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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS RAYONARA MEDEIROS PEREIRA AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE INVESTIMENTO: ESTUDO DE CASO EM UMA USINA DE ENERGIA SOLAR IMPLANTADA POR UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA DE ENSINO NATAL/RN 2017

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS CONTÁBEIS

CURSO DE GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

RAYONARA MEDEIROS PEREIRA

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE INVESTIMENTO: ESTUDO DE CASO EM UMA

USINA DE ENERGIA SOLAR IMPLANTADA POR UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA

DE ENSINO

NATAL/RN

2017

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RAYONARA MEDEIROS PEREIRA

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE INVESTIMENTO: ESTUDO DE CASO EM UMA

USINA DE ENERGIA SOLAR IMPLANTADA POR UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA

DE ENSINO

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como requisito parcial

para obtenção do título de graduação

em Ciências Contábeis pela

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

Orientadora: Profa. Edzana Roberta

Ferreira da Cunha Vieira Lucena, Dra.

NATAL/RN

2017

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Catalogação da Publicação na Fonte.

UFRN / Biblioteca Setorial

Pereira, Rayonara Medeiros.

Avaliação econômica de investimento: estudo de caso em uma usina de energia

solar implantada por uma instituição pública de ensino/ Rayonara Medeiros

Pereira. - Natal, 2017.

45f.: il.

Orientador: Profa. Dra. Edzana Roberta Ferreira da Cunha Vieira Lucena.

Monografia (Graduação em Ciências Contábeis) - Universidade Federal do Rio

Grande do Norte. Centro de Ciências Sociais Aplicadas. Departamento de Ciências

Contábeis.

1. Análise econômica - Monografia. 2. Energia solar fotovoltaica - Monografia.

3. Payback - Monografia. 4. Taxa interna de retorno - Monografia. I. Lucena,

Edzana Roberta Ferreira da Cunha Vieira. II. Universidade Federal do Rio Grande

do Norte. III. Título.

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FOLHA DE APROVAÇÃO

RAYONARA MEDEIROS PEREIRA

AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE INVESTIMENTO: ESTUDO DE CASO EM UMA

USINA DE ENERGIA SOLAR IMPLANTADA POR UMA INSTITUIÇÃO PÚBLICA

DE ENSINO

Trabalho de conclusão de curso

apresentado como requisito parcial

para obtenção do título de graduação

em Ciências Contábeis pela

Universidade Federal do Rio Grande do

Norte.

Aprovada em: 22 de novembro de 2017

BANCA EXAMINADORA

_____________________________________

Profª. Dra. Edzana R. F. da C. V. Lucena

Orientadora

_____________________________________

Profª. Dra. Adriana Isabel Backes Steppan

Membro da banca

_____________________________________

Profª. Ma. Mayara Bezerra Barbosa

Membro da banca

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Dedico este trabalho aos meus pais,

grandes incentivadores da minha

trajetória.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente à Deus, por me dar força e capacidade para vencer

os obstáculos e conquistar vitórias, me guiando sempre pelo melhor caminho e me

agraciando com sua presença.

Aos meus pais, Alarilzo e Lúcia, por todo o esforço e dedicação na minha

criação, por todo o apoio dado nas etapas mais difíceis, por toda confraternização

nos momentos mais felizes e por toda a sabedoria repassada no decorrer da minha

trajetória. À minha irmã, Rayane, pelo auxílio, compreensão e conselhos em mais

essa etapa da minha vida.

À minha querida orientadora, Edzana, pelo apoio e dedicação ao longo de

todo o processo de elaboração deste trabalho, sempre com simpatia, paciência e

atenção. Agradeço pela orientação e por todos os ensinamentos repassados não só

nessa etapa, mas também nas disciplinas ministradas com tanto carinho e

comprometimento. Agradeço pelo exemplo de profissional que ela é para mim.

Ao meu namorado, Matheus, pelo carinho, paciência, conselhos e incentivos

no decorrer deste período. Aos meus amigos, Lara, Amanda, Pollyana, Jaívilles,

Cristiano, Lailanny e Gabriella, que estiveram comigo todos esses anos, dividindo

experiências, conhecimentos e momentos inesquecíveis.

Agradeço também à todos os colaboradores que direta ou indiretamente

participaram da construção desse estudo, me fornecendo todo o suporte necessário

com presteza e dedicação.

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RESUMO

O propósito do presente trabalho é de avaliar a viabilidade econômica da

implantação de uma usina de energia solar fotovoltaica realizada por uma instituição

pública de ensino. A pesquisa se classifica em qualitativa, quanto à abordagem;

descritiva, quanto aos objetivos; e, quanto aos procedimentos, caracteriza-se como

estudo de caso, bibliográfica e documental. A usina em questão iniciou suas

atividades em 2016 e, desde então, vem tendo seus dados monitorados pela

administração da instituição. Dessa forma, a avaliação econômica foi desenvolvida

com base nessas informações e em outros documentos relacionados ao projeto.

Três métodos de avaliação de investimentos foram utilizados: o Payback (efetivo,

médio e descontado), Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa Interna de Retorno (TIR).

Além da análise dos dados projetados, foi realizada uma análise comparativa entre

os dados reais de produção e os dados estimados para os primeiros 19 meses de

operação da usina. Os resultados mostraram um payback efetivo de 10 anos e 10

meses, médio de 4 anos e 10 meses e o descontado de 18 anos e 2 meses,

aproximadamente. O VPL encontrado foi de R$ 476.185,81 e a TIR foi de 11,93%.

Os resultados revelaram que o projeto da implantação de energia solar fotovoltaica

na instituição de ensino pesquisada é viável, pois demonstrou que o retorno do

capital se dará num prazo menor que a sua vida útil, a taxa interna de retorno

remunera mais do que a taxa mínima de atratividade e a expectativa de rendimentos

futuros é superior aos valores dispendidos no momento inicial. A análise comparativa

dos dados reais e projetados mostrou que a usina vem trazendo resultados bem

próximos aos valores estimados, mesmo com uma limitação causada por um

problema em um dos inversores. Portanto, conclui-se que o projeto se mostra

economicamente viável, pois traz benefícios financeiros, como também benefícios

ambientais, com a redução de impactos na geração de energia e a contribuição na

diversificação da matriz energética brasileira. Por fim, para pesquisas futuras, a

sugestão é que este modelo de pesquisa seja aplicado em empresas de variados

segmentos, ampliando os métodos de avaliação e aumentando o período de análise.

Palavras-chave: Energia solar fotovoltaica. Análise econômica. Payback. Valor

Presente Líquido. Taxa Interna de Retorno.

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ABSTRACT

This paper's purpose is to evaluate the economic viability of the implantation of a

solar photovoltaic power plant, made by a public educational institution. The research

is classified as qualitative, regarding the approach; Descriptive, considering the

objectives; and, regarding procedures, it is characterized as a case study,

bibliographical and documentary. The plant in study began its activities in 2016 and,

since then, has had its data monitored by the administration of the institution. In this

way, the economic evaluation was developed based on this information and other

documents related to the project. Three methods of evaluating investments were

used: Payback (effective, average and discounted), Net Present Value (NPV) and

Internal Rate of Return (IRR). In addition to the analysis of the projected data, a

comparative analysis was also made between the real production data and the

forecasted data for the first 19 months of the plant's operation. The results showed an

effective payback of 10 years and 10 months, average of 4 years and 10 months and

the discounted rate of approximately 18 years and 2 months. The NPV found was R

$ 476,185.81 and the IRR was 11.93%. These results revealed that the project of the

implantation of photovoltaic solar energy in the research institution is feasible, since it

demonstrated that the return of the capital will occur before its useful life. The IRR

remunerates more than the minimum rate of attractiveness and the expectation of

future income is higher than the amounts spent at the initial moment. The

comparative analysis of the actual and forecasted data showed that the plant has

been bringing results really close to the predicted values, even with a limitation

caused by a problem in one of the inverters. Therefore, it is possible to say that the

project is economically viable, because it can bring financial benefits and also

environmental benefits, reducing impacts on energy generation and contributing to

the diversification of the Brazilian energy matrix. Finally, for future researches, the

suggestion is that this model of research could be applied in companies of different

segments, expanding the methods of evaluation and increasing the period of

analysis.

