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Universidade Federal do Rio de Janeiro Escola Politécnica Departamento de Eletrônica e de Computação Aumento de Eficiência Energética na Geração de Energia Renovável com Turbina Eólica através da Aplicação de Conversor Eletrônico Boost Autor: _________________________________________________ Pedro Henrique Castello Branco Dágola Orientador: _________________________________________________ Prof. Carlos Fernando Teodósio Soares, D. Sc. Examinador: _________________________________________________ Prof. Joarez Bastos Monteiro, D. Sc. Examinador: _________________________________________________ Prof. Maurício Cardoso Arouca, D. Sc. DEL Agosto de 2014

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Universidade Federal do Rio de Janeiro

Escola Politécnica

Departamento de Eletrônica e de Computação

Aumento de Eficiência Energética na Geração de

Energia Renovável com Turbina Eólica através da Aplicação

de Conversor Eletrônico Boost

Autor:

_________________________________________________

Pedro Henrique Castello Branco Dágola

Orientador:

_________________________________________________

Prof. Carlos Fernando Teodósio Soares, D. Sc.

Examinador:

_________________________________________________

Prof. Joarez Bastos Monteiro, D. Sc.

Examinador:

_________________________________________________

Prof. Maurício Cardoso Arouca, D. Sc.

DEL

Agosto de 2014

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO

Escola Politécnica – Departamento de Eletrônica e de Computação

Centro de Tecnologia, Bloco H, Sala H-217, Cidade Universitária

Rio de Janeiro – RJ CEP 21949-900

Este exemplar é de propriedade da Universidade Federal do Rio de Janeiro, que

poderá incluí-lo em base de dados, armazenar em computador, microfilmar ou adotar

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bibliotecas deste trabalho, sem modificação de seu texto, em qualquer meio que esteja

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finalidade comercial e que seja feita a referência bibliográfica completa.

Os conceitos expressos neste trabalho são de responsabilidade do(s) autor(es) e

do(s) orientador(es).

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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho primeiramente a Deus por permitir que tivesse a cada dia

saúde, disposição e condições de continuar nessa jornada além de me conceder

segurança física em todos os momentos que estive dentro do campus da UFRJ.

Aos meus pais que pacientemente aguardaram tanto por esse momento e muito

lutam para o meu sucesso intelectual, acadêmico e profissional.

A Mariana Aguiar Massote que esteve comigo praticamente em todas as matérias

desse curso, passando pelas mesmas dificuldades e alegrias, fornecendo sempre o seu

apoio intelectual e afetivo.

Ao meu irmão por ser um grande incentivador, companheiro e simpatizante de

tudo que envolve engenharia.

Ao grande amigo Roberto Augusto Freitas Dias que ajudou ativamente para que

esse trabalho se tornasse realidade.

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AGRADECIMENTO

Agradeço ao professor e amigo Luiz Wagner Pereira Biscainho pela orientação e

confiança na minha capacidade acadêmica

Agradeço aos professores integrantes da Comissão de Orientação Acadêmica que

durante alguns anos me cederam seus votos de confiança e exerceram de forma

exemplar a atividade de acompanhamento acadêmico que esse país muito necessita.

Agradeço ao professor, coordenador do curso de eletrônica e computação Carlos

José Ribas D’avilla que é um exemplo de servidor público com sua dedicação, paciência

e serenidade para solucionar o problema de todos os alunos de forma eficiente.

Agradeço ao engenheiro Luiz César Sampaio Pereira, diretor executivo da

Enersud, por disponibilizar a infraestrutura do túnel de vento para a realização dos testes

e também pelo desenvolvimento das turbinas eólicas utilizadas no trabalho.

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RESUMO

O trabalho visa o desenvolvimento de um controlador de carga de baixo custo

para turbina eólica de pequeno porte (350 W) que substitua o modelo atual com a

expectativa de se obter um sistema com maior eficiência energética. O novo controlador

utilizará um conversor boost para realizar o deslocamento da curva de geração que

associado com a turbina correta fará que o sistema funcione com eficiência melhor em

um intervalo de velocidades de vento maior.

Será explicado as etapas de utilização do programa EAGLE para roteamento e

também será exposto os passos do processo de fabricação da placa de circuito impresso

utilizando a tinta sensível à luz ultravioleta.

Para atender o quesito de um sistema de baixo custo foi desenvolvida uma forma

de controle que não prevê a utilização de sensor de corrente. Somente com informações

da tensão do gerador associado a técnicas de controle, é possível gerar as informações

necessárias para o funcionamento correto do sistema.

O estudo e desenvolvimento desse equipamento disponibilizará mais uma

ferramenta para proporcionar que a geração eólica de pequeno porte seja cada vez mais

utilizada dentro das cidades (áreas urbanas) estimulando a aceitação e uso da energia

renovável.

Palavras-Chave: Conversor Boost, Aumento de Eficiência Energética, Energia

Renovável, Gerador Eólico, Controle de Carga

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ABSTRACT

The work aims to develop a charge controller of low-cost small wind turbine

(350 W) to replace the current model with the expectation of obtaining a system with

greater energy efficiency. The new controller will use a boost converter to achieve the

displacement of the generating curve and associated with the correct turbine will cause

the system to operate with improved efficiency over a wider range of wind speeds

greater.

The steps of using EAGLE program for routing will also be addressed and

exposed the process steps of manufacturing the printed circuit board using the

ultraviolet light sensitive ink.

To meet the item of a low-cost system was developed a method of control that

does not use the current sensor. Only with information of the generator voltage

associated with control techniques, it is possible to generate the information for the

correct functioning of the system.

The study and development of this equipment will provide another tool to

increase the small wind generation and use within cities (urban areas) stimulating the

acceptance and use of renewable energy.

Keywords: Boost Converter, Increase Energy Efficiency, Renewable Energy, Wind

Power Generator, Load Control

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SIGLAS

UFRJ – Universidade Federal do Rio de Janeiro

DC – Direct Current – Corrente Direta

PMSG – Permanent Magnet Synchronous Generator – Gerador Síncrono de Imã

Permanente

PWM – Pulse Width Modulation – Modulação por Largura de Pulso

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Sumário

1 Introdução 1

1.1 Energia Renovável Eólica ....................................................................... 1

1.2 A Proposta do Projeto ............................................................................. 2

1.3 Justificativa e Objetivos .......................................................................... 2

1.4 Metodologia ............................................................................................ 5

1.5 Organização do Texto ............................................................................. 6

2 Captação da Energia Eólica 8

2.1 Tipos de Geradores Eólico ...................................................................... 8

2.2 Eficiência Energética do Gerador Eólico ................................................ 10

2.3 Conversores Eletrônicos ......................................................................... 11

2.3.1 Conversor Eletrônico Buck ........................................................ 12

2.3.2 Conversor Eletrônico Boost ....................................................... 14

2.3.3 Conversor Eletrônico Buck-Boost .............................................. 16

2.3.4 Conversor Eletrônico Flyback .................................................... 18

2.3.5 Conversor Eletrônico Forward ................................................... 20

2.3.6 Conversor Eletrônico Utilizado no Trabalho .............................. 22

2.4 Técnica de Rastreamento do Ponto de Máxima Potência ....................... 23

2.4.1 Método Perturbação e Observação (P&O) ................................. 25

2.4.2 Método Tensão Constante (CV) ................................................. 26

2.4.3 Método Perturba e Observa e Tensão Constante no Trabalho ... 27

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3 Placa de Controle Digital Microprocessada 29

3.1 Principais Componentes Utilizados e Cálculo de Dimensionamento ..... 29

3.2 Esquema Elétrico e Layout do Circuito Impresso .................................. 31

4 Placa de Potência do Conversor Boost 35

4.1 Principais Componentes Utilizados e Cálculo de Dimensionamento ..... 35

4.2 Esquema Elétrico e Layout do Circuito Impresso .................................. 38

4.3 Confecção do Protótipo ........................................................................... 42

4.4 Programação e Teste de Funcionamento ................................................ 43

5 Resultados 48

6 Conclusão e Trabalhos Futuros 56

Bibliografia 58

Apêndice A 59

Apêndice B 60

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Lista de Figuras

1.1 – Diagrama de Blocos do Sistema .................................................................... 3

1.2 – Curva de Potência Teórica para uma Turbina Eólica ..................................... 4

1.3 – Curva de Potência Real para uma Turbina Eólica ......................................... 5

2.1 – Gerador de Darrius e ao fundo Gerador de Eixo Horizontal ......................... 9

2.2 – Gerador Notus de 350 Watts .......................................................................... 9

2.3 – ENERSUD – Fábrica de Aerogeradores ........................................................ 10

2.4 – Montagem e Balanceamento de Aerogeradores ............................................. 10

2.5 – Porcentagens de Duty Cycle .......................................................................... 11

2.6 – Conversor Step-Down ou Buck ..................................................................... 12

2.7 – Formas de Onda do Conversor Buck para Modo Descontínuo ..................... 13

2.8 – Ganho Estático do Conversor Buck ............................................................... 14

2.9 – Conversor Step-Up ou Boost ......................................................................... 14

2.10 – Formas de Onda do Conversor Boost para o Modo Contínuo ..................... 15

2.11 – Ganho Estático do Conversor Boost ............................................................ 16

2.12 – Conversor Step Down/Up ou Buck-Boost ................................................... 16

2.13 – Formas de Onda do Conversor Buck-Boost no Modo Contínuo ................. 17

2.14 – Ganho Estático do Conversor Buck-Boost .................................................. 18

2.15 – Conversor Flyback ....................................................................................... 19

2.16 – Formas de Onda do Conversor Flyback para o Modo Descontínuo ............ 20

2.17 – Formas de Onda do Conversor Flyback para o Modo Contínuo ................. 21

2.18 – Conversor Forward ...................................................................................... 22

2.19 – Formas de Onda do Conversor Forward para o Modo Contínuo ................. 23

2.20 – Gráfico de Ponto de Máxima Potência (MPP) ............................................. 23

2.21 – Gráfico sem MPPT X MPPT ....................................................................... 25

2.22 – Fluxograma Método Perturbação & Observação (P&O) ............................. 27

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3.1 –Placa de Progamação QL-200 ......................................................................... 29

3.2 – Esquemático da Placa de Controle ................................................................. 31

3.3 – Disposição dos Componentes da Placa de Controle ...................................... 33

3.4 – Layout da Placa de Controle .......................................................................... 33

3.5 – Placa de Controle Montada ............................................................................ 34

4.1 – Conversor Boost ............................................................................................. 35

4.2 – Esquemático do Conversor Boost .................................................................. 39

4.3 – Layout da Placa do Conversor Boost ............................................................. 40

4.4 – Placa de Potência Boost Montada .................................................................. 41

4.5 – Fotolito da Placa de Potência Boost ............................................................... 42

