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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORACURSO DE PEDAGOGIA
ANA CAROLINA GUEDES MATTOS
Convergência de mídias e educação: um estudo de cursos na modalidade a distância
Juiz de Fora
2011
ANA CAROLINA GUEDES MATTOS
Convergência de mídias e educação: um estudo de cursos na modalidade a distância
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Pedagogia. Orientadora Prof. Drª. Adriana Rocha Bruno.
Juiz de Fora
2011
ANA CAROLINA GUEDES MATTOS
Convergência de mídias e educação: um estudo de cursos na modalidade a distância
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à Universidade Federal de Juiz de Fora como requisito parcial para a obtenção do grau de Bacharel em Pedagogia. Orientadora Prof. Drª. Adriana Rocha Bruno.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profa:. Drª. Adriana Rocha Bruno
_________________________________________
Profª. Drª. Beatriz de Basto Teixeira
AGRADECIMENTOS
Agradeço a todos os que me ajudaram desde o momento do ingresso no
Curso de Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo e no Curso de
Pedagogia. Em primeiro lugar aos meus pais pela atenção e dedicação em todos os
momentos.
Obrigada aos professores do curso pela sua contribuição na construção do
meu conhecimento e em especial à professora Adriana Bruno orientadora deste
trabalho.
Além disso, gostaria de agradecer aos amigos e companheiros do Grupo de
Pesquisa Aprendizagem em Rede (GRUPAR) que possibilitaram as reflexões e
estudos sobre as tecnologias na educação.
RESUMO
A presente monografia investigou de que maneira a convergência de mídias, em
cursos desenvolvidos por meio da Educação a distância online, pode auxiliar no
desenvolvimento de suas práticas pedagógicas. A pesquisa é qualitativa e teve
como fundamentação teórica: a teoria das multiplicidades (Deleuze e Guattari),
estudos sobre a cibercultura, mais especificamente a Educação online e a
convergência de mídias (Castells e Jenkins, dentre outros). Os lócus de investigação
foram: uma disciplina do curso de Pedagogia a distância, pelo sistema Universidade
Aberta do Brasil na Universidade Federal de Juiz de Fora - Faculdade de Educação
(UAB/UFJF/FACED) e também o Mestrado Profissional em Gestão e Avaliação na
Educação Pública – CAED-FACED-UFJF, no que diz respeito ao desenho didático
desenvolvido para o curso, com ênfase na disciplina Letramentos e suas
tecnologias. Foram entrevistados web designers e professores dos dois cursos. As
considerações emergentes do campo de investigação apontaram para o uso da
convergência de mídias nas disciplinas pesquisadas, favorecendo a dinamicidade
pedagógica dos referidos cursos. e a construção do conhecimento dos alunos.
PALAVRAS-CHAVE: Comunicação Social, Convergência de mídias, Educação a
distância.
Ora, o ciberespaço não apresenta centros difusores em
direção a receptores, mas sim espaços comuns que cada
um pode ocupar e onde pode investigar o que lhe
interessar, espécies de mercados da informação onde as
pessoas encontram e nos quais a iniciativa pertence ao
demandante.
Pierre Lévy
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 7
2. COMUNICAÇÃO E EDUCAÇÃO ......................................................................... 12
2.1 . CONCEITOS PRELIMINARES ......................................................................... 12
2.1.1. O que é comunicação e a compreensão de Educação .................................. 12
2.1.2. Convergência e suas acepções ..................................................................... 17
2.1.3. Educação a distância ..................................................................................... 19
2.2. ESTADO DA ARTE ........................................................................................... 21
2.3. CONVERGÊNCIAS POSSÍVEIS NA CONTEMPORANEIDADE ...................... 24
2.3.1. Convergência de Mídias na EAD ................................................................... 25
2.4. AS MÍDIAS E A EDUCAÇÃO: HIPERMÍDIA E ABORDAGENS EM EAD
................................................................................................................................... 29
3. O CENÁRIO DE INVESTIGAÇÃO: PROJETO
UAB/UFJF .....................................................................................................................
.............. 33
3.1. O PROCESSO DA PESQUISA: Caminhos da
investigação ...................................................................................................................
................ 33
3.1.1. Universidade Aberta do Brasil na
UAB/UFJF/FACED ........................................................................................................
........................... 33
3.1.2 Apresentando o mestrado Profissional em Gestão e Avaliação na Educação
Pública – Caed-FACED-UFJF .................................................................................. 37
4. O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA: DESTAQUES DA
INVESTIGAÇÃO ............................................................................................................
....................... 41
4.1. OPÇÃO METODOLÓGICA .............................................................................. 41
4.2. OBSERVAÇÕES E ANÁLISES DO LÓCUS DE PESQUISA ............................ 43
4.2.1. Experiência profissional: o perfil dos sujeitos de pesquisa ............................ 45
4.2.2. Convergência de mídias: a dinâmica e o uso das mídias nas
disciplinas ......................................................................................................................
............. 48
4.2.2.1. Recursos e estratégias midiáticas para EAD .............................................. 48
5. CONCLUSÃO ....................................................................................................... 62
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 66
7. APÊNDICES ......................................................................................................... 70
7.1. APÊNDICE 1 (ENTREVISTA COM O PROFESSOR A, RESPONSÁVEL PELA
DISCIPLINA PESQUISADA NO CURSO DE LICENCIATURA NA
UAB/UFJF) ...................................................................................................................
................ 70
7.2. APÊNDICE 2 (ENTREVISTA COM O PROFESSOR B, RESPONSÁVEL PELA
DISCIPLINA PESQUISADA NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO CAED/UFJF) .... 78
7.3. APÊNDICE 3 (ENTREVISTA COM O WEB DESIGNER DO CURSO DE
LICENCIATURA NA UAB/UFJF) .............................................................................. 88
7.4. APÊNDICE 4 (ENTREVISTA COM OS WEB DESIGNERS DO CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO CAED/UFJF) ............................................................................ 94
8. ANEXOS
8.1. ANEXO 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ASSINADO PELOS SUJEITOS ............................................................................. 102
8.2. ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM OS PROFESSORES
X E Y ...................................................................................................................... 103
8.4 ROTEIRO DA ENTREVISTA SEMI-ESTRUTURADA COM OS WEB
DESIGNERS .......................................................................................................... 104
1. INTRODUÇÃO
As tecnologias marcam o cenário da sociedade atual se ampliando nas
instituições sociais, dentre elas, a Educação. O uso das mídias na Educação não é
algo inovador, ao contrário, a realidade social atual potencializa a integração com as
convergências tecnológicas. Os cursos de formação de professores, necessários
para a atualização profissional, contam com diversas modalidades, dentre elas, a
Educação a Distância (EAD). Ela não é recente e se utiliza, desde seu início, das
tecnologias disponíveis, sejam elas o papel, o rádio, a TV ou a web. As opiniões em
relação aos benefícios e malefícios da EAD são variadas, mas duas vertentes se
destacam, conforme Bruno e Lemgruber (2009): a primeira acredita que a EAD
solucionará os problemas da Educação; a segunda apresenta resistência e acredita
que tal modalidade é inferior.
Ao iniciar o curso de Comunicação Social com habilitação em Jornalismo, na
Faculdade Estácio de Sá de Juiz de Fora (FESJF), e posteriormente ingressar no
curso de Pedagogia na Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), foi possível
perceber que as duas áreas do conhecimento se complementavam em muitos
aspectos. Ao longo do curso de Jornalismo várias discussões sobre os meios de
comunicação e seu impacto na sociedade ganhavam um diferencial quando
inseridos nos conteúdos e discussões apresentados no curso de Pedagogia.
Durante as aulas, em ambos os cursos, as relações e as potencialidades
estabelecidas na integração de ambas as áreas do conhecimento se integravam.
O curso de Pedagogia oportunizou o estudo mais de perto das Tecnologias
da Informação e Comunicação (TIC) e a EAD, por meio da monitoria em duas
disciplinas semi-presenciais do referido curso e também da pesquisa científica,
custeada pela FAPEMIG1 Além disso, os estudos realizados dentro do Grupo de
Pesquisa Aprendizagem em Rede (GRUPAR) corroboraram para as reflexões sobre
o ciberespaço, a EAD, as TIC e a relação possível entre a Comunicação e a
Educação.
A relevância do presente estudo, aqui desenvolvido como monografia,
consiste em sua proposta de identificar os usos e possibilidades da convergência de 11 Fundação de Amparo a Pesquisa do Estado de Minas Gerais, pesquisa intitulada DIDÁTICA ONLINE: contribuições para o processo de aprendizagem do educador em ambientes digitais, coordenada pela Profª. Drª. Adriana Rocha Bruno.
7
mídias na EAD, uma vez que sua ampliação e discussão ganham espaço dentro da
Educação brasileira. Além do estudo na modalidade a distância, se somam a web e
suas interfaces proporcionando um novo desenho para o que, até então, era
conhecido por EAD. A chegada dos computadores no Brasil, em sua maioria na
década de 1990 e, consequentemente, com a web possibilita que a EAD desenvolva
cursos utilizando essa nova mídia.
O governo Federal, motivado por questões ligadas a demanda de formação,
capacitação e atualização de profissionais em variadas áreas, especificamente nas
licenciaturas, criou, em 2005, o programa Universidade Aberta do Brasil (UAB).
Dentro dessa realidade, a Faculdade de Educação (FACED) da Universidade
Federal de Juiz de Fora (UFJF), em 2007, passou a oferecer o Curso de
Licenciatura em Pedagogia, na modalidade a distância. O Mestrado Profissional do
Centro de Políticas Públicas e avaliação da Educação (CAEd) é criado em 2010
oferecendo, principalmente aos gestores, a pós-graduação. Esta monografia
investiga como a convergência de mídias, foco dos estudos da Comunicação, é
utilizada e pensada pelos profissionais da EAD. Compreende-se que as mídias
agregam à Educação maneiras de oferecer o conteúdo pensado em cada curso. As
inquietações são múltiplas e oferecem muitas possibilidades de estudos. Para tanto,
esse trabalho levantou como questão de pesquisa: De que maneira a convergência de mídias, característica das tecnologias de informação e comunicação, está sendo aplicada na Educação a Distância, podendo, assim, contribuir para a prática pedagógica?
Para isto, o lócus de pesquisa incidiu no curso de Licenciatura, oferecido
atualmente para duas turmas e atendendo a 10 pólos situados em municípios do
estado de Minas Gerais. Outro lócus dessa investigação foi o Mestrado Profissional
oferecido no Programa de Pós-graduação em Políticas Públicas (PPGP),
desenvolvido pelo Centro de Políticas Públicas e avaliação da Educação (CAED), da
UFJF, criado em 2009. O Mestrado Profissional oferece vagas para diretores e
técnicos dos órgãos de gestão da educação básica pública que estejam trabalhando.
Com o intuído de se investigar a convergência de mídias nesses cursos, foi
observada uma disciplina na Licenciatura a distância e no PPGP, na tentativa de
compreender como foram desenvolvidas, pedagogicamente, as possibilidades
oferecidas pelas interfaces da web e os recursos do Ambiente Virtual de
Aprendizagem (AVA). Foram analisados os documentos do curso (dados oferecidos
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pela coordenação do curso com relação ao perfil dos alunos), bem como os dados
produzidos por meio das entrevistas com o professor responsável pela disciplina e
com o web designer responsável. Além disso, foram feitas observações do
andamento semanal da disciplina e dos fóruns de discussão nos quais os alunos
participavam. Já no Mestrado profissional foi realizada uma entrevista com dois web
designers, responsáveis pela produção de materiais do curso e também com um
professor que atua em uma das disciplinas do Mestrado profissional.
A partir do tema a ser investigado (o uso da convergência de mídias na EAD),
algumas suposições foram pensadas. Tais formulações emergem dos estudos e
leituras realizadas a priori ao longo do desenvolvimento das reflexões e
questionamentos nos cursos de Pedagogia e de Comunicação Social. As ideias
construíram-se com base nos estudiosos da área de Comunicação e Educação a
distância, conforme afirma Alves-Mazzotti (1999), para obter-se novos dados que
sustentem ou refutem as respostas provisórias construídas inicialmente.
As suposições com relação à questão problema dessa monografia foram: i) o
conhecimento técnico das mídias disponíveis dentro do ambiente virtual de
aprendizagem pelo docente auxilia o planejamento de atividades que potencializem
os recursos disponíveis dentro e fora do Moodle (plataforma utilizada nas aulas); ii)
as parcerias criadas entre o web designer e o docente proporcionam uma
construção coletiva de atividades baseadas na dinâmica do espaço virtual; iii) uma
proposta inovadora que utilize as mídias pode desenvolver nas disciplinas a
distância uma relação entre ensino e aprendizagem potencializada por meio da
hipertextualidade, da convergência e da interatividade que a web oferece.
Como objetivo geral buscou-se identificar, na modalidade a distância, como a
convergência de mídias é utilizada, podendo desenvolver ações que contribuam na
prática pedagógica. Especificamente, pretendeu- se identificar o uso pedagógico das
mídias, no curso de Licenciatura e no Mestrado Profissional, na modalidade a
distância. Além disso, investigar as convergências midiáticas apresentadas ao longo
das observações das semanas da disciplina, bem como nas atividades
desenvolvidas pelo docente pesquisado. E, posteriormente, socializar esse estudo
para outras instituições que desenvolvam, em nível superior, a EAD, e que
trabalhem com a convergência de mídias na possibilidade de um
ensino/aprendizagem construtivo na realidade da sociedade virtual.
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A presente pesquisa é qualitativa e tem como base a Teoria das
Multiplicidades, a partir dos estudos de Gilles Deleuze e Felix Guattari, no Grupo de
Pesquisa Aprendizagem em Rede (GRUPAR), na UFJF. As ideias e conceitos
elencados por tais autores permitem interpretações sobre a pesquisa e o
pesquisador. O pesquisador trabalhou com os devires dos sujeitos, do próprio
campo e dos dados emergentes das observações e entrevistas. Ao longo da coleta
de dados foi pesquisada a questão geradora e os indicativos de suas suposições.
Essa monografia utilizou a produção de dados de maneira interligada e imbricada,
vislumbrando uma maior coerência ao estudo proposto.
Os materiais produzidos ‘coletados’ foram provenientes de uma constante co-
criação entre o pesquisador e o lócus de pesquisa para a análise dos dados
encontrados. Criaram-se categorias e sub-categorias (pistas) de análise a partir das
falas dos sujeitos, das observações e das consultas aos documentos analisados.
Compreende-se que a neutralidade não é alcançada na pesquisa qualitativa, pois as
escolhas das falas e dos fenômenos observados durante o processo investigativo
acontecem a partir da subjetividade do pesquisador.
A organização do trabalho realizou-se pela produção de três capítulos que
pretendem discutir as convergências na Educação. O primeiro capítulo apresenta os
pilares dessa monografia a partir de conceitos preliminares sobre a Comunicação e
Educação, as convergências e a Educação a distância. Nesse momento da
monografia, se apresentam reflexões filosóficas e conceituais sobre os principais
pilares à discussão da convergência de mídias na EAD. No segundo capítulo,
pretendeu-se discutir os caminhos da investigação, apresentando o lócus da
investigação, o projeto UAB e sua dinâmica de funcionamento na UFJF,
especificamente na Licenciatura, e também o processo de constituição do Mestrado
Profissional do PPGP e como se desenvolve na UFJF.
O terceiro capítulo apresenta a pesquisa realizada e quais são as
observações e as principais constatações e indicações que o campo oferece para a
reflexão sobre a convergência de mídias na EAD. A análise dos dados é
apresentada de maneira sistematizada, possibilitando uma compreensão crítica da
investigação. Nos capítulos dois e três, buscou-se ilustrar os dados e os indicadores
com imagens da disciplina analisada, bem como gráficos que auxiliam na
interpretação e na reflexão das observações.
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Finalmente, o último capítulo destaca as principais considerações que o lócus
de investigação e os dados emergentes das observações oferecem à análise da
convergência de mídias como possibilidade de desenvolvimento da prática
pedagógica. Analisa-se também se a questão geradora foi respondida e se as
hipóteses procedem ou não a partir da pesquisa. Além disso, identificou-se se os
objetivos propostos no início da investigação foram alcançados ao final do trabalho.
Destaca-se uma concepção de Educação que emerge no cenário atual, no qual se
denomina Educação online.
Santos (2006) defende em seus estudos como a Educação online pode ser
praticada na Educação, promovendo momentos que instiguem a aprendizagem. Ela
afirma que
Uma modalidade de Educação que pode ser vivenciada ou exercitada tanto para potencializar situações e aprendizagens mediadas por encontros presenciais, quanto a distância, caso os sujeitos do processo não possam ou não queiram se encontrar face a face; ou ainda híbridos onde os encontros presenciais podem ser combinados mediados com tecnologias telemáticas. (SANTOS, 2006, p.125)
As tecnologias a que a autora se refere estão no ciberespaço, dispostas de
maneira simbiótica e interligadas. A sociedade está inserida nesse novo ambiente, o
ciberespaço, segundo destaca Lévy (1999). Ressalta- se que a Educação online não
se restringe apenas à modalidade a distância, mas também na presencial. Logo, os
encontros presenciais e as tecnologias podem ser combinados para potencializar o
processo de ensino/aprendizagem. No caso da EAD, essa dinâmica também é
relevante, pois considera os usos das tecnologias e seus benefícios na Educação.
2. CONVERGÊNCIA DE MÍDIAS NA EAD
11
Neste capítulo trabalharemos as convergências e a Educação a distância, a
partir de conceitos preliminares sobre a Comunicação e Educação,. Tal construção
representa a parte filosófica e teórica desse trabalho, bem como subsidia nossas
análises do lóci de pesquisa escolhido. Tratar de um relacionamento entre duas
áreas exige uma apresentação da essência de cada uma delas e a compreensão
das ideias que permearão esta produção acadêmica.
2.1. CONCEITOS PRELIMINARES
Para a discussão a respeito das possibilidades de convergência de mídias na
Educação a distância (EAD), elenca-se alguns conceitos importantes. São eles o
conceito de comunicação, o conceito de convergência e o conceito de EAD. A
proposta é o desenvolvimento de tais conceitos, na tentativa de promoção das
possibilidades entre a proximidade - Comunicação Social e a Educação.
2.1.1. O que é comunicação e a compreensão de Educação
A comunicação, tal qual se conhece na atualidade, é utilizada na sociedade e
representa uma das ciências humanas. Com relação ao surgimento e posterior
desenvolvimento da Comunicação social, compreende-se que sua existência está
diretamente ligada ao ser humano em comunidade. O ato de comunicar surge com a
primeira comunidade, anterior ao próprio desenvolvimento da fala. No entanto, é
com o auxílio dos relatos orais que a comunicação se firma entre os homens
primitivos.
Tal avanço da comunicação acontece com as ligações entre a cultura e a
hegemonia das grandes tribos de primatas desenvolvidas em regiões dominadas
pela natureza. O homem, para conseguir vencer os obstáculos propostos pelas
condições precárias da vida na floresta, precisava se organizar para sobreviver.
12
Quanto mais a fala era ampliada pelos povos primitivos, mais organizado se tornava
o crescimento das tribos.
A proposta desta monografia não é esmiuçar o processo evolutivo da raça
humana, nem tampouco traçar uma linha histórica de tal acontecimento. Para tanto,
alicerçados nos estudos de Martín-Barbero (2008) e Melo (1998), discorre-se sobre
o conceito de comunicação e o início dos meios de comunicação. Para Melo (1998),
o processo comunicativo possui os seguintes elementos: o comunicador, a
mensagem, o canal, o receptor, as fontes e os efeitos da comunicação. Destacam-
se tais elementos para compreender que, desde o momento no qual se estabelece a
comunicação, utilizam-se tais subsídios.
Em relação ao que se tornou a comunicação, Martín-Barbero (2008) destaca
que,
Assim a comunicação se tornou para nós questão de mediações mais que de meios, questão de cultura e, portanto, não só de conhecimentos mais de reconhecimento. Um reconhecimento que foi, de início, operação de deslocamento metodológico para rever o processo inteiro de da comunicação a partir de seu outro lado, o da recepção, o das resistências que aí têm seu lugar, o da apropriação a partir de seus usos. (2008, p. 28)
Assim como apresenta Martín-Barbero (2008), a questão da mediação
necessita do uso dos meios de comunicação. O aparecimento do meio é iniciado em
um processo de necessidade política e cultural dos indivíduos em uma organização
social mais estruturada, naquele momento diferente do homem primata descrito
anteriormente. Os jornais na América Latina ganham expressão em meados do
século XIX com foco mais literário do que informativo. Porém, a mediação realizada
pelos leitores com tais meios de comunicação impulsiona mudanças nas condições
de produção, de edição, de escrita e de leitura.
A respeito da mediação, Vygotsky (1991) destaca que o homem se relaciona
com o mundo a partir de elementos mediadores que são divididos em objetos e
signos. O homem é um ser sócio-histórico-cultural que vive em uma comunidade
semiótica permeada de signos e símbolos. O processo de mediação também sofrem
modificações ao longo da história de cada um. Conforme destaca Oliveira (apud
13
Vygotsky, 1995. p. 29) “A mediação é um processo essencial para tornar possível
atividades psicológicas voluntárias, intencionais, controladas pelo próprio indivíduo”.
Ao contrário do filósofo soviético, Deleuze rejeita o recurso das mediações, pois
segundo o autor a mediação categoriza e fecha as possibilidades do homem se
tornar múltiplo. O filósofo das multiplicidades afirma que o ser é único e que não há
negação no interior da afirmação, só existe a voz do ser que se multiplica em várias
possibilidades. Deleuze nega a dialética, pois acredita na multiplicidade, nas
variações. Deleuze apud Gallo (1998)
É preciso pensar “juntas” a univocidade do Ser e a equivocidade dos entes (a segunda sendo apenas a produção imanente da primeira), sem a mediação dos gêneros, das espécies, dos tipos ou dos emblemas, em suma: sem categorias, sem generalidades. (1998, p. 33)
Além do jornal impresso, outras possibilidades de comunicação surgem na
sociedade a partir da vontade do ser humano de se comunicar em coletividade.
Outros veículos (rádio, televisão, revistas, internet etc) promovem a comunicação.
No momento de sua criação e divulgação os meios de comunicação se tornam
elitistas, mas, em um segundo momento, ocorre a sua apropriação pela grande
população. Tal explosão da massa de homens e mulheres, trabalhadores (operários)
da máquina industrial do mundo, consequência também das necessidades inerentes
ao ser humano em relação à comunicação, resultam no surgimento da denominada
cultura de massas, definida por Martín-Barbero (2008, p. 196) como “(...) aquilo que
é entendido como um conjunto de meios massivos de comunicação.”
No século XX, inicia-se a produção dos meios voltada para esta massa que
buscava sua expressão cultural e ideológica, mesmo que de forma conflituosa com
as classes mais altas da sociedade. Segundo Santaella (2007), até 1980, no Brasil,
os termos usados para a tradução das expressões do inglês mass media e mass
culture, eram “meios de massa”, “indústria cultural” e, com menos frequência
“tecnologias da comunicação”. No entanto, no início dos anos 1990, a palavra mídia
acopla no seu significado todas as mídias de massa, não apenas aquelas que
transmitissem a informação. Logo o termo passou a representar todos os meios de
comunicação de massa.
14
Nos dias atuais, como se concebe a comunicação, as mídias abrangem
diferentes meios e propostas de mediações distintas e peculiares, contextualizando
o novo delineamento da comunicação na sociedade. Destacam-se a partir de Martín-
Barbero (2008), as mudanças ocorridas no cenário cultural com a chegada das
“novas tecnologias” a partir de 1980. A nova realidade trazida pela tecnologia produz
questionamentos e incerteza com relação às culturas até então construídas. O medo
era que as novas mídias seduzissem os indivíduos como um fascínio sem
escrúpulos, nem medidas.
