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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE PRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA COORDENAÇÃO DE PESQUISA Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) - CNPq/UFS Projeto de Pesquisa: Representações sociais dos índios em Sergipe: Infra- humanização, racismo, sentimentos de culpa e solidariedade. Relatório Parcial: Representações sociais e sentimentos: O papel dos sentimentos nas imagens construídas sobre os índios em Sergipe Área de Concentração: Ciências Humanas/Psicologia Social Código CNPq: Ciências Humanas 7.07.00.00-1 / Psicologia Social 7.07.05.00-3 Bolsista: Denise de Souza Silva Departamento de Psicologia Matrícula: 03141722 Orientador: Prof. Dr. Marcus Eugênio Oliveira Lima Departamento de Psicologia Centro de Educação e Ciências Humanas 1

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPEPRÓ-REITORIA DE PÓS-GRADUAÇÃO E PESQUISA

COORDENAÇÃO DE PESQUISA

Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC) - CNPq/UFS

Projeto de Pesquisa:Representações sociais dos índios em Sergipe: Infra-humanização, racismo,

sentimentos de culpa e solidariedade.

Relatório Parcial:Representações sociais e sentimentos: O papel dos sentimentos nas imagens

construídas sobre os índios em Sergipe

Área de Concentração: Ciências Humanas/Psicologia SocialCódigo CNPq: Ciências Humanas 7.07.00.00-1 / Psicologia Social 7.07.05.00-3

Bolsista: Denise de Souza SilvaDepartamento de Psicologia

Matrícula: 03141722

Orientador: Prof. Dr. Marcus Eugênio Oliveira LimaDepartamento de Psicologia

Centro de Educação e Ciências Humanas

RELATÓRIO FINALJaneiro/2007 - Agosto/2007

Este projeto foi desenvolvido com bolsa de iniciação científicaPIBIC/COPES

São Cristóvão - SE2007

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SUMÁRIO

RESUMO.........................................................................................................................3INTRODUÇÃO...............................................................................................................41. SENTIMENTOS E PRECONCEITO.....................................................................52. MÉTODO...................................................................................................................9Sujeitos..............................................................................................................................9Procedimentos e Instrumento..........................................................................................103. RESULTADOS E DISCUSSÕES..........................................................................104. CONSIDERAÇÕES FINAIS.................................................................................175. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..................................................................19ANEXOS........................................................................................................................20Anexo A: Termo de Consentimento Informado..............................................................20Anexo B: Roteiro de entrevista.......................................................................................21

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RESUMO

No Brasil estima-se que ainda haja cerca de 220 povos indígenas totalizando cerca de 370 mil indivíduos distribuídos em aldeias situadas no interior do território nacional. Este grupo tem reaparecido no cenário social, depois de um período longo de exclusão despertando atitudes étnicas específicas para com este, das quais os sentimentos são constitutivos. Esta pesquisa visou estudar a relação entre as imagens sociais que os moradores das cidades de Estância, Itabaiana, Lagarto, Porto da Folha, Aracaju, (cidades Sergipanas) e Pão de açúcar, (interior Alagoano) e os sentimentos que estes possuem em relação aos índios. Os resultados demonstram que imagens e sentimentos possuem uma relação muito íntima no que se refere às relações intergrupais entre os índios e as cidades estudadas.

Palavras-chave: representações sociais, índios e sentimentos.

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Introdução

Nenhum povo que passasse por isso como sua rotina de vida, através de séculos, sairia dela sem ficar marcado indelevelmente. Todos nós, brasileiros, somos carne da carne daqueles pretos e índios supliciados. Todos nós brasileiros somos, por igual a mão possessa que os supliciou. A doçura mais terna e a crueldade mais atroz aqui se conjugaram para fazer de nós a gente sentida e sofrida que somos e a gente insensível e brutal, que também somos. Descendentes de escravos e de senhores de escravos seremos sempre servos da marginalidade destilada e instalada em nós, tanto pelo sentimento da dor intencionalmente produzida para doer mais, quanto pelo exercício da brutalidade sobre homens, sobre mulheres, sobre crianças convertidas em pasto de nossa fúria. (Darcy Ribeiro, 1996a, p. 120)

Os índios estão no Brasil antes do seu surgimento enquanto país, eles estão nos nossos livros de história, estão na história da nossa formação cultural, política e geográfica, na nossa língua, na nossa culinária, os índios estão em todas as regiões do país e mais que tudo isto eles estão na composição genética do nosso povo. Uma pesquisa feita pela UFMG em 1997 analisando o DNA dos brasileiros, demonstrou que 45 milhões de nós temos ascendência indígena. Por que então para a maioria dos brasileiros os índios são invisíveis? Por que raramente ou mesmo nunca nos sentimos “a mão possessa que os supliciou”? Por que tão perto biológica e geograficamente e tão longe em termos de identidade nacional?

O fotógrafo e antropólogo Siloé Soares de Amorim, estudioso dos índios do Brasil, apresenta um quadro compreensivo das ambivalências nacionais em relação ao índio. Parece que amamos ou aprendemos a cultuar um índio genérico, estereotipado, que anda nu e vive nas matas da Amazônia, ou seja, amamos o índio distante e improvável, o “índio total”. Os índios particulares e reais, ainda segundo Amorim (s/d), que transitam nas periferias urbanas, semi-urbanas, rurais; entre suas aldeias, a selva e as bancadas parlamentares, estes têm a difícil missão de criar paralelos entre seus espaços étnicos e o mundo que os rodeia, entre a imagem demandada por esses espaços sócio-politicos e a imagem visual que tentam construir com a finalidade de se auto-identificar e serem identificados. Nesse embate de “ressurgência”, “transfiguração” e “aculturação” os povos autóctones têm duas alternativas impostas pelos dominantes: mantêm-se “índios” nas matas para desocuparem os espaços sociais nacionais ou ocupam os espaços sociais, mas deixam de ser “índios”.

É nesse cenário complexo que habitam e são construídas as representações sociais dos índios no Brasil. É sobre esta temática que nos interessa compreender como são percebidos os índios por pessoas que vivem próximas e por outras que vivem distante deles e o que é um “índio” no imaginário social nacional?

Este relatório de pesquisa se insere num projeto mais amplo que investiga as representações sociais dos índios em Sergipe. Embora todos os bolsistas tenham participado de todas as fases da pesquisa, cada um deles ficou nas suas análises um elemento específico do objetivo geral. Neste relatório especificamente analisaremos os sentimentos e emoções envolvidas nas representações sociais construídas sobre os índios. Os dados foram

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coletados nas cidades de Aracaju, Porto da Folha, Pão de Açúcar (AL)1, Estância, Itabaiana e Lagarto.

