UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓS … · implementação de métodos matemáticos...

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i UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA DETECÇÃO DE ERROS PLANTA-MODELO EM SISTEMAS DE CONTROLE PREDITIVO (MPC) UTILIZANDO TÉCNICAS DE INFORMAÇÃO MÚTUA Diego Déda Gonçalves Brito Cruz São Cristóvão SE, Brasil Março de 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA ELÉTRICA

DETECÇÃO DE ERROS PLANTA-MODELO EM SISTEMAS DE

CONTROLE PREDITIVO (MPC) UTILIZANDO TÉCNICAS DE

INFORMAÇÃO MÚTUA

Diego Déda Gonçalves Brito Cruz

São Cristóvão – SE, Brasil

Março de 2017

ii

DETECÇÃO DE ERROS PLANTA-MODELO EM SISTEMAS DE

CONTROLE PREDITIVO (MPC) UTILIZANDO TÉCNICAS DE

INFORMAÇÃO MÚTUA

Diego Déda Gonçalves Brito Cruz

São Cristóvão – SE, Brasil

Março de 2017

Dissertação de Mestrado apresentada ao

Programa de Pós-Graduação em Engenharia

Elétrica – PROEE, da Universidade Federal de

Sergipe, como parte dos requisitos necessários à

obtenção do título de Mestre em Engenharia

Elétrica.

Orientador: Prof. Dr. Oscar A. Z. Sotomayor

FICHA CATALOGRÁFICA ELABORADA PELA BIBLIOTECA CENTRAL UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

C957d

Cruz, Diego Déda Gonçalves Brito Detecção de erros planta-modelo em sistemas de controle

preditivo (MPC) utilizando técnicas de informação mútua / Diego Déda Gonçalves Brito Cruz ; orientador Oscar A. Z. Sotomayor. – São Cristóvão, 2017.

135 f. ; il. Dissertação (mestrado em Engenharia Elétrica) – Universidade

Federal de Sergipe, 2017.

1. Engenharia elétrica. 2. Controle preditivo. 3. Modelos lineares (Estatística). 4. Correlação (Estatística). I. Sotomayor, Oscar A. Z., orient. II. Título.

CDU: 621.3

iv

Aos meus pais, Manoel e Lindenil,

aos meus irmãos, Victor e Mirelle,

à minha noiva, Isla e à família da

minha noiva, Ivan, Cássia e Ian.

v

Agradecimentos

Primeiramente a Deus por me abençoar nesta caminhada acadêmica, me dando

forças para que eu pudesse alcançar os meus objetivos. Sou grato também ao Senhor por

me manter firme na conclusão deste trabalho.

Aos meus pais Manoel e Lindenil, pessoas admiráveis e exemplos de vida, que

sempre me ensinaram que o caráter, a honestidade e a humildade são virtudes essenciais

para lograr êxito na vida.

A minha noiva Isla um agradecimento especial, pelo amor, dedicação, carinho,

compreensão e apoio. Muito obrigado pelo incentivo incondicional e por ter acreditado

sempre em mim.

Aos meus irmãos Mirelle, Victor, pelo incentivo, carinho e compreensão,

presentes durante todo o tempo.

A família da minha noiva, Ivan, Cássia e Ian, por todo carinho, apoio

incondicional e incentivo dados.

Ao professor Dr. Oscar por toda contribuição e orientação deste trabalho.

Aos professores Jugurta e Jânio pelas sugestões e contribuições no

desenvolvimento do trabalho.

A todos os meus amigos, em especial Stephanie e Lívia pelas contribuições ao

trabalho.

Ao PRH/ANPUFS-45 e a CAPES pelo auxílio financeiro.

vi

Resumo da Dissertação apresentada ao PROEE/UFS como parte dos requisitos

necessários para a obtenção do grau de Mestre (Me.)

DETECÇÃO DE ERROS PLANTA-MODELO EM SISTEMAS DE CONTROLE

PREDITIVO (MPC) UTILIZANDO TÉCNICAS DE INFORMAÇÃO MÚTUA

Diego Déda Gonçalves Brito Cruz

Março/2017

Orientador: Prof. Dr. Oscar A. Z. Sotomayor

Programa: Engenharia Elétrica

Estratégias de controle preditivo (MPC) têm-se tornado o padrão para aplicações de

controle avançado na indústria de processos. Os benefícios significativos são gerados a

partir da habilidade do controlador MPC de assegurar que a planta opere dentro das

restrições de forma mais lucrativa. Porém, como todo controlador, depois de algum tempo

em operação, os MPCs raramente funcionam como quando foram inicialmente

projetados. Uma grande porcentagem da degradação do desempenho dos controladores

MPC está associada à deterioração do modelo que o controlador usa para fazer a predição

das saídas do processo e calcular as entradas. O objetivo do presente trabalho é a

implementação de métodos matemáticos que possam ser utilizados para a detecção de

erros planta-modelo em sistemas de controle MPC lineares e não lineares. Neste trabalho,

técnicas baseadas em correlação cruzada, correlação parcial e informação mútua são

implementadas e testadas por simulação numérica em estudos de caso característicos da

indústria petroquímica, representados por modelos lineares e não lineares, operando sob

controle MPC. Os resultados obtidos através da aplicação das técnicas são analisados e

comparados quanto à sua eficiência no objetivo proposto avaliando seu potencial para

aplicações industriais reais.

Palavras chaves: Detecção de erro planta-modelo, controle preditivo, correlação

cruzada, correlação parcial e informação mútua.

vii

Abstract of Dissertation presented to PROEE/UFS as a partial fulfillment of the

requirements for the degree of Master

DETECTING PLANT-MODEL MISMATCH IN PREDICTIVE CONTROL

SYSTEMS (MPC) USING MUTUAL INFORMATION TECHNIQUES

Diego Déda Gonçalves Brito Cruz

March/2017

Advisors: Prof. Dr. Oscar A. Z. Sotomayor

Department: Electrical Engineering

Model predictive control (MPC) strategies have become the standard for advanced

control applications in the process industry. Significant benefits are generated from the

MPC's capacity to ensure that the plant operates within its constraints more profitably.

However, like any controller, after some time under operation, MPCs rarely function as

when they were initially designed. A large percentage of performance degradation of

MPC is associated with the deterioration of model that controller uses to predict process

outputs and calculate inputs. The objective of the present work is implementation of

mathematical methods that can be used to detect model-plant mismatch in linear and non-

linear MPC systems. In this work, techniques based on cross correlation, partial

correlation and mutual information are implemented and tested by numerical simulation

in case studies characteristic of the petrochemical industry, represented by linear and

nonlinear models, operating under MPC control. The results obtained through the

applying the techniques are analyzed and compared as to their efficiency is not intended

to offer their potential for real industrial applications.

Keywords: Plant-model mismatch, predictive control, cross-correlation, partial

correlation and mutual information.

viii

Sumário

Lista de Figuras .............................................................................................................. xi

Lista de Abreviaturas ................................................................................................. xvii

Lista de Símbolos ......................................................................................................... xix

Capítulo 1 ......................................................................................................................... 1

Introdução ..................................................................................................................... 1

1.1 Motivação ........................................................................................................... 1

1.2 Objetivos ............................................................................................................. 3

1.3 Revisão bibliográfica .......................................................................................... 3

1.4. Estrutura do trabalho .......................................................................................... 8

1.5. Publicações ........................................................................................................ 9

Capítulo 2 ....................................................................................................................... 10

Controladores Preditivos (MPC) ................................................................................ 10

2.1 Controle de Processos Industriais ..................................................................... 10

2.2 O MPC .............................................................................................................. 11

2.2.1 Sistema MIMO .......................................................................................... 14

2.2.2 O Controlador QDMC ............................................................................... 14

2.2.3 Representação do MPC utilizando IMC .................................................... 16

2.2.4 O Modelo do MPM .................................................................................... 17

2.2.5 Importância do Set-Point ........................................................................... 18

Capítulo 3 ....................................................................................................................... 20

Métodos de Detecção Linear e Não Linear de MPM ................................................. 20

3.1 Correlação Cruzada ........................................................................................... 20

3.2 Correlação Parcial ............................................................................................. 29

3.2.1 Correlação Parcial por Badwe ................................................................... 31

3.3 Informação Mútua ............................................................................................. 33

ix

3.3.1 Estimação da MI – K Vizinhos Mais Próximos (KNN) ............................ 35

3.3.2 Aplicação Teste do Método da Informação Mútua por KNN ................... 39

3.3.3 Estimação da MI – Histograma ................................................................. 41

3.3.4 Aplicação Teste do Método da Informação Mútua por Histograma ......... 42

Capítulo 4 ....................................................................................................................... 51

Processo da Coluna de Destilação Binária e Detecção de MPM Linear .................... 51

4.1 Introdução ......................................................................................................... 51

4.2 Descrição do Processo ...................................................................................... 52

4.4 Sinais de Excitação Aplicados .......................................................................... 55

4.5 Caso 1 ............................................................................................................... 56

4.6 Caso 2 ............................................................................................................... 62

4.7 Caso 3 ............................................................................................................... 68

Capítulo 5 ....................................................................................................................... 74

Estudo de Caso da Unidade de FCC e Detecção de MPM Não Linear ...................... 74

5.1 Introdução ......................................................................................................... 74

5.2 Descrição do Processo ...................................................................................... 75

5.3 Controle da Unidade FCC ................................................................................. 76

5.4 MPC em Duas Camadas ................................................................................... 77

5.5 Estratégia de Controle por Faixas ..................................................................... 79

5.6 Controle MPC da Unidade FCC ....................................................................... 80

5.6 Caso 1 ............................................................................................................... 83

5.7 Caso 2 ............................................................................................................... 89

5.8 Caso 3 ............................................................................................................... 95

Capítulo 6 ..................................................................................................................... 101

Conclusões e Recomendações de Trabalhos Futuros ............................................... 101

Referências Bibliográficas .......................................................................................... 103

Apêndice A ................................................................................................................... 109

x

Identificação por Subespaços .................................................................................... 109

A.1 Introdução ...................................................................................................... 109

A.2 Os métodos de identificação por subespaços ................................................. 110

A.3 Exemplo Prático ............................................................................................. 112

xi

Lista de Figuras

Figura 1.1: Diagrama de fluxo de causas de degradação do desempenho do controlador

MPC (adaptação de Naidoo, 2010) ................................................................................... 1

Figura 2.1: Visão geral do sistema de controle de processos industriais (adaptação de

Carlsson, 2010) ............................................................................................................... 10

Figura 2.2: Esquema de implementação dos algoritmos MPC. ...................................... 12

Figura 2.3: Estrutura do controlador MPC. .................................................................... 13

Figura 2.4: Estrutura de controle por modelo interno (IMC) em malha fechada (Badwe et

al., 2009). ........................................................................................................................ 17

Figura 3.1: Ilustração de forte relação linear através de instâncias das variáveis 𝒙 e 𝒚.

Cada ponto é uma instância observada do par (𝒙,𝒚)....................................................... 25

Figura 3.2: Ilustração de ausência de relação linear através de instâncias das variáveis 𝒙

e 𝒚. Cada ponto é uma instância observada do par (𝒙,𝒚). .............................................. 25

Figura 3.3: Variáveis x com aplicação de um atraso. ..................................................... 26

Figura 3.4: Correlação cruzada entre variáveis linearmente dependentes. ..................... 26

Figura 3.5: Correlação cruzada entre variáveis sem relação linear. ............................... 27

Figura 3.6: Correlação cruzada de uma variável aleatória com ela mesma

(autocorrelação). ............................................................................................................. 27

Figura 3.7: Variáveis com dependência não linear. ........................................................ 28

Figura 3.8: Correlação cruzada entre variáveis com relações não lineares. ................... 29

Figura 3.9: Interpretação gráfica da correlação parcial (adaptação de Carlsson, 2010). 30

Figura 3.10: Relação entre entropia e informação mútua (adaptação de Cover e Thomas,

2005) ............................................................................................................................... 34

Figura 3.11: Gráfico da função digama. ......................................................................... 37

Figura 3.12: Determinação de 𝜖𝑖, 𝑛𝑥𝑖 e 𝑛𝑦𝑖 no primeiro algoritmo, para 𝑘 = 1 (𝑛𝑥𝑖 = 2

e 𝑛𝑦𝑖 = 6) ....................................................................................................................... 37

Figura 3.13: Determinação de 𝜖𝑥𝑖, 𝜖𝑦𝑖, 𝑛𝑥𝑖 e 𝑛𝑦𝑖 no segundo algoritmo para um mesmo

ponto, com 𝑘 = 2 (𝑛𝑥𝑖 = 6 e 𝑛𝑦𝑖 = 5) .......................................................................... 38

Figura 3.14: Determinação de 𝜖𝑥𝑖, 𝜖𝑦𝑖, 𝑛𝑥𝑖 e 𝑛𝑦𝑖 no segundo algoritmo para pontos

diferentes, com 𝑘 = 2 (𝑛𝑥𝑖 = 5 e 𝑛𝑦𝑖 = 2) ................................................................... 39

Figura 3.15: Estimação da MI através do método por KNN entre variáveis linearmente

dependentes. .................................................................................................................... 40

xii

Figura 3.16: Estimação da MI através do método por KNN entre variáveis aleatórias

descorrelacionadas. ......................................................................................................... 40

Figura 3.17: Estimação da MI através do método por KNN entre variáveis com relação

não linear. ........................................................................................................................ 41

Figura 3.18: Estimativa da PDF de 𝑥 no caso de sinais linearmente dependentes. ........ 43

Figura 3.19: Estimativa da PDF de 𝑦 no caso de sinais linearmente dependentes. ........ 44

Figura 3.20: Estimativa da PDF conjunta formada por x e y no caso de sinais linearmente

dependentes. .................................................................................................................... 44

Figura 3.21: Estimação da MI através do método por histograma entre variáveis

linearmente dependentes. ................................................................................................ 45

Figura 3.22: Semelhança entre a estimação da MI através dos métodos por histograma e

KNN entre duas variáveis linearmente dependentes. ..................................................... 45

Figura 3.23: Estimativa da PDF de x no caso de sinais sem dependência linear. .......... 45

Figura 3.24: Estimativa da PDF de y no caso de sinais sem dependência linear. .......... 46

Figura 3.25: Estimativa da PDF conjunta formada por x e y no caso de sinais sem

dependência linear. ......................................................................................................... 46

Figura 3.26: Estimação da MI através do método por histograma entre variáveis aleatórias

descorrelacionadas. ......................................................................................................... 47

Figura 3.27: Semelhança entre a estimação da MI através dos métodos por histograma e

KNN entre duas variáveis aleatórias descorrelacionadas. .............................................. 47

Figura 3.28: Estimativa da PDF de x no caso de sinais com dependência não linear. ... 48

Figura 3.29: Estimativa da PDF de y no caso de sinais com dependência não linear. ... 48

Figura 3.30: Estimativa da PDF conjunta formada por x e y no caso de sinais com

dependência não linear. ................................................................................................... 49

Figura 3.31: Estimação da MI através do método por histograma entre variáveis com

relação não linear. ........................................................................................................... 49

Figura 3.32: Semelhança entre a estimação da MI através dos métodos por histograma e

KNN entre duas variáveis com relação não linear. ......................................................... 50

Figura 4.1: Representação de uma coluna de destilação. ............................................... 52

Figura 4.2: Simulador da coluna de destilação binária de Wood e Berry (1973). .......... 55

Figura 4.3: Modelos de sinais PRBS. ............................................................................. 56

Figura 4.4: Sinais PRBS de excitação e variáveis controladas do processo da coluna de

destilação binária de Wood-Berry – Caso 1. .................................................................. 56

xiii

Figura 4.5: Sinais das variáveis manipuladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood-Berry – Caso 1. ............................................................................................... 57

Figura 4.6: Sinais dos erros do modelo do processo da coluna de destilação binária de

Wood-Berry – Caso 1. .................................................................................................... 58

Figura 4.7: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do

modelo do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 1. ............ 58

Figura 4.8: Correlações cruzadas do processo da coluna de destilação binária de Wood-

Berry – Caso 1. ............................................................................................................... 59

Figura 4.9: Correlações parciais do processo da coluna de destilação binária de Wood-

Berry – Caso 1. ............................................................................................................... 59

Figura 4.10: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo da coluna de

destilação binária de Wood-Berry – Caso 1. .................................................................. 60

Figura 4.11: Estimativas das PDFs dos erros do modelo processo da coluna de destilação

binária de Wood-Berry – Caso 1. ................................................................................... 60

Figura 4.12: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e

erros do modelo do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry - Caso 1.61

Figura 4.13: Informações mútuas através do KNN do processo da coluna de destilação

binária de Wood-Berry – Caso 1. ................................................................................... 61

Figura 4.14: Informações mútuas através de histograma do processo da coluna de

destilação binária de Wood-Berry – Caso 1. .................................................................. 62

Figura 4.15: Sinais PRBS de excitação e variáveis controladas do processo da coluna de

destilação binária de Wood-Berry – Caso 2. .................................................................. 63

Figura 4.16: Sinais das variáveis manipuladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood-Berry – Caso 2. ............................................................................................... 63

Figura 4.17: Sinais dos erros do modelo do processo da coluna de destilação binária de

Wood-Berry – Caso 2. .................................................................................................... 64

Figura 4.18: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do

modelo do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 2. ............ 64

Figura 4.19: Correlações cruzadas do processo da coluna de destilação binária de Wood-

Berry – Caso 2. ............................................................................................................... 65

Figura 4.20: Correlações parciais do processo da coluna de destilação binária de Wood-

Berry – Caso 2. ............................................................................................................... 65

xiv

Figura 4.21: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo da coluna de

destilação binária de Wood-Berry – Caso 2. .................................................................. 66

Figura 4.22: Estimativas das PDFs dos erros do modelo processo da coluna de destilação

binária de Wood-Berry – Caso 2. ................................................................................... 66

Figura 4.23: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e

erros do modelo do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry - Caso 2.67

Figura 4.24: Informações mútuas através do KNN do processo da coluna de destilação

binária de Wood-Berry – Caso 2. ................................................................................... 67

Figura 4.25: Informações mútuas através de histograma do processo da coluna de

destilação binária de Wood-Berry – Caso 2. .................................................................. 68

Figura 4.26: Sinais PRBS de excitação e variáveis controladas do processo da coluna de

destilação binária de Wood-Berry – Caso 3. .................................................................. 68

Figura 4.27: Sinais das variáveis manipuladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood-Berry – Caso 3. ............................................................................................... 69

Figura 4.28: Sinais dos erros do modelo do processo da coluna de destilação binária de

Wood-Berry – Caso 3. .................................................................................................... 69

Figura 4.29: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do

modelo do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 3. ............ 70

Figura 4.30: Correlações cruzadas do processo da coluna de destilação binária de Wood-

Berry – Caso 3. ............................................................................................................... 70

Figura 4.31: Correlações parciais do processo da coluna de destilação binária de Wood-

Berry – Caso 3. ............................................................................................................... 71

Figura 4.32: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo da coluna de

destilação binária de Wood-Berry – Caso 3. .................................................................. 71

Figura 4.33: Estimativas das PDFs dos erros do modelo processo da coluna de destilação

binária de Wood-Berry – Caso 3. ................................................................................... 72

Figura 4.34: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e

erros do modelo do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry - Caso 3.72

Figura 4.35: Informações mútuas através do KNN do processo da coluna de destilação

binária de Wood-Berry – Caso 3. ................................................................................... 73

Figura 4.36: Informações mútuas através de histograma do processo da coluna de

destilação binária de Wood-Berry – Caso 3. .................................................................. 73

Figura 5.1: Esquema simplificado da unidade de FCC da REVAP. ............................... 76

xv

Figura 5.2: Controle MPC em duas camadas. ................................................................ 77

Figura 5.3: Implementação do simulador do sistema FCC. ............................................ 82

Figura 5.4: Sinal de excitação introduzido nos coeficientes econômicos 𝑊1. ............... 83

Figura 5.5: Sinais variáveis controladas do processo FCC - Caso 1. ............................. 84

Figura 5.6: Sinais variáveis manipuladas do processo FCC - Caso 1. ............................ 84

Figura 5.7: Sinais dos erros do modelo do processo FCC - Caso 1. ............................... 85

Figura 5.8: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do

modelo do processo FCC do - Caso 1. ............................................................................ 85

Figura 5.9: Correlações cruzadas do processo FCC - Caso 1. ........................................ 86

Figura 5.10: Correlações parciais do processo FCC do caso 1. ...................................... 86

Figura 5.11: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo FCC – Caso 1.