Keywords: Photovoltaic solar energy. Economic analysis. Payback. Net Present

Value. Internal Rate of Return.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1 ‒ Demonstração da produtividade média da usina ..................................... 34

Tabela 2 ‒ Demonstrativo do cálculo de análise econômica ..................................... 36

Tabela 3 ‒ Resultados da análise econômica do investimento ................................. 37

Tabela 4 – Comparativo de desempenho .................................................................. 37

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ....................................................................................................... 10

1.1 OBJETIVOS ........................................................................................................ 12

1.1.1 Geral ................................................................................................................ 12

1.1.2 Específicos ..................................................................................................... 12

1.2 JUSTIFICATIVA ................................................................................................... 12

2 REFERENCIAL TEÓRICO ..................................................................................... 16

2.1 EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE NOS GASTOS PÚBLICOS ............... 16

2.2 AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE INVESTIMENTOS .............................................. 18

2.3 ENERGIA SOLAR ............................................................................................... 20

2.4 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS .................................................................................. 23

3 METODOLOGIA .................................................................................................... 29

3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA ................................................................................ 29

3.2 COLETA DE DADOS ........................................................................................... 30

4 RESULTADOS ....................................................................................................... 32

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO ................................................ 32

4.2 ANÁLISE DOS DADOS ....................................................................................... 33

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................... 39

REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 40

APÊNDICE A – INFORMAÇÕES RELEVANTES ..................................................... 44

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10

1 INTRODUÇÃO

Uma questão discutida há muitos anos e ainda presente nos dias de hoje diz

respeito à crise energética dos países. Alguns dos fatores que podem estar

associados a isso são: a diminuição das reservas de petróleo no mundo,

especialmente depois da crise do petróleo vivenciada na década de 70, os impactos

ambientais provenientes da utilização de fontes poluentes de energia, o potencial

esgotamento de recursos naturais e o crescimento da necessidade de energia

causada pelo aumento populacional, que trazem incertezas em relação à

capacidade energética global no futuro e debates significativos em caráter mundial

(CABRAL, 2012).

Considerada um dos principais pilares para o desenvolvimento econômico,

social e sustentável, a energia está presente nas mais diversas situações do dia a

dia, seja nas fábricas, nas casas, nas lojas, nos hospitais, entre outras. A crescente

demanda por energia elétrica tem se tornado uma preocupação, pois as fontes

convencionais mais utilizadas são não renováveis e causam fortes impactos

ambientais em virtude da exploração de recursos naturais, isso está se refletindo,

por exemplo, nas mudanças climáticas e no aumento de desastres naturais

ocorridos nos últimos anos.

De acordo com o Boletim de Informações Gerenciais do 2º trimestre de 2017,

divulgado pela ANEEL (Agência Nacional de Energia Elétrica), a principal fonte de

energia elétrica utilizada no Brasil é decorrente das usinas hidrelétricas,

correspondendo a 61,1% da capacidade total, em segundo lugar estão as usinas

termelétricas que correspondem a 26,9%, seguido das centrais geradoras de

energia eólica, que representam 7,0%, logo após vêm as usinas termonucleares com

1,3% e, em último lugar, as centrais geradoras de energia solar fotovoltaica com o

correspondente a 0,1% do total.

Essa participação da energia solar fotovoltaica na geração total é

extremamente pequena comparada ao que poderia ser produzido, pois conforme

Lima et al. (2016), o Brasil está entre os países de maior potencial em irradiação

solar do mundo e é no território nordestino, onde são observados os maiores índices

solarimétricos, em virtude de sua localização próxima à linha do Equador, na qual

não são constatadas grandes variações de irradiação solar ao longo do dia.

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Nesse cenário, a energia solar fotovoltaica aparece com uma boa solução

para o aproveitamento da irradiação disponível na geração de energia elétrica de

boa qualidade, menos suscetível a quedas e oscilações e a um custo de

manutenção relativamente baixo.

Apesar do potencial solarimétrico, a energia solar ainda é incipiente no Brasil,

devido em grande parte ao seu alto investimento inicial e a falta de incentivos para a

utilização desse meio. Ela só começou a ganhar mais evidência nos anos de 2011 e

2012 quando a ANEEL lançou o projeto estratégico 013/2011 chamado de Arranjos

Técnicos e Comerciais para Inserção da Geração Solar Fotovoltaica na Matriz

Energética Brasileira, que possibilitaria a instalação de aproximadamente 20 MWp

de plantas fotovoltaicas em todo o país até 2015. Outros fatores que contribuíram

para esse processo foram as resoluções 481, que teve como objetivo regulamentar

descontos nas tarifas de uso dos sistemas elétricos de distribuição e transmissão

para a produção de energia solar de grande porte; e a resolução 482 da ANEEL,

que estabeleceu os critérios sobre o esquema de compensação para a microgeração

e minigeração de energia, proporcionando a inclusão da geração descentralizada

distribuída no Brasil, ou seja, tornando o consumidor um co-produtor através do uso

de diversas fontes alternativas de energia (SPADUTO et al., 2013).

Além dessas resoluções, alguns outros incentivos foram implantados para

estimular a disseminação da energia solar no Brasil. De acordo com Tiepolo et al.

(2016), recentemente o governo federal tornou isenta a cobrança de PIS e COFINS

sobre a geração distribuída no modelo de compensação de energia, deixando a

critério dos estados a decisão de isentar o ICMS sobre a parcela de energia elétrica

a ser compensada. Até maio de 2016, já haviam se mostrado favoráveis a isenção

do ICMS 16 estados brasileiros, são eles: Ceará, Pernambuco, Acre, Goiás, Alagoas,

Rio Grande do Sul, Bahia, Distrito Federal, Minas Gerais, Maranhão, Rio Grande do

Norte, Mato Grosso do Sul, Rio de Janeiro, Roraima, São Paulo e Tocantins. Dessa

forma, observa-se assim um grande potencial de crescimento dessa fonte de

energia nos próximos anos.

Nesse sentido, o presente trabalho procura responder a seguinte

problemática: qual o impacto econômico da implantação de uma usina de energia

solar em uma instituição pública de ensino?

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1.1 OBJETIVOS

1.1.1 Geral

O objetivo geral desse trabalho é avaliar a viabilidade econômica da

implantação de um projeto de energia solar realizado por uma instituição pública de

ensino.

1.1.2 Específicos

Os objetivos específicos da presente pesquisa são:

Verificar o custo total da implantação da usina,

Identificar se há economia decorrente da geração de energia elétrica pela

usina solar fotovoltaica, e

Comparar o real desempenho da usina em operação com o projetado.

1.2 JUSTIFICATIVA

A crise energética mundial vivida nos últimos anos, especialmente no Brasil, é

decorrente principalmente do grande problema de esgotamento de recursos

naturais, tendo em vista que a maior parte da energia elétrica produzida no país é

proveniente de fontes não renováveis.

Atualmente, no Brasil, as usinas hidrelétricas detêm a maior parcela da

geração de energia elétrica, em virtude do seu baixo custo em comparação a outras

fontes. Em segundo lugar estão as térmicas, principalmente, as que utilizam

combustíveis fósseis. Contudo, essas fontes causam diversos impactos ambientais,

sociais e econômicos, a hídrica provocando a transformação de rios em represas e

inundação de cidades e povoados para a implantação de reservatórios de grande

porte, e as térmicas ocasionando a grande emissão de gases tóxicos na atmosfera

(TIEPOLO et al., 2016).

Além disso, a população tem se deparado frequentemente com taxas extras

na sua conta de energia, são as chamadas bandeiras tarifárias. Isso acontece

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porque com os longos períodos de estiagem, os níveis dos reservatórios das

hidrelétricas estão muito baixos e as concessionárias precisam recorrer a outras

fontes de energia, geralmente a térmica, que tem um custo de produção mais

elevado, para suprir essa necessidade.

Nesse contexto, vê-se um grande esforço da população para encontrar fontes

alternativas que superem esses percalços e sejam viáveis para os aspectos

ambientais, financeiros e também sociais. A energia solar tem se mostrado uma boa

alternativa em diversos setores, por ser uma fonte limpa, renovável, lucrativa ‒ a

longo prazo ‒ e com muito potencial de desenvolvimento.

O uso da energia solar traz inúmeras vantagens a longo prazo para o país,

possibilitando o desenvolvimento de territórios distantes e pouco acessíveis, nos

quais o custo para levar a rede de distribuição convencional de energia elétrica é

extremamente alto comparado ao retorno financeiro do investimento, controlando a

oferta de energia na época de estiagem, tornando mais baixa a necessidade de

petróleo e diminuindo a emissão de gases poluentes (PEREIRA et al., 2006).

Apesar de todos os benefícios, as energias renováveis enfrentam algumas

barreiras de ordem econômica em virtude da necessidade de um alto investimento

inicial, da distribuição em lugares distantes (o que pode incorrer em grandes gastos)

e da inconstância dos ganhos, gerando incertezas, e maior sensação de risco para

os investidores (WALTER, 2000).

Dessa forma, foram encontrados vários estudos anteriores (Montenegro,

2013; Dassi et al., 2015; Fonseca, 2016; Araújo, 2017) buscando avaliar a

viabilidade econômica e financeira e os benefícios da implantação de energia solar

em diversas situações, como: em instituições de ensino superior, em residências, em

áreas rurais do nordeste e no Brasil como um todo. Os resultados foram

predominantemente positivos, apontando para a viabilidade do uso de energia solar

como forma de reduzir custos, diversificar a matriz energética, tornar o consumidor

mais independente e reduzir os impactos ambientais. As principais diferenças

identificadas entre esses estudos e o presente trabalho estão na maneira de analisar

os dados, pois o presente trabalho tem como objetivo avaliar o investimento em si, já

nas outras pesquisas o foco era mais voltado para o impacto da redução nas faturas

de energia elétrica. Além disso, este trabalho se sobressai aos outros pois utiliza

como base uma usina implantada com recursos públicos e que já se encontra em

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operação, permitindo assim fazer uma comparação do seu real desempenho com o

que foi projetado, o que não era possível nos outros estudos

Diante disso, o presente trabalho justifica-se por fornecer uma informação de

caráter relevante para a instituição pesquisada e para a comunidade em geral, pois

trata da possível viabilidade econômica da implantação de uma usina de energia

solar fotovoltaica em uma instituição pública, um investimento de alto valor, com o

uso de recursos públicos, que envolve várias questões técnicas, ambientais, sociais

e financeiras.

