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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS ANA CAROLINA PIRES CAMARGOS REPRESENTAÇÕES DE AUTISTAS EM RECURSOS MIDIÁTICOS São Paulo 2017

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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

CENTRO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS

ANA CAROLINA PIRES CAMARGOS

REPRESENTAÇÕES DE AUTISTAS EM RECURSOS MIDIÁTICOS

São Paulo

2017

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ANA CAROLINA PIRES CAMARGOS

REPRESENTAÇÕES DE AUTISTAS EM RECURSOS MIDIÁTICOS

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Centro de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Presbiteriana Mackenzie como requisito parcial para obtenção do grau de Licenciatura em Ciências Biológicas.

ORIENTADOR: Prof. Dr. Adriano Monteiro de Castro

São Paulo

2017

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Dedico esse trabalho a meu pai e ao Lucas, meu irmão.

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer à instituição Universidade Presbiteriana Mackenzie e oa

Centro de Ciências Biológicas e da Saúde por proporcionar as condições necessárias

para a minha formação acadêmica.

Gostaria de agradecer as professoras Magda Medhat Pechliye e Rosana dos

Santos Jordão por me proporcionarem uma formação que será levada para a minha

vida toda.

Gostaria de agradecer ao meu orientador Adriano Monteiro de Castro por me

ajudar com os tópicos do meu TCC, além de dedicar bastante tempo para ler e reler

o trabalho e de emprestar alguns dos materiais necessários, desde filmes a livros,

essenciais para a elaboração do TCC. Obrigada Ana Paula Ferreira da Silva e Rinaldo

Molina por aceitarem fazer parte da minha banca.

Agradeço também a minha família por dar todo o apoio necessário para minha

formação acadêmica e, consequentemente, abrir mão de muitas coisas para que eu

atingisse essa formação. E agradeço meus avós e mãe por me proporcionar

experiências para essa mesma formação, sem eles, não seria o que sou hoje.

Agradeço meus amigos por participarem e caminharem junto comigo durante

todos esses anos da faculdade. Agradeço especialmente ao Renan Alves Takahashi,

por me apoiar e estar comigo durante toda essa jornada de elaboração do TCC.

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RESUMO

O autismo é uma síndrome psíquica que envolve comprometimentos nas áreas

de interação social e linguagem verbal, bem como manifestações de comportamentos

atípicos. As ideias pré-concebidas entre pessoas leigas sobre o assunto são

frequentes, provavelmente criadas pelas abordagens desses aspectos na mídia, que

explora essas características para aumentar a curiosidade dos espectadores, já que

pessoas com autismo são consideradas enigmáticas por esse jeito diferente de estar

no mundo. Esses estereótipos e o desconhecimento sobre o que é o autismo

contribuem para que os professores tenham preconceitos e dificuldades em trabalhar

com alunos com autismo e em discutir esse tema em sala de aula. O objetivo do

trabalho foi analisar 6 diferentes recursos midiáticos que exploram o autismo e, a partir

dessa análise, delinear possibilidades de superação dos estereótipos envolvidos com

a síndrome. Os resultados mostraram que a maior parte dos recursos midiáticos

analisados exploram outras características dos personagens além de estereótipos

comportamentais, como os seus gostos pessoais e amigos. Cada recurso explora o

autismo de um jeito diferente e tais variações são importantes para entender a

evolução dos estudos sobre a síndrome, bem como quebrar os estereótipos sobre os

portadores de autismo. Os aspectos que envolve a síndrome presentes nos recursos

midiáticos analisados podem possibilitar um conhecimento sobre o autismo, e o uso

na formação de professores permite a superação dos estereótipos, diminuindo os

preconceitos que há em torno dessa síndrome.

Palavras-chave: Autismo. Educação Especial. Inclusão.

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ABSTRACT

Autism is a psychic syndrome that is defined by commitment in social

interactions and verbal language, as well as atypical behaviors’ manifestation. Bias is

frequent among non-specialists on this subject, created probably by the approaches of

them in media which explore these aspects to increase spectators’ curiosity since

persons with autism are considered enigmatic people by this different way of being in

the world. These stereotypes and lack of knowledge about the clinical condition

contribute to increasing the teachers’ difficulties to work with students with autism and

to be able to discuss this subject in the classroom. The objective of this study was to

analyze six different media resources that explore autism and outline possibilities of

overcoming the stereotypes involved with the syndrome. The results showed that most

of the analyzed media resources exploit other characters’ characteristics besides

behavioral stereotypes such as their personal tastes as well as their friends. Each

resource explores autism in a different way and such variations are important to

understand the evolution of autism’s studies as well as breaking stereotypes about it.

The aspects that are included in these media resources discussed may allow a greater

knowledge about autism and its use is important in teacher training promoting

overcoming bias about autism.

Keywords: Autism. Inclusive education. Inclusion.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 8

1. REFERENCIAL TEÓRICO ...................................................................................... 9

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS .............................................................. 14

3. RESULTADOS ...................................................................................................... 16

4. DISCUSSÃO ......................................................................................................... 22

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................. 27

6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................... 28

APÊNDICE ............................................................................................................... 32

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INTRODUÇÃO

A mídia tem um papel importante tanto no entretenimento da população, mas

também na formação desses indivíduos para sociedade, desde aspectos culturais até

aspectos sociais. Por meio dela é que a população interage com acontecimentos

políticos regionais e mundiais, visto que é um meio muito fácil para a propagação de

informação.

Embora a mídia tenha esse papel de integrar as pessoas com alguns

conhecimentos e notícias, muitas vezes ela o faz de forma sensacionalista para

chamar atenção dos espectadores, fazendo com que eles vejam somente os aspectos

estigmatizantes e pontuais ao invés do todo. Ocasionando a generalização de grupo

de pessoas e classificando-as como anormais ou fora do padrão, ou até mesmo

trazendo os conceitos do que é aceito naquela sociedade. Este aspecto é essencial

para a manipulação em massa.

Em relação aos grupos “anormais” retratados pela mídia, esses são em sua

grande maioria síndromes psicológicas, caracterizando-os ou como deficientes

intelectuais, ou como loucos ou psicopatas. Esses aspectos é o que chama mais

atenção, visto que é algo completamente fora do padrão estabelecido. No caso de

autistas, os estereótipos explorados pelas mídias (filmes e livros) são o isolamento e

os comportamentos incomuns, generalizando-os como pessoas completamente

alienadas e com ou potenciais intelectuais incríveis ou deficientes intelectuais.

Essa construção de imagem faz com que os espectadores tenham isso em

mente, com ênfase na baixa comunicação social e os comportamentos “estranhos”.

Quando acreditamos nisso, evitamos falar com autistas, não essencialmente pelo fato

dele ser muito diferente, mas pelo fato de que a interação não vai ter resposta.

O objetivo do trabalho foi analisar as representações de pessoas com autismo

em diferentes recursos midiáticos para promover a superação dos estereótipos que

envolvem a síndrome. Para tanto, foi necessário levantar materiais que abordassem

o tema, identificar os estereótipos e caracterizar as abordagens dadas. Contribuindo,

assim, com as reflexões de sujeitos atuantes na área de educação, principalmente

professores, sobre caminhos de inclusão dessas pessoas nas escolas.

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1. REFERENCIAL TEÓRICO

O autismo foi descrito pela primeira vez por Leo Kanner, em 1943, embora o

termo tenha sido desenvolvido por Plouller, em 1909, em um trabalho para a descrição

de seus pacientes que faziam referência a tudo em sua volta consigo mesmo, porém

logo depois os sintomas dos pacientes foram nomeados com o termo “esquizofrenia”,

sendo assim, o autismo e a esquizofrenia foram termos criados por Plouller

(GAUDERER, 1993). Kanner estudou crianças que não se encaixavam em nenhum

dos quadros de doenças psíquicas da época, como a esquizofrenia e o retardo mental.

Essas crianças foram descritas com o comportamento de alheamento extremo, não

respondendo aos estímulos externo (ASSUMPÇÃO JÚNIOR, 1995).

Bleuler, em 1911, utilizando a psicologia e a psicanálise, completa a definição

do autismo acrescentando a característica do afastamento da realidade para viver em

um mundo criado pela própria criança, tendo um alheamento da sociedade. Essa

definição permaneceu durante muito tempo, mas superada pelo próprio Kanner

(ASSUMPÇÃO JÚNIOR, 1995). Embora Kanner tenha dado esta definição

generalizada, em seus trabalhos, ele retrata que cada criança manifesta uma

peculiaridade diferente, devendo ser descritas singularmente, mas o que ele fez foi

completamente ao contrário, levando a contradições (CAVALCANTI; ROCHA, 2007).

Essas contradições podem ser entendidas quando analisadas em um contexto

histórico. Por mais que Kanner tenha tentado colocar a subjetividade dos estados

clínicos dessas crianças, possibilitando a abertura do questionamento para as

generalizações e classificações, ele se submeteu no final, as regras da ciência

impostas da época, criando uma nova patologia e universalizando a singularidade do

ser humano (CAVALCANTI; ROCHA, 2007).

Por conta da singularidade de cada criança no estudo de Kanner, que ele

nomeou essa patologia primeiramente como “Distúrbios Autísticos do Contato

Afetivo”, para depois mudar para “autismo” (ASSUMPÇÃO JÚNIOR, 1995). Sendo o

autismo uma singularidade, essa patologia é de difícil definição, por isso que os

autores depois de Kanner buscavam complementar sua teoria, tentando enquadrar

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diferentes estados clínicos em graus de autismo, como psicose simbólica, pseudo-

retardo, psicose infantil, entre outros (GAUDERER, 1993).

