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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSCA PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO STRICTO-SENSO EM EDUCAÇÃO FÍSCA IMPACTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS VARIÁVEIS MORFOFUNCIONAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL. Abraão Lincoln Santos de Andrade NATAL-RN 2019

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSCA

PROGRAMA DE PÓS- GRADUAÇÃO STRICTO-SENSO EM

EDUCAÇÃO FÍSCA

IMPACTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS VARIÁVEIS

MORFOFUNCIONAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.

Abraão Lincoln Santos de Andrade

NATAL-RN

2019

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IMPACTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS VARIÁVEIS

MORFOFUNCIONAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.

ABRAÃO LINCOLN SANTOS DE ANDRADE

Dissertação Apresentada ao curso de Pós-Graduação

em Educação Física da Universidade Federal do Rio

Grande do Norte, Como requesito parcial à obtenção

do título de mestre em Educação Física.

ORIENTADOR: PROF. DR. PAULO MOREIRA SILVA DANTAS

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Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde

CCS

Andrade, Abraão Lincoln Santos de.

Impacto do treinamento funcional nas variáveis morfofuncionais de

pessoas com deficiência intelectual / Abraão Lincoln Santos de Andrade. - 2019.

100f.: il.

Dissertação (Mestrado) - Programa de Pós-Graduação em Educação

Física, Centro e Ciências da Saúde, Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Natal, RN, 2019.

Orientador: Paulo Moreira Silva Dantas.

1. Equilibrio postural - Dissertação. 2. Deficiência intelectual -

Dissertação. 3. Treinamento multicomponente - Dissertação. 4.

Atividades da vida diária - Dissertação. I. Dantas, Paulo Moreira

Silva. II. Título.

RN/UF/BS-CCS CDU 615.85

Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263

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ABRAÃO LINCOLN SANTOS DE ANDRADE

IMPACTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS VARIÁVEIS MORFOFUNCIONAIS

DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.

Dissertação apresentada ao curso de Pós-

graduação em Eucação Física da Universidade

Federal do Rio Grande do Norte, como

requisito parcial à obtenção do título de Mestre

em 26/07/2019.

Aprovada em: 26/07/2019.

BANCA EXAMINADORA

Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas - Universidade Federal do Rio Grande do Norte –

UFRN- Orientador

Profa. Dra. Maria Aparecida Dias - Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN

Prof. Dr. Humberto Jefferson de Medeiros- Universidade do Estado do Rio Grande do

Norte-UERN- Suplente

Prof. Dra. Maria Irany Knackfuss - Universidade do Estado do Rio Grande do Norte-

UERN- Suplente

Prof. Dr. Radames Maciel Vitor Medeiros – Centro Universitário do Rio Grande do Norte-

UNI-RN

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Prof. Dr. Eduardo Caldas Costa

Coordenador do programa

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DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho ao meu filho, a minha mãe por se constituírem diferentemente como

pessoas admiráveis em essência, estímulos que me impulsionaram a buscar vida nova a cada

dia, meus agradecimentos por terem aceitado se privar de minha companhia devido aos meus

estudos, concedendo a oportunidade de me realizar ainda mais, meu filho que Deus abençoe

sua vida, você é iluminado e a sua luz, ilumina nossos caminhos, te amamos e somos só

Gratidão. À minha esposa por ter suportado com sabedoria ultrapassar as barreiras que

construi, te amo e sou só gratidão.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço a Deus por mais uma conquista em minha vida acadêmica.

À minha esposa, Liege Carlos, mulher guerreira, sábia e determinada, sem você nunca

conseguiria, sempre ao meu lado nesta árdua tarefa, que é a procura do conhecimento, e que

só é possível graças ao nosso amor, pois “o amor é bom e não quer o mal”. Ao meu filho,

Marcos Paulo, você chegou e mudou nossas vidas, somos pessoas melhores por sua causa, por

sua sabedoria e paciência ao compreender a minha ausência, ora passiva e ora ativa, mesmo

sabendo que faço tudo isto para propor-lhe um futuro melhor. Como você canta filho, não é

fácil ser adulto. À minha família, em especial aos meus avós, Maria do Carmo e Alcindo, meu

pai Luiz Roberto (in memorian), minha mãe Joana D´arc e meu paidrasto Umberto, que

sempre incentivaram a procura da sabedoria. À família da minha esposa, que alicerça os

pilares necessários para suprir com amor os momentos de ausência.

Ao meu orientador professor Paulo Dantas, com a sua sabedoria e humanidade me fez

enxergar a Educação Física com os olhos da inclusão e da resistência, em oferecer trabalhos

de qualidade e amor para as pessoas com algum tipo de deficiência.

A professora Cida Dias, por todos os ensinamentos, pelas sugestões e por manter um

trabalho, que é realizado com qualidade e amor para as pessoas com deficiência por tanto

tempo.

Aos amigos-colaboradores, que desenvolvem com respeito, dignidade e

profissionalismo a minha ausência em nossa academia e aos nossos alunos/clientes que

compreenderam as minhas faltas e incentivaram minha busca pela qualidade profissional e

pessoal.

Aos colegas da AFISA, por todo incentivo e ajuda nesse árduo processo que é o

ensino/aprendizagem, especialmente a José Carlos, Renata, Jean, Matheus, Felipe Veloso,

Ronaldo, Racquel, Radamés, Isís e a todos que de alguma forma compartilharam

conhecimento.

Aos responsáveis pelos alunos do projeto, mães e pais iluminados, gratidão por todo

incentivo e confiança, no momento mais difícil da pesquisa vocês estederam as mãos, muito

obrigado por tudo. Lembrem-se nunca permitam que digam que seus filhos não são capazes!

A vocês os grandes atores dessa dissertação, que modificaram a maneira com a qual eu

vejo a Educação Física, e me ensiraram a viver com mais alegria.

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Aos voluntários do projeto obrigado, pois sem vocês não conseguiriamos realizar um

trabalho tão bonito e realizado com primor, que suas vidas profissionais possam ter

ressignificações a partir do que foi aprendido durante a realização da pesquisa.

A todos os funcionários da UFRN, que sempre foram solicitos em todos os momentos

mantendo e cuidando para que tudo transcorresse bem. Diego e Camilo por toda solicitude.

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Ainda que eu falasse as línguas dos homens e dos anjos, e não tivesse

amor, seria como o metal que soa ou como o sino que tine. E ainda

que tivesse o dom de profecia, e conhecesse todos os mistérios e toda

a ciência, e ainda que tivesse toda a fé, de maneira tal que

transportasse os montes, e não tivesse amor, nada seria.

1 Coríntios 13:1,2.

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LISTA DE SÍMBOLOS

Δ Delta de mudança

P P valor

< Sinal menor

% Percentual

= Sinal de igualdade

- Sinal negative

II Número romano

I Número romano

± Sinal de mais ou menos

Marca registrada

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LISTA ABREVIATURAS

DI Deficiência Intelectual

AVDs Atividades da vida diária

BPCV Bipodal com visão

DXA Densitômetro lunar

OMS Organização Mundial da Saúde

SD Síndrome de Down

DSM-V Manual do diagnóstico estatístico

TEA Transtorno do espectro autista

SXF Síndrome do X-frágil

QI Coeficiente de inteligência

AP Ântero-posterior

ML Médio-lateral

TF Treinamento functional

CDPD Convenções das Nações Unidas sobre o direito das pessoas com

deficiência.

SNC Sistema nervoso central

FX Direção ântero-posterior

FY Direção médio-lateral

FZ Vertical

CP Centro de pressão

Hz Hertz

ASMs Atividades sensório-motoras

AIVDs Atividades instrumentais da vida diária

H0 Hipótese nula

H1 Hipótese derivada

TCLE Termo de consentimento livre e esclarecido

PCDI Pessoa com deficiência intellectual

CEP Comitê de ética responsavel

CNS Conselho nacional de saúde

M Masculino

F Feminino

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R24h Recordatório alimentar de 24 horas

TRX Suspension training

RM Repetição maxima

Kgf Kilograma força

S Segundos

Kg Kilograma

AMO Amplitude média de oscilação

DTR Destreino

IMC Indíce de massa corpórea

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LISTA DE SIGLAS

UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

LABMOV Laboratório do Movimento Humano

LABLUD Laboratório de Ludicidade

OMS Organização Mundial da Saúde

OPAS Organização Pan-Americana da Saúde

AMMD American Association of Mental Retardation

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01- Plataforma de força triaxial ………………………………………… 47

Figura 02- Absorciômetro de feixe duplo lunar – DXA ....................................... 48

Figura 03- Dinamômetro de mão hidraúlico Jamar …………………………...... 50

Figura 04- Desenho do estudo ………………………………………………….. 59

Figura 05- Relato do responsável ………………………………………………. 70

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LISTA DE FOTOS

Foto 01- Plataforma de força triaxial…………………………………………. 47

Foto 02- Avaliação da força isométrica ……………………………………… 49

Foto 03- Aquecimento ……………………………………………………....... 57

Foto 04- Voluntários com grupos de três à quarto sujeitos ………………....... 57

Foto 05- Voluntários com grupos de três à quarto sujeitos ………………....... 58

Foto 06- Parte principal- elevação do quadril ……………………………....... 58

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LISTA DE TABELAS

Tabela 01- Dados descritivos do estudo para força dinâmica e isométrica,

composição corporal e centro de oscilação de pressão no pré,

pós e destreino…………………………………………………..

60

Tabela 02- Teste de hipótese para força dinâmica e isométrica, composição

corporal e centro de oscilação de pressão no treino e no

destreino……………………………………………………

61

Tabela 03- Resultados individuais do Δ para área na condição BPCV…….. 62

Tabela 04- Resultados individuais do Δ para % de gordura………………... 63

Tabela 05- Resultados individuais do Δ para força de preensão manual…... 64

Tabela 06- Resultados individuais do Δ para força isométrica……………... 65

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LISTA DE QUADROS

Quadro 01- Comportamento, características segundo o DSM-V e estratégias

de regulação do equilíbrio………………………………………..

46

Quadro 02- Procedimentos padronizados durante os testes plataforma de

força………………………………………………………….......

52

Quadro 03- Procedimentos padronizados durante os testes para o DXA……. 53

Quadro 04- Procedimentos padronizados durante os testes da força

isométrica………………………………………………………...

54

Quadro 05- Procedimentos padronizados durante os testes para preensão

manual …………………………………………………………...

55

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SUMÁRIO

1. Introdução 21

2. Objetivos 24

2.1 Geral 24

2.2 Específico 24

3. Revisão de literatura 25

3.1 Deficiência 25

3.2 Deficiência intelectual não associada a uma síndrome 26

3.3 Síndrome de Down 29

3.4 Transtorno do espectro autista 32

3.5 Síndrome do X-frágil 34

3.6 Controle postural 36

3.6.1 Posturográfia 38

3.7 Treinamento functional 40

3.8 Atividades sensório-motoras e Atividades da vida diária 42

4. Materiais e métodos 43

4.1 Modelo do estudo 43

4.2 Hipóteses 43

4.3 Amostra 44

4.4 Critérios de inclusão e exclusão 44

4.5 Procedimentos iniciais 45

4.6 Avaliação física 46

4.6.1 Procedimentos e instrumentos 46

4.6.2 Procedimentos nos testes da plataforma de força 50

4.6.3 Procedimentos nos testes do DXA 52

4.6.4 Procedimentos nos testes de força isométrica 53

4.6.5 Procedimentos nos testes de preensão manual 54

4.7 Intervenção 55

4.7.1 Sessão de fotos – registro de uma aula de treinamento

funcional.

56

4.8 Análise estatística 58

5. Resultados e discussão 59

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5.1 Deficiência intelectual não associada a uma síndrome 67

5.2 Síndrome de Down 70

5.3 Transtorno do espectro autista 72

5.4 Síndrome do X-frágil 74

6. Considerações finais 76

7. Referências 77

8. Anexos 86

9. Apêndices 95

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IMPACTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS VARIÁVEIS

MORFOFUNCIONAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL.

RESUMO

INTRODUÇÃO: as pessoas com deficiência intelectual (DI) possuem o equilíbrio afetado

quando comparado a pessoas sem DI, os problemas com equilíbrio postural começam quando

jovens e permanecem por toda a vida. As pessoas com DI possuem limitações de mobilidade,

dentre elas o equilíbrio que apresenta variações de 3 a 63%, as explicações para tais

resultados, estão relacionadas às diferenças entre as populações e deficiências, incluindo a

distribuição da idade, sexo e nível de DI. OBJETIVO: o objetivo do estudo é avaliar o

impacto do treinamento funcional nas variáveis morfofuncionais de pessoas com deficiência

intelectual. MÉTODOS: a pesquisa é caracterizada como longitudinal, foram avaliados 14

indivíduos com idade entre 17 e 43 anos sendo 11 homens e 3 mulheres, todos foram

submetidos a 12 semanas de intervenção através da metodologia do Treinamento funcional.

Foram avaliados na condição, bi-podal com visão (BPCV), os componentes do controle

postural: amplitude média de oscilação ântero-posterior, amplitude média de oscilação médio-

lateral e área, nos períodos pré, pós-intervenção e destreino, estas medidas foram realizadas

na Plataforma de força triaxial, Cefise. Para composição corporal foram avaliados a massa

corporal, o percentual de gordura, massa gorda, massa magra e massa livre de gordura, estas

medidas foram realizadas no densitômetro Lunar DXA (GE Healthcare). Para força de

preensão manual foi utilizado dinamômetro grip (Jamar) e para avaliação da força superior do

corpo utilizou-se o teste de flexão isométrica. Utilizou-se a estatística descritiva com valores

individualizados para as variáveis estudadas, com a média e desvio padrão para um nível de

significância p < 0, 05. Para o teste de hipótese entre o Δ treino e o Δ destreino dos testes foi

usado o teste de Mann-Whitney. RESULTADOS: para o controle postural não foi observado

diferença estatística nas condições avaliadas, contudo os resultados individuais devem ser

considerados principalmente nos dados da variável área. Para a composição corporal foi

observada diferença estatística no percentual de gordura %G (p=0,04) e na massa gorda MG

(p=0,01). Para força de preensão manual foi observada diferença estatística no Δ na mão

direita (p=0,03) e no Δ para a mão esquerda (p=0,01), como também foi observada diferença

no Δ estatística no teste de flexão isométrica (p=0,03). CONCLUSÃO: entre os achados deste

estudo ressaltamos que as estratégias individuais na avaliação e na intervenção, bem como as

particularidades individuais na melhoria dos componentes do controle postural, na

composição corporal e na força repercutiram de forma positiva nas AVDs. Deste modo a

trajetória envolvida nos processos de avaliação e intervenção podem repercurtir em benefícios

para atividades da vida diária envolvendo o controle postural desta população, bem como

servir de apoio a novas pesquisas.

PALAVRAS-CHAVE: Equilibrio Postural, Deficiência Intelectual, Treinamento

Multicomponente, Atividades da Vida Diária.

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IMPACT OF THE FUNCTIONAL TRAINING ON THE MORPHO-FUNCTIONAL

VARIABLES OF PEOPLE WITH INTELECTUAL DISABILITY.