1. Sentimentos e Relações Intergrupais

Sentimento é um termo comumente utilizado no cotidiano que possui diversos significados. Abbagnano (1998) no dicionário de filosofia o define como o mesmo que emoção ou pressentimento, ou seja, algo que não se pode explicar em algum momento. Pode significar também uma fonte de emoções, uma “faculdade ou órgão que preside as emoções e da qual elas dependem, ou como categoria na qual elas se enquadram” (Abbagnano, 1998; pág.874).

Este conceito no entanto é tratado desde a filosofia clássica, já sendo apontado como componente do ser humano, embora esta não o coloque como fonte dos afetos e emoções, bem como não é estudado pela mesma para classificar e organizar as afeições da alma. É a partir da filosofia moderna que o sentimento passa a ser uma categoria distinta e até oposta da categoria de razão, pois somente a partir do reconhecimento de uma subjetividade humana como algo irredutível a um conjunto de elementos objetivos ou objetiváveis que é possível colocar o sentimento como fonte de princípio autônomo das emoções. Esta é uma contribuição do cartesianismo que possibilita também a aproximação do sentimento do coração, bem como do gosto, em contraposição radical à razão, colocando-os, inclusive, em órgãos diferentes.

Kant foi o primeiro filósofo a incluir o sentimento nas faculdades espirituais. Ele aponta para a existência de três atividades fundamentais do espírito humano, a saber: conhecimento, volição e sentimento. Essas três faculdades são os princípios fundamentais que não poderiam ser reduzidos a nenhum outro em comum. Para Kant, sentimento é o aspecto subjetivo da representação que não pode tornar-se artigo do conhecimento. Assim, o sentimento ingressa oficialmente na filosofia como categoria independente.

O romantismo também tem uma contribuição muito relevante para a exaltação do sentimento, enquanto algo que é próprio da intimidade da alma, ou seja, o sentimento como a forma mais íntima e mais livre, ao mesmo tempo, da vida espiritual. Como descreve Abbagnano (1998; pág.876), “é a manifestação do infinito, de Deus, à intimidade da consciência”.

Outra corrente do romantismo, o Romantismo oitocentista, também não ficou alheia à exaltação do sentimento. Comte, representante desta corrente, afirma que no futuro as mulheres teriam um papel mais importante dentro do regime sociocrático, pois estas representariam o elemento afetivo do gênero humano. Independente do romantismo, o sentimento foi e continua sendo aceito como categoria fundamental da vida espiritual. Assim, na filosofia contemporânea essa tripartição (conhecimento, desejo e sentimento) se manteve e é ainda mais difundida, incorporando-se inclusive no modo de pensar comum.

Nesta concepção, o sentimento possui objetos e leis próprios, fazendo com que constitua um mundo diferente do racional. Neste sentido, pode-se diferenciar o sentimento dos estados emocionais simples que não têm caráter intencional, pois ele é uma reação particular ao estado emocional e consiste nas atitudes mutáveis e variáveis assumidas diante

1 Pão de Açúcar compôs a amostra por ser a cidade mais freqüentada pelos Xokós nas suas relações com os não índios.

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do estado emotivo. O sentimento puro consistiria, então, nas reações do eu a tal estado emotivo e estaria entre as funções destinadas a apreender um conteúdo, se referindo, portanto, a um objeto especifico, que é um valor. Valor e sentimento têm uma relação direta, logo, é uma conexão intencional2, que independe da causalidade psíquica individual. A psicologia reconhece o papel do sentimento no comportamento vital do organismo, bem como o considera como arraigado à substância humana. Para Heidegger, por exemplo, a situação afetiva ou o tom emocional é uma manifestação essencial do ser do homem no mundo.

O que dá acesso a um mundo de objetos que participam da realidade é o sentimento; e embora esses objetos não sejam tão palpáveis quanto as coisas ou os fatos, são aos valores que o sentimento está dirigido em sua intencionalidade, enquanto realidades últimas e absolutas. É o sentimento a sede principal na qual se dão os valores. E estes valores permeiam todo e qualquer tipo de relação social. Eles se relacionam intimamente com as concepções de desejável criadas e consolidadas nestas mesmas relações tanto a nível interpessoal quanto a um nível mais macro que envolveria toda a coletividade.

Os sentimentos então se dirigem para os fatos, pessoas ou coisas o que o aproxima das emoções que é um impulso neural que move as pessoas em um determinado momento. Neste sentido, Brewer e Alexander (2002) em seu estudo “Intergroup emotions and images” estendem o estudo das emoções para o contexto intergrupal, no qual há forças que interagem determinando o comportamento dos sujeitos em relação ao “outgroup” quando uma identidade social particular está saliente. Essas forças dizem respeito tanto à conjuntura social na qual se dão as relações quanto às emoções que um sujeito experimenta nestas relações de acordo tanto com suas avaliações sobre os outros, como de acordo com as avaliações que seu grupo de pertença tem dos demais grupos.

As avaliações cognitivas que os indivíduos fazem nos contextos intergrupais evocam experiências emocionais distintas segundo estes autores que levariam a tendências de comportamentos específicos direcionados ao outro grupo. As respostas emocionais negativas, como raiva e medo, podem ser, por exemplo, definidas pelo valor do conflito em que estão os grupos. E o grau em que eles serão sentidos seria definido pela avaliação do grupo de pertença. As atitudes intergrupais então estariam sendo definidas pela avaliação do “outgroup” em relação ao “ingroup”.

Os indivíduos usam como forma de avaliação as imagens sociais construídas sobre os grupos . Essas imagens são definidas por Boulding (1956,1959 apud Brewer & Alexander, 2002) neste contexto como estrutura avaliativa, cognitiva e emocional. As imagens segundo este autor estão mais relacionadas a uma característica marcante do que a imagem total de um indivíduo. Neste sentido, nas relações de conflito intergrupal em que valores extremos permeiam estas relações, são as emoções que determinam a orientação do comportamento em relação ao outgroup e a imagem que se faz do mesmo.

