UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA … · ESPORTES DE RAQUETE NA EDUCAÇÃO FÍSICA...
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UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA
ESPORTES DE RAQUETE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: relato dos limites e
perspectivas de uma experiência com o Badminton em uma escola pública de
Diamantina
Thiago Pio dos Santos
Kênia Barroso Farnezi
DIAMANTINA
2014
UNIVERSIDADE FEDERAL DOS VALES DO JEQUITINHONHA E MUCURI
FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE
ESPORTES DE RAQUETE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: relato dos limites e
perspectivas de uma experiência com o Badminton em uma escola pública de
Diamantina
Thiago Pio dos Santos
Kênia Barroso Farnezi
Orientador: Fernando Joaquim Gripp Lopes
Co - Orientador: Leandro Batista Cordeiro
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Educação Física, como parte dos
requisitos exigidos para a conclusão do curso.
DIAMANTINA
2014
ESPORTES DE RAQUETE NA EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR: relato dos limites e
perspectivas de uma experiência com o Badminton em uma escola pública de
Diamantina
Thiago Pio dos Santos
Kênia Barroso Farnezi
Orientador:
Fernando Joaquim Gripp Lopes
Co – Orientador:
Leandro Batista Cordeiro
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Departamento de Educação Física, como parte
dos requisitos exigidos para a conclusão do curso.
APROVADO em 14/07/2014
_______________________________
Prof. Gilton de Jesus Gomes - UFVJM
_________________________________
Prof. Leandro Batista Cordeiro - UFVJM
_____________________________________
Prof. Fernando Joaquim Gripp Lopes – UFVJM
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais
Jair Antônio dos Santos
Beatriz Purcina dos Santos
E aos meus avós
Herculano Pio dos Santos – (in memoriam)
Maria Vieira de Lacerda Santos (in memoriam)
Bolivar Soares da Silva (in memoriam)
Eva Porcina da Silva
“O mundo está nas mãos daqueles que têm a coragem de sonhar, e
correr o risco de viver seus sonhos”.
Paulo Coelho
Thiago Pio dos Santos
AGRADECIMENTOS
Agradeço ao meu Orientador Fernando Gripp, idealizador deste trabalho, pelas contribuições
na construção do conhecimento do Badminton, e pelas experiências enriquecedoras na minha
formação acadêmica, nas aulas de Basquetebol, nas caronas e conversas pela universidade,
além das oportunidades que me direcionou nas pesquisas como voluntário do Laboratório de
Fisiologia do Exercício, juntamente com professor Fabiano Amorim.
Ao professor Leandro Cordeiro, pelas contribuições na realização deste trabalho e
experiências compartilhadas enquanto bolsista do Programa Institucional de Bolsas de
Iniciação a Docência – PIBID, que considero ter sido a oportunidade de ouro que tive no
curso de Educação Física. Através das intervenções nas escolas e reuniões com os demais
colegas pude amadurecer como pessoa e profissional, promovendo minha preparação para
esse momento.
Agradeço muito aos voluntários dessa pesquisa, pela dedicação em todos os momentos que
estivemos juntos durante as aulas de Educação Física, e seus respectivos responsáveis. À
professora Vanilza, pela confiança e contribuições durante o desenvolvimento da nossa coleta
de dados. À Deisiane, acadêmica do curso de Educação Física da UFVM, nossa parceira e
colaborada durante as ações desta pesquisa, pelo empenho e seriedade demonstrados.
À Deus, por ter colocado em minha vida meus pais Jair e Beatriz, e minha irmã Tainara, a
quem tanto amo e tenho orgulho de ser filho e irmão. Vocês são o motivo da minha alegria e
felicidade por ter alcançado essa vitória. Muito obrigado pelos inúmeros sacrifícios que
fizeram para proporcionar minha caminhada até aqui, pelas dificuldades, pelas preocupações
que tiveram enquanto eu estava longe de casa, pelos muitos conselhos que me deram para que
eu perseguisse a minha meta. Pelo amor que têm por mim, por terem acreditado no meu
potencial e terem tornado possível o sonho de me formar numa universidade. Sem vocês eu
não teria chegado onde cheguei!
Aos professores do Departamento de Educação Física da UFVJM, pelas contribuições durante
minha graduação, nos aconselhamentos, críticas, apoio e pelo carinho que tiveram por mim.
Aos amigos da minha turma de Educação Física, pelos momentos que compartilhamos juntos.
Pelos conselhos, carinho e confiança que depositaram em mim. Em especial, Kênia, que
compartilhou comigo dessa experiência valiosíssima nesse trabalho, por todo empenho e
dedicação. Perseveramos! E também por estes 4 anos de convivência durante a graduação,
pela companhia na volta para casa, pelos muitos conselhos, broncas, por todo o carinho que
tem por mim. Ao Alan, meu amigão, parceiro para todas as horas, um irmão mais velho nas
atitudes comigo, sempre calmo, atencioso e dedicado. Te admiro muito, e não vou me
esquecer de todas as experiências que compartilhamos juntos. À Janaína, que assim como o
Alan entrou pra minha família também, como irmã. Aos poucos vi muita coisa em você que
se assemelha à minha irmã Tainara, e talvez seja esse o motivo das inúmeras picuinhas que
tivemos até aqui. Obrigado por tudo. À Maria do Carmo, nossa “xerifa”, que com toda
simplicidade sempre me incentivou e me ajudou em tudo o que precisei durante o curso,
sendo exemplo de garra e determinação. E à Taciana, por ter sido paciente ao me aturar esse
tempo todo na turma, com todas as brincadeiras, comentários indiscretos, e outros episódios
mais. Me identifiquei com você por termos estudado na mesma instituição durante a educação
básica e pela paixão por cachorros, se eu pudesse levava o Airon embora comigo.
Aos meus tios, tias, primos, primas e amigos, que sempre acreditaram e me incentivaram a
concluir este curso. Em especial meus avós, que sempre me aconselharam a estudar e foram
fundamentais na minha formação como cidadão, através dos valores que adquiri ao longo do
tempo com vocês e meus pais.
E à minha namorada Priscila, companheira nos momentos difíceis, de tensão, preocupação,
nos momentos de alegria e amor, que contigo ao meu lado é cada vez maior. Pela paciência na
reta final deste trabalho, mesmo com todo o meu estresse e ansiedade, você não deixou de me
apoiar e me dar força para seguir em frente.
À todos vocês Muito Obrigado!
Thiago Pio dos Santos
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho
A todas as pessoa que tem guardado consigo
ideias maravilhosas e transformadoras, mas que
por algum motivo tem medo de liberta – las.
“Eu não procuro saber as respostas, procuro compreender as perguntas”.
Confúcio
Kênia Barroso Farnezi
AGRADECIMENTOS
Vamos sentar, conversar e prosar! Tomar um café quem sabe... Histórias virão, conclusões
não! Nada é conclusivo, sempre inconclusivo, porque surgem novas perguntas... mas e daí?
Assim não teria graça... As perguntas fazem você se movimentar, caminhar para procurar e
um dia quem sabe achar. A vida é instigante, desafiante... Aceita? Mudar a realidade, sua
realidade... Educação Física, estudo da arte do movimentar – se, movimentar não somente o
exterior, a máquina por fora mas também interior, o coração a alma! Ela me movimentou, me
sacudiu, criando caminhos, sonhos e realizações.
Primeiramente agradeço a Deus o maior dos mestres, por ser capaz de modelar o barro e dele
criar a vida. Aos meus pais Antônio e Valdemira por terem sonhado por tanto tempo em me
ver conquistando a “capa negra da sabedoria”, ver a minha cabeça adornada pelos “louros da
vitória” e em minhas mãos o “pergaminho da esperança”. Tudo que sou hoje agradeço a eles
meus primeiros professores, que conduziram os meus primeiros passos pelos caminhos longos
e tortuosos da vida. Agradeço também a você Thiago Igor meu grande e único amor, minha
outra metade, com quem vou compartilhar uma vida de parcerias e histórias e a meus irmãos e
familiares por terem sentimentos de felicidade a cada obstáculo que se superava. Amo muito
vocês!
Agradeço ao professor Fernando Gripp, exemplo de mestre e por dar asas a uma ideia que
inicialmente era tida como maluca e pouco improvável, e não foram asas de “cera”, que ao
primeiro voo elas poderiam derreter quando expostas ao sol. Foram planejadas e construídas
bem fortes e seguras, leves e dinâmicas, por mão sábias e experientes, elas foram as “asas do
conhecimento” que voam livres em busca de grandes desafios.
Um agradecimento especial ao professor e grande mestre Leandro Cordeiro, por ser essa
pessoa sempre cortês, e disposta ajudar e por contribuir imensamente com o projeto
juntamente com o programa PIBID, dando “vida” e tornando possível o seu desenvolvimento
na escola. Obrigada aos Mestres.
Agradeço a meu parceiro de aulas e TCC Thiago Pio, pelos momentos e ensinamentos
compartilhados em busca do melhor conhecimento e desenvolvimento da Educação Física,
por termos superados as dificuldades que surgiram e pelas risadas ao final de tudo, sei que às
vezes a companhia pode ser pesada e desgastante, mas você sempre educado e com paciência,
soube lidar bem com todas as situações, com um sorriso suave e alegre no rosto. Muito
obrigada Pio.
Aos meus queridos colegas quando eu penso que o dia da separação não tarda chegar, meu
coração fica quieto, apenas lembranças surgem, como em um filme antigo.... 4 anos não são 4
dias, nem 4 semanas... 4 anos são páginas e mais páginas do livro de minha vida, ao lado de
pessoas que contribuíram tanto para formação do meu ser do que sou hoje. Obrigada a todos
pelo tempo.
Agradeço também a Deisiane, nossa querida Deisinha, muito gentil e carismática, ao longo do
projeto sempre que possível, estava pronta para nos ajudar. Agradeço a Escola Estadual Maria
Augusta Caldeira Brant juntamente com a Diretora Maria de Lourdes, a professora Vanilza,
aos alunos participantes e a todo corpo escolar, por nos receberem de braços e corações
abertos, compartilhando conosco tudo que a escola e a educação tem a nos oferecer, e esse
trabalho só foi possível graças a grande ajuda de vocês. Obrigada pela valiosa ajuda.
Gosto da beleza e a forma que os galhos tortos se dispõem nas árvores, acredito que o encanto
de um Ipê amarelo somente se dá por causa deles, porque são vigorosos e flexíveis, para
suportarem as tempestades e os ventos fortes, além de desempenhar o importante papel de
proteger as flores, que são belas porem passageiras!
Kênia Barroso Farnezi
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 – Vollant ou peteca de Badminton ...................................................................... 21
Figura 2 – Raquete de Badminton ..................................................................................... 22
Figura 3 – A raquete e suas cordas .................................................................................... 22
Figura 4 – Espaço de jogo com as delimitações das áreas de saque e rede ....................... 23
Figura 5 – Rede de Badminton .......................................................................................... 23
Figura 6 – Procedimento de construção da raquete ........................................................... 75
Figura 7 – Procedimento de construção do vollant ou peteca de Badminton ................... 76
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ................................................................................................................ 13
2. OBJETIVOS...................................................................................................................... 16
3. JUSTIFICATIVA .............................................................................................................. 17
4. REFERENCIAL TEÓRICO ............................................................................................. 18
5. METODOLOGIA ............................................................................................................. 36
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO ...................................................................................... 40
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS ............................................................................................ 57
8. REFERÊNCIAS ................................................................................................................ 59
APÊNDICES ......................................................................................................................... 63
RESUMO
O esporte pode ser caracterizado como um fenômeno difundido de forma ampla em nossa
sociedade, onde existe um número grande de formas de vivências e modalidades, que podem
ocorrer no âmbito educacional, como esporte de alto desempenho e também como lazer.
Juntamente com outras práticas corporais, os esportes fazem parte dos conteúdos a serem
desenvolvidos nas aulas de Educação Física. Porém, apesar dessa variedade de conteúdos da
cultura corporal de movimento, a Educação Física escolar brasileira tem se caracterizado por
uma monocultura esportiva, resultado do predomínio dos esportes coletivos. O Badminton é
um esporte de raquete ainda pouco conhecido no Brasil, mesmo sendo um dos esportes mais
praticados no mundo. Diante disso, este estudo trata-se de uma proposta de intervenção no
ensino e aprendizagem da Educação Física, no que se refere ao esporte de raquete
denominado Badminton, onde objetivamos fazer uma compreensão e análise da introdução
deste conteúdo desconhecido no âmbito escolar, além de apresentar possíveis causas da
ausência dos esportes de raquete em aulas de educação física, e ainda propor alternativas para
a disseminação e apropriação deste esporte pelos alunos. Nesse sentido o trabalho foi
realizado através de uma pesquisa-ação, com uma abordagem quantitativa e qualitativa sobre
os dados coletados, onde participaram 59 alunos que faziam parte do nível fundamental dois
de ensino. Para tal pesquisa, foram aplicados dois questionários com questões abertas e
fechadas aos alunos, sendo um antes e outro após a intervenção teórica e prática do
Badminton. De acordo com os resultados que obtivemos, pudemos compreender um pouco
melhor sobre os limites e perspectivas acerca da experiência do Badminton em uma escola
pública de Diamantina. Consideramos que o Badminton pode ser introduzido na Educação
Física escolar, e quando necessário este pode ser adaptado às condições da escola, devido à
diversidade das condições de estrutura e materiais de uma para outra. Diante disso,
consideramos importante a inserção do Badminton e outros esportes de raquete na Educação
Física escolar, e ressaltamos que os alunos demonstraram através dos resultados que os
esportes de raquete têm sua importância, avaliando a experiência o qual tiveram como
positiva.
