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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical MONENSINA E VIRGINIAMICINA NO DESEMPENHO E pH RUMINAL DE BOVINOS CONFINADOS COM DIETA DE MILHO GRÃO INTEIRO JOSÉ DILDA NETO CUIABÁ MT 2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

MONENSINA E VIRGINIAMICINA NO DESEMPENHO E pH RUMINAL

DE BOVINOS CONFINADOS COM DIETA DE MILHO GRÃO INTEIRO

JOSÉ DILDA NETO

CUIABÁ – MT

2018

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MATO GROSSO

FACULDADE DE AGRONOMIA E ZOOTECNIA

Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical

MONENSINA E VIRGINIAMICINA NO DESEMPENHO E pH RUMINAL

DE BOVINOS CONFINADOS COM DIETA DE MILHO GRÃO INTEIRO

JOSÉ DILDA NETO

Engenheiro Agrônomo

Orientador: Prof. Dr. LUCIANO DA SILVA CABRAL

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Agricultura Tropical, da Universidade Federal de Mato Grosso, como requisito para a obtenção do título de Mestre em Agricultura Tropical.

CUIABÁ – MT

2018

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MONENSINA E VIRGINIAMICINA NO DESEMPENHO E pH RUMINAL DE

BOVINOS CONFINADOS COM DIETA DE MILHO GRÃO INTEIRO

RESUMO – A utilização de alguns aditivos alimentares como a monensina e a virginiamicina é uma forma de incrementar e melhorar a produção em confinamento com dietas de alto grão. Esses aditivos antimicrobianos atuam modificando o ambiente ruminal através do controle da população de bactérias gram-positivas, particularmente as bactérias produtoras de ácido lático, onde o seu produto provoca o decréscimo do pH ruminal, ocasionando acidose, ruminite, abcesso hepático, queda no desempenho produtivo e em casos mais graves a morte do animal. Eles ajudam a estabilizar o consumo dos animais e a diminuir a ocorrência de distúrbios alimentares ocasionado por uma dieta rica em carboidratos não estruturais. Assim, objetivou-se avaliar parâmetros de desempenho e pH ruminal de animais mantidos em sistema de confinamento recebendo dieta a base de milho grão inteiro (85%) e núcleo peletizado (15%) com diferentes aditivos. Os aditivos avaliados foram: 30 ppm monensina sódica (MO); 17 ppm virginiamicina (VM); associação 30 ppm MO/15 ppm VM (MOVM). O estudo foi realizado na Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso, localizada no município de Santo Antônio do Leverger – MT onde foram conduzidos dois experimentos simultâneos. O primeiro avaliou o pH ruminal e consumo de três bovinos, machos inteiros, canulados no rúmen, com peso médio inicial de 449,5 kg e idade aproximada de 30 meses, em delineamento quadrado latino 3x3, mantidos em baias individuais. Não foram encontradas diferenças estatísticas para o consumo das dietas (P<0,7411) e pH ruminal (P<0,7356) entre os tratamentos estudados, sendo obtidas médias de 1,80% do peso de carcaça e 5,61 para o pH ruminal. Entretanto, observou-se efeito quadrático (P<0,0001) do tempo sobre os valores de pH ruminal. O segundo experimento avaliou o desempenho produtivo, escore de fezes e locomoção, de 18 bovinos machos inteiros com peso médio inicial de 314 kg e idade aproximada de 30 meses, em delineamento inteiramente casualizado, totalizando 130 dias de período experimental. Verificou-se diferença significativa (P<0,05) entre o tratamento VM e MOVM. VM proporcionou maior peso corporal final, ganho de peso total, peso de carcaça quente e ganho médio diário que a MOVM. Entretanto, MO isolada proporcionou desempenho semelhante aos animais no tratamento VM. Não foram observadas diferenças entre os tratamentos quanto ao rendimento de carcaça, cujo valor médio é de 52,23%. Uso isolado ou a associação da monensina com a virginiamicina proporcionou aos animais desempenho satisfatório, visto ao grande desafio da dieta, devido a elevada inclusão de carboidratos provenientes do milho e a ausência de forragem. Os aditivos testados proporcionam ambiente ruminal adequado para o controle de distúrbios metabólicos e na manutenção da saúde ruminal, porém o uso isolado VM ou MO em uma dieta de milho grão inteiro tem resultados superiores no desempenho animal comparado a associação MOVM. Palavras-chave: gado de corte, ionóforo, não ionóforo

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MONENSIN AND VIRGINIAMYCIN IN PERFORMANCE AND RUMINAL pH IN

FEEDLOT CATTLE FEEDED WITH WHOLE SHELLED CORN DIET

ABSTRACT – Some food additives like monensin and virginiamycin are used for increasing and improving the production in confinement on high-grain diets. These antimicrobial additives act by modifying the ruminal environment, controlling the gram-positive bacteria population, particularly the ones that produce lactic acid, resulting in the decrease of the ruminal pH, causing acidosis, rumenitis, hepatic abscesses, decrease of the productive performance and, in more extreme cases, the death of the animal. They help in stabilizing the animals consumption and diminishing the eating disorders caused by a diet rich on non-structural carbohydrates. Therefore, the goal was to evaluate performance and ruminal pH parameters of confined animals on a whole grain corn based diet (85%) and pellet (15%) with different additives. The evaluated additives were: 30 ppm of monensin sodium (MO), 17 ppm of virginiamycin (VM) and the association 30 ppm MO / 15 ppm VM (MOVM). Two simultaneous experiments were conducted at the Mato Grosso Federal University Experimental Farm, located in the city of Santo Antonio do Leverger - MT. The first experiment evaluated the consumption and ruminal pH of three bovines, non-castrated males, cannulated in the rumen, with an initial average weight of 449.5 kg and average age of 30 months, in a latin square design 3x3 (DQL), kept in individual stalls. No statistical differences were found in regard to the diet consumption (P<0,7411) and ruminal pH (P<0,7356) between the treatments studied. Averages of 1.80% of the carcass weight and 5.61 for the ruminal pH were obtained. However, a quadratic effect (P<0,0001) of time over the ruminal pH numbers was noticed. The second experiment evaluated the productive performance, fecal consistency score and locomotion of 18 non-castrated male bovines with an initial average weight of 314 kg and approximate age of 30 months, disposed in 3 allotments of 6 animals in a completely randomized design (DIC), totalizing 130 days of experiment. A significant difference was noticed (P<0,055) between the VM and MOVM treatments. The VM treatment provided a heavier final body weight, an increase of the total weight, warm carcass weight, and a higher average daily weight gain than the MOVM treatment. On a different note, the isolated MO treatment provided a similar performance to the one noticed on the VM treatment. No differences were noticed between the treatments in regard to the carcass, which has an average value of 52.23%. The isolated usage or association between monensin and virginiamycin provided the animals with a satisfactory performance, considering the great challenge regarding the diet caused by the high presence of corn originated carbohydrates and the absence of forage. The tested additives provided an adequate ruminal environment for the control of metabolic disorders, and for the maintenance of ruminal health. However, the isolated usage of VM or MO in an MGI presents superior results of animal performance if compared to the MOVM association. Keywords: beef cattle, ionophore, nonionophore

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LISTA DE FIGURAS

Página

1 Valor médio do pH ruminal dos tratamentos em função do tempo de bovinos

confinados recebendo dieta de milho grão inteiro com diferentes aditivos........... 33

2 Curva de consumo diário de MS dos animais em função dos tratamento e

dias de confinamento (MO: monensina; MOVM: monensina/virginiamicina; VM:

virginiamicina)...................................................................................................... 34

3 Percentual do escore de fezes frescas de bovinos confinados recebendo dieta

de milho grão inteiro com diferentes aditivos (1: Líquida; 2: Mole; 3: Firme; MO:

monensina; MOVM: monensina/virginiamicina; VM: virginiamicina).................... 37

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LISTA DE TABELAS

Página

1 Composição da dieta experimental de bovinos confinados recebendo dieta de

milho grão inteiro............................................................................................... 26

2 Período experimental dos animais para análise de pH ruminal..................... 27

3 Descrição do escore visual do padrão das fezes e padrão de locomoção

dos animais confinados ................................................................................... 29

4 Médias de quadrados mínimos para o consumo diário das dietas e para o

pH ruminal em bovinos confinados recebendo dieta de milho grão inteiro com

diferentes aditivos............................................................................................ 31

5 Médias de quadrados mínimos para as variáveis de desempenho de

bovinos confinados recebendo dieta de milho grão inteiro com diferentes

aditivos............................................................................................................ 38

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SUMÁRIO

Página

INTRODUÇÃO.................................................................................................. 9

1 REVISÃO DE LITERATURA.......................................................................... 12

1.1 Produção de bovinos de corte em confinamento....................................... 12

1.2 Características do animal para confinamento............................................ 15

1.3 Distúrbios digestivos em animais confinados............................................. 16

1.4 Aditivos alimentares.................................................................................... 21

1.4.1 Monensina sódica.................................................................................... 22

1.4.2 Virginiamicina.......................................................................................... 24

2 MATERIAL E MÉTODOS.............................................................................. 25

2.1 Local dos experimentos............................................................................. 25

2.2 Tratamentos............................................................................................... 25

2.3 Dietas experimentais e manejo.................................................................. 26

2.4 Experimento 1 – pH ruminal e consumo diário............................................ 27

2.5 Experimento 2 – Consumo, desempenho, escore de fezes locomoção...... 28

2.6 Tratamento estatístico dos dados.............................................................. 30

3 RESULTADO E DISCUSSÃO....................................................................... 31

3.1 Ensaio com animais canulados.................................................................. 31

3.2 Ensaio de desempenho............................................................................. 35

CONCLUSÕES................................................................................................ 43

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS............................................................... 44

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INTRODUÇÃO

A pecuária de corte é uma das atividades agrícolas mais importantes do

agronegócio brasileiro. Atualmente, o Brasil possui o maior rebanho bovino comercial

do mundo. Totalizando 218,23 milhões de cabeças, 14% desses animais encontram-

se no estado de Mato Grosso, sendo o maior efetivo de todos os estados brasileiros

(IBGE, 2016).

Grande parte desse rebanho é criado em sistema extensivo tendo o pasto como

principal ou único recurso da dieta. A criação de gado a pasto é a forma mais

econômica para produzir carne bovina, constituindo assim a base da pecuária de corte

do país.

