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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde Bruno Barros TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO (T.C.C . ) Curitiba 2012

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde

Bruno Barros

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C . )

Curi t iba 2012

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TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C . )

Curi t iba 2012

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Bruno Barros

TRABALHO DE CONCLUSÃO DE CURSO

(T.C.C . )

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médico Veterinário. Professor Orientador: Prof.ª Doutora Maria Aparecida de Alcântara, Orientador Profissional: Paulo Cesar Mesquita do Prado.

Curi t iba 2012

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Reitor Pro f . Lu iz Gu i lhe rme Range l dos San tos

Pró-Rei tor admin is t ra t ivo Sr . Car los Eduardo Range l dos San tos

Pró-Rei tor ia Acadêmica

Pro f . ª Carmen Lu iza da S i l va

Pró-Rei tor de P lane jamento e Aval iação

Sr . A fonso Ce lso Range l dos San tos

Pró-re i tora de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão

Pro f . Roberva l E loy Pere i ra

Secretar io Gera l

Pro f . João Henr ique R ibas de L ima

Diretor da Faculdade de Ciências Bio lógicas e da Saúde

Pro f . João Henr ique Faryn iuk

Coordenador do Curso de Medic ina Veter inár ia

Pro f ª Dra . Ana Laura Ange l i

Coordenador do Estágio Curr icu lar do Curso de Medic ina

Veter inár ia

Pro f ª Dr ª . Ana Laura Ange l i

Orientador do Estágio Curr icu lar Obr igatór io Pro f ª Dr ª Mar ia Aparec ida de A lcân ta ra

Orientador Prof iss ional

Pau lo Cezar Mesqu i ta do Prado

CAMPUS PROF. S IDNEY L IMA SANTOS

Rua S idney A . Range l San tos , 238 – San to Inác io

CEP: 82010-330 – Cur i t i ba – Paraná

Te le fone : 3331-7700

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AGRADECIMENTOS

Agradeço primeiramente a Deus e a minha família, por todos esses anos de

aprendizado na Universidade, e em seguida, agradeço a todos meus amigos e

professores, que sempre me incentivaram a continuar.

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APRESENTAÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso elaborado pelo acadêmico Bruno

Barros do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, consta

de um relatório de estágio e um relato de caso realizado na Clínica Veterinária

Pronto Vet, durante o período de 02 de agosto a 31 de setembro de 2012, com

orientação profissional do médico veterinário Paulo Cesar Mesquita do Prado

CRMV-PR 0352 e orientação acadêmica da professora Doutora Maria Aparecida de

Alcântara, CRMV-PR 6611.

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RESUMO

Este trabalho de conclusão de curso foi realizado na Clínica Veterinária Pronto Vet, totalizando 360 horas. Neste período foi possível acompanhar e auxiliar na rotina Clínica Veterinária. Ao concluir o estágio, pode-se ter a certeza de que a clínica é muito abrangente e exige conhecimento prévio de diferentes disciplinas e raciocínio rápido para avaliação do paciente. Os exames complementares servem como ferramenta de orientação para o profissional da clínica médica e cirúrgica efetuar diagnósticos mais precisos na cura do seu paciente. Entende-se ainda como responsabilidade e compromisso do médico veterinário despertar nos responsáveis a responsabilidade pela guarda de seus animais de companhia o que certamente trará resultados muito positivos na recuperação dos pacientes.

Palavras-chave: clínica de animais de companhia, cães e gatos, urolitíase.

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 FACHADA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET................ 14

FIGURA 2 SALA DE RADIOLOGIA DA CLINICA VETERINÁRIA................ 14

FIGURA 3 FARMÁCIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA....................................... 15

FIGURA 4 SALA DE ESTERILIZAÇÃO DA CLÍNICA...................................... 15

FIGURA 5 CENTRO CIRÚRGICO DA CLÍNICA............................................. 16

FIGURA 6 SALA DE EMERGÊNCIA............................................................... 16

FIGURA 7 SALA DE INTERNAMENTO........................................................... 17

FIGURA 8 AMBULATÓRIO DA CLÍNICA........................................................ 17

FIGURA 9 CONSULTÓRIO DA CLÍNICA........................................................ 18

FIGURA 10 CANIL EM ALVENARIA.................................................................. 18

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Bid

CM

FMAH

ITU

MG/KG

MM

ML

PVPI

TCC

%

LISTA DE ABREVIATURAS

Duas vezes ao dia

Centímetros

Fosfato magnesiano hexaidratado

Infecção do trato urinário

Miligramas por kilo

Milímetros de mercúrio

Mililitros

Polivinilpirrolidona,iodo,iodopocvidona,povidoni

Trabalho de conclusão de curso

Porcentagem

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LISTA DE GRÁFICOS

GRÁFICO 1 NÚMERO DE CONSULTAS ACOMPANHADAS DURANTE O

PERÍODO DE ESTÁGIO................................................................ 19

GRÁFICO 2 PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS DURANTE O PERÍODO DE

ESTÁGIO........................................................................................ 21

GRÁFICO 3 EXAMES COMPLEMENTARES SOLICITADOS DURANTE O

PERÍODO DE ESTÁGIO................................................................ 21

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO................................................................................................ 12

2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO ............................................................................... 13

2.1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO. ............................................................ 13

2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS ....................................................................... 19

2.2.1 Casuística........................................................................................................ 19

3 UROLITÍASE CANINA ................................................................................... 22

3.1 RESUMO ........................................................................................................ 22

3.2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ........................................................................... 23

3.2.1 Características químicas e físicas............................................................................. 24

3.2.2 Infecções do trato urinário ....................................................................................... 26

3.2.3 Análise de urólitos ................................................................................................... 28

3.2.4 Cultura de urólitos.................................................................................................... 28

3.2.5 Urolitíase por estruvita............................................................................................. 29

3.2.6 Urolitíase de ácido úrico e urato .................................................................... 33

3.2.7 Urolitíase por cistina........................................................................................ 37

3.2.8 Urolitíase por oxalato de cálcio ............................................................................... 39

3.2.9 Urolitíase por fosfato de cálcio........................................................................ 42

3.2.10 Urolitíase por sílica.......................................................................................... 43

3.3 EXAMES COMPLEMENTARES .................................................................... 45

3.4 ANÁLISE DOS URÓLITOS............................................................................. 47

3.5 TRATAMENTO CLÍNICO................................................................................ 48

3.6 TRATAMENTO CIRÚRGICO.......................................................................... 49

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3.7 PÓS CIRÚRGICO........................................................................................... 53

3.8 PROGNÓSTICO............................................................................................. 54

3.9 PROFILAXIA................................................................................................... 54

4 RELATO DE CASO........................................................................................ 55

4.1 IDENTIFICAÇAO DO PACIENTE........................................................................ 55

4.2 HISTÓRICO.................................................................................................... 55

4.3 CONDUTA CLÍNICA....................................................................................... 55

5 DISCUSSÃO...................................................................................................... 63

6 CONCLUSÃO................................................................................................. 65

REFERÊNCIAS........................................................................................................... 66

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1 INTRODUÇÃO

O presente trabalho de conclusão de curso elaborado pelo acadêmico Bruno

Barros do curso de Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná, consta

de um relatório de estágio e um relato de caso realizados na Clínica Veterinária

Pronto Vet, durante o período de 02 de agosto a 31 de setembro de 2012, com

orientação profissional do médico veterinário Paulo Cesar Mesquita do Prado

CRMV-PR 0352 e orientação acadêmica da professora Doutora Maria Aparecida de

Alcântara, CRMV-PR 6611. O estágio teve duração de 360 horas. Neste período

foram acompanhadas as atividades na área de clínica médica, clínica cirúrgica,

diagnóstico por imagem, anestesias e internamentos.

O estágio obrigatório é uma ótima oportunidade de colocar em prática toda a

vivência teórica durante o período acadêmico, vivenciar a rotina de trabalho em

equipe.