4.6 – Estágio Final da Confecção da Placa de Circuito Impresso ........................... 43

4.7 – Fluxograma do Sistema de Controle 1/2 ........................................................ 45

4.8 – Fluxograma do Sistema de Controle 2/2 ........................................................ 46

4.9 – Visão Frontal do Controlador ........................................................................ 47

4.10 – Visão Interna do Controlador ....................................................................... 47

4.11 – Túnel de Vento ............................................................................................. 47

5.1 – Gráfico Comparativo para Turbina A – Teste 1.............................................. 49

5.2 – Gráfico Comparativo para Turbina B – Teste 1 ............................................. 50

5.3 – Gráfico Comparativo entre Turbina A sem boost e a Turbina B ................... 51

5.4 – Gráfico Comparativo para Turbina B – Teste 2 ............................................. 52

5.5 – Tensão de Entrada do Gerador x Tensão de Saída do Conversor Boost ........ 53

5.6 – PWM do Conversor Boost no Microcontrolador ........................................... 54

5.7 – Ripple da Tensão de Saída do Conversor Boost ............................................ 55

5.8 – Forma de Onda da Variação da Corrente no Indutor ..................................... 55

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Lista de Tabelas

5.1 – Tabela com os Dados do Teste da Turbina A ................................................ 48

5.2 – Tabela com os Dados do Teste 1 da Turbina B ............................................. 50

5.3 – Tabela com os Dados do Teste 2 da Turbina B ............................................. 52

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Capítulo 1

Introdução

1.1 – Energia Renovável Eólica

A energia eólica, também chamada de energia dos ventos, é amplamente

utilizada há muitos séculos com variadas funções. As mais conhecidas são em moendas

de cereais utilizando os tradicionais moinhos de vento; nas salinas, com função de

bombear água através do cata-vento, e ainda sendo importante nos Países Baixos para

preparação de pigmentos, extração de óleo e drenagem de terrenos alagados.

Atualmente, o aproveitamento da energia eólica ocorre através de aerogeradores que

transformam a quantidade de movimento do ar em energia elétrica.

A tecnologia dos aerogeradores foi muito desenvolvida nos últimos anos nos

países do hemisfério norte, especialmente nos Países Baixos, lugar mais conhecido

mundialmente por essa forma de geração de energia. Os aerogeradores utilizados são de

grande porte e grande capacidade elétrica. Deste modo, devem ter grande envergadura,

pois precisam gerar bastante energia para suprir a necessidade de cidades inteiras.

Turbinas de alta potência dispõem de mecanismos para encontrar o melhor ângulo do

vento e possuem sistemas de posicionamento para sempre estar funcionando na faixa de

maior aproveitamento do vento local. Já nos sistemas de baixa potência, esses recursos

são muito caros e inviabilizaria essa classe de geração. Desta forma, o trabalho visa

desenvolver essa tecnologia ajustada para os geradores de pequeno porte para o

aumento da eficiência.

Desta forma, esse trabalho visa apresentar e desenvolver tecnologia ajustada

para aerogeradores de pequeno porte que têm como principal objetivo a geração de

energia pontual para abastecimento de residências e prédios. Abordará como a

eletrônica de potência, através dos conversores DC-DC, pode conferir aumento de

eficiência nessa classe de aerogeradores.

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1.2 – A Proposta do Projeto

A proposta de estudo deste trabalho é propor, implementar e validar o

funcionamento do conversor eletrônico DC-DC boost com a expectativa de se obter

aumento de eficiência na geração de energia elétrica por aerogeradores de pequeno

porte e baixo custo. Será desenvolvido o ambiente eletrônico de controle que monitore a

operação, realize o controle dos sistemas de segurança e ainda seja capaz de controlar

placas acessórias que, enfim, proporcionarão o aumento de eficiência energética.

A utilização de conversores DC-DC é uma prática relativamente antiga quando

comparada à eletrônica moderna de pequenos chips e milhões de transistores. Existem

vários tipos de conversores e cada um tem uma aplicação específica que possibilita

melhores resultados e maior eficiência. Os conversores de energia podem ser

considerados uma tecnologia bem madura nos quesitos de eficiência e robustez de

funcionamento. Este trabalho conta com a tecnologia bem sólida dos conversores e

outros exemplos de aplicação como base para o desenvolvimento de novas aplicações.

A aplicação dos conversores DC-DC na geração de energia renovável é de

extrema importância devido à função de ajuste da tensão gerada tanto aumentando

(boost), diminuindo (buck) ou realizando ambos em um único sistema. Essa flexiblidade

que os conversores fornecem ao sistema possibilita o aumento de eficiência no

momento de realizar a conversão da energia gerada.

A modalidade de geração de energia por equipamentos de pequena capacidade

nominal está cada vez mais importante e ganhando mais visibilidade no país. Em 2012,

foi publicada e revisada a Resolução Normativa Nº 482 que contém todos os requisitos

de segurança, operação e comercialização da energia gerada por essa modalidade de

microgeração de energia. O incentivo governamental para esse setor é estratégico, pois a

microgeração descentralizada é apontada como grande alternativa para o desafogamento

(alívio de carga) das grandes centrais elétricas nos horários de pico.

1.3 – Justificativa e Objetivos

A microgeração, aprovada pela resolução normativa Nº 482 de 17/04/2012 da

ANEEL [1], terá um papel importante no desenvolvimento do país e um grande

mercado.

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Historicamente, a geração de energia eólica foi principalmente focada em

geradores de grande porte, com potências de mega watts. Desta forma, os geradores de

pequeno porte carecem de tecnologias desenvolvidas especificamente para esta forma

de geração.

Nesse sentido, o projeto busca ampliar as áreas em que um aerogerador de

pequeno porte poderá ser instalado, experimentando outra forma de geração, onde o

conversor boost será utilizado com um objetivo diferente do que tradicionalmente é

aplicado nos grandes sistemas. Será também usado para aumentar a eficiência com uma

tecnologia de baixo custo, que disponibilizará mais uma ferramenta para que a

microgeração experimente o crescimento prometido, tornando-o cada vez mais comum

nas cidades e também nas regiões que têm velocidade média de ventos abaixo de 6 m/s.

Na Figura 1.1 o diagrama de blocos resumido para o sistema é apresentado

localizando o conversor boost e o sistema de controle.

Figura 1.1 – Diagrama de Blocos do Sistema

O objetivo do trabalho é desenvolver a aplicação ajustada do conversor boost em

turbinas eólicas de baixa potência para tornar os produtos que utilizarão essa tecnologia

mais eficientes e competitivos, por se tratar de uma solução de baixo custo de

implementação [2 - 3]. Desta forma, os objetivos específicos para desenvolver esse

trabalho são: (1) desenvolver uma plataforma de controle eletrônico microprocessado

que realizará as medições das varáveis físicas da turbina e fará a tomada de decisão

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(controle) sobre o conversor boost. (2) desenvolver a plataforma do conversor boost,

habilitando a comunicação entre o controlador e o conversor. (3) realizar o

levantamento dos ajustes de parâmetros para a otimização do funcionamento do

conversor boost para atuar somente na faixa de pouco vento.

A característica comumente utilizada para avaliação da qualidade de uma turbina

eólica é a velocidade do início de geração. Esse é o momento em que a turbina está

exposta a ventos fracos. O gráfico com a curva de potência de uma turbina eólica tem

normalmente a forma de uma semi parábola com concavidade para cima. Na Figura 1.2,

é apresentada a curva de potência teórica de uma aerogerador que demonstra o

comportamento da velocidade no início de geração, a perda de eficiência em alta

velocidade e a faixa de velocidade em que a turbina precisa ser desligada por segurança

para evitar acidentes e a possível explosão da turbina. Na Figura 1.3, é apresentada a

curva de potência para uma turbina eólica real, que pertence ao aerogerador Vélter II do

fabricante espanhol Solener.

Figura 1.2 – Curva de Potência Teórica para uma Turbina Eólica Fonte: http://www.scielo.br/img/revistas/ca/v17n2/a06fig11.gif

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Figura 1.3 – Curva de Potência Real para uma Turbina Eólica Fonte: http://www.solener.com/velterii.gif

É almejado para o trabalho que a aplicação do conversor possa manipular o

início da curva de potência, seja iniciando a geração de energia precocemente ou

recuperando energia perdida pelo projeto construtivo da turbina.

1.4 – Metodologia

A topologia de geração escolhida para este trabalho será a utilização de um

gerador síncrono de imã permanente (PMSG) com retificação por ponte de diodos e

com o conversor boost [2] conectado à bateria (stand alone system). A pesquisa será

dividida em duas partes ideológicas importantes do conhecimento. Na parte referente ao

equipamento aerogerador, as principais variáveis que deverão ser testadas para

possibilitar o aumento da eficiência são: a otimização do enrolamento do gerador para o

regime de funcionamento, densidade de corrente e tensão de trabalho do gerador.

Já para a parte de eletrônica de potência, que é a segunda frente de pesquisa, o

algoritmo de controle e dimensionamento do conversor deverá ser projetado para operar

um casamento ideal entre a turbina e a eletrônica de controle.

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Nesse cenário, a estratégia do trabalho será a conjugação entre a otimização do

enrolamento para uma turbina com ótima eficiência em regime de grande quantidade de

movimento (média de ventos fortes, acima de 10m/s), associado com o conversor boost

recuperando eletronicamente a eficiência perdida na região de baixa velocidade do

vento. Essa combinação visa extrair a máxima eficiência do conjunto aerogerador e

conversor DC-DC boost, possibilitando a geração de uma curva de potência com

rendimento ótimo, onde o resultado final seja um equipamento eficiente em vários

regimes de vento. Assim, esse arranjo produzirá energia durante a maior parte do

tempo, mesmo em condições aparentemente adversas, nos momentos de ventos fracos e

fortes.

Para analisar a eficiência do conjunto, turbina e conversor, serão medidas as

potências do aerogerador com e sem o conversor boost. Desse modo, é esperado que

seja evidente a atuação do conversor e se este promove algum ganho de eficiência

energética ao sistema. As medidas serão realizadas em um túnel de vento para agilizar e

simplificar a obtenção dos dados que idealmente deveriam ser coletados em situação

real com longas esperas por vento de boa qualidade (sem ser de rajadas).

1.5 – Organização do Texto

Os capítulos estão organizados na sequência de estudo e desenvolvimento em

que o projeto foi proposto, planejado e executado. Cada capítulo representa uma etapa

do projeto, podendo essa etapa ser de estudo teórico do estado da arte, desenvolvimento

de placa de circuito impresso ou de testes para validação.