........................................................................................................................................ 87

Figura 5.12: Estimativas das PDFs dos erros do modelo do processo FCC – Caso 1. ... 87

Figura 5.13: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e

erros do modelo do processo FCC – Caso 1. .................................................................. 88

Figura 5.14: Informações mútuas através de KNN do processo FCC – Caso 1. ............ 88

Figura 5.15: Informações mútuas através de histograma do processo FCC – Caso 1. ... 89

Figura 5.16: Sinais das variáveis controladas do processo FCC - Caso 2. ..................... 90

Figura 5.17: Sinais das variáveis manipuladas do processo FCC - Caso 2. ................... 90

Figura 5.18: Sinais dos erros do modelo do processo FCC - Caso 2. ............................. 91

Figura 5.19: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do

modelo do processo FCC do - Caso 2. ............................................................................ 91

Figura 5.20: Correlações cruzadas do processo FCC - Caso 2. ...................................... 92

Figura 5.21: Correlações parciais do processo FCC - Caso 2. ....................................... 92

Figura 5.22: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo FCC – Caso 2.

........................................................................................................................................ 93

Figura 5.23: Estimativas das PDFs dos erros do modelo do processo FCC – Caso 2. ... 93

Figura 5.24: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e

erros do modelo do processo FCC – Caso 2. .................................................................. 94

Figura 5.25: Informações mútuas através de KNN do processo FCC – Caso 2. ............ 94

Figura 5.26: Informações mútuas através de histograma do processo FCC – Caso 2. ... 95

Figura 5.27: Sinais das variáveis controladas do processo FCC - Caso 3. ..................... 96

Figura 5.28: Sinais das variáveis manipuladas do processo FCC - Caso 3. ................... 96

xvi

Figura 5.29: Sinais dos erros do modelo do processo FCC - Caso 3. ............................. 97

Figura 5.30: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do

modelo do processo FCC do - Caso 3. ............................................................................ 97

Figura 5.31: Correlações cruzadas do processo FCC - Caso 3. ...................................... 97

Figura 5.32: Correlações parciais do processo FCC - Caso 3. ....................................... 98

Figura 5.33: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo FCC – Caso 3.

........................................................................................................................................ 98

Figura 5.34: Estimativas das PDFs dos erros do modelo do processo FCC – Caso 3. ... 99

Figura 5.35: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e

erros do modelo do processo FCC – Caso 3. .................................................................. 99

Figura 5.36: Informações mútuas através de KNN do processo FCC – Caso 3. .......... 100

Figura 5.37: Informações mútuas através de histograma do processo FCC – Caso 3. . 100

Figura A.1: Valores singulares para a escolha do modelo do processo da coluna de

destilação de Wood e Berry – Caso 3. .......................................................................... 113

Figura A.2: Identificação de modelo por DSR e otimização por PEM. ....................... 114

Figura A.3: Localização dos polos do modelo reidentificado. ..................................... 115

xvii

Lista de Abreviaturas

ARMAX: Modelo auto regressivo, de média móvel com entradas exógenas

(auto-regressive moving average with exogenous input)

ARX: Modelo auto regressivo com entradas exógenas (auto regressive

with exogenous inputs)

CCA: Canonical correlation analysis

CONSTSID: Continuous-time system identification

CVA: Análises de variáveis canônicas (canonical variate analysis)

DSR: Deterministic and stochastic subspace system identification and

realization

FCC: Unidade industrial de craqueamento catalítico (fluid catalytic

cracking)

FIR: Resposta ao impulso finita (finite impulse response)

IMC: Controle por modelo interno (internal model control)

ITL: Aprendizado de máquina baseado na teoria da informação

(information theory learning)

IV-4SID: Instrumental variable subspace-based state-space system

identification

KNN: K vizinho maior próximo (K-nearest neighbor)

LMPC: Controle preditivo linear (linear model predictive control)

LP: Programação linear (linear programming)

LQ: Linear quadrático (linear quadratic)

LTI: Linear invariante no tempo (linear time-invariant)

MI: Informação mútua (mutual information)

MIMO: Múltiplas entradas e múltiplas saídas (multiple input - multiple

output)

MOESP: Multivariable output-error state-space model identification

MPC: Controle preditivo (model predictive control)

MPM: Erro entre o modelo e a planta (model-plant mismatch)

N4SID: Numerical algorithms for subspace state space system

identification

NMPC: Controle preditivo não linear (nonlinear MPC)

xviii

PCA: Análise de componentes principais (principal component analysis)

PDF: Função de densidade de probabilidade (probability density

function)

PID: Controlador proporcional-integral-derivativo (proporcional-

integral-derivativo)

PMR: Relação planta-modelo (plant-model ratio)

PRBS: Sinais binários pseudoaleatórios (pseudo-random binary signal)

RHC: Controle de horizonte móvel (receding horizon control)

RTO: Real time optimization

SISO: Uma entrada e uma saída (single input - single output)

SVD: Decomposição em Valores Singulares (singular value

decomposition)

xix

Lista de Símbolos

𝑨: Matriz dinâmica.

𝑑(. ): Operador distância

Δ: Modelo do MPM.

𝜹𝒖: Vetor de incremento das entradas

𝜹𝒖𝑚á𝑥: Limite máximo de incremento nas entradas

𝛿𝑦: Vetor de variáveis de folga

𝑐𝑜𝑣(. ): Operador covariância.

𝐸[. ]: Operador esperança.

𝒆: Vetor de erros do modelo.

𝒆′: Vetor de erros do modelo não houver nenhuma ação de controle

futura (sistema malha aberta).

휀: Resíduos.

𝐺: Processo.

�̂�: Modelo do processo.

𝐻(. ): Operador entropia

ℎ𝑐: Horizonte de controle.

ℎ𝑝: Horizonte de predição.

𝑰: Matriz identidade

𝐼(. ): Operador informação mútua

𝑘: Instante de amostragem.

𝜇: Média.

𝜎: Desvio padrão.

𝑚: Número de entradas.

𝑛: Número de saídas.

𝑄: Controlador.

𝑇𝑠: Tempo de amostragem.

𝑹: Matriz de fatores de supressão das variáveis manipuladas

𝒓: Set-point.

𝑐𝑜𝑟𝑟(. ): Coeficiente de correlação.

𝑝𝑐𝑜𝑟𝑟(. ): Coeficiente de correlação parcial.

xx

𝑥𝑐𝑜𝑟𝑟(. ): Coeficiente de correlação cruzada.

𝑢𝑚: Entrada do processo (variável manipulada)

𝒖: Vetor de entradas do processo (variáveis manipuladas).

𝒖𝒎á𝒙: Limite máximo das entradas

𝒖𝒎í𝒏: Limite mínimo das entradas

𝑢𝑠𝑠: Vetor de targets para as variáveis manipuladas.

𝒗: Distúrbios não medidos.

𝑣𝑎𝑟(. ): Operador variância.

𝑾: Fator de supressão das controladas.

𝜙: Função objetivo.

𝑋: Variável aleatória.

𝑿: Conjunto de dados.

𝑌: Variável aleatória.

𝒀: Conjunto de dados.

𝑦𝑛 Saída do processo (variável controlada)

𝒚: Vetor de saídas do processo (variáveis controladas).

�̂�: Saída do modelo.

𝑦𝑚á𝑥: Limite máximo das saídas

𝑦𝑚í𝑛: Limite mínimo das saídas

𝑦𝑠𝑠: Vetor de saídas preditas no estado estacionário

𝒁: Conjunto de variáveis

1

Capítulo 1

Introdução

1.1 Motivação

Com o aumento das exigências em termos de eficiência de produção, a indústria

necessita cada vez mais da utilização de controle de processos mais avançados. Uma

classe de controladores avançados é a dos controladores preditivos ou MPC (Model

Predictive Control) (BADWE et al., 2009). De acordo com Desborough e Miller (2002)

66% dos controladores têm algum tipo de degradação no desempenho. As principais

causas desta degradação podem ser vistas na Figura 1.1 (NAIDOO, 2010):

Diagnóstico de

Mau

Desempenho

PerturbaçõesProblemas de

Equipamento

Sintonização do

Controlador

Deficiente

Modelo

Impreciso

(MPM)

Figura 1.1: Diagrama de fluxo de causas de degradação do desempenho do controlador MPC (adaptação

de Naidoo, 2010)

O controlador MPC utiliza o modelo da planta e o estado atual para estimar o ideal

de controle (levando em consideração alguns critérios) para uma série de entradas futuras

(CARLSSON, 2010). Nos controladores preditivos o modelo do processo realiza uma

função essencial, de maneira que o desempenho do controlador depende diretamente da

qualidade do modelo e, consequentemente, do erro entre o modelo e a planta ou MPM

(Model-Plant Mismatch) (BADWE et al., 2009).

Com o tempo é natural que os processos sofram modificações e os modelos

precisam acompanhá-los para manter o comportamento adequado do controlador. Para

2

que isso ocorra muitas vezes há a necessidade de atualização e reajuste do modelo

(WANG; XIE; SONG, 2012).

Quando um canal de entrada e saída de um controlador preditivo de múltiplas

entradas e múltiplas saídas ou MIMO (Multiple Input – Multiple Output) apresenta erro

de modelagem, várias saídas são afetadas. A identificação do MPM torna-se, então, um

fator importante no auxílio da reidentificação e sintonia do controlador, bem como na

manutenção contínua, com a finalidade de se obter o máximo ganho de produtividade do

controlador preditivo (BADWE et al., 2009; CARLSSON, 2010).

Embora o MPM seja inevitável, devido a simplificações e dinâmicas

desconhecidas, é de grande importância que seja o menor possível (SEBORG; THOMAS;

MELLICHAMP, 2004; WANG; XIE; SONG, 2012). Em processos com grande número

de entradas e saídas a reidentificação do modelo depende de métodos que comprometem

a produção, como aqueles que mantêm um grande número de entradas em um estado

perturbado por um longo período de tempo, causando custos elevados à produção normal.

Portanto seria desejável a detecção da localização exata do erro do modelo, necessitando

perturbar um menor número de entradas e atualizar apenas a parte degradada (BADWE

et al., 2009).

Recentemente muitas pesquisas sobre a detecção do MPM foram realizadas com

sucesso utilizando métodos matemáticos como as correlações cruzada e parcial, mas em

grande parte direcionadas para sistemas lineares (BADWE et al., 2009; WEBBER;

GUPTA, 2008). Porém, em muitos casos, os modelos não lineares são normalmente

utilizados para melhorar o desempenho dos sistemas de controle MPC, e as ferramentas

desenvolvidas para detecção de erro em sistemas lineares podem apresentar resultados

insatisfatórios ou são demasiadamente restritas a determinados tipos de sinais não lineares

(CHEN et al., 2013).

A presença do MPM causa a degradação no desempenho do controlador e suas

predições ficam imprecisas. Desta forma é necessário detectar o erro e efetuar a

reindentificação do modelo periodicamente. Contudo, este tipo de operação envolve altos

custos, principalmente em casos onde tem-se um número grande de canais de entrada e

saída, pois muitas vezes são necessários testes invasivos (YERRAMILLI; TANGIRALA,

2016). Por conseguinte, a detecção do MPM motiva grande interesse tanto no meio

acadêmico quanto no ambiente industrial, já que uma detecção mais precisa de qual

relação de entrada e saída do erro significa uma reidentificação mais rápida dos modelos

3

afetados e, consequentemente, maior rentabilidade na operação e manutenção do

controlador MPC.

1.2 Objetivos

O objetivo principal deste trabalho é utilizar a informação mútua para a detecção

de erros entre a planta e o modelo em sistemas de controle MPC que utilizem modelos

não lineares. De forma paralela são utilizadas correlações cruzada e parcial para comparar

os resultados obtidos com a aplicação da informação mútua.

A metodologia desenvolvida consiste primeiramente na realização de testes

aplicando as técnicas da informação mútua e as correlações cruzada e parcial, utilizando

o processo da Coluna de Destilação Binária (WOOD; BERRY, 1973), que é um

simulador de um sistema de controle MPC baseado em modelos lineares. Posteriormente

as mesmas técnicas são aplicadas para o processo de uma Unidade Industrial de

Craqueamento Catalítico ou FCC (Fluid Catalytic Cracking) (LAUTENSCHLAGER

MORO; ODLOAK, 1995), neste caso o controlador MPC utilizado no simulador é

baseado em modelos não lineares.

1.3 Revisão bibliográfica

Na literatura técnico-científica foram propostos vários métodos de detecção do

MPM em sistemas de controle MPC, entretanto a maioria das técnicas desenvolvidas são

direcionadas a sistemas de controle que utilizam modelos lineares. No campo de pesquisa

de sistemas de controle MPC com modelos não lineares as pesquisas mais recentes devem

receber maiores destaques. Algumas pesquisas relacionadas à detecção do MPM e

metodologias aplicadas no ambiente acadêmico são brevemente descritas seguir:

Stanfelj, Marlin e Macgregor (1993) apresentaram um método para monitorar e

diagnosticar o desempenho em sistemas de controle SISO (Single Input – Single Output),

baseado em dados típicos da planta operacional. O método realiza uma análise estatística

simples, porém, rigorosa dos dados de séries temporais da planta utilizando as funções de

auto correlação e correlação cruzada.

4

Huang e Tamayo (2000) utilizaram métodos de validação de modelos para

sistemas de controle MPC. A validação é feita através de um algoritmo de divergências

entre dois modelos, independentemente de perturbações dinâmicas.

Huang, Malhotra e Tamayo (2003) estudaram a função da pré-filtragem de dados

na identificação e validação de modelos. É apresentado um pré-filtro de dados relevantes

em sistemas controle MPC, chamado de filtro preditor de múltiplos passos à frente, para

previsões ótimas, durante cada passo com um horizonte finito. Também foi demonstrado

que os modelos que minimizam os erros de predição de múltiplos passos podem ser

identificados ou verificados por meio da filtragem dos dados utilizando os pré-filtros, em

seguida, aplica-se o método da predição do erro aos dados filtrados.

Kraskov, Stögbauer e Grassberger (2004) apresentaram duas classes de

estimadores aperfeiçoados de informação mútua, a partir de pontos amostrais

aleatoriamente distribuídos de acordo com alguma densidade de probabilidade conjunta.

As duas classes contrastam com os estimadores convencionais, baseados em bins, devido

à utilização da teoria do k-ésimo vizinho mais próximo ou KNN (K-Nearest Neighbor)

para o cálculo de entropias.

Conner e Seborg (2005) utilizaram medidas baseadas na análise de componentes

principais ou PCA (Principal Component Analysis) e no critério de informação de Akaike

para decidir a importante questão de determinar quando é necessário reidentificar o

modelo do processo. Através do procedimento desenvolvido pelos autores é possível

também determinar se é há a necessidade de uma reidentificação em grande escala dos

modelos ou isolar apenas um submodelo do processo.

Jiang; Li e Shah (2006) propuseram uma nova metodologia de detecção e

isolamento do MPM para sistemas dinâmicos com múltiplas variáveis. O MPM é

formulado em termos de modelos de espaço de estados em tempo discreto, tal abordagem

é amplamente utilizada em controladores MPC. Foram propostos três índices de detecção

de erro. Além desta técnica, um enquadramento lógico foi proposto para isolar as matrizes

do sistema que contém erros.

Liang et al. (2008) propuseram um método para analisar e invalidar modelos caso

exista MPM. Através de uma inferência estatística o MPM do controlador MPC é

analisado por meio de uma estrutura de controle por modelo interno ou IMC (Internal

Model Control) e com base em um limiar, os modelos são invalidados caso o limite

estatístico seja ultrapassado significativamente.

5

Webber e Gupta (2008) utilizaram a correlação entre sinais de excitação (dithering

signals) e o erro de predição para detecção de erros em sistemas de controle com múltiplas

e múltiplas saídas (MIMO), estendendo o método utilizado por Stanfelj, Marlin e

Macgregor (1993). O método consiste em utilizar correlação cruzada em malha fechada

para detectar qual dos pares de entrada-saída, do controlador MPC, contêm erros.

Podendo ainda ser utilizado para pesquisa de um conjunto de modelos que possam ser

escolhidos para uma reindentificação.

Badwe et al. (2009) realizaram a detecção do MPM, em sistemas de controle em

malha fechada, baseada em análises de correlações parciais entre o erro de predição e as

variáveis manipuladas. Devido aos bons resultados de detecção a metodologia pode ser

considerada como parte de um procedimento de avaliação e diagnóstico do desempenho

do controlador preditivo. A vantagem da abordagem utilizada por Badwe et al. (2009) é

que ela requer uma operação em rotina para ser realizada a análise.

Harrison e Qin (2009) propuseram um novo método para discriminação de falhas

para controladores MPC. O método consiste no monitoramento das inovações,

diferentemente dos resíduos (AGUIRRE, 2007), do filtro de Kalman para detectar a

presença de autocorrelações, que seriam uma indicação de estimação subótima de estado.

A causa da estimação subótima de estado é diagnosticada pela observabilidade do

processo de inovações. A tarefa de discriminação envolve a determinação do fim da

correlação presente nas inovações.

Badwe et al. (2010) apresentaram uma análise sobre o impacto da existência do

MPM no desempenho do controlador em malha fechada. Também foi mostrado que o

impacto do MPM na qualidade do controlador depende da natureza do sinal do set-point

utilizado.

Carlsson (2010) utilizou métodos de correlação, incluindo uma simplificação da

correlação parcial utilizada por Badwe et al. (2009), para mostrar que a detecção do MPM

é possível nos canais de entrada e saída que contiverem modelos ruins. Foi também

proposto o método correlação parcial não linear utilizando o coeficiente de Spearman

para a detecção do MPM para controladores MPC que utilizem modelos não lineares, em

vez do coeficiente de Pearson, que é normalmente utilizado em sinais com relações

lineares. Contudo os resultados para a detecção do MPM não linear mostraram-se

insatisfatórios além de necessário um esforço computacional excessivo.

6

Naidoo (2010) apresentou métodos de detecção do MPM utilizando correlações

cruzadas e parciais, filtro de Kalman e janela móvel de regressão. Além dos métodos de

detecção o autor discutiu sobre conceitos base como identificação de sistemas, validação

de modelos e a teoria de regressão linear.

Nafsun e Yusoff (2011) apresentaram os efeitos do MPM no desempenho dos

controladores MPC. Foram investigados quatro tipos de erros presentes em uma função

de transferência: erro no ganho, erro no ganho inverso, erro na constante de tempo e erro

no tempo de atraso. Os autores classificaram o erro no ganho da função de transferência

do modelo do processo como o pior caso.

Ji, Zhang e Zhu (2012) apresentaram um novo método de detecção do MPM em

sistemas de controle MPC em malha fechada e on-line. Os autores utilizaram sinais testes

senoidais de baixa amplitude e sem perturbações, no intuito de obter estimativas precisas

de respostas em frequência do processo. Em seguida, as diferenças entre as respostas em

frequência estimadas e as respostas do modelo utilizado pelo controlador MPC foram

utilizadas para gerar uma matriz de índices do MPM que indica a localização precisa do

MPM.

Wang, Xie e Song (2012) apresentaram vários tipos de medições do MPM,

classificando-os em vários grupos, com base em diferentes descrições de modelos

lineares. O potencial destes tipos de MPM foram analisados e avaliados separadamente.

Os autores concluíram que a detecção em malha fechada tem maior vantagem prática e

que o tema diagnóstico de MPM é ainda de ampla discussão principalmente em casos nos

quais são utilizados modelos não lineares.

Chen et al. (2013) consideraram não linearidades generalizadas e utilizaram a

informação mútua ou MI (Mutual Information) como uma medida de dependência geral

para a detecção do MPM. Os autores utilizaram a estimação da MI utilizando o método

do KNN com base no trabalho de Kraskov, Stögbauer e Grassberger (2004). São

utilizados sinais de excitação e os resíduos do modelo para formar uma matriz

correspondente aos índices da MI estimada pelo KNN que indica a localização do MPM

entre os submodelos do controlador MPC.

Iqbal, Yusoff e Tufa (2014) utilizaram a correlação parcial para a detecção do

MPM aplicando as estruturas de modelos ARX (Auto Regressive with Exogenous Inputs)

e FIR (Finite Impulse Response) com o objetivo de testar a eficácia destas diferentes

estruturas para a utilização em controladores MPC.