SUMMARY

INTRODUCTION: Most people with intellectual disabilities (ID) have their balance affected

when compared to people without ID, these problems with postural balance begin when

individuals are still young and remain lifelong. People with ID have a combined prevalence of

mobility limitations, among them, the balance, which obtained variations from 3 to 63%. The

explanations for such results are related to the differences between populations and

disabilities, including the distribution of age, sex and ID level. OBJECTIVE: the objective of

this study is to evaluate the impact of functional training on people with disabilities’ morpho-

functional variables. METHODS: this research is characterized as longitudinal. 14 individuals

aged between 17 and 43 years, 11 men and 3 women were evaluated. All submitted to 12

weeks of intervention through the Functional Training methodology. They were evaluated in

the bipodal condition with vision (BPCV), the components of postural control: the average

amplitude of the anteroposterior oscillation, the average amplitude of the medial-lateral

oscillation and the area, in the pre-intervention, post-intervention and non-training periods.

These measurements were performed in Triaxial Force Platform, Cefise. Body mass index, fat

percentage, fat mass, lean mass and fat-free mass were calculated for the body composition.

These measures were performed in the Lunar DXA (GE Healthcare) densitometer. For

manual gripping strength, it was used dynamometer grip (Jamar) and for evaluation of upper

body strength, it was used the isometric push-up test. Descriptive statistics were used with

individualized values for the studied variables, with the average and standard deviation to a

significance level of p < 0.05. For the hypothesis test between the conditions Δ training and Δ

no training, the Mann-Whitney test was utilized. RESULTS: for the postural control, no

statistical difference was observed in the conditions evaluated, however, the individual results

should be considered primarily in the data of variable area. For the body composition, a

statistical difference was observed in percentage of fat %G (p = 0.04) and in fat mass MG (p

= 0.01). For manual gripping strength, a statistically significant difference was noted in Δ in

the right hand (p = 0.03) and in Δ in the left hand (p = 0.01), as well as a statistically

significant difference in the Δ of isometric push-up test (p = 0.03). CONCLUSION: among

the findings of this study, it is emphasized that the individual strategies in the evaluation and

in the intervention, as well as the individual particularities on the improvement of the

components of the postural control, corporal composition and strength had a positive

repercussion in the ADL. This way, the trajectory related to the evaluation and intervention

processes may have benefits for Activities of Daily Living involving the postural control of

this subject population, as well as supporting new research.

KEY WORDS: Postural balance, Intellectual Disability, Multicomponent Training, Activities

of Daily Living.

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1. INTRODUÇÃO

Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), um bilhão de pessoas no mundo

apresentam algum tipo de deficiência. No âmbito nacional, o censo demográfico de 2010

aponta que o número de pessoas com deficiência no Brasil é de aproximadamente 23,9% da

população. Desse percentual, 1,4% da população brasileira possui deficiência intelectual (DI),

dados que justificam a relevância de estudos em relação a práticas em saúde e inclusão social

de pessoas com deficiência intelectual (MISSEL et al., 2017).

As pessoas com deficiência apresentam, em caráter permanente ou temporário, algum

tipo de deficiência física, sensorial, cognitiva, múltiplas condutas típicas ou outras

habilidades, necessitando, por isso, de recursos especializados para desenvolver mais

permanentemente o seu potencial e/ou superar ou minimizar suas dificuldades (GORLA;

CAMPANA; OLIVEIRA, 2009).

Muitos foram os termos utilizados para designar as pessoas com deficiência intelectual

ao longo da história, entre eles, ¨idiota¨, mongoloide, retardado mental e deficiente mental são

os termos mais conhecidos no contexto brasileiro. Tais termos têm sido evitados por seu

caráter discriminatório, por isso o uso da expressão “deficiência intelectual” tem sido

indicado (ALMEIDA; BARBOSA, 2014).

Para a Association et al. (2014), American Psychiatric Association, o transtorno do

desenvolvimento intelectual tem início no período do desenvolvimento incluindo déficts

funcionais, tanto intelectuais quanto adaptativos, nos domíninos conceitual, social e prático. A

DI apresenta uma prevalência geral na população como um todo de cerca de 1%, com

variações em decorrência da idade.

A síndrome de Down (SD), causada pela trissomia do cromossomo 21, é considerada a

deficiência intelectual mais comum (CHIVIACOWSKY; MACHADO; MARQUES, 2012,

MODESTO E GREGUOL, 2014). A SD é caracterizada como uma alteração na distribuição

cromossômica, apresentando-se como trissomia (92 a 95% dos casos), mosaico (2 a 4%) ou

translocação (3 a 4%), acometendo em torno de um em cada 600 nascidos vivos, resultando

em alterações físicas e mentais, o que pode tornar os indivíduos mais vulneráveis em alguns

aspectos do seu desenvolvimento, pois reduz o nível de funcionamento intelectual

(MODESTO E GREGUOL,2014).

Segundo a quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais

(DSM-5), o transtorno do espectro autista (TEA) é caracterizado pelo prejuízo persistente na

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comunicação social recíproca e na interação social e padrões restritos e repetitivos de

comportamento, interesses ou atividades. Tais sintomas estão presentes desde o início da

infância e limitam ou prejudicam o funcionamento diário. O TEA apresenta grande

discrepância entre as habilidades funcionais adaptativas e intelectuais, em que déficits

motores estão frequentemente presentes, incluindo marcha atípica, falta de coordenação e

outros sinais motores anormais (ASSOCIATION et al., 2014).

As manifestações clínicas da síndrome do X-frágil (SXF) podem variar de leve a grave

em características físicas, cognitivas, emocionais e comportamentais. Os indivíduos com a

SXF, frequentemente, têm déficits cognitivos, coeficiente de inteligência (QI) variando de

normal ou limítrofe a severamente baixo, problemas com a memória de trabalho, função

executiva e matemática e habilidades visuo-espaciais, como também a SXF é uma causa

comum de autismo (KE e LIU, 2015).

Cleaver, Hunter e Ouellette-kuntz (2009), em sua revisão avaliando a mobilidade em

pessoas com DI, afirmaram que a prevâlencia combinada de limitações de mobilidade, dentre

elas o equilíbrio, variou entre 3 a 63% e apontaram que as explicações para tais variações

estão relacionadas às diferenças entre as populações e deficiências, incluindo a distribuição da

idade, sexo e nível de DI.

Na postura ereta parada, alguns estudos mostram que as estratégias de regulação do

equilíbrio estão baseadas no controle de movimento de algumas articulações, em que, para a

direção ântero-posterior (AP), são conhecidas três estratégias: do tornozelo, do quadril e do

passo; e, para direção médio-lateral (ML), existe a estratégia de deslocamento de peso

(MOCHIZUKI; AMADIO, 2003).

O treinamento funcional (TF) tem por objetivo desenvolver as atividades normais do

cotidiano com eficácia e autonomia, tal metodologia de intervenção pode ser indicada para

pessoas normais, sedentárias, atletas e grupos especiais, com intuito de estimular a

propriocepção, força, flexibilidade, coordenação motora, lateralidade, equilíbrio e a

resistência muscular e cardiovascular (GIL; NOVAES, 2014).

Embora muitas investigações indiquem que o TF está associado às adaptações

neuromusculares que acontecem em decorrência de uma melhor ação coordenada dos

músculos agonistas, antagonistas, sinergistas e estabilizadores do movimento, este tipo de

treinamento é bastante utilizado nos programas de condicionamento físico geral para melhoria

de habilidades e de capacidades físicas, sendo realizado em forma de circuito combinado por

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pessoas que buscam alterações na composição corporal, sobretudo na redução dos níveis de

gordura corporal (PEREIRA et al., 2012).

Levando-se em consideração que o treinamento funcional pode melhorar o controle

postural, a força, a composição corporal e as atividades da vida diária (AVDs), torna-se

relevante a investigação das influências desse tipo de treinamento em pessoas com diferentes

tipos de deficiência intelectual devido à heterogeneidade dessas variáveis nessa população,

bem como desenvolver metodologias de treinamento e estratégias de avaliação.

Portanto, a partir destas considerações iniciais, o objetivo deste estudo foi avaliar o

impacto do treinamento funcional e das estratégias de avaliação nas variáveis

morfofuncionais de pessoas com deficiência intelectual.

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2. OBJETIVOS

2.1 Geral

Avaliar o impacto do treinamento funcional e das estratégias de avaliação nas

variáveis morfofuncionais de pessoas com deficiência intelectual.

2.2 Específicos

Verificar o controle postural de pessoas com deficiência intelectual.

Mensurar a força de pessoas com deficiência intelectual.

Identificar a composição corporal de pessoas com deficiência intelectual.

Comparar na linha do tempo as variáveis estudadas.

Relacionar os resultados com as AVDs.

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3. REVISÃO DE LITERATURA

3.1 Deficiência

Grande parte das pessoas terá uma deficiência temporária ou permanente em algum

momento de suas vidas, dessa forma aqueles que perdurarem ao envelhecimento enfrentarão

dificuldades cada vez maiores com a funcionalidade de seus corpos. A partir desse

pressuposto a deficiência faz parte da condição humana. As pessoas com deficiência,

historicamente tem sido atendidas através de soluções de segregação, tais como instituições

de abrigo e escolas especiais. Contudo, as políticas públicas mudaram em favor das

comunidades e da inclusão educacional, e as soluções que antes eram focadas estritamente na

medicina deram lugar a abordagens mais interativas, pois reconhecem que as pessoas se

tornam incapacitadas a partir de fatores ambientais e também por causa de seus corpos (OMS,

2011).

Em 2006 com a adoção da Convenção das Nações Unidas sobre os Direitos das

Pessoas com deficiência (CDPD), iniciativas nacionais e internacionais, tais como as regras

de padrões sobre equiparação de oportunidades para pessoas com deficiência, das Nações

Unidas, tem incorporado os direitos humanos das pessoas com deficiência (OMS, 2011).

O Decreto 3298/89, que regulamentou a Lei 7853/89, em seu art. 3o define deficiência

como toda perda ou anormalidade de uma estrutura ou função psicológica, fisiológica ou

anatômica que gere incapacidade para o desempenho de atividade, dentro do padrão

considerado normal para o ser humano (BRASIL, 1999).

A deficiência é complexa, dinâmica, multidimensional, e questionada. Contudo nas

ultimas décadas, o movimento das pessoas com deficiência, alicerçados por inúmeros

pesquisadores das ciências sociais e da saúde tem identificado como as barreiras físicas e

sociais que prejudicam a qualidade de vida das pessoas com deficiência. A mudança de uma

perspectiva individual e médica para uma perspectiva estrutural e social foi descrita como a

mudança de um “modelo médico” para um “modelo social” no qual as pessoas são vistas

como deficientes pela sociedade e não devido a seus corpos (OMS, 2011).

O preâmbulo da CDPD afirma que a deficiência é “um conceito em evolução”, mas

enfatiza que “a deficiência resulta da interação entre pessoas com deficiência e barreiras

comportamentais e ambientais que impedem sua participação plena e eficaz na sociedade de

forma igualitária”. Definir a deficiência como uma interação significa que a “deficiência” não

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é um atributo da pessoa. O progresso na melhoria da participação social pode ser realizado

lidando com as barreiras que afetam pessoas com deficiência na vida diária (OMS, 2011).

3.2 Deficiência Intelectual não associada a uma síndrome

Entre os termos utilizados para designar as pessoas com deficiência intelectual ao

longo da história, idiota, mongoloide, retardado mental e deficiente mental são os termos mais

conhecidos no contexto brasileiro. Tais termos têm sido evitados por seu caráter

discriminatório, por isso o uso da expressão “deficiência intelectual” (DI) tem sido indicado

(ALMEIDA; BARBOSA, 2014).

Greguol e Costa (2013) afirmam que, para a American Association of Mental

Retardation (AMMD), a deficiência intelectual refere-se a um funcionamento intelectual

significativamente abaixo da média, também se caracteriza por uma inadequação da conduta

adaptativa e pode se manifestar até os 18 anos de idade.

Vários testes têm sido usados para classificar a deficiência intelectual. O uso desses

testes possibilitou a classificação das pessoas com deficiência intelectual em escalas, tendo

como base o seu grau de comprometimento. Contudo esses testes receberam várias críticas,

pois se argumentava o emprego de uma classificação tendo como único instrumento as

habilidades acadêmicas, configurando-se, assim, em um recurso pobre para caracterização do

individuo. Portanto, a conduta adaptativa também recebeu grande atenção, e o desempenho

em atividades do cotidiano, como locomover-se, alimentar-se, vestir-se e brincar, passou a ser

considerado (GREGUOL; COSTA, 2013).

Para Greguol e Costa (2013), a classificação da deficiência intelectual, dessa forma,

está diretamente associada às capacidades e às limitações das pessoas com DI, e, dependendo

do grau de comprometimento, as pessoas com DI apresentariam algumas características:

A) Profundo: indivíduo que apresenta problemas físicos associados à DI, com

grandes problemas sensoriais (deficiência sensorial auditiva) ou ortopédicos

(derivados da falta ou da deformação de estruturas corporais).

B) Severo: indivíduo que apresenta distúrbios ortopédicos e sensórios, assim como

acentuado prejuízo na comunicação e na mobilidade.

C) Moderado: indivíduo que apresenta considerável atraso na aprendizagem e, em

grande parte das vezes, exibe problemas motores visíveis.

D) Leve: indivíduo que possui aprendizagem lenta, contudo possui plenas

capacidades para o desempenho de tarefas escolares e de vida cotidiana.

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E) Limítrofe: indivíduo que possui um desvio da inteligência; em razão de

algumas dificuldades em exercer tarefas que exijam raciocínio lógico e grande

demanda cognitiva.

Frequentemente, associa-se o problema da DI com atraso em relação ao nível de

desenvolvimento cognitivo. Geralmente, parte-se do pressuposto de que as pessoas com DI

percorreriam etapas semelhantes às percorridas pelos indivíduos sem deficiência no domínio

cognitivo, contudo de maneira lenta. A atuação do profissional de educação física deve estar

norteada pelos seguintes aspectos: identificar qual o nível de desenvolvimento cognitivo que o

indivíduo se encontra para criar condições favoráveis ao seu processo de interação em aula,

ou mesmo em um programa e realizar uma análise detalhada ao contexto institucional que

venha desenvolver uma proposta de trabalho compatível com o indivíduo. Ressaltamos a

importância para o entendimento das características da deficiência intelectual nos domínios

do comportamento humano em três domínios: cognitivo, socioafetivo e motor (GREGUOL;

COSTA, 2013).

No que se refere ao domínio cognitivo, geralmente também são encontradas três

características em pessoas com DI (GREGUOL; COSTA, 2013).

a) Problemas de atenção e apatia para aprender: problemas relacionados, sobretudo à

dificuldade de manter a atenção ao executar uma determinada tarefa ou de manter

a atenção ou a um determinado estímulo, durante um longo período.

b) Problemas com linguagem e comunicação: devido às suas restrições estruturais e,

muitas vezes, da falta de experiência, pessoas com deficiência intelectual podem

apresentar vocabulário reduzido e dificuldades para se comunicar.

c) Problemas generalizados de compreensão: devido ao seu problema cognitivo,

pessoas com deficiência encontram numerosas dificuldades de compreensão.

Condição essa que implicaria dificuldade na aprendizagem de conceitos, no

estabelecimento de relações entre fatos, eventos ou estímulos diferentes.

As pessoas com DI são caracterizadas por lentidão, pela escolha de estratégias motoras

inadequadas, pela alta variabilidade de produto e processo e, finalmente, pelo atraso no

alcance da sequência de desenvolvimento, quando comparado aos indivíduos sem deficiência.

