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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE ZOOTECNIA
PATRÍCIA MOTZ VOLPATO
QUALIDADE DE RAÇÕES PARA CÃES ADULTOS ARMAZENADAS EM RECIPIENTES ABERTOS E
FECHADOS
FLORIANÓPOLIS - SC
2014
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA CENTRO DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
CURSO DE ZOOTECNIA
PATRÍCIA MOTZ VOLPATO
QUALIDADE DE RAÇÕES PARA CÃES ADULTOS ARMAZENADAS EM RECIPIENTES ABERTOS E
FECHADOS
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado
como exigência para obtenção do Diploma de
Graduação em Zootecnia da Universidade Federal
de Santa Catarina.
Orientador(a): Prof. Marília Terezinha Sangoi
Padilha
FLORIANÓPOLIS - SC 2014
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VOLPATO, Patrícia Motz.
Qualidade de rações para cães adultos armazenadas em recipientes abertos e
fechados/ Patrícia Motz Volpato.
Florianópolis – SC: UFSC – Universidade Federal de Santa Catarina, 2014.
50 pág.
Monografia (TCC) – UFSC, 2014.
Descritores. (Palavras-chave) 1. Alimentos para cães 2. conservação 3.granel
4. armazenagem 5. oxidação
CDU (Classificação Décima Universal)
37.013 (079.1)
4
Patrícia Motz Volpato
QUALIDADE DE RAÇÕES PARA CÃES ADULTOS ARMAZENADAS EM RECIPIENTES ABERTOS E
FECHADOS
Esta Monografia de Trabalho de Conclusão de Curso foi julgada aprovada e
adequada para obtenção do grau de Zootecnista.
Florianópolis, 05 de junho de 2014.
Banca Examinadora:
________________________ Dr.ª Marília Terezinha Sangoi Padilha
Orientador Universidade Federal de Santa Catarina
________________________ Profº Diego Peres Netto
Departamento de Zootecnia - UFSC
________________________ André Barbosa
Ministério da Agricultura Pecuária e Desenvolvimento
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AGRADECIMENTOS
Aos meus pais, Vera e Edemir, pela dedicação e educação de qualidade, que
não deixaram faltar nada durante minha criação diante alguns problemas de saúde.
Pelo amor e os esforços que fizeram para que eu conseguisse manter duas
faculdades.
Á minha irmã, Priscila, que sempre me apoiou durante todo o curso.
Ao meu namorado, Jefferson, que me deu forças para a conclusão deste
trabalho, pela paciência e companheirismo.
Á técnica de laboratório Meri e a acadêmica Mara, que colaborou com a
realização das analises no laboratório de nutrição animal.
Á professora Lucélia pela ajuda com as analises estatística.
A todos os meus professores e pessoas que tive a oportunidade de trabalhar,
levo comigo como exemplo de profissionais de competência e ética.
Á minha orientadora Marília Terezinha Sangoi Padilha meu agradecimento
especial, que apesar de todos seus compromissos como professora e coordenadora
do curso dedicou-se inteiramente na orientação do trabalho. Uma profissional que
tem minha admiração e respeito e que contribuiu extremamente para a minha
formação como profissional.
Por fim, agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para a
conclusão da minha futura profissão como Zootecnista.
Obrigada!
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RESUMO
A indústria pet food vem crescendo e se diversificando ao longo dos anos a
fim de buscar uma melhor qualidade nutricional, o bem-estar dos animais e a
satisfação dos donos de animais de companhia. Existem variedades de alimentos
para cães que se diferenciam de acordo com o tipo; completo, complementares e
especiais, e também de acordo com os níveis nutricionais e a qualidade da matéria
prima, como econômico, Standard ou padrão, Premium e Super-premium. As rações
secas ou alimentos completos podem ser comercializados de diferentes formas, em
embalagens fechadas, fracionadas ou a granel. Alguns cuidados devem ser tomados
por proprietários ou casas agropecuárias após abrir as embalagens das rações, pois
a armazenagem inadequada pode comprometer a qualidade do produto. Foram
analisadas 3 rações standard, para cães adultos, de diferentes marcas, submetidas
a armazenagem em recipientes abertos e fechados durante 90 dias de teste. As
rações tinham níveis nutricionais semelhantes e datas de fabricação e validade
próximas entre si. Foram realizadas análises bromatológicas e análises de
conservação da ração (teste de rancidez, índice de peróxido e prova de éber). Os
resultados de conservação evidenciam o aumento rancidez das rações em 90 dias
de armazenagem, porém as rações já estavam com um grau de rancidez quando
abertas as embalagens. A ração onde não estava descrito o uso de antioxidantes
apresentou maiores oxidações na abertura e durante os períodos de armazenagem.
Para o teste de éber, oxidação das proteínas, todas as análises deram negativas.
Deve-se usar esta analise associada a outros testes. Houve divergências na
composição nutricional das diferentes rações e as especificações das embalagens.
Manter as rações após abertura da embalagem em recipientes fechados reduz os
processos oxidativos.
Palavras-chave: Alimentação para cães. Conservação. Granel.