Essas imagens teriam como objetivo eliminar o sentimento de ameaça que é gerado pela relação de conflito. Nas diferentes configurações intergrupais de conflito podem aparecer de maneira geral cinco imagens que estariam de acordo com a relação estabelecida (Brewer & Alexander, 2002), são elas: inimigo, quando o outro grupo possui um status similar de força ou fraqueza; aliado, quando as relações intergrupais são positivas, o que facilita a cooperação entre os grupos; bárbaro, quando existe uma diferença de poder e status entre os grupos na qual o ingroup possui maior status cultural e

2 Para maior esclarecimento sobre o caráter intencional ver intencionalidade em Abbagnano (1998)

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o “outgroup” é percebido como invasor e uma ameaça; dependente, quando o outgroup é definido como vulnerável e inapto o que justificaria a assimetria de poder e status entre os grupos e o domínio de um grupo sobre outro; imperialista, o outgroup é percebido como explorador, dominador e que quer controlar o grupo do indivíduo, sendo que alguns membros de seu grupo se vendem ao “outgroup” tornando-se agentes do imperialismo.

Neste sentido podemos dizer que a maneira como se estruturou a relação entre os grupos sociais brasileiros nos ajuda a entender a atual imagem socialmente compartilhada dos índios. Este grupo que coexiste e se relaciona com os demais, e que atualmente está bastante miscigenado, é apresentado pelo grupo dominante com particularidades bastante específicas, atribuindo-lhe uma imagem peculiar. Como aponta Mollica (2002) desde o século XVI a imagem formada sobre os índios passa por diversas mudanças que convergem com a versão histórica que se apresenta em cada momento, o que estaria intimamente relacionado com as emoções e atitudes direcionadas a este grupo.

As atitudes étnicas podem ser definidas como uma disposição para experenciar certas emoções quando em contato com membros das minorias, assim, atitudes como o preconceito segundo Dijker (1999), são disposições afetivas. O contato com um membro da minoria seria percebido como uma ameaça a seu espaço social e isto causaria no sujeito um desprazer. Para aliviar tal incômodo seria necessário a um membro da maioria produzir um estereotipo. Este seria a justificativa racional para estes sentimentos de ansiedade e incerteza, servindo para atribuir significados negativos e específicos ao estranho.

O Preconceito pode ser definido como um conceito ou opinião pré-concebida e arbitrária sobre um grupo ou pessoa que implica, geralmente, em uma atitude desfavorável ou hostil para com as pessoas que pertencem a um grupo social ou cultural diferente. Geralmente esta atitude é mantida por um grupo étnico dominante e se direciona para uma minoria3 dentro da mesma sociedade, o que propiciaria diferentes e múltiplos tipos de discriminação. Este conceito é formulado e ratificado a partir das relações sociais, ainda que esse processo não se dê necessariamente a nível consciente e racional. Dijker (1999), considera que, na presença de grupos minoritários, os membros do grupo dominante apresentam um tipo de reação emocional e elaboram uma razão para a mesma. Allport (1954) (apud, Dijker, 1999) afirma que por trás do preconceito há uma emoção que é difusa e supergeneralizada e que satura o objeto.

O preconceito e o racismo contra índios e negros, reconhecidos como grupos minoritários, está inserido nessa lógica de dominação em que os indivíduos são diferenciados pela pertença a um grupo social e sobre ele incide categorizações que o coloca numa posição de inferioridade sobre os demais. Essa categoria de inferior se expande desde a esfera micro das relações interpessoais até a esfera macro em que se propaga como típicas de um grupo características como violentos, sujos, preguiçosos e etc. considerados valores socialmente negativos.

Os fatos históricos como a Carta dos Direitos do homem (1948), a Declaração da UNESCO sobre a raça (1950), a luta dos negros americanos e etc, criaram uma dinâmica que tornou, de modo progressivo, ilegal a discriminação racial e socialmente antinormativa as crenças racistas. Entretanto, as crenças negativas sobre os grupos racializados ou culturalmente diferentes ainda permanecem e são expressas tanto de maneira flagrante, quanto de maneira sutil na sociedade moderna. Existem três vetores que são fundamentais no preconceito flagrante. O primeiro é a crença de que existem raças humanas 3 Maioria e minoria aqui não se referem a quantidades absolutas mas a uma condição social em que um grupo se sobrepõe a outro.

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hierarquizadas, ou seja, uma raça é superior à outra. O segundo é que as pessoas de uma outra raça ou culturalmente diferentes constituem uma ameaça ao plano econômico. E a terceiro vetor é a crença de que estas pessoas constituem uma ameaça à segurança dos cidadãos da sociedade que os acolheu.

O traço da inferiorização de um povo ou cultura que suscita a crença de que estas pessoas não mereceriam apoio do sistema social e também de que a natureza destes por serem inferiores arrastaria-os para a conflitualidade e para comportamentos ilegais, constituindo uma ameaça à segurança. Contudo as atitudes raciais são ambivalentes, podendo conviver, por exemplo, atitudes discriminatórias flagrantes com uma orientação para a solidariedade, ambas relacionadas ao mesmo grupo. Katz e Hass (1988) (apud Vala, Lima & Lopes, 2003) mostraram que as atitudes racistas são complexas e integram um misto de rejeição de solidariedade. No entanto as raízes da solidariedade podem ser diferentes das raízes da discriminação e não haver interação entre essas duas atitudes, bem como oposição direta entre elas. Essa é uma característica própria da modernidade que possui valores ambivalentes que co-existem e que funcionam como mantenedores da mesma. A exemplo disto podemos citar o individualismo meritocrático e o igualitarismo.

Os valores igualitários e os valores individualistas se encontram significativamente relacionados com o preconceito. Isto é demonstrado em uma pesquisa realizada por Vala, Lima e Lopes (2003) que demonstra que os valores do igualitarismo, quer estejam associados ao pós-materialismo, quer associado a uma visão política de esquerda liberal, constituem freio ao preconceito e facilitam a expressão da solidariedade.

Em contrapartida as atitudes étnicas negativas podem emergir os sentimentos de culpa e solidariedade. Esta pode ser definida como um “laço ou vínculo recíproco de pessoas ou coisas independentes; adesão ou apoio à causa, empresa, princípio, etc., de outrem; sentido moral que vincula o indivíduo à vida, aos interesses e às responsabilidades dum grupo social, duma nação, ou da própria humanidade; relação de responsabilidade entre pessoas unidas por interesses comuns, de maneira que cada elemento do grupo se sinta na obrigação moral de apoiar o(s) outro(s): solidariedade de classe; sentimento de quem é solidário; dependência recíproca”. (Dicionário Eletrônico, 1995).

Nas ciências sociais o vocábulo solidariedade aparece como uma relação entre indivíduo e sociedade. Para Durkheim (Delicado, 2003), ela pode ser dividida em dois tipos – mecânica e orgânica - que se relacionam diretamente com o tipo de sociedade em que aparece. A solidariedade mecânica está presente nas sociedades primitivas, nas quais os indivíduos pouco diferem uns dos outros. Em contrapartida, a solidariedade orgânica está presente nas sociedades modernas, em que a coerência social é assegurada pelas diferentes funções dos indivíduos. (Delicado, 2003).

