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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SERAPILHEIRA E CÍBALAS EM ÁREAS DE CAATINGA PASTEJADAS POR CAPRINOS MARIAH TENORIO DE CARVALHO SOUZA AREIA - PB 2015

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SERAPILHEIRA E CÍBALAS EM

ÁREAS DE CAATINGA PASTEJADAS POR CAPRINOS

MARIAH TENORIO DE CARVALHO SOUZA

AREIA - PB

2015

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA

UNIVERSIDADE FEDERAL RURAL DE PERNAMBUCO

UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ

PROGRAMA DE DOUTORADO INTEGRADO EM ZOOTECNIA

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SERAPILHEIRA E CÍBALAS EM

ÁREAS DE CAATINGA PASTEJADAS POR CAPRINOS

MARIAH TENORIO DE CARVALHO SOUZA

Zootecnista

AREIA - PB

2015

MARIAH TENORIO DE CARVALHO SOUZA

DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL DE SERAPILHEIRA E

CÍBALAS EM ÁREAS DE CAATINGA PASTEJADAS POR

CAPRINOS

Tese apresentada ao Programa de

Doutorado Integrado em Zootecnia, da

Universidade Federal da Paraíba, do qual

participa a Universidade Federal Rural

de Pernambuco e a Universidade Federal

do Ceará, como requisito para obtenção

do título de Doutor em Zootecnia.

Área de Concentração: Forragicultura

Comitê de Orientação:

Prof. Dr. Alberício Pereira de Andrade - Orientador Principal

Prof. Dr. Divan Soares da Silva

AREIA - PB

2015

ADE FEDERAL DA PARAÍBA

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ZOOTECNIA

PARECER DE FEDESA DO TRABALHO DE TESE

TÍTULO: “Distribuição espacial da serapilheira e cíbalas em áreas de caatinga

pastejada por caprinos”

AUTOR: MARIAH TENORIO DE CARVALHO SOUZA

ORIENTADOR: ALBERICIO PEREIRA DE ANDRADE

JULGAMENTO

CONCEITO:

EXAMINADORES:

5

DADOS CURRICULARES DO AUTOR

Mariah Tenório de Carvalho Souza, nasceu em Maceió, Alagoas em 23 de

fevereiro de 1987. Em dezembro de 2004 concluiu o 2º grau no Colégio Contato em

Maceió/AL. Colou grau do curso de Zootecnia em fevereiro de 2009 pelo Centro de

Ciências Agrárias da Universidade Federal de Alagoas, desenvolvendo pesquisa na área

de conservação de forragem com apoio da Embrapa CPATC – Tabuleiros Costeiros. Em

Março do mesmo ano ingressou no curso de pós-graduação em nível de Mestrado na

área de Produção Animal e subárea de forragicultura, especializando-se em cultivares

forrageiras tropicais, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Alagoas -

FAPEAL, submetendo-se a defesa em dezembro de 2010. Ingressou no Programa de

Doutorado Integrado em Zootecnia em Março de 2011 e desenvolveu pesquisa em áreas

de caatinga, especializando-se mais uma vez em forragicultura com apoio financeiro do

Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico – CNPq.

6

Epígrafe

"A vida é feita de capítulos e viver é acalentar sonhos e esperanças, fazendo da fé a nossa inspiração

maior. É buscar nas pequenas coisas, um grande motivo para ser feliz!"

(Adaptado de Mário Quintana)

7

Dedico.

Aos meus pais,

Pelo conforto, carinho, compreensão, pela

maravilhosa educação que recebi e recebo. Pelo amor

incondicional, pela atenção e dedicação de toda uma vida,

mesmo nos momentos de dificuldades. Pelo exemplo de

coragem, simplicidade e persistência em suas metas. É com

muito amor que dedico esta conquista.

Ao meu marido,

Márcio Eduardo Freire Silva.

Nem todas as palavras do mundo poderiam expressar a minha gratidão e o meu amor!

Por muitas vezes ter sentido na pele as minhas

adversidades. Por ser a certeza nos meus momentos de

dúvida; por ser meu alicerce, meu suporte. Por mostrar que

juntos, conseguimos ser um só coração e por fazer de um

grande amor uma linda realidade.

Que Deus retribua em dobro todo o carinho e

toda a dedicação. E que o fruto do nosso amor seja

concebido brevemente!

Com muito amor e gratidão,

Dedico.

Ofereço

Aos queridos colegas Zootecnistas e a essa

profissão tão árdua e nobre que tanto enriquece o nosso país.

Em especial à amiga Laíza Acioli (In memorian).

8

AGRADECIMENTOS

A Deus.

Por ter me proporcionado esta oportunidade incrível e inesquecível. Por me

proporcionar forças nas adversidades da vida.

A Universidade Federal da Paraíba, por ter me concedido a oportunidade de

ingressar no curso de Doutorado Integrado em Zootecnia.

A Capes, por ter auxiliado com bolsa de pós-graduação.

Aos meus Professores queridos, a quem tenho grande admiração e por servirem

de exemplo profissional, nos nomes: Prof. Ariosvaldo Nunes de Medeiros, Prof. Divan

Soares da Silva, Prof. Edilson Paiva, Prof. Edson Mauro, Prof. Ivandro de França,

Profa. Riselane Alcântara, Prof. Severino Gonzaga Neto, Prof. Walter Esfrain, Prof.

José Morais Pereira Filho, Prof. Jacob Silva Souto, Profa. Dulciene Karla de Andrade

Silva, Prof. Andé Luiz Rodrigues Magalhães e todos os que de alguma forma

participaram para com o meu aprendizado. Aos meus colegas e Professores José

Teodorico de Araújo e Prof. Elton Lima Santos. Agradeço pela compreensão, orientação

e dedicação; principalmente ao meu orientador Prof. Dr. Alberício Pereira de Andrade,

por ter acreditado na minha capacidade intelectual e por ter me proporcionado um

grande crescimento profissional; agradeço, além de tudo, pela amizade.

Aos servidores/trabalhadores da UFPB e da Estação Experimental de São João

do Cariri, que sempre estiveram presentes, servindo aos alunos e à instituição, em

especial a Marciane, Netinho, Paulo Henrique, Alessandro, Graça Medeiros, Sra.

Carmen e Sr. Damião.

Aos trabalhadores de campo, que me ajudaram e trabalharam incansavelmente

em tempo hábil e com toda a dedicação nas áreas de caatinga; meus agradecimentos,

respeito e admiração: Rogério, Cláudio, Neguinho, Darlan, entre outros.

Aos colegas que me ajudaram na execução deste projeto. Sem eles eu não teria

conseguido enfrentar nem a metade do caminho; em especial a Michel Lopes, Dinnara

Laiza, Laiza Sofia (in memorian), Paula Frassinetti, Meiry Cassuce, Adelílian Baracho,

Adeilson Melo, Paulo Sérgio, Mariana Maciel, entre outros.

9

Ao meu marido, Eduardo Freire, que além de tudo segurou a enchada na mão e

entrou bravamente nas áreas de caatinga para me ajudar quando mais precisei.

A minha mãe e melhor amiga, Vera Lúcia Tenorio de Carvalho pela positividade

mesmo depois de tantas dificuldades e depois de passar por um grave problema de

saúde. Por sempre ter depositado esperanças em mim; pela fé de que um dia vou

conseguir realizar o meu sonho profissional. Enfim, por todo amor e dedicação.

Ao meu pai e amigo Onaldo Souza, doutor e zootecnista; que apesar de

aposentado, ainda me veste de conhecimentos. Agradeço por estar sempre presente.

Enfim, a todos que de alguma forma me apoiaram na execução desse projeto e

contribuíram para a finalização deste trabalho.

10

SUMÁRIO

Página

Considerações iniciais..................................................................................... 1

CAPÍTULO 1 - Referencial teórico................................................................ 3

Introdução........................................................................................................ 4

1. CARACTERIZAÇÃO DO SEMIÁRIDO NORDESTINO: CLIMA E

SOLO..............................................................................................................

6

2. A IMPORTÂNCIA DA SERAPILHEIRA PARA REGIÕES

SEMIÁRIDAS: PRODUÇÃO, ACÚMULO E DECOMPOSIÇÃO..............

8

3. SAZONALIDADE DA DISPONIBILIDADE DE FORRAGEM

NO SEMIÁRIDO............................................................................................

13

4. COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA FORRAGEM DISPONÍVEL

PARA PEQUENOS RUMINANTES EM ÁREAS DE

CAATINGA...................................................................................................

16

5. ENTRADA E SAÍDA DE NUTRIENTES NO SISTEMA................ 18

6. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E ESTATÍSTICA

GEORREFERENCIADA: ESTUDOS E APLICAÇÃO PRÁTICA NAS

CIÊNCIAS AGRÁRIAS.................................................................................

20

7. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS................................................ 26

CAPÍTULO 2 - Distribuição espacial da serapilheira em áreas de caatinga

sob diferentes lotação de caprinos...................................................................

33

1 Introdução..................................................................................................... 35

2 Material e métodos....................................................................................... 36

3 Resultados e discussão................................................................................. 47

4 Conclusões................................................................................................... 73

5 Referências................................................................................................... 74

CAPÍTULO 3 - Acúmulo da serapilheira disponível para o pastejo caprino

em áreas de caatinga

76

1 Introdução..................................................................................................... 79

2 Material e métodos....................................................................................... 80

3 Resultados e discussão................................................................................. 89

4 Conclusões................................................................................................... 118

5 Referências................................................................................................... 118

CONSIDERAÇÕES FINAIS.......................................................................... 121

11

LISTA DE TABELAS

Página

Tabela 1 – Disponibilidade dos estratos arbóreo, arbustivo e sub-arbustivo em

áreas de caatinga, em diferentes Estados e os respectivos

autores................................................................................................................

14

Tabela 2 - Composição bromatológica, em percentagem, de herbáceas

dicotiledôneas e do capim panasco encontrada por diversos autores em áreas

de caatinga.........................................................................................................

17

Tabela 3. Composição química do pool da serapilheira em áreas de caatinga

no cariri paraibano............................................................................................

67

Tabela 4. Composição química do pool da serapiheira e das cíbalas de

caprinos SPRD em sistema de criação semiestensivo em áreas de

caatinga...............................................................................................................

70

Tabela 5. Relação C:N e C:P da serapilheira e cíbalas em áreas de

caatinga................................................................................................................

71

Tabela 6. Composição química e fertilidade do solo em áreas de

caatinga.................................................................................................................

72

Tabela 7. Estoque de serapilheira em nove áreas de caatinga no Cariri

paraibano para o pastejo caprino..........................................................................

91

Tabela 8. Espécies de inclusão por parcela em diferentes áreas de

caatinga................................................................................................................

93

Tabela 9. Número de famílias, gêneros, espécies e indivíduos ocorrentes nas

áreas 1, 2, 3, 4 e 5 em São João do Cariri – PB...................................................

94

Tabela 10. Relação das famílias encontradas e frequências de indivíduos nas

cinco áreas de estudo...........................................................................................

96

Tabela 11. Matriz presença/ausência, das espécies amostradas.......................... 97

Tabela 12. Espécies e frequências de indivíduos encontrados nas cinco áreas

de caatinga............................................................................................................

98

Tabela 13. Índice de equabilidade de Pielou (J’)................................................. 99

Tabela 14. Número de parcela (NP), área total amostrada em hectare (ATA),

Número de indivíduos encontrados (NIE) e Número de indivíduos por hectare

(NIH)....................................................................................................................

99

Tabela 15. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas em cinco

áreas de caatinga...................................................................................................

101

Tabela 16. Abrangência de P. pyramidalis nos mapas em isolinhas avaliados

nas áreas de caatinga Índice de diversidade de Shannon H’................................

103

Tabela 17. Índice de dominância de Simson (C’) ............................................... 104

Tabela 18. Matriz de similaridade florística (Jaccard) em cinco áreas de

caatinga................................................................................................................

104

Tabela 19.Classificação do padrão de distribuição das espécies, segundo o

Índice de MacGuinnes (IGA)...............................................................................

106

Tabela 20. Abrangência de P. pyramidalis nos mapas em isolinhas avaliados

nas áreas de caatinga............................................................................................

117

12

LISTA DE FIGURAS

Página

Figura 1 - Sistema de resposta aos pulsos de entrada: (a) amplamente

separados, (b) agrupados, (c), com espaçamento intermediário..........................

7

Figura 2. Variável aleatória regionalizada Z(X)............................................................................ 21

Figura 3. Semivariograma experimental e modelo matemático

ajustado.................................................................................................................

23

Figura 4. Modelos e componentes do variograma: a) Esférico; b) Linear; c)

Exponencioal; d) Gausiano...................................................................................

24

Figura 5. Representação das cinco áreas experimentais. Em destaque, na cor

vermelha, a subdivisão das parcelas contíguas.....................................................

37

Figura 6. Fotos representativas das áreas experimentais com presença de

lajedo (a); fragmentos de caatinga hiperxerófila e solo parcialmente descoberto

(b); presença de animais em local de repouso, evidenciando a presença de

cíbalas no solo; e folhas compondo a serapilheira (d)..........................................

38

Figura 7. Croqui de distribuição das parcelas nos fragmentos de caatinga

estudados para levantamento dos dados, coleta de dejetos caprinos e

serapilheira............................................................................................................

39

Figura 8. Esquematização feita em programa de GPS dos pontos centrais

marcados nas áreas experimentais........................................................................

40

Figura 9. Fotos demonstrativas, identificando subparcelas da área 1 com

presença de lajedo (a), vegetação hiperxerófila (b) e solo descoberto (c)...........

40

Figura 10. Demonstração do molde de ferro quadrado........................................ 42

Figura 11. Balança de precisão 1g utilizada no experimento............................... 42

Figura 12. Pesagem da serapilheira alocada em sacos plásticos.......................... 43

Figura 13. Fracionamento dos constituintes da serapilheira em material

lignificado (a), folhas (b), miscelânea (c), estrutura reprodutiva (d) e cíbalas

(e)..........................................................................................................................

44

Figura 14. Amostras em laboratório da serapilheira............................................ 46

Figura 15. Demonstração das cíbalas depositadas em área experimental (a), do

estádio de conservação na época de coleta (b) e demonstração das baias com

caprinos (c)...........................................................................................................

47

Figura16. Dados da precipitação (mm) e temperatura (ºC) de 2011 a 2014........ 48

Figura 17. Gráfico em boxplot demonstrando médias e desvios da produção da

serapilheira nas quatro áreas de caatinga no ano base de 2012............................

49

Figura 18. Gráfico em boxplot com medianas e quartis do fracionamento da

serapilheira em miscelânea, folhas, pool do material lenhoso e cíbalas em

áreas de caatinga...................................................................................................

50

Figura 19. Gráfico em boxplot com médias e desvios do fracionamento da

serapilheira em miscelânea, folhas, pool do material lenhoso e cíbalas em

áreas de caatinga...................................................................................................

51

Figura 20. Fracionamento dos constituintes da serapilheira em cinco áreas de

caatinga. As linhas acima das barras representam o desvio padrão da média......

52

Figura 21. Gráfico em boxplot demonstrando a variação da produção da

serapilheira nas quatro áreas de caatinga no ano base 2014...............................

53

Figura 22. Semivariograma do peso da serapilheira total (2012)......................... 54

13

Figura 23. Isolinhas da distribuição do pool da serapilheira (g.m-²) em quatro

áreas de caatinga no ano de

2012.......................................................................................

55

Figura 24. Isolinhas de folhas (g.m-2

) no período seco em áreas de caatinga no

ano de 2012...........................................................................................................

58

Figura 25. Isolinhas da miscelânea (g.m-2

) no período seco em áreas de

caatinga no ano de 2012.......................................................................................

60

Figura 26. Isolinhas do pool do material lenhoso (g.m-2

) no período seco em

áreas de caatinga no ano de 2012........................................................................

61

Figura 27. Isolinhas das cíbalas (g.m-2

) no período seco na área 2 no ano base

de 2012. ....................................... ....................................... ...............................

62

Figura 28. Semivariograma do peso da serapilheira total no ano base de 2014... 63

Figura 29. Isolinhas do pool da serapilheira em áreas de caatinga no período

chuvoso (ano base 2014). ...................................................................................

65

Figura 30. Conteúdo de água presente na serapilheira e nas cíbalas em áreas de

caatinga no cariri paraibano................................................................................

69

Figura 31. Conteúdo de água das amostras de serapilheira em cinco áreas de

caatinga...............................................................................................................

70

Figura 32. Representação das nove áreas experimentais. Em destaque, na cor

azul, a subdivisão das parcelas de 1m² em três transectos por área.....................

82

Figura 33. Demonstração da demarcação das parcelas em área alagada (a);

com solo descoberto(b); da luva utilizada para colheita da serapilheira (c); e

pesagem do material (d).......................................................................................

83

Figura 34. Dados da precipitação pluvial e temperatura no ano base de 2013..... 89

Figura 35. Gráfico boxplot demonstrando a disponibilidade da serapilheira em

áreas de caatinga no ano base 2013. ....................................................................

90

Figura 36. Curva do coletor para as áreas cinco áreas em estudo, com o

número de espécies registradas em uma área acumulada de 15.000 m².............

92

Figura 37. Número das famílias amostradas nas áreas 1,2,3,4 e 5 em São João

do Cariri - PB. .....................................................................................................

95

Figura 38. Distribuição em classes de altura das espécies amostradas em cinco

áreas de caatinga. ................................................................................................

107

Figura 39. Distribuição em classes de diâmetro das espécies amostradas em

cinco áreas de caatinga. .......................................................................................

109

Figura 40. Gráficos de semivariograma das áreas interpoladas para o acúmulo

de serapilheira......................................................................................................

111

Figura 41. Isolinhas da distribuição de serapilheira em parcelas contíguas no

ano base de 2013. ..............................................................................................

113

Figura 42. Represenntação dos semivariogramas para a espécie P. pyramidalis. 115

Figura 43. Variabilidade espacial de P. pyramidalis em fragmentos de

caatinga. ...............................................................................................................

116

14

LISTA DE QUADROS

Página

Quadro 1. Comparação entre métodos de interpolação. Fonte: Krajewski e

Gibbs (1966)........................................................................................................

25

Quadro 2. Valores de efeito pepita, patamar, alcance e dependência espacial

dos modelos de semivariograma..........................................................................

55

Quadro 3. Valores de efeito pepita, patamar, alcance e dependência espacial

dos modelos de semivariograma..........................................................................

64

Quadro 4. Valores de efeito pepita, patamar, alcance e dependência espacial

segundo os modelos dos semivariogramas..........................................................

112

Quadro 5. Valores de efeito pepita, patamar, alcance e dependência espacial

segundo os modelos dos semivariogramas..........................................................

116

15

SOUZA, M. T. C. Distribuição espacial da serapilheira e cíbalas em áreas de

caatinga pastejada por caprinos. 2015. f. Tese (Doutorado em Zootecnia).

Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Areia – PB.

RESUMO GERAL

Objetivou-se avaliar a distribuição espacial da deposição da serapilheira e de

cíbalas em áreas de caatinga pastajadas por caprinos em período prolongado de seca e

período chuvoso com diferentes taxas de lotação animal. O experimento foi conduzido

na Estação Experimental pertencente a UFPB, localizada no município de São João do

Cariri-PB, Brasil. A área experimental representou, aproximadamente, 5 hectares, dos

quais foram subdivididos em cinco áreas (1, 2, 3, 4 e 5), de 3,3 hectares cada, com

diferentes lotações de animais e diferentes estados de antropização. O método utilizado

para a análise dos dados foi o de parcelas contíguas em áreas de um hectare e áreas de

3,3ha plotadas em transectos de 1m². A serapilheira acumulada na superfície do solo foi

estimada através de uma colheita na estação seca. Para a quantificação desse material

foi utilizado um molde de estrutura férrea, vazado, medindo 0,25m², lançado

aleatoriamente em cada subparcela cinco vezes, cujo material foi colhido e pesado para

obtenção da disponibilidade em g. m-². Os mapas de contorno das variáveis estudadas

foram construídos por interpolação utilizando o método da função da krigagem, por ser

considerado o melhor estimador linear não tendencioso. A amplitude da variação da

produção de serapilheira foi alta por tratar-se de um experimento a campo. Assim, o

valor máximo da área 4 foi de pouco mais de 400 g.m-2

. As áreas com maior taxa de

lotação animal demonstram maior desaparecimento da serapilheira. É provável que os

animais passem a maior parte do tempo alimentando-se de folhas do estrato arbustivo e

arbóreo no período chuvoso. Ainda, a deposição das cíbalas se deve ao acúmulo desse

material no período das águas.

Palavras-chave: Brasil, fezes, fonte alimentar, liteira, pequenos ruminantes, semiárido

16

SOUZA, M. T. C. . Distribuição espacial da serapilheira e cíbalas em áreas de

caatinga pastejada por caprinos. 2015. f. Tese (Doutorado em Zootecnia).

Universidade Federal da Paraíba, Centro de Ciências Agrárias, Areia – PB.

ABSTRACT

Aimed to evaluate the spatial distribution of deposition of litter and cíbalas in

areas of savanna pastajadas by goats in prolonged period of dry and rainy season with

different stocking rates. The experiment was conducted at the Experimental Station

belonging to UFPB, located in São João do Cariri-PB, Brazil. The experimental area

accounted for approximately 5 hectares of which were divided into five areas (1, 2, 3, 4

and 5) 3.3 hectares each, with different manning of animals and different states of

human disturbance. The method used for the analysis was the contiguous plots in areas

of one hectare and areas of 3,3ha plotted on transects of 1m². The accumulated litter on

the soil surface was estimated from a harvest in the dry season. To quantify this material

we used a cast iron structure, hollow, measuring 0,25m², released at random on each

subplot five times, whose material was collected and weighed to obtain the availability

in g. m ². The contour maps of the studied variables were constructed by interpolation

using the method of kriging function, being considered the best non-biased linear

estimator. The magnitude of the variation of litter production was high because it is an

experiment in the field. Thus, the maximum value of the area 4 was just over 400 gm-2.

The areas with higher stocking rate showed higher disappearance of litter. It is likely

that the animals spend most of their time feeding on leaves of the shrub and tree layer in

the rainy season. Moreover, the deposition of cíbalas is due to the accumulation of this

material in the rainy season.

Keywords: Brazil, feces, food source, litter, small ruminants, semiarid

1

CONSIDERAÇÕES INICIAIS

É fato que, há décadas, muitos pesquisadores e cientistas vêm interpretando

erroneamente sobre questões ambientais em áreas de caatinga, repercutindo muitas

vezes sobre um “clima adverso” e sobre uma “pobreza em recursos ambientais” nestas

áreas.

Sabe-se que o clima na região semiárida apresenta como característica marcante

a irregularidade do regime pluviométrico, com duas estações definidas: a estação

chuvosa, que corresponde a períodos com ocorrência de chuvas, distribuídas de forma

irregular, e a estação seca, correspondendo a períodos críticos de estiagem com baixa

oferta de volumosos para os animais criados a pasto. Mas, isto não impede que a

produção animal seja bem sucedida em ambientes semiáridos com áreas de caatinga

nativa.

Além disso, muitos produtores rurais sobrevivem e sustentam os seus familiares

com a produção de pequenos ruminantes criados de forma extensiva nestas áreas,

muitas estas de sucessão, antropizadas ou desmatadas para algum tipo de produção

agrícola em um passado próximo. Vale ressaltar que a vegetação predominante dessas

áreas são resilientes e oportunistas; plantas caducifólias espinhosas com uma ótima

capacidade de rebrota. Ainda, a produção da serapilheira proveniente dessa vegetação

pode contribuir com a ciclagem dos nutrientes do solo.

Porém, poucos estudos são realizados com a serapilheira proveniente destas

plantas e das cíbalas provenientes da criação de caprinos em áreas de caatinga nos

períodos de escassez de volumosos.

Portanto, estudos que visam a avaliação da distribuição e composição química

dos resíduos gerados por caprinos, assim como a distribuição espacial e composição

química da serapilheira, justificam-se pela possibilidade de obter novas informações

para otimizar a produção em sistemas extensivos nestas áreas.