Nesse sentido, o presente trabalho está dividido em cinco tópicos principais,

são eles: introdução, referencial teórico, metodologia, resultados e considerações

finais. Na introdução, foi apresentado um panorama do cenário energético no mundo

e no Brasil, destacando a importância da energia solar e seu potencial no mercado

brasileiro; além disso, foram abordados os objetivos gerais e específicos, a

justificativa da pesquisa e um breve resumo sobre a estrutura do trabalho. O

segundo tópico, composto pelo referencial teórico, traz os conhecimentos

encontrados na literatura sobre eficiência, eficácia e efetividade nos gastos públicos;

avaliação econômica de investimentos; energia solar; e as evidências empíricas dos

principais estudos relacionados ao tema pesquisado. Na metodologia foi feita a

caracterização da tipologia de pesquisa e a explicação dos procedimentos

envolvidos na coleta de dados, abordando também as limitações da pesquisa. Nos

resultados foi procedida a caracterização do objeto de estudo e a análise dos dados

coletados. Por fim, foi elaborado o quinto tópico, que trata das considerações finais,

pelo qual foi feita uma retomada do objetivo do trabalho, apresentando os principais

resultados e conclusões acerca da pesquisa e fazendo sugestões para trabalhos

futuros.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 EFICIÊNCIA, EFICÁCIA E EFETIVIDADE NOS GASTOS PÚBLICOS

A gestão pública desde muito tempo convive com problemas de ordem

gerencial e financeira. Como salienta Gonçalves (2012), o modo de administrar

utilizado antigamente na Administração Pública se baseava principalmente em uma

gestão cheia de burocracias, com o objetivo de evitar desvios de dinheiro público, o

que a tornava lenta, pouco econômica e nada eficiente.

Um momento decisivo para a Administração Pública e para a melhoria da

qualidade dos seus gastos foi a inserção do Princípio da Eficiência na Constituição

Federal, através da Emenda Constitucional nº 19 de 1998 (GODOY, 2014).

Conforme Brasil (1988): “Art. 37. A administração pública direta e indireta de

qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios

obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e

eficiência [...]”.

De acordo com Meirelles (2002), o princípio da eficiência faz com que a

administração pública seja desempenhada com maior rigor, rapidez e produtividade.

Ele foi criado para trazer melhores resultados ao setor público e proporcionar melhor

assistência a população.

Dessa forma, percebe-se que para se adequar ao novo formato da gestão

pública é preciso adotar tecnologias inovadoras, melhorar as condições de trabalho,

promover mudanças de ordem cultural, pessoal e gerencial dos agentes públicos, de

forma a possibilitar a elaboração de planejamentos e o controle sobre os resultados

(GONÇALVES, 2012).

De acordo com Marinho e Façanha (2001), a eficiência diz respeito a

capacidade de se conseguir gerar resultados gastando o mínimo possível; e a

eficácia refere-se a circunstâncias controladas e a resultados esperados de projetos.

Sob a perspectiva de Chiavenato (2003), a eficácia está relacionada à conquista de

resultados, ao passo que a eficiência enfatiza os meios utilizados nesse percurso.

Trazendo os conceitos para a esfera pública, Torres (2004) diz que a eficácia

está ligada basicamente com o alcance das metas estabelecidas pelo ente, sem se

preocupar com os artifícios a serem utilizados para atingi-las. Na eficiência, é mais

relevante saber quais foram os métodos utilizados para que os objetivos da estatal

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fossem alcançados, ou seja, é necessário procurar a forma mais econômica e

vantajosa de alcançar os melhores resultados com o menor custo, otimizando assim

o uso dos recursos públicos.

Segundo Silva, Souza e Araújo (2013), o princípio da eficiência é identificado

na administração pública quando se adquire a maior quantidade possível de

produtos sem ultrapassar os limites disponíveis de orçamento.

Além da eficiência e eficácia, a literatura traz ainda a efetividade, que de

acordo com Torres (2004), trata-se do mais complexo entre os três conceitos, pois

procura avaliar se algumas ações são realmente necessárias e oportunas,

evidenciando quais setores serão favorecidos. Isso deve ser feito da forma mais

democrática, consciente e transparente possível para incluir a sociedade na

implantação das ações públicas. Ou seja, a efetividade está focada na qualidade do

que está sendo feito e na própria necessidade de fazê-lo.

Castro (2006) explica que no setor público, a efetividade busca verificar o

quanto podem ser positivos os resultados de uma determinada ação para a

sociedade. Nesse sentido, seu conceito é mais amplo que o da eficácia, uma vez

que esta revela se o objetivo foi alcançado, enquanto a efetividade indica se aquele

objetivo trouxe benefícios para o seu público-alvo.

A adoção desses três conceitos no cotidiano da Administração Pública pode

trazer resultados bastante expressivos, que beneficiam não só a população em

geral, mas também os próprios gestores públicos. Segundo Peña (2008, apud

SILVA; SOUZA; ARAÚJO, 2013, p. 9):

A análise da eficiência quanto à aplicação dos recursos no setor público contribui diretamente para a melhoria dos resultados, tendo em vista que evidencia um sinal da eficiência das ações gerenciais e apresenta o desempenho da gestão dos administradores públicos.

Portanto, os três conceitos abordados nesse tópico são importantes para a

gestão pública, tendo em vista que influenciam no aprimoramento das ações

estatais, trazendo melhores resultados com menos custos e desperdícios de

recursos, contribuindo assim para um maior atendimento às necessidades reais da

população.

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2.2 AVALIAÇÃO ECONÔMICA DE INVESTIMENTOS

As empresas se deparam constantemente com projetos de investimento, que

precisam de uma profunda análise de viabilidade econômica para que seja tomada a

decisão mais adequada. Woiler e Mathias (1996, apud Queiroz, 2001) definem

projeto de investimento como um sistema, que ao adicionar dados qualitativos e

quantitativos, busca reproduzir a decisão de investimento e mostrar suas possíveis

consequências.

Segundo Queiroz (2001), a escolha de um investimento é resultado de uma

avaliação das diversas opções disponíveis, buscando satisfazer os critérios técnicos.

O conhecimento acerca da avaliação econômica de investimentos é uma

ferramenta muito importante para auxiliar gestores no processo de tomada de

decisão e deve ser usada com muita cautela para evitar possíveis prejuízos.

Segundo Hoji (2007), deve-se ter muito cuidado na análise das informações que

servirão de base para as decisões de investimentos, tendo em vista que

comprometem o capital de uma empresa por um longo prazo com base apenas em

estimativas de retorno financeiro. Para auxiliar essa decisão existem diversos

métodos e técnicas de avaliação econômica de investimentos, Assaf Neto e Lima

(2009) destacam como os principais: o período de payback, o valor presente líquido

(NPV) e a taxa interna de retorno (IRR).

Segundo Atkinson et al. (2000), o período de payback demonstra quanto

tempo será preciso para que o investimento inicial de um projeto seja recuperado.

Hoji (2007) acrescenta que nesse método não são considerados os recursos

gerados após o período de payback, inviabilizando a comparação entre o rendimento

de diferentes investimentos. Entretanto, é uma técnica comumente utilizada como

margem para alguns tipos de propostas, juntamente com outras metodologias.

Segundo Assaf Neto e Lima (2009), o payback possui três metodologias de

cálculo, são elas: efetivo, médio e descontado. O payback efetivo é aquele que

considera a quantidade de tempo necessária para que os fluxos de caixa positivos

amortizem o investimento inicial, sem avaliar o valor do dinheiro no tempo. O

payback médio relaciona a quantia investida e o valor médio das entradas de caixa.

E o payback descontado converte todos os fluxos de caixa para uma mesma data

(valor presente), considerando assim a teoria do valor do dinheiro no tempo.

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Dentre as metodologias citadas, a mais recomendada para uma avaliação de

investimentos de longo prazo, conforme Assaf Neto e Lima (2009), é a do payback

descontado, pois reflete com mais precisão os valores efetivos de retorno. Nesse

método considera-se viável o investimento que alcançar um payback inferior à sua

vida útil (período no qual existe expectativa de retorno financeiro), pois isso indicará

que o recurso empregado será recuperado dentro do prazo projetado. Ainda assim, é

importante lembrar que sua limitação quanto aos fluxos de caixa posteriores ao

período de payback, o faz uma medida complementar nas análises de investimento,

sendo necessárias, portanto, técnicas mais elaboradas de análise.