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LISTA DE FIGURAS
Imagem 1 - Rações e recipientes abertos e fechados .............................................42
Imagem 2 - Pesagem das amostras ........................................................................42
Imagem 3 - Moagem das amostras para realização das análises ...........................42
Imagem 4 - Preparação das amostras para adição de cloroformio .........................43
Imagem 5 - Gordura em cápsula de porcelana após Banho-maria .........................43
Imagem 6 - Análise de rancidez na abertura da embalagem, zero dia ....................43
Imagem 7 - Análise de rancidez aos 90 dias de teste ..............................................43
Imagem 8- Análise de éber: presença da fumaça branca na amostra testemunha com uma farinha deteriorada ...................................................................................44 Imagem 9- Análise de éber: utilização de uma amostra da ração, sem presença da fumaça branca ..........................................................................................................44
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LISTA DE TABELAS
Tabela 1- Composição das rações apresentadas na embalagem.............................26
Tabela 2 – Composição bromatológica das rações, expressa na matéria natural....26
Tabela 3 – Analise do índice de peróxidos considerando as três rações em três períodos de tempo de armazenagem, 0, 60 e 90 dias...............................................29
Tabela 4 - Índice de peróxido em três períodos em relação à forma de armazenamento: recipientes abertos e fechados nos diferentes tratamentos...........29
Tabela 5- Índice de peróxido em três períodos em relação à forma de armazenamento: recipientes abertos e fechados para as três rações analisada......29
Tabela 6 - Analise subjetiva do escore de rancidez das três rações em estudo nas diferentes formas de armazenamento: abertas e fechadas, onde o escore 0 = sem rancidez, escore 1= baixa rancidez e escore 2 = média rancidez..............................31
Tabela 7 - Escore de rancidez aos 90 dias de armazenamento para embalagens abertas e fachadas.....................................................................................................32
Tabela 8 - Escore de rancidez aos 90 dias de armazenamento para as três rações em estudo ..................................................................................................................32
Tabela 9 - Analise da prova de éber em relação á situação a forma de armazenamento: abertas e fechadas, em quatro períodos de tempo 0, 30, 60 e 90 dias.............................................................................................................................33
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SINDIRAÇÕES - Sindicato Nacional da Industria de Alimentação Animal MAPA - Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento BHT – Butilhidroxitolueno BHA - Butilhidroxianisol TBHQ - Terc-butilhidroquinona PG - Propilgalato DNAGRO – Divisão de Nutrição Animal e Agrostologia DZDR – Departamento e Zootecnia e Desenvolvimento Rural LNA – Laboratório de Nutrição Animal PB – Proteína Bruta FB – Fibra Bruta EEB – Extrato Etéreo Bruto MM – Matéria Mineral MS – Matéria Seca
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SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 13
2. OBJETIVOS ............................................................................................................ 15
2.1. Objetivo Geral ...................................................................................................... 15
2.2. Objetivo Específico ............................................................................................. 15
3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA .................................................................................... 16
3.1 Classificação das Rações ..................................................................................... 17
3.2. Matérias – primas das Rações ........................................................................... 19
3.3 Rotulagem e Embalagem ...................................................................................... 20
3.4 Armazenagem ........................................................................................................ 21
3.5 Antioxidantes ......................................................................................................... 22
3.6 Rancidez Oxidativa ............................................................................................... 22
3.7 Reação para amônia – Prova de éber .................................................................. 23
3.8 Teste de Rancidez – Reação de Kreiss ............................................................... 23
4. METODOLOGIA ...................................................................................................... 24
4.1 Composição das Rações ...................................................................................... 24
4.2 Análises Realizadas .............................................................................................. 25
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO ............................................................................... 26
5.1 Níveis nutricionais ................................................................................................ 26
5.2 Índice de Peróxidos .............................................................................................. 28
5.3 Analise de Rancidez .............................................................................................. 31
5.4 Prova de éber ......................................................................................................... 33
6. CONCLUSÃO .......................................................................................................... 35
7.0 REFERÊNCIA ........................................................................................................ 36
8.0 ANEXOS ................................................................................................................. 42
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1.0INTRODUÇÃO
A indústria de alimentação animal, principalmente o mercado pet food tem
uma grande relevância econômica a nível mundial dada a crescente demanda por
produtos variados e diferenciados destinados a cães e gatos. Hoje são diversos os
produtos comercializados a fim de buscar o bem-estar do animal de estimação e a
satisfação de seu dono.
As rações possuem uma classificação pela indústria que podem receber o
nome de econômica, Standard, Premium e Super-Premium, essas diferenciam-se
pela formulação, qualidade das matérias prima utilizadas e níveis de garantia
(MARTINS, POMTIERI, 2010).
Ao chegar ao comércio para venda, as rações devem ser armazenadas de
uma forma que não prejudique sua qualidade, mantendo seus níveis nutricionais e
que dê a garantia de um alimento que não sofreu alterações.
Uma forma de venda de ração que os comerciantes praticam rotineiramente é
o fracionamento. Trata-se da abertura da ração tipo seca que geralmente vem em
sacos de 5, 10, 15 ou 20 quilos para venda em porções ou em quantidades menores
que a embalagem de origem. Esta forma de comercialização requer que os
estabelecimentos estejam registrados junto à área de alimentação animal do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
De acordo com o artigo 5º do Anexo I, do Dec. 6296/2007 do MAPA o
fracionamento é processo que visa à divisão dos produtos abrangidos por este
Regulamento em quantidades menores, preservando as características e
informações da sua rotulagem original, englobando as operações de pesagem ou
medida, embalagem e rotulagem.
As rações vendidas a granel são armazenadas de formas inadequadas, ou
seja, estas ficam abertas e expostas a variações do tempo, podendo prejudicar a
qualidade do produto, os níveis nutricionais do alimento, deteriorando e oxidando as
matérias primas que os compõem.
A Instrução Normativa nº 30 de 05 de agosto de 2009 do Ministério da
Agricultura Pecuária e Abastecimento estabelece os critérios e procedimentos para
rotulagem de produtos destinados á alimentação animal de companhia. Esses
produtos devem ser condicionados em embalagens apropriadas, em bom estado de
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conservação, com identificações de seus níveis de garantia, informações sobre o
fabricante, data de fabricação e validade.
Ao vender a granel, o comerciante geralmente não atende essas normas
citadas anteriormente, além de não saber informar ao cliente a data de fabricação e
validade do produto e os níveis nutricionais contido na ração.
Este trabalho tem como objetivo analisar rações para cães adultos da
classificação Standard nas suas embalagens originais, simular e analisar a utilização
a granel praticada nos estabelecimentos comerciais, utilizando dois tipos de manejo:
recipientes abertos e fechados, em um período determinado, e assim fazer uma
comparação de qualidade entre elas.
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2. OBJETIVOS
2.1 Objetivo Geral
Este trabalho teve como objetivo analisar rações para cães adultos da
classificação Standard, submetidas a dois métodos de estocagem, visando a
simulação da utilização a granel praticado nos estabelecimentos comerciais.
2.2 Objetivos Específicos
Avaliar a composição bromatológica de três rações tipo Standards utilizadas
para cães adultos.
Analisar o efeito do tempo de armazenagem e manejo a granel na conservação
das rações.
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3.0 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA
Segundo Cowell et al.,(2000), apud Wortinger (2009), em meados de 1860, o
americano James Spratt produziu em Londres a primeira ração granulada chamada
de “bolo para cães” e vendeu para um caçador inglês. Anos após, obtendo sucesso
na venda do “bolo para cães”, outras pessoas começaram a desenvolver suas
próprias fórmulas e vende-las. A partir da década de 1930 outras marcas foram
surgindo e ficando mais conhecidas pelos donos dos animais de estimação.