Com a chegada das tecnologias, mudanças culturais, políticas, sociais e
filosóficas desmantelam a até então defendida modernidade que, para Bauman
(2001), é caracterizada com a separação espaço/tempo e também destes em
relação à vida, logo são vistas de maneiras distintas. Esta nova realidade da
sociedade instaura o conceito de pós-modernidade como destaca Lyotard (1998), ou
“modernidade líquida”, conforme Bauman (2001).
O filósofo Lyotard (1998, p. 15) analisa a pós-modernidade como uma
mudança que atinge segmentos da sociedade. Para ele, o conceito “designa o
estado da cultura após as transformações que afetaram as regras dos jogos da
ciência, da literatura e das artes a partir do final do século XIX.” Conforme o filósofo,
todos os indivíduos têm sua posição independente de sua classe social, gênero ou
idade. Para este autor, a linguagem possui uma relevância porque amplia as
possibilidades de diálogo, de expressão e de transmissão das mensagens entre as
pessoas.
Para o filósofo Bauman (2001), as mudanças ocorridas na modernidade
líquida estão ligadas às transformações dos espaços públicos e como a sociedade
atua e permanece em comunidade. Duas mudanças, segundo Bauman (2001)
transformam a maneira da modernidade para a modernidade líquida: a primeira diz
respeito ao fim da visão de sociedade justa e homogênea, sem conflitos, sem
problemas, com o futuro previsível; a segunda é o deslocamento da ênfase do
coletivo para o individual, cada um escolhe o seu modelo e maneira de viver.
A respeito da discussão filosófica da pós-modernidade, Jameson (2006)
destaca como as visões foram se modificando ao longo dos tempos. Segundo o
autor, as posições antimoderna e pró-pós-moderna podem ser encontradas e ainda
são defendidas como únicas e indispensáveis.
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Tais posições - antimoderna e pró-pós-moderna - encontram seu oposto e sua inversão estrutural em um grupo de contra-afirmações, cujo objetivo é desacreditar a pretensão e irresponsabilidade do pós-moderno em geral através de uma reafirmação do impulso autêntico de uma tradição modernista clássica considerada ainda viva e vital.” (JAMESON, 2006, p.33)
Assim, como aponta Jameson (2006), algumas questões podem ser
discutidas sobre as posições contrárias e a favor da pós-modernidade. Romper com
a tradição não é um movimento fácil e rápido, ao contrário, as relações humanas em
coletivo devem ser debatidas exaustivamente. Após este momento, as posições
políticas de cada um continuavam na defesa dos benefícios da modernidade ou na
inovação cultural defendida pelo fenômeno pós-moderno.
A Educação está diretamente relacionada com a Comunicação pela
necessidade do homem em se comunicar e pela curiosidade em aprender coisas
diferentes. A Educação realiza a mediação do processo de formação da cidadania e
do conhecimento elaborado do indivíduo, logo, educar não se circunscreve ao
ambiente escolar formal. Nesse pensamento, o aluno construirá valores e
concepções que possam ser aplicadas na sociedade na qual se insere. Conforme
Saviani (1987), o homem é um ser histórico e se expressa em três elementos que se
afirmam e se negam simultaneamente, são eles: a liberdade, a consciência e a
situação.
Pensar em Educação diz respeito à discussão sobre a construção da
consciência dos educandos. Ela é mediadora das relações sociais e deve
proporcionar um ensino que considere o ser em constante construção e mudança.
Em seu relato sobre a mudança de concepção com relação à Pedagogia, Paulo
Freire destaca que passou a ter uma prática criativa. Segundo o estudioso, a
Educação autoritária não oferece espaço para a criatividade do professor. Dessa
maneira, boas iniciativas são necessárias para que o educando aprenda. Educar é
um ato político e para tal é relevante que os docentes tenham a concepção de qual
aluno formar.
A partir da construção do conhecimento promovida pela relação entre
educador e educando, a Educação poderá realizar as mudanças sociais. Freire
(1986, p. 27) afirma que
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a seleção do material, a organização do estudo, e as relações do discurso, tudo isso se molda em torno das convicções dos professores, isso é muito interessante devido à contradição que enfrentamos na educação libertadora.
A Educação, desse modo, não tem o poder de mudar a sociedade, porém ela
sofre influências dela, uma vez que ela não é uma ilha. Para Freire (1986, p. 29) o
educador não pode ser neutro. Ao educar, o docente compartilha suas ideologias e
seus princípios enquanto ser social.
A consciência crítica que os alunos constroem no convívio com o ambiente
educacional é relevante para todas as modalidades de Educação. Ao se relacionar
dentro de uma sala, ou fora dela, tanto os alunos quanto os professores, tem-se a
formação de redes entre tais indivíduos. Tal conceito de redes refere-se ao que
Bruno (2010) destaca como redes rizomáticas, nas quais nada é fixo e há múltiplas
possibilidades, que podem modificar-se constantemente.
A idéia de rede, neste sentido, integra a Educação à Comunicação, e vice
versa, por meio de movimentos de ser e estar num mundo em que os encontros
entre os sujeitos se dá por meio da linguagem, da expressão. É nesse movimento
que se dá a aprendizagem, decorrentes do processo interativo dos seres sociais.
2.1.2. Convergência e suas acepções
Situar a realidade social na qual se está inserido é relevante para a produção
desta monografia, para se localizar o momento filosófico investigado. As
características da pós-modernidade e, sobretudo aquelas referentes à incerteza, a
diferença entre os indivíduos, a quebra do grande controle, a mobilidade do homem,
entre outros, refletem algumas peculiaridades da sociedade, que Bauman (1998)
denominou fatores responsáveis. O filósofo elenca alguns pontos destes fatores
responsáveis na chamada modernidade líquida, são eles i) a nova desordem do
mundo – as mudanças na configuração política e a queda dos blocos de poder; ii)
desregulamentação universal – as condições de cada pessoa, meio social,
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reconhecimento, utilidade podem desmanchar-se de uma hora para outra e iii) redes
de segurança enfraquecidas – família e amizades.
A realidade trazida pela pós-modernidade ganha força e propulsão com o
advento do computador, aparelho eletrônico que, em seu início na década de 1945,
era responsabilidade apenas do exército americano e posteriormente torna-se o
meio de comunicação fortemente utilizado no mundo. O novo aparelho eletrônico
ganha agilidade e operacionalidade, principalmente com o aparecimento da Word
Wilde Web (WWW). Assim como descreve Santaella (2004), cultura de massas,
culturas e mídias e cultura digital coexistem e convivem na atual realidade da
comunicação.
A sociedade está inserida neste novo ambiente complexo e multifuncional,
assim como discute Lévy (1999), um espaço de possibilidades para a comunicação,
definido como ciberespaço. Para ele,
[...] o ciberespaço permite a combinação de vários modos de comunicação. Encontramos, em graus de complexidade crescente: o correio eletrônico, as conferências eletrônicas, o hiperdocumento compartilhado, os sistemas avançados de aprendizagem ou de trabalho cooperativo e, enfim, os mundos virtuais multiusuários (1999, p. 104)
Tais combinações dos modos de comunicação compõem o cenário da
sociedade atual e, em muitas situações, os indivíduos pertencentes a ela entram em
contato com as inovações e os mundos de diferentes usuários. Um conceito
emergente deste cenário descrito por Lévy (1999) é a convergência das mídias, ou
seja, as possibilidades de atividades entre os meios de comunicação na promoção
da informação e do diálogo entre os indivíduos.
Destaca-se o conceito de convergência apresentado por Jenkins (2008)
reforçando o que Lévy chamou de combinação de vários modos de comunicação
(convergência de mídias). De acordo com Jenkins (2008, p. 27),
Por convergência refiro-me ao fluxo de conteúdos através de múltiplos suportes midiáticos, à cooperação entre múltiplos mercados midiáticos e ao comportamento migratório dos públicos dos meios de comunicação, que vão a quase qualquer parte em busca das experiências de entretenimento que desejam.
18
O fluxo de conteúdos, assim como pontua o autor, é relevante para os
estudos desta monografia, pois se investiga de que maneira a convergência das
tecnologias acontecem na Educação a Distância. Logo, este uso de vários meios e
tecnologias em um mesmo ambiente ou espaço fazem parte da realidade atual da
comunicação e, consequentemente, de todas as áreas relacionadas a ela, como a
Educação.
A comunicação e todos os benefícios trazidos por suas mídias desde os mais
rudimentares aparelhos até os mais desenvolvidos são utilizados por muitas áreas
do conhecimento. Neste estudo, investigam-se as possíveis relações entre a
comunicação e a Educação; duas áreas que trabalham com o humano e suas
peculiaridades em convivência social, política e cultural. Assim como a
comunicação, a Educação possui uma vasta área de atuação e várias
especificidades.
2.1.3. Educação a distância
Contudo, ressalta-se que o objetivo é investigar a perspectiva das
convergências de mídias com a Educação a Distância, uma modalidade da área do
saber que está ganhando espaço no ensino universitário brasileiro. A ideia desta
modalidade de Educação, desde sua criação, era o ensino de adultos que não
poderiam estar no ensino regular, devido a problemas, como distância ou tempo
para estar presencialmente em uma escola. Com a EAD, o aluno poderia estudar e
permanecer na sua cidade e trabalho, mesmo não havendo um local físico no qual
freqüentaria.
A EAD não surge com a chegada do computador, ao contrário, ela não é
recente. De acordo Vilaça (2010, apud Moore e Kearsley, 2008, p. 26), a primeira
geração da EAD usava como única tecnologia o papel. Para ilustrar como esta
modalidade de ensino se desenvolveu, destaca-se o quadro apresentado abaixo:
Tabela 1 - Gerações da EAD
19
Geração FormaRecursos instrucionais e
tecnológicos básicos
Primeira Geração Ensino por correspondência Materiais impressos, livros, apostilas
Segunda Geração Transmissão por rádio e televisão
Rádio, vídeo, TV, fitas cassete
Terceira Geração Universidades Abertas Materiais impressos, TV, Rádio, telefones, fitas cassetes
Quarta Geração TeleconferênciaTeleconferência interativa com áudio e vídeo
Quinta Geração Internet/webInternet, MP3, ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), vídeos, animações, ambientes 3D, redes sociais, fóruns ...
O quadro apresentado pelo autor revela como o desenvolvimento da
Educação a distância está atrelado ao desenvolvimento das tecnologias da época e
das mídias que aparecem ao longo dos anos. No início da EAD, era utilizada apenas
uma tecnologia, em contrapartida, observa-se que, na quinta geração, há o uso das
múltiplas tecnologias. Neste momento as convergências são presentes e parte
importante no processo de desenvolvimento da Educação a distância, sobretudo nas
instituições de ensino.
O Ministério da Educação (MEC) com o decreto número 5.622/2005
regulamenta o art. 80 da LDB 9394/96 e caracteriza a EAD. Conforme o art. 1:
Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a Educação a distância como modalidade educacional na qual a mediação didático-pedagógica nos processos de ensino e aprendizagem ocorre com a utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em lugares ou tempos diversos. (BRASIL, 2005) 2
Com o advento da internet e os ambientes online, o aluno (usuário) consegue
explorar e atuar no ciberespaço e utilizar toda sua potencialidade dentro e fora dos
ambientes virtuais de aprendizagem (AVA), nas plataformas de Educação a 2 Site < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Decreto/D5622.htm>, acessado dia 19 de março de 2011.
20
Distância. O ciberespaço discutido como um novo espaço de interações e ações
sociais que se fazem por meio das tecnologias digitais e em rede traz uma
discussão acerca da temporalidade e suas mudanças com a introdução do
computador e das TIC. As concepções de tempo foram modificando-se ao longo da
história e causam impactos nos modos como os indivíduos convivem em sociedade.
Hoje, por exemplo, não é necessário estar no mesmo espaço físico ou até na
mesma hora que outra pessoa para conseguirmos nos comunicar.
A concepção de Educação online é concebida nesse momento não apenas
para os espaços virtuais, mas também para espaços presenciais. O conjunto de
tecnologias, assim como afirma Lúcia Santaella (2004), constroem um novo local no
espaço e apresenta outra realidade para atuais e futuras gerações. A realidade
destacada por Santaella está presente na Educação online, pois, as relações, as
interações, as cocriações e as coproduções fazem parte das potencialidades das
convergências de mídias na web. Nesse sentido, os usos das mídias na educação a
distância são uma das ferramentas que auxiliam a construção coletiva dos alunos.
2.2. ESTADO DA ARTE
Para compreendermos como o tema proposto nesse estudo é relevante nas
discussões científicas, faz-se necessário a produção do estado da arte de modo a
situar a convergência de mídias na EAD a partir de publicações na área. Com o
intuito de pesquisar a bibliografia relacionada ao tema estudado foram consultados o
Banco de teses do portal Capes3 e os anais da Anped4 (GT 16) sobre Educação e
Comunicação. O recorte temporal usado foi o período de 2005 a 2010, buscando as
palavras-chave: EAD, convergência de mídias, e EAD e Comunicação e TIC.
Com relação à produção de ambos os locais de publicações encontramos ao
todo oito textos que discutem assuntos relacionados às palavras-chave acima
descritas. Nos anais da Anped (GT 16) Gonçalves e Nunes (2006) apresentam uma
pesquisa na qual as TIC estão presentes na formação e na prática dos professores.
Os autores destacam que as TIC são relevantes por dinamizar e veicular a 3 http://www.capes.gov.br/servicos/banco-de-teses4 Associação Nacional de Pós-Graduação e Pesquisa em Educação - http://www.anped.org.br/inicio.htm
21
informação oportunizando o seu acesso. Com relação ao uso das TIC em cursos de
licenciaturas Vilardell-Camas (2006) menciona como tal uso possibilita a formação
de docentes críticos que poderão desenvolver metodologias usando às tecnologias
no desenvolvimento da qualidade educacional.
A EAD emerge em dois textos no (GT 16) da Anped referindo-se ao material
e desenho didático usado nessa modalidade. Em seu estudo Pesce (2007)
apresenta a contribuição do desenho didático dialógico na EAD para proporcionar
uma formação emancipadora de futuros educadores. Para a autora é necessário
buscarmos vínculos pedagógicos que vão de encontro a práticas aligeiradas de
formação na modalidade a distância. Na mesma direção, Mallmann (2008) discute
os desafios da inovação da EAD que discuta a nova realidade da tecnologia e na
produção de materiais didáticos que promovam a hipermídia como componente de
mediação pedagógica, faz-se necessário a integração das TIC nas práticas
pedagógicas.
No portal de teses da capes foram encontrados quatro trabalhos com
proximidade as palavras-chaves pesquisadas, dentre eles dois discutem sobre a
convergência entre Comunicação e Educação: um discute a contribuição do design
na EAD e um menciona como a Comunicação contribui na modalidade a distância.
O pesquisador Farbiarz (2007) analisou o papel do design no desenvolvimento de
um curso na modalidade a distância, bem como as contribuições oferecidas por ele
como um arquiteto cognitivo nos ambientes virtuais de aprendizagem.
Tal participação do design, mencionada por Farbiarz (2007) é usada pelas
interfaces da comunicação e suas contribuições, como destaca Grassi (2005) que
estuda as contribuições da Comunicação na EAD considerando as concepções de
interdisciplinaridade e a mediação da tecnologia. Com relação a convergência entre
a Comunicação e a EAD, Araújo (2006) destaca como a convergência da Educação
e Comunicação na educação a distância desenvolve mecanismos de promoção de
ações humanas capazes de transformar e emancipar os alunos dos cursos.
Com relação à EAD e o ambiente no qual acontece e o material didático,
assim como destacam Pesce (2007) e Mallmann (2008), a autora Santos (2005)
estuda como a convergência tecnológica proporcionada pela cibercultura auxilia o
uso de AVA que considerem as interfaces comunicacionais, os gêneros textuais e os
dispositivos de formação na educação online. Para a estudiosa o projeto pedagógico
agrega a hipertextualidade e a aprendizagem colaborativa.
22
Dentro do portal da Capes encontramos três textos que discutem a EAD a
produção do material didático. Na pesquisa realizada por Gomes (2007), em um
curso de formação de professores para a EAD, foi discutida a ideia de construção de
material didático a partir da utilização do hipertexto, da multimodalidade e da
multimídia. Tais maneiras de apresentar o conteúdo se tornam importante no
desenvolvimento de estratégias de estudo envolvendo o hipertexto.
No trabalho de Nogueira (2008) foi analisado o uso de materiais didáticos que
possam potencializar o estar junto virtual. Os resultados que emergiram dessa
pesquisa destacam que a integração de recursos midiáticos potencializa aproxima o
professor do aluno ao longo do curso. Oliveira (2007) apresenta em um curso de
construção de material didático para EAD, e no trabalho são discutidos alguns
domínios necessários ao professor para articular o conteúdo e a ferramenta
pedagógica usada. Para o autor, deve ser considerado por um docente da EAD o
domínio de conteúdo, o domínio das TIC e do AVA, bem como a perspectiva
pedagógica do curso que irá atuar.
Para sintetizarmos a recorrência dos temas afins entre os textos destacados
em ambos os locais, de publicação científica, pesquisados. Podemos agrupar a
partir dos seguintes temas: EAD (todos os trabalhos fazem referências a modalidade
a distância, por isso os oito textos abordam esse tema), EAD e Comunicação (dois
textos estudam especificamente esse tema), TIC (três textos apresentam esse termo
no seu estudo, mas indiretamente dois textos mencionam a importância do desenho
instrucional). A respeito da palavra- chave, convergência de mídias não há nenhum
texto que expresse esse tema relacionado com a Educação. Veja o gráfico a seguir:
23
0
1
2
3
4
5
6
7
8
Número de textos por tema
EAD
EAD e Comunicação
TIC
Convergência de mídias
material didático naEAD
Das pesquisas realizadas para a produção desse estado da arte não foram
encontrado trabalhos que apresentassem o tema convergência de mídias, com isso
podemos identificar a relevância do tema nas pesquisas científicas na área de
Educação a distância e na Comunicação. Essa Monografia tem a intenção de
realizar um estudo sobre a convergência de mídias na EAD e contribuir para ambas
as áreas. Pretendemos construir um trabalho que possa oferecer subsídios e
achados para os debates com relação a essa modalidade que está crescendo no
Ensino Superior, e possibilitar o debate.
2.3. CONVERGÊNCIAS POSSÍVEIS NA CONTEMPORANEIDADE
Com relação às mídias, da web e do desenvolvimento sofrido pela tecnologia,
não se pode esquecer as Tecnologias da Informação e Comunicação (TIC). Com o
avanço das descobertas tecnológicas assessoradas pelo crescimento da internet e
das empresas de computadores, o termo TIC ganha a cada dia espaço. Estas
tecnologias viabilizam o processo de comunicação de uma forma mais eficaz do que
acontecia anteriormente. A sociedade está vivendo um momento no qual a rede
opera relações e situações de comunicação entre pessoas próximas ou distantes
umas das outras. Este é o ciberespaço.
24
2.3.1. Convergência de Mídias na EAD
Castells, em sua obra “Sociedade em rede” (2007), define as tendências da
sociedade atual com o advento da era da informação. Para o autor, estas redes nas
quais a sociedade está influenciam os processos produtivos, as experiências, o
poder e a cultura. De acordo com Castells (2007, p.566) “uma estrutura social com
base em redes é um sistema aberto altamente dinâmico suscetível de inovação sem
ameaças ao seu equilíbrio.”
O ciberespaço discutido como um novo espaço de interações e espaço de
ações traz uma discussão em relação à temporalidade e suas mudanças com a
introdução do computador e das TIC. As concepções de tempo foram modificando-
se ao longo da história e causam impactos sociais criando-se um conflito em relação
à intemporalidade e ao tempo eterno. Conforme Castells (2007):
Essa diferenciação afeta, por um lado, a lógica constante entre intemporalidade e estrutura pelo espaço de fluxos e as múltiplas temporalidades subordinadas, associadas ao espaço de lugares. Por outro lado a dinâmica contraditória da sociedade estabelece uma oposição entre a busca da eterna humana, mediante a invalidação do tempo da existência terrena, e a percepção da eternidade cosmológica, sob a ótica do tempo glacial. Entre as temporalidades subjugadas e a natureza evolucionária, surge a sociedade em rede no limiar do tempo.” (2007, p. 560)
A EAD, usando como ferramenta a internet, está dentro de uma rede com
todas as suas contradições em relação ao real e o efêmero, no limiar do tempo,
assim como destaca Castells (2007). A rede na qual se está inserido é múltipla,
fragmentada e desconectada, sai do tempo linear e da ordem.
A respeito das relações possíveis entre o ciberespaço e a Educação, Lévy
(1999, p. 157) menciona que esse “suporta tecnologias intelectuais que amplificam,
exteriorizam e modificam numerosas funções cognitivas humanas.” Para ele as
tecnologias intelectuais favorecem: “novas formas de acesso à informação; e novos
estilos de raciocínio e de conhecimento” (1999, p. 157). Ao mencionar a EAD e sua
dinâmica dentro desse novo espaço de informação, Lévy (1999) destaca que se faz
necessário a criação de dispositivos que promova dentro da modalidade uma
25
adequação às suas necessidades. Portanto, cria-se uma Pedagogia que se adeque
ao aluno, considerando a aprendizagem subjetiva e a aprendizagem em rede.
Conforme Lévy,
A EAD explora certas técnicas de ensino a distância, incluindo as hipermídias, as redes de comunicação interativas e todas as tecnologias intelectuais da cibercultura. Mas o essencial se encontra em um novo estilo de pedagogia, que favorece ao mesmo tempo as aprendizagens personalizadas e a aprendizagem coletiva em rede. (1999, p. 158)
Para a Educação a distância acontecer no ciberespaço apresentado por Lévy
(1999) e nessa Sociedade em rede caracterizada por Castells (1999), é importante a
criação (ou apropriação ou incorporação) de instrumentos para conseguir viabilizar o
processo de uma Educação que vá ao encontro das tendências da realidade na qual
vivemos. Como alternativa para o desenvolvimento das potencialidades da web
existem softwares criados para viabilizar os cursos desenvolvidos nesta modalidade
de ensino.
Nesse momento do estudo, será apresentado aqui o Moodle5 (Modular
Object-Oriented Dynamic Learning Environment), um software livre desenvolvido por
um australiano, Martin Dougiamas, em 1999. Apresentaremos o ambiente, pois ele é
usado como AVA nos dois lócus de pesquisa desta monografia. Para tanto,
destacaremos as suas funções e potencialidades e de que maneira cada um dos
cursos é desenvolvido. O Moodle é um Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA) e
tornou-se popular nas instituições que têm cursos a distância, utilizando a internet
como tecnologias da informação e comunicação. A plataforma pode ser baixada e
utilizada tanto em cursos totalmente online como em curso semipresenciais.
O Moodle oferece aos cursos vários recursos para o aluno utilizar o ambiente
da web e suas interfaces. As possibilidades oferecidas pela plataforma são
inúmeras: fóruns, diários, questionários, banco de dados, textos wiki (textos
coletivos), publicação de textos, de imagens, de vídeos, podcast, além de chats,
power point animado, mensagens individuais entre outros. Este ambiente oferece
diversas ferramentas para o planejamento prévio da equipe pedagógica, com o
objetivo de ser utilizada pelos alunos dos cursos a distância das instituições do país.
5 Informações disponíveis no endereço <www.Moodle.org>, acessadas em 10 de março de 2011.
26
O aluno, ou professor, ou tutor, ou seja, atores da EAD usuários da
plataforma Moodle devem estar conectados à internet. Além disso, apesar de ser um
software aberto, livre, é comum que o acesso ocorra por meio de um login e uma
senha para entrar no ambiente em que estão disponíveis as disciplinas do curso.
