UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de … · 5 O dia mais belo? Hoje A coisa mais fácil?...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Faculdade de Enfermagem Programa de Pós- Graduação em Enfermagem Dissertação PERSPECTIVA CULTURAL DO PAI NO PROCESSO PATERNAL RECORRENTE NA ADOLESCÊNCIA: uma contribuição para a enfermagem INAJARA MIRAPALHETE CANIELES Pelotas, 2013

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

Faculdade de Enfermagem

Programa de Ps- Graduao em Enfermagem

Dissertao

PERSPECTIVA CULTURAL DO PAI NO PROCESSO PATERNAL

RECORRENTE NA ADOLESCNCIA: uma contribuio para a enfermagem

INAJARA MIRAPALHETE CANIELES

Pelotas, 2013

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INAJARA MIRAPALHETE CANIELES

PERSPECTIVA CULTURAL DO PAI NO PROCESSO PATERNAL

RECORRENTE NA ADOLESCNCIA: uma contribuio para a enfermagem

Dissertao apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial obteno do ttulo de Mestre em Cincias. rea de concentrao: Prticas Sociais em Enfermagem e Sade.

Orientadora: Prof. Enf. Dr. Sonia Maria Konzgen Meincke

Pelotas, 2013

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Inajara Mirapalhete Canieles

PERSPECTIVA CULTURAL DO PAI NO PROCESSO PATERNAL

RECORRENTE NA ADOLESCNCIA: uma contribuio para a enfermagem

Dissertao aprovada, como requisito parcial, para obteno do grau de Mestre em Cincias, Programa de Ps-Graduao em Enfermagem, Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Pelotas.

Data da Defesa: Banca examinadora: ............................................................................................................................... Prof. Dr. Sonia Maria Konzgen Meincke (Orientador) Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina ............................................................................................................................... Prof. Dr. Rosani Manfrin Muniz Doutora em Enfermagem pela Universidade de So Paulo ............................................................................................................................... Prof. Dr.Giovana Calcagno Gomes Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina ............................................................................................................................... Prof. Dr. Marilu Correa Soares Doutora em Enfermagem pela Universidade de So Paulo ............................................................................................................................... Prof. Dr. Eda Schwartz Doutora em Enfermagem pela Universidade Federal de Santa Catarina

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Agradecimentos

A Deus, primeiramente, por ter me permitido a concretizao deste

sonho com sade e serenidade.

Ao meu marido Maiquel pelo incentivo, participao e pacincia de

entender os momentos de ausncia para a construo deste trabalho.

Ao meu pai Vilmar e a minha me Araci, pelo apoio incondicional em

todas as minhas decises da minha vida.

Aos meus irmos pela compreenso durante os perodos difceis que

contriburam para que eu conseguisse completar esta etapa da minha vida.

Prof Dr Sonia Maria Knzgen Meincke pelo carinho, exemplo de

pesquisdora e orientao, a fim de compartilhar o seu conhecimento para a

concretizao deste desafio.

turma do Mestrado pelo companheirismo e troca de experincias, o

que me proporcionou crescimento profissional, bem como pessoal. Saudade!!!

Aos pais adolescentes, sujeitos deste estudo, pela disposio em

receber, contribuindo para o aprofundamento de conhecimentos sobre esta

temtica.

s professoras da Banca Examinadora pelas contribuies oferecidas

para aprimorar esta Dissertao.

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O dia mais belo? Hoje

A coisa mais fcil? Equivocar-se

O maior obstculo? O medo

O maior erro? Abandonar-se

A raiz de todos os males? O egosmo

A distrao mais bela? O trabalho

A pior derrota? O desalento

Os maiores professores? As crianas

A primeira necessidade? Comunicar-se

A coisa mais feliz a se fazer? Ser til aos demais

O maior mistrio? A morte

O pior defeito? O mau humor

A pessoa mais perigosa? A mentirosa

O pior sentimento? O rancor

O presente mais belo? O perdo

O mais imprescindvel? Orar

O caminho mais rpido?O correto

A sensao mais grata? A paz interior

A expresso mais eficaz? O sorriso

O melhor remdio? O otimismo

A maior satisfao? O dever cumprido

A fora mais potente do universo? A f

As pessoas mais necessrias? Os pais

A coisa mais bela de todas? O amor

Madre Tereza de Calcut

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Resumo

CANIELES, Inajara Mirapalhete. Perspectiva cultural do pai no processo paternal recorrente na adolescncia: uma contribuio para a enfermagem. 2013. 91f. Dissertao (Mestrado em Enfermagem) Programa de Ps-Graduao em Enfermagem. Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2013.

Compreender o significado do que ser pai para os adolescentes importante, pois se procura entender as implicaes sociais, culturais e ideolgicas que o papel de pai pode desvelar. A recorrncia da paternidade percebida de maneira singular por cada indivduo, sendo influenciada por suas crenas pessoais e fatores histricos e culturais. O referencial terico que norteou este estudo baseia-se em alguns conceitos da Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural proposta por Madeleine Leininger, a fim de conhecer o processo paternal recorrente na adolescncia. Trata-se de um estudo qualitativo, exploratrio e descritivo, realizado com cinco homens que vivenciaram a recorrncia da paternidade durante a adolescncia, selecionados por meio de amostragem por convenincia. A coleta deu-se por meio de entrevistas semi estruturadas entre os meses de agosto e setembro de 2013 no municpio de Pelotas/Rio Grande do Sul. A partir da anlise de contedo e do referencial terico emergiram duas categorias: Vivncia da recorrncia da paternidade na adolescncia e Influncia cultural no processo paternal recorrente na adolescncia. Na temtica Vivncia da recorrncia da paternidade na adolescncia: evidenciou-se que a notcia da recorrncia causou surpresa e preocupao, devido ao despreparo dos adolescentes para exercer o papel de pai; o apoio familiar econmico e emocional atenuou os anseios gerados pela paternidade recorrente; os sentimentos de maturidade e responsabilidade foram responsveis pela reconfigurao e pela construo da vivncia da paternidade. Em Influncia cultural no processo paternal recorrente na adolescncia: observou-se que a cultura familiar interferiu na construo deste processo, exigindo deste pai adolescente responsabilidade e maturidade para cuidar de sua prole, alm de apontar que a mulher responsvel pelo planejamento familiar para alguns homens deste estudo. ressaltada a importncia dos enfermeiros, bem como os demais profissionais de sade valorizarem a cultura de cada ser humano, a fim de promover o cuidado cultural coerente com as crenas e os valores de vida do contexto ambiental dos pais adolescentes.

Palavras-Chave: enfermagem; paternidade; adolescente; cultura

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Abstract

CANIELES, Inajara Mirapalhete. Fathers Cultural Perspective in the recurrent paternal process in adolescence: a contribution to nursing. 2013. 91f. Dissertation (Master in Nursing) Programa de Ps-Graduao em Enfermagem. Faculdade de Enfermagem, Universidade Federal de Pelotas, Pelotas, 2013. To comprehend the meaning of what is to be father to adolescents is important, once it is searched to understand the social, cultural and ideological implications that the fathers role can unveiling. The recurrence of paternity is realized as a singular way by each individual, being influenced by its personal beliefs and historical and cultural factors. The theoretical referential which guided this study has basis in some concepts in the Theory of Diversity and Universality of Culture Care proposed by Madeleine Leininger, focused on knowing the paternal cultural process recurrent in adolescence. It is a qualitative, exploratory and descriptive study, performed with five men who lived the recurrence of paternity during the adolescence, selected through convenience sampling. Data collection occurred though semi structured interviews between August and September of 2013 in Pelotas/Rio Grande do Sul. From the content analysis and the theoretical referential, it has emerged two categories; Experience of paternitys recurrence in adolescence and Cultural Influence in the recurrent paternal process in adolescence. In the thematic Experience of paternitys recurrence in adolescence: it was highlighted that the new recurrence of paternity caused surprise and worry, due to the lack of preparation of adolescents to execute the fathers role; economic familiar and emotional support attenuated the yearnings created by recurrent paternity; maturity feelings and responsibility were responsible by configuration and by construction of living of paternity. In Cultural influence in the recurrent paternal process in adolescence: it was observed that familiar culture interfered in the construction of this process, requiring from this adolescent father a responsibility and maturity to take care of his offspring, beyond to points that the woman is responsible by the familiar planning to some men of the study. It is highlighted the importance of nurses, as well others professionals of health value the culture of each human being, focused on promote the cultural care, coherent with beliefs and life value in the environmental context of adolescent fathers. Descriptors: nursing; paternity; adolescent; culture.

