Universidade Federal do Rio Grande do Norte Escola de Música … · 2015-12-23 · 1.1 Metodologia...
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Universidade Federal do Rio Grande do Norte
Escola de Música
Licenciatura em Música
GENILSON DA SILVA LIMA
O ensino de música nas escolas públicas de ensino fundamental II da cidade
de Pedro Velho/RN: um estudo de caso
NATAL/RN
2015
GENILSON DA SILVA LIMA
O ensino de música nas escolas públicas de ensino fundamental II da cidade
de Pedro Velho/RN: um estudo de caso
Monografia apresentada ao Curso de Licenciatura
em Música da Universidade Federal do Rio Grande
do Norte, como requisito parcial para a obtenção do
Grau de Licenciado em Música.
Orientadora: Prof. Ms. Catarina Aracelle Porto do
Nascimento
Co - Orientador: Prof. Ms. Washington Nogueira
de Abreu
NATAL/RN
2015
Dedico este trabalho aos meus pais,
Maria José e Geraldo Lima,
meus irmãos e amigos.
AGRADECIMENTOS
Agradeço a Deus por sempre estar presente em minha vida e por ter me concedido a
benção de ter entrado nesta instituição e conseguido concluir a graduação.
Aos meus pais Maria José Gildo da Silva e Geraldo Jerônimo de Lima, pelo sempre
incentivo e preocupação para com meus estudos.
A minha orientadora Profª. Ms. Catarina Aracelle e co-orientador Profº Ms.
Washington Nogueira de Abreu pela paciência, dedicação e prestatividade para comigo
durante este trabalho.
Aos meus irmãos, namorada e amigos pelo carinho, incentivo e paciência durante
minha jornada neste curso.
Ao professor, Leonardo Tomé, por minha inserção no mundo musical, pelo apoio e
amizade fraterna.
À todas as professoras que se dispuseram tão prontamente a participar desta pesquisa.
Enfim, a todos que contribuíram, direta ou indiretamente, para realização deste
trabalho. Obrigado!
RESUMO
Este trabalho apresenta um panorama sobre o ensino de Arte/Música nas escolas de
Ensino Fundamental II na cidade de Pedro Velho/RN, cujo objetivo geral é compreender a
realidade sobre o Ensino de Música nas escolas do Ensino Fundamental II na cidade de Pedro
Velho/RN. Para isso foi realizado um estudo de caso, na qual a coleta de dados foi feita por
meio da aplicação de um questionário e como instrumento de análise dos dados foi a análise
de conteúdo (BARDIN, 2011). A fundamentação teórica está baseada em três vertentes: o
ensino de Artes no Brasil, a Legislação Educacional Brasileira e a Educação Musical. Na
perspectiva do Ensino de Artes no Brasil e da Educação Musical trazemos trabalhos dos
seguintes autores: (BACARIN; NOMA, 2005); (BARBOSA, 2012); (DELFONTE, 2010);
(FUSARI; FERRAZ, 1993); (WITTMANN, 2008); (MARCIEL; NETO, 2006);
(NASCIMENTO, 2015); (SECO; AMARAL, 20-?); (PENNA, 2008) e (QUEIROZ, 2012);
Sobre a Legislação Educacional Brasileira trazemos BRASIL (1996, 2005, 2007, 2013). A
partir das respostas obtidas via questionário, alguns apontamentos com base nos contextos
histórico, social e legislativo foram expostos durante o corpo deste trabalho. Os dados
apontam para perspectivas que a música possui grande importância e tem seus efeitos
benéficos no contexto escolar, possuindo, assim, um papel de protagonismo na formação
integral e humana dos alunos.
Palavras-chave: Legislação educacional. Ensino Fundamental II. Ensino de Música.
ABSTRACT
This paper presents an overview of teaching Art / Music in Elementary II Education
schools in the city of Pedro Velho / RN, whose overall goal is to understand the reality on the
Music Education in schools of Elementary School II in the city of Pedro Velho / RN. For this
it conducted a case study, in which data collection was done through the application of a
questionnaire and how data analysis tool was content analysis (BARDIN, 2011). The
theoretical framework is based on three areas: the teaching of arts in Brazil, the Brazilian
Educational Law and Music Education. From the perspective of Arts Education in Brazil and
bring music education works of the following authors: (BACARIN; NOMA, 2005);
(BARBOSA, 2012); (DELFONTE, 2010); (FUSARI; FERRAZ, 1993); (WITTMANN,
2008); (MARCIEL; NETO, 2006); (Nascimento, 2015); (SECO; AMARAL, 20-); (PENNA,
2008) and (QUEIROZ, 2012); On the Brazilian Educational Legislation bring BRAZIL (1996,
2005, 2007, 2013). From the answers obtained via questionnaire, some notes based on the
historical, social and legislative contexts were exposed for the body of this work. The data
point to prospects that music has great importance and has beneficial effects in the school
context, having thus a leading role in comprehensive training and human students.
Keywords: Educational Legislation. Elementary School II. Music education.
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Formação .......................................................................................................... 34
Gráfico 2 – Área de atuação ................................................................................................ 37
Gráfico 3 – Obrigatoriedade da música na escola ............................................................... 39
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
CNE – Conselho Nacional da Educação
LDB – Leis de Diretrizes de Bases da Educação
CEB – Câmara de Educação Básica
CFE – Conselho Federal da Educação
MEC – Ministério da Educação
EJA – Ensino para Jovens e Adultos
PCN – Parâmetros Curriculares Nacional
SEEC – Secretaria Estadual do Estado de Educação e Cultura
CES – Câmara de Educação Superior
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
1.1 Metodologia ................................................................................................................ 11
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA............................................................................... 13
2.1 O Ensino de Arte no Brasil .......................................................................................... 13
2.1.1 O Ensino pelos Jesuítas .................................................................................................. 13
2.1.2 A Reforma Educacional Pombalina ............................................................................... 17
2.1.3 Período Joanino .............................................................................................................. 18
2.1.4 Criação do Ministério da Educação ............................................................................... 20
2.1.5 O Ensino Tecnicista ....................................................................................................... 23
2.2 Legislação e o Ensino de Música .............................................................................. 25
3 UM PANORAMA SOBRE AS AULAS DE ARTE DO ENSINO FUNDAMENTAL
II NA CIDADE DE PEDRO VELHO/RN ................................................................. 29
3.1 Mapeamento e caracterização das Escolas de Ensino Fundamental II .................. 29
3.1.1 Instituição 1 .................................................................................................................... 29
3.1.2 Instituição 2 .................................................................................................................... 30
3.1.3 Instituição 3 .................................................................................................................... 31
3.1.4 Instituição 4 .................................................................................................................... 32
3.2 Perfil dos professores que atuam na disciplina de Arte ........................................... 33
3.3 Perspectivas das professoras sobre o Ensino de Música .......................................... 38
4 CONCLUSÃO............................................................................................................... 42
REFERÊNCIAS............................................................................................................ 45
APÊNDICES ............................................................................................................... 48
9
1 INTRODUÇÃO
Nos dias atuais, as concepções sobre o caminho educacional com relação às correntes
filosóficas que a educação brasileira tomou vem passando por adaptações. É discutido na
contemporaneidade sobre um ensino mais contextualizado com o meio social do indivíduo,
onde o ensino da música vem ganhando espaço por ser um agente inerente à sociedade.
A educação musical tornou-se obrigatório na educação básica brasileira desde o ano de
2008, através da Lei 11.769 (BRASIL, 2008) que nos diz: que música deverá ser conteúdo
obrigatório, mas não exclusivo, do componente curricular escolar na Educação Básica. A lei
ainda estipulou em seu Art. 3º: o prazo referente seria de três anos, para que as escolas se
adequassem e cumprissem a lei. Este fato corresponde aos anseios educacionais da sociedade
organizada (associações), profissionais liberais, políticos, e profissionais que há muito tempo
galgavam por um educar em consonância com as necessidades da sociedade.
Sete anos após a promulgação da lei 11.769/2008, a prática do ensino de Artes
polivalente proposto pelo texto da Lei de Diretrizes de Bases de 1971, ainda domina o cenário
da educação brasileira. A Lei nº 5.692/71 (BRASIL, 1971) causou dicotomias no Ensino da
Arte em nosso país, por não apresentar termos claros e concisos em seu texto. Entretanto, ela
também abriu caminho para que fosse regulamentado em 1973 o Ensino Superior em
Educação Artística. Professores específicos das áreas de Dança, Teatro, Trabalhos Manuais,
Música, Desenho, Canto Coral e Artes Aplicadas que atuavam na educação brasileira, tiveram
que se adaptar ao ensino de artes polivalente e viram suas áreas específicas serem
transformadas em conteúdos/atividades da grade área Educação Artística.
O elemento motivador deste trabalho foi a minha pratica no Estagio Supervisionado –
disciplina da licenciatura, em uma das escolas do ensino fundamental II na cidade onde
resido, Pedro Velho/RN; onde tive contato e experiências de cunho docente que me fez
evidenciar como ocorria o ensino de arte naquela escola. Durante o período do estágio,
observei algumas peculiaridades do perfil dos professores e como ocorria o ensino de Arte
naquela escola, que me chamou muita atenção e por meio desta, realizo este panorama do
ensino de Arte nas escolas do fundamental II na cidade de Pedro Velho/RN.
Tal trabalho é justificado sobre a importância de evidenciar como está ocorrendo e se
está ocorrendo o processo de adaptação e inclusão do ensino da música nas escolas de ensino
regular.
10
Esse estudo também nos revelou algumas concepções das professoras de Arte que
atuam nas escolas do ensino fundamental II na cidade de Pedro Velho/RN sobre o Ensino de
Música, bem como entender os fatores educacionais inerentes a promoção das aulas de arte
com foco nas práticas musicais que são obrigatórias no sistema educacional vigente.
Portanto, este trabalho tem como objetivo compreender a realidade sobre o Ensino
de Música dos professores que atuam na disciplina de Arte nas escolas Públicas do
Ensino fundamental II na cidade de Pedro Velho/RN. E como objetivos específicos:
evidenciar e contextualizar o Ensino da Arte no Brasil; e os principais acontecimentos sociais
e legislativos para a implementação do Ensino da Música no currículo escolar brasileiro.
Através da análise dos dados podemos apontar a realidade escolar do ensino fundamental II
da cidade de Pedro Velho no contexto do Ensino de Artes, afim da investigação do
cumprimento da Lei 11.769/2008 (BRASIL, 2008).
Busquei também fundamentar o trabalho a partir dos trabalhos dos autores: Araújo
(20-?); Bacarin; Noma (2005); Barbosa (2012); Lemos (1982); Delfonte (2010); Fusari;
Ferraz (1993); Wittmann (2008); Marciel; Neto (2006); Nascimento (2015); Seco; Amaral
(20-?); Penna (2008) e Queiroz (2012), e da Legislação Educacional Brasileira: Brasil (1996,
2005, 2007, 2013). Foi realizado também, uma pesquisa de campo através de questionário a
qual teve como foco o Ensino Fundamental II.
Este trabalho estrutura-se em mais três capítulos, além deste, que serão apresentados a
seguir.
No Capítulo 2 apresento uma contextualização histórica do Ensino de Arte no Brasil,
descrevendo e discutindo alguns dos principais acontecimentos que influenciaram no
componente curricular de Arte que temos hoje e faço uma apresentação em ordem
cronológica dos principais acontecimentos legislativos que envolveram a Música no contexto
da Educação Brasileira.