Cada vez mais os cães são considerados membros da família,
desempenhando um expressivo papel na vida de seus donos. Os proprietários se
preocupam com o bem-estar, a alimentação e a saúde de seu animal de estimação.
Devido a essa preocupação, a indústria de alimentação animal fabrica uma
variedade de alimentos destinados a cães e gatos com diferentes marcas e valores
de mercado. (GIRIO, 2007).
Para ter uma maior longevidade, os animais de estimação necessitam de uma
boa nutrição, por isso é de grande importância proteger os alimentos oferecidos,
mantendo a qualidade do conteúdo nutricional garantindo sua palatabilidade e
digestibilidade (JONES, et al,. 1999).
O Brasil se destaca como um dos maiores produtores de alimentos para cães
e gatos do mundo. Existem aproximadamente 500 marcas e 85 fabricantes da
indústria de alimentação para pet (CARCIOFI et al,. 2009).
De acordo com o boletim informativo do Sindicato Nacional da Indústria de
Alimentação Animal – SINDIRAÇÕES de Maio/2013, a produção de alimentos para
pets foi de aproximadamente 2,3 milhões de toneladas, gerando um aumento de
produção de aproximadamente 4% no ano de 2012, sendo estimado um faturamento
de R$: 9,5 bilhões de reais no comercio varejista de alimentos para pets. Este
acréscimo significativo da produção de alimentos para pets deve-se ao aumento de
renda e formalidade no mercado de trabalho das pessoas. Estes aumentos
contribuíram para que os donos dos animais de estimação oferecessem uma dieta
balanceada e industrializada a seus animais impulsionando a economia de alimentos
pet (SINDIRAÇÕES, 2013).
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3.1 Classificação das Rações
Na indústria, os alimentos para cães podem ser classificados quanto à
função, ou seja, seu propósito de uso, o tipo de processamento que varia de acordo
com o teor de água e por fim pela segmentação de mercado que diferenciam-se
nesta classificação com a qualidade das matérias primas utilizadas para formular a
ração.
Quanto à função, os alimentos podem ser diferenciados como completos,
complementares e especiais.
De acordo com o artigo 3º do anexo I da IN 30 DE 05 de Agosto de 2009 do
MAPA, o alimento completo é composto por ingredientes, aditivos e matérias primas
que atendem as exigências nutricionais dos animais de companhia podendo possuir
propriedade funcional ou específica.
Os alimentos complementares são biscoitos, petiscos e ossinhos, que não
dispõe de todos os nutrientes necessários para as exigências do animal. Esses são
oferecidos aos animais de estimação como um agrado e não deve ser sua a única
refeição. Os alimentos especiais são formulados para animais com distúrbios
fisiológicos e metabólicos (FORTES, 2005).
Quanto ao tipo de processamento, pode-se fazer diferentes classificações de
rações que variam de acordo com o teor de umidade, podendo ser seca, semi-
úmidas ou úmidas (CASE et al,.2000 apud WORTINGER, 2009).
As rações secas contem entre 6 a 10% de umidade podendo ser completas e
balanceadas (CASE et al,.2000 apud WORTINGER, 2009). São os produtos mais
vendidos no mercado por serem mais baratos que os alimentos da classificação
semi-úmidas e úmidas.
As semi-úmidas possuem 15 a 30% de água e as rações úmidas são
embaladas em sachês ou latas, essas devem ter uma variação de umidade de 72 a
85% com base na matéria original (CASE et al, 2000 apud WORTINGER, 2009).
De acordo com Jones et al. (1999), os alimentos semi-úmidos e secos são
mais práticos e mais fáceis de transportar, pois não precisam de refrigeração após
serem abertos como os alimentos úmidos. As latas dos alimentos úmidos depois de
abertas além de serem refrigeradas, devem ser consumidas rapidamente, pois pode
sofrer uma rápida deterioração.
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Alimentos secos, também podem se deteriorar. As principais causas da
deterioração são o crescimento microbiano e a oxidação, que podem causar
diminuição da palatabilidade e valor nutricional do alimento (JONES, et al. 1999).
As rações secas são encontradas em casas agropecuárias, mercados e pet
shops em diferentes formas de comercialização. Estas podem ser apresentadas nas
suas embalagens originais, fracionadas em outras embalagens ou a granel.
“A conservação do produto é devida à baixa umidade aliada a antioxidantes,
antifúngicos e acidificantes. As embalagens têm como função impedir a entrada de
água, oxigênio e luz no produto, aumentando o tempo de prateleira das rações”
(FORTES, 2005).
De acordo com o dicionário da língua portuguesa, entende-se a expressão a
granel com algo sem embalagem ou sem acondicionamento; solto.
De acordo com a indústria, os alimentos podem ser classificados como
econômico, padrão (Standard), Premium e Super-premium. Esta classificação é
muito usual por técnicos e consumidores, porém não é regulamentada por órgãos de
registros e também não é avaliada dentro dos critérios nutricionais científicos
(CARCIOFI, et. al, 2009).
No Brasil os primeiros alimentos que surgiram para comercialização foram os
segmentos econômico e Standard formulações com matéria prima de baixo custo e
qualidade, com níveis nutricionais mínimos e diversas variações de formulação.
Após surgiram os alimentos industrializados Premium e Super Premium
respectivamente (MARTINS & PONTIERI, 2010).
Os alimentos Premium possuem uma qualidade superior a dos alimentos
Standard, havendo uma seleção de ingredientes. Por fim, as rações super-premium
são aquelas formuladas com ingredientes com qualidade superior (CARCIOFI,
2009). Os alimentos Premium e Super Premium possuem um severo controle de
qualidade dos ingredientes. As matérias primas seguem padronização de acordo
com a sua formulação, em que a ração deve ter o padrão de qualidade de acordo
com o que esta descrito na embalagem. Oferecendo ao proprietário do pet uma
maior confiança do produto que esta comprando (MARTINS & PONTIERI, 2010).
A rastreabilidade pode ser perdida em comércios e casas agropecuárias
quando são vendidas a granel, podendo ser perdido também as características
nutricionais da ração (MARTINS & PONTIERI, 2010).
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3.2 Matérias- primas das Rações
De acordo com o item III e IV do art 4º da Lei n.º 6.198, de 26 de dezembro de
1974 do Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento, os ingredientes são
qualquer matéria-prima utilizável na composição de uma ração, concentrado ou
suplemento e ração animal é qualquer mistura de ingredientes capaz de suprir as
necessidades nutritivas para manutenção, desenvolvimento e produtividade dos
animais a que se destine.