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Sumrio

Apresentao............................................................................................... 09

I Projeto de Pesquisa................................................................................... 10

II Relatrio do Trabalho de Campo............................................................ 65

III Produo Cientfica: Artigo I - Vivncia da recorrncia da

paternidade na adolescncia

72

Consideraes Finais................................................................................. 90

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Apresentao

A presente dissertao foi elaborada como requisito parcial para

obteno do Ttulo de Mestre em Cincias do Programa de Ps-Graduao em

Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas UFPel. O projeto foi

desenvolvido na rea de concentrao Prticas Sociais em Enfermagem e

Sade e Linha de pesquisa Linha de pesquisa: Prticas, saberes e cuidado na

sade e enfermagem, no sistema familiar e contexto rural.

O mestrado foi realizado na cidade de Pelotas/RS, tendo inicio no ms

de maro de 2012 e concluso prevista para dezembro de 2013. Conforme o

Regimento do Programa, esta dissertao composta das seguintes partes:

I Projeto de Pesquisa: Esta verso inclui as modificaes que foram

sugeridas pela banca examinadora no exame de qualificao realizado em 28

de junho de 2013.

II Relatrio do Trabalho de Campo: Relata o caminho percorrido pela

mestranda desde a escolha do tema at a elaborao do artigo e concluso do

mestrado.

Consideraes sobre os resultados da pesquisa

III Produo Cientfica:

Artigo I: Vivncia da recorrncia da paternidade na adolescncia. Artigo

apresentado para a defesa da dissertao de mestrado que ser submetido

publicao de acordo com as normas da Revista Texto & Contexto

Enfermagem, Qualis A2, aps a aprovao e incorporao das sugestes

indicadas pelos membros da banca examinadora e realizada as alteraes

sugeridas.

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I PROJETO DE PESQUISA

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE ENFERMAGEM

PROGRAMA DE PS- GRADUAO EM ENFERMAGEM

PROJETO DE DISSERTAO DE MESTRADO

PERSPECTIVA CULTURAL DO PAI NO PROCESSO PATERNAL

RECORRENTE NA ADOLESCNCIA: uma contribuio para a enfermagem

INAJARA MIRAPALHETE CANIELES

PELOTAS, 2013

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INAJARA MIRAPALHETE CANIELES

PERSPECTIVA CULTURAL DO PAI NO PROCESSO PATERNAL

RECORRENTE NA ADOLESCNCIA: uma contribuio para a enfermagem

Projeto de Dissertao apresentado a Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial para obteno do ttulo de Mestre em Cincias. rea de concentrao: Prticas Sociais em Enfermagem e Sade. Linha de pesquisa: Prticas, saberes e cuidado na sade e enfermagem, no sistema familiar e contexto rural.

Orientadora: Prof. Enf. Dr. Sonia Maria Konzgen Meincke

PELOTAS, 2013

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Lista de Figuras

Figura 1 Modelo Sunrise de Leininger.................................................

40

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Lista de Quadros

Quadro 1Cronograma............................................................................ 47

Quadro 2 Recursos materiais e despesas.............................................

48

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Lista de Abreviaturas e Siglas

AIDS Sndrome da Imunodeficincia Adquirida

CEP Comit de tica em Pesquisa

ECA Estatuto da Criana e do Adolescente

IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

WHO World Healthy Organization

NEPEn Ncleo de Estudos em Prticas de Sade e Enfermagem

TDUCC Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural

TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UBS Unidade Bsica de Sade

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Sumrio

1 Introduo...................................................................................................... 18

1.1 Pressupostos tericos.................................................................................. 23

1.2 Objetivos...................................................................................................... 24

1.2.1 Objetivo geral............................................................................................ 24

1.2.2 Objetivos especficos................................................................................ 24

2 Reviso de literatura..................................................................................... 25

2.1 Adolescncia................................................................................................ 25

2.2 Paternidade na adolescncia....................................................................... 28

2.3 A figura paterna e o desenvolvimento infantil.............................................. 33

3 Marco Terico................................................................................................ 36

3.1. Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural................... 36

4 Metodologia................................................................................................... 42

4.1 Caracterizao do estudo............................................................................ 42

4.2 Local do estudo........................................................................................... 42

4.3 Sujeitos do estudo........................................................................................ 43

4.4 Critrios para a seleo dos entrevistados.................................................. 43

4.5 Procedimentos para a coleta de dados........................................................ 44

4.6 Aspectos ticos........................................................................................... 45

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4.7. Anlise dos dados....................................................................................... 47

4.8 Divulgao dos resultados.......................................................................... 47

5 Cronograma................................................................................................... 48

6 Recursos materiais e despesas.................................................................. 49

Referncias....................................................................................................... 50

Apndice........................................................................................................... 57

Anexo................................................................................................................ 63

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1. INTRODUO

Na adolescncia ocorrem modificaes que esto atreladas s

mudanas biolgicas e mentais, as quais associadas a este perodo do

desenvolvimento humano interferem diretamente no redimensionamento de

identidade e de papis sociais (PEREIRA et al., 2012; HENRIQUES; ROCHA;

MADEIRA, 2010). Desse modo, notvel a relevncia desta etapa na vida,

uma vez que a adolescncia constitui uma fase comumente vulnervel e de

exposio a vrios fatores de risco, entre eles gravidez e paternidade precoce,

doenas sexualmente transmissveis/Sndrome da Imunodeficincia Adquirida

(AIDS); podendo gerar estresse, conflitos e instabilidade emocional.

Assim, h uma tendncia do adolescente tornar-se suscetvel a diversos

acontecimentos, dentre os quais destacamos as relaes sexuais precoces

sem o uso de preservativos, causando o aumento das doenas sexualmente

transmissveis, gravidez, aborto, maternidade e paternidade. Estas atitudes

expem os adolescentes paternidade na adolescncia, sendo que estes iro

vivenci-la conforme o contexto no qual esto inseridos (FREITAS; COELHO;

SILVA, 2007).

Cabe ressaltar que, no Brasil, a reproduo na adolescncia tem sido

um tema de discusses e fonte de preocupaes para os profissionais de

sade e para os diferentes segmentos sociais, a partir da dcada de 1970.

Todavia, percebe-se que a maior parte dos estudos realizados explorou

questes relacionadas ao sexo feminino, fato que pode ser explicado pela

influncia sciocultural, na qual apenas a mulher responsabilizada pela

gestao e pelo cuidado da criana (BARRETO et al., 2010).

A preocupao que circunda o fenmeno da temtica da paternidade

vem ganhando proeminncia mundial, inquietando o meio acadmico que est

direcionando seu foco investigativo para esse prisma, j que, se comparado

maternidade verifica-se a sua invisibilidade devido pouca produo

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cientfica acerca do assunto (CARVALHO; JESUS; MERIGHI, 2008; MEINCKE;

CARRARO, 2009).

Em estudo realizado por Rosa, Reis e Tanaka (2007) foram encontrados

poucos trabalhos que investigaram mais profundamente esta questo. As

autoras destacam que quando ocorre incluso da figura paterna nos estudos,

esta abordada sob a tica feminina, reforando a ideia de que a

responsabilidade de procriar, bem como de cuidar dos filhos so circunstncias

inerentes a este gnero.

Geralmente, a maternidade ou paternidade para o adolescente ocorre de

modo inesperado, resultando em diversos episdios que podero interferir no

processo de crescimento e desenvolvimento do mesmo, levando a aceitao

ou rejeio familiar, por parte do grupo de amigos, bem como na existncia de

restries socioeconmicas (CANO et al., 2007). Dessa maneira, reafirma-se a

ideia de que quando abordada, em geral, compreendida como sendo um

objeto de preocupao que deveria ser evitada merecendo uma abordagem

preventiva e punitiva.

Corroborando com este pensar, Meincke e Carraro (2009), em seu

estudo evidenciaram que h contradio sentimental vivida pelo adolescente

que torna-se pai. De um lado, o processo de paternidade se torna importante

pelo fato de ser sinnimo de amadurecimento e responsabilidade; por outro,

pode aflorar um sentimento negativo de vergonha por ter se tornado pai nesta

faixa etria.

Portanto, cabe destacar que o nascimento de um filho durante a

adolescncia envolve uma amplitude no contexto familiar, conjugal, bem como,

individual, pois resulta em uma mudana de papis. Assim, reafirma-se que

este adolescente enfrenta uma tarefa dupla, e necessita superar as

dificuldades prprias do perodo de desenvolvimento natural pelo qual est

passando e, concomitantemente, marcando sua entrada no mundo adulto,

lidando com as responsabilidades e exigncias prprias da adultez

(CARVALHO; JESUS; MERIGHI, 2008; WENDT; ANDREANI, 2006).

