Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

62
Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis Filipe Lima e Silva UM ESTUDO SOBRE A FOCALIZAÇÃO NO PORTUGUÊS BRASILEIRO Belo Horizonte 2013

Transcript of Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

Page 1: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Letras

Luis Filipe Lima e Silva

UM ESTUDO SOBRE A FOCALIZACcedilAtildeO NO PORTUGUEcircS BRASILEIRO

Belo Horizonte

2013

LUIS FILIPE LIMA E SILVA

UM ESTUDO SOBRE A FOCALIZACcedilAtildeO NO PORTUGUEcircS BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Colegiado de

Graduaccedilatildeo da Faculdade de Letras da

Universidade Federal de Minas Gerais como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

Bacharel em Letras (habilitaccedilatildeo em

Linguiacutestica)

Orientadora Profordf Drordf Heliana Ribeiro de

Mello

Belo Horizonte

Faculdade de Letras da UFMG

2013

Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Letras

Monografia intitulada ldquoUm estudo sobre a focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileirordquo de autoria do

bacharelando Luis Filipe Lima e Silva submetida agrave aprovaccedilatildeo pela banca examinadora

constituiacuteda pelos seguintes professores

_____________________________________________________________

Profordf Drordf Heliana Ribeiro de Mello ndash FALEUFMG ndash Orientadora

_____________________________________________________________

Profordf Drordf Maria Elizabeth Fonseca Saraiva ndash FALEUFMG

_____________________________________________________________

Doutorando Bruno Neves Rati de Melo Rocha ndash FALEUFMG

A los latinoamericanos

AGRADECIMENTOS

Agrave orientadora Profordf Heliana Mello

Aos membros da banca examinadora Profordf Maria Elizabeth Saraiva e Doutorando Bruno

Rocha

Aos exatuais membros do C-ORAL-BRASIL Adriana Ramos Bruno Mota Elisa Santos

Heloiacutesa Vale Luciana Aacutevila Maryualecirc Mittmann Priscila Cocircrtes e Raiacutessa Caetano

Agraves acadecircmicas Daniela Guimaratildees Lena Dal Pozzo e Mariana Resenes

Aos professores Jacircnia Ramos Lorenzo Vitral e Tommaso Raso

Aos colegas da graduaccedilatildeo Andressa Gomide Carolina Bohoacuterquez Daikan Takane Frederico

Cavalcante Henrique Alves Ingrid Faria Letiacutecia Meirelles e Maacuterio Silva

A todos mis amigos de Latinoameacuterica

La constancia y el estudio hacen a los hombres grandes y los

hombres grandes son el porvenir de la Patria

(Benito Juaacuterez)

RESUMO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno pragmaacutetico-discursivo que objetiva realccedilar itens do enunciado

O realce dado a um item do enunciado recebe o nome de foco Nas liacutenguas naturais haacute vaacuterias

formas de se focalizar um item atraveacutes de recursos prosoacutedicos construccedilotildees sintaacuteticas

afixaccedilatildeo morfoloacutegica combinaccedilatildeo com itens lexicais exclusivos etc Este trabalho tem dois

objetivos principais o primeiro eacute mapear classificar e analisar prosodicamente estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileiro considerando o contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeo e

fazendo uso do formalismo semacircntico como suporte para a anaacutelise dos dados bem como da

percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo dessas estrateacutegias O segundo objetivo eacute propor uma distinccedilatildeo

entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase fenocircmenos muitas vezes considerados sinocircnimos por

aparentemente apresentarem certas semelhanccedilas contudo seraacute proposto que haacute diferenccedilas

entre os dois Foram adotados os mesmos criteacuterios para a anaacutelise dos dados referentes ao

segundo objetivo deste trabalho isto eacute prosoacutedia contexto pragmaacutetico e propriedades

semacircnticas O corpus utilizado para esta pesquisa foi o C-ORAL-BRASIL (RASO amp

MELLO 2012) um corpus oral do Portuguecircs Brasileiro falado informal Ressalta-se que esta

pesquisa eacute de cunho qualitativo isto eacute natildeo foram levados em consideraccedilatildeo paracircmetros

quantitativos como sustentaccedilatildeo das anaacutelises dos dados embora acreditemos que sejam de total

importacircncia Outros objetivos tambeacutem satildeo contemplados por exemplo a exposiccedilatildeo de cada

tipo de foco ilustrados com exemplos de vaacuterias liacutenguas considerando as diferentes correntes

de estudo Atraveacutes da pesquisa em trecircs textos do corpus C-ORAL-BRASIL foi possiacutevel

classificar as ocorrecircncias de focalizaccedilatildeo em foco prosoacutedico sendo realizado por uma

proeminecircncia prosoacutedica foco morfoloacutegico expresso por uma palavra dedicada a focalizar e

foco sintaacutetico sendo realizado atraveacutes das construccedilotildees clivadas O foco prosoacutedico e a ecircnfase

se distinguem no plano pragmaacutetico apresentando contextos distintos de enunciaccedilatildeo e no

plano semacircntico que apresenta efeitos de sentido diferentes

Palavras-chave focalizaccedilatildeo foco ecircnfase prosoacutedia pragmaacutetica

RESUMEN

La focalizacioacuten es un fenoacutemeno pragmaacutetico-discursivo que pretende resaltar los elementos de

la declaracioacuten El realce dado a un elemento de la declaracioacuten se llama foco En el lenguaje

natural existen varias maneras de focalizar un elemento a traveacutes de caracteriacutesticas

prosoacutedicas construcciones sintaacutecticas afijacioacuten morfoloacutegica combinacioacuten con elementos

leacutexicos exclusivos etc Este trabajo tiene dos objetivos principales el primero es mapear

clasificar y analizar prosodicamente las estrategias de focalizacioacuten en el portugueacutes de Brasil

teniendo en cuenta el contexto pragmaacutetico de enunciacioacuten y haciendo uso del formalismo

semaacutentico como apoyo al anaacutelisis de datos asiacute como de la percepcioacuten para la identificacioacuten de

estas estrategias El segundo objetivo es proponer una distincioacuten entre el foco prosoacutedico y el

eacutenfasis fenoacutemenos que a menudo se consideran sinoacutenimos por presentar ciertas similitudes al

parecer sin embargo proponemos que existen diferencias entre los dos El mismo criterio se

adoptoacute para el anaacutelisis de datos relacionados con el segundo objetivo de este trabajo es decir

la prosodia el contexto pragmaacutetico y las propiedades semaacutenticas El corpus utilizado para esta

investigacioacuten fue el C-ORAL-BRASIL (RASO amp MELLO 2012) un corpus oral del

portugueacutes brasilentildeo hablado informalmente Cabe sentildealar que esta investigacioacuten es de tipo

cualitativo es decir no se tendraacute en cuenta paraacutemetros cuantitativos como apoyo para el

anaacutelisis de datos aunque creemos que todos sean importantes Otros objetivos tambieacuten se

contemplan por ejemplo la exposicioacuten de cada tipo de foco que se ilustra con ejemplos de

varios idiomas teniendo en cuenta las diferentes corrientes de estudio A traveacutes de la

investigacioacuten con tres textos del corpus C-ORAL-BRASIL fue posible clasificar las

ocurrencias de focalizacioacuten en el foco prosoacutedico llevado a cabo por una prominencia

prosoacutedica el foco morfoloacutegico expresado por una palabra dedicada a focalizar y el foco

sintaacutectico llevado a cabo a traveacutes de construcciones hendidas El foco prosoacutedico y el eacutenfasis

en el nivel pragmaacutetico se distinguen con diferentes contextos de enunciacioacuten y en el nivel

semaacutentico que presenta diferentes efectos de sentido

Palabras-clave focalizacioacuten foco eacutenfasis prosodia pragmaacutetica

LISTA DE FIGURAS

Figura 31 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Figura 32 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Figura 33 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Figura 34 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04 42

Figura 35 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Figura 36 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Figura 37 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Figura 38 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Figura 39 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Figura 310 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Figura 311 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Figura 312 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 2: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

LUIS FILIPE LIMA E SILVA

UM ESTUDO SOBRE A FOCALIZACcedilAtildeO NO PORTUGUEcircS BRASILEIRO

Monografia apresentada ao Colegiado de

Graduaccedilatildeo da Faculdade de Letras da

Universidade Federal de Minas Gerais como

requisito parcial para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de

Bacharel em Letras (habilitaccedilatildeo em

Linguiacutestica)

Orientadora Profordf Drordf Heliana Ribeiro de

Mello

Belo Horizonte

Faculdade de Letras da UFMG

2013

Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Letras

Monografia intitulada ldquoUm estudo sobre a focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileirordquo de autoria do

bacharelando Luis Filipe Lima e Silva submetida agrave aprovaccedilatildeo pela banca examinadora

constituiacuteda pelos seguintes professores

_____________________________________________________________

Profordf Drordf Heliana Ribeiro de Mello ndash FALEUFMG ndash Orientadora

_____________________________________________________________

Profordf Drordf Maria Elizabeth Fonseca Saraiva ndash FALEUFMG

_____________________________________________________________

Doutorando Bruno Neves Rati de Melo Rocha ndash FALEUFMG

A los latinoamericanos

AGRADECIMENTOS

Agrave orientadora Profordf Heliana Mello

Aos membros da banca examinadora Profordf Maria Elizabeth Saraiva e Doutorando Bruno

Rocha

Aos exatuais membros do C-ORAL-BRASIL Adriana Ramos Bruno Mota Elisa Santos

Heloiacutesa Vale Luciana Aacutevila Maryualecirc Mittmann Priscila Cocircrtes e Raiacutessa Caetano

Agraves acadecircmicas Daniela Guimaratildees Lena Dal Pozzo e Mariana Resenes

Aos professores Jacircnia Ramos Lorenzo Vitral e Tommaso Raso

Aos colegas da graduaccedilatildeo Andressa Gomide Carolina Bohoacuterquez Daikan Takane Frederico

Cavalcante Henrique Alves Ingrid Faria Letiacutecia Meirelles e Maacuterio Silva

A todos mis amigos de Latinoameacuterica

La constancia y el estudio hacen a los hombres grandes y los

hombres grandes son el porvenir de la Patria

(Benito Juaacuterez)

RESUMO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno pragmaacutetico-discursivo que objetiva realccedilar itens do enunciado

O realce dado a um item do enunciado recebe o nome de foco Nas liacutenguas naturais haacute vaacuterias

formas de se focalizar um item atraveacutes de recursos prosoacutedicos construccedilotildees sintaacuteticas

afixaccedilatildeo morfoloacutegica combinaccedilatildeo com itens lexicais exclusivos etc Este trabalho tem dois

objetivos principais o primeiro eacute mapear classificar e analisar prosodicamente estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileiro considerando o contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeo e

fazendo uso do formalismo semacircntico como suporte para a anaacutelise dos dados bem como da

percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo dessas estrateacutegias O segundo objetivo eacute propor uma distinccedilatildeo

entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase fenocircmenos muitas vezes considerados sinocircnimos por

aparentemente apresentarem certas semelhanccedilas contudo seraacute proposto que haacute diferenccedilas

entre os dois Foram adotados os mesmos criteacuterios para a anaacutelise dos dados referentes ao

segundo objetivo deste trabalho isto eacute prosoacutedia contexto pragmaacutetico e propriedades

semacircnticas O corpus utilizado para esta pesquisa foi o C-ORAL-BRASIL (RASO amp

MELLO 2012) um corpus oral do Portuguecircs Brasileiro falado informal Ressalta-se que esta

pesquisa eacute de cunho qualitativo isto eacute natildeo foram levados em consideraccedilatildeo paracircmetros

quantitativos como sustentaccedilatildeo das anaacutelises dos dados embora acreditemos que sejam de total

importacircncia Outros objetivos tambeacutem satildeo contemplados por exemplo a exposiccedilatildeo de cada

tipo de foco ilustrados com exemplos de vaacuterias liacutenguas considerando as diferentes correntes

de estudo Atraveacutes da pesquisa em trecircs textos do corpus C-ORAL-BRASIL foi possiacutevel

classificar as ocorrecircncias de focalizaccedilatildeo em foco prosoacutedico sendo realizado por uma

proeminecircncia prosoacutedica foco morfoloacutegico expresso por uma palavra dedicada a focalizar e

foco sintaacutetico sendo realizado atraveacutes das construccedilotildees clivadas O foco prosoacutedico e a ecircnfase

se distinguem no plano pragmaacutetico apresentando contextos distintos de enunciaccedilatildeo e no

plano semacircntico que apresenta efeitos de sentido diferentes

Palavras-chave focalizaccedilatildeo foco ecircnfase prosoacutedia pragmaacutetica

RESUMEN

La focalizacioacuten es un fenoacutemeno pragmaacutetico-discursivo que pretende resaltar los elementos de

la declaracioacuten El realce dado a un elemento de la declaracioacuten se llama foco En el lenguaje

natural existen varias maneras de focalizar un elemento a traveacutes de caracteriacutesticas

prosoacutedicas construcciones sintaacutecticas afijacioacuten morfoloacutegica combinacioacuten con elementos

leacutexicos exclusivos etc Este trabajo tiene dos objetivos principales el primero es mapear

clasificar y analizar prosodicamente las estrategias de focalizacioacuten en el portugueacutes de Brasil

teniendo en cuenta el contexto pragmaacutetico de enunciacioacuten y haciendo uso del formalismo

semaacutentico como apoyo al anaacutelisis de datos asiacute como de la percepcioacuten para la identificacioacuten de

estas estrategias El segundo objetivo es proponer una distincioacuten entre el foco prosoacutedico y el

eacutenfasis fenoacutemenos que a menudo se consideran sinoacutenimos por presentar ciertas similitudes al

parecer sin embargo proponemos que existen diferencias entre los dos El mismo criterio se

adoptoacute para el anaacutelisis de datos relacionados con el segundo objetivo de este trabajo es decir

la prosodia el contexto pragmaacutetico y las propiedades semaacutenticas El corpus utilizado para esta

investigacioacuten fue el C-ORAL-BRASIL (RASO amp MELLO 2012) un corpus oral del

portugueacutes brasilentildeo hablado informalmente Cabe sentildealar que esta investigacioacuten es de tipo

cualitativo es decir no se tendraacute en cuenta paraacutemetros cuantitativos como apoyo para el

anaacutelisis de datos aunque creemos que todos sean importantes Otros objetivos tambieacuten se

contemplan por ejemplo la exposicioacuten de cada tipo de foco que se ilustra con ejemplos de

varios idiomas teniendo en cuenta las diferentes corrientes de estudio A traveacutes de la

investigacioacuten con tres textos del corpus C-ORAL-BRASIL fue posible clasificar las

ocurrencias de focalizacioacuten en el foco prosoacutedico llevado a cabo por una prominencia

prosoacutedica el foco morfoloacutegico expresado por una palabra dedicada a focalizar y el foco

sintaacutectico llevado a cabo a traveacutes de construcciones hendidas El foco prosoacutedico y el eacutenfasis

en el nivel pragmaacutetico se distinguen con diferentes contextos de enunciacioacuten y en el nivel

semaacutentico que presenta diferentes efectos de sentido

Palabras-clave focalizacioacuten foco eacutenfasis prosodia pragmaacutetica

LISTA DE FIGURAS

Figura 31 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Figura 32 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Figura 33 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Figura 34 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04 42

Figura 35 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Figura 36 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Figura 37 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Figura 38 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Figura 39 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Figura 310 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Figura 311 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Figura 312 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 3: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

Universidade Federal de Minas Gerais

Faculdade de Letras

Monografia intitulada ldquoUm estudo sobre a focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileirordquo de autoria do

bacharelando Luis Filipe Lima e Silva submetida agrave aprovaccedilatildeo pela banca examinadora

constituiacuteda pelos seguintes professores

_____________________________________________________________

Profordf Drordf Heliana Ribeiro de Mello ndash FALEUFMG ndash Orientadora

_____________________________________________________________

Profordf Drordf Maria Elizabeth Fonseca Saraiva ndash FALEUFMG

_____________________________________________________________

Doutorando Bruno Neves Rati de Melo Rocha ndash FALEUFMG

A los latinoamericanos

AGRADECIMENTOS

Agrave orientadora Profordf Heliana Mello

Aos membros da banca examinadora Profordf Maria Elizabeth Saraiva e Doutorando Bruno

Rocha

Aos exatuais membros do C-ORAL-BRASIL Adriana Ramos Bruno Mota Elisa Santos

Heloiacutesa Vale Luciana Aacutevila Maryualecirc Mittmann Priscila Cocircrtes e Raiacutessa Caetano

Agraves acadecircmicas Daniela Guimaratildees Lena Dal Pozzo e Mariana Resenes

Aos professores Jacircnia Ramos Lorenzo Vitral e Tommaso Raso

Aos colegas da graduaccedilatildeo Andressa Gomide Carolina Bohoacuterquez Daikan Takane Frederico

Cavalcante Henrique Alves Ingrid Faria Letiacutecia Meirelles e Maacuterio Silva

A todos mis amigos de Latinoameacuterica

La constancia y el estudio hacen a los hombres grandes y los

hombres grandes son el porvenir de la Patria

(Benito Juaacuterez)

RESUMO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno pragmaacutetico-discursivo que objetiva realccedilar itens do enunciado

O realce dado a um item do enunciado recebe o nome de foco Nas liacutenguas naturais haacute vaacuterias

formas de se focalizar um item atraveacutes de recursos prosoacutedicos construccedilotildees sintaacuteticas

afixaccedilatildeo morfoloacutegica combinaccedilatildeo com itens lexicais exclusivos etc Este trabalho tem dois

objetivos principais o primeiro eacute mapear classificar e analisar prosodicamente estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileiro considerando o contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeo e

fazendo uso do formalismo semacircntico como suporte para a anaacutelise dos dados bem como da

percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo dessas estrateacutegias O segundo objetivo eacute propor uma distinccedilatildeo

entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase fenocircmenos muitas vezes considerados sinocircnimos por

aparentemente apresentarem certas semelhanccedilas contudo seraacute proposto que haacute diferenccedilas

entre os dois Foram adotados os mesmos criteacuterios para a anaacutelise dos dados referentes ao

segundo objetivo deste trabalho isto eacute prosoacutedia contexto pragmaacutetico e propriedades

semacircnticas O corpus utilizado para esta pesquisa foi o C-ORAL-BRASIL (RASO amp

MELLO 2012) um corpus oral do Portuguecircs Brasileiro falado informal Ressalta-se que esta

pesquisa eacute de cunho qualitativo isto eacute natildeo foram levados em consideraccedilatildeo paracircmetros

quantitativos como sustentaccedilatildeo das anaacutelises dos dados embora acreditemos que sejam de total

importacircncia Outros objetivos tambeacutem satildeo contemplados por exemplo a exposiccedilatildeo de cada

tipo de foco ilustrados com exemplos de vaacuterias liacutenguas considerando as diferentes correntes

de estudo Atraveacutes da pesquisa em trecircs textos do corpus C-ORAL-BRASIL foi possiacutevel

classificar as ocorrecircncias de focalizaccedilatildeo em foco prosoacutedico sendo realizado por uma

proeminecircncia prosoacutedica foco morfoloacutegico expresso por uma palavra dedicada a focalizar e

foco sintaacutetico sendo realizado atraveacutes das construccedilotildees clivadas O foco prosoacutedico e a ecircnfase

se distinguem no plano pragmaacutetico apresentando contextos distintos de enunciaccedilatildeo e no

plano semacircntico que apresenta efeitos de sentido diferentes

Palavras-chave focalizaccedilatildeo foco ecircnfase prosoacutedia pragmaacutetica

RESUMEN

La focalizacioacuten es un fenoacutemeno pragmaacutetico-discursivo que pretende resaltar los elementos de

la declaracioacuten El realce dado a un elemento de la declaracioacuten se llama foco En el lenguaje

natural existen varias maneras de focalizar un elemento a traveacutes de caracteriacutesticas

prosoacutedicas construcciones sintaacutecticas afijacioacuten morfoloacutegica combinacioacuten con elementos

leacutexicos exclusivos etc Este trabajo tiene dos objetivos principales el primero es mapear

clasificar y analizar prosodicamente las estrategias de focalizacioacuten en el portugueacutes de Brasil

teniendo en cuenta el contexto pragmaacutetico de enunciacioacuten y haciendo uso del formalismo

semaacutentico como apoyo al anaacutelisis de datos asiacute como de la percepcioacuten para la identificacioacuten de

estas estrategias El segundo objetivo es proponer una distincioacuten entre el foco prosoacutedico y el

eacutenfasis fenoacutemenos que a menudo se consideran sinoacutenimos por presentar ciertas similitudes al

parecer sin embargo proponemos que existen diferencias entre los dos El mismo criterio se

adoptoacute para el anaacutelisis de datos relacionados con el segundo objetivo de este trabajo es decir

la prosodia el contexto pragmaacutetico y las propiedades semaacutenticas El corpus utilizado para esta

investigacioacuten fue el C-ORAL-BRASIL (RASO amp MELLO 2012) un corpus oral del

portugueacutes brasilentildeo hablado informalmente Cabe sentildealar que esta investigacioacuten es de tipo

cualitativo es decir no se tendraacute en cuenta paraacutemetros cuantitativos como apoyo para el

anaacutelisis de datos aunque creemos que todos sean importantes Otros objetivos tambieacuten se

contemplan por ejemplo la exposicioacuten de cada tipo de foco que se ilustra con ejemplos de

varios idiomas teniendo en cuenta las diferentes corrientes de estudio A traveacutes de la

investigacioacuten con tres textos del corpus C-ORAL-BRASIL fue posible clasificar las

ocurrencias de focalizacioacuten en el foco prosoacutedico llevado a cabo por una prominencia

prosoacutedica el foco morfoloacutegico expresado por una palabra dedicada a focalizar y el foco

sintaacutectico llevado a cabo a traveacutes de construcciones hendidas El foco prosoacutedico y el eacutenfasis

en el nivel pragmaacutetico se distinguen con diferentes contextos de enunciacioacuten y en el nivel

semaacutentico que presenta diferentes efectos de sentido

Palabras-clave focalizacioacuten foco eacutenfasis prosodia pragmaacutetica

LISTA DE FIGURAS

Figura 31 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Figura 32 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Figura 33 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Figura 34 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04 42