Essas subcaracterizações do autismo mostram, não as diferenciações entre

elas, mas sim o que ele pode englobar, por isso, vários pesquisadores já começaram

a tratar o termo “autismo” como “autismos”. O espectro autista sendo tão amplo, pode

dificultar o diagnóstico, porém, quanto mais se estuda e observa, mais termos e

conceitos são criados para descrevê-lo, devido ao requerimento de especificidade

tanto pelo requerimento pessoal como pelo científico (GRINKER, 2010).

Atualmente é usado o termo Transtorno do Espectro Autista (TEA) para se

referir ao conjunto das subcaracterizações desse campo. Na DSM-V é utilizado esse

termo que engloba o autismo, síndrome de Asperger, autismo infantil precoce, autismo

de alto funcionamento, transtorno desintegrativo da infância, entre outros. Por esse

espectro ser muito amplo, o número de pessoas que se encaixam no TEA aumentou

significativamente, e se incluirmos aqueles ditos “não especificados”, o quadro

aumenta muito mais, sendo que a cada 50 criança uma será inclusa no quadro da

TEA (LAURENT, 2014).

Embora esse espectro seja muito amplo, todos os indivíduos possuem algumas

características marcantes entre si, sendo elas graus de comprometimento nas áreas

de interação social, da comunicação e do comportamento (SCHMIDT, 2014). Sendo

assim, o diagnóstico do TEA é feito levando em consideração o grau de

comprometimento dessas áreas juntamente com a intensidade de acompanhamento

profissional (APA, 2014).

Os comprometimentos mais frequentes são: uso de objetos e falas

estereotipadas ou repetitivas (ecolalia, alinhar brinquedos); insistir na mesma coisa e

inflexibilidade na rotina; interesses fixos e restritivos, como forte apego com objetos

incomuns; dificuldade para ajustar o comportamento para se adequar em contextos

sociais e compreender a comunicação verbal e não verbal usados na interação social;

dificuldade compartilhar interesses, emoções ou afeto; entre outros (APA, 2014).

Ainda há uma lei Brasileira, Lei n. 12.764/2012, que caracteriza o autismo como

uma deficiência persistente. O TEA é marcado pelo comprometimento na interação e

na ausência de reciprocidade social; e também é marcado pelos comportamentos

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característicos do autismo, como manifestações motoras ou verbais estereotipada

(BRASIL, 2012).

Para Mello (2007), o comportamento autístico é a consequência da dificuldade

imaginativa da criança, sendo assim, pessoas com autismo possuem um pensamento,

uma linguagem e um comportamento rígido e inflexível. Por esse motivo há o

comportamento obsessivo e ritualístico característicos dessas pessoas, e que uma

leve alteração na rotina, pode causar incômodos. Segundo APA (2014), outro aspecto

presente no autismo é a dificuldade na interação social, ou seja, na sociabilização.

Esse é o ponto no qual podem ocorrer várias interpretações errôneas do que é

o autismo. A dificuldade de sociabilização está relacionada com a dificuldade em

relacionar-se com as outras pessoas e compartilhar sentimentos, emoções e gostos.

Assim, a comunicação se torna um pouco mais difícil nesse aspecto de interpretar as

expressões faciais e linguagens corporais - a comunicação não verbal nesse caso,

entretanto também há dificuldades com a comunicação verbal (MELLO, 2007).

Por conta destes aspetos, o autismo causa muito desconforto tanto para os pais

como para analistas, por conta da sua complexidade de diagnóstico e por ocasionar

o questionamento de áreas sensíveis do ser humano, ligadas ao comportamento.

(GAUDERER, 1993). Segundo o autor (1993, p. 2), “os pais vivenciam esses filhos

não só como tragédia, mas como se o filho fosse um objeto sem calor humano. ‘Não

me quer, não me procura’, dizem os pais”.

Essas imagens estereotipadas de crianças com autismo, de não demonstrar

seus sentimentos, não brincar, se isolar, entre outros, fazem com que os pais se

defrontem com isso ocasionando o isolamento familiar da sociedade, sendo assim, a

família passa a ter comportamentos autísticos (FÁVERO; SANTOS, 2005). A imagem

comumente associada ao autismo é a de seres excluídos da sociedade e que não

possuem interação social. Por meio dessa imagem cria-se uma narrativa de uma vida

sofrida e cruel, porém é como nós enxergamos o mundo deles, não que eles se sintam

assim (CAVALCANTI; ROCHA, 2007).

Embora o autismo ganhe espaço na mídia brasileira, ele não é retratado com

uma realidade individual, mas sim como relato das experiências de convívio por outras

pessoas, como pais e professores. O autismo relatado pelos próprios autistas é muito

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raro, e as biografias mais conhecidas é devido a essas pessoas com autismo já serem

famosas, como a Temple Gradin. O tema circula na mídia por meio do campo de

educação voltada à inclusão social e do campo de políticas públicas para um melhor

suporte para essas famílias (RIOS; ZORZANELLI; NASCIMENTO, 2015).

A mídia assume um papel importante quando se trata de transmitir a herança

cultural e de civilização do homem, principalmente por meio dos meios audiovisuais,

que assumem alguns papéis de ensino paralelos à escola, mas sem o compromisso

explicito desta (FACHIN; OLIVEIRA, 2012). A mídia é uma ferramenta poderosa para

formular e criar opiniões, saberes, valores e subjetividades, sendo assim, é possível

observar o potencial de manipulação das pessoas por meio desse recurso (SILVA;

SANTOS, 2009).

Ela é considerada um Quarto Poder1, sendo a maior fonte de informação e

entretenimento que as pessoas possuem. Com isso, ela pode criar um controle social

por meio de novelas, jornais, internet, entre outros, por onde se transmite um discurso

ideológico, criando modelos a serem seguidos e homogeneizando estilos de vida. Isso

dificulta o reconhecimento do direito e do exercício da cidadania pelo sujeito, já que

ela incentiva atitudes materialistas (SILVA; SANTOS, 2009).

Segundo Guimarães e Martins (2006), a mídia traz algumas imagens de

autismo, porém em sua maioria não são adequadas e são generalizadas, isso, além

do acesso do meio acadêmico para a população ser dificultado, torna-se um tema

pouco compreendido pela sociedade até hoje, facilitando a estigmatização tanto do

portador como de sua família. Segundo Amaral (1998), essas imagens retratadas nas

mídias podem fazer com que as pessoas generalizem toda a síndrome em uma única

imagem, criando os estereótipos indevidos.

Segundo Melo (2007), a mídia é fundamental para a promoção de discussões

sobre diversos temas, levando novos conteúdos para a população que também irá

discuti-los e repeti-los para um outro alguém, iniciando um ciclo de circulação do tema.

O problema está quando a própria mídia contempla essas interpretações com base

1 O Quarto Poder foi criado para fiscalizar os Poderes Democráticos (Legislativo,

Executivo e Judiciário) e nortear a população, dando voz e olhos a ela. A mídia é onde a opinião pública se expressa, porém hoje ela é controlada por grupos financeiros planetários e por empresas globais, tornando a imprensa centralizadora (NETTO, 2013).

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em opiniões públicas, ao invés de trazer especialistas, segundo Guimarães e Martins

(2006), isso faz com que o autismo ainda esteja engavetado, visto que é um tema

pouco contemplado pela mídia, trazendo-o de uma forma que ele circule em um único

tópico, gerando os mesmos debates e interpretações.

O autismo é retratado de forma dramática, ou sendo voltado a políticas

públicas, visando-o como condição extrema que requer atenção específica e intensiva

(RIOS; ZORZANELLI; NASCIMENTO, 2015), ou para entretenimento, quando o

personagem com autismo possui habilidades fora do comum e geniais (GUIMARÃES;

MARTINS, 2006). Segundo Amaral (1998), essa imagem fica tão forte nas pessoas

que elas generalizam essa imagem a todos os portadores dessa síndrome.

Essa generalização de grupos de pessoas, cria-se o estereótipo. O estereótipo

está associado a todas as pessoas que possuem alguma diferença significativa com

relação as pessoas consideradas “normais” para a sociedade, essa diferença pode

ser tanto a deficiência como a religião, gênero, peso e etnia (AMARAL, 1998). Como

visto no estudo de Santos (2009), em relação às pessoas com autismo, os

estereótipos envolvidos estão relacionados ao comportamento e às interações sociais.

Os comportamentos estereotipados, no geral, são as características que a

mídia mais explora, visto que os autistas são vistos como pessoas “enigmáticas”. Por

conta dessa curiosidade, os produtores utilizam desses comportamentos para

produzirem as longas-metragens. Quando o público acessa esse tipo de material, isso

pode provocar ainda mais curiosidade e interesse sobre pessoas com TEA, já que é

uma forma enigmática de estar no mundo (BALDO; GUIMARÃES, 2007).

As diferenças significativas causam impacto ao olhar, não são diferenças

dentro do espectro “normal”, dentre as quais cor de olhos e cabelo são exemplos.