Assim que o usuário optar por uma disciplina, ele entrará em um espaço daquela
‘matéria’. Este espaço é composto de duas colunas divididas da seguinte maneira
(figura 1): na primeira está o sumário, espaço destinado para o professor organizar
as propostas de atividades para o aluno em relação às ações dele na disciplina. As
mensagens postadas no sumário podem ser semanais, quinzenais, ou como preferir
o professor.
Neste espaço aparecem os registros da disciplina e vários links para chats,
fórum de discussão, um texto para ser lido na semana, um podcast, ou um slide,
entre outros. A primeira coluna é importante para que as possibilidades tecnológicas
da web sejam apresentadas aos estudantes.
Figura 1: Plataforma Moodle
Página inicial de uma disciplina no Moodle na UAB/UFJF
27
Ainda na Figura 1, pode-se identificar a coluna destinada à administração da
disciplina, na qual o professor ou o tutor podem trabalhar e acompanhar o
desempenho de seus alunos. Já no planejamento das atividades da disciplina é
possível acrescentar recursos, Figura 2, como livro, página de texto, página da web,
rótulo. Ou acrescentar atividades: que podem ser da web como o hot potatoes
(como se fosse uma palavra cruzada e charadas sobre o conteúdo estudado), ou a
partir de atividades disponibilizadas pelo próprio Moodle, como chat, fóruns de
discussão, diário, tarefas, podcast, texto online, envio de arquivo único com foto, por
exemplo, entre outros. Destacamos que o layout das páginas do Moodle não são
iguais nos dois cursos que pesquisamos, pois no caso do Mestrado Profissional a
equipe de web designer fez algumas modificações com relação a largura das
colunas e também com relação ao número das opções de ferramentas que são
menores, ou seja, há uma padronização no layout do curso.
Figura 2: Recursos e atividades no Moodle
Ferramentas disponíveis na plataforma Moodle para o uso dos professores
28
O ambiente Moodle oferece aos usuários flexibilidade e diferentes
perspectivas de funcionalidade a partir de suas ferramentas. Alves e Brito (2005)
defendem que:
Ressaltamos este ambiente em particular, por ele permitir que estes mecanismos sejam oferecidos ao aluno de forma flexibilizada, ou seja, o professor, além de poder definir a sua disposição na interface, poderá utilizar metáforas que imputem a estas ferramentas diferentes perspectivas, que apesar de utilizarem a mesma funcionalidade, se tornem espaços didáticos únicos. (2005, p. 5)
Os espaços defendidos pelos autores são ambientes que preservem a
potência do online enquanto meio para o desenvolvimento de uma disciplina
interativa, colaborativa e co-construída entre seus atores. As convergências
tecnológicas possíveis na era da sociedade em rede devem ser consideradas
durante o processo de ensino/aprendizagem de um curso a distância. Logo, o
aproveitamento das TIC facilita a navegação do usuário dentro do AVA.
2.4. AS MÍDIAS E A EDUCAÇÃO: HIPERMÍDIA E ABORDAGENS EM EAD
As inovações ocorridas em sociedade, principalmente as tecnológicas, são
vistas como problema e tal realidade não muda nem com a cibercultura, nem com o
avanço da internet e seus recursos. O ciberespaço potencializa diversas maneiras
do indivíduo se relacionar e se interligar aos seus pares, realidade esta que
representa uma das características da pós-modernidade. Em relação ao uso do
ciberespaço pelo humano, Lemos (2004) reforça como o usuário passa a reagir
nesse espaço. Para Lemos,
A cibercultura (Lemos, 2002) solta as amarras e desenvolve-se de forma onipresente, fazendo com que não seja mais o usuário que se desloca até a rede, mas a rede que passa a envolver os usuários e os objetos numa conexão generalizada. (2004, p. 1)
29
As conexões generalizadas elencadas por Lemos (2004) são observáveis
também nas redes criadas na internet, pois nelas os usuários interagem, produzem
e criam formas diferentes de relacionamentos, usando diferentes recursos. A
convergência tecnológica não é um termo novo, porém, com a potencialidade do
online, tem sido usada de forma frequente.
O ciberespaço, conforme descreve Santaella (2004), tem muitas descrições e
definições porque os estudiosos têm maneiras diferentes de conceituar este novo
espaço na pós-modernidade. A autora descreve na atualidade o que seria este
lugar:
Hoje, “ciberespaço” sedimentou-se como um nome genérico para se referir a um conjunto de tecnologias diferentes, algumas familiares, outras só recentemente disponíveis, algumas sendo desenvolvidas e outras ainda ficcionais. Todas têm em comum a habilidade para simular ambientes dentro dos quais os seres humanos podem interagir. (2004, p. 99)
Palavras, como interação e conexão, são representativas no discurso de
Lemos (2004) e Santaella (2004). Com isso, neste contexto, as mídias auxiliam os
processos de relação entre os usuários da internet. Os conjuntos de tecnologias
assim como afirma Santaella, constroem este novo local no espaço e apresenta uma
nova realidade para atuais e futuras gerações.
Em tempos de ciberespaço e convergência de mídias, fala-se em hipermídia,
uma nova linguagem na comunicação com o propósito de ressignificar e realocar as
funções das mídias conhecidas. O primeiro sistema de hipermídia foi realizado em
1945, na guerra que os EUA travavam com os outros países participantes dos
embates da Segunda Guerra Mundial. Este dispositivo era chamado de memex e
suplementava a memória pessoal, arquivava livros, discos e comunicações através
de um mecanismo que poderia ser consultado com velocidade e flexibilidade.
Santaella (2004) caracteriza a hipermídia como um conjunto de capacidades
e reconstruções, além de uma não linearidade das mídias que possibilitam a
informação e interação. Para ela:
30
[...] a hipermídia é, na realidade, uma nova linguagem em busca de si mesma. Essa busca depende, antes de tudo, da criação de hipersintaxes que sejam capazes de refuncionalizar linguagens que antes só muito canhestramente podiam estar juntas, combinando-as e retecendo-as em uma mesma malha multidirecional. (2004, p. 94-95)
As combinações descritas pela autora produzem uma malha multidirecional,
na qual se tem informações acopladas, potencializando a co-criação e as parcerias
na aprendizagem dentro do online. Tal rede, defendida por Castells (1999) como
múltipla e com aberturas diversas, possibilita os processos de construção do
conhecimento. Além disso, favorece o desenvolvimento da inteligência coletiva
(Lévy, 1999) potencializada pela parceria, pela interação e pela colaboração.
Na EAD, as redes fazem parte das potencialidades da internet e oferecem
espaço para a interação dento dela. Porém a relação entre a Educação a distância e
as tecnologias ainda estão acontecendo de maneira pontual e lenta, assim como
defendem Nova e Alves (2006).
Essa parca utilização das imagens e sons nas experiências de EAD alimentam e são alimentadas pelo pouco interesse dos pesquisadores da área da Educação na realização de reflexões que levem em consideração os audiovisuais, o que nos parece ser um contra-senso com a evolução das tecnologias e das construções simbólicas no último século e com as recentes perspectivas abertas pelas tecnologias digitais. Desperdiça-se, assim, um grande potencial que essas tecnologias oferecem a EAD hoje. (2006, p. 128)
Considerando o desperdício do potencial da convergência de tecnologias,
argumentados pelas autoras, perde-se o trabalho que poderia ser realizado dentro
dos cursos na modalidade a distância. Os usos da hipermídia na EAD podem
proporcionar uma aprendizagem cooperativa dentro do ensino online e da
cibercultura. Na perspectiva de Lévy (1999), o professor é um animador da
inteligência coletiva dos grupos acompanhados por ele. Conforme o autor, é
relevante que as trocas de saberes, as mediações e os percursos da aprendizagem
sejam acompanhados e estimulados.
O processo de ensino e de aprendizagem nos cursos a distância, estimulado
a partir das TIC, é ressignificado (ou sintetizado) nas três abordagens de Prado e
31
Valente (2002): broadcast; virtualização da sala de aula presencial e estar junto
virtual. A primeira, broadcast, trabalha com a rede apenas como depósito de
informação, ou seja, o aluno pode acessar uma disciplina, mas não precisará ter
contato com professor ou colegas, a interação acontecerá apenas entre o homem e
a máquina.
Já na sala de aula virtual, o docente repete as mesmas práticas da sala de
aula tradicional no curso a distância, pois a proposta é a transferência de
conhecimento verticalmente do professor ao aluno. Finalmente, a última abordagem,
estar junto virtual, utiliza as tecnologias na tentativa de proporcionar a interação do
aluno com a máquina e com os demais usuários da rede, preocupa-se com a
hipermídia e todas as suas flexibilidades.
Tratando-se da hipermídia, é possível o seu uso nos materiais didáticos para
EAD. Em seus estudos sobre didática online, Bruno (2009) apresenta algumas
estratégias. A reflexão e a construção de um planejamento estão ligadas aos
processos de interação e mediação, mas não existem modelos ou modos de
desenvolver a Educação online. De acordo com Bruno (2009), algumas das
estratégias são:
Clareza nos objetivos, na proposta e dinâmica do curso, no sistema de avaliação. Todos esses itens devem ser retornados durante e ao término de cada unidade temática trabalhada. Fazer uso das ferramentas de modo que todos os participantes tenham acesso às informações e não se sintam perdidos. Organização das informações: dosar a disponibilidade de informações. O mesmo em relação ao material didático (impresso, vídeos, digitais, hipertextuais, etc.). Não sucatear/ banalizar o conhecimento, evitando excesso de conteúdo. (2009, p. 113)
As características elencadas pela autora, como clareza e organização das
informações, facilitam a aprendizagem do adulto nos cursos a distância. O
aproveitamento de todos os benefícios do ambiente digital e da internet para a EAD
deve ser entendido por educadores e comunicólogos. A conversão tecnológica
auxilia a construção de uma Educação online que valorize as tecnologias e
aprendizagens mediadas por elas.
32
3. O CENÁRIO DE INVESTIGAÇÃO: O PROJETO UAB/UFJF E O MESTRADO
PROFISSIONAL DO CAED
Este capítulo apresenta os lóci de investigação. Aborda a história de cada
lócus e a proposta educacional deles, por meio da proposta curricular de cada um,
destacando a influência da tecnologia em tais espaços e de que maneira isso
influencia na estrutura de cada realidade. Apresenta-se a maneira como ambos os
cursos lidam com o ambiente virtual de aprendizagem, a partir de suas equipes
pedagógicas e de web designers.
3.1. O PROCESSO DA PESQUISA: Caminhos da investigação
O mapeamento da proposta educacional de cada curso investigado é
relevante para as análises e considerações que integram este trabalho. Apontar os
caminhos da pesquisa e suas etapas é relevante para o olhar do pesquisador. Os
lóci da investigação integram um dos momentos desta monografia, pois são
apresentados os lugares (e entrelugares) dos quais se realizam as análises
baseadas no referencial teórico.
3.1.1. Universidade Aberta do Brasil na UAB/UFJF/FACED
O projeto Universidade Aberta do Brasil (UAB) foi lançado em 2005, a partir
de um edital do Ministério da Educação (MEC), abrindo inscrições para Instituições
de Ensino Superior e municípios interessados em participar. As primeiras vagas
foram disponibilizadas apenas dois anos depois das inscrições dos interessados. As
Universidades ficariam responsáveis pelos cursos e os pólos presenciais seriam
custeados pelos municípios inscritos, garantindo infra-estrutura de recursos
materiais (computadores, internet, salas) e humanos (tutores presenciais).
33
A UAB/ UFJF/FACED (Universidade Aberta do Brasil/ Universidade Federal
de Juiz de Fora/ Faculdade de Educação) iniciou-se em outubro de 2007,
oferecendo o curso de Licenciatura em Pedagogia, com duração de 4 anos, para 10
pólos6 (municípios de Minas Gerais). Nestes pólos, funcionam salas de informáticas
montadas pela prefeitura para que os alunos possam acessar as disciplinas quando
quiserem. Atualmente a UAB/UFJF/FACED atende 507 alunos.
A equipe administrativo-pedagógica do curso é composta por um
coordenador do curso de Pedagogia a Distância UFJF/UAB/FACED; dois
coordenadores Pedagógicos; um coordenador dos tutores a distância; um
coordenador de tutoria presencial e avaliação, um coordenador de estágio e um
coordenador administrativo, além de 14 professores, 112 tutores a distância e 30
tutores presenciais. De acordo com Teixeira e Borges (2008) dois aspectos são
fundamentais no curso de Licenciatura em pedagogia:
O primeiro, a recusa de produção de material impresso específico para o curso. Partíamos da compreensão de que o formato de apostilas, freqüente nos cursos a distância, se, por um lado, apresenta mais vantagens do ponto de vista da organização e realização do curso, trás muitas limitações do ponto de vista pedagógico. [...] O segundo aspecto do curso, que achamos que deveria ser central, seria a forte interação entre alunos e tutores, de maneira a garantir a qualidade das orientações, dos debates, da presença da mediação pedagógica. (2008, p. 6)
Com relação aos pontos salientados pelas autoras, destaca-se o fato do curso
ser desenvolvido com a produção do material realizado por cada professor
responsável de cada disciplina. Os tutores presenciais também mencionados são
contratados a partir de edital de inscrição, sendo necessário ter especialização,
mestrado ou doutorado, em seguida é realizada uma entrevista.
A partir de pesquisas realizadas pela coordenação pedagógica da UAB/
UFJF/FACED, foi identificado como é o aluno do curso, assim como os tutores a
distância que trabalham nas disciplinas. Os graduandos têm, em sua maioria, entre
32 e 38 anos, são do sexo feminino, moram na mesma cidade do pólo, têm na
média renda familiar de três salários mínimos, a maioria trabalha com atividades
6 Bicas, Boa Esperança, Coromandel, Durandé, Ilicínea, Ipanema, Pescador, Salinas, Santa Rita de Caldas, Tiradentes. Informações disponíveis no endereço < www.ufjf.br/uabpedagogia/polos/ >, acessadas em 9 de abril de 2011.
34
relacionadas à Pedagogia. Os tutores a distância que trabalham na UAB são na
maioria do sexo feminino, possuem formação em Pedagogia, são formados há
pouco tempo e tem pós-graduação.
O curso desenvolvido na modalidade a distância na UFJF/FACED utiliza
como AVA a plataforma Moodle e os atores responsáveis por pensar os conteúdos e
atividades de cada disciplina do curso de Licenciatura em Pedagogia são os
professores responsáveis por cada disciplina e os tutores a distância. A dinâmica do
curso da FACED consiste na elaboração de um planejamento dos conteúdos e quais
os objetivos serão alcançados durante o curso. Neste planejamento, os professores
realizam a introdução dos recursos didáticos que auxiliarão o desenvolvimento de
sua proposta para cada disciplina.
Os docentes das disciplinas previstas na matriz curricular do curso de
Licenciatura em Pedagogia possuem uma equipe de tutores a distância
selecionados previamente por meio de edital público, como fora mencionado
anteriormente. Esta equipe fica encarregada de pensar e estruturar as atividades de
cada semana apresentada aos graduandos durante o período. Neste momento são
indicados os textos, as atividades e os recursos que serão explorados dentro da
plataforma a partir da especificidade de cada disciplina.
Adriana e Lemgruber (2009, p.10) elencam os profissionais que integram o
curso de Licenciatura em Pedagogia na modalidade a distância:
professores (gestores-orientadores): são professores da UFJF (ativos ou aposentados), que assumem a docência em sua área de atuação e pesquisa.[...]
professor tutor: mediador pedagógico nas disciplinas específicas, deve ter aderência à área de conhecimento em que irá atuar, domínio tecnológicos dos recursos disponíveis, especialmente a Plataforma Moodle, e disponibilidade para participar de cursos de formação, reuniões semanais e viagens aos pólos, quando necessário.[...]
equipe de coordenação: formada por professores e pesquisadores da UFJF, que se revezam na gestão da coordenação geral, assumem funções específicas, como: gestão e formação continuada dos tutores, desenvolvimento pedagógico, desenvolvimento de materiais didáticos, gestão administrativa e avaliação.
35
Os autores esclarecem que o trabalho realizado pela equipe é desenvolvido
colegiadamente. Além disso, pontuam que o nome professor tutor é defendido pelo
curso UAB/UFJF/FACED por acreditarem que as funções desempenhadas em tal
curso ultrapassam a simples ação de realizar tarefas coordenadas pelo professor; ao
contrário, os tutores são mediadores dentro das disciplinas do curso, na modalidade
a distância.
Com relação ao curso de Pedagogia, Teixeira e Borges (2008) afirmam que o
planejamento das disciplinas está ligado as novas tecnologias e que os materiais
buscam a interação entre os atires da EAD. Segundo as autoras,
O Curso de Pedagogia da FACED/UFJF/UAB está ancorado no uso das novas tecnologias, no planejamento das disciplinas por cada um de seus professores e coletivos de tutores a distância, utiliza materiais selecionados por essa equipe, busca o máximo de interação entre alunos, professores, tutores, seguindo as diretrizes curriculares do curso de pedagogia. (Teixeira e Borges, 2008, p. 4)
Ao mencionarem o uso das novas tecnologias na EAD, as autoras revelam a
importância do trabalho pedagógico considerar a comunicação como um suporte
que potencializa a interação dos alunos dos cursos na modalidade a distância. O
uso das mídias na Educação a distância são uma das ferramentas que auxiliam a
construção coletiva dentro das disciplinas. As convergências de mídias na Educação
a distância podem transformar as aulas em uma grande rede. Assim como
defendem Nova e Alves,
As aulas se transformar-se-iam em uma rede de hiperlinks, recheadas de textos, fotografias, desenhos, pinturas, animações, vídeos, jogos, sistema de realidade virtual, chats, videoconferências, lista de discussão, fóruns, cujo trajeto seria definido a partir de uma lógica estabelecida e ressignificada pelos alunos e professores. (2006, p.134)
Considerando o potencial dos recursos tecnológicos, a ressignificação das
aulas poderia acontecer, assim como destacam as autoras, tornando os encontros
entre professores e alunos uma rede aberta e flexível. Para tanto, os usos da
36
hipermídia viabilizam, então, uma maior condição para o desenvolvimento do ensino
online dentro da cibercultura.
3.1.2. Apresentando o mestrado Profissional em Gestão e Avaliação na Educação
Pública – CAEd-FACED-UFJF
O Programa de Pós-Graduação Profissional em Gestão e Avaliação da
Educação Pública (PPGP) foi criado em fevereiro de 2009 e aprovado pela
Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) em
novembro do mesmo ano. O programa foi desenvolvido a partir da iniciativa do
CAEd (Centro de Políticas Públicas e Avaliação da Educação), da Faculdade de
Educação da UFJF. O curso é desenvolvido semipresencialmente com dois
encontros presenciais ao longo de um ano, nos meses de janeiro e julho e o AVA
utilizado é o Moodle. O Mestrado Profissional tem como público alvo os profissionais
que trabalham com a gestão de escolas públicas e os graduando que tenham
interesse de trabalhar nessa área da Educação.
De acordo com as informações disponíveis na página da web do PPGP7, o
objetivo do Mestrado Profissional é
Proporcionar os conhecimentos, desenvolver as competências e habilidades, e promover as qualidades profissionais necessárias ao exercício eficiente dos novos papéis que se atribuem ao gestor da educação pública. (Mestrado Profissional do CAED)
A respeito da estrutura do curso, é desenvolvido no período de dois anos
(organizado em semestres), com quatro semanas presenciais ao longo de cinco
meses. Os alunos durante as aulas presenciais fazem oficinas e discutem diversos
assuntos referentes as disciplinas do PPGP, tais encontros acontecem nos
laboratórios do CAEd/UFJF.
O Mestrado Profissional tem quatro linhas de pesquisa, das quais os alunos
podem escolher, são elas a) Avaliação, Currículos e Desenvolvimento Profissional
7 < www.mestrado.CAEdufjf.net >
37
de Gestores e Professores da Educação Básica; b) Equidade, Políticas e
Financiamento da Educação Pública; c) Gestão, Avaliação e Reforma da Educação
Pública; d) Modelos, Instrumentos e Medidas Educacionais. Destaca-se a seguir as
principais reflexões propostas por cada linha apresentadas no site do PPGP.
Na linha de Avaliação, Currículos e Desenvolvimento Profissional de Gestores
e Professores da Educação Básica os mestrandos aprendem a construir matrizes de
competências e habilidades, a elaboração de descritores. Além disso, aprendem a
relacionar as matrizes de referência com propostas pedagógicas que modifiquem o
cenário da escola na qual atuam. Conforme as informações no site do Programa de
Pós-graduação, é importante que os profissionais da Educação Básica consigam
desenvolver pesquisas que ampliem as possibilidades pedagógicas da escola que
são gestores.
Dentro da linha Equidade, Políticas e Financiamento da Educação Pública, os
estudos discutem as questões da desigualdade na Educação, a estratificação social
e as diferenças de oportunidades dentro do ensino. Conforme as informações do
website do PPGP, os alunos farão análises das políticas públicas que favorecem o
acesso à Educação e a inclusão, bem como estratégias para a implementação de
políticas que possibilitem a ampliação de vagas. Além disso, os mestrandos
aprendem a elaborar orçamentos e gerí-los nas escolas em que atuam, favorecendo
o uso de recursos públicos.
Na linha de pesquisa Modelos, Instrumentos e Medidas Educacionais,
conforme destaca o site do programa, os alunos do Mestrado Profissional aprendem
a construir modelos e métodos estatísticos para a produção de medidas
educacionais. Nessa linha os mestrandos estudam como é feito o tratamento de
dados e os instrumentos, testes e questionários para a produção de escalas de
proficiência.
Outra linha de pesquisa oferecida no Mestrado Profissional é sobre Gestão,
Avaliação e Reforma da Educação Pública. De acordo com o PPGP, essa linha de
estudo tem como proposta o estudo de sistema de responsabilização de gestores,
bem como a construção de indicadores educacionais que informem a comunidade
escolar. Os mestrandos dedicam-se às discussões da reforma educacional em
variados contextos nacionais aliados a uma prática da gestão para promover a
qualidade do ensino. Outro importante destaque, assim como informa o site do
38
Mestrado Profissional é o uso das TIC para a divulgação de resultados relacionados
a Educação Básica.
A proposta curricular do PPGP divide-se em áreas de formação que se
desdobram em diversas disciplinas. Com relação a formação profissional 8ela é
integrada por quatro matérias relacionadas a atuação do gestor. Já na área de
estudos transversais9, o mestrando tem disponibilizadas quatro matérias que tem
relação com a formação profissional. Na formação Básica10 desenvolvem as
competências e habilidades fundamentais para o exercício da função de gestor
dentro da atualidade na qual estamos inseridos, dentro da formação básica são
oferecidas duas disciplinas ligadas ao letramento digital e as TIC. Além dos Tópicos
Especiais11, que possibilitam mais um aprofundamento nos estudos do gestor e a
educação.
De acordo com as informações do site, a elaboração da Dissertação deve ser
feita como um Plano de Ação Educacional, oferecendo um diagnóstico
oportunizando a reflexão. O mestrando fará duas disciplinas: I) Dissertação de
Mestrado: Pesquisa de Campo e II) Dissertação de Mestrado: Plano de Ação
Educacional. No final das atividades presenciais, o aluno defende o seu trabalho
para uma banca. O exame de qualificação acontece no final do primeiro ano do
curso, após sua aprovação ele receberá o título de mestre ao completar o número
de créditos obrigatórios e defender sua dissertação.