Já o método do valor presente líquido (VPL), chamada em inglês por Net

Presente Value (NPV), de acordo com Silva (2011), corresponde a soma do valor

presente de cada componente do fluxo de caixa, aplicando-se uma taxa mínima de

atratividade.

Para Rebelatto (2004), o VPL consiste no resultado entre o valor presente do

retorno líquido de cada período, inclusive nos casos em que existirem valor residual,

e o valor presente investido.

De acordo com Damodaran (2002), o critério de escolha do investimento

baseado nesse método considera viável o VPL maior que zero, pois significa que o

retorno será superior a taxa de desconto. Se o VPL for menor que zero, a proposta

deve ser rejeitada.

Segundo Silva (2011), a limitação desse método está na escolha adequada da

taxa de desconto, já que ela será aplicada em todo o período do projeto. Portanto, a

definição de uma taxa equivocada pode comprometer toda a análise financeira do

investimento avaliado por esse método.

A taxa interna de retorno (TIR), também conhecida pela sigla IRR (em inglês:

Internal Rate of Return), é definida por Assaf Neto e Lima (2009) como a taxa de

desconto que em um dado momento equilibra as entradas e saídas de caixa

projetadas.

Hoji (2007, p.79) diz que “a Taxa Interna de Retorno é uma ‘taxa de juros’ que,

aplicada a um fluxo de caixa, iguala o valor total de pagamentos ao valor total de

recebimentos, de forma que se anulem entre si”. Ainda conforme o autor, a relação

da TIR com a taxa de atratividade mínima exigida pelo investidor é que vai

estabelecer a viabilidade ou não do investimento por esse método. Ou seja, se a TIR

for maior ou igual a taxa mínima exigida pelo investidor, o projeto é considerado

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economicamente viável e, portanto, deve ser aceito. Caso o IRR seja inferior à taxa

mínima de rentabilidade exigida pela empresa, o investimento deve ser recusado,

pois não constrói valor econômico.

Dessa forma, é possível perceber que diversos autores mencionam a

utilização desses métodos na avaliação econômica de investimentos, comprovando

a grande aplicabilidade dos mesmos no mercado e reconhecendo suas limitações e

critérios de aceitação.

2.3 ENERGIA SOLAR

A energia solar é uma fonte limpa e renovável capaz de produzir energia

elétrica por meio da captação de raios solares. Ela tem ganhado mais destaque nos

últimos anos, porém sua descoberta foi há muito tempo. Conforme Machado e

Miranda (2015), no ano de 1839, um físico da França chamado Edmond Becquerel,

percebeu que a exposição ao sol de duas placas de latão mergulhadas em um

eletrólito líquido gerava eletricidade, o que foi chamado de efeito fotovoltaico.

Posteriormente, no ano de 1883, um americano chamado Charles Fritts, inventou

uma bateria solar a base de folhas de selênio. Em 1954, foi produzida a primeira

célula solar feita de silício e desde então essa tecnologia foi se aprimorando até

chegar onde está hoje.

De acordo com Nakabayashi (2015), a energia proveniente do sol pode ser

transformada em energia elétrica através de sistemas termossolares ou

fotovoltaicos. No primeiro, a irradiação é convertida em calor, que esquentando um

fluido, irá ativar o gerador que produzirá energia elétrica. No segundo, a energia

elétrica é produzida através da exposição à radiação eletromagnética de módulos

compostos por um material semicondutor dopado, normalmente feito de silício.

No presente trabalho, será dado enfoque ao efeito fotovoltaico, em virtude da

usina estudada. De acordo com Castro (2002), as células de silício, quando

adicionadas às substâncias dopantes, permitem condições satisfatórias para a

conversão da energia solar em eletricidade.

A unidade de medida da potência de painéis fotovoltaicos é a quilowatts pico,

que de acordo com Fukurozaki e Paschoal (2010), é a potência obtida em produção

máxima de energia quando submetido a condições padronizadas (irradiação de 1000

W/m2, temperatura de 25ºC e o espectro da radiação solar de 1.5 de massa do ar).

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21

Os Sistemas Fotovoltaicos podem ser completamente autônomos ou

conectados à rede elétrica convencional. De acordo com Spaduto et al. (2013), os

sistemas autônomos funcionam por meio da interligação de um conjunto de

equipamentos específicos, que geram a energia elétrica e a armazenam para uso no

período noturno. Esse tipo de sistema é mais comumente utilizado em regiões

desprovidas de distribuição da energia convencional. Já nos Sistemas Fotovoltaicos

Conectados à Rede Elétrica (SFVCR), a energia elétrica produzida que não seja

consumida é injetada na rede de distribuição da concessionária e, dessa forma, o

custo com equipamentos para armazenagem é evitado.

Segundo Vichi e Mansor (2009), a procura por painéis fotovoltaicos tem

crescido por todo o mundo em uma escala anual de 35%. Isso provocou uma

inflação no preço da energia solar fotovoltaica, causada pela insuficiência da

capacidade produtiva das indústrias de silício em relação à crescente demanda. Os

fabricantes desses painéis chegaram a produzir 1700 MW só no ano de 2005, dos

quais se tem como produtores mais relevantes o Japão, a União Europeia e os

Estados Unidos.

Conforme Machado e Miranda (2014), os países mais avançados na utilização

da energia solar são a Alemanha, a Itália, o Japão, a Espanha e os Estados Unidos.

Isso se deve aos programas de incentivo ao uso dos sistemas fotovoltaicos criados

nesses países, os quais representaram 88% da potência total implantada no mundo

em 2011, sendo 50% só da Alemanha.

No Brasil, essa tecnologia também vem crescendo gradativamente. Segundo

a Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), foram registrados, até 11 de maio

de 2017, 10.280 instalações de geração de energia solar distribuída (gerada pelos

próprios usuários), resultando em uma potência instalada de 73.569 kW.

Um dos principais impulsores das energias renováveis no Brasil foi a crise

energética vivida em 2001, provocada por diversos fatores como: falta de

planejamento e investimentos no setor elétrico, crescimento do consumo pela

população e pelas indústrias e a forte estiagem, que reduziu drasticamente o volume

de água nos reservatórios das usinas hidrelétricas (principal fonte de energia

utilizada na época).

Desde então, o país vem buscando diversificar sua matriz energética. Um

grande avanço nesse segmento aconteceu quando foi criada a Resolução Normativa

nº 482/2012 – ANEEL, a qual estabelece os critérios gerais para ter microgeração e

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minigeração distribuída aos sistemas de transmissão de energia elétrica,

regulamentando o sistema de compensação da energia elétrica excedente, entre

outras medidas. Posteriormente ela foi alterada pela Resolução Normativa nº

687/15, a qual está em vigor no momento e traz algumas reformulações logo em seu

artigo 1º, em conceitos como os de: microgeração distribuída, que passa a ser

composta pelas unidades consumidoras que gerem energia com uma potência

instalada de até 75 kW e que façam uso de cogeração qualificada, ou outras fontes

renováveis, ligadas a rede de distribuição; e na minigeração distribuída, onde são

enquadrados os consumidores que produzem energia elétrica com potência

instalada acima de 75 kW e abaixo ou igual a 3 MW para fontes hídricas ou até 5

MW na cogeração qualificada, ou para outras fontes de energia renovável,

interligada com a rede da concessionária. É definido também o sistema de

compensação de energia elétrica, que é feito quando a energia ativa injetada na

rede é cedida para a distribuidora local e futuramente é compensada em forma de

créditos para consumo de energia elétrica.

Ainda de acordo com a REN 687/15, art. 2º, nas unidades de mini ou

microgeração só será permitida a instalação de potência menor ou igual ao limite

fornecido pela concessionária para a unidade consumidora onde a central estará

conectada. Conforme o art. 4º da mesma Resolução, a energia gerada pela central,

que não for consumida, será injetada na rede de distribuição, como forma de

empréstimo, constituindo assim, um crédito em energia ativa para o consumidor, que

deve ser usufruído em até 60 meses.

Com o surgimento dessas resoluções, o consumidor pode se tornar também o

produtor de sua própria energia, respeitadas as premissas e vedações da norma,

podendo usufruir assim de vários benefícios. De acordo com Dassi et al. (2015), um

dos principais benefícios da utilização de energia solar no Brasil é a

descentralização da produção de energia. Fazer com que o consumidor possa

produzir energia elétrica na sua própria casa significa mais independência para a

população, pois ela não precisará mais se submeter aos custos de distribuição nem

aos grandes encargos governamentais.

Segundo Braciani (2011), a viabilidade econômica da implantação de uma

usina produtora de energia elétrica está relacionada não só com as características

específicas do projeto e a qualidade dos materiais utilizados, mas também ao âmbito

socioeconômico onde ela será implantada.