Existe um consenso que o domínio motor constitui uma esfera que pode sofrer razoável

influência a partir da atuação do professor de educação física, todavia torna-se necessário que

esses profissionais tenham melhor fundamentação para intervir nessa área. Os problemas

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motores apresentados por esses indivíduos ocorrem tanto de fatores de ordem maturacional,

quanto da própria carência de experiência (GREGUOL; COSTA, 2013).

Em relação aos fatores motivacionais, esses correspondem à própria condição

estrutural do organismo, assim como as mudanças nessas estruturas ao longo do tempo.

Assim, a estrutura aos tecidos (nervoso, muscular, circulatório e ósseo) deve ser levada em

conta. Muitas pessoas com DI exibem uma série de problemas estruturais. A ocorrência e a

gravidade desses problemas estão associadas muitas vezes ao grau de comprometimento

dessas doenças (GREGUOL; COSTA, 2013).

As pessoas com DI demonstram problemas associados ao sistema nervoso central e

espera-se que grande parte de suas dificuldades estejam relacionadas às suas capacidades

motoras. Dessa forma, programas adequados para essa população devem oferecer certa

prioridade com relação às referidas capacidades, sobretudo quando se considera o seu papel

no processo de desenvolvimento motor (GREGUOL; COSTA, 2013).

Para os indivíduos adolescentes e adultos, em razão até mesmo da existência de alguns

problemas de saúde provenientes do sedentarismo, torna-se interessante o desenvolvimento de

propostas que procurem ampliar as capacidades físicas, ou melhor, que utilizem a atividade

física para aperfeiçoar a condição de saúde. Assim são sugeridos trabalhos relacionados à

flexibilidade, à resistência muscular geral e à velocidade (GREGUOL; COSTA, 2013).

Pessoas com DI, particularmente aqueles com gravidade leve ou moderada, são capacitados a

viver de forma autonôma e de contribuir para sua comunidade. As pessoas com DI leve ou

moderada são frequentemente qualificadas a atingir alguma autossuficiência e de levar uma

vida feliz e gratificante (KE e LIU, 2015).

Os governos têm a responsabilidade de oferecer melhores serviços para responder

adequadamente as exiguidades de indivíduos com DI. Dentre esses serviços, o fortalecimento

e aplicação eficaz aos serviços atuais nos setores de saúde, educação e bem-estar (KE e LIU,

2015).

A avaliação corresponde além do que levantar dados. Refere-se ao recurso usado para

obtenção de parâmetros sobre os resultados de um trabalho, ou seja, aponta a evolução de um

individuo ou de um grupo, assim como contribui na tomada de decisões sobre a metodologia

de um programa. No que se refere à DI, a avaliação corresponde a um problema, sobretudo

porque grande parte dos testes usados para examinar os indivíduos sem deficiência não é

aplicável para as pessoas com DI. Embora recentemente a preocupação com a validação e a

divulgação de testes adaptados para pessoas com deficiência tenha aumentado, é notório que

nem sempre esses indivíduos são perfeitamente “enquadrados” nos protocolos utilizados para

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avaliação de indivíduos sem deficiência (GREGUOL; COSTA, 2013). Dessa forma,

abordaremos padronizações para a avaliação de pessoas com DI não associada a uma

síndrome, as quais foram crucias para o desenvolvimento do presente estudo.

3.3 Síndrome de Down

A síndrome de Down (SD) foi caracterizada pela primeira vez por Lagdon Down, em

1866, sendo especificada por um erro da distribuição dos cromossomos das células,

apresentando um cromossomo extra no par 21, causando desequilíbrio da função reguladora

que os genes exercem sobre a síntese de proteínas, perda de harmonia do desenvolvimento e

nas funções das células, exibindo alterações fenotípicas e atraso no desenvolvimento motor

(BORSSATTI; ANJOS; RIBAS, 2013).

A SD possui três tipos de síndrome: trissomia 21, mosaico e translocação. A trissomia

acomete 95% das pessoas com SD, conhecida também como trissomia livre ou por não

disjunção, que ocorre por acidente genético durante a meiose. O mosaico ou mosaicismo, que

acomete cerca de 2% das pessoas com SD, é o único tipo que ocorre após a fertilização. A

translocação também é uma trissomia 21, contudo o cromossomo extra está conectado a outro

cromossomo. Estima-se que a translocação ocorra em aproximadamente 3% das pessoas com

SD (DÉA; BALDIN; DÉA, 2009).

A SD está associada a mudanças na anatomia corporal e no desenvolvimento

cognitivo, acarretando padrões de movimentos peculiares, como também o controle corporal e

a competência perceptivo-motora tendem a ser atrasada quando comparada a adolescentes

sem a síndrome (CHIVIACOWSKY; MACHADO; MARQUES, 2012).

Para Cabeza-ruiz et al. (2011), pessoas com SD possuem uma série de características

anatômicas e fisiológicas que os diferenciam das pessoas sem a síndrome. Dentre essas

características, o cérebro de pessoas com SD é mais leve e menor do que o de pessoas sem SD

possui uma densidade neuronal inferior, irregularidades e redução de neurotransmissores,

além de anomalias no processo de mielinização.

A estrutura do cérebro de pessoas com SD possuem diferenças ao se comparar com

pessoas sem SD, a redução do volume do cérebro é de cerca de 3 a 4%, o número de

neurônois é diminuído, e esses são imaturos em relação à população geral. Tais diferenças

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estruturais e funcionais correlacionam-se com o comprometimento intelectual (GIONGO;

BALDIN; CANEDO, 2009).

As pessoas com SD apresentam diversas alterações cerebrais que influenciam o

desenvolvimento e aprendizagem, pois esses indivíduos possuem um déficit significativo na

memoria de curto prazo, o que torna seu aprendizado mais lento (BORSSATTI; ANJOS;

RIBAS, 2013).

Dentre as principais características da SD, está às alterações na linguagem e cognição,

hipotonia muscular, frouxidão ligamentar, atraso na motricidade global, tamanho reduzido de

pés e mãos com abdução do quinto dedo, braquicefalia, protrusão da língua, obesidade, entre

outros (SOUZA et al., 2012). A literatura tem destacado que a hipotonia muscular pode

exercer forte efeito negativo sobre o desenvolvimento e utilização de ações que envolvam o

equilíbrio ( MATOS, 2005).

Dentre as características a hipotonia é a responsável pela desorganização corporal,

lentidão do movimento e baixa coordenação global e fina, dessa forma ressaltamos a

importância da hipotonia ser levada em conta no que se refere às dificuldades de movimento.

A hipotonia muscular caracteriza-se pela falta de tônus muscular, com isso a pessoa

com SD é mais flexível, possui músculos mais fracos e movimentos mais lentos. Essas

pessoas terão menor tonicidade muscular do que as outras pessoas, todavia o trabalho de

fortalecimento dos músculos executado na estimulação e com esportes pode ajudar a diminuir

esse quadro (GIONGO; BALDIN; CANEDO, 2009).

Dentre a maioria das anomalias presentes na SD, a hipotonia muscular é de fato a

maior facilitadora ou coadjuvante. Assim sendo, torna-se fundamental o início de

estímulações junto a profissionais de saúde, dentre eles o profissional de educação física, o

mais cedo possível, com a finalidade de oferecer a essas pessoas maior qualidade de vida,

pois, quanto menores forem às complicações na saúde dessas pessoas, maiores serão as

chances de sucesso nas mais diversas áreas da sua vida (GIONGO; BALDIN; CANEDO,

2009).

Indivíduos com SD apresentam falta de equilíbrio, pouca coordenação, tempo de

reação lenta, reduzido controle visual-motor e acuidade sensorial, reduzida habilidade motora

e, em geral, uma maior variabilidade de movimento (ALMEIDA; CORCOS; LATASH,

1994). A disfunção motora em pessoas com SD impede a conclusão bem sucedida de muitas

atividades da vida diária (AVDs), diminui a atividade profissionalizante e contribui para

trabalhos físicos de baixa complexidade (FERNHALL et al., 2001). A falta de mobilidade foi

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comprovada como um preditor de mortalidade nesta população (STRAUSS; ZIGMAN,

1996).

A SD está relacionada frequentemente a um estilo de vida sedentário, levando essas

pessoas a um excesso de peso, capacidades funcionais e capacidades aeróbias pobres em

relação às pessoas sem SD (BOER; MOSS, 2016). A saúde geral de adultos com SD que

participam de programas de atividade física tende a melhorar e afetar positivamente sua

qualidade de vida (CHIVIACOWSKY; MACHADO; MARQUES, 2012). Tendo em vista as

particularidades envolvidas no controle postural, na composição corporal e na força dessas

pessoas e as alterações provenientes da síndrome, é crucial para melhoria da qualidade de

vida dessas pessoas seu envolvimento e adesão em programas de treinamento que

desenvolvam capacidades físicas e cognitivas.

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3.4 Transtorno do Espectro Autista

O transtorno do espectro autista (TEA) está no grupo de desordens do

neurodesenvolvimento e é caracterizado por deficiência na interação social, comunicação e

comportamento repetitivo (ASSOCIATION et al., 2014). Apesar das deficiências motoras não

serem consideradas sintomas principais do TEA, existe grande interesse em não ignorá-las em

virtude das altas taxas de prevalência e significativo impacto sobre a intereção social e a

qualidade de vida (LAI; LOMBARDO; BARON-COHEN, 2014).

O DSM-V classifica o transtorno do espectro autista por a) déficts persitentes na

comunicação e na interação social em múltiplos contextos; b) padrões restritos e repetitivos

de comportamento, interesse ou atividades; c) sintomas presentes desde o início da infância e

limitam ou prejudicam o funcionamento diário (ASSOCIATION et al., 2014).

Dentro dessas características, no que se refere à interação social, os indivíduos com

TEA apresentam fuga a estímulos auditivos, visuais, táteis e estímulos orais. Ainda em

relação às interações, as esteriotipias motoras são características diagnósticas do TEA, de tal

forma que um diagnóstico adicional de transtorno do movimento esteriotipado não precisa ser

realizado, pois tais comportamentos repetitivos são mais bem explicados pela presença do

TEA (BEN-SASSON; LAMASH; GAL, 2012).

A expressão transtorno do desenvolvimento é abrangente a transtornos como a

deficiência intelectual e os transtornos do espectro autista. Via de regra, esses transtornos

surgem na infância, com comprometimento ou atraso de funções associadas ao

amadurecimento do sistema nervoso central, e têm um rumo constante, em vez das remissões

e recaídas que tendem a caracterizar outros transtornos mentais. As intervenções para pessoas

com TEA necessitam de acompanhamento de ações mais amplas, tornando ambientes físicos,

sociais e atitudinais mais acessíveis, inclusivos e de apoio (OPAS, 2017).

Estudos epidemiológicos realizados nos últimos 50 anos apontam para uma

prevalência de TEA, que parece estar aumentando globalmente. Dentre as explicações

possíveis para esse aumento aparente, encontra-se o aumento da conscientização sobre o

tema, a expansão dos critérios diagnósticos, melhores ferramentas de diagnóstico e o

aprimoramento das informações reportadas (OPAS, 2017).

Para Opas (2017), em todo mundo, uma em cada 160 crianças tem transtorno do

espectro autista. Essa estimativa representa um valor médio, e a prevalência relatada varia

substâncialmente entre outros estudos. Contudo, algumas pesquisas bem controladas têm

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relatado números que são significativamente mais elevados. A prevalência de TEA em muitos

países de baixa e média renda é até agora desconhecida.

As intervenções para pessoas com TEA estão asseguradas na Lei 12.764, que aponta

para as diretrizes de política nacional de proteção dos direitos dessas pessoas com a atenção

integral às necessidades de saúde da pessoa com TEA, observando o diagnostico precoce, o

atendimento multiprofissional e o acesso a medicamentos e nutrientes (BRASIL, 2012).

Os déficits motores são um núcleo latente característico do TEA, e o tratamento desse

transtorno deve levar em conta intervenções indicadas para melhorar esses déficits,

abrangendo o desempenho motor implicado com a coordenação motora - marcha, equilíbrio,

funções do braço e planejamento do movimento (FOURNIER et al., 2010). Portanto, as

avaliações e intervenções com pessoas com TEA são fundamentais, tanto para o entendimento

dos procedimentos envolvidos nesse processo, quanto para a melhoria ou manutenção da

saúde e das AVDs desses indivíduos.

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3.5 Síndrome do X-frágil

A síndrome do X -frágil (SXF), comumente conhecida como síndrome de Martin -Bell

e síndrome escalante, é uma doença associada ao cromossomo X (RASPA et al., 2010; KE e

LIU, 2015). É a segunda causa mais constante de atraso mental de origem genética, superada

apenas pela SD (RASPA et al., 2010). A SXF é uma causa comum de autismo (MODESTO et

al., 1997; KE e LIU, 2015). As exibições clínicas da SXF podem variar de leve a grave em

carcterísticas físicas, cognitivas, emocionais e comportamentais (KE e LIU, 2015).

A SXF é a forma herdada mais comum de DI e afeta aproximadamente um em cada

4000 homens e uma em 8000 mulheres. A SXF é associada a atrasos cognitivos, problemas de

atenção, hiperatividade, autismo e problemas de comportamentos, onde a maioria dos homens

tem deficiência intelectual de moderada a severa, enquanto as mulheres apresentam DI mais

leves (RASPA et al., 2010).

Modesto et al. (1997), em seu estudo de caso, em dois irmãos com SXF encontrou

características físicas potenciais, tais como estrabismos, prognatismo, palato ogival ou

fendido, torcicolo, sifoescoliose, peito escavado, pés chatos, distúrbios do aparelho urinário,

hérnia inguinal, criptorquidia e autismo. Para as características comportamentais, encontrou

déficit de atenção e hiperatividade, traços sugestivos de autismo, linguagem persistente,

mordedura das mãos, atraso no desenvolvimento da fala e deficiência intelectual. Ademais

expôs que a hipotonia observada nesses casos e na SXF, em geral, pode ser decorrente das

disfunções, do sistema nervoso central (SNC), causando efeitos deletérios sobre o

desenvolvimento da criança, prejudicando a coordenação motora, a estabilidade das

articulações e a integração sensorial dos indivíduos.

Algumas barreiras foram relatadas para a não adesão em atividades físicas, com

similaridade entre homens e mulheres. Dentre essas barreiras, as famílias relataram a

dificuldade de realizar a atividade, a falta de interesse e a dificuldade de interação social

(RASPA et al., 2010). Os indivíduos com SXF são muitos impulsivos e desviam a atenção

com grande facilidade. Exibem problemas de integração motossensorial relacionados

principalmente às suas dificuldades de tolerar estímulos sensoriais, ou seja, exibem

hipersensibilidade aos mesmos. Além dos problemas relacionados aos estímulos sensoriais, os

indivíduos com SXF apresentam alterações nos tecidos conjuntivos, como também quadril

deslocado, hérnias inguinais, escoliose, pé planos entre outros (FUENTES; IGLESIAS,

1999). Em relação às alterações nos tecidos conjuntivos, assim como na SD, a hipotonia

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exerce influências negativas para o controle postural, na composição corporal e na força

desses indivíduos, portanto avaliações e intervenções toram-se cruciais para a melhora e/ou

manutenção da saúde desses indivíduos.

