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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA Tradução, adaptação cultural e avaliação psicométrica da Prova Cognitiva de Leganés em uma população idosa brasileira com baixo nível de escolaridade. VESCIA VIEIRA DE ALENCAR CALDAS Natal 2011

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Tradução, adaptação cultural e avaliação psicométrica da Prova Cognitiva de

Leganés em uma população idosa brasileira com baixo nível de escolaridade.

VESCIA VIEIRA DE ALENCAR CALDAS

Natal

2011

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Tradução, adaptação cultural e avaliação psicométrica da Prova Cognitiva de

Leganés em uma população idosa brasileira com baixo nível de escolaridade.

VESCIA VIEIRA DE ALENCAR CALDAS

Dissertação apresentada à Universidade Federal do Rio Grande do Norte – Programa de pós-graduação em Fisioterapia, para a obtenção do título de Mestre em Fisioterapia. Orientador:_____________________ Co-Orientador___________________

.

Natal

2011

C145t

Caldas, Vescia Vieira de Alencar.

Tradução, adaptação cultural e avaliação psicométrica da prova

cognitiva de Leganés em uma população idosa brasileira com baixo nível

cultural- / Vescia Vieira de Alencar Caldas. – Natal, 2011.

68p.

Orientadora: Prof. Dr. Ricardo Oliveira Guerra.

Dissertação (Mestrado) – Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia.

Centro de Ciências da Saúde. Universidade Federal do Rio Grande do Norte.

1. Cognição - dissertação. 2. Idoso - dissertação. 3. Demência -

dissertação. 4. Escolaridade - dissertação I. Guerra, Ricardo II. Título.

RN-UF/BS-CCS CDU: 159.953.5:616-083(043.3)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Coordenador do Programa de Pós-Graduação em Fisioterapia:

Jamilson Simões Brasileiro

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE PÓS GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA

Tradução, adaptação cultural e avaliação psicométrica da Prova Cognitiva de

Leganés em uma população idosa brasileira com baixo nível de escolaridade.

BANCA EXAMINADORA Prof. Dr._________________________________ Presidente - UFRN Prof. Dr._________________________________ Prof. Dr__________________________________

Aprovada em ___/___/___

vi

Dedicatória

Aos idosos, por despertar o meu olhar

para os verdadeiros valores da vida.

vii

Agradecimentos

Agradeço a Deus nosso pai, pelo dom da vida, e pelas bênçãos multiplicadas que derrama sobre mim. Sua presença constante é força renovadora diante dos desafios da vida.

A meus pais, por me conceberem e me acolherem em seu lar, preparando-me para a existência, desde os primeiros minutos até a eternidade. Amor de mãe e pai jamais tem fim.

A meu irmão Vinicius pelo carinho de sempre, pelos abraços e as conversas a toa. Pelo interesse em meus projetos, pelo companheirismo e experiências divididas.

A minha irmã Márcia pela amizade conquistada, e pela confiança depositada em mim. Por me presentear com dois sobrinhos lindos, que me fazem redescobrir o mundo diante da simplicidade dos olhos de uma criança.

A meu marido pelo amor que me conforta todos os dias. Obrigado por ser meu companheiro, amigo de todas as horas, e maior incentivador dos meus projetos! Juntos ainda realizaremos muitos sonhos!

A minha avó Vescia, por mostrar que sempre se pode contornar os desafios com um sorriso no rosto. Sua motivação para viver é inspiração para todos.

Ao meu orientador Ricardo, por confiar sempre em minha capacidade e me possibilitar inúmeras oportunidades de aprendizado. Pela simplicidade e pela calma diante de todas as dificuldades, tornando o trabalho mais leve, e a pesquisa mais fácil.

A professora Marcela por aceitar nosso convite e nos acolher sempre com simplicidade e um sorriso no rosto.

A professora Tânia pelo exemplo de professora dedicada e competente, mas acima de tudo pelo exemplo de aprendizado e perseverança diante das dificuldades.

As idosas do Lar da Vovozinha, que tornam meus dias mais alegres, com suas conversas e respostas inesperadas. Minha vontade de estudar a cognição aumenta a cada dia por sua causa.

A todos os meus amigos agradeço simplesmente por existirem, eles tornam minha vida colorida. Mas alguns merecem agradecimentos especiais!

A Tatiana e Renata, pela amizade desde os tempos da lata de sprite dividida, pelos desabafos, pela presença constante em minha vida, pelo apoio, e principalmente pelas lembranças maravilhosas compartilhadas.

viii

A Aline, por tantos momentos vividos, e muitas vezes sofridos, nesses 4 anos. Você não é minha co-orientadora oficial, mas é de coração! Tenho certeza de que ainda vamos longe!

A Salome, Diana, Fernanda, Camomila, por me fazer sentir em família mesmo estando fora de casa. Pelas terapias em grupo, por compartilhar os problemas diários, e por aprender a levar a vida menos a sério.

A Suely, Luciana, Gydione e Ivone pela união diante de todas as dificuldades, a confiança mútua, os diálogos fraternos e as risadas.

A Larissa e Gabriela por tornarem o Procad uma experiência muito divertida e, com certeza, inesquecível.

Agradeço a todos aqueles que de alguma forma contribuíram para essa conquista, tenho certeza de que não conseguiria chegar até aqui sozinha! Obrigada por tudo!

ix

Lista de Tabelas

Tabela 1. Características clínicas e sociodemográficas da amostra.................40

Tabela 2. Escores obtidos na PCL....................................................................41

Tabela 3. Escores obtidos no MEEM................................................................41

Tabela 4. Correlação de Pearson entre os itens da PCL..................................42

Tabela 5. Análise Fatorial dos domínios da PCL...............................................43

x

Sumário

Dedicatória...........................................................................................................v

Agradecimentos..................................................................................................vi

Lista de tabelas..................................................................................................viii

Resumo................................................................................................................x

Abstract...............................................................................................................xi

1.Introdução.........................................................................................................2

2.Revisão de Literatura.......................................................................................5

2.1 Envelhecimento Cognitivo............................................................................6

2.2 Fatores Associados ao Déficit Cognitivo......................................................9

2.3 Demência.....................................................................................................11

2.4Rastreio de Demência..................................................................................15

3.Objetivos.........................................................................................................19

3.1Principal........................................................................................................20

3.2 Específicos...................................................................................................20

4.Materiais e Métodos........................................................................................21

4.1 Caracterização da Pesquisa e Local do Estudo..........................................22

4.2 População e Amostra...................................................................................22

4.3 Cálculo Amostral..........................................................................................22

4.4 Critérios de Inclusão....................................................................................22

4.5 Estratégias de Amostragem........................................................................23

4.6 Treinamento dos entrevistadores................................................................23

4.7 Instrumentos................................................................................................23

4.7.1 Caracterização da Amostra......................................................................23

4.7.2 Avaliação Cognitiva..................................................................................23

4.7.2.1 Prova Cognitiva de Leganés.................................................................23

4.7.2.2 Mini Exame do Estado Mental..............................................................24

xi

5.3 Procedimentos............................................................................................25

5.3.1 Autorização dos detentores dos direitos autorais do instrumento...........25

5.3.2 Tradução e Adaptação Transcultural.......................................................25

5.3.3 Coleta de Dados......................................................................................26

5.4 Aspectos éticos...........................................................................................26

5.5 Análise dos dados.......................................................................................27

5.5.1 Análise descritiva.....................................................................................27

5.5.2 Confiabilidade..........................................................................................27

5.5.3 Validade Conteúdo..................................................................................27

5.5.4 Validade Concorrente..............................................................................28

5.5.5 Validade de Construto.............................................................................28

5.Resultados e Discussão.................................................................................30

6. Referências....................................................................................................52

7.Apêndices.......................................................................................................60

xii

Resumo

Introdução: As escalas de rastreio cognitivo são ferramentas importantes para

detecção precoce da demência, gerando a possibilidade de desenvolvimento

de medidas que retardem esse processo e auxiliem no manejo da doença.

Objetivo: Validar a Prova Cognitiva de Leganés (PCL) para rastreio cognitivo

em idosos brasileiros com baixo nível de escolaridade. Métodos: Utilizou-se

uma amostra de 59 idosos residentes no município de Santa Cruz-RN, com

baixo nível educacional. A confiabilidade foi analisada com intervalo de dois

dias entre as avaliações, e a validade concorrente foi avaliada através do Mini

Exame do Estado Mental (MEEM). Resultados: De acordo com a PCL a

prevalência de demência foi de 11,8%. Os itens da escala apresentaram

correlação de moderada à forte entre os domínios (p<0,01), e a confiabilidade

inter-examinador apresentou um ICC=0.81, IC 95% (0.72-0.88). A análise

fatorial agrupou dois fatores interpretados como memória e orientação. A

análise de concordância entre as escalas mostrou um kappa ruim, reforçando a

hipótese de influência de escolaridade no escore final obtido no MEEM.

Conclusão: Os resultados sugerem que a PCL possui níveis de confiabilidade

aceitáveis para utilização em idosos brasileiros com baixa escolaridade,

minimizando o viés de escolaridade presente na maioria das escalas de

avaliação cognitiva.

Palavras-chave: Cognição, Demência, Idoso, Escolaridade.

xiii

Abstract

Introdução: The scales of cognitive screening are important tools for early

detection of dementia, creating the possibility of developing measures to slow

this process and assist in the management of the disease. Objective: To

validate the Leganés Cognitive Test (Prueba Cognitive de Leganés) (PCL) for

cognitive screening in low educated elderly Brazilians. Methods: The study

sample was composed of 59 elderly residents from the city of Santa Cruz, Brazil

with low schooling levels. Reliability was analyzed with a 2-day interval between

assessments, and concurrent validity was assessed using the Mini Mental State

Examination (MMSE). Results: According to the PCL, the prevalence of

dementia was 11.8%. The scale items showed a moderate to strong correlation

between domains (p <0.01), and inter-rater reliability exhibited ICC = 0.81, 95%

CI (0.72-0.88). Factor analysis resulted in two factors: memory and orientation.

Interscale agreement was considered poor (k = - 0.02), supporting the

hypothesis of an educational impact on final MMSE scores. Conclusion: The

results suggest that PCL has acceptable levels of reliability for use in low

educated elderly Brazilians.

Keywords: Cognition, Dementia, Elderly, Education.

xiv

1.INTRODUÇÃO

O envelhecimento populacional é um fenômeno mundial, e exige nova visão

e novas ações dos sistemas de saúde, assim como a adaptação da sociedade

à esse novo perfil demográfico. No Brasil, esse crescimento tem ocorrido em

larga escala, e segundo alguns autores trata-se do país em desenvolvimento

que sofre a mais rápida transição demográfica, causando grande impacto

social. De acordo com dados do censo do IBGE 2010 os idosos representam

10,7% da população brasileira1. Esse processo de transição demográfica traz

um desafio para os sistemas de saúde, uma vez que o envelhecimento é

frequentemente associado à comorbidades que geram declínio na capacidade

funcional e na autonomia do indivíduo 2,3

O decréscimo das reservas fisiológicas, as doenças crônicas, e outros

problemas de saúde tendem a se acumular e complicar o estado de saúde e a

qualidade de vida do idoso. Doenças como hipertensão arterial sistêmica,

diabetes, artrite e osteoporose são comuns, e do ponto de vista da saúde

mental o déficit cognitivo leve, a demência e a depressão representam os

transtornos psiquiátricos mais freqüentes nessa população. 4

O déficit cognitivo leve é uma síndrome definida como um declínio na

capacidade cognitiva maior do que o esperado para a idade e a escolaridade,

que não tem impacto direto no desempenho das Atividades de Vida Diária

(AVD). A prevalência dessa síndrome varia de 3% a 19% em idosos acima de

65 anos, e o quadro pode permanecer inalterado ou voltar ao estado cognitivo

normal com o passar do tempo. No entanto, observa-se que mais da metade

dos indivíduos com déficit cognitivo leve evoluem para um processo demencial

em até cinco anos.5

A demência é causada por um processo patológico cerebral, e representa

uma causa importante de incapacidade, mortalidade, institucionalização e

utilização dos serviços de saúde. Afeta cerca de 5% dos idosos acima de 65

anos de idade, podendo alcançar o índice de 20% naqueles com mais de 80

anos.6 De acordo com Scazufca et al, 2002, a prevalência de demência dobra a

cada cinco anos de aumento de idade, indo de 3% aos 70 anos, para 20-30%

aos 85 anos.7

Os indivíduos com declínio cognitivo podem ser identificados através de

critérios clínicos ou neuropsicológicos, que consistem na investigação das

correlações entre atividade cerebral e cognitiva, possibilitando adquirir dados

sobre a cognição e o comportamento do sujeito.8

Pode-se também avaliar a capacidade cognitiva dos idosos através dos

testes de rastreio cognitivo. Esses testes, comumente chamados de

“screening”, representam um passo inicial no processo de avaliação da

demência e ajudam a identificar e tratar de forma precoce os fatores

associados ao declínio cognitivo.