No Capítulo 3 apresento um panorama sobre as aulas de arte na cidade de Pedro
Velho/RN, realizando o mapeamento e caracterização das escolas que oferecem o ensino
fundamental II. Trago também a caracterização do perfil docente das professoras que atuam
no componente curricular de Arte e concepções sobre o ensino de música nas escolas
pesquisadas.
E por fim o Capítulo 4, reflito sobre a união dos caminhos tomados durante as partes
diversas deste trabalho, convergindo para um só rumo: como acontece ensino de arte-música
nas escolas de ensino fundamental II da cidade de Pedro Velho/RN.
11
1.1 Metodologia
Este trabalho consiste em um estudo de caso, no qual “lida com questões que possuem
ligações operacionais onde é traçada ligações ao longo do tempo, em vez de serem encaradas
como meras repetições ou incidências” (YIN, 2001, p. 25). São apontados todo um
encadeamento de fatos históricos, culturais e sociais no contexto de ensino da arte/música,
que acarretam no sistema de ensino atual. O conteúdo deste trabalho consiste em um estudo
de caso, pelo fato de eu ter certo contato com algumas escolas/contexto de estudo, que foi
meu campo empírico, onde através das minhas experiências vividas nestes espaços de ensino,
surgiram duvidas e suposições aqui apresentadas, contextualizadas, respondidas e dialogadas.
A motivação para realização deste estudo surgiu por conta do meu histórico no ensino
na cidade de Pedro Velho/RN, onde cresci e sou morador. Passei pela realidade/contexto de
ensino no papel de discente, quando estudei e me formei no ensino fundamental II na Escola
Municipal de Ensino Fundamental José Targino, e após, adquiri a experiência docente, onde
realizei a prática do Estágio Supervisionado em Arte/Música, com práticas de observação e
regências nesta mesma escola, pude acompanhar a realidade do contexto do dia a dia dos
professores daquela escola.
Por conta de minha proximidade com algumas escolas do nível de ensino fundamental
II e minha experiência de ensino durante o Estágio Supervisionado, surgiram-me dúvidas a
respeito de como era realizado, e se realizado, o ensino da arte/música em todas as escolas
neste nível de ensino na cidade de Pedro Velho/RN. Fiz um levantamento junto a Secretaria
de Educação do Município de Pedro Velho/RN, e tive acesso a informações a respeito de
quais escolas municipais e estaduais oferecem o nível de ensino de fundamental II. A partir
daí me dirigi até as escolas, onde obtive certa facilidade em contatar e na aceitação das
professoras para participação na pesquisa. Realizei tal contato presencialmente junto algumas
professoras e em outras vezes, nas que tive mais difícil acesso, contactei por ligações
telefônicas e whatsaap.
Utilizei a abordagem metodológica de análise de dados qualitativa na qual às
experiências e informações são sempre interpretadas ou classificadas na intenção da busca de
uma compreensão para o coletivo. Alguns dados coletados são apresentados em gráficos para
que haja uma visualização sobre a proporção de quantidades. A pesquisa qualitativa é
segundo BRESLER (2007),
É interpretativa e empática. A pesquisa qualitativa está preocupada com os
diferentes significados que ações e eventos adquirem para diferentes
12
pessoas, suas referências, seus valores, prestando atenção às intenções
daqueles que são observados. Há uma tentativa de capturar as perspectivas e
as percepções dos participantes, junto com a interpretação do investigador
(BRESLER, 2007, p. 12).
A ferramenta de coleta de dados realizada para o fim deste trabalho foi o questionário,
pois faz boa utilização do tempo para com a coleta de dados; “apresenta resultados de elevada
confiabilidade” (BARBOSA, 2008, p. 01), garante o anonimato das respostas; permite que as
pessoas o respondam no momento em que julgarem mais convenientes; e não expõe os
pesquisadores à influência das opiniões e do aspecto pessoal do entrevistado. A análise do
conteúdo foi realizada para sistematização e explicitação das informações obtidas através do
questionário. Segundo BARDIN (1977), a análise do conteúdo,
Um conjunto de técnicas de análise das comunicações visando obter, por
procedimentos, sistemáticos e objetivos, de descrição do conteúdo das
mensagens, indicadores (qualitativos ou não) que permitam a inferência de
conhecimentos relativos às condições de produção/recepção (variáveis
inferidas) destas mensagens. (BARDIN, 1977, p. 42).
Técnicas parciais, mas complementares, foram utilizadas na explicitação e
sistematização do conteúdo dos questionários [...] “Esta abordagem tem por finalidade
efectuar deduções lógicas e justificadas, referentes à origem das mensagens tomadas em
consideração (o emissor e o seu contexto, ou, eventualmente, os efeitos dessas mensagens)”
(BARDIN, 1977, p. 42).
Durante o corpo deste trabalho, farei utilização de números cardinais com referencia a
cada escola envolvidas nesta pesquisa, qualquer referência à instituição escolar farei através
do referido número. Com relação as professoras que responderam ao questionário, as mesmas
adotaram uma letra alfabética como pseudônimo.
13
2 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Neste capítulo farei uma breve contextualização dos principais acontecimentos que
envolveram o ensino da Arte e da Música no país, para assim entendermos o contexto de
ensino que temos nos dias atuais.
2.1 O ensino de artes no Brasil
Elencarei a seguir uma breve cronologia expondo alguns acontecimentos da história da
Educação Brasileira que contribuíram e proporcionaram o Ensino de Artes no sistema de
ensino da educação dos dias atuais.
2.1.1 O ensino pelos Jesuítas
A história da arte no Brasil vem das origens do nosso país, onde os jesuítas foram os
primeiros a ocasionar a arte no Brasil através da promoção do ensino com a construção de
colégios e o processo de catequização dos índios. De acordo com Lemos (1982),
Os Jesuítas chegam ao Brasil em 1549, os Beneditinos em 1581, os
franciscanos em 1584. A partir daí ocorreram manifestações artísticas dos
colonizadores na Bahia, Pernambuco, São Vicente, Paraíba, Espírito Santo e
Rio e Janeiro (LEMOS, 1982, p. 28-29).
A priori, o objetivo dos jesuítas restringia-se apenas a propagar a evangelização e com
isso converter os nativos ao catolicismo. Porém, após algumas tentativas mal sucedidas com
uma conversão rápida dos indígenas, que não os garantia uma vida cristã de fato, perceberam
a superficialidade de tais ações. Relata-nos o chefe da missão jesuíta no Brasil, Manuel da
Nóbrega no Diálogo Sobre a Conversão do Gentio:
Alguns Padres do Reino[...] Vinhão cuidando de converter a todo Brasil em
uma hora, e vem-se que não podem converter hum em hum anno por sua
rudeza e bestialidade. Ora isso deve sser, porque não sei o qual ouvi, que
quando vinhão na não, maginavão-se São João Batista junto de hum rio
Jurdaan a bautizar quantos a elles viessem1 (NÓBREGA, 2006, p. 02)
1 A escrita é referente ao texto original bastante antigo.
14
Tal conversa é pautada na concepção e experiências dos primeiros religiosos da época
que vieram ao Brasil e acharam que para converter os índios ao catolicismo era necessário
somente batizá-los; prática esta que ocorreu durante certo tempo, até que percebessem a
superficialidade de tal ação. Os nativos eram inconstantes e, em uma espécie de reflexo para
interação e aceitação para com os portugueses, eles agiam superficialmente aos desejos dos
visitantes. Nos relata Nóbrega sobre a inconstância dos nativos:
Sabeis qual hé a mor dificuldade que lhes acho? Serem tam faciles de
diserem a tudo si ou pá, ou como vós quiseres; tudo aprovão logo, e com a
mesma facilidade com que dizem pá, dizem aani. E se algumas vezes
chamados dizem neim tia2 [... ] (NÓBREGA, 2006, p.03).
Com isso, os jesuítas foram obrigados a adotar uma relação mais aprofundada com os
nativos, passando pela prática do civilizar para evangelizar usando a educação como
ferramenta para tal fim. Sobre isso, Delfonte nos diz: “Evangelizar é a missão, a educação é
um meio para se chegar a esse fim (DELFONTE, 20103)”.
Com o início da educação no Brasil através da catequização dos índios e colégios para
elite que aqui viviam: o ensino de Artes tem inicio no país. Nascimento (2015, p. 34-35) nos
fala sobre o Ensino jesuítico: nos colégios, “deveria ser pago e só se admitiria jovens pobres e
sem tradição familiar se fossem considerados talentosos para o exercício sacerdotal”.
Nascimento (2015) também nós diz que: “o ensino jesuítico dava ênfase a atividades baseava-
se na ação na subordinação ao manejo da erudição, principalmente a doutrinária e
apologética”. Diante disto, notamos que há a partir daí há uma divisão educacional por meio
da classe social da época, na qual excluía os índios e pessoas que não eram da elite brasileira
da educação proposta pelos Colégios Jesuíticos.
Nos colégios jesuíticos o Ensino da Arte teve valor hierárquico, uma espécie de
ostentação social, simbolizou status e prestígio social burguês; onde os filhos da elite
brasileira tinham tal atividade para ter ferramentas que pudessem manter o seu nível culto
social, bem como de sua família. Precisavam reconhecer obras de Arte quando fossem
adquiri-las; eram ensinados a copiar peças de arte durante sua formação, para assim poderem
reconhecer especificidades artísticas que lhes propusesse boa aquisição artística material.
Enquanto que o ensino das artes e oficio trabalhados com os índios e pobres, tinha caráter
utilitário, pois eram nessas atividades que eram feitos os utensílios e materiais artesanais que
eram necessários na colônia.
2 A escrita é referente ao texto original bastante antigo
3 Documento online não paginado.
15
Os jesuítas perceberam o quanto que a música obtinha influência e impacto para com
os índios e, através disso, ela foi sendo incentivada cada vez mais dentro do processo de
catequização. No mês de Julho do mesmo ano da chegada dos jesuítas ao Brasil, foi celebrada
pelo padre Navarro uma missa cantada que causou grande impacto nos catequisandos e
promoveu, segundo relatos, grande envolvimento, admiração e participação dos nativos na
missa. Após o evento, os jesuítas deram início às práticas das orações cantadas com os índios.
Como afirma Wittmann (2008, p. 01) “João Azpilcueta Navarro atende aos pedidos dos índios
e se torna o primeiro jesuíta a ensinar orações cristãs cantadas, vertidas ao tupi.”
A música foi uma peça fundamental no processo de colonização do Brasil. Ela foi um
dos caminhos pelo qual os jesuítas foram introduzindo os costumes religiosos.
O gosto acentuado dos índios pela música e o desejo que manifestavam em
expressá-la e aprendê-la, desde os primeiros momentos do contato, fez com
que alguns missionários se utilizassem dela como forma de aproximação e
comunicação com os Tupis da costa (WITTMANN, 2008, p. 02).
Foi com a utilização da música e outras manifestações artísticas que os jesuítas
conseguiram a aproximação necessária dos nativos para a catequização. Os padres mostravam
e perpetuavam suas crenças e costumes religiosos com a utilização da música e outras
expressões artísticas, que eram interessantes aos nativos. Os jesuítas foram responsáveis por
cerca de duzentos anos iniciais do ensino no Brasil. A Companhia de Jesus se destacaram no
cenário educacional por ter sido a primeira a institucionalizar a educação e romper
paradigmas educacionais da época através do Ratio Studiorum.