O Capítulo 2 é dedicado à fundamentação teórica do trabalho. Neste capítulo

serão abordados os tipos de aerogeradores comerciais do mercado utilizados na

microgeração, especificando o que será utilizado, os cálculos de aproveitamento da

energia eólica para o gerador escolhido, a apresentação teórica de funcionamento dos

conversores eletrônicos DC-DC e as técnicas de controle para rastreamento do ponto de

máxima potência.

No Capítulo 3 serão descritos os componentes utilizados na placa de controle

digital, as características das peças de maior relevância, além do motivo de ter escolhido

esse componente para integrar o projeto. Será também explicitado o dimensionamento

elétrico, assim como os testes realizados na placa de controle.

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O Capítulo 4 aborda a placa de potência do conversor DC-DC boost que,

basicamente, segue os mesmo pontos de abordagem que o capítulo anterior. Será

também descrita a confecção da placa de circuito impresso.

O Capítulo 5 demonstrará os resultados obtidos, demonstrando a operação do

conversor boost e evidenciando o deslocamento da curva de geração em baixa

velocidade causado pela utilização do conversor.

No Capítulo 6 serão apresentadas as conclusões do projeto e propostas melhorias

para o aperfeiçoamento do trabalho.

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Capítulo 2

Captação da Energia Eólica

2.1 – Tipos de Geradores Eólicos

A energia proveniente dos ventos pode ser aproveitada de muitas formas e com

vários tipos de equipamentos. Cada aerogerador tem um regime de operação, forma

construtiva e base teórica de funcionamento que o torna ideal para determinada

aplicação. Para certas funções há uma configuração e princípio de funcionamento mais

favorável. Logo, há a necessidade de que existam alguns tipos de aerogeradores e não se

pode afirmar qual é absolutamente o melhor.

Pode-se separar os geradores eólicos em basicamente dois grandes grupos,

segundo a orientação do eixo e o tipo de motor construído.

Os geradores utilizados em fazendas eólicas, com turbinas na faixa de mega

watts, são síncronos, onde a velocidade de rotação é igual à velocidade do campo

girante (velocidade de sincronismo). Já os geradores de menor potência são, em grande

maioria, assíncronos, o que confere ao sistema menor complexidade, grande robustez,

leveza e baixo custo.

Sobre a orientação do eixo, temos duas classificações: as turbinas de eixo

vertical e as turbinas de eixo horizontal.

A turbina de eixo vertical tem o deslocamento das pás na direção do fluxo do

vento. Logo, possui a vantagem de não ser necessário orientar a turbina conforme a

direção do vento como, por exemplo, a turbina do tipo Darrius [Figura 2.1].

A turbina de eixo horizontal tem o giro das pás no sentido perpendicular ao

plano de deslocamento do ar.

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Figura 2.1 – Gerador de Darrius e, ao fundo, Gerador de Eixo Horizontal. Fonte: http://www.abantosl.com/en/photos.

Nesse trabalho, utilizamos um aerogerador assíncrono, Notus, com campo

produzido por ímãs permanentes de neodímio, eixo horizontal de três pás e com

potência nominal informada pelo fabricante de 350W [Figura 2.2].

Figura 2.2 – Gerador Notus 350Watts.

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A empresa ENERSUD Soluções Energéticas, fabricante de aerogeradores de

pequeno porte, desenvolveu algumas versões de aerogerador pesquisando os parâmetros

que fariam o sistema mais eficiente para o novo regime de funcionamento proposto pela

conjugação do conversor boost e turbina.

Figura 2.3 – ENERSUD Fabrica de Aerogeradores

Figura 2.4 – Montagem e Balanceamento de Aerogeradores Fonte: http://www.enersud.com.br

2.2 – Eficiência Energética do Gerador Eólico

Os aerogeradores são projetados para extraírem o máximo de energia dos ventos

mantendo o sistema de gerador e torre de sustentação estável. A potência total

disponível do vento (Pdisp) é calculada da seguinte fórmula proveniente da energia

cinética (Ec = 0,5 . m . v2) [7]:

Pdisp = 0,5 . A. ρ . v3 (2.1)

Onde ρ é a densidade do ar em kg/m3 que varia conforme a altitude e

temperatura do local, v é a velocidade do vento em m/s e A é a área varrida pelas pás

em m2 que é calculada segundo a equação abaixo:

A = n . R2 (2.2)

Onde n é o número de pás e R é o raio do rotor em metros.

Porém, segundo a lei de Betz, somente uma porcentagem do total da energia

cinética do vento que atinge as pás do aerogerador é convertida em energia rotacional

do rotor. Assim, o coeficiente de potência (cp) representa o rendimento aerodinâmico

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entre a energia total disponível e a captada pelo aerogerador que foi realmente

transformada em energia rotacional.

Pdisp = 0,5 . A. ρ . v3 . cp (2.3)

Em estudos, Albert Betz comprovou que o maior coeficiente de potência

extraível do vento independente do design da turbina eólica era de 59,3%. Esse

resultado é conhecido como constante de Betz [4].

2.3 – Conversores Eletrônicos

Os conversores eletrônicos DC – DC podem ser considerados uma ferramenta

importante para o funcionamento dos equipamentos eletrônicos, principalmente para

aqueles que necessitam de várias diferentes tensões de alimentação, por exemplo, os

equipamentos portáteis como celulares e laptops.

Simplificadamente, os conversores DC-DC são projetados para fornecer uma

tensão contínua regulada a partir de uma fonte de tensão não regulada ou de uma bateria

na maioria dos casos. Grande parte dos conversores são compostos por transistores

(chave), diodos, indutores, capacitores e resistores.

O controle dos conversores é realizado por uma unidade de controle que utiliza a

modulação por largura de pulso (PWM) para atuar no controle dos transistores (chaves),

variando o ciclo de trabalho (duty cycle) da modulação.

Figura 2.5 – Porcentagens de Duty Cycle.

Os conversores têm dois principais regimes de operação: o modo contínuo, onde

a corrente no indutor após o transitório não assume valor nulo, e o modo descontínuo de

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operação, onde a corrente do indutor é nula durante pequenos intervalos durante o

funcionamento do conversor.

Há também a classificação entre conversores isolados e não isolados. Essa

classificação é devida, pois alguns conversores possuem transformadores que isolam os

circuitos de entrada e saída. Os conversores Buck e Boost são não isolados, enquanto os

conversores Flyback e Foward são isolados.

2.3.1 – Conversor Eletrônico Buck

O conversor eletrônico buck é também chamado de conversor step-down. Este

conversor tem como principal aplicação gerar uma tensão de saída DC de magnitude

inferior ou, no máximo, igual à tensão de entrada. Efetivamente, funciona como um

abaixador de tensão eletrônico com ótima eficiência, ou seja, com poucas perdas de

transformação e aquecimento do circuito.

Na Figura 2.6 é montado o circuito elétrico básico deste conversor.

Figura 2.6 – Conversor Step-Down ou Buck.

O funcionamento do conversor ocorre com o armazenamento e descarga da

energia do indutor L. A quantidade de energia do indutor é controlada a partir do duty

cycle (δ) do sinal PWM (Vp) aplicado no transistor (T). A dinâmica do conversor pode

ser dividida em duas etapas:

A primeira etapa ocorre quando o transistor (T) está na região de saturação,

conduzindo. Nesse momento, circula a corrente (IL) pelo indutor, a corrente (Iout) pela

carga e o indutor é magnetizado, fornecendo energia para a carga.

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Na segunda etapa, quando o transistor (T) está em corte, o diodo (D) passa a

conduzir para ocorrer à transferência da energia de magnetização do indutor para a

carga.

Analisando o circuito, podemos concluir que a relação entre a tensão de entrada

(Vin), a tensão de saída (Vout), o duty cycle (δ) e o período da onda quadrada do PWM

(T) é [5]:

(Vin – Vout) . δ . T = – Vout . (1 – δ) . T (2.4)

Figura 2.7 – Formas de Onda do Conversor Buck para o Modo Contínuo. [5]

Então, o ganho estático G(δ) para o regime contínuo é:

G (δ) = (Vout / Vin) = δ (2.5)

Considerando que δ assume valores somente entre 0 e 1, concluímos que Vin

deve ser maior ou igual a Vout. Dessa forma, a tensão de saída sempre será igual ou uma

fração da tensão de entrada.

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Figura 2.8 – Ganho Estático do Conversor Buck [5]

2.3.2 – Conversor Eletrônico Boost

O conversor eletrônico boost também, conhecido por conversor step-up, tem

como principal aplicação gerar uma tensão de saída DC de magnitude superior ou, no

mínimo, igual à tensão de entrada. Este foi o conversor montado e testado nesse

trabalho.

Na Figura 2.9 é ilustrado o circuito elétrico básico deste conversor.

Figura 2.9 – Conversor Step Up ou Boost

O funcionamento do conversor ocorre também com o armazenamento e descarga

da energia do indutor L. A quantidade de energia do indutor é controlada a partir do

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duty cycle (δ) do sinal PWM (Vp) aplicado no transistor (T). A dinâmica do conversor

pode também ser dividida em duas etapas:

A primeira etapa ocorre quando o transistor (T) está conduzindo. Nesse

momento, circula a corrente (IL) pelo indutor, a corrente (Iout) na carga é fornecida pelo

capacitor (C).

Na segunda etapa, quando o transistor (T) está aberto, o diodo (D) passa a

conduzir para ocorrer à transferência da energia de magnetização do indutor para a

carga, somada à tensão de entrada (Vin). Nesse instante, a carga recebe uma tensão

maior que a da entrada.

Analisando o circuito, podemos concluir que a relação entre a tensão de entrada

(Vin), a tensão de saída (Vout), o duty cycle (δ) e o período da onda quadrada do PWM

(T) é [5]:

Vin . δ . T = (Vin – Vout) . (1 – δ) . T (2.6)

Figura 2.10 – Formas de Onda do Conversor Boost para o Modo Contínuo [5]

A partir de (2.6), o ganho estático G(δ) para o regime contínuo é:

G (δ) = (Vout / Vin) = 1 / (1 – δ) (2.7)

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Considerando que δ assume valores somente entre 0 e 1, concluímos, dessa

forma, que Vout será sempre maior que Vin ou, no máximo, igual.

Figura 2.11 – Ganho Estático do Conversor Boost [5]

2.3.3 – Conversor Eletrônico Buck-Boost

O conversor eletrônico buck-boost também é conhecido como conversor

step down/up. Este conversor é a junção dos dois conversores anteriores. Logo, é

possível gerar uma tensão de saída DC de magnitude inferior ou superior à tensão de

entrada, bastando realizar o controle através do duty cycle do PWM. É importante

salientar que a tensão de saída (Vout) é invertida em relação à tensão na entrada (Vin).

Na Figura 2.12 é ilustrado o circuito elétrico básico deste conversor.