Figura 35 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Figura 36 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Figura 37 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Figura 38 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Figura 39 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Figura 310 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Figura 311 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Figura 312 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 4: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

A los latinoamericanos

AGRADECIMENTOS

Agrave orientadora Profordf Heliana Mello

Aos membros da banca examinadora Profordf Maria Elizabeth Saraiva e Doutorando Bruno

Rocha

Aos exatuais membros do C-ORAL-BRASIL Adriana Ramos Bruno Mota Elisa Santos

Heloiacutesa Vale Luciana Aacutevila Maryualecirc Mittmann Priscila Cocircrtes e Raiacutessa Caetano

Agraves acadecircmicas Daniela Guimaratildees Lena Dal Pozzo e Mariana Resenes

Aos professores Jacircnia Ramos Lorenzo Vitral e Tommaso Raso

Aos colegas da graduaccedilatildeo Andressa Gomide Carolina Bohoacuterquez Daikan Takane Frederico

Cavalcante Henrique Alves Ingrid Faria Letiacutecia Meirelles e Maacuterio Silva

A todos mis amigos de Latinoameacuterica

La constancia y el estudio hacen a los hombres grandes y los

hombres grandes son el porvenir de la Patria

(Benito Juaacuterez)

RESUMO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno pragmaacutetico-discursivo que objetiva realccedilar itens do enunciado

O realce dado a um item do enunciado recebe o nome de foco Nas liacutenguas naturais haacute vaacuterias

formas de se focalizar um item atraveacutes de recursos prosoacutedicos construccedilotildees sintaacuteticas

afixaccedilatildeo morfoloacutegica combinaccedilatildeo com itens lexicais exclusivos etc Este trabalho tem dois

objetivos principais o primeiro eacute mapear classificar e analisar prosodicamente estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileiro considerando o contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeo e

fazendo uso do formalismo semacircntico como suporte para a anaacutelise dos dados bem como da

percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo dessas estrateacutegias O segundo objetivo eacute propor uma distinccedilatildeo

entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase fenocircmenos muitas vezes considerados sinocircnimos por

aparentemente apresentarem certas semelhanccedilas contudo seraacute proposto que haacute diferenccedilas

entre os dois Foram adotados os mesmos criteacuterios para a anaacutelise dos dados referentes ao

segundo objetivo deste trabalho isto eacute prosoacutedia contexto pragmaacutetico e propriedades

semacircnticas O corpus utilizado para esta pesquisa foi o C-ORAL-BRASIL (RASO amp

MELLO 2012) um corpus oral do Portuguecircs Brasileiro falado informal Ressalta-se que esta

pesquisa eacute de cunho qualitativo isto eacute natildeo foram levados em consideraccedilatildeo paracircmetros

quantitativos como sustentaccedilatildeo das anaacutelises dos dados embora acreditemos que sejam de total

importacircncia Outros objetivos tambeacutem satildeo contemplados por exemplo a exposiccedilatildeo de cada

tipo de foco ilustrados com exemplos de vaacuterias liacutenguas considerando as diferentes correntes

de estudo Atraveacutes da pesquisa em trecircs textos do corpus C-ORAL-BRASIL foi possiacutevel

classificar as ocorrecircncias de focalizaccedilatildeo em foco prosoacutedico sendo realizado por uma

proeminecircncia prosoacutedica foco morfoloacutegico expresso por uma palavra dedicada a focalizar e

foco sintaacutetico sendo realizado atraveacutes das construccedilotildees clivadas O foco prosoacutedico e a ecircnfase

se distinguem no plano pragmaacutetico apresentando contextos distintos de enunciaccedilatildeo e no

plano semacircntico que apresenta efeitos de sentido diferentes

Palavras-chave focalizaccedilatildeo foco ecircnfase prosoacutedia pragmaacutetica

RESUMEN

La focalizacioacuten es un fenoacutemeno pragmaacutetico-discursivo que pretende resaltar los elementos de

la declaracioacuten El realce dado a un elemento de la declaracioacuten se llama foco En el lenguaje

natural existen varias maneras de focalizar un elemento a traveacutes de caracteriacutesticas

prosoacutedicas construcciones sintaacutecticas afijacioacuten morfoloacutegica combinacioacuten con elementos

leacutexicos exclusivos etc Este trabajo tiene dos objetivos principales el primero es mapear

clasificar y analizar prosodicamente las estrategias de focalizacioacuten en el portugueacutes de Brasil

teniendo en cuenta el contexto pragmaacutetico de enunciacioacuten y haciendo uso del formalismo

semaacutentico como apoyo al anaacutelisis de datos asiacute como de la percepcioacuten para la identificacioacuten de

estas estrategias El segundo objetivo es proponer una distincioacuten entre el foco prosoacutedico y el

eacutenfasis fenoacutemenos que a menudo se consideran sinoacutenimos por presentar ciertas similitudes al

parecer sin embargo proponemos que existen diferencias entre los dos El mismo criterio se

adoptoacute para el anaacutelisis de datos relacionados con el segundo objetivo de este trabajo es decir

la prosodia el contexto pragmaacutetico y las propiedades semaacutenticas El corpus utilizado para esta

investigacioacuten fue el C-ORAL-BRASIL (RASO amp MELLO 2012) un corpus oral del

portugueacutes brasilentildeo hablado informalmente Cabe sentildealar que esta investigacioacuten es de tipo

cualitativo es decir no se tendraacute en cuenta paraacutemetros cuantitativos como apoyo para el

anaacutelisis de datos aunque creemos que todos sean importantes Otros objetivos tambieacuten se

contemplan por ejemplo la exposicioacuten de cada tipo de foco que se ilustra con ejemplos de

varios idiomas teniendo en cuenta las diferentes corrientes de estudio A traveacutes de la

investigacioacuten con tres textos del corpus C-ORAL-BRASIL fue posible clasificar las

ocurrencias de focalizacioacuten en el foco prosoacutedico llevado a cabo por una prominencia

prosoacutedica el foco morfoloacutegico expresado por una palabra dedicada a focalizar y el foco

sintaacutectico llevado a cabo a traveacutes de construcciones hendidas El foco prosoacutedico y el eacutenfasis

en el nivel pragmaacutetico se distinguen con diferentes contextos de enunciacioacuten y en el nivel

semaacutentico que presenta diferentes efectos de sentido

Palabras-clave focalizacioacuten foco eacutenfasis prosodia pragmaacutetica

LISTA DE FIGURAS

Figura 31 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Figura 32 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Figura 33 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Figura 34 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04 42

Figura 35 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Figura 36 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Figura 37 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Figura 38 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Figura 39 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Figura 310 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Figura 311 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Figura 312 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 5: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

AGRADECIMENTOS

Agrave orientadora Profordf Heliana Mello

Aos membros da banca examinadora Profordf Maria Elizabeth Saraiva e Doutorando Bruno

Rocha

Aos exatuais membros do C-ORAL-BRASIL Adriana Ramos Bruno Mota Elisa Santos

Heloiacutesa Vale Luciana Aacutevila Maryualecirc Mittmann Priscila Cocircrtes e Raiacutessa Caetano

Agraves acadecircmicas Daniela Guimaratildees Lena Dal Pozzo e Mariana Resenes

Aos professores Jacircnia Ramos Lorenzo Vitral e Tommaso Raso

Aos colegas da graduaccedilatildeo Andressa Gomide Carolina Bohoacuterquez Daikan Takane Frederico

Cavalcante Henrique Alves Ingrid Faria Letiacutecia Meirelles e Maacuterio Silva

A todos mis amigos de Latinoameacuterica

La constancia y el estudio hacen a los hombres grandes y los

hombres grandes son el porvenir de la Patria

(Benito Juaacuterez)

RESUMO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno pragmaacutetico-discursivo que objetiva realccedilar itens do enunciado

O realce dado a um item do enunciado recebe o nome de foco Nas liacutenguas naturais haacute vaacuterias

formas de se focalizar um item atraveacutes de recursos prosoacutedicos construccedilotildees sintaacuteticas

afixaccedilatildeo morfoloacutegica combinaccedilatildeo com itens lexicais exclusivos etc Este trabalho tem dois

objetivos principais o primeiro eacute mapear classificar e analisar prosodicamente estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileiro considerando o contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeo e

fazendo uso do formalismo semacircntico como suporte para a anaacutelise dos dados bem como da

percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo dessas estrateacutegias O segundo objetivo eacute propor uma distinccedilatildeo

entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase fenocircmenos muitas vezes considerados sinocircnimos por

aparentemente apresentarem certas semelhanccedilas contudo seraacute proposto que haacute diferenccedilas

entre os dois Foram adotados os mesmos criteacuterios para a anaacutelise dos dados referentes ao

segundo objetivo deste trabalho isto eacute prosoacutedia contexto pragmaacutetico e propriedades

semacircnticas O corpus utilizado para esta pesquisa foi o C-ORAL-BRASIL (RASO amp

MELLO 2012) um corpus oral do Portuguecircs Brasileiro falado informal Ressalta-se que esta

pesquisa eacute de cunho qualitativo isto eacute natildeo foram levados em consideraccedilatildeo paracircmetros

quantitativos como sustentaccedilatildeo das anaacutelises dos dados embora acreditemos que sejam de total

importacircncia Outros objetivos tambeacutem satildeo contemplados por exemplo a exposiccedilatildeo de cada

tipo de foco ilustrados com exemplos de vaacuterias liacutenguas considerando as diferentes correntes

de estudo Atraveacutes da pesquisa em trecircs textos do corpus C-ORAL-BRASIL foi possiacutevel

classificar as ocorrecircncias de focalizaccedilatildeo em foco prosoacutedico sendo realizado por uma

proeminecircncia prosoacutedica foco morfoloacutegico expresso por uma palavra dedicada a focalizar e

foco sintaacutetico sendo realizado atraveacutes das construccedilotildees clivadas O foco prosoacutedico e a ecircnfase

se distinguem no plano pragmaacutetico apresentando contextos distintos de enunciaccedilatildeo e no

plano semacircntico que apresenta efeitos de sentido diferentes

Palavras-chave focalizaccedilatildeo foco ecircnfase prosoacutedia pragmaacutetica

RESUMEN

La focalizacioacuten es un fenoacutemeno pragmaacutetico-discursivo que pretende resaltar los elementos de

la declaracioacuten El realce dado a un elemento de la declaracioacuten se llama foco En el lenguaje

natural existen varias maneras de focalizar un elemento a traveacutes de caracteriacutesticas

prosoacutedicas construcciones sintaacutecticas afijacioacuten morfoloacutegica combinacioacuten con elementos

leacutexicos exclusivos etc Este trabajo tiene dos objetivos principales el primero es mapear

clasificar y analizar prosodicamente las estrategias de focalizacioacuten en el portugueacutes de Brasil

teniendo en cuenta el contexto pragmaacutetico de enunciacioacuten y haciendo uso del formalismo

semaacutentico como apoyo al anaacutelisis de datos asiacute como de la percepcioacuten para la identificacioacuten de

estas estrategias El segundo objetivo es proponer una distincioacuten entre el foco prosoacutedico y el

eacutenfasis fenoacutemenos que a menudo se consideran sinoacutenimos por presentar ciertas similitudes al

parecer sin embargo proponemos que existen diferencias entre los dos El mismo criterio se

adoptoacute para el anaacutelisis de datos relacionados con el segundo objetivo de este trabajo es decir

la prosodia el contexto pragmaacutetico y las propiedades semaacutenticas El corpus utilizado para esta

investigacioacuten fue el C-ORAL-BRASIL (RASO amp MELLO 2012) un corpus oral del

portugueacutes brasilentildeo hablado informalmente Cabe sentildealar que esta investigacioacuten es de tipo

cualitativo es decir no se tendraacute en cuenta paraacutemetros cuantitativos como apoyo para el

anaacutelisis de datos aunque creemos que todos sean importantes Otros objetivos tambieacuten se

contemplan por ejemplo la exposicioacuten de cada tipo de foco que se ilustra con ejemplos de

varios idiomas teniendo en cuenta las diferentes corrientes de estudio A traveacutes de la

investigacioacuten con tres textos del corpus C-ORAL-BRASIL fue posible clasificar las

ocurrencias de focalizacioacuten en el foco prosoacutedico llevado a cabo por una prominencia

prosoacutedica el foco morfoloacutegico expresado por una palabra dedicada a focalizar y el foco

sintaacutectico llevado a cabo a traveacutes de construcciones hendidas El foco prosoacutedico y el eacutenfasis

en el nivel pragmaacutetico se distinguen con diferentes contextos de enunciacioacuten y en el nivel

semaacutentico que presenta diferentes efectos de sentido

Palabras-clave focalizacioacuten foco eacutenfasis prosodia pragmaacutetica

LISTA DE FIGURAS

Figura 31 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Figura 32 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Figura 33 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Figura 34 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04 42

Figura 35 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Figura 36 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Figura 37 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Figura 38 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Figura 39 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Figura 310 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Figura 311 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Figura 312 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 6: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

La constancia y el estudio hacen a los hombres grandes y los

hombres grandes son el porvenir de la Patria

(Benito Juaacuterez)

RESUMO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno pragmaacutetico-discursivo que objetiva realccedilar itens do enunciado

O realce dado a um item do enunciado recebe o nome de foco Nas liacutenguas naturais haacute vaacuterias

formas de se focalizar um item atraveacutes de recursos prosoacutedicos construccedilotildees sintaacuteticas

afixaccedilatildeo morfoloacutegica combinaccedilatildeo com itens lexicais exclusivos etc Este trabalho tem dois

objetivos principais o primeiro eacute mapear classificar e analisar prosodicamente estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileiro considerando o contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeo e

fazendo uso do formalismo semacircntico como suporte para a anaacutelise dos dados bem como da

percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo dessas estrateacutegias O segundo objetivo eacute propor uma distinccedilatildeo

entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase fenocircmenos muitas vezes considerados sinocircnimos por

aparentemente apresentarem certas semelhanccedilas contudo seraacute proposto que haacute diferenccedilas

entre os dois Foram adotados os mesmos criteacuterios para a anaacutelise dos dados referentes ao

segundo objetivo deste trabalho isto eacute prosoacutedia contexto pragmaacutetico e propriedades

semacircnticas O corpus utilizado para esta pesquisa foi o C-ORAL-BRASIL (RASO amp

MELLO 2012) um corpus oral do Portuguecircs Brasileiro falado informal Ressalta-se que esta

pesquisa eacute de cunho qualitativo isto eacute natildeo foram levados em consideraccedilatildeo paracircmetros

quantitativos como sustentaccedilatildeo das anaacutelises dos dados embora acreditemos que sejam de total

importacircncia Outros objetivos tambeacutem satildeo contemplados por exemplo a exposiccedilatildeo de cada

tipo de foco ilustrados com exemplos de vaacuterias liacutenguas considerando as diferentes correntes

de estudo Atraveacutes da pesquisa em trecircs textos do corpus C-ORAL-BRASIL foi possiacutevel

classificar as ocorrecircncias de focalizaccedilatildeo em foco prosoacutedico sendo realizado por uma

proeminecircncia prosoacutedica foco morfoloacutegico expresso por uma palavra dedicada a focalizar e

foco sintaacutetico sendo realizado atraveacutes das construccedilotildees clivadas O foco prosoacutedico e a ecircnfase

se distinguem no plano pragmaacutetico apresentando contextos distintos de enunciaccedilatildeo e no

plano semacircntico que apresenta efeitos de sentido diferentes

Palavras-chave focalizaccedilatildeo foco ecircnfase prosoacutedia pragmaacutetica

RESUMEN

La focalizacioacuten es un fenoacutemeno pragmaacutetico-discursivo que pretende resaltar los elementos de

la declaracioacuten El realce dado a un elemento de la declaracioacuten se llama foco En el lenguaje

natural existen varias maneras de focalizar un elemento a traveacutes de caracteriacutesticas

prosoacutedicas construcciones sintaacutecticas afijacioacuten morfoloacutegica combinacioacuten con elementos

leacutexicos exclusivos etc Este trabajo tiene dos objetivos principales el primero es mapear

clasificar y analizar prosodicamente las estrategias de focalizacioacuten en el portugueacutes de Brasil

teniendo en cuenta el contexto pragmaacutetico de enunciacioacuten y haciendo uso del formalismo

semaacutentico como apoyo al anaacutelisis de datos asiacute como de la percepcioacuten para la identificacioacuten de

estas estrategias El segundo objetivo es proponer una distincioacuten entre el foco prosoacutedico y el

eacutenfasis fenoacutemenos que a menudo se consideran sinoacutenimos por presentar ciertas similitudes al

parecer sin embargo proponemos que existen diferencias entre los dos El mismo criterio se

adoptoacute para el anaacutelisis de datos relacionados con el segundo objetivo de este trabajo es decir

la prosodia el contexto pragmaacutetico y las propiedades semaacutenticas El corpus utilizado para esta

investigacioacuten fue el C-ORAL-BRASIL (RASO amp MELLO 2012) un corpus oral del

portugueacutes brasilentildeo hablado informalmente Cabe sentildealar que esta investigacioacuten es de tipo

cualitativo es decir no se tendraacute en cuenta paraacutemetros cuantitativos como apoyo para el

anaacutelisis de datos aunque creemos que todos sean importantes Otros objetivos tambieacuten se

contemplan por ejemplo la exposicioacuten de cada tipo de foco que se ilustra con ejemplos de

varios idiomas teniendo en cuenta las diferentes corrientes de estudio A traveacutes de la

investigacioacuten con tres textos del corpus C-ORAL-BRASIL fue posible clasificar las

ocurrencias de focalizacioacuten en el foco prosoacutedico llevado a cabo por una prominencia

prosoacutedica el foco morfoloacutegico expresado por una palabra dedicada a focalizar y el foco

sintaacutectico llevado a cabo a traveacutes de construcciones hendidas El foco prosoacutedico y el eacutenfasis

en el nivel pragmaacutetico se distinguen con diferentes contextos de enunciacioacuten y en el nivel

semaacutentico que presenta diferentes efectos de sentido

Palabras-clave focalizacioacuten foco eacutenfasis prosodia pragmaacutetica

LISTA DE FIGURAS

Figura 31 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Figura 32 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Figura 33 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Figura 34 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04 42

Figura 35 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Figura 36 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Figura 37 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Figura 38 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Figura 39 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Figura 310 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Figura 311 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Figura 312 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 7: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

RESUMO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno pragmaacutetico-discursivo que objetiva realccedilar itens do enunciado

O realce dado a um item do enunciado recebe o nome de foco Nas liacutenguas naturais haacute vaacuterias

formas de se focalizar um item atraveacutes de recursos prosoacutedicos construccedilotildees sintaacuteticas

afixaccedilatildeo morfoloacutegica combinaccedilatildeo com itens lexicais exclusivos etc Este trabalho tem dois

objetivos principais o primeiro eacute mapear classificar e analisar prosodicamente estrateacutegias de

focalizaccedilatildeo no Portuguecircs Brasileiro considerando o contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeo e

fazendo uso do formalismo semacircntico como suporte para a anaacutelise dos dados bem como da

percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo dessas estrateacutegias O segundo objetivo eacute propor uma distinccedilatildeo

entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase fenocircmenos muitas vezes considerados sinocircnimos por

aparentemente apresentarem certas semelhanccedilas contudo seraacute proposto que haacute diferenccedilas

entre os dois Foram adotados os mesmos criteacuterios para a anaacutelise dos dados referentes ao

segundo objetivo deste trabalho isto eacute prosoacutedia contexto pragmaacutetico e propriedades

semacircnticas O corpus utilizado para esta pesquisa foi o C-ORAL-BRASIL (RASO amp

MELLO 2012) um corpus oral do Portuguecircs Brasileiro falado informal Ressalta-se que esta

pesquisa eacute de cunho qualitativo isto eacute natildeo foram levados em consideraccedilatildeo paracircmetros

quantitativos como sustentaccedilatildeo das anaacutelises dos dados embora acreditemos que sejam de total

importacircncia Outros objetivos tambeacutem satildeo contemplados por exemplo a exposiccedilatildeo de cada

tipo de foco ilustrados com exemplos de vaacuterias liacutenguas considerando as diferentes correntes

de estudo Atraveacutes da pesquisa em trecircs textos do corpus C-ORAL-BRASIL foi possiacutevel

classificar as ocorrecircncias de focalizaccedilatildeo em foco prosoacutedico sendo realizado por uma

proeminecircncia prosoacutedica foco morfoloacutegico expresso por uma palavra dedicada a focalizar e

foco sintaacutetico sendo realizado atraveacutes das construccedilotildees clivadas O foco prosoacutedico e a ecircnfase

se distinguem no plano pragmaacutetico apresentando contextos distintos de enunciaccedilatildeo e no

plano semacircntico que apresenta efeitos de sentido diferentes

Palavras-chave focalizaccedilatildeo foco ecircnfase prosoacutedia pragmaacutetica

