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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
FACULDADE DE CIÊNCIAS DA SAÚDE DO TRAIRI
GRADUAÇÃO EM FISIOTERAPIA
VALÉRIA LIDYANNE SILVA GOMES
Impacto do tipo de parto sobre a mobilidade toracoabdominal
de recém-nascidos
Santa Cruz
2016
VALÉRIA LIDYANNE SILVA GOMES
Impacto do tipo de parto sobre a mobilidade toracoabdominal de recém-
nascidos
Artigo científico apresentado à
Faculdade de Ciências da Saúde do
Trairi da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, para obtenção
do título de Bacharel em
Fisioterapia.
Orientador: Prof. Dra. Silvana Alves
Pereira
Co-orientador: Gentil Gomes da
Fonseca Filho
Santa Cruz
2016
VALÉRIA LIDYANNE SILVA GOMES
Impacto do tipo de parto sobre a mobilidade toracoabdominal de recém-
nascidos
Artigo científico apresentado à
Faculdade de Ciências da Saúde do
Trairi da Universidade Federal do
Rio Grande do Norte, para obtenção
do título de Bacharel em
Fisioterapia.
Aprovado em: _____ de__________________de__________
BANCA EXAMINADORA
___________________________________________. Nota: _____
Prof. Dra. Silvana Alves Pereira - Orientador
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
__________________________________________. Nota: _____
Danielle Cristina Gomes – Membro da banca
UNIVERSIDADE ESTADUAL DA PARAÍBA
___________________________________________. Nota: _____
Gabriele Natane de Medeiros Cirne – Membro da banca
UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE
AGRADECIMENTOS
O espaço limitado desta seção de agradecimentos, seguramente, não
me permite agradecer, como devia, a todas as pessoas que, ao longo da
graduação me ajudaram, direta ou indiretamente, a cumprir os meus objetivos
e a realizar esta etapa da minha formação acadêmica. Desta forma, deixo
algumas palavras, poucas, mas com um sentido de profundo sentimento de
reconhecimento e agradecimento.
Agradeço a Deus por me amparar nos momentos difíceis, pela força e fé
renovadas diariamente, por todas as superações durante a graduação, pelo
discernimento contínuo ao longo de toda trajetória, pelos livramentos e
proteção a mim concebidos.
Aos meus Pais, Arimateia e Vera, obrigada por acreditarem sempre em
mim e por todos os ensinamentos de vida. Espero que esta etapa possa de
alguma forma, retribuir e compensar todo o carinho, apoio e dedicação que,
constantemente, me oferecem. A eles, dedico todo este trabalho. À minha irmã
Veruska, por ser meu exemplo acadêmico, minha luz e incentivo! Por toda
força e coragem que me foi depositada e pelos auxílios e orientações no lattes.
Ramon, um agradecimento especial pelo apoio, companheirismo, amor e
carinho diários, pelas palavras doces e pela transmissão de confiança e força,
em todos os momentos. Minha enorme gratidão!
Minha madrinha Marta, pela escuta, palavras e incentivo a não desistir
dos meus sonhos, por acreditar em mim e por compartilhar de muitas das
minhas angústias e conquistas. Obrigada por sua presença e participação
incansável em todas as fases da minha vida.
A Prof. Dra. Silvana Alves Pereira, expresso o meu profundo
agradecimento pela orientação e apoio incondicional que muito elevaram os
meus conhecimentos científicos e, sem dúvida, muito estimulou o meu desejo
de querer, sempre, saber mais e a vontade constante de querer fazer melhor.
Pelo ensinamento e demonstração de carinho e amor pela a área da
neonatologia.
Ao co-orientador Gentil Fonseca, agradeço pela disponibilidade e
solicitude a mim prestadas, que foram de grande importância ao longo da
produção deste trabalho.
Pedro Henrique Farias, muito obrigada pelo profissionalismo,
colaboração e pela total disponibilidade que sempre revelou para comigo. O
seu apoio foi determinante na elaboração deste trabalho.
As amigas que a graduação me permitiu conviver, Máyra, Laíze,
Vanessa, Risonety e em especial Sarah, obrigada pela vossa amizade,
companheirismo e ajuda. Vocês me permitiram dias mais leves!