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3.6 Controle Postural

O controle postural é uma das habilidades físicas mais importantes e é definida como a

habilidade de manter o equilíbrio estático e dinâmico, modificando ou recuperando o centro

de massa corporal sobre a base de sustentação, bem como a probabilidade de controlar a

posição do corpo no espaço (LEITE et al., 2009). Para Kraemer; Tairova (2008) equilibrar-se

pode ser para muitos uma tarefa simples, contudo são exigidas várias informações que

permitam que sejam realizados ajustes necessários para o controle do equilíbrio. Isso porque,

quando os sistemas responsáveis por fornecer informações do meio para o individuo são

incapazes de identificar de forma eficaz as reais condições de prática, o controle postural

torna-se bastante comprometido. Apesar de a coordenação postural acontecer rapidamente,

por meio de respostas automáticas, ela é significativamente influenciada por experiências

previas práticas, instrução e períodos de treinamento.

O sistema sensório motor é caracterizado pelas integrações sensoriais e motoras entre

as estruturas envolvidas na manutenção da integridade das articulações que ocorrem durante

os movimentos corporais, bem como nas manutenções de postura. Dessa forma, é o

responsável pela orientação no espaço do indivíduo, como também possibilita compreender e

ajustar o corpo para um perfeito equilíbrio, alcançando uma postura neutra, ou seja, o melhor

posicionamento de acomodação de sobrecarga pelo sistema musculoesquelético. As

informações sobre o estado das estruturas articulares definem a propriocepção, a qual pode ser

dividida em cinestesia e senso de posição articular (GIL; NOVAES, 2014).

A manutenção do equilíbrio em qualquer postura exige do corpo humano receber

informações sobre a sua posição no espaço e no ambiente. Tais informações são utilizadas

pelo corpo por meio sistema neural, que integra a informação sensorial para perceber a

posição e o movimento do corpo no espaço, e o sistema musculoesquelético produz forças

para controlar a posição do corpo, conhecido como sistema de controle postural (BRUNIERA

et al., 2015).

A manutenção de uma orientação postural desejada necessita que ocorra um

relacionamento estável entre o executante e o meio ambiente. Para que isso aconteça, a

informação sensorial e a ação motora são manipuladas constantemente pelo sistema de

controle postural, gerando um ciclo percepção-ação, o qual está baseado em um

relacionamento harmonioso e estável que, no caso da utilização da informação

somatosensorial, acontece utilizando uma estratégia de feedforward, em que a informação

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sensorial é usada para estimar oscilação corporal e utilizada para produzir atividade motora

antecipatória com o objetivo de minimizar esta oscilação corporal (BARELA, 2000).

Equilibrar-se é uma tarefa necessária para sentar, ficar em pé, caminhar ou correr sem

cair. A partir desse entendimento, torna-se crucial a realização de programas de treinamento

que promovam melhoras no controle postural e um estilo de vida saudável. Em contrapartida,

a inatividade é um fator de risco para várias doenças, tais como diabetes mellitus, obesidade,

doenças cardíacas e distúrbios musculoesqueléticos. Pessoas com deficiência intelectual

apresentam níveis mais baixos de aptidão física em testes padronizados. Dentre esses testes a

avaliação do controle postural torna-se necessária para aferir se o equilíbrio em pessoas com

deficiência intelectual é prejudicada em comparação à população em geral e para determinar

se o equilíbrio pode ser melhorado com a adesão de treinamentos (BLOMQVIST et al.,

2012). A intervenção motora tem a finalidade de reduzir as alterações advindas do distúrbio

neurológico, tendo em vista a possibilidade de exploração da plasticidade do sistema nervoso

central a partir das intervenções (PACHECO et al., 2014).

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3.6.1 Posturografia

Manter uma posição corporal desejada abrange a coordenação e controle dos

segmentos corporais com relação aos outros segmentos corporais, como também ao controle

deles em relação ao meio ambiente (BARELA, 2000).

A posturografia refere-se a qualquer estudo ou técnica que irá medir a oscilação do

corpo ou de uma variável associada a essa oscilação. É dividida em: posturografia estática,

quando a postura ereta quieta do sujeito é estudada; e posturografia dinâmica, quando a

resposta a uma perturbação aplicada sobre o sujeito é estudada para a avaliação do centro de

pressão, o equipamento mais utilizado é a plataforma de força, que consiste em uma placa na

qual geralmente quatro sensores de força do tipo célula de carga ou piezoelétrico estão

arranjados para mensurar os três componentes da força, Fx, Fy e Fz, em que x, y e z são as

direções ântero-posterior, médio-lateral e vertical, respectivamente (DUARTE; FREITAS,

2010).

Para a avaliação da oscilação do centro de pressão, é fundamental a observância de

vários procedimentos. Dentro dessa perspectiva, a posturografia estática necessita de muitos

cuidados. A magnitude e direção das forças externas aplicadas são imprevíssiveis, tal fato

torna a tarefa de controle postural um processo complexo (MOCHIZUKI; AMADIO, 2003).

Para padronização da posturografia, vários parâmetros devem ser observados para a aquisição

adequada dos dados utilizando a plataforma de força. Para Duarte e Freitas (2010), tais

parâmetros incluem frequência de aquisição, período de aquisição, número de tentativas, entre

outros e devem seguir alguns procedimentos:

Frequência de aquisição: a frequência de aquisição do sinal do CP é dependente da

tarefa que se pretende investigar. Para a postura ereta quieta em indivíduos normais, os

componentes de frequência do CP estão abaixo de 10 Hz. Dessa forma, segundo o teorema de

Nyqüist, uma frequência de aquisição de 20 Hz seria suficiente. Devido às frequências do

ruído presente no sinal, frequências mais altas, normalmente 100 Hz, são utilizadas para

avaliação (DUARTE; FREITAS, 2010).

Número e duração das tentativas: uma condição limitante da posturografia é a

grande variabilidade das medidas utilizadas na avaliação postural (tais como CP) as quais

podem prejudicar a interpretação dos resultados como distinção entre normal e anormal, risco

de quedas, efeito de tratamento, entre outros. Em contrapartida, várias repetições da mesma

tarefa podem gerar um efeito de aprendizagem, o que leva a uma progressiva redução da

oscilação corporal. Em casos mais extremos, elevado número de repetições da mesma tarefa

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pode levar à fadiga e, assim, o aumento da oscilação corporal. Portanto é recomendado que

cerca de três repetições sejam avaliadas. Uma duração de 30 segundos, é sugerido,

principalmente em um contexto clínico, onde um minuto pode ser um tempo elevado para

ficar em pé para o paciente em análise (DUARTE; FREITAS, 2010).

O controle corporal depende da informação sensorial influentemente dos sistemas

visual, vestibular e somatossensório, em que tais informações sensoriais comunicam sobre a

posição relativa dos segmentos corporais e das forças externas que estão atuando no corpo.

Essas informações são, assim, utilizadas para estimar e antecipar as forças que estão atuando

no corpo; combinadas com a atividade muscular adequada promovem a manutenção da

postura (BARELA, 2000).

Distância do campo visual: para a avaliação do controle postural, é comum pedir

para o participante fixar o olhar em um ponto no espaço. Em geral esse ponto é representado

por um alvo fixo e disposto na altura dos olhos de cada participante. A distância entre esse

alvo e o participante deve ser padronizada e normalmente é fixado o ponto a um metro do

participante (DUARTE; FREITAS, 2010).

Condições ambientais: a posturografia pode ser feita dentro de um laboratório,

clínica ou em ambientes abertos. Contudo é necessário que as condições ambientais sejam

propícias para a avaliação. Cuidados com a iluminação e ruídos sonoros entre outras

características do ambiente devem ser considerados. A atenção do indivíduo é um fator que

interfere na avaliação do controle postural (DUARTE; FREITAS, 2010).

Ainda para Duarte e Freitas (2010), a variável área estima a dispersão dos dados do

CP pelo cálculo da área do estatocinesigrama. Existem diferentes maneiras de se calcular

essa área e uma das mais comuns é por meio do método estatístico de análise dos

componentes principais. Por esse método, é possível o cálculo de uma elipse que engloba uma

determinada porcentagem (por exemplo, 95%) dos dados do CP, dessa forma os dois eixos

desta elipse são calculados a partir das medidas de dispersão dos sinais do CP. Portanto, a

partir do entendimento de que quanto menor for à dispersão dos dados, menor será a oscilação

do centro de pressão, elegemos a área para a avaliação. Contudo ressaltamos a necessidade de

compreendermos esses resultados sob uma visão clínica.

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3.7 Treinamento Funcional

O termo treinamento é conceituado como o processo de treinamento de uma ou mais

pessoas no conhecimento ou na aplicação prática e teórica de uma atividade (GIL; NOVAES,

2014). Para Boyle (2018), o treinamento funcional (TF) significa treinar com um propósito e,

ao usarmos a palavra função, quer-se dizer que algo tem um propósito. O termo funcional

significa relativo às funções vitais. O TF tem como objetivo desenvolver a capacidade

funcional através de exercícios específicos, nessa metodologia de intervenção. A atividade

pode ser indicada para sedentários, atletas e grupos especiais, a fim de promover e estimular a

propriocepção, força, resistência muscular e cardiovascular, flexibilidade, coordenação

motora, lateralidade e o equilíbrio, além de auxiliar no processo de reabilitação de diversas

patologias (GIL; NOVAES, 2014).

Segundo Garber et al. (2011), existem poucos estudos que comprovem a eficiência e

eficácia do treinamento funcional em jovens adultos.

Atividades consideradas funcionais em que são utilizados implementos como bolas,

disco de equilíbrio, camas elásticas podem promover melhorias sinestésicas, proprioceptivas e

controle de força, as quais podem ser uma alternativa de treinamento na busca da diminuição

de pressão arterial, prevenção de lesões e benefícios na qualidade de vida dos indivíduos

(BOTELHO et al., 2011).

Okada, Huxel e Nesser (2011) constataram que, embora o treinamento do core e o

movimento funcional sejam importantes para serem incluídos em um programa de

condicionamento físico, especialmente para a prevenção de lesões, eles não devem ser a

principal ênfase de qualquer programa de treinamento.

Thompson (2012) define TF como o uso de treinamento de força, não somente para o

desenvolvimento da força, mas também o equilíbrio, da coordenação motora e da resistência,

aumentando a capacidade dos indivíduos para executar atividades da vida diária (AVDS),

sejam eles as tarefas mais simples da vida diária, sejam manobras atléticas mais complexas.

No TF o aumento da exigência de aceleração e desaceleração estimula tanto fibras do

tipo II quanto do tipo I, sendo um importante estímulo para as capacidades físicas, como força

e potência, bem como a coordenação motora, agilidade, velocidade, propriocepção e

equilíbrio (LOHNE-SEILER; TORSTVEIT; ANDERSSEN, 2013). O TF promove a

realização de exercícios que simulam as tarefas da vida diária AVDs (por exemplo,

agachamento, lunges, flexões), e tem demonstrado melhorar, simultaneamente, a força e

equilíbrio (WEISS et al., 2010).

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A intervenção com exercício multicomponente deve combinar as capacidades de força

/ resistência, equilíbrio, resistência / mobilidade, aeróbica e exercícios cognitivos, assim como

ser apropriadamente intensivo e progressivo e estar apoiado por pessoal (que pode interagir

comunicar e se conectar) e materiais adequados. Promove-se a velocidade de iniciação,

duração da intervenção, o incentivo de estilo de vida ativo e prazer dentro de uma forma

flexível para, pelo menos 15-20 minutos (ou o que quer que possa tornar-se ou adaptar-se à

rotina), 2-3 vezes por semana, durante 6-12 meses. Além disso, pode ser realizado em casa

(para aqueles que querem ou que necessitem de um apoio individualizado de intervenção) ou

em grupo (para aqueles que querem independência durante a intervenção, aumento da

atividade física habitual ou aspectos de socialização) (BOOTH et al., 2019).

Para Boyle (2018), a forma adequada de montagem de um treinamento de força

funcional deve seguir os seguintes princípios:

Aprender primeiro os padrões básicos: controlar os fundamentos do movimento

primeiro para depois pensar nas progressões a fim de tornar um treinamento mais funcional.

O principal erro acontece quando atletas que não dominam um movimento básico tentam usar

mais carga ou incrementar o movimento.

Começar com exercícios simples que usam exclusivamente o peso corporal: a

principal forma de destruir um programa de treinamento de força é tentar levantar muito peso

precocemente. Se o atleta consegue realizar o exercício com o peso do corpo, mas não

consegue realizar com uma carga externa, então a carga externa é o problema.

Avançar do simples para o complexo: para exercícios de base monopodal, o atleta

deve dominar o exercício mais simples, antes de avançar para um exercício mais complexo.

Usar o conceito de resistência progressiva: a resistência progressiva é crucial para o

sucesso, ou seja, deve-se tentar acrescer pesos ou repetições a cada semana.

Dentro dos princípios de Boyle (2018) periodizamos o treinamento do estudo.

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3.8 Atividades sensório-motoras e Atividades da vida diária

A área de saúde adotou determinadas medidas para a promoção da saúde para pessoas

com deficiência. Tais medidas buscam o bem-estar geral, não se limitando a determinada

desordem ou doença, possibilitando a melhora da qualidade de vida. Dentre essas medidas

consideradas como benéficas à qualidade de vida, está à adoção de um estilo de vida

moderadamente ativo. A prática de atividades sensório-motoras (ASMs) contribui na

participação social através do convívio com outras pessoas e viabiliza o acesso aos bens

materiais e culturais que existem na comunidade (ROEDER, 2003).

Para Roeder (2003), a vivência com diferentes tipos de atividades traduz o

enriquecimento específico das relações das pessoas com o ambiente, ajuda na busca do seu

estado de saúde e permeia no seu desenvolvimento psíquico/afetivo e nas relações com outras

pessoas, influenciando o seu comportamento habitual. Tais fatores incidem na sua qualidade

de vida. Diversas atividades físicas como a caminhada, a corrida, as atividades esportivas, as

danças, as atividades de expressão corporal, as atividades de alongamento, o relaxamento, as

artes marciais, os exercícios físicos, as atividades de lazer, entre outras, como também as

atividades da vida diária (AVDs) e as atividades instrumentais da vida diária (AIVDs), se

forem realizadas como recurso terapêutico, podem ser consideradas atividades sensório-

motoras, as quais são vivências corporais proporcionadas pela prática de atividades físicas, na

qual o indivíduo sente e percebe os movimentos quando os realiza, dentro das suas

possibilidades e limites. Pensando em práticas de reabilitação psicossocial, entende-se que o

trabalho com a motricidade possa colocar esses sujeitos em contato consigo mesmo através da

descoberta do seu corpo, da sua motricidade. Portanto, práticas corporais que devolvam ao

praticante sua energia de vida, capturada, não só pela sua condição institucional e clínica

(AMORIM et al., 2017).

Portanto o TF, dentro das possibilidades de periodização, pode ser utilizado para o

desenvolvimento das capacidades físicas, psíquicas e afetivas influenciando positivamente nas

AVDs.

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4. MATERIAIS E MÉTODOS

4.1 Modelo do Estudo

O presente estudo é longitudinal, caracteriza-se como quase experimental e

delineamento comparativo, com amostra escolhida de forma intencional.

4.2 Hipóteses

Este estudo antecipa que existe diferença para as variáveis estudadas, a saber; controle

postural, composição corporal e força, no delta de mudança nos períodos de treino e de

destreino após a intervenção do treinamento funcional. As hipóteses estatísticas serão

enunciadas da seguinte forma, H0 forma nula e H1 alternativa, com mais de 95% de

probabilidade, ou p< 0,05, para que seja aceita a hipótese.