Por conseguinte, deve-se a importância aos estudos mais aprofundados sobre

como ocorre a entrada e saída de nutrientes entre a serapilheira, o solo e as cíbalas de

caprinos.

Sabendo isso, surgem questionamentos tais quais: i) qual a variabilidade espacial

do estoque da serapilheira e arelação entre a presença de caprinos com o seu

desaparecimento? ; ii) quais as espécies vegetais que mais contribuem para a produção

2

da serapilheira?; iii) qual a composição química das cíbalas produzidas por caprinos e a

sua distribuição espacial em áreas de caatinga?; iv) qual a disponibilidade e o acúmulo

de serapilheira para esses animais e neste bioma?

É presumível que a presença de animais em áreas antropizadas, com uma leve

lotação, possa contribuir com a ciclagem dos nutrientes na caatinga, sem causar grandes

perturbações ao meio ambiente; e que a interação solo-planta-animal possa equilibrar-se

contribuindo assim, com a sustentabilidade do sistema.

Infelizmente, informações errôneas sobre este bioma são muitas vezes impedem

o interesse de muitos pesquisadores que deveriam estar envolvidos na conservação, no

estudo e na busca pelo uso sustentável deste bioma.

Baseado nisso, o objetivo geral deste trabalho foi avaliar o impacto do pastejo

caprino sobre o acúmulo da serapilheira e consequentemente, a composição química das

cíbalas e da serapilheira, assim como a distribuição espacial destes em áreas de

caatinga.

Para compreender melhor esses questionamentos, este trabalho foi dividido em

três capítulos, abordando os seguintes temas: Referencial teórico (Capítulo 1);

Distribuição espacial da serapilheira e cíbalas em áreas de caatinga pastejada por

caprinos (Capítulo 2); Acúmulo da serapilheira disponível para o pastejo caprino em

áreas de caatinga (Capítulo 3) e; Composição química das cíbalas, serapilheira e

constituintes do solo em áreas de caatinga (Capítulo 4).

3

CAPÍTULO 1

Referencial Teórico

Distribuição espacial da serapilheira e cíbalas em áreas de caatinga

pastejada por caprinos

4

INTRODUÇÃO

O clima na região semiárida apresenta como característica marcante à

irregularidade do regime pluviométrico, com duas estações definidas: a estação

chuvosa, que corresponde a períodos com ocorrência de chuvas e a estação seca,

correspondendo a períodos críticos de estiagem com baixa oferta de volumosos para os

animais criados a pasto.

Andrade et al. (2005), afirmaram que esses ambientes semiáridos são

caracterizados pela alta variabilidade das chuvas, onde os eventos são constituídos por

pulsos de precipitação. Desse modo, o conhecimento do sincronismo e da amplitude das

chuvas vem a ser fundamental para o estudo da dinâmica do ecossistema. A hidrologia

desta região é totalmente dependente do ritmo climático e as secas são caracterizadas

pela ausência e escassez quanto pela alta variação espacial e temporal das chuvas. A

limitação hídrica anual se verifica em função do longo período seco que leva a não

perenização dos rios e riachos endógenos. Além disso, a reduzida capacidade de

absorção de água da chuva pelo solo é dificultada pelas alterações do relevo e dos solos

rasos e pedregosos.

Nos ecossistemas florestais, o solo constitui-se no principal coletor dos detritos

vegetais, onde esse material orgânico acumulado sofre um processo de transformação

realizado pelos microrganismos, culminando com a transferência de nutrientes para o

solo e, posteriormente, parte deles para as plantas (Souto, 2006).

Parte desse processo de retorno de matéria orgânica e de nutrientes para o solo

florestal se dá através da produção de serapilheira, sendo este considerado o meio mais

importante de transferência de elementos essenciais da vegetação para o solo (Vital et

al., 2004).

A serapilheira pode ser caracterizada como sendo uma camada de resíduos

orgânicos constituída por folhas, gravetos, ramos, caules, cascas, frutos, flores, partes

vegetais não identificadas, corpos e dejetos de animais (Souto, 2006). Sendo assim,

5

diferentes quantidades de serapilheira, que também podem apresentar diferentes

proporções de frações constituintes, são depositadas em diferentes ecossistemas

florestais (Figueiredo Filho et al., 2003). Além disso, produz sombra e retém umidade,

criando condições microclimáticas que influem na germinação de sementes e

estabelecimento de plântulas (Moraes et al., 1998).

Os vários trabalhos que abordam a ciclagem de nutrientes nos mais diversos

ambientes constataram que diversos fatores interferem na deposição da serapilheira no

solo. Kolm e Poggiani (2003) enumeraram alguns desses fatores, como, por exemplo, o

clima, o solo, as características genéticas da espécie, a idade e a densidade de plantio.

Ademais, a quantidade de nutrientes na serapilheira depende da espécie, do

tamanho e tipo das folhas em relação aos demais componentes, da capacidade de

translocação do nutriente antes da senescência, bem como do tipo de solo (Schumacher,

1992).

Devido à sua importância para o equilíbrio dos ecossistemas florestais, tais

processos têm sido amplamente adotados como indicadores da integridade ecológica

desses ecossistemas, uma vez que além do seu papel na ciclagem de nutrientes, a

serapilheira confere heterogeneidade espacial e temporal ao ambiente, além de servir

como recurso para uma grande diversidade de microrganismos e invertebrados (Arato et

al. 2003).

Além da serapilheira, as cíbalas dos caprinos também contribuem para a

ciclagem de nutrientes de um ecossistema. Segundo Kiehl (1985) e Malavolta et al.

(1991), os animais devolvem ao solo de 40 a 50 % das rações que lhes é oferecida como

alimento. Não se deve esquecer que os animais jovens não devolvem os nutrientes

recebidos nas mesmas proporções. Além disso, a permanência de fezes na pastagem

também tem aspecto negativo, uma vez que de imediato trazem prejuízos ao

crescimento da forragem em função do bloqueio de nutrientes essenciais para o

desenvolvimento das plantas (Hirata et al., 1990). Segundo Malavolta et al. (1991) a

cada 1.000 kg do peso vivo de caprinos, estes, produzem em torno de 15 toneladas por

ano de cíbalas.

Assim, os nutrientes excretados nas fezes variam significativamente de acordo

com a ingestão de alimento (Van Horn, 1994). Além disso, outros fatores podem estar

envolvidos como a quantidade excretada de fezes pelos animais, entre eles pode- se

6

citar: peso, idade, nível de produção, estado fisiológico (animais prenhes, secas, em

lactação, em acabamento), quantidade e qualidade do alimento fornecido aos animais,

sistema de produção (pasto, confinamento ou semi-confinamento), e até mesmo com a

estação do ano.

Dessa forma, é presumível que a presença de animais em áreas antropizadas,

com uma baixa taxa de lotação, possa contribuir com a ciclagem dos nutrientes na

Caatinga, sem causar grandes perturbações ao meio ambiente; e que a interação solo-

planta-animal possa se equilibrar contribuindo assim, com a sustentabilidade do

sistema.

8. CARACTERIZAÇÃO DO SEMIÁRIDO NORDESTINO: CLIMA E SOLO

O clima predominante na região semiárida nordestina é do tipo BSw’h’,

conforme a classificação de Köppen, ou seja, tropical seco com a evaporação excedendo

a precipitação, com ocorrência de pequenos períodos de chuvas sazonais. Outra

característica importante da região é a imprevisibilidade das estações chuvosas, de

maneira que a época em que são elevados os índices pluviométricos varia ano a ano,

tornando-se difíceis às tomadas de decisão sobre o uso dos recursos desse ecossistema.

Andrade et al. (2010) afirmam que enquanto a temperatura, a radiação solar e os aportes

de nutrientes nos ecossistemas do semiárido variam relativamente pouco no ano, a

precipitação comumente ocorre em eventos descontínuos, em forma de pulsos de curta

duração.

Os pulsos de precipitação pluvial nas regiões semiáridas podem acontecer de três

formas distintas como mostra na Figura 1: (a) amplamente separados, (b) agrupados, (c)

com espaçamento intermediário. Entretanto, nos períodos chuvosos, os intervalos entre

cada evento podem estimular os pulsos de crescimento da planta (Noy-Meir, 1973), e

como conseqüência a recuperação dessas reservas.

7

Figura 1 - Sistema de resposta aos pulsos de entrada: (a) amplamente separados, (b) agrupados,

(c), com espaçamento intermediário.

Fonte: Noy-Meir (1973)

Andrade et al. (2005), afirmam que esses ambientes semiáridos são

caracterizados pela alta variabilidade das chuvas, onde os eventos são constituídos por

pulsos de precipitação. Deste modo o conhecimento do sincronismo e da amplitude das

chuvas vem a ser fundamental para o estudo da dinâmica do ecossistema.

Quanto aos solos das regiões áridas e semiáridas, estes apresentam geralmente

baixos teores de matéria orgânica, sendo a produtividade dependente dos níveis de

fertilidade natural e da possibilidade de mantê-los através da ciclagem de nutrientes

(Sampaio et al., 1996). Além disso, o solo desempenha um papel importante na variação

fisionômica da caatinga, na formação das paisagens, como suporte mecânico e no

fornecimento de nutrientes e água, essencial para o estabelecimento e desenvolvimento

das plantas.

Segundo Melo (2004), há uma relação estreita entre o solo e a vegetação, já que

alterações na vegetação podem afetar os atributos físicos e químicos do solo, como

também, alterações feitas ao solo, provocar efeito significativo na vegetação. Segundo

8

Sampaio (2010) a variabilidade dos solos advém, principalmente, do efeito diferencial

da erosão geológica, descobrindo camadas distintas, até o limite da exposição das

rochas, formando lajedos e os pavimentos recobertos por rochas.

Sá et al., (2004) ressaltaram que os Estados do Ceará e da Paraíba tem as

maiores áreas, em termos percentuais, com problemas de degradação no nível severo,

seguidos de perto pelos Estados de PE e Bahia. Segundo o mesmo autor, o nível de

degradação ambiental severo aparece principalmente nas áreas dos Estados onde se

encontram os solos do tipo Luvissolos (antigo Bruno-não-cálcico). Ainda, o nível de

degradação ambiental acentuado está mais relacionado às áreas de solos Litólicos, ou

seja, solos mais recentes e em fase de desagregação da rocha que lhe deu origem (Sá et

al., 2004).

Por isso, deve-se dar importância a estudos conjugados de fitossociologia,

serapilheira e análise de solos, pois somente assim pode-se compreender a

complexidade desses sistemas de produção evitando-se uma maior degradação das áreas

de sucessão em sistemas de produção de regiões semiáridas.

9. A IMPORTÂNCIA DA SERAPILHEIRA PARA REGIÕES SEMIÁRIDAS:

PRODUÇÃO, ACÚMULO E DECOMPOSIÇÃO

O estudo do fluxo dos nutrientes no ecossistema, isto é, a produção e

decomposição da serapilheira com a conseqüente transferência desses para o ambiente,

é essencial para a caracterização dos padrões de ciclagem, pois representa a principal

via de retorno de nutrientes e matéria orgânica à superfície do solo (Pagano e Durigan,

2000).

A produção de serapilheira e a devolução de nutrientes em ecossistemas

florestais constituem a via mais importante no sistema solo-planta (Fernandes et al.

2003).

A ciclagem dos nutrientes no sistema solo-planta caracteriza-se, no primeiro

estádio, pela absorção de nutrientes pelas raízes e por sua distribuição pelas diferentes

partes da planta, sendo a taxa de absorção maior no período em que as plantas se

encontram em estádio juvenil, o que corresponde ao período de maior produtividade

dentro do processo de sucessão (Kimmins, 1993). Após esse período, os nutrientes são

transferidos novamente para o solo, pela deposição de serapilheira, lixiviação pelas

9

folhas, ramos e troncos e pela ação da chuva, além do trabalho da fauna herbívora e da

dispersão de frutos e sementes (Poggiani e Schumacher, 2000).

Parente (2009) estudando áreas de caatinga no Cariri paraibano verificou que a

serapilheira, composta por grande parte das folhas das espécies arbustivas e arbóreas

(e.x. catingueira, pereiro, marmeleiro etc), é responsável pela alimentação de pequenos

ruminantes no período seco, e exerce função importante na manutenção da cobertura do

solo e no incremento do teor de matéria orgânica que mantém as condições químicas,

físicas e biológicas do mesmo, devendo, portanto, fazem parte das premissas do manejo

a ser adotado.

O mesmo autor afirma ainda que o pastejo caprino interfere na vegetação da

caatinga de forma acentuada, sendo necessário ser monitorado constantemente a área

pastejada. Além disso, o solo e a vegetação da caatinga apresentam alta resiliência ao

pastejo, quando oferecido uma mínima cobertura vegetal e oportunidade de rebrota,

respectivamente, confirmando que a vegetação da caatinga apresenta potencial para a

produção animal.

Uma série de outros fatores (bióticos e abióticos) também influenciam na

deposição de serapilheira. Dentre eles destacam-se: latitude, altitude, temperatura,

precipitação, estágio sucessional, herbivoria, disponibilidade hídrica e estoque de

nutrientes do solo (Portes et al., 1996), umidade do solo (Burghouts et al., 1994) e vento

(Dias e Oliveira Filho, 1997).

Quanto à contribuição de cada fração na formação da serapilheira, verificou-se

nos diversos estudos (Andrade et al., 2000; Corrêa Neto et al., 2001; Vital, 2002;

Figueiredo Filho et al., 2003; Schumacher et al., 2003; Arato et al., 2003; Souto, 2006)

que a fração folhas contribui com valores que variam entre 60 a 70% ou mais.

Carpanezzi (1990) afirma que as folhas constituem a mais importante fração do

material orgânico decíduo. Essa assertiva confirma os valores reportados no trabalho de

Bray e Ghoran (1964), onde a participação das folhas em diferentes zonas macro-

ecológicas situa-se entre 58 e 79% do material orgânico depositado no solo.

Segundo Dias e Oliveira-Filho (1997) na estação seca, o pico de deposição de

serapilheira seria ocasionado pela grande queda de folhas, provocada como alternativa

ao estresse hídrico causado pela baixa precipitação pluviométrica e pela alta radiação

solar em áreas de caatinga.

10

Além disso, a quantidade de serapilheira depositada pode variar dentro de um

mesmo tipo de vegetação, dependendo dos graus de antropização das áreas. Áreas com

um grau de antropização maior possuem um número elevado de espécies pioneiras de

crescimento rápido, que investem muito em produção de biomassa e acabam produzindo

maior quantidade de serapilheira. Situação diferente das áreas menos antropizadas, pois

possuem menor número de espécies de crescimento rápido e, portanto, apresentam

menor produção de biomassa. Ademais, diferentes ecossistemas florestais depositam

diferentes quantidades de serapilheira que também podem apresentar diferentes

proporções de frações constituintes (Figueiredo Filho et al., 2003).

O desaparecimento acelerado da serapilheira foi observado por pesquisadores

em áreas de caatinga de sucessão secundária, pastejadas por caprinos sem padrão racial

definido (SPRD) ao longo dos meses. Segundo Parente (2009), o pastejo caprino

promove redução na cobertura do solo em função do consumo das espécies constituintes

do estrato herbáceo no período chuvoso e do consumo da serapilheira no período seco.

O mesmo autor verificou ainda a importância da deposição da serapilheira em

áreas de caatinga no período de escassez, pois com o avançar do período seco as folhas

das espécies arbóreas são rapidamente consumidas em função da extinção do estrato

herbáceo bem como dos ramos e das espécies arbustivas.

Formiga (2013), estudando o comportamento ingestivo de caprinos SPRD em

áreas de caatinga, observou que no período de transição (chuvoso-seco) a gramínea, a

serapilheira e o estrato arbóreo foram selecionados de forma semelhante, não diferindo

estatisticamente. A autora afirmou ainda, que a vegetação disponível nessa época do ano

pode ter se apresentado de forma homogênea. Dessa forma, pode-se considerar que a há

uma variabilidade da forragem disponível nas áreas de estudo. Por isso, deve-se ter um

conhecimento mais aprofundado sobre tal variabilidade.

Ainda, em áreas de caatinga, quando chegam as primeiras chuvas, a serapilheira

encontrada na superfície do solo é degradada por ação dos microrganismos

decompositores (fauna edáfica), não ocorrendo grande acúmulo desse material na

superfície do solo.

A decomposição dos resíduos orgânicos que formam a serapilheira é o principal

processo para a ciclagem de nutrientes em ecossistemas florestais (Montagnini e Jordan,

2002). Estes resíduos, ao serem depositados, sofrem inicialmente decomposição parcial

11

pela mesofauna e, posteriormente, ação decompositora dos microrganismos. Parte do

carbono presente nos resíduos é liberado para a atmosfera como CO2 e o restante passa

a fazer parte da matéria orgânica como componente do solo (Bayer e Mielniczuk, 1999).

Segundo Souto (2009), fatores como alta radiação e baixa precipitação em áreas

de caatinga, interagindo simultaneamente, limitam a atividade dos organismos

decompositores, propiciando decomposição mais lenta da serapilheira, quando

comparados com outros ecossistemas mais úmidos. No entanto, esse é um mecanismo

de sustentabilidade desse ecossistema, onde parte da serapilheira seca e mais

lignificada, não é decomposta, servindo como manta protetora para o solo contra os

fortes raios solares, já que sua vegetação na época seca fica quase que totalmente

desfolhada e com isso, ciclagem de nutrientes é mais lenta. Além disso, essa cobertura

de resíduos orgânicos protege o solo do impacto das gotas, por ocasião das primeiras

chuvas. Segundo dados da mesma autora, a serapilheira da caatinga apresentou uma

lenta taxa de decomposição, necessitando de mais de 14 meses para que ocorresse 50%

do seu desaparecimento.

Maior relevância do que a simples acumulação quantitativa é o processo de

mineralização do material orgânico, responsável pela liberação de nutrientes para o

solo, pois a dinâmica da decomposição de resíduos orgânicos disponibiliza

(mineralização) ou não (imobilização) os nutrientes para o sistema, regulado pela

qualidade dos resíduos, principalmente das relações C/N, C/P e C/S (Gonçalves, 1995).

Taylor et al. (1989) afirmaram que a relação C/N é considerada como o melhor

parâmetro para estimar as taxas de decomposição da serapilheira. Quando a relação fica

na faixa de 20-30:1 os processos de imobilização e mineralização se igualam e abaixo

de 20:1 ocorre a mineralização com a maior disponibilidade de compostos nitrogenados.

Souto (2006), trabalhando em áreas de caatinga, observou que o N na

serapilheira apresentou maiores concentrações no período chuvoso, principalmente

devido à contribuição de estruturas reprodutivas das plantas e excretas de animais que,

como as folhas, apresentam teores elevados desse elemento. A mesma autora verificou

relações C/N e C/P da serapilheira elevadas evidenciando uma taxa de decomposição

lenta, quando comparada a outros biomas nacionais.

Em termos de ecossistema, a ciclagem de nutrientes é determinada pela

quantidade de nutrientes que entra, pela quantidade retida na fitomassa, pelas taxas de

12

decomposição dos diferentes componentes da serapilheira e da matéria orgânica do solo,

pelas taxas de imobilização e mineralização de nutrientes e, pela absorção dos nutrientes

(Cuevas e Medina, 1996).

Diversos estudos comprovam que a manutenção dos ecossistemas florestal

depende da ciclagem de nutrientes via produção e decomposição da serapilheira, sendo

este o mais importante processo de transferência de nutrientes proveniente do material

vegetal e/ou animal presente na superfície do solo. Portanto, a velocidade com que esses

nutrientes presentes no solo vão ser reciclados vai influenciar diretamente na

produtividade primária da floresta (Souto, 2006).

Vários pesquisadores têm estudado a produção, qualidade e a contínua

decomposição da serapilheira em diversos ecossistemas no Brasil. No entanto, em áreas

de caatinga esses estudos são escassos. Sampaio (1996) afirma que estudos

desenvolvidos na caatinga nordestina trazem informações da biomassa da vegetação, de

produtividade de herbáceas e de relação solo e vegetação, mas por outro lado, trabalhos

visando a queda do folhedo, massa de serapilheira, decomposição e circulação de

nutrientes são escassos.

Camargo et al. (1999), citando vários autores, explicaram as fases da

decomposição nos resíduos orgânicos. A fase inicial da biodegradação microbiana é

caracterizada pela perda rápida dos compostos orgânicos prontamente decomponíveis

(açúcares, proteínas, amido, celulose, etc.). Na fase subseqüente, produtos orgânicos

intermediários e protoplasma microbiano, recentemente formado, são biodegradados por

vários microrganismos com produção de nova biomassa e liberação de CO2. O estágio

final é caracterizado pela decomposição gradual de compostos mais resistentes,

exercidas pela atividade de actinomicetes e fungos.

Assim, é importante salientar que a velocidade da decomposição da serapilheira

é influenciada pela fauna edáfica, por fatores abióticos (chuvas, temperatura, vento etc)

e pela composição química da serapilheira.

Além disso, é possível afirmar que a variação na disponibilidade dos estratos

vegetais em áreas de caatinga interferem na quantificação e na decomposição da

serapilheira.

13

10. SAZONALIDADE DA DISPONIBILIDADE DE FORRAGEM NO

SEMIÁRIDO

As condições edafoclimáticas da caatinga favoreceram ao desenvolvimento de

espécies vegetais bem adaptadas à região. O bioma é caracterizado por um ecossistema

de plantas xrófitas, caducifólias, espinhosas, muitas vezes esgalhadas e esparsas, mas

composta por diversidade considerável de espécies arbóreas, arbustivas, subarbustivas e

herbáceas, sendo muitas das espécies consideradas endêmicas (Giulietti et al., 2004).

Gonzaga Neto et al. (2001) afirmam que a caatinga constitui-se na mais

importante fonte de alimentação para os rebanhos desta região, chegando a participar

em até 90% da dieta de caprinos e ovinos durante o ano todo, principalmente para

aqueles rebanhos criados extensiva ou semi-intensivamente. Porém a caatinga apresenta

uma dinâmica de produção de fitomassa variável de acordo com as épocas do ano,

presença do estrato vegetativo, composição química do solo, entre outros.

Assim, no período chuvoso há um excesso de matéria seca, enquanto no período

seco há escassez de volumosos, porém a necessidade da ingestão de matéria seca pelos

pequenos ruminantes é constante durante todo o ano.

Na literatura, é possível encontrar que a disponibilidade de fitomassa varia de

2,0 a 4,0 t/ha e que a contribuição do estrato arbustivo-arbóreo na produção total de

fitomassa é bem significativa, e se situa entre 1.000 a 3.000 kg/ha, dependendo do local

e da época do ano (Oliveira, 1996).

Porém, é importante ressaltar que nem toda forragem contabilizada está

prontamente disponível para o consumo, visto que há um limite de alcance máximo para

a apreensão do alimento pelos caprinos (em ramoneio) e que algumas plantas do estrato

arbóreo possuem fatores antinutricionais.

Dessa forma, os animais perdem peso na época de escassez, prejudicando o

sistema de produção local. Esses aspectos reforçam a importância do uso de estratégias

alimentares, tais como: o plantio e manejo adequado de forrageiras xerófitas; a

conservação da forragem excedente e o uso de coprodutos da agroindústria, visando

melhorar os índices zootécnicos e econômicos, tornando viável a ovinocaprinocultura

na região.

14

Porém, existem situações em que a seca permanece constante com pouca

incidência de chuvas (anos de sequeiro), de forma que a vegetação não consegue

rebrotar. Por isso, o produtor deve se precaver para esses tempos, como o qual

presencia-se atualmente. Assim, o uso de silagens, produção de feno ou até mesmo o

cultivo de plantas xerófitas servem como alternativas alimentares.