Figura 2.12 – Conversor Step Down/Up ou Buck-Boost

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O funcionamento do conversor ocorre também com o armazenamento e descarga

da energia do indutor L. A quantidade de energia do indutor é controlada a partir do

duty cycle (δ) do sinal PWM (Vp) aplicado no transistor (T). A dinâmica do conversor

pode também ser dividida em duas etapas:

A primeira etapa ocorre quando o transistor (T) está conduzindo. Nesse

momento, circula a corrente (IL) pelo indutor que magnetiza a bobina.

Na segunda etapa, quando o transistor (T) está aberto, o diodo (D) passa a

conduzir para ocorrer a transferência da energia armazenada no indutor para a carga,

ocorrendo a desmagnetização do indutor.

O circuito pode ser caracterizado com relação à tensão de entrada (Vin), à tensão

de saída (Vout), ao duty cycle (δ) e ao período da onda quadrada do PWM (T) por [5]:

Vin . δ . T = – Vout . (1 – δ) . T (2.8)

Figura 2.13 – Formas de Onda do Conversor Buck-Boost no Modo Contínuo [5]

A partir de (2.8), o ganho estático G(δ) para o regime contínuo é:

G (δ) = (Vout / Vin) = – δ / (1 – δ) (2.9)

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Considerando que δ assume valores somente entre 0 e 1, pode-se obter tensões

|Vout| ≥ Vin ou |Vout| ≤ Vin. Para termos Vout = Vin devemos ter o duty cycle em 50 %, ou

seja, δ = 0,5.

Figura 2.14 – Ganho Estático do Conversor Buck-Boost [5]

2.3.4 – Conversor Eletrônico Flyback

O conversor flyback tem um transformador de alta frequência na entrada que

assegura o isolamento elétrico entre a entrada e saída do circuito. Nesse tipo de

conversor, o controle da tensão de saída também é realizado através da variação do duty

cycle da onda quadrada que é aplicado à base do transistor de chaveamento (T). Devido

à utilização de um transformador no circuito, a relação de espiras é um novo parâmetro

de dimensionamento oferecido para, juntamente com o PWM possibilitar que esse

conversor eleve ou reduza a tensão de saída.

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Figura 2.15 – Conversor Flyback

O funcionamento do conversor flyback ocorre, primeiramente, com o

armazenamento de energia na bobina do primário do transformador enquanto o

transistor (T) está na região de saturação, conduzindo. Devido ao enrolamento do

transformador ser em sentidos opostos, faz com o diodo (D) esteja reversamente

polarizado, não gerando corrente no secundário do transformador.

Quando o transistor (T) entrada na região de corte, o diodo (D) entra em

condução e a energia magnética armazenada no núcleo do transformador é entregue à

carga.

É importante ressaltar que neste conversor, quanto menos eficiente (“mais

imperfeito”) for o núcleo do transformador, maior será a energia armazenada nele

durante o período que o transistor estiver conduzindo. A eficiência (perfeição) do

núcleo do transformador é caracterizada pela permeabilidade magnética (μ). Quanto

menor o μ do material do núcleo do transformador, mais energia será necessária para

magnetizar o núcleo, logo mais energia será entregue para a carga.

O ganho estático do conversor flyback para o regime de operação contínua é [5]:

G (δ) = (Vout / Vin) = (Ns / Np) . (δ / (1 – δ)) (2.10)

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Quando a relação de espiras do transformador tiver a relação 1:1, ou seja,

Np = Ns a equação de ganho estático do conversor flyback é semelhante ao do conversor

buck-boost.

Figura 2.16 – Formas de Onda do Conversor Flyback para o Modo Contínuo [5]

Não se deve esquecer que, nesse tipo de conversor, quando o transistor (T) entra

na região de corte, devido à existência do efeito indutivo dos enrolamentos das bobinas

do transformador haverá altos picos de tensão no momento de abertura do circuito.

Desta forma, é necessário cuidado na especificação dos componentes do conversor. O

transistor e o diodo devem ser dimensionados para suportar os picos de tensão e

corrente. Principalmente para o regime descontínuo, onde o pico de corrente no diodo

(D) é consideravelmente maior.

2.3.5 – Conversor Eletrônico Forward

O conversor forward tem uma estrutura elétrica parecida com a do conversor

buck a menos da isolação elétrica devido ao transformador e 2 diodos. Neste conversor,

diferentemente do conversor buck, é possível abaixar e elevar a tensão de saída (Vout)

através do dimensionamento da relação de espiras (Ns / Np) e do indutor (L)

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Figura 2.17 – Conversor Forward

O funcionamento deste conversor segue a mesma lógica do conversor buck.

Primeiramente, quando o transistor (T) está na região de saturação, conduzindo, a

tensão de saída é Vin – VT, considerando acoplamento unitário.

Quando o transistor (T) entra na região de corte, a energia armazenada no núcleo

será descarregada através do indutor central, que polarizará diretamente o diodo (D3) e

devolverá a energia do núcleo para a fonte. Já a energia do indutor (L) circulará através

do diodo (D2).

O ganho estático do conversor forward para o regime de funcionamento

contínuo é [5]:

G (δ) = (Vout / Vin) = (Ns / Np) . (δ) (2.11)

Quando o acoplamento é unitário, Ns = Np, a função de transferência desse

conversor fica igual ao do conversor buck.

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Figura 2.18 – Formas de Onda do Conversor Forward para o Modo Contínuo [5]

2.3.6 – Conversor Eletrônico Utilizado

Foi escolhido para ser utilizado no trabalho somente o conversor eletrônico

boost. Esse conversor realiza a tarefa necessária para possibilitar o aproveitamento da

energia dos ventos fracos, momento que a turbina tem baixa tensão de geração e

velocidade angular. Nesse cenário a característica de elevação da tensão de saída (step

up) do conversor é ideal para efetuar o carregamento da bateria e extrair a energia dos

ventos fracos promovendo o aumento de eficiência almejado. Outro fator importante

considerado foi o baixo custo de implementação e devido à característica do trabalho ser

focado somente no início da curva de geração, fez com que os outros conversores não

fossem necessários.

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2.4 – Técnica de Rastreamento do Ponto de Máxima Potência

O ponto de máxima potência (MPP – maximum power point) nos sistemas

eólicos varia rapidamente devido à mudança de direção e intensidade dos ventos. Para

possibilitar o máximo aproveitamento da capacidade de geração eólica é necessário que

o sistema de controle opere a maior parte do tempo sobre o MPP. A técnica que realiza

a “procura” pelo MPP é conhecida como técnica de rastreamento do ponto de máxima

potência (MPPT - maximum power point tracking).

Na Figura 2.19, pode-se visualizar como identificar o ponto de máxima potência

em uma curva genérica.

Já na Figura 2.20 é demonstrada a quantidade de energia gerada por um sistema

que utiliza um equipamento que rastreie o MPPT, quando não utiliza e também

identifica os pontos da comparação.

Figura 2.19 – Gráfico de Ponto de Máxima Potência (MPP)

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Figura 2.20 – Gráfico Sem MPPT X MPPT. Fonte: http://www.homepower.com/maximum-power-point-tracking-mppt.

As técnicas MPPT são amplamente utilizadas e existem vários métodos de

controle e estratégias de aplicação[5][6]. Os métodos variam conforme alguns critérios:

- Complexidade de implementação que impacta diretamente na capacidade de

processamento e velocidade de cálculos que a unidade de controle é capaz de realizar;

- Tipos de variáveis de controle que devem ser aquisitadas do sistema. Por

exemplo: tensão, corrente e frequência;

- Custo do sensoriamento para obtenção das variáveis de controle, por exemplo

os sensores de corrente geralmente elevam o custo do sistema;

- Velocidade de Convergência para o MPPT.

Segundo Sequel [6], em estudo comparativo entre as principais técnicas, as mais

utilizadas são:

- Método Tensão Constante (CV – Constant Voltage);

- Método Perturba e Observa (P&O – Pertubation and Observation);

- Método Condutância Incremental (IncCond – Incremental Conductance).

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Essas 3 técnicas são consideradas as mais utilizadas por terem menor dificuldade

de implementação e complexidade de programação:

2.4.1 – Método Perturba e Observa (P&O)

Essa técnica consiste na realização de perturbação na tensão do sistema em uma

dada direção (crescendo ou diminuindo) e observar o efeito causado através da medição

de potência de saída do sistema, verificando se houve um aumento ou diminuição da

potência gerada. Caso a potência tenha aumentado, a perturbação continuará a seguir a

mesma direção até a potência parar de aumentar. Nesse momento, o sistema encontrou o

MPP e continuará a perturbar em ambos os sentidos, sempre perseguindo o MPP que

varia constantemente conforme a dinâmica das condições meteorológicas.

Nota-se que o sistema ficará oscilando em torno do MPP. Essa oscilação pode

ser manipulada variando a magnitude (variação da tensão através da porcentagem de

PWM) da perturbação aplicada ao sistema. Portanto, quanto menor for a perturbação,

menor será a oscilação em torno do MPP. Deve-se salientar que perturbações muito

“pequenas” tornam a técnica muito lenta para rastreamento do MPP.

Nessa técnica há dois parâmetros de projeto que devem ser bem escolhidos para

o bom desempenho do sistema. O primeiro é o tamanho da perturbação (ΔV). O

segundo é o período de amostragem (Ta), que corresponde ao intervalo de tempo entre

as amostragens da tensão e da corrente do sistema.

O parâmetro Ta é importante, pois quanto menor for o período de amostragem, o

controle fica mais ágil para rastrear o MPP. Porém, neste parâmetro também existe um

valor mínimo limitado pelo tempo mínimo necessário para a estabilização da tensão de

saída, evitando a instabilidade da técnica MPPT.

Na Figura 2.21 temos o fluxograma do funcionamento básico de um algoritmo

perturba e observa. A sequência lógica de operação inicia com a obtenção de uma

leitura de tensão e corrente do sistema. Assim, é calculada a potência instantânea gerada

e esse valor é comparado com a última potência calculada. Caso tenha ocorrido um

incremento na potência gerada, o algoritimo está perturbando na direção correta. Se a

potência tiver diminuído, o algoritimo deverá seguir a curva de geração no outro

sentido, invertendo a perturbação realizada anteriormente.

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Figura 2.21 – Fluxograma Método Perturbação e Observação (P&O) [6]

2.4.2 – Método Tensão Constante (CV)

Essa técnica é principalmente utilizada em sistemas de energia renovável que

utilizam painéis fotovoltaicos devido à facilidade de implementação, baixo custo e alto

nível de segurança.