8 I) Currículos e Desenvolvimento Profissional (integrada por duas disciplinas a) Desenvolvimento Profissional e Gestão da Educação Pública; b) Gestão do Currículo na Escola); II) Avaliação e Planejamento (duas disciplinas a) Avaliação de Programas e Políticas Educacionais; b) Avaliação e Indicadores Educacionais); III) Gestão e Liderança (com duas disciplinas a) Liderança Educacional e Gestão Escolar; b) Liderança e Gestão para a Diversidade; IV) Políticas e Instituições (integrada por a) Democracia, Direito e Políticas Públicas; b) Administração e Financiamento da Educação Pública; c) Legislação e Políticas Locais)
9 I) A Gestão Pedagógica da Educação (dividida em a) Gestão Pedagógica para o Letramento; b) Gestão Pedagógica na Educação Matemática); II) A Reforma da Educação Pública (com quatro disciplinas a) Temas de Reforma da Educação Pública I; b) Temas de Reforma da Educação Pública II; c) Estudos de Caso de Gestão I; d) Estudos de Caso de Gestão II)
10 I) Linguagens e suas Tecnologias I; II) Linguagens e suas Tecnologias II; III) Oficina de Artes; IV) Histórias de Vida e da Profissão.
11 I) Tópicos em Reforma da Educação Pública; II) Tópicos em Avaliação Educacional; III) Tópicos em Liderança e Gestão Educacional; IV) Tópicos em Gestão do Conhecimento, V) Tópicos em Currículo e Educação Científica no Ensino Médio; VI) Tópicos em Cognição e Processos de Ensino e Aprendizagem; VII) Tópicos em Economia Social; VIII) Tópicos em Educação Comparada.
39
O pesquisador Silva (2006), em sua experiência na EAD, destaca o que uma
boa Educação online deve oferecer aos seus educandos. De acordo com este
professor, três investimentos devem ser feitos nas salas de aula online. Para Silva,
Em suma, aprendi que disponibilizar em sala de aula online significa basicamente três investimentos:
• Oferecer múltiplas informações (em imagens, sons, textos etc.) sabendo que as tecnologias digitais utilizadas de modo interativo potencializam consideravelmente ações que resultam em conhecimento.
• Ensejar (oferecer ocasião de ...) e urdir (dispor entrelaçados os fios da teia, enredar) múltiplos percursos para conexões e expressões com que os alunos possam contar com o ato de manipular as informações e percorrer percursos arquitetônicos.
• Estimular os aprendizes a contribuir com novas informações e a criar e oferecer mais e melhores percursos, participando como co-autores do processo. (2006. p.57)
As múltiplas informações são a hipermídia, que fazem parte do ciberespaço e
com isso estão inseridas na EAD para proporcionar aos estudantes investimentos
para uma aula significativa. Dentro de tal realidade observa-se como a Comunicação
e a Educação se complementam, transformando o ensino/aprendizagem relevante
aos usuários. A interatividade está presente na web e, por conta de seu apelo de
imagens, sons e textos, chama a atenção do usuário, dos alunos.
40
4. O DESENVOLVIMENTO DA PESQUISA
O desenvolvimento desta investigação será apresentado a seguir com o
intuito de revelar o caminho escolhido pelo pesquisador para o desenvolvimento do
trabalho. Elenca-se o tipo de pesquisa realizado, as escolhas teóricas e os
instrumentos de coletas de dados utilizados. Em outro momento são apresentados
os passos dados pelo investigador e finalmente os dados emergentes da pesquisa.
Com o embasamento da teoria das multiplicidades, as categorias apresentadas a
seguir se evidenciam a partir das falas dos sujeitos de pesquisa e do olhar do
pesquisador para o campo.
4.1. OPÇÃO METODOLÓGICA
A presente pesquisa é qualitativa e tem como base a teoria das
multiplicidades, a partir dos estudos de Gilles Deleuze e Felix Guattari, em
desenvolvimento no Grupo de Pesquisa Aprendizagem em Rede (GRUPAR), na
Faculdade de Educação, da Universidade Federal de Juiz de Fora (UFJF), como já
anunciado. A investigação utilizou como instrumento de coleta de dados: entrevistas
semi-estruturadas com os professores, responsáveis pela disciplina X e Y12, com os
web designers de cada curso investigado e, também, observação da disciplina em
questão e do fórum de “comentários, reflexões e sugestões” do qual os alunos
participam. Essa investigação teve duração de dois meses, (março e abril) período
de início das aulas em EAD do primeiro semestre de 2011.
Destaca-se que os filósofos Deleuze e Guattari (1997) não escrevem sobre o
método de pesquisa, mas, as ideias e conceitos elencados por tais autores
fomentam as análises e interpretações sobre a pesquisa e inspiram as ações do
pesquisador. O filósofo Galo (2008, p. 29) faz referência a Deleuze como ‘filósofo
das multiplicidades’, daí a inferência acerca da teoria das multiplicidades. O
momento de pesquisa, iluminado por essa teoria, pode se constituir no plano de
12 Optamos por não identificar a disciplina, bem como o professor, preservando o anonimato dos sujeitos de pesquisa.
41
imanência, campo de produção de ideias e um espaço infinito em que não há
afirmações como verdades e achados definitivos. A respeito do plano de imanência,
Gallo (2008, p. 44) revela que “o plano de imanência é essencialmente um campo
onde se produzem, circulam e se entrechocam os conceitos.”
O pesquisador está, nesse sentido, em constante trabalho com os devires, ou
seja, está dentro do campo e faz parte do lócus no qual está investigando e produz,
junto aos sujeitos e ao próprio campo, os dados emergentes das observações e
entrevistas. O devir é descrito por Deleuze e Guattari (1997, p. 14) da seguinte
maneira: “Um devir não é uma correspondência de relações. Mas tampouco é ele
uma semelhança, uma imitação e, em última instância, uma identificação.”, logo o
devir são as múltiplas possibilidades que estão no plano de imanência. Estes
estudos, pontuados pela teoria das multiplicidades perpassará todo o processo de
coleta dos dados e posterior análise dos dados emergentes do lócus de
investigação.
O primeiro passo realizado após a escolha do tema da pesquisa foi a seleção
bibliográfica, e as leituras aprofundadas sobre o tema discutido nesse trabalho.
Iniciaram-se as primeiras observações no lócus de pesquisa (uma disciplina do AVA
Moodle). Em relação às leituras, Campenhaudt e Quivy (1998) esclarecem que, para
procurar textos, primeiro é preciso saber o que se procura. Além disso, hoje existem
várias ferramentas que viabilizam a pesquisa, como os sites de estudos científicos
que podem ampliar as leituras e a base teórica, disponíveis pela internet.
O momento da produção dos dados é importante para o pesquisador entrar
em contato, por meio da imersão, com a sua questão e buscar pistas para as suas
hipóteses. Inicialmente, analisaram-se os documentos do projeto UAB (dados
oferecidos pela coordenação do curso com relação ao perfil do aluno) buscando
indicativos sobre a existência das potencialidades dos usos das mídias e sua
convergência dentro do curso. As observações da disciplina oferecida no curso de
Licenciatura em Pedagogia, na plataforma Moodle, oportunizaram as análises do
pesquisador a partir da teoria escolhida. Até a metade do prazo determinado, ou
seja, um mês, foi realizada a entrevista com os sujeitos de pesquisa.
A produção do instrumento de pesquisa, entrevista, oportunizou a produção
de devires do pesquisador, que poderiam se concretizar ou não durante o contato
com os entrevistados. As entrevistas (vide Apêndice) aconteceram, como já foi dito,
na UAB/UFJF com o docente responsável por uma disciplina e um auxiliar técnico
42
ou web designer responsáveis pela criação dos materiais e disponibilização na
plataforma. Já no Mestrado Profissional foram realizadas uma entrevista com um
professor e com dois web designers que são responsáveis pela criação e publicação
na plataforma. Estas entrevistas permitiram a criação de um canal de interlocução
entre os sujeitos e o pesquisador durante o processo de investigação.
Os materiais coletados são provenientes de uma constante cocriação entre
pesquisador e lócus de pesquisa para a posterior análise dos dados encontrados.
Após a transcrição da entrevista, foram elencadas pré-categorias ou temas e,
posteriormente, categorias/temas de análise a partir das falas dos sujeitos, das
observações e das consultas aos documentos analisados durante o processo
investigativo. Acredita-se que o próprio campo e as entrevistas ampliaram o olhar do
pesquisador em relação ao seu objeto de estudo.
Outro ponto que merece destaque é o fato de se entender que a pesquisa tem
o olhar do pesquisador e dos sujeitos de pesquisa que participaram do trabalho
produzido. Como se sabe, a neutralidade não é alcançada numa pesquisa
qualitativa, pois a subjetividade diante dos dados observados, durante o processo
investigativo configuram o processo de investigação.
Bruno (2010) retoma Deleuze para afirmar que não existem verdades nem
igualdades, apenas diferenças. A postura do pesquisador não é julgar nem apontar o
que encontrou no lócus de pesquisa, ao contrário, os achados de uma pesquisa e
sua análise e interpretação se apresentam como uma das possibilidades naquele
cenário e momento histórico. Cada um tem o seu devir e o seu plano de imanência,
pois as experiências pessoais e as vivências de cada indivíduo contribuem para a
maneira como ele enxerga o mundo.
4.2 – OBSERVAÇÕES E ANÁLISES DOS ACHADOS DA PESQUISA
A pesquisa qualitativa proporciona ao pesquisador uma análise do que se
pretende investigar, considerando a sua relação ao longo da investigação e com os
sujeitos de pesquisa. No momento de elaboração do instrumento de pesquisa,
muitas suposições são levantadas a partir das leituras e observações prévias ao
lócus de investigação. O apontamento de uma verdade ou certeza absoluta não é a
43
intenção desse estudo, mas o aparecimento dos dados que emergem da relação
entre pesquisador e sujeito em sua interação e nos devires de cada um. Uma
multiplicidade, assim como destacam Deleuze e Guatari (1997), evolui a partir da
das combinações que crescem com a própria multiplicidade.
As multiplicidades são rizomáticas e denunciam as pseudomultiplicidades arborescentes. Inexistência, pois, de unidade que sirva de pivô no objeto ou que se divida no sujeito. Inexistência de unidade ainda que fosse para abortar no objeto e para "voltar" no sujeito. Uma multiplicidade não tem nem sujeito nem objeto, mas somente determinações, grandezas, dimensões que não podem crescer sem que mude de natureza (as leis de combinação crescem então com a multiplicidade). (1997, p. 15)
Baseando-se nessa análise sobre as multiplicidades e, consequentemente, as
construções dos dados, proporcionadas durante a entrevista, elencam-se a seguir os
pontos relevantes e de que maneira a pesquisa foi se construindo desde seu projeto,
passando por sua iniciação e chegando ao seu desenvolvimento. Com relação à
coleta de dados, esta monografia utilizou como instrumentos de pesquisa: os
materiais disponibilizados na plataforma Moodle, apenas na UAB/UFJF e entrevistas
semi-estruturas a cinco sujeitos de pesquisa, (os professores responsáveis por una
disciplina e os web designers do curso de Pedagogia UAB/UFJF/FACED e do
Mestrado Profissional).
Com o intuito de investigar como a convergência de mídias é utilizada pela
disciplina da UAB/FACED, pois é o docente responsável que publica o conteúdo, os
dados foram produzidos pelas observações ao sumário (local de orientação ao
alunos). Já no PPGP, optamos apenas pela entrevista, e durante o seu
desenvolvimento a equipe de web designers foi mostrando como era o
funcionamento e o layout da plataforma.
As análises dos dados estão apoiadas pela Teoria das Multiplicidades, na
qual não existem verdades prontas nem o objetivo de se alcançar um resultado ou
uma constatação positiva ou negativa, a partir da questão geradora da pesquisa. A
partir da coleta de dados (entrevistas e/ou observações no ambiente virtual de
aprendizagem) ao longo de dois meses, no segundo semestre de 2011, reuniram-se
categorias e subcategorias ou pistas de análise: 1) tema (pista) experiência
44
profissional; 2) tema (pista) convergência de mídias/ subtemas: a) recursos e
estratégias midiáticas para EAD; e b) opinião dos alunos.
4.2.1. Experiência profissional: o perfil dos sujeitos de pesquisa
Por questões de sigilo os sujeitos que participaram desta pesquisa receberam
nomes fictícios. Dividiu-se da seguinte forma, professor A (docente da UAB/UFJF) e
professor B (docente do PPGP/CAEd/UFJF), W1 (web designer da UAB/UFJF) e W2
e W3 (web designer do PPGP/CAEd/UFJF). Das entrevistas realizadas tanto com o
professor quanto com o web designer emergiu esta categoria-tema, sobretudo, a
partir da atuação profissional apresentada pelos sujeitos em suas falas. Antes do
início da entrevista, foi solicitada a assinatura do termo de consentimento livre e
esclarecido (modelo no anexo 1), no qual os sujeitos se comprometeram em ser
voluntários da pesquisa.
Com relação às entrevistas, dois roteiros foram desenvolvidos para orientar o
encaminhamento da conversa. No entanto, a conversa não ficou presa a esse
instrumento de coleta. Com a construção do roteiro, pretendeu-se motivar os sujeitos
a falar de sua experiência profissional, bem como se sua proximidade com as mídias
e como a convergência de mídias aparecem nas falas, considerando a
especificidade de cada profissão. A seguir apresenta-se o perfil dos sujeitos
entrevistados:
Sujeito Experiência ProfissionalProfessor A Formado em História e Teologia, com especialização em
Educação Inclusiva pela escola de governo da Fundação João Pinheiro, em Belo Horizonte. Além disso, possui mestrado em Educação, na área de Educação e Linguagem, pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), atualmente está cursando o doutorado em Linguística aplicada. Atuou, durante dois anos, como professores em um programa de capacitação de professores da Educação de Jovens e adultos na UFMG. Lecionou em cursinhos pré-vestibulares, no Pró-jovem, escolas estaduais e nas universidades Centro Universitário de Belo Horizonte (Uni-BH), União Educacional de Minas Gerais (UNIMINAS), Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte. Também trabalhou no Centro de Apoio ao Surdo (CAS), na Secretaria Estadual de Educação de Belo Horizonte. O professor foi aluno de um curso a distância na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e atuou como professor na modalidade a
45
distância em instituições privadas. Ingressou no corpo docente da UAB/UFJF/FACED no segundo semestre de 2010.
Professor B O professor é formado em Letras, com mestrado e doutorado nessa área de formação, trabalhou no Colégio de Aplicação da Universidade Federal de Juiz de Fora, de 6º a 9º ano do Ensino Fundamental e no Ensino Médio, com o ensino de Língua Portuguesa, está aposentado há 5 anos. Atuou também no curso de Magistério, lecionando a disciplina de Didática e Metodologia de Língua. É professor da graduação e do Programa de Pós Graduação da Faculdade de Letras, da UFJF. Iniciou sua experiência na modalidade a distância, com a entrada na UAB, no curso de Licenciatura em Pedagogia, na área de linguagem, atualmente integra a equipe de professores do PPGP.
Web designer – W1
É formado em Sistemas para Internet, na área de programação de sistema web e na produção de material impresso para web. Começou a trabalhar na UAB/UFJF/FACED, no curso de Pedagogia em 2007, com a produção material impresso, e posteriormente em 2009 iniciou a produção de vídeos de apresentação dos professores aos pólos atendidos pelo curso de Pedagogia. Integra a equipe que oferece oficinas, para professores e tutores, sobre o funcionamento do Moodle, e a divulgação do novo layout da plataforma a partir do final de 2009. Durante as oficinas trabalha com os principais aspectos com relação a usabilidade, visibilidade e os recursos que proporcionam a interação do aluno com o ambiente virtual de aprendizagem. Atualmente produz material impresso, ajuda os professores com relação a problemas técnicos no Moodle (anexar arquivo de vídeo, diminuir o tamanho de imagem, formatar textos do formato word para formato Portable Document Format – PDF).
Web designer – W2
Formado em Sistemas de Informação, tem pós-graduação em Cinema e Mídias digitais pela Faculdade de Comunicação Social da UFJF. Integrou a primeira equipe de web designerer do CAEd e foi responsável pela reformulação de diversos layouts dos cursos administrados elo Centro. Sua função dentro da equipe de web designerer é produzir materiais e disponibilizar os conteúdos nos usos administrados.
Web designer – W3
Formado em Sistemas de Informação, com especialização em Redes e Bancos de Dados, nunca trabalhou diretamente na área de produção de materiais para EAD. Trabalhou durante um período fazendo free lance na área de desenvolvimento web e no início do ano de 2011, teve a oportunidade de entrar para a equipe de web designerer do CAEd/UFJF. Dentro da Instituição, é responsável pela disponibilização de materiais produzidos pela equipe de imagem e de design, e pelas modificações no layout de variados cursos, nos quais o CAEd é responsável.
46
Baseando-se na trajetória dos cinco sujeitos da pesquisa, algumas
características são relevantes para o entendimento da postura e concepções de
convergência de mídias na EAD. O professor A, mesmo sendo novo no projeto
UAB/UFJF/FACED, tem uma vasta experiência como docente do Ensino Superior.
Além disso, o fato de ter atuado anteriormente na modalidade a distância em outras
instituições e ter sido aluno de um curso a distância pode ter favorecido a construção
de uma concepção de Educação a distância inovadora e diferente. O professor B
apresenta uma boa experiência no presencial (Ensino Fundamental e Ensino
Superior), tanto que se aposentou nessa modalidade, no entanto o Mestrado
Profissional não é sua única experiência na modalidade a distância, pois trabalhou
anteriormente no projeto UAB. Tais formas de conceber a EAD podem ser
conhecidas na fala dos sujeitos e observadas nos sumários da disciplina da UAB
investigada como um todo, que será discutido na próxima categoria.
O web designer (W1) tem a sua experiência profissional iniciada com a
criação do curso de Pedagogia na modalidade a distância, o que pode possibilitar
um conhecimento do curso e um contato amistoso com os professores, os tutores e
o funcionamento das disciplinas. Com relação ao Mestrado, tanto o W2 quanto o W3
são formados em Sistema de Informação e não tinham experiência anterior na área
de Educação a Distância, contudo usam os conhecimentos da formação superior,
como por exemplo, estudos sobre interação com conteúdo da Web, para produzir e
administrar os cursos que são responsáveis no CAEd/UFJF. O olhar de um
profissional da informática e da produção para web pode potencializar um diálogo na
EAD entre a construção de um planejamento que considere a especificidade da web
e da modalidade a distância culminando em uma produção que considere a
realidade da educação a distância usando como tecnologia a internet.
O reconhecimento do ciberespaço tanto pelos docentes quanto pelos web
designers proporcionam o desenvolvimento de olhares e percepções que
considerem as várias maneiras de se comunicar nesse novo espaço. Santaella
(2004) caracteriza os computadores parte desse espaço e afirma que seu
aperfeiçoamento ocorreu com as inovações contínuas realizadas.
Os computadores e as redes que os ligam constituem o ciberespaço. Entretanto, antes que qualquer objeto possa ser inserido no ciberespaço ou representado nele, uma relação deve ser estabelecida entre terminais de
47
computadores espacialmente individualizados e indivíduos que se relacionam com um conjunto de representações interativas, gráficas, espaciais. Isso nos leva à noção de interface. (2004, p. 90)
Destaca-se que essas representações mencionadas pela autora,
denominadas de interface, decorrem da necessidade do homem de estar sempre se
relacionando e se comunicando com seus pares, assim como menciona Martín-
Barbero (2008). A EAD é uma modalidade disponibilizada no ciberespaço e, com
isso, apresenta em sua construção na web as representações destacadas por
Santaella (2004).
4.2.2. Convergência de mídias: a dinâmica e o uso das mídias nas disciplinas
Este momento do trabalho refere-se a apresentação do andamento de cada
disciplina investigada e a maneira como os recursos são utilizados na proposta de
cada disciplina, dentro da especificidade de cada curso pesquisado. Além dos
recursos, elenca-se como a convergência de mídias é concebida pelos docentes
responsáveis pelas disciplinas observadas.
4.2.2.1. Recursos e estratégias midiáticas para EAD
Neste trabalho serão apresentadas duas disciplinas, a primeira oferecida na
UAB/UFJF e a segunda do Mestrado Profissional. Destaca-se a seguir a dinâmica
de cada uma considerando as suas especificidades, para tanto nomearemos a
disciplina da UAB/UFJF de (X) e a do PPGP, de (Y). A disciplina X é oferecida pelo
curso de Pedagogia na modalidade a distância e tem 35 alunos participantes. A
equipe pedagógica é composta pelo docente responsável da área e uma equipe de
9 tutores que fazem a mediação, juntamente com o professor, em cada um dos
pólos atendidos. As observações aconteceram ao longo de dois meses (março, abril
e meados de maio) no primeiro semestre de 2011, pois ela foi oferecida nesse
momento.
48
Com relação a disciplina Y, ela é oferecida no Mestrado Profissional e faz
parte das matérias básicas que os alunos devem cursar, ela é oferecida na
modalidade a distância para 140 alunos. Ao contrário da disciplina X, ela é
ministrada por três professores diferentes e conta com uma equipe de 4 tutores.
Como descrito anteriormente, a observação da disciplina Y aconteceu com o auxílio
da equipe de web designer, no dia da entrevista realizada com ela. Com o intuito de
mostrar os dados observados, será necessário apresentar a estrutura das disciplinas
na plataforma, as mídias presentes e como se desenvolve a convergência de mídias
nesse espaço. Elencam-se aqueles pontos considerados relevantes para a
discussão proposta pelo tema desta monografia.
Conforme o professor A, durante o planejamento da disciplina, foram
pensadas maneiras de possibilitar ao aluno uma discussão sobre o tema estudado a
partir de textos, bibliografias complementares, indicações de filmes e link para sites.
Cada semana sugere um texto complementar, um filme que permita o aluno visualizar a discussão da área, sugestão de um site para o aluno pesquisar, algum dicionário, alguma coisa que ele possa encontrar sobre o tema estudado. Cada semana tem um tema específico de discussões da área e um texto simples de duas, ou três páginas, base de cada semana. O texto que foi escrito por mim, com base em todas as bibliografias da área. (professor A)13
A primeira semana da matéria X aconteceu com a apresentação da estrutura
da disciplina e dois vídeos com a apresentação do professor A e tutor responsável
por cada pólo. O professor B menciona que o desenvolvimento da disciplina é
disponibilizado aos alunos quinzenalmente no sumário e que oferece um roteiro dos
passos que eles deverão seguir dentro do ambiente virtual de aprendizagem.
Segundo o docente essa organização ajuda no aprendizado dos mestrandos.
Normalmente a gente tem o texto introdutório da semana ou da disciplina, que são os sumários, além da fazer uma retrospectiva do que está sendo tratado para poder retomar os conteúdos que estão sendo desenvolvidos na quinzena anterior ou na semana anterior. Nós elaboramos o roteiro das atividades que serão feitas na quinzena e uma coisa que eu tenho feito esse semestre, esse ano, por uma questão de aprendizado, foi organizar a
13 Os dados foram obtidos a partir de entrevista realizada com o professor A, conforme consta do Apêndice 1.
49
ordem de entrada do aluno nesses recursos. Então por exemplo, você vai nessa ordem, fazer isso, fazer aquilo, porque quando você não tem, porque no presencial você tem uma pilha de papel na mão, você distribui ou não distribui, no a distância você tem toda aula exposta. (Professor B)14
A fala do professor B possibilita uma interpretação a respeito da comparação
realizada na EAD com o ensino presencial. No momento em que o docente precisa
guiar os seus alunos a respeito da sequência de recursos que serão abertos para
eles entenderem o conteúdo e dá como exemplo a situação do presencial, na qual o
professor distribui as atividades de acordo com o seu planejamento. Pensar em
organização na modalidade a distância é difícil, pois a fluidez do AVA oferece
múltiplos caminhos para o mestrando percorrer, logo ele poderá ler o conteúdo de
acordo com a sua forma de interação com o ambiente, com isso é pouco provável
que os estudantes sigam a ordem sugerida na disciplina Y.