Trata-se da primeira institucionalização educacional, de tradição europeia e
ocidental, que rompeu com práticas educativas dominantes da época, como
as estabelecidas para a nobreza (aprendizagem do oficio das armas), como às
instituídas para as classes populares medievais (aprendizagem dos ofícios)
(NASCIMENTO, 2015, p. 34).
Nas reduções (aldeamentos indígenas organizados e administrados pelos padres
jesuítas) eles utilizavam na catequização a educação, visto por eles como o caminho mais
seguro para a evangelização. No processo de alfabetização ensinavam a prática da leitura e
escrita, aritmética básica e as artes e ofícios. A música, o teatro e a dança foram usados como
recursos pedagógicos durante o processo de aprendizado, os jesuítas promoviam peças
teatrais, danças e musicas de cunho religioso para que os índios dissolvessem e absorvessem
os preceitos, crenças jesuíticas de maneira mais suavizadas por tais práticas. Na parte artística,
16
aprendiam ofícios mecânicos ligados ao artesanato e outras atividades que serviam a colônia.
Segundo Nascimento (2015), as artes eram separadas por oficinas,
Cada redução possuía oficinas de música, dança, pintura, escultura e demais
ofícios, as quais estavam situadas no bloco direito da igreja junto a casa dos
padres e do colégio. Para cada ofício e especialidade artística, havia uma
oficina repleta de instrumentos e materiais de trabalho, contendo
principalmente, estampas religiosas que serviam de ‘modelo’ para as
esculturas e pinturas. As meninas, seguindo os preceitos coloniais,
aprendiam a tecer, bordar e costurar. A produção destinava-se ao
autoabastecimento das necessidades da redução, diferenciando-se pela
especialização e pela demanda (NASCIMENTO, 2015, p. 44).
Estes locais contribuíram substancialmente para a colônia com a produção de
materiais que se faziam necessários para a vida colonial cotidiana da época e para formação
dos primeiros artistas e artesãs no Brasil.
Os filhos da elite colonial estudavam em colégios onde tinham acesso a artes liberais –
pintura, escultura, arquitetura, engenharia, gramática (retórica e dialética), filosofia e teologia.
Havia uma espécie de subalternização das produções Artísticas liberais para com as
produções das atividades do ofício promovidas pelos menos favorecidos da colônia. Havia
nos colégios o contato e absorção dos conhecimentos acerca das Artes Liberais4, pois
julgavam necessidade elitista tal conhecimento para apreciação e reconhecimentos técnicos de
uma obra, para uma futura aquisição de “Obras de Arte.” Ainda nos relata Nascimento (2015,
p. 26) “[...] as artes, sobretudo a pintura e a escultura, conviviam, simultaneamente, com o
prestígio que as atividades liberais gozavam [...]”.
A vinda dos portugueses e consequentemente do jesuítas para o Brasil alicerçou o
contexto brasileiro que temos nos dias atuais. Desde o processo de catequização com a
promoção das artes e ofícios até os colégios jesuíticos com as artes liberais, tudo foi de grande
importância para a gênese da educação no pais. A evangelização dos jesuítas fez uso da
música, dentre outras atividades artísticas, como ferramenta motivadora e propagadora das
crenças e afazeres religiosos, enquanto que nos colégios jesuíticos: a elite do pais tinham
acesso a educação e conhecimentos da época que julgavam necessário para formação do
homem livre.
4 Eram consideradas as disciplinas próprias para a formação de um homem livre, desligadas de toda preocupação
profissional, mundana ou utilitária.
17
2.1.2 A Reforma Educacional Pombalina
Após mais de duzentos anos sendo o carro chefe na educação brasileira, no período em
que as ideias Iluministas com o raciocínio e a valorização da razão são a tônica por conta de
uma série de progressos advindos das ciências nos séculos XVII e XVIII, a Igreja perde um
pouco de seu espaço para as ciências que passa explicar certas coisas a partir de
comprovações que contrapõem com algumas pregações religiosas. O rei de Portugal D. José I
nomeia o Marques de Pombal a fim de recuperar a economia Portuguesa em plena decadência
e modernizar a cultura lusitana. O Marquês no uso de suas atribuições providenciou algumas
reformas com o intuito de promover Portugal a uma metrópole capitalista. A intenção era
colocar o reino português em condições econômicas de competição para com as maiores
economias da época. Foi neste cenário de sistema econômico capitalista que o Marques
decidiu retirar a educação do Brasil da tutoria dos jesuítas, tirando assim o poder hegemônico
educacional das Missões de Jesus nos territórios de Portugal. Seco e Amaral comentam que o
interesse de Estado acabou entrando em choque com a política protecionista dos jesuítas para
isso com os índios e melindrando as relações com Pombal.
Através do Alvará Régio de 28 de junho de 1759, o Marquês de Pombal,
suprimia as escolas jesuíticas de Portugal e de todas as colônias ao expulsar
os jesuítas da colônia e, ao mesmo tempo, criava as aulas régias ou avulsas
de Latim, Grego, Filosofia e Retórica, que deveriam suprir as disciplinas
antes oferecidas nos extintos colégios jesuítas (SECO; AMARAL, 20-?, p.
06).
Neste período a educação brasileira tornou-se laica, sob a responsabilidade do Estado.
O Ensino das Artes não fazia parte deste novo currículo, pois a reforma pombalina visava
desconstruir tudo que os jesuítas promoveram e a Artes não se encaixar no novo modelo de
sistema educacional brasileiro, que era pautado na razão,
As principais medidas implantadas pelo marquês, por intermédio do Alvará
de 28 de junho de 1759, foram: total destruição da organização da educação
jesuítica e sua metodologia de ensino, tanto no Brasil quanto em Portugal;
instituição de aulas de gramática latina, de grego e de retórica; criação do
cargo de 'diretor de estudos' – pretendia-se que fosse um órgão
administrativo de orientação e fiscalização do ensino; introdução das aulas
régias – aulas isoladas que substituíram o curso secundário de humanidades
criado pelos jesuítas; realização de concurso para escolha de professores
para ministrarem as aulas régias; aprovação e instituição das aulas de
comércio (MARCIEL; NETO, 20065).
5 Documento online não paginado.
18
Com as medidas educacionais adotadas por Pombal, a educação brasileira sofreu
grande retrocesso, visto que os anfitriões da educação do Brasil, os jesuítas já tinham ações
consistentes no âmbito educacional brasileiro, que foi mudado para um sistema que não muito
fez pela educação de base e alfabetização brasileira. A arte foi colocada de lado durante este
período e não foram realizadas ações do âmbito artístico no novo sistema educacional
pombalino.
2.1.3 Período Joanino
No ano de 1808 a família real chegou ao Brasil - Colônia fugindo da investida de
Napoleão Bonaparte contra Portugal, mudando para a colônia à sede do poder Lusitano. O
Brasil sofreu profundas mudanças administrativas, socioeconômicas e culturais. Em 1816
Dom João VI, através de Decreto, criou a Escola de Ciências Artes e Ofícios que mais tarde
passou a se chamar Academia de Belas Artes, dava aí a retomada do ensino de Artes no
Brasil. Foram trazidos para o Brasil através desta ação: pintores, desenhistas, arquitetos,
escultores que obedeciam ao estilo neoclássico. Como afirma Barbosa,
O ensino da arte no Brasil oficialmente começa em 1826 quando é criada a
Academia Imperial de Belas Artes. Um grupo vindo da França é trazido ao
Brasil em 1816 [...] durante dez anos eles fazem muitas coisas: gravuras,
pinturas, os arquitetos constroem edifícios (BARBOSA, 20126).
Para a promoção do ensino de Artes no Brasil, Dom João VI trouxe para o pais, um
grupo de artistas franceses que eram denominados: A Missão Francesa. A ideia inicial era
criar uma Escola de Ciências Artes e Oficio para população brasileira, mais tarde com o inicio
da industrialização a escola passa a se chamar Academia de Belas Artes, e muda a clientela
passa a ser interesse da elite brasileira, pois a instituição passa,
Preparar para o trabalho, conectado com uma coisa que começava a nascer,
que era o desenho industrial. Muda a clientela portanto, em vez de ser uma
classe trabalhadora, quem vai para a Academia de Belas Artes é uma classe
que tem aspirações a aristocracia, (a instituição) passa a ser um símbolo de
distinção social (BARBOSA, 20127).
A Missão Francesa contribuiu substancialmente para cenário artístico brasileiro,
retomando o ensino das artes, dando início ao ensino superior e nos deixando diversas obras
6 Documento online não paginado.
7 Documento online não paginado.
19
que registrou e expõe a maneira do viver, paisagens e a realidade social brasileira daquele
momento histórico.
Com a Independência do Brasil em 1822, o pais tem seus primeiros sinais do ensino
como instituição no ano de 1824, através de um ato institucional que passa para os Estados o
dever de se responsabilizar pelo ensino primário e secundário, neste mesmo ano é instituído o
Ensino Primário gratuito para todos os cidadãos.
No ensino de Artes tínhamos variadas categorias do desenho que após a primeira
industrialização brasileira datada por volta de 1870, é notado à importância do ensino das
artes, por conta da necessidade de suprir com as demandas industriais imediatas da época;
com isso temos o ensino de Desenho Gráfico, Artístico, decorativo, Industrial etc. Barbosa
(20128) nos fala sobre o assunto, “Começa a se discutir a necessidade do desenho na educação
em 1870, por quê? Por que nesta época há a industrialização brasileira e principalmente a
indústria do ferro batido, a indústria da construção civil, há um incremento enorme nessas
áreas”.
Por volta de 1880 há uma primeira tentativa em fazer uma lei orgânica para a educação
brasileira que favoreciam o ensino primário e secundário; onde há uma grande movimentação
por parte de todas as camadas da sociedade e juntamente com os deputados, elaboram um
projeto de lei que quando mandado para o senado, foi modificado e sofreu mudanças que
deixou o Ensino de Artes fora do currículo Escolar. Barbosa comenta sobre o ocorrido.
A primeira tentativa para se fazer uma lei orgânica para o ensino primário e
secundário, ocorre ao redor de 1880 [...] A Câmara dos deputados preparou
uma lei, tendo consultado todas as bases: sindicatos etc. Foi mandado para o
senado, não tínhamos mais imperador, então foi direto pro senado e o
presidente do senado indicou um senador que foi o Darcir Ribeiro para
relatar. O Darcir deixou de lado o projeto que a Câmara mandou e fez um
projeto dele, que inclusive não incluía a Arte (BARBOSA, 20129).
Após este ocorrido aconteceram muitos movimentos por partes dos arte educadores da
época para que houvesse a volta da obrigatoriedade do ensino da disciplina nas escolas.
Ocorreram muitos movimentos e ações para a volta do ensino de artes nas escolas. Que
obtiveram êxito com o retorno da disciplina.
Foi uma luta enorme para os arte-educadores, a continuidade da
obrigatoriedade do ensino da arte. Uma luta que realmente pertence aos arte
educadores, o Brasil inteiro se mobilizou pra exigir a permanência, da
8 Documento online não paginado.
9 Documento online não paginado.
20
obrigatoriedade do ensino da arte, que felizmente conseguimos (BARBOSA,
201210
).
Tal acontecimento foi de grande importância para a área da Educação Artística no
Brasil, por meio dele os arte-educadores reuniram-se em entidades não governamentais
organizadas para reivindicar a volta do Ensino de Artes nas escolas. Perceberam através disso
após alguns movimentos e o êxito das ações, e a volta do Ensino de Arte na educação
brasileira: o poder do povo organizado.