RESUMEN

La focalizacioacuten es un fenoacutemeno pragmaacutetico-discursivo que pretende resaltar los elementos de

la declaracioacuten El realce dado a un elemento de la declaracioacuten se llama foco En el lenguaje

natural existen varias maneras de focalizar un elemento a traveacutes de caracteriacutesticas

prosoacutedicas construcciones sintaacutecticas afijacioacuten morfoloacutegica combinacioacuten con elementos

leacutexicos exclusivos etc Este trabajo tiene dos objetivos principales el primero es mapear

clasificar y analizar prosodicamente las estrategias de focalizacioacuten en el portugueacutes de Brasil

teniendo en cuenta el contexto pragmaacutetico de enunciacioacuten y haciendo uso del formalismo

semaacutentico como apoyo al anaacutelisis de datos asiacute como de la percepcioacuten para la identificacioacuten de

estas estrategias El segundo objetivo es proponer una distincioacuten entre el foco prosoacutedico y el

eacutenfasis fenoacutemenos que a menudo se consideran sinoacutenimos por presentar ciertas similitudes al

parecer sin embargo proponemos que existen diferencias entre los dos El mismo criterio se

adoptoacute para el anaacutelisis de datos relacionados con el segundo objetivo de este trabajo es decir

la prosodia el contexto pragmaacutetico y las propiedades semaacutenticas El corpus utilizado para esta

investigacioacuten fue el C-ORAL-BRASIL (RASO amp MELLO 2012) un corpus oral del

portugueacutes brasilentildeo hablado informalmente Cabe sentildealar que esta investigacioacuten es de tipo

cualitativo es decir no se tendraacute en cuenta paraacutemetros cuantitativos como apoyo para el

anaacutelisis de datos aunque creemos que todos sean importantes Otros objetivos tambieacuten se

contemplan por ejemplo la exposicioacuten de cada tipo de foco que se ilustra con ejemplos de

varios idiomas teniendo en cuenta las diferentes corrientes de estudio A traveacutes de la

investigacioacuten con tres textos del corpus C-ORAL-BRASIL fue posible clasificar las

ocurrencias de focalizacioacuten en el foco prosoacutedico llevado a cabo por una prominencia

prosoacutedica el foco morfoloacutegico expresado por una palabra dedicada a focalizar y el foco

sintaacutectico llevado a cabo a traveacutes de construcciones hendidas El foco prosoacutedico y el eacutenfasis

en el nivel pragmaacutetico se distinguen con diferentes contextos de enunciacioacuten y en el nivel

semaacutentico que presenta diferentes efectos de sentido

Palabras-clave focalizacioacuten foco eacutenfasis prosodia pragmaacutetica

LISTA DE FIGURAS

Figura 31 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Figura 32 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Figura 33 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Figura 34 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04 42

Figura 35 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Figura 36 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Figura 37 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Figura 38 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Figura 39 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Figura 310 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Figura 311 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Figura 312 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 8: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

RESUMEN

La focalizacioacuten es un fenoacutemeno pragmaacutetico-discursivo que pretende resaltar los elementos de

la declaracioacuten El realce dado a un elemento de la declaracioacuten se llama foco En el lenguaje

natural existen varias maneras de focalizar un elemento a traveacutes de caracteriacutesticas

prosoacutedicas construcciones sintaacutecticas afijacioacuten morfoloacutegica combinacioacuten con elementos

leacutexicos exclusivos etc Este trabajo tiene dos objetivos principales el primero es mapear

clasificar y analizar prosodicamente las estrategias de focalizacioacuten en el portugueacutes de Brasil

teniendo en cuenta el contexto pragmaacutetico de enunciacioacuten y haciendo uso del formalismo

semaacutentico como apoyo al anaacutelisis de datos asiacute como de la percepcioacuten para la identificacioacuten de

estas estrategias El segundo objetivo es proponer una distincioacuten entre el foco prosoacutedico y el

eacutenfasis fenoacutemenos que a menudo se consideran sinoacutenimos por presentar ciertas similitudes al

parecer sin embargo proponemos que existen diferencias entre los dos El mismo criterio se

adoptoacute para el anaacutelisis de datos relacionados con el segundo objetivo de este trabajo es decir

la prosodia el contexto pragmaacutetico y las propiedades semaacutenticas El corpus utilizado para esta

investigacioacuten fue el C-ORAL-BRASIL (RASO amp MELLO 2012) un corpus oral del

portugueacutes brasilentildeo hablado informalmente Cabe sentildealar que esta investigacioacuten es de tipo

cualitativo es decir no se tendraacute en cuenta paraacutemetros cuantitativos como apoyo para el

anaacutelisis de datos aunque creemos que todos sean importantes Otros objetivos tambieacuten se

contemplan por ejemplo la exposicioacuten de cada tipo de foco que se ilustra con ejemplos de

varios idiomas teniendo en cuenta las diferentes corrientes de estudio A traveacutes de la

investigacioacuten con tres textos del corpus C-ORAL-BRASIL fue posible clasificar las

ocurrencias de focalizacioacuten en el foco prosoacutedico llevado a cabo por una prominencia

prosoacutedica el foco morfoloacutegico expresado por una palabra dedicada a focalizar y el foco

sintaacutectico llevado a cabo a traveacutes de construcciones hendidas El foco prosoacutedico y el eacutenfasis

en el nivel pragmaacutetico se distinguen con diferentes contextos de enunciacioacuten y en el nivel

semaacutentico que presenta diferentes efectos de sentido

Palabras-clave focalizacioacuten foco eacutenfasis prosodia pragmaacutetica

LISTA DE FIGURAS

Figura 31 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Figura 32 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Figura 33 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Figura 34 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04 42

Figura 35 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Figura 36 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Figura 37 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Figura 38 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Figura 39 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Figura 310 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Figura 311 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Figura 312 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 9: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

LISTA DE FIGURAS

Figura 31 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Figura 32 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Figura 33 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Figura 34 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04 42

Figura 35 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Figura 36 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Figura 37 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Figura 38 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Figura 39 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Figura 310 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Figura 311 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Figura 312 - Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 10: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

LISTA DE TABELAS

Tabela 31 - Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02 37

Tabela 32 - Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03 38

Tabela 33 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02 40

Tabela 35 - Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04 43

Tabela 36 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03 44

Tabela 38 - Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03 46

Tabela 39 - Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03 47

Tabela 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 49

Tabela 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03 50

Tabela 314 - Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03 51

Tabela 315 - Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03 52

Tabela 316 - Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03 53

Tabela 317 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 54

Tabela 318 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02 55

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 11: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 12

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO 12

22 TIPOS DE FOCO 13

221 Foco sintaacutetico 14

222 Foco morfoloacutegico 18

223 Foco semacircntico 21

224 Foco prosoacutedico 24

3 METODOLOGIA DA PESQUISA 29

31 OBJETIVO 29

32 CORPUS 30

321 C-ORAL-ROM 30

322 C-ORAL-BRASIL 32

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS 34

4 ANAacuteLISE DOS DADOS 35

41 FOCO PROSOacuteDICO 35

42 FOCO SINTAacuteTICO 41

43 FOCO MORFOLOacuteGICO 45

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE 47

5 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 55

REFEREcircNCIAS 56

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 12: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

12

1 INTRODUCcedilAtildeO

A focalizaccedilatildeo eacute um fenocircmeno linguiacutestico cada vez mais estudado e que possui

importante papel na comunicaccedilatildeo oral Sua importacircncia na gramaacutetica das liacutenguas naturais

bem como nas situaccedilotildees comunicativas eacute grande podendo ser observada pela assunccedilatildeo de

Davis (2009 p 2) ldquoFOCUS is present in every language and that it is present in every

utterance of every languagerdquo1 Embora haja divergecircncia por parte de alguns autores quanto agrave

proposta de Davis assume-se de qualquer forma que a focalizaccedilatildeo nas liacutenguas naturais eacute um

importante recurso comunicativo promovido nas diversas interaccedilotildees linguiacutesticas do cotidiano

pois sinaliza propriedades semacircnticas especiacuteficas atraveacutes de recursos prosoacutedicos

morfoloacutegicos e configuraccedilotildees sintaacuteticas dedicadas a destacar um item Nas liacutenguas romacircnicas

e germacircnicas sobretudo a estrateacutegia prosoacutedica da focalizaccedilatildeo eacute fundamental para a

realizaccedilatildeo do foco conforme mencionam Beaver amp Clark (2008 p xxi) ldquoRomance and

Germanic languages and English in particular focus is commonly marked by prosody with

changes in pitch used to mark focused expressionsrdquo2 Natildeo obstante estejam presentes e

podendo estar em co-ocorrecircncia nas liacutenguas desses troncos estrateacutegias sintaacuteticas como as

construccedilotildees clivadas e morfoloacutegicas como adveacuterbios e quantificadores focais o que poderaacute

ser constatado ao longo deste trabalho

Este trabalho estaacute divido em duas partes a primeira (cf seccedilatildeo 2 e subseccedilotildees) que

procura expor ao leitor atraveacutes da consideraccedilatildeo de diferentes estudos de variadas abordagens

teoacuterico-metodoloacutegicas uma revisatildeo bibliograacutefica ao mesmo tempo concisa e imparcial que

objetiva cobrir de modo satisfatoacuterio o tema da focalizaccedilatildeo e seus desdobramentos nos estudos

linguiacutesticos e a segunda (cf seccedilotildees 3 e 4 e subseccedilotildees) que consiste na exposiccedilatildeo do objetivo

e da metodologia da pesquisa do corpus utilizado da anaacutelise dos dados e das decorrentes

consideraccedilotildees sobre o foco no Portuguecircs Brasileiro falado informal aleacutem da discussatildeo sobre

a diferenciaccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase Por fim a seccedilatildeo 5 consiste nas

consideraccedilotildees finais

2 PANORAMA GERAL DOS ESTUDOS SOBRE O FOCO

O fenocircmeno da focalizaccedilatildeo tem sido estudado por vaacuterias aacutereas da linguiacutestica ndash

sintaxe semacircntica prosoacutedia etc ndash e sob diferentes abordagens teoacuterico-metodoloacutegicas ndash

1 ldquoO FOCO estaacute presente em toda liacutengua e estaacute presente em todo enunciado de toda liacutenguardquo

2 ldquoNas liacutenguas romacircnicas e germacircnicas e no inglecircs em particular o foco eacute marcado normalmente pela prosoacutedia

com variaccedilotildees no pitch para marcar as expressotildees focalizadasrdquo

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 13: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

13

formal funcional pragmaacutetica etc Cada estudo independente da aacuterea ou da abordagem

teoacuterica tem revelado que a focalizaccedilatildeo apresenta importante papel na gramaacutetica das liacutenguas

naturais pois o foco seu principal componente manifesta-se nelas por diferentes estrateacutegias

linguiacutesticas Neste capiacutetulo seratildeo apresentados os diferentes meios em que o foco pode se

manifestar isto eacute os tipos de foco O objetivo deste capiacutetulo eacute mostrar que o foco ocorre

atraveacutes de diferentes estrateacutegias nas liacutenguas e que cada liacutengua escolhe uma ou mais

estrateacutegias para sua realizaccedilatildeo

21 TIPOS DE FOCO

O fenocircmeno que abrange o foco eacute a focalizaccedilatildeo que pode ser definida como o ldquoato de

focalizar ou seja de acentuar de ressaltar de pocircr em relevorealceevidecircncia um

determinado item do textordquo (GONCcedilALVES 1998 p 32) As liacutenguas naturais expressam esse

realce com diferentes estrateacutegias seja por meio da sintaxe da prosoacutedia ou da morfologia seja

com o uso de uma estrateacutegia ou de mais de uma atuando em conjunto A focalizaccedilatildeo eacute

considerada um fenocircmeno discursivo-pragmaacutetico ldquopois o usuaacuterio pode centrar sua atenccedilatildeo a

uma parcela do enunciado que julgue relevante enfatizando-ardquo (GONCcedilALVES 1998 p 33)

Assim sendo a focalizaccedilatildeo estaria vinculada tanto agraves estrateacutegias argumentativas do falante

quanto ao conteuacutedo informacional do enunciado Segundo Gonccedilalves (1998 p 39) o foco

ldquopode incidir em qualquer constituinte do enunciado (palavras morfemas sintagmas e

pequenas oraccedilotildees)rdquo

Mesmo com a definiccedilatildeo do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo as descobertas dos estudos

sobre a biparticcedilatildeo da frase a respeito do conceito de foco natildeo foram descartadas (cf

BARBOSA 2005) Gonccedilalves (1998 p 32) menciona que o constituinte focalizado eacute ldquoa

parcela do texto apresentada como a mais informativarelevanterdquo e que os elementos fora de

foco constituem ldquoinformaccedilatildeo apresentada previamente ao ouvinterdquo ou os elementos que os

interlocutores julgam conhecidos Ainda segundo Gonccedilalves o foco apresentaria informaccedilatildeo

nova Eacute neste ponto que pode haver confusatildeo Os autores ampliam o escopo de investigaccedilatildeo

mas manteacutem certos conceitos de estudos preacutevios e de diferentes correntes teoacutericas sem

explicitar qual ou quais estatildeo sendo levados em consideraccedilatildeo Para Gonccedilalves (1998 p 33) a

informaccedilatildeo nova isto eacute o que eacute focalizado eacute ldquonew natildeo porque natildeo foi mencionado

previamente mas eacute new exatamente porque o falante tende a interpretar como natildeo suscetiacutevel

de recuperaccedilatildeo (a) nem a partir do texto precedente (co-texto) e (b) nem por meio do

contexto pragmaacutetico (situacional) imediatordquo Nota-se que o autor utiliza uma noccedilatildeo

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 14: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

14

pragmaacutetica do que seria informaccedilatildeo novadada A diamesia oral eacute muito mais ampla do que a

escrita no sentido de que a unidade de referecircncia da fala eacute o enunciado ndash organizado segundo

princiacutepios pragmaacutetico-ilocucionaacuterios ndash jaacute na escrita a unidade de referecircncia eacute a frase ndash

organizada segundo princiacutepios loacutegico-sintaacuteticos ndash aleacutem de haver caracteriacutesticas distintivas

entre falaescrita por exemplo hesitaccedilotildees interrupccedilotildees sobreposiccedilotildees etc Como a

focalizaccedilatildeo eacute considerada um fenocircmeno discursivo as noccedilotildees estudadas no niacutevel da frase natildeo

conseguem abranger todos os aspectos que a liacutengua oral apresenta por isso novas definiccedilotildees

satildeo propostas contudo em muitos casos preservando determinadas terminologias de estudos

anteriores

Cada liacutengua escolhe uma ou mais estrateacutegias para a focalizaccedilatildeo Pode-se ateacute mesmo

classificaacute-las tipologicamente com relaccedilatildeo agrave manifestaccedilatildeo do foco em cada uma Contudo

muitas vezes essas estrateacutegias se organizam conjuntamente para a manifestaccedilatildeo do foco no

caso da focalizaccedilatildeo sintaacutetica e a prosoacutedica coocorrerem nas construccedilotildees clivadas por

exemplo Assim como um morfema poder licenciar um conjunto de alternativas semacircnticas

de escopo em uma sentenccedila servindo de gatilho para a manifestaccedilatildeo prosoacutedica do foco

Todavia nosso objetivo nesta seccedilatildeo eacute mostrar os vaacuterios tipos de foco em isolamento apesar

de que a interface com outro componente gramatical seraacute explicada quando necessaacuterio A

exposiccedilatildeo natildeo seraacute exaustiva uma vez que este tipo de trabalho natildeo permite uma discussatildeo

mais longa da literatura

221 Foco sintaacutetico

O foco tem recebido grande atenccedilatildeo nos estudos da sintaxe gerativa Itens de natureza

discursiva como o toacutepico e o proacuteprio foco passam a fazer parte da estrutura interna das

sentenccedilas dentro dessa abordagem teoacuterica Eles ocupam uma posiccedilatildeo na parte mais alta da

sentenccedila caracterizada por ser uma estrutura funcional sendo a outra parte da sentenccedila a

estrutura lexical Com a proposta de extensatildeo do sistema CP (RIZZI 1997)3 dois

subsistemas satildeo criados o primeiro constituiacutedo por ForceP e FinP e o segundo por TopP e

FocP A categoria ForceP determina o tipo de sentenccedila enquanto FinP determina sua

finitude Os constituintes toacutepico e foco satildeo interpretados em Spec de seus respectivos

sintagmas O sistema CP entatildeo passa a ser representado da seguinte forma (QUAREZEMIN

2009 p 22)

3 Segundo Quarezemin (200921) ldquoa extensatildeo do CP ocorre para acomodar certos constituintes com

propriedades discursivas e de escopo aleacutem de derivar sua interpretaccedilatildeo da relaccedilatildeo Spec-nuacutecleordquo

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 15: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

15

(1) ForceP

Force0 TopP

Top0 FocP

Foc0 TopP

Top0 FinP

Fin0 IP

As categorias TopP e FocP4 soacute aparecem na estrutura se houver constituintes com

funccedilotildees de toacutepico e foco na sentenccedila A categoria TopP aparece duas vezes na estrutura

porque eacute considerada recursiva Isso significa que pode haver mais de um toacutepico na sentenccedila

Na estrutura FocP natildeo aparece duas vezes pois a natureza quantificacional do foco natildeo

permite tal repeticcedilatildeo Para Rizzi (1997) e Belletti (2001) ldquoa noccedilatildeo de foco estaacute diretamente

relacionada agrave posiccedilatildeo que este constituinte ocupa na sentenccedila Para eles um constituinte eacute

interpretado como foco somente se ele ocupa a posiccedilatildeo de Spec de FocPrdquo (ASSIS 2003 p

360)

Nessa abordagem o toacutepico ldquoveicula informaccedilatildeo jaacute conhecida pelos participantes do

discursordquo enquanto o comentaacuterio ldquoeacute um tipo de predicado complexo que se aplica ao toacutepicordquo

(QUAREZEMIN 2009 p 22) No exemplo da autora your book eacute o toacutepico e o que estaacute

depois da viacutergula eacute o comentaacuterio

(2) Your book you should give t to Paul (not to Bill)5

Ela afirma que na fala o toacutepico eacute marcado por uma pausa Diferentemente do toacutepico

o foco eacute ldquodestacado por um acento proeminente e expressa a informaccedilatildeo do discurso natildeo

4 Haacute outras propostas sobre qual o lugar que as categorias funcionais TopP e FocP ocupam na estrutura da

sentenccedila extensatildeo de vP (Belletti 2001 2004a) e extensatildeo de DP (Giusti 2002) 5 ldquoSeu livro vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo para o Bill)rdquo

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 16: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

16

pressuposta pelo ouvinte enquanto a pressuposiccedilatildeo representa o conhecimento compartilhado

pelos interlocutoresrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 23)

(3) YOUR BOOK you should give t to Paul (not mine)6

Com isso Quarezemin (2009 p 46) afirma que ldquoa interpretaccedilatildeo semacircntica da

sentenccedila que apresenta a articulaccedilatildeo foco-pressuposiccedilatildeo natildeo deve ser confundida com a

interpretaccedilatildeo da sentenccedila que tem a biparticcedilatildeo toacutepico-comentaacuteriordquo A autora menciona a

relaccedilatildeo entre foco-prosoacutedia dizendo que os paracircmetros acuacutesticos da descriccedilatildeo do foco satildeo a

F0 a duraccedilatildeo e a intensidade Na fonologia o foco recebe a proeminecircncia ou outro acento

tonal especiacutefico A autora diz que ldquoo foco ou um membro do sintagma focalizado sempre

recebe o acento principal da sentenccedila enquanto a pressuposiccedilatildeo natildeo pode ser acentuada nos

mesmos niacuteveisrdquo (QUAREZEMIN 2009 p 52)

Em liacutenguas como o espanhol o italiano e o PE o foco de informaccedilatildeo ocupa uma

posiccedilatildeo no final da sentenccedila em casos que ocorre a inversatildeo do sujeito

(4) Egrave partitoha parlato [F Gianni]7

(Chi egrave partitoha parlato)

No exemplo de Quarezemin (2009 p 69) acima nota-se o foco estreito Gianni no

final da sentenccedila visto que esse item responde agrave pergunta chi egrave partitoparlato Haveria o

foco largo isto eacute toda a resposta de (4) seria foco se essa resposta correspondesse agrave pergunta

(QUAREZEMIN 2009 p 70)

(5) Che cosa egrave successo8

Um tipo especiacutefico de focalizaccedilatildeo sintaacutetica satildeo as construccedilotildees clivadas Resenes

(2009 p 17) explica que a clivagem eacute ldquoum processo sintaacutetico que serve para focalizar

constituintes porque prepara um lugar especiacutefico na sentenccedila para alojar o focordquo Os

elementos que cumprem essa funccedilatildeo satildeo a coacutepula o complementizador que ou um elemento

wh As propriedades semacircnticas e sintaacuteticas das sentenccedilas clivadas e pseudo-clivadas natildeo

6 ldquoO SEU LIVRO vocecirc deve dar t para o Paul (natildeo o meu)rdquo

7 ldquoPartiufalou o Gianni (Quem partiufalou)rdquo

8 ldquoO que aconteceurdquo

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 17: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