A solidariedade pode ser entendida neste contexto como um fenômeno histórico-cultural, posto que as relações desiguais na sociedade são construídas do mesmo modo que as expressões solidárias, que existem para, de algum modo, tornar menos flagrante tal desnível de oportunidades entre dominantes e dominados. Essas ações não modificam as estruturas sociais e, portanto mantém as diferenças sem estimular os indivíduos a se tornarem agentes e modificadores de sua condição. Seu papel curativo temporário reproduz a lógica do individualismo, segundo a qual, as minorias não alcançam a mesma posição que a classe dominante por que não tem capacidade para isso. Deste modo, Demo (2002) apresenta um novo significado para o verbete solidariedade e chama de sociedade solidária aquela que distingue solidariedade como direito de emancipação dos outros e solidariedade como efeito de poder, pois entende que as manifestações solidárias, na maioria das vezes,

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são ligadas ao auto-interesse, ou seja, mantêm o mutualismo como subproduto, não como fim em si.

Coloca-se aqui um desafio às propostas solidárias – o que Harding (1998) chamou de standpoint epistemology – sejam elas de âmbito individual ou coletivo, a saber, respeitar o ponto de vista de outra cultura, ou seja, tentar entender o outro partindo do próprio outro, inserindo-o numa relação entre sujeitos, sem pré-estabelecer o outro como um objeto sobre o qual se lança um olhar. A solidariedade autêntica não estaria a serviço de um poder, mas partiria de uma visão crítica da situação concreta dos grupos marginalizados, possibilitando a estes uma emancipação autônoma. A solidariedade precisaria de autocrítica, devido à sua ambigüidade e à sua enorme propensão em submeter-se a efeitos de poder. Opressor e oprimido participam da manutenção desta lógica e perpetuam tal modo de funcionamento da sociedade. Por este motivo, Demo propõe que não apenas se confronte o opressor, mas que se possa incluí-lo no projeto emancipatório – ser solidário com os não solidários.

O sentimento de culpa refere-se a um sentimento experimentado por alguém por ter violado algum princípio. Ela causa um ódio de si mesmo, mas não é um sentimento eminentemente interno. Este sentimento precisa ser aprendido através das relações sociais, é o olhar do outro que ensina a norma do certo e do errado, ou seja, a experiência da culpa depende do meio social em que o sujeito está inserido. O sentimento de culpa aparece depois de uma avaliação dos comportamentos do sujeito. Do ponto de vista psicanalítico, a base deste sentimento é a frustração. Esta é causada pela distância entre a imagem criada pelo superego e o que não fomos. No âmbito do direito civil, a culpa faz “referência ao devedor de uma obrigação, consiste na omissão daquela diligência exigida pela natureza da obrigação e que corresponde às circunstâncias das pessoas, da época e do lugar” (Enciclopédia Microsoft Encarta, 2001).

2. Método

ParticipantesNosso estudo foi constituído a partir de um roteiro de entrevista semi-estruturada

aplicado com 378 moradores de 6 cidades (Estância 58 entrevistados; Itabaiana 54 entrevistados; Lagarto 53 entrevistados; Pão de Açúcar 54 entrevistados, Porto da Folha 50 entrevistados e Aracaju 129 entrevistados), destas 6 cidades quatro são do interior sergipano, uma é capital deste Estado e uma fica no estado de Alagoas, porém na divisa com uma comunidade indígena do sertão sergipano, a saber, a tribo Xokó da Ilha de São Pedro em Porto da Folha/SE. Os entrevistados são em sua maioria mulheres (57,8%) e têm idades variando de 16 a 83 anos (Média = 34,6 anos, Desvio Padrão = 15,07), com renda familiar mensal que variou de menos de 1 salário mínimo (9,8%) até mais de 9 salários (12,0%), sendo a faixa de renda mais freqüente a compreendida entre 1 e 2 salários com 43,5% das respostas. A escolaridade dos entrevistados variou de analfabeto (12 respostas) até nível superior completo (10 pessoas); sendo que a maioria dos entrevistados (31,9%) possui ensino médio completo. Dos 378 entrevistados 85 disseram ter parentes indígenas e 281 disseram não ter ou não saberem se tinham, sendo que 12 pessoas não responderam a esse questionamento.

Procedimentos e Instrumentos

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As entrevistas foram individuais e na casa das pessoas. Participaram os pesquisadores do NSEPR. Depois de ler Termo de Consentimento Livre e Esclarecido para os entrevistados (ver termo de consentimento no Anexo 1), apresentávamos nosso roteiro de entrevista (ver anexo II) e explicávamos os objetivos da pesquisa e as instruções de resposta. Basicamente as instruções diziam respeito ao caráter da entrevista e que eles deviam responder as perguntas com as suas opiniões sobre os questionamentos.

O roteiro de entrevista era composto de perguntas abertas e fechadas, onde primeiramente pedíamos para os entrevistados tentassem dizer quais as palavras, idéias ou coisas lhes viam à mente quando ouviam a palavra “Índios”, quando o entrevistado sentia dificuldade em fazer a associação mental, sugeríamos que ele fizesse associações de palavras com algum termo familiar do seu cotidiano. Por exemplo: às mães era sugerido que elas fizessem associações com a palavra “Filho”, ou com o nome da cidade onde moram, etc. Esse procedimento era usado como forma de aquecimento mental das pessoas, porém se mesmo depois disso a pessoa não conseguisse fazer associações com a palavra “Índios”, pulávamos à 2ª questão e daí para adiante.

No roteiro de entrevista, além de questões abertas para os entrevistados fazerem associações livremente, tínhamos questões abertas com instruções para que algumas temáticas fossem abordadas nas entrevistas, como, por exemplo, sobre fatos históricos que envolviam índios. Pedíamos ainda, depois de enunciarmos algumas sentenças que as pessoas dessem as suas opiniões sobre o que lembravam a respeito do que dissemos, o porquê daquelas coisas acontecerem e quais os sentimentos que tinham a respeito do tal enunciado.

Perguntávamos sobre a consideração da existência de índios no Brasil, em Sergipe, se já tinham visto algum pessoalmente e se já tinham mantido contato interpessoal com algum. Propúnhamos algumas situações hipotéticas, como se tornar índio e ter um índio na família, por exemplo, e perguntávamos o que as pessoas fariam se a hipótese apresentada acontecesse de verdade.