Para o profissional da saúde, o conhecimento dessa informação é

importante, uma vez que os casos iniciais podem ser manejados de forma a

retardar a progressão do quadro. Ainda, existe a possibilidade de orientação

junto aos familiares a respeito do diagnóstico e das implicações do mesmo na

capacidade funcional, na função intelectual, e conseqüentemente na vida social

e familiar do indivíduo. A partir daí, a família e o próprio paciente podem

planejar ações importantes, como acompanhamento terapêutico especializado

e planejamento de cuidados de longa duração.9,10

Muitas ferramentas de screening têm sido desenvolvidas com objetivo de

rastrear o déficit cognitivo em idosos, mas seus resultados são parcialmente

influenciados pela idade, educação, raça, linguagem, limitações sensoriais e

outros processos sistêmicos.11,12,13 Além disso, a maioria dessas ferramentas

foi desenvolvida em países onde a escolaridade é alta, produzindo resultados

falsos positivos quando usados em populações com baixo nível de

escolaridade.14,15

Para minimizar esses problemas, algumas pesquisas têm sido

desenvolvidas a fim de adaptar pontos de corte de instrumentos pré-existentes

de acordo com a escolaridade ou desenvolver novas ferramentas, com menor

influência da educação em seus escores totais. Essas pesquisas têm sido

desenvolvidas principalmente em países com populações que apresentam

baixo nível de escolaridade, como a China, Índia e Tailândia. 16,17,18

Pensando nessa problemática, pesquisadores espanhóis desenvolveram

uma escala de rastreio cognitivo adaptada a populações com baixo nível de

escolaridade, a Prueba Cognitiva de Leganés (PCL). Essa escala foi

desenvolvida a partir de dados obtidos em estudo longitudinal realizado na

cidade de Leganés, na Espanha, cujo perfil da população idosa apresenta

alguns aspectos peculiares.

Trata-se de uma população privada dos serviços de educação formal e

outros serviços sociais durante a infância e adolescência, em função do

período da segunda guerra mundial. Esse fato se reflete numa velhice com

problemáticas similares às encontradas em idosos de países subdesenvolvidos

no que diz respeito à escolaridade. A PCL avalia funções básicas da

capacidade cognitiva, e apresentou boa confiabilidade e validade na população

estudada.15

2.REVISÃO DE LITERATURA

2.1 Envelhecimento Cognitivo

Cognição é o termo empregado para descrever toda a esfera do

funcionamento mental. Esse domínio implica a habilidade de sentir, pensar,

perceber, lembrar, raciocinar, formar estruturas complexas de pensamento e a

capacidade de produzir respostas às solicitações e estímulos externos.19

As funções cognitivas são baseadas em redes de conexões complexas

que para seu funcionamento dependem do desempenho de diversas regiões

cerebrais conectadas entre si. Fazem parte das funções cognitivas: a memória,

a atenção, a linguagem, as praxias, as funções executivas e as demais funções

associadas ao funcionamento cognitivo, como a concentração, a compreensão,

o raciocínio, a aprendizagem e a inteligência. Dentre todos os prejuízos

cognitivos decorrentes do envelhecimento, a perda de memória é o mais

comum e mais conhecido. A memória pode ser definida como a função do

sistema nervoso que retém informações ou percepções para serem utilizadas

posteriormente. A memorização engloba três procedimentos: 1) registro de

informações por meio de uma percepção sensorial; 2) armazenamento; e 3) o

resgate da informação, chamado de evocação. Para compreender o

funcionamento da memória é necessário observar as divisões de seus

subsistemas, que são classificados de acordo com o tempo (memória de curto

e longo prazo) e com conteúdo das informações retidas (memória declarativa e

não declarativa).20

A memória de curto prazo subdivide-se em memória imediata e memória

operacional. A memória imediata armazena temporariamente a informação de

registro sensorial, retendo pequena quantidade de informações em um

intervalo curto de tempo. Esse tipo de memória capacita o indivíduo a reagir

aos eventos que estão ocorrendo quando há perda de formas mais duradouras

de memória. A memória imediata mostra-se pouco influenciada pelo processo

de envelhecimento, de forma que a retenção de informação imediata é similar

quando se compara o desempenho de jovens e idosos.21 A memória

operacional engloba, além do armazenamento, a manipulação de informações,

o que prolonga a duração da memória e aumenta a probabilidade da

informação ser retida de forma permanente. Um exemplo desse tipo de

operação é a realização de cálculos mentalmente. Com o aumento da idade,

observa-se uma dificuldade na capacidade de manipulação de informações

resultando em alterações na memória operacional.22

A memória de longo prazo é responsável pelo armazenamento de

informações por um período mais longo de tempo, ou até de forma

permanente, por meio do processo de consolidação. Quando isso ocorre,

dizemos que houve aquisição de nova informação ou aprendizagem. A

memória de longo prazo é dividida em dois subsistemas: memória declarativa

ou explícita e memória não declarativa ou implícita.

A memória declarativa ou explícita retém informações que o indivíduo

processa conscientemente. Pode ser dividida em memória episódica, relativa à

lembrança de coisas e eventos associados há um tempo ou lugar em particular

(por exemplo, onde guardamos um livro, ou quando aconteceu determinado

fato). Esse tipo de memória é afetada de forma mais precoce e intensa durante

o envelhecimento, e os idosos apresentam mais dificuldade em tarefas de

evocação livre e recordação sem pistas. Ainda dentro da classificação de

memória declarativa, tempos também a memória semântica, responsável por

nossos conhecimentos sobre o mundo por produtos verbais, como nomes de

lugares, descrições de acontecimentos, vocabulários e normas sintáticas.23 A

memória semântica é pouco afetada pelo envelhecimento, possivelmente em

decorrência das experiências consecutivas ao longo da vida.24

A memória não declarativa ou memória implícita explica a gravação

inconsciente de algumas informações relativas às atividades que realizamos de

maneira automática, envolvendo diferentes processos como habilidades

motoras e condicionamentos. É responsável pela experiência prévia que facilita

o desempenho numa tarefa que não requer a evocação consciente ou

intencional daquela experiência. A memória implícita é pouco afetada pelo

envelhecimento.21

Na memória de longo prazo são observadas maiores diferenças na

comparação do desempenho entre jovens e idosos. Os déficits podem ser

percebidos em três diferentes estágios: na codificação de informações; na

retenção, que implica a manutenção da memória ao longo do tempo; e na

recuperação, que corresponde à utilização do que foi armazenado.21,23

A atenção é o mecanismo pelo qual nos preparamos para processar um

estímulo, focalizando o que processar, e determinando como será o

processamento. A atenção pode ser classificada em: 1) Seletiva: quando há o

processamento de uma informação em detrimento de outras; 2) Dividida:

quando há processamento de duas ou mais fontes de informação; 3)

Interruptora: quando o processo é alternado entre uma fonte e outra; 4)

Sustentadora: manutenção do foco em uma única fonte por longo tempo. 23

Esses processos estão relacionados ao funcionamento de várias outras

funções cognitivas, portanto qualquer déficit na atenção pode resultar na

alteração do funcionamento de outras funções, como déficits de compreensão,

memória, linguagem e inteligência. Mudanças na atenção relacionadas à idade

foram citadas como base para diversas ineficiências cognitivas entre idosos.21

As funções executivas consistem de funções mentais específicas

especialmente dependentes dos lobos frontais do cérebro, incluindo

comportamentos mais complexos direcionados para metas. As funções

executivas envolvem as capacidades de iniciação, planejamento, produção de

hipóteses, elaboração de um objetivo, flexibilidade cognitiva, regulação,

julgamento, utilização de feedback, síntese e auto-percepção do que é

apropriado ao comportamento.20

Essas funções consistem nas capacidades que permitem ao indivíduo se

engajar com sucesso em comportamento independentes, dirigidos a um

propósito em serviço próprio. Distúrbios nas funções executivas afetam

globalmente todos os aspectos do comportamento, sendo os mais graves

relacionados à incapacidade de iniciar uma atividade, da motivação diminuída

ou ausente e da ineficiência do planejamento e execução de uma seqüencia de

atividades que alterem um comportamento direcionado a um objetivo. Os

distúrbios nessas funções podem afetar também o funcionamento cognitivo,

comprometendo estratégias de abordagem, planejamento ou execução de

tarefas cognitivas. Tanto a idade quanto a presença de doenças crônicas se

associam a possíveis perdas das funções executivas.25

Estudos neuropsicológicos sugerem que linguagem, funções visuo-

espaciais e praxias tendem a ser pouco afetadas pelo envelhecimento normal,

enquanto habilidades como memória, atenção e funções executivas declinam

ao longo do envelhecimento. 26

2.2 Fatores associados ao déficit cognitivo

O processo de envelhecimento gera alterações anatômicas e fisiológicas

que tem repercussão direta no desempenho das funções cognitivas, privando o

indivíduo de suas funções intelectuais normais. Alguns estudos têm apontado

como mudanças típicas desse processo a redução de volume cerebral,

alterações nos neuroceptores, diminuição no número de dendritos, distrofia

espinhal e mielínica, bem como limitações na transmissão sináptica. 27 Essas

alterações múltiplas promovem uma espécie de “desconexão” entre as áreas

cerebrais, sendo esse processo fortemente associado ao déficit cognitivo

observado durante o envelhecimento.28

Se por um lado, o processo fisiológico e anatômico do envelhecimento

promove uma desvantagem na função cognitiva, por outro podemos observar a

capacidade de plasticidade desse sistema, provendo um funcionamento global

normal apesar das deficiências localizadas. O sistema nervoso se adapta às

limitações impostas pelo processo de envelhecimento, e explora novas áreas

corticais de forma a preservar as funções cognitivas.

Goalang et al, 2009, realizou um estudo com 95 indivíduos saudáveis de

19 a 85 anos, a fim de comparar os padrões anatômicos cerebrais através de

técnicas de neuroimagem funcional. Essa análise permitiu a captura das

conexões anatômicas existentes em distintas regiões cerebrais dos sujeitos

pesquisados. Ao analisar os dados dos indivíduos idosos, observou-se a

eficiência reduzida em quinze áreas corticais distintas, predominantemente

localizadas nos lobos temporal e occipital. Em contraste, foram localizadas

quatorze áreas nos lobos frontal e temporal com aumento de eficiência,

indicando um mecanismo de reorganização cortical associado ao

envelhecimento. Estudos anteriores de neuroimagem funcional têm revelado

redução da atividade occipital associada a uma elevação na atividade frontal

para a realização de uma variedade de funções cognitivas.

