UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de...

160

Transcript of UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de...

Page 1: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia
Page 2: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

,"

(

n

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

MUSEU NACIONAL

ANA BERNADETE LIMA FRAGOSO

ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS E PATOLÓGICAS EM

ESQUELETOS DE BOTO-CINZA Sotalia fluviatilis (GERVAIS, 1853)

DO LITORAL DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO.

Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte dos requisitos necessários à obtenção do grau de Mestre em Ciências Biológicas - Zoologia.

Rio de Janeiro - 2001 -

Page 3: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

·r

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

MUSEU NACIONAL

LABORATÔRIO DE MASTOZOOLOGIA

Orientador:

LUIZ FLAMARION B. DE OLIVEIRA

Museu Nacional/ UFRJ

Co-orientadora:

SHEILA M. FERRAZ MENDONÇA DE SOUZA

Escola Nacional de Saúde Pública/ FIOCRUZ Museu Nacional/ UFRJ

li

Page 4: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

J

1 ....__

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

MUSEU NACIONAL

ALTERAÇÕES MORFOLÓGICAS E PATOLÓGICAS EM ESQUELETOS DE

BOTO-CINZA Sotalia fluviatilis (GERVAIS, 1853) DO LITORAL DO ESTADO

DO RIO DE JANEIRO.

ANA BERNADETE LIMA FRAGOSO

Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001.

_{' ?

Dissertação apresentada à Coordenação de

Pós-Graduação em Zoologia da Universidade

Federal do Rio de Janeiro, como parte dos

requisitos necessários à obtenção do grau de

Mestre em Ciências Biológicas - Zoologia.

Prof. Lúiz Flamarion B. de Oliveira ( ·dente da Banca)- Museu Nacional/ UFRJ

Prof. Adilson Dias Salles - Instituto de Ciências Biomédicas/ UFRJ

fv:� IP.� Prof8. Lílian Paglarelli Berqvist- Instituto de Geociências/ UFRJ cr�,,.___� Prof. Joã:Alvesde Oliveira (Suplente)- Museu Nacional/ UFRJ

lll

Page 5: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

FICHA CATALOGRÁFICA

FRAGOSO, ANA BERNADETE L. Alterações Morfológicas e Patológicas em Esqueletos de Boto-cinza Sotalia fluviatilis (Gervais, 1853) do Litoral do Estado do Rio de Janeiro. Rio de Janeiro. UFRJ, Museu Nacional, 2001. 136 p. Tese: Mestre em Ciências Biológicas (Zoologia) 1. Cetacea 2. Alteração óssea 3. Sola/ia fluviatilis 4. Rio de Janeiro 1. Universidade Federal do Rio de Janeiro - Museu Nacional

li. Teses

IV

Page 6: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

AGRADECIMENTOS

- Ao Prof. Luiz Flamarion de Oliveira pela oportunidade, confiança e orientação;

- À Prof8. Sheila pelo auxílio na determinação das anomalias, sugestões, críticas e

co-orientação;

- Ao Museu Nacional, em especial à comissão da Pós-Graduação e à equipe do

laboratório de mastozoologia

- À CAPES;

- Ao Instituto de Geociências e Departamento de Oceanografia da Universidade do

Estado do Rio de Janeiro, em especial aos professores lzabel Gurgel e Marcos

Bastos;

- Ao Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo, em especial ao Prof. Mário

de Vivo e à equipe do laboratório de mastozoologia;

- À Fundação Brasileira para Conservação da Natureza;

- Ao Laboratório de Radiologia e Faculdade de Veterinária da Universidade Federal

Fluminense, em especial aos professores Maria Antonio Romão, Francisco Carlos

de Lima e Sávio Freire Bruno;

- Ao Setor de Radiologia do Hospital da Universidade Federal do Rio de Janeiro, em

especial à Prof8. Elise Tonomura;

- Aos amigos e companheiros de trabalho José Lailson Brito Jr. e Alexandre

Azevedo pela ajuda na coleta dos dados, incentivo, sugestões ao trabalho;

- À Renata Ramos e Ana Paula Di Beneditto, pelo acesso à coleção osteológica de

cetáceos do norte fluminense, estadia e hospitalidade durante análise da coleção.

V

Page 7: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

- À Valéria Silva Bráz e Adilson Dias Saltes pelo auxílio no cálculo das áreas das

epífises;

À Haydée Cunha; Marcos Soares; Orjana Carvalho e Katia Pinheiro pela ajuda na

coleta dos dados e companheirismo;

- A Salvatore Siciliano pelas sugestões e cessão de bibliografia;

- Ao Biol. Carlos Magno Abreu pelo auxílio nas análises estatísticas;

- À Paulino Souza pela estadia (e paciência) durante análise da coleção da LISP;

- Ao Prof. Becker pela tradução dos textos em alemão;

Aos meus familiares, em especial aos meus pais, por todo apoio e amor

dispensados;

E a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para este estudo.

Vl

Page 8: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

RESUMO

Sotalia f/uviatilis (Gervais, 1853) (Mammalia, Cetacea, Delphinidae), o boto­

cinza, é o delfinídeo mais freqüente na costa do Estado do Rio de Janeiro. Contudo,

informações osteológicas sobre esta espécie são bastante restritas. Com o intuito de

ampliar o conhecimento referente às alterações em esqueletos da espécie foi

realizado um estudo em 75 exemplares. A amostra constou de esqueletos

depositados em acervos de instituições e oriundos de coletas a partir de encalhes e

capturas acidentais na costa do Rio de Janeiro. Objetivou-se identificar os tipos de

alterações e relacionar a sua freqüência com o sexo, idade, tamanho, maturidade

física, ocorrência por áreas da coluna vertebral e região de procedência dos

indivíduos. As peças ósseas foram medidas e examinadas quanto à ocorrência,

localização e grau de desenvolvimento de alterações morfológicas e patológicas. As

alterações foram categorizadas em traumáticas, degenerativas, infecciosas e de desenvolvimento. A maioria dos espécimens (77,3%) apresentou algum tipo de

alteração no esqueleto, fosse esta de origem traumática (n=47), degenerativa (n=25),

infecciosa (n=24) ou de desenvolvimento (n=22). Um pequeno número (n=4)

apresentou lesões abrangendo todas as categorias. O número de peças afetadas por

lesões variou de uma a 25, sendo que a maioria (50,7%) possuía de seis a dez ossos

com alterações. As regiões mais afetadas da coluna vertebral foram a cervical e a

torácica. De maneira geral, o número de alterações ósseas e de peças afetadas

tendeu a aumentar com o avanço da idade dos exemplares, relacionando-se com o

tamanho dos mesmos. O número de ossos afetados por lesões não diferiu entre os

sexos. Indivíduos oriundos da área central do litoral fluminense apresentaram uma

maior incidência de alterações e de peças afetadas. O estudo das alterações ósseas

se mostra uma ferramenta importante na obtenção de dados patológicos em

exemplares em que a necropsia não é possível. As freqüências de ocorrência de

alterações morfológicas e patológicas na espécie podem, potencialmente, estar

associadas tanto às características do indivíduo quanto às particularidades dos ossos

do esqueleto.

Vll

Page 9: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

ABSTRACT

Sola/ia fluviatílis (Gervais, 1853) (Mammalia, Cetacea, Delphinidae), the tucuxi dolphin, is the most common delphinid on Rio de Janeiro coast. However, osteological information about this species are very limited. To increase the knowledge about bony changes in skeletals of this species, a study was realized on 75 specimens. The

material consisted of skeletals remains stored in institutional collections that resulted from strandings and incidental caught on fisheries along the coast of Rio de Janeiro. This research had the objective of identify the bony changes and relate its frequency considering sex, age, size, physical maturity, presence by vertebral column region and

individual localities. The bones were measured and examined to identify the presence, localization and development degrees of morphological and pathological changes. The lesions was distinguished in traumatic, degenerative, infectious and developmental categories. Most of specimens (77,3%) had some bone lesion sort of traumatic (n=47), degenerative (n=25), infectious (n=24) or developmental (n=22) origin. A reduced number of specimens (n=4) had all lesion categories. The number of affected bones reach one to twenty-five, although the most of specimens (50, 7%) had six to ten bones with lesions. The most affected regions of vertebral column was the cervical and

thoracic. ln general, the number of lesions and the affected bones had tendency to increase with aging of specimens and was related with the individual size too. The number of affected banes was similar between sex. Individuais from central area of Rio de Janeiro state had more incidence of lesions and bone affected by changes. The study of bony changes is a important tool for access pathological information on

specimens that the necropsy is not possible. The frequency of occurrence of

morphological and pathological changes in this species could be associated to particularities from region, the form of natural resources use and other interference

occasioned by human activity.

VIII

Page 10: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

ÍNDICE Página

1 -Introdução ................................................................................................................ 1

1.1 -O boto-cinza (Sola/ia fluvialilis) ....................................................................... 1

1.2 -Alterações ósseas em cetáceos ..................................................................... .4

1.3 -Estudos sobre alterações ósseas em Sola/ia fluviali/is ................................... 5

1.4 -Objetivos ......................................................................................................... 6

2 -Material e Métodos .................................................................................................. 7

2. 1 -Material osteológico analisado ........................................................................ 7

2.2-Informações referentes aos espécimens ........................................................ 8

2.3 -Análises morfológicas e patológicas . ............................................................ 11

2.4 -Análises osteométricas ................................................................................. 16

2.5 -Análises estatísticas e de ordenação ............................................................ 17

3 -Resultados ............................................................................................................. 22

3.1 -Análise Descritiva ......................................................................................... 22

3.1.1 -Informações referentes aos espécimens ............................................ 22

3.1.2 -Análises osteométricas ........................................................................ 23

3.1.3 -Alterações ósseas ............................................................................... 24

3.1.4 -Número de categorias de alterações ósseas (NAL T) .......................... 25

3.1.5 -Número de peças afetadas por alterações ósseas (NPAF) ................. 25

3.1.6 -Alterações ósseas por região da coluna vertebral. .............................. 26

3.1. 7 - Número de categorias de alterações nas vértebras cervicais ............. 27

IX

Page 11: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

3.1.8 -Alterações ("dobras") nas epífises vertebrais ...................................... 28

3.1.9 -Alterações traumáticas ......................................................................... 29

3.1.1 O -Alterações infecciosas ................................................................ ....... 34

3.1.11 -Alterações degenerativas ......................................................... ......... 38

3.1.12 -Anomalias da morfogênese ou do desenvolvimento ....................... .41

3.1.13 -Descrição de espécimen com severas anomalias ............................. 48

3.2 -Análise Estatística ........................................................................................ 52

3.2.1 -Número de peças afetadas por alterações ósseas (NPAF) ................. 52

3.2.2 -Número de categorias de alterações ósseas (NAL T) .......................... 53

3.2.3 -Alterações ósseas ................................................................................ 54

3.2.4 -Número total de "dobras" em.epífises vertebrais ................................. 55

3.2.5 -Associações entre categorias de alterações ósseas ........................... 57

3.2.6 -Alterações ósseas por região da coluna vertebral. .............................. 57

3.2. 7 -Número de categorias de alterações nas vértebras cervicais ............. 62

3.2.8 -Número de "dobras" por epífise vertebral. ........................................... 68

4 -Discussão .............................................................................................................. 75

4.1 -Alterações ósseas ........................................................................................ 75

4.2 -Ocorrência de alterações ósseas e características dos espécimens ............ 76

4.3 -Associações entre categorias de alterações ósseas ..................................... 79

4.4 -Alterações ósseas por região da coluna vertebral. ....................................... 80

4.5 -Número de categorias de alterações em vértebras cervicais ........................ 82

X

Page 12: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

4.6 - Alterações ("dobras") em epífises vertebrais ................................................. 83

4. 7 -Alterações traumáticas .................................................................................. 85

4.8 - Alterações infecciosas ................................................................................... 92

4. 9 -Alterações degenerativas ........................................................................... 104

4.1 O -Anomalias da morfogênese ou do desenvolvimento ................................ 107

5 -·conclusões .......................................................................................................... 116

6 -Referências Bibliográficas ................................................................................... 118

XI

Page 13: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Exemplares de boto-cinza (Sotalia fluviatilis) na Baía de Guanabara, RJ .................................................................................................................................. 2

Figura 2 - Estado do Rio de Janeiro e limites das áreas de procedência dos espécimens analisados de S. f/uviatilis ...................................................................... 1 O

Figura 3 - Esquema do esqueleto de boto-cinza (Sotalia fluviatilis) e medidas realizadas no crânio, bloco cervical e vértebras: a) esqueleto axial (vista lateral), hióide, escápula e vestígio de ossos pélvicos; b) vista dorsal do crânio; c) vista posterior do crânio; d) vista ventral do bloco cervical; e) vista anterior de vértebra torácica; f) vista lateral de vértebra torácica; g) ossos da nadadeira peitoral esquerda ..................................... .......................................... ............................... ....... 12

Figura 4 - Ocorrência das categorias de alterações ósseas de natureza traumática (TRA), de desenvolvimento (DES), infecciosa (INF) e degenerativa (DEG) em esqueletos de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro ............................................... 24

Figura 5 - Número de categorias de alterações ósseas (NALT), abrangendo as dobras registradas nas epífises vertebrais e as lesões de natureza traumática, de desenvolvimento, infecciosas e degenerativas, encontradas em esqueletos de S.

fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro ........................................................................... 25

Figura 6 - Freqüência de ocorrência de alterações ósseas nas reg1oes cervical, torácica, lombar e caudal da coluna vertebral de exemplares de S. f/uviatilis do litoral do Rio de Janeiro ........................................................................................................ 26

Figura 7 - Freqüência de ocorrência de alterações ósseas nas vértebras cervicais (C1-C7) de exemplares de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro ................. .......... 27

xii

Page 14: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

Figura 8 - Alterações nas epífises ("dobras"), possivelmente associadas ao esforço

vertebral em S. fluviatilis: a) Vista anterior da 7ª. vértebra cervical do exemplar

MN50104; b) Vista anterior da 1ª. vértebra torácica (UERJ-MQ 71) . . . .. . . . .. . . . . .. . . ..... . . . 28

Figura 9 - Fraturas em costelas e vértebra cervical de S. fluviatilis do litoral do Rio de

Janeiro: a) radiografia de costelas do exemplar UERJ-MQ 71; b) vista anterior da 3ª.

cervical do exemplar UERJ-MQ 23 .. . . . . . . . .. ... . . . . . . . . . .. . ....... . . . . .. .. . .. ... . .... . . . . . . . . . ......... . . .. . . . 31

Figura 1 o - Alterações ósseas em nadadeira peitoral e rostro de S. fluviatilis

provocadas por artefatos de pesca. a) vista ventral do úmero, rádio e ulna esquerdos

do exemplar UERJ-MQ 27, mostrando o fio de nylon e as lesões ósseas; b) maxilas e

mandíbulas do exemplar MZUSP 25611, mostrando as alterações e a trajetória dos

filamentos . . .. . . . ... ...... . ..... . ... . . . .. . . . . . . .... . ... . . . ....... . .. . . .. .. . . . . . . . . .. .. .. . ... . . . . .. . .. . . . . . . . . . ..... . . ... ... . . . 33

Figura 11 - Alterações de origem infecciosa em crânios de S. fluviatilis do Rio de

Janeiro. a) porção proximal da mandíbula direita do exemplar UERJ-MQ 71,

mostrando evidências de abcessos nos alvéolos dentários; b) Vista ventral do crânio

do exemplar MZUSP 25618 com sinais reacionais do tecido ósseo provocado pela

presença de parasitas na região dos pterigóides . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . .. . . . . . . .. . . . . .. . . . . . . ........ 35

Figura 12 - Alterações de origem infecciosa em vértebras de S. f/uviatilis do Rio de

Janeiro: a) vista ventral das vértebras lombares (L6 - L9) do exemplar MZUSP 25625

com lesões; b) vista lateral das vértebras (Ca 5 - 7) e arcos hemais fusionados do

exemplar BB 13 . .. . . . ... ........ .. . . .. . . .... . . .. . . . . . .. . . . .. . ... . ... . . . ... . .. . . . . . . . . .. .. . .. ... .. . . ..... .. . ... . . . ... . . .. . . 36

Figura 13 - Alterações de origem infecciosa em escápulas de S. fluviatilis do Rio de

Janeiro. a) escápula esquerda do exemplar UERJ-MQ 127 com lesões no bordo

posterior; b) fossa glenóide da escápula esquerda do exemplar UERJ-MQ02,

mostrando sinais de artrite infecciosa, comparada a fossa glenóide direita com padrão

normal. . . . ..... .. . . .. . . . . . . . . . . . .... . . .. . . .. . . . . . .. . . . . .. . . .. . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ....... . .. . . . . . .. . ... . .. . . .. .. . ... . . . . ... . 37

Xlll

Page 15: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

,, Figura 1 4 - Artrose em S. f/uviatilis do Rio de Janeiro. a) Vista anterior de vértebra

cervical (C3) de exemplar (UERJ-MQ 7 1 ) com sinais de zigartrose; b) Vista anterior de

vértebra torácica (T7) de S. f/uviatilis (UERJ-MQ 1 1 1 ) com sinais de

discartrose . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40

Figura 1 5 - Discartrose associada à espondiloartrite em exemplar de S. fluviatilis (UERJ-MQ 33) do Rio de Janeiro. a) Vista posterior da 8ª . vértebra lombar com sinais

de discartrose; b) Vista ventral de vértebras lombares (L9-L 1 2) com espondi loartrite,

mostrando as pontes ósseas formadas por sindesmófitos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .41

Figura 1 6 - Anomal ias de morfogênese em crânios de S. fluviatilis do Rio de Janeiro.

a) Vista lateral do supraoccipital do exemplar MZUSP 25626, mostrando elevação; b)

Côndilos occipitais com alterações de forma e tamanho do exemplar

MN501 1 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43

Figura 1 7 - Anomal ias de morfogênese em vértebras torácicas de exemplar de S.

fluviatilis do Rio de Janeiro (UERJ-MQ 33). a) Vista lateral de vértebras torácicas (T5-

T7) , mostrando falha de segmentação em neuroapófises e hipoplasia hemi­

metamérica na 6ª . torácica; b) Vista anterior da 8ª . vértebra torácica com aplasia da

diapófise d ireita . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44

Figura 1 8 - Anomalias de desenvolvimento em costelas e esterno de S. fluviatilis do

Rio de Janeiro. a) 2°. par de costelas do exemplar UERJ-MQ 1 22 com alargamento

nas extremidades distais; b) Vista dorsal do esterno do exemplar UERJ-MQ 33 com

alterações em esternebras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .45

Figura 1 9 - Curvatura devido à hipoplasia em esqueletos de S. fluviatilis do Rio de

Janeiro. a) Vista dorsal do crânio (UERJ-MQ 7 1 ) com maxi las encurvadas para a

direita; b) Vista ventral da 5ª . e 6ª . vértebras torácicas do exemplar BB 37, mostrando

os corpos encurvados para a esquerda . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .46

XIV

Page 16: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

n Figura 20 - Escoliose em exemplares de S. fluviatilis oriundos da Baía de Guanabara, " RJ. a) Vista dorsal de porção da coluna vertebral do exemplar MN50112,

compreendida entre o atlas e a 7ª. vértebra torácica, mostrando sinais de escoliose; b)

Vista ventral da meia vértebra extra numerária entre a 2ª. e 3ª. lombares do exemplar

r

UERJ-MQ 33 ... . . . . ... . .. . . . . . . .. . . . . . . . . .... .. . . . . . . . . . . . . . . . .... . . ... . . . . . . . . . . .. . .... .... . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . 47

Figura 21 - Vista ventral de porção da coluna vertebral (T3 - L5) de S. fluviatilis

(UERJ-MQ 33) oriundo da Baía de Guanabara (RJ), mostrando evidências de

escoliose . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . ... . .. . . . . .. . . .. .. . . . . . . . . . . . . . . .. . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .............. . .. 49

Figura 22 - Alterações ósseas em exemplar de S. fluviatilis (UERJ-MQ 33) oriundo da

Baía de Guanabara, RJ. a) Vista lateral da 9ª. vértebra torácica com fratura na base

da neuroapófise; b) Vista anterior de costelas esquerdas com alterações de

desenvolvimento (2ª. costela, 5ª e 6ª costelas) . . . . . . .. . . . . ... . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . 51

Figura 23 - Distribuição do número de peças afetadas (NPAF) por alterações ósseas

comparado às variáveis sexo (a), maturidade física (b}, área de procedência (c},

classes de idade (d) e tamanho (e) dos botos S. fluviatilis do litoral do Rio de

Janeiro . . . . .. . . . . ..... . . . . . .... . . .. . .. . . .. . . .. . . .. .. ..... ... . .. ... . ... . .... .. . . . . . .. . . .. . ..... . . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... 52

Figura 24 - Distribuição do número de categorias de alterações ósseas (NAL T)

comparado às variáveis sexo (a), maturidade física (b), área de procedência (c),

classes de idade (d) e tamanho (e) dos botos S. fluviatilis do litoral do Rio de

Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .. . .... . . . . . .... . ....... . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . ... . .. . . . . . . . . . . . .. 53

Figura 25 - Freqüências de ocorrência de alterações ósseas de natureza traumática

(TRA), de desenvolvimento (DES), infecciosa (INF) e degenerativa (DEG) em relação

ao sexo e maturidade física dos espécimens de S. fluviatilis do litoral do Rio de

Janeiro . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . ..... .... . .. . . . ....... .... . . . . . . . . .. . . . . . . .. . .. . . . . . .. . ... . .. . .. . . . . . . . .. . . . .. 54

XV

Page 17: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

''1

Figura 26 - Freqüências de ocorrência das categorias de alterações ósseas

traumáticas (TRA), de desenvolvimento (DES), infecciosas (INF) e degenerativas

(DEG) em relação à área de procedência dos espécimens de S. fluviatilis do litoral do

Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 55

Figura 27 - Distribuição do número total de "dobras" nas epífises vertebrais do bloco

cervical e 1 ª . vértebra torácica (NTDR) comparado às variáveis sexo (a) , maturidade

física (b), área de procedência (c), classes de idade (d) e tamanho (e) dos botos S.

fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . : . . . . . . 56

Figura 28 - Análise de similaridade considerando as distâncias Euclidianas entre o

número de categorias de alterações nas regiões da coluna vertebral. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 58

Figura 29 - Análise de Componentes Principais considerando o número de categorias

de alterações nas regiões da coluna vertebral. a) Exemplares de S. fluviatilis do litoral

do Rio de Janeiro; b) Relação entre as variáveis e os componentes principais

(eixos) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 1

Figura 30 - Distribuição dos escores dos indivíduos no 1 ° . eixo do PCA baseado no

número de categorias de alterações nas regiões da coluna vertebral comparados ao

sexo (a) , maturidade física (b) , área de procedência (c), classes de idade (d) e

tamanho (e) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 62

Figura 31 - Similaridade considerando as distâncias Euclidianas entre o número de

categorias de alterações nas vértebras cervicais de exemplares de S. fluviatilis do

litoral do Rio de Janeiro . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

Figura 32 - Análise de Componentes Principais considerando o número de categorias

de alterações em vértebras cervicais (NAC 1 a NAC7): a) exemplares de S. fluviatilis

do litoral do Rio de Janeiro; b) elação das variáveis com os fatores (eixos) .

. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 65

XVI

Page 18: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

Figura 33 - Distribuição dos escores dos indivíduos no 1 º. eixo do PCA baseado no

número de categorias de alterações em vértebras cervicais comparados ao sexo (a), maturidade física (b), área de procedência (c), classes de idade (d) e tamanho (e) de

exemplares de S. fluviatílis do l itoral do Rio de Janeiro .... . . . . ... . . . . . ......... ... ...... . .. .. . ...... 66

Figura 34 - Análise de similaridade considerando as distâncias Euclidianas entre o

número de dobras nas epífises das vértebras cervicais (ND2P a ND7P) e 1 ª. torácica

(ND8A e ND8P) de exemplares de S. fluviatilis do litoral do Rio de

Janeiro . . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. .. .. .... . . . . . .. . .. . . .. . .. . . . . .. . .. . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . .. 68

Figura 35 - Análise de Componentes Principais considerando o número de dobras em

epífises das vértebras cervicais (ND2P a ND7P) e a 1 ª. torácica (ND8A e ND8P): a)

Análise dos exemplares de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro; b) Relação das

variáveis com os fatores 1 e 2 (eixos) . . . .... . ... . . . .. . .. . .. .. . . .... . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . .. . ..... . . ... ... . . . . 70

Figura 36 - Anál ise de Componentes Principais considerando o número de dobras em

epífises das vértebras cervicais (ND2P a ND7P) e a 1ª. torácica (ND8A e ND8P): a)

Análise dos exemplares de S. fluviatilis do l itoral do Rio de Janeiro; b) Relação das

variáveis com os fatores 2 e 3 (eixos) . . . . . . . . . . ... . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . .. .... . . . . . .. . . . . . . . . .. . .. . . . . . . . . . . . . . . 72

Figura 37 - Distribuição dos escores dos indivíduos no 1 º. eixo do PCA baseado no número de dobras nas epífises das vértebras cervicais e 1ª. torácica comparados ao sexo (a), maturidade física (b), área de procedência (c), classes de idade (d) e tamanho (e) de exemplares de S. fluviatilis do l itoral do Rio de

Janeiro . . . . . . .. ... . . . . .. . . . ... . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ...... . .... .... .. . . .. . . . . . . . . . .. ... . . . . . . ... ... .. . . .. . . .. ... . .. . . .. . ... . . .. 73

XVI I

Page 19: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

r\

,,

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Variáveis, referentes aos espécimens de S. fluviatilís do litoral do Rio de

Janeiro, utilizadas na estruturação da base de dados para as análises

estatísticas . . ... . . . . . . .... . ... . . . . . . . .... . .. .. . . . . . ... .. . . . . .. . ..... ... . . . . . . ..... .. . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . .. . ..... . . . . . . . . . .. .. . 21

Tabela 2 - Informações quanto à área de procedência, sexo, maturidade física,

classes de tamanho e idade dos espécimens de S. fluviatilis do litoral do Rio de

Janeiro analisados neste estudo . . ........ ... . ... . . . . . . ... .. . . ... . . . . . . . .. . . . . . . . . .. ..... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .... . . 22

Tabela 3 - Dados relativos às medidas de comprimento, índice de volume e área das

epífises das vértebras cervicais e 1 ª. vértebra torácica de S. fluviatilis do litoral do Rio

de Janeiro . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . . . . . .. .. . . .. . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . ... .. . . . . .. . .. .. .... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23

Tabela 4 - Registros de alterações ósseas em 75 espécimens de S. fluviatilis do

litoral do Estado do Rio de Janeiro . .. . .. . . . . .. . .. . ... . ....... . . ... . . ... . ....... ....... .. ...... .. .... .. . .. . . . . .. . . 24

Tabela 5 - Dados referentes ao número de "dobras" registradas nas epífises

anteriores e posteriores das vértebras cervicais e da 1ª. torácica (C2 a T1) de S.

fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro .. . . ... . .. ....... . . . . ............... . . . . ....... . .. .. . . . . . . . . . . .. . .. .. .... . . . . 29

Tabela 6 - Freqüências de alterações traumáticas registrados em distintas regiões do

esqueleto de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro ... . ... . . . . .. ... .. . . . . . . . .. . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . 30

Tabela 7 - Freqüências de alterações de natureza infecciosa registrados em distintas regiões do esqueleto de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro . . . . ....... . . .. . . . . . . ........ .. 34

Tabela 8 - Freqüências de alterações de natureza degenerativa registrados em

distintas regiões do esqueleto de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro . ..... . . . . .. . . . . . 38

XV111

Page 20: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

Tabela 9 - Freqüências de Ocorrência de ossos afetados por anomalias da

morfogênese e respectivos campos de desenvolvimento, registrados em esqueletos de S. fluviatilis do Rio de Janeiro ... . . .. . ..... . ... ...... .... . ... ...... ... . ..... .. . ... . ....... . . . . . .. . . . ... ... . .. .42

Tabela 1 O -Valores de Associação entre os t ipos de alterações ósseas encontradas em S. f/uviatilis do l itoral do Rio de Janeiro .... ... . . . . .. .. . ... . ... . . ... . .. ... ........... . ..... .... . . . .... . . 57

Tabela 11 -Cargas dos Fatores considerando o número de categorias de alterações nas regiões cervical (NACE), torácica (NATO) , lombar (NALO) e caudal (NACA) . .. . . 59

Tabela 12 - Cargas dos Fatores considerando o número de categorias de alterações em vértebras cervicais (NAC1 a NAC?) . .............. .... ....... .... . ....... ... ... . . .. ...... . ...... . . .. ... . . 65

Tabela 13 -Sumário da Regressão Múltipla (via backward) dos escores do 1°. eixo da PCA considerando o número de categorias de alterações em cervicais (NAC1 a NAC7) com a variável comprimento do bloco torácico (CBTO) ....... .. ..... ...... ...... . .. . ... . 67

Tabela 14 - Cargas dos Fatores considerando o número de dobras em ep ífises das vértebras cervicais (2P a 7P) e 1ª. torácica (8A e BP) ........ ... ......... . . . . .... ......... ........... 69

Tabela 15 - Sumário da Regressão Múltipla considerando o número de dobras da epíf ise com as variáveis posição da epíf ise (EPIF) , volume do corpo vertebral (VOL V) e comprimento do corpo vertebral (COMPV) . . . .................... . ........ . ..................... ..... . . . 74

XIX

Page 21: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1

1 - INTRODUÇÃO

Muitas informações sobre a biologia dos cetáceos são obtidas através de

estudos de carcaças de animais mortos (Geraci & Lounsbury, 1993). Análises

osteológicas são importantes ferramentas na ampliação deste conhecimento, por

fornecerem tanto dados referentes aos exemplares, tais como idade, maturidade física

e crescimento (Perrin, 1975; de Smet, 1977a), como informações resultantes de

interações com o ambiente, atividades humanas e relações inter ou intra-específicas

(p. ex. Slijper, 1936; de Smet, 1977a; Kompanje, 1994; Fernandez-Rodriguez et ai. ,

1999), que podem ser observadas através de lesões ósseas. Contudo, devido ao

reduzido número de esqueletos pós-craniais tombados em acervos, a maioria dos

estudos osteológicos são basicamente restritos a análises cranianas (Kompanje,

1999).

1 .1 - O Boto-Cinza ( Sotalia fluviatilis)

O boto-cinza (Fig. 1 ), Sotalia fluviatilis (Gervais, 1853) é um odontoceto

representante da família Delphinidae, com uma forma marinha e outra, menor, fluvial

(da Silva & Best, 1996). Diferenças entre ambos os ecótipos foram evidenciadas

através de variações no tamanho do corpo e em medidas cranianas (Borobia, 1989).

O ecótipo dulcícola, também conhecido como tucuxi, é encontrado nas bacias dos rios

Amazonas e Orinoco (da Silva, 1986; Borobia et ai. , 1991; da Silva & Best, 1994; da

Silva & Best, 1996). O ecótipo marinho da espécie distribui-se em águas costeiras

desde Honduras, na América Central (da Silva & Best, 1996), até a região de

Page 22: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

2

Florianópolis, no sul do Brasil (Simões-Lopes, 1 987), ocupando, ao longo de sua

distribuição, áreas estuarinas, baías e enseadas (Borobia et ai. , 1 99 1 ; da Silva & Best,

1 996). A ocorrência da espécie no litoral fluminense foi registrada, no século XIX, por

van Bénéden (1 873), nas águas da Baía de Guanabara.

O comprimento total dos adultos de S. fluviatilis é de aproximadamente 1 80 cm

no ecótipo marinho (Ramos et ai. , 2000b), tendo sido registrado o maior espécimen,

com 2 10 cm, no litoral do Rio de Janeiro (Oliveira et ai. , 1 996). Ramos (1 997) estimou,

para os exemplares de S. fluviatilis do norte do Rio de Janeiro, o alcance da

maturidade física por volta dos seis anos e comprimento total em tomo de 1 83,3 cm.

Figura 1 - Exemplares de boto-cinza (Sotalia fluviatilis) na Baia da Guanabara, RJ.

Page 23: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

3

O crânio de Sotalia pode ser distinguido do de outros golfinhos pelo

afastamento dos pterigóides, além da caixa craniana bem desenvolvida e o rostro

relativamente largo (Flower, 1884; Miranda-Ribeiro, 1936; Carvalho, 1963; da Silva &

Best, 1994). A mandíbula possui uma sínfise curta (Miranda-Ribeiro, 1936; Silva &

Best, 1994). Os dentes, cônicos e pontiagudos, variam de 26 à 36 em cada hemi-arco

(Borobia, 1989; Simões-Lopes & Ximenes, 1990; da Silva & Best, 1996). A coluna

vertebral, como em outros cetáceos, apresenta uma única curvatura de convexidade

dorsal e está correlacionada ao desaparecimento da cintura pélvica (de Smet, 1977b);

sendo composta por vértebras cervicais (C), torácicas (T), lombares (L) e caudais

(Ca). A fórmula vertebral é normalmente de C7, T12, L 12, Ca 22-25, para um total de

53 a 56 vértebras (da Silva & Best, 1996). As sete vértebras cervicais são altamente

comprimidas, estando o atlas e o áxis normalmente fusionados (da Silva & Best,

1986). As quatro ou cinco primeiras costelas verdadeiras são bi-articuladas, por

possuírem capítulo e tubérculo, e se ligam ao esterno através das costelas esternais,

que são ósseas (Carvalho, 1963).

O boto-cinza, devido a seu hábito costeiro, vem sofrendo vários tipos de

ameaças derivadas de atividades antrópicas tais como, captura em artefatos de

pesca, poluição, destruição do habitat e molestamento intencional (Brito et ai., 1994;

da Silva & Best, 1994; Lailson et ai. , 1999; Lodi & Capistrano, 1991; Oi Beneditto et

a/. , 1998). S. fluviatilis é uma das espécies de cetáceos mais capturadas em redes

artesanais de pesca no litoral brasileiro (Siciliano, 1994; Di Beneditto et ai. , 1998).

Provavelmente a costa fluminense, mais especificamente a Baía de Guanabara,

Page 24: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

4

represente a área mais degradada de sua área de distribuição, nos dias atuais

(Lailson-Brito et ai. , 1999).

Informações quanto aos parâmetros biológicos de S. fluviatilis ainda são

escassas, sobretudo no que diz respeito às condições de saúde dos exemplares (da

Silva & Best, 1996). A categoria de ameaça da espécie é indeterminada, até o

momento, por insuficiência de dados que permitam uma avaliação ( IBAMA, 1997).

Planos de ação recomendam um incremento de estudos sobre parâmetros biológicos

da espécie (IBAMA, 1997).

1 .2 - Alterações Ósseas em Cetáceos

Alterações ósseas em esqueletos de cetáceos vêm sendo relatadas desde o

� século XIX e referem-se a fraturas e a doenças congênitas, infecciosas e

degenerativas (p. ex. Murie, 1865; Slijper, 1936; Kompanje, 1995b; Kompanje, 1999).

As lesões observadas têm sido relacionadas a envolvimentos com artefatos de pesca,

choques com embarcações, comportamento agressivo entre indivíduos, contaminação

ambiental, endocruzamento em populações pequenas, infecções bacterianas e

envelhecimento dos indivíduos, dentre outras causas (Slijper, 1936; Paterson, 1984;

Cowan et ai. , 1986; Johnston & Me Crea, 1992; Kompanje, 1994, 1999; Siebert et ai. ,

1997; Fernandez-Rodriguez et ai. , 1999; Turnbull & Cowan, 1999; Macnie & Goodal,

2000b; Ortega-Ortiz et ai. , 2000).

Os estudos sobre lesões em peças ósseas de cetáceos geralmente estão

restritos a descrições patológicas (Kompanje, 1999). Porém, comparações com

fatores biológicos e relações com o ambiente são escassas (Kompanje, 1994), não

Page 25: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

5

havendo normalmente o emprego de métodos quantitativos para verificação da

significância dos resultados encontrados.

Segundo Barnes (1994), a detecção de padrões de defeitos de

desenvolvimento, dentro de uma população de esqueletos humanos, permite fazer

projeções interpretativas sobre a ocorrência dos principais defeitos, afinidades

biológicas, assim como influências culturais e ambientais. Diferenças na ocorrência de

anomalias ósseas têm sido relacionadas à áreas de ocorrência em certas espécies de

� pinípedes (Bergman et ai., 1992; Mortensen et ai. , 1992).