Em épocas mais chuvosas, é possível observar a presença de folhas verdes e

suculentas dos três estratos vegetativos (herbáceo, arbóreo e sub-arbustivo). Assim,

torna-se relativamente fácil controlar a vegetação nativa para aumentar a

disponibilidade de forragem através do manejo da caatinga, como o raleamento ou

rebaixamento, porém com o avanço da estação seca os caprinos aumentam a

porcentagem de utilização de folhas de arbustos e árvores, passando a consumir troncos,

tubérculos e as folhas caídas no solo após a perda das espécies decíduas (Mesquita et

al., 1989). No entanto, Parente et al. (2012) afirmam que houve uma forte influência da

precipitação sobre o brotamento, floração e frutificação, mostrando o efeito do pulso de

precipitação sobre os aspectos fenológicos das espécies malva, catingueira e pereiro.

Dessa forma, a fenologia de algumas espécies arbóreas não são influenciadas pelo

ramoneio dos caprinos e sim pelo aparecimento do período seco.

Abaixo, segue uma tabela com as principais plantas do estrato herbáceo, sub-

arbustivo e arbóreo encontradas em áreas de caatinga no semiárido Paraibano e

Pernambucano por diversos autores.

Tabela 1 – Disponibilidade dos estratos arbóreo, arbustivo e sub-arbustivo em áreas de

caatinga, em diferentes Estados e os respectivos autores.

Estrato herbáceo e sub-arbustivo

Espécie Estado Autores

Nome comum Nome científico

Capim-búfel Cenchrus ciliaris L. PE, PB Cassuce, 2012

Capim-corrente Urochloa trichopus

Stapf

PE Santos et al.2010

Erva-de-ovelha Diodia sp PB Cassuce, 2012

Pimenta d’agua Phyllanthus sp PE Cassuce, 2012

Orelha-de-onça Macroptium martii

Benth

PE Santos et al.2010

15

Panasco Aristida adscensionis PB Silva et al.2011;

Cassuce, 2012

Jitirana Ipomoea sp PE Santos et al.2010

Amendoim

forrageiro

Arachis pintoi PB Silva et al.2011;

Cassuce, 2012

Malva Pavonia cancelata Cav PE, PB Araújo et al.2010;

Parente, et al.2012;

Cassuce, 2012

Estrato Arbóreo

Espécie Estado* Autores

Nome comum Nome científico

Mororó Bauhinia cheilantha

Steud

PE, PB Cândido et al.2009

Marmeleiro Croton sonderianus

Muell. Arg

PE, PB Araújo et al.2010;

Parente, et al.2012;

Jurema Preta Mimosa sp PE, PB Araújo et al.2010;

Pereiro A. Pyrifolium

Mart.

PE, PB Araújo et al.2010;

Parente, et al.2012;

Aroeira M. urundeuva All. PE Santos et al.2010

Pinhão Aspidosperma

pyrifolium

PB Araújo et al.2010

Catingueira Poincianella

pyramidalis

PB, PE Araújo et al.2010;

Parente, et al.2012;

Cândido et al.2009 *Legenda: PE = Pernambuco; PB = Paraíba

A maioria dessas plantas são consumidas por pequenos ruminantes em regiões

semiáridas.

É importante salientar que a maioria das áreas de caatinga destinadas à produção

extensiva (à pasto) de ruminantes, sofrem ou sofreram algum grau de degradação

devido á antropização (áreas de sucessão). Por isso, deve-se ter cautela ao discutir sobre

este contexto.

Parente (2009) e Cassuce (2012) trabalhando em caatinga no Cariri paraibano,

afirmam que a gramínea Aristida adscensionis, por ser tão representativa em áreas de

caatinga, principalmente em áreas degradadas, e por ter considerável valor nutritivo,

pode ser considerada uma espécie com potencial para uso no semiárido. Porém, outros

métodos alternativos de alimentação e suplementação podem ser utilizados, como por

16

exemplo, a utilização de pastagens cultivadas ou até mesmo o cultivo de plantas xrófitas

(Andrade et al., 2010) para não sobrecarregar as pastagens nativas.

É importante ressaltar que a maioria das criações semiextensivas com caprinos e

ovinos é feita em áreas de sucessão, ou seja, áreas que apresentam algum estádio de

degradação. Dessa forma, áreas que se apresentam com algum tipo de sucessão

ecológica associada à altas taxas de lotação sofrem um processo acelerado de

degradação, tanto das pastagens como do solo. Sendo assim, é imprescindível um

manejo correto de caprinos e ovinos em áreas de caatinga com sucessão, uma vez que

tornar-se-á um fator problemático quando mal manejada, causando um aumento na

degradação da caatinga, diminuindo assim, a disponibilidade de forragem e

consequentemente, afetando a produção como um todo.

4 COMPOSIÇÃO QUÍMICA DA FORRAGEM DISPONÍVEL PARA PEQUENOS

RUMINANTES EM ÁREAS DE CAATINGA

A eficiência da utilização das plantas forrageiras pelos animais está na

dependência de vários fatores, entre os quais podem ser citados como mais

significativos: a qualidade e a quantidade de forragem disponível na pastagem e o

potencial do animal. Por isso, quando a disponibilidade de forragem e o potencial

animal não são limitantes, a qualidade da pastagem é definida pela produção animal,

estando diretamente relacionada com o consumo voluntário e a disponibilidade dos

nutrientes contidos na mesma (Silva e Medeiros, 2003). Assim, o grande desafio da

pecuária no semiárido é utilizar os recursos da caatinga preservando sua

sustentabilidade.

A avaliação da composição bromatológica é importante para verificar a

qualidade dessa forragem nativa, porém poucos estudos são realizados para verificar a

qualidade da forragem nativa disponível para a alimentação de pequenos ruminantes em

áreas de sucessão.

Silva et al. (2010) afirmam que a composição bromatológica das espécies

herbáceas na caatinga variam segundo a época do ano (seca ou chuvosa) e a

conservação das áreas nativas. Além disso, estas plantas são consideradas adequadas ao

consumo de animais adaptados à região do cariri paraibano.

17

Abaixo segue uma tabela com a composição bromatológica de dicotiledôneas

herbáceas e do capim Aristida adscensionis (capim panasco) obtidas por diversos

autores.

Tabela 2 - Composição bromatológica, em percentagem, de herbáceas dicotiledôneas e

do capim panasco encontrada por diversos autores em áreas de caatinga.

Herbáceas dicotiledôneas

Autor Variáveis qualitativas

MS (%) PB (%) FDN (%)

Cassuce (2012) 29,55 11,13 53,19

Silva (2010) 25,6 8,7 61,8

Parente (2009) - 8,21 63,24

Aristida adscensionis

Autor Variáveis qualitativas

MS (%) PB (%) FDN (%)

Cassuce (2012) 47,28 5,53 77,75

Silva (2010) 43,6 3,3 83,8

Cassuce (2010), avaliando a composição bromatológica do pool das espécies

herbáceas em áreas de caatinga no Cariri paraibano verificou uma composição química

importante para a nutrição de pequenos ruminantes, com 12% de proteína bruta (PB),

valores de FDN e FDA apresentaram-se dentro dos valores encontrados para forrageiras

tropicais e a digestibilidade apresentou valores razoáveis (44%) no período chuvoso,

porém, no período seco baixou para 22%, corroborando com a afirmação de Silva, et al.

(2010).

É importante salientar que caprinos têm alta capacidade de selecionar forrageiras

com elevado teor de FDN, mas normalmente com baixa concentração de lignocelulose,

o que compensa o fato de as forrageiras em condições tropicais conterem menor

18

conteúdo de energia,o que faz com que o animal necessite de maiores quantidades de

alimento para atender suas exigências (Araújo et al., 2009).

Além disso, a mesma autora em conjunto com Parente (2009), ao avaliarem a

qualidade do capim panasco, afirmam que este é uma forrageira em potencial para o

semiárido do cariri paraibano.

No entanto, Silva (2010) ao avaliar a composição bromatológica de

dicotiledôneas herbáceas, verificou que a quantidade de PB caiu drasticamente ao

decorrer do tempo (de 8,65% para 4,0%), devido a fatores de baixa precipitação e pelo

avanço da idade fenológica deste estrato, pois com o passar do tempo estas plantas à

medida que se desenvolvem, passam a produzir maior quantidade de caules, ricos em

tecido de sustentação, mas pobres em proteína. Além disso, ao avaliar o capim panasco

a autora afirma que este capim tem baixo valor nutricional.

Assim, discutir o valor nutritivo da pastagem da caatinga exige muito cuidado

pela sua complexidade, visto que inúmeros aspectos devem ser considerados: (i) a

elevada biodiversidade vegetal (plantas lenhosas e herbáceas) dificulta o conhecimento

de seus valores nutricionais de forma individualizada; (ii) embora o potencial de

produção de matéria seca esteja em torno de quatro toneladas, existe grande variação na

quantidade e qualidade da matéria seca disponível para o pastejo/ramoneio dos animais,

em função da quantidade e distribuição das chuvas; (iii) a maioria das propriedades cria

caprinos, ovinos e bovinos sem padrão racial definido e muito adaptados à região, que

apresentam diferenças significativas na preferência e seletividade de plantas e/ou partes

destas ao longo do ano; (iv) a presença de substâncias antinutricionais/tóxicas em

algumas espécies vegetais que se consumidas podem influenciar na resposta nutricional

dos animais; (v) que a maioria das propriedades não respeita a capacidade de suporte de

sua pastagem, dificultando qualquer avaliação nutricional das plantas forrageiras

(Gariglio et al., 2010)

É claro que estas condições são variáveis de região para região. Por isso, é

importante o estudo mais aprofundado desses componentes qualitativos na avaliação de

forragens nativas em áreas de caatinga.

5. ENTRADA E SAÍDA DE NUTRIENTES NO SISTEMA

19

Para uma melhor compreensão da entrada e saída dos nutrientes no sistema é

necessário compreender de que forma os nutrientes são retirados e devolvidos ao

solo.

Os vegetais transformam a energia (em forma de carbono) através da

fotossíntese em nutrientes para a sua manutenção, crescimento e desenvolvimento. É

através das relações hídricas entre o solo e a planta (água carregada de sais - N, P,

K, Ca e Mg) que as estas conseguem gerar essa energia e assim, produzir

substâncias proteicas, ricas em carboidratos, lipídicas etc.

Além da serapilheira, os dejetos de animais também contribuem para a ciclagem de

nutrientes de um ecossistema. Segundo Kiehl (1985) e Malavolta et al. (1991), os animais

devolvem ao solo de 40 a 50 % das rações que lhes é oferecida como alimento. Não se deve

esquecer que os animais jovens não devolvem os nutrientes recebidos nas mesmas

proporções. Além disso, a permanência de fezes na pastagem também tem aspecto negativo,

uma vez que de imediato trazem prejuízos ao crescimento da forragem em função do

bloqueio de nutrientes essenciais para o desenvolvimento das plantas (Hirata et al., 1990).

Segundo Malavolta et al. (1991) fezes de caprinos, a cada 1.000 kg de peso vivo, produzem

em torno de 15 toneladas por ano.

Assim, os nutrientes excretados no nas fezes variam significativamente de acordo

com a ingestão de alimento (Van Horn, 1994). Além disso, outros fatores podem estar

envolvidos como a quantidade excretada de fezes pelos animais, entre eles pode- se citar:

peso, idade, nível de produção, estado fisiológico (animais prenhes, secas, em lactação, em

acabamento), quantidade e qualidade do alimento fornecido aos animais, sistema de

produção (pasto, confinamento ou semi-confinamento), e até mesmo com a estação do ano.

De forma sucinta, o solo comporta todos os nutrientes necessários para a

sobrevivência dos vegetais; a água é responsável pela hidratação e pelo transporte dessas

substâncias em todo o seu sistema vascular; e a luz solar é responsável pela geração de

energia (em ATP’s) através da fotossíntese. Dessa forma, todo o sistema fica comprometido

caso algum desses componentes venha a falhar.

No entanto, quando o vegetal alcança uma idade fenológica avançada, ou quando há

privação de água no sistema, forma-se a serapilheira (composta por folhas caducas, galhos e

estruturas reprodutivas), que carrega parte dos nutrientes das plantas, devolvendo ao solo os

nutrientes e assim, mantendo a sustentabilidade do sistema.

Por isso é importante a compreensão de como acontece a entrada e a saída desses

componentes no ecossistema.

20

Alguns autores avaliam a qualidade química dos resíduos orgânicos através do

conteúdo de N; P; relação C/N; hemiceluloses; celuloses; ligninas e polifenóis; juntamente

com suas interações (Mendonça e Sttot, 2003; Esse et al. 2001). Em função da maior ou

menor quantidade de certos componentes, o resíduo degrada mais lentamente ou mais

rapidamente (Moreira e Siqueira, 2006). Segundo Freitas, et al. (2012), materiais pobres em

nitrogênio e com alta relação C/N, C/P, C/S possuem maior tempo de resiliência no solo.

Já, segundo Thönnissen et al. (2000), a decomposição e liberação de

nutrientes varia também com o local de disposições dos resíduos. Resíduos

incorporados geralmente são decompostos mais rapidamente, devido ao aumento da

superfície de ataque microbiano. De acordo com esses autores, no interior do solo

geralmente ocorrem temperaturas mais amenas e uma maior umidade que propicia o

rápido crescimento da população de microrganismos, acelerando os processos de

decomposição, dados confirmados por Souto et al. (2005).

6. DISTRIBUIÇÃO ESPACIAL E ESTATÍSTICA GEORREFERENCIADA:

ESTUDOS E APLICAÇÃO PRÁTICA NAS CIÊNCIAS AGRÁRIAS

O avanço do conhecimento nas diversas áreas que compõem as ciências agrárias

tem evidenciado as limitações dos métodos tradicionais da estatística, no tratamento da

variabilidade espacial de variáveis do sistema solo – planta – água – atmosfera.

As técnicas da estatística clássica assumem os princípios da casualização,

repetição e do controle local, onde todas as amostras são aleatórias e independentes de

uma distribuição de probabilidade simples, sem continuidade espacial. Assim, a sua

aplicação não envolve qualquer conhecimento da posição atual das amostras ou do

relacionamento entre amostras. Já a estatística espacial é o estudo quantitativo de

fenômenos posicionados no espaço, e assume que os valores estão associados à

localização no espaço, com distribuição contínua dos valores e admite processos de

estimativas para valores não amostrados.

Na geoestatística, se assume que a distribuição das diferenças de variáveis entre

dois pontos amostrados é a mesma para toda a área, e que isto depende somente da

distância entre eles e da orientação dos pontos (Clark, 1979). Assim, é possível admitir

que a geoestatística multivariada é a aplicação de métodos matemáticos e estatísticos a

21

problemas das Ciências da Terra, com o objetivo principal de estimar simultaneamente

um conjunto de variáveis espacialmente correlacionadas (variáveis corregionalizadas).

Desta forma, a estimativa da dependência entre amostras vizinhas no espaço

pode ser realizada através da auto-correlação que é de grande utilidade quando se está

fazendo amostragem em uma direção. Quando a amostragem envolve duas direções

(x,y) o instrumento mais indicado na estimativa da dependência entre amostras é o

semivariograma (Silva, 1988).

A figura 2 demonstra o conjunto de variáveis Z(x) medidas em toda a área S

pode ser considerada uma função aleatória Z(x) uma vez que, segundo Isaaks e

Srivastava (1989), são variáveis aleatórias, regionalizadas e assume-se que a

dependência entre elas é especificada por algum mecanismo probabilístico.

Figura 2. Variável aleatória regionalizada Z(X).

O semivariograma analisa o grau de dependência espacial entre amostras dentro

de um campo experimental, além de definir parâmetros necessários para a estimativa de

valores para locais não amostrados, através da técnica de krigagem (Salviano, 1996).

Sendo assim, o variograma é a ferramenta básica, que permite descrever

quantitativamente a variação no espaço de um fenômeno regionalizado (Huijbregts,

1975).

De forma geral, a geoestatística calcula estimativas dentro de um contexto

regido por um fenômeno natural com distribuição no espaço e, desse modo, supõe que

os valores das variáveis, consideradas como regionalizadas, sejam espacialmente

correlacionados. Devido a essa característica tem sido grande a sua aplicação

22

principalmente para efetuar estimativas e/ou simulações de variáveis em locais não

amostrados.

Assim, a metodologia geoestatística procura extrair, de uma aparente

aleatoriedade dos dados coletados, as características estruturais probabilísticas do

fenômeno regionalizado, ou seja, uma função de correlação entre os valores situados

numa determinada vizinhança e direção no espaço amostrado.

Conhecido o variograma da variável, e havendo dependência espacial entre as

amostras, podem-se interpolar valores em qualquer posição no campo de estudo, sem

tendência e com variância mínima (Vieira, 2000). O método de interpolação chama-se

krigagem e tem como base os dados amostrais da variável regionalizada e as

propriedades estruturais do semivariograma obtido a partir destes dados, o que permite

visualizar o comportamento da variável na região através de um mapa de isolinhas ou de

superfície. Segundo Salviano (1996) os valores estimados das variáveis são

selecionados de forma que a estimativa obtida seja não tendenciosa, assim o estimador

de krigagem se torna o melhor estimador linear não tendencioso (BLUE = Best Linear

Unbiased Estimator), pois apresenta variância mínima e não tendencioso por assegurar

que o somatório dos pesos é igual à unidade.

Landim (2002) explica que, se uma variável regionalizada n(i) for coletada em

diversos pontos i, o valor de cada ponto estará relacionado com valores obtidos a partir

de pontos situados a uma certa distância ∆h e a influência será tanto maior quanto

menor for a distância entre os pontos. Sendo n(1), n(2), .... n(i), .... n(n), realizações de

uma variável regionalizada, a estimativa não tendenciosa da semivariância é dada por:

γ(h) = 1/2n ∑{v(i+h) – v (i)}²

Tais relações são mostradas quando a função g(h) é colocada em gráfico contra

∆h para originar o semivariograma e este não apresenta tendência. Este expressa o

comportamento espacial da variável regionalizada:

a) a amplitude (range) (a), que indica a distância a partir da qual as amostras

passam a não possuir correlação espacial e a relação entre elas torna-se aleatória; toda

amostra cuja distância ao ponto a ser estimado for menor ou igual à amplitude fornece

informações sobre o ponto;

b) o patamar ou silo (sill) (C + Co), que indica o valor segundo o qual a função

estabiliza-se no campo aleatório, correspondente à distância “a”; mostra a variabilidade

23

máxima entre pares de valores, isto é, a variância dos dados e, consequentemente,

covariância nula;

c) a continuidade, pela forma do variograma, em que para h=0, g(h) já apresenta

algum valor. Esta situação é conhecida como efeito pepita e é representada por Co; o

efeito pepita (nugget) pode ser atribuído a erros de medição ou ao fato de que os dados

não foram coletados a intervalos suficientemente, para mostrar o comportamento

espacial subjacente do fenômeno em estudo;

d) a anisotropia, quando os semivariogramas mostram parâmetros diferentes

para diferentes direções de amostragem.

Figura 3. Semivariograma experimental e modelo matemático ajustado. (Genú, 2004)

Seguem alguns modelos de variografia, segundo Lembo e Magri (2002):

24

Figura 4. Modelos e componentes do variograma: a) Esférico; b) Linear; c) Exponencioal;

d) Gausiano.

A krigagem usa informações a partir do variograma para encontrar os pesos

ótimos a serem associados às amostras com valores conhecidos que irão estimar pontos

desconhecidos. Nessa situação o método fornece, além dos valores estimados, o erro

associado à tal estimação, o que o distingue dos demais algoritmos de interpolação. É

entendida como uma série de técnicas de análise de regressão que procura minimizar a

variância estimada a partir de um modelo prévio, que leva em conta a dependência

estocástica entre os dados distribuídos no espaço (Landim e Sturaro, 2002). Por isso,

dentre os métodos de estimativas, comumente empregados, o método geoestatístico da

krigagem pode ser considerado como o melhor estimador linear sem viés (como citado

acima), cujo objetivo é a minimização da variância da estimativa.

Krajewski e Gibbs (1966), mostram a seguinte comparação entre métodos de

interpolação:

Quadro 1. Comparação entre métodos de interpolação. Fonte: Krajewski e Gibbs

(1966).

25

Assim, a krigagem, mostra-se mais uma vez, como o método de maior precisão.

Os estudos sobre a produtividade e acúmulo de serapilheira que são realizados

utilizam-se, na sua maioria, de métodos clássicos de análise estatística de dados, os

quais, em geral, supõem que as realizações das variáveis aleatórias são independentes

entre si (Snedecor e Cochran, 1967). No entanto, fenômenos naturais comumente

apresentam-se com certa estruturação nas variações entre vizinhos podendo apresentar

algum grau de dependência espacial (Guimarães, 1993). Logo, a distribuição da

vegetação de determinado local pode apresentar continuidade espacial (Miller et al.,

2007) e, consequentemente, os métodos estatísticos clássicos podem não ser são bons

estimadores para estudos de produtividade e acúmulo de serapilheira.

Aquino (2013), ao estudar a análise espacial da serapilheira (fração folhas e

total) pelo método da krigagem em região de mata, verificou que foi possível visualizar

regiões a partir das quais pode-se definir como zonas de manejo, que podem ajudar na

tomada de decisão com relação a transposição de serapilheira, coleta de banco de

sementes para recuperação de áreas, entre outros. Tal resultado é muito importante para

lidar com um trabalho sustentável em áreas nativas e de preservação ambiental.

Barbosa (2011), ao avaliar a distribuição espacial de espécies de cactáceas em

áreas de caatinga, observou que algumas espécies nativas se comportam de forma

agregada, enquanto que outras apresentam distribuição uniforme dentro das áreas de

caatinga. Dessa forma, o manejo pode ser diferenciado quanto as espécies nativas

presente nas áreas.

Assim, a elaboração dos mapas de contorno tem sido muito utilizados para a

avaliação dos atributos físicos dos solos de uma determinada região e, muitas vezes,

empregados para caracterizar os padrões espaciais dos atributos do solo (Zhu e Shao,

2008; Brocca et al., 2007; Cichota et al., 2006; Hébrard et al., 2006; Souza et al., 2004;

2005, entre outros).

26

Mas, recentemente, estes mapas têm sido utilizados para avaliação de outras

variáveis que permitem ser regionalizadas, como a distribuição dos estratos vegetativos

em determinadas áreas degradadas, distribuição do CO2 liberado pelo solo em áreas de

caatinga, distribuição da serapilheira, entre outros.

Assim, cada vez mais a estatística georreferenciada aplica-se a várias áreas de

estudo com o intuito de obter novas informações técnicas e contribuir ainda mais para

alcançar níveis ótimos de produtividade aliados à sustentabilidade.

Dadas as observações anteriores, torna-se mais fácil o entendimento da

importância da aplicação prática da estatística georreferenciada com a avaliação da

distribuição espacial de amostras populacionais para uma melhor compreensão dos

sistemas de produção e da caracterização ambiental, mantendo assim uma produção

sustentável sem causar danos ao ambiente.

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33

CAPÍTULO 2

Distribuição espacial e estacional da serapilheira em áreas de caatinga

sob diferentes lotação de caprino

________________________________________________________

RESUMO

O estudo da variabilidade espacial da serapilheira em áreas de caatinga de

vegetação nativa é importante para a compreensão da trajetória cíclica dos elementos

minerais essenciais à vida dentro desse ecossistema. Desta forma, o presente estudo

objetivou avaliar a distribuição espacial da deposição da serapilheira em áreas de

34

caatinga em período prolongado de seca com diferentes lotação animal. O experimento

foi conduzido na Estação Experimental pertencente a UFPB, localizada no município de

São João do Cariri-PB. A área experimental representou, aproximadamente, 5 hectares,

dos quais foram subdivididos em cinco áreas (1, 2, 3, 4 e 5), com diferentes lotação

animal e diferentes estados de antropização. Os animais pertencentes às áreas eram

caprinos machos, adultos, sem idade padrão e sem padrão racial definido. O método

utilizado para a análise dos dados foi o de parcelas contíguas em áreas de um hectare,

delimitadas com auxílio de GPS. Para a quantificação desse material foi utilizado um

molde de estrutura férrea, vazado, medindo 0,25m² e balança de precisão de 1g. Da

serapilheira amostrada, foram separados os seguintes constituintes: folhas (incluindo

folíolos + pecíolo), pool do material lenhoso (correspondente às partes lenhosas

arbóreas, arbustivas e subarbustivas de todas as dimensões + cascas), estrutura

reprodutiva (flores, frutos e sementes), miscelânea (material vegetal que não pôde ser

identificado) e cíbalas (dejetos caprinos). Duas áreas apresentaram maior acúmulo de

serapilheira e do pool do material lenhoso, enquanto outras apresentaram maior

produção de miscelânea, quando comparado os demais constituintes da serapilheira.

Além disso, a deposição das cíbalas está diretamente ligada ao acúmulo de folhas

produzidas e consequentemente, a presença do estrato arbóreo/arbustivo.

Palavras-chave: cariri, galhos, folhas, pequenos ruminantes, semiárido

ABSTRACT

The spatial variability of litter at Caatinga native vegetation is important for

understanding the cyclical trajectory of mineral elements essential to life within that

ecosystem. Thus, the present study aimed to evaluate the spatial distribution of litter

deposition in areas of savanna in prolonged dry period with different stocking. The

experiment was conducted at the Experimental Station belonging to UFPB, localized in

São João do Cariri. The experimental area represented approximately 5 hectares of

which were subdivided into five areas (1, 2, 3, 4 and 5), with different stocking.

Animals belonging to the areas were male goats, adults, no standard age and without

35

defined breed. The method used for data analysis was the contiguous plots in areas of

one hectare, delineated using GPS. The method used for data analysis was the

contiguous plots in areas of one hectare. To quantify this material a mold of iron

structure was used, leaked, 0,25m² measuring and precision balance 1g. Sampled the

litter, the following constituents were separated: leaves (including leaflets + petiole),

pool of woody material (corresponding to trees, shrubs and subshrubs woody parts of all

sizes + shells), reproductive structures (flowers, fruits and seeds), miscellaneous (plant

material that could not be identified) and cíbalas (goat droppings). Two areas showed

higher accumulation of leaf litter and woody material from the pool, while others

produced more miscellaneous compared the other constituents of the litter. Furthermore,

the deposition of cíbalas is directly linked to the accumulation of leaves produced and

hence the presence of the tree / shrub.

Key words: cariri, twigs, leaves, small ruminants, semiarid

1 INTRODUÇÃO

Segundo Souza (2009) a serapilheira depositada sob os solos florestados

compreende a camada mais superficial, sendo formados por folhas, galhos, órgãos

reprodutivos e miscelânea, que exercem inúmeras funções para o equilíbrio e dinâmica

destes ecossistemas. Este material protege o solo contra as elevadas temperaturas,

armazena grande quantidade de sementes e abriga uma abundante diversidade de

microrganismos que atuam diretamente nos processos de decomposição e incorporação

do material fornecendo nutrientes ao solo.

Para Moreira e Siqueira (2002), o tipo de vegetação e as condições ambientais são

os fatores que mais influem na quantidade e qualidade do material que cai no solo.

Além disso, o estágio sucessional da formação vegetal influi diretamente na produção

do folhedo, de tal modo que florestas secundárias caracterizam-se por apresentar menor

produção de serapilheira que florestas em início de regeneração, já que estas últimas

apresentam dominância de espécies pioneiras (Leitão Filho et al. 1993).

O estudo da variabilidade espacial da serapilheira em áreas de caatinga de

vegetação nativa é importante para a compreensão da trajetória cíclica dos elementos

minerais essenciais à vida dentro desse ecossistema.

36

Segundo Delitti (1995) a partir da avaliação da queda da serapilheira é possível

estimar de forma indireta, a via de absorção de nutrientes pelas plantas, uma vez que,

quando os ecossistemas estão em equilíbrio, a quantidade de nutrientes transferida pela

queda do folhedo é equivalente a absorvida pelas plantas. Além disso, a quantidade dos

macronutrientes que chegam ao solo via serapilheira, apresenta um padrão sazonal

semelhante àquele da produção da serapilheira (Cesar, 1993).

Em áreas de caatinga, a quantificação da deposição da serapilheira é variável não

só pela vegetação nativa presente nesse ecossistema; a precipitação pluvial (por estação)

influencia na serapilheira acumulada sobre a superfície do solo e consequentemente na

quantidade de matéria orgânica que volta para o sistema em forma de nutrientes para a

planta. Ainda, em períodos de seca prolongada com sistemas de produção que possuem

carga animal também interferem na quantificação desse material, uma vez que estes

consomem as folhas e galhos presentes na serapilheira.

A vegetação xerófita, presente em ambientes semiáridos possui uma eficiente

resiliência a esse habitat, com uma capacidade incrível de recuperação e rápida rebrota,

principalmente do estrato herbáceo. Segundo Souza (2009) o xerofilismo expressa uma

condição de sobrevivência ligada a um ambiente seco, ecologicamente com deficiência

hídrica, cuja água disponível às plantas procede unicamente do curto período da estação

chuvosa.

Assim, a importância de se avaliar a produção de serapilheira está na compreensão

dos reservatórios e fluxos de nutrientes, nestes ecossistemas, os quais se constituem na

principal via de fornecimento de nutrientes, por meio da mineralização dos restos

vegetais (Souza e Davide, 2001).

Por isso, a cada dia fica perceptível a necessidade de se realizarem pesquisas a

curto, médio e longo prazo, que possam dar subsídios ao maior entendimento de como

ocorrem os processos de ciclagem de nutrientes em áreas de caatinga. Por esta razão

faz-se necessário estudar a deposição da serapilheira para melhor subsidiar ações

conservacionistas e orientar práticas de manejo, associando a preservação do meio

ambiente ao desenvolvimento sustentável.

Desta forma, o presente estudo objetivou avaliar a distribuição espacial da

deposição da serapilheira em áreas de caatinga em período prolongado de seca e em

época chuvosa, com diferentes lotação animal.

37

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Área de estudo

O experimento foi conduzido na Estação Experimental pertencente a UFPB,

localizada no município de São João do Cariri-PB, nas coordenadas 7o23’30”S e

36o31’59”W, numa altitude de 458 m. A figura 5 demonstra a área delimitada para o

estudo.

Figura 5. Representação das cinco áreas experimentais. Em destaque, na cor vermelha, a subdivisão das

parcelas contíguas.

O município está inserido na zona fisiográfica do Planalto da Borborema,

fazendo parte da microrregião do Cariri Oriental.

Apresenta relevo suave ondulado sobre o embasamento cristalino. Com relação

ao sistema de drenagem, a área faz parte da bacia hidrográfica do rio Paraíba e sub-

bacia do rio Taperoá, riacho Namorado e demais cursos d’água tributários desse canal,

cujas nascentes encontram-se inseridas no território da UFPB. Os solos predominantes

na Estação, de acordo com Chaves e Chaves (2000), são: LUVISSOLO Crômico

vértico, que ocupa a maior parte das terras contidas na área da bacia, apresentando-se

severamente erodido à medida que o relevo torna-se mais acentuado; VERTISSOLO,

38

ocupando as posições mais baixas da bacia, nas circunvizinhanças do açude Namorado

e relevo mais plano no interior da bacia hidrográfica; E NEOSSOLO Lítico, encontrado

nas encostas mais íngremes e em posição de topo associado a afloramentos de rochas,

em relevo ondulado a forte ondulado (Embrapa, 1999). Na área experimental a textura

predominante é franco arenosa e franco argilo-arenosa.

Na área predomina o clima Bsh - semiárido quente com chuvas de verão e o

bioclima 2b apresentando um total de meses secos, variando de 9 a 11, denominado de

subdesértico quente de tendência tropical (Governo do Estado da Paraíba, 1985). A

temperatura média mensal varia de 27,2 ºC no período novembro-março a 23,1 ºC em

julho, sendo estes os valores máximos e mínimos, respectivamente, com precipitações

de 400 mm/ano e umidade relativa de 70%. A vegetação que recobre a região estudada é

a Caatinga hiperxrófita (vegetação caducifólia espinhosa), como demonstra a figura 6.

Figura 6. Fotos representativas das áreas experimentais com presença de lajedo (a); fragmentos de

caatinga hiperxrófita e solo parcialmente descoberto (b); presença de animais em local de repouso,

evidenciando a presença de cíbalas no solo; e folhas compondo a serapilheira (d).

39

A área experimental representou, aproximadamente, 5 hectares, dos quais foram

subdivididos em cinco áreas (1, 2, 3, 4 e 5), tal qual demonstra a figura 7, de 3,3

hectares com diferentes lotação animal e estados de antropização, da seguinte forma:

Área 1 (10 animais – 1 animal/3.200 m2), Área 2 (5 animais – 1 animal/6.400 m

2), Área

3, 4 e 5 (sem animais). Os animais pertencentes às áreas eram caprinos machos, adultos,

sem padrão racial definido.

2.2 Coleta e avaliação dos dados

O método utilizado para a análise dos dados foi o de parcelas contíguas (Muller-

Dombois e Ellemberg, 1974; Rodal et al., 1992) em áreas de um hectare. Esse método

vem sendo utilizado para o estudo da caatinga e permite inferências mais apropriadas

para determinados aspectos da avaliação em estudo. Cinco áreas de caatinga foram

delimitadas em um piquete de um hectare (10.000m²) cada, os quais foram subdivididos

em 100 subparcelas de 10mx10m (Figura 9) com auxílio de um GPS (Global

Positioning System), totalizando uma área amostral de 50.000m2.

100m

10

100m

9

8

7

6

5

4

3

2

1

A B C D E F G H I J

40

Figura 7. Croqui de distribuição das parcelas nos fragmentos de caatinga estudados para levantamento dos

dados, coleta de dejetos caprinos e serapilheira.

Cada subparcela foi identificada na área experimental com estacas de madeira

devidamente alocadas na parte central de cada parcela contígua, com o auxílio de um

profissional equipado com GPS, segundo as figuras 8 e 9.

Figura 8. Esquematização feita em programa de GPS dos pontos centrais marcados nas áreas

experimentais.

41

Figura 9. Fotos demonstrativas, identificando subparcelas da área 1 com presença de lajedo (a), vegetação

hiperxrófita (b) e solo descoberto (c).

2.3 Coleta do solo e dos dados meteorológicos

As coletas de solo tiveram o intuito de caracterizar os atributos físico-químicos

das áreas experimentais. Para tanto, foram realizadas três coletas de forma aleatória nas

cinco áreas, próximo ao local dos dejetos caprinos na profundidade de 0-20 cm,

descartando-se a serapilheira, e formada uma amostra composta de cada área. Foram

retiradas cinco amostras compostas de solo, no total, e levadas ao Laboratório de

Análises Físicas e Químicas do CCA/UFPB, colocadas para secar ao ar, destorroadas,

passadas em peneira de malha de 2 mm (Terra Seca ao Ar - TFSA) e enviadas para

análises físicas e químicas, segundo procedimentos metodológicos contidos no manual

de análise do solo da Embrapa (1997), conforme resultados apresentados no capítulo 4

deste trabalho.

Os dados meteorológicos (pluviometria e temperaturas diárias) foram obtidos na

Estação Meteorológica, classe A, localizada na Estação Experimental de São João do

Cariri.

42

2.4 Metodologia para a obtenção da Serapilheira

2.4.1 Estimativa do estoque de serapilheira acumulada sobre o solo

A serapilheira acumulada na superfície do solo foi estimada através de uma

coleta na estação seca (novembro e dezembro de 2012), e durante a estação das águas

(julho de 2014) em 24 meses de condução do experimento, visando detectar variações

sazonais de forma espacial, através de avaliações em isolinhas. Foram coletas amostras

em cada parcela contígua, como demonstrado na figura 8, em cada hectare demarcado

nas áreas de estudo. Para a quantificação desse material foi utilizado um molde de

estrutura férrea, vazado, medindo 0,5 m x 0,5 m (0,25m²) como demonstra a figura 10,

lançado aleatoriamente em cada subparcela cinco vezes.

Figura 10. Demonstração do molde de ferro quadrado.

A pesagem da serapilheira foi feita com a balança Balmak Actlife de precisão 1g

(própria para campo – capacidade até 5kg) como demonstra a figura 11.

43

Figura 11. Balança de precisão 1g utilizada no experimento.

Toda a serapilheira contida na moldura férrea foi alocada em sacolas plásticas

transparentes e foi feita a pesagem desse material, conforme mostra a figura 12, nos

cinco lances em cada subparcela.

Figura 12. Pesagem da serapilheira alocada em sacos plásticos.

Em seguida foi retirada uma amostra composta representativa de cada

subparcela e logo após, devolvido para o solo o excedente desse material, evitando

assim a degradação do solo.

44

Posteriormente tais amostras foram transferidas para a sede da Estação

experimental para a separação e identificação dos componentes da serapilheira. A

quantidade de serapilheira acumulada foi estimada para g. m-².

2.4.2 Identificação dos componentes da serapilheira

Da serapilheira amostrada, foram separados os seguintes constituintes: folhas

(incluindo folíolos + pecíolo), pool do material lenhoso (correspondente às partes

lenhosas arbóreas, arbustivas e subarbustivas de todas as dimensões + cascas), estrutura

reprodutiva (flores, frutos e sementes), miscelânea (material vegetal que não pôde ser

identificado) e cíbalas (dejetos caprinos) – figura 13. Logo após foram pesados cada

constituinte na mesma balança utilizada para a pesagem a campo, e em seguida,

alocados em sacos de papel devidamente identificados.

Figura 13. Fracionamento dos constituintes da serapilheira em material lignificado (a), folhas (b),

miscelânea (c), estrutura reprodutiva (d) e cíbalas (e).

2.4.3 Plotagem dos Mapas de Isolinhas de Distribuição Espacial

Os mapas de isolinhas de distribuição espacial para a quantificação da

serapilheira foram elaborados com o auxílio dos programas Microsoft Office ® – Excel

45

2010, Surfer® v. 9 (Golden software, Colorado, EUA) e Corel DRAW® v. X4. Com

auxílio de um GPS Garmin® e técnico responsável, foram obtidas as coordenadas de

cada área. O equipamento foi configurado para SAD-69 (Datum Sul Americano) e o

modo de coordenadas adotado foi o UTM (Universal Transverse Mercator). As

coordenadas foram transferidas para o computador com auxílio do aplicativo GPS

TrackMaker® v. 13.8.

A interpolação linear das parcelas perdidas das variáveis foram determinadas

para melhor ajustar os dados nas análises estatísticas, baseados na equação a seguir:

( )

( )

( )

Onde ƒ(a) e ƒ(b) são conhecidos como valores de ƒ(x) em x = a e x = b,

respectivamente.

Após a verificação das variáveis consideradas neste trabalho, observou-se nas

análises de semivariograma, ausência da correlação a curta distância, havendo

dependência espacial entre as amostras. As análises de semivariância foram feitas com

auxílio do programa GS+ (Geostatistics for the Environmental Sciences) v. 10. Assim, a

heterogeneidade espacial das variáveis foi caracterizada através da estatística clássica

com as médias de cada parcela contígua, representadas por mapas na forma de isolinhas

utilizando o programa Surfer® v. 9.0. Cada variável foi avaliada de forma

independente. Os mapas de contorno das variáveis estudadas foram construídos por

interpolação utilizando o método da função da krigagem, por ser considerado o melhor

estimador linear não tendencioso (BLUE = Best Linear Unbiased Estimator) (Ramalho,

2008).

O valor a ser interpolado foi estimado por:

Onde:

Gj =Valor do estimador para o ponto j

NPT =Número de pontos usados para a interpolação

Zi =Valor estimado no ponto i com valor conhecido

46

wij =Peso associado ao valor estimado i

Os mapas com a distribuição espacial dos constituintes da serapilheira foram

elaborados na perspectiva de comparar a distribuição destes em cada área de caatinga

analisada.

A medida de dependência espacial (DE), foi calculada segundo a equação de

Biondi et al. (1994), conforme a fração abaixo:

(

)

Onde, C0 é o efeito pepita; e C1, a contribuição.

2.5 Avaliação da umidade e características químicas e bromatológicas das cíbalas e

da serapilheira

Para esta avaliação foram colhidas quatro amostras de forma aleatória da

serapilheira nas cinco áreas delimitadas neste experimento no período seco (janeiro de

2013). O material foi pesado e em seguida, seco em estufa com circulação e renovação

forçada de ar (± 55°C) até atingir peso constante, triturado em moinho tipo willey e

posteriormente analisado quanto ao conteúdo de água, determinadas as quantidades de

matéria seca (MS), matéria orgânica (MO), cinzas (CZ), proteína bruta (PB), fibra em

detergente neutro (FDN), fibra em detergente ácido (FDA), segundo a metodologia

descrita por Silva e Queiroz (2002). As análises foram realizadas no Laboratório de

Nutrição Animal (LANA) do CCA/UFPB.

Para a determinação da umidade da serapilheira foi feita a pesagem das alíquotas

antes e após a pré-secagem e, posteriormente, determinada a percentagem do conteúdo

de água através do programa Microsoft Excel 2007®.

47

Figura 14. Amostras em laboratório da serapilheira.

Para a análise das cíbalas, foram feitas amostras composta através de coletas das

áreas 1 e 2, onde predominava a aparição destas, conforme demonstra a figura 15.

48

Figura 15. Demonstração das cíbalas depositadas em área experimental (a), do estádio de conservação na

época de coleta (b) e demonstração das baias com caprinos (c).

Em seguida, foram secas em estufa com circulação e renovação forçada de ar (±

55°C) até atingir peso constante, triturado em moinho tipo willey e posteriormente

analisada quanto aos teores de macronutrientes (MO, C, N, K, P e Na) segundo a

metodologia da Embrapa (1997). As análises foram realizadas no Laboratório de Solos

da UFPB, Campus II.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Produção da Serapilheira Total e Fracionada e Relevo do solo

O experimento foi conduzido na época seca, porém com uma importante

observação, pois este período representou a pior seca dos últimos cinquenta anos (desde

1962) com mais de 1.400 municípios afetados (ONU, 2013).

49

Segundo a figura 16, é possível observar uma precipitação com pulsos

concentrados entre os meses de janeiro a agosto, totalizando ao longo do ano 1.299 mm.

Figura16. Dados da precipitação (mm) e temperatura (ºC) de 2011 a 2014.

Já no ano de 2012, segundo os dados meteorológicos da estação experimental

choveu 208mm ao longo de todo o ano de 2012 com pulsos espaçados e maior apuração

no mês de fevereiro, conforme demonstra a figura abaixo. É possível observar que os

pulsos de precipitação foram muito espaçados (2012). Este fato fez com que as plantas

não respondessem aos pulsos, dificultando a rebrota, pois estas necessitam de água para

ativar os carboidratos de reserva e assim iniciar o seu desenvolvimento foliar.

Observa-se incidência de chuvas entre janeiro e agosto de 2014 cumuladas em

244 mm, porém com curtos pulsos e bem espaçados, o que pode ter dificultado a

rebrota.

Ainda, as áreas apresentaram variação na quantificação da serapilheira,

conforme observa-se na figura 17, ou seja, houve assimetria nos dados avaliados, com

exceção das áreas 4 e 5. Enquanto a área 1 (com maior lotação animal) não acumulou

quantidade significativa de serapilheira a ser quantificada, a área 4 (sem lotação animal)

apresentou um interquartil com pouco mais de 400g/m² desse material, sendo 50% dos

dados representados por mais de 300g/m². A amplitude da variação foi alta por tratar-se

0

20

40

60

80

100

120

140

160

0

5

10

15

20

25

30

35

Dias Juliano

Dados meteorológicos (2011 a 2014)

Temperatura Precipitação

50

de um experimento a campo. Os pontos localizados fora do diagrama de caixa são os

outliers, cujos dados fogem do padrão.

Figura 17. Gráfico em boxplot demonstrando médias e desvios da produção da serapilheira nas quatro

áreas de caatinga no ano base de 2012.

Além disso, tais áreas são de sucessão secundária, assim as áreas com maior

lotação animal demonstram maior desaparecimento da serapilheira, uma vez que esses

animais consomem a serapilheira em épocas de escassez.

Parente (2009) observou que houve tendência do desaparecimento da

serapilheira em áreas pastejadas por caprinos SPRD, sendo este fator importante na

tomada de decisões quanto ao manejo dos animais. Além disso, o mesmo autor cita que

logo no início do período seco ocorre queda acentuada das folhas das espécies do estrato

arbustivo-arbóreo que passam a constituir parte da serapilheira, evidenciado pelo hábito

caducifólio da grande maioria das espécies da caatinga. Como este experimento foi

executado em um longo período de estiagem, estimou-se que a maior parte da

serapilheira estaria constituída de folhas caducas da vegetação arbóreo/arbustiva.

51

Porém, segundo a figura 18, a maior fração da serapilheira foi constituída por

um pool do material lenhoso (terceiro quartil com 39%), seguido da miscelânea

(terceiro quartil com 37%) em todas as áreas. Considerou-se miscelânea espécies

herbáceas secas e partes não identificáveis da serapilheira; e o pool do material lenhoso

por partes de galhos, cascas e todo material lignificado. Assim, herbáceas e gramíneas

secas contribuíram para essa alta percentagem de miscelânea.

Figura 18. Gráfico em boxplot com medianas e quartis do fracionamento da serapilheira em miscelânea,

folhas, pool do material lenhoso e cíbalas em áreas de caatinga.

Observa-se que o maior interquartil foi do pool do material lenhoso, além disso,

a mediana do pool do material lenhoso e da miscelânea foi de 33%, apresentando

proporções equivalentes.

Na fração miscelânea 50% dos dados apresentaram-se entre 32 e 38% dessa

fração como constituinte da serapilheira.

52

Houve pouca quantificação do constituinte cíbalas, pois havia presença animal

somente nas áreas 1 e 2. Os caprinos costumam excretar nas baias, local este que não

fazia parte das parcelas delimitadas para a avaliação experimental. Assim, a produção

desse constituinte dentro das parcelas foi considerada escassa, podendo prejudicar a

ciclagem de nutrientes das áreas em estudo.

Figura 19. Gráfico em boxplot com médias e desvios do fracionamento da serapilheira em miscelânea,

folhas, pool do material lenhoso e cíbalas em áreas de caatinga.

Além disso, a fração estrutura reprodutiva da serapilheira foi insignificante,

assim não houve quantificação deste material presente neste experimento, pelo longo

período de estiagem.

Ao estudar o fracionamento da serapilheira por área, verificou-se que os

constituintes foram muito variáveis. A área 4, responsável pela maior quantificação da

serapilheira, foi constituída em sua maior parte por material lenhoso segundo a figura 20

(48% de galhos, cascas de árvores etc). Entretanto, neste trabalho não se verificou

nenhum material com diâmetro superior a 2,0 cm, o que significa que o resíduo lenhoso

colhido eram galhos finos, cascas e partes de galhos grossos, além de partes da estrutura

reprodutiva da vegetação.

53

Santana et al. (2011), trabalhando com serapilheira em área de caatinga verificou

que a fração de resíduos lenhosos foi o componente da serapilheira que apresentou a

segunda maior produção após as folhas, pela facilidade de algumas espécies arbustivas e

arbóreas depositarem galhos e cascas durante grande parte do ano. Porém, neste

trabalho o fracionamento da serapilheira foi diferenciado para cada área em estudo,

segundo a figura 20.

Figura 20. Fracionamento dos constituintes da serapilheira em cinco áreas de caatinga. As linhas acima

das barras representam o desvio padrão da média.

Parente (2009) constatou em estudo nas áreas 1, 2 e 3 em São João do Cariri,

que áreas de caatinga apresentavam diferenças e alta variabilidade existente no estrato

arbóreo/arbustivo deste bioma.

Outro fator poderia explicar a baixa concentração de folhas: a estrutura

anatômica das folhas, facilitando a sua decomposição por fatores abióticos, pois a

ausência da precipitação diminui as perdas por lixiviação. Dessa forma, pode-se

enfatizar que não houve constante deposição das folhas da serapilheira ao longo do

período seco.

A fração miscelânea deste trabalho foi basicamente de origem vegetal com

presença de herbáceas e gramíneas secas, ao contrário do trabalho realizado por

Santana, et al. (2011), onde a origem da miscelânea foi de origem animal.

0

10

20

30

40

50

60

70

M F ML C

%

Constituintes da serapilheira

Percentagem dos constituintes da serapilheirra em

áreas de caatinga

A2

A3

A4

A5

54

No ano de 2014, foi observado uma boa recuperação da área 1 e queda de 63%

na produção de serapilheira para todas as outras áreas.

Figura 21. Gráfico em boxplot demonstrando a variação da produção da serapilheira nas quatro áreas de

caatinga no ano base 2014.

A área 5 apresentou-se com o maior acúmulo de serapilheira em detrimento das

demais, com um interquartil de 94g/m².

3.1.1 Relevo do solo:

Segundo Nascimento e Alves (2008), os solos do semiárido, raras exceções, são

pouco desenvolvidos, pedregosos e pouco espessos e com lençol freático pouco

profundo produzindo baixa capacidade de retenção da água. Além disso, o relevo é

representado pelo escudo nordestino aplainado e seu núcleo arqueado e falhado - a

Borborema.

Neste estudo, foi possível observar uma região mais elevada da área 1 em

relação às demais áreas em estudo.

3.2 Distribuição espacial da Serapilheira Total e Fracionada no período seco

(g/m²)

55

3.2.1 Distribuição espacial da serapilheira total em época seca

Entender o funcionamento e as variáveis que promovem maior ou menor

estabilidade a uma comunidade vegetal e/ou animal é essencial para que se possa

intervir sem degradar o meio. Assim, estudos sobre a deposição da serapilheira e a sua

distribuição de forma espacial em áreas de caatinga permitem o conhecimento

aprimorado da distribuição dos nutrientes que serão devolvidos para o solo através

desse material.

Figura 22. Semivariograma do peso da serapilheira total (2012).

Segundo a figura 22, de semivariograma, os modelos Esférico, Gaussiano e

Exponencial explicam a curvatura dos dados das áreas em estudo na época seca (2012).

As áreas 4 e 5 apresentaram o mesmo modelo (exponencial).

O efeito pepita foi alto, principalmente na área 1, por tratar-se de um

experimento de campo em grandes áreas. Além disso, a amplitude dos dados foi alta,

mostrando que estes possuem baixa correlação.

56

Abaixo segue ilustrada uma tabela com o efeito pepita, amplitude, o patamar, o

r2 e a dependência espacial com a sua classificação, para um melhor entendimento dos

gráficos de semivariograma.

Quadro 2. Valores de efeito pepita, patamar, alcance e dependência espacial dos

modelos de semivariograma.

Variáveis Modelo Co C1 Co+C1 a (m) r2 DE (%) Classificação

A1 - - - - - - - -

A2 Esférico 2.950 6.967 9.917 0,00047 0,963 70,25 Forte

A3 Gaussiano 10,0 15.520 15.530 0,00010 0,650 99,93 Forte

A4 Exponencial 1.100 33.600 34.700 0,00019 0,587 96,82 Forte

A5 Exponencial 2.440 20.230 22.670 0,00004 0,030 89,23 Forte

C0 : efeito pepita, C1 : contribuição, C0 +C1 : patamar, a : alcance (m), DE : dependência espacial (%)

Observa-se, na figura 23, a distribuição espacial da serapilheira em quatro áreas

de caatinga. A área 1 não foi contabilizada por não ter apresentado serapilheira

significativa.

57

Figura 23. Isolinhas da distribuição do pool da serapilheira (g.m-²) em quatro áreas de caatinga no ano de

2012.

Pode-se observar que as áreas 4 e 3 apresentaram maior acúmulo de serapilheira,

seguidas das áreas 5 e 2, respectivamente.

As áreas 2 e 3 são constituídas em parte, por uma área alagada na época

chuvosa, onde predomina o capim Aristida adscensionis, na época seca. Na época

experimental este capim fez parte da miscelânea por não ter sido classificado como

material lenhoso, folhas ou estrutura reprodutiva da serapilheira.

Segundo Araújo (2010), em estudo semelhante nas mesmas áreas de caatinga,

afirma que as espécies mais frequentes na área 1 foram Croton sonderianus

(Marmeleiro) representando 54,05%, Pilosocereus gounellei (Xique-xique) com

13,05% e Poincianella pyramidalis Tul. (Catingueira) com 11,22% no ano base de

2010. Neste estudo, asespécies mais encontradas na área 1 foram: P. pyramidalis

(47.7%), A. pyrifolium (Pereiro) (23.49%) e P. gounellei (17.92%) no ano base de 2014,

mostrando-se diferenciada das demais.

Os animais presentes nesta área têm preferência a consumir o Marmeleiro em

época chuvosa. Assim, é possível afirmar que a quantidade da serapilheira depositada

no solo foi considerada insuficiente pela presença de cactáceas nesta área, aliado ao

fator do consumo dos animais. Ademais, estes animais têm o hábito comportamental de

ingerir folhas de catingueira secas (que fazem parte da serapilheira acumulada no solo),

o que também pode ter contribuído para o desaparecimento da serapilheira.

Já na área 2, as espécies verificadas com maior frequência, foram Croton

sonderianus apresentando 51,70%, seguidas de Poincianella pyramidalis, Jatropha

mollisssima (Pinhão) e Pilosocereus gounellei com 15,30, 12,40 e 11,50% ,

respectivamente (Araújo, 2010) no ano base de 2010. Já em 2014, verificou-se a

predominância de P. pyramidalis (42.64%), C. sonderianus (15.32%) e A. pyrifolium

(14.71%). Assim, verificou-se uma semelhança entre as áreas 1 e 2.

Logo, a serapilheira será diferenciada em detrimento da lotação animal ficando

claro que a presença de uma alta lotação pode prejudicar o acúmulo da serapilheira e,

consequentemente a ciclagem dos nutrientes para o solo.

É possível afirmar ainda, com base na figura 23 e conforme o trabalho de Araújo

(2010), que nos locais onde ocorreu uma maior deposição da serapilheira estão

58

localizados os estratos arbóreo/arbustivos de maior frequência (citados acima). O local

com maior deposição da serapilheira apresentou apenas 1,24% da área amostral da

serapilheira e corresponde acima de 500g.m-2

. A maior parte representativa da área foi

de 55,80% de 100 a 200g.m-2

de serapilheira.

A área 3 (sem animais), mostrou-se diferenciada das demais em 2010. As

espécies que se destacaram foram o Croton sonderianus, seguido de Sida sp. (Malva),

Jatropha mollisssima e Poincianella pyramidalis, representando 42,73, 13,45, 12,08 e

11,89% (Araújo, 2010) no ano base de 2010. Já em 2014, as espécies predominantes

foram P. pyramidalis (29.52%), A. pyrifolium (17.78%) e C. sonderianus (16.51%), ou

seja, semelhantes à área 2. Esta área apresentou-se com a segunda maior deposição da

serapilheira acumulada sobre o solo. Tal fato pode ser comprovado pela ausência dos

animais na área em estudo. Observou-se nas análises das isoietas que 93,67% da área

correspondeu entre 0 a 600 g.m-2

de serapilheira.

Apesar dos resultados, não é possível afirmar que o pastejo caprino degrada as

áreas, pois a área 5 apresentou-se semelhante a área 2, apesar de não haver presença

animal. Da mesma forma, a área 4 mostrou-se semelhante a área 3, quando se trata da

deposição da serapilheira. Como todas estas áreas são de sucessão secundária, é

plausível afirmar que a antropização contribuiu significativamente para a degradação

deste bioma.

Além disso, é importante salientar a grande proporção do solo descoberto em

estádio avançado de degradação (erosão) na área 5. Observou-se ao avaliar as isolinhas,

que 68,47% do mapa apresentou uma produção de serapilheira entre 0 a 200g.m-2

.

Assim, é possível considerar que a baixa produção de serapilheira na maior parte na

área é devido a grande parte do solo descoberto.

Nas áreas 4 e 5, foi observado uma grande presença de Sida sp. (malva) e

Aristida adscensionis (capim panasco). Já foi comprovado que o surgimento do capim

panasco é uma prova circunstancial de áreas degradadas ou em estádio sucessional de

degradação, (Guedes et al. 2008) inferindo uma precedente antropização das áreas

atualmente estudadas.

Além disso, as espécies arbóreas predominantes da área 4 foram: C. sonderianus

(31,34%), P. pyramidalis (26,27%) e P. gounellei (17,78%), diferenciando-se das

59

demais. Já na área 5 foram: P. pyramidalis (24,16%) , J. molíssima (20.22%) e A.

pyrifolium (19,1%) no ano base 2014.

Segundo Pereira Júnior e Araújo (2012), um maior valor de importância da

espécie C. sonderianus pode indicar área de sucessão, evidenciando o aumento de

degradação da área.

3.2.2 Distribuição Espacial do fracionamento da serapilheira em época seca

É necessária a compreensão de como se distribuem os componentes da

serapilheira nas áreas de estudo, uma vez que tais elementos sofrem interferência do

vento e da lixiviação. Além disso, a estrutura vegetativa (herbáceo, arbóreo ou

arbustivo) também infere na variação espacial desse material.

Foi observado em estudos na mesma área (Araújo, 2010; Guedes et al. 2008;

Andrade, 2008) que há uma grande variabilidade de indivíduos da vegetação com

distribuição heterogênea nas áreas de sucessão secundária. Dessa forma, o estudo da

distribuição espacial dos constituintes da serapilheira pode explicar a contribuição da

ação do vento na deposição desse material sobre o solo.

60

Figura 24. Isolinhas de folhas (g.m-2

) no período seco em áreas de caatinga no ano de 2012.

Na figura 24, o grande aparecimento de folhas na área 3 em detrimento das

demais, pode ser explicado pelo trabalho de Andrade (2008) , onde a autora afirma que

a área 3 apresentou um maior número de indivíduos na vegetação, demonstrando uma

menor perturbação desse ambiente pela antropização.

A menor quantificação de folhas na área 2, pode ser explicada pela presença de

caprinos SPRD, pois tais animais consomem a folhagem da vegetação arbóreo/arbustiva

existente.

Apesar da grande quantificação da serapilheira presente na área 4 (350g.m-2

), a

folhagem desse material (125g.m-2

) se mostrou inferior a área 5 (175g.m-2

). Tal

resultado pode inferir na menor proporção de indivíduos arbóreo/arbustivos quando

comparados a área 5. Pode-se observar ainda na área 4 que 99,89% da área apresentou

material folhoso, enquanto que 9,97% não apresentou deposição de folhas (a área

branca do mapa). No entanto, na área 5 a maior porção do mapa (64,48%) apresentou de

0 a 35g.m-2

.

61

É possível ainda, verificar a variabilidade da distribuição do constituinte

miscelânea na figura 25. Observa-se que as áreas 4 e 2 apresentaram-se com maiores

proporções da miscelânea. Esse dado pode explicar a pequena deposição de folhas nas

áreas estudadas.

Figura 25. Isolinhas da miscelânea (g.m-2

) no período seco em áreas de caatinga no ano de 2012.

Segundo Guedes et al. (2008), em estudo nas mesmas áreas de caatinga, a área 2

apresentou maior número de indivíduos Aristida adscensionis, que fez parte da

composição da miscelânea. Tal fato pode explicar a grande quantificação da miscelânea

nesta área. Assim como na área 2, na área 4 foi verificado grande quantidade desse

indivíduo nas coletas. Na área 2 a deposição de miscelânea representou 73,43% da área

do mapa entre 0 a 45 g.m-2

. Entretanto, 4,47% apresentou-se entre 105 a 175g.m-2

.

Além disso, pode-se observar na figura a grande concentração da miscelânea e

de folhas na direção nordeste da área. Dessa forma, o vento pode ter contribuído para

este evento.

Observa-se na figura 26 a distribuição espacial do pool material lenhoso da

serapilheira (g.m-2

).

62

Figura 26. Isolinhas do pool do material lenhoso (g.m-2

) no período seco em áreas de caatinga no ano de

2012.

A produção do material lenhoso nas áreas 3, 4 e 5 foi superior ao restante dos

constituintes da serapilheira, com exceção da área 2. A maior quantificação desse

material foi observada na área 5. Ainda é possível afirmar que as maiores concentrações

deste componente estão agrupadas em isolinhas nos mapas de todas as áreas. Por ser um

material pesado, por sua alta lignificação, é normal essa grande proporção em g.m-2

em

todas as áreas. Este pode ser um indicador de que há uma maior concentração do

estrato arbóreo/arbustivo nas isolinhas agrupadas.

Além disso, 12,72% da região do mapa da área 5 não foi observado deposição

do pool do material lenhoso e 16,30% apresentou deposição entre 220 a 330 g.m-2

.

É possível observar, nas figuras 24 e 26, que há uma semelhança entre a

distribuição de folhas e do pool do material lenhoso na área 3. Ou seja, é um forte

indicador que neste local há uma concentração maior de indivíduos arbóreo/arbustivos.

Assim como na área 3, nas áreas 2 e 5 mostra-se uma maior concentração de

folhas e material lenhoso na região nordeste. Já na área 4 essa distribuição mostra-se

heterogênea em todo o mapa.

63

Segundo tais informações, pode-se afirmar que quanto maior a produção do do

pool do material lenhoso e de folhas da serapilheira nas áreas, maior é a probabilidade

da presença do estrato arbóreo/arbustivo.

Na figura 27, observa-se a distribuição espacial das cíbalas na área 2. É possível

estabelecer uma ligação entre o aparecimento de folhas e de cíbalas na região nordeste

do mapa. É provável que os animais passem a maior parte do tempo nesta região se

alimentando de folhas do estrato arbustivo e arbóreo no período chuvoso. Assim, a

deposição das cíbalas nesta região deve-se ao acúmulo desse material no período das

águas.

Figura 27. Isolinhas das cíbalas (g.m

-2) no período seco na área 2 no ano base de 2012.

Aproximadamente, 10,25% da região do mapa apresentou uma produção de 6 a

8 g.m-2

de cíbalas, enquanto que 54,95% da área do mapa representou de 0 a 4 g.m-2

.

Sendo assim, pode-se afirmar que há uma concentração de cíbalas na parte

norte/nordeste da área do mapa. Além disso, pode-se afirmar que a produção de cíbalas

na maior parte da área foi mínima.

3.3 Distribuição espacial da Serapilheira Total e Fracionada no período chuvoso

3.3.1 Distribuição espacial da serapilheira total em época chuvosa

Pode-se observar na figura 28, os semivariogramas da distribuição espacial na época

chuvosa (2014).

64

Figura 28. Semivariograma do peso da serapilheira total no ano base de 2014.

65

Pode-se observar em todos os gráficos que o modelo linear crescente explica a

distribuição das amostras, assim como na época seca, inclusive na área área 5, onde no

ano base de 2012 apresentou-se em equilíbrio. Demonstrando aumento significativo na

produção da serapilheira.

Em seguida, observam-se os valores de dependência espacial para um melhor

entendimento dos semivariogramas.

Quadro 3. Valores de efeito pepita, patamar, alcance e dependência espacial dos

modelos de semivariograma.

Variáveis Modelo Co C1 Co+C1 a (m) r2 DE (%) Classificação

A1 Gaussiano 56,0 756,3 812,3 0,00009 0,703 93,10 FORTE

A2 Linear 598,17 0 598,17 0,00055 0,100 0 NULA

A3 Gaussiano 340,0 365,3 705,30 0,00051 0,903 51,79 REGULAR

A4 Gaussiano 58,0 436,1 494,10 0,00009 0,777 88,26 FORTE

A5 Linear 2.977,8 0 2.977,8 0,00633 0,227 0 NULA

C0 : efeito pepita, C1 : contribuição, C0 +C1 : patamar, a : alcance (m), DE : dependência espacial (%)

Segue na página seguinte, a figura da distribuição espacial do pool da

serapilheira em áreas de caatinga no período chuvoso.

66

Figura 29. Isolinhas do pool da serapilheira em áreas de caatinga no período chuvoso (ano base 2014).

Observa-se que a área 1 continuou apresentando pouca serapilheira, com 25,60%

da área de 0 a 15g/m² de serapilheira. Porém, é importante salientar que recuperou-se

bem após um breve período de chuvas, podendo ser considerada oportunista pelo fato

do rápido acúmulo de serapilheira em pouco tempo.

Além disso, segundo Cassuce (2012), a área 1 apresentou maiores percentuais de

densidade relativa em relação ao capim panasco (Aristida adscensionis). Isso corrobora

67

com o fato de que a resposta de rebrota do capim em época chuvosa é muito rápida, e

isso fez com que esse acúmulo de serapilheira aumentasse em 2014 nesta área.

É notável também que a área 2 apresentou-se com baixo acúmulo de

serapilheira, sendo 12,61% da área representada com 0 a 30g/m². Sendo assim, houve

uma lenta recuperação do estrato vegetal da área.

Porém, a área 3, que representava o maior acúmulo desse material no período

seco, representou uma queda de 63% do acúmulo da serapilheira. Isso pode ser

explicado pela grande riqueza florística presente na área enfatizado por Cassuce (2012),

pois na época chuvosa esse material encontra-se verde.

A área 5 apresentou-se com maior acúmulo de serapilheira em detrimento das

demais, sendo 8,03% da área do mapa representada com 75 a 90 g/m² de serapilheira,

podendo ser considerada oportunista, pois na época das chuvas responde rapidamente ao

acúmulo de serapilheira, corroborando com os dados apresentados nos gráficos de

semivariograma.

3.4 Avaliação de qualidade da serapilheira

Alguns estudos feitos em regiões semiáridas do nordeste brasileiro avaliaram a

composição química da serapilheira para verificar a entrada e saída dos nutrientes (N, P,

K, S, Ca e Mg) do sistema de produção, verificando assim, a taxa de decomposição,

porém em sistemas extensivos com a criação de caprinos SPRD em áreas de caatinga a

serapilheira serve para a alimentação desses animais, hábito alimentar comprovado em

estudos de herbivoria.

Assim, o conhecimento da composição bromatológica é o ponto de partida para

o discernimento da concentração e disponibilidade dos nutrientes, o que contribui para

predizer a resposta animal em diferentes situações de pastejo. Por isso a importância de

avaliar a qualidade bromatológica desse material em áreas de caatinga, pois como visto

nos resultados do estoque da serapilheira, áreas com animais apresentaram menor

produção desse componente.

Pode-se observar na tabela 3 a composição química do pool da serapilheira

(folhas, material lignificado, miscelânea e estrutura reprodutiva vegetal) em áreas de

caatinga no cariri paraibano.

68

Tabela 3. Composição química do pool da serapilheira em áreas de caatinga no cariri

paraibano.

Variáveis Áreas

A1 A2 A3 A4 A5 CV(%) MS (%) 94,69 b 94,54 b 96,26 ab 96,17 ab 97,42 a 1,17

PB (%) 5,16 a 4,40 ab 5,44 a 3,34 b 2,64 b 19,67

FDA (%) 59,18 a 58,41 a 50,24 a 53,78 a 62,89 a 11,68

FDN (%) 59,47 bc 65,34 ab 55,72 c 56,52 bc 70,45 a 6,83

Cinzas (%) 1,29 a 1,08 ab 1,30 a 1,08 ab 0,92 b 14,41 MS = matéria seca; MST = matéria seca total; PB = proteína bruta; FDA = fibra em detergente ácido;

FDN = fibra em detergente neutro; EE = extrato etéreo. As médias seguidas pela mesma letra nas linhas

da tabela não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o Teste de Tukey ao nível de 5% de

probabilidade para o erro tipo I.

Nota-se que a variabilidade dos dados foi alta. Isso deve-se ao fato de que foi

utilizada uma amostra composta de serapilheira das áreas de caatinga e aplicado um

delineamento inteiramente casualizado (sem o princípio do controle local). A maior

produção de matéria seca foi observada para a área 5 (97,42%), já as áreas 1 e 2

apresentaram menores teores de MS, com 94,69% e 94,54%, respectivamente. Porém,

para a MST a área 5 apresentou-se maiores valores (97,42%), o que pode-se atribuir a

grande quantificação do material lenhoso presente em tal área, como demonstrado no

capítulo anterior.

Quanto a PB, para que haja uma adequada reprodução e atividade bacteriana no

rúmen é necessário que a dieta contenha um mínimo de 8% de PB, pois abaixo deste

nível a digestibilidade do alimento fica comprometida pela baixa atividade bacteriana,

comprometendo as necessidades nitrogenadas das bactérias no rúmen. A tabela

apresenta valores baixos de proteína para todas as áreas estudadas. Pode-se explicar os

baixos teores de proteína por se tratar de um material morto altamente fibroso.

Além disso, as concentrações proteicas em todas as espécies forrageiras são

maiores nos estádios vegetativos da planta e declinam à medida que as mesmas atingem

a maturidade. Como as plantas predominantes das áreas de estudo são caducas

(conforme comentado no capítulo anterior), a maior fração das folhas que compõem a

serapilheira são folhas em seu máximo estádio fenológico.

Mesmo assim, os tratamentos das áreas 1 e 3, apresentaram-se com os melhores

teores de proteína bruta (5,16% e 5,44%, respectivamente). A qualidade desse material

varia segundo as espécies dos estratos presentes em cada área, segundo a idade

fenológica da vegetação e o estádio de decomposição da serapilheira.

69

Segundo Minson (1976), as gramíneas de clima tropical possuem níveis de PB

inferiores ao das espécies de clima temperado. O baixo nível de proteína observado nas

gramíneas tropicais se deve ao metabolismo fotossintético C4 apresentado pelas

mesmas, devido a anatomia foliar e o modo de fixação do CO2, assim como a alta

proporção de caule em relação às folhas.

Como esperado, os valores de FDN e FDA apresentaram-se altos, variando de

50 a 70%. Quanto aos valores de FDA não houve diferença significativa para todas as

áreas em estudo. Porém, os valores de FDN apresentaram diferença significativa

(P<0,05). A área 5 apresentou maior teor de fibra com 70,45%. Pode-se dizer que a

serapilheira da área 5, apesar de ter apresentado um maior teor de MST, apresentou

pouca proteína (2,64%) e muita fibra (70,45%). Sendo assim, a qualidade do material

torna-se baixa para o consumo de pequenos ruminantes.

Já a serapilheira da área 1, que apresentou menor teor de MST (94,69%),

apresentou-se com maior teor proteico (5,16%) e uma fração fibrosa intermediária entre

as demais com 59,47% de FDN, apesar de ter apresentado mais FDA (59,18%).

3.5 Conteúdo de água das cíbalas e da serapilheira

A água é um componente essencial para as células da planta e para todos os

processos metabólicos que dependem da sua presença. Assim, a deficiência de água no

solo reduz o crescimento das pastagens e, como consequência, reduz a quantidade de

forragem disponível e o desempenho dos animais em pastejo.

Embora alguns autores citem que a seca possa melhorar o valor nutritivo das

forragens, proporcionando maior teor de N nos tecidos das plantas e aumentando o

consumo de MS, o seu efeito no desempenho animal é negativo tendo em vista a

redução da produção das espécies forrageiras e, como consequência, a diminuição da

capacidade suporte das pastagens. Tais resultados são divergentes em várias autorias,

mas o certo é que estes resultados dependem do grau do estresse hídrico, que ocasionará

a senescência de folhas e mudanças na relação folha/caule.

O estudo do conteúdo de água presente na fração do material morto sobre o solo

é de extrema importância, pois está diretamente relacionado á decomposição desse

material e consequentemente, interfere na ciclagem dos nutrientes da planta para o solo.

70

Porém, nenhum estudo sobre o conteúdo de água presente na serapilheira foi feito para

avaliar a disponibilidade de água presente nesse material. Tal resultado pode inferir na

decomposição dos nutrientes para o solo, uma vez que a água auxilia na quebra da

fração fibrosa e celular.

Abaixo, observa-se na figura 30, o conteúdo de água da serapilheira.

Figura 30. Conteúdo de água presente na serapilheira e nas cíbalas em áreas de caatinga no cariri

paraibano.

Como esperado, o conteúdo médio de água da serapilheira foi de 2,14%, ou seja,

é muito baixo o conteúdo de água da serapilheira, por isso o processo de decomposição

pode-se apresentar desacelerado.