7

Loeff (2014) demonstrou que o método de Carlsson (2010) é uma solução

particular do método de Badwe et al. (2009), quando os modelos utilizados no processo

de identificação são estruturas FIR (Finite Impulse Response). O autor também realizou

estudos de outros tipos de estruturas, verificando se elas são adequadas para análise da

correlação parcial, com o objetivo de detectar o MPM.

Botelho et al. (2015) apresentaram um método para avaliação da qualidade do

modelo baseado na investigação de dados do controlador em malha fechada e em uma

função de sensibilidade complementar nominal. Tal abordagem considera dados relativos

a um modelo nominal da planta sem a presença do MPM.

Forbes et al. (2015) examinaram as tendências atuais de pesquisas e práticas na

indústria no sentido da manutenção do desempenho dos controladores MPC.

Silva et al. (2015) apresentaram os três pilares teóricos do Aprendizado de

Máquina Baseado na Teoria da Informação ou ITL (Auto-Regressive Moving Average

with Exogenous Input): a teoria da informação, as formulações de Rényi e estimadores

estatísticos. Os autores discutiram conceitos essenciais de entropia, entropia conjunta,

entropia condicional e informação mutua. Também são abordados problemas e técnicas

de resolução da estimação de entropia.

Tsai et al. (2015) propuseram um algoritmo que estabelece uma métrica

quantitativa para a detecção da existência do MPM, com a planta em operação, e a

identificação de qual canal de entrada e saída do modelo está causando o MPM. Os

autores fizeram uma adaptação do método utilizado por Badwe et al. (2010), que indica

a presença do MPM baseado nos valores singulares máximos da matriz de transferência

entre as entradas e as trajetórias dos set-points.

Yousefi et al. (2015) propuseram uma nova técnica de detecção do MPM com

base na correlação cruzada entre o erro de predição e a entrada do processo, sem a

necessidade de introduzir sinais de excitação externos.

Tufa e Ka (2016) apresentaram os efeitos do MPM sobre o desempenho do

controlador MPC e uma abordagem sistemática para determinar o limite do MPM, acima

do qual a deterioração do desempenho pode ser considerada significativa.

Uddin et al. (2016) estenderam a técnica de detecção do MPM desenvolvida por

Badwe et al.(2009), que utiliza modelos dinâmicos para a descorrelação de variáveis,

aplicando os modelos ARX e ARMAX (Auto-Regressive Moving Average with

8

Exogenous Input) com o objetivo de testar a eficácia destas diferentes estruturas para a

utilização em controladores MPC.

Yerramilli e Tangirala (2016) estenderam o conceito de relação planta-modelo ou

PMR (Plant-Model Ratio), inicialmente utilizado em sistemas SISO, para sistemas

MIMO. O método proposto tanto detecta MPM significativo quanto identifica a fonte do

MPM dentro dos respectivos canais de entrada e saída.

Apesar de vários trabalhos descritos na revisão acima serem direcionados à

detecção de MPM em sistemas de controle MPC de processos lineares, a exemplo de

Badwe et al. (2009), Carlsson (2010), Loeff (2014), Webber e Gupta (2008), apenas o

trabalho de Chen et al. (2013) é direcionado a sistemas de controle MPC de processos

não lineares. Tais processos não lineares são muito comuns em ambientes industriais e

faz-se necessário o desenvolvimento ou melhoria de métodos de detecção que facilitem a

manutenção dos controladores MPC destes tipos de processo. Outra consideração

importante é que os métodos propostos por Badwe et al. (2009), Carlsson (2010), Loeff

(2014), Webber e Gupta (2008) são baseados em correlações, que são métodos práticos

para a implementação. No trabalho de Chen et al. (2013) a utilização do KNN mostrou-

se computacionalmente custosa. Tendo em vista estas informações, o presente trabalho

visa contribuir com o conhecimento sobre a detecção de MPM em controladores MPC de

processos em sistemas não lineares, com grande foco no desenvolvimento de métodos de

fácil implementação.

1.4. Estrutura do trabalho

No primeiro capítulo foram apresentados a motivação, os objetivos do trabalho,

uma ampla revisão bibliográfica sobre métodos de detecção de MPM em sistemas de

controle preditivos MPC e os trabalhos publicados em congressos de áreas relacionadas

ao tema desta dissertação.

No segundo capítulo são apresentados alguns conceitos base sobre controladores

MPC e o equacionamento explícito do MPM.

O terceiro capítulo descreve de forma detalhada os métodos de detecção de MPM

utilizados neste trabalho.

9

No quarto capítulo é descrito o estudo de caso para a detecção de MPM linear e

são apresentados os resultados de detecção de MPM descritos no presente trabalho.

No quinto capítulo está presente o estudo de caso para detecção de MPM não

linear e são apresentados os resultados de detecção de MPM descritos no presente

trabalho.

O sexto capítulo apresenta as principais conclusões sobre os resultados obtidos

assim como as perspectivas futuras de continuação deste trabalho.

1.5. Publicações

Com os resultados obtidos na realização deste trabalho foram publicados dois

artigos em dois congressos de importante relevância para a área:

“Detecção de Erro em Planta-Modelo em Sistemas de Controle Preditivo”,

dos autores Diego D. G. B. Cruz e Oscar A. Z. Sotomayor. Este artigo foi publicado no

Congresso Rio Automação 2015, realizado no Rio de Janeiro - RJ nos 25 e 26 de maio de

2015.

“Técnicas de Correlação para Detecção de Erro Planta-Modelo em

Aplicações MPC”, dos autores Diego D. G. B. Cruz, Danilo D. Tannus e Oscar A. Z.

Sotomayor. Este artigo foi publicado do 8º Congresso Brasileiro de P&D em Petróleo e

Gás – (PDPETRO), realizado em Curitiba - PR entre os dias 20 a 22 de outubro de 2015.

10

Capítulo 2

Controladores Preditivos (MPC)

2.1 Controle de Processos Industriais

O sistema de controle completo em um processo industrial de larga escala é uma

combinação de várias camadas, cada uma com diferentes prioridades. Uma estrutura

típica para o controle de um processo industrial é ilustrada na Figura 2.1 (CARLSSON,

2010).

Figura 2.1: Visão geral do sistema de controle de processos industriais (adaptação de Carlsson, 2010)

As definições de cada uma das camadas são descritas a seguir:

RTO (Real Time Optimization): Determina os ajustes econômicos ideias do

estado estacionário para as unidades de processo da planta química (TORO, 2012).

Controlador MPC: Com os set-points da camada LP o controlador MPC tenta

otimizar a produção de uma única unidade de processamento. Ele mantém o processo

dentro dos limites seguros de operação especificados e otimiza a produção com base nas

regras decididas pela camada acima.

11

Controle PID (Controle de Baixo Nível): Mantém os parâmetros em seus

devidos set-points dados pelo controlador MPC como por exemplo fluxos e temperaturas.

Processo Industrial: O processo real que deve ser controlado.

2.2 O MPC

O controle preditivo ou MPC, do inglês Model Predictive Control, se refere a uma

classe de algoritmos de controle automático que controla a resposta futura da planta

através do uso de um modelo explícito do processo. Em cada instante de amostragem, o

MPC soluciona on-line um problema linear quadrático (LQ), usando o estado atual da

planta como estado inicial. O resultado da otimização gera uma sequência de controle

ótimo em malha aberta que é aplicada de acordo com a filosofia de controle de horizonte

móvel ou RHC (Receding Horizon Control), onde só a primeira ação de controle desta

sequência é usada, fornecendo um controlador com as características de realimentação

desejadas.

Atualmente, MPC pode ser considerado como a mais importante inovação em

controle avançado de processos dos últimos 40 anos e a ferramenta padrão para aplicações

industriais (QIN; BADGWELL, 2003). Relatórios industriais recentes apontam em

aproximadamente 6000 o número de aplicações bem-sucedidas de MPC em todo o

mundo, revelando um mercado em crescimento contínuo nos últimos anos (BAUER;

CRAIG, 2008). Benefícios significativos são gerados diretamente a partir da habilidade

do MPC de assegurar que a planta opere dentro das suas restrições de forma mais

lucrativas. MPC é também uma das áreas de pesquisa mais ativas da teoria de controle.

Desde o trabalho pioneiro de Richalet et al. (1978), a teoria do MPC tem evoluído de

forma substancial. Atualmente, questões teóricas tais como otimalidade, estabilidade,

desempenho e robustez são bem conhecidas, principalmente para sistemas descritos por

modelos lineares, fato que pode ser comprovado pelos inúmeros artigos disponíveis na

literatura.

Apesar do aparecimento de algoritmos MPC não-lineares (NMPC) (HENSON,

1998; QIN; BADGWELL, 2000), a geração corrente de algoritmos MPC comercialmente

disponíveis são baseados em modelos lineares (LMPC, ou simplesmente MPC). Mais

ainda, atualmente, na literatura de pesquisa, o MPC é quase sempre formulado em espaço

12

de estados (MORARI; LEE, 1999). Isto tem simplificado, unificado e generalizado a

teoria, incluindo fácil extensão a sistemas multivariáveis, fácil análise das propriedades

em malha fechada e cálculo on-line (SOTOMAYOR, 2002). As principais vantagens do

LMPC estão vinculadas às facilidades de obtenção de modelos lineares, se comparados

aos não lineares, e às menores dificuldades para se resolver os problemas de otimização

associados. Porém, quando os processos têm dinâmica muito não linear ou quando a faixa

de operação é variável, então necessariamente deverá ser tomado em conta o modelo não

linear no projeto do controle, de forma que permita manter o desempenho desejado para

o sistema em malha fechada (PLUCENIO et al., 2007).

Figura 2.2: Esquema de implementação dos algoritmos MPC.

Na Figura 2.2 encontra-se ilustrada a implementação básica de todos os algoritmos

de controle preditivo. No instante de tempo atual usualmente definido como o instante 𝑘,

o comportamento do processo ao longo de um horizonte de tempo ℎ𝑝 é considerado. O

intervalo de tempo ℎ𝑝 é conhecido como horizonte de predição. Utilizando um modelo

do processo real, as respostas 𝑦 deste processo às mudanças nas variáveis manipuladas 𝑢

são previstas. As ações das variáveis manipuladas são selecionadas de tal forma que a

resposta prevista �̂� apresenta determinadas características que sejam desejáveis. As ações

13

de controle podem variar apenas dentro de um horizonte ℎ𝑐 ≤ ℎ𝑝 conhecido como

horizonte de controle. De forma geral, minimiza-se um critério de desempenho desejado

sujeito à dinâmica do modelo e às possíveis restrições nas variáveis de entrada/saída.

Apenas a primeira ação de controle calculada é de fato implementada no processo real.

As variáveis controladas da planta são então medidas. No próximo instante de

amostragem, isto é, em k+1, o mesmo problema de otimização é resolvido com a nova

condição inicial obtida mediante informação tirada das medidas da planta em k+1 (é desta

maneira que se introduz retro-alimentação ou “feedback” no controlador) e com o

horizonte movido adiante por um intervalo de amostragem (QIN; BADGWELL, 2003).

A estrutura inerente a todos os algoritmos MPC é ilustrada na Figura 2.3, onde o

controlador é também chamado de otimizador.

Figura 2.3: Estrutura do controlador MPC.

14

2.2.1 Sistema MIMO

Em um sistema MIMO temos 𝑚 entradas 𝑢 e 𝑛 saídas 𝑦 conforme Equação (2.1)

𝒖(𝑘) = [

𝑢1(𝑘)

𝑢2(𝑘)⋮

𝑢𝑚(𝑘)

] , 𝒚(𝑘) = [

𝑦1(𝑘)

𝑦2(𝑘)⋮

𝑦𝑛(𝑘)

] (2.1)

Diferentes tipos de modelos podem ser utilizados para representar as relações

entre 𝒖(𝑘) e 𝒚(𝑘), sendo a mais comum à de sistemas lineares invariantes no tempo ou

LTI (Linear Time-Invariant). Neste caso as saídas de 𝒚 do sistema é um mapeamento

linear produzido por cada entrada de 𝒖, considerando que os princípios da superposição

e da invariância do tempo podem ser aplicados. Diferentes tipos de formulações de

sistemas LTI podem ser utilizadas. Como exemplo temos as funções de transferência ou

TF (Transfer Function) e equações de estados ou SS (State Space) (AGUIRRE, 2007;

CARLSSON, 2010).

2.2.2 O Controlador QDMC

Os primeiros controladores aplicados na indústria no final dos anos 70 utilizavam

a estratégia MPC sem restrições também conhecido como DMC, que usavam um modelo

de convolução linear de resposta ao degrau e geração da sequência de controle por

otimização analítica. Porém, com o aparecimento de restrições presentes nos processos

que necessitavam a sua inclusão no desenvolvimento do controlador, foi necessária uma

evolução do algoritmo de controle. A otimização neste caso passou a ser numérica e a

solução do problema convexo DMC por meio de programação quadrática (QP) deu

origem ao QDMC, proposto por (GARCIA; MORSHEDI, 1986).

O QDMC usa as mesmas equações de predição do DMC, ou seja:

𝒆 = −𝑨𝛅𝒖 + 𝒆′ (2.2)

Em que:

𝒆 – é o vetor de erros entre os valores previstos e o valor desejado.

15

𝒆′ – é o vetor de erros entre o valor desejado e os valores previstos, se não

houver nenhuma ação de controle futura (sistema em malha aberta).

𝑨 – é matriz dinâmica.

𝛅𝒖 – é o vetor das ações de controle

Considerando a seguinte função objetivo:

𝜙 =

1

2𝒆𝑇𝑾𝑇𝑾𝒆 +

1

2𝛅𝑢

𝑇𝑹𝑇𝑹𝚫𝒖 (2.3)

Sendo que:

𝑹 – é a matriz de fatores de supressão que pondera (atenua) as variações

das ações de controle, é normalmente uma matriz diagonal com todos os valores

constantes e iguais. Quanto maior o valor de 𝑹 mais suave a ação de controle

resultante, caracterizada por ser um parâmetro de sintonia do controlador.

𝑾 – é a matriz diagonal de ponderação onde os valores da diagonal

principal são proporcionais à importância da variável controlada.

Substituindo a Equação (2.2) na Equação (2.3), temos:

𝜙 =

1

2[(−𝑨𝛅𝒖 + 𝒆′)𝑇𝑾𝑇𝑾(−𝑨𝛅𝒖 + 𝒆′)] +

1

2𝛅𝒖

𝑇𝑹𝑇𝑹𝛅𝒖 (2.4)

𝜙 =

1

2[𝛅𝒖

𝑇(𝑨𝑇𝑾𝑇𝑾𝑨 + 𝑹𝑇𝑹)𝛅𝒖] − 𝒆′𝑇𝑾𝑇𝑾𝑨𝛅𝒖 +1

2𝒆′𝑇𝑾𝑇𝑾𝒆′ (2.5)

Como o último termo do segundo membro, não depende da variável de interesse

𝛅𝒖, a função objetivo do controlador pode ser escrita como:

min𝛅𝒖

𝜙 =1

2𝜹𝒖

𝑇𝑯𝛅𝒖 + 𝒄𝑇𝜹𝒖 (2.6)

Em que:

𝑯 = 𝑨𝑇𝑾𝑇𝑾𝑨 + 𝑹𝑇𝑹 (2.7)

16

𝒄𝑇 = −𝜺𝑇𝑾𝑇𝑾𝑨 (2.8)

Ao problema definido na Equação (2.6) podemos incluir as restrições nas

variáveis manipuladas e controladas:

1. Inclusão de restrições nos incrementos das manipuladas: −𝛅𝒖𝑚𝑎𝑥≤ 𝛅𝒖 ≤ 𝛅𝒖𝑚𝑎𝑥

.

2. Inclusão de restrições nos valores das manipuladas: 𝒖𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝒖 ≤ 𝒖𝑚𝑎𝑥.

Resumindo, o problema de otimização que o QDMC resolve tem a função objetivo

definida na Equação (2.6) e as restrições. É fácil observar que a função objetivo é quadrática

e as restrições são todas lineares. Esse tipo de problema é clássico dentro da área de

otimização e é conhecido como o problema de programação quadrática (PQ). Do resultado

da otimização, só a primeira ação de controle do vetor é usada na planta.

2.2.3 Representação do MPC utilizando IMC

Em muitas bibliografias o controlador MPC é elucidado através da representação

de uma estrutura de controle por modelo interno ou IMC (Internal Model Control), devido

à existência de uma modelo explícito em uma estrutura LTI capaz de descrever

corretamente o MPC (BADWE et al., 2009; CARLSSON, 2010; CHEN et al., 2013;

NAFSUN; YUSOFF, 2011; UDDIN et al., 2016; WEBBER; GUPTA, 2008).

O IMC, visualizado na Figura 2.4, utiliza um modelo �̂� do processo 𝐺 para

subtrair os efeitos das variáveis manipuladas 𝒖(𝑘) da saída 𝒚(𝑘). Se assumirmos por um

momento que o modelo é uma representação perfeita do processo, então o sinal

realimentado é equivalente à influência das perturbações 𝒗(𝑘) e não é afetado pela ação

das variáveis manipuladas. Desta forma o sistema encontra-se efetivamente em malha

aberta e os problemas de estabilidade habituais associados à realimentação desaparecem,

considerando que todo o sistema é estável se e somente se o processo e o controlador são

estáveis (MORARI; ZAFIRIOU, 1989).

17

.

Figura 2.4: Estrutura de controle por modelo interno (IMC) em malha fechada (Badwe et al., 2009).

Caso o modelo não represente o processo perfeitamente, o sinal realimentado será

composto tanto pelos distúrbios (não medidos) quanto o efeito do erro entre a planta e o

modelo ou MPM. Neste caso o MPM passa a fazer parte da realimentação e poderá causar

problemas de estabilidade (MORARI; ZAFIRIOU, 1989).

2.2.4 O Modelo do MPM

O erro do modelo, que é a diferença entre saída do processo 𝒚 e o a saída do

modelo �̂�, representado por 𝒆 na Figura 2.4, pode ser expressa pela seguinte relação:

𝒆(𝑘) = 𝒚(𝑘) − �̂�(𝑘) = Δ𝒖(𝑘) + 𝒗(𝑘) (2.9)

Δ ≜ 𝐺 − �̂� (2.10)

Em que o Δ𝒖(𝑘) representa a componente determinística e 𝒗(𝑘) a componente

determinada pelo ruído.

Supõe-se que 𝐺 e �̂� sejam LTI, então Δ também será. Considerando então Δ uma

matriz com 𝑛 linhas e 𝑚 colunas, conforme a Equação (2.11), de forma que 𝑛 seja o

número de saídas da planta e 𝑚 o número de entradas.

Δ = [

Δ11 ⋯ Δ1𝑚

⋮ ⋱ ⋮Δ𝑛1 ⋯ Δ𝑛𝑚

] (2.11)

Para Δ𝑖𝑗 ≠ 0 será acusada a presença de erro entre a variável de predição �̂�𝑖 e a

variável de saída do controlador 𝒚𝑖, para 𝑖 = 0,1,2,… 𝑛 e 𝑗 = 0,1,2, …𝑚. Contudo,

mesmo que Δ𝑖𝑗 seja diferente de zero ele pode não ser significativa.

18

Pode-se notar através da Equação (2.9) que 𝒆(𝑘) tem uma correlação com o sinal

de 𝒖(𝑘) através do modelo do MPM definido por Δ, na Equação (2.10). Isto significa que

quanto mais expressivo o Δ, mais expressiva também será a correlação entre 𝒆(𝑘) e 𝒖(𝑘)

(BADWE et al., 2009).