Logo, sabe-se que a transio para enfrentar o processo da paternidade

depende da contextualizao ambiental, sendo de vital importncia considerar

no apenas o padro cultural, mas tambm o momento do ciclo de vida dos

20

sujeitos envolvidos, as transformaes psicolgicas, a organizao dos papis,

bem como a sequncia de transies nesse ciclo evolutivo (WENDT;

ANDREANI, 2006).

Nesta conjuntura, o conceito de adolescncia vem incorporando a ideia

de uma construo social que vai para alm das transformaes biolgicas e

psquicas desse perodo do desenvolvimento vital, pois inclui a multiplicidade

de formas como ela vivenciada, sendo distintos para cada menino ou menina

que a experiencia. Assim, o termo adolescncia no mais utilizado no

singular, mas sim adolescncias, no plural (UNICEF, 2011).

O mesmo ocorre com o termo paternidade, j que os estudos de gnero

realizados a cerca desta temtica apontam uma tendncia em empregar este

termo no plural. A transformao de denominao ocorre devido s mltiplas

experincias vividas por cada adolescente que se torna pai ainda durante este

perodo, tendo em vista a variedade de aspectos tais como a etnia, classe

social, tradies culturais e religiosas, orientao sexual, entre outros que

particularizam cada ser humano.

Sendo assim, nota-se a relevncia de inserir o homem no processo

gravdico-puerperal, deixando de consider-lo apenas como expectador, para

tornar-se um coparticipante durante o desenvolvimento gestacional

estendendo-se para alm do puerprio. A figura paterna necessita estar

inserida no contexto da sade reprodutiva, participando ativamente das

decises, a fim de dividir as responsabilidades e cuidados que so

fundamentais para a criao dos seus filhos (SILVA et al., 2011).

Assim, Wagner et al. (2005) destacam que a estrutura familiar tradicional

vem enfrentando um processo de transio, no qual o pai era antes visto

unicamente como provedor e a me como exclusiva responsvel pelas tarefas

domsticas e cuidado dos filhos.

O ser pai um papel que se encontra em ampla transformao, pois se

espera da figura paterna uma atuao mais prxima e relacionada s questes

da famlia e da sua prole, aspectos essenciais ao adequado desenvolvimento

da criana, no sendo mais aceita sua participao meramente como provedor

(FREITAS et al., 2009; HENNIGEN; GUARESCHI, 2008).

21

Em consonncia a este fato, j se percebe relativa readequao na

diviso de tarefas, entre pais e mes por meio do compartilhamento das tarefas

educativas e de organizao familiar. Esta situao resultante de importantes

fenmenos e movimentos sociais, tais como, a insero feminina no mercado

de trabalho.

Neste sentido, existem diversos estudos relacionados recorrncia da

gestao entre os adolescentes, porm abordando apenas a figura materna

(CRITTENDEN, 2009; YAZAKI, 2008). Corroborando com estes trabalhos,

Bruno et al. (2009) ressaltam que a questo da multiparidade nesta fase vital

dos adolescentes ainda pouco estudada, no havendo nmero expressivo de

publicaes, dificultando a estimativa de sua incidncia.

Percebe-se, ento, a pertinncia de investimentos na produo de

conhecimento sobre o processo paternal recorrente durante a fase

adolescente, de modo a contribuir para o avano do debate acerca desta

temtica que ainda permanece pouco explorada. Compreender o significado do

que ser pai para os adolescentes de suma importncia, pois se procura

entender as implicaes sociais, culturais e ideolgicas que esse fenmeno

pode desvelar (LUZ; BERNI, 2010). E, torna-se mais relevante ainda ao ser

explorado a recorrncia deste fenmeno.

Deste modo, constata-se que raramente a investigao focada na figura

masculina est relacionada forma de participao do pai no processo

gravdico, bem como sua responsabilidade ou desejo de procriar. Este fato

refora e naturaliza os instintos de maternidade e de cuidado para com os

filhos entre o gnero feminino.

Assim, o processo paternal tem despertado especial interesse no meio

acadmico, devido s modificaes observadas na estrutura familiar, com

crescente ausncia da figura paterna, sendo que sua recorrncia torna este

fenmeno ainda mais intrigante. Para Eizirik e Bergmann (2004) a relevncia

da figura paterna durante o processo paternal baseia-se nos principais estudos

relativos ao desenvolvimento humano estarem alicerados no modelo de

famlia.

Portanto, este estudo abordar homens adultos que vivenciaram a

paternidade por mais de uma vez durante as suas adolescncias, a fim de

22

obter a percepo cultural do pai diante do processo paternal recorrente na

adolescncia. Logo, para definir a fase adulto jovem ser adotada idade

superior a 24 anos de idade e para a adolescncia, ser adotada a faixa etria

dos 10 aos 19 anos de idade, conforme estabelecida pela World Healthy

Organization (WHO, 2010).

Os enfermeiros, bem como os demais profissionais de sade,

necessitam enfatizar o cuidado cultural, a partir dos aspectos de uma estrutura

social e cultural, de modo a compreender os motivos da ocorrncia da

reincidncia da paternidade na adolescncia permitindo a implementao de

aes planejadas de acordo com a realidade do pblico alvo.

Portanto, cabe a estes profissionais promover aes junto ao pai

adolescente, a fim de possibilitar sua insero nas prticas de cuidado sua

prole, exercitando o papel paterno de forma saudvel, respeitando as crenas e

valores culturais deste homem, de modo a compreender a vivncia da

recorrncia da paternidade na adolescncia.

De acordo com Meincke e Carraro (2009) a vivncia da paternidade na

adolescncia relacionada com o contexto cultural do adolescente, sendo,

geralmente, embasada em valores, crenas e sentimentos das famlias,

transmitidos ao longo das geraes.

Considerando que a paternidade recorrente durante a adolescncia

percebida de maneira singular por cada indivduo e acreditando que este

fenmeno influenciado pelas crenas pessoais e fatores histricos e culturais,

o referencial terico deste estudo baseia-se em alguns conceitos da Teoria da

Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural proposta por Madeleine

Leininger, a saber: Sade; Enfermagem; Viso de mundo; Contexto ambiental;

Cultura; Dimenses das estruturas culturais e sociais.

Assim, a enfermagem enquanto profisso compreendida como aes

humanas e cientficas, cujo foco deve estar centrado no cuidado humano, de

modo culturalmente significativo e satisfatrio. Desta forma, a Teoria do

Cuidado Transcultural articula-se a partir das diferentes necessidades de

cuidado humano, justificando a existncia de uma forma de cuidar transcultural

na enfermagem, pois as pessoas possuem crenas e valores culturais distintos

(LEININGER, 2006).

23

Para tanto, sabe-se que a paternidade na adolescncia consiste em um

fenmeno social, no qual sero assimiladas as expectativas pertinentes ao

novo papel desempenhado pelo homem na sociedade, que configurar em um

novo modo de ser adolescente, resultando em alteraes biolgicas,

psicolgicas e cognitivas.

1.1. PRESSUPOSTOS

Neste aspecto, esta pesquisa visa elucidar alguns pressupostos

fundamentados em alguns conceitos da Teoria da Diversidade e

Universalidade Cultural (TDUCC) de Madeleine Leininger, tais como:

A paternidade na adolescncia torna-se recorrente devido s

fragilidades de vnculo afetivo com os filhos;

A paternidade responsvel aquela assumida aps o nascimento

do filho (a);

A paternidade recorrente, geralmente, no planejada e, muitas

vezes, nem mesmo desejada;

A paternidade recorrente na adolescncia construda e

vivenciada de acordo com o patrimnio cultural, ou seja,

embasada nos seus valores, crenas e viso de mundo.

Frente ao exposto, este estudo estar ancorado na seguinte questo

norteadora:

Qual a perspectiva cultural do pai sobre o processo paternal

recorrente na adolescncia?

24

1.2. OBJETIVOS

Para tanto, este estudo buscar atingir os seguintes objetivos:

1.2.1. Objetivo geral:

Compreender o processo paternal recorrente na adolescncia embasado

na perspectiva cultural da Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado

Cultural (TDUCC), de Madeleine Leininger.

1.2.2. Objetivos especficos:

Conhecer a vivncia da recorrncia da paternidade na adolescncia.

Identificar os motivos que levam a repetio da paternidade durante a

adolescncia.