H0 – Não existe diferença significativa entre o delta de mudança no controle postural,

na composição corporal e na força, nos períodos de treino e destreino.

H1- existe diferença significativa entre o delta de mudança no controle postural, na

composição corporal e na força, nos períodos de treino e destreino.

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4.3 Amostra

A amostra foi composta por 11 homens e três mulheres, entre 17 e 43 anos, somando

um total de 14 sujeitos, com nível de gravidade variando de leve a moderada.

No primeiro momento da coleta, foi realizada a seleção dos sujeitos de forma não

probabilística intencional e a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido

(TCLE) pelos responsáveis legais dos participantes. A amostra foi recrutada através do grupo

de extensão pessoa com deficiência intelectual/UFRN (PCDI/UFRN). Participaram do estudo

sujeitos do sexo masculino e feminino, com idade, estatura e massa corporal dos indivíduos

(30,65±7,21) anos, (161,66±10) cm e (73,11±15,98) kg, respectivamente. Todos os

procedimentos realizados atenderam rigorosamente aos protocolos escolhidos para

observação das variáveis em questão, seguindo os procedimentos previamente autorizados

pelo Comitê de Ética, responsável (CEP) pelo protocolo Nº 45188715.3.0000.5537 atendendo

aos itens propostos, conforme a Resolução CNS 466/12.

4.4 Criérios de Inclusão e Exclusão

Participaram do estudo os sujeitos cujos responsáveis autorizaram, de forma

voluntária. Foram excluídos do estudo os sujeitos que não apresentaram o atestado médico,

e/ou os sujeitos que faltaram ou se recusaram a algum tipo de avaliação ou exercícios

propostos (intervenção) e que faltaram mais que 25% das atividades propostas.

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A descrição comportamental de cada sujeito e as estratégias de regulação do equilíbrio

são apresentadas no quadro 01.

Quadro 01. Comportamento, características segundo DSM-5 e estratégias de regulação do

equilíbrio.

Nº Classificação Comportamento/Características físicas Estratégia

1 M, 24 anos, (TEA) Comportamento desafiador/Estereotipias Quadril

2 M, 32 anos, (SD) Apoio social / Hipotonia acentuada Tornozelo

3 M, 42 anos, (SD) Apoio social / Trissomia equilibrada Tornozelo

4 F, 30 anos, (DI) Apoio social / Epilética / Estereotipias Deslocamento

5 M, 21 anos, (SXF) Comportamento repetitivo / Estereotipias Quadril

6 M, 28 anos, (DI) Apoio social / Estereotipias Quadril

7 F, 24 anos, (SD) Apoio social / Hipotonia acentuada Tornozelo

8 M, 17 anos, (SD) Apoio social / Hipotonia equilibrada Tornozelo

9 M, 36 anos, (SD) (TEA) / Hipotonia equilibrada Tornozelo

10 M, 40 anos, (DI) TDAH / Hemiparesia Quadril

11 M, 26 anos, (SXF) Comportamento repetitivo / Estereotipias Quadril

12 M, 40 anos, (DI) Apoio social / Estereotipias Quadril

13 M, 31 anos, (TEA) Comportamento repetitivo / Esteriotipias Quadril

14 F, 36 anos, (SD) Apoio social / Hipotonia equilibrada Tornozelo

4.5 Procedimentos Iniciais

Após a assinatura do TCLE, foi aplicada com os responsáveis dos avaliados uma

anamnese a fim de analisar o estado de saúde e doenças preexistentes, um questionário de

atividade física PAR-q, para analisar a prontidão à realização de atividades físicas. Por meio

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desses, identificamos se os sujeitos estavam aptos ou não para a realização das avaliações e

intervenções.

4.6 Avaliação Física

Todas as avaliações foram realizadas no Laboratório do Movimento Humano

(LABMOV), localizado no Departamento de Educação Física da UFRN, com temperatura,

luminosidade e controle acústico do ambiente, como também se limitou a quantidade de

avaliadores e voluntários que realizaram as avaliações. As avaliações foram realizadas por

profissionais devidamente capacitados, como também foram instruídos para observar as

individualidades de cada sujeito em cada procedimento.

Foi realizada uma avaliação inicial com todos participantes da pesquisa. Após isso

todos os sujeitos realizaram o treinamento funcional durante 12 semanas (Intervenção),

totalizando 24 sessões de exercício e, logo após, foi realizada a reavaliação. Um período de

destreino de oito semanas foi concluído por todos os sujeitos.

Para a Avaliação do controle postural, utilizou-se uma plataforma de força da marca

Cefise®, triaxial, dimensões 540x540x150mm e com vidro com dimensões

1100x1100x30mm, com capacidade vertical de 10.000N e resolução abaixo de 5N. Para a

análise do controle postural, os sujeitos foram orientados a permanecerem imóveis sobre a

plataforma de força, de pé e a cabeça no plano de Frankfurt. Os indivíduos realizaram três

tentativas de 30 segundos para avaliação. Foi fixado um alvo quadrado a uma distância de 1,5

metros do sujeito, na altura de seus olhos e foi solicitado para que nele mantivessem seu olhar

fixo no sobre o alvo.

4.6.1 Procedimentos e Instrumentos

Figura 01. Foto 01.

Fonte: plataforma de força triaxial (DUARTE; FREITAS, 2010). Plataforma de força.

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Para a medida de massa corporal, o avaliado foi colocado sobre o centro da plataforma

da balança. Foi utilizada uma balança digital Balmak® modelo BKP-500B, precisão de 100g

e capacidade de 500kg, com dimensão de 100x100cm do tipo plataforma. A estatura foi

mensurada por estadiômetro compacto do tipo trena Sanny®, onde o avaliado permaneceu em

pé e a cabeça no plano de Frankfurt.

Para mensurar os componentes da composição corporal, foi utilizado um densitômetro

lunar DXA (GE® Healthcare), que utiliza a técnica de absorciometria de dupla emissão de

raios-X (DXA - Dual Energy X-ray Absorptiometry). Próteses metálicas que podem afetar o

escaneamento foram identificadas como artefatos e desconsideradas na análise. As pernas dos

participantes foram fixadas com fita autoadesiva na mesa do DXA para evitar espasmos

musculares durante o exame. A calibração do equipamento foi realizada sempre que

necessário, respeitando as normas estabelecidas no manual do equipamento. Foi realizado

escaneamento do corpo inteiro para quantificação total e regional (braços, pernas e tronco).

Para a aquisição e análise dos dados, foi utilizado o software Encore, versão 12.20.

Figura. 02.

Fonte: Absorciômetro de feixe duplo (DXA) (Lunar Prodigy Advance - General Electric

Company®).

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A flexão isométrica avalia a força superior do corpo. Os participantes permaneceram

na posição de flexão durante o tempo que puderam. As mãos foram colocadas diretamente

abaixo dos ombros, os braços permaneceram estendidos, as costas permaneceram alinhadas

com o resto do corpo, e os dedos permaneceram no chão. O tempo na posição foi mantido e

avaliado o segundo mais próximo. O tempo foi interrompido assim que as costas caíram ou

levantaram. A validade discriminante foi relatada em adultos com síndrome de down entre

categorias etárias (18-25, 26-35, 36-45 e> 45) (TERBLANCHE; BOER, 2012).

Foto 02. Avaliação da força isométrica

A força de preensão manual foi avaliada por um dinamômetro grip (Jamar ®) com um

espaço de aperto de 10 cm. Os participantes sentaram em um banco sem encosto reto, pés

planos no chão. Os cotovelos flexionados em 90 graus e o dinamômetro para preensão foi

apertado tão forte quanto possível. Três ensaios foram administrados, com descanso 30

segundos entre cada ensaio. Ambas as mãos foram testados. O dispositivo mensura a

pontuação no teste do participante (kgf). A validade discriminante foi relatada em adultos

com síndrome de down entre categorias etárias (18-25, 26-35, 36-45 e> 45) (Terblanche &

Boer, 2012).

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Figura 03.

Fonte: Dinamômetro de mão Jamar®.

A fim de controlar o viés relacionado à alimentação, os responsáveis também

responderam ao recordatório alimentar de 24h (R24h), que foi aplicado por profissional

capacitado (nutricionista) a fim de que ocorra padronização na coleta de dados. O primeiro

recordatório foi aplicado no dia da “avaliação 01” pré e foi repetido no dia da “avaliação 02”

pós e na “avaliação 03” destreino, na finalização do estudo, totalizando três R24h por

voluntário.

Nesse instrumento, o responsável informou sobre todos os alimentos e bebidas

consumidos nas últimas 24 horas pelas pessoas com deficiência intelectual. O entrevistador

(nutricionista) perguntou sem induzir às respectivas respostas e esteve atento às combinações

de alimentos a serem ingeridos juntos, pois, dessa maneira, foi capaz de sondar efetivamente a

ingestão de itens que o entrevistado não mencionou inicialmente. As quantidades consumidas

foram referidas por meio de medidas caseiras, e o sujeito foi auxiliado de um manual

fotográfico com tamanhos de porções de alimentos para ajudá-lo na mensuração das suas

porções. A análise da composição nutricional da dieta foi realizada pelo software AvaNutri

4.0 Revolution. Todos os sujeitos, após as avaliações dos recordatórios, obtiveram a

alimentação controlada.

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50

4.6.2 Procedimentos nos Testes da Plataforma de Força

Para o teste na plataforma de força, a condição bi- podal com visão (BPCV) foi

avaliada. Alguns procedimentos foram padronizados a fim de facilitar a execução dos testes,

dentre eles, a utilização de um alvo da cor vermelha de 10x10 cm. Para chamar a atenção e

minimizar possíveis distrações, alguns estudos utilizaram essa estratégia em suas avaliações

(GIAGAZOGLOU et al., 2013, VILLARROYA et al., 2013). Para cada tentativa, a medida

entre os pés foi mantida, como proposto por Duarte e Freitas (2010), Cabeza-ruiz et al.

(2011), sendo respeitado um minuto de intervalo entre cada tentativa para todos os avaliados.

Durante o intervalo, os sujeitos foram orientados que não movimentassem os pés, a fim de

manter o correto posicionamento nos testes. Adotamos uma frequência de 100 hertz (Hz), e

foi usado um filtro Butterworth de quarta ordem. Os registros da posturografia durante as três

tentativas do teste foram processados no MatLab R2015b®.

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Quadro 02. Procedimentos padronizados durante os testes:

Sujeitos Padronizações para os testes

Sujeito 1 “mantenha os braços parados”, “ olhe para o alvo”.

Sujeito 2 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo”, “abra os olhos”, o

indivíduo precisou de reforço constante.

Sujeito 3 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo” e “levante o rosto”.

Sujeito 4 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo”.

Sujeito 5 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo”, devido ao

comportamento repetitivo necessitamos manter o reforço constante.

Sujeito 6 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo”, contudo precisamos

refazer algumas avaliações pelo fato do indivíduo não compreender o

procedimento.

Sujeito 7 “mantenha os braços parados” , “olhe para o alvo”.

Sujeito 8 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo” e “levante o rosto”.

Sujeito 9 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo” e “abra os olhos”

utilizamos também a frase “quem é o mais forte?” utlizado em todo o

período de intervenção, para reforçar um comportamento mais calmo e

auxiliar a conclusão dos testes.

Sujeito 10 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo” e “feche os olhos”, o

indivíduo necessitou adotar uma postura com a estratégia do quadril que

facilitou a conclusão dos testes.

Sujeito 11 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo”, devido ao

comportamento repetitivo necessitamos manter o reforço constante e

utilizar uma playlist com músicas religiosas, utlizado em todo o período de

intervenção, onde o celular ficou direcionado na altura de seus olhos.

Sujeito 12 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo”, a frase “muito bem

amigão” foi padronizada a fim de minimizar a dispersão do avaliado.

Sujeito 13 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo”, devido ao fato do

avaliado não verbalizar, padronizamos gestos para auxiliar o procedimento

do teste.

Sujeito 14 “mantenha os braços parados”, “olhe para o alvo”, “levante o rosto”.

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4.6.3 Procedimentos nos testes do DXA.

Quadro 03. Procedimentos padronizados durante o teste:

Sujeitos Padronizações para os testes

Sujeito 1 “mantenha os braços e pernas parados”

Sujeito 2 “mantenha os braços e pernas parados”, o indivíduo precisou de reforço

constante.

Sujeito 3 “mantenha os braços e pernas parados”

Sujeito 4 “mantenha os braços e pernas parados”

Sujeito 5 “mantenha os braços e pernas parados” , devido ao comportamento repetitivo

necessitamos manter o reforço constante.

Sujeito 6 “mantenha os braços e pernas parados”

Sujeito 7 “mantenha os braços e pernas parados”

Sujeito 8 “mantenha os braços e pernas parados”

Sujeito 9 “mantenha os braços e pernas parados”, utilizamos também a frase “quem é

o mais forte?”, para reforçar um comportamento mais calmo e auxiliar a

conclusão dos testes.

Sujeito 10 “mantenha os braços e pernas parados”

Sujeito 11 “mantenha os braços e pernas parados”, devido ao comportamento repetitivo

necessitamos manter o reforço constante e necessitamos utilizar uma playlist

com músicas religiosas, onde o avaliador permaneceu ao lado do sujeito com

o celular.

Sujeito 12 “mantenha os braços e pernas parados” a frase “muito bem amigão” foi

padronizada a fim de minimizar a dispersão do avaliado.

Sujeito 13 “mantenha os braços e pernas parados” , devido ao fato do avaliado não

verbalizar, padronizamos gestos para auxiliar o procedimento do teste.

Sujeito 14 “mantenha os braços e pernas parados”

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4.6.4 Procedimentos nos Testes de Força Isométrica

Quadro 04. Procedimentos padronizados durante os testes:

Sujeitos Padronizações para os testes

Sujeito 1 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”

Sujeito 2 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”, o

indivíduo precisou de reforço constante.

Sujeito 3 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”

Sujeito 4 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”

Sujeito 5 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”,

devido ao comportamento repetitivo necessitamos manter o reforço

constante.

Sujeito 6 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”

Sujeito 7 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”

Sujeito 8 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”

Sujeito 9 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”,

utilizamos também a frase “quem é o mais forte?”, para reforçar um

comportamento mais calmo e auxiliar a conclusão dos testes.

Sujeito 10 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”

Sujeito 11 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”,

devido ao comportamento repetitivo necessitamos manter o reforço constante

e necessitamos utilizar uma playlist com músicas religiosas, onde o avaliador

permaneceu ao lado do sujeito com o celular.

Sujeito 12 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”, a

frase “muito bem amigão” foi padronizada a fim de minimizar a dispersão do

avaliado.

Sujeito 13 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”,

devido ao fato do avaliado não verbalizar, padronizamos gestos para auxiliar

o procedimento do teste.

Sujeito 14 “mantenha os braços e pernas estendidos”, “mantenha o quadril parado”

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4.6.5 Procedimentos nos Testes de Preensão Manual

Quadro 05. Procedimentos padronizados durante os testes:

Sujeitos Padronizações para os testes

Sujeito 1 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”

Sujeito 2 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força” o indivíduo

precisou de reforço constante.

Sujeito 3 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”

Sujeito 4 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”

Sujeito 5 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”, devido ao

comportamento repetitivo necessitamos manter o reforço constante.

Sujeito 6 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”

Sujeito 7 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”

Sujeito 8 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”

Sujeito 9 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”,utilizamos

também a frase “quem é o mais forte?”, para reforçar um comportamento

mais calmo e auxiliar a conclusão dos testes.