A plataforma para os alunos da UAB aparece dividida em três partes. Do lado
esquerdo, apresentam-se um calendário, o nome do usuário e as disciplinas que
cursadas. Na parte central, está o sumário, espaço no qual o estudante obtém
informações sobre o desenvolvimento da semana. Trata-se de um roteiro sobre o
que deverá se realizado, como atividades, leituras, discussões, entre outras. O lado
direito é o espaço reservado para recados da disciplina e visualização de
mensagens enviadas ou pelo docente, ou pelo tutor, ou por colegas de turma.
No caso da disciplina Y, do PPGP, devido a uma mudança no layout a divisão
que aparece para os mestrandos é diferente, pois aparecem duas colunas. Na
coluna da direita aparece o calendário e as informações para os estudantes. Logo, o
sumário com a exposição dos recursos e do que os alunos discutirão em cada
semana fica do lado esquerdo ocupando mais da metade do espaço disponível no
AVA.
Com relação ao sumário apresentado, na UAB verifica-se que há a utilização
de um texto longo e justificado, o que dificulta a leitura na web. Porém, os textos do
sumário serão diminuídos nas semanas posteriores. Identifica-se o uso de poucas
cores e falta de imagens para ilustrar a proposta da disciplina. A respeito do layout
da plataforma, o web designer entrevistado comenta que aconteceu uma
padronização no curso de Pedagogia, pois estava havendo problemas com relação
14 Os dados foram obtidos a partir de entrevista realizada com o professor B, conforme consta do Apêndice 2.
50
a tamanho de fonte, cores de letras e tipos de imagens disponibilizadas,
prejudicando o acesso dos alunos.
O padrão que a gente seguiu foi com relação à fonte, tamanho de imagem, texto na web Arial, impresso times, tamanho de imagem pequena, com a opção de o aluno clicar e ampliar o tamanho. Porque como os professores não têm essa noção da internet, de colocar informações, tava havendo muito caso de “gif” e animação. Colocavam imagens muito grandes. No caso da visibilidade e navegabilidade, o aluno fica preso à animação e não lê o necessário. (W 1)15
A respeito da utilização das cores e a mensagem delas como forma de
comunicar, Dondis indica que as cores representam formas de expressão e meio
para a mensagem. “A cor está, de fato, impregnada de informação, e é uma das
mais penetrantes experiências visuais que temos todos em comum. Constitui,
portanto, uma fonte de valor inestimável para os comunicadores visuais.” (1997, p.
64). O web designer comenta que não foi proibido o uso de cores e imagens, mas
que houve uma definição das melhores cores para serem usadas em determinadas
situações.
A gente tem um padrão de cores claras e cor para link sempre azul, porque o link normalmente tem essa cor. A gente não proíbe a colocação de uma caixa azul com uma letra branca, por exemplo, a gente só instrui como adaptar as cores no ambiente. Você não pode colocar um fundo preto com uma letra rosa, por exemplo. (W 1)16
O web designer menciona a utilização da cor azul, característica dos links, o
que se torna uma referência para os alunos quando acessam o ambiente virtual de
aprendizagem. Para que professores e tutores pudessem conhecer como poderiam
desenvolver o layout de suas disciplinas, segundo o web designer, foi criado um
material impresso e oferecida uma oficina para a discussão sobre o novo formato do
curso.
15 Os dados foram obtidos a partir de entrevista realizada com o web designers, no dia 25 de abril de 2011, conforme consta do Apêndice 3.
16 Idem nota de rodapé 14.
51
Os web designers do PPGP destacam que para padronizar as disciplinas foi
feita uma mudança no layout do Moodle. Eles colocaram o espaço para o aluno
colocar sua foto, deixaram o layout menos largo, com apenas duas colunas, bem
como a padronização de cores. Conforme o W2,
A primeira coisa que modificamos foi a foto do aluno, porque o aluno não se sentia dentro do Moodle. Por uma questão de design de interação a gente mudou, uma questão de teoria de design de interação a gente colocou. O aluno quando vê a foto dele ali é mais ou menos igual ao facebook, esse aqui é o meu curso. Deixamos o layout menos largo, tinha duas abas e então a gente deixou com uma só ficando parecendo um pouco site, de um lado tá o título e de outro estão as coisas. A outra mudança que a gente fez foi colocar cada disciplina tem uma cor, só mudando as tonalidades de cor. O meu medo de usar cores diferentes sendo o mesmo curso era fazer um samba também azul, verde, rosa e cada um tem a sua cor sempre. (W 2) 17
A respeito da combinação entre as cores mencionada pelo W2, Dondis (1997)
explica que existem três matizes primárias que podem ser usadas para auxiliar na
composição visual de uma mensagem, são elas: o amarelo, o azul e o vermelho. A
respeito de cada uma destaca-se que: “O amarelo é a cor que se que considera
mais próxima da luz e do calor; o vermelho é mais ativa e emocional; o azul passivo
e suave”. (1997, p. 65) O uso das cores na disciplina poderia favorecer e enriquecer
a leitura dos alunos a uma informação importante em determinada semana. O uso
moderado das cores (amarelo, vermelho e azul), assim como destaca Dondis
(1997), auxiliaria o aviso de uma atividade relevante, como, por exemplo, a cor
vermelha que tem a função de chamar a atenção.
Na disciplina Y do Mestrado Profissional percebe-se o uso de quatro recursos
do Moodle, fórum, texto, questionário e wiki. Conforme o W2
A gente usa o fórum, a atividade, envio de arquivo normal, o aluno lê o texto no word e envia para o professor dar o feedback depois e tal, o questionário mesmo que tem as perguntas e as respostas na hora e a wiki que é o trabalho de escrita colaborativa. Então os quatro recursos de interação que o aluno tem no Moodle. (W 2)18
17 Os dados foram obtidos a partir de entrevista realizada com o web designers, conforme consta do Apêndice 4.
18 Idem nota de rodapé 16.
52
.
No entanto, com relação aos recursos disponibilizados no sumário, na
UAB/UFJF, na disciplina X observada (Figura 4), apresenta-se um número
considerável de recursos e mídias no sumário.
Figura 4: Recursos na disciplina X
Uso de vários recursos da plataforma para o desenvolvimento do conteúdo proposto.
Nessa semana, a leitura acerca das orientações e dos recursos
disponibilizados, encontra-se várias mídias utilizadas no desenvolvimento das
atividades propostas. Após as orientações, há uma sugestão de dois textos
complementares, um filme sobre a disciplina e um link a um site. Em seguida, há a
retomada da reflexão sobre o texto e o vídeo trabalhado na semana anterior.
Nas atividades, foi realizado um hot potatoes; que é um programa com seis
ferramentas que possibilitam ao usuário clicar/arrastar/soltar. Os exercícios são de
preenchimento de espaços, atividades de múltipla escolha, questionário com
respostas curtas, palavras cruzadas, entre outras possibilidades.
53
O hot potatoes (Figura 5), nessa semana da disciplina X, solicitava aos alunos
que fizessem a associação entre o vídeo apresentado à esquerda com as tirinhas
disponibilizadas do lado direito. A partir da convergência entre o vídeo e as imagens,
o aluno realiza a associação e reflete sobre o conteúdo discutido.
Figura 5: Hot potatoes disponibilizado na disciplina X
Atividade de associação entre as tirinhas: os alunos associam as imagens correspondentes
O professor defende o uso do hot potatoes por acreditar que este recurso
permite o estabelecimento de relações por parte do aluno e inferências a respeito do
tema discutido nas semanas. A exploração das possibilidades da ferramenta
apresenta diferentes perspectivas para cada sujeito, de acordo com suas
características.
Uma ferramenta que a gente usou, foi o hot potatoes, porque permite ao aluno assistir ao vídeo e relacionar esse vídeo com alguma imagem. E aí como a gente faz com os hot potatoes? São hot potatoes de diferentes
54
perspectivas, porque nós temos tipos diferentes de atividades. Um dos hot potatoes que a gente usa é o de relação de colunas. Então numa coluna a gente coloca vídeos contando histórias, tirinhas na outra. Os alunos assistem os vídeos e carregam as tirinhas até o vídeo correspondente, esse é um tipo de hot potatoes trabalhado na disciplina. (Professor A)19
Além desse, outro recurso é destacado pelo professor A para dinamizar a
disciplina X e possibilitar uma construção que considere as especificidades da web e
suas potencialidades na EAD, que é a busca na internet de temas escolhidos pelos
alunos, relacionados com o conteúdo da disciplina.
Em sua entrevista, o professor B destaca alguns dos recursos oferecidos na
disciplina Y do PPGP: o uso da áudio aula e da leitura multimídia que auxiliam no
contato visual dos alunos com o docente e o docente responsável pela disciplina.
Então, esse recurso da áudio aula é muito interessante, porque de certa forma ele recupera aquele contato visual que tem o seu valor e que principalmente tem alunos adultos que vem de uma tradição de ensino presencial. Aquele contato visual o professor olhando para você, dá uma coisa a mais. Eu também encaminho o conteúdo para a equipe e eles transformam aquelas lâminas em uma leitura multimídia. (professor B)20
A equipe de ‘Webs’, do CAEd/PPGP explica como é feita a produção da
leitura multimídia. Segundo eles, “é um recurso de interação de conteúdo para o
aluno que é a leitura multimídia, que na verdade é um slide animado. Esse nome foi
dado pela gente.”
A partir dos comentários feitos pelos docentes, identifica-se o uso e o
reconhecimento de recursos que auxiliem o ensino e aprendizagem dos alunos.
Dentro dessa realidade, destaca-se, assim como apresentam Prado e Valente
(2002), a abordagem “broadcast”, pois há uma tentativa de possibilitar a interação do
aluno com a máquina a partir das tecnologias e, consequentemente, das
convergências possíveis.
A respeito do desenvolvimento dos recursos na plataforma, Bruno (2009)
destaca que a integração multimidiática deve ter coerência com a proposta da
19 Idem nota de rodapé 13.20 Idem nota de rodapé 14.
55
disciplina. Para ela, o uso de diversos recursos em plataformas sem propósito ou
planejamento prévio não garante a aprendizagem.
O uso de recursos diversos e o desenvolvimento de plataformas que suportem integração multimidiática não asseguram a aprendizagem. Todas as ferramentas tecnológicas devem refletir coerência didático-pedagógica. A abordagem estar junto virtual propõe situações em que a relação entre professor-aluno e aluno-alunos deve ser construída por via acompanhamento da intervenção, da orientação, da colaboração e da integração, objetivando a aprendizagem. (BRUNO, 2009, p. 106)
A postura do professor de planejar e valorizar a realidade de uma disciplina
na modalidade a distância, considerando sua relação com os alunos e os usos mais
apropriados de ferramentas que auxiliem no desenvolvimento dos conteúdos, vai ao
encontro do que propõe Bruno (2009). O reconhecimento das convergências
tecnológicas que considerem a realidade da EAD e que pretendam alcançar
objetivos pedagógicos previamente definidos é relevante no processo de construção
do conhecimento dos alunos.
A partir da investigação desenvolvida nas disciplinas X e Y, de lócus de
pesquisa distintos, compreende-se que o AVA é aproveitado de maneira intensa e
contínua, de maneira peculiar a cada realidade, ou seja, as atividades e as
sugestões apresentadas viabilizam a interatividade do aluno tanto na graduação
(UAB) quanto na pós-graduação (PPGP). A respeito do ambiente virtual de
aprendizagem, Santos (2010, p.38) destaca que “os AVAs agregam uma das
características fundantes da internet: a convergência de mídias, ou seja, a
capacidade de hibridizar e permutar, num mesmo ambiente, várias mídias.”
A convergência que a autora destaca é potencializada no momento em que
os profissionais da Educação se atentam para a realidade do curso e da modalidade
na qual estão atuando. Dentre as ações recomendas por Santos (2010) para
proporcionar autoria e cocriação, no AVA, destaca-se:
Criar ambientes hipertextuais que agreguem intertextualidade, conexões com outros sites ou documentos; intratextualidade, conexão no mesmo documento; multivocalidade, agregar multiplicidade de pontos de vista, navegabilidade, ambientes simples de fácil acesso e transparência nas informações; mixagem, interação de várias linguagens: som, texto, imagens,
56
dinâmicas e estáticas, gráficos, mapas e multimídia integração de vários suportes midiáticos; (2010, p. 39).
Ao retomar estas ações, Santos (2010) elenca algumas atitudes que
potencializam o desenvolvimento de uma disciplina a distância e que se torna
compatível com o tipo de interface que a web representa. Das observações da
disciplina identificam-se todas essas ações destacadas pela autora:
hipertextualidade, quando cada semana oferece um link para os alunos consultarem
um site relacionado ao conteúdo; intratextualidade, no momento em que as
discussões das semanas anteriores são retomadas ao longo das semanas
subseqüentes.
Com relação ao virtual, Lévy (1999, p.72) aponta duas características
fundamentais. “As duas características distintivas do mundo virtual, em sentido mais
amplo, são a imersão e a navegação por proximidade.” Na primeira, os usuários
estão imersos no mundo virtual e cada ação sua ou do grupo muda esse mundo
virtual. Na navegação por proximidade, as comunicações e as pesquisas acontecem
por proximidade a um espaço contínuo.
Além dessas, navegabilidade, pois o ambiente é de fácil acesso e quando
pode causar alguma dúvida sempre é apresentado no sumário da disciplina um
tutorial sobre a ferramenta que será utilizada. Como, por exemplo, na semana na
qual os alunos estavam com dificuldades de realizar a atividade do hot potatoes e foi
disponibilizado um tutorial indicando que para visualizar todas as imagens
necessárias seria preciso apertarem o botão “ctrl – “, no computador. E, finalmente,
percebe-se a mixagem e a multimídia, pois, ao longo das semanas foi possível
identificar o uso de vários recursos que promoviam a convergência tecnológica.
O professor A destaca que o planejamento com o uso de variados recursos
pretende desenvolver uma ampliação do desenvolvimento dos conteúdos e
propostas da disciplina com os graduandos.
Então a gente buscou explorar diferentes recursos também. Porque o que percebo é que na Educação a distância a gente vê que o cuspe e o giz da sala de aula acaba sendo transferido para o fórum texto e a discussão fica restrita.(Professor A)21
21 Idem nota de rodapé 13.
57
Conforme o professor A, é importante que o aluno seja estimulado a encontrar
outras informações além da plataforma. Por isso, os recursos são relevantes nessa
dinâmica e nessa concepção de EAD, a partir de ambientes virtuais de
aprendizagem.
O planejamento da disciplina Y acontece de maneira diferente, pois o
professor reúne o material que deverá ser postado na plataforma e a equipe de web
designers transformam o material a partir dos recursos disponíveis no Moodle e
depois disponibiliza o conteúdo. No PPGP, o professor não pode alterar o conteúdo,
isso só é feito quando o professor liga para o suporte do Moodle no CAEd e eles
arrumam. De acordo com o professor B
Eu passo a síntese da semana com todo o material que vou querer, na ordem da postagem e tudo e a equipe faz. A gente não entra na plataforma com o poder de alterar a configuração. Eu não posso fazer essa inversão, eu tenho que ligar para lá ou passar um email pedindo para eles alterem. Quando eu comecei, achei que seria um problema, mas como eles são muito imediatos no atendimento dessa solicitação, realmente isso não é mais problema para mim. E isso é muito interessante porque dá uma cara única para a disciplina, eles fizeram um layout muito legal da plataforma Moodle. Então ficou muito legal. (Professor B)22
O W 2 destaca que essa dinâmica de produção de material pela equipe é
interessante, pois é possível aliar o conteúdo com a realidade da web e que tal
realidade auxilia na produção de materiais que estejam de acordo com a realidade
da EAD usando a internet como tecnologia. De acordo com ele o planejamento
acontece em parcerias.
A ideia é da estrutura é que o professor tem o conteúdo, mas às vezes não tem uma forma interativo para o usuário que é o aluno. Então a gente pega esse material e transforma, alia o conhecimento da EAD e da web e faz um material que não fique cansativo para o aluno. (W 2) 23
22 Idem nota de rodapé 14.23 Idem nota de rodapé 16.
58
A partir da proposta descrita pelos sujeitos de pesquisa, criou-se o Gráfico 6,
que propõe, nas disciplina X e Y os recursos mais utilizados, considerando a
potencialidade da convergência para as aulas na modalidade a distância. Tal gráfico
foi montado a partir das entrevistas e observações às disciplinas usadas nesta
monografia.
O gráfico acima apresenta as ferramentas que a disciplina X e Y apresentam
ao longo de suas semanas. Em ambas as disciplinas são usados os vídeos, o fórum,
o texto para discussão e o link para sites com exceção do vídeo e o link, todos
aparecem em todas as semanas. No caso da disciplina X, da UAB, os textos para
discussão têm um formato claro e objetivo, ou seja, o professor escreve, para casa
semana, um texto que sintetiza o conteúdo a ser trabalhado em, no máximo, três
páginas, dando suporte para que as atividades anteriores e posteriores se
entrelacem.
Já os recursos, hot potatoes e sugestão de filmes aparecem apenas na
disciplina X; enquanto a wiki, o podcasting e a leitura multimídia aparecem com
frequência na disciplina Y. A partir dos recursos usados em cada curso, pode-se
demonstrar a visão que os sujeitos, de ambos os lóci pesquisados, possuem sobre a
importância do uso da convergência de mídias na educação a distância. A partir da
59
análise do que é desenvolvido nas matérias, o professor X e Y mencionam que
realizam a convergência de mídias, considerando o que é oferecido ao longo das
semanas no trabalho com os alunos. Para tanto elenca-se a concepção de
convergência de mídias que ambos têm.
Quando eu olho toda a disciplina eu tenho: sugestão de vídeos, filmes, documentários, textos complementares, texto base em cada semana, tenho a atividade e depois tenho a reflexão para sistematizar no fórum de discussões, tudo isso traz uma convergência de diferentes possibilidades. Na mesma semana você tem uma atividade de hot potatoes, uma discussão no fórum, uma sugestão de vídeo, uma sugestão de outro texto, você tem um texto base, quer dizer, tudo isso na mesma semana. Tem uma sugestão de site para o aluno trazer mais informações, quer dizer, tudo isso é extremamente interessante. (Professor A)24
Convergência seria você lançar mão de formas diferenciadas de mídias e aí seria, por exemplo um podcasting, o próprio DVD, o youtube, todos esses recursos que chegam até nós via inovação tecnológica, não só pela internet, mas também por outros meios para que isso dentro dessa convergência você poder usá-la como ferramenta para o ensino. Resumindo, o que usamos mais no nosso curso são as áudioaulas, as vídeo aulas, os filmes do youtube, podcasting e os fóruns. (Professor B)25
Retomando a conceituação de convergência de mídias apresentada por
Jenkins (2008, p. 27), como a circulação dos conteúdos através de múltiplos
suportes midiáticos e observando com o que é apresentado pelo professor
entrevistado, considera-se que a disciplina pesquisada apresenta a convergência de
mídias. Para Jenkins (2008, p. 27) “a circulação de conteúdos – por meio de
diferentes sistemas midiáticos, sistemas administrativos de mídias concorrentes e
fronteiras nacionais – depende fortemente da participação ativa dos consumidores.”
Com relação ao uso do autor da palavra consumidor, destaca-se que essa
não é adequada para ser usada na EAD. Nesse caso, na análise, será usado o
termo usuário. Os recursos que potencializam o ensino/aprendizagem dos alunos
(usuários), assim como destaca o docente responsável e a forma como as propostas
de atividades apresentadas, vão ao encontro da compreensão de convergência
defendida por Jenkins (2008). Para ele “a convergência representa uma
transformação cultural, à medida que consumidores são incentivados a procurar
24 Idem nota de rodapé 13.25 Idem nota de rodapé 14.
60
novas informações e fazer conexões em meio a conteúdos midiáticos dispersos.”
(JENKINS, 2008, p. 27–28).
5. CONCLUSÃO
61
Esta monografia pretendeu investigar de que maneira a convergência de
mídias pode auxiliar no desenvolvimento da prática pedagógica da EAD. Para
realizar essa investigação, foram traçadas hipóteses para a questão que inquietava
o pesquisador, assim como objetivos a serem seguidos na tentativa de considerar o
que o lócus de investigação ofereceu de dados para a realização da análise.
Ressalta- se que as análises e os olhares desse estudo estão imbuídos de uma
concepção de Educação integradora que pretende formar um sujeito que possa agir
na sociedade na qual se insere.
As principais constatações construídas após a pesquisa não são verdades
absolutas, mas um olhar sobre um contexto. Não pretende-se apontar uma solução
para a resolução do problema destacado nem generalizar os achados para todos os
cursos do projeto UAB. O método de pesquisa não é apenas uma maneira de olhar
para a realidade, mas uma concepção de vida e de mundo. Logo, entende-se que os
devires estão presentes nos indivíduos e em suas ações. Após a produção de dados
e a apresentação das duas categorias-temas emergentes na investigação
(experiência profissional e categoria convergência de mídias), pontuam-se os
principais pontos da pesquisa. Pode-se afirmar que o objetivo de identificar se a
convergência de mídias e o uso como potencializadora da prática pedagógica foi
observado nas disciplinas X e Y pesquisadas.
O curso de Pedagogia e, em especial, a disciplina analisada, apresenta, ao
longo das semanas observadas, recursos do ambiente virtual de aprendizagem,
dentre eles, mídias (textos, áudios, imagens, vídeos, entre outras), como
possibilidade auxiliadora no planejamento pedagógico. O Mestrado Profissional
também utiliza variados recursos que potencializam a interação do aluno com o
AVA, como por exemplo, a leitura multimídia, as vídeo aulas e os podcastings,
usando as mídias (áudio, imagem, som e outras) a partir de uma relação de parceria
entre a equipe de produção de materiais e o professor B. As mídias não aparecem
isoladas ou soltas sem um planejamento prévio. Ao contrário, os docentes, ao
pensar nas atividades das disciplinas, utilizam os recursos que o ambiente virtual de
aprendizagem oferece, como o fórum, os vídeos, os links para sites entre outras
ferramentas disponíveis no Moodle. Destaca-se que por questões de escolhas e
62
estrutura de cada curso, alguns recursos aparecem na disciplina X, como hot
potatoes e outros aparecem na matéria Y, como a leitura multimídia.
A maneira como os recursos da plataforma Moodle são dispostos nos
sumários, bem como os links para sites fora do ambiente virtual de aprendizagem
(youtube, webconferência e outros), permite considerar que a convergência de
mídias acontece e auxilia a construção do conhecimento dos alunos. Outro achado
que merece destaque é que os professores, sujeitos de pesquisa, têm uma
concepção de EAD que considera a modalidade a distância com suas
características. Pois, a modalidade exige uma nova maneira de se fazer Educação,
considerando que as atividades, as leituras e a interação do aluno aconteçam de
maneira diferente do ensino presencial.
O reconhecimento de que a modalidade a distância necessita ser pensada a
partir de estratégias midiáticas que potencializem o ensino e a aprendizagem são
relevantes durante o planejamento e a elaboração de estratégias nos cursos a
distância. Esta monografia é uma maneira de socializar os estudos e as
possibilidades entre a união da Educação e da Comunicação, e como os recursos
hipermidiáticos, disponíveis dentro dos ambientes virtuais, auxiliam na construção de
uma nova maneira de pensar a EAD.