Esse fenômeno, denominado por Davis et al, 2008 como shift póstero-

anterior do envelhecimento, explica a manutenção da eficiência global do

cérebro apesar das desvantagens locais já mencionadas. Dessa forma, as

mudanças neuroanatômicas decorrentes do envelhecimento não promovem

alteração na eficiência do sistema como um todo. 29,30,31

Porém esse processo de adaptação e compensação nem sempre é

observado, e as variáveis biológicas não explicam sozinhas a heterogeneidade

do envelhecimento cognitivo. Estudos longitudinais confirmam que as

diferenças no desempenho cognitivo aumentam com o avanço da idade, e

sugerem que os fatores genéticos e ambientais exercem influência importante

nesse processo.32,33

Segundo Yébenes et al., 2003, a função cognitiva é primariamente

associada à estrutura cerebral e sua fisiologia, entretanto, também depende de

conhecimentos gerais e competências adquiridas, que são claramente

influenciadas pela cultura e educação. Dessa forma, é difícil medir o

“funcionamento cerebral” independentemente dos efeitos desses dois fatores. 15

Dentro da perspectiva da abordagem do curso de vida, alguns autores

também defendem a associação entre cultura e educação com o desempenho

cognitivo. A teoria da reserva cognitiva sugere que indivíduos expostos a

atividades mentais complexas ao longo da vida aumentam a capacidade do

cérebro de suportar o estresse e os danos causados pelo envelhecimento. De

acordo com essa teoria a escolaridade parece ser um fator protetor,

provavelmente pelo seu efeito no aumento das sinapses e da vascularização

cerebral, gerando uma redução nos riscos de desenvolver demência.34,35,36

Ostrosky-Solis et al 1998, comparou o desempenho de sujeitos

analfabetos e com alta escolaridade em testes neuropsicológicos e encontrou

influência educacional nas habilidades de construção (copiar uma figura),

linguagem (compreensão), fluência verbal e funções conceituais (similaridades,

habilidades de cálculo e seqüencias).

Em estudo realizado por Nitrini et al., 2004, um grupo de idosos

saudáveis foi avaliado a fim de observar diferenças na performance de

memória entre indivíduos analfabetos e alfabetizados. Foram observadas

diferenças na memória de trabalho de acordo com o nível educacional, sendo

melhores escores associados a níveis mais altos de escolaridade. As

diferenças na organização visuoespacial, a falta de exposição prévia aos

estímulos, e dificuldades de interpretação de funções lógicas da linguagem

podem ser explicações para as diferenças encontradas entre os grupos.38

A escolaridade também atua de maneira indireta no envelhecimento

cognitivo, à medida que o indivíduo compreende a necessidade de assumir um

estilo de vida saudável, com prática de exercícios físicos e baixo consumo de

álcool, capaz de reduzir o risco de dano cerebral e de doenças

cardiovasculares.39

Existe um corpo crescente de pesquisas sugerindo que alguns fatores

de risco para doenças cardíacas e Acidente Vascular Encefálico estão

associados ao desenvolvimento de Doença de Alzheimer e outras desordens

associadas. 40,41,42 Diabetes, hiperlipidemia, hipertensão, doenças cardíacas,

fumo, altos níveis de homocisteína, e obesidade estão entre os fatores de risco

mais citados para desenvolvimento de demência.43,44,45

Fatores de saúde, educacionais, e de personalidade, bem como do nível

intelectual global e capacidades mentais específicas do indivíduo podem

contribuir para o declínio gradual das funções cognitivas durante o

envelhecimento. Apesar da clareza da associação entre esses fatores de risco

e o desenvolvimento de demência, existe uma dificuldade em manipular esses

dados de forma isolada a fim de observar as influências mais marcantes e

realizar intervenções direcionadas. Além disso, alguns mecanismos geradores

dessa influência ainda não estão bem estabelecidos na literatura.46

2.3 Demência

O aumento da prevalência de demência em todo o mundo tem sido

evidenciado como uma das conseqüências do envelhecimento populacional.

Estimativas sugerem uma população de cerca de 24 milhões de pessoas

idosas com demência no mundo, com aproximadamente 60% dessas pessoas

vivendo em países em desenvolvimento. Existe uma previsão de que o número

de idosos com demência dobre a cada 20 anos, e que em 2040, 70% dessa

população estará localizada em países em desenvolvimento como a Índia,

Nigéria e Brasil.2,47

Um estudo epidemiológico realizado com idosos na cidade de

Catanduva – São Paulo, estimou uma taxa de prevalência de demência de

7,1% na população estudada. Analisando a prevalência de acordo com a

idade, observou-se a taxa de 1,6% nos idosos na faixa etária de 65 a 69 anos,

alçando 38,9% naqueles acima de 85 anos. O autor também analisou a

prevalência de demência de acordo com o nível de escolaridade da amostra,

observando uma prevalência de 12,2% de demência entre indivíduos

analfabetos, e de 3,5% naqueles com oito anos de estudo ou mais. O estudo

mostrou ainda que o aumento da prevalência de demência está

significativamente associada ao baixo nível de escolaridade, ao aumento da

idade e ao sexo feminino.48

O Projeto Saúde, Bem-estar e Envelhecimento (SABE) da Organização

Pan- Americana de Saúde/Organização Mundial de Saúde investigou a

prevalência de deterioração cognitiva entre idosos não-intitucionalizados de

grandes áreas urbanas em diversos países. No Brasil, o SABE estudou 2143

idosos residentes em São Paulo. Os resultados mostraram uma prevalência de

deterioração cognitiva de 6,9% na população paulista, de acordo com a

avaliação do Mini Exame do Estado Mental (MEEM), sendo 4,4% para idosos

de 60 a 74 anos e 17,7% para aqueles com 75 ou mais. Além da idade, a

deterioração cognitiva estava associada ao baixo nível de escolaridade, assim,

concluiu-se que o instrumento utilizado mantém um viés educacional, sendo

necessária a realização de futuros estudos para determinar outros fatores

associados à deterioração cognitiva.49

A demência pode ser definida como uma síndrome caracterizada pela

presença de declínio cognitivo persistente que compromete as atividades

sociais e de vida diária do indivíduo. Na demência as alterações cognitivas não

são causadas pelo comprometimento do nível de consciência, mas são

resultantes de comprometimento do SNC. Não dispondo de capacidade

reparadora, as unidades morfofuncionais do SNC ficam sujeitas ao processo de

envelhecimento através dos fatores intrínsecos (herança genética, gênero,

radicais livres) e extrínsecos (ambiente, comportamento) que exercem uma

função deletéria com o decorrer do tempo.50

A demência pode ser um processo lento e progressivo ou ocorrer de

forma abrupta, dependendo dos fatores causais. As manifestações clínicas da

doença interferem significativamente nas atividades sociais e ocupacionais do

paciente, provocando nele e em seus familiares grande sofrimento bem como

elevado nível de estresse nos cuidadores.8,51

As demências podem ser classificadas em degenerativas ou

secundárias a vários processos patológicos, dependendo das causas e formas

de evolução. As degenerativas ou primárias são aquelas decorrentes de um

processo de atrofia cerebral progressiva - a demência de Alzheimer (DA) é o

tipo mais comum - e as demências adquiridas ou secundárias são aquelas

causadas por processos infecciosos, acidentes vasculares cerebrais, traumas

cranio-encefálicos, uso de substancias como álcool, e por outras formas de

acometimento cerebral.8

No Brasil a DA corresponde ao tipo mais freqüente (55,1%) seguido de

DA associada à doença cerebrovascular (14,4%) e a demência vascular (DV)

(9,3%). A DA se caracteriza primariamente pela perda progressiva da memória

e de outras funções cognitivas e pode ser classificada em três estágios - leve,

moderado ou grave – de acordo com a magnitude do comprometimento

cognitivo.

No estágio inicial, o paciente apresenta comprometimento de diversas

funções cognitivas, como declínio da memória recente, dificuldade de

orientação espacial e temporal, dificuldade de nomeação de palavras e de

memória semântica, comprometimento leve da atividade de calculo, e pode

apresentar indícios de apraxia, agnosia ou afasia, no entanto, mantém suas

atividades sociais e ocupacionais básicas, embora com algum prejuízo para

aquelas que exigem um maior nível de complexidade.8

Na fase moderada, os sintomas acima acentuam-se e o paciente pode

ter dificuldade significativa para a execução de tarefas, sobretudo aquelas com

maior nível de complexidade. Os déficits de memória, em seus diferentes tipos,

agravam-se, os sintomas de apraxia, agnosia e afasia tornam-se mais

evidentes. Observa-se também o empobrecimento do pensamento lógico e o

comprometimento das funções executivas. O sujeito perde grande parte da sua

autonomia, necessitando de supervisão para atividades simples como cuidar

de si e dos próprios afazeres cotidianos.8

Na fase avançada, a doença assume proporções graves, e o paciente

praticamente perde a capacidade de memória, torna-se incapaz de desenvolver

as funções executivas e há agravamento da apraxia, agnosia e afasia. Mostra-

se incapaz de se comunicar, podendo apresentar desorganização grave do

comportamento. Apresenta alto grau de dependência e necessita de

supervisão constante. O óbito ocorre usualmente após vários anos do inicio

dos sintomas, geralmente por pneumonia aspirativa ou infecção do trato

urinário com sepse.8

Demência Vascular (DV) é o termo utilizado para descrever a presença

de declínio cognitivo secundário a doença cerebrovascular. Pode ser

decorrente de múltiplos infartos cerebrais disseminados, em conseqüência de

obstrução de arteríolas ou capilares que irrigam o cérebro, ou decorrente de

um único infarto cerebral, localizado em regiões consideradas estratégicas para

o processamento das funções executivas.8

A apresentação clínica da DV depende da causa e localização do infarto

cerebral ou das lesões focais múltiplas, e inclui declínio cognitivo suficiente

para interferir nas AVD. Tal declínio ocorre geralmente de forma abrupta,

imediatamente após um acidente cerebral vascular, geralmente associado a

déficits sensoriais ou motores discretos, perda da força muscular nos membros

superiores ou inferiores, hemiplegias, desequilíbrio e quedas não provocadas,

labilidade emocional, depressão. 8,51

Estudos recentes do Departamento de Neurologia Cognitiva e do

Envelhecimento da Academia Brasileira de Neurologia recomendam critérios

diagnósticos para DA e DV com base em revisão criteriosa da literatura. Para

esse grupo, o diagnóstico de demência deve basear-se nos critérios do

Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders (DSM) e do National

Institute of Neurological and Communicative Disorders and Stroke and

Alzheimer’s Disease (NINCDS-ADRDA), e em exames físicos complementares,

exames de neuroimagem, e avaliação neuropsicológica e funcional.52

O Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders – Fourth Edition

(DSM-IV) é o mais utilizado atualmente, e de acordo com seus critérios, o

diagnóstico de demência inclui: 1) comprometimento da memória e de outras

funções cognitivas, como linguagem, praxias, orientações espaciais e

temporais, capacidade de abstração e funções executivas; 2) déficits cognitivos

que impliquem comprometimento significativo do funcionamento social e

ocupacional avaliados em relação a um nível prévio de funcionamento do

indivíduo; 3) um curso caracterizado por um início gradual e um declínio

cognitivo contínuo; 4) déficits cognitivos não relacionados às condições

induzidas por substâncias e nem por outras condições do SNC que causam

declínio progressivo das funções cognitivas, como doença de Parkinson,

doença de Huntington, hidrocefalia de pressão normal, tumor cerebral; 5) os

déficits não ocorrem exclusivamente durante o curso de um delirium.25

2.4 Rastreio de demência

Diferentes baterias de avaliação neuropsicológica foram desenvolvidas com

o objetivo de definir e quantificar as síndromes cognitivas. Entretanto, uma

avaliação neuropsicológica normal consome tempo considerável, necessita de

profissionais qualificados, e geralmente tem custo elevado. Esses fatores

limitam sua aplicação em larga escala. Assim, os instrumentos de rastreio

cognitivo representam um importante meio para auxiliar na identificação de

casos (ou suspeitos). Além disso, podem ser empregados tanto em contextos

clínicos como em contextos de pesquisa científica.53

Embora não exista consenso, atualmente, sobre quais idosos devem

submeter-se à triagem para demência, o rastreio precoce do comprometimento

cognitivo representa benefício para o idoso, pois possibilita intervenção

terapêutica, diminui os níveis de estresse para os familiares, reduz riscos de

acidentes, prolonga a autonomia e, em alguns casos, evita ou retarda o início

do processo demencial. Além disso, uma pré-avaliação com instrumento de

rastreio pode indicar, com maior precisão, a necessidade de se encaminhar o

paciente para uma revisão neuropsicológica completa.54,55

Alguns instrumentos têm sido desenvolvidos para rastreio de demência em

idosos, porém seus resultados são influenciados pela idade, educação, raça,

língua, limitações sensoriais e outros processos sistêmicos.14 Para minimizar

essa influencia, alguns autores recomendam a adaptação de pontos de corte

de acordo com as características socioeconômicas da população estudada;

entretanto, esse procedimento tem limitações importantes, porque a idade, o

sexo, o nível educacional e a ocupação são também fatores de risco para o

desenvolvimento de demência.48,56,57 O ponto de corte ajustado à escolaridade

diminui o risco de falsa associação entre baixo desempenho no teste e

demência, porém aumenta a probabilidade de não descobrir a real associação

existente entre a demência e o baixo nível educacional.