2.1.4 Criação do Ministério da Educação
Após a Revolução de 1930 que tirou Washington Luiz da presidência do Brasil,
ocasionado pelo rompimento da política do café com leite11
, quando São Paulo (na
presidência com Washington Luiz) indicou para sucessão política novamente um
representante político do mesmo Estado - Júlio Prestes, ao invés de um candidato de Minas
Gerais, segundo o acordo firmado. O estado de Minas Gerais achando-se prejudicado
articulou juntamente com outros estados e as forças militares, que asseavam por mais
influencia política no país, um golpe militar ao qual no mesmo ano das eleições e vitoria
política de São Paulo sobre o candidato do Rio Grande do Sul, foi dado o Golpe de Estado e
os militares entregaram a presidência do país ao líder da revolução: Getúlio Vargas, que ao
chegar ao poder promoveu profundas mudanças no país, desde o crescimento das cidades até
a industrialização brasileira.
Neste mesmo período surge no contexto educacional brasileiro o compositor Heitor
Villa Lobos que promoveu através do Canto Orfeônico um modelo de Educação Musical para
todo o país que objetivava viabilizar a unidade brasileira através da promoção da identidade
nacional com a propagação de canções folclóricas nacionais e hinos do país. Tais concepções
que envolviam o trabalho de Villa Lobos foram de grande interesse a Getúlio Vargas, pois, o
mesmo queria promover a valorização da cultura e identidade brasileira. De acordo com
Noronha, o projeto de Villa Lobos foi promovido pelo Governo, pois,
Heitor Villa-Lobos defendia o forte controle por parte do Estado em relação
às atividades ligadas à educação e à cultura. Este controle visava à ideia de
valorização da ‘verdadeira cultura nacional’, que o levou à busca do
elemento folclórico e ao propósito de defender a música brasileira ‘genuína’
10
Documento online não paginado. 11
Acordo político entre São Paulo e Minas Gerais para revezamento da presidência do pais com candidatos
desses dois estados.
21
e de ‘valor’, ameaçada pela “baixa qualidade” da música estrangeira que
invadia o país (NORONHA, 2009, p. 02).
Essa ação foi de grande importância para o país, por conta da promoção da unidade
cívica brasileira por meio da educação. A cultura e sociedade brasileira durante este período,
viram-se submersos na valorização e auto afirmação patriótica do país com a adoção do
governo por medidas promotoras da unidade cívica e cultural do Brasil. E mais uma vez na
história da educação brasileira, é evidenciado os impactos da música na educação.
Getúlio Vargas provocou muitas mudanças na sociedade brasileira através dos
decretos - leis por onde foi criado o Ministério da Educação e Saúde Pública em 1930, que
recebeu em 1932 um manifesto onde os intelectuais da época solicitaram que fosse
organizado um plano geral da Educação e definisse uma escola única, laica, pública,
obrigatória e gratuita no Brasil. E em 1934 com a nova Constituição Federal, a educação
passa a ser vista como um direito de todos devendo ser ministrada pela família e poderes
públicos. Neste mesmo contexto chega ao Brasil o movimento do Escolanovismo ou da
Escola Nova, que tem suas origens na Europa e Estados Unidos no fim do século XIX,
quando “os seguidores do filósofo John Dewey (1859-1952) procuram aprofundar suas ideias
partindo de problemas ou assuntos de interesse dos alunos. Para assim desenvolver as
experiências cognitivas” (FUSARI; FERRAZ, 1993, p. 27). O movimento chega ao Brasil por
volta de 1930 e influencia profundamente as artes, sobre tudo as visuais, que passam a
estimular a livre expressão, a ideia do imaginário e rompem com as práticas tradicionais da
cópia, promovendo para a educação um novo contexto de ensino. Fusari e Ferraz (1993)
falam que,
Já de início o Escolanovismo contrapõe-se à educação tradicional,
avançando um novo passo em direção ao ideal de assumir a organização de
uma sociedade mais democrática. Ou seja, os educadores que adotam essa
concepção passam a acreditar que as relações entre as pessoas na sociedade
poderiam ser mais satisfatória, menos injustas, se a educação escolar
conseguisse adaptar os estudantes ao seu ambiente social (FUSARI;
FERRAZ, 1993, p. 27).
A Escola Nova evidência um aprender fazendo, que valoriza a aprendizagem através
da pesquisa do aluno que parte de pontos - problema de interesse ao mesmo. Em 1948 o
artista plástico chamado Augusto Rodrigues criou a Escolinha de Artes do Brasil. De início
começou como uma escolinha de artes para crianças e aos poucos foi se estruturando e
22
perpetuando o movimento Escolinhas de Artes. Comenta Lúcia Alencastro Valentim 12
durante
os encontros com o grupo de professores arte educadores artistas, psicólogos e outros
profissionais envolvidos no processo de redemocratização da educação: “não era ideia criar
uma escola de arte. Queríamos apenas ver como se desenvolveriam algumas crianças diante
da possibilidade de experimentar livremente as técnicas de arte” (LIMA, 2012, p. 456 apud
RODRIGUES, 1980, p. 33). Segundo Bacarin e Noma (2005) o Movimento da Escolinha de
Artes,
O MEA13
propôs como princípio norteador os mesmos postulados da escola
nova europeia e norte-americana, do início do século XX e adaptou os
princípios de Dewey e Read, a saber, o respeito para com a expressão livre
da criança, seu gesto-traço, suas brincadeiras de faz-de-conta, sua
espontaneidade (BACARIN; NOMA, 2005, p. 03).
Sob influências da Escola Nova, as práticas educacionais do ensino da Arte assumiu
nesse período, uma postura arraigada na psicologia da pedagogia que estimulava a livre
expressão.
Os arte educadores queriam a expressão da interioridade do ser humano:
nem uma preocupação com o realismo, nem uma preocupação com
reprodução real do mundo ao seu redor, havia um medo muito grande da
copia, se tentava evitar a imagem da arte na sala de aula pra que as crianças
não se ‘contaminassem’, não tentassem imitar. Então a ideia era que a Arte
vem de dentro (BARBOSA, 201214
).
Ainda sobre a metodologia Escolanovistica Fusari, Ferraz (1993) apud Dermeval,
Saviani (1983) falam sobre os impactos na maneira de se pensar que ocorreu na época.
A pedagogia nova deslocou o eixo da questão do intelecto para o sentimento;
do aspecto lógico para o psicológico; dos conteúdos cognitivos para os
métodos ou processos pedagógicos; do professor para o aluno; do esforço
para o interesse; da disciplina para a espontaneidade; do diretivismo para o
não-diretivismo; da quantidade para qualidade; de uma pedagogia de
insperação filosófica centrada na ciência da lógica para uma pedagogia de
inspiração experimental, baseada, principalmente, nas contribuições da
Biologia e da Psicologia.O governo apoiou as novas práticas educacionais
(FUSARI; FERRAZ, 1993, p.31 apud DERMEVAL; SAVIANI, 1983, p.
12-13).
12
Fundou conjuntamente com Augusto Rodrigues e Margaret Spence a Escolinha de Arte do Brasil.
13 Movimento Escolinha de Artes.
14 Documento online não paginado.
23
A arte no Brasil passou por grandes mudanças após tal movimento que redefiniu as
perspectivas e conceito sobre a arte. A expressão interior e criatividade transformam em
centro das criações artísticas neste movimento, e o copiar perde o sentido.
2.1.5 O Ensino Tecnicista
Com a valorização do processo de industrialização e o crescente aumento nas
tecnologias, há um grande aumento nas demandas de profissionais capacitados para suprir as
necessidades do mercado de trabalho. Neste contexto de mundo desenvolvido, surge a
tendência de ensino de artes tecnicista que visa através da educação: profissionalizar, formar
indivíduos para a necessidade do mercado de trabalho. Por meio do momento social vivido na
época, o ensino tecnicista incube a escola para suprir os anseios de um mundo tecnológico,
mão de obra qualificada para realização das atividades industriais. Tal tendência é adotada no
Brasil entre 1960 e 1970 após passar por outros países dês da metade do século XX.
Na escola de tendências tecnicista, os elementos curriculares essenciais –
objetivos, conteúdos, estratégias, técnicas, avaliação – apresentam-se
interligados. No entanto, o que está em destaque é a própria organização
racional, mecânica, desses elementos curriculares que são explicitados em
documentos, tais como os planos de curso e de aulas. Tudo isso visando
estabelecer mudanças nos comportamentos dos alunos que, ao ‘saírem’ do
curso, devem corresponder aos objetivos preestabelecidos pelo professo, em
sintonia com os interesses da sociedade industrial (FUSARI; FERRAZ,
1993, p. 37).
No ano de 1971 é assinado a Lei de Diretrizes de Bases da Educação Brasileira Nº
5692/71, que introduz a Educação Artística no 1º e 2º graus. A nomenclatura da disciplina
anterior a esta Lei é o: Ensino de Desenho, que tinha o professorado – responsáveis pela
formação dos arte educadores. Após a Lei Nº 5692/71, é criado em 1973 o curso superior para
formação de professores de Educação Artística15
. De acordo com Araújo, 20-?,
Foi publicada uma resolução específica, a de nº 23/73, que, juntamente com
a Lei 5.692/71, fixavam as normas para o funcionamento dos cursos. A
licenciatura curta teria caráter polivalente (1.500 horas), composta de
disciplinas comuns às artes (Fundamentos da expressão e comunicação
humanas; Estética e História da Arte; Folclore brasileiro; Formas de
expressão e comunicação artística), além das disciplinas pedagógicas
(Psicologia da educação; Didática; Estrutura e funcionamento do ensino;
Prática de ensino e estágio supervisionado) que deveriam corresponder a 1/8
15
Área da educação que oportuniza ao indivíduo o acesso à Arte como linguagem expressiva e forma de
conhecimento.
24
das 1.500 horas fixadas. Esta formação genérica, que poderíamos assim
chamar, dava ao professor a licença para atuar de 5ª a 8ª série. Para atuar no
2º grau, seria necessário cursar a licenciatura plena: complementação de
mais 1.000 horas de uma habilitação específica a ser escolhida entre artes
plásticas, cênicas, música ou desenho [...] Os cursos eram denominados
Educação Artística, de licenciatura curta e/ou plena com habilitação em
Artes Plásticas (ARAÚJO, 20-?, p. 45).
Temos a partir desta, a regulamentação para formação do professor de educação
artística, a qual está pautada na polivalência do ensino das artes com acumulo de conteúdos e
práticas das quatro áreas/pilastes artísticos (Música, Dança, Teatro e Artes Visuais), onde o
professor do ensino fundamental II com habilitação em licenciatura curta ou o professor do 2º
Grau com a licenciatura plena passará de dois a quatro anos pela formação superior para
obsorver conteúdos provenientes das artes e após lecionar com as noções das quatro áreas.
No final da década de 1980 surgiu uma nova abordagem do ensino de Artes que foi
muito bem aceita pelos professores da área. Ana Mae Barbosa idealizadora da proposta, fala
um pouco sobre a abordagem triangular:
A abordagem triangular foi começando por essa insatisfação de se ver a
dificuldade que tinha uma pessoa, embora tivesse feito artes durante a escola
primaria, secundária; chegava na idade adulta não conseguia entrar em um
museu, que achava que não iria entender nada que estava La dentro. Essa
dificuldade de se entender, de se usufruir da arte. Essa é a chamada
abordagem triangular, que não é nada mais, nada menos do que fazer artes,
ver artes e contextualizar o que você ver com o que você faz; não tem uma
ação que seja deflagradora do começo, você pode começar por qualquer
lugar: pode começar pelo contexto – examinemos esse contexto, desse
contexto levar a fazer, e do fazer levar a ver. Não tem hierarquia aí, isso é
importantíssimo, não ter hierarquia (BARBOSA, 201216
).
No contexto educacional contemporâneo, a abordagem pedagógica mais evidente no
Ensino de Artes - principalmente Artes Visuais; ainda é a Abordagem Triangular da Ana Mae
Barbosa, que tem como objetivo a apropriação da Arte através do fazer, ver e contextualizar,
onde as três ações são interligadas e sem ordem hierárquica, ou seja, o individuo ser capaz de
partir de qualquer ação (fazer, ver ou contextualizar) poder se apropriar da arte.
Após esse percurso histórico e cultural com Ensino da Arte como ação norteadora,
podemos perceber as várias mudanças sofridas pela mesma, desde a arte do fazer utilitarista
com a arte e ofício, a arte de cunho elitista e status social burguês com as Artes Liberais do
Brasil colônia; a supressão artística do período pombalino; a retomada da Educação Artística
com a Missão Francesa, que por mais uma vez elitiza o acesso às artes no Brasil; passando
16
Documento online não paginado.
25
pelo expressionismo da Escola Nova com a criação das Escolinhas de Desenho, e o canto
Orfeônico da Era Vargas que promoveu a Educação Musical a nível nacional; até a
obrigatoriedade do ensino de Arte nas escolas de Educação Básica do país em 1996. A arte
sofreu diversas mudanças e passou por muitos percalços até chegar aos dias atuais. Por
diversas vezes foi elitizada, tornando-se acessível a poucos, e por vezes a população
reivindicou para que todos pudessem ter acesso a Educação Artística, direito a poder
expressar-se artisticamente.
2.2 Legislação e o Ensino de Música
A utilização da música dentro dos processos culturais Brasileiros tem inicio na gênese
do nosso país, bem como a percepção dos impactos que tais ações provocam no ser humano.
As ações para a regulamentação das praticas de ensino musical, datam do período do regime
imperial. Em um percurso histórico de quase duzentos anos, ocorreram vários eventos no
âmbito social e educacional; muitas ações já ocorreram para tornar real a implementação do
ensino de música nas escolas.
Abaixo disponho em ordem cronológica tendo como fonte o documento do Parecer do
Conselho Nacional da Educação, sobre as Diretrizes Nacionais para a operacionalização do
ensino de Música na Educação Básica (2013, p. 3-5), os principais acontecimentos no âmbito
social e legislativo da Educação Musical.
A primeira institucionalização do ensino de música aconteceu com o Decreto no 1.331
de 1854 no Regime Imperial, que apresentou as primeiras definições, no âmbito da legislação
educacional brasileira, para o ensino de Música nas escolas. Foi restrito ao Distrito Federal
(Rio de Janeiro), ganhou ressonância em outros centros educacionais do Brasil. O Brasil com
o seu histórico de ensino da música desde o período jesuítico, vem através deste momento
reconhecer legitimamente a importância da Música no sistema de ensino nacional em caráter
de “conteúdos optativo, mas que não diminui a importância da mesma, pelo fato ser elencada
entre os conhecimentos considerados relevantes para a formação do indivíduo” (QUEIROZ,
2012, p. 26).
O Decreto Nº 981 de 1890 apresenta as primeiras aspirações para a Música na escola
do Brasil republicano; A legislação nacional dos anos seguintes não abrange qualquer
definição sistemática para o ensino de Música na escola, mas diversas localidades incorporam
propostas de ensino de Música e de prática musical no contexto escolar. Neste período
histórico o Conservatório Republicano de Música já possui uma estrutura de ensino
26
organizada e é referencia no âmbito nacional, influenciando assim, na maneira de ensinar
música também nas escolas. Foi adicionado ao ensino musical a abordagem de elementos
tradicionais da música tais como: leitura de notas, clave, solfejo, compasso, ditados e etc.
A partir do decreto nº 19.890 de 18 de abril de 1931, o canto orfeônico é legitimado e
instituído nas escolas brasileiras, sobretudo com base na proposta de Villa-Lobos. Essa prática
alcança legitimidade nacional a partir dos decretos:
nº 19.890, de 18 de abril de 1931;
nº 24.794, de 14 de julho de 1934;
n° 4.993, de 26 de novembro de 1942.
É dado uma grande ênfase na prática do Canto Orfeônico dentro do sistema de ensino
brasileiro e é “considerado conteúdos indispensável em três das cinco séries do ensino
secundário” (QUEIROZ 2012, p. 28). As ideologias e anseios de Villa Lobos de caráter
nacionalista, valorização e exaltação patriótica a partir da prática dos hinos e canções do país,
condizia com o contexto histórico e cultural brasileiro da época que durante o governo de
Getúlio Vargas, buscava valorização da pátria, uma identidade única de nacionalidade e
cultura. O Canto Orfeônico vinha através da música promover e evidenciar essa unidade
patriótica através das escolas.
A primeira Lei de Diretrizes de Base Nacional, Lei nº 4.024/61 (BRASIL), não
evidencia qualquer enfoque na proposta da música na escola. Fazendo assim com que o a
educação musical passasse despercebido para com o contexto escolar. Dez anos mais tarde
essa lei foi revista e repensada e surge a nova LDB, Lei nº 5.692/71 que trouxe para a
legislação nacional a definição da “Educação Artística” como atividade e disciplina
obrigatória no ensino de 1° e 2° graus. Com base no texto da LDB (BRASIL, 1971) no
Art. 7º, será obrigatória a inclusão de Educação Moral e Cívica, Educação Física, Educação
Artística e Programa de Saúde nos currículos plenos dos estabelecimentos de 1º e 2º graus,
Assim, com a Educação Artística consolidou-se o ensino polivalente das artes no
sistema de ensino brasileiro, enfraquecendo a presença da Música como componente
curricular na escola. Os conteúdos específicos das artes: Música, Dança, Teatro e Artes
Visuais; foram transformados em meras atividades que poderiam ser desenvolvidas dentro da
aula de Educação Artística, enfraquecendo assim as especificidades de cada área.
27
“Em 1973, é aprovado o Parecer CFE no 1.284/73 e a Resolução CFE no 23/73 atos
normativos que regulamentam o curso de licenciatura em Educação Artística” (PENNA,
2008, p. 124). Ainda sobre este parecer,
Dar diretrizes para o curso da licenciatura curta que propicia ao professor um
período de dois anos com exercícios profissionalizante com conteúdos gerais
das quatro linguagens artísticas; e a licenciatura plena que acrescentava mais
dois anos ao processo de formação anterior, com enfoque em uma das
linguagens específica da arte. As artes específicas (música, dança, teatro e
arte visual), passa a ser consideradas como os quatro pilares integrantes do
campo da Educação Artística. O Parecer CFE nº 540/77 faz menção às
formas do ensino de Música anteriores à Lei 5.692/71, limitado ao espaço da
teoria musical ou do canto coral, ressaltando assim o espaço da música
dentro da nova LDB de 1971. (PENNA, 2008, p.?)
As décadas de 80 e 90 são marcadas pelo surgimento de vários fatores que
contribuíram com o debate sobre o ensino de artes nas escolas no âmbito das diferentes áreas
(música, dança, teatro e arte visuais), apontando principalmente para a inadequação da
polivalência.
Em 1996, o ensino de Arte é fortalecido pela sua inclusão na Lei nº 9.394/96
(BRASIL, 1996) “O ensino da arte, especialmente em suas expressões regionais, constituirá
componente curricular obrigatório nos diversos níveis da educação básica, de forma a
promover o desenvolvimento cultural dos alunos”. Desde 1998, as especificidades das
diferentes linguagens artísticas são reconhecidas nas Diretrizes Curriculares Nacionais
definidas por esta Câmara de Educação Básica e nos Parâmetros Curriculares Nacionais.
O Parecer do CNE/CEB Nº 22/2005, mudou o nome do componente curricular de
Educação Artística para Arte, “com base na formação específica plena em uma das
linguagens: Artes Visuais, Dança, Música e Teatro” (BRASIL, 2005, p.1), exposto no
parágrafo anterior.
A Resolução CNE/CES nº 2/2004, com fundamento no Parecer CNE/CES no
195/2003, definiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para os cursos de licenciatura em
Música, Dança, Teatro e Artes Visuais; evidenciando por meio deste, o ensino superior nas
áreas especificas (Música, Dança, Teatro e Arte Visual) do ensino da Arte, que
consequentemente gerará um professor com o um conhecimento específico em uma área
artística, nos levando assim, ao ensino específico de Música, Dança, Teatro e Arte Visual. Os
profissionais/professores formados pelas instituições de ensino superior e dispostos para o
sistema de educação brasileiro.
28
A campanha “Quero Educação Musical na Escola”, levada a efeito entre 2006 e 2008,
mobilizou o poder público e a sociedade civil em prol da aprovação da Lei no
11.769/2008 17
(BRASIL, 2008). Esta Lei foi aprovada a partir de um amplo movimento
nacional mediado por educadores musicais e músicos e, também, por membros da sociedade
em geral. O debate e a busca de estratégias para o cumprimento da Lei no 11.769/2008, 2008)
ganhou fôlego em todo o país, e em 2009, a campanha ganhou página nas redes sociais. A
Câmara de Educação Básica se pronunciou sobre a matéria por meio da Parecer CNE/CEB nº
10/2008.
Em 2011, a Secretaria de Educação Básica do MEC promoveu reunião com
especialistas da área da música para discutir o ensino de Arte e de Música nas escolas. Dessa
reunião resultou um documento com subsídios ao CNE para a definição Diretrizes Nacionais
para a operacionalização do ensino de Música na Educação Básica, após uma ampla consulta
das esferas que cercam o contexto da educação musical brasileira, este documento foi
elaborado com o intuito da efetivação do ensino de música nas escolas brasileira através de
diretrizes para isso, em 2013, é aprovada as Diretrizes Nacionais para a operacionalização do
ensino de Música na Educação Básica – CNE, que nos dias de hoje aguarda homologação.
17
Obrigatoriedade do ensino da Música nas escolas da Educação Básica.
29
3 UM PANORAMA SOBRE AS AULAS DE ARTES DO ENSINO FUNDAMENTAL II
NA CIDADE DE PEDRO VELHO/RN
Apresento aqui a caracterização das escolas onde realizei esta pesquisa, bem como o
perfil dos professores que atuam no componente curricular Artes nas escolas públicas de
ensino fundamental II na cidade de Pedro Velho/RN, e algumas concepções sobre o ensino de
Arte e da Música. Neste capítulo discuto também sobre o resultado desta investigação, com o
apoio das literaturas, documentos legislativos e questionário. Faço o diálogo da realidade do
Ensino de Arte neste nível de ensino.
3.1 Mapeamento e caracterização das escolas de Ensino Fundamental II na cidade de
Pedro Velho/RN
O Município de Pedro Velho fica no interior do Rio Grande do Norte a cerca de
setenta e nove quilômetros da capital, Natal. Cidade pequena com cerca de 15 mil habitantes,
tem sua economia voltada para a agricultura comercial e de subsistência (na sua grande
maioria), empregos públicos via Prefeitura Municipal, Governo Estadual e empregos
provindos da cultura de plantio de cana açucareira realizada por algumas indústrias na região.
Na área da educação pública, possui escolas estaduais e municipais. A rede municipal possui
vinte e quatro escolas que atuam da Educação Infantil, Fundamental Il e EJA, e na rede
estadual temos três escolas que oferecem o Ensino Fundamental II, Ensino Médio e EJA.
A seguir, apresentarei alguns aspectos característicos de cada instituição de ensino,
onde a pesquisa foi realizada.
3.1.1 Instituição 01
3.1.1.1 Identificação e Estrutura Física da Escola
A Escola Estadual Doutor Pedro Velho é localizada na Avenida Genar Bezerril S/N,
zona urbana da cidade de Pedro Velho/RN, tendo como público alvo crianças, jovens e
adultos da cidade e seus distritos. A escola conta com:
7 salas de aulas utilizadas;
Sala de diretoria;
30
Sala de professores;
Laboratório de informática;
Quadra de esportes descoberta;
Cozinha;
2 Banheiros;
1 Banheiro adaptado para os alunos com deficiência;
1 Banheiro dos professores;
Sala de secretaria;
Almoxarifado.
3.1.1.2 Estrutura de Funcionamento e Recursos humanos
A escola conta com vinte e dois professores dentre graduados, especialistas e mestre.
O quadro técnico e administrativo conta com um auxiliar administrativo e o apoio com uma
coordenadora pedagógica, um vigia e duas merendeiras. Essa instituição oferece o nível de
fundamental II atendendo alunos do 6º ao 9º ano nos turnos da manhã e tarde, o Ensino Médio
pela manhã, tarde e noite; bem como o Ensino para Jovens e Adultos na modalidade EJA à
noite. A escola conta com uma média de 710 alunos de um público das classes populares da
cidade da zona urbana e rural. A escola funciona no período diurno das 07:00 horas às 11:00
horas, das 13:00 horas às 17:00 horas, e noturno das 19:00 horas às 22:00 horas.
A escola tem suas atividades voltadas às culminâncias que geralmente envolvem
apresentações musicais nas datas comemorativas: Páscoa, São João, Desfile Cívico de
Independência do Brasil e o Natal; e nos eventos: a semana dos jogos internos e a Amostra de
Ciências e Cultura da própria escola, jogos externos do município e a semana do meio
ambiente também do município.
3.1.2 - Instituição 02
3.1.2.1 Identificação e Estrutura Física da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre Leôncio é localizada na zona
rural da cidade de Pedro Velho, distrito de Carnaúba do Padre no interior no RN, seu público
31
alvo são crianças, jovens e adultos da comunidade provindas de famílias de agricultores e
alguns poucos funcionários públicos municipais. A Instituição conta com:
5 salas de aulas utilizadas;
1 Sala onde funcionam: diretoria, secretaria e biblioteca;
1 Sala de professores;
Cozinha;
Banheiro dentro do prédio;
4 Banheiro;
2 Despensas;
Almoxarifado.
3.1.2.2 Estrutura de funcionamento e Recursos humanos:
A escola conta com quinze professores dentre graduados, especialistas e graduandos
de pedagogia. O quadro técnico e administrativo conta com dois auxiliares administrativos. A
instituição citada, oferece o ensino fundamental I atendendo alunos do 1º ao 5º ano pela
manhã e o ensino fundamental II do 6º ao 9º pela tarde, além do Ensino de Jovens e Adultos
na modalidade EJA à noite. A escola conta com uma média de 200 alunos que estudam no
período diurno ou noturno com uma demanda de público das classes populares da zona rural.
A escola tem suas atividades voltadas às culminâncias que geralmente envolvem
apresentações musicais nas datas comemorativas: Páscoa, São João, Desfile Cívico de
Independência do Brasil e o Natal; e nos eventos: a semana dos jogos internos da própria
escola, jogos externos do município e a semana do meio ambiente também do município.
3.1.3 Instituição 03
3.1.3.1 Identificação e Estrutura Física da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental São Sebastião é localizada na Rua São
Sebastião 173, Distrito do Cuité, zona rural da cidade de Pedro Velho; o público alvo dessa
instituição são crianças, jovens e adultos da comunidade e seu entorno. A Instituição conta
com:
32
5 salas de aula;
Sala de diretoria;
Sala de professores;
Quadra de esportes descoberta;
Cozinha;
Biblioteca;
3 Banheiros;
Sala de secretaria;
Almoxarifado.
3.1.3.2 Estrutura de funcionamento e Recursos humanos
A escola conta com sete professores dentre especialistas e não graduados. O quadro
técnico e administrativo conta com um secretário e um auxiliar administrativo. Tal instituição
oferece o nível de fundamental II atendendo alunos do 6º ao 9º ano à tarde, além de jovens e
adultos na modalidade EJA à noite. A escola possui uma média de 265 alunos que estudam na
instituição a tarde ou noite.
A escola tem suas atividades voltadas às culminâncias que geralmente envolvem
apresentações musicais nas datas comemorativas: Páscoa, São João, Desfile Cívico de
Independência do Brasil e o Natal; e nos eventos: Amostra de Ciências e Cultura da própria
escola, jogos externos do município e a semana do meio ambiente também do município.
3.1.4 Instituição 04
3.1.4.1 Identificação e Estrutura Física da Escola
A Escola Municipal de Ensino Fundamental José Targino é localizada na Avenida
Genar Bezerril S/N, zona urbana da cidade de Pedro Velho no interior no RN, tendo como
público alvo crianças, jovens e adultos da cidade e seus distritos. A escola conta com:
9 de 10 salas de aulas utilizadas;
Sala de diretoria;
33
Sala de professores;
Laboratório de informática;
Quadra de esportes descoberta;
Cozinha;
Biblioteca;
Sala de leitura;
Banheiro dentro do prédio;
Sala de secretaria;
Banheiro com chuveiro;
Almoxarifado.
3.1.4.2 Estrutura de funcionamento e recursos humanos
A escola conta com vinte e quatro professores dentre graduados, especialistas e
graduando de pedagogia; o quadro técnico e administrativo conta com dois digitadores e
quatro auxiliares administrativos. Tal instituição oferece o nível de fundamental II atendendo
alunos do 6º ao 9º ano pela manhã e tarde, além do ensino de jovens e adultos na modalidade
EJA. A escola conta com uma média de duzentos e vinte alunos pela manhã e 303 alunos à
tarde com uma demanda de público das classes populares da cidade da zona urbana e rural.
A escola tem suas atividades voltadas às culminâncias que geralmente envolvem
apresentações musicais nas datas comemorativas: Páscoa, São João, Desfile Cívico de
Independência do Brasil e o Natal; e nos eventos: a semana dos jogos internos e a Amostra de
Ciências e Cultura da própria escola, jogos externos do município e a semana do meio
ambiente também do município.
3.2 Perfil dos professores que atuam na disciplina de Arte
A coleta de dados foi realizada através da aplicação de questionários (APÊNDICE A)
com os professores que atuam lecionando o componente curricular de Arte no nível de Ensino
do Fundamental II nas escolas públicas na cidade de Pedro Velho/RN.
Todos os professores que atuam no componente curricular pesquisado são do gênero
feminino, sendo que as quatro escolas possuem o número de sete professoras atuando na
disciplina de artes, dividindo-se da seguinte forma:
34
Instituição 1, possui duas professoras;
Instituição 2, possui uma professora;
Instituição 3, possui uma professora;
Instituição 4, possui três professoras
Pelas professoras utilizarei pseudônimo adotado pelas mesmas que no qual serão letras
alfabéticas aleatórias A, S, M, C, L, N e P, que serão utilizadas quando forem citadas.
Quando foram perguntadas sobre sua formação acadêmica, os seguintes dados
sugiram:
Gráfico 1 - Formação
15%
85%
Arte - Desenho
Pedagogia
Fonte: O AUTOR (2015)
De acordo com o gráfico 1, visualizamos que 85% das professoras investigadas são
pedagogas e apenas 15% tem formação específica em Artes – Desenho, ou seja, apenas uma
das professoras pesquisadas, possuem formação na área de Artes. Fato este que me fez
refletir, pois segundo o Parecer do Conselho Nacional da Educação:
O curso de Licenciatura em Pedagogia destina-se à formação de professores
para exercer funções de magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais
do Ensino Fundamental nos cursos de Ensino Médio na modalidade
Normal, de Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar e em
outras áreas nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos
(BRASIL, 2005, grifo meu).
Assim percebemos que a formação da licenciatura em Pedagogia não habilita
professores para o nível do Fundamental II ao qual pede-se o professor com a formação
específica em uma área do conhecimento, ou seja, segundo o parecer, 85% das professoras
35
que estão exercendo o magistério hoje nas redes de ensino estadual e municipal na cidade de
Pedro Velho/RN, não poderiam atuar nesse nível de ensino.
Quando questionadas sobre quanto tempo as mesmas atuavam na área, surgiram
respostas variadas: de um até três anos de atuação, exceto a professora com formação
específica de Artes que já vem atuando na área há dezesseis anos. Observei através de
diálogos informais que tal componente curricular possui grande rotatividade de professores,
fato esse devido à necessidade/possibilidade de fazerem uso da disciplina de Arte para
complementação de carga horária. Relaciono o pouco tempo de atuação das professoras na
disciplina de arte, a grande prática de rotatividade que ocorre na componente curricular, a
qual não permite que professores permaneçam por muito tempo lecionando a mesma. Essas
ações descumprem as Leis de Diretrizes de Bases da Educação, pelo fato do ensino de Arte
ser obrigatório nos níveis da educação básica (BRASIL, 1997), e que para cumprimento da
mesma a resolução de nº 23/73 (BRASIL, 1973) regulamentou o curso superior para formação
dos professores para atuarem na disciplina Arte. Sendo assim entendido que o professor para
atuar lecionando o componente curricular Arte, como a qualquer outro componente curricular
a partir do nível de ensino do fundamental II, o mesmo precisa ter formação específica na área
do conhecimento.
Na questão a qual às professoras não específicas da área de Arte foram perguntadas
sobre o motivo que lhes levou a atuar na área, foi evidenciado que a causa que as levou a
atuar na área foi principalmente a falta de professor específico na rede de ensino – municipal
e estadual; bem como a simpatia e identificação pelos trabalhos manuais e desenhos por parte
das professoras com a área. A professora “M” nos fala sobre o que a levou trabalhar na
disciplina de Arte: “possuo afinidade com a matéria, a possibilidade de trabalhar com novas
habilidades e ver nos alunos e/ou descobrir neles habilidades e competências da área”
(PROFESSORA M, 2015). Ela faz referencia como motivação para suas práticas docente na
área de Arte, aspectos de descobrimentos pessoais ao mencionar “a possibilidade de trabalhar
com novas habilidades”, e sobre a possibilidade de descobrir talentos artísticos nos alunos
pelas suas habilidades e competências com a arte. Essa maneira de pensar na arte, vem bem
arraigada no pré-suposto que ela é uma espécie de dom, onde algumas pessoas possuem
“habilidades e competências” artísticas naturalmente.
Quando perguntadas sobre a carga horária de atuação das mesmas na disciplina,
verifiquei que mais da metade não possuem carga horária completa em Arte: seis das sete
lecionam em outras disciplinas. Como desdobramento desta questão, perguntei quais eram as
outras disciplinas que eles lecionam além de Arte e as respostas foram:
36
PROFESSORAS COMPONENTES CURRICULARES
“M” Arte, Português e Religião
“P” Arte, Português, Inglês e Religião
“L” Arte, História e Geografia
“C” Arte, Matemática e Religião
“A” Arte, História e Ensino Religioso
“N” Arte e Ciências
“S” Arte
Esses dados tornam evidente a prática do ensino com professoras não específicas nas
escolas do Fundamental II na cidade de Pedro Velho/RN, com isto, percebemos a ausência
dos professores específicos aos quais este nível de ensino exige.
Quando questionadas sobre como preparam os materiais para serem abordados nas
aulas de arte, responderam que fazem uso dos Parâmetros Curriculares Nacionais da
Educação, Referenciais Educacionais do Estado–RN, materiais didáticos disponíveis na
escola e utilização de pesquisas na internet. Sobre a concepção da importância do Ensino de
Arte nas escolas, a professora “M” nos diz: “É de extrema importância desenvolver
habilidades nessa área a partir de conhecimentos teóricos aliados á prática” (PROFESSORA
M, 2015). A professora “S” respondeu que por conta da: “Responsabilidade de ver, entender e
inferir no mundo a sua volta sua expressão particular” (PROFESSORA S, 2015). E a
professora “A” diz-nos que o Ensino da Arte é importante para: “Despertar para uma
consciência crítica, criativa e inovadora, além de ampliar a leitura de mundo dos alunos”
(PROFESSORA A, 2015). Tais pontos de vista corroboram com o que se espera do ensino de
arte nas escolas.
Ela se deterá, antes de tudo, na expressão e na comunicação, no aguçamento
da sensibilidade que instrumentaliza para a apreciação, no desenvolvimento
da imaginação, em ensinar a sentir, em ensinar a ver como se ensina a ler, na
formação menos de artistas do que de apreciadores de arte, o que tem a ver
diretamente com o lazer – preocupação colocada na ordem do dia por
sociólogos de todo o mundo, e com a qualidade da vida (QUEIROZ 2012, p.
31 apud BRASIL, 1982, p. 11).
Essa questão também evidencia algumas influências pedagógicas educacionais das
professoras, que deixam subentendido que a professora “S” e “A” possuem linhas
37
pedagógicas provenientes do pensamento escolanovístico, valorizando o ensino da Arte para
uma formação crítica e reflexiva dos alunos. Já a professora “M” faz um discurso mais
tecnicista do Ensino da Arte ao falar sobre a importância do desenvolvimento das habilidades
artísticas (padronização dos fazeres artístico) pelos alunos. Todas elas admitem a importância
da arte para formação do individuo, fala-nos da promoção de habilidades que são de grande
valia na vida do ser humano.
Quando perguntadas sobre qual linguagem artística que elas utilizam em suas aulas, os
dados coletados estão dispostos no gráfico 2 a seguir:
Gráfico 2 – Área de atuação
71%
29%Dança, Música,Teatro e ArtesVisuais
Arte Visual
Fonte: O AUTOR (2015)
De acordo com o gráfico 2, 71% usam as quatro linguagens artísticas (música, dança,
teatro e artes visuais) e 29% responderam que utilizam apenas Artes Visuais. Esses dados me
faz perceber que mesmo após a Promulgação das Leis nº 12.287 (BRASIL, 2010) e 11.769
(BRASIL, 2008); e documentos oficiais da legislação nacional que dar as diretrizes para o
ensino em todo país, os PCN (BRASIL, 1997) e a formação em nível superior dos professores
de Arte em modalidades específicas do conhecimento artístico (Música, Dança, Artes
Visuais e Dança) que suscitam a prática docente do professor específico nas distintas áreas do
conhecimento artístico, ainda nos deparamos nos dias atuais com a prática do professor
polivalente, tanto na esfera de ensino estadual quanto municipal nesta cidade. Segundo todo
esse contexto educacional, tais escolas deveriam contar com um professor específico em cada
área da Arte, um professor de Música, um de Dança, um de Artes Visuais e um de Teatro.
Fato este que não acontece pelo fato das escolas não disporem de tempo/horas pra contemplar
38
as quatro linguagens artísticas, visto que a maioria das escolas públicas brasileiras, incluindo
meu campo de pesquisa, promovem as aulas na escola durante apenas um turno. Isso poderia
ser resolvido com a implementação da educação em tempo integral, que permitiria ao aluno
um maior tempo na escola e a promoção de mais atividades para a sua formação.
Outro fator que dificulta o ensino específico nas escolas de Pedro Velho, é o custo que
seria atrelado a isso para contratação dos profissionais para atuarem nas redes de ensino.
Custos para implementação da escola em tempo integral com a viabilização através de
concursos públicos para admição dos professores específicos da arte (Música, Dança, Artes
Visuais e Teatro), gerariam custos financeiros para a Prefeitura do município e Estado.
3.3 Perspectivas das professoras sobre o ensino de Música
Na segunda parte do questionário, o foco da investigação foi o ensino de música.
Quando indagadas sobre qual seria a ferramenta motivadora para que utilizassem a música
durante suas práticas docentes, apontaram a facilidade de aceitação dos alunos com a área,
dos benefícios ocasionados pelo ensino de música, bem como do uso da música como
ferramenta motivacional e de facilitação para absorção de certos conhecimentos.
Para a professora “M”, o ensino de música não pode passar desapercebido nos
conteúdos de Artes: “Por ser um pilar da disciplina, é inevitável trabalhar com conteúdo.
Além disso é prazeroso, é enriquecedor. Há uma troca constante de saberes entre o ‘velho’ e o
‘novo’” (PROFESSORA M, 2015). Para a professora “C”, a música “é uma área bastante
atraente para o aluno” (PROFESSORA C, 2015). Respondendo a esta questão, a professora
“P” faz um discurso sobre o uso da música pelo um viés utilitarista, o que a motiva para
trabalhar com conteúdos musicais é: “porque é maravilhoso cantar e através da música
compreende-se melhor qualquer assunto e torna-se fácil e leve a aula” (PROFESSORA P,
2015). Para a professora “N”, essa questão é respondida por que a música “desperta o senso
estético e crítico do aluno, como também desenvolve a sua imaginação e criatividade”
(PROFESSORA N, 2015).
Estas perspectivas são interessantes pelo fato das mesmas não possuírem uma
formação musical. Estas discorrem com base nas experiências por elas vivenciadas com o uso
da música durante suas práticas docentes, que nos transparece, de acordo com as professoras
investigadas, o quanto que a utilização da música é benéfica no processo da educação.
As professoras foram questionadas também se haviam participado de algum curso de
música, e todas responderam que nunca, mas que tinham muito interesse em fazê-lo. Fato este
39
que nos leva a perceber que a falta de uma formação na área musical não é causada por conta
de desinteresse das professoras e sim por conta da falta de oportunidade. Uma maneira para
que elas pudessem ter acesso às práticas docentes musicais, seria por meio do oferecimento
uma “formação continuada para os professores” (BRASIL, 1996) de Arte.
Perguntei também se já conheciam a lei 11.769/2008 (BRASIL, 2008) e o resultado é
apresentado no gráfico 3 a seguir:
Gráfico 3 – Obrigatoriedade da Música na Escola
43%
57%
Não
Sim
Fonte: O AUTOR (2015)
Apesar da Lei 11.769/2008 (BRASIL, 2008) ser recente, há uma ampla divulgação da
mesma nas mídias sociais, inclusive ter sido tema em programa televisivo de grande emissora
brasileira18
, 43% das professoras que atuam na disciplina de arte no nível de ensino do
fundamental II nas escolas de Pedro Velho/RN disseram desconhecer a lei. Declararam
também nesta mesma pesquisa, as que não abordaram ou abordam conteúdos musicais em
suas aulas, que a causa disso é a falta de preparação e conhecimento na área para essa prática
pedagógica. Esse problema poderia ser solucionado com uma maior articulação entre as
instituições de ensino nas esferas governamental (Federal – Estadual - Municipal) com o
objetivo de oferecer uma “formação continuada” (BRASIL, 1996) para as professoras de
Artes que não possuem formação em Música, no qual a Universidade Federal do Rio Grande
do Norte oferece curso de especialização em educação musical.
Foi questionado também, quais eram os pontos positivos e negativos (dificuldades e
facilidades) na prática docente das mesmas com utilização dos conteúdos musicais. As
respostas foram as seguintes:
18
Rede Globo - Globo Educação exibido em 14/04/2012.
40
Facilidades:
Aceitação dos conteúdos pelos alunos;
Envolvimento da classe;
Apropriação pessoal de conhecimentos da área musical.
Dificuldades:
Falta de materiais didáticos acadêmicos (literatura) da área musical na escola;
Falta de materiais musicais (instrumentos e jogos musicais) para serem
utilizados durante as aulas;
Falta de estrutura física (local adequado) para realização de atividades
musicais.
Os apontamentos nos mostram que apesar das professoras não serem específicas da
área musical, aquelas que abordam conteúdos musicais em suas aulas se deparam com muitas
angústias do educador musical contemporâneo, no que diz respeito a real efetivação das aulas
de música nas escolas brasileiras. Que ainda (em sua grande maioria) quando há o ensino
musical, não se dispõe de espaços e materiais adequados para as práticas pedagógico-
musicais. E quanto aos materiais pedagógicos e literaturas da área, encontram-se em sua
grande maioria, disponíveis em locais que interagem no contexto do processo da Educação
Musical, tais como: escolas especializadas de música, escolas que possuem professores
específicos de música, bibliotecas de Universidades e Entidades que trabalham com a
Educação Musical, etc; tendo ao alcance das mesmas, os espaços da internet como por
exemplo: o Youtube, Google Acadêmico e sites de educação musical, que dispõe de muitos
materiais de educação musical.
As professoras responderam sobre à auto avaliação de suas práticas docentes a partir
dos conteúdos musicais com positividade, porém, ressaltam que poderiam ter sido melhores
se as mesmas possuíssem mais preparação e ferramentas educacionais da área. Tal aceitação e
facilidades comentadas pelas professoras, faz referência às relações do ser humano com a
música “afinal em nosso dia-a-dia convivemos com música e não temos muita dificuldade de
saber do que se trata” (PENNA, 2008, p. 17). Por outro lado, as dificuldades apresentadas por
elas, refletem um cotidiano da implementação do ensino musical nas escolas que ainda vem
engatinhando no contexto de investimentos na estrutura de ensino que viabilizam as práticas
musicais.
Por fim, quando questionadas sobre a importância do ensino de música nas aulas de
artes segundo suas perspectivas, responderam sobre a apropriação dos benefícios cognitivos
41
que a música proporciona, tais como a criatividade, concentração e disciplina obtidas pelos
alunos. Diz-nos a professora “N” sobre o ensino de música:
Incluir a música no planejamento das aulas ajuda a promover um equilíbrio,
proporcionando um estado agradável de bem-estar, facilitando a
concentração, por exemplo. Dessa forma, é importante incentivar a criança a
estudar música seja através da aula de canto ou da prática de um instrumento
musical isso desde a educação infantil. Por isso, sou a favor do
cumprimento da obrigatoriedade da Lei 11.769/2008, que nos diz: é
obrigatório conteúdo de música nas Escolas de Educação Básica
(PROFESSORA N, 2015).
Diante deste estudo, é notório os problemas de recursos humanos no que diz respeito
aos profissionais do ensino que atuam hoje nas escolas do fundamental II na cidade de Pedro
Velho, sobre a falta de “formação na área de conhecimento” (BRASIL, 1996) que assim
descumprem leis e diretrizes nacionais. Vimos também a necessidade de apropriação mais
aprofundadas dos conteúdos artísticos, uma formação sobre os conteúdos específicos de Arte,
que poderiam ser oferecidos através de uma formação continuada (BRASIL, 1996).
Percebemos também que a lei 11.769 (BRASIL, 2008), ainda não é cumprida nas redes de
ensino Estadual e Municipal na desta cidade, e que não há pela parte do município previsão de
quando será.
O Estado abriu recentemente concurso público para admição de professores
licenciados em música para sua rede de ensino, que apresenta em seu edital como requisito
especifico para o professor de Arte-Música possuir: “Diploma, devidamente registrado, de
conclusão de curso de nível superior de licenciatura plena em Música, fornecido por
instituição de ensino superior reconhecida pelo MEC” (SEEC/RN, 2015, p. 01). Que nos
evidencia o interesse do estado no cumprimento da obrigatoriedade do ensino de música e
consequentemente a especificidade no ensino da arte nos dias atuais. Em contra partida a isso,
a rede municipal de Pedro Velho mesmo fazendo uso de alguns professores contratados
temporariamente, a prática da polivalência em arte, e professores que não possuem o perfil
docente do Fundamental II pela não especificidade de sua graduação; o município não tem
previsão de quando fará concurso público para admissão de professores específicos para o
quadro deste nível de ensino.
42
4 CONCLUSÃO
Este trabalho evidenciou o ensino de arte e as concepções sobre o ensino de música
das professoras que atuam no nível de ensino fundamental II nas escolas do município de
Pedro Velho/RN.
Foi identificado por meio deste, a prática do ensino polivalente da arte, com a maioria
das professoras abordando os conteúdos das quatro áreas do componente curricular: Música,
Dança, Artes Visuais e Teatro; e também a falta de formação das professoras na área de artes
(Educação Artística) ou alguma licenciatura plena em uma das linguagens específicas: Dança,
Teatro, Artes Visuais ou Música, a qual é necessário para ministrar as aulas neste nível de
ensino.
Percebemos através da contextualização histórica e legislativa do ensino da arte no
Brasil, as causas dos preconceitos que giram em torno do ensino da arte, a desvalorização da
mesma perante as outras áreas de ensino: ela por diversas vezes durante a história educacional
do país, foi elitizada, e dado grau de valor de status social burguês, era utilizada pela via de
prestígios e riquezas, concentrada nas mãos de poucos; e assim, não era dada à importância da
mesma para as classes menos favorecida da sociedade, por conta do entendimento por parte
dos sistemas promotores do ensino da época, de que a arte era algo sem utilidade para os
mesmos. Reflexos deste pensamento perpetuam na educação ate os dias atuais, onde as
linguagens da arte são desvalorizadas pelo currículo escolar vigente, com referência à outras
linguagens de ensino.
Percebemos no currículo escolar que a carga horária referente às aulas de arte é muito
menor de que linguagens como Língua Portuguesa, Matemática, História, Geografia e etc.
Agravando tal contexto, a disciplina de arte, ainda é dada nas escolas em caráter polivalente,
ou seja, são conteúdos de quatro áreas específicas (Música, Dança. Teatro e Artes Visuais)
para serem abordadas em período de tempo inferior as demais disciplinas. Essa
desvalorização também é evidenciada ao grau de pouca importância atribuído a esta área por
alguns docentes de outras linguagens, no meu campo de pesquisa, notamos que as aulas de
arte são utilizadas para os professores completarem carga horária, com um pressuposto de que
as aulas de arte podem ser dadas por qualquer professor. Estas ações de pouca valorização da
disciplina causam reflexos de como os alunos veem e encaram este componente curricular.
Percebemos também por meio deste trabalho, um grau de importância atrelado a esta
área na “formação do ser humano”, descritas na LDB (BRASIL, 1971, 1996, 2008) e
diretrizes (BRASIL, 1997, 2005, 2008) da educação e que as professoras desta pesquisa,
43
corroboram por parte das perspectivas sobre a importância do ensino da arte nas escolas.
Porém, em nosso sistema educacional, ainda perpetuam algumas linhas metodológicas
tecnicista, que visam à formação do indivíduo para inserção e manutenção do sistema
capitalista. Valorizando áreas do conhecimento da língua Portuguesa e Matemática para esse
fim.
Por meio do estudo dos principais acontecimentos histórico e legislativos do Ensino da
Música nas escolas, percebemos desde a colonização brasileira a relevância e impactos da
música na educação. Ocorreram vários acontecimentos que viabilizaram a aprovação da lei da
obrigatoriedade da música nas escolas brasileiras (BRASIL, 2008).
A prática da polivalência tornou-se incoerente com os anseios educacional vigente.
Há muito tempo é discutido pelos profissionais da área do ensino de arte via congressos,
reuniões, associações, debates e etc; a incoerência da prática pedagógica polivalente e a
necessidade da especificidade no ensino de arte; propondo assim um educador específico para
cada uma das quatro linguagens artística, por meio da orientação do Conselho Nacional da
Educação (BRASIL 2003), as artes tornam-se específicas sobre diretrizes para cursos de
licenciatura em Dança, Música, Artes Visuais e Teatro; em culminância a isto, o componente
curricular de Educação Artista passou a ser denominado Arte (BRASIL, 2005), com
referencia ao educador específico de uma linguagem artística. Os cursos de formação de
professores de arte, formam nos dias atuais, professores nas linguagens específicas, que não
pude encontrá-los em meu campo de pesquisa, pela falta de absorção dos professores
formados através de concursos públicos. Deparando-me assim, com professoras pedagogas
que não se enquadram como docentes da disciplina de Arte no nível de Ensino do
Fundamental II, por conta da formação acadêmica das mesmas.
A necessidade em atuar nesse contexto pelas professoras, foi por vezes apontada. Os
profissionais de ensino na área existem, pois as universidades formam os mesmos a cada ano,
atribuo a principal causa para a falta de professor para esta área, mais uma vez, a falta de
concursos públicos que não ocorre na rede municipal desta cidade a muitos anos
No ensino de música nas escolas, todas as professoras concordaram com o
cumprimento da lei e proferiram os benefícios do ensino da música nas escolas que
corroboram com o texto da Lei 11.769 (BRASIL, 2008), e vimos também à falta de formação
destas professoras na área de música, que porém, possuem interesse em uma formação
específica na área que poderia ser suprida com uma formação Continuada (BRASIL, 1996),
que é uma ferramenta governamental legalmente instituída para suprir com os anseios e
necessidades deste caráter.
44
A música é uma importante ferramenta humana social, as interações e benefícios
proporcionados por ela, ficaram em teste quando as professoras foram perguntadas sobre as
facilidades e dificuldades da prática pedagógica delas a partir da música, e as mesmas
responderam sobre a “facilidade de aceitação dos alunos” (PENNA, 2008) com essa
manifestação artística que possibilitam aulas dinâmicas e fluidas. Vimos também nesta
mesma questão à falta de estrutura por parte das escolas para implementação da Lei 11.769
(BRASIL, 2008), quando nos falam sobre a falta de materiais didáticos para o Ensino da
Música nas escolas; bem como, falta de espaço adequado para promoção das aulas através de
práticas musicais.
Por fim, percebemos através deste estudo a importância do Ensino da Arte e da
Música no contexto de ensino das escolas nas perspectivas das professoras que atuam na
disciplina de arte nas escolas do de ensino fundamental II na cidade de Pedro Velho/RN, em
consonância com autores e leis da Educação Artística e Musical; bem como a ausência de
profissionais qualificados e legalmente amparados pelas leis e diretrizes que regem o Ensino
Brasileiro para a promoção das aulas de arte para este nível de ensino nas escolas pesquisadas.
45
REFERÊNCIAS
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46
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metodologia_da_pesquisa_estudo_de_caso_yin.pdf>. Data de acesso: 17 out. 2015.
48
APÊNDICES
49
APÊNDICE A – Questionário - Professora
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA
Concepções sobre o ensino da Música nas escolas Públicas de Ensino
fundamental II da Cidade de Pedro Velho/RN.
Pedro Velho/RN, _____ de ________________ de 2015.
Nome: _________________________________________
Pseudônimo: _________________________
Qual é a sua formação Acadêmica?
Há quanto tempo você dar aulas de artes?
Se caso NÃO for professor com formação especifica em Artes: o que lhe levou a atuar nesta
área?
Qual é sua carga horária na aula de Artes?
Você dar aula em alguma(s) outra(s) disciplina(s)? Qual?
Como você seleciona e prepara o material para ser abordado na aula de artes?
Para você, qual é a importância das aulas de artes para os alunos?
Qual linguagem você costuma usar em suas aulas de artes?
Dança ( ) Teatro ( ) Música ( ) Artes Visuais ( )
Se caso marcou MÚSICA acima: o que lhe motiva a trabalhar com tal área?
Você já participou de algum curso de música?
50
Tem interesse em participar de algum curso musical?
Você conhece a Lei: 11.769/2008, que nos diz: é obrigatório conteúdo de música dentro das
aulas de artes.
Se você NÃO trabalha ou trabalhou com os conteúdos musicais durante suas aulas: a que
você atribui isso?
Se caso trabalha ou trabalhou algum conteúdo musical: em sua opinião, quais são os pontos
positivos e negativos na sua atuação como professora utilizando conteúdos musicais
(dificuldades e facilidades)?
Se caso trabalha ou trabalhou algum conteúdo musical: Como você auto avalia suas aulas com
esses conteúdos?
Se caso trabalha ou trabalhou algum conteúdo musical: em sua opinião, qual é a importância
das aulas com conteúdos musicais para os alunos?
.
51
APÊNDICE B - Termo de Consentimento Livre e Esclarecido - Professora
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
UNIDADE ACADÊMICA ESPECIALIZADA EM MÚSICA
Concepções sobre o ensino da Música nas escolas Públicas de Ensino
fundamental II da Cidade de Pedro Velho – RN.
Pedro Velho/RN, _____ de ________________ de 2015.
Como professora da Escola
_____________________________________________________________ deste
município, disponho-me voluntariamente a participar da pesquisa desenvolvida pelo
Graduando Genilson da Silva Lima, que tem como objetivo Compreender a concepção
sobre o Ensino de Música dos professores que atuam na disciplina de Arte nas escolas
Públicas do Ensino fundamental II na cidade de Pedro Velho, RN.
Assim, autorizo a coleta de dados a partir de questionário, conforme as diretrizes
apresentadas a seguir:
O meu nome não será mencionado em qualquer meio de divulgação, garantindo-se
o anonimato do participante;
A realização deste trabalho não tem como objetivo fazer juízo de valor da atuação
do professor entrevistado;
O trabalho realizado não trará qualquer ônus financeiro para o pesquisador, para o
pesquisado, bem como para a escola participante.
__________________________________________________________
Professora ______________________________________________________________________________________________
Qualquer dúvida a respeito desta pesquisa você poderá se comunicar através dos seguintes endereços e telefones:
Orientadora da Pesquisa: Prof. Ma. Catarina Aracelle.
E-mail: [email protected].
Co-orientador da pesquisa: Prof. Me. Washington Nogueira
E-mail: [email protected]
Graduando: Genilson da Silva Lima
E-mail: [email protected] Fone: 84 98127-7910
Esta versão foi revisada e aprovada pelo(a) orientador(a), sendo aceite, pela
Coordenação de Graduação em Música, como versão final válida para depósito
no Repositório de Monografias da UFRN.
Valéria Lazaro de Carvalho
Coordenadora dos Cursos de Graduação