As três suposições levantadas foram confirmadas ao final do trabalho.
Primeiramente, o fato de os professores e a equipe de web designers, no caso do
PPGP, identificarem os recursos oferecidos pela plataforma Moodle. Também, pelo
fato dos professores A e B terem experiência na EAD potencializa um planejamento
de atividades que consideram a realidade da educação a distância. Um exemplo que
corrobora essa situação é o fato das semanas das disciplinas pesquisadas
apresentarem várias mídias, como textos, imagens e vídeos, assim como a reunião
de diferentes meios em uma única mídia, que seria o caso do Moodle que converge
várias delas. Tal realidade é denominada de hipermídia, como mencionado ao longo
do presente trabalho, sendo uma outra linguagem que apresenta-se na sociedade
líquida vastamente discutida pelos autores e apresentada nesta monografia.
Na UAB/UFJF o docente e o web designer não têm uma parceria sistemática
na produção dos materiais (adequando-os aos recursos do Moodle) que serão
disponibilizados na plataforma, pois muitos dos os professores reconhecem e sabem
lidar com esses recursos do ambiente virtual de aprendizagem e ainda contam com
a experiência do tutor a distância – que apresenta intenso domínio de tais recursos.
63
No Mestrado Profissional todos os materiais são produzidos pela equipe de
designers que adéqua os conteúdos disponibilizados pelos professores para a
modalidade a distância na web e nessa produção da equipe nem sempre há
orientações do docente responsável. O trabalho do web designer é relevante no
diálogo e na indicação de propostas que chamem a atenção para ações que possam
prejudicar a usabilidade e a navegabilidade dos alunos. O uso de cores, tamanhos
diferentes de imagem, fontes e tipo de letras mais apropriadas à web auxiliam o
desenvolvimento da disciplina, uma vez que o professor não é especialista nessa
área, mesmo conhecendo algumas especificidades, assim como foi constatado.
A proposta observada nas disciplinas pesquisadas, a partir do uso da
convergência de mídias, pode potencializar um ensino e aprendizagem que promova
a hipertextualidade e a interatividade oferecidas na web. Entende-se, com isso, que
a Educação online, com o suporte das mídias, acontece de modo a auxiliar os
alunos na construção do conhecimento. Daí a importância dessa concepção no
desenvolvimento de uma Educação ampla. A Educação online possibilita a
construção de um conhecimento co-construído por todos os alunos e o professor,
assim como a inteligência coletiva emergente das relações tanto no virtual quanto no
presencial.
Além de uma Educação com a criação de novas alternativas comunicacionais
para o aluno, defende-se uma Educação libertadora que considere a autonomia dos
sujeitos. A autonomia do aluno é relevante em todas as modalidades de Educação
e, na EAD, não é diferente. Necessita-se que os docentes respeitem e criem ações
que reforcem e definam a tomada de consciência. Além disso, é preciso desenvolver
a autonomia desses educandos na sociedade na qual vivem, principalmente, se for
levada em consideração a presença da Comunicação em todas as esferas sociais e
de vivência do indivíduo, dentre elas, no que tange ao processo de aprendizagem.
Esse estudo não apresenta um ponto final, mas o início de mais uma
possibilidade de estudo que considere a relação entre a Comunicação e a Educação
e como os benefícios são importantes, no caso dessa monografia, aos alunos da
EAD. Muitas inquietações motivam o pesquisador para futuros estudos no uso da
Convergência de mídias na educação a distância. Algumas questões podem tornar-
se futuramente outras pesquisas que investiguem a EAD e as mídias, como ampliar
o estudo para outros cursos e outros docentes, ou investigar apenas como os alunos
consideram a aprendizagem a partir das convergências de mídia e também como os
64
planejamentos das disciplinas de cursos na modalidade a distância pensam as
potencialidades das mídias como auxiliares no processo de ensino e aprendizagem.
65
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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66
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7.1. APÊNDICE 1 (ENTREVISTA COM O PROFESSOR A, RESPONSÁVEL PELA
DISCIPLINA PESQUISADA NO CURSO DE LICENCIATURA NA UAB/UFJF)
69
Pesquisadora: Eu queria que você falasse um pouco da sua trajetória profissional,
sua formação e como foi a sua chegada até a UAB?
Professor A: O meu contato com a área da atuação ou a formação como professor,
se dá primeiramente durante a minha graduação em História e durante a minha
graduação em Teologia. Nesses momentos eu tive por diversas vezes oportunidade
de atuar como professor, inclusive participar de um programa de Educação de
educadores de jovens e adultos da Universidade Federal de Minas. Durante dois
anos eu participei desse programa que tinha o objetivo, não só de oferecer a
Educação de jovens e adultos, mas formar os alunos da Universidade para atuarem
como educadores de jovens e adultos. Essa foi basicamente a minha inserção no
mercado de trabalho, vamos dizer assim, como educador, como professor.
Posteriormente eu atuei em diversas coisas em pré-vestibulares, no pró-jovem, em
escolas estaduais, atuei também em universidades, aí como professor atuei no
UNIBH, na UNIMINAS, na Faculdade Metropolitana de Belo Horizonte e também no
CAS que é um órgão da Secretaria Estadual de Educação voltado especificamente
para a formação de pessoas que atuam na área da surdez, intérpretes, professores
de línguas de sinais e outros professores que atuem com alunos surdos. Então eu
percorri toda essa trajetória e foi uma trajetória que foi também muito enriquecida
pela minha especialização em Educação inclusiva pela escola de governo da
Fundação João Pinheiro, em Belo Horizonte e também posteriormente no mestrado
em Educação, na área de Educação e linguagem na Federal de Minas,
pesquisando, especificamente, os processos de construção e apropriação de
conhecimentos em sala de aula. Após isso, eu ingressei no doutorado em linguística
aplicada e venho desenvolvendo pesquisas na área da competência do intérprete de
língua de sinais. E durante esse percurso eu chego à Universidade Federal de Juiz
de Fora, numa vaga da área de Educação e diversidade e um conjunto de
disciplinas de Educação e diversidade e mais especificamente em língua de sinais
que é uma área carente aqui na universidade. Chegando à universidade eu tive um
primeiro semestre de adaptação e conhecimento e já no segundo semestre eu fui
convidado para integrar a UAB, mas não trabalhando na área de Educação e
diversidade e nem na área de língua de sinais, a primeira disciplina que eu ministro
70
na UAB foi uma disciplina de “Educação, família e sociedade” que é um percurso
mais da área da Sociologia isso pela experiência que eu já tinha de atuar em
diversas disciplinas, disciplinas de pesquisa, Filosofia da Educação, Sociologia da
Educação, de História da Educação e aí eu acabei atuando nessa disciplina. E aí
como é que fica a Educação a distância nisso tudo. Eu tive muito contato com a
Educação a distância, porque em algumas instituições onde eu trabalhei uma
porcentagem das disciplinas também era dada a distância. Claro que, não na
configuração de Educação a distância que nós temos, por exemplo, na Pedagogia
UAB, aqui da FACED, mas uma outra configuração do trabalho de Educação a
distância. Eu tive a oportunidade de por case um ano, dois semestres, frequentar
como aluno, um curso de Letras Libras a distância, da Universidade Federal de
Santa Catarina, que eu abandono o curso devido a outros compromissos e
atividades que inviabilizavam a minha participação nele. E lá eu tive a oportunidade
de ser aluno da Educação a distância e aí trabalhar com diversas questões e
ferramentas na Educação a distância, porque é o trabalho com a formação de
professores de Libras e interpretes de Libras que trabalha especificamente com o
visual. Então a língua, é de modalidade espaço visual, então isso, fazia com que
fossem exploradas no Moodle, que era o ambiente, diversas outras possibilidade,
até outros recursos extremamente sofisticados em relação ao nosso. Com um outro
design, com uma outra estrutura com outro suporte para receber vídeos, neh,
porque muitos alunos postam os vídeos em Língua de sinais, então eu tive um ano
de experiência daí. Da onde talvez eu tenha me apropriado de diversos usos e
diferentes ferramentas para o ensino e pro trabalho com uma língua modalidade
espaço visual. Acho que a minha trajetória se resume aí.
P: Quando você ficou sabendo que ministraria a disciplina de Libras na UAB, como é
que você começou a pensar e planejar. Bem, eu vou dar aula num curso a distância,
eu tenho experiência como aluno da modalidade a distância. Como é que você
planejou, considerando a especificidade da sua disciplina e a web. Como você
pensou nas atividades, nos recursos?
Prof - A: Quando eu cheguei na Universidade eu sabia que daí um ano seria
oferecida a disciplina de Libras, então eu tive um tempo de preparo de refletir sobre
ela. Primeiramente, eu busquei fazer um design para a disciplina que desse para os
71
alunos, algum contato com a língua de modalidade espaço visual. Porque? As
questões históricas eram mais tranquilas de serem abordadas. Porque a disciplina
de Libras, embora instituída por um decreto federal, não foi definido um currículo
geral que englobe essa disciplina, então você tem diferentes disciplinas sendo
ministradas de maneira diferente. Como é uma disciplina da licenciatura, da
graduação, eu entendo que não é uma disciplina de língua, não é uma disciplina
para se ensinar a língua, mesmo porque, em 60 horas não se ensina a língua. Mas é
uma disciplina para trabalhar habilidades de compreensão e de expressão básica
nessa língua, para que o futuro professor consiga minimamente lidar e compreender
o seu aluno surdo. E não só o aluno surdo, no sentido cultural do termo, mas o aluno
com deficiência auditiva, aquele que tem como primeira língua a língua oral, aquele
que não domina a língua de sinais, então a ideia da disciplina era abarcar toda essa
discussão do campo teórico e ao mesmo tempo possibilitar uma inserção mínima
desse aluno numa língua de modalidade espaço visual. E aí o que eu pensei, cada
semana ela sugere um texto complementar, ela sugere um filme que permita o aluno
visualizar a discussão da área, ela sugere um site para o aluno pesquisar, algum
dicionário, alguma coisa que ele possa encontrar o tema surdez e ela introduz um
tema. Cada semana tem um tema específico de discussões da área da surdez e um
texto simples de duas, três páginas, base de cada semana que é um texto que foi
escrito por mim, com base em todas as bibliografias da área. Então isso era a ideia
de trazer para o aluno a cada semana, pelo menos um conhecimento básico da
área. Nós produzimos também alguns vídeos para compor as atividades vídeos com
diálogos, com narrações para que os alunos pudessem também ter a oportunidade e
perceber alguma coisa nessa área. Após a produção de vídeos e a idealização de
algumas atividades, nós passamos a construir essas atividades. Uma ferramenta
que a gente usou, foi o hot potatoes, porque o hot potatoes permite ao aluno, no
nosso caso a gente usa vídeo e imagem. Assistir ao vídeo e relacionar esse vídeo
com alguma imagem. E aí como a gente faz com os hot potatoes? São hot potatoes
de diferentes perspectivas, porque nós temos tipos diferentes de atividades. Um dos
hot potatoes que a gente usa é o de relação de colunas. Então numa coluna a gente
coloca vídeos contando histórias, tirinhas baseadas em Maurício de Sousa, são
aquelas tirinhas que não tem palavras eu trazem três situações a aí você infere
sobre a realidade de toda aquela história. Faz inferências sobre o que não está
contado na imagem. E aí os alunos assistiam a esses vídeos e carregavam as
72
tirinhas até o vídeo correspondente, esse era um tipo de hot potatoes. Outro tipo de
hot potatoes é o aluno assistir uma sinalização ou uma pergunta e relacionava a
alguma forma, por exemplo, para a gente discutir como você sinaliza umas formas
planas, com profundidade, como que existem diferentes configurações de mão em
língua de sinais e como você e sentimento aborda com questões mais básicas de
sentimento, de percepção da língua. Fizemos algumas atividades também, de
características físicas para discutir o que é sinal de identificação pessoal, também no
hot potatoes, então nós temos várias sinalizações de famosos. Então sinaliza as
características de uma pessoa famosa, um sinal dessa pessoa, e ao lado algumas
caricaturas dessas pessoas, também para eles poderem ligar essas ideias. Então.
Também às vezes tem um texto em Libras com algumas perguntas em português
sobre esse texto em libras. Então isso é uma forma de aproveitar a percepção dos
alunos. Além dos hot potatoes a gente usa vídeos, é muito importante a utilização de
vídeos para o aluno poder ter contato com essa língua de modalidade espaço visual.
O primeiro contato do aluno na primeira semana tem um vídeo de apresentação em
sinais, onde eu faço uma síntese de toda a disciplina e nesse vídeo eu faço uma
tradução e coloco uma dublagem no vídeo. E aí tem uma atividade que, por
exemplo, o aluno assiste, ele não tem contato com a língua, mas ele vai ver a língua
e para levar o aluno assistir várias vezes com esse primeiro contato a gente
selecionou, sinais do dicionário que não são desenhados, são feitos mesmo em
língua de sinais, o aluno assiste e ele tem que localizar esse sinal no vídeo, quantas
vezes esse sinal aparece. Tem sinal que aparece uma vez, tem sinal que aparece
dezesseis vezes e ele vê e tem que contar quantas vezes aparece e ele tem que
atribuir um possível significado a esse sinal. A gente faz isso, buscando com que o
aluno compreenda isso, e aí a gente faz uma discussão no fórum. Então a gente
abre um fórum para ele assistir um vídeo, assistir os sinais, identificar e discutir
nesse fórum. Ele vai só ver a resposta dos colegas depois que posta a sua resposta
e aí o tutor vai interagindo com eles. Falando olha que legal esse significado, olha,
assista de novo. E aí também vão surgindo discussões do aluno sobre aquela
língua. O aluno discute, por exemplo, ah eu descobri que esse sinal significa Brasil,
mas você fala Brasil duas vezes, mas eu só enxergo o sinal uma vez. E aí você
começa a discutir com os alunos as diferenças. Entre a língua portuguesa e a língua
de sinais, entre uma língua e a sua tradução e aí é uma atividade interessante. É
uma disciplina que exige a exploração de vídeos, por ser uma língua de modalidade
73
espaço visual, exige a exploração de imagens para que o aluno perceba essas
imagens e a gente tem buscado lançar mão desses recursos. Então é outra coisa
que a gente usa na disciplina também, um glossário. Como é um glossário muito
específico tem muitos conceitos para serem trabalhados. Então a gente abriu a
oportunidade de escolha onde o aluno tem uma série de termos, ele escolhia um
termo e nas próximas semanas ele iria pesquisar e propor uma conceituação para
aquele termo englobar o glossário. Por exemplo, língua de sinais, ele vai explicar o
que é vai citar uma referência onde ele pesquisou, isso também para que todos os
alunos possam se inteirar dos termos específicos da área. Porque às vezes tem
muita diferença entre um pequeno termo e outro. Então a gente tá explorando isso.
Explorando também questionários, explorando os fóruns, quer dizer, a gente tem os
fóruns permanente de comentários e reflexões e dúvidas, onde a gente discute coisa
e tem dentro alguns fóruns a gente tem outros tópicos. Para discutir uma atividade,
para discutir cada texto de cada semana e assim por diante. A gente ainda não
colocou na plataforma, mas nas próximas semanas a gente ainda vai ter, que é
algumas atividades de interpretação de perguntas em língua de sinais sobre os
vídeos, onde ele responde algumas em línguas de sinais, algumas em português e
também alguns podcastings, alguns áudios com aspectos principais da disciplina. A
gente ainda não colocou áudios, a gente reduziu o número de áudios, porque nós
temos três tutores surdos, então é muito mais interessante o vídeo dublado, do que
o áudio, porque o áudio ele não é acessível aos tutores surdos, quer dizer, eles não
vão ouvir o que está lá porque eles são surdos. Então por isso a gente tem optado
por usar menos áudio, então no caso a gente não usa áudio, não usou até agora,
mas a gente pretende fazer uma síntese. A gente vai ver se dar para gravar em
língua de sinais e colocar o áudio, ou se a gente vai disponibilizar somente para o
aluno, uma revisão com o áudio mesmo.
P: Você disse que deu outra disciplina, também na UAB, você acha que a
quantidade de recursos que você utiliza nessa disciplina de Libras, você faz o
planejamento em função da especificidade da Libras por seu uma língua espacial e
visual. Ou você na outra disciplina também potencializava esses recursos dentro da
EAD?
74
Prof - A: Na outra disciplina também nós exploramos recursos, mas aí é uma
disciplina com outra perspectiva, de outra ordem. Nós não utilizamos nenhum vídeo,
nem nenhum hot potatoes, essa é uma especificidade da língua de sinais. Mas lá
nós utilizamos podcasting, nós buscamos fazer chats, mas chats. Porque o chat
muitas vezes é usado assim, o aluno entra no chat pra tirar dúvida e aí ninguém vai
para tirar dúvida no chat. Nós fizemos o chat de discussão de temas, então nós
tínhamos, por exemplo, uma questão geradora ou uma charge, alguma coisa.
Marcamos o chat com 10 pessoas. Então acontecia, o tutor tinha um chat de manhã,
a tarde e a noite, tinha aquele período de tempo e os alunos, aqueles alunos
entravam no chat e no chat eram discutidos aquela charge, aquele tema, aquela
pergunta. Então nós fizemos isso por duas vezes, outra coisa que nós fizemos que
eu uso muito, tô usando também na de língua de sinais é a wiki, para potencializar
uma discussão conjunta. Então a gente fez wiki também na outra disciplina, só que
não é aquilo assim, o wili para discutir isso e acabou. Não. É o wiki que tem uma
questão que tem uma orientação, que tem um propósito. Fórum, abriu o fórum de
discussão do texto, não, é o fórum que passa para a discussão do texto e traz uma
charge, uma pequena reportagem, uma questão. Isso a gente fazia na Educação,
família e sociedade. Dá podcasting com a revisão das disciplinas, também oferecia
por escrito para quem pudesse só ler e não tivesse conseguindo as vezes acessar o
áudio. Usamos uma webquest, numa outra configuração de webquest. Porque a
webquest é muito usada para o uso e exploração da internet, da web e da busca na
web. E aí a gente faz uma webquest mais adaptada a configuração da disciplina,
então buscando apresentar o tema, englobar o wiki, englobar o fórum, dentro de
uma webquest, ampliando o conhecimento dos alunos na busca de informações na
internet. Porque muitas vezes o aluno está no espaço do Moodle e ele se restringe
ao espaço do Moodle, ele não navega na internet, ele não tem essas experiências.
Então, a gente também tentou com a webquest incentivar esse tipo de ação. A gente
trabalhou com chat, mas com uma outra perspectiva, os fóruns foram abordados em
outra perspectiva, fizemos wiki, até íamos fazer uma webconfência , mas a gente
não conseguiu potencializar isso para todos os pólos. Então fizemos uma
webconferência entre os tutores discutindo o tema da disciplina para que o aluno
pudesse assistir. Então a gente buscou explorar diferentes recursos também.
Mesmo porque muitos recursos que existem disponíveis outros professores não
utilizam. Então, na Educação a distância a gente vê que o cuspe e o giz a sala de
75
aula foi transferido para o fórum texto e a discussão fica restrita a fórum e texto.
Então a gente tentou fugir disso na Educação, família e sociedade. Eu vi que muitos
tutores não tinham a experiência de explorar alguns recursos, as vezes foi a
primeira, e já são tutores há muitos anos. Foi a primeira vez que utilizaram, e aí
nessa disciplina estão explorando muitos recursos pela primeira vez. Não que, os
professores as vezes até desconheçam, as vezes eles até saibam que existe, mas
as vezes dá trabalho de usar exige uma outra configuração da disciplina, que muitas
vezes o professor não tem essa familiaridade com a utilização desses outros
recursos, ferramentas que estão disponíveis.
P: O que você entende por convergência de mídias? E como ela acontece na
Educação a distância, na sua opinião? Você acha que na sua disciplina acontece
isso?
Prof - A: Convergência de mídias, na verdade é quando você potencializa diversos
caminhos para abordar ou trabalhar diferentes temáticas ou proporcionar a
construção de conhecimento ou a busca e contato com as informações. Eu acho na
disciplina a gente tenta fazer um pouco disso. Porque quando você utiliza diferentes
atividades ou diferentes perspectivas há uma convergência de mídias. Um vídeo é
um tipo de mídia, um áudio é outro tipo de mídia, um vídeo em língua de sinais com
uma tradução, uma dublagem é outro tipo de mídia que não se assemelha a
somente o vídeo oral, porque ali tem duas mídias. Quando você trabalha com a
caricatura você pode até avançar e dizer um pouco, ah caricatura também pode se
configurar como uma mídia quando ela compõe uma determinada atividade. Quer
dizer, o vídeo, não é só vídeo, eu tenho o vídeo narrativo, eu tenho o vídeo
descritivo, então eu tenho vídeos diferentes. Eu tenho os vídeos com diálogos, quer
dizer, eu tenho tipos de textos em língua de sinais que se apresentam como vídeo,
mas que são textos, só de serem textos visuais, você tem a convergência de
modalidades. Você tem um vídeo com tradução, são modalidades diferentes, duas
línguas. Então, às vezes dentro de uma mesma mídia, um vídeo, você tem a
convergência também de diferentes aspectos. Dentro de uma atividade de hot
potatoes você tem a convergência de mídias e de imagens. Você tem a
convergência às vezes de uma descrição e de um objeto, para a pessoa identificar a
qual se refere, então eu acho que usar um wiki, você faz não só a possibilidade de
76
proporcionar um trabalho coletivo dos alunos, mas você também pode propor
questões orientadoras que levem o aluno a explorar sobre um vídeo, sobre uma
imagem, a fazer análise. Então eu acho que tudo isso converge mídias, entendendo
mídia no sentido amplo e não entendendo mídia no sentido restrito. Mas amplo, de
que são diferentes caminhos, possibilidades, recursos, atividades que congregam
diferentes tipos de texto, tipos de materiais, tipos de ideias, onde o aluno explora
isso. Quer dizer, quando eu pego um fórum, insiro um texto, insiro sinais, levo os
alunos a identificarem sinais que são diferentes, que são dos dicionários, de um
vídeo que está de outra maneira, que eles percebem que se eles tiram o áudio eles
conseguem perceber melhor os sinais, que dizer, eu tô fazendo uma convergência
de mídias, com diferentes perspectivas. E quando eu olho toda a disciplina eu tenho,
sugestão de vídeos, filmes, documentários, textos complementares, tenho um texto
base em cada semana, tenho a atividade e depois da atividade eu tenho a reflexão
sobre essa atividade para sistematizar que aquela atividade proporciona como
conhecimento, tudo isso traz uma convergência de diferentes coisas. Na mesma
semana você tem uma atividade de hot potatoes, você tem uma discussão no fórum,
você tem uma reflexão da semana anterior, você tem uma sugestão de vídeo, uma
sugestão de outro texto, você tem um texto base, quer dizer, tudo isso na mesma
semana. Tem uma sugestão de site para o aluno trazer mais informações, quer
dizer, tudo isso é extremamente interessante.
P: Professor, muito obrigada pela entrevista.
7.2. APÊNDICE 2 (ENTREVISTA COM O PROFESSOR B, RESPONSÁVEL PELA
DISCIPLINA PESQUISADA NO CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO CAED/UFJF)
77
Pesquisadora: Eu gostaria que você falasse um pouco da sua trajetória e que você
falasse da sua chegada no programa, no mestrado e se você sabe um pouco da
história do PPGP, porque ele é muito jovem.