A composição das rações de pets são baseadas em produtos agrícolas e de
origem animal, estes podem apresentar contaminantes, toxinas devido à colheita,
processamento ou estocagem da matéria prima inadequada (ALVES, 2003).
Para fabricação das rações são necessários ingredientes energéticos,
proteicos, vitaminas, minerais e aditivos. A escolha das matérias primas definirá uma
ração de qualidade e seu objetivo no mercado (FORTES, 2005).
As fontes de carboidratos são utilizadas em maiores proporções nas rações
secas. Os carboidratos possuem três funções; sua principal é atender parte da
necessidade energética dos animais, dar um aporte mínimo de fibra para o
desempenho do trato gastrointestinal e por fim é indispensável para a extrusão do
produto final (FORTES, 2005). Como por exemplo milho, quirera de arroz, sorgo,
trigo e outros.
As fontes proteicas podem ser de origem animal ou vegetal. As fontes
proteicas de qualidade tem um maior custo, pode-se fazer o uso de outros
ingredientes alternativos, porem que garantam o desempenho dos animais
(BELLAVER, 2001). Farinha de carne e ossos, farinha de vísceras, farelo de glúten
de milho e farelo de soja são exemplos de alimentos proteicos utilizados na
fabricação de rações para cães e gatos.
As fontes de gordura utilizadas nas rações de pets além de fornecer 2,25 a
mais de energia que os carboidratos e as proteínas são usadas como
palatabilizantes nas rações de cães e gatos (FORTES, 2005). Como exemplo óleos
vegetais e gordura animal.
De acordo com França (2011), os minerais são essencialmente importantes
para a saúde dos animais em geral, pois eles contribuem para prevenção dos
problemas ósseos, articulações e do metabolismo como um todo. Alguns exemplo
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de minerais utilizados são carbonato de cálcio, fosfatos e sais de potássio e
magnésio ou até mesmo um premix mineral e vitamínico.
3.3 Rotulagem e Embalagem
As embalagens das rações devem ser seguras e resistentes para que deem
proteção ao produto e preservem as características e a conservação do alimento
(SANTOS, et al.)
As informações contidas nos rótulos das rações devem ser reais, para que o
consumidor saiba todos os nutrientes contidos no alimento que será fornecido ao
seu animal de estimação. Por isso é importante que o rótulo contenha todas as
informações necessárias.
O formato e os materiais de embalagem devem fornecer adequada proteção
aos produtos, a fim de minimizar a contaminação, prevenir danos e permitir
rotulagem apropriada (CODEX ALIMENTARIUS, 2003).
De acordo com o Art. 9 do anexo I da IN 30 de 05 de agosto de 2009 do MAPA,
o rótulo dos produtos embalados ou a granel destinados à alimentação de animais
de companhia devem constar as seguintes informações: classificação do produto;
nome do produto; marca comercial; composição básica; eventuais substitutivos;
níveis de garantia; conteúdo ou peso líquido; tabela de referência nutricional;
indicação de uso; espécie(s) e categoria(s) de animal(is) a que se destina; modo de
usar; cuidados, restrições, precauções, contraindicações, incompatibilidades,
quando couber; a expressão "Produto isento de registro no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento" ou "Produto Registrado no Ministério da Agricultura,
Pecuária e Abastecimento sob o nº....",; nome empresarial, endereço completo, nº
de inscrição no CNPJ e telefone de atendimento ao consumidor do estabelecimento
fabricante, fracionador ou importador; a expressão "Indústria Brasileira", quando
fabricado no Brasil, ou a identificação do país de origem, no caso de produto
importado, e a expressão: "Produto Importado"; nome empresarial e endereço,
incluindo o país de origem, do fabricante, no caso de produtos importados; data da
fabricação; data de validade; identificação do lote; condições de conservação; o
carimbo oficial da inspeção e fiscalização federal, conforme modelo constante do
Anexo II desta Instrução Normativa, por fim a expressão: "Uso Proibido na
21
Alimentação de Ruminantes", quando houver ingredientes de origem animal na
composição do produto.
De acordo com o Artigo 29 do Decreto 6296/2007 do MAPA em caso de
fracionamento de produto, constar a expressão: Fabricado por ... (seguida da
identificação completa do estabelecimento fabricante), Fracionado por ... (seguida da
identificação completa do estabelecimento fracionador).
3.4 Armazenagem
Alguns cuidados devem ser tomados por proprietários ou casas
agropecuárias após abrir as embalagens das rações, pois podem existir interações
entre o ambiente e a ração sem proteção adequada (LIMA, 2013).
As rações são alimentos perecíveis e devem ser bem armazenadas para
preservar as características do produto. Quando estas são submetidas a diferentes
temperaturas e umidade podem deteriorar e fazer mal ao animal que irá consumir o
alimento (SANTOS, et al., 2013).
Muitas rações passam por um controle de qualidade durante o processo de
fabricação, essas devem ter um cuidado quando abertas para que suas
características sejam conservadas (LIMA, 2013).
De acordo com o artigo 39 do anexo I do Decreto 6296/2007 do Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento o armazenamento e o transporte de produtos
destinados à alimentação animal obedecerão:
I - às condições higiênico-sanitárias, de forma a manter seu padrão de identidade e
qualidade;
II - às instruções fornecidas pelo fabricante ou importador; e
III - às condições de segurança explicitadas no rótulo.
22
3.5 Antioxidantes
O uso dos antioxidantes tem a finalidade de inibir ou retardar a oxidação
lipídica de óleos, gorduras e alguns alimentos gordurosos (RAMALHO & JORGE,
2005). Na alimentação de humanos e animais seu uso foi aprovado desde 1948 com
o objetivo que aumentar a vida útil dos alimentos (VASCONCELLOS, 2011). Na
indústria de alimentos para cães e gatos eles evitam que a oxidação lipídica deixe o
alimento com cor, cheiro, sabores e valores nutricionais alterados (MENDES, 2011).
Os antioxidantes podem ser naturais ou sintéticos, os naturais são extratos
vegetais, os sintéticos são os utilizados na industrial de alimentação animal como o
BHT (Butilhidroxitolueno), BHA (Butilhidroxianisol), TBHQ (Terc-butilhidroquinona),
PG (Propilgalato) e o toxiquim (MENDES, 2011). Estes são antioxidantes primários,
pois atuam na iniciação da oxidação lipídica (CONEGLIAN, et al. 2011).
O uso de antioxidantes em elevados níveis podem apresentar toxidade aos
animais. O nível máximo recomendado é de 100 ppm ou 0,1% (VASCONCELLOS,
2011). Porém, não há comprovações de toxidade em animais pelo uso de
antioxidantes em doses controladas (MENDES, 2011). Para serem utilizados nos
alimentos, os antioxidantes devem ter eficiência na conservação da gordura, deve-se
utilizar os níveis recomendados, não ser tóxico e ter viabilidade econômica
(CONEGLIAN, et al. 2011).
3.6 Rancidez oxidativa
Com altos níveis de gordura, a rancidez oxidativa ocorre normalmente em
farinhas, porém podem também estar presentes em produtos acabados
armazenados incorretamente (LIMA, 2013).
A rancidez se inicia pela reação do oxigênio nas duplas ligações dos ácidos
graxos insaturados que compõe um lipídeo (CONEGLIAN, et al. 2011), essa reação
do oxigênio pode produzir peróxidos e radicais livres, que são quimicamente reativos
(PUPA, 2004). Quando o alimento esta com odor de ranço indica a oxidação já está
em sua fase final (BELLAVER & ZANOTTO, 2004).
Quando a ração é armazenada aberta em locais com alta umidade e altas
temperaturas podem haver formação de peróxidos que leva a produção de radicais
23
livre, álcoois, acetona e aldeídos podendo o alimento ser tóxico ao animal (LIMA,
2013).
A análise do índice de peróxido é uma forma de constatar a rancidez
principalmente em óleos e alimentos proteicos. Os valores do índice de peróxido
variam entre 0 a 20 miliequivalentes/kg, valores mais altos, pode-se constatar o odor
da rancidez (BELLAVER & ZANOTTO, 2004).
3.7 Prova de éber – (Reação para amônia)
A prova de éber é um teste que permite analisar em alimentos proteicos a
liberação da amônia que indica o inicio da degradação das proteínas. A amônia ao
reagir com o álcool clorídrico desenvolve vapores brancos formando o cloreto
amônio, NH4CL. Caso apareça fumaça branca ou espessa, significa que a amostra
esta em estado de inicio de degradação das proteínas (INSTITUTO ADOLFO LUTZ,
2005).
3.8 Teste de Rancidez - Reação de Kreiss
O objetivo da análise é determinar o processo de rancificação do alimento, que
causa alterações no odor e no sabor do alimento.
A avaliação do resultado é dado a partir da comparação com a solução de
permanganato de potássio (0,0012%). Se a coloração for rósea ou avermelhada há
presença de substâncias rançosas na amostra que foi avaliada (INSTITUTO
ADOLFO LUTZ, 2005).
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4.0 METODOLOGIA
As análises bromatológicas e de conservação das rações foram realizadas de
fevereiro a abril de 2014, no Laboratório de Nutrição Animal/DZDR da Universidade
Federal de Santa Catarina.
Foram analisadas três rações para cães adultos de diferentes marcas
comercialmente classificadas como Standard. As rações foram adquiridas em
estabelecimentos comerciais onde o critério de escolha e compra foi um teor igual de
proteína bruta e a menor variação de dias na data de fabricação.
As rações foram analisadas bromatologicamente quando abertas suas
embalagens originais (zero dia). O restante das rações foi dividido em duas partes,
uma foi armazenada em recipientes plásticos com tampas e a outra em recipientes
idênticos sem tampas (anexo – imagem 1). As rações foram misturadas duas a três
vezes ao dia, simulando o manuseio dessas quando vendidas a granel em casas
agropecuárias ou mesmo em uso pelos proprietários de cães.
4.1 Composição das Rações
A ração A tinha como composição básica descrita na embalagem: Farinha de
Carne, Farinha de Vísceras, Farelo de Bolacha, Quirera de Arroz, Milho Integral
moído, Óleo de Frango, Farelo de Trigo, Farelo de Arroz, Feijão Moído, Calcário
Calcítico, Vitamina A, Vitamina D3, Vitamina E, Vitamina 3, Vitamina B1, Vitamina
B2, Vitamina B6, Vitamina B12, Niacina, ácido Pantotênico, Biotina, Ácido Fólico,
Cloreto de Colina, Cloreto de Sódio, Sulfato Ferroso, Sulfato de Cobre, Óxido de
Zinco, Monóxido de Manganês, Selenito de Sódio, Iodato de Cálcio, Extrato de
Yucca, Aditivo Fungistático, Aditivo Adsorvente de Micotoxinas.
A ração B tinha como composição básica descrita na embalagem: Milho,
Farinha de Carne e Ossos, Farelo de Trigo, Farelo de Soja, Gordura de Frango,
Hidrolisado de Frango, Sorbato de Potássio, Ácido Propiônico, Corante,
Antioxidantes (BHA, BHT), Vitaminas (A, D3, E, K, B1, B2, B6, B12, Ácido
Pantotênico, Ácido Fólico, Niacina, Biotina, Cloreto de Colina), Minerais (Cloreto de
Sódio, óxido de Zinco, Sulfato Ferroso, Cobre Quelatado, Monóxido de Manganês,
Iodato de Cálcio, Selenito de Sódio).
25
Por fim, a ração C possuía como composição básica descrita na embalagem:
Arroz Integral, Milho Pré-Gelatizinado, Farinha de Vísceras, Farinha de Carne e
Ossos, Farinha de Trigo, Cloreto de Sódio, Premix Vitamínico Mineral e BHT como
antioxidante.
4.2 Análises Realizadas
Ao abrir as embalagens foram realizadas análises para comparar os dados
obtidos com os níveis nutricionais descritos em cada rótulo das rações. Foi
determinado os teores de matéria seca (MS), proteína bruta (PB), fibra bruta (FB),
extrato etéreo bruto (EEB) e matéria mineral (MM), de acordo com os procedimentos
de Silva e Queiroz (2009).
Para verificar a conservação das rações foram realizados testes de Éber
(reação para amônia), o teste de Rancidez de acordo com os procedimentos do
Instituto Adolfo Lutz, (2005) e o índice de peróxidos de acordo com os
procedimentos do LANAGRO – MAPA, (1981), descritas nos anexos das paginas 45
a 50.
As análises de conservação, prova de Éber e teste de rancidez, foram
realizadas com 0, 30, 60 e 90 dias do manejo. As análises do índice de peróxidos
foram realizadas em 0, 60 e 90 dias de armazenagem. De cada ração foram feitas
três repetições para melhor confiabilidade dos resultados.