O método é baseado na análise de duas tensões do sistema e comparação com

uma tensão calculada (Vmax). A primeira tensão é a do gerador eólico (Vger) que é obtida

durante a geração de energia quando o sistema está conectado a uma carga, por

exemplo, banco de baterias ou inversor conectado a rede elétrica. A segunda variável é a

tensão de circuito aberto (Voc). Essa tensão é obtida quando o conversor boost é

desligado, “retirado do sistema”. Assim, a turbina passa a operar sem carga por um

breve instante de tempo. A operação de retirar o conversor do sistema tem duas

variáveis relacionadas a essa operação que devem ser observadas. Essas são o período

de amostragem da tensão de circuito aberto (intervalo de tempo que Voc é amostrado) e

o período de amostragem de Vger. As tensões Voc e Vmax, nos sistemas solares, tem

relação praticamente lineares mesmo sob condições de radiação e temperatura variáveis.

A tensão Vmax é calculada conforme a equação abaixo segundo Sequel [6], [7] e [8].

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Vmax = k . Voc (2.12)

Onde k é chamado de fator de tensão. Em sistemas fotovoltaicos o valor desse fator

geralmente assume valores entre 0.7 e 0.8 [9].

O Vmax será calculado a partir da leitura de Voc, utilizando um valor de k que

deverá ser calculado de forma empírica segundo o arranjo do sistema que essa técnica

controlará. Dessa forma, a cada medição de Voc, o controlador irá calcular um erro que é

a diferença entre Vmax e Vger. Esse erro indica ao sistema de controle o que deve ser feito

na variável de controle (Vc) para se aproximar do ponto de máxima potência (MPPT).

Como a amostragem e cálculo do erro não são realizados de forma contínua, o sistema

nunca estará operando exatamente sobre o MPP. Na Figura 2.22, tem-se o fluxograma

de funcionamento do método.

Figura 2.22 – Fluxograma Método Tensão Constante (CV)

2.4.3 – Método Perturba e Observa e Tensão Constante no

Trabalho

Nesse trabalho, foi utilizado parcialmente o conceito do método de tensão

constante e o método de perturbação e observação para desenvolvimento do algoritmo

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de controle. A estratégia de utilizar dois métodos de controle não implementados

integralmente foi devido à necessidade do trabalho de reduzir custos.

Se fosse utilizado o método perturba e observa integralmente, seria necessária a

utilização de sensores de corrente, item substancialmente oneroso para a finalidade do

projeto. Sem a utilização dos sensores de corrente o método de perturbação e

observação não poderia ser completamente implementada, porque o algoritmo não teria

informações suficientes para detectar em qual parte da curva de potência o sistema

estaria operando, impossibilitando a tomada de decisão para rastrear o MPP.

No sistema proposto no trabalho (turbina + conversor), o MPP ocorrerá onde a

derivada for positiva, conforme a Figura 2.20, nunca alcançando o lado com derivada

negativa da curva. Dessa forma, foi possível utilizar a técnica de extração de máxima

potência do método perturba e observa sem se preocupar se o algoritmo iria se perder e

ficar “preso”. Essa técnica é utilizada somente no início da geração, região que o

aerogerador é pouco eficiente. O conjunto boost é desligado quando há ventos fortes,

momento que o conversor alcança o MPP e a turbina passa a ser mais eficiente que o

conjunto (turbina + conversor).

O método de tensão constante foi necessário para identificar quando há vento

suficiente para o conversor alcançar o MPP. Identificando esse momento, o boost é

desligado, permitindo que a turbina gere energia sem o conversor, operando na região

que foi projetada para ter melhor eficiência. Dessa forma, o método de tensão constante

é utilizado parcialmente, pois somente é gerada a leitura de Voc para gerar a variável de

controle que estima que há energia disponível para a turbina alcançar a região que é

mais eficiente que o conjunto.

O cálculo do erro e a atuação no sistema que completaria a utilização do método

de tensão para chegar ao MPP não são necessários, pois o sistema já está no MPP do

conversor. Então, o método está sendo utilizado com propósito diferente do que

originalmente foi proposto. Dessa forma, é possível utilizar 2 métodos de MPPT ao

mesmo tempo para alcançar o MPP do conversor e permitir que a turbina opere na

região de máxima eficiência.

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Capítulo 3

Placa de Controle Digital

Microprocessada

3.1 – Principais Componentes Utilizados e Cálculo de

Dimensionamento

O primeiro componente analisado para compor o projeto foi a unidade de

controle digital que seria utilizada. Havia diversas opções entre fabricantes, modelos,

frequência de funcionamento e características eletroeletrônicas diferentes.

A opção inicial foi a escolha de algum modelo de chip PIC, da Microchip, pois

já havia disponibilidade da placa de desenvolvimento/programação (Fig 3.1) que

suportasse os chips desse fabricante, licença do software de programação. Outro fator

importante considerado foi o custo muito acessível dos equipamentos e peças, grande

disponibilidade no mercado e relevante quantidade de material técnico informativo

disponível para consulta na internet (fóruns).

Figura 3.1 – Placa de Programação QL-200

Dentro da grande variedade de microcontroladores da Microchip, foi dado

preferência para os chips que possuem 2 saídas de PWM, frequência de funcionamento

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de 20MHz, entrada analógicas com conversor analógico-digital (A/D) de 10 bits,

memória ROM adequada para 8.192 palavras de instrução e memória RAM de 368

bytes. Então, foi escolhido o PIC 16F876A que atendia a essas características para

desenvolvimento do trabalho.

Para possibilitar o acionamento do transistor (chave) do conversor boost, é

necessário que um driver realize esta operação. Para polarização do transistor (IRFZ44)

na região de saturação é necessário ter uma saída com tensão de no mínimo 10V e

idealmente 15V. As portas de saída dos microcontroladores são TTL/CMOS, ou seja,

têm tensão de saída de 5V e corrente de até 20mA. Desta forma, foi escolhido o driver

IR2104 para possibilitar a polarização do transistor na região de saturação (chave

ligada) e na região de corte (chave desligada). O IR2104 tem uma faixa de tensão de

saída que varia de 10V até 20V, e corrente de saída máxima de até 270mA.

A tensão de saída da porta foi o fator que requisitou a utilização de um driver

pois, se considerássemos somente a corrente do gate do transistor necessária para

polarização, a porta do chip seria suficiente, visto que a corrente demandada para o

chaveamento é pequena (~2 mA) segundo a equação abaixo.

Igate = Qgate . f (3.1)

Onde:

Igate é a corrente do gate do transistor

Qgate é a carga em Coulombs do gate do transistor (64 nC)

f é a frequência de chaveamento do transistor (frequência do PWM que irá

controlar o conversor boost – 25 kHz).

Durante o desenvolvimento foi utilizado um display LCD 20x4 com fundo azul

e letras brancas onde em cada linha era mostrada uma variável física ou variável de

controle. As variáveis físicas monitoradas foram: a tensão do gerador (através do pino

10 da placa de potência), a tensão de saída do conversor boost (através do pino 9 da

placa de potência), as variáveis de controle foram: o PWM do conversor boost e a

tensão de circuito aberto medida segundo a técnica de controle método de tensão

constante onde, o controle estima a potência instantânea gerada e é capaz de realizar a

tomada de decisão sobre o desligamento do conversor boost.

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3.2 – Esquema Elétrico e Layout do Circuito Impresso

Na Figura 3.2 é demonstrado o esquemático elétrico e conexões de entrada e

saída da placa de controle. O desenho foi feito no programa EAGLE (Easy Applicable

Graphical Layout Editor), onde é possível também criar o desenho do PCB (Printed

Circuit Board – Placa de Circuito Impresso). Para realizar o roteamento da PCB, nesse

programa, é possível utilizar o método tradicional de roteamento manual ou, através do

roteamento automático.

Figura 3.2 – Esquemático da Placa de Controle

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No roteamento automático existe uma série de parâmetros que devem ser

observados e configurados para se obter um resultado satisfatório. Alguns dos

parâmetros mais importantes que devem ser escolhidos com bastante atenção são: os

espaçamentos entre as trilhas do circuito (clearence wire-wire); o espaçamento da trilha

para as ilhas (clearence wire-pad); distância do cobre tanto de trilhas, ilhas, vias para a

borda da placa de circuito impresso (distance – copper/dimension), largura da trilha

(sizes – minimum width). Neste último, vale lembrar que normalmente se utiliza a

largura da trilha mínima aceitável para as conexões dos circuitos de controle, onde terá

menor densidade de corrente. Caso a placa contenha alguma região de potência, onde

terá maior densidade de corrente, as trilhas deverão ser aumentadas manualmente para a

largura desejada, considerando que o roteamento (caminho das trilhas) já foi definido

com uma largura de trilha menor.

Outro fator que deve ser observado, e que influi muito o resultado da etapa de

roteamento, é a arrumação dos componentes sobre a placa. O posicionamento dos

componentes deve ser feito usando o bom senso para evitar ao máximo o número de

cruzamento de trilhas. Dessa forma, o autorouter (ferramenta de roteamento automática

do EAGLE) conseguirá ter maior eficiência, realizando traçados menores e menos

complexos.

Evitar cruzamentos é de extrema importância, pois haverá casos em que uma

placa de circuito impressa bem planejada, organizada e com componentes em boa

localização, conseguirá resolver o problema de roteamento em apenas uma face de

trilha. Enquanto o mesmo circuito que não esteja otimizado nesses quesitos gerará uma

placa de circuito impresso com duas camadas de trilha ou até mais.

O desenho esquemático do circuito da placa de controle é criado de forma a

tentar otimizar a próxima etapa de posicionamento. A forma utilizada para alcançar o

melhor posicionamento foi o agrupamento dos componentes segundo as aplicações do

controlador. Cada grupo de componentes desempenha uma função e corresponde a uma

região do arquivo esquemático.

Na Figura 3.3, é demonstrado o layout dos componentes na placa de circuito

impresso sem a demonstração das trilhas.

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Figura 3.3 – Disposição dos Componentes da Placa de Controle

Na Figura 3.4, a placa de circuito impresso contém todas as trilhas e

componentes evidenciados. As linhas em azul representam as trilhas na superfície

inferior (Bottom Layer) e as linhas em vermelho representam a superfície superior (Top

Layer), onde ficarão os componentes.

No layout da placa de controle há circunferências verdes de diferentes formas e

tamanhos. As circunferências grandes são as ilhas (pads) dos componentes. Já as

circunferências bem pequenas são chamadas de vias que tem a função de realizar a

passagem de uma superfície para outra.

Figura 3.4 – Layout da Placa de Controle

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Na Figura 3.5, podemos ver a placa montada com todos os componentes,

segundo a finalidade desse projeto. É importante ressaltar que para otimização de custos

do projeto, essa placa controladora foi desenvolvida embarcando mais funções do que

serão utilizadas nesse trabalho. Essa prática é importante para evitar desperdícios e re-

trabalho, pois caso sejam necessários mais recursos, a placa já está construída de forma

a propiciá-los. Por exemplo: mais canais AD para medição de tensões, canais para

medição de corrente, comunicação RS-232 habilitada e outros recursos. Podemos

também conferir os detalhes das trilhas da camada superior (Top Layer) assim como as

vias em toda a extensão da placa.