Aos amigos “extra academia”, agradeço pela atenção aos meus
intermináveis desabafos, pela compreensão na ausência de alguns
compromissos e principalmente pelos momentos de descontração.
Expresso também a minha gratidão e solidariedade a todos os
participantes do projeto de pesquisa, em especial a Vanessa Karoline, Júlia
Guerra e Dani (Danielle Gomes), pela contribuição fundamental para que este
estudo fosse possível e para o avanço da investigação científica nesta área do
conhecimento.
Sumário
INTRODUÇÃO ................................................................................................. 10
MÉTODO.......................................................................................................... 11
Tipo de Estudo .............................................................................................. 11
Recrutamento da amostra ............................................................................. 11
Procedimentos para Coleta de Dados .......................................................... 11
Aquisição dos Vídeos .................................................................................... 12
Interpretação dos Vídeos .............................................................................. 13
Análise dos Dados ........................................................................................ 13
RESULTADOS ................................................................................................. 13
DISCUSSÃO .................................................................................................... 15
CONCLUSÃO ................................................................................................... 17
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................. 18
PARECER DO CEP ............................................ Erro! Indicador não definido.
IMPACTO DO TIPO DE PARTO SOBRE A MOBILIDADE
TORACOABDOMINAL DE RECÉM-NASCIDOS
IMPACT OF TYPE OF DELIVERY ON THORACOABDOMINAL MOBILITY OF
NEWBORNS
IMPACTO DEL TIPO DE PARTO SOBRE LA MOVILIDAD
TORACOABDOMINAL DE LOS RECIÉN NACIDOS
RESUMO
Objetivo: Nos recém-nascidos de parto cesáreo ocorre menor compressão torácica e
pouca quantidade de líquido é drenada por ação da gravidade, o que diminui,
transitoriamente, a mobilidade toracoabdominal, por isso o objetivo do estudo é avaliar
o impacto do tipo de parto na mobilidade toracoabdominal em recém-nascidos.
Método: Estudo transversal pragmático com recém-nascido de idade gestacional entre
37 a 41 semanas, de ambos os sexos, com até 72 horas de vida, respirando em ar
ambiente e nascidos de parto normal ou parto cesáreo. A mobilidade toracoabdominal
foi avaliada pela videogrametria por meio do Software MATLAB e considerada, em
unidades métricas (cm2), como a diferença da maior e menor expansibilidade
toracoabdominal para cada ciclo respiratório. Resultados: Dos 26 bebês inclusos, 11
são do sexo masculino, e 50% nascidos de parto cesáreo. A mobilidade
toracoabdominal não apresentou diferença estatística entre os dois tipos de parto (p =
0,08). Conclusão: Os dados indicam que o tipo de parto parece não influenciar a
mobilidade toracoabdominal, quando o padrão de progressão é espontâneo, para os
partos vaginal ou cesáreo. Entretanto, serão necessários novos estudos, com inclusão de
cesáreas com indução eletiva e estudos longitudinais para confirmação dos resultados.
DESCRITORES: Mecânica respiratória; Fotogrametria; Recém-nascido; Parto;
Trabalho de parto.
ABSTRACT
Objective: In newborns by cesarean delivery, occurs less chest compression and a small
amount of liquid is drained by gravity, which reduces transiently the Mobility
Thoracoabdominal therefore, the objective is to evaluate the Mobility
Thoracoabdominal by videogrammetry in newborns by spontaneous vaginal and
cesarean delivery. Method: Pragmatic cross-sectional study with newborn of
gestational age between 37 to 41 weeks, both sexes, up to 72 hours of life, breathing in
room air and borns with spontaneous vaginal or cesarian delivery. The Mobility
Thoracoabdominal was evaluated by videogrammetry through software MATLAB and
considered in metric units (cm2) as the difference between the highest and lowest
thoracoabdominal expandability for each respiratory cycle. Results: Of the 26 included
babies, 11 are male, and 50% born by cesarean delivery. The Mobility
Thoracoabdominal showed no statistical difference between the two types of delivery (p
= 0.08). Conclusion: The data indicate that the type of delivery does not influence the
Mobility Thoracoabdominal, when the progression is spontaneous onset of labor.
However, a longitudinal study is required, with electively induced labor for cesareans
delivery to confirm the results.