Na análise do índice de rancidez como são dados subjetivos e qualitativos
foram determinadas três classes, onde foi considerado ausência de rancidez 0, os
que apresentaram um nível baixo de rancidez + ou ++ e os que apresentaram +++ a
++++ considerado um nível médio de rancidez em relação a solução padrão de
permanganato de potássio (0,0012%).
Os dados quantitativos como as análises bromatológicas e o índice de
peróxidos, foram submetidos à análise de variância utilizando nível de significância
de 5%, realizados com o programa estatístico Minitab para dados paramétricos
(MCKENZIE & GOLDMAN, 1999). Para os valores de rancidez e a prova de éber, foi
realizada análise não paramétrica de Kruskall Wallis. (0,01%).
26
5.0 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Níveis nutricionais
Os resultados das análises realizadas para comparar os níveis nutricionais com
os apresentados nas embalagens, estão na tabela 1 e 2.
Tabela 1 – Composição das rações apresentadas na embalagem:
Níveis Nutricionais embalagens (%)
Ração A Ração B Ração C
Matéria Seca (MS) 90 88 90
Umidade (max) 10 12 10
Matéria Mineral (máx) 12 12 10
Fibra Bruta (máx) 6 6 6
Extrato etéreo (mín) 7 7 8
Proteína Bruta (mín) 18 18 18
Tabela 2 – Composição bromatológica das rações, expressa na matéria natural:
Nas rações A, B e C, os teores de EEB determinados foram 51,85%; 43,14% e
81,12% acima do especificado no rótulo. Também foi observado esse mesmo efeito
com valores mais elevados de 9,5%; 12,66% e 10,33% nos níveis de PB.
Ferreira et al. (2010), analisou 14 marcas de rações comerciais nos segmentos
Econômico, Standard e Premium e Super-Premuim comparando os valores
observados nas análises e os valores informados nos rótulos. A única análise que
estava em conformidade com o rótulo das embalagens era de MS. Em relação a
Proteína Bruta 28,57% das rações analisadas não estavam em conformidade com a
Média dos níveis nutricionais analisados (%)
Ração A Ração B Ração C EP P
Matéria Seca (MS) 92,19a 91,87a 94,55b 0,128 <0,01
Umidade 7,810a 8,130a 5,447b 0,128 <0,01
Matéria Mineral (MM) 11,693a 8,633b 9,150b 0,301 <0,01
Fibra Bruta (FB) 9,950a 4,920b 3,227b 1,215 0,006
Extrato Etéreo (EEB) 10,63 10,02 14,49 2,561 0,182
Proteína Bruta (PB) 19,71 20,28 19,86 0,384 0,278 *Médias na mesma linha, seguidas de letras distintas diferem entre si no teste de Tuey (P<0,05).
EP = erro padrão
P = nível de significância
27
embalagem. Os piores resultados estavam na composição de Extrato Etéreo Bruto
(Gordura bruta), com 85,71% das rações não conformes e Fibra Bruta com 71,43%
não conforme com a embalagem.
Outro estudo realizado por Carciofi et al. (2006), em que avaliaram 49 marcas
de rações nos segmentos econômico, Standard e Super-premium, determinou a
composição nutricional e avaliou as informações contidas nos rótulos dessas rações.
Os autores concluiram que do segmento econômico, 44,4% das rações analisadas
possuíam um teor maior de fibra bruta e 33,3% menos proteína bruta que as
informações descritas na embalagem. Nos produtos Standards para cães adultos,
14,3% das rações não estavam em conformidade com o teor de proteína descrito.
Nas rações para filhotes, 14,2% apresentavam mais fibra bruta e 28,6% menos
proteína bruta que estava sendo informada no rótulo. Por fim, nas rações super-
premium 20% possuíam menos PB, 20% mais teor de fibra e não apresentavam
valores para Extrato Etéreo.
Entretanto, a analise nutricional de nove rações secas para cães adultos,
realizada por Silva et al. (2010), indicou conformidade em todas com os valores
indicados nos rótulos.
Em relação às frações analisadas MM e FB, os valores obtidos para a ração A
foram significativamente (P<0,05) maior que os teores das rações B e C. A ração A
apresentou 65,83% a mais de FB em relação à embalagem. As rações B e C
apresentaram valores de 18% e 46,21% menores que os níveis rotulados,
respectivamente. Em relação a MM, todos os valores ficaram dentro do limite
máximo descrito na embalagem.
Quanto ao valor da FB, Carcifori et al. (2009), analisando a composição
química, digestibilidade aparente e energia metabolizável de 16 rações de diferentes
marcas nos segmentos Econômico, Premium e Super-premium, também
encontraram na análise química resultados de FB maiores do que estava descrito na
embalagem. Nove marcas apresentavam um valor acima do que estava declarado. E
ainda, uma marca estava com o valor acima do permitido pela legislação brasileira
que era de 6,5%.
Com relação aos teores de MS, a ração C apresentou um teor de umidade
significativamente (P<0,05) menor que as rações A e B. As rações são 2,43%;
4,39% e 5,05% mais secas que o rotulado, respectivamente, parte desta redução da
umidade se deve provavelmente ao uso de um maior teor de gordura bruta nestas
28
rações. Rações com maior teor de EEB devem ter menor conteúdo de água (LIMA,
2013).
5.2 Índice de Peróxido
Nas tabelas 3, 4 e 5 são apresentadas as análises relativas ao índice de
peróxidos, considerando as três rações, o manejo (recipientes abertos e fechados) e
suas interações.
Na tabela 3, pode-se visualizar a diferença no índice de peróxido entre as três
rações na abertura das embalagens. Houve diferença significativa (P<0,05) entre as
três rações na abertura da embalagem. As rações B e C, embora diferentes estre si,
apresentaram um índice de peroxido aproximadamente 50% menor que a ração A
na abertura da embalagem. Acredita-se, que parte deste resultado se deve ao fato
de que a ração A não apresenta na sua embalagem indicação de que tenha sido
usado um antioxidante, enquanto que nas outras duas foi utilizado BHA + BHT na
ração B e BHT na ração C. Este aumento significativo na oxidação quando se
compara a ração A em relação às rações B e C se repete nas analises feitas aos 60
e aos 90 dias.
Considerando a conservação de cada ração aos 60 e 90 dias, a evolução do
índice de peróxido não foi significativa (P<0,05).
Com relação ao procedimento de armazenagem visualizado na tabela 4,
recipiente aberto ou fechado, com exceção do dia 0 (abertura da embalagem), os
índices de peróxidos foram significativamente (P<0,05) maiores nas rações que
permaneceram abertas em relação às rações que estavam fechadas.
29
Tabela 3 – Analise do índice de peróxidos considerando as três rações em três períodos de tempo de armazenagem, 0, 60 e 90 dias.
Índice de Peróxido
Ração A Ração B Ração C Valor de P EP
Dia zero 40,45aB 17,12cA 23,66bA <0,01 0,064
Dia 60 53,89aA 22,53bAB 21,74bA <0,01 1,383
Dia 90 57,99Aa 23,03bB 24,74bA <0,01 1,411
Valor de P 0,012 0,051 0,107 - -
Erro Padrão 8,417 3,990 2,218 - -
Médias seguidas de letras minúsculas iguais na linha não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).
Médias seguidas de letras maiúsculas iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
EP = erro padrão
Valor de P = nível de significância
Tabela 4 – Índice de peróxido em três períodos em relação à forma de armazenamento: recipientes abertos e fechados nos diferentes tratamentos.
Índice de Peróxido
Recipiente aberto
Recipiente Valor de P EP Fechado
Dia zero 27,08 A 27,08B 1,000 0,05
Dia 60 39,94aB 25,50bB <0,01 1,12
Dia 90 39,06aB 31,45bA <0,01 1,15
Valor de P 0,003 0,000 - -
EP 7,433 2,406 - -
Médias seguidas de letras minúsculas iguais na linha não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).
Médias seguidas de letras maiúsculas iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05).
EP = erro padrão Valor de P = nível de significância
Tabela 5- Índice de peróxido em três períodos em relação a situação dos recipientes: abertos e fechados para as três rações analisadas:
Índice de Peróxido
Recipiente aberto Recipiente fechado Valor de P
EP Ração A Ração B Ração C Ração A Ração B Ração C
Dia zero 40,45aB 17,12cB 23,66bA 40,45aB 17,12cA 23,66bA <0,01 0,091
Dia 60 67,75a A 26,02cA 25,15cA 40,04bB 18,14cA 18,33cB <0,01 1,956
Dia 90 69,40a A 23,03cAB 24,74cA 46,59bA 23,03cA 24,73cA <0,01 1,995
Valor de P 0,001 0,032 0,120 0,000 0,209 0,000 - -
EP 3,582 2,812 0,683 0,497 3,554 0,460 - - Médias seguidas de letras minúsculas iguais na linha não diferem entre si pelo teste Tukey (P<0,05).
Médias seguidas de letras maiúsculas iguais na coluna não diferem entre si pelo teste de Tukey (P<0,05). Valor de P = nível de significância
EP = erro padrão
30
Observa-se na tabela 5, que houve uma interação significativa (P<0,05) aos 60
e 90 dias da abertura das embalagens entre a ração A no recipiente aberto e a ração
A no recipiente fechado. Estas interações não ocorreram nas rações B e C, em
recipientes abertos a fechados. Na ração A houve um aumento significativo (P<0,05)
entre a abertura da embalagem (dia zero), em relação aos outros períodos.
Enquanto nas rações B e C permaneceram com índices de peróxidos não
significativos em relação ao dia zero.
A ração A, que não informa o uso do antioxidante, teve menor oxidação quando
mantida fechada, enquanto que nas rações B e C, observa-se menor variação entre
os recipientes abertos e fechados.
Racanicci et al. (2000), analisou o efeito da ação do antioxidante BHT e do
armazenamento sobre a qualidade da farinha de carne e ossos para frangos. As
farinhas foram armazenadas sem o antioxidante e com 500mg de BHT/kg em
diferentes dias de armazenamento. Os resultados mostraram desenvolvimento do
índice de peróxido na amostra sem BHT a partir da segunda semana de
armazenamento, ao longo dos dias o índice de peróxido aumentou
consideravelmente chegando a 80meq/kg aos 56 dias de armazenamento. Quando
o BHT foi adicionado em 0 e 7 dias de armazenamento, o índice de peróxido
manteve-se zero. Porém, nas amostras que foram adicionadas com 14, 21 e 28 dias
de armazenamento o BHT não obteve efeito, pois as farinhas já estavam em
processo de oxidação.
Estudos semelhantes foram realizas por Fischer et al, (2005) que avaliou a
peroxidação em amostras de milho protegidas ou não por etoxiquim, com 0, 7, 14,
21 dias de armazenamento. Os autores concluíram que a adição de etoxiquim as
amostras afetou o índice de peróxido o que retardou a peroxidação, porém o efeito
do antioxidante foi diminuindo de acordo com o avanço dos dias de armazenamento.
O estudo do efeito do antioxidante BHT no armazenamento de torta de girassol
realizado por Gabriel et al (2013), mostraram que todas os sacos de tortas de
girassol submetidos ao tratamento com BHT antes de armazenadas e 7, 14 e 21
dias após o armazenamento rancificaram no sétimo dia de armazenamento.
Lima et al (2013), correlacionou atividade da água, umidade, acidez,
peroxidação lipídica, teores de lipídeo e proteína e tamanho do extrusado em rações
em pacotes abertos e fechados durante 60 dias. Obteve uma relação positiva para
as embalagens abertas entre o tempo, umidade de água e peroxidação.
31
Quando a ração é armazenada aberta em locais com alta umidade e altas
temperaturas podem haver a existência de peróxidos que leva a formação de
radicais livre, álcoois, acetona e aldeídos podendo o alimento ser tóxico ao animal
(LIMA, 2013).
5.3 Análise de Rancidez
De acordo com o escore subjetivo e visual proposto, não foram observadas
ocorrências de rancidez (ou rancificação) nos períodos de 30 e 60 dias de
armazenamento para rações abertas ou fechadas, nos três tratamentos em estudo.
Uma vez que todos os escores ficaram entre zero e 1, que são escores
considerados de nenhuma até baixa rancidez, respectivamente (Tabela 6).
Tabela 6 – Análise subjetiva do escore de rancidez das três rações em estudo nas diferentes formas de armazenamento: recipientes abertos e fechados.
