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UNIVERSIDADE FEDERAL DO CEARÁ
FACULDADE DE ECONOMIA, ADMINISTRAÇÃO, ATUÁRIA E CONTABILIDADE.
CURSO DE MESTRADO PROFISSIONAL EM CONTROLADORIA
LARISSA SEPÚLVEDA DE ANDRADE
GESTÃO DE CUSTOS COMO INSTRUMENTO DE CONCORRÊNCIA POTENCIAL
NAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS – UM
ESTUDO DE CASO.
FORTALEZA-CEAGOSTO/2007
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1
LARISSA SEPÚLVEDA DE ANDRADE
GESTÃO DE CUSTOS COMO INSTRUMENTO DE CONCORRÊNCIA POTENCIAL
NAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS – UM
ESTUDO DE CASO.
Dissertação apresentada ao Curso deMestrado Profissional em Controladoria daUniversidade Federal do Ceará, comorequisito a obtenção do título de Mestreem Controladoria.Orientador: Prof. Dr. Francisco de AssisSoares.
FORTALEZA-CEAGOSTO/2007
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LARISSA SEPÚLVEDA DE ANDRADE
GESTÃO DE CUSTOS COMO INSTRUMENTO DE CONCORRÊNCIA POTENCIAL
NAS EMPRESAS DE TRANSPORTE RODOVIÁRIO DE PASSAGEIROS – UM
ESTUDO DE CASO.
Dissertação submetida à coordenação do Mestrado Profissional emControladoria, da Universidade Federal do Ceará, como requisito para obtençãodo título de Mestre em Controladoria.
Fortaleza-CE, ______/______/______
COMISSÃO EXAMINADORA
___________________________________Prof. Dr. Francisco de Assis SoaresUniversidade Federal do CearáOrientador
___________________________________Profª. Drª. Mônica Cavalcanti Sá deAbreuUniversidade Federal do CearáCo-Orientadora
___________________________________Profª. Drª. Sandra Maria dos SantosUniversidade Federal do CearáMembro Interno
___________________________________Profª. Drª. Raffaella Maria Duarte LisbôaMotaTribunal Regional do TrabalhoPesquisadora do CAENMembro Externo
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A Deus, por tudo.E aos meus pais, por seremmeu exemplo de vida.
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AGRADECIMENTOS
A Deus, que me ilumina, protege-me e está sempre junto a mim em todosos momentos da minha vida;
Aos meus pais, Aderson e Lita, as minhas irmãs Lara e Laiana e ao meucunhado Guilherme, pelo amor e apoio incondicional;
As minhas grandes amigas Cristiana e Claudiana, pelo incentivo, carinhoe companheirismo nessa caminhada;
Ao meu noivo Edivan, pelo amor, compreensão e apoio em todos osmomentos;
Ao meu orientador, Professor Chico Soares, pela confiança, incentivo epaciência no decorrer dessa jornada;
Aos professores, coordenadores e funcionários do MestradoProfissional em Controladoria, em especial, as professoras Sandra Santos eMônica Abreu, pela amizade, ajuda e compreensão;
A professora Drª. Raffaella Mota, pela atenção e contribuição dada;
Aos colegas do LECOS, Nicolas e Franklin, pela amizade e pela grandeajuda;
Ao Prof. Josimar Alcântara, coordenador da Faculdade Santo Agostinho,pelo apoio e pela compreensão em todos os momentos;
E, em especial, aos diretores e funcionárias da empresa, fonte destapesquisa, pela grande ajuda e contribuição.
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A Glória da amizade não é a mão
estendida, nem o sorriso carinhoso, nem
mesmo a delícia da companhia. É a
inspiração espiritual que vem quando
você descobre que alguém acredita e
confia em você.
Ralph Waldo Emerson (1803-1882)
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6
RESUMO
A prestação de serviços de transporte rodoviário interestadual de passageiros,principal meio de integração regional da população brasileira, é responsável pelodeslocamento superior a 140 milhões de pessoas por ano. Os serviços sãoprestados por empresas privadas, dentro de um marco regulatório de âmbitonacional. Objetiva-se nesta pesquisa avaliar a contribuição da gestão de custoscomo força estratégica essencial para a sustentabilidade da empresa diante daconcorrência. Utilizaram-se os fundamentos do modelo de estrutura, conduta edesempenho, com a presença de regulação no mercado, para analisar aconcorrência potencial. Destaca-se como elementos da estrutura a composição doscustos e a diferenciação. Como elemento de conduta, sobressai a gestão de custosno contexto da política tarifária da agência reguladora. Empiricamente, faz-se umestudo de caso único de uma empresa do Piauí, que se inicia com uma pesquisaexploratória por meio de entrevista com os gestores e se consolida com análisequantitativa da estrutura de custos da empresa em confrontação com a estruturatarifária média nacional recomendada pela agência reguladora. Os resultadosmostram forte divergência entre os parâmetros da empresa e a média nacional.Mostra ainda que a diferenciação na prestação dos serviços é muito utilizada pelaempresa como estratégia competitiva, fato não constatado para a gestão de custos.Conclui-se que a empresa não dispõe da gestão de custos como estratégiaimportante para enfrentar os concorrentes potenciais, e, por isso, mostra fragilidadecompetitiva de longo prazo.
Palavras-chave: Transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros,transporte no Piauí, regulação, competitividade potencial, gestão de custos.
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7
ABSTRACT
Brazil’s major means of regional integration, the interstate’s highway system ofpassenger transportation service delivery is responsible for the dislocation of over140 million travelers each year. The services are provided by private corporationsfollowing nation wide regulatory guidelines. The paper aim is to evaluate costmanagement’s contribution as an essential strategic force towards the company’ssustainability when facing the competition. It utilizes the fundamental of the structure,conduct and performance model with the presence of market regulations andregulatory enforcement, to analyze the potential competition. Cost composition anddifferentiation appears as structural elements. Cost management, concerning theregulatory agency’s tax policy, stands out as an element of conduct. Empirically, aunique case study was done for a company in Piauí, it started with an exploratoryresearch done through in-depth personal interviews with managers and itconsolidated with a quantitative analysis of the cost structure of the company inconfrontation with the national average tax structure recommended by the regulatoryagency. The results show strong divergence between the companies’ parametersand the national average’s. It also shows that service delivery differentiation is highlyutilized by the company as competitive strategy, fact not contemplated in costmanagement. It concludes that the company doesn’t exploit const management asan important strategy to engage with potential competitors, thus, shows long termcompetitive fragility.
Key-words: Interstate and International Highway System of PassengerTransportation, Transportation in Piauí, Regulation, Competitive Potential, CostManagement.
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LISTA DE FIGURAS
FIGURA 1 Paradigma Estrutura- Conduta-Performance.......................................39
FIGURA 2 Estrutura, Conduta e Desempenho no Setor de Transportes...............41
FIGURA 3 Forças Competitivas: concorrentes, entrantes e substitutos................43
FIGURA 4 Condutores de custos...........................................................................53
FIGURA 5 Contabilidade de custo como centro processador deinformações...............................................................................................................61
FIGURA 6 Estrutura Organizacional da Empresa Alfa.........................................100
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LISTA DE QUADROS
QUADRO 1 Componentes e pesos para fórmula paramétrica...............................91
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LISTA DE TABELAS
TABELA 1 Resumo geral dos dados operacionais – 2001, 2002,2003, 2004 e 2005...............................................................................26
TABELA 2 Receita operacional líquida e subvenções das empresas detransporte rodoviário, aéreo e ferroviário/meroviário com 20 oumais pessoas ocupadas, segundo os produtos/serviços prestados –2003-2004.............................................................................................27
TABELA 3 Receita operacional líquida e subvenções das empresas detransporte rodoviário com 20 ou mais pessoas ocupadas,segundo os produtos/serviços prestados - 2003-2004.........................29
TABELA 4 Tabela comparativa entre os preços de passagem do transporte aéreoe dorodoviário..............................................................................................31
TABELA 5 Comparativo entre o movimento de passageiros do transporte aéreo eo do rodoviário de natureza interestadual e internacional,entre as cidade de S.Paulo, R. de Janeiro, Brasília e B.Horizonte.......32
TABELA 6 Transporte de passageiros, viagens e distância percorrida em cadaunidade da federação- ano ..................................................................34
TABELA 7 Empresas Permissionárias de Transporte Rodoviário de PassageirosInterestadual no Piauí...........................................................................35
TABELA 8 Evolução do transporte de passageiros e viagens realizadas noEstado do Piauí, nos anos de 2001 a 2005..........................................36
TABELA 09 Planilha para levantamento do custo da prestação dos serviços detransporte rodoviário interestadual e internacional depassageiros............................................................................................82
TABELA 10 Cálculo do coeficiente tarifário autorizado em 09/07/2006- TransporteInterestadual e Internacional de Passageiro..........................................87
TABELA 11 Dados Operacionais e cálculo do coeficiente aprovado.........................88
TABELA 12 Evolução dos Coeficientes tarifários.......................................................89
TABELA 13 Custos para formação de tarifas do transporte rodoviário interestadualde passageiros 2001/2005.................................................................110
TABELA 14 Parâmetros Operacionais dos Cálculos Tarifários............................110
TABELA 15 Custos anuais referentes à prestação de serviços da empresaAlfa 2001/2005................................................................................. 113
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TABELA 16 Dados Operacionais da empresa Alfa................................................114
TABELA 17 Custos anuais por quilômetro referentes à prestação de serviços daempresa Alfa 2001/2005.....................................................................115
TABELA 18 Comparação entre o coeficiente estabelecido pela ANTT e o coeficientecalculado da empresa Alfa..................................................................116
TABELA 19 Custos anuais por quilômetro considerando os parâmetros fornecidospela ANTT..........................................................................................118
TABELA 20 Comparação entre o coeficiente estabelecido pela ANTT e o coeficientecalculado para a empresa Alfa............................................................119
TABELA 21 Variação percentual dos custos anuais por quilômetro da empresa Alfautilizando o Percurso Médio Anual e o índice de aproveitamentoestabelecido pela ANTT para o cálculo tarifário e os custosestabelecidos pelaANTT...................................................................................................120
TABELA 22 Crescimento percentual dos custos anuais referentes à prestação dosserviços da empresa Alfa....................................................................121
TABELA 23 Comparação entre os custos unitários fornecidos pela ANTT, daempresa Alfa, com os parâmetros reais e da empresa Alfa com osparâmetros da média nacional............................................................122
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LISTA DE APÊNDICES
Anexo 1 Estrutura da entrevista realizada junto à diretoria da empresa Alfa...145
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ANTT Agência Nacional de Transporte Terrestre
ANP Agência Nacional de Petróleo
DI Disponibilidade Interna
DNIT Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transporte
DNER Departamento Nacional de Estradas e Rodagens
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
IPA Índice de Preço ao Atacado
IPC Índice de preço ao Consumidor
IPCA Índice de Preço ao Consumidor Amplo
FGV Fundação Getúlio Vargas
TRP Transporte Rodoviário de Passageiros
UENs Unidade Estratégica de Negócios
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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO1.1 Justificativa...................................................................................................141.2 Problema......................................................................................................191.3 Pressupostos................................................................................................191.4 Objetivos
1.4.1 Objetivo Geral....................................................................................191.4.2 Objetivos específicos.........................................................................20
1.5 Metodologia..................................................................................................201.6 Estrutura do trabalho....................................................................................23
2 EVOLUÇÃO RECENTE DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS NO BRASIL..252.1 A evolução do transporte por ônibus no Brasil.............................................252.2 O comportamento do Transporte Rodoviário de passageiros no Piauí........33
3 GESTÃO DE CUSTOS COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVA EM MERCADOSREGULADOS.......................................................................................................37
3.1 Competitividade em mercado regulado........................................................373.2 Construindo uma vantagem competitiva sustentável...................................463.3 O custo como vantagem competitiva...........................................................503.4 Gestão de custos..........................................................................................593.5 Gestão de custos nas empresas de transporte rodoviário ..........................65
4 ANTT E SUA POLÍTICA TARIFÁRIA ..................................................................714.1 Serviços de transporte rodoviário de passageiros: Aspectos regulatórios...714.2 Formação, reajuste e revisão de tarifas dos serviços de transporte
rodoviário de passageiros............................................................................784.3 Nova fórmula paramétrica para reajuste......................................................904.4 Avaliação da planilha tarifária.......................................................................94
5 ANÁLISE DA GESTÃO DE CUSTOS DA EMPRESA ALFA................................985.1 Estratégias competitivas da empresa...........................................................99
5.1.1 A empresa e sua atividade.........................................................995.1.2 Identificação de condutores de custos.....................................1015.1.3 Formação do preço de venda e estratégias competitivas........1035.1.4 Utilização de sistemas de gestão de custos e apuração de
resultados.................................................................................1055.1.5 Desempenho da empresa no mercado....................................1075.1.6 Considerações complementares..............................................108
5.2 Estrutura de custos: ANTT versus Empresa Alfa................................109
6 CONCLUSÃO.....................................................................................................124REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS...................................................................128APÊNDICES.......................................................................................................133
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15
1 INTRODUÇÂO
1.1 JUSTIFICATIVA
O transporte rodoviário de passageiros no Brasil é um serviço público
essencial responsável por uma movimentação superior a 140 milhões de
usuários/ano, conforme a Agência Nacional de Transporte Terrestre, neste trabalho
representada pela sigla ANTT. (2005). O grau de importância desse serviço pode ser
medido quando se observa que o transporte rodoviário por ônibus é a principal
modalidade de movimentação coletiva de usuários que promove a integração
regional, nacional e internacional da população.
Este serviço é praticado quase totalmente por empresas privadas, legalmente
constituídas para tal fim, cuja outorga é efetuada por meio de licitação pública para a
exploração de cada linha, concebida pelo poder público por se tratar de um serviço
de interesse coletivo da população (ANTT, 2007).
Entre as atividades do setor de transporte, situa-se o transporte rodoviário
interestadual e internacional de passageiros, definido como serviço exclusivo da
União, disposto na Constituição Federal de 1988, o que impõe ao Estado a
responsabilidade da regulação do mercado, de modo a garantir a existência de
condições competitivas favoráveis ao aumento da eficiência econômica das
empresas, na oferta dos serviços (MARTINS, F. 2004).
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16
O planejamento e a fiscalização das atividades de transporte rodoviário
existem desde a década de 70, e é do Departamento Nacional de Estradas e
Rodagens-DNER a responsabilidade pelas instruções, regulações e licitações. Em
2001, com o intuito de promover a melhoria dos serviços, foi criada a Agência
Nacional de Transporte Terrestre (ANTT), para a qual foi transferida a competência
pela outorga de permissão e de autorização para a operação desses serviços, além
da responsabilidade pela regulação, melhoria dos serviços e pela redução dos
custos aos usuários do transporte rodoviário de passageiros.
Os coeficientes tarifários e a metodologia para o cálculo e reajuste das tarifas
cobradas pelas empresas de transporte rodoviário de passageiros são definidos pela
ANTT e aprovados pelo Ministério dos Transportes, que buscam manter o controle
dos preços e evitar a prática de fixação de preços abusivos.
Nesse sentido,
[...] a regulação de preços é uma das tarefas principais do regulador,pois relaciona-se diretamente com o excedente econômico e suadistribuição. As regras tarifárias são formadas de maneira a conciliar ointeresse dos consumidores e da firma reguladora (ARAÚJO 1997,apud PINTO Jr; SIVEIRA, 1999).
Para o cálculo do coeficiente tarifário, a ANTT se utiliza de uma planilha que
contempla custos, gastos, remunerações e desempenho operacional, enviadas
periodicamente pelas empresas permissionárias do serviço. Esses coeficientes
tarifários são determinados por quilometragem e de acordo com cada tipo de veículo
e piso (estrada). Os valores tarifários são os mesmos para todo o País. Porém, a
estrutura de custos, despesas e demanda dos serviços variam de acordo com cada
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região. Isto leva as empresas a utilizarem estratégias diferenciadas no planejamento
de seus lucros.
A regulação do setor cria barreiras à entrada para possíveis entrantes, porém
as mudanças na estrutura econômica e política do País trouxeram profundas
alterações no ambiente setorial dos transportes rodoviários de passageiros. A
atratividade do mercado possibilitou o aumento de produtos substitutos. Segundo
Castro (2003), o impacto do crescimento da concorrência intermodal (transporte
aéreo e terrestre) provocou uma redução significativa da demanda do transporte
rodoviário de passageiros. Essa concorrência reduziu o número de passageiros que
utilizam os serviços de transporte rodoviário e conseqüentemente reduziu o
faturamento obtido pelas empresas.
Por sua vez, as empresas de transporte rodoviário de passageiros encontram
dificuldades para vencer essa concorrência que leva à busca de uma postura
estratégica que se torna fundamental para as empresas permanecerem atuantes no
mercado. Para Pagnani (2000), a postura estratégica da empresa deve considerar a
competência organizacional ao monitorar com habilidade a dinâmica da estrutura da
concorrência, visando obter desempenhos (benefícios) superiores à média dos
concorrentes. Uma vez identificadas as forças que afetam a competição em um setor
e suas causas básicas, pode-se identificar o vigor e as fraquezas da empresa em
relação ao mercado (PORTER, 1989).
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Na busca por uma estratégia competitiva, a gestão baseada em valor, os
preços e os custos constituem os pilares dos benefícios organizacionais (MAITAL,
1996, apud PAGNANI, 2000). No setor de transportes, o valor será determinado
pelos serviços oferecidos pelas empresas e a estrutura tarifária é limitada pela
regulação do setor e definida em função da oferta desses serviços. Desse modo, a
criação de valor provocaria um aumento nos custos da empresa. Assim, a criação de
uma vantagem competitiva através da redução dos custos seria a melhor alternativa
para as empresas desse setor.
Uma estrutura de custos relativamente baixa em relação aos concorrentes
proporciona à empresa uma vantagem financeira que pode ser repassada aos
clientes, através da geração de valor por meio de benefícios adicionais que buscam
atrair o mercado e obter uma vantagem sustentável. Para isso a empresa precisa
identificar os pontos determinantes que afetam diretamente o custo da organização.
Nesse sentido, a gestão de custos consiste numa ferramenta de planejamento
e controle das atividades, através de um adequado sistema de informações capaz
de identificar e monitorar os custos da empresa em busca de um melhor resultado.
Para Hansen e Mowen (2001), a gestão estratégica dos custos possibilita
desenvolver e identificar estratégias superiores que produzirão uma vantagem
competitiva sustentável. Essa vantagem possibilita a prestação de serviços com
qualidade e, de acordo com as tarifas estabelecidas, afasta os riscos do setor e
busca abrir novos caminhos para a empresa.
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As empresas necessitam de um sistema de custeio para planejar,
implementar ações e avaliar os resultados, criando padrões de desempenho
estratégico integrativos e de atividades (PAGNANI, 2000). Essa compreensão dos
resultados operacionais está associada a um sistema de apuração de custos
eficientes que permitem um planejamento dos gastos e controle da apuração dos
custos.
A gestão dos custos funciona como um instrumento que conduz a empresa na
busca de melhores resultados operacionais. Viabiliza informações específicas e
precisas sobre os serviços oferecidos, bem como os fatores que agregam valores
aos clientes e orienta os administradores na busca de alternativas eficazes à
melhoria dos negócios.
Nesse sentido, considerando o sistema tarifário do órgão regulador, isto é, a
ANTT, torna-se relevante entender a percepção dos gestores sobre as estratégias
competitivas, especialmente relacionadas à gestão de custos. Ademais, o estudo de
caso, demonstrado nessa pesquisa, visa à análise da estrutura de custos
empresarial comparativamente à estrutura tarifária da agência reguladora,
completando o conjunto de elementos que explicam a concorrência potencial no
mercado de transporte rodoviário de passageiros.
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1.2 PROBLEMA
De que maneira a gestão de custos pode contribuir para a formação de uma
vantagem competitiva, diante da concorrência potencial, em empresas de transporte
rodoviário de passageiros?
1.3 PRESSUPOSTOS
Considerando-se que os serviços de transporte rodoviários de passageiros
possuem uma conduta competitiva limitada em razão da regulação do setor, o uso
da gestão de custos proporcionará uma vantagem competitiva sustentável à
empresa no mercado.
Considerando-se que o modelo tarifário proposto pela agência reguladora,
para o cálculo da revisão e do reajuste tarifário utiliza a média dos custos nacionais,
as empresas com origem em estados menos desenvolvidos são penalizadas, pois
possuem estrutura de custos diferenciadas, que geram níveis de custos mais
elevados.
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1.4 OBJETIVOS
1.4.1 GERAL
Mostrar o uso da gestão de custos como fonte de vantagem competitiva nas
empresas de transporte rodoviário de passageiros, segundo os fatores
determinantes da estrutura de custos quando comparados com o modelo tarifário
fornecido pela agência reguladora.
1.4.2 ESPECÍFICOS
Avaliar a percepção dos gestores da empresa em estudo, quanto ao uso de
estratégias concorrenciais que são adotadas visando a sua sustentabilidade no
mercado.
Avaliar as vantagens de um sistema de gestão de custos como fonte de
informação que subsidiem o processo decisório para a concepção de estratégias
competitivas;
Verificar a competitividade existente no setor de transporte rodoviário de
passageiros a partir da estrutura de custos empresariais, comparando os custos de
uma empresa tradicional, localizada no Piauí, aos custos tarifários definidos pela
ANTT.
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1.5 METODOLOGIA
A pesquisa se caracteriza, quanto ao seu objetivo, por sua de natureza
exploratória e descritiva. Exploratória porque busca conceitos e fundamentos que
justifiquem o estudo, visto que, a literatura existente limita-se ao estudo da regulação
do setor, e é pouco explorada no contexto da existência de concorrência nesse
mercado; descritiva, pelo fato de levantar informações, de modo a conhecer os
aspectos regulatórios das empresas de serviços de transporte rodoviário de
passageiros, descrevendo as condições e a estrutura desse mercado.
Para a obtenção dos resultados, diversas foram os métodos empregados
nesta pesquisa. Para Fachin (2001, p 27),
O método é um instrumento do conhecimento que proporciona aospesquisadores, em qualquer área de sua formação, orientação geralque facilita planejar, formular hipóteses, coordenar, investigar, realizarexperiências e interpretar os resultados.
Nesse sentido, em relação aos procedimentos metodológicos, foram
empregados a pesquisa bibliográfica documental e o estudo de caso. A pesquisa
bibliográfica subsidiou o referencial teórico da pesquisa, enquanto o estudo de caso
visou à comprovação do resultado, uma vez que se buscou verificar em uma
empresa de transporte rodoviário de passageiros, o uso da gestão de custos como
fonte de vantagem competitiva.
Entende-se o estudo de caso como “uma investigação empírica que investiga
um fenômeno contemporâneo dentro de seu contexto da vida real, especialmente
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23
quando os limites entre o fenômeno e o contexto não estão claramente definidos”
(YIN, 2001, p 32).
O estudo de caso também buscou a comparação entre a estrutura de custos
da média nacional, fornecida pela agência reguladora para o cálculo do reajuste
tarifário e a estrutura de custos de uma empresa localizada no estado do Piauí.
Quanto à abordagem do problema, a pesquisa está dividida em duas etapas.
A primeira etapa representa um estudo qualitativo, pois a coleta de dados ocorreu
por meio de fontes documentais como relatórios de desempenho operacional da
empresa Alfa. Além disso, fez-se uma entrevista estruturada junto à diretoria da
empresa, a fim de conhecer o seu perfil, compreender as estratégias competitivas
adotadas e o papel dos custos para a tomada de decisão. O roteiro da entrevista foi
desenvolvido com base no referencial teórico, buscando evidências para os
pressupostos, a qual foi respondida pelos diretores da empresas.
Na segunda etapa da pesquisa, o estudo tem caráter quantitativo, pois
analisa a estrutura de custos da empresa Alfa em comparação com o modelo de
estrutura definido pela ANTT, para o cálculo de revisão e reajuste tarifário. Os dados
da empresa Alfa são extraídos de demonstrativos contábeis, como balanço
patrimonial e demonstração do resultado do exercício e de dados de relatórios
operacionais, como escalas de viagens e percursos realizados. Para a comparação
entre a estrutura de custos da empresa Alfa e a estrutura de custos do modelo
tarifário proposto pela ANTT, foi utilizada a metodologia do cálculo do custo unitário
definida pela ANTT, descrita no capítulo 4 desta pesquisa.
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Para um melhor acompanhamento do cálculo e das informações obtidas no
estudo de caso, o capítulo 5 evidencia e detalha a metodologia aplicada no cálculo
do custo unitário da empresa Alfa, visando enfatizar as diferenças encontradas entre
a empresa e o modelo tarifário.
A abordagem longitudinal de cinco anos (2001 a 2005) deste estudo visa a
uma maior representatividade das informações, para fins de constatação e análise
da situação real da empresa no mercado.
A escolha da empresa se deve a sua representatividade em um universo de
seis empresas locais, pois dentre as empresas piauienses que atuam no setor de
transporte rodoviário interestadual de passageiros, esta possui o maior número de
linhas e percorre o maior número de Estados. Utiliza-se a denominação de empresa
Alfa para resguardar o sigilo das informações.
1.6 ESTRUTURA DO TRABALHO
O trabalho está estruturado em cinco capítulos, além da conclusão e
apêndice. No primeiro capítulo, foi feita uma introdução onde foi apresentada a
justificativa para a escolha do tema. Além disso, foram evidenciados os objetivos de
pesquisa, os pressupostos, bem como a metodologia utilizada na pesquisa.
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25
O segundo capítulo apresenta a evolução do transporte rodoviário de
passageiros no Brasil e a queda do número dos que utilizaram os serviços nos
últimos anos, demonstrando ainda, o mercado desse setor no Estado do Piauí.
No terceiro capítulo, é realizada uma abordagem sobre a concorrência
existente no mercado regulado, sob a ótica do modelo estrutura, conduta e
desempenho. Avaliam-se os fatores que podem levar a uma postura estratégica,
além do uso da gestão de custos como fonte de vantagem competitiva nas
empresas de transporte rodoviário de passageiros.
Posteriormente, no quarto capítulo, são demonstrados os aspectos da
regulação existente no setor, com o objetivo de caracterizar o mercado e evidenciar
o cálculo realizado pela ANTT para formação e reajuste tarifário, além de uma
avaliação e análise desse processo.
No quinto e último capitulo, são apresentados resultados do estudo de caso
ressaltando o uso de estratégias competitivas e de informações de custos para
tomada de decisão. Faz-se também a análise da estrutura de custos da empresa
Alfa ao ser comparada com a média nacional, conforme o uso do modelo tarifário
fornecido pela ANTT.
Por fim são feitas as considerações finais e as recomendações observadas na
pesquisa, seguido pelos apêndices.
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2 EVOLUÇÃO RECENTE DO TRANSPORTE DE PASSAGEIROS NO BRASIL
Este capítulo tem por objetivo mostrar uma síntese da evolução do transporte
rodoviário de passageiros no Brasil, bem como, caracterizar a prestação desse
serviço no estado do Piauí.
2.1 A evolução do transporte por ônibus no Brasil
O transporte rodoviário no Brasil é responsável pela movimentação de
pessoas desde as primeiras décadas do século XX. A princípio, os proprietários
eram os responsáveis por administrar, manter e conduzir o veículo, muitas vezes,
com ajuda apenas dos membros da própria família, que se encarregavam de outras
funções. Com o passar dos anos e com o crescimento da economia, as empresas
prestadoras desse serviço foram crescendo e se modernizando e encontram-se,
hoje, maior e melhor estruturadas para atender às exigências geradas pelo mercado
atual.
Segundo Wright (1999, apud SILVA, 2005, p. 3), a opção pela viagem por
ônibus aumentou entre os brasileiros a partir da Segunda Guerra Mundial, devido à
expansão da economia, à construção de mais rodovias e à intensificação das
relações entre habitantes de diferentes regiões do País provocada pelo
desenvolvimento econômico. Mais, o transporte migrou das ferrovias para outros
meios, por causa da deterioração de trens e linhas, além das pequenas extensões
da malha ferroviária brasileira.
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Ainda segundo Wright (1999, apud SILVA, 2005, p. 3), a modalidade de
transporte por ônibus teve uma atuação marcante em cidades próximas entre si,
sobretudo aquelas não servidas por ferrovias, enquanto, o trem e o navio
predominavam nas viagens mais longas.
Com a melhoria das rodovias e a pavimentação das estradas, o serviço de
transporte rodoviário foi se desenvolvendo ainda mais. Segundo a ANTT, hoje, o
transporte rodoviário por ônibus é a principal modalidade na movimentação coletiva
de usuários, nas viagens de âmbito interestadual. Esse serviço é responsável por
quase 95% do total dos deslocamentos realizados no País, movimenta mais de 140
milhões de usuários/ano, e provoca um número de viagens que ultrapassam a 4
milhões por ano, como mostra a tabela 1.
Tabela 1 - Resumo Geral dos Dados Operacionais – 2001 a 2005
Indicadores 2001 2002 2003 2004 2005Quantidade de Empresas (1) 214 214 209 209 207Quantidade de Veículos – ônibus 13.419 13.567 13.147 12.976 13.212Quantidade de Motoristas 24.540 22.984 21.936 22.407 22.760Quantidade de Serviços (2) 2.854 2.820 2.832 2.878 3.176Passageiros Transportados 140.813.200 135.749.449 132.780.432 136.356.382 141.171.698Passageiros.Km transportados 33.593.272.812 29.850.691.912 30.338.980.979 29.741.868.168 30.249.140.170Viagens Realizadas 4.471.462 4.352.144 4.296.867 4.231.527 4.209.538Distância Percorrida pela frota-Km 1.572.364.625 1.472.368.730 1.473.195.601 1.482.700.856 1.453.494.640Fonte: Anuário Estatístico Rodoviário -2001/2005 ANTT
(1) Empresas constantes deste Anuário Estatístico.(2) Total de linhas - serviços básicos, complementares e diferenciados.OBS: Incluídas as empresas e os respectivos serviços autorizados por decisão judicialFonte: Anuário Estatísticos ANTT
Na tabela 1 são registrados os dados referentes às empresas de transporte
rodoviário interestadual e internacional de passageiro, que mostram a evolução da
movimentação total de passageiros, o número de empresas permissionárias, sua
frota, plantel de motoristas e a distância percorrida por essa frota anualmente. Os
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28
mesmos dados ainda mostram que, a partir do século XXI, não houve um
crescimento desse setor no número de viagens e/ou passageiros, muito pelo
contrário, em alguns anos, houve redução do número de passageiros transportados.
Segundo dados do IBGE (2004), a participação do setor de Transporte
Rodoviário de Passageiros, neste trabalho evocado pela sigla -TRP, vem caindo em
relação a anos anteriores, como também sua participação sobre a receita total dos
serviços de transportes, de 29,2% em 2003 para 26,5% em 2004. Essa queda pode
ser explicada pelo aumento significativo do setor aéreo e do transporte de cargas
que teve um crescimento considerável nos últimos anos.
A tabela 2 mostra a receita arrecadada com o transporte rodoviário de
passageiros, nos anos de 2003 e 2004, nos setores rodoviário, aéreo e ferroviário e
evidencia a baixa participação do transporte ferroviário e o crescente desempenho
do transporte aéreo em comparação ao TRP.
Tabela 2 - Receita operacional líquida e subvenções das empresas de transporte rodoviário, aéreoe ferroviário/metroviário que empregam 20 ou mais pessoas, segundo os produtos/serviços
prestados - 2003-20042003 2004Receita operacionallíquida e subvenções
Receita operacionallíquida e subvençõesIndicadores
Númerode infor-mantes
(1)Valor
(1 000 R$)Total(%)
Númerode
infor-mantes
(1)
Valor(1 000 R$)
Total(%)
CrescimentoReceita
2003/2004(%)
Total 2 161 34.192.739 100 2 234 37.674.005 100% 10,18Transporte rodoviário depassageiros 2 098 19.618.259 57 2 164 21.195.743 56% 8,04Transporte aéreo depassageiros 53 12.363.223 36 60 14.113.485 37% 14,16Transporte ferroviário depassageiros 10 2.211.257 6 10 2.364.777 6% 6,94Fonte: Adaptado do IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual deServiços 2003-2004.(1) Refere-se ao número de empresas que informaram cada produto. O número de informantes é maior ou igual aonúmero de empresas, uma vez que a empresa pode ser contada para cada produto informado.
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Estudos realizados por Castro (2003) mostram que a demanda dos serviços
de transporte rodoviário de passageiros tende a diminuir com o aumento da renda
da população, a partir de determinados níveis. É possível, em algumas regiões do
Brasil, observar-se uma elasticidade-renda negativa para a demanda do TRP. Esse
fator está ligado diretamente a uma forte concorrência intermodal do transporte
aéreo, nas longas distâncias, e do automóvel, nas distâncias médias.
A tabela 3 evidencia o crescimento em cada modalidade do TRP nos anos de
2003 e 2004, demonstrando que a maior contribuição desse setor está situada no
transporte municipal (urbano e suburbano), que ocupa o primeiro lugar no ranking
geral dos transportes, e no transporte intermunicipal. Mostra ainda, a queda da
participação do transporte regular em virtude do crescimento das linhas não-
regulares, principalmente a transporte alternativo, que consiste em uma modalidade
de fretamento que prima pela liberdade de itinerários e horários, operados
exclusivamente por trabalhadores autônomos em automóveis de pequena
capacidade, como vans e peruas, que não estão subordinados aos rigores impostos
às permissionárias dos serviços públicos. Essa modalidade de transporte teve um
crescimento de 972,81% em relação a 2003, índice bastante expressivo, que
evidencia o crescimento dos transportes alternativos (não-regulares) no mercado e
justifica a diminuição da demanda por usuários dos transportes rodoviários.
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30
Tabela 3 - Receita Operacional líquida e subvenções das empresas de transporte rodoviário queempregam 20 ou mais pessoas, segundo os produtos/serviços prestados – 2003-2004
2003 2004
Receita operacionallíquida e subvenções
Receita operacionallíquida e subvençõesIndicadores
Númerode infor-mantes
(1) Valor(1 000 R$)
Total(%)
Númerode infor-mantes
(1) Valor(1 000 R$)
Total(%)
Crescimento daReceita2003/20
04(%)
Transporte rodoviário de passageiros 2 098 19 618 259 100 2 164 21 195 743 100,0 8,04Em linhas regulares 1 962 19 091 890 97,3 1 965 20 559 410 97,0 7,69
Transporte municipal (urbano e suburbano) -inclusive regiões metropolitanas 1 320 12 397 152 63,2 1 293 13 300 787 62,8 7,29
Transporte intermunicipal 664 3 746 592 19,1 687 3 934 077 18,6 5,00Transporte interestadual 229 1 966 789 10,0 228 2 085 676 9,8 6,04Transporte internacional 17 43 939 0,2 25 42 933 0,2 -2,29
Outros transportes (transporte escolar, transportede funcionários sob contrato, transporte decondomínios, etc.) 468 937 428 4,8 472 1 195 959 5,6 27,58
Em linhas não-regulares 552 526 354 2,7 606 636 342 3,0 20,90Serviços de táxi (inclusive mototáxi) 61 71 783 0,4 72 91 963 0,4 28,11Transporte alternativo realizado por vans,
peruas, etc. 18 6 529 0,0 30 70 044 0,3 972,81Serviços de turismo e excursões 435 326 256 1,7 446 322 367 1,5 -1,19Outros serviços de transporte não-regular 92 121 790 0,6 107 151 972 0,7 24,78
(1) Refere-se ao número de empresas que informaram cada produto. O número de informantes é maior ou igual ao número deempresas, uma vez que a empresa pode ser contada para cada produto informado.
Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Coordenação de Serviços e Comércio, Pesquisa Anual de Serviços 2003-2004.
A queda no preço real das passagens aéreas nos últimos anos, bem como,
no custo do automóvel, que ficou mais acessível à população, por meio da redução
das taxas de juros e dos longos financiamentos, acarretou a redução de custos dos
modais concorrentes, que passaram a competir diretamente com o transporte
rodoviário de passageiros. Para Silva (2005, p. 3)
Os preços de bilhetes de ônibus e aviões aproximaram-se para osdeslocamentos a longas distâncias. Isto somou a rapidez e o conforto,ou serviços específicos como “pontes aéreas”, para fazer do avião umconcorrente do ônibus.
Essa aproximação tarifária pode ser verificada na tabela 04, que faz uma
comparação entre as tarifas cobradas pelas principais companhias aéreas e o preço
tarifário das empresas de transporte rodoviário em algumas regiões de maior
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movimentação de passageiros, mostrando que em alguns trechos as diferenças
entre as tarifas chegam a ser irrisórias. Esse fator, aliado ao conforto e a rapidez
existentes nas linhas aéreas, pode tornar o custo da passagem rodoviária ainda
maior para o passageiro que não dispõe de muito tempo para a realização da
viagem.
De acordo com a tabela 04, uma viagem, nessa data, do Rio de Janeiro para
as principais cidades do Nordeste teria um custo de menos de 30% a mais em uma
viagem de avião comparado ao ônibus executivo. No entanto, na viagem de avião o
tempo do percurso não passaria de algumas horas, enquanto por ônibus a viagem
demoraria alguns dias para ser realizada.
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TABELA-4 TABELA COMPARATIVA ENTRE OS PREÇOS DE PASSAGEM DOTRANSPORTE AÉREO E DO RODOVIÁRIO PARA VIAGENS REALIZADAS EM
JUNHO DE 2005. EM R$
DO R. DE JANEIROPARA: AÉREO - GOL
AÉREO –TAM
RODOV.CONVENC.
RODOV.EXEC.
S.Paulo 112 129 33,11 47,3Brasília 203 215 88,5 127,16B.Horizonte 110 122 33,53 48,18P.Alegre 220 402 125,42 180,22Florianópolis 173 398 90,74 130,39Curitiba 184 398 66,88 96,1Vitória 121 193 38,78 55,73Salvador 232 258 124,22 178,48Recife 302 335 176,61 253,77Natal 322 641 197,71 284,08Fortaleza 475 370 216,03 310,41
DE SÃO PAULOPARA: AÉREO - GOL
AÉREO –TAM
RODOV.CONVENC.
RODOV.EXEC.
Rio de Janeiro 112 129 33,11 47,3Brasília 189 221 77,21 110,94B.Horizonte 138 312 45,1 64,8P.Alegre 240 364 91,39 135,28Florianópolis 147 151 56,71 84,44Curitiba 144 254 32,84 51,16Vitótia 172 356 71,38 102,57Salvador 265 297 149 214,09Recife 419 444 201,46 289,38Natal 567 622 222,21 319,28Fortaleza 477 835 234,61 337,11
DE B. HORIZONTEPARA: AÉREO - GOL
AÉREO –TAM
RODOV.CONVENC.
RODOV.EXEC.
S.Paulo 138 291 45,1 64,8Rio de Janeiro 110 122 33,53 48,18Brasília 127 173 56,51 81,2P.Alegre 288 275 ND NDFlorianópolis 297 230 ND NDCuritiba 200 167 78,87 113,32Vitória 115 131 40,66 58,43Salvador 203 149 103,72 149,04Recife 325 306 157,21 230,7Natal 465 645 181,93 261,41Fortaleza 325 343 189,27 NDFonte: ABRATI- Banco de DadosObs:1 - ND - serviço não disponível2 - O preço da passagem aérea varia de acordo com o dia e os horáriosdisponíveis3 - Na passagem rodoviária não estão incluídos os impostos e taxas incidentesnesse transporte.4 - Os valores foram coletados em 31.05.05, para viagem em 15.06.05
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O impacto da concorrência intermodal, principalmente com os transportes
aéreos que tiveram um crescimento acentuado, pode ter contribuído de forma
significativa para a redução da demanda do TRP. Existindo, ainda, evidências de
que nos Estados de maior renda per capita, o automóvel também detém uma
significativa participação nesse mercado e apresenta fortes taxas de crescimento
(CASTRO, 2003).
A questão anterior é evidenciada na tabela 05, que apresenta a
movimentação de passageiros nos anos de 1998 a 2002, nos setores aéreo e
rodoviário, entre as cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília e Belo Horizonte,
em que se observa, uma redução média no número de passageiros do transporte
rodoviário de 24%, enquanto o setor aéreo teve um aumento de 70% nesse mesmo
período.
Tabela 05 – COMPARATIVO ENTRE O MOVIMENTO DE PASSAGEIROS DO TRANSPORTE AÉREOE O DO RODOVIÁRIO DE NATUREZA INTERESTADUAL E INTERNACIONAL, ENTRE AS CIDADES
DE S.PAULO, R.DE JANEIRO, BRASÍLIA E B. HORIZONTEANO MODAL RIO/SP/RIO RIO/BSB/RIO RIO/BHZ/RIO SP/BHZ/SP SP/BSB/SP BHZ/BSB/BHZ TOTAL
Aéreo 2.463.667 110.474 291.676 805.154 737.718 127.108 4.535.7971998Rodoviário 1.300.268 129.653 491.118 459.409 71.811 162.219 2.161.775Aéreo 3.109.069 125.574 420.116 955.150 858.553 191.903 5.660.3651999Rodoviário 1.253.407 144.151 489.678 537.155 130.572 134.456 2.689.419Aéreo 3.629.173 191.954 473.830 1.031.257 968.557 243.861 6.538.6322000Rodoviário 1.029.260 149.477 474.162 591.970 96.746 131.934 2.473.549Aéreo 3.774.519 394.645 474.065 1.044.095 1.129.242 325.172 7.141.7382001Rodoviário 1.227.393 122.348 462.491 544.710 87.344 122.274 2.566.560Aéreo 3.596.769 698.953 606.557 1.161.557 1.226.528 438.873 7.729.2372002Rodoviário 819.478 90.694 404.524 492.713 77.063 108.870 1.993.342
FONTES: Adaptada da ABRATI e ANTT: Banco deDados
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Essa queda acentuada no número de passageiros que utilizam o transporte
rodoviário e o crescimento do setor aéreo no Brasil comprovam as suspeitas de
Castro (2003) e mostra que o setor aéreo passou a ser um concorrente poderoso.
A concorrência intermodal pode ser verificada também em regiões de baixa
renda, não sendo exclusiva das grandes capitais. No estado do Piauí também pode
ser verificado o decréscimo da demanda pelo transporte rodoviário de passageiros,
como será visto no tópico a seguir.
2.2 – O Comportamento do Transporte Rodoviário de Passageiros no Piauí
A extensão total da rede rodoviária do Estado do Piauí é de 56.805 km, que
percorre todo o estado (BNB, 2007), o que não é muito se comparado a outros
estados. Porém, de acordo com os dados extraídos da ANTT, o Piauí possui
destaque no uso dos serviços de transporte rodoviário de passageiros, já que em
2005 ocupava o 5º lugar quanto ao número de passageiros transportados e o 6º
quanto relação ao número de viagens realizadas em todo o Brasil, e está em 1º lugar
da região Norte-Nordeste do País, no último anuário fornecido pela ANTT relativo a
2005, conforme mostra a tabela 6.
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Tabela 6- Transporte de passageiros, viagens e distância percorrida em cadaunidade da federação em 2005
Unidade da Federação Transporte de Passageiros Viagens Realizadas Dist. Percorrida pela Frota
Estados Pass Pass.Km Qtd KmACRE/RONDÔNIA 310.235 78.168.217 9.481 4.490.154ALAGOAS 723.678 385.184.626 35.322 16.243.355AMAZONAS/RORAIMA 105.778 60.249.657 3.702 3.091.592BAHIA 1.573.016 1.423.227.288 56.257 67.074.962CEARÁ 1.813.872 1.366..522.174 50.279 55.809.772ESPÍRITO SANTO 4.232.907 1.146.745.552 128.021 45.830.200GOIÁS/DIST. FEDERAL 66.642.012 5.292.054.719 1.684.918 204.484.187MARANHÃO 609.630 324.301.491 21.120 21.066.816MATO GROSSO 917.225 760.938.495 50.778 46.056.140MATO GROSSO DO SUL 829.381 477.255.658 29.623 23.222.448MINAS GERAIS 11.617.765 2.623.641.237 366.216 133.186.330PARÁ/AMAPÁ 567.947 408.778.414 23.248 29.446.319PARAÍBA 699.905 556.092.907 38.519 24.776.380PARANÁ 11.870.887 2.634.293.530 442.181 156.905.013PERNAMBUCO 2.225.337 1.093.421.028 97.858 54.408.425PIAUÍ 6.551.192 515.328.101 145.103 22.113.677RIO DE JANEIRO 5.824.007 1.682.546.468 234.617 84.370.169RIO GRANDE DO NORTE 593.189 485.158.348 27.771 21.464.807RIO GRANDE DO SUL 3.212.087 1.546.517.927 94.367 87.901.909SANTA CATARINA 3.093.125 916.938.007 94.945 45.152.109SÃO PAULO 16.324.406 6.094.271.429 544.194 286.761.586SERGIPE 597.157 317.455.537 22.101 14.336.411TOCANTINS 236.960 60.049.360 8.917 5.301.882TOTAL 141.171.698 30.249.140.171 4.209.538 1.453.494.640
Fonte: Anuário Estatístico 2006. ANTT
Esse elevado número de passageiros e viagens pode ser explicado pelo
deslocamento de pessoas para outras regiões do Brasil, associado à procura de
empregos e melhor qualidade de vida, fato comum em toda a região Nordeste do
País e em Estados de baixa renda.
O baixo poder aquisitivo de grande parte da população e o reduzido número
de aeroportos no Piauí (apenas dois aeroportos com linhas regulares em todo o
Estado) aumentam, ainda mais, a necessidade dos serviços de transporte rodoviário
de passageiros para o deslocamento entre as regiões.
Essa concentração de passageiros fez surgir no setor o interesse de
empresas de porte nacional, que passaram a competir com pequenas empresas
locais e hoje atuam na maior parte do Estado. A grande participação de empresas
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36
nacionais pode ser verificada na tabela 7, a qual revela que 84% das linhas
existentes são praticadas por empresas cuja matriz está localizada em outros
Estados.
Existem hoje no Piauí 11 empresas atuando no setor de transporte
interestadual de passageiros, perfazendo um total de 68 linhas, das quais, apenas 6
são piauienses, responsabilizando-se somente por 11 linhas desse total, conforme
mostra a tabela 7.
Tabela 7-Empresas permissionárias de transporte rodoviário de passageirosInterestadual que atuam no Piauí
Cód. EmpresaUF da
Empresa
Total deLinhas daEmpresa
Linhas noPiauí
1 Viação Número Um S/A SP 200 12 Empresa de Transporte Ltda MG 121 13 Transporte e Turismo Ltda GO 106 184 Expresso Cearense CE 67 305 Empresa Gama PE 12 76 Empresa Alfa Ltda PI 4 47 Empresa Ação Ltda PI 3 38 Expresso Força PI 2 19 Empresa Liderança PI 1 1
10 Viação Viagens PI 1 111 Expresso Turismo Ltda PI 1 1
OBS: Razão Social e cód. das empresas foram alterados para preservar a identidade da empresa Alfa.Fonte: Elaborado pela autora com dados dos anuários estatísticos e relatórios da ANTT
As empresas situadas no Piauí possuem participação pequena no serviço de
transporte se comparadas às demais do setor. A regulação existente protege essas
empresas de uma concorrência direta, porém a elevada estrutura de custos
existentes e o alto índice de transportes informais e alternativos diminuem a
demanda de usuários do TRP.
A grande concentração de passageiros existentes no Estado não impediu que
nos últimos anos houvesse uma queda do número de usuários desse setor,
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37
conforme mostra a tabela 8. Isto demonstra que a redução na demanda desse
serviço ocorreu também nos Estados de baixa renda. Esse fator pode ter sido reflexo
da queda dos preços das tarifas aéreas, que se tornou um concorrente direto das
empresas de transporte rodoviário de passageiros, ajudado pelo deslocamento da
população do interior para a capital, facilitando ainda mais o acesso a outros meios
de transporte.
Fonte: Anuário Estatístico Rodoviário -2005 ANTT
As campanhas de incentivo ao trabalhador rural promovidas pelo governo
para diminuir o deslocamento do homem do campo para os grandes centros como
São Paulo e Brasília, em busca de empregos e oportunidades, também contribuiu
para a redução recente do número de passageiros e viagens realizadas. Essa
redução da demanda existente dificulta ainda mais o desempenho das pequenas
empresas que atuam no setor local, diminui as barreiras à entrada e abre espaço
para que outras empresas entrem no mercado.
Para entender como ocorre a entrada de novas empresas no mercado
regulado e identificar os elementos que podem afetar a sustentabilidade nesse setor,
dar-se-á início a um maior aprofundamento sobre os aspectos da estrutura
concorrencial existente no setor regulado, bem como da fundamentação teórica que
justifique o uso da gestão de custos como fonte de vantagem competitiva das
empresas de transporte rodoviário de passageiros.
Tabela 8 – Evolução do transporte de passageiros e viagens realizadas no Estado do Piauí,nos anos de 2001 a 2005
Indicadores 2001 2002 2003 2004 2005Transporte de passageiros –pass 7.025.255 7.351.304 7.156.757 6.481.017 6.551.192Transporte de passageiros -pass.km 518.445.674 462.929.157 432.298.564 388.750.928 515.328.101Viagens realizadas 176.916 168.286 175.024 142.386 145.103Distância percorrida pela frota – km 25.138.777 27.748.454 27.604.727 24.665.919 22.113.667
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38
3 GESTÃO DE CUSTOS COMO ESTRATÉGIA COMPETITIVIA EM MERCADOS
REGULADOS
3.1 Competitividade em Mercado Regulado
As mudanças fazem parte das organizações e das pessoas, que passam a
ficar mais exigentes e a questionarem seus direitos. Nesse momento, as
organizações tendem a adaptar-se a essa realidade para sobreviverem nesse
ambiente de constante transformação.
Para Pereira e Nunes (2002, p. 02), “manter-se passivo e só mudar quando
os problemas ocorrem é contribuir para o insucesso nos negócios, através de
decisões precipitadas e equivocadas”.
Para se manter no mercado competitivo, torna-se imprescindível o
desenvolvimento de estratégias a fim de se ganhar vantagens à frente dos
concorrentes e atender às exigências e necessidades do mercado. “Uma empresa é
competitiva quando ela é capaz de oferecer produtos e serviços de qualidade maior,
custos menores, e tornar os consumidores mais satisfeitos do que quando servidos
por rivais” (BARBOSA, 1999, p. 23 apud PEREIRA; NUNES, 2002, p. 03).
A organização está sempre à mercê das forças ambientais externas e
internas. Aceitar essa influência e utilizá-las a seu favor, como forma de aprendizado
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para o crescimento e desenvolvimento da empresa, faz parte de uma boa gestão. A
tomada de decisão afeta diretamente o futuro da organização, portanto, para ser
competitivo, é necessário ter-se visão ampla do ambiente, considerando as
características sociais, culturais, econômicas e políticas existentes. Essa visão de
mercado afeta diretamente o desempenho da empresa no setor.
O sucesso de uma indústria, na produção de benefícios para os
consumidores, depende da conduta (comportamento) da empresa, a qual, por sua
vez, depende da estrutura (fatores que determinam à competitividade no mercado).
Já a estrutura de uma indústria depende das condições de base, tais como a
tecnologia e a procura por um produto (CARLTON; PERLOFF, 1999, p. 2, apud
CARVALHO, 2005, p. 1).
Para Leite (1998),
[...] Existem dois tipos de determinantes da atuação da firma nomercado. São eles, a estrutura de mercado e a conduta de mercado.A primeira influencia de maneira decisiva a atividade da empresa eseus resultados. A segunda refere-se aos costumes, políticas,métodos de gerenciamento, padrões de concorrência, estratégias,entre outros, dos quais a empresa se vale para fazer frente àconcorrência.
Assim, as condições de base ou determinantes, que podem estar
relacionados com a oferta ou demanda, tais como: oferta de matéria prima e
tecnologia, demanda por produtos, taxa de crescimento do mercado, dentre outros,
dão origem a uma estrutura de mercado competitivo. A força dessa estrutura, ou
seja, o número de compradores ou vendedores, a diferenciação de produtos,
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barreiras a entradas etc., influenciam a conduta ou comportamento desse setor, que
por sua vez resulta no desempenho ou performance da empresa no mercado, sua
eficiência e seu progresso. Essa relação entre a estrutura, a conduta e o
desempenho é descrita por Scherer (1990), apud CARVALHO (2005, p. 2) na figura
1.
OFERTAMatérias-primasTecnologiaSindicalização trabalhadoresDurabilidade do produtoValor/PesoAtitudes empresariaisEnquadramento legal
PROCURAElasticidade procura preçoSubstitutosTaxa de crescimentoCiclo e sazonalidadeMétodo de aquisiçãoTipo de marketing
CONDIÇÕES DE BASE (DETERMINANTES)
PERFORMANCE (DESEMPENHO)
ESTRUTURA DO MERCADO
Número de compradores e vendedoresDiferenciação do produtoBarreiras à entradaEstruturas de custosIntegração verticalDiversificação
CONDUTA (COMPORTAMENTO)
Política de preçosEstratégias de produção e de publicidadeInvestigação e inovaçãoInvestimentoMeios/processos legais
Eficiência na produção e na afectaçãoProgressoPleno empregoEquidade
POLÍTICAGOVERNAMENTAL
Impostos e subsídiosNormas de comérciointernacionalRegulaçãoControle de preçosLeis antitrustFornecimento de informação
Figura 1 Paradigma Estrutura-Conduta-PerformanceFonte: Scherer (1990 apud CARVALHO, 2005, p. 2)
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No mercado regulado, as condutas são estabelecidas como parâmetro para
permanecer no mercado. Assim, as empresas que atuam no setor devem se
adequar às exigências estabelecidas pelas políticas governamentais como: políticas
de entradas, valor máximo das tarifas cobradas, padrões mínimos para a prestação
dos serviços e planos de investimentos. As condições básicas para a entrada no
mercado são determinadas pelo controle da demanda que regula a quantidade de
serviços que são ofertados, abrindo oportunidades para novas empresas, o que
reflete a atratividade do setor.
Assim, como parâmetros de oferta estão as atividades empresariais
desenvolvidas no setor e o enquadramento legal, exigido pela legislação, enquanto a
demanda é influenciada pela elasticidade do mercado, sazonalidades e atividades
de marketing.
Já a estrutura de mercado, que é influenciada pelas condições básicas e pela
regulação do setor, gera barreiras à entrada e determina a existência de
diferenciação de serviços para os diversos usuários e suas necessidades, bem como
a necessidade de uma estrutura de custos adequada às exigências estabelecidas.
A lucratividade da empresa é reflexo da demanda de usuários pela utilização
dos serviços e da sua conduta/comportamento em relação à política tarifária, às
estratégias de produção e publicidade e de investimento realizado. A figura 2
demonstra como ocorre a influência da regulação nas condições de entrada e na
atratividade do setor de transporte.
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Figura 2: Regulação, Conduta e Desempenho no Setor de Transportes.Fonte: Adaptado de Pinto Jr; Silveira (NT 006 ANP/1999).
Assim, a regulação define as condições para entrada no setor, que depende
da demanda pela utilização dos serviços. Ao conseguir entrar, a empresa deverá
seguir as políticas estabelecidas para o desenvolvimento das atividades, como a
utilização do preço máximo para tarifas e qualidade das atividades, mas, para isso, a
agência reguladora define planos de incentivos para renovação da frota e
remuneração do capital investido. A lucratividade da empresa será determinada pelo
CondiçõesPolíticas
RegulaçãoANTT
Políticas deEntradas:Permissão
Preço Teto
Regime deIncentivos
Planos deInvestimentos
CondiçõesEconômicas
BásicasOferta/
Demanda
Estrutura
Condições deEntrada
Diferenciação
Estrutura deCustos
Conduta
Preços
Modernização
Desempenho
Lucros
Gestão deCustos
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seu desempenho, ou seja, pela forma como serão executadas as atividades da
empresa, já que a gestão das atividades visa a uma melhor utilização dos recursos.
O modelo de regulação existente promove o incentivo à redução dos custos,
pois a firma regulada poderá aumentar seu lucro através do corte de custos, sem
que haja uma queda automática nos preços, desde que a redução dos custos não
impacte na qualidade dos serviços.
O desempenho da empresa reflete na sua permanência no setor, pois apesar
de não possuir concorrência direta em função da regulação estabelecida, as
empresas sofrem constantes ameaças externas, pela própria força da lei, que
estabelece como uma das penalidades pela não prestação dos serviços adequados
a perda da permissão; e internas, pela falta de gestão adequada no processo e nas
operações, que levam a elevados custos, ocasionando a perda de um
posicionamento competitivo.
Segundo Castro (2003, p. 9),
Em ambientes concorrenciais, a análise das conseqüências das açõesregulatórias tona-se mais complexa, exigindo conhecimento não só datecnologia e dos custos desse setor, mas também dos seusconcorrentes e das preferências dos usuários por atributos dequalidade de serviço e preço das várias opções de serviços.
Apesar da barreira à entrada criada pela regulação do setor, as empresas
prestadoras de serviços de transporte rodoviário de passageiros não estão a salvo
dos efeitos trazidos pelo crescimento da concorrência no mercado. A expansão da
procura por outros meios de transportes (concorrência inter-modal), como
automóveis e aviões, em virtude do aumento do poder aquisitivo e da redução das
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tarifas aéreas nos últimos tempos, e a ineficiência da fiscalização adequada por
parte das autoridades competentes, que favoreceu o crescimento dos transportes
informais (não-legalizados) que atuam no setor, tornaram-se fatores de preocupação
para os administradores, já que a redução do número de passageiros provoca a
redução da receita da empresa, mas não a redução do custo da viagem, que
permanece constante.
Carvalho e Laurindo (2003, p. 50) afirmam que é importante notar que a
rivalidade não deve ser analisada apenas no contexto dos concorrentes já
estabelecidos, mas também no dos os novos entrantes e os produtos e serviços
substitutos. As condições de base para a entrada determinam o nível de
concorrência de um mercado. Assim, a atratividade do setor e as oportunidades para
a entrada de novas empresas criam uma estrutura de diversificação das atividades
conforme ilustra a figura 3.
Figura 3- Forças competitivas: concorrentes, entrantes e substitutos.Fonte: Adaptado de Carvalho e Laurindo (2003, p. 50).
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A análise da concorrência deverá levar em conta a possibilidade de entrada
de novos operadores no mercado, como os concorrentes inter-modais: aqueles que
constituem serviços substitutos que suprem as mesmas necessidades dos
transportes rodoviários de passageiros (aviões, automóveis, vans) e os concorrentes
potenciais: aqueles que estão à espera de uma oportunidade para entrarem nesse
mercado (outras empresas que atuam no setor de transporte). Além desses fatores,
existe ainda a concorrência direta entre as empresas que fazem o mesmo percurso,
já que a não-existência de linhas concorrentes não impede que outro permissionário
utilize o mesmo itinerário, passe pela linha de outra empresa, venda passagens para
esse percurso. Mesmo que tal procedimento seja proibido pela regulação existente,
vem acontecendo devido à queda no número de passageiros aliada à falta de
fiscalização. A concorrência ainda se torna mais desleal quando a participação de
empresas irregulares ou clandestinas cresce nesse mercado.
Para vencer essa concorrência e se manter competitiva no setor, a adoção de
estratégias competitivas torna-se essencial e visa à criação de uma valorização do
produto em relação ao do concorrente. Para Ferraz et al.,(1996, p. 7),
A competitividade é, portanto, função da adequação das estratégiasdas empresas individuais ao padrão de concorrência vigente nomercado específico. Em cada mercado vigoraria um dado padrão deconcorrência definido a partir da interação entre estrutura e condutasdominantes no setor. Seriam competitivas as firmas que a cadainstante adotassem estratégias competitivas mais adequadas aopadrão de concorrência setorial.
Para Becker (1997, p. 19) o padrão de concorrência fornece as balizas para a
adoção das estratégias que atuarão diretamente sobre a capacidade acumulada da
empresa, modificando-a. Uma vez modificada a capacidade da empresa, alterar-se-á
o desempenho dessa mesma organização empresarial.
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No mercado de transporte rodoviário de passageiros, a regulação existente
cria barreiras à entrada para possíveis concorrentes potenciais que desejam se
instalar. A entrada nesse mercado dependerá de permissão da agência reguladora,
que só ocorrerá mediante licitação aprovada pelo Ministério Público. Nesse
processo, os concorrentes potenciais competirão para a prestação de serviços em
uma determinada linha. Porém, poucas licitações foram autorizadas até agora, em
virtude da lentidão nas operações e nos processos públicos, associada ao longo
prazo de outorgas das permissões, fixado em 15 anos, podendo ser prorrogado por
igual período, o que ocasiona a falta de estímulo para o aumento da eficiência, haja
vista, que uma possível licitação não ocorra tão cedo (MARTINS F, 2004, p. 107).
Contudo, já existe um projeto de lei para redução do prazo de prorrogação
das permissões e extinção das permissões conseguidas sem licitação, após a
Constituição Federal/88, ou com prazo de permissão vencido para a prestação dos
serviços de TRP, com vistas à realização de licitações para esse serviço no prazo
máximo de 24 meses, o que irá reduzir as barreiras de entradas e
conseqüentemente melhorar o desempenho das empresas atuantes nesse setor
(BRASIL, 2006d).
[...] Se as licitações são periódicas em prazos curtos, há umapreparação do mercado para uma concorrência potencial, no sentidode que as empresas estabelecidas buscarão prestar os serviçoseficientemente, a fim de evitar uma possível saída do mercado naspróximas licitações (MARTINS, F. 2004, p. 101).
Para garantir um posicionamento competitivo em uma possível licitação e
assegurar seu espaço no mercado em que atuam, as empresas de transporte
rodoviário de passageiros deverão buscar meios viáveis à melhoria do seu
desempenho, através de uma conduta que vise à eficiência das atividades e do
funcionamento organizacional. Assim, no próximo tópico serão discutidos os
aspectos fundamentais à criação de uma vantagem competitiva sustentável.
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3.2 Construindo uma vantagem competitiva sustentável
O primeiro passo para se construir uma vantagem competitiva é estudar o
mercado em que se atua e descobrir quais os produtos e serviços que são
oferecidos a ele. A segmentação do setor torna mais visível as necessidades de
cada região e os possíveis concorrentes. Para Hooley; Saunders, Piercy (2005, p.
257),
O conceito básico da abordagem baseada em produtos ou serviçospara a identificação de mercados é a crença de que os segmentosdefinidos dessa forma deixarão claras as diferenças decomportamentos que são essenciais para um plano eficaz desegmentação.
No processo de identificação e segmentação do mercado devem ser
verificados os fatores que poderão influenciar a lucratividade da empresa. Para
Porter (1989, p. 2), as regras da concorrência estão englobadas em cinco forças
competitivas: a entrada de novos concorrentes, a ameaça de substitutos, o poder de
negociação dos compradores, o poder de negociação dos fornecedores e a
rivalidade entre os concorrentes existentes. A rentabilidade sobre o investimento
será determinada pela combinação destas cinco forças competitivas, já que estas
cinco forças influenciam os preços, os custos e o investimento necessário das
empresas.
O poder do comprador irá influenciar os preços que as empresas podem
cobrar, já que estes sempre irão buscar preços menores para os produtos que
utilizam. A ameaça de produtos substitutos contribuirá ainda mais para a limitação
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desse preço. Principalmente, se este setor operar com elevada margem de lucro
que possibilita a redução de preços de venda. O comprador pode influenciar ainda o
custo e o investimento do negócio, já que alguns compradores exigem serviços com
gastos mais onerosos e maior diferenciação.
Essa visão de mercado deverá refletir as exigências dos consumidores, quando
essas exigências são diferenciadas, os serviços oferecidos também deverão refletir
essa realidade, a fim de criar uma maior satisfação aos clientes. Para Hooley;
Saunders e Piercy (2005, p. 257),
Uma abordagem especialmente útil em muitos mercados é segmenta-los com base nos benefícios que o cliente está buscando ao consumirum produto ou serviço, e/ou os usos para os quais o produto ouserviços é direcionado.
O poder de negociação com os fornecedores determina os custo da matéria
prima e insumos gastos na prestação dos serviços. Quanto maior o poder de
barganha melhor será o preço de aquisição desses produtos. Assim, empresas
maiores ou com maior poder de compra conseguem obter um melhor preço na
aquisição dos produtos em relação aos concorrentes.
A rivalidade existente no mercado também influencia os preços assim como
os custos do produto, em função das estratégias criadas para atrair clientes e
conquistar uma melhor posição, com gastos com desenvolvimento de novos
produtos, publicidade e força de vendas.
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As barreiras à entrada tornam-se uma vantagem para quem já está no
mercado. Essas barreiras dificultam a entrada de novos investidores, deixando o
mercado não-atrativo para os potenciais entrantes. São exemplos de barreiras à
entrada: a força da legislação e o alto custo de investimento de alguns mercados,
que tornam o empreendimento excessivamente caro.
O valor do investimento necessário, seja financeiro e de outras áreas,também afetará a atratividade do mercado e poderá determinar quemuitos mercados-alvos sejam praticamente inalcançáveis para muitasempresas. Os requisitos de investimento podem formar uma barreirade entrada que protege as empresas estabelecidas, pois barra osnovos entrantes. (HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, p. 261).
O grau de regulação dos mercados afetará a liberdade de ação que a
empresa tem em suas operações. Assim, um mercado menos regulado oferece mais
oportunidades para uma empresa inovadora do que outro altamente controlado
(HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY, 2005, p. 263). No entanto, os mercados regulados
podem oferecer mais proteção, uma vez que a empresa consiga se infiltrar nele. Isso
pode significar proteção contra a concorrência, o que efetivamente cria uma barreira.
Contudo, as experiências mostram que em geral, a proteção gera ineficiência, e
quando ela é removida, os setores que enfrentam a dura realidade da concorrência
têm muita dificuldade para se ajustar.
Assim, as empresas devem estar preparadas para uma possível concorrência
potencial, por meio de estratégias que assegurem um posicionamento competitivo. A
estratégia competitiva é a busca por uma posição competitiva favorável em um setor
e tem como objetivo estabelecer uma posição rentável e sustentável contra as forças
que determinam a competição no setor (PORTER, 1989).
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Para se chegar às estratégias competitivas o ideal é que se identifiquem as
bases que oferecem o maior potencial para um posicionamento defensável. Uma
vantagem competitiva sustentável pode ser materializada através dos próprios
recursos organizacionais que contribuam para a geração de valor para o cliente
“cadeia de valor” ou para uma liderança em custos (PORTER,1989).
Para Carvalho e Laurindo (2003, p. 22),
Em termos de vantagens competitivas, uma empresa pode superar odesempenho de seus rivais somente se conseguir estabelecer umadiferença que possa ser mantida. Para esse fim, a empresa devebuscar entregar valor para o cliente de forma diferenciada, criar valorpara a empresa ao menor custo ou fazer as duas coisas.
Toda empresa é uma reunião de atividades que são executadas para projetar,
produzir, comercializar, entregar e sustentar seu produto. Cada uma dessas
atividades pode ser representada, fazendo-se uso de cadeia de valor. Essas
atividades são usadas para agregar valor ao produto final ou serviço. Esse valor será
agregado em forma de custo mais baixo ou de exclusiva valorização ao cliente
(PORTER, 1989, p. 33).
Assim, todas as atividades distintas que a empresa executa contribuem para
a sua estratégia competitiva, fazendo parte da sua posição relativa aos custos da
empresa, além de criar uma base para a diferenciação, que busca levar a
valorização do produto pelo comprador.
Ainda para Porter (1989) o valor é o montante que os compradores estão
dispostos a pagar por aquilo que uma empresa lhes fornece. O valor é medido pela
receita total. Uma empresa é rentável, então, se o valor que ela impõe ultrapassa os
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custos envolvidos na criação do produto. Criar valor para os compradores que
exceda o seu custo é a meta de qualquer estratégia competitiva. Assim, uma
empresa ganha vantagem competitiva executando estas atividades
estrategicamente importantes de forma mais barata, ou melhor, do que a
concorrência.
3.3. O custo como vantagem competitiva
Um sistema eficaz de controle de custos se transforma em uma estratégia na
medida em que reduz os custos da organização ou fornece habilidades para
oferecer benefícios adicionais aos clientes, devido à economia de custos alcançada.
Uma estrutura de custo relativamente baixa em relação aos concorrentes
proporciona uma vantagem financeira da empresa no mercado em particular. Para
Porter (1989, p. 58), “a vantagem de custo resulta se a empresa obtém um custo
cumulativo de execução das atividades de valor mais baixo que o custo da
concorrência”.
Porém, para se obter uma vantagem de custo é necessário se ter um
planejamento e controle dos gastos da organização. Para Hooley; Saunders e Piercy
(2005, p. 267), os recursos humanos e, mais especialmente, a força e a qualidade
de gestão de uma empresa, são um ativo importante e, consequentemente, um
ponto forte em potencial. Para ele, as habilidades e as competências dos
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profissionais que trabalham em uma organização são forças tácitas baseadas nas
quais elas podem explorar as oportunidades de mercado.
Essas oportunidades podem ser utilizadas quando o gestor da empresa
consegue identificar quais os pontos determinantes, que afetam diretamente o custo
da organização. Após identificados e analisados, esses pontos podem ser
trabalhados para o controle, ou mesmo redução dos custos que não agregarem
valor ao cliente.
Porter (1989, p. 58) descreve como analisar o comportamento dos custos
através dos “condutores de custos”, nome dado aos determinantes estruturais do
custo de uma atividade, fatores importantes que afetam os custos organizacionais,
onde eles determinam o comportamento dos custos dentro de uma atividade,
refletindo quaisquer elos ou inter-relações que o afetam. A análise desses
determinantes se torna indispensável para avaliar o custo da empresa e dos
concorrentes e atingir uma vantagem de custo sustentável.
Porém, para analisar esses determinantes, o ponto de partida é definir a cadeia
de valores de uma empresa e atribuir custos operacionais e ativos às atividades de
valor. Assim, todas as atividades de valor da empresa devem ser separadas, caso
representem uma percentagem significativa ou um rápido crescimento ou agrupadas
se representarem percentagens pequenas e estagnadas dos custos ou dos ativos
que nelas atribuídos (PORTER, 1989, p. 59).
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A contabilidade de custos será de grande ajuda para identificação dos custos e
dos ativos às atividades, já que “os custos operacionais devem ser atribuídos às
atividades em que são incorridos e os ativos devem ser atribuídos às atividades que
os empregam, controlam ou exercem a maior influência sobre o seu uso” (PORTER,
1989, p. 59). Nesse processo de identificação, o uso de métodos de custeio pode
ser utilizado para uma melhor alocação desses custos às atividades.
Ainda segundo Porter (1989, p. 60), as atividades diferenciadas entre
concorrentes devem ser analisadas isoladamente, pois podem ser fonte de uma
vantagem ou uma desvantagem de custo relativo. Assim, a alocação de custos e
ativos às atividades irá produzir uma cadeia de valores que ilustra a distribuição dos
custos de uma empresa, podendo, os custos das atividades, serem analisados
isoladamente ou comparados a outras empresas concorrentes.
O comportamento dos custos em cada atividade pode estar mais ou menos sob
o controle da empresa, dependendo da influência exercida através dos condutores
de custos. Existem dez principais condutores que podem combinar-se para
determinar o custo de uma determinada atividade (PORTER, 1989, p. 62). A figura 4
mostra cada um dos condutores de custos, que serão brevemente discutidos a
seguir.
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Figura 4.: Condutores dos custos.Fonte: Baseado em Hooley (2005,p 279)
As economias de escala derivam do fato de fazer as coisas de maneira mais
eficiente ou em maior volume, resultado das operações de uma atividade em uma
escala mais alta, onde o simples volume pode ajudar a criação de alavancagem de
compra, ou garantir matéria prima mais barata e/ou de melhor qualidade.
Porém, o aumento da escala, muitas vezes pode resultar da complexidade de
uma atividade, provocando aumento do custo dos insumos por meio de exigências
na aquisição ou mesmo redução da motivação dos funcionários, gerando um
aumento do custo de mão de obra. A economia ou deseconomia de escala pode ser
encontrada em quase todas as atividades da empresa, como: compra, venda,
atendimento, produção, publicidade etc. Para Porter (1989, p. 66) “a medida de
escala apropriada é uma função do modo como uma empresa administra uma
atividade.” Assim uma empresa deverá administrar suas atividades buscando uma
Economiasde Escala
Experiência eAprendizagem
Utilização dacapacidade instalada
Relações entre áreasinternas e relações com
outras empresas
Relações entreUENsGrau de
integração
Escolhas daspolíticas
Localização
Institucional
Agir no momentooportuno
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maior eficiência no tipo de escala em que a empresa tenha a uma maior vantagem
sobre a concorrência.
Esse aumento na eficiência pode ser adquirido através do aprendizado, que
provoca uma redução adicional de custos por meio de experiências. Essa eficiência
só se concretiza graças ao funcionário que antes já realizou várias vezes essa
tarefa. As repetições dos procedimentos levam a pequenos ajustes, a fim de
melhorar o desempenho em cada nova realização de uma atividade. Esses
aperfeiçoamentos geram uma vantagem sobre aqueles que ainda não o
desenvolveram.
Já o uso da capacidade instalada afetará consideravelmente a atividade de
valor que possui um elevado custo fixo associado a ela. Segundo Hooley; Saunders
e Piercy (2005, p. 280), a utilização da capacidade instalada mostrou ter um grande
impacto nos custos unitários, onde a utilização possui uma forte associação positiva
sobre os investimentos. Utilizar essa capacidade instalada no seu nível máximo
significa distribuir os custos fixos a um volume maior de operações.
As relações internas e externas também constituem um determinante de
custos, pois o custo de uma atividade de valor é freqüentemente afetado pelo modo
como outras atividades são executadas (PORTER, 1989, p. 69). Assim, o
comportamento do custo não pode ser compreendido apenas com um exame da
atividade, já que os elos existentes entre as atividades relacionadas criam
oportunidades para a redução do custo total.
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São inúmeros os elos existentes entre as atividades na cadeia de valores. As
relações entre as áreas internas devem ser verificadas para se identificar quais as
atividades que estão interligadas, causando impacto sobre o custo de execução de
uma outra atividade. A coordenação dessas atividades leva à otimização dos
resultados e à redução dos custos.
As relações externas, ou verticais, estão relacionadas com a
interdependência entre as atividades de uma empresa e seus fornecedores e
clientes e que também podem resultar em custos mais baixos para a empresa. O
estabelecimento de relações mais próximas de trabalho significa uma rede de troca
de informações, previsões e programações e o desenvolvimento de um
relacionamento de longo prazo, que muitas vezes beneficia as duas partes
interligadas, criando uma barreira de entrada para novos entrantes.
Uma atividade de valor também pode ser compartilhada com outra unidade ou
com atividades de valores similares. Assim, eleva-se a produção e se reduz o custo
unitário, seja através das economias de escala, pela utilização da capacidade
instalada seja pela curva de aprendizado trazido pela experiência. O relacionamento
com outras UENs do portifólio geral da organização pode ajudar o compartilhamento
de experiências e o ganho de economias de escala nas atividades funcionais como:
pesquisa de marketing, controle de qualidade, pedidos e compras (HOOLEY;
SAUNDERS; PIERCY, 2005). Compartilhar é uma forma potencial de alcançar
escalas, percorrer com mais rapidez a curva de aprendizagem, ou de levar a
capacidade para fora dos limites de uma unidade industrial (PORTER, 1989, p. 71).
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A integração pode reduzir custos pela utilização de produtos e serviços
oferecidos por outras instituições ou pela fabricação e desenvolvimento dos mesmos
na própria empresa. A decisão sobre a integração de produtos ou serviços, como por
exemplo: realizar entrega ou terceirizar o serviço, bem como produzir ou comprar
componentes, pode reduzir consideravelmente os custos. Assim, uma empresa
deverá avaliar os benefícios da integração para cada insumo importante em uma
atividade de valor.
O aproveitamento de oportunidades, embora nem sempre possível, pode
levar a vantagens de custo. Geralmente o primeiro entrante em um setor consegue
ganhar vantagens de custos, garantindo a melhor localização no mercado. O valor
das ações no momento oportuno vai além do seu impacto nos custos, levando a
uma vantagem competitiva, ao aproveitar o momento certo para ganhar espaço, ou
inovar num mercado antes não explorado. Porém aqueles que se manifestam
posteriormente podem gozar de benefícios como a compra de equipamentos mais
modernos ou a economia em altos custos para desenvolver o mercado ou o produto.
Todas as decisões tomadas dentro da empresa afetam os custos. Decisões
sobre características, desempenho e configuração do produto, variedade de
produção, níveis de serviços oferecidos, níveis de qualidade, características e
facilidades de crédito, marketing, tecnologia, e outros, vão aumentar ou diminuir os
gastos da empresa. Porém, também vão influenciar a valorização do produto/serviço
oferecido e devem ser levadas em conta na hora da escolha de políticas de decisão.
A regra a ser utilizada é reduzir custos apenas nos fatores que não afetarão a
valorização do produto pelo cliente (HOOLEY; SAUNDERS; PIERCY , 2005).
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Até a escolha da localização da empresa pode tornar-se estratégica para a
redução de custos. Essa redução pode ser significativa no custo de distribuição,
mão-de-obra, matéria prima, locomoção, energia, dentre outros. Além disso, a
localização também pode ser influenciada por benefícios fiscais conseguidos, bem
como, estratégias logísticas, utilização de infra-estrutura local ou favorecimento do
clima para algumas atividades da cadeia de valor.
Já os fatores institucionais geram custos adicionais para as empresas. Esses
fatores são decorrentes de regulação governamental ou do setor, tarifas fiscais e
sindicalização, tarifas, tributos e outras imposições estabelecidas que representam
uma participação significativa no custo total das atividades. Segundo Hooley;
Saunders e Piercy (2005, p. 281), a maior ou menor sensibilidade dos governos em
frente aos lobistas e aos grupos de pressões irá determinar a capacidade da
empresa para exercitar os determinantes de custos institucionais. Assim, quanto
maior for o setor de atuação e mais força puder exercer sobre os governantes,
maiores serão as chances de se conseguir benefícios e incentivos.
Os “condutores de custos” podem ser utilizados para a redução dos custos
gerais da empresa já que afetam a utilização dos ativos, bem como os gastos
operacionais de uma atividade. Eles devem ser identificados de modo a otimizar a
melhor combinação de ativos e custos operacionais a fim de reduzir o custo total
(PORTER, 1989, p 76).
Deve-se verificar ainda que jamais um único condutor de custos irá determinar,
sozinho, a posição relativa de custos de uma empresa. Além disso, esses
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direcionadores divergiram em função de diferentes atividades de valor. Nesse caso,
deverá ser feita uma maior análise sobre a influência dos condutores de custos de
cada atividade de valor, para que uma empresa obtenha um maior entendimento
sobre a sua estrutura de custos relativos e de como essa estrutura poderia ser
modificada.
Uma mudança nessa estrutura de custos pode dar origem a uma vantagem em
relação aos concorrentes e ao mercado, pois a eficiência no uso desses condutores
acarreta a redução de custos, através do melhor aproveitamento dos recursos
disponíveis na empresa. Mas para identificar que mudanças seriam necessárias
para um melhor aproveitamento dessa estrutura, são necessários um monitoramento
das atividades e um gerenciamento das informações coletadas.
Assim, o controle dos custos se torna um fator essencial na busca por forças
competitivas, mas, para isso acontecer, é indispensável avaliar o comportamento
dos custos dentro da organização, através de um adequado sistema de gestão das
informações de custos. Os tópicos seguintes, apresentam aspectos do referencial
teórico que fundamenta o uso da gestão de custos para subsidiar o processo
decisório, buscando dar suporte ao desenvolvimento e implementação de uma
postura estratégica através do uso de recursos e informações da contabilidade de
custos.
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60
3.4 Gestão de Custos
O gerenciamento dos custos surge como um meio de se obter uma maior
lucratividade, utilizando dados extraídos da empresa, através de um sistema de
informação de custos, segundo técnicas de mensuração, planejamento e controle
das operações. Para tanto, é necessário conhecer e analisar o comportamento e a
estrutura de custos da empresa (MARTINS, 2003; HANSEN e MOWER, 2001;
ATKINSON, 2000). Assim, o processo de gestão busca a análise de todas as
etapas operacionais da empresa, visando à eficiência e eficácia organizacional.
Uma empresa é eficiente quando consegue ter melhor relação entre consumo e
produção. É o resultante da relação entre produção pretendida e custo consumido,
utilizando sempre o melhor método de produção e recursos. Já a eficácia diz
respeito ao resultado obtido pela venda dos produtos. Está ligada à relação de
produção e venda, visando ao melhor resultado possível.
A eficiência e a eficácia organizacional dependem de um adequado sistema de
informações capaz de gerir e conduzir a empresa a constantes mudanças de
comportamentos em virtude das necessidades existentes no mercado. Lidar com
essas mudanças e aceitar a necessidade de informações cada vez mais precisas
fazem parte das estratégias que levam ao crescimento competitivo. As empresas
que não se adequarem a essa realidade perderão espaço para outras mais
preparadas que passaram a se fortalecer cada vez mais.
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61
Para Pompermayer (2004, p. 19),
Dentre as tecnologias de gestão que podem ser adotadas pelaempresa, uma das principais é o sistema de gestão de custos, por suacapacidade de fornecer informações de grande utilidade no auxilio atomada de decisão e no planejamento e controle dos recursos deprodução, representando instrumento gerencial fundamental na buscade sustentação competitiva da organização por se tratar de umsistema que deve refletir a empresa em termos monetários, sob oaspecto da utilização e apropriação dos recursos produtivos naturais,humanos, estrutura física, tecnológica e equipamentos.
Conhecer o valor dos custos necessários para a produções ou prestação dos
serviços é o primeiro passo para o planejamento dos resultados que se deseja
atingir. Mas para isso é necessária uma estrutura capaz de mensurar e acumular os
custos para que estes possam ser atribuídos aos produtos/servicos da maneira mais
eficaz. Para Pompermayer (2004, p, 69),
Um sistema de gestão de custos caracteriza-se por apresentarfunções semelhantes a um centro processador de dados e deprodução de informações destinadas aos diferentes níveis gerenciaisda empresa.
Para tanto deve existir uma relação entre os dados coletados e as
informações repassadas aos diversos níveis gerenciais da empresa. Nesse sentido,
a contabilidade de custos passa a ser o centro processador dos dados, na medida
em que extrai, acumula, organiza, analisa, interpreta e transmite as informações
produzidas aos gestores competentes, como mostra a figura 5:
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62
Figura 5: Contabilidade de Custos Como centro Processador de Informações.Fonte: Leone (2000)
Os dados são extraídos de fontes internas e externas à empresa, e consistem
em recursos materiais e humanos, tecnologia, demanda de mercado, entre outros.
Esses dados serão processados e transformados em informações pela contabilidade
de custo.
Os relatórios fornecidos pela contabilidade de custos se tornam
indispensáveis para esse processo de gestão. Porém, outras ferramentas podem ser
utilizadas e atribuídas para fornecer maiores dados sobre os comportamentos e as
variações da estrutura de gastos da empresa. Assim, “Os gestores escolherão a
classificação de custos que mais os ajudará no planejamento, controle e tomada de
decisão” (HORNGREN et al., 2000, p.30).
Conhecer os métodos, sistemas, técnicas e instrumentos de mensuração e
controle dos custos faz parte desse processo estratégico na formulação de um
modelo de gestão de custo. Mas, para se definir que mecanismos serão adotados
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63
pela empresa, faz-se necessária a definição das necessidades, dos objetivos e
metas organizacionais.
As necessidades preteridas pela empresa fazem parte do processo de
identificação de um sistema que será útil ao fornecimento de informações. Para a
formação desse sistema de gestão, primeiro se faz necessária a análise das
necessidades prioritárias da empresa. Assim, as necessidades da organização são
elementos norteadores para a definição dos objetivos e métodos de custeio a serem
adotados no modelo de gestão da empresa (POMPERMAYER, 2004, p. 71).
Essas necessidades vão variar para cada tipo de empresa e ramo de
atividade. Por exemplo, em um mercado onde o preço de venda é estabelecido por
órgãos reguladores, não existe a necessidade de apoio à formação de preço de
venda, sendo prioritária a redução de custos e a avaliação de resultados.
Na formação dos objetivos do sistema de gestão de custos, Pompermayer
(2004, p. 72), leva em consideração dois aspectos importantes. Os primeiros são os
objetivos gerais, que um sistema deve proporcionar a uma empresa. E os segundos,
os objetivos específicos, que levam em consideração as estratégias, diretrizes,
conhecimento dos produtos, tecnologia de produção e mercados de atuação da
empresa. Esses objetivos deverão nortear a criação de um sistema de gestão que
supra todas as necessidades da empresa. Assim, um objetivo específico pode suprir
uma ou mais necessidades da empresa e influenciará o uso dos métodos, formas e
sistemas de custeio que serão adotados na busca por informações que supram as
necessidades definidas pela empresa.
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64
Na formação de um sistema de gestão de custo deverá ser definido o modo
de acumulação dos custos da empresa. Esse modo de acumulação de custos indica
os caminhos para a coleta, processamento e saída das informações para o
custeamento dos produtos. Consiste no segmento estrutural de banco de dados da
contabilidade de custos (PADOVEZE, 2007).
Independente do método, forma ou sistema de custeio adotado, alguns fatores
devem ser observados na formação de um sistema de gestão de custos, tais como a
estrutura do produto, o processo de fabricação, as atividades desenvolvidas, as
unidades de acumulação de custos, os departamentos existentes e a forma de
acumulação de dados. Só assim será possível a implantação de um adequado
sistema de gestão de custos que atenda às necessidades e os objetivos de
informações da empresa.
Para Pompermayer (2004), as mudanças e os novos desafios enfrentados
pelas empresas têm exigido enormes esforços de atualização no âmbito da
contabilidade de custos no que diz respeito aos seus objetivos. Essa evolução deu-
se na direção de uma gestão estratégica de custos, em que as informações geradas
pelos sistemas e métodos devem ultrapassar o ambiente interno das empresas e, ao
mesmo tempo, inserir a análise dos custos para o alcance de uma sustentação
competitiva. Essa análise dos custos proporciona um maior número de informações
que podem ser utilizadas pelos gestores na busca da eficiência e da eficácia
organizacional.
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65
Assim o uso de um sistema de custo como modelo de gestão estratégica surgiu
com a necessidade cada vez maior de informações que auxiliassem a tomada de
decisão na busca de um melhor aproveitamento dos recursos existentes. “A gestão
estratégica de custos é o uso de dados de custos para desenvolver e identificar
estratégias superiores que produzirão uma vantagem competitiva sustentável”
(HANSEN e MOWEN, 2001, p. 424).
Essas estratégias são desenvolvidas a partir dos objetivos organizacionais e
buscam a otimização dos custos, o controle das atividades operacionais e o
planejamento com vistas ao futuro da empresa, através do aprimoramento de
processos e aprendizado buscam uma vantagem competitiva sustentável.
Porém, para haver adoção e utilização de um sistema de gestão estratégica é
necessário que pessoas capacitadas estejam envolvidas no processo de gerar
informações. Para Martins (2003, p. 357), o sucesso de um sistema de informações
depende do pessoal que o alimenta e o faz funcionar. O sistema representa um
conduto que recolhe dados em diversos pontos, processa-os e emite, com base
neles, relatórios na outra extremidade. Assim de nada adianta a adoção de um
adequado sistema de informações gerenciais se as pessoas nele envolvidas não
estiverem preparadas para utilizar e suprir o sistema com os dados necessários.
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66
3.5 Gestão de custos nas empresas de transporte rodoviário
O setor de transporte rodoviário de passageiros se caracteriza pela regulação,
que determina as condições básicas de entrada, bem como a estrutura desse
mercado. As condições tarifárias impostas pela regulação tornam o uso de um
sistema de gestão de custos ainda mais imprescindível para a obtenção de um
posicionamento competitivo no setor.
Porém, para se definir um sistema de gestão de custos eficaz, o primeiro
passo é montar a estrutura de custos desse setor a fim de servir como base para um
planejamento de resultados. Nesse sentido, os custos podem ser identificados e
acumulados de acordo com os objetivos e necessidades individuais de cada
empresa, podendo ser agrupados por:
• Ônibus;
• Viagens;
• Linhas etc.
Dessa forma os custos variáveis seriam identificados com o fato gerador, ou
seja, o consumo dos insumos e da mão de obra para cada ocasião. Os custos
variáveis existentes em uma empresa de transporte rodoviário que podem ser
alocados diretamente aos serviços são:
• Peças, acessórios e material de manutenção.
• Combustível e lubrificantes;
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67
• Rodagem (pneus e recauchutagem);
Já os custos fixos podem ser identificados ou rateados com base no tempo de
mão de obra disponibilizado, número de viagens ou número de solicitação, São eles:
• Salário e encargos sociais (motoristas, cobradores, fiscais);
• Salários e encargos sociais do pessoal da manutenção;
• Almoxarifado;
• Tráfego.
• Licenciamento, Seguros.
• Depreciação do veículo.
Em algumas empresas, os motoristas e cobradores estão ligados a um único
ônibus ou a linhas ficando ainda mais fácil de alocar esses custos. Já os gastos com
a administração, conferência, vendas de passagens (agências), serviços, taxas e
impostos, promoções e propagandas, finanças, instalações diversas, dentre outros ,
não ligados diretamente à prestação dos serviços de transporte, seriam classificados
como despesas do período em que ocorreram.
Para Lopes (2006), é importante destacar que a composição dos custos e
despesas é intrínseca a cada tipo de operação e a cada empresa. Variando em
função do tipo de equipamento utilizado, das condições de cada região, das
peculiaridades de operações de cada sistema de transporte.
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68
Nas prestadoras de serviços de transportes, os custos fixos são bastante
elevados e são responsáveis pela manutenção da estrutura necessária a operação.
Como o valor destes custos não será alterado pelo número de viagens ou de
passageiros, a empresa deverá tentar maximizar as operações a ponto de utilizar
toda a sua estrutura fixa a fim de obter um maior retorno para a empresa.
Ônibus parado é um custo alto, porém ônibus rodando com margem de
contribuição negativa consiste em um custo maior ainda. Assim, para o cálculo da
margem de contribuição para cada ônibus ou viagem devem ser levados em
consideração os custos e despesas variáveis, que possam ser alocados diretamente
ao serviço, como demonstra o cálculo abaixo.
Cálculo da margem de contribuição:
Receita Bruta (pela venda de passagens)
(-) Impostos incidentes sobre receita
= Receita líquida de vendas
(-) custos variáveis (para a realização da viagem)
(-) despesas variáveis (para a realização da viagem)
= Margem de contribuição por viagem
Já, para se descobrir o número mínimo de passageiros necessários para a
realização da viagem (ponto de equilíbrio por viagem), basta dividir a receita bruta
obtida no ponto de equilíbrio (onde a receita se iguala a soma dos custos
necessários para a realização da viagem), pelo preço unitário da passagem. Assim a
viagem ou linha só será viável caso o número de passageiros transportados exceda
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69
esse número, ou seja, o valor dessa receita bruta no ponto de equilíbrio da viagem.
Este estudo pode verificar a viabilidade de certa linha ou viagem, dependendo
unicamente de fatores como a demanda de passageiros e o percurso percorrido
(distância).
Para que a empresa obtenha um bom desempenho (lucro), a soma das
margens de contribuição das viagens realizadas em um período deve ser suficiente
para cobrir todos os custos e despesas fixas e ainda a remuneração do capital
investido pelos sócios.
Porém nem sempre as empresas estão atuando em linhas viáveis, ou seja,
com demanda que suporte ou cubra a margem de contribuição mínima desejada
pela empresa. A regulação existente no setor, apesar da ajuda ao criar barreiras de
entradas para possíveis concorrentes, também exige certas condições: como
número de viagens mínimas e rotas com baixa demanda. Assim, por força de
estratégias competitivas ou para não perder a permissão de outras linhas, as
empresas se sujeitam a essas condições e passam a buscar o equilíbrio
econômico/financeiro em outros trechos, ou através de tentativas de redução dos
custos operacionais.
Para se ter um maior controle sobre os custos, as empresas de transporte
rodoviário de passageiros, como qualquer outra empresa, necessitam de um
adequado sistema de gestão de custos, capaz de fornecer essas e outras
informações como: índice de aproveitamento de linhas, custo de rodagem e de
manutenção, ou por viagem, em tempo hábil para a tomada de decisão. As
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70
informações coletadas e transformadas em relatórios são úteis para a previsão e
planejamento de resultados, ao buscar um melhor desenvolvimento e oportunidades
para as empresas.
Para a implantação de um sistema de gestão de custos, as empresas devem
escolher um ou vários métodos e sistemas de custeio que supram as necessidades
de informações gerenciais e um quadro de pessoal capacitado para alimentar esse
sistema com dados necessários para o fornecimento de relatórios gerenciais
capazes de medir a composição e avaliar a estrutura de custos da empresa.
A composição desses custos e o estudo da sua evolução no tempo servem
também para medir a eficiência da empresa em controlar e analisar a variação dos
seus gastos no decorrer do tempo e para a comparação em relação a outras
empresas do mesmo setor, com a composição da planilha de custos fornecida pela
ANTT, para o cálculo do reajuste tarifário.
A composição de custos estabelecida pela ANTT fornece subsídios para a
comparação da situação da empresa em relação à média nacional no que diz
respeito a sua estrutura de custo, servindo como parâmetro de desempenho e de
medida para adoção de estratégias e determinação de objetivos e necessidades dos
sistemas de gestão de custos, já que estes devem ser capazes de montar e avaliar a
composição da real estrutura de custos da empresa.
O modelo de estrutura tarifária definido pela agência reguladora leva a uma
maior necessidade de controle dos gastos. Assim, as empresas desse setor devem
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71
se adequar a essa estrutura ou estarem em uma posição favorável em custos,
evitando a possibilidade de entrada de novas empresas no setor. Esse fator
evidencia ainda mais a importância do uso de um adequado sistema de gestão de
custos como fator determinante na formação de estratégias competitivas.
O foco da gestão de custos desse capítulo visa a um diferencial estratégico
nas empresas de transporte rodoviário de passageiros para a superação das
dificuldades trazidas pela competitividade potencial e pela regulação do setor.
Assim, no capítulo 4, faz-se uma descrição da atividade e dos aspectos regulatórios
do setor de transporte rodoviário de passageiros, bem como, uma revisão da
estrutura tarifária e dos parâmetros operacionais definido pela ANTT para o cálculo
do seu reajuste, buscando dar suporte às etapas seguintes desse estudo.
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72
4 ANTT e sua Política Tarifária
Esse capítulo visa analisar, esclarecer e avaliar os aspectos da regulação
existente no setor de transporte rodoviário de passageiros para a prestação dos
serviços, bem como da metodologia para o cálculo do coeficiente tarifário para
revisão e reajuste tarifário que irá subsidiar o estudo da estrutura de custos da
empresa Alfa, demonstrado no capítulo 5 desta pesquisa.
4.1Aspectos Regulatórios Gerais
O transporte de passageiros no Brasil é um serviço público essencial,
transferido ou deslocado do estado para outras entidades, sob condições fixadas por
ele. Entende-se, portanto que, por envolver interesse coletivo, deve ajustar-se às
necessidades da população, atendendo a um padrão mínimo de confiabilidade dos
serviços.
A prestação desse serviço é realizada através de autorização ou permissão,
ato que deve ser amparado por autorização legislativa, em que fiquem claramente
definidas as condições de execução dos serviços, em conformidade com edital de
concorrência, cuja outorga é efetuada através de licitação pública para a exploração
de cada linha (BRASIL, 2001). Entretanto, o contrato de permissão do serviço não
transfere propriedade alguma, por que um particular jamais retém um serviço
público, sendo-lhe delegada, somente, a prática da atividade pública.
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73
A regulação desta atividade é atribuição dos órgãos públicos em suas três
esferas de governo: as prefeituras municipais cuidam do transporte urbano em suas
cidades; os governos estaduais administram as linhas intermunicipais no âmbito de
cada estado; e o governo federal é responsável pelo transporte rodoviário
interestadual e internacional de passageiros em todo o País.
As origens do processo regulatório do transporte rodoviário de passageiros foi
instituído pelo decreto-lei nº 8.463/45, que, na época, concedeu autonomia
financeira ao Departamento Nacional de Estradas e Rodagens –DNER e criou o
Fundo Rodoviário Nacional. A partir de então, o DNER passou a emitir instruções
para licenciamento das primeiras linhas de ônibus, expandindo, em seguida, essa
função, com o decreto 512/69, a ponto de cobrir todos os aspectos econômicos e
boa parte dos aspectos técnicos das linhas interestaduais e internacionais,
Atualmente, a estrutura regulatória do TRP obedece ao disposto na Constituição
Federal/88 que estabelece em seu artigo 21, a competência da União para explorar,
diretamente ou mediante autorização, concessão ou permissão, os serviços de
transporte rodoviário interestadual e internacional de passageiros.
Em 2001, a lei 10.233 criou a Agência Nacional de Transporte Terrestre-
ANTT, buscando a melhoria dos serviços e a redução dos custos aos usuários do
transporte rodoviário de passageiros. Também instituiu as ações de regulação e
fiscalização do setor que têm caráter permanente e objetiva adequar as rotinas e
procedimentos e garantir a movimentação de pessoas e bens em cumprimento a
padrões de eficiência, segurança, conforto, regularidade, pontualidade e
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74
modicidades nos fretes e tarifas. De acordo com a lei 10.233/2001 art. 26, cabe à
ANTT, como atribuições específicas pertinentes ao Transporte Rodoviário:
I – públicar os editais, julgar as licitações e celebrar os contratos depermissão para prestação de serviços de transporte rodoviáriointerestadual e internacional de passageiros;
II – autorizar o transporte de passageiros, realizado por empresas deturismo, com a finalidade de turismo;
III – autorizar o transporte de passageiros, sob regime de fretamento;
IV – promover estudos e levantamentos relativos à frota decaminhões, empresas constituídas e operadores autônomos, bemcomo organizar e manter um registro nacional de transportadoresrodoviários de cargas;
V – habilitar o transportador internacional de carga;
VI – públicar os editais, julgar as licitações e celebrar os contratos deconcessão de rodovias federais a serem exploradas e administradaspor terceiros;
VII – fiscalizar diretamente, com o apoio de suas unidades regionais,ou por meio de convênios de cooperação, o cumprimento dascondições de outorga de autorização e das cláusulas contratuais depermissão para prestação de serviços ou de concessão paraexploração da infra-estrutura.
As outorgas para a prestação dos serviços de transporte rodoviário são
realizadas sob a forma de autorização, permissão ou concessão. A
autorização para a prestação dos serviços ocorre mediante delegação
ocasional, por prazo limitado ou viagem certa, para prestação de serviços de
transporte em caráter emergencial ou especial, como o turismo, enquanto na
permissão, a delegação ocorre a titulo precatório, mediante licitação, na
modalidade de concorrência para a prestação do serviço de transporte
rodoviário interestadual e internacional de passageiros, feita pela União,
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75
representada pela ANTT, à pessoa jurídica que demonstre capacidade para
seu desempenho, por conta e risco, por prazo determinado.
Já a concessão, também autorizada e fiscalizada pela agência
regulatória, ocorrerá quando se tratar de exploração de infra-estrutura de
transporte público, precedida ou não de mão de obra pública e de prestação
de serviços de transporte associados à exploração da infra-estrutura.
Segundo o art. 29, Lei 10.233/2001:
Somente poderão obter autorização, concessão ou permissão paraprestação de serviços e para exploração das infra-estruturas detransporte doméstico pelos meios aquaviário e terrestre as empresasou entidades constituídas sob as leis brasileiras, com sede eadministração no País, e que atendam aos requisitos técnicos,econômicos e jurídicos estabelecidos pela respectiva Agência.
As permissões a serem outorgadas pela ANTT aplicam-se à prestação de
serviços de transporte de passageiros que independam da exploração da infra-
estrutura e não tenham caráter de exclusividade ao longo das rotas percorridas, isto
é, podendo possuir mais de uma empresa atuando em um mesmo percurso, desde
que comprovada a demanda de passageiros. Sendo esse processo precedido de
licitação pública e celebrado em cumprimento ao principio da livre concorrência entre
os capacitados para o exercício das outorgas.
O edital de licitação deve indicar o objeto da permissão, o prazo de vigência e
as condições de prorrogação da permissão, bem como o modo, a forma e as
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76
condições de adaptação da prestadora dos serviços à evolução da demanda de
mercado, às características essenciais e a qualidade da frota a ser utilizada, além
das exigências para a prestação de serviços adequados.
O contrato de permissão deve refletir fielmente as condições do edital e da
proposta vencedora, tendo ainda, a definição das rotas e itinerários, as obrigações
dos permissionários quanto às participações governamentais e o valor devido pela
outorga, se for o caso; devem constar nele também os direitos, garantias e
obrigações dos usuários da agência e do permissionário. A ANTT deve estabelecer
em contrato de permissão os valores das tarifas a serem cobradas, bem como os
critérios para reajuste e revisão, os procedimentos para acompanhamento e
fiscalização das atividades permitidas e para auditoria do contrato; além da
obrigatoriedade de o permissionário fornecer à agência relatórios, dados e
informações relativas às atividades desenvolvidas (BRASIL, 2001).
Em função da evolução da demanda, a agência poderá, ainda, autorizar a
utilização de equipamentos de maior capacidade e novas freqüências e horários,
nos termos da permissão outorgada.
A Lei 8.987/95, que dispõe sobre o regime de concessão e permissão da
prestação de serviços públicos previstos na Constituição Federal de 1988, em seu
art 9º estabelece que: “A tarifa do serviço público concedido será fixada pelo preço
da proposta vencedora da licitação e preservada pelas regras de revisão previstas
nesta lei, no edital e no contrato” (BRASIL, 1995).
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77
Assim, o valor das tarifas fixadas no contrato de permissão, não será
determinado pela ANTT e sim pela própria empresa vencedora da licitação, no
processo de competição. A ANTT será responsável pelos critérios e metodologias
para reajustes e revisão das tarifas e pela fixação do valor máximo a ser cobrado,
por meio de um levantamento do custo da prestação dos serviços, utilizando
informações fornecidas pelas empresas permissionárias, a fim de promover o
equilíbrio econômico-financeiro das empresas.
A resolução da ANTT nº 248/03, no seu art 1º, estabelece que “as
permissionárias do transporte interestadual e internacional de passageiros, passem
a enviar, trimestralmente, os dados mensais de desempenho operacional e os
balancetes analíticos mensais.”
Nos dados mensais de desempenho operacional devem constar os dados
cadastrais da empresa, os dados de movimentação de passageiros por mês e
seção, números de viagens e lugares ofertados por mês das linhas regulares e
serviços complementares e diferenciados; além da relação da frota total e número de
motoristas alocados para a prestação de serviço interestadual e internacional de
passageiros por empresa. O prazo para envio de relatório é de 45 dias, contados do
final do trimestre para remessa dos dados.
As empresas permissionárias também devem enviar, anualmente, até o dia
30 de abril, as demonstrações financeiras em sua forma completa, ou seja, balanço
patrimonial-BP, demonstração do resultado do exercício-DRE, demonstração de
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78
origem e aplicação de recursos-DOAR e demonstração de mutação do patrimônio
líquido-DMPL, com suas respectivas notas explicativas e os relatórios da diretoria.
A desobediência às cláusulas do contrato acarretará sanções de advertência,
multa e suspensão da vigência do contrato, conforme regras para sua aplicação, em
função da natureza, da gravidade e da reincidência da infração.
As informações fornecidas pelas permissionárias serão utilizadas pela ANTT
para o cálculo da revisão e reajuste tarifário, bem como para fixação do valor
máximo do coeficiente tarifário. Assim, no tópico a seguir, dar-se-á início a descrição
e análise dessa metodologia tarifária definida pela ANTT.
4.2 Formação, reajuste e revisão de tarifas dos serviços de transporte
rodoviário de passageiros
O valor inicial da tarifa cobrada pelas empresas de TRP não é estabelecida
pela ANTT, mas pelo preço da proposta vencedora da licitação. Nesse processo,
vencerá a empresa que: I – apresentar o menor valor da tarifa do serviço público a
ser prestado; II – apresentar a maior oferta, no caso de pagamento ao poder
concedente pela outorga de concessão; III – tiver a melhor combinação dos critérios
referidos nos incisos I e II. Sendo que a aplicação do inciso III só será admitida
quando previamente estabelecida no edital de licitação, inclusive com regras e
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79
fórmulas precisas para avaliação econômico-financeira. A fim de evitar propostas
inviabilizadas ou financeiramente incompatíveis. (BRASIL, 1995)
No edital de licitação, a ANTT estabelecerá o valor máximo para a cobrança
das tarifas, bem como a metodologia para os cálculos que demonstrem a viabilidade
econômico-financeira da proposta a ser avaliada no processo licitatório.
Além da formação das tarifas cobradas pelo transporte rodoviário
interestadual e internacional de passageiros. É também competência da ANTT
estabelecer critérios, metodologias e planilhas para reajuste e revisão tarifária,
através do levantamento dos custos da prestação desses serviços. A ANTT é
responsável pela revisão dos estudos que subsidiam a definição do coeficiente
tarifário e a determinação da tarifa máxima a ser cobrada, tendo em vista as
transformações tecnológicas, administrativas, legais e econômico-financeiras
verificadas no País, a fim de promover o equilíbrio econômico-financeiro das
empresas permissionárias. (BRASIL, 2003b).
Para o entendimento da análise metodológica do processo de revisão e
reajustes das tarifas faz-se necessário entender o objetivo e a diferença entre esses
dois processos. Assim, o reajuste “consiste numa modalidade de indexação dos
preços contratuais, submetendo-os à variação periódica e automática
correspondente à flutuação de índices predeterminados. Busca-se, com isso,
preservar o valor das tarifas inicialmente estabelecidas em contrato, por meio de um
índice que reflita a variação geral dos preços na economia” (BRASIL, 2006b).
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80
Consiste, portanto, em mera atualização do valor da tarifa inicial, para ajustar-se à
perda do poder aquisitivo da moeda e da evolução dos preços na economia. No
caso da revisão, existe uma análise dos custos e receitas por parte do
permissionário para se averiguar eventual alteração do equilíbrio econômico-
financeiro entre as partes, podendo resultar em aumento ou diminuição das tarifas.
O reajustamento de contrato somente é permitido com periodicidade mínima
de um ano. Já a revisão, poderá ocorrer em caráter ordinário, quando previsto
contratualmente, ou extraordinário, quando algum fator imprevisível afetar ou
impactar no equilíbrio econômico-financeiro das permissionárias. (BRASIL, 2006b)
A resolução nº 255, de 24 de Julho de 2003, que versa sobre o levantamento
dos custos, para a formação, revisão e reajuste de tarifas, em seu art. 2º, estabelece
que as tarifas praticadas na prestação dos serviços deverão assegurar às
permissionárias, retorno compatível com o investimento necessário para atender às
condições de pontualidade, regularidade, continuidade, segurança, eficiência,
generalidade, cortesia na sua prestação e modicidade das tarifas, bem como o
equilíbrio econômico-financeiro da operadora. Assim, a estrutura tarifária de que
trata esta resolução está baseada em planilhas de custos que contemplem, dentre
outros, os seguintes aspectos: itens de custos, parâmetros operacionais; e
adicionais incidentes.
No Art. 5º da resolução nº 255/2003 consta que: os itens de custos são aquelesessenciais ao desempenho da atividade, tais como:
I - instalações;II - equipamentos;III - pessoal;IV - depreciação:
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81
V - remuneração de capital;VI - combustíveis;VII - lubrificantes;VIII - rodagem;IX - peças e acessórios; eX - administração.
Os parâmetros operacionais consistem no conjunto de variáveis médias, por
natureza de serviço, estabelecido em função das exigências de qualidade e
produtividade, tais como o percurso médio anual dos ônibus, a lotação média da
frota, o índice de aproveitamento, e um fator redutor de encomendas, que reduz o
custo com as viagens em função do ganho com o transporte de encomendas. Os
adicionais incidentes consistem nos demais encargos inerentes à prestação do
serviço, tais como: tributos; seguros; e gratuidades instituídas por lei (BRASIL,
2003b).
Para instituição de revisão e reajuste das tarifas, a ANTT elabora planilhas
utilizando dados coletados junto às permissionárias, pelo envio de informações
operacionais e de custos e outras fontes a elas vinculadas. Os balancetes e dados
mensais de desempenho operacional servem de fontes de informações e controle
para o cálculo da média dos custos dos serviços e dos reajustes das tarifas. A tabela
09 demonstra como ocorre o cálculo do coeficiente tarifário através do levantamento
de custos das empresas de transporte rodoviário de passageiros.
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82
Tabela 09 – Planilha para levantamento do custo da prestação dosserviços de transporte rodoviário interestadual e internacional depassageiros
PLANILHA ANTT Nível de Serviço: Tabela AI, Tipo T, C/S
CÁLCULO REAJUSTE TARIFÁRIO Equipamento: Convencional, com Sanitário
Bases Correntes Piso: Revestimento Asfáltico
ITEM DE CUSTO UNIDADECoeficiente
BásicoPreço Unitário
– R$Custo por
km R$ % CQT
A. Custos Variáveis com a km
1- Combustível litros/Km 0,3277342- Lubrificantes litros/Km 0,0015493- Rodagem pneus/Km 0,00007B. Custos Variáveis com a frota4- Pessoal Operação H.mêslveic.ano 43,2934135- Peças e Acessórios % veiculo/veíc.ano 3,1146226- Pessoal Manutenção H.mês/veic.ano 14,549721C. Depreciação7- Veículos veic.s/Pneus/veíc.ano 16,0000008- Outros Ativos veic.s/pneus/veíc.ano 0,374600D. Administração9- Pessoal Adro.Vendas H.mês/veic.ano 35,35868710-Despesas Gerais % veiculo/veíc.ano 3,185000E. Remuneração
11- Veículos % veiculo/veíc.ano 5,12960012- Outros Ativos % veiculo/veíc.ano 3,691900Subtotal – CQTTotal – CQP – CQT*(1-FRE/1OO)
Parâmetros Operacionais: Custo por pass.kmPMA= 127.220 km/veic.ano CT = CQP/LOT*IAP)LOT= 46 Lugares PPF=
IAP- 68,00 % LOTCoef.
Calculado CC = CT+PPF =
FRE= 1,16 % CQTPIS= 1,32 %CT Coeficiente Atual Vigente=
SRC= 0,67 % CTCOFINS = 3,00 % CT
PPF=CT*((100/((100-
(PIS+COFINS+SRC)))-1) Reajuste Alinhamento:
PPF= Reajuste Aprovado:Parcela devido as incidências do PISe COFINS em CT Coeficiente Aprovado:
CC= Coeficiente CalculadoFONTE: Brasil (2003), anexo I, do título IV.
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83
O modelo atual da planilha tarifária (tabela 09) passou a vigorar com a
resolução ANTT, nº 255/03, resultado de uma pesquisa junto às empresas
operadoras, após o encaminhamento de 57 (cinqüenta e sete) questionários às
permissionárias selecionadas como amostragem, dentro de um universo de 154
empresas existentes à época (BRASIL, 2006b).
Para o cálculo do coeficiente tarifário, os custos são dispostos em cinco
grupos a seguir:
a) Custos variáveis com a quilometragem: Parcela de custos operacionais
que mantêm relação direta com a quilometragem percorrida. Assim, o
valor de cada parcela será o produto do preço unitário de cada
componente pelo seu respectivo coeficiente de consumo. Estão
compreendidos nesse custo: o combustível, o lubrificante e a rodagem
(pneus, câmaras de ar, protetores e recapagem).
b) Custos variáveis com a frota: consiste naqueles que sofrem alterações em
função do volume de produção expressos em quilometragem percorrida.
Estão compreendidos: pessoal de operação, peças e acessórios e pessoal
de manutenção.
c) Depreciação: refere-se ao desgaste dos bens efetivamente investidos pela
empresa na operação dos serviços de transportes, compreendendo os
veículos e outros ativos. A depreciação é calculada pela fórmula linear
sobre o valor do veículo sem pneus, considerando uma vida útil de 5 anos
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84
e um valor residual de 20% do valor do veículo. Já em relação aos outros
ativos, será considerada a depreciação de instalações e equipamentos,
edificações e veículos de apoio.
d) Administração: compreende o gasto com o pessoal envolvido nas
atividades administrativas e comerciais da empresa, bem como o material
de consumo, escritório e outros. São divididos em pessoal de
Administração e Despesas gerais.
e) Remuneração: consiste na remuneração pelo capital investido, onde é
aplicada uma taxa de juros de 12% ao ano, sendo o valor do coeficiente
básico calculado pelo produto da depreciação do veículo pela idade da
frota, para os veículos; e para os outros ativos, o coeficiente básico será
calculado pelos coeficientes individuais de instalações e equipamentos,
edificações e outros.
O custo por quilômetro de cada item é calculado pela multiplicação do
coeficiente básico por quilômetro, determinado pela ANTT, através de estudos junto
às permissionárias, pela média dos preços unitários dos custos. O valor do percurso
médio anual-PMA é utilizado como parâmetro para o cálculo do custo por quilômetro,
para os custos calculados por ano. Assim, uma vez obtido o custo por quilômetro de
cada item da planilha, encontra-se o valor do Custo Total por Quilômetro - CQT pela
soma de todos os itens e a participação de cada um na composição dos custos
totais por quilômetro (BRASIL, 2003b).
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85
Uma vez encontrado o valor do CQT, faz-se um ajuste desse custo para se
chegar ao custo por quilômetro (CQP). A seguir apresenta-se a equação detalhada
do cálculo do coeficiente tarifário (BRASIL, 2003b):
Fórmula do Ajuste:
CQP=CQT*(1+PER/100)*(1-FRE/100),
Sendo:
CQP- significa Custo por Quilômetro
CQT- Custo por Quilômetro Total, calculado pela soma dos custos por
quilômetros da planilha.
PER- Percurso Morto
FRE- Fator Redutor de Encomendas
Esse ajuste dos custos ocorre em função do percurso morto e do fator redutor
de encomendas. O percurso morto (PER) consiste na distância entre as garagens e
os terminais em sua origem e destinos, que não gera receita tarifária, mas participa
do processo de prestação dos serviços e gera custos não contemplados na planilha
que apura o coeficiente tarifário. Enquanto, o fator redutor de encomendas (FRE), irá
reduzir os custos dos serviços em função da receita obtida pelas empresas, com o
transporte de encomendas (BRASIL, 2003b).
O custo tarifário ou custo por quilômetro por passageiro - CT é calculado
dividindo o valor obtido do CQP pela lotação média do veículo (lotação do veículo
total multiplicado pelo índice de aproveitamento padrão). O valor encontrado é
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somado ao Percentual de Parcela Fiscal - PPF para se chegar ao Coeficiente
tarifário vigente, conforme mostra abaixo:
Fórmula do custo tarifário:
CT=CQP/(LOT*IAP)
Sendo:
LOT= Lotação do Veículo
IAP= Índice de Aproveitamento Padrão
Fórmula do percentual de parcela fiscal:
PPF=CT*((100/(100-(PIS+COFINS+SRC)))-1)
Sendo as tarifas fiscais Instituídas pelo governo:
PIS= Programa de Integração Social = 0,65%
COFINS= Contribuição para a Seguridade Social= 3%
SRC= Seguro de Responsabilidade Civil= 0,67%
Assim, ao substituir os valores da equação: PPF=CT*((100/(100-
(PIS+COFINS+SRC)))-1), pelas tarifas vigentes, ficará:
PPF=CT*((100/(100-(0,65+3+0,67)))-1), sendo simplificada a:
PPF= CT*(0,045151) - Este valor permanece constante até que sejam
criados, alterados ou extintos tributos ou encargos legais.
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87
Assim, chega-se ao Coeficiente Calculado pela seguinte fórmula:
Coeficiente Calculado (CC)= CT+PPF.
Esse coeficiente deve vigorar pelo prazo de um ano, até a data do próximo
reajuste da tarifa, sendo que, pela legislação vigente, a data base para o reajuste
ocorre em julho de cada ano. A tabela 10 dá maior ênfase ao cálculo do coeficiente
tarifário, demonstrando o cálculo autorizado em julho de 2006, pela resolução
1.509/06 no valor de R$ 0,095931 por quilômetro, conforme tabelas 10 e 11.
TABELA 10- Cálculo do Coeficiente Tarifário Autorizado em 09/07/2006 –TRANSPORTE INTERNACIONAL E INTERESTADUAL DE PASSAGEIROS
Item de Custo UnidadeCoef.
BásicoPreço
Unitário R$ Custo/km %
A-Custos variáveis com a km 26,55
1 – Combustível litros/km 0,327734 1,884 0,6109 23,12
2 – Lubrificantes litros/km 0,001549 4,4291 0,0069 0,26
3 – Rodagem pneus/km 0,00007 1.196,30 0,0838 3,17
B-Custos variáveis com a frota 25,49
4 – Pessoal de Operação H.mês/veic.ano 43,293413 1.355,23 0,4389 16,61
5 - Peças e Acessórios % veículo/veíc.ano 3,272601 411.559,84 0,1008 3,81
6 – Pessoal de Manutenção H.mês/veic.ano 14.549.721 1.230,28 0,1339 5,07
C-Depreciação 18,69
7 – Veículos % veíc.s/pneus/veíc.ano 16 403.185,72 0,4826 18,26
8 - Outros Ativos % veíc.s/pneus/veíc.ano 0,3746 403.185,7174 0,0113 0,43
D-Administração 18,98
9 – Pessoal de Adm/Vendas % H.mês/veíc.ano 35,358687 1.430,58 0,3784 14,32
10 - Despesas Gerais % veículo/veíc.ano 3,185 411.559,84 0,0981 3,71
11 – Serviço de terceiros % veículo/veíc.ano 0,816831 411.559,84 0,0251 0,95
E –Remuneração 10,28
12 – Veículos % veículo/veíc.ano 5,1296 411.559,84 0,1579 5,98
13 – Outros Ativos % veículo/veíc.ano 3,6919 411.559,84 0,1137 4,3
SUBTOTAL – CQT 2,6423 100
TOTAL - CQP = CQT*(1+PER/100)*(1-FRE/100) 2,6117 98,84
Fonte: ANTT Res. 1.509/06
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88
Tabela 11 - Dados Operacionais e Cálculo do Coeficiente Aprovado
PMA = 133.673Km/vic.anoLOT = 46 Lugares
IAP = 61.00 % LOT
FRE = 1.16 % CQT
PIS = 0.65 % CT
SRC = 0.67 % CT
COFINS = 3.00 % CT
PPF = CT*((100/(100-(PIS+COFINS+SRC)))-1)
Percurso Morto= 0% CQT
Cálculo do Coeficiente Aprovado:
CT = CQP/(LOT*IAP) = 0,093074PPF = 0,004202
Coef. Calculado CC = CT +PPF = 0,097277
Coeficiente Atual Vigentejunho/2005= 0,087776
Reajuste Alinhamento: 10,82%
Reajuste Aprovado: 10,82%
Coeficiente Aprovado: 0,095931jul/05 a jun/06 Defasagem
% = 9,29% (-1,53%)*
Fonte: ANTT Res. 1.509/06
Na tabela 10, o valor do CQT- Custo por Quilômetro Total de R$ 2,6423 foi
ajustado pelo percurso morto, que aqui foi de 0% e pelo fator redutor de
encomendas-FRE de 1,16¨%, chegando ao valor de R$ 2,6117 por quilômetro.
Assim, para se chegar ao custo por quilômetro por passageiro, basta dividir esse
valor pela lotação média do veículo e somar ao percentual da parcela fiscal-PPF
para se chegar ao novo coeficiente tarifário que seria de R$ 0,097277 (tabela 11).
Porém esse valor recebeu uma redução no valor de R$ 0,001346, referente a ajuste
de cálculo da planilha autorizada em julho/2005, conforme resolução n 1.508/06 e
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89
Nota Técnica ANTT 034/06, a título de ressarcimento ao usuário pelo período de um
ano, ficando o coeficiente autorizado em R$ 0,095931.
A tabela 12 mostra o percentual de ajuste e a evolução do valor do coeficiente
tarifário dos últimos anos. Esse coeficiente corresponde ao valor Máximo que pode
ser cobrado por quilômetro a cada passageiro. Assim, para se saber o valor da
passagem de um determinado trecho, multiplica-se a distância do percurso pelo
coeficiente tarifário do período.
Fonte: ABRATI/Tarifas
Tabela 12- Evolução dos CoeficientesTarifários
DataPercentual
de ReajusteCoeficientes
em Vigor
09/07/2006 9,29% 0,095931
01/07/2005 14,84% 0,087779
03/07/2004 5,2% 0.076436
15/07/2003 17,48% 0.072658
13/07/2002 11,90% 0.061847
13/07/2001 24,60% 0.055270
27/07/2000 4,36% 0.044357
09/07/1999 15,43% 0.042504
27/07/1998 5,11% 0.036822
14/07/1997 13,85% 0.035032
08/07/1996 19,94% 0.030771
08/07/1995 35,22% 0.025655
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90
A realização do cálculo do reajuste pela planilha tarifária a ANTT depende de
informações coletadas junto às permissionárias e fornecedores, a fim de se verificar
o custo unitário médio de cada item, e dados operacionais, como percurso médio
anual, índice de aproveitamento, fator redutor de encomendas, percurso morto,
dentre outros. Assim, a formação do preço para revisão e reajuste é feita com base
na média dos custos do setor. Essa coleta de dados prejudica a atualização das
tarifas pela dificuldade de acesso e distorções com relação a alguns itens de custos
utilizados na planilha de dados fornecida pelas permissionárias.
“O modelo de remuneração do setor de transporte rodoviáriointerestadual e internacional de passageiros é o de custo médio,sendo que as regras de formação de preço (reajuste e revisão)vinculam as variações de tarifas à evolução dos custos do setor.”(BRASIL, 2006b)
Com isso, a ANTT resolveu utilizar um novo método para cálculo do reajuste
das tarifas a partir de uma fórmula paramétrica, a fim de agilizar as informações e
facilitar a atualização das tarifas rodoviárias.
4.3Nova Formula paramétrica para reajuste
Com a resolução n 1627/06, foi aprovada uma nova metodologia de reajuste
por fórmula paramétrica a vigorar a partir de julho de 2007, com a finalidade de
facilitar a apuração dos custos e os dados para revisão e reajuste dos coeficientes
tarifários. Pela nova fórmula de cálculo, a ANTT poderá instituir o coeficiente sem
depender das informações fornecidas pelas empresas e com mais agilidade e
confiabilidade.
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91
“Essa proposta visa substituir a coleta de preços unitários dos insumos da
planilha tarifária junto a fornecedores, realizada a cada processo de reajuste tarifário,
no intuito de aferir a variação dos preços dos insumos do setor” (BRASIL, 2006b).
Assim, os valores constantes em contratos de licitações ganhos para a prática
dos serviços, não seriam alterados com a nova planilha tarifária e sim atualizados
pela variação dos índices de preços estabelecidos na nova metodologia. Além disso,
os valores para o cálculo dos novos reajustes estariam facilmente acessíveis aos
usuários e permissionárias para cálculo e comparação dos valores.
Para o cálculo do reajuste adotam-se os componentes de custos e os
percentuais do último reajuste para o serviço de longa distância referente a
junho/2006 (tabela 10), como base para os pesos da fórmula proposta, conforme
mostra o quadro 1.
ABREVIAÇÃO COMPONENTES ÍNDICES PESOSCO Combustível ANP/BRASIL-DIESEL 0,23120LU Lubrificante FGV/IPC-BR-óleo lubrificante 0,00260RO Rodagem FGV/IPA-DI (OG)-borracha 0,03173PE Pessoal IBGE/INPC 0,6952PA Pecas e Acessórios FGV/IPA-DI-Componentes veículos 0,3813VE Veículos FGV/IPA-DI-Veículos 0,28971DG Despesas Gerais IBGE / IPCA 0,03711
Quadro – 1 COMPONENTES E PESOS PARA FÓMULA PARAMÉTRICAFonte: ANTT Res. 1627/2006
Pode-se perceber no quadro 1, que todos os componentes da planilha de
custos estão compondo a nova fórmula, com seus respectivos pesos (vide tabela
10). Assim, estão incluídos no item Pessoas, todo o gasto com pessoal de operação,
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92
manutenção administração/vendas e serviços de terceiros. Já no item veículos,
estão incluídos os gastos com depreciação e remuneração de veículos e outros
ativos.
Para o cálculo do reajuste, pela fórmula paramétrica, utiliza-se a variação dos
índices dos componentes de custos (quadro 1) pelo período de doze meses,
propondo-se uma defasagem de dois meses nos índices, para que estes estejam
disponíveis para o cálculo, e multiplicam-se tais variações pelos respectivos pesos,
conforme a fórmula paramétrica e o quadro-2 a seguir:
Fórmula Paramétrica:
CC = CC(t-1) * {1+ [0,23123 *0
0 )(CO
COCOi − + 0,00260 *
*0
0 )(LU
LULU ii −+ 0,03173 *
0
0 )(RO
ROROi − + 0,036952 *
0
0 )(PE
PEPE i − + 0,03843 *0
0 )(PA
PAPAi − + 0,28971 *
0
0 )(VE
VEVE i − + 0,03711 *0
0 )(DG
DGDGi − ]}
Sendo:
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93
ABREVIAÇÕES NOMENCLATURAS
CC Coeficiente Calculado
T Ano
T-1 Ano anterior
CO iPreço de Combustível, ANP / média Brasil – Óleo Diesel, relativo ao segundomês anterior ao da data de reajuste.
CO oPreço de Combustível, ANP / média Brasil – Óleo Diesel, relativo ao segundomês anterior ao da data-base de referência
LU iNúmero Índice de Lubrificante, FGV / IPC – Br –DI - Lubrificante relativo aosegundo mês anterior ao da data de reajuste.
LU oNúmero Índice de Lubrificante, FGV / IPC – Br –DI - Lubrificante relativo aosegundo mês anterior ao da data-base de referência.
RO iNúmero Índice de Rodagem, FGV / IPA – DI (OG) - Borracha, relativo aosegundo mês anterior ao da data de reajuste.
RO oNúmero Índice de Rodagem, FGV / IPA – DI (OG) - Borracha, relativo ao
segundo mês anterior ao da data-base de referência.
PE iNúmero Índice do INPC, para Pessoal, relativo ao segundo mês anterior ao dadata de reajuste.
PE oNúmero Índice do INPC, para Pessoal, relativo ao segundo mês anterior ao da
data-base de referência.
PA iNúmero Índice de Peças e Acessórios, FGV / IPA – DI - Componentes Veículos,relativo ao segundo mês anterior ao da data de reajuste.
PA oNúmero Índice de Peças e Acessórios, FGV / IPA – DI - Componentes Veículos,
relativo ao segundo mês anterior ao da data-base de referência.
VE iNúmero Índice de Veículos, FGV / IPA - DI – Veículos, relativo ao segundo mêsanterior ao da data de reajuste.
VE oNúmero Índice de Veículos, FGV / IPA - DI – Veículos, relativo ao segundo mês
anterior ao da data-base de referência.
DG iNúmero Índice do IPCA, para Despesas Gerais, relativo ao segundo mês anteriorao da data de reajuste.
DG oNúmero Índice do IPCA, para Despesas Gerais, relativo ao segundo mês anteriorao da data-base de referência.
Quadro-2 Abreviações e Nomenclaturas da Fórmula ParamétricaFonte: Brasil, (2006), Res. 1627/2006.
Através da nova fórmula paramétrica, as variações dos custos são calculadas
por índices de preços divulgados por institutos de pesquisas como: IBGE e FGV, e
pela ANP no que se refere ao combustível, o que facilitaria o acesso aos dados ao
dar uma maior confiabilidade e agilidade ao processo de atualização da nova tarifa.
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94
Assim, ao ser estabelecida uma tarifa em decorrência da proposta da licitação
vencedora, essa tarifa será apenas atualizada anualmente, pela variação dos
índices de custos existentes.
4.4 Avaliação da planilha tarifária
Apesar da facilidade para formulação e aplicação do cálculo do reajuste das
tarifas, o método pela fórmula paramétrica manteve algumas ineficiências trazidas
pela planilha de custo anterior, principalmente com relação a dados operacionais e
custos das empresas de diferentes regiões, já que a fórmula continua com os
mesmos pesos da planilha de custos referentes à última atualização de julho de
2006.
A falta de conhecimento do perfil dos usuários de transporte rodoviário
interestadual e internacional de passageiros torna-se uma dificuldade para o
planejamento da oferta do serviço. Nesse aspecto, em algumas regiões de baixo
poder aquisitivo, o índice de aproveitamento poderá ser inferior a outras linhas.
Segundo Gifoni Neto (2002), um dos problemas da planilha tarifária encontra-
se no conhecimento da demanda de cada linha. Caso a demanda média
considerada na planilha tarifária seja inferior à realidade, às empresas resultará uma
receita menor que a esperada, reduzindo-se a lucratividade do negócio. Como não
há reposição do equilíbrio por parte do poder público sob a forma de subsídios, tal
fato implica diretamente na escala para diminuição dos custos por parte das
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95
empresas, no primeiro momento afetando a qualidade do serviço prestado, mas a
médio prazo decretando o fim da oferta da linha.
Na prática, algumas empresas operam em linhas deficitárias por questões
estratégicas, ou por aceitarem uma taxa de retorno inferior à estipulada na planilha
tarifária, ou para não perder a permissão da linha, temendo a concorrência em sua
área de atuação geográfica, na qual possuem também linhas superavitárias.
A imposição da regulação em cumprimento de horários, mesmo que em
linhas ou períodos de baixa rotatividade, caracteriza um custo maior que será
absorvido por outras linhas na formação de tarifas. Assim, ao consumir uma linha, o
usuário está comprando um serviço que se caracteriza por sua regularidade, pois ele
adquire o conjunto de viagens operadas, mesmo não consumidas por ele (isto é, ele
não costuma consumir o total do percurso da linha, nem todos os horários
operados). Isso se reflete no preço que ele paga, pois o total dos custos incorridos
na operação de todos os horários, e ao longo de todo o percurso são distribuídos
pelos passageiros de forma relativamente equilibrada. (SANTOS, 2002 apud GIFONI
NETO, 2002)
Assim, o custo da ineficiência de algumas linhas ou serviços é repassado
para o usuário dos serviços. Ou seja, as ineficiências e os custos elevados,
ocasionados por linhas deficitárias ou empresas mal estruturadas são repassados
para o cálculo das tarifas cobradas. Nesse caso, algumas empresas melhor
articuladas serão favorecidas.
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96
As tarifas cobradas pelas empresas de transporte rodoviário depassageiros estabelecidas através de planilhas de custos resultam deplanilhas onde são computados os custos médios operacionais, aremuneração ao capital imobilizado pela permissionária, adepreciação dos ativos e os tributos referentes a atividades.Entretanto, a metodologia empregada desconsidera as diferençasregionais, atribuindo peso significativo à depreciação e a remuneraçãodos veículos, deprecia continuamente todos os veículos da frota eestabelece arbitrariamente a taxa de remuneração do capital, ou sejasem fundamentos econômico-financeiro (BRASIL, 2004)
Existe ainda o problema da taxa de depreciação dos veículos que
corresponde a 16% ao ano, com valor residual de 20%, o que significa que no final
de cinco anos, o veículo já estaria totalmente depreciado, devendo ser substituído.
Porém, pesquisas realizadas mostram que a frota dos ônibus rodoviário de
passageiros no Brasil possui uma idade média bem superior a essa. “Segundo
anuário estatístico-rodoviário de 2005, ano base 2004, da ANTT, apresenta apenas
9% da frota com idade inferior a 6 (seis) anos” (BRASIL, 2006b), indicando que ou a
taxa de depreciação está favorecendo os empresários ou os demais custos
apresentados na planilha estão inferiores à realidade existente nas empresas e o
resultado obtido não está sendo suficiente para a substituição da frota. No entanto,
quanto mais velha for a frota de ônibus, mais elevada será a despesa com
manutenção desta.
Essas evidências mostram que apesar da agilidade e da confiabilidade dos
dados trazido pelo novo cálculo proposto pela fórmula paramétrica, algumas
alterações devem ser feitas para se chegar a uma proposta mais adequada à
situação em que se encontram as empresas hoje no Brasil.
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97
Após a análise da metodologia exposta nesse capítulo, dá-se início ao estudo de
caso, a fim de evidenciar as observações feitas na metodologia de cálculo tarifário e
analisar como o uso da planilha tarifária proposta pode servir como base para uma
melhor compreensão da estrutura de custos de uma empresa do setor de transporte
rodoviário no Piauí.
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98
5 ANÁLISE DA GESTÃO DE CUSTOS DA EMPRESA ALFA
Esse capítulo traz a apresentação da empresa prestadora de serviços de
transporte rodoviário interestadual de passageiros que foi pesquisada no estudo de
caso, fazendo uma breve descrição de seu histórico e características gerais e
abordando aspectos relativos à prestação dos serviços e as estratégias competitivas
utilizadas pela empresa e suas práticas para apuração dos resultados. Essas
informações são utilizadas para a análise da situação competitiva da empresa no
mercado e da estrutura de custos em comparação com a planilha de custos
fornecida pela ANTT para o cálculo do reajuste tarifário.
O trabalho foi desenvolvido tendo como base a empresa Alfa, cuja razão social
foi alterada no intuito de resguardá-la. A pesquisa foi dividida em duas etapas: a
primeira é composta por uma entrevista estruturada, realizada junto à diretoria da
empresa Alfa. A entrevista foi dividida em cinco partes a fim de dar um maior suporte
à análise competitiva da empresa, sendo elas: a) Dados da empresa e sua atividade,
b) Identificação de condutores de custos, c) Formação de preços e estratégias
competitivas, d) Utilização de sistemas de gestão de custos e apuração de
resultados e e) Desempenho da empresa no mercado. A entrevista teve como intuito
a percepção do uso de estratégias competitivas e determinantes de custos, bem
como, dos instrumentos de gestão de custos, analisados nos capítulos 03 e 04,
como elementos estratégicos de mercado. Na segunda, faz-se um levantamento de
dados dos últimos cinco anos, para a apuração do custo por quilômetro, a fim de ser
comparado com a planilha tarifária fornecida pela ANTT. Para a apuração desse
custo foram utilizados dados de custos extraídos dos demonstrativos contábeis e
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99
dados operacionais de desempenho da empresa. Com a análise comparativa,
buscou-se verificar a adequação da estrutura de custos da empresa em relação à
estrutura média nacional, evidenciando os pontos fortes e fracos em custos da
empresa e avaliando o modelo tarifário proposto.
5.1 Estratégias Competitivas da Empresa
Nesse item, buscou-se avaliar os aspectos das estratégias competitivas e a
utilização de ferramentas de gestão de custos, analisados por meio das
informações obtidas a partir da entrevista estruturada realizada junto à diretoria
da empresa.
5.1.1 A empresa e sua atividade
A empresa Alfa é uma organização controlada por um grupo empresarial Beta,
fundado em 1928, cujo fundador foi um dos pioneiros no setor de transporte
rodoviário de passageiro do estado do Piauí, atuante em linhas situadas próximas à
capital do Estado. Com o tempo, o grupo se expandiu e adquiriu novas linhas e
aumentou sua participação no transporte intermunicipal de passageiros. Em 1988, o
grupo Beta começou a atuar no transporte interestadual de passageiros ao comprar
a empresa Alfa, objeto deste estudo, que possuía a permissão para explorar linhas
que ligavam o norte do Piauí ao centro sul do Brasil.
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100
A empresa Alfa, segundo sua classificação no código nacional de atividades
econômicas, atua com o transporte rodoviário coletivo de passageiros, com itinerário
fixo, interestadual, nos estado do Piauí, Maranhão, Bahia, Goiás e Distrito Federal,
com linhas intermunicipais e interestaduais. Por outro lado, possui como atividades
secundárias, o transporte de encomendas, coleta e entrega de mercadorias,
mudanças e turismo. Possui filiais no Distrito Federal e na Bahia, tem uma frota
composta por 39 ônibus, com idade média de 9 anos, para cobrir toda essa região,
com média de 33 viagens por dia, 1 caminhão baú e 1 ônibus cargueiro, para
realizar coletas e transportes de cargas e encomendas.
A estrutura organizacional da empresa é constituída hierarquicamente por
presidência, diretoria, setor pessoal, setor financeiro e setor operacional, compondo
um quadro de funcionários formado por 165 pessoas e 120 postos de vendas
terceirizadas (figura 6).
Figura 6: Estrutura Organizacional da empresa Alfa.Fonte: elaborado a partir de informações obtidas na empresa.
Presidência
Contabilidade
Assessoria Jurídica
DiretoriaOperacional
DiretoriaFinanceira
Vendas Manutenção
TráfegoCompra Confe-rências
Setor Pessoal
Tesouraria
Almoxarifado
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101
Apesar da estrutura e do porte da empresa e do grupo, esta ainda possui
características de empresa familiar, em que o presidente e os diretores possuem um
parentesco direto. A empresa familiar, segundo Lethbridge (2007), consiste no tipo
de empresa tradicional, que mais corresponde ao estereótipo da instituição, em que
o capital é fechado, existe pouca transparência administrativa e financeira e a família
exerce um domínio completo sobre os negócios, fato muito comum nas empresa do
setor de transporte, devido ao grande período de permissão das linhas, passando de
pai para filho. Talvez, por esse motivo, não tenha sido identificada na empresa a
existência de um modelo moderno de gestão e nem uso de organograma para
definição de responsabilidades e atribuição de direitos.
5.1.2 Identificação de Condutores de Custos
A empresa busca a redução dos custos através do controle financeiro, que
passou a ser mais eficaz a partir da informatização dos sistemas, implantado há dois
anos. Neste período, a empresa vem investindo em tecnologia, a fim de melhorar os
resultados e aperfeiçoar as operações.
O ganho com economias de escala por força da expansão do grupo Beta, que
abrange uma maior atuação no mercado de transporte do estado e a força de
negociação e barganha, junto a fornecedores, em virtude da grande quantidade de
produtos adquiridos, também ajuda na redução de custos da empresa.
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102
Enquanto, a relação de contratos com empresas para prestação de serviços de
entrega de carga, encomendas e transporte de mercadorias, aumenta a
rentabilidade através do aproveitamento e uso da capacidade instalada.
O trabalho em parceria com instituições ajuda a empresa a reduzir custos,
como ocorre com o sindicato da categoria para compras e contratação de serviços
em conjunto com outras empresas associadas. Esta estratégia possibilita um melhor
preço junto a fornecedores e prestadoras de serviços, como na compra de pneus e
contrato de seguros. Enquanto a parceria firmada com o Sest-Senat (Serviço Social
do Transporte e Serviço Nacional de Aprendizagem do Transporte), que promove
cursos de formação dos funcionários, qualidade no atendimento e controle de
qualidade dos serviços e fornece serviços sociais para os funcionários e
dependente, reduz os custos com treinamentos e melhora o desempenho dos
funcionários na empresa.
A recompensa desse esforço é percebida pela baixa rotatividade de
funcionários na empresa, que ganham mais experiências a cada ano, melhoram o
desempenho e a produtividade da empresa no setor.
A empresa realiza ainda estudos para a viabilidade de integração de setores.
Hoje, trabalha com algumas áreas terceirizadas para redução de custos, como é o
caso da área de venda de passagens (agências) e a retífica de motores, antes
recuperados na própria empresa. Já na baixa estação, por meio de solicitação junto
à ANTT, busca a redução de viagens e aproveitamento de horários de pico, na
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103
tentativa de evitar ociosidade de passageiros. Aproveita também essa época para
dar férias aos motoristas da empresa.
São muitos os determinantes de custos identificados na empresa visando a um
melhor aproveitamento e à redução dos gastos, como localização estratégica, visto
que ela fica muito próxima à rodoviária e, com isso, reduz gastos relacionados ao
percurso morto.
Essas decisões de aproveitamento dos recursos são tomadas em conjunto pela
presidência e as diretorias, e visa sempre ao desenvolvimento da empresa, aliado ao
respeito à opinião do cliente.
5.1.3 Formação do preço de venda e estratégias competitivas
De acordo com a diretoria da empresa, na formação do preço das passagens,
é utilizado o valor máximo da tarifa permitida pela ANTT com a redução do preço da
passagem em alguns trechos onde a concorrência, formal ou informal, atua com
preços mais baixos. Nesses casos, procura-se manter o mesmo preço das empresas
concorrentes para evitar perda de passageiros.
A empresa alega que em algumas localidades precisa manter a mesma tarifa
cobrada por empresas “piratas” (empresas que atuam sem autorização legal), bem
abaixo de mercado, para não perder cliente. Isso acontece devido à falta de
fiscalização pelos órgãos competentes.
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104
Segundo a diretoria da empresa Alfa, além do transporte irregular de
passageiros, existem ainda as ameaças competitivas do transporte aéreo, que
concorre diretamente nas viagens mais longas, e de outras empresas de ônibus que
fazem o mesmo itinerário, passando pela mesma linha, e vendem passagens muitas
vezes sem autorização, são chamados de invasores de seccionamento, que agem
mesmo que a legislação proíba. Também há empresas de turismo, que conseguem
licença, para viagens utilizando uma falsa lista de passageiros e saem coletando
viajantes, oferecendo passagens mais baratas. Essa concorrência leva à
necessidade de se criarem estratégias competitivas para atrair os passageiros na
tentativa de melhorar o desempenho da empresa.
A empresa possui todas as suas linhas em atividade, mesmo aquelas que se
encontram com capacidade ociosa elevada, devido à forte concorrência que vem
crescendo nos últimos anos, já que, em função da regulação estabelecida as linhas
não podem deixar de operar.
Além de promoções para atrair os clientes, a empresa promove também a
fidelização de passagens, por meio de distribuição de cortesias pelo número de
viagens realizadas; busca pontos de embarques alternativos, para facilitar o
embarque dos passageiros e oferece serviços de coleta e entrega de bagagens.
Além de estar investindo na renovação de frota, para fornecer um maior conforto.
A empresa está sempre avaliando seus concorrentes através do
monitoramento de horários, promoções e demanda de passageiros de outras
empresas. Busca também avaliar as necessidades dos seus clientes a fim de
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105
conquistar a confiança do seu público alvo, formado, em sua maioria, pela classe
média baixa, principalmente os situados em localidades do interior do Estado.
5.1.4 Utilização de sistemas de gestão de custos e apuração de resultados
A apuração dos resultados da empresa é realizada pelo setor de
contabilidade com a utilização de critérios da contabilidade financeira para a
apuração do resultado global da empresa, inexistindo qualquer outra forma de
apuração de resultados, numa visão de atividade ou departamento. As áreas e
setores da empresa não são avaliados pelos resultados que geram, somente os
custos e despesas incorridos diretamente em cada setor são controlados, e não é
utilizado nenhum método de apropriação ou rateio dos custos indiretos.
O resultado é apurado segundo o regime de competência de exercício para
apropriação de receitas, custos e despesas. Na apuração dos custos é utilizado o
método de custeio por absorção, no qual os custos fixos são alocados aos períodos
em que foram gerados já que não existe estocagem, e também não são
relacionados com linhas ou viagens realizadas.
Apesar da contabilidade estar acessível em tempo hábil, inexiste na empresa
um setor para apurar e extrair informações gerenciais das demonstrações contábeis,
não sendo utilizadas para fins gerenciais. A empresa não utiliza nenhum tipo de
ferramenta de gestão de custos como: instrumentos, sistemas ou métodos de
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106
custeios alternativos para a tomada de decisão. Não calcula a margem de
contribuição ou ponto de equilíbrio, não faz uso das informações fornecidas pela
ANTT para o cálculo das tarifas e também não utiliza as informações de custos para
comparação entre períodos distintos.
O controle dos gastos e operações ainda está em fase de adaptação, a
diretoria tem conhecimento das falhas e da necessidade de um maior controle e de
mais informações, mas tem encontrado algumas dificuldades na implantação desses
métodos, principalmente, pela resistência de alguns funcionários que já estão há
muitos anos ocupando funções importantes, característica de empresa familiar.
Porém, a empresa vem, desde 1998, tentando informatizar suas operações
com a finalidade de fornecer dados para fins de gerenciamento e controle das
atividades. Alguns programas já foram utilizados. O último, adquirido em 2006, ainda
está em fase de implantação, mas já fornece dados de controle de estoque e
utilização de peças por ônibus. Assim, a empresa consegue manter o controle dos
custos de manutenção por ônibus, além de relatórios de vendas e de viagens. A
diretoria espera conseguir informatizar e integrar todos os setores até o final de
2007, a fim de agilizar e controlar todas as informações.
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107
5.1.5 Desempenho da empresa no mercado
A diretoria afirma que, hoje a empresa, não se encontra numa situação
favorável financeiramente, porém, acredita que em comparação às demais
empresas situadas no Piauí, ainda possui um melhor desempenho em função de
estratégias utilizadas. Se comparadas às grandes empresas de transporte situadas
fora do Estado, sua posição é bastante desfavorável, principalmente no que se
refere à utilização de recursos tecnológicos, uso de profissionais mais capacitados e
um maior poder de barganha.
Assim, a empresa vem investindo na informatização dos sistemas, a fim de
reduzir a evasão de receita, oriundas de venda de passagens irregulares por
funcionários de agências e motoristas, e na renovação da frota, a fim de reduzir as
despesas com manutenção, consideradas muito altas, devido à idade dos ônibus.
A diretoria da empresa acredita que o setor pode ter melhor desempenho,
mas para isso seria necessária maior fiscalização pelos órgãos competentes, pois os
transportes informais estão ganhando cada vez mais espaço; e maior gerência
política nas tomadas de decisões, já que a alta carga tributária cobrada às empresas
de transporte rodoviário e a desigualdade no tratamento aos transportes substitutos,
no que tange a gratuidades e incentivos fiscais, traz desestímulo a quem está
atuando nesse setor.
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108
5.1.6 Considerações Complementares
Na entrevista, pode ser observado, claramente, que a empresa faz uso de
estratégias competitivas para obtenção de uma postura mais ofensiva no mercado,
buscando ganhar espaço entre os diversos concorrentes potenciais e substitutos. As
condições básicas de entrada estruturam um mercado caracterizado pela
diferenciação de alguns serviços oferecidos e por barreiras a entrada, geradas pela
regulação do setor, que ajuda a diminuir a concorrência existente, porém requer uma
elevada estrutura de custos e investimentos por parte da empresa.
O uso da diferenciação dos serviços gera uma vantagem competitiva que
facilmente é imitada ou superada pelos concorrentes, o que levou a utilização de
determinantes de custos para se obter uma maior eficiência dos recursos e da
utilização dos ativos. Porém, a falta de informações gerenciais dificulta a tomada de
decisão com relação à redução de gastos mais elevados ou estratégias de
otimização de resultados. A conduta da empresa se caracteriza pela utilização de
políticas de preços (promoções), estratégias de publicidade e investimento em
tecnologia. Porém, falta maior gestão de custos, a fim de se conhecer a real situação
da posição da empresa frente à tarifação estabelecida, buscando maior
gerenciamento e controle dos gastos realizados, a fim de melhorar o desempenho
da empresa no mercado.
No próximo tópico busca-se demonstrar a real situação da empresa em relação a
sua postura competitiva em custos, através da comparação da estrutura de custos
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109
da empresa com a estrutura definida pela ANTT para o cálculo tarifário. foram
extraídos os custos por quilômetro e o coeficiente tarifário vigente, no
5.2 Estrutura de Custos: ANTT versus Empresa Alfa
Para fins de análise e de comparação com os dados da empresa período de
2001 a 2005, das planilhas de custos fornecidas pela ANTT, para o cálculo tarifário,
conforme resoluções nos. 1.008/05, 620/04, 250/03, 050/02, da ANTT e da portaria
do Ministério dos Transportes nº. 251/01. Para a realização do cálculo da estrutura
de custos da empresa, foram utilizados os custos correntes da época do
levantamento dos dados e realizados de acordo com as fórmulas e critérios
demonstrados no capítulo 5. Os dados fornecidos pela ANTT consistem na média
nacional dos custos por quilômetro das empresas de transporte rodoviário
interestadual de passageiros.
Para se chegar ao custo por quilômetros, é utilizada a média dos custos totais
anuais dessas empresas e dividida pela quilometragem média percorrida
anualmente. Posteriormente, são utilizados os parâmetros operacionais médios para
se chegar ao coeficiente aprovado, conforme mostram as tabelas 13 e 14.
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110
Tabela 13: Custos para formação de tarifas do transporte rodoviário interestadual depassageiros 2001/2005
ITEM DE CUSTO 2001 2002 2003 2004 2005
A. Custos Variáveís com a km 0,363900 0,424000 0,540120 0,580300 0,6389001- Combustível 0,244000 0,288600 0,468500 0,490600 0,5499002- Lubrificantes 0,010800 0,010800 0,000520 0,005800 0,0066003- Rodagem 0,109100 0,124600 0,071100 0,083900 0,082400B. Custos Variáveis com afrota 0,686300 0,755800 0,585500 0,618700 0,6484004- Pessoal Operação 0,348800 0,382700 0,387300 0,409000 0,4187005- Peças e Acessórios 0,128100 0,143400 0,080100 0,084900 0,1043006- Pessoal Manutenção 0,209400 0,229700 0,118100 0,124800 0,125400
C. Depreciação 0,286200 0,320200 0,411800 0,435600 0,5376007- Veículos 0,279700 0,312900 0,402400 0,425600 0,5253008- Outros Ativos 0,006500 0,007300 0,009400 0,010000 0,012300
D. Administração 0,266400 0,293800 0,415800 0,439400 0,4881009- Pessoal Adro.Vendas 0,205900 0,226000 0,333900 0,352600 0,35420010-Despesas Gerais 0,060500 0,067800 0,081900 0,086800 0,10660011- Serviços de Terceiros 0,000000 0,000000 0,000000 0,000000 0,027300
E. Remuneração 0,158200 0,177100 0,226800 0,240400 0,29530012- Veículos 0,092000 0,103000 0,131900 0,139800 0,17170013- Outros Ativos 0,066200 0,074100 0,094900 0,100600 0,123600
Subtotal – CQT 1,761300 1,970900 2,180020 2,314400 2,608300
Total - CQP – CQT*(1+PER/100)*(1-FRE/1OO) 1,726100 1,931400 2,159300 2,287600 2,627000CT=CQP/(LOT*IAP) 0,052882 0,059174 0,069032 0,073133 0,083987PPF= 0,002388 0,002672 0,003626 0,003302 0,003792
Coeficiente Aprovado 0,055270 0,061846 0,072658 0,076435 0,087779Fonte: Dados coletados da ABRATI e ANTT
Tabela 14 - Parâmetros operacionais dos cálculos tarifários
Custo por pass.km 2001 2002 2003 2004 2005PMA= 130000 130000 127220 127220 127220LOT= Lugares 48 48 46 46 46IAP- % LOT 68 68 68 68 68FRE= % 2 2 1,16 1,16 1,16PIS= % 0,65 0,65 1,32 0,65 0,65SRC= % 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67COFINS = % 3 3 3 3 3PER= % 0 0 0 0 1,9Fonte: Adaptado de dados coletados da ABRATI e ANTT.
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111
Essa planilha será utilizada como base para comparação entre os custos por
quilômetro definido pela ANTT e os custos reais da empresa Alfa, atuante no setor
de transporte rodoviário de passageiros.
Para o cálculo do custo por quilômetro da empresa, foram utilizados os
demonstrativos contábeis referentes ao período de 2001 a 2005, onde ficou
demonstrado o custo total anual da empresa em cada período.
Os custos totais foram divididos em cinco partes, buscando adequá-los aos
parâmetros estabelecidos pela ANTT. Assim:
A.) Custos variáveis com a quilometragem: compostos pelos custos
de combustível, lubrificante, e rodagem (pneus, câmaras,
recapagem etc). Não foi possível, pelos demonstrativos contábeis,
separar os custos de combustíveis dos custos dos lubrificantes.
B.) Custos variáveis com a frota: Compostos por todos os gastos com
pessoal de operação e manutenção (motoristas, cobradores,
fiscais, mecânicos, borracheiros etc) e os gastos com peças e
acessórios, destinados à manutenção e conservação dos ônibus.
C.) Depreciação de veículo: calculado em 16% ao ano sobre o valor
da frota, e a depreciações dos demais ativos foi calculada
utilizando-se as respectivas taxas de depreciação para cada tipo
de ativo permanente.
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112
D.) Administração: divididos em duas partes: a primeira refere-se aos
gastos com pessoal da administração e vendas da empresa; já a
segunda parte, refere-se às despesas gerais, onde estão os
demais gastos administrativos da empresa, necessários à
operacionalização das atividades.
E.) Remuneração: calculada pela taxa de juros de 12% sobre o valor
do veículo e dos demais ativos depreciados, utilizado o valor
líquido dos bens como base de cálculo.
A tabela 15 mostra os custos totais da empresa Alfa, ajustados à metodologia
tarifária da ANTT.
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113
Tabela 15 - Custos anuais referentes à prestação de serviços da empresa Alfa2001/2005
ITEM DE CUSTO 2001 2002 2003 2004 2005A. Custos Variáveiscom a km 1.653.560,16 1.769.591,66 2.411.623,53 2.936.045,74 3.682.980,991- Combustível eLubrificante 960.463,61 1.181.839,84 1.793.250,55 2.151.138,02 2.649.019,60
2- Rodagem 693.096,55 587.751,82 618.372,98 784.907,72 1.033.961,39B. Custos Variáveiscom a frota 2.652.395,20 2.676.558,11 3.084.765,01 3.130.030,41 3.629.902,373- Pessoal Operação eManutenção 2.120.451,40 2.153.034,74 2.547.180,28 2.595.341,37 2.897.721,28
4- Peças e Acessórios 531.943,80 523.523,37 537.584,73 534.689,04 732.181,09
C. Depreciação 760.375,20 728.026,16 859.090,22 857.705,18 809.087,78
5- Veículos 740.598,33 707.906,14 838.970,21 837.575,66 788.261,36
6- Outros Ativos 19.776,87 20.120,02 20.120,02 20.129,52 20.826,42
D. Administração 622.166,03 881.623,76 1.036.601,15 1.621.873,81 1.386.089,80
7- Pessoal Adm.Vendas 315.345,10 331.219,04 520.494,79 587.858,15 706.219,75
8-Despesas Gerais 306.820,93 550.404,72 516.106,36 1.034.015,66 679.870,05
E. Remuneração 324.065,66 399.762,95 505.727,30 509.550,00 495.619,28
9- Veículos 199.914,62 286.485,23 384.783,28 383.737,30 365.247,84
10- Outros Ativos 124.151,04 113.277,72 120.944,03 125.812,70 130.371,44Fonte: Elaborado pela autora, utilizando dados da empresa Alfa.
A empresa utiliza a tarifa máxima da ANTT para o cálculo do reajuste de
todas as viagens interestaduais e intermunicipais realizadas. Assim, os custos da
tabela 15 referem-se ao custo total da empresa para todas as atividades e viagens
realizadas. Nesse estudo, a receita obtida com encomendas e fretamento é tratada
como fator redutor dos custos da empresa no cálculo do coeficiente tarifário.
Para o cálculo do custo por quilômetro, foram utilizados parâmetros
operacionais reais da empresa. Assim, para o cálculo do Percurso Médio Anual-PMA
da frota, foram utilizadas as escalas de viagens diárias de ônibus da empresa (soma
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114
da quilometragem anual percorrida). A lotação média dos ônibus é, na sua maioria,
de 42 lugares. O Índice de Aproveitamento - IAP foi calculado considerando a receita
total obtida pela empresa no período de 2001 a 2005, dividida pelo valor máximo de
faturamento que poderia obter, por quilômetro, com sua lotação máxima. O fator
redutor de encomendas- FRE foi calculado pelo percentual obtido pela empresa com
o transporte de encomendas e cargas nas viagens realizadas; e o percurso morto-
PER foi considerado nulo devido a sua irrelevância no percurso total. Para o cálculo
da parcela fiscal são utilizados os valores vigentes na legislação, os mesmos
utilizados pela ANTT, conforme tabela 16.
Tabela 16- Dados Operacionais da empresa Alfa.
Custo por pass.km 2001 2002 2003 2004 2005PMA DA FROTA= KM* 7.638.938 7.638.938 7.638.938 7.638.938 7.638.938LOT= Lugares 42 42 42 42 42IAP REAL= % 34 30 28 29 29FRE= % 10 10 10 10 10PIS= % 0,65 0,65 1,32 0,65 0,65SRC= % 0,67 0,67 0,67 0,67 0,67COFINS = % 3 3 3 3 3PER= % 0 0 0 0 0
* Para o cálculo dos custos por quilômetro foi utilizado o percurso médio de toda a frota daempresa, composta por 39 ônibus, o que corresponde a um PMA por ônibus de 195.870 km.Fonte: Elaborado pela autora, utilizando dados da empresa Alfa..
O cálculo do custo por quilômetro foi obtido pela divisão dos custos totais da
empresa pelo Percurso Médio Anual –PMA da frota. O coeficiente da empresa foi
calculado pela fórmula aplicada pela ANTT (detalhada no capítulo 4), porém
utilizando os dados operacionais reais (tabelas 15 e 16), apresentados na tabela 17.
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115
Tabela 17- Custos anuais por quilômetro referentes à prestação de serviços daempresa Alfa 2001/2005
ITEM DE CUSTO 2001 2002 2003 2004 2005A. Custos Variáveiscom a km 0,216465 0,231654 0,315701 0,384353 0,4821331- Combustível eLubrificante 0,125733 0,154713 0,234751 0,281602 0,346779
2- Rodagem 0,090732 0,076942 0,080950 0,102751 0,135354B. Custos Variáveiscom a frota 0,347220 0,350384 0,403821 0,409747 0,4751843- Pessoal Operação eManutenção 0,277585 0,281850 0,333447 0,339752 0,379336
4- Peças e Acessórios 0,069636 0,068534 0,070374 0,069995 0,095849
C. Depreciação 0,099539 0,095305 0,112462 0,112281 0,105916
5- Veículos 0,096950 0,092671 0,109828 0,109646 0,103190
6- Outros Ativos 0,002589 0,002634 0,002634 0,002635 0,002726
D. Administração 0,081447 0,115412 0,135700 0,212317 0,181451
7- Pessoal Adm.Vendas 0,041281 0,043359 0,068137 0,076955 0,092450
8-Despesas Gerais 0,040165 0,072053 0,067563 0,135361 0,089001
E. Remuneração 0,042423 0,052332 0,066204 0,066704 0,064881
9- Veículos 0,026170 0,037503 0,050371 0,050234 0,047814
10- Outros Ativos 0,016252 0,014829 0,015833 0,016470 0,017067
Subtotal – CQT 0,787094 0,845086 1,033888 1,185401 1,309564
Total - CQP =CQT*(1+PER/100)*(1-FRE/1OO) 0,708385 0,760578 0,930499 1,066861 1,178608
CT=CQP/(LOT*IAP) 0,049607 0,060363 0,079124 0,087591 0,096766PPF= CT*((100/(100-(pis+cofins+src)))-1) 0,002240 0,002725 0,004156 0,003955 0,004369Coeficiente daEmpresa 0,051847 0,063089 0,083280 0,091546 0,101135Fonte: Elaborado pela autora, utilizando dados da empresa Alfa.
Apesar do custo unitário para cada item ser menor do que os custos
estabelecidos na planilha tarifária da ANTT, o coeficiente da empresa apresentou um
resultado maior para quase todos os anos. Apenas em 2001 a empresa esteve em
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116
uma posição de custo melhor do que a estabelecida pela ANTT, conforme mostra a
tabela 18.
Tabela 18-Comparação entre o coeficiente estabelecido pela ANTT e ocoeficiente calculado da empresa Alfa.
Coeficiente 2001 2002 2003 2004 2005Coeficiente da empresa 0,051847 0,063089 0,083280 0,091546 0,101135Coeficiente ANTT 0,055270 0,061846 0,072658 0,076435 0,087779Variação % 6,6% -2,0% -12,8% -16,5% -13,2%Fonte: Elaborado pela autora, utilizando dados da empresa Alfa.
Pode-se analisar, pelos resultados, que os custos individuais para cada item
de custos apresentaram um valor inferior devido ao fato de ser o percurso realizado
pela frota da empresa superior à proposta de percurso indicada pela ANTT.
Enquanto está previsto pela ANTT um percurso médio anual de 127.220 a
130.000km, a empresa realiza em média 195.000 km/ano, havendo uma economia
de escala em decorrência do aproveitamento do custo fixo existente.
Em contrapartida, o índice de aproveitamento das viagens é bem inferior ao
previsto pela agência reguladora, o que leva as empresas a sentir necessidade do
aumento da quilometragem percorrida, já que um número maior de viagens resulta
em um número maior de passageiros e conseqüentemente de receita, necessária
para obter o equilíbrio financeiro das atividades da empresa.
Como a maior parte dos custos é fixa, isto é, não varia com a quilometragem,
o desempenho da empresa será melhor, quanto maior for o percurso realizado por
sua frota, desde que o número de passageiros por viagens supere o ponto de
equilíbrio, ou seja, cubra os custos variáveis do percurso.
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117
A relação entre os dois coeficientes mostra que a empresa chegou a ter um
desequilíbrio financeiro de 16,5%, em 2004. Esse desequilíbrio reflete diretamente
na remuneração do capital investido e afeta a estrutura econômico-financeira da
empresa, o que talvez justifique o problema de renovação da frota de ônibus
existente.
Esse estudo mostra que existe uma grande diferença entre os parâmetros
operacionais fornecidos pela ANTT, como média nacional, e os parâmetros reais da
empresa em estudo, principalmente no que se refere ao índice de aproveitamento, o
que leva à necessidade de realizar um maior número de viagens. Porém, pela
grande diferença existente entre o valor dos custos unitários por quilômetro da
empresa e o custo fornecido pela ANTT, não é possível uma maior comparação
entre as variações de custos existentes.
Uma análise mais detalhada nos custos da empresa pode ser verificada na
hipótese de os parâmetros operacionais serem coincidentes. Assim, caso fossem
utilizados os parâmetros de quilometragem percorrida e índice de aproveitamento
definidos pela ANTT, supondo-se a mesma estrutura de custos da empresa Alfa, a
empresa estaria em uma situação de custos favorável, e teria um coeficiente tarifário
inferior ao estabelecido pela ANTT. Isto demonstra que os custos fixos da empresa
estão abaixo da média nacional, conforme tabelas 19 e 20.
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118
Tabela 19: Custos anuais por quilômetro considerando os parâmetros operacionaisfornecidos pela ANTT
ITEM DE CUSTO 2001 2002 2003 2004 2005
A. Custos Variáveiscom a km 0,326146 0,349032 0,486060 0,591756 0,7423001- Combustível eLubrificante 0,189441 0,233105 0,361427 0,433559 0,533906
2- Rodagem 0,136705 0,115927 0,124632 0,158197 0,208394B. Custos Variáveiscom a frota 0,523155 0,527921 0,621730 0,630854 0,7316023- Pessoal Operação eManutenção 0,418235 0,424662 0,513381 0,523088 0,584032
4- Peças e Acessórios 0,104920 0,103259 0,108350 0,107766 0,147570
C. Depreciação 0,149975 0,143595 0,173149 0,172869 0,163071
5- Veículos 0,146075 0,139626 0,169093 0,168812 0,158873
6- Outros Ativos 0,003901 0,003968 0,004055 0,004057 0,004198
D. Administração 0,122715 0,173890 0,208926 0,326887 0,279365
7- Pessoal Adm.Vendas 0,062198 0,065329 0,104905 0,118482 0,142338
8-Despesas Gerais 0,060517 0,108561 0,104021 0,208405 0,137027
E. Remuneração 0,063918 0,078849 0,101929 0,102699 0,099891
9- Veículos 0,039431 0,056506 0,077553 0,077342 0,073615
10- Outros Ativos 0,024487 0,022343 0,024376 0,025357 0,026276
Subtotal – CQT 1,185910 1,273287 1,591793 1,825065 2,016229
Total - CQP =CQT*(1+PER/100)*(1-FRE/1OO) 1,067319 1,145958 1,432614 1,642558 1,814606CT=CQP/(LOT*IAP) 0,037371 0,040125 0,050162 0,057513 0,063537PPF= CT*((100/(100-(pis+cofins+src)))-1) 0,001687 0,001812 0,002635 0,002597 0,002869Coeficiente daEmpresa 0,039058 0,041936 0,052796 0,060109 0,066405*Obs: 1-Os custos totais da empresa foram divididos pela quilometragem definida pela ANTT porônibus, multiplicada pela frota da empresa: 39 ônibus; 2- Foi utilizado o IAP de 68%; 3- para osdemais cálculos consideraram-se os parâmetros vigentes da empresa.Fonte: Pesquisa de campo elaborada pela autora.
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119
Tabela 20- Comparação entre o coeficiente estabelecido pela ANTT e o coeficientecalculado para a empresa Alfa.
2001 2002 2003 2004 2005Coeficiente daempresa 0,039058 0,041936 0,052796 0,060109 0,066405Coeficiente ANTT 0,055270 0,061846 0,072658 0,076435 0,087779Variação % 29% 32% 27% 21% 24%Fonte: tabelas 13 e 19 deste trabalho.
Essa diferença entre os custos estabelecidos pela ANTT e os custos reais da
empresa em estudo diferem principalmente no que se refere à depreciação de
veículos e à remuneração de ativos, evidenciando que este cálculo favorece a
empresa, em virtude de parte do seu ativo já estar totalmente depreciado. Outro
custo que favorece a empresa é o custo com remuneração do pessoal da
administração e venda, podendo também, ser um reflexo da falta de pessoal
capacitado para atender funções estratégicas da administração.
Porém, a empresa possui um elevado gasto com despesas gerais, que foi
bastante significativa no ano de 2004. Nesses gastos estão incluídas as despesas
financeiras, que formam uma grande parcela desses custos, o que demonstra que
boa parte do ativo da empresa está sendo financiada por capital de terceiros. A
empresa apresentou também uma grande desvantagem em relação aos custos
variáveis de manutenção e rodagem, principalmente no ano de 2005. Esses custos
possuem grande representatividade na estrutura tarifária da ANTT e são
responsáveis por mais de 50% dos custos totais, constituindo-se em um fator
determinante da perda de competitividade. Essa variação entre os custos por
quilômetro da empresa Alfa, calculado na tabela 18, e os custos estabelecidos pela
ANTT podem ser melhor visualizados na tabela 21.
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120
Tabela 21- Variação percentual (%) dos custos anuais por quilômetro da empresa Alfa utilizandoo Percurso Médio Anual e o índice de aproveitamentos, estabelecidos pela ANTT para o cálculo
tarifário e os custos estabelecidos pela ANTTITEM DE CUSTO 2001 2002 2003 2004 2005
A. Custos Variáveis com a km 14 36 -13 -32 -56
1- Combustível e Lubrificante 35 28 30 14 42- Rodagem -20 7 -43 -47 -60
B. Custos Variáveis com a frota 56 83 -28 -19 -36
3- Pessoal Operação e Manutenção 33 44 -2 2 -74- Peças e Acessórios 22 39 -26 -21 -29
C. Depreciação 158 208 270 299 4245- Veículos 91 124 138 152 2316- Outros Ativos 67 84 132 146 193
D. Administração 231 208 197 139 1277- Pessoal Adm.Vendas 231 246 218 198 1498-Despesas Gerais 0 -38 -21 -58 -22
E. Remuneração 304 314 359 377 5049- Veículos 133 82 70 81 13310- Outros Ativos 170 232 289 297 370Fonte: Dados das tabelas 13 e 17 do presente estudo.
A tabela 21 evidencia que a empresa se beneficia pela falta de investimento
em novos ativos e em pessoal da administração, ao passo que perde em relação
aos custos relativos à quilometragem percorrida e à frota, visto que o aumento do
percurso e a falta de investimento em novos veículos aumentam os custos variáveis
com a quilometragem e o custo de manutenção que vem crescendo
consideravelmente nos últimos anos, o que demonstra que a falta de uma gestão de
custos está fazendo a empresa reduzir custos em pontos que necessitariam de
maior investimento, para cobrir gastos que deveriam ser controlados e avaliados em
função de estratégias competitivas e de mercado.
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121
Os dados do percentual de crescimento dos custos, ao ser comparado com a
evolução dos custos tarifários fornecidos pela ANTT, apresenta uma expressiva
discrepância, como mostram as tabelas 22 e 23. Assim, o crescimento dos custos da
empresa Alfa não corresponde ao crescimento da média nacional. E em alguns
anos, como 2003 e 2005, os custos variáveis, responsáveis pela maior parcela dos
custos da empresa (conforme tabela 10), tiveram um crescimento bastante
significativo se comparados à média nacional. No ano de 2002, o aumento dos
custos da média nacional (ANTT) foi superior ao da empresa em estudo,
demonstrando que esta obteve economia com relação a esses custos. Já os dados
referentes ao ano de 2004 apresentaram forte variação em relação à média
nacional, devido ao aumento dos custos com lubrificantes. Porém esses custos só
representam 0,26% dos custos totais (tabela 10); assim, seu crescimento teve pouca
representatividade para a formação dos custos.
Os gastos administrativos tiveram uma variação bastante acentuada,
principalmente no que se refere aos gastos gerais. No período de 2004, esse
aumento para a empresa Alfa chegou a ser de 100%, enquanto a média foi de 6%,
diferença que pode ter sido provocada por um descontrole administrativo dos gastos.
Já com relação aos custos com depreciação e remuneração do capital,
confirma-se o fato de a empresa Alfa possuir grande parte do seu ativo totalmente
depreciado, em contraposição a média nacional que teve crescimento superior,
conforme mostram os dados das tabelas 22 e 23.
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122
Tabela 22- Crescimento percentual (%) dos custos anuais referentes à prestação deserviços da empresa Alfa 2001/2005
ITEM DE CUSTO 2001 2002 2003 2004 2005A. Custos Variáveís com a km 0 7,85 56,94 46,89 54,881- Combustível e Lubrificante 0 23,05 51,73 19,96 23,152- Rodagem 0 -15,20 5,21 26,93 31,73B. Custos Variáveis com a frota 0 -0,05 20,99 1,35 48,593- Pessoal Operação e Manutenção 0 1,54 18,31 1,89 11,654- Peças e Acessórios 0 -1,58 2,69 -0,54 36,94C. Depreciação 0 -2,68 18,51 -0,12 -2,435- Veículos 0 -4,41 18,51 -0,17 -5,896- Outros Ativos 0 1,74 0,00 0,05 3,46D. Administração 0 84,42 50,91 113,29 -14,127- Pessoal Adm.Vendas 0 5,03 57,15 12,94 20,138-Despesas Gerais 0 79,39 -6,23 100,35 -34,25E. Remuneração 0 34,55 41,08 3,75 -1,199- Veículos 0 43,30 34,31 -0,27 -4,8210- Outros Ativos 0 -8,76 6,77 4,03 3,62Fonte: Elaborado pela autora com dados da planilha 17.
Tabela 23- Crescimento Percentual (%) dos custos anuais referentes à planilha tarifária daANTT 2001/2005
ITEM DE CUSTO 2001 2002 2003 2004 2005A. Custos Variáveís com a km 0 32,49 -75,79 1038,10 24,091- Combustível 0 18,28 62,34 4,72 12,092- Lubrificantes 0 0,00 -95,19 1015,38 13,793- Rodagem 0 14,21 -42,94 18,00 -1,79B. Custos Variáveis com a frota 0 31,36 -91,53 17,27 25,704- Pessoal Operação 0 9,72 1,20 5,60 2,375- Peças e Acessórios 0 11,94 -44,14 5,99 22,856- Pessoal Manutenção 0 9,69 -48,59 5,67 0,48C. Depreciação 0 24,18 57,37 12,15 46,437- Veículos 0 11,87 28,60 5,77 23,438- Outros Ativos 0 12,31 28,77 6,38 23,00D. Administração 0 21,83 68,54 11,58 23,299- Pessoal Adro.Vendas 0 9,76 47,74 5,60 0,4510-Despesas Gerais 0 12,07 20,80 5,98 22,8111- Serviços de Terceiros 0 0,00 0,00 0,00 0,03E. Remuneração 0 23,89 56,13 12,00 45,6812- Veículos 0 11,96 28,06 5,99 22,8213- Outros Ativos 0 11,93 28,07 6,01 22,86Fonte: Elaborado pela autora com dados da tabela 13.
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123
A análise desses dados indica que a empresa deveria investir em novos
veículos a fim de reduzir seu custo com manutenção, proporcionar viagens com
maior conforto e segurança aos passageiros, tentar reduzir os gastos com despesas
gerais e utilizar-se de estratégias para aumentar o índice de aproveitamento das
viagens realizadas.
A redução dos custos ou a melhoria do desempenho operacional proporciona
maior vantagem para a empresa, caso consiga reduzir o valor do coeficiente tarifário
e possua o valor do custo unitário menor que a média nacional. A tabela 24 faz uma
síntese dos custos unitários calculados anteriormente para uma melhor comparação
e relação entre as estruturas de custos.
Tabela 24 - Comparação entre os custos unitários fornecidos pela ANTT, da empresa Alfa comos parâmetros reais e da empresa com os parâmetros da média nacional.
ITEM DE CUSTO 2001 2002 2003 2004 2005
ANTT 0,363900 0,424000 0,540120 0,580300 0,638900Empresa Alfa 0,216465 0,231654 0,315701 0,384353 0,482133
A. Custos Variáveiscom a km
Empresa AlfaxANTT 0,326146 0,349032 0,486060 0,591756 0,742300
ANTT 0,686300 0,755800 0,585500 0,618700 0,648400Empresa Alfa 0,347220 0,350384 0,403821 0,409747 0,475184
B. Custos Variáveiscom a frota
Empresa AlfaxANTT 0,523155 0,527921 0,621730 0,630854 0,731602
ANTT 0,286200 0,320200 0,411800 0,435600 0,537600Empresa Alfa 0,099539 0,095305 0,112462 0,112281 0,105916
C. Depreciação
Empresa AlfaxANTT 0,149975 0,143595 0,173149 0,172869 0,163071
ANTT 0,266400 0,293800 0,415800 0,439400 0,488100Empresa Alfa 0,081447 0,115412 0,135700 0,212317 0,181451D. Administração
Empresa AlfaxANTT 0,122715 0,173890 0,208926 0,326887 0,279365
ANTT 0,158200 0,177100 0,226800 0,240400 0,295300Empresa Alfa 0,042423 0,052332 0,066204 0,066704 0,064881
E. Remuneração
Empresa AlfaxANTT 0,063918 0,078849 0,101929 0,102699 0,099891
ANTT 0,055270 0,061846 0,072658 0,076435 0,087779Empresa Alfa 0,051847 0,063089 0,083280 0,091546 0,101135Coeficiente de custo
Empresa AlfaxANTT 0,039058 0,041936 0,052796 0,060109 0,066405Fonte: Elaborado pela autora com base nas tabelas 13,17 e 19.
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124
A tabela comparativa permite verificar a real diferença entre os custos, e
mostra que a redução significativa nos custos unitários da empresa Alfa está
associada ao elevado percurso realizado pela empresa, a fim de superar a
deficiência de passageiros existente nesse setor (baixo índice de aproveitamento). O
que eleva o valor dos custos variáveis com a quilometragem e com a frota,
principalmente no que se refere aos custos de manutenção uso de peças de
reposição.
O desempenho da empresa reflete a sua conduta em relação à falta de uso
de informações gerenciais para maior controle dos gastos da empresa. Sem as
informações fornecidas pela gestão de custos, a empresa não consegue avaliar
seus resultados e o seu real desempenho no setor, passa a tomar decisões
precipitadas e a reduzir gastos que a longo prazo resultam em prejuízos ainda
maiores.
A estrutura do mercado regulado impõe algumas condições de conduta, como
preços máximos, número de atividades e investimentos. Porém a conduta dessa
empresa em frente à gestão dos custos existentes é que definirá a sua lucratividade
e desempenho em relação à concorrência existente e a sua sustentabilidade no
mercado.
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125
6 CONCLUSÃO
O presente estudo demonstrou que as mudanças ocorridas no cenário
brasileiro, por meio do crescimento dos mercados e da expansão econômica
trouxeram alterações na estrutura competitiva do País. Assim, mesmo os setores
protegidos pela força da regulação, passaram a sofrer com a ação da concorrência
existente no mercado.
A pesquisa realizada nos serviços de transporte rodoviário de passageiros
mostra, que nesse setor, o quadro vem se agravando a cada ano, em virtude do
crescimento dos setores intermodais e dos serviços informais. A existência dessa
concorrência está provada pelo baixo desempenho mostrado em pesquisas, que
revelam que esse serviço vem perdendo mercado para outras modalidades de
transporte.
A redução do número de passageiros provoca uma queda no faturamento das
empresas que passam a utilizar-se de estratégias competitivas a fim de
permanecerem no mercado. Nesse sentido, este estudo teve como objetivo avaliar a
contribuição da gestão de custos como força estratégica essencial para a
sustentabilidade da empresa diante da concorrência potencial.
Foi evidenciado, nesta pesquisa, que a regulação do setor limita o uso de
estratégias competitivas e torna a gestão de custos ainda mais decisiva para se
obter um posicionamento permanente da empresa no mercado, por meio do uso de
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126
ferramentas que demonstram o real posicionamento da empresa e forneçem
informações que podem reduzir custos e melhorar o seu desempenho operacional.
O estudo de caso demonstrou o uso de estratégias competitivas pela
empresa Alfa, no intuito de aumentar o número de passageiros transportados, por
meio de promoções, propaganda e fidelização de clientes, além da tentativa de
redução dos custos por meio de economias de escala e outros direcionadores de
custos.
A empresa porém não faz uso das ferramentas de gestão de custos, extraídas
dos demonstrativos contábeis e dados operacionais, como estratégia para enfrentar
a concorrência do mercado, por meio do controle e acompanhamento dos gastos.
Por isso, não tem condições de avaliar sua situação atual, o que demonstra grande
fragilidade competitiva de longo prazo.
Essas informações seriam de fundamental importância para a avaliação do
desempenho da empresa no setor e para subsidiar o processo de tomada de
decisão, evitando ações precipitadas e custos desnecessários.
O estudo de caso proporcionou a comparação entre a estrutura de custos da
empresa Alfa e o modelo fornecido pela ANTT para reajuste e revisão de tarifas.
Demonstra que, no Estado do Piauí, o índice de aproveitamento de passageiros nas
viagens realizadas é bem inferior à média nacional, o que leva ao aumento do
percurso realizado pela empresa Alfa, a fim de conseguir um maior aproveitamento
da estrutura física (ativos) e melhorar o desempenho da empresa no setor. No
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127
entanto esse esforço provocou o aumento significativo dos custos variáveis com
manutenção e reposição de peças, pelo desgaste acelerado no período.
Esse fator comprova a necessidade de maior acompanhamento e análise da
estrutura de custos por parte da empresa Alfa, visto que provocou um aumento
considerável nos custos da empresa, tornando-os acima da média nacional, o que
deixa a empresa em uma situação desfavorável em custos em relação aos seus
concorrentes, podendo, em uma possível licitação, perder o mercado para outra
empresa melhor estruturada e com capacidade de prestar os serviços operando com
menor coeficiente tarifário.
Com relação ao modelo tarifário proposto pela ANTT, pode ser observado que
elee privilegia as empresas melhor estruturadas, já que os ganhos decorrentes da
economia de custos não provocam redução imediata nas tarifas vigentes,
aumentando a lucratividade da empresa, caso haja uma redução nos seus custos.
O uso da nova fórmula paramétrica para o reajuste das tarifas vigentes trouxe
maior credibilidade e agilidade às informações, visto que essas informações eram
fornecidas pelas próprias permissionárias, que levavam em consideração as suas
ineficiências no uso dos recursos. Porém essa nova fórmula de reajuste ainda
necessita de maior aperfeiçoamento, pois ainda utiliza informações colhidas do
antigo modelo, como é o caso dos pesos aplicados aos itens de custos extraídos do
último reajuste em 2006.
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Os parâmetros operacionais do modelo, devem ser revistos ou
regionalizados, em virtude de o índice de aproveitamento médio permanecer em
68%, desde 2001, mesmo sendo comprovado, por meio de estudos, que a
concorrência existente no setor reduziu a demanda de passageiros nos últimos
anos. Esse fator prejudica consideravelmente as regiões em que, a exemplo do
Estado do Piauí, a demanda de passageiros é bem inferior à média.
Em todo o exposto, procurou-se atender ao objetivo geral e aos específicos
da pesquisa ao mostrar a utilização da gestão de custos como fonte de vantagem
competitiva para as empresas de transporte rodoviário de passageiros, segundo os
fatores determinantes de custos, comparando a estrutura de custos do modelo
tarifário fornecido pela ANTT à estrutura de custos de uma empresa localizada no
estado do Piauí.
Porém, por se tratar de um estudo de caso único, a constatação e a
inferência, as avaliações feitas ao modelo tarifário e o desempenho da empresa em
comparação à média nacional ficam restritos. Sugere-se, para pesquisas futuras, a
realização de um estudo mais aprofundado sobre os custos regionalizados das
empresas de transporte rodoviário de passageiros ou aplicado a empresas de
grande representatividade em nível nacional do setor.
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129
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134
APÊNDICE
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135
Anexo IEstrutura da entrevista realizada junto à diretoria da empresa
ROTEIRO PARA ENTREVISTA
A. A empresa e sua atividade:
1. Nome:
2. CNPJ:
3. Endereço:
4. Data de constituição:
5. Filiais:
6. Responsáveis:
7. Diretores:
8. Setores da empresa:
9. Número de funcionários por setor:
10.Frota de ônibus:
11.Atividade principal:
12.Atividade Secundária:
13.Número de linhas:
14.Estados em que atua:
15.Participação no mercado de transporte do Piauí:
16.Meio de concessão das linhas:
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B. Identificação de condutores de custos:
1. Controle de redução de custos e despesas: Como?
2. Investimento nas áreas de tecnologia, pesquisa, assistência, publicidade:Quais?
3. Existe ganho de economia de Escala: com melhor aproveitamento das ações,uso da capacidade, volume de operações?
4. Redução de gastos pelas experiências: rotatividade de funcionários,treinamento dos funcionários, experiência no setor (tempo de atuação dosfuncionários).
5. Utilização da capacidade instalada: Percentual de utilização da capacidadeinstalada, na produção, na administração, na venda e não utilizada.
6. Relações entre áreas internas e relações com outras empresas: comunicaçãoentre os setores, inspeção dos serviços. Relacionamento com fornecedores eclientes, uso do controle de qualidade.
7. Relações entre Unidades Estratégicas de Negócios (UENs): Relacionamentocom outras empresas para a realização de atividades em conjunto.
8. Grau de Integração: Como ocorrem as decisões que afetam a estrutura e oscustos? Quem decide? É realizado estudo de viabilidade? O que é levado emconsideração?
9. Agir no momento oportuno: Utilização de estratégias em função da maiornecessidade.
10.Quem toma as decisões sobre compras, investimentos, redução de gastos? Ecomo são tomadas essas decisões? É verificado se irá afetar o interesse docliente e a valorização do produto?
11.Localização: A localização possui algum efeito estratégico. Qual?
12. Institucional: Como os fatores políticos/legais afetam os custos da empresa?
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C. Formação de preços e estratégias competitivas:
1. Preço de venda igual ao máximo estabelecido pela ANTT:
2. Promove promoções ou redução do preço:
3. Existe concorrência direta (ônibus regular) em linhas da empresa:
4. Existe concorrência indireta: (transportes irregulares, transportes substitutos)Quais:
5. Existe a possibilidade de novos entrantes/futuros concorrentes (diretos):
6. Existe alguma linha que não esteja sendo coberta pela empresa em funçãoda falta de clientes:
7. A empresa já participou de alguma licitação para aquisição de linhas:
8. A empresa já perdeu a concessão de alguma linha:
9. A empresa utiliza ou já utilizou alguma estratégia competitiva para atrair maisclientes:
10.Como a empresa se diferencia dos concorrentes?
11.Quais os principais mercados (Públicos da empresa)?
12.A empresa avalia os concorrentes diretos e potenciais?
13.Que áreas podem melhorar o desempenho do negócio?
D- Utilização de sistemas de gestão de custos e apuração de resultados:
1. Contabilidade externa ou interna:
2. Métodos de custeio adotados: (variável, absorção, ABC):
3. Forma ou sistema de custeio: (padrão, real, estimado):
4. Utilização de ferramentas gerenciais de custos: (ponto de equilíbrio, margemde contribuição, margem de segurança e alavancagem operacional ):
5. Utilização da departamentalização dos custos:
6. Mecanismos de rateio dos custos:
7. Existe o planejamento dos custos da empresa.
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8. Utilização dos custos da ANTT para fins gerenciais de comparação e controle:
9. Como é feito o controle dos gastos e do estoque?
10.É feita à comparação dos gastos entre diferentes períodos.
E- Desempenho da empresa no mercado:
1. Como está a empresa em comparação com outras empresas do mesmo ramosituadas no Estado do Piauí, no que se refere:
1.1 a custos totais?
1.2 a faturamento?
1.3 a crescimento?
2. Como está a empresa em comparação com outras empresas do mesmo ramosituadas fora do Estado, quanto:
2.1 a custos totais?
2.2 a faturamento?
2.3 a crescimento?
3. Como a diretoria considera o faturamento e a lucratividade da empresa hoje?Poderia ser feito algo para melhorar? O quê?
4. Qual o setor onde ocorre o maior número de desperdícios dentro daempresa? Por quê?
5. Em nível institucional, o que o governo poderia fazer para melhorar aprestação dos serviços. Existe algum tipo de reivindicação por parte dosindicato de transportes ou da ANTT?
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