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2 RELATÓRIO DE ESTÁGIO

2 .1 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

A Clínica ProntoVet fica localizada na Av. Presidente Kennedy, 2997 bairro

Água Verde, Curitiba-PR esta presta atendimento clínico e cirúrgico na área de

pequenos animais. A Clínica (FIGURA 1) conta com serviços de diagnóstico por

imagem com ultrassonografia e radiologia (FIGURA 2), possui uma farmácia com

medicamentos e equipamentos de procedimentos cirúrgicos e clínicos (FIGURA 3),

uma sala para esterilização de materiais (FIGURA 4), um centro cirúrgico (FIGURA

5), uma sala de emergência (FIGURA 6), uma sala de internamento (FIGURA 7),

ambulatório (FIGURA 8), um consultório (FIGURA 9) e canil de alvenaria (FIGURA

10).

O corpo técnico compreende dois médicos veterinários que fazem os

atendimentos clínicos e cirúrgicos, um médico veterinário plantonista, um auxiliar de

enfermagem e um responsável pela limpeza e higienização da clínica.

O atendimento na Clínica de Pequenos Animais é realizado de segunda a

sexta das 9:00 as 24:00h com plantão aos sábados e domingos, das 9:00 as

18:00h.

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FIGURA 1 - FACHADA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012.

FONTE: arquivo pessoal.

FIGURA 2 - SALA DE RADIOLOGIA DA CLINICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012

FONTE: arquivo pessoal.

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FIGURA 3 - FARMÁCIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012

FONTE: arquivo pessoal.

FIGURA 4 - SALA DE ESTERILIZAÇÃO, 2012.

FONTE: arquivo pessoal.

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FIGURA 5 - CENTRO CIRÚRGICO DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012

FONTE: arquivo pessoal.

FIGURA 6 - SALA DE EMERGÊNCIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012

FONTE: arquivo pessoal.

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FIGURA 7 - SALA DE INTERNAMENTO DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012

FONTE: arquivo pessoal.

FIGURA 8 - AMBULATÓRIO DA CINICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012

FONTE: arquivo pessoal.

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FIGURA 9 - CONSULTÓRIO DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012

FONTE: arquivo pessoal.

FIGURA 10 - CANIL EM ALVENARIA DA CLÍNICA VETERINÁRIA PRONTOVET, 2012

FONTE: arquivo pessoal.

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2.2 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS

As atividades desenvolvidas na Clínica Veterinária ProntoVet, neste período

estão relacionadas ao acompanhamento das consultas e reconsultas, cuidados com

os pacientes internados, acompanhamento dos procedimentos cirúrgicos e

anestésicos, bem como de exames complementares (radiografia, ultrassonografia e

exames laboratoriais).

2.2.1 Casuística

Durante os quase 60 dias de estágio, somaram-se 360 horas de estágio.

Neste período foram acompanhadas consultas na área de dermatologia,

oftalmologia, gastrointestinal, ortopedia, oncologia entre outros casos, como

urologia. O total de consultas acompanhadas na clínica foram de 103 consultas em

diversas áreas, segundo mostra o gráfico 1. As que representaram maior número

foram aquelas relacionadas ao aparelho gastrointestinal representando 32 casos

(31,06%); seguidas das afecções de pele, 25 casos (24,27%); das lesões

ortopédicas, 15 casos (14,56%) e das afecções do órgão da visão, 12 (11,65%);

oncologia, 7 casos (6,79%) e problemas do sistema urinário, 3 pacientes (2,91%).

GRÁFICO 1 - Número de consultas acompanhadas durante o período de estágio

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Os casos cirúrgicos somaram 118 e são descritos na tabela 2. As ovário sal

pingo histerectomia (OSH) foram realizadas em 26 pacientes (22%); orquiectómicas

em 20 (17%); cirurgias ortopédicas em 15 (12,7%); remoção de cálculos dentários

em 17 (14,4%); cirurgias para redução do prolapso da 3ª pálpebra em 10 (8,4%);

cirurgias envolvendo o sistema urinário em 3 (2,5%); laparotomia em 9 (7,6%) e

remoção de tumores em 18 pacientes (17,7%).

GRÁFICO 2 - Procedimento cirúrgicos acompanhados durante o período de estágio

.

Diversos exames complementares solicitados como exames para o pré-

operatório e outros que auxiliaram no diagnóstico de muitos casos clínicos, como

mostra gráfico 3.

Foram realizados 294 exames complementares sendo 50 (15%) hemogramas,

25 (7,7%) ultra sonografia, 20 (6,2%) raspados de pele, 11 (3,4%) culturas e

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antibiogramas, 147 (46,8%) exames bioquímicos, 33 (10,2%) radiografias e 8 (2,5%)

urinálise.

GRÁFICO 3 - Exames complementares solicitados durante o período de estágio.

46,80%

15%10,20% 7,70% 6,20% 3,40% 2,50%

100%

147

5033 25 20 11 8

294

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3 UROLIT ÍASE CANINA

3.1 RESUMO

Urólitos são a formação de cálculos no aparelho urinário (rins, uretra ou bexiga) de um indivíduo. Os urólitos são agregados de material cristalino e matriz, formados quando a urina torna-se supersaturada com substâncias cristalogênicas. Sua composição pode ser decorrente da decomposição de um único tipo mineral ou de distintos minerais que se depositam em camadas ou simplesmente agregam-se à pedra, como ocorreu no relato de caso. Os principais fatores que levam a formação do cálculo renal são os elevados níveis de cálcio, oxalato, ácido úrico sendo que isso ocorre provavelmente em consequência de uma dieta rica nesses elementos. Metabolismo anormal também pode levar a formação de cálculos, bem como a redução de inibidores de urólitos na urina. Outro fator de risco é a baixa ingestão de líquidos, que resulta em urina concentrada, fatores que são explicados na revisão bibliográfica. Nesse trabalho é relatado o caso de um paciente com urolitíase vesical cujo tratamento realizado foi o cirúrgico.

Palavras Chave: Urolitíase, cães, infecção do trato urinário inferior.

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3 .2 REVISÃO BIBL IOGRÁFICA

É definida como a formação de sedimento, consistindo de um ou mais

cristalóides pouco solúveis no trato urinário (STEVENSON e RUGERS, 2006).

As urolitíases representam segundo Monferdini e Oliveira (2009) um dos

principais motivos de queixa em cães e gatos com afecções urinárias. Em gatos,

aproximadamente 13% dessas afecções tem como causa os cálculos. Já para cães,

essa porcentagem sobe para 18%. A formação de cristais e cálculos tem como

causas a diminuição na freqüência urinária associada à supersaturação da urina,

podendo estar associada a fatores dietéticos e não dietéticos.

A composição da dieta pode interferir tanto no aparecimento, quanto na

prevenção de recidivas, afetando a densidade específica, o volume e o pH urinário

(CARCIOFI et al., 2007).

Entre os fatores não dietéticos estão a raça, idade, infecção do trato urinário e

sexo. Em cães de pequeno porte, como Yorkshire, Terrier, Shi Tzu e Lhasa Apso

isto ocorre devido a um menor volume urinário excretado e menor número de

micções, aumentando assim a concentração de minerais na urina (STEVENSON E

RUTGERS, 2006).

Dalla´Asta (2011) ainda inclui os Shnauzers miniatura e standart, Poodles

miniatura, Bichon Frisé.

O processo de desenvolvimento de um urólito ocorre inicialmente com a

formação de um núcleo cristalino. Após a nucleação, há o crescimento do cristal,

que pode ocorrer em níveis menores de saturação quando comparados com o início

do processo de formação. Esse crescimento depende da duração e do grau da

supersaturação da urina e do tempo de permanência do urólito nas vias excretoras

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do trato urinário (OSBORNE et al., 2000). A supersaturação ocorre devido ao

aumento na quantidade de minerais na urina, aumento na concentração urinária de

minerais, um pH urinário que afete a solubilidade mineral, a presença de inibidores e

estimuladores da cristalização. As infecções do trato urinário (ITU) com bactérias

produtoras de urease podem provocar cálculo de estruvita através do aumento dos

íons de amônio disponíveis e da alcalinização da urina. Alguns tipos de cálculo

ocorrem secundariamente a problemas metabólicos, por exemplo, as alterações

herdadas no metabolismo do urato nos dálmatas e o aumento da excreção renal de

cistina em determinadas raças. O aumento da incidência de alguns tipos de cálculos

ocorre em raças específicas ou em um sexo especifico, mas qualquer raça pode

apresentar qualquer tipo de cálculo. Como a presença de cálculos urinários pode

indicar a presença de doença metabólica, a determinação da patogênese dos

cálculos é importante (COWAN, 1998).