Porém, a produção de carne bovina a pasto oscila durante o ano devido à

sazonalidade climática e consequente estacionalidade da produção forrageira,

ocasionando uma diminuição na produção de forragem tanto em quantidade, como

em qualidade durante o período seco do ano, reduzindo significativamente a produção

e a produtividade do rebanho.

O sistema de confinamento bovino é uma técnica de engorda de gado utilizada

em período de escassez de alimentos, reduzindo o ciclo de produção e gerando uma

melhor viabilidade econômica para a bovinocultura de corte. Os animais ficam

alocados em áreas delimitadas recebendo uma dieta formulada até que haja

disponibilidade de forragem, ou até o momento de abate.

O principal objetivo do confinamento de gado de corte é produzir carne em

quantidade e qualidade através da inclusão de grãos na dieta. Um dos problemas no

fornecimento de dietas de alto grão com maior aporte energético é a alteração da

população microbiana ruminal, que pode causar distúrbios metabólicos afetando

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negativamente o desempenho e o tempo de permanência do animal no confinamento,

influenciando diretamente o consumo, reduzindo a motilidade do rúmen e a digestão

de fibras, e, em casos mais graves, podendo ocasionar a morte do animal, gerando

altas perdas econômicas para o produtor.

A acidose e o timpanismo são os distúrbios mais comuns em confinamento.

Estes estão associados com mudanças abruptas da dieta ou quando os animais são

passados rapidamente de uma dieta de alta proporção de forragem para uma de alto

grão. Com o intuito de diminuir a ocorrência desses distúrbios, é necessária a

adaptação e manejo correto da nova dieta.

A dieta oferecida aos animais em confinamento é composta basicamente por

ingredientes volumosos e concentrados, sendo que o custo por unidade de energia

líquida de ganho é menor em confinamentos que utilizam dieta de alto grão.

O ingrediente volumoso na dieta de confinamento tem como objetivo promover

a manutenção da saúde do rúmen, diminuindo a ocorrência de distúrbios digestivos e

metabólicos como a acidose ruminal, ruminite, timpanismo, abscessos hepáticos,

laminite, entre outros. Os animais ruminantes requerem um mínimo de fibra na dieta

para expressarem a ruminação e mastigação, pois esses processos estimulam a

secreção de saliva, possuindo extrema importância para regulação do pH ruminal

devido ao seu elevado poder de tamponamento, estabelecendo assim a saúde do

rúmen e o bem-estar animal.

Em dietas de alto grão, o tempo gasto para mastigação e ruminação é menor

se comparado à dietas ricas em alimentos fibrosos, contribuindo para uma menor

secreção de saliva. No entanto, dietas ricas em volumosos apresentam menor

concentração de energia comparadas à dietas de alto grão, e são mais difíceis de

serem manipuladas, requerendo maior quantidade de maquinários e equipamentos

para serem produzidas. Consequentemente, exigindo uma maior área de plantio e

gerando um aumento dos custos de produção da dieta.

A diminuição, ou não inclusão, de forragem na dieta acarreta na redução de

custos operacionais durante o processo de produção dos ingredientes e distribuição

aos animais, facilitando o manejo, e também elevando a quantidade de energia por

quilo de dieta fornecida, proporcionando maior ganho de peso, melhor conversão

alimentar, e carcaças com melhor acabamento e rendimento.

Dietas de alto grão, como a de milho grão inteiro com núcleo proteico-vitamínico

mineral peletizado na proporção de 85:15, são fornecidas aos animais sem a inclusão

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de ingredientes volumosos, proporcionando facilidade no manejo e diminuição dos

custos operacionais durante a produção e distribuição da dieta, assim como o menor

investimento em máquinas e instalações.

A utilização milho grão inteiro (MGI), sem processamento mecânico, se dá

devido à baixa taxa e menor grau de digestão do amido no rúmen quando comparado

ao milho processado. Desta forma, ajuda a reduzir a incidência de distúrbios

digestivos, regulando a digestão do amido e reduzindo o acúmulo de ácidos orgânicos

no rúmen.

O uso de aditivos alimentares na dieta também é uma forma eficiente na

prevenção do surgimento de distúrbios digestivos e metabólicos ruminais relacionados

à uma dieta de alto valor energético. A monensina sódica e a virginiamicina são

aditivos capazes de alterar a fermentação ruminal, controlando o crescimento de

alguns microrganismos que são responsáveis pelo decréscimo do pH no rúmen.

Esses aditivos contribuem para a manutenção do pH ruminal em níveis controlados,

promovendo um ambiente ruminal favorável ao desenvolvimento microbiano.

A monensina é o ionóforo mais estudado na alimentação de ruminantes,

atuando na inibição do crescimento de bactérias gram-positivas produtoras de ácido

acético, butírico, lático, e hidrogênio, alterando a permeabilidade e fluxo de íons da

membrana dessas bactérias. Já a virginiamicina, vem sendo amplamente estudada; é

um não ionóforo utilizado na alimentação de ruminantes para controlar a população

de bactérias gram-positivas no rúmen, porém possui mecanismo de ação diferente da

monensina, atuando no bloqueio da síntese de proteína através da ligação a

subunidade ribossomal 50S.

Apesar dos mecanismos de ação desses aditivos serem diferentes para o

controle das bactérias gram-positivas, ambos possuem capacidade de melhorar o

desempenho produtivo dos bovinos alimentados com dietas de alto grão.

Dessa maneira, objetivou-se avaliar os efeitos do uso isolado ou, em

associação, dos aditivos virginiamicina e monensina no desempenho e pH ruminal na

terminação de bovinos confinados em uma dieta de milho grão inteiro sem forragem.

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1 REVISÃO DE LITERATURA

1.1 Produção de bovinos de corte em confinamento

O sistema de confinamento de gado de corte foi adotado com maior expressão

no Brasil a partir da década de 80 como uma ferramenta para contornar a

sazonalidade da produção de carne, ocasionada pela escassez da produção de

forragem na época seca do ano (Wedekin e Amaral, 1991). A prática consiste em um

sistema de produção intensivo no qual o animal é mantido em áreas de tamanho

limitado e submetidos a uma dieta capaz de proporcionar altos ganhos de peso em

um curto espaço de tempo (Cardoso, 1996).

Dentre as vantagens que o confinamento proporciona, destaca-se a redução

da idade de abate do animal, produção de carne com melhor qualidade, maior giro de

capital e lotação mais elevada que os regimes de pastejo. No entanto, comparado ao

sistema de produção a pasto, o custo para produzir uma arroba é mais elevado devido

à maior intensificação do sistema e utilização de ingredientes mais energéticos na

dieta (Lopes e Magalhães, 2005).

Segundo Pacheco et al. (2006), desconsiderando o valor da compra do animal,

a alimentação tem a maior representatividade no custo de produção, sendo o

ingrediente concentrado o item mais oneroso da dieta em confinamento.

A relação entre volumoso e concentrado na dieta afeta diretamente o consumo,

influenciando o desempenho produtivo dos animais em confinamento (Arrigoni et al.,

2015). Essa relação pode induzir alterações na fisiologia ruminal, na qual,

dependendo do alimento, altera-se a população e proporção de microrganismos do

rúmen, a taxa de passagem do alimento, motilidade e velocidade de absorção dos

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nutriente (Van Cleff et al., 2009). Esses fatores podem gerar uma série de distúrbios

metabólicos, e perda na eficiência e produção do rebanho (Perdigão, 2014).

Dietas com maiores teores de concentrados diminuem o tempo gasto de

mastigação e ruminação, contribuindo para uma menor secreção de saliva pelo

animal, visto que a saliva possui importante papel na manutenção do pH ruminal

devido à sua capacidade tamponante, estabelecendo a saúde do rúmen (Van Soest,

1994).

O consumo de partículas maiores de forragem ou de milho sem processamento

influenciam o tempo de mastigação e ruminação, consequentemente aumentando a

produção de saliva dos animais (Owens et al., 1998).

A utilização de dietas com maior proporção de alimentos concentrados (cerca

de 70 a 90% da matéria seca total da dieta) promove benefícios sobre o desempenho

animal, na diminuição nos custos de produção e operacionalização do confinamento.

Em consequência disto, a mão-de-obra, tempo de confinamento, desperdícios de

alimentos, investimentos em máquinas e instalações são racionalizados gerando um

reflexo positivo na rentabilidade da atividade (Katsuki, 2009).

Tem-se conduzido a adoção de dietas de alto grão em oposição às dietas com

alta proporção de forragens, devido à maior densidade energética, facilidade de

transporte, estocagem e misturas de grãos (Silva, 2009). Dietas com maior teor de

concentrados possibilitam a realização de um menor número de tratos, reduzindo

custos operacionais, podendo tornar a atividade mais rentável (Bulle et al., 1999).

Para que os animais alcancem altos níveis produtivos, é necessário elevar o

nível de concentrado em sua dieta, pois alimentos volumosos, geralmente, não

apresentam níveis suficientes para maximizar a produção (Silva et al., 2002). O

aumento da proporção de forragem em uma dieta de confinamento faz com que o

animal tenha maior consumo de matéria seca, porém, o ganho de peso decresce

linearmente conforme o aumento do nível de forragem (Bartle et al., 1994).

Confinamentos utilizando dietas com elevado teor de concentrado vêm

aumentando no Brasil, justamente, por dispensar a necessidade do manejo dos

alimentos volumosos (Silva, 2009). Millen et al. (2009) realizaram um levantamento

com consultores de confinamento e constataram que cerca de 39,4% administram

dietas contendo níveis de concentrado entre 71 e 80% (grãos juntamente com outros

tipos de concentrados, como coprodutos), e 42,4% dos técnicos recomendam dietas

com níveis de concentrados entre 81 e 90%.

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O custo elevado para produzir forragens conservadas, associado com maior

necessidade de mão de obra e questão de operacionalidade, aumenta ainda mais o

interesse de produtores pela inclusão de quantidades cada vez maiores de grãos e

coprodutos nas dietas de bovinos confinados (Arrigoni et al., 2015).

Segundo Paulino et al. (2013), a dieta de milho grão inteiro e núcleo

concentrado proteico, vitamínico-mineral, é altamente energética, resultando em um

consumo reduzido devido ao efeito químico da alta energia sobre os mecanismos que

regulam o consumo alimentar dos bovinos. Porém, essa dieta é caracterizada por ser

de alto risco, tornando os animais mais suscetíveis à desordens metabólicas,

requerendo maiores cuidado no manejo nutricional.