Professor B: A minha história de vida profissional é uma história que tem as sua
grande parte de ensino presencial. Eu trabalhei em escola, no Colégio de Aplicação
da Universidade que tem os dois segmentos de 1º ao 5º ano e de 6º a 9º ano e o
Ensino Médio. No primeiro segmento eu trabalhei de 6º a 9º ano, com o ensino de
Língua Portuguesa e no Ensino Médio eu trabalhei com o curso de Magistério e
dava aula de Didática e Metodologia de Língua. Quando eu trabalhava com
professora de português, esses usos midiáticos, embora não tenha muito tempo que
eu me aposentei, acho que 4, 5 anos, mas a incidência, essa demanda de você
trazer para a prática pedagógica essas ferramentas da web, esses recursos que a
gente tem, não existia. Não existiu porque não existia essa cultura. E também a
própria condição da escola que não período não oferecia computadores, não
oferecia internet. Os departamentos não tinham internet, a escola não tinha internet,
então tudo isso era difícil. O máximo que eu chegava a uma modernidade era fazer
os trabalhos, a gente fazia muita antologia, e produção de histórias, livrinhos de
histórias de detetive, aventura e etc e os meninos entregavam esse material em
disquete. Era o mais próximo de alguma coisa dessa linha de computador e de
mídia, então era isso que eu fazia. Depois que eu me aposentei do João XXIII, a
minha continuidade no trabalho foi direta, eu não fiquei aposentada. Eu sai do João
XXIII eu já tava dando aula no Programa de Pós Graduação da Letras, no programa
de graduação da Letras, o uso que se fazia era aquele uso mínimo também, de
email, encaminhar material para os alunos via postagem, não existia plataforma, não
existia nada disso. Na verdade quando eu comecei a entrar no curso de Educação a
Distância, eu era tão crua, vamos dizer assim, nessa modalidade de ensino, como
os alunos e eu tínhamos uma relutância em pegar essa modalidade de ensino,
porque as informações que eu tinha sobre o ensino a distância, eram informações
muito preconceituosas, naquela ideia que o curso a distância era um curso facilitado
e eu entrei através de uma amiga minha que estava dando aula na UAB, que
também aposentou na mesma época que eu na área de linguagem. E eu entrei
então junto com ela, preparando aula com ela e no semestre seguinte eu entrei
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como professora mesmo. Dentro da UAB, as mídias, você falou de convergência das
mídias, os recursos que a gente usava além do material tradicional impresso, da
época, que era leitura de texto, então a gente trabalhava muito com áudioaula, em
que eu associava uma gravação minha com uma transparência em power point, isso
era feito assim de uma forma muito precária, eu fazia, não tinha os recursos que
hoje o PPGP tem. Eu pegava um gravador, eu fazia e depois eu comprei um
computador melhor, que isso podia fazer perfeitamente no programa, esse era um
recurso, áudioaula. Eu produzia um texto com as lâminas e eu fazia uma sintonia
entre a minha fala e as lâminas, foi usado isso. Uma outro recurso que a gente usou
foi o próprio podcasting sem lâmina, sem nada, só a gravação, dentro da própria
plataforma, além dos fóruns temáticos, os fóruns para dúvida, aqueles recursos, né
que a gente tem pela própria plataforma, um recurso que eu achei muito
interessante que eu usei, que eu lamento muito não poder no PPGP, porque não
está disponibilizado é aquela ferramenta do livro, como é que a gente usava aquela
ferramenta e que ela foi um material de registro. Os fechamentos de fóruns
temáticos sempre foram fechamentos orientados por uma temática mesmo de uma
tarefa, uma proposta de resolução de problemas, quando o fórum temático
terminava, quando o prazo chegava ao fim, eu combinava com os tutores que eles
deveriam fazer um fechamento desse fórum, considerando as participações dos
alunos e mesmo fechamentos intermediários. Caso eles tivessem feito, no caso de
um fórum muito longo, eles faziam um texto mesmo e aí era bom porque o próprio
tutor exercitava a escrita. Então ele fazia um texto e cada fórum temático compunha
um capítulo desse livro, ele era formatado mesmo. Ele tinha uma capa, ele tinha um
link, ele tinha a aparência de um livro convencional. Então essa estratégia que eu
achei muito legal, quando chegava no final do ano, no final do semestre, os alunos
tinham além de outros materiais que a gente importava, esse material que
funcionava como um resumo, como resumos de tópicos que foram abordados
durante o semestre. Então essa foi uma ferramenta que a gente usou muito. Eu usei
o you tube por causa de filmagens de materiais que a gente pode utilizar e a web
está riquíssima nisso e a gente entra as coisas mais interessantes. Agora, muitos
desses recursos a gente replica lá no mestrado profissional.
Bem, atualmente eu não estou com a disciplina da UAB esse semestre eu não
peguei, nem semestre passado, outro professor do curso está assumindo as
disciplinas de linguagem. A minha entrada no PPGP, foi feita da seguinte maneira.
79
Logo que a ideia, eu não acompanhei exatamente o nascimento da ideia, logo que
essa ideia surgiu no CAEd de se criar um curso de mestrado profissional em gestão,
juntamente com essa ideia e até para cumprir a demanda de um curso de pós
graduação, nasceu uma ideia de se construir um Centro de Pesquisa na área de
Gestão que pudesse subsidiar, fornecer dados para as pesquisas futuras dos
mestrandos com seus futuros trabalhos finais. Então, nesse momento, foram
chamadas várias pessoas para discutir e parece que o CAED fez, tinha um contato
com a Universidade de Harvard, então, estiveram professores de Harvard aqui, eu
participei das discussões, de tudo, mas mais como uma pessoa que pudesse estar
ajudando na construção dessa equipe para a pesquisa. Mas depois a proposta
tomou uma dimensão muito grande e que eu particularmente achei que seria uma
coisa imensa, dentro das possibilidades que a gente tinha, frente ao que eles queria
fazer, eu então me retirei, agradeci, falei que naquele momento eu não estaria
trabalhando diretamente com a pesquisa. E quando o curso começou, o professor
Manuel me convidou, inclusive, agora eu estou lembrando, na própria organização
da ementas das disciplinas e organização do curso. Algumas ementas que a gente
fez, gente organizou a professora Beatriz ajudou, entrou a professora Bia Bastos, a
Adriana também ajudou na ementa da parte de letramento digital, então a minha
entrada também foi por aí. E depois então quando o curso foi aprovado, e eu
participei de algumas reuniões, em que o curso foi apresentado na comunidade dos
professores da Universidade que participariam, porque a ideia, que é uma ideia
interessante é a criação do mestrado que congregasse professores de diferentes
unidades, de diferentes áreas. E aí então quando surgiu, quando começou, aliais
quando o curso começou, eu fui convidada para participar da disciplina Linguagem e
suas tecnologias e quando nós fizemos a ementa dessa disciplina que tinha dois
módulos I e II, a ideia era que essa disciplina, esse ano dessa disciplina,
congregasse três outras áreas que seria, que a gente teria, que a gente resolveu
chamar de Letramentos. Então a Linguagem e suas tecnologias estariam abordando
o letramento digital, o letramento que envolve leitura e a escrita e o letramento
matemático. Então nós assentamos, os três professores, cada um responsável por
esse letramento, para criar uma disciplina que pudesse dialogar entre esses, que
permitisse o diálogo entre esses professores e de uma forma, eu acho até inusitada,
a experiência é muito interessante. Porque nós conseguimos articular esses três
letramentos, principalmente na primeira, não. Mas no segundo módulo também foi
80
feito isso, a gente conseguiu se estabelecer diálogo entre os três letramentos na
proposta da disciplina de modo que os trabalhos que eram feitos, eram feitos
utilizando desses três letramentos. Então eu acho que isso foi uma coisa muito
interessante, então por exemplo, na Linguagem e suas tecnologias I, a professora
XXX, trabalha essa introdução mesmo ao mundo digital com informações a respeito
do que é o letramento, o que é alfabetização, o que esse letramento digital vai
acrescentar aos outros letramentos. E eu trabalho também na mesma perspectiva
dela, mais aliando mais aos gêneros desse letramento e escrita capacita o sujeito a
usar os diferentes gêneros, de acordo com as demandas sociais que ocorrem. E o
professor Marcelo, na parte de análise de dados, de relatórios, de investigações
para que esses gestores são gestores que vão lidar com essa parte de resultado de
avaliação chega da secretaria, do MEC e tudo. Então a gente trabalhou esses três
letramentos, nessa perspectiva, a gente começou por exemplo. Nós fizemos uma
proposta de um questionário sobre o perfil de leitor de aluno do mestrado e esse
questionário, ele serviu praticamente de guia para a continuidade da disciplina no
segundo semestre, de forma que os alunos aprenderam a fazer gráficos,
aprenderam a ler resultados, aprenderam a escrever relatórios, aprenderam a usar
mídias que podem ser tomadas como recursos para a apresentação desses
resultados, então eles tem, um exemplo, uma parte específica de como se deve
construir um power point. O que é um power point bem construído, é desandar a
escrever quinhentas lâminas, né. Existe uma linguagem própria que é o letramento
digital. Então eles, no módulo I, eles apresentaram no final do curso, um relatório da
pesquisa de leitores dos alunos do mestrado, então uma vez que eles responderam
esse questionário, eles com o professor, com o letramento matemático, eles
aprenderam como lidar com os dados e transformá-lo em gráfico. Como fazer essa
parte mais matemática, vamos dizer assim, estatística. Comigo, a ênfase foi, como
se escreve um relatório, quais são os movimentos retórico que alguém que vai
escrever um relatório deve colocar dentro desse gênero para que ele seja um
relatório agradável de ser lido, né. O relatório é um texto neutro. O relatório é uma
escrita neutra, não é, você pode inclusive manipular esses dados para que você
possa ressaltar ou não vários aspectos que sejam do seu interesse. Se nesse
relatório que você está produzindo, você é um relatório de alguma empresa,
instituição, você certamente vai produzir esse relatório para atender a uma
demanda, uma solicitação. Então isso tudo foi discutido com eles e enriquecido com
81
essa parte da apresentação dentro dessas mídias. Dentro da ferramenta do uso do
Moodle, eles trabalharam muito com a produção de textos coletivos através da wiki,
nós tivemos uma web conferência que foram feitas para que depois os alunos
tivessem acesso e pudessem assistir quantas vezes fosse necessário. No curso do
mestrado a gente, além dessas ferramentas básicas que o Moodle oferece nós
tivemos web conferência, a gente teve a produção da wiki, que eu não tinha citado
na UAB, mas a gente usou uma vez só, porque a gente achou que ficou meio
complexo para eles, principalmente para os alunos de graduação a distância, não
funcionou muito bem a minha experiência de wiki não. Mas na pós-graduação está
sendo, dá trabalho mas é um aprendizado legal, porque a escrita coletiva dá um
resultado muito bom, principalmente se você tem uma equipe que está a fim de
trabalhar junto, não me corta né, não tem aquele que corta. Então Carolina, eu acho
que assim de um modo geral, voltando a essa experiência que eu Adriana e o
professor Marcelo temos, com a Linguagem e tecnologia, eu acho que o que teve de
interessante, no planejamento dessa disciplina e que foi visto e percebidos pelos
alunos da primeira, porque tá começando a segunda agora e a gente ainda não viu
isso, que foi percebido pelos alunos com bastante clareza, foi essa articulação entre
os três letramentos. Então isso eu acho, porque a ideia era a gente sair da noção de
letramento único para uma visão de letramentos, nas multimodalidades da
linguagem que a gente tem. E isso foi percebido na nossa avaliação, pelos alunos,
quer dizer, é possível você montar uma disciplina com três professores de áreas
distintas, muito embora o digital e a leitura e escrita sejam praticamente irmãos
siameses, vamos dizer assim. Mas a Matemática a princípio era uma coisa que a
gente tinha medo de não dar conta de fazer esse arranjo e a gente conseguiu isso
de uma forma muito interessante. Porque eles, quando a gente passou a usar o
letramento matemático como uma forma de linguagem que enriquece o digital e a
leitura e escrita. Então o curso ele foi sempre organizado tanto o um quanto o 2 para
que o resultado final, a apresentação de um resultado final, fosse a culminância a
aplicação desses três letramentos.
P: Na reunião de planejamento, vocês davam ênfase a escolha dos recursos dentro
da plataforma Moodle? Por exemplo, essa semana nós vamos trabalhar com o
assunto tal, nós vamos usar esse e ess recurso.
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Prof - B: Normalmente a gente faz, um hábito que a gente tem é que aquele texto
primeiro, o texto introdutório da semana ou da disciplina, que são os sumários, além
da gente fazer uma retrospectiva, no caso de ser já na sequência, do que está
sendo tratado para poder retomar os conteúdos que estão sendo desenvolvidos na
quinzena anterior ou na semana anterior, por exemplo, a gente elabora, apresenta
para eles o roteiro das atividades que serão feitas, então tipo assim, nessa quinzena
para você acompanhar então essa proposta de trabalho é importante que você
acompanhe tal, tal, tal. Uma coisa que eu tenho feito esse semestre, esse ano, por
uma questão de aprendizado, foi organizar a ordem de entrada desses recursos.
Então por exemplo, você vai nessa ordem, fazer isso, fazer aquilo, porque quando
você não tem, porque no presencial você tem uma pilha de papel na mão, você
distribui ou não distribui. No a distância você tem toda aula exposta. E muitas vezes
para você conseguir atingir aquele objetivo que você quer, você precisa de uma
trajetória que vai crescendo. Então isso é uma coisa que eu acrescentei com mais
ênfase nesse semestre, você vai trabalhar nessa ordem, porque se você antecipa a
leitura de um texto, ou assistir a uma aula, uma vídeo aula que é uma ferramenta
que a gente usa bem mais, eu particularmente uso e a professora Adriana usa bem
mais no mestrado do que na UAB. Então, e também porque tem uma equipe que
facilita esse tipo de isso para a gente.
P: E você acha que dá diferença?
Prof - B: Ah eu acho.
P: Dá mais suporte né.
Prof - B: Ah eu acho. Agora essa semana, por exemplo, a gente tava trabalhando
com a questão de educação de oralidade, educação de valores. Eu chamei uma
professora que foi da Universidade que é doutoranda que trabalha nessa questão da
educação para a oralidade, ela, essa semana nó filmamos uma palestra, eu
antecipei para ela, dei para ela o roteiro como a gente tava pensando em fazer e eu
disse que depois da palestra eu faria uma pergunta e as tutoras também fariam.
Então, nós encaminhamos para ela previamente quais seriam as perguntas. Então
filmou a palestra, depois entramos nós fazendo as perguntas e ela também
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respondendo para dar uma certa, para não ficar só essa coisa, falando, falando. E aí
foi interessante porque as perguntas, nós organizamos propositalmente,
considerando os conteúdos que estavam sendo usados, talvez nem fossem dúvidas
nossas, mas possíveis dúvidas que os alunos teriam. Então, esse recurso da
audioaula é muito interessante, porque de certa forma ele recupera aquele contato
visual que tem o seu valor e que principalmente tem alunos adultos que vem de uma
tradição de ensino presencial. Aquele contato visual o professor olhando para você,
dá uma coisa a mais. Agora, uma outra característica, uma outra característica que
eu acho, que eu acho não, que eu tenho certeza de que é muito importante é o tipo
de retorno que a gente dá nos fóruns, pelos tutores pelo próprio professor. Então eu
tenho sentido esse semestre que eu tô com uma turma menor eu tenho mais tempo
para eu também me fazer presente nos fóruns. Então é impressionante como você
marcar a sua presença em um comentário, numa pergunta para a discussão
avançar, juntamente com o tutor, como que isso também é uma forma de estímulo,
isso eu acho que é muito importante. Por isso é que eu acho que as turmas não
podem ser muito grandes para você um curso em que você professor também tenha
o seu papel de iniciação da aula, de motivação e tudo, eu acho que a agente precisa
ter um número menor de alunos. O número de alunos do mestrado é muito grande.
P: São quantos alunos que vocês têm?
Prof - B: Nós temos no mestrado uma média, no total dá 140 alunos, então mesmo
que você divida por quatro ou por cinco tutores, você acompanhar um fórum né, de
qualidade, com trinta e poucos alunos é muito cansativo.
P: E tem assim TB uma atividade que você percebe que os alunos gostam mais? Do
trabalho que vocês fazem aquela atividade que, não necessariamente use um
recurso digital?
Prof - B: Eu acho que essas atividades, elas vão. De um modo geral, as atividades
dependem, o envolvimento das atividades, depende muito da forma como a
atividade é colocada. Entendeu, porque, por exemplo, tem fóruns temáticos que não
rendem tanto quanto outros. Eu acho que depende do tópico, depende do grau de
interesse. Agora, realmente a produção coletiva de texto é um problema, pela
84
própria dificuldade que ela oferece eu acho que não é uma ferramenta fácil de ser
usada, acho que talvez se ela fosse feira, não com cinco alunos, mas com um
número menor por grupos, talvez pudesse render mais. Mas é um aprendizado
muito interessante para quem tá aprendendo a escrever coletivamente.
P: A equipe que tem lá no CAED, no PPGP, que produz esses materiais, como é
que é feito isso, vocês é que levam as ideias para eles, ou eles que fazem isso.
Prof: Normalmente eles, eu sempre costumo dizer que a gente faz o rascunho e eles
fazem photoshop, entendeu, então, por exemplo, eu organizo a aula. Vamos pegar
uma vídeo aula, tem até um esquema legal que a Adriana tem e a gente usa. Então
toda aula, toda vídeo aula que eu faço, eu faço ela escrita, eu não gosto de falar de
improviso quanto você tem um tempo curto para falar. Esse ano eles tem um tele
prompter que facilita muito. Então eu sou meio assim, eu gosto de meter o bico um
pouquinho com ideias. Então eu costumo trabalhar com o texto que eu vou falar e eu
costumo jogar algumas ideias. Então por exemplo quando a gente montou a video
aula sobre da tela do rolo à tela do computador, eu joguei algumas imagens que eu
gostaria que eles usassem e eles são meninos jovens que estão muito acostumados
com essa linguagem e eles captam com rapidez o que a gente tá querendo. Porque
as aulas além de ter essas vídeo aulas, elas trazem recursos de movimentação da
tela. Eles usam escrever atrás o planejamento da aula que você vai pedir.
Então eles fazem, eu encaminho as lâminas para eles e eles transformarem aquelas
lâminas em uma leitura multimídia. Aquele photoshop, aquele layout todo que
inclusive segue um padrão, com a logo do curso tudo direitinho, eles fazem. Eles até
muitas vezes eles tem ideias, ah professora você não acha que podia fazer assim,
pode fazer assado, aí, ah tudo bem. Por exemplo essa palestra eles mandaram toda
a filmagem para mim, para eu dar uma olhada, você acha que deve cortar alguma
coisa, aí a gente discute, corta, faz assim, faz assado. Então é assim uma equipe
que trabalha de uma forma bem aberta então assim, são muito disponíveis.Na nossa
disciplina eu tenho tido uma colaboração muito grande da parte deles.
P: Como é que você entende, o que é para você então convergência de mídias?
Prof - B: Eu entendo que é você, essa convergência seria você lançar mão de
formas diferenciadas de mídias e aí seria, por exemplo a própria gravação, um
podcasting, o próprio DVD, o youtube, todos esses recursos que chegam até nós via
85
essa inovação tecnológica, não só pela internet, mas também por outros meios para
que isso dentro dessa convergência você poder usá-la como ferramenta para o
ensino. Então por exemplo se você, se a gente tivesse no curso de educação a
distância apenas o recurso das leituras multimídias você teria muito menos
variedade de ferramentas para poder enriquecer não só a própria aparência do
curso, mas também um recurso de motivação para os alunos. Resumindo mesmo o
que a gente usa mais no nosso curso são as áudioaulas, as vídeo aulas, os filmes
do youtube que a gente tem muitos, muita coisa boa, podcasting, os fóruns e
discussão, tem fórum temático.
P: Vocês já usaram o hot potatoes?
Prof - B: Não, ainda não. Eu nunca usei, mas já me disseram como funciona, mas
eu nunca usei não. Esse do livro que eu lamento não está disponível para a gente
porque eu acho que esse material de registro de tudo é muito importante para eles.
P: Você acha que o Moodle, ele tem problemas, do ponto de vista funcional? Por
exemplo, os alunos reclamam para acessar, você tem percebido, para abrir alguma
coisa?
Prof - B: O que eu tenho percebido que o Moodle apresenta de restrição é a
capacidade que ele tem de receber arquivos, então eu não sei se isso é possível
ampliar, eu não entendo como funciona isso. Então muitas vezes, você mesma
querendo passar determinadas coisas, em determinado documento, você tem essa
percepção. Tem uma coisa interessante, que eu acho que o pessoal do suporte faz
que é diferente da UAB, pelo menos quando eu comecei a trabalhar, e que me
pareceu um problema a princípio e hoje eu vejo que é dessa forma que tem que
funcionar. Aquela autonomia que o professor tem na UAB, ele que constrói a sua
página, ele que insere, ele que faz tudo e para quem começa isso é um aprendizado
de acerto e erro mesmo. Agente é dona, vamos dizer, da nossa plataforma. Lá no
PPGP é diferente, você passa para o Rodrigo a síntese da semana com todo o
material que você quer, na ordem que você quer da postagem e tudo e quem faz
são eles. A gente não entra na plataforma com o poder de alterar alguma
configuração. Hoje por exemplo, eu fui conferir a quarta quinzena que vai ser minha
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agora na linguagem I e eu vi que estava invertido uma proposta de trabalho. Eu não
posso fazer essa inversão, eu tenho que ligar para lá ou passar um email pedindo
para eles que façam. Isso quando eu comecei; eu achei que seria um problema, mas
como eles são muito imediatos no atendimento dessa solicitação, realmente isso
não é mais problema para mim. E isso é muito interessante porque dá uma cara
única para a disciplina, eles fizeram um layout muito legal da plataforma Moodle, que
você bate o olho e nem percebe que é Moodle. Então fica muito legal.
P: Tem gente que tem noção, mas tem gente que não tem.
Prof - B: É, põe música, poe rosa choque na pasta os coelhinhos ficam pulando com
os ovinhos.
P: Muito obrigada pela entrevista.
7.2. APÊNDICE 3 (ENTREVISTA COM O WEB DESIGNER DO CURSO DE
PEDAGOGIA NA UAB/UFJF/FACED)
Pesquisadora: Eu gostaria de saber a sua trajetória profissional, como você
ingressou na UAB/UFJF/FACED?
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Webdesign 1: Na UAB eu tenho 4 anos de experiência aqui na FACED. Como
mídias a gente já começa a trabalhar desde o começo, como a produção de material
impresso. O vídeo surgiu a partir da necessidade de uma professora em 2009.
P: Mas aí esse vídeo era o que?
W 1: Foi um vídeo de apresentação dos professores para os pólos, no início de cada
aluno, aí surgiu à necessidade do aluno estar mais próximo do professor. E como o
professor não pode estar em todos os pólos ao mesmo tempo, então a gente tinha,
vinham todos os professores no mesmo dia.
P: Você fazia a gravação aqui e era editado por você?
W 1: Era.
P: Mas isso então partiu da coordenação da época, essa proposta e todos os
professores se prontificaram a gravar?
W 1: Se prontificaram. Eles gostaram da ideia. Foi um vídeo de teste, aí eles virão o
resultado foi bom, aí ...
P: E vocês continuam fazendo esse vídeo
W 1: Até o ano passado eu gravava e editava, mas esse ano foi para o CEAD, no
laboratório deles. Tudo ficou lá, captação e edição.
P: E agora você ficou responsável por qual atividade aqui?
W 1: Área de material impresso, ajuda aos professores, algum problema no Moodle,
anexar arquivo de vídeo, diminuir o tamanho de imagem, formatar de word para PDF
para diminuir o tamanho, mesmo pela capacidade que tem o servidor, era de 10
mega e agora é 5, devido a demanda do curso a quantidade de usuário.