Como fatores predisponentes da formação dos urólitos a infecção do trato

urinário (ITU) por bactérias que hidrolisam uréia constitui a causa mais comum de

Urolitíase por estruvita em cães. Uma ITU também pode ocorrer secundariamente a

uma Urolitíase, que se desenvolveu inicialmente na ausência de infecção. As

infecções urinárias podem contribuir na formação de cálculos de estruvita e uratos,

sem grande importância nos cálculos de oxalato (PACHECO, 2009).

3 .2 .1Carac te r ís t icas qu ímicas e f í s i cas

Os urólitos são concentrações policristalinas que tipicamente contém mais que

90 a 95% de cristalóides orgânicos ou inorgânicos, também pode conter uma série

de componentes secundários (OSBORNE, 1992).

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Os urólitos têm várias denominações segundo a composição mineral e

localização (nefrólitos, renólitos, ureterólitos, cistólitos, cálculos vesicais, uretrólitos)

ou segundo a forma (lisos, facetados, piramidais, laminados, em forma de amoras,

em discos denteados ou ramificados. As formas características dos cristais e urólitos

são primeiramente influenciadas pela estrutura interna dos cristais e o ambiente que

se formam. Cristais de oxalato de cálcio monoidratado tendem a fundir-se

produzindo urólitos regularmente arredondados ou mamilados; cristais de oxalato de

cálcio diidratado tipicamente surgem como estruturas agudamente especuladas

(OSBORNE, 1992).

O tipo de mineral mais comum encontrado nos urólitos de cães é o fosfato

amoníaco magnesiano. O urato ácido de amônia, ácido úrico, fosfato de cálcio

(mono e diidratado) ocorrem muito menos frequentemente (OSBORNE, 1992).

Ainda que o mineral de muitos urólitos possa ser misto, ocasionalmente no

centro de um determinado mineral geralmente predomina a composição do urólito

que pode ser composta por um tipo de cristalóide (ex: sílica), enquanto as camadas

mais externas são compostas de cristalóides diferentes (especialmente estruvita). A

detecção, tratamento ou prevenção das causas subjacentes a Urolitíase dependem

do conhecimento da composição e estrutura de todas as porções do urólitos. A

maioria dos urólitos nos cães é encontrada na bexiga ou na uretra, somente 5%

ficam localizados nos rins ou nos ureteres (OSBORNE, 1992).

Um exame físico completo torna-se essencial para a identificação dos

problemas que podem predispor o animal a formação de cálculos ou que podem

limitar as opções terapêuticas. A palpação dos cálculos pode ficar mais fácil quando

a bexiga se encontra completamente distendida. Os cálculos grandes são

frequentemente palpáveis como massas firmes no interior da vesícula urinária. Se

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encontrarem presentes cálculos múltiplos podem ser palpáveis consistências de

coisas que raspam ou arenosas. A palpação da vesícula urinária pode disparar uma

resposta dolorosa. O exame retal digital da uretra em todos os cães e palpação

percutânea da uretra membranosa extra pélvica nos cães machos podem revelar

cálculos adicionais (COWAN, 1998).

3 .2 .2 In fecções do t ra to u r iná r io

A infecção bacteriana do trato urinário engloba ampla variedade de entidades

clínicas, cujo denominador comum é a invasão microbiana de qualquer de seus

componentes, a infecção pode predominar em um único lugar, como o rim

(pielonefrite), ureter (uretrite), vesícula urinária (cistite), uretra (uretrite) ou glândula

prostática (prostatite) ou pode se situar em dois ou mais desses locais e restringir a

urina (bacteriúria). É mais apropriado utilizar a terminologia infecção do trato urinário

inferior ou uretrocistite e não cistite, pois as infecções não ficam confinadas a um

órgão apenas assim como, utilizar a terminologia de infecção do trato urinário

superior ao invés de pielonefrite visto ser igualmente improvável que as infecções

bacterianas fiquem confinadas ao parênquima e pelve renais, sem que sejam

afetadas partes dos ureteres (OSBORNE, 1997).

A identificação de bactérias na urina não é sinônimo para infecção no trato

urinário, visto que estes organismos podem representar contaminantes ou

patógenos. A urina pode ter sido contaminada por bactérias depois de ter sido

eliminada. Bacteriúria que representa um elevado número de bactérias numa

amostra urinária adequadamente coletada e cultivada é indicativo de infecção do

trato urinário. Pequenas quantidades de bactérias obtidas de pacientes não tratados

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geralmente indicam contaminação, portanto as uroculturas quantitativas auxiliam na

diferenciação entre patógenos e os contaminantes bacterianos. Piúria é definida

como a presença de leucócitos na urina, quando leucócitos estão presentes na urina

em quantidades significativas. Geralmente apresentam resposta normal do corpo a

um irritante. Piúria e infecção não são termos sinônimos, porque piúria pode ocorrer

diante de inflamação sem infecção. É essencial a diferenciação entre inflamação e

infecção relacionada à afecção do trato urinário. Muitos processos patológicos, como

infeção bacteriana, neoplasias e Urolitíase resultam em lesões inflamatórias no trato

urinário caracterizadas pela exsudação de hemácias, leucócitos e proteínas na urina

(hematúria, piúria e proteinúria) que sugerem afecção do trato urinário, mas não

indicam sua etiologia ou localização no âmbito do trato urinário (OSBORNE, 1997).

Segundo Elliot (2003), ainda pode se observar disúria e polaquiúria. Em cães

machos, pequenos cristais podem passar pela uretra e se alojar na região caudal do

pênis, causando obstrução parcial ou total da uretra, provocando intensa dor no

animal.

Urocultura, teste de função renal, estudos radiográficos, ultrassonográficos,

endoscopia, estudos urodinâmicos, e procedimentos de biopsia frequentemente

proporcionam a informação adicional necessária para a localização do processo

patológico e estabelecimento de sua etiologia. Os resultados de urocultura positivo

indicam que a infecção bacteriana é causada pelo processo patológico, ou

complicação secundária de outro processo, como neoplasia, Urolitíase metabólica,

ou talvez sequelas pós cirúrgicas. As vias de infecção podem ser ascendente, em

decorrência de numerosos estudos experimentais e clínicos em animais e seres

humanos. Atualmente existe consenso geral de que as infecções do trato urinário

são mais comumente consequências de migração ascendente de bactérias, através

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do trato genital e uretra até a bexiga, ureteres e um ou ambos os rins. Outra via de

infecção é via hematógena, embora a semeadura hematógena dos rins, em

decorrência de infecção bacteriana sistêmica, passa causar infecção do trato

urinário. Aparentemente este mecanismo não é via importante de infecção de cães e

gatos (OSBORNE, 1997).

3.2.3 Análise de urólitos

A localização dos urólitos removidos do trato urinário deve ser registrada,

além do seu tamanho forma e cor, consistência. Todos os urólitos devem ser

reservados em um recipiente (preferivelmente esterilizados) para futura análise. Eles

devem ser colocados num recipiente contendo formalina tamponada a 10%, caso

seja desejado o exame microscópico. Visto que os urólitos contêm mais de um

componente mineral, a composição dos núcleos cristalinos pode ser idêntica ou

diferente do restante dos urólitos. (OSBORNE,1992).

3 .2 .4Cu l tu ra de u ró l i tos

Bactérias abrigadas no interior dos urólitos nem sempre são as mesmas

presentes na urina. As bactérias detectadas no interior dos urólitos provavelmente

representam as presentes por ocasião da formação dos cálculos e podem servir

como fonte de infecção recidivamente do trato urinário. As bactérias podem

permanecer viáveis no interior dos urólitos por longos períodos. Num estudo piloto

os autores foram capazes de cultivar estafilococus viáveis a partir de urólitos de

estruvita removidos de miniatura de Schnauzer, até três meses após a cirurgia.

Quando não podem ser removidos todos urólitos do paciente, o conhecimento do

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tipo de patógenos bacterianos associados a sua suscetibilidade aos antibióticos

pode ter significado terapêutico (OSBORNE, 1992).

Deve se enviar a urina de animais com cálculos urinários para cultura

bacteriana, pois as bactérias produtoras de urease podem causar cálculos de

estruvita, e podem ocorrer ITU secundária a inflamação ou a obstrução induzida por

cálculos (COWAN, 1998).

3 .2 .5 Uro l i t íase por es t ruv i ta

O tipo mais comum de mineral encontrados nos urólitos caninos é o fosfato

amoníaco magnesiano hexaidratado (FMAH), ou estruvita, os urólitos estruvita de

caninos são frequentemente impuros, contendo quantidades menores de fosfato de

cálcio (também denominado apatita de cálcio) e carbonato-apatita, o carbonato

apatita pode ser um constituinte secundário nos urólitos que se formam em

pacientes com infecção do trato urinário causado por microrganismos

(especialmente estafilococus, proteus spp. e ureaplasmas (OSBORNE,1992).

Nos cálculos de estruvita associados à infecção, eliminação ou controle da

infecção são essências para prevenção da recorrência, o pH deve ser monitorado

periodicamente para ajudar a indicar quando o cão precisa ser avaliado quanto a

infeção urinaria. Nos cálculos de estruvita estéreis, a manutenção de urina ácida,

pobre em magnésio e diluída através do fornecimento de ração terapêutica

(COWAN, 1998).

A urina precisa ser hipersaturada com fosfato de magnésio e amônia, para

que se formem os urolitos de estruvita, a hipersaturação da urina com FMAH pode

ser associada a diversos fatores, como as infecções do trato urinário com

microrganismos uréases-produtores, urina alcalina, predisposição genética e a dieta.

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Estruvita induzida por infecção, quando ocorre a infecção do trato urinário com

microrganismos urease-produtores (especialmente estafilococus, proteus spp. e

ureaplasmas) em cães, formando urina com suficiente quantidade de ureia, pode

ocorrer a combinação única de uma elevação concomitante nas concentrações de

amônia e carbonato num ambiente alcalino, já na estruvita estéril estudos clínicos

indicam que a uréase microbiana não esta envolvida na formação de urólitos de

estruvita de alguns cães, diversas observações sugerem que a fatores alimentares

ou metabólico podem estar envolvidos na gênese dos urólitos de estruvita estéreis,

nesta espécie (OSBORNE,1992).

A maior incidência de urólitos de estruvita em cães no Brasil está relacionada

intimamente com a dieta, isso porque há no país uma alta porcentagem de cães e

gatos consumindo alimentos caseiros. Além disso, as dietas industrializadas

brasileiras possuem em sua composição um teor proteico menor, e de cálcio, fósforo

e magnésio maiores em relação a outros países. Essa composição de nutrientes

presentes na maioria das rações brasileiras possivelmente induz os animais a

produzirem urina alcalina, predispondo ao aparecimento dos urólitos de estruvita

(PACHECO, 2009).

Estudos clínicos e experimentais realizado na universidade de Minnesota

revelaram que os urólitos de estruvita podem se formar dentro de duas a oito

semanas após a infecção com estafilococus produtores de uréase, urólitos

localizado na bexiga comumente transitam ate a uretra, eles comumente se alojam

por trás do osso peniano em cães macho, mas frequentemente são expulsos ate o

exterior pelas fêmeas (OSBORNE, 1992).

O tratamento da Urolitíase de estruvita engloba, o alivio da obstrução ao fluxo

da urina, a eliminação do urólitos existentes, a erradicação ou controle da infecção

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do trato urinário, a prevenção da recidiva dos urólitos. A cirurgia tem sido a

abordagem consagrada para o tratamento de todos os tipos de Urolitíase em cães.

Embora a cirurgia tenha sido efetivo método, que propicia imediata eliminação dos

urólitos, ela está associada à persistência de causas subjacentes com elevado

percentual de recidiva de urólitos. O objetivo do tratamento clínico dos urólitos é a

interrupção do seu crescimento ou promoção da dissolução dos urólitos pela

correção ou controle das anormalidades subjacentes, para que a terapia seja efetiva,

ela precisa induzir a subsaturção da urina com cristalóides calculogênicos, pelo

aumento do volume urinário, onde os cristalóides estão dissolvidos ou em

suspensão e pela redução da quantidade de cristalóides cálculo gênicos na urina

(OSBORNE, 1992).

As recomendações são a erradicação e o controle das infecções do trato

urinário com antibióticos apropriados, fazer uso de dietas calculolíticas, promover a

formação de urina ácida, administrar inibidores da urease a pacientes com

persistência de infecção do trato urinário causada por microrganismos produtores de

urease (CUNHA, 2008).

O antibiótico de escolha deve ser preferencialmente bactericida, excretado em

altas concentrações através da urina, e ter uma ampla margem de segurança entre

as doses terapêuticas e tóxicas. Os antimicrobianos mais utilizados são as

ampicilinas, as amoxicilinas e as cefalosporinas. Deve-se, entretanto, proceder aos

exames de cultura e antibiograma para um tratamento específico (ANDRADE, 2002).

A acidificação da urina até pH de aproximadamente 6 tem sido efetiva na

promoção da dissolução de urólitos de estruvita, contudo frequentemente não há

necessidade da adição de acidificantes urinários para cães que concomitantemente

estejam sob dieta calculolíticas, que já promove a formação de urina ácida. O uso de

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acidificantes urinários deve ser considerado em pacientes nos quais a dieta

calculolíticas não é tolerada, ou está contra-indicada. Pode-se usar como

acidificantes, a metionina ou o cloreto de amônio na dose inicial de 100 a 200

mg/Kg/dia, misturados na ração (ARNOLD, 1996).

O objetivo das dietas calculolíticas consiste na redução da concentração

urinária de uréia, fósforo e magnésio. Essa dieta deve ser formulada contendo

quantidade reduzida de proteína de alta qualidade e quantidades reduzidas de

fósforo e magnésio. Além disso, a dieta deve ser suplementada com cloreto de

sódio, para a estimulação da sede e indução de poliúria compensatória. A redução

da produção hepática de uréia a partir das proteínas da dieta reduz a concentração

deste metabólito na medula renal, contribuindo ainda mais para a diurese

(SANCHES, 2010).

A meta das dietas calculolíticas e a redução da concentração urinária da

ureia, o substrato de uréase, fosforo e magnésio, existe rações terapêuticas

formuladas de modo a conter quantidade reduzida de proteína de alta qualidade e

reduzidas quantidade de fosforo e magnésio, a dieta é suplementada com cloreto de

sódio, para a estimulação da sede e indução da poliúria compensatória. A redução

da produção hepática de ureia a partir da proteína da dieta diminui a concentração

medular renal da ureia, e contribui ainda mais para diurese (OSBORNE, 1992).

Estudos experimentais e clínicos em cães revelaram que a administração de

inibidores microbianos da uréase em doses farmacológicas e capaz de inibir o

crescimento dos urólitos de estruvita ou a promoção da dissolução dos urolitos de

estruvita administrado oralmente em cães na dosagem de 12/mg/lb, (25mg/kg)

divididos em duas subdoses diárias, reduzira a atividade da uréase, a cristalúria de

estruvita, e o crescimento dos urolitos (OSBORNE,1992).

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O tamanho dos urólitos deve ser acompanhado periodicamente por radiografia

de triagem, os autores recomendam a radiográfica em intervalos mensais, em geral

é preferível a radiografia de contraste retrógado, visto que o uso de cateteres

durante os estudos radiográficos retrógados podem resultar numa infecção

iatrogênica do trato urinário. A dieta de rações terapêutica planejada para a

dissolução de urolitos caninos de estruvita tem restrição de proteína e é

suplementada com cloreto de sódio, por tanto não deve ser administrado em

pacientes com moléstias simultâneas associadas ao equilíbrio positivos dos líquidos

(insuficiência cardíaca, síndrome nefrotica, ou hipertensão (OSBORNE, 1992).

3 .2 .6 Uró l i tos de ác ido ú r i co e u ra to de amôn ia

O ácido úrico é um dos diversos produtos da biodegradação do metabolismo

dos nucleotídeos purínicos, o urato ácido de amônia (também conhecido como urato

de amônia e biurato de amônia) e o sal da amônia monobásico do acido úrico.

Urolitos de urato ocorrem comumente em cães, compreendendo aproximadamente 2

a 8% de todos os urólitos caninos. Estruvita é o constituinte cristalóide secundário

mais frequente encontrado nos urólitos compostos de urato (menos que 30% da

composição mineral dos urolitos), especialmente os compostos de urato acido de

amônia, outros constituintes minerais secundário menos frequente associados aos

urolitos de urato são, apatita de cálcio, oxalato de cálcio monoidratado e oxalato de

cálcio diidratado (OSBORNE, 1992).

Dálmatas são tradicionalmente reconhecidos como sendo singularmente

predispostos a urólitos de urato, devido a defeitos hereditários no metabolismo do

ácido úrico, estudos sobre o destino do acido úrico em dálmatas revelaram vias

hepáticas e renais exclusivas do metabolismo, destes dois locais de singular

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metabolismo purínico, transplantes renais e hepáticos halogênicos recíprocos entre

dálmatas e não dálmatas indicam que o mecanismo hepático é quantativamente o

mais significativo. O fígado do dálmata não oxida completamente o acido úrico

disponível, ainda que tenha concentração suficiente de uréase. Além do dálmata

varias raças caninas foram descritas como sendo afetadas por urolitíase de uratos,

como Buldogues, Yorkshire terries, podem apresentar elevada incidência de uratos.

Os fatores predisponentes potenciais para a litogênese por uratos em cães são

aumento da excreção renal e da concentração urinária de ácido úrico, aumento da

produção renal, ou produção da uréase microbiana de íons amônio, baixo ph

urinário, presença de promotores na ausência de inibidores da formação de urolitos

de uratos (OSBORNE, 1992).

O urato de amônio é o sal monobásico de amônio do ácido úrico, o qual é o

formador do urólitos purínico de ocorrência natural mais comumente encontrado em

cães. Esse tipo de urólitos tende a se formar em urina ácida, a conversão parcial de

ácido úrico emalantoína causa alta concentração de ácido úrico no plasma e na

urina. O que irá predispor a formação de cálculos de urato e de amônio (urólitos

purínicos) (CUNHA, 2008).

Uma elevada incidência de urólitos de urato de amônia foi observado em cães

com anomalias valvulares portais, ocorrem tanto em macho como em fêmeas, e

geralmente são detectados antes dos três anos de idade. A comunicação direta

entre a vasculatura portal e a sistêmica contorna o sangue em torno do fígado,

resultando em grave atrofia hepática e numa diminuição da função hepática, a

disfunção hepática esta associada a redução na conversão hepática de acido úrico

para alantoina,e da amônia para uréia (OSBORNE,1992).

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A predisposição dos cães com desvios portos sistêmicos para a Urolitíase

por urato está provavelmente associada à concomitante hiperuricemia,

hiperamonemia, hiperuricemia, e hiperamonúria. As concentrações séricas de ácido

úrico em cães com desvios portos sistêmicos, normalmente apresentam-se

aumentadas. Mas nem todos os cães com desvios portos sistêmicos apresentam

concomitante Urolitíase por urato de amônio (CUNHA, 2008).

Os urólitos tem o potencial de sofrer dissolução espontânea permanecerem

ativos (crescerem) ou se tornarem inativos (permanecerem inalterados), embora a

dissolução espontânea de cálculos não formados por acido úrico tenha sido

ocasionalmente observada, uma incidência relativamente elevada de recidivas em

seguida remoção cirúrgica, e uma característica única dos cálculos de uratos em

cães (OSBORNE,1992).

A atual recomendação para a dissolução clinica dos urólitos de urato acido é

combinação de dietas calculolíticas, administração de inibidores da xantina oxidase,

alcalinização da urina, erradicação ou controle das infecções do trato urinário. Às

dietas calculolíticas tem as desvantagens de tender a acidificação da urina,

necessitando da adição de medicamentos alcalinizantes ao tratamento de

dissolução, o bicarbonato de sódio é utilizado como agente alcalinizador da urina,

com as recentes modificações na dieta com restrição proteica planejada para

insuficiência renal moderada a grave, esta disponível uma dieta não acidificante,

essas alterações deve tornar esta dieta superior a dieta estruvitolitica (OSBORNE,

1992).

Alopurinol é um isômero sintético da hipoxantina, este agente rapidamente se

liga a xantina oxidase, inibindo sua ação, e, portanto diminui a produção de ácido

úrico pela inibição da conversão da hipoxantina ate a xantina, a da xantina ate o

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acido úrico, o resultado e a redução nas concentrações séricas e urinarias de acido

úrico dentro de aproximadamente dois dias, visto que o Alopurinol e seus

metabolitos são dependentes dos rins para sua eliminação, a dosagem, comumente

é reduzida em pacientes com disfunção renal (OSBORNE, 1992).

Dessa forma, seu uso reduz a concentração sérica de ácido úrico, mas eleva

a concentração de hipoxantina e xantina. A dose do Alopurinol para a dissolução de

urato em cães é de 15mg/Kg BID. Para minimizar os riscos de formação de urolitos

de xantina, o Alopurinol só deve ser administrado a animais que estejam

consumindo uma dieta com restrição de purina (CUNHA, 2008).

Visto que os íons amônia e hidrogênio parecem precipitar uratos na urina

canina, a administração de agentes alcalinizantes como o bicarbonato de sódio ou

citrato de potássio orais, parece ter validade na prevenção dos metabolitos ácidos, a

partir do aumento na produção tubular renal de amônia (OSBORNE, 1992).

O aumento do volume urinário com o objetivo de diminuir a concentração

urinaria do acido úrico e da amônia, e deve favorecer o fluxo urinário através de via

excretória, visto que a dieta calculolíticas planejada para dissolução dos urolitos de

uratos prejudica a capacidade concentradora da urina, pela redução na

concentração medular renal da ureia, não são necessários agentes diuréticos

adicionais, devemos evitar excesso de sódio na alimentação, particularmente se o

ph urinário é elevado, visto que a excessiva secreção de sódio pode causar

hipercalciuria (OSBORNE, 1992).

O tempo médio de dissolução dos urólitos de urato é de 14,2 semanas,

variando de 4 a 40 semanas. Se os urólitos aumentarem de tamanho durante o

tratamento ou não começarem a diminuir após 8 semanas de terapia, deve-se

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reavaliar o diagnóstico e considerar métodos de manejo alternativos (CUNHA,

2008).

A terapia profilática deve ser considerada para cães sob risco elevado de

recidiva de urolitos de urato, como primeira escolha, deve ser consideradas dietas

que sejam restritas em purinas, e que promovam a formação de urina alcalina e

diluída. Caso persista a cristalúria de uratos ou hiperuricuria, fica indicada a

avaliação sérica do ph urinário para que seja assegurada a apropriada alcalinização

(OSBORNE,1992).

3 .2 .7 Uro l i t íase por c i s t ina

A análise quantitativas de urólitos caninos de cistina revelou que a maioria são

puros, mas uns poucos contêm urato de amônia, embora raras, as infecções

secundárias do trato urinário com microrganismos produtores de urease podem

resultar em um núcleo de cistina circundado por camadas externas de estruvita

(OSBORNE,1992).

A cistinúria é erro inato do metabolismo, caracterizado pelo transporte anormal

de cistina (um aminoácido não essencial contendo enxofre, composto de duas

moléculas de cisteína) e de outros aminoácidos, pelos tubos renais. O nome cistina

foi criado porque essa substância foi primeiramente identificada da urina removida

da bexiga, normalmente a cistina circulante e livremente filtrada em nível do

glomérulo e a maior parte é ativamente reabsorvida nos túbulos proximais, a

solubilidade da cistina na urina e dependente do pH, e relativamente insolúvel na

urina ácida, mas torna-se mais solúvel na urina alcalina (OSBORNE,1992).

O mecanismo exato da formação de urólitos de cistina e desconhecido, visto

que nem todos os cães cistinúricos formam urólitos, a cistinúria e causa

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predisponente, e não a causa primária na formação de urólitos de cistina, os urólitos

de cistina são geralmente detectado na bexiga ou uretra de cães machos afetados,

embora sejam radio densos, são tipicamente menos denso que os urólitos contendo

cálcio e os de estruvita, urolitos de cistina puro são em geral múltiplos, ovóides e

lisos, eles tem cor amarelo clara e variam de tamanho, de 0,5 mm ate diversos

centímetros. A detecção dos característicos cristais hexagonais e achatados de

cistina propicia firme ao diagnóstico de cistinúria, nem todos os cães com urólitos de

cistina apresentam concomitante cristalúria por cistina, a acidificação, refrigeração e

centrifugação da urina podem gerar a formação de cristais de cistina (OSBORNE,

1992).