Figura 3.5 – Placa de Controle Montada

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Capítulo 4

Placa de Potência do Conversor Boost

4.1 – Principais Componentes Utilizados e Cálculo de

Dimensionamento

O projeto da placa de potência foi baseado no circuito clássico de conversor

boost como explicado na Sessão 2.3.2. Na figura 4.1, é repetido o esquemático do

conversor para, então, realizarmos a escolha dos componentes com o correto

dimensionamento.

Figura 4.1 – Conversor boost

O primeiro componente escolhido para ser analisado e compor o conversor foi a

chave T. Para a escolha da chave temos muitas tecnologias de semicondutores

controlados disponíveis. As duas principais tecnologias analisadas foram: transistores

de junção bipolar (TBJ), também conhecido como BJT – Bipolar Junction Transistor, e

transistores de efeito de campo metal óxido semicondutor (MOSFET – Metal Oxide

Semiconductor Field Effect Transistor). O primeiro fator observado foi a diferença dos

pré-requisitos para realizar o acionamento da chave utilizando a tecnologia TBJ ou

MOSFET. O acionamento do MOSFET é mais simples por ser realizado por tensão.

Dessa forma, o circuito se torna mais simples quando comparado ao circuito necessário

para acionar o TBJ por corrente.

O segundo ponto importante foi com relação às perdas de potência que ocorrem

quando as chaves estão ligadas. O TBJ possui a tensão entre coletor e emissor de

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saturação (VCEsat) fixa que, para transistores de potência, pode ser considerada uma

queda de tensão de aproximadamente 2 V. Para realizar o cálculo da potência perdida

sobre a chave, foi estimado que o conversor funcionaria somente enquanto a turbina

estivesse gerando 10% da potência nominal. Essa proposição foi possível por considerar

que o conversor boost somente irá operar no início da geração sob ventos fracos e baixa

potência. Dessa forma, a corrente IT estimada é de 3 A e a perda, se fosse utilizado TBJ,

seria de 6 W.

Já o MOSFET tem o valor de resistência estática dreno para source ligado

(RDS(on)) fixo e para o modelo consultado para compor o projeto, tem o valor de

17,5 mΩ. A perda de potência na chave nesse caso é estimada em 0,16 W.

A última característica analisada foi a velocidade de chaveamento que seria

utilizada no conversor. Para realizar o chaveamento em 25 kHz, a tecnologia TBJ tem o

tempo de resposta maior quando comparado ao MOSFET, sendo esse um parâmetro

crítico de operação para alguns modelos de TBJ. Após a análise acima optou-se pela

utilização do MOSFET para a chave T.

O MOSFET escolhido foi o IRFZ44N, por atender a todas as demandas elétricas

para o conversor e com parâmetros limites de VDS = 55 V, IDS = 49 A e RDS(on) =

17,5 mΩ além de ser encontrado facilmente no comércio e ter baixo custo.

Para o diodo D foi escolhido um diodo rápido, o diodo schottky MBR7030. Esse

diodo atende às especificações do projeto (tensão e corrente de funcionamento do

conversor) e foi utilizado por já estar disponível no laboratório.

O IRFZ44N também foi utilizado para acionar a resistência de descarte, também

conhecido como dump load. Esse sistema é necessário para garantir a segurança e

controle de velocidade de rotação do aerogerador, caso a demanda de energia seja

menor que a produzida. Assim, as resistências são progressivamente acionadas para

estabilizar a tensão de geração e velocidade de rotação. As resistências também são

importantes para garantir a segurança em eventuais falhas de conexão e fim de vida útil

das baterias, que deixaria o gerador sem carga e livre para atingir altas velocidades.

Na placa de potência do conversor também foi utilizado um relé para funcionar

como freio automático. Ele é acionado pelo controle quando o sistema alcança tensões

acima das especificadas evitando avarias ao gerador eólico e ao banco de baterias ou

quando as resistências de descarte não são suficientes para estabilizar a velocidade de

rotação. Assim, o gerador é freado até parar e permanece durante um tempo nesse

estado até ser liberado.

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Para terminar de especificar todos os componentes do conversor, ainda é

necessário calcular o indutor (L) mínimo para manter o conversor funcionando no modo

contínuo e o capacitor (C) mínimo para manter a tensão de saída oscilando dentro de um

limite. Foi considerada a variação de 50 mV como ideal para evitar capacitores com alta

capacitância e volumosos.

O indutor mínimo foi calculado segundo Sá [10] conforme as equações a seguir:

(4.1)

Onde:

Vc é a tensão sobre o capacitor C

Vin é a tensão de entrada do conversor (gerador eólico)

D é o ciclo de trabalho máximo do conversor (Duty Cycle)

(4.2)

Onde:

Lmin é o indutor mínimo

Ts é o período da onda quadrada aplicada na chave T

It é a corrente máxima na chave T

O indutor mínimo calculado para manter o conversor operando no modo

contínuo foi de 50,55 uH. O indutor disponível no laboratório para ser utilizado com

margem de segurança tem indutância de 274 uH.

(4.3)

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Onde:

Cmin é o capacitor mínimo

Tdesligado é o período desligado em um ciclo (Tdesligado = Duty Cycle Off . Ts)

ΔV é variação da tensão de saída do conversor em Volts

O capacitor mínimo, calculado segundo Sá [10], para garantir oscilação menores

que 50 mV (0,36 % de ripple) na saída do conversor é de 2200 uF. O capacitor utilizado

foi de 2200 uF / 63 V.

4.2 – Esquema Elétrico e Layout do Circuito Impresso

Na Figura 4.2, tem-se o esquemático do conversor boost. O desenho do

esquemático tem como peça central o conector de comunicação com a placa de controle.

É através dessa linha de comunicação que a placa de potência é comandada para

somente atuar em momentos de baixa velocidade de vento e ser desabilitada quando o

conversor deixa de ser energeticamente vantajoso.

O conversor boost é desativado através do pino de comunicação 5, pelo sinal de

controle PWM conformado pelo driver IR 2104 da placa de controle. Devido à

utilização da tensão de saída do lado baixo (VLO - “low side output voltage”) do driver, a

lógica de controle é invertida. Assim, o conversor é desabilitado quando o sinal PWM

gerado pelo microcontrolador está em 100%, ou seja, em nível lógico 1 ou 5V.

No pino de comunicação 4, a placa de potência recebe outro sinal de controle

PWM. Esse sinal somente será gerado quando a tensão do gerador eólico (Vger)

ultrapassar o valor nominal de segurança de 14,2 V. Esse sinal de controle irá ativar o

sistema chamado de descarte de energia. O sistema de descarte tem como principais

funções a de assegurar que o aerogerador não ultrapasse a velocidade angular máxima

evitando vibrações excessivas no gerador e na torre de sustentação, estabilizar a tensão

máxima de saída do gerador em níveis seguros que não ocasionem danos ou avarias

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permanentes nos equipamentos acoplados ao sistema de geração. Vale ressaltar que essa

situação em que o sistema tem energia em excesso pode acontecer por pelo menos três

motivos principais: o primeiro, mais óbvio, seria por haver vento muito forte, fazendo o

gerador ter alta produção de energia; a segunda possibilidade é aplicada quando o

sistema está operando de forma “offline, ou seja, conectado a um banco de baterias para

realizar o armazenamento de energia e o terceiro motivo é aplicado em sistemas

“online”, quando o aerogerador está ligado a um inversor de potência que, por sua vez,

está conectado a rede elétrica.

No caso do sistema “offline”, basta que aconteça alguma falha nas baterias para

que o gerador tenha a tensão de saída elevada além de 14,2 V. A falha pode ser de

várias naturezas como tempo de vida útil do banco de baterias ter ultrapassado (baterias

sulfatadas) ou até uma simples falha na conexão entre as baterias do banco ou mesmo

do banco de baterias com o gerador.

Figura 4.2 – Esquemático do Conversor Boost

O sistema de descarte é dimensionado para suportar a potência nominal do

aerogerador. Mas, não é desejável que um sistema de geração de energia tenha somente

um único sistema de segurança disponível para ação imediata. Desta forma, através do

pino de comunicação 8, a placa de potência recebe um sinal binário (Liga – Desliga)

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que irá controlar um relé. O relé irá provocar um curto no aerogerador de forma a

realizar a parada rápida, quase que imediata, do rotor do gerador. Esse sistema é

chamado de freio de segurança. Esse método de frenagem não é o mais aconselhado

para o aerogerador devido a motivos elétricos por exposição dos enrolamentos a uma

corrente impulsiva de alta intensidade.

Nas linhas de comunicação 9 e 10 a placa de controle obtêm-se a tensão de saída

do conversor boost e a tensão do aerogerador, respectivamente. É através do

monitoramento dessas tensões que o algoritmo da placa de controle obtém as

informações necessárias para monitorar a geração e gerar os sinais PWM e binários para

bom funcionamento do sistema.

Na saída do conversor para os bancos de baterias, foi adicionado um sistema

limitador de tensão com diodos zener para suprimir qualquer imperfeição ou pulso de

tensão que possa ocorrer a fim de proteger os equipamentos acoplados ao sistema de

geração.

Na Figura 4.3 tem-se o layout da placa de potência boost demonstrando o

roteamento realizado com os dispositivos eletrônicos aparentes. É interessante ressaltar

nessa figura que nas trilhas de potência, onde haverá maior densidade de corrente, a

largura da trilha foi aumentada de forma a suportar a potência nominal do sistema. Já

nas trilhas de sinais, a largura da trilha pode ser reduzida de forma a facilitar o

roteamento da placa de circuito impresso.

Figura 4.3 – Layout da Placa do Conversor Boost

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Na Figura 4.4, tem-se a placa de potência boost montada em uma bancada de

testes com alguns componentes acessórios acoplados como: o cabo flat de comunicação

com a placa controladora, o banco de baterias e um diodo emissor de luz “LED” na

saída de controle de descarte. Neste momento, estavam sendo realizados os primeiros

testes para conferência de possíveis curtos das trilhas ou nas soldas após a montagem.

Assim, o gerador nesse primeiro momento foi simulado por uma fonte de tensão

controlada que não aparece na Figura 4.4. Nesta etapa, o sistema de descarte de energia

também não está visível, porque os testes ainda estavam sendo de forma controlada.

Assim, ainda não havia necessidade desse sistema nos primeiros testes. Mas, nessa

etapa o sistema de descarte foi conferido através de um LED que, através da intensidade

do brilho, foi possível verificar a geração do sinal PWM que controla o gate do

MOSFET do sistema de descarte.