Além de tudo isso, ainda perguntávamos qual a maior semelhança entre um negro e um indígena e entre um branco e um indígena no Brasil.

Apresentamos também uma lista de sentimentos e pedíamos que os entrevistados dessem nota de 0 (zero) a 5(cinco), sobre o quanto o sentimento apresentado correspondia ao que ele sentia em relação aos índios.

Por fim, perguntávamos sobre a questão das cotas para índios em universidades e concursos públicos e pedíamos para as pessoas justificarem suas opiniões e agradecíamos a colaboração.

Para análise das respostas às perguntas fizemos análise de conteúdo seguindo Bardin (1977) e Bauer (2004). Em seguida os s dados foram tabulados e analisados no SPSS.

3. Resultados e Discussão

Apresentaremos aqui os resultados das questões relativas aos sentimentos expressos em relação aos índios. Para tanto, fazíamos às pessoas questões introdutórias, como “Na sua opinião, houve, na história do Brasil, violência contra os índios?” e “O que se lembra a

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respeito da violência contra os índios?” , que nos ajudam a entender os sentimentos expressos pelos sujeitos entrevistados.

Quando perguntamos se as pessoas acreditavam que na história do Brasil houve violência contra os índios, 92,9% (351) delas respondem afirmativamente enquanto que 19 pessoas dizem que não e apenas 7 pessoas da amostra afirmam não saber. (ver figura 1). Esse dado confirma o conhecimento amplamente divulgado sobre o processo de colonização brasileiro, no qual colonizadores utilizaram violência e poderio armado para assegurar a posse do território “descoberto”.

Figura 1: Na sua opinião, houve, na história do Brasil, violência contra os índios?

Ainda em relação à violência perguntamos que fatos os sujeitos se lembravam quando pensavam na violência sofrida pelos índios na história do Brasil. (ver tabela 1) As respostas se referem principalmente à questão dos maus tratos dificilmente lembrando-se da história mais longínqua do Brasil (apenas 17 enunciações). As respostas têm como cerne principalmente os motivos pelos quais a violência ocorreu quer seja reportando a própria violência do processo colonizador (133 enunciações) quer seja pela posse da terra (65 enunciações), ou ainda questões atuais que aparecem na mídia como do índio Galdino queimado em Brasília. Este quadro demonstra uma dificuldade dos sujeitos respondentes em lembrar de acontecimentos da história do Brasil em que os índios participam, o que pode ter relação íntima com o lugar social que este grupo tem ocupado neste país, sendo excluído dos processos sociais e mais amplamente da história e quando é lembrado geralmente aparece em situação de dificuldade, seja política, econômica, social ou mesmo jurídica.

Tabela 1: Distribuição de freqüências e percentagens das respostas à pergunta “O que se lembra a respeito da violência contra os índios?”

categorias Freqüência percentualQuestões atuais que aparecem na mídia 56 15,8Conflitos de terra 65 18,4Maus tratos, exploração, escravidão 133 37,6Colonização/descobrimento 17 4,8

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Não responde/não lembra/não categorizável 54 15,3Discriminação 2 0,6Domínio religioso/catequese 3 0,8Desmatamento 4 1,1Desigualdade social 1 0,3Imposição cultural/agressão a cultura 4 1,1Acontecimentos particulares 6 1,7Foram enganados/perseguidos 7 2,0Não se dão bem com os brancos 1 0,3Os índios não queriam sair de onde estavam 1 0,3Total 354 100,0

Em seguida perguntamos aos sujeitos que responderam positivamente afirmando ter ocorrido violência contra os índios que sentimento isto lhe despertava. Os sentimentos apresentados são diversificados e de maneira geral compatíveis ou com a situação lembrada ou com a violência em si. Embora apareça uma enunciação que refere o sentimento de alegria esta está relacionada a um sujeito que afirma não ter havido violência contra os índios no Brasil. Um dado relevante também é a dificuldade de atribuir sentimentos, percebido durante as entrevistas o que tem como resultado 87 enunciações que não referem sentimento, embora algumas delas expressem repúdio à situação do índio, o que pode estar de acordo com a idéia de Allport (1954) de que os acontecimentos externos suscitam uma reação afetiva. Além disso os dados propõem que embora os sentimentos não estejam necessariamente definidos de forma consciente, quando a questão se torna saliente ela está engendrada pela norma do politicamente correto na maior parte das respostas.

Figura 2: Distribuição de freqüências e percentagens das respostas à pergunta “que sentimentos lhe desperta?”

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Perguntamos também aos entrevistados se na opinião deles no Brasil existe preconceito contra os índios. As respostas em sua maioria foram sim, sendo que para estas pessoas perguntamos qual sentimento essa constatação lhes despertava.

Tabela 2: Distribuição de freqüências e percentagens das respostas à pergunta “Na sua opinião existe preconceito contra os índios no Brasil?”

Respostas Freqüência Percentualsim 325 86,0não 36 9,5não sei 17 4,5Total 378 100

Perguntamos aos entrevistados se na opinião deles há no Brasil preconceito contra os índios. Para os sujeitos que responderam afirmativamente perguntamos que sentimentos esta situação lhe despertava. Os sentimentos mais citados foram os que demonstram repúdio (103) neste se inserem diversas sentimentos próximos como desprezo, raiva, indignação, revolta, injustiça/inconformismo, vontade de justiça, repulsa, contrariado,

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discordância, rancor, Decepção, Nojo / Repugnância. Tristeza e outros sentimentos que expressam pesar que juntos somam 89 enunciações também são bastante significativos no quadro das respostas apresentadas. Além destes há 17 enunciações que afirmam não ter sentimento algum relacionado ao preconceito com os índios e 12 enunciações que atribuem sentimentos a quem praticou o ato e não a si próprios, como é o caso de preconceito, frieza, falta de amor ao próximo, violência, falta de respeito, pobreza de espírito, por exemplo que explicam o porque das atitudes discriminatórias. Ainda nesta mesma direção aparecem respostas que expressam repúdio à situação mas não referem sentimento (23). (ver figura 3) Pode-se observar que a maior parte dos sentimentos que aparecem é negativo e direcionado ao grupo dominante, dos brancos. Além disso, as respostas nem sempre se referem ao preconceito de maneira geral, mas à lembrança que estes tem quando pensam no preconceito. O componente afetivo é marcante nas respostas, embora haja uma operacionalização cognitiva do preconceito.Podemos ainda destacar dos dados encontrados que 9 respostas apresentam sentimentos positivos de apoio ao índio (carinho, afeto, respeito, solidariedade), e embora este não seja estatisticamente significativo chama a atenção, pois remete a associação que fizemos entre preconceito e solidariedade neste relatório.