O teste de rastreio cognitivo mais comumente utilizado no Brasil e no

mundo, o Mini Exame do Estado Mental (MEEM)12, requer o mínimo nível

educacional já que necessita da habilidade de ler, escrever, ou fazer

cálculos.58,59,60. Apesar desse viés, o consenso da Academia Brasileira de

Neurologia sugere a utilização da versão brasileira desse instrumento para

rastreio cognitivo 60, com modificações no ponto de corte de acordo com o nível

de escolaridade. Segundo o consenso, essa adaptação torna o instrumento

adequado para uso em ambiente hospitalar, ambulatorial, e em estudos

populacionais.52

Em estudo realizado por Scazufca et al, 2009, para verificar o poder de

rastreio de demência do MEEM na população idosa brasileira, foi encontrada

uma forte influência da alfabetização no escore obtido. A autora observou uma

dificuldade do instrumento em identificar os verdadeiros casos, com uma

classificação errada de 20% para os indivíduos com demência e 15% para

aqueles com cognição preservada. Além disso, os valores de especificidade e

sensibilidade foram menores para os indivíduos analfabetos.

De acordo com os autores, os resultados falsos positivos e negativos

são inaceitavelmente altos para idosos analfabetos, independentemente do

ponto de corte utilizado para determinar a presença de disfunção cognitiva.

Além do nível educacional, o desempenho no MEEM também é afetado

pela idade, cultura e classe social.62 Essas características dificultam sua

aplicação nas populações idosas de países em desenvolvimento, inclusive no

Brasil.

Diante disso, é visível a necessidade de estudos de validação de

escalas cognitivas que possam ser usadas nos idosos brasileiros,

considerando os diversos níveis de escolaridade, e o perfil socioeconômico da

população.

Para tanto, seria fundamental um instrumento de triagem de déficit

cognitivo próximo do ideal, fornecendo a maior segurança possível para o

rastreio da demência: (a) rápido na sua administração (poucos minutos) para

ter adesão entre os profissionais de diversas áreas; (b) ser bem tolerado e

aceitável pelos pacientes; (c) ser facilmente interpretado; (d) ter independência

cultural, de linguagem e de escolaridade; (e) poder ser bem reproduzido em

outros estudos e ter desempenho similar entre examinadores; (f) ter valores

elevados de sensibilidade e especificidade; (g) apresentar correlação com

outros testes tradicionais e bem validados na literatura, além de correlação com

escalas de avaliação e diagnóstico clínico de demência; e (h) ter bom valor

preditivo.63

A Prova Cognitiva de Leganés (PCL) foi desenvolvida em estudo

realizado na cidade de Leganés na Espanha, que possui uma população de

idosos com perfil educacional similar ao perfil brasileiro. Esse instrumento foi

especialmente desenvolvido para idosos com baixa escolaridade, e tem como

principal vantagem sua facilidade de aplicação, pois abrange dois domínios da

função cognitiva: memória e orientação. Esses itens foram escolhidos por estar

entre os mais sensíveis para detecção precoce de demência e mais específicos

para associações com declínio funcional, e o uso dessas medidas parece ser

adequado para populações com baixo nível de educação formal.64,65

A escala é composta pelos seguintes itens, e cada resposta certa pontua 1:

1. Orientação Temporal: Data, dia da semana, hora. (0 a 3)

2. Orientação Espacial: Lugar e endereço (0 a 2)

3. Informações Pessoais: Idade, data de nascimento (dia/mês/ano), nome

irmão mais novo (0 a 3).

4. Teste de Nomeação: Habilidade de nomear seis objetos comuns

apresentados em desenhos. (0 a 6).

5. Lembrança Imediata: Lembrar dos seis objetos mostrados em desenho

para nomeação. O teste é iniciado com a seguinte frase: “Por favor, me diga os

nomes dos objetos que o Sr.(a) viu nos desenhos, e tente relembrá-los porque

perguntarei novamente mais tarde”. (0 a 6).

6.Lembrança Tardia. Cinco minutos depois do teste de nomeação, o idoso

deve dizer quais objetos foram mostrados (0 a 6).

7. Memória Lógica: Lembrança imediata de uma história curta contendo seis idéias (0 a 6).

Esses itens foram retirados de testes cognitivos pré existentes, utilizados

em estudos epidemiológicos na população espanhola: The Short Prtable

Mental Status Questionnaire (SPMSQ) 58 e The Barcelona Test 66 A história foi

retirada do Established Populations for the Epidemiologic Study of Elderly,

EPESE. 67

A escala foi desenvolvida e validada na população espanhola,

demonstrando boa confiabilidade, com Índice de Correlação Intraclasse (ICC)

0.79 (IC 95%=0.74–0.83) para a amostra estudada. A área sob a curva ROC

para screening de demência foi de 0.98 (IC 95% =0.96-0.99) para o ponto de

corte de 22, com valores de sensibilidade de 93.9 e especificidade 94.7, e

acurácia de diagnóstico de 94.7%. O padrão ouro para diagnóstico de

demência utilizado no estudo foi o DSM-V. A consistência interna também foi

analisada, apresentando bons resultados para a sub-escala de orientação ( α =

0.85) , e resultados satisfatórios para sub-escala de memória ( α = 0.65) e o

escore total ( α = 0.70).68

Apesar da influência da idade, sexo e educação no diagnóstico de

demência, essas variáveis não apresentaram efeito significante na habilidade

da PCL em diagnosticar essa condição. Além disso, a escala apresentou boa

aceitação dos pacientes e profissionais de saúde, tanto em estudos

populacionais quanto em ambientes clínicos, e sua administração é simples e

rápida.67

De acordo com Zunzunegui et al. 2000, esses dados indicam que a PCL

é um teste válido e confiável que pode ser usado para screening de demência

em populações com baixo nível educacional na Espanha e provavelmente em

qualquer lugar. A PCL pode ser validada em populações com alto nível

educacional e em populações de baixa escolaridade culturalmente

diversificadas a fim de explorar sua utilidade em outros contextos.

3.OBJETIVOS

3.1 Principal:

- Analisar o poder de rastreio de demência pela PCL em população idosa com

baixo nível de escolaridade.

3.2 Específicos:

- Traduzir e adaptar culturalmente a PCL para a população idosa brasileira;

- Avaliar as propriedades psicométricas da PCL (validade de conteúdo,

validade concorrente, consistência interna e confiabilidade inter-examinador);

- Correlacionar e comparar os dados obtidos nas avaliações do MMSE e PCL;

- Correlacionar o escore cognitivo com as variáveis sociodemográficas.

4. Materiais e Métodos

4.1 Caracterização da pesquisa e Local do Estudo

A pesquisa trata-se de um estudo de validação, onde se pretende

analisar a validade e a confiabilidade da Prova Cognitiva de Leganés para

rastreio de demência em populações com baixo nível de escolaridade.

4.2 População e Amostra

Para a composição da amostra foram utilizados sujeitos de um estudo

desenvolvido no Brasil e no Canadá com objetivo de avaliar e adaptar

culturalmente instrumentos de avaliação de saúde física e mental para

posterior utilização em um estudo longitudinal sobre mobilidade e

envelhecimento no Canadá, Brasil e Colômbia. Esse estudo longitudinal,

financiado pelo Canadian Institutes of Health, terá como objetivo fornecer o

aporte de maior conhecimento sobre o desenvolvimento da incapacidade

funcional em idosos em distintos perfis epidemiológicos, assim como, explicar

as diferenças na mobilidade relacionadas ao sexo, a fim de orientar futuras

estratégias comunitárias de prevenção. Desta forma, foi desenvolvido

previamente no período de Outubro à Dezembro de 2009, um estudo piloto na

cidade de Santa Cruz, cidade de 32.000 habitantes, situada a 150 Km de Natal,

capital do Estado do Rio Grande do Norte.

4.3 Cálculo Amostral

A amostra para esse estudo foi calculada no sentido de estimar um

Kappa de Cohen= 0.80, com um poder de 80% para uma hipótese nula de

0.45, para medidas dicotômicas de déficit cognitivo. Uma amostra de 64 foi

considerada suficiente para estimar um coeficiente de correlação intraclasse

próximo a 0.80 em um intervalo de confiança de 95%.

4.4 Critérios de Inclusão

Para inclusão de sujeitos no estudo era preciso estar na faixa entre 65 e

74 anos e não apresentar incapacidades severas. A incapacidade é

considerada severa quando o indivíduo não é capaz de realizar as seguintes

atividades sem ajuda: tomar banho, sair da cama, comer e usar o banheiro.

Aqueles que relataram dificuldades, mas que conseguiram desempenhar as

atividades foram incluídos no estudo.

4.5 Estratégia de Amostragem

Foi utilizada uma amostra aleatória de idosos residentes na comunidade,

estratificados de acordo com a capacidade funcional em dois grupos:

mobilidade total e mobilidade reduzida. Esse critério foi estabelecido através

duas perguntas do questionário: dificuldade de caminhar 1,5 Km e subir

escadas. Aqueles que relataram dificuldade severa em pelo menos uma das

perguntas foi considerado como mobilidade reduzida. Além disso, os

participantes foram divididos de forma igualitária de acordo com o sexo, sendo

32 homens e 32 mulheres estratificados em duas faixas etárias: 65 - 69 anos e

70 - 74 anos.

4.6 Treinamento dos Entrevistadores

Seis entrevistadores foram treinados usando o mesmo treinamento

padrão com base em fitas de vídeo, instruções de protocolo e formulários de

dados. Os componentes do teste, o sistema de pontuação e as instruções são

claramente explicados em uma apresentação em vídeo disponibilizada pela

coordenação do estudo.

4.7 .Instrumentos

4.7.1 Caracterização da Amostra

Foi aplicado um questionário de auto-relato proposto para o estudo

multicêntrico, composto por avaliações de desempenho cognitivo, depressão,

nível de atividade física, estresse, comorbidades, mobilidade e carga alostática.

Além disso, foram realizadas medidas diretas através de testes de

desempenho físico.

4.7.2 Avaliação Cognitiva

4.7.2.1 Prova Cognitiva de Leganés (PCL)

A Prova Cognitiva de Leganés (PCL) é um teste de rastreio cognitivo

desenvolvido em por Zunzunegui et al 2000, na cidade de Leganés, na

Espanha. A PCL foi desenvolvida com o propósito de ser uma escala de fácil

aplicação, e sem influência da escolaridade no escore final obtido. A realização

do teste não depende da habilidade de escrever, calcular, desenhar, ou

desenvolver pensamento abstrato, possibilitando o rastreio cognitivo adequado

em populações com baixo nível de escolaridade.

O teste possui 32 questões, agrupadas em 07 categorias: orientação

temporal (3 pontos); orientação espacial (2 pontos); informações pessoais (3

pontos); teste de nomeação (6 pontos); memória imediata (6 pontos); memória

tardia (6 pontos); memória lógica (3 pontos). As categorias da PCL podem ser

ainda classificadas em dois domínios distintos: memória e orientação. As

categorias orientação temporal, orientação espacial e informações pessoais

são referentes ao domínio orientação, enquanto as demais compõem o

domínio memória. A pontuação total varia de 0 a 32, podendo alcançar de 0 a 8

no domínio orientação e de 0 a 24 no domínio memória. Melhores escores

estão associados a melhore desempenho, e o ponto de corte para déficit

cognitivo é de 22 pontos.

A PCL não foi validada para a população brasileira, porém foi desenvolvida

e aplicada numa população com perfil sócio-demográfico similar,

principalmente no que diz respeito à escolaridade. Dessa forma, a sua

aplicação na população brasileira pode representar uma alternativa para os

vieses educacionais apresentados pelas escalas de avaliação cognitivas já

existentes.69-72

4.7.2.2. Mini Exame do Estado Mental (MEEM)

O Mini Exame do Estado Mental (MEEM)12 é um teste de rastreio

amplamente utilizado para detectar demência e outras desordens cognitivas. O

questionário é composto por diversas questões tipicamente agrupadas em 7

categorias, cada uma delas desenhada com objetivo de avaliar “funções”

cognitivas especificas: orientação temporal (5 pontos), orientação espacial (5

pontos), memória imediata (3 pontos); cálculo e atenção (5 pontos); memória

tardia (3 pontos); linguagem (8 pontos), e capacidade construtiva visual (1

ponto).