17

seratildeo abordadas profundamente visto que esse natildeo eacute o objetivo principal deste trabalho As

sentenccedilas clivadas apresentam a estrutura [ser + XPi + que [IP eci]] jaacute as pseudo-clivadas [[CP

whi ti] + ser +XPi] (RESENES 2009 p 14) O XP deve ser a parte natildeo-pressuposta da

sentenccedila ou o foco da sentenccedila o sintagma que carrega a informaccedilatildeo nova e que segundo a

abordagem gerativa carrega tambeacutem a proeminecircncia prosoacutedica O foco dessas sentenccedilas eacute do

tipo de identificaccedilatildeo exaustiva isto eacute indicado pela propriedade semacircntica [x e apenas x]

Apresentamos como exemplo em PB uma clivada e uma pseudo-clivada respectivamente

(6) Foi [F a Luana] que comprou um livro

(7) Quem comprou um livro foi [F a Luana]

Em inglecircs as clivadas satildeo conhecidas como it-clefts pois nessa liacutengua eacute obrigatoacuteria a

realizaccedilatildeo do expletivo na posiccedilatildeo inicial da sentenccedila

(8) It was [F John] who died in a car crash9

Haacute vaacuterios tipos de realizaccedilatildeo dessas sentenccedilas por exemplo clivada sem coacutepula

clivada com dupla coacutepula pseudo-clivada reduzida etc

Na liacutengua Ayutla Mixteca em que a ordem canocircnica da sentenccedila eacute VSO a

focalizaccedilatildeo se daacute atraveacutes da mudanccedila de posiccedilatildeo do elemento que se deseja focalizar para

uma posiccedilatildeo preacute-verbal ldquobecause the first element of any list is perceptually salient

preverbal position tends to grant the item filling it some degree of highlighting This position

is therefore often used for constituents that a speaker wishes to focus in some wayrdquo

(HOLLENBACH 1995 p 1)10

Seguem os exemplos de Hills (1990 p 27-28 apud

HOLLENBACH 1995 p 2)

(9) mburu xi‟i‟ tikui

donkey drinks water

bdquoThe donkey is drinking water‟11

(10) tikui xi‟i‟ mburu

9 ldquoFoi [F o Joatildeo] que morreu num acidente de carrordquo

10 ldquoporque o primeiro elemento de qualquer lista eacute perceptualmente saliente a posiccedilatildeo preacute-verbal tende a

conceder ao item carregando-o com algum grau de realce Esta posiccedilatildeo eacute portanto frequentemente usada para

constituintes em que o falante deseja focalizar de algum modordquo 11

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 18: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

18

water drinks donkey

bdquoThe donkey is drinking water‟12

Entretanto Hollenbach (1995 p 2) adverte que a relaccedilatildeo semacircntica do foco com a

posiccedilatildeo preacute-verbal eacute obscura jaacute que um constituinte pode ocorrer na posiccedilatildeo preacute-verbal sem

que o falante deseje focalizaacute-lo Entatildeo a autora investiga as condiccedilotildees para que a focalizaccedilatildeo

do constituinte preacute-verbal ocorra13

Ela identificou vaacuterias condiccedilotildees para a identificaccedilatildeo do

foco na posiccedilatildeo preacute-verbal nas liacutenguas do grupo Mixteca entre elas a pausa (11) e a inserccedilatildeo

de conjunccedilotildees coordenadas (12) depois do elemento focalizado

(11) juaacutea ta‟u da ntuku

John splits he firewood

bdquoAs for John he is splitting firewood‟ (Yosonduacutea FARRIS 1992 p 28 apud

HOLLENBACH 1995 p 3)14

(12) sa‟an mi neacute din tavi di kuidaacutedo di

man that and willdo very you care you (Cuicatec BRADLEY 1991

p 493 apud HOLLENBACH 1995 p 3)

Esses satildeo exemplos que a focalizaccedilatildeo natildeo se daacute exclusivamente pela sintaxe mas que

co-ocorre com ela ou seja eacute necessaacuterio que haja mais elementos linguiacutesticos aleacutem da

posiccedilatildeo preacute-verbal para que a focalizaccedilatildeo ocorra de forma satisfatoacuteria

222 Foco morfoloacutegico

O foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de certos morfemas que dependendo da

liacutengua seratildeo cliacuteticos ou morfemas livres Nesse caso ldquoum bdquoMorfema de Ecircnfase‟ seraacute o

elemento responsaacutevel pela iluminaccedilatildeo do elemento destacado no textordquo (GONCcedilALVES

1999 p 336) Natildeo obstante isso natildeo signifique que o foco natildeo possa ser expresso por outros

meios nas liacutenguas em que predominam o meio morfoloacutegico para que a focalizaccedilatildeo ocorra

Esse tipo de focalizaccedilatildeo eacute mais comum em liacutenguas natildeo-indo-europeias como em liacutenguas

12

ldquoO macaco estaacute bebendo aacuteguardquo 13

Hollenbach investigou as condiccedilotildees do foco natildeo soacute na liacutengua Ayutla Mixteca mas em seis variedades do

Mixteca duas do Trique e uma do Cuicatec Essas liacutenguas fazem parte grupo Mixteca que por sua vez faz

parte da famiacutelia das liacutenguas Otomangues faladas sobretudo no sul do Meacutexico As liacutenguas da famiacutelia

Otomangue apresentam a ordem canocircnica VSO 14

ldquoQuanto ao Joatildeo ele estaacute partindo a lenhardquo

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 19: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

19

indiacutegenas brasileiras por exemplo em marubo e em mekens O aacuterabe e o japonecircs tambeacutem

satildeo exemplos de liacutenguas em que ocorre a focalizaccedilatildeo morfoloacutegica Hagesawa (2010 p 1)

explica que no japonecircs ldquoone of the most general properties of focus particles is to relate a

proposition which is newly introduced by the sentence containing a focus particle and

propositions available in the contextrdquo15

Em japonecircs a partiacutecula -shika introduz a noccedilatildeo de exclusividade o que eacute expresso

pela palavra only em inglecircs Essa noccedilatildeo eacute a mesma do foco de identificaccedilatildeo encontrado nas

sentenccedilas clivadas do PB por exemplo Segue o exemplo de Hagesawa (2010 p 4)

(13) Miho-shika ko-na-katta

Miho-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoOnly Miho came‟16

No exemplo (13) a funccedilatildeo do morfema -shika pode ser parafraseada como ldquosomente

Miho veio e mais ningueacutemrdquo Quanto ao padratildeo prosoacutedico das partiacuteculas de foco no japonecircs

Hagesawa (2010 p 33) afirma que

although Japanese focus particles have their own accent patterns

when they occur without a focused constituent or they are stressed as

shown in (14) and (15) they lose their accent pattern and follow the

tone melody of their host when they are suffixed17

18

O autor apresenta os seguintes exemplos

(14) Shikamade-o jisyo-de shirabe-ta

HL HL

SHIKAMADE-ACC dictionary-with lookup-PAST

bdquoI looked up bdquoshika‟‟made‟ in a dictionary‟19

(15) A Yuka-mo ki-ta-no

Yuka-also come-PAST-Q

15

ldquouma das propriedades mais gerais das partiacuteculas de foco eacute relacionar uma proposiccedilatildeo que eacute receacutem-

introduzida pela sentenccedila contendo uma partiacutecula de foco e proposiccedilotildees disponiacuteveis no contextordquo 16

ldquoSomente Miho veiordquo 17

A numeraccedilatildeo dos exemplos natildeo segue a original 18

ldquoconquanto as partiacuteculas de foco do japonecircs tecircm seus padrotildees proacuteprios de accent quando ocorrem sem um

constituinte focalizado ou estatildeo stressed como mostrado em (14) e (15) elas perdem o seu padratildeo de accent e

seguem a melodia tonal do seu hospedeiro quando elas satildeo sufixadasrdquo 19

ldquoEu procurei bdquoshika‟‟made‟ em um dicionaacuteriordquo

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 20: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

20

bdquoDid Yuka also come‟

B Uun Yuka-shika ko-na-katta

HL

no Yuka-SHIKA come-NEG-PAST

bdquoNo only Yuka came‟20

Na liacutengua Mekens todas as questotildees wh apresentam o cliacutetico foco te como no

exemplo abaixo de Galucio (2002 p 67)

(16) aapo=te o-tek pogabeg-a ke i-koop ikatildeotilde tete

Who=foc 1s-house open-Theme say 3s-aux+mov that time

bdquordquoWho opened my houserdquo She was saying that time‟21

Haacute tambeacutem o uso do recurso sintaacutetico pois o constituinte focalizado sempre aparece

no iniacutecio da sentenccedila A autora menciona que a informaccedilatildeo natildeo-pressuposta das respostas agraves

perguntas wh tambeacutem apareceratildeo na forma de construccedilotildees focalizadas Isso faz com que a

ordem canocircnica ndash SOV ndash dessa liacutengua se altere em sentenccedilas como (17) abaixo por exemplo

extraiacuteda de Galucio (2002 p 68) Notam-se nas duas oraccedilotildees que os sujeitos ocorrem

depois do verbo

(17) serek=te kɨpmatildekatildeỹ kweotildep =te ɨsɨɨ

split=foc floor climb+neg=foc deer

bdquoThe floor split and the deer sank‟22

Alguns autores consideram como morfemas de foco palavras como only also just e

even do inglecircs por exemplo porque elas cumprem a mesma funccedilatildeo semacircntica dos morfemas

de foco em liacutenguas como o japonecircs no exemplo da partiacutecula -shika bdquoonly‟ Na anaacutelise de

Quarezemin (2009 p 112) para as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB ela sugere que nas

construccedilotildees clivadas a coacutepula e o complementizador seriam morfemas de foco Nas palavras

da autora

20

ldquoA Yuka tambeacutem veio Natildeo somente a Yuka veiordquo 21

ldquoQuem abriu minha casa Ela estava dizendo aquela horardquo 22

ldquoO chatildeo se partiu e o veado afundourdquo

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 21: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

21

A hipoacutetese inicial eacute que de um modo geral os falantes do PB

preferem destacar o constituinte focalizado sintaticamente ao inveacutes

de destacaacute-lo apenas com recursos prosoacutedicos Disso surge a hipoacutetese

de que a coacutepula com funccedilatildeo de focalizar e o complementizador das

clivadas podem ser considerados morfemas de foco em PB

Em suma o foco morfoloacutegico eacute expresso atraveacutes de morfemas que tecircm por objetivo

sinalizar que o constituinte o qual estaacute afixado se encontra focalizado Eles tambeacutem podem

interagir com a sintaxe e a prosoacutedia no caso de aleacutem do morfema de foco estar afixado a um

constituinte que se deseja destacar ele tambeacutem esteja em uma posiccedilatildeo proacutepria para

construccedilotildees focalizadoras ou em casos em que aleacutem da marcaccedilatildeo morfoloacutegica do foco haja

uma proeminecircncia prosoacutedica no constituinte focalizado

223 Foco semacircntico

Em primeiro lugar salientamos que o termo bdquofoco semacircntico‟ pode causar certa

estranheza devido a que diferentemente dos outros tipos neste natildeo haacute uma manifestaccedilatildeo de

forma ldquovisiacutevelrdquo do foco no enunciado isto eacute natildeo haacute uma proeminecircncia prosoacutedica uma

construccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica ou um morfema afixado a um constituinte Antes se trata mais

de uma propriedade do significado da construccedilatildeo focalizadora em um enunciado

As trecircs principais propriedades semacircnticas do foco satildeo as dos enunciados que

apresentam o foco de informaccedilatildeo de identificaccedilatildeo e o contrastivo Geralmente para

determinar a propriedade semacircntica desses tipos de foco recorre-se ao contexto de pergunta-

whresposta ou a outro tipo de contexto induzido O foco de informaccedilatildeo23

introduz uma

informaccedilatildeo novanatildeo-pressuposta e ldquopresume uma pergunta wh como base discursiva para

ser estabelecidordquo (RESENES 2009 p 20) Segue o exemplo de Resenes (2009 p 20)

(18) a O que o Joatildeo bebeu

b O Joatildeo bebeu alguma coisa

c O Joatildeo bebeu [F o vinho]

A pergunta wh estaacute em (18a) Em (18b) encontra-se a pressuposiccedilatildeo expressa pelo

pronome indefinido O foco de informaccedilatildeo se encontra em (18c) e eacute o valor da expressatildeo wh

23

Resenes (2009) utiliza a nomenclatura de ldquofoco natildeo-contrastivordquo para esse tipo de foco

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 22: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

22

da pergunta em (18a) A autora menciona que na Estrutura de Asserccedilatildeo (AS)24

o foco de

(18c) seria representado como

(19) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 O x tal que o Joatildeo bebeu x = [o vinho]

O foco contrastivo corrige uma informaccedilatildeo preacutevia atraveacutes de uma prosoacutedia proacutepria

Resenes (2009 p 20) afirma que ldquoo contexto ideal para o foco contrastivo eacute aquele em que

haacute uma afirmaccedilatildeo preacutevia como base discursivardquo Segue o exemplo da autora (RESENES

2009 p 21)

(20) a O Joatildeo bebeu o vinho

b O Joatildeo bebeu [F a cerveja] (natildeo o vinho)

A AS de (20) seria

(21) A1 Existe um x tal que o Joatildeo bebeu x

A2 Natildeo eacute o caso que o x tal que o Joatildeo bebeu x = vinho amp O x tal que o Joatildeo

bebeu o x = a cerveja

O foco de identificaccedilatildeo ldquorepresents a subset of the set of contextually or situationally

given elements for which the predicate phrase can potentially hold it is identified as the

exhaustive subset of this set for which the predicate phrase actually holdsrdquo (KISS 1998 p

245 apud RESENES 2009 p 21)25

Assim o foco de identificaccedilatildeo expressa exaustividade

que pode ser parafraseada como [x e apenas x] Esse tipo de foco eacute ilustrado por uma

sentenccedila clivada em (22) (RESENES 2009 p 21)

(22) Foi [F um perfume] que a Maria deu para o Joatildeo

24

Resenes (2009 p 20) explica que a AS eacute ldquoum niacutevel poacutes-LF (pragmaacutetico) que revela como a informaccedilatildeo estaacute

empacotada na sentenccedila Na AS vai estar explicitada a estrutura da focalizaccedilatildeo a pressuposiccedilatildeo o foco e os

tipos de focordquo 25

ldquorepresenta um subconjunto do conjunto de elementos dados contextualmente ou situacionalmente para o qual

a expressatildeo do predicado pode potencialmente conter que eacute identificado como o subconjunto exaustivo deste

conjunto para o qual a expressatildeo de predicado efetivamente conteacutemrdquo

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 23: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

23

Em (22) o foco de identificaccedilatildeo eacute expresso pelo NP um perfume que significa que

dentro de uma seacuterie de possiacuteveis presentes que a Maria poderia ter dado ao Joatildeo ela deu

somente um perfume por isso [x e apenas x]

Contudo o fenocircmeno da focalizaccedilatildeo natildeo se restringe somente agraves respostas das

perguntas wh ou agraves respostas dos contextos induzidos Davis (2009 p 2) assinala que haacute dois

grandes aspectos da constituiccedilatildeo do foco ldquoThe first is its grammar how FOCUS is expressed

in language The second is its meaning It does not require much investigation to discover

that there is no grammatical consistency to FOCUS across languagesrdquo26

O autor nota que em

relaccedilatildeo ao primeiro item natildeo haveria uma forma uacutenica universal para o uso do foco ou seja

uma liacutengua utiliza a sintaxe outra a prosoacutedia outra a morfologia outra a sintaxe e a prosoacutedia

etc ele afirma que ldquoif there is some universal consistency to FOCUS across languages it is

not found in its expressionrdquo27

Quanto ao segundo item as liacutenguas a princiacutepio natildeo

diferenciariam muito em relaccedilatildeo agrave semacircntica do foco Entretanto a propriedade de

destaquerealce sempre estaraacute presente manifestando-se seja por meio da prosoacutedia do

arranjo sintaacutetico ou da marcaccedilatildeo morfoloacutegica Davis (2009 p 2) explica que

If FOCUS will be diferently constituted grammatically its presence

has to be recognized in its semantics One portion of that semantics is

that FOCUS is involved in the answering of wh- questions but not

every utterance is a response to such a question Yet utterances must

the claim says nevertheless contain the semantics (and some

grammar) of FOCUS FOCUS then cannot be only the content

which answers questions There must be more to FOCUS When we

examine languages we discover that FOCUS has an affinity for

certain other semantics and in discovering those affinities we can

amplify our conception of what constitutes FOCUS28

A partir da assunccedilatildeo acima sugere-se que os estudos sobre a focalizaccedilatildeo natildeo

poderiam se restringir agraves anaacutelises de dados de introspecccedilatildeo sobretudo aqueles que explicam o

fenocircmeno somente a partir de dados com contexto pergunta-whresposta A natureza

discursivo-pragmaacutetica da focalizaccedilatildeo faz com que esse fenocircmeno seja melhor compreendido

26

ldquoO primeiro eacute sua gramaacutetica como o FOCO eacute expresso na liacutengua O segundo eacute o seu significado Natildeo se

requer muita investigaccedilatildeo para descobrir que natildeo haacute coerecircncia gramatical do FOCO atraveacutes das liacutenguasrdquo 27

ldquose houver alguma consistecircncia universal para o FOCO entre as liacutenguas natildeo eacute encontrada na sua expressatildeordquo 28

ldquoSe o FOCO seraacute constituiacutedo diferente gramaticalmente a sua presenccedila tem de ser reconhecida em sua

semacircntica Uma parte dessa semacircntica eacute que o FOCO estaacute envolvido nas respostas de perguntas QU mas nem

todo enunciado eacute uma resposta a essas perguntas No entanto os enunciados devem a alegaccedilatildeo diz todavia

conter a semacircntica (e alguma gramaacutetica) do FOCO O FOCO entatildeo natildeo pode ser apenas o conteuacutedo que

responde a perguntas Deve haver mais para o FOCO Quando examinamos as liacutenguas descobrimos que o

FOCO tem uma afinidade com outras semacircnticas e descobrindo essas afinidades podemos ampliar a nossa

concepccedilatildeo do que constitui o FOCOrdquo

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 24: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

24

na liacutengua espontacircnea apesar de natildeo se poder excluir suas propriedades semacircnticas em

diferentes enunciados que podem ser analisados sem o uso de dados de liacutengua espontacircnea

como eacute o caso da investigaccedilatildeo das propriedades semacircnticas do foco em dados de introspecccedilatildeo

e de suas representaccedilotildees formais

224 Foco prosoacutedico

A prosoacutedia eacute um dos traccedilos da camada suprassegmental ou seja que se encontra

acima dos segmentos dispostos linearmente na cadeia sonora da fala Beaver amp Clark (2008

p 2) explicam que os traccedilos suprassegmentais satildeo assim chamados porque ldquothey spread out

across multiple segments (basic sound units) or even across multiple wordsrdquo29

Callou amp

Leite (1990 p31) afirmam que o ldquoconjunto de fenocircmenos dos quais se derivam tipos de

acento padrotildees entoacionais ritmos e velocidades de fala satildeo estudados sob o roacutetulo de

prosoacutediardquo Ao contraacuterio dos segmentos que satildeo descritos pelos movimentos dos articuladores

do aparelho fonador os suprassegmentos satildeo descritos ldquoem termos da accedilatildeo dos muacutesculos

respiratoacuterios que aumentam ou diminuem a energia do fluxo de ar ocasionando duraccedilotildees

frequumlecircncia fundamental e intensidade diferentes das vibraccedilotildees sonorasrdquo (CALLOU amp LEITE

1990 p 30) Paracircmetros acuacutesticos como frequecircncia fundamental intensidade e duraccedilatildeo fiacutesica

satildeo outros traccedilos suprassegmentais que satildeo percebidos respectivamente como pitch

loudness e length que por sua vez ldquoapresentam correlatos fiacutesicos frequumlecircncia amplitude e

tempordquo (LEITE 2009 p 17)30

A frequecircncia eacute medida em Hz (Hertz) a amplitude em dB

(decibeacuteis) e o tempo em ms (milissegundos)

Barbosa (2008) menciona que a prosoacutedia estaacute

associada a fatores linguumliacutesticos como acentuaccedilatildeo entoaccedilatildeo ecircnfase e

ritmo bem como a fatores para- e extra-linguiacutesticos tais como

marcadores discursivos (ldquoneacuterdquo ldquoentendordquo ldquoanhanrdquo) atitudes

emoccedilotildees imbricados a fatores sociais ou bioloacutegicos como gecircnero

faixa etaacuteria classe social entre outros

Segundo Leite (2009 p 18) a prosoacutedia exerceria funccedilotildees ldquogramatical atitudinal

informacional indexal e ilocucionaacuteriardquo Nota-se portanto que eacute muito importante levar em

29

ldquoeles se espalham em vaacuterios segmentos (unidades baacutesicas de som) ou mesmo atraveacutes de muacuteltiplas palavrasrdquo 30

Neste trabalho natildeo se pretende definir minuciosamente todos os conceitos dos correlatos foneacutetico-acuacutesticos

dos sons da fala estudados pela Foneacutetica Acuacutestica Para mais informaccedilotildees cf Ladefoged (1974) Malmberg

(1998) e Johnson (2003)

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 25: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

25

consideraccedilatildeo a prosoacutedia na anaacutelise linguiacutestica visto que ela desempenha funccedilotildees associadas a

fatores intrinsecamente linguiacutesticos bem como a fatores extralinguiacutesticos A prosoacutedia ainda

apresenta um importante papel na aquisiccedilatildeo da linguagem sendo recurso especial para a

crianccedila associar unidades sonoras a significado (cf BRUM DE PAULA 2010)

As investigaccedilotildees do Ciacuterculo Linguiacutestico de Praga sugeriram que os elementos dados

do discurso ou seja aqueles que jaacute haviam sido mencionados seriam prosodicamente menos

relevantes que os elementos novos Disso resulta que a informaccedilatildeo nova ou o foco seja

destacado prosodicamente isto eacute apresente proeminecircncia prosoacutedica A proeminecircncia

prosoacutedica eacute definida como ldquoa quantitative parameter of a syllable or a boundary that describes

markedness relative to surrounding syllables and boundaries respectivelyrdquo (PORTELE amp

HEUFT 1997 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 227)31

Haacute autores que classificam o

foco levando em conta sobretudo o fator proeminecircncia prosoacutedica por exemplo ldquothe term

focus is used [] to describe prosodic prominences serving pragmatic and semantic

functionsrdquo (ROOTH 1995 p 271 apud WOLTERS amp WAGNER 1998 p 228)32

O foco prosoacutedico eacute definido por meio de uma proeminecircncia tonal (cf

BUTRAGUENtildeO 2005) Entretanto alguns estudos mostram que o foco natildeo seria marcado

somente com a proeminecircncia tonal ou prosoacutedica Proeminecircncias de outros traccedilos

suprassegmentais como duraccedilatildeo e intensidade tambeacutem marcariam o foco (cf TOLEDO

1989 SOSA 1999 QUAREZEMIN 2009 entre outros) Para Butraguentildeo (2005 p 141) os

focos prosoacutedicos ldquoreciben acentos tonales de contorno especiacutefico que permiten distinguirlos

del fondo (o background)rdquo33

Os paracircmetros de anaacutelise acuacutestica do foco satildeo os movimentos

de F0 o alinhamento entre siacutelabas e F0 duraccedilatildeo das siacutelabas e vogais intensidade da siacutelaba e

em alguns casos pausas e meacutedia entre picos de F0

As abordagens teoacutericas utilizadas nos trabalhos sobre o foco prosoacutedico guiam a

metodologia de anaacutelise dos dados Assim alguns autores que trabalham com uma abordagem

formal utilizando o sistema ToBI (cf SILVERMAN et al 1992) para a anaacutelise dos dados

representam a entoaccedilatildeo dos enunciados marcando as siacutelabas com acentos tonais que se

manifestam em acentos monotonais (H ou L) bitonais (H+L L+H etc) e ainda poderia

haver tons de juntura (H e L) que delimitam as fronteiras dos grupos meloacutedicos Na

Fonologia Entoacional haacute trecircs tipos de tons pitch accents phrase accents e boundary tones

31

ldquoum paracircmetro quantitativo de uma siacutelaba ou de uma fronteira que descreve a marcaccedilatildeo relativa agraves siacutelabas

vizinhas e fronteiras respectivamenterdquo 32

ldquoo termo foco eacute utilizado [] para descrever proeminecircncias prosoacutedicas que servem a funccedilotildees pragmaacuteticas e

semacircnticasrdquo 33

ldquorecebem acentos tonais de contorno especiacutefico que permitem distingui-los do fundo (ou background)rdquo

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 26: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

26

Geralmente o foco eacute marcado por um pitch accent que pode ser definido como ldquoa local

feature of a pitch contour ndash usually but not invariably a pitch change and often involving a

local maximum or minimumrdquo (LADD 1996 p 45-6 apud BEAVER amp CLARK 2008 p

11)34

Segundo Roach (2011 p 67) pitch

is an auditory sensation when we hear a regularly vibrating sound

such as a note played on a musical instrument or a vowel produced

by the human voice we hear a high pitch if the rate of vibration is

high and a low pitch if the rate of vibration is low35

Nooteboom (1997 p 641) atenta para o fato de que ldquoone should be aware however

that rather often the notion bdquopitch‟ is used to refer to f0 or the repetition frequency itself In

speech f0 is determined by the rate of vibration of the vocal cords located in the larynxrdquo36

Ademais Crystal (2008 p 369) adverte que ldquothere is however no direct or parallel

correlation between pitch and frequency other factors than frequency may affect our

sensation of pitch (measured in units known as mels)rdquo37

Pitch countour seria a marcaccedilatildeo dos

uacutenicos pitchs relevantes para a compreensatildeo de um perfil entoacional A teacutecnica da close

copy (cf t‟HART et al 1990) justamente realccedila o pitch countor atraveacutes de uma ldquosiacutentese que

satildeo eliminados movimentos de F0 que natildeo causam diferenccedila de percepccedilatildeo em relaccedilatildeo ao

aacuteudio originalrdquo (ROCHA 2011 p 106) De acordo com Crystal (2008 p 369-370) o termo

pitch accent

is used phonologically in the description of languages in which the

distribution of the tones within a word is totally predictable once one

has specified a particular tonal feature of the word (as in Japanese)

The notion has also been applied to English where some

phonological models analyse intonation CONTOURS as a sequence

of one or more pitch accents each associated with a STRESS-

prominent SYLLABLE in a word38

34

ldquoum traccedilo local de um pitch contour - geralmente mas natildeo invariavelmente variaccedilatildeo de pitch e muitas vezes

envolvendo um local maacuteximo ou miacutenimordquo 35

ldquoeacute uma sensaccedilatildeo auditiva quando ouvimos um som regularmente vibrando como uma nota tocada em um

instrumento musical ou uma vogal produzida pela voz humana noacutes ouvimos um pitch alto se a taxa de vibraccedilatildeo

eacute alta e um pitch baixo se a taxa de vibraccedilatildeo eacute baixardquo 36

ldquodeve-se estar ciente no entanto que muitas vezes a noccedilatildeo de pitch eacute utilizada para se referir a f0 ou a

frequecircncia da repeticcedilatildeo Na fala a f0 eacute determinada pela taxa de vibraccedilatildeo das cordas vocais localizadas na

laringerdquo 37

ldquonatildeo haacute poreacutem nenhuma correlaccedilatildeo direta ou paralelo entre pitch e frequecircncia outros fatores aleacutem

frequecircncia podem afetar a nossa sensaccedilatildeo de pitch (medido em unidades conhecidas como mels)rdquo 38

ldquoeacute usado fonologicamente na descriccedilatildeo das liacutenguas nas quais a distribuiccedilatildeo dos tons dentro de uma palavra eacute

totalmente previsiacutevel uma vez que se tenha especificado uma caracteriacutestica particular de tons da palavra (tal

como no japonecircs) A noccedilatildeo tambeacutem foi aplicada para o inglecircs em que alguns modelos fonoloacutegicos analisam os

CONTORNOS da entoaccedilatildeo como uma sequecircncia de um ou mais pitch accents cada um associado a uma

SIacuteLABA STRESS-proeminente em uma palavrardquo

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 27: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

27

O sistema ToBI reconhece 5 tipos de pitch accents enquanto Pierrehumbert (1980)

menciona 7 tipos Atraveacutes dessa classificaccedilatildeo eacute possiacutevel delimitar o accent prototiacutepico do

foco ou suas possiacuteveis variantes Beaver amp Clark (2008 p 12) mencionam que ldquoalthough

focus is frequently marked by an H accent [] other accents are possible For example in

yes-no questions focus is often by marked by an L+Hrdquo39

A importante pressuposiccedilatildeo teoacuterica de que toda oraccedilatildeo eacute resposta a uma pergunta

guia a metodologia de muitas investigaccedilotildees sobre o foco sobretudo de trabalhos

experimentais de leitura de sentenccedilas denominados testes de produccedilatildeo Com o pressuposto

teoacuterico da explicitaccedilatildeo do foco por meio de pergunta-resposta eacute possiacutevel delimitar o tipo de

foco a ser analisado broad focus (foco largo) narrow focus (foco estreito) ou contrastive

focus (foco contrastivo) (cf seccedilatildeo 121 p 14) Essa metodologia tem por caracteriacutestica

induzir guiar e restringir os padrotildees meloacutedicos da fala ao fornecer exemplos com contextos

preacutevios ou mesmo com o foco jaacute explicitado na sentenccedila para se obter o resultado desejado

Em investigaccedilatildeo sobre a marcaccedilatildeo prosoacutedica dos focos largo estreito e contrastivo em

alematildeo Baumann et al (2006 p 302) mencionam em sua metodologia de teste de leitura

que

reading material consisted of five question-answer pairs with the

answer bdquoManuela will Blumen malen‟ (Manuela wants to paint

flowers) The main criterion the target sentence had to fulfill was its

continuous voicing so as to be able to accurately measure exact peaks

and valleys in the F0 contour40

Dependendo do objetivo do trabalho ou da liacutengua a ser analisada podem-se controlar

outros fatores Por exemplo em trabalho sobre como o tom lexical e o foco contribuem para a

formaccedilatildeo e alinhamento dos F0 contours no chinecircs Xu (1999 p 58) menciona na

metodologia que

the factors manipulated in the experiment were segmental

composition of syllables lexical tones focus and and sentence types

Of these only lexical tones and focus were under direct scrutiny The

control of the other two factors was done by keeping their variation to

39

ldquoembora o foco seja frequentemente marcado por um accent H [] outros accents satildeo possiacuteveis Por

exemplo em perguntas sim-natildeo o foco eacute muitas vezes marcado por um H + Lrdquo 40

ldquoo material de leitura consistiu de cinco pares de pergunta-resposta com a resposta bdquoManuela will Blumen

malen‟ (Manuela quer pintar flores) O principal criteacuterio que a frase alvo tinha a cumprir era seu vozeamento

contiacutenuo de modo a ser capaz de medir com precisatildeo exata picos e vales no contorno da F0rdquo

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 28: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

28

a minimum To control the segmental effects simple CV syllables

with a sonorant as the initial consonant [] were used41

Vaacuterias outras pesquisas que utilizam essa metodologia poderiam ser citadas por

exemplo Arnhold (2011) e Vainio amp Jaumlrvikivi (2007) para o finlandecircs Frota (2002) para o

portuguecircs europeu Fernandes-Svartman (2007) para o PB e o PE Howell (2008) para o

inglecircs etc Contudo Butraguentildeo (2005 p 118) afirma que ldquola lectura de enunciados aislados

distorsiona las patrones meloacutedicos tal como se encuentran en el discursordquo42

O autor ainda

propotildee que ldquola complejidad misma de los hechos apoya el principio metoacutedico de analizar los

datos bajo bases empiacutericas no con ejemplos cuya estructura focal y prosoacutedica se obtenga

introspectivamenterdquo43

(idem p 130)

Outra metodologia de anaacutelise do foco prosoacutedico eacute a de percepccedilatildeo Geralmente satildeo

gravadas sentenccedilas com o intuito de que o participante diga se haacute ou em qual palavra ou

siacutelaba se encontra a proeminecircncia prosoacutedica Nesses casos eacute dada preferecircncia a participantes

treinados como no experimento de Howell (2008 p 258) por exemplo ldquosix linguistically

trained listeners participated in a forced-choice and acceptability listening experimentrdquo44

Haacute

trabalhos que fazem uso da siacutentese de fala (speech synthesis) ao inveacutes de gravaccedilotildees naturais

de sentenccedilas Um exemplo eacute o trabalho de Wolters amp Wagner (1997 p 227) que buscava

checar se a proeminecircncia ldquoprovides a basis for signalling wide narrow and contrastive focus

in Concept-to-Speech synthesisrdquo45

As autoras deram preferecircncia tambeacutem a participantes

treinados como se pode notar na metodologia ldquofive phoneticians including the authors

participated in the experiment Because of the exploratory nature of this experiment we

decided not to use paid native subjectsrdquo (WOLTERS amp WAGNER 1997 p 231)46

Haacute

outros estudos de percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica que natildeo estatildeo necessariamente

relacionados ao foco por exemplo Hermes amp Rump (1994) Gussenhoven et al (1997)

Gussenhoven amp Rietveld (1998) Eriksson et al (2001) entre outros

41

ldquoos fatores manipulados no experimento foram composiccedilatildeo segmental das siacutelabas tons lexicais foco e e

tipos de frases Destes apenas os tons lexicais e o foco estavam sob escrutiacutenio direto O controle dos outros dois

fatores foi feito mantendo a sua variaccedilatildeo ao miacutenimo Para controlar os efeitos segmentais siacutelabas CV simples

com uma soante como a consoante inicial [] foram utilizadasrdquo 42

ldquoa leitura de enunciados isolados distorce os padrotildees meloacutedicos tal como se encontram no discursordquo 43

ldquoa complexidade dos fatos apoia o princiacutepio metodoloacutegico de analisar os dados em termos empiacutericos e natildeo

com exemplos cujas estruturas focais e prosoacutedicas satildeo obtidas introspectivamenterdquo 44

ldquoseis ouvintes linguisticamente treinados participaram de um experimento de percepccedilatildeo de escolha forccedilada e

de aceitabilidaderdquo 45

ldquofornece uma base para a sinalizaccedilatildeo do foco largo estreito e contrastivo na siacutentese Concept-to-Speechrdquo 46

ldquocinco foneticistas incluindo os autores participaram do experimento Devido agrave natureza exploratoacuteria desta

experiecircncia decidimos natildeo usar participantes nativos pagosrdquo

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 29: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

29

Haacute ainda estudos que guiados pelos pressupostos teoacutericos buscam analisar o foco

prosoacutedico sem fazer uso das metodologias de produccedilatildeo ou percepccedilatildeo Esses estudos se

baseiam somente em dados de introspecccedilatildeo Pode-se citar como exemplo o estudo de Othero

(2011 p 1) que analisa ldquorespostas possiacuteveis em PB e em PE a perguntas com elementos-QU

que trazem constituintes focalizadosrdquo O autor considera que ldquoo constituinte que serve de

resposta agrave pergunta eacute a informaccedilatildeo nova ou seja eacute o elemento que serve de foco

informacionalrdquo (OTHERO 2011 p1) Atraveacutes da Teoria da Otimalidade Othero busca

investigar ldquocomo restriccedilotildees prosoacutedicas sintaacuteticas e de estrutura informacional competem

entre si e atuam de maneira determinante na ordem dos elementos da frase em PBrdquo (idem p

4)

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

Esta seccedilatildeo eacute destinada aos objetivos do presente trabalho aos procedimentos

metodoloacutegicos tomados na pesquisa bem como para a explicaccedilatildeo do corpus utilizado

31 OBJETIVO

Este trabalho tem por objetivo (i) mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no Portuguecircs

Brasileiro atraveacutes de dados de fala espontacircnea retirados do corpus que seraacute descrito na

proacutexima seccedilatildeo o C-ORAL-BRASIL e (ii) distinguir o foco prosoacutedico de ecircnfase com dados

desse corpus Natildeo seraacute levado em consideraccedilatildeo o papel da frequecircncia tampouco seraacute feita

uma anaacutelise quantitativa dos dados O aspecto qualitativo da anaacutelise dos dados eacute primordial

neste trabalho47

O objetivo principal eacute fornecer uma visatildeo panoracircmica da focalizaccedilatildeo na fala

espontacircnea aleacutem de propor uma classificaccedilatildeo para o foco prosoacutedico e a ecircnfase As anaacutelises

seratildeo semacircnticas levando consideraccedilatildeo o formalismo que se ajusta melhor agrave representaccedilatildeo da

entoaccedilatildeo do foco pragmaacuteticas baseadas no contexto discursivo em que o enunciado foi

proferido bem como prosoacutedicas com auxiacutelio do software Praat (BOERSMA amp WEENINK

2011) para medir os paracircmetros acuacutesticos A percepccedilatildeo da proeminecircncia prosoacutedica tem papel

fundamental na identificaccedilatildeo do foco prosoacutedico e da ecircnfase pois foi a partir dela que se

retiraram os dados para a posterior anaacutelise

47

Natildeo obstante a anaacutelise quantitativa seja de igual importacircncia ainda que natildeo a abordemos no presente

trabalho

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 30: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

30

Muito se tem estudado sobre as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo do PB contudo em vaacuterios

desses estudos os dados utilizados e seus respectivos contextos de ocorrecircncia satildeo possiacuteveis

candidatos a aparecerem na comunicaccedilatildeo oral entretanto natildeo haacute muitos estudos que mostram

que realmente a situaccedilatildeo ou determinado dado ocorre de fato na liacutengua e como esse dado

ocorre Em (i) procurar-se-aacute mostrar as estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB com dados de fala

espontacircnea isto eacute dados orais da comunicaccedilatildeo humana em situaccedilotildees reais estabelecendo a

relaccedilatildeo contexto pragmaacutetico de enunciaccedilatildeoentoaccedilatildeopropriedade semacircntica extraiacutevel

Foco prosoacutedico e ecircnfase muitas vezes satildeo confundidos ou satildeo considerados como

sendo um fenocircmeno uacutenico por exemplo As diferenccedilas podem ser sutis mas eacute fato que se

trata de fenocircmenos distintos Alguns autores classificam tipos de ecircnfase dentro do fenocircmeno

do foco prosoacutedico Gonccedilalves (1997) por exemplo menciona a Ecircnfase Contrastiva a Ecircnfase

Intensiva e a Ecircnfase por Silabaccedilatildeo como tipos de foco prosoacutedico e ainda subdivide outros

tipos de ecircnfase dentro das jaacute mencionadas Apoiando-se em Gonccedilalves (1997) Batista (2007)

classifica a ecircnfase como ldquoo ato de acentuar ressaltar focalizar de por em evidecircncia em

determinado item do textordquo (grifo nosso) ou seja a ecircnfase seria um fenocircmeno mais amplo

que abrangeria a tambeacutem a focalizaccedilatildeo Em (ii) tentar-se-aacute propor uma nova classificaccedilatildeo

para o foco prosoacutedico e para a ecircnfase a fim de contribuir na desambiguizaccedilatildeo desses dois

fenocircmenos

32 CORPUS

O corpus utilizado para a pesquisa neste trabalho foi o C-ORAL-BRASIL Esse

corpus eacute a quinta ramificaccedilatildeo do corpus C-ORAL-ROM que seraacute brevemente descrito na

proacutexima seccedilatildeo

321 C-ORAL-ROM

C-ORAL-ROM (cf CRESTI et al 2002 MONEGLIA 2002 CRESTI amp

MONEGLIA 2003a 2003b 2005 CRESTI amp GRAMIGNI 2004 CRESTI et al 2004

MONEGLIA 2005) eacute um projeto coordenado pelos professores Emanuela Cresti e Massimo

Moneglia ambos do LABLITA48

(Laboratorio Linguistico del Dipartimento di Italianistica

dell‟Universtiagrave di Firenze) na Universidade de Florenccedila Esse projeto reuacutene corpora de fala

48

Cf lthttplablitaditunifiitgt

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 31: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

31

espontacircnea49

das principais liacutenguas romacircnicas da Europa espanhol francecircs italiano e

portuguecircs europeu As universidades que participam do projeto satildeo sobretudo Universitagrave di

Firenze Universiteacute de Provence Fundaccedilatildeo da Universidade de Lisboa e Universidad

Autoacutenoma de Madrid

A extensatildeo do C-ORAL-ROM totaliza 772 textos 1300000 palavras e 1232735h

de fala Os arquivos de som de cada gravaccedilatildeo satildeo em formato wav (Windows PCM 22050hz

a 16bit) As transcriccedilotildees satildeo em formato CHAT (MAC WHINNEY 1994) com metadados

em formato CHAT e IMDI Em cada gravaccedilatildeo haacute um alinhamento textosom em formato

xml que pode ser visualizado com o software WinPitch (MARTIN 2005) Esse alinhamento

consiste em que ldquoeach unit of text (be syllable word syntagm or sentence) receives a time

index corresponding to the time position in the sound filerdquo (MARTIN 2004)50

Assim

quando esse processo eacute estabelecido ldquoan operator can select an aligned unit of text and listen

to the corresponding speech segmentrdquo (idem)51

O C-ORAL-ROM natildeo pretende representar a variaccedilatildeo foneacutetica diatoacutepica mas procura

representar a variaccedilatildeo diafaacutesica da liacutengua bem como a variedade de atos de fala De acordo

com Moneglia (2005) os paracircmetros de variaccedilatildeo privilegiados no C-ORAL-ROM satildeo a)

canal b) estrutura do evento comunicativo c) domiacutenio social do uso d) uso formal e informal

e) domiacutenio de aplicaccedilatildeo da variedade formal Levando em consideraccedilatildeo esses paracircmetros o

corpus foi divido em dois usos principais formal e informal No uso formal haacute os canais

natural (pex debate poliacutetico pregaccedilatildeo religiosa conferecircncia etc) e de miacutedia (pex de

raacutedio ou televisatildeo noticiaacuterio entrevista reportagem etc) aleacutem de gravaccedilotildees telefocircnicas

privadas ou interaccedilatildeo homem-maacutequina No uso informal haacute os contextos privado-familiar e

puacuteblico ambos contando com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Nos metadados da cada

gravaccedilatildeo haacute informaccedilotildees do falante como sexo idade profissatildeo e grau de escolaridade e da

gravaccedilatildeo como descriccedilatildeo da situaccedilatildeo duraccedilatildeo qualidade acuacutestica e nuacutemero de palavras Os

corpora satildeo anotados quanto as partes do discurso (PoS) e do lema tendo para cada liacutengua

uma tecnologia diferente Pi-Tagger (Italiano) Cordial Analyzer (Francecircs) Brill (Portuguecircs)

e Grampal (Espanhol)

49

Por fala espontacircnea entende-se ldquoa fala que natildeo eacute previamente programada natildeo realiza um texto anterior a sua

execuccedilatildeo e portanto eacute passiacutevel de menor controle por parte do falanterdquo (ROCHA 2010 p 22) Cresti amp

Moneglia (2003a p 713) ainda mencionam que ldquola imprevedibilitagrave e variabilitagrave egrave la caratteristica dominante del

parlalo spontaneordquo

ldquoa imprevisibilidade e a variabilidade eacute a caracteriacutestica dominante da fala espontacircneardquo 50

ldquocada unidade de texto (seja siacutelaba palavra sintagma ou sentenccedila) recebe um iacutendice de tempo correspondente

agrave posiccedilatildeo de tempo no arquivo de somrdquo 51

ldquoum operador pode selecionar uma unidade alinhada de texto e ouvir o segmento de fala correspondenterdquo

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 32: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

32

Esse corpus eacute arquitetado seguindo os pressupostos da Teoria da Liacutengua em Ato (cf

CRESTI 2000) A TLA eacute uma teoria pragmaacutetica da liacutengua que atraveacutes da pesquisa de

corpora de liacutengua oral espontacircnea busca descrever as possiacuteveis unidades informacionais da

fala e seus respectivos padrotildees prosoacutedicos bem como os fenocircmenos linguiacutesticos orais sejam

segmentais suprassegmentais informacionais morfossintaacuteticos de variaccedilatildeo etc Cresti

(2000) afirma que cada enunciado corresponde a um ato de fala que veicula portanto uma

accedilatildeo A prosoacutedia eacute um importante componente para construccedilatildeo da teoria pois seu papel eacute

mediar o domiacutenio da accedilatildeo (ilocuccedilatildeo) e o domiacutenio da expressatildeo linguiacutestica (enunciado) De

acordo com a TLA a fala espontacircnea pode ser segmentada em enunciados Essa segmentaccedilatildeo

se basearia em criteacuterios prosoacutedicos em que perfis entoacionais ou quebras prosoacutedicas

percebidas como terminais marcariam o fim de cada enunciado Portanto as transcriccedilotildees satildeo

segmentadas prosodicamente isto eacute haacute uma marcaccedilatildeo a cada quebra prosoacutedica Sendo

percebida como natildeo-terminal a quebra eacute marcada com uma barra simples bdquo‟ sendo

percebida como terminal a quebra eacute marcada com uma barra dupla bdquo‟ o que indica o fim de

um enunciado Essas quebras podem ser segmentadas fazendo uso da percepccedilatildeo bem como

ter seu status checado atraveacutes da curva de F0 Cresti et al (2004 p 577) por exemplo

mencionam que ldquothe utterance boundaries frequently occur together with significant wave

interruptionsrdquo52

Parte do corpus recebe tambeacutem uma anotaccedilatildeo com as unidades

informacionais descritas pela TLA e pela Informational Patterning Theory53

(CRESTI

2000)

322 C-ORAL-BRASIL

O C-ORAL-BRASIL54

(cf RASO amp MELLO 2009 2010 2012 RASO amp

MITTMANN 2009 MITTMANN et al 2009) eacute um projeto que busca estudar o portuguecircs

brasileiro oral espontacircneo atraveacutes da compilaccedilatildeo de um corpus e se constitui a quinta

52

ldquoos limites do enunciado frequentemente ocorrem em conjunto com significativas interrupccedilotildees de ondardquo 53

Acerca dos pressupostos dessa teoria Cresti amp Moneglia (2010 p 14) explicam que ldquothe core of the utterance

corresponds to a part called Comment which necessarily deals with one prosodic unit (PU) and constitutes the

information unit (IU) whose function is to accomplish the illocutionary force of the utterancerdquo A prosoacutedia

entatildeo seria o recurso que desempenharia a estrutura informacional do enunciado A estrutura informacional do

enunciado eacute constituiacuteda por sua unidade principal - o Comentaacuterio Contudo haacute outras unidades opcionais

internas ao comentaacuterio A correspondecircncia entre o padratildeo prosoacutedico e o padratildeo informacional eacute a base da

Informational Patterning Theory (CRESTI amp MONEGLIA 2010)

ldquoo nuacutecleo do enunciado corresponde a uma parte chamada de Comentaacuterio que necessariamente lida com uma

unidade prosoacutedica (UP) e constitui a unidade de informaccedilatildeo (UI) cuja funccedilatildeo eacute realizar a forccedila ilocucionaacuteria do

enunciadordquo 54

Cf lthttpwwwc-oral-brasilorggt

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 33: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

33

ramificaccedilatildeo do projeto C-ORAL-ROM O C-ORAL-BRASIL eacute coordenado pelos professores

Tommaso Raso e Heliana Mello ambos da Faculdade de Letras55

(FALE) da Universidade

Federal de Minas Gerais (UFMG) Os trabalhos satildeo desenvolvidos no Laboratoacuterio de Estudos

Empiacutericos e Experimentais da Linguagem56

(LEEL) atualmente coordenado pelo professor

Tommaso Raso

O C-ORAL-BRASIL iniciado oficialmente em 2007 segue os moldes dos corpora

do projeto C-ORAL-ROM Contudo foram feitas algumas adaptaccedilotildees em relaccedilatildeo ao projeto

principal que refletem a realidade sociolinguiacutestica do Brasil Por exemplo a fala de uma

pessoa europeia que possui segundo grau equivaleria agrave de uma pessoa brasileira que possui o

tiacutetulo de terceiro grau desde que natildeo exerccedila uma profissatildeo que necessite desse tiacutetulo Nesse

sentido o corpus pretende representar de certa forma a variaccedilatildeo diastraacutetica pois consta

ldquocom falantes das vaacuterias faixas soacutecio-culturais tanto interagindo com falantes da mesma

faixa quanto com falantes de faixas diferentesrdquo (RASO amp MELLO 2009 p 22) A variedade

diatoacutepica foi sobretudo a de Belo Horizonte e regiatildeo metropolitana

Seguindo o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem privilegiou a variaccedilatildeo

diafaacutesica em detrimento da diatoacutepica Assim haacute diversos contextos situacionais que satildeo

definidos de acordo com a combinaccedilatildeo das seguintes variaacuteveis tipo de atividade nuacutemero e

tipologia dos participantes da atividade lugar da interaccedilatildeo e assunto da interaccedilatildeo (RASO amp

MELLO 2009) As gravaccedilotildees se dividem nos contextos familiar-privado e puacuteblico aleacutem de

ambos contarem com monoacutelogos diaacutelogos e conversaccedilotildees Acerca da definiccedilatildeo de contextos

familiar-privado e puacuteblico Raso amp Mello (2009 p 23) explicam que esta ldquodeve ser

entendida com base no papel exercido pelo falante no momento da interaccedilatildeordquo Assim

considerou-se o comportamento do falante como fator para definir o contexto se se comporta

com base social o contexto eacute puacuteblico se se comporta com base particular-individual o

contexto eacute familiar-privado

Assim como o C-ORAL-ROM o C-ORAL-BRASIL tambeacutem conta com uma parte de

gravaccedilotildees de fala formal e outra informal todavia apenas a segunda estaacute concluiacuteda e

publicada a parte formal ainda estaacute em fase de compilaccedilatildeo Assim sendo sempre que o

corpus C-ORAL-BRASIL for mencionado neste trabalho seja atraveacutes de sua descriccedilatildeo seja

pelos dados coletados para a anaacutelise se referiraacute somente agrave parte informal

O corpus eacute constituiacutedo por 139 textos contendo 208130 palavras totalizando

210852h de fala Os arquivos de som satildeo em formato wav as transcriccedilotildees em rtf os

55

Cf lthttpwwwletrasufmgbrsitegt 56

Cf lthttpwwwletrasufmgbrCMSindexasppasta=leelgt

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 34: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

34

arquivos de alinhamento que podem ser visualizados com o software Winpitch (MARTIN

2005) em xml e os metadados (informaccedilotildees extra-textuais que especificam as caracteriacutesticas

dos falantes ndash idade sexo profissatildeo grau de escolaridade etc ndash e as particularidades da

situaccedilatildeo) em txt As gravaccedilotildees foram feitas com gravadores digitais PDD60 Marantz e com

kits wireless (microfones de lapela receivers e transmitters) Sennheiser Evolution EW100

G2 em algumas gravaccedilotildees fez-se uso de microfones omnidirecionais Sennheiser MD 421 e

do mixer Xenyx 1222

As transcriccedilotildees obedecem ao formato CHILDES-CLAN (MAC WHINNEY 2000)

buscando ldquocapturar fenocircmenos que podem refletir fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e

lexicalizaccedilatildeo em cursordquo (RASO amp MELLO 2009 p26-27) Alguns deles satildeo por exemplo

afeacutereses (estar gt taacute) apoacutecopes (olha gt o‟) reduccedilatildeo de preposiccedilotildees (para gt pra) etc para

informaccedilotildees mais detalhadas sobre o processo e formaccedilatildeo de transcritores bem como dos

criteacuterios adotados para a transcriccedilatildeo dos fenocircmenos de gramaticalizaccedilatildeo e lexicalizaccedilatildeo e da

segmentaccedilatildeo prosoacutedica do C-ORAL-BRASIL cf Mello et al (2012) O parser adotado para

a anotaccedilatildeo morfossintaacutetica do corpus foi o PALAVRAS (BICK 2000)57

Apresenta-se um exemplo de um trecho de uma transcriccedilatildeo segmentada

prosodicamente e etiquetada informacionalmente do corpus C-ORAL-BRASIL

(29) bfamcv03

TON [41] eacute =EXP= se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido =TOP= tava vivo

=CMB= tava com noventa-e-seis ano =COM=$

CAR [42] hhh bicho bobo =COM=$ [43] vai abrir =SCA= ltumgt quadrinho

=COM=$

A sigla bfamcv03 significa corpus bdquoBrasil‟ (b) contexto familiar (fam) nuacutemero de

falantes conversaccedilatildeo (cv) e 03 o nuacutemero do texto TON e CAR satildeo as iniciais dos

participantes da interaccedilatildeo Os nuacutemeros entre colchetes [41] [42] e [43] indicam o nuacutemero de

cada enunciado As barras simples bdquo‟ marcam uma unidade tonal no niacutevel acuacutestico e uma

informacional no niacutevel pragmaacutetico As barras duplas bdquo‟ marcam o fim de um enunciado As

siglas EXP TOP CMB COM e SCA indicam as unidades informacionais de expressivo

toacutepico comentaacuterios muacuteltiplos ligados comentaacuterio e escansatildeo respectivamente

33 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

57

Para mais informaccedilotildees sobre esta anotaccedilatildeo cf Bick (2012)

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 35: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

35

Com o intuito de identificar o fenocircmeno em questatildeo no corpus pesquisado foram

tomados os seguintes procedimentos metodoloacutegicos

(i) Foram escolhidos aleatoriamente 3 textos do corpus C-ORAL-BRASIL

(ii) Em seguida o pesquisador escutou cada texto e ao mesmo tempo lendo a

transcriccedilatildeo marcou os enunciados que eram possiacuteveis candidatos a ser foco

prosoacutedico ou ecircnfase ou seja aqueles que apresentavam uma proeminecircncia

prosoacutedica mais saliente

(iii) Os enunciados escolhidos foram recortados atraveacutes do software Winpitch (MARTIN

2005)

(iv) Novamente com a transcriccedilatildeo e com o arquivo de aacuteudio foi observado o contexto de

enunciaccedilatildeo dos enunciados

(v) Atraveacutes do contexto de enunciaccedilatildeo o item foi julgado ser foco ou ecircnfase Mais

detalhes desse julgamento seratildeo mostrados na seccedilatildeo 4

(vi) Por fim foi feita a anaacutelise acuacutestica dos enunciados com o software Praat (BOERSMA

amp WEENINK 2011) considerando duraccedilatildeo da siacutelaba e da vogal (ms) F0 maacutexima e

miacutenima (Hz) e intensidade maacutexima e miacutenima (dB) de cada siacutelaba do enunciado

Salientamos que dado a natureza do trabalho a escolha por priorizar o aspecto

qualitativo em detrimento do quantitativo resultou ser mais produtivo embora de forma

alguma acreditamos que a anaacutelise qualitativa substitua a quantitativa mais bem as duas

seriam o ideal Eacute necessaacuterio salientar tambeacutem que o uso da percepccedilatildeo para a identificaccedilatildeo

dos fenocircmenos estudados neste trabalho foi fundamental ainda que a participaccedilatildeo de

mais informantes seria mais eficaz na validaccedilatildeo dos enunciados que apresentam os

fenocircmenos considerados

4 ANAacuteLISE DOS DADOS

Primeiramente seratildeo mostrados os dados do C-ORAL-BRASIL referentes agraves

estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB A estrateacutegia prosoacutedica seraacute a primeira seguida da sintaacutetica e

da morfoloacutegica Logo depois a anaacutelise se voltaraacute para o objetivo (ii) deste trabalho ou seja o

da proposta de distinccedilatildeo entre foco prosoacutedico e ecircnfase

41 FOCO PROSOacuteDICO

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 36: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

36

O foco prosoacutedico possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva expressa por propriedades

semacircnticas sejam elas de contrastividade ou exclusividade O objetivo do foco prosoacutedico eacute

destacar um item por meio de uma proeminecircncia prosoacutedica Haacute um contexto especiacutefico para

sua ocorrecircncia No caso do foco prosoacutedico expressando contrastividade esse contexto deve

ser o contraste por meio da negaccedilatildeo ou correccedilatildeo do conteuacutedo proposicional ou a adiccedilatildeo de

um conteuacutedo informativo para contrastar um enunciado ou uma accedilatildeo extralinguiacutestica anterior

O foco deve apresentar uma proeminecircncia prosoacutedica indicando a contrastividade

(30) bfamcv02

TER [135] e aiacute ela taacute assim matildee $

TER [136] soacute falta soacute o sofaacute $

TER [137] ltaiacute eugt falei assim entatildeo lthhh osgt [1] os +$

RUT [138] ltNossagt $

JAE [139] ltocecirc vai dargt $

TER [140] natildeo $

TER [141] o sofaacute vatildeo vez que agraves vezes a Rute distribui com ela Tonita ltCcedilatildeogt $

RUT [142] lta famiacuteliagt toda $

TER [143] a famiacutelia toda e daacute um sofaacute lthhhgt $

RUT [144] lteacute pobre mas ampsogt [2] mas ltsofaacute nũ deve sergt barato natildeo $

TER [145] ltmas eacute carogt $

TER [146] eacute caro $

RUT [147] sofaacute eacute caro $

TER [148] eacute $

Em (30) trecircs amigas conversam sobre o casamento da filha de uma delas As

participantes discutem quem deveria dar um sofaacute de presente para a noiva Em tom de humor

TER menciona que com a ajuda de toda a famiacutelia um sofaacute poderia ser dado agrave noiva RUT

diz entatildeo que um sofaacute natildeo deve ser barato e TER realizando uma proeminecircncia prosoacutedica

focaliza o item bdquocaro‟ dizendo que um sofaacute eacute caro Este exemplo se trata de um foco

prosoacutedico com a propriedade semacircntica de contrastividade isto eacute x e natildeo y bdquoum sofaacute eacute caro

e natildeo barato‟ A afirmaccedilatildeo de RUT de que um sofaacute natildeo deve ser barato natildeo implica que esse

sofaacute seja caro podendo custar um preccedilo mediano contudo TER focaliza contrastivamente

dizendo que o preccedilo de um sofaacute de fato eacute caro

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[30] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 37: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

37

FIGURA 31 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [146] do texto bfamcv02

TABELA 31 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [146] do texto bfamcv02

Trans58

eacute ca ro

DurS 0224236 0245923 0160544

DurV 0224236 0199333 0116313

F0Mx 203020 253046 267004

F0Mn 171728 168452 157687

IntMx 56577 65168 62412

IntMn 41397 47293 57097

No enunciado [146] nota-se que a siacutelaba tocircnica do foco ou seja bdquoca‟ eacute a mais longa

do enunciado bem como apresenta o maior valor de intensidade maacutexima Essa siacutelaba

apresenta o segundo maior valor de F0 maacutexima do enunciado A duraccedilatildeo da vogal da tocircnica

do foco eacute a segunda maior O movimento da curva de F0 eacute descendente-ascendente

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a contrastividade sem fazer referecircncia a um

enunciado anterior Isso acontece quando a situaccedilatildeo pragmaacutetica permite a ocorrecircncia desse

foco Em (31) cinco amigos jogam sinuca conversam e datildeo palpites sobre o jogo Em algum

58

As abreviaturas das tabelas e as medidas de cada paracircmetro acuacutestico satildeo respectivamente Transcriccedilatildeo

Duraccedilatildeo da Siacutelaba (ms) Duraccedilatildeo da Vogal (ms) F0 Maacutexima (Hz) F0 Miacutenima (Hz) Intensidade Maacutexima (dB) e

Intensidade Miacutenima (dB)

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 38: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

38

momento do jogo CEL adverte que TON deve matar a bola nuacutemero cinco Pelos enunciados

[64] e [65] infere-se que REN estava tentando matar a bola nuacutemero oito e natildeo a cinco

Mesmo sem REN disser bdquoeu vou matar o cinco‟ a accedilatildeo que ele deveria estar fazendo

motivou CEL a utilizar o foco prosoacutedico expressando contrastividade isto eacute bdquomate a bola

cinco e natildeo a oito‟

(31) bfamcv03

CEL [58] ltagora tem que matar o cincogt $

CAR [59] cecirc erra lttambeacutem Toninho aiacute ficava o seisgt +$

CEL [60] ltocirc Toninho cecirc tem que matar o cinco socircgt $

REN [61] agora cecirc mata o onze aiacute $

REN [62] nũ daacute natildeo $

CEL [63] natildeo socirc o cinco Renato $

CEL [64] oito $

CEL [65] que isso $

FIGURA 32 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [63] do texto bfamcv03

TABELA 32 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [63] do texto bfamcv03

Trans natildeo socirc o cin co Re na to

DurS 027001

0

018228

6

012190

3

020279

3

0069 0076 013671

4

0063

DurV 022330

0

012076

4

012190

3

015038

6

0039 0043 009570

0

0031

F0Mx 385043 315052 282677 378799 33082 29844 259569

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[31] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 39: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

39

8 5

F0Mn 189641 273705 272320 236444 29844

5

25956

9

180851

IntM

x

81422 79349 66697 64525 66930 71806 70096 4633

7

IntM

n

52731 59860 51980 48394 47298 67619 48102 4570

3

Haacute duas proeminecircncias prosoacutedicas no enunciado [63] a primeira eacute na palavra bdquonatildeo‟ e

a segunda em bdquocinco‟ A palavra bdquonatildeo‟ apresenta os maiores valores de F0 intensidade e

duraccedilatildeo do enunciado em segundo lugar aparece a palavra bdquocinco‟ O foco prosoacutedico

expressando contrastividade estaacute na palavra bdquocinco‟ O movimento da siacutelaba tocircnica dessa

palavra eacute ascendente A negaccedilatildeo eacute uma preparaccedilatildeo para o foco expressando contrastividade

portanto ela faz parte do conteuacutedo informativo desse foco o que explica sua proeminecircncia

prosoacutedica

O foco prosoacutedico tambeacutem pode expressar a propriedade semacircntica de exclusividade

O contexto deve ser a identificaccedilatildeo de um referente discursivo geralmente concreto

apontando a propriedade daquele referente ser uacutenico isto eacute x e apenas x Em (32) o texto e o

contexto pragmaacutetico satildeo os mesmos do exemplo (31) TER estaacute em duacutevida se deve convidar

certas pessoas Entatildeo TER pede a opiniatildeo de RUT RUT menciona que todos devem ser

convidados dizendo que o convite de casamento poderia ser enviado para todos isto eacute

somente o convite de casamento ou bdquoo convite de casamento e apenas o convite de

casamento‟ mas sobre o convite de padrinhos TER deveria analisar melhor

(32) bfamcv02

TER [329] aiacute cecirc acha que eu devo convidar o Guilherme $

TER [330] todo mundo ltneacute Rutegt $

RUT [331] ltcom certeza Terezinhagt $

TER [332] lte Zeacutegt Levi $

RUT [333] ltnatildeogt $

TER [334] lttodogt mundo $

RUT [335] convite de casamento cecirc pode mandar pa todo mundo $

RUT [336] agora ltpadrimgt aiacute que ocecirc tem que ver $

TER [337] ltuhngt $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[32] bfamcv02wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 40: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

40

FIGURA 33 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [335] do texto bfamcv02

TABELA 33 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Trans con vi te ca sa men to

DurS 0191610 0135 0144 0113 0204674 0096 0071

DurV 0135 0091 0089 0072 0139 0053 0045

F0Mx 256514 304153 291765 280289 285227 245024 265390

F0Mn 212644 196220 281560 264338 233187 221826 228981

IntMx 66291 65029 64208 64913 72972 64631 64774

IntMn 47786 54857 50092 50373 58897 62212 56991

TABELA 34 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [335] do texto bfamcv02

Tran

s

cecirc po‟ man dar pa‟ to do mun do

DurS 0144 0113 0120 0071 0113 0069 0122 025910

9

022694

3

Dur

V

0113 0068 0080 0057 0085 0056 0073 015459

5

016379

9

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 41: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

41

F0M

x

31782

0

32405

5

32150

1

27948

2

27586

1

28496

6

42944

7

430694 229315

F0M

n

23317

6

31367

6

27163

6

27312

6

26991

3

27534

9

27367

0

227488 166450

IntM

x

62460 67888 66204 67044 55718 60146 55540 63855 59687

IntM

n

49076 59249 61124 56423 45721 54173 51685 52940 48748

Novamente haacute duas proeminecircncias no exemplo (32) uma na palavra bdquocasamento‟ e

outra na palavra bdquomundo‟ O foco prosoacutedico expressando exclusividade se encontra na siacutelaba

preacute-tocircnica de bdquocasamento‟ Os valores de F0 intensidade e duraccedilatildeo dessa siacutelaba satildeo os

segundos maiores do enunciado O movimento da curva de F0 no foco inteiro isto eacute bdquoconvite

(de) casamento‟ eacute descendente-ascendente-descendente jaacute o movimento de F0 da preacute-tocircnica

eacute descendente A proeminecircncia com maiores valores dos paracircmetros acuacutesticos estaacute na siacutelaba

tocircnica da palavra bdquomundo‟ e se trata de uma ecircnfase Nota-se que o foco prosoacutedico e a ecircnfase

podem coocorrer em um mesmo enunciado mas natildeo na mesma palavra desse enunciado

42 FOCO SINTAacuteTICO

O foco sintaacutetico se realiza atraveacutes de uma configuraccedilatildeo sintaacutetica especiacutefica que

viabiliza o destaque de algum item No PB a construccedilatildeo sintaacutetica focalizadora mais

conhecida eacute a famiacutelia das clivadas As propriedades semacircnticas que o foco sintaacutetico carrega

satildeo geralmente de exclusividade mas tambeacutem em alguns casos de contrastividade No

exemplo (33) quatro estudantes jogam Imagem e Accedilatildeo um jogo de miacutemica cujo objetivo eacute

os demais participantes adivinharem o que certo participante estaacute tentando demonstrar atraveacutes

de miacutemicas LUC pergunta a BRU se HEL deve adivinhar BRU entatildeo responde

afirmativamente BRU faz miacutemicas para HEL adivinhar a palavra retirada anteriormente por

BRU HEL realiza vaacuterias tentativas e por fim acerta a palavra que era bdquorolha‟ BRU faz uso

da sentenccedila clivada expressando exaustividade para dizer que a vez de fazer a miacutemica

naquele momento eacute de HEL isto eacute bdquoagora eacute vocecirc e apenas vocecirc que faz a miacutemica‟ Nota-se

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 42: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

42

que o uso da sentenccedila clivada neste contexto natildeo ocorre depois de uma pergunta-wh como eacute

mostrado frequentemente na literatura sobretudo gerativista

(33) bfamcv04

LUC [430] a [1] ea [1] ea ela tem que adivinhar $

BRU [431] ela vai adivinhar $

HEL [432] hhh barril $

HEL [433] alambique $

HEL [434] garrafa $

BRU [435] uhn $

HEL [436] gargalo $

HEL [437] tampa $

HEL [438] amphe tampinha $

LUC [439] hhh lttampinhagt $

HEL [440] ltampabrigt +$

HEL [441] amphe bico $

HEL [442] amphe amphe saca-rolhas $

HEL [443] champanhe $

HEL [444] hhh garrafa $

HEL [445] ampgarra +$

HEL [446] rolha $

BRU [447] uhn $

BRU [448] yes hhh $

BRU [449] yyyy $

HEL [450] ltai que fodagt $

BRU [451] ltyyyy neacutegt $

HEL [452] ltNossagt $

BRU [453] agora eacute ocecirc que faz $

LUC [454] pera aiacute $

LUC [455] xaacute eu voltar lta coisagt $

HEL [456] ltseacuteriogt $

LUC [457] ltpera aiacute pera pera aiacutegt soacute um segundo soacute vatildeo esperar o [1] a ampulheta ltdesnegoccedilargt $

BRU [458] ltseacuteriogt $

CEL [459] lteacutegt $

BRU [460] eacute $

FIGURA 34 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [453] do texto bfamcv04

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[33] bfamcv04wav
paulo
Nota
Completed definida por paulo
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 43: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

43

TABELA 35 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [453] do texto bfamcv04

Trans a go ra eacute o cecirc que faz

DurS 010437

0

009976

5

0033 0043 0051 007290

5

006216

1

026570

3

DurV 010437

0

007751

0

0021 0043 0051 0041 0039 015059

0

F0Mx 251498 245231 25694

1

26990

6

27177

8

378012 361189 145208

F0Mn 237585 236796 24456

7

25694

1

25507

9

353182 354922 118886

IntM

x

68780 72611 68144 63588 54560 62731 62253 55523

IntM

n

54609 52862 64718 57507 50837 53245 43720 38202

A configuraccedilatildeo sintaacutetica clivada que focaliza a palavra bdquoocecirc‟ apresenta uma

proeminecircncia prosoacutedica na siacutelaba tocircnica bdquocecirc‟ O movimento da curva de F0 nessa siacutelaba eacute

descendente

No exemplo (34) o contexto eacute o mesmo de (31) TON faz uma jogada e daacute palpites na

vez de CAR jogar CAR entatildeo adverte TON fazendo uso de uma sentenccedila pseudo-clivada

de que era ele ou seja CAR que iria jogar e natildeo TON Nesse caso a propriedade semacircntica

do foco bdquoeu‟ eacute de contrastividade bdquoquem joga agora sou eu e natildeo vocecirc‟

(34) bfamcv03

CAR [149] ltToninho nũ erra igual da outra vez natildeo meugt $

REN [150] ltnatildeogt $

REN [151] ltampchut [1] vou dar ideacuteia natildeogt $

REN [152] ltsei quegt cecirc faz o [1] o serviccedilo ltseugt $

CEL [153] lthhhgt errar de bola assim eacute feio demais $

CEL [154] isso $

CAR [155] ltuhngt $

CEL [156] ltinda bem que eugt fiquei hhh $

CAR [157] pocircs ela atraacutes das outras $

CAR [158] que ltgostosogt $

CEL [159] ltagora vou matar o oitogt $

TON [160] ltmatou isso aiacute jaacutegt $

TON [161] lta laacutegt como eacute que eu pus atraacutes das outra $

CEL [162] ltxxxgt $

TON [163] olha p‟ ltcecirc vergt $

CEL [164] ltpra matargt tem que fazer um $

REN [165] joguei atraacutes das suas bola $

CAR [166] entatildeo eacute que o Damiatildeo [2] o [1] o [1] o [1] o [1] o ampTonin [2] o Renato entatildeo $

TON [167] eacute $

TON [168] foi atraacutes das outras $

CAR [169] pocircs ueacute $

CAR [170] pocircs ltnatildeogt $

CEL [171] ltuhngt $

CAR [172] laacute na frente $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[34] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 44: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

44

TON [173] daacute pra ampma [3] daacute pra jogar ela aqui ela vem na frente da quatro o $

CAR [174] natildeo $

CAR [175] quem vai jogar agora sou eu Toninho $

CAR [176] cecirc nũ faz besteira natildeo porque $

CAR [177] cecirc nũ entendeu cecirc nũ $

FIGURA 35 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [175] do texto bfamcv03

TABELA 36 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans quem vai jo gar a go ra

DurS 0174941 0106587 0118145 0132271 0063 0059 0057

DurV 0120714 0072 0076 0095030 0063 0036 0037

F0Mx 145602 153098 150254 135667 121244 121947

F0Mn 131133 138345 124577 123965 113979 120801

IntMx 56293 58265 59735 61245 54030 60826 60549

IntMn 49830 48106 50059 52471 46798 57012 47919

TABELA 37 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [175] do texto bfamcv03

Trans sou eu To nim

DurS 0205470 0209322 0078 0057

DurV 0097598 0209322 0054 0037

F0Mx 178175 176814 133573

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 45: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

45

F0Mn 173078 122288 133573

IntMx 63245 63901 55134 55635

IntMn 42993 39753 39146 45532

No enunciado [175] acima a proeminecircncia prosoacutedia se encontra no item bdquoeu‟ que

apresenta maior duraccedilatildeo da siacutelaba e da intensidade O movimento da curva de F0 desse item

eacute descendente-ascendente

43 FOCO MORFOLOacuteGICO

O foco morfoloacutegico no PB objetiva destacar um item atraveacutes da combinaccedilatildeo com uma

palavra que funciona como um focalizador Caetano (2012) investigando o estatuto do

adveacuterbio bdquomesmo‟ no corpus C-ORAL-BRASIL encontrou ocorrecircncias em que esse

adveacuterbio exercia uma funccedilatildeo focalizadora como segue no exemplo abaixo

(35) bfamcv03

TON [179] ah aqui nũ daacute natildeo $

TON [180] vai ter que ser ltaquigt $

CEL [181] ltpuxagt esse trecircs caacute pra cima socirc $

TON [182] natildeo $

TON [183] que puxa ltcaacute pra cimagt $

CAR [184] ltnatildeogt $

CAR [185] ltquemgt joga agora sou eu Toninho $

CAR [186] cecirc nũ entendeu $

TON [187] aqui mesmo ampCel $

TON [188] aqui mesmo amphe ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc [1] ocirc Crossinho $

CEL [189] tem que pensar muito natildeo Renato $

CEL [190] isso aqui ou cecirc joga pra caacute +$

Os enunciados [187] e [188] do exemplo (35) mostram o adveacuterbio bdquomesmo‟

exercendo uma funccedilatildeo focalizadora isto eacute ele destaca o item bdquoaqui‟ TON daacute uma opiniatildeo de

jogada para Crossinho que deveria jogar em determinado lugar usando o decircitico bdquoaqui‟ e

destacando-o com o adveacuterbio bdquomesmo‟ Esse destaque carrega a noccedilatildeo semacircntica de

exclusividade ou seja deve-se jogar aqui e apenas aqui Os enunciados com o focalizador

foram proferidos provavelmente em um contexto de um possiacutevel momento de duacutevida de um

participante da conversaccedilatildeo sobre onde ou em qual bola jogar O focalizador no caso o

adveacuterbio mesmo estaacute sempre apoacutes a palavra focalizada isto eacute sua posiccedilatildeo eacute fixa no

enunciado A funccedilatildeo focalizadora desse adveacuterbio pode ser extraiacuteda tambeacutem atraveacutes da

comparaccedilatildeo entre pares de sentenccedilas por exemplo (a) joga aqui Crossinho (b) joga aqui

mesmo Crossinho Comparando (a) e (b) nota-se que o uso de bdquomesmo‟natildeo eacute necessaacuterio

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[35] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 46: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

46

mas se usado realiza um destaque do item anterior isto eacute focaliza a palavra bdquoaqui‟ Natildeo haacute

uma proeminecircncia prosoacutedica mais saliente nos exemplos de focalizaccedilatildeo morfoloacutegica atraveacutes

do adveacuterbio bdquomesmo‟

FIGURA 36 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [187] do texto bfamcv03

TABELA 38 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [187] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo

DurS 0111756 0102494 0131513

DurV 0080266 0074710 0069770

F0Mx 266747 265505 229641

F0Mn 235914 220822 157671

IntMx 61161 68484 67270

IntMn 42868 61969 53923

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 47: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

47

FIGURA 37 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [188] do texto bfamcv03

TABELA 39 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [188] do texto bfamcv03

Trans (a)qui me(s) mo o o o o o Cro ssim

DurS 0231061 0145563 0172029 0860143 0153124 0266550

DurV 0093 0098 0108 0860143 0081 0143672

F0Mx 300619 306303 266660 412361 131558 123111

F0Mn 226775 258885 144610 89683 120871 102182

IntMx 60308 63534 58808 57417 56870 49754

IntMn 44024 56545 56472 38126 41930 36870

44 FOCO PROSOacuteDICO VERSUS EcircNFASE

Na seccedilatildeo 31 foram mostrados o contexto de ocorrecircncia e as propriedades prosoacutedicas e

semacircnticas do foco prosoacutedico com dados de uso espontacircneo da liacutengua O fenocircmeno que

instaura o foco prosoacutedico eacute conhecido geralmente como focalizaccedilatildeo lexical Nem todo

enunciado possui focalizaccedilatildeo lexical mas possui necessariamente um foco funcional59

59

Na TLA o foco funcional eacute definido como ldquoum nuacutecleo prosoacutedico que marca o valor funcional da unidaderdquo

(RASO 2012 p 107) Rocha (2010 p 33) explica que o foco funcional eacute ldquoum segmento prosoacutedico que eacute o

nuacutecleo de relevacircncia semacircntica do enunciado A essa relevacircncia corresponde um movimento tonal saliente e

assim o foco natildeo pode ser nunca uma parte entonativa opcional de um perfilrdquo

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 48: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

48

expresso por uma proeminecircncia prosoacutedica que marca o tipo de toacutepico na unidade de toacutepico

e uma ilocuccedilatildeo na unidade de comentaacuterio A ecircnfase por sua vez possui a mesma funccedilatildeo do

foco prosoacutedico ou seja a de ressaltar de colocar um item em evidecircncia de destacar etc

entretanto natildeo possui as propriedades semacircnticas desse foco A ecircnfase possui motivaccedilatildeo

pragmaacutetica de reforccedilo de um item atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica ou outros

paracircmetros que seratildeo mostrados abaixo O foco prosoacutedico apresenta uma carga semacircntico-

informativa que pode ser decodificada atraveacutes de paracircmetros formais sendo veiculada

tambeacutem uma proeminecircncia prosoacutedica na sua realizaccedilatildeo Essa carga semacircntico-informativa

possui motivaccedilatildeo pragmaacutetico-discursiva que dependendo da situaccedilatildeocontexto expressaraacute

contrastividade ou exclusividade A seguir seratildeo apresentados exemplos de ecircnfase

encontrados no corpus C-ORAL-BRASIL

O exemplo (36) mostra a ecircnfase dos itens bdquonoventa-e-seis ano‟ Nota-se que o objetivo

dessa ecircnfase eacute causar humor o que pode ser constatado pelo riso de CAR logo apoacutes o

enunciado ser dito por TON Nesse exemplo a ecircnfase eacute expressa por uma proeminecircncia

prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquonoventa‟ O contexto natildeo dizia respeito ao assunto da idade

dos pais dos participantes da conversaccedilatildeo portanto considera-se que o contexto da ecircnfase

pode ser mais livre Vale lembrar que o contexto de bfamcv03 jaacute foi explicado em seccedilotildees

anteriores

(36) bfamcv03

CAR [36] quase bateu pro oito hein $

REN [37] ltahngt $

CEL [38] ltquasegt $

CEL [39] cair mais ltum pouquinho velhogt $

REN [40] ltquase neacutegt $

TON [41] eacute se o meu pai tambeacutem nũ tivesse morrido tava vivo tava com noventa-e-seis ano $

CAR [42] hhh bicho bobo $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[36] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 49: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

49

FIGURA 38 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [41] do texto bfamcv03

TABELA 310 - Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans eacute se o meu pai tam (b)eacutem

DurS 0226406 0089 0060 0073 0188 0095 0105

DurV 0226406 0029 0060 0053 0102 0060 0105

F0Mx 147302 194984 171208 163991 181090 167051 168318

F0Mn 127245 171208 161540 156635 124890 164119 164546

IntMx 62464 52723 51716 59314 66119 57082 55948

IntMn 39810 41783 50023 53691 53027 53420 53438

TABELA 311 - Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans nũ ti ve sse mo rri do

DurS 0054 0070 0070 0108 0108 0092 0092

DurV 0032 0040 0043 0059 0063 0054 0056

F0Mx 167693 160357 160245 183948 173052 171917 172975

F0Mn 147585 147937 157387 156411 145188 155314 157502

IntMx 52626 59175 61729 53356 54056 65422 63042

IntMn 50759 51866 55037 45094 51877 56129 47588

TABELA 312 - Terceira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans ta va vi vo ta va com

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 50: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

50

DurS 0086 0111 0095 0089 0063 0051 0082

DurV 0051 0070 0055 0054 0039 0031 0052

F0Mx 184356 183770 165924 166477 169631 158380 170374

F0Mn 172001 138271 137253 155939 153813 152652 153841

IntMx 63056 61964 58818 60431 63384 63192 57634

IntMn 56045 52954 52051 52748 52481 57573 55069

TABELA 313 - Quarta tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [41] do texto bfamcv03

Trans no ven ta e seis a no

DurS 0117 0216840 0082 0066 0290182 0137 0140

DurV 0077 0127 0046 0066 0095 0137 0086

F0Mx 169530 234191 213926 187128 186084 149999 152775

F0Mn 137897 118920 187128 175849 134796 137288 143796

IntMx 61839 65323 63285 62810 58049 55148 53158

IntMn 53036 48029 43081 47437 41350 49910 40177

Geralmente se consideram as perguntas totais e as interjeiccedilotildees sendo intrinsecamente

enfaacuteticas dado seu caraacuteter de surpresa e de saliecircncia prosoacutedica em vaacuterios casos O exemplo

(37) mostra justamente a ecircnfase de uma pergunta total e de uma interjeiccedilatildeo CEL faz uma

afirmaccedilatildeo que aparentemente deixa CAR surpreso Entatildeo CAR faz uma pergunta enfaacutetica

atraveacutes de uma proeminecircncia prosoacutedica na tocircnica da palavra bdquosinuca‟ podendo ser constatada

sua surpresa em relaccedilatildeo ao que CEL afirmou CEL responde afirmativamente a pergunta de

CAR que expressando surpresa realiza a interjeiccedilatildeo gramaticalizada bdquoNossa Senhora‟

tambeacutem fazendo uso de uma proeminecircncia prosoacutedica que se encontra na siacutelaba bdquono‟ O

contexto das ecircnfases mostrado nesse exemplo natildeo eacute tatildeo livre quanto em (36) jaacute que elas se

realizam em decorrecircncia de uma afirmaccedilatildeo preacutevia

(37) bfamcv03

CAR [284] ampra [1] ltampra [1] abre o dois uaigt $

TON [285] ltraspou ele todogt $

CEL [286] ltdeu sinucagt Zeacute $

CEL [287] jaacute deu sinuca $

CAR [288] deu sinuca $

CEL [289] deu uai $

CAR [290] Nossa Senhora $

CAR [291] entatildeo bate aiacute o‟ $

CEL [292] ltmas nũ deugt sinuca aiacute $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[37] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 51: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

51

FIGURA 39 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [288] do texto bfamcv03

TABELA 314 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [288] do texto bfamcv03

Trans deu si Nu ca

DurS 0122260 0137539 0194610 0155931

DurV 0088459 0073621 0141534 0103997

F0Mx 179542 144766 261137 167716

F0Mn 154681 136336 140137 87041

IntMx 66579 54583 65448 64582

IntMn 54424 48078 48848 52450

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 52: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

52

FIGURA 310 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [290] do texto bfamcv03

TABELA 315 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [290] do texto bfamcv03

Trans No ss(a) Se nho ra

DurS 0126984 0166992 0114807 0101761 0067841

DurV 0080887 0051

F0Mx 180941 180144 124917 116792

F0Mn 139315 179750 116792 88124

IntMx 49876 48232 44881 45846 42784

IntMn 37791 40437 37743 43687 40552

A ecircnfase pode ser realizada natildeo soacute atraveacutes da proeminecircncia prosoacutedica mas tambeacutem

atraveacutes de outros paracircmetros como alongamento de siacutelabas no exemplo (38) e mudanccedila da

qualidade de voz no exemplo (39) Em (38) TON sente um odor vindo de determinado lugar

e comenta que Onofre poderia ter causado esse odor realizando uma sentenccedila clivada bdquoeacute ocecirc

Onofre que taacute cagando assim‟ CAR entatildeo menciona que natildeo se pode falar palavratildeo devido

a que a conversa estava sendo gravada Como uma reprovaccedilatildeo descontraiacuteda ele usa a ecircnfase

com alongamento da siacutelaba bdquofei‟ na palavra bdquofeio‟

(38) bfamcv03

TON [247] eacute ocecirc Onofre que taacute cagando assim $

TON [248] n‟ eacute o senhor natildeo neacute $

TON [249] hhh eacute isso nũ po‟ falar natildeo ltogt $

CAR [250] hhh ltpalavratildeogt nũ po‟ falar natildeo $

CAR [251] viu senhor $

CAR [252] muito feio $

LEEL
Anexaccedilatildeo de arquivo
[38] bfamcv03wav
LEEL
Nota
Accepted definida por LEEL
LEEL
Nota
Completed definida por LEEL

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 53: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

53

CAR [253] entatildeo falar c‟ ocecircs igual eu falo com o Antocircnio Guru todo dia $

REN [254] eh $

REN [255] vai suicidar $

CEL [256] vai sair soacute o dois aiacute $

TON [257] joga mais na cara dela entatildeo uai $

FIGURA 311 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [252] do texto bfamcv03

TABELA 316 ndash Dados acuacutesticos do enunciado [252] do texto bfamcv03

Trans mui to fei o

DurS 0167352 0101026 0337227 0048

DurV 0120946 0066165 0210589 0048

F0Mx 153892 302091 292875 126147

F0Mn 129466 135581 126147 119805

IntMx 60851 54784 64039 53335

IntMn 43825 42324 37248 47139

No exemplo (39) RUT menciona que natildeo deseja ser convidada para ser madrinha do

casamento da filha de uma das participantes da conversa Ela explica que sente muita

vergonha de ldquodesfilarrdquo e que em outro casamento nem chegou a entrar na igreja Para

reforccedilar essa afirmaccedilatildeo ela enfatiza usando dupla negaccedilatildeo aleacutem da mudanccedila da qualidade da

voz que se torna mais aguda nas palavras bdquofui natildeo‟ mostrando assim certeza na informaccedilatildeo

(39) bfamcv02

paulo
Anexaccedilatildeo de arquivo
[39] bfamcv02wav
paulo
Nota
Accepted definida por paulo
paulo
Nota
Completed definida por paulo

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 54: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

54

RUT [75] nũ me convida pa ser amppa [1] madrinha natildeo hein $

TER [76] ltnatildeogt $

RUT [77] ltjaacute vougt avisando com antecedecircncia $

RUT [78] ltmorro de vergonhagt $

TER [79] ltescuta soacute que que agt Dani tava ltfalandogt $

RUT [80] ltmorro degt vergonha de ltdesfilargt $

TER [81] ltpsiugt $

RUT [82] Nossa ltSenhoragt $

TER [83] ltheingt $

TER [84] eacute porque eacute da famiacutelia laacute dele neacute $

TER [85] lto‟gt $

RUT [86] lteacutegt $

TER [87] a matildee da ampFa [2] da +$

JAE [88] mas eacute loacutegico que ea vai pocircr ocecircs uai $

RUT [89] natildeo $

RUT [90] pra quecirc $

RUT [91] eu nũ quero natildeo $

RUT [92] Deus me livre $

JAE [93] ocecirc ltTonita yyyygt $

RUT [94] ltmorro de vergonha $

RUT [95] cecirc nũ viu que ogt da Tiane eu nem ltentreigt na igreja $

JAE [96] lteacutegt $

RUT [97] eu nũ fui natildeo minha filha laacute natildeo $

RUT [98] morro de vergonha $

FIGURA 312 ndash Anaacutelise acuacutestica do enunciado [97] do texto bfamcv02

TABELA 317 ndash Primeira tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans eu nũ fui natildeo

DurS 0128495 0132086 0154100 0159280

DurV 0128495 0076 0098417 0123021

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 55: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

55

F0Mx 201954 250872 467107 454788

F0Mn 176228 201954 248482 365720

IntMx 59090 59261 58928 62075

IntMn 56566 48279 43583 50370

TABELA 318 ndash Segunda tabela dos dados acuacutesticos do enunciado [97] do texto bfamcv02

Trans mi nha f(i) lh(a) laacute natildeo

DurS 0074 0073 0091942 0103597 0129496 0205898

DurV 0043 0039 0080 0130791

F0Mx 378418 351537 242231 186186 200084

F0Mn 351537 236135 183755 176981 168506

IntMx 51335 53807 46332 53596 57507 56597

IntMn 49950 49060 42700 47560 53728 45069

Tendo em vista essas consideraccedilotildees elencamos as diferenccedilas entre o foco prosoacutedico e

a ecircnfase e suas principais caracteriacutesticas (i) o contexto linguiacutestico ou extralinguiacutestico em que

o foco eacute enunciado o habilita a desempenhar a carga semacircntica que o faz ser

informativamente foco isto eacute atraveacutes do efeito de contrastividade ou exclusividade e da

proeminecircncia prosoacutedica (ii) a motivaccedilatildeo da ecircnfase condicionada pelo contexto faz com que

ela apresente efeitos de sentido diversos dependendo tambeacutem da intenccedilatildeo do falante por

exemplo humor surpresa certeza da informaccedilatildeo etc (iii) Foco prosoacutedico e ecircnfase podem

apresentar o mesmo perfil prosoacutedico ou funccedilatildeo isto eacute a de possuir uma proeminecircncia

prosoacutedica e a de chamar a atenccedilatildeo do ouvinte destacando um item o que diferencia um do

outro estaacute no plano semacircntico com as propriedades e efeitos de sentido e no pragmaacutetico

com os contextos de enunciaccedilatildeo O que eacute semacircntico eacute aquilo que expressa significaccedilatildeo em

sentido mais estrito que pode ser extraiacutedo atraveacutes de paracircmetros formais jaacute o que eacute

pragmaacutetico eacute aquilo que pode ser inferido do contexto das vaacuterias situaccedilotildees comunicativas

sendo essencial para compreensatildeo e anaacutelise do fenocircmeno da focalizaccedilatildeo

5 CONDIERACcedilOtildeES FINAIS

Neste trabalho foram expostos os tipos de foco ndash sintaacutetico prosoacutedico morfoloacutegico e

suas propriedades semacircnticas ndash que podem ocorrer nas liacutenguas atraveacutes de vaacuterios quadros

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 56: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

56

teoacutericos Essa exposiccedilatildeo teve por objetivo situar o leitor em relaccedilatildeo agraves possibilidades de

realizaccedilatildeo do foco e mostrar que dependendo do autor todos esses tipos satildeo considerados

possiacuteveis de ocorrer no Portuguecircs Brasileiro A anaacutelise dos dados coletados do corpus C-

ORAL-BRASIL se baseou em paracircmetros acuacutestico-perceptuais prosoacutedicos semacircntico-

formais e pragmaacuteticos As estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no PB apresentadas foram prosoacutedica

sintaacutetica e morfoloacutegica A presenccedila da proeminecircncia prosoacutedica foi essencial para a percepccedilatildeo

do foco bem como para a anaacutelise Constatou-se que o contexto de realizaccedilatildeo do foco eacute

condicionado linguiacutestica e extralinguisticamente fazendo com que sua realizaccedilatildeo carregue

propriedades semacircnticas sejam de contrastividade ou exclusividade Foi proposta tambeacutem

uma distinccedilatildeo entre o foco prosoacutedico e a ecircnfase baseada em diferenccedilas semacircnticas e

pragmaacuteticas Pela anaacutelise dos dados foi constatado que o foco prosoacutedico e a ecircnfase natildeo

poderiam ser tratados como fenocircmenos idecircnticos embora possuam certa semelhanccedila A

ecircnfase apresenta um contexto mais livre de ocorrecircncia sendo manifestada assim como o

foco por uma proeminecircncia prosoacutedica entretanto ela pode apresentar efeitos de sentido

diversos diferentes daqueles do foco Nesse sentido a ecircnfase se aproxima mais da definiccedilatildeo

que Reis (2005 apud Batista 2007 p 61) oferece a ecircnfase seria um recurso ldquousado pelo

locutor quando aleacutem da informaccedilatildeo presente no significado proposicional da sentenccedila se

quer ressaltar uma(s) palavra(s) dando uma qualidade de seguranccedila da informaccedilatildeo ou de

indignaccedilatildeo entre outros ou apenas para chamar a atenccedilatildeo do ouvinterdquo Acreditamos que este

natildeo eacute um assunto esgotado embora a literatura linguiacutestica natildeo distinga esses dois fenocircmenos

comumente Investigaccedilotildees futuras levando em consideraccedilatildeo aspectos quantitativos satildeo

essenciais para melhor sustentaccedilatildeo das anaacutelises qualitativas

REFEREcircNCIAS BIBLIOGRAacuteFICAS

ARNHOLD A Multiple prosodic parameters signalling information structure parallel focus

marking in Finnish In Proceedings of the International Congress of Phonetic Sciences

(ICPhS) Hong Kong 2011 p 248-250 2011

ASSIS C A K de Foco tipo e distribuiccedilatildeo Anais do 5ordm Encontro do Celsul Curitiba-PR

p 360-366 2003

BARBOSA J Foco e toacutepico algumas questotildees terminoloacutegicas In G Rio-Torto O M

Figueiredo F Silva (eds) Estudos em homenagem de Maacuterio Vilela p 339-351 Porto

Faculdade de Letras da U do Porto 2005

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 57: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

57

BARBOSA P Verbetes Prosoacutedia 2008 Disponiacutevel em

lthttppsicolinguisticaletrasufmgbrwikiindexphpProsC3B3diagt Acesso em

29062012

BATISTA R J A ecircnfase na locuccedilatildeo do repoacuterter de telejornal (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2007

BAUMANN S et al Prosodic marking of focus domains categorical or gradient In

Proceedings Speech Prosody 2006 Dresden Germany p 301-304 2006

BEAVER D I amp CLARK B Z Sense and sensitivity How focus determines meaning

MaldenOxford Wiley-Blackwell 2008

BELLETTI A Aspects of the low IP area ms Universitagrave di Siena 2001

BELLETTI A Aspects of the low IP area In Rizzi L (ed) The structure of CP and IP

The Cartography of Syntactic Structures v 2 p16-51 New York Oxford University Press

2004

BICK E The Parsing System Palavras ndash Automatic Grammatical Analysis of Portuguese in

a Constraint Grammar Framework Aarhus Aarhus University Press 2000

BICK E A anotaccedilatildeo grammatical do C-ORAL-BRASIL In RASO T amp MELLO H

(orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal

Belo Horizonte Editora UFMG 2012

BRADLEY D P A preliminary syntactic sketch of Concepcioacuten Paacutepalo Cuicatec In Bradley

amp Hollenbach (eds) Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 3 p409-506 Dallas

Summer Institute of Linguistics and the University of Texas at Arlington 1991

BRUM DE PAULA M R Broto da fala o papel da prosoacutedia no despertar da linguagem In

Revista Virtual de Estudos da Linguagem v 8 n 15 p 82-94 2010

BOERSMA P amp WEENINK D Praat doing phonetics by computer 2012 Disponiacutevel em

lthttpwwwfonhumuvanlpraatgt Acesso em 09072012

BUTRAGUENtildeO P M La construcioacuten prosoacutedica de la estructura focal em espantildeol In G

Knauer amp V Bellosta (eds) Variacioacuten gramatical un reto para las teoriacuteas de la sintaxis

Tuumlbingen Niemeyer p 117-144 2005

CAETANO R O estatuto do adveacuterbio modal mesmo na fala espontacircnea um estudo de

corpus Trabalho apresentado no ELC 2012 Satildeo Carlos 2012

CALLOU D amp LEITE Y Iniciaccedilatildeo agrave foneacutetica e agrave fonologia Rio de Janeiro Jorge Zahar

Editor 1990

CRESTI E Corpus di italiano parlato Firenze Accademia della Crusca v1 2000

CRESTI E amp GRAMIGNI P Per una linguistica corpus based dell‟italiano parlato le unitagrave

di riferimento In F Albano Leoni F Cutugno F Pettorino M Savy (eds) ldquoIl parlato

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 58: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

58

italianordquo Atti del Convegno internazionale (Napoli 13-15 febbraio 2003) CD-ROM

DrsquoAuria Editore Napoli p (M06) 1-23 2004

CRESTI E amp MONEGLIA M Il progetto C-ORAL-ROM In N Maraschio e T Poggi

Salani (eds) Atti del XXXIV Congresso SLI Italia Linguistica anno 1000- Italia Linguistica

anno 2000 Bulzoni Roma p 709-722 2003a

CRESTI E amp MONEGLIA M L‟archiviazione del parlato italiano nel progetto C-ORAL-

ROM In Atti della conferenza TIPI Ministero delle Poste Roma in LA

COMUNICAZIONE Istituto Superiore CTI Numero speciale vol LI p 229-234 2003b

CRESTI E amp MONEGLIA M C-ORAL-ROM Integrated reference corpora for spoken

romance languages AmsterdamPhiladelphia John Benjamins 2005

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Project New methods for spoken language archives

in a multilingual romance corpus In C Rodriguez amp C Suarez Araujo (eds) Proceedings

of the III LREC Conference vol 1 ELRAPARIS p 2-10 2002

CRESTI E et al The C-ORAL-ROM Corpus a multilingual resource of spontaneous

speech for romance languages In MT Lino MF Xavier F Ferraira R Costa R Silva

(eds) Prococeedings of the 4th LREC Conference ELRA Paris vol 2 ELRA Paris p 575-

578 2004

CYSTAL D A dictionary of linguistics and phonetics MaldenOxfordVictoria Blackwell

Publishing 2008

DAVIS P W Introduction The constitution of focus In Syntax and Semantics Disponiacutevel

em lthttpwwwphilipwdaviscomsands03pdfgt Acesso em 26062012

ERIKSSON A et al Syllable prominence a matter of vocal effort phonetic distinctness

and top-down processing In INTERSPEECH 2001 p 399-402 2001

FARRIS E R A syntactic sketch of Yosonduacutea Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds)

Studies in the syntax of Mixtecan languages vol 4 p1-171 Dallas Summer Institute of

Linguistics and the University of Texas at Arlington 1992

FERNANDES-SVARTMAN F R 2007 Tonal association of neutral and subject-narrow-

focus sentences in Brazilian Portuguese a comparison with European Portuguese In Journal

of Portuguese Linguistics 56 p 91-115 2007

FROTA S The prosody of focus a case-study with cross-linguistic implications In

Proceedings of Speech Prosody 2002 Aix en Provence p 319-322 2002

GALUCIO A V Word order and constituent structure in Mekens In Revista da Abralin

v1 n2 p1-73 2002

GIUSTI J The functional structure of noun phrases A bare phrase structure approach In

Cinque G (ed) Functional Structure in DP and IP The Cartography of Syntactic Structures

v 1 p54-90 New York Oxford University Press 2002

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 59: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

59

GONCcedilALVES C A Focalizaccedilatildeo no Portuguecircs do Brasil (Tese de Doutorado) Rio de

Janeiro UFRJ 1997

GONCcedilALVES C A Foco e topicalizaccedilatildeo delimitaccedilatildeo e confronto de estruturas In Revista

de Estudos da Linguagem Belo Horizonte v7 n1 p31-50 1998

GUSSENHOVEN C et al The perceptual prominence of fundamental frequency peaks In

J Acoust Soc Am 102 p 3009-3022 1997

GUSSENHOVEN C amp RIETVELD T On the speaker-dependence of the perceived

prominence of F0 peaks In Journal of Phonetics 26 p 371-380 1998

HAGESAWA A The semantics and pragmatics of Japanese focus particles (PhD Tesis)

New York University at Buffalo State University of New York 2010

HERMES D J amp RUMP H H Perception of prominence in speech intonation induced by

rising and falling pitch movements In J Acoust Soc Am 96 p 83-92 1994

HILLS R A A syntactic sketch of Ayutla Mixtec In Bradley amp Hollenbach (eds) Studies

in the syntax of Mixtecan languages vol 2 p1-260 Dallas Summer Institute of Linguistics

and the University of Texas at Arlington 1990

HOLLENBACH B E A preliminary catalog of focus devices in mixtecan languages SIL

Mexico Workpapers 11 SI sn p1-16 1995

HOWELL J Second occurrence focus and the acoustics of prominence In C B Chang amp

H J Haynie (eds) Proceedings of the 26th

West Coast Conference on Formal Linguistics p

252-260 Somerville MA Cascadilla Proceedings Project 2008

JOHNSON K Acoustic and Auditory Phonetics Oxford Blackwell Publishing 2003

KISS Eacute Identificational focus versus information focus In Language v74 n2 p245-273

1998

LADD D R Intonational Phonology Cambridge Cambridge University Press 1996

LADEFOGED P Elements of Acoustics Phonetics ChicagoLondon The University of

Chicago Press 1974

LEITE D R Estudo prosoacutedico sobre as manifestaccedilotildees de foco (Dissertaccedilatildeo de Mestrado)

Belo Horizonte UFMG 2009

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk New Jersey Lawrence

Erlbaum Associates Hillsdale 1994

MAC WHINNEY B The CHILDES project tools for analyzing talk Mahwah NJ

Lawrence Erlbaum 2 vol 2000

MALMBERG B A foneacutetica Lisboa Livros do Brasil 1998

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 60: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

60

MARTIN P WinPitch 2005 Disponiacutevel em lthttpwwwwinpitchcomgt Acesso em

09072012

MARTIN P WinPitch Corpus a Text to Speech Alignment Tool for Multimodal Corpora

In 4th

International Conference On Language Resources and Evaluation - LREC 2004

Lisboa Portugal 2004 Disponiacutevel em

lthttplablitaditunifiitcoralrompapersPhilippe_Martinpdfgt Acesso em 09072012

MELLO H et al Transcriccedilatildeo e segmentaccedilatildeo prosoacutedica do corpus C-ORAL-BRASIL

criteacuterios de implementaccedilatildeo e validaccedilatildeo In RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-

BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo Horizonte

Editora UFMG 2012

MITTMANN M M et al The C-ORAL-BRASIL corpus methodological basis for the

treatment of spontaneous speech In STIL Brazilian Symposium in Information and Human

Language Technology 7 2009 Satildeo Carlos ProceedingshellipWashington IEEE p179-182

2009

MONEGLIA M The spoken romance corpus comparability in a multilingual general

resources of spontaneous speech In D Firmonte (ed) Informatica umanistica dalla ricerca

allinsegnamento Proceedings of the CLIP seminars 1999 -2000 Roma Bulzoni p 160-184

2002

MONEGLIA M C-ORAL-ROM Um corpus di riferimento del parlato spontaneo per

l‟italiano e le lingue romanze In Korzen J amp Jansen H(eds) Lingua Cultura e

intercultura Lrsquoitaliano e le altre lingue Atti del VIII convegno SILFI Copenhagen Businnes

School of Economics Luglio 2004 Samfunzliteratur p 229-242 2005

NOOTEBOOM S The prosody of speech melody and rhythm In W J Hardcastle amp J

Laver (eds) The Handbook of Phonetic Sciences Oxford Basil Blackwell Limited p640-

673 1997

OTHERO G A Sintaxe vs Prosoacutedia na marcaccedilatildeo de foco informacional em Portuguecircs In

III Coloacutequio Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Belo Horizonte Resumos do III Coloacutequio

Brasileiro de Prosoacutedia da Fala 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwletrasufmgbrprosodia2011data1arquivos16pdfgt Acesso em 03072012

PIERREHUMBERT J B The Phonology and Phonetics of English Intonation Cambridge

MA MIT dissertation 1980

PORTELE T amp HEUFT B Towards a prominence-based speech synthesis system In

Speech Communication 21 p 61-72 1997

QUAREZEMIN S Estrateacutegias de focalizaccedilatildeo no portuguecircs brasileiro uma abordagem

cartograacutefica (Tese de Doutorado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RASO T O C-ORAL-BRASIL e a Teoria da Liacutengua em Ato In T Raso amp H Mello (orgs)

C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs brasileiro falado informal Belo

Horizonte Editora UFMG 2012

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 61: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

61

RASO T amp MELLO H Paracircmetros de compilaccedilatildeo de um corpus oral o caso do C-ORAL-

BRASIL In Veredas UFJF v13 p20-35 2009

RASO T amp MELLO H The C-ORAL-BRASIL corpus In M Moneglia amp A Panunzi

(eds) Bootstraping information from corpora in a cross-linguistic perspective Firenze

FUP p 193-213 2010

RASO T amp MELLO H (orgs) C-ORAL-BRASIL I Corpus de referecircncia do portuguecircs

brasileiro falado informal Belo Horizonte Editora UFMG 2012

RASO T amp MITTMANN M Validaccedilatildeo estatiacutestica dos criteacuterios de segmentaccedilatildeo da fala

espontacircnea no corpus C-ORAL-BRASIL In Revista de Estudos da Linguagem vol17 p

73-92 2009

REIS C Prosoacutedia e telejornalismo In GAMA A C C KYRILLOS L FEIJOacute D (Org)

Fonoaudiologia e Telejornalismo Relatos do IV encontro nacional de Fonoaudiologia da

Central Globo de Jornalismo Rio de Janeiro Revinter 2005

RESENES M S de Sentenccedilas pseudo-clivadas do portuguecircs brasileiro (Dissertaccedilatildeo de

Mestrado) Florianoacutepolis UFSC 2009

RIZZI L The fine structures of left periphery In L Haegeman (ed) Elements of Grammar

p 281-337 DordrechtBostonLondon Klumer Academic Publishers 1997

ROACH P Glossary A little encyclopaedia of phonetics In English phonetics and

phonology Cambridge Cambridge University Press 2011 Disponiacutevel em

lthttpwwwcambridgeorgother_filescmsPeterRoachPeterRoach_Glossarypdfgt Acesso

em 29062012

ROCHA B M A unidade informacional de introdutor locutivo no portuguecircs brasileiro uma

anaacutelise baseada em corpus (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2010

ROCHA B N R de M Caracteriacutesticas prosoacutedicas do toacutepico em PE e o uso do pronome

lembrete (Dissertaccedilatildeo de Mestrado) Belo Horizonte UFMG 2011

ROOTH M Focus In S Lappin (ed) Handbook of Contemporary Semantic Theory

Oxford Blackwell p 271-297 1995

SILVERMAN K et al ToBI A Standard for Labelling English Prosody In Proceedings of

the International Conference on Spoken Language Proessing (ICSLP) vol 2 p 867-860

Banff 1992

SOSA J M La entonacioacuten del espantildeol Su estructura foacutenica variabilidad y diatectologiacutea

Madrid Caacutetedra 1999

TOLEDO G A Sentildeales prosoacutedicas del foco In Revista Argentina de Linguumliacutestica 5 p 205-

203 1989

VAINIO M amp JAumlRVIKIVI J Focus in production tonal shape intensity and word order

In J Acoust Soc Am 121 p 55-61 2007

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998

Page 62: Universidade Federal de Minas Gerais Faculdade de Letras Luis ...

62

XU Y Effects of tone and focus on the formation and alignment of F0 contours In Journal

of Phonetics 27 p 55-105 1999

WOLTERS M amp WAGNER P Focus perception and prominence In W Hess B

Schroumlder W Lenders amp T Portele (eds) Computers Linguistics and Phonetics between

Language and Speech Proceedings of the 4th

Conference on Natural Language Processing

KONVENS-98 volume 1 of Computer Studies in Language and Speech p 227-236 Peter

Lang 1998