1

Muitos termos têm sido utilizados para descrever alterações ósseas em

cetáceos (Kompanje, 1999). Isto tem resultado em certa confusão, havendo tanto o

uso de neologismos como de termos obsoletos, sendo urgente a padronização da

terminologia a partir da classificação mais segura das alterações, principalmente

considerando o seu uso na língua portuguesa.

1 .3 - Estudos sobre Alterações Ósseas em Sotalia fluviatil is

Registros esporádicos e análises realizadas com reduzido número amostral

reúnem as poucas informações sobre a ocorrência de alterações ósseas em S.

fluvíatílís (Slijper, 1936; Simões-Lopes & Ximenes, 1990; Ferigolo et ai. , 1996;

Fragoso, 1997; Fragoso & Lima, 1997, 1998; Furtado & Simões-Lopes, 1999; Lavick,

2000; Ramos et ai. , 2000d; Menezes & Simões-Lopes, 2000). Esses registros incluem

casos de natureza traumática, infecciosa, degenerativa e erros de morfogênese.

Kompanje (1999) em sua revisão sobre alterações patológicas na coluna vertebral de

cetáceos não registrou nenhum caso nos exemplares de S. fluvíatílis analisados.

Page 26: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

6

As informações sobre alterações ósseas em espécimens de S. fluviatilis, na

costa do Estado do Rio de Janeiro, restringem-se a análises preliminares em

esqueletos (Fragoso, 1997; Fragoso & Lima; 1997, 1998) e crânios (Lavick, 2000) de

alguns indivíduos, além de um caso resultante de interação com artefato de pesca

(Ramos et ai . . , 2000d).

1 .4 - Objetivos

Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre a ocorrência de alterações

ósseas em S. fluviatilis da costa fluminense e, baseado em pressupostos teóricos, que

relacionam a ocorrência de tais lesões com características do indivíduo bem como do

meio onde vivem (de Smet, 1977; Johnston & Me Crea, 1992; Rothschild et ai. , 1993;

Sarnes, 1 994; Kompanje, 1994, 1995b, 1999; Mendonça de Souza, 1995; Siebert et

ai. , 1997), este trabalho tem como objetivos:

• Identificar e analisar as alterações ósseas em esqueletos de boto-cinza Sotalia

fluviatilis no litoral do Estado do Rio de Janeiro;

• Relacionar a freqüência de alterações ósseas considerando tamanho, sexo, idade,

maturidade física e área de procedência dos indivíduos;

• Comparar as freqüências de ocorrência das alterações ósseas em diferentes áreas

da coluna vertebral;

• Relacionar as lesões nas porções mais afetadas da coluna vertebral com as

características dos indivíduos.

Page 27: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

7

2 - MATERIAL E MÉTODOS

2.1 - Material Osteológico Analisado

O presente trabalho está baseado na análise patocenótica de 75 esqueletos

de exemplares de boto-cinza, Sotalia fluviatilis (Fig. 1 ), depositados em acervos de

instituições de pesquisa do sudeste do Brasil e oriundos de encalhes e capturas

acidentais na costa do Estado do Rio de Janeiro, entre 1985 e 1999. As instituições

visitadas foram: Museu Nacional - Universidade Federal do Rio de Janeiro (MN);

Museu de Zoologia - Universidade de São Paulo (MZUSP); Projeto Mamíferos

" Aquáticos/ Deptº . de Oceanografia - Universidade do Estado do Rio de Janeiro

(UERJ-MQ); e Projeto Cetáceos/ Base de Atafona - Fundação Brasileira para a

r Conservação da Natureza (BB).

Os esqueletos tombados nas coleções foram anteriormente processados

através de maceração ou, na maioria das vezes, recolhidos após permanecerem

enterrados por alguns meses.

Os espécimens incluídos na amostra analisada (n=75) constaram de

esqueletos completos ou parcialmente completos e em bom estado de

conservação. Alguns destes espécimens haviam sido estudados anteriormente em

outros trabalhos (Lodi & Capistrano, 1990; Borobia et ai., 1991; Siciliano, 1994;

Oliveira et ai., 1996; Azevedo et ai., 1996; Fragoso & Lima, 1998; Oi Beneditto et

a/. , 1998; Ramos et ai. , 2000a) .

Esqueletos com mais de seis vértebras caudais (terminais) ausentes foram

considerados incompletos e, portanto, não foram incluídos neste estudo . O número

e localização de peças ausentes foi estimado através de comparação com uma

série vertebral intacta da espécie, como sugerido por Heyning & Perrin (1994). As

Page 28: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

8

costelas vertebrais e esternais foram pareadas para verificação de ausência de

peças. O número de peças limitante para inclusão na série foi estabelecido com

base nos registros de alterações ósseas na região caudal por estudos prévios

sobre a coluna vertebral do boto-cinza (Ferigolo et ai. , 1996; Fragoso, 1997;

Furtado & Simões-Lopes, 1999) e outras espécies de delfinídeos (Slijper, 1936;

Kompanje, 1995a, 1995b, 1999).

Dezenove exemplares da amostra apresentavam os ossos referentes à 33

nadadeiras peitorais associados a seu material osteológico. Devido à rara

presença nos acervos de séries completas dos carpos e falanges, somente foram

incluídos neste estudo os exemplares que apresentavam o úmero, o rádio e a ulna

de pelo menos uma das nadadeiras peitorais.

Além disso, foram analisadas as nadadeiras peitorais de oito espécimens

encontrados mortos na costa f luminense e recolhidos pelo Projeto MAQUA (Depto.

Oceanografia-UERJ). As nadadeiras peitorais de cada indivíduo , após

identificação, foram embaladas em sacos plásticos e acondicionadas em freezer.

Essas foram radiografadas em projeção dorso-ventral e posteriormente maceradas

em água para recuperação dos ossos. As nadadeiras peitorais de fi lhotes foram

preservadas em solução de formol , álcool e glicerol (Menezes & Simões-Lopes,

1996).

2.2 - Informações Referentes aos Espécimens

Os dados biológicos dos espécimens (comprimento total do corpo, sexo e

procedência) foram obtidos nos registros institucionais das próprias coleções

citadas acima. O comprimento total do corpo dos animais foi medido segundo

Norris ( 1 961 ) , da extremidade da maxila até o entalhe da nadadeira caudal.

Page 29: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

9

A maturidade f ísica dos indivíduos foi determinada através do grau de

fusionamento das epífises dos corpos vertebrais, segundo Oshumi et ai. (1958) e

Kato (1988). Os espécimens foram considerados fisicamente maturas quando

todas as epífises vertebrais estavam fusionadas ao corpo vertebral correspondente

(Perrin, 1975).

Os dados referentes à idade estimada dos exemplares (em anos) foram

oriundos dos resultados obtidos por Ramos et ai. (2000a, 2000c), cujos trabalhos

abrangeram os mesmos exemplares. As idades foram determinadas pela

contagem das camadas de crescimento de dentina nos dentes, segundo Perrin &

Myrick (1980) e Hohn et ai. (1989), de tal maneira que os exemplares que

apresentaram somente a linha neonatal foram considerados recém-nascidos,

sendo cada grupo de camadas de dentina adicional considerado como

correspondente à um ano de vida do indiv íduo.

Os valores absolutos das variáveis contínuas, referentes à idade e

comprimento total do corpo dos botos foram agrupados em categorias discretas,

para fins de análises estatísticas e interpretação. As classes de idade foram

relacionadas ao grau de maturidade física dos indivíduos e correspondem à: classe

1 = O a 7 anos (imaturos), classe 2 = 8 a 15 anos (imaturos ou recém-maturos), ·

classe 3 = 16 a 23 anos (adultos) e classe 4 = 24 a 31 anos (velhos). As classes

de tamanho correspondem a: pequeno = 1105.0 a 1436.6 mm , médio = 1436.7 a

1768.3 mm e grande = 1768.4 a 2100 mm.

A série estudada foi subdividida em três grupos, de acordo com as

localidades de procedência dos indivíduos, correspondentes às áreas norte, central

e sul fluminense (Fig. 2), tendo em vista diferenças na forma de coleta dos

exemplares nas áreas, além da possibil idade da origem estar associada à

Page 30: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

'

10

diferentes exposições a patologias e alterações ósseas . A maioria dos espécimens

da área norte fluminense foram oriundos de capturas acidentais em redes de pesca

na região entre São João da Barra (21 °37' S , 41 °01 ' W) e Macaé (22º23'S,

41 °47W) , além dos casos (n=6) de encalhes ocorridos na região norte até

Armação de Búzios (22º44'S, 41 °52W). Os exemplares oriundos de encalhes na

região da Baia de Guanabara e Barra da Tijuca (22°56'S , 43°1 5W) foram

agrupados como da região central do l itoral fluminense. Os espécimens referentes

à área sul fluminense foram oriundos de encalhes na Baia de Ilha Grande

(23º1 0'S , 44º20'W), Baía de Sepetiba (22°58'S, 44°02W) e Restinga da

Marambaia.

Devido à diferenças quanto ao número amostral nos distintos grupos, optou­

se por se considerar somente os espécimens das áreas norte e central nas

anál ises que consideraram a área de procedência dos exemplares como variável

do estudo.

45' -W

SUL

FLUMINENSE

44" w

CENTRAL

FLUMINENSE

OCEANO ATLÂNTICO

43' W 42' W

NORTE

FLUMINENSE

n· w

22" S

21' '!:

Figura 2 - Estado do Rio de Janeiro e l imites das áreas de procedência dos espécimens analisados de S. f/uviatilis.

Page 31: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 1

2.3 - Análises Morfológicas e Patológicas

Os esqueletos dos botos-cinza (Fig. 3) foram inicialmente analisados do

ponto de vista da normalidade osteológica, tendo por base critérios comparativos a

partir do que é considerado na literatura (van Beneden, 1864, 1875; Carvalho,

1963; da Silva & Best, 1996) como padrão anatômico normal. Lesões ou alterações

ósseas identificadas como resultantes de processos pós-mortem dos espécimens,

sejam estas produzidas durante processamento ou armazenagem do material

osteológico, não foram incluídas nas análises.

Para a identificação e caracterização das lesões ou anormalidades, cada

osso dos esqueletos dos indiv íduos foi examinado quanto à ocorrência, localização

e grau de desenvolvimento de alterações. As lesões foram fotografadas e

registradas em fichas com desenhos confeccionadas para esqueletos de S.

fluviatilis (Anexo 1 ) , modificadas a partir das sugeridas por Buikstra & Ubelaker

(1994) para paleopatologia em humanos. Cores distintas foram utilizadas para

registro de fraturas, "dobras", destruição e neo-formação óssea.

Alterações de forma, tamanho e posição, além das evidências de

descontinuidade, destruição e neo-formação ósseas observadas nos esqueletos,

foram identificadas e registradas para posterior diagnóstico diferencial das lesões e

anormalidades. Quando necessário, as peças foram radiografadas posteriormente

para um diagnóstico diferencial mais preciso.

As lesões encontradas foram identificadas e descritas, de acordo com

Ortner & Putschar (1981), Zimmerman & Kelley (1982), Íscan & Kennedy (1989),

Barnes (1994), Buikstra & Ubelaker (1994) e Kompanje (1995b, 1999). Uma chave

de classificação baseada nas informações de Kompanje ( 1 999) para patologias

ósseas em colunas vertebrais de cetáceos foi confeccionada para facilitar os

Page 32: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

,..

-

a

ROSTRO

VÉRTEBRAS e,�=� VÉRTEBRAS TORÁCICAS

HIÔIDE ESTERNO

COSTELAS

MANDIBULA

b . .

LARGURA NOS PARIETAIS

' �Jl: .-1 ·

� ; ' --·,

:

e

- ' ' '

COMPRIMENTO CÔNDILO-BASAL

H LARGURA DO

CORPO

,,. NEUROAPÓFISE

COMPRIMENTO DO CORPO

VÉRTEBRAS LOMBARES

VÉRTEBRAS CAUDAIS

RESQUÍCIOS PELVICOS

PIFISE

ALTURA DA CAIXA CRANIANA

g ÚMERO

ARCOS

HEMAIS

d

COMPRIMENTO DO BLOCO CERVICAL

FALANGES

/ D o

D D oe • RAD1ol 1 ;o L:7 t:l t:1 n º

CARPOS

NADADEIRA PEITORAL

12

Figura 3 - Esquema do esqueleto de boto-cinza ( Sotalia fluviatilis) e medidas realizadas no crânio, bloco cervical e vértebras: a) esqueleto axial (vista lateral) , hióide, escápula e vestígio de osso pélvico; b) vista dorsal do crânio; c) vista posterior do crânio; d) vista ventral do bloco cervical; e) vista anterior de vértebra torácica; f) vista lateral de vértebra torácica; g) ossos da nadadadeira peitoral esquerda.

Page 33: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 3

diagnósticos nesta região (Anexos 2 e 3). Foram consideradas , para fins do

presente trabalho, quatro categorias de doenças na coluna vertebral: (disco ou

zigo) artrose, espondilite infecciosa, espondiloartrite, e DISH (Diffuse ldiopathic

Skeletal Hyperostosis), hiperostose idiopática difusa.

A artrose é uma condição patológica progressiva relacionada ao esforço

,..._ crônico e repetit ivo das articulações, geralmente associada ao envelhecimento.

Como sugerido por François et ai. (1995) e Kompanje (1999), os casos de artrose

observados nas epífises dos corpos vertebrais foram denominados de discartrose,

enquanto que aqueles encontrados nas zigapófises das vértebras foram

denominados de zigartrose. A discartrose está associada à degeneração do disco

intervertebral, podendo se observar na fase mais avançada a formação de

osteófitos verticais marginais, além de esclerose e erosão da epífise (Kompanje,

1999).

A espondilite é uma doença inflamatória que afeta uma ou mais vértebras

devido à um processo infeccioso associado, ocorrendo geralmente formação de

neoformações ósseas bizarras e a destruição das facetas articulares na fase mais

avançada (Kompanje, 1999). Segundo Kompanje (1999), a espondilite infecciosa é

um processo geralmente localizado, sem relação com- a idade do animal e que

pode também estar associada a trauma.

A espondiloartrite ou espondartrite é um termo usado para um grupo de

doenças inflamatórias que afetam as articulações e que englobam a artrite reativa

e a espondiloartrite associada a doenças inflamatórias do intestino, entre outras

(François et ai. , 1995). Segundo Kompanje ( 1999) a espondiloartrite está mais

relacionada a ativação do sistema imunológico desencadeada por infecções no

organismo do que propriamente a processos degenerativos ligados ao

Page 34: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

14

envelhecimento do indiv íduo. Sinais característicos da doença incluem a

ocorrência de sindesmófitos não-marginais , oss ículos para-discais e ausência de

sinais de degeneração do disco intervertebral (Kompanje, 1999).

A hiperostose idiopática difusa (DISH) têm como principais características a

calcificação dos ligamentos e ossificação da região anterolateral da coluna

vertebral , envolvendo geralmente três ou quatro vértebras com crescimento ósseo

de aspecto de "vela derretida", não havendo degeneração do disco intervertebral

(Kompanje, 1999).

Para facilitar a associação das prevalências de lesões nos esqueletos do

boto-cinza às suas prováveis causas, as alterações ósseas foram agrupadas, de

acordo com sua natureza, em quatro categorias: alterações de desenvolvimento,

alterações traumáticas, alterações degenerativas e alterações infecciosas; sendo

posteriormente quantificadas e submetidas à um tratamento estatístico. Quando a

lesão no osso apresentava distintas naturezas, mesmo que secundárias, todas as

categorias envolvidas foram consideradas nas análises.

As anomalias de morfogênese encontradas nos esqueletos foram incluídas

na categoria de alterações de desenvolvimento, sendo seus respectivos campos

de desenvolvimento registrados segundo Sarnes (1994) para localização das áreas

mais suscetíveis à tais anomalias. Segundo este autor é mais apropriado enfocar

as análises em defeitos de desenvolvimento do que defeitos congênitos, pois este

último implica em desordem de desenvolvimento identificada no recém-nascido e

nem todos os defeitos de desenvolvimento são detectáveis ao nascer.

Evidências de descontinuidade devido à fraturas, calos ósseos, depressões

por esforço, bem como alterações de forma provocadas por ferimentos foram

consideradas como de natureza traumática.

Page 35: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 5

Sinais de cavitação, labiamento e osteofitose característicos de artroses

foram considerados na categoria de alterações degenerativas, sendo utilizados os

termos sugeridos por François et ai. ( 1 995) e Kompanje (1 999) .

Como as análises se processaram sobre peças de coleções osteológicas,

não foi possível o exame da região intervertebral de tal forma que, para o

diagnóstico das alterações infecciosas, foram considerados apenas as alterações

ósseas sugeridas por Kompanje (1 995b, 1 999) e Ortner ( 199 1 ).

Um tipo especial de alteração foi observada nas epífises anteriores (A) e

posteriores (P) das vértebras cervicais e primeira torácica (C2P a T1 P) dos

exemplares. Trata-se de uma alteração ainda não descrita e apenas observada em

um trabalho monográfico anterior (Fragoso, 1 997). Para esta lesão foi mantida a

denominação provisória de "dobras" epifiseais. As alterações são sulcos de

disposição radial observados nas bordas das epífises das vértebras cervicais e

primeira torácica que parecem estar associadas ao esforço ocasionado pela

compressão dos corpos vertebrais nesta região (Fragoso, 1 997). As "dobras" ,

observadas nas vértebras do bloco cervical e 1 ª vértebra torácica, foram

registradas em fichas específicas, sendo analisadas à parte. Informações

referentes à ocorrência (presença ou ausência) e ao número de "dobras" (ND2P­

ND8P) foram coletadas nas epífises vertebrais de cada exemplar e posteriormente

somadas para obtenção do número total de "dobras" por espécimen (Tab. 1 ) .

Posteriormente, as informações sobre as lesões nos ossos foram reunidas

para obtenção do número de peças afetadas no esqueleto (NPAF), número de

categorias de alterações no esqueleto (NAL T), número de tipos de alterações por

região da coluna vertebral (cervical = NACE, torácica = NATO, lombar = NALO,

caudal = NACA) e o número de categorias de alterações por vértebra cervical

Page 36: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 6

(NAC1 -NAC7), bem como a identificação das áreas do esqueleto mais afetadas

por lesões e anormalidades (Tab. 1 ). Devido a quantidade reduzida de ossos das

nadadeiras peitorais depositadas em acervos, suas informações não foram

incluídas nas análises do número de peças afetadas por alterações ósseas.

2.4 - Análises Osteométricas

As análises osteométricas foram realizadas com o intuito de se verificar

possíveis relações entre dimensões anatômicas e lesões (além das "dobras"). Para

tal , foi selecionado um conjunto de medidas que fornecesse informações sobre o

tamanho do animal (comprimento total) , dimensões de diferentes componentes do

esqueleto (módulo de crânio , comprimento do bloco cervical , comprimento do bloco

torácico) e que pudessem estar relacionados às lesões. Adicionalmente foram

obtidas medidas para as vértebras (comprimento, índice de volume) e epífises

(área) lesionadas.

O módulo do crânio foi calculado pela equação que extrai a média aritmética

---- · da soma do comprimento, largura e altura: (C+L +A)/3, tal como feito em

craniometria humana (Pereira & Mello Alvin, 1979). As medidàs cranianas (Fig. 3)

(comprimento côndi lo-basal , largura do crânio nos parietais e altura da caixa

craniana) foram obtidas de acordo com Perrin ( 1975), com o auxílio de uma régua

de 400 mil ímetros e paquímetros de 8 e 20 polegadas.

Os índices para a estimativa do volume dos corpos das vértebras cervicais e

1 ª vértebra torácica foram calculados através da raiz cúbica do valor obtido pela

multiplicação do comprimento, altura e largura de cada corpo vertebral :

3�(C x A x L), como sugerido por Omura ( 1 97 1 ). Os corpos das vértebras foram

medidos (Fig. 3), com auxílio de paquímetro de precisão (0,0 1 ) , de acordo com

Page 37: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 7

Crovetto ( 1986, 1991 ). Devido ao fusionamento atlas-áxis nesta espéc ie , as

medidas referentes à altura e largura dos corpos vertebrais foram padronizadas

uti l izando-se como partes de referência as extremidades das ep ífises distais dos

,....,._ corpos vertebrais. O comprimento do conjunto atlas-áxis foi medido em sua porção

ventral. O comprimento dos blocos cervical e torácico foram obtidos através da

soma dos comprimentos das vértebras referentes à cada região.

As áreas das epifíses das vértebras cervicais e 1 ª torácica foram calculadas

através do programa SCION IMAGE (National lnstitutes of Health, 1998) após a

,.....__ digital ização dos contornos das ep ífises obtidos em papel vegetal.

Os dados métricos (variáveis contínuas), bem como os dados relativos à

ocorrência e quantidade de categorias de alterações ósseas (variáveis discretas) e

caracter ísticas da série estudada (sexo, idade, tamanho, maturidade e área de

procedência) foram submetidos à uma série de testes estatísticos, estocásticos e

anál ises de agrupamentos. Os resultados foram interpretados a partir das

associações significativas entre as variáveis e da consideração de fatores

biológicos e ambientais.

2.5 - Análises Estatísticas e de Ordenação

As variáveis uti l izadas na estruturação da base de dados para as anál ises

estat ísticas estão l istadas na Tabela 1. As distribuições das variáveis foram

aval iadas previamente, quanto a sua normalidade e para a determinação dos

métodos a serem apl icados (Siegel, 1975; Zar, 1999). As relações entre as

------ variáveis foram avaliadas, inicialmente via correlações e regressões l ineares.

O número de categorias de alterações no esqueleto (NAL T), o número de

peças ósseas afetadas (NPAF) e o número total de "dobras" nas epífises vertebrais

Page 38: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

,,

1 8

(NTDR) dos exemplares foram avaliados quanto ao sexo, maturidade física e área

de procedência via o teste de Mann-Whitney e , quanto às classes de tamanho e

idade, através do teste de Kruskal-Wallis. As relações de NALT, NPAF e NTDR

,.....,_ com os valores absolutos da idade e comprimento do corpo dos indivíduos foram

evidenciadas através do coeficiente de correlação de Spearman.

A ocorrência das diferentes categorias de alterações ósseas (traumática,

infecciosa, de desenvolvimento, degenerativa) e sua dependência em relação à

maturidade física, sexo e área de procedência dos indiv íduos, foram avaliadas

separadamente através de teste qui-quadrado corrigido de Yates (x2c) via tabela

de contingência (2x2), considerando-se a ausência (O) e presença (1) de cada

categoria de lesão (Zar, 1999) ,

o

1

o 1

n

onde : fij = a freqüência observada na linha i e na

coluna j, Ri = total das freqüências na linha i, Cj = total das freqüências na coluna j.

A associação entre as categorias de alterações ósseas foi verificada, via

tabela de contingência (2x2), através dos coeficientes de contingência de Cramér

(phi) : <1>2 = (f1 1 f22 - f12 f21 ) / --./C1 C2 R1 R2 , equivalente ao coeficiente de correlação

de Sperman (rs), e do coeficiente de lves & Gibbons (rn) como sugerido por Zar

( 1 999): rn = [(f1 1 + f22) -(f1 2 + f21 )] / [(f1 1 + f22) + (f12 + f21 )] .

As relações entre as variáveis utilizadas nas análises de fatores, foram

avaliadas via distâncias Euclidianas, considerando-se separadamente os critérios:

(i) número de categorias de alterações nas regiões da coluna vertebral (cervical,

Page 39: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 9

torácica, lombar e caudal) , ( i i) número de categorias de alterações nas vértebras

cervicais (C 1-C7) e ( i i i) número de dobras nas epífises das vértebras cervicais e da

1 ª torácica. As matrizes resultantes foram evidenciadas em dendogramas

estruturados via o método aglomerativo UPGMA (Unweighted Pair-Group Method

using Aríthmetic averages) (Sneath & Sokal, 1973). Os dendogramas facilitaram a

visualização das relações entre as distintas variáveis analisadas. As relações entre

as matrizes originais e as cofenéticas foram avaliadas através do coeficiente de

correlação cofenética (rcs).

Análises de Fatores, através da Análise de Componentes Principais (PCA;

via rotação varimax normalizada), foram efetuadas na amostra considerando e

avaliando separadamente os critérios: (i) número de categorias de alterações

encontradas nas regiões da coluna vertebral (cervical, torácica, lombar e caudal),

( i i) número de categorias de alterações nas vértebras cervicais (C 1-C7) e (i i i)

número de dobras nas ep ífises das vértebras cervicais e da 1 ª torácica.

A determinação dos grupos nas anál ises de fatores levou em conta os

valores de cada espécimen com relação as variáveis utilizadas em cada um dos

critérios considerados nas análises de fatores: (i) número de categorias de

alterações encontradas nas regiões da coluna vertebral (cervical, torácica, lombar

e caudal), ( i i) número de categorias de alterações nas vértebras cervicais (C1-C7)

e (i i i) número de dobras nas epífises das vértebras cervicais e da 1 ª torácica, bem

como informações referentes aos indivíduos tais como idade, maturidade física,

sexo, tamanho e área de procedência.

Os escores dos espécimens em relação ao 1° eixo da análise de

componentes principais foram aval iados quanto ao sexo, maturidade física e área

de procedência via o teste de Mann-Whitney. A análise dos escores quanto às

Page 40: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

20

classes de tamanho e idade foram realizadas através do teste de Kruskal-Wallis.

,,-., Os escores dos espécimens em relação ao 1 ° eixo da anál ise de componentes

principais, baseado no número de alterações nas vértebras cervicais (C 1 -C7),

foram avaliados quanto à idade, comprimento do corpo, módulo do crânio,

comprimento do bloco cervical e comprimento do bloco torácico através de

Regressão Múltipla (via seleção de variáveis - backward).

Os dados referentes ao número de "dobras" nas epífises dos indivíduos

foram reordenados em uma única variável (n=845) e anal isados através de

regressão múltipla (via backward) , em relação à área (AREP) e posição (EPIF) da

epífise, além do comprimento (COMPV) e volume (VOL V) do corpo vertebral, com

o intuito de se avaliar possíveis relações entre a ocorrência de dobras e as

características das epífises e corpos vertebrais correspondentes. As estimativas

das probabil idades foram calculadas via equação da Regressão Múltipla: Yj = a +

J31X1 + J32X2 + . . . . . + J3n Xn + E , sendo X i as variáveis independentes, í3i os

coeficientes parciais de regressão, a a interseção e E o erro da estimativa. A

significância dos coeficientes parciais de regressão e da interseção foram testados

através de teste t. As sign ificâncias das regressões múltiplas foram verificadas

através de Análise de Variância (ANOVA). O percentual de explicação da variância

das variáveis independentes no modelo foi obtido através do coeficiente de

determinação corrig ido (Rc2) , como sugerido por Zar ( 1 999). As relações entre as

variáveis separadamente foram analisadas através de correlação de Pearson (r).

As anál ises estatísticas e de ordenação foram realizadas através do

programa_ STATISTICA (STATSOFT, 1 993).

Page 41: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

r"I

,....,,_ ,-._

r-,

r-.

,....,,_ ,�

/"\

2 1

Tabela 1 - Variáveis, referentes à espécimens de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro, utilizadas na estruturação da base de dados para as análises estatísticas.

1 ÁREA ea de Procedência do exemplar 1= Norte Fluminense; 2= Sul Fluminense 2 SEXO Sexo do exemplar O = Fêmea; 1 = Macho 3 MTF Maturidade Física do exemplar O = Imaturo; 1 = Maturo 4 1D Idade do exemplar (anos) 5 1D1-4 Classe de Idade do exemplar 1 = O a 7; 2= 8 a 1 5; 3=16 a 23; 4= 24 a 31 anos 6 CT Comprimento Total do exemplar (mm) 7 CT1-3 Classe de Tamanho do exemplar 1=1105,0-1436,6; 2=1 436,7-1768,3; 3=1768,4-2100,0 mm 8 MODCR Módulo do crânio [(c + 1 + a)/ 3] 9 CBCE Comprimento do Bloco Cervical (mm) 10 CBTO Comprimento do Bloco Torácico (mm) 1 1 NALT Nº de Alterações ósseas no esqueleto O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 12 NPAF Nº de peças afetadas por alterações 13 DES Alteração de Desenvolvimento O = Ausência; 1 = Presença 14 INF Alteração Infecciosa O = Ausência; 1 = Presença 1 5 DEG Alteração Degenerativa O = Ausência; 1 = Presença 16 TRA Alteração Traumática O = Ausência; 1 = Presença 17 NTDR Nº total de dobras em eplfises de C2P a T1 P O = Ausência; 1 = Presença 18 NACE Nº de tipos de lesões no bloco cervical O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 19 NATO Nº de tipos de lesões no bloco torácico O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 20 NALO Nº de tipos de lesões no bloco lombar O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 21 NACA Nº de tipos de lesões no bloco caudal O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 22 NAC1 N° de tipos de lesões em C1 O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 23 NAC2 Nº de tipos de lesões em C2 O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 24 NAC3 Nº de tipos de lesões em C3 O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 25 NAC4 Nº de tipos de lesões em C4 O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 26 NAC5 Nº de tipos de lesões em C5 O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 27 NAC6 Nº de tipos de lesões em C6 O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 28 NAC7 Nº de tipos de lesões em C7 O= sem lesões; 1 = 1 ; 2= 2; 3=3; 4=4; 5=5 tipos de lesões 29 ND2P Nº de dobras na epífise posterior de C2 30 ND3A Nº de dobras na epífise anterior de C3 31 ND3P Nº de dobras na epífise posterior de C3 32 ND4A Nº de dobras na epffise anterior de C4 33 ND4P Nº de dobras na epífise posterior de C4 34 ND5A N° de dobras na epífise anterior de C5 35 ND5P Nº de dobras na epífise posterior de C5 36 ND6A N° de dobras na epffise anterior de C6 37 ND6P Nº de dobras na eplfise posterior de C6 38 ND7A Nº de dobras na epffise anterior de C7 39 ND7P Nº de dobras na eplfise posterior de C7 40 ND8A Nº de dobras na epífise anterior de T1 41 ND8P Nº de dobras na eplfise posterior de T1 42 NDR Nº de dobras na epífise 43 EPIF Posição da eplfise 1 = 2P a 13 = BP 44 AREP Área da epífise (mm2) 45 COMPV Comprimento do corpo vertebral (mm) 46 IVOLV Índ. de volume do corpo vertebral (3v(c X a X I)]

Page 42: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

22

3 - RESULTADOS

� 3.1 - Análise Descritiva

----.,.

-

,....._,

3.1 . 1 - Informações Referentes aos Espécimens

Este estudo constou da análise patocenótica de esqueletos referentes a 59

indivíduos imaturos e 16 indivíduos maturas fisicamente (n=75), abrangendo 35

machos e 35 fêmeas de S. f/uviatilis, provenientes das áreas norte (n=5 1 ) , central

(n= 1 8) e sul (n=6) do litoral do Estado do Rio de Janeiro (Tab. 2) . O comprimento

total do corpo dos indivíduos (n=72) variou entre 1 1 05 mm e 2 1 00 mm (X ± o ;

1 695,65 ± 21 6 ,55) e a idade (n=69) entre zero (neonatos) e 30 anos (8,20 ± 7,85).

Os espécimens machos (n=33) possuíam idades entre zero e 2 1 anos (5,82 ±

4,86), enquanto as fêmeas (n=3 1 ) possuíam de um a 30 anos de idade (1 1 ,26 ±

9,76). A distribuição dos espécimens em relação às classes de tamanho (nt1 = 1 1 ,

n12 = 29, nt3 = 32) e idade (ni1 =44, ni2 = 1 2, ni3 =7, ni4 =6) encontra-se listada na

Tabela 2.

Tabela 2 - Informações quanto à área de procedência, sexo, maturidade física, classes de tamanho e idade dos espécimens de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro analisados neste estudo. (Tamanho: pequeno = 1 105.0-1436.6 mm, médio = 1436.7-1768.3 mm, grande = 1 768.4-2100.0 mm).

Sexo

Maturidade Física

Classes de Tamanho

Classes de Idade

ÁREA NORTE ÁREA CENTRAL ÁREA SUL (n=51 ) (n=1 8) (n=G)

Machos = 25 Machos = 7 Machos = 3 Fêmeas = 24 Fêmeas = 1 1

Imaturos = 45 Imaturos = 1 0 Imaturos = 4 Adultos = 6 Adultos = 8 Adultos = 2

Pequeno = 9 Pequeno = 2 Pequeno = O Médio = 22 Médio = 5 Médio = 2

Grande = 1 8 Grande = 1 1 Grande = 3

O a 7 anos = 36 O a 7 anos = 6 O a 7 anos = 2 8 a 1 5 anos = 5 8 a 1 5 anos = 4 8 a 1 5 anos = 3

1 6 a 23 anos = 4 1 6 a 23 anos = 2 1 6 a 23 anos = 1 24 a 31 anos = 1 24 a 31 anos = 5 24 a 31 anos = o

Page 43: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

\

23

3.1 .2 - Análises Osteométricas

O módulo do crânio dos exemplares (n=72) apresentou valores entre 165,34

e 217,61 mm (201, 10 ± 12,30). O comprimento dos bloco cervical (n=73) variou

entre 35,96 mm e 65, 12 mm (52, 12 ± 7,64), enquanto o comprimento do bloco

torácico (n=75) apresentou valores no intervalo de 122,74 a 342,50 mm (249,97 ±

56,38).

As medidas relativas ao comprimento e índice de volume das vértebras

cervicais e 1 ª vértebra torácica, bem como os valores calculados das áreas de

suas epífises encontram-se listados na tabela 3. A vértebra que apresentou as

menores médias relativas ao seu comprimento e índice de volume foi a 4ª cervical,

enquanto o conjunto formado pelo atlas-áxis apresentou os maiores valores. As

epífises vertebrais que apresentaram as menores áreas foram as referentes à 1 ª

vértebra torácica. As epífises anteriores da 6ª e 7ª vértebras cervicais e a epífise

posterior do áxis (C2) possuíam as maiores áreas.

Tabela 3 - Dados relativos às medidas de comprimento, índice de volume e área das epífises das vértebras cervicais e 1 ª vértebra torácica de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro. (Valores: Média ± Desvio Padrão, Mínimo e Máximo, n = Tamanho Amostral)

VÉRTEBRA Comprimento Índice de Volume Área da Epifise Área da Epífise

C1 +C2

C3

C4

C5

C6

C7

T1

Anterior Posterior (mm) (mm) (mm2) (mm2 )

24,43 ± 2,82 26,64 ± 2,88 5,41 ± 1 ,16 1 7,49 a 30,40 1 9,24 a 32,80 2,95 a 8,96

(n=75) (n=75) (n=73)

5,07 ± 0,96 1 5,92 ±1 ,93 5,34 ± 1 , 1 5 5,27 ± 1 ,1 0 2,86 a 7,36 1 1 ,26 a 20,29 3,05 a 8,92 3,24 a 8,60

(n=74) (n=74) (n=71) (n=72)

4,87 ± 0,93 1 5,50 ± 1 ,77 5,34 ± 1 ,04 5,28 ± 1 ,02 2,77 a 6,76 1 1 ,25 a 1 8,71 3,33 a 8,55 3,07 a 8,07

(n=74) (n=74) (n=73) (n=73)

5,1 0 ± 1 ,05 1 5,67 ± 1 ,98 5,39 ± 1 ,25 5,22 ± 1 ,09 2,90 a 7,61 1 0,50 a 19,62 2,94 a 9,12 2,87 a 8,1 5

(n=75) (n=75) (n=74) (n=74)

5,69 ± 1 ,29 1 6,38 ± 2,1 7 5,51 ± 1 ,30 5,29 ±1 ,07 2,90 a 8,36 1 0,72 a 20,03 2,87 a 8,19 3,01 a 7,43

(n=75) (n=75) (n=74) (n=74)

6,75 ± 1 ,64 1 7,04 ± 2,43 5,42 ± 1 ,12 4,95 ± 0,95 3,44 a 9,92 1 1 ,29 a 20,48 3,18 a 7,76 2,58 a 6,92

(n=75) (n=75) (n=74) (n=74)

8,88 ± 2,57 1 8,44 ± 2,83 4,75 ± 1 ,05 4,69 ± 1 ,04 4,02 a 14,23 1 1 , 12 a 23,43 2,74 a 6,59 2,48 a 6,47

(n=75) (n=75) (n=71) (n=71)

,_

Page 44: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

24

3.1.3 - Alterações Ósseas

A maioria dos espécimens (77,3%) de boto-cinza (S. fluviatilís) apresentou

,--, alguma alteração óssea no esqueleto (Fig. 4), fosse esta de origem traumática

(n=47), infecciosa (n=24), degenerativa (n=25) ou de desenvolvimento (n=22).

Apenas 17 indivíduos (22, 7%) não possuíam lesões ósseas destas naturezas.

" Somente quatro indivíduos possuíam lesões ósseas abrangendo todas as

categorias. As alterações de desenvolvimento e degenerativas não ocorreram

isoladamente nos exemplares, havendo sempre a ocorrência associada de outros

tipos de lesões no esqueleto (Tab. 4).

60

20

o TRA DES INF DEG

fãnl �

Figura 4 - Ocorrência das categorias de alterações ósseas de natureza traumática (TRA), de desenvolvimento (DES), infecciosa (INF) e degenerativa (DEG) em esqueletos de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro.

Tabela 4 - Registros de alterações ósseas em 75 espécimens de S. fluviatilís do litoral do Estado do Rio de Janeiro. TRA = Traumática; INF = Infecciosa; DES = Desenvolvimento; DEG = Degenerativa.

Alterações Ósseas N % Sem Alterações

TRA INF

TRA - INF TRA - OES TRA - DEG INF - OES INF - DEG DES - DEG

TRA - DES - DEG TRA - INF - DEG TRA - DES - INF DES - INF - DEG

TRA - DE,S - INF - DEG

1 7 1 6 3 6 6 3 1 4 2 8 3 1 1 4

22,67 21 ,33 4,00 8,00 8,00 4,00 1 ,33 5,33 2,67

1 0,67 4,00 1 ,33 1 ,33 5 33

Page 45: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

25

3.1 .4 - Número de Categorias de Alterações Ósseas (NAL T)

O número total de categorias de alterações (NAL T), englobando a

ocorrência de "dobras" nas epifises vertebrais e de lesões de naturezas distintas

(Fig. 5), variou entre zero (n=6) e cinco (n=4). As "dobras" observadas nas epífises

vertebrais, consideradas neste estudo como uma categoria à parte, foram

" registradas na maior parte da amostra (n=69). Onze indivíduos apresentavam

somente um tipo de alteração óssea correspondente às "dobras", enquanto os

demais, além das "dobras" nas epifises vertebrais, apresentavam também um

(n= 1 9) , dois (n=22), três (n= 1 3) ou quatro (n=4) tipos de lesões de outra natureza

(Tab. 4).

1111 m 3 4 5

NALT

Figura 5 - Número de Categorias de Alterações Ósseas (NAL T), abrangendo as dobras registradas nas epífises vertebrais e as lesões de natureza traumática , de desenvolvimento, infecciosas e degenerativas, encontradas em esqueletos de S. fluviatilis do l itoral do Rio de Janeiro.

3.1 .5 - Número de Peças Afetadas por Alterações Ósseas (NPAF)

Alterações de forma , tamanho e posição, além de casos de destruição, neo­

formação e descontinuidade foram observados nos ossos. O número de peças

ósseas afetadas por alterações morfológicas ou patológicas variou em geral de um

a 25 (8,76 ± 6,39), com exceção de um espécimen (UERJ-MQ 33), proveniente da

Bala de Guanabara com severas alterações de desenvolvimento . O mesmo

apresentava 42 peças afetadas por lesões (1 ,3%). Enquanto a maioria (50,7%)

Page 46: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

26

possuía de seis a dez ossos com alterações, dez indivíduos (1 3,3%) apresentavam

1 a 5, treze indivíduos (1 7,3%) de 1 1 a 1 5 e sete indivíduos (9,3%) de 1 6 a 25

peças ósseas lesionadas . Apenas seis individuos (8,0%) não apresentavam seus

ossos afetados por "dobras" nas epífises vertebrais ou outras alterações.

3.1 .6 - Alterações Ósseas por Região da Coluna Vertebral

A região da coluna vertebral mais afetada por lesões (Fig. 6) foi o bloco

cervical (n=69) que apresentou de um a quatro tipos de alterações ósseas de

natureza traumática, de desenvolvimento, degenerativa, além da ocorrência de

"dobras" nas epífises vertebrais. O bloco torácico foi igualmente afetado (n=65) por

um a quatro tipos de alterações envolvendo, além das "dobras" nas epifises

vertebrais, lesões de quatro naturezas . A maioria dos exemplares com lesões na

região lombar (n=1 3) , com exceção do exemplar (UERJ-MQ 33) com três tipos de

alterações , apresentava de um a dois tipos de lesões abrangendo alterações de

natureza degenerativa, infecciosa, de desenvolvimento e, sobretudo, traumática.

Somente nove indivíduos possu íam algum tipo de lesão óssea de origem

traumática , degenerativa ou infecciosa, na região caudal da coluna vertebral .

70

60

50 84 alt

40 03 alt

30 DiD2 alt

20 lilll 1 alt

Torácica Lom bar Caudal

Figura 6 - Freqüência de ocorrência de alterações ósseas nas reg iões cervical , torácica, lombar e caudal da coluna vertebral de exemplares de S. f/uviatilis do l itoral do Rio de Janeiro (n=75) .

Page 47: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

"

27

As vértebras mais atingidas por região da coluna vertebral corresponderam

à 7ª cervical (n=68) , a 1 ª torácica (n=65) , a 6ª l ombar (n=7) e a 1 ª caudal (n=3) .

3.1 . 7 - Número de Categorias de Alterações nas Vértebras Cervicais

A anál ise do número de categorias de alterações nas vértebras do bloco

cervical (Fig. 7) , á rea mais afetada por lesões, mostrou que a porção mais atingida

correspondia à 7ª cervical (n=68) . Esta apresentou até quatro tipos de lesões,

seguida da 6ª vértebra cervical (n=67) . De maneira geral , há um n itido incremento

do número de peças afetadas de acordo com a proximidade das vértebras

cervicais ao bloco torácico. As vértebras menos afetadas por alterações ósseas

foram o atlas (n=9) e o áxis (n=22) . A 3ª cervical foi afetada por um a três tipos de

lesões (n=58) , enquanto que a 4ª apresentou um a três tipos em 54 casos e a 5ª

de um a três tipos de lesões em 60 casos. N ota-se que a 3ª vértebra cervical

apresentou um número superior de casos com dois tipos de alterações ósseas

(n= 1 6) quando comparada à C4 (n=4) , CS (n=4) , C6 (n=3) e C7 (n= 1 3) .

80

70

60

50 o sem alt Cl 4 alt

40 D 3 alt

30 liD 2 alt lill 1 alt

20

10

C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7

Figura 7 - Freqüência de ocorrência de alterações ósseas nas vértebras cervicais (C1 -C7) de exemplares de S. f/uviati/is do l itoral do Rio de Janeiro (n=75) .

Page 48: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

'

'LlS

3.1 .8 - Alterações ("Dobras") nas Epífises Vertebrais

A maioria dos indivíduos (n=69) apresentou sulcos ou invaginações com

aspecto de "dobras" nas epífises das vértebras cervicais e 1 ª torácica (Fig. 8).

Indivíduos (n=4) com um ano de idade, apresentaram de 2 a 27 "dobras" nas

epífises vertebrais. Somente em um exemplar (UERJ-MQ 33) , com severas

anomalias em seu esqueleto, as "dobras" nas epífises vertebrais estendiam-se até

a 2ª vértebra torácica. Tais modificações parecem estar associadas ao esforço nas

epífises ocasionado pela compressão dos corpos vertebrais. Alterações na forma e

tamanho das epífises, além de osteófitos ventrais nas vértebras, foram também

observados em alguns casos.

Apenas seis espécimens (BB 89, BB 1 62, MZUSP 256 1 0, MZUSP 25628,

MZUSP 25629, MZUSP 25630) provenientes da área norte fluminense com idades

entre zero (neonatos) e um ano de vida, não apresentavam ossos afetados por

"dobras" nas epífises vertebrais.

Figura 8 - Alterações nas epífises ("dobr�s") , possivelmente associadas ao esforço vertebral em S. f/uviatilis: a) vista anterior da 7ª vértebra cervical do exemplar MN501 04; b) vista anterior da 1 ª vértebra torácica (UERJ-MQ 7 1 ) . Escala = 1 cm.

Page 49: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

29

O número de "dobras" registrado em cada epífise vertebral variou entre zero

e 15 (Tab. 5). A epífise posterior do áxis (C2P) foi a que apresentou o menor valor

médio no número de dobras (X ± a ; 0,41 ± 0,94), enquanto a posterior da 7ª

cervical foi a mais afetada (7,40 ± 3,92). O somatório do número de "dobras" por

indivíduo (NTDR), abrangendo o bloco cervical e a 1 ª vértebra torácica, variou de

duas registradas em C4 (BB 12) a 79 "dobras" nas treze epífises analisadas

(UERJ-MQ71 ).

Tabela 5 - Dados referentes ao número de "dobras" registradas nas epífises anteriores e posteriores das vértebras cervicais e da 1ª torácica (C2 a T1) de S. f/uviatilis do litoral do Rio de Janeiro. (Valores: Média ± Desvio Padrão, Mínimo e Máximo, n = Tamanho Amostral)

VÉRTEBRA Nº de Dobras Nº de Dobras

C2

C3

C4

C5

C6

C7

T1

Epífise Anterior Epífise Posterior

0,41 ± 0,94 (n=73) o a 4 dobras

2,37 ± 2,60 (n=71) 0,86 ± 1,25 (n=72) o a 12 dobras o a 5 dobras

1 ,04 ± 1,39 (n=74) 0,72 ± 1,10 (n=74) o a 6 dobras O a 6 dobras

2,04 ± 2,22 (n=74) 1 ,55 ± 1,71 (n=74) O a 8 dobras o a 7 dobras

2,32 ± 2, 16 (n=74) 4,05 ± 2,90 (n=74) O a 9 dobras O a 11 dobras

4,26 ± 3,90 (n=73) 7,40 ± 3,92 (n=74) o a 15 dobras O a 14 dobras

4,57 ± 3,93 (n=74) 3,72 ± 3,46 (n=74) o a 15 dobras O a 12 dobras

3.1 .9 - Alterações Traumáticas

Alterações de origem traumática foram observadas em 47 indivíduos

(62,7%), englobando tanto casos de fratura (n=40) como casos de traumas

ocasionados por esforço, corte ou perfuração (n= 17). As costelas e as vértebras

'""' · cervicais foram os ossos mais afetados por tais alterações (Tab. 6).

Page 50: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

,,-._

"'

30

Tabela 6 - Freqüências de alterações traumáticas registrados em distintas regiões do esqueleto de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro.

Região Afetada por Traumatismo N. de Casos %

Crânio 2 2,67

Vértebras: Cervicais 22 29,33

Torácicas 10 13,33

Lombares 11 14,67

Caudais 7 9,33

Costelas 22 29,33

Escápulas 2 2,67

Ossos das Peitorais 3 4,00

Os casos de fraturas (54,7%) envolviam quase sempre mais de um osso e

r"'\ mostravam-se cicatrizados ou em cicatrização, sendo encontrados diversos calos

ósseos bem formados (Fig. 9).

As alterações de natureza traumática registradas em costelas englobaram

evidências de fratura em costelas verdadeiras (UERJ-MQ 33, UERJ-MQ 39, UERJ­

MQ 63, UERJ-MQ 71, UERJ-MQ 97, UERJ-MQ 127, BB 28, BB 52, BB 140,

MZUSP 25608, MZUSP 25613, MZUSP 25618, MZUSP 25621, MZ 25625) e nas

costelas esternais do 1 ° par (UERJ-MQ 06, UERJ-MQ 72, MZUSP 25605, MZUSP

25614, MZUSP 25627), além de alterações de forma (MZUSP 25606, MZUSP

25622) e tamanho (MZUSP 25616) de costelas esternais, devido à esforço próximo

à região de articulação com as costelas ou o esterno. Na maioria dos indivíduos, as

evidências de traumatismo foram observadas em apenas uma costela, com

exceção de quatro indivíduos que apresentavam duas de suas costelas com sinais

de fratura.

Page 51: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

31

A região cervical de 22 espécimens apresentou evidências de traumatismo

possivelmente em decorrência da compressão dos corpos vertebrais. As fraturas

na região cervical foram registradas em corpos vertebrais de oito indivíduos (Fig.

r---.. 9), envolvendo a C3 (UERJ-MQ 16, UERJ-MQ 23, UERJ-MQ 33, UERJ-MQ 61,

UERJ-MQ 97, MZUSP 23811, MZUSP 25607), C5 (UERJ-MQ 33 e UERJ-MQ 61)

e a C6 (MN 50112). Além disso, três exemplares apresentaram fraturas no arco

neural (na altura do pars articulares) em C7 (MN 50104, BB 208, BB 209) (Fig. 8).

O espécimen MZUSP 25625 apresentava a epífise posterior do áxis com

alargamento lateral , indicando aumento de esforço na região. Outros indivíduos

apresentaram sinais de esforço e desgaste nas epífises da 3ª vértebra cervical

1 �1 7

7

(UERJ-MQ 72, MZUSP 25606, MZUSP 25611) e na região de fixação do capítulo

da 1ª costela na porção postero-lateral da última cervical (UERJ-MQ60, BB 140,

BB 155, BB 167, MZUSP 25613, MZUSP 25626, MZUSP 25734).

Figura 9 - Fraturas em costelas e vértebra cervical de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro: a) radiografia de costelas do exemplar UERJ-MQ 71; b) vista anterior da 3ª cervical do exemplar UERJ-MQ 23. Escala = 1 cm.

Page 52: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

32

As vértebras torácicas de seis indiv íduos apresentaram sinais de fratura na

pré-zigopófise T7 (UERJ-MQ 33) e neuroapófises das últimas torácicas (UERJ-MQ

33, UERJ-MQ 45, UERJ-MQ 71, UERJ-MQ 127, MZUSP 25609, MZUSP 25734). O

exemplar UERJ-MQ 33 apresentou evidências de fratura no corpo da 12ª vértebra

torácica . Outros três indivíduos apresentaram sinais de desgaste devido à esforço

na pós-zigopófise de T1 (88 52) e T2 (88 167) e na região posterior da

neuroapófise de T8 (UERJ- MQ 97). Além disso, a 5ª vértebra torácica de um

boto-cinza (MZUSP 25621) , possuía a porção referente ao capítulo da costela

direita fusionada à sua diapófise. A referida costela apresentava fratura sem sinais

de calos ósseo nesta região.

A região lombar da coluna vertebral de 11 indivíduos apresentou fraturas,

envolvendo neuroapófises de L6 a L8 (88 194) e diapófises (UERJ-MQ 122,

MN49872, MN501 04, MZUSP 25606, MZUSP 25609, MZUSP 25615 , MZUSP

25616, MZUSP 25620, MZUSP 25625 , MZUSP 25734) das vértebras.

A região caudal de quatro espécimens possuía fraturas nas diapófises da 1ª

vértebra (UERJ-MQ 97, MN49872, MZUSP 25613) e da 3ª vértebra (UERJ-MQ71 ).

" Sinais de destruição óssea do corpo vertebral com aspecto compat ível à fratura por

esmagamento foram registradas em Ca11 (BB 176) , Ca12 (MN 50104) e Ca13

(MZUSP 25615), que apresentavam evidências de processo inflamatório. Um outro

exemplar adulto (UERJ-MQ 71) apresentava as ep ífises de Ca13 e Ca14 com

evidências de traumatismo por esforço, além de sinais de destruição ósseas na

ep ífise anterior de Ca 15.

Dois indiv íduos apresentavam linhas de fratura localizadas no bordo da

escápula esquerda (UERJ-MQ 33) e próximo à base do coracóide da escápula

direita (MZUSP 25607).

Page 53: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

33

Três indivíduos apresentaram sinais de traumatismo nas nadadeiras

peitorais (UERJ-MQ 1 6, UERJ-MQ 27, UERJ-MQ 1 27). Em um dos casos (UERJ­

MQ 27), um pedaço de fio de nylon estava associado ao ferimento (Fig. 1 0).

Alterações na forma das peças ósseas podem ser observadas sobretudo na região

do úmero, rádio e ulna. Um dos indivíduos (UERJ-MQ 1 27) apresentava sinais de

recuperação de um profundo corte na base da nadadeira peitoral esquerda,

provavelmente ocasionado por filamento oriundo de artefato de pesca. Em outro

indivíduo (MZUSP 2561 1 ), pode-se notar a trajetória de dois fios na forma de

estreitos canais no osso remodelado de suas mandíbulas (Fig. 1 O). O traumatismo

deixou como seqüela outros ferimentos na região tais como a perda de dentes e a

remodelação óssea tanto na mandíbula como na maxila esquerda. O trauma se

deu provavelmente vários anos antes de sua morte, considerando-se as extensas

remodelações ósseas e dentárias apresentadas pelo animal.

Figura 1 O - Alterações ósseas em nadadeira peitoral e rostro de S. fluviatilis provocadas por artefatos de pesca: a) vista ventral do úmero, rádio e ulna esquerdos do exemplar UERJ-MQ 27, mostrando o fio de nylon e as lesões ósseas; b) maxilas e mandíbulas do exemplar MZUSP 2561 1 , mostrando as alterações e a trajetória dos filamentos. Escala = 1 cm.

Page 54: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

\

'

....... , r

34

Um exemplar (BB 33) apresentava sinais de reação periosteal na região do

palato, na maxila esquerda. Esta lesão sugere um trauma por perfuração,

possivelmente ocasionado por restos de presas.

3.1 .10 - Alterações Infecciosas

Indícios de alterações de origem infecciosa foram observados em 24

espécimens (32,0%), sendo as mandíbulas as áreas mais afetadas (Tab. 7). Três

indivíduos apresentavam mais de uma região do esqueleto afetada por lesões

desta natureza. Estas que incluíam vértebras (MZUSP 25625) ou escápulas (88

194, UERJ-MQ 127), além dos alvéolos dentários das mandíbulas.

Tabela 7 - Freqüências de alterações de natureza infecciosa registrados em distintas regiões do esqueleto de S. f/uviatilis do litoral do Rio de Janeiro.

Região Afetada por Infecção N. de Casos %

Crânio: Ossos do Pterigóide 1 1,33 Maxilas 5 6,67

Mandíbulas 12 16,00

Ossos do hióide 1 1,33

Vértebras: Torácicas 1 1,33

Lombares 3 4,00

Caudais 1 1,33 Escápulas: 7 9,33 úmero 1 1,33

Evidências de abcessos nos alvéolos dentários foram observadas 14

indivíduos. A porção mais atingida foi a região proximal. Formação de cavidades,

alterações nos diâmetros de alvéolos e remodelação das paredes alveolares foram

Page 55: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

35

também registradas (Fig. 11 ). Na maioria das vezes os indícios foram observados

nas mandíbulas dos indivíduos (UERJ-MQ71, UERJ-MQ 72, UERJ-MQ 127, BB

45, BB 140, BB 167, BB 194, BB 207, BB 209, MZUSP 25612, MZUSP 25620,

MZUSP 25625), havendo três casos (UERJ-MQ71, MZUSP 25612, MZUSP 25620)

de evidências também nos alvéolos maxilares. Somente dois indivíduos (MN49872,

UERJ-MQ 97) possuíam as lesões restritas às maxilas.

Um único exemplar, um macho adulto proveniente do norte fluminense,

(MZUSP 25618) apresentou sinais reacionais devido a infestação primária por

parasitos na região dos ossos pterigóides do crânio (Fig. 11 ).

Figura 11 - Alterações de origem infecciosa em crânios de S. fluviatilis do Rio de Janeiro: a) porção proximal da mandíbula direita do exemplar UERJ-MQ 71, mostrando evidências de abcessos nos alvéolos dentários; b) vista ventral do crânio do exemplar MZUSP 25618 com sinais reacionais do tecido ósseo provocado pela presença de parasitos na região dos pterigóides. Escala = 1 cm.

Page 56: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

r

'

36

Um indivíduo imaturo oriundo da região norte fluminense (BB 36) apresentou

lesões acentuadas no estilohial que alteraram substancialmente a forma do osso.

Alterações de origem infecciosa também foram registradas em vértebras

torácicas (UERJ-MQ 1 1 1 ) , lombares (UERJ-MQ 33, UERJ-MQ 1 1 1 , MZUSP

25625) e caudais (BB 1 3) podendo-se notar tendências à anquilose dos ossos e,

na maioria das vezes, sinais de destruição nos corpos vertebrais.

Em um indivíduo (MZUSP 25625) foi encontrada espondilite infecciosa entre

a 6ª e a 9ª vértebras lombares, que apresentavam remodelação e destruição óssea

nos corpos e diapófises. As vértebras L7, L8 e L9 estavam parcialmente

anquilosadas, havendo canais ou cloacas de drenagem (Fig. 1 2) .

Figura 12 - Alterações de origem infecciosa em vértebras de S. fluviatilis do Rio de Janeiro: a) vista ventral das vértebras lombares (L6 - L9) do exemplar MZUSP 25625 com lesões; b) Vista lateral das vértebras (Ca 5 - 7) e arcos hemais fusionados do exemplar BB 1 3. Escala = 1 cm.

Page 57: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

-�

37

Em outro caso, o indivíduo (BB 1 3) apresentou um bloco de 3 vértebras

caudais fusionadas (Ca5-7) juntamente com dois arcos hemais (Fig. 12). O

processo foi localizado e considerado como de provável origem infecciosa, embora

não houvesse cavidades sugestivas de processo séptico. As vértebras estavam

unidas por pontes ósseas completas que apresentavam pequenas extensões

verticais, semelhantes à espículos. Não foram observados sinais de degeneração

do disco intervertebral, estando os corpos preservados, assim como os espaços

entre as vértebras. Não havia linha de fratura ou sinal de compressão que

indicasse trauma, sendo a lesão provavelmente causada por fungos.

Casos de alterações no bordo escapular foram observados em 6 indivíduos

(UERJ-MQ 24, UERJ-MQ 39, UERJ-MQ 126, UERJ-MQ 127, BB 194, MZUSP

25607). Os bordos possuíam sinais de espessamento, neo-formação e

remodelação óssea (Fig. 13). Um dos exemplares (UERJ-MQ 126) apresentou

reabsorção óssea na porção distal da escápula. Os casos estavam provavelmente

relacionados a infecção do tecido cartilaginoso do bordo escapular.

Figura 13 - Alterações de origem infecciosa em escápulas de S. fluviatilis do Rio de Janeiro: a) escápula esquerda do exemplar UERJ-MQ 127 com lesões no bordo posterior; b) fossa glenóide da escápula esquerda do exemplar UERJ-MQ02, mostrando sinais de artrite infecciosa, comparada a fossa glenóide direita com padrão normal. Escala = 1 cm.

Um caso de artrite infecciosa foi registrado na fossa glenóide da escápula

esquerda de um exemplar (UERJ-MQ 02). A fossa apresentava áreas de lise

Page 58: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

/)

r

38

óssea, estando a maior parte da lesão revestida por neo-formação óssea, porém

sem osteófitos em sua borda. A comparação com a fossa glenóide da escápula

direita mostrou um aumento do tamanho da área articular da fossa afetada por

artrite (Fig. 1 3). A radiografia das nadadeiras peitorais evidenciou lesões graves na

faceta articular do úmero esquerdo, confirmando o comprometimento da junta

sinovial no processo infeccioso. Este exemplar apresentava ainda periostite

reacional bem evidente na porção ventral do esterno.

3.1 . 1 1 - Alterações Degenerativas

Alterações de natureza degenerativa, envolvendo sinais de artrose, foram

registradas em 25 indivíduos (33,3%). Vinte três exemplares apresentavam sinais

de alterações degenerativas na coluna vertebral (Tab. 8). Somente dois

exemplares (UERJ-MQ 24 e UERJ-MQ 1 22) não apresentavam evidências em

vértebras, apresentando sinais de artrose em costelas esternais e fossas

glenóides.

Tabela 8 - Freqüências de alterações de natureza degenerativa registrados em distintas regiões do esqueleto de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro.

Reg ião Afetada por Artrose N. de Casos %

Crânio: Côndilos Occipitais 1 1 ,33

Vértebras: Cervicais 1 8 24,00

Torácicas 1 6 21 ,33

Lombares 2 2,66

Caudais 3 4,00 Costelas 1 0 1 3,33 Esterno 1 1 , 33

Escápulas: Fossas Glenóides 1 2 1 6,00 úmero 1 1 ,33

Page 59: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

39

Casos de artrose, com sinais de cavitação, labiamento e osteofitose, foram

evidenciados em facetas articulares de côndilos occipitais (UERJ-MQ 97), esterno

(UERJ-MQ 33), costelas esternais (MN50112, UERJ-MQ 02, UERJ-MQ 24, UERJ­

MQ 33, UERJ-MQ 61, UERJ-MQ122, MZUSP 25605, MZUSP 25616, MZUSP

25618, MZUSP 25625), fossas glenóides (MN50104, MN50112, UERJ-MQ 24,

UERJ-MQ 27, UERJ-MQ 33, UERJ-MQ 71, UERJ-MQ 97, UERJ-MQ111, BB 37,

MZUSP 25605, MZUSP 25618, MZUSP 25625) e úmero (UERJ-MQ 61).

A região cervical apresentou sinais de artrose nas facetas articulares do

atlas (UERJ-MQ 97, MZUSP 23811, MZUSP 25612) e porção latero-caudal da C7,

local de apoio do capítulo da 1ª costela (MN50104, UERJ-MQ 33, UERJ-MQ 97,

MZUSP 25618). Alguns exemplares possuíam sinais de osteofitose na porção

ventral da C3 (MZUSP 25616), C5 (MN 49872), C6 (UERJ-MQ 06). Além disso,

dez indivíduos (MN50112, UERJ-MQ 71, UERJ-MQ 72, UERJ-MQ 76, UERJ-MQ

111, BB 13, BB 28, BB 37, MZUSP 25605, MZUSP 25618) apresentaram

evidências de zigartrose na articulação entre a 2ª e 3ª vértebras cervicais (Fig. 14).

Casos de zigoartrose foram também evidenciados na região torácica de oito

indivíduos (MN49872, MN50112, UERJ-MQ 27, UERJ-MQ 72, UERJ-MQ 76,

UERJ-MQ 97, MZUSP 25611, MZUSP 25625) envolvendo, sobretudo, as

zigapófises das primeiras vértebras. Sinais de osteofitose foram observados em

vértebras da região torácica de sete exemplares (MN50104, UERJ-MQ 02, UERJ­

MQ 61, UERJ-MQ 33, MZUSP 25605, MZUSP 25616, MZUSP 25618).

Casos de discartrose (Fig. 14), com destruição óssea resultante da

degeneração do disco intervertebral ou evento traumático, foram registradas em

vértebras das regiões torácica (MN50112, UERJ-MQ 111), lombar (UERJ-MQ 33,

Page 60: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

40

UERJ-MQ 111) e caudal (MN50104, UERJ-MQ 71) de cinco indivíduos, estando

associada à outras alterações.

Figura 14 - Artrose em S. fluviatilis do Rio de Janeiro: a) vista anterior de vértebra cervical (C3) de exemplar (UERJ-MQ 71) com sinais de zigartrose; b) vista anterior de vértebra torácica (T7) de S. fluviatilis (UERJ-MQ 111) com sinais de discartrose.

Em dois casos (MN50104, UERJ-MQ 71 ), a discartrose estava associada à

trauma por esmagamento na vértebra caudal, enquanto em outro exemplar (MN

50112) os sinais de lise óssea na região torácica (T2, T 4, T5 T6, T7), ocasionados

pela discartrose, estavam associados à alterações de desenvolvimento presentes

nesta região. A associação de discartrose com espondiloartrite foi observada em

vértebras torácicas (UERJ-MQ 111) e lombares (UERJ-MQ 33 • UERJ-MQ 111),

havendo a presença de sindesmófitos formando pontes entre as vértebras (Fig. 15)

A espondiloartrite num dos espécimens (UERJ-MQ 33) foi registrada através

de sindesmófitos ventrais que formavam pontes entre a 9ª e 12ª vértebras

lombares (Fig. 15). Sinais de destruição óssea, devido a discartrose foram

observados nos corpos das 8ª, 9ª e 1 Oª vértebras lombares. Neo-formações

Page 61: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

41

ósseas devido à espondilo-artrite também estavam presentes nos corpos

vertebrais da 1 ª a 3ª vértebras caudais.

Figura 1 5 - Discartrose associada à espondiloartrite em exemplar de S. fluviatilis (UERJ-MQ 33} do Rio de Janeiro: a) vista posterior da 8ª vértebra lombar com sinais de discartrose; b) vista ventral de vértebras lombares (L9-L 1 2) com espondiloartrite, mostrando as pontes ósseas formadas por sindesmófitos. Escala = 1 cm.

Em um exemplar, UERJ-MQ 1 1 1 , a espondiloartrite foi registrada entre a 5ª

e 9ª vértebras torácicas e entre a 5ª e 6ª vértebras lombares, observando-se sinais

de discartrose na região afetada, além da anquilose entre a T7 e a T8 através de

sindesmófitos ventrais.

03.1 . 12 - Anomalias da Morfogênese ou do Desenvolvimento

Anomalias da morfogênese ou do desenvolvimento, como são geralmente

chamadas, foram encontradas em diversas áreas do esqueleto axial de 22

indivíduos (29,3%). Alterações da forma dos ossos foram evidenciadas em 1 8

indivíduos, enquanto alterações do tamanho foram observadas em dez, seis deles

com os dois tipos.

Page 62: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

42

As alterações atingiram principalmente o campo de desenvolvimento do

mesoderma paraxial (Tab. 9) sendo, principalmente, ocasionadas por hipoplasia

(sub-desenvolvimento) de estruturas ósseas no decorrer da morfogênese.

Tabela 9 - Freqüências de Ocorrência de ossos afetados por anomalias da morfogênese e respectivos campos de desenvolvimento, registrados em esqueletos de S. fluviatilis do Rio de Janeiro.

Campo de Reg ião Afetada por Anomalia N. de %

Desenvolvimento Casos

Mesoderma Paraxial: Crânio: Supraoccipital 1

Exoccipitais (côndilos) 2

Coluna: Cervicais 7

Torácicas 9

Lombares 1

Costelas 9

Placas Esternais: Esterno 7

Arco Branquial 1 : Maxilas 6

Arco Branquial l i : Ossos de Hióide 1

1,35

2,70

9,33

12,00

1,33

12,00

9,33

8,00

1,33

Dos 7 4 crânios analisados, três apresentaram alterações de morfogênese. O

exemplar MZUSP 25626 apresentou elevação na região mediana do

supraoccipital, provavelmente resultante de centro de ossificação aberrante no

segmento durante o estágio blastemal do esqueleto. Aparentemente, tal alteração

de forma não prejudicou o desempenho ou a sobrevivência do indivíduo (Fig. 16).

Os côndilos occipitais de dois exemplares (MN50112, MZUSP 25618) possuíam

alterações de tamanho e forma, devido à hipoplasia. Podendo-se notar em um dos

casos (MN50112), alteração na forma do foramen magno (Fig. 16).

Page 63: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

43

Figura 1 6 - Anomalias de morfogênese em crânios de S. fluviatilis do Rio de Janeiro: a) vista lateral do supraoccipital do exemplar MZUSP 25626, mostrando elevação; b) côndilos occipitais com alterações de forma e tamanho do exemplar MN501 1 2. Escala = 1 cm.

Alterações de tamanho do atlas foram observadas em facetas articulares

(MZUSP 2561 8, MN501 1 2) e diapófises (UERJ-MQ 27, MZUSP 2561 3), além das

alterações de forma do espinho neural (UERJ-MQ 06, MN501 1 2).

Casos de falha na segmentação dos esclerótomos foram registradas na

região cervical e torácica de seis indivíduos (BB 37, UERJ-MQ 33, UERJ-MQ 60,

UERJ-MQ 76, UERJ-MQ 1 22, MZUSP 2381 1 ). O exemplar UERJ-MQ 1 22 possuía

a 3ª vértebra cervical parcialmente unida ao áxis. Um caso de falha de

segmentação foi observado na 7ª cervical e 1 ª torácica (UERJ-MQ 76), que

apresentavam as extremidades das neuroapófises unidas, com fr�tura secundária

na região. Um dos indivíduos (MZUSP 2381 1 ) possuía a 1 ª e 2ª vértebras torácicas

muito próximas e o arco neural direito de T1 não estando fusionado à

neuroapófise. O exemplar UERJ-MQ 60 apresentava uma extensão óssea na

diapófise direita da 5ª vértebra torácica em direção ao arco neural da vértebra

anterior. Falhas de segmentação (Fig. 1 7) foram também observadas entre corpos

(BB 37) e neuroapófises (UERJ-MQ 33) das 5ª e 6ª vértebras torácicas.

Casos de hipoplasia hemi-metamérica (Fig. 1 7) foram registrados em corpos

de vértebras cervicais (MN501 1 2) e de vértebras torácicas (BB 37, UERJ-MQ 33,

Page 64: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

44

MN50112). Um exemplar (MZUSP 25607) possuía hipoplasia na 10ª vértebra

torácica que apresentava o lado esquerdo da neuroapófise menor. Dois indivíduos

(UERJ-MQ 06, UERJ-MQ 33) apresentavam a 1 2ª vértebra torácica sem faceta

articular em uma das diapófises.

Figura 17 - Anomalias de morfogênese em vértebras torácicas de exemplar de S. fluviatilis do Rio de Janeiro (UERJ-MQ 33): a) vista lateral de vértebras torácicas (T5 -T7), mostrando falha de segmentação em neuroapófises e hipoplasia hemi­metamérica na 6ª torácica; b) vista anterior da 8ª vértebra torácica com aplasia da diapófise direita. Escala = 1 cm.

Outras alterações foram registradas na região torácica envolvendo

alterações de tamanho de zigopófises (UERJ-MQ 16) e aplasia (Fig. 17) de

diapófise (UERJ-MQ 33).

Somente um indivíduo (UERJ-MQ 33) apresentou alterações de

morfogênese na região lombar, estando associada a ocorrência de hemi-vértebra

extra numerária, descrita posteriormente (Fig. 20).

Alterações de tamanho foram observadas na 1ª costela direita (UERJ-MQ

61), 5ª costela direita (UERJ-MQ 76), 2ª costela esternal direita (BB 37) e 6ª

costela esternal esquerda (MN 50104), que apresentavam tamanho reduzido.

Page 65: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

45

Alterações de forma foram observadas nas costelas de seis indivíduos (BB

37, UERJ-MQ 16, UERJ-MQ 23, UERJ-MQ 33, UERJ-MQ 71, UERJ-MQ 122). Dois

casos (UERJ-MQ 16, UERJ-MQ 33) apresentavam articulação ou ponte parcial na

2ª costela esquerda. O 2° par de costelas de um outro indivíduo (UERJ-MQ 122)

apresentava-se curvado e com alargamento ("flaring") das extremidades (Fig. 18).

Este exemplar também possuía as costelas esternais com sinais de alargamento

(1° par) e curvatura (2° par). Casos de fusão foram observados tanto em costelas

verdadeiras (UERJ-MQ33) quanto em costelas esternais do 2° e 3° pares (UERJ­

MQ 33, UERJ-MQ 71). O exemplar UERJ-MQ 23 apresentava uma exostose na

faceta de articulação da 1 ª costela esternal em direção ao esterno, enquanto BB 37

apresentava a 2ª costela esternal com parte do esterno fusionado em sua

articulação.

Sete indivíduos apresentaram alterações quanto à forma envolvendo o

manúbrio (MZUSP 25616) e principalmente as 1ª e 2ª esternebras (MN50112,

B837, UERJ-MQ 02, UERJ-MQ 33, UERJ-MQ 71, UERJ-MQ 76) do esterno

(Fig. 18).

Figura 18 - Anomalias de desenvolvimento em costelas e esterno de S. fluviatilis do Rio de Janeiro: a) 2° par de costelas do exemplar UERJ-MQ 122 com alargamento nas extremidades distais; b) vista dorsal do esterno do exemplar UERJ-MQ 33 com alterações em esternebras. Escala = 1 cm.

Page 66: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

46

Seis espécimens (UERJ-MQ 02, UERJ-MQ 06, UERJ-MQ 71 , UERJ-MQ 97,

BB 37, MZUSP 2561 6) apresentavam curvatura lateral na porção distal das

maxilas, pré-maxilas e mandíbulas, possivelmente devido a hipoplasia (Fig. 1 9) .

Num dos casos (MZUSP 2561 6) as mandíbulas também estavam encurvadas

dorsalmente. Todos os espécimens possuíam curvatura para o lado esquerdo, com

exceção do exemplar UERJ-MQ 71 , em que a curvatura ocorria para o lado direito.

O osso basihial do exemplar BB 45 apresentava alteração de forma e

encurvamento.

Figura 1 9 - Curvatura devido à hipoplasia em esqueletos de S. fluviatilis do Rio de Janeiro: a) Vista dorsal de maxilas encurvadas para a direita (UERJ-MQ 71 ) ; b) Vista ventral da 5ª e 6ª vértebras torácicas do exemplar BB 37, mostrando os corpos encurvados para a esquerda. Escala = 1 cm

Curvaturas laterais da coluna vertebral foram observadas em exemplares da

região norte fluminense (BB 37) e Baía de Guanabara (MN 501 1 2, UERJ-MQ33).

Tratam-se de casos de escoliose secundárias à anomalias da morfogênese da

coluna vertebral.

O exemplar BB 37 apresentava os corpos da 4ª a 7ª vértebras torácicas

encurvados para a esquerda, devido à hipoplasia hemi-metamérica. A anomalia

Page 67: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

47

está relacionada à falha de segmentação dos esclerótomos entre os corpos da 5ª e

6ª vértebras torácicas, parcialmente unidos (Fig. 1 9) .

A escoliose do exemplar MN501 1 2, encontrado na Baía de Guanabara foi

resultado de anomalias de desenvolvimento das vértebras cervicais e torácicas

(Fig.20). O exemplar MN501 1 2 possuía alterações de tamanho e forma dos

côndilos occipitais. A assimetria dos côndilos bem como as alterações no bloco

cervical ocasionaram uma faceta de articulação anômala, lateral ao côndilo

occipital esquerdo. Quatro cervicais não apresentavam a porção direita do corpo

vertebral, estando três delas (C3, C4, CS) parcialmente fusionadas por pontes

ósseas ventrais. A curvatura da coluna atingiu quinze vértebras (C1 -T8), onde

observou-se alterações de forma, desenvolvimento de anquilose, linhas de fratura

e pontes ósseas completas, ou em progressão.

Figura 20 - Escoliose em exemplares de S. fluviatilis oriundos da Baía de Guanabara, RJ: a) vista dorsal de porção da coluna vertebral do exemplar MN501 1 2, compreendida entre o atlas e a r vértebra torácica, mostrando sinais de escoliose; b) vista ventral da meia vértebra extra numerária entre a 2ª e 3ª

lombares do exemplar UERJ-MQ 33. Escala = 1 cm.

Page 68: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

48

3.1 . 13 - Descrição de Espécimen com Severas Anomalias Ósseas

Um exemplar macho de 8 anos de idade (UERJ-MQ 33), proveniente de

encalhe na Baía de Guanabara, apresentou severas alterações em seu esqueleto,

que englobavam tanto "dobras" nas epífises vertebrais como alterações de

natureza traumática, de morfogênese, infecciosa e degenerativa. As alterações

traumáticas e degenerativas observadas no esqueleto axial deste exemplar são

secundárias à severas anomalias congênitas. O crânio do exemplar apresentava

padrão anatômico normal.

A região cervical da coluna vertebral apresentava indícios de esforço

ocasionado pela compressão dos corpos vertebrais, tais como osteofitose no bordo

ventral dos corpos da 3ª a 7ª vértebra cervicais e a ocorrência de "dobras" nas

epífises do áxis, CS, C6 e C7. As epífises do áxis e da 3ª vértebra cervical

possuíam alterações quanto à forma e tamanho devido a expansão lateral das

mesmas. Fraturas foram registradas nos corpos da 3ª e 5ª cervicais. A região de

apoio do capítulo da 1 ª costela verdadeira na J8 vertebra cervical apresentava

sinais de artrose, indicando grande tensão na região. Os sinais de esforço também

foram observados na 1 ª e 2ª vértebras torácicas, que apresentavam "dobras " em

suas epífises, expansão lateral do corpo vertebral (T1 ) e aumento de tamanho da

faceta articular da pós-zigopófise (T2).

A coluna vertebral possuía curvaturas laterais, escoliose, ocasionada por

uma meia vértebra lombar extra-numerária do lado direito da coluna, situada entre

a segunda e terceira lombares (Fig. 20). A escoliose atingia a região torácica e

lombar (T3-L5) e as quinze vértebras apresentavam os seus corpos encurvados

(Fig.2 1 ) . Várias destas, possuíam sinais de osteofitose (T3P, T4 , T5P, T6P, T7P,

T9P, T1 0, T1 1 , T1 2A), deslocamento lateral da epífise (T3P, T6P, T?P, T8A, T9P,

Page 69: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

. �· . 49

T1 0A, T1 2P) ou depressões como resultado do esforço aumentado entre

vértebras.

Figura 2 1 - Vista ventral de porção da coluna vertebral (T3 - LS) de S. fluviatilis (UERJ-MQ 33) oriundo da Baía de Guanabara (RJ), mostrando evidências de escoliose. Escala = 1 cm.

A 5ª e a 6ª vértebras torácicas estavam unidas através das neuroapófises, e

seus corpos eram encurvados para a esquerda devido a hipoplasia hemi­

metamérica, mais evidente em T6 que apresentou o lado esquerdo do corpo com

menor comprimento e a diapófise sub-desenvolvida (Fig. 1 7). A porção referente à

metapófise esquerda da 7ª vértebra torácica estava fusionada ao bloco anterior

(T5-T6) e separada de sua respectiva vértebra devido à uma fratura (Fig 1 7) . A 7ª

vértebra torácica apresentava também notáveis alterações de forma e tamanho

envolvendo as diapófises. A 8ª e a 9ª vértebras torácicas não possuíam,

respectivamente, a diapófise e a metapófise direitas. Sinais de esforço aumentado,

tais como depressões foram observados na base das neuroapófises {T8 a T1 0) de

vértebras torácicas, havendo fratura na base da neuroapófise da 9ª vértebra

torácica (Fig. 22). A 1 Oª vértebra torácica apresentava a diapófise esquerda de

Page 70: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

50

maior tamanho que a direita. Pontes ósseas incompletas foram registradas entre a

1 1 ª e 1 2ª vértebra, esta última apresentando fratura por esmagamento na porção

anterior de seu corpo vertebral. As facetas articulares das diapófises das vértebras

torácicas apresentaram de leve (T4) a severas (T7) evidências de artrose,

indicando o alto esforço na articulação costo-vertebral (Fig. 17).

As alterações nas costelas estavam muitas vezes relacionadas às

anomalias nas vértebras torácicas. A 1 ª costela direita possuía aumento de

tamanho na porção entre o tubérculo e a área de maior curvatura. A 2ª costela

esquerda apresentava ponte com articulação com a 1 ª costela esquerda (Fig. 22).

A 6ª costela esquerda, apresentando anormalmente cap ítulo, estava parcialmente

fusionada à Sª costela desde a região do tubérculo (Fig. 22). A 8ª costela direita,

sem tubérculo, se fundiu à 9ª costela na porção próxima a articulação costo­

vertebral, havendo posteriormente fratura das duas na região distal da área de

fusionamento (Fig. 22). A 2ª e a 3ª costelas esternais esquerdas encontravam-se

unidas na região da faceta da articulação com o esterno, que apresentava também

alterações de forma e tamanho nas esternebras correspondentes à esta região,

além de sinais de artrose em suas facetas articulares.

A hemi-vértebra extra numerária (Lx), fusionada à 2ª e a 3ª vértebras

lombares, apresentava meio corpo, arco neural direito, diapófise direita e lado

direito da neuroapófise (Fig. 20). A neuroapófise da 2ª vértebra lombar e o lado

direito da 3ª vértebra lombar apresentavam-se bem mais estreitas que o normal. O

lado direito da neuroapófise da Lx fusionou-se com o lado esquerdo da

neuroapófise da 3ª vértebra lombar. O lado direito, mais estreito , da neuroapófise

de L3 apresentou-se unido à estas somente na extremidade. A 2ª vértebra lombar

estava notadamente deslocada para o lado esquerdo.

Page 71: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

5 1

Figura 22 - Alterações ósseas em exemplar de S . fluviatilis (UERJ-MQ 33) oriundo da Baía de Guanabara, RJ: a) vista lateral da 9ª vértebra torácica com fratura na base da neuroapófise; b) vista anterior de costelas esquerdas com alterações de desenvolvimento (2ª costela, 5ª e 6ª costelas). Escala = 1cm.

As vértebras na região que compreende desde a 6ª vértebra lombar até a 3ª

vértebra caudal apresentavam neo-formações ósseas de textura diferencial,

envolvendo seus corpos vertebrais, não aparentando padrões normais de

osteofitose semelhante à processo reativo do periósteo. Grandes sindesmófitos

ventrais (Fig. 15) foram evidenciados formando pontes ósseas entre as vértebras

L9- L 12 (lado direito) e L9-L 10 (lado esquerdo). Lesões ósseas com perfurações,

características de discartrose, foram observadas nos espaços entre as vértebras

do bloco fusionado e na epífise posterior da 8ª vértebra lombar (Fig. 15). Tais

evidências foram identificadas como espondiloartrite com associação com

discartrose e possível associação infecciosa. Sinais de osteofitose foram

observados também na região lombar (L 1A, L4P, L6P, L7, L8A).

O exemplar apresentava ainda uma fratura em cicatrização na região

posterior do bordo da escápula esquerda.

Page 72: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

52

3.2 - Análise Estatística

3.2.1 - Número de Peças Afetadas por Alterações Ósseas (NPAF)

O número de peças afetadas por alterações ósseas (NPAF) não foi

significativamente diferente entre fêmeas e machos (Zc = - 1,423; n1 = 35; n2 = 35; p =

O, 155) (Fig. 23) e tendeu a ser maior em indivíduos maturos fisicamente (Zc = -5,007;

n1 = 59; n2 = 16; p = 0,000) e naqueles oriundos da área central fluminense (Zc =

-3, 164; n1 = 51; n2 = 18; p = 0,002) (Fig. 23).

a 30 25 20 15

\l: 10 z 5

o .5

-10

1

,, b

I *1.96"Std. º""· m *1.00ºStd. °""·

Flmea Macho SEXO

28

d 24

20

\? 16

� 12 8

4

o

M6dia

T 1 2 3 4

CLASSES DE IDADE

35 30 25 20

� 15

t z 10

5 o

-5 lrreturo Matu,o

MATURIDADE FÍSICA

:r: *5td. Dev. *Std. Err. . Média

e 35 30

i' 25 20

\l: 15 n. 10 z 5

I ti .96-Stx:t. Oev. o :C *1.96"Stx:t. Oev. DBI t1.00"Stx:t. oav. -5 • *1 .00"S1d. Oev. . Média ·10

NorlB Central . Média ÁREA

24

e 20 1

16

�Tf \? 12 8 z 4

o :e *std. Dev,

1 liiiiil *std. Err. -4

1 2 3 Média

CLASSES DE TAMANHO

Figura 23 - Distribuição do número de peças afetadas por alterações ósseas (NPAF) comparado às variáveis sexo (a), maturidade física (b), área de procedência (c), classes de idade (d) e tamanho (e) dos botos S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro. Classes de idade: 1 = O a 7 anos; 2 = 8 a 15 anos; 3 = 16 a 23 anos; 4 = 24 a 31 anos. Classes de tamanho: 1 = 1105,0 a 1436,6 mm ; 2 = 1436,7 a 1768,3 mm ; 3 = 1768,4 a 2100,0 mm.

O número de peças ósseas afetadas apresentou-se correlacionado à idade (rs

= 0,789; n = 69; P = 0,000) e ao comprimento total (rs = 0,689; n = 72; P = 0,000) dos

indivíduos mas diferiu entre as classes de idade (H=32,472 ; gl = 3; n = 69; p = 0,000)

e de tamanho (H = 31,866 ; gl = 2; n = 72; p=0,000) (Fig. 23).

Page 73: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

53

3.2.2 - Número de Categorias de Alterações Ósseas (NAL T)

O número de tipos de alterações ósseas (NAL T) não foi significativamente

diferente entre fêmeas e machos (Zc=- 1 ,41 1 ; n1 = 35; n2 = 35; p = O, 1 58) de boto­

cinza (Fig. 24) e tendeu a ser superior em indivíduos fisicamente maturos (Zc =

-5,255; n1 = 59; n2 = 1 6; p = 0,000) e espécimens oriundos da área central fluminense

(Zc = -3,590; n1 = 51 ; n2 = 1 8; p = 0,000).

a 6 b 6.5 e 8,5

5

,, 5.5

't 4.5

.... 3 ,-. 3.5 3.5

� 2 � 2.5 1 2 1 1.5

0.5 I :i:1.96.511:1. ºª" 0.5 :C •• .9S-Std. Oev. o ::C •1.86"S1d. OeY. 1111 .,.oo·S1d. o.-. 1m •1.00"S1d. Oov. -0.5 _, & •1 DO"S1d. O... _, Imaturo Maruro M6dl1

Ftmo1 Macho . M6dla Norte Central • M6<:N1 MATURIOI\DE FISICA ÁREA SEXO

5.5 5.5

d 4.5

� e 4.5

!'� 3.5

Tf 3.5

� 2.5 � 2.5 z

1.5 1.5 :C 2:Sld.O.v. 0.5 � ::C •S1d. Oev.

g :tStd. Err. BIB •S1d. Err. 0.5 -0.5 1 2 3 . M<dio 2 3 . M6dla CLASSES DE IDADE CL.A.SSES DE TAMANHO

Figura 24 - Distribuição do número de categorias de alterações ósseas (NAL T) comparado às variáveis sexo (a), maturidade física (b) , área de procedência (c), classes de idade (d) e tamanho (e) dos botos S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro. Classes de idade: 1 = O a 7 anos; 2 = 8 a 1 5 anos; 3 = 1 6 a 23 anos; 4 = 24 a 3 1 anos. Classes de tamanho: 1 = 1 1 05,0 a 1436,6 mm ; 2 = 1 436,7 a 1 768,3 mm ; 3 = 1 768,4 a 21 00,0 mm.

O número de categorias de alterações apresentou-se correlacionado à idade (rs

= 0,8 1 7; n = 69; P = 0,000) e ao comprimento total (rs = 0,725; n = 72; p = 0,000) e

diferiu entre as classes de idade (H = 35,035; gl = 3; n = 69; p = 0,000) e de tamanho

(H = 35,304; gl = 2; n = 72; p= 0,000) (Fig. 24).

Page 74: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

54

O número de tipos de alterações (NAL T) e de peças afetadas por lesões

(NPAF) tenderam a aumentar de acordo com o avanço da idade e aumento de

tamanho dos espécimens havendo uma proporção maior de individuas da área central

� fluminense com os esqueletos mais afetados por alterações de natureza distinta . �

3.2.3 - Alterações ósseas

As ocorrências de alterações traumáticas ('x;2c = 0,241 ; gl = 1 ; p = 0,623), de

desenvolvimento (x.2c =1 ,750; gl= 1 ; p = 0 , 186) e infecciosas (x2c = 1 ,036; gl = 1 ; p =

0 ,309) ocorreram de maneira independente do sexo dos indivfduos {nF =35, nM =35) ,

ao contrário das alterações degenerativas (x2c = 4 ,1 44 ; g l = 1 ; p = 0,042) que

ocorreram com maior freqüência nos espécimens de sexo feminino (Fig. 25) .

70% . .

60%

50%

40%

30%

20%

10%

0% TRA DES INF DEG

m! Macho !!D Fêmea

100%

80%

60%

40%

20% H:

0% ,;, TRA DES INF DEG

m lmaturo mMatlJ"O

Figura 25 - Freqüências de ocorrência de alterações ósseas de natureza traumática {TRA) , de desenvolvimento {DES) , infecciosa (INF) e degenerativa (DEG) em relação ao sexo (nM =35, nF =35) e maturidade flsica (n,m =59, nMt = 1 6) dos espécimens de S. fluviatilis do l itoral do Rio de Janeiro.

As alterações traumáticas (x.2c = 0,737, gl = 1 ; p = 0,391 ) e infecciosas (x.2c =

2 ,068 ; g l = 1 ; p = O, 1 50) não estiveram associadas à maturidade física dos bbtos (n 1m

= 59, nM = 1 6) . Porém, a ocorrência de alterações de desenvolvimento (x.2c= 1 7,757;

Page 75: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

55

gl= 1 ; p = 0,000) e degenerativas ('x;2c = 36,954; gl=1 ; p=0,000) foram relacionadas à

maturidade fisica dos individuos (Fig. 25) .

As alterações traumáticas (x.2c = 2,041 ; g l = 1 ; p = 0,1 53) e infecciosas Cx.2c =

0,029; gl = 1 ; p = 0,864) ocorreram independentemente das áreas delimitadas para a

constituição das amostras norte fluminense (nNF = 51 ) e central fluminense (ncF = 1 8) ,

ao contrário das anomal ias de desenvolvimento (r:c =1 1 ,576; gl= 1 ; p= 0,00 1 ) e

alterações degenerativas (x2c = 8,953; gl = 1 ; p = 0,003) que apresentaram-se

associadas à área de procedência dos indivlduos (Fig. 26) . As alterações de natureza

degenerativa e de morfogênese foram registradas com maior freqüência nos

exemplares oriundos da área central fluminense e em indivfduos maturos.

80%

70% 60%

50% 40% m Norte

30% m central

20%

1 0% 0%

TRA DES INF DEG

Figura 26 - Freqüências de ocorrência das categorias de alterações ósseas traumáticas (TRA) , de desenvolvimento (DES) , infecciosas (INF) e degenerativas (DEG) em relação à área de procedência (nNF =51 , ncF = 1 8) dos espécimens de S. fluviatilis do l itoral d o Rio de Janeiro.

3.2.4 - Número Total de "Dobras" em Epífises Vertebrais

O número total de "dobras" nas epífises vertebrais não foi significativamente

d istinto em relação ao sexo (Zc= -0,426; n 1 =34; n2

= 35; p = 0,670) e maturidade

Page 76: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

56

física (Zc = -1 , 9 17; n1 =59; n2 = 1 5; p = 0,055) dos indivíduos (Fig. 27). Porém, o

número tendeu a ser maior em indivíduos oriundos da área central fluminense (Zc = -

3,905; n1 =51 ; n2 = 1 7; p = 0,000).

O número total de "dobras" nas epífises vertebrais do bloco cervical e 1 ª .

vértebra torácica (NTDR) nos espécimens analisados apresentou-se correlacionado à

idade (rs = 0,486; n = 68; p = 0,000) e ao comprimento total (rs = 0,521 ; n = 7 1 ; p =

0,000) dos indivíduos. O número de "dobras" diferiu entre as classes de idade (H

= 10 227· gl = 3· n =44· n = 12· n =6· n =6· p =O 01 7) e de tamanho (H = 20 781 · gl= , , , 1 , 2 , 3 , 4 , , , ,

2; n1 =1 1 ; n2 =28; n3 =32; p= 0,000) (Fig. 27) .

100 .------�

a ªº 60

2í 40 z 20

Fêmea Macho

b

:C z1.96"5"1. Ot

i:iiJ •1.00-Sld. Ot . M6dla

"'

100

80

' 60

40

20

o

·20 Imaturo MabJro

SEXO MATURIOADE FÍSICA

d 80 .--------, 70

5 : !i � : T 10 :C ±Sld. OOY. o�-----� nm ±Sld. Err.

1 2 3 4 ° M6dia CLASSES DE IOADE

e

e 80

80

� .... 20 z :t: •1.96"5"1. Oev. :t: z1.96"5':I. Oev. liiiJ >1.00ºSld. Oev. 11111 >c1.00'S1d. Oev. . M6dla

-20 Nortlt Central . M6dla

ÁREA

70 60 50

5 30 � 20

10 o :C •Sld. De..

-10 L____.L ____ _... 1111 ±Sld. Err.

1 2 3 CLASSES DE TAMANHO

· -

Figura 27 - Distribuição do número total de "dobras" nas epífises vertebrais do bloco cervical e 1 ª . vértebra torácica (NTDR) comparado às variáveis sexo (a), maturidade física (b), área de procedência (c) , classes de idade (d) e tamanho (e) dos botos S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro. Classes de idade: 1 = O a 7 anos; 2 = 8 a 1 5 anos; 3 = 1 6 a 23 anos; 4 = 24 a 3 1 anos. Classes de tamanho: 1 = 1 1 05,0 a 1 436,6 mm ; 2 = 1 436,7 a 1 768,3 mm ; 3 = 1 768,4 a 2 1 00,0 mm.

Page 77: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

57

3.2.5 - Associações entre Categorias de Alterações

Com relação às freqüências de ocorrência, as alterações de natureza

degenerativa e de desenvolvimento tiveram um elevado grau de associação (<h. =

0,476; r0 = 0,547) entre si. As alterações degenerativas e infecciosas apresentaram

um grau de associação mais baixo (<h. = 0,242 ; rn = 0,333), assim como as alterações

de desenvolvimento e traumáticas (<h. = 0,255 ; rn = 0, 1 20) . As demais alterações não

apresentaram valores expressivos dos coeficientes de contingência (Tab. 1 0 .

Tabela 1 0 - Valores de Associação entre os tipos de alterações ósseas encontradas em S. fluviatilis da costa do Rio de Janeiro. Des. = Desenvolvimento; Deg = Degenerativa; Tra = Traumática; lnf = Infecciosa. ( </>2= Coeficiente de Contingência de Cramér (Phi) ; r n = Coeficiente de Correlação de lves & Gibbons ; rs = Coeficiente de Correlação de Spearman)

Alterações <h, rn r5

Des x Deg 0,476 0,547 0,476 (t = 4,628 ; p = 0,000)

Deg X l nf 0,242 0,333 0,242 (t = 2, 1 36 ; p = O, 036)

Tra X Des 0,255 0, 1 20 0,255 (t = 2,254; p = 0,027)

Tra X Deg 0, 1 36 0,040 0, 1 36 (t = 1 , 1 77; p = 0,243)

Des x lnf -0,002 0, 1 47 -0,002 (t = -0,02 1 ; p = 0,983)

Tra X lnf -0,002 -0,093 -0,002 (t = -0,020; p = 0,984)

3.2.6 - Alterações por Reg ião da Coluna Vertebral

A análise de agrupamentos, levando-se em consideração o número de

categorias de alterações nas quatro regiões da coluna vertebral, evidenciou uma

maior similaridade entre o bíoco l'ombar e caudal (Fig. 28). Essas áreas apresentaram

Page 78: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

58

baixas freqüências de lesões e, geralmente, restritas à traumatismos. As regiões

cervical e torácica, com um número maior de alterações e localizadas na porção de

maior volume dos indivíduos, foram reunidas em um grupo distinto, sugerindo uma

unidade funcional sujeita a fatores de stress similares. O coeficiente de correlação

cofenético foi expressivo (rcs = 0,971; p < 0 ,001) entre a matriz cofenética e de

distâncias .

Figura 28 - Análise de similaridade considerando as distâncias Euclidianas entre o número de categorias de alterações nas regiões da coluna vertebral. NACE = Nº de alterações na região cervical; NATO = N º de alterações na região torácica; NALO = N º

de alterações na região lombar; NACA = Nº de alterações na região caudal. (rcs = 0,971 ; p < 0,001 )

As relações entre os indivíduos e seus respectivos grupos, levando-se em

consideração o número de categorias de alterações nas diferentes regiões da coluna

vertebral foram evidenciadas através da análise de componentes principais (Fig. 29).

Os blocos cervical e torácico, com um número maior de alterações ósseas, foram os

principais responsáveis pela variabilidade observada (Tab. 11 ). Os 1 ° e 2°

componentes representaram 75,0% da variância da amostra. As alterações nas

regiões caudal e lombar, responsáveis por 32, 7% da variação, apresentaram-se

Page 79: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

59

associadas ao segundo eixo. Ambos os componentes separaram as distintas

amostras evidenciando unidades de stress de acordo com o número de lesões. O 1 °

eixo separou as amostras em dois extremos, de acordo com o número de lesões no

bloco cervical e torácico, separando espécimens com alta freqüência de lesões

daqueles mais jovens pouco lesionados. O 2° dividiu as amostras em dois extratos de

acordo com o número de alterações na região lombar e caudal da coluna (Fig. 29),

sendo uma expressão da área posterior do corpo que apresenta um menor diâmetro.

Tabela 11 - Cargas dos Fatores considerando o número de categorias de alterações nas regiões cervical (NACE), torácica (NATO), lombar (NALO) e caudal (NACA). Expl. de Var. = Variância Explicada; Prop. Total = Proporção Total de Variância Explicada; * Valores com carga maiores do que O, 70.

NACE

NATO

NALO

NACA

Autovalor

Expl. de Var. Prop. Total

Fator Fator

1 2 0,906* O, 117 0,890* 0,248 0,272 0,720* 0,068 0,846*

2, 111 0,891 1,692 1,309 0,423 0,327

As relações dos grupos e indivíduos com relação aos eixos (Fig. 29) mostraram

uma forte influência das variáveis tamanho, maturidade física, idade e área de

procedência. A existência de um gradiente em ambos os eixos evidenciou a

predominância de indivíduos mais novos, geralmente da área norte, separados de

indivíduos mais velhos predominantes na área central fluminense.

Os indivíduos com poucas dobras nas epífises das vértebras cervicais (n=4) ou

torácicas (n= 18), ou sem lesões (n=6), corresponderam à imaturos com até 5 anos

Page 80: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

60

provenientes da área norte fluminense (Grupo 1 , n = 28). Este grupo também

englobou cinco indivíduos com até 1 O anos oriundos das áreas norte e central

fluminense. Um indivíduo adulto com severas anomalias ao longo da coluna e oriundo

da área central constituiu um grupo bastante distinto (Grupo 7, n = 1 ). Indivíduos

adultos com mais de 1 5 anos de idade (Grupos 5 e 6) ou de tamanho superior a 1 90

cm, a maioria oriunda da área central, caracterizaram-se por altas freqüências de

alterações nas regiões cervical e torácica. O Grupo 5 (n = 6) incluiu indivíduos

apresentando três a quatro tipos de lesões no bloco cervical, dois a três tipos no bloco

torácico e nenhuma alteração nas regiões lombar e caudal. O Grupo 6 (n = 3) reuniu

indivíduos que apresentavam dois a três tipos de alterações na região cervical , três

tipos no bloco torácico e a região lombar ou caudal com alteração. Indivíduos imaturos

com 2 a 7 anos de idade (Grupo 2, n = 5), provenientes da área norte, caracterizaram­

se por apresentarem os blocos ceI " ,. 1 e torácico com um ou dois tipos e as demais

regiões com um tipo de lesão. A maioria dos indivíduos imaturos das duas áreas

(Grupos 3 e 4) caracterizaram-se por apresentarem poucas lesões em vértebras

cervicais e torácicas. O Grupo 3 (n = 23), composto por indivíduos sem lesões nos

blocos lombar e caudal e com mais de um tipo de alteração nas regiões cervical e

torácica, incluiu imaturos de três a 1 1 anos (n = 1 7), além de maturas com mais de 20

anos das áreas norte (n = 3) e central (n = 3) fluminense. O Grupo 4 (n = 9) abrangeu

exemplares imaturos com mais de quatro anos de idade e dois adultos oriundos das

áreas norte e central fluminense que apresentavam dois a três tipos de lesões no

bloco cervical, um a dois tipos na região torácica e a região lombar e/ou caudal com

uma alteração. Grande parte dos indivíduos com lesões na região lombar ou caudal

Page 81: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

'--

61

(grupos 2, 4 e 6) apresentavam um tipo de alteração, geralmente de natureza

trau mática.

0.Q

lb

º

f

s O.O MACA : M ALO '

� º' •

·ª f o.e

< à º" � 4 .5

+- g o.• z ,- 03 : MATO

� Q,2 •

MACE 3 .5

o., • ºo 0.2 M 0,t º·' 1 - FATO/l 1 ("2.31') '*' •

r- 2 .5 • •

N 1 .5

• ' o:: • & Ai

0 .5 • lL • • e Grupo 1 Grupo 2

o Grupo 3 -0 .5 o �

i � • Grupo 4 A A Gru po 5 õ

-1 .5 .. Gru po 6

-2.5 -1 .5 -0.5 0 .5 1 .5 2 .5 3 .5 + Grupo 7 .. FATOR 1 (42,3%)

NACE, NATO 1

Figura 29 - Anál ise de componentes principais considerando o número de categorias de alterações nas regiões da coluna vertebral: a) exemplares de S. fluviati/is do l itoral do Rio de Janeiro (n = 75) ; b) relação entre as variáveis e os componentes principais (eixos). NACE = Número de alterações na região cervical ; NATO = Número de alterações na região torácica ; NALO = Número de alterações na região lombar; NACA= Número de alterações na região caudal.

A anál ise dos escores dos indivlduos no 1 º fator da anál ise de componentes

principais, baseada no número de categorias de alterações nas regiões da coluna

vertebral , não apresentou associação com o sexo (Zc = - 1 ,91 4; n1 = 35; n2 = 35; p =

0,056) dos indivlduos (Fig . 30). Contudo, os valores do primeiro eixo foram

significativos para a separação dos grupos quanto à maturidade ffsica (Zc = -4,567; n1

= 59; n2 = 1 6; p = 0,000) , área de ocorrência (Zc = -3,329; n1 = 51 ; n2 = 1 8; p = 0,001 ),

Page 82: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

62

classes de idade (H = 23,055 ; gl = 3; n = 69; p = 0,000) e classes de tamanho (H =

24,382 ; gl = 2; n = 72; p = 0,000) indicando uma relação destas variáveis com as

alterações no bloco cervical e torácico (Fig. 30).

a 3.5 �----�

2.5

1.5

g 0.5

� -0.5

b 3.5

2.5

1 .5

3 0.5

� -0.5

e 3.5

2.5

1 .5

0.5

-0.5

-1.5 I •1.96'S<!. O,,,,. -1.5 I •1.96"St!. °""· -1.5 I •1.96"St!. Dev. ,..__ ____ _J - •1.00'S1d. O,,,,. •2.5 ��---� 8 *1.00"St!. O,,,, . • 2.5 ______ - •1.00'8111. Dev.

•2·5 Ftme1 Macho • - lmaluro Maturo • M6dill Norte Central • M6dill sexo MATURDAOE FISICA ÁREA

d 2.5

2

f,,� 1.5 1

� 0.5 � o u.

-0.5 -1

-1.5 1 2 3 4

CLASSES OE DAOE

e

:::r:: zSll:I. Dev. 111B zSll:I. Etr. . >Mdia

2 1.5

1 0.5

� o

� -0.5 u. -1

-1.5 -2

-25 �

ff 2 3

CLASSES OE TAMANHO

I zSll:I. O,,,,. 11111 tsll:I.En. . -..

Figura 30 - Distribuição dos escores dos indivíduos no 1 ° eixo do PCA baseado no número de categorias de alterações nas regiões da coluna vertebral comparados ao sexo (a), maturidade física (b), área de procedência (c), classes de idade (d) e tamanho (e). Classes de idade: 1 = O a 7 anos; 2 = 8 a 1 5 anos; 3 = 1 6 a 23 anos; 4 = 24 a 31 anos. Classes de tamanho : 1 = 1 1 05,0 a 1436,6 mm; 2 = 1 436,7 a 1 768,3 mm ; 3 = 1 768,4 a 2 100,0 mm.

3.2.7 - Número de Categorias de Alterações nas Vértebras Cervicais

A análise de agrupamentos, levando-se em consideração o número de

categorias de alterações nas vértebras cervicais, evidenciou blocos funcionais (Fig.

3 1 ), tais como o formado pelo complexo atlas-áxis com características distintas das

demais vértebras e baixa freqüência de ocorrência de lesões. As demais vértebras

(C3 a C7) constituem um grande grupo de similaridade. Nesse grupo a análise

evidenciou uma maior similaridade entre a 5ª e a 6ª cervicais (Fig. 3 1 ) . Essas estão

localizadas na região central do bloco cervical e apresentam os corpos vertebrais com

Page 83: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

63

dimensões semelhantes, como descrito anteriormente (Tab. 3) . A terceira vértebra

(C3) é a primeira de comprimento reduzido no bloco cervical e apresenta freqüências

de alterações distintas das demais por ocupar uma posição de transição entre os

blocos funcionais da região cervical.

r-"'--"=----'--=-------,---------..----""'j &.5 &

75 ..

j�;' 8.5

.8 .

i�

Figura 31 - Similaridade considerando as distâncias Euclidianas entre o número de categorias de alterações nas vértebras cervicais de exemplares de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro. Acrônimos de acordo com a Tabela 1. (rcs = 0,859; p < 0,001) .

As relações entre os indivíduos e seus respectivos grupos, levando-se em

consideração o número de categorias de alterações nas vértebras cervicais, foram

evidenciadas através da Análise de Componentes Principais (Fig. 32) . Os 1 º e 2°

componentes representam 67,5% da variância dos dados. As alterações em C3, C5 e

C7 são as principais responsáveis pela disposição dos espécimens ao longo do 1 º

eixo (Tab. 1 2) . Essas vértebras estão localizadas nos extremos e na posição central

do bloco funcional formado pelo conjunto C3-C7. O segundo componente (30,9%) é

determinado principalmente por alterações no atlas (C1 ) , vértebra cervical de maior

volume (Tab. 3).

Page 84: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

64

A distribuição dos indivíduos e grupos estava mais relacionada à idade e

maturidade física, havendo um gradiente em ambos os eixos. Os indivíduos com

dobras nas epífises ou sem lesões (Grupo 1, n = 16) correspondiam à jovens com até

4 anos de idade, a maioria proveniente da área norte fluminense. O grupo ainda

incluiu um adulto da área norte fluminense e dois espécimens imaturos da área central

fluminense. O Grupo 2 (n = 5) reuniu quatro indivíduos imaturos e um adulto de 17

anos da área central fluminense sem lesões em C2 ou C3 e que apresentavam um

tipo de alteração no atlas e em C5 a C7. O Grupo 4 (n = 49) reuniu indivíduos sem

alterações no atlas e com até dois tipos de lesões no áxis. Adicionalmente, os

indivíduos apresentavam duas das vértebras que incluem C3, CS, C7 com mais de um

tipo de a lteração óssea. A maioria dos exemplares eram imaturos, além de nove

adultos com idades entre nove e 30 anos oriundos das áreas norte (n = 4), central (n =

3) e sul (n = 2) fluminense. Os indivíduos adultos geralmente apresentavam um

número superior de alterações em C3, C5 e C7 (Grupos 5, 6 e 7). O Grupo 5 (n = 2)

reuniu dois adultos com 19 e 25 anos provenientes das áreas norte e central

fluminense. Esses apresentavam uma lesão no atlas, um ou dois tipos de alterações

no áxis e dois tipos de lesões em C3 e C7. O Grupo 6 englobou um adulto de 8 anos

da área central que possuía o atlas sem lesões, o áxis com um tipo de lesão, além de

C3,C5,C7 com duas ou três lesões. O Grupo 7 englobou um exemplar maturo da área

central , com 20 anos de idade, que apresentava dois tipos de lesões no atlas e CS,

três tipos de alterações no áxis, três ou quatro tipos de lesões em C3 e C7. Um

indivíduo adulto, com 27 anos da área central fluminense, sem alterações em C3 e

Page 85: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

65

C5, e apresentando um tipo de lesão em C1 , C2, C4, C6 (Grupo 3) se destacou dos

demais. O exemplar apresentou ainda dois tipos de alterações em C7.

Tabela 1 2 - Cargas dos Fatores considerando o número de categorias de alterações em vértebras cervicais (NAC1 a NAC7) . Expl . de Var. = Variância Explicada; Prop. Total = Proporção Total de Variância Explicada ; * Valores com carga maiores do que 0,700.

C1

C2 C3

C4

C5

C6

C7

Autovalor

Expl. de Var. Prop. Total

N 2 o:: � 1 LL

+

r.fl 9:i ! a

-0,006 0,31 5 0,750* 0,504 0,883* 0,592 0,71 8*

3,745 2 ,562 0,366

o

o•

N O�

• 2 "' .. ... 02

"':i'

�0.1 O O 1

0,903* 0,627 0, 1 91 0,545 0,070 0,665 0,420

0,982 2,1 65 0,309

HIIIC2 j N1'C& : . ·t· . : NÂt:7 ... tvc, . . .,,,. .

b

o.s o.a 0.1 o.o 1.,

rATOft 1

•• 1 .. � i o -- • • • : .--1-4 • ; ..... ·---------

• • • ;ri. .l

• Grupo 1 a Grupo 2 + Grupo 3 A Grupo 4 o Grupo 5 • Grupo 6 � Grupo 7

:: · · · · · · · · · · · r i r ' -2.5 -1 .5 -0.5 0.5 1 .5 2.5

FATOR 1 (36 .6%)

3.5 4.5 .. NAC6, NAC3,NAC7

Figura 32 - Análise de componentes principais considerando o número de categorias de alterações em vértebras cervicais (NAC1 a NAC7): a) exemplares de S. f/uviatilis do l itoral do Rio de Janeiro ; b) relação das variáveis com os fatores (eixos) (n=75).

Page 86: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

66

A análise dos escores dos exemplares no 1 ° componente principal, baseada no

número de categorias de alterações em vértebras cervicais (Fig. 33), demonstrou que

estes valores não estão associados ao sexo (Zc = -2,892; n1 = 35; n2 = 35; p = 0,772)

e à área de procedência dos indivíduos (Zc = - 1 ,371 ; n1 = 51 ; n2 = 1 8; p = 0, 1 70).

Porém as diferenças foram significativas quanto às variáveis maturidade física (Zc =

-2 727· n = 59· n = 1 6· p = O 006) idade (H = 1 2 736 · gl = 3· n = 69· p = O 005) e ' ' 1 , 2 , 1 ' , t , , ,

tamanho (H = 20,305 ; gl = 2; n = 72; p = 0,000) dos indivíduos, indicando associação

com o número de alterações nas 3ª , 5ª e 7ª cervicais.

a 2.5 b 3.5

1 .5 2.5

1.5 i'i: 0.5

� 0.5 < -0.5 < u. u. -0.5

-1.5 I t1.96·- Dev. -1.5 lllJI .,1.00ºSld. Dev. -2.5 -2.5

Fêmea Macho . Mtdla Imaturo Maturo

SEXO MATURIDADE FÍSICA

2.2

d 1 .6

' ir

! 0.4 <

u. -0.2

-0.8 :C ±Sld. Dev. 1111D .Sld. Err. -1.4

2 3 4 . M«fia CLASSES DE IDADE

e 3.5

2.5

,, 1.5

§ 0.5 < u. -0.5

.I t1 .96-Sld. De\ -1.5 IBB ±1 .OOºSld. De\

-2.5 -· Nor11t Central ÁREA

2

e 1.5 1

Tf 0.5

ir < -0.5 u. -1

-1.5 -2 �

-2.5 2 3

CLASSES DE TAMANHO

I ±1.96"Sld. Dev. 11111 t1.00-Sld. Oev. . M.ito

:r: tSld. Dev. 1111 .Sld. Etr, . Média

Figura 33 - Distribuição dos escores dos indivíduos no 1 º eixo do PCA baseado no número de categorias de alterações em vértebras cervicais comparados ao sexo (a) , área de procedência (b), maturidade física (c), classes de idade (d) e tamanho (e) de exemplares de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro. Classes de idade: 1 = O a 7 anos; 2 = 8 a 1 5 anos; 3 = 1 6 a 23 anos; 4 = 24 a 31 anos. Classes de tamanho: 1 = 1 1 05 ,0 a 1 436,6 mm ; 2 = 1 436,7 a 1 768,3 mm ; 3 = 1 768,4 a 21 00,0 mm.

A regressão múltipla (n=63) dos escores no 1 ° eixo do PCA, baseado no

número de categorias de alterações em cervicais (NAC1 a NAC7), com as variáveis

Page 87: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

67

idade, comprimento do corpo, módulo do crânio, comprimento do bloco cervical e do

bloco torácico, demonstrou um coeficiente de determinação relativamente baixo (Rc2 =

0,31 5) (R = 0,571 ; F1 , s1 = 29,502; p < 0,001) e um erro padrão de estimativa

expressivo (0,809). As variáveis comprimento do bloco cervical (P = O, 1 91 ; t = 1 , 007; p

= 0,31 8), comprimento total (P = 0,376; t = 1 ,700; p = 0,094), idade (P = -0,325; t =

-1,837; p = 0,071) e módulo do crânio (P = 0,293; t = 1,842; p = 0,070) foram

removidas da análise (backward ; F para remoção = 3,39), por apresentarem

coeficientes parciais de regressão (P) não significativos (p > 0,05). O comprimento do

bloco torácico (CBTO) foi a única variável que apresentou o coeficiente parcial de

regressão (P) significativo (Tab. 1 3), indicando que as alterações em C3, C5 e C7

estão, de alguma maneira, associadas à pressão exercida pelo bloco torácico. As

variáveis que apresentaram isoladamente maior correlação com os escores do 1 °

eixo foram o comprimento do corpo (r =0,59) e o comprimento do bloco torácico

(r=0,57).

Tabela 1 3 - Sumário da regressão múltipla (via backward) dos escores do 1 ° eixo da PCA considerando o número de categorias de alterações em cervicais (NAC1 a NAC7) com a variável comprimento do bloco torácico (CBTO). ex. = interseção da reta de regressão; p = coeficiente de regressão.

N = 63 11 Erro pad rão B Erro padrão t (61 ) p

CBTO 0,571

de 1\ de B

0,1 05

- 2,434

o,_010

0,475

0,002

-5, 1 25

5 ,432

0, 000

0 ,000

Page 88: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

68

3.2.8 - Número de Dobras por Epífise Vertebral

A análise de agrupamento, levando-se em consideração o número de dobras

em epífises vertebrais, evidenciou uma maior similaridade entre as epífises

posteriores da 3ª (ND3P) e 4ª (ND4P) cervicais (Fig. 34). A epífise posterior da 7ª

vértebra (ND7P), localizada na região de transição entre os blocos cervical e torácico,

se destaca das demais por apresentar um número superior de dobras (Tab. 5). A

epífise anterior da 7ª cervical (ND7A) e as referentes à 1 ª vértebra torácica (ND8A,

ND8P) , próximas a região de transição entre os blocos, também se distinguem com

relação ao número de dobras das demais, constituindo um grupo à parte. As outras

epífises constituem um grande grupo de s imilaridade, havendo um certo destaque

para a epífise posterior da 6ª cervical (ND6P). Em geral as epífises mais anteriores se

distinguem das posteriores com relação a freqüência de dobras. O número de

"dobras" na epífise anterior de C3 foi mais similar às anteriores de CS e C6, situadas

numa porção mais posterior do bloco cervical.

$ ���=·�-��---=-��-��-��--�-���-� �

45

21 ,95

!50

30

25,.

Figura 34 - Análise de similaridade considerando as distâncias Euclidianas entre o número de dobras nas epífises das vértebras cervicais (ND2P a ND7P) e 1 ª torácica (ND8A e ND8P) de exemplares de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro. Acrônimos de acordo com a Tabela 1 . (rcs = 0,906).

Page 89: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

69

As relações entre os indivíduos e os grupos, levando-se em consideração o

número de dobras em epífises vertebrais, foram evidenciadas através de Análise de

Componentes Principais (Fig. 35). Os dois primeiros eixos representam 42,3% da

variância dos dados. O número de dobras nas epífises da 7ª cervical (7 A e 7P) e 1 ª

torácica (8A e 8P) são os principais responsáveis pela variabi l idade do primeiro

componente (Tab. 14). O segundo eixo (15,6%) é determinado principalmente pelo

número de dobras nas epífises posteriores da 2ª e 5ª cervicais, além da posterior da

6ª cervical. O terceiro eixo (19,4%) é determinado principalmente pelo número de

dobras nas epífises anteriores da 4ª e 5ª vértebras cervicais (Fig. 36). Os três eixos

em conjunto representam 61,7% da variância dos dados.

Tabela 14 - Cargas dos Fatores considerando o número de dobras em epífises das vértebras cervicais (2P a 7P) e 1 ª torácica (8A e 8P). Expl. de Var. = Variância Explicada; Prop. Total = Proporção Total de Variância Explicada; * Valores com carga maiores do que O, 700.

Nº Dobras Fator Fator Fator

2P

3A

3P

4A

4P

SA

SP

6A

6P

7A

7P

8A

8P

Autovalor

Expl. de Var. Prop. Total

1 2 3

0, 1 69 0,759* -0, 1 34 0 ,441 0,262 0,435 0 ,547 0, 1 85 0,268 0 ,025 0, 1 41 0,794* 0,248 -0, 1 64 0,6 1 9 0, 1 66 0, 1 63 0,791 * 0,085 0,800* 0, 1 85 0,356 0, 1 50 0,634 0, 1 34 0,645 0,220 0,798* 0 , 147 0,261 0,773* 0,348 0 , 1 38 0,890* 0, 1 93 0, 1 09 0 ,823* -0 , 1 46 0, 1 38

4,971 1 ,560 1 ,489 3,468 2,032 2,521 0,267 0 , 1 56 0 , 1 94

Page 90: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

,r 3 ,,......,

<O_ 2 ..-

N í

te o I.L

-2

a

1t

" . ' · · · · · · · . , . . . . , . . , . . , , , , , , , , , . , . . . . . . . . . . . . . . . . . . ' . . ' ' . . . . . . • • "'

4 li,

1 • •• • • • 4) • .. � • ... • . ·-· ... ... 1 ... • • � ... j • •• . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . .� . . . • . . . . . . . . . � ... . . . . . . . , .

...

-2 -1 o 1

FATOR 1 (26,7%)

70

1 º·"

"°•5Pt-.:>21' b 0.7 NorJ •

1 � 0.5 "' t-.:>n> G ' ' ' ' . . ' . ' ' ' ' ' ' ' , 1',1)3A ' ' ' • "' 03

�.SA • M>•3P ' . ' . �;fa,é.i,' . ' . . Ct: NlJA N:i•SA • • o 01

1 < � u.. ..0.1 M)•""

.0.3 .0.1 0.1 o� M 0,7 os 1 .1

FATOR 1 (26.7%)

+ • GRUPO=í

. . . . . . . . + . . . . + . . . . . • GRUP0=2 .. GRUP0=3 ... GRUP0=4

2 3 + GRUP0=5 ,.. ND5P, N D2P 1

Figura 35 - Aná lise de componentes principais considerando o número de dobras em eplfises das vértebras cervicais (ND2P a ND7P) e a 1 ª torácica (ND8A e ND8P) : a) anál ise dos exemplares de S. fluviati/is do l itoral do Rio de Janeiro ; b) relação das variáveis com os fatores 1 e 2 (eixos) .

A maioria dos indivfduos do Grupo 2 (n = 33) apresentava poucas dobras na

região de transição entre os blocos cervical e torácico (ND7, ND8) e na região central

(ND5P) , não possuindo dobras no áxis (ND2P) . O grupo foi composto principalmente

por imaturos da área norte, que não possutam dobras no áxis e com até três dobras

nas epifises posteriores da 5ª e 6ª cervicais; além de apresentarem até uma das

epífises da 7ª ou 8ª vértebra com mais de sete dobras. Alguns indivíduos jovens da

área norte (Grupo 1) apresentavam algumas dobras na região central do bloco

cervical e no áxis. O grupo (n=6) agregava indivtduos imaturos com mais de dois anos

de idade procedentes da área norte , apresentando até uma das epifises da 7ª ou 8ª

Page 91: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

í'

71

vértebra com mais de cinco dobras, além de dobras (1 a 2) no áxis ou mais de seis

dobras na epífise posterior da 6ª cervical. Outros, além disso, apresentavam (Grupo 3)

dobras na zona de transição entre os blocos (ND7, ND8). Este grupo (n=9) reuniu

indivíduos de dois a 26 anos, que apresentavam duas ou três ep ífises das 7ª e 8ª

vértebras com mais de cinco dobras; além de possuírem dobras no áxis (2 a 4) ou

sete dobras em CSP. O Grupo 4 (n=16) foi composto por indiv íduos de um a 27 anos

oriundos das áreas norte e sul, que apresentavam uma a três epífises das 7ª e 8ª

vértebras com mais de sete dobras, além não possuírem dobras no áxis e até três

dobras em C5P . O Grupo 5 (n = 3) reuniu três indivíduos da área central, com mais de

oito anos, que apresentavam mais de oito dobras nas epífises da 7ª e 8ª vértebras,

além de apenas uma dobra na ep ífise posterior da 5ª cervical.

Dois indiv íduos imaturos pertencentes aos Grupos 2 e 4, relacionaram-se

fortemente com o 3° eixo da análise (Fig. 36) que caracteriza altas freqüências de

dobras nas ep ífises anteriores da 4ª e 5ª vértebras cervicais. O integrante do Grupo 2

é um jovem de 5 anos da área sul fluminense. O outro pertence ao Grupo 4 e é

oriundo da área norte fluminense. Os indiv íduos do 1 ° e 3° grupos destacam-se dos

demais. Estes apresentavam dobras no áxis e na 5ª cervical. Um espécimen com 3

anos de idade, oriundo da área norte, e que apresentava alterações traumáticas no

bloco cervical, foi o mais relacionado ao 2° eixo. Isso sugere uma trajetória de

poss íveis relações entre a presença de dobras e alterações traumáticas de diversas

ordens.

Page 92: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

4.5

ii a

![ ND4A >3 " • ... 3.5 ND5A >4

2.5 ....... ! " ,t.

'<f" 0)- 1 .5 • ...... � ' .__,

•• • • ! � (Y') 0.5 •

.. Cl: a:.- • ... • :• o . ; . a,

� ,. ... -... i -0.5 1\ . ... 1111 •

LL � ·� • .. • ! "'· -1 .5 ' ' �

-2.5 ;

-2 -1 o 1 2

FATOR 2 (1 5,6%)

1

oe ND4A ND5A .. ND4P ND6A

'i os . ;; N03A ,:; OA ., NOOP � ND7A • • =i 02 · ·NtJSP· " · · ' ' N�;o: · ND!P " " ' .. •

o

-02 .o., .o , º·' 03 o.s � l'JOft 2 (15,g%)

• :

:

/ ND5P=6 ND2P=4 •

• • : ..,

• 3 4 5 +

> ND5P, ND2P

b

NOOP; NDSP . . . ... ' : . . . •. . '

:ND2P • ª' o.a

GR U P0=1 GRUP0=2 GRUP0=3 GRUP0=4 GRUPO=S

l

72

Figura 36 - Análise de componentes principais considerando o número de dobras em epifises das vértebras cervicais (ND2P a ND7P) e a 1 ª torácica (ND8A e ND8P): a) aná lise dos exemplares de S. fluviatilis do l itoral do Rio de Janeiro; b) relação das variáveis com os fatores 2 e 3 (eixos).

A análise dos escores dos exemplares no 1 ° eixo, baseada no número de

dobras nas epifises das vértebras cervicais e 1 ª torácicas (Fig. 37) , demostrou que os

valores não estavam associados ao sexo (Zc = -0,762 ; n1 = 31 ; n2 = 34; p = 0,446) .

Porém, o número de dobras (principalmente em C7 e T1 ) apresentou-se relacionado à

maturidade fisica (Zc = -2 ,785; n1 = 55; n2 = 1 5; p = 0,005) , á rea de procedência (Zc =

-4,986; n1 = 49; n2 = 1 5; p = 0,000), idade (H = 1 4,996 ; gl = 3; n = 64; p = 0,002) e

tamanho (H = 1 8,726 ; gl = 2 ; n = 67; p = 0,000) dos indivlduos.

Page 93: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

73

81 2.5 b 3.5 �-----, e 3.5 �----�

2.5 1 .5

o: 0.5 o !;,: -0.5

-1 .5 :T :t1.96"Sld. Dev.

-2.5 �--- � lDID t1.00"Std. Oev.

1.5 -�

� �: ' I "•-••

2.5

1 .5

0.

5

i i -

0.

5

-1 .5 :::r:: •1 .96'Sld. Dev.

F6mea Macho SEXO

d 3 2.5

2 1 .5

1 � 0.5 il: o

-0.5 -1

-1.5

• M6-dl1 ·2-5 �-lmatu_r_o -M-atu-,o� � �:�

sd. Dev. -2.5 '-------� IIIBI •1 .00'Sld. Dev. Norte Central o Média

MATURIDADE FISICA ÁREA

e 1 .8

±,,, 1 . 2

f! 0.6

e< o o !;,: u. -0.6

:C ..Std. Dev. -1.2 I •Std. Dev. 11111 .stl. Err. IIBI •Std. Err. -1.8 2 3 � ... 2 3 . M6dla

CLASSES DE IDADE CLASSES DE TAMANHO

Figura 37 - Distribuição dos escores dos indivíduos no 1 ° eixo do PCA baseado no número de dobras nas epífises das vértebras cervicais e 1 ª torácica comparados ao sexo (a), maturidade física (b), área de procedência (e), classes de idade (d) e tamanho (e) de exemplares de S. fluviatilis do litoral do Rio de Janeiro. Classes de idade: 1 = O a 7 anos; 2 = 8 a 15 anos; 3 = 16 a 23 anos; 4 = 24 a 31 anos. Classes de tamanho: 1 = 1105,0 a 1436,6 mm ; 2 = 1436,7 a 1768,3 mm ; 3 = 1768,4 a 2100,0 mm.

A análise da regressão múltipla (n=845) confrontando o nº de dobras de cada

epífise com as variáveis posição da epífise (EPIF), área da epífise (AREP), volume

(VOL V) e comprimento (COMPV) do corpo vertebral correspondente, demonstrou um

coeficiente de determinação relativamente baixo (Rc2= 0,307) e um erro padrão de

estimativa muito alto (2,658). A variável área da epífise (AREP) foi removida da

análise (backward ; F para remoção = 3,63; 13 = O, 115; t (841) = 1,906; p = 0,057). As

demais, como a posição da epífise (EPIF), volume (VOL V) e comprimento (COMPV)

do corpo vertebral correspondente, apresentaram seus coeficientes significativos

(Tab. 15), indicando que a presença de dobras também está relacionada às

características das vértebras quanto a sua posição e dimensões (R= 0,556; F3, 841 =

Page 94: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

'

,..

74

1 25,407; p < 0 ,00 1 ) . A posição da epífise foi a variável que apresentou isoladamente o

maior grau de correlação com o número de dobras (r = 0 ,47; p < 0,001 ) .

Tabela 15 - Sumário da Regressão Múltipla considerando o número de dobras da epífise com as variáveis posição da epífise (EPIF) , volume do corpo vertebral (VOLV) e comprimento do corpo vertebral (COMPV). a = interseção da reta da regressão; 13 = coeficiente parcial de regressão.

N = 845 13 Erro padrão B Erro padrão t (841 ) p

a

EPIF VOLV

COMPV

0,430 0,751 -0,61 3

d e 13 de B

0,030 0,074 0,076

- 8,470

0,367 0,655 -0, 367

0 ,81 7

0,026 0,065 0,045

-1 0,371

1 4,341 1 0,086 -8,093

0,000

0,000 0 ,000 0,000

Page 95: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

75

4 - DISCUSSÃO

4. 1 - Alterações Ósseas

A maioria dos espécimens (n=58) de boto-cinza (S. fluviatilis) examinados

apresentaram alterações de naturezas diversas: traumáticas, infecciosas,

degenerativas e de morfogênese, registradas no esqueleto axial, ossos do h ióide,

escápulas e ossos das nadadeiras peitorais. O percentual de indivíduos

apresentando alterações ósseas (77,33%), neste estudo, foi superior aos valores

encontrados em outras espécies de delfinídeos (Macnie & Goodal l , 2000a). Macnie

& Goodall (2000a) analisando material osteológico, incluindo esqueletos

incompletos e vértebras isoladas d.e 59 exemplares de golfinho-austral ,

Lagenorhynchus australis, observaram que somente 20% destes apresentavam

algum tipo de alteração óssea restrita às costelas e vértebras. Siebert et ai. (1 997),

anal isando 1 72 esqueletos de toninha-do-porto (Phocoena phocoena) e golfinho­

de-bico-branco (Lagenorhynchus albirostris) , registraram percentuais de lesões de

origem infecciosa, degenerativa ou traumática bem inferiores (6%) aos registrados

neste estudo.

Devido à dificuldade de obtenção de material osteológico de cetáceos,

muitos estudos incluem somente parte dos esqueletos em suas análises quanto às

alterações (Kompanje, 1 995b; Kompanje, 1 999; Furtado & Simões-Lopes, 1 999;

Macnie & Goodall , 2000a). Os resultados encontrados neste estudo alertam sobre

a possiblidade de subestimativa das lesões ósseas nos indivíduos e a importância

de anál ises em esqueletos completos em estudos com inferência populacional ,

pois alguns dos indivíduos analisados apresentaram alterações em ossos do

hióide, escápulas e nadadeiras peitorais, que não compõem o esqueleto axial.

Page 96: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

76

4.2 - Ocorrência de Alterações Ósseas e Características dos Espécimens

O número de categorias de alterações e de peças afetadas por lesões não

apresentaram-se associados ao sexo dos exemplares analisados. Possivelmente

isso se deva a ausência de dimorfismo sexual na forma marinha de S. f/uvíatilis, já

observada por Borobia (1989) e Ramos et ai. (200Gb). Não havendo dimorfismo

sexual importante em relação à morfologia, as probabilidades de ocorrência dos

eventos causadores de tais lesões poderiam ser similares para ambos os sexos, o

que parece corroborado pelos resultados. Informações quanto a possíveis

diferenças comportamentais relacionadas ao sexo dos indiv íduos, que pudessem

resultar em probabilidades distintas de lesões ósseas, até o momento são

inexistentes para esta espécie.

As análises considerando isoladamente as categorias, demonstraram que

alterações traumáticas, infecciosas e de desenvolvimento não se apresentaram

associadas ao sexo dos indivíduos. A maior frequência de fêmeas com alterações

degenerativas possivelmente esteja relacionada à diferenças nas idades dos

indivíduos nas amostras de cada sexo. Os exemplares machos da série possuíam

idades inferiores às das fêmeas. Kompanje (1995b), analisando casos de

spondilosís deformans em pequenos cetáceos, registrou diferenças de ocorrências

das lesões quanto ao sexo dos exemplares, porém as diferenças, assim como os

resultados em S. fluviatilís, não foram significativas.

O número de peças afetadas por lesões apresentou, como o esperado,

associação com os fatores idade, maturidade física e tamanho. Indícios de alguns

tipos de lesões, tais como calos ósseos, podem permanecer vários anos nos

ossos. Isso confere um teor cumulativo destes no decorrer da vida do animal.

Porém, o número de peças afetadas também está relacionado a outros fatores, tais

Page 97: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

77

� como natureza e origem da lesão, o que pode explicar diferenças nas médias

registradas nas últimas classes de idade; enquanto a espondilite infecciosa é um

processo localizado na coluna vertebral (Kompanje, 1 999), traumatismos

ocasionados por choques com embarcações podem ocasionar múltiplas fraturas

(Kompanje, 1994). A maioria dos indivíduos possuía de seis a dez ossos afetados

por alterações, sendo que aqueles que não apresentaram nenhuma lesão

correspondiam à espécimens com até um ano de vida. Valores inferiores à média

de peças afetadas por alterações em espécimens com idades entre 24 a 30 anos,

podem também estar associados à morte de indivíduos com lesões extremamente

severas antes de alcançarem tal faixa etária. O número notável de ossos com

lesões em alguns indivíduos, possivelmente seja o resultado de tensões sofridas

pelo sistema musculo-esquelético, promovidas pelas severas anomal ias de

desenvolvimento ao longo da vida.

O aumento do número de categorias de alterações está associado ao

aumento da idade dos animais, uma vez que os mais velhos possuem maiores

chances de alterações senil-degenerativas e de. exposição a traumatismos e

infecções devido a um período mais longo de interação com o meio. Além disso,

anomalias de morfogênese podem, ao logo da vida do animal, dependendo de sua

gravidade, ocasionar regiões de maior esforço que resultem em outros tipos de

lesões nos ossos (Barnes, 1994), tais como traumáticas ou degenerativas. O

número de tipos de alterações também apresentou-se associado a maturidade

física e tamanho dos indivíduos, fatores de certa forma relacionados também com

a idade. A maioria dos exemplares, além da ocorrência de modificações ("dobras")

nas epífises vertebrais, apresentaram dois tipos de alterações ósseas. Os

exemplares sem tais alterações ósseas correspond iam aqueles com até um ano de

Page 98: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

('

1

78

vida. Animais jovens apresentaram menores chances de lesões no esqueleto, e

estas estão . restritas geralmente a seqüelas de traumatismos ou malformações

congênitas, ou ainda, a modificações nas epífises vertebrais.

Embora, as alterações traumáticas e infecciosas tenham sido mais

freqüentes em ossos dos indivíduos adultos, tais lesões não apresentaram

associação significativa em relação à maturidade física dos indivíduos. Os

resultados demonstram que espécimens imaturos de boto-cinza do litoral

fluminense também estão expostos a traumas e infecções.

As alterações degenerativas, como o esperado, apresentaram relação com

a maturidade física dos indivíduos, havendo indícios de artrose em todos os

adultos da série estudada. Alterações degenerativas foram também registradas em

espécimens adultos de cetáceos (Kompanje, 1 995b, 1 999; Furtado & Simões­

Lopes, 1 999).

As anomalias de morfogênese apresentaram relações com a maturidade

física dos indivíduos, havendo um número maior de espécimens adultos com as

mesmas. Embora os defeitos de desenvolvimento sejam oriundos de processos

ocasionados durante a formação do indivíduo, nem todos são detectáveis ao

nascer. Permanecem muitas vezes indetectáveis até serem exacerbados pelo

crescimento do animal ou devido ao stress funcional, bem como trauma na fase

adulta (Sarnes, 1 994). Os resultados reforçam a necessidade de enfoque em

defeitos de desenvolvimento, como sugerido por Sarnes (1 994) para humanos, ao

invés de defeitos congênitos.

Os exemplares oriundos das áreas norte e central fluminense apresentaram

diferenças significativas quanto ao número de categorias patológicas e ossos

afetados por lesões. Os provenientes da área central apresentaram maior

Page 99: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

79

prevalência de malformações e alterações degenerativas. As diferenças

encontradas entre as duas áreas, podem estar ,em parte, relacionadas a

particularidades das amostras, uma vez que o percentual de espécimens maturos

,,....., f isicamente oriundos do l itoral norte f luminense (12%) eram bem inferiores aos

oriundos da região central (44%). Porém, a taxa de anomal ias de morfogênese

encontrada em botos na região central fluminense, referente à Baía de Guanabara,

foi superior à registrada em outros trabalhos (Barnes, 1994; Sl ijper, 1936; Siebert

et ai. , 1997; Gorzelany et ai., 1999) e s inal iza a importância de futuras anál ises em

séries que considerem variações quanto à idade e número amostral.

'

A ocorrência de a lterações traumáticas e infecciosas não apresentaram

relações significativas com as áreas de procedência dos indivíduos. Tal como em

populações humanas e de outros mamíferos na natureza (Slijper, 1936; Bjotvedt &

Turner, 1976; de Smet, 1977a; Zimmerman & Kel ley, 1982; íscan & Kennedy,

1989), as lesões oriundas de traumatismo foram as mais freqüentes nos indivíduos

anal isados das duas áreas. A razão de sua prevalência e levada é a mult ip l icidade

de causas, a persistência das seqüelas e seu caráter cumulat ivo, o que as torna

muito visíveis no estudo de esqueletos.

Casos de indiv íduos apresentando lesões de naturezas distintas no

esqueletos, tais como as descritas no boto-cinza neste estudo, constam na

l iteratura abrangendo várias espécies de odontocetos (p. ex. De Smet, 1977a; De

Guise et ai., 1994, 1995; Kompanje, 1995a, 1995c, 1999; Gorzelany et ai. , 1999).

4.3 - Associações entre Categorias de Alterações Ósseas

Possivelmente a associação entre alterações de desenvolvimento e

degenerativas se deva a menor hidrodinâmica de exemplares anômalos,

Page 100: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

. - --

'\

80

ocasionando um maior esforço nas regiões afetadas e podendo resultar em sinais

de artrose. A ocorrência de alterações de desenvolvimento bem como

degenerativas também foi evidenciada em esqueletos de outros delfin ídeos

(Nutman & Kirk, 1 988; Slijper, 1 936; Kompanje, 1 995b) .

A relativa associação entre alterações infecciosas e degenerativas pode ser

resultante do aumento de chances de estabelecimento de focos infecciosos com a

idade o que é também observado nas lesões degenerativas. A ocorrência de tais

lesões já foram observadas simultaneamente em esqueletos de cetáceos (De

Smet, 1 977a; De Guise et ai. , 1 994; Kompanje, 1 999; Gorzelany et ai. , 1 999).

Alterações de desenvolvimento e degenerativas não foram observadas

isoladamente nos indivíduos. As razões podem se dever ao fato de que as

anomalias de morfogênese, por exemplo, costumam ocasionar outras lesões,

sejam elas traumáticas e/ou degenerativas, como uma conseqüência secundária.

Alterações de origem degenerativa do tipo artrose, envolvem animais de idade

avançada que, por sua vez, tem também maior chance de apresentarem sinais de

outros tipos de lesões adquiridas ao longo da vida.

4.4 - Alterações Ósseas por Região da Coluna Vertebral

As regiões mais afetadas da coluna vertebral pelas alterações foram os

bloco cervical e torácico. A maioria dos exemplares apresentam uma ou duas

lesões no bloco cervical e torácico, nenhuma ou uma alteração no bloco lombar e

nenhum tipo de lesão na região caudal (n=44). As regiões lombar e caudal, com

um menor número de tipos de alterações, na maioria das vezes de origem

vértebras mais afetadas, em cada uma das regiões da coluna vertebral ,

Page 101: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

\

8 1

corresponderam aquelas localizadas em zonas de transição entre blocos

funcionais da coluna (C7, T1, Ca1) ou com processos vertebrais de maior tamanho

(L6). O mesmo foi observado para outras espécies (Korschelt, 1932; Slijper, 1936;

Ortner & Putschar, 1981).

As lesões registradas nos blocos cervical e torácico não apresentaram-se

associadas ao sexo dos indivíduos, embora estivessem relacionadas à idade,

maturidade física, tamanho e área de procedência dos espécimens. O aumento do

tamanho durante o crescimento possivelmente incremente à tensão exercida na

coluna vertebral. As chances de ocorrência de artrose, sobretudo envolvendo as

articulações das zigapófises (ausentes nas demais regiões da coluna vertebral)

aumentam nas regiões cervical e torácica conforme o indivíduo envelhece. Os

indivíduos da área central fluminense apresentaram um maior número de tipos de

lesões no bloco cervical, provavelmente fruto da maior idade e maior incidência de

lesões degenerativas e de desenvolvimento.

A região torácica foi afetada por lesões das quatro naturezas, porém a

maioria dos exemplares apresentavam somente um tipo de alteração óssea,

correspondente a modificações nas epífises vertebrais da primeira vértebra. As

lesões no bloco torácico podem estar relacionadas ao impacto absorvido pelas

primeiras vértebras, pois é o primeiro grande bloco depois das vértebras cervicais.

Além disso, o bloco corresponde a uma área de constante tensão, devido à menor

flexibil idade do conjunto formado pela caixa torácica e sua l igação com as costelas.

Essas possivelmente são mais suscetíveis a impactos por sua local ização na

região de maior circunferência do animal.

A maioria dos indivíduos apresentavam dois ou três tipos de lesões na

região cervical, não havendo casos de alterações infecciosas. As lesões neste

Page 102: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

82

bloco, possivelmente, estejam relacionadas a um maior impacto absorvido e por

apresentar maior fragilidade devido à sua compressão nos cetáceos. A sua

localização, entre a caixa craniana e o bloco torácico, leva a uma maior freqüência

de alterações de origem traumática e degenerativa, além das modificações em

suas epífises vertebrais.

4.5 - Número de Categorias de Alterações Ósseas em Vértebras Cervicais

Quanto às alterações nas vértebras cervicais, pode-se notar um número

menor de lesões no complexo atlas e áxis. Provavelmente o complexo seja mais

resistente aos impactos sofridos, em consequência de suas características quanto

ao tamanho e volume derivados do fusionamento das vértebras. O número de

casos com alterações parece aumentar à medida que as vértebras exibem uma

posição mais caudal no bloco, sendo a 7ª vértebra cervical a mais afetada por

alterações (com exceção da 3ª vértebra cervical que apresenta um número

superior de peças afetadas quando comparada à 4ª cervical). A 3ª vértebra cervical

apresentou uma freqüência maior de dois ou três tipos de alterações do que as três

vértebras mais posteriores. Possivelmente isto se deva ao fato de que esta

corresponda à primeira vértebra comprim ida do bloco após o conjunto atlas-áxis. A

7ª vértebra cervical, área mais afetada por lesões, corresponde a zona de

transição entre os blocos funcionais, além de constar como região de apoio para os

capítulos do primeiro par de costelas verdadeiras.

Embora o coeficiente de determinação múltiplo seja relativamente baixo, a

análise mostra a relação do comprimento do bloco torácico com o número de

lesões em C3, C5 e C7. Pode-se notar que o aumento do número de alterações

nestas vértebras está correlacionado ao maior comprimento do bloco torácico. Isso

Page 103: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

83

possivelmente exerça pressão principalmente sobre as vértebras localizadas em

zonas de transição. A 5ª cervical corresponde a vértebra localizada na região

central do bloco funcional entre C3 e C7. Como o comprimento do bloco torácico

está de certa forma relacionado à maturidade f ísica, idade e sobretudo ao tamanho

do indivíduo, nota-se a associação, em algumas análises , do número de alterações

/"""\ em determinadas vértebras cervicais com esses parâmetros.

_,....._

4.6 - Alterações ("Dobras") em Epífises Vertebrais

Alterações semelhantes a sulcos de disposição radial , registradas nos

bordos das epífises vertebrais do bloco cervical e 1 ª vértebra torácica, foram

observadas primeiramente em um trabalho monográfico anterior (Fragoso, 1997),

sendo provisoriamente denominadas como "dobras" epifiseais. Tais modificações

não foram constatadas anteriormente na literatura osteológica ou patológica de

cetáceos. Sua ocorrência parece estar associada ao esforço nas epífises ,

possivelmente ocasionado pela compressão dos corpos vertebrais da região

cervical. Embora, haja a possibilidade de tais modificações serem uma

caracter ística de S. fluviatilis, inferências sobre estes aspectos somente poderão

ser realizadas após análises abrangendo esqueletos de outras espécies.

Na amostra estudada somente seis indivíduos com até um ano de idade não

apresentavam modificações em suas epífises vertebrais. Aparentemente as

"dobras" ocorrem já nos primeiros anos de vida do boto-cinza, aumentando em

número com o avanço da idade, pois indivíduos com um ano de idade já

apresentavam de duas à 27 "dobras" em suas epífises vertebrais. Em geral , a

,-... média do número de dobras é maior na epífise anterior do que na posterior de

cada vértebra, com exceção da 6ª e 7ª vértebras cervicais que apresentavam mais

Page 104: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

84

alterações nas epífises posteriores. Aparentemente, o número de "dobras" parece

aumentar em direção às vértebras localizadas na zona de transição entre o bloco

cervical e o torácico, sendo a epífise posterior da 7ª vértebra cervical a mais

afetada por tais modificações. A epífise anterior da 3ª vértebra cervical

apresentava número de dobras superior às epífises anteriores de C4, CS e C6,

possivelmente isso decorra da sua localização e de características quanto à

tamanho e volume do corpo vertebral.

O número de "dobras" nas epífises vertebrais, principalmente da r cervical

e 1 ª torácica, apresentou-se associado à idade, maturidade física, tamanho e área

de procedência dos indivíduos. A ocorrência de um número superior de "dobras"

nas epífises vertebrais dos indivíduos oriundos da área central fluminense,

provavelmente esteja associada às d iferenças nas idades dos indivíduos nas

amostras, já discutidas anteriormente. Possivelmente, diferenças nos valores

médios do número de "dobras" em relação às classes de idade estejam

relacionadas à variações do comprimento dos indivíduos, pois alguns desses, entre

oito e 15 anos, eram maiores que exemplares mais velhos. Não foram observadas

diferenças significativas no número de "dobras" epifiseais em relação ao sexo dos

exemplares, como registrado em análises abrangendo outros tipos de lesões

ósseas. Quanto às características das vértebras, o número de "dobras" apresentou

maior correlação com a posição das epífises. O número de "dobras" nas epífises

vertebrais também estavam associados ao volume e ao comprimento dos corpos

vertebrais. As relações geralmente observadas entre as lesões ósseas e as áreas

dos ossos que absorvem o impacto, citadas na literatura, não foram observada

neste estudo. Isso se deve, provavelmente, à grande semelhança dos valores de

área entre as epífises vertebrais da região cervical.