Tipo de armazenamento
Tratamento ou ração Repetição
*Escore de rancidez
aos 30 dias
*Escore de rancidez aos
60 dias
*Escore de rancidez
aos 90 dias
Abertas 1 1 1 1 2
Abertas 1 2 1 1 2
Abertas 1 3 0 0 1
Abertas 2 1 0 1 1
Abertas 2 2 0 1 1
Abertas 2 3 0 1 1
Abertas 3 1 1 1 2
Abertas 3 2 1 1 2
Abertas 3 3 1 1 2
Fechadas 1 1 0 1 1
Fechadas 1 2 0 1 1
Fechadas 1 3 0 0 1
Fechadas 2 1 0 1 1
Fechadas 2 2 0 1 1
Fechadas 2 3 0 1 1
Fechadas 3 1 0 1 1
Fechadas 3 2 0 1 1
Fechadas 3 3 0 1 1 *Escore 0 = sem rancidez, escore 1 = baixa rancidez, escore 2 = média rancidez.
Aos 90 dias foram observadas mudanças, ocorrendo visualização de escore 2,
que é considerado de média rancidez, ou seja, quando é passível de cuidados pois
já existe um processo visual de alterações (anexo – imagens 6 e 7).
32
De acordo com a Tabela 7, observam-se mudanças quando comparadas as
rações quanto o seu modo de conservação (ou armazenamento), onde 55,5% das
rações em recipientes abertos apresentaram processo médio de rancidez, enquanto
que as rações nos recipientes fechados houve um baixo processo de rancidez.
Tabela 7 – Escore de rancidez aos 90 dias de armazenamento para
embalagens abertas e fechadas das rações em estudo.
Escore de rancidez
Forma de armazenamento
Abertas Fechadas
0 - -
1 4 9
2 5 -
Total 9 9
% escore 2* 55,5% a 0% b *Escore 2, considerado de média rancidez. Percentagens com letras diferentes na mesma linha indicam diferença através do teste não paramétrico de Kruskall Wallis. (0,01%). n= 9 (três rações com três repetições, armazenadas em recipientes abertos e fechados).
Em relação aos tratamentos (Tabela 8), observa-se uma maior rancificação aos
90 dias para a ração C, que obteve metade das suas rações com médio processo de
rancificação. As rações que apresentaram este escore foram justamente aquelas
que foram mantidas em recipientes abertos ao final dos 90 dias de observação.
Tabela 8 – Escore de rancidez aos 90 dias de armazenamento para as três rações em estudo.
Escore de rancidez
Tratamentos ou Rações
Ração A Ração B Ração C
0 - - -
1 4 6 3
2 2 - 3
Total 6 6 6
% escore 2* 33,3% a 0% a 50% a *Escore 2, considerado de média rancidez. Percentagens com letras diferentes na mesma linha indicam diferença através do teste não paramétrico de Kruskall Wallis. (0,01%). n= 6 (três recipientes abertos e três recipientes fechados de cada ração).
Logo, é possível observar que quando as rações são conservadas fechadas,
não é observado um processo considerável de rancificação até os 90 dias de
armazenamento através deste tipo de análise. Somente ocorre processo médio de
rancificação em situações que as embalagens são mantidas abertas no
armazenamento, fato observado em 55,5% das amostras ao final de 90 dias.
33
Houve uma tendência de evolução na rancidez das rações com maiores efeitos
nas rações abertas, mas independente do uso ou não de antioxidantes, todas as
rações apresentaram certo grau de rancidez aos 90 dias.
Por ser uma técnica onde os resultados tem uma avaliação subjetiva (observar
imagens 3 e 4 em anexo), é recomendável analisa-la associada a outros testes de
conservação da ração.
Oliveira et al. (2009), avaliou a viabilidade da composição química, física e
microbiológica em 10 farinhas e carne e ossos comercializadas no Oeste do Paraná.
Ao analisar índice de peróxido, acidez e teste de éber, os autores constataram uma
das dez farinhas analisadas valores positivos a índice de peróxido e acidez que
indicam a deterioração da gordura. Ao teste de éber, os resultados indicaram que
30% das farinhas analisadas estavam em processo de decomposição por ação das
enzimas.
5.4 Prova de éber
Nas analises de éber, que indicam a degradação das proteínas, não foram
observados a presença de fumaça branca ou espessa quando as amostras foram
submetidas ao álcool clorídrico (anexo – imagem 9).
Tabela 9 – Analise da prova de éber em relação em relação a situação das embalagens: abertas e fechadas, em quatro períodos de tempo 0, 30, 60 e 90 dias:
Prova de éber Recipiente
aberto Recipiente
fechado
Dia zero Negativo Negativo
Dia 30 Negativo Negativo
Dia 60 Negativo Negativo
Dia 90 Negativo Negativo
Analisando os resultados dos testes de conservação utilizados, observa-se que
a sensibilidade de cada teste é diferente, e dois deles (teste de rancidez e prova de
éber), são analises subjetivas, o que se recomenda realizar um conjunto de analises
para uma melhor avaliação da oxidação das rações.
34
Apesar do teste de peróxido dar resultados quantitativos, a determinação pode
sofrer variações em relação aos pigmentos utilizados nas rações. Rações com
pigmentações avermelhadas dificultam a percepção da titulação no teste de
peróxido.
35
6.0 CONCLUSÃO
A composição nutricional das rações analisadas de uma mesma categoria
comercial (Standard), apresentaram divergências em relação as especificações
descritas nas embalagens.
Para uma melhor avaliação do estado de conservação das rações, deve-se
considerar um conjunto de análises devido à divergência de resultados nas
diferentes técnicas.
Manter as rações em recipientes fechados após a abertura da embalagem
auxilia na redução do processo oxidativo.
36
7.0 REFERÊNCIAS
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37
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42
8.0 ANEXOS
Preparo das amostras:
Imagem 1 – Armazenagens das rações experimentais, recipientes abertos e fechados.
Imagem 2 - Pesagem das amostras. Imagem 3 – Moagem das amostras para realização das análises.
43
Análise do índice de Peróxido:
Imagem 4 – Preparação das amostra para adição do clorofórmio.
Imagem 5 – Gordura em cápsula de porcelana após Banho-maria.
Análise da Rancidez:
Imagem 6 - Análise de rancidez na abertura da embalagem, zero dia.
Imagem 7 - Análise de rancidez aos 90 dias de teste.
44
Prova de Éber (reação para amônia):
Imagem 8 - Análise de éber: presença da fumaça branca na amostra testemunha com uma farinha
deteriorada.
Imagem 9– Análise de éber: utilização de uma amostra da ração, sem presença da fumaça branca.