Entretanto, o conteúdo de água das cíbalas foi maior (cerca de 5,25%). Tal fator

pode acelerar o processo de decomposição e, consequentemente o retorno dos nutrientes

disponíveis.

2,72 2,81

1,90 1,95

1,31

5,25

0,0

1,0

2,0

3,0

4,0

5,0

6,0

1 2 3 4 5

Per

cen

tag

em (

%)

Áreas de caatinga

Conteúdo de água das amostras (2013)

Serapilheira

Cíbalas

71

Figura 31. Conteúdo de água das amostras de serapilheira em cinco áreas de caatinga.

3. 6 Composição química da serapilheira e das cíbalas

A tabela 4 demonstra a composição química do pool serapiheira e das cíbalas de

caprinos SPRD localizadas no cocho das áreas experimentais.

Tabela 4. Composição química do pool da serapiheira e das cíbalas de caprinos SPRD

em sistema de criação semiestensivo em áreas de caatinga.

Componente Nutrientes (g/kg)

N P K C MO Na

SERAPILHEIRA 9 0,69 1,19 28 48,92 -

CÍBALAS 1,51 0,864 6,1 19,87 34,19 6,1

Legenda: N = nitrogênio; P = fósforo; K = potássio; C = carbono orgânico; M.O. = matéria orgânica; Na

= sódio.

Segundo a tabela, todos os macro e micronutrientes atendem as recomendações

de Taiz e Zeiger (2004) necessárias para o crescimento e desenvolvimento vegetal.

Sendo assim, nenhum nutriente se apresentou abaixo do estimado. É importante

observar que a quantidade de nitrogênio, fósforo e potássio presentes na serapilheira

foram maiores quando comparados aos mesmos componentes presentes nas cíbalas.

Apesar disso, a quantificação de C e MO apresentaram-se inferiores.

32,028

44,88

29,308

38,1072

73,508

0

10

20

30

40

50

60

70

80

A1 A2 A3 A4 A5

Per

cen

tagem

(%

)

Área

Conteúdo de água das amostras

(2014)

Serapilheira

72

A relação entre esses nutrientes é necessária para compreender o processo de

imobilização ou mineralização do componente estudado. Assim, pode-se inferir na

velocidade da decomposição para averiguar se a ciclagem desses nutrientes essenciais

para o crescimento e desenvolvimento dos vegetais estão sendo rapidamente

disponibilizados na sua forma orgânica.

Observou-se que as maiores quantidades totais dos nutrientes analisados na

biomassa seguem a seguinte ordem: MO > C > N > K > P para os dois componentes. Os

dados corroboram com os de Souto et al. (2009). É importante observar que a

quantidade de nitrogênio, fósforo e potássio presentes na serapilheira foram maiores

quando comparados aos mesmos componentes presentes nas cíbalas. Apesar disso, a

quantificação de C e MO apresentaram-se inferiores.

Ademais, Meguro et al. (1980) afirma que as diferenças entre elementos são

resultantes das características funcionais de cada nutriente no metabolismo da planta, na

diversidade do controle de fluxo e refluxo nos compartimentos de rápida ciclagem e

lenta ciclagem, antes da abscisão dos órgãos em cada espécie e, mesmo das

características do compartimento solo.

A relação entre esses nutrientes é necessária para compreender o processo de

imobilização ou mineralização do componente estudado. Assim, pode-se inferir na

velocidade da decomposição para averiguar se a ciclagem desses nutrientes essenciais

para o crescimento e desenvolvimento dos vegetais estão sendo rapidamente

disponibilizados na sua forma orgânica.

Tabela 5. Relação C:N e C:P da serapilheira e cíbalas em áreas de caatinga.

Componente Relação

C/N C/P

Serapilheira 3:1 41:1

Cíbalas 12:1 23:1

Observa-se na tabela 5 que a relação C:N de ambos os componentes foi muito

inferior ao esperado (30:1). Isso implica afirmar a imobilização desses componentes, ou

seja, o processo de decomposição é muito lento, principalmente da serapilheira. Apesar

73

disso, as cíbalas apresentaram uma relação C:N maior quando comparado à serapilheira,

ou seja, a decomposição dos dejetos caprinos é mais rápida.

Segundo Freire et al. (2010) há uma grande variação anual na decomposição da

serapilheira em região da zona da mata, porém pela baixa precipitação em áreas de

caatinga, essa variabilidade anual é mínima, uma vez que a vegetação só favorece o seu

crescimento em detrimento dos nutrientes disponíveis e da disponibilidade de água.

Além disso, a mesma autora afirma que a relação carbono/nitrogênio diminuiu na

medida em que os dias de incubação da serapilheira aumentaram. Tal fato pode explicar

a baixa relação C:N observada neste trabalho, uma vez que a serapilheira remanescente

presente nas áreas não são facilmente decompostas, pois a precipitação pluvial naquela

época foi baixa.

Segundo trabalhos de fitossociologia na mesma área de estudo indicam a

predominância de espécies altamente lignificadas, o que pode ser uma estratégia de

sobrevivência dessas plantas nativas, pois a lenta decomposição da serapilheira faz com

que os nutrientes continuem entrando no sistema por um período mais prolongado.

A relação C:P foi alta para a serapilheira (41:1). Tal fato pode ser explicado por

ser constituída por partes vegetativas, ricas em fósforo (P), uma vez que os vegetais

precisam de “P” para produzir ATP e assim gerar energia através do processo

fotossintético. Por esse motivo a relação C:P das cíbalas apresentou-se mais baixa em

comparação à serapilheira.

Assim, pode-se afirmar que a relação C:N é maior nas cíbalas, porém a C:P é

maior na serapilheira. Em geral, as cíbalas apresentam maiores teores de N, P, K e C do

que a serapilheira.

3.7 Composição química e fertilidade do solo

Para compreender melhor como as cíbalas contribuem para um maior retorno

dos nutrientes do solo, segue abaixo a tabela 6 com a composição química do solo em

áreas de caatinga.

Tabela 6. Composição química e fertilidade do solo em áreas de caatinga.

Amostra

Composição química

pH P K+ Na

+ H

+Al

+3 Ca

+2 Mg

+2 SB CTC M.O.

(mg/dm³) (cmolc/dm³) (g/kg)

74

1* 6,83 8,21 229,14 0,71 0,99 6,45 3,45 10,49 11,48 5,16

2*

5,92 27,77 120,12 0,34 2,64 9,5 6,7 16,85 19,49 14,62

*Legenda: 1 = amostra composta homogênea, correspondente ao solo de todas as áreas em estudo; 2 =

amostra composta do solo coberto por cíbalas.

É possível observar que o solo coberto por cíbalas possui maiores quantidades

de fósforo (P), H+Al

+, Ca

+2, Mg, soma de bases (SB), capacidade de troca catiônica

(CTC) e matéria orgânica (M.O.), e menores quantidades de potássio (K+), sódio (Na

+)

e pH mais ácido. Tal resultado deixa claro a importância que esse material tem para o

retorno dos nutrientes ao solo, uma vez que os nutrientes mais importantes para a

manutenção da vegetação são a MO, P, CTC e em menor proporção o Ca+2

e o Mg+2

.

Por isso, pode-se afirmar que os animais não somente retiram os nutrientes da

vegetação, uma vez que devolvem na forma de cíbalas esses nutrientes para o solo,

renovando o ciclo de nutrientes presentes no bioma.

É importante salientar que a presença de abrigos e do cocho dentro das áreas, faz

com que as cíbalas fiquem concentradas nesses ambientes, uma vez que os animais

permanecem a maior parte do tempo nos abrigos (na época seca), pois em épocas de

escassez não há muito suprimento volumoso dentro das áreas. Por isso, é imprescindível

a coleta e utilização dessas cíbalas como adubo orgânico para as plantas da caatinga,

assim os estratos podem se recuperar mais rapidamente nas primeiras chuvas e ao

mesmo tempo evita uma maior degradação do solo.

4 CONCLUSÕES

A distribuição espacial da serapilheira apresentou alta variabilidade em todas as

áreas em estudo.

Na época chuvosa, não foi observado aumento na deposição de serapilheira.

Duas áreas apresentaram maior acúmulo de serapilheira e do pool do material

lenhoso, enquanto outras apresentaram maior produção de miscelânea, quando

comparado os demais constituintes da serapilheira.

A deposição das cíbalas está diretamente ligada ao acúmulo de folhas produzidas

e consequentemente, a presença do estrato arbóreo/arbustivo;

75

A serapilheira apresentou baixa qualidade nutricional para ser considerada como

única fonte nutricional para caprinos em áreas de caatinga;

A decomposição da serapilheira apresentou-se muito lenta, fazendo com que o

retorno dos nutrientes para o solo torne-se um processo demorado e dependente da

precipitação pluvial.

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TAIZ, L.; ZEIGER, E. Fisiologia vegetal. 3ed. Porto Alegre: Artmed, 2004

78

CAPÍTULO 3

Acúmulo da serapilheira disponível para o pastejo caprino em áreas de

caatinga

________________________________________________________

RESUMO

A determinação da disponibilidade de forragem em pastagem é de fundamental

importância, tanto para a pesquisa científica quanto para o planejamento da exploração

racional de áreas manejadas comercialmente. Sabendo disso, o objetivo deste trabalho

foi avaliar o estoque da serapilheira disponível para o pastejo de caprinos, em diferentes

áreas de caatinga de sucessão secundária. O experimento foi conduzido na Estação

Experimental pertencente a UFPB, localizada no município de São João do Cariri-PB.

A área experimental representou, aproximadamente, 90m² que foram delimitados dentro

de nove áreas de caatinga em três transectos de cada área, com diferentes lotação de

animal. Os animais pertencentes às áreas eram caprinos machos, adultos, sem idade

padrão e sem padrão racial definido. O método utilizado para a análise dos dados foi o

de parcelas contíguas em transectos. A serapilheira acumulada na superfície do solo foi

estimada através de uma coleta após um longo período de seca (janeiro de 2013). Para a

quantificação da serapilheira foi feita a coleta todo o material que estava contido nas

parcelas, alocado em sacolas plásticas e posteriormente pesado. Foi realizado

levantamento florístico e fitossociológico em cinco áreas de caatinga pelo método de

parcelas (plot sampling), com distribuição sistemática dispostas de forma equidistante

(10 m x 10 m). Em cada área, foram mensuradas 30 parcelas de 100m², resultando em

um total de 15.000m² de área amostrada, e estimados índices de equabilidade,

79

similaridade, diversidade e agregação. Para avaliação estatística foram utilizados os

softwares Surfer v12.0, Mata Nativa v3 e Microsoft Excel v2013. A serapilheira pode

ser considerada como uma fonte alimentar alternativa em épocas de estiagem para o

consumo de pequenos ruminantes em sistemas de produção extensivos com acúmulo

médio de 190g.m-2

. A espécie arbórea predominante nas áreas de estudo foi a P.

pyramidalis (catingueira). A distribuição da serapilheira varia conforme os pulsos de

precipitação e à distribuição da catingueira nas áreas, tendo influência ao agrupamento

devido à fatores abióticos.

Palavras-chave: cariri, fitossociológico, levantamento florístico, liteira, pequenos

ruminantes, semiárido

ABSTRACT

Determination of forage availability in pastures is of fundamental importance

both for scientific research and for planning the rational exploitation of commercially

managed areas. Knowing this, the objective of this study was to evaluate the stock of

litter available for grazing goats in different areas of caatinga of secondary succession.

The experiment was conducted at the Experimental Station belonging to UFPB,

localized in São João do Cariri. The experimental area represented approximately

90sqm which were delimited within nine areas of caatinga in three transects in each

area, with different stocking animal. Animals belonging to the areas were male goats,

adults, no standard age and without defined breed. The method used for data analysis

was the contiguous plots in transects. The accumulated litter on the soil surface was

estimated through a collection after a long dry period (January 2013). quantification of

litter was collected all the material that was contained in the plots, allocated in plastic

bags and then weighed. Floristic and phytosociological survey was conducted in five

areas of the savanna plot method (plot sampling), with systematic distribution arranged

equidistantly (10 mx 10 m). In each area, 30 plots of 100 m were measured, resulting in

a total of 15.000 sampled area, and estimated indices of evenness, similarity, diversity

and aggregation. For statistical evaluation the Surfer v12.0, Native Forest v3 and

80

Microsoft Excel software were used V2013. The litter can be considered as an

alternative food source in times of drought for the consumption of small ruminant

production systems in extensivos with average accumulation 190g.m-2. The

predominant tree species in the study areas was P. pyramidalis (catingueira). The

distribution of litter varies pulses of precipitation and distribution of catingueira areas,

and influence the grouping due to abiotic factors.

Key words: cariri phytossociological, floristic survey, litter, small ruminants,

semiarid

81

1 INTRODUÇÃO

A determinação da disponibilidade de forragem em pastagem é de fundamental

importância, tanto para a pesquisa científica quanto para o planejamento da exploração

racional de áreas manejadas comercialmente. Por isso, há necessidade de se estimar de

forma simples e precisa a taxa de acúmulo de matéria seca (MS), permitindo assim, os

cálculos da taxa de lotação, capacidade de suporte, e o desempenho animal, com o

objetivo final de tornar o sistema produtivo e sustentável.

Entretanto, a grande variabilidade das características morfológicas, teores de MS

das diferentes espécies forrageiras, além da influência edafoclimática e das limitações

de recursos humanos e materiais, há uma enorme dificuldade na escolha do método

mais apropriado para se estimar a massa forrageira.

A literatura nacional e internacional relata vários métodos de determinação de

massa forrageira, uns com boa aplicabilidade para as gramíneas de clima tropical e

outros restritos às gramíneas temperadas; outros métodos ainda carentes de

metodologias mais precisas são aplicados para o estrato arbóreo/arbustivo e herbáceas.

Porém, a maior dificuldade se encontra em métodos precisos para a determinação da

disponibilidade de forragem em períodos críticos ou de seca em áreas de caatinga de

regiões semiáridas.

O bioma caatinga possui um complexo vegetacional de porte arbóreo, em sua

maioria composta por leguminosas arbóreo/arbustivas que são utilizadas como suporte

forrageiro em sistemas de criação extensiva de pequenos ruminantes. Além disso, a

serapilheira (camada de material morto sobre o solo) contribui significativamente para a

alimentação de pequenos ruminantes no período seco. Estes animais são explorados de

forma semiextensiva na região nordeste neste bioma, e no período seco há uma grande

escassez de volumosos.

A formação do rebanho caprino na região Nordeste é constituída, basicamente,

de animais sem padrão racial definido (SPRD), devido a cruzamentos desordenados

excessivos entre espécies nativas e exóticas (Melo e Oliveira, 2006) e, em maioria, de

82

raças nativas que, em geral, apresentam baixa exigência nutricional e baixa

produtividade (Silva, 2004). Apesar disso, a região Nordeste detém 94% do rebanho

caprino nacional (IBGE, 2001) e 54% do rebanho ovino, isto devido à rusticidade e

adaptabilidade destas espécies às condições edafoclimáticas da região, favorecendo

assim a exploração destas espécies em microrregiões como a do sertão paraibano.

Como esses animais são seletivos, na época seca uma das únicas alternativas

alimentares para estes animais a pasto é a serapilheira, tornando-se a principal fonte de

alimento em grandes épocas de estiagem, tendo assim, fundamental importância para a

produção desta região.

Então surge o questionamento: qual é o estoque de serapilheira disponível para a

alimentação de pequenos ruminantes em áreas de caatinga?

A hipótese foi que a produção da serapilheira em áreas de caatinga serve de base

para a alimentação de pequenos ruminantes em sistemas de criação extensivos no bioma

caatinga em regiões semiáridas.

Sabendo disso, o objetivo deste trabalho foi avaliar o acúmulo da serapilheira

disponível para o pastejo de caprinos, em diferentes áreas de caatinga de sucessão

secundária.

2 MATERIAL E MÉTODOS

2.1 Área de estudo

O experimento foi conduzido na Estação Experimental pertencente a UFPB,

localizada no município de São João do Cariri-PB, nas coordenadas 7o23’30”S e

36o31’59”W, numa altitude de 458 m. O município está inserido na zona fisiográfica do

Planalto da Borborema, fazendo parte da microrregião do Cariri Oriental.

Apresenta relevo suave ondulado sobre o embasamento cristalino. Com relação

ao sistema de drenagem, a área faz parte da bacia hidrográfica do rio Paraíba e sub-

bacia do rio Taperoá, riacho Namorado e demais cursos d’água tributários desse canal,

cujas nascentes encontram-se inseridas no território da UFPB. Os solos predominantes

na Estação, de acordo com Chaves e Chaves (2000), são: LUVISSOLO Crômico

vértico, que ocupa a maior parte das terras contidas na área da bacia, apresentando-se

severamente erodido à medida que o relevo torna-se mais acentuado; VERTISSOLO,

83

ocupando as posições mais baixas da bacia, nas circunvizinhanças do açude Namorado

e relevo mais plano no interior da bacia hidrográfica; E NEOSSOLO Lítico, encontrado

nas encostas mais íngremes e em posição de topo associado a afloramentos de rochas,

em relevo ondulado a forte ondulado (Embrapa, 1999). Na área experimental a textura

predominante é franco arenosa e franco argilo-arenosa.

Na área predomina o clima Bsh - semiárido quente com chuvas de verão e o

bioclima 2b apresentando um total de meses secos, variando de 9 a 11, denominado de

subdesértico quente de tendência tropical (Governo do Estado da Paraíba, 1985). A

temperatura média mensal varia de 27,2ºC no período novembro-março a 23,1ºC em

julho, sendo estes os valores máximos e mínimos, respectivamente, com precipitações

de 400 mm/ano e umidade relativa de 70%. A vegetação que recobre a região estudada é

a Caatinga hiperxrófita (vegetação caducifólia espinhosa) e arbustiva.

A área experimental representou, aproximadamente, 90m² que foram

delimitados dentro de nove áreas de caatinga em três transectos de cada área. As áreas 1

e 2 possuíam carga animal da seguinte forma: Área 1 - 10 animais (1 animal/3.200 m2),

Área 2 - 5 animais (1 animal/6.400 m2), e áreas 3, 4, 5, 6, 7, 8 e 9 - sem animais, com

diferentes estados de antropização. Os animais pertencentes às áreas eram caprinos

machos, adultos, sem idade padrão e sem padrão racial definido.

2.2 Coleta e análise dos dados

O método utilizado para a análise dos dados foi o de parcelas contíguas em

transectos. Foram utilizadas nove áreas de caatinga e em cada área foram estabelecidos

três transectos, distando-se aproximadamente 20m em largura. Em cada transecto,

foram delimitadas dez unidades experimentais equidistantes de 10m x 10m (em

comprimento) com sub-parcelas de 1m x 1m, totalizando 30 unidades, em cada área.

Todos os pontos foram identificados com auxílio de um aparelho GPS.

84

Figura 32. Representação das nove áreas experimentais. Em destaque, na cor azul, a subdivisão das

parcelas de 1m² em três transectos por área.

2.3 Metodologia para a obtenção da Serapilheira

2.3.1 Estimativa do estoque de serapilheira acumulada sobre o solo

A serapilheira acumulada na superfície do solo foi estimada através de uma

coleta após um longo período de seca (janeiro de 2013). Foram feitas coletas em 270

parcelas contíguas de 1m² cada, como demonstrado na figura 33.

Para a quantificação da serapilheira foi colhido todo o material que estava

contido nas parcelas, alocado em sacolas plásticas e posteriormente pesado. Em seguida

todo o material foi devolvido, evitando a degradação das áreas.

85

Figura 33. Demonstração da demarcação das parcelas em área alagada (a); com solo descoberto(b); da

luva utilizada para coleta da serapilheira (c); e pesagem do material (d).

2.4 Levantamento florístico e fitossociológico:

O levantamento florístico e fitossociológico foi realizado em cinco áreas de

caatinga pelo método de parcelas (plot sampling), com distribuição sistemática

dispostas de forma equidistante (10 m x 10 m). Em cada área foram mensuradas 30

parcelas de 10m², resultando em um total de 1.500m² de área amostrada.

2.4.1 Levantamento florístico:

O levantamento florístico foi realizado por meio de caminhadas nas parcelas,

onde foram coletados partes botânicas das plantas (folha, flor e fruto) amostradas com

presença aparente de descritores. O material foi acondicionado em estufa por 48 horas,

em seguida foram preparadas as exsicatas.

Para identificação dos indivíduos, as exsicatas foram enviadas ao Herbário

Lauro Pires Xavier no Departamento de Sistemática e Ecologia da Universidade Federal

da Paraíba (DSE-UFPB) para comparação com exsicatas que fazem parte da coleção do

herbário e lá permanecem para consultas futuras.

86

2.4.2 Levantamento fitossociológico:

Foram mensurados em cada parcela: a espécie, a altura (≥1,0m) e a

circunferência ao nível do solo de todos os indivíduos vivos (≥9cm) do estrato arbóreo

(Rodrigues, 1989). As espécies foram organizadas por família no sistema de Cronquist

(1988), incluindo-se informação sobre o hábito.

Para verificar a suficiência amostral das áreas foram confeccionadas curvas de

coletores para cada área de estudo (Rodal et al., 1992), plotando-se no eixo das

abscissas o número de parcelas adotadas. Para a identificação da similaridade florística

entre as áreas de estudo foi elaborada uma matriz de presença-ausência de espécies.

Para quantificar a diversidade do ecossistema com o intuito de se comparar os

diferentes tipos de vegetação, foi utilizado o Índice de diversidade de Shannon-Weaver

que considera igual o peso entre as espécies raras e as abundantes (Magurran, 1988).

.ln( ) ln( )

'

S

i lN N ni ni

HN

em que:

H’ = Índice de diversidade de Shannon-Weaver;

N = número total de indivíduos amostrados;

n i = número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie;

S = número de espécies amostradas;

ln = logaritmo de base neperiana (e).

Quanto maior for o valor de H', maior será a diversidade florística da população

em estudo (Ramalho, 2008). Este índice pode expressar riqueza e uniformidade.

Para verificar se as espécies são igualmente abundantes, foi utilizado o índice de

equabilidade de Pielou (J’). É derivado do índice de diversidade de Shannon e permite

representar a uniformidade da distribuição dos indivíduos entre as espécies existentes

(Pielou, 1966). Seu valor apresenta uma amplitude de 0 (uniformidade mínima) a 1

(uniformidade máxima).

87

Onde:

J’= Equabilidade

H’= Índice de diversidade de Shannon-Weaver

ln(S)= Logarítmo neperiano do número total de espécies amostradas

Para quantificar a similaridade das comunidades foi realizada uma análise de

agrupamento usando o índice de similaridade de Jaccard (Muller-dombois e Ellenberg,

1974).

cSJij

a b c

em que:

a = número de espécies ocorrentes na parcela 1 ou comunidade 1;

b = número de espécies ocorrentes na parcela 2 ou comunidade 2;

c = número de espécies comuns às duas parcelas ou comunidade s.

O índice de dominância de Simpson (C’) mede a probabilidade de 2 (dois)

indivíduos, selecionados ao acaso na amostra, pertencer à mesma espécie (Brower e

Zarr, 1984) e foi utilizado para verificar a dominância de comunidades florísticas. Uma

comunidade de espécies com maior diversidade terá uma menor dominância. O valor

estimado de C varia de 0 (zero) a 1 (um), sendo que para valores próximos de um, a

diversidade é considerada maior.

C = índice de dominância de Simpson;

n i = número de indivíduos amostrados da i-ésima espécie;

N = número total de indivíduos amostrados;

Para a avaliação da distribuição espacial das espécies (agregação) foi aplicado o

Índice de MacGuinnes (IGA) (McGuinnes, 1934), a partir da equação:

ii

i

DIGA

d

88

Sendo:

ii

nD

uT

ln 1i id f i

i

uf

uT

em que:

IGA i = "Índice de MacGuinnes" para a i-ésima espécie;

Di = densidade observada da i-ésima espécie;

di = densidade esperada da i-ésima espécie;

fi = freqüência absoluta da i-ésima espécie;

ln = logaritmo neperiano;

ni = número de indivíduos da i-ésima espécie;

ui = número de unidades amostrais em que a i-ésima espécie ocorre;

uT = número total de unidades amostrais.

Classif. IGA = Classificação do padrão de distribuição dos indivíduos das espécies, que

obedeceu a seguinte escala:

IGAi < 1: distribuição uniforme;

IGAi = 1: distribuição aleatória;

1 < IGAi <= 2: tendência ao agrupamento;

IGAi > 2: distribuição agregada ou agrupada.

Para determinação dos parâmetros fitossociológicos, foram considerados todos

os indivíduos arbóreo-arbustivos vivos com Circunferência ao nível do solo (CNS) ≥ a 9

cm e altura (h) mínima de 1 m (Rodal, 1992). Em casos de indivíduos ramificados, a

área basal individual resultou da soma de áreas basais de cada ramificação (Rodrigues,

1989).

As medidas de altura foram realizadas com régua de mira de 5m de altura em

alumínio. Para medir a circunferência dos indivíduos foi utilizada suta digital e fita

métrica.

Em seguida foi calculado o diâmetro pela equação:

89

em que:

D = diâmetro;

CNS = Circunferência ao Nível do Solo;

Para caracterizar a estrutura da comunidade arbórea, foram calculados, para cada

espécie, os parâmetros fitossociológicos de acordo com Rodrigues (1989).

Foram determinados os seguintes parâmetros:

- Número de indivíduos (N);

- Número de parcelas de ocorrência (NPARC);

- Frequência Absoluta (FA) - relação entre o número de parcelas ou pontos que ocorre

uma dada espécie e o número total de amostras, expressa em percentagem.

% 100%Pi

FA xP

em que:

Pi = número de ocorrência da espécie i;

P = número total de amostras.

- Frequência Relativa (FR) - relação entre a frequência absoluta de uma dada espécie

com as frequências absolutas de todas as espécies, expressa em percentagem.

% 100%i

i

FAFR x

FA

- Densidade Absoluta - medida que expressa o número de indivíduos de uma dada

espécie (ni) por unidade de área (A).

niDA

A ha

em que:

ni = número de indivíduos da espécie i;

90

A = área total amostrada (ha).

- Densidade Relativa - relação entre o número de indivíduos de uma determinada

espécie (ni) e o número de indivíduos amostrados de todas as espécies (N), expressa em

percentagem.

% 100%ni

DR xN

- Dominância Absoluta (DoA) - dada a partir da somatória da área basal dos indivíduos

de cada espécie (ABi), dividido pela área total amostrada (A).

ABiDoA

A ha

- Dominância Relativa (DoR) - relação entre a área basal total de uma determinada

espécie e a área basal total de todas as espécies amostradas, expressa em percentagem.

% 100%ABi

DoR xABi

- Índice de Valor de Importância (IVI) - representa a soma dos valores relativos de

densidade, de frequência e de dominância de cada espécie.

IVI %= DR + FR + DoR

- Índice de Valor de Cobertura (IVC) - representa a soma dos valores relativos de

densidade e dominância de cada espécie.

IVC %= DR + DoR

2.5 Avaliação Estatística

Para a análise de variância foi utilizado o programa Assistat Beta v.7.6, onde as

áreas foram consideradas tratamentos e as parcelas as repetições. Dessa forma foram

analisados 9 tratamentos com 30 repetições em um delineamento totalmente

casualizado. As médias foram avaliadas através do teste de Tukey a 0,05 de

probabilidade para o erro tipo I.

91

Para a avaliação do boxplot foi utilizado o programa BioEstat v. 5.3, onde foram

avaliadas as nove áreas e verificados as medianas e os quartis.

Para avaliação fitossociológica foi utilizado o programa Mata Nativa 3, (Cientec,

v. 3.11).

Os dados relacionados ao diâmetro foram analisados a partir da elaboração de

histogramas de distribuição de frequência de classes com intervalos de 3cm de todos os

indivíduos amostrados. Para analisar a distribuição dos indivíduos amostrados em

relação às classes de altura foram construídos histogramas de frequência com intervalos

de um metro.

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Estoque da serapilheira para pastejo

A precipitação no ano base de 2013 foi de 221mm , apresentando-se maior

quando comparada ao ano base de 2012. É possível ver na figura 34, pulsos de

precipitação espaçados durante os meses de abril e outubro.

Figura 34. Dados da precipitação pluvial e temperatura no ano base de 2013.

Na figura 35, pode-se observar a grande variabilidade do estoque da serapilheira

nas áreas em estudo. Observa-se que a área 4 apresentou o maior estoque serapilheira

0

5

10

15

20

25

30

35

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

1

15

29

43

57

71

85

99

113

127

141

155

169

183

197

211

225

239

253

267

281

295

309

323

337

351

365

Pre

cip

iaçã

o (

mm

)

Dias Juliano

2013 Precipitação (mm)

Temperatura (ºC)

92

entre as demais (243,13 g.m-2

), assim como comprovado no capítulo anterior. Apesar

disso, as áreas 4, 5, e 6 apresentaram-se semelhantes quanto a deposição da serapilheira.

Figura 35. Gráfico boxplot demonstrando a disponibilidade da serapilheira em áreas de caatinga no ano

base 2013.

De fato, as áreas que possuem animais apresentaram pouca serapilheira uma vez

que os caprinos têm o hábito de consumir este material na época seca. Como a reposição

de serapilheira foi escassa, a tendência é que a serapilheira desapareça gradualmente

nestas áreas ocupadas por animais.

Ademais, é provável que as áreas com maior deposição desse material

apresentem maior número de indivíduos do estrato arbóreo/arbustivo.

A tabela 7 demonstra o estoque de serapilheira em nove áreas de caatinga no

Cariri paraibano para o pastejo caprino. Observa-se que houve diferença significativa

entre as áreas, corroborando com a figura anterior. A média geral das áreas foi de

189,91 g/m² de serapilheira prontamente disponível para pastejo, ou seja,

aproximadamente 1900 kg.ha-1

.

93

Tabela 7. Estoque de serapilheira em nove áreas de caatinga no Cariri paraibano para o

pastejo caprino.

Área Produção de serapilheira (g/m²)

1 110,86 b

2 194,40 ab

3 166,06 ab

4 243,13 a

5 240,00 a

6 235,90 a

7 173,86 ab

8 138,60 ab

9 206,43 ab

CV(%) 80,60

Média geral 189,91

As médias seguidas pela mesma letra não diferem estatisticamente entre si. Foi aplicado o

teste de Tukey ao nível de 5% de probabilidade para o erro tipo I.

Pode-se observar ainda que a área 1 foi a que apresentou menor deposição de

serapilheira (110,86g.m-2

).

A variação do erro foi alta (80,60%) devido a variabilidade dos estratos vegetais

das áreas e por se tratar de um experimento a campo, apesar de serem todas áreas de

caatinga. Como o delineamento foi considerado inteiramente ao acaso (sem o princípio

do controle local) obteve-se essa alta variabilidade no coeficiente de variação.

Observa-se que houve uma grande variabilidade nos dados, ou seja, os dados

foram assimétricos, com exceção das áreas 3, 6, 8 e 7, pelo fato de que estas

apresentaram menor quantificação da serapilheira. O máximo valor observado foi

837g/m² da área 3. O maior interquartil observado foi da área 6, com 75% dos dados

entre 200 a 400g/m² de serapilheira. Pode-se dizer, que a área 6 apresentou maior

estoque de serapilheira, podendo ser considerada a área mais preservada. É provável que

esta área possua maior número de indivíduos arbóreo/arbustivos, aumentando assim a

deposição da serapilheira.

3.2 Levantamento florístico e fitossociológico:

3.2.1 Curva do coletor:

Foi determinada a curva do coletor para cinco áreas amostradas, visando

representar as espécies em abundância, verificando o erro experimental devido a

94

tendências e revelando as características do habitat. Assim, podem-se fazer inferências

se o número necessário de amostras estabelecidas foi adequado ou não para o

conhecimento da população (Castro, 1987).

Figura 36. Curva do coletor para as áreas cinco áreas em estudo, com o número de espécies registradas

em uma área acumulada de 1.500 m².

Observa-se em todas as figuras que não houve predominância de uma assíntota,

assim todos os gráficos apresentaram-se linear crescente com o surgimento de novas

espécies ao longo das parcelas em todas as áreas avaliadas.

De forma geral, é possível observar que as áreas três e cinco apresentaram-se

semelhantes, pois a partir da 14ª e 10ª parcelas, respectivamente não observou-se o

surgimento de novas espécies. Na área 1 houve uma homogeneidade da 4ª à 26ª parcela,

assim como da 6ª à 25ª parcelas da área 2. Já na área 4, observa-se uma homogeneidade

intercalada entre a 4ª e 12ª e 14ª à 25ª parcelas.

Muller-Dumbois e Ellenberg (1974) citam que o comportamento estável da

curva demonstra suficiência mínima na amostragem florística da comunidade. Assim,

pode-se considerar que o tamanho das parcelas foi suficiente para determinar o

levantamento florístico das áreas estudadas.

Segue abaixo a tabela 8, demonstrando as espécies de inclusão e as suas

respectivas parcelas:

0

2

4

6

8

10

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 23 24 25 26 27 28 29 30

mer

o d

e es

péc

ies

Parcelas

CURVA COLETORA

A1

A2

A3

A4

A5

95

Tabela 8. Espécies de inclusão por parcela em diferentes áreas de caatinga

PARCELA ESPÉCIE DE INCLUSÃO

AREA 1

3 J. molíssima

3 C. sonderianus

27 C. decídua

29 S. tuberosa

AREA 2

2 P. gounellei

2 J. molíssima

5 O. palmadora

26 C. flexuosa

26 C. decídua

29 L. microphylla

AREA 3

2 M. ophthalmocentra

2 C. sonderianus

3 O. palmadora

4 P. gounellei

5 J. molíssima

8 C. felxuosa

14 S. brasiliensis

AREA 4

2 PARCELA PERDIDA

3 C. sonderianus

3 J. molíssima

3 P. gounellei

3 A. pyrifolium

13 O. palmadora

26 M. ophthalmocentra

AREA 5

2 P. gounellei

3 A. pyrifolium

7 O. palmadora

10 M. ophthalmocentra

É possível observar que em todas as áreas, a partir da 2ª e 3ª parcelas há uma

tendência de inclusão de espécies.

3.2.2 Diversidade florística:

96

Segundo o levantamento florístico do estrato arbóreo realizado em cinco áreas

de caatinga, foi observado o aparecimento de sete famílias, nove gêneros e nove

espécies. Araújo (2010), em estudo realizado nas mesmas áreas de caatinga, observou

um maior número de gêneros e espécies no ano de 2010 ao avaliar os estratos arbóreo-

arbustivo.

Conforme a tabela 9, observa-se uma homogeneidade na diversidade de

famílias, gênero e espécies nas áreas 1, 2 e 3, enquanto que as áreas 4 e 5 apresentaram-

se com uma menor diversidade.

Tabela 9. Número de famílias, gêneros, espécies e indivíduos ocorrentes nas áreas 1, 2,

3, 4 e 5 em São João do Cariri – PB.

AREA 1 2 3 4 5

FAMILIAS 6 6 6 5 4

GENEROS 9 8 9 7 7

ESPÉCIES 9 8 9 7 7

INDIVÍDUOS 413 332 315 215 178

No total foram encontrados 1.288 indivíduos, 8 famílias,12 gêneros e 12

espécies. Os resultados deste estudo foram muito abaixo quando comparado ao trabalho

de Araújo (2010), uma vez que de 2010 para 2014, ou seja, em quatro anos, o número

de indivíduos diminuiu significativamente. Tal fato, pode ser explicado pelo longo

período de sequeiro que ocorreu de 2011 a 2013.

Todavia, considerando o fato que Bessa et al. 2011 encontraram 392 indivíduos,

distribuídos em 10 famílias 19 gêneros e 21 espécies, no total de três áreas de caatinga

no Rio Grande do Norte, neste estudo as áreas apresentaram-se com maior riqueza de

indivíduos.

Abaixo, segue a figura 37 demonstrando as famílias encontradas nas áreas em

estudo.

97

Figura 37. Número das famílias amostradas nas áreas 1,2,3,4 e 5 em São João do Cariri - PB.

3.2.3 Composição Florística

Foram encontradas duas espécies dentro das famílias: Euphorbiacea, Cactaceae,

Anacardiaceae e Fabaceae, sendo estas, respectivamente: Jatropha molissima (Pohl)

Baill. e Croton sonderianus Müll. Arg.; Pilosocereus gounellei (F.A.C.Weber) Byles &

Rowley e Tacinga palmadora (Britton & Rose) N.P.Taylor & Stuppy; Poincianella

pyramidalis (Tul.) L.P. Queiroz e Mimosa ophthalmocentra Mart. ex Benth. Quanto às

demais, foi registrada apenas uma espécie, sendo: Cissus decidua Lombardi para a

família Vitaceae; Cynophalla flexuosa (L.) J. Presl para a família Capparaceae; e

Aspidosperma pyrifolium Mart. para a família Apocynaceae.

Em relação ao número de indivíduos dentro das famílias encontradas, a família

Fabaceae foi a que registrou um maior número de indivíduos (476 indivíduos), seguido

das famílias Euphorbiacea (309 indivíduos), Apocynaceae (255 indivíduos) e Cactaceae

(239 indivíduos).

Na área 1, 49% dos indivíduos foram representados pela família Fabaceae,

enquanto na área 2 foi constatado 144% e 118% na área 3. Já nas áreas 4 e 5, foram

representadas pela família Euphorbiaceae, com 93 e 69%, respectivamente,

diferenciando-se das demais.

2 2 2 2

1 1 1

Esp

écie

s

Famílias

98

Tabela 10. Relação das famílias encontradas e frequências de indivíduos nas cinco áreas de estudo.

Família

AREA 1 AREA 2 AREA 3 AREA 4 AREA 5

N de

individuos

% N de

individuos

% N de

individuos

% N de

individuos

% N de

individuos

%

Anacardiaceae 1 0.24 1 0.32 - - - -

Apocynaceae 97 23.49 98 14.76 56 17.78 24 11.16 34 19.1

Cactaceae 86 20.82 88 13.25 51 16.19 40 18.6 30 16.85

Capparaceae 2 0.3 1 0.32

Euphorbiaceae 17 4.12 182 27.41 88 27.94 93 43.26 69 38.76

Fabaceae 203 49.15 - - 118 37.46 58 26.98 45 25.28

Vitaceae 9 2.18 6 0.9 - - - - - -

Amaranthaceae - - 2 0.3 - - - - - -

TOTAL 413 100 332 99.69 315 100 215 99.08 178 99.99

As áreas 4 e 5 mostraram-se com uma ação antrópica mais presente (maior degradação) em detrimento das demais, apesar de não

haver presença animal, devido ao menor número de famílias, gêneros, espécies e indivíduos encontrados.

Gomes (1979), analisando os padrões de caatinga no Cariri, observou que a precipitação foi o principal fator ambiental

condicionante das diferenças encontradas na vegetação, havendo diferenciação gradativa de comunidades de menor densidade e maior

porte para comunidades de maior densidade e menor porte. Além disso, segundo Silva (1993), grande parte do Cariri encontra-se em

processo de desertificação, pela degradação dos solos e da cobertura vegetal.

No entanto, Pereira Júnior e Araújo (2012) encontraram baixa diversidade florística em áreas de caatinga no Cariri Ocidental da

Paraíba no ano de 2011, apesar de 30 anos de conservação e evidenciaram que o maior valor de importância da espécie C. sonderianus

pode ser considerado como indicador de área de sucessão. E, neste estudo a presença desta espécie se deu em todas as áreas, conforme a

matriz abaixo:

99

Tabela 11. Matriz presença/ausência, das espécies amostradas

Família/Espécie NOME VULGAR

AREAS

PORTE

1 2 3 4 5

APOCYNACEAE

A. pyrifolium Pereiro 1 1 1 1 1 Arbóreo

ANACARDIACEAE

Arbóreo S. brasiliensis Baraúna 0 0 1 0 0

S. tuberosa Umbuzeiro 1 0 0 0 0

CACTACEAE

Arbóreo T. palmadora Palmatoria 1 1 1 1 1

P. gounellei Xique-xique 1

1 1 1 1

CAPPARACEAE

Feijão bravo 0 0 1 0 0 Arbóreo C. flexuosa

EUPHORBIACEA Arbóreo

Arbustivo

J. molissima Pinhão branco 1 1 1 1 1

C. sonderianus Marmeleiro 1 1 1 1 1

VITACEAE

Tripa-de-galinha 1 1 0 0 0 Arbóreo C. decidua

FABACEAE Jurema vermelha 1 0 1 1 1 Arbóreo

M. ophthalmocentra

P. pyramidalis Catingueira 1 1 1 1 1 Arbóreo

As espécies mais frequentes foram: P. pyramidalis (500 indivíduos), A.

pyrifolium (255 indivíduos), P. gounellei (189 indivíduos) e C. sonderianus (154

indivíduos) e J. molíssima (199 indivíduos) para todas as áreas em estudo.

São espécies comumente encontradas em trabalhos florísticos realizados em

áreas de caatinga, sendo algumas de sucessão (Lacerda et al., 2005; Pereira Júnior e

Araújo, 2012; Araújo et al. 2010; Bessa et al. 2012; Barbosa et al. 2012).

Abaixo, segue tabela com as espécies e frequências de indivíduos encontrados

nas cinco áreas de caatinga:

100

Tabela 12. Espécies e frequências de indivíduos encontrados nas cinco áreas de caatinga.

Espécie

AREA 1 AREA 2 AREA 3 AREA 4 AREA 5

N de

individuos

% N de

individuos

% N de

individuos

% N de

individuos

% N de

individuos

%

P. pyramidalis 197 47.7 142 42.65 93 29.52 57 26.4 43 24.17

A. pyrifolium 97 23.49 49 14.72 56 17.78 24 11.19 34 19.1

P. gounellei 74 17.92 36 10.82 41 13.02 39 18.1 23 12.92

J. molíssima 16 3.87 40 12 36 11.43 25 11.65 36 20.22

C. sonderianus 9 2.18 51 15.33 52 16.51 68 31.47 33 18.54

T. palmadora 12 2.91 8 2.5 10 3.17 1 0.59 7 3.93

M. ophthalmocentra 6 1.45 - - 25 7.94 1 0.59 2 1.12

C. decídua 1 0.24 3 1 - - - - - -

S. tuberosa 1 0.24 - - - - - - - -

L. microphylla - - 1 0.4 - - - - - -

C. flexuosa - - 2 0.6 1 0.32 - - - -

S. brasiliensis - - - - 1 0.32 - - - -

TOTAL 413 100 332 100 315 100 215 100 178 100

Nota-se, na tabela 12, uma diferença na florística da área 4 em detrimento das demais. Enquanto nas áreas 1, 2, 3 e 4 as espécies

predominantes foram P. pyramidalis, A. pyrifolium e P. gounellei, na área 4 houve predominância da espécie C. sonderianus, evidenciando

uma maior sucessão da área estudada.

101

Para avaliar a diversidade da área foram utilizados o índice de diversidade de

Shannon-Weaver (H’) e de equitabilidade de Pielou (J’), permitindo representar a

uniformidade de distribuição dos indivíduos entre todas as espécies existentes

(Magurran, 1988).

3.2.3 Índice de equabilidade

O índice de equabilidade pertence ao intervalo de 0 a 1, onde 1 representa a

máxima diversidade, ou seja, todas as espécies são igualmente abundantes e zero o

contrário.

Este valor é representativo ao encontrado para áreas de caatinga com algum grau

de antropização, outros trabalhos demonstram valores superiores quando a caatinga é

mais preservada (Pereira et al., 2002; Alcoforado Filho et al., 2003; Ramalho, 2008).

Tabela 13. Índice de equabilidade de Pielou (J’).

Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Área 5

0.64 0.67 0.83 0.77 0.89

Os índices apresentados mostram uma alta diversidade das áreas em estudo,

especialmente as áreas 3 e 5, segundo a tabela 13.

Segundo Araújo (2010), o conjunto de fatores responsáveis pelos níveis de

similaridade entre as áreas de caatinga analisadas podem ser provavelmente explicado

pelo nível de antropização das áreas e pela proximidade geográfica das mesmas.

3.2.4 Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas

A tabela 14, demonstra um maior número de indivíduos na área 1 (1.380),

enquanto que a área 5 registrou um número mais baixo (593).

Tabela 14. Número de parcela (NP), área total amostrada em hectare (ATA),

Número de indivíduos encontrados (NIE) e Número de indivíduos por hectare (NIH).

Áreas NP ATA (ha) NIE NIH

1 30 0,30 414 1.380

2 30 0,30 332 1.106

3 30 0,30 315 1.050

4 30 0,30 217 723

5 30 0,30 178 593

102

Observa-se que o tamanho da área basal do estrato arbóreo foi diferenciado em

todas as áreas. A maior abrangência para uma área basal com CAB ≥ 3cm foi de 8.067

m² para a área 2, seguidos de 4.506m² para a área 1; 3.217m² para a área 3; 1.662m²

para a área 4 e 1.466m² para a área 5. Observa-se assim, uma sequência decrescente

para a área basal: A2 >A1 > A3 > A4 > A5.

O maior número de indivíduos por hectare foi observado na área 2, com a

presença marcante da espécie P. pyramidalis em uma densidade absoluta (DA) de 4.866

indivíduos/ha.

A área 1 apresentou uma DA de 3.233 indivíduos/ha para a espécies A.

pyrifolium. Enquanto que na área 5 foi observado uma DA de 1.100 indivíduos/ha da

espécie C. sonderianus. Todas as espécies citadas, especialmente o marmeleiro,

descendem de áreas de sucessão conforme autores (Bessa, 2001; Pereira Júnior e

Araújo, 2012), confirmando a hipótese de que as áreas em estudo de sucessão em

regeneração natural.

Sampaio (1996), afirmou que P. pyramidalis é a espécie que aparece com mais

frequência no topo da maior parte das listas de estudos sobre a vegetação de caatinga, o

que foi corroborado por Silva et al. (2012), que comentaram que a espécie é uma das

que mostraram as maiores densidades e regeneração natural em área abandonada de

caatinga.

Além disso, todas as áreas apresentaram altos valores de DR e valor de

importância (VI) para a espécie P. pyramidalis, evidenciando a dominância da

catingueira em áreas de caatinga com sucessão.

Em estudo semelhante, Araújo (2010) verificou no ano de 2010 maiores VI e

DR para a espécie Croton sonderianus em três das áreas deste mesmo estudo. Tal fato,

evidencia a alta modificação e adaptação da vegetação nestas áreas de caatinga em

apenas quatro anos corridos.

Assim como os valores de importância e densidade, os de dominância também

apresentaram-se altos em todas as áreas para a espécie P. pyramidalis, chegando a

67,12% de dominância relativa (DoR) na a área 2.

Abaixo encontram-se os parâmetros fitossociológicos das espécies estudadas nas

áreas de caatinga avaliadas.

103

Tabela 15. Parâmetros fitossociológicos das espécies amostradas em cinco áreas de

caatinga.

104

Nome Científico Nome Comum AB

(m²)

DA

(N/ha)

DR

(%)

FA

(%)

FR

(%)

DoA

(m²/ha)

DoR

(%)

VC

(%)

VI

(%)

AREA 1

A, pyrifolium Pereiro 0,99 323,33 23,49 93,33 26,42 33,13 22,05 22,77 23,99

T, palmadora Palmatória 0,04 40 2,91 20 5,66 1,44 0,95 1,94 3,17

P, pyramidalis Catingueira 2,68 656,66 47,7 96,67 27,36 89,45 59,55 53,62 44,87

M, ophthalmocentra Jurema vermelha 0,05 200 1,45 20 5,66 1,73 1,15 1,3 2,76

P, gounellei Xique-xique 0,5 246,66 17,92 60 16,98 16,73 11,14 14,53 15,34

J, molíssima Pinhão Branco 0,02 53,33 3,87 30 8,49 0,65 0,43 2,15 4,27

C, sonderianus Marmeleiro 0,04 30 2,18 26,67 7,55 1,3 0,86 1,52 3,52

C, decídua Tripa-de-galinha 0,01 3,33 0,24 3,33 0,94 0,07 0,05 0,14 0,41

S, tuberosa Umbuzeiro 0,17 3,33 0,24 3,33 0,94 5,73 3,82 2,03 1,67

TOTAL 4,5 1.556,64 100 353,33 100 150,23 100 100 100

AREA 2

P. pyramidalis Catingueira 5,42 486,67 43,20 83,33 24,04 180,49 67,12 55,19 45,04

A. pyrifolium Pereiro 1,27 163,33 14,50 60,00 17,31 42,39 15,76 15,16 16,11

C. sonderianus Marmeleiro 0,55 176,67 15,68 56,67 16,35 18,35 6,82 11,28 13,21

P. gounellei Xique-xique 0,54 120,00 10,65 40,00 11,54 17,87 6,65 8,73 9,86

J. molíssima Pinhão Branco 0,16 133,33 11,83 60,00 17,31 5,40 2,01 6,94 9,24

T. palmadora Palmatória 0,06 26,67 2,37 20,00 5,77 2,10 0,78 1,60 3,24

C. flexuosa Feijão Bravo 0,03 0,00 0,00 6,67 1,92 1,15 0,43 0,24 1,03

C. decídua Tripa-de-galinha 0,02 10 0,89 10 2,88 0,62 0,23 0,59 1,58

L. microphylla Alecrim da Serra 0,02 3,33 0,30 3,33 0,96 0,54 0,20 0,28 0,74

TOTAL 8,07 1.120 99,42 340 98,08 268,91 100 100 100

AREA 3

P. pyramidalis Catingueira 1,67 310 29,52 90 22,31 55,73 51,98 40,75 34,60

A. pyrifolium Pereiro 0,79 186,67 17,78 66,67 16,53 26,17 24,40 21,09 19,57

M. ophthalmocentra Jurema vermelha 0,10 83,33 7,94 56,67 14,05 3,21 2,99 5,46 8,33

105

C. sonderianus Marmeleiro 0,25 173,33 16,51 63,33 15,70 8,32 7,76 12,13 13,32

T. palmadora Palmatória 0,05 33,33 3,17 13,33 3,31 1,79 1,67 2,42 2,72

P. gounellei Xique-xique 0,30 136,67 13,02 53,33 13,22 10,01 9,34 11,18 11,86

J. molíssima Pinhão Branco 0,06 120 11,43 53,33 13,22 1,93 1,80 6,61 8,82

C. flexuosa Feijão Bravo 0,00 3,33 0,32 3,33 0,83 0,05 0,05 0,18 0,40

S. brasiliensis Baraúna 0,00 3,33 0,32 3,33 0,83 0,02 0,02 0,17 0,39

TOTAL 3,22 1.050 100 403,33 100 107,22 100 100 100

AREA 4

P. pyramidalis Catingueira 0,78 190 26,27 76,67 23,96 26,02 46,96 36,61 32,40

C. sonderianus Marmeleiro 0,31 226,67 31,34 70 21,88 10,27 18,53 24,93 23,91

J. molíssima Pinhão Branco 0,07 83,33 11,52 43,33 13,54 2,20 3,96 7,74 9,68

P. gounellei Xique-xique 0,29 130 17,97 60 18,75 9,55 17,24 17,61 17,99

A. pyrifolium Pereiro 0,21 80 11,06 56,67 17,71 7,11 12,82 11,94 13,86

T. palmadora Palmatória 0,01 3,33 0,46 3,33 1,04 0,21 0,38 0,42 0,63

M. ophthalmocentra Jurema vermelha 0,00 3,33 0,46 3,33 1,04 0,06 0,11 0,28 0,54

TOTAL 1,66 723,33 100 320 100 55,41 100 100 100

AREA 5

C. sonderianus Marmeleiro 0,11 110 18,54 56,67 17,89 3,81 7,80 13,17 14,74

P. pyramidalis Catingueira 0,70 143,33 24,16 66,67 21,05 23,18 47,44 35,80 30,88

J. molíssima Pinhão Branco 0,08 120 20,22 56,67 17,89 2,49 5,10 12,66 14,41

P. gounellei Xique-xique 0,21 76,67 12,92 53,33 16,84 6,97 14,26 13,59 14,68

A. pyrifolium Pereiro 0,34 113,33 19,10 56,67 17,89 11,28 23,09 21,09 20,03

T. palmadora Palmatória 0,02 23,33 3,93 20,00 6,32 0,69 1,42 2,67 3,89

M. ophthalmocentra Jurema vermelha 0,01 6,67 1,12 6,67 2,11 0,44 0,90 1,01 1,38

TOTAL 1,47 593,33 100 316,67 100 48,86 100 100 100

AB = Área basal; FA = Frequência absoluta; FR = Frequência relativa; DA = Densidade absoluta; DR =Densidade relativa; DoA =

Dominância absoluta; DoR = Dominância relativa; IVI = Índice de valor de importância; IVC = Índice de valor de cobertura.

106

Assim, a P. pyramidalis pode ser considerada como um forte indicador do nível

de perturbação antrópica, característica que se expressa pelo comportamento de suas

populações nos ambientes avaliados, já que apresenta grande poder invasor, com

tendência a formar pontos densos, dominando frequentemente pastos limpos ou áreas

perturbadas.

3.2.5 Índice de diversidade de Shannon-Weaver (H’)

Para expressar a heterogeneidade florística da área foi utilizado o índice de

diversidade de Shannon-Weaver (H’).

O índice de diversidade de Shannon (H’) é um indicador da diversidade local e

pode ser utilizado na comparação de diferentes tipologias numa mesma área ou

diferentes áreas com a mesma tipologia (Martins, 1991). Este índice pode expressar

riqueza (número de espécies presentes na flora) e uniformidade (distribuição de

indivíduos entre as espécies).

De acordo com Ramalho (2008) o valor de H’ é maior quanto maior for à

diversidade florística da população estudada.

Tabela 16. Índice de diversidade de Shannon H’

Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Área 5

1.40 1.61 1.83 1.61 1.74

Nota-se, segundo a tabela 16, similaridade entre as áreas 2 e 4, quanto à

diversidade florística, enquanto que as demais mostram-se heterogêneas. O maior índice

de similaridade foi o da área 3, com valor de 1.83, enquanto a que mais apresentou

homogeneidade foi a área 1 (valor de 1.40).

3.2.6 Índice de dominância de Simpson (C’):

O Índice de dominância de Simpson mede a probabilidade de 2 (dois)

indivíduos, selecionados ao acaso na amostra, pertencer à mesma espécie (Brower e

Zarr, 1984). Uma comunidade de espécies com maior diversidade terá uma menor

dominância. O valor estimado de C varia de 0 (zero) a 1 (um), sendo que para valores

próximos de um, a diversidade é considerada maior.

107

Tabela 17. Índice de dominância de Simson (C’)

Área 1 Área 2 Área 3 Área 4 Área 5

0.68 0.74 0.82 0.78 0.82

Logo, os valores apresentaram-se próximos a um (tabela 17), o que representa

uma alta diversidade, ou seja, há pouca dominância da comunidade de espécies

presentes nas áreas. Observou-se uma maior dominância de comunidades na área 1, em

relação às demais.

Desta forma, os altos valores deste índice indicam a antropização das áreas, onde

evidenciam um maior número de indivíduos distribuídos em poucas espécies,

corroborando com Andrade et al. (2011)

3.2.6 Índice de similaridade de Jaccard (J’):

Segundo Mueller-Dombois e Ellemberg (1974), as áreas consideradas

floristicamente similares são as que apresentam índice de Jaccard superior a 0,25.

Tabela 18. Matriz de similaridade florística (Jaccard) em cinco áreas de caatinga.

A1 A2 A3 A4 A5

A1 1 0.73 1 0.89 0.78

A2 0.73 1 0.73 0.64 0.7

A3 1 0.73 1 0.89 0.78

A4 0.89 0.64 0.89 1 0.88

A5 0.78 0.7 0.78 0.88 1

Segundo a tabela 18, pode-se considerar que todas as áreas avaliadas apresentam

similaridade, corroborando com os resultados de Araújo (2010), em pesquisa nas

mesmas áreas de caatinga. Sendo assim, a autora afirma que a proximidade geográfica

pode ter colaborado para tal resultado.

3.2.7 Índice de Agregação ou Índice de MacGuinnes (IGA)

108

A análise do padrão de distribuição espacial dos indivíduos das espécies foi feita

por meio da estimativa de índices de agregação ou índice de MacGuinnes (IGA), que se

refere à distribuição espacial de uma espécie.

Conforme demonstra a tabela abaixo, pode-se afirmar uma tendência ao

agrupamento da espécie P. pyramidalis, com exceção da área 2.Dado este corroborado

pela variabilidade espacial deste espécie, conforme demonstrado nos próximos tópicos.

A espécie J. molíssima foi a única que apresentou tendência de agrupamento

para todas as áreas estudadas.

As espécies M. ophthalmocentra, C. decídua, S. tuberosa, L. microphylla, C.

flexuosa e S. brasiliensis mostraram-se distribuídos de forma uniforme nas áreas. Tal

fato pode ter ocorrido devido ao baixo número de indivíduos registrados nas áreas.

A espécie P. gounellei, possui maior hábito de agregação pelo próprio hábito de

crescimento e propagação da espécie por meio dos cladódios.

109

Tabela 19. Classificação do padrão de distribuição das espécies, segundo o Índice de MacGuinnes (IGA) NOME CIENTÍFICO

AREA 1 AREA 2 AREA 3 AREA 4 AREA 5

IGA Class IGA IGA Class IGA IGA Class IGA IGA Class IGA IGA Class IGA

P. pyramidalis 1.93 Tend. Agrup.

2.64 Agregada 1.35 Tend. Agrup.

1.31 Tend. Agrup.

1.3 Tend. Agrup.

A. pyrifolium 1.19 Tend. Agrup.

1.78 Tend. Agrup.

1.7 Tend. Agrup.

0.96 Uniforme 1.36 Tend. Agrup.

P. gounellei 2.69 Agregada 2.35 Agregada 1.79 Tend. Agrup.

1.42 Tend. Agrup.

1.01 Tend. Agrup.

J. molíssima 1.5 Tend. Agrup.

1.46 Tend. Agrup.

1.57 Tend. Agrup.

1.47 Tend. Agrup.

1.43 Tend. Agrup.

C. sonderianus 0.97 Uniforme 2.03 Agregada 1.73 Tend. Agrup.

1.88 Tend. Agrup.

1.32 Tend. Agrup.

T. palmadora 1.79 Tend. Agrup.

1.2 Tend. Agrup.

2.33 Agregada 0.98 Uniforme* 1.05 Tend. Agrup.

M. ophthalmocentra 0.9 Uniforme - - 1 Aleatória 0.98 Uniforme* 0.97 Uniforme

C. decídua 0.98 Uniforme* 0.95 Uniforme - - - - - -

S. tuberosa 0.98 Uniforme* - - - - - - - -

L. microphylla - - 0.98 Uniforme* - - - - - -

C. flexuosa - - 0.97 Uniforme 0.98 Uniforme* - - - -

S. brasiliensis - - - - 0.98 Uniforme* - - - -

Classif. IGA = Classificação do padrão de distribuição das espécies, segundo IGA.

110

3.2.8 Classes de altura das espécies amostradas

O estrato arbóreo presente nas cinco áreas de caatinga apresentou uma média de

altura entre 1 a 5m, conforme a figura 38, com exceção da área cinco.

Figura 38. Distribuição em classes de altura das espécies amostradas em cinco áreas de caatinga.

111

A área 1 apresentou o maior número de indivíduos (pouco mais de 200)

concentrados em uma altura entre 100 a 200cm. Logo, observa-se um comportamento

semelhante nas áreas 3 e 4, porém com um menor número de indivíduos (pouco mais de

100) registrados com altura no intervalo de 100 e 200cm, indicando que nas áreas 3 e 4

há predominância de indivíduos de menor porte arbóreo. Tal fato pode ser explicado por

uma forte ação antrópica que contribuiu em mudanças no hábito de crescimento deste

estrato, com tendência de crescimento a partir de ramos laterais e um maior número de

perfilhos basais.

Segundo o levantamento florístico, estas áreas registraram predominância de

diferentes espécies, sendo a predominante da área 3 P. pyramidalis e da área 4 C.

sonderianus, confirmando a existência de sucessão por atividade antrópica.

Araújo (2010) encontrou as mesmas características para a área 1 na mesma área

em pesquisa, no entanto foram encontrados indivíduos com até 7m de altura e em maior

número. A autora encontrou ainda, valores semelhantes a este trabalho para a área 3 no

ano de 2010 para a variável classes de altura.

Amorim et al. (2005) registraram porte arbóreo com até 7m de altura em áreas

de caatinga no Rio Grande do Norte, enquanto Pereira Júnior e Araújo (2012)

registraram indivíduos com altura até 17m.

Logo, a presença de um menor porte arbóreo registrado neste estudo pode ser

explicado por tratarem-se de áreas de caatinga de sucessão secundária com regeneração

natural, em preservação há um curto período de tempo com indicadores meteorológicos

de baixa precipitação e distribuição irregular nos pulsos de precipitação pluvial. Sendo

Assim, pode-se considerar que os espécimes registrados se tratam de indivíduos jovens

em pleno estádio de desenvolvimento.

A área 5 mostrou-se diferenciada das demais, devido ao seu baixo número de

indivíduos de forma geral. Os maiores registros de altura foram encontrados nas classes

entre 110-120cm e 160-170cm, com pouco mais de 3 indivíduos. Tal fato pode ser

explicado pela distribuição uniforme da altura entre todas as classes avaliadas.

3.2.9 Classes de diâmetro de caule das espécies amostradas

Neste trabalho foram registrados espécimes com diâmetros entre 3 e 223cm, no

entanto o maior número de indivíduos foi observado com intervalo entre 3 e 60cm.

112

Figura 39. Distribuição em classes de diâmetro das espécies amostradas em cinco áreas de caatinga.

Araújo (2010) encontrou diâmetros menores no ano de 2010 para as mesmas

áreas em pesquisa. É possível afirmar que houve um aumento no número de perfilhos

basais dos estratos arbóreos, indicando um hábito de crescimento lateral ao invés de

longitudinal.

As plantas da caatinga são oportunistas e bem adaptadas a climas adversos com

alto poder de resiliência por estresse hídrico e o aumento no diâmetro basal pode ser

considerado um indicador de adaptação destas plantas.

113

Amorim et al. (2005) constataram diâmetros médios de 4,0cm, o que pode ser

considerado baixo ao comparar com os dados registrados neste estudo. Isso demonstra

alta adaptabilidade da vegetação nestas áreas de caatinga.

Além disso, pode-se observar uma alta incidência de indivíduos com caules de

diâmetro entre 3 e 23cm, indicando serem árvores jovens em estádio de

desenvolvimento. Segundo Pereira Júnior e Araújo (2012), a presença de muitos

indivíduos com o diâmetro do caule nas classes de diâmetro iniciais demonstra uma

característica de estágio secundário inicial por parte da vegetação estudada. Os autores

indicam que caso ocorra alguma perturbação na vegetação (estresse hídrico, por

exemplo) e os indivíduos mais velhos (menor número de indivíduos) venham a morrer,

os demais indivíduos jovens, juntamente com os regenerantes, rapidamente repovoarão

a área afetada.

3.3 Variabilidade espacial da serapilheira acumulada e do estrato vegetal em

fragmentos de áreas de caatinga:

Com o interesse de saber a representatividade dos dados avaliados para a

execução da krigagem (interpolação dos dados), foi elaborado o semivariograma de

todas as áreas, conforme demonstra a figura 40.

114

Figura 40. Gráficos de semivariograma das áreas interpoladas para o acúmulo de serapilheira.

115

Pode-se observar na figura 22, a grande variabilidade, indicando dependência

espacial das amostras regionalizadas. Tal fato indica o uso correto da estatística

aplicada.

É possível considerar uma tendência linear crescente nas áreas em estudo do

acúmulo da serapilheira, com exceção das áreas 1, 4, 5 e 7. Isso indica que nestas áreas

houve um equilíbrio na produção. Nas demais os modelos esférico, exponencial e

gaussiano explicam a semivariância.

Em seguida, observam-se os valores de dependência espacial para um melhor

entendimento dos semivariogramas.

Quadro 4. Valores de efeito pepita, patamar, alcance e dependência espacial

segundo os modelos dos semivariogramas.

Variáveis Modelo Co C1 Co+C1 a (m) r2 DE (%) Classificação

A1 Linear 7.682,68 0 7.682,68 0,00076 0,073 0 NULA

A2 Exponencial 8.400 4.135 12.535,0 0,00027 0,98 67,01 REGULAR

A3 Esférico 4.400 26.310 30.710,0 0,00033 0,04 85,67 FORTE

A4 Linear 21.439,44 0 21.439,44 0,0009 0,214 0 NULA

A5 Linear 16.642,20 0 16.642,20 0,0095 0,613 0 NULA

A6 Gaussiano 10,0 22.730 22.740,0 0,00028 0,724 99,95 FORTE

A7 Linear 34.584,7 0 34.584,7 0,0009 0,080 0 NULA

A8 Gaussiano 3.500 24.810 28.310 0,00017 0,026 86,11 FORTE

A9 Gaussiano 14.740 16.910 31.650 0,00083 0,93 53,42 REGULAR

C0 : efeito pepita, C1 : contribuição, C0 +C1 : patamar, a : alcance (m), DE : dependência espacial (%)

Tais semivariogramas indicam que a alta atividade antrópica nas áreas, é uma

fonte importante na alteração da estrutura natural do solo (Baestre e Andreu, 2009).

116

Figura 41. Isolinhas da distribuição de serapilheira em parcelas contíguas no ano base de 2013.

Observa-se na figura 41, que houve tendência de agrupamento concentradas na

parte central e sueste do mapa em todas as áreas, com uma maior concentração no

acúmulo da serapilheira. Tal fato pode ser explicado por um direcionamento na corrente

de ar (ventos fortes) ou pelo aparecimento de algum estrato vegetal.

Segundo a figura acima, 17,66% da área 1encontra-se descoberta, enquanto que

0,14% da área apresentou um valor máximo de 300g/m².

117

Ao mesmo tempo, a área 3 mostrou-se com um agravante de 66% de área

descoberta por serapilheira e apenas 34,74% da área coberta com 150 a 700g/m² de

serapilheira.

Cerca de 7,18% da área 4 apresentou pouco mais de 500g/m² de serapilheira,

tendendo ao agrupamento.

A figura dos semivariogramas, representados na página seguinte (figura 42),

para a variabilidade espacial da espécie P. pyramidalis, demonstram uma total

dependência espacial, indicando o uso correto da krigagem para a avaliação estatística.

Os modelos linear, exponencial e esférico representam a variabilidade dos dados.

Além disso, observa-se uma tendência muito forte ao equilíbrio no aparecimento

desta espécie vegetal nas áreas em estudo, corroborando coma avaliação

fitossociológica:

118

Fig

ura

42

. R

epre

senta

ção

do

s se

miv

ario

gra

mas

de

cinco

áre

as d

e ca

atin

ga

par

a a

esp

écie

P.

pyr

am

ida

lis.

119

Quadro 5. Valores de efeito pepita, patamar, alcance e dependência espacial

segundo os modelos dos semivariogramas.

Variáveis Modelo Co C1 Co+C1 a (m) r2 DE (%) Classificação

A1 Exponencial 14,7 61,33 76,03 0,0002 0,872 80,66 FORTE

A2 Exponencial 7,72 23,17 30,89 0,0002 0,946 75,00 REGULAR

A3 Esférico 0,01 5,65 5,66 0,002 0,036 99,82 FORTE

A4 Linear 3,42 0 3,42 0,0007 0,400 0 NULA

A5 Linear 2,41 0 2,41 0,0007 0,876 0 NULA

C0 : efeito pepita, C1 : contribuição, C0 +C1 : patamar, a : alcance (m), DE : dependência espacial (%)

Figura 43. Variabilidade espacial de P. pyramidalis em fragmentos de caatinga.

120

É possível observar tendência de agrupamento em todas as áreas avaliadas para a

espécie P. pyramidalis, segundo a figura 43. As áreas 1 e 5 apresentaram o maior

número de indivíduos na posição leste do mapa, enquanto que as demais

apresentaram-se dispersas por toda a área.

Ao estudar a variabilidade espacial de duas espécies de cactáceas (Cereus

jamacaru e Pilosocereus pachycladus), Barbosa (2011) verificou tendência no

agrupamento das mesmas, o que pode indicar tendência no agrupamento de espécies

nativas da vegetação na caatinga.

Segue em sequência, o percentual de ocupação da espécie P. pyramidalis nas

áreas em estudo:

Tabela 20. Abrangência de P. pyramidalis nos mapas em isolinhas avaliados nas

áreas de caatinga.

Área Ocupação na área (%)

1 84,60

2 27,11

3 61,62

4 34,55

5 26,48

A tabela acima corrobora com os estudos de levantamento florístico e

fitossociológico, onde a área 1 registrou maior número de indivíduos de P.

pyramidalis, enquanto que a área 5 registrou um menor número. Da mesma forma,

ocorreu a margem de presença nas áreas, com exceção da área 3, onde a presença

desta espécie prevaleceu em 61,62% da área.

Pode-se notar que não houve relação direta entre o acúmulo da serapilheira com

a distribuição de P. pyramidalis em todas s áreas avaliadas, indicando que o maior

fator de ocorrência para o agrupamento da serapilheira podem ter sido proveniente de

correntes de ventos.

Observou-se alguma semelhança nas isolinhas das áreas 2, 4 e 5, apenas. Nestas

áreas, é possível inferir relações entre o acúmulo de serapilheira e a presença de P.

pyramidalis, no entanto mais estudos precisam ser realizados para confirmar tal afirmação.

121

4 CONCLUSÕES

A serapilheira pode ser considerada como uma fonte alimentar alternativa em

épocas de estiagem para o consumo de pequenos ruminantes em sistemas de produção

extensivos.

Não houve aumento no acúmulo de serapilheira devido ao longo período de

estiagem, indicando a presença de espécimes adaptados à situações de adversidade

climática.

As áreas de caatinga avaliadas apresentam-se em regeneração natural, com

presença de espécimes jovens e oportunistas.

A distribuição da serapilheira varia conforme os pulsos de precipitação e a

distribuição da catingueira nas áreas, tendo influência ao agrupamento devido à fatores

abióticos.

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124

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Pode-se considerar que os resultados deste estudo contribuem para um melhor

entendimento de áreas de caatinga de sucessão secundária com criação de pequenos

ruminantes em sistemas extensivos de criação.

Foi observado que a serapilheira é utilizada pelos caprinos como fonte

alternativa de volumoso na época de escassez, em sistemas extensivos de criação em

áreas de caatinga. Tal observação serve para melhorias da alimentação alternativa e de

manejo em épocas de caatinga.

Além disso, foi verificado que a distribuição espacial da serapilheira é variável

segundo as intempéries e a presença dos estratos vegetais nas áreas de caatinga. No

entanto, este material possui baixa qualidade nutricional para a manutenção de caprinos

como forma exclusiva de fonte alimentar, pois apresentou baixos valores proteicos e

altos valores fibrosos. Dessa forma, serão necessários estudos sobre a melhoria da

qualidade nutricional desse volumoso e o acompanhamento do acúmulo deste material

durante um longo período, devido as variações climáticas da região.

É possível considerar que, uma leve lotação de caprinos em áreas de caatinga

para sistemas de criação semiextensiva, não prejudicam a biodiversidade do bioma,

auxiliando na entrada e saída dos nutrientes do solo e consequentemente na

sustentabilidade do sistema, uma vez que as áreas de caatinga do Cariri paraibano são

de sucessão secundária, com regeneração natural e presença de indivíduos jovens e bem

adaptados à situações de adversidade climática.