Considerando que o controlador é multivariável, operando em malha

fechada, 𝒆(𝑘) e 𝒖(𝑘) podem ser determinados a partir de Δ, 𝑄, 𝒓(𝑘) e 𝒗(𝑘), conforme as

Equações (2.17) e (2.21):

𝒖(𝑘) = 𝑄[𝒓(𝑘) − 𝒆(𝑘)] (2.12)

𝒆(𝑘) = Δ𝑄[𝒓(𝑘) − 𝒆(𝑘)] + 𝒗(𝑘) (2.13)

𝒆(𝑘) = Δ𝑄𝒓(𝑘) − Δ𝑄𝒆(𝑘) + 𝒗(𝑘) (2.14)

𝒆(𝑘) + Δ𝑄𝒆(𝑘) = Δ𝑄𝒓(𝑘) + 𝒗(𝑘) (2.15)

𝒆(𝑘)[𝐼 + Δ𝑄] = Δ𝑄𝒓(𝑘) + 𝒗(𝑘) (2.16)

𝒆(𝑘) = [𝐼 + Δ𝑄]−1Δ𝑄𝒓(𝑘) + [𝐼 + Δ𝑄]−1𝒗(𝑘) (2.17)

Aplicando-se 2.17 em 2.12 obtém-se:

𝒖(𝑘) = 𝑄𝒓(𝑘) − 𝑄{[𝑰 + Δ𝑄]−1Δ𝑄𝒓(𝑘) + [𝐼 + Δ𝑄]−1𝒗(𝑘)} (2.18)

𝒖(𝑘) = 𝑄𝒓(𝑘) − 𝑄[𝐼 + Δ𝑄]−1Δ𝑄𝒓(𝑘) − 𝑄[𝐼 + Δ𝑄]−1𝒗(𝑘) (2.19)

𝒖(𝑘) = 𝑄{[𝑰 + Δ𝑄]−1Δ𝑄}𝒓(𝑘) − 𝑄[𝑰 + Δ𝑄]−1𝒗(𝑘) (2.20)

Utilizando a relação algébrica [𝐼 − (𝐼 + 𝐴)−1𝐴] = (𝐼 + 𝐴)−1

𝒖(𝑘) = 𝑄[𝑰 + Δ𝑄]−1𝒓(𝑘) − 𝑄[𝑰 + Δ𝑄]−1𝒗(𝑘) (2.21)

Já nas Equações (2.17) e (2.21) nota-se que 𝒓(𝑘) será de grande importância na

detecção do MPM, tal fato será discutido na seção a seguir.

2.2.5 Importância do Set-Point

A importância do set-point na detecção do MPM pode ser verificada através das

Equações (2.22) e (2.23). Quando 𝒓(𝑘) = 0, a relações transformam-se em (BADWE et

al., 2009; CARLSSON, 2010):

19

𝒆(𝑘) = [𝐼 + Δ𝑄]−1𝒗(𝑘) (2.22)

𝒖(𝑘) = −𝑄[𝐼 + Δ𝑄]−1𝒗(𝑘) (2.23)

Simplificando as duas equações, tornam-se:

𝒆(𝑘) = −𝑄−1𝒖(𝑘) (2.24)

Deste modo, na ausência de alterações no set-point, não será possível determinar

a extensão do MPM, já que o termo Δ desaparece da equação do erro em (2.24). Para que

não ocorra este problema faz-se necessária a variação do set-point por um tempo

suficiente.

20

Capítulo 3

Métodos de Detecção Linear e Não

Linear de MPM

3.1 Correlação Cruzada

A correlação é uma medida de similaridade entre duas ou mais variáveis.

Exemplos de aplicações do conceito de correlação podem ser encontrados em diversos

campos, como por exemplo no de comunicações digitais, em que um conjunto de

símbolos de dados é representado por sequências em tempo discreto. Caso uma destas

sequências seja transmitida, o receptor tem de determinar qual sequência específica foi

recebida por meio da comparação do sinal recebido com cada elemento do grupo de

sequências já existentes; a comparação então é realizada utilizando correlação. Da mesma

maneira, em aplicações de sonar e de radar, o sinal refletido recebido a partir do alvo é a

versão atrasada do sinal transmitido e, através da medição do atraso, é possível determinar

a localização do alvo (MITRA, 2001).

A forma adimensional da correlação é mais usual e conveniente, denominada de

coeficiente de correlação de Pearson ela introduz um conceito cujo valor é independente

de unidades de medida. O coeficiente de correlação pode ser dado como se segue.

Sejam 𝑿 e 𝒀 duas variáveis aleatórias, cujas amostras são dadas por

{𝑥(1), 𝑥(2),… , 𝑥(𝑡)} e {𝑦(1), 𝑦(2), … , 𝑦(𝑡)}. O coeficiente de correlação entre elas é

definido por (GUBNER, 2006):

𝑐𝑜𝑟𝑟(𝑿, 𝒀) = 𝐸 [(𝑿 − 𝜇𝑿

𝜎𝑿) (

𝒀 − 𝜇𝒀

𝜎𝒀)] (3.1)

Em que 𝜇 e 𝜎 são a média e desvio padrão de 𝑿 e 𝒀, e 𝐸 o operador esperança.

Neste trabalho, por simplicidade de apresentação, usaremos indistintamente o operador

esperança tanto para a esperança exata (definido em termos das distribuições de

21

probabilidade associadas aos conjuntos X e Y), quanto para o estimador empírico de

esperança, como nas definições da equação 3.7, em que o desconhecimento dessas

probabilidades leva ao uso de frequências de ocorrências dos elementos em 𝑿 e 𝒀. De

formas equivalentes:

𝑐𝑜𝑟𝑟(𝑿, 𝒀) =𝐸[𝑿𝒀] − 𝑚𝑿𝑚𝒀

𝜎𝑿𝜎𝒀 (3.2)

𝑐𝑜𝑟𝑟(𝑿, 𝒀) =𝑐𝑜𝑣(𝑿, 𝒀)

√𝑣𝑎𝑟𝑿𝑣𝑎𝑟𝒀 (3.3)

Tal coeficiente pode assumir valores entre -1 e 1 (LOEFF, 2014):

• 𝑐𝑜𝑟𝑟 = 1: Significa uma correlação perfeita positiva entre 𝑿 e 𝒀;

• 𝑐𝑜𝑟𝑟 = −1: Significa uma negativa perfeita entre 𝑿 e 𝒀, isto é, se um aumenta

o outro diminui;

• 𝑐𝑜𝑟𝑟 = 0: Significa que 𝑿 e 𝒀 não dependem linearmente um do outro.

Considerando agora a aplicação dos conceitos da correlação entre os vetores de 𝑛

variáveis manipuladas 𝒖 e 𝑚 erros dos modelos 𝒆 é formada a seguinte matriz de

coeficientes de correlação.

𝑐𝑜𝑟𝑟(𝒖, 𝒆) = [𝑐𝑜𝑟𝑟(𝒖1, 𝒆1) ⋯ 𝑐𝑜𝑟𝑟(𝒖1, 𝒆𝑚)

⋮ ⋱ ⋮𝑐𝑜𝑟𝑟(𝒖𝑛, 𝒆1) ⋯ 𝑐𝑜𝑟𝑟(𝒖𝑛, 𝒆𝑚)

] (3.4)

Um resultado igual a zero para os coeficientes na Equação (3.4) indica que 𝒖𝑛 e

𝒆𝑚 não são correlacionados, contanto que 𝒓 e 𝒗 da Equação (2.13) não sejam

correlacionados e que |𝒓| ≫ |𝒗| (CARLSSON, 2010; LOEFF, 2014; WEBBER;

GUPTA, 2008). Esta condição pode ser verificada supondo que o modelo está em sintonia

com o processo, ou seja, Δ = 0. Desta forma as Equações (2.9) e (2.12) tornam-se:

𝒆 = 𝒗 (3.5)

𝒖 = 𝑄(𝒓 − 𝒆) = 𝑄(𝒓 − 𝒗) (3.6)

22

Multiplicando os dois termos da Equação (3.5) por 𝒖:

𝐸(𝒖𝒆) = 𝐸(𝒖𝒗) (3.7)

A partir da Equação (3.7) conclui-se que 𝐸(𝒖𝒆) será zero caso 𝒖 seja

independente de 𝒗. No entanto a Equação (3.6) demonstra que 𝒖 e 𝒗 ainda serão

correlacionados, exceto quando a relação sinal/ruído for muito alta, de maneira que a

Equação (3.6) se torna:

𝒖 = 𝑄𝒓 (3.8)

Portanto deve-se manter a relação sinal-ruído elevada com o objetivo de obter

resultados mais precisos na utilização da correlação. No presente trabalho as perturbações

são desprezadas já que não é objetivo deste trabalho avaliar a influência das perturbações

na detecção de MPM.

Através da correlação será possível analisar apenas a relação atual entre as

variáveis, por exemplo, entre 𝒖1(𝑘) e 𝒆1(𝑘), desconsiderando o passado delas. Tal fato

torna a correlação inconveniente, já que não são analisadas as influências passadas de

uma variável sobre outra, podendo mascarar uma correlação existente entre 𝒖 e 𝒆.

Uma solução para o inconveniente é utilizar a correlação cruzada, que é uma

medida de similaridade aplicando-se 𝑙 atrasos em um dos pares de 𝒖 e 𝒆. Desta maneira

o passado de 𝒖 e 𝒆 será considerado.

Aplicando 𝑙 atrasos na equação da covariância, de forma análoga para os pares 𝒖1

e 𝒆1, encontra-se o seguinte equacionamento:

𝑥𝑐𝑜𝑣𝒖1,𝒆1

(𝑙) =1

𝑁∑ (𝒖1(𝑘 + 𝑙) − 𝜇𝒖1

)(𝒆1(𝑘) − 𝜇𝒆1)

𝑁−𝑙

𝑡=1−𝑙

, para 𝑙

= 0,1, … ,𝑁 − 1

(3.9)

De maneira que o coeficiente de correlação cruzada entre 𝒖1 e 𝒆1, aplicando 𝑙

atrasos será (WEBBER; GUPTA, 2008):

23

𝑥𝑐𝑜𝑟𝑟(𝒖𝟏, 𝒆𝟏) =𝑥𝑐𝑜𝑣𝒖𝟏,𝒆𝟏

(𝑙)

√𝑣𝑎𝑟𝒖𝟏𝑣𝑎𝑟𝒆𝟏

(3.10)

O mesmo raciocínio vale para os outros pare de 𝒖 e 𝒆 presentes na Equação (3.4).

Embora o inconveniente de utilizar a correlação convencional seja solucionado

com a aplicação da correlação cruzada, outro problema presente é a correlação entre as

variáveis manipuladas que pode influenciar nos resultados de detecção de MPM a

depender da estrutura do controlador 𝑄. Este problema é evidenciado em Carlsson (2010)

e Loeff (2014) através do seguinte exemplo:

Supondo a presença de MPM apenas em Δ11 em um sistema MIMO 2×2 em que

a variância da perturbação 𝒗(𝑘) seja pequena a ponto de ser desprezada, a Equação (2.9)

será apresentada seguinte maneira.

𝒆1(𝑘) = Δ11𝒖1(𝑘) (3.11)

Deste modo, com a presença de em Δ11 apenas, espera-se a seguinte matriz de

correlação:

𝑥𝑐𝑜𝑟𝑟(𝒖, 𝒆) = [𝑥𝑐𝑜𝑟𝑟(𝒖1, 𝒆1) 0

0 0] (3.12)

Considerando a Equação 2.12 em que:

𝒖(𝑘) = 𝑄 (𝒓(𝑘) − (𝒚(𝑘) − �̂�(𝒌))) = 𝑄(𝒓(𝑘) − Δ𝒖(𝑘)) (3.13)

Então para um sistema 2×2,

[𝒖1(𝑘 + 1)

𝒖2(𝑘 + 1)] = [

𝑄11(𝑞) 𝑄12(𝑞)

𝑄21(𝑞) 𝑄22(𝑞)] [

𝒓1(𝑘)

𝒓2(𝑘)]

− [𝑄11(𝑞) 𝑄12(𝑞)

𝑄21(𝑞) 𝑄22(𝑞)] [

Δ11(𝑞) Δ12(𝑞)

Δ21(𝑞) Δ22(𝑞)] [

𝒖1(𝑘)

𝒖2(𝑘)]

(3.14)

Como definido anteriormente, há a presença de MPM apenas em Δ11,

24

[𝒖1(𝑘 + 1)

𝒖2(𝑘 + 1)] = [

𝑄11(𝑞) 𝑄12(𝑞)

𝑄21(𝑞) 𝑄22(𝑞)] [

𝒓1(𝑘)

𝒓2(𝑘)]

− [𝑄11(𝑞) 𝑄12(𝑞)

𝑄21(𝑞) 𝑄22(𝑞)] [

Δ11(𝑞)𝒖1(𝑘)0

]

(3.15)

[𝒖1(𝑘 + 1)

𝒖2(𝑘 + 1)] = [

𝑄11(𝑞) 𝑄12(𝑞)

𝑄21(𝑞) 𝑄22(𝑞)] [

𝒓1(𝑘)

𝒓2(𝑘)] − [

𝑄11(𝑞)Δ11(𝑞)𝒖1(𝑘)

𝑄21(𝑞)Δ11(𝑞)𝒖1(𝑘)] (3.16)

Desta maneira nota-se que 𝑥𝑐𝑜𝑟𝑟(𝒖2, 𝒆1) não será igual a zero, evidenciada pela

correlação entre as variáveis manipuladas 𝒖1 e 𝒖2, mesmo que não se tenha presença de

MPM no canal de entrada e saída 𝒚1 − 𝒖2. A alternativa proposta para este problema é a

medida de correlação parcial de Badwe et al. (2009), apresentada da seção seguinte. Nas

subseções adiante são demonstrados alguns exemplos práticos da utilização da correlação

cruzada.

Aplicações da Correlação Cruzada

Como exemplo ilustrativo da correlação cruzada são considerados três níveis

correlação entre duas variáveis discretas, conforme o seguinte modelo.

𝒚 = 𝒙 + 𝒆1 𝒙 = 0.01𝑡 + 𝒆2

(3.17)

Considerando 𝑡 = 1,… ,500 e 𝒆1 e 𝒆2 sinais de ruído independentes com

distribuição normal de média zero e desvio padrão igual a 0.5. A Figura 3.2 demonstra

uma forte relação linear entre a variável independente 𝒙 e a variável dependente 𝒚.

No segundo caso são utilizadas apenas os mesmos sinais de ruído 𝒆1 e 𝒆2

conforme o gráfico da Figura 3.3.

25

Figura 3.1: Ilustração de forte relação linear através de instâncias das variáveis 𝒙 e 𝒚. Cada ponto é uma

instância observada do par (𝒙,𝒚).

Figura 3.2: Ilustração de ausência de relação linear através de instâncias das variáveis 𝒙 e 𝒚. Cada ponto é

uma instância observada do par (𝒙,𝒚).

No gráfico das Figura 3.3 a mesma variável aleatória 𝒙 da Equação (3.17) é

duplamente utilizada, de maneira autocorrelacionada, no intuito de exemplificar de forma

clara como se comportam os coeficientes de correlação.

Com a aplicação de apenas um atraso em um dos 𝒙, conforme a Figura 3.3, as

variáveis começam a ter o comportamento de amostras de duas variáveis aleatórias sem

nenhuma relação linear, semelhante à Figura 3.2.

26

Figura 3.3: Variáveis x com aplicação de um atraso.

Aplicando o método baseado na correlação cruzada utilizado por Webber e Gupta

(2008) às variáveis apresentadas na Equação (3.7), consegue-se o resultado mostrado na

Figura 3.4.

Figura 3.4: Correlação cruzada entre variáveis linearmente dependentes.

Na Figura 3.5 é possível visualizar o resultado da aplicação do método da

correlação cruzada para os ruídos independentes. Como esperado, a partir do gráfico da

Figura 3.2, os coeficientes de correlação cruzada, que se aproximam de zero, não indicam

dependência entre as variáveis aleatórias.

27

Figura 3.5: Correlação cruzada entre variáveis sem relação linear.

Para o caso da variável exemplificada na Figura 3.3, o resultado esperado da

correlação cruzada é um alto nível de dependência linear sem atraso, semelhante aos

atrasos da Figura 3.4, e descorrelação para os demais atrasos, semelhante à Figura 3.5. O

comportamento descrito acima pode ser visualizado na Figura 3.6, como resultado da

correlação cruzada de uma variável aleatória com ela mesma.

Figura 3.6: Correlação cruzada de uma variável aleatória com ela mesma (autocorrelação).

Um caso especial de relação entre variáveis é analisado neste trabalho: a relação

não linear. Apesar dos métodos que utilizam a base teórica da correlação funcionarem

satisfatoriamente quando o que se está em análise é a linearidade entre as variáveis, tais

28

métodos deixam a desejar caso as variáveis sejam compostas por transformações não

lineares das demais (CHEN et al., 2013; LOEFF, 2014; WEBBER; GUPTA, 2008).

Como forma de ilustrar a eficácia da detecção pela correlação cruzada de relações

não lineares entre variáveis é proposto um modelo, conforme a Equação (3.18) e Figura

3.7, considerando os mesmos parâmetros utilizados para as variáveis dos ruídos na

Equação (3.17) (LUNA; BALLINI; SOARES, 2006). Em seguida é mostrado o resultado

da aplicação do método na Figura 3.10.

𝒚 = 𝒙4 + 𝒆1 𝒙 = 𝑠𝑒𝑛 (2𝜋

𝑇𝑡) + 𝑒2

(3.18)

Figura 3.7: Variáveis com dependência não linear.

A desvantagem de utilizar o método da correlação cruzada para a detecção de

relações não lineares fica em evidenciada na Figura 3.8. É visto que na figura os

coeficientes de correlação cruzada estão muito próximo de zero, em todos os atrasos,

demonstrando não há correlação entre as variáveis. Contudo na Figura 3.8 é perceptível

a relação não linear entre as variáveis.

29

Figura 3.8: Correlação cruzada entre variáveis com relações não lineares.

3.2 Correlação Parcial

A abordagem através de correlação parcial é utilizada para encontrar correlações

entre duas variáveis após a remoção dos efeitos de uma terceira variável. Tal análise vem

sendo extensivamente utilizada em diversos campos de estudo como ciências sociais,

econometria, astronomia, bioinformática e engenharia. Em 2006 Gudi e Rawlings

utilizaram correlação parcial para isolar as interações entre os canais de entrada e saída

na identificação de sistemas de controle MPC descentralizados (BADWE et al., 2009;

CARLSSON, 2010; GUDI; RAWLINGS, 2006).

Em Loeff (2014) define-se a correlação parcial entre 𝑿 e 𝒀, controladas por um

conjunto de variáveis 𝒁 = {𝒁1, 𝒁2, … , 𝒁𝑛}, como a correlação convencional entre os

resíduos da regressão linear de 𝑿 e 𝒁 e de 𝒀 e 𝒁.

Portanto a aplicação da correlação parcial consiste primeiramente na obtenção dos

resíduos, referentes à 𝑿 e 𝒀 (휀𝑿 e 휀𝒀), através da determinação de um problema de

regressão linear entre 𝑿 e 𝒁 e 𝒀 e 𝒁. Em seguida é calculada a correlação regular entre os

resíduos obtidos.

Assumindo uma relação linear entre 𝑿 e 𝒁, a regressão poder ser escrita como:

𝑿 = 𝒁𝜃𝑿 + 휀𝑿 (3.19)

30

𝒁𝑇𝑿 = 𝒁𝑇𝒁𝜃𝑿 + 𝒁𝑇휀𝑿 (3.20)

Assumindo que 𝒁𝑇 e 𝜖𝑿 sejam perpendiculares:

𝜃𝑿 = (𝒁𝑇𝒁)−𝟏𝒁𝑇𝑿 (3.21)

Aplicando a Equação (3.21) a Equação (3.19) encontra-se o resíduo 휀𝑿:

휀𝑿 = 𝑿 − 𝒁(𝒁𝑇𝒁)−𝟏𝒁𝑇𝑿 (3.22)

De forma semelhante é possível encontrar também o resíduo 휀𝒀:

휀𝒀 = 𝒀 − 𝒁(𝒁𝑇𝒁)−𝟏𝒁𝑇𝒀 (3.23)

Após encontrar os resíduos 휀𝑿 e 휀𝒀 a operação final será dada através da aplicação

de 휀𝑿 e 휀𝒀 na correlação convencional, encontrando o coeficiente de correlação parcial

𝑝𝑐𝑜𝑟𝑟(𝑿, 𝒀|𝒁) livre dos efeitos de 𝒁.

Uma interpretação gráfica pode ser visualizada na Figura 3.9. Na figura é visto

que a correlação entre 𝑿 e 𝒀 é realizada em um plano ortogonal ao subespaço de 𝒁.

Figura 3.9: Interpretação gráfica da correlação parcial (adaptação de Carlsson, 2010).

31

3.2.1 Correlação Parcial por Badwe

Apesar do método da correlação parcial em sua forma usual ter diversas aplicações,

como mostrado na seção anterior, o mesmo precisa ser adaptado neste trabalho por dois

motivos:

• Os modelos utilizados são modelos dinâmicos, significando que as variáveis

consideradas são séries temporais;

• A presença de perturbações não medidas no processo, que podem sujeitar a análise

a falsos resultados quanto à existência do MPM.