Esse impacto pode causar diferentes sentimentos, quando se trata de deficiências,

como o de piedade, filantropia e de admiração quando há algum tipo de genialidade

ou superdotação envolvida (CARVALHO, 2004). Segundo Amaral (1998), a

anormalidade existe, mas deve ser pensada de modo inovador, dando um significado

da diversidade e das condições humanas.

A escola tem um papel muito importante na formação e na inserção social dos

alunos, sendo assim, ela está inserida em um contexto social e cultural que fazem

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parte da formação dos alunos. Dificilmente se encontra uma escola que tenha esses

objetivos na prática, já que normalmente, o foco é o vestibular ou de integração social

com o fim de acolhimento (LIBÂNEO, 2012). Esse acolhimento criticado pelo autor

deve ser entendido como aquilo que Mantoan (2003) nomeia por “integração escolar

de deficientes”, algo totalmente diferente da inclusão efetiva desses alunos.

Segundo a autora, a integração desses alunos está voltada somente para a sua

inserção no espaço físico, eles também passam a serem considerados “especiais”, já

que, segundo a Lei n. 12.764/2012, se o aluno for bloqueado de se matricular na

escola, o gestor paga multa e pode perder o cargo (BRASIL, 2012).

Embora ele seja matriculado, para ser realmente inserido na escola e

normalizado, o aluno tem que se adequar a ela, caso ele não se adeque, precisa

procurar uma escola “especial” (MANTOAN, 2003). Muitos pais buscam escolas

normais como parte da terapia de seus filhos com autismo, para terem mais contato

social com outras crianças e, por consequência, a escola passa a marcar mais as

diferenças entre esses alunos e não a desconstrução dos preconceitos (RIOS;

ZORZANELLI; NASCIMENTO, 2015).

As pessoas com autismo, assim como qualquer outro ser humano, possuem

características diferentes (CAVALCANTI; ROCHA, 2007), sendo assim, reconhecer e

valorizar as diferenças individuais de cada um é importante para a educação, assim

como para a inclusão escolar. Valorizando-se espaços inclusivos, esses alunos

deixarão de ser segregados em instituições especiais e isso possibilitará participação

dessas pessoas no convívio social como cidadãos (MATTOS; NUERNBERG, 2011).

Segundo Pimentel e Fernandez (2014), os professores, além de não estarem

preparados, muitos deles não conhecem aspectos da síndrome em si. Muitos

professores dão aulas para alunos com autismo, mas não possuem formação (do que

e com ensinar) e nem conhecem os aspectos gerais da síndrome. Essas dificuldades

podem levar a descrença dos professores no desenvolvimento escolar desses alunos.

É importante trazer imagens que representem o autismo na formação de

professores, mesmo que seja uma imagem estereotipada, para que assim possam

discutir e tentar desmitificar esses estereótipos que mídia traz. Com as discussões, os

professores tomam consciência da uma síndrome em que os portadores não possuem

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comportamentos iguais (OLIVEIRA; HEMMEL, 2011), e com isso, por se basear em

recursos midiáticos, essas discussões poderão ser passadas para outras pessoas de

modo formal ou informal, gerando debates e difusão desse tema (MELO, 2007).

2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

Para realizar os objetivos propostos, foram selecionados diferentes recursos

midiáticos, sendo dois livros, um seriado e três filmes. Esses recursos foram

selecionados aleatoriamente com o requerimento de conter personagens com

autismo. Os materiais foram:

• Os livros “O estranho caso do cachorro morto” de Mark Haddon (2011) e o

capítulo “O artista autista” do livro “O homem que confundiu sua mulher com

um chapéu” de Oliver Sacks (1997);

• O seriado “Atypical” da Netflix (EUA, 2017);

• Os filmes “Rain Man” de Mark Johnson e Barry Levinson (EUA, 1988), “Código

para o inferno” de Brian Grazer e Harold Becker (EUA, 1998), “Mary e Max:

uma amizade diferente” de Melanie Coombs e Adam Elliot (AUS, 2009).

O capítulo do livro de Oliver Sacks foi escolhido, pois foi o único da obra em

que o autor trouxe o termo “autismo”. O capítulo anterior, “Os gêmeos”, parece se

tratar de comportamentos autísticos, mas não se refere explicitamente ao TEA.

A partir da leitura e releitura desses recursos midiáticos, um quadro de

características dos personagens autistas foi elaborado, compondo um conjunto de

categorias de análise. Essas categorias foram estabelecidas de acordo com as

observações possíveis de serem destacadas a partir de cada recurso e nas suas

importâncias para um melhor entendimento das personagens.

As categorias foram anotadas em forma de quadro para facilitar a leitura dos

dados coletados. No Apêndice A, os resumos de cada material utilizado podem ser

consultados para melhor entendimento do contexto da história e mais detalhes do

enredo. Algumas categorias foram pré-selecionadas levando-se em conta elementos

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oriundos do referencial teórico, porém com as sucessivas leituras dos materiais outras

foram sendo acrescentadas até compor a lista de categorias a seguir:

• “Características” das personagens como idade, qual tipo de escola

frequenta, se trabalha, se está internado e outros dados;

• “Interesses pessoais”, está relacionado com o que os personagens gostam;

• “Projetos para o futuro”, se eles visam algo (emprego, esposa, viagens) para

seu futuro;

• “Família” – constituição familiar;

• “Relações pessoais” – quem eles sentem confortáveis e gostam de estar

perto;

• “Explicação do que é autismo” – essa variável está relacionada se o recurso

em si traz essa explicação e de que forma ele traz;

• “Patologia” dos personagens envolve o quadro clínico e o tipo de tratamento

que eles fazem;

• “Comportamentos autísticos” envolvem todos os comportamentos

característicos de autistas, desde do que a literatura traz como os

comportamentos estereotipados;

• “Percepções dos outros sobre os sujeitos autistas” – este tópico tenta trazer

como eles são vistos pelas outras pessoas;

• “Tempo” – a época que é retratado o recurso.

Essas categorias foram escolhidas para fins de identificar características

associadas aos personagens para além daqueles mais imediatamente vinculados com

a categoria “Comportamentos Autísticos”. Essas categorias permitem analisar o

contexto da narrativa, assim como conhecer os personagens nos aspectos

generalizadores da síndrome e distingui-los como pessoas singulares.

3. RESULTADOS

O quadro abaixo mostra de forma organizada as categorias que serão utilizadas

para analisar como os recursos midiáticos trazem a imagem dos personagens com

autismo.

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Quadro 1. Categorias construídas para analisar os personagens dos recursos midiáticos.

Personagens/ Categorias

José Christopher Sam Max Raymond Simon

Recurso midiático O artista autista O estranho caso do

cachorro morto Atypical

Mary e Max: uma amizade diferente

Rain Man Código para o

inferno

Características

23 anos, antes da

internação morava no

porão da sua família,

não fala “direito”.

15 anos, frequenta

escola regular, tem um

rato de estimação.

18 anos, frequenta

escola regular, tem

uma tartaruga de

estimação.

40 anos, sem

emprego fixo, tem

vários bichos de

estimação.

53 anos, sem

emprego, está em um

internato.

9 anos e frequenta

uma instituição de

educação especial.

Interesses pessoais Natureza e

representações visuais.

Investigação da

morte de um cachorro e

matemática.

Gosta da Antártica

e de fazer pesquisas,

quer ter uma

namorada.

Gosta de chocolate

e de resolver

problemas.

Gosta de assistir a um

programa das 17 horas

Gosta de fazer

puzzles e tomar

chocolate quente;

Projetos para o futuro

Possível ilustrador,

visão do narrador.

Astronauta (sonho),

ter uma esposa e ser um

cientista.

Ser um cientista e

conhecer a si mesmo.

Quer cumprir seus

três objetivos. ________________ ________________

Família

Pai e irmão mais

velho são desenhistas,

alto poder aquisitivo,

Pai, logo depois volta

a relação com a mãe.

Mãe é professora,

pai é motorista de

ambulância, irmã está

entrando na faculdade

com bolsa de atletismo.

Não tem. Irmão mais novo

Charlie.

Pai e mãe que foram

mortos.

Relações pessoais _________________

Intimo com o pai e

com a psicóloga da

escola, depois a mãe

Família, psicóloga,

Zahid, Paige. Vizinha e Mary. Charlie. Art.

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Personagens/ Características

José Christopher Sam Max Raymond Simon

Explicação do que é autismo

Explicação em

formato de figura de

linguagem, na qual os

autistas são ilhas e a

sociedade o continente.

_________________

É um distúrbio

neurológico, não uma

doença, por isso o

termo melhora está

errado.

Max explica por

meio de suas

dificuldades, mas é

tratado como doença.

O “tutor” explica que

é uma deficiência

neurológica.

Não tem

incapacidade mental,

são retraídos e não é

difícil ter casos de

genialidade.

Patologia

- Autismo e dano

cerebral nos lobos

temporais.

- Acompanhamento

psicológico e internação

no hospital psiquiátrico.

- Autismo.

- Acompanhamento

psicológico.

- Autismo.

- Acompanhamento

psicológico.

- Autismo e

obesidade.

- Acompanhamento

psicológico e de grupo

para obesos anônimos.

- Autismo.

- Internato.

- Autismo.

-Instituição de

educação especial.

Comportamentos autísticos

Balançar e

isolamento quando se

sente ameaçado.

Gemidos quando

está nervoso; agressão

quando alguém o toca;

isolamento quando não

se sente seguro;

balançar; rotina.

Andar em círculos

quando está pensando

e nervoso;

compreensão literal;

balançar; isolamento.

Balançar quando

tem ataques de pânico;

agressão quando está

com ódio;

compreensão literal;

rotina.

Gritar quando é

forçado a algo;

movimento de

balançar; não olha nos

olhos; rotina; ecolalia;

“genialidade”.

Gritar quando é

tocado; não olhar nos

olhos; balançar; rotina;

fichas de figuras;

ecolalia; “genialidade”.

Percepções dos outros sobre os sujeitos autistas

Deficiente

Intelectual. Esquisito. Esquisito. Esquisito.

Esquisito e

Deficiente intelectual.

Deficiente

Intelectual.

Tempo Década de 80. Década de 90. Atual: 2017. Década de 80. Década de 80. Década de 90.

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Entre todos os recursos utilizados para a elaboração deste trabalho, somente

“Atypical”, “O estranho caso do cachorro morto” e “Mary e Max”, são narrativas

pessoais, sendo assim, os próprios personagens estão contanto a história através do

seu olhar.

Uma categoria bem marcante, foi que as idades dos personagens variam,

desde uma criança a adultos quase considerados idosos. Embora a idade seja bem

diferente, foi possível perceber desde cedo os gostos de cada um, que varia muito,

desde gostar a resolver puzzles a apreciar a Antártica. Os gostos de cada um,

“interesses pessoais” foram percebidos pela sua rotina ou quando o personagem

falava que realmente gostava de fazer aquilo.

Em relação ao “projeto para o futuro”, para cada personagem incluindo José

que foi algo sugerido pelo autor, percebe-se a diferença que cada um visa para seu

futuro. Raymond e Simon não foram identificados projetos, pois são personagens que

falam muito pouco ao decorrer do filme. A linguagem nesses dois filmes é limitada no

sentido de formação de frases faladas, isso foi percebido também em Max, porém sua

comunicação escrita, algo que foi explorado no filme, o permitia expor seus

sentimentos e opiniões.

Com exceção de José, para quem o “projeto para o futuro” foi sugerido pelo

autor, os demais personagens manifestaram seus projetos em suas próprias falas.

Essa diferença se está por conta da própria narrativa, sendo que a do Oliver Sacks

(“O artista autista”) é um estudo de caso, sendo assim, não é José que está contanto

sua história.

A família de cada personagem varia bastante também e ela não está

necessariamente vinculada com as relações pessoais, que está no sentido de

confiança com a outra pessoa. Algo bem forte que foi encontrado nos personagens

que possuem o acompanhamento psicológico é dizer a frase: “O ‘psicólogo’ disse ...”;

isso foi falado por Max, Christopher e Sam nas narrativas mais de uma vez.

No seriado Atypical, a relação entre Sam e sua família é mostrada. Ele sempre

foi colocado como primordial, tanto que a sua irmã Casey nunca teve uma relação

próxima com a mãe, já que ela sempre estava ocupada com o Sam. Algo marcante

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no seriado é que ela possui um cronograma na cozinha de tudo o que ela vai fazer,

além dela anotar suas reuniões com um grupo voltado a “como ter um filho autista”.

A relação pessoal de cada personagem varia muito e ao longo da história essa

relação muda também. Por exemplo, Christopher sempre foi muito próximo do pai,

porém como este traiu sua confiança, ele procurou a mãe e passou a confiar nela; já

com o Sam primeiramente foi com a mãe, irmã e seu amigo de trabalho Zahid, porém

logo depois, o pai conseguiu se aproximar, assim como a Paige; e Max, além da

vizinha que o auxiliava, conseguiu criar uma nova relação com uma pessoa que nunca

viu.

É possível perceber a diferença de como o autismo é tratado nesses recursos,

sendo que há, de uma certa forma, um histórico da visão do que é autismo.

Começando por Mary e Max, que é tratado como uma doença que deve ser curada, e

seguida pelos intermediários que seria uma deficiência neurológica, retração e

genialidade. Os materiais do “O artista autista” e “Atypical” trazem aspectos que

possibilita discussões, como o autista pode ser incluso na sociedade, o que é ser

normal, qual a diferença de doença e síndrome entre outros.

A rotina para esses personagens é bem marcante e vista com clareza, com

exceção de José e Sam. Em relação a José, é um texto de estudo de caso, não

enfatiza tanto aspectos rotineiros como os outros recursos, então não há como inferir

se ele tem uma rotina, entretanto Sam parece ter uma rotina de hábitos considerados

comuns, como ir para escola, trabalho e psicólogo.

Em relação ao Simon, como ele ainda é criança, ele anda com uma ficha de

imagens presa no cinto da calça, contém as informações de sua família, onde mora,

escola e outros. Nessa mesma ficha é onde o Simon anota seus “amigos”, ou seja, as

pessoas em quem confia. O Max possuía quando criança a mesma ficha de imagens,

porém era relacionada com a expressão facial das pessoas ao invés de conter seus

dados pessoais.

Os estereótipos envolvidos nos recursos midiáticos estão relacionados mais

com os filmes antigos, como o “Código para o inferno” e o “Rain Man”. Nesses filmes

Raymond e Simon são autistas que não falam por conta própria e que a repetição de

falas é bem marcante, ainda é mais perceptível em Simon (ecolalia). Quando o

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estereótipo se trata do comportamento autístico em si é marcante em relação a sons,

como gemidos, que o Christopher faz quando há muito barulho no ambiente, e gritos,

que Raymond e Simon fazem quando estão desconfortáveis.

José, Christopher e Sam têm o costume de buscar isolamento quando estão

muito estressados ou desconfortáveis com a situação. Todos esses personagens

mostraram comportamento de balançar o corpo quando há uma situação de muito

estresse, o balançar variou desde posição fetal no chão, batendo as costas na cadeira

e em um canto balançando o corpo para frente e para trás.

Outro estereótipo que foi encontrado nos recursos foram a questão da

genialidade, porém só foi visível em Raymond e Simon. Essa genialidade está

relacionada a habilidade de contar cartas e palitos de fósforos que caem no chão, no

caso de Raymond; e no caso de Simon a genialidade está na sua habilidade de “ver”

o que está escrito no código. Em relação a Simon, no filme explica que autistas

conseguem ver o que está escrito nas criptografias, porém eles não conseguem

decifrá-lo.

Uma característica que todos os materiais possuem é como outras pessoas

que não tem contato com a síndrome veem esses personagens e o comum é a

questão do ser esquisito, a deficiência intelectual está presente também, mas não tão

forte como a “esquisitice”. A deficiência intelectual só é de fato encontrada em José,

já que seu quadro clínico traz danos cerebrais, nos outros personagens o quadro

clínico é o autismo, somente.

Quando se trata de como as pessoas de fora veem os autistas, isso não muda

muito desde 1980, que seria a história mais antiga, até hoje (2017). Essas pessoas

os veem como alguém esquisito e tendem a se afastar, porém no “Atypical” ocorre

algo muito diferente, mostrando a preocupação de algumas pessoas, que não fazem

parte das relações pessoais, com o Sam (como o motorista do ônibus que ligou para

os pais dele quando teve um ataque de pânico), além da escola ter aceitado um Baile

Silencioso para que pela primeira vez ele pudesse ser incluso em um evento escolar.

Nesse mesmo seriado foi bem marcante a fala da psicóloga de Sam. Ela contou

que seu irmão tem autismo, porém ele não consegue falar direto devido ao tratamento

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tardio. Ela fica imaginando se ele tivesse tido terapia desde cedo, se ele conseguiria

falar, e esse foi seu motivo de atender esse público na psicologia.

4. DISCUSSÃO

Um dos critérios para o diagnóstico de autismo apresentado na DSM-V é o

comportamento característico da síndrome, sendo ele os padrões restritivos e

repetitivos (APA, 2014). Esse critério é o que mais chama mais atenção no Transtorno

do Aspecto Autista, e no caso, é um dos aspectos mais explorados pela mídia, visto

que em algum momento da história contada nesses recursos midiáticos houve a

exploração deste tópico, seja pela rotina e comportamentos estereotipados como

pelos surtos de ansiedade.

As mídias exploram bastante o comportamento incomum, como o de estresse

visto em Sam que fica andando em círculos e de Christopher, Simon e Raymond que

tem o costume de gritar. Em Christopher é bem marcante o modo incomum de ver o

mundo, visto que o livro foi escrito a partir de sua visão, sendo marcante ele determinar

se um dia vai ser muito ruim quando ele conta quatro carros amarelos na rua.

Segundo a APA (2014), há diferente níveis de autismo, sendo do mais leve ao

mais severo, isso é facilmente identificado nesses recursos pelo modo de como os

personagens interagem com outras pessoas. Christopher, Max e Sam têm o autismo

mais leve, visto que eles se comunicam mais com as pessoas, já Raymond é um caso

mais severo visto que não consegue conversar com as pessoas. Em relação a José e

Simon não tem como inferir, pois, José possui um quadro clínico que vai além do

autismo e Simon ainda é criança, ou seja, ainda está desenvolvendo a fala.

O filme “Código para o inferno” traz de uma forma muito clara a rotina e os

movimentos estereotipados e repetitivos realizados por Simon, principalmente quando

toda vez que ele entra na sua casa ele fala “Mãe, Simon chegou” e vai preparar um

chocolate quente. Segundo Oliveira (2003), esse tipo de fala é conhecido como

ecolalia, que consiste na repetição do que o outro fala ou na repetição de sua própria

fala e que é frequente em crianças com autismo.

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Segundo Saad e Goldfeld (2009), a ecolalia pode não representar comunicação

deixando a fala estereotipada, porém ela não deve ser inibida. Em vários estudos com

portadores de autismo, quando há mudança estrutura na frase ecoada, é quando há

indícios de intenções comunicativas, por esse motivo, ela não pode ser reprimida. O

uso da ecolalia é o primeiro passo para alcançar falas mais criativas.

O Raymond também utiliza da ecolalia, porém com uma frequência muito

menor, visto que ele é bem mais velho que Simon que possui apenas 9 anos. Segundo

Baldo e Guimarães (2007), em vários quadros autísticos podem haver

desenvolvimento e progresso, inclusive essa questão da linguagem, mas somente se

houver estímulo adequado e um bom acompanhamento psicológico para o indivíduo,

bem como uma orientação familiar adequada.

O comportamento que foi comum a todos os personagens foi o balançar, porém

esse comportamento não é algo repetitivo, mas sim que acontece sob uma

determinada situação na qual o personagem não sabe como reagir ou lidar com suas

emoções. Parece ser um comportamento que sucede o isolamento. Segundo Barros

e Fonte (2016), esse comportamento de balançar é um indicativo de que foi percebido

algo no ambiente pelo autista, sendo uma forma de comunicação, o que vai contra as

ideias de Kanner, que traz os portadores de autismo como pessoas que não

respondem a nenhum estimulo externo (ASSUMPÇÃO JÚNIOR, 1995).

Acreditamos que o ‘não’ representado por estereotipias motoras, por gestos emblemáticos, por vocalizações, pelo desvio do olhar, entre outros recursos multimodais, marca a presença do autista na linguagem, mesmo que de maneira estranha (BARROS; FONTE, 2016, p.753).

Esses autores discutem sobre a linguagem dos autistas e defendem que essas

pessoas possuem uma linguagem, que eles interagem com o ambiente que está ao

seu arredor, porém de uma maneira diferente da que estamos acostumados a lidar.

Esses comportamentos de comunicação diferenciada é mais encontra em Simon,

visto que ele está no início de seu desenvolvimento, enquanto que os outros

personagens são mais velhos.

A orientação familiar só é vista no seriado “Atypical”, na qual além do Sam ir

para o psicólogo, a sua mãe frequenta um grupo de orientação para quem tem filhos

com autismo, e no final da primeira temporada, o pai também começou a frequentar

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um psicólogo. Participar de grupos de apoios é importante para os familiares

aprenderem como lidar com a criança e também com seu lado emocional, visto que,

o reconhecimento de suas frustações e raivas é um processo de adaptação (BOSA,

2006), por esse motivo, os grupos de apoio auxiliam famílias superarem uma situação,

além de haver o compartilhamento de experiências.

Segundo Baldo e Guimarães (2007), a mídia tem que tomar cuidado ao trazer

indicações de que a internação intensiva irá eliminar todos os sintomas e sinais

autísticos da pessoa, dando a falsa ilusão de que há cura para o autismo. Isso

acontece em Mary e Max, que a época que envolve o enredo trata essa síndrome

como uma doença, por isso Mary vai para a faculdade para estudar o autismo e

conseguir desenvolver uma cura para essa doença neurológica. Em uma cena, Max

explica que não se sente doente para precisar de cura, como seu psicólogo dizia, ele

havia explicado isso a Mary quando ainda era criança.

Esse filme é o único, dos materiais selecionados, em que a sociedade possui e

visão de que o autismo é doença, sendo assim, o filme traz os conflitos de se

considerar o autismo como uma “doença tratável”, nos outros materiais o autismo é

explicado como uma deficiência ou distúrbio neurológico. Esse aspecto está bastante

vinculado com o processo do conhecer a síndrome, visto que antigamente na época

de Kanner, era classificado como uma doença psíquica (ASSUMPÇÃO JÚNIOR,

1995) para depois ser classificada como uma síndrome: autismos ou como espectro

autista (GRINKER, 2010).

O aspecto que também chama muita atenção da população é a questão da

genialidade dos indivíduos, que está associada a questões de resolver problemas de

matemáticas difíceis ou de conseguirem fazer contas muito rápidas. Por mais que

esse aspecto seja muito conhecido em pessoas com a síndrome, são poucos os

portadores que têm essas conhecidas super-habilidades, porém elas se encontram

em maior frequência em pessoas com autismo (KLIN, 2006).

Segundo o autor, essa super-habilidade está relacionada com a Síndrome de

Savant que é um distúrbio psíquico associado com uma grande habilidade intelectual

e de memorização aliada com um déficit de inteligência. Dentre os personagens,

somente Raymond e Simon possuem essa considerada super-habilidade, visto que o

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primeiro conseguiu contar e prever as cartas do jogo 21, além dizer os números exatos

de fósforos caídos no chão; e Simon conseguiu “decifrar” a mensagem criptografada.

Os outros personagens, por mais que tenham facilidade em relação a algum

tema como matemática para Christopher, o Sistema Antártico para Sam e resolver

puzzles para Max, eles não são considerados gênios, visto que as mídias exploram

essa característica no sentido de que eles pesquisam e buscam saber mais sobre os

temas. Sendo envolvendo o esforço de estudo, não é considerado uma super-

habilidade.

Comparando esses recursos midiáticos, percebe-se que não há mulheres com

autismo nos materiais analisados. De acordo com a DSM-V (APA, 2014), o autismo

em mulheres é muito mais difícil de diagnosticar, visto que quando a mulher não

apresenta deficiência intelectual (o que é comum para caso de mulheres com autismo)

as manifestações do autismo são muito mais sutis, como dificuldades sociais e na

comunicação.

Uma característica da síndrome que chama atenção e fica estereotipada é em

relação à interação social. O autismo fica na mente das pessoas como se ele fosse

um ser alienado que interage somente com objetos (OLIVEIRA; HEMMEL, 2011),

porém vendo todos esses recursos é possível ver todos os tipos de interação que

essas pessoas possuem, desde com a natureza, como José, como realmente ter laços

de amizade, principalmente visto com Sam.

Muitos personagens possuem seus projetos para o futuro e percebe-se que

estes são muito variados, principalmente em relação ao emprego que eles visam. Por

meio dessas variáveis escolhidas, é possível notar que essas pessoas não estão a

parte da sociedade, quebrando um pouco da ideia de que eles são pessoas excluídas,

sem interação social e que possuem uma vida sofrida e cruel (CAVALCANTI; ROCHA,

2007).

Nesses recursos midiáticos não houve a participação de professores, pelo

menos não de uma forma que pudéssemos ver suas ações em relação aos autistas,

tirando um aspecto sobre o baile de escola retratado no Atypical, mas que não

envolvia a relação do professor e do aluno com autismo. Segundo Pimentel e

Fernandez (2014), os professores não se sentem preparados para esses alunos e

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precisam de formação adequada para que haja uma maior participação em atividades

escolares, bem como na escola não recursos para tal inclusão, como o currículo. No

Atypical, essa participação acadêmica foi uma iniciativa de uma aluna que levou ao

conselho escolar essa proposta de um “Baile Silencioso”.

Mesmo no Atypical, que envolve questões sobre a participação dos portadores

de autismo e o próprio conceito da sindrome, ele também retrata a visão “comum” das

pessoas, de ser alguém com retardo mental. Segundo Smeha e Cezar (2011), essa

visão pode gerar muitos preconceitos e os pais sentem isso, por esse motivo, tendem

a tirar seus filhos da escola, além de sofrerem angustias e anseios sobre não ter

escola que os aceitem.

Segundo as autoras, os pais, ao terem uma criança com autismo, fragiliza todas

as suas expectativas e sonhos para a criança, já que é muito discrepante o filho real

do idealizado, e isso se torna mais frágil quando outros se sentem incomodado com a

presença de autistas. Um aspecto marcante em Atypical, com o abandono do pai, mas

voltou; e de Christopher, que no caso o pai relata que a mãe o abandou.

Por esse motivo, as mães (na maior parte do caso, dedicam mais tempo

cuidando do filho, abandonado até empregos) é essencial a troca de vivências

coletivas, seja por grupos presenciais ou em redes sociais (SMEHA; CEZAR, 2011).

Isso se aplica a mãe de Sam, que parece ter largado o emprego para dar mais atenção

ao filho e, como já dito antes, compartilha suas vivências com um grupo de pessoas.

Normalmente as mães não se sentem seguras em deixar seus filhos seguir a

vida independentemente, como é visto em Atypical. Elsa acredita que ele não seja

capaz de tal feito, porém após Christopher enfrentar todos seus medos,

principalmente de andar sozinho de metrô o próprio personagem diz que ele é capaz

de qualquer coisa, inclusive de seguir seu sonho de ser um cientista e viver sua vida.

Segundo Sacks (1997), as pessoas com autismo não são inúteis como visto

pelas pessoas que negam suas capacidades, eles têm a condições de retribuir para a

sociedade, mas esta teria que dar oportunidades e suportes para que essas pessoas

atuem nos diferentes espaços sociais, ao invés de ficarem em alas psiquiátricas,

sendo ignoradas e desconsideradas.

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5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

A partir das análises feitas foi possível quebrar alguns estereótipos em relação

a imagens dos portadores de autismo e só foi possível fazer isso, por conta do uso de

diversos recursos midiáticos. Esses conjuntos de características de cada personagem

permitiram descontruir a ideia de que todo portador é igual e reforça a ideia da

singularidade de cada pessoa, tanto como suas relações estabelecidas como

aspectos da própria síndrome.

Os recursos que mais possuem possibilidades de discussão e trazem um

quadro tão amplo, desde os comportamentos até a sociedade se envolvendo com os

personagens, são o capítulo do livro “O artista autista” de Oliver Sacks e o seriado

“Atypical” do Netflix. Eles possuem vertentes similares sobre a inclusão de autistas na

sociedade e no caso do Atypical, a escola inteira se mobilizou para que fosse possível

a participação de Sam, mostrando caminhos de como essas pessoas podem participar

de eventos escolares e da sociedade.

Analisar esses recursos midiáticos, dando mais ênfase nos dois citados a cima,

na formação de professores é muito importante para que eles tenham alguma base

do que é autismo, mas ao mesmo tempo, as discussões dessas mídias possibilitam

uma visão não estereotipada desses indivíduos. Levando essas visões para os

professores, ela pode se expandir, tanto de projetos envolvendo uma maior inclusão

dos eventos escolares, como possibilita discussões em sala sobre o autismo com os

alunos.

Quebrar estereótipos também faz com que minimize os preconceitos

envolvidos, melhorando as relações da sociedade com quem não é considerado

“normal”, como no caso de autistas e outros casos que envolvam inclusão.

Embora a formação de professores seja um dos primeiros passos para que haja

a quebra de estereótipos envolvendo autistas, a escola e o Governo precisam

sustentar essas mudanças, já que para que autistas façam parte realmente da

sociedade é necessário que ocorra mudanças nas estruturas escolares e sociais,

como por exemplo quebrar a ideologia que os alunos possuem o mesmo rendimento

escolar e tenham um “bom comportamento”.

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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APÊNDICE

APÊNDICE A – Resumo dos materiais midiáticos analisados

1. O artista autista (Oliver Sacks)

A história começa com José já na sala de Oliver Sacks que havia pedido a ele

para desenhar um relógio. José se concentrou e desenhou um relógio muito parecido

com o verdadeiro, incluindo todos os detalhes, impressionando Oliver que supôs que

ele não era só autista nem um retardado, como havia dito a servente. José só foi ter

outra consulta com ele após alguns ataques, para conseguir tomar o remédio

anticonvulsivos, depois disso, não marcaram mais consultas com ele.

Oliver curioso por saber mais desse paciente pediu para marcar uma visita e

que mandassem a ficha médica completa. No consultório, José desenhou, a pedido

de Oliver, duas pessoas em uma canoa ao pôr-do-sol de um lago com base em um

panfleto. Ele fitou uma vez a imagem do panfleto e depois somente fez o desenho,

sem olhar novamente para a referência. Oliver fez uma análise do desenho,

concluindo que José havia posto um toque de drama na figura, que não continha no

original, mostrando a capacidade de imaginação e de criatividade de José. Ele fez o

mesmo com o desenho da truta, colocando um olhar humano no peixe.

Com esses desenhos, Oliver começa a pensar sobre como a literatura traz o

autismo. Nunca é retratado a criatividade e o lado pessoal dessas pessoas, as

habilidades são frias e com bases em reproduções, até autistas que sabem desenhar,

só copiam o que veem, isso é o que a literatura traz, fazendo uma relação com “ilhas

isoladas”. O autor volta para o caso de José, e após olhar as fichas, ele descobriu que

José possuía danos cerebrais principalmente nos lobos temporais.

Oliver queria se encontrar mais vezes com José, porém a família não respondia

por conta das convulsões e surtos do paciente. Depois desse episódio houveram mais

encontros para José desenhar até que ele foi mandado para uma internação completa

por conta da mãe não conseguir mais cuidar dele. Quando ele foi para essa Instituição,

quando Oliver foi visita-lo, achou que ali seria um lugar melhor do que o porão de sua

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casa, e ele possuía recursos para sua pintura. Ele chamou José para um passeio no

bosque do local.

No final, Oliver retoma sua figura de linguagem, do autismo ser uma ilha e a

sociedade ser o continente. José um dia já fez parte do continente, mas por conta de

várias implicações ele se tornou uma ilha conectado apenas com a natureza. Ele

questiona se José sentiria falta do continente, mas no final, ele comenta sobre a

sociedade poder proporcionar um emprego de desenhista.

Para tal feito, a sociedade teria que se adequar ao José, já que ele não poderia

trabalhar do mesmo jeito que as pessoas trabalham, muito barulho, pressões, carga

horária pesada, e outros empecilhos.

2. O estranho caso do cachorro morto (Haddon)

A história é narrada por Christopher, um menino de 15 anos que mora com seu

pai em uma vizinhança que ele sabe quem são todos os morados, porém nunca falou

com nenhum deles. Como é ele que conta a história, indicada por Shibon sua

psicóloga, o livro não possui páginas e os capítulos são numerados por números

primo, visto que ele gosta desses números.

Tudo começa quando Christopher encontra o cachorro Wellington de sua

vizinha morto em frente a casa dela, ele corre para abraça-lo e acaba se envolvendo

em um desentendimento com um policial, visto que o policial agarrou Christopher e

ele o agrediu para soltá-lo. Ele resolve investigar o assassinato do cão, pois para ele

quem mata um bicho e um ser humano devem ser punidos igualmente, por isso vai

preso, mas logo é solto e está mais que determinado a descobrir o assassinato.

Seu pai, parece não saber lidar com ele, e acaba confiscando seu caderno de

investigação, onde ele havia começado a escrever o livro sobre o assassinato (onde

nasce este livro). Christopher mora somente com seu pai e com um porquinho da índia

chamado Toby, ele deu início a essa investigação, pois sempre gostou muito dos

contos de Sherlock Homes, como o pai havia confiscado seu caderno ele foi procura-

lo no seu quarto.

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Com essa busca ele acaba achando mais coisas para investigar, como

aspectos sobre sua mãe que até então estava morta. Em uma caixa ele encontrou

seu caderno e junto com ele várias cartas de sua mãe com data “pós-morte”, sendo

assim, ele também resolve investigar.

Em nenhum momento do livro o autor cita sobre a síndrome do autismo, mas

percebe-se que Christopher tem TEA por conta de suas características exploradas ao

longo do livro e pelo fato de perceber do leitor também conseguir perceber que ele é

diferente. Mas a vida de Christopher não está somente na investigação, o autor

explora aspecto escolares do menino.

Mesmo com as investigações ocorrendo, ele não para seus estudos. Frequenta

uma escola comum, parece que Siobhan é a mentora e professora de Christopher.

Ele gosta muito de matemática, não gosta de amarelo nem de marrom, e por isso,

também não come nada com essas cores e não come a comida quando os alimentos

diferentes se encostam.

As cores também estão relacionadas com a previsão de dia ruim ou de dia bom,

caso ele conte, de cinco a três carros vermelhos o dia será bom e caso sejam e quatro

amarelos significava um dia muito ruim. No dia ruim ele não falava com ninguém e

não comia para não se arriscar, nos dias “muito bom” era os dias que ele se arriscava,

saia um pouco da rotina, como quando foi falar com sua vizinha sobre o cachorro

morto.

O autor explora uma relação de confiança entre o pai e o Christopher, é visto

no zoológico principalmente, que ele sabe o que significa amar e ele demostra isso

com seu pai dando as mãos e entrelaçando os dedos. Porém quando, ele descobre

que seu pai mentiu sobre sua mãe e que matou o cachorro da vizinha, ele o reconhece

como estranho e se esconde quando o pai está por perto.

Nesse processo de se esconder, ele achou melhor tomar uma decisão de ir

morar com sua mãe em Londres. Então, arrumou sua mala, colocou o Toby no bolso

e foi sozinho de metro para a casa dela. Ele estava com tanto medo de ficar com seu

pai, que não se importou de fazer coisas diferentes, nem passou mal como o de

costume, porém evitou falar com estranhos e consequentemente andou da estação

até a casa da mãe na chuva.

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Na ida, houveram muitas intrigas por conta do filho ir morar com a mãe, já que

o namorado não o queria lá. Enquanto isso, o pai foi atrás do filho para restaurar sua

confiança, mas parece que no final ele continua morando com a mãe e visita o pai.

A história é contada em uma certa ordem cronológica, porém muitos capítulos

retomam o passado e possui alguns exercícios de matemática para mostrar o

pensamento e como funcionaria a mente de Christopher.

3. Atypical (Netflix)

O seriado conta a história de Sam que um autista de 18 anos. Ele frequenta

uma escola comum e mora junto com seus pais, Elsa e Doug, e irmã Casey. Ela

começa com Sam querendo uma namorada para ele, a mãe reage de uma maneira

super protetora dizendo que ele não vai conseguir lidar com o rompimento e não quer

que ele seja independente, já o pai apoia um pouco a decisão do filho. O pai não

parece ser muito próximo de Sam, visto que sempre foi a mãe que cuidou dele, e

nesse momento percebe-se uma aproximação para falar sobre garotas.

Sam faz muitas comparações ao longo do seriado com pessoas e animais,

especificamente dos pinguins, ele explica que é a maneira que ele consegue explicar

algumas coisas que ele não entende, que no caso é sobre relacionamento. Ele

conversa mais com a psicóloga sobre suas dúvidas por meio de questionários que

estava sendo anotado em seu caderno. Antes de conversar com seu pai sobre

garotas, ele estava andando em círculos no quarto que é um comportamento

substituto de gritar e bater.

A mãe foi compartilhar sua história no grupo de pessoas que possuem filhos

autistas e comenta que Sam nunca terá uma vida como aquela (de independência ou

de uma pessoa comum). Buscando isso, Sam resolve ir com a mãe comprar suas

roupas e chama um amigo para ajuda-lo, acaba escolhendo uma camiseta de baleia

e uma jaqueta. Com aproximação do filho, o pai também resolve ir para esse grupo

de apoio, mas a mãe não gosta muito.

Sam na verdade queria namorar sua psicóloga, por isso queria antes ter uma

namorada para estar pronto para ela. Ele acaba namorando Paige, que realmente

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gosta dele, no início Casey não gosta muito de Paige por conta da possibilidade dela

ferir os sentimentos do irmão. Ela também descobre que o seu pai havia deixado a

família por conta de Sam não ser uma criança que demostrasse sentimento, mas logo

foi restaurado a confiança de Casey com seu pai.

A família em si, parece ser comum, porém o namorado de Casey nota que há

problemas na família e acaba expondo isso a eles por ficar muito incomodado em não

dar importância para a filha. Os pais sempre priorizam Sam deixando Casey de lado,

inclusive não vendo a sua corrida por problemas com Sam ou até mesmo não

importando dela conseguir uma bolsa de estudo em um colégio muito melhor.

No relacionamento de Paige com Sam, Paige dava cartões para que Sam

evitasse falar da Antártica, já que ele falava sobre isso e como ela fala muito, ele se

sente muito incomodado o que causa algumas confusões. No final, eles acabam

terminado, porém Paige ainda se preocupa e quer fazer algo para que Sam consiga

participar de algum evento escolar.

A sua proposta foi de um baile silencioso que possui hadfones doados

conectados por Bluetooth ao som do DJ, na convocação de uma reunião escolar com

pais e professores, ela mostra essa proposta que é bem aceita, com uma exceção

dizendo que o mundo não gira em torno de Sam e que o momento mais importante

de sua filha seria “arruinado”. No final, ela é convencida e a mãe de Sam faz o cabelo

de todas as meninas para o Baile de Inverno e Sam pela primeira vez participa de um

evento escolar.

4. Mary e Max: uma amizade diferente (Coombs e Elliot)

O filme começa em Nova Iorque, uma cidade de cor acinzentada e barulhenta.

Nessa cidade mora Max, um homem de meia idade que mora junto com alguns

animais em um apartamento. Esse homem notou e decorou a hora exta que seu peixe

havia morrido, capturou algumas moscas que havia ao redor e guardou em um pote

na despensa, e saiu para comprar outro peixe idêntico.

Max possuía poucas falas e um narrador que é a voz principal desse cenário.

No ponto de ônibus o narrador fala: “Max tinha dificuldade de entender sinais não

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verbais, achava a maioria das pessoas confusas”, quando Max senta próximo a uma

mulher. No mesmo período do outro lado do mundo, uma menina, Mary, australiana

vive com sua família, uma mãe embriagada e um pai que se tranca no porão para

fazer taxidermia. Mary não tinha muitos amigos e vivia sozinha, por isso decidiu

mandar uma carta aleatória para um endereço encontrado na lista telefônica.

Mary pergunta na carta sobre várias coisas sobre a vida que ela não conseguia

entender, como por exemplo o amor, da onde vinham os bebês, perguntas curiosas e

pessoais que ela não tinha para quem perguntar. Ao receber a carta Max fica

apavorado, pois as perguntas o deixavam ansiosos e era algo que te tirava do

conforto, por isso, ficava em um canto segurando a cabeça e mexendo o corpo para

frente e para trás. Depois de ter superado esse ataque que durou 18 horas encarando

através da janela, Max responde Mary, com dados precisos da sua história e o que

tinha em sua casa, e um dos itens foram oito moletons da mesma cor e tamanho. Ele

contou a Mary seus diversos empregos que variaram entre empregado de fábrica e

catador de lixo, mas teve um emprego que ele foi jurado de tribunal, porém perdeu o

cargo por descobrirem que ele fazia tratamento mental.

Nessa carta ele comenta sobre as pessoas rirem dele na primavera, por conta

de um trauma com um corvo que atacou sua cabeça aos 9 anos, ele usa todo dia de

primavera um capacete desde então. Fala sobre seus gostos e desgostos. E assim

cresce uma amizade, por mais que a cada carta Max continuasse tendo esses ataques

de ansiedade. E foi aí que Max experimentou algo novo pela primeira vez em anos,

comer uma lata de leite condensado já que Mary havia dito que gostava muito.

O tempo foi passando e vários eventos foram ocorrendo, a paixão por seu

vizinho. Max falou que havia desistido do amor e do romance porque não era algo que

ele compreendia e era algo alógico, por isso ele não conseguiu ajuda-la com essa

questão. Max teve um ataque de ansiedade severo e por conta da obesidade e da

depressão, ele acabou ficando 8 meses internado. A vizinha sempre o ajudou e foi ela

que manteve sua casa enquanto estava internado.

Max desistiu por um tempo de falar com Mary, optou pela “organização e

ordem”, pois não queria ser internado novamente por conta das cartas. Nesse tempo

aconteceu um acidente, seu ar condicionado caiu em cima de um mimico, mas ele

não foi preso por homicídio culposo por ser deficiente mental. Ele ganhou na loteria e

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gastou com um estoque de chocolate para a vida toda e comprou a coleção completa

de bonecos de um desenho, atingindo dois de seus objetivos da vida (o terceiro era

ter um amigo), o resto do dinheiro ele deu para sua vizinha e para um abrigo de gatos.

Sentia a falta de Mary, pois ela que trouxe a sensação da verdadeira amizade, com

isso seu amigo imaginário companheiro saiu e não voltou mais, Max conversa com

seu psicólogo que diz para escrever uma carta para ela.

Ele escreve para Mary sobre sua situação, e só descobre que tem autismo

quando fica internado. Explica para Mary que é uma “doença neurobiológica

generalizante relacionada ao desenvolvimento”, ele lista as características na carta:

“1. Acho o mundo muito confuso e caótico, pois minha mente é muito literal e

lógica; 2. Tenho dificuldade de entender a expressão facial das pessoas, quando era

mais jovem fiz um livro para me ajudar quando estivesse confuso, ainda tenho

problemas de entender algumas pessoas [...]; 3. Minha letra é feia, sou hipersensível,

desajeitado e posso ficar muito preocupado; 4. Gosto de resolver problemas [...]; 5.

Tenho dificuldades de expressar minhas emoções, Dr. Bernard disse que meu cérebro

é defeituoso, mas um dia irá ter cura para minha doença. ”

Nessa carta Max fala que se incomoda muito quando seu psicólogo fala que

ele é doente, pois ele não se sente assim, uma pessoa doente, defeituosa ou que

necessite de cura. “Eu gosto de ser ‘Aspies’, seria como se tentasse mudar a cor dos

meus olhos”. A partir dessa carta a amizade deles foi ressuscitada. Nesse período

Mary cresceu e utilizou a herança de seu pai (que havia morrido) para ir para faculdade

e estudar as doenças da mente. Após a morte de sua mãe, Mary se aproximou de seu

vizinho que se casaram logo depois.

Mary se formou e dedicou sua vida para “curar o mundo das doenças mentais”,

sua tese foi sobre a síndrome de Asperger utilizando Max como seu estudo de caso,

logo essa tese foi transformada em livro. A primeira cópia foi mandada para Max e na

contracapa havia um recado dizendo que ela iria curar sua doença e iria visita-lo para

comemorar o avanço dessa cura. Max sentiu muita raiva, ele escreve uma carta

falando de seu desconforto, mas ele joga fora e envia somente uma tecla “m” de sua

máquina de escrever.

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Mary destrói seus livros e entra em depressão. Max começa a ficar muito bravo

por conta das pessoas jogando lixo no chão e somando com o caso de Mary, ele

acaba agredindo um mendigo por jogar lixo no chão, mas o solta por pedir desculpas

e deixa de ficar com raiva. Depois dessa situação, Max envia uma carta junto com sua

coleção de bonecos, e entrega na caixa de correio com um sorriso no rosto após

treinar no espelho comparando com seu livro de expressões.

Nesse tempo, Mary tenta se matar, mas desiste para atender a porta que era a

caixa que Max havia mandado. Depois de um ano, com um bebe Mary vai para Nova

Iorque visitar Max, porém ele estava morto no sofá de casa com uma lata de leite

condensado. No apartamento, Mary vê que Max grudou todas suas cartas no teto e

morreu olhando para elas.

5. Rain Man (Johnson e Levinson)

O nome do filme está vinculado com o amigo imaginário que Charlie tinha

quando era criança. Quando adulto, Charlie cuida de uma concessionária que está

falindo. Seu pai morreu e no testamento diz que ele levou somente o carro e as rosas

premiadas, o dinheiro foi dado para outra pessoa. Charlie vai procura-lo em uma

Instituição de Deficientes, Raymond entra no carro, sem se apresentar, e diz que seu

pai deixava-o dirigir toda segunda feira.

Nessa conversa Raymond diz como era o banco do carro, incluindo todas as

informações relacionadas a ele, como as informações presente no manual, endereço

que morava, data da morte de seus pais. Charlie achou estranho e perguntou para o

enfermeiro: “ - Ele é louco? – Não. – Retardado? – Não exatamente. – O que ele tem?

Ele é um autista sábio, esse termo antes era idiota sábio. ”

O enfermeiro explica Raymond tem deficiências e habilidades, o que faz dele

um autista autofuncional, já que ele tem dificuldades para entender emoções e para

se comunicar. Ele usa a rotina para se proteger, comer, falar, e outras coisas. Quando

Charlie mexe em seus livros, Ray geme e repete a fala de que ele é uma visita

inesperada. A Susana, namorada de Charlie, foi tocar em Ray e ele desvia, com isso,

ela fica surpresa e pergunta para o enfermeiro, que disse que Ray parece não se

importar com as pessoas.

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Charlie resolve levar o Ray pra Los Angeles, quase como que um sequestro já

que envolvia 3 milhões de reais. Chegando no hotel, Ray pede para alterar a

configuração dos moveis e os pratos que vai comer durante a semana, no mesmo dia

Charlie discutiu com a Susana que saiu do hotel. No dia seguinte, Charlie liga de um

central telefônica para o advogado que cuida das financias da família exigindo metade

do dinheiro, Ray fala que decorou os nomes da lista telefônica até o G.

No mesmo local, a secretaria havia derrubado palitos de fosforo, que foi quando

Ray contou, ou escutou, rapidamente os palitos caídos no chão. Durante esse tempo,

ocorreu problemas em sua empresa e Charlie precisava voltar para LA (eles estavam

próximo a Instituição), ele tenta ir de avião, mas Ray grita ao se aproximar, pois ele

tem medo de andar em coisas perigosas. Foram de carro, dava alguns dias de viagem,

no meio da estrada teve um acidente e Ray saiu do carro correndo, ele recusou a

entrar no carro por conta de ser perigoso.

Ray foi andando até o hotel com Charlie atrás dele de carro. Tiveram uma

discussão sobre as cuecas que Ray não usaria e ele resolveu leva-lo para um

psicólogo próximo. Lá o psicólogo diz para Charlie ficar longe de Ray, já que não

compreende sua síndrome e pergunta se ele tem alguma habilidade especial, além

de comentar que a maioria dos autistas não sabem falar. Ele explica que mesmo que

ele tenha essa habilidade, ele não consegue utilizá-la em outros contextos, como

contar dinheiro e saber o valor de objetos.

Eles voltam para o hotel, e Ray vai ver um programa que conta uma piada,

Charlie revida que ele nunca vai entende-la, já que não é uma charada. Começou uma

discussão e Charlie descobre que Ray e seu irmão, pois quando criança o chamava

de Rain Man ao invés de Raymond. Sua empresa foi confiscada pelo banco e Charlie

resolve ensinar Ray a contar cartas para irem a um cassino.

Chegando no cassino, os seguranças começam a prestar atenção neles, já que

haviam ganhado muito dinheiro com o jogo 21 (80.000 dólares). O filme enfatiza o

gerente do cassino falando que era impossível alguém contar seis baralhos, antes dos

seguranças chegarem, Ray sai da mesa para jogar a “Roda da Fortuna”, mas não

conseguiu calcular e perdeu um pouco do dinheiro. De noite, Charlie estava muito feliz

e estavam no bar do cassino, uma mulher paquerou Ray, que a chamou para sair.

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Charlie ensinou ele a dançar, depois foi abraça-lo, mas ele gritou. No encontro

a menina não apareceu e Susana da um beijo no elevador, parece que por pena. No

final do filme, Charlie tenta conseguir a guarda do irmão, porém os advogados dizem

que ele não tem capacidade de cuidar dele. Nessas discussões, o advogado havia

dito que Ray não tem capacidades de tomar decisões, que ele não consegue escolher

onde vai ficar. Sendo assim, Ray volta para o Instituto.

6. Código para o inferno (Grazer e Becker)

O filme começa em uma cena na qual ladrões invadem um banco e mantém os

reféns no local, após várias discussões entre ladrões e policiais, a polícia invade e

começa a atirar. A cena muda e vai parar em um centro neuropsiquiátrico, Simon

estava de pé vendo o mapa e a professora pediu para que ele se sentasse junto aos

outros, essa mesma professora pediu para que ele olhasse nos seus olhos enquanto

estavam falando. A cena volta para os policiais, Art que estava disfarçado com esses

ladrões começa a discutir com departamento já que haviam matado todos que

estavam lá.

Simon voltada para sua casa com um ônibus escolar com os estudantes desse

centro, ele olhava para sua cartilha que continham imagens: da mãe, pai, casa com

endereço, sua professora, fogão e de uma caneca de chocolate quente. Quando

chega em casa, toca a campainha até a mãe atender e quando ela abre a porta Simon

fala olhando em outra direção: “Simon chegou”. Eles entram e vão direto para a

cozinha, eles preparam um chocolate quente e Simon fala: “Cuidado... está quente...

tome devagar...”, e sobe para seu quarto.

No quarto Simon começa a fazer os puzzles de uma revista que a professora

havia te entregado, começa com um labirinto e depois faz o puzzle 99 sobre

decodificação que continha a mensagem indicando o número de telefone que deveria

ser ligado caso a pessoa o resolvesse. Simon conseguiu e ligou para tal número, falou

sobre o puzzle 99 e desligou. Logo mais seu pai chega em casa, vai para seu quarto

e pede para ele ir dormir, o Simon sai de sua escrivaninha para sentar no colo do seu

pai, apoiando a cabeça em seu peito, logo ele dorme.

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Enquanto isso, o centro que Simon havia ligado mais cedo estava tendo

discussões, pois o código era para ser secreto já que poderia comprometer todas as

operações americanas e que haviam investido muito dinheiro nesse sistema. O chefe

comentou que a criança com deficiência mental conseguiu ler a criptografia, um dos

homens falou que não é deficiência, mas são pessoas retraídas e que não é difícil eles

serem gênios, “eles não decifram códigos, eles veem”. Com isso, o chefe falou que

não irá dar proteção à criança, já que não quer ter vínculo com ela.

Enquanto isso, na casa de Simon um homem disfarçado de agente do governo

entra na casa atirando nos seus pais. Ele sobe em encontro a Simon que estava em

seu quarto sentado no chão balançando o corpo, o pai tentou ligar para a polícia o que

fez esse homem descer, mas o pai já estava morto, e quando ele subiu novamente

Simon havia desaparecido. Esse homem foi embora e logo depois o FBI apareceu

dando o caso como homicídio-suicídio, justificando o ato pelo fato do filho deles ter

retardo mental: “É difícil lidar com uma criança assim”.

Art entra na casa e começa a procurar a criança, foi para o quarto dela e o seu

rádio começou a apitar, e como resultado Simon começa a imitar o som, ele o tira de

seu esconderijo e ele começa a gritar, e voltou para o jogo que estava jogando antes

de se esconder. Eles chamam uma ambulância, quando lá dentro Simon grita e se

debate muito na maca, o Art pede para desligar a sirene e com isso Simon também

para de gritar, mas volta quando ele diz que é seu amigo.

No hospital o prenderam na cama e a enfermeira deu injeção para acalmá-lo.

Ela explica qual é o quadro de Simon, já que ele não sabia o que é autismo, suas

emoções são extremas e eles ficam assucatados e confusos facilmente. Nisso ele foi

mudado de ala, por conta do perseguidor, fingindo ser seus pais, gerando uma

perseguição no hospital até o trem. Eles foram se abrigar na casa da amiga do Art, na

qual Simon ficou rodando a roda de um carrinho até a mulher chama-lo para jantar,

que comeu enquanto balançava seu corpo.

Eles dormiram no carro para que ela não fosse envolvida, Art adormeceu e

Simon saiu do carro. De manhã, Art foi procura-lo e encontrou em uma rua distante

dali, Simon deu as direções para Art e no final pararam em sua casa. Quando chegou

em sua casa, ele fez a mesma coisa no começo do filme e foi para o quarto ver sua

revista de puzzle, nisso o mesmo programa manda um e-mail criptografado.

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Eles vão tomar café e Art o deixa com uma mulher para conseguir encontrar a

pessoa que mandou o email. Nessa conversa, o perseguidor mata essa mesma

pessoa no meio da rua. Art vai de encontro com Simon, que mostra uma câmera do

banco que estava virada para o mesmo local do assassinato. Depois das

investigações, o chefe de Art pergunta do porque ele está fazendo isso e ele responde:

“olhe para ele, parece um menino normal. Bastou um pequeno circuito ser cruzado.

Ele seria inteligente, ir estudar ter uma namorar, viver tranquilo...”.

No final do filme, mostra que o chefe de segurança nacional que foi responsável

pela morte dessas pessoas e vai preso pelo FBI. Simon é adotado e volta para a

mesma “escola especial” que frequentava que mostra a mesma cena da professora

ensinado as crianças olharem nos olhos. Art vai fazer uma visita, entrega um presente

e Simon o abraça, sem olhar em seus olhos.

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