Figura 4.4 – Placa de Potência Boost Montada

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4.3 – Confecção do Protótipo

O projeto passou por várias fases de testes em cada circuito utilizado para

compor tanto a placa de controle como a placa de potência boost. Por isso, foi

necessária a prototipagem de algumas versões antes de se obter uma versão considerada

funcional e estável. A técnica utilizada para confecção dos protótipos foi através da tinta

fotossensível a luz ultravioleta (UV). Essa técnica é simples e atualmente bem

difundida. Ela permite a confecção de placas com ótima resolução, possibilitando

espaçamento entre trilhas bem pequena e espessura também. O segredo para o sucesso

da técnica é a “calibração” do tempo de cada etapa do processo.

O processo de prototipagem se inicia com a fabricação do fotolito. O fotolito

servirá como uma máscara para a luz ultravioleta. Onde estiver preto, a luz não passará

e onde a luz ultravioleta passar, ela irá sensibilizar a tinta fotossensível. Assim, o papel

desempenhado pelo fotolito é de selecionar aonde a placa poderá ser sensibilizada.

Figura 4.5 – Fotolito Placa de Potência Boost

Os próximos passos são:

- Cortar a placa de cobre e o fotolito, conferindo se estão do mesmo tamanho;

- Aplicar a tinta fotossensível sobre a placa de cobre;

- Secar a tinta em estufa (em torno de 60ºC) por aproximadamente 8 horas;

- Expor a placa na luz ultravioleta por 15 minutos com o fotolito;

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- Remover a tinta não sensibilizada com solução de carbonato de cálcio 2% por

15 minutos.

- Verificar se há algum curto entre as trilhas ou trilha faltando. Caso haja falta de

trilha, desenhar com caneta retroprojetora a parte faltante ou raspar o excesso.

- Finalmente, corroer no percloreto de ferro o cobre exposto. Essa etapa costuma

demorar até 15 minutos.

- Lembrar-se de, após finalizar a corrosão, verificar se restou alguma parte sem

corroer (possíveis curtos) ou da tinta ter rachado (minúsculos vãos sem cobre) e haver

trilhas em aberto.

Após essas etapas, obtemos o resultado da Figura 4.6 e restando apenas realizar

a etapa de montagem e inicio dos testes de funcionamento.

Figura 4.6 – Estágio Final da Confecção da Placa de Circuito Impresso

4.4 – Programação e Teste de Funcionamento

A programação da unidade de controle desenvolvida foi dividida em 2 principais

blocos. O algoritmo que implementa o conversor boost através da técnica de controle

perturba & observa e a técnica de controle tensão constante que determina o

desligamento do conversor.

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Neste trabalho, foi programado um algoritmo híbrido que mescla as duas

técnicas de controle segundo as motivações descritas no item 2.4.3

O método perturba & observa permanece em funcionamento na faixa de pouco

vento para extrair o máximo de energia útil da turbina. Entende-se como energia útil

somente o que efetivamente é entregue para a bateria, ou seja, realiza o carregamento da

bateria com tensão constante em 13,8 V e corrente variável com o maior valor possível

de forma que não seja extraído completamente o momento de inércia da turbina. O

algoritmo permanece enquanto a tensão do gerador (Vger) estiver entre 6,0 V e 11,5 V.

Nesse intervalo o conversor boost está ativo, fazendo com que a tensão de geração seja

elevada para a tensão de carga da bateria (13,8 V) e convertendo uma pequena

quantidade de energia que não seria aproveitada para efetuar o carregamento da bateria

por estar abaixo da tensão de carga.

O algoritmo que implementa a função boost é simples. O ciclo de trabalho do

conversor boost é alterado de 1% em 1%. Quando a tensão do gerador estiver entre 7,5

V e 11,5 V o ciclo de trabalho é aumentado até o limite de 30%. Enquanto a tensão

estiver entre 6,0 V e 7,5 V a função boost não altera o ciclo de trabalho, mantendo o

sistema no modo BOOST ON. Se Vger diminuir abaixo de 6,0 V, o ciclo de trabalho

será decrementado gradualmente para tentar manter Vger na faixa do sistema operando

no modo BOOST ON. Caso não obtenha êxito o ciclo de trabalho, o ciclo de trabalho é

reduzido a 0% e o sistema entra no modo OCIOSO.

Nas figuras 4.7 e 4.8 o fluxograma completo de funcionamento do sistema é

descrito.

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Figura 4.7 – Fluxograma do Sistema de Controle – ½

A rotina que implementa o algoritmo perturba e observa (P&O) e função boost

[Apêndice A] foram descritas utilizando macros para simplificar o código e torná-lo

mais ágil para eventuais mudanças de valores dos parâmetros. Os nomes usados nas

macros estão no fluxograma das Figuras 4.7 e 4.8.

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Figura 4.8 – Fluxograma do Sistema de Controle – 2/2

O método de tensão constante foi necessário para gerar a variável que informa

ao controle que a turbina possui quantidade de movimento suficiente para gerar energia

capaz de carregar a bateria, sendo a partir desse ponto energeticamente mais eficiente

que o conversor boost.

Na Figura 4.9 e 4.10 mostra o protótipo após a aplicação de engenharia de

produto para simplificar a montagem e torná-lo visualmente mais confortável. Esse

pode ser considerado um cabeça de série que ainda deverá ser submetido a testes reais

de operação em campo

Sim Não

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Figura 4.9 – Visão Frontal do Controlador

Figura 4.10 – Visão Interna do Controlador

Durante o desenvolvimento foram realizados vários testes em bancada no

laboratório. A verificação do funcionamento “real” do sistema foi realizada com o

auxílio de um túnel de vento. Os dados obtidos são o mais próximo possível da

realidade, pois submete a turbina e controlador as condições de funcionamento mais

semelhantes ao do campo, exceto pela dinâmica das velocidades de vento.

Figura 4.4.4 – Túnel de Vento

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Capítulo 5

Resultados

O sistema eletrônico desenvolvido, composto pela placa de controle e pela placa

de potência boost, é capaz de realizar o acompanhamento integral da geração eólica de

uma turbina modelo Notus de 350W. Dessa forma, almejamos ter como resultado do

projeto um controlador eletrônico de turbina eólica otimizado para operar em um

intervalo maior de velocidades de vento, conferindo, assim, maior eficiência energética

ao sistema quando comparado a um sistema de controle simples (sem conversores

eletrônicos).

Foram realizadas várias seções de testes até ser alcançada a versão final. O

projeto passou por 4 versões que tiveram alterações estruturais no circuito eletrônico da

placa de potência boost e 9 versões na placa de controle. É interessante frisar que

somente na quarta versão da placa de controle foi consolidado que esta era uma versão

estável. Assim, somente nessa versão é que foi solicitada a confecção do circuito

impresso em fábrica especializada. As versões anteriores foram prototipadas de forma

mais econômica, utilizando o método descrito no Capítulo 4.

Nas figuras e tabelas abaixo, temos os principais dados, mais conclusivos e

otimizados que foram obtidos ao longo do trabalho. Neles poderemos notar claramente

como uma das variáveis de controle, obtidas através dos métodos apresentados

anteriormente, interfere na dinâmica de funcionamento do gerador eólico.

Na Figura 5.1, tem-se o gráfico dos dados da Tabela 5.1 que foram obtidos

utilizando a última versão do controlador em uma turbina projetada para ter eficiência

mediana. A eficiência da turbina A é classificada como mediana, pois tem eficiência

regular em ventos fracos e fortes.

Tabela 5.1 – Tabela com os Dados do Teste da Turbina A

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Figura 5.1 – Gráfico Comparativo para Turbina A entre o Controlador Com e

Sem o Conversor Boost

Nesse teste com a Turbina A não foi necessário submeter o sistema a

velocidades maiores, pois rapidamente foi identificado que o conversor boost não estava

proporcionando nenhuma melhora na quantidade de energia gerada versus velocidade

do vento para esse enrolamento do estator da turbina.

Mediante esse resultado, foi necessário o aprimoramento da turbina eólica para

que a dinâmica de geração fosse alterada de forma a obtermos um gerador que tivesse

rendimento pior em baixas velocidades de vento. Quando pioramos a eficiência do

gerador para ventos fracos, obtivemos uma dinâmica melhor na geração de energia em

alta velocidade. Desta forma, seguindo esse objetivo, a Turbina B desenvolvida tem

baixa eficiência para ventos fracos e ótima eficiência para ventos fortes. Esse

comportamento é muito desejado, pois uma das maiores característica que o conversor

boost pode realizar no sistema é a aumentar a eficiência em ventos fracos, recuperando

eletronicamente a eficiência perdida devido às características físicas dos enrolamentos

do estator na construção da turbina eólica.

.Na Tabela 5.2, tem-se os dados do teste realizado com a Turbina B e na Figura

5.2, o gráfico comparativo do sistema com e sem o conversor boost.

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Tabela 5.2 – Tabela com os Dados do Teste 1 da Turbina B

Figura 5.2 – Gráfico Comparativo para Turbina B no Teste 1 entre o

Controlador Com e Sem o Conversor Boost

Nos testes realizados com a Turbina B, foram obtidos resultados

expressivamente melhores que com a Turbina A. Nesse teste já foi possível submeter à

turbina a velocidade mais elevada no túnel de vento. Na Figura 5.2, podemos observar

de forma bem evidente que a curva de geração com o conversor boost foi deslocada de

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forma a iniciar a geração de energia antecipadamente, quando comparado com a curva

de geração que não utiliza o conversor.

Agora, quando realizamos a comparação entre a curva de geração com o

conversor boost da Turbina B com a curva de geração sem o conversor da Turbina A,

podemos observar que elas estão muito próximas. A proximidade dessas duas curvas

indica, graficamente, que o conversor boost conseguiu recuperar a eficiência perdida

devido à troca por uma turbina com pouco rendimento em baixa velocidade de vento

(início da geração). Na Figura 5.3, tem-se as duas curvas acima descritas plotadas em

um mesmo gráfico, juntamente com uma terceira curva que é da Turbina B sem o

conversor boost. Assim, tendo no gráfico uma curva com uma turbina com bom

rendimento em baixa velocidade (Turbina A), uma com baixo rendimento (Turbina B

sem boost) e uma com rendimento intermediário (Turbina B com boost).

Figura 5.3 – Gráfico Comparativo entre a Turbina A sem boost e a Turbina B

com e sem boost

Na curva da Turbina B com o conversor boost também é possível observar a

importância e atuação da variável de controle responsável por realizar o desligamento

do conversor. O parâmetro utilizado para saber o momento correto de efetuar a retirada

do conversor na geração da turbina foi gerado através do método de controle Tensão

Constante. Desse modo, foram realizados alguns testes de forma empírica através da

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observação do comportamento da turbina ao ser desligado o conversor, até serem

obtidos os dados abaixo.