Sujeito 10 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”

Sujeito 11 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”, devido ao

comportamento repetitivo necessitamos manter o reforço constante e

necessitamos utilizar uma playlist com músicas religiosas, onde o avaliador

permaneceu ao lado do sujeito com o celular.

Sujeito 12 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”, a frase “muito

bem amigão” foi padronizada a fim de minimizar a dispersão do avaliado.

Sujeito 13 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”, devido ao fato

do avaliado não verbalizar, padronizamos gestos para auxiliar o

procedimento do teste.

Sujeito 14 “mantenha a postura”, “braço parado um, dois, três e força”

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4.7 Intervenção

Duas sessões iniciais realizadas antecipadamente às semanas de intervenção serviram

de adaptação ao treinamento com adequação da velocidade e amplitude, bem como para a

avaliação do tempo de isometria sustentado em cada exercício. A partir daí, observou-se a

capacidade de realização dos exercícios, em média de dez repetições máximas e dez segundos

de isometria para a primeira semana de intervenção.

A intervenção consistiu na realização de exercícios funcionais, duas vezes por semana,

durante 12 semanas. As intervenções respeitaram as limitações de cada participante e foram

realizadas no Laboratorio de Ludicidade (LABLUD), localizado no departamento de

Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN).

O protocolo do treinamento funcional foi composto por seis exercícios: agachamento

na bola suíça, flexão de cotovelo, afundo com as mãos na parede, remada no TRX, elevação

do quadril no solo e isometria abdominal no solo.

O treinamento foi constituído por um aquecimento de dez minutos, adaptado de

Tsimaras e Fotiadou (2004), Van Hanegem et al. (2013), R. Oviedo et al. (2014), seguido de

duas séries para cada exercício; e o tempo de isometria foi orientado na última repetição de

cada série. Cada exercício variou de acordo com a semana do treinamento, em que a parte

principal da aula durou 40 minutos; e à volta a calma, de mais dez minutos, totalizando 60

minutos para cada sessão de Treinamento.

Periodização: seguindo os princípios de Boyle (2018), da primeira à quarta semana,

utilizamos dez repetições máximas (10 RM) e dez segundos de isometria na última repetição

de cada série para cada exercício; da quinta à oitava semana, 12 repetições máximas (12 RM)

e 15 segundos de isometria na última repetição de cada série para cada exercício; da nona à

décima segunda semana, 15 repetições máximas (15 RM) e 20 segundos de isometria na

última repetição de cada série para cada exercício. Os sujeitos foram auxiliados por

voluntários treinados, cada voluntário/professor atendia no máximo de três a quatro

indivíduos, e a cada execução dos exercícios foi orientado que mantivessem as correções e

incentivos constantes.

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4.7.1 Sessão de Fotos – Registro de uma aula de treinamento funcional.

Foto 03: aquecimento.

As aulas foram ministradas respeitando a autonomia dos sujeitos, na imagem pode ser

observado um sujeito realizando a atividade dentro da sua percepção da tarefa.

Foto: 04- volunários com grupos de três á quatro sujeitos.

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Foto 05: volunários com grupos de três a quatro sujeitos.

Em todas as intervenções os sujeitos foram auxiliados por voluntários treinados, a fim

de orientar na execução dos exercícios, a cada três ou quatro sujeitos um voluntário foi

designado.

Foto 06: parte principal- elevação do quadril.

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Figura 04. Desenho do Estudo

4.8. Análise Estatística

Utilizou-se a estatística descritiva com valores individualizados para a avaliação do

controle postural, da composição corporal e da força, com a média e desvio padrão para um

nível de significancia p≤ 0,05. Para o teste de hipótese, entre o treino e destreino, foi usado o

teste de Mann-whitney e, para as inferências quanto possíveis modificações entre o pré-teste e

pós-teste e o destreino, utilizou-se o delta de mudança através da seguinte equação:

Δ=((Pós/Pré)-1). Sendo que, se o resultado mensurado for positivo, ocorreu aumento nos

componentes para a oscilação do centro de pressão, composição corporal e na força dinâmica;

e quando o resultado foi negativo, ocorreram diminuições para a oscilação do centro de

pressão, composição corporal e na força dinâmica, contudo para força isométrica se o

componente foi positivo, ocorreu melhora.

AVALIAÇÃO (03) Destreino

DESTREINO (08 semanas)

AVALIAÇÃO (02) Pós -Treino

TREINO (12 semanas)

AVALIAÇÃO (01) Pré -Treino

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5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Tabela 01- Dados descritivos do estudo para força dinâmica e isométrica, composição

corporal e centro de oscilação pressão no pré, pós e destreino.

PRÉ PÓS DTR

Força Dinâmica e Isométrica

Mão Direita (kgf) 22,95 ± 4,98 23,19 ± 6,43 20,42±4,48

Mão Esquerda (kgf) 20,97 ± 6,59 21,52 ± 5,35 19,02 ± 5,43

Força Isométrica (s) 31,55 ± 13,02 49,38 ± 21,71 31,53 ± 14,28

Composição Corporal

Massa Corporal (kg) 75,87 ± 16,13 75,60 ± 15,92 75,99 ± 15,90

Massa de Gordura (%) 35,85 ± 7,64 35,81 ± 7,90 36,65 ± 7,60

Massa de Gordura (kg) 26,90 ± 10,26 26,84 ± 10,46 27,53 ± 10,17

Massa Magra (kg) 46,58 ± 8,61 46,39 ± 8,36 46,05 ± 8,39

Massa Livre de Gordura (kg) 48,99 ± 9,03 48,77 ± 8,80 48,75 ± 8,73

COP

AMO-ap 16,69 ± 4,70 17,92 ± 4,11 18,55 ± 3,52

AMO-ml 0,26 ± 0,28 0,29 ± 0,41 0,43 ± 0,31

Área 100,36 ±117,79 66,22 ± 51,88 77,24 ±104,24

PRÉ (pré-treino); PÓS (pós-treino); DTR (destreino) e COP (centro de oscilação de

pressão).

Na tabela 01, temos os resultados dos dados descritivos para a melhor compreensão

dos resultados na linha do tempo, onde ressaltamos para o COP a diminuição na área no pós e

o aumento no destreino.

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Tabela 02- Teste de hipótese para força dinâmica e isométrica, composição corporal e centro

de oscilação de pressão no treino e no destreino.

△% Treino

△% Destreino

p

Força Dinâmica e Isométrica

Mão Direita (kgf) 0 -10 0,03

Mão Esquerda (kgf) 6 -11 0,01

Força Isométrica (s) 59 -36 0,03

Composição Corporal

Massa Corporal (kg) -0,64 0,55 0,15

Massa de Gordura (%) -0,05 2,61 0,04

Massa de Gordura (kg) -0,66 3,12 0,01

Massa Magra (kg) -0,70 -0,71 0,63

Massa Livre de Gordura (kg) -0,72 0,00 0,73

COP

AMO-ap 9 0 0,58

AMO-ml 46 54 0,96

Área -5 -3 0,96

Δ Treino = diferença entre os momentos PÓS e PRÉ; Δ Destreino = diferença entre os

momentos DTR e PÓS e COP (centro de oscilação de pressão) e p (p valor < 0, 05).

Na tabela 02, temos os resultados dos testes de hipótese, para a melhor compreensão

dos resultados na linha do tempo aceitamos a hipótese derivada para força dinâmica e

isométrica e para composição corporal no % de gordura e na massa de gordura.

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Tabela 03- Resultados individuais do Delta (Δ) de mudança para a área na condição BPCV.

BPCV

Sujeitos △% Treino △% Destreino

1 -15,65 -71,26

2 -70,48 56,34

3 -81,85 13,16

4 256,75 -70,40

5 53,00 -23,18

6 1898,87 -80,39

7 -65,70 176,97

8 328,22 -38,61

9 5,37 -60,05

10 -56,19 213,82

11 62,22 -36,88

12 431,16 26,22

13 35,15 -19,79

14 -85,75 221,60

BPCV (bi-podal com visão), Δ Treino = diferença entre os momentos PÓS e PRÉ; Δ Destreino =

diferença entre os momentos DTR e PÓS.

Na tabela 03, temos os resultados dos dados descritivos para a melhor compreensão

dos resultados no △treino e no △destreino. Onde os resultados foram mais expressivos para o

△destreino, contudo apontamos para os resultados dos sujeitos 4, 6, 8 e 12, os quais não

foram responsivos no △treino. Para os resultados do △destreino observamos que os sujeitos

2, 3, 7, 10 e 14, não foram responsivos.

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Tabela 04- Resultados individuais do Delta (Δ) de mudança para o % de gordura.

% de gordura

Sujeitos △% Treino △% Destreino

1 -1% 3%

2 6% 1%

3 -1% 3%

4 4% -1%

5 -1% 7%

6 -1% 4%

7 0% 2%

8 -1% -3%

9 0% 13%

10 -2% 5%

11 -1% 1%

12 2% -1%

13 -2% 3%

14 -5% 0%

△ Treino % (delta de mudança para o treino) e △ Destreino % (delta de mudança para o

destreino).

Na tabela 04, temos os resultados dos dados descritivos para a melhor compreensão

dos resultados no △ treino e no △ destreino. Onde os resultados foram mais expressivos para

o △ treino, apontamos para os resultados dos sujeitos 14 com redução de -5 % e o sujeito 9

com aumento de 13%, como os mais expressivos.

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Tabela 05- Resultados individuais do Delta (Δ) de mudança para força de preensão manual.

Sujeito

△ Treino △ Destreino

Direita Esquerda Direita Esquerda

1 -5% 8% -14% -39%

2 2% 7% -5% -9%

3 0% -10% -18% 11%

4 -20% -17% 0% -9%

5 -10% -8% -33% 0%

6 19% 7% -14% -15%

7 -11% -5% -4% -11%

8 -6% -10% -7% 1%

9 24% 8% -19% -18%

10 30% 59% -21% -33%

11 -8% 37% -7% -24%

12 -6% -1% -13% -20%

13 8% 21% 30% 3%

14 -5% -2% -11% 5%

Fonte: Elaborada pelo autor (2019).

Δ Treino = diferença entre os momentos PÓS e PRÉ; Δ Destreino = diferença entre os

momentos DTR e PÓS, Direito (mão direita) e esquerda (mão esquerda).

Na tabela 05, temos os resultados dos dados descritivos para a melhor compreensão

dos resultados no △ treino e no △ destreino. Onde os resultados foram mais expressivos para

o △ destreino, principalmente no que se refere à mão esquerda.

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Tabela 06- Resultados individuais do Delta (Δ) de mudança para força isométrica.

Sujeitos

△% treino

△% Destreino

1 81% 25%

2 -3% -55%

3 118% 9%

4 49% -46%

5 13% -9%

6 107% -65%

7 225% -50%

8 6% -31%

9 28% -25%

10 26% -12%

11 89% -69%

12 -16% -69%

13 28% -54%

14 46% -56%

Δ Treino = diferença entre os momentos PÓS e PRÉ; Δ Destreino = diferença entre os

momentos DTR e PÓS.

Na tabela 06, temos os resultados dos dados descritivos para a melhor compreensão

dos resultados no △ treino e no △ destreino. Quando os resultados foram mais expressivos

para o △ treino, apontamos que somente os resultados dos sujeitos 2 e 12 não foram

responsivos na força isométrica.

Os principais resultados do estudo apontam que, clinicamente, as pessoas com

diferentes tipos de deficiência intelectual apresentaram diminuições expressivas na oscilação

do centro de pressão pelo delta de mudança no destreino na condição testada no que se refere

à área. Esses resultados sugerem que os sujeitos avaliados foram beneficiados pela prática do

treinamento funcional.

Também observamos que as padronizações usadas nos testes ajudaram na melhor

compreensão das tarefas. Contudo, segundo Fleck e Kraemer (2017), o destreinamento se

caracteriza por um processo de descondicionamento físico que ocorre quando o treino é

diminuído ou cessado totalmente, podendo influenciar o desempenho em função da

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diminuição da capacidade fisiológica. Quando ocorrem diminuições na capacidade de força e

potência, ou quando a massa muscular é reduzida, pode ter acontecido algum tipo de

destreinamento (FLECK; KRAEMER, 2017).

No nosso estudo, as pessoas com DI obtiveram resultados piores de oscilação do

centro de pressão na condição testada, tanto no Δ treino quanto no Δ destreino. Dentre as

explicações para esses resultados, ressaltamos a dificuldade de compreensão dos exercícios e

dos procedimentos de avaliação.

Para os resultados dos testes, no delta de mudança observamos diminuições da

oscilação do centro de pressão para a área, ou seja, na dispersão dos dados. Para a AMO ap e

AMO ml, não encontramos melhoras. Essas modificações ocorreram após a intervenção do

treinamento funcional, fato que pode ser explicado por mecanismos relacionados à força e a

cocontração, pois, para que os sujeitos concluíssem as semanas da intervenção, precisavam

executar mais repetições e sustentar o próprio peso corporal por mais tempo. Todos os

sujeitos concluíram as semanas de intervenção. Esses resultados sugerem que o ciclo

percepção-ação está baseado em um relacionamento harmonioso e estável que, no caso da

utilização da informação somatossensória, induziu uma atividade motora antecipatória e

auxiliou na diminuição da oscilação do centro de pressão, todavia os resultados mais

expressivos ocorreram no destreino.

O treino resistido estático ou isométrico relaciona-se a uma ação muscular durante a

qual não acontece alteração no comprimento total do músculo. Aumentos em decorrência do

treinamento isométrico podem ter relação com a quantidade de ações musculares efetuadas

com a duração de tais ações e com o fato de serem ou não máximas, bem como a frequência

do treinamento. Ações isométricas podem ser realizadas de tal maneira, que a força máxima

seja desenvolvida o mais rápido possível ou que a força aumente e alcance o máximo em

determinado período de tempo, como quatro segundos. Esse tipo de treinamento no qual a

força máxima é expandida em quatro segundos resulta em alterações do sistema nervoso

periférico, isto é, atividade elétrica da membrana muscular. Ações isométricas submáximas

são empregadas em programas de reabilitação ou programas de força terapêuticos nos quais

ações musculares máximas são contraindicadas (FLECK; KRAEMER, 2017).

Geralmente, períodos pequenos de destreinamento de várias semanas em homens e

mulheres, não mostraram alterações significativas numa grande quantidade de hormônios,

incluindo o do crescimento em repouso, a testosterona, o cortisol, a adrenocorticotropina, o

luteinizante, a progesterona, o estradiol, o folículo estimulante e a globulina de ligação ao

hormônio sexual. São observados reduções na proporção testosterona/cortisol que se

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correlacionam com as reduções de força após períodos de destreinamento de oito semanas ou

mais (FLECK; KRAEMER, 2017).

Em relação aos resultados para a oscilação do centro de pressão, no que se refere ao

destreinamento, durante períodos de destreino, algumas adaptações positivas no tamanho das

fibras musculares ocorridas em decorrência de adaptações do treinamento voltam ao estado de

não treinamento e pré-treinamento. Durante pequenos períodos (duas a oito semanas) de

destreinamento em homens, a área das fibras do tipo I e II pode diminuir quando comparadas

com a condição pós-treinamento, contudo ainda assim são maiores do que o tamanho das

fibras na condição de destreinado, ou seja, o destreinamento de curto prazo (de semanas a

meses) costuma ser mais importante na elaboração de programas de treinamento resistido.

Alguns resultados de pesquisas que avaliaram o destreinamento apontam para maior atrofia

das fibras do tipo II do que do tipo I durante pequenos períodos de destreinamento, tanto em

homens quanto em mulheres (FLECK; KRAEMER, 2017).

Pessoas com DI apresentam níveis mais baixos de aptidão física em testes

padronizados. Dentre esses testes, a avaliação do controle postural torna-se necessária para

avaliar se o controle corporal em pessoas com DI é prejudicado em comparação à população

em geral, como também para determinar se o controle postural pode melhorar após a prática

de treinamento (BLOMQVIST et al., 2012). Para avaliação da oscilação do centro de pressão,

autores avaliaram que a área de oscilação apresentou maior índice de confiabilidade

(DOYLE; NEWTON; BURNETT, 2005).

Na estabilidade postural bem-sucedida e simetria durante posturas de equilíbrio

estático, é exigida uma integração dos sistemas, vestibular (ouvido interno), somatossensorial

(pressão do pé) e input visual. Se uma destas entradas for prejudicada ou interrompida, tarefas

motoras simples e complexas podem ser mais exigentes (PACHECO et al., 2014). Essas

dificuldades de integração estão presentes na DI, portanto detalharemos os resultados em cada

tipo de deficiência intelectual, no controle postural, na composição e na força, bem como

procuramos correlacionar os resultados com as AVDs.

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5.1 Deficiência Intelectual não associada a uma síndrome

Em relação aos sujeitos com DI, 4 (mulher, 30 anos) , 6 (homem, 28 anos), 10

(homem, 40 anos) e 12 ( homem, 40 anos), observamos os seguintes resultados:

Para o sujeito 4, em relação ao delta de mudança na condição BPCV, foi mais

responsivo na comparação do delta de mudança no (Δ destreino = -70,40) . O sujeito 6 foi

mais responsivo na comparação no (Δ destreino = -80,39). Apesar dos resultados semelhantes

nos dois sujeitos, alguns autores encontraram que as mulheres com DI apresentaram

capacidades de equilíbrio inferiores aos homens com DI e que as capacidades de equilíbrio

diminuem com o aumento da idade (OPPEWAL et al., 2013).

O sujeito 10, em relação ao delta de mudança, foi mais responsivo na comparação do

delta de mudança no (Δ treino= -56,19). Contudo foi um dos sujeitos que foi menos

responsivos no (Δ destreino= 213,82). O sujeito 12 não foi responsivo no Δ treino e no Δ

destreino. Oppewal et al. (2013) encontrou no seu estudo que, da sua amostra, 21% das

pessoas com DI leve apresentaram maior risco de queda e apontou para uma coexistência no

declínio do equilíbrio em relação à idade. Todavia, mesmo para pessoas com DI mais jovens,

em um estudo avaliando a marcha e o equilíbrio, autores encontraram pontuações menores

nas pessoas com DI, como também um desempenho global consideravelmente pior quando

comparadas às pessoas sem DI. Dentre os determinantes que causam dificuldades para o

equilíbrio, temos a idade, IMC, número de comorbidades, oscilação do corpo e medo de cair

(ENKELAAR et al., 2013). Autores avaliando uma bateria de testes de equilíbrio

demonstraram que as dificuldades de compreensão das tarefas e as limitações físicas foram as

principais razões para o abandono dos testes (OPPEWAL et al., 2013).

Para a força de preensão manual, o sujeito 4 não foi responsivo para a força no treino,

porém não apresentou piora no destreino. Os sujeitos 6 e 10 no treino e o sujeito 12 não

foram responsivos no (destreino= - 69%), assim como na força isométrica, todos não foram

responsivos no destreino. Entre as explicações para melhora observada na força para os

sujeitos, principalmente no teste de força isométrica no treino, observamos que no TF o

aumento da exigência de aceleração e desaceleração estimula tanto fibras do tipo II quanto do

tipo I, é um importante estímulo para as capacidades físicas, como força e potência, bem

como para a coordenação motora, agilidade, velocidade, propriocepção e equilíbrio (LOHNE-

SEILER; TORSTVEIT; ANDERSSEN, 2013).

Segundo Costa et al. (2018), a composição corporal humana sofre transformações ao

longo da vida, resultantes do processo de envelhecimento, além de fatores externos como

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dieta e exercício, ou ainda do acometimento de doenças. Para composição corporal, todos os

sujeitos após as avaliações dos recordatórios obtiveram a alimentação controlada e foram

classificados como obesos. Demonstraram redução no delta de mudança do treino, contudo

obtiveram aumento no destreino. Alguns estudos têm demonstrado que adultos com DI

possuem uma capacidade cardiovascular reduzida, menores taxas de atividade física e maior

incidência de obesidade, quando comparados a pessoas sem DI. Tais condições estão

associadas a um estilo de vida sedentário, falta de motivação e compreensão da tarefa, dieta

pouco saudável, reduzida força muscular, hipotonia e capacidade aeróbica reduzida

(R.OVIEDO et al., 2014, BOER; MOSS, 2016, BOER, 2017). Curtin et al. (2005), avaliando

a prevalência de sobrepeso em pessoas com DI, encontrou um risco de 29% e de excesso de

peso 17, 3%, também afirmaram que os fatores que contribuem para a obesidade nesses

indivíduos diferem das pessoas sem DI.

Para os sujeitos 4, 6, 10 e 12, no que se refere ao comportamento e a interação social,

foram responsivos na diminuição da necessidade de apoio social e, durante as intervenções, as

esteriotipias foram diminuindo, como também foi observada melhora na atenção do sujeito

10. Essas mudanças de comportamento auxiliaram na interação dos sujeitos com o grupo,

bem como foi reportado por seus responsáveis, uma maior preocupação nos cuidados pessoais

e nas AVDs. As melhoras reportadas foram preparar a roupa para a atividade no dia seguinte,

escovar os dentes, preocupar-se com a alimentação antes e após o treino, auxiliar nas tarefas

de casa (limpeza e manutenção) e maior mobilidade e autonomia nessas atividades.

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Figura 05- .Relato do responsável.

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70

5.2 Síndrome de Down

Em relação aos sujeitos 2 (homem, 32 anos), 3 (homem, 42 anos), 7 (mulher, 24

anos), 8 (homem, 17 anos), 9 (homem, 36 anos) e 14 (mulher, 36 anos), todos com SD,

observamos os seguintes resultados:

Para o delta de mudança na condição BPCV, os sujeitos 2 (Δ treino = - 70,48), 3 (Δ

treino = - 81,85), 7 (Δ treino = - 65,70) e 14 (Δ treino = - 85,75) foram responsivos para

comparação do delta de mudança no Δ treino e houve pioras no destreino. Em estudo que

avaliou o tempo e a frequência do equilíbrio estático em adultos com e sem SD, as

intervenções realizadas mostraram melhoras no equilíbrio através de programas de exercício

físico de diferentes tipos (CABEZA-RUIZ et al., 2011). Giagazoglou et al. (2013), avaliando

o equilíbrio e a força em pessoas com DI, afirmaram que exercícios corretamente

selecionados podem melhorar as capacidades funcionais desses indivíduos, como também

necessitam de programas de intervenções que incentivem as melhoras no nível de atividade

física. Cabeza-ruiz et al. (2011) afirmam que pessoas sem SD utilizam mecanismos

proprioceptivos para controlar o equilíbrio com mais frequência do que pessoas com SD, e

uma das possibilidades para que isso ocorra pode incluir dificuldades no aparelho vestibular

das pessoas com SD.

Para a força de preensão manual, os sujeitos foram mais responsivos na comparação

da força no Δ destreino e para a força isométrica no Δ treino, onde os sujeitos 3 (Δ treino=

118%), 7 (Δ treino= 225%) , 8 (Δ treino = 6%) e 14 (Δ treino 46%) foram mais responsivos

e menos responsivos no destreino.

Corroborando com nosso estudo, Terblanche e Boer (2012), avaliando a força de

preensão manual, descobriram que os níveis de força máxima tendem a ser alcançados por

indivíduos mais jovens com SD. Isso porque os valores de pico foram obtidos por homens e

mulheres entre 26 e 35 anos, e concluíram que a relação entre a força de preensão manual e a

idade podem ser um pouco diferente para indivíduos com DI, com e sem SD. Souza et al.

(2012), avaliando o desempenho funcional e a força de preensão manual em indivíduos com

SD, atestaram que o atraso global do desenvolvimento, a destreza manual, a força de preensão

e o desempenho funcional estavam defasados quando comparados às pessoas sem deficiência,

como também houve correlação entre as variáveis, força de preensão palmar e o autocuidado.

Para composição corporal, todos os sujeitos após as avaliações dos recordatórios

obtiveram a alimentação controlada. O delta de mudança obteve diminuições na % de gordura

no Δ treino e pioras no destreino, todos os sujeitos foram classificados com sobrepeso e

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obesidade. As pessoas com SD apresentam altas prevalências de sobrepeso e obesidade em

adultos. Terblanche e Boer (2012), avaliando pessoas com SD em diferentes faixas etárias,

encontraram que adultos de ambos os sexos possuem baixa capacidade funcional,

principalmente devido aos altos níveis de obesidade e baixos níveis de aptidão cardiovascular

e de força muscular.

No que se refere ao comportamento e à interação social, foi observada nos sujeitos

maior independência durante as atividades, bem como maior interação com o grupo. Contudo,

para o sujeito 9, em relação às características de TEA, observamos diminuição do

comportamento repetitivo, bem como foi reportada por seus responsáveis uma maior

preocupação no autocuidado e nas AVDs. As melhoras reportadas foram preparar a roupa

para a atividade no dia seguinte, escovar os dentes, preocupar-se com a alimentação antes e

após o treino, auxiliar nas tarefas de casa (limpeza e manutenção) e maior mobilidade e

autonomia nessas atividades.

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5.3 Transtorno do Espectro Autista

Em relação aos sujeitos 1 (homem, 24 anos) e 13 (homem, 31 anos), todos com TEA,

observamos os seguintes resultados:

Para o delta de mudança, ambos foram mais responsivos para comparação do delta de

mudança no Δ destreino, para o sujeito 1 foi atestado (Δ= -71,26); e para o sujeito 13, (Δ= -

19,79). Apesar dos resultados encontrados somente para o destreino, a literatura aponta que o

tempo de equilíbrio com estabilidade postural pode ser exacerbado em pessoas com TEA

(TRAVERS et al., 2013). Giagazoglou et al. (2013), avaliando o desempenho da força em

pessoas com DI, encontraram melhoras significativas na taxa média do desenvolvimento da

força e do equilíbrio após dez semanas de treinamento com estímulos proprioceptivos. Da

mesma forma Travers et al. (2013) encontraram que, mesmo em adolescentes sem DI e

adultos com TEA, as diferenças entre os grupos de diagnóstico na estabilidade postural

surgiram em posturas de equilíbrio estático de uma perna só, ou seja, estes resultados sugerem

que é provável que as pessoas com TEA possam exibir estabilidade postural ligeiramente

menos estática do que pessoas com desenvolvimento típico na adolescência e idade adulta.

Para Gupta, Rao e Kumaran (2010), especialmente quando o equilíbrio é avaliado em

posturas mais difíceis, as pessoas com DI apresentam mais dificuldades. No presente estudo,

em relação aos indivíduos com TEA e com a estratégia do quadril, observou-se que o sujeito

1 foi responsivo no treino e no destreino, contudo o sujeito 13 foi responsivo somente no

destreino. Ressaltamos que as padronizações utilizadas para os testes foram importantes no

tocante à diminuição das estereotipias, auxiliando nos resultados.

Para a força de preensão manual, obtiveram aumento da força somente no Δ treino e

na força isométrica no Δ treino e destreino. Isso indica que para a força o indivíduo manteve e

melhorou-a após o destreino. Tibana et al. (2013) apontam para a necessidade de estratégias

preventivas de obesidade, não somente para diminuição da gordura corporal e aumento do

condicionamento cardiorrespiratório, mas também para o aumento da força muscular,

especialmente na prevenção da obesidade em adolescentes.

Para composição corporal, todos os sujeitos após as avaliações dos recordatórios

obtiveram a alimentação controlada. O sujeito 1 foi classificado como obeso, e o sujeito 13

como normal. O delta de mudança obteve diminuições no treino e no destreino. Attlee et al.

(2015), em estudo avaliando a composição corporal e o comportamento de crianças e

adolescentes com TEA, encontraram que o excesso de peso e a obesidade ocorreram com

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mais frequência nos homens do que nas mulheres. Xia et al. (2010), avaliando crianças com

TEA, encontraram que 60, 4% da sua amostra tinham um peso corporal dentro da gama

normal e 31,5% tinham excesso de peso ou obesidade. Tal fato reforça que os adultos com

TEA podem apresentar obesidade desde a infância.

No que se refere ao comportamento e a interação social, foi observada diminuição do

comportamento desafiador no sujeito 1. Quanto ao sujeito 13, o comportamento repetitivo

perdurou. Contudo, para ambos, durante as intervenções, as esteriotipias foram diminuindo.

Essas mudanças de comportamento auxiliaram na interação dos sujeitos com o grupo. Foi

reportada por seus responsáveis uma maior preocupação nos cuidados pessoais e nas AVDs,

as melhoras reportadas foram preparar a roupa para a atividade no dia seguinte, escovar os

dentes, preocupar-se com a alimentação antes e após o treino, auxiliar nas tarefas de casa

(limpeza e manutenção) e maior mobilidade e autonomia nessas atividades.

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5.4 Síndrome do X-frágil

Em relação aos sujeitos, 5 (homem, 21 anos) e 11 (homem, 26 anos), ambos com

SXF, observamos os seguintes resultados:

Para o delta de mudança na condição BPCV, foram responsivos na comparação do

delta de mudança no Δ destreino. Para o sujeito 5, foi atestado (Δ = -23,18); e para o sujeito

11,(Δ = -36,88). Contudo não apresentaram diminuições no Δ treino. Dentro das

possibilidades de dificuldade para o equilíbrio, para os problemas relacionados aos estímulos

sensoriais, os indivíduos com SXF apresentam alterações nos tecidos conjuntivos, como

também quadril deslocado, hérnias inguinais, escoliose, pé plano entre outros (FUENTES;

IGLESIAS, 1999). Tais condições associadas aos comportamentos repetitivos e as

estereotipias prejudicam bastante a avaliação do controle postural. Nas pessoas com SXF,

algumas características parecem estar relacionadas com alterações do tecido conjuntivo e

frouxidão ligamentar (VEIGA; TORALLES, 2002). Dentro dessas características, ressaltamos

a frouxidão ligamentar e a resposta anormal aos estímulos como condições que prejudicam o

controle corporal.

Para a força, em relação à preensão manual, não foram responsivos, todavia o sujeito

11 apresentou aumento somente na força isométrica no Δ treino; sujeito 5, (Δ = 81%); e o

sujeito 11, (Δ= 89%). Isso indica que para a força os indivíduos foram responsivos após o

treino. Tal resultado pode estar associado à necessidade desses indivíduos precisarem de mais

estímulos para realizar atividades que desenvolvam a força. Raspa et al. (2010), avaliando os

níveis de atividade física em pessoas com SXF, encontraram que 60% de sua amostra de até

cinco anos de idade eram fisicamente ativas durante seis a sete dias por semana. Todavia,

estes percentuais diminuíram no grupo com faixa etária de 20 anos ou mais, pois apenas 18%

dos homens eram ativos durante mais de cinco dias por semana.

Para composição corporal, todos os sujeitos após as avaliações dos recordatórios

obtiveram a alimentação controlada. Para o delta de mudança, obtiveram diminuição no

treino, contudo o sujeito 5, mesmo após a diminuição, foi classificado como acima do peso.

Raspa et al. (2010), dividiram sua amostra de adultos em condições de independência, a fim

de avaliar se o IMC diferia em relação à autonomia, sendo a) Pessoas com SXF que viviam de

forma independente, b) Pessoas que viviam com os responsáveis, c) Pessoas que viviam em

associações. Para os homens, ocorreu diferença estatisticamente significativa entre o IMC e a

autonomia, sendo que o nível mais alto de obesidade foi encontrado nos homens que viviam

de forma independente 39%, em comparação com 24% dos que viviam com os responsáveis e

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12% dos que viviam em associações, fato que reforça a necessidade de acompanhamento

dessas pessoas.

No que se refere ao comportamento e a interação social, não foi observado diminuição

do comportamento repetitivo e das esteriotipias. Todavia, mesmo sem ocorrerem estas

mudanças de comportamento, as padronizações nas avaliações e nas intervenções auxiliaram

na interação dos sujeitos com o grupo e nas realizações das seções de treino. Em relação aos

problemas de comportamento nas pessoas com SXF, são frequentemente observadas

hiperatividade (com ou sem déficit de atenção), irritabilidade, agressividade e resposta

anormal aos estímulos, principalmente hipersensibilidade aos sons (VEIGA; TORALLES,

2002). Foi reportada por seus responsáveis uma maior preocupação nos cuidados pessoais e

nas AVDs, as melhoras reportadas foram preparar a roupa para a atividade no dia seguinte,

escovar os dentes, auxiliar nas tarefas de casa (limpeza e manutenção) e maior mobilidade e

autonomia nessas atividades.

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6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Dentro de nossa pesquisa, avaliando o controle corporal, a composição corporal, a

força e as AVDs em pessoas com diferentes tipos de deficiência intelectual, observaramos

melhora nesses componentes, como também na condição testada e para área no Δ treino e no

Δ destreino. Esses resultados sugerem que as pessoas com DI e síndromes possuem benefícios

associados à prática do treinamento funcional, no que se refere às possibilidades de melhora

dos sistemas envolvidos no controle postural, na melhora da composição corporal, na força,

como também em relação às AVDs, e que o destreinamento pode influenciar na

manutenção/melhora do controle postural.

Para a aplicabilidade prática, sugerimos que o treinamento funcional para esses

sujeitos seja prescrito a partir das perspectivas das ASMs e do desenvolvimento da força,

principalmente no tocante à qualidade de vida e à adoção de um estilo de vida

moderadamente ativo. Assim como a utilização de padronizações de orientação dos testes seja

levada em consideração nas avaliações em pesquisas que utilizem a posturografia, a

composição corporal, a força e as AVDs envolvendo pessoas com diferentes tipos de

deficiência intelectual.

Deste modo, a trajetória envolvida nos processos de avaliação e intervenção

repercurtiu positivamente na diminuição de comportamentos e estriotipias durante as

atividades da vida diária, bem como em benefícios no controle postural, na força, na

composição corporal da população observada, servindo, portanto, de apoio a novas pesquisas.

Contudo, tornam-se cruciais novas pesquisas avaliando o controle postural e seus

componentes no domínio do tempo e os componentes do domínio da frequência em pessoas

com diferentes deficiências intelectuais, pois, como observamos em nosso estudo, esses

sujeitos possuem muitas particularidades e variações relacionadas ao controle postural.

Destarte, avaliar condições que envolvam retiradas do input visual, entrada somatossensória e

vestibular, a fim de observar se esses sistemas sensóriais podem ser benefíciados pela prática

do treinamento funcional e pelos processos de avaliação e intervenção torna-se fundamental,

bem como sugerimos uma amostra maior a fim de avaliar a reprodutibilidade dos resultados.

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8. ANEXOS

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ANEXO 01

Questionário de Prontidão para Atividade Física

Physical Activity Readiness Questionnarie (PAR-Q)

Nome: ______________________________ Data de preenchimento: ____/____/____

1. Alguma vez seu médico disse que você possui algum problema

cardíaco e recomendou que você só praticasse atividade física sob

prescrição médica?

( ) Sim

( ) Não

2. Você sente dor no tórax quando pratica uma atividade física? ( ) Sim

( ) Não

3. No último mês você sentiu dor torácica quando não estava praticando

atividade física?

( ) Sim

( ) Não

4. Você perdeu o equilíbrio em virtude de tonturas ou perdeu a

consciência quando estava praticando atividade física?

( ) Sim

( ) Não

5. Você tem algum problema ósseo ou articular que poderia ser

agravado com a prática de atividades físicas?

( ) Sim

( ) Não

6. Seu médico já recomendou o uso de medicamentos para controle da

sua pressão arterial ou condição cardiovascular?

( ) Sim

( ) Não

7. Você tem conhecimento de alguma outra razão física que o impeça de

participar de atividades físicas?

( ) Sim

( ) Não

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ANEXO 02

Recordatório alimentar de 24 horas (R24H)

Nome: ______________________________ Data de preenchimento: ____/____/____

Refeição Alimento Quantidade

Café da manhã

Local:

Horário:

Lanche da manhã

Local:

Horário:

Almoço

Local:

Horário:

Lanche da tarde

Local:

Horário:

Jantar

Local:

Horário:

Ceia

Local:

Horário:

Outros

Local:

Horário:

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ANEXO 03

TERMO DE ASSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO (TALE)

Quero te convidar para participar de uma pesquisa. O nome da pesquisa é: ¨Núcleo Interdisciplinar de

Esporte e Lazer para Pessoas com Deficiência (NIPED): Perfil da aptidão física de pessoas atendidas pelo

projeto¨ que tem como pesquisador responsável Leonardo Dantas Rebouças da Silva. O coordenador é o

professor Dr. Paulo Moreira Silva Dantas. Seus pais ou responsáveis deixaram você participar da pesquisa

“IMPACTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS VARIÁVEIS MORFOFUNCIONAIS DE

PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL”, mas você só precisa participar se quiser. Se você não

quiser participar ou se desistir, não terá problema nenhum. As pessoas que irão participar desta pesquisa têm o

consentimento dos responsáveis.

Essa pesquisa está acontecendo porque nós queremos saber como seu corpo vai ficar depois que você

praticar alguns exercícios físicos. A pesquisa será feita na Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN), no Departamento de Educação Física. Quem for participar da pesquisa praticará exercício físico duas

vezes na semana, durante 5 meses, e também realizará testes físicos em 3 momentos diferentes durante a

pesquisa toda. Na metade dos 5 meses, você terá 2 meses de descanso e nesse tempo você não realizará

exercício.

Nos testes físicos, nós vamos medir seu peso, altura, quantidade de músculos e gordura do seu corpo,

equilíbrio e força. Nesse dia, você participará dos testes para dterminar essas variáveis.

O seu responsável também participará da pesquisa. Ele irá responder algumas perguntas sobre seu dia-

a-dia, sua saúde e sua alimentação.

Coisas boas também podem acontecer se você aceitar participar. Quando a pesquisa terminar, você

receberá, de graça, um documento com todos os resultados dos seus testes e você poderá ser atendido por uma

nutricionista se tiver vontade.

Caso você tenha dúvida ou aconteça algo errado, você pode entrar em contato com Abraão Lincoln

Santos de Andrade através do número (84) 99109-6047 ou pelo e-mail [email protected].

Se você sofrer qualquer tipo de dano resultante da sua participação na pesquisa, você terá assistência

integral e gratuita e será indenizado.

Ninguém saberá que você está participando da pesquisa; não falaremos a outras pessoas, nem daremos a

estranhos as informações que você nos der. Os resultados da pesquisa vão ser publicados em congressos e/ou

revistas científicas, mas sem identificar as pessoas que participaram.

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Anexo 04

CONSENTIMENTO PÓS INFORMADO

Eu _____________________________________________________________ aceito

participar da pesquisa “IMPACTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS

VARIÁVEIS MORFOFUNCIONAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL”

Entendi as coisas ruins e as coisas boas que podem acontecer. Entendi que posso dizer

“sim” e participar. Também posso, a qualquer momento, dizer “não” e desistir e ninguém vai

ficar com raiva de mim.

Os pesquisadores tiraram minhas dúvidas e conversaram com os meus responsáveis.

Recebi uma via deste termo de assentimento. A outra via ficará com o pesquisador

Auxiliar (Abraão Lincoln Santos de Andrade). Li o documento e concordo em participar da

pesquisa.

Natal, ______de ________________________de __________.

_____________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

_____________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

Impressão datiloscópica do

participante

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ANEXO 05

TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO – TCLE

Esclarecimentos

Este é um convite para você participar e autorizar que o seu dependente com deficiência intelectual participe da

pesquisa: “IMPACTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS VARIÁVEIS MORFOFUNCIONAIS

DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL”, que tem como pesquisador Auxiliar Abraão Lincoln

Santos de Andrade, sob a orientação do Prof. Dr. Paulo Moreira Silva Dantas.

Com esta pesquisa nós queremos avaliar o efeito do treinamento físico em pessoas com deficiência

intelectual. Caso você permita que o seu acompanhante participe, você deverá acompanhá-lo ao Laboratório do

Movimento, no Departamento de Educação Física da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) nos

dias de treino e nos dias de avaliação.

O treinamento terá duração de 12 semanas, com 8 semanas de descanso, totalizando 20 semanas (5

meses) de pesquisa. Serão realizadas 2 sessões de treino por semana, com duração, em média, de 1 hora por

sessão.

Durante a pesquisa, serão realizados 03 momentos de avaliação. Nesses testes físicos serão medidos:

peso, altura, massa magra, massa gorda, equilíbrio e força.

Durante a realização da maioria dos testes, a previsão de riscos é mínima, ou seja, o risco que o

voluntário correrá é semelhante àquele sentido num exame físico ou psicológico comum.

No início da pesquisa, você, responsável pelo voluntário, precisará responder perguntas relacionadas à

deficiência, histórico de doenças, uso de medicamentos, prática de atividade física e aspectos sociais e

econômicos. Além disso, também responderá a um questionário sobre alimentação (recordatório alimentar de

24h), informando sobre todos os alimentos e bebidas consumidos nas últimas 24 horas pelo seu dependente. O

primeiro recordatório será aplicado no dia da primeira avaliação física e será repetido a cada 30 dias até a

finalização do estudo, totalizando 03 recordatórios por voluntário.

Como benefício por participar da pesquisa, o voluntário receberá, de forma totalmente

gratuita, um documento com todos os resultados dos testes e das avaliações. Ao final da pesquisa, o

voluntário que desejar terá direito a atendimento nutricional individualizado com um profissional

nutricionista.

Em caso de algum problema que vocês possam ter relacionado com a pesquisa, vocês terão

direito a assistência gratuita, que será prestada pelos pesquisadores responsáveis.

Durante todo o período da pesquisa você poderá tirar suas dúvidas ligando para Abraão

Lincoln Santos de Andrade através do número (84) 99109-6047 ou pelo e-mail

[email protected].

Você tem direito de se recusar a responder perguntas que lhe cause qualquer

constrangimento. Você também tem o direito de se recusar a participar da pesquisa ou desistir de

participar, em qualquer fase da pesquisa, sem nenhum prejuízo para você.

Os dados que você irá nos fornecer serão confidenciais e serão divulgados apenas em

congressos ou publicações científicas, não havendo divulgação de nenhum dado que possa lhe

Rubri

ca

do

pes

quis

ad

or

Rubri

ca d

o

volu

ntá

rio

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identificar. Esses dados serão guardados pelo pesquisador responsável por essa pesquisa em local

seguro e por um período de 05 anos.

Se você tiver algum gasto pela sua participação nessa pesquisa, ele será assumido pelo pesquisador e

reembolsado para você. Se você sofrer algum dano comprovadamente decorrente desta pesquisa, você será

indenizado.

Qualquer dúvida sobre a ética dessa pesquisa você deverá ligar para o Comitê de Ética em Pesquisa da

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, pelo telefone 3215-3135.

Este documento foi impresso em duas vias. Uma ficará com você e a outra com o pesquisador Auxiliar

Abraão Lincoln Santos de Andrade.

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ANEXO 06

Consentimento Livre e Esclarecido

Após ter sido esclarecido sobre os objetivos, importância e o modo como os dados serão coletados

nessa pesquisa, além de conhecer os riscos, desconfortos e benefícios que ela trará para mim e ter ficado ciente

de todos os meus direitos, concordo em participar da pesquisa “IMPACTO DO TREINAMENTO

FUNCIONAL NAS VARIÁVEIS MORFOFUNCIONAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA

INTELECTUAL”, e autorizo a divulgação das informações por mim fornecidas em congressos e/ou

publicações científicas desde que nenhum dado possa me identificar.

Natal, ____/____/_____.

_____________________________________

Assinatura do participante da pesquisa

Impressão datiloscópica do

participante

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Rubri

ca d

o p

esquis

ador

Rubri

ca d

o v

olu

ntá

rio

ANEXO 07

Declaração do pesquisador responsável

Como pesquisador responsável pelo estudo “IMPACTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL NAS

VARIÁVEIS MORFOFUNCIONAIS DE PESSOAS COM DEFICIÊNCIA INTELECTUAL”, declaro que

assumo a inteira responsabilidade de cumprir fielmente os procedimentos metodologicamente e direitos que

foram esclarecidos e assegurados ao participante desse estudo, assim como manter sigilo e confidencialidade

sobre a identidade do mesmo.

Declaro ainda estar ciente que na inobservância do compromisso ora assumido estarei infringindo as

normas e diretrizes propostas pela Resolução 466/12 do Conselho Nacional de Saúde – CNS, que regulamenta as

pesquisas envolvendo o ser humano.

Natal, ____/____/_____

_____________________________________

Assinatura do pesquisador responsável

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9. APÊNDICES

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – PPGEF

Professor

Participantes Data Local Treino

FICHA DE ACOMPANHAMENTO DO TREINAMENTO FUNCIONAL

Projeto PCDI – UFRN 2018.1

Aquecimento

10 min

Parte Principal

Exercício Série/ Nºrepetições Tempo

Isometria

40 min

01. Agachamento bola

suíça

02. Flexão de braços

adaptada

03. Afundo com mãos na

parede.

04. Remada no TRX

05.Elevação de Quadril

06. Isometria no solo

Volta à calma Alongamento 10 min

OBS.

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO FÍSICA – PPGEF

Projeto PCDI 2018.1

Nome: _______________________________________________________________

Sexo ( ) F ( ) M :

Data de Nascimento: Idade:

Telefones ( ): ( )

Data Avaliação: ____/____/____

Peso:

Estatura:

Patologia:

CID:

Medicação:

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL: ____/____/_______

RESPONSÁVEL:

EQUÍLIBRIO ESTÁTICO –

Plataforma de força

(Bipodal)

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DXA

Massa corporal

(kg)

Massa de

Gordura %

Massa de

Gordura (kg)

Massa magra

(kg)

Massa livre de

Gordura %

DINAMOMETRIA

Preensão Palmar

TENTATIVAS Direita Esquerda Observações

FORÇA MUSCULAR

TESTE

Força Isométrica

( segundos)

Observações

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