O emprego de modelos dinâmicos na etapa de regressão baseados no método de erros

de predição ou PEM (Prediction Error Method) foi utilizado por Badwe et al. (2009) para

a resolução do primeiro problema. Neste trabalho foi utilizado o algoritmo do DSR

(Deterministic and Stochastic Subspace System Identification and Realization), por ser

um método mais rápido e robusto (SOTOMAYOR; PARK; GARCIA, 2003), para que

em seguida seja aplicado o PEM com a finalidade de otimizar o modelo, uma

demonstração do emprego de modelos dinâmicos está presente no Apêndice A. O

segundo problema é resolvido encontrando a componente de cada variável manipulada

que contém somente os efeitos dos set-points.

A seguir são apresentados vários passos propostos pela metodologia de Badwe et al.

(2009):

1. Selecionar os dados (erros do modelo e das variáveis manipuladas) de um

determinado período em que se possua excitação ou variação suficiente do set-

point no processo.

2. Encontrar as componentes das variáveis manipuladas livre de perturbações a parti

da Equação (2.20):

𝒖(𝑘) = 𝑄[𝑰 + Δ𝑄]−1𝒓(𝑘) − 𝑄[𝑰 + Δ𝑄]−1𝒗(𝑘) (3.24)

𝒖(𝑘) = 𝑺𝒓𝒖𝒓(𝑘) + 𝑺𝒗𝒖𝒗(𝑘) = 𝒖𝒓(𝑘) + 𝒖𝒗(𝑘) (3.25)

32

Em que 𝒖𝒓 e 𝒖𝒗 são as componentes de 𝒖 que contém os efeitos dos set-points e

perturbações, respectivamente. A componente 𝒖𝒓 é livre das perturbações devido

a 𝒓 e 𝒗 serem descorrelacionadas. Primeiramente, 𝑺𝒓𝒖 identificado como,

𝒖(𝑘) = �̂�𝒓𝒖𝒓(𝑘) + �̂�𝒗𝒖𝒗(𝑘) (3.26)

E 𝒖𝒓 reconstruído da seguinte forma,

�̂�(𝑘) = �̂�𝒓𝒖𝒓(𝑘) (3.27)

3. Encontrar a componente 휀�̂�𝑖 das variáveis manipuladas, que é descorrelacionada

com as demais variáveis manipuladas presentes em �̃�𝒊𝒓, com exceção de �̂�𝑖

𝑟.

�̂�𝑖𝑟(𝑘) = 𝑮𝑢𝑖

�̃�𝒊𝒓(𝑘) + 휀𝑢𝑖

(𝑘) (3.28)

휀�̂�𝑖(𝑘) = �̂�𝑖

𝑟(𝑘) − 𝑮𝑢𝑖�̃�𝒊

𝒓(𝑘) (3.29)

4. De forma análoga encontra-se 휀�̂�𝑗, que é a componente descorrelacionada dos

erros dos modelos com as variáveis manipuladas presentes em �̃�𝒊𝒓

𝑒𝑗(𝑘) = 𝑮𝑒𝑗�̃�𝒊

𝒓(𝑘) + 휀𝑒𝑗(𝑘) (3.30)

휀�̂�𝑗(𝑘) = 𝑒𝑗(𝑘) − 𝑮𝑒𝑗

�̃�𝒊𝒓(𝑘) (3.31)

5. Calcular a correlação cruzada entre 휀�̂�𝑖 e 휀�̂�𝑗

. Os coeficientes de correlação

encontrados têm a mesma interpretação da correlação cruzada convencional,

quanto mais significativo o coeficiente, maior é o nível de correlação entre as

variáveis em análise.

Na metodologia acima, proposta por Badwe et al. (2009), podem ser incluídas

variáveis de perturbações medidas. Tais variáveis também podem ser utilizadas para ser

descorrelacionadas tanto das variáveis manipuladas quanto dos erros do modelo.

A análise pelo método descrito, considera a utilização de conjuntos de dados de

comprimento finitos com variações aleatórias devido a perturbações. Esta característica

33

afeta ligeiramente os resultados de forma a apresentar uma correlação parcial diferente

de zero onde não existe correlação. A significância dos coeficientes de correlação pode

ser dada utilizando o teste t de Student, que dará a probabilidade de obter uma correlação

tão grande quanto o valor observado devido a erros ou perturbações aleatórias quando a

correlação real é zero.

3.3 Informação Mútua

Apesar do coeficiente de correlação cruzada ser bastante utilizado, devido à

importância de atuar como a medida de similaridade entre variáveis, seu emprego é

restrito a relações lineares (CHEN et al., 2013). Para relações não lineares, o coeficiente

não funciona de maneira satisfatória, como demonstrado na seção 3.1.

Em algumas pesquisas houve tentativas de adaptação das ferramentas direcionadas à

natureza linear entre as variáveis, contudo os resultados ou se mostraram insatisfatórios

ou tiveram sua aplicação restrita a determinados tipos de problemas (CARLSSON, 2010;

LOEFF, 2014; YOUSEFI et al., 2015). Em muitos casos, em que ocorre a relação não

linear entre as variáveis, restringir a detecção do tipo de não linearidade é tão arriscado

quanto encontrar um falso resultado a partir do método da correlação cruzada. Devido a

estes fatores será apresentada neste trabalho uma medida de relação não linear entre

variáveis mais geral, que é a informação mútua ou simplesmente MI (Mutual

Information), estimada de duas maneiras diferentes (CHEN et al., 2013).

Conforme Cover e Thomas, (2005) a MI é uma medida da quantidade de informação

que uma variável aleatória contém sobre outra variável aleatória. Em outras palavras é a

redução na incerteza de uma variável aleatória devido ao conhecimento de outra variável.

Considerando as variáveis aleatórias 𝐗 e 𝐘, a MI entre as varáveis 𝑿 e 𝒀 é definida

como (CHEN et al., 2013; COVER; THOMAS, 2005):

𝐼(𝐗; 𝐘) = 𝐻(𝐗) + 𝐻(𝐘) − 𝐻(𝐗, 𝐘) (3.32)

Em que 𝐻(𝐗) e 𝐻(𝐘) representam as entropias de 𝑿 e 𝒀 e 𝐻(𝐗, 𝐘) a entropia conjunta

das variáveis aleatórias 𝑿 e 𝒀. Denotando suas funções de densidade de probabilidade ou

34

PDF (Probability Density Function) respectivamente como 𝑝X(𝑥), 𝑝X(𝑦) e 𝑝X,Y(𝑥, 𝑦),

cada componente a direita da Equação (3.32) é definida da seguinte maneira:

𝐻(𝐗) = −∫𝑝X(𝑥) log2(𝑝X(𝑥))𝑑𝑥 (3.33)

𝐻(𝐘) = −∫𝑝Y(𝑦) log2(𝑝Y(𝑦)) 𝑑𝑦 (3.34)

𝐻(𝐗, 𝐘) = −∫𝑝X,Y(𝑥, 𝑦) log2 (𝑝X,Y(𝑥, 𝑦)) 𝑑𝑥 𝑑𝑦 (3.35)

A MI definida na Equação (3.32) é a informação média de 𝑿 que pode ser predita

por 𝒀. Com 𝑙𝑜𝑔 na base 2 essa medida expressa em unidades de bits. As relações entre

𝐻(𝐗), 𝐻(𝐘) e 𝐻(𝐗, 𝐘) podem ser expressas através de um diagrama de Venn, conforma

a Figura 3.10. É possível notar que a MI corresponde à intersecção das informações em

X com a informações em Y.

Figura 3.10: Relação entre entropia e informação mútua (adaptação de Cover e Thomas, 2005)

A MI descrita medirá a dependência entre duas variáveis aleatórias de maneira

que 𝐼(𝑿; 𝒀) ≥ 0, com a igualdade se e somente se 𝑿 for independente de 𝒀. Caso as

variáveis aleatórias sejam gaussianas, a informação irá se reduzir a

𝐼(𝑿; 𝒀) = −1

2log2(1 − 𝑐𝑜𝑟𝑟(𝑿, 𝒀)2) (3.36)

35

Em que 𝑐𝑜𝑟𝑟(𝑿, 𝒀) corresponde a coeficiente de correlação entre 𝑿 e 𝒀. Se

𝑐𝑜𝑟𝑟(𝑿, 𝒀) = 0, 𝑿 é independente de 𝒀, e MI será igual a 0. Se 𝑐𝑜𝑟𝑟(𝑿, 𝒀) = ±1, 𝑿 e 𝒀

são perfeitamente correlacionadas e a MI é infinita. A formulação da Equação (3.36)

deduzida por Cover e Thomas (2005, p. 252) faz-se de grande importância como um teste

prático para o desenvolvimento dos algoritmos de estimadores de MI, que serão

apresentados a seguir.

3.3.1 Estimação da MI – K Vizinhos Mais Próximos (KNN)

A forma como é encontrada a MI, de acordo a Equação (3.32), torna-se

inconveniente quando não é conhecida de forma explícita a PDF das variáveis aleatórias

analisadas. A alternativa para este tipo de análise é utilizar estimadores de MI

(KRASKOV; STÖGBAUER; GRASSBERGER, 2004; SILVA et al., 2015).

A estimação da MI pode ser realizada de diversas maneiras, Chen et al. (2013)

adotaram para o trabalho deles o método do k vizinho mais próximo ou KNN (K-Nearest

Neighbor), por ser um método mais adequado para dados de pequena extensão com níveis

de ruído relativamente baixos e por ser também mais estável, comparado aos métodos de

estimação de densidade de kernel ou KDE (Kernel Density Estimation) e do

particionamento adaptativo do plano XY (Adaptive Partitioning of XY Plane). Estas

conclusões foram feitas com base nas pesquisas de Khan et al. (2007) e Papana e

Kugiumtzis (2009).

Estimação da MI através do KNN

A ideia básica do emprego do KNN para encontrar MI consiste em estimar o valor

da entropia a partir da distância média do k vizinho mais próximo com todos os pontos

de dados. Kraskov, Stögbauer e Grassberger (2004) utilizaram a métrica compreendida

pelos espaços de 𝑿, 𝒀 e 𝒁 = (𝑿, 𝒀), em que cada ponto é classificado de acordo com as

distâncias de seus k vizinhos mais próximos. Desta maneira são determinadas para cada

𝑧𝑖 = (𝑥𝑖, 𝑦𝑖) as distâncias para todos os seus pontos vizinhos 𝑧𝑗 = (𝑥𝑗 , 𝑦𝑗). Formando

assim uma matriz de distâncias, 𝑑𝑖𝑗 = ‖𝑧𝑖 − 𝑧𝑗‖. O mesmo procedimento pode ser

utilizado para os subespaços de 𝑿 e 𝒀.

36

Kraskov, Stögbauer e Grassberger (2004) propuseram dois algoritmos, ambos

utilizando para o espaço 𝒁 = (𝑿,𝒀), a norma máxima dada por:

‖𝑧𝑖 − 𝑧𝑗‖ = max{‖𝑥𝑖 − 𝑥𝑗‖, ‖𝑦 − 𝑦𝑗‖} (3.37)

Para ‖𝑥𝑖 − 𝑥𝑗‖ e ‖𝑦 − 𝑦𝑗‖ podem ser utilizadas quaisquer normas, sem a

necessidade de ser a mesma norma em ambas, devido aos espaços serem completamente

diferentes (neste trabalho foi utilizada a norma Euclidiana para a determinação das duas

distâncias). Por simplificação considera-se que a distância de 𝑧𝑖 para o seu k-ésimo

vizinho, ordenado de forma crescente, é denotada por 𝜖(𝑖)/2, assim como as distâncias

desses mesmos pontos projetadas nos subespaços 𝑿 e 𝒀 são 𝜖𝑥(𝑖)/2 e 𝜖𝑦(𝑖)/2,

respectivivamente. Então,

𝜖(𝑖) = max{𝜖𝑥(𝑖), 𝜖𝑦(𝑖)} (3.38)

Seguindo a metodologia de Kraskov, Stögbauer e Grassberger (2004) e com base

nas discussões de Khan et al. (2007), para o primeiro algoritmo, considera-se as duas

variáveis aleatórias 𝑿 e 𝒀, em que cada 𝑥 e 𝑦 estão dentro do espaço unidimensional, sua

informação mutua pode ser estimada por:

𝐼(𝑿, 𝒀) = 𝜓(𝑘) −1

𝑛∑[𝜓(𝑛𝑥(𝑖) + 1) + 𝜓(𝑛𝑦(𝑖) + 1)]

𝑛

𝑖=1

+ 𝜓(𝑛) (3.39)

Onde 𝑛𝑥(𝑖) e 𝑛𝑦(𝑖) são as quantidades de pontos 𝑥𝑗 e 𝑦𝑗 cujas distâncias de 𝑥𝑖 e

𝑦𝑖, respectivamente, são estritamente menores que 𝜖(𝑖)/2 e 𝜓(. ) é o operador da função

digama representada na Figura 3.11. Um exemplo do funcionamento da contagem de

pontos deste primeiro algoritmo pode ser visto na Figura 3.12, onde 𝑛𝑥(𝑖) = 2 e 𝑛𝑦(𝑖) =

6, para 𝑘 = 1.

37

Figura 3.11: Gráfico da função digama.

Figura 3.12: Determinação de 𝜖(𝑖), 𝑛𝑥(𝑖) e 𝑛𝑦(𝑖) no primeiro algoritmo, para 𝑘 = 1 (𝑛𝑥(𝑖) = 2 e

𝑛𝑦(𝑖) = 6)

Em um segundo algoritmo Kraskov, Stögbauer e Grassberger (2004) estimaram a

informação mútua de acordo com a Equação (3.40):

𝐼(𝑿, 𝒀) = 𝜓(𝑘) −1

𝑘−

1

𝑛∑[𝜓(𝑛𝑥(𝑖)) + 𝜓 (𝑛𝑦(𝑖))]

𝑛

𝑖=1

+ 𝜓(𝑛) (3.40)

38

No algoritmo da Equação (3.40) 𝑛𝑥(𝑖) e 𝑛𝑦(𝑖) são substituídos pelo número de

pontos com ‖𝑥𝑖 − 𝑥𝑗‖ ≤ 𝜖𝑥/2 e ‖𝑦 − 𝑦𝑗‖ ≤ 𝜖𝑦/2. O 𝜖𝑥 e 𝜖𝑦, podem ser determinadas

pelo mesmo ponto, conforme a Figura 3.13 ou por pontos diferentes, de acordo com a

Figura 3.14. O quadrado interno as linhas paralelas de 𝜖𝑥 e 𝜖𝑦 é referente ao que seria o

primeiro vizinho mais próximo, ou seja, 𝑘 = 1.

Figura 3.13: Determinação de 𝜖𝑥(𝑖), 𝜖𝑦(𝑖), 𝑛𝑥(𝑖) e 𝑛𝑦(𝑖) no segundo algoritmo para um mesmo ponto,

com 𝑘 = 2 (𝑛𝑥(𝑖) = 6 e 𝑛𝑦(𝑖) = 5)

39

Figura 3.14: Determinação de 𝜖𝑥(𝑖), 𝜖𝑦(𝑖), 𝑛𝑥(𝑖) e 𝑛𝑦(𝑖) no segundo algoritmo para pontos diferentes,

com 𝑘 = 2 (𝑛𝑥(𝑖) = 5 e 𝑛𝑦(𝑖) = 2)

De acordo com os autores, Kraskov, Stögbauer e Grassberger (2004), as fórmulas

das Equações (3.39) e (3.40) apresentam resultados similares. Para um mesmo 𝑘 o

primeiro algoritmo apresenta erros estatísticos ligeiramente menores, enquanto a

utilização do segundo é preferível para casos com grande número de dimensões. Como

neste trabalho as variáveis são unidimensionais o primeiro algoritmo foi escolhido.

3.3.2 Aplicação Teste do Método da Informação Mútua por

KNN

Assim como foram dados exemplos ilustrativos da correlação cruzada na seção

3.1 nesta seção serão aplicados os mesmos sinais como uma forma comparativa entre os

métodos.

Inicialmente é aplicado o modelo presente da Equação (3.17), que consiste em

variáveis linearmente dependentes. Como visto na Figura 3.15 o método é coerente com

o resultado encontrado na correlação cruzada ilustrado na Figura 3.4, indicando

correlação entre as variáveis analisadas.

40

Figura 3.15: Estimação da MI através do método por KNN entre variáveis linearmente dependentes.

Um segundo teste é realizado entre duas variáveis aleatórias totalmente

descorrelacionadas, de acordo com o modelo apresentando os ruídos apenas O resultado

da aplicação do método pode ser visualizado na Figura 3.16, que demonstra uma relação

extremamente fraca entre as variáveis, podendo ser desconsiderada. Os índices abaixo de

zero são devidos a pequenos desvios de cálculo relacionados ao algoritmo no momento

da soma e subtração entre as entropias marginais e conjunta.

Figura 3.16: Estimação da MI através do método por KNN entre variáveis aleatórias descorrelacionadas.

41

Figura 3.17: Estimação da MI através do método por KNN entre variáveis com relação não linear.

O último teste é realizado utilizando o mesmo modelo presente na Equação (3.18).

Como visto anteriormente as variáveis apresentam um tipo de relação não linear, esta

torna-se indetectável quando o método da correlação cruzada é empregado. Pode ser

visualizado na Figura 3.17 que a MI é eficiente em detectar este tipo de relação.

3.3.3 Estimação da MI – Histograma

Apesar da estimação da MI ser bastante eficiente utilizando o método do KNN, o

custo computacional é extremamente elevado, devido à necessidade constante do cálculo

de distâncias em ambos algoritmos apresentados na seção anterior. Utilizando o método

do KNN para dois vetores com 1500 amostras cada foram necessários 8 minutos para a

estimação da MI, sem a compilação do algoritmo e utilizando um hardware composto por

um processador Intel Core i7 de 1.8GHz e 8GB de memória RAM.

Um histograma é um simples, mas grosseiro, estimador de PDFs, cujo principal

atrativo está na simplicidade de implementação e utilização tornando-se um método

matematicamente mais prático de ser implementado e processado (SILVA et al., 2015).

Seguindo a metodologia apresentada por Silva et al. (2015), considerando X e Y.

Utilizando um histograma bidimensional, com 𝑀𝑥 e 𝑀𝑦 bins, com cada bin

correspondendo a uma área retangular 𝑎𝑖,𝑗, centrada em (𝑐𝑖, 𝑐𝑗) para 𝑖 = 1,2, … ,𝑀𝑥 e 𝑗 =

42

1,2, … ,𝑀𝑦. Sendo 𝑘𝑖,𝑗 o número de medidas que estão dentro de 𝑎𝑖,𝑗, a probabilidade de

uma medida aleatória (𝑿, 𝒀) estar em 𝑎𝑖,𝑗 é estimada como:

𝑃[(𝑿, 𝒀) ∈ 𝑎𝑖,𝑗] ≈ 𝑓𝑖,𝑗 =𝑘𝑖,𝑗

𝑁 (3.41)

Baseado na teoria proposta o estimador de MI ficará da seguinte maneira:

Î𝑁(𝑿; 𝒀) = −∑𝑓𝑖 log 𝑓𝑖

𝑀𝑥

𝑖=1

− ∑𝑓𝑗 log 𝑓𝑗

𝑀𝑦

𝑗=1

+ ∑∑𝑓𝑖,𝑗 log 𝑓𝑖,𝑗

𝑀𝑦

𝑗=1

𝑀𝑥

𝑖=1

(3.42)

Em que 𝑓𝑖 = ∑ 𝑓𝑖,𝑗𝑀𝑦

𝑗=1 e 𝑓𝑗 = ∑ 𝑓𝑖,𝑗

𝑀𝑥𝑗=1 .

Um problema de viés é apresentado no resultado da informação mútua da forma

como é proposta na Equação 3.42. Mesmo que a frequência relativa seja um estimador de

probabilidade de verossimilhança sem nenhuma tendência, o viés é originado pela

transformação logarítmica (não-linear) presente no algoritmo. Silva et al. (2015)

utilizaram um fator compensação criado por (MILLER, 1955):

𝐸[�̂�(𝑿)] ≈ 𝐻(𝑿) −𝑀𝑥 − 1

2𝑁 (3.43)

De forma análoga a Equação (3.42) pode ser utilizada para encontrar 𝐸[�̂�(𝒀)] e

𝐸[�̂�(𝑿, 𝒀)]

3.3.4 Aplicação Teste do Método da Informação Mútua por

Histograma

Os mesmos exemplos ilustrativos da seção 3.1 serão utilizados também como teste

para a o método da estimação da MI por histograma. O número de bins para as estimações

é igual 5, assim como o fator de correção da Equação (3.40) é utilizado para estimar a MI

nos três casos.