Palavras Chave: Badminton; Educação Física Escolar; Esportes de Raquete.
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1. INTRODUÇÃO
O esporte pode ser caracterizado como um fenômeno difundido de forma ampla em nossa
sociedade, onde existe um número grande de formas de vivências e modalidades, que podem
ocorrer no âmbito educacional, como esporte de alto desempenho e também como lazer. O
esporte pode ser compreendido também na perspectiva midiática, o qual é disseminado
através de veículos de comunicação e eventos diversos, de pequeno porte até megaeventos
esportivos de repercussão mundial, como as olimpíadas e a copa do mundo de futebol,
podendo ser visto como uma manifestação complexa da nossa sociedade atual.
Historicamente, o esporte vem sofrendo influências da sociedade, com as quais fazem com
que em cada momento esteja voltado para algum aspecto mais marcante, assumindo dessa
forma papéis como o funcional, social, ideológico, entretenimento, e vitrine para mercadorias.
Segundo Assis de Oliveira (2001), desde muito cedo, ainda criança, ocorre o contato com o
esporte, contudo vale ressaltar que este contato não é igual para todos, tendo diversos fatores
como determinantes para tal convívio com o meio esportivo ser desigual numa sociedade.
Para o autor, é praticamente impossível verificar pessoas que ainda não tenham sido
apresentados ao esporte mesmo com as disparidades socioeconômicas que existem no Brasil,
e ainda retrata que o esporte pode ser visto em locais como praças, escolas, clubes e nas ruas.
Juntamente com os jogos, as brincadeiras, as danças e as lutas, os esportes fazem parte dos
conteúdos a serem desenvolvidos nas aulas de Educação Física escolar. Todavia, apesar dessa
variedade de conteúdos da cultura corporal de movimento, a Educação Física escolar
brasileira tem se caracterizado por uma monocultura esportiva, resultado do predomínio dos
esportes coletivos, principalmente o futebol.
Dentre as diversas modalidades esportivas que são difundidas no mundo, os esportes de
raquete são destaque em algumas sociedades, como por exemplo, a chinesa, onde o tênis de
mesa é culturalmente disseminado. Para Chiminazzo (2008) os esportes de raquete têm em
comum o desenvolvimento da habilidade motora de rebater, onde o praticante manipula uma
raquete como instrumento, que se torna uma extensão de seu braço para rebater um objeto,
que na maioria das vezes é uma bola, mas pode ser uma peteca como no caso do Badminton.
Dentre as modalidades esportivas que têm essas características, citamos o tênis de campo ou
de quadra, o tênis de mesa, o squash e o Badminton.
14
Segundo Copelli (2010) o Badminton trata-se de uma das modalidades mais populares do
mundo, podendo ser praticada por indivíduos de várias idades (crianças, adultos e idosos) de
maneira competitiva ou em seu tempo livre. O jogo caracteriza-se pela sua grande dinâmica,
já que a peteca pode atingir alta velocidade, exigindo agilidade, flexibilidade e capacidade de
reação dos praticantes.
No Brasil, o Badminton ainda é um grande desconhecido, porém ele possui características
interessantes que possibilitam a sua prática nas escolas, por ser uma atividade altamente
motivante e divertida, que proporciona o aprendizado com rápida evolução e desenvolvimento
das habilidades e capacidades motoras, além de poder ser facilmente adaptado ao espaço
escolar, sem grandes investimentos.
No que se refere ao meio escolar, o que pode ser visto especificamente nas aulas de educação
física, são professores em sua maioria que optam pelo ensino dos esportes mais comuns, tidos
como esportes "com bola", ocasionando a privação dos alunos ao conhecimento de outros
esportes e modalidades, como é o caso dos esportes de raquete. Muitos professores alegam
alguns fatores relevantes a não prática desses esportes como: falta de materiais, espaço físico
inadequado, a falta de conhecimento da modalidade e até mesmo o desinteresse do aluno, este
último pressupõe-se que ocorre em virtude da hegemonia dos esportes coletivos desde os anos
iniciais na escola.
Os esportes que têm em comum a habilidade motora de rebater, são pouco exploradas pelos
professores de Educação Física, talvez por se tratarem de esportes que não fazem parte da
cultura do nosso país ou também pela visibilidade dos estudos nesta área ser menor do que em
outras, além das possíveis relações com outras áreas de conhecimento serem pouco
exploradas. A prática dos esportes de raquete é importante para o aluno, no que diz respeito
ao seu desenvolvimento integral e nas mais variadas concepções cognitivas, motoras, sociais e
afetivas.
De acordo com Tresca. R.P; De Rose Júnior (2000), a motivação é muito importante no
ensino da Educação Física, tendo o professor que desempenhar um papel fundamental nesse
processo, onde segundo Chiminazzo (2008) ele é o responsável por estimular os alunos e
fazer com que eles construam seu próprio conhecimento, levando-os a praticar atividades,
exercícios e esportes que proporcionem prazer e contentamento. E para que os alunos se
sintam motivados, vê-se como uma alternativa ao professor nesse sentido a criação de
15
condições para que o aluno vivencie conteúdos diversificados, criativos e que acompanhem as
tendências atuais, extraclasses, e que diferem do habitual em quem o aluno tem acesso.
Diante disso, este estudo trata-se de uma proposta de intervenção no ensino e aprendizagem
da Educação Física, no que se refere ao esporte de raquete denominado Badminton, o qual
fazemos uma reflexão acerca da inserção deste conteúdo no âmbito escolar, e apresentamos
possíveis causas da ausência dos esportes de raquete em aulas de educação física, além de
propor alternativas para a disseminação e apropriação do Badminton pelos alunos.
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2. OBJETIVOS
GERAL
Analisar e compreender sobre a introdução do conteúdo Badminton nas aulas de Educação
Física de uma escola pública da rede estadual de ensino, no município de Diamantina-MG.
ESPECÍFICOS
Buscar as possíveis causas da ausência dos esportes de raquete nas aulas de Educação
Física;
Divulgar e introduzir o badminton numa escola pública de Diamantina, como uma
nova possibilidade de conteúdo nas aulas de Educação Física, oportunizando a adoção
de um estilo de vida ativo;
Ensinar as técnicas básicas do Badminton;
Incentivar e apoiar a prática do Badminton;
Possibilitar a formação e capacitação do professor de Educação Física da rede pública
de ensino de Diamantina e região para atuar no ensino de esportes de raquete;
Promover a confecção de material alternativo para a prática do Badminton;
Promover a apropriação do Badminton pelos alunos e comunidade escolar;
Confeccionar cartilha informativa sobre o Badminton.
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3. JUSTIFICATIVA
Como colocado por Bento (2004), precisamos criar condições para que o homem vivencie o
esporte de forma plena, como elemento da cultura corporal humana e como recurso
pedagógico para formação de indivíduos ativos, saudáveis e que se apropriem das práticas
corporais em seus momentos de lazer. Levar o Badminton para as escolas é uma ação que
possui esse caráter transformador, haja vista que possibilita o contato com uma nova forma de
modalidade esportiva, contribui para ampliar o repertório motor de jovens em idade escolar e
amplia as possibilidades de vivências motoras.
Sendo assim, esse trabalho justifica-se pela possibilidade de despertar o interesse e o prazer
dos estudantes em praticar uma modalidade esportiva que não faz parte da tradição e da
cultura do nosso país. Conforme proposto por Alvarez e Stucchi (2008), o badminton pode ser
desenvolvido de forma desvinculada da cultura esportiva de alto rendimento. Segundo esses
autores, a iniciação ao Badminton em escolas deve ser feita dentro de uma perspectiva
pedagógica, que promove a construção do conhecimento pelo aluno através da teoria e prática
orientadas e planejadas, e não na perspectiva do esporte de alto rendimento, que prioriza e dá
ênfase ao aperfeiçoamento do praticante em suas variadas formas.
Além disso, o Badminton tem características interessantes que facilitam e justificam sua
introdução no universo escolar: é um jogo relativamente barato, que não necessita de grande
investimento financeiro para a compra de materiais e construção de espaços físicos; tem alto
nível de motivação, pois a aprendizagem é rápida e desperta no praticante a busca pela
apropriação desta modalidade. Pode ser praticado por indivíduos em idade escolar, adultos e
idosos, independente do sexo, o que facilita a socialização; e, principalmente, pelo fato de ser
mais uma opção de lazer ativo que contribui para a adoção de um estilo de vida saudável e
emancipado.
18
4. REFERENCIAL TEÓRICO
História do Badminton
Não há uma origem precisa e datada do Badminton, contudo a literatura trata de uma prática
denominada “Battledore and Shuttlecock”, (Tamborete e Peteca), que é oriunda da Grécia
acerca de dois mil anos atrás, o qual veio se disseminando mais tarde para China, Japão e
Índia. (GOLDS, 2008, apud COPELLI, 2010). Por volta do século V na China, se praticava
um jogo onde se utilizava os pés e uma peteca de nome “Ti Zian Ji”, com objetivo de fazer
com que a mesma caísse no campo adversário. A origem moderna desta modalidade é
referente a um jogo praticado por indianos chamado “Poona”, que posteriormente foi levado
para a Inglaterra por oficiais da marinha que teriam gostado do jogo. Um fato interessante
trata-se do nome atual da modalidade, que é decorrente da sua chegada a Inglaterra, em uma
propriedade da família do Duque de Beaufort, na cidade de Gloucestershire, que possui o
nome Badminton (FEDERAÇÃO DE BADMINTON DO ESTADO DE SÃO PAULO –
FEBASP, 2013)
Esportivização do jogo no mundo
Segundo Golds, (2008), e a FEBASP (2013), apud Copelli (2010), em 1875, ocorreu a
formação do primeiro clube de Badminton na Inglaterra e também a fundação da primeira
associação em 1893, que foi denominada: Badminton Association of England (BaofE). No
ano de 1970 foi fundada a Federação Internacional de Badminton (IBF), que atualmente é
chamada de Badminton World Federation (BWF). Em 1974 surgiu como esporte de exibição
nos Jogos Olímpicos de Munique e em 1988 nos Jogos Olímpicos de Seul como esporte de
demonstração, quando em 1992 passou a integrar como esporte de disputa por medalhas nos
Jogos Olímpicos de Barcelona. Em 1995 em Marl Del Plata, Argentina, passou a fazer parte
dos Jogos Pan-Americanos. (FEBASP, 2013).
Esportivização do jogo no Brasil
No Brasil a prática do badminton iniciou de forma competitiva no estado de São Paulo, no
ano de 1984, com a realização da I Taça São Paulo, que foi organizada pela Associação
19
Paulista de Badminton – APB, que até o ano de 1987 era a única entidade que organizava
torneios da modalidade no país, e contou com o apoio da Secretaria Municipal de Esportes de
São Paulo – SEME. Neste mesmo ano, o Brasil disputou o I Campeonato Sul-Americano da
modalidade, realizado em Buenos Aires, na Argentina. Sua primeira participação em um
Campeonato Pan-Americano foi em 1987, disputado em Lima, no Peru. (FEBASP, 2013).
Em 1988 ocorreu a criação da Federação Paulista de Badminton – FPB, que passou a
representar o país junto a entidade responsável por regulamentação da modalidade à nível
mundial, que inicialmente era denominada como International Badminton Federation – IBF e
atualmente é denominada como Badminton World Federation – BWF. Dois anos após a
criação da FPB, o Brasil foi sede do IV Sul Americano de Badminton, realizado na cidade de
Mairinque-SP, o qual teve como campeão o Peru e o Brasil como vice-campeão. (FEBASP,
2013).
Em 1993 foi criada a Confederação Brasileira de Badminton, com o apoio da FPB, e que
atualmente possui 16 federações filiadas. Um ano depois, a modalidade se filia junto ao
Comitê Olímpico Brasileiro – COB, através da Confederação Brasileira de Badminton -
CBBd. (FEBASP, 2013).
O Brasil participou pela primeira vez dos Jogos Pan-Americanos no ano de 1995, realizado
em Mar del Plata e também do Campeonato Mundial de Equipes Mistas – Sudirman Cup,
tendo ficado em 3º lugar no seu grupo de 5 países. Nas duas participações seguintes, em1997
e 1999, o Brasil ficou em 5º e 4º lugares respectivamente no seu grupo de 8 países. Em 1997,
o Brasil organiza o 1º Campeonato Sul Americano Infanto-Juvenil de Badminton em
Campinas, no Clube Fonte São Paulo, onde conquistou medalhas nas categorias sub-17 e sub-
19, totalizando cinco conquistas. No ano seguinte, o Brasil organiza o VI Sul Americano de
adultos em Campinas, também no Clube Fonte São Paulo. (FEBASP, 2013).
Um fato interessante é que neste campeonato foi onde ocorreu a participação do maior
número de países até então, de um Sul-Americano, com seis países: Brasil, Argentina, Chile,
Peru, Suriname e Uruguai. Destacamos a segunda participação do Brasil em Jogos Pan-
Americanos, em Winnipeg, onde conquistamos o quarto lugar na categoria dupla masculina.
Desde então o Brasil aumentou a participação em competições internacionais de Badminton e
proporcionou a organização de federações e competições em âmbito nacional. (FEBASP,
2013).
20
Equipamentos e Espaço de jogo
As descrições abaixo serão de acordo com a CBBd (2012).
Como qualquer jogo o badminton possui regras que foram pensadas e regulamentadas ao
longo dos anos, na função de organizar o jogo, os quais são coordenadas a nível nacional pela
CBBd e a nível mundial pela BWF. Nesse sentido, a filiação dos jogadores, suas ações
durante o jogo, bem como as vestimentas, materiais, equipamentos, espaço de jogo, enfim,
tudo que envolve a prática do desporto, têm um norteamento para que a disseminação e
apropriação da modalidade ocorra.
Quanto às vestimentas para a prática do Badminton, nas competições nacionais a colocação
do nome do jogador ao ser impresso na camisa deve respeitar os seguintes passos: nome do
jogador com tamanho entre 6 e 10 centímetros, com as letras do nome no formato maiúsculo e
escrita pelo alfabeto romano, sendo recomendado que se utilize apenas o sobrenome ou o
sobrenome seguido da primeira letra do nome. Em competições internacionais, o padrão
utilizado é o mesmo, tendo como normas diferencias a exigência do nome não exceder a
altura de 5 centímetros e possuir logo abaixo o nome do país que o atleta representa. Em
ambos os casos, o nome do atleta e do país devem estar na parte de trás da camisa.
A modalidade necessita de materiais e equipamentos para sua prática, o qual um destes o
diferencia dos demais que utilizam raquete na ação de rebater, como: squash, frescobol, tênis
de mesa e tênis de quadra e/ou de campo, que têm em comum a “bolinha” como objeto a ser
rebatido. No caso do Badminton este objeto é denominado como volante ou peteca, sendo
leves, aerodinâmicos, sendo mais utilizados de dois tipos: 1) tradicionais: constituídas por 16
penas de ganso e 2) sintéticas: feitas de nylon em um formato que se assemelha a uma “saia”.
Ambas possuem peso correspondente entre 4,74 e 5,50 gramas A base é feita de cortiça ou
material sintético como o poliuretano, envolvidas por um couro branco medindo entre 2,5 a
2,8 centímetros, onde as penas ou nylon são afixadas. A altura total do volante (base mais
penas) corresponde de 6,2 a 7 centímetros. Vale ressaltar que em competições profissionais a
peteca utilizada é a tradicional, com penas de ganso, tendo pouca durabilidade devido a sua
fragilidade. Já a sintética é mais utilizada por amadores ou nos treinamentos.
21
Figura 1- Vollant ou Peteca de Badminton
Até então foram descritas as regulamentações referentes às vestimentas e objeto que é
rebatido neste esporte de raquete. Tratando do objeto rebatedor, temos a raquete, o qual possui
em sua constituição: cordas, a cabeça ou armação, o pierce ou gargante, e também a haste ou
eixo. No que se refere às cordas, estas são confeccionadas em grafite ou também em alumínio
e devem permitir um golpe certeiro, com uma boa pressão (nem muito frouxo, nem muito
apertado), com uma resistência ótima, tendo a necessidade de serem feitas de materiais de boa
qualidade, permitindo um maior controle na sua utilização. Sua durabilidade pode variar de
seis meses a dois anos se o uso for constante. Já a cabeça ou armação da raquete, é composta
por fibras de carbono, o que a deixam mais leve, ou ainda podem ser feitas de alumínio.
Possuem buracos em toda sua borda com protetores de plásticos flexíveis que irão permitir o
encordoamento. Acoplado às cordas e a armação encontra-se o que é denominado como
pierce ou garganta, que tendo seu formato em T” se assemelhando a uma “garganta” que uni a
haste a armação da raquete e são compostas por fibras de carbono. Por fim temos a haste ou
eixo, que possui comprimento de aproximadamente 67 centímetros, podendo sua constituição
variar de acordo com o preço, tendo materiais como: aço temperado com grafite e seus
composições com fibra de vidro, boro entre outros, ou de Kevlar, material inovador utilizado
pelas industrias navais e aeroespaciais.
22
Figura 2 – Raquete de Badminton
Figura 3 – A raquete e suas cordas
Em sua prática como lazer o badminton pode ser jogado em qualquer local ou quadra que
viabilize a movimentação dos praticantes, entretanto em competições oficiais a quadra deve
ser coberta, evitando correntes de ar que de alguma forma possam interferir no deslocamento
do volante, e consequentemente na qualidade e performance do jogador. O piso deve ser
constituído de materiais ante derrapantes e suas marcações deverão ter 5,0 centímetros de
largura e nas cores amarelo ou branco. Sua dimensão total deve possuir 13 metros e 40
centímetros de comprimento por 6 metros e 10 centímetros de largura, constituídos por uma
área de saque à esquerda e uma área de saque à direita, separados por uma linha central. Na
parte superior encontra -se a linha de saque longo, e na parte inferior mais próximo à rede a
linha de saque curto e lateralmente a linha lateral, nos dois lados da quadra.
No que refere a divisão do espaço de jogo, a rede é constituída por fios de nylon ou fibras
naturais em algodão, tendo a parti devendo estar a 1, 55 cm de altura e normalmente na cor
23
amarela, e com sua trama bem esticada, mantendo uma uniformidade com os postes que a
sustentam. Os quadriculados da rede medem por volta de 4 centímetros de altura por 4
centímetros de largura. Na sua parte superior há uma fita branca com a finalidade de tornar a
rede mais visível, contendo 75 milímetros de altura.
Figura 4 – Espaço de jogo com delimitação das áreas de saque e rede
Figura 5 – Rede de Badminton
24
Caracterização e Dinâmica de jogo
Segundo Copelli (2010) o badminton trata-se de uma das modalidades mais populares do
mundo, podendo ser praticada indivíduos de várias idades (crianças, adultos e idosos) de
maneira competitiva ou como forma de lazer. E uma curiosidade de acordo com a Federação
de Badminton do Estado da Paraíba (2012), é que o Badminton conta com atualmente 164
países filiados junto à BWF, que acredita que a modalidade já atingiu cerca de 15 milhões de
praticantes regulares em todo o mundo, se tornando o segundo esporte mais praticado,
perdendo na quantidade de países filiados somente para a Federação Internacional de Futebol
– FIFA.
Este esporte é caracterizado pela utilização de uma peteca como objeto a ser rebatido e
também pela sua grande dinâmica, já que a peteca atinge alta velocidade, exigindo agilidade,
flexibilidade e capacidade de reação dos praticantes.
Consiste na disputa da melhor de três sets de 21 pontos, devendo terminar sempre com dois
pontos de diferença entre os adversários, sendo que em caso de um empate em 20 a 20 o jogo
continua sendo disputado até que alguém consiga a vantagem de dois pontos no placar. Mas
se o jogo estiver com a pontuação de 29 X 29, vence quem fizer primeiro o trigésimo ponto.
Quanto ao saque, é executado sempre pelo jogador que ganhou o ponto e deve cruzar a quadra
na diagonal, ou seja, deve passar do lado direito da sua quadra para o lado direito da quadra
adversária e vice-versa. (COPELLI, 2010).
Componentes do Jogo
As descrições abaixo estão de acordo com a CBBd (2012) e FEBASP (2013).
A técnica é um dos componentes do jogo do Badminton, podendo ser compreendida pelo
conjunto de métodos e/ou formas de ação durante o jogo. Sendo assim, esta modalidade
possui alguns componentes, que podem também serem denominados como fundamentos
básicos para dar suporte a pratica do Badminton.
Desse modo temos duas formas de empunhadura, sendo uma em backhand e outra em
forehand. Na primeira, a raquete deve ser empunhada como se o jogador estivesse apertando a
mão de outra pessoa com ela. E na segunda muda-se o posicionamento do dedão, que fica
acima das costas da raquete, permitindo uma maior mobilidade na movimentação do punho e
rebate da peteca.
25
Quando tratamos do posicionamento do corpo no momento de rebater a peteca, nos referimos
ao alcance, o qual a maioria das vezes é feito com o braço totalmente em extensão,
propiciando maior amplitude no movimento realizado. Deve-se atentar também para o
posicionamento das pernas, que se diferencia de um movimento pro outro, seja com a perna
direita à frente nos golpes baixos de backhand e forehand, ou nos golpes altos de backhand e
forehand com a perna esquerda à frente, contudo este posicionamento não é uma regra, sendo
uma característica individual de cada praticante.
As ações defensivas são parte integrante do jogo, o qual o indivíduo rebate a peteca a altura e
distância longas, para evitar a interceptação pelo adversário e promover uma recuperação no
posicionamento em quadra. A esse fundamento básico damos a denominação de clear, que
pode ser executado nas duas formas de empunhadura. Com a empunhadura em forehand, o
indivíduo faz uma extensão do seu braço completa atrás da linha do seu corpo e rebate a
peteca no fundo da quadra do adversário, enquanto na empunhadura em backhand o indivíduo
posiciona sua perna de apoio à frente e executa o golpe na peteca para que ele vá para o fundo
da quadra do adversário. Assim temos duas ações defensivas: forehand clear e backhand
clear.
Por outro lado, temos as ações ofensivas do jogo de Badminton, onde iremos descrever os
cinco mais utilizados e conhecidos até então. Inicialmente temos o drop-shot, onde esta
técnica utiliza o mesmo posicionamento do clear, que ocorre na defesa do golpe adversário, o
que diferencia é o momento em que a peteca é rebatida, que nesse caso é quando a mesma
está à frente da cabeça do indivíduo, rebatendo-a com trajetória descendente, ou seja, de cima
para baixo. Outro golpe ofensivo é o smash, este é considerado o mais importante no jogo,
podendo ser realizado em todas as áreas da quadra, mudando a altura em que o indivíduo
rebate a peteca dependendo do local em quadra em que ele se encontra. É rápido e
direcionado para baixo, dificultando que o adversário devolva o ataque.
Se o smash é possível de ser executado em todas as áreas do espaço de jogo, o drive é um
golpe ofensivo realizado com mais frequência nas áreas laterais da quadra. Sua execução é
feita com o indivíduo posicionado lateralmente à rede e com o baraço estendido na altura do
ombro, quando o golpe é realizado com rapidez e um giro do punho, simultâneo ao retorno do
posicionamento do corpo do praticante para o centro da quadra, objetivando direcionar a
peteca nos pontos vazios da quadra, sendo muito utilizado nas partidas disputadas em duplas.
Já o lob possui uma versatilidade maior quanto ao local de execução, sendo realizado em
26
outros pontos da quadra, pois ele tem a característica de surpreender o adversário. Este
movimento é realizando desferindo a raquete de baixo para cima, devolvendo a peteca quando
esta cai na maioria das vezes próxima a rede, direcionando-a para o fundo da quadra
adversária numa altura que consiga encobrir o oponente.
Por fim temos um golpe que também é realizado próximo a rede, o net-shot ocorre na ação de
rebater a peteca devolvendo-a o mais próximo possível da rede para que o adversário não
tenha condições de devolvê-la, podendo ser feito de baixo para cima ou de cima para baixo.
Esportes de Raquete na Escola
Atualmente, em virtude do fácil acesso à internet, a rápida evolução e a necessidade do uso
das tecnologias, o mundo tem se tornado cada vez mais tecnológico e inovador, atingindo e
mudando as nossas vidas nos mais variados âmbitos. Isso não seria diferente no meio escolar,
mais especificamente nas aulas de educação física. Com isso o professor é instigado e/ou
provocado a tornar as aulas mais interessantes, para que o professor não perca seus alunos no
“maravilhoso” mundo da virtualidade e suas possibilidades, não que os meios tecnológicos e
tudo que eles propõem não sejam interessantes para as aulas de educação física, muito pelo
contrário, eles se tornam excelentes ferramentas no auxílio da pedagogia e no ensino
aprendizagem dos conteúdos, mas o que devemos nos atentar é a forma que utilizamos e
trazemos as tecnologias para as aulas.
Para isso, de acordo com Chiminazzo (2008) se faz a necessário que o professor desenvolva
um olhar multidisciplinar, trazendo e incorporando nas aulas de Educação Física novas
estratégias e práticas, possibilitando tornar as aulas mais interessantes, dinâmicas e criativas,
promovendo um maior conhecimento aos alunos em dimensões variadas, sejam elas
cognitivas, afetivas, sociais, dentre outras, e consequentemente estimulando – os a sair da
“velha” rotina, do que tem sido vivenciado no cotidiano escolar, dos mesmos esportes e a
corriqueira e “cansativa” prática do “rola bola” para os alunos, devendo o professor promover
a descoberta e a construção de novos conhecimentos e percepções acerca dos mesmos.
Assim sendo, a Educação Física escolar tem que ser pensada como um conjunto, não
se pode dar ênfase a apenas um de seus conteúdos e, consequentemente, deste modo
não estaremos limitando as possibilidades de desenvolvimento do conhecimento do
27
aluno. É função do professor fornecer estímulos para que os alunos busquem construir
conhecimentos, favorecendo sempre a sua autonomia. [...] bem como subsidia – los no
conhecimento necessário para formar um cidadão de forma integral. (CHIMINAZZO,
2008, p.3)
Neste contexto, apoiamos e defendemos o ensino e a prática dos esportes de raquetes nas
aulas de educação física escolar, devido os mesmos, segundo Chiminazzo (2008), serem
possuidores de um amplo conhecimento, além de serem pouco abordados e praticados, o que
consequentemente acaba por negligenciar o aluno ao conhecimento e a vivência destes
desportos.
Ainda segundo Chiminazzo (2008), são muitos os esportes de raquetes, contudo podem ser
representados por algumas modalidades como: tênis de quadra e campo, tênis de mesa
(popularmente conhecido como pin pong), squash, Badminton e frescobol. Todas têm como
objetivo rebater um objeto (geralmente leve) com uma raquete, na intenção de direcionar este
objeto para frente. Normalmente os jogos de raquetes são caracterizados como rápidos,
fazendo com que o aluno/ jogador necessite de uma percepção aguçada, concentração,
reflexos rápidos, velocidade de reação etc.
O eixo norteador de desenvolvimento de esportes de raquete está no desenvolvimento
da habilidade motora básica de REBATER. A partir desse princípio, sabe – se então
que o indivíduo utilizará um instrumento (que deve ser tratado como a extensão de seu
braço) e que, por sua vez, rebaterá um outro objeto, na maioria das vezes uma bola,
mas pode ser uma peteca como é o caso do badminton. (CHIMINAZZO, 2008, p.4).
De acordo com Chiminazzo (2008) os esportes de raquete não exigem da escola espaços
grandiosos, possuem poucos materiais que são possíveis de serem adaptados, possuem em seu
contexto uma aprendizagem fácil, se pensarmos o ensino numa perspectiva pedagógica e não
de formação de atletas, onde a iniciação e o aprendizado na maioria das vezes se torna um
sucesso em um prazo curto de tempo, como no caso do Badminton por exemplo, o que pode
ser bastante motivador para o aluno.
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Possibilidades
Tênis de quadra ou de campo
De acordo com Copelli (2010) é uma modalidade bastante versátil, podendo sua prática ser
desenvolvida em locais abertos ou fechados, possuindo uma grande variedade de tipos de
pisos. No Brasil é regulamentado pela confederação Brasileira de Tênis (CBT) e
mundialmente pela Federação Internacional de Tênis (ITF). Assim, para a prática do tênis são
necessários equipamentos como: raquete, onde na parte do aro possui um encordoamento,
para que a bola entre em contato e seja rebatida; a bola, oficialmente na cor amarela, possui
um revestimento de tecido áspero sem costuras; e ainda é necessário o espaço de jogo e a
rede. Esta modalidade é jogada em competições oficiais nas categorias: simples masculinas e
femininas ou em duplas também masculinas e femininas ou ainda duplas mistas.
Krüger (2013) apresenta em um relato de experiência o tênis de campo como uma
possibilidade de modalidade esportiva na escola, visando a popularização deste esporte nas
camadas sociais de menor poder aquisitivo, trabalhando as noções básicas dos golpes, sua
história, torneio, regras, e principais jogadores no Brasil e no mundo. As atividades ocorreram
durante aulas desenvolvidas no Estágio Supervisionado, disciplina componente do sexto
período da estrutura curricular da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) no curso de
Educação Física.
De acordo com o autor, inserir este conhecimento no meio escolar tem grande importância,
entretanto esta prática é pouca vista sendo disseminada neste segmento, tendo como prováveis
limitantes dessas ações a estrutura que viabilize desenvolver a modalidade ou ainda por este
esporte não ser direcionado à realidade das escolas públicas.
A escola onde ocorreu a intervenção impressionou o autor, visto que possui espaço amplo e
organizado, se comparado às demais escolas públicas. Participaram das atividades propostas
25 alunos da oitava série, de ambos os gêneros, com idade entre 14 e 16 anos. Nas primeiras
aulas foram desenvolvidas atividades lúdicas, estafetas para adaptação e conhecimento do
material, além de proporcionar o conhecimento sobre as empunhaduras que são utilizadas ao
segurar a raquete de tênis e controle entre a bolinha e a raquete, buscando que o aluno
descubra suas capacidades e habilidades motoras. Nas aulas subsequentes introduziu-se
29
alguns fundamentos básicos como forehand, backhand e saque, onde os alunos trabalharam
em duplas, utilizando da cooperação com o colega.
Segundo o autor, antes das aulas era feita uma conversa com os alunos, para tratar sobre o que
fizeram na aula anterior, buscando relembrar o que foi trabalhado e em seguida apresentar os
objetivos da aula do dia. Essa conversa era retomada ao final da aula enfatizando os objetivos
da aula que encerrou-se e a importância da cooperação entre os colegas. Aliado às aulas
práticas os alunos tinham acesso ao laboratório de informática para consulta a internet, como
auxílio para o preenchimento de um questionário que visava verificar a realidade social dos
alunos com relação a prática do tênis.
De acordo com Krüger (2013) o tênis é possível de ser desenvolvido na escola, todavia é
necessário rever a maneira como o mesmo é desenvolvido, através de novas técnicas e meios.
O autor aponta que em sua experiência utilizou inicialmente do conhecimento do material e
de movimentos corporais que envolvem a modalidade, o que é utilizado também em
escolinhas, mas que é uma alternativa boa para utilizar na escola também, e ele ainda
menciona que a partir da introdução dos golpes básicos suas práticas se aproximaram muito
do que é encontrado em escolinhas de tênis, apontando como maior dificuldade de se
trabalhar um esporte individual na escola fatores como espaço e material disponível.
Tênis de mesa
Copelli (2010) relata que trata-se de uma prática que é mundialmente conhecida, e muito
praticada, sendo passível de ser encontrada muitas vezes em momentos de lazer e diversão. É
um esporte olímpico que responde no Brasil pela Confederação Brasileira de Tênis de Mesa
(CBTM), e internacionalmente pela Table Tennis Federation (ITTF).
CBTM (2010) apud Copelli (2010) apresenta que este esporte é constituído de uma raquete
pequena, tendo em seu material composto de 85% de madeira e o restante de borracha, que é
apenas em um lado da raquete, o outro deverá estar pintado nas colorações vermelha ou preta,
e este lado não poderá rebater a bolinha. A bolinha é leve, constituída de material plástico
rígido, nas cores branca ou laranja. O espaço de jogo é compreendido por uma mesa, o qual
possui uma medida de 76 cm de altura, por 2,74m de comprimento, e 1.525 m de largura.
Normalmente encontradas nas cores azul e verde.
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Ainda conforme a CBTM (2010) apud Copelli (2010) o jogo se dá através de sets, sendo eles
ímpares, objetivando a conquista de 11 pontos, necessários para se vencer o set. Em caso de
empate vence o que abrir vantagem de dois pontos sobre o adversário. A bola pode quicar
apenas uma vez em qualquer parte da mesa do oponente e logo em seguida deve ser rebatida.
[...] O jogo atualmente é realizado em melhor de qualquer quantidade de sets ímpares
(3, 5, 7, etc.), sendo necessária a conquista de 11 pontos para ganhar o set. Se o set
estiver empatado em 10 X 10, vence o set o jogador que primeiro marcar dois pontos
sobre o oponente. Cada jogador saca duas vezes seguidas, constituindo o erro, ponto
para o adversário. O saque muda toda vez que a somatória da pontuação dos jogadores
for dois ou um múltiplo de dois. No jogo de simples o saque pode quicar em qualquer
lugar na mesa do lado adversário. Se o jogo é de duplas, o saque deverá ser cruzado e
cada jogador só pode rebater na bolinha uma vez, de maneira alternada, ou seja, o
jogador não pode rebater duas vezes consecutivas (CBTM, 2010 apud COPELLI,
2010, p.49).
Conforme Vilani (2010), o Tênis de mesa contém meios, instrumentos e mecanismos
significativos e relevantes para ser um “valioso” componente curricular nas aulas de
Educação Física escolar, pois contribui no aperfeiçoamento de pedagogias para seu ensino e
aprendizagem, possibilitando o desenvolvimento do aluno em vários aspectos como o
cognitivo (raciocínio, percepção e a montagem de estratégias), motor (refinamento motor,
coordenação) afetivo social (interação com os colegas).
De acordo com Vilani (2010), trabalhar com o Tênis de mesa na escola contribui também para
o desenvolvimento e conhecimento da corporeidade nos seus mais variados contextos, além
de proporcionar a experimentação e de vivenciar o novo. Ele ainda ressalta que, por se tratar
de uma prática onde não se faz necessário o uso de grandes espaços e por ser considerado
como uma modalidade de baixo custo, ela se torna totalmente suscetível de estar presente no
ambiente escolar.
Squash
Segundo Copelli (2010) o squash é um jogo que acontece em uma quadra fechada, como uma
espécie de sala ou quarto, onde os jogadores utilizam uma raquete (686 mm comprimento e
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um peso de 255mg), com o formato que lembra muito a raquete de tênis, e uma bolinha (140
mm diâmetro e um peso de 24 g), constituída de borracha resistente. O jogo de Squash tem o
objetivo de acordo com Copelli (2010), de rebater a bola contra a parede à frente, onde a
mesma não poderá quicar mais de uma vez no solo.
Nesse sentido, Zawadzki e Vieira (2013) demonstram que é possível a inserção do Squash no
âmbito escolar, pois realizaram uma pesquisa de campo num período de intervenção com
duração de quatro semanas, no intuito de compreender a inserção da modalidade no meio
escolar. A amostra foi constituída por 28 alunos enquadrados no Ensino Fundamental II,
sendo 11 do sexo masculino e 17 do sexo feminino. O espaço físico utilizado foi o ginásio do
colégio, onde adaptaram uma quadra de squash, bem como as raquetes e também as bolas. A
proposta foi introduzir tal modalidade numa progressão pedagógica de conteúdos, através de
aulas livres com a aprendizagem da história e regras básicas, além da iniciação aos
fundamentos e técnicas básicas, até chegar ao jogo formal com a utilização das táticas e
estratégias de jogo.
Um dos objetivos consistia na verificação da eficiência de um golpe determinada revés
paralelo, onde os indivíduos executaram três séries de repetições sucessivas em intensidade
máxima. Tal mecanismo da pesquisa ocorreu antes e após a intervenção teórica e prática do
squash.
Os autores compreendem que a modalidade não difere das outras que são inseridas nas aulas
de educação física, quando avaliado o aspecto da evolução dos alunos, visto que perceberam
uma melhora na execução do movimento observado, além de verificar também a evolução
técnica do aluno durante as aulas. Sendo assim, eles defendem em virtude dos resultados
encontrados que o squash pode ser desenvolvido na educação física escolar, e que basta
apenas o professor de Educação Física adaptar e reutilizar os próprios espaços da escola, e os
materiais também podem sofrer adequações e ajustes.
Frescobol
Conforme relatos de Copelli (2010), o Frescobol é um jogo que tem a nossa marca registrada,
ou seja, foi “concebido” em terras “tupiniquins”, criado no Brasil e idealizado por Lian Pontes
de Carvalho na praia de Copacabana no Rio de Janeiro, em 1945. Segundo o autor, o jogo foi
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criado depois de se observar oficiais franceses, espanhóis e ingleses, jogando alguns esportes
de raquetes como por exemplo o tênis. O nome de acordo com Copelli (2010), deriva da
expressão: “frescor de final de tarde”, pelo fato de o Brasil ser um país tropical e
consequentemente possuir elevadas temperaturas, o que trazia certos transtornos a aqueles
estrangeiros que não se habituavam com o clima, fazendo com que os mesmos praticassem os
jogos de raquete ao crepúsculo, surgindo assim a mistura de “frescor” com “ball” originando
o nome Frescobol.
Copelli (2010) explica que essa modalidade ainda está em uma espécie de transição, pois ela
ainda se encontra em um processo de regulamentação e organização visando estar junto a uma
federação, para que assim aconteça sua esportivização.
Muito popular na região litorânea, a autora relata que a modalidade tem alcançado cada vez
mais adeptos, o que faz com que o jogo do Frescobol “ultrapasse barreiras”, não ficando
apenas nas praias. Copelli (2010), ainda acrescenta que inicialmente jogava – se utilizando
bolas de tênis sem o revestimento de tecido, com a bolinha lisa, e com o passar do tempo,
passou – se a utilizar as bolinhas de raquetebol, que são feitas de borrachas despressurizadas.
Assim também ocorreu com a raquete, que antes era e pesada e incomodava os jogadores,
passou por melhorias sendo agora confeccionadas de materiais mais leves como a fibra de
vidro (50cm comprimento, 25cm largura e pesando cerca de 300 a 400g.), visando o melhor
conforto para os jogadores.
De acordo com Copelli (2010) o jogo tem por objetivo que se consiga por um maior período
de tempo, fazer com que a bolinha seja rebatida entre um jogador e outro, sem deixar a
mesma cair. Não há regras específicas para a contagem do jogo e nem de jogadores,
normalmente jogado de duplas.
Os jogadores se posicionam de frente um para o outro, porém em situação de parceria,
companheirismo, e não em situação de oposição como ocorrem nos demais esportes
em que se têm esse tipo de posicionamento. Essa situação de parceria acontece devido
à finalidade do jogo, que é a de não deixar a bola cair, ou seja, os jogadores devem
rebater a bola de modo que o outro jogador possa também rebatê-la, devolvendo-a
sem erros. Isso não exclui fundamentos como ataque e defesa ou jogos mais ou menos
agressivos. Na verdade, eles ocorrem, porém com a prática do jogo entre os mesmos
parceiros. Costa e Tubino (1995) dizem que aos poucos ocorre a leitura corporal e
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gestual do companheiro, permitindo que o jogo flua com um mínimo de erros. (Costa
e Tubino, 1995, p. 31-44 apud Copelli 2010, p.71)
Badminton na Escola
Arruda et al (2013) realizaram um estudo que objetivou relatar a experiência docente que foi
desenvolvida numa escola a partir da modalidade Badminton. Utilizaram como eixo norteador
a proposta pedagógica de corpo-inteiro (Souza Cruz, 2013) por meio de aulas pré-elaboradas
no intuito de não seguir o método tradicional que é presente nas escolas, caracterizando-se
pela limitação da prática de um esporte sem planejamento prévio e que não tenha justificativa
para a escolha do mesmo.
Foram ministradas 13 aulas de Badminton, que eram estruturas em três momentos: 1)
conversa inicial com os alunos para apresentar o tema e os objetivos da aula; 2) realização das
atividades propostas; 3) roda de conversa com os alunos para discutir a respeito das
aprendizagens, e também as dificuldades encontradas. Na primeira aula questionaram os
alunos quanto ao conhecimento da modalidade e apresentaram brevemente sobre a história
desse esporte. Da segunda à sexta aula foi permitido que os alunos vivenciassem a experiência
de jogar, já com as orientações de posicionamento em quadra, até serem agregados às ações
os fundamentos básicos e regras. Munidos desses princípios das primeiras aulas, os alunos
tiveram noções de técnicas de jogo, onde foram apresentados aos mesmos golpes como drope,
drive e clear. Nas cinco últimas aulas foram introduzidos movimentos considerados mais
difíceis de serem realizados, como o smash (cortada) e net-shot (largada), também foi feita
uma reflexão de tudo o que foi vivenciado desde o primeiro contato com o Badminton.
Finalizaram a experiência docente com a realização de um torneio, no qual a maioria dos
alunos participou e avaliaram como positiva toda a experiência, relatando que tinham o
interesse de participar e dar continuidade as aulas, e ainda buscaram informações da prática
fora do ambiente escolar. Os autores consideraram relevante a implantação deste conteúdo nas
aulas de Educação Física, mediante a experiência o qual relataram, e gratificante por terem
oportunizado uma prática corporal diferente, onde puderam constatar o avanço da
aprendizagem dos indivíduos envolvidos, tendo em vista que alunos que não tinha nem uma
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noção do que se tratava o Badminton puderam conhecer, vivenciar e experimentar as
inúmeras possibilidades deste esporte.
Gomes; Corsino; Neto (2012) também relataram a experiência docente no meio escolar
através da modalidade Badminton. O estudo objetivou analisar as relações de gênero no
decorrer das aulas de Educação Físicas, visando identificar a maneira com que este desporto
se mostra quanto à resistência às construções das diferenças.
O Badminton foi utilizado no sentido de garantir os princípios pedagógicos de diversificação
de conteúdos e também como possibilidade de promoção de oportunidades iguais para
indivíduos dos gêneros masculino e feminino participarem das aulas de Educação Física.
A proposta da primeira aula foi apresentar aos alunos a modalidade, o qual foi feita por meio
da demonstração dos equipamentos, para em seguida questionar os alunos quanto ao seu
conhecimento sobre o Badminton, ou seja, se já conheciam, se tinham uma noção da maneira
que é jogado este esporte de raquete; e também se sabiam qual era o objetivo do jogo. Por fim
contextualizaram o esporte, caracterizando-o, exemplificando seus equipamentos e espaços de
jogo e o objetivo principal do mesmo.
Das sete turmas em que foi desenvolvido o estudo, nenhuma delas tinha conhecimento prévio
da modalidade, contudo todas demonstraram interesse em conhecer essa nova prática
corporal. A princípio os alunos relacionaram o esporte à ‘raquete de matar mosquito’, o que
facilitou a aprendizagem, pelo fato dos movimentos se assemelharem. Dessa forma os alunos
associaram o mosquito à peteca e utilizavam a raquete para rebatê-la ou matar o mosquito,
como os mesmos deram esse sentido ao jogo. A vivência nas duas primeiras aulas ocorreu de
maneira livre, onde os alunos se organizaram em trios e quartetos pelo fato de não ter raquetes
para todos. Esses grupos eram trocados constantemente para que todos tivessem a
oportunidade de jogar com colegas de todos os grupos, medida que tornou-se possível sem
que prejudicasse o andamento da aula pelos alunos serem equilibrados no geral quanto às suas
habilidades.
Nas demais aulas foram apresentados vídeos aos alunos acerca da modalidade e os mesmos
construíram textos coletivos sobre a história do Badminton, equipamentos, regras principais e
locais onde o esporte poderia ser jogado, no intuito de finalizar o conteúdo.
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Diante disso, consideraram que o Badminton é um aliado na minimização das fronteiras nas
relações de gênero, sendo uma possibilidade de intervenção no âmbito escolar nesse sentido,
por garantir a diversificação dos conteúdos e a participação efetiva de indivíduos de ambos os
gêneros.
Já Oliveira; Faustino; Junior (2013) desenvolveram um projeto que objetivou construir e
adaptar estratégias e recursos pedagógicos que auxiliassem no ensino do Badminton. Tal
ação ocorreu numa APAE (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) do município de
Presidente Prudente – SP, com sete crianças na faixa etária de 9 a 14 anos de idade com o
diagnóstico de Deficiência Intelectual. As aulas tiveram duração de 50 minutos com
frequência de uma vez por semana, totalizando 17 aulas, e o conteúdo abordado foi
desenvolvido através da divisão dos fundamentos básicos da modalidade.
As habilidades do badminton foram inseridas a cada aula, no intuito de fazer com que o aluno
executasse a ação motora de maneira correta, contudo a performance não era o objetivo do
projeto. Durante o processo foram necessárias a utilização de adaptações para alguns alunos,
visando auxiliá-los e fazer com que os mesmos compreendessem as atividades que lhe eram
propostas. Tais adaptações ocorreram com o auxílio de outros objetos que não os específicos
para o jogo do Badminton, como bolas e raquetes de tamanho e pesos diferentes. Observaram
que 71,4% dos alunos precisaram de adaptações quanto a habilidade de segurar a raquete, ou
seja, na empunhadura, e quanto a recepção e batida do objeto foi constatado que 100% dos
alunos necessitaram de adaptações.
Por fim, concluíram que para desenvolver ações dessa modalidade são necessárias estratégias
de ensino e também recursos pedagógicos, que são imprescindíveis para otimizar o processo
de ensino-aprendizagem. Nesse sentido o professor se torna fundamental nesse processo,
devendo estar capacitado para criar e/ou adaptar materiais, espaços e formas de jogo, para
estimular os alunos dentro da proposta de inserir o Badminton, que ainda é um conteúdo que
carece de pesquisas e projetos que visam dar oportunidades de ensino iguais para alunos com
deficiência e àqueles que não possuem.
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5. METODOLOGIA
Buscamos não somente oferecer momentaneamente uma oportunidade de prática esportiva
diferenciada, mas o intuito foi oferecer possibilidades para que o indivíduo se apropriasse e
usufruísse de forma autônoma desse elemento da cultura corporal.
Nesse sentido o trabalho foi realizado através de uma pesquisa-ação, com uma abordagem
quantitativa e qualitativa sobre os dados coletados.
A pesquisa ação é um tipo de pesquisa social, com base empírica que é concebida e
realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema
coletivo e no qual os pesquisadores e os participantes representativos da situação ou
do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo [...] Para que
não haja ambiguidade, uma pesquisa pode ser qualificada de pesquisa-ação quando
houver realmente uma ação por parte das pessoas ou grupos implicados no problema
sob observação. Além disso, é preciso que a ação seja uma ação não-trivial, o que
que quer dizer uma ação problemática merecendo investigação para ser elaborada e
conduzida. (THIOLLENT, 2005, p.16-17).
Para tal pesquisa, foram aplicados dois questionários, sendo um antes e outro após a vivência
do Badminton, com questões objetivas e discursivas aos alunos de uma escola da rede
estadual de ensino no nível fundamental 2 (8º e 9º ano), no município de Diamantina-MG.
Quanto ao ensino do Badminton, utilizamos como estratégia metodológica o método global:
caracterizado pelo movimento num todo, onde o praticante aprende ao jogar, iniciando com
jogos pré-desportivos até a inserção do jogo formal, em que terão formas de jogo com
complexidade menor, com a introdução gradativa das regras. (REIS, 1994, apud, SANTANA,
W.C, 2005).
Greco (1998, p.43, apud Santana, 2005) retrata que nesse método, "[...] procura-se em cada
jogo ou formas jogadas, pelo menos a 'ideia central do jogo' ou que suas estruturas básicas
estejam presentes na metodologia". Quanto à divisão dos jogos não deve ser abrangido por
muitas partes, objetivando que o aluno alcance logo o jogo em sua totalidade. Outra
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preocupação que se deve ter é a forma inicial e prévia do jogo não ser mais complexa do que a
formal.
Nesse sentido, procuramos a todo o momento seguir este princípio metodológico, intervindo
de forma gradativa enquanto os alunos jogavam, com orientações de fácil entendimento e com
rápido feedback para o aluno, não objetivando o alcance da técnica perfeita, e sim básica do
movimento, para que o jogo do aluno fosse otimizado.
Nossa intenção foi mostrar para o aluno que a orientação dada realmente tinha significância,
ou seja, após a orientação no movimento realizado pelo aluno, esperávamos que ele
percebesse o resultado da orientação na melhora do movimento em relação ao que o mesmo
estava executando antes, propiciando dessa forma o acompanhamento do aprendizado de
forma autônoma pelo aluno.
As ações foram realizadas por etapas, onde a cada aula apresentamos um movimento do jogo
para os alunos, contudo essa divisão dos movimentos e/ou fundamentos do jogo por aula não
demonstra que a cada aula evidenciamos somente aquele movimento. A proposta que
realizamos, é que em cada aula o aluno conhecesse um movimento novo para seu jogo no
Badminton.
Questionário inicial
Nesta fase inicial, antes do primeiro contato teórico e prático, os voluntários responderam de
maneira individual em uma sala de aula a um questionário (APÊNDICE 1) composto por
questões objetivas e discursivas, para detectar se os mesmos já tiveram experiência com
esportes de raquete. Verificar questões referentes ao conhecimento e a prática dos sujeitos
sobre a modalidade Badminton. Identificar se a escola proporciona práticas relacionadas ao
ensino do Badminton e por fim detectar possíveis causas da ausência dos esportes de raquete
nas aulas de Educação Física, através da opinião dos sujeitos da pesquisa. Ressaltamos que
este questionário foi aplicado anteriormente a qualquer introdução sobre o conteúdo para não
influenciarmos os sujeitos nas respostas e comprometermos nossa pesquisa.
Questionário final
Nesta fase final, antes do início da aula os voluntários responderam novamente de maneira
individual em uma sala de aula a um novo questionário (APÊNDICE 12) composto por
38
questões objetivas e discursivas, para verificarmos como os alunos consideraram a vivência
das aulas de Badminton, como avaliaram o seu aprendizado e também os professores. Quanto
à prática da modalidade, como os sujeitos consideraram suas possibilidades de inserção no
meio escolar e em outros espaços do cotidiano, e por fim como julgaram este desporto quanto
a sua relevância no âmbito escolar.
Participantes
Participaram da pesquisa 59 indivíduos, de ambos os sexos, voluntários na faixa etária
compreendida de 13 a 16 anos de idade, alunos de três turmas dos anos finais do Ensino
Fundamental, 8º e 9º anos, da Escola Estadual Maria Augusta Caldeira Brant, situada à Rua
Enologia, nº 303, Bairro Bela Vista, Diamantina-MG. Não foram adotados nenhum método
de exclusão, sendo possível a participação de todos os alunos. A coleta dos dados ocorreu
através das aulas de Educação Física, que possuíam nossa intervenção através do Projeto
PIBID – Programa Institucional de Bolsas de Iniciação a Docência. A escolha da escola
obedeceu os seguintes critérios: escola situada em local de maior vulnerabilidade social;
possuir espaço físico para realização das aulas de Educação Física; ter o apoio da escola por
parte da direção, professor(a) de Educação Física; a escola ser participante do Projeto Pibid na
disciplina de Educação Física.
Foi obtida a autorização devidamente assinada pela direção da escola para realização da
pesquisa e posterior divulgação dos resultados obtidos, bem como autorização dos
participantes da mesma para uso dos dados referentes às aulas de Badminton, aos
questionários, além do uso de imagens e mídias.
PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS (Apêndices 1 a 12)
Apresentamos abaixo o cronograma de execução das nossas atividades. Partimos do princípio
de que os alunos não tinham conhecimento prévio algum da modalidade e diante disso
propomos a realização das aulas em etapas, ampliando a cada encontro as possibilidades de
vivenciar o Badminton na escola.
Inicialmente, definimos a escola o qual realizamos a intervenção, por meio dos requisitos
mencionados no tópico anterior, para em seguida dar início às ações.
39
1º Encontro: Aplicação de questionário e aula introdutória sobre o tema .
2º Encontro: Apresentação dos equipamentos, espaço de jogo e primeiro contato prático com
a modalidade.
3º Encontro: Iniciação a técnica básica de empunhadura.
4º Encontro: Iniciação a técnica básica de backhand.
5º Encontro: Iniciação a técnica básica de forehand.
6º Encontro: Iniciação a técnica básica de saque e smash.
7º Encontro: Iniciação a técnica básica de lob e clear.
8º Encontro: Iniciação a técnica básica de drive e net- shot.
9º Encontro: Iniciação a técnica básica de drop-shot e demonstração de forehand clear e
backhand clear.
10º Encontro: Aplicação de questionário final; exposição de materiais confeccionados pelos
alunos e aula prática.
40
6. RESULTADOS E DISCUSSÃO
A análise do presente estudo foi obtida através da introdução do contéudo Badminton nas
aulas de Educação Física, e das respostas dos questionários aplicados aos alunos, de uma
escola da rede pública situado no município de Diamantina-MG. Os sujeitos faziam parte de
três turmas (8º e 9º ano) correspondentes ao Ensino Fundamental 2.
Abaixo apresentamos os resultados dos questionário aplicados antes da vivência do
Badminton.
GRÁFICO 1- Respostas dos alunos em relaçao à prática anterior de algum esporte de raquete.
Quanto a prática dos esportes de raquete pelos alunos, verificamos que 39 dos 59 voluntários,
que corresponde a 71% do total, já havia praticado algum esporte raquete, destes 52,3%
relataram ter praticado o frescobol, enquanto 43% mencionaram ter vivenciado o tênis de
mesa. Um aluno mencionou ter tido experiências em outras oportunidades com o tênis de
quadra e/ou campo. Destacamos que 20 dos 59 alunos (29% do total) nunca haviam praticado
nenhum esporte de raquete.
Pode-se perceber que a maioria dos alunos 39 já havia tido alguma vivência com algum
esporte de raquete. Entretanto, através de relatos dos mesmos e da professora de Educação
Física, constatamos que tais experiências ocorreram com a intervenção do Projeto Pibid
durante as aulas, quando estes mencionam a vivência no conteúdo Frescobol. Quanto aos
39
21
17
1
20
0
5
10
15
20
25
30
35
40
45
SIM FRESCOBOL TÊNIS DE
MESA
TÊNIS NÃO
41
conteúdos tênis de mesa e tênis de campo e/ou quadra acreditamos que a experiência de 18
dos 59 alunos foi realizada fora do ambiente escolar, em virtude da mesma não ter material
necessário para a prática da modalidade, e também por relato da professora de Educação
Física que disse não ter ministrado ainda tal conteúdo em suas aulas. Diante do que foi
exposto, destacamos o desconhecimento dos alunos com relação ao esporte que tiveram
acesso, uma vez que dentre os esportes de raquete citados em práticas anteriores a
intervenção, nenhum dos participantes da pesquisa mencionou o Badminton
Ressaltamos que 20 dos 59 alunos nunca havia tido o contato prático com algum esporte de
raquete, o que reitera a importância da nossa intervenção, visto que diante da inserção do
Badminton nessa escola fica claro, que todos os alunos participantes do estudo tiveram a
oportunidade de conhecer e praticar um esporte de raquete até então desconhecido no meio
escolar em que situavam-se.
Desse modo, compreendemos que a inexistência ou as poucas oportunidade de ensino dos
esportes de raquete, se dá em decorrência do que Wright (1999) apud Hreczuck et al (2011)
explicita, quando trata a respeito das dificuldades de se introduzir um esporte desconhecido na
cultura local de uma sociedade, visto que de acordo com Bastianini (2007) apud Hreczuck et
al (2011) existe uma resistência com relação a introdução de outros esportes, independente do
local, seja em escolas, clubes ou ainda em centros esportivos. Outro aspecto relevante é a
questão midiática, que para algumas práticas pode não atrair publicidade ou interesses que se
referem ao comércio.
GRÁFICO 2 – Respostas dos alunos quanto ao conhecimento sobre a modalidade Badminton.
4 30 1 0
55
0
10
20
30
40
50
60
SIM TELEVISÃO INTERNET JORNAL RÁDIO NÃO
42
Nesse gráfico podemos identificar que 55 dos 59 alunos, o que corresponde a 93%, não
conheciam o Badminton, enquanto 4 alunos (7%) relataram que já tinham algum
conhecimento sobre essa prática corporal. Destes, 3 alunos (75%) obtiveram o conhecimento
prévio através da televisão, e um aluno (25%) por meio de jornal, enquanto nenhum teve
acesso a informação através do rádio e internet.
Desse modo, nos deparamos com uma realidade que acreditamos estar muito presente ainda
no Brasil, que é o pouco ou nenhum conhecimento sobre determinados conteúdos
relacionados à educação física, este apontamento possui ainda uma maior amplitude quando
nos referimos aos esportes de raquete, que não têm um destaque no âmbito escolar como
esportes que utilizam a bola como objeto de manuseio. Compreendemos que a falta ou a
aprendizagem de forma pouco desenvolvida de qualquer conteúdo na escola como uma falha
no sistema educacional, e a educação física escolar tem caminhado para este seguimento
educacional que não proporciona o ensino variado dos seus conteúdos, por fatores que que
envolvem desde a instituição formadora do professor até chegar no aluno, onde o professor
pode não ter tido a aprendizagem de determinado conteúdo em sua graduação, ou quando já
exercendo a profissão não ter tido o interesse, o tempo e até mesmo condição financeira de
aperfeiçoar seu conhecimento. Com isso aluno o não tem acesso a um conhecimento que
poderia ser apresentado a ele, proporcionando a formação de um aluno que se acostuma com
o que corriqueiramente é disseminado nas aulas de educação física.
Pensamos que o conteúdo não deve ser privado aos alunos, que a escola deve oferecer
condições para que o professor desenvolva atividades com qualidade e diversificação, tendo
em vista que vemos a escola como possibilidade de compartilhar e agregar conhecimento
entre seus sujeitos, em suas variadas formas. Nesse sentido, destacamos outro ponto que
consideramos determinante na falta e/ou do pouco conhecimento acerca do badminton,
quando analisado o quesito internet, o qual se refere ao fator socioeconômico, podendo limitar
a aprendizagem e a interação com a sociedade através de redes sociais. Percebemos isso nos
relatos de dois alunos que afirmaram o seguinte: “Sem internet não tem como aprender coisas
diferentes, essa é uma dificuldade que tenho até em outras matérias da escola, não dá pra
usar o face sempre que quero também; “Fica difícil de pesquisar sobre outros assuntos que
talvez eu possa interessar, não tenho computador e aqui na escola também não usamos a
internet, até se eu quiser estudar mais pra uma prova não tem jeito”. Vale destacar também
43
que a mídia, através da televisão, pouco exibe sobre vários conteúdos relacionados a educação
física, e o badminton pode facilmente ser identificado como um destes, mesmo sendo esporte
olímpico e um dos mais praticados no mundo. Vemos este fator como uma dificuldade na
disseminação dos esportes de raquete em geral no Brasil, pelo fato de outros esportes como o
futebol, voleibol, tênis e ainda os relacionados ao automobilismo, terem maior espaço para
expor seus campeonatos, torneios, dentre ouras formas de propagar a o esporte através do
telespectador, seja pela sua prática ou também pelos produtos vinculados aos mesmos, que
são comercializados mediante através da televisão, como estratégia mercadológica e de
marketing empresarial. Pela observação dos aspectos analisados, verificamos o que é tratado
na literatura pela CBBd (2011) apud Rodrigues; Schoeffel; Krambeck (2012), Browne et al
(2013) e Lorenzi (2011) o qual compreendem que o badminton ainda é um esporte pouco
conhecido n Brasil.
Entretanto, experiências no âmbito da educação física escolar, como a que tivemos a
oportunidade de vivenciar por meio deste estudo, minimizam os efeitos das falhas no sistema
educacional brasileiro e das disparidades socioeconômicas existentes no que se refere ao
acesso à informação, além de demonstrar que a inserção de novos conteúdos é independente
da sua exibição no meio televisivo, apesar de compreendermos que tal ocorrência é um aliado
na busca pelo conhecimento, aspecto este que consideramos imprescindível para ampliar as
possibilidades de trabalho do professor. Nesse sentido, o professor deve atualizar seus
conhecimentos adquiridos na graduação, e acrescentar novos conhecimentos a sua formação
continuada, vislumbrando não ser caracterizado por ter uma conduta docente hegemônica dos
esportes coletivos, dos esportes com bola, ou até mesmo do “rola bola”.
44
GRÁFICO 3 – Identificação da prática anterior do badminton
Constatamos que a totalidade dos alunos nunca havia praticado o Badminton. Desse modo, o
que a literatura trata a respeito do pouco conhecimento da modalide se reflete na prática da
mesma, entretanto Gomes; Corsino; Neto (2012) compreendem que a quantidade de
praticantes do badminton tem aumentado no Brasil consideravelmente.
Levando-se em conta o que foi observado, oportunizamos para estes alunos o conhecimento e
a experiência de um conteúdo que nunca haviam praticado, e que para muitos era um
desconhecido. Através do projeto Pibid pudemos desenvolver o badminton numa perspectiva
pedagógica, desvinculada do esporte de rendimento. Consideramos que o projeto facilitou
nossa intervenção, pois os alunos veem a educação física de outra modo quando realizada por
meio de ações em projetos, tendo em vista que muitos deles têm a percepção de que a escola
não oferece determinadas experiências e/ou conteúdos por acreditarem que a mesma não
pode oferecer o auxílio financeiro na compra de equipamentos, melhorias na estrutura física e
também na capacitação do professor de educação física.
0
59
0
10
20
30
40
50
60
70
SIM NÃO
45
GRÁFICO 4 – Respostas dos alunos referentes a ocorrência do conteúdo nas aulas.
De acordo com o gráfico, pudemos constatar que segundo 100% dos alunos, a escola não
proporcionou este conteúdo em nenhuma das aulas de Educação Física. Apontamos como
possível causa deste dado verificado, o relato da professora da disciplina, o qual diz não ter
capacitação para ministrar o contéudo, e justifica por este não ter sido desenvolvido durante o
curso de graduação. A professora ainda menciona que também tem interesse em aperfeiçoar
sua formação em conteúdos que não estão presentes no cotidiano escolar, considerando isso
uma obrigação como profissional da área.
Essa é uma realidade que encontramos em outras escolas, todas elas públicas, onde tivemos a
oportunidade de desenvolver atividades relacionadas a educação física, em projetos e estágios
supervisionados da estrutura curricular do curso de graduação. Diante da inexistência desse
conteúdo nas aulas de educação física, os próprios alunos relataram alguns fatores que podem
justificar essa ausência quando afirmam: “por falta de material”, “porquê os professores
nuncam deram como medo de agente não se adaptar” “porquê ainda não tinha vindo um
projeto e a escola não tem recurso”.
Percebemos que a situação socioeconômica da escola segundo os alunos, é um fator que pode
ter dificultado a realização determinados conteúdos dos que eles estão habituados a vivenciar
nas aulas. Entretanto, encontramos também fatores relacionados à modalidade, que até então
era desconhecida pela maioria dos alunos, além dos recursos pedagógicos que o professor
0
59
0
10
20
30
40
50
60
70
SIM NÃO
46
dispõe para ministrar seus conteúdos, e ainda a repetição destes, quando os alunos relatam: “
porquê na maioria das vezes a educaçao física dava futsal e nenhuma atividade de raquete”,
“desconhecimento do esporte”, porquê não tínhamos o material e professores atualizados”.
Em virtude do que foi mencionado, nos deparamos com o que consideramos ser o “retrato” da
educação física escolar brasileira e o que tem a caracterizado diante da comunidade escolar,
haja vista que o desconhecimento de novos conteúdos e as oportunidades de ter experiências
com os mesmos são limitadas, acreditamos que em função da falta de capacitação do
professor e também da falta de recursos para que a escola ofereça subsídios para que este
desenvolva conteúdos diversos e que não estão presentes no meio escolar, e ainda temos a
repetição dos conteúdos, que está presente e com o passar do tempo está se tornando cada vez
mais difícil de ser combatida, sendo citado pelos alunos com maior frequência esportes
coletivos como o futebol e o voleibol.
Nesse sentido não nos posicionamos totalmente contrários à repetição dos conteúdos, todavia
da forma que tem sido feito nas escolas não faz sentido algum, pois está sendo apenas um
potencializador para a construção de alunos desmotivados e de professores com o comodismo
intrínseco às suas ações no exercício da sua profissão. Pensamos que a repetição pode ocorrer
se estiver em um planejamento metodológico do conteúdo, podendo ser feita de outras
formas, ou seja, o professor pode ministrar o futebol para os alunos durante um bimestre
explorando as variadas formas de se trabalhar o conteúdo em suas aulas, por meio da história
do futebol por exemplo, e não ficar preso somente ao jogo formal. São inúmeras as
possibilidades, e isso se extende às demais práticas corporais que podem ser introduzidas na
escola.
47
GRÁFICO 5 – Possíveis causas para que os esportes de raquete não estejam presentes nas aulas.
Apresentamos os possíveis fatores relatados pelos alunos para a não introdução dos esportes
de raquete na aulas. O gráfico acima foi construído a partir da pergunta do questionário que
solicitava aos alunos que atribuíssem um peso (1 a 5) aos possíveis motivos que podem levar
à ausência dos esportes de raquete na escola. O motivo que teve um maior peso foi a falta de
material, seguido do desconhecimento do esporte. O terceiro fator mais apontado pelo alunos
refere-se a falta de espaço, o que nos surpreendeu visto que escola dispõe de amplos espaços
possíveis de se desenvolver aulas de Educação Física. O desconhecimento das regras das
modalidades foi um dos menos citados. Ainda destacamos que a alternativa onde é tratado que
os alunos não gostam dos esportes de raquete foi a que menos ocorreu.
Levando-se em consideração os resultados apresentados, acreditamos que a falta de material
foi identificada com maior ocorrência devido a um fator, este que se trata da associação dos
alunos com a falta de material das demais práticas corporais que a escola oferece. Durante o
período de desenvolvimento do projeto Pibid avaliamos as condições de dos materiais como
limitadas ou não existem. Com a intervenção do projeto, a escola recebeu materiais como:
bolas de futebol, voleibol, handebol, basquetebol, cordas, petecas, jogos de tabuleiro, rede de
voleibol, cones e colchonetes, para que fossem utilizadas nas aulas do projeto e demais aulas
da professora de educação física. Tínhamos ainda à disposição materiais para desenvolver os
conteúdos badminton, frescobol e tênis de quadra e/ou campo.
0
50
100
150
200
250
300
Os Alunos Nãogostam
Falta deMaterial
Falta deEspaço
Falta deConhecimento
do Esporte
Desconhecimento das
Regras
Série1 108 266 159 211 144
48
Vemos a falta de material como um problema para o professor e consequentemente para os
alunos, contudo não vemos tal problema como justificativa para não introduzir conteúdos
diversificados e que os alunos não têm vivência durante as aulas. Acreditamos que ter os
equipamentos oficiais utilizados na modalidade contribuem para o desenvolvimento de aulas
de qualidade e que atinjam os objetivos do professor. Por outro lado, este tem a alternativa de
fazer uso de materiais adaptados para substituir algum equipamento quando da sua
inexistência. Há também a possibilidade de construção do material, que foi um alternativa que
planejamos e executamos juntamente com os alunos, mesmo tendo à disposição todo o
equipamento necessário para desenvolver o Badminton.
Diante disso, é possível perceber que o professor assume uma responsabilidade grande nesse
sentido, tendo que estar motivado para fazer da dificuldade uma possibilidade de enriquecer
suas possibilidades de trabalho, estimulando a criatividade e a interação entre os alunos
quando construírem ou adaptarem algum material.
Não obstante, compreendemos que tanto a adaptação quanto a construção do material não
deve ser uma regra, e sim uma alternativa para a solução parcial do problema. A escola deve
oferecer condições para que o professor desenvolva seu trabalho com qualidade e eficiência,
através de uma estrutura física e equipamentos adequados. Entretanto este tem sido um dilema
da educação em nosso país, que é ainda maior quando tratamos das escolas públicas
municipais e estaduais, pois o investimento em educação não tem sido suficiente para que as
escolas consigam dar condições para que seus professores e alunos utilizem da estrutura e
equipamentos que propiciem o ensino e aprendizagem do conhecimento com qualidade. Em
função do que foi mencionado, o desconhecimento do esporte torna-se uma consequência dos
fatores já mencionados, bem como o desconhecimento das suas regras, prejudicando desta
forma diretamente o aluno, que não tem acesso a um conhecimento que poderia ser
desenvolvido durante sua formação escolar.
49
Gráfico 6 – Percepção dos alunos quanto a importância do Badminton e outros esportes de raquete nas
aulas de educação física.
Destacamos que 55 dos 59 alunos (93%) veem a prática do Badminton e outros esportes de
raquete como conteúdos importantes nas aulas de Educação Física, enquanto quatro (7%)
destes acreditam que conteúdos deste tipo não tenham importância. Acreditamos que este
último dado ocorra por fatores como: desconhecimento da modalidade, falta de material ou
ainda o professor não ter subsídios teórico práticos para ministrar os conteúdos.
Pudemos observar durante a intervenção que o interesse por aulas diversificadas existe por
parte do aluno, mesmo que os conteúdos que estão habituados na escola ainda fossem
solicitados no final da aula. Desse modo, compreendemos que essa combinação de conteúdos
torna-se uma possibilidade quando ocorrer a inserção de um conhecimento que os alunos não
estejam familiarizados. Destacamos assim a importância do diálogo entre professor e aluno,
pois a ideia de ambos pode se complementar, ressaltando que compreendemos a escola como
um local de interligação de conhecimentos e experiências e não como apenas um “depósito”
de conteúdos e possibilidades para o aluno.
Abaixo apresentamos os resultados dos questionário aplicados após a vivência do Badminton.
55
4
0
10
20
30
40
50
60
SIM NÃO
50
Gráfico 7 – Percepção dos alunos com relação a vivência do Badminton.
No gráfico acima apresentamos a percepção dos alunos em relação a vivência do Badminton,
através das intervenções teóricas e práticas. Podemos perceber que 27 dos 59 alunos (46%)
avaliou a experiência de jogar o Badminton como ótima. Já 24 dos 59 alunos (40,5%)
consideraram como boa a experiência, enquanto oito (13,5%) avaliaram como regular.
Destacamos que nenhum aluno considerou a vivência da modalidade como ruim.
Dado o exposto, percebemos que os alunos em sua maioria consideram a experiência do
badminton como positiva, mostrando que a diversificação de conteúdos na educação física
tem seu espaço, onde apresenta-se ao aluno a construção de um conhecimento que até então
não havia sido abordado durante as aulas de educação física. Ressaltamos que somente a
diversificação dos conteúdo não basta, sendo necessário dar importância também a maneira
com que o professor ministra os conteúdos aos alunos.
Logo, compreendemos o que Assis de Oliveira (2001) trata a respeito do contato do indivíduo
com uma modalidade esportiva, o qual este se dá de maneira diferenciada de um para outro.
Percebe-se, através da avaliação dos alunos quanto a sua vivência, que este esporte refletiu de
formas variadas na maneira com que os mesmos avaliaram sua experiência, que neste caso foi
proporcionada no mesmo local, fazendo com que tal vivência não fosse desigual como trata o
autor.
27
24
8
00
5
10
15
20
25
30
Ótima Boa Regular Ruim
51
Nesse sentido, faz-se necessário criar possibilidades como estas, onde o aluno é levado a
experimentar de práticas corporais e conhecimentos diversos, não limitando ou privando-o do
acesso a outras concepções de educação física.
Gráfico 8 – Avaliação dos alunos com relação a aprendizagem do badminton.
Representamos no gráfico 8 como os alunos avaliaram sua aprendizagem. Podemos
identificar que 25 dos 59 teve alguma dificuldade, mas conseguiu jogar com facilidade
(42,3%) enquanto 14 dos 59 (23,7%) apresentaram muitas dificuldades, e ainda assim
consideraram ter jogado de maneira razoável ao final de todas as aulas. O que nos chama a
atenção também são os 20 alunos que não tiveram dificuldades (34%) apesar de ser uma
modalidade desconhecida e pouco difundida no Brasil. Outro aspecto interessante é que
nenhum aluno afirmou não ter conseguido jogar, o que reafirma a possibilidade de introduzir
na escola um conteúdo diferente e que não faz parte da cultura do nosso país. Percebemos
durante toda a intervenção na escola, que os alunos realmente assimilaram o conteúdo com
certa facilidade, corroborando assim a avaliação que os alunos fizeram da aprendizagem do
Badminton.
Tendo em vista os aspectos observados, reforçamos o que é tratado por Chiminazzo (2008), o
qual considera que o aprendizado dos esportes de raquete é fácil quando pensado numa
perspectiva pedagógica, e consequentemente deixa uma boa impressão ao aluno com relação
ao seu aprendizado em um curto prazo de tempo. Nesse sentido corroboramos com Arruda et
20
25
14
00
5
10
15
20
25
30
Não tive
dificuldades
Tive algumas
dificuldades
Tive muitas
dificuldades
Não conseguir
jogar
52
al (2013), pois compreendemos que a inserção do badminton no âmbito escolar é relevante,
em função da experiência o qual tivemos a oportunidade de desenvolver, onde verificamos a
evolução na aprendizagem dos alunos, que pôde ser percebida em vários aspectos como: o
posicionamento no ato de rebater o vollant; na forma de empunhar a raquete; no
direcionamento e na força o objeto rebatido para o colega; e ainda na execução de alguns
movimentos que têm um grau de dificuldade maior para iniciantes, como o lob e o smash.
Gráfico 9- Avaliação dos alunos com relação ao ensino do badminton
No gráfico acima representamos como os alunos avaliaram o ensino da modalidade, onde 45
dos 59 alunos (76,3%), avaliaram como sendo ótimo o ensino do Badminton, enquanto 14 dos
59 (23,7%) representam os alunos que consideraram como sendo bom o ensino. Destacamos
que nenhum aluno avaliou o ensino como regular ou ruim, o que corrobora com os dados
identificados no gráfico 8 que se refere a aprendizagem do Badminton. Diante disso,
compreendemos que nossa intervenção foi satisfatória, visto que a totalidade dos alunos nos
deu um feedback positivo quando ao ensino do badminton. Acreditamos que isto se deu a
metodologia de ensino que utilizamos e também ao fato de termos proporcionado um
conteúdo que não era oportunizado o conhecimento nas aulas.
Acredito que seja muito importante tentar construir um ensino de Educação Física
que possa participar da produção da cultura escolar como um tempo e um espaço de
conhecer, de provar, de criar e recriar as práticas corporais produzidas pelos seres
45
14
0 00
5
10
15
20
25
30
35
40
45
50
ÓTIMOS BONS REGULARES RUINS
53
humanos ao longo de sua história cultural. Fazendo isso, o ensino da Educação
Física se configura como uma ação em que se produz cultura, sendo os professores e
os alunos os sujeitos dessa produção.(CHIMINAZZO, 2008, p.4)
Sendo assim, reafirmamos o pensamento do autor, o qual retrata que não podemos enfatizar
apenas um dos conteúdos da educação física, haja vista que possuímos conteúdos variados,
tidos como clássicos, que são: jogos, lutas, esportes, dança e ginástica. Desse modo o
professor não irá limitar as possibilidades de desenvolver o conhecimento do aluno.