O modo genético preciso de herança da cistinúria canina é desconhecido,

com tudo foi sugerido um padrão recessivo ligado ao sexo, ou autossômico,

supreendentemente, os urólitos de cistina com frequência não são reconhecidos, até

que os cães atingiam a maturidade, sendo a idade media de detecção de

aproximadamente 3 a 5 anos, visto ser a cistinúria um defeito hereditário, os urólitos

comumente recidivam, para causar sinais clínicos em 6 a 12 meses, a menos que

tenha cido iniciado a terapia profilática (OSBORNE,1992).

As recomendações para a dissolução de urólitos de cistina englobam a

redução na concentração urinaria de cistina, e o aumento da solubilidade de cistina

na urina, isto pode ser conseguido pela modificação da dieta, alcalinização da urina

e administração de medicamentos contendo tiol (OSBORNE, 1992).

A solubilidade da cistina é dependente do ph, em cães a solubilidade da

cistina num ph de 7,8, foi descrida como sendo de aproximadamente o dobro da

solubilidade de um ph urinário de 5,0. As alterações no pH urinário que permanece

na faixa ácida exercem efeitos mínimos sobre a solubilidade de cistina, portanto uma

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quantidade suficiente de citrato de potássio ou de bicarbonato de sódio deverá ser

administrado por via oral em doses divididas, para a manutenção do pH urinário de

aproximadamente 7,5 (OSBORNE,1992).

Visto que a cistinúria e defeito metabólico hereditário, e visto que os urólitos

de cistina recidivam em elevada porcentagem de cães formadores de cálculos

dentro de um ano após a remoção cirúrgica, a terapia profilática devera ser

considerada, pode ser iniciada a combinação de terapia dietética com tratamento de

alcalinização da urina, com o objetivo de minimizar a cristalúria por cistina, e de

promover testes negativos de cianeto-nitropussiato (OSBORNE, 1992).

3 .2 .8 Uro l i t íase por oxa la to de cá lc io

A importância de diferenciar o oxalato de cálcio monoidratado, do oxalato de

cálcio diidratado em urolitos caninos permanece por ser estabelecida, no homem

oxalato de cálcio diidratado e indicativo de formação recente, urólitos de oxalato de

cálcio podem ser encontrados em qualquer ponto do trato urinário, podem ser

isolados ou múltiplos, variando de tamanho desde fração de milímetros, até diversos

centímetros (OSBORNE, 1992).

Os urólitos de oxalato de cálcio são os segundos em incidência mais

frequente, sendo encontrados em 26,5% dos casos analisados. As raças

predominantes para esse tipo de urólitos são Shnauzers miniatura, Lhasa Apso e

York Shire Terrier. Urólitos de oxalato de cálcio são observados em cães de todas

as idades, mas é comum encontrar em animais entre 5 a 12 anos de idade (CUNHA,

2008).

Fatores incriminados na Etiopatogenese da Urolitíase por oxalato de cálcio

são hipercalciúria, hiperoxalúria, hiperuricosúria. Hipercalciúria hipercalcêmica a

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excessiva filtração e excreção de cálcio na urina, em decorrência da hipercalcemia

alteram a composição físicoquímica da urina, de modo que são favorecidos a

nucleação e crescimento de sais de cálcio. Hipercalciuria normocalcemica é um

achado mais comuns em seres humanos com urolitos de oxalato de cálcio, os

animais formadores de urólitos de oxalato de cálcio hipercalciúricos

normocalcêmicos eram geralmente colocados em grupos etiológicos denominado

hipercalciuria idiopática. Hiperuricúria e hiperoxalúria são causas menos comuns de

urolitos de oxalato de cálcio (OSBORNE, 1992).

Os cálculos de oxalato de cálcio correspondem ao segundo tipo de urólitos

mais encontrado em cães e gatos. O principal fator predisponente ao aparecimento

desses urólitos é a supersaturação da urina com cálcio e oxalato, com posterior

absorção intestinal de cálcio (PACHECO, 2009).

As experiências clínicas dos autores com urolitos recidivantes de oxalato de

cálcio sugere que eles podem crescer a partir de partículas subvisuais ate urolitos de

suficiente tamanho, a ponto de causarem sintomas clínicos dentro de dois a três

meses, e tem tendência em recidivar, em seguida a sua remoção cirúrgica, em

estudos de cães urolitos de oxalato de cálcio recidivaram em 25% dos pacientes

tratados cirurgicamente (OSBORNE, 1992).

Em cães a falta de protocolos efetivos para indução da dissolução de urolitos

de oxalato de cálcio esta relacionada à falta de conhecimentos acerca da

Etiopatogenese de sua formação e crescimento, sendo insuficiente informação para

que seja formulado o tratamento especifico que ira reverter os distúrbios biológicos,

foram feitas observações suficientes para sugerir que haja similaridade entre a

Urolitíase pelo oxalato de cálcio em seres humanos e cães, ainda que a cirurgia

permaneça como o mais efetivo método de remoção dos urólitos, alguma

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modalidades terapêutica que foram consideradas efetivas em seres humanos com

urolitos de oxalato de cálcio podem ser ponderadamente consideradas para uso em

cães, para impedir a continuidade do crescimento dos urolitos de oxalato de cálcio,

ou para minimizar sua recidiva ,em seguida a remoção. Em geral o tratamento

clínico deve ser formulado por etapas sequenciadas, com a meta inicial sendo a

redução da concentração urinaria de substancias calculogênicas, medicamentos que

possuem o potencial de induzir alteração sustentado na composição corporal de

metabolitos (OSBORNE,1992).

Considerações na dieta redução no consumo alimentar de oxalato ou cálcio

parece ser uma abordagem lógica na formulação da terapia para urolitos de oxalato

de cálcio, a redução do consumo de apenas um desses constituintes como o cálcio

pode ser contraproducente, devido ao aumento na biodisponibilidade do outro como

o oxalato, para a absorção e excreção na urina (OSBORNE, 1992).

A ingestão de alimentos que contem elevadas quantidades de proteína animal

(bovina, aves, peixes) pode contribuir para urolitíase elo oxalato de cálcio no

homem, ao aumentar a concentração urinária de cálcio, ao elevar a concentração

urinaria de acido úrico, e ao diminuir a concentração urinária de citrato, os autores

recomendam que seja evitado o uso excessivo consumo alimentar de proteínas em

cães com Urolitíase ativa por oxalato de cálcio (OSBORNE, 1992).

Diuréticos do grupo das tiazidas efetivamente diminuem a excreção renal do

cálcio, desde que não esteja presente sódio em excesso no filtrado glomerular, as

tiazidas podem reduzir a excreção urinária de cálcio, ao reduzir a carga filtrada de

cálcio, os diuréticos do grupo das tiazidas promovem a perda de sódio na urina,

levando à leve a contração do volume líquido extracelular (OSBORNE, 1992).

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Os citratos são inibidores dos cristais de oxalato de cálcio, devido sua

capacidade em constituir composto com cálcio, formando sais que não são mais

solúveis que o oxalato de cálcio, durante os últimos anos a forma, mas comumente

recomendada de citrato oral tem sido o citrato de potássio, este agente é

comumente administrado em conjunção com diuréticos do grupo das tiazidas, pois

tende minimizar a hipocalcemia induzida pelas tiazidas e por favorecer a excreção

de citrato pela urina (OSBORNE, 1992).

Os urólitos de oxalato de cálcio não respondem a tratamentos dietéticos, uma

vez que eles não são dissolvidos na vesícula urinária. Portanto, a única forma efetiva

de tratamento para essa afecção é a retirada cirúrgica do cálculo (PACHECO, 2009).

3 .2 .9 Uro l i t íase por fos fa to de cá lc io

O fosfato de cálcio é comumente encontrado como componente secundário

de urólitos de estruvita e de oxalato de cálcio, mas urólitos com fosfato de cálcio são

raros em cães, respondendo cerca de 3% dos urolitos submetidos ao centros de

estudos de cálculos (OSBORNE,1992)

O fosfato de cálcio é comumente encontrado como componente secundário

de urolitos de estruvita e de oxalato de cálcio, mas urólitos com fosfato de cálcio são

raros em cães, respondendo cerca de 3% dos urólitos submetidos aos centros de

estudos de cálculos (OSBORNE, 1992).

Urólitos puros de fosfato de cálcio são raramente encontrados em cães,

quando aparecem ocorrem em associação com distúrbios metabólicos como

hiperparatiriodismo ,acidose tubular renal e excesso de cálcio e fósforos alimentares

(OSBORNE, 1992).

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A solubilidade de fósforo de cálcio na urina depende da concentração dos

íons de hidrogênio, da concentração de íons de cálcio, a da concentração de íons de

fosfato inorgânico. A administração de acido cítrico pode aumentar a solubilidade do

fosfato de cálcio, por meio das formações de complexos solúveis de cálcio. Visto

que os urolitos primeiramente composto por fosfato de cálcio tenham maiores

probalidade de serem encontrados em cães com moléstias associados a

hipercalcemia ou acidose tubular renal ,podemos especular que a correção dessas

anormalidades metabólicas poderia estar associada a formação da urina

subsaturada com cristaloides de fosfato de cálcio, e de esperar que os urolitos se

dissolvam ou remoção cirúrgica (OSBORNE,1992).

3 .2 .10 Uro l i t íase por s í l i ca

A sílica responde por aproximadamente 2 a 8% dos urólitos submetidos aos

centros de estudos de cálculos nos Estados Unidos desde a metade da década de

70, a maioria dos cálculos de sílica se compõem quase que integralmente de sílica

amorfa, em sua maioria apresentam característica denteada, embora eles possam

ser facilmente diferenciados dos urolitos de oxalato de cálcio por inspeção

macroscópica (OSBORNE, 1992).

Dietas contendo quantidades substanciais de glúten de milho ou casca de

soja são especialmente suspeitas, os autores aventam a hipótese de que a baixa

percentagem de detecção dos urólitos de sílica em cadelas esta relacionada a

eliminação de pequenos urolitos durante a micção ,antes que possam induzir

sintomas clínicos. Raças caninas de maior porte recebem alimentos ressecados

contendo quantidades relativamente elevadas de ingredientes vegetais como glúten

de milho (OSBORNE, 1992).

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Urólitos de sílica foram experimentalmente induzidos em cães, quatro meses

depois terem sido administradas dietas contendo grande quantidade de ácido silicos,

estes urólitos foram produzidos em ratos dentro de oito semanas, após o consumo

de tetra-etilortossiloicato, a avaliação de relatos de casos de seres humanos que

sofreram de urolitos de sílica, em quanto consumiram antiácidos contendo silicatos,

sugere que os urolitos foram se desenvolvendo ao longo de período de anos

(OSBORNE,1992).

Dietas calculolíticas que não contem proteínas vegetais, e que induzem a

diurese podem evitar maior crescimento de urolitos de sílica, mesmo assim a cirurgia

permanece sendo a única alternativa viável para sua remoção, recomendação dos

autores são mudanças na dieta, aumento do volume urinário,e consideração da

alteração do pH urinário (OSBORNE,1992).

Os sinais clínicos associados a Urolitíase dependem do número, tipo,

localização no interior do trato urinário. Em sua maioria os urólitos estão localizados

na bexiga, e frequentemente são observados sinais clínicos de cistite (hematúria,

polaciúria, e estrangúria, disúria), a irritação das mucosas e relativamente grave

diante da presença de urolitos em formas de espiculas em comparação com as

pedras lisas e solitárias, então e possível a ocorrência de irritação da mucosa e

infecção secundária do trato urinário no caso de qualquer tipo ou quantidade de

urolitos, em cães machos urolitos menores podem transitar ate a uretra ,causando

obstrução parcial ou completa ,com sinais de distinção vesicais e azotemia pós

renal (depressão, anorexia, e episodio de vômito (GRAUER,1998).

A palpação abdominal pode revelar urólitos na bexiga se ocorrer uma

obstrução do trato urinário, será palpada uma bexiga distendida, túrgida e dolorida.

Mas, geralmente, a bexiga conserva-se vazia devido à alta frequência de micção, a

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menos que a uretra esteja completamente obstruída. Bartges (2003) afirma que se

os urólitos forem suficientemente pequenos para saírem da bexiga, mas

demasiadamente grandes para passar pela uretra, ocorrerá uma obstrução uretral

com a associação de uma ITU bacteriana mais cálculos vesicais, a urina pode ficar

turva ou apresentar odor anormal (CUNHA, 2008).

A ultra sonografia ou radiografia simples ou contrastada do trato urinário

frequentemente são necessárias para a confirmação dos diagnósticos de Urolitíase,

os urólitos de oxalato de cálcio e estruvita são cálculos mas radio densos, em

quanto que os urólitos de urato são relativamente radio transparentes e podem

necessitar do uso de radiografia contrastada, para a obtenção do diagnostico, os

urolitos de cistina e silicato possuem radio densidade intermediaria (GRAUER,1998).

3 .3 EXAMES COMPLEMENTARES

Os achados da urinálise em cães com Urolitíase frequentemente sugerem a

inflamação do trato urinário, o pH da urina varia dependendo do tipo de cálculo e da

presença ou ausência de infecção bacteriana concomitante, em geral os urólitos de

estruvita estão associado a urina alcalina; os urólitos de cistina estão associado as

urinas ácidas; os urólitos de urato e silicato estão associados ao pH urinário neutro a

ácido, e os urólitos de oxalato estão associados ao pH variável. Podemos observar

cristalúria, dependendo da concentração, pH, e temperatura dependendo de

armazenamento da urina, embora a cristalúria possa existir na ausência dos urólitos,

e embora urolitos possam estar presentes sem que ocorra cristalúria

(GRAUER,1998).

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Indica-se uma cultura urinária em todos os pacientes com Urolitíase, nos

casos de urólitos de estruvita induzidos por infecção, a cultura urinária ficará positiva

com um organismo produtor de uréase, que é geralmente por Staphylococcus spp.

ou Proteus spp. e ocasionalmente por Streptococcus spp., Klebsiella spp. ou

Ureaplasma spp.. As culturas urinárias podem ficar positivas em casos de qualquer

urólito nos quais tenha ocorrido uma ITU bacteriana secundária (CUNHA, 2008).

Geralmente, o hemograma completo e a análise bioquímica sérica ficam

normais. No hemograma pode-se encontrar uma leucocitose quando a ITU causar

pielonefrite, especialmente junto com obstrução intercorrente (CUNHA, 2008).

Algumas anormalidades podem ajudar a determinar uma base metabólica

para a formação do urólitos. Como por exemplo, baixas concentrações séricas de

nitrogênio derivado da uréia geralmente ocorrem em cães com desvios hepáticos

portos sistêmicos e com urólitos de urato. A hipercalcemia foi assinalada em cães

com hiperparatireoidismo primário e com urólitos de oxalato de cálcio e de fosfato de

cálcio (CUNHA, 2008).

Aumentos encontrados na uréia sanguínea, na creatinina sérica e na

concentração sérica do fósforo acompanham insuficiência renal, obstrução ureteral

bilateral ou obstrução unilateral de um rim funcionante único (CUNHA, 2008).

O principal objetivo da avaliação radiográfica ou ultrassonográfica dos

pacientes é verificar a presença, a localização, o número, o tamanho, a densidade e

o formato do urólitos. A radiografia é uma técnica de grande valia para o diagnóstico

das Urolitíase no trato urinário inferior, as simples são adequadas para urólitos

radiopacos e as contrastadas para urólitos radiolucentes. Quando a suspeita for de

urólitos radio transparente, devem ser executados contraste positivo ou duplo

contraste. Na ultrassonografia os urólitos frequentemente são identificados como

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massas hiperecóicas no interior do lúmen da bexiga. O sombreamento acústico é

marcado, especialmente com transdutores de alta frequência alguns fatores como a

presença de gás intra-abdominal e opacidades de sobreposição intestinal podem

interferir na obtenção da imagem e acarretar em erros de diagnóstico, para que este

fato não ocorra o paciente deve ser submetido a uma preparação antes da

realização do exame (SANCHES, 2010).

A radiografia exploratória lateral fornece informação suficiente para que seja

excluída a presença de urólitos. As radiografias devem incluir todas as partes da

uretra, o que comumente depende da obtenção de vistas mais caudais que as para

a avaliação abdominal de rotina (CUNHA, 2008).

3 .4 ANÁLISE DOS URÓLITOS

A análise quantitativa do conteúdo de urólitos é muito confiável. Os urólitos

para análise podem ser obtidos através da remoção cirúrgica, cateterização da

bexiga, eliminação por uro-hidropropulsão e ocasionalmente pela eliminação

espontânea. A avaliação subjetiva da composição do urólitos na ausência de análise

quantitativa pode ser baseada em vários achados clínico patológico. De acordo com

a análise dos urólitos, eles podem ser apresentados num recipiente seco e limpo. A

apresentação de urólitos em preservativos ou outras soluções pode alterar as

propriedades físicas dos minerais, ou pode dissolver (e deslocar) os cristais da

superfície. Se existem muitos urólitos presentes, um urólitos deverá ser colocado em

formalina a 10% tamponada, para o exame microscópico (CUNHA, 2008).

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3 .5 TRATAMENTO CLÍNICO

Os principais terapêuticos gerais são o alívio de qualquer obstrução uretral

porventura existente e a descompressão da bexiga, estes objetivos podem ser

concretizados mediante a introdução de cateter de pequeno calibre, cistocentese,

desalojamento dos cálculos uretrais por hidro propulsão, ou por uretrotomia de

emergência. A fluidoterapia é iniciado com objetivo de restabelecer o equilíbrio de

líquidos e eletrólitos, caso esteja acontecendo azotemia pós renal, que pode

desencadear uma hipercalcemia, que pode por em risco a vida do paciente

(GRAUER,1998).

A dissolução clinica dos urolitos de estruvita, urato, e cistina tem demostrado

eficácia, a escolha entre a remoção cirúrgica de urólitos e a dissolução clínica nem

sempre é nítida, a desvantagens da cirurgia são anestesias, a invisibilidade dos

procedimentos, a possibilidade de remoção incompleta dos urólitos, já no tratamento

clínico visa a redução na concentração de cristalóides na urina, e o aumento do

volume urinário, para que seja produzido urina subsaturada, a principal

desvantagem do tratamento clínico da Urolitíase é o elevado grau de cooperação

necessária da parto do proprietário do paciente, durante várias semanas ou meses

(GRAUER,1998).

Os urólitos de estruvita podem ser comumente dissolvidos alimentando-se o

cão com dieta restrita em proteína, cálcio, fósforo e magnésio e com alto teor de sal

que resulta na produção de urina ácida. A restrição proteica nas dietas reduz a

produção hepática de uréia e diminui a concentração de uréia na urina. Para haver a

dissolução de urólitos de estruvita é necessário uso de dieta restrita por duas

semanas a sete meses em média (SANCHES, 2010).

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Os urólitos de oxalato de cálcio não respondem a tratamentos dietéticos, uma

vez que eles não são dissolvidos na vesícula urinária. Portanto, a única forma efetiva

para essa afecção é a retirada cirúrgica do cálculo (SANCHES, 2010).

Para cães sem anomalias porto vasculares, as recomendações para

dissolução clínica de urólitos de urato de amônio incluem a combinação de dieta

calculolíticas, administração de inibidores de xantina oxidase, alcalinização da urina

e a erradicação ou controle das infecções do trato urinário (SANCHES, 2010).

3 .6 TRATAMENTO CIRÚRGICO

Ressaltam que a detecção de urolitos não é, em si, indicação para a cirurgia.

Contudo, sob as condições apropriadas, a cirurgia é o tratamento preferível. Os

candidatos cirúrgicos são os pacientes com obstrução da eliminação urinária

induzida por urólitos, que não pode ser corrigida por técnicas não cirúrgicas. Isto é

essencialmente válido em pacientes com ITU. Nesta situação, é provável que a

rápida disseminação da infecção e a lesão ao trato urinário induzam a pielonefrite,

insuficiência renal, e/ou septicemia. Portanto, é importante que esta combinação de

distúrbios seja resolvida rapidamente (CUNHA, 2008).

É controverso remover ou não todos os cálculos renais ou ureterais. Se estes

se associarem a infecção, deverão ser removidos; no entanto, a remoção de

cálculos não infectados da pelve renal pode produzir mais danos renais do que os

próprios cálculos causaram. Outros fatos que devem ser considerados incluem a

efetividade de uma terapia clínica na dissolução do cálculo, a função renal nos rins

afetado e contralateral, a saúde global do animal e a presença de uma uropatia

obstrutiva (ou seja, hidronefrose, hidroureter ou insuficiência renal). Os cálculos

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ureterais causam frequentemente obstrução e exige também quase sempre a

remoção cirúrgica imediata (SANCHES, 2010).

A remoção cirúrgica permanece como uma importante forma de terapia e é

frequentemente o único meio definitivo de permitir a análise dos cálculos e cultura do

cálculo profundo. A biópsia do fígado é recomendada em todos os casos, quando a

cistotomia for realizada, para avaliar um possível papel do fígado na remoção de

cálculos. A radiografia pós-cirúrgica do abdômen e uretra é recomenda para avaliar

a eficácia da remoção do cálculo (CUNHA, 2008).

A cistotomia é realizada para remover cálculos vesicais, antes do

procedimento deve ser feito, urinalise, uma cultura urinaria quantitativa, umas

cistografia de contrate e uma avaliação da função renal (ARNOLD, 1996).

No pré operatório um animal com obstrução uretral requer um tratamento

imediato, pois essa afecção resulta em uma uremia pós-renal em desequilíbrio

hídrico eletrolítico, e acido básico associados que contribuem riscos de vida, se os

resultados laboratoriais não forem disponíveis, deve-se presumir que o cão esteja

acidótico, hipercalcêmico e azotemico. Coloca-se um cateter endovenoso e inicia-se

uma fluidoterapia (ARNOLD, 1996).

Alivia-se ou desvia a obstrução uretral com o menos possível de

tranquilização ou anestesia, descomprime inicialmente a bexiga por meio de

cistocentese com uma seringa de uma agulha calibre 22, usa–se de hidropropulsão

para mover os urólitos de volta a luz da bexiga. Pode-se utilizar esse procedimento,

que envolve a dilatação de uma porção da uretra com um fluido sob pressão, em

cães tanto macho como fêmeas. Se a hidropropulsão não tiver sucesso, pode-se

fazer tentativas para empurrar os urólitos paro o interior da bexiga com um cateter

grande para desviar a obstrução, se não puder avançar um cateter sem traumatismo

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excessivo, devem-se considerar métodos cirúrgicos de desviar a obstrução

(ARNOLD,1996).

Utiliza-se uma uretrotomia pré-escrotal (que cria uma abertura temporária na

uretra) para trazer os urolitos da uretra pré escrotal ou desviar dos urolitos alojados

na uretra peniana, se possível deve-se evitar a uretrostomia perineal, pois causa

mas hemorragia e queimadura urinária que a uretrostomia pré-escrotal,

alternativamente a cauterização e a lavagem da uretra a partir de uma incisão de

cistotomia e a abertura uretral geralmente desalojam os cálculos uretrais perineais

sem a necessidade de uma uretrostomia perineal. Utiliza-se um catéter de cistotomia

para drenar a urina em um animal uremico com cálculos uretrais que não possam

ser facilmente removidos, o uso se um catéter de cistotomia temporário é preferível a

tentativas fúteis para aliviar a obstrução, que podem traumatizar adicionalmente a

uretra (ARNOLD, 1996).

Na uretrostomia pré-escrotal faz uma incisão cutânea desde caudal ao

prepúcio até imediatamente cranial ao escroto, se a incisão se estender por cima do

escroto, torna-se mais provável que o cão escorie o local que haja um risco do que o

testículo se prolapsem através da incisão. Disseca-se o tecido subcutâneo ate o

nível do musculo retrator peniano, deve identificar o corpo esponjoso acinzentado e

os corpos cavernosos pareados e revestidos por tecido fibroso esbranquiçado, se os

corpos cavernosos forem as estruturas da linha média, mas visível, pode se tornar

necessária a rotação do pênis entre o polegar e o dedo indicador para trazer o

musculo retrator peniano e o corpo esponjoso até a linha media (ARNