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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS PESQUISA DE Dipylidium caninum EM CÃES ATENDIDOS NO HCV-UFRGS NÃO ALÉRGICOS INFESTADOS POR PULGAS E ALÉRGICOS À PICADA DE PULGA (INFESTADOS E NÃO INFESTADOS) WENDIE ORIANA ROLDÁN VILLALOBOS PORTO ALEGRE 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA

ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS

PESQUISA DE Dipylidium caninum EM CÃES ATENDIDOS NO HCV-UFRGS NÃO ALÉRGICOS INFESTADOS POR PULGAS E ALÉRGICOS À PICADA

DE PULGA (INFESTADOS E NÃO INFESTADOS)

WENDIE ORIANA ROLDÁN VILLALOBOS

PORTO ALEGRE 2009

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL FACULDADE DE VETERINÁRIA

ESPECIALIZAÇÃO EM ANÁLISES CLÍNICAS VETERINÁRIAS

PESQUISA DE Dipylidium caninum EM CÃES ATENDIDOS NO HCV-UFRGS NÃO ALÉRGICOS INFESTADOS POR PULGAS E ALÉRGICOS À PICADA

DE PULGA (INFESTADOS E NÃO INFESTADOS)

WENDIE ORIANA ROLDÁN VILLALOBOS

Monografia apresentada à Faculdade de Veterinária como requisito parcial no curso de Especialização em Análises Clínicas Veterinárias

Orientador: Prof. Rafael Rodrigues Ferreira

PORTO ALEGRE 2009

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AGRADECIMENTOS

A todas as pessoas que fizeram possível a realização deste trabalho, obrigada pelo

apoio, a confiança, o respeito e a amabilidade.

A meu orientador, Prof. Rafael Rodrigues Ferreira

À Prof.ª Mary Jane Tweedie de Matos

Ao Prof. Mauro Machado

Ao pessoal da DERMATOVET

Aos amigos verdadeiros e a minha família na Colômbia.

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RESUMO

As pulgas, principalmente a Ctenocephalides felis e a Ctenocephalides canis, são

responsáveis pela produção e transmissão de diversas doenças tanto em humanos quanto em

animais. Uma das doenças mais comuns causadas por estes ectoparasitas é a dermatite

alérgica à picada de pulga ou DAPP que é uma dermatose pruriginosa resultante da

hipersensibilidade a várias proteínas presentes na saliva da pulga que entram em contato com

a pele após a picada. Este parasita age como hospedeiro intermediário de outros parasitas

como o cestódeo Dipylidium caninum, agente etiológico responsável por uma zoonose, a

dipilidiose. O presente trabalho visou avaliar a presença do D. caninum nas fezes de 42 cães

não alérgicos, porém infestados por pulgas, e em cães alérgicos à picada de pulga, tanto

infestados como não infestados, utilizando a técnica de sedimentação de Dennis, Stones &

Swanson para a observação microscópica dos ovos do cestódeo e a visualização macroscópica

dos proglotes nas fezes frescas. Foram analisadas outras variáveis como o perfil socio-

econômico dos proprietários, o uso de produtos contra vermes e pulgas, bem como a

frequência de aplicação, a situação de confinamento dos cães e o conhecimento dos riscos da

transmissão (zoonose) da dipilidiose através da pulga. Todas as amostras de fezes foram

negativas para o D. caninum. Com relação ao questionário aplicado, a totalidade dos

proprietários interrogados recebia no mínimo um salário; 73% dos cães já haviam sido

medicados contra verminose e 57% contra ectoparasitas; 63% dos animais passeavam na rua,

enquanto 37% ficavam confinados e apenas 53% dos proprietários tinham informação sobre o

risco da transmissão da dipilidiose através da pulga.

Palavras-chave: Dermatite alérgica, picada de pulga, dipilidiose, cães.

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ABSTRACT

Fleas, specially the Ctenocephalides felis and Ctenocephalides canis, are responsible for

the production and transmission of several diseases of humans and their pets. One of

the most common diseases caused by these ectoparasites is the flea allergic dermatitis or

FAD, which is a pruritic dermatosis that results from hypersensitivity to various

proteins found in the flea saliva in contact with the skin after the flea bite. This parasite

acts as an intermediate host for other pathogenic agents. The cestode Dipylidium

caninum is one of the most important endoparasites affecting public healthcare because

it is the agent responsible for a zoonosis, the dipilidiosis. This work aims to evaluate

the presence of D. caninum in the feces of 42 dogs: non allergic although infested with

fleas, and flea bite allergic dogs either infested or non infested. Denis, Stones &

Swanson sedimentation technique was used for microscopic observation of the cestode

eggs. Macroscopic observation of proglotids was carried out in fresh feces. Other

variables were analyzed such as the owner´s social-economical profile, the use of

products against tapeworms and fleas and its administration frequency. The dog’s

confinement conditions and the knowledge of the dipilidiosis transmission risk through

the flea were also analyzed. All the samples were negative to D. caninum. Concerning

the applied questionnaire all the owners that were interviewed received at least a salary.

73% of the dogs received treatment against tapeworms and 57% against ectoparasites.

63% of the animals were usually walked by their owners, while 37% stayed in

confinement. 53% of the owners had information about the dipilidiosis transmission risk

through fleas.

Key words: Flea allergic dermatitis, dipilidiosis, dogs.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 Adulto de Pulex irritans..……………………………………..11

Figura 2 Ctenocephalides felis.................................................................12

Figura 3 Ctenocephalides canis...............................................................12

Figura 4 Adulto de C. felis felis...............................................................14

Figura 5 Adulto de C. canis....................................................................14

Figura 6 Larva três de C. felis felis..........................................................14

Figura 7 Pupa de C. felis felis..................................................................14

Figura 8 Pulga adulta removida do casulo..............................................14

Figura 9 Adulto de D. caninum (proglotes)............................................17

Figura 10 Escólex de D. caninum...............................................................17

Figura 11 Cápsula ovígera contendo ovos de D. caninum........................18

Figura 12 Cão apresentando alopecia na zona dorso lombar.....................24

Figura 13 Lesões características da DAPP. “Triângulo da Florida”..........24

Figura 14 Contaminação bacteriana das lesões (Piodermite secundária)...24

Figura 15 Cão com alopecia nos membros posteriores...............................24

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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

BOE-BM Batalhão de operações especiais da Brigada Militar

C. canis Ctenocephalides canis

C. felis Ctenocephalides felis

DAPP Dermatite alérgica à picada de pulga

D. caninum Dipylidium caninum

D. immitis Dirofilaria immitis

ELISA Enzyme-lynked Immunosorbent assay

GABA Ácido gama-aminobutírico

HCV Hospital de Clínicas Veterinárias

IDI Inibidores da síntese da quitina

Ig E Imunoglobulina E

Ig G Imunoglobulina G

IGR Insect grow regulators

MAO Monoaminoxidase

MG Minas Gerais

PR Paraná

RAST Radioallegosorbent test

RCI Reguladores do crescimento do inseto

RHPP Reação de hipersensibilidade à picada de pulgas

RS Rio Grande do Sul

SBP Poliborato de sódio

SNC Sistema nervoso central

UFGRS Universidade Federal do Rio Grande do Sul

VO Via oral

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SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO................................................................................................... 09 2. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA........................................................................... 11 2.1. Pulgas ................................................................................................................... 11 2.1.1. Aspectos gerais ..................................................................................................... 11 2.1.2. Morfologia ............................................................................................................ 11 2.1.3. Ciclo de vida ......................................................................................................... 12 2.1.4. Importância ........................................................................................................... 14 2.1.5. Tratamento e profilaxia ......................................................................................... 15 2.2. Dipilidiose ............................................................................................................ 16 2.2.1. Ciclo biológico do Dipylidium caninum ............................................................... 17 2.2.2. Patogenia e sinais clínicos da dipilidiose .............................................................. 18 2.2.3. Epidemiologia ....................................................................................................... 19 2.2.4. Diagnóstico da dipilidiose..................................................................................... 20 2.2.5. Tratamento e controle ........................................................................................... 20 2.3. Dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP) ................................................. 21 2.3.1. Etiologia e patogenia............................................................................................. 21 2.3.2. Sinais clínicos ....................................................................................................... 23 2.3.3. Diagnóstico da DAPP ........................................................................................... 24 2.3.3. Tratamento da DAPP ............................................................................................ 26 3 MATERIAIS E MÉTODOS .............................................................................. 35 4 RESULTADOS.................................................................................................... 37 5 DISCUSSÃO........................................................................................................ 38 6 CONCLUSÕES ................................................................................................... 42 REFERÊNCIAS ................................................................................................................... 43 ANEXO A – Questionário controle de verminose em cães ................................................ 46

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1. INTRODUÇÃO As pulgas são insetos ápteros, pequenos, castanhos e podem ser claramente

visualizadas deslocando-se ativamente na pelagem, em alguns casos. São responsáveis

pela produção e transmissão de diversas doenças tanto nos humanos quanto nos animais

(WILKINSON; HARVEY, 1996).

São duas as espécies de pulgas envolvidas principalmente nas infestações

caninas e felinas: Ctenocephalides felis, a pulga do gato, e Ctenocephalides canis, a

pulga do cão, ainda que a primeira ocorra com mais frequência no cão e no gato

(WILKINSON; HARVEY, 1996).

A alergia à picada de pulga ou dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP) é

uma dermatose pruriginosa que resulta da hipersensibilidade imediata ou mediada por

células a várias proteínas presentes na saliva que é depositada na picada. É

predominante durante os meses quentes, quando há aumento da proliferação destes

ectoparasitas. O principal sintoma associado à presença de pulgas é a coceira. A chave

para o diagnóstico, além do padrão das lesões (alopecia, pápulas, crostas, manchas de

saliva, escoriações e eritema na região lombar, parte interna dos membros posteriores,

raiz da cauda, abdômen ventral e ao redor do umbigo), é também o achado das pulgas

e/ou dos seus excrementos (SOUSA, 1997). Os cães acometidos por esta doença têm o

risco de apresentar dipilidiose, já que a pulga age como hospedeiro intermediário deste

cestódeo (WILKINSON; HARVEY, 1996).

O Dipylidium caninum, é o parasita intestinal mais comum de cães e gatos

(PAYNE, 2005). Tem importância em saúde pública por ser o agente etiológico de uma

zoonose, a dipilidiose. A transmissão ocorre no cão e no homem, principalmente nas

crianças, através da ingestão acidental da pulga contaminada com o cestódeo. (LITTLE,

2007).

O presente trabalho contém uma revisão de literatura que inclui aspectos gerais

relacionados às pulgas que afetam aos cães, o quadro clínico, diagnóstico e tratamento

da dermatite alérgica à picada de pulga e dados relevantes sobre o cestódeo Dipylidium

caninum e a dipilidiose além de explanar um experimento desenvolvido com cães,

infestados por pulgas, porém não alérgicos e em cães alérgicos à picada de pulga,

infestados e não infestados, submetidos à pesquisa de Dipylidium caninum através do

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exame micro e macroscópico das fezes na busca de ovos e/ou proglotes do parasita, no

intuito de informar a frequência desta verminose nestes casos específicos.

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2. REVISAO BIBLIOGRÁFICA 2.1. Pulgas 2.1.1. Aspectos gerais

Segundo Fortes (1997), as pulgas (Arthropoda: Insecta) causam inquietação e

desassossego aos animais, provocados pelas suas picadas e movimentos. O hospedeiro

coça-se, esfrega-se em objetos sólidos e morde a pele com o intuito de livrar-se delas,

produzindo escoriações cutâneas que podem servir para invasão bacteriana e

consequente infecção. O animal infesta-se através do contato com outros animais

parasitados ou por frequentar um ambiente contaminado.

O principal sinal clínico associado à presença de ectoparasitos, no qual se

incluem as pulgas, é o prurido. O exame inicial de um animal com histórico de prurido

deve incluir um cuidadoso exame da pelagem em busca de pulgas ou de suas fezes.

(FORTES, 1997).

Figura 1. Adulto de Pulex irritans

2.1.2. Morfologia

O gênero Ctenocephalides é composto por duas espécies, C. canis e C. felis,

ambas parasitas de cães e gatos. A C. felis e a espécie de maior distribuição mundial.

Morfologicamente, a C. canis apresenta a cabeça fortemente arredondada na região

anterior, em ambos os sexos (MARTÍN, 1999), tem coloração castanho-avermelhada e o

seu ctenídeo genal é formado por sete a nove cerdas curtas, em cada lado. O primeiro

ctenídeo genal é da metade do comprimento do segundo. A borda posterior do seu pró-

tórax apresenta também ctenídeos. A borda dorsal da tíbia posterior é provida de 11 a 14

cerdas, sendo que duas são pré-apicais (Figura 3). O comprimento do corpo dos machos

é de aproximadamente 2 mm e o das fêmeas de 3 mm (FORTES, 1997).

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A Ctenocephalides felis é semelhante a C. canis, entretanto diferencia-se desta

por apresentar a cabeça mais baixa e mais longa na fêmea. Seu ctenídeo genal é

formado por cerdas longas e finas. O primeiro ctenídeo genal é quase tão longo quanto o

segundo (Figura 2). A tíbia posterior apresenta uma cerda pré-apical. É de tamanho

menor que a C. canis (FORTES, 1997).

Figura 2. Ctenocephalides felis Figura 3. Ctenocephalides canis

2.1.3. Ciclo de vida

A Ctenocephalides canis é mais encontrada nas regiões de clima frio, enquanto a

C. felis predomina nas regiões de clima quente. Estes ectoparasitos são holometabólicos

e passam por quatro estágios no seu ciclo de vida: ovo, larva, pupa e imago (FORTES,

1997).

Os adultos moram, alimentam-se e fazem seu processo de reprodução sobre o

hospedeiro (Figuras 4 e 5) enquanto que as larvas são livres e moram em substratos

perto da residência primária do hospedeiro (Figura 6). Os ovos são depositados no corpo

do hospedeiro (MARTÍN, 1999). Na fase adulta, ambos os sexos são hematófagos. Em

condições usuais, alimentam-se 2 a 3 vezes ao dia, mas suportam jejum prolongado. As

larvas alimentam-se de substâncias orgânicas, preferindo dejeções das pulgas adultas

por terem sangue coagulado (FORTES, 1997).

Segundo Fortes (1997), a cópula ocorre quando é atingida a maturidade sexual,

isto é, sete dias após a saída do pupário. A alimentação sanguínea é indispensável para a

evolução dos ovos. Por isto, a pulga fêmea adulta deve alimentar-se de sangue antes de

iniciar a reprodução (WILKINSON; HARVEY, 1996). Após a cópula, tornam-se

dependentes de uma fonte constante de sangue, pois sem este morrem em poucos dias

(SOUSA, 1997).

Ctenocephalides canis coloca-se na ponta do pêlo e movimenta-se às

extremidades do corpo do hospedeiro para deixar cair os ovos no solo; C. felis coloca os

ovos no corpo do hospedeiro e são espalhados no ambiente quando o animal se coça. A

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Ctenocephalides coloca ao redor de uma dúzia de ovos em cada oviposição, que pode se

repetir várias vezes. Num período de 3 a 10 dias a larva sai do ovo (MARTÍN, 1999),

que é rompido pela larva cortando o cório circularmente através de um espinho cônico

existente na sua cabeça, o ruptor ovis. As larvas são ápodas, vermiformes e brancas

(Figura 6). Medem aproximadamente 2 mm de comprimento e são recobertas por

pequenos pêlos. O período larval depende da alimentação, temperatura e umidade.

Geralmente no sétimo dia ocorre a primeira ecdise e a segunda, cinco dias depois. O

ciclo larval é de 20 dias aproximadamente (FORTES, 1997).

As larvas são fotofóbicas e geostáticas. São bastante ativas, mas só sobrevivem

se a umidade relativa estiver acima de 50% e a umidade do solo estiver entre 1 a 20%.

Temperaturas maiores que 35ºC e menores que 3ºC por mais de 40 horas por mês são

desfavoráveis para o seu desenvolvimento (SOUSA, 1997). Por estes motivos, o interior

das residências é o local preferido. As larvas buscam abrigo em fendas, sob a vegetação

ou por debaixo de tapetes. Nestes locais, ocorre a formação das pupas.

Após 20 dias, a larva tece um pupário (Figura 7) de superfície viscosa que se

adere a qualquer substrato, cobrindo-se de poeira e resíduos, ficando imperceptível. No

interior do pupário realiza-se histólise e histogênese, uma verdadeira metamorfose,

originando a pupa que na sua imobilidade não se alimenta. A fase pupal, de acordo com

as condições climáticas, é de oito dias aproximadamente (FORTES,1997). Em

condições ambientais ótimas, ou seja, temperatura de 27ºC e 80% de umidade relativa

do ar, as pupas podem se transformar em pulgas adultas em apenas cinco dias.

O adulto prestes a emergir no interior do casulo (Figura 8) é resistente a baixa

umidade e temperatura, permanecendo no casulo até que a presença de um hospedeiro

em potencial fique indicada por pressão física, mudanças na luz, vibração, calor e

dióxido de carbono (WILKINSON; HARVEY, 1996). Pulgas recém emergidas podem

sobreviver no ambiente de 10 a 62 dias, novamente dependendo da temperatura e da

umidade (SOUSA, 1997). Uma infestação maciça pode ocorrer na casa ou no jardim,

sem que o proprietário perceba.

O desenvolvimento do ciclo completo varia segundo a temperatura; 40 dias a

15°C e 13 dias a 30°C no caso da Ctenocephalides felis (MARTÍN, 1999). Já o ciclo da

pulga do cão é de duas a quatro semanas (FORTES, 1997). A C. canis e a C. felis são

achadas tanto no cão quanto no gato devido a convivência estreita destas espécies, razão

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pela qual pode também parasitar ao homem e outros pequenos mamíferos (MARTÍN,

1999).

Figura 4. Adulto de C. felis felis Figura 5. Adulto de C. canis

Figura 6. Larva três de C. felis felis Figura 7. Pupa de C. felis felis

Figura 8. Pulga adulta removida do casulo

2.1.4. Importância

Ambas as espécies podem ser hospedeiros intermediários do cestódeo

Dipylidium caninum e da filaria Dipetalonema reconditum. As pulgas adultas infetam-

se com o D. reconditum pela ingestão das microfilarias com o sangue do animal e com o

D. caninum por meio da ingestão dos ovos pelas larvas, que apresentam estruturas

bucais mastigadoras. O desenvolvimento do cestódeo ocorre durante o crescimento da

larva e o adulto contém a fase larval cisticercóide. Ctenocephalides é o gênero

responsável da dermatite alérgica à picada de pulgas no cão e no gato (URQUHART,

2001).

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2.1.5. Tratamento e profilaxia

O controle das pulgas deve ser feito por meio de programas integrados para

obter um efeito completo; por isso é necessário o tratamento no animal infestado, os

animais com os quais convive e o ambiente.

Para o tratamento individual do animal, utilizam-se inseticidas em spray, pulverizações

e banhos. Dos clorados somente são recomendáveis os bromociclenos porque são

metabolizados rapidamente, mas, hoje são preferidos as piretrinas, piretróides,

fosforados sistêmicos e carbamatos. Dos fosforados, o Fentión tem atividade por um

mês e é bem tolerado pelos cães. O citioato é eficaz em aplicação oral (MARTÍN,

1999).

Também são úteis os colares inseticidas com ésteres fosfóricos e carbamatos que

liberam os produtos ativos em pó ou em forma de gás, embora neste caso a atividade

seja mais breve e não devem ser utilizados em animais que saem ao campo em época de

chuvas.

Atualmente, para conseguir melhor efeito residual são usados os fenilpirazoles,

como o fipronil, em spray e spot on, que com apenas uma aplicação, reduz o prurido e

tem eficácia de dois meses em cães e de um mês no gato.

Os reguladores do crescimento (IGR ou RCI) interrompem o ciclo vital das

pulgas sendo, portanto larvicidas e incluem (MARTÍN, 1999):

• Os análogos do hormônio juvenil ou IGR de primeira geração que bloqueiam os

estádios de maturação das pulgas e utilizam-se geralmente no ambiente.

• Os inibidores da síntese da quitina ou inibidores do desenvolvimento dos

insetos, IDI ou IGR de segunda geração, que interferem na formação da quitina

e evitam o desenvolvimento dos ovos; interrompem o ciclo, não são tóxicos nem

criam resistências.

Utilizam-se os preparados benzoilo-uréicos (Lufenurón, Program) úteis em cães

e gatos, sendo especialmente recomendáveis nos meses nos quais abundam as pulgas,

aplicando-os mensalmente durante um semestre.

Além do tratamento individual, é essencial o tratamento do entorno (gaiolas,

pátios, canis, etc.) com medidas higiênicas e aplicação de poliborato sódico 100%, pó

que age secando o exoesqueleto das larvas e reduzindo a sua emergência 99,7%, sendo

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eficaz durante meses sem ser tóxico. Também o uso mensal de permetrina, piretrina ou

clorpirifós, junto com um regulador do hormônio do crescimento (metropeno, ovopreno,

fenoxicab) em carpetes, estofados, etc., reduz 93% a prevalência das pulgas após seis

meses (MARTÍN, 1999).

Os inibidores da síntese da quitina diflubenzurón, flufenoxurón, triflumurón,

aplicados no entorno do animal, evitam o desenvolvimento de ovos e larvas, não são

tóxicos nem criam resistência.

Nos espaços exteriores e as gaiolas podem ser usados o diazinón e a permetrina

mensalmente (MARTÍN, 1999).

2.2. Dipilidiose

A dipilidiose é uma doença causada pelo cestódeo Dipylidium caninum. Os

cestódeos são de distribuição mundial. A prevalência é variável e condicionada por

diversos fatores epidemiológicos, especialmente, a forma de vida dos hospedeiros. A

doença é comum nos locais onde tem pulgas, que agem como hospedeiros

intermediários, razão pela qual é frequente em zonas urbanas e rurais (SÁNCHEZ,

1999).

A infecção por cestódeos no cão e no gato é caracterizada clinicamente por

problemas digestivos como a diarréia e em alguns casos, os estádios larvários

representam sérios inconvenientes para a saúde pública (QUIROZ, 1994).

O Dipylidium caninum encontra-se no duodeno de cães, gatos e do homem,

ocasionalmente, em muitas regiões do mundo. O cestódeo mede 50 cm de comprimento

e é de cor branca, amarelada ou avermelhada. A forma dos proglotes grávidos é

semelhante a uma semente de abóbora (Figura 9). O rostelo está formado por quatro

coroas de garfos, algumas vezes três. Cada proglote tem 10 a 12 mm de longitude e dois

pares de órgãos genitais com abertura na linha meia na posição lateral. Os segmentos

grávidos estão ocupados por cápsulas de ovos, cada uma das quais contém 20 ovos

aproximadamente (QUIROZ, 1994).

A nutrição dos cestódeos adultos é feita mediante a absorção de pequenas

moléculas derivadas da digestão do hospedeiro e a sua respiração é anaeróbia, embora

em condições apropriadas, podem utilizar oxigênio do intestino do hospedeiro. O

metabolismo dos carboidratos é o de maior importância nos cestódeos adultos. São

capazes de absorver glicose e galactose por meio de um mecanismo de transporte ativo

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através do tegumento. O metabolismo protéico é baseado na absorção de aminoácidos

por transporte ativo através do tegumento ou por mecanismos de pinocitose no caso de

unidades protéicas maiores. Os dados referentes ao metabolismo dos lipídeos nos

cestódeos são escassos, porém é considerado que são completamente dependentes do

hospedeiro, já que têm perdido a capacidade para sintetizar ácidos graxos ou colesterol

(SÁNCHEZ, 1999).

Os hospedeiros intermediários do Dipylidium caninum são as pulgas,

especialmente a Ctenocephalides felis e com menor frequência a Ctenocephalides canis

e a Pulex irritans, além de piolhos mastigadores como o Trichodectes canis. O

crescimento do D. caninum no hospedeiro definitivo é influenciado pela dieta, a idade e

o estado de saúde. Uma dieta baseada em leite é benéfica para o desenvolvimento do

cestódeo, que é mais rápido no cão do que no gato. Alguns autores têm sugerido que o

D. caninum é mais comum em cães maiores a um ano de idade (SÁNCHEZ, 1999).

Figura 9. Adulto de D. caninum (proglotes) Figura 10. Escólex de D. caninum

2.2.1. Ciclo biológico do Dipylidium caninum

Os segmentos eliminados nas fezes têm mobilidade própria e podem

movimentar-se pela zona perianal do animal. As oncosferas estão agrupadas em pacotes

ou cápsulas ovígeras (Figura 11) que contêm aproximadamente vinte ovos; são

eliminadas pelos próprios segmentos de forma ativa ou quando estes se desintegram

(URQUHART, 2001). É raro encontrar ovos livres nas fezes. A eliminação dos

proglotes ou dos ovos não é constante, e pode parar durante dias ou semanas. Porém, as

mudanças na alimentação e diversas causas de hiperperistaltismo podem provocar a

expulsão espontânea de fragmentos dos cestódeos (SÁNCHEZ, 1999).

Após a ingestão pelo hospedeiro intermediário, as oncosferas atingem a cavidade

corpórea e desenvolvem-se até cisticercóides. Enquanto todos os estádios evolutivos dos

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piolhos mastigadores podem ingerir as oncosferas, as pulgas adultas são incapazes, já

que suas peças bucais estão adaptadas para a sucção do sangue, razão pela qual, a

infecção em pulgas ocorre somente na fase larvária, que tem peças bucais mastigadoras

(URQUHART, 2001). Os cisticercóides resultantes sobrevivem à metamorfose do seu

hospedeiro até o estádio adulto, quando a pulga pode ser ingerida pelo hospedeiro

definitivo (SÁNCHEZ, 1999).

O desenvolvimento realiza-se em aproximadamente 30 dias nos piolhos, que são

parasitas permanentes, enquanto nas larvas da pulga e nos imagos em formação dentro

das pupas que ficam no solo, pode se prolongar por vários meses (URQUHART, 2001).

O hospedeiro definitivo infecta-se pela ingestão das pulgas ou dos piolhos que

contém os cisticercóides e em três semanas aproximadamente, começa a eliminação dos

primeiros segmentos grávidos (URQUHART, 2001).

Figura 11. Cápsula ovígera contendo ovos de D. caninum

2.2.2. Patogenia e sinais clínicos da dipilidiose

Depende de fatores como a intensidade, a duração da infecção e do estado

imunitário do hospedeiro definitivo (SÁNCHEZ, 1999).

Os adultos não são patogênicos e o animal pode tolerar vários parasitos sem

apresentar efeitos clínicos. Os segmentos podem produzir desconforto quando saem

ativamente pelo ânus, e a presença de prurido anal é um sinal da infecção. Tem sido

descrito que os cães infectados arrastam a zona perianal no chão (URQUHART, 2001).

Esta situação pode produzir inflamação e irritação das glândulas anais, porém, a

inflamação e a formação de abscessos nas glândulas também podem ocorrer em

ausência dos cestódeos (QUIROZ, 1994).

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As infecções massivas em animais jovens podem cursar com sintomas

inespecíficos como pêlo seco e arrepiado, mau estado geral, emagrecimento e diversos

transtornos digestivos como diarréia e distensão abdominal. As infecções provocadas

por mais de cem vermes em cães podem gerar enterite hemorrágica e úlceras. A mucosa

intestinal aparece engrossada, com intensa infiltração celular e abundante secreção

mucosa na qual podem se observar os vermes adultos (SÁNCHEZ, 1999).

Os efeitos traumáticos estão relacionados à fixação do escólex na mucosa

intestinal, causando irritação. A existência de uma grande quantidade de vermes na luz

intestinal pode produzir obstrução mecânica, embora não seja uma situação muito

frequente (SÁNCHEZ, 1999).

2.2.3. Epidemiologia

A infecção pelo Dipylidium caninum é muito frequente e é mais prevalente em

animais abandonados pela maior presença de ectoparasitas, embora, possa afetar

também cães e gatos bem cuidados (URQUHART, 2001).

Um dos fatores de maior interesse é o número de ovos eliminados e sua

distribuição no meio, aspecto que tem relação com o número de parasitas presentes no

intestino e a frequência na eliminação dos proglotes (SÁNCHEZ, 1999).

O número de parasitas do Dipylidium caninum que são desenvolvidos nas

pulgas adultas não depende da disponibilidade de ovos no meio ambiente. Geralmente

produzem uma média de 10 ± 1,8 cisticercóides/pulga. Os ovos do D. caninum são

infectantes durante um mês a 30°C, dois meses e meio a 20°C e até três meses e meio a

15°C (SÁNCHEZ, 1999).

Em relação com os hospedeiros, a transmissão é determinada por diversos

fatores, tais como os hábitos alimentícios, a forma de vida dos animais e determinados

comportamentos humanos que possibilitam o acesso de cães e gatos aos hospedeiros

intermediários (SÁNCHEZ, 1999).

A difusão e a manutenção da dipilidiose dependem da densidade de pulgas que

agem como hospedeiros intermediários. A convivência dos carnívoros com estes

ectoparasitas justifica a presença desta doença tanto em zonas urbanas quanto em zonas

rurais (SÁNCHEZ, 1999).

O desenvolvimento do D. caninum na pulga é controlado fundamentalmente pela

temperatura; é produzido em 9 a 15 dias em pupas e adultas mantidas a 32°C e em 13 a

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18 dias em pulgas criadas a 30°C. Com temperaturas baixas, o crescimento não é

completado até quando as pulgas tenham infetado mamíferos durante 5 a 7 dias. A

temperatura superficial dos mamíferos hospedeiros (32°C) é essencial para que os

parasitas possam completar o seu desenvolvimento (SÁNCHEZ, 1999).

A resposta imune dos cães e dos gatos às infestações por cestódeos intestinais

parece ser baixa devido à observação de infestações e recidivas sem manifestar um grau

de proteção, embora, a informação referente ao tema seja muito escassa (QUIROZ,

1994).

2.2.4. Diagnóstico da dipilidiose

Geralmente, o primeiro sinal de infecção é a presença de proglotes na zona

perianal. Caso os proglotes tenham sido eliminados recentemente, a identificação

preliminar pode-se realizar baseada na forma alongada e na observação com lupa da

dotação dupla dos genitais. Quando estão secos, é preciso mergulhar eles em água com

a ajuda de uma agulha para liberar as cápsulas ovígeras que são visíveis ao microscópio

e diferenciá-las dos proglotes da Taenia spp, que sempre contém as oncosferas isoladas

(URQUHART, 2001). A ausência de proglotes não elimina a possibilidade de

infestação por cestódeos, já que estes têm movimento próprio e podem ficar enrolados

assemelhando-se a pequenos nematódeos, sendo necessária a sua identificação

(QUIROZ, 1994).

O diagnóstico coproparasitológico utilizando técnicas de flutuação permite

concentrar os ovos e as cápsulas ovígeras para sua identificação. O diagnóstico

imunológico tem sido utilizado, aparentemente com bons resultados; a prova

intradérmica tem sido feita com antígenos de Taenia pisiformis, Taenia hydatigena e

Dipylidium caninum. Os achados de necropsia permitem realizar um diagnóstico

qualitativo e quantitativo com bastante precisão fazendo uma adequada coleta dos

parasitas (QUIROZ, 1994).

2.2.5. Tratamento e controle

Nas infecções pelo Dipylidium caninum, o tratamento e controle devem ser

feitos conjuntamente, quer dizer, eliminar os cestódeos adultos e os ectoparasitas que

agem como reservatório. Devem ser administrados anti-helmínticos como nitroscanato e

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praziquantel junto com o uso de inseticidas no animal, na cama e nos lugares a onde

permanece habitualmente para eliminar as formas imaturas das pulgas, que geralmente,

são mais numerosas do que os parasitas adultos presentes sobre o cão ou o gato

(URQUHART, 2001).

O praziquantel é bem tolerado e pode se administrar via oral ou intramuscular

numa dose de 5 mg/kg sendo pouco ativo pela via subcutânea. Um único tratamento

pode eliminar 100% das formas adultas do Dipylidium caninum; é comercializado na

forma de comprimidos ou solução injetável, só ou em combinação com outros anti-

helmínticos como o febantel e o pamoato de pirantel (SÁNCHEZ, 1999).

O Epsiprantel é uma molécula sintetizada mais recentemente com um espectro

de ação similar ao praziquantel. Administrado pela via oral tem boa atividade frente ao

Dipylidium caninum (>2,5 mg/kg) (SÁNCHEZ, 1999).

O nitroscanato é eficaz em doses de 50-60 mg/kgpv; é recomendável sua

administração junto com uma pequena ração de comida após jejum de 12 horas já que

pode causar vômitos (SÁNCHEZ, 1999).

Embora a evolução da dipilidiose seja geralmente crônica, o prognóstico é bom

devido à infecção ser bem tolerada pelo hospedeiro e ter boa resposta aos tratamentos

anti-helmínticos (SÁNCHEZ, 1999).

2.3. Dermatite alérgica à picada de pulga (DAPP)

A hipersensibilidade à picada de pulga é uma dermatite que cursa com coceira

em cães que são sensíveis aos alérgenos produzidos por estes ectoparasitas. Num estudo

que avaliava a prevalência das pulgas e da hipersensibilidade a estas no Reino Unido

durante o inverno, as pulgas foram achadas em 4,7%-19,3% dos cães, e a prevalência da

hipersensibilidade foi de 1,8%-11,4%. Estes dados sugerem que metade dos cães com

pulgas sofrem de dermatite alérgica (MULLER, 2001).

2.3.1. Etiologia e patogenia

A dermatite alérgica às pulgas (DAPP) é uma dermatose pruriginosa que resulta

de uma reação de hipersensibilidade à picada de pulgas (RHPP), ou seja, uma reação a

um ou mais componentes da saliva deste parasito. Podem ocorrer vários tipos de

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hipersensibilidade, tais como a hipersensibilidade basofílica cutânea, a

hipersensibilidade imediata mediada por imunoglobulina E (IgE), a reação de IgE de

início tardio e a do tipo retardado, que ocorrem sozinhas ou em combinação. Estas

reações de hipersensibilidade causam inflamação e prurido, os quais induzem a maioria

das lesões.

Na maioria das áreas geográficas, a DAPP corresponde à causa mais comum de

cutâneopatia. Durante o verão, ela frequentemente torna-se a doença mais comum

observada pelo clínico de pequenos animais (GRIFFIN, 1998). Entretanto, em regiões

de clima tropical e subtropical, onde a infestação por pulgas pode persistir o ano inteiro,

este é um problema não-sazonal.

Não há predileção racial. É mais comum em cães atópicos, pois estes animais

são predispostos a apresentar RHPP. O grupo etário mais acometido é o de cães entre 1

e 3 anos de idade (GRIFFIN, 1998).

A saliva e todos os extratos da pulga contêm substâncias potencialmente

antigênicas, como polipeptídeos, aminoácidos, compostos aromáticos e materiais

fluorescentes. A filtração em gel da saliva da pulga mostrou que os alérgenos estavam

presentes em uma fração de alto peso molecular (4.000 a 1.500.000 daltons) e em uma

fração aromática altamente fluorescente (<1.000 daltons). Casos individuais de cães

podem ter uma reação a grupos de alérgenos completamente diferentes, embora, as

reações mais comuns são observadas entre 8 e 90 kD. Somente um antígeno da saliva

(40 kD) foi assinalado como “alérgeno maior”, afetando os níveis da Ig E em 60% dos

cães. Foi demonstrado que Ctenocephalides felis felis, Pulex irritans e Pulex simulans

compartem um o mais antígenos. Muitos dos cães alérgicos à saliva da pulga têm uma

reação cutânea imediata ao teste da injeção intradérmica com antígeno da pulga. A IgE

alérgeno-especifica à saliva da pulga, pode ter correlação com a doença clinica, mas a

IgG alérgeno-especifica à saliva da pulga é muito comum nos cães e pode não ter

relação com a doença clínica. (MULLER, 2001)

Segundo Harvey e Kerver (2004), as pulgas depositam as proteínas salivares na

derme e na epiderme durante sua alimentação. A hipersensibilidade a estas proteínas

induz edema local e infiltrado célular, produzindo uma pápula eritematosa que pode

ocorrer logo depois da picada. Atualmente, considera-se que todos os sinais resultantes

da infestação por pulgas são uma conseqüência desta hipersensibilidade. Reações de

hipersensibilidade dos tipos I, II, IV e basofílica cutânea podem estar envolvidas, sem

exceções, na patogênese dos sinais clínicos no cão e no gato.

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Segundo Kuhl e Greek (2000), tem se observado reações de hipersensibilidade

dos tipos imediata e tardia mediadas por IgE. Ainda citam que a resposta mediada por

IgE de fase tardia é parte da RHPP e ocorre 3 a 6 horas após a exposição.

A lesão primária da hipersensibilidade retardada é uma pápula e - se presente -,

ocorre à erupção no local da picada. Na maioria dos casos, a pápula forma uma crosta,

não progredindo para um colarete epidérmico, como ocorre com a lesão primária da

piodermatite superficial. Nos casos mediados por outras hipersensibilidades que não a

do tipo retardado, não há pápulas (WILKINSON; HARVEY, 1996). Estas

manifestações do organismo do animal dão origem a um conjunto de sinais clínicos que

é chamado de DAPP.

2.3.2. Sinais clínicos

Muitos autores assinalam que a DAPP não tem predileção por raça ou sexo,

embora um estudo francês mostrou predisposição de algumas raças como Setter, Fox

terriers, Pequinês, Spaniels e Chow Chow (MULLER, 2001).

A DAPP é caracterizada pelo prurido e as pápulas. A picada da pulga induz uma

pápula que persiste por mais de 72 horas. Em alguns casos as pápulas podem estar

cobertas por crostas. O prurido crônico pode ocasionar alopecia, liquenificação e

hiperpigmentação. As lesões estão tipicamente confinadas à zona dorsal lombo sacra,

parte caudomedial das coxas, abdômen ventral e flancos (Figura 15). As pápulas com

crostas na área umbilical podem ser particularmente sugestivas de hipersensibilidade à

picada de pulga (MULLER, 2001).

A área afetada tende a formar um triângulo com a base situada na raiz da cauda,

o “triângulo da Flórida” (Figuras 12 e 13). Os linfonodos poplíteos podem estar

aumentados (WILKINSON; HARVEY, 1996).

Sinais cutâneos generalizados podem estar presentes em animais severamente

hipersensíveis. Em casos crônicos é comum o achado de pioderma bacteriano

secundário (Figura 14) e seborréia secundária. Ocasionalmente podem ser observadas

nodulações fibrosas na área dorso lombar. A otite externa e o prurido podal sugerem a

presença de outro processo alérgico como a atopia ou a alergia alimentar (MULLER,

2001).

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Figura 12. Cão apresentando alopecia Figura 13. Lesões características da na zona dorso lombar DAPP. “Triângulo da Florida”

Figura 14. Contaminação bacteriana nas Figura 15. Cão com alopecia nos lesões (piodermite secundária) membros posteriores

Nas regiões temperadas, este problema é observado com a mesma frequência no

cão e no gato. Nas regiões subtropicais e tropicais, a DAPP é a principal razão para a

apresentação de cães aos veterinários.

Embora as lesões sejam mais comuns na região caudal do dorso, as próprias

pulgas são mais observadas na parte ventral do abdômen e na região inguinal, locais

onde os pêlos são esparsos (WILKINSON; HARVEY, 1996).

Nos casos onde não se consegue demonstrar a presença de pulgas no animal

pode ser difícil convencer o proprietário de que a RHPP é a causa da dermatose. O

apoio para o diagnóstico de DAPP pode ser buscado, então, na demonstração de pulgas

nos animais, ou na presença de Dipylidium caninum, do qual a pulga é um hospedeiro

intermediário (WILKINSON; HARVEY, 1996).

2.3.3 Diagnóstico da DAPP

O diagnóstico diferencial inclui à hipersensibilidade alimentar, a atopia, reações

a fármacos, pediculose, cheyletielose, hipersensibilidade aos parasitas intestinais,

dermatite por Malassezia e foliculite bacteriana.

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O diagnóstico definitivo é baseado na história, exame físico, testes intradérmicos

com antígeno da pulga e resposta ao tratamento. A morfologia e a distribuição das

lesões da pele são muito sugestivas. A presença das pulgas ou das suas fezes é um

achado importante (MULLER, 2001). As fezes apresentam formato de pontos, vírgulas

ou cilindros; são escuras, pretas ou avermelhadas. Quando em contato com água ou

papel toalha umedecido, dissolvem-se e produzem uma mancha de coloração marrom

avermelhada (LYMAN, 1985).

Tem sido sugerido que o diagnóstico requer a observação das pulgas ou das

fezes, mas um banho recente ou uma limpeza vigorosa podem eliminar as pulgas e sua

sujeira. Em torno de 15% dos cães com DAPP não há evidencia de infestação por

pulgas no momento do exame clínico e somente a presença de pulgas num cão com

coceira não confirma a doença alérgica à picada de pulgas. Em alguns animais,

notadamente de raças gigantes, as pulgas podem ser encontradas na cabeça e em torno

das articulações tarsocrurais (WILKINSON; HARVEY, 1996).

Quando o prurido persiste, mesmo que o cliente faça um bom controle das pulgas, o

clínico deve procurar um processo alérgico diferente como atopia ou alergia alimentar.

A eosinofilia é frequentemente achada (MULLER, 2001).

A maioria dos casos ocorre no verão, época que corresponde ao auge da

população de pulgas. Nestes casos, o histórico pode ser muito sugestivo. A idade do

paciente no momento da apresentação também é importante, pois a DAPP, geralmente,

não atinge animais com menos de 1 ano de idade (LYMAN, 1985).

O teste intradérmico é um método excelente que ajuda na confirmação do

diagnostico da DAPP (MULLER, 2001). Uma reação positiva imediata é caracterizada

por uma pápula com diâmetro de 3 mm maior que o controle. Segundo Griffin (1998),

podem ocorrer reações positivas em 15 minutos, reações imediatas; em 6 a 8 horas,

reações de início tardio; ou em 24 a 48 horas, reações retardadas. Na reação de

hipersensibilidade retardada pode não ocorrer a formação de uma pápula discreta como

descrito anteriormente, mas sim o aparecimento de uma reação edematosa difusa. Nos

Estados Unidos, um antígeno de pulga comercial aquoso tem sido descrito como um

produto muito confiável; este produto é injetado intradérmicamente e usa controles

positivos (histamina) e negativos (solução salina). As reações na pele são lidas após 15

e 30 minutos e 12, 24 e 48 horas. A maioria dos cães alérgicos às pulgas tem reações

tanto imediatas quanto tardias e 30% dos cães têm somente reações tardias. As reações

tardias são frequentemente leves quando comparadas com as fortes reações imediatas.

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As únicas mudanças podem ser um eritema leve ou um aumento na espessura da derme

(MULLER, 2001).

Uma reação positiva não é conclusivamente indicativa de que a condição clínica

é DAPP, ela apenas indica que o animal é alérgico aos antígenos de pulgas, ou que

houve exposição a estes anteriormente (GRIFFIN, 1998). Embora, virtualmente, todos

os cães e gatos com DAPP apresentem reações positivas ao teste intradérmico, uma

quantidade da população de cães normais e com outras dermatoses também podem

mostrar-se positivos. A administração atual ou recente de fármacos, especialmente

glicocorticóides e progestágenos podem causar falsos negativos no teste intradérmico.

Nos casos de reações negativas, o teste deve ser repetido após um período de retiro dos

esteróides (MULLER, 2001).

Os testes in vitro (sorológicos) também podem ser utilizados para o diagnóstico.

Muitos cães normais e alérgicos têm altos níveis de IgG reativa com as proteínas da

saliva da pulga. Um bom teste intradérmico tem maior sensibilidade, exatidão e é mais

rápido e com menor custo do que os testes in vitro (MULLER, 2001). Os erros mais

observados são os falsos negativos, mas, no RAST (radioallergosorbent test) e no

ELISA os falsos positivos são mais frequentes (GRIFFIN, 2000).

Lyman (1985), diz que a biópsia de pele pode demonstrar acantose,

paraqueratose, edema e infiltrações eosinofílicas e de mastócitos. Entretanto, sob o

ponto de vista histopatológico, a dermatopatologia não é específica, mas pode ser

sugestiva ou compatível com DAPP. Segundo Griffin (1998), uma dermatite

perivascular mista com eosinófilos é típica da DAPP. Para Kuhl e Greek (2000),

achados patológicos, como dermatite superficial, microabscessos intraepidérmicos

eosinofílicos, sugerem fortemente uma RHPP; eosinófilos como componente celular

principal na derme sustentam também a hipótese de RHPP. Achados histopatológicos

consistentes com pioderma bacteriano secundário (foliculite supurativa, dermatite

pustular intraepidérmica) são também comuns (MULLER, 2001).

2.3.4. Tratamento da DAPP

O tratamento da dermatite alérgica à picada de pulga inclui controle das pulgas,

glicocorticóides sistêmicos e hiposensibilização (MULLER, 2001).

Quando é feito um programa de controle completo contra as pulgas, mais de

90% dos casos podem ser controlados sem tratamento adicional (GRIFFIN, 2000).

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O controle integral das pulgas requer o tratamento do animal infestado, dos

animais que convivem no mesmo ambiente e do próprio ambiente do cão. Nos

ambientes severamente infestados, o controle pode demorar até 4 a 8 semanas para ser

efetivo (GRIFFIN, 2000).

É necessário tratar as diferentes áreas do ambiente, pois aí se encontram a

maioria dos ovos, larvas e pupas da pulga.

Controle do ambiente interno:

É importante porque os animais ficam a maior parte do tempo dentro das suas

casas; este é o hábitat que pode ser mais efetivamente controlado (GRIFFIN, 2000).

Todos os tratamentos dentro de casa devem ser precedidos de limpeza por

aspiração, método que tem se mostrado eficaz para a remoção de pulgas adultas do piso.

Deve-se dar uma especial atenção para carpetes, cama de animais e áreas de repouso na

casa. Estas devem ser muito bem aspiradas usando-se um aspirador potente. A cama do

animal deve ser lavada periodicamente. A aspiração reduz o número de ovos e larvas

em tapetes e levanta seus pêlos, permitindo assim a penetração do pulicida em sua base,

local onde se concentram as larvas (HARVEY; KERVER, 2004).

Quando se utiliza aspirador de pó na limpeza, este também necessita de cuidados

especiais. Devido ao calor e restos orgânicos acumulados no seu interior, este

equipamento pode tornar-se um foco de infestação, pois aspira ovos e formas jovens de

pulgas que podem vir a desenvolver-se. Deve-se trocar sempre ou lavar bem o filtro do

aspirador a cada uso, não sendo recomendável o uso de pós antipulgas no interior deste.

(HARVEY; KERVER, 2004).

Segundo Aiello e Mays (2001), as infestações por pulgas no interior das casas

podem ser efetivamente controladas usando-se um inseticida com ação residual ou

aplicações repetidas de inseticidas de curta ação em combinação com Reguladores de

Crescimento de Insetos (RCI). Existem vários produtos disponíveis para este uso, como

aqueles que contêm combinações de organofosforados, permetrinas e RCI. Estes

agentes apresentam eficácia variável na eliminação de todos os estágios biológicos, com

exceção dos adultos jovens antes de deixarem a proteção do casulo. Muitos dos

preparados têm boa atividade residual por dois ou três meses (HARVEY; KERVER,

2004).

O uso do Lufenuron a 10 mg/kg a cada 30 dias em cães é uma terapia sistêmica

que não é rapidamente efetiva na diminuição da carga ambiental e trabalha melhor

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quando utilizada após o uso de parasiticidas ambientais tradicionais. É muito útil como

terapia adjunta.

Para terapia adulticida única de todos os cães num ambiente fechado pode se

utilizar Fipronil ou Imidacloprid. Estes produtos associados com o Lufenuron são

especialmente efetivos na eliminação de pulgas em áreas fechadas (GRIFFIN, 2000).

Em casas nas quais os pisos tem carpetes, o pó de poliborato de sódio (SBP)

carregado eletrostaticamente é mais efetivo, com uma duração máxima de um ano. É

uma prática segura sem toxicidade reportada (GRIFFIN, 2000). O poliborato de sódio é

um pó usado no ambiente domiciliar para interromper o ciclo de vida da pulga.

Acredita-se que a larva da pulga ingere o pó e é morta antes que possa entrar na fase de

pupa (SOUSA, 1997).

É aconselhável o uso mensal nas superfícies dos pisos e nos locais onde os

animais têm acesso do clorpirifós, permetrina ou piretrina junto com um regulador do

crescimento (metoprene, piriproxifene) (GRIFFIN, 2000).

Os reguladores do crescimento são compostos que inibem o desenvolvimento

dos estágios imaturos dos insetos. Eles são classificados como análogos do hormônio

juvenil ou inibidores da síntese de quitina. Estes princípios previnem o desenvolvimento

das formas imaturas. Os RCI podem ser usados sozinhos ou em combinação com outros

inseticidas em uma infinidade de formulações (AIELLO; MAYS, 2001).

O metoprene é um análogo sintético do hormônio juvenil, hormônio este,

responsável pela mudança de estágio nos insetos. Ele pode ser aplicado tanto no

ambiente como no animal. Neste caso, utiliza-se 6 mg/kg, em aplicação tópica. Esta

molécula age mimetizando este hormônio regulador e impede que os insetos atinjam a

maturidade. Por interromper o desenvolvimento larval, resulta na morte do inseto. Sua

segurança deve-se ao fato de os hospedeiros mamíferos não possuírem sistemas

similares de desenvolvimento. Esta substância é oferecida em associações com

diclorvós e propoxur em formulações spray, sendo indicada como larvicida (SARTOR;

BICUDO, 2002).

Controle do ambiente externo:

Devem-se tratar as áreas exteriores semanalmente durante três semanas e logo

mensalmente. Preferentemente, fazer uma aplicação liquida de clorpirifós, permetrina

ou diazinón. Os inseticidas granulados ou microencapsulados não são apropriados para

o controle inicial.

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O piriproxifen (regulador do crescimento) é fotoestável e é útil no controle

externo quando utilizado junto com adulticidas (GRIFFIN, 2000).

No exterior das casas, a vegetação morta e outros restos orgânicos devem ser

retirados das áreas usualmente utilizadas para repouso pelos animais. Estes locais

oferecem um microambiente úmido, alimento e proteção contra a luz solar que favorece

o desenvolvimento de ovos e larvas de pulgas. Abrindo-se estas áreas para a luz do sol,

criam-se condições desfavoráveis para o desenvolvimento destas formas jovens

(AIELLO; MAYS, 2001).

Encontra-se em uso nos Estados Unidos, um meio biológico de controle através

do uso de um nematódeo que infecta as larvas das pulgas. Este produto contendo

Steinernema carpocapsae é aplicado no gramado sob a forma de spray (ZENTKO;

RICHMAN, 1997). Este parasito carrega um tipo de bactéria que contamina e provoca a

morte das larvas de pulga (POWELL, 1995).

Controle nos animais:

Considerações farmacológicas:

Existe uma variedade muito grande de produtos para o tratamento tópico ou

sistêmico das infestações por pulgas. Cada produto apresenta eficácia diferente sobre os

estágios do ciclo evolutivo da pulga. Vários inseticidas, incluindo organofosforados,

carbamatos, piretrinas e piretróides, são utilizados na preparação de uma diversidade de

produtos. Pode-se encontrar no comércio sprays, xampus, coleiras, aerossóis, banhos de

imersão, pós e soluções para uso spot on para o tratamento dos animais (AIELLO;

MAYS, 2001).

Há uma parcela dos produtos oferecidos que apresenta baixíssima eficácia. Estes

produtos são os xampus e condicionadores comerciais. O problema deve-se ao fato

destes produtos serem enxaguados antes de atuarem nas pulgas e apresentarem, assim,

pouca ou nenhuma atividade residual. Outro problema encontrado é o uso de produtos

que apresentam alta toxicidade para os hospedeiros. Um exemplo disto é o uso de

coleiras antipulgas com atividade pulicida, como as que contêm diazinon.

Entre os organofosforados ainda utilizados, encontramos o diazinon, o diclorvós

e o fention. O diazinon é usado em formulações de xampus e coleiras contra pulgas. O

diclorvós é utilizado isoladamente em coleiras antipulgas. O fention é comercializado

sob a forma de spot on como pulicida para cães e gatos, em duas diferentes

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concentrações (SARTOR; BICUDO, 2002). Este produto possui uma eficácia residual

de 85 a 95%, por duas a quatro semanas após a aplicação (HARVEY; KERVER, 2004).

Os carbamatos utilizados como produtos antipulgas são o carbaril e o propoxur.

O primeiro é apresentado sob a forma de pó e é usado para aplicações tópicas. O

propoxur é usado isoladamente ou em combinação com o diclorvós e o metoprene. Pode

ser encontrado nas formas de spray ambiental ou tópico, como coleiras ou talcos

(SARTOR; BICUDO, 2002).

Outros produtos que apresentam uma boa ação pulicida são os piretróides. Estes

são derivados do ácido ciclopropanocarboxílico e são classificados como piretróides do

tipo I (piretrina I, aletrina, tetrametrina, permetrina, resmetrina e fenotrina) e piretróides

do tipo II (cipermetrina, deltametrina, cifenometrina, fenvalerato, flumetrina e

cialotrina). Os piretróides do tipo I são utilizados como inseticidas em ambientes

domésticos e apresentam-se sob a forma de spray. Os piretróides do tipo II são

indicados como ectoparasiticidas para uso animal. O uso destas moléculas incorporadas

a xampus tem aumentado consideravelmente, devido ao seu rápido efeito de knock

down (SARTOR; BICUDO, 2002).

O amitraz é a única formamidina aprovada para uso em animais. Possui amplo

espectro e excelente ação sobre artrópodes. É utilizado como carrapaticida, pulicida,

piolhicida e sarnicida em ruminantes, caninos e suínos. Age inibindo a

monoaminoxidase (MAO), levando a um aumento de serotonina e noradrenalina no

SNC. Há evidências de uma ação direta sobre os canais de sódio da membrana nervosa

e ação inibidora sobre a síntese de prostaglandinas. É pouco tóxico para os animais. Este

princípio ativo deve ser usado imediatamente após a sua preparação, pois seus

subprodutos são bem mais tóxicos. Seu uso preferencial é como carrapaticida

(SARTOR; BICUDO, 2002).

Atualmente, encontram-se no mercado produtos mais seguros e mais eficientes.

Entre eles podemos citar alguns adulticidas, tais como o fipronil, a selamectina, o

imidacloprid e o nitempiran, e para as formas jovens, os RCI, como o lufenuron. O

fipronil é um inseticida de uso tópico que é encontrado na apresentação de spray ou de

emulsão. Esta é uma molécula derivada dos fenilpirazóis. Seu mecanismo de ação é

altamente específico para os invertebrados. Ele age inibindo, de forma não competitiva,

o ácido gama-aminobutírico (GABA) por fixar-se no receptor no interior do canal de

cloro. Isto inibe o fluxo de íons, anula o efeito neurorregulador do GABA e causa a

morte do parasito por hiperexcitação É utilizado na dose mínima de 5 mg/kg em gatos e

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6,7 mg/ kg em cão. Cem por cento das pulgas adultas são mortas em 24 horas. Seu

efeito não é eliminado através do banho, pois suas moléculas são incorporadas às

glândulas sebáceas, após 48 horas da sua aplicação (SARTOR; BICUDO, 2002).

Lavagens tópicas ou aplicações de fipronil em spot on têm efeito residual por um

a dois meses após a aplicação, embora os casos graves de DAPP possam precisar de

aplicação a intervalos mensais (HARVEY; KERVER, 2004).

A selamectina é um endectocida para uso em cães e gatos. Seu espectro de ação

atinge, além dos pulicídeos, nematódeos gastrintestinais e a D. immitis, tanto as

microfilárias quanto os adultos. É um derivado macrocíclico da lactona originado a

partir de uma modificação semi-sintética da doramectina. Seu mecanismo de ação não

está bem esclarecido, mas acredita-se que, nos parasitos, potencialize a ação inibidora

neuronal do GABA. Também deve agir sobre os canais de cloro, abrindo-os e

estimulando a liberação pré-sináptica do neurotransmissor, aumentando a sua ligação

aos receptores pré-sinápticos. Aumenta a condução intracelular do neurotransmissor e

hiperpolariza a membrana do neurônio, o que leva à paralisia motora flácida e

consequente eliminação do parasito. É utilizado em preparações de uso tópico do tipo

spot on na dose mínima de 6 mg/kg (AYRES; ALMEIDA, 2002).

O imidacloprid é um inseticida de uso tópico obtido a partir de uma molécula de

atividade sistêmica. É o primeiro composto da classe das nitroguanidinas no mercado. É

indicado como pulicida nos carnívoros e atua nas principais espécies que afetam estes

animais, como Ctenocephalides felis felis e C. canis. No sistema nervoso dos insetos,

interfere na transmissão do impulso por ligar-se a receptores nicotinérgicos. Seu

mecanismo de ação é semelhante ao descrito para a acetilcolina, mas como o

imidacloprid não sofre ação da colinesterase, ele produz um efeito prolongado

(SARTOR; BICUDO, 2002). Utilizado na dose de 10 mg/kg sob a forma de spot on, é

aplicado na região dorsal interescapular de cães, ou na parte de trás do pescoço dos

gatos. Ele elimina as pulgas no animal em aproximadamente 24 horas e tem ação

residual por quatro semanas em cães e três semanas em gatos (HARVEY; KERVER,

2004). Segundo Sartor e Bicudo (2002), os animais toleram doses maiores que 200 mg/

kg por via oral, sem apresentação de sinais clínicos de intoxicação. Como este princípio

ativo é retirado durante o banho do animal, tem-se uma diminuição da sua eficácia.

O nitempiran é um pulicida adulticida de ação rápida. É utilizado na dose de 1

mg/kg por dia, via oral (VO), para cães e gatos. Atua bloqueando os receptores

nicotínicos da acetilcolina, porém não interfere com a acetilcolinesterase. Sua

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degradação é muito rápida. É pouco tóxico para os animais, tendo sido verificado que

doses cinco vezes maiores que a recomendada não produzem sinais de intoxicação em

filhotes de cães e gatos (SARTOR; BICUDO, 2002).

O lufenuron é um RCI, inibidor da síntese de quitina e atua de forma a impedir

que a larva da pulga saia do ovo. O produto é administrado por via oral (VO) aos

animais uma vez ao mês na dose de 30 mg/kg para gatos e 10 mg/kg para cães. O

produto é armazenado no tecido adiposo e lentamente liberado, isto permite a

manutenção do nível sérico efetivo da droga por algumas semanas após sua

administração. A pulga fêmea ingere o produto enquanto se alimenta do sangue do

animal e a droga se incorpora ao ovo. Não existem contra-indicações conhecidas ou

registros de efeitos adversos em mamíferos (SARTOR; BICUDO, 2002). Segundo

Harvey e Kerver (2004), os RCI, como o metoprene e o lufenuron, agem em estágios

imaturos específicos e têm pouco efeito sobre insetos adultos. Como o efeito é muito

lento, na situação clínica recomenda-se a administração simultânea de um adulticida

tópico para redução imediata da população de adultos. Quando usado antes ou durante

infestações, estas substâncias ajudam a prevenir o estabelecimento de populações de

pulgas (POWELL, 1995).

A resistência a inseticidas é certamente uma consequência importante. O

desenvolvimento de resistência na Ctenocephalides felis felis ainda não têm estudos

suficientes para que se possa conhecer sua gravidade. Segundo estudos, ela tem se

mostrado resistente a uma grande variedade de inseticidas. Em alguns casos, foi

detectada resistência a clorpirifós, diazinon, malation, carbaril e cipermetrina, entre

outros. Atualmente não se conhece a extensão ou a prevalência de resistência a

inseticidas como fipronil, imidacloprid, lufenuron ou selamectina. Às vezes, a

resistência é citada como a causa da falha de um produto em particular, mas deve-se

estar ciente de que podem ter ocorrido erros na aplicação ou no intervalo de repetições

deste produto (DRYDEN; BROCE, 1999).

Controle nos animais não alérgicos:

O uso regular de adulticidas tópicos (fipronil, imidacloprid, lufenuron) ajuda na

prevenção das infestações nos cães não alérgicos e evita a reintrodução das pulgas no

ambiente da casa. Também é efetivo o uso semanal ou bimensal de clorpirifós ou

permetrina (GRIFFIN, 2000).

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Sugere-se utilizar coleiras anti-pulgas nos animais que não podem ser tratados

com sprays ou spot on.

Controle nos animais alérgicos:

Tratar os animais afetados com produtos adulticidas e repelentes.

* Os adulticidas tópicos como fipronil e imidacloprid tem mostrado ser eficazes

no tratamento da dermatite alérgica a picada de pulga, incluso nos casos nos quais não e

feito um controle no ambiente. A apresentação em spray do fipronil é mais efetiva do

que o spot on e é preferida para os animais doentes.

* Não devem se utilizar produtos com álcool frequentemente devido ao seu

efeito de secado.

* A combinação de banhos semanais e o uso de sprays entre os banhos pode ser

de grande ajuda.

* Pode ser útil o uso de piretrina ou permetrina com base de água que contenham

repelentes. Se utilizados junto com banhos, é suficiente uma aplicação fraca na

superfície da pelagem. Se utilizado sozinho, deve-se aplicar na superfície da pele e não

só na pelagem.

Para combater as infecções bacterianas secundárias associadas à DAPP é

necessário o uso de antimicrobianos sistêmicos. Com o controle da piodermatite reduz-

se a inflamação e o prurido associados a estas lesões. A escolha do antimicrobiano

apropriado pode ser baseada em cultura bacteriana e no resultado de testes de

sensibilidade (AIELLO; MAYS, 2001).

Outras recomendações incluem o controle de doenças alérgicas concorrentes

como atopia e alergia alimentar, o tratamento de pioderma secundário, que geralmente

aumenta o prurido com antibióticos sistêmicos, a eliminação da pele seca por meio de

banhos, sprays hidratantes e suplementos com ácidos graxos e a remoção de outros

irritantes e alérgenos da superfície da pele que podem piorar a inflamação (GRIFFIN,

2000).

Bloqueio das reações alérgicas:

Uma variedade de drogas sistêmicas pode ser utilizada para tratar a reação

alérgica. Estes fármacos são frequentemente usados no inicio do programa de controle

de pulgas. O uso em longo prazo dos fármacos sistêmicos deve ser feito só quando os

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clientes não podem fazer um controle efetivo das pulgas. Isso ocorre mais

frequentemente com animais que ficam em áreas exteriores.

a) Glicocorticóides sistêmicos:

Inicialmente, são utilizadas para o tratamento do prurido a prednisona ou

prednisolona 1-2 mg/kg PO a cada 12 a 24 horas.

Usar triamcinolona acetonida oral 0,25-0,5 mg/kg a cada 12-24 horas ou

metilprednisolona 0,8-1,6 mg/kg a cada 12-24 horas se o proprietário não admite a

poliúria, polidipsia ou polifagia associadas a prednisona ou prednisolona.

Quando o prurido esteja controlado, mudar a um programa alternativo e

continuar com a dose efetiva mais baixa.

b) Anti-histamínicos:

Devem ser utilizados junto com os glicocorticóides para obter um sinergismo

que permita a diminuição da dose do corticóide. Usar difenidramina HCl 2 mg/kg PO a

cada 8 horas, hidroxizina HCl 2mg/kg PO a cada 12 horas, clemastina 0,05-0,1 mg/kg a

cada 12 horas PO ou clorfenidramina 2-6 mg/kg PO a cada 8-12 horas.

c) Ácidos graxos:

Os suplementos com ácidos graxos sozinhos, raramente fazem um controle da

DAPP, mas, podem ser de ajuda no controle da atopia concorrente, na hidratação da

pele seca e na modulação da produção de mediadores da inflamação. Esses efeitos

podem reduzir o prurido e ter um sinergismo com outros tratamentos, permitindo a

redução da dose dos glicocorticóides.

d) Hiposensibilização:

A hiposensibilização utilizada com os protocolos padrão não tem mostrado

eficácia e quando usada sozinha tem reportado um controle efetivo em casos

individuais. Esta opção não e muito considerada pelos clientes devido a sua baixa

percentagem de sucesso.

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3. MATERIAIS E MÉTODOS

Foram utilizados 42 cães domiciliados, de ambos os sexos com diferentes idades

e raças, residentes na cidade de Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Os cães foram

organizados em quatro grupos:

Grupo 1 (controle): 12 cães sadios. Todos os cães de este grupo foram

selecionados do canil do Batalhão de Operações Especiais da Brigada Militar (BOE-

BM).

Grupo 2: 10 cães infestados com pulgas, sem apresentar sinais clínicos de

Dermatite Alérgica à Picada de Pulgas (DAPP). Todos eles foram atendidos no Hospital

de Clínicas Veterinárias (HCV) da Universidade Federal do Rio Grande do Sul

(UFRGS);

Grupo 3: 10 cães infestados com pulgas e apresentando sinais clínicos de DAPP.

Todos foram atendidos pelo Serviço de Dermatologia Veterinária (DERMATOVET) do

HCV-UFRGS.

Grupo 4: 10 cães não infestados com pulgas e apresentando sinais clínicos de

DAPP. Todos foram atendidos pelo DERMATOVET do HCV-UFRGS.

Nos grupos 2, 3 e 4 os animais não receberam medicação contra verminoses nos

últimos 15 dias anteriores à coleta das fezes.

Os 12 cães do grupo controle tomavam medicação anti-helmíntica profilática a

cada seis meses, com repetição da dose em 21 dias e utilizavam produtos antipulgas a

cada três meses em spray ou spot on.

A coleta das fezes foi feita diretamente do reto do animal, numa quantidade

aproximada de 20 g utilizando-se luvas de látex e posteriormente armazenadas em

recipientes plásticos estéreis e identificadas com o nome do cão, a raça e o sexo. As

amostras foram levadas diretamente ao Laboratório de Helmintologia da Faculdade de

Veterinária da UFRGS para observação macroscópica na busca de proglotes do

Dipylidium caninum e posterior processamento, através da técnica de sedimentação de

Dennis, Stones & Swanson, para pesquisa de ovos do cestódeo.

Os proprietários dos cães foram informados dos objetivos da pesquisa e

consentiram a participação dos seus animais. Neles foi aplicado um questionário que

incluía informações referentes ao ambiente do cão, perfil sócio-econômico do

proprietário e ao controle de verminoses e pulgas feito no animal (Anexo A).

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As variáveis consideradas neste experimento foram a avaliação da presença do

Dipylidium caninum através da técnica de sedimentação de Dennis, Stones & Swanson

para a observação microscópica dos ovos e da visualização macroscópica direta dos

proglotes nas fezes frescas, o perfil sócio econômico dos proprietários, o uso de

produtos contra vermes e pulgas e suas frequências de aplicação, a situação de

confinamento dos cães e o conhecimento dos riscos da transmissão da dipilidiose

através da pulga pelos proprietários. As idades dos animais variaram de 8 meses a 16

anos.

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4. RESULTADOS

Todas as amostras de fezes dos 42 animais analisados no presente experimento,

para a observação microscópica dos ovos, prévia observação macroscópica das fezes em

busca de proglotes, tiveram resultado negativo para Dipylidium caninum.

Diante do questionário (Anexo A) realizado aos proprietários, notou-se que 73%

dos cães dos grupos 2, 3 e 4 eram medicados contra verminose. Desta porcentagem,

91% recebiam por motivos profiláticos e apenas 9% pela presença de pulgas no animal;

82% eram medicados em repetição de 21 dias. Os 27% restantes, não recebiam nenhum

tipo de controle para endoparasitoses. O intervalo de tempo para a administração do

vermífugo foi, em sua maioria, de 6 em 6 meses (41%); seguido de intervalos superiores

aos 6 meses (22%).

Com relação ao controle de pulgas, 57% dos animais dos grupos 2, 3 e 4

utilizavam algum produto com esta finalidade, sendo os mais frequentes, com relação ao

tipo de administração, os produtos de aplicação spot on (47%) e banhos (41%). A

frequência de uso foi, em sua maioria, mensal (41%) e a cada dois meses (35%). Em

43% dos cães o controle de pulgas não era realizado.

Sessenta e três por cento dos cães passeavam na rua ao menos uma vez por

semana enquanto que 37% ficavam somente dentro de casa.

A maioria dos proprietários que responderam ao questionário (43%), recebiam

de 3 a 5 salários mínimos; 36% recebiam de 1 a 2 salários mínimos; 10% de 6 a 8

salários mínimos; 4% de 8 a 10 salários e 7% mais de 20 salários mínimos;

As porcentagens relacionadas ao conhecimento da transmissão do Dipylidium

caninum através da pulga, tiveram diferenças mínimas; 53% não tinham informação

referente a esta situação, enquanto 47% conheciam os riscos.

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5. DISCUSSÃO

Pode-se observar pelos dados obtidos, que não houve uma relação estreita entre

a DAPP e/ou a infestação por pulgas e a presença do cestódeo Dipylidium caninum nos

cães utilizados neste experimento.

A totalidade dos resultados negativos para D. caninum obtidos no presente

estudo, podem ser explicados por diversas razões: o tipo de cães utilizados (confinados

ou semi-confinados) o nível socioeconômico dos proprietários, o uso de produtos para o

controle de pulgas e vermes, o método diagnóstico utilizado e o tamanho da amostra.

Todos os animais utilizados eram domiciliados e os seus proprietários recebiam

diferentes salários (43%, de 3 a 5 salários mínimos), situação que possivelmente garante

as condições básicas preventivas para os cães. Segundo os achados de Gorman e Soto

(2006), os cães errantes, tem maior probabilidade de apresentar algum tipo de

parasitismo do que os cães confinados. Nesse estudo, foram analisadas amostras de

fezes de 582 cães com diferentes níveis socioeconômicos procedentes da região

metropolitana de Santiago de Chile, todos eles com proprietários; a classificação de

errante ou domiciliado foi feita baseada no tempo que o animal permanecia dentro da

sua casa; os cães que ficavam o dia todo ou a maior parte deste na rua eram chamados

de “errantes”. O D. caninum foi o parasita achado com menor frequência, computando

2,1%, sendo maior a prevalência dos nematódeos, principalmente Toxocora canis

(9,1%) e Trichuris vulpis (8,6%). A porcentagem de infecção por D. caninum foi

superior em cães errantes (9,6%) do que nos cães confinados (0,4%). (GORMAN E

SOTO, 2006).

No presente estudo, que utilizou cães somente da área urbana, 73% dos animais eram

medicados contra endoparasitas e 57% contra ectoparasitas, fatores que diminuem

consideravelmente o risco de apresentar dipilidiose; valores similares aos obtidos por

Xavier (2005), em estudo feito na cidade de Pelotas-RS com 236 cães com dono, 171 da

área urbana e 65 da área rural, quem relata que os proprietários do 60,2% dos cães

urbanos e 42% dos rurais, mostraram preocupação em tratar periodicamente seus

animais com anti-helmínticos. Quanto aos ectoparasitos, 96,2% dos cães rurais não

recebiam tratamento com ectoparasiticidas regularmente, enquanto que, entre os

urbanos esse índice foi de 52%.

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Além disso, 96,2% dos cães que viviam em meio rural não recebiam tratamento

com ectoparasiticidas regularmente, enquanto que, este índice diminui (52%) em cães

que residiam em meio urbano. Valores similares foram encontrados em estudo realizado

por Xavier (2005), na cidade de Pelotas-RS com 236 cães domiciliados, sendo 171 da

área urbana e 65 da rural, que reportou haver preocupação dos proprietários em tratar

periodicamente seus animais com anti-helmínticos, pois 60,2% dos cães urbanos e 42%

recebiam terapia controle.

No Brasil, os inquéritos parasitológicos de endoparasitos realizados em cães

dividem-se em basicamente 2 tipos de abordagem: o primeiro, realizado com amostras

de cães errantes ou de rua, capturados em grandes centros urbanos pelos serviços de

saúde locais, baseando-se no exame "postmortem"; o segundo tipo de abordagem,

realizado com amostras de cães domiciliados, atendidos em ambulatórios veterinários,

baseando-se em exames coproparasitológicos (LABRUNA, 2006).

Gennari (1999) ressalta que os achados baseados em exame de fezes geralmente

devem ter uma amostragem maior, o que possivelmente poderia compensar os falsos

negativos, que ocorrem principalmente no caso do Dipylidium caninum, uma vez que

seu diagnóstico é feito pelo encontro de proglotes em fezes frescas ou pelo achado das

formas adultas no intestino de cães submetidos a exame de necropsia e raramente pelo

encontro microscópico de cápsulas ovígeras, sendo esta duas últimas, as técnicas

utilizadas no presente experimento. Esta informação é corroborada por Rodríguez

(1996) que encontrou em cães errantes da cidade de Mérida, Yucatán, México, uma

prevalência menor de D. caninum, através da detecção de ovos nas fezes, do que na

detecção de formas adultas no intestino de cães submetidos a exame de necropsia. Este

fato pode ser explicado pelos seguintes motivos:

- o parasita precisa de um tempo determinado para atingir o estádio adulto e começar a

eliminação dos proglotes;

- a eliminação dos proglotes não é constante;

- os ovos estão contidos nos proglotes, razão pela qual não são dispersos nas fezes, em

alguns casos.

Galli dos Santos et al. (2007) fizeram um estudo de ocorrência de parasitas

gastrintestinais em cães com diarréia aguda provenientes da região metropolitana de

Londrina-PR, utilizando diferentes técnicas coproparasitologicas e o Dipylidium

caninum não apareceu nos resultados obtidos, provavelmente devido à popularização do

uso de produtos para o controle de pulgas nos animais de estimação.

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Em alguns municípios do Estado de São Paulo, o Dipylidium caninum ocupou o

quarto lugar de prevalência (42,86%) em cães provenientes de canis municipais

submetidos à pesquisa de endoparasitas intestinais em exame de necropsia. Os mais

prevalentes foram: Toxocora canis, Ancylostoma caninum e A. braziliense. Nesse

estudo verificou-se uma maior ocorrência do cestódeo D. caninum diferindo dos dados

obtidos em outros estudos realizados com exames de fezes por Araújo et al., (1986),

Hoffmann et al. (1990), Costa et al. (1991), Guimarães Junior et al. (1996), Gennari et

al. (1999) e Porto et al. (1999), respectivamente: 6,09%; 1,49%; 6,63%; 3,82%; 0,28%;

0,97% (DA SILVA et. al, 2001), confirmando a efetividade da necropsia como método

diagnóstico.

Existem poucos estudos que comparem infestação por pulgas e/ou a DAPP e a

presença de Dipylidium caninum em cães. Os trabalhos anteriormente citados são

estudos de prevalência encaminhados à busca de parasitos gastrintestinais em geral,

utilizando diferentes mecanismos diagnósticos. Os pesquisadores que fizeram

experimentos correlacionando a presença de D. caninum e seu hospedeiro intermediário

em cães foram Guzmán (1984), que avaliou a presença de cisticercóides desse parasito

em formas adultas de Ctenocephalides felis, C. canis e Pulex irritans, encontrando

resultados negativos nas 1578 pulgas analisadas e Hinaidy (1991) que achou

cisticercóides presentes em C. canis e C. felis coletadas de 198 gatos e 182 cães na

Áustria, verificando apenas um caso positivo a cada 61 pulgas examinadas. Outro

trabalho, este realizado na cidade de Belo Horizonte (DE AVELAR, 2007) mostrou

resultados similares, no qual pulgas C. felis foram coletadas de 150 cães provenientes

do centro de controle de zoonose e achando-se cisticercóides do D. caninum nestes

ectoparasitas, em infecções associadas com protozoários (Nolleria pulicis e Leptomonas

sp.). Linardi (2002) achou que 10,2% das 1.613 pulgas C. felis felis obtidas de 372 cães

vadios, também de Belo Horizonte, apresentaram-se infectadas por D. caninum.

Embora nestes experimentos tenha sido detectada a presença do Dipylidium

caninum nas pulgas e sabendo-se que não necessariamente os cães que apresentarem

pulga e/ou DAPP serão infestados por D. caninum (há a necessidade de ingesta de pulga

parasitada pelo cão), estudos visando a determinação da frequência deste endoparasita

em cães infestados ou não infestados por pulgas e com sinais clínicos de DAPP devem

ser realizados. Diante da não detecção de trabalhos desta natureza, este fato justifica a

realização deste estudo e outros posteriores.

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É sabido que em grande parte dos casos nos quais é diagnosticada DAPP o

veterinário prescreve imediatamente produtos contra vermes. Wilkinson e Harvey

(1996) apontam que nos casos onde a demonstração de pulgas não é possível, pode-se

usar também como hipótese diagnóstica a presença de Dipylidium caninum nas fezes do

animal, sugerindo, uma prévia infestação por pulga ou até uma DAPP. Nos casos desta

doença alérgica em que os cães não apresentam dipilidiose e o uso “profilático” de anti-

helmínticos é realizado, podem estar desencadeando resistência dos cestódeos aos

vermífugos, situação delicada sabendo-se que esta endoparasitose também é

considerada uma zoonose de importância em saúde publica (LABRUNA, 2006). Além

disso, a DAPP, por ser a dermatopatia veterinária mais comumente atendida no mundo,

contribui para o uso irrestrito e indevido de anti-helmínticos (SOUSA, 1997).

As percentagens relacionadas com o conhecimento dos proprietários utilizadas

no presente estudo, sobre a transmissão do Dipylidium caninum através da pulga são de

53% para respostas negativas e 47% para as respostas positivas. Estes números são

considerados baixos pelo fato da dipilidiose ser uma zoonose, ou seja, refletem uma

baixa porcentagem de conhecimento e esclarecimento da população questionada neste

estudo, indicando a falta de veiculação desta doença, que a cada dia torna-se mais

importante, principalmente pelo aumento exponencial da socialização dos animais.

Também é de extrema importância orientar a população para o uso indevido de

vermífugos sem a correta indicação de um Médico Veterinário.

Para estudos posteriores é importante tomar em conta que o diagnóstico da

dipilidiose é muito difícil no animal vivo, já que a presença de proglotes nas fezes é

inconstante e a carga parasitaria tem que ser muito alta para achar os ovos do parasita

pela técnica de sedimentação. Esta situação aumenta a percentagem de erro e pode

resultar em falsos negativos. Mesmo assim, o veterinário que diagnostica DAPP ou

observa uma clara infestação por pulgas, deveria aplicar junto aos proprietários um

questionário com informações completas, tais como fatores sócio-econômicos, ambiente

que o animal vive higienização, controle de endo e ectoparasitas, possíveis sinais de

verminose (como diarréia, vomito, anorexia, observação de prurido anal ou a eliminação

de proglotes nas fezes), visando à obtenção de um diagnostico mais acurado.

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6. CONCLUSÕES

A partir do presente trabalho, pode-se concluir que não houve uma relação

estreita entre a infestação por pulgas, em animais alérgicos e não alérgicos, e a presença

do cestódeo Dipylidium caninum nas fezes frescas submetidas ao exame micro e

macroscópico na busca de ovos e/ou proglotes do cestódeo. Embora, o diagnóstico do

Dipylidium caninum seja difícil devido à eliminação inconstante de proglotes e a rara

observação microscópica das cápsulas ovígeras contendo os ovos (razão pela qual são

frequentes os falsos negativos), continua sendo fundamental que o veterinário que faz o

diagnóstico de DAPP ou observa no momento do exame clinico uma infestação por

pulgas, obtenha junto aos proprietários informações referentes a fatores que podem

influenciar na transmissão do D. caninum, tais como aspetos socioeconômicos,

ambiente do animal, uso e frequência de aplicação de endo e ectoparasiticidas, contato

com outros animais, sinais de verminose, situação de confinamento dos cães, dentre

outras que possam esclarecer o diagnóstico e facilitem o uso adequado dos produtos

destinados ao controle dos vermes intestinais dos cães, permitindo atingir em

determinado período de tempo, um bom controle para esta zoonose.

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REFERÊNCIAS

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ANEXO A- QUESTIONÁRIO CONTROLE DE VERMINOSE EM CÃES

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL

HOSPITAL DE CLÍNICAS VETERINÁRIAS SERVIÇO DE DERMATOLOGIA VETERINÁRIA

CONTROLE DE VERMINOSE EM CÃES

IDENTIFICAÇÃO Ficha No: Nome do proprietário: Nome do animal: Sexo: Raça: Idade: Endereço: Telefone:

1. AMBIENTE 1.1 O cão mora em:

( ) Apartamento ( ) Casa ( ) Sitio ( ) Pátio 1.2 Onde dorme? ________________________________________________________________________________________________________________________________

2. Contato com outros animais? 2.1 Gato ( ) Coelho ( ) ( ) Cachorros Outro ( )

3. PERFIL SÓCIO-ECONÔMICO DO PROPIETÁRIO ( ) Um salário mínimo ( ) Dois salários mínimos ( ) 3 salários mínimos ( ) 4-5 salários mínimos ( ) 6-7 salários mínimos ( ) 8-10 salários mínimos ( ) Mais de 20 salários mínimos

4. CONTROLE DE VERMINOSE E PULGAS

4.1 O cão é medicado contra a verminose? ( ) Sim ( ) Não

4.2 Caso a resposta seja positiva Por quê? ( ) Diarréia com ( ) ou sem sangue ( ) ( ) Vômito ( ) Palidez das mucosas ( ) Aumento do volume abdominal ( ) Apatia/Anorexia ( ) Secreção ocular ( ) Presença de pulga ( ) Profilático ( ) Outro Qual?

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4.3 Quando aplica o primeiro anti-helmíntico? ( ) Menos de 3 semanas de idade ( ) Entre 3 e 4 semanas ( ) Entre 5 e 6 semanas ( ) Mais de 6 semanas de idade

4.4 Qual intervalo de tempo você vermífuga seu cão? ( ) mês-mês ( ) 2-2 meses ( ) 3-3 meses ( ) 6-6 meses ( ) mais de 6 meses 4.5 Você repete a dose?

( ) Sim ( ) Não 4.6 Você trata os contactantes?

( ) Sim ( ) Não 4.7 Você sabe que as pulgas podem transmitir verminose?

( ) Sim ( ) Não 4.8 Você realiza controle de pulgas em seu animal?

( ) Sim ( ) Não 4.9 Qual produto você utiliza?

( ) Banho ( ) Coleira ( ) Spray ( ) Spot-on 4.10 Qual frequência? ( ) mês-mês ( ) 2-2 meses ( ) 3-3 meses ( ) 6-6 meses ( ) mais de 6 meses 4.11 O cão passeia na rua?

( ) Sim ( ) Não Qual frequência? _____________________________________________________________

4.12 Nota pulgas no seu cão? ( ) Não ( ) Frequentemente ( ) Eventualmente