Page 105: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

' ·---

85

4. 7 - Alterações Traumáticas

Lesões oriundas de traumatismos foram as mais freqüentes (n=47; 62,67%)

nos esqueletos de boto-cinza. Registros de traumatismos em cetáceos resultantes

de interações com o ambiente, atividades humanas (interações com pesca,

choques com embarcações, etc.), relações inter- e intraespecíficas, são

constantemente relatados na literatura (Cockrill, 1 960; Dixon, 1984; Gallo-Reynoso

& Aguilar , 1 989; Odell et ai., 1 994; Me Fee et ai., 1997; Kendall et ai., 1998;

Fernandez-Rodriguez et ai., 1 999; Gorzelany et ai. , 1 999; Macnie & Goodall,

2000a, 2000b; Ramos et ai., 2000d), o que torna o presente resultado coerente

com o estado do conhecimento sobre o grupo. Contudo os registros de

traumatismos no esqueleto de cetáceos são muitas vezes omitidos na literatura por

não se tratarem, geralmente, de lesões que levem à morte dos animais (Baker &

Martin, 1 992; Deiter, 1 99 1 ), devendo, assim, o número de indiv íduos afetados por

tais lesões ser superior ao reportado.

Os casos de fraturas (n=40) formaram a maior parcela das alterações

traumáticas, sendo as costelas (n=22) a porção mais afetada do esqueleto.

Possivelmente essas estejam mais propensas à impactos devido a sua localização

na região de maior circunferência do animal. Casos de fraturas cicatrizadas ou

pseudo-artroses em costelas vêm sendo observados em diferentes espécies de

� cetáceos, incluindo delfinídeos de idades diversas (Slijper, 193 1 , 1 936, 1938;

Korschelt, 1932; Cowan, 1 966; de Smet, 1977a; Robineau, 1 98 1 ; Baker & Martin,

1992; Kompanje, 1 994; Kompanje, 1995a, 1995b; Siebert et ai. , 1997; Fernandez­

Rodriguez et ai. , 1 999). Contudo, nenhum registro na literatura foi encontrado para

o boto-cinza. A ausência de registros se deve, provavelmente, ao pequeno número

Page 106: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

86

de estudos osteológicos nesta espécie terem sido basicamente restritos ao crânio

(Borobia, 1989; da Silva, 1994).

Segundo De Smet (1977a) , fraturas em costelas de golfinhos parecem

ocorrer com certa frequência, geralmente derivadas de choques com animais ou

objetos de tamanho maior que não são capazes de perfurar a derme (Kompanje ,

1994). Contudo, casos de traumatismos penetrantes envolvendo costelas, oriundos

de colisões com hélices de embarcações e armas de fogo também podem ocorrer

(Kompanje, 1994).

""' O comportamento agressivo entre espécies distintas de golfinhos têm sido

citado como causa de freqüentes fraturas de costelas em toninha-do-porto (P.

phocoena) em águas escocesas (Kompanje, 1994). Indícios de lesões torácicas

derivadas de interações interespecíficas violentas entre cetáceos também foram

registradas em espécimens de golfinho-listrado ( Stenella coeruleoalba) e em

golfinho-pintado-pantropical (Stenella attenuatta) , Os indiv íduos apresentavam

fraturas em costelas e inflamações na região torácica, tais como pleurite

(Fernandez-Rodriguez et ai. , 1999).

Sinais de fratura em costela esternal foram observados em golfinho-nariz­

de-garrafa, Tursiops truncatus, por De Smet (1977a). Casos de pseudo-artrose

semelhantes ao observado na oitava costela de um exemplar de S. fluviatilis da

Baía de Guanabara, também já foram registrados anteriormente em outras

espécies (Korschelt , 1932; Kompanje, 1995b).

O percentual de indivíduos com fraturas em costelas (29,33%; n=75)

registrado neste estudo difere dos encontrados por De Smet (1977a) em T.

truncatus (50%; n=12) e por Kompanje (1995a) em L albirostris (4,65%; n=43). As

,., diferenças encontradas podem ser o resultado da natureza das séries analisadas,

Page 107: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

87

tanto em relação ao número amostral quanto à idade dos exemplares, além de

possíveis diferenças na suscetibilidade de distintas populações de cetáceos a

traumatismos.

Registros de fraturas em escápulas de odontocetos foram anteriormente

descritas no bordo escapular direito de um golfinho-pintado-do-Atlântico, Stenella

fronta/is, (Soto et ai, 1994) e de baleia-bicuda-de-cabeça-plana-do-sul, Hiperoodon

planifrons, (Barcellos, 1 997) no sul do Brasil.

As fraturas encontradas nos esqueletos dos exemplares com escoliose na " ,....,._ coluna vertebral são, provavelmente, resultado da pressão e atrito exercidos nas

peças ósseas devido aos movimentos anômalos causados pelo encurvamento da

coluna, o que pode ter alterado o padrão locomotor básico dos animais. Lesões

associadas ao encurvamento anômalo da coluna vertebral também foram

registradas por Kompanje (1 995a) em esqueleto de L albirostris.

As fraturas nas vértebras dos botos-cinza analisados no presente trabalho

estavam geralmente localizadas nas diapófises e neuroapófises vertebrais. A

localização das fraturas esteve relacionada ao tamanho dos processos (diapófises

e neuroapófises) e a exposição de cada região à impactos nas vértebras. As

fraturas na região torácica se restringiram às neuroapófises das últimas vértebras

do bloco, que apresentam os processos espinhosos mais longos que as primeiras.

Contudo as fraturas nas regiões lombar e caudal, que não apresenta a proteção

das costelas, predominaram nas diapófises vertebrais. O bloco lombar foi o que

apresentou um número maior de casos de fraturas em processos vertebrais

(n=1 O). Isso já era esperado, pois esta é a região da coluna vertebral cujas

vértebras possuem os processos espinhosos e transversos de maior tamanho. As

Page 108: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

88

fraturas na região caudal se restringiram às d iapófises das primeiras vértebras, que

....-, possuem o comprimento superior às demais.

Casos de fraturas em neuroapófises e d iapófises de vértebras de cetáceos

foram registrados anteriormente (Slijper, 1931, 1936; de Smet, 1977a; Robineau,

1981; Soto et ai. , 1994; Kompanje, 1995c; Macnie & Goodall , 2000a, 2000b). Soto

et ai. (1994) também registraram fraturas nas neuroapófises das últimas vértebras

torácicas (T12, T13) de S. fronta/is. Fraturas nas diapófises de vértebras lombares

foram observadas em um esqueleto de T. truncatus (de Smet, 1977a), e em

diapófises de vértebras caudais em um exemplar de orca, Orcinus orca (Kompanje,

1995c). Ambos apresentaram fraturas nas costelas, como alguns casos registrados

neste estudo. Macnie & Goodall (2000a) citam que aparentemente as fraturas em

apófises são relativamente comuns e não causam muitos problemas aos animais.

Tal afirmação parece ser coerente com os resultados encontrados para S. f/uviatilis

no Estado do Rio de Janeiro.

As vértebras; por vezes, são sujeitadas à altas pressões. A capacidade da

vértebra resistir a estas forças, normalmente depende da estrutura do osso, da

forma e tamanho da mesma, bem como das condições das junções, l igamentos e

músculos que se unem a vértebra, sobretudo, no disco intervertebral , com sua

estrutura altamente especializada (Nathan, 1962).

Alguns indivíduos apresentavam indícios de fratura por esmagamento em

corpos vertebrais na região entre Ca 11 e Ca 14. Isso se deve, possivelmente pela

proximidade com o centro de rotação anal da região caudal, que constitui um ponto

de mobilidade. Os centros de -rotação da caudal são áreas de grande tensão que

podem estar propensas à traumas, embora possuam discos intervertebrais mais

Page 109: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

89

espessos (Sl ijper, 1946). Sweeney (1990) também observou fraturas envolvendo

corpos vertebrais da região caudal de pequenos cetáceos.

O bloco cervical em S. fluviatilis mostrou um número alto de lesões, o que

: sugere que esta região seja mais suscet ível a traumatismos. Os cetáceos, devido à

compressão apresentada durante a evolução do bloco cervical (De Smet , 1977b),

apresentam vértebras cervicais bem finas. Na amostra estudada, a maioria das

fraturas em corpos de vértebras cervicais foram observados na 3ª. vértebra. A

maior fragilidade de C3 pode ser resultante do fato de esta corresponder à primeira

vértebra com comprimento reduzido na coluna vertebral a absorver os impactos

sofridos pela coluna. S. fluviatilis, como outros delfinídeos, apresenta o atlas e o

áxis fusionados (Carvalho, 1963; da Silva & Best, 1996) numa robusta peça, o que

pode conferir uma maior resistência aos impactos. Geralmente os estudos de

lesões em esqueletos não incluem análises das vértebras cervicais (Kompanje,

1995b), entretanto os resultados deste trabalho sugerem que esta seja uma área

crít ica do ponto de vista da biomecânica locomotora do animal.

Os casos de fratura na região da "pars interarticularis" da 7ª. cervical ,

registrados em três indivíduos, possivelmente estão relacionados à suscet ibilidade

desta área a traumatismos, por ser uma região de transição para o bloco torácico,

com menos flexibil idade devido ao complexo formado pelas costelas e o esterno.

Evidências de esforço também foram encontradas na região de apoio do cap ítulo

da 1ª . costela sobre a r. vértebra cervical. Casos de lesões na região da "pars

interarticularis" , denominados espondilolise, também foram observados em

material osteológico de humanos (Buikstra e Ubelaker, 1994).

De um modo geral, tal como em outras espécies e no ser humano (Slijper,

1936, 1946; Ortner & Putschar, 1981), foram as vértebras local izadas em zonas de

Page 110: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

90

transição entre blocos funcionais da coluna vertebral de S. f/uviatilis, tais como a

3ª. cervical, últimas cervicais, primeiras torácicas, a última lombar e a 1 ª. caudal , as

que mais apresentaram sinais de traumatismo. Uma análise detalhada da

distribuição dos traumatismos no caso de S. fluviatilis só pode ser feita a partir da

correlação com movimentos executados por esta espécie na natureza.

Um boto-cinza jovem do norte fluminense apresentava sinais reacionais à

trauma no palato. A lesão pode ter sido ocasionada pela perfuração de alguma

parte dura (p. ex. espinha) de um peixe no palato do indivíduo. A dieta dos

exemplares desta região é predominantemente composta por teleósteos (Oi

Beneditto, 2000), sendo o peixe-espada ( Trichiurus lepturus) a espécie mais

registrada nos conteúdos estomacais de espécimens jovens e adultos. Pescadores

relatam que em muitas ocasiões as cabeças de peixes-espada e tainhas são

descartadas pelo boto-cinza antes que os peixes sejam engolidos (Di Beneditto,

2000), o que poderia resultar em lesões na região bucal.

Traumatismos em ossos de cetáceos devido à interação com peixes já

foram registrados. Espinhos de raias já foram constatados na escápula de T.

truncatus (Me Fee et ai, 1997) e na vértebra lombar de um golfinho-comum,

Delphinus delphis (Gallo-Reynoso & Aguilar, 1 989). Odell et ai. (1994)

evidenciaram um pedaço do rostro de espadarte (Xiphias gladius) que havia

penetrado na região ventral do crânio de um cachalote-pigmeu (Kogia breviceps)

na Flórida.

-. O diagnóstico das lesões nas peitorais, no presente trabalho, foi auxiliado

por radiografias, que constituem importante ferramenta na análise osteopatológica.

Exames nesta região anatômica são de grande importância numa análise

patocenótica, pois trata-se de uma das áreas mais suscetíveis a ferimentos

Page 111: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

.------,

91

derivados de interação com artefatos de pesca ou com o meio (Ogden et ai., 198 1 ;

Deiter, 1 99 1 ). Walsh & Bossart ( 1999) estudando os peixes-bois (Trichechus

manatus) constataram que a seqüela mâis comum em traumas derivados de

interação com artefatos de pesca é o estrangulamento e amputação das

nadadeiras peitorais. Fragmentos destes artefatos podem permanecer enrolados

em torno das áreas lesionadas, tal como em um exemplar de cachalote, P.

macrocephalus, que apresentava um pedaço de rede em sua mandíbula amputada

(Casinos et ai., 1977).

As lesões encontradas em mandíbulas e nadadeiras peitorais de quatro

exemplares de S. fluviatilis foram derivadas de interações com aparatos de pesca

ou seus fragmentos. As nadadeiras e o rostro do boto-cinza são regiões que se

entrelaçam com facil idade nas redes (Lodi & Capistrano, 1 990). As lesões nas

nadadeiras peitorais se concentraram na base destas, o que confirma a h ipótese

de interação com atividades de pesca. As lesões cicatrizadas registradas nas

mandíbulas de uma fêmea (MZUSP 2561 1 ), morta devido à captura acidental em

rede de espera (Lodi & Capistrano, 1 990) , indicam uma interação com material

proveniente de atividades pesqueiras em um momento bem anterior à morte do

animal. Apesar da extensão de algumas lesões, estas não chegaram a inviabil izar

a locomoção e alimentação dos indiv íduos , pois os indícios ósseos mostram que

esses viveram alguns anos após o traumatismo. Contillo et ai. ( 1999) monitoraram,

através de foto-identificação, um filhote de L truncatus com lesões na mandíbula

devido à envolvimento com artes de pesca, por mais de dois anos. Aparentemente ,

o indivíduo, que apresentava remodelação óssea nas mandíbulas devido à

osteomielite cicatr izada, se comportou normalmente até sua morte que foi causada

por estrangulamento ocasionado por l inha de pesca.

Page 112: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

92

Um caso similar aos registrados neste estudo, foi observado anteriormente

na região norte fluminense, em um macho de boto-cinza de seis anos de idade que

apresentava lesões no rostro derivadas de envolvimento com atividades

pesqueiras (Ramos et ai., 2000d). Lesões na região rostral, resultantes de emalhe

com rede de pesca, foram também observadas em um boto-cinza do litoral

catarinense (Simões-Lopes & Xímenez, 1990). S. fluviatilis é uma das espécies

mais capturadas em operações artesanais na costa brasileira (Siciliano, 1994). O

envolvimento do boto-cinza com atividades pesqueiras, no l itoral do Estado do Rio

de Janeiro, vêm sendo relatado e monitorado nos últimos anos (Lodi & Capistrano,

1990; Siciliano, 1994; Brito et ai. , 1994; Di Beneditto et ai., 1998). Di Beneditto et

a/. (1998) relataram que as redes de espera são uma grande ameaça à espécie,

pois são colocadas em seu habitat preferencial.

4.8 - Alterações Infecciosas

Indícios de alterações ósseas de origem infecciosa foram relativamente

comuns (n=24; 32%) nos esqueletos de S. fluviatilis analisados. A maioria dos

casos (n=14) correspondem às lesões observadas nos alvéolos dentários. Os

alvéolos das porções proximais das mandíbulas foram os mais atingidos por

abcessos. Provavelmente, isto está relacionado ao modo de alimentação destes

animais. Segundo Sweeney (1978) , a osteomielite de alvéolo dentário, ocorre

secundariamente à infecções dentárias e é a alteração de natureza infeciosa mais

freqüente em esqueletos de cetáceos.

Sinais de doenças periodontais, abcessos alveolares, assim como lesões no

dentário são freqüentemente observados em odontocetos, sobretudo nos de idade

mais avançada (de Smet, 1977a). Há registros em cachalotes Physeter

Page 113: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

( , 93

macrocephalus (Cockrill, 1960), belugas Delphinapterus leucas (De Guise et ai.,

1994, 1995), toninha-do-porto P. phocoena (Siebert et ai. , 1997), orcas O. orca

(Kompanje, 1995c), golfinho-de-Risso Grampus griseus (Toussaint , 1977),

golfinho-de-dentes-rugosos Steno bredanensis (Fragoso, 1998), golfinhos-de-bico­

branco L. albirostris (Van Bree & Nijssen, 1964; Baker, 1992), golfinho-nariz-de­

garrafa T. truncatus (de Smet, 1977a), S. coeruleoalba (Toussaint, 1977) e

golfinho-comum D. delphis (de Smet, 1977a; Toussaint, 1977; Robineau, 1981).

Casos de osteomielite registrados a partir de alvéolos dentários também foram

evidenciados em odontocetos (Sweeney & Ridgway, 1975; Geraci, 1986; Baker,

1992).

Lesões alveolares, assim como observado neste estudo, foram registradas

em exemplares de odontocetos com idade avançada (De Smet, 1977a; Toussaint,

1977; De Guise et ai. , 1995, Kompanje, 1995c, Siebert et ai., 1997). De Smet

(1977), também registrou abcessos na porção proximal da mandíbula em T.

truncatus.

Alterações em alvéolos dentários de boto-cinza foram observados

anteriormente por Lavich (2000) (n=18) porém, nos oito casos com alterações , a

maioria das lesões era de origem traumática. Foi observada uma proporção maior

de alterações na porção proximal das mandíbulas e a maior proporção de adultos

afetados por alterações em alvéolos dentários, sendo tais achados semelhantes

aos registrados no presente estudo.

Kompanje (1995c), analisando 26 espécimens de O. orca, evidenciou uma

grande frequência de alterações dentárias, que englobaram casos de infecção e

desgaste dos dentes, representando as principais lesões observadas nos

esqueletos.

Page 114: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

94

Segundo Hillson (1986) as alterações patológicas ocorridas em qualquer

parte do périodonto repercutem com maior ou menor intensidade em todas as suas

estruturas, que correspondem ao cimento, alvéolo dentário, ligamentos e gengiva

(Della & Ferreira, 1981).

O desgaste dos dentes, que é mais severo nos indiv íduos velhos, é

apontado como a principal causa de lesões periodontais em cetáceos (De Smet,

1977a; Kompanje, 1995c), pois a exposição da cavidade pulpar abre o caminho

para infecção e osteomielite secundária. Dentes quebrados (De Smet, 1977a) e

ferimentos causados por lutas ou durante a alimentação (Cokril, 1960), permitem a

entrada de patógenos e iniciam o processo inflamatório.

Kompanje (1995c) em seu trabalho sobre orcas discute a poss ível relação

das lesões dentárias, muito comuns em algumas espécies de cetáceos, com a

disseminação de patógenos no organismo. Funcionam tais lesões como focos ou

portas de entrada para os agentes infecciosos. Porém, nos animais analisados no

presente estudo, não foi encontrada uma relação direta entre as ocorrências de

abcessos alveolares e alterações ósseas infecciosas em outras regiões do

esqueleto, pois somente três indivíduos apresentavam tais registros. Os registros

de doenças periodontais e outras lesões ósseas infecciosas também são raros em

outras espécies de golf inhos (Baker & Martin, 1992; De Guise et ai. , 1994).

Casos de lesões compatíveis com as derivadas por infecção são registrados

em esqueletos de várias espécies de cetáceos e geralmente são descritos como

osteomielites (Sweeney & Ridgway, 1975; Andersen, 1978; Morton, 1978; Foley,

1979; Kompanje, 1991, 1993a, 1993b, 1994, 1995a, 1995b, 1995c; Ferigolo et ai. ,

1996; Siebert ct ª'' 1997; Fragoso, 1998; Macnie e Goodall , 2000a; Meneze� &

Simões-Lopes, 2000). Segundo Kompanje ( 1994), infecções bacterianas,

Page 115: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

/'

95

causadoras de osteomielite e periosteite, são encontradas em mandíbulas,

vértebras, costelas e ossos das nadadeiras peitorais de cetáceos, podendo serem

resultantes de um trauma penetrante (osteomiel ite piogênica por infecção direta)

ou não (osteomielite hematogênica). Geraci (1986) e Sweeney (1990) citam a

ocorrência de osteomiel ite como provável resultado da infecção de fraturas

expostas ou outras lesões abertas. De acordo com Alexander et ai. (1989), o modo

de infecção dos organismos patogênicos nos cetáceos seria via hematogênica.

Nesse caso, as infecções no trato urinário também funcionariam como focos

primários levando por exemplo à osteomiel ite vertebral.

Possivelmente, os agentes infecciosos poderiam alcançar as estruturas

ósseas afetadas via corrente sangüínea, vasos l infáticos ou pela implantação direta

de microorganismos (Turnbul l & Cowan, 1999).

Osteomielites secundárias devido a traumatismos foram registrados em

mandíbulas de P. phocoena (Andersen, 1978; Kompanje, 1993) e L albirostris

(Kompanje, 1995a), porém as mandíbulas dos indivíduos anal isados de boto-cinza

não apresentavam tais indícios.

----

Assim como os resultados encontrados neste trabalho, de Smet (1977a) e

Siebert et ai. (1997) não observaram casos de infecção em costelas. A ocorrência

de osteomiel ite em costelas é rara em odontocetos (Kompanje, 1994, 1995c),

embora tenham sido registrados casos de osteomielite em costelas de golfinhos­

do-porto (Kompanje, 1994) e de orcas (Kompanje, 1995c).

O caso de artrite infecciosa observada na junta sinovial humero-escapular

de uma fêmea de S. fluviatilis assemelha-se àqueles descritos nesta mesma região

� por Turnbull & Cowan (1999) em T. truncatus e L. albirostris. Segundo Turnbull &

Cowan ( 1 999), o envolvimento axial é dominante nos casos de artrite em cetáceos.

Page 116: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

96

Devido à redução no número de articulações a articu lação úmero-escapular é a

única passível de artrite forà do esqueleto axial . Exames feitos em exemplares

foram positivos para microorganismos incluindo bactérias (Turnbul l & Cowan,

1 999). A existência de grande quantidade de l íquido na junta sinovial da articulação

úmero-escapular, pode favorecer o estabelecimento de focos infecciosos nestas

áreas.

Aparentemente, a região cartilaginosa das escápulas também pode ser

suscetível às infecções. Seis dos exemplares de boto-cinza com alterações

infecciosas possuíam lesões no bordo escapular. Um destes espécimens (UERJ­

MQ 1 27) apresentava sinais de regeneração de um profundo corte na base da

nadadeira peitoral esquerda.

Casos de lesões infecciosas em escápulas foram registrados em baleia­

minke Balaenoptera acutorostrata (Van Beneden, 1 870), orca (Kompanje, 1 995c) e

golfinho-de-dentes-rugosos S. bredanensis (Fragoso, 1 998). Um adulto de S.

bredanensis estudado por Fragoso ( 1 998) apresentava l ise periodontal , enquanto o

adulto de orca possuía a nadadeira peitoral deformada apresentando dois grandes

ferimentos.

As causas dos focos infecciosos instalados na região escapular podem estar

relacionadas a ferimentos e traumatismos sofridos tanto nas proximidades das

escápulas como nas nadadeiras peitorais. As escápulas, devido a sua localização

anatômica próxima à área de maior circunferência no animal , presumivelmente

estariam, assim como as nadadeiras peitorais, suscetíveis a ferimentos e traumas

ocasionados por relações inter ou intraespecíficas, assim como interações com

artefatos de pesca. Estes ferimentos serviriam como porta de entrada para

patógenOs. Casos de osteomielite em nadadeiras peitorais de delfin ídeos foram

Page 117: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

97

anteriormente registrados por Foley (1 979) e Kompanje (1 995c). A maioria desses

relacionados à ferimentos e traumas sofridos pelos animais. Van Nie (1 989)

registrou um exemplar de P. phocoena com abcessos nas nadadeiras peitorais,

além da coluna vertebral (van Nie, 1 989).

Casos de focos de infecção na coluna vertebral de golfinhos foram

registrados por vários autores, tais como Morton ( 1 978), van Nie ( 1 989) e

Kompanje (1 995b). Kompanje (1 999), em sua revisão sobre patologias em colunas

vertebrais de cetáceos, cita casos de espondilite infecciosa em vértebras de várias

espécies, incluindo delfinídeos. Alguns destes casos foram descritos anteriormente

como spondilosis deformans ou osteomielite vertebral (Slijper, 1 931 , 1 936; Morton,

1 978; Alexander et ai. , 1 989). Outros casos, citados como osteomielite, foram

registrados em P. phocoena (Siebert et ai. , 1 997) e L. australis (Macnie & Goodall,

2000a).

Espondilite infecciosa é uma doença inflamatória que afeta uma ou mais

vértebras devido à um processo infeccioso associado. Geralmente há a destruição

das facetas articulares na fase mais avançada e a formação de neoformações

ósseas bizarras (Kompanje, 1 999) e constitui-se em um processo localizado, sem

relação com a idade do animal, mas que pode estar associada a trauma

(Kompanje, 1 999).

A identificação dos patógenos das lesões ósseas é restrita a poucos

trabalhos, pois a maioria dos estudos é realizada através de análises em

esqueletos depositados em coleções. Bactérias do gênero Streptococcus foram

isoladas de um caso de espondi lite na região torácica (T2-T3) em P. phocoena

(Kompanje, 1 999) e de um filhote de leão-marinho-da-Califórnia, Zalophus

californianus, com espondilite na região cervical (Thomas-Baker, 1 986). Morton

Page 118: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

98

(1 978) registrou um caso de osteomielite piogênica na região caudal de um T.

truncatus que morreu devido à septicemia por Staphylococcus. Siebert et ai. ( 1 997)

relatam casos de osteomielite em P. phocoena, devido a infecção por

Staphylococcus aureus e J3-haemolitic Streptococcus em que alguns dos indivíduos

apresentavam múltiplos abcessos nos músculos. Frye & Herald (1 969)

identificaram a presença de Streptococcus sp., Proteus vulgaris, P. morganii,

Edwardsiella spp. e Clostridium perfringens em material coletado de abcessos

situados na região lombar de um peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis) de

cativeiro, que apresentava três vértebras lombares (L3 a LS) com lesões

osteolíticas.

O caso de espondilite registrado na região lombar (L6-L9) de um boto-cinza

neste estudo, assemelha-se a outros descritos na literatura para a espécie

(Ferigolo et ai, 1 996; Menezes & Simões-Lopes, 2000), embora Kompanje (1 999)

não tenha observado nenhum caso nos 20 esqueletos de S. fluviatilis analisados

quanto às lesões. Ferigolo et ai. (1 996) relatam um exemplar de S. f/uviatilis, do

litoral catarinense, com sinais de osteomielite no bloco cervical e lombar (L4 e L5).

Um outro indivíduo com osteomielite, oriundo da mesma região, apresentava dois

abcessos apoiados dorsalmente nas diapófises da 6ª. vértebra lombar e um

terceiro situado abaixo da coluna vertebral (Menezes & Simões-Lopes, 2000). A

região lombar nos humanos é igualmente afetada por infecções (Henriques, 1 958).

A região lombar de dois botas-cinzas analisados neste estudo foi afetada

'"' por espondiloartrite. Ambos apresentavam sindesmófitos bem desenvolvidos

semelhantes aos casos descritos na literatura (Kompanje, 1 999). Em um exemplar

com escoliose (Fragoso & Lima, 1 998) , quatro vértebras lombares (L9 a L 1 2)

I'""\ estavam anquilosadas devido às pontes formadas pelos sindesmófitos. Os indícios

Page 119: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

99

de espondiloartrite se estendiam até as primeiras vértebras caudais. Em outro

caso, além da região lombar (LS a L6), a região torácica (TS a T9) também foi

afetada pela espondiloartrite.

A espondiloartrite, embora seja uma doença que afete as articulações, está

mais relacionada a ativação do sistema imunológico desencadeada por infecção no

organismo do que propriamente a processos degenerativos ligados ao

envelhecimento dos indivíduos (Kompanje, 1999).

Na literatura, até a recente revisão de Kompanje (1999) os casos de

espondiloartrite em cetáceos eram citados na maioria das vezes como spondilosis

ou spondylifis : deformans (Slijper, 1931, 1936; Paterson, 1984; Kompanje, 1995b;

Fragoso & Lima, 1997, 1998). Casos de espondiloartrite foram registrados em

várias espécies de odontocetos, incluindo delfinídeos (Yamada, 1954; Van Bree &

Duguy, 1970; De Guise et ai., · 1994; Kompanje, 1995b, 1999). Casos afetando

simultaneamente as regiões torácica, lombar e caudal da coluna vertebral foram

registrados em esqueletos de B. physa/us e L. albirostris (Slijper, 1936; Kompanje,

1999). Um exemplar de L. albirostris que possuía curvatura na coluna vertebral,

como um dos casos de boto-cinza analisados, apresentava igualmente a região

lombar com sindesmófitos. As pontes intervertebrais horizontais observadas na

região lombar de um dos casos descritos (UERJ-MQ 33) eram semelhantes

àquelas ilustradas por Van Bree & Duguy (1970) na região torácica de um L

albirostris com espondiloartrite.

Casos de espondiloartrite associados à doenças inflamatórias do intestino

são registrados em humanos (François et ai., 1995), levando-se a crer na

possibilidade de infecções intestinais servirem de focos primários de lesões de

origem infecciosa em vértebras da coluna vertebral. Casos de enterite foram

Page 120: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

100

registrados anteriormente em várias espécies de pequenos cetáceos, incluindo

delfinídeos (Sweeney & Ridgway, 1975, Andersen, 1978; Sweeney 1978; Baker,

1992; de Guise et ai. , 1994, 1995; Di Guardo et ai. , 1995). Um dos exemplares (O.

leucas) apresentava espondiloartite na região torácica (T1 0-T11) da coluna

vertebral (de Guise et ai., 1994, 1995). A bactéria Pasteurella multocida foi

identificada como causa da enterite hemorrágica em T. truncatus (Sweeney &

Ridgway, 1975).

Indícios infeciosos na região caudal, foram somente observados em um

único exemplar de S. fluviatilis, que apresentava três vértebras caudais (Ca5 a

Ca7) fusionadas juntamente com dois arcos hemais. A ausência de lesões

traumáticas e osteolíticas, bem como a ausência de cavidades sugestivas de

processo séptico indicam a possibilidade de infecção por fungos.

Casos de infecção na região caudal de odontocetos, já foram registrados

anteriormente (Morton, 1978; Alexander et ai. , 1989; Kompanje, 1995a, 1995c,

1999). Como o descrito neste estudo, alguns envolviam anquilose de arcos

hemais, como o observado em uma fêmea adulta de baleia-bicuda-de-Sowerby

(Mesoplodon bidens) com espondilite (Ca3 a Ca5) (Kompanje, 1995a, 1999) e em

dois botos-cinzas do litoral catarinense (Ferigolo et ai , 1996), que apresentavam

lesões envolvendo Ca4 a Ca5 e Ca7 a Ca10. Ferigolo et ai. (1996), sugerem que

as lesões sejam consideradas como oriundas de processos infecciosos crônicos,

devido a ação bacteriana ou micótica que pode ter sido ocasionada por

tuberculose, coccidioidomicose, nocardiose e equinococcose.

Patógenos identificados em abcessos de lesões infecciosas em esqueletos

de mamíferos marinhos, tais como, Streptococcus sp. , Proteus morganii e

C/ostridium perfringens (Frye & Herald, 1 969; Morton, 1 978; Thomas-Baker, 1 986;

Page 121: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

10 1

Kompanje, 1 995b; Siebert et ai., 1 997), já foram registrados anteriormente em S.

fluviatilis (Grenwood & Taylor, 1 979b).

Casos de infecções por bactérias e fungos em S. fluviatilis, a maioria

registrada em espécimens de cativeiro, já foram citados na literatura, atingindo a

pele, trato respiratório e digestivo dos indivíduos, variando de sintomas leves à

causas de septicemia fatal (Grafton, 1 968; Bandoli, 1 968; Bandoli & Oliveira, 1 977;

de Vries & Laarman, 1 973; Greenwood & Taylor, 1 979b).

As micoses, tanto em humanos como em animais, representam somente

uma pequena, mas importante, fração das doenças infecciosas (Nicholls, 1 993).

Cordes ( 1 982) cita que as lesões cutâneas ocasionadas por fungos nos golfinhos

ocorrem primeiramente na região dos orifícios (narinas, boca, genitália) e então se

espalham pelo corpo do animal, podendo levar . o mesmo à morte. Num destes

casos foi registrado um exemplar com candidiase que apresentava osteomielite na

coluna vertebral. Um exemplar de orca foi registrado com Aspergillus fumigatus na

medula vertebral (Reidarson et ai. , 1 999).

Bandoli ( 1 968) registrou a presença de hifas e esporos, provavelmente do

gênero Aspergi/Jus, nos pulmões de um boto-cinza jovem oriundo da Baía de

Guanabara. De Vries & Laarman ( 1 973), além de Loboa loboi, registraram

Glenospora grahii e Torulopsis haemalonii, fungos considerados não patogênicos,

na pele de S. fluviatilis.

A ocorrência de microorganismos que possam atuar como potenciais

patógenos já foram descritos em análises de água do litoral fluminense (Hagler &

Mendonça-Hagler, 1 981 ; Araújo et ai., 1 990; Guimarães et ai., 1 993), o que dá

suporte a hipótese de origem infecciosa nas lesões ósseas observadas em S.

fluviatilis neste estudo.

Page 122: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

102

Um exemplar adulto de boto-cinza do norte fluminense apresentava a região

dos ossos pterigóides com sinais reacionais sugestivos de infestação por parasitos

nos sinus craniais. Infestações de parasitos nos sinus craniais são comuns na

maioria das espécies de pequenos cetáceos (Dailey & Brownell, 1973). As lesões

observadas na região dos pterigóides são semelhantes às descritas anteriormente

para crânios de delfinídeos infestados com parasitos (Dailey & Perrin, 1973;

Robineau, 1975; Dailey & Stroud, 1976; Perrin & Power, 1980; Raga et ai., 1982;

Walker et ai., 1986). O diagnóstico diferencial , tal como em outras lesões

osteolíticas, entretanto, afasta a hipótese de processo tafonômico ou lesões pós­

morte provocadas por outros organismos.

A identificação do agente etiológico nem sempre é possível, já que, na

maioria das vezes, as lesões são registradas através de áreas erodidas

observadas em crânios depositados em museus (Lopez-Fernandez et ai. , 1999).

As lesões líticas no crânio envolvem infecções da mucosa e das cavidades, tais

como sinusite purulenta e também osteítes (Raga et ai., 1982). Espécies de

nematódeos do gênero Crassicauda e trematódeos do gênero Nasitrema são

frequentemente encontrados em sinµs cran iais de delfin ídeos (Perrin & Powers,

1980; Geraci, 1986; Thurman, 1987) causando processos inflamatórios e

infecções. A maioria das lesões encontradas nos sinus do pterigóide de delfin ídeos

são associadas à presença de tais nematódeos, embora outras espécies do grupo

possam também estar envolvidos (Dailey & Perrin, 1973; Cowan et ai., 1986).

Segundo Sweeney & Ridgway (1975), as infecções bacterianas que

geralmente acompanham infestações de Nasitrema sp. predispõem os cetáceos

afetados para recorrência de doenças do trato respiratório. Espécies de fungos do

Page 123: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

103

gênero Candida também já foram registradas em sinus craniais de delfinídeos

(Reidarson et ai, 1999).

Dailey & Perrin (1973), examinando 129 espécimens de S. attenuata,

encontraram lesões no crânio devido a infestação por parasitos em somente 13,2%

da amostra (n=17). O percentual de infestação encontrado por Dailey & Powers

(1980) foi baixo (7,81%) nos 704 crânios analisados. A taxa de infestação para a

amostra de S. fluviatilis no presente trabalho foi também extremamente baixa

(1,35%, n=74).

Casos de infestação por Nasitrema attenuata nas cavidades nasais foram

registrados em exemplares de cativeiro de S. fluviatilis, provenientes do litoral da

Colômbia (Bossenecker, 1978 ; Gibson & Harris, 1979; Greenwood & Taylor,

1979a) . Não há, no entanto, registros de infestação de tais parasitas para a

espécie na costa brasileira. Registros de parasitos no trato respiratório de S.

fluviatilis já foram realizados anteriormente em exemplares do litoral sul e sudeste

brasileiro (Uns de Almeida, 1933; Santos et ai., 1996; Marigo et ai, 2000). Santos

et ai. (1996) não constataram parasitas em sinus craniais dos exemplares de boto­

cinza analisados do norte fluminense. Contudo, Nasitrema sp. foi registrado em

cavidades craniais de um espécimen dentre quatro de T. truncatus analisados,

sugerindo a presença do parasito na região. O exemplar aqui estudado é o

primeiro relato sugestivo de infestação de parasitas em sinus craniais de S.

fluviatilis na costa brasileira . O fato de ser um achado único na série corrobora o

que sabemos sobre o comportamento dessa infestação, a qual, se existente, deve

ocorrer em baixíssima prevalência nesta espécie na costa fluminense.

Page 124: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

104

4.9 - Alterações Degenerativas

Alterações chamadas degenerativas são encontradas em indivíduos de

idade avançada e são comumente chamadas de artrose. A artrose está

relacionada ao esforço crônico e repetitivo, sendo uma condição patológica

progressiva associada ao envelhecimento. Os casos de artrose observados nas

epífises dos corpos vertebrais são denominados de discartrose, enquanto aqueles

encontrados nas zigapófises das vértebras são chamados de zigartroses (François

et ai. , 1995). A maioria dos registros de artrose nos cetáceos envolve a coluna

vertebral, geralmente resultante de um processo avançado de degeneração dos

discos intervertebrais (Kompanje, 1995a, 1999), porém outras articulações do

esqueleto podem também ser afetadas por artrose (de Smet, 1 977a; Siebert et ai,

1996; Terasawa et ai., 1997; Turnbull & Cowan, 1999).

Alterações ósseas de origem degenerativa foram registradas em um terço

dos espécimens de S. fluviatilis analisados. A maioria desses apresentavam sinais

de artrose na coluna vertebral (31%, n=75), sendo as regiões cervical e torácica as

mais afetadas.

Furtado & Simões-Lopes (1999) analisando alterações senil degenerativas

na coluna vertebral de odontocetos, incluindo espécimens de S. f/uviatilis do litoral

catarinense, também registraram lesões em diferentes regiões da coluna vertebral,

sendo a região torácica a mais afetada por casos de discartrose.

Os casos de discartrose encontrados em S. fluviatílis neste estudo (6,67%,

n=75), estavam tanto relacionados ao envelhecimento do animal como ao aumento

de esforço na coluna vertebral, oriundo de traumatismos ou anomalias de

morfogênese, além daqueles associados à espondiloartrite. Os sinais de artrose

Page 125: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 05

foram observados nas facetas craniais e caudais de vértebras torácicas, lombares

e caudais. Fragoso & Lima (1997) também registraram casos de alterações

degenerativas em colunas vertebrais de indivíduos imaturos, alguns inclusos na

presente série analisada, associadas a traumatismo ou anomalia congênita.

Os resultados mostram que alterações degenerativas, mesmo ocorrendo em

maior frequência em animais de idade avançada, podem ocorrer associadas à

outros tipos de lesões em indivíduos mais jovens. Kompanje (1999) afirma que a

discartrose por ser uma doença relacionada não só a idade, mas também ao

aumento de esforço na região de articulação entre as vértebras, distribui-se

preferencialmente nos locais onde a coluna sofre grande tensão. Tal patologia

pode ser diagnosticada como uma degeneração do disco intervertebral com

discartrose secundária. Certas espécies, tais como L albirostris, parecem ser mais

vulneráveis a degeneração do disco intervertebral com discartrose que outras

espécies de cetáceos (Kompanje, 1996). Segundo Kompanje (1995a), durante a

necrópsia de alguns delfinídeos da espécie L albirostris foram observados sinais

de degeneração do disco intervertebral. Casos de discartrose foram descritos em

espécies de odontocetos, a maioria referentes a delfinídeos (Omura, 1972; Wells &

Lawrence, 1976; Robineau, 1981; Walker et ai, 1986; Soto et ai., 1994; Fragoso,

1998; Fragoso & Lima, 1998; Furtado & Simões-Lopes, 1999; Kompanje, 1999),

alguns citados como osteocondrose ou espondilose. Siebert et ai (1997) e Macnie

& Goodall (2000a), citam entre alterações ósseas, observadas em pequenos

cetáceos, casos de espondilose, com ou sem anquilose das vértebras, que

provavelmente devem incluir discartrose. Kompanje (1999) registrou, assim como

no presente estudo, um caso de discartrose associado à espondiloartrite na região

lombar em delfinídeo da espécie L albirostris.

Page 126: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

106

Em S. f/uviatilis, a maioria dos casos de zigoartrose estão relacionados à

região cervical e torácica, como observado para outras espécies de delfínideos por

Kompanje ( 1 999). Isso se deve, provavelmente, ao número reduzido de vértebras

com articulação zigapofisária bem desenvolvida em outras regiões da coluna. A

região mais atingida no bloco cervical foi a articulação zigapofisária entre o áxis de

C3, que corresponde à uma zona de alto impacto devido à diferenças de volume e

comprimento entre as peças. A maioria das lesões no bloco torácico

corresponderam as juntas das primeiras torácicas que são mais desenvolvidas,

com uma maior área de encaixe.

O percentual de indivíduos com alterações degenerativas na coluna

vertebral (31%; n=75) registrado neste estudo, difere dos encontrados por Furtado

& Simões-Lopes (1999) em indivíduos da mesma espécie oriundos do litoral

catarinense (10%; n=20). Kompanje (1999) não registrou nenhum caso de

alteração óssea nos esqueletos de S. fluviatilis em seu estudo (n=20). As

diferenças encontradas podem ser o resultado de diferenças na natureza das

séries estudadas, tanto em relação ao número amostral quanto à idade dos

exemplares. Furtado & Simões-Lopes (1999), analisando outras espécies de

odontocetos, registraram a maior o porcentagem de alterações degenerativas

(62,5%, n=8) no golfinho-pintado-do-Atlântico (Stenella fronta/is).

Os dois espécimens de S. fluviatilis que não apresentavam evidências de

artrose na coluna vertebral eram indiv íduos imaturos com 8 anos de idade. As

alterações degenerativas encontradas nas facetas articulares das fossas glenóides

e articulações costo-esternais estavam provavelmente relacionadas à anomalias

de desenvolvimento ou esforço sofridos pelos exemplares o que deve ter acelerado

o processo de desgaste das articulações nas regiões afetadas.

Page 127: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

107

Há poucos registros de alterações e doenças encontradas nas articulações

sinoviais de cetáceos, embora casos de artrite não inflamatória, uma doença

degenerativa, sejam relativamente comuns em várias espécies de mamíferos

silvestres (Turnbull & Cowan, 1999). Casos de artrose em juntas das articulações

do atlas-occipital e/ou úmero-escapular, assim como os descritos neste estudo,

foram registrados em outras espécies de pequenos cetáceos (de Smet, 1977;

Siebert et ai, 1996; Terasawa et ai. , 1997; Turnbull & Cowan, 1999). Em um dos

casos o indivíduo, uma fêmea com dentes bastante desgastados, apresentava

sinais claros de artrose nas facetas articulares dos côndilos occipitais.

4. 1 O - Anomalias de Desenvolvimento

Anomalias de morfogênese ou do desenvolvimento foram as menos

freqüentes (n=22; 29,33%) nos esqueletos de boto-cinza do litoral fluminense.

Essas atingiram principalmente o campo de desenvolvimento do mesoderma

paraxial, havendo um número de casos superior de alterações de forma dos ossos.

A região torácica correspondeu a região da coluna vertebral mais atingida.

As doenças congênitas dos ossos incluem uma grande variedade de

anomalias restritas a um osso ou presentes em vários ossos. Anomalias de

morfogênese como as alterações do formato das vértebras, alterações numéricas

das mesmas, formação de vértebras incompletas, fusionamento de costelas e em

forma de Y, V ou X, são casos relatados na clínica veterinária (Robbins, 197 4;

Robbins & Cotran, 1983) e humana (Barnes, 1994).

Aparentemente o percentual de anomalias de desenvolvimento nos

indivíduos estudados foi superior ao encontrado em ossos de outras espécies de

cetáceos (Dailey, 1985; Sielbert et ai. , 1997; Gorzelany et ai, 1999), que costumam

Page 128: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

,,.

1 08

ser citados como raros em ocorrência. Defeitos de desenvolvimento podem ocorrer

em qualquer tecido do corpo e geralmente afetam de 1 a 5% de todos os

nascimentos da população (Sarnes, 1994).

Alterações de morfogênese foram registradas na caixa craniana de três

exemplares (4%) de S. fluviatilis. Num dos casos a anomalia na região mediana do

supraoccipital provavelmente foi resultante de centro de ossificação aberrante no

segmento durante o estágio blastemal. Alterações semelhantes são observadas na

caixa craniana de humanos (Sarnes, 1994). Alteração de morfogênese foi

anter iormente registrada no osso bassioccip ital de um crânio de D. delphis (Dixon,

1 984).

As alterações de forma e tamanho registradas nos côndilos occip itais

provavelmente foram ocasionadas devido a hipoplasia, durante o processo de

reorganização dos esclerótomos formadores dos côndi los e das primeiras

vértebras cervicais, assim como os registrados em humanos (Sarnes, 1994). Os

indivíduos, adicionalmente, apresentavam anomalias de desenvolvimento

envolvendo as facetas articulares do atlas.

Anomalias na região dos côndilos occipitais de cetáceos já foram

anteriormente registrados na literatura, havendo casos de ocorrência de côndilo

tertius (remanescente do hipocentro do proatlas) em espécies de odontocetos

(Robineau, 1968; Van Bree & Trebbau, 1974; Casinos & Puigdefàbregas, 1981),

além de casos de falha na segmentação entre côndilos occip itais e do atlas em T.

truncatus, que permanecem unidos durante a vida do animal (Gorzelany et ai. ,

1999). Casos de fusão do atlas aos côndilos occipitais foram citados na mesma

espécie por Flower (1879) e Van Sree & Duguy (1970), que relacionaram à

provável luxação. Contudo, um destes casos (Van Sree e Duguy, 1970), parece

Page 129: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

\

109

semelhante aos de origem congênita. Gorzelany et ai. (1 999) consideraram tal

anomal ia como de rara ocorrência pois em mais de 600 exemplares anal isados nas

duas últimas décadas somente quatro indivíduos apresentaram as citadas

alterações.

Dois exemplares de boto-cinza apresentavam alterações de tamanho das

diapófises do atlas. Slijper ( 1 936) i lustra a 7ª . vértebra cervical (p. 281 ) de um

exemplar da mesma espécie, tombado no Museu de Chicago e oriundo do

Suriname. Este apresentava a diapófise direita maior que a esquerda, como

provável ocorrência de costela rudimentar. Alterações no comprimento de

diapófises também foram registradas em G. melas (Cowan, 1 966) e B. musculus

(Crovetto, 1 982).

Falha de fechamento do arco neural , como a registrada na 1 ª . vértebra

torácica de um exemplar, também já foi registrada em vértebras de G. melas,

sendo a região torácica a mais afetada (Cowan, 1 966) .

Os casos de falha na segmentação dos esclerótomos na região cervical e

torácica de alguns espécimens de boto-cinza do l itoral fluminense são semelhantes

aos descritos na l iteratura em outras espécies de odontocetos (Slijper, 1 936;

Cowan, 1 966; Robineau, 1 98 1 ; Gallo-Reynoso & Agui lar, 1 989; Ortega-Ortiz,

2000). A maioria das falhas envolve neuroapófises. Cowan ( 1 966) também

registrou casos de blocos de vértebras unidos devido à causas congênitas em G.

melas.

As alterações encontradas em costelas de alguns exemplares de S.

fluviatilis analisados, são semelhantes às citadas na l iteratura paleo-patológica

(Sarnes, 1 994). Essas alterações encontradas nas costelas podem estar

correlacionadas a anomalias nas vértebras torácicas (Nieberle & Cohrs, 1 970) ,

Page 130: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

' '

\

1 1 0

como foi evidenciado em um dos indivíduos que apresentava anomalia na costela

correspondente à vértebra torácica com aplasia da diapófise. Anomalias

observadas em costelas esternais também parecem estar correlacionados a

alterações presentes no esterno. Anomal ias em costelas foram evidenciadas

anteriormente em cetáceos por Sl ijper ( 1 936). Yamada ( 1 954) reg istrou expansão

nas diapófises de vértebra torácica referente à costela, semelhante a um dos casos

descritos neste estudo. Korschelt ( 1 932) cita alterações no esterno de um exemplar

de orca; as possíveis causas não foram determinadas. A existência de poucas

informações quanto às anomal ias em costelas, esternos e hióides em cetáceos,

provavelmente se deva ao fato dos estudos patológicos se concentrarem na coluna

vertebral dos animais (Kompanje, 1 995a).

Caso de escoliose em S. fluviatilis foi somente relatado anteriormente por

Fragoso & Lima ( 1 998). Outros dois casos foram descritos no presente trabalho e

todos eles estão relacionados à má formação dos sômitos. Durante o

desenvolvimento dos animais houve também formação de pontes e l igações

ósseas entre as peças ósseas nas áreas de curvatura anômala. Nos exemplares

anal isados, assim como nos casos relatados em golfinhos de bico branco (Slijper,

1 936; Kompanje, 1 995b) , as anomal ias devem ter se desenvolvido durante a

morfogênese do animal , como pode ser deduzido através de deformações e

fraturas das apófises espinhosas e metapófises devido a tração muscular. Os

botas provavelmente viveram muitos anos com estas anomalias, a ju lgar pelas

mudanças patológicas da coluna.

Casos documentados de má-formação da coluna vertebral em cetáceos têm

sido associados a um d iverso leque de fatores causais. Existem poucos

detalhamentos de alterações em colunas vertebrais de cetáceos devido à

Page 131: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

-- - --· . -- - ----

1 1 1

anomalias de morfogênese (Berghan & Visser, 2000), sendo descritos casos em

narval Monodon monocerus (Korschelt, 1932), G. griseus (Nutman & Kirk, 1988), L

albirostris (Slijper, 1936; Kompanje, 1995b) e S. fluviatilis (Fragoso & Lima, 1998),

além do caso em feto de baleia fin B. physalus (Slijper, 1949). Um exemplar de L.

albirostris (ZMA 17232), analisado por Kompanje (1995b), apresentava cifose

atingindo a região entre L 12 a Ca17, deformações em diapófises e neuroapófises,

além de severa espondiloartrite na região lombar, como um dos casos descritos no

presente estudo (UERJ-MQ 33). Caso de escoliose congênita devido a hipoplasia

do corpo vertebral, como os apresentados em boto-cinza, foi registrado em um

narval por Korschelt (1932).

Desvios e alterações na coluna vertebral também podem ser causados por

doenças ósseas resultantes de infecção bacteriana (Kompanje, 1995a), geralmente

seguinte a trauma como reportado em Tursiops (Alexander et ai, 1989) e orca

(Kompanje, 1995c). Contudo desvios traumáticos da coluna vertebral, resultantes,

por exemplo, de choque com embarcação, podem ocorrer sem espondilite

infecciosa, como registrado em Tursiops (Kompanje, 1999).

Casos de desvios ou encurvamento da coluna vertebral já foram observados

em cetáceos em ambiente natural ou em cativeiro, envolvendo jubarte (Osmond &

Kaufman, 1998), cachalote (Berzin, 1971; Dailey, 1985), beluga (Johnston &

McCrea, 1992), P. phocoena (Andersen, 1978), além de delfinídeos (Sweeney &

Ridgway, 1975; Wells & Scott, 1997; Berghan & Visser, 2000), não havendo a

determinação das prováveis causas das alterações. Berghan & Visser (2000)

observaram casos de escoliose associados ou não à cifose ou lordose em O. orca,

T. truncatvs e golfinho de Hector C�pha/Qrhynchu� hectori em ambiente natural e

em cativeiro.

Page 132: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

-

1 12

A l�ngevidade de delfinídeos com anomalias na coluna vertebral não é

conhecida. Contudo, o registro de dois indiv íduos com tais deformidades,

monitorados em ambiente natural por mais de 8 e 20 anos (Berghan & Visser,

2000), sugerem que alguns animais são capazes de sobreviver por vários anos e

até mesmo alcançar a idade adulta , como nos casos descritos em boto-cinza neste

estudo. A longevidade de delfinídeos com má-formação dependerá largamente da

extensão e complicações resultantes da anomalia (Berghan & Visser, 2000).

As alterações encontradas nas porções distais de maxilas e mandíbulas de

espécimens de boto-cinza do litoral fluminense, provavelmente constituem

anomalias de desenvolvimento do tipo hipoplasia unilateral. A ausência de sinais

de traumatismo, bem como a ocorrência de anomalias em outras regiões do

esqueleto na maior parte dos indivíduos, reforçam a hipótese de alterações de

morfogênese.

A maioria dos animais com curvatura no rostro são provenientes da região

da Baía de Guanabara. Porém, uma análise futura com um maior número de

crânios deve ser realizada para possíveis inferências quanto a relação de tais

alterações e as regiões de ocorrência dos animais. Aparentemente, tais alterações

não afetaram o desempenho dos indiv íduos.

Slijper ( 1 976) ressalva que as alterações nas mandíbulas, devem causar

efeitos sobre o desempenho na alimentação e locomoção dos cetáceos, mas que

geralmente os indivíduos chegam a fase adulta ou vivem por muitos anos.

Exemplares de cachalotes examinados com deformidades nas mandíbulas,

possuíam conteúdo estomacal (Nakamura, 1 968), o que sugere que os animais

alimentavam-se normalmente.

Page 133: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 13

Casos de encurvamento do rostro foram relatados anteriormente em

pequenos cetáceos, envolvendo exemplares de golfinho-listrado Stenella

coeruleoalba (Tobayama & Uchida, 1964), boto-rosa lnia geoffrensis (Casinos &

Puigdefàbregas, 1981), franciscana Pontoporia blainvillei (Ott et ai. , 1996). Um

exemplar de S. fluviatilis do litoral catarinense também apresentava alterações na

região rostral (Menezes & Simões-Lopes, 2000) . Casos de alterações relacionados

ao tamanho do rostro foram observados em botos-rosas (Kendall et ai, 1998).

As causas das alterações de maxilas e mandíbulas estão geralmente

ligadas a remodelação assimétrica após traumatismos ou à anomalias de

morfogênese (Nakamura, 1968; Sarnes, 1994; Ott et ai. , 1996). Porém descrições

detalhadas muitas vezes não constam nos trabalhos sobre cetáceos (Nakamura,

1968), o que dificulta uma análise causal. Casos de anomalias de

desenvolvimento, assim como encurvamento de maxilas e mandíbulas têm sido

reportados em fetos de misticetos (Nishiwaki, 1957; Cockrill, 1960; Kawamura,

1990). Embriões de S. coeruleoalba com severas má-formações têm sido relatados

(Kawamura & Koshita, 1971; Kamiya & Miyazaki, 1974), havendo a descrição de

um feto com dicefalia que apresentava uma das cabeças com mandíbula

encurvada (Kamiya et ai., 1981).

A maioria (90%) dos defeitos de desenvolvime�nto é causada por influências

genéticas (Patton, 1987), que podem ser resultantes de desordens num único

gene, desordens cromossômicas ou desordens multifatoriais. As desordens

multifatoriais, as mais freqüentes, são o resultado da interação entre fatores

genéticos (intrínsecos) ou de fatores genéticos e ambientais (extrínsecos), cujos

efeitos destes últimos são conhecidos como interação epigenética. Os fatores

Page 134: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 14

extrínsecos podem ser mecânicos, químicos, nutricionais, desequilíbrios hormonais

da mãe, variações na pressão do oxigênio, radiação ou infecção (Sarnes, 1994).

Grande parte das desordens multifatoriais ocorrem quando um determinado

processo limiar de desenvolvimento, determinado geneticamente, em essência, é

atingido durante a morfogênese (Sarnes, 1994). Geralmente tais distúrbios

ocorrem quando células recém-formadas estão se proliferando, diferenciando ou

migrando. O distúrbio mais comum está relacionado ao atraso no tempo de um

evento limiar o que pode levar a distintos graus de subdesenvolvimento

(hipoplasia) ou ausência (aplasia) de elemento ou estrutura em desenvolvimento

(Barnes, 1994).

Casos de anomalias ósseas de desenvolvimento encontrados em espécies

de cetáceos têm sido relacionados à baixa variabilidade genética (Kendal l et ai,

1998; Ortega-Ortiz et ai., 2000). Porém estudos genéticos recentes em vaquitas,

Phocoena simus (Ortega-Ortiz et ai. , 2000), indicam que a baixa variabilidade

genética nos indivíduos está mais relacionada a fatores filogenéticos,

provavelmente deriva gênica, do que à redução populacional das últimas décadas.

Watson & Bonde ( 1986) postulam que má-formações congênitas em

esqueletos de mamíferos marinhos podem ser um indicador de contaminação

ambiental pois contaminantes geralmente se acumulam e ficam concentrados em

predadores de topo de cadeia alimentar, como cetáceos e pinípedes. Possíveis

relações entre a contaminação por organoclorados e doenças, incluindo anomalias

ósseas, vêm sendo investigadas nos últimos anos nas belugas do estuário do Rio

St. Lawrence no Canadá (Johnston & Me Crea, 1992), porém os estudos não são

ainda conclusivos (O'Shea & Geraci, 1999).

t'

Page 135: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 1 5

A potencialidade d e considerar a ocorrência de assimetria, possível

indicativo de desvios do programa genético básico, como um critério de avaliação

do stress ambiental em populações de mamíferos têm sido reconhecida

recentemente (Leary & Allendorf, 1 989). Porém o termo stress ambiental é

bastante genérico e engloba possivelmente impactos gerados por naturezas

distintas.

As causas de desordens e anomalias de desenvolvimento não podem ser

determinadas através das observações osteológicas. Portanto investigações

futuras, abordando aspectos tais como contaminação e fluxo gênico, devem ser

realizadas nas populações de S. fluvíatilís da costa fluminense para verificação de

possíveis relações com as anomalias de desenvolvimento encontradas no presente

estudo.

A escassez de descrições detalhadas a respeito das lesões encontradas em

esqueletos de cetáceos e de trabalhos que incluam informações quanto às

características dos espécimens analisados, além do uso de terminologias distintas,

dificultam a comparação entre os achados osteo-patológicos neste grupo. Porém,

os resultados encontrados neste trabalho retratam um panorama geral das lesões

em esqueletos de boto-cinza do litoral fluminense facilitando comparações futuras

com amostras de outras regiões. Os poucos trabalhos de osteopatologia em

cetáceos que abordam as características dos indivíduos (Kompanje, 1 995b) muitas

vezes não utilizam uma perspectiva estatística para avaliar os resultados

encontrados. Tal perspectiva, particularmente considerando as características

biológicas do grupo, podem futuramente, constituir uma importante ferramente na

avaliação da suscetibilidade de populações de cetáceos a impactos sofridos nos

..----. ambientes onde vivem.

Page 136: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 16

5 - CONCLUSÕES

A maioria dos espécimens de S. f/uviatilis (77,3%) da costa do Estado do

Rio de Janeiro apresentou algum tipo de alteração no esqueleto, fosse esta de

.-----. natureza traumática (n=47), degenerativa (n=25), infecciosa (n=24) ou de

desenvolvimento (n=22). Um pequeno número (n=4) apresentou lesões

abrangendo todas as categorias. As lesões traumáticas foram as alterações

ósseas mais freqüentes (62,7%) nos espécimens.

O número de categorias de alterações ósseas e de ossos afetados

geralmente tendeu a aumentar com o avanço da idade do animal e também com o

tamanho deste, sendo fortemente influenciado pelas categorias de lesões

traumáticas e degenerativas, que são cumulativas com a idade. Os indivíduos de

sexos distintos, de maneira geral, apresentaram freqüências similares de

alterações ósseas e número de ossos afetados por lesões.

Os indivíduos oriundos da área central do litoral fluminense (Baía de

Guanabara) apresentaram uma maior incidência de alterações ósseas

degenerativas e de desenvolvimento, e de outras lesões ósseas. Alterações

degenerativas estiveram relacionadas à idade, maturidade física e ao tamanho dos

indivíduos, embora casos associados a outras lesões tenham sido registrados

também em jovens de S. fluviatilis.

As freqüências de anomalias de desenvolvimento registradas em

espécimens de S. fluviatilis do litoral fluminense, sobretudo da região da Baía de

Guanabara, foram superiores em indivíduos adultos. Lesões degenerativas,

quando associadas às alterações de desenvolvimento, estão correlacionadas ao

aumento de esforço nas regiões anômalas da coluna vertebral.

Page 137: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 1 7

As freqüências de ocorrência de lesões de origem traumáticas e infecciosas

aumentaram com o aumento da idade e tamanho dos indivíduos, embora

indivíduos imaturos também apresentem tais lesões.

Em toda a coluna vertebral, as vértebras localizadas em zonas de transição

entre blocos funcionais foram as mais afetadas por lesões; destas, a região mais

atingida foi a cervical, sugerindo que esta seja uma área crítica do ponto de vista

da biomecânica locomotora do animal.

As alterações ósseas registradas nas vértebras cervicais, resultantes

principalmente de processos traumáticos e degenerativos, estavam diretamente

relacionadas aos impactos sofridos pelo bloco torácico, bem como pelo tamanho,

maturidade física e idade dos indivíduos.

As modificações observadas nas epífises vertebrais do bloco cervical e na

1 ª vértebra torácica estavam associadas à idade, maturidade física e ao tamanho

dos indivíduos, bem como à posição e características (volume e comprimento) dos

corpos vertebrais.

O estudo das alterações ósseas se mostrou uma ferramenta importante no

acesso a informações sobre espécimens de pequenos cetáceos em ambiente

natural, sendo possível, inclusive, a obtenção de dados patológicos em exemplares

encontrados mortos em adiantado estado de decomposição, quando a necrópsia

não teve a possibilidade de ser realizada.

Page 138: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 1 8

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

Alexander, J.W.; Solangi, M.A.; Riegel, L.S. ( 1 989). Vertebral osteomyelitis and suspected diskospondylitis in an Atlantic bottlenose dolphin (Tursiops truncatus). Joumal of Wildlife

Oíseases, 25: 1 1 8-121.

Andersen, S.H. ( 1 978). Experiences with harbour porpoises, Phocoena phocoena, in captivity: mortality, autopsy findings and influence of the captive environmenf. Aquatic Mammals, 6: 39-49.

Araújo, M. A.; Guimarães, V. F . ; Mendonça-Hagler, L. C. S.; Hagler, A. N. ( 1 990). Staphylococcus aureus and fecal Streptococci in fresh and marine surface waters of Rio de Janeiro, Brazil. Revista de Microbiologia, 21 : 1 41 - 147.

Azevedo, A.F. ; Lailson-Brito, Jr., J.; Dorneles, P.R.; Fragoso, A.B.L.; Pizzorno, J .L.A. ; Soares, M.P.; Gurgel, I.M.G. do N. ( 1 996). Lista de mamíferos aquáticos da coleção do Projeto MAQUA - Depto. de Oceanografia da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. Resúmenes de la r. Reunión de Trabajo de Especialistas en Mamíferos Acuáticos de América dei Sur, Viria dei Mar, p.50.

Baker, J.R. ( 1 992). Causes of mortality and parasites and incidental lesions in dolphins and whales from British waters. The Veterinary Record, 1 30: 569-572.

Baker, J .R. & Martin , A.R. ( 1 992). Causes of mortality and parasites and incidental lesions in harbour porpoises (Phocoena phocoena) from British waters. The Veterinary Recorei,

1 30: 554-558.

Bandoli , J. G. ( 1 968). Sôbre a ocorrência de lesões por organismos semelhantes a toxoplasmas em Sotalia guianensis (van Bénéden, 1 863) Cetacea, Delphin idae. Anais

do XI Congresso Brasileiro de Veterinária, N iterói, vai. 1 , p. 282-284.

_____ & Oliveira, C.A.B. de (1 977). Toxoplasmose em Sotalia guianensis (van Beneden, 1 863), Cetacea - Delphinidae. A Folha Médica, 75: 459-468

Barcellos, L.P. ( 1 977). Nota sobre osteopatologia em um exemplar de Hyperoodon

planifrons (Ziphiidae- Cetacea), Rio Grande do Sul , Brasil . Atlântica, 2 : 1 1 8-1 23.

Page 139: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 19

Sarnes, E. ( 1 994). Developmental defects of the axial skeleton in paleopathology. University Press of Colorado, Niwot, 359 p.

Berghan, J . & Visser, I .N. (2000) Vertebral column malformations in New Zealand

delphinids with a review of cases world wide. Aquatic Mamma/s, 26: 1 7-25.

Bergman, A. ; Olsson, M. ; Reiland, S. (1 992). Skull-bone lesions in the Baltic grey seal

(Halichoerus grypus). Ambio, 2 1 : 5 17-51 9.

Berzin, A.A. ( 1 971 ). The Sperm Wha/e (kashalot). lzdatel'stvo "Pishchevaya

Promyshlennost", Moskva, 367p.

Bjotvedt, G. & Turner, C.G. ( 1 976). Tooth trauma and feeding behavior in prehistoric

Aleutian sea otters. Veterinary Medicine & Sma// Clinician, 71 :831 -833.

Borobia, M. (1 989). Distribuition and morphometrics of South American dolphins of the genus Sotalia. Dissertation MSc, MacDonald College, McGill University, Quebec, 80 p.

____ ; Siciliano, S . ; Lodi, L . ; Hoek, W. ( 1 99 1 ) . Distribution of the south american

dolphin Sotalia fluviatilis. Canadian Joumal of Zoology, 69: 1 025-1 039.

Bõssenecker, P. J . H . ( 1 978) . The capture and care of Sotalia fluviatilis. Aquatic Mammals, 6: 1 3-17 .

Brito, J .L.,Jr. ; Fragoso, A.B.L.; Dorneles, P.R. ; Montenegro,M.G. ; Fernandez, M.A.S.

(1 994) . A presença de cetáceos em ambiente sob forte influência antrópica: Baía de

Guanabara, Rio de Janeiro, Brasil . Anais da ft. Reunião de Trabalho de Especialistas em Mamlferos Aquáticos da América do Sul, Florianópolis, p. 1 1 1-2.

Buikstra, J .E. & Übelaker, D.H. (eds.) ( 1 994). Standards for data collection from human

skeletal remains: Proceedings of a seminar at The Field Museum of Natural History.

Arkansas Archeological Survey Research Series No. 44, Fayetteville, 220 p.

Carvalho, C . T. de (1 963). Sobre um boto comum no litoral do Brasil (Cetacea,

Delphinidae). Revista Brasileira de Biologia, 23 : 263-76.

Page 140: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

120

Casinos, A & Puigdefàbregas, J .N . ( 1 981 ). Noves dades sobre anomalies cranianes a

lnia geoffrensis (Cetacea, Platanistidae). Bul/etin de la Socíetat Catalana de Biologia, 5-6 : 223-228.

____ ; Filella, S . ; Graw, E. ( 1 977) . Notes on cetaceans of the lberian coasts: l i . A

specimen of a sperm whale, Physeter macrocephalus Linné, 1 758, with partial

amputation of the lower jaw. Saugetierkundliche Mitteílungen, 25: 238-240.

Cockrill, W.R. ( 1 960). Pathology of the Cetacea: a veterinary study on whales. The British Veterinary Joumal , 1 1 6: 1 33-1 44/1 75-1 90.

Contillo, J . ; Mase, B.G. ; Ewing, R.; Tobias, J . ( 1 999). Documented evidence of human

interaction and mortality of a known resident bottlenose dolphin in Biscayne Bay,

Florida. Abstracts of the Thirteenth Bíennial Conference on the Biology of Marine Mammals, Wailea, p. 37.

Cordes, D.O. ( 1 982). Dolphins and their Diseases. New Zealand Veterinary Joumal, 30:46-49.

Cowan, D.F. (1 966) . Pathology of the pilot whale Globicephala melaena: A comparative

survey. Archives of Pathology, 82: 1 78-89.

_____ ; Walker, W.A. ; Brownell Jr. , R.L. ( 1 986). Pathology of small cetaceans

stranded along southern California beaches. ln: M. M. Bryden & R. Harrison (eds.),

Research on Dolphins. Clarendon Press, Oxford , p.323-367.

Crovetto, A. ( 1 982) . À propos d'une malformations laterale de la colonne vertébrale d'une

baleine bleue, Balaenoptera musculus L.. (Cetacea, Balaenopteridae) et de sa

signification fonctionnelle. Ann. 107e. Congrês National Socíetés Savantes, Brest, vol.

2, p. 89·98.

_____ (1 986). Elementos biomecánicos de la columna vertebral de los cetáceos y

su papel en la locomoción. Actas de la 1ª. Reunión de Trabajo de Expertos en Mamlferos Acuáticos de América dei Sur, Buenos Aires, p. 1 06-21 .

_____ (1 99 1 ). Étude Osteometrique et anato-functionelle de la colonné vertebrale

chez les Grandes Cetaces. lnvestigations on Cetacea, 23: 7-1 89.

Page 141: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 2 1

Dailey,M.D. ( 1 985). Diseases of Mammalia : Cetacea. l n : Kinne, O. (ed} Oiseases of

Marine Mammals. Biologische Anstalt Helgoland, Hamburg, vai 4, p. 805-847.

____ & Perrin , W.F. ( 1 973). Helminth parasites of porpoises of the genus Stene/Ja

in the eastern tropical Pacific, with descriptions of two new species: Mastigonema

stenel/ae gen. et sp. n . (Nematoda:Spiruroidea) and Zalophotrema pacificum sp. n .

(Trematoda: Digenea). Fishery Bulletin, 71 :455-71 .

____ & Stroud R. ( 1 976) Parasites and associated pathology observed in

cetaceans stranded along the Oregon Coast. Joumal of Wildlife Diseases, 14 :

503-5 1 1 .

da Silva, V.M.F. ( 1 986). Separação ecológica dos golfinhos de água doce da Amazônia.

Actas de la 1ª. Reunión de Trabajo de Expertos en Mamíferos Acuáticos de América dei

Sur, Buenos Aires, p. 2 1 5-227.

______ (1 994). Aspects of the biology of the Amazonian dolphins genus lnia and

Sotalia f/uviatilis. Ph.D dissert, University of Cambridge, Cambridge, UK, 327 p.

da Silva, V.M.F. & Best, R.C. (1 994). Tucuxi Sotalia fluviatilis (Gervais, 1 853). ln : S .H.

Ridgway & R.J . Harrison (eds.) Handbook of Marine Mammals. Academic Press, New

York, vol. 5 , p . 43-69.

__________ (1 996). Sotalia fluviatilis. Mammalian Species, [S.I.], 527 : 1 -7.

Della, O.S. & Ferreira, F .V. ( 1 98 1 ) . Anatomia dental. Artes Médicas, São Paulo, 3ª ed. ,

334p.

De Guise, S. ; Lagacé, A. ; Béland , P. ( 1 994) . True hermaphroditism in a St. Lawrence

beluga whale (Delphinapterus /eucas). Joumal of Wildlife Diseases, 30:287-290.

; Girard, C. ; Higgins, R. ( 1 995). Non-neoplastic

lesions in beluga whales (Delphinapterus /eucas) and other marine mammals from the

St Lawrence Estuary. Joumal of Comparative Pathology, 30:287-290.

Page 142: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

,,...., 1

122

Deitter R.L. ( 1 99 1 ). Recovery and necropsy of marine mammals carcasses in and

near the Point Reyes National Seashore, May 1 982-March 1 987. NOAA Technical Report NMFS, 98: 1 23-1 4 1 .

De Smet, W.M.A. ( 1 977a). The fate of old bottle-nosed dolphins, Tursiops truncatus, in

nature as revealed by the condition of their skeletons. Aquatic Mammals, 5 : 78-86.

______ (1 977b).The Regions of the cetacean vertebral columm. ln: R.

Harrison (ed). Functional Anatomy of Marine Mammals. Academic Press, New

York, vol 3 , p. 59-80.

De Vries, A. & Lartman, J .J . ( 1 973). A case of Lobo's disease in the dolphin Sotalia guianensis. Aquatic Mammals, 1 :26-33.

Di Beneditto, A.P.M. (2000). Ecologia Alimentar de Pontoporia blainvillei e Sotalia fluviatilis (Cetacea) na costa norte do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Tese de Doutorado,

Biociências, Universidade Estadual do Norte Fluminense, Campos dos Goytacazes,

1 73p.

_______ ; Ramos, R. ; Lima, , ·, . H..W. (1 998). Fishing activity in northern Rio de

Janeiro State (Brazil) and its relation with small cetaceans. Brazilian Archives of Biology and Technology, 41 :296-302.

Di Guardo, G.; Agrimi, U . ; Morem , L; Cardenati, G. ; Terracciano, G.; Kennedy, S. ( 1 995).

Post mortem investigations on cetaceans found stranded on the coast of ltaly between

1 990 and 1 993. The Veterinary Record, 1 36:439-442

Dixon, J .M. ( 1 984). Hepatitis and bone lesions in a stranded juvenile common dolphin

Delphinus delphis Linnaeus. Australian Mammalogy, 7: 225-228.

Ferigolo, J . ; Moreira, M.B. Simões-Lopes, P.C ; Menezes, M. ( 1 996). Três casos de

osteomielite vertebral em Sotalia f/uviatilis (Cetacea, Odontoceti) do Estado de Santa

Catarina, Brasil. Resúmenes de la r. Reunión de Trabajo de Especialistas en Mamíferos Acuáticos de América dei Sur, Vinã dei Mar, p. 56.

Fern1nd1i-Rocrngu1z, A . : Mlel'l@I, A . ; Degollada, E. ; Lauronee, V.; Semec:t li, J. (1 999),

. Evidence of violent inter-specific interactions in dolphins:thoracic trauma as a standard

Page 143: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

123

diagnostic. Abstracts of the Thirteenth Biennial Conference on the Biology of Marine

Mammals, Wailea, p. 56.

Flower, W.H. ( 1 879). Exhibition of and remarks on the skull of a beluga or white whale

(Delphinapterus leucas). Proceedings of the Zoological Society of London, 29 : 667-669.

( 1 884). On the characters and divisions of the family Delphinidae.

Proceedings of the Zoological Society of London, 33: 446-51 3.

Foley, R.H. ( 1 979). Osteomyelitis of the flipper of a bottle-nosed dolphin. Joumal of the

American Veterinary Medical Association, 1 75: 999.

Fragoso, A.B.L. ( 1 997). Anomalias ósseas em esqueletos de boto cinza Sotalía f/uviatilis

(Gervais, 1853) da costa do Estado do Rio de Janeiro. Monografia de pós-graduação,

Biologia Marinha, Instituto de Biologia, UFF, Niterói, 48p.

( 1 998). Caso de osteomielite em golfinho-de-dentes-rugosos (Steno

bredanensis) do l itoral do Estado dr

de Trabalho de Especialistas em r,.:

84.

e Janeiro, Brasil. Resumos da Ba. Reunião

• ?ros Aquáticos da Aménca do Sul, Olinda, p.

Fragoso, A.B.L. & Lima, F .C. de (1 997). Spondilosis deformans em boto-cinza Sotalia

f/uviatilis da costa do Estado do Rio de Janeiro. Anais do 7°. Congresso Latino­

americano de Ciências do Mar , Santos, vai. 1 , p.327-328.

____________ (1 998). Escoliose congênita em boto-cinza na costa do

Rio de Janeiro. Revista Brasileira de Medicina Veterinária, 20: 1 74 .

François, R.J. ; Euderink, F . ; Bywaters, E .G.L. (1 995). Commented glossary for rheumatic

spinal diseases, based on pathology. Annals of Rheumatic Diseases, 54:61 5-625.

Frye, F.L. & Herald , E.S. ( 1 969). Osteomyelitis in a Manate. Joumal of the American

Veterinary Medical Association, 1 55 : 1 073-1 076.

Furtado, M.H.B.C.& Simões-Lopes, P.C. ( 1 999). Alterações senil-degenerativas e

variações anatômicas na coluna vertebral de pequenos cetáceos. Biotemas, 12 : 1 33-147.

Page 144: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

(

1 24

Gallo-Reynoso, J. P.& Aguilar, F. T. ( 1 989). Traumatismo vertebral en delfín común

Delphinus delphis (Cetacea: Delphinidae) por inclusión de espiria de montarraya

Dasyatis sp. (Pisces: Dasyatidae). Veterinary, 20: 277-279 .

Geraci, J .R . (1 986). Marine mammals (Cetacea, Pinnipedia, and Sirenia). l n : M . E. Fowler

(ed.) . Zoo & wild animal medicine. W. B. Saunders Company, London , 2. ed . , p.554-

6 1 0.

& Lounsbury, V.J. (1 993). Marine mammals ashore: a fie/d guide for strandings. Texas A&M Sea Grant, Texas, 305 p.

Gervais, P. ( 1 853) . Description des trois especes de dauphins Qui vivent dans la region du

haut Amazone. ln : Castelnau, F. Animaux nouveaux ou rares recueillis pendent

l'expedition dans les parties centrales de l'Amerique du Sud, de Rio de Janeiro a Lima

et de Lima au Pará. P. Bertrand . Paris, p. 89-94.

Gibson, 0. 1 . & Harris, A. ( 1 979) . The helminth parasites of cetaceans in the collection of the

British Museum (Natural History) . lnvestigations on Cetacea, 1 0:309-324.

Gorzelany, J .F . ; Barros, N.B. ; Delynn, R.E. ; Litz, J .A. ; Wilson, L. ( 1 999). Bony ankylosis in

atlantic bottlenose dolphins ( Tursiops truncatus) stranded along the Florida Coast.

Abstracts of the Thirteenth Biennial Conference on the Biology of Marine Mamma/s, Wailea, p. 70.

Grafton, T.S. ( 1 968). Necropsy of a sacred dolphin of the Amazon (Sotalia fluviatil is) . ln :

O.K. Caldwell & M.C. Caldwell (eds.). Symposium of disease and husbandry of aquatic mammals, St. Augustine, p. 1 9-25.

Greenwood , A.G. & Taylor,D.C. { 1 979a) Odontocete parasites - some new host record .

Aquatic Mammals, 7:23-25.

___________ (1 979b) Clin ica! and pathological findings in dolphins in

1 978. Aquatíc Mammals, 7:71-74.

Guimarães, V.F. ; Araújo, M.A.V.; Mendonça-Hagler, L.C.S.; Hagler, A.N. ( 1 993).

Pseudomonas aeruginosa and other microbial indicators of pollution in fresh and marine

Page 145: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

(

n

125

waters of Rio de Janeiro, Brazil. Environmental Toxico/ogy and Water Quality, 8: 31 3-322.

Hagler, A.N. & Mendonça-Hagler, L.C. ( 1 98 1 ). Yeasts from Marine and estuarine waters with different levels of pollution in the state of Rio de Janeiro, Brazil. Applied and

Environmenta/ Microbio/ogy, 41 : 1 73-1 78.

Henriques, C.Q. ( 1 958). Osteomyelitis as a complication in urologogy, with special reference to the paravertebral venous plexus. The British Joumal of Surgery, 5: 1 9-28.

Heyning, J . E. & Perrin , W. F. ( 1 994). Evidence for two species of common dolphins (Genus Delphinus) from the eastern north Pacific. Contributions in Science, 442 : 1 -35.

Hillson, S. (1 986). Teeth. Cambridge University Press, Cambridge, 376p.

Hohn, A.; Scoth , M. D.; Wells, R. S.; Sweeney, J. C.; l rvine, A. B. ( 1 989). Growth layers in teeth from known-age, free-ranging bottlenose dolphins. Marine Mammal Science, 5 3 1 5-342.

IBAMA (1 997). Mamíferos Aquáticos do Brasil: Plano de Ação. 79 p.

lscan, M. Y. & Kennedy, K.A.R. ( 1 989). Reconstruction of fite from the skeleton. Alan R. Liss, New York, 3 1 5 p.

Johnston, P. & McCrea, 1. ( 1 992) Death in sma/1 doses - the effects of organochlorines on

aquatic ecosystems. Greenpeace lnternational, Amsterdam, 28p.

Kamiya, T. & Miyazaki, N., ( 1 974). A malformed embryo of Stenella coeruleoa/ba.

Scientific Reports of the Whales Research lnstitute (Tokyo) 26: 259-263.

__________ , Shiraga, S. ( 1 98 1 ). First case of dicephaly in Odontoceti. Scientific Reports of the Whaíes Research lnstitute (Tokyo) 33: 1 27-1 29 .

Kato, H. (1 988). Ossification pattern of the vertebral epiphyses in the southern minke

whale. Scientific Reports of the Whales Research lnstítute,39: 1 1 -1 9.

Page 146: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

[ ('

1..-'"\

126

Kawamura, A. ( 1 990). A malformed foetus of a southern sei whale. Scíentífíc Reports of the Whales Research lnstítute, 41 : 93-95.

_____ & Koshita, K, (1 97 1 ) . A rare double monster of dolphin, Stenella caeruleoalba. Scíentífic Reports of the Whales Research lnstitute, 23 : 1 39-1 41 .

Kendall , S .M. ; Truji l lo, F. & Beltran, S. ( 1 998). Abnormalities in snouts of the freshwater

dolphin lnia geoffrensís (de Blainville, 1 8 1 7) in the Amazon and Orinoco River Systems

in Colombia. Abstracts of the World Marine Mammal Science Conference. Monaco, p.

7 1 .

Kompanje, E.J.O. ( 1 99 1 ) . Een oud geval van osteomyelitis bijeen orka Orcínus orca. Lutra, 34 :71 -76.

______ (1 993a). Osteomielitis of the mandible in harbour porpoises

(Phocoena phocoena) from the Netherlands. Lutra, 36 : 39-45.

(1 993b). Vertebral osteophytosis in Cetacea. Spondylosis or

spondylitis?. Zeitschrift für Saugetierkunde, 58: 3 1 6-31 8.

_______ (1 994). Severe · infection of a rib in a harbour porpoise Phocoena phocoena: a rare complication after open chest trauma. Lutra 37: 93-95.

_______ (1 995a). Differences between spondylo-osteomyelitis and spondylosis

deformans in small odontocetes based on museum material. Aquatíc Mammals, 2 1 : 1 99-

203.

_______ (1 995b). On the occurrence of spondylosis deformans in white-beaked

dolphins Lagenorhynchus albírostris (Gray, 1 846) stranded on the Dutch coast.

Zoologische Mededelíngen Leíden, 69: 231 -50.

_______ (1 995c). Strandings of killer whales Orcinus orca in the Netherlands

between 1 783 and 1 995 with some remarks on skeletal and dental pathology

(Mammalia, Cetacea, Odontoceti) . Deinsea, 2 : 67-82.

Page 147: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

- 1

í

Í'

r

0

127

Kompanje, E.J.O. ( 1 996). Intervertebral disc degeneration and discarthrosis in white­beaked dolphins Lagenorhynchus albirostris. Proceedings of the first scientific meeting

of the European Association of Zoo and Wildlife Veterinarians, Rostock, p.21 -25.

_____ (1 999). Considerations on the comparative pathology of the vertebrae in Mysticeti and Odontoceti ; evidence for the ocurrence of discarthrosis, zygarthrosis, infectious spondylitis and spondyloarthritis. Zoologische Mededelingen Leiden, 73:99-1 30.

Korschelt, E. ( 1 932). Über Frakturen und Skeletanomalien der Wirbeltiere. Beitrage zur

Patho/ogischen Anatomie und zur allgemeinen Pathologie, 89:41 9-483.

Lailson-Brito,J.Jr; Azevedo,A.F.;Pizzorno,J.L.; Fragoso, A.B.L. (1 999). The marine tucuxi in Guanabara bay: conservation matters. Abstracts of the 13th• Biennial Conference on the

Biology of Marine Mammals, Wailea. p. 1 03.

Lavick, T.R. (2000). Alterações obseNadas em alvéolos dentários de Sotalia fluviatilis

(GeNaís, 1853) da costa do Estado do Rio de Janeiro. Monografia de especialização em Paleopatologia, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 22p.

Leary, R.F. & Allendorf, F.W. ( 1 989). Fluctuating asymmetry as an indicator of stress: implications for conservation biology. TREE, 4 (7): 21 4-7.

Uns de Almeida, J. (1 933). Nouveau nematode parasite de cétacés du Brésil, Halocercus

brasíliensís n. sp. Comptes Rendus de Seances de la Société de Biologíe et de ses Filiales, 1 1 4:955-958.

Lodi , L. & Capistrano, L. ( 1 990). Capturas acidentais de pequenos cetáceos no l itoral norte do Estado do Rio de Janeiro. Biotemas, 3:47-65.

Lopez-Fernandez, A. ; Valeiras, X.; Pascual, S. ; Abollo, E . ; Daeaz, J . I., ( 1 998). Skull lesions associated with Crassicauda spp. (Nematoda, Crassicaudidae) in cetaceans stranded on the Galician coast (NM. Spain). Abstracts of The World Marine Mammal Science

Conferencet Monaco t p. 82.

Page 148: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

128

Macnie, S. V. & Goodall, R.N.P. (2000a). Anomalías óseas en ejemplares de delfín austral

(Lagenorhynchus australis) de Tierra dei Fuego. Resumenes de la 98• Reunión de

Trabajo de Especialistas en mamíferos acuáticos de América dei Sur, Buenos Aires, p.

79-80.

____________ (2000b) . Descripción de un ejemplar de zifio de Cuvier

(Ziphius cavirostris) con graves lesiones óseas. Resumenes de la 98• Reunión de

Trabajo de Especialistas en mamíferos acuáticos de América dei Sur, Buenos Aires, p.

80.

Marigo, J. ; Andrade, A.L.V . ; Rosas, F.C.W. (2000). Parasitas pulmonares de cetáceos do

litoral do Estado do Paraná, Brasil. Resumenes de la 98

• Reunión de Trabajo de

Especialistas en mamfferos acuáticos de América dei Sur, Buenos Aires, p. 82-83.

McFee, W. ; Root, H.; Friedman, R.; Zolman, E. ( 1 997). A stingray spine in the scapula of a

bottlenose dolphin. Joumal of Wildlife Diseases, 33: 921-924.

Mendonça de Souza, S. M. F. ( 1 995). Estresse, doença e adaptabilidade: estudo

comparativo de dois grupos pré-históricos em perspectiva biocultural. Tese de

Doutorado, Escola Nacional de Saúde Pública, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de

Janeiro, 1 60 p.

Menezes, M. E. & Simões-Lopes, P. C. ( 1 996) . Osteologia e morfologia da aleta peitoral da

forma marinha de Sotalia f/uviatilís (Cetacea - Delphinidae) no litoral sul do Brasil.

Estudos de Biologia, 4:23-3 1 .

(2000). Malformação do rostro e alteração

anatômica de mandíbula em um exemplar de Sotalia fluviatilis guianensis (Cetacea­

Delphinidae) do litoral de Santa Catarina, Brasil. Resumenes de la 98• Reunión de

Trabajo de Especialistas en mamíferos acuáticos de América dei Sur, Buenos Aires, p.

86-87.

Miranda-Ribeiro, A. de ( 1 936). Notas cetológicas (os gêneros Steno, Sotalia e

Stenopontistes). Boletim do Museu Nacional. Rio de Janeiro, 1 2: 3-25.

Page 149: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

r

129

Mortensen, P.; Bergman, A.; Bignert, A.; Hansen, H . ; Harkonen, T.; Olsson, M. (1 992). Prevalence of skull lesions in harbor seals (Phoca vitulina) in Swedish and Danish museum collections: 1 835-1 988. Ambio, 2 1 : 520-524.

Morton, B. ( 1 978). Osteomyelitis (pyogenic spondylitis) of the spine in a dolphin. Joumal of

the American Veterinary Medicine Association, 1 73 (9): 1 1 1 9-20.

Murie, J. ( 1 865). On the deformity of the lower jaw in the cachalot (Physeter

macrocephalus, L.) . Proceedings of lhe Zoological Society of London, 13: 390-396.

Nakamura, K. ( 1 968). Studies on the sperm whale with deformed lower jaw with special reference to its feeding. Bulletin of the Kanagawa Prefectural Museum Natural Science,

1 : 1 3-27.

Nathan, H. ( 1 962). Osteophytes of the vertebral column. Joumal of Bone and Joint

Surgery, 44-A: 243-268.

Nicholls, J.M.; Yuen, K.Y.; Tam, A.Y.C. (1 993). Systemic fungai infections in neonates. Joumal of Hospital Medicine, 49: 420.

Nieberle, K. & Cohrs, P. ( 1 970). Órgãos da locomoção - ossos, articulações. ln : Anatomia

patológica especial dos animais domésticos. Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa, 5. ed . , vol. 2, p. 327-409.

Nishiwaki, M. ( 1 957). One-eye monster of a fin whale. Scientífic Report of Whales Research lnstítute, 1 2: 1 93-1 95

Norris, K. S . ( 1 96 1 ) . Standardized methods for measuring and recording data on the smaller cetaceans. Journal of Mamma/ogy, 42:471-476.

Nutman, A.W. & Kirk, E.J. ( 1 988) Abnormalities in the axial skeleton of a Risso's dolphin, Grampus griseus. New Zealand Veterinary Joumal, 36: 91 -92.

Odell, D.K.; Barros, N.B.; Carnegie, D. (1 994). Morte de um cachalote pigmeu (Kogía

breviceps) causada por um espadarte (Xiphias gladius). Anais da ff. Reunião de

Especialistas em Mamíferos Aquáticos da América do Sul, Florianópolis, p. 69.

Page 150: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

I_,

I_ 0

['

0

o

1 30

Ogden, J .A. ; Conlogue, G.J . ; Light, T.R. & Sloan, T.R. ( 1 98 1 ). Fractures of the radius and

ulna in a skeletally immature fin whale. Joumal of the Wildlife Diseases, 1 7 : 1 1 1 - 1 6.

Oliveira, S.V.C. ; Carvalho, H.A.; Moreira, S.C. ; Cordeiro, A.S. ( 1 996). Ocorrência de

mamíferos marinhos em Guaratiba e Marambaia, Rio de Janeiro. Bioikos, 1 -2: 20-9.

Omura, H. ( 1 97 1 ). A comparison of the size of vertebrae among some species of baleen

whales with special reference to whale movements. Scientific Reports of the Whale

Research lnstitute, 23:6 1 -69.

___ (1 972). An osteological study of the Cuvier's beaked whale, Ziphius cavirostris,

in the Northwest Pacific. Scientific Reports of the Whale Research lnstitute, 24: 1 -34.

Ortega-Ortiz, J. G. ; Villa-Ramirez, B . ; Gersenowics, J. R. (2000). Polydactyly and others

features of the manus of the vaquita, Phocoena sínus. Marine Mammal Science, 1 6:

277-286.

Ortner, D.J. ( 1 99 1 ). Descriptive methodology in paleopathology. ln : D.J. Ortner (ed.)

Demography and Paleopathology. CRC Press, Boca Raton, p. 73-80.

_____ & Putschar, W.G.J. ( 1 981 ) . ldentification of pathological conditions in human

skeletal remains. Smithsonian Contributions to Anthropology, 28: 1 -488.

O'Shea, T.J. & Geraci, J.R. ( 1 999). Toxicology in marine mammals. ln : M. E. Fowler; R. E.

Miller. Zoo and wild Animal medicine: current therapy. W. B. Saunders Company,

Philadelphia, p.472-478.

Oshumi, S. ; Nishiwaki, M. ; Hibiya, T. ( 1 958) . Growth of fin whale in the North Pacific.

Scientific Report of Whales Research lnstítute, 1 3: 97-1 33.

Osmond,M.G. & Kaufman, G.D. ( 1 998) A heavily parasitized humpback whale (Megaptera

novaeangliae) . Marine Mammal Science, 14: 1 46-149.

Ott, P.H. ; Martins, M.B. Danilewics, D. ; Oliveira, L. R. ; Moreno, J . B . ; Caon, G. ( 1 996).

Anomalias cranianas em tonlnhas, Pontopon'a blalnvillel, no sul do Brasil. Programa y

Resúmenes de la r. Reunión de Trabajo de Especialistas en Mamíferos Acuáticos de

América dei Sur, Vinã dei Mar, p. 1 00.

Page 151: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

l

í'

1 3 1

Paterson, R.A. ( 1 984). Spondylitis deformans i n a Bryde's whale (Ba/aenoptera edení

Andersen) stranded on the southern coast of Queensland. Joumal of Wildlífe Díseases,

20: 250-252.

Patton , M.A. ( 1 987). Genetic aspects of congenital malformations. Baílliere's Clínica/

Obstetrical Gynaecology, 1 :723-735.

Pereira, C.B. & Mello Alvin , M.C. ( 1 979). Manual para estudos craníométricos e cranioscópicos. Universidade de Santa Maria, Santa Maria, 75 p.

Perrin , W. F. ( 1 975). Variation of spotted and spinner porpoise (Genus Stenefla) in the eastern tropical Pacific and Hawaii. Bulletin of the Scripps /nstitution of Oceanography of the University of Califomia, 21 : 1 -206.

_____ & Myrick Jr., A. C. (eds.) (1 980). Age determination of toothed whales and sirenians. Reports of the lntemational Whaling Commíssion, Special lssue 3: 1 -229.

_____ & Powers, J .E. ( 1 980). Role of a nematode in natural mortality of spotted dolphins. Joumal of Wildlife Manage, 44: 960-963.

Raga, J. A.; Casinos, A.; Filella, S.; Raduan , M. A. ( 1 982). Notes on cetaceans of the lberian coasts. V. Crassicauda grampicola. Johnston & Mawson , 1 941 , (Nematoda) Cause of injuries in the pterygoids of some specimens of Grampus griseus.

Saügetierkuindliche Mitteilungen, 30: 31 5-31 8.

Ramos, R.M.A (1 997). Determinação de idade e biologia reprodutiva de Pontoporia

blainvíllei e da forma marinha de Sotalia fluviatilis (Cetacea: Pontoporidae e

Delphinidae) no Norte do Rio de Janeiro. Dissertação de Mestrado, Biociências e B iotecnologia, UENF, Campos dos Goytacazes, 95p.

Ramos, R.M.A.; Di Beneditto, A.P.M.; Lima, N.R.W. (2000a). Relationship between dental morphology, sex, body length and age in Pontoporia blainvil/ei and Sotalia fluviatilis

(Cetacea) in northern Rio de Janeiro, Brazil. Revista Brasileira de Biologia, 60: 283-290.

(2000b). Growth parameters of Pontoporia blainvillei and Sotalia nuviatilis (Cetacea) in northern Rio de Janeiro, Brazil. Aquatic Mammals, 26: 65-75.

Page 152: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

132

Ramos, R.M.A. et ai. (2000c). Distribuição de Idade em Pontoporia blainvillei e Sotalia fluviati lis no sudeste do Brasil. Resumenes de la 9ª. Reunión de Trabajo de

Especialistas en mamíferos acuáticos de América dei Sur, Buenos Aires, p. 1 02.

_____ . ; Oi Beneditto, A.P.M. ; Lima, N .R.W. (2000d). Patologia desenvolvida em Sotalia f/uviatilis (Cetacea) a partir do envolvimento em atividade de pesca na costa norte do Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Resumenes de la 9ª. Reunión de Trabajo de

Especialistas en mamíferos acuáticos de América dei Sur, Buenos Aires, p. 1 03.

Reidarson , T. H . ; Me Bain , J . F . ; Dalton, L. M . ; Rinaldi , M. G. ( 1 999). Diagnosis and treatment of fungai infections in marine mammals. ln : M. E. Fowler; R. E. Mil ler. Zoo and wild Animal medicine: current therapys. Philadelphia, W. B. Saunders Company: 478-485.

Robbins, S.L. ( 1 974). Sistema musculoesquelético. Patologia estrutural e funcional.

lnteramericana, Rio de Janeiro, p. 1 283-1 334.

Robbins, S.L. &Cotran, R. S. ( 1 983). O sistema musculoesquelético: ossos e articulações. Patologia estrutural e funcional. lnteramericana, São Paulo, 2ª ed., p. 1 283-1 334.

Robineau, D. ( 1 968). Presence d'un troisieme condyle occipital (condylus tertius) sur un crane de Mesoplodon bidens Sow. (Cetaces, Ziphiides). Mammalia, 32: 222-224.

Robineau, D. ( 1 975). Lesiqns osseuses liées à la présence de vers parasites du genre Crassicauda (Nematoda, Spiruroidea) sur la fosse ventral d'un crane de Tursiops

truncatus (Cetácea, delphin idae). Annales de la Societé des Sciences Naturelles de la Charente- Maritime, 6: 93-97.

Robineau, D. ( 1 98 1 ). Sur quelques cas d'edentation partielle chez Delphinus delphis et leur signification. Aquatic Mammals, 8:33-39.

Rothschild , B.M. ; Wang, X.; Cifeli ,R. ( 1 993). Spondyloarthropathy in Ursidae: a sexually transmitted disease ? Naüonal Geographic Research and Exploration, 9:382-384.

Santos, C. P. ; Rohde, K.; Ramos, R.; Oi Beneditto, A. P. ; Capistrano, L. ( 1 996). Helminths of cetaceans on the southeastern coast of Brazil. Joumal of the Helminthological Society

of Wagshinton, 63: 1 49-1 52.

Page 153: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

n

133

Siciliano, S. ( 1 994). Review of small cetaceans and fishery interactions in coastal waters of

Brazil. Reports of the lntemational Whaling Commission, Special lssue 1 5:241-50.

Siebert, U.; Lick, R. ; Weiss,R. ; Frank,H . ; Benke,H. ; Frese,K. (1 996). Post-mortem findings

in small cetaceans from German waters of the North and Baltic Sea. ln: P. Zwart (ed.) .

Proceedings of the first scientific meeting of the European Association of Zoo- and Wildlife Veterinarians, Rostock, p. 1 -7.

___ ; Weiss,R. ; Lick, R. ; Sonntag,R.P. ; Benke,H. ; Frese,K. ( 1 997) . Pathology of the

skeletal system of cetaceans from German waters of the waters of the North and Baltic

Sea. European research on cetaceans, 1 O: 266-267.

Siegel, S. ( 1 975). Estatística não-paramétrica para as ciências do comportamento. McGraw-Hill, São Paulo, 350 p.

Simões-Lopes, P.C. ( 1 987). Sobre a ampliação da distribuição do gênero Sotalia Gray,

1 886 (Cetacea, Delphinidae) para as águas do Estado de Santa Catarina, Brasil. Anais da ZS. Reunião de Trabalho de Especialistas em Mamíferos Aquáticos da América do Sul, Rio de Janeiro, p. 87- 8.

Simões-Lopes, P. C.; Ximenes, A. 1 990. O impacto da pesca artesanal de nascimento do

boto cinza, Sotalia fluviatis, (Cetácea, Delphinidae) SC, Brasil. Biotemas, 3 : 67-72.

Slijper, E.J. ( 1 931 ). Über Verletzungen und Erkrankungen der Wirbelsãule und Rippen bei

den Cetaceen. Anatomischer Anzeiger, 71 : 1 56-1 85.

( 1 936). Die cetaceen, vergleinchend-anatomisch uns systematich . Capita Zoologica, 6-7: 1 -590.

____ (1 938). Die Sammlung rezenter Cetacea des Musée Royal d'Histoire Naturelle

de Belgique. Bulletin du Musée d'Histoire Naturelle de Belgique, 1 4 : 1 -33.

____ (1 946). Comparativa biologic-anatomical, investigations on the vertebral

columm and spinal musculatura of mammals. Verhandelingen Der Koninkliyke, Nederlandsche Akademie Van Wetenschappen, Afd. Natuurkunde, 42 : 1 -1 28.

Page 154: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

I

134

Slijper, E.J. ( 1 949). Pregnancy and parturition of the cetacea. Bijdragen tot de Dierkinde,

28:416--448.

____ (1 976). Whales and Dolphins. The University of Michigan Press, Ann Arbor, 2. ed. , 1 70 p.

Sneath, P.H .A. ; Sokal, R.R. ( 1 996). Principies of numerica/ taxonomy. Freeman , London.

Soto 1 .M.R; Caseca-Santos, L.R; Vintém, G. ;Franklin-Silva, L. ( 1 994). Osteopatologias em golfinhos-pintados-do-Atlântico, Stenella fronta/is (G. Cuvier, 1 829), (Cetacea, Delphinidae). r. Semana Nacional de Oceanografia, ltajaí, p.98.

Sweeney, J.C. ( 1 978). lnfectious Diseases of Body Systems. ln : M.E.Flowler (ed. ) . Zoo and Wild Animal Medicine. W.B Saunders, London, p. 589-592.

_____ (1 990) . Surgery. ln : L.A. Dierauf (ed.). CRC Handbook of marine mammal

medicine : health, disease and rehabilitation. CRC Press, Boston, p. 21 5-33.

_____ & Ridgway, S.H. (1 975). Common diseases of small cetaceans. Joumal of

the American Veterinary Medical Association, 1 67: 533-40.

Terasawa, F. Yamagami, T. ; Kitamura , M. ; Fujimoto, A. ( 1 997) . A pygmy killer whale (Feresa attenuata) stranded at Sagami Bay, Japan. Aquatic Mammals, 23: 69-72.

'\ Thomas-Baker, B. ( 1 986). Diskospondylitis in a Californía sea líon. Joumal of the American

Veterinary Medical Association, 1 89: 1 1 5 1 .

Thurman, G.D. ( 1 987). Disease Problems encountered in free and captive dolphins. The

Naturalist, 3 1 : 23-24.

Tobayama, T. & Uchida, S. ( 1 964). [A dolphin of malformed rostrum.) Geiken Tsushin, Whales Research lnstitute, 1 5 1 : 43-44.

Toussaint, P.R.A. ( 1 977). Contribution a l'etude des facteurs de mortalité chez les cétacés des cõtes de Franca. Anna/es de la Soclété des Sciences Naturelles de la Charente­

Maritime, 51 : 1 -68.

Page 155: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 35

Turnbull , B .S . & Cowan, D .F . ( 1 999) Synovial joint disease in wild cetaceans. Joumal of

Wildlife Disease, 35: 51 1 -5 1 8

Beneden, P.J. van (1 864). Sur u n dauphin nouveau et u n ziphoide rare. Memmoires de

l'Academie Royale des Sciences Belgiques, 1 6: 1 -25.

_______ (1 870). Mémoire sur une balaenoptere capturée dns l'Escaut en 1 869 . .

Memmoires de l'Academie Royale des Sciences Belgiques, 38: 1 -36.

Bénéden, E. van (1 875). Mémoire sur un dauphin nouveau de la Baie de Rio de Janeiro,

désigné sous le nom de Sota/ia brasiliensis. Memmoires de l'Academie Royale des

Sciences Belgiques, 41 : 1 -46.

van Bree, P.J .H. & Duguy, R.(1 970). Sur quelques aberrations pathologiques chez les

petits cétacés. Der Zoologische Garten, 39: 1 1 - 1 5.

van Bree, P.J .H. & Nijssen , H. ( 1 964). On three specimens of Lagenorhynchus albirostris Gray, 1 846 (Mammalia, Cetacea) . Beaufortia, 1 1 (1 39): 85-93.

van Bree, P.J.H. & Trebbau,P. ( 1 974). Sobre algunas anomalias dei esqueleto de la

tonina de água dulce lnia geoffrensis (de Blainville, 1 81 7) (Cetacea, Platanistidae).

Boletín de la Academia de Ciencias Físicas, Matemáticas y Naturales, 23: 1 -9 .

van Nie, C .J . ( 1 989). Postmortem findings in stranded harbour porpoises (Phocoena

phocoena, L. 1 758) in The Netherlands from 23rd March 1 983 to 25th June 1 986. Aquatic

Mammals, 1 ,5:80-83.

Walker, W.A.; Leatherwood, S . ; Goodrich,K.R. ; Perrin, W.F. ; Stroud, R.K. (1 986).

Geographical variation and biology of the Pacific white-sided dolphin , Lagenorhynchus

obliquidens, in the north-eastern Pacific. ln : M.M. Bryden & R. Harrison (eds.). Research

on Dolphins, Clarendon Press, Oxford, p. 441-465.

Walsh, M.T & Bossart,G.D. ( 1 999). Manatee Medicine. ln : M .E.Fowler & R.E.Mil ler

(eds). Zoo and Wild Animal Medicine : current therapy. W. B.Saunders Company,

Philadelphia, p. 507-516.

Page 156: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

1 36

Watson,A.G. & Bonde, R.K. ( 1 986). Congenital malformations of the flipper in three

west lndian manatees, Trichechus manatus, and a proposed mechanism for

development of ectrodactyly and cleft hand in mammals. Clínica/ Orhtopaedics and Related Research, 202: 294-301 .

Wells, C. & Lawrence, P. (1 976). A pathological dolphin. Medical and Biological 11/ustration, 26:35-37.

Wells, R.S. & Scott,M.D. ( 1 997) Seasonal incidence of boat strikes on bottlenose dolphins

near Sarasota, Florida. Marine Mammal Science 1 3: 475-480.

Yamada, M. ( 1 954). An account of a rare porpoise, Feresa Gray from Japan . Scientific A

Reports of the Whales Research lnstitute, 9:59-88.

Zar, J.H. (1 999). Biostatistica/ analysis, New Jersey, 4. ed, 663 p.

Zimmerman, M.R. & Kelley, M.A. (1 982) . Atlas of human paleopathology. Praeger

Publishers, New York, 220 p .

Page 157: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

(

- ANEXOS

Page 158: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

)

n

Anexo 1 - Exemplo de plani lha confeccionada para registros g'ráficos das

alterações em ossos do boto-cinza (Sola/ia f/uviatilis) .

VÉRTEBRAS CERVICAIS

Acervo: ___ _ Vista Posterior

Vista Anterior

Vista Dorsal

Vista Ventral

Page 159: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

)

n

Anexo 2 - Chave de classificação das alterações patológicas em colunas vertebrais

(baseada em Kompanje, 1 999).

1 a. Alteração em vértebra relacionada ao incremento da idade do animal . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2 1 b. Alteração em vértebra sem relação com a idade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . . . .. . . . . . 3

2 a. Alteração do disco vertebral devido ao aumento de esforço e idade do animal; presença de osteofitos verticais, robustos marginais; esclerose e erosão das faces articulares (inicia-se no disco vertebral}; de natureza traumática e degenerativa; generalizada, atingindo geralmente várias vértebras; pode associar-se às demais patologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DISCARTROSE

2 b. Alteração da zigopófise vertebral devido ao aumento de esforço e idade do animal; presença de osteofitos verticais, robustos marginais; esclerose e erosão das faces articulares; de natureza traumática e degenerativa; generalizada, atingindo geralmente várias vértebras; pode associar-se às demais patologias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ZIGARTROSE

3 a. Alteração afeta de forma generalizada a coluna vertebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 3 b. Alteração afeta de forma localizada a coluna vertebral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5

4. Alteração sem relação com a idade; afeta de forma generalizada a coluna vertebral (disco vertebral e/ou zigopófise); faces articulares das vértebras preservadas; formação de sindesmofitos horizontais marginais ao redor do anel fibroso do disco intervertebral; pode estar associada a ativação do sistema imunológico (desencadeada por infecção no organismo) como em humanos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ESPONDILOARTRITE

5 a. Alteração com formação de osteofitos bizarros e exuberantes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 6 5 b. Alteração com formação de osteofitos não marginais com aspecto de cera escorrendo . . . . . . . . . . . 7

6. Alteração localizada; sem relação com a idade, podendo ter relação com esforço/trauma na coluna vertebral; formações de osteofitos bizarros e exuberantes; destruição das duas faces articulares contíguas no estágio avançado; localização variável na coluna; de natureza infecciosa, com registros de relação com Streptococcus haemo/iticus . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ESPONDILITE INFECCIOSA

7. Alteração sem relação com a idade; idiopática; com ossificação dos ligamentos paravertebrais, osteofitos não marginais com aspecto de cera de vela escorrendo; faces articulares preservadas (salvo quando associada com discartrose); corpo vertebral afetado (raramente zigapófise); localizada, em geral afeta 3 ou mais vértebras contíguas em cada região . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . DISH ou HIPEROSTOSE DIFUSA

Page 160: UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIROANA BERNADETE LIMA FRAGOSO Rio de Janeiro, 13 de dezembro de 2001. _{' ? Dissertação apresentada à Coordenação de Pós-Graduação em Zoologia

}

Anexo 3 - Características dos tipos de alterações patológicas na coluna vertebral

(baseado em Kompanje, 1 999).

1 . DISCARTROSE ou ZIGARTROSE:

• Aumento da idade e esforço;

• osteofitos verticais, robustos, marginais;

• esclerose, erosão das faces articulares (inicia-se no disco intervertebral);

• corpo e/ou zígapófise afetados;

• natureza traumática e degenerativa;

• generalizada;

• pode associar-se às demais patologias.

2. ESPONDILITE INFECCIOSA :

• sem relação com a idade;

• pode ter relação com esforço/ trauma;

• formações de osteofitos bizarras e exuberantes;

• destruição de duas faces articulares contíguas no estágio avançado;

• natureza infecciosa, havendo registros de Streptococcus haemoliticus;

• localização variável;

• localizada.

3. HIPEROSTOSE DIFUSA (DISH) :

• sem relação com a idade;

• idiopática;

• ossificação dos ligamentos paravertebrais, osteofitos não marginais, aspecto cera de vela

escorrendo;

• faces articulares preservadas (salvo quando associada com discartrose);

• corpo vertebral afetado (raramente zigapófise);

• localizada (em geral 3 ou mais vértebras contíguas em cada região afetada).

4. ESPONDILOARTRITE :

• sem relação com a idade;

• pode estar associada a ativação do sistema imunológico ( desencadeada por infecção no

organismo);

• sindesmofitos, marginais, horizontais, (externos ao ânulo fibroso);

• faces articulares preservadas;

• corpo vertebral e zigapófises afetados;

• generalizada: