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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS ENGENHARIA CIVIL CLÁUDIA PRISCILA BRESSAN LEVANTAMENTO DE TÉCNICAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE CONDUTORES VERTICAIS EM INSTALAÇÕES PREDIAIS DE ÁGUAS PLUVIAIS Dezembro de 2006

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UNIVERSIDADE SÃO FRANCISCO – USF

CENTRO DE CIÊNCIAS EXATAS E TECNOLÓGICAS

ENGENHARIA CIVIL

CLÁUDIA PRISCILA BRESSAN

LEVANTAMENTO DE TÉCNICAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE

CONDUTORES VERTICAIS EM INSTALAÇÕES PREDIAIS DE

ÁGUAS PLUVIAIS

Dezembro de 2006

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CLÁUDIA PRISCILA BRESSAN

LEVANTAMENTO DE TÉCNICAS PARA O DIMENSIONAMENTO DE

CONDUTORES VERTICAIS EM INSTALAÇÕES PREDIAIS DE

ÁGUAS PLUVIAIS

Monografia apresentada junto à Universidade

São Francisco – USF como parte dos requisitos

para a aprovação na disciplina Trabalho de

Conclusão de Curso.

Área de concentração: Hidráulica

Orientador: Prof. Dr. ALBERTO LUIZ

FRANCATO.

Itatiba SP, Brasil

Dezembro de 2006

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AGRADECIMENTOS

Meus agradecimentos aos profissionais que contribuíram, com indicações de

bilbliografia e fontes, ao orientador Prof. Dr. Alberto Luiz Francato, ao Prof. Dr. Júlio

Soriano e aos demais que de alguma forma estiveram presentes na concretização

deste trabalho.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS .......................................................................................... v

LISTA DE TABELAS .......................................................................................... vi

LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS........................................................ vii

RESUMO............................................................................................................ viii

PALAVRAS-CHAVE........................................................................................... viii

1 INTRUDUÇÃO................................................................................................. 1

1.1 Objetivo......................................................................................................... 3

2 REFERENCIAL TEÓRICO............................................................................... 4

2.1 Elementos do sistema de águas pluvias....................................................... 4

2.1.1 Calhas........................................................................................................ 5

2.1.2 Condutores verticais................................................................................. 5

2.1.3 Condutores horizontais.............................................................................. 5

2.1.4 Condução por rede pública de drenagem urbana...................................... 5

2.1.5 Condução por rede particular..................................................................... 5

2.2 Caracterização do escoamento em condutores verticais............................. 6

2.2.1 Estudo do escoamento anular................................................................... 6

2.3 Métodos para o dimensionamento de condutores verticais.......................... 8

2.3.1 Método proposto por Garcez (1981).......................................................... 8

2.3.2 Método proposto pelo Uniform Plumbing Code (1973).............................. 9

2.3.3 Método proposto pelo Fabricante Tigre®................................................... 10

2.3.4 Método proposto por Botelho & Ribeiro Jr. (1998)..................................... 12

2.3.5 Método proposto por Joseph Archibald Macintyre (1990)......................... 13

2.3.6 Método proposto pela ABNT (10844: 1989).............................................. 13

2.4 Critérios para o dimensionamento de condutores verticais.......................... 17

2.4.1 Fatores metereológicos.............................................................................. 17

2.4.2 Área de contribuição.................................................................................. 18

2.5 Dimensionamento das calhas....................................................................... 21

2.6 Dimensionamento de condutores verticais................................................... 22

3 METODOLOGIA.............................................................................................. 25

3.1 Determinação do condutor vertical pelo método da ABNT (10844:1989).... 26

3.1.1 Determinação da área de contribuição...................................................... 26

3.1.2 Intensidade pluviométrica.......................................................................... 26

3.1.3 Vazão de projeto........................................................................................ 26

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3.1.3.1 Calha ...................................................................................................... 26

3.1.3.2 Determinação dos condutores verticais.................................................. 28

3.1.4 Revisão proposta ao ábaco para calha com saída em aresta viva............ 28

3.2 Determinação do condutor vertical pelo método de Garcez (1981).............. 30

3.3 Determinação do condutor vertical pelo método de Uniform Plumbing

Code.................................................................................................................... 32

3.4 Determinação do condutor vertical pelo método do Fabricante TIGRE®..... 33

3.5 Determinação do condutor vertical pelo método de Botelho & Ribeiro

(1998).................................................................................................................. 33

3.6 Determinação do condutor vertical pelo método de Joseph Archibald

Macintyre (1990)................................................................................................. 34

4 CONCLUSÃO.................................................................................................. 36

5 BIBLIOGRAFIA................................................................................................ 38

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LISTA DE FIGURAS

Figura 2.1 – O sistema de águas pluviais........................................................... 4

Figura 2.2 – Seção transversal do condutor vertical com escoamento anular

de água............................................................................................................... 6

Figura 2.3 – Volume de controle para aplicação da equação da energia no

escoamento a conduto livre em calhas inclinadas.............................................. 14

Figura 2.4 – Ábaco para calha com saída em aresta viva.................................. 16

Figura 2.5 – Ábaco para calha com saída em funil............................................. 16

Figura 2.6 – Ação dos ventos............................................................................. 19

Figura 2.7 – Influência do vento na inclinação da chuva.................................... 19

Figura 2.8 – Superfície plana inclinada............................................................... 20

Figura 2.9 – Croqui de um telhado de superfície inclinada................................. 21

Figura 2.10 – Determinação do condutor vertical pelo ábaco de calha com

saída em aresta viva........................................................................................... 23

Figura 3.1 – Cobertura de duas águas............................................................... 25

Figura 3.2 – Corte do sistema de águas pluviais................................................ 25

Figura 3.3 – Medidas da seção da calha............................................................ 27

Figura 3.4 – Ábaco para calha com saída em aresta viva................. ................ 29

Figura 3.5 – Gráfico de vazões máximas x diâmetro (Garcez)........................... 30

Figura 3.6 – Gráfico de áreas máximas de cobertura x diâmetro (Garcez)........ 31

Figura 3.7 – Gráfico de áreas máximas de cobertura x diâmetro (UPC)............ 33

Figura 3.8 – Gráfico de áreas de cobertura x diâmetro (B&R)........................... 35

Figura 3.9 – Gráfico de áreas de cobertura x diâmetro (Macintyre)................... 36

Figura 4.1 – Gráfico comparativo de metodologias aplicadas para a

determinação de condutores verticais ............................................................... 37

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LISTA DE TABELAS

Tabela 2.1 – Vazão máxima de condutores verticais, suas respectivas

velocidade e comprimento terminais em função da taxa de ocupação.............. 7

Tabela 2.2 – Velocidade e vazão máxima para condutores verticais de

águas pluviais..................................................................................................... 8

Tabela 2.3 – Áreas máximas de cobertura a serem drenadas por condutores

verticais.............................................................................................................. 9

Tabela 2.4 – Áreas máximas em projeção, em m², a serem drenadas por

condutores verticais........................................................................................... 1 0

Tabela 2.5 – Tabela de escoamento para linha Aquapluv Style (TIGRE®)........ 1 0

Tabela 2.6 – Determinação do diâmetro para condutores verticais.................... 1 2

Tabela 2.7 – Determinação do diâmetro para condutores verticais.................... 1 3

Tabela 2.8 – Tabela de chuvas intensas no Estado de São Paulo..................... 1 8

Tabela 2.9 – Coeficientes de rugosidade............................................................ 2 2

Tabela 2.10 – Capacidades de calhas semicirculares com coeficientes de

rugosidade n= 0,011 (vazão em L/min).............................................................. 2 2

Tabela 3.1 – Diâmetro para L=3m...................................................................... 2 9

Tabela 3.2 – Diâmetro para L=6m...................................................................... 2 9

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LISTA DE SÍMBOLOS E ABREVIATURAS

Letras gregas:

γ: peso específico da água

α: ângulo de inclinação

θ: ângulo de inclinação

Abreviaturas:

CSTC: Centre Scientifique et Tecnique de la Construction

ABNT: Associação Brasileira de Normas Técnicas

BSI: British Standards Institution

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RESUMO

O dimensionamento de um sistema coletor de águas pluviais requer o

dimensionamento de alguns itens principais como calhas, condutores verticais,

condutores horizontais, canais, galerias, etc. Neste trabalho organizaram-se as

metodologias encontradas na literatura específica sobre o dimensionamento dos

condutores verticais de águas pluviais. Após o levantamento dos métodos

disponíveis procedeu-se um estudo de caso com a aplicação das metodologias e em

seguida os resultados são comparados. Conclui-se ao final do trabalho a

aplicabilidade do ábaco de dimensionamento presente na norma técnica vigente,

bem como devidos ajustes recomendados para a aplicação do mesmo. O trabalho

não chegou a exaurir toda a literatura, ficando como seqüência deste trabalho uma

pesquisa bibliográfica em periódicos internacionais especializados.

PALAVRAS-CHAVE: Águas Pluviais; Condutores Verticais; Instalações Prediais.

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1 INTRODUÇÃO

Desde os tempos mais primitivos a água foi objeto de estudo, havendo sábios, entre

eles Aristóteles e Platão, que consideravam um abundante fornecimento de água

como a maior necessidade dos povos.

Os judeus, em Jerusalém, recolhiam a água das chuvas em algibes ou cisternas

(reservatórios subterrâneos construídos por alvenaria ou concreto) e dispunham de

poços para o abastecimento público.

Quando as secas prolongadas esgotavam os poços e cisternas, a água era trazida

dos lagos ou rios próximos por meio de canais abertos, com declividade natural,

para depósitos que abasteciam as comunidades.

No Japão, a necessidade de economizar água levou ao aproveitamento de águas

pluviais para descarga de bacias sanitárias, refrigeração de ar condicionado,

combate á incêndio e limpeza geral.

Águas pluviais são águas originadas da pluviosidade em áreas de telhados ou áreas

com pavimentos, com importância na engenharia na determinação de sua vazão

para fins de projetos de instalações prediais.

Cada obra requer um limite máximo de risco a inundações e danos advindos de

falhas no escoamento de águas pluviais e isso é quantificado por meio do conceito

de período de retorno, que corresponde ao tempo médio que um evento é igualado

ou superado em um determinado local em anos. A ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE

NORMAS TÉCNICAS – ABNT (10844:1989) fornece através do período de retorno e

em função do local onde cada localidade geográfica tem sua característica, a

intensidade pluviométrica.

Os sistemas prediais de águas pluviais devem ser projetados e executados de forma

a garantir que as águas pluviais que se precipitam sobre os edifícios, incluindo

coberturas, paredes inclinadas e verticais, terraços, sacadas, varandas, marquises,

rampas e pequenas áreas pavimentadas sejam coletadas e conduzidas até os

cursos d’água ou pontos de despejo.

O aproveitamento de águas pluviais pode ser feito através de cisternas, cuja função

da cisterna é armazenar água da chuva através de um reservatório inferior para uso

posterior.

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Botelho & Ribeiro (1998) relatam a importância do sistema pluvial, pois a presença

não desejada da umidade pode causar problemas de saúde, danos à estrutura e

partes da edificação e até mesmo mal-estar e desconforto ao usuário.

O sistema predial de águas pluviais é composto por: calhas, condutores horizontais

e verticais que coletam água da chuva através do chamado conduto livre ou por

gravidade utilizado para pequenas áreas como residências e edifícios, ou por

escoamento a conduto forçado indicada, principalmente para áreas intensas, como

galpões industriais, lojas de materiais de construção, supermercados, aeroportos e

estádios, pois essas construções apresentam grandes vãos, o que limita a instalação

de numerosas tubulações de descida. Normalmente os escoamentos verificados no

interior dos sistemas prediais de águas pluviais são do tipo a conduto livre, ou seja,

tenta-se adequar o sistema para que o escoamento a conduto forçado e suas

conseqüências não venham a ocorrer, explica Gonçalves & Oliveira (1998).

O estudo em questão abordará as metodologias aplicadas na ABNT (10844:1989)

no sistema de dimensionamento de condutores verticais em conduto livre. Para a

determinação do diâmetro do condutor vertical a ABNT (10844:1989) emprega o

dimensionamento através de dois ábacos específicos: entrada de água no condutor

com funil e com aresta viva, o qual a metodologia será aplicada. Estes ábacos

resultaram de pesquisa realizada pelo CENTRE SCIENTIFIQUE ET TECNIQUE DE

LA CONSTRUCTION – CSTC (Bélgica 1972-75) apud Gonçalves & Oliveira (1998)

que teve como principal objetivo o estudo das condições de escoamento em

condutores verticais.

Considerando a complexidade do ábaco com saída em aresta viva para

determinação do diâmetro do condutor vertical, pretende-se buscar métodos

comparativos e critérios de outras normas internacionais para auxiliar no

dimensionamento, bem como por meio de um estudo de caso para estabelecer

comparações entre as diferentes metodologias.

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1.1 Objetivo

Este trabalho objetiva estudar as metodologias empregadas pela ABNT

(10844:1989) com outros métodos comparativos para auxiliar no dimensionamento

de condutores verticais com saída da calha em aresta viva de instalações prediais

de águas pluviais.

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2 REFERENCIAL TEÓRICO

Segundo a ABNT (10844:1989), os sistemas prediais de águas pluviais devem ser

projetados de tal forma que atenda aos seguintes requisitos:

• Os condutores de águas pluviais não podem ser usados para receber efluentes de

esgotos sanitários ou como tubos de ventilação do sistema predial de esgotos

sanitários;

• Ser estanque e permitir a limpeza e desobstrução de qualquer ponto do sistema;

• Resistir às solicitações decorrentes das variações térmicas dos choques

mecânicos e intempéries;

• Não provocar ruídos excessivos;

• As superfícies horizontais de lajes devem ter uma declividade mínima de 0,5% que

garanta o escoamento das águas pluviais até os pontos de drenagem previstos;

• A declividade mínima das calhas de beiral, platibandas e condutores horizontais

devem ser uniforme e com valor mínimo de 0,5%;

• O diâmetro interno mínimo dos condutores verticais é de 70 mm.

2.1 Elementos do Sistema de Águas Pluviais

A fig. 2.1 ilustra os elementos de um sistema de águas pluviais, o qual é composto

por calhas, condutores verticais e condutores horizontais.

FIGURA 2.1: O Sistema de Águas Pluviais

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2.1.1 Calhas

São seções do tipo canais abertos e são os primeiros elementos a drenar os planos

dos telhados.

2.1.2 Condutores verticais

Tubo ou condutor que recebe as águas coletadas das calhas e as transporta até os

coletores horizontais ou caixas de interligação.

2.1.3 Condutores horizontais

Tubos horizontais que conduzem a água pluvial dos coletores verticais até os pontos

de destino final, por rede pública de drenagem urbana ou por rede particular.

2.1.4 Condução por rede pública de drenagem urbana

Esta forma de condução é realizada no Brasil através do Sistema Separador

Absoluto descreve Gonçalves & Oliveira (1998), no qual o escoamento de efluentes

de sistemas de drenagem de águas pluviais são conduzidos separadamente, não só

nos sistemas públicos, como também nos sistemas prediais. Assim sendo, as águas

pluviais provenientes de edifícios devem ser conduzidas às sarjetas, bocas-de-lobo

ou poços de visita.

2.1.5 Condução por rede particular

Este caso se faz necessário quando da inexistência de sistema público de drenagem

urbana, sendo as águas pluviais conduzidas por meio de canais ou tubulações a um

curso de água mais próximo.

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2.2 Caracterização do escoamento em condutores verticais

2.2.1 Estudo do escoamento anular

Segundo Del Conti (1993) apud Gonçalves & Oliveira (1998), há normas que limitam

a espessura do anel de água como sendo aquele cuja área ocupada seja

equivalente a um máximo de 1/4 a 1/3 da área da seção transversal do condutor

vertical.

Este limite deve ser observado para evitar que o aumento do anel provoque a

mudança do regime de escoamento anular, com o aparecimento de ruídos,

turbulência e flutuações na pressão conforme Fig. 2.2.

FIGURA 2.2: Seção transversal do condutor vertical com escoamento anular de água.

FONTE – Del Conti apud Gonçalves & Oliveira (1998 p.14).

A Tab. 2.1 apresenta os valores da capacidade máxima, velocidade e comprimento

terminais em função da taxa de ocupação, limitador em 1/4, 7/24 e 1/3 da seção

total.

onde:

K= coeficiente de rugosidade equivalente das paredes do conduto;

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D= diâmetro o condutor vertical, m;

T0= taxa de ocupação do escoamento em relação à seção transversal total do

condutor;

Lt= comprimento terminal,m;

Vt = velocidade terminal,m;

Q= vazão máxima de condutores verticais, L/s;

TABELA 2.1 – Vazão máxima de condutores verticais, suas respectivas

velocidade e comprimento terminais em função da taxa de ocupação.

K Diâm.

Int. T0 = 1/4 T0 = 7/24 T0 = 1/3

Q Vt Lt Q Vt Lt Q Vt Lt (mm) (mm) (L/s) (m/s) (m) (L/s) (m/s) (m) (L/s) (m/s) (m)

50 1,64 3,35 1,62 2,13 3,72 2,00 2,67 4,08 2,40 75 4,85 4,41 2,80 6,32 4,91 3,48 7,77 5,33 4,10

100 10,55 5,37 4,16 13,64 5,95 5,11 16,82 6,47 6,04 150 30,83 7,01 7,09 40,06 7,78 8,73 44,94 7,66 8,47

0,015

200 60,34 7,68 8,51 77,52 8,46 10,34 96,04 9,19 12,20 50 1,18 2,41 0,84 1,53 2,68 1,03 1,92 2,93 1,24 75 3,48 3,17 1,45 4,54 3,52 1,79 6,43 4,05 2,37

100 7,57 3,85 2,14 9,78 4,27 2,63 12,06 4,64 3,10 150 22,09 5,02 3,64 28,67 5,56 4,47 35,52 6,05 5,29

0,150

200 47,70 6,07 5,32 61,40 6,7 6,48 76,19 7,29 7,67 50 1,05 2,14 0,66 1,36 2,39 0,82 1,71 2,62 0,99 75 3,11 2,83 1,15 4,07 3,16 1,44 5,04 3,46 1,73

100 6,85 3,48 1,75 8,86 3,86 2,16 10,93 4,20 2,55 150 20,05 4,56 3,00 26,07 5,06 3,69 32,34 5,51 4,38

0,300

200 43,43 5,52 4,41 55,99 6,11 5,39 69,56 6,65 6,40 50 0,91 1,87 0,50 1,19 2,09 0,63 1,50 2,30 0,76 75 2,74 2,49 0,89 3,59 2,79 1,12 4,43 3,04 1,33

100 6,02 3,06 1,35 7,82 3,41 1,68 9,67 3,72 2,00 150 17,79 4,04 2,36 23,20 4,50 2,92 28,85 4,91 3,49

0,600

200 38,75 4,93 3,51 50,09 5,46 4,31 62,38 5,97 5,14

FONTE – Del Conti apud Gonçalves & Oliveira (1998 p.47).

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2.3 Métodos para o dimensionamento de Condutores Verticais

2.3.1 Método proposto por GARCEZ (1981)

Devido ao desconhecimento das condições de escoamento no interior de condutores

verticais de águas pluviais, o processo de dimensionamento proposto por Garcez

(1981) apud Gonçalves & Oliveira (1998), considera a igualdade de velocidades do

escoamento nos condutores vertical e horizontal, obtendo-se a Tab. 2.2.

Em Tanaka (1986) os valores de área de contribuição e vazão são próximos aos

valores encontrados por Garcez (1981) apud Gonçalves & Oliveira (1998) na Tab.

2.2. Tanaka (1986) explica que os valores utilizados para o dimensionamento de

condutores verticais é feito com a admissão da hipótese, de que no tubo vertical as

condições são idênticas às de um conduto horizontal, funcionando a seção plena,

com declividade mínima de 0,005 m/m.

TABELA 2.2 – Velocidade e vazão máxima para condutores verticais de

águas pluviais.

Velocidade Área total

Vazão Diâmetro nominal

(mm) (m/s) (cm²) (L/s)

50 0,3 19,6 0,57 75 0,4 44 1,76

100 0,5 78 3,83 150 0,65 176 11,43

FONTE – Garcez apud Gonçalves & Oliveira (1998 p.77).