Figura 3: Distribuição de freqüências e percentagens das respostas à pergunta “que sentimentos isso lhe desperta?”

Apresentamos aos sujeitos, também, uma situação concreta de discriminação e lhes perguntamos que sentimentos lhe despertavam. Dizíamos o seguinte texto: “Em 20 de abril de 97, cinco jovens de classe média queimaram o índio Galdino Jesus dos Santos, que

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dormia em um ponto de ônibus em Brasília. O índio morreu. Os jovens foram libertados e estão soltos.”. Diante deste fato os sentimentos mais relatados foram: revolta (64) e raiva (52), além das expressões de repúdio como indignação (25), injustiça (16) e aqueles que não denominavam um sentimento específico, mas que expressavam repudio a tal ato (35). Todos estes de aproximam demonstrando a indignação com o ato. Além das respostas de revolta os sentimentos de tristeza e pesar (79) e de pena (16) expressam também sentimentos que um ato como este causa, posto que vai de encontro aos valores morais desta sociedade. Além destes também neste quadro aparecem sentimentos de medo e insegurança (19) bastante relacionados com o estado atual de violência neste país e sentimentos atribuídos a quem praticou tal ação (7), como falta de amor ao próximo e desrespeito, por exemplo.

Figura 3: Distribuição de freqüências e percentagens das respostas à pergunta “que sentimentos o caso Galdino lhe desperta?”

Apresentamos aos entrevistados uma lista de sentimentos positivos e negativos e pedimos que os mesmos atribuam a cada um deles uma nota que corresponderia à quantidade deste sentimento do sujeito para com os índios. A nota atribuída poderia ser de

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zero a cinco, sendo que zero é não possuir o sentimento e cinco possuir muito. De modo geral, os entrevistados demonstram sentir mais sentimentos positivos do que negativos pelos índios, entretanto a análise estatística demonstrou que raiva e desprezo são os sentimentos mais significativos para esta amostra. Pena e orgulho são os sentimentos que os sujeitos tiveram mais dificuldades em classificar e com maior variação de respostas. A maior média é do sentimento respeito o qual mais de 90% das respostas está entre as notas 5 e 4 para este sentimento, confirmando as respostas de questões anteriores em que os respondentes os concebem como seres humanos que como qualquer outro não deve ser maltratado e que este tipo de ato gera indignação, e que além disso possui muitas características positivas apesar do sofrimento que sofreram.

Tabela 3: Distribuição de média e significância das respostas à pergunta “atribua uma nota a cada sentimento em função do quanto eles expressam o que você sente em relação aos

índios do Brasil”.

Sentimento Média Desvio padrãoRaiva 0,32 0,96Desprezo 0,66 1,40Indiferença 0,91 1,51Culpa 1,53 1,73Pena 2,91 2,00Orgulho 3,16 1,93Solidariedade 3,92 1,54Simpatia 3,96 1,34Admiração 4,16 1,16Respeito 4,59 0,98

Os estudos sobre as imagens sociais dos índios apontam para uma influência da proximidade entre os índios e a população das cidades com as quais eles mantêm contato. Silva (2006) afirma que “ao nível das percepções sociais, os índios permanecem sendo vítimas de preconceitos e discriminação na sociedade brasileira. O preconceito em relação aos indígenas ocorre no meio rural e urbano”. Segundo a FUNAI (www.funai.gov.br), o preconceito parte, na maioria das vezes, daqueles que convivem diretamente com os índios: as populações rurais. Diante disto tentamos verificar também o efeito da cidade na atribuição de sentimentos em relação aos índios. Realizamos uma análise de variância e verificamos que dentre os apresentados os sentimentos de admiração, pena, raiva e desprezo foram significativos. Em relação à admiração a Cidade de Pão de açúcar possui a maior média, o que vai ao encontro à teoria que afirma que quanto maior contato com as minorias. Lagarto que tem a maior média para pena para com os índios (ver tabela 4), está muito mais distante dos índios Xocós (por exemplo) que Pão de Açúcar que faz fronteira com a tribo na qual eles vivem. Quanto aos sentimentos de raiva e indiferença Estância possui as maiores médias. Em relação à cidade de Pão de Açúcar percebemos que esta possui sentimentos contraditórios em relação aos índios, pois tem a maior média para admiração e também a maior média para raiva. Isso pode ser explicado pela proximidade das relações entre os moradores da tribo Xocó e os moradores desta cidade, o que

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implicaria também na existência de relações interpessoais, já que das cidades entrevistadas pão de açúcar é a que possui proporcionalmente o maior número de parentesco com os índios. Em relação ao sentimento de pena a cidade que tem a menor média é Aracaju. Esta cidade também possui os menores índices para admiração, desprezo e raiva mostrando um afastamento da atual situação do índio no país.

Tabela 4: Atribuição de sentimento4 x Cidade da entrevista

CidadeSentimento

Admiração Culpa Desprezo Pena Raiva SolidariedadeAracaju 4,01 1,54 0,42 2,60 0,15 3,82Lagarto 4,01 1,40 0,73 3,50 0,32 4,10

Itabaiana 4,06 1,06 0,94 2,97 0,26 3,96Estância 4,35 2,04 1,10 2,7 0,54 3,64

Porto da folha 4,15 1,65 0,43 3,41 0,17 3,91Pão de açúcar 4,50 1,33 0,71 2,75 0,59 4,26

Total 4,15 1,54 0,66 2,91 0,31 3,92

4. Considerações Finais

Os sentimentos e afetos são constitutivos dos sujeitos. Componentes imprescindíveis dos comportamentos e das atitudes interpessoais e intergrupais, eles fazem parte do cotidiano e permeiam as relações que os sujeitos estabelecem. Além disso, estão impregnados dos valores socialmente construídos e apreendidos pelos indivíduos, principalmente dos valores dos grupos que este faz parte. As atitudes intergrupais, neste sentido, são influenciadas tanto pelas imagens que o grupo de pertença possui em relação ao outgroup quanto pelos sentimentos que essas imagens podem gerar.

Assim, os sentimentos não são apenas expressões do íntimo de cada sujeito, mas são partilhados e aprendidos das relações, principalmente aqueles que se voltam para membros do exogrupo. Como a expressão do preconceito, os sentimentos dirigidos a outros grupos que podem ser expressos passam pela elaboração e seleção cognitiva, sendo assim passam pelo crivo da norma vigente e pelas concepções de certo e errado de cada sujeito. Entretanto nem sempre as emoções, mais imediatas, são claras e bem definidas quando se referem a grupos sociais específicos.

Nesse estudo pudemos perceber uma certa dificuldade em nomear os sentimentos nas questões em que perguntamos “que sentimento isto lhe desperta”. Isto fica claro nas tabelas nas quais há um número significativo de respostas que não referem sentimento. Em relação à violência ocorrida contra os índios na história do Brasil 87 respostas não referem sentimento, mesmo que algumas delas expressem algum repúdio sobre este fato. Em relação à discriminação contra os índios no Brasil e o assassinato do índio Galdino 52 e 74 pessoas não referiram sentimento respectivamente.

4 Admiração F (1,866) 0,09, p =0.05; Culpa F (1,735) 0,12, p =0.05; Desprezo F (2,470) 0,032, p <0.05; Pena F (2,240) 0,05, p =0.05; Raiva F (2,569) 0,027, p <0.05; Solidariedade F (1,169) 0,324, p =0.05

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Para além desta dificuldade os sentimentos para estas questões se direcionam mais a quem pratica o ato, sentimentos de pesar, repúdio e decepção, do que para os índios em si, como os sentimentos de apoio índio, categoria que abrange os sentimentos de solidariedade e afeto, e os sentimentos de pena. E além destes há os sentimentos que são atribuídos a quem praticou o ato como falta de amor ao próximo, preconceito, frieza, etc. Este quadro de respostas se coloca dentro do socialmente aceitável de respeito à vida humana e de repúdio as atitudes que contrariem esta norma. No entanto há um afastamento prático do cotidiano da maior parte dos respondentes das entrevistas. O que é demonstrado pela dificuldade em nomear os sentimentos, ou mesmo de sentir algo em relação à situação dos índios quando esta é exposta de maneira geral, como é o caso das perguntas que se referem à violência na história do Brasil e a discriminação.

Quando solicitamos dos participantes que dessem uma nota que expressassem quanto sentiam os sentimentos que dizíamos também aí havia dificuldade em fazê-lo. Dois fatores podem ter íntima relação com esta dificuldade. O primeiro se refere ao grau de escolaridade dos entrevistados, quanto maior o grau de escolaridade, maior a facilidade em responder a esta pergunta. E o segundo diz respeito à dificuldade que alguns entrevistados demonstravam em saber se sentiam alguma coisa por um grupo tido como muito distante da sua realidade, ou seja, para alguns entrevistados era difícil definir uma quantidade de sentimento que estes nem sabiam se possuíam.

Contudo mesmo com a dificuldade exposta os dados demonstram o já citado afastamento das pessoas em relação aos índios quando dizem ter, na maioria dos casos, mais sentimentos positivos e menos sentimentos negativos, já que, como aponta Brewer & Alexander (2002), o grupo dos índios brasileiros tem uma imagem muito próxima a que estes autores chamam de dependente, ou seja, é um grupo definido como vulnerável e inapto, justificando assim a assimetria de poder e status entre os grupos e o domínio de um grupo sobre outro, e neste caso também o afastamento deste grupo.

Os dados coletados nesta pesquisa são bastante significativos pois tornam clara a ausência de um lugar social dos índios na sociedade sergipana, nos diversos âmbitos desta, inclusive no que se refere aos sentimentos. A continuidade do estudo por esse motivo se torna fundamental, na medida em que seria possível aprofundar e esclarecer questões como: quais os valores Outras pesquisas poderão ser feitas ampliando esta discussão e relacionando sentimentos relativos ao exogrupo com valores mais específicos de cada grupo como religiosidade, por exemplo. A relação entre sentimentos e pensamentos também poderia compor estudos mais aprofundados sobre o tema ampliando a discussão sobre a formação e permanência dos estereótipos, mais precisamente os estereótipos negativos, que se perpetuam e participam ativamente das relações, dificultando-as.

Para que isto possa ser feito pretendemos divulgar os resultados da pesquisa em congressos científicos no ano de 2007, no Congresso anual SBPC (Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência), como também do congresso da SBP (Sociedade Brasileira de Psicologia), planejamos também elaborar artigos científicos para serem publicados em revistas especializadas na área científica em questão.

5. REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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http://www.funai.gov.br/ visitada em 21 de janeiro de 2007 as 13:59

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ANEXOS:UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE

DEPARTAMENTO DE PSICOLOGIAPROJETO DE PESQUISA: Representações sociais dos índios em Sergipe: Infra-

humanização, racismo, sentimentos de culpa e solidariedadeOBJETIVO DA PESQUISA

Analisar as representações sociais que os sergipanos constroem sobre os índios, tentando entender se elementos de racismo e de infra-humanização estão presentes nessas representações e que papel os sentimentos de solidariedade e de culpa coletiva podem ter na construção dessas imagens.

PROCEDIMENTOS ADOTADOS NA PESQUISASerão realizadas entrevistas individuais com duração média de 20 minutos, nas quais as

pessoas responderão a perguntas sobre identidade social e auto-categorização étnica.COORDENADORES DA PESQUISA:

Dr. Marcus Eugênio Lima (UFS-SE) assinatura _______________Dra. Ana Raquel Rosas Torres (UCG-GO) assinatura _______________Dr. Rupert J. Brown (University of Sussex – UK) assinatura _______________

TERMO DE CONSENTIMENTO INFORMADO Pelo presente documento, declaro ter conhecimento dos objetivos da pesquisa, que

me foram apresentados pelo responsável pela aplicação do questionário, e conduzida pelo Mestrado e o Departamento de Psicologia da Universidade Federal de Sergipe.

Estou informado(a) de que, se houver qualquer dúvida a respeito dos procedimentos adotados durante a condução da pesquisa, terei total liberdade para questionar ou mesmo me recusar a continuar participando da investigação.

Meu consentimento, fundamentado na garantia de que as informações apresentadas serão respeitadas, assenta-se nas seguintes restrições:

a) Não serei obrigada a realizar nenhuma atividade para a qual não me sinta disposto e capaz;

b) Não participarei de qualquer atividade que possa vir a trazer qualquer prejuízo;c) O meu nome e dos demais participantes da pesquisa não serão divulgados;d) Todas as informações individuais terão o caráter estritamente confidencial;e) Os pesquisadores estão obrigados a me fornecer, quando solicitados, as

informações coletadas;f) Posso, a qualquer momento, solicitar aos pesquisadores que os meus dados

sejam excluídos da pesquisa. g) A pesquisa será suspensa imediatamente caso venha a gerar conflitos ou qualquer mal-estar dentro do local onde ocorre.Ao assinar este termo, passo a concordar com a utilização das informações para os fins a

que se destina, salvaguardando as diretrizes das Resoluções 196/96 e 304/2000 do Conselho Nacional de Saúde, desde que sejam respeitadas as restrições acima enumeradas.