O milho grão inteiro tem como objetivo suprir as exigências nutricionais de

energia e satisfazer parte da demanda de fibra dietética da dieta. Já o núcleo

peletizado comercial, tem a função de corrigir os teores de proteína bruta, minerais,

vitaminas e tamponantes. A recomendação prática tem sido a introdução de 70-90%

do milho grão inteiro e 30-10% de núcleo peletizado para as dietas de bovinos em

terminação. Dessa maneira o uso de dietas à base de milho inteiro, sem fonte de

volumosos de fibra longa tem como vantagem obter o máximo benefício de conversão

alimentar (Grandini, 2009).

A utilização do grão de milho sem o processamento mecânico tem como

objetivo garantir o mínimo de motilidade ruminal, promover a mastigação e estimular

a secreção de saliva pelo animal, auxiliando na elevação do pH ruminal de maneira

que contribua na redução da acidose subclínica e maior consumo (Owens et al., 1997;

Stock et al., 1995a).

A não inclusão de forragem na dieta dos animais ruminantes é suprida pela

utilização de aditivos alimentares que apresentam poder tamponante. Aditivos como

a monensina e a virginiamicina atuam na manutenção do pH ruminal em condições

de alta disponibilidade de alimentos concentrados na dieta. O tamanho de partícula

dos alimentos concentrados é outro fator que auxilia na regulação do pH ruminal,

devido ao estímulo da ruminação (Missio et al., 2010).

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1.2 Características do animal para confinamento

Algumas características dos animais são importantes para o sucesso de um

confinamento. Deve-se levar em conta a escolha da raça, composição corporal, sexo,

idade, estágio fisiológico e tamanho corporal dos animais. Essas características

influenciam no consumo de matéria seca e refletem diretamente na eficiência de

transformar alimento consumido em ganho de peso (Lanna, 1997).

A raça Nelore é a mais utilizada no Brasil, tanto para sistema de pastejo, quanto

para confinamento. São considerados animais rústicos, devido às suas características

de adaptação ao clima tropical (suportando temperaturas mais elevadas), e à

restrições alimentares (Bianchini et al., 2006).

No entanto, Abularach et al. (1998) consideraram a carne de zebuínos puros

de baixa qualidade, devido à sua textura, cor e teor de gordura, sendo um empecilho

para o mercado de carne mundial, onde consumidores exigem cada vez mais

qualidade e maciez do produto.

Bovinos zebuínos desenvolvem problemas em relação à acidose de forma mais

frequente quando consomem dietas com alto teor de grãos, o que resulta em maior

incidência de ruminites e distúrbios digestivos (Millen et al., 2009; Vaz et al., 2013).

São necessárias maiores precauções na fase de adaptação em dietas de alto grão e

sem forragem para esses animais, assim como um manejo alimentar diário no

confinamento para a prevenção de distúrbios digestivos.

As raças puras européias são superiores em qualidade genética comparadas

às raças zebuínas, possuindo melhores índices produtivos. Porém, a utilização dessas

raças é limitada no sistema de criação no Brasil, devido ao clima encontrado no

território brasileiro em comparação ao clima no território ao qual a raça está adaptada,

encontrando limitações para expressar sua capacidade máxima de produção em

regiões de clima quente (Padua et al., 2004).

O cruzamento entre raças europeias e zebuínas permite o aproveitamento da

capacidade genética desses animais, possibilitando o uso da heterose e da

complementariedade de raças (Padua et al., 2004). Perotto et al. (2000) afirmam que

o cruzamento entre raças é imediatamente expresso em melhoria na qualidade de

carcaça e no aumento de ganho de peso, proporcionando um grande benefício à

pecuária de corte brasileira.

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1.3 Distúrbios digestivos em animais confinados

Em um confinamento comercial de bovinos de corte, a ingestão excessiva de

carboidratos facilmente fermentáveis pode gerar problemas tanto na saúde ruminal

como no bem-estar do animal, ocasionando distúrbios digestivos como acidose

ruminal, timpanismo, ruminite, paraqueratose e abscessos hepáticos, gerando perdas

econômicas devido à diminuição no consumo, desempenho e em casos mais graves

levando ao óbito do animal (Silva, 2009).

A acidose é o distúrbio digestivo mais comum e bem conhecido desde que

começou a se utilizar grãos na alimentação de bovinos. Ela está relacionada ao alto

consumo de carboidratos fermentáveis em quantidades suficientes para causar o

acúmulo de ácidos orgânicos no rúmen com consequente redução do pH ruminal,

sendo que, esse distúrbio possui a maior representatividade econômica e impacto no

bem-estar do animal (Nagaraja e Titgemeyer, 2007).

Em condições normais de consumo, os ácidos orgânicos não são acumulados

no rúmen, pois a absorção é equilibrada com a produção. Em algumas situações a

fermentação ruminal é estável e o pH ruminal altera de 5,6 a 6,5, com a média do pH

girando entorno de 5,8 e 6,2, podendo ocasionalmente cair abaixo de 5,6 por um curto

período durante um ciclo normal de consumo (Nagaraja e Lechtenberg, 2007).

O momento mais crítico para ocorrência da acidose é a entrada dos animais no

confinamento, período esse que se inicia a adaptação da dieta de alto grão. Uma das

principais causas da acidose ruminal são dietas com alta proporção de grãos e baixo

teor de forragem, devido à sua taxa, e extensão da degradação da microbiota ruminal

(Nagaraja e Lechtenberg, 2007).

Na formulação de uma dieta, é necessário considerar a proporção, os métodos

de processamento e o tipo do grão; a proporção, concentração de fibras e tamanho

da partícula da forragem; e a utilização de aditivos alimentares. Essas características

podem determinar a taxa e a quantidade de ácidos graxos voláteis que serão

produzidos no rúmen, afetando também o comportamento de ingestão e mastigação

do animal, sendo que ambos influenciam diretamente o pH ruminal (González et al.,

2012).

A acidose pode ser categorizada na forma aguda e subaguda, comumente

chamadas de clínica e subclínica respectivamente. Em um quadro de acidose clínica,

os animais apresentam sintomas evidentes, ocorrendo após consumirem carboidratos

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prontamente fermentáveis em quantidades suficientes para causar um acúmulo não

fisiológico de ácidos orgânicos no rúmen, reduzindo o pH ruminal, diminuindo a

população de bactérias fibrolíticas e aumentando as de bactérias amilolíticas (Goad

et al., 1998; Nagaraja e Titgemeyer, 2007).

Já na acidose subclínica, pode ocorrer a redução da ingestão da dieta e queda

no desempenho produtivo, porém os animais não apresentam sinais clínicos da

doença. No entanto, o impacto econômico em consequência dos efeitos da acidose

subclínica no desempenho do animal, pode ser maior comparado a animais que

apresentam acidose clínica (Owens et al., 1998).

Quando o valor do pH ruminal encontra-se abaixo de 5,6 é considerado que o

animal está em quadro de acidose subclínica. Já com o pH abaixo de 5,0 considera-

se que o animal encontra-se em quadro de acidose clínica (Owens et al., 1998; Krause

e Oetzel, 2006; Nagaraja e Titgemeyer, 2007).

No caso da acidose clínica, o pH do conteúdo ruminal alcança níveis muito

baixos devido ao acúmulo de ácido lático em resultado do aumento da produção,

enquanto a utilização pela microbiota ruminal é reduzida, pois nessas condições o

ácido lático não é mais fermentado (Nagaraja e Titgemeyer, 2007). A absorção

subsequente dos ácidos orgânicos pela corrente sanguínea pode sobrecarregar o

sistema de tamponamento de bicarbonato, a taxa de secreção de ácidos e a

capacidade de tecidos e órgãos metabolizar ácidos, resultando em uma acidose

sistêmica (Brown et al., 2006)

A principal razão para o pH diminuir abaixo de 5,6 em um quadro de acidose

subclínica é devido ao acúmulo de ácidos graxos voláteis (AGV). Embora o ácido lático

seja produzido durante a fase de acidose subclínica, não há acúmulo, pois as

bactérias que fermentam o lactato permanecem ativas nessa faixa de pH, e o

metabolizam rapidamente em AGV’s (Goad et al., 1998).

O pH do líquido ruminal é o indicador mais utilizado para caracterizar acidose

ruminal, porém nem sempre consegue explicar os sinais e sintomas típicos da doença

(Huber et al., 1976).

Tanto a redução, quanto a variação do consumo da dieta no decorrer do

período de confinamento, têm sido parâmetros utilizados para identificar acidose

subclínica, baseado no conceito que o aumento da variabilidade de consumo de um

dia para o outro está associado a uma dieta acidogênica (Stock et al., 1995a; Bevans

et al., 2005).

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18

No entanto, a redução da ingestão em animais com acidose é inconsistente e

pode depender de uma extensa convergência de vários outros fatores associados com

um baixo pH ruminal e do mecanismo de controle de consumo (González et al., 2012).

Para se obter uma diagnose clínica da acidose, é necessário que o pH

sanguíneo encontre-se em valor menor que 7,35, porém outros sinais podem indicar

acidose no confinamento de bovinos, como o pH ruminal, anorexia, consumo irregular,

diarreia e letargia (Owens et al., 1998).

O rúmen é um ecossistema microbiano complexo, sendo habitado por uma

imensa variedade de bactérias, protozoários, fungos e vírus (Church, 1993). Essa

população de microorganismos possui relação direta com o desempenho do animal,

sendo que a alteração da dieta do animal pode levar à uma diminuição do pH ruminal

e a um desequilíbrio da população microbiana, alterando a proporção dos

microorganismos que habitam o rúmen (Khafipour et al., 2009).

A primeira mudança associada a um quadro de acidose ruminal é a troca da

população de bactérias que fermentam amido e açúcar solúvel em bactérias que

fermentam ácido lático (Nagaraja e Lechtenberg, 2007). As bactérias ruminais

responsáveis pela rápida fermentação do amido ou açúcar solúvel são as

Selenomonas ruminantium, Streptococcus bovis e Lactobacillus. Elas contribuem para

o rápido acumulo de DL-ácido lático e AGV, sendo que S. ruminantium é a bactéria

mais encontrada no rúmen de animais adaptados com dieta de alto grão (Ricke et al.,

1996).