43

A estimação da MI através do método do histograma entre duas variáveis

linearmente dependentes, duas variáveis aleatórias descorrelacionadas e duas variáveis

com relação não linear podem ser visualizadas nas Figuras 3.21, 3.26 e 3.31,

respectivamente. Os resultados são semelhantes para as mesmas variáveis utilizando o

método do KNN da seção anterior. Para cada situação foi desenhado um gráfico que

mostra o quanto os resultados de ambos os métodos se aproximam, podendo ser vistas

nas Figuras 3.22, 3.27 e 3.33. Também são destacadas as estimativas das PDFs dos sinais

com um número de bins igual a trinta nas Figuras 3.18, 3.19, 3.20, 3.23, 3,24, 2.25, 3.28,

3.29 e 3.30, onde é possível visualizar as relações entre os sinais.

Pode-se notar que ambos os métodos apresentam resultados satisfatórios e muito

semelhantes, embora na utilização do histograma o tempo computacional seja

expressivamente menor, precisando de apenas 0,047 segundos para os mesmos dois

vetores com 1500 amostras testados no KNN. Neste trabalho a proposta é demonstrar que

o método por histograma pode ser utilizado para os casos envolvendo a detecção do

MPM. Considerando que as variáveis utilizadas sempre são unidimensionais, a

simplicidade do método pode resolver de forma elegante o problema de detecção de MPM

não linear assim como a utilização da correlação satisfaz a detecção do MPM linear.

Figura 3.18: Estimativa da PDF de 𝑥 no caso de sinais linearmente dependentes.

44

Figura 3.19: Estimativa da PDF de 𝑦 no caso de sinais linearmente dependentes.

Figura 3.20: Estimativa da PDF conjunta formada por x e y no caso de sinais linearmente dependentes.

45

Figura 3.21: Estimação da MI através do método por histograma entre variáveis linearmente dependentes.

Figura 3.22: Semelhança entre a estimação da MI através dos métodos por histograma e KNN entre duas

variáveis linearmente dependentes.

Figura 3.23: Estimativa da PDF de x no caso de sinais sem dependência linear.

46

Figura 3.24: Estimativa da PDF de y no caso de sinais sem dependência linear.

Figura 3.25: Estimativa da PDF conjunta formada por x e y no caso de sinais sem dependência linear.

47

Figura 3.26: Estimação da MI através do método por histograma entre variáveis aleatórias

descorrelacionadas.

Figura 3.27: Semelhança entre a estimação da MI através dos métodos por histograma e KNN entre duas

variáveis aleatórias descorrelacionadas.

48

Figura 3.28: Estimativa da PDF de x no caso de sinais com dependência não linear.

Figura 3.29: Estimativa da PDF de y no caso de sinais com dependência não linear.

49

Figura 3.30: Estimativa da PDF conjunta formada por x e y no caso de sinais com dependência não linear.

Figura 3.31: Estimação da MI através do método por histograma entre variáveis com relação não linear.

50

Figura 3.32: Semelhança entre a estimação da MI através dos métodos por histograma e KNN entre duas

variáveis com relação não linear.

51

Capítulo 4

Processo da Coluna de Destilação

Binária e Detecção de MPM Linear

4.1 Introdução

Neste capítulo serão apresentados o processo da coluna de destilação binária de

Wood e Berry (1973), como um estudo de caso linear, e a aplicação dos métodos

propostos divididos em casos. Os casos são baseados no modo como a planta está

operando, com a ausência ou presença de MPM. Com base nisto são feitas sete

ponderações:

• Como é um estudo de caso simulado, as modificações realizadas para os casos

são aplicadas diretamente ao processo, com o objetivo de simular eventuais

mudanças que podem ocorrer na planta.

• Em todos os casos o modelo presente no controlador é mantido com seus

parâmetros de funcionamento nominais, no intuito de dispor de condições

suficientes para detectar ou não o MPM.

• Os métodos são aplicados entre o erro do modelo e as variáveis manipuladas,

conforme as teorias apresentadas no capítulo anterior.

• No método correlações cruzadas e parciais é utilizado um intervalo de

confiança de 95% com base na equação 𝑙𝑖𝑚𝑖𝑡𝑒𝑠 = ±2√𝑉𝑎𝑟[𝑟𝑢,𝑒(𝑘)], como

base de medida da significância do MPM. (STANFELJ; MARLIN;

MACGREGOR, 1993; WEBBER; GUPTA, 2008).

52

• No método da MI é utilizado o mesmo intervalo de confiança aplicado nas

metodologias das correlações cruzadas e parciais.

• Em todos os casos foram utilizadas 1500 amostras, referentes à parte em

estado estacionário da dinâmica do processo.

• Nos casos em que há a presença do erro, o mesmo é assumido como 20% do

valor acima do valor nominal do ganho da função de transferência avaliada.

Tal abordagem segue o estudo de Nafsun e Yusoff (2011), em que é

demonstrado ser o pior caso ao desempenho do processo o erro presente no

ganho da função de transferência.

4.2 Descrição do Processo

A coluna de destilação binária (Figura 4.1) de Wood e Berry (1973) é um estudo

de caso clássico bastante utilizado na literatura em simulações de processos, por retratar

bem situações reais (NAFSUN; YUSOFF, 2011). O objetivo da planta é controlar a

composição de metanol no destilado (𝑦1) e na corrente inferior (𝑦2) (medidos em

porcentagem de mol) através da manipulação de vazão de refluxo (𝑢1) e vazão de vapor

(𝑢2) (medidos em 𝑙𝑏.𝑚𝑖𝑛−1). Portando o processo MIMO é caracterizado por duas

variáveis controladas e duas variáveis manipuladas (2×2).

Figura 4.1: Representação de uma coluna de destilação.

53

Apesar do processo incluir perturbações do sistema (𝑣), as mesmas foram

retiradas, pois não apresentariam nenhum diferencial à análise dos resultados. Desta

maneira não há o termo referente às perturbações do sistema conforme as Equações (4.1)

e (4.2):

𝑦(𝑘) = 𝑮𝑢(𝑘) (4.1)

𝑒(𝑘) = 𝚫𝑢(𝑘) (4.2)

A expressão do modelo dinâmico do processo é referente ao proposto por

(WOOD; BERRY, 1973)

[𝑋𝐷(𝑠)

𝑋𝐵(𝑠)] = [

𝐺11(𝑠) 𝐺12(𝑠)

𝐺21(𝑠) 𝐺22(𝑠)] [

𝑅(𝑠)

𝑆(𝑠)] (4.3)

Em que:

𝐺11(𝑠) =

12.8

16.7𝑠 + 1𝑒−𝑠 (4.4)

𝐺12(𝑠) =

−18.9

21𝑠 + 1𝑒−3𝑠 (4.5)

𝐺21(𝑠) =

6.6

10.9𝑠 + 1𝑒−7𝑠 (4.6)

𝐺22(𝑠) =

−19.4

14.4𝑠 + 1𝑒−3𝑠 (4.7)

As variáveis controladas e manipuladas do sistema (Figura 4.1) são detalhadas a

seguir:

• Variáveis manipuladas:

Vazão de refluxo (𝑢1)

Vazão de vapor (𝑢2)

• Variáveis controladas:

Composição do destilado (𝑦1)

Composição inferior (𝑦2)

54

A relação entre estas variáveis pode ser vista na Tabela 4.1.

Tabela 1: Relação entre variáveis manipuladas e controladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood e Berry (1973).

Canal Descrição

𝑮𝟏𝟏 Função de transferência relacionada a composição do destilado e vazão

de refluxo.

𝑮𝟏𝟐 Função de transferência relacionada a composição do destilado e vazão

de vapor.

𝑮𝟐𝟏 Função de transferência relacionada a composição inferior e vazão de

refluxo.

𝑮𝟐𝟐 Função de transferência relacionada a composição inferior e vazão de

vapor.

Os parâmetros de sintonia do controlador MPC para a coluna de destilação binária

de Wood e Berry (1973) que foram utilizados nas simulações estão listados na Tabela

4.2.

Tabela 2: parâmetros de sintonia do controlador MPC utilizados na coluna de destilação binária de Wood

e Berry (1973).

Parâmetros Descrição Valor

𝑻𝒔 Tempo de amostragem 1 min

𝑵 Horizonte do modelo 80

𝒉𝒑 Horizonte de predição 30

𝒉𝒄 Horizonte de controle 5

𝛅𝒖𝒎á𝒙 Limite máximo de incremento nas entradas [0.1,0; 0.1]

𝒖𝒎á𝒙 Limite máximo das entradas [1; 1]

𝒖𝒎𝒊𝒏 Limite mínimo das entradas [-0.15; -0.15]

𝒚𝒎á𝒙 Limite máximo das saídas [1.8; 1.8]

𝒚𝒎𝒊𝒏 Limite mínimo das saídas [-1.8; -1.8]

𝑹 Fator de supressão das manipuladas [5 5]

W Fator de supressão das controladas [1 1]

55

Na Figura 4.2 é possível visualizar a implementação do simulador com a presença

do controlador e os distúrbios desacoplados. Nas Figuras 4.4 e 4.5 vê-se os gráficos

contendo as variáveis controladas, variáveis manipuladas e set-point, para uma operação

nominal da planta.

Figura 4.2: Simulador da coluna de destilação binária de Wood e Berry (1973).

4.4 Sinais de Excitação Aplicados

Como foi dito na seção 2.2.5 é necessário ser aplicado um set-point que excite o

processo por tempo suficiente para a obtenção do comportamento dinâmico do sistema.

No caso do processo da coluna de destilação binária de Wood e Berry (1973), os sinais

utilizados para os casos foram do tipo PRBS, conforme mostrado na Figura 4.3.

56

Figura 4.3: Modelos de sinais PRBS.

4.5 Caso 1

O primeiro caso tem como objetivo testar um falso resultado para a detecção de

MPM. Nesta circunstância é utilizado o processo em sua forma inicialmente

comissionada, ou seja, sem a presença de MPM. O comportamento das variáveis

controladas para um tempo de simulação de 200 a 2000 minutos pode ser visualizado na

Figura 4.4.

Figura 4.4: Sinais PRBS de excitação e variáveis controladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood-Berry – Caso 1.

57

Pode-se notar que as varáveis controladas acompanham os set-points de maneira

satisfatória. O controle realizado através das variáveis manipuladas pode ser visto na

Figura 4.5.

Figura 4.5: Sinais das variáveis manipuladas do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry

– Caso 1.

Na Figura 4.6 estão presentes os sinais da diferença entre a saída da planta e a

saída modelo. Na figura é visto a variação do erro ao longo do eixo das abscissas, contudo

a escala mostrada no eixo das ordenadas demonstra que os erros são desprezíveis,

variando em um intervalo menor que −0,001 e 0,001 em ambos sinais (𝑒1 e 𝑒2).

58

Figura 4.6: Sinais dos erros do modelo do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry –

Caso 1.

São demonstrados também a distribuição de pontos dos sinais que foram

analisados: variáveis manipuladas e os erros. Conforme visto na Figura 4.7.

Figura 4.7: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do processo

da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 1.

Com base nas informações mostradas das Figuras 4.4 e 4.6 é constatado que o

controlador e o processo operam em sintonia. Desta forma os resultados esperados para a

aplicações dos métodos das correlações cruzada e parciais e informação mútua devem

59

demonstrar a ausência de MPM. Conforme pode ser visto nas Figuras 4.8 e 4.9 os

coeficientes de correlação cruzada e parcial não demonstram a presença de MPM.

Figura 4.8: Correlações cruzadas do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 1.

Figura 4.9: Correlações parciais do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 1.

Para as aplicações dos métodos MI são demonstradas as estimativas das PDFs

marginais (ℎ𝑢1, ℎ𝑢2

, ℎ𝑒1 e ℎ𝑒2

) e conjuntas (ℎ𝑢1𝑒1, ℎ𝑢2𝑒1

, ℎ𝑢1𝑒2 e ℎ𝑢2𝑒2

) das variáveis

60

manipuladas e os erros do processo para a utilização no cálculo da MI utilizando um

número de 30 bins, presentes nas Figuras 4.10, 4.11 e 4.12.

Figura 4.10: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood-Berry – Caso 1.

Figura 4.11: Estimativas das PDFs dos erros do modelo processo da coluna de destilação binária de

Wood-Berry – Caso 1.

61

Figura 4.12: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do

processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry - Caso 1.

Figura 4.13: Informações mútuas através do KNN do processo da coluna de destilação binária de Wood-

Berry – Caso 1.

62

Figura 4.14: Informações mútuas através de histograma do processo da coluna de destilação binária de

Wood-Berry – Caso 1.

Pode-se notar que os resultados das Figuras 4.8, 4.9, 4.13 e 4.14 estão conforme

o esperado. Como não há MPM, todos os coeficientes de todos os métodos estão dentro

ou próximos dos intervalos de confiança.

4.6 Caso 2

Para este caso é incluído ao ganho da função de transferência 𝐺11 da planta 20%

a mais do seu valor nominal. Assim como no Caso 1, é demonstrado na Figura 4.15 o

comportamento das variáveis controladas de acordo com os set-points utilizados, e as

variáveis controladas na Figura 4.16.

Nota-se que apesar da presença de MPM o controlador e o processo aparentam

estar em sintonia, contudo na Figura 4.17 é visível o aumento da magnitude do erro 𝑒1

em comparação com a Figura 4.6.

63

Figura 4.15: Sinais PRBS de excitação e variáveis controladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood-Berry – Caso 2.

Figura 4.16: Sinais das variáveis manipuladas do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry

– Caso 2.

64

Figura 4.17: Sinais dos erros do modelo do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry –

Caso 2.

As distribuições dos pontos das variáveis manipuladas e erros deste caso podem

ser visualizadas na Figura 4.18. Nas distribuições dos gráficos superiores (𝑒1×𝑢1 e

𝑒1×𝑢2) é possível notar a formação segmentos de relações lineares entre as variáveis.

Figura 4.18: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do processo

da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 2.

65

Figura 4.19: Correlações cruzadas do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 2.

Figura 4.20: Correlações parciais do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 2.

Pode-se observar que os métodos de detecção do MPM da correlação cruzada e

parcial, Figuras 4.19 e 4.20, possuem resultados compatíveis com o esperado pela

distribuição de pontos. Ao ser aplicado o método da correlação parcial ocorre melhora

quanto a sensibilidade do resultado, e a detecção ainda ocorre por todo canal de entrada

e saída (𝑢𝑖 − 𝑦𝑗).

Nas Figuras 4.21, 4.22 e 4.23 são visualizadas as estimativas das PDFs marginais

(ℎ𝑢1, ℎ𝑢2

, ℎ𝑒1 e ℎ𝑒2

) e conjuntas (ℎ𝑢1𝑒1, ℎ𝑢2𝑒1

, ℎ𝑢1𝑒2 e ℎ𝑢2𝑒2

) das variáveis manipuladas

66

e os erros do processo para a utilização no cálculo da MI com um número de 30 bins. As

figuras mostram sinais com várias similaridades para os canais 𝑢1 − 𝑦1 e 𝑢2 − 𝑦1.

Figura 4.21: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood-Berry – Caso 2.

Figura 4.22: Estimativas das PDFs dos erros do modelo processo da coluna de destilação binária de

Wood-Berry – Caso 2.

67

Figura 4.23: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do

processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry - Caso 2.

A aplicação da informação mútua pelo KNN apresenta-se na Figura 4.24 e por

histograma na Figura 4.25. Os resultados demonstram o que é esperado através das

estimativas das PDFs anteriores, a detecção ocorre ainda nas relações de entrada e saída

𝑢𝑖 − 𝑦𝑗.

Figura 4.24: Informações mútuas através do KNN do processo da coluna de destilação binária de Wood-

Berry – Caso 2.

68

Figura 4.25: Informações mútuas através de histograma do processo da coluna de destilação binária de

Wood-Berry – Caso 2.

4.7 Caso 3

Neste caso um erro de 20% foi incluído no ganho da função de transferência 𝐺22.

Diferentemente do Caso 2, a variável controlada 𝑦2 não consegue acompanhar o segundo

Set-Point, como pode ser visto na Figura 4.26. As variáveis manipuladas podem ser

visualizadas na Figura 4.27.

Figura 4.26: Sinais PRBS de excitação e variáveis controladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood-Berry – Caso 3.

69

Figura 4.27: Sinais das variáveis manipuladas do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry

– Caso 3.

O 𝑒2 teve a magnitude significativamente amplificada devido a presença de 20%

de MPM em 𝐺22 (Figura 4.28). Em contrapartida 𝑒1 continuou próximo a zero.

Figura 4.28: Sinais dos erros do modelo do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry –

Caso 3.

As distribuições dos pontos das variáveis manipuladas e erros deste caso podem

ser visualizadas na Figura 4.29. Na distribuição do gráfico correspondente aos canais

𝑒2×𝑢1 𝑒2×𝑢2 é possível notar a formação segmentos de similaridades entre as variáveis.

70

Figura 4.29: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do processo

da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 3.

As similaridades na Figura 4.29 são evidenciadas nas Figuras 4.30 e 4.31, as quais

são encontradas as correlações cruzadas e parciais. Embora a inclusão do erro tenha sido

apenas em 𝐺22 a correlação cruzada (Figura 4.30) mostra detecção no modelo 𝐺21 devido

à presença de dependência linear entre as variáveis manipuladas.

A utilização da correlação parcial (Figura 4.31) reduz a dependência entre estas

variáveis, de maneira que a detecção de MPM aparece de forma mais significativa em

𝐺22.

Figura 4.30: Correlações cruzadas do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 3.

71

Figura 4.31: Correlações parciais do processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry – Caso 3.

As Figuras 4.32, 4.33 e 4.34 mostram as estimativas das PDFs das variáveis 𝑢 e 𝑒

na aplicação dos métodos da informação mútua. As informações mútuas pelo método do

KNN e histograma podem ser vistas nas Figuras 4.35 e 4.36, respectivamente. Nota-se

que a detecção ocorre de maneira eficiente, porém, devido a correlação entre as variáveis

manipuladas a presença do MPM aparenta estar visível por toda relação de entrada e

saída.

Figura 4.32: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo da coluna de destilação binária

de Wood-Berry – Caso 3.

72

Figura 4.33: Estimativas das PDFs dos erros do modelo processo da coluna de destilação binária de

Wood-Berry – Caso 3.

Figura 4.34: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do

processo da coluna de destilação binária de Wood-Berry - Caso 3.

73

Figura 4.35: Informações mútuas através do KNN do processo da coluna de destilação binária de Wood-

Berry – Caso 3.

Figura 4.36: Informações mútuas através de histograma do processo da coluna de destilação binária de

Wood-Berry – Caso 3.

74

Capítulo 5

Estudo de Caso da Unidade de FCC e

Detecção de MPM Não Linear

5.1 Introdução

Neste capítulo são apresentados o processo da unidade de FCC como um estudo

de caso não linear e a aplicação dos métodos propostos divididos em casos.

Diferentemente do processo anterior, os casos seguirão um roteiro que simulam a

necessidade de reidentificação do modelo do processo, seguindo as seguintes

ponderações:

• O roteiro será dividido em 3 casos. No primeiro, os testes dos métodos serão

realizados com o controlador em sintonia com o processo, ou seja, em sua

forma nominal. No segundo caso serão incluídos erros que farão com que o

processo e controlador passem a trabalhar com a presença de MPM. No

terceiro caso será aplicada a reidentificação do modelo, para que o controlador

volte a trabalhar em sintonia com o processo. Em todos os casos serão

aplicados os métodos utilizados neste trabalho;

• São analisadas 1800 amostras do conjunto de variáveis manipuladas e dos

erros dos modelos, referentes a parte em estado estacionário da dinâmica do

processo.

• Como o processo não é baseado em funções de transferência, não há como

modifica-las para incluir o MPM. A inclusão se dará através da modificação

de um dos parâmetros do processo que será apresentado a seguir.