O pesquisador responsável por este projeto de pesquisa é o Professor Marcus Eugênio Lima, que poderá ser contatado pelo e-mail [email protected], telefone: 3243 1063. Endereço: Rau A, casa 10, Cond. San Diego, Aruana, Aracaju -Se. Nome: ______________________________________________________Assinatura:_______________________________________________________Assinatura do responsável pela pesquisa:_______________________________

Aracaju................ de .............................. de 2006................

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPEDEPARTAMENTO DE PSICOLOGIA – NSEPR

Coloque as letras N (negro) P (Pardo) ou B (Branco) para classificar a cor da pele da pessoa________Projeto Representações sociais dos índios em Sergipe

Apresentação: Somos um grupo de pesquisa do DPS da UFS e estamos realizando uma pesquisa cujo objetivo é analisar as imagens que os sergipanos têm sobre os índios do Brasil. Para fazer este estudo pedimos a sua colaboração, respondendo a algumas perguntas. Não se preocupe que não existem respostas erradas ou certas. Nos importa apenas a sua opinião sobre o assunto. O(a) sr(a) não precisa se identificar. E pode ter acesso aos dados do estudo, basta nos contatar pelo telefone 079 3212 6748. Pode colaborar? Obrigado(a)!

1) Quando você ouve a palavra “Índios”, quais são as três primeiras coisas que você pensa? (caso o entrevistado não consiga, use uma palavra próxima do contexto da pessoa: almoço, futebol, Brasil).______________________________________________________________________________________________________

2) Quando você pensa nos acontecimentos do Brasil, o que lembra em relação aos índios?________________________________________________________________________________________________________________________________________________

3) Para você, existem índios no Brasil? sim ( ) não ( ) não sei ( )4) E em Sergipe, existem índios? sim ( ) não ( ) não sei ( )5) Você já viu um índio, pessoalmente? sim ( ) não ( ) (em caso negativo salte a questão n. 7)- Em caso afirmativo, foi aqui na sua cidade? sim ( ) não ( )- Viu muitas vezes ( ) Viu Poucas vezes ( ) 6) E pela TV já viu índios? sim ( ) não ( )7) Já manteve algum contato com índios (conversas, amizade, negócios, etc.)? sim ( ) não ( )8) Como você descreveria um índio? ____________________________________________________________________________________________________________________9) Onde os índios vivem? __________________________________________________________________________________________________________10) Na sua opinião, o que nos índios fazem no seu dia-a-dia? __________________________________________________________________________________________________________________________________________________11) Na sua opinião, qual a coisa mais típica ou mais característica em um índio (o que mais chama a atenção)?__________________________________________________________

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12) Agora eu vou ler algumas frases incompletas, gostaria que você tentasse completar as frases do jeito que achar melhor.a) Os índios são........................................................................................................................b) Se eu fosse um índio eu ......................................................................................................c) Se um filho ou uma filha meu(minha) se cassasse com um índio eu...................................

13. Como os brasileiros vêm os índios, qual o jeito de ser dos índios na visão da sociedade brasileira?

14. E você pessoalmente como Vê os índios?

Depois de finalizar as duas listas, releia cada uma das características e pergunte: “........é, na sua opinião, uma coisa positiva, negativa ou neutra. Sinalize as características com um “+”, “-“ ou “+ -“.

15. Vou então ler algumas frases e preciso que indique se concorda ou discorda e que sentimentos ou emoções essas frases lhe despertam. a) Na sua opinião, na história do Brasil houve violência contra os índios? ( ) não ( ) sim ( ) não seiEm caso afirmativo, perguntar:- O que se lembra a este respeito?______________________________________________- Por que acha que aconteceu? _________________________________________________________________________________________________________________________- Que sentimentos isto lhe desperta?____________________________________________

b) Na sua opinião, existe discriminação ou racismo contra os índios no Brasil?( ) não ( ) sim ( ) não seiEm caso afirmativo, perguntar:- Por que acha que acontece? __________________________________________________________________________________________________________________________- Que sentimentos isto lhe desperta?____________________________________________

c) Em 20 de abril de 97, cinco jovens de classe média queimaram o índio Galdino Jesus dos Santos, que dormia em um ponto de ônibus em Brasília. O índio morreu. Os jovens foram libertados e estão soltos.- Por que acha que acontece? __________________________________________________________________________________________________________________________- Que sentimentos isto lhe desperta?___________________________________________

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d) Em várias regiões do Brasil os índios vivem em pé de guerra com os fazendeiros pela posse da terra. Nesta lutas, às vezes morrem índios, às vezes morrem fazendeiros. - Por que acha que acontece? __________________________________________________________________________________________________________________________

e) Para você, a cultura dos índios é respeitada no Brasil?( ) não ( ) sim ( ) não seiEm caso negativo, perguntar:- Por que acha que acontece? __________________________________________________________________________________________________________________________

f) Qual, na sua opinião a maior semelhança entre um índio e um negro no Brasil?________________________________________________________________________

g) E qual a maior semelhança entre um índio e um branco? ________________________________________________________________________

16. Vou ler uma lista de sentimentos. Dê para cada um deles uma nota de 0 (zero) a 5, em função do quanto eles expressam o que você sente em relação aos índios do Brasil. Quanto maior a nota mais forte o sentimento. Admiração ( )Culpa ( )Simpatia ( )Desprezo ( )

Orgulho ( )Pena ( )Respeito ( ) Outra __________________

Raiva ( ) Indiferença ( )Solidariedade ( )

17) Qual a sua opinião sobre reserva de vagas ou cotas de acesso para os índios a empregos e as universidades públicas?Discordo ( ) Concordo ( ) Não sei responder ( ) Por que? (Justifique)_________________________________________________________________________________________________________________________________

Qual a sua idade____________Nível de escolaridade (estudou até que série/ano)?_____________Sexo: fem. ( ) masc. ( )Renda familiar aproximada: ( ) Menos de 1salário ( ) 1-2 ( ) 3-4 ( ) 5-6 ( ) 7-8 ( ) 8-9 ( ) mais de 9 salários.Qual sua profissão?_____________________________ Cidade da entrevista ___________Tem algum parente indígena? ( ) Sim . Qual?_____________ ( ) Não

Obrigado pela colaboração!

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