P: Você trabalha com uma disciplina específica?
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W 1: Não eu atendo a todos.
P: Vocês passaram por uma mudança no layout da plataforma, como isso
aconteceu?
W 1: A gente tinha a ideia inicial de padronizar e foi enviada uma norma para a
mudança, a partir da plataforma. A gente padronizou o nosso curso, layout, tamanho
de fonte.
P: Como os professores ficaram sabendo da mudança?
W 1: Teve uma oficina e a produção de um material tanto para o aluno, como para o
professor, não material impresso.
P: Por que vocês sentiram a necessidade de padronizar a plataforma?
W 1: Porque como os professores não têm essa noção da internet, de colocar
informações, tava havendo muito caso de gif e animação. Colocavam imagens muito
grandes. O caso da visibilidade e navegabilidade, talvez o aluno ia ficar preso à
animação e não ia ler o necessário.
P: Você tem uma noção de como é a leitura e o uso do usuário, aluno da UAB?
W 1: Do aluno especificamente eu não tinha, mas eu tinha estudado sobre a
interface homem máquina que é como você facilita o trabalho da pessoa que está
acessando o conteúdo. O padrão que a gente seguiu foi com o tamanho de fonte,
tamanho de imagem, texto na web arial, impresso times, porque faz diferença.
Tamanho de imagem pequena, com a opção do aluno clicar e ampliar para a
imagem ficar maior. Nós usamos um recurso para que o aluno não ficasse apenas
preso a imagem pequena.
P: Vocês não proibiram o uso de imagens?
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W 1: Não, a imagem pode ser colocada, mas tem um tamanho padrão para colocar
a imagem, mas a inserção de gif a gente proibiu.
P: E com relação às cores, como ficaram as normas?
W 1: Cores, a gente tem um padrão de cores claras e cor para link sempre azul,
porque o link normalmente tem essa cor. E os professores estavam colocando o
texto todo azul, ou todo vermelho. Pelo fato do computador ser frio, o que a gente
pensou, o aluno na hora da leitura para ele não ficar perdido na página. Igual a cor
vermelha, usar para chamar a atenção. A gente não proíbe o professor de colocar
uma caixa azul com uma letra branca, a gente só instrui como adaptar as cores no
ambiente. Você não pode colocar um fundo preto com uma letra rosa, por exemplo.
Igual o verde florescente, muita gente usava no texto. Igual um texto todo vermelho,
acaba chamando a atenção para o texto todo.
P: Antes da padronização, você fazia o acompanhamento das disciplinas para saber
como elas estavam?
W 1: Uma das coordenadoras fazia essa observação e me mostrava e se estivesse
fora do padrão a gente enviava um email explicando.
P: O trabalho que você faz é coordenado por alguém?
W 1: O vídeo e o material impresso eu criava sozinho.
P: A sua formação superior em que área?
W 1: Eu sou formado em sistema para internet, na área de programação do sistema
web e um pouco em material impresso. Material impresso eu tinha ajuda dos
professores e da coordenação, como organizar melhor as informações. Mas o vídeo
não, eu criava vinheta, editava. Com a transferência das gravações para o caed, o
vídeo fica mais profissional, tem uma qualidade de áudio melhor. A câmera que nós
temos aqui é uma câmera doméstica, aí a qualidade não fica muito boa. Eu ainda
sou encarregado enviar algumas informações sobre o número de professor, quem
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vai falar primeiro, quem não vai. Essas informações eu envio ao Cead, por eu estar
aqui. Por exemplo, que é da UAB 1, quem é UAB 2.
P: Você auxilia na construção de alguma página de disciplina?
W 1: Não. A gente só produz material e dá instrução, mostra um recurso que o
professor poderia adaptar. Como textos muito longos, poderia ser criado um link, tipo
um leia mais. Igual imagem tinha professor que queria colocar uma imagem enorme
porque ele precisava para a disciplina. Então a gente ia lá e falava com ele, pode
usar esse recurso. Quando o professor precisava do recurso a gente mandava o
email e mostrava o porquê.
P: Como é o funcionamento das oficinas oferecidas aos professores.
W 1: Ela funcionou a primeira vez em 2009 quando a gente começou a padronizar,
em 2010, tiveram duas oficinas e agora ainda não aconteceu nenhuma. Em 2009 os
professores e tutores participaram e em 2010 só os tutores, mas estava aberto para
os professores também.
P: O que vocês trabalhavam nas oficinas?
W 1: Eu apresentava um material falando sobre usabilidade, visibilidade, recursos
que a gente poderia melhorar a interação do aluno, era passado um power point
falando para os professores.
P: O Moodle oferece muitas possibilidades de recursos, você acredita que os
professores tem um pouco de resistência em pensar atividades dentro da
plataforma?
W 1: Eu acho que é mais falta de conhecimento, pode até ser falta de exemplos.
Como aplicar aquelas ferramentas. Também tem do caso da plataforma não
aguentar muitos recursos. A maioria dos pólos tem problemas de conexão de banda
larga. Quando há o uso de vídeos, animações o aluno pode encontrar dificuldades
em baixar para assistir. Vai ter a dificuldade do sistema operacional, no navegador
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dele estar atualizado ou não, aí começam a surgir vários problemas. A estrutura
deve ser pensada.
P: Você acha que essas oficinas ajudam na introdução de usos de diferentes
ferramentas pelos professores?
W 1: Ajuda bastante, até para as pessoas virem com ideias novas, depois que
começam a ver que tem a possibilidade de você aplicar outros recursos, de leitura
de texto, por exemplo. Igual tinha professor que falava, ah o aluno. A gente falou o
tamanho de texto, que tinha que ser tamanho 12, letra arial. Ah, mas tem um aluno
que é idoso e não consegue visualizar o tamanho 12, então tem que colocar o
tamanho 18. A gente ensinou o recurso que tem a tecla ctrl + ou ctrl scrol para
aumentar a tela do navegador para o aluno e eles não sabiam. Aí o professor
começa a pensar naquilo, na oficina a maioria não sabia.
P: E durante a oficina o pessoal pergunta muito?
W 1: Sim. Na aula de estética eu trago exemplo, essa da scrol a alt para a leitura de
deficientes visuais. São necessários e tem muita gente que usa para identificar
imagem e link, as pessoas que tem dificuldade visual precisam de uma formação
correta do que é o recurso, para onde o link vai. No começo eu via que tinha, mas
agora até pelo fato dos tutores, quase 100%, serem os mesmo eles estão bem à
frente.
P: Como são as oficinas, qualquer um pode fazer, o curso é o mesmo?
W 1: A oficina aconteceu para apresentar a plataforma para os tutores novos que
estavam entrando e para os que queria fazer novamente.
P: Muito obrigado pela sua atenção, agradeço a colaboração.
92
7.3. APÊNDICE 4 (ENTREVISTA COM OS WEB DESIGNERERS DO CURSO DE
PÓS-GRADUAÇÃO CAED/UFJF)
Pesquisador: Num primeiro momento, eu queria que um de vocês ou vocês dois me
contasse um pouco da experiência me contassem a experiência de vocês, qual é a
formação e como é que vocês chegaram aqui no PPGP, no Caed como um todo e
mais voltado para o PPGP. Porque eu estou analisando o PPGP e não qualquer
curso.
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Web 2: Mas teoricamente todos eles tem as mesmas tomadas, embora o PPGP
tenha uma lógica diferente, porque o professor está dentro. Nos outros cursos o
professor só entrega o conteúdo e a gente vai lapidar, escolher o que aquilo vai virar
se vai virar uma leitura multimídia, se aquilo vai virar um vídeo, e o professor não vê
aquilo depois, os professores fazem meio que só uma parte. No PPGP, o professor
tá dentro da disciplina com o aluno. Realmente a interação no PPGP é muito maior.
Diga aí qual a sua formação.
Web 3: A minha formação é em sistemas de informação, eu fiz especialização em
redes e bancos de dados e não trabalhei diretamente com essa área. Depois eu
passei um tempo fazendo free lance na área de desenvolvimento web e agora já no
início do ano tive a oportunidade de vir para cá. Nós nos formamos juntos, eu e o
Rodrigo, nós nos formamos juntos então assim é um trabalho bem interessante.
P: Mas você não tinha nenhuma experiência para EAD.
W 3: Não, pra EAD especificamente não.
W 2: Mas tinha o conhecimento de educação.
W 3: Mas tinha o conhecimento de educação. Tanto na faculdade tinha outras
faculdades que eu trabalhava lá, porque eu sou de Santos Dumont então era bem
focado nisso. Só veio a juntar as peças né, o que a gente tinha antes e aplicar isso
aqui na EAD.
W 2: A minha formação é a mesma do Allyson, sistema de formação, e eu tenho pós
graduação em cinema e mídias digitais na UFJF, isso veio a calhar porque foi o
mesmo momento que eu estava entrando aqui. E no primeiro momento que a gente
chegou no caed, esse setor estava começando e não tinha nada sobre a temática de
utilização. Então foi a gente, junto com o Clinger que começou a pensar o que seria
feito, outra coisa, a gente só tinha o exemplo da UAB. E aí a gente começou a
perceber que o que a UAB faz não serve para a gente. Necessariamente pelo foco,
na UAB o foco é o professor que tem seu espaço para dar a sua aula de forma
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online. O nosso aqui é um produto, não sei se eu posso dar o nome produto, ele é
um pacote direto o primeiro curso que eu peguei foi o curso do Ceara, um curso para
os diretores do Ceará. Então esse curso era já, como que eu vou dizer, o professor
já sabia o que ele tinha que desenvolver e o professor tinha entregue o conteúdo. A
gente aqui pegou o conteúdo e começou a pensar como que aquilo poderia ser feito
para ficar de uma forma...
P: É o design instrucional.
W 2: Exatamente. O professor não necessariamente tinha uma voz ativa para poder
falar, ah isso aqui é vídeo, agora eu quero PDF, ele não entendia o processo. O
mestrado é diferente porque tem alguns que já tem um vasto conhecimento nessa
área. Então é isso.
P: Mas você também não tinha experiência com Educação a distância?
W 2: Não, só com programação, em design para web bastante porque eu trabalhava
fora.
P: E aí assim como que funciona então, você esta falando um pouco do Ceará, mas
aí vamos para o PPGP, como é que funciona essa produção de vocês. O professor
traz a ementa da disciplina, ou não, o professor traz o conteúdo e fala, olha o
conteúdo é esse e eu queria que vocês transformassem isso em um recurso
interessante, ou ele dá a dica também ou traz o recurso que ele gostaria que vocês
utilizassem?
W 2: O professor entrega inicialmente o que a gente chama de mapa de atividades.
É um mapa, que na verdade é a ementa dele, mas é para gente, não para ele e
tender, mas para a gente saber o que vamos fazer. Então o professor manda para a
gente um mapa de atividades têm quais são os recursos. Recursos que eu digo são
vídeo, áudio, slide ou qualquer outro tipo de multimídia e as atividades que o aluno
vai ter, fórum, arquivo, envio, questionário. Então nisso a gente tem o nosso
cronograma de trabalho, mas o professor não entrega para a gente o conteúdo do
ano inteiro no início, parte porque não dá tempo do professor desenvolver, alguns
95
professores isso acontece, o professor praticamente é chamado muito no começo do
curso e não dá tempo do professor ter muito tempo para preparar. Como por
exemplo, na segunda turma do mestrado, os professores pegaram antes e aí eles
deram uma organizada melhor, viram onde deu errado e arrumaram, um upgrade.
Mesmo numa versão do que eles já tinham feito.
P: O curso é muito novo né.
W 3: É essa coisa de estar engatinhando.
P: Vocês que disponibilizam o conteúdo?
W 2: O que acontece, o professor passa isso para a gente e na quinzena que vai
entrar aquele conteúdo, eles mandam para a gente o doc que vai virar um slide,
mandam o roteiro do vídeo, que as meninas vão marcar com o professor para filmar
ele. Junto com o vídeo, ele escolhe onde eles têm inserções, depois que o vídeo
está pronto a gente devolve para o professor e ele fala, ah nessa área eu quero uma
foto para não sei lá, nessa parte eu quero um braço porque aparece isso do meu
lado, para poder ajudar. O professor define o que ele quer, mas a gente produz,
definindo uma identidade visual padrão.
W 3: A ideia é da coisa toda é que o professor tem o conteúdo, mas as vezes ele
tem de uma forma que não vai ser tão interativo para o usuário que é o aluno em si.
Então a gente pega esse material e transforma, alia o conhecimento da EAD e da
web e faz uma coisa que não fique cansativo para o aluno. Era muito simples a
gente usaria o texto e o aluno só iria ler o material e ia ficar...
P: Por exemplo, tem alguma pessoa que traz, tem algum caso que vocês conversam
com esse professor e dizem, não seria melhor ...
W 2: Há professores e professores né. Tem alguns professores que estão abertos
ao diálogo, tem professores inclusive que deixa na nossa mão para a gente pensar o
que deve ser feito. Ele fala oh, pode fazer o que é melhor. Isso inclusive é uma coisa
que acontece mais com professores que tem mais conhecimento na área do que os
outros. Os outros são meio fechados, ficam com medo do que vai acontecer com os
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conteúdos deles e realmente não querem que você faça nada com o conteúdo dele.
E aí não tem como a gente brigar, não a gente tem que fazer diferente. Aí às vezes
você vê que aquele tem menos recursos multimídia do que outros. Não é questão de
a gente achar que não precisa, mas é que o professor não quer.
P: Vocês usam o ambiente virtual Moodle.
W 2: É exatamente. Inclusive é o que a UAB usa, a única diferença é o layout dele e
a interação.
P: Quais são os recursos que vocês pontuariam como os mais utilizados?
W 3: Ele está limitado a 4 recursos por enquanto, porque são os quatro que a gente
confia que funciona. Por que por exemplo, tinha professor querendo usar o diário ou
o livro, parece que eles usam muito na UAB, porém ele não é um recurso muito
seguro.
P: É o livro, eu fui monitora de duas disciplinas semipresenciais e o que aconteceu.
A ideia é você diluir o conteúdo e transformar ele, usar a interface do livro para
dinamizar o conteúdo, então eles tinham muito problema para carregar. Então se a
sua conexão era uma porcaria não abria. Então você fazia a atividade.
W 2: O livro muita gente pediu para usar, mas não tem como a gente usar porque a
gente não sabe como funciona e ele não é um recurso oficial do Moodle, ele vem,
mas tem que instalar, tipo uma coisa assim, ele é de fora. Mas aí a gente não usa
ele, o que é que a gente usa fórum normal, só que a gente usa de uma forma
diferente da UAB e a gente divide as turmas de forma diferente da UAB. A gente usa
o fórum, atividade, envio de arquivo normal, o aluno lê o texto no word e envia para
o professor dar o feedback depois e tal, o questionário mesmo que tem as perguntas
e as respostas na hora e a wiki que é o trabalho de escrita colaborativa. Então os
quatro recursos de interação que o aluno tem no Moodle.
P: E fora do Moodle o que vocês têm usado.
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W 2: Aí fora do Moodle são os recursos de interação do conteúdo para o aluno e
não frente o aluno para o conteúdo que é a leitura multimídia, que na verdade é um
slide. A gente que teoricamente começou a dar esse nome para ela. Foi no meio do
ano que a gente foi na Estácio de Sá fazer uma reciclagem, ver as coisas que eles
faz e tal. A gente viu que as coisas que a gente faz são a mesma coisa que eles e
tem umas coisas que eles fazem que está bem baixo. Então a gente viu para poder
comparar com o nosso. A leitura multimídia deles na verdade é um joguinho, foi o
que eu falei com o Alysson, não é que criança que está estudando. A gente
percebeu que a nossa apresentação não era aquilo, então a gente olhou poxa isso
não é slide, isso não é arquivo de apresentação. Aí a gente começou a colocar esse
nome, leitura multimídia, porque na verdade era um texto, virou uma leitura que tem
coisas no meio do caminho que são leitura multimídia. Inclusive foi uma reunião que
a gente teve para definir nomes certos para sempre, regras e daí surgiu esse nome.
Agora eu não sei se o nome é usado em outros lugares, Mariana deu ideia também,
então.
P: E aí dentro do PPGP, vocês trabalham com todas as disciplinas?
W 2: Todas, s disciplinas passam na nossa mão, não tem nenhum que não passe.
P: Como o conteúdo é disponibilizado?
W 3: O aluno não tem permissão para gravar nada.
W 2: o professor não tem permissão para cadastrar nada, ele passa as informações
para a gente e nós vamos desenvolver visualmente, deixando com o design
direitinho e vai colocar no ar para ele. O professor vê o que está no ar, fala se quer
que troca, fala que está ok e aí a disciplina é liberada. Mas o professor não escolhe
o que vai acontece tanto que o rótulo a gente é que cadastra, as fotos, o professor
não coloca ursinho, bonequinho dançando, nem cor rosa no texto, é fundo preto
com texto verde não tem.
P: Vocês mudaram o layout do Moodle?
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W 2: A gente mudou o layout do Moodle, porque o que aconteceu, a gente teve
umas conversas e começou a pensar em melhorias para o Moodle que não é
necessariamente para o curso, mas para fora. A primeira coisa foi colocar a foto do
aluno, porque o aluno não se sentia dentro do Moodle. Por uma questão de design
de interação a gente mudou uma questão de teoria de design de interação a gente
colocou. O aluno quando vê a foto dele ali é mais ou menos igual ao facebook, o
meu face, esse aqui é o meu curso. Inclusive porque o aluno vê de forma diferente.
O que acontece, a primeira mudança foi essa, deixar o layout menos largo, tinha
duas abas e então a gente deixou com uma só e fica parecendo um pouco site. No
site de um lado tá o título e de outro estão às coisas. A outra mudança que a gente
fez que também é gritante, são as abas.
P: e o sumário das disciplinas, vocês mantiveram.
W 2: Ao invés de ser aquela barra de rolagem e, nós eliminamos, o aluno vai entrar
na disciplina pelas abas.
P: Eu percebi que é no sumário que você consegue perceber todas as mídias que
eles usam.
W 3: Porque se você for analisar o que é que vai acontecer.
W 2: A gente não tem como cadastrar nessa área.
W 3: E o detalhe é o seguinte, a gente usa ali abas e no final das contas você tem
um que exibe todos, aí ele vai tópico por tópico e o sumário por tópicos vai aparecer
ali de cara. Aí você pode definir que os sumários apareçam diferente para cada uma
das disciplinas.
W 2: O que acontece, no Ceara, o Ceará eu ainda não tinha programado, ele era
igual a UAB, naquela ordem e o que acontecia, o aluno não sabia que tinha aberto
uma semana nova, porque a semana estava lá embaixo.
W 3: A barra de rolagem é que estraga que estraga.
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W 3: O aluno não sabia que havia aberto se foi aberto na terça-feira, para depois
fechar no sábado, quando ele via já estava atrasado.
W 3: E dessa forma você tem como deixar o conteúdo todo ele aberto e o cara vai
saber que ali tem uma aula.
W 2: O que acontece esse aqui é porque tá aberto, esse aqui é a quinzena atual ela
é esse aqui está fechado.
P: E vocês padronizaram cores também?
W2: Cada disciplina tem uma cor. Essa aqui por exemplo, é desse ano, é a
disciplina da Beatriz, só muda as tonalidades de cor. O meu medo de usar cores
diferentes sendo o mesmo curso era fazer um samba também azul, verde, rosa e
cada um têm a sua cor sempre. Você tem uma vídeo aula, a abertura da vídeo aula
tem uma vinheta, a vinheta é da cor mesma cor da disciplina.
P: Como é que você falou que era o fórum, que você falou que era legal.
W 2: Porque lá na UAB eles uma sala para cada disciplina, por exemplo a gente tem
quatro turmas acontecendo ao mesmo tempo. Aí você tem que duplicar o conteúdo
quatro vezes, cinco vezes. Quando eu entrei tudo o que era feito era baseado na
UAB. Aí a UAB falou, não tem jeito tem que ser assim fazer uma turma, fazer uma
linha para cada turma. Não é, aí que eu fui ler sobre a documentação do Moodle e
eu fui entender como as coisas funcionam. O que acontece essa disciplina acontece
de uma vez só, agente não duplica nada, dentro dela tem quatro turmas. Inclusive
aqui existem dois grupos, o grupo de estudos e as turmas A, B, C e D, não tem E.
P: Então eu sou da turma A e só consigo ver a discussão da turma A.
W 2: Isso, eu só consigo ver a discussão da turma A.
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W 3: Até para facilitar a questão da conversa. Imagina 200 alunos, todo mundo
conversando.
W 2: Eu fiz o layout para eles, da UAB. Eu sou o administrador e eu estou vendo
todos os tópicos, se eu entrar como aluno da turma A eu vejo o fórum da turma. Aí
ele entra aqui, aí que ele vê a conversa, a diferença é essa. Lá já entra direto na
conversa.
P: O professor só entra na conversa?
W 2: Isso. Porque aqui também cada professor, tem semana que o professor tem
que colocar um vídeo, então a gente faz um layout legal para essa mensagem.
P: Vocês fazem bastante vídeo aula, né?
W 2: Também. É bem equilibrado. Existe muita leitura multimídia com o slide, que
teoricamente o professor imagina como um power point, mas a gente cria ele em
flash fazendo um processo diferente. Por exemplo, esse é o tempo a gente mostra
os fatos e o que aconteceu, o aluno vai clicando.
P: Vocês têm noção se os alunos gostam?
W 2: O feedback é difícil. O que a gente sabe de feedback é isso aqui não funciona
porque todos os alunos ligam para o suporte e isso aqui não funciona porque
ninguém ligou reclamando.
P: Muito obrigada pela atenção de vocês.
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8. ANEXOS:
8.1. ANEXO 1: TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
ASSINADO PELO PROFESSOR
TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDOEu, ____________________________________________________________, RG:
_________________, declaro que consinto em participar como voluntário do projeto
“Educação a Distância: possibilidades de integração entre a Comunicação e a Educação”, desenvolvido como parte da disciplina de Trabalho de Conclusão de Curso,
orientada pela pesquisadora Profª. Dra. Adriana Rocha Bruno, do curso de Pedagogia da
Universidade Federal de Juiz de Fora, pela aluna Ana Carolina Guedes Mattos, e que fui
satisfatoriamente esclarecido que:
A) o estudo será realizado a partir de entrevista e coleta de dados no Moodle;
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B) que não haverá risco para a minha saúde;
C) que posso consultar o pesquisador responsável em qualquer época, pessoalmente, por
email, ou por telefone, para o esclarecimento de qualquer dúvida;
D) que eu estou livre para, a qualquer momento, deixar de participar da pesquisa e que não
preciso apresentar justificativas para isso;
E) que todas as informações por mim fornecidas e os resultados obtidos serão preservados
e confiados ao pesquisador que se obriga a manter o anonimato em relação à fonte (sujeito
de pesquisa) e a se manter fiel e rigoroso em relação aos dados obtidos;
F) que serei informado de todos os resultados obtidos, independentemente do fato de mudar
meu consentimento em participar da pesquisa;
G) que não terei quaisquer benefícios ou direitos financeiros sobre os eventuais resultados
decorrentes da pesquisa;
DECLARO, outrossim, que após convenientemente esclarecido pelo pesquisador e ter
entendido o que nos foi explicado, consinto em participar da pesquisa em questão e autorizo
a veiculação dos dados coletados (em relatórios, artigos, ensaios, palestras e outros) e sei
que será mantido o sigilo em relação à minha identidade.
________________________, _____ de ___________________________ de 2011.
______________________________ ______________________________ Voluntário aluno
OBS: Este termo apresenta duas vias, uma destinada ao usuário ou seu representante legal e a outra ao pesquisador.
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