O escore do MEEM pode variar de um mínimo de 0 até um total de 30

pontos, sendo maiores escores associados a um melhor desempenho. A

aplicação do teste dura, em media, 10 minutos. A validação da escala para a

população Brasileira foi feita por Bertolucci et al, 1994, e desde então vêm

sendo propostas adaptações para pontos de corte diferenciados de acordo com

a escolaridade.53,60 Em nosso estudo foi utilizado o ponto de corte adaptado

para idosos, que classifica como déficit cognitivo aqueles indivíduos com

pontuação abaixo de 23/24.62

5.3 .Procedimentos

5.3.1 Autorização dos detentores dos direitos do instrumento original

O contato com o grupo autor da escala foi feito pessoalmente, através

da autora principal da escala Maria Vitória Zunzunegui. Esse contato foi

possível devido à existência de um acordo de cooperação entre a Universidade

Federal do Rio Grande do Norte (Brasil) e a Université de Montréal (Canadá).

Dessa forma, foi obtida a autorização da mesma para o processo de tradução e

validação da escala para a população idosa brasileira.

5.3.2 Tradução e Adaptação Transcultural

A escala utilizada para este trabalho foi obtida na sua versão original em

espanhol. Para tradução e adptação transcultural foram utilizados a técnica de

retrotradução e o método bilíngüe. Inicialmente, dois tradutores de espanhol,

cientes dos objetivos da pesquisa traduziram o instrumento proposto por

Zunzunegui et al (2000), procurando uma equivalência de conteúdo, semântica

e conceitual com a versão original. Posteriormente em conjunto, os tradutores

obtiveram consenso entre as duas traduções. A tradução consensual foi

transcrita gerando a primeira versão em português do instrumento original.

Em seguida, esta versão em português foi enviada para um colaborador

bilíngüe (espanhol/português). Este não dispunha de qualquer conhecimento

prévio do material a ser retro-traduzido. Com o retorno desta nova versão do

instrumento em espanhol, os tradutores participantes da primeira fase do

estudo realizaram uma análise comparativa minuciosa desta versão com a

versão original em espanhol, e a tradução desse consenso para a língua

portuguesa resultou na segunda versão do instrumento em português.

A tradução do texto original foi revisada pelos pesquisadores da versão

brasileira do instrumento original proficientes na língua espanhola, e

familiarizados com o conteúdo envolvido no material da linguagem fonte,

condição essa indispensável para uma tradução adequada.73

5.3.3 Coleta de Dados

As coletas foram realizadas por meio de visitas ao domicílio dos idosos,

onde o pesquisador informava o idoso sobre o processo de coleta, e este após

aceitar participar do estudo assinava o termo de consentimento livre e

esclarecido.

O primeiro dia de coleta consistiu na aplicação do questionário proposto

para o estudo, onde eram aplicados testes de auto-relato e medidas diretas de

desempenho físico. As escalas de avaliação cognitiva (PCL e MEEM) também

eram aplicadas. Após um intervalo de dois dias o idoso era submetido a uma

nova avaliação, que consistia na aplicação dos mesmos testes propostos na

primeira coleta, com algumas simplificações. As avaliações de desempenho

cognitivo e de depressão foram aplicadas na segunda coleta sem nenhuma

modificação com relação ao procedimento anterior. As coletas de cada sujeito

eram realizadas por um único pesquisador da equipe treinada, a fim de

determinar a confiabilidade intra-observador.

5.4 Aspectos Éticos

Os participantes do estudo foram esclarecidos sobre a metodologia e os

objetivos do trabalho em desenvolvimento, além de receberem orientações de

acordo com eventuais questionamentos realizados. Assinaram ainda, um

Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE), redigido em linguagem

clara e acessível, de forma a garantir seu entendimento sobre o estudo em

questão. Foi assegurado aos participantes que seu vínculo com a pesquisa era

voluntário e não definitivo, ou seja, era-lhe garantido o direito de interromper

sua participação a qualquer momento sem risco de dano moral, físico, social,

financeiro ou qualquer outro.

Ainda de acordo com as normas éticas para pesquisa, o presente trabalho

foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte (UFRN) como parte do estudo de caráter epidemiológico

“Biomarcadores do estresse, função e fragilidade em uma população de idosos:

um estudo piloto.” para obtenção de parecer, de acordo com a resolução

196/96 do Conselho Nacional de Saúde, obtendo o parecer CEP/HUOL447/10.

5.5 Análise dos Dados

Os dados foram analisados utilizando o programa PASW versão 17.0.

considerando para todos testes realizados um nível de significância de p>0,05.

5.5.1 Análise Descritiva

A análise descritiva foi feita utilizando as medidas de tendência central e

dispersão (média e desvio padrão), e a distribuição foi analisada através das

freqüências absolutas e relativas.

5.5.2 Confiabilidade

A consistência interna da escala foi verificada através da correlação de

Pearson entre os itens da PCL. A confiabilidade inter-examinador foi

determinada através do Índice de Correlação Intra-Classe (ICC).

5.5.3 Validade de Conteúdo

A primeira etapa para avaliar a validade de conteúdo do instrumento

iniciou-se a partir da consulta às importantes fontes publicadas, associadas

com rastreio de demência em idosos, a fim de identificar aspectos específicos e

variáveis mais intimamente ligadas ao desenvolvimento do processo

demencial.

Em seguida, a validação do conteúdo consistiu no exame sistemático do

conteúdo do instrumento a fim de assegurar a sua representatividade. Isto é,

que os diversos aspectos do construto fossem abrangidos pelos itens do

questionário. Esse tipo de validade não requer qualquer tipo de tratamento

estatístico, mas métodos racionais e lógicos, podendo ser assegurada pela

técnica de construção do instrumento, especialmente, na geração dos

enunciados e do seu refinamento. 74,75

5.5.4 Validade Concorrente

Na determinação da validade simultânea de um instrumento

correlacionamos os dados obtidos com este instrumento, e os resultados em

relação a um critério, que é a medida direta e independente correlacionada ao

comportamento que queremos medir. Como variável de critério utilizamos o

escore obtido na avaliação do MEEM.76

As correlações entre os escores obtidos no MEEM e na PCL foram

obtidas através da Correlação de Pearson, e as médias foram comparadas

através do Teste t de Student. A concordância entre as escalas cognitivas no

que diz respeito ao rastreio de demência foi avaliada através do Índice kappa.

5.5.5 Validade de Construto

A validade de construto está diretamente relacionada à questão do que o

estudo, através do instrumento de medida, está realmente medindo. Dessa

forma, podemos observar se os itens que compõe a escala são adequados ao

instrumento que se propõe.

Para identificar a estrutura fatorial das variáveis relacionadas ao rastreio

de demência, os dados foram submetidos a análise multivariada conhecida

como análise fatorial. Com essa técnica podemos substituir um conjunto inicial

de variáveis por um conjunto menor de fatores não relacionados. Os fatores

obtidos na análise fatorial explicam a maior parte da estrutura de correlação do

conjunto de variáveis originais.

Previamente à análise fatorial foi realizado o teste de adequação da

amostra Kaiser-Meyer-Olkin (KMO) para identificar se os dados ajustavam-se

ao modelo fatorial. O método de extração utilizado foi o Principal Componente

de Análise. Este é o método mais indicado quando o objetivo principal é

verificar a existência de dimensões latentes, e quando se quer obter o menor

número de fatores que expliquem o máximo de variância dos dados. 72

6. Resultados e Discussão

Neste capítulo, os resultados e a discussão desta dissertação serão

apresentados em formato de artigo intitulado Tradução, adaptação e

avaliação psicométrica da Prova Cognitiva de Leganés em uma população

idosa brasileira com baixo nível de escolaridade, cuja submissão será

realizada ao periódico Arquivos de Neuropsiquiatria. Neste sentido, a versão

apresentada nesta dissertação em português, será posteriormente traduzida e

adaptada às normas de publicação do citado periódico.

Tradução, adaptação cultural e avaliação psicométrica da

Prova Cognitiva de Leganés em uma população idosa brasileira

com baixo nível de escolaridade.

CALDAS, V.V.A.1, ZUNZUNEGUI, M.V 2., NASCIMENTO, A.F.F. 3, GUERRA,

R.O. 4.

¹ Mestranda em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do

Norte, Natal, RN.

² Doutora em Epidemiologia, Professora Titular do Departamento de Medicina

Preventiva da Univesité de Montreal, Canadá.

3 Mestre em Fisioterapia pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte,

Natal, RN.

4 Doutor em Ciências da Atividade Física e Saúde pela Universidade de

Granada, Professor do Departamento de Fisioterapia da Universidade Federal

Do Rio Grande do Norte, Natal, RN.

Autora para correspondência: Vescia Vieira de Alencar Caldas

Endereço: Avenida Maria Lacerda Montenegro, Nº 515 – Residencial Pan

Americano -Torre F – Apto 1103. CEP: 59089-000 – Natal, RN.

Telefone: (84) 3208-6978 / (84) 8826-8334. Email:

[email protected]

Resumo

Objetivo: Validar a Prova Cognitiva de Leganés (PCL) para rastreio cognitivo

em idosos brasileiros com baixo nível de escolaridade. Métodos: Utilizou-se

uma amostra de 59 idosos residentes no município de Santa Cruz-RN, com

baixo nível educacional. A confiabilidade foi analisada com intervalo de dois

dias entre as avaliações, e a validade concorrente foi avaliada através do Mini

Exame do Estado Mental (MEEM). Resultados: De acordo com a PCL a

prevalência de demência foi de 11,8%. Os itens da escala apresentaram

correlação de moderada à forte entre os domínios (p<0,01), e a confiabilidade

inter-examinador apresentou um ICC=0.81, IC 95% (0.72-0.88). A análise

fatorial agrupou dois fatores interpretados como memória e orientação. A

análise de concordância entre as escalas mostrou um kappa ruim, reforçando a

hipótese de influência de escolaridade no escore final obtido no MEEM.

Conclusão: Os resultados sugerem que a PCL possui níveis de confiabilidade

aceitáveis para utilização em idosos brasileiros com baixa escolaridade,

minimizando o viés de escolaridade presente na maioria das escalas de

avaliação cognitiva.

Palavras-chave: Cognição, Demência, Idoso, Escolaridade.

Introdução

O aumento da prevalência de demência em todo o mundo tem sido

evidenciado como uma das conseqüências do envelhecimento populacional.

Estimativas sugerem uma população de cerca de 24 milhões de pessoas

idosas com demência no mundo, com aproximadamente 60% dessas pessoas

vivendo em países em desenvolvimento1. Existem previsões de que o número

de idosos com demência dobre a cada 20 anos, e que em 2040, cerca de 70%

dessa população estará localizada em países em desenvolvimento como a

Índia, Nigéria e Brasil2.

Muitas ferramentas de rastreio têm sido desenvolvidas com objetivo de

identificar a presença de déficit cognitivo em idosos, mas seus resultados são

parcialmente influenciados pela idade, educação, raça, linguagem, limitações

sensoriais e outros processos sistêmicos.5,6,7 Além disso, a maioria dessas

ferramentas foi desenvolvida em países onde a escolaridade é alta, o que pode

produzir resultados falsos positivos quando usados em populações com baixo

nível de escolaridade.8,9

Para minimizar esses problemas, diversos estudos foram desenvolvidos a

fim de adaptar pontos de corte de instrumentos pré-existentes de acordo com a

escolaridade ou desenvolver novas ferramentas, com menor influência da

educação em seus escores totais. Esses estudos tem sido realizados

principalmente em países em desenvolvimento com populações que

apresentam baixo nível de escolaridade.10-12 No Brasil, foram propostos pontos

de corte para alguns dos principais instrumentos de rastreio cognitivo em

idosos.13-17

A Prueba Cognitiva de Leganés (PCL) foi originalmente desenvolvida por

pesquisadores espanhóis para utilização no estudo longitudinal Envejecer em

Leganés como uma escala de rastreio cognitivo adaptada a populações com

baixo nível de escolaridade.18 A PCL avalia funções básicas da capacidade

cognitiva, e apresentou boa confiabilidade e validade na população estudada

.19

O acelerado crescimento demográfico da população idosa impõe a

sociedade brasileira, a necessidade urgente de tomada de medidas preventivas

e de intervenção nos desfechos relacionados à saúde desta população. A

perspectiva de um aumento de casos de demências faz que a avaliação clínica

de estados precedentes aos quadros demenciais em idosos assuma um

caráter de extrema importância. A necessidade de utilização de instrumentos

de rastreio de déficits cognitivos adaptados e validados para utilização em

idosos brasileiros passa a ser um ponto de interesse em estudos

epidemiológicos e na prática clínica.

A utilização de uma escala de avaliação cognitiva de fácil aplicação e sem

influência da escolaridade na população brasileira pode representar uma

alternativa para prevenção de vieses educacionais apresentados pelas escalas

de avaliação cognitivas já existentes. Desta forma, o presente estudo visa

adaptar culturalmente a Prueba Cognitiva de Leganés para utilização em

idosos brasileiros de baixa escolaridade, e avaliar suas propriedades

psicométricas através dos seus níveis de confiabilidade e validade.

Materiais e Métodos:

População e Amostra

Para a composição da amostra foram utilizados sujeitos de um estudo

desenvolvido no Brasil e no Canadá com objetivo de avaliar e adaptar

culturalmente instrumentos de avaliação de saúde física e mental para

posterior utilização em um estudo longitudinal sobre mobilidade e

envelhecimento no Canadá, Brasil e Colômbia. Esse estudo longitudinal,

financiado pelo Canadian Institutes of Health, terá como objetivo fornecer o

aporte de maior conhecimento sobre o desenvolvimento da incapacidade

funcional em idosos em distintos perfis epidemiológicos, assim como, explicar

as diferenças na mobilidade relacionadas ao sexo, a fim de orientar futuras

estratégias comunitárias de prevenção. Desta forma, foi desenvolvido

previamente no período de Outubro à Dezembro de 2009, um estudo piloto na

cidade de Santa Cruz, cidade de 32.000 habitantes, situada a 150 Km de Natal,

capital do Estado do Rio Grande do Norte.

Cálculo Amostral

A amostra para esse estudo foi calculada no sentido de estimar um

Kappa de Cohen= 0.80, com um poder de 80% para uma hipótese nula de

0.45, para medidas dicotômicas de déficit cognitivo. Uma amostra de 64 foi

considerada suficiente para estimar um coeficiente de correlação intraclasse

próximo a 0.80 em um intervalo de confiança de 95%.

Critérios de Inclusão

Para inclusão de sujeitos no estudo era preciso estar na faixa entre 65 e

74 anos e não apresentar incapacidades severas. A incapacidade foi

considerada severa quando o individuo não é capaz de realizar as seguintes

atividades sem ajuda: tomar banho, sair da cama, comer e usar o banheiro.

Aqueles que relataram dificuldades, mas que conseguiram desempenhar as

atividades foram incluídos no estudo.

Estratégia de Amostragem

Foi utilizada uma amostra aleatória de idosos residentes na comunidade,

estratificados de acordo com a capacidade funcional em dois grupos:

mobilidade total e mobilidade reduzida. Esse critério foi estabelecido através

duas perguntas do questionário: dificuldade de caminhar 1,5 Km e subir

escadas. Aqueles que relataram dificuldade severa em pelo menos uma das

perguntas foram considerados como ter mobilidade reduzida. Além disso, os

participantes foram divididos de forma igualitária de acordo com o sexo, sendo

32 homens e 32 mulheres estratificados em duas faixas etárias: 65 - 69 anos e

70 - 74 anos.

Treinamento dos Entrevistadores

Seis entrevistadores foram treinados usando o mesmo treinamento

padrão com base em fitas de vídeo, instruções de protocolo e formulários de

dados. Os componentes do teste, o sistema de pontuação e as instruções são

claramente explicados em uma apresentação em vídeo disponibilizada pela

coordenação do estudo.

Instrumentos de Avaliação Cognitiva

Prova Cognitiva de Leganés (PCL)

A Prova Cognitiva de Leganés (PCL) é um teste de rastreio cognitivo

desenvolvido em por Zunzunegui et al 2000. A PCL foi desenvolvida com o

propósito de ser uma escala de fácil aplicação e sem influência da escolaridade

nos escore final obtido. A realização do teste não depende da habilidade de

escrever, calcular, desenhar, ou desenvolver pensamento abstrato,

possibilitando o rastreio cognitivo adequado em populações com baixo nível de

escolaridade. É composta pelos seguintes domínios:

1. Orientação Temporal: Data, dia da semana, hora. (0 a 3)

2. Orientação Espacial: Lugar e endereço (0 a 2)

3. Informações Pessoais: Idade, data de nascimento (dia/mês/ano), nome

irmão mais novo (0 a 3).

4. Teste de Nomeação: Habilidade de nomear seis objetos comuns

apresentados em desenhos. (0 a 6).

5. Lembrança Imediata: Lembrar dos seis objetos mostrados em desenho

para nomeação. O teste é iniciado com a seguinte frase: “Por favor, me diga os

nomes dos objetos que o Sr.(a) viu nos desenhos, e tente relembrá-los porque

será perguntarei novamente mais tarde”. (0 a 6).

6. Lembrança Tardia. Cinco minutos depois do teste de nomeação, o idoso

deve dizer quais objetos foram mostrados (0 a 6).

7. Memória Lógica: Lembrança imediata de uma história curta contendo seis idéias (0 a 6).

A pontuação total varia de 0 a 32, podendo alcançar de 0 a 8 no domínio

orientação e de 0 a 24 no domínio memória. Melhores escores estão

associados a melhor desempenho, e o ponto de corte para déficit cognitivo é

de 22 pontos. A PCL não foi validada para a população brasileira, porém foi

desenvolvida e aplicada numa população com perfil sócio-demográfico similar,

principalmente no que diz respeito à escolaridade.19-22

Mini Exame do Estado Mental (MEEM)

Para avaliação cognitiva dos sujeitos, foram utilizados dois instrumentos de

rastreio de demência e déficit cognitivo, o Mini Exame do Estado Mental

(MEEM), e a Prova Cognitiva de Leganés (PCL).

O Mini Exame do Estado Mental (MEEM) (Folstein et al.,1975), é um teste

de rastreio amplamente utilizado no mundo para detectar demência e outras

desordens cognitivas. O questionário é composto por diversas questões

tipicamente agrupadas em 7 categorias, cada uma delas desenhada com

objetivo de avaliar “funções” cognitivas específicas: orientação temporal (5

pontos), orientação espacial (5 pontos), memória imediata (3 pontos); cálculo e

atenção (5 pontos); memória tardia (3 pontos); linguagem (8 pontos), e

capacidade construtiva visual (1 ponto).

O escore do MEEM pode variar de um mínimo de 0 até um total de 30

pontos, sendo maiores escores associados a um melhor desempenho. A

aplicação do teste dura, em média, 10 minutos. A validação da escala para a

população Brasileira foi feita por Bertolucci et al, 1994, e desde então vêm

sendo propostas adaptações para pontos de corte diferenciados de acordo com

a escolaridade. 17-23 Em nosso estudo foi utilizado o ponto de corte adaptado

para idosos, que classifica como déficit cognitivo aqueles indivíduos com

pontuação abaixo de 23/24. 24

5.Procedimentos

Tradução e Adaptação Transcultural da Prova Cognitiva de Leganés.

Após autorização concedida pela autora da escala, obteve-se a mesma na

sua versão original em sua versão original em espanhol. Para tradução e

adptação transcultural foram utilizados a técnica de retrotradução e o método

bilíngüe. Inicialmente, dois tradutores de espanhol, cientes dos objetivos da

pesquisa traduziram o instrumento proposto por Zunzunegui et al (2000),

procurando uma equivalência de conteúdo, semântica e conceitual com a

versão original. Posteriormente em conjunto, os tradutores obtiveram consenso

entre as duas traduções. A tradução consensual foi transcrita gerando a

primeira versão em português do instrumento original.

Em seguida, esta versão em português foi enviada para um colaborador

bilíngüe (espanhol/português). Este não dispunha de qualquer conhecimento

prévio do material a ser retro-traduzido. Com o retorno desta nova versão do

instrumento em espanhol, os tradutores participantes da primeira fase do

estudo realizaram uma análise comparativa minuciosa desta versão com a

versão original em espanhol, e a tradução desse consenso para a língua

portuguesa resultou na segunda versão do instrumento em português.

A tradução do texto original foi revisada pelos pesquisadores da versão

brasileira do instrumento original proficientes na língua espanhola, e

familiarizados com o conteúdo envolvido no material da linguagem fonte,

condição essa indispensável para uma tradução adequada.24

Coleta dos dados

As coletas foram realizadas por meio de duas visitas ao domicílio dos

idosos, onde inicialmente o pesquisador informava o idoso sobre o processo de

coleta, e este após aceitar participar do estudo assinava o termo de

consentimento livre e esclarecido.

O primeiro dia de coleta consistia na aplicação do questionário

multidimensional proposto no estudo piloto, onde eram avaliadas medidas

diretas e de auto-relato de saúde física através de testes de desempenho

físico. As escalas de avaliação cognitiva (PCL e MEEM) também eram

aplicadas neste primeiro dia. Após um intervalo de dois dias, o idoso era

submetido a uma nova avaliação, que consistia na aplicação dos mesmos

testes propostos na primeira coleta, com algumas simplificações. Novamente,

as avaliações de desempenho cognitivo e de depressão foram aplicadas no

segundo dia de coleta sem nenhuma modificação com relação ao

procedimento anterior. As coletas de cada sujeito eram realizadas por um único

pesquisador da equipe treinada, a fim de determinar a confiabilidade intra-

observador.

Os participantes do estudo assinaram o Termo de Consentimento Livre e

Esclarecido (TCLE), e o estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa

da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN), obtendo o parecer

CEP/HUOL447/10 de acordo com a resolução 196/96 do Conselho Nacional de

Saúde.

Análise dos Dados

Análise Descritiva

A análise descritiva foi realizada utilizando medidas de tendência central

e dispersão (média e desvio padrão) para as variáveis contínuas, e para as

variáveis categóricas foram analisadas a distribuição das freqüências absolutas

e relativas.

Confiabilidade e Validade

Os níveis de confiabilidade foram determinados através do Índice de

Correlação Intra-Classe. A consistência interna foi verificada através da

correlação de Pearson entre os itens da PCL, e através de análise fatorial,

onde foram analisados os principais domínios que compõe a escala.

Para análise da validade do instrumento, foram analisadas as

correlações entre os escores obtidos no MEEM e na PCL, obtidas através da

Correlação de Pearson, e as médias foram comparadas através do Teste t de

student. A concordância entre as escalas cognitivas no que diz respeito ao

rastreio de demência foi avaliada através do índice kappa.

Todos os dados foram analisados utilizando o programa PASW versão

17.0. considerando um nível de significância de p<0,05.

Resultados

O processo de tradução/retrotradução ocorreu sem conflitos nos itens da

PCL entre o idioma português e espanhol. Em relação à adequação cultural,

não foi observado na versão final do instrumento em português, questões com

problemas de compreensão por parte dos sujeitos da amostra. Desta forma,

consideramos o processo de tradução e adequação cultural da versão

brasileira da PCL como satisfatórios.

A amostra utilizada para o estudo inicialmente foi de 64 idosos, sendo 5

excluídos após o final da coleta de dados por apresentarem questionários

incompletos, restando 59 indivíduos, sendo 30 homens e 29 mulheres. A média

de idade dos sujeitos foi de 69,5±2,9 anos. Dados sócio-demográficos da

amostra estão dispostos na tabela 1.

Tabela 1. Características clínicas e sociodemográficas da amostra estudada.

Variável Categorias n % Idade 65 - 69 anos 26 44,1

70 - 74 anos 32 54,2 Sexo Homem 30 50,8

Mulher 29 49,2 Educação Analfabeto 24 40,7

Alfabetizado 35 59,3 Renda (R$) < 510,00 5 8,5

510,00 - 1.530,00 46 78,0 1.531,00 - 2.250,00 4 6,8

>2.251,00 4 6,8 Depressão Sim 30 49,2

Não 29 50,8 Atividades Básicas da Vida Diária (ABVD) Independente 48 81,4

Dependente 11 18,6 Atividades Instrumentais da Vida Diária (AIVD) Independente 41 69,5

Dependente 18 30,5 Condições Crônicas Sim 39 66,1

Não 20 33,9 Quedas no último ano Sim 19 32,2

Não 40 67,8 PCL sem défict 52 88,1

com déficit 7 11,8 MEEM sem défict 37 62,7 com déficit 22 37,2 Fonte: Dados obtidos pelos pesquisadores.

As médias e o desvio padrão do escore cognitivo obtidos em cada

domínio da PCL estão demonstrados na tabela 2. A média do escore total

obtido na PCL foi de 26,3±4,1, este valor encontra-se acima do ponto de corte

proposto para rastreio de demência deste instrumento (22 pontos). A média

obtida no MEEM foi de 23,4±3,6, oscilando entre a classificação de caso/não

caso proposta por Almeida (1998). As análises descritivas dos escores obtidos

no MEEM estão dispostos na tabela 3.

Tabela 2. Escores obtidos na PCL.

Domínios PCL Média±Desvio

Padrão Mín-Máx

(1) Teste de Nomeação 5.55±0.98 0 -6 (2) Memória Imediata 5.01±1.18 0 -6 (3) Memória Tardia 5.20±1.09 0 -6 (4)Memória Lógica 3.40±1.93 0 - 6 (5) Orientação Espacial 1.93±0.38 0 -2 (6) Orientação Temporal 2.64±0.58 0 -3 (7) Informações Pessoais 2.52±0.56 0 -3 Escore Total 26.67 ± 3.30 0 -32

Fonte: Dados obtidos pelos pesquisadores.

Tabela 3. Escores obtidos no MEEM.

Domínios MEEM N Média±Desvio

Padrão Mín-Máx (1) Orientação Temporal 59 4.49 ±0.85 0 -5 (2) Orientação Espacial 59 4.67 ± 0.50 0 -5 (3) Memória Imediata 59 2.83 ± 0.46 0 -3 (4) Cálculo e Atenção 59 2.57 ± 1.82 0 -5 (5) Memória Tardia 59 1.49 ± 1.04 0 -3 (6) Capacidade Construtiva Visual 59 0.52 ± 0.50 0 -1 (7) Linguagem 59 6.81 ± 1.33 0 -8 Escore Total 59 23.44 ± 3.63 0 -30

Fonte: Dados obtidos pelos pesquisadores.

Confiabilidade

A análise da consistência interna através da correlação de Pearson está

descrita na tabela 4. Foram encontradas correlações significativas entre os

domínios relacionados à memória e orientação (p < 0.01). As correlações entre

lembrança imediata e tardia são fortes, e sugerem o efeito de aprendizado. A

análise de confiabilidade apresentou uma boa confiabilidade inter-examinador,

com um ICC= 0.81, com intervalo de confiança de 95% variando de 0.72- 0.88.

Tabela 4. Correlação de Pearson entre os itens da PCL. Domínios Correlações

2 3 4 5 6 7 (1) Teste de Nomeação 0.46* 0.51* 0.24 -0.1 -0.12 0.51 (2) Memória Imediata 0.78* 0.24 0.11 -0.01 0.01 (3) Memória Tardia 0.33* 0.16 0.14 0.07 (4) Memória Lógica 0.21 0.2 0.1 (5) Orientação Espacial 0.40* 0.2 (6) Orientação Temporal 0.1 (7) Informações Pessoais

* p < 0,01

Validade Concorrente

As médias obtidas na PCL e MEEM foram comparadas através do Teste

t de Student, obtendo diferença significativa (p < 0,01). A concordância entre

as escalas cognitivas no que diz respeito ao rastreio de demência foi

considerada ruim, obtendo-se um valor baixo de kappa baixo ( k= - 0,02), sem

diferença significativa.

Validade de Construto

A análise fatorial da PCL agrupou dois fatores que podem ser facilmente

interpretados como memória e orientação. Esses fatores explicam pouco mais

da metade (57%) da variância no escore obtido (tabela 5). O primeiro domínio,

considerado como Domínio de Memória foi formado pelos itens nomeação,

lembrança imediata, lembrança tardia e memória lógica. O segundo domínio

formado pelos escores obtidos nos itens de orientação espacial, temporal e

informações pessoais, refere-se ao que consideramos Domínio de Orientação.

Tabela 5. Análise Fatorial dos domínios da PCL.

Domínios Fator

1 Fator

2 (1) Teste de Nomeação 0,66 -0,43 (2) Memória Imediata 0,83 -0,23 (3) Memória Tardia 0,9 -0,1 (4)Memória Lógica 0,55 0,26 (5) Orientação Espacial -0,29 0,74 (6) Orientação Temporal 0,2 0,75 (7) Informações Pessoais 0,17 0,38 Fonte: Dados obtidos pelos pesquisadores.

Discussão

O decréscimo das reservas fisiológicas e a doenças crônicas tendem a

se acumular no envelhecimento, levando ao declínio do estado geral de saúde

e a qualidade de vida do idoso. Do ponto de vista cognitivo, a demência figura

como uma importante conseqüência desse processo, sendo fator importante no

surgimento de incapacidade, mortalidade, institucionalização e utilização dos

serviços de saúde.3,4 De acordo com dados de Herrera et al, 2002, a

prevalência de demência entre idosos brasileiros é de 7,1%, alcançando índice

de 12% em idosos analfabetos.

A maioria das escalas cognitivas sofre influencia do nível educacional do

individuo, dificultando o rastreio de verdadeiros positivos para demência. 31-33

Alguns autores têm apontado influência marcante da escolaridade no escore

total de importantes escalas de rastreio tais como o MEEM, mesmo após

adaptações no ponto de corte de acordo com o nível educacional. 34-35

A influência de aspectos sócio-culturais, tais como o nível de educação e

contextos ambientais, favorece o prejuízo dos níveis de confiabilidade e

validade dos instrumentos de avaliação cognitiva utilizados atualmente em

pesquisas populacionais com idosos. Por sua vez, a necessidade de utilização

de instrumentos de avaliação cognitiva adaptados à realidade brasileira é de

extrema importância no âmbito clínico, uma vez que, o rastreio precoce de

demências em idosos permite a tomada de decisão de caráter preventivo e

terapêutico.

A possibilidade de desenvolvimento desse estudo em uma população

idosa de uma cidade do interior do nordeste brasileiro, com uma população

com características socioeconômicas e culturais tão peculiares, permitiu as

condições necessárias para um estudo de validade e confiabilidade no contexto

da realidade brasileira. O êxito no processo de tradução e adaptação

transcultural da PCL figura como um avanço na utilização desses instrumentos,

eliminando o viés cultural presente na maioria das avaliações cognitivas.

Durante a aplicação da escala não foram observados problemas de

compreensão por parte dos sujeitos, o que permitiu a aplicação do instrumento

de forma clara e confiável.

Em nosso estudo foi utilizada uma amostra de idosos jovens, sem

histórico de quedas e independentes para as AVD. A escolha desse tipo de

população se deu por força de imposição dos critérios adotados em estudo

longitudinal desenvolvido em conjunto por pesquisadores de três países. A

utilização de uma amostra de idosos saudáveis no estudo dificultou a detecção

de casos de demência, uma vez que a prevalência do declínio cognitivo está

diretamente associada ao aumento da idade, à incapacidade e

institucionalização.26 No entanto, mesmo diante de uma situação onde a

prevalência de demência não se verificou de forma acentuada, os resultados

obtidos no estudo de confiabilidade e validade da PCL indicaram valores de

medidas psicométricas satisfatórios, principalmente no que diz respeito aos

valores de reprodutibilidade encontrados.

Aspectos sócio-culturais e ambientais não alteraram a confiabilidade,

mostrando resultados similares aos obtidos nos estudos originais de

desenvolvimento e validação da escala. Com relação à composição da PCL,

observamos uma correlação de moderada à forte entre os itens referentes ao

domínio de memória e orientação, sugerindo que estes itens possuem

correlação direta com a medida à que se propõem. Dessa forma, a PCL produz

resultados confiáveis por tratar-se de uma medida direta e simples de mensurar

o desempenho cognitivo do idoso. 18,19

Em nosso estudo, utilizando a PCL e o MEEM como instrumentos de

rastreio, observamos taxas de prevalência de demência de 11,8% e 37,2%

respectivamente, sendo esses valores calculados de acordo com a

classificação por escolaridade. Comparando os resultados de rastreio cognitivo

obtidos entre a PCL e o MEEM, observamos uma taxa de concordância ruim,

com valor de kappa próximo de zero. Além disso, observamos diferenças

significativas entre as médias, o que sugere disparidade na classificação dos

indivíduos com suspeita da demência, com super-estimativa de demência ao

aplicar o MEEM em população com baixa escolaridade como encontrado em

outros estudos. O pior desempenho nos domínios do MEEM relacionados ao

cálculo e atenção, e ao domínio da linguagem, reforça a hipótese de influência

da escolaridade no escore total da escala.

A PCL fundamentada na construção dos seus itens de avaliação

apresenta-se como um instrumento capaz de avaliar a função cognitiva em

idosos sem interferências dos níveis de escolaridade. Na análise fatorial da

versão brasileira da PCL, observamos o agrupamento dos domínios

relacionados à memória e orientação, formando dois fatores, tal como proposto

no trabalho original de desenvolvimento da escala. A inclusão destes dois

importantes domínios da função cognitiva presentes na PCL permite a

facilidade de aplicação e assegura a validade do instrumento, uma vez que,

esses itens estão entre os mais sensíveis para detecção precoce de demência

e mais específicos para associações com declínio funcional. 18

A avaliação de aspectos relacionados à memória e orientação parece

ser o mais adequado em populações com baixo nível de educação formal.27,28

Os déficits de memória são bem determinados na literatura como conseqüência

do processo de envelhecimento cognitivo, e as queixas relacionadas a esta

habilidade estão entre as mais comuns e mais conhecidas entre os idosos. 29 A

orientação temporal por sua vez, é um marcador precoce e de alta

especificidade para problemas cognitivos, além de ser menos dependente do

nível educacional do que outras tarefas, tais como atenção e cálculo,

orientação espacial, linguagem e desenho. Ainda de acordo com estes autores,

a orientação temporal se apresenta como preditor modificável de risco de óbito,

e pode auxiliar na prática clínica, e no planejamento de ações de promoção da

saúde na população idosa, objetivando a redução da mortalidade por meio da

alocação adequada dos recursos necessários para manter e reabilitar a

capacidade cognitiva. 30

Com base nos resultados encontrados, acreditamos que a versão

brasileira da PCL possui níveis de confiabilidade aceitáveis para utilização em

idosos brasileiros com baixa escolaridade, minimizando o viés de escolaridade

presente na maioria das escalas de avaliação cognitiva. Por fim, consideramos

que o desenvolvimento de instrumentos de rastreio adaptados à realidade

brasileira pode ser uma alternativa concreta para minimizar ou mesmo evitar o

viés educacional observado nos resultados das escalas cognitivas validadas

para o Brasil.

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163.

APÊNDICES

APÊNDICE 1 - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO

TÍTULO DA PEQUISA: BIOMARCADORES DO ESTRESSE, FUNÇÃO E

FRAGILIDADE EM UMA POPULAÇÃO DE IDOSOS: UM ESTUDO PILOTO.

INVESTIGADORES: Aline do Nascimento Falcão Freire

Prof ° Orientador Ricardo Oliveira Guerra

NOME DO PARTICIPANTE:

_______________________________________________________________

Este termo de consentimento livre e esclarecido poderá conter palavras que

você não entende. Peça a uma pessoa da equipe de estudo para explicar

qualquer palavra ou informação que você não tenha entendido claramente.

OBJETIVO DO ESTUDO

Você está sendo convidado a participar de um estudo piloto. O objetivo

desse estudo é analisar as relações associativas entre carga alostática, através

dos fatores sociais estressores e marcadores biológicos do estresse, com a

fragilidade e o estado funcional de populações idosas residentes na

comunidade.

DESENHO DO ESTUDO

A população selecionada para participar das atividades será composta

por idosos de ambos os sexos, com idade entre 65 a 74 anos, residente na

comunidade na cidade de Santa Cruz/RN.

PROCEDIMENTOS

Se você concordar em participar do estudo, será submetido a uma

avaliação utilizando alguns questionários. Primeiramente, responderá ao

questionário contendo informações sobre o curso de vida, estado de saúde,

nível cognitivo, incapacidade funcional. Após, será dadas as orientações para a

coleta da saliva a ser realizada em dois dias consecutivos.

CUSTOS

Todos os serviços profissionais exigidos como parte deste estudo serão

gratuitos.

CONFIDENCIALIDADE

Sua identidade será preservada em todas as situações que envolvam

discussão, apresentação e/ou publicação dos resultados da pesquisa. Somente

suas iniciais identificarão as informações coletadas sobre você. Os registros

que identificam você e este termo de consentimento poderão ser inspecionados

pela Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação da UFRN, além do Comitê de

Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes. Não haverá

qualquer forma de gratificação pela participação no experimento e os

resultados obtidos a partir dele serão propriedade exclusiva dos pesquisadores,

podendo ser divulgados de quaisquer formas (escrita e oral), a critério dos

mesmos.

PARTICIPAÇÃO/RETIRADA VOLUNTÁRIA DO ESTUDO

Sua participação é voluntária. Você é livre para aceitar participar deste

estudo ou poderá retirar-se a qualquer momento.

QUEM CONTACTAR EM CASO DE DÚVIDA

Se você tiver alguma dúvida sobre este estudo ou algum problema

relacionado à pesquisa, deverá entrar em contato com a investigadora do

estudo, Aline do nascimento Falcão Freire, rua dos Tororós, n 2310, Lagoa

Nova; telefone (84) 8804-5941; e-mail: [email protected].

Dúvidas a respeito da ética dessa pesquisa poderão ser questionadas

ao Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes no

endereço Av. Nilo Peçanha nº 620, Petrópolis, Natal/RN, CEP: 59012-300,

telefone:3342-5003.

*Não assine nem date este formulário a menos que você tenha tido a

oportunidade de esclarecer suas dúvidas e tenha recebido respostas

satisfatórias a todas as suas perguntas.

CONSENTIMENTO INFORMADO

Li e entendi as informações acima. Perguntei e discuti os detalhes do estudo

com uma pessoa da equipe de pesquisa. Concordo em participar deste estudo

baseado nas informações fornecidas. Entendo que receberei uma cópia

assinada e datada deste termo de consentimento.

Participante da pesquisa:

Nome:_______________________________________________________

Data:____/____/____

____________________________________________________________

Assinatura

Pesquisador responsável:

Nome: Professor Doutor Ricardo Oliveira Guerra

Endereço: Centro de Ciências da Saúde – Departamento de Fisioterapia

Av. Senador Salgado Filho, 300, Campus Universitário, CEP: 59078-970, Natal-

RN, 2ª andar.

Telefone: 3342-2002.

E-mail: [email protected]

Assinatura

Comitê de Ética em Pesquisa do Hospital Universitário Onofre Lopes:

Av. Nilo Peçanha, nº 620, Petrópolis, CEP: 59012-300, Natal-RN, telefone:

3342-5003.

APÊNDICE 2 – QUESTIONÁRIO CLÍNICO E SÓCIO-DEMOGRÁFICO Data de nascimento do participante __/__/____ Idade __ Sexo ( ) M ( ) F Estado civil ( ) Solteiro (a)

( ) Casado ou vive com cônguje ( ) Viúvo (a)

( ) Separado/divorciado ( ) Religioso

Você diria que sua saúde é excelente, muito boa, boa, mais ou menos, ou ruim? ( ) Excelente ( ) muito boa ( ) Boa ( ) mais ou menos (passável) ( ) Ruim ( ) Não sei / Não tenho resposta

Algum médico ou enfermeiro disse que você tem pressão alta ou sofre de hipertensão? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei / Não tenho resposta Algum médico ou enfermeiro disse que você sofre de diabetes, ou tem o nível elevado de açúcar no sangue? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei / Não tenho resposta Algum médico ou enfermeiro disse que você sofre de câncer ou de um tumor maligno, ou de um câncer benigno na pele? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei / Não tenho resposta Algum médico ou enfermeiro disse que você sofre alguma doença pulmonar crônica, como bronquite crônica, enfisema ou asma? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei / Não tenho resposta Algum médico ou enfermeiro disse que você teve um ataque cardíaco, doença coronária, sofre de angina, de insuficiência cardíaca ou outros problemas cardíacos? ( ) Sim

( ) Não ( ) Não sei / Não tenho resposta Algum médico ou enfermeiro disse que você sofreu de embolia cerebral, de acidente vascular cerebral (AVC), de um ataque ou trombose? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei / Não tenho resposta Algum médico ou enfermeiro disse que você sofre de reumatismo, de artrite ou artrose? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei / Não tenho resposta Algum médico ou enfermeiro disse que você sofre de depressão? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei / Não tenho resposta Algum médico ou enfermeiro disse que você sofre de alguma doença? (não mensionar nenhuma) Qual :_______________ Alguma vez você perdeu peso sem intenção de 5 kg ou mais nos últimos anos? ( ) Sim ( ) Não ( ) Não sei / Não tenho resposta

APÊNDICE 3 - PROVA COGNITIVA DE LEGANÉS

As vezes, as pessoas se queixam de problemas de memória, o que fazer para ter uma boa memória. Nós vamos fazer um teste e vamos compor uma série de questões que vai nos ajudar a detectar os problemas de memória. Se você está de acordo pode responder algumas perguntas?

( ) Sim ( ) Não

Você deve responder essas perguntas sozinhas sem ajuda de outra pessoa. Qual é a data de hoje? ( ) Correto ( ) Incorreto Que horas são? ( ) Correto ( ) Incorreto (+ / - 2 horas) Que dia da semana estamos? ( ) Correto ( ) Incorreto Qual é o seu endereço completo? ( ) Correto ( ) Incorreto Em que bairro nos estamos? ( ) Correto ( ) Incorreto Que idade você tem? ( ) Correto ( ) Incorreto Qual é sua data de nascimento? ( ) Correto ( ) Incorreto Qual é a idade e o nome do(a) filho (a) mais novo da sua mãe? ( ) Correto ( ) Incorreto

Total: ___

“Nesse momento vou mostrar algumas imagens e vou lhe perguntar o que elas representam para você.”

Mostre as imagens ao participante e marque se a resposta é correta ou não.

Vaca ( ) Correto ( ) Incorreto Barco ( ) Correto ( ) Incorreto Colher ( ) Correto ( ) Incorreto Avião ( ) Correto ( ) Incorreto Garrafa ( ) Correto ( ) Incorreto Caminhão ( ) Correto ( ) Incorreto

Total: ___

Agora vou repetir todos os objetos para você olhar. “Você pode me dizer os objetos que você viu, por favor?”

Vaca ( ) Correto ( ) Incorreto Barco ( ) Correto ( ) Incorreto Colher ( ) Correto ( ) Incorreto Avião ( ) Correto ( ) Incorreto Garrafa ( ) Correto ( ) Incorreto Caminhão ( ) Correto ( ) Incorreto

Total: ___

“Vou lhe contar uma história. Você vai ficar atenta, porque só vou contar uma vez. Quando eu terminar depois de alguns segundos vou lhe perguntar e quero que você repita o que aprendeu. A história é (ler lentamente):”

“Três crianças estavam sozinhas em casa quando começou a incendiar. Um

bravo bombeiro chegou a tempo entrou pela janela, chegou dentro de casa e

levou as crianças para um lugar seguro. Salvo alguns cortes e arranhões as

crianças ficaram sãs e salvas.”

Depois de dois minutos peça ao participante para dizer o que ele entendeu da história.

Três crianças ( ) Correto ( ) Incorreto Incendio ( ) Correto ( ) Incorreto Bombeiro que entrou ( ) Correto ( ) Incorreto Crianças foram socorridas ( ) Correto ( ) Incorreto Cortes e arranhões ( ) Correto ( ) Incorreto Sans e salvas ( ) Correto ( ) Incorreto

5 minutos depois de mostrar as imagens (durante esse tempo, você pode medir a pressão arterial do participante).

“Você pode repetir os objetos que você viu a poucos minutos?”

Vaca ( ) Correto ( ) Incorreto Barco ( ) Correto ( ) Incorreto Colher ( ) Correto ( ) Incorreto Avião ( ) Correto ( ) Incorreto Garrafa ( ) Correto ( ) Incorreto Caminhão ( ) Correto ( ) Incorreto

Total: ___

ESCORE TOTAL:____

APÊNDICE 4 – MINI EXAME DO ESTADO MENTAL (MEEM)

Orientação Dia da semana (1 ponto)......................................................................... ( ) Dia do mês (1 ponto) ............................................................................... ( ) Mês (1 ponto) .......................................................................................... ( ) Ano (1 ponto) .......................................................................................... ( ) Hora aproximada (1 ponto) ..................................................................... ( ) Local específico (1 ponto) ....................................................................... ( ) Instituição (residência, hospital, clínica) (1 ponto) ................................. ( ) Bairro ou rua próxima (1 ponto).............................................................. ( ) Cidade (1 ponto) ...................................................................................... ( ) Estado (1 ponto) ...................................................................................... ( ) Memória Imediata Fale 3 palavras não relacionadas. Posteriormente pergunte ao paciente Pelas 3 palavras. Dê 1 ponto para cada resposta correta ......................... ( ) Depois repita as palavras e certifique-se de que o paciente as aprendeu, pois mais adiante você irá perguntá-las novamente. Atenção e Cálculo (100-7) sucessivos, 5 vezes sucessivamente (1 ponto para cada cálculo correto) ......................................................... ( ) (alternativa mundo, soletrar MUNDO de trás para frente) Memória tardia Pergunte pelas 3 palavras ditas anteriormente (1 ponto por palavra)...... ( ) Linguagem Nomear um relógio e uma caneta (2 pontos)........................................... ( ) Repetir “nem aqui, nem ali, nem lá”(1 ponto)......................................... ( ) Comando: “pegue este papel com a mão direita, dobre ao meio e coloque no chão (3 pontos) ..................................................... ( ) Ler e obedecer: “feche os olhos” (1 ponto) ............................................. ( ) Escrever uma frase (1 ponto)................................................................... ( ) Copiar um desenho (1 ponto) .................................................................. ( )

Escore: ( )

APÊNDICE 5 – CES-D

Agora eu vou ler algumas frases para você e você me diz se teve ou se sentiu durante última semana. Tem que me dizer se foi frequente , ou se foi alguns dias, ou no inicio ou no fim da semana.

Para as respostas você deve me dizer de que maneira sentiu se nunca, se as vezes, se frequentemente, se todo dia, se alguns dias, durante a última semana.

Ler cada questão completamente, incluindo todas as categorias de resposta.

1- Raramente ou nunca (menos que 1 dia) 2- Poucas vezes (1-2 dias) 3- As vezes (3-4 dias) 4- Quase sempre ou semrpre (5-7 dias)

Eu me chateei por coisas que geralmente não me chateavam ( ) Não tive vontade de comer; estava sem apetite ( ) Sinto que não consegui me livrar da tristeza mesmo com a ajuda da minha família e meus amigos ( ) Eu me sinto tão bem quanto as outras pessoas ( ) Eu tive problemas para manter a concentração no que estava fazendo ( ) Eu me senti deprimido ( ) Sinto que tudo que eu fiz foi muito custoso ( ) Eu me sinto com esperança em relação ao futuro ( ) Eu pensei que minha vida tem sido um fracasso ( ) Eu me senti com medo ( ) Meu sono esteve agitado ( ) Eu estive feliz ( ) Eu conversei menos que o normal ( ) Eu me senti sozinho ( ) As pessoas não foram amigáveis ( ) Eu me diverti ( ) Eu tive crises de choro ( ) Eu me senti triste ( ) Eu senti que as pessoas não gostam de mim ( ) Eu me senti desanimado ( )