DESCRIPTORS: Respiratory mechanics; Photogrammetry; Newborn; Parturition;
Labor Obstetric.
RESUMEN
Objetivo: Em los recién nacidos por cesárea, se produce una menor compresión en el
pecho y pouco líquido es drenado por gravedad, lo que reduce transitoriamente la
Movilidad toracoabdominal. El objetivo es evaluar la movilidad toracoabdominal por
videogrametría en los recién nacidos por parto vaginal y por cesárea. Método: Estudio
transversal pragmático con el recién nacido de edad gestacional entre 37 a 41 semanas,
ambos sexos, de hasta 72 horas de vida, respirando aire ambiente y nace con el parto
vaginal o cesárea espontánea. La movilidad toracoabdominal se evaluó por
videogrametría través de MATLAB software y considerado en unidades métricas (cm2)
como la diferencia entre la capacidad de expansión mayor y menor toracoabdominal
para cada ciclo respiratorio. Resultados: De los 26 bebés, 11 son hombres, y el 50% de
los nacidos por cesárea. La movilidad toracoabdominal mostró ninguna diferencia
estadística entre los dos tipos de administración (p = 0,08). Conclusión: Los datos
indican que el tipo de envío no influye en la movilidad toracoabdominal, cuando la
progresión es el inicio espontáneo de la mano de obra. Sin embargo, se requiere un
estudio longitudinal, con mano de obra inducida de forma electiva para la entrega de
cesáreas para confirmar los resultados.
DESCRIPTORES: Mecánica respiratoria; Fotogrametría; Recién Nacido; Parto;
Trabajo de parto.
10
INTRODUÇÃO
Para sustentar a vida, ao nascimento os pulmões sofrem uma transição rápida de
um órgão cheio de líquido incapaz de realizar troca suficiente por um órgão cheio de ar
que é capaz de realizar toda troca gasosa (1)
.
Entretanto, vários mecanismos trabalham juntos para reduzir e eliminar a
quantidade desse líquido pulmonar. Nessa transição, a maior parte do líquido é
eliminado através das vias aéreas superiores e cavidade oral, e o restante, pelo processo
do trabalho de parto e a passagem pelo canal vaginal. O líquido residual, que fica nos
pulmões, é absorvido por intermédio dos capilares pulmonares (2)
.
Nos neonatos nascidos de parto cesáreo, ocorre menor compressão torácica e
pouca quantidade de líquido é drenada por ação da gravidade, persistindo assim,
grandes volumes de líquido, intersticial e alveolar, nas primeiras horas de vida,
diminuindo transitoriamente a mobilidade toracoabdominal (3)
.
Estima-se que a não absorção desse líquido no parto cesárea, pode levar ao
desconforto respiratório e ocasionar uma alteração na mobilidade toracoabdominal, com
maior gasto de energia e piora clínica progressiva. No entanto, muitos destes estudos se
limitam a dados retrospectivos, o que pode comprometer a avaliação da progressão do
desconforto e mobilidade respiratória (4-6)
.
Essa alteração na mobilidade toracoabdominal é um achado comumente
perceptível em doenças respiratórias e em disfunções dos músculos respiratórios, sendo
comprovado clinicamente como um sinal de desconforto respiratório e avaliado,
subjetivamente, pelo número de incursões respiratórias e qualidade da expansibilidade
toracoabdominal, quanto menor a mobilidade e maior a frequência respiratória, pior a
condição clínica do recém-nascido (5,7)
. A avaliação da mobilidade toracoabdominal tem
relação direta com a expansibilidade pulmonar, e pode ser avaliada através de vários
métodos, principalmente os não invasivos (8)
.
Na prática clínica, sua medida é utilizada com o objetivo de avaliar parâmetros
como amplitude torácica, volumes e capacidades pulmonares, complacência pulmonar,
mecânica toracoabdominal, entre outros (8-10)
, podendo ser comumente inserida como
método avaliativo na rotina diária da equipe multidisciplinar.
Considerando que o parto cesáreo pode ser um fator dificultoso na
evolução respiratória de neonatos, e que a mobilidade toracoabdominal tem relação
11
direta com a condição clínica do recém-nascido, o presente estudo se propõe avaliar o
impacto do tipo de parto na mobilidade toracoabdominal em recém-nascidos (RNs).