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Portanto, a energia solar fotovoltaica é uma fonte limpa e renovável, gerada a

partir da conversão da radiação solar em eletricidade. Essa fonte vem crescendo em

vários países, inclusive no Brasil, impulsionada pelas normas que regulamentam e

de certa forma incentivam a adoção dessa tecnologia. Em todo o caso, a instalação

de placas solares exige a elaboração de um planejamento, apresentando elementos

que demonstrem a sua viabilidade, tendo em vista não só o alto dispêndio de

recursos e os riscos financeiros da operação, mas também os impactos sociais e

ambientais envolvidos no processo.

2.4 EVIDÊNCIAS EMPÍRICAS

As evidências empíricas, assim como a revisão de literatura, são muito

importantes para o desenvolvimento da pesquisa, pois revelam o que tem sido

pesquisado nos últimos tempos sobre a temática e quais os resultados encontrados.

Dessa forma, foi listado no quadro 1 o levantamento dos estudos relacionados ao

tema abordado no presente trabalho.

Quadro 1 - Estudos anteriores sobre energia solar

Araújo (2017) Objetivos: investigar o provável desempenho e benefícios de

um sistema de iluminação LED e da geração solar fotovoltaica e

analisar economicamente a implantação dessas soluções,

buscando a redução do consumo de energia proveniente da

rede de distribuição da concessionária

Procedimentos metodológicos: foi feita uma pesquisa da

irradiação solar do local proposto e da estrutura do prédio e o

cálculo do número de placas fotovoltaicas adequado para suprir

a demanda de energia do prédio. Além disso, foi feito uma

análise da área disponível para instalação dos painéis solares,

utilizando os programas SUNEARTHTOOLS e RETSCREEN. E,

finalmente, é exposto um estudo da economia decorrente da

geração de energia solar no Centro de Tecnologia aliado com o

retrofit.

Resultados: os resultados demonstraram que nos meses de

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janeiro e dezembro (período de férias da universidade), a

quantidade de energia produzida pelo sistema solar seria

superior a consumida, contabilizando um crédito com a

concessionária, e passando a pagar nesse período somente a

quota mínima de consumo de 300kWh. Nos outros meses,

verificou-se que o total consumido é maior do que a energia

produzida pelo sistema fotovoltaico. Foi possível concluir que a

produção de energia solar proposta já abrange 81% da

necessidade real mensal do Prédio do Centro de tecnologia da

UFRN e que o sistema sugerido traria uma economia de 92,7%

na fatura anual de energia elétrica do Prédio do Centro de

Tecnologia da UFRN.

Dassi et al. (2015) Objetivos: analisar a viabilidade econômico-financeira da

energia solar fotovoltaica como alternativa para redução de

custos e de diversificação energética em uma Instituição de

Ensino Superior de Santa Catarina.

Procedimentos metodológicos: a pesquisa foi classificada

como exploratória, através de estudo de caso realizado em uma

Instituição de Ensino Superior localizada em Santa Catarina.

Foram feitas a análise do payback descontado, o valor presente

líquido, a taxa interna de retorno (TIR) e o valor anual uniforme

equivalente.

Resultados: os achados mostraram que a instalação de

energia solar fotovoltaica na Instituição é viável, como forma de

diminuir os custos e diversificar a matriz energética no período

analisado, considerando os dados do projeto.

Fonseca (2016) Objetivos: avaliar a viabilidade econômica da implantação de

painéis fotovoltaicos para a geração de energia elétrica no

campus central da UFRN, visando a redução dos impactos

ambientais e das contas de energia elétrica.

Procedimentos metodológicos: foram coletadas informações

sobre o consumo e tarifas de energia elétrica, tomando como

base o período de fevereiro de 2015 a fevereiro de 2016. No

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projeto, foi considerada uma área de aproximadamente 10% do

total da cobertura de telhado para a instalação dos painéis. O

orçamento dos equipamentos necessários foi realizado junto a

empresa Rio Solar. Para a tabulação dos dados foi utilizado o

software livre RETScreen 4. Para a análise financeira foram

calculados o investimento inicial, o Valor Presente Líquido, a

Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Payback do investimento.

Resultados: como resultado foi verificado que o investimento

inicial seria de R$ 26.092.500,00 e a economia decorrente da

geração de energia pelo sistema fotovoltaico seria de

R$1.314.867,00 por ano, resultado da diferença entre a tarifa

cobrada pela concessionária e o custo nivelado da energia solar

demonstrado no projeto. A taxa interna de retorno (TIR) seria de

7,6% e o valor presente líquido de R$ 32.871.671. O período de

retorno sobre o capital investido foi estimado em 11 anos e 1

mês. Em contrapartida, a vida útil do conjunto de painéis

fotovoltaicos é estimada em 25 anos, portanto conclui-se que o

projeto mostra-se economicamente viável, reduzindo não só as

despesas, mas também os impactos ambientais decorrentes da

alta demanda de energia elétrica consumida no Campus.

Giampietro e Racy

(2010)

Objetivos: analisar as características das áreas rurais

nordestinas e o potencial para uso de uma fonte de energia

alternativa: a energia solar.

Procedimentos metodológicos: a metodologia adotada foi

hipotético-dedutiva, com o propósito de testar a hipótese de

viabilidade do uso de energia solar fotovoltaica, sob o ponto de

vista social, em comunidade das zonas rurais nordestinas.

Resultados: os resultados indicaram que as comunidades

rurais do nordeste brasileiro são compostas por pessoas com

baixo poder aquisitivo, baixo consumo ou baixa demanda por

energia elétrica, pois ainda não têm acesso a eletricidade e por

isso, fazem uso de iluminação por chama e de combustíveis

para utilização de máquinas. Desse modo, uma das principais

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26

variáveis a serem analisadas no projeto da energia solar nessas

localidades seria a capacidade de pagamento dos moradores, o

que, de acordo com um estudo realizado pelo Centro de

Pesquisas de Energia Elétrica (CELPE-1999), seria possível

com uma linha de financiamento público ou privado com juros

de 6,5% e parcelamento em 12 anos.

Montenegro

(2013)

Objetivos: desenvolvimento de uma metodologia que permita

uma avaliação detalhada do retorno do investimento em

sistemas FV-CRIE instalados no Brasil, e aplicar esta

metodologia a sistemas FV-CRIE instalados no meio urbano, no

setor residencial unifamiliar, nas distintas regiões do Brasil, em

função da disponibilidade do recurso solar local e da tarifa

residencial local.

Procedimentos metodológicos: foram definidas condições,

cenários e combinação de variantes. Os fluxos de caixas são

analisados mensalmente assim como a geração do sistema FV-

CRIE no que diz respeito ao consumo da área em que o

sistema está ligado. Foram calculados o valor presente líquido

(VPL), a taxa interna de retorno (TIR) e o tempo de retorno do

investimento em todas as condições e cenários determinados

na metodologia.

Resultados: constatou-se nos resultados a viabilidade

econômica dos sistemas FV-CRIE com base no impacto

considerável observado na tarifa residencial de janeiro de 2013

(diminuição de pelo menos 18% para todas as capitais,

excluindo-se Macapá-AP) e também na cobrança de impostos

sobre a energia produzida que foi injetada na rede elétrica de

distribuição da concessionária. Considerando os valores de

investimento inicial, custos variáveis e os custos evitados

(através da diminuição no consumo de energia elétrica

convencional) mais próximos da realidade, observou-se que, na

condição e cenário mais realísticos, todas as 27 capitais

precisariam de um longo tempo para recuperarem o

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investimento em um sistema FV-CRIE de 1 kWp e consumo de

250 kWh/mês. O autor concluiu também que se não existisse a

incidência de impostos sobre a energia excedente, que é

injetada na rede elétrica de distribuição, a aplicação de recursos

nesse tipo de sistema seria atualmente viável em 12 capitais.

Oliveira et al.

(2008)

Objetivos: análise da economia de energia elétrica pela

substituição de chuveiros elétricos por aquecedores solares.

Procedimentos metodológicos: foi feito um estudo

solarimétrico com valores de irradiação e da quantidade de

horas do brilho do sol por ano em municípios de Goiás. Foi

verificado também o consumo médio mensal de energia elétrica

por casa e a quantidade anual. Investigou-se também o impacto

da substituição de chuveiros elétricos por aquecedores solares

nos gastos mensais com energia elétrica por casa. Por fim, foi

feita a análise econômica, considerando o fator custo/benefício

do projeto sugerido.

Resultados: os resultados indicaram que com a substituição de

chuveiros elétricos por aquecedores de água solares haveria

uma economia média mensal na fatura de energia de R$ 36,92,

com um período médio para o retorno do investimento de

aproximadamente 13 meses. Dessa forma, foi possível concluir

que o projeto é viável tanto nos aspectos técnicos, quanto

econômicos e ambientais.

Fonte: elaborado pela autora, 2017.

Desse modo, foram encontrados diversos estudos que abordaram temas

semelhantes ao do presente trabalho, buscando, em sua maioria, analisar a

viabilidade econômica do uso de energia solar em várias situações, como: em

instituições de ensino superior, em residências, em áreas rurais do nordeste e no

país como um todo. Boa parte das pesquisas utilizaram os métodos de payback,

valor presente líquido e taxa interna de retorno para a análise, além de outros

recursos e softwares específicos. Alguns fizeram análises em diferentes cenários e

condições e todos se basearam apenas em valores projetados. A grande maioria dos

trabalhos apresentaram resultados que indicavam a viabilidade do projeto,

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mostrando que com a geração de energia fotovoltaica, os gastos com eletricidade

diminuíam significativamente, ao mesmo tempo que demonstravam um retorno

sobre o investimento satisfatório.

As semelhanças da presente pesquisa com os trabalhos citados são no

sentido de fazer uma análise de viabilidade econômica de um projeto de utilização

de energia solar em uma instituição de ensino, utilizando, para isso, os métodos de

payback, valor presente líquido e taxa interna de retorno e apresentando resultados

favoráveis ao projeto, demonstrando a viabilidade econômica do investimento.

As diferenças dizem respeito, principalmente, ao modo como foram realizadas

as análises, pois no presente trabalho o foco era avaliar o investimento em si,

enquanto as outras pesquisas eram mais voltadas para o potencial de redução nas

faturas de energia da concessionária. Alguns trabalhos fizeram análise mensal dos

fluxos de caixa, enquanto neste foi feita de forma anual. Outro diferencial deste

trabalho é que a usina em questão foi implantada com recursos públicos e já se

encontra em operação, possibilitando assim avaliar o seu desempenho em relação

ao que foi projetado, o que não era possível nos outros estudos.

Portanto, fica clara a importância e o diferencial do presente trabalho, no

sentido de produzir uma informação nova e diferente nesse meio, contribuindo assim

para auxiliar a gestão de instituições de ensino, os futuros trabalhos nesse tema e a

sociedade em geral.

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29

3 METODOLOGIA

3.1 TIPOLOGIA DE PESQUISA

De acordo com Beuren (2004), a tipologia de pesquisa mais apropriada à

Contabilidade pode ser classificada em três categorias, são elas: quanto à

abordagem do problema, poderá ser qualitativa e/ou quantitativa; quanto aos

objetivos, poderá constituir uma pesquisa explicativa, exploratória ou descritiva; e

quanto aos procedimentos, poderá ser feito um estudo de caso, uma pesquisa

bibliográfica, um levantamento, uma pesquisa documental, participante ou

experimental.

O presente trabalho classifica-se como qualitativo, quanto à abordagem, pois

procura analisar mais profundamente o objeto de estudo, com objetivo de evidenciar

características que não seriam identificadas em uma pesquisa quantitativa

(BEUREN, 2004).

Quanto aos objetivos, caracteriza-se como descritiva, tendo em vista que

procura observar, listar, examinar e interpretar os fatos, deixando-os isentos de

qualquer influência por parte do pesquisador (ANDRADE, 2002, apud BEUREN,

2004).

Quanto aos procedimentos, a pesquisa se classifica predominantemente

como estudo de caso, embora também recorra a pesquisa bibliográfica e a

documental. De acordo com Gil (2002), o estudo de caso resume-se ao estudo

intenso e árduo a respeito de um ou alguns fatos, que possibilite ao pesquisador

conhecer de forma completa e minuciosa o seu objeto. Portanto essa teoria se

confirma, já que no presente trabalho foi feito um estudo focado na usina de energia

solar implantada em uma instituição pública de ensino, de modo a conhecê-la

detalhadamente em todos os seus aspectos relevantes.

Ainda sobre os procedimentos, foi necessária a realização de uma pesquisa

bibliográfica em livros, artigos, normas técnicas e outros trabalhos científicos

relacionados ao tema abordado, buscando fundamentação teórica para o

desenvolvimento do estudo. Foi realizada também uma pesquisa documental,

através de visitas in loco e contato por e-mail, na qual foi procedida a coleta de

informações em documentos fundamentais para a análise.

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30

3.2 COLETA DE DADOS

A pesquisa foi realizada em uma usina de energia solar implantada por uma

instituição pública de ensino, localizada no estado do Rio Grande do Norte, no

período de julho a outubro de 2017. As informações necessárias a este estudo foram

transmitidas pelo engenheiro elétrico responsável pelo projeto e extraídas da própria

contabilidade da instituição. Os dados foram coletados através de visitas in loco e

contato via e-mail, nos quais foram disponibilizados: pregões, empenhos, notas

fiscais, faturas e planilhas eletrônicas com dados de produção e de tarifas.

Com o acesso a essas informações e com o auxílio de planilhas eletrônicas

do Microsoft Office Excel 2013, foram feitos os cálculos da análise financeira do

investimento pelos métodos de Payback, Valor Presente Líquido (VPL) e Taxa

Interna de Retorno (TIR).

Para os referidos cálculos foram considerados: o valor do investimento inicial;

a produção média anual em kWh; a perda de rendimento da usina (estabelecida nos

pregões); o valor médio anual das tarifas de energia; e a taxa de desconto, que foi

baseada na média de reajustes da tarifa dos últimos 6 anos.

Primeiramente, foi feito o cálculo dos benefícios econômicos futuros do

investimento, que nesse caso, foi considerada a economia anual estimada de

energia decorrente da produção da usina. Esses valores foram encontrados através

da multiplicação da produção estimada pela tarifa média anual fora de ponta. A

produção foi calculada mediante a conversão da produção média em kWp para a

geração em kWh no estado do Rio Grande do Norte e considerando uma perda no

rendimento após o segundo ano de operação da usina. Como as duas fases tinham

perdas de rendimento diferentes, o cálculo da economia foi feito separadamente.

Quanto a tarifa, foi observado através de pesquisa nos sites da ANEEL e da

COSERN, que ela sofreu um reajuste médio de 8,88% nos últimos 6 anos, portanto

esse percentual foi utilizado para corrigir a tarifa a partir de 2018 até o fim da vida útil

estimada da usina.

Posteriormente, para facilitar o entendimento, a economia encontrada nas

duas fases foi somada para a elaboração do fluxo de caixa e realização dos demais

cálculos. Com base no fluxo de caixa montado, foi calculado o payback efetivo e

médio, sem considerar o valor do dinheiro no tempo, conforme teoria abordada no

tópico 2.2 deste trabalho. Para o cálculo da Taxa Interna de Retorno (TIR), esse

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fluxo de caixa foi considerado para descobrir com qual taxa, os fluxos positivos e

negativos se igualariam no momento zero.

Para o cálculo do valor presente, todos os fluxos foram levados ao tempo

zero, ou seja, em 2014 (data do investimento inicial), a uma taxa de desconto de

8,88% (média do reajuste da tarifa cobrada pela COSERN nos últimos 6 anos), que

seria a taxa de atratividade mínima do projeto, já que a instituição não tem fins

lucrativos. Com base nessa informação, foi calculado o payback descontado,

abatendo do investimento inicial os fluxos de caixa positivos em valor presente.

Confrontando o valor presente dos fluxos de caixa positivos e negativos, foi

encontrado o Valor Presente Líquido (VPL).

Por fim, foi feita uma análise dos resultados, realizando inclusive uma

comparação dos valores reais obtidos até julho de 2017 e os valores estimados

proporcionais.

Um fator limitante da pesquisa foi o uso da média aritmética para a

determinação da taxa de atratividade mínima e para o reajuste anual da tarifa, pois,

de acordo com Feijoo (2010), por ser uma medida de tendência central, ela é

sensível a variações decorrentes da presença de valores muito distintos. Entretanto

acredita-se que isso não compromete os resultados do trabalho, tendo em vista que

os valores não apresentam discrepâncias tão relevantes.

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32

4 RESULTADOS

4.1 CARACTERIZAÇÃO DO OBJETO DE ESTUDO

Foi possível apurar pelos dados coletados que o processo de implantação da

referida usina ocorreu em duas etapas: a primeira, foi contratada em 2014, por meio

de pregão realizado em 2013, que custou R$ 638.000,00 e tem potência instalada de

112,8 kWp; e a segunda parte foi contratada em 2015, através de um novo pregão

realizado em 2014, a qual custou R$ 575.250,00 e tem potência de 84,5 kWp. O

funcionamento das duas etapas começou em janeiro de 2016, com potência

instalada total de 197,3 kWp.

De acordo com o engenheiro, os valores das aquisições de geradores

fotovoltaicos já incluíam projeto, aprovação do projeto na concessionária de energia

elétrica do estado (COSERN), fornecimento de todos os materiais, instalação,

comissionamento, treinamento e entrega técnica. As empresas contratadas

garantiram a instalação contra falhas na execução, por 2 anos. O fabricante dos

inversores deu garantia de 5 anos. E os painéis têm garantia de desempenho por 25

anos.

Do início das operações até o presente momento não houve despesas com

manutenção. Os pequenos serviços, como inspeções visuais de caráter preventivo,

serão realizadas pelo próprio eletricista da instituição, sob a orientação do

engenheiro elétrico responsável.

A administração da instituição realiza um acompanhamento dos 14 geradores

instalados, acessando o monitoramento remoto, via internet. Os dados da produção

diária de energia são coletados e lançados em uma planilha eletrônica, depois

cruzados com informações retiradas das faturas de energia para gerar informações

de interesse da gestão, essas planilhas foram cedidas para fins de análise.

Foi possível averiguar também que a instituição possui duas subestações

elétricas (SE I e SE II), com entradas de energia independentes, das quais apenas a

SE II está conectada aos geradores fotovoltaicos, portanto só ela participa do

sistema de compensação de energia elétrica. A demanda contratada para a SE II na

COSERN é de 450 kW na Ponta e 650 kW fora de ponta.

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33

Quanto a tarifa cobrada para consumidores de média tensão, como é o caso

da subestação II, a ANEEL disponibilizou duas opções tarifárias, são elas a horo-

sazonal verde e horo-sazonal azul. Essas duas modalidades preveem a adoção de

preços diferentes para a potência e o consumo de energia, de acordo com o horário

do dia (ponta e fora de ponta) e de períodos do ano (seco e úmido). As tarifas

aplicadas em horário de ponta, ou na época de seca, são mais elevadas que os

valores cobrados nas outras situações, porque são necessários maiores esforços da

distribuidora para atender a demanda.

Conforme o site da COSERN (2017), o horário de ponta varia de acordo com

a área e conveniência da unidade consumidora, ele pode ser das 17:00 às 20:00 h,

das 17:30 às 20:30 h ou das 18:00 às 21:00 h. Consequentemente, o horário fora de

ponta corresponde ao período complementar àquele definido no horário de ponta.

De acordo com o engenheiro consultado, o horário de ponta aplicado à instituição é

das 17:30 às 20:30. Vale acrescentar ainda que a tarifa utilizada nos cálculos foi a

fora de ponta, tendo em vista que a usina opera diariamente das 05:30 às 17:30,

portanto fora do horário de ponta. O período úmido abrange os meses de dezembro

de um ano a abril do ano subsequente, enquanto o período seco compreende os

meses de maio a novembro.

Segundo dados extraídos da fatura da COSERN, a SE II está classificada

como grupo A4 Horo-sazonal verde. De acordo com a Resolução Normativa nº 414,

de 9 de setembro de 2010 da ANEEL, o grupo A é formado por consumidores que

precisem de fornecimento em tensão igual ou superior a 2,3 kV, ou que sejam

atendidas por meio de um sistema subterrâneo de distribuição em tensão

secundária. O grupo A é dividido em 6 subgrupos de acordo com a tensão fornecida,

o subgrupo A4 tem tensão de 2,3 kV a 25 kV. O conhecimento dessa classificação é

importante, pois ela influenciará nos valores das tarifas cobradas pela

concessionária de energia.

4.2 ANÁLISE DOS DADOS

Segundo o engenheiro elétrico responsável pelo projeto, a produção

específica esperada (na prática) para o Rio Grande do Norte gira em torno de 130

kWh/kWp ao mês. Se a usina estudada tem 112,8 kWp instalados na primeira fase e

84,5 kWp na segunda, espera-se que gere em média aproximadamente 14.664

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kWh/mês e 175.968 kWh/ano na primeira, e 10.985 kWh/mês e 131.820 kWh/ano na

segunda, conforme tabela 1.

Tabela 1 ‒ Demonstração da produtividade média da usina

Fases Potência (kWp) Produção (kWh

/kWp/mês) Produção

Mensal em kWh Produção Anual

em kWh 1ª 112,8 130 14.664 175.968

2ª 84,5 130 10.985 131.820

Total 197,3 130 25.649 307.788

Fonte: elaborada pela autora.

Entretanto, está previsto nos pregões o decaimento de rendimento anual

máximo de 0.68% após o 2º ano de operação para a primeira fase da usina e de

0,7% após o 2º ano para a segunda fase. Essa informação, assim como o cálculo da

economia considerando o reajuste de 8,88% na tarifa a partir de 2018, são

apresentados abaixo, nos quadros 2 e 3.

Quadro 2 - Cálculo da economia na 1ª fase

Plantas solares da 1ª fase com potência de 112,8 kWp

Anos Geração

(kwh) Perda no rendimento 0,68% Tarifa Reajustada Economia estimada

2016 175.968,00 - R$ 0,32 R$ 56.382,34

2017 175.968,00 1.196,58 R$ 0,29 R$ 51.860,81

2018 174.771,42 1.188,45 R$ 0,32 R$ 56.081,22

2019 173.582,97 1.180,36 R$ 0,35 R$ 60.645,08

2020 172.402,61 1.172,34 R$ 0,38 R$ 65.580,36

2021 171.230,27 1.164,37 R$ 0,41 R$ 70.917,26

2022 170.065,90 1.156,45 R$ 0,45 R$ 76.688,48

2023 168.909,46 1.148,58 R$ 0,49 R$ 82.929,36

2024 167.760,87 1.140,77 R$ 0,53 R$ 89.678,12

2025 166.620,10 1.133,02 R$ 0,58 R$ 96.976,09

2026 165.487,08 1.125,31 R$ 0,63 R$ 104.867,96

2027 164.361,77 1.117,66 R$ 0,69 R$ 113.402,08

2028 163.244,11 1.110,06 R$ 0,75 R$ 122.630,69

2029 162.134,05 1.102,51 R$ 0,82 R$ 132.610,33

2030 161.031,54 1.095,01 R$ 0,89 R$ 143.402,11

2031 159.936,52 1.087,57 R$ 0,97 R$ 155.072,11

2032 158.848,95 1.080,17 R$ 1,06 R$ 167.691,82

2033 157.768,78 1.072,83 R$ 1,15 R$ 181.338,52

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2034 156.695,95 1.065,53 R$ 1,25 R$ 196.095,77

2035 155.630,42 1.058,29 R$ 1,36 R$ 212.053,97

2036 154.572,13 1.051,09 R$ 1,48 R$ 229.310,84

2037 153.521,04 1.043,94 R$ 1,62 R$ 247.972,07

2038 152.477,10 1.036,84 R$ 1,76 R$ 268.151,94

2039 151.440,26 1.029,79 R$ 1,91 R$ 289.974,03

2040 150.410,46 1.022,79 R$ 2,08 R$ 313.572,01 Fonte: elaborado pela autora.

Quadro 3 - Cálculo da economia na 2ª fase

Plantas solares da 2ª fase com potência de 84,5 kWp

Anos Geração

(kwh) Perda no rendimento 0,7% Tarifa Reajustada Economia estimada

2016 131.820,00 - R$ 0,32 R$ 42.236,77

2017 131.820,00 922,74 R$ 0,29 R$ 38.849,63

2018 130.897,26 916,28 R$ 0,32 R$ 42.002,74

2019 129.980,98 909,87 R$ 0,35 R$ 45.411,76

2020 129.071,11 903,50 R$ 0,38 R$ 49.097,46

2021 128.167,61 897,17 R$ 0,41 R$ 53.082,30

2022 127.270,44 890,89 R$ 0,45 R$ 57.390,56

2023 126.379,55 884,66 R$ 0,49 R$ 62.048,48

2024 125.494,89 878,46 R$ 0,53 R$ 67.084,45

2025 124.616,43 872,31 R$ 0,58 R$ 72.529,15

2026 123.744,11 866,21 R$ 0,63 R$ 78.415,75

2027 122.877,90 860,15 R$ 0,69 R$ 84.780,11

2028 122.017,76 854,12 R$ 0,75 R$ 91.661,02

2029 121.163,63 848,15 R$ 0,82 R$ 99.100,40

2030 120.315,49 842,21 R$ 0,89 R$ 107.143,57

2031 119.473,28 836,31 R$ 0,97 R$ 115.839,55

2032 118.636,97 830,46 R$ 1,06 R$ 125.241,30

2033 117.806,51 824,65 R$ 1,15 R$ 135.406,11

2034 116.981,86 818,87 R$ 1,25 R$ 146.395,92

2035 116.162,99 813,14 R$ 1,36 R$ 158.277,69

2036 115.349,85 807,45 R$ 1,48 R$ 171.123,80

2037 114.542,40 801,80 R$ 1,62 R$ 185.012,52

2038 113.740,60 796,18 R$ 1,76 R$ 200.028,48

2039 112.944,42 790,61 R$ 1,91 R$ 216.263,16

2040 112.153,81 785,08 R$ 2,08 R$ 233.815,48 Fonte: elaborado pela autora.

Como pode-se observar na Tabela 2, o valor do Investimento inicial foi de R$

1.213.250,00, sendo R$ 638.000 na primeira fase (2014) e R$ 575.250,00 na

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segunda (2015), os quais entraram com sinal negativo no fluxo de caixa

representando a saída de recurso. Os benefícios econômicos começaram em 2016,

quando a usina iniciou suas operações, proporcionando uma economia de energia,

representada no fluxo de caixa como valor positivo.

Tabela 2 ‒ Demonstrativo do cálculo de análise econômica

Investimento Fluxo de caixa Payback efetivoValor Presente do

Fluxo de Caixa

Payback

descontado

0 2014 638.000,00R$ 638.000,00-R$ 638.000,00-R$ 638.000,00-R$ 638.000,00-R$

1 2015 575.250,00R$ 575.250,00-R$ 1.213.250,00-R$ 528.333,95-R$ 1.166.333,95-R$

2 2016 98.619,11R$ 1.114.630,89-R$ 83.188,80R$ 1.083.145,15-R$

3 2017 90.710,43R$ 1.023.920,46-R$ 70.276,95R$ 1.012.868,20-R$

4 2018 98.083,95R$ 925.836,50-R$ 69.791,98R$ 943.076,22-R$

5 2019 106.056,84R$ 819.779,66-R$ 69.310,36R$ 873.765,86-R$

6 2020 114.677,82R$ 705.101,85-R$ 68.832,06R$ 804.933,81-R$

7 2021 123.999,56R$ 581.102,29-R$ 68.357,06R$ 736.576,75-R$

8 2022 134.079,04R$ 447.023,25-R$ 67.885,34R$ 668.691,41-R$

9 2023 144.977,84R$ 302.045,41-R$ 67.416,87R$ 601.274,54-R$

10 2024 156.762,57R$ 145.282,85-R$ 66.951,64R$ 534.322,89-R$

11 2025 169.505,23R$ 66.489,62R$ 467.833,27-R$

12 2026 183.283,71R$ 66.030,79R$ 401.802,48-R$

13 2027 198.182,19R$ 65.575,13R$ 336.227,35-R$

14 2028 214.291,72R$ 65.122,61R$ 271.104,73-R$

15 2029 231.710,73R$ 64.673,22R$ 206.431,51-R$

16 2030 250.545,68R$ 64.226,92R$ 142.204,59-R$

17 2031 270.911,66R$ 63.783,71R$ 78.420,88-R$

18 2032 292.933,12R$ 63.343,56R$ 15.077,32-R$

19 2033 316.744,63R$ 62.906,44R$

20 2034 342.491,70R$ 62.472,34R$

21 2035 370.331,66R$ 62.041,24R$

22 2036 400.434,64R$ 61.613,12R$

23 2037 432.984,59R$ 61.187,94R$

24 2038 468.180,42R$ 60.765,71R$

25 2039 506.237,20R$ 60.346,38R$

26 2040 547.387,49R$ 59.929,95R$

Anos

Fonte: elaborada pela autora.

Com base nesse fluxo de caixa simples, foram calculados o Payback efetivo e

o Payback médio, os quais resultaram em aproximadamente 10 anos e 10 meses e

aproximadamente 4 anos e 10 meses, respectivamente. Em seguida, foi calculado o

fluxo de caixa em valor presente, o qual revelou um Payback descontado de

aproximadamente 18 anos e 2 meses. Dessa forma, foi possível perceber que, por

esse método, o investimento é considerado rentável, pois consegue o retorno do

capital investido em um prazo menor do que o período estimado de benefícios

econômicos (25 anos), nos três tipos pesquisados.

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A tabela 3 evidencia de forma direta e resumida os resultados dos cálculos da

análise econômica de investimentos:

Tabela 3 ‒ Resultados da análise econômica do investimento

Métodos Resultados

Payback efetivo 10,86 anos

Payback médio 4,84 anos

Payback descontado 18,24 anos

TIR 11,93%

VPL R$ 476.185,81 Fonte: elaborada pela autora.

Além dos resultados do Payback, estão também apresentados na tabela 3 a

Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor Presente Líquido (VPL). A TIR encontrada foi

de 11,93%, ou seja, essa é a taxa que iguala o valor das entradas e saídas de caixa

no momento zero. Para o critério de viabilidade, ela é considerada favorável tendo

em vista que está acima da taxa mínima de atratividade de 8,88%, indicando assim

que o investimento remunera mais do que o valor mínimo pretendido.

O Valor Presente Líquido (VPL) encontrado foi de R$ 476.185,81, esse valor

representa a diferença entre o retorno esperado e o valor investido, todos em valor

presente. Sendo assim, chega-se à conclusão de que o projeto se mostra viável,

uma vez que indica a superioridade dos benefícios econômicos em relação ao

investimento inicial, criando, portanto, valor econômico para o investidor.

Dessa forma, todos os métodos de avaliação adotados alcançaram resultados

positivos, o que demonstra não só a viabilidade do projeto de energia solar

implantado, mas também o valor econômico criado com a adoção dele.

Foi feita ainda uma comparação dos valores estimados de geração e

economia dos anos de 2016 e 2017 (proporcional a julho), conforme pode-se

observar na tabela 4.

Tabela 4 – Comparativo de desempenho

GERAÇÃO (kWh) TARIFA (R$) ECONOMIA (R$) GERAÇÃO (kWh) TARIFA (R$) ECONOMIA (R$)

2016 307.788,00 0,32R$ 98.619,11R$ 293.573,59 0,32R$ 94.064,64R$

2017 179.543,00 0,29R$ 52.914,42R$ 178.211,66 0,29R$ 52.522,05R$

PREVISTO REALANOS

Fonte: elaborada pela autora.

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A tabela 4 mostra que a usina tem alcançado resultados bem próximos aos

estimados, principalmente no ano de 2017, onde a economia real foi equivalente a

aproximadamente 99% da estimada. No ano de 2016, esse percentual foi de

aproximadamente 95%.

Ressalta-se ainda que, segundo o engenheiro consultado, existe uma

limitação na produção decorrente de um problema em um dos inversores (do total de

35 instalados), que será enviado em breve para reparo em garantia do fornecedor.

Por esse motivo, o gerador de 112,5 kW (1ª fase) está operando com 95% da

capacidade.

Nesse sentido, a análise dos dados apresentados indica que o impacto

econômico do investimento na usina é positivo, uma vez que seus resultados, de

acordo com os métodos de avaliação e do comparativo de rendimento aplicados,

revelam a rentabilidade do projeto.

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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente estudo buscou fazer uma avaliação econômica do investimento

em uma usina de energia solar implantada em uma instituição pública de ensino

localizada no Rio Grande do Norte. Foram utilizados para tanto os métodos:

Payback (efetivo, médio e descontado), a Taxa Interna de Retorno (TIR) e o Valor

Presente Líquido (VPL). Os resultados indicaram que o retorno do investimento se

dará dentro do prazo previsto de benefícios econômicos, a taxa interna de retorno foi

maior que a taxa mínima exigida, ou seja, rende mais que o valor mínimo pretendido;

e o total de retorno esperado nos 25 anos de operação, em valor presente, líquido

do investimento inicial, foi de R$ 476.185,81.

Portanto, conclui-se que o impacto econômico da implantação da usina de

energia solar fotovoltaica na instituição de ensino pesquisada é positivo, uma vez

que as expectativas de rendimento superam o valor do investimento inicial,

acarretando em ganhos para a instituição, com a redução dos custos de energia

elétrica através da geração de energia por usina própria, representando uma

melhora significativa na qualidade dos investimentos realizados no setor público e

contribuindo para uma gestão mais eficiente, eficaz e efetiva dos recursos públicos.

Além do aspecto econômico, deve-se ressaltar também os benefícios

ambientais e sociais dessa usina, tendo em vista que estará utilizando uma fonte

inesgotável como a irradiação solar para produzir energia limpa e de qualidade para

seus usuários, colaborando, inclusive, para reduzir a crise nos níveis dos

reservatórios das hidrelétricas e a emissão de gases poluentes das termelétricas,

principais fontes de energia utilizadas no Brasil atualmente.

O estudo possui algumas limitações relacionadas ao uso de média aritmética

para reajustar o valor das tarifas e para a determinação da taxa de atratividade

mínima, o que pode trazer uma certa subjetividade ao resultado, tendo em vista que

a média é uma medida de tendência central, sensível a variações extremas. No

entanto, acredita-se que isso não incorrerá em distorções relevantes para a

pesquisa, uma vez que os valores não são tão discrepantes.

Para pesquisas futuras sobre o tema, sugere-se que seja avaliada a

implantação de usinas de energia solar fotovoltaicas em empresas de variados

segmentos, públicas e privadas, ampliando os métodos de avaliação e aumentando

o período de análise.

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REFERÊNCIAS

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APÊNDICE A – INFORMAÇÕES RELEVANTES

A produção específica esperada (na prática) para o Rio Grande do Norte gira em

torno de 130 kWh/kWp ao mês.

Potência (kwp) Produção

(kwh/kwp/mês) Prod. Mensal em kwh Prod. Anual

1ª fase 112,8 130 14.664 175.968

2ª fase 84,5 130 10.985 131.820

Total 197,3 130 25.649 307.788

Tarifa média anual

2016 R$ 0,32

2017 R$0,29

Obs.: no ano de 2017 só foram apurados valores até o mês de julho.

Reajustes da tarifa nos últimos 6 anos

2012 4,07%

2013 7,33%

2014 15,78%

2015 14,41%

2016 7,61%

2017 4,07%

Total 53,27%

Reajuste médio 8,88%