Tabela 5.3 – Tabela com os Dados do Teste 2 da Turbina B

Figura 5.4 – Gráfico Comparativo para Turbina B no Teste 2 entre o

Controlador Com e Sem o Conversor Boost

Na Figura 5.4, observamos que o desligamento do conversor ocorreu de forma

suave sem gerar perdas para o sistema de forma a prejudicar a eficiência do gerador. É

importante ressaltar que após o desligamento do conversor, no caso da Turbina B,

iremos gerar mais energia com ventos forte quando comparado a Turbina A. Assim,

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teremos um conjunto que gera energia quase tão eficiente como uma turbina otimizada

para baixa velocidade e que tem como contrapartida gerar energia de forma eficiente em

alta velocidade, pois essa é uma turbina construída para ter rendimento ótimo em alta

velocidade. Dessa forma, a associação da turbina projetada corretamente com o

conversor boost proporcionou a obtenção de um sistema final com maior eficiência

energética quando comparado ao sistema tradicional (turbina sem conversor). O

conjunto desenvolvido é eficiente para uma gama maior de velocidades de vento.

Os sinais do sistema monitorados durante o desenvolvimento do trabalho foram

a tensão de entrada do gerador eólico, a tensão e o ripple de saída do conversor boost, o

PWM do conversor boost, a corrente no indutor. Na Figura 5.5, foi obtida a tensão de

entrada do gerador para um determinado instante em que o conversor estava ativo.

Nesta figura fica evidenciado que o conversor boost está realizando a função de

elevador de tensão, pois a tensão de entrada do gerador eólico, em azul, está em 9,50 V

e a tensão de saída do boost, em vermelho, está em 13,8 V.

Figura 5.5 – Tensão de Entrada (Gerador) x Tensão de Saída (Conversor Boost)

O sinal da Figura 5.6 é o ciclo de trabalho máximo do conversor boost

como descrito no Capítulo 4.4. O valor de PWM máximo do conversor,

inicialmente, foi limitado em 90%. Após vários testes, a limitação máxima

passou a ser de 30%, pois somente dessa forma é possível permitir que o sistema

evolua para o segundo momento em que a turbina gera energia sem o conversor.

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Figura 5.6 – PWM do Conversor Boost no Microcontrolador

A tensão de saída do conversor boost, Figura 5.7, foi obtida quando

operava próximo da corrente máxima de 3 A e PWM de 30% Nessas condições

o percentual de ripple da tensão de saída pode ser calculado segunda a equação

5.2:

(5.1)

Onde:

Vpp é a tensão de pico a pico

(5.2)

Onde:

Vout é a tensão de saída do conversor

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Figura 5.7 – Ripple da Tensão de Saída do Conversor Boost

Devido à tensão de saída do conversor ser proveniente do chaveamento

do MOSFET, o ripple é composto por vários harmônicos, não tendo a forma de

ripple mais conhecida (em um retificador de onda completa). Dessa forma, a

Vpp estimada foi de 16 mV, que representa 0,10% de ripple na saída,

permanecendo, assim, abaixo do 0,36 % calculado teoricamente.

A forma de onda da variação da corrente no indutor, Figura 5.8, foi

medida utilizando uma ponteira de corrente na escala de 1 mV por 10 mA. O

conversor boost ficou funcionando no modo contínuo, como desejado, e teve

variação de corrente de 0,6 A, equivalente a 20%. Conforme [11] a variação

aceitável para a corrente no indutor do conversor boost é de 20% até 40%.

Figura 5.8 – Forma de Onda da Variação da Corrente no Indutor

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Capítulo 6

Conclusão e Trabalhos Futuros

Os objetivos propostos para o trabalho foram alcançados e conclui-se que:

O hardware de controle desenvolvido funcionou corretamente em todas as

etapas de funcionamento do sistema, sem apresentar travamentos ou

reinicializações;

A placa de potência do conversor boost foi desenvolvida com sucesso, pois não

apresentou nenhum tipo de falha, mau funcionamento ou aquecimento durante

os testes;

Os parâmetros utilizados para controlar o sistema demonstraram ser suficientes e

eficientes, confirmando a viabilidade da geração das variáveis de controle pela

associação dos métodos perturba e observa e tensão constante;

A obtenção do controle para turbina eólica de pequeno porte de baixo custo

capaz de operar tanto em regimes de ventos fracos com em ventos fortes.

Esse projeto pode ser complementado com estudos de desenvolvimento de um

conversor DC-DC boost que funcione com capacitores ao invés de indutores. Essa

alteração estrutural eletrônica teria como principais objetivos a redução de custos,

simplificação da montagem, pois não será necessária a confecção de indutores. Outro

aspecto almejado seria que o conversor a capacitor tenha a mesma eficiência ou, se

possível, eficiência maior que a do conversor com indutores.

Além dos aperfeiçoamentos que podem ser realizados na parte eletrônica,

durante o andamento do projeto e principalmente na fase de testes, há indícios (por parte

do fabricante da turbina) que seja possível desenvolver um arranjo de turbina que

forneça resultados ainda melhores que os obtidos.

Outra melhoria que pode ser considerada significativa para o sistema é a

possibilidade de construção de um retificador ativo. A vantagem da utilização desse

retificador no lugar do realizado com pontes retificadoras de diodos é a redução do nível

de ruído emitido pela turbina durante o processo de geração. Assim, o ruído final do

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sistema seria praticamente somente o emitido pelas pás do gerador devido à velocidade

de deslocamento de ar.

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Bibliografia

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Brasil.

[2] ORLANDO, N.A., LISERRE, M., MONOPOLI, V.G., MASTROMAURO, R.A.

and DEL'AQUILA, A., 2008. Comparison of power converter topologies for permanent

magnet small wind turbine system, IEEE International Symposium on Industrial

Electronics 2008, pp. 2359-2364.

[3] MUYEEN, S.M., TAKAHASHI, R., MURATA, T. and TAMURA, J., 2009.

Integration of an energy capacitor system with a variable-speed wind generator. IEEE

Transactions on Energy Conversion, 24(3), pp. 740-749.

[4] CAMPOS, Fábio Galízia Ribeiro de. Geração de energia a partir de fonte eólica

com gerador assíncrono conectado a conversor estático duplo. 2004. Dissertação

(Mestrado em Sistemas de Potência) - Escola Politécnica, Universidade de São Paulo,

São Paulo, 2004

[5] ANICETO, José Manuel Antunes, 2010. Conversor DC-DC com busca de ponto de

potência máxima (MPPT) para painés solares. Dissertação (Mestrado em Engenharia

Eletrotécnica) – Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2010.

[6] SEQUEL, Julio Igor López, 2009 Projeto de um sistema fotovoltáico autônomo de

suprimento de energia usando técnica MPPT e controle digital. Dissertação (Mestrado

em Engenharia Elétrica) – Universidade Federal de Minas Gerais

[7] T. Esran e P. L. Chapman, 2007 Comparison of photovoltaic array maximum power

point tracking techniques. IEEE Transactions on Energy Conversion, vol 22, no. 2, pp.

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[8] Y. M. Tung, A. P. Hu, N. K. Nair, 2006 Evolution of micro controller based

maximum power point tracking methods using dSPACE plataform. Power Engineering

Conference – Australian University

[9] D.T. Ojima and W. komatsu, 2008 A MPPT algorithm implementation using FPGA

for an experimental PV system. 9th

Brazilian Power Electronics Conference, pp 672-

675.

[10] Sá de R. M. F., 2008 Circuito de Interface para Ligação de Painel Fotovoltáico a

Cargas. Dissertação (Mestrado em Eletrônica de Potência) – Universidade do Minho –

Portugal

[11] Ivo Barbi e Denizar Cruz Martins, 2008 Conversores CC-CC Básico Não-Isolados

. Eletrônica de Potência – Edição do Autor, 377 pag.

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Apêndice A

Programação da Função Boost

Rotina para chamada da função boost:

if((tensao_gerador < TENSAO_DEC_BOOST) || ((tensao_gerador <

TENSAO_MAXIMA_BOOST) && (tensao_gerador > TENSAO_MINIMA_BOOST))

&& (!flag_trava_boost))

func_boost();

Rotina da função boost:

int func_boost()

if(tensao_gerador < TENSAO_DEC_BOOST)

if(duty_cycle_boost != BOOST_DUTY_CYCLE_MIN) // diferente de zero

duty_cycle_boost--;

if((TENSAO_MINIMA_BOOST < tensao_gerador) && (tensao_gerador <

TENSAO_MAXIMA_BOOST))

flag_status = 2; // BOOST ON

if(duty_cycle_boost <= BOOST_DUTY_CYCLE_MAX)

duty_cycle_boost++;

Pwm2_Change_Duty(255 - duty_cycle_boost);

// Lógica invertida devido a utilização do driver IR2104, VLo (low side output voltage)

return(0);

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Apêndice B

Programação do Método de Tensão

Constante

Rotina que implementa o algoritmo de controle tensão constante:

If ((contador_testa_boost == TEMPO_ABRE_CIRCUITO) && (duty_cycle_boost))

// Abre o circuito a cada tempo da macro ABRE CIRCUITO, caso o boost esteja ligado,

ou seja, a variável duty_cycle_boost é diferente de zero.

Pwm2_Change_Duty(255);

// Desliga o conversor boost. Devido à utilização do driver IR2104 (Lo) para fazer o

PWM ser de 0%, deve-se selecionar o valor 255 para o comando. A lógica é invertida.

Delay_ms(10);

// tempo para a tensão de circuito aberto subir e ser possível estimar se a turbina tem

inércia suficiente para ultrapassar a região em que o conversor é mais eficiente que a

turbina sem o conversor.

func_mede_tensao_gerador();

// função que realiza a medição da tensão do gerador

if(tensao_gerador > TENSAO_DESLIGA_BOOST)

// Estima se o gerador tem inércia suficiente (energia) para desligar o conversor boost.

Se tiver entra na função para efetuar o desligamento progressivo do conversor senão

restaura o PWM que estava em funcionamento

if(duty_cycle_boost >= 13) // Evita duty cycle negativo

duty_cycle_boost = (duty_cycle_boost - 13);

// Diminui a variável que controla o PWM progressivamente, de 5% em 5%

else

duty_cycle_boost = 0;

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Pwm2_Change_Duty(255 - duty_cycle_boost); // Altera o PWM, 5% menor

flag_trava_boost = 1; // Ativa o travamento da função boost

if(duty_cycle_boost == 0)

flag_trava_boost = 0; // Libera o acesso da função boost para a próxima

vez

else

Pwm2_Change_Duty(255 - duty_cycle_boost); // restaura o duty cycle sem alterar

flag_trava_boost = 0; //Redundância para segurança. Libera o acesso a função boost

contador_testa_boost = 0;