MÉTODO
Tipo de Estudo
Trata-se de um estudo transversal pragmático, com a proposta de avaliar a
influência do tipo de parto na mobilidade toracoabdominal de recém-nascidos a termo.
A pesquisa foi realizada na unidade de alojamento conjunto do Hospital Universitário
Ana Bezerra (HUAB), no período de Janeiro à Novembro de 2015. Os procedimentos
utilizados neste estudo foram aprovados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da
Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi da Universidade Federal do Rio Grande do
Norte (FACISA/UFRN) - nº 851.215, atendendo a resolução 466/2012 do Conselho
Nacional de Saúde.
Recrutamento da amostra
O recrutamento da amostra foi realizado entre Janeiro a Novembro de 2015 à
partir das admissões do Hospital Universitário Ana Bezerra (Santa Cruz – RN). A
decisão de realizar um estudo pragmático foi devido a sua praticidade e a possibilidade
de complementar pesquisas anteriores (4-6)
.
Foram incluídos no estudo, recém-nascidos com idade gestacional entre 37 a 41
semanas, de ambos os sexos, com até 72 horas de vida, respirando em ar ambiente, no
estágio comportamental 4 da escala de Brazelton (estágio de alerta inativo) e nascidos
de parto normal ou cesárea. Os recém-nascidos com malformação congênita, síndrome
genética, insuficiência cardíaca, doenças respiratórias ou que tivessem sido alimentados
em um intervalo inferior a 30 minutos, não foram incluídos no estudo, aquelesque
evoluíram para o estágio 5 ou 6 da escala de Brazelton, durante a avaliação foram
excluídos da análise.
Procedimentos para Coleta de Dados
A coleta de dados foi realizada na sala de banho da enfermaria de Alojamento
Conjunto do HUAB, com os recém-nascidos sobre uma bancada fixa, com a distância
de 120 cm do chão, rotineiramente utilizada para cuidados gerais do recém-nascido.
Para a captação dos vídeos os recém-nascidos foram deitados em posição supina sobre
uma bancada de apoio com a superfície revestida de uma folha de EVA na cor preto em
12
função da leitura do software, para contrastar com o bebê, sendo hipoalérgica e
descartável, com aproximadamente 50 cm de comprimento e 0,2 mm de espessura.
(Figura 1). Após o posicionamento, foram alocados marcadores adesivos nos seguintes
pontos: (1) espinhas ilíacas ântero-superiores e (2) nível da linha axilar anterior. Tais
referências serviram de âncora para a delimitação geométrica do compartimento
toracoabdominal nas imagens adquiridas durante a realização dos vídeogramas (10)
,
como representado na Figura 1.
Figura 1 – Posicionamento do recém-nascido durante o experimento, alocação dos
marcadores adesivos e delimitação do compartimento toracoabdominal no momento da
análise das imagens. Sendo (1) espinhas ilíacas ântero-superiores e (2) nível da linha
axilar anterior – Santa Cruz, RN, Brasil, 2016 (Fonte: arquivo dos autores).
Aquisição dos Vídeos
Para a captação dos vídeos, foi utilizada a câmera fotográfica digital (Sony
Cyber-shot DSC-H20® 10.1 Megapixels), fixada por um tripé com altura de 120 cm e
posicionada em uma distância de 30 cm do recém-nascido. Após os ajustes dos
marcadores, o recém-nascido foi filmado durante 120 segundos. O tempo de captação
de 120 segundos foi determinado para garantir a análise do ciclo respiratório em 1
minuto, visto que os recém-nascidos têm frequentes pausas na respiração.
13
Interpretação dos Vídeos
Os vídeos foram tratados pelo Software MATLAB (10)
e a mobilidade foi
considerada, em unidades métricas (cm2), como a diferença da maior e menor
expansibilidade toracoabdominal para cada ciclo respiratório.
Análise dos Dados
Os dados estatísticos foram analisados no programa SPSS 20. Para o teste de
normalidade foi utilizado o Shapiro-wilk, teste t-student para avaliação das médias da
mobilidade toracoabdominal entre os dois tipos de parto e o teste de correlação por
postos de Pearson, para avaliar a correlação dos tipos de partos com as características
individuais dos recém-nascidos; significância aos resultados para p<0,05.