Gráfico 10 – Percepção dos alunos com relação a possibilidade de praticar o badminton na escola,
e em outros locais.
Representamos no gráfico 10, a percepção dos alunos quanto a possibilidade da prática do
Badminton na escola e em outros locais após a experiência que tiveram. Identificamos que
95% se manifestaram de maneira positiva quanto a este quesito. De acordo com alguns alunos
esta possibilidade se deve à facilidade de praticar o Badminton e por terem aprendido a jogar:
“porque é muito fácil de praticar”; “porque a prática de Badminton é fácil, e a raquete é
leve”; porque o Badminton é divertido e bem fácil de ser praticado”. Outros alunos relataram
questões referentes ao primeiro contato com este esporte na escola como meio para
proporcionar a prática em outros locais: “pois aprendendo na escola você pode praticar em
outros lugares”; “a escola é onde começa tudo”. Por outro lado, 5% dos alunos acreditam
que não seja possível a prática desta modalidade no meio escolar e também em outros locais.
Um dos três parece não ter o hábito de praticar esportes e menciona este possível fato como
56
3
0
10
20
30
40
50
60
SIM NÃO
54
impedimento para praticar a modalidade na escola ou fora deste ambiente: “porque eu não
sou muito de jogar esportes”. Já os outros dois alunos fizeram uma relação da prática após
nossa intervenção com o aperfeiçoamento da modalidade, e descrevem esta relação como um
possível limitador quanto a possibilidade de continuar a praticar o Badminton, seja na escola
ou fora dela: “porque ainda precisamos jogar mais vezes, para poder ter mais condições de
jogar aqui ou em outro lugar”; “porque ainda falta muito treinamento para jogar fora da
escola, acho que poderíamos continuar a praticar para depois jogar em outros locais.
Diante disso, acreditamos ter contribuído para a apropriação do badminton pelos alunos e
também termos dado subsídios para que a professora pudesse ministrar o conteúdo em outras
aulas. Pudemos compreender o que trata Serejo (2014) quando se refere às possibilidades dos
conteúdos da educação física serem desenvolvidos na escola, que pelo menos a maioria das
práticas corporais poder ocorrer com as devidas adaptações, contudo, a forma com que são
conduzidos é que irá determinar o sucesso ou insucesso do mesmo durante as aulas. Assim,
relacionamos o pensamento do autor com os dados que obtivemos.
Verificamos que um dos objetivos propostos neste trabalho apresentam uma possibilidade de
concretização, em decorrência do que já foi exposto, o qual nos remetemos a apropriação do
badminton pelos alunos através da vivência que tiveram, pelo professor mediante as
ferramentas didáticas que proporcionamos o conhecimentos durante a execução do projeto, e
pela comunidade escolar por meio dos relatos de experiência dos alunos com os familiares,
amigos, e colegas de outras turmas da escola.
55
Gráfico 11- Avaliação dos alunos quanto a importância da inserção do badminton nas aulas de Educação
Física.
Representamos no gráfico 11, a maneira com que os alunos consideram a inserção do
Badminton nas aulas de Educação Física, e podemos perceber que 57 dos 59 alunos (97%),
consideram como importante promover tal prática no âmbito escolar, enquanto dois alunos
(3%) se manifestaram no quesito que considera como pouco importante a inserção da
modalidade na escola.
Dessa forma, comparamos estes resultados com os que encontramos no gráfico 6, que se
assemelha à este como podemos identificar. Destacamos que após a prática do badminton,
nenhum aluno se posicionou de maneira negativa quanto a importância deste conteúdo no
meio escolar, e vale ressaltar que há um acréscimo de 4% àqueles que consideram como
importante a introdução deste esporte na escola. Desde já atentamos o leitor que este
questionamento feito aos alunos após a nossa intervenção, é especificamente dedicado ao
badminton, e não inclui os esportes de raquete de uma forma geral como no questionamento
prévio realizado.
Os conteúdos que utilizam a bola como objeto estão muito presentes no cotidiano escolar,
criando o que compreendemos ser uma cultura “bolística”, que por sua vez tem um impacto
direto no atual cenário da Educação Física escolar. Desse modo, os professores se limitam a
introduzir os conteúdos referentes aos esportes, especialmente quatro deles, sendo: futebol,
57
2 0 00
10
20
30
40
50
60
IMPORTANTE POUCO
IMPORTANTE
NÃO FAZ
DIFERENÇA
NÃO DEVERIA
TER
56
handebol, basquetebol e voleibol. Logo, o professor resume o conhecimento e as formas de
ensino somente a estes esportes, ignorando o fato de que a cultura corporal de movimento
possui uma variedade de outros esportes e conteúdos que podem estar presentes no meio
escolar, de acordo com os Parâmetros Curriculares Nacionais – PCN’s e no caso do Estado de
Minas Gerais, o Currículo Básico Comum - CBC, como os jogos, as lutas, as danças e as
ginásticas. Assim, o professor está inserido em um meio de possibilidades de ensino e
aprendizagem variados.
Neste contexto, preconizamos o que é tratado por Coletivo de Autores (1992) apud Lorenzi
(2011), que o professor deve manter uma “flexibilidade”, no sentido de ser mais amplo nas
formas de ensino, abordar temas e metodologias diferenciadas e inovadoras em suas aulas,
pois a Educação Física contempla muitos conteúdos e variadas formas de ensino e
aprendizagem, o que enriquece a ação pedagógica, contribuindo para um maior
conhecimento, interesse e ampliação das possibilidades do aluno.
Na busca por uma Educação Física escolar de qualidade e com temas variados, intervimos
numa proposta que se baseou na abordagem dos conteúdos ligados aos esportes de raquete,
especificamente no Badminton. Assim como constata Lorenzi (2011), notou – se uma grande
aceitação por parte dos alunos, proporcionando uma efetivação da prática do Badminton na
escola e por mais que não houvesse o costume da prática em seu cotidiano escolar, as
dificuldades diante de um novo esporte foram mínimas, ocorrendo um avanço na abordagem
de conteúdos novos e diferenciados, que trazem consigo novas propostas pedagógicas.
57
7. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Através das análises da respostas obtidas nos questionários e do que presenciamos durante a
experiência do Badminton, pudemos concluir alguns pontos. Num primeiro momento,
explicita-se que os objetivos desta pesquisa foram alcançados, pois pudemos compreendemos
um pouco melhor sobre os limites e perspectivas acerca da experiência do Badminton em uma
escola pública de Diamantina. Consideramos que o Badminton pode ser introduzido na
Educação Física escolar, e quando necessário este pode ser adaptado às condições da escola,
devido a diversidade das condições de estrutura e materiais de uma para outra.
Constatamos que os esportes de raquete como: frescobol, tênis de mesa e tênis de quadra e/ou
campo, já haviam sido praticados pelos alunos anteriormente à nossa intervenção. Entretanto,
reafirmamos que com relação ao frescobol, a vivência ocorreu em função da participação do
projeto Pibid durante as aulas de Educação Física, e que referente aos demais acreditamos que
a experiência se deu fora do ambiente escolar. No caso do Badminton, é notório o
desconhecimento do esporte pelos alunos, visto que a modalidade sequer foi mencionada
pelos alunos que já haviam praticado algum esporte de raquete e pelos demais esse fato
também pôde ser comprovado.
Dessa forma, oportunizamos o conhecimento do Badminton para aqueles que nunca haviam
tido o acesso a ele, e ainda ampliamos o conhecimento e as possibilidades daqueles que
haviam tido o mínimo de acesso a este esporte de raquete.
Juntamente, os fatores falta de material e conhecimento do esporte foram apontados como as
principais causas possíveis para a inexistência dos esportes de raquete nas aulas de Educação
Física. Os demais fatores citados pelos alunos em ordem decrescente de ocorrência são: falta
de espaço; desconhecimento das regras e os alunos não gostam. Durante a pesquisa, exceto na
última aula, utilizamos os materiais apropriados para o esporte, adaptando o mínimo possível,
pois acreditamos que por mais adaptável que o esporte seja, pensamos que não podemos
negligenciar aos alunos materiais oficiais e de qualidade, que contribuam de maneira eficaz
para construção do conhecimento, ensino e da aprendizagem. Todavia, não descartamos o uso
do material adaptado como forma de contribuição para o desenvolvimento do aprendizado,
pois devido às dificuldades de espaço e materiais em que se encontram algumas escolas, a
58
possibilidade de construir o seu próprio espaço de jogo e material surge como uma alternativa,
tornando a aula inovadora e ampliando os conhecimentos sobre a temática.
Ainda assim, compreendemos que não podemos ficar sempre “reféns” dos materiais
adaptados e/ou alternativos, ou seja, quando não houver o espaço ou o material, ou ambos, o
professor deve recriar e construir espaços e materiais para desenvolver determinado conteúdo,
porém essa responsabilidade não deve se limitar ao professor. Este, juntamente com a escola,
deve sempre agir perante os órgãos competentes para a criação de políticas que melhorem os
espaços e a aquisição de materiais de qualidade para as aulas, para que tenha os subsídios
necessários para qualificar suas aulas visando a busca de um ensino satisfatório para o aluno.
Diante disso, consideramos importante a inserção do Badminton e também de outros esportes
de raquete na Educação Física escolar, e os alunos demonstraram através dos resultados que
obtivemos que conteúdos relacionados ao que desenvolvemos na escola em que situam-se,
têm sua importância, e quanto a percepção da experiência o qual tiveram, consideram ter sido
positiva. Sendo assim, relacionamos a percepção dos alunos ao ensino e aprendizagem
satisfatória da modalidade que pudemos verificar, e também à possibilidade de apropriação da
modalidade, através da busca pelo conhecimento que propiciamos também fora do ambiente
escolar.
Destacamos que a literatura ainda carece de estudos sobre o Badminton na escola, que deem
suporte e orientação à aplicação deste conteúdo na Educação Física, talvez por se tratar de um
tema ainda novo e pouco divulgado nas mídias pelo Brasil, criando algumas barreiras para
que o professor leve este esporte para o meio escolar numa perspectiva pedagógica.
Por todos esses aspectos, compreendemos que o professor possui um papel importante
enquanto formador e instrumento no processo de ensino e aprendizagem, podendo a Educação
Física proporcionar a prática dos esportes de raquetes na escola, no intuito de sair do padrão
atualmente visto da hegemonia dos esportes coletivos. Vemos neste trabalho uma proposta de
minimizar os efeitos dessa limitação das práticas corporais e apresentar um conteúdo
diversificado aos alunos, se tornando o Badminton uma sugestão de uma prática esportiva
diferenciada no meio escolar.
59
8. REFERÊNCIAS
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75
APÊNDICE 13
Construindo a Raquete
Materiais:
1. Arame bem reforçado ou arame de cabide de roupas;
2. Papelão ou caixinha de leite;
3. Fita adesiva grossa;
4. Jornal.
Como fazer:
A- Pegue o Arame ou Arame de cabide e abra-o. Depois, com uma das pontas do arame
faça um círculo de mais ou menos uns 25 cm de diâmetro, amarre com o próprio arame
para fechar o círculo e deixe 30 cm do arame para ser o cabo.
B- Em um pedaço de papelão ou em caixinha de leite aberta, faça um círculo do tamanho
do círculo do arame, depois com a ajuda da fita adesiva cole sobre o arame de forma
que este seja o fundo da raquete, passe fita várias vezes até que esteja bem seguro e
firme.
C- Para o cabo, fixe o jornal com a ajuda da fita e depois o enrole até uma certa altura,
para finalizar passe fita sobre o jornal até que ele fique firme.
Figura 6 – Procedimento de construção da raquete
76
APÊNDICE 14
Construindo a peteca
Materiais:
1. Bolinha de isopor, ou de desodorante ou feita de jornal com fita;
2. Tiras de papelão 8 cm altura 3 cm de largura; ou Penas de galinha (se forem muito
grandes podem ser cortadas),
3. Fita adesiva
Como fazer:
Pegue uma bolinha e com a ajuda da fita adesiva envolva a bolinha com as tiras de papelão ou
com as penas de galinha. Passe fita até que as tiras ou as penas fiquem bem firmes, se achar
necessário utilize também cola branca para ajudar a fixar.
DICE 13
Figura 7 – Procedimento de construção do vollant ou peteca de Badminton
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AUTORIZAÇÃO
Autorizamos a reprodução e/ou divulgação total ou parcial do presente trabalho, por qualquer
meio convencional ou eletrônico, desde que citada à fonte.
_______________________________
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