25

2. REVISO DE LITERATURA

Nesta reviso de literatura ser focalizada a paternidade durante a

adolescncia sendo abordados os tpicos relacionados adolescncia;

paternidade na adolescncia e a importncia da figura paterna para o

desenvolvimento infantil.

2.1. ADOLESCNCIA

A adolescncia constitui um perodo muito especfico para o ciclo

evolutivo do ser humano. Deste modo, cabe apresentar seu significado literal, o

qual deriva do latim adolescere (ad: a, para a + olescere: crescer), designando

a condio ou processo de crescimento (ABERASTURY; KNOBEL, 1992, p.

89).

Esta fase peculiar do indivduo possui diferentes limites etrios. O

Estatuto da Criana e do Adolescente (ECA), Lei n. 8.069/90 de Brasil (1990)

considera como adolescente aquele ser humano que tem entre 12 e 18 anos; e

a World Healthy Organization delimita a adolescncia como uma etapa que vai

dos 10 aos 19 anos de idade (WHO, 2010).

Para Bueno (2010) esta fase da vida mesmo sendo classificada

praticamente com o mesmo critrio cronolgico em nvel mundial, tem como

fator de grande interferncia no contexto de vida de cada ser humano, sendo

assim, suas vivncias e experincias podem ser fortemente modificadas. E, de

acordo com Costa (2002) o perodo da adolescncia marcado por incertezas

26

e conflitos, e a personalidade se encontra em processo de formao, porm

ressalta que os papis sexuais j esto fortemente arraigados.

Um dos fatores que podem desencadear uma gravidez na adolescncia

so as marcantes mudanas sociais percebidas no mundo moderno, as quais

permitem observar as alteraes significativas no comportamento sexual dos

adolescentes, resultando na precocidade da atividade sexual, antecipando uma

fase da vida em que a construo de valores e a maturidade ainda no esto

consolidadas (BORGES; LATORRE; SCHOR, 2007).

Na adolescncia ocorrem profundas mudanas, principalmente, devido

ao crescimento fsico rpido, surgimento de caractersticas sexuais

secundrias, exacerbao da sexualidade, estruturao da personalidade,

adaptao ambiental e integrao social. Cabe destacar que, simultaneamente

a maturao sexual ocorre um misto de reaes emocionais (ansiedade, temor,

excitao, prazer) e oscilaes frequentes de humor, alternando-se entre o

desnimo e o entusiasmo (CAPUTO; BORDIN, 2007).

Nota-se, que o processo de desenvolvimento dos adolescentes envolve

mudanas corporais, paralelamente, quelas de ordem psicoemocional,

acarretando a maturao da sexualidade o que leva, por vezes, um

descompasso entre o corpo pronto para a reproduo e o psquico

despreparado para esse evento (KNOBEL; ABERASTURY, 1981).

Esta fase do ciclo evolutivo vital permite a percepo do mundo como

um universo imenso e eterno. Por meio de seus sonhos e fantasias, o

adolescente reflete sua inquietude de conhecer a vida, em busca do equilbrio

entre o real e o imaginrio (PAULA et al., 2010).

Reafirmando esta ideia, Silva et al. (2011) destacam que os

adolescentes mudaram a forma de se relacionarem entre si, pois entram em

contato com sua sexualidade a partir das transformaes contemporneas

relativas s prticas sexuais. Essas alteraes, segundo Caputo e Bordin

(2007), compem a evoluo biolgica e psicolgica do ser humano que est

vivenciando a adolescncia e, consequentemente, este fato poder ter

influncias no seu comportamento na fase adulta.

Observa-se que nos adolescentes a identidade social est em processo

de formao, eles confrontam-se com inmeras situaes decisrias, muitas

27

delas complexas e contraditrias do ponto de vista da sade sexual,

consequentemente, podendo repercutir no seu prprio desenvolvimento

(CAVALCANTI; ALVES; BARROSO, 2008).

A maioria dos adolescentes ancora-se em um sentimento onipotente,

frequentemente, no vinculando prtica sexual com a possibilidade de tornar-

se vulnervel a diversos acontecimentos, como as relaes sexuais sem uso

de preservativos, resultando no aumento das doenas sexualmente

transmissveis, gravidez, expondo-os maternidade e paternidade precoce.

Este sentimento de onipotncia pode ser responsvel pela postura dos

adolescentes para enfrentarem seus medos e incertezas, assim, diante do

desconhecido em relao s modificaes corporais oriundas desta fase do

desenvolvimento humano evidenciam uma nsia de experimentao, uma

pressa desenfreada pela vida (PAULA et al., 2010).

No estudo de Almeida et al. (2010) os autores evidenciaram que o

perodo da adolescncia pode ser representado por descobertas do mundo,

dos grupos de amigos, de uma vida social ativa. Porm, este processo de

desenvolvimento pode ser substitudo por responsabilidades e papis de

adultos, caso ocorra uma gravidez.

A experincia da gravidez na adolescncia, talvez, acarrete certas

dificuldades, alm de perdas sociais que interferem na vida dos adolescentes

repercutindo tambm no ambiente familiar e social. Contrariamente a este

dado, estudos destacam que a vivncia da maternidade/paternidade, para

alguns adolescentes, resultam em uma escolha e, s vezes, para outra parte

desta populao at em uma soluo em relao questo de vacuidade

existencial, baixa auto-estima, solido ou abandono emocional (CARVALHO;

JESUS; MERIGHI, 2008).

Os autores ressaltam ainda que para os adolescentes, esta

responsabilidade demonstra atributos de virilidade, devido questo cultural

que compe parte do iderio da masculinidade. Assim, entende-se que o fato

de ser pai representa uma experincia satisfatria para muitos destes jovens,

garantindo visibilidade social, tornando-se maduros e responsveis perante o

restante da comunidade na qual esto inseridos.

28

J Almeida (2009) enfatiza que a gestao na adolescncia leva a uma

transio de papis de forma abrupta, na qual o filha/filho torna-se me/pai

rapidamente, sendo que a maturidade de ser mulher/homem ainda est em

formao, resultando em uma crise existencial para ambos os gneros.

A construo da identidade do adolescente est baseada na bagagem

de mundo aprendido na famlia, sendo este elaborado e propagado entre as

geraes futuras. Porm, percebe-se que a vivncia do incio da adolescncia

provoca, em geral, questionamentos em relao sua estruturao e seus

valores, o adolescente capaz de experimentar novas situaes na

convivncia com amigos, dando forma sua prpria identidade (MEINCKE,

2007).

A adolescncia somada ao processo de maternidade/paternidade pode

ser comparada a um momento de metamorfose do ser humano, em que este

passa a buscar uma nova identidade, vivenciando transformaes, construes

e reconstrues (MEINCKE et al., 2011). Estudo realizado por Beretta et al.

(2011) destaca que a transformao de papis, quando presentes no mesmo

indivduo, podem resultar diversos transtornos e consequncias, em funo do

processo do amadurecimento.

Contudo, o adolescente busca uma estabilidade social perante a

sociedade da qual faz parte e julga que o fato de tornar-se me/pai seja a

forma adequada de obter autonomia e atingir a maturidade, pois acredita em

sua prpria competncia para cuidar da sua prole.

2.2. PATERNIDADE NA ADOLESCNCIA

Para o homem o significado da paternidade, geralmente, percebido

como uma etapa de intensas modificaes que caracterizam a transio da

fase adolescente para a vida adulta, na medida em que transforma o seu

cotidiano, favorecendo o status de adulto e de maior reconhecimento social

(CARVALHO; MERIGHI; JESUS, 2009).

Conforme Freitas, Coelho e Silva (2007), o sentimento e a

responsabilidade da paternidade para parte dos homens que a experienciam

29

apenas torna-se concreto aps o nascimento e, em alguns casos, mesmo com

a chegada do (a) filho (a), ainda no to perceptvel.

Para Paula et al. (2010) a temtica gravidez na adolescncia vem

instigando o cotidiano dos profissionais da sade h anos, sendo analisada

desde sua etiologia at os meios de preveni-la. Contudo, o interesse principal

da maioria destas pesquisas centralizava-se na figura feminina, reforando o

pensamento cultural de que a mulher a responsvel pelo cuidado com a

criana. Ao estudar este tema deve-se levar em considerao que parte dos

parceiros das mes adolescentes adolescente tambm.

Em nosso cotidiano, percebe-se que os papis sexuais distintos entre

homens e mulheres se fazem fortemente presentes (GIRALDI; HASHIMOTO,

2011), portanto relevante esclarecer a relao existente entre eles e a

diferena de gnero, pois essas atribuies correspondem a uma questo

cultural, por meio da qual a sociedade define as prticas, as restries e os

valores especficos a cada grupo (homens ou mulheres), dependendo do

contexto no qual esto inseridos, e que so apreendidos e transmitidos ao

longo das geraes.

Assim, estas prticas sociais atribudas e incorporadas por homens e

mulheres so caracterizadas como atributos masculinos e femininos (LYRA;

MENDRADO, 2000), reafirmando o conceito contemporneo de gnero,

ressaltando o modo de participao da figura paterna no cuidado dos filhos

como provedor financeiramente e da me como a responsvel pelas aes de

carinho e afeto.

Em contrapartida, com a evoluo da histria, estes papis foram sendo

modificados, tendo como exemplos desta transformao sociocultural a

emancipao da mulher a partir de sua entrada no mercado de trabalho e/ou o

homem realizar atividades domsticas, em comparao a outras dcadas

(GIRALDI; HASHIMOTO, 2011).

O papel do homem, particularmente o de pai na famlia, anteriormente

negligenciado, tem adquirido lugar de destaque nos programas

governamentais, e pode ser observado nas agendas dos movimentos

feministas e das instituies internacionais e nacionais que visam

30

implementao das polticas pblicas, a fim de promover a equidade de gnero

(LYRA; MEDRADO, 2000).

Confirmando este pensar, Silva et al. (2011) destacam que,

culturalmente, era de responsabilidade da mulher o cuidado das crianas, seja

adolescente ou no, e ao homem era dado o papel de provedor da famlia.

Entretanto, devido s influncias da urbanizao e da conquista econmica das

mulheres ocorreram transformaes alterando-se a configurao familiar, na

qual se percebe a insero do homem na ateno e cuidado dos filhos.

Assim, notrio que as mudanas nos papis de homens e mulheres

no ocorreram na mesma intensidade em todas as famlias, pois no mundo

moderno as configuraes familiares levam a diferentes formas de diviso de

tarefas. Deste modo, no possvel uma definio especfica ao papel do

homem em relao paternidade, j que as questes sociais e culturais esto

recebendo caractersticas novas e em constantes transformaes.

A vivncia da relao familiar permite a quebra da masculinidade

hegemnica, fato que modifica o significado da paternidade em sua qualidade.

De acordo com Freitas, Coelho e Silva (2007), o evento de tornar-se pai faz

com que surjam no indivduo reflexes acerca do seu conceito de paternidade,

oriundo de sua famlia de origem. Estes pensamentos e recordaes

possibilitam que o homem construa e/ou desconstrua sua prpria definio do

que ser pai apoiado nas suas vivncias de convvio com seu prprio pai.

Nesta linha de pensamento, Bornholdt, Wagner e Staudt (2007)

destacam que os pais precisam refletir a questo da paternidade, questionando

antigos valores e definies, uma vez que novas possibilidades surgiram com a

vivncia deste papel. Alm desta situao, as referncias passadas no esto

sendo mais suficientes para responder as demandas da figura paterna. Desta

maneira, encontram-se contribuindo para compor um dos grandes desafios dos

homens e das mulheres da contemporaneidade, independentemente de serem

adolescentes (PAULA et al., 2010).

A temtica paternidade como um papel a ser exercido pelo homem, por

meio das expectativas sociais, torna-se complexa quando se considera que

este papel est sendo modificado e que continua em franco processo de

evoluo (BENCZIK, 2011). Assim, ser pai vai alm do papel de provedor

31

financeiro, abrange a qualidade de educador, mostrando aos seus filhos a

diferenciao do certo e do errado. Desempenhar a paternidade com qualidade

requer disponibilidade para estar junto de sua prole, considerando que esta

questo est tanto associada paternidade quanto masculinidade (COSTA,

2002).

A temtica gravidez na adolescncia apesar dos altos ndices

estatsticos, ainda visto no meio cientfico como um assunto caracterizado por

centralizar sua discusso apenas na figura feminina, sendo igualmente

difundida desse modo pelo senso comum (SILVA et al., 2011). A figura do

adolescente costuma ser relegada a um plano secundrio quando a questo

a gravidez na adolescncia, pois percebido como um ator que costuma ser

deixado fora da cena. Porm, quando includo, entra caracterizado como uma

figura ausente, que no assume a situao (UNICEF, 2011).

Portanto, h uma vulnerabilidade do adolescente que se torna pai

decorrente do modelo tradicional relativo ao gnero imposto pela sociedade e

que pode resultar para alguns adolescentes, no distanciamento do processo da

gravidez, consequentemente, mantendo este tipo de relacionamento para alm

do parto representando assim, a ambivalncia deste perodo ou a sua

imaturidade (ALMEIDA; HARDY, 2007).

Este fato acaba por ressaltar a percepo do pai frente ao processo

paternal recorrente na adolescncia reforando este tipo de comportamento por

parte dos homens que passam a ausentar-se do campo dos direitos, bem como

das responsabilidades de pai quando vivenciam a paternidade, sendo esta

planejada ou no. Este distanciamento por parte do homem existe, porm no

uma caracterstica comportamental prerrogativa apenas dos adolescentes,

mas tambm dos adultos.

Nesta fase do desenvolvimento humano conferida a ideia de

incompetncia, irresponsabilidade, agregando desta maneira, mais um adjetivo

negativo ao indivduo que a vivencia (UNICEF, 2011). Em oposio a esta

caracterizao, a ocorrncia da paternidade pode representar para o

adolescente um momento importante no processo de transio da

adolescncia para a vida adulta, pois pode favorecer na conquista do status de

32

homem responsvel, maduro e capaz, caractersticas prprias da fase adulta

(ORLANDI; TONELI, 2008).

Para Silva et al. (2011) a paternidade no perodo da adolescncia

promove mudanas e readaptaes de ordem psicossocial, transformando a

questo de ser pai em um momento importante no processo de transio da

adolescncia para a vida adulta, na medida em que resulta em uma nova

organizao de vida do adolescente. Assim, reafirmando a ideia de que para

este homem, vivenciar a paternidade representa um aspecto significativo para

a sua masculinidade, pois, geralmente, tal experincia atrelada no imaginrio

social noo de virilidade, sendo vista tambm como prova de

amadurecimento e de responsabilidade.

Almeida e Hardy (2007, p. 571) evidenciaram em seu estudo com pais

adolescentes, que para o homem a paternidade foi percebida como algo

enaltecedor e satisfatrio logo aps o nascimento do beb.

J, para Costa (2002), os adolescentes procuram vivenciar a experincia

de ser pai, rompendo esteretipos do passado, tentando aproximar-se dos

aspectos afetivos oriundos desse relacionamento. Assim, apesar do papel do

pai no contexto da paternidade continuar sendo entendida como mantenedor,

ou seja, aquele que prove o sustento para sua prole h, tambm, espao para

a emoo e o afeto.

Para Giraldi e Hashimoto (2011) essa (des) construo do conceito de

paternidade, seja da parte da sociedade, da famlia, das leis ou do prprio

indivduo, representa algo positivo, demonstrando que a sociedade est em

busca de novos caminhos para transformar os paradigmas e as normas sociais

vigentes.

Configuram em recomendaes algumas vezes encontradas nos ltimos

anos pensar na masculinidade, na paternidade, bem como em maneiras de

encorajar os homens que encontram-se no processo da paternagem, a fim de

que, os mesmos sejam responsveis por seus comportamentos sexuais,

papis sociais e familiares (MUNDINGO, 1995).

33

2.3. A FIGURA PATERNA E O DESENVOLVIMENTO INFANTIL

A funo de pai provedor foi entendida como sinnimo de bom pai, por

muito tempo na nossa sociedade, a qual compreendia esta responsabilidade do

chefe da famlia em seu modelo tradicional, no necessitando para tanto de

envolvimento afetivo com sua prole. Porm, percebe-se mudana deste

pensar, j que apesar de alguns homens permanecerem atribuindo esta atitude

mulher, outros compartilham amigavelmente esta tarefa com sua

companheira (MUNHOZ, 2006).

O tipo de ateno dispensado criana est diretamente relacionado

com o modelo estrutural familiar estabelecido entre o pai e a me, sendo o

cuidado paternal formatado pelo tipo de interao entre o casal e pelos papis

que cada um assume (PRADO; PIOVANOTTI; VIEIRA, 2007).

As formas de ser exercitada a paternidade permitem o surgimento de

uma nova paternidade, no qual a figura paterna comea a preocupar-se em

paternar seu filho, por meio de aes de cuidado, relaes de carinho de modo

mais prximo, possibilitando que pais e mes compartilhem os cuidados e

estreitem os vnculos afetivos com os filhos (FREITAS et al., 2009).

Associado a este pensar, evidenciou-se a importncia que a

configurao da figura paterna tem adquirido desde a gestao, bem como em

todas as fases de desenvolvimento do psiquismo infantil e do seu impacto no

desenvolvimento cognitivo, social e emocional de sua prole (BENCZIK, 2011;

BUENO, 2010).

Nesta conjuntura, a existncia de um novo modelo de paternidade,

possibilita ao homem exercitar sua capacidade de manter uma relao paternal

de qualidade, baseada na afetividade, na presena e na responsabilidade com

a criao e educao de sua prole (SILVA; PICCININI, 2007). A experincia da

paternidade est na dependncia do convvio da criana com o seu pai, para

que possa construir dentro de si a imagem positiva das trocas afetivas e da

convivncia (GOMES; RESENDE, 2004).

Desta forma, torna-se possvel a relao entre a masculinidade e a

paternidade, pois o referencial est alicerado nas experincias vivenciadas

com a paternidade do seu prprio pai, que o indivduo traz e incorpora em seu

34

modo de compreender e assumir a sua masculinidade, resultando, na maioria

das vezes, em um modelo de pai distante e com pouco envolvimento afetivo,

baseada no referencial de masculinidade com o qual conviveu (FREITAS;

COELHO; SILVA, 2007).

Para Martins (2007) a paternidade idealizada e a efetivamente praticada,

est justificada no tipo de relacionamento que os pais tiveram, no convvio

afetivo e mantiveram com o prprio pai durante a infncia, explicando as

dificuldades enfrentadas por estes homens em exercitar um cuidado que eles

prprios no tiveram a oportunidade de vivenciar.

Nesse sentido, a manuteno de um vnculo concreto do pai com seu

filho desde o processo gravdico poder resultar em benefcios para a criana,

auxiliando-a a tornar-se um adulto psicologicamente saudvel. Este

relacionamento saudvel poder ter influncias positivas para o homem,

refletindo em um adequado exerccio da paternidade (MEINCKE, 2007).

No Brasil, a ateno paternidade esta caracterizada pela ausncia de

polticas que visem valorizao paternal perante a sociedade, sendo que as

j existentes esto organizadas de modo fragilizadas. Poucas polticas primam

por um bom desempenho de ser pai, cita-se o exemplo da pequena licena

paternidade, com durao de cinco dias, a qual garantida pela Constituio

Federal, no havendo nenhuma medida legal que d ao homem-pai o direito

acompanhar o pr-natal de seus filhos. Neste caso, evidenciam-se as

representaes sociais de que o papel do pai ser apenas provedor,

desconsiderando outras dimenses da paternidade (MARTINS, 2009).

A presena paterna, durante o ciclo vital da criana, representa um dos

fatores decisivos para o seu desenvolvimento cognitivo e social, demonstrado

por meio de pesquisas na prtica clnica e sua importncia para o crescimento

infantil (GOMES; RESENDE, 2004).

Os benefcios desta interao vo para alm da relao pai-filho, pois

tambm exercem influncia significativa nos padres comportamentais da

criana e, consequentemente, na qualidade das suas relaes interpessoais

(CIA; BARHAM, 2009). A atuao efetiva, do homem, na gravidez e aps o

parto, contribui para situaes de bem estar para todos os envolvidos no

processo gravdico (FREITAS et al., 2007).

35

Nesta vertente, percebe-se que a atuao dos profissionais da sade,

dentre eles o enfermeiro, pode colaborar na insero do homem na vivncia do

processo gravdico puerperal, assim, ao propor momentos de discusso e

reflexo acerca do desenvolvimento das prticas de cuidado sua prole, o

homem poder ter subsdios para exercitar o papel paterno de forma saudvel.

Deste modo, os profissionais ao estimularem a participao da figura

paterna nas consultas de pr-natal, acompanhamento do trabalho de parto,

parto, puerprio e nos cuidados dirios com seu filho, estaro auxiliando na

construo e vivncia da paternidade.

36

3. MARCO TERICO

No marco terico sero abordadas s principais caractersticas da Teoria

da Diversidade e Universalidade Cultural de Madeleine Leininger, bem como

seus principais conceitos.

3.1. Teoria da Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural

Este estudo estar embasado nos conceitos da Teoria da Diversidade e

Universalidade do Cuidado Cultural (TDUCC), de Leininger, sendo eles: Sade;

Enfermagem; Viso de mundo; Contexto ambiental; Cultura; Dimenses das

estruturas culturais e sociais, devido o interesse em compreender a percepo

cultural do pai sobre o processo paternal recorrente na adolescncia.

Madeleine Leininger, enfermeira norte-americana, dedicou-se ao estudo

das relaes entre Antropologia e Enfermagem e sua maior contribuio foi a

publicao da TDUCC com suas aes associadas de cuidar e observar as

experincias com os clientes de culturas diversificadas, em diferentes

condies de sade no ambiente hospitalar, no final da dcada de 1940,

compreendeu que o cuidado humanizado foi importante para a recuperao de

doenas ou para manuteno da sade e do bem-estar (LEININGER;

MCFARLAND, 2006).

J no incio da dcada de 1950, Leininger foi trabalhar como enfermeira

especialista em sade mental com crianas de vrias origens culturais,

passando a perceber as diferenas evidentes entre elas. Durante este perodo,

constatou que as crianas exigiam diferentes cuidados devido s distintas

procedncias culturais. Desta forma, surgiu seu interesse em buscar, formar e

37

explorar teorias de enfermagem como um fenmeno essencialmente

transcultural (LEOPARDI, 1999; LEININGER, 1985).

Para esta teorista, tanto os enfermeiros, como outros profissionais da

sade deixaram de reconhecer e valorizar a importncia da cultura relacionada

sade, nos processos do cuidado, bem como nas prticas de tratamento

mdico. Para Leininger a cultura e cuidado eram identificados como os

principais aspectos ausentes da assistncia de enfermagem e dos servios de

sade (LEININGER, 2006).

Dessa forma, Leininger (2006) percebia que o processo sade-doena

influenciado pela cultura e que o cuidado constituiu a essncia da enfermagem

e, para tanto, necessitava ser explicado por uma perspectiva transcultural.

Surgindo assim, a Teoria Transcultural do Cuidado, por meio da qual o cuidado

ao ser humano considera as crenas, valores e prticas culturais a que este

indivduo pertence, considerando sua prpria viso de sade, doena e

cuidado.

Posteriormente, Leininger passou a denominar sua teoria de Teoria da

Diversidade e Universalidade do Cuidado Cultural, utilizando para tanto o

referencial antropolgico que acompanhasse as diversidades e as constantes

mudanas do modo de pensar e viver das populaes. Estando esta teoria

alicerada experincia vivida por Leininger em diferentes ambientes de

cuidado, como hospitais e centros comunitrios, percebendo e reconhecendo

as diversas formas de praticar cuidado de acordo com o contexto cultural de

cada pessoa (LEININGER, 2006).

Sendo assim, a teoria de enfermagem transcultural est embasada na

premissa de que as pessoas de cada cultura podem relacionar suas

experincias e percepes com as crenas e prticas gerais de sade

conhecendo para tanto, outras culturas. Alm deste aspecto, Leininger (2006)

salienta a importncia do conhecimento obtido por meio da experincia direta

ou diretamente daqueles que a experimentaram, em sua teoria conhecido

como mico, ou centralizado na pessoa. A prtica do cuidado compreendida

como uma necessidade humana essencial, j que, o ser humano para nascer,

crescer e morrer necessita ser cuidado, independente de sua cultura.

38

A teoria de Leininger possibilita subsdios ao enfermeiro, bem como aos

demais profissionais de sade, a fim de compreender o ser humano, por meio

dos seus valores, prticas e crenas, visando promover aes e decises de

cuidado coerentes ao contexto cultural em que encontra-se inserido.

Visando melhor compreenso da TDUCC, destaca-se alguns conceitos

que permeiam este estudo (Leininger, 2006):

Sade: o estado de bem-estar que culturalmente definido, valorizado

e praticado, refletindo as habilidades dos indivduos ou grupos em realizar suas

atividades dirias de forma culturalmente satisfatria e padronizada.

Enfermagem: uma profisso humanstica e cientfica que necessita

ser aprendida e focalizada no fenmeno do cuidado humano e em atividades

que propiciem assistncia, suporte, facilitao e capacitao a indivduos ou

grupos, para manter ou reaver o seu bem-estar, de uma forma culturalmente

significativa e satisfatria, ou para ajud-los a enfrentar as dificuldades ou a

morte.

Viso de mundo: o modo pela qual os indivduos veem o mundo ou

seu universo, para formar um estado valorativo sobre suas vidas ou sobre o

mundo que os rodeia.

Contexto ambiental: a totalidade de uma situao ou experincias

particulares, que representam um sentido s expresses, interpretaes e

interaes sociais humanas em dimenses fsicas, sciopolticas e culturais.

Cultura: so os valores, crenas, normas e prticas de vida, aprendidas,

compartilhadas e transmitidas em grupos especficos, que guiam o

comportamento humano, suas decises e aes.

Dimenses das estruturas culturais e sociais: so padres e

aspectos de natureza dinmica dos fatores organizacionais e estruturais

interrelacionados de uma cultura em particular ou sociedade, incluindo valores

religiosos, familiares (sociais), polticos, legais e culturais.

Nesta vertente, a enfermagem olha para o homem que vivenciou a

paternidade recorrente durante sua adolescncia, de modo a prestar o cuidado

levando em considerao sua cultura, viso de mundo, assim respeitando seus

valores e crenas atrelados ao contexto ambiental no qual esto inseridos.

39

Entre os conceitos centrais da TDUCC esto o significado do ato de

cuidar, sendo que este pode ser um verbo, traduzindo aes no sentido de

assistir, apoiar ou capacitar um indivduo ou grupo, a fim de melhorar ou

aperfeioar uma condio humana ou modo de vida. Por outro lado, quando

compreendido como substantivo se refere s atividades empregadas na

assistncia, sendo elas: ajuda, apoio ou facilitao desse indivduo ou grupo,

de modo, a melhorar a condio ou modo de vida humana (LEININGER, 2006).

O modelo terico-conceitual proposto por Madeleine Leininger

denominado Sunrise Enabler, representado pelo Sol nascente, no qual os

conceitos centrais da cultura significam a Antropologia e do cuidado significam

a Enfermagem.

Este modelo serve de guia para os enfermeiros realizarem o

planejamento e a interveno cultural com os clientes (LEININGER, 2006).

Para tanto, o enfermeiro, bem como o ser humano, so aptos para identificar,

planejar, implementar e avaliar cada ao de cuidado, objetivando o suporte

necessrio para melhorar seu modo de vida, sendo coerente com o contexto

ambiental a que este indivduo pertence (LEININGER, 2002). A figura 1 ilustra

este modelo.

40

Figura 1. O modelo Sunrise de Leininger (De Leininger, M. 1991). Culture

care diversity & universality: a theory of nursing, p. 43. New York: National

League for Nursing.

41

O diagrama Sunrise proposto por Leininger constitudo por quatro

nveis, segundo Dias et al. (2002). O primeiro nvel composto pelos

componentes interdependentes da estrutura social e viso de mundo, que nos

levam ao estudo do significado, da natureza e dos atributos do cuidado. Como

exemplos, nesta etapa tm-se: idioma, contexto ambiental do cliente, fatores

tecnolgicos, religiosos, filosficos, polticos, econmicos, educacionais, grau

de parentesco, estrutura social, estilo de vida, valores e crenas culturais.

J, o seguinte nvel baseia-se no conhecimento do nvel anterior,

portanto, mostra-se a aplicao do conhecimento cultural situao do cliente

em estudo (indivduo, famlia, grupo ou instituio), no qual se observam

significado e expresses especficas acerca do cuidado e da sade.

No terceiro nvel pode-se identificar e caracterizar os valores, crenas,

comportamentos populares, profissionais e a enfermagem. Neste nvel,

possvel identificar semelhanas e diferenas, ou seja, caractersticas

universais e especficas da cultura do indivduo ou de seu grupo.

Por fim, o quarto nvel do modelo determina as decises e aes do

cuidado, tendo trs modos, a saber: preservao/manuteno cultural do

cuidado, acomodao/negociao cultural do cuidado e

repadronizao/reestruturao cultural do cuidado.

42

4. METODOLOGIA

4.1. Caracterizao do estudo

O presente projeto de pesquisa caracteriza-se por apresentar uma

abordagem de natureza qualitativa, exploratria e descritiva.

Para Minayo (2010) o tipo de abordagem metodolgica qualitativa

favorece a busca de questes subjetivas, que no podem ser quantificadas por

estarem atreladas ao universo das significaes, valores, crenas e relaes

humanas.

A pesquisa qualitativa no tem a pretenso de testar hipteses para

comprov-las ou refut-las ao final da pesquisa, portanto seu foco est na

compreenso dos fenmenos estudados, salientando os processos vivenciados

e os significados atribudos pelos sujeitos (MORAES, GALIAZZI, 2011, p. 11).

A natureza exploratria consiste em buscar o aumento da experincia

acerca do problema estudado, resultando em maior conhecimento sobre o

mesmo (TURATO, 2003). No que tange a vontade de conhecer o universo em

estudo, seus problemas, alm de seus valores, caracterizam o carter

descritivo (TRIVIOS, 2008).

4.2. Local do estudo

Este estudo ser desenvolvido, por meio de encontros, previamente

agendados, no domiclio dos sujeitos, residentes no municpio de Pelotas/RS,

durante o segundo semestre do ano de 2013. A cidade possui 328.275

habitantes distribudos em uma rea territorial de 1.610,084 (Km). Est situada

43

s margens do Canal So Gonalo, que liga as Lagoas dos Patos e Mirim.

Localiza-se a 250 km de Porto Alegre, possui um clima subtropical mido, e

um grande centro comercial (IBGE, 2013).

4.3. Sujeitos do estudo

Os sujeitos deste estudo sero homens adultos jovens, ou seja, idade

superior a 24 anos de idade (WHO, 2010) que vivenciaram a recorrncia da

paternidade durante a adolescncia. A escolha destes devida acreditar que o

distanciamento, no que tange ao espao temporal do processo paternal

vivenciado pode favorecer reflexes, pois acredita-se que a maturidade poder

expressar a experincia da paternidade de maneira mais concreta.

4.4. Critrios para a seleo dos entrevistados

Como critrios de incluso neste estudo sero os seguintes:

Ser homem com idade igual ou superior aos 24 anos;

Ter experenciado a paternidade por mais de uma vez durante

a adolescncia ou s na vida adulta;

Morar no permetro urbano do municpio de Pelotas/RS;

Estar de acordo com a gravao das entrevistas;

Concordar com a apresentao e divulgao dos resultados

nos meios acadmicos e cientficos.

Como critrios de excluso neste estudo sero os seguintes:

Ser homem com idade inferior a 24 anos de idade;

Ter experenciado a paternidade por uma vez na

adolescncia;

Morar fora do permetro urbano do municpio de

Pelotas/RS;

No demonstrar interesse em participar deste estudo.

44

4.5. Procedimentos para a coleta de dados

A seleo dos sujeitos dar-se- por meio de amostragem por

convenincia, na qual o pesquisador seleciona os elementos a que tem

acesso, admitindo que estes possam, de alguma forma, representar o universo.

Aplica-se este tipo de amostragem em estudos exploratrios ou qualitativos

(GIL, 2008, p.94).

Como ponto de partida ser utilizada a busca ativa em uma Unidade

Bsica de Sade (UBS) do permetro urbano do municpio de Pelotas/RS,

sendo esta escolhida por meio de sorteio. Caso no se encontre algum sujeito

dentro dos critrios de incluso deste estudo, ser realizado sorteio de outra

UBS e assim, sucessivamente.

Aps recebimento do parecer favorvel do CEP para a realizao deste

estudo ser feito contato, com a chefia da UBS sorteada para identificar a

existncia de casos de paternidade recorrente em seu territrio.

Posteriormente, a indicao do pai adolescente ser feito contato telefnico

com o primeiro informante, a fim de realizar o convite para participar do estudo,

momento em que receber informaes quanto os objetivos deste, bem como

os procedimentos ticos. Aceitando em participar ser marcado o encontro no

domiclio deste sujeito para a efetivao da entrevista.

Inicialmente, no dia combinado, o sujeito ser relembrado quanto aos

objetivos e a relevncia do estudo. Aps ser fornecido o Termo de

Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) ser assinado em duas vias sendo

que uma ficar com o sujeito e a outra com a pesquisadora (Apndice A).

Logo em seguida, ser desenvolvida a entrevista, ao final de cada

entrevista ser solicitada a indicao de outro pai que tenha vivido a

experincia da paternidade recorrente na adolescncia. Este procedimento

ser repetido com os demais sujeitos desta pesquisa at que acontea a

saturao dos dados, esta ocorre quando as informaes obtidas pelo

pesquisador comeam a se tornar repetitivas (LOBIONDO-WOOD; HABER,

2001). Caso no ocorra tal indicao, ser efetuado sorteio de uma nova UBS.

Para a coleta dos dados, sero realizadas entrevistas semiestruturadas

(MINAYO, 2010), pois permite a possibilidade de introduzir questionamentos e

45

at aprofundar outras temas que poderiam surgir, proporcionando aos

participantes uma liberdade de expresso e espontaneidade. Assim, para a

realizao das entrevistas sero utilizadas algumas questes norteadoras

(Apndice B).

Associado a estas entrevistas ser utilizado o dirio de campo, que

segundo Polit et al. (2004, p. 268) um registro dos eventos e conversas

dirias, importantes para sintetizar e compreender os dados. Este ser

utilizado aps as entrevistas, de modo a possibilitar momentos nos quais

realizar-se-o reflexes, observaes e relatos pontuais das entrevistas

realizadas, ou ainda, descrio da cultura, bem como do contexto ambiental e

viso de mundo do sujeito (LIMA et al., 2007) (Apndice C).

Estes recursos sero utilizados, por apresentarem propriedades

compatveis ao levantamento dos significados e vivncias, possibilitando o

sujeito do estudo expor o que sente e o que pensa acerca da vivncia da

paternidade recorrente na adolescncia (CORREA, 2005). Por se tratar de um

tema que pode causar recordaes e sentimentos, que por vezes no sejam

possveis de serem explicados ou respondidos verbalmente, e sim por meio de

expresses no verbais e reflexes a cerca de sua vivncia do fenmeno da

recorrncia da paternidade na adolescncia.

4.6. Aspectos ticos

O presente estudo obedecer a Resoluo 466/12 do Conselho Nacional

de Sade do Ministrio da Sade, que trata da pesquisa envolvendo seres

humanos, bem como s disposies do Captulo III, da Resoluo COFEN

311/2007, do Cdigo de tica dos Profissionais de Enfermagem1 no que diz

respeito a Deveres nos artigos 89,90 e 91 e as Proibies nos artigos 94 e 98.

1 Captulo III (dos Deveres): Art. 89 - Atender as normas vigentes para a pesquisa envolvendo seres

humanos, segundo a especificidade da investigao; Art. 90 - Interromper a pesquisa na presena de qualquer perigo vida e integridade da pessoa; Art. 91 - Respeitar os princpios da honestidade e fidedignidade, bem como os direitos autorais no processo de pesquisa, especialmente na divulgao dos seus resultados. Captulo III (das Proibies): Art. 94 - Realizar ou participar de atividade de ensino e pesquisa, em que o direito inalienvel da pessoa, famlia ou coletividade seja desrespeitado ou oferea qualquer tipo de risco ou dano aos envolvidos; Art. 98 - Publicar trabalho com elementos que identifiquem o sujeito participante do estudo sem sua autorizao.

46

Deste modo, este projeto de pesquisa ser encaminhado para

apreciao no Comit de tica em Pesquisa da Santa Casa de Misericrdia de

Pelotas (CEP) (Apndice D). Aps a aprovao, realizar-se- convite aos

sujeitos para participarem do estudo, os quais sero esclarecidos quanto aos

objetivos.

Os sujeitos da pesquisa assinaro em duas cpias o TCLE, ficando uma

com o sujeito e a outra com a pesquisadora. Buscaremos garantir o anonimato

relacionado gravao e utilizao dos depoimentos, devoluo dos

resultados e sua divulgao, para assegurar a inexistncia de prejuzos aos

participantes deste estudo.

Assim, estar assegurado aos participantes o seu direito de desistir do

estudo em qualquer momento, se assim for de sua vontade e o livre acesso

aos dados quando for de seu interesse. A identificao dos sujeitos neste

estudo ser realizada por meio da letra (P) - significando pai, acrescida da

idade atual, como por exemplo: P25.

O estudo envolver, exclusivamente, a realizao de entrevistas. No

estar includo nenhum tipo de procedimento invasivo ou coleta de material

biolgico, ou experimento com seres humanos.

Os benefcios previstos no estudo so estimular reflexes sobre a

vivncia da paternidade recorrente durante a adolescncia, bem como do seu

papel de sujeito ativo no processo do planejamento familiar. E, quanto aos

riscos a entrevista poder acarretar desconfortos de ordem moral, no entanto

as perguntas podero ser ou no respondidas na totalidade, podendo haver

desistncia da participao em qualquer momento, sem prejuzo ao

respondente.

Aps a elaborao deste estudo, os dados obtidos sero armazenados

durante cinco anos no computador do Ncleo de Estudos em Prticas de

Sade e Enfermagem (NEPEn). Decorrido este perodo, os registros com

verses em papis sero incinerados e os arquivos virtuais sero eliminados

do computador.

47

4.7. Anlise dos dados

Os dados das entrevistas sero gravados, transcritos, interpretados e a

anlise dos dados utilizar a Anlise de Contedo proposta por Bardin (2011).

Para uma anlise de significados, a presena de determinados temas

denota estruturas de relevncia, valores de referncia e modelos de

comportamento presentes ou subjacentes no discurso.

A anlise de contedo dividida em trs etapas seguindo os passos

propostos por Bardin (2011):

Pr-Anlise: nesta etapa ser realizada uma leitura flutuante dos dados

procurando organiz-los.

Explorao do Material: fase caracterizada pela codificao do

material. Para tanto, buscar-se- transformar os dados sistematicamente em

decises a serem tomadas.

Tratamento dos Resultados Obtidos: nesta etapa ser estabelecida

os dados que de forma significativa e vlida. Deste modo, sero propostas

inferncias, a fim de adiantar interpretaes a propsito dos objetivos previstos.

4.8. Divulgao dos resultados

As principais formas de divulgao dos resultados obtidos por meio

deste estudo sero comunidade acadmica, por meio de artigos cientficos

apresentados junto dissertao de mestrado desta instituio de ensino e ao

NEPEn.

Posteriormente, encaminhados a peridicos de reconhecimento e

relevncia em mbito nacional, bem como internacional.

48

5. CRONOGRAMA

(*) A coleta de dados ocorrer somente aps a provao pelo Comit de tica

em Pesquisa

Quadro 1 Cronograma de desenvolvimento do estudo.

Perodo Atividades

2012 2013 1

Semestre 2

Semestre 1 Semestre

2 Semestre

Definio do tema X X

Reviso de literatura X X

X X

Elaborao do projeto X X

Qualificao do projeto X

Submisso ao Comit de tica em Pesquisa

X

Coleta de dados (*) X

Anlise dos dados X

Apresentao da dissertao/artigo

X

49

6. RECURSOS MATERIAIS E DESPESAS

Material Quantidade Valor

Unitrio

(R$)

Valor Total (R$)

Caneta 08 1,20 9,60

Lpis 04 0,90 3,20

Borracha 03 0,50 1,50

Caneta Marca texto 5 1,50 7,50

Xerox 2.000 0,10 200,00

Encadernao 15 10,00 150,00

Impresso 2000 0,10 200,00

Papel A4 (pacote 500f.) 04 12,00 48,00

Caderno 03 5,00 15,00

Reviso de portugus 02 300,00 600,00

Reviso do resumo/ingls 02 40,00 80,00

Reviso do resumo/espanhol 02 40,00 80,00

Transporte (vales) 200 2,60 520,00

Gravador 01 300,00 300,00

Pen Drive 01 25,00 25,00

Pilha palito recarregvel 4 20,00 80,00

Formatao do Nootbook 01 50,00 50,00

Total 2.369,80

Quadro 2: Recursos materiais e humanos para o desenvolvimento do estudo.

Obs: Os gastos sero custeados pela autora.

50

REFERNCIAS

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57

APNDICES

58

APNDICE A Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS

FACULDADE DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM ENFERMAGEM

Pesquisa: Perspectiva cultural do pai no processo paternal recorrente na adolescncia: uma contribuio para a enfermagem Orientanda: Enf. Mestranda Inajara Mirapalhete Canieles Orientadora: Prof. Enf. Dr. Sonia Maria Konzgen Meincke

Celular (53)91304691 E-mail: [email protected]

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

Venho, respeitosamente por meio deste, convid-lo a participar da

pesquisa relatando sua experincia e emitindo a sua opinio. O objetivo deste

estudo conhecer a perspectiva cultural do pai