A partir da intensidade pluviométrica regional que, para São Paulo, foi estimada em

150 mm/h, o que corresponde à vazão de 0,042 L/s.m², obtém-se a Tab. 2.3

fornecida por Garcez (1963) apud Gonçalves & Oliveira (1998) que relaciona o

diâmetro do condutor vertical com a área de cobertura a ser drenada.

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TABELA 2.3 – Áreas máximas de cobertura a serem drenadas por

condutores verticais.

Área de cobertura Diâmetro nominal

(mm) (m²)

50 13,6 75 42

100 91 150 275

FONTE – Garcez apud Gonçalves & Oliveira (1998, p.77).

Garcez (1963) apud Gonçalves & Oliveira (1998), obteve “um cm² de área de

conduto para cada m² de área de cobertura de telhado a ser esgotada”, onde pode-

se observar nas Tabs 2.2 e 2.3 a discordância de valores de área total da seção com

os valores de área de cobertura.

Pimenta (1963) apud Gonçalves & Oliveira (1998) conduziu pesquisa com o objetivo

de determinar a capacidade de condutores verticais de seção circular. Os resultados

desta pesquisa mostraram que a capacidade dos condutores verticais é bem

superior àquelas propostas por Garcez (1963) apud Gonçalves & Oliveira (1998).

Nogueira (1964) apud Gonçalves & Oliveira (1998) dando continuidade aos

trabalhos de Pimenta (1963) apud Gonçalves & Oliveira (1998), realizou ensaios que

tiveram por objetivo a determinação da capacidade dos condutores verticais

funcionando com lâminas d’água de pequenas alturas em calhas ou terraços. Estes

dois trabalhos foram os últimos realizados no Brasil a respeito de condutores

verticais de águas pluviais.

2.3.2 Método proposto pelo Uniform Plumbing Code (1973)

O Uniform Plumbing Code (1973) apud Gonçalves & Oliveira (1998) propõe a Tab.

2.4 para a determinação do diâmetro do condutor vertical em função das áreas

máximas a serem drenadas e da intensidade de precipitação.

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TABELA 2.4 – Áreas máximas em projeção, em m² a serem drenadas

por condutores verticais.

Diâmetro do condutor vertical (mm)

Intens. Precip. (mm/h)

50 75 100 125 150 200 25 267 817 1709 3214 5016 10776 50 133 408 854 1607 2508 5388 75 89 272 569 1071 1671 3591

100 67 204 427 803 1254 2694 125 53 163 341 642 1003 2155 150 44 136 285 535 836 1794 175 38 117 244 459 716 1539 200 33 102 213 401 627 1347 225 29 91 190 357 557 1197 250 27 81 171 321 501 1077 275 24 74 155 292 456 979 300 22 67 142 267 418 897

FONTE – Uniform Plumbing Code apud Gonçalves & Oliveira (1998 p.81).

2.3.3 Método proposto pelo Fabricante TIGRE®.

De acordo com Creder (1984), Guisi & Gugel (2005) existem fabricantes de produtos

para instalações de águas pluviais com tabelas próprias. No caso do fabricante

Tigre®, o bocal da linha Aquapluv Style é dimensionado com o diâmetro de 88 mm.

Através da Tab. 2.5 pode-se determinar o número de condutores verticais para cada

localidade, levando-se em consideração a capacidade do bocal de saída da calha.

TABELA 2.5 – Tabela de escoamento para linha Aquapluv Style (TIGRE®)

Localidades Área de telhado que um bocal retangular pode

escoar (m²) At

Área de telhado que um bocal circular pode

escoar (m²) At Aracajú –SE 137,7 175,8 Belém – PA 107,01 136,61 Belo Horizonte – MG 74,01 94,49 Cuiabá – MT 88,42 112,89 Curitiba – PR 82,35 105,14 Florianópolis – SC 140 178,74

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Fortaleza – CE 107,69 137,49 Goiânia – GO 94,38 120,5 João Pessoa – PB 120 153,2 Maceió – AL 137,7 175,8 Manaus – AM 93,33 119,16 Natal – RN 140 178,74 Porto Alegre – RS 115,07 146,91 Porto Velho – RO 100,6 128,43 Rio Branco – AC 120,86 154,3 Rio de Janeiro – RJ 96,55 123,27 Salvador – BA 137,7 178,8 São Luís – MA 133,33 170,22 São Paulo – SP 97,67 124,7 Teresina – PI 70 89,37 Vitória – ES 107,69 137,49

FONTE – TIGRE® (2006)

Este método proporcionado pela Tigre® mostra algumas limitações da linha

Aquapluv Style para instalação de condutor vertical como referência a máxima vazão

que o condutor circular pode captar é de 357 L/min.

Nota-se que o cálculo apresentado pela Tigre® dado pela Eq. 2.1 apenas exerce a

função na determinação do número de condutores verticais:

ΑcΝc=

Αt (2.1)

onde:

Nc= número de condutores verticais;

Ac= área de contribuição do telhado;

At= área total do telhado.

Para determinar a distância máxima entre condutores verticais, é preciso calcular a

vazão máxima de contribuição do telhado, que depende do regime de chuvas da

região da edificação, onde a vazão corresponde à Eq. 2.2:

=i.A

Q60

(2.2)

onde:

Q= vazão de projeto, L/min;;

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i= intensidade pluviométrica, mm/h;

A= área de contribuição do telhado, m².

Posteriormente, deve-se obter a distância entre os condutores através da Eq. 2.3:

bd=

(Nc-1) (2.3)

onde:

d = distância entre condutores;

b= largura do telhado;

Nc= número de condutores verticais.

Esse sistema de dimensionamento proposto pela Tigre® não esclarece como obter o

diâmetro do condutor, embora o dimensionamento esteja implícito por meio da

limitação de capacidades de seus produtos.

2.3.4 Método proposto por Botelho & Ribeiro Jr. (1998).

Botelho & Ribeiro (1998) fornecem através da Tab. 2.6 onde a área do telhado é

correlacionada com a seção do condutor vertical um critério prático muito utilizado

por projetistas para obtenção do diâmetro do condutor vertical. A Tab. 2.6 também é

encontrada com os mesmos valores de vazão e área de telhado em instalações

hídricas.

Para obter o diâmetro do condutor vertical pelo método simplificado é preciso ter o

valor total da área do telhado e a intensidade pluviométrica da região, que se limita

em 150 mm/h e 120 mm/h. Após dados levantados adquirir na Tab. 2.7 o diâmetro e

a quantidade de condutores verticais.

TABELA 2.6 – Determinação do diâmetro para condutores verticais

Vazão Área do telhado (m²) Diâmetro (mm) (l/min) Chuva 150 mm/h Chuva 120 mm/h

50 34,2 14 17 75 105,6 42 53

100 226,8 90 114

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125 420 167 212 150 691,8 275 348 200 1510,8 600 760

FONTE – Botelho & Ribeiro Jr. (1998, p.133)

2.3.5 Método proposto por Joseph Archibald Macintyre (1990)

Macintyre (1990) afirma que o condutor não é e nem deve ser calculado como

encanamento a plena seção, e o formato dos ralos e grelhas implicam em uma

perda de carga de entrada que só experimentalmente poder ser determinada. Por

essa razão levando em conta essas perdas de carga, aconselha-se a utilização da

Tab. 2.7 para determinação do diâmetro do condutor vertical, fundamentada numa

precipitação de 150 mm/h. Certas especificações norte-americanas prevêem chuvas

de 200 mm/h e assim pode-se errar ao considerar uma precipitação única de 150

mm/h no dimensionamento. Os valores de uso corrente no Rio de Janeiro

correspondem praticamente aos do escoamento de tubo circular a plena seção com

declividade de 4%.

TABELA 2.7 – Determinação do diâmetro para condutores verticais

Área máxima de cobertura (m²) Diâmetro (mm) Uso corrente no Rio

de Janeiro Recomendação Norte-americana

50 46 39 63 89 62 75 130 88

100 288 156 127 501 256 150 780 342 200 1616 646

FONTE – Joseph Archibald Macintyre (1990, p.143)

Verifica-se na Tab. 2.7 diferenças consideráveis nas duas recomendações e isto

deve-se as grandes variações na intensidade de precipitação, portanto não é

aconselhável o uso de recomendações empíricas de outros países.

2.3.6 Método proposto pela ABNT (10844:1989)

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O diâmetro dos condutores verticais de águas pluviais, segundo a ABNT

(10844:1989) devem ser dimensionados através de dois ábacos específicos,

onde foram construídos com base nas Eq. 2.4 e 2.5, conforme ilustram as Fig.

2.4 e 2.5.

As Eq. 2.4 e 2.5 foram elaboradas conforme a Fig. 2.3 de escoamento a

conduto livre que regem somente o escoamento permanente uniforme em

calhas inclinadas no qual se baseia a ABNT (10844:1989) para determinação

do escoamento em calhas.

FIGURA 2.3: Volume de controle para aplicação da equação da energia no escoamento a conduto livre em calhas inclinadas.

FONTE – Gonçalves & Oliveira (1998, p.14).

Equação da quantidade de movimento no sentido do escoamento.

1 2 0F 0 (p p )A .A.Lsen r .P.L= = − + γ α − (2.4)

onde:

A= área da seção transversal do escoamento;

L= comprimento entre as seções 1 e 2;

P= perímetro molhado;

P1= pressão à montante;

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P2= pressão à jusante;

α= ângulo de inclinação;

γ= peso específico da água.

Fórmula de Basin

γ+

87C=

(1 )Rh

(2.5)

onde:

Rh= SP

, raio hidráulico;

S= área molhada;

P= perímetro molhado;

γ= peso específico da água.

Estes ábacos resultaram das pesquisas realizadas pelo CSTC (Bélgica, 1972-75)

apud Gonçalves & Oliveira (1998). Os processos para determinação da capacidade

de condutores verticais consistiram de três etapas, que se distinguiram pelos tipos

de configurações ensaiadas.

Na primeira etapa verificou-se o comportamento do escoamento de água em

condutores de forma retilínea. Na segunda etapa foram introduzidas conexões ao

longo do condutor vertical e na terceira etapa verificou-se a influência de paredes

próximas à embocadura, a presença de grelhas e ralos especiais.

A partir dos resultados das duas primeiras etapas, o CSTC (Bélgica, 1972-75) apud

Gonçalves & Oliveira (1998) propôs os ábacos para o dimensionamento de

condutores verticais de águas pluviais.

Os ábacos com saída em aresta viva e com saída em funil conforme Fig. 2.4 e 2.5

apresentados pela ABNT (10844:1989) foram construídos considerando dois desvios

na base e fator de atrito, f=0,04, correspondente a condutos rugosos. Segundo

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Gonçalves & Oliveira (1998), os ábacos não possuem qualquer fator de segurança

que esteja implícito.

FIGURA 2.4: Ábaco para calha com saída em aresta viva

FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1989, p.8)

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FIGURA 2.5: Ábaco para calha com saída em funil

FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1989, p.8)

A ABNT (10844:1989) determina que o diâmetro interno mínimo dos condutores

verticais de seção circular deve ser de 70 mm, uma vez que no ábaco de calha com

saída em aresta viva apresentado na Fig. 2.4 tem-se como diâmetro mínimo 50 mm,

o qual é proposto a revisão.

Na inexistência do diâmetro de 70 mm, Botelho & Ribeiro (1998) sugerem utilizar na

prática o conduto de 75 mm.

Para entender adequadamente os métodos de cálculo de condutores verticais, a

ABNT (10844:1989), fornece critérios de dimensionamento de forma detalhada.

2.4 Critérios para o dimensionamento de condutores verticais

2.4.1 Fatores metereológicos

A determinação da intensidade pluviométrica “i”, para fins de projeto, deve ser feita a

partir da fixação de valores adequados para a duração de precipitação e o período

de retorno, que é o tempo médio que uma dada chuva da mesma intensidade de

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precipitação leva em média para ocorrer novamente. Tomam-se como base os

dados pluviométricos locais.

Segundo a ABNT (10844:1989) o período de retorno deve ser fixado segundo as

características da área a ser drenada, em três níveis de risco:

T= 1 ano, para áreas pavimentadas, onde empoçamentos possam ser tolerados;

T= 5 anos, para coberturas e/ou terraços,

T= 25 anos, para coberturas e áreas onde empoçamento ou extravasamento não

possa ser tolerado.

Segundo Landi apud Gonçalves & Oliveira (1998) para o Brasil propõe-se chuva com

duração de 5 minutos, uma vez que é a menor duração de chuva da qual se dispõe

de dados estatísticos. A ABNT (10844:1989) também fixa esse valor de duração de

precipitação.

De acordo com a ABNT (10844:1989) para construção de telhado até 100m² de área

de projeção horizontal, salvo casos especiais, pode-se adotar i= 150 mm/h.

A Tab. 2.8 fornecida pela ABNT (10844:1989) apresenta os valores de intensidades

pluviométricas no estado de São Paulo para os três períodos de retornos com

duração de chuva de 5 minutos.

TABELA 2.8 – Tabela de chuvas intensas no estado de São Paulo.

INTENSIDADES PLUVIOMÉTRICAS (mm/hora)

PERÍODOS DE RETORNO (anos)

LOCAL

1 5 25 1 Avaré 115 144 170 2 Bauru 110 120 148 (9) 3 Campos do Jordão 122 144 164 (9) 4 Lins 96 122 137 (13) 5 Piracicaba 119 122 151 (10) 6 Santos 136 198 240 7 Santos-Itapema 120 174 204 (21) 8 São Carlos 120 178 161 (10) 9 São Paulo (Congonhas) 122 132 -

10 São Paulo (Mirante Santana) 122 172 191 (7) 11 São Simão 116 148 175 12 Taubaté 122 172 208 (6)

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13 Tupi 122 154 - 14 Ubatuba 122 149 184 (7)

FONTE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1989, p.11).

2.4.2 Área de Contribuição

Conforme a ABNT (10844:1989) a ação dos ventos deve ser levada em conta

através da adoção de um ângulo de inclinação da chuva em relação a horizontal

igual à arc tg² θ, para o cálculo da quantidade a ser interceptada por superfícies

inclinadas verticais. O vento deve ser considerado na direção que ocasionar maior

quantidade de chuva interceptada pelas superfícies consideradas. A Fig. 2.6, mostra

o ângulo de inclinação da chuva à considerar devido a ação dos ventos.

FIGURA 2.6: Ação dos ventos

FONTE: Sistemas Prediais I - PCC 2465 (p.5.)

O conhecimento do θ seria bastante útil no fornecimento das intensidades máximas

de precipitação nas direções horizontal e vertical. As coberturas planas inclinadas

contribuem com uma área que intercepta a chuva, ou seja, considerando-se o efeito

da inclinação da precipitação e não em projeção horizontal. A BRITISH

STANDARDS INSTITUTION – BSI (CP 308:1974) apud Gonçalves & Oliveira (1998)

propõe um ângulo de 26,56° com a vertical correspondente a tg θ= 2, conforme

ilustra a Fig. 2.7.

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FIGURA 2.7: Influência do vento na inclinação da chuva

FONTE: BRITISH STANDARDS INSTITUTION – CP 308 apud Gonçalves & Oliveira (1998, p.63)

Conhecida a intensidade da chuva, pode-se calcular a vazão de projeto que é

determinada pela equação 3.2 como visto acima.

Para o cálculo das superfícies de captação, são computadas além das áreas

horizontais, as superfícies de paredes ou muros próximos, que possam contribuir

para a vazão no caso de chuva inclinada, em virtude do efeito do vento.

Considerando-se que as chuvas não caem horizontalmente, a ABNT (10844:1989)

fornece critérios para determinar a área de contribuição em função da arquitetura do

telhado. A ABNT (10844:1989) apresenta oito tipos de superfícies de área de

contribuição adequadas para cada situação de telhado.

Como exemplificação, tem-se a superfície plana inclinada demonstrada na Fig. 2.8 e

Fig. 2.9. Deve-se observar que a Eq. 2.6 para cálculo da área de contribuição é para

cada “água do telhado”.

= +h

A (a )b2

(2.6)

onde:

a= largura to telhado;

b= comprimento do telhado;

h = altura do telhado.

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FIGURA 2.8: Superfície plana inclinada

FONTE: Sistemas Prediais I - PCC 2465 (p.7).

FIGURA 2.9: Croqui de um telhado de superfície inclinada

2.5 Dimensionamento das calhas

Para determinar o diâmetro do condutor vertical, é preciso determinar a lâmina

d’água da calha (H) que pode ser dimensionada pela Eq. 2.7 de Manning-Strickler

fornecida pela ABNT (10844:1989).

SQ K. .(Rh)² / ³. I

n= (2.7)

onde:

Q= vazão de projeto, em L/min;

S= área da seção molhada, em m²;

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n= coeficiente de rugosidade;

Rh= S/P, raio hudráulico, em m;

i= declividade da calha, em m/m;

K= 60.000 (coeficiente para transformar a vazão em m³/s para L/min).

A Tab. 2.9 indica os coeficientes de rugosidade dos materiais normalmente utilizados

na confecção das calhas.

TABELA 2.9 – Coeficientes de rugosidade

Material n

Plástico, fibrocimento, aço, metais não ferrosos 0,011 Ferro fundido, concreto alisado, alvenaria revestida 0,012 Cerâmica, concreto não-alisado 0,013 Alvenaria de tijolos não-revestida 0,015 FONTE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1989, p. 6)

A Tab. 2.10 indica as capacidades de calhas semicirculares, usando coeficiente de

rugosidades n= 0,011 para alguns valores de declividade. Os valores foram

calculados utilizando a fórmula de Manning-Strickler, com lâmina de água igual à

metade do diâmetro interno.

TABELA 2.10 – Capacidades de calhas semicirculares com coeficientes

de rugosidade n= 0,011 (vazão em L/min).

Declividades Diâmetro interno (mm)

0,50% 1% 2% 100 130 183 256 125 236 333 466 150 384 541 757 200 829 1167 1634

FONTE – ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1989, p. 6)

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2.6 Dimensionamento de condutores verticais

A ABNT (10844:1989) sugere que os condutores devem ser instalados, sempre que

possível, em uma só prumada. Quando houver necessidade de desvios devem ser

utilizadas curvas de 90º de raio longo ou curvas de 45º, sempre com peças de

inspeção. Dependendo do tipo de edifício e material dos condutores, os mesmos

poderão ser instalados interna ou externamente ao edifício.

Ocorrem nos condutores verticais fenômenos transitórios de carga e subpressão,

onde o condutor não deve ser calculado como um encanamento de plena seção.

Por esta razão Botelho & Ribeiro (1998), recomendam utilizar em edifícios altos,

tubos de maior espessura, pelo menos no trecho inicial, junto à conexão com a

calha.

O diâmetro interno mínimo de condutores verticais de seção circular de 70mm,

podendo ser substituído pela bitola comercial de 75mm sugestão de Guisi & Gugel

(2005). Devem ser dimensionados a partir dos seguintes dados:

Q = vazão trazida pelas calhas que alimentarão o condutor, em L/min;

H = altura de água na calha (no topo do condutor), em mm;

L = altura do condutor (soma dos pés-direito da edificação), em m;

A partir dos dados deve-se consultar o ábaco da seguinte maneira: levantar uma

vertical por Q até interceptar as curvas H e L correspondentes. No caso de não

haver curvas dos valores H e L, interpolar entre as curvas existentes. Transportar a

interseção mais alta até o eixo D, onde D é o diâmetro encontrado em mm. A ABNT

(10844:1989) propõe adotar um diâmetro nominal interno superior ou igual ao valor

encontrado no ábaco representado na Fig. 2.10.

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FIGURA 2.10: Determinação do condutor vertical pelo ábaco de calha com saída em aresta viva

FONTE: ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS (1989, p.8)

Nota-se que H=100 mm é o valor máximo para altura de lâmina de água da calha,

caso exceda a altura, será necessário dividir o valor da vazão pela metade,

considerando o aumento do número de condutores verticais.

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3 METODOLOGIA

Este estudo compara resultados obtidos pela ABNT (10844:1989) com as diferentes

metodologias encontradas na literatura empregadas ao dimensionamento de

condutores verticais para condução de águas pluviais.

O estudo de caso é feito para uma cobertura inclinada tipo duas águas, calha

com saída em aresta viva para os condutores, pé-direito de 6m e dimensões

conforme Figs. 3.1 e 3.2.

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FIGURA 3.1: Cobertura de duas águas

FIGURA 3.2: Corte do sistema de águas pluviais.

3.1 Determinação do condutor vertical pelo método da ABNT (10844:1989)

3.1.1 Determinação da área de contribuição

Utiliza-se a Eq. 2.6 para a determinação da área de contribuição para cada água de

telhado.

= +h

A (a )b2

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1,5

A1 A2 (6 ).7,25 48,94m²2

= = + =

3.1.2 Intensidade Pluviométrica

Para o dimensionamento da calha e condutores verticais obtém-se através da ABNT

(10844:1989) para construção de telhado até 100m² de área de projeção horizontal,

i= 150 mm/h, para um período de retorno de 5 anos.

3.1.3 Vazão de projeto

A vazão de projeto é determinada através da Eq. 2.2.

=i.A

Q60

150.48,94Q 122,35L /min

60= =

3.1.3.1 Calha

Para calha retangular a vazão de projeto pode ser obtida pela Eq. 2.7 de Manning-

Strickler:

AQ K. .(Rh)² / ³. I

n=

A declividade mínima recomendada pela ABNT (10844:1989) é de 0,5%, portanto

será a adotada.

K= 60.000

n= 0,011

Considerando-se uma calha retangular cuja base seja o dobro da altura, conforme

Fig. 3.3 tem-se:

b= 2a

A= 2a²

aRh

2=

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FIGURA 3.3: Medidas da seção da calha

Substituindo os valores na Eq. 2.7, tem-se:

2 / 32a² a122,35 60000. .( ) . 0,005

0,011 2=

onde:

a= 0,045 m

b= 2.4,5= 9 cm

borda livre= 7,5 cm

Considerando-se que a ABNT (10844:1989) não faz referência à altura da borda

livre, adota-se h=2/5 da altura do nível da água com um máximo de 75 mm segundo

BSI (6367:1974) apud Gonçalves & Oliveira (1998). Assim, tem-se que a altura da

borda livre será de 7,5cm.

3.1.3.2 Determinação dos condutores verticais

H= 45 mm

Q= 122,35L/min

L= 6 m

D=? → Ábaco da Fig. 2.4 → D min=70 mm (75 mm)

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Na circunstância de traçar a reta e não coincidir com nenhuma das curvas do ábaco

através de altura e comprimento, adota-se o diâmetro mínimo de 70 mm, cuja

indicação da ABNT (10844:1989).

Levando em consideração o conceito de Del Conti apud Gonçalves & Oliveira (1998)

para que não ocorra a mudança do regime de escoamento anular com o

conseqüente aparecimento de ruídos, turbulências e flutuações de pressão, limita-se

à espessura do anel de água a um máximo de 1/3 da área da seção transversal do

condutor conforme Tab. 2.1. O diâmetro dos condutores verticais poderá ser de 100

mm.

3.1.4 Revisão proposta ao ábaco para calha com saída em aresta viva

De acordo com a ABNT (10844:1989), o diâmetro mínimo do condutor vertical deve

ser de 70 mm. No ábaco para calha com saída em aresta viva ilustrado na Fig. 2.4

utilizado para determinação do diâmetro do condutor vertical de águas pluviais

utiliza-se o diâmetro mínimo como sendo de 50 mm, o qual não se mostra

necessário.

Foi proposto para o ábaco para calha com saída em aresta viva uma adaptação com

o diâmetro mínimo de 70 mm conforme descrito na ABNT (10844:1989) apresentado

na Fig. 3.4. Sugere-se que numa possível revisão da ABNT (10844:1989) o ábaco

seja inserido em forma de gráfico para condutores verticais.

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FIGURA 3.4: Ábaco para calha com saída em aresta viva

FONTE: Adaptado de ABNT (10844:1989)

Os tubos de diâmetro de 75 mm e 100 mm que são originalmente usados para

esgoto, também são usados para águas pluviais e de acordo com o ábaco com

chuvas de 150 mm/h tem-se nas Tabs. 3.1 e 3.2 as capacidades de vazão e através

da Eq. 2.2 obteve-se a área de contribuição do telhado.

TABELA 3.1 – Diâmetro para L= 3m

i = 150mm/h

Diâmetro (mm)

Q (L/min) A (m²)

75 900 360 100 1700 680

TABELA 3.2 – Diâmetro para L= 6m

i = 150mm/h

Diâmetro (mm)

Q (L/min) A (m²)

75 1090 436 100 2100 840

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3.2 Determinação do condutor vertical pelo método de Garcez (1981).

O métodos proposto por Garcez apud Gonçalves & Oliveira (1998) para a

determinação do condutor vertical são métodos que se aplicam apenas para

intensidade pluviométrica de 150 mm/h estimada para a região de São Paulo e uma

vazão correspondente a 0,042 L/s.m² .

Através do método de velocidade e vazão máximas desenvolvido por Garcez apud

Gonçalves & Oliveira (1998) conforme apresentado na Tab. 2.2 para a determinação

do condutor vertical foi desenvolvido um gráfico conforme Fig. 3.5 que relaciona a

vazão máxima e velocidades do escoamento nos condutores verticais com o

diâmetro nominal conforme dados da Tab. 2.2

Figura 3.5- Gráfico de vazões máximas x diâmetro (Garcez)

Através do método simplificado desenvolvido por Garcez apud Gonçalves & Oliveira

(1998) conforme apresentado na Tab. 2.3 para a determinação do condutor vertical

é facilitado por apenas ter conhecimento do valor da área total da cobertura a ser

drenada para obtenção do diâmetro.

Foi desenvolvido um gráfico conforme Fig. 3.6 que relaciona a área de contribuição

com o diâmetro nominal conforme dados da Tab. 2.3 elaborado por Garcez apud

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Gonçalves & Oliveira (1998) podendo ser utilizado através da curva que foi traçada

valores para D e Ac.

Tendo como exemplo os dados obtidos pelo método da ABNT (10844:1989) através

da Eq. 2.6, com a área de contribuição de 48,94m² obteve-se o diâmetro no valor de

81 mm. Na inexistência deste, pode-se adotar na prática o conduto de 100 mm.

É importante destacar que o diâmetro só pôde ser determinado através dos critérios

elaborado por Garcez apud Gonçalves & Oliveira (1998), porque a obtenção da área

de contribuição que foi encontrado pela Eq. 2.6 é o mesmo valor de intensidade

pluviométrica de 150 mm/h conforme a Tab. 2.3.

Figura 3.6 – Gráfico de áreas máximas de cobertura x diâmetro (Garcez)

Pode-se concluir que pelo os dois métodos propostos encontra-se o valor do

diâmetro do condutor vertical.

Destaca-se também a facilidade na determinação do diâmetro do condutor vertical

para a região de São Paulo com valores de área de contribuição de até 275m² e

vazão de até 11,43 L/s com o auxílio do gráfico elaborado através dos dados obtidos

da Tabs. 2.2 e 2.3 demonstrados na Figs. 3.5 e 3.6.

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3.3 Determinação do condutor vertical pelo método de Uniform Plumbing

Code (1973).

De acordo com a Tab. 2.4 proposto por Uniform Plumbing Code apud Gonçalves &

Oliveira (1998) para determinação do diâmetro do condutor vertical em função das

áreas máximas a serem drenadas e da intensidade de precipitação, foi sugerido em

forma de gráfico ilustrar e comparar os dados para uma intensidade pluviométrica de

150 mm/h para servir de comparação com a área de contribuição de projeto obtida

pela Eq. 2.6.

Através do método de Uniform Plumbing Code apud Gonçalves & Oliveira (1998)

conforme ilustra a Fig. 3.7 o diâmetro encontrado para área de contribuição de

projeto de 48,94m² resulta em 58 mm, adotando-se para a bitola comercial mais

próxima, no caso de 75 mm.

Nota-se a diferença do método proposto por Garcez apud Gonçalves & Oliveira

(1998) conforme Figs. 3.5 e 3.6 em relação ao do Uniform Plumbing Code apud

Gonçalves & Oliveira (1998), pois é nítido um fator de segurança maior no método

desenvolvido por Garcez apud Gonçalves & Oliveira (1998).

Figura 3.7 – Gráfico de áreas máximas de cobertura x diâmetro (UPC)

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3.4 Determinação do condutor vertical pelo método do Fabricante TIGRE®

O método proposto pelo fabricante Tigre® está restringido na linha Aquapluv Style o

qual o diâmetro é de 88 mm. O fabricante Tigre® fornece para o cálculo de

quantidade de condutores verticais com diâmetro de 88 mm uma tabela conforme

Tab. 2.5 a área de telhado em m² que um bocal circular pode escoar em relação a

localidade.

De acordo com a Eq. 2.1 tem-se:

ΑcΝc=

Αt (2.1)

onde:

Ac= 48,94 m² (conforme área de contribuição determinada pela Eq. 2.6);

At= 124,70 m² (bocal circular para São Paulo-SP, conforme Tab. 2.5).

48,94Nc 0,40

124,70= =

Nesse caso adota-se um condutor de 88 mm de diâmetro.

Nota-se que para esse método o diâmetro do condutor vertical já está especificado

sendo assim é preciso apenas determinar a localidade e a área de contribuição para

obter a quantidade de condutores com diâmetro de 88 mm para a linha Aquapluv

Style do fabricante Tigre®.

3.5 Determinação do condutor vertical pelo método de Botelho & Ribeiro

(1998)

Comparando-se o método de Botelho & Ribeiro (1984) e de Garcez apud Gonçalves

& Oliveira (1998), pode-se afirmar que os dois têm o mesmo critério de cálculo para

a determinação de condutores verticais de águas pluviais. Obtendo assim pelo

mesmo processo o diâmetro do condutor vertical de 81 mm conforme Fig. 3.8.

Algumas diferenças foram notadas na Tab. 2.6 do método de Botelho & Ribeiro

(1998) em relação ao método proposto por Garcez apud Gonçalves & Oliveira (1998)

demonstrada na Tab. 2.3 em referência a alguns dados a mais como o diâmetro de

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125 mm e 200 mm, e além da indicação de valores de vazão e área do telhado para

a intensidade pluviométrica de 150 mm/h é apresentado também para 120 mm/h.

Nesse processo determinou-se a apresentação da determinação de condutor vertical

apenas com os valores de intensidade pluviométrica de 150 mm/h, para que o

critério seja comparado com outros métodos de equivalência.

Figura 3.8 – Gráfico de áreas de cobertura x diâmetro (B&R)

3.6 Determinação do condutor vertical pelo método de Joseph Archibald

Macintyre (1990)

Para a determinação do diâmetro do condutor vertical utiliza-se a Tab. 2.7 que foi

fundamentada numa precipitação de 150 mm/h. A Tab. 2.7 foi desenvolvida também

para chuvas de 200 mm/h para atender as regiões norte-americanas.

Nota-se que ao longo da pesquisa alguns autores vêm descrevendo que para a

região de São Paulo são consideradas chuvas de 150 mm/h o que chamou atenção

ao Macintyre (1990) mencionar na Tab. 2.7 para uso do Rio de Janeiro.

Para comparar com as outras metodologias é proposto um gráfico para

determinação do diâmetro do condutor vertical conforme Fig. 3.9.

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Figura 3.9 – Gráfico de áreas de cobertura x diâmetro (Macintyre)

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4 CONCLUSÃO

De posse da revisão bibliográfica realizada para mapear o dimensionamento dos

condutores verticais para o escoamento de águas pluviais, pôde-se concluir o

seguinte:

4.1 Não existe uma metodologia consolidada para o dimensionamento de tais

componentes das instalações;

4.2 Os vários autores, de nacionalidades e escolas diferentes, fundamentados em

normas técnicas diferentes, acabam indicando em suas publicações

recomendações empíricas e que podem ser perigosas para a situação

brasileira. Acredita-se que as recomendações mais arrojadas foram

desenvolvidas em locais onde a pluviosidade é mais regular e comportada;

4.3 O ábaco presente na ABNT (10844:1989), resulta em valores intermediários,

como visto na Fig 4.1 e, portanto diante das adversidades ainda é a opção

oficial para o dimensionamento;

4.4 O ábaco referido no item acima foi reformulado, excluindo as opções com

diâmetro inferiores a 70mm, uma vez que a própria norma não recomenda o

uso de diâmetros inferiores a este;

4.5 Como complementação ao trabalho, apresentam-se tabelas para

dimensionamento no caso de tubos com 75 e 100 mm que são bitolas de tubos

de PVC para esgoto, mas que acabam sendo largamente empregados para

condução de águas pluviais, atenta-se ao fato que tais tubos necessitam

receber pintura para melhorar sua durabilidade principalmente devido à

exposição a intempéries.

Para a área de contribuição de 48,94m² atribuída para determinação do condutor

vertical dimensionado para os seis métodos, o resultado obtido é apresentado na

Fig. 4.1.

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Figura 4.1 – Gráfico comparativo de metodologias aplicadas para a determinação de condutores verticais

Ainda na Fig. 4.1 verifica-se que os critérios da Uniform Plumbing Code (1973) apud

Gonçalves & Oliveira (1998) e Macintyre (1990) levam os valores reduzidos aos

comparados com o resultado da ABNT (10844:1989). Já os métodos da Tigre® ,

Botelho & Ribeiro (1998) e Garcez (1981) apud Gonçalves & Oliveira (1998) tem

valores super dimensionados quando comparados ao método da ABNT

(10844:1989)

Assim, apesar do ábaco da ABNT (10844:1989) ser confuso e ter erros como o

diâmetro mínimo menor que 70 mm, ainda se mostra uma ferramenta eficiente para

o dimensionamento de condutores verticais.

Para facilitar o uso do ábaco apresenta-se nas Tabs. 3.1 e 3.2 as capacidades de

vazão e as respectivas áreas drenadas com tubos de diâmetro de 75 mm e 100 mm

que são usuais na construção civil.

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5 BIBLIOGRAFIA

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