RESULTADOS
Foram avaliados 35 recém-nascidos no Software MATLAB, porém, 09 foram
excluídos na fase de análise do vídeo, devido à má qualidade na fase de interpretação.
Dos 26 recém-nascidos inclusos, 11 são do sexo masculino e 50% nascidos de parto
cesáreo. A Tabela 1 apresenta os dados descritivos da amostra e a homogeneidade entre
os grupos, exceto para a variável frequência respiratória que foi diferente entre eles.
Tabela 1 – Características da população estudada (n=26). Santa Cruz, RN, Brasil, 2016.
VARIÁVEIS Tipo de parto
NORMAL CESÁREO p
IG (sem) 39 ±0,62 39±1,04 0,32
Peso (gramas) 3152±5,23 3369±5,20 0,16
Apgar 1 min 7±1,92 7±1,05 0,40
Apgar 5 min 8±1,05 9±0,55 0,69
PC (cm) 34±1,82 34±2,15 0,55
Comp. (cm) 48±1,74 49±1,90 0,36
FR (ipm) 48±11,88 57±9,98 0,03
IG: idade gestacional; sem: semanas; min: minuto; PC: perímetro cefálico; cm:
centímetro; Comp: comprimento; FR: frequência respiratória; irpm: incursões por
minuto; h: horas.
14
A mobilidade toracoabdominal não apresentou diferença estatística entre os dois
tipos de parto (p = 0,99) e a frequência respiratória foi maior no grupo nascido de parto
cesárea (p = 0,03). A figura 2 apresenta esses resultados.
Figura 2 – Apresentação dos valores médios e intervalo de confiança da mobilidade
toracoabdominal (barras cinzas) e frequência respiratória (barras pretas) no parto
cesáreo e vaginal - Santa Cruz, RN, Brasil, 2016.
A correlação da mobilidade toracoabdominal com as variáveis dos recém-
nascidos (peso de nascimento, notas de Apgar, comprimento, frequência respiratória e
horas de vida) também não apresentou diferença significativa. A tabela 2 apresenta esse
resultado.
Tabela 2 – Correlações entre a mobilidade toracoabdominal e as variáveis estudadas -
Santa Cruz, RN, Brasil, 2016.
15
Correlação
Peso Comprimento Apgar
1’
Apgar
5’
Frequência
Respiratória
Horas de
Vida
r 0,26 -0,26 0,13 0,009 -0,10 -0,19
p 0,19 0,19 0,52 0,96 0,62 0,35
* A correlação é significativa quando p≤ 0,05.
DISCUSSÃO
Os resultados demonstraram que o tipo de parto não altera a mobilidade
toracoabdominal em recém-nascidos e que a frequência respiratória no parto cesáreo é
maior quando comparada ao parto vaginal. (11-13)
Estudos que investigam os tipos de partos cesáreos e normais de gestantes
secundigestas demonstram que os recém-nascidos de parto cesáreo necessitaram com
mais frequência dos cuidados intensivos neonatais, em virtude de terem apresentado
maior ocorrência de taquipnéia transitória, disfunções respiratórias inespecíficas e sepse
(12).
Além disso, um estudo retrospectivo, com mais de 3000 cesarianas eletivas
realizadas com idade gestacional superior ou igual a 37 semanas, demonstra que o parto
cesárea com progressão eletiva, mesmo no período a termo, aumenta o risco de
morbidade respiratória (11)
.
Esses dois estudos demonstram que o risco de morbidade respiratória neonatal é
significativamente maior em recém-nascidos por cesárea com progressão eletiva,
quando comparado aos nascidos por parto normal (11-13)
. Entretanto, a progressão
espontânea, ou processo de parturição, parece ser um fator protetor para complicações
respiratórias neonatais (3,14-15)
. Os mediadores hormonais, pertinentes às situações do
trabalho de parto, ajudam na remoção rápida do fluido pulmonar fetal estabelecida
através da condução de íons por meio do epitélio pulmonar (16)
.
Os recém-nascidos por parto cesáreo com progressão eletiva tiveram uma maior
prevalência de taquipnéia transitória neonatal, quando comparados a recém-nascidos por
parto cesáreo com progressão espontânea (12,3%), o que pode justificar nossos
resultados (17)
.
Os recém-nascidos do nosso estudo são provenientes de um hospital escola que
incentiva o parto cesáreo apenas com a gestante já em progressão espontânea. Essa
peculiaridade foi importante para interpretação de nossos resultados.
16
Estudos diversos (18-19)
demonstram, por modelos retrospectivos, que o parto
cesáreo é um complicador na transição do feto para a vida extrauterina no que reflete a
adaptação respiratória, entretanto, em nossa amostra, apesar de apresentarmos um
modelo algoritmo (MATLAB) para quantificar a mobilidade toracoabdominal não
demonstramos essa variação. Acreditamos que esse resultado se resume ao processo de
parturição pertinente ao perfil do hospital. Além disso, nossa idade gestacional média
para o parto cesáreo foi de 39 semanas, o que possibilita uma maturação pulmonar, pois
a condição de parto cesárea tardia, realizado com 39 semanas, diminui as admissões
neonatais por complicações respiratórias (18)
.
Como confirmado com os estudos de (6,16)
onde o parto cesáreo, em recém-
nascidos já maduros (≥ 39 semanas) não induz a alterações respiratórias.
Imediatamente após o parto, o padrão respiratório pode ser irregular, mas logo se
torna rítmico através da modulação de quimiorreceptores e receptores de estiramento,
obtendo de 40 a 60 incursões respiratórias por minuto e depois de chorar, o recém-
nascido estabelece o volume pulmonar adequado (16)
. O líquido pulmonar diminui
próximo ao parto para proporcionar a ventilação respiratória, isto ocorre por meio de
uma combinação da drenagem mecânica e absorção de líquido através do epitélio do
pulmão, principalmente quando submetido ao parto vaginal, pela ocorrência da
compressão torácica (3)
. Vários outros estudos (18-21)
têm mostrado que a incidência de
disfunção respiratória é inversamente proporcional à idade gestacional. Entretanto,
muitas pesquisas têm concluído suas hipóteses, a partir de dados retroativos ou
subjetivos, o que pode comprometer sua interpretação.
A metodologia de análise da mobilidade toracoabdominal proposta nesse estudo
atingiu com primazia o objetivo de avaliar a mobilidade toracoabdominal em recém-
nascidos em diferentes tipos de parto. O método é objetivo e configurado dentro de uma
sequência matemática no software MATLAB, o que demonstra objetividade e precisão
na análise dos resultados. Demonstrou ser um recurso útil na avaliação de pacientes que
não controlam, voluntariamente a sinergia do trabalho muscular durante a respiração.
O emprego da fotogrametria para análise do movimento respiratório permite
estabelecer evidências da relação volume-movimento e esta informação pode ser
utilizada para inferir comportamentos mecânicos respiratórios de relevante utilidade
clínica para a equipe multiprofissional (8,10)
.
Entretanto, algumas limitações devem ser consideradas. Apresentamos um
estudo transversal sem um grupo de partos cesáreos com progressão eletiva e perdemos
17
25% da nossa amostra durante a fase de interpretação das imagens. Precisaríamos
acompanhar longitudinalmente um grupo maior de recém-nascidos de partos cesáreos
com progressão eletiva (sem o processo de parturição) e com idade gestacional diferente
das que incluímos nesse estudo.
Apesar de ser imprescindível às adaptações descritas como limitações nesse
estudo, a avaliação da mobilidade toracoabdominal pelo MATLAB nos diferentes tipos
de parto apresentou-se efetiva em recém-nascidos. Demonstrando eficiência na
quantificação das mudanças na mecânica respiratória, o que pode servir como uma
ferramenta objetiva e prática, de mensuração para os profissionais da equipe
multiprofissional, além de ser um método avaliativo de baixo custo e fácil
aplicabilidade.
CONCLUSÃO
Os dados indicam que o tipo de parto parece não influenciar a mobilidade
toracoabdominal, quando o padrão de progressão é espontâneo, para os partos vaginal
ou cesáreo. Entretanto, serão necessários novos estudos, com inclusão de cesáreas com
indução eletiva e estudos longitudinais para confirmação dos resultados.
18
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