UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ CENTRO DE CIÊNCIAS DEPARTAMENTO DE QUÍMICA … · 2020. 6. 24. ·...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
CENTRO DE CIÊNCIAS
DEPARTAMENTO DE QUÍMICA ORGÂNICA E INORGÂNICA
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM QUÍMICA
CARLOS DANIEL SILVA DA SILVA
SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO, REATIVIDADE E APLICAÇÕES BIOLÓGICAS DE
COMPLEXOS DE Ru(II) CONTENDO TIOAMIDAS
FORTALEZA
2017
CARLOS DANIEL SILVA DA SILVA
SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO, REATIVIDADE E APLICAÇÕES BIOLÓGICAS DE
COMPLEXOS DE Ru(II) CONTENDO TIOAMIDAS
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Química. Área de concentração: Inorgânica. Orientador: Prof. Dr. Luiz Gonzaga de França Lopes. Coorientador: Prof. Dr. Eduardo Henrique Silva de Sousa.
FORTALEZA
2017
CARLOS DANIEL SILVA DA SILVA
SÍNTESE, CARACTERIZAÇÃO, REATIVIDADE E APLICAÇÕES BIOLÓGICAS DE
COMPLEXOS DE Ru(II) CONTENDO TIOAMIDAS
Tese de doutorado apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Química da Universidade Federal do Ceará, como requisito parcial para obtenção do título de Doutor em Química. Área de concentração: Inorgânica.
Aprovado em ___ / ___ /___
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________________
Prof. Dr. Luiz Gonzaga de França Lopes (Orientador)
Universidade Federal do Ceará (UFC)
___________________________________________________
Prof. Dra. Izaura Cirino Nogueira Diógenes
Universidade Federal do Ceará (UFC)
___________________________________________________
Prof. Dr. Pierre Basílio Almeida Fechine
Universidade Federal do Ceará (UFC)
___________________________________________________
Prof. Dr. Adonay Rodrigues Loiola
Universidade Federal do Ceará (UFC)
___________________________________________________
Prof. Dr. Francisco Ordelei Nascimento da Silva
Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)
A todo negro escravizado, neste país, que
lutou e viveu para que algum dia um
negro pudesse estudar como eu estudei,
e estudo!
AGRADECIMENTOS
Caminhar para a conclusão de uma etapa como o doutorado me faz
refletir que as contribuições para eu chegar até aqui são de diversas naturezas.
Concluo com a ideia de superação do inimaginável, já que muitos foram os desafios,
alguns dos quais não esperava encontrar.
No contexto do inimaginável, sou imensamente grato aos meus
orientadores, professor Luizinho (Luiz Gonzaga de França Lopes) e professor
Eduardo (Eduardo Henrique Silva de Sousa). São muitos os motivos a agradecer:
são um exemplo de parceria com muita dedicação, responsabilidade, estudo,
preocupação com a formação dos orientandos, rigor e seriedade com a obtenção
dos resultados. No meu caso específico, gostaria de agradecer pelo estímulo em
momentos que estava cansado e/ou desmotivado, que desacreditei no meu
potencial, e vocês, com toda serenidade e firmeza, me ajudaram a me recompor e
seguir! Então, para mim, era inimaginável encontrar em um ambiente tão denso
como a academia, profissionais assim! Muito obrigado mesmo!
Agradeço a UFC, pela infraestrutura e formação pessoal e profissional.
Destaco aqui o Programa de Pós-Graduação em Química, que, para mim, tem como
marca a luta pelo crescimento institucional, independente das dificuldades e
divergências. Profissionalmente, foi muito salutar conhecer e fazer parte deste
programa. Destaco aqui o professor Antoninho Valentini, que contribuiu
significativamente como membro da banca de qualificação.
Ainda no âmbito da UFC, em nome dos professores Edilberto Rocha
Silveira e Tércio de Freitas Paulo, e do operador Herbert de Sousa Magalhães,
agradeço ao Centro Nordestino de Aplicação e Uso da RMN (CENAUREM) e ao
Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho (CENAPAD). O
aprendizado construído a partir dos resultados obtidos por esses centros
(Ressonância Magnética Nuclear e Cálculos Computacionais por DFT) era, por mim,
inimaginável!
Sou grato às parcerias estabelecidas, as quais enriqueceram
grandemente minha formação e, consequentemente, este trabalho: o estudante Iury
Araújo Paz e o professor Nilberto Robson Falcão do Nascimento (Laboratório de
Fisiofarmacologia Cardiovascular e Renal do Departamento de Fisiologia e
Biomedicina do Instituto Superior de Ciências Biomédicas da Universidade Estadual
do Ceará), com os quais foram obtidos os ensaios de vasodilatação dos compostos;
a estudante Carla Veríssimo e professora Loraine Campanati Andrade (Instituto de
Ciências Biomédicas da Universidade Federal do Rio de Janeiro), pelos ensaios de
citotoxicidade; os professores Davila Zampieri (Departamento de Química Orgânica
e Inorgânica da Universidade Federal do Ceará) e Marcos Eberlin (Laboratório
ThoMSon de Espectrometria de Massa do Instituto de Química da Unicamp, pelos
espectros de massa e auxílio na discussão dos mesmos; o professor Tércio de
Freitas Paulo (Grupo de Pesquisa em Bioinorgânica da Universidade Federal do
Ceará), pela obtenção e discussões dos dados obtidos por cálculos computacionais;
o estudante e colega de doutorado Felipe Diógenes Abreu (Grupo de Pesquisa em
Bioinorgânica da Universidade Federal do Ceará), pela obtenção e discussões
acerca do ensaio de clivagem de DNA; o estudante e colega de doutorado Walysson
Pereira Gomes (Grupo de Pesquisa em Bioinorgânica da Universidade Federal do
Ceará), pelas medidas de análise elementar de Ru. Ainda nesse contexto, agradeço
aos órgãos de fomento (CNPq, CAPES e FUNCAP) pelo suporte financeiro, sem o
qual a execução do trabalho seria inviável.
Ao grupo de pesquisa em Bioinorgânica, por todo aprendizado a cada
discussão, pela infraestrutura, pelas reuniões que me fizeram enxergar a imensidão
da Química Inorgânica! Agradeço a cada professor em especial à professora Izaura
Diógenes e o professor Audísio Dias Filho, que contribuíram bastante na banca de
minha qualificação, e a cada colega/amigo pelo aprendizado e pela atenção, em
especial Ana Claúdia, André Luiz, André Florêncio, Amanda, Caio, Catherine, Dani
(Danielle), Denise, Dieric, Felipe, Manu (Manuela), Marta, Ramon, Ricardo, Sérgio,
Ticyano e Vivania! Inevitável destacar os colegas e amigos que estiveram mais
próximos, aqueles cujos projetos de pesquisa mais se assemelhavam e,
consequentemente, as dores e delícias de cada trabalho também! Agradeço
especialmente àqueles que mais tiraram do seu tempo para fazer com que o nosso
tempo fosse melhor aproveitado! Isto foi uma marca que tornou tudo menos difícil!
Destaco aqui: Aurideia, Edinilton, Florêncio, Gilmara, Marquinhos (José Marcos),
Mikael e Wellinson.
Àqueles que acompanhei mais ainda de perto, estudantes de iniciação
científica que me auxiliaram diretamente no meu trabalho: Andréa Gisele Limeira
Paz e Emanuel Pereira de Queiroz. Agradeço a dedicação, preocupação, o modo
engenhoso de solucionar problemas e o aprendizado com cada pergunta, cada
reflexão, cada informação nova que vocês traziam!
À Lilia Janbartolomei, minha psicanalista, por ter me ajudado a cuidar
mais e melhor da minha psique, aspecto indispensável para a minha trajetória.
Às professoras Adelaide Maria Vieira Viveiros e Zênis Novais da Rocha,
pela formação acadêmica que me proporcionaram e pela atenção ao longo do
doutorado;
Aos colegas do IFBA que me incentivaram e que sempre foram solícitos
em momentos que precisei, em especial Paulo Daniel, Robert Newton, Rosângela
Novaes e Walter Gomes.
Aos amigos que se fizeram presentes nesse período e me deram apoio
constante: Adalberto Santana, Danilo Kleber, Ernani Lacerda, Marcelo Alisson,
Vinicius Alexandre, Vinicius Oliveira.
A todos que torceram, acreditaram e oraram por mim.
Agradeço à família, em especial a meus pais, que estiveram diariamente
comigo na luta, na torcida, na oração, no antagonismo, e a Luis, que, no tempo
possível, procura se inteirar das minhas dificuldades.
Agradeço a Deus pela vida e pela saúde!
“Não é porque não sabemos fazer que
devemos deixar de acreditar em duas
coisas: na existência do fazer e na
possibilidade de algum dia fazê-lo.”
(Carlos Daniel Silva da Silva)
RESUMO
Quatro novos compostos de coordenação contendo tioureia (Tu) e tiobenzamida
(TBz) apresentaram atividades biológicas interessantes. Os nitrosilocomplexos, de
formulação cis-[Ru(NO)(L)(phen)2](PF6)3. H2O, em que L = Tu ou TBz, apresentam
citotoxicidade frente a células de glioblastoma humano (GBM02 e U87), ação
fotoclivativa de DNA plasmidial pBR322 com luz visível e dilatação de anéis de aorta
de rato Wistar, dependente do grupo heme. Os complexos precursores, de
formulação cis-[RuCl(L)(phen)2]PF6 H2O, tal como o nitrosilo com tioureia, também
clivam DNA na ausência de luz. Além disso, são fotoclivadores melhores que os
respectivos nitrosilos, mas não dilatam tão bem os anéis de aorta (entre 30 e 40%).
As propostas de formulação dos compostos foram baseadas em correlações de
dados de cálculos computacionais (DFT e TD-DFT) com espectroscopia nas regiões
do infravermelho e do ultravioleta-visível. Espectrometria de Massa, Análise
Elementar, 1H RMN e 13C RMN endossaram as propostas feitas. Nos voltamogramas
cíclicos dos compostos há ondas correspondentes à redução do grupo nitrosil –
{RuNO6/7} – para os nitrosilocomplexos, e de oxidação do centro metálico, nos
complexos precursores, em potenciais distintos do complexo cis-[Ru(phen)2Cl2]. Isso
indica a formação de complexos quimicamente distintos deste. Os compostos
contendo o grupo nitrosil liberam NO sob luz visível e exibem 50% de conversão
nitrosilo-nitrocomplexo em pH elevados em relação a maioria dos complexos
análogos; ambas propriedades são relevantes para aplicação biológica. Além disso,
todos os complexos reagem frente a GSH e L-cisteína. Isso indica que estes tióis,
presentes no organismo humano, reagem não somente com o grupo nitrosil, mas
também com o fragmento L dos compostos.
Palavras-chaves: Óxido nitríco, Vasodilatação. Clivagem de DNA.
ABSTRACT
Four news coordinate compounds containing thiourea (Tu) and thiobenzamide (TBz)
have interesting biological properties. The complexes nitrosyl, of the formulation cis-
[Ru(NO)(L)(phen)2](PF6)3. H2O, where L = Tu ou TBz, have cytotoxicity to human
glioblastoma cells (GBM02 and U87), photoclivory action of plasmid pBR322 DNA,
and ring dilation heme-dependent Wistar rat aort. Precursor complexes, of the
formulation cis-[RuCl(L)(phen)2]PF6 H2O, such as nitrosyl with thiourea, also cleave
DNA in the absence of light. In addition to that, the best photocleavage results are
from nitrosyl complexes, but they do not dilate the aortic rings so well (between 30
and 40%). Compound formulation proposals were based on data computational
correlations (DFT and TD-DFT) with spectroscopy in the infrared and ultraviolet-
visible regions. Mass Spectrometry, Elemental Analysis, 1H NMR and 13C NMR
endorsed the proposals made. In the cyclic voltammograms of the compounds there
are waves corresponding to the reduction of the nitrosyl group – {RuNO6/7} – for the
nitrosylocomplexes and oxidation of the metal center in the precursor complexes to
distinct potentials of the cis-[Ru(phen)2Cl2]. This indicates the formation of chemically
distinct complexes. Compounds containing the nitrosyl group release NO under
visible light and exhibit 50% nitrosyl-nitro complex conversion at high pH relative to
most analogous complexes; both properties are relevant for biological application.
Furthermore, all complexes react against GSH and L-cysteine. This indicates that
these thiols, present in the human body, react not only with the nitrosyl group, but
also with the L fragment of the compounds.
Keywords: Nitric oxide. Vasodilation. DNA cleavage.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Fórmula química do nitroprussiato de sódio................................... 34
Figura 2 – Representação da interação do óxido nítrico com o átomo de
Fe(II) do grupo heme, em que as esferas cinzas, azuis, rosas e
brancas representam, respectivamente, os átomos de carbono,
nitrogênio, oxigênio e hidrogênio....................................................
36
Figura 3 – Diagrama qualitativo de energia de orbitais moleculares da
molécula de óxido nítrico................................................................
37
Figura 4 – Estruturas das moléculas de (a) glutationa reduzida e (b) L-
cisteína. ..........................................................................................
38
Figura 5 – Estrutura da molécula de glutationa (GSSG).................................. 39
Figura 6 – Estrutura da molécula de cistina, produto de oxidação da
cisteína. ..........................................................................................
39
Figura 7 – Estrutura do complexo cis-[Ru(bpy)2(NO)(SO3)]+............................ 41
Figura 8 – Estruturas de complexos usados como agentes quimioterápicos. 42
Figura 9 – Estrutura dos complexos NAMI-A (a) e KP-1019 (b)....................... 42
Figura 10 – Estrutura molecular da temolozomida, um agente quimioterápico
do glioblastoma humano.................................................................
43
Figura 11 – Estrutura das substâncias 2,2-bipiridina (bpy), o-fenantrolina
(phen), dipiroquinoxalina (dpq) e dipirofenazina (dppz)..................
43
Figura 12 – Eletroforese em gel de agarose, indicando as três formas de DNA
plasmidial. ......................................................................................
45
Figura 13 – Estruturas dos ligantes tioureia (tu) e tiobenzamida (tbz),
respectivamente. ............................................................................
47
Figura 14 – Estruturas propostas para os nitrosilocomplexos sintetizados
neste trabalho: FOR0912, cis-[Ru(phen)2(NO)(tu)]3+, e
FOR0912A, cis-[Ru(phen)2(NO)(tbz)]3+...........................................
47
Figura 15 – Estruturas propostas para os clorocomplexos, precursores do
nitrosilocomplexos, sintetizados neste trabalho: FOR0212, cis-
[Ru(phen)2Cl(tu)]+, e FOR0212A, cis-[Ru(phen)2Cl(tbz)]+...............
48
Figura 16 – Sistema de síntese dos complexos FOR0912 e FOR0912A. a-
solução de ácido sulfúrico 98%; b- solução saturada de nitrito de
sódio; c- solução saturada de hidróxido de sódio; d- água
destilada; e- solução do complexo precursor em acetona; :
sentido do fluxo do óxido nítrico. ....................................................
52
Figura 17 – LED azul utilizado nos experimentos de fotorreatividade e
fotoliberação. ..................................................................................
56
Figura 18 – Espectro, na região do IV, do composto FOR0212 em pastilha de
brometo de potássio. ......................................................................
59
Figura 19 – Espectro, na região do IV, do composto FOR0212A em pastilha
de brometo de potássio. .................................................................
59
Figura 20 – Espectro na região do infravermelho da tioureia em pastilha de
brometo de potássio. ......................................................................
60
Figura 21 – Espectro na região do infravermelho da tiobenzamida em pastilha
de brometo de potássio. .................................................................
61
Figura 22 – Espectro, na região do IV, de FOR0912 em pastilha de brometo
de potássio. ....................................................................................
63
Figura 23 – Espectro, na região do IV, de FOR0912A em pastilha de brometo
de potássio. ....................................................................................
63
Figura 24 – Espectros experimentais (preto) e calculados por DFT
(vermelho), dos nitrosilocomplexos na região do infravermelho....
65
Figura 25 – Espectro de absorção na região do UV-vis do complexo
FOR0212 a 40 mol L-1 em acetonitrila (preto), dimetilsulfóxido
(vermelho) e metanol (azul).............................................................
66
Figura 26 – Espectro UV-vis do complexo FOR0212A a 40 mol L-1 em
acetonitrila (preto), dimetilsulfóxido (vermelho) e metanol (azul)....
66
Figura 27 – Espectros de absorção, nas regiões do UV-vis, dos complexos
FOR0212 a 15 molL-1 (preto) e FOR0212A a 90 mol L-
1(vermelho), em acetonitrila............................................................
68
Figura 28 – Espectros dos complexos FOR0912 (vermelho) e FOR0912A
(preto) nas regiões do ultravioleta, a 10 e 15 mol L-1, e do visível
(inset), a 140 e 215 molL-1...........................................................
69
Figura 29 – Espectro teórico de absorção, nas regiões do UV-vis, para o
complexo FOR0212, em que * indica a transição que possui
maior força do oscilador.................................................................
71
Figura 30 – Espectro teórico de absorção, nas regiões do UV-vis, para o
complexo FOR0212A, em que * indica a transição que possui
maior força do oscilador..................................................................
71
Figura 31 – Espectros de absorção teórico e experimental do complexo
FOR0212 em acetonitrila, nas regiões do UV-vis, em que H e L
expressam HOMO e LUMO, respectivamente...............................
72
Figura 32 – Espectros de absorção teórico e experimental do complexo
FOR0212A em acetonitrila, nas regiões do UV-vis, em que H e L
expressam HOMO e LUMO, respectivamente...............................
72
Figura 33 – Composição percentual dos orbitais de fronteira do complexo
FOR0212. ......................................................................................
74
Figura 34 – Composição percentual dos orbitais de fronteira do complexo
FOR0212A. ....................................................................................
74
Figura 35– Composição percentual dos orbitais de fronteira do complexo
FOR0912. ......................................................................................
79
Figura 36 – Composição percentual dos orbitais de fronteira do complexo
FOR0912A. ....................................................................................
79
Figura 37 – Espectro teórico de absorção, nas regiões do UV-vis, para o
complexo FOR0912. .......................................................................
80
Figura 38 – Espectro teórico de absorção, nas regiões do UV-vis, para o
complexo FOR0912A......................................................................
80
Figura 39 – Espectros de absorção teórico e experimental do complexo
FOR0912 em acetonitrila, nas regiões do UV-vis, em que H e L
expressam HOMO e LUMO, respectivamente................................
81
Figura 40 – Espectros de absorção teórico e experimental do complexo
FOR0912A em acetonitrila, nas regiões do UV-vis, em que H e L
expressam HOMO e LUMO, respectivamente................................
81
Figura 41 – Espectro de RMN de 13C BB da tiobenzamida (500 MHz, DMSO-
d6). .................................................................................................
82
Figura 42 – Espectro de RMN de 13C DEPT-135 da tiobenzamida (500 MHz,
DMSO-d6). .....................................................................................
82
Figura 43 – Estrutura da tiobenzamida (tbz)..................................................... 83
Figura 44 – Espectro de RMN de 1H da tiobenzamida [(500 MHz, DMSO-d6). 84
Figura 45 – Estrutura numerada do ligante tioureia........................................... 84
Figura 46 – Espectro de RMN de 13C BB da tioureia (500 MHz, DMSO-d6).... 85
Figura 47 – Estrutura numerada do complexo FOR0212A................................ 85
Figura 48 – Espectro 1H do complexo FOR0212A (500 MHz, acetona-d6)...... 86
Figura 49 – Espectro COSY do complexo FOR0212A [(500 MHz, acetona-
d6). .................................................................................................
86
Figura 50 – Espectro de 13C do complexo FOR0212A [(500 MHz, acetona-
d6). .................................................................................................
89
Figura 51 – Espectro APT do complexo FOR0212A [(300 MHz, acetona-d6)... 89
Figura 52 – Espectro HMBC do complexo FOR0212A (500 MHz, acetona-d6). 91
Figura 53 – Espectro HMQC do complexo FOR0212A (500 MHz, acetona-
d6). .................................................................................................
91
Figura 54 – Espectro 1H do complexo FOR0212 (500 MHz, acetona-d6)........ 93
Figura 55 – Espectro 1H do complexo FOR0212 (500 MHz, DMSO-d6)........... 93
Figura 56 – Estruturas numeradas dos complexos FOR0912 e FOR0912A.... 94
Figura 57 – Espectro de 1H do complexo FOR0912 (500 MHz, DMSO-d6)...... 95
Figura 58 – Espectro de 1H do complexo FOR0912A [(500 MHz, DMSO-d6)... 95
Figura 59 – Espectro COSY do complexo FOR0912 [(500 MHz, DMSO-d6).... 96
Figura 60 – Espectro COSY do complexo FOR0912A [(500 MHz, DMSO-d6).. 96
Figura 61 – Espectros de 13C do complexo FOR0912 (500 MHz, DMSO-d6)
em diferentes faixas. ......................................................................
98
Figura 62 – Espectro DEPT 135 do complexo FOR0912 (500 MHz, DMSO-
d6). .................................................................................................
99
Figura 63 – Espectro HMQC do complexo FOR0912 [(500 MHz, DMSO-d6)... 99
Figura 64 – Espectro HMBC do complexo FOR0912 [(500 MHz, DMSO-d6).... 100
Figura 65 – Espectro de 13C do complexo FOR0912A [(500 MHz, DMSO-d6).. 100
Figura 66 – Espectro DEPT 135 do complexo FOR0912A (500 MHz, DMSO-
d6). .................................................................................................
101
Figura 67 – Espectro HMQC do complexo FOR0912A (500 MHz, DMSO-d6).. 101
Figura 68 – Espectro HMBC do complexo FOR0912A (500 MHz, DMSO-d6)... 102
Figura 69 – Padrão isotópico do rutênio. ........................................................... 105
Figura 70 – Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0212A. Íons
detectados: m/z 272,0475 e 289,5390. ..........................................
105
Figura 71 – Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0212A. Íon
detectado: m/z 573,0202. ...............................................................
106
Figura 72 – Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0212A. Íon
detectado: m/z 724,0421. ...............................................................
106
Figura 73 – Estrutura do complexo [Ru(phen)2(NCCH3)2]2+............................... 107
Figura 74 – Estrutura do complexo [Ru(phen)2(tu)(NCCH3)]2+........................... 107
Figura 75 – Estrutura do complexo [Ru(phen)2(tu)Cl]+. ..................................... 108
Figura 76 – Estrutura do complexo {[Ru(phen)2(tu)(NCCH3)]PF6}+.................... 108
Figura 77 – Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912. Íons
detectados: m/z 272,0475 e 289,5390. .........................................
109
Figura 78 – Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912A. Íons
detectados: m/z 272,0475 e 289,5390. ..........................................
109
Figura 79 – Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912. Íons
detectados: m/z 689,0591 e 724,0421. ..........................................
110
Figura 80 – Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912A. Íons
detectados: m/z 689,0591 e 724,0421. ..........................................
110
Figura 81 – Estrutura do complexo
{[Ru(phen)2(NCCH3)2]PF6}+.............................................................
110
Figura 82 – Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912. Íon detectado:
m/z 561,0435. .................................................................................
111
Figura 83 – Estrutura do complexo [Ru(phen)2(SCN)(NCCH3)]+. ...................... 111
Figura 84 – Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo a 100 mV s-1
em 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN contendo o complexo
FOR0212. ......................................................................................
112
Figura 85 – Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo a 100 mV s-1
em 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN contendo o complexo
FOR0212A. ....................................................................................
112
Figura 86 – Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo
solução: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN, contendo o complexo
FOR0212. Curva anódica. Eletrólito suporte v = 5 mV s-1...............
114
Figura 87 – Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo
solução: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN, contendo o complexo
FOR0212. Curva catódica. Eletrólito suporte v = 5 mV s-1..............
114
Figura 88 – Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo
solução: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN, contendo o complexo
FOR0212A. Curva anódica. Eletrólito suporte v = 5 mV s-1............
115
Figura 89 – Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo
solução: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN, contendo o complexo
FOR0212A. Curva catódica. Eletrólito suporte v = 5 mV s-1...........
115
Figura 90 – Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo em presença
do complexo FOR0912. Eletrólito suporte: 0,1 mol L-1 de PTBA
em MeCN. v = 100 mV s-1. ............................................................
116
Figura 91 – Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo em presença
do complexo FOR0912A. Eletrólito suporte: 0,1 mol L-1 de PTBA
em MeCN. v = 100 mV s-1. .............................................................
116
Figura 92 – Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo em presença
do complexo FOR0912, a 100 mV s-1, em PTBA/MeCN 0,1 mol L-
1, na ausência (preto) e na presença de azida de sódio (azul).......
117
Figura 93 – Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo
em presença do complexo FOR0912 (curva preta) frente à azida,
em diferentes tempos. Curvas catódicas. Eletrólito suporte:
5%(v/v) MeCN / NaTFA 0,1 mol L-1 pH = 4,7. v = 5 mV s-1. Em
destaque: curva de corrente em E = + 0,1 V (onda c2) em função
do tempo. ........................................................................................
118
Figura 94 – Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo
em presença do complexo FOR0212 (curva preta) frente à azida,
em diferentes tempos. Curvas catódicas. Eletrólito suporte:
5%(v/v) MeCN / NaTFA 0,1 mol L-1 pH = 4,7. v = 5 mV s-1.............
120
Figura 95 – Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo
em presença de tioureia (curva preta), de azida (curva azul) e da
mistura de tioureia e azida (curva vermelha). Eletrólito suporte:
5%(v/v) MeCN / NaTFA 0,1 mol L-1 pH = 4,7. v = 5 mV s-1. Curvas
catódicas. .......................................................................................
121
Figura 96 – Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo
em presença do complexo FOR0912A (curva preta) frente à
azida, em diferentes tempos. Curvas catódicas. Eletrólito suporte:
5%(v/v) MeCN / NaTFA 0,1 mol L-1 pH = 4,7. v = 5 mV s-1. Em
destaque: curva de corrente em E = + 0,1 V (onda c2) em função
do tempo. .......................................................................................
122
Figura 97 – Monitoramento da variação espectral do complexo FOR0912, a
90 mol L-1, em diferentes pH. .......................................................
123
Figura 98 – Monitoramento da variação espectral do complexo FOR0912A, a
70 mol L-1, em diferentes pH. .......................................................
123
Figura 99 – Curva de pH em função da absorbância em 410 nm para o
complexo FOR0912. .......................................................................
124
Figura 100 – Curva de pH em função da absorbância em 414 nm para o
complexo FOR0912A. ....................................................................
124
Figura 101 – Alteração espectral do ligante tioureia (10 mol L-1), frente a GSH
a 37˚C em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10
h, na razão GSH/composto = 30. inset: recorte do espectro com
destaque para a banda em 302 nm e a variação da absorbância
em função do tempo. ......................................................................
126
Figura 102 – Alteração espectral do ligante tiobenzamida (10 mol L-1), frente
a GSH a 37˚C em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4,
por 10 h, na razão GSH/composto = 30. inset: recorte do
espectro com destaque para a banda em 302 nm e a variação da
absorbância em função do tempo. .................................................
126
Figura 103 – Alteração espectral do complexo FOR0212 (10 mol L-1), na
região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução tampão
fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/complexo =
30. ...................................................................................................
128
Figura 104 – Alteração espectral do complexo FOR0212A (10 mol L-1), na
região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução tampão
fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/complexo =
30. ...................................................................................................
128
Figura 105 – Alteração espectral do complexo FOR0212 (50 mol L-1), na
região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução tampão
fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/complexo =
30. ...................................................................................................
129
Figura 106 – Alteração espectral do complexo FOR0212A (50 mol L-1), na
região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução tampão
fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/complexo =
30. ...................................................................................................
129
Figura 107 – Alteração espectral do ligante tioureia (10 mol L-1), frente a GSH
a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na
razão GSH/composto = 30. ............................................................
131
Figura 108 – Alteração espectral do ligante tiobenzamida (10 mol L-1), frente
a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por
10 h, na razão GSH/composto = 30. ..............................................
131
Figura 109 – Alteração espectral do complexo FOR0212 (10 mol L-1), na
região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA
0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.......
132
Figura 110 – Alteração espectral do complexo FOR0212A (10 mol L-1), na
região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA
0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.......
132
Figura 111 – Alteração espectral do complexo FOR0212 (50 mol L-1), na
região do visível, frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1
mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30. ............
133
Figura 112 – Alteração espectral do complexo FOR0212A (50 mol L-1), na
região do visível, frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1
mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30. ............
133
Figura 113 – Alteração espectral do complexo FOR0912 (50 mol L-1) frente a
GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10
h, na razão GSH/complexo = 30. ...................................................
134
Figura 114 – Alteração espectral do complexo FOR0912A (50 mol L-1) frente
a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por
10 h, na razão GSH/complexo = 30. .............................................
135
Figura 115 – Alteração espectral do complexo cis-[RuCl2(phen)2] (50 mol L-1),
frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7,
por 10 h, na razão GSH/complexo = 1. ..........................................
136
Figura 116 – Alteração espectral do complexo FOR0912 (50 mol L-1) frente a
L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por
1,5 h, na razão L-cisteína/complexo = 30. ...................................... 137
Figura 117 – Alteração espectral do complexo FOR0912A (50 mol L-1) frente
a L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7,
por 1,5 h, na razão L-cisteína/complexo = 30. ...............................
137
Figura 118 – Alteração espectral do complexo cis-[RuCl2(phen)2] (50 mol L-1),
frente a L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH =
4,7, por 1,5 h, na razão L-cisteína/complexo = 1. ..........................
138
Figura 119 – Alteração espectral do complexo FOR0212 (50 mol L-1) frente a
L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por
1,5 h, na razão L-cisteína/complexo = 30. .....................................
138
Figura 120 – Alteração espectral do complexo FOR0212A (50 mol L-1) frente
a L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7,
na razão L-cisteína/complexo = 30. ................................................
139
Figura 121 – Monitoramento da variação espectral do complexo FOR0912 em
solução 2%(v/v) MeCN NaTFA pH 4,7 frente a luz azul ( =450
nm) por 180 min. ............................................................................
140
Figura 122 – Monitoramento da variação espectral do complexo FOR0912A
em solução 2%(v/v) MeCN NaTFA pH 4,7 frente a luz azul (
=450 nm) por 180 min. ...................................................................
140
Figura 123 – Espectros, nas regiões do UV-Vis, dos compostos FOR0212
(preto) e FOR0212A (vermelho) em solução 2%(v/v) MeCN
NaTFA pH 4,7. ................................................................................
141
Figura 124 – Estrutura do cPTIO, um supressor de NO/HNO. ............................ 141
Figura 125 – Estrutura do cPTI, produto da reação entre cPTIO e NO. .............. 142
Figura 126 – Estrutura do cPTI-H, produto da reação entre cPTIO e HNO. ....... 142
Figura 127 – Monitoramento do perfil espectral do complexo FOR0912 (25
molL-1) por 3h em presença de cPTIO (150 molL-1), a 25˚C, em
diferentes tempos de irradiação com LED azul. .............................
143
Figura 128 – Monitoramento do perfil espectral do complexo FOR0912A (25
molL-1) por 3h em presença de cPTIO (150 molL-1), a 25˚C, em
diferentes tempos de irradiação com LED azul. .............................
143
Figura 129 – Monitoramento do perfil espectral do complexo FOR0912 (25
molL-1) por 3h em presença de cPTIO (150 molL-1), a 25˚C, na
ausência de luz. .............................................................................. 144
Figura 130 – Monitoramento do perfil espectral do complexo FOR0912A (25
molL-1) por 3h em presença de cPTIO (150 molL-1), a 25˚C, na
ausência de luz. ..............................................................................
144
Figura 131 – Eletroforese em gel de agarose (1%) dos clorocomplexos
FOR0212 e FOR0212A em diferentes concentrações, frente ao
DNA plasmídico pBR322, na ausência de luz (faixas 3 a 8) e
após irradiação por 30 min com LED azul (faixas 9 a 14). DNA
controles positivo (com luz) e negativo (sem luz) nas faixas 1 e 2,
respectivamente. Concentração em mol L-1 (faixas): 5 (3 e 9), 10
(4 e 10), 20 (5 e 11), 40 (6 e 12), 60 (7 e 13) e 100 (8 e 14). 300
ng de DNA, 20 mol L-1 em pares de base. ...................................
145
Figura 132 – Eletroforese em gel de agarose (1%) dos nitrosilocomplexos
FOR0912 e FOR0912A em diferentes concentrações, frente ao
DNA plasmídico pBR322, na ausência de luz (faixas 3 a 8) e
após irradiação por 30 min com LED azul (faixas 9 a 14). DNA
controles positivo (com luz) e negativo (sem luz) nas faixas 1 e 2,
respectivamente. Concentração em mol L-1 (faixas): 5 (3 e 9), 10
(4 e 10), 20 (5 e 11), 40 (6 e 12), 60 (7 e 13) e 100 (8 e 14). 300
ng de DNA, 20 mol L-1 em pares de base. ...................................
145
Figura 133 – Eletroforese em gel de agarose dos clorocomplexos FOR0212 e
FOR0212A a 20 molL-1, frente ao DNA plasmídico pBR322, na
presença de supressores de radicais, sob luz. DNA controles
positivos nas faixas 1; DNA + complexo nas faixas 2; com
supressor (faixas): Manittol (3), L-histidina (4), TEMPO (5), SOD
(6), cPTIO (7) e DMSO (8). 300 ng de DNA, 20molL-1 em pares
de base. ..........................................................................................
148
Figura 134 – Eletroforese em gel de agarose dos nitrosilocomplexos FOR0912
(faixas 2 a 8) e FOR0912A (faixas 9 a 15) a 60 molL-1, frente ao
DNA plasmídico pBR322, na presença de supressores de
radicais sob luz. DNA controles positivo (com luz) nas faixa 1.
DNA + complexo nas faixas 2 e 9. Supressor (faixas): Manittol (3
e 10), L-histidina (4 e 11), TEMPO (5 e 12), SOD (6 e 13), cPTIO
(7 e 14) e DMSO (8 e 15). 300 ng de DNA, 20molL-1 em pares
de base. ..........................................................................................
148
Figura 135 – Eletroforese em gel de agarose dos complexos FOR0212 (faixas
2 a 4),FOR0212A (faixas 5 a 7) a 20 molL-1 e FOR0912 (faixas
8 a 10) e FOR0912A (faixas 11 a 13) a 60 molL-1, frente ao DNA
plasmídico pBR322, na presença de cloreto de sódio 150 (faixas
3, 6, 9 e 12) e 450 mmolL-1 (faixas 4, 7, 10 e 13). DNA controle
negativo (sem luz) na faixa 1. DNA e complexo nas faixas 2, 5, 8
e 11. ................................................................................................
150
Figura 136 – Eletroforese em gel de agarose dos complexos FOR0212 (faixas
2 e 3), FOR0212A (faixas 4 e 5) a 20 molL-1 e FOR0912 (faixas
6 a 8) e FOR0912A (faixas 9 a 11) a 60 molL-1, frente ao DNA
plasmídico pBR322, na presença de GSH (faixas 3, 5, 7 e 9) e de
GSH e cPTIO (faixas 8 e 11). DNA controle negativo (sem luz) na
faixa 1. DNA e complexo nas faixas 2, 4, 6 e 9. .............................
150
Figura 137 – Curva de dose-resposta dos complexos cis-[RuCl2(phen)2],
FOR0212 e FOR0212A, em ensaios de vasodilatação de aortas
de rato, em que [n] indica quantidade de anéis de aorta testados.
152
Figura 138 – Curva de dose-resposta dos complexos FOR0912, FOR0912A e
nitroprussiato de sódio, em ensaios de vasodilatação de aortas
de rato, em que [n] indica quantidade de anéis de aorta testados.
152
Figura 139 – Estrutura do 1H-[1,2,4]oxadiazol[4,3-a]quinoxalinona, um
inativador do grupo heme................................................................
154
Figura 140 – Estrutura do N-nitro-L-argininametilester (L-NAME), um inibidor
da enzima óxido nítrico sintetase. ...................................................
154
Figura 141 – Curva de dose-resposta dos complexos FOR0912 e FOR0912A,
em ensaios de vasodilatação de aortas de rato, na presença de
ODQ, em que [n] indica quantidade de anéis de aorta testados.....
155
Figura 142 – Curva de dose-resposta do complexo FOR0912, em ensaio de
vasodilatação de aorta de rato, na presença de L-NAME, em que
[n] indica quantidade de anéis de aorta testados. ..........................
155
Figura 143 – Curva de dose-resposta do complexo FOR0912A, em ensaio de
vasodilatação de aorta de rato, na presença de L-NAME, em que
[n] indica quantidade de anéis de aorta testados. .......................... 156
Figura 144 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano GBM02
sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 24 h de
adição do complexo FOR0912 em diferentes concentrações.
[GSH] no poço = 5 mmol L-1. ..........................................................
158
Figura 145 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano GBM02
sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 24 h de
adição do complexo FOR0912A em diferentes concentrações.
[GSH] no poço = 5 mmol L-1. ..........................................................
158
Figura 146 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano U87
sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 24 h de
adição do complexo FOR0912 em diferentes concentrações.
[GSH] no poço = 5 mmol L-1. ..........................................................
159
Figura 147 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano U87
sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 24 h de
adição do complexo FOR0912A em diferentes concentrações.
[GSH] no poço = 5 mmol L-1. ..........................................................
159
Figura 148 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano GBM02
sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 48 h de
adição do complexo FOR0912 em diferentes concentrações.
[GSH] no poço = 5 mmol L-1. ..........................................................
160
Figura 149 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano GBM02
sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 48 h de
adição do complexo FOR0912A em diferentes concentrações.
[GSH] no poço = 5 mmol L-1. ..........................................................
160
Figura 150 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano U87
sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 48 h de
adição do complexo FOR0912 em diferentes concentrações.
[GSH] no poço = 5 mmol L-1. ..........................................................
161
Figura 151 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano U87
sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 48 h de
adição do complexo FOR0912A em diferentes concentrações.
[GSH] no poço = 5 mmol L-1............................................................
161
LISTA DE EQUAÇÕES
Equação 1 –
Processo redox envolvendo o centro metálico nos
clorocomplexos (L= tioureia ou tiobenzamida) nos
complexosexo FOR0212 e FOR0212A.........................................
113
Equação 2 –
Processo redox envolvendo o centro metálico no produto de
solvólise do complexo FOR0212 em acetonitrila..........................
117
Equação 3 – Representação da reação de substituição da molécula de óxido
nítrico pela de acetonitrila..............................................................
118
Equação 4 – Representação da reação de substituição da molécula de óxido
nítrico pela de água. .....................................................................
121
Equação 5 – Representação da conversão nitrosilo-nitrocomplexo. ................. 122
LISTA DE ESQUEMAS
Esquema 1 – Processos redox envolvendo o grupo NO coordenado. ............... 119
Esquema 2 – Processos redox envolvendo o centro metálico nos
aquocomplexos formados. ...........................................................
120
Esquema 3 – Processos redox envolvendo o centro metálico nos
clorocomplexos associados à reatividade do complexo
FOR0212 (Figura 94). ..................................................................
120
Esquema 4 – Possível mecanismo de formação de hidrogenossulfeto a partir
de tioamidas. ................................................................................
127
LISTA DE TABELAS
Tabela 1 – Substâncias comercialmente usadas durante o trabalho................. 49
Tabela 2 – Números de onda e respectivas atribuições para os
clorocomplexos................................................................................................
60
Tabela 3 – Números de onda e respectivas atribuições para os ligantes Tu e
TBz. ............................................................................................ ........................
61
Tabela 4 – Números de onda e respectivas atribuições para os
nitrosilocomplexos. .........................................................................................
64
Tabela 5 Deslocamentos químicos de carbono do grupo CS nos ligantes e
nos complexos. ...............................................................................................
64
Tabela 6 – Momento de dipolo e constante dielétrica dos solventes em que
os complexos FOR0212 e FOR0212A foram dissolvidos e
máximos de absorbância, na região do visível, das soluções. ........
67
Tabela 7 – Máximos de absorbância, em acetonitrila, dos ligantes envolvidos
neste trabalho. ................................................................................................
68
Tabela 8 – Dados espectroscópicos nas regiões do UV-vis: absortividades
molares dos complexos FOR0212 e FOR0212A, em acetonitrila,
em cada comprimento de onda e respectivos coeficientes de
correlação. .......................................................................................................
68
Tabela 9 – Dados espectroscópicos nas regiões do UV-vis: absortividades
molares dos complexos FOR0912 e FOR0912A em cada
comprimento de onda e respectivos coeficientes de correlação......
69
Tabela 10 – Contribuição das transições calculadas por DFT para a absorção
do complexo cis-[Ru(phen)2Cl(tu)]+ (FOR0212) nas regiões do
UV-vis..................................................................................................................
73
Tabela 11 – Contribuição das transições calculadas por DFT para a absorção
do complexo cis-[Ru(phen)2Cl(tbz)]+ (FOR0212A) nas regiões do
UV-vis. ...............................................................................................................
75
Tabela 12 – Contribuição das transições calculadas por DFT para a absorção
do complexo FOR0912 nas regiões do UV-vis. ...................................
77
Tabela 13 – Contribuição das transições calculadas por DFT para a absorção
do complexo FOR0912A nas regiões do UV-vis. ..................................
78
Tabela 14 – Deslocamentos químicos e integração dos sinais no espectro de 84
1H do TBz. ........................................................................................................
Tabela 15 – Deslocamentos químicos () dos prótons no complexo cis-
[RuCl(TBz)(phen)2]+. ......................................................................................
87
Tabela 16 – Deslocamentos químicos de 13C do complexo FOR0212A. ............. 92
Tabela 17 – Deslocamentos químicos (ppm) de 1H dos compostos FOR0912 e
FOR0912A. ......................................................................................................
94
Tabela 18 – Deslocamentos químicos (ppm) de 13C dos compostos FOR0912
e FOR0912A. ..................................................................................................
103
Tabela 19 – Comprimentos médios84, 85 e otimizados por DFT das ligações CS
e CN para os complexos e os ligantes tioureia e tiobenzamida. ......
104
Tabela 20 – Porcentagens dos elementos C, H, N e Ru nos
nitrosilocomplexos. ........................................................................................
105
Tabela 21 – Valores de m/z e respectivos erros e atribuições para o complexo
FOR0212A. ......................................................................................................
106
Tabela 22 – Valores de m/z e respectivos erros e atribuições exclusivamente
para os complexos FOR0912 e FOR0912A. ..........................................
111
Tabela 23 – Energia dos orbitais de fronteira, determinados por DFT, e
potenciais de meia-onda dos processos envolvendo o centro
metálico e o grupo nitrosil nos complexos sintetizados neste
trabalho. .............................................................................................................
113
Tabela 24 – Radicais e seus respectivos supressores. ............................................. 147
Tabela 25 – Potência e eficácia dos complexos discutidos neste trabalho em
comparação ao nitroprussiato de sódio. ..................................................
151
Tabela 26 – Potência e eficácia dos nitrosilocompostos frente a ODQ e a L-
NAME. ................................................................................................................
156
LISTA DE ABREVIATURAS
APT Attached proton test
BB Broad band
Bpy 2,2-bipiridina
Cyst L-cisteína
COSY Homonuclear correlation spectroscopy
cPTIO 2-(4-Carboxifenil)-4,4,5,5-tetrametilimidazol-1-oxi-3-óxido
DNA Ácido desoxirribonucleico
DMF N,N-dimetilformamida
DMSO Dimetilsulfóxido
DTPA ácido dietielenotriaminpentaacético
Fc Ferroceno
FOR0212 cis-[RuCl(Tu)(phen)2]+ ou cis-[RuCl(Tu)(phen)2]PF6 . H2O
FOR0212A cis-[RuCl(TBz)(phen)2]+ ou cis-[RuCl(TBz)(phen)2]PF6 . H2O
FOR0912 cis-[Ru(NO)(Tu)(phen)2]3+ ou cis-[Ru(NO)(Tu)(phen)2](PF6)3.
H2O
FOR0912A cis-[Ru(NO)(TBz)(phen)2]3+ ou cis-
[Ru(NO)(TBz)(phen)2](PF6)3 . H2O
GSH Glutationa reduzida
HMBC Heteronuclear multiple quantum coherence
HMQC Heteronuclear multibond coherence
IL Transição interna do ligante
ImN Imidazol
IV Infravermelho
MeOH Metanol
MeCN Acetonitrila
MTT Brometo de metiltiazoldifeniltetrazólio
phen o-fenantrolina ou 1,10- fenantrolina
PE Fenilefrina
PTBA Perclorato de tetrabutilamônio
RMN Ressonância Magnética Nuclear
SOD Superóxido Dismutase
TBz Tiobenzamida
TCML Transferência de carga metal-ligante
TCLL Transferência de carga interligante
TEMPO N-oxil-2,2,6,6-tetrametilpiperidina
Tu Tiouréia
UV Ultravioleta
UV-vis Ultravioleta-visível
VC Voltamteria cíclica
VPD Voltametria de pulso diferencial
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO..................................................................................... 34
1.1 Contexto............................................................................................. 34
1.2 O óxido nítrico.................................................................................... 35
1.3 Complexos: NO e HNO...................................................................... 38
1.4 Complexos e câncer.......................................................................... 41
1.5 Complexos: o centro metálico e os ligantes................................... 45
2 OBJETIVOS........................................................................................ 47
3 MATERIAIS......................................................................................... 49
4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL.................................................. 51
4.1 Sínteses.............................................................................................. 51
4.1.1 Síntese do complexo cis-[RuCl(tu)(phen)2]PF6 . H2O (FOR0212)... 51
4.1.2 Síntese do complexo cis-[Ru(NO)(Tu)(phen)2](PF6)3 . H2O
(FOR0912) ..........................................................................................
51
4.1.3 Síntese do complexo cis-[RuCl(tbz)(phen)2]PF6 . H2O
(FOR0212A) .......................................................................................
51
4.1.4 Síntese do complexo cis-[Ru(NO)(Tu)(phen)2](PF6)3 . H2O
(FOR0912A) .......................................................................................
52
4.2 Caracterização................................................................................... 52
4.2.1 Espectroscopia de ressonância magnética nuclear...................... 53
4.2.2 Análise elementar.............................................................................. 53
4.2.3 Espectrometria de Massa.................................................................. 53
4.2.4 Voltametria cíclica e de pulso diferencial........................................ 54
4.2.5 Estudos computacionais.................................................................. 54
4.2.6 Medidas de conversão nitrosilo-nitrocomplexo............................. 55
4.3 Reatividade......................................................................................... 55
4.3.1 Frente a redutores biológicos.......................................................... 55
4.3.2 Fotorreatividade................................................................................. 56
4.3.3 Fotoliberação..................................................................................... 56
4.4 Dados biológicos............................................................................... 57
4.4.1 Ensaio de clivagem do DNA............................................................. 57
4.4.2 Vasodilatação..................................................................................... 57
4.4.3 Citotoxicidade.................................................................................... 58
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO.......................................................... 59
5.1 Caracterização................................................................................... 59
5.1.1 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho............... 59
5.1.2 Espectroscopia nas regiões do ultravioleta-visível....................... 65
5.1.2.1 Clorocomplexos................................................................................... 65
5.1.1.2 Nitrosilocomplexos............................................................................... 69
5.1.3 Cálculos computacionais.................................................................. 70
5.1.3.3 Clorocomplexos................................................................................... 70
5.1.3.2 Nitrosilocomplexos............................................................................... 76
5.1.4 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear..................... 82
5.1.4.1 Tiobenzamida e tioureia....................................................................... 82
5.1.4.2 Complexo FOR0212A.......................................................................... 85
5.1.4.3 Complexo FOR0212............................................................................ 92
5.1.4.4 Nitrosilocomplexos............................................................................... 93
5.1.5 Análise elementar.............................................................................. 104
5.1.6 Espectrometria de massa................................................................. 105
5.1.7 Voltametria......................................................................................... 111
5.1.7.1 Em meio orgânico (acetonitrila) .......................................................... 111
5.1.7.2 Em meio aquoso.................................................................................. 118
5.1.8 Conversão nitrosilo-nitrocomplexo................................................. 122
5.2 Reatividade........................................................................................ 125
5.2.1 Reatividade frente a tióis.................................................................. 125
5.2.1.1 Frente à glutationa reduzida a pH = 7,4.............................................. 125
5.2.1.2 Frente à glutationa reduzida a pH = 4,7.............................................. 130
5.2.1.3 Frente à L-cisteína a pH = 4,7............................................................ 136
5.2.2 Fotorreatividade................................................................................ 139
5.2.3 Fotoliberação.................................................................................... 141
5.3 Dados biológicos.............................................................................. 145
5.3.1 Ensaio de clivagem do DNA............................................................ 145
5.3.2 Ensaio de vasodilatação.................................................................. 151
5.3.3 Citotoxicidade................................................................................... 157
6 CONCLUSÕES.................................................................................. 162
7 PERSPECTIVAS................................................................................. 163
REFERÊNCIAS................................................................................... 164
APÊNDICE A – CURVA DE ABSORBÂNCIA EM FUNÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DO COMPLEXO FOR0212.................................
174
APÊNDICE B – CURVA DE ABSORBÂNCIA EM FUNÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DO COMPLEXO FOR0212A...............................
177
APÊNDICE C – CURVA DE ABSORBÂNCIA EM FUNÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DO COMPLEXO FOR9212.................................
180
APÊNDICE D – CURVA DE ABSORBÂNCIA EM FUNÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DO COMPLEXO FOR0912A...............................
182
34
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contexto
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), as doenças
cardiovasculares foram a principal causa de morte, equivalendo a 31% dos óbitos.
Além disso, dentre os falecimentos de pessoas abaixo de setenta anos, causados
por doenças não contagiosas, 37% está associado a patologias cardiovasculares.1
No que tange a indicadores socioeconômicos, 75% dos óbitos causados
por esse tipo de patologia ocorrem em países de baixa ou média renda. Esse
percentual se torna maior (82%) quando se refere às mortes, por doenças não
contagiosas, de pessoas com menos de setenta anos residentes no referidos
países.1
Para além disto, a alimentação saudável, um dos fatores que dificulta o
desenvolvimento de tais doenças, tem ficado cada vez mais comprometida, devido
ao aumento de consumo de alimentos industrializados, muitos dos quais contêm, em
grande quantidade, sódio, íon responsável por elevação da pressão arterial.2 Tendo
em vista essa realidade, a administração de fármacos eficientes é uma estratégia
adicional para a atenuação dos dados acima citados.
Uma das substâncias usadas no tratamento de hipertensão aguda é o
nitroprussiato de sódio (NPS) 3-5, que se trata de um composto de coordenação
(Figura 1) que contém os grupos ciano e nitrosil coordenados ao Fe(II).
Figura 1 - Fórmula química do nitroprussiato de sódio.
Fonte: o autor.
De acordo com a literatura, a atuação deste complexo metálico como
vasodilatador consiste na formação do óxido nítrico a partir do grupo nitrosil e
liberação deste óxido3. Contudo, antecedente à liberação de óxido nítrico, há
liberação de cianeto,5 que pode se coordenar ao ferro da hemoglobina,
inviabilizando o transporte de oxigênio.6 Esta situação poderia inviabilizar o uso
deste composto como fármaco, porém o mesmo é administrado com tiossulfato de
35
sódio, o que propicia a geração de tiocianato, que é excretado sem causar efeitos
colaterais.4
Entretanto, embora usado em casos de hipertensão aguda, o
nitroprussiato de sódio pode promover um decréscimo tão brusco da pressão arterial
que o paciente no qual o mesmo foi administrado pode apresentar um quadro de
hipotensão. Isso ocorre porque a liberação de óxido nítrico a partir desse composto
é rápida.5 Assim, a busca por outros nitrosilocomplexos 7-13 que sejam tão eficientes
quanto o nitroprussiato e que liberem óxido nítrico de modo controlado tem crescido,
sobretudo depois que se descobriram as relevâncias biológicas deste óxido.14
1.2 O óxido nítrico
O óxido nítrico é uma substância biossintetizada a partir da L-arginina,
num processo intermediado pela enzima óxido nítrico sintetase (ONS). Esta enzima
pode estar presente no endotélio, no cérebro ou sistema nervoso. Nestes casos as
denominações são ONS endotelial e ONS neuronal, respectivamente. Há também a
possibilidade de produção desta enzima por indução imunológica; nessa situação a
denominação é ONS induzida.
A distinção entre as isoformas da enzima não se restringe ao modo como
são chamadas; indica também a função que o óxido nítrico, gerado por intermédio
das mesmas, possui. Quando produzido pela enzima ONS induzida, o óxido nítrico é
responsável pela citotoxicidade. Neste caso, a referida produção é dependente de
alguma perturbação, anomalia, no funcionamento do organismo, a exemplo do
desenvolvimento de células tumorais. Neste sentido, o supracitado óxido tem ação
antitumoral.15 e sua atuação consiste na inativação de enzimas associadas à
respiração celular, seja por reações redox – oxidação do Fe(II) – ou reação ácido-
base de Lewis – coordenação ao Fe(II), de modo a inviabilizar a coordenação da
molécula de oxigênio.6
A ONS neuronal, por sua vez, produz óxido nítrico que atua como
neurotransmissor, ou seja, difunde-se pelo axônio de um neurônio e o dendrito de
outro, de modo a promover o efeito elétrico necessário para as atividades
desenvolvidas pelos organismos, a exemplo do relaxamento da musculatura nos
corpos cavernosos penianos e no sistema gastrointestinal. Outro aspecto relevante
associado ao NO produzido pela enzima ONS neuronal é a memória tardia, a qual é
36
proporcional à concentração de glutamato, proveniente da guanosina monofosfato
cíclica (cGMP).
cGMP é produzida a partir de guanosina trifosfato (GTP) catalisada pela
guanilato ciclase solúvel (sGC), uma enzima que possui um grupo heme e um
resíduo de histidina coordenado ao átomo de Fe(II) do grupo heme (Figura 2). Para
ser ativada, o óxido nítrico se coordena ao referido centro metálico.16 Assim,
substâncias que oxidam o átomo de Fe(II) inativam a enzima17, já que a molécula
NO não se liga ao Fe(III), de modo a ativá-la. Daí a correlação do óxido nítrico com o
desenvolvimento da memória tardia.
Figura 2 - Representação da interação do óxido nítrico com o átomo de Fe(II) do grupo heme, em que as esferas cinzas, azuis, rosas e brancas representam, respectivamente, os átomos de carbono, nitrogênio, oxigênio e hidrogênio.
Fonte: adaptado da referência.18
cGMP também propicia a abertura de canais de íons Ca2+, diminuindo a
quantidade destes na célula. Posto que a concentração destes íons é diretamente
proporcional à contração muscular, a ativação da sGC pelo NO também promove
relaxamento dos vasos sanguíneos, o que possibilita o aumento da área de
circulação do sangue e, por conseguinte, a força com que o mesmo se movimenta
decresce. Portanto, a pressão arterial diminui.19 Nesta situação, contudo, NO é
produzido pela enzima ONS endotelial.15
Para se ligar ao Fe(II) da guanilato ciclase solúvel, o óxido nítrico atua
como base de Lewis, usando os elétrons do orbital σz (Figura 3), correspondente a
um par dos pares de elétrons não ligantes do átomo de nitrogênio, já que a diferença
de energia entre os orbitais deste átomo e do orbital σz é menor aquela para orbitais
atômicos do oxigênio em relação ao orbital σz.
37
Figura 3 - Diagrama qualitativo de energia de orbitais moleculares da molécula de óxido nítrico.
Fonte: o autor.
Como pode ser visto tanto no diagrama de orbital molecular, quanto na
estrutura de Lewis, o óxido nítrico possui uma quantidade ímpar de elétrons e,
portanto, possui natureza química radicalar, o que indica que esta espécie possui
elevada reatividade e, portanto, baixa seletividade. Associando-se estas
propriedades à alta velocidade de difusão no sangue (3,3 . 10-3 mm2 s-1)15 e à rápida
reação com oxigênio, formando dióxido de nitrogênio,6 a possibilidade de
administração direta do óxido nítrico para qualquer fim farmacológico é inviável.
Nesta perspectiva, o conhecimento e uso adequado das propriedades químicas
associadas ao grupo NO pode ser bastante salutar para investir em fármacos à base
de NO.
Ainda com base na Figura 3, os elétrons do orbital de mais alta energia
são aqueles usados para a formação da ligação com o metal. Uma vez que há
orbitais * parcialmente preenchidos, há possibilidade também de esta espécie
aceitar densidade eletrônica do metal ao qual se coordenar. Se envolvido numa
reação de oxirredução, por sua vez, pode ser um agente oxidante, ao aceitar elétron
no orbital * parcialmente preenchido, formando NO- ou um agente redutor, doando
38
o único elétron do orbital *, formando NO+. Tendo em vista que NO+ não possui
elétrons nos orbitais *, este aceita mais densidade eletrônica de um dado centro
metálico (M) que o NO. Assim, a ligação M – NO é mais fraca que M – NO+,
admitindo neste caso que M é um metal mole, capaz de retrodoar densidade
eletrônica. Nessa perspectiva, a modificação dos centros metálicos e dos ligantes,
em um nitrosilocomplexo, pode modelar uma liberação controlada de óxido nítrico,
diferentemente do que ocorre com o nitroprussitato de sódio, o qual possui
limitações, como já foi citado.20
1.3 Complexos: NO e HNO
Para que haja liberação de NO a partir de um nitrosilocomplexo, é preciso
que ocorra uma redução do grupo nitrosil envolvendo um elétron. Esse fenômeno
pode ocorrer através de incidência de radiação ou via transferência de elétrons, seja
de alguma espécie redutora ou de um eletrodo polarizável.
Uma vez que a maioria destes complexos possui banda de transferência
de carga metal- ligante, com maior contribuição do NO, na região do ultravioleta21-24,
a liberação fotoquímica do NO geralmente é dependente de fontes de irradiação
nesta região (UV). Na ausência de luz, redutores como azida25, 26, glutationa
reduzida27, 28 e L-cisteína27 têm sido usados pra propiciar a conversão do grupo
nitrosil em óxido nítrico.
Glutationa reduzida (GSH) e L-cisteína (Figura 4) são substâncias que,
em sistemas biológicos, atuam como redutores, formando glutationa (Figura 5) e
cistina (Figura 6), respectivamente. A L-cisteína é um aminoácido e a glutationa
reduzida é um tripeptídeo, constituído a partir de três aminoácidos: glicina, cisteína e
ácido glutâmico.29-31
Figura 4 - Estruturas das moléculas de (a) glutationa reduzida e (b) L-cisteína.
(a) (b)
Fonte: o autor.
39
Figura 5 – Estrutura da molécula de glutationa (GSSG) .
Fonte: o autor.
Figura 6 - Estrutura da molécula de cistina, produto de oxidação da cisteína.
Fonte: o autor.
GSH é uma espécie encontrada na maioria dos organismos vivos. Em
seres humanos, é encontrada em pequenas quantidades no plasma sanguíneo (10 a
30 mol L-1)29, apesar de nas proximidades dos sítios enzimáticos está em
concentração maiores (3 mmol L-1), tal como no fígado (5 a 10 mmol L-1), onde
metaboliza xenobióticos, substâncias estranhas ao organismo que comprometem o
funcionamento deste. Essa função da GSH consiste na interação desta espécie,
através do grupo tiol, com centros nucleofílicos do xenobiótico ou com enzimas que
facilitam a interação do substrato com GSH. Neste último caso, a maioria das
enzimas são do tipo trans-membrana, o que reforça a função da glutationa reduzida
como agente citotóxico.31
L-cisteína, por sua vez, é um aminoácido classificado como essencial
condicional, ou seja, que é necessário para o desenvolvimento de animais jovens
e/ou são utilizados para combater patologias. Posto que está presente em várias
proteínas, a cisteína desenvolve muitas funções no organismo. Quando oxidada,
forma cistina, um outro aminoácido, no qual os átomos de enxofre estão ligados.
Esse tipo de ligação possui relevância pois conferem estabilidade às estruturas das
proteínas, já que cadeias polipeptídicas distintas podem interagir por esta via.30
40
Além disso, a depender também da quantidade de resíduos de cisteína, a
resistência mecânica das proteínas difere. Isso fica bem ilustrado no fato de que
tanto a definição de cachos em cabelos crespos quanto a rigidez dos chifres de
rinocerontes está associada às ligações de dissulfeto, proveniente de resíduos de
cisteína.30 Assim, tendo em vista a relevância da cisteína e da GSH em sistemas
biológicos e sabendo-se que ambas reduzem nitrosilocomplexos a óxido nítrico27, 32,
o uso desses redutores em ensaios químicos pode mimetizar a atuação de um
composto em meio biológico.
De acordo com Souza e colaboradores33, a depender das condições de
pH e teor de oxigênio, além da formação de óxido nítrico, há indícios de geração de
ácido hiponitroso monomérico ou nitroxil (HNO) a partir da reação entre
nitroprussiato e tióis como L-cisteína e GSH. Esse aspecto é relevante já que
recentemente funções biológicas relevantes associadas ao HNO têm sido
descobertas.34, 35
Tal como a molécula NO, a molécula HNO é produzida endogenamente,
inclusive pela NOS, em condições de estresse oxidativo36; é produzida também a
partir de nitrosotióis, os quais são gerados a partir da reação entre óxido nítrico e
tióis37. Entretanto, NO e HNO possuem funções biológicas distintas34, o que
potencializa a atuação farmacológica dos nitrosilocomplexos.
Dentre as funções da molécula HNO, destacam-se a relevância no
tratamento de: insuficiência cardíaca, já que aumenta a capacidade de contração do
músculo cardíaco; alcoolismo, visto que inibe a enzima aldeidodesidrogenase; e
câncer, uma vez que inibe a vascularização em células tumorais, impedindo o
desenvolvimento das mesmas.34
Neste contexto, o nitrosilocomplexo cis-[Ru(bpy)2(NO)(SO3)]+ (Figura 7),
em que bpy = 2,2’-bipiridina, em presença de GSH e N-acetil-L-cisteína, exibiu
atividade antiangiogênica, ou seja, inibiu a vascularização em células tumorais, o
que se configura um indício de liberação de HNO. Paralelamente, através de ensaio
com capturadores seletivos de NO/HNO, cPTIO e mioglobina, constatou-se a
liberação de HNO.38 Posto que os liberadores de HNO relatados na literatura são
compostos orgânicos 36 e há relatos de muitos nitrosilocomplexos doadores de NO,4,
11, 39 complexos metálicos semelhantes podem apresentar resultados similares.
41
Figura 7 - Estrutura do complexo cis-[Ru(bpy)2(NO)(SO3)]+.
Fonte: o autor.
1.4 Complexos e câncer
Complexos metálicos já são aplicados em terapia de câncer (Figura 8).
Além disso, alguns outros estão em fase clínica por inibir metástase (Figura 9- a) e
induzir apoptose em células de carcinoma colorretal (Figura 9- b), neste caso
incluem-se complexos de rutênio.40 Porém, devido aos tumores se manifestarem
cada vez mais agressivamente, o combate ao desenvolvimento dos mesmos tem se
tornado cada vez mais desafiador. Nesse sentido, a Química de Coordenação pode
ser útil, já que contempla variabilidade no número de coordenação dos metais, nas
posições relativas dos ligantes e nos estados de oxidação dos átomos dos centros
metálicos e dos ligantes, além das propriedades magnéticas dos complexos. Esse
conjunto de propriedades pode ampliar a atuação dos complexos metálicos em
terapia neoplásica.
42
Figura 8 - Estruturas de complexos usados como agentes quimioterápicos.
Fonte: adaptado da referência.41
Figura 9 - Estrutura dos complexos NAMI-A (a) e KP-1019 (b).
Fonte: adaptado da referência.42
Dentre os tumores que atingem os humanos, um dos mais agressivos é o
glioblastoma. Este tipo de câncer é o mais agressivo do sistema nervoso central43 e
tem apresentado resistência à temolozomida (Figura 10), o agente quimioterápico
usado para este tipo de câncer. A situação é tão crítica que pelo menos metade dos
pacientes não têm reagido como esperado ao tratamento com a temolozomida.43
43
Figura 10 - Estrutura molecular da temolozomida, um agente quimioterápico do glioblastoma humano.
Fonte: o autor.
A temolozomida modifica o DNA, ao ser fonte de grupo metila para as
bases nitrogenadas adenina e guanina. Complexos metálicos também atuam frente
ao DNA, ao interagirem com essas bases nitrogenadas, via ligação de hidrogênio44
ou até mesmo se coordenando de modo a gerar adutos, a exemplo da atuação da
cisplatina e complexos análogos45-48, e complexos coordenativamente insaturados –
ou com posições lábeis – de rutênio com ligantes polipiridínicos49, 50 e arenos51.
Outro modo de atuação tumoricida consiste na interação do composto
com as bases nitrogenadas do DNA via elétrons , como ocorre com espécies
aromáticas, a exemplo de heterocíclicos nitrogenados como 2,2’-bipiridina, o-
fenantrolina e outros análogos (Figura 11), além dos complexos que os contém52-54.
Nestes casos, ocorre a intercalação da porção plana do agente tumoricida nas fitas
do DNA, ou seja, a espécie citotóxica ocupa um espaço entre as fitas e se mantém
lá através da interação dos elétrons deslocalizados, denominada - “stacking”.
Neste caso, as bases nitrogenadas, inevitavelmente, mudam de posição, mas ainda
se mantém voltadas para a região entre as fitas. 41, 55
Figura 11 - Estrutura das substâncias 2,2-bipiridina (bpy), o-fenantrolina (phen), dipiroquinoxalina (dpq) e dipirofenazina (dppz).
Fonte: o autor.
44
Diferentemente, quando ocorre a inserção da espécie citotóxica, esta se
posiciona entre as fitas de DNA, de modo que as bases nitrogenadas ficam
direcionadas para a região externa às fitas. 56 De modo semelhante à intercalação, a
inserção ocorre do seguinte modo: o movimento dos elétrons em uma das
espécies possibilita a geração instantânea de regiões com distintas densidades
eletrônicas, de modo a induzir o movimento dos elétrons , na espécie vizinha, e,
consequentemente, regiões com elevada densidade eletrônica de uma espécie
sejam atraídas por regiões de baixa densidade eletrônica de outra espécie.
Outra possibilidade de interação é aquela em que o agente citotóxico
permanece nos espaços existentes na dupla hélice. Esses espaços são
denominados sulcos. Nestas situações a perturbação na estrutura da dupla hélice é
menor que nos casos anteriores, visto que há compatibilidade entre o tamanho do
sulco e da espécie citotóxica. A interação neste caso dependerá da natureza
química do agente citotóxico e das espécies próximas às cavidades da dupla hélice.
Assim sendo, inclui-se a possibilidade de interações predominantemente iônicas,
além das discutidas anteriormente.56, 57
Outro modo de promover a morte de células tumorais é a clivagem de
DNA. No DNA plasmidial, o qual é bastante usado em experimentos que avaliam o
comportamento de espécies frente ao DNA,58 as fitas estão interagindo de forma que
o DNA está disposto tridimensionalmente como um novelo. Esta disposição das fitas
é denominada de forma I ou superenovelada.59 Há espécies que são capazes de
modificar essa estrutura do DNA, de modo a separar as fitas, ou seja, induzem uma
clivagem do DNA. Portanto, as funções do mesmo são comprometidas. A clivagem
pode resultar na separação de fitas de dois modos: uma forma circular (forma II) ou
linear (forma III),59 as quais podem ser identificadas por eletroforese efetuada em um
gel de agarose, que é um material poroso. Assim, as diferentes formas possuem
diferentes capacidades de passagem pelos poros, tal que a forma I, a
superenovelada, é a que possui maior dificuldade e a forma III, a linear, é a que
possui maior facilidade.
Como parâmetro de identificação das formas é usado o DNA “ladder”,
ilustrado na Figura 12. Nesta, cada linha indica uma porção de DNA com massa
molar específica.60 A partir daí, em comparação com o resultado obtido se identifica
qual forma (I, II ou III) se obtém após interação do composto com o DNA plasmidial.
45
Figura 12 - Eletroforese em gel de agarose, indicando as três formas de DNA plasmidial.
Fonte: o autor.
1.5 Complexos: o centro metálico e os ligantes
Complexos de rutênio constituem uma via alternativa para tratamento de
câncer porque possuem atividade biológica relatada desde a década de 5061-63 e
menor citotoxicidade que complexos de platina, os quais são usados em terapia de
câncer64. Além do que, há complexos de rutênio que já estão em fase clínica (Figura
9) como antitumorais40, 65, 66. Há também complexos polipiridínicos de rutênio que
foram estudados em linhas celulares de tumor humano67 e, como já foi falado, o
complexo cis-[Ru(bpy)2(NO)(SO3)]+ (Figura 7), é um potencial fármaco antitumoral,
por conta de suas propriedades antiangiogênicas.38 Além disso, este complexo é
doador de óxido nítrico, apresenta 50% de conversão nitrosil-nitro em pH elevado11,
o que indica alta quantidade de nitrosilocomplexo em pH fisiológico e inibe
processos inflamatórios68.
Tendo em vista que o complexo cis-[Ru(bpy)2(tu)(NO)]3+, em que tu =
tioureia, tal como aquele expresso na Figura 7, é convertido ao respectivo
nitrocomplexo, à taxa de 50%, em pH elevado (6,5)69. Uma hipótese para estes
valores elevados é a presença enxofre como átomo doador que não se ligam tão
fortemente ao metal, ou seja, compondo ligantes que não sejam moles o suficiente
para serem -retiradores fortes ou simplesmente não o serem, como o caso do
ligante sulfito. Nesse sentido, investigar complexos análogos aos supracitados,
contendo tioamidas coordenadas pode ser interessante.
Essa proposta torna-se mais promissora por conta dos relatos de efeitos
biológicos interessantes que as tioamidas possuem, a saber: i) podem atuar como
antioxidantes, ao reagirem com espécies geradas a partir do estresse oxidativo
causado quando há elevada concentração de hormônios da tireoide70; ii) são
Forma I
Forma III
Forma IIDNA ladder
46
potenciais agentes antiúlcera71; iii) são doadoras de ácido sulfídrico, um hidreto útil
para o tratamento de doenças cardiovasculares72.
47
2 OBJETIVOS
Baseado no exposto anteriormente, foi objetivo deste trabalho, sintetizar e
caracterizar nitrosilocomplexos de rutênio contendo o-fenantrolina (um composto
polipiridínico) e tioamidas (tioureia e tiobenzamida) como ligantes (Figura 13).
Exclusivamente para estes complexos (Figura 14) foram planejados os seguintes
objetivos específicos:
✓ Determinar o pH em que há 50% de conversão nitrosil-nitrocomplexo;
✓ Avaliar o comportamento fotoquímico;
✓ Avaliar a possibilidade de liberação fotoinduzida de óxido nítrico e/ou
HNO;
Figura 13 - Estruturas dos ligantes tioureia (tu) e tiobenzamida (tbz), respectivamente.
Fonte: o autor.
Figura 14 - Estruturas propostas para os nitrosilocomplexos sintetizados neste trabalho: FOR0912, cis-[Ru(phen)2(NO)(tu)]3+, e FOR0912A, cis-[Ru(phen)2(NO)(tbz)]3+.
Fonte: o autor.
48
Posto que para alcançar o objetivo geral, seria preciso sintetizar
complexos análogos com cloreto como ligante (Figura 15), foram planejados
objetivos específicos envolvendo todos os complexos:
✓ Caracterizar por voltametria, espectrometria de massa, análise elementar e
técnicas espectroscópicas (UV-Vis, infravermelho e ressonância magnética nuclear –
1H, 13C BB, 13C DEPT-135, 13C APT, COSY, HMBC e HMQC);
✓ Utilizar os estudos computacionais por DFT para sustentar a caracterização feita;
✓ Investigar a reatividade frente à glutationa reduzida e à L-cisteína;
✓ Avaliar a interação do DNA plasmidial pBR322 com os compostos e o potencial
clivador destes;
✓ Avaliar capacidade vasodilatadora em aortas de rato Wistar;
✓ Avaliar a citotoxicidade frente a células tumorais de glioblastoma humano.
Figura 15 - Estruturas propostas para os clorocomplexos, precursores do nitrosilocomplexos, sintetizados neste trabalho: FOR0212, cis-[Ru(phen)2Cl(tu)]+, e FOR0212A, cis-[Ru(phen)2Cl(tbz)]+.
Fonte: o autor.
49
3 MATERIAIS
Na Tabela 1 encontram-se listadas as substâncias, comercialmente
obtidas, que foram usadas para o desenvolvimento do trabalho, com as respectivas
procedências. Em todos os ensaios químicos, água Mili-Q foi usada.
Tabela 1 - Substâncias comercialmente usadas durante o trabalho.
Substâncias Procedência Pureza
Tioureia Carlo Erba 99%
Tiobenzamida Aldrich. Chem. Co. 98%
Ácido sulfúrico Synth 98%
Nitrito de sódio Synth 97%
Nitrito de sódio FLuka Guarantee 99%
Hidróxido de sódio Cromoline Química Fina 98%
Etanol grau HPLC Tedia 89 a 91%
Acetona Synth 99,5%
Hexafluorofosfato de potássio Alfa Products 98%
Acetonitrila grau HPLC Tedia 99,9%
Metanol grau HPLC Tedia 99,9%
Cloreto de rutênio hidratado Precious Metal Online (PMO) 99%
Dimetilsufóxido Synth 99,9%
1,10-fenantrolina Aldrich 99%
Brometo de potássio grau
espectroscópico
Acros organic 99%
Cloreto de lítio Vetec 98%
Éter dietílico Vetec 99%
Acetona deuterado Cambridge Isotope
Laboratories
_
Dimetilsulfóxido deuterado Cambridge Isotope
Laboratories
_
Perclorato de tetrabutilamonio FLuka Analytical _
Ácido clorídrico Vetec 36,5 a 38%
Clorofórmio Synth 99,8%
N,N-dimetilformamida Vetec _
50
plasmídeo pBR322 (DNA) New England Biolabs Inc. _
D-manitol Sigma-Aldrich 98%
Superóxido Dismutase (SOD) Sigma (Life Science) _
2,2,6,6-tetrametilpiperidina-1-oxilo
(TEMPO)
Aldrich (Chemistry) 99%
Agarose Sigma (Life Science) _
L-cisteína Sigma-Aldrich 99%
Glutationa (GSH) Sigma-Aldrich 99%
Fonte: o autor.
51
4 PROCEDIMENTO EXPERIMENTAL
4.1 Sínteses
Todas as sínteses foram feitas, no mínimo, em triplicata e o rendimento
informado foi uma média dos rendimentos obtidos em cada síntese. Tanto o
procedimento de síntese dos nitrosilocomplexos, quanto dos complexos precursores
foram baseados em complexos análogos.13, 69, 73
4.1.1 Síntese do complexo cis-[Ru(phen)2Cl(tu)]PF6 . H2O (FOR0212)
175 mg (0,329 mmol) de cis-[RuCl2(phen)2] (FOR020) foram adicionados
a 20 mL de uma mistura etanol: água 2:1. O sistema foi mantido sob agitação e
refluxo por 15 min, após os quais 28 mg (0,368 mmol) de tioureia, dissolvidos no
volume mínimo da mistura etanol: água 1:1, foram adicionados à solução do
complexo. Após 3h, o sistema foi mantido apenas sob aquecimento por mais 1 h e
foram adicionados 242 mg (1,289 mmol) de KPF6 dissolvidos em água. A mistura foi
refrigerada e filtrada à vácuo, O sólido obtido foi lavado com 10 mL de água gelada e
15 mL e éter diétilico e seco à vácuo. Rendimento: 87%.
4.1.2 Síntese do complexo cis-[Ru(phen)2(NO)(tu)](PF6)3 . H2O (FOR0912)
170 mg (0,231 mmol) de FOR 0212 foram adicionados a 10 mL de
acetona e mantidos sob atmosfera de argônio por 5 min. Óxido nítrico, gerado a
partir da adição ácido sulfúrico à solução de nitrito de sódio, foi borbulhado por 140
min (Figura 16). Posteriormente, foram adicionados 300 mg (1,60 mmol) de KPF6
dissolvido no mínimo de acetona. O sistema foi refrigerado e submetido à filtração à
vácuo. O filtrado foi rotaevaporado à baixa pressão. Etanol foi adicionado e a
solução foi rotaevaporada novamente à baixa pressão, o sólido obtido foi lavado
com 15 mL de água gelada e, em seguida, seco à vácuo. Rendimento: 55%.
4.1.3 Síntese do complexo cis-[Ru(phen)2Cl(tbz)]PF6 . H2O (FOR0212A)
200 mg (0,376 mmol) de cis-[RuCl2(phen)2] (FOR020) foram adicionados
a 20 mL de uma mistura etanol: água 2:1. O sistema foi mantido sob agitação e
refluxo por 15 min, após os quais 55 mg (0,393 mmol) de tiobenzamida, dissolvidos
no volume mínimo da mistura etanol: água 2:1, foram adicionados à solução do
complexo. Após 3h, o sistema foi mantido apenas sob aquecimento por mais 1 h e
foram adicionados 280 mg (1,506 mmol) de KPF6 dissolvidos em água. A mistura foi
52
refrigerada e filtrada à vácuo, O sólido obtido foi lavado com 10 mL de água gelada e
15 mL e éter diétilico e seco à vácuo. Rendimento: 94%.
Figura 16 - Sistema de síntese dos complexos FOR0912 e FOR0912A. a- solução de ácido sulfúrico 98%; b- solução saturada de nitrito de sódio; c- solução saturada de hidróxido de sódio; d- água
destilada; e- solução do complexo precursor em acetona; : sentido do fluxo do óxido nítrico.
Fonte: o autor.
4.1.4 Síntese do complexo cis-[Ru(phen)2(NO)(tbz)](PF6)3 . H2O (FOR0912A)
175 mg (0,219 mmol) de FOR0212A foram adicionados a 11 mL de
acetona e mantidos sob atmosfera de argônio por 5 min. Óxido nítrico, gerado a
partir da adição ácido sulfúrico à solução de nitrito de sódio, foi borbulhado (Figura
16) por 140 min. Posteriormente, foram adicionados 320 mg (1,70 mmol) de KPF6
dissolvido no mínimo de acetona O sistema foi refrigerado e submetido à filtração à
vácuo. O filtrado foi rotaevaporado à baixa pressão. Etanol foi adicionado e a
solução foi rotaevaporada novamente à baixa pressão, o sólido obtido foi lavado
com 15 mL de água gelada e, em seguida, seco à vácuo. Rendimento: 56%
4.2 Caracterização
Os compostos foram caracterizados através de análise elementar,
espectrometria de massa, técnicas espectroscópicas e eletroquímicas. Os espectros
nas regiões do ultravioleta e visível foram obtidos por meio dos espectrofotômetros:
53
Varian, modelo Cary 5000 UV/Vis-NIR e Hewlett-Packard 8453, nos quais foi usada
uma cubeta de quartzo de caminho ótico de 1 cm, contendo as soluções dos
analitos. Os espectros na região do infravermelho foram obtidos, na faixa de 4000 a
400 cm-1, em um espectrômetro ABB-BOMEN FTLA 2000-102. As amostras foram
preparadas em pastilhas de brometo de potássio (KBr) em grau de pureza
espectroscópico. Anteriormente ao registro dos espectros dos compostos foi
registrado um espectro de uma pastilha de KBr, o qual foi utilizado como branco.
4.2.1 Espectroscopia de ressonância magnética nuclear
Os espectros foram obtidos em solução de dimetilsulfóxido e acetona
ambos deuterados, usando os espectrofotômetros de ressonância magnética
nuclear Bruker de 300 e de 500 MHz.
4.2.2 Análise elementar
Com o objetivo de quantificar rutênio, a metodologia proposta por
Ottaway74 foi usada com modificações. Para isso, foram usados uma lâmpada de
catodo de Ru, uma chama de ar-acetileno e um espectrofotômetro de absorção
atômica por chama modelo AA240FS. As condições experimentais foram as
seguintes: i) corrente de lâmpada: 12 mA; largura espectral da fenda: 0,2 mm;
comprimento de onda: 349,9 nm; altura do queimador: 8 mm abaixo do eixo óptico;
fluxo de acetileno: 2,55 L min-1 e fluxo de Ar: 12,5 L min-1.
Soluções de cloreto de hexaaminrutênio(III) foram usadas para construir a
curva-padrão. Tanto as soluções das amostras quanto as dos padrões continham
5% de uma solução de Cu(II) e Cd(II), para diminuir interferentes e aumentar a
intensidade do sinal de absorção do rutênio. O preparo da referida solução consistiu
na dissolução de 62,7 g de CuSO4.5H2O e 45,1 g de CdSO4.8H2O em 1L de HCl 1,0
mol.L-1.
4.2.3 Espectrometria de Massa
Os dados foram obtidos através de espectrômetro de massa de alta
resolução equipado com uma fonte de ionização por eletrospray por infusão direta
operando no modo positivo ESI(+) – EM, sob as seguintes condições: tensão de
pulverização 3,0 kV; potencial capilar, 30 V; potencial da lente do tubo, 100 V;
temperatura Capilar, 280 ° C, e uma taxa de fluxo de 10 μL min-1. Os dados foram
registados em modo EM completo em ESI (+) utilizando uma faixa de m/z 100 a
54
1700. Os espectros de massa foram o resultado de mais de 10 microscans e
processados através do software Xcalibur. Foram retiradas alíquotas de 1 μL da
amostra e diluídas em 1 mL de acetonitrila. As soluções de amostra foram
preparadas em microtubos de polipropileno (Eppendorf) e injetadas diretamente no
ESI (+)-FT-ICR-EM. Os experimentos foram executados pela professora Davila
Zampieri, no Laboratório ThoMSon de Espectrometria de Massa do Instituto de
Química da Unicamp.
4.2.4 Voltametria cíclica e de pulso diferencial
Para obter as curvas de corrente em função do potencial aplicado, foi
utilizado o potenciostato/galvanostato Bioanalytical Systems, moledo Epsilon-EC-
Ver.2.00.71-USB, conectado a uma célula constituída por três eletrodos: carbono
vítreo, Ag/AgCl e fio de platina, os quais atuam como eletrodos de trabalho, de
referência e auxiliar, respectivamente.
As medidas foram realizadas sob atmosfera de argônio utilizando solução
0,1 mol L-1 de perclorato de tetrabutilamônio (PTBA), como eletrólitito de suporte, em
acetonitrila (MeCN). Nessas condições, ferroceno foi utilizado como referência, de
forma que voltamogramas destes foram registrados paralelamente às medidas feitas
com os compostos deste trabalho.
Também foram feitas medidas em solução aquosa de trifluoroacetato de
sódio (NaTFA) 0,1 mol L-1, pH 4,7 como eletrólito suporte. Neste caso, foi utilizado
como eletrodo de referência o eletrodo de prata/cloreto de prata, contendo solução
de cloreto de potássio 3,5 mol L-1.
4.2.5 Estudos computacionais
Todas as otimizações geométricas foram conduzidas utilizando-se da
Teoria do Funcional da Densidade (DFT) implementada no pacote de bases do
Software Gaussian09 (Gaussian Inc., Wallingford, CT)75. Distâncias de ligação e
frequências vibracionais foram previstas com a utilização do funcional híbrido B3LYP
(restrito). Este funcional usa uma combinação do funcional de troca de três
parâmetros de Becke, B3, com o funcional de correlação com correções de
gradiente fornecidas através dos estudos de Lee, Yang e Parr (LYP) 76-78.
Os elétrons mais internos (eletrons core) - 1s até 4f - foram descritos pelo
Los Alamos National Laboratory, através da utilização da função de base de pseudo-
55
potencial de núcleo efetivo do tipo duplo-ZETA; (LANL2DZ), cuja aplicação serviu
para otimizar e descrever o átomo de Ru. Para a caracterização dos outros átomos
(C, H, N, O e S) utilizou-se a função de base conjunto de base 6-31G(d,p).
A análise vibracional foi realizada quando nenhuma frequência imaginária
foi encontrada indicando que as geometrias optimizadas foram em um mínimo da
superfície de energia potencial.
Os espectros teóricos de infravermelho foram gerados pelo programa
GaussView usando uma largura de banda de 5 cm-1. Baseado nas geometrias de
equilíbrio nos estados fundamental e excitado, a teoria do funcional da densidade
dependente do tempo (TD-DFT) foi aplicada para investigar as propriedades
eletrônicas do estado excitado dos compostos. As energias das excitações verticais
foram determinadas por TD-DFT usando também o funcional e o conjunto misto de
bases supracitados. Foi utilizado o modelo de solvatação contínuo79 "polarizable
continuum model" (PCM), considerando a constante dielétrica da acetonitrila, para
simular o efeito do solvente. As informações sobre energia e contribuição das
transições, energia e a contribuição dos átomos dos orbitais foram analisadas
usando os programas Multiwfn80 e GaussSum 3.081.
Os cálculos computacionais foram desenvolvidos pelo professor Tércio de
Freitas Paulo, junto ao Centro Nacional de Processamento de Alto Desempenho,
CENAPAD, instalado na Universidade Federal do Ceará.
4.2.6 Medidas de conversão nitrosilo-nitrocomplexo
Uma solução de cada complexo (88 mol L-1 para FOR0912 e 69 mol L-1
para FOR0912A) em 2%(v/v) DMSO / HTFA 0,1 mol L-1 foi preparada, o pH medido e
um espectro eletrônico na região do UV-vis registrado. Subsequentemente, foram
adicionadas às soluções dos complexos alíquotas de solução saturada e de solução
de 0,1 mol L-1 de hidróxido de sódio. A cada alíquota adicionada, o pH foi medido e
um espectro eletrônico na região do UV-vis foi registrado. As absorbâncias em 410 e
414 nm (para FOR0912 e FOR0912A, respectivamente) relativas à transferência de
carga metal-ligante nos nitrocomplexos foram determinadas.
4.3 Reatividade
4.3.1 Frente a redutores biológicos
56
A reatividade do complexo precursor cis-[RuCl2(phen)2], dos demais
complexos (FOR0212, FOR0212A, FOR0912 e FOR0912A) e dos ligantes (tioureia
e tiobenzamida) frente à glutationa reduzida e à L-cisteína a 37˚C, em 3%(v/v)
acetonitrila/ trifluoroacetato de sódio 0,1 mol L-1 pH = 4,7 foi acompanhada através
da espectroscopia de absorção molecular nas regiões do UV-vis, por 10 h (GSH) e
por 90 min (Cyst). As razões redutor/composto usadas foram 30, 2 e 1, sendo as
duas últimas apenas para o complexo precursor. À exceção dos nitrosilocomplexos,
também foi efetuado o mesmo estudo em 3%(v/v) acetonitrila/ tampão fosfato 0,1
mol L-1 pH = 7,4, nas mesmas condições acima citadas.
4.3.2 Fotorreatividade
Uma solução 50 mol L-1 do complexo FOR0912 em 3%(v/v) MeCN /
NaTFA 0,1 mol L-1, pH 4,7 foi posta numa cubeta de 1,0 cm de caminho óptico e
irradiada por 210 min com LED azul ( = 450 nm) de potência de 2,2 W, composto
por duas matrizes de dimensões 6x4. A distância entre cada lado translúcido da
cubeta e cada matriz do LED era de 3 mm. Mesmo procedimento, nas mesmas
condições, foi feito com uma solução do complexo FOR0912A. O LED (Figura 17) foi
confeccionado pelo então estudante de doutorado do grupo de pesquisa em
Bioinorgânica da Universidade Federal do Ceará José Marcos Silveira de Carvalho.
Figura 17 - LED azul utilizado nos experimentos de fotorreatividade e fotoliberação.
Fonte: o autor.
4.3.3 Fotoliberação
Uma solução 25 mol L-1 do complexo FOR0912 e do ácido
dietielenotriaminpentaacético (DTPA), contendo cPTIO a 150 mol L-1 em NaTFA
57
0,1 mol L-1 pH = 4,7 foi irradiada por 3 h, a 25˚C com LED azul ( = 450 nm) (Figura
17). Em diferentes tempos, espectros nas regiões do UV-vis foram registrados.
Mesmo procedimento foi realizado usando o complexo FOR0912A e controles sem
cPTIO foram feitos para ambos complexos.
4.4 Dados biológicos
4.4.1 Ensaio de clivagem do DNA
Efetuou-se o ensaio de clivagem do DNA plasmídico pBR322 frente aos
complexos FOR0212, FOR0212A, FOR0912 e FOR0912A, em diferentes
concentrações: 5, 10, 20, 60 e 100 mol L-1, na ausência e na presença de luz. Para
as concentrações que apresentaram melhor eficiência, 20 mol L-1 (para os
complexos precursores) e 60 mol L-1 (para os nitrosilocomplexos), foi realizado o
ensaio frente a GSH (ausência de luz), frente a soluções de cloreto de sódio 150 e
450 mmol L-1 (sob luz - 463 nm) e frente a supressores de radicais (manitol, L-
histidina, TEMPO, superóxido dismutase e cPTIO) (ausência e presença de luz - 463
nm).
Para investigar a clivagem de DNA foram realizadas medidas de
eletroforese usando tampão tris-acetatoetilenodiaminotetraacetato e o DNA
enovelado pBR322 (20 mol L-1 em pares de bases de nucleotídeos). As amostras
foram irradiadas ou incubadas no escuro por 30 min e, em seguida, analisada por
eletroforese de gel de agarose (0,8 %). O gel foi revelado usando o Gel DocTM XR +
System (Biorad), após o mesmo ser corado com brometo de etídio por 1 h.
4.4.2 Vasodilatação
A aorta torácica de ratos Wistar machos (200 – 250 g) sacrificados em
câmara de CO2 foi retirada, segmentada em anéis de 4 mm, isoladas em ganchos de
aço inoxidável e submersa em banho de órgãos de 5 mL contendo solução Krebs-
Henseleit previamente aquecido (37°C) em mistura carbogênica (5%CO2, 95%O2)
conectada a um transdutor de força (SPR-869, Millar Instruments; Houston, TX) sob
a tensão correspondente à massa de 1 g, registrada através de um sistema de
aquisição de dados (PowerLab 8/30, AD Instruments). Fenilefrina (PE,10 µmol L-1)
foi utilizada como agente contraturante. No platô da contração, foram obtidas curvas
de relaxamento concentração-resposta nas doses de 10-12 a 10-5 mol L-1.
58
A partir das supracitadas curvas, verificou-se a concentração cujo efeito
era máximo e o mesmo procedimento foi efetuado com a referida concentração
frente a N-nitro-L-argininametilester (L-NAME), um inibidor da oxidonitricossintetase,
e 1H-[1,2,4]oxadiazol[4,3-a]quinoxalinona (ODQ), um inibidor do grupo heme. Os
experimentos foram feitos pelo estudante Iury Araújo Paz, orientando do professor
Nilberto Robson Falcão do Nascimento, no laboratório de Fisiofarmacologia cardio-
renal, pertecente ao Departamento de Fisiologia e Biomedicina do Instituto Superior
de Ciências Biomédicas da Universidade Estadual do Ceará. Esses experimentos
puderam ser realizados porque foram aprovados pelo Comitê de Ética, conforme
protocolo 2897836/2017 CEU/UECE.
4.4.3 Citotoxicidade
A citotoxicidade dos nitrosilocomplexos foi avaliada frente a duas
linhagens de glioblastoma humano: uma de origem comercial (U87) e outra isolada
no laboratório (GBM02), coordenado pela professora Loraine Campanati de
Andrade, no Instituto de Biomedicina da Universidade Federal do Rio de Janeiro,
onde os experimentos foram realizados.
As células foram incubadas em placas de 96 poços (104 células por poço)
em meio DMEM / F12 (Thermofisher Scientific, EUA) e após 24 h, incubadas na
presença dos compostos (5, 20, 50, 100 e 150 uM) diluídas em DMSO (máximo 3%
de DMSO no meio) e Incubado por 24 h e 48 h. A viabilidade celular foi quantificada
pelo ensaio colorimétrico de corante tetrazólio de MTT para a desidrogenase
mitocondrial.
59
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 Caracterização
5.1.1 Espectroscopia vibracional na região do infravermelho
As Figuras 18 e 19 ilustram o perfil espectroscópico dos complexos
FOR0212 e FOR0212A na região do infravermelho, respectivamente. Os dados
correlatos às mesmas se encontram na Tabela 2.
Figura 18 - Espectro, na região do IV, do composto FOR0212 em pastilha de brometo de potássio.
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
25
30
35
40
45
50
55
1425
1625
847
557
Tra
nsm
itânc
ia (
%)
Número de onda (cm-1)
722
Fonte: o autor.
Figura 19 - Espectro, na região do IV, do composto FOR0212A em pastilha de brometo de potássio.
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
60
62
64
66
68
70
16
30
14
30
83
7
72
8
Tra
nsm
itân
cia
(%)
Número de onda (cm-1)
55
5
Fonte: o autor.
60
Tabela 2 - Números de onda e respectivas atribuições para os clorocomplexos.
Número de onda (cm-1) Atribuição
FOR0212 FOR0212A
557, 847 555, 837 P-F (PF
6
-
)
722 728 C=S
1407 1409 C-Namida
1425 1430, 1458 C=Caromático
1625 1630 C=Naromático
Fonte: o autor.
Baseando-se nas Figuras 18 e 19 e na Tabela 2, é possível inferir que as
tioamidas fazem parte da composição do sólido obtido, visto que há sinais
característicos da frequência de estiramento das ligações C-S e C-Namida. Esta
inferência também é respaldada nos espectros, na região do infravermelho, dos
ligantes Tu e TBz (Figuras 20 e 21; Tabela 3).
Figura 20 - Espectro na região do infravermelho da tioureia em pastilha de brometo de potássio.
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
40
45
50
16
33
14
06Tra
nsm
itân
cia
(%)
Número de onda (cm-1)
72
7
Fonte: o autor.
61
Figura 21 - Espectro na região do infravermelho da tiobenzamida em pastilha de brometo de potássio.
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
5
10
15
20
25
30
35
16
22
13
99
Tra
nsm
itânci
a (
%)
Número de onda (cm-1)
73
6
Fonte: o autor.
Tabela 3 - Números de onda e respectivas atribuições para os ligantes Tu e TBz.
Tu TBz
Número de onda (cm-1) Atribuição Número de onda (cm-1) Atribuição
485 (banda larga), 620 (NH2) 634 (NH2)
638 (NCS),
(NCN)
685 (NCS)
----------- ----------- 707, 772 (HCCaromático)
727 C=S 736 C=S
1088 N-C-N 1074 N-C-N
1382, 1406 C-Namida
1399 C-Namida
(NH2)
----------- ----------- 1447, 1490 C=Caromático
1587, 1633 N-H 1622 N-H
Fonte: o autor.
Outro aspecto relevante é que há um pequeno deslocamento dos sinais
associados aos modos vibracionais dessas ligações, após coordenação dos ligantes
62
a Ru(II): a frequência de estiramento da ligação C=S diminui e a da ligação C-N
aumenta. Uma vez que o número de onda e a frequência de estiramento são
diretamente proporcionais à força da ligação, conclui-se que há enfraquecimento da
ligação C=S e fortalecimento da ligação C-N, nos ligantes, quando estes estão
coordenados. Consequentemente, estes dados são indícios de que a coordenação
ao Ru(II) é via átomo de enxofre, tal qual ocorre com complexos de Pd(II) contendo
tioureia82, 83 e o-fenantrolina54. Além disso nos espectros dos complexos há sinais
associados à frequência de estiramento da ligação P – F no íon PF6-. Isso corrobora
a existência de cátion complexo na composição dos sólidos obtidos, o que difere do
complexo precursor cis-[Ru(phen)2Cl2]. Mesma conclusão é obtida a partir dos
espectros de FOR0912 e FOR0912A (Figuras 22 e 23, respectivamente; Tabela 4).
Quanto às ligações C-S e C-N, nota-se que as diferenças entre as
frequências de estiramento nos ligantes e nos nitrosilocomplexos é maior que aquela
observada para os clorocomplexos: o caráter de dupla ligação entre carbono e
nitrogênio é ainda mais acentuado nos complexos contendo o grupo nitrosilo.
Inversamente, nestes complexos, o caráter de dupla ligação entre carbono e enxofre
é menos acentuado. Esta conclusão está em concordância com o observado nos
espectros de ressonância magnética nuclear de carbono-13, nos quais há um
decréscimo significativo do deslocamento químico do carbono ligado ao enxofre
apenas nos complexos contendo o grupo nitrosilo (Tabela 5).
Baseando-se no fato de que o ligante tiobenzamida (Figura 13) possui,
em conjugação com a tiocarbonila, um anel benzênico, que inexiste no ligante
tioureia, onde há dois grupos aminos ligado ao átomo de carbono da tiocarbonila
(Figura 13), esperava-se maior capacidade -receptora da molécula de tiobenzamida
que da molécula de tioureia frente ao Ru(II). Respaldado nessa previsão, a
densidade eletrônica retrodoada para o grupo nitrosilo seria menor no complexo
contendo tiobenzamida (FOR0912A), o que resultaria na ligação mais forte entre
nitrogênio e oxigênio e, consequentemente, na maior frequência de estiramento.
Entretanto, os dados experimentais não corroboram esta previsão (Tabela 4). Assim,
tendo em vista que as duas moléculas de o-fenantrolina estão cis uma em relação à
outra e a existência do anel aromático na tiobenzamida, é possível propor que estes
ligantes, que são volumosos, se repelem, de modo a repercutir na capacidade -
receptora dos ligantes. Daí a frequência de estiramento do grupo nitrosilo ser menor
no composto FOR0912A que no FOR0912.
63
Figura 22 - Espectro, na região do IV, de FOR0912 em pastilha de brometo de potássio.
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
0
10
20
30
40
50
60
70
71
6
55
7
83
7
14
15Tra
nsm
itãn
cia
(%)
Número de onda (cm-1)
19
32
Fonte: o autor.
Figura 23 - Espectro, na região do IV, de FOR0912A em pastilha de brometo de potássio.
2000 1800 1600 1400 1200 1000 800 600 400
35
40
45
50
55
60
14
28
71
3
55
7
84
0
Tra
nsm
itân
cia
(%
)
Número de onda (cm-1)
19
23
Fonte: o autor.
64
Tabela 4 - Números de onda e respectivas atribuições para os nitrosilocomplexos.
Número de onda (cm-1) Atribuição
FOR0912 FOR0912A
557, 837 557, 840 P-F (PF
6
-
)
716 713 C=S
1038 1018 N-C-N(C)
1415 1428 C-Namida
1438, 1497 1435,1493 C=Caromático
1522, 1548,
1607,1628
1522, 1534,
1607,1633
C=Naromático
1932 1923 N≡O
Fonte: o autor.
Tabela 5 - Deslocamentos químicos de carbono do grupo CS nos ligantes e nos complexos.
Fonte: o autor.
*O espectro de RMN 1H da amostra FOR0212 indica presença de impureza no sólido. Por isso, não
foi informado o valor do sinal atribuído ao átomo de carbono do grupo tiocarbonila.
Os espectros experimentais também mostram semelhança com aqueles
obtidos por cálculos computacionais (DFT), inclusive no que tange às frequências de
estiramento do grupo nitrosil: 1946 (FOR0912) e 1924 cm-1 (FOR0912A), em
contraste com o observado experimentalmente: 1932 (FOR0912) e 1923 cm-1
(FOR0912A). Os resultados de DFT indicam que a frequência imaginária é nula e,
consequentemente, as estruturas foram otimizadas. Além disso, esses mesmos
dados reforçam a formulação proposta para os complexos, tal como representam
bem as diferenças espectroscópicas entre os compostos sintetizados (Figura 24).
Composto* 13C(ppm)
Tu 184,5
FOR0912 137,14
TBz 220,32
FOR0212A 202,93
FOR0912A 130,15
65
Figura 24 - Espectros experimentais (preto) e calculados por DFT (vermelho), dos nitrosilocomplexos na região do infravermelho.
4000 3200 2000 1600 1200 800 400
Experimental
FOR0912A
1523
1507
1500
1522
1547
1584
1607
1959
1637
1932
1939
Teórico
FOR091219
26
Inte
nsid
ade
Número de onda (cm-1)
Fonte: o autor.
5.1.2 Espectroscopia nas regiões do ultravioleta-visível
5.1.2.1 Clorocomplexos
As Figuras 25 e 26 ilustram que os complexos FOR0212 e FOR0212A
absorvem radiação entre 450 e 490 nm em diferentes solventes (acetonitrila,
dimetilsulfóxido e metanol). Posto que há uma pequena variação do máximo de
absorbância com a mudança do solvente (Tabela 6) e considerando-se a potencial
natureza -receptora dos ligantes, à exceção do cloreto que é -doador, pode-se
respaldar a hipótese de que as referidas bandas são de transferência de carga
metal-ligante (TCML). Essa hipótese é endossada através dos cálculos
computacionais, como será discutido posteriormente (Tabelas 10 e 11).
66
Figura 25 - Espectro de absorção na região do UV-vis do complexo FOR0212 a 40 molL-1 em acetonitrila (preto), dimetilsulfóxido (vermelho) e metanol (azul).
300 400 500 600 700
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5A
bso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
MeCN
DMSO
MeOH
Fonte: o autor.
Figura 26 - Espectro UV-vis do complexo FOR0212A a 40 molL-1 em acetonitrila (preto), dimetilsulfóxido (vermelho) e metanol (azul)
300 400 500 600 700
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
MeCN
DMSO
MeOH
Fonte: o autor.
67
Tabela 6 – Momento de dipolo e constante dielétrica dos solventes em que os complexos FOR0212 e FOR0212A foram dissolvidos e máximos de absorbância, na região do visível, das soluções.
Solventes (nm) Momento
de dipolo
Constante
dielétrica FOR0212 FOR0212A
Metanol (MeOH) 477 452 1,70 33,00
Acetonitrila (MeCN) 469 455 3,92 36,64
Dimetilsulfóxido (DMSO)) 488 461 3,96 47,24
Fonte: o autor.
Com base na Tabela 6, para o complexo FOR0212A, há um
deslocamento da banda para maiores comprimentos de onda quando são usados
solventes com maior polaridade e constante dielétrica. Entretanto, para o complexo
FOR0212, o máximo de absorção em metanol é num comprimento de onda maior
que em acetonitrila. Essa diferença pode se dar devido ao fato de metanol ser um
solvente polar prótico e o referido complexo conter dois grupos NH2. Assim, o
complexo no estado excitado pode interagir mais fortemente com o solvente, o que
acarretaria em uma energia associada à transição eletrônica menor.
Ao avaliar as Figuras 25 e 26, além das bandas na região do visível,
notam-se um ombro em torno de 320 nm, o qual, a priori, poderia ser inferido como
transição interna do ligante (posto que o ligante phen absorve em 323 nm). As
demais bandas, abaixo de 300 nm (Figura 27), também poderiam ser associadas a
transições intraligantes, já que os ligantes possuem bandas nessa região (Tabela 7),
com contribuição de transições de outra natureza, como será endossado pelos
cálculos computacionais (Tabelas 10 e 11). Para os complexos citados, a
absortividade molar em cada comprimento de onda foi determinada em acetonitrila
(Tabela 8, Apêndices A e B).
68
Figura 27 - Espectros de absorção, nas regiões do UV-vis, dos complexos FOR0212 a 15 molL-1
(preto) e FOR0212A a 90 mol L-1(vermelho), em acetonitrila.
200 300 400 500 600 700
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Tabela 7 - Máximos de absorbância, em acetonitrila, dos ligantes envolvidos neste trabalho.
Ligante o-fenantrolina Tioureia Tiobenzamida
Máximos de absorção (nm) 230 e 264 221 e 250 217 e 241
Fonte: o autor.
Tabela 8 - Dados espectroscópicos nas regiões do UV-vis: absortividades molares dos complexos FOR0212 e FOR0212A, em acetonitrila, em cada comprimento de onda e respectivos coeficientes de correlação.
FOR0212 FOR0212A
log Ԑ R2 log Ԑ R2
222 4,73 0,9984 225 5,85 0,9904
266 4,77 0,9989 266 5,95 0,9999
290 4,25 0,9979 289 4,61 0,9985
319 3,50 0,9948 319 3,64 0,9940
469 3,98 0,9995 455 4,12 0,9989
Fonte: o autor.
69
5.1.2.2 Nitrosilocomplexos
A presença das bandas abaixo de 300 nm nos espectros dos
nitrosilocomplexos (Figura 28) endossa que os ligantes compõem a esfera de
coordenação do metal. Há também uma banda em 357 nm e um ombro em torno de
450 nm, cujas atribuições serão discutidas posteriormente com os estudos
computacionais. A partir dos espectros em diferentes concentrações, a absortividade
molar em cada comprimento de onda foi determinada em acetonitrila (Tabela 9,
Apêndices C e D).
Figura 28 - Espectros dos complexos FOR0912 (vermelho) e FOR0912A (preto) nas regiões do
ultravioleta, a 10 e 15 molL-1, e do visível (inset), a 140 e 215 molL-1.
200 300 400 500 600 700 800
0,0
0,3
0,6
0,9
400 500 600 700 800
0.0
0.3
0.6
0.9
Ab
so
rvâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Tabela 9 - Dados espectroscópicos nas regiões do UV-vis: absortividades molares dos complexos FOR0912 e FOR0912A em cada comprimento de onda e respectivos coeficientes de correlação.
FOR0912 FOR0912A
log Ԑ R2 log Ԑ R2
223 4,87 0,9999 225 4,73 0,9883
268 4,78 0,9996 269 4,61 0,9935
357 3,56 0,9951 357 3,37 0,9927
Fonte: o autor.
70
5.1.3 Cálculos computacionais
5.1.3.1 Clorocomplexos
A partir dos cálculos computacionais dos complexos em acetonitrila,
pôde-se obter os espectros teóricos de absorção dos mesmos nas regiões do UV-vis
(Figuras 29 e 30), nos quais as barras azuis correspondem a transições eletrônicas.
A cada banda estão associadas várias transições. Contudo, as que são mais
significativas são aquelas que correspondem ao máximo de absorbância. Em casos
em que há transições, com força do oscilador alta, em comprimentos de ondas
próximos daqueles que correspondem ao máximo de absorbância, também se pode
considerar a contribuição dessa transição. Esta descrição corresponde ao que
ocorre com a banda em 257 nm, que tem contribuição da transição, de maior força
do oscilador, em 252 nm no espectro do complexo FOR0212 (Figura 29) e com a
banda em 425 nm, que tem contribuição da transição, de maior força do oscilador,
em 413 nm no espectro do complexo FOR0212A (Figura 30). Essas transições estão
indicadas com um * nas Figuras 29 e 30.
Cada banda no espectro de absorção tem contribuição de transições
envolvendo os orbitais do composto. Assim, a partir dos espectros calculados, foi
possível fazer uma correspondência destes com os espectros experimentais e se
identificar a transição que mais contribui para cada banda. As Figuras 31 e 32
ilustram esta correspondência e indicam a transição de maior contribuição para cada
banda (representada por *, da mesma cor em que a transição é ilustrada).
71
Figura 29 - Espectro teórico de absorção, nas regiões do UV-vis, para o complexo FOR0212, em que
* indica a transição que possui maior força do oscilador.
200 300 400 500 600
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
*
Comprimento de onda (nm)
Abso
rbâ
ncia
*
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
Fo
rça
do
oscila
do
r
Fonte: o autor.
Figura 30 - Espectro teórico de absorção, nas regiões do UV-vis, para o complexo FOR0212A, em que * indica a transição que possui maior força do oscilador.
200 300 400 500
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
*
Comprimento de onda (nm)
Abso
rbâ
ncia
*
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
Fo
rça
do
oscila
do
r
Fonte: o autor.
72
Figura 31 - Espectros de absorção teórico e experimental do complexo FOR0212 em acetonitrila, nas regiões do UV-vis, em que H e L expressam HOMO e LUMO, respectivamente.
200 300 400 500 600
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
H-4H-5
*
*
*
*
70%
L+2
11%
LUMO
H-1
Abso
rbân
cia
Comprimento de onda (nm)
L+5
57%
H-9
L+3
23%
*
LUMO
36%
Teórico Experimental
33%
H-6
L+3
Fonte: o autor.
Figura 32 - Espectros de absorção teórico e experimental do complexo FOR0212A em acetonitrila, nas regiões do UV-vis, em que H e L expressam HOMO e LUMO, respectivamente.
200 300 400 500 600
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
1.2
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Experimental Teórico
66%
H-3
L+4
H-1
*
*
*
*
15%
L +2
H-7
L+4
26%
H-2
* L +5
42%
H-5
L+5
51%
Fonte: o autor.
73
Além das transições indicadas com * nas Figuras 31 e 32, que estão em
negrito nas Tabelas 10 e 11, outras transições contribuem em menor percentual
para as bandas apresentadas em cada espectro (Tabelas 10 e 11). Ademais, com
os dados calculados, também se determinou o percentual de contribuição de cada
átomo (Ru e Cl) ou grupo de átomos (o-fenantrolina, tioureia e tiobenzamida) para
os orbitais de fronteira (HOMO e LUMO, ora representados por H e L,
respectivamente) e os mais próximos, envolvidos em transições eletrônicas. Assim,
foram construídas as Figuras 33 e 34, onde, no eixo das ordenadas (y), são
ilustrados os números referentes a cada orbital, de modo que para o complexo
FOR0212 o HOMO e o LUMO correspondem, respectivamente, aos orbitais 130 e
131. Logo, os orbitais H – 4 e L+ 5 designam os orbitais 126 e 136, respectivamente.
Mesmo raciocínio é utilizado na análise da Figura 34 para o complexo FOR0212A.
Tabela 10 - Contribuição das transições calculadas por DFT para a absorção do complexo cis-[Ru(phen)2Cl(tu)]+ (FOR0212) nas regiões do UV-vis.
Comprimento de onda
calculado/experimental
(nm)
Orbitais do
complexo
FOR0212
Contribuição
percentual
Atribuição de
cada transição
219/ 222 H - 4 L + 5 70 phen→phen
252 / 266 H - 2 L + 9 13 Ru →Ru
Ru →phen
257/266* H - 9 L + 3 23 phen→phen
H - 9 L 11
269 / 290 H - 6 L + 3 33 phen→phen
H - 1 L + 7 22 Ru →Tu
H - 8 L + 1 11 Cl →phen
phen→phen
297/319 H - 5 L 36 Tu →phen
phen→phen
H - 3 L + 3 24 Tu →phen
440/469 H - 1 L + 2 57 Ru →phen
H L + 3 24
Fonte: o autor.
*Destaque para a transição que mais contribui para a banda.
74
Figura 33 - Composição percentual dos orbitais de fronteira do complexo FOR0212.
122
124
126
128
130
132
134
136
138
140
0 20 40 60 80 100
Composição (%)
Orb
ital
Mole
cula
r
LUMO
Ru Cl Tu phen
HOMO
Fonte: o autor.
Figura 34 - Composição percentual dos orbitais de fronteira do complexo FOR0212A.
134
136
138
140
142
144
146
148
150
152
154
0 20 40 60 80 100
LUMO
Ru Cl TBz phen
Composição (%)
Orb
ital
Mole
cula
r
HOMO
Fonte: o autor.
75
Tabela 11 - Contribuição das transições calculadas por DFT para a absorção do complexo cis-[Ru(phen)2Cl(tbz)]+ (FOR0212A) nas regiões do UV-vis.
Comprimento de onda
calculado/experimental
(nm)
Orbitais do
complexo
FOR0212A
Contribuição
percentual
Atribuição de
cada transição
224/ 225 H - 5 L + 5 51 TBz → TBz
phen → phen
257 / 266 H - 7 L + 4 15 phen → TBz
H - 11 L + 2 12 TBz → phen
H - 11 L +3 11
279 / 289 H - 3 L + 4 66 phen → TBz
304/319 H - 1 L + 5 42 Ru →phen
H L + 6 16
413/455 H - 2 L + 2 17 Ru →phen
H - 1 L + 1 12
H - 1 L + 2 13
H L + 4 11 Ru →TBz
425/455* H - 2 L + 2 26 Ru →phen
H L + 3 14
H L+ 7 15 Ru →Ru
H L + 4 18 Ru →TBz
Fonte: o autor.
*Destaque para a transição que mais contribui para a banda.
As bandas do complexo FOR0212, na região do ultravioleta, possuem
natureza intraligante (IL), mas com outras contribuições significativas, excetuando-se
a banda em 222 nm que pode ser classificada como intraligante apenas. As demais
bandas desse complexo na região do ultravioleta possuem contribuição de
transferência de carga metal-ligante (bandas em 266 e 290 nm), d-d (banda em 266
nm); transferência de carga interligante (bandas em 290 e 319 nm).
Diferentemente, para o complexo FOR0212A, apenas a banda em 225
nm tem natureza intraligante, ainda assim com contribuição de transferência de
carga interligante (TCLL). As bandas em 266 e 289 nm são de transferência de
carga interligante, ao passo que o ombro em 319 nm corresponde à transferência de
76
carga metal-ligante (TCML). A diferença nas atribuições muito provavelmente se
deve ao fato da tiobenzamida, tal como a o-fenantrolina, possuir orbitais
associados ao anel benzênico – característica que a tioureia não tem. Assim, em vez
de as transições serem prioritariamente phen → phen, como no complexo com
tioureia, passam a ter contribuição significativa da tiobenzamida (Tabela 11).
5.1.3.2 Nitrosilocomplexos
Embora existam nitrosilocomplexos que possuam bandas TCML do tipo
*NO d(Ru) na região do ultravioleta 21-24, com base nas Tabelas 12 e 13 e nos
diagramas de contribuição percentual dos orbitais (Figuras 35 e 36), as bandas no
ultravioleta de ambos complexos possuem natureza intraligante, com contribuição de
transferência de carga interligante: todas, exceto a banda em 225 nm do complexo
FOR0912A, que possui contribuição de transferência de carga metal-ligante. A
banda em 357 nm é igualmente atribuída, no caso do complexo com tioureia, mas
no complexo com tiobenzamida é associada a transições do tipo transferência de
carga interligante. Os ombros em 450 nm, por sua vez, são TCLL, em ambos casos.
Do mesmo modo que para os complexos FOR0212 e FOR0212A, os
dados presentes nas Tabelas 12 e 13 foram obtidos a partir dos espectros teóricos
(Figuras 37 e 38) dos complexos FOR0912 e FOR0912A, os quais foram
comparados aos experimentais (Figuras 39 e 40). Estas Figuras indicam a transição
de maior contribuição para cada banda (representada por *, da mesma cor em que a
transição é ilustrada).
77
Tabela 12 - Contribuição das transições calculadas por DFT para a absorção do complexo FOR0912 nas regiões do UV-vis.
Comprimento de onda
calculado/experimental
(nm)
Orbitais do
complexo
FOR0912
Contribuição
percentual
Atribuição de
cada transição
232/ 223 H L + 10 48 Tu → Tu
phen → Tu
H - 2 L + 10 11 phen → Tu
238/ 223* H L + 8 52 Tu → phen
phen → phen
244/ 223 H - 5 L + 4 13 Tu → phen
H - 8 L + 2 13 phen → phen
H - 6 L + 2 11 Tu → phen
H - 9 L + 2 11 phen → phen
267 / 268 H - 3 L + 7 20 phen → phen
H - 4 L + 5 16 phen → phen
H - 3 L + 6 10
310/357 H L + 5 68 Tu → phen
phen → phen
326/357* H - 2 L + 2 31 phen → phen
H - 1 L + 4 30
H - 2 L + 4 17
334/357 H - 1 L + 2 78 phen → NO
338/357 H L + 3 80 Tu → phen
phen → phen
414/450 H - 4 L + 1 55 phen → NO
H - 4 L 19
426/450 H - 3 L + 1 85 phen → NO
469/450* H - 2 L + 1 87 phen → NO
Fonte: o autor.
*Destaque para a transição que mais contribui para a banda.
78
Tabela 13 - Contribuição das transições calculadas por DFT para a absorção do complexo FOR0912A nas regiões do UV-vis.
Comprimento de onda
calculado/experimental
(nm)
Orbitais do
complexo
FOR0912A
Contribuição
percentual
Atribuição de
cada transição
245/ 225 H - 10 L + 7 14 phen → phen
H - 8 L + 4 15 Ru → phen
265 / 269 H - 6 L + 5 22 phen → phen
H - 6 L + 7 13 phen → phen
H - 4 L + 6 11 TBz → phen
phen → phen
270/269* H - 5 L + 5 37 phen → phen
H - 12 L 10 phen → NO
281/269 H - 3 L + 6 20 TBz → phen
phen → phen
H - 1 L + 8 12 phen → TBz
TBz → TBz
H - 1 L + 6 11 phen → phen
TBz → phen
H - 2 L + 7 10 TBz → phen
309/357 H - 4 L + 2 49 TBz → TBz
phen → TBz H - 3 L + 2 20
431/450 H - 4 L + 1 45 TBz → NO
phen → NO H - 3 L + 1 17
H - 6 L 13 phen → NO
453/450* H - 2 L + 1 67 TBz → NO
H - 3 L + 1 11 TBz → NO
phen → NO
486/450 H - 1 L + 1 51 phen → NO
TBz → NO
H L +1 18 phen → NO
Fonte: o autor.
*Destaque para a transição que mais contribui para a banda.
79
Figura 35 - Composição percentual dos orbitais de fronteira do complexo FOR0912.
120
122
124
126
128
130
132
134
136
138
0 20 40 60 80 100
Ru NO Tu phen O
rbit
al M
ole
cula
r
Composição (%)
HOMOLUMO
Fonte: o autor.
Figura 36 - Composição percentual dos orbitais de fronteira do complexo FOR0912A.
132
134
136
138
140
142
144
146
148
150
152
0 20 40 60 80 100
Ru NO TBz phen
Orb
ital
Mole
cula
r
Composição (%)
HOMOLUMO
Fonte: o autor.
80
Figura 37 -- Espectro teórico de absorção, nas regiões do UV-vis, para o complexo FOR0912.
250 300 350 400 450 500 550 600
0
20000
40000
60000
80000
Comprimento de onda (nm)
Ab
so
rtiv
ida
de
mo
lar
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
Fo
rça
do
os
cila
do
r
Fonte: o autor.
Figura 38 - Espectro teórico de absorção, nas regiões do UV-vis, para o complexo FOR0912A..
250 300 350 400 450 500 550 600
0
20000
40000
60000
80000
100000
Comprimento de onda (nm)
Ab
so
rtiv
ida
de
mo
lar
0.00
0.05
0.10
0.15
0.20
0.25
0.30
Fo
rça
do
os
cila
do
r
Fonte: o autor.
81
Figura 39 - Espectros de absorção teórico e experimental do complexo FOR0912 em acetonitrila, nas regiões do UV-vis, em que H e L expressam HOMO e LUMO, respectivamente.
300 400 500 600 700
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
1.0
*
*
*
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Teórico Experimental
HH-2
*
52%
L+1
H-2
L+8
87%
H-3
L+7
20%
L + 2
31%
Fonte: o autor.
Figura 40 - Espectros de absorção teórico e experimental do complexo FOR0912A em acetonitrila, nas regiões do UV-vis, em que H e L expressam HOMO e LUMO, respectivamente.
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
1,2
*
**
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Experimental Teórico
H-5
37%
L+5
49%
H-4
L+2
L+1
H-2
57%
Fonte: o autor.
82
5.1.4 Espectroscopia de Ressonância Magnética Nuclear
5.1.4.1 Tiobenzamida e tioureia
As Figuras 41 e 42 ilustram os espectros de 13C e DEPT-135 do composto
tbz.
Figura 41 - Espectro de RMN de 13C BB da tiobenzamida (500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
Figura 42 - Espectro de RMN de 13C DEPT-135 da tiobenzamida (500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
83
Ao avaliar os espectros 13C BB (Figura 41) e 13C DEPT-135 (Figura 42),
verifica-se que dos cinco sinais presentes no espectro de 13C BB (Figura 41) apenas
os três mais intensos estão presentes no espectro 13C DEPT-135 (Figura 42). Visto
que, a partir deste tipo de espectro (13C DEPT-135), só é possível identificar
carbonos hidrogenados e com base na estrutura do tiobenzamida (Figura 43),
atribuem-se os sinais presentes no DEPT-135 (127,51, 128,42 e 131,58 ppm) aos
átomos de carbonos 17 a 21 (C-17 a C-21).
Devido à sua natureza retiradora de elétrons do anel benzênico, o grupo
tioamidil interfere mais significativamente na densidade eletrônica das posições orto
e para do que meta. Respaldando-se nisso e na intensidade relativa dos sinais no
espectro de 13C BB, infere-se que o sinal em 131,58 ppm é atribuído ao átomo C-19
e aquele em 128,42 ppm aos átomos C-17 e C-21. Logo, o sinal em 127,51 ppm
corresponde aos átomos de carbonos na posição meta ao supracitado grupo: C-18 e
C-20.
Figura 43 - Estrutura da tiobenzamida (tbz).
Fonte: o autor.
Tendo em vista que C-31 está mais próximo ao átomo de enxofre que C-
30, o sinal em 139,93 ppm é atribuído ao C-30 e o sinal em 200,32 ppm é atribuído
ao C-31. Como já se falara estes sinais não aparecem do 13C DEPT-135 (Figura 42)
porque não são hidrogenados.
No espectro de 1H (Figura 44) do mesmo composto, notam-se três sinais,
cujos valores de deslocamento químico e integração estão descritos na Tabela 14.
Baseando-se nos dados de integração e no critério proximidade em relação ao
grupo retirador -CSNH2, os sinais foram associados aos átomos de hidrogênio
(Tabela 14).
84
Figura 44 - Espectro de RMN de 1H da tiobenzamida [(500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
Tabela 14 - Deslocamentos químicos e integração dos sinais no espectro de 1H do TBz.
Deslocamento químico (ppm) 7,88 7,48 7,40
Integração 2,02 1,00 2,03
Átomo de hidrogênio H-17 e H-21 H-19 H-18 e H-20
Fonte: o autor.
Semelhantemente ao espectro de 13C BB da tiobenzamida (Figura 41), o
espectro da tioureia (Figura 46) possui um sinal em região de elevado deslocamento
químico (184 ppm, Figura 45), o qual é atribuído ao átomo de carbono da
tiocarbonila (C-25). Essa atribuição está em consonância com aquelas feitas para
compostos tiocarbonílicos83.
Figura 45 - Estrutura numerada do ligante tioureia.
Fonte: o autor.
85
Figura 46 - Espectro de RMN de 13C BB da tioureia (500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
5.1.4.2 Complexo FOR0212A
As Figuras 47 a 49 ilustram, respectivamente as estruturas numeradas
dos clorocomplexos e os espectros uni e bidimensional de 1H do clorocomplexo
contendo tiobenzamida. No espectro COSY estão identificados os prótons correlatos
a cada sinal e, nas proximidades de cada sinal COSY, os prótons que acoplam entre
si. Os valores de deslocamento químico obtidos a partir da análise de ambos
espectros estão na Tabela 15.
Figura 47 - Estrutura numerada do complexo FOR0212A.
Fonte: o autor.
86
Figura 48 - Espectro 1H do complexo FOR0212A (500 MHz, acetona-d6).
Fonte: o autor.
Figura 49 - Espectro COSY do complexo FOR0212A [(500 MHz, acetona-d6).
Fonte: o autor.
9 16
11
14
81
15
13
6
4
12
5
10
17
21
19
7
218
20
3
9/10
15/16
10/11
14/15
7/8 6/72/3
17/18
20/21
18/19
1/2
19/20
4/5
12/13
87
Baseando-se no fato de que a molécula de tiobenzamida possui um
átomo de enxofre e ligações múltiplas, pode-se concluir que essa espécie possui
orbitais de simetria não-ligantes e ligantes. Logo, em potencial, TBz pode atuar
como -receptor de densidade eletrônica. Diferentemente, cloreto, que, quando
coordenado, possui pares de elétrons não-ligantes, além de -doador, é um
potencial -doador. Posto que o-fenantrolina (phen) atua como -receptor frente a
metais como Ru(II), a força dos ligantes possuem a seguinte tendência: phen >TBz>
Cl-. Logo, pode-se inferir que os átomos de hidrogênio vizinhos ao nitrogênio
piridínico de phen trans a TBz (H-9 e H-16) são mais desprotegidos que aqueles do
anel trans ao cloreto (H-1 e H-8). Assim, os dubletos de maior deslocamento químico
(10,36 e 10,13 ppm; Tabela 15) podem ser atribuídos a H-9 e H-16,
respectivamente.
Tabela 15 - Deslocamentos químicos () dos prótons no complexo cis-[RuCl(TBz)(phen)2]+.
Hidrogênio (ppm) Hidrogênio (ppm) Hidrogênio (ppm)
1 8,47 8 8,52 15 8,23
2 7,55 9 10,36 16 10,13
3 7,95 10 8,28 17 7,79
4 8,23 11 8,84 18 7,40
5 8,36 12 8,36 19 7,55
6 8,23 13 8,23 20 7,40
7 7,55 14 8,84 21 7,79
Fonte: o autor.
Posto que os sinais em 10,36 e 10,13 ppm acoplam, respectivamente,
com aqueles em 8,28 e 8,23 ppm, estes foram associados a H-10 e H-15. Estes
átomos, por sua vez, também acoplam com H-11 e H-14, respectivamente. Assim,
com base nos outros dois sinais COSY correlatos aos sinais em 8,28 e 8,23 ppm, o
sinal em 8,84 ppm, de integração 2, foi atribuído a H-11 e H-14. Esta conclusão
coaduna com o fato de os sinais associados a H-10 e H-15 serem dubletos de
dubletos. Quanto ao sinal associado a H-11 e H-14, o fato de o mesmo aparentar ser
um dubleto de dubleto pode estar correlato à semelhança química entre esses
átomos de hidrogênio, o que resulta num colapso dos dubletos. Daí a semelhança
com o dubleto de dubleto.
88
Usando o mesmo critério para a atribuição de H-9 e H-16, e
considerando-se que é esperado que H-8 e H-1 correspondam a dubletos, os sinais
em 8,52 e 8,47 ppm podem corresponder a estes átomos, respectivamente. Posto
que há um sinal COSY intenso indicando acoplamento destes sinais com aquele em
7,55 ppm (integração 3), H-7 e H-2 – vizinhos a H-8 e H-1 – podem ser correlatos a
esse sinal. Assim, o dubleto em 7,95 ppm que acopla com o supracitado sinal, pode
estar associado a H-3 ou H-6 (átomos vizinhos de H-2 e H-7, respectivamente). Uma
vez que há um acoplamento entre os sinais em 8,23 (integração 4) e 7,55 pm e H-3
está num anel piridínico trans ao cloreto, ao passo que H-6 está num anel piridínico
trans a outro, os sinais em 7,95 e 8,23 ppm são correlatos, respectivamente, a H-3 e
H-6.
Em analogia ao espectro de TBz, os sinais de maior campo foram
atribuídos aos hidrogênios deste ligante coordenado. Já que o sinal em 7,40 ppm
(integração 2) acopla tanto com aquele em 7,55 ppm (integração 3) quanto com
aquele em 7,79 ppm (integração 2), os prótons correlatos ao sinal em 7,40 ppm são
vizinhos daqueles correlatos a 7,55 e 7,79 ppm. Assim, H-18 e H-20 são atribuídos
ao sinal em 7,40 ppm, ao passo que H-19 àquele em 7,55 ppm e H-17 e H-21
àquele em 7,79 ppm.
Com base nesta atribuição e em comparação com à feita para o ligante
TBz (Tabela 14), nota-se que no complexo os prótons do anel benzênico de TBz que
estão orto e para ao grupo tioamidil estão mais desprotegidos que no ligante livre.
Diferentemente, para os prótons na posição meta ao grupo tioamidil não há
alteração de deslocamento químico. Estes ilustram que o metal potencializa a
natureza retiradora de elétrons do referido grupo, a qual interfere mais
significativamente em posições orto e para.83 Esta conclusão endossa que
tiobanzamida frente a Ru(II) atua como -receptor.
Ademais o sinal em 8,36 ppm (integração 2), que acopla com aquele em
8,23 ppm (integração 4), pode estar associado a H-12 e H-5, enquanto este sinal é
correlato aos respectivos átomos vizinhos: H-13 e H-4. O perfil do sinal em 8,36
ppm, como falado anteriormente para o sinal em 8,84 ppm, pode ser consequência
de um colapso de dubletos. Este efeito parece interferir também no perfil do sinal em
8,23 ppm, o qual distoa mais ainda do esperado, já que é atribuído a uma
quantidade maior de sinais: além de H-13 e H-4, H-6 e H-15, como já se explicara. A
elucidação estrutural do sólido obtido também foi respaldada nos espectros
89
unidimensionais de 13C (Figuras 50 e 51) e nos espectros bidimensionais de 13C e 1H
(Figuras 52 e 53).
Figura 50 - Espectro de 13C do complexo FOR0212A [(500 MHz, acetona-d6).
Fonte: o autor.
Figura 51 - Espectro APT do complexo FOR0212A [(300 MHz, acetona-d6).
Fonte: o autor.
90
Comparativamente ao espectro de carbono-13 da tiobenzamida (Figura
41), a presença de um sinal em 202,93 ppm no espectro de 13C do complexo indica
a existência deste grupo orgânico na composição do sólido. Esta hipótese é
endossada com a quantidade de sinais no referido espectro, os quais correspondem
a 31 átomos de carbono, evidenciando a coordenação da tiobenzamida ao Ru(II).
Através do espectro de 13C APT (Figura 51) foi possível diferenciar os carbonos
hidrogenados (aqueles cujos sinais estão para cima do eixo x do espectro) dos não
hidrogenados (aqueles cujos sinais estão para baixo do eixo x do espectro). Assim,
foi possível fundamentar que, além dos dois carbonos não-hidrogenados da
tiobenzamida (C-30 e C-31), na composição do composto há mais oito carbonos
deste tipo (Figura 51): quatro de cada o-fenantrolina, o que corrobora para a
formulação proposta. Adicionalmente, associando-se essas informações às
interpretações dos espectros bidimensionais HMBC (Figura 52) e HMQC (Figura 53),
atribuíram-se os picos no espectro de 13C a todos carbonos não-hidrogenados e
hidrogenados, respectivamente
Tabela 16).
No espectro HMBC, cada sinal corresponde a uma correlação entre um
átomo de H e C que distam a partir de duas ligações. Assim, com base na estrutura
do complexo FOR0212A (Figura 47), os átomos C-30 e C-31, por exemplo, se
correlacionam com os átomos H-18 e H-20 e H-17 e H-19, respectivamente, como
ilustrado em destaque na Figura 52. No espectro HMQC, por sua vez,
correlacionam-se os átomos de C e H que estão ligados entre si. Portanto, a partir
da atribuição dos átomos de hidrogênio pode ser feita a dos átomos de carbono,
como ilustrado para C-3, C-17, C-18, C-20 e C-21, na Figura 53.
91
Figura 52 - Espectro HMBC do complexo FOR0212A (500 MHz, acetona-d6).
Fonte: o autor.
Figura 53 - Espectro HMQC do complexo FOR0212A (500 MHz, acetona-d6).
Fonte: o autor.
92
Tabela 16 - Deslocamentos químicos de 13C do complexo FOR0212A.
Carbono (ppm) Carbono (ppm) Carbono (ppm)
1 134,72 12 127,93 23 130,79
2 125,01 13 127,81 24 130,34
3 151,66 14 135,57 25 130,80
4 127,63 15 125,57 26 148,83
5 127,43 16 154,58 27 150,13
6 153,77 17 126,56 28 148,32
7 125,34 18 128,49 29 149,67
8 135,71 19 132,30 30 137,46
9 155,06 20 128,49 31 202,93
10 125,74 21 126,56 _ _
11 135,62 22 130,59 _ _
Fonte: o autor.
5.1.4.3 Complexo FOR0212
A fim de comparar os resultados dos clorocomplexos, o espectro de
ressonância de 1H do complexo FOR0212 foi registrado no mesmo solvente,
acetona. Contudo, embora com base nos dados de espectroscopias nas regiões do
infravermelho e UV-vis, e nos dados de voltametria, não houvesse indicativos de
impureza, o espectro ilustra que a amostra não está pura ou que há reação com
solvente deuterado (Figura 54).
Por conta disso, várias tentativas de purificação do sólido foram feitas, de
modo que não se obtiveram mudanças nas caracterizações. Por conta disso,
considerou-se a possibilidade de reação com solvente. Assim, reenviou-se o sólido
para a análise por espectroscopia de RMN ser feita em outro solvente que o
composto era solúvel: DMSO (Figura 55). Posto que não se obteve um espectro que
indicasse pureza, as demais técnicas de ressonância não foram utilizadas para a
caracterização do composto.
93
Figura 54 - Espectro 1H do complexo FOR0212 (500 MHz, acetona-d6).
Figura 55 - Espectro 1H do complexo FOR0212 (500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
5.1.4.4 Nitrosilocomplexos
A atribuição dos sinais nos espectros de 1H dos nitrosilocomplexos
(Figuras 56 a 58, Tabela 17) foi feita de modo semelhante ao descrito para o
complexo FOR0212A: com base nos respectivos COSY (Figuras 59 e 60). Nestes
casos, diferentemente do FOR0212A, considerou-se a intensa natureza -receptora
94
do grupo nitrosil, de modo que se admitiu que os prótons do anel piridínico trans a
este grupo eram os mais desprotegidos.
Figura 56 - Estruturas numeradas dos complexos FOR0912 e FOR0912A.
Fonte: o autor.
Tabela 17 - Deslocamentos químicos (ppm) de 1H dos compostos FOR0912 e FOR0912A.
FOR0912
Hidrogênio (ppm) Hidrogênio (ppm) Hidrogênio (ppm)
1 9,87 7 8,6 13 7,78
2 8,6 8 9,46 14 7.73
3 8,5 9 9,84 15 8,55
4 9,05 10 8,6 16 9,34
5 7,9 11 8,5 - -
6 8,31 12 9,05 - -
FOR0912A
Hidrogênio (ppm) Hidrogênio (ppm) Hidrogênio (ppm)
1 9,87 8 9,46 15 8,61
2 8,61 9 9,84 16 9,34
3 8,50 10 8,61 17 7,73
4 9,05 11 8,50 18 7,78
5 9,05 12 8,55 19 9,05
6 8,31 13 8,50 20 7,90
7 8,61 14 7,90 21 8,31
Fonte: o autor.
95
Figura 57 - Espectro de 1H do complexo FOR0912 (500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
Figura 58 - Espectro de 1H do complexo FOR0912A [(500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
96
Figura 59 - Espectro COSY do complexo FOR0912 [(500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
Figura 60 - Espectro COSY do complexo FOR0912A [(500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
97
Os sinais presentes nos espectros de 13C BB (Figuras 61 a 65) foram
atribuídos com o auxílio dos espectros unidimensionais de 13C DEPT-135
98
Figura 66), 13C APT e nos bidimensionais de 13C e 1H: HMBC (Figuras 64 e 68) e
HMQC (Figuras 63 e 67). Do mesmo modo que foi feito para o complexo FOR0212A,
13C DEPT-135, em cujo espectro só aparecem os sinais associados a carbonos
hidrogenados, e 13C APT foram usados para identificar átomos de carbonos
hidrogenados e não-hidrogenados. HMQC foi útil para identificar, a partir da
atribuição dos átomos de hidrogênio, os átomos de carbono diretamente ligados a
estes (Tabela 18), e HMBC para atribuir átomos de carbono distantes mais de duas
ligações dos átomos de hidrogênio já atribuídos. Esta última técnica foi bastante útil
para identificar cada um dos átomos de carbono não-hidrogenados (Tabela 18). Nas
Figuras 64 e 68, há indicações que destacam as correlações entre os átomos de
hidrogênio e os de carbono não-hidrogenados.
Figura 61 - Espectros de 13C do complexo FOR0912 (500 MHz, DMSO-d6) em diferentes faixas.
Fonte: o autor.
99
Figura 62 - Espectro DEPT 135 do complexo FOR0912 (500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
Figura 63 - Espectro HMQC do complexo FOR0912 [(500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
100
Figura 64 - Espectro HMBC do complexo FOR0912 [(500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
Figura 65 - Espectro de 13C do complexo FOR0912A [(500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
101
Figura 66 - Espectro DEPT 135 do complexo FOR0912A (500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
Figura 67 - Espectro HMQC do complexo FOR0912A (500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
102
Figura 68 - Espectro HMBC do complexo FOR0912A (500 MHz, DMSO-d6).
Fonte: o autor.
Ao avaliar os espectros de carbono dos nitrosilocomplexos e os dados da
Tabela 18, nota-se que, diferentemente dos respectivos ligantes (tioureia e
tiobenzamida – Figuras 41 e 46), não há sinal entre 180 e 205 ppm (Figuras 61 e
65). Além disso, nos espectros de RMN de 13C BB dos complexos, o átomo de
carbono diretamente ligado ao enxofre (C-25 e C-31, respectivamente) possui
deslocamentos químicos de 137,14 e 130,15 ppm para FOR0912 e FOR0912A
(Tabela 18). Diferentemente, nos espectros de RMN de 13C BB dos ligantes tioureia
e tiobenzamida, o sinal associado ao referido átomo de carbono aparece em 184,50
e 200,32 ppm (C-25 e C-31, respectivamente).
Posto que nos referidos ligantes, a ligação entre C e S é dupla, o
decréscimo do deslocamento químico, no caso dos supracitados complexos, indica
um decréscimo da natureza de dupla ligação. Assim, estes dados indicam que esses
ligantes se coordenam ao Ru(II) pelo átomo de enxofre e atuam como -receptores
frente a este centro metálico.
Estas conclusões foram também tiradas a partir das estruturas otimizadas
por DFT para os complexos FOR0912 e FOR0912A, segundo as quais o
comprimento da ligação entre os átomos de C e S aumenta significantemente ao
103
passo que a ligação entre C e N tem uma certa redução após a coordenação ao
centro metálico (Tabela 19). Isto implica que, para estes complexos, após a
coordenação, em ambos complexos a interação dos átomos de C e S possui caráter
de ligação simples.
Tabela 18 - Deslocamentos químicos (ppm) de 13C dos compostos FOR0912 e FOR0912A.
FOR0912
Carbono (ppm) Carbono (ppm) Carbono (ppm)
1 155,19 10 128,37 19 144,04
2 128,83 11 128,83 20 146,74
3 129,12 12 142,48 21 132,07
4 142,78 13 127,42 22 131,33
5 127,77 14 150,54 23 143,91
6 153,41 15 128,75 24 145,61
7 128,79 16 143,26 25 137,14
8 143,66 17 132,42 _ _
9 154,19 18 131,55 _ _
FOR0912A
Carbono (ppm) Carbono (ppm) Carbono (ppm)
1 154,76 12 128,49 23 146,39
2 142,95 13 128,49 24 143,68
3 128,79 14 128,04 25 142,10
4 143,33 15 128,49 26 132,11
5 142,95 16 142,41 27 129,63
6 128,49 17 150,07 28 131,22
7 128,49 18 127,10 29 129,39
8 143,60 19 133,03 30 131,03
9 153,04 20 127,75 31 130,15
10 128,72 21 153,74 _ _
11 128,42 22 145,25 _ _
Fonte: o autor.
104
No que concerne aos complexos precursores FOR0212 e FOR0212A,
com base nos cálculos computacionais, o grupo tiocarbonila possui comprimento de
ligação maior que no respectivo ligante e menor que no nitrosilocomplexo
correspondente: 173 e 169 pm para FOR0212 e FOR0212A, respectivamente. Isto
indica maior caráter de dupla ligação nestes complexos que em FOR0912 e
FOR0912A. Esta conclusão converge com o fato de nos espectros de 13C dos
clorocomplexos haver sinal na região entre 180 e 205 ppm, mesma região onde
aparece sinal nos espectros dos ligantes.
No que tange à ligação C-N do grupo tioamidil, embora a diferença entre
os comprimentos de ligação seja menor, é observado o mesmo comportamento: 134
e 133 pm para FOR0212 e FOR0212A, respectivamente. Isso reforça que à medida
que a ligação C-N fica mais curta no grupo tiocarbonila os átomos ficam mais
afastados.
Tabela 19 - Comprimentos médios84, 85 e otimizados por DFT das ligações CS e CN para os complexos e os ligantes tioureia e tiobenzamida.
Ligação Comprimento de ligação (pm)
Tu
FO
R0212
FO
R0912
Tbz
FO
R0212A
FO
R0912A
sim
ple
s
dupla
CS 167 173 175 166 169 173 182 160
CN 136 134 133 135 133 133 147 129
Fonte: o autor.
5.1.5 Análise elementar
As porcentagens de carbono, nitrogênio, hidrogênio e rutênio nos
nitrosilocomplexos indicam que há um mol de molécula de água de hidratação para
cada mol de complexo: cis-[Ru(NO)(L)(phen)2](PF6)3 . H2O. Mesma conclusão se
obteve para o complexo precursor FOR0212A (Tabela 20).
105
Tabela 20 - Porcentagens dos elementos C, H, N e Ru nos nitrosilocomplexos.
Elemento %calculado (%experimental)
FOR0212A FOR0912 FOR0912A
C 46,71 (46,45) 29,42 (29,80) 34,43 (34,95)
N 8,79 (8,85) 9,61 (9,73) 7,77 (7,86)
H 3,16 (3,18) 2,17 (2,20) 2,33 (2,35);
Ru * 9,90 (9,78) 9,34 (9,35)
* Não foi determinada.
Fonte: o autor.
5.1.6 Espectrometria de massa
A partir dos espectros de massa do complexo FOR0212A (Figura 70 a
72), foi possível atribuir os sinais com padrão isotópico de Ru (Figura 69) às
estruturas ilustradas nas Figuras 73 a 76. Os dados calculados e experimentais e os
respectivos erros, expressos em parte por milhão, estão na Tabela 21.
Figura 69. Padrão isotópico do rutênio.
Fonte: o autor.
Figura 70 - Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0212A. Íons detectados: m/z 272,0475 e 289,5390.
Fonte: o autor.
01 #130-131 RT: 1.59-2.15 AV: 2 NL: 1.35E4T: FTMS + p ESI Full ms [200.00-1000.00]
260 265 270 275 280 285 290 295 300 305 310
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
Rel
ativ
e A
bund
ance
274.2743
289.5387
290.5393
272.0471
288.0395
302.3056
270.5480275.2776 286.5404
282.2794262.2379 310.3107269.0487 303.3090279.1593
291.5371
306.2642300.2900268.0278263.2412 293.9100
276.2811
260.8903
106
Figura 71 - Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0212A. Íon detectado: m/z 573,0202.
Fonte: o autor.
Figura 72 - Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0212A. Íon detectado: m/z 724,0421.
Fonte: o autor.
Tabela 21 - Valores de m/z e respectivos erros e atribuições para o complexo FOR0212A.
Notação (acima)
Fórmula (abaixo)
Estrutura m/z
calculado
m/z
experimental
Erro
(ppm)
M – tbz – Cl + 2 NCCH3
[Ru(phen)2(NCCH3)2]2+
Figura 73
272,0475 272,0471 1,47
M – Cl – C6H5 + NH2 + NCCH3
[Ru(phen)2(tu)(NCCH3)]2+
Figura 74 289,5390 289,5387 1,04
M – C6H5 + NH2
[Ru(phen)2(tu)Cl]+
Figura 75 573,0202 573,0205 0,52
M – Cl – C6H5 + NH2 + NCCH3+
PF6
{[Ru(phen)2(tu)(NCCH3)]PF6+}
Figura 76 724,0421 724,0418 0,41
Fonte: o autor.
01 #130-131 RT: 1.59-2.15 AV: 2 NL: 2.20E4T: FTMS + p ESI Full ms [200.00-1000.00]
560 565 570 575 580 585 590 595 600
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
Re
lative
Ab
un
da
nce
573.0205
575.0216
572.0218
570.0221
568.5671578.0703
577.0188 580.0714567.0238584.5621
556.5307 596.5985559.0511 585.5656 593.0432581.0746 587.9936 597.6017561.0439 566.0338
01 #130-131 RT: 1.59-2.15 AV: 2 NL: 3.07E4T: FTMS + p ESI Full ms [200.00-1000.00]
710 712 714 716 718 720 722 724 726 728 730 732 734 736 738 740 742
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
110
120
Re
lative
Ab
un
da
nce
724.0427
726.0438
723.0439
721.0444
727.0471718.0460
720.0437728.0508710.2634 714.8987 716.6168 734.9552712.7764 737.0681 742.4235732.1545 740.1119
107
A partir dos valores de erro indicados na Tabela 21, as propostas de
formulação estão adequadas já que o erro é menor que 5 ppm. O sinal m/z 272,0470
corresponde ao complexo formado a partir da substituição, na esfera de
coordenação, das moléculas do solvente utilizado, acetonitrila, pelos ligantes
monodentados: cloreto e tiobenzamida. Assim, formou-se um cátion divalente
Figura 73); proposta esta coerente com a separação de m/z 0,5 entre os picos,
peculiar de íons divalentes.
Figura 73 - Estrutura do complexo [Ru(phen)2(NCCH3)2]2+.
Fonte: o autor.
Mesma característica é observada no padrão isotópico associado ao sinal
m/z 289,5390. Neste caso, propõe-se a saída do ligante cloreto, além de se notar a
fragmentação do ligante tiobenzamida formando a tioureia. Para tanto, como a
fragmentação da tiobenzamida com perda do grupo benzil e do grupo amino é
relatada 86, duas moléculas de tiobenzamida podem fragmentar gerando uma
molécula de tioureia coordenada (Figura 74). Estes resultados fundamentam que
ambos ligantes estão coordenados via átomo de enxofre, tal como já fora
fundamentado por outras técnicas.
Figura 74 - Estrutura do complexo [Ru(phen)2(tu)(NCCH3)]2+.
Fonte: o autor.
108
A referida proposta de fragmentação do ligante tiobenzamida, contudo
sem perda do ligante cloreto, é fundamentada com a presença do sinal m/z
573,0205 no espectro do complexo. No padrão isotópico que contém este sinal a
distância entre os picos corresponde ao m/z 1, o que indica existência de cátions
monovalentes. Isto corrobora com a formulação do composto expresso na Figura 75.
Figura 75 - Estrutura do complexo [Ru(phen)2(tu)Cl]+.
Fonte: o autor.
Ademais, o sinal m/z 724,0418 é atribuído ao aduto (Figura 76) formado
entre o ânion monovalente hexafluorofosfato e o cátion divalente
[Ru(phen)2(tu)(NCCH3)]2+ expressos na Figura 74. Nessa situação, o aduto é um
cátion monovalente, o que está coerente com a diferença entre picos m/z 1,
observada no padrão isotópico que contém esse sinal.
Figura 76 - Estrutura do complexo {[Ru(phen)2(tu)(NCCH3)]PF6}+.
Fonte: o autor.
Os sinais m/z 272,0470, 289,5390 e 724,0418, correspondentes às
estruturas representadas, respectivamente, nas Figuras 73, 74 e 76, também se
encontram nos espectros dos nitrosilocomplexos (Figuras 77 a 80). Portanto, a
109
origem destes sinais já foi anteriormente discutida, salvaguardando as distinções
entre o complexo FOR0212A e os nitrosilocomplexos.
Nas Figuras 79 e 80 há também um sinal m/z 689,0588, que, tal como
aquele em m/z 724,0418, corresponde a um aduto catiônico monovalente (Figura
81) resultante da associação do ânion monovalente hexafluorofosfato com um cátion
complexo divalente – aquele que contém duas moléculas de o-fenantrolina e duas
de acetonitrila coordenadas ao metal (Figura 73). Também neste caso, a proposta
de cátion monovalente está coerente com a separação entre os picos m/z 1,
observada no padrão isotópico que contém esse sinal.
Figura 77 - Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912. Íons detectados: m/z 272,0475 e 289,5390.
Fonte: o autor.
Figura 78 - Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912A. Íons detectados: m/z 272,0475 e 289,5390.
Fonte: o autor.
02 #49 RT: 1.52 AV: 1 NL: 2.68E5T: FTMS + p ESI Full ms [200.00-1000.00]
268 270 272 274 276 278 280 282 284 286 288 290 292 294 296 298 300
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Re
lativ
e A
bu
nd
an
ce
272.0470
273.0475
274.2741271.5476
289.5385271.0469270.5478
290.5390289.0391
269.0486288.5384275.0070
276.0076 286.5402 291.0407284.2948279.0934276.5092 297.0249291.5369267.5258 282.2793 294.0635 299.0705
03 #88 RT: 1.48 AV: 1 NL: 1.69E5T: FTMS + p ESI Full ms [200.00-1000.00]
268 270 272 274 276 278 280 282 284 286 288 290 292 294 296 298 300
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Re
lativ
e A
bu
nd
an
ce
274.2741
289.5385
272.0470
290.5390273.0475 289.0391
271.5476
288.0393270.5478
275.2775284.2949
286.5401269.0486291.0407
279.1591 285.4786300.2898291.5368276.2809 282.4802 298.5269280.7249 295.1829
110
Figura 79 - Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912. Íons detectados: m/z 689,0591 e 724,0421.
Fonte: o autor.
Figura 80 - Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912A. Íons detectados: m/z 689,0591 e 724,0421.
Fonte: o autor.
Figura 81 - Estrutura do complexo {[Ru(phen)2(NCCH3)2]PF6}+.
Fonte: o autor.
Mesma característica também é notada no padrão isotópico associado ao
sinal m/z 561,0431, apenas no espectro do complexo FOR0912 (Figura 82) Este
sinal é atribuído ao complexo resultante da perda do grupo nitrosil e fragmentação
do ligante tioureia formando o ligante tiocianato (Figura 83). Assim, é perceptível que
todos os sinal indicam liberação do grupo nitrosil, tal qual o observado para outros
02 #49 RT: 1.52 AV: 1 NL: 1.72E5T: FTMS + p ESI Full ms [200.00-1000.00]
680 685 690 695 700 705 710 715 720 725 730 735 740
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Rel
ativ
e A
bund
ance
689.0588
691.0599
688.0600
687.0587
724.0418
726.0428692.0633683.0620723.0429
694.9789718.0452 727.0462701.5102 708.2642 735.0640 738.6096711.0448680.4804
03 #88 RT: 1.48 AV: 1 NL: 4.75E4T: FTMS + p ESI Full ms [200.00-1000.00]
680 685 690 695 700 705 710 715 720 725 730 735 740 745 750
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Rel
ativ
e A
bund
ance
689.0588
691.0598724.0418
688.0600
686.0604
726.0428723.0429
722.0416
683.0619692.0633
718.0450
727.0460708.2643 732.5047716.5519698.4990 744.5592737.4803
694.2163
748.4051706.6934 709.2587
111
nitrosilocomplexos.87-89 Os dados referentes exclusivamente aos nitrosilocomplexos
se encontram na Tabela 22.
Figura 82 -. Espectro de massa ESI(+) do complexo FOR0912. Íon detectado: m/z 561,0435.
Fonte: o autor.
Figura 83 - Estrutura do complexo [Ru(phen)2(SCN)(NCCH3)]+.
Fonte: o autor.
Tabela 22. Valores de m/z e respectivos erros e atribuições exclusivamente para os complexos FOR0912 e FOR0912A.
Notação
Fórmula
Estrutura m/z
calculado
m/z
experimental
Erro
(ppm)
M – L – NO + 2 NCCH3 + PF6
{[Ru(phen)2(NCCH3)2]PF6}+
Figura 81 689,0591 689,0588 0,44
M – L – NO – NH4 + NCCH3
{[Ru(phen)2(SCN)(NCCH3)]+}
Figura 83 561,0435 561,0431 0,71
Fonte: o autor.
5.1.7 Voltametria
5.1.7.1 Em meio orgânico (acetonitrila)
As Figuras 84 e 85 ilustram as curvas de corrente em função do potencial
aplicado ao eletrodo de carbono vítreo em contato com as soluções dos complexos
02 #49 RT: 1.52 AV: 1 NL: 1.57E5T: FTMS + p ESI Full ms [200.00-1000.00]
554 556 558 560 562 564 566 568 570 572 574 576 578 580 582
m/z
0
10
20
30
40
50
60
70
80
90
100
Re
lativ
e A
bu
nd
an
ce
561.0431
563.0442
560.0444
568.5664
559.0430
562.0465
571.9962555.0464 569.5698556.5301564.0476
570.9975 573.9974553.0191 578.0698575.9564580.0708566.5508 572.9994554.0318
565.0510
112
FOR0212 e FOR0212A, em acetonitrila, usando perclorato de tetrabutilamônio 0,1
mol L-1 como eletrólito. A partir dessas curvas foi determinado o potencial de meia-
onda (E1/2). Uma vez que as medidas em meio orgânico dependem do preparo do
eletrólito e do eletrodo de referência, necessitou-se registrar o voltamograma do
ferroceno e expressar os dados versus ferroceno (Fc+/Fc) (Tabela 23).
Figura 84 - Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo a 100 mV s-1 em 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN contendo o complexo FOR0212.
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6
-20
-10
0
10
20
30
I(A
)
E (V vs Fc+/Fc)
Fonte: o autor.
Figura 85 - Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo a 100 mV s-1 em 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN contendo o complexo FOR0212A.
-0.4 -0.2 0.0 0.2 0.4 0.6
-40
-20
0
20
40
60
I (
A)
E (V vs Fc+/Fc)
Fonte: o autor.
113
Tabela 23 – Energia dos orbitais de fronteira, determinados por DFT, e potenciais de meia-onda dos processos envolvendo o centro metálico e o grupo nitrosil nos complexos sintetizados neste trabalho.
E1/2 vs Ag/AgCl
(V)
E1/2 vs Fc+/Fc
(V)
Energia do orbital*
(eV)
Fc + 0,56 0 ----
FOR0212 + 0,78 + 0,22 -5,61 (HOMO)
FOR0212A + 0,95 + 0,39 -5,67 (HOMO)
FOR0912 + 0,31 -0,25 -4,51 (LUMO)
FOR0912A + 0,32 -0,24 -4,50 (LUMO)
*Determinada pelos cálculos computacionais
Fonte: o autor.
Com base na faixa de potencial (entre +0,6 e +1 V vs Ag/AgCl) de
complexos semelhantes contendo cloreto, 2,2-bipiridina e outros ligantes -
receptores69, 73, as ondas presentes nos voltamogramas (Figuras 84 a 89) dos
complexos são associadas a processos redox envolvendo o centro metálico
(Equação 1). Além disso, constata-se que há convergência entre a diferença nos
valores de potenciais e as energias dos orbitais moleculares ocupados de mais alta
energia (HOMO) dos complexos: o complexo FOR0212A possui potencial de
oxidação mais positivo, o que indica maior dificuldade em ser oxidado, e possui o
HOMO de mais baixa energia (Tabela 23), o que corrobora com a menor tendência
em ser oxidado, quando comparado ao complexo FOR0212.
Equação 1. Processo redox envolvendo o centro metálico nos clorocomplexos (L= tioureia ou tiobenzamida) nos complexosexo FOR0212 e FOR0212A.
Fonte: o autor.
Nos voltamogramas cíclicos dos complexos FOR0912 (Figura 90) e
FOR0912A (Figura 91), há um par de sinais em torno de -240 mV versus ferroceno,
os quais são associados a processos redox envolvendo o grupo nitrosil, em analogia
a outros complexos contendo ligantes piridínicos7, 11, 22, 90. Os potenciais redox de
ambos complexos são semelhantes e estão coerentes com os valores próximos de
energia dos orbitais moleculares desocupados de mais baixa energia – LUMO -
(Tabela 23). Ademais, quando comparado ao íon complexo cis-[Ru(NO)(Tu)(bpy)2]3+
(E1/2 = -276 mV vs Fc), FOR0912 tem maior facilidade em ser reduzido; fato
114
provavelmente decorrente da maior capacidade de retrodoação da o-fenantrolina
(phen), em comparação ao ligante 2,2’-bipiridina (bpy).
Figura 86 - Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo solução: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN, contendo o complexo FOR0212. Curva anódica. Eletrólito suporte v = 5 mV s-1.
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0
4
8
12
I (
A)
E (V vs Ag/AgCl)
Fonte: o autor.
Figura 87 - Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo solução: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN, contendo o complexo FOR0212. Curva catódica. Eletrólito suporte v = 5 mV s-1.
0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
-16
-12
-8
-4
0
I (
A)
E (V vs Ag/AgCl)
Fonte: o autor.
115
Figura 88 - Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo solução: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN, contendo o complexo FOR0212A. Curva anódica. Eletrólito suporte v = 5 mV s-1.
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
0
20
40
60
80I (
A)
E (V vs Ag/AgCl)
Fonte: o autor.
Figura 89 - Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo solução: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN, contendo o complexo FOR0212A. Curva catódica. Eletrólito suporte v = 5 mV s-1.
0.0 0.2 0.4 0.6 0.8 1.0
-72
-60
-48
-36
-24
-12
0
I (
A)
E (V vs Ag/AgCl)
Fonte: o autor.
116
Figura 90 - Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo em presença do complexo FOR0912. Eletrólito suporte: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN. v = 100 mV s-1.
-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4
-20
-15
-10
-5
0
5
10
15
I (
A)
E (V vs Fc+/Fc)
Fonte: o autor.
Figura 91 - Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo em presença do complexo FOR0912A. Eletrólito suporte: 0,1 mol L-1 de PTBA em MeCN. v = 100 mV s-1.
-0,6 -0,4 -0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8
-5
0
5
I (
A)
E (V vs Fc+/Fc)
Fonte: o autor.
117
Para respaldar que as ondas observadas nas Figuras 90 e 91 se referem
a processos centrados no grupo nitrosil, avaliou-se a reatividade de FOR0912 frente
à azida, um redutor do grupo nitrosil25 (Figura 92).
Figura 92 - Voltamograma cíclico do eletrodo de carbono vítreo em presença do complexo FOR0912, a 100 mV s-1, em PTBA/MeCN 0,1 mol L-1, na ausência (preto) e na presença de azida de sódio (azul).
-0,9 -0,6 -0,3 0,0 0,3 0,6
-30
-20
-10
0
10
20
30
Cu
rren
t (
A)
E (V vs Fc+/Fc)
Fonte: o autor.
De acordo com a Figura 92, após adição de azida ao meio, há
desaparecimento de um par de ondas em torno de -0,25 V vs Fc+/Fc, o que respalda
a hipótese de que essas ondas são associadas a processos redox envolvendo o
grupo nitrosil. Há também surgimento de outro em torno de +0,43 V vs Fc+/Fc. Este
último pode ser associado aos processos redox RuIII/II (onda catódica) e RuII/III (onda
anódica) no produto de solvólise, cis-[Ru(MeCN)(Tu)(phen)2]2+ (Equação 2). Este
composto, em analogia a outros produtos de solvólise gerados a partir de
nitrosilocomplexos11, 26, 69, 90, 91, foi formado após a redução do grupo nitrosil pela
azida e subsequente coordenação da molécula do solvente, acetonitrila (Equação 3).
Equação 2. Processo redox envolvendo o centro metálico no produto de solvólise do complexo FOR0212 em acetonitrila.
Fonte: o autor.
118
Equação 3. Representação da reação de substituição da molécula de óxido nítrico pela de acetonitrila.
Fonte: o autor.
5.1.7.2 Em meio aquoso
Tendo em vista as pretensas aplicações biológicas dos complexos, tal
como a possibilidade de solvólise, após redução do grupo nitrosil, como verificado
em meio orgânico, a reatividade eletroquímica frente à azida foi avaliada também em
meio aquoso, em solução aquosa 5%(v/v) MeCN/NaTFA 0,1 mol.L-1 pH = 4,7 (Figura
93). A escolha deste valor de pH foi baseada no fato de ser notado um perfil
característico dos nitrosilocomplexos neste pH. Em valores maiores de pH já se nota
a influência, mesmo que ínfima, dos nitrocomplexos.
Figura 93 - Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo em presença do complexo FOR0912 (curva preta) frente à azida, em diferentes tempos. Curvas catódicas. Eletrólito suporte: 5%(v/v) MeCN / NaTFA 0,1 mol.L-1 pH = 4,7. v = 5 mV s-1. Em destaque: curva de corrente em E = + 0,1 V (onda c2) em função do tempo.
-0,3 0,0 0,3 0,6 0,9
-4
-3
-2
-1
c4c1c1c3
c1
c20 500 1000 1500 2000 2500 3000
1,5
2,0
2,5
3,0
3,5
4,0
4,5
I(A
)
Tempo (s)
I (
A)
E (V vs Ag/AgCl)
c1
Fonte: o autor.
Após adição de azida há decréscimo das intensidades das ondas
catódicas em +0,1 (c2) e -0,16 V (c1), e surgimento de ondas em +0,56 (c3) e +0,8 V
(c4). Após quinze minutos, o sinal em +0,56 V (c3) diminui de intensidade ao passo
119
que aquele em potencial mais positivo (c4) continua aumentando. Isso indica
dependência entre os processos eletroquímicos associados a essas ondas (c3 e c4).
Além disso, os sinais em + 0,1 (c2) e - 0,16 V (c1) desaparecem após 60 s, o que
pode indicar a inexistência do grupo nitrosilo na composição do produto formado.
Isso porque, em analogia a outros nitrosilocomplexos25, essas ondas podem ser
atribuídas à redução do grupo nitrosilo e do óxido nítrico coordenados (Esquema 1).
A partir dos valores de corrente associada à onda em +0,1 V, construiu-se uma
curva cinética (Figura 93 – em destaque), cujo decréscimo de corrente indica
diminuição da concentração de espécie eletroativa na superfície do eletrodo.
Esquema 1 - Processos redox envolvendo o grupo NO coordenado.
Fonte: o autor.
No intuito de compreender que outros fenômenos estavam ocorrendo,
foram registrados nas mesmas condições voltamogramas de pulso diferencial do
complexo precursor (FOR0212) na ausência e na presença de azida (Figura 94), por
duas horas. Verificou-se que na ausência de azida há apenas uma onda em + 0,48
V (c’3) e quando a solução desta substância é adicionada à solução do complexo,
esta onda diminui e surge outra em + 0,7 V (c’4), a qual aumenta de intensidade com
o tempo. Portanto, o complexo precursor FOR0212 reage com azida.
Tendo em vista que neste complexo cloro se apresenta no estado de
oxidação mínimo e não há relatos de complexos estáveis contendo Ru(I) e/ou o-
fenantrolina reduzida, propõe-se que há reação entre a tioureia coordenada e azida.
Posto que na reação entre o nitrosilocomplexo FOR0912 e azida há
surgimento de uma onda em + 0,56 V, a qual decresce com o tempo à medida que
surge outra em + 0,8 V (Figura 93), estas ondas podem ser atribuídas a RuIII/II no
aquocomplexo, resultante liberação do óxido nítrico gerado da redução do grupo
nitrosil, e no aquocomplexo contendo tioureia oxidada (tuoxi) (Esquema 2),
respectivamente. Os processos análogos associados ao complexo FOR0212 (Figura
94) estão representados no Esquema 3.
120
Figura 94 - Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo em presença do complexo FOR0212 (curva preta) frente à azida, em diferentes tempos. Curvas catódicas. Eletrólito suporte: 5%(v/v) MeCN / NaTFA 0,1 mol.L-1 pH = 4,7. v = 5 mV s-1.
-0,2 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0
-16,0
-14,0
-12,0
-10,0
-8,0
-6,0
-4,0
-2,0
c'4
I (
A)
E (V vs Ag/AgCl)
c'3
Fonte: o autor.
Esquema 2 - Processos redox envolvendo o centro metálico nos aquocomplexos formados.
Fonte: o autor.
Esquema 3 - Processos redox envolvendo o centro metálico nos clorocomplexos associados à reatividade do complexo FOR0212 (Figura 94).
Fonte: o autor.
Tendo em vista que água é um ligante mais forte que cloreto, espera-se
que os potenciais de redução do metal em um aquocomplexo sejam maiores que no
clorocomplexo análogo. Esta previsão corrobora o observado para os complexos
[Ru(phen)2(OH2)(tu)]2+ - ERuIII/II = +0,56 V - gerado após liberação do óxido nítrico
(Equação 4), e [Ru(phen)2Cl(tu)]+ (FOR0212) – ERuIII/II = +0,48 V.
121
Equação 4. Representação da reação de substituição da molécula de óxido nítrico pela de água.
Fonte: o autor.
A hipótese de que a tioureia reage com a azida é também endossada
pelos resultados expressos na Figura 95, que ilustra que as ondas associadas aos
processos de redução centrados em cada espécie (molécula de tioureia e íon azida)
não aparecem no voltamograma em presença da mistura. Isto sugere ocorrência de
reação química entre as substâncias citadas. Além disso, ondas catódicas são
observadas em torno de +1000 mV e +5 mV nas curvas associadas a azida e
tioureia, respectivamente. Esses dados indicam que a azida tende a oxidar a
tioureia. Daí serem feitas as propostas ilustradas nos Esquemas 2 e 3, envolvendo a
tioureia oxidada.
Tendo em vista que o mesmo comportamento observado para o
nitrosilocomplexo com tioureia foi observado para o respectivo composto com
tiobenzamida (Figura 96), as atribuições feitas são aplicáveis ao complexo
FOR0912A.
Figura 95 - Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo em presença de tioureia (curva preta), de azida (curva azul) e da mistura de tioureia e azida (curva vermelha). Eletrólito suporte: 5%(v/v) MeCN / NaTFA 0,1 mol.L-1 pH = 4,7. v = 5 mV s-1. Curvas catódicas.
-0,3 0,0 0,3 0,6 0,9 1,2
-12
-10
-8
-6
-4
-2
I (
A)
E (V vs Ag/AgCl)
Fonte: o autor.
122
Figura 96 - Voltamograma de pulso diferencial do eletrodo de carbono vítreo em presença do complexo FOR0912A (curva preta) frente à azida, em diferentes tempos. Curvas catódicas. Eletrólito suporte: 5%(v/v) MeCN / NaTFA 0,1 mol.L-1 pH = 4,7. v = 5 mV s-1. Em destaque: curva de corrente em E = + 0,1 V (onda c2) em função do tempo.
-0,3 0,0 0,3 0,6 0,9
-2,5
-2,0
-1,5
-1,0
c4c3
c2 0 300 600 900 1200 1500 1800
1 ,2
1 ,4
1 ,6
1 ,8
2 ,0
2 ,2
2 ,4
2 ,6
I (
A)
T em po (s )
I (
A)
E (V vs Ag/AgCl)
Fonte: o autor.
5.1.8 Conversão nitrosilo-nitrocomplexo
Complexos contendo o grupo nitrosil podem ser convertidos nos
respectivos nitrocomplexos na presença de íons hidroxila, como pode ser
representado, para o sistema em questão, na Equação 5. Baseado nisto, a variação
espectral foi monitorada à medida que o pH da solução era modificado (Figuras 97 e
98).
Equação 5. Representação da conversão nitrosilo-nitrocomplexo.
Fonte: o autor.
O surgimento da banda em 410 e 414 nm, nos espectros dos complexos
FOR0912 e FOR0912A, respectivamente, indicam formação dos respectivos
nitrocomplexos. Essa afirmativa se baseia em complexos análogos que possuem
bandas de transferência de carga do tipo (bpy, NO2-)*d(Ru), nesta região do
visível11, 69, 91-93.
123
Figura 97 - Monitoramento da variação espectral do complexo FOR0912, a 90 mol L-1, em diferentes
pH.
400 500 600 700
0,0
0,3
0,6
0,9
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Figura 98 - Monitoramento da variação espectral do complexo FOR0912A, a 70 mol L-1, em
diferentes pH.
300 400 500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Ab
so
rbâ
ncia
Compeimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
A partir dos valores de absorbância no comprimento de onda em que os
nitrocomplexos absorvem (410 e 414 nm), curvas de pH em função da absorbância
neste comprimentos de onda foram construídas (Figuras 99 e 100) para determinar
o pH em que há metade da conversão: pH = 8,0 para FOR0912 e pH 6,5 para
124
FOR0912A: Estes valores indicam que ambos complexos são promissores para
aplicação biológica porque ambos possuem pKa próximo do pH fisiológico (7,4), o
que significa que neste pH há uma quantidade significativa de nitrosilocomplexo.
Figura 99 - Curva de pH em função da absorbância em 410 nm para o complexo FOR0912.
2 4 6 8 10
0.25
0.30
0.35
0.40
0.45
0.50
0.55
Abso
rbân
cia
pH
Fonte: o autor.
Figura 100 - Curva de pH em função da absorbância em 414 nm para o complexo FOR0912A.
2 4 6 8 10
0,25
0,30
0,35
Abso
rbâ
ncia
pH
Fonte: o autor.
125
Além disso, vale ressaltar que foi usada solução de ácido trifluoroacético
porque este possui pKa = 0,23.94 Deste modo, a conversão foi deste ácido na
respectiva base conjugada não interfere nos resultados expressos nas Figuras 97 a
100.
5.2 Reatividade
5.2.1 Reatividade frente a tióis
Glutationa reduzida (GSH) e L-cisteína são redutores biológicos95 e são
fontes de ácido sulfídrico: glutationa reduzida reage com componentes sulfurados do
alho 96 e L-cisteína reage com ariltioamidas. Além do que, GSH e L-cisteína reduzem
nitrosilocompostos a óxido nítrico27 e nitroxil (HNO)38. Assim, é indispensável
considerar as hipóteses de geração de ácido sulfídrico, óxido nítrico e/ou nitroxil, a
partir da reação entre os supracitados redutores biológicos e os nitrosilocomplexos,
já que estes contêm tanto o grupo nitrosil quanto o grupo tioamidil na composição.
Associado a isto, há relatos de reação entre ácido sulfídrico e óxido nítrico,97-99 o que
torna mais salutar ainda o entendimento da reatividade desses compostos. Logo,
baseando-se nessas informações, foi avaliada a reatividade dos ligantes (tioureia e
tiobenzamida) e de todos os complexos sintetizados neste trabalho frente aos tióis.
5.2.1.1 Frente à glutationa reduzida em pH = 7,4
As Figuras 101 e 102 ilustram a reatividade da glutationa reduzida frente
aos ligantes tioureia e tiobenzamida em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH =
7,4. Nessas Figuras são observados o deslocamento da banda em torno de 205 nm
para maior comprimento de onda com aumento significativo da intensidade da
mesma, o surgimento de uma banda em 302 nm e aumento da intensidade das
bandas em 240 e 250 nm (para Tu e TBz, respectivamente). Essas alterações
espectrais talvez se devam ao ataque nucleofílico da glutationa reduzida
desprotonada (GS-) ao carbono da tiocarbonila, gerando uma imina e o íon
hidrogenossulfeto (Esquema 4), a partir do qual pode-se gerar ácido sulfídrico.
126
Figura 101 - Alteração espectral do ligante tioureia (10 mol L-1), frente a GSH a 37˚C em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/composto = 30. inset: recorte do espectro com destaque para a banda em 302 nm e a variação da absorbância em função do tempo.
200 240 280 320 360 400
0,0
0,3
0,6
0,9
1,2
1,5
1,8
2 8 0 3 2 0 3 6 0 4 0 0
0 ,0 0
0 ,0 5
0 ,1 0
0 ,1 5
0 1 0 0 2 0 0 3 0 0 4 0 0 5 0 0 6 0 0
0 ,0 0
0 ,0 2
0 ,0 4
0 ,0 6
0 ,0 8
0 ,1 0
Ab
so
rbâ
nc
ia
T e m p o (m in )
Ab
so
rbâ
nc
ia
C o m p rim e n to d e o n d a (n m )
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Figura 102 - Alteração espectral do ligante tiobenzamida (10 mol L-1), frente a GSH a 37˚C em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/composto = 30. inset: recorte do espectro com destaque para a banda em 302 nm e a variação da absorbância em função do tempo.
200 240 280 320 360 400
0,0
0,5
1,0
1,5
2,0
240 280 320 360 400
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0 100 200 300 400 500 600
0,04
0,06
0,08
0,10
0,12
0,14
0,16
0,18
0,20
Ab
so
rbâ
nc
ia
Tem po (m in)
Ab
so
rbâ
nc
ia
Comprimento de onda (nm)
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
127
Esquema 4 - Possível mecanismo de formação de hidrogenossulfeto a partir de tioamidas.
Fonte: o autor.
A proposta de mecanismo ilustrada no Esquema 4 é fundamentada no
mecanismo de formação de H2S a partir dos componentes sulfurados do alho.
Segundo este, GSH interage com o carbono diretamente ligado ao enxofre; no caso
dos ligantes em questão, tratar-se-ia do carbono da tiocarbonila.96 Além disso,
conforme a literatura GSH ataca nucleofilicamente carbono de iminas.100 Daí a
proposta feita. Contudo, para que este seja consolidado seriam necessários outros
experimentos, a exemplo da detecção de ácido sulfídrico, que, conforme a literatura
é feita por amperometria, com um detector seletivo a esta espécie.72 Se o
mecanismo expresso no Esquema 4 for o correto, a banda que surge em torno de
300 nm deve estar associada à imina formada. Com a intenção de checar se os
clorocomplexos FOR0212 e FOR0212A apresentavam comportamento semelhante
ao dos ligantes, foi feito o mesmo experimento nas mesmas condições (Figuras 103
e 104).
Diferentemente dos ligantes, no espectro do complexo com tioureia
(FOR0212) não há surgimento de banda em 240 e 300 nm. Com o composto
FOR0212A, se verificou surgimento de uma banda em 290 nm, a qual deve estar
correlata à formada em 302 nm, ilustrada no espectro do ligante tiobenzamida
(Figura 102). A diferença entre os dois complexos talvez esteja associada ao fato de
o grupo amino, em tioamidas, ser doador de elétrons, ao passo que o grupo fenil é
retirador. Assim, o átomo de C da tiocarbonila da tioureia coordenada possui menor
capacidade eletrofílica que o respectivo da tiobenzamida. Embora esse raciocínio
seja aplicável também à situação em os ligantes estão livres, o dado experimental
sugere o ataque nucleofílico nestes, o que reforça a influência do centro metálico
para os resultados serem distintos.
128
Figura 103 - Alteração espectral do complexo FOR0212 (10 mol L-1), na região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
200 300 400 500 600
0.0
0.5
1.0
1.5
2.0
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Figura 104 - Alteração espectral do complexo FOR0212A (10 mol L-1), na região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
200 300 400 500 600
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
1.0
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
129
Figura 105 - Alteração espectral do complexo FOR0212 (50 mol L-1), na região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
300 400 500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0 100 200 300 400 500
0,32
0,34
0,36
0,38
0,40
0,42 451 nm
420 nm
Ab
so
rbâ
ncia
Tempo (min)
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Figura 106 - Alteração espectral do complexo FOR0212A (50 mol L-1), na região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução tampão fosfato 0,1 mol L-1, pH = 7,4, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
300 400 500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
0 100 200 300 400 500
0,50
0,55
0,60
0,65
0,70
0,75
0,80
0,85
Ab
so
rbâ
nc
ia
Tem po (m in)
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
130
Na região do visível, por sua vez, há deslocamento das bandas de
transferência de carga metal ligante para a região de maior energia: de 450 para 420
nm (Figura 105) e de 442 para 408 nm (Figura 106) para FOR0212 e FOR0212A,
respectivamente. Esse deslocamento pode ser decorrente da formação do complexo
com a imina coordenada.
Outra possibilidade, já que GSH está em excesso, é a ocorrência de
reação de substituição do cloreto pela glutationa reduzida. Esta molécula pode se
ligar ao metal através do átomo de enxofre, visto que este átomo se liga a centros
ácidos de Lewis como o átomo de nitrogênio do grupo nitrosil.101 O referido átomo de
enxofre, por possui orbitais d vazios, tende a formar ligações mais fortes com o
Ru(II) do que o cloreto, que pode atuar como -doador frente a este centro metálico.
Isso justificaria o deslocamento hipsocrômico observado. Contudo, tal como foi
explicado para o mecanismo, para constatar a composição da substância formada, é
preciso experimentos adicionais, a exemplo do isolamento e caracterização do
composto formado.
Os experimentos com os respectivos nitrosilocomplexos não puderam ser
feitos nessas condições porque a quantidade de nitrocomplexo existente já é tal que
há surgimento da banda em 410 nm – tal como ilustrado nas Figuras 97 e 98 – de
modo que não seria possível avaliar o comportamento do nitrosilocomplexo. Por
conta disso, a reatividade frente a GSH foi feita em pH mais baixo – 4,7 – inclusive
para os precursores e os ligantes.
5.2.1.2 Frente à glutationa reduzida em pH =4,7
Diferentemente do observado para os ligantes em pH = 7,4, não há
surgimento da banda em torno de 300 nm, quando o experimento é feito em pH =
4,7 (Figuras 107 e 108). Esse resultado reforça a hipótese do ataque nucleofílico ao
carbono da tiocarbonila, já que em pH menor (4,7) haverá maior quantidade de
GSH, em relação a GS-, do que em pH 7,4. Logo, a velocidade da reação é menor e
como os experimentos foram feitos no mesmo intervalo de tempo (10 h), em pH
menor não é notada a formação da banda em 300 nm.
Todavia, o deslocamento da banda em torno de 205 nm aumento
significativo da intensidade da mesma ocorre, independente do pH, o que pode
sugerir que o mesmo processo está ocorrendo em diferentes valores de pH. Essa
alteração espectral na região do ultravioleta, após adição de glutationa reduzida, é
131
também observada quando esta substância é adicionada à solução de cada
clorocomplexo (Figuras 109 e 110). Isso pode indicar que a reação ocorrida no
ligante também pode ocorrer quando o mesmo está coordenado.
Figura 107 - Alteração espectral do ligante tioureia (10 mol L-1), frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/composto = 30.
200 220 240 260 280 300
0.0
0.3
0.6
0.9
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Figura 108 - Alteração espectral do ligante tiobenzamida (10 mol L-1), frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/composto = 30.
200 240 280 320 360 400
0.0
0.3
0.6
0.9
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
132
Figura 109 - Alteração espectral do complexo FOR0212 (10 mol L-1), na região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
200 250 300 350 400
0.0
0.3
0.6
0.9
1.2
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Figura 110 - Alteração espectral do complexo FOR0212A (10 mol L-1), na região do ultravioleta, frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
200 300 400 500 600 700
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
As alterações notadas na banda em 205 nm para os ligantes e para o
complexo FOR0212 em pH = 4,7 e pH = 7,4 são também notadas para o complexo
FOR0212A em pH = 4,7, em presença de GSH. Na região do visível, porém, ambos
133
complexos exibem as mesmas variações daquelas observadas em pH 7,4:
deslocamento da banda de transferência de carga metal ligante de 450 para 420 nm
(Figura 111) e de 442 para 408 nm (Figura 112) para FOR0212 e FOR0212A,
respectivamente. Portanto, as propostas de reação em pH = 4,7 são as mesmas
discutidas para os experimentos em pH = 7,4.
Figura 111 - Alteração espectral do complexo FOR0212 (50 mol L-1), na região do visível, frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
300 400 500 600 700
0.0
0.1
0.2
0.3
0.4
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Figura 112 - Alteração espectral do complexo FOR0212A (50 mol L-1), na região do visível, frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
300 400 500 600 700
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
134
No que tange aos nitrosilocomplexos, como pode ser visto nas Figuras
113 e 114, há alteração do perfil do espectro após adição de GSH. Estes dados
estão em conformidade com a informação de que os potenciais de redução dos
complexos (+0,31 e +0,30 V versus ENH para FOR0912 e FOR0912A,
respectivamente) são suficientes para estes serem reduzidos por GSH (+0,12 V
versus ENH95).
Figura 113 - Alteração espectral do complexo FOR0912 (50 mol L-1) frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
300 400 500 600
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
0,6
0,7
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
383
420450
Fonte: o autor.
Após 30 s de adição de GSH à solução dos complexos, surge uma banda
em torno de 450 nm, a qual decresce de intensidade, à medida em que surge um
par de bandas em torno de 380 e 420 nm. Isto significa que a reação ocorre no
mínimo em duas etapas, mas difere do relatado para os complexos cis-
[Ru(bpy)2(L)(NO)]n+, em que L = SO32-, ImN,27 Cl-, MeCN101 e n varia de 1 a 3, a
depender de L. Nestes casos, a reação ocorre em três etapas: i) ataque nucleofílico
da base conjugada do tiol (RS-) ao grupo nitrosil, formando o primeiro intermediário,
um nitrosotiol; ii) ataque nucleofílico de outra base conjugada do tiol (RS-) ao átomo
de nitrogênio do grupo nitrosotiol do primeiro intermediário; iii) liberação do tiol
oxidado e formação do aquocomplexo.
135
Figura 114 - Alteração espectral do complexo FOR0912A (50 mol L-1) frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 30.
350 400 450 500 550 600
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0,40
453A
bso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
418384
Fonte: o autor.
Do ponto de vista espectral, há semelhanças entre o observado para
estes complexos e aqueles já relatados27 , visto que em todos casos inicialmente há
surgimento de uma banda entre 450 e 470 nm, a qual decresce à medida que surge
outra entre 380 e 390 nm. Contudo, o surgimento de outra banda em 450 e 500 nm,
à medida que decresce aquela em torno de 390 nm, descrito pela literatura27, 101, não
é observado para os complexos sintetizados nesse trabalho. No intuito de obter
dados propositivos de um mecanismo e tendo por base que uma das hipóteses a ser
considerada é a liberação de óxido nítrico e formação de complexo com GSH
coordenado, o mesmo experimento foi feito com o complexo precursor cis-
[RuCl2(phen)2] frente a GSH na proporção de 1:1 (Figura 115). Assim, seria viável
avaliar a possibilidade de substituição de um dos cloretos pela GSH.
Comparando-se os espectros finais após reatividade do complexo cis-
[RuCl2(phen)2] e dos nitrosilocomplexos (Figuras 113 e 114) com GSH, nota-se um
perfil parecido: uma banda em 383 nm mais intensa que aquela em 420 nm, o que
sugere formação do mesmo produto. Então, considerando-se a composição química
de cada complexo, propôs-se que, independente de processos redox envolvendo
GSH, o grupo nitrosil e o ligante L, como glutationa reduzida está em excesso, há
possibilidade desta substituir o fragmento NO e o ligante L na esfera de
coordenação do metal.
136
Figura 115 - Alteração espectral do complexo cis-[RuCl2(phen)2] (50 mol L-1), frente a GSH a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 10 h, na razão GSH/complexo = 1.
350 400 450 500 550 600 650
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
420384
Fonte: o autor.
No caso do complexo precursor cis-[RuCl2(phen)2], a existência de dois
pontos isosbésticos sugere a substituição de um dos átomos de cloro, seguida da
substituição do outro átomo de cloro. Portanto, a proposta é de atuação da
glutationa reduzida como ligante bidentado, já que este tem mais de um centro
básico de Lewis.
5.2.1.3 Frente à L-cisteína a pH =4,7
Frente à L-cisteína, o mesmo comportamento é observado para os
nitrosilocomplexos (Figuras 116 e 117) e para o complexo cis-[RuCl2(phen)2] (Figura
118) em pH = 4,7. Sendo assim, a proposta feita para a reatividade com GSH é
válida para a reatividade com L-cisteína. Todavia, as reações com este aminoácido
foram bem mais rápidas que com GSH: ao passo que as medidas com este
aminoácido foram realizadas em 1,5 h, as com GSH foram em 10 h. Essa diferença
de tempo para alcançar o mesmo perfil espectral pode ser atribuída ao fato de L-
cisteína ser uma molécula menor que GSH (Figura 4), o que facilitaria o ataque
nucleofílico seja ao grupo nitrosil (nos nitrosilocomplexos), seja ao átomo de carbono
da tiocarbonila (nos nitrosilo e nos clorocomplexos – Figuras 119 e 120), seja ao
Ru(II) (no complexo precursor cis-[RuCl2(phen)2]). No experimento com FOR0212 e
FOR0212A, notam-se variações no máximo de absorbância de 444 para 421 nm e
137
443 para 420 nm (Figuras 119 e 120), respectivamente. Sendo assim, as alterações
são semelhantes às observadas frente a GSH, nas mesmas condições.
Figura 116 - Alteração espectral do complexo FOR0912 (50 mol L-1) frente a L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 1,5 h, na razão L-cisteína/complexo = 30.
300 400 500 600
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
388
423
455
Fonte: o autor.
Figura 117 - Alteração espectral do complexo FOR0912A (50 mol L-1) frente a L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 1,5 h, na razão L-cisteína/complexo = 30.
300 400 500 600
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
388
420
448
Fonte: o autor.
138
Figura 118 - Alteração espectral do complexo cis-[RuCl2(phen)2] (50 mol L-1), frente a L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 1,5 h, na razão L-cisteína/complexo = 1.
350 400 450 500 550 600 650
0,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25A
bso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
420389
Fonte: o autor.
Figura 119 - Alteração espectral do complexo FOR0212 (50 mol L-1) frente a L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, por 1,5 h, na razão L-cisteína/complexo = 30.
300 400 500 600 700
0,0
0,1
0,2
0,3
0,4
0,5
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
444421
Fonte: o autor.
139
Figura 120 - Alteração espectral do complexo FOR0212A (50 mol L-1) frente a L-cisteína a 37˚C em solução de NaTFA 0,1 mol L-1, pH = 4,7, na razão L-cisteína/complexo = 30.
300 400 500 600 700
0,0
0,2
0,4
0,6A
bso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
443
420
Fonte: o autor.
5.2.2 Fotorreatividade
A reatividade dos nitrosilocomplexos foi avaliada frente à luz azul e é
ilustrada nas Figuras 121 e 122. Nota-se que com o tempo surgem duas bandas:
uma em torno de 390 nm e outra em torno de 420 nm.
De acordo com Ford, Rose, Lopes e seus colaboradores23, 87, 91, 102,
complexos que contêm o grupo nitrosil produzem óxido nítrico sob efeito
fotoquímico. Especificamente para estes complexos, como já foi discutido, há um
ombro em torno de 450 nm, cuja transição eletrônica é do tipo *NO (L), em L =
phen ou TBz para os compostos FOR0912 e FOR0912A, respectivamente. Visto que
a fonte de irradiação é de 450 nm, infere-se que há formação do complexo com NO
coordenado e o ligante oxidado. Uma vez que a reação ocorre em meio aquoso, há
possibilidade de substituição da água pelo óxido nítrico, tal qual acontece com
outros nitrosilocompostos.
Esta proposta também é alicerçada na comparação dos espectros dos
compostos FOR0212 e FOR0212A (Figura 123). Isso porque estes, nas mesmas
condições, possuem máximo de absorção em 451 e 443 nm, respectivamente, e,
como já foi explicado a molécula de água é um ligante mais forte que cloreto, o que
contribui para haver deslocamento da banda para região de maior energia.
140
Figura 121 - Monitoramento da variação espectral do complexo FOR0912 em solução 2%(v/v) MeCN
NaTFA pH 4,7 frente a luz azul ( =450 nm) por 180 min.
300 400 500 600 700
0,0
0,4
0,8A
bso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
392 420
Fonte: o autor.
Figura 122 - Monitoramento da variação espectral do complexo FOR0912A em solução 2%(v/v)
MeCN NaTFA pH 4,7 frente a luz azul ( =450 nm) por 180 min.
300 400 500 600
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
Abso
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
423384
Fonte: o autor.
Adicionalmente, como também já foi explicado tanto, o-fenantrolina,
quanto tiobenzamida, atual como -receptores frente a Ru(II). Então, uma vez
oxidados, devido à perda do elétron, a capacidade -receptora destes tende a
aumentar, o que contribuiria também para um aumento da energia da banda e
141
decréscimo do comprimento de onda da banda TCML. Esses fatores sustentam a
proposta de geração do aquocomplexo com o ligante oxidado, já que nos espectros
após irradiação (Figuras 121 e 122) surgem uma banda em torno de 420 nm,
comprimento de onda menor que os das bandas TCML dos clorocomplexos (Figura
123). Logo, a partir desses resultados, sugere-se a fotoliberação de óxido nítrico.
Figura 123 - Espectros, nas regiões do UV-Vis, dos compostos FOR0212 (preto) e FOR0212A (vermelho) em solução 2%(v/v) MeCN NaTFA pH 4,7.
300 400 500 600 700
0.0
0.2
0.4
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
5.2.3 Fotoliberação
Com o intuito de obter um indício mais consistente de liberação de óxido
nítrico, efetuou-se o ensaio com um reagente seletivo (scavenger) para NO e HNO:
2-(4-Carboxifenil)-4,4,5,5-tetrametilimidazol-1-oxi-3-óxido, simbolizado por cPTIO
(Figura 124).
Figura 124 - Estrutura do cPTIO, um supressor de NO/HNO.
Fonte: o autor.
De acordo com Uri Samuni, Bobko e colaboradores103, 104, cPTIO possui
bandas de absorção em 360 e 560 nm. Logo, ao se envolver em reações, é
142
esperado o decréscimo da intensidade dessas bandas: no caso da reação com NO
há também formação de uma banda em torno de 440 nm, característica do cPTI
(Figura 125); se cPTIO reage com HNO não há formação de bandas acima de 400
nm, característico do cPTI-H (Figura 126).
Figura 125 - Estrutura do cPTI, produto da reação entre cPTIO e NO.
Fonte: o autor.
Figura 126 - Estrutura do cPTI-H, produto da reação entre cPTIO e HNO.
Fonte: o autor.
O comportamento dos complexos FOR0912 e FOR0912A em presença
de cPTIO, após irradiação com LED azul ( = 450 nm) (Figuras 127 e 128,
respectivamente) ilustra que há diminuição da intensidade das bandas em 360 e 560
nm, ao passo que surge uma banda em torno de 440 nm. Com base no que foi
informado anteriormente, este dado é propositivo de reação entre cPTIO e óxido
nítrico. Assim, pode-se deduzir que ambos os nitrosilocomplexos são doadores de
óxido nítrico, o que reforça a potencialidade de aplicação destes compostos como
vasodilatador.
A proposta de fotoliberação de óxido nítrico é respaldada também pelos
dados computacionais obtidos por DFT, segundo os quais as transições eletrônicas
em 450 nm – mesmo comprimento de onda do Led usado experimentalmente –
envolvem transferência de carga de o-fenantrolina (FOR0912) ou tiobenzamida
(FOR0912A) para o grupo nitrosil (em ambos complexos), como pode ser visto nas
Tabelas 12 e 13.
Com base também nos cálculos computacionais, foi possível determinar a
diferença de energia entre os orbitais envolvidos na transição eletrônica, em 450 nm,
para FOR0912 e FOR0912A: 3,24 e 3,15 eV, respectivamente. Esses valores estão
143
em conformidade com o tempo de aparecimento da banda em 440 nm ser maior
para o complexo FOR0912 (45 min) que para o complexo FOR0912A (30 min).
Figura 127 - Monitoramento do perfil espectral do complexo FOR0912 (25 mol L-1) por 3h em
presença de cPTIO (150 mol L-1), a 25˚C, em diferentes tempos de irradiação com LED azul.
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
360
560
440
Fonte: o autor.
Figura 128 - Monitoramento do perfil espectral do complexo FOR0912A (25 mol L-1) por 3h em
presença de cPTIO (150 mol L-1), a 25˚C, em diferentes tempos de irradiação com LED azul.
300 400 500 600 700 800
0,0
0,2
0,4
0,6
0,8
1,0
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
360
440
560
Fonte: o autor.
Cabe também frisar que, para investigar se a liberação de óxido nítrico só
ocorria sob fotoindução, foi feito o ensaio nas mesmas condições citadas
144
anteriormente, contudo na ausência de luz (Figuras 129 e 130). Pôde-se notar que a
alteração de absorbância em 360 e 560 nm são insignificantes e não há formação de
banda em 440 nm. Posto isso, conclui-se que a liberação de óxido nítrico para este
composto, nessas condições, só ocorre sob fotoindução.
Figura 129 - Monitoramento do perfil espectral do complexo FOR0912 (25 mol L-1) por 3h em
presença de cPTIO (150 mol L-1), a 25˚C, na ausência de luz.
300 400 500 600 700 800
0.0
0.2
0.4
0.6
0.8
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
Figura 130 - Monitoramento do perfil espectral do complexo FOR0912A (25 mol L-1) por 3h em
presença de cPTIO (150 mol L-1), a 25˚C, na ausência de luz.
300 400 500 600 700 800
0.0
0.2
0.4
0.6
Ab
so
rbâ
ncia
Comprimento de onda (nm)
Fonte: o autor.
145
5.3 Dados biológicos
5.3.1 Ensaio de clivagem do DNA
As Figuras 131 e 132 ilustram o comportamento, após eletroforese no gel
de agarose, dos complexos em diferentes concentrações, frente ao DNA plasmídico
pBR 322, na ausência de luz e após irradiação de luz (LED azul; = 463 nm) por 30
min. A escolha do LED consistiu na proximidade entre o comprimento de onda do
mesmo e do máximo de absorbância de algumas bandas dos complexos (Tabelas 8
e 9).
Figura 131 - Eletroforese em gel de agarose (1%) dos clorocomplexos FOR0212 e FOR0212A em diferentes concentrações, frente ao DNA plasmídico pBR322, na ausência de luz (faixas 3 a 8) e após irradiação por 30 min com LED azul (faixas 9 a 14). DNA controles positivo (com luz) e negativo (sem
luz) nas faixas 1 e 2, respectivamente. Concentração em molL-1 (faixas): 5 (3 e 9), 10 (4 e 10), 20 (5
e 11), 40 (6 e 12), 60 (7 e 13) e 100 (8 e 14). 300 ng de DNA, 20molL-1 em pares de base.
Fonte: o autor.
Figura 132 - Eletroforese em gel de agarose (1%) dos nitrosilocomplexos FOR0912 e FOR0912A em diferentes concentrações, frente ao DNA plasmídico pBR322, na ausência de luz (faixas 3 a 8) e após irradiação por 30 min com LED azul (faixas 9 a 14). DNA controles positivo (com luz) e negativo (sem
luz) nas faixas 1 e 2, respectivamente. Concentração em molL-1 (faixas): 5 (3 e 9), 10 (4 e 10), 20 (5
e 11), 40 (6 e 12), 60 (7 e 13) e 100 (8 e 14). 300 ng de DNA, 20molL-1 em pares de base.
Fonte: o autor.
146
Ao comparar o perfil eletroforético do DNA controle com o das amostras
contendo o complexo FOR0212 (Figura 131), nota-se que, mesmo na ausência de
luz, o complexo, acima de 10 mol L-1, promove alteração no DNA, de modo a surgir
a forma 2, porém ainda se verifica a existência da forma I. Semelhantemente, ocorre
com o complexo FOR0212A a partir de 20 mol L-1. Antagonicamente, sob luz claro,
a clivagem ocorre a partir de 5 e 20 mol L-1 para FOR0212 e FOR0212A,
respectivamente, sem a existência da forma I. Isso significa que ambos compostos
clivam DNA fotoinduzidamente. Tendo em vista que ambos complexos possuem
bandas TCML do tipo *phen d(Ru) com valores de energia próximos da energia
da fonte de irradiação (LED azul – 463 nm), essa transferência de elétrons pode
induzir geração de radicais responsáveis pela clivagem do DNA.
Quanto à clivagem na ausência de luz, de acordo com NaiK e
colaboradores, esta é propiciada na presença de ácidos de Lewis.55 Uma vez que
cloreto não forma ligação tão forte com Ru(II), há possibilidade de saída deste
ligante e o metal, um centro ácido de Lewis, ser o promotor da clivagem.
No experimento com o composto FOR0912, foi observado também
clivagem no escuro a partir de 5 mol L-1. Posto que o ligante nitrosilo é um ligante
forte frente a Ru(II), pode-se propor que, neste caso, o centro ácido de Lewis é o
átomo de nitrogênio do grupo nitrosil. Assim, a princípio, esperar-se-ia um
comportamento semelhante para o composto FOR0912A, o que não é observado.
Essa distinção de resultados talvez se deva ao fato de que o pH em que há 50% de
conversão nitrosilo-nitrocomposto para o complexo FOR0912 é maior (8,0) do que o
pH das condições experimentais (pH = 7,4), ao passo que o do complexo
FOR0912A é menor (6,5) - Figuras 99 e 100. Portanto, neste caso, em pH 7,4 a
concentração de nitrosilocomplexo é bem menor que no experimento feito com
FOR0912. Logo, a clivagem via ataque ao grupo nitrosilo não é tão expressiva no
ensaio com FOR0912A.
Para as amostras submetidas à luz (faixas 9 a 14 – Figura 132), nota-se
que, até 40 mol L-1, as manchas vão se tornando cumpridas à medida que se
aumenta a concentração. Isso indica que os complexos estão interagindo fortemente
com o DNA e dificultando a migração do mesmo. Porém, a partir de 60 mol L-1, a
forma I é inexistente e há decréscimo das manchas. Daí, embora de modo menos
147
eficiente que os precursores, estes compostos também promovem clivagem
fotoinduzidamente.
Como há um ombro em 450 nm nos espectros dos nitrosilocomplexos,
que é atribuído à transferência de carga interligantes do tipo *(NO) (phen) e
*(NO) (Tbz) para os complexos FOR0912 e FOR0912A, respectivamente, há
possibilidade de se gerar NO e/ou HNO, sob luz. Nesse sentido, o ensaio de
clivagem na presença de supressores de radicais como estes (NO e/ou HNO) é
importante para desvendar o mecanismo de atuação dos compostos. Além disso,
como os complexos precursores, que possuem carga +1, clivam DNA mais
eficientemente que os respectivos nitrosilocomplexos, que possuem carga +3,
avaliar a influência da força iônica é uma informação relevante. Sendo a glutationa
um redutor, já conhecido, do grupo nitrosil,27, 32, 38 o comportamento eletroforético dos
compostos também foi avaliado na presença desta substância. Assim, para efetuar
esses ensaios, selecionaram-se as concentrações de 20 (precursores) e 60 mol L-1
(nitrosilocomplexos).
Como já foi relatado, uma das formas de promover clivagem de DNA é via
formação fotoinduzida de radicais – espécies reativas de oxigênio, de oxigênio e
nitrogênio, de carbono, entre outros105-107. Assim, no intuito de compreender como os
complexos em estudo promovem a clivagem do DNA sob luz – já que os melhores
resultados foram nessa condição –, avaliou-se o comportamento dos complexos
(Figuras 133 e 134) frente a alguns supressores de radicais: Mannitol, L-histidina,
TEMPO, SOD , cPTIO e DMSO, os quais são seletivos para os radicais descritos da
Tabela 24.
Tabela 24 - Radicais e seus respectivos supressores.
Supressor Radical Supressor Radical
Mannitol Hidroxila SOD Superóxido
L-Histidina Oxigênio singlete cPTIO NO, HNO
TEMPO Centrados no carbono DMSO Hidroxila
Fonte: o autor.
148
Figura 133 - Eletroforese em gel de agarose dos clorocomplexos FOR0212 e FOR0212A a 20 molL-
1, frente ao DNA plasmídico pBR322, na presença de supressores de radicais, sob luz. DNA controles positivo nas faixas 1; DNA + complexo nas faixas 2; com supressor (faixas): Manittol (3), L-histidina
(4), TEMPO (5), SOD (6), cPTIO (7) e DMSO (8). 300 ng de DNA, 20molL-1 em pares de base.
Fonte: o autor.
Figura 134 - Eletroforese em gel de agarose dos nitrosilocomplexos FOR0912 (faixas 2 a 8) e
FOR0912A (faixas 9 a 15) a 60 molL-1, frente ao DNA plasmídico pBR322, na presença de supressores de radicais sob luz. DNA controles positivo (com luz) nas faixa 1. DNA + complexo nas faixas 2 e 9. Supressor (faixas): Manittol (3 e 10), L-histidina (4 e 11), TEMPO (5 e 12), SOD (6 e 13),
cPTIO (7 e 14) e DMSO (8 e 15). 300 ng de DNA, 20molL-1 em pares de base.
Fonte: o autor.
Ao comparar as Figuras 131 e 133, percebe-se que, sob estímulo
fotoquímico e em presença de alguns supressores de radicais, não há inibição da
clivagem quando os complexos FOR0212 e FOR0212A estão em presença dos
supressores. Contudo, verificam-se manchas nas faixas 4 a 7 para o complexo com
tioureia (gel superior da Figura 133) e na faixa 7 do gel inferior. Essas manchas
indicam interação do composto com o DNA, de modo a dificultar a migração do
mesmo. Adicionalmente, baseando-se na Tabela 24, os complexos FOR0212 e
FOR0212A geram oxigênio singlete, radicais centrados no carbono e superóxido.
Esse resultado era esperado para os complexos sem o grupo NO, em analogia com
outros compostos semelhantes58. Entretando, posto que cPTIO é supressor seletivo
de NO e/ou HNO, não era esperado o resultado visto nas faixas 7, onde se nota
149
mais intensamente a mancha referente à forma II no gel contendo o complexo com
tioureia (gel superior - Figura 133) e uma mancha com arraste entre as formas I e II
no gel contendo o complexo com tiobenzamida (gel inferior - Figura 133). Tendo em
vista que cPTIO contém centro básicos de Lewis (Figura 124) e que cloreto não é
um ligante tão forte frente a Ru(II), pode-se propor que cPTIO se coordena a Ru(II),
gerando um complexo que dificulta a migração do DNA.
Quanto aos nitrosilocomplexos, comparando-se as Figura 132 e Figura
134, verifica-se que há inibição no caso das faixas 2, 6 a 8, 10 e 13 a 15 da Figura
134. Isso indica os complexos, sob luz visível, geram superóxido, radical hidroxila e
NO e/ou HNO. Contudo, não há relatos de que complexos desse tipo que gerem
radical hidroxila.
Visto que os precursores e os nitrosilocomplexos são catiônicos e que o
DNA possui carga negativa55, 108, a interação deste com os complexos pode ter uma
contribuição iônica significativa, o que pode interferir na habilidade de os complexos
clivarem o DNA. No intuito de checar essa informação, utilizaram-se soluções de
cloreto de sódio em uma concentração próxima daquela contida num meio externo a
uma célula em repouso109 – 150 mmolL-1 – e em outra bem maior.
Com base no resultado obtido, para todos os compostos há mudança
significativa do perfil eletroforético na presença de cloreto de sódio (Figura 135): os
complexos deixam de clivar na presença dos íons cloreto e sódio. Isto significa que
há comprometimento da interação do DNA, de natureza aniônica, com os
complexos, que são catiônicos, por conta da presença dos supracitados íons em
solução. Portanto, a contribuição iônica na clivagem do DNA é significativa, como
era esperado. Contudo, sabendo-se que os nitrosilocomplexos clivam menos
eficientemente o DNA pBR322 que os respectivos precursores, embora estes sejam
menos carregados que aqueles, a interação iônica não é suficiente para explicar a
diferença de habilidade das substâncias na clivagem de DNA. Provavelmente, a
interação de bases nitrogenadas com o metal, no caso dos complexos FOR0212 e
FOR0212A pode ser um mecanismo adicional para propiciar a estes compostos
maior eficiência na clivagem.
150
Figura 135 - Eletroforese em gel de agarose dos complexos FOR0212 (faixas 2 a 4),FOR0212A
(faixas 5 a 7) a 20 molL-1 e FOR0912 (faixas 8 a 10) e FOR0912A (faixas 11 a 13) a 60 molL-1, frente ao DNA plasmídico pBR322, na presença de cloreto de sódio 150 (faixas 3, 6, 9 e 12) e 450 mmolL-1 (faixas 4, 7, 10 e 13). DNA controle negativo (sem luz) na faixa 1. DNA e complexo nas faixas 2, 5, 8 e 11.
Fonte: o autor.
Tendo em vista que glutationa é um redutor biológico, avaliou-se o
comportamento dos complexos frente à mesma, na ausência de luz (Figura 136).
Para tanto, utilizou-se a concentração de 5 mmol L-1, que está na faixa de
concentração em que a mesma se encontra em meio biológico.
Figura 136 - Eletroforese em gel de agarose dos complexos FOR0212 (faixas 2 e 3), FOR0212A
(faixas 4 e 5) a 20 molL-1 e FOR0912 (faixas 6 a 8) e FOR0912A (faixas 9 a 11) a 60 molL-1, frente ao DNA plasmídico pBR322, na presença de GSH (faixas 3, 5, 7 e 9) e de GSH e cPTIO (faixas 8 e 11). DNA controle negativo (sem luz) na faixa 1. DNA e complexo nas faixas 2, 4, 6 e 9.
Fonte: o autor.
Com base na Figura 136, apenas o nitrosilocomplexo FOR0912 (faixa 6)
cliva DNA, o que era esperado conforme discutido a partir dos dados de testes de
concentração (Figuras 131 e 132). Na presença de glutationa e ausência de luz, não
há evidência de promoção de clivagem na presença dos compostos precursores
(faixas 3 e 5). Logo, embora já se esteja claro que esses compostos reagem com
GSH, muito provavelmente o produto formado e/ou os intermediários, já que a
reação como todo é lenta, não interagem com o DNA de modo a danificá-lo
estruturalmente.
Quanto aos nitrosilocomplexos, nota-se que para o complexo com tioureia
(faixa 7) não há alteração do perfil eletroforético, mas o complexo com tiobenzamida
promove clivagem na presença de GSH e ausência de luz (faixa 10); resultado este
esperado. Isso porque a literatura já reporta que essa classe de complexos é
151
reduzida pela glutationa, resultando na liberação de NO e/ou HNO11, 27, 38. Essa
informação, associada ao resultado obtido, sugere que NO e/ou HNO gerado
promove a clivagem do DNA, na ausência de luz. Além do que, na presença de GSH
e cPTIO, notou-se inibição da clivagem promovida pelo complexo FOR0912A. Isso
indica que o radical gerado pela reação entre o complexo e GSH – NO e/ou HNO –
reage com cPTIO, como já foi discutido, inibindo a clivagem. Isto evidencia que a
clivagem promovida por este complexo depende de um dos (ou dos dois) radicais:
NO e HNO.
No caso do complexo FOR0912, também não houve alteração no perfil
eletroforético na presença de GSH e cPTIO. Como já foi evidenciado, este complexo
não reage com cPTIO no escuro. Sendo assim, uma vez que não houve alteração
na presença apenas de GSH, o óxido nítrico (e/ou HNO) não deve ter sido gerado e,
portanto, não seria esperada alteração mediante cPTIO. Talvez, para este complexo
seja necessário um tempo de incubação maior para que óxido nítrico seja gerado a
partir de GSH e, por conseguinte, haver alteração na habilidade de clivar DNA.
5.3.2 Ensaio de vasodilatação
Com objetivo de avaliar a capacidade vasodilatadora dos complexos,
foram realizados ensaio de dilatação de anéis de aorta pré-contraídas com
fenilefrina (PE), em função da concentração dos complexos (Figuras 137 e 138). A
partir dessas curvas, obtiveram-se os dados de eficácia (efeito máximo – Emáx) e
potência (concentração necessária para 50% do efeito – EC50), ambos constantes
na Tabela 25. A quantidade de anéis de aorta é indicada entre colchetes nas Figuras
137 a 143.
Tabela 25 - Potência e eficácia dos complexos discutidos neste trabalho em comparação ao nitroprussiato de sódio.
Complexo EC50 (mol L-1) Emáx (%)
SNP 0,005 (0,002-0,012) 147,40 ± 10,40
FOR0212 2,16 (1,37-3,41) 29,10 ± 1,98
FOR0212A 2,80 (1,45 -5,41) 35,42 ± 5,20
FOR0912 0,329 (0,241 - 0,448) 131,94 ± 10,33
FOR0912A 1,20 (0,80 – 1,80) 142,40 ± 10,66
Fonte: o autor.
152
Figura 137 - Curva de dose-resposta dos complexos cis-[RuCl2(phen)2], FOR0212 e FOR0212A, em ensaios de vasodilatação de aortas de rato, em que [n] indica quantidade de anéis de aorta testados.
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% P
E)
[RuCl2(p h e n )2] [4 ]
Fonte: o autor.
Figura 138 – Curva de dose-resposta dos complexos FOR0912,
FOR0912A e nitroprussiato de sódio, em ensaios de vasodilatação de aortas de rato,
em que [n] indica quantidade de anéis de aorta testados.
- 9 - 8 - 7 - 6 - 5
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2 0
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S N P [7]
F O R 0 9 1 2 [5 ]
F O R 0 9 1 2 A [5 ]
D M S O [3 ]
lo g [c o m p o s to ]
Re
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to (
% P
E)
Fonte: o autor.
Ao avaliar as Figuras 137 e 138, nota-se que os nitrosilocomplexos
sintetizados neste trabalho dilataram os anéis de aorta numa intensidade maior que
o poder de contração da fenilefrina, tal como outros complexos doadores de óxido
153
nítrico 8, 39, 110, e em intensidade semelhante ao nitroprussiato de sódio.
Diferentemente, os clorocomplexos vasodilatam os anéis de aorta com baixa
intensidade, menor que a capacidade de contração da fenilefrina, o que inviabiliza o
investimento em mais estudos como potenciais metalovasodilatadores. No entanto,
o resultado obtido ilustra que, diferente do dimetilsufóxido, de algum modo, os
complexos promovem vasodilatação. Nesse sentido, cabe também frisar que o
complexo precursor cis-[RuCl2(phen)2] promoveu apenas 15% de vasodilatação à
concentração de 100 mol L-1, bem menos potente e a concentrações mais alta que
os complexos FOR0212 e FOR0212A, o que indica que há alguma influência da
tioureia e da tiobenzamida coordenadas, na ação vasodilatadora.
De acordo com Deponte, ariltioamidas reagem com glutationa reduzida72,
um redutor biológico presentes nas células95, produzindo ácido sulfídrico, um agente
vasodilatador72. Estas informações podem ser úteis para entender os resultados
obtidos para o composto FOR0912A e, quiçá, aqueles para o composto FOR0912.
Devido aos resultados promissores com os compostos doadores de óxido
nítrico, foi avaliada a capacidade vasodilatora dos mesmos frente a 1H-
[1,2,4]oxadiazol[4,3-a]quinoxalinona (ODQ - Figura 139), o qual oxida o átomo de
Fe(II) do grupo heme da guanilato ciclase solúvel, inativando-a17, e N-nitro-L-
argininametilester (L-NAME - Figura 140), um inibidor da óxido nítrico sintetase111
(Figuras 141 a 143).
154
Figura 139. Estrutura do 1H-[1,2,4]oxadiazol[4,3-a]quinoxalinona, um inativador do
grupo heme.
Fonte: o autor.
Figura 140. Estrutura do N-nitro-L-argininametilester (L-NAME), um inibidor da enzima óxido nítrico sintetase.
Fonte: o autor.
155
Figura 141 - Curva de dose-resposta dos complexos FOR0912 e FOR0912A, em ensaios de vasodilatação de aortas de rato, na presença de ODQ, em que [n] indica quantidade de anéis de aorta testados.
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F O R 0 912 [5 ]
F O R 0 912 + O D Q 1 0 u M [4 ]
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% P
E)
F O R 0 9 1 2A [5 ]
F O R 0 9 1 2A + O D Q 1 0 u M [4 ]
Fonte: o autor.
Figura 142 - Curva de dose-resposta do complexo FOR0912, em ensaio de vasodilatação de aorta de rato, na presença de L-NAME, em que [n] indica quantidade de anéis de aorta testados.
- 9 - 8 - 7 - 6 - 5
0
2 0
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F O R 0 912 [5 ]
F O R 0 912 + L -N A M E 1 0 u M [5 ]
F O R 0 912 + L -N A M E 1 0 0 u M [7 ]
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Re
lax
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to (
% P
E)
Fonte: o autor.
156
Figura 143 - Curva de dose-resposta do complexo FOR0912A, em ensaio de vasodilatação de aorta de rato, na presença de L-NAME, em que [n] indica quantidade de anéis de aorta testados.
- 9 - 8 - 7 - 6 - 5
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1 6 0 F O R 0 91 2A [5 ]
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Re
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(%
PE
)
F O R 0 91 2A + L -N A M E 1 0u M [3 ]
F O R 0 91 2A + L -N A M E 1 00 u M [5 ]
Fonte: o autor.
Tabela 26 - Potência e eficácia dos nitrosilocompostos frente a ODQ e a L-NAME.
Frente a
FOR0912 FOR0912A
EC50 (molL-1) Emáx EC50 (molL-1) Emáx
L-NAME
10 molL-1
1,68 87,25 ± 8,16 1,08 142,40 ±
10,66
L-NAME
100 molL-1
1,48 100,92 ±
15,10
1,15 131,85 ±
12,15
ODQ
10 molL-1
2,50 35,04 ± 2,31 1,62 37,24 ± 6,20
Fonte: o autor.
Comparando-se as curvas obtidas na ausência e na presença de ODQ, é
nítido o decréscimo da potência de ambos compostos. Isto significa que a ação
vasodilatora dos mesmos diminui quando o grupo heme é oxidado. Posto isso, a
dilatação da aorta, promovida pelos dois complexos em questão, é dependente da
integridade química do referido grupo presente na enzima guanilato ciclase solúvel.
A oxidação do grupo heme inviabiliza a ativação da enzima pelo NO.17
Analogamente, é notável um decréscimo de potência do composto
FOR0912 na presença de L-NAME em relação ao experimento sem L-NAME. Isto
sugere que a atuação do complexo é dependente da produção endógena de óxido
157
nítrico. Entretanto, este comportamento não é observado para FOR0912A, o qual
não apresenta alterações significativas de potência frente ao inibidor da enzima
óxido nítrico sintetase. Portanto, infere-se que a vasodilatação promovida pelos
compostos ocorre por mecanismos distintos. Além disso, o fato de a atuação do
complexo FOR0912 ser dependente também da produção endógena de óxido nítrico
pode contribuir para a EC50 deste (329 nmolL-1) ser um pouco mais de quarto da
EC50 do FOR0912A (1,20 molL-1) (Tabela 25).
5.3.3 Citotoxicidade
A citotoxicidade dos complexos contendo o grupo nitrosil foi avaliada
frente às linhagens de células de glioblastoma humano (GBM02 e U87), sendo a
última linhagem a comercial.
Com base nos resultados ilustrados nas Figuras 144 a 151, sem a adição
de GSH, após 48 h, os complexos (acima de 100 e 50 μmol L-1 para os complexos
FOR0912 e FOR0912A, respectivamente) exibiram efeito citotóxico, diminuindo em
mais da metade a viabilidade celular da linhagem GBM02. Embora a citotoxicidade
seja aparentemente baixa, esses valores assemelham-se ao do agente
quimioterapêutico usado no tratamento contra algumas linhas celulares de
glioblastoma, a temozolomida (U87, IC50 = 172 mol L-1)112. Frente à linhagem U87,
após 24 e 48h de tratamento, o efeito citotóxico é moderado ou não há efeito.
Com a adição de GSH, todavia o efeito citotóxico é praticamente ao
máximo, seja com 24 ou 48 h de tratamento, com ambas linhagens, a partir de 50
mol L-1. Para a linhagem U87, porém, há aumento da viabilidade celular a partir de
100 e 150 mol L-1, em presença de FOR0912A após 48 h e FOR0912 após 24 h,
respectivamente. Estes resultados são bastante promissores uma vez que os
compostos promovem morte da quase totalidade das células tumorais, na presença
de um redutor biológico, em uma concentração na qual ele pode estar presente no
organismo humano. Portanto, ambos compostos são potenciais agentes anticâncer.
158
Figura 144 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano GBM02 sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 24 h de adição do complexo FOR0912 em diferentes concentrações. [GSH] no poço = 5 mmol L-1.
Fonte: o autor.
Figura 145 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano GBM02 sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 24 h de adição do complexo FOR0912A em diferentes concentrações. [GSH] no poço = 5 mmol L-1.
Fonte: o autor.
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Figura 146 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano U87 sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 24 h de adição do complexo FOR0912 em diferentes concentrações. [GSH] no poço = 5 mmol L-1.
Fonte: o autor.
Figura 147 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano U87 sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 24 h de adição do complexo FOR0912A em diferentes concentrações. [GSH] no poço = 5 mmol L-1.
Fonte: o autor.
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Figura 148 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano GBM02 sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 48 h de adição do complexo FOR0912 em diferentes concentrações. [GSH] no poço = 5 mmol L-1.
Fonte: o autor.
Figura 149 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano GBM02 sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 48 h de adição do complexo FOR0912A em diferentes concentrações. [GSH] no poço = 5 mmol L-1.
Fonte: o autor.
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Figura 150 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano U87 sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 48 h de adição do complexo FOR0912 em diferentes concentrações. [GSH] no poço = 5 mmol L-1.
Fonte: o autor.
Figura 151 – Viabilidade celular da linhagem de glioblastoma humano U87 sem adição (preto) e com adição de GSH (cinza), após 48 h de adição do complexo FOR0912A em diferentes concentrações. [GSH] no poço = 5 mmol L-1.
Fonte: o autor.
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)
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(%)
162
6. CONCLUSÕES
A partir dos procedimentos de síntese descritos neste trabalho, dos dados
de espectroscopia de ressonância magnética nuclear (1H e 13C) e nas regiões do IV
e UV-Vis, dos resultados de voltametria, espectrometria de massa e de análise
elementar, aliados ao cálculos computacionais por DFT e DFT-TD, os sólidos
sintetizados possuem formulação cis-[Ru(phen)2Cl(TBz)]PF6 . H2O e cis-
[Ru(phen)2(NO)(L)](PF6)3 H2O, em que L= tioureia ou tiobenzamida, e estes se
coordenam ao átomo de Ru(II) via átomo de enxofre.
Em pH 8,0 e 6,5, há 50% de conversão nitrosilo-nitrocomplexo para os
compostos com Tu e TBz, respectivamente. Os nitrosilocomplexos apresentaram
fotorreatividade: com luz azul, liberaram NO sob estímulo fotoquímico e clivaram o
DNA plasmidial pBR322. Além disso, exibiram atividade citotóxica frente a células de
glioblastoma humano (GBM02 e U87) em excesso de GSH por 24 e 48 h, e
vasodilatadora em anéis de aorta de rato Wistar, demonstrando dependência do
grupo heme.
Os complexos precursores, tal como o complexo cis-
[Ru(phen)2(NO)(Tu)]3+, também clivaram DNA na ausência de luz e fotoclivam DNA
a concentrações mais baixas que os respectivos nitrosilos, mas não foram
vasodilatores potentes (entre 30 e 40%). Todos os complexos reagiram com GSH e
L-cisteína, indicando que estes tióis interagem com o fragmento L dos compostos.
Os produtos da reação dos nitrosilocomplexos com GSH e L-cisteína apresentaram
espectros semelhantes, tal como o produto da reação destes tióis com o complexo
cis-[Ru(phen)2Cl2].
163
7. PERSPECTIVAS
Tem-se como perspectiva publicar um artigo que contemple a síntese e a
caracterização dos clorocomplexos, tal como a reatividade destes e dos
nitrosilocomplexos frente a GSH e L-cisteína. Para tanto, é necessário: i) purificar o
complexo com tioureia; ii) obter indícios de formação de ácido sulfídrico após reação
dos ligantes e dos complexos com GSH e L-cisteína; iii) concluir ensaios de
reatividade com L-cisteína; iv) efetuar ensaio de citotoxicidade com os ligantes e os
clorocomplexos.
Além do que foi relatado nesta tese, a síntese do complexo cis-
[Ru(phen)2(SO3)(NO)]+ foi realizada, necessitando checar pureza e concluir
caracterização. A partir daí, encaminhar o mesmo para ensaios biológicos.
164
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APÊNDICE A – CURVAS DE ABSORBÂNCIA EM FUNÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DO COMPLEXO FOR0212
Figura 1. Curva para absorbância em 222 nm. Equação da reta: A = 5,37 .104 C + 0,039. R2 = 0,9984.
13 14 15 16 17 18 19
0.70
0.75
0.80
0.85
0.90
0.95
1.00
1.05
Ab
so
rbâ
ncia
Concentração (mol L-1
)
Fonte: o autor.
Figura 2. Curva para absorbância em 268 nm. Equação da reta: A = 5,93 .104 C + 0,058. R2 = 0,9989.
12.5 13.0 13.5 14.0 14.5 15.0 15.5 16.0 16.5
0.80
0.85
0.90
0.95
1.00
1.05
Ab
so
rbâ
ncia
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
175
Figura 3. Curva para absorbância em 290 nm. Equação da reta: A = 1,78 .104 C + 0,144. R2 = 0,9979.
32.0 34.0 36.0 38.0 40.0 42.0 44.0
0.70
0.75
0.80
0.85
0.90
0.95
Ab
so
rbâ
ncia
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
Figura 4. Curva para absorbância em 319 nm. Equação da reta: A = 3,22 .103 C + 0,141. R2 = 0,9948.
200.0 220.0 240.0 260.0
0.75
0.80
0.85
0.90
0.95
1.00
Ab
so
rbâ
ncia
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
176
Figura 5. Curva para absorbância em 469 nm. Equação da reta: A = 9,66 .103 C – 0,085. R2 = 0,9995.
80.0 85.0 90.0 95.0 100.0
0.70
0.75
0.80
0.85A
bso
rbâ
ncia
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
177
APÊNDICE B – CURVAS DE ABSORBÂNCIA EM FUNÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DO COMPLEXO FOR0212A
Figura 1. Curva para absorbância em 225 nm. Equação da reta: A = 7,07 .105 C + 0,053. R2 = 0,9904.
Fonte: o autor.
6.8x10-7
7.2x10-7
7.6x10-7
8.0x10-7
8.4x10-7
0.54
0.56
0.58
0.60
0.62
0.64A
bso
rbâ
ncia
Concentração (mol L-1)
Figura 2. Curva para absorbância em 266 nm. Equação da reta: A = 9,02 .105 C + 0,054. R2 = 0,9999.
6.8x10-7
7.2x10-7
7.6x10-7
8.0x10-7
8.4x10-7
0.68
0.70
0.72
0.74
0.76
0.78
0.80
0.82
Abso
rbâ
ncia
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
178
Figura 3. Curva para absorbância em 289 nm. Equação da reta: A = 4,03 .104 C - 0,039. R2 = 0,9985.
1.8x10-5
1.9x10-5
2.0x10-5
2.1x10-5
2.2x10-5
2.3x10-5
0.70
0.75
0.80
0.85
0.90
Abso
rbân
cia
Concentração (mol L-1
)
Fonte: o autor.
Figura 4. Curva para absorbância em 319 nm. Equação da reta: A = 4,37 .103 C + 0,025. R2 = 0,9940.
1.2x10-4
1.3x10-4
1.4x10-4
1.5x10-4
1.6x10-4
1.7x10-4
1.8x10-4
0.55
0.60
0.65
0.70
0.75
0.80
Abso
rbân
cia
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
179
Figura 5. Curva para absorbância em 455 nm. Equação da reta: A = 1,33 .104 C + 0,085. R2 = 0,9989.
5.7x10-5
6.0x10-5
6.3x10-5
6.6x10-5
6.9x10-5
0.84
0.88
0.92
0.96
1.00A
bso
rbâ
ncia
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
180
APÊNDICE C – CURVAS DE ABSORBÂNCIA EM FUNÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DO COMPLEXO FOR0912
Figura 1. Curva para absorbância em 223 nm. Equação da reta: A = 7,44 .104 C + 0,006. R2 = 0,9999.
7.0x10-6
8.0x10-6
9.0x10-6
1.0x10-5
1.1x10-5
1.2x10-5
1.3x10-5
0.5
0.6
0.7
0.8
0.9
Abso
rvân
cia
(u.a
.)
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
Figura 2. Curva para absorbância em 268 nm. Equação da reta: A = 6,07 .104 C + 0,020. R2 = 0,9996.
7.0x10-6
8.0x10-6
9.0x10-6
1.0x10-5
1.1x10-5
1.2x10-5
1.3x10-5
0.4
0.5
0.6
0.7
0.8
Abso
rbân
cia
(u.a
.)
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
181
Figura 3. Curva para absorbância em 357 nm. Equação da reta: A = 3,65 .103 C + 0,037. R2 = 0,9951.
1.0x10-4
1.2x10-4
1.4x10-4
1.6x10-4
1.8x10-4
2.0x10-4
0.4
0.5
0.6
0.7
Abso
rbân
cia
(u.a
.)
Concentração (mol L-1
)
Fonte: o autor.
182
APÊNDICE D – CURVAS DE ABSORBÂNCIA EM FUNÇÃO DA
CONCENTRAÇÃO DO COMPLEXO FOR0912A
Figura 1. Curva para absorbância em 225 nm. Equação da reta: A = 5,40 .104 C + 0,117. R2 = 0,9883.
1.4x10-5
1.5x10-5
1.6x10-5
1.7x10-5
1.8x10-5
1.9x10-5
0.85
0.90
0.95
1.00
1.05
1.10
Abso
rbâ
ncia
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
Figura 2. Curva para absorbância em 269 nm. Equação da reta: A = 4,05 .104 C + 0,108. R2 = 0,9935.
1.4x10-5
1.6x10-5
1.8x10-5
2.0x10-5
2.2x10-5
0.65
0.70
0.75
0.80
0.85
0.90
0.95
1.00
Abso
rbân
cia
Concentração (mol L-1)
Fonte: o autor.
183
Figura 3. Curva para absorbância em 357 nm. Equação da reta: A = 2,35 .103 C + 0,022. R2 = 0,9941.
2.2x10-4
2.4x10-4
2.6x10-4
2.8x10-4
0.69
0.72
0.75
0.78
0.81
0.84
0.87
Concentração (mol L-1)
Abso
rbân
cia
(u.a
.)
Fonte: o autor.