

da Bahia, 1979.

MÜLLER, C.C.; CYBIS, L.F.; RAYA-RODRIGUEZ, M.T. Monitoramento do

Fitoplâncton para a Qualidade da Água de Abastecimento Público—Estudo de Caso

de Mananciais do Rio Grande do Sul. Revista Brasileira de Recursos Hídricos, v.

17, p. 203-211, 2012.

NEUMANN-LEITÃO, S. Resenha literária sobre zooplâncton estuarino no

Brasil. Trabalhos de Oceanografia da Universidade Federal de Pernambuco, v.

23, p. 25-53, 1995.

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

43

NEUMANN-LEITÃO, S. Impactos antrópicos na assembléia zooplanctônica

estuarina. Porto de Suape-Pernambuco-Brasil. 1994. Tese de Doutorado. Tese

(Doutorado), Escola de Engenharia de São Carlos, Universidade de São Paulo,

1994. 273 p.

OMORI, M. & IKEDA, T. Methods in marine zooplankton ecology. Malabar,

Florida. 329p. 1992.

PEARRE JR, S. Feeding by Chaetognatha: the relation of prey size to predator size

in several species. Mar Ecol Prog Ser, v. 3, p. 125-134, 1980.

PEIXINHO, V. M. C. Estudos preliminares sobre o fitoplâncton da Baía de Aratu.

1972. Tese (Doutorado). Instituto de Biociências, Universidade de São Paulo,

81p.1972

PEREIRA, Marcelo Augusto Greve; LESSA, Guilherme Camargo. Varying Patterns

of water circulation in Canal de Cotegipe, Baía de Todos os Santos.Revista

Brasileira de Geofísica, v. 27, n. 1, p. 103-119, 2009.

PRADO, M. S. Chaetognatha encontrados em águas brasileiras. Boletim do

instituto oceanogràfico, v. 11, n. 2, p. 31-55, 1961.

RAWLINSON, K. A.; DAVENPORT, J.; BARNES, D. K. A. Tidal exchange of

zooplankton between Lough Hyne and the adjacent coast. Estuarine, Coastal and

Shelf Science, v. 62, n. 1, p. 205-215, 2005.

RÉ, Pedro Miguel Alfaia. Biologia marinha. Lisboa: Universidade de Lisboa, 2001.

94 p

RESGALLA JR, C.; MONTU, M. Quetognatos de la plataforma continental del sur de

Brasil. Invest. Mar. CICIMAR, v. 10, n. 1-2, p. 23-41, 1995.

RESGALLA JR, Charrid. Pteropoda, Cladocera, and Chaetognatha associations as

hydrological indicators in the southern Brazilian Shelf. Latin American Journal of

Aquatic Research, v. 36, n. 2, p. 0-0, 2008.

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

44

RICHARDSON, S. L.; LAROCHE, J.L.; RICHARDSON, M. D. Larval fish

assemblages and associations in the north-east Pacific Ocean along the Oregon

coast, winter-spring 1972–1975. Estuarine and coastal Marine science, v. 11, n. 6,

p. 671-699, 1980.

RODRÍGUEZ-SÁENZ, K.; MORALES-RAMÍREZ, A. Composición y distribución del

mesozooplancton en una zona de afloramiento costero (Bahía Culebra, Costa Rica)

durante La Niña 1999 y el 2000. Revista de Biología Tropical, v. 60, p. 143-157,

2012.

RUSSELL, FSj. On the value of certain plankton animals as indicators of water

movements in the English Channel and North Sea. Journal of the Marine

Biological Association of the United Kingdom (New Series), v. 20, n. 02, p. 309-

332, 1935.

SANTOS, Felipe Moraes. Ressurgência Costeira Localizada na Zona de

Formação da Corrente do Brasil (13◦ S). 2014. Dissertação (Mestrado em

Geofísica). Instituto de Geociências. Universidade Federal da Bahia. 2014.

SANTOS, Juarez Jorge. Plâncton da Baía de Todos os Santos, com especial

referência aos copepodos. 1970. Dissertação (Mestrado em Zoologia). Instituto de

Biociências. Universidade de São Paulo. 1970

SEI, Superintendência de Estudos Econômicos. Balanço hídrico do Estado da

Bahia. Salvador: SEI, 1999.

SILVA, L.T.D. Composição e distribuição espaço-temporal do zooplâncton em

função das macrófitas no Complexo Lagunar Três Lagoas, João Pessoa, PB.

2014. Monografia (Bacharel em Ciências Biológicas). Ciências Biológicas.

Universidade Estadual da Paraíba. 2014

SOUZA, C S.; LUZ, J.A.G.; MAFALDA, P.O. Relationship between spatial distribution

of chaetognaths and hydrographic conditions around seamounts and islands of the

tropical southwestern Atlantic. Anais da Academia Brasileira de Ciências, v. 86, n.

3, p. 1151-1165, 2014.

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

45

SUND, N. P. The chaetognaths of waters of the Peru region. Inter-Amer.Trop. Tuna

Comm. Bull, v. 9, p. 189-215, 1964.

TAN, Yehui et al. Seasonal variation in zooplankton composition and grazing impact

on phytoplankton standing stock in the Pearl River Estuary, China. Continental

Shelf Research, v. 24, n. 16, p. 1949-1968, 2004.

TER BRAAK, C.J.F. & SMILAUER, P. CANOCO Reference Manual User´s Guide

to Canoco for Windows. Microcomputer Power, Ithaca, USA. 352 pp. 1998.

TER BRAAK, C.J.F. Canonical correspondence analysis: a new eigenvector

technique for multivariate direct gradient analysis. Ecology, v. 67, n. 5, p. 1167-

1179, 1986.

UFBA - CODEBA - SEP. Programa de Monitoramento da Dragagem de

Aprofundamento do Porto organizado de Salvador. Relatório Integrado das

Campanhas de Pré Dragagem, Dragagem e Pós-dragagem. Instituto de Biologia,

Universidade Federal da Bahia, Salvador, Bahia. 2011

ULLOA, R.; PALMA, S.; SILVA, N. Bathymetric distribution of chaetognaths and their

association with water masses off the coast of Valparaıso, Chile. Deep Sea

Research Part I: Oceanographic Research Papers, v. 47, n. 11, p. 2009-2027,

2000.

URIARTE, I.; VILLATE, F. Effects of pollution on zooplankton abundance and

distribution in two estuaries of the Basque coast (Bay of Biscay). Marine Pollution

Bulletin, v. 49, n. 3, p. 220-228, 2004.

VANNUCCI, M.; HOSOE, K. Resultados científicos do cruzeiro do" Baependi" e do"

Vega" à Ilha da Trindade: Chaetognatha. Boletim do Instituto Oceanográfico, v. 3,

n. 1-2, p. 05-34, 1952.

VEGA-PERÉZ, L. A. & K. P. SCHINKE. Checklist do filo Chaetognatha do Estado de

São Paulo, Brasil. Biota Neotropica 11(1): 1-10. 2011.

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA INSTITUTO DE … · A Deus, autor da vida, da minha fé e meu maior mestre. ... Xena, Igor Aboim e Laura que tiveram participação importante na execução

46

WOOLDRIDGE, T. H.; CALLAHAN, R. The effects of a single freshwater release into

the Kromme Estuary. 3: Estuarine zooplankton response.WATER SA-PRETORIA-,

v. 26, n. 3, p. 311-318, 2000.

YOUSSARA, F.l; GAUDY, R. Variations of zooplankton in the frontal area of the

Alboran sea (Mediterranean sea) in winter 1997.Oceanologica Acta, v. 24, n. 4, p.

361-376, 2001.