75

5.2 Descrição do Processo

Um diagrama simplificado da unidade de craqueamento catalítico (FCC) Kellog

modelo F, similar à usada atualmente na Refinaria Vale do Paraíba (REVAP) de São José

dos Campos-SP, é apresentado na Figura 5.1. A unidade é alimentada por duas correntes:

gasóleo, proveniente de tanque, e óleo desasfaltado, o qual vem diretamente da unidade

de desasfaltação a propano e contém um alto teor de hidrocarbonentos pesados. Estas

correntes se juntam e a mistura após aquecimento no forno é enviada para o riser junto

com o catalisador proveniente do regenerador, provocando as reações endotérmicas de

craqueamento catalítico. Os produtos da reação e o catalisador deixam o riser e entram

no reator. Nesta secção o catalisador é separado da fase gasosa que contém os

hidrocarbonetos, os quais são conduzidos à etapa de recuperação na fracionadora

principal. Durante as reações de craqueamento ocorre a deposição de coque na superfície

do catalisador, a qual afeta o rendimento da reação. Assim, o catalisador precisa ser

reativado fato que ocorre no regenerador através da combustão de coque com ar

proveniente do soprador. O regenerador é dividido em duas partes principais

denominadas 1o e 2o estágios de regeneração. Cada um dos estágios é composto por uma

fase densa formada por um leito fluidizado de catalisador e, sobre a mesma, uma fase

diluída formada pelos gases de combustão proveniente da queima do coque e catalisador

arrastado da fase densa. O catalisador que vem do reator é depositado na fase densa do 1o

estágio o qual transborda sobre um vertedouro para o 2o estágio onde é concluído o

processo de reativação. Acima das fases diluídas do 1o e 2o estágios forma-se uma região

denominada fase diluída geral, da qual os gases de combustão são usados na geração de

vapor na caldeira de CO.

O processo pode ser simulado com o modelo fenomenológico provido por Moro

e Odloak (1995), o qual foi validado com dados industriais provenientes da REVAP. Este

modelo, constituído por 26 ODEs e 74 equações algébricas lineares e não-lineares, vem

sendo usado para avaliação de novas estruturas de controle de FCC na PETROBRAS

(ZANIN; TVRZSKA DE GOUVEA; ODLOAK, 2002). No presente trabalho, as

equações do modelo e os parâmetros do processo serão omitidos, porém, podem ser

encontrados na referência acima mencionada.

76

Figura 5.1: Esquema simplificado da unidade de FCC da REVAP.

Para a operação estável do FCC, o simulador inclui, necessariamente,

controladores convencionais PI para controlar a pressão diferencial entre o reator e o

regenerador, o nível de catalisador no reator e a pressão de sucção do compressor. Estes

controladores são implementados internamente no sistema de controle distribuído (DCS).

5.3 Controle da Unidade FCC

A operação da unidade de FCC é extremamente complexa. Existem várias

restrições operacionais que devem ser mantidas dentro de certos limites mínimos e

máximos. O desempenho do sistema depende altamente da estrutura de controle

selecionada. O controle da unidade de FCC é por definição um problema multivariável

77

ao invés de um problema multi-malha e, portanto, MPC tende a ser a melhor escolha para

este propósito.

No presente caso, a unidade FCC opera sob um esquema MPC em duas camadas,

com estratégia de controle por zonas, como mostrado na Figura 5.2. Neste esquema, o

nível superior corresponde a um algoritmo de otimização econômica o qual computa um

ótimo estado estacionário (i.e., set-points para as variáveis controladas e/ou targets para

as variáveis manipuladas) o qual é passado ao controlador MPC para sua implementação.

5.4 MPC em Duas Camadas

Esquemas de controle MPC em duas camadas são comumente encontrados na

industria de petróleo e petroquímica (ROTAVA; ZANIN, 2005; YING;

VOORAKARANAM; JOSEPH, 1998). No controlador usado neste trabalho, a camada

superior corresponde a um algoritmo de otimização econômica simplificada definida da

seguinte forma (SOTOMAYOR; ODLOAK; MORO, 2009):

Figura 5.2: Controle MPC em duas camadas.

78

minΔ𝑢𝑠𝑠,𝛿𝑦

−𝑊1Δ𝑢𝑠𝑠 +‖𝑊2Δ𝑢𝑠𝑠‖22 + ‖𝑊3𝛿𝑦‖

2

2 (5.1)

Sujeito a:

𝑢𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝑢𝑠𝑠 ≤ 𝑢𝑚𝑎𝑥

𝑦𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝑦𝑠𝑠 + δy ≤ 𝑦𝑚𝑎𝑥

Onde:

Δ𝑢𝑠𝑠 = 𝑢𝑠𝑠 − 𝑢(𝑘 − 1)

𝑦𝑠𝑠 = 𝐺0Δ𝑢𝑠𝑠 + �̂�(𝑘 + 𝑛/𝑘)

(5.2)

𝑢𝑠𝑠 é o vetor de targets para as variáveis manipuladas, 𝑦𝑠𝑠 é o vetor de saídas

preditas no estado estacionário, �̂�(𝑘 + 𝑛/𝑘) é a predição da saída controlada no instante

𝑘 + 𝑛 calculado no tempo 𝑘 (𝑛 é o horizonte do modelo ou o tempo de acomodação do

modelo), 𝐺0 é a matriz de ganhos estacionários do processo e 𝛿𝑦 é o vetor de variáveis de

folga para as variáveis controladas, 𝑢𝑚𝑎𝑥 e 𝑢𝑚𝑖𝑛 são os limites máximos e mínimos das

variáveis manipuladas, 𝑦𝑚𝑎𝑥 e 𝑦𝑚𝑖𝑛 são os limites máximos e mínimos das variáveis

controladas, e 𝑊1, 𝑊2 e 𝑊3 são vetores de ponderação de dimensões adequadas. Neste

ponto, é necessário notar que o vetor de ponderação 𝑊1 é usualmente disponível para ser

ajustado on-line pelo operador do sistema.

Como resultado da solução do problema das Equações (5.1) e (5.2), obtemos os

“targets” das entradas (𝑢𝑠𝑠) que são passados ao controlador MPC, neste caso um QDMC,

o qual soluciona o seguinte problema de otimização (SOTOMAYOR; ODLOAK;

MORO, 2009):

minΔ𝑢

∑(�̂�(𝑘 + 𝑖) − 𝑦𝑠𝑝)𝑇𝑄(�̂�(𝑘 + 𝑖) − 𝑦𝑠𝑝)

𝑝

𝑖=1

+ ∑Δ𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1)𝑇𝑅Δ𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1)

𝑚

𝑗=1

+ ∑[𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1) − 𝑢𝑠𝑠]𝑇𝑅u[𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1) − 𝑢𝑠𝑠]

𝑚

𝑗=1

(5.3)

79

Sujeito a:

−Δ𝑢𝑚𝑎𝑥 ≤ Δ𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1) ≤ Δ𝑢𝑚𝑎𝑥, 𝑗 = 1, … ,𝑚

−𝑢𝑚𝑖𝑛 ≤ 𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1) ≤ 𝑢𝑚𝑎𝑥, 𝑗 = 1,… ,𝑚 (5.4)

Onde �̂�(𝑘 + 1) é a predição da saída no instante 𝑘 + 1, 𝑦𝑠𝑝 é o set-point,

Δ𝑢(𝑘 + 𝑖 − 1) = 𝑢(𝑘 + 𝑖 − 1) − 𝑢(𝑘 + 𝑖 − 1) é o incremento nas entradas, 𝑘 é o

instante atual de amostragem, 𝑝 é o horizonte de otimização ou de predição do

controlador, 𝑚 é o horizonte de controle, 𝑢𝑚𝑎𝑥 e 𝑢𝑚𝑖𝑛 são os limites máximos e mínimos

das entradas, Δ𝑢𝑚𝑎𝑥 é o limite máximo de incremento nas entradas, 𝑄, 𝑅 e 𝑅𝑢 são

matrizes diagonais de ponderação de dimensões apropriadas.

O problema de otimização da Equação (5.3) sujeito às restrições da Equação (5.4)

é resolvido usando programação QP. Note-se que só a primeira ação de controle do vetor

Δ𝑢 é aplicado na planta.

5.5 Estratégia de Controle por Faixas

Em grande parte de aplicações industriais, as saídas são controladas por zonas ou

faixas de operação ao invés de set-points fixos. Esta estratégia é usualmente adotada nos

casos em que o número de saídas controladas é maior que o número de entradas

manipuladas, com a intenção de obter alguns graus de liberdade que permitam levar o

processo a seu target ótimo, e suavizar a resposta do sistema perante perturbações.

Para levar em conta o controle por zonas das saídas, a Equação (5.5) é modificada

da seguinte forma (SOTOMAYOR; ODLOAK; MORO, 2009):

minΔ𝑢

∑(�̂�(𝑘 + 𝑖) − 𝑦𝑏)𝑇𝑄(�̂�(𝑘 + 𝑖) − 𝑦𝑏)

𝑝

𝑖=1

+ ∑Δ𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1)𝑇𝑅Δ𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1)

𝑚

𝑗=1

+ ∑[𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1) − 𝑢𝑠𝑠]𝑇𝑅u[𝑢(𝑘 + 𝑗 − 1) − 𝑢𝑠𝑠]

𝑚

𝑗=1

(5.5)

80

A estratégia de controle por zonas das saídas é implementada da seguinte forma.

Para cada saída 𝑗 observamos sua predição no instante 𝑘 + 𝑖:

• Se 𝑦𝑗,𝑚𝑖𝑛 ≤ �̂�𝑗(𝑘 + 𝑖) ≤ 𝑦𝑗,𝑚𝑎𝑥, a saída 𝑦𝑗 deve ser ignorada (liberada ou

removida dos cálculos de controle) no instante 𝑘 + 𝑖. Portanto, o parâmetro da

matriz 𝑄 correspondente a essa saída deve ser zero. 𝑦𝑗𝑏(𝑘 + 𝑖) pode ser qualquer

valor.

• Se �̂�𝑗(𝑘 + 𝑖) > 𝑦𝑗,𝑚𝑎𝑥, a saída 𝑦𝑗 deve ser trazida para seu limite superior.

Portanto, fazemos 𝑦𝑗𝑏(𝑘 + 𝑖) = 𝑦𝑗,𝑚𝑎𝑥. O parâmetro da matriz 𝑄 correspondente

a essa saída é um parâmetro de sintonia do controlador.

• �̂�𝑗(𝑘 + 𝑖) < 𝑦𝑗,𝑚𝑖𝑛, a saída 𝑦𝑗 deve ser trazida para seu limite inferior. Portanto,

fazemos 𝑦𝑗𝑏(𝑘 + 𝑖) = 𝑦𝑗,𝑚𝑎𝑥. O parâmetro da matriz 𝑄 correspondente a essa

saída é o mesmo do caso anterior.

5.6 Controle MPC da Unidade FCC

No presente caso, a estrutura de controle do FCC é baseada na versão original do

controlador usado na REVAP. Deste esquema, e para efeitos do nosso estudo, só

consideraremos um subsistema 2×2 onde as entradas manipuladas 𝑢1 e 𝑢2 são a vazão

total de ar introduzida no regenerador (ton/h) e abertura da válvula de catalisador

regenerado (%), respectivamente, e as saídas controladas 𝑦1 e 𝑦2 são a temperatura da

fase densa do 1o estágio do regenerador (°C) e a temperatura na saída do riser (°C),

respectivamente. Além disso, as saídas 3y e 4y , i.e., a temperatura da fase densa do 2o

estágio do regenerador (°C) e a severidade da reação de craqueamento (%),

respectivamente, não estão sob controle, mas podem ser monitoradas a partir do sistema.

O modelo linear do processo usado no controlador, obtido através da resposta ao

degrau, é representado pela seguinte matriz de funções de transferência:

81

𝐺(𝑠)

=

[ 0,04088𝑠 + 0,0004847

𝑠2 + 0,0253𝑠 + 0,0017

−3,17𝑠 + 0,04581

𝑠2 + 0,0293𝑠 + 0,0008547

0,0226𝑠 + 0,0008945

𝑠2 + 0,0567𝑠 + 0,00234

3,77𝑠2 + 0,091𝑠 + 0,003

𝑠3 + 0,0738𝑠2 + 0,002𝑠 + 4,82×10−5]

(5.6)

A implementação do controlador MPC considera os parâmetros de sintonia

conforme listados na Tabela 1.

Tabela 3: Parâmetros de sintonia do controlador MPC.

Parâmetro Descrição Valor

𝑻𝒔 Tempo de amostragem 1 min

𝑵 Horizonte do modelo 300

𝒉𝒑 Horizonte de predição 10

𝒉𝒄 Horizonte de controle 2

𝛅𝐮𝐦𝐚𝐱 Limite máx. de incremento nas entradas [1 0,015]𝑇

𝐮𝐦𝐚𝐱 Limite máximo das entradas [240 0,95]𝑇

𝐮𝐦𝐢𝐧 Limite mínimo das entradas [210 0,45]𝑇

𝐲𝐦𝐚𝐱 Limite máximo das saídas [675 545]𝑇

𝐲𝐦𝐚𝐱 Limite mínimo das saídas [665 538]𝑇

𝑸 Matriz de ponderação de predições das saídas 𝑑𝑖𝑎𝑔([1 1]) 𝑹 Matriz de fatores de supressão de

incrementos nas entradas 𝑑𝑖𝑎𝑔([0,2 2])

𝑹𝒖 Matriz de ponderação da distância entre a

entrada calculada e o target ótimo 𝑑𝑖𝑎𝑔([0,111 0,525])

𝑾𝟏 Vetor de coeficientes econômicos das

variáveis manipuladas

[30 30]𝑇

𝑾𝟐 Matriz de ponderação de incrementos nas

entradas 𝑑𝑖𝑎𝑔([200 1000])

𝑾𝟑 Matriz de ponderação das variáveis de folga

das saídas 𝑑𝑖𝑎𝑔([1000 1000])

Os valores no estado estacionário das entradas manipuladas e saídas controladas

são 𝑢0 = [221 0,82]𝑇 e 𝑦0 = [670,14 542,2]𝑇, respectivamente. A Figura 5.3

mostra a implementação do simulador do sistema controlado em uma ambiente de

simulação computacional.

82

Figura 5.3: Implementação do simulador do sistema FCC.

Neste processo não há aplicação de perturbação através dos set-points do sistema,

no entanto a premissa de que o sistema deve ser perturbado para capturar a dinâmica do

processo deve ser seguida, uma metodologia similar é então realizada. Nesta metodologia,

o conhecimento a priori do processo (Equação (5.6)) é usado para projetar de forma off-

line sinais de excitação persistentes entre 1 e -1 (Figura 5.4), os quais são introduzidos

nos coeficientes econômicos 𝑊1 da função custo da otimização econômica em estado

estacionário. Como resultado desta perturbação, nas Figuras 5.5 e 5.6 são mostradas as

respostas das variáveis manipuladas e controladas, respectivamente, coletados com uma

taxa de amostragem de 1 min. Como pode ser visualizado nestas respostas, as variáveis

manipuladas e controladas são mantidas dentro de seus limites operacionais, oferecendo

segurança ao sistema e mantendo as especificações da qualidade do produto.

83

Figura 5.4: Sinal de excitação introduzido nos coeficientes econômicos 𝑊1.

5.6 Caso 1

Neste primeiro caso o controlador e processos funcionam em sintonia. O modelo

utilizado no controlador está explicitado na Equação 5.6. O objetivo do caso é avaliar a

eficácia dos métodos quando há ausência de MPM, assim como foi realizado no Caso 1

do capítulo anterior.

Na Figura 5.5 é possível visualizar as variáveis controladas do processo coletadas

com a mesma taxa de amostragem de 1 min utilizada anteriormente. É demonstrado que

o processo está operando dentro dos seus limites.

Nas Figuras 5.6 e 5.7 estão os gráficos das variáveis utilizadas na aplicação dos

métodos: variáveis manipuladas (𝑢), Figura 5.6, e os erros do modelo (𝑒), Figura 5.7.

Nota-se que os erros estão próximos de zero, conforme esperado para o processo e

controlador nas formas nominais.

84

Figura 5.5: Sinais variáveis controladas do processo FCC - Caso 1.

Figura 5.6: Sinais variáveis manipuladas do processo FCC - Caso 1.

85

Figura 5.7: Sinais dos erros do modelo do processo FCC - Caso 1.

As distribuições de pontos formadas pelos erros do modelo e as variáveis

manipuladas podem ser vistas na Figura 5.8. Nota-se que as variáveis em análise formam

uma distribuição sem nenhuma associação linear entre elas.

Figura 5.8: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do processo

FCC do - Caso 1.

Os resultados de detecção pelos métodos da correlação cruzada e parcial de MPM

são vistos nas Figuras 5.9 e 5.10, respectivamente. Como esperado, a partir da Figura 5.8,

há detectado MPM nas Figuras 5.9 e 5.10, pois os coeficientes de correlação encontram-

se dentro dos intervalos de confiança, em azul.

86

Figura 5.9: Correlações cruzadas do processo FCC - Caso 1.

Figura 5.10: Correlações parciais do processo FCC do caso 1.

Para a demonstração do desenvolvimento dos métodos utilizando informação

mútua são geradas as estimativas das PDFs de 𝑢 e 𝑒 , presentes nas Figuras 5.11 e 5.12.

Na Figura 5.13 encontram-se as PDFs conjuntas formadas por 𝑢 e 𝑒.

Nota-se através das Figuras 5.11, 5.12 e 5.13 que 𝑢 e 𝑒 não formam qualquer tipo

de associação linear ou não linear entre elas. Desta maneira os métodos da informação

mútua não detectam presença de MPM, como pode ser visto nas Figuras 5.14 e 5.15, em

que os coeficientes se apresentam também dentro dos intervalos de confiança em azul.

87

Figura 5.11: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo FCC – Caso 1.

Figura 5.12: Estimativas das PDFs dos erros do modelo do processo FCC – Caso 1.

88

Figura 5.13: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do

processo FCC – Caso 1.

Figura 5.14: Informações mútuas através de KNN do processo FCC – Caso 1.

89

Figura 5.15: Informações mútuas através de histograma do processo FCC – Caso 1.

5.7 Caso 2

Neste segundo caso é incluído MPM através do acréscimo de 25% do valor do

parâmetro 𝐾𝑐𝑐 no processo, tal parâmetro corresponde a constante cinética da reação de

formação do coque. O valor que antes era 4,2 passa a ser igual a 5,25. Esta perturbação

afeta a operação da unidade FCC, e resulta em mais deposição de coque no riser e na

concentração de coque do catalisador usado. Após a ocorrência da mudança de condição,

verifica-se que há uma diminuição na taxa de fluxo total do ar e na quantidade de

catalisador regenerado. Estas consequências, evidentemente, representam a diminuição

do valor médio das variáveis manipuladas

Os efeitos da presença de MPM podem ser notados de forma aparente nas

variáveis controladas, manipuladas e erros do modelo, vistas na Figura 5.16, 5,17 e 5.18,

respectivamente. Os sinais das variáveis 𝑦 demonstram o funcionamento incorreto do

controlador, devido ao formato senoidal dos sinais caracterizando uma resposta não

amortecida.

Assim como nas variáveis 𝑦, os sinais das variáveis manipuladas e os erros do

modelo demonstram o mau desempenho do controlador. Analisando estas variáveis pode

ser esperado que a detecção deva ocorrer principalmente nos canais de entrada e saída

formados por 𝑢1 − 𝑦1 e 𝑢2 − 𝑦1.

90

Tal análise pode ser baseada nos níveis de similaridade entre as variáveis das

Figuras 5.17 e 5.18, que aparentam ser maiores entre as variáveis de 𝑢 e 𝑒1 do que 𝑢 e 𝑒2,

de maneira que a detecção de MPM esperada ocorre em 𝐺11 e 𝐺12.

Figura 5.16: Sinais das variáveis controladas do processo FCC - Caso 2.

Figura 5.17: Sinais das variáveis manipuladas do processo FCC - Caso 2.

91

Figura 5.18: Sinais dos erros do modelo do processo FCC - Caso 2.

Embora o comportamento das variáveis 𝑢 e 𝑒 demonstrem a presença de MPM a

detecção através da correlação cruzada e parcial fica prejudicada pela natureza não linear

dos sinais. Na Figura 5.19 é possível visualizar diversas distribuições caracterizadas por

dependências entre as variáveis.

Figura 5.19: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do processo

FCC do - Caso 2.

Nas Figuras 5.20 e 5.21 vêm-se as correlações cruzadas e parciais,

respectivamente. Nelas os resultados apresentam-se de forma equivocada com relação a

localização real do MPM. Nas correlações cruzadas o indicativo de MPM aparece em

92

todos os canais de entrada e saída, enquanto nas parciais não há indicação da presença de

MPM

Figura 5.20: Correlações cruzadas do processo FCC - Caso 2.

Figura 5.21: Correlações parciais do processo FCC - Caso 2.

Nas Figuras 5.22 e 5.23 estão presentes as estimativas das PDFs das variáveis 𝑢 e

𝑒 deste caso. Na Figura 5.24 encontra-se as estimativas das PDFs conjuntas destas

variáveis. É importante ressaltar as distribuições encontradas, diferente dos outros casos

presentes neste trabalho com bastante característica não linear.

93

Figura 5.22: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo FCC – Caso 2.

Figura 5.23: Estimativas das PDFs dos erros do modelo do processo FCC – Caso 2.

94

Figura 5.24: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do

processo FCC – Caso 2.

As Figuras 5.25 e 5.26 mostram as informações mútuas pelo método do KNN e

histograma. Os resultados de detecção do MPM apresentam-se diferentes com relação aos

encontrados nas correlações cruzadas e parciais, contudo, coerente com o esperado pela

inclusão do MPM na variável 𝐾𝑐𝑐.

Figura 5.25: Informações mútuas através de KNN do processo FCC – Caso 2.

95

Figura 5.26: Informações mútuas através de histograma do processo FCC – Caso 2.

5.8 Caso 3

Neste caso um processo de reidentificação do modelo do controlador é realizado,

visto que a detecção de MPM feita no caso anterior indica que o modelo já não acompanha

as modificações sofridas no processo.

O método de reidentificação seguiu a metodologia empregada por Sotomayor,

Odloak e Moro (2009), baseado no toolbox CONSTSID (Continuous-Time System

Identification).

A Equação (5.7) demonstra os modelos reidentificados e utilizados neste caso. As

Figuras 5.27 e 5.28 mostram as variáveis controladas e manipuladas do processo. É

possível notar o comportamento diferente do caso anterior e similar ao primeiro caso, em

que há a ausência de MPM

Na Figura 5.29 apresentam-se os erros do modelos, todos e torno de zero

semelhante ao primeiro caso também.

𝐺(𝑠) =

[

0,04318𝑠 + 0,002054

𝑠2 + 0,06059𝑠 + 0,004767

0.4746𝑠 − 0.2527

𝑠2 + 0,04967𝑠 + 0,00441

0,01575𝑠 + 0,0009613

𝑠2 + 0,03378𝑠 + 0,002804

0.000112𝑠2 − 609,7𝑠 + 1,434

𝑠3 + 224,2𝑠2 + 9,607𝑠 + 0,03254]

(5.7)

96

Figura 5.27: Sinais das variáveis controladas do processo FCC - Caso 3.

Como o modelo foi reidentificado conforme o processo atual, a ausência de MPM

é esperada como resultado na aplicação dos métodos. No entanto, como já foi

comprovado anteriormente, há ineficácia dos métodos utilizando a correlação cruzada e

parcial na detecção de MPM em sistemas de natureza não linear.

A distribuição de pontos entre as variáveis 𝑢 e 𝑒 na Figura 5.30 demonstram

relações lineares entre as variáveis. Estas relações são evidenciadas pelas correlações

cruzadas e parciais nas Figuras 5.31 e 5.32.

Figura 5.28: Sinais das variáveis manipuladas do processo FCC - Caso 3.

97

Figura 5.29: Sinais dos erros do modelo do processo FCC - Caso 3.

Figura 5.30: Distribuições de pontos formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do processo

FCC do - Caso 3.

Figura 5.31: Correlações cruzadas do processo FCC - Caso 3.

98

Figura 5.32: Correlações parciais do processo FCC - Caso 3.

As estimativas das PDFs são apresentadas nas Figuras 5.33, 5.34 e 5.35. Através

delas pode ser deduzido que os resultados para a detecção de MPM não indicaram MPM,

pois não ocorre a formação de relações lineares ou não lineares entre as varáveis,

semelhante ao primeiro caso deste capítulo.

As Figuras 5.36 e 5.37 mostram as informações mútuas através do KNN e do

histograma, respectivamente. Os coeficientes para os dois métodos encontram-se dentro

dos intervalos de confiança, significando a ausência de MPM.

Figura 5.33: Estimativas das PDFs das variáveis manipuladas do processo FCC – Caso 3.

99

Figura 5.34: Estimativas das PDFs dos erros do modelo do processo FCC – Caso 3.

Figura 5.35: Estimativas das PDFs conjuntas formadas pelas variáveis manipuladas e erros do modelo do

processo FCC – Caso 3.

100

Figura 5.36: Informações mútuas através de KNN do processo FCC – Caso 3.

Figura 5.37: Informações mútuas através de histograma do processo FCC – Caso 3.

101

Capítulo 6

Conclusões e Recomendações de

Trabalhos Futuros

Neste trabalho quatro técnicas foram aplicadas na detecção de MPM em sistemas

de controle MPC de processos lineares e não lineares. Três destas técnicas são baseadas

em metodologias já difundidas para detecção de MPM, que são a Correlação Cruzada, a

Correlação Parcial e a Informação Mútua estimada por KNN, sendo a quarta técnica

baseada na estimação de Informação Mútua por histogramas. Estas técnicas usam níveis

e tipos de similaridades entre as variáveis manipuladas e os erros do modelo para a

realização da detecção de MPM.

Os resultados obtidos com as aplicações das técnicas foram satisfatórios e

coerentes com a literatura técnica direcionada a detecção de MPM. Nas aplicações

envolvendo as correlações cruzada e parcial em sistemas de controle MPC linear, a

detecção de MPM ocorreu de acordo com as previsões nas análises das distribuições

produzidas pelos sinais das variáveis manipuladas e erros do modelo. Ressaltando que a

correlação cruzada, uma ferramenta de aplicação simples, não atuou de forma correta com

relação a dependência entre variáveis manipuladas, detectando MPM em toda realação

de entrada e saída dos modelos.

Na utilização da correlação parcial, que mede a correlação entre duas variáveis

excluindo o efeito de uma terceira, foi possível obter resultados de detecção de MPM

mais precisos, sem que a dependência entre variáveis manipuladas interferisse de forma

acentuada na detecção do MPM. Contudo o processo de implementação da correlação

parcial mostrou-se demasiadamente oneroso, devido à necessidade da obtenção de

modelos dinâmicos com altos níveis de precisão.

Verificou-se também que as ferramentas utilizando correlação cruzada e parcial

não obtiveram resultados satisfatórios em sistemas de controle MPC não linear, pois os

resultados são dependentes dos coeficientes que são gerados através do ajuste linear.

Portanto são técnicas matemáticas voltadas a sistemas lineares.

102

Com as técnicas de detecção utilizando a MI pelo KNN e Histograma foram

obtidos resultados satisfatórios e semelhantes, tanto em sistemas de controle MPC linear

quanto não-linear. Ao serem aplicadas em sistemas lineares ficou evidenciado a mesma

característica de detecção de toda relação de entrada e saída dos modelos. A ferramenta

utilizando Histograma também se mostrou matematicamente mais simples e

computacionalmente mais rápida.

Pode ser ressaltado que os resultados obtidos neste trabalho não invalidam a

utilização das técnicas já conhecidas. É necessário então que se tenha conhecimento da

dinâmica do processo na escolha da técnica a ser utilizada de detecção do MPM.

Portanto, a partir dos resultados obtidos neste trabalho conclui-se que as técnicas

desenvolvidas para detecção de MPM em sistemas de controle MPC lineares e não

lineares obtiveram êxito dentro dos objetivos desejados, contudo, apesar de não serem

produtos prontos para aplicações em sistemas reais, oferecem soluções apropriadas e

fornecem subsídios para o desenvolvimento de implementações posteriores.

A seguir são listadas algumas perspectivas futuras deste trabalho:

• Aplicar os métodos em estruturas de controle mais complexas, envolvendo

maior número de entradas e saídas;

• Uso de técnicas de identificação não linear para obter modelos dinâmicos mais

precisos que relacionam os resíduos dos erros e as variáveis manipuladas, para

ser utilizado na correlação parcial;

• Implementação das técnicas desenvolvidas em sistemas reais.

103

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109

Apêndice A

Identificação por Subespaços

A.1 Introdução

Os métodos de identificação por subespaços estão intimamente relacionados com

a teoria de realização. Uma vez que se busca, a partir de um banco de dados de variáveis

de entrada 𝑈 e um banco de dados de variáveis de resposta 𝑌 estabelecer um modelo,

ainda hoje linear, pode ser considerado de fato, uma implementação computacional da

teoria de realização, e, portanto, muito ligado a balanceamento de realizações.

Tremenda quantidade de trabalhos foram realizados em identificação caixa-preta

de entrada-saída, baseados em métodos de predição de erros (PEM). Pode ser tentado

fazer uma identificação PEM e posteriormente aplicar a teoria de realização no modelo

obtido, mas é instintivo que uma identificação direta do modelo de espaço de estado é

superior.

PEM geralmente resulta essencialmente em um problema de otimização não-

linear de estimação de parâmetros, mesmo o modelo sendo linear. O método de

subespaços utiliza diretamente os métodos robustos de álgebra linear.

PEM trata a determinação da ordem do modelo como um problema preliminar a

ser resolvido, e geralmente se trata de um desafio para os praticantes. O método de

subespaço trata conjuntamente o problema adicional de identificação de estrutura. O

modelo resultante será necessariamente observável e controlável. Mas em termos teóricos

de ordem mínima, e em termos práticos com uma flexibilidade para determinar a ordem

da variável de estados. Porém nota-se que a determinação de estrutura é de um modo geral

melhor tratável do que em métodos de predição de erros.

Em se tratando de método computacional, está muito ligado com a teoria de

fatoração de matrizes, decomposição em valores singulares, projeções ortogonais e

oblíquos, e as matrizes de Hankel e de Toeplitz.

110

Em termos de resultados e de aplicabilidade, este método se aproxima muito de

técnicas de PLS – modelos de estruturas latentes parciais, desenvolvidos no ramo de

química instrumental, quando este é aplicado para modelos dinâmicos.

Pela sua natureza de ferramentas de álgebra linear, existe uma convergência de

foco muito grande entre as técnicas de SID – identificação por subespaços e TLS –

mínimos quadrados totais.

Finalmente, é suficientemente curioso descobrir que na intersecção de planos

entre o banco de dados de entrada 𝑈 e o banco de dados de saída 𝑌 está o banco de estado

𝑋, demonstrado matematicamente!

Todos estes aspectos não serão apontados detalhadamente. No presente texto será

apresentado a visão da teoria de identificação por subespaços. Mas quem tiver

familiaridade com algum destes aspectos citados acima: teoria de realização, método de

predição de erros, estrutura e homeomorfismo de sistemas lineares, álgebra linear,

fatoração QR, LQ, SVD, projeções de mapas lineares, técnicas PLS e TLS, e outros,

reconhecerá em cada um deles estas ligações.

A.2 Os métodos de identificação por subespaços

Os métodos de identificação por subespaços são uma classe de algoritmos cuja

principal característica é a aproximação de subespaços gerados pelos espaços linha das

matrizes de Hankel em blocos, de dados de entrada/saída, para calcular um modelo

confiável em espaço de estado discreto da seguinte forma:

𝑥(𝑘 + 1) = 𝐴𝑥(𝑘) + 𝐵𝑢(𝑘) + 𝑤(𝑘)

𝑦(𝑘) = 𝐶𝑥(𝑘) + 𝐷𝑢(𝑘) + 𝑣(𝑘) (A.1)

com

𝐸 [(𝑤𝑝

𝑣𝑝) (𝑤𝑝

𝑇 𝑣𝑝𝑇)] = (

𝑄 𝑆

𝑆𝑇 𝑅) 𝛿𝑝𝑞 ≥ 0 (A.2)

Onde 𝑥 ∈ ℜ𝑛×𝑚, 𝑢 ∈ ℜ𝑚×1 e 𝑦 ∈ ℜ𝑙×1 são o vetor de estados, o vetor de entradas e o

vetor de saídas do processo, respectivamente. 𝐴 ∈ ℜ𝑛×𝑛 é a matriz (de transição de

111

estados) do sistema, 𝐵 ∈ ℜ𝑛×𝑚 é a matriz de entrada, 𝐶 ∈ ℜ𝑙×𝑛 é a matriz de saída e 𝐷 ∈

ℜ𝑙×𝑚 é a matriz de entrada e saída direta. 𝑤 ∈ ℜ𝑙×𝑛 é o ruído do processo e 𝑣 ∈ ℜ𝑙×1 é

o ruído de medição. Estes sinais são assumidos como vetores de sequencias não

mensuráveis de ruído branco estacionário com média zero e não correlacionados com as

entradas 𝑢. 𝑄 ∈ ℜ𝑛×𝑛, 𝑆 ∈ ℜ𝑛×1 e 𝑅 ∈ ℜ𝑙×1 são matrizes de covariância das sequencias

de ruído 𝑤 e 𝑣. 𝐸 denota o operador esperança, 𝛿𝑝𝑞 o delta de Kronecker e 𝑘 p tempo

discreto. Na Equação (A.1) assume-se que o sistema seja assintoticamente estável, o par

(𝐴,𝐵) é controlável e o par (𝐴,𝐶) é observável.

É comum, na prática, distinguir três situações possíveis, dependendo das entradas

atuando no sistema da Equação (5.1):

1. O caso puramente determinístico (𝑤 = 𝑣 = 0);

2. O caso puramente estocástico (𝑢 = 0);

3. O caso combinado determinístico-estocástico.

Os métodos baseados em subespaços para identificação de modelos em espaço de

estados têm suas origens na realização em espaço de estados, conforme desenvolvido por

Ho e Kalman (1966). Estas técnicas determinam um modelo em espaço de estados a partir

de uma resposta ao impulso, o que recebeu uma enorme atenção na área de processamento

de sinais nos anos setenta. Na área de identificação de sistemas, onde usualmente tem-se

dados de entrada/saída ao invés de uma resposta ao impulso, os métodos se subespaços

foram desenvolvidos no final dos anos oitenta.

O termo “identificação por subespaços” foi incialmente introduzido por

Verhaegen e Deprettere (1991) .Estes incluem uma versão anterior de algoritmos por

subespaços apresentado por Moonen et al. (1989). Atualmente, existem métodos de

identificação por subespaços e todos têm alcançado um alto nível de desenvolvimento.

Entre eles tem-se: CVA (Canonical Variate Analysis) por Larimore (1983, 1990),

MOESP (Multivariable Output-Error State-Space Model Indentification) por Verhaegen

e Dewilde (1992), basic-4SID e IV-4SID (Instrumental Variable Subspace-Based State-

Space System Identification) por Ottersten e Viberg (1994), Gustafsson (1997) e Viberg

(2002), N4SID (Numerical Algorithms for Subspace State Space System Identification)

por Overschee e Moor (1994,1996), CCA (Canonical Correlation Analysis) por Peternell,

Scherrer e Deistler (1996) e DSR (Deterministic and Stochastic Subspace System

112

Identification and Realization) por Di Ruscio (1997). A análise de consistência dos

métodos de identificação por subespaços tem sido mostrada em vários trabalhos. Uma

visão geral do estado da arte é apresentada em Viberg (1994, 1995), De Moor e Van

Overschee (1995) e De Moor e Van Overschee e Favoreel (1999).

A maior vantagem destes métodos é que somente precisam de dados de

entrada/saída e muito pouco conhecimento sobre o sistema a ser identificado. Além disso,

estes métodos estão baseados na teoria de sistemas, geometria e operações

numericamente robustas e não-iterativas da álgebra linear, tais como fatoração QR e LQ

e decomposição em valores singulares (SVD) e suas generalizações, para as quais boas

ferramentas numéricas são bem conhecidas (GOLUB; VAN LOAN, 1996). Uma

desvantagem destes algoritmos é que a percepção física do processo, no modelo obtido,

é perdida, o que é uma característica dos modelos caixa-preta. Por exemplo, os estados

são “artificiais” e não é possível entender como uma variável do processo, que não está

diretamente incluída no modelo, afeta o processo. Além disto, uma grande quantidade de

dados é necessária para obter modelos precisos. De fato, gerar e coletar dados de alguns

processos pode ser demasiado caro.

A.3 Exemplo Prático

Como forma de demonstrar de que modo foi utilizada a teoria de identificação por

subespaços, previamente introduzida acima, é utilizado o mesmo processo da coluna de

destilação binária (Figura 4.1) de Wood e Berry (1973), mais especificamente o Caso 3,

em que é incluído MPM através da alteração de 20% no valor do ganho da função de

transferência 𝐺22.

Com base neste Caso 3 são coletadas as variáveis manipuladas e os erros do

modelo, livres dos distúrbios, conforme a metodologia proposta por Badwe et al. (2009)

apresentada na seção 3.2.1, para a detecção de MPM através da correlação parcial. Neste

caso as variáveis de entrada e saída para a identificação dos modelos 𝑮𝑢𝑖 e 𝑮𝑒𝑗

são

mostradas na Tabela A.1. A identificação destes modelos dinâmicos faz-se necessário

como parte do processo para encontrar os resíduos 휀�̂�𝑖 e 휀�̂�𝑗

. Os resíduos são responsáveis

pela análise de dependência entre as variáveis em análise e encontrados pela máxima

aproximação entre �̂�𝑖𝑟 ou 𝑒𝑗 e �̃�𝒊

𝒓, dado pelo modelo 𝑮𝑢𝑖 ou 𝑮𝑒𝑗

.

113

Tabela A.1: Variáveis de entrada e saída utilizadas para a identificação dos modelos explícitos.

Entradas Modelos Saídas

𝑢2 𝑮𝑢1 𝑢1

𝑢1 𝑮𝑢2 𝑢2

𝑢2 𝑮𝑒1 𝑒1

𝑢1 𝑮𝑒2 𝑒2

Considerando que o objetivo principal é demonstrar a identificação de modelos

dinâmicos encontrados através de subespaços para a correlação parcial, e não a detecção

de MPM, será identificado apenas o modelo 𝐺𝑢2, o mesmo procedimento é válido para a

identificação de outros modelos e processos.

Desta maneira é necessário escolher uma ordem (Figura A.1) para o modelo de

maneira que possa aproximar o máximo as variáveis �̂�𝑖𝑟 ou 𝑒𝑗 e �̃�𝒊

𝒓.

Figura A.1: Valores singulares para a escolha do modelo do processo da coluna de destilação de Wood e

Berry – Caso 3.

114

Para este caso foi escolhido uma ordem igual a 3 dentre um intervalo de 30. Os

outros 29 valores singulares poderiam ser escolhidos, contudo, em outros casos,

determinadas ordens podem fazer com que os modelos operem na instabilidade. Deste

modo a preocupação deve ser direcionada não só a máxima aproximação, mas também a

estabilidade do modelo.

Com a escolha da ordem do modelo a identificação através do DSR é realizada,

em seguida é utilizado o PEM para otimizá-lo, como pode ser visto na Figura A.2.

Figura A.2: Identificação de modelo por DSR e otimização por PEM.

Os modelos identificados são puramente determinísticos (𝑤 = 𝑣 = 0) e suas

matrizes do sistema podem ser visualizadas nas Equações (A.3) e (A.4), a primeira

referente a identificação pelo algoritmo do DSR e a segunda pelo PEM. Através da Figura

A.3 é possível visualizar que o sistema é estável, devido à localização dos polos dentro

do círculo unitário. Posteriormente, a aplicação transcorre de acordo com as Equações

(3.19) e (3.21) para encontrar os resíduos, em seguida é aplicada a correlação cruzada.

𝐴𝑑𝑠𝑟 = [

0,9434 −0,1237 0,14740,0101 0,9805 0,1760

−0,0092 0,0012 0,8826] 𝐵𝑑𝑠𝑟 = [

−0,16370,0851

−0,1043]

𝐶𝑑𝑠𝑟 = [−0,3336 −0,2903 0,4129] 𝐷𝑑𝑠𝑟 = 0

(A.3)

115

𝐴𝑃𝐸𝑀 = [

0,8881 −0,1974 0,2462−0,0453 0,7956 0,33590,0563 0,2723 0,5067

] 𝐵𝑃𝐸𝑀 = [−0,10470,2474

−0.4475]

𝐶𝑃𝐸𝑀 = [−0,3882 −0,3730 0,5023] 𝐷𝑃𝐸𝑀 = 0

(A.4)

Figura A.3: Localização dos polos do modelo reidentificado.