A S. bovis é uma bactéria anaeróbia facultativa, e a presença dela em animais

consumindo forragem não é alta. Porém, ela pode alcançar uma elevada população

no rúmen se houver um excesso de carboidratos fermentáveis. No entanto, diversas

bactérias do rúmen possuem a capacidade de utilizar amido. O sucesso da S. bovis

está na sua alta taxa de crescimento e rápida degradação do amido (McAllister et al.,

1990).

O crescimento excessivo em resposta à disponibilidade de carboidratos

fermentáveis é observado em situações em que o animal não está adaptado à dieta

de alto grão, ou durante o período de adaptação da dieta. Uma vez que o animal

encontra-se adaptado à dieta de alto grão, o número da S. bovis diminui em

quantidade semelhante a animais que consomem forragem, porém esse declínio não

está inteiramente relacionado ao pH ruminal (Wells et al., 1997). Apesar disso, a S.

bovis é considerada pouco tolerante a ambientes ácidos (Russell, 1991), reduzindo a

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19

sua taxa de crescimento em pH para menor que 6,0, diferente dos Lactobacillus que

são mais tolerantes a ambientes ácidos (Finlayson, 1986; Wells et al., 1997).

A produção de ácido lático pela S. bovis causa o declínio do pH ruminal, o qual

inibe a taxa de crescimento da maioria das bactérias ruminais, e nessa situação a

bactéria Lactobacillus que é mais tolerante em ambiente ácido se torna predominante.

A S. bovis é responsável por iniciar a cadeia de eventos que irão eventualmente

ocasionar a acidose clínica, sendo considerada como agente causador da acidose, e

alvo de estratégias nas intervenções e na utilização de vacinas e antibióticos para

controlar o crescimento dela no rúmen. O aumento significativo da população ruminal

de Lactobacillus é uma característica comum da acidose clínica e subclínica (Nagaraja

e Miller, 1989; Gill et al., 2000).

A acidose ruminal está associada com várias outras doenças em um

confinamento comercial, podendo gerar queda no desempenho animal e perdas na

lucratividade do sistema. Brent (1976) relacionou as ruminites, abscessos hepáticos,

laminite e a polioencefalomacia à acidose ruminal. Britton e Stock (1989) adicionaram

à lista de problemas a síndrome da morte súbita, timpanismo, clostridioses e má

absorção.

Os abscessos hepáticos surgem de maneira secundária à infecção primária da

mucosa ruminal. O surgimento de ruminites e as lesões epiteliais ocasionadas pela

acidez do conteúdo ruminal são fatores que predispõem a formação de abscessos, e

normalmente estão associadas com uma má adaptação e altos níveis de carboidratos

fermentáveis na dieta de bovinos confinados (Nagaraja e Chengappa, 1998).

O aumento da produção e acúmulo de ácidos orgânicos (ácido lático e AGV)

no interior do rúmen pode resultar em acidose, que eventualmente danifica a camada

de proteção da parede ruminal, levando ao desenvolvimento de paraqueratose e

ocasionalmente a ocorrência de ruminite. A função de proteção entre o ambiente

ruminal e a corrente sanguínea é prejudicada, permitindo que bactérias como

Fusobacterium necrophorum e Arcanobacterium pyogenes colonizem a parede

ruminal e tenham acesso à circulação porta. Posteriormente, elas são filtradas pelo

fígado e conduzem a infecção e o desenvolvimento de abcessos no fígado do animal

(Nagaraja e Chengappa, 1998; Kleen et al., 2003).

Os abcessos hepáticos são inflamações purulentas circunscritas, delimitadas,

com formação de cápsula de tecido conjuntivo fibroso, causado por bactérias

anaeróbicas, sendo a Fusobaterium necrophorum a mais relacionada à doença.

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Animais com abcessos no fígado não apresentam sinais clínicos, e a identificação da

doença é feita apenas no momento do abate (Nagaraja e Chengappa, 1998).

Outro problema relacionado à acidose é o timpanismo em confinamento. Este

geralmente está associado com animais consumindo dietas contendo mais de 50%

de grãos, e também durante o período de adaptação da dieta. Normalmente a maioria

dos gases fermentados são eliminados do rúmen via eructação (Cheng et al., 1998).

O timpanismo ocorre quando os animais ruminantes são impedidos de expelir

os gases ruminais da fermentação microbiana, provocando uma distensão anormal

do reticulo-rúmen, resultando no aumento de pressão no diafragma e pulmões, a qual

afeta a respiração e, em casos mais severos, podendo ocasionar a morte do animal

(Vasconcelos e Galyean, 2008; Clarke e Reid, 1974).

O timpanismo pode ser primário, caracterizado pelo aumento na tensão

superficial do líquido ruminal ou de sua viscosidade, fazendo com que as bolhas de

gases presentes na espuma persistam por longos períodos dispersos na ingestão e,

apesar dos movimentos contínuos do conteúdo ruminal, elas não se desfazem,

impossibilitando sua eliminação. O timpanismo secundário, ocorre quando há

dificuldade física na eructação dos gases, sendo determinado por uma obstrução do

esôfago por corpo estranho, podendo ocasionar o infarto ganglionar (leucose,

tuberculose, pneumonia etc.) ou lesão nas vias nervosas responsáveis pelos

processos de eructação (Cheng et al., 1998).

Já a laminite é uma inflamação asséptica das lâminas do córion podendo ser

evidênciada na forma aguda, caracterizada por hipoxemia, hemorragia e trombose

com edema envolta aos tecidos, ou na forma crônica, com consequências similares,

porém com alterações vasculares mais severas e lâminas comprimidas pela extensa

formação de tecidos fibrosos no córion (Brent, 1976).

Animais em confinamento com dietas de alto grão são mais propensos a

desenvolver problemas de locomoção. Quanto maior a ingestão de alimentos

concentrados pelo animal, maior a possibilidade de desenvolver problemas de

locomoção (Bergsten, 1994; Hoblet e Weiss, 2001).

Segundo Nagaraja e Lechtenberg (2007), a acidose é o principal distúrbio

digestivo e possivelmente continuará sendo à medida que se faz necessário aumentar

a eficiência na produção de carne através de dietas com maior teor de grãos e menor

quantidade de forragens. É também um fator de predisposição para o surgimento de

outras doenças relacionadas ao confinamento. O controle desse distúrbio pode ser

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21

realizado através de um planejamento nutricional, inclusão de quantidade adequada

de fibra na dieta, controle do consumo e a utilização de aditivos alimentares.

A utilização de aditivos alimentares na dieta de confinamento é uma ferramenta

importante para manutenção da fermentação ruminal, modulação do consumo e

controle da acidose (Stock et al., 1995b).

Fatores que afetam o comportamento alimentar devem ser considerados junto

com a composição química e física da dieta para reduzir os problemas associados

com a acidose ruminal. Os ingredientes, aditivos alimentares, manejo alimentar,

estrutura do confinamento e o ambiente, devem trabalhar em sincronia para manter a

função ruminal, para que ocorra um balanço entre a produção de ácido e a

neutralização/eliminação. Esse balanço promove menor tamanho da refeição, menor

taxa de consumo, maior tempo de mastigação, e uma distribuição mais homogênea

do consumo e mastigação durante o dia (González et al., 2012).

1.4 Aditivos alimentares

Por definição, os aditivos alimentares são substâncias, microorganismos ou

produto formulado, que são adicionados intencionalmente, que não são utilizados

normalmente como ingrediente, tenham ou não valor nutritivo, e que melhorem as

características dos produtos destinados à alimentação animal ou dos produtos

animais, melhorem o desempenho dos animais sadios, atendam às necessidades

nutricionais ou tenham efeito anticoccidiano (Brasil, 2009).

Os aditivos alimentares antimicrobianos são utilizados tanto para o tratamento

de doenças infecciosas, quanto para o crescimento e aumento na eficiência alimentar

de bovinos, alterando a fermentação ruminal, resultando em uma mudança metabólica

favorável no rúmen, que geralmente é atribuída às mudanças na população de

microrganismos do rúmen (Nagaraja e Taylor, 1987).

Os ionóforos são produtos da fermentação de vários actinomicetos, produzidos

principalmente por bactérias do grupo Streptomyces cinnamonensis, sendo um

complexo lipofílico com cátions que facilita seu transporte através da membrana

celular microbiana, alterando o balanço químico entre o meio interno e externo da

célula, levando à perda constante de energia e à morte celular (Duffield et al., 2008).

O fornecimento de alimentos juntamente com aditivos ionóforos reduz a

produção de lactato (Newbold e Wallace, 1988), afeta negativamente o

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desenvolvimento de bactérias gram-positivas e certas classes de protozoários e

fungos, e, consequentemente, a fermentação e os produtos da digestão microbiana

(Russell e Strobel, 1989).

Ionóforos modificam os padrões de fermentação ruminal aumentando a

produção de propionato (Perry et al., 1976); reduzem as perdas de energia associadas

a produção de metano (Russell e Strobel, 1989); auxiliam na prevenção de desordens

digestivas como acidose e doenças relacionadas (Owens et al., 1998); reduzem a

proteólise ruminal (Bergen e Bates, 1988); diminuem a disseminação no rúmen

(Chalupa, 1977) e aumentam o fluxo de lipídeos para o intestino delgado (Clary et al.,

1993).

No Brasil, os ionóforos são largamente utilizados em dietas de confinamento,

com níveis médios de recomendação de 21,9 mg/kg para animais em terminação

(Millen et al., 2009). Entre os aditivos alimentares utilizados em sistema de

confinamento no Brasil, destacam-se os antibióticos monensina sódica e a

virginiamicina.

A monensina é um antibiótico ionóforo que diminui o consumo e melhora a

eficiência da dieta, aumentando a produção de propionato e diminuindo a produção

de metano, resultando em um aumento na eficiência energética ruminal (Potter et al.,

1976). A virginiamicina é um antibiótico não ionóforo ainda pouco explorado no Brasil,

ela apresenta efeitos positivos sobre o ganho de peso e na eficiência alimentar de

ruminantes (Rogers et al., 1995; Nuñez et al., 2013).

1.4.1 Monensina sódica

A monensina é um ionóforo poliéter carboxílico muito utilizado na alimentação

de bovinos em fase de terminação em confinamento, influenciando o metabolismo

ruminal através do aumento da eficiência da energia metabolizada, proporcionando

uma mudança na população microbiana ruminal, alterando a fermentação e os

produtos da digestão microbiana, reduzindo assim risco de distúrbios digestivos como

timpanismo e acidose lática (Schelling, 1984; Lana e Russell, 2001).

Ela atua sobre o crescimento de bactérias gram-positivas, onde os produtos

que serão gerados durante o metabolismo das bactérias beneficiadas proporcionam

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vantagens nutricionais e metabólicas, melhorando assim a performance do animal

(Oliveira et al., 2005a).

A adição de ionóforos na dieta de ruminantes faz com que ocorra o aumento

da produção de ácido propiônico no rúmen e diminuição do ácido acético,

consequência da ação seletiva na população microbiana pelo controle das bactérias

gram-positivas, essas, responsáveis pela produção de acetato e butirato. Já as gram-

negativas, têm como principal produto de sua fermentação o propionato (Kone et al.,

1989).

A ação de ionóforos para o controle das bactérias gram-positivas ocorre através

do sistema de transporte de íons, por meio das membranas celulares. As bactérias

gram-positivas não possuem um sistema de transporte de elétrons acoplado à síntese

de ATP (Medel et al., 1991). Os ionóforos aumentam a permeabilidade das

membranas lipídicas, agindo no transporte de íons através da membrana celular,

alterando o balanço químico entre o meio intra e extracelular, ocasionando a morte da

célula por constante perda de energia celular (Duffield et al., 2008).

Quando a monensina se liga à membrana celular da bactéria gram-positiva,

ocorre uma rápida saída de K+ e uma entrada de H+ na célula, provocada pela

mudança do gradiente iônico externo. O acumulo de H+ no interior da célula faz com

que o pH interno caia, fazendo com que a célula exporte o H+, permitindo a entrada

de Na+ para o interior da célula. Outra forma de transportar o H+ para o meio externo

é através da bomba de próton ATPase, fazendo com que grande parte da energia

produzida da célula seja utilizada pelas bombas de Na+/K+ e de próton de ATPase, na

tentativa de equilibrar o pH e o balanço iônico celular. Esse gasto energético faz com

que a célula se torne incapaz de continuar metabolizando a glicose, diminuindo a

capacidade de crescimento e reprodução, ocasionando a morte ou inibindo sua

expressão ruminal (Russell e Strobel, 1989).

Associado aos efeitos da monensina, ocorre o controle do lactato, graças a

inibição das bactérias Streptococcus bovis e Lactobacillus, principais causadoras de

distúrbios metabólicos, como a acidose e o timpanismo, elevando o pH ruminal,

principalmente em dietas de alto grão (Nagaraja e Lechtenberg, 2007).

Segundo Potter et al. (1976), o uso da monensina em dietas de bovinos

alimentados com dietas de alto concentrado faz com que ocorra a redução no

consumo do animal sem alterar as taxas de ganho de peso vivo, tendo pouco efeito

sobre o ganho diário. A diminuição das perdas por metano aumenta a eficiência

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energética da dieta em animais recebendo dietas de alto grão com o ionóforo. Desse

modo, a menor ingestão de matéria seca seria explicada pelo efeito fisiológico do nível

de energia regulando o consumo (Vargas et al., 2001).

1.4.2 Virginiamicina

Por diversos anos a virginiamicina foi utilizada como aditivo para aumentar o

potencial de desempenho de aves e suínos, no entanto, estudos realizados com

ruminantes mostraram efeitos no ganho de peso e eficiência alimentar, menor

incidência de abcessos hepáticos e acidose em bovinos recebendo dieta de alto grão

(Hedde, 1984; Rogers et al., 1995).

A virginiamicina é um antibiótico não-ionóforo produto da fermentação da

bactéria Streptomyces virginae, sendo formada por dois componentes químicos

diferentes, fator M (C28H35N3O7) e fator S (C43H49N7O10) (Crooy e Neys, 1972). Esses

componentes ajudam a estabilizar a fermentação ruminal, diminuindo a variação de

ingestão da dieta, ocorrência e severidade de abcessos hepáticos pela inibição

ruminal da bactéria Fusobacterium necrophorum, consequentemente, melhorando a

performance do animal, conversão alimentar e aumento no ganho de peso (Rogers et

al., 1995; Cocito, 1979).

A atividade antimicrobiana da virginiamicina altera os produtos da fermentação

ruminal de maneira similar aos efeitos da monensina, embora os modos de ação

sejam diferentes. A virginiamicina é efetiva principalmente contra bactérias gram-

positivas, tanto aeróbicas como anaeróbicas. Os fatores M e S se ligam a subunidade

ribossomal 50S inibindo a formação de ligações peptídicas durante a síntese de

proteína, provocando a redução do crescimento ou morte da célula bacteriana (Cocito,

1979). As bactérias produtoras de ácido lático como a S. bovis e os Lactobacillus

sofrem influência direta pela ação da virginiamicina, inibindo o desenvolvimento e

crescimento, prevenindo a acidose ruminal em dietas de alto teor de concentrado

(Nagaraja et al., 1987).

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2 MATERIAL E MÉTODOS

Foram realizados dois experimentos de forma simultânea, nos quais os bovinos

confinados receberam a mesma dieta com diferentes aditivos alimentares. No primeiro

experimento foram avaliados a influência do uso isolado, ou em associação da

monensina (MO) e virginiamicina (VM) no consumo diário e pH ruminal de animais

canulados. No segundo experimento, foram testados os efeitos dos aditivos de forma

isolada ou em associação no desempenho e escore de fezes de três lotes com seis

animais.

2.1 Local dos experimentos

Os dois experimentos foram conduzidos no setor de Bovinos de Corte da

Fazenda Experimental da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT), no

município de Santo Antônio de Leverger/MT, localizado à 15°50'37"S 56°4'9"O e

altitude de 141 m. O período experimental ocorreu entre os meses de junho a outubro

de 2013. A região possui o Clima tipo Aw, tropical, conforme a classificação de

Koppen.

2.2 Tratamentos

Em ambos os experimentos, foram testados o uso isolado e associado da

monensina sódica e da virginiamicina misturados aos ingredientes do núcleo

peletizado. A dieta foi composta de milho grão inteiro e núcleo protéico vitamínico

mineral, fornecidos aos animais em sistema de confinamento, compondo assim três

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tratamentos: 30 ppm de monensina sódica (MO); 30 ppm de monensina sódica + 15

ppm de virginiamicina (MOVM); 17 ppm de virginiamicina (VM).

2.3 Dietas experimentais e manejo

Em ambos os experimentos e em todos os tratamentos os animais receberam

a mesma dieta, diferenciando apenas os tipos de aditivos estudados, sendo que todos

os animais passaram pela mesma adaptação e manejo de fornecimento dessa dieta.

Os animais utilizados nos estudos foram oriundos da Fazenda Experimental da

UFMT, do setor de Bovino de Corte, sendo todos provenientes de recria em sistema

de pastejo contínuo em Brachiaria brizantha cv. Marandu.

Antes do início do experimento todos os animais foram submetidos a jejum de

sólidos e líquidos por 16 horas, e pesados para obtenção do peso corporal inicial

(PCI), e posteriormente alocados em suas respectivas baías, onde permaneceram até

ao final do experimento, saindo apenas para as coletas e pesagem.

Os animais passaram por um período de adaptação com duração de nove dias,

ofertando o total de matéria seca referente a 1,5% do seu peso vivo (PV), composto

por silagem de milho, milho grão inteiro e núcleo proteico vitamínico mineral

peletizado. Após o período de adaptação, foi ofertado a dieta final na quantidade de

matéria seca referente a 2,2% do PV, sendo a ração composta por milho grão inteiro

e núcleo proteico vitamínico mineral peletizado, na proporção de 85:15

respectivamente, para ganhos diários esperados de 1,4 kg/animal, diferentes apenas

pela presença e tipos de aditivos estudado (Tabela 1).

Tabela 1. Composição da dieta experimental de bovinos confinados recebendo dieta

de milho grão inteiro

Ingredientes (% da MS) Adaptação Dieta Final

Silagem de milho 40 -

Milho grão inteiro 50 85

Núcleo vitamínico mineral 10 15

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As dietas foram oferecidas diariamente de forma manual, duas vezes ao dia,

em porções iguais, sempre nos horários de 8:00h e 14:00h, tendo água limpa

disponível ad libitum. O milho grão inteiro e o núcleo foram pesados em balança de

precisão e misturados diariamente de forma uniforme para garantir uma mistura

homogênea.

As sobras do cocho foram retiradas e pesadas diariamente antes do primeiro

trato, a fim de quantificar o consumo de matéria seca pelos animais. A dieta foi

submetida a reajustes a cada três dias. Para o ajuste do consumo da dieta, foi utilizado

o método de cocho limpo em que, caso o animal ou lote mantivesse o cocho limpo por

três dias consecutivos, era realizado o ajuste da dieta, acrescentando 5% a mais ao

total fornecido anteriormente.

2.4 Experimento 1 – pH ruminal e consumo diário

Foram utilizados três bovinos mestiços, machos castrados, canulados no

rúmen, com 30 meses de idade e peso vivo médio inicial de 449,5 kg, distribuídos em

delineamento quadrado latino 3x3. O experimento teve duração de 84 dias dividido

em três períodos.

Após pesagem para obtenção do peso corporal inicial os animais foram

alocados em baías individuais com 8m² de área, com piso de cascalho, equipadas

com 70 cm de cocho para alimentação e bebedouro automático, onde uma vez por

semana era realizado a limpeza das baías e dos bebedouros.

Os animais passaram por três períodos experimentais de 28 dias (Tabela 2).

Os primeiros 25 dias do período experimental foram destinados para adaptação ao

tratamento e os três últimos dias para coleta e análise do pH ruminal. Também era

realizada a pesagem sem jejum dos animais no início e final de cada período

experimental para ajustes da dieta e cálculo do consumo em % do peso corporal.

Tabela 2. Período experimental dos animais para análise de pH ruminal

Parcela Experimental 1º Período 2º Período 3º Período

Animal 1 VM MOVM MO

Animal 2 MO VM MOVM

Animal 3 MOVM MO VM MO: 30 ppm monensina sódica; MOVM: 30 ppm monensina sódica + 15 ppm virginiamicina; VM: 17 ppm virginiamicina;

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A mensuração do pH ruminal foi feita através de coletas manuais do líquido

ruminal no final de cada período experimental, sendo realizada imediatamente antes

do primeiro trato da manhã (08:00h), e subsequente em período de 48 horas, sendo

coletados de quatro em quatro horas.

A coleta do líquido ruminal foi realizada de forma manual através de uma cânula

que tinha acesso ao retículo-rúmen do animal. Foram coletadas duas alíquotas do

conteúdo ruminal, que posteriormente foram filtradas em quatro camadas de gaze,

para então ser realizada a leitura do pH por intermédio de peagâmetro digital. Antes

de iniciar a leitura foi realizado a calibragem do aparelho com solução de pH 4 e pH

7. A leitura do pH ruminal foi realizado imediatamente após a coleta, sendo feitas duas

leituras das amostras para obtenção da média do pH.

2.5 Experimento 2 – Consumo, desempenho, escore de fezes e locomoção

Foram utilizados 18 bovinos, machos inteiros, com idade e peso corporal médio

de 30 meses e 314 kg respectivamente. O delineamento experimental utilizado foi o

inteiramente casualizado (DIC) com três tratamentos e seis repetições, onde os lotes

dos animais foram distribuídos aleatoriamente nos piquetes, para receber os

diferentes tratamentos.

Inicialmente os animais foram pesados e agrupados em três lotes de 6 animais.

Os animais foram pesados no início e no final do experimento em jejum de sólidos por

16 horas para a obtenção dos pesos corporais iniciais (PCI) e finais (PCF). Foram

realizadas pesagens sem jejum em intervalos de 30 dias para ajustes da dieta.

Os animais foram alocados em uma área experimental constituída de 3

piquetes com 246 m², equipados com 6 m de cocho para alimentação e bebedouro

automático. Eles permaneceram durante todo o experimento, totalizando 130 dias de

confinamento, incluindo os 9 dias de adaptação da dieta.

Com o intuito de avaliar as ocorrências de distúrbios gastrointestinais, foram

realizadas a avaliação das fezes e locomoção dos animais nas baias experimentais,

no intervalo médio de 30 dias, subjetivamente por uma pessoa treinada, considerando

quatro escores visuais para as fezes e quatro padrões de locomoção dos animais

(Tabela 3).

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Tabela 3. Descrição do escore visual do padrão das fezes e padrão de locomoção

dos animais confinados

Escores Aspecto das fezes

1 Líquida: consistência líquida com som de respingo no contato com a água e que se espalha facilmente com o impacto no solo

2 Mole: fezes soltas; respinga moderadamente e difusamente no impacto com o solo fazendo o som de respingo de um objeto em contato com a água

3 Firme: mas não dura, amontoada, porém, pastosa e ligeiramente dispersa e assentada no impacto com o solo

4 Dura: aparência dura, forma original não alterada e assentada no impacto com o solo

Locomoção (claudicação)

0 Animal caminha normalmente

1 Passo pouco curto com queda leve da cabeça ao caminhar, sem apresentar solavancos. O animal não defende nenhum membro ao caminhar.

2 Defesa de membros óbvia, porém o animal suporta o peso no membro. Solavanco de cabeça presente.

3 Animal relutante a se mover, O animal não apoia o peso quase que totalmente.

Fonte: Ireland-Perry e Stallings (1993).

Ao término do período experimental, os animais foram abatidos em um

frigorífico comercial, após passarem por jejum de sólidos por um período de 16 horas.

Após a evisceração, os fígados dos animais foram avaliados para detecção de

alterações ou lesões.

Determinou-se o consumo ração (kg dia-1) utilizando a pesagem das dietas

antes do fornecimento e das sobras em intervalo de 24h.

Para o desempenho produtivo foram calculados o ganho médio diário (kg dia-1)

utilizando os dados da pesagem inicial e final divididos pelo tempo de confinamento.

Para as características de carcaça foram avaliados: rendimento de carcaça (RC),

calculado por meio do peso de carcaça quente (PCQ) obtido no frigorífico, dividido

pelo peso vivo final obtido no confinamento.

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30

2.6 Tratamento estatístico dos dados

Os dados de consumo e pH ruminal dos animais canulados foram analisados

considerando um delineamento em quadrado latino 3x3, por meio do PROC MIXED

do pacote estatístico SAS (2009), em que os tratamentos foram considerados efeitos

fixos e efeitos de período e animal como efeitos aleatórios, como medida repetida no

tempo.

Os dados provenientes dos animais de desempenho foram analisados

considerando um delineamento inteiramente casualizado, considerando o peso

corporal inicial como covariável e os efeitos dos tratamentos como efeito fixo, por meio

do PROC MIXED do pacote estatístico SAS (2009).

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31

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Ensaio com animais canulados

Não foram encontradas diferenças estatísticas para o consumo das dietas

(P<0,7411) e pH ruminal (P<0,7356) entre os tratamentos estudados (Tabela 4),

sendo obtidas médias de 1,80% do peso corporal e 5,61 para o pH ruminal. Entretanto,

observou-se efeito quadrático (P<0,0001) do tempo sobre os valores de pH ruminal.

Tabela 4. Médias de quadrados mínimos para o consumo diário das dietas e para o

pH ruminal em bovinos confinados recebendo dieta de milho grão inteiro

com diferentes aditivos

Item Tratamentos¹ EPM² P³

MO MOVM VM

CMS, kg animal dia 8,39 8,84 8,44 0,4544 0,7411

CPC, % PC 1,78 1,79 1,81 - -

pH 5,57 5,59 5,67 0,1314 0,7356 CMS: Consumo de matéria seca CPC: Consumo em % do peso corporal ¹Tratamentos: MO – 30 ppm monensina sódica; MOVM – 30 ppm monensina sódica + 15 ppm virginiamicina; VM – 17 ppm virginiamicina; ²Erro padrão da média. ³Valor de probabilidade < 0,10

Embora o ionóforo monensina seja reconhecida por seus efeitos em controlar

(modular) o consumo, reduzindo de modo geral, em comparação a animais que não a

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32

recebem na dieta (Duffield et al., 2012), não foi detectado esse tipo de efeito no

presente estudo.

Os aditivos usados de forma isolada ou em associação tiveram comportamento

semelhante na estabilização do pH ruminal, auxiliando no controle de possíveis

distúrbios metabólicos associados à dieta de alto grão fornecida aos animais do

experimento.

Similar ao presente trabalho, Lemos et al. (2016) realizaram estudo com sete

animais fistulados alimentados com dieta de milho grão inteiro (sem adição de

forragem), e testaram diferentes doses de monensina (MO) e virginiamicina (VM) de

forma isolada ou associadas, não encontrando diferença entre os tratamentos

(P≥0,253), resultando em semelhantes valores de pH ruminal. Observou-se valor

médio de pH ruminal de 5,4 que é ligeiramente inferior ao do presente estudo (5,61).

Segundo os autores, o baixo valor de pH encontrado pode fornecer evidências de que

o consumo errático de ração pelo gado alimentado com dietas sem ingrediente

volumoso pode ser causado por um quadro de acidose clínica.

Estudo realizado por Camilo (2017), com Nelores canulados no rúmen, também

não encontraram diferenças significativas (P>0,05) nos valores médios de pH ruminal

com o uso da MO ou VM na forma isolada ou associada em animais confinados

consumindo dietas de alto grão, corroborando o presente estudo.

Coe et al. (1999), trabalhando com seis animais canulados, induziram a acidose

através da administração intraruminal de uma mistura aquosa de amido e grão de

milho moído, e observaram que tanto a MO quanto a VM demostraram altos valores

de pH. Porém a VM permitiu maiores valores de pH durante o dia, com menor

flutuação de pH, comportamento esse não observado no estudo com animais

canulados no rúmen neste experimento.

No presente estudo, o valor médio de pH (5,61) pode ser considerado

satisfatório para o controle de distúrbios metabólicos, tais como acidose. Entretanto,

para várias bactérias, protozoários e fungos, o pH médio observado não é adequado

(Russell, 1991). O fornecimento do milho grão inteiro pode ter contribuído no controle

do pH. Segundo Owens et al. (1997), o milho na forma integral aumenta a motilidade

ruminal, proporcionando um retardamento na digestão do amido, assim como precisa

ser mastigado e ruminado para que a microbiota ruminal tenha acesso aos grânulos

de amido, ajudando assim na manutenção do pH ruminal, pois ajuda a controlar o

acúmulo de ácidos orgânicos no rúmen.

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33

Geralmente o pH ruminal de bovinos confinados com dieta de alto grão varia

entre 5,6 a 6,2; podendo apresentar valores mais baixos quando são fornecidas dietas

mais ricas em carboidratos fermentáveis (Krause e Oetzel, 2006; Owens et al., 1998;

Duffield et al., 2012; Vasconcelos e Galyean, 2008), como é o caso do presente

estudo.

De acordo com Owens et al. (1998), o aumento da degradação do amido no

rúmen pode aumentar o risco do animal apresentar acidose subclínica, em

decorrência da combinação do menor tempo de ruminação e a alta concentração de

AGV’s no rúmen, causada pelo consumo de dietas ricas em grãos, alterando assim a

população microbiana ruminal, incluindo em redução de microrganismos fibrolíticos.

Em bovinos de confinados, a redução no consumo de matéria seca se torna mais

evidente se o pH ruminal diminui abaixo de 5,6 podendo afetar o desempenho animal

(Fulton et al., 1979).

Diversos autores consideram que o animal apresenta um quadro de acidose

subclínica quando o pH ruminal está abaixo de 5,6, e, quando o valor de pH está

abaixo de 5,0, é considerado um quadro de acidose clínica (Owens et al., 1998;

Krause e Oetzel, 2006; Nagaraja e Titgemeyer, 2007).

Observando a Figura 1, nota-se que o pH ruminal dos animais se manteve

acima de 5,6 nas primeiras 14 horas após o primeiro trato, e caindo no período

noturno.

Figura 1. Valor médio do pH ruminal dos tratamentos em função do tempo de bovinos confinados recebendo dieta de milho grão inteiro com diferentes aditivos.

5

5,1

5,2

5,3

5,4

5,5

5,6

5,7

5,8

5,9

6

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20

pH

Ru

min

al

Horas

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34

Esse comportamento é diferente do que tem sido observado em vacas leiteiras

ou bovinos de corte consumindo dietas ricas em concentrado em que os grãos tenham

sido moídos, onde se observam valores inferiores de pH ruminal entre 4 e 6 horas

após o consumo da dieta (Weimer et al., 2008; Palmonari et al., 2010). Tal

comportamento comprova a necessidade de mastigação e ruminação para que os

grânulos de amido do milho inteiro se tornem acessíveis à microbiota ruminal.

O pH ruminal dos animais se manteve baixo durante o período de 24 horas,

alcançando valor máximo de 5,87 e mínimo 5,25. De acordo com Beauchemin et al.

(2001), o valor de pH 5,8 é considerado o limite para uma acidose subclínica, e a

ocorrência desse distúrbio é determinado quando o pH permanece abaixo desse valor

por mais de 12 horas.

No presente trabalho, o pH ruminal permaneceu menor que 5,8 durante 19

horas, sendo notável que os animais dos tratamentos se encontravam em condição

de acidose subclínica. Carvalho et al. (2016) verificaram que os animais recebendo

dieta de milho grão inteiro (MGI) apresentaram tendência (P<0,08) para o valor de pH

ruminal se manter abaixo de 5,8 por longos periodos, totalizando 17,8 horas dia-1,

valor abaixo do presente estudo.

Carvalho et al. (2016) realizaram experimento comparando a dieta de MGI com

suplemento peletizado, e uma dieta contendo milho moído e silagem de milho,

fornecendo a Nelore e Angus em confinamento. O pH ruminal (médio e máximo) dos

touros alimentados com a dieta de MGI, independentemente da raça, foi menor

quando comparado aos dos touros alimentados com dieta milho moido, associado ao

fato que a presença da silagem de milho aumentou o tempo gasto na ruminação e

ingestão dos animais. Isto demonstra que a forragem tem papel fundamental na

motilidade do rúmen e nos processos de ruminação, que auxiliam na manutenção do

pH ruminal (Van Soest, 1994).

Carvalho et al. (2016) também afirmam que o uso de dietas de MGI (sem

forragem) é uma opção viável para produção de carne em confinamento, pois

promove um melhor ganho/consumo, tanto para Nelore quanto Angus. Porém, devem

ser tomados cuidados especiais para o fornecimento desse tipo de dieta, como o

manejo alimentar durante adaptação e ao longo do confinamento, evitando assim

distúrbios digestivos e oscilações no consumo de matéria seca.

Não houve diferença de consumo de matéria seca (CMS) entre os tratamentos

(P≥0,7411), apresentando média de 8,56 kg dia-1. Lemos et al. (2016) não

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35

encontraram diferenças em relação ao CMS para o uso isolado ou em associação da

VM e MO, apresentando média de 8,21 kg dia-1, semelhante ao valor encontrado no

presente estudo.

Montano et al. (2015) compararam os efeitos no uso isolado da MO e VM no

desempenho de bovinos consumindo dietas de terminação à base de milho e também

não encontraram diferença estatística no CMS entre os tratamentos, relatando valor

médio de 8,32 kg dia-1. Apesar do autor utilizar dieta diferente da proposta neste

trabalho, obteve valor médio de CMS próximo ao desse estudo.

Diferente dos dados encontrados no presente estudo, Camilo (2017) constatou

que animais confinados recebendo dieta de alto grão tiveram menor consumo no

tratamento usando a MO que o tratamento com VM, com valores de CMS de 8,54 kg

dia-1 e 9,07 kg dia-1 respectivamente. Já a associação apresentou consumo menor

que o uso da VM isolada (P<0,05).

Benatti et al. (2017) constataram um menor CMS para associação da MO e VM

dos animais terminados em confinamento consumindo dieta de alto grão, comparado

ao uso isolado dos aditivos, porém sem alterar o ganho médio diário (GMD). Assim

como Nuñez et al. (2013), que avaliando o desempenho e características de carcaça

de bovinos confinados com dietas com dois níveis de concentrado na dieta (73% e

91%) e a utilização VM como ionóforo de forma associada ou isolada, ou que, a

associação, encontraram redução do CMS, porém sem alterar o GMD.

3.2 Ensaio de desempenho

Na Figura 2 são apresentadas as curvas de consumo de matéria seca (CMS)

dos animais nos tratamentos em função dos dias de confinamento. Embora não tenha

sido possível realizar análise estatística do CMS dos animais no ensaio de

desempenho, notou-se que a curva de CMS dos animais do tratamento VM se

destacou em relação aos demais tratamentos, especialmente em relação ao

tratamento MOVM, o que pode ajudar a entender a razão do VM ter proporcionado

melhor desempenho dos animais.

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36

Figura 2. Consumo diário de MS dos animais em função dos tratamento e dias de

confinamento (MO: monensina; MOVM: monensina/virginiamicina; VM: virginiamicina)

O CMS é a principal variável que afeta o desempenho dos animais, pois

determina a quantidade absoluta de nutrientes disponíveis para serem usados nos

eventos anabólicos (síntese de componentes do leite ou de tecidos corporais). Nesse

sentido, Mertens (1994) salienta que enquanto a variação na digestibilidade explicava

apenas de 10 a 40% na variação do desempenho de vacas leiteiras, as variações no

consumo explicavam de 60 a 90% dessa variação.

A MO tem sido relatada na literatura e em termos práticos sobre seus efeitos

em controlar ou modular CMS em ruminantes, enquanto não há relatos sobre esse

efeito relativo à virginiamicina (Duffield et al., 2012; Rogers et al., 1995). Entretanto,

considerando que a MO e VM afetam a comunidade microbiana ruminal, reduzindo o

crescimento e atividade de algumas espécies de microorganismos, é possível que a

associação entre elas tenha apresentado um efeito negativo no ambiente ruminal,

causando dessa forma, a redução da digestão dos nutrientes no rúmen, o que afetou

negativamente o CMS.

O índice de claudicação dos animais foi zero, ou seja, não foi notado alteração

no padrão de locomoção dos animais nos tratamentos, mostrando a eficiência dos

tratamentos no controle de laminite.

0,00

2,00

4,00

6,00

8,00

10,00

12,00

0 20 40 60 80 100

Kg MS

DIAS

MO MOVM VM

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37

Na Figura 3 são apresentadas o percentual de escore de fezes de cada

tratamento. A nota de escore 1 representa as fezes com consistência líquida, servindo

de parâmetro para avaliação da ocorrência de acidose ruminal. A MO obteve 55,6%

da frequência de avaliação com escore 1.

Figura 3. Percentual do escore de fezes frescas de bovinos confinados recebendo dieta de milho grão inteiro com diferentes aditivos (1: Liquida; 2: Mole; 3: Firme; MO: monensina; MOVM: monensina/virginiamicina; VM: virginiamicina).

Segundo Silva et al. (2012), a avaliação das fezes pode ser uma ferramenta

valiosa no confinamento de bovinos, fornecendo informações relativas ao local e

extensão da digestão e fermentação dos alimentos consumidos. Nuñez et al. (2013)

salientam que a ocorrência de diarréia pode ser resultado de uma extensa

fermentação de carboidratos no intestino, assim como a presença de bolhas e espuma

nas fezes, sendo indicadores da ocorrência de acidose ruminal.

Os valores das médias de escore de fezes do presente estudo foram de 1,72

para MO e VM e 1,61 para MOVM, abaixo daqueles encontrados por Silva et al.

(2012), que avaliando o escore de fezes de novilhos Nelore confinados, constataram

valor de 2,92 para o tratamento com MGI sem forragem. Concluem que bovinos em

confinamento consumindo dieta de MGI apresentam fezes com consistência líquidas,

evidenciando problemas na fermentação com sintomas de acidose.

Na avaliação do fígado dos animais após o abate, identificou-se congestão em

três animais, sendo duas ocorrências (33,33%) para MO e uma ocorrência (16,67%)

para a MOVM. Não houve ocorrência para VM, comprovando que a virginiamicina é

um aditivo alimentar que previne o surgimento de abcessos hepáticos, devido à

inibição da bactéria F. necrophorum que conduz a infecção e o desenvolvimento de

55,6

16,7

27,8

50,0

38,9

11,1

38,9

50,0

11,1

0,0

10,0

20,0

30,0

40,0

50,0

60,0

1 2 3

%

ESCORES

MO MOVM V

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38

abcessos no fígado do animal (Nagaraja e Lechtenberg, 2007; Kleen et al., 2003;

Rogers et al., 1995; Cocito, 1979).

Na Tabela 5 são apresentados os dados de desempenho, na qual pode ser

observado que houve diferença significativa (P<0,055) entre VM e MOVM. A VM

apresentou maiores médias de peso corporal final (PCF), ganho de peso total (GPT),

peso de carcaça quente e ganho médio diário (GMD) que a MOVM. Entretanto, MO

isolada proporcionou desempenho semelhante dos animais no tratamento VM. Não

foram observadas diferenças entre os tratamentos quanto ao rendimento de carcaça,

cujo valor médio é de 52,23%.

Tabela 5. Médias de quadrados mínimos para as variáveis de desempenho de

bovinos confinados recebendo dieta de milho grão inteiro com diferentes

aditivos

Item Tratamentos¹ EPM² P³

MO MOVM VM

PCI4, kg 309,60 292,60 288,40 24,20 0,660

PCF5, kg 460,61ab 430,83b 481,56a 18,47 0,055

GPT6, kg 163,75ab 133,96b 184,69a 18,47 0,055

Rendimento de carcaça (%) 51,14 53,29 52,24 1,08 0,195

Peso de carcaça quente, kg 235,09ab 229,79b 251,92a 8,86 0,072

GMD7, kg 1,36a 1,12b 1,54a 0,15 0,055

Escore de fezes 1,72 1,61 1,72 - -

¹Tratamentos: MO – 30 ppm monensina sódica; MOVM – 30 ppm monensina sódica + 15 ppm virginiamicina; VM – 17 ppm virginiamicina; Médias seguidas de mesma letra não diferem entre si pelo teste de Tukey (P>0,10) ²Erro padrão da média. ³Valor de probabilidade < 0,10 4PCI: Peso corporal inicial 5PCF: Peso corporal final 6GPT: Ganho de peso total 7GMD: Ganho médio diário

Embora a monensina e a virginiamicina sejam moléculas diferentes, com

mecanismo de ação distintos, em que a primeira afeta o transporte de íons pela

membrana (Russell e Strobel, 1989; Duffield et al., 2008), e a segunda impede a

síntese proteica celular (Cocito, 1979), os grupos microbianos sensíveis e, portanto,

afetados, parecem ser similares, ou seja, especialmente bactérias gram-positivas, o

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39

que pode explicar a ausência de diferença no desempenho dos animais que

receberam os dois aditivos.

Embora a associação entre a MO e a VM pareça, num primeiro momento,

promover maiores benefícios, considerando o possível efeito combinados dos

antibióticos, tal efeito não foi observado no presente estudo, em que a associação da

MOVM promoveu pior desempenho do que cada aditivo isoladamente. A possível

explicação para tal efeito talvez se deva pelo fato de que os antibióticos quando

combinados causem efeito negativo mais pronunciado sobre a população microbiana

do rúmen, incluindo microorganismos desejáveis (bactérias gram-negativas),

traduzindo isso em menor síntese de proteína microbiana ruminal e, com isso, menor

fluxo de aminoácidos microbianos para o animal. Neste caso, a presente hipótese faz

todo sentido, considerando que para animais de abate, a síntese de músculo depende

do suprimento de aminoácidos circulantes, os quais, em sua maioria, são oriundos da

síntese de proteína microbiana ruminal, que quando negativamente afetada, pode

limitar o suprimento de aminoácidos para o animal (Bergen e Bates, 1988; Kone et al.,

1989).

A inclusão de antibióticos como promotores de crescimento, tais como a MO e

VM, em dietas de bovinos de corte confinados e alimentados com dietas baseadas

em grãos, como a do presente estudo, objetivam melhorar a eficiência alimentar

(ganho/consumo) e/ou reduzir a ocorrência de distúrbios digestivos, tais como

acidose, timpanismo e ruminite (Owens et al., 1998; Nagaraja e Lechtenberg, 2007).

Tão logo se inicia o uso do antibiótico, as espécies de microorganismos

ruminais sensíveis ao princípio ativo têm seu crescimento reduzido, enquanto que os

resistentes tendem a aumentar sua proporção pela menor competição com os

microorganismos sensíveis (Russell e Strobel, 1989). Como os microorganismos

resistentes geralmente estão associados a processos bioquímicos benéficos no

rúmen, isso tende a melhorar a eficiência de uso dos nutrientes no rúmen e,

consequentemente, pelo animal (Oliveira et al., 2005b).

A dieta fornecida do presente estudo composta de milho grão inteiro com o

núcleo sem a presença do ingrediente volumoso é considerada de alto risco,

justamente pela ausência de forragem, pois ela é responsável pela manutenção do

pH ruminal, devido ao estímulo da ruminação e produção de saliva (Van Soest, 1994).

Desta forma, o uso de aditivos antimicrobianos em dietas de alto grão ajuda a evitar

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distúrbios digestivos de bovinos confinados (Owens et al., 1998; Nagaraja e

Lechtenberg, 2007).

Os ionóforos são eficientes em retardar a incidência desses distúrbios num

confinamento, devido à inibição do crescimento das bactérias produtoras de lactato, e

pela redução na variação de ingestão de matéria seca (Bergen e Bates, 1988).

Alguns estudos comparando o uso isolado e associado de diferentes aditivos

alimentares vem sendo realizado, porém obtendo respostas variadas. Heker et al.

(2018) avaliaram o efeito associativo da MO à VM sobre o desempenho de novilhos

terminados em confinamento com dieta de alto grão, constatando que a associação

apresentou melhores resultados em relação ao desempenho, sendo superiores o

GMD, ganho de carcaça diário e total comparados com a monensina de forma isolada.

No presente estudo, o uso dos aditivos de forma isolada conseguiu garantir um

ganho de peso superior em relação à dieta que tinha a associação dos antibióticos.

Esses dados diferem dos encontrados por Sitta (2011) que verificou efeito benéfico

na associação dos aditivos para o GMD em novilhos Nelore utilizando rações com

88% de concentrado (milho moído fino) e 12% de volumoso (feno tifton 85), visto que

a presença do ingrediente volumoso contribui para a manutenção do ambiente ruminal

devido ao estimulo da ruminação (Van Soest, 1994), sendo que neste estudo o

ingrediente volumoso não foi utilizado na dieta final.

Diferente dos dados apresentados, Heker et al. (2018) verificaram maior PCF

e GMD para bovinos confinados alimentados com dieta com 50% de silagem de milho

e 50% de concentrado, com associação de MO, VM e óleo essencial em relação aos

animais que receberam a mesma dieta com a monensina de forma isolada. Talvez a

alta proporção de forragem da dieta fornecida aos animais tenha sido fator essencial

para o sucesso da associação.

Benatti et al. (2017) estudaram os efeitos do aumento dos níveis de MO em

uma dieta de alto grão contendo VM para novilhos terminados em confinamento,

comparados ao tratamento controle (sem aditivos). Durante a adaptação (28 dias) a

associação dos aditivos induziu a redução do CMS, tendo impacto negativo no

desempenho animal (menor PC e GMD). Porém, no período inteiro de avaliação, a

associação de aditivos reduziu a oscilação e o CMS sem alterar o GMD, aumentando

linearmente a eficiência alimentar. Os autores concluíram que o efeito sinérgico dos

aditivos pode ter otimizado a fermentação ruminal e, com isso, o desempenho animal.

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41

Tais informações contrastam com o presente estudo, em que a associação,

pode ter influenciado negativamente a síntese de proteína microbiana, com

consequente decréscimo no fluxo de aminoácidos microbianos para o animal (Kone

et al., 1989; Bergen e Bates, 1988), fazendo com que o GMD fosse menor comparado

aos outros tratamentos isolados.

Camilo (2017) realizou experimento com animais confinados consumindo

dietas de alto grão com adição de MO ou VM de forma isolada ou associada, obtendo

valores de GMD de 1,60 kg para MO; 1,53 kg para VM e 1,54 kg MOVM, constatando

que a associação dos aditivos MO e VM não mostrou evidência na melhoria no

desempenho dos animais, promovendo GMD similares. O GMD do tratamento VM no

presente estudo (1,54 kg) foi similar ao encontrado por Camilo (2017), já os

tratamentos MO (1,36 kg) e MOVM (1,12 kg) tiveram valores abaixo dos encontrados

pelo autor.

Rigueiro (2016) realizou estudo com o intuito de criar um protocolo para o uso

da associação de MO e VM em bovinos confinados, testando diferentes doses dos

aditivos durante a adaptação e/ou terminação em uma dieta com 84% de concentrado,

a base de silagem de grãos úmidos de milho. Observou maior GMD e PCF para os

animais que receberam a associação de MOVM durante a fase de adaptação e

somente VM na terminação. O autor concluiu que a associação dos aditivos, após a

adaptação, não melhora o desempenho dos animais, pois os animais apresentaram

menor CMS e, portanto, menor GMD.

Segundo Rogers et al. (1995), o uso da VM como único aditivo na dieta dos

animais tem pouco efeito na modulação do CMS comparado ao grupo controle, porém

o aditivo tem efeito positivo na melhora da conversão alimentar. Sitta (2011) não

encontrou diferenças de CMS e eficiência alimentar entre animais consumindo

isoladamente VM ou MO na dieta quando comparado aos que receberam MO (20ppm)

+ VM (15ppm).

Lemos et al. (2016) realizaram estudo similar a este, com animais Nelore

confinados recebendo dieta sem forragem com MGI e núcleo concentrado,

comparando a influência da MO, VM ou flavomicina de forma isolada ou associada ao

desempenho dos animais. Os resultados encontrados pelo autor sugerem que não há

influência positiva na associação dos aditivos ao desempenho dos animais em dietas

de MGI sem forragem, corroborando os resultados encontrados neste estudo, já que,

a associação promoveu menor GMD e PCF.

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42

Segundo Duffield et al. (2012), a inclusão de MO em doses médias e altas nas

rações de confinamento diminuem o CMS dos animais, melhora a conversão e a

eficiência alimentar, muitas vezes sem alterar o GMD. No entanto, o uso de aditivos

que limitem o consumo dos animais pode influenciar o GMD.

Dietas com altos níveis de concentrados como a utilizada no presente estudo,

possuem maior teor de energia, e a inclusão de aditivos como a MO e VM, além de

controlar o surgimento de distúrbios metabólicos, devido as alterações da população

microbiana do rúmen, faz com que ocorra o aumento da disponibilidade de energia, o

que, muitas vezes, faz com que o animal consumindo menos obtenha a mesma

quantidade de energia (Oliveira et al., 2005b).

Silva et al. (2004), testando o efeito de salinomicina, VM e associação de ambos

ao desempenho de novilhos Nelore alimentados com dieta contendo 77% de

concentrado, não verificaram diferenças significativas no GMD e eficiência alimentar

dos animais tratados com esses aditivos isolados ou associados. Os animais que

receberam a associação apresentaram ganho de peso 17,9% superior ao tratamento

com aditivos isolados. Os animais que ganharam maior quantidade de peso também

consumiram mais alimentos durante o período experimental,diferentemente dos

valores encontrados no presente trabalho, onde a associação teve influência negativa

nas caracteristicas de desempenho.

No presente estudo não houve diferença significativa entre os tratamentos

quanto ao rendimento de carcaça. Assim como Heker et al. (2018), que trabalhando

com MO e MO+VM+Oléos essenciais, também não encontraram diferença entre os

tratamentos com relação ao rendimento de carcaça, tendo resultado semelhante a

este estudo. Sitta (2011), também não encontrou diferença para rendimento de

carcaça com novilhos Nelore terminados com MO e MOVM, corroborando o presente

estudo, onde a associação dos aditivos não teve influência nessa variável.

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CONCLUSÕES

O uso isolado da virginiamicina ou monensina em uma dieta de milho grão

inteiro sem forragem tem melhores resultados no desempenho animal quando

comparado à associação desses aditivos.

Os aditivos utilizados de forma isolada ou associada na dieta de milho grão

inteiro sem forragem não diferenciam no controle do pH ruminal, proporciona ambiente

ruminal adequado para o controle de distúrbios metabólicos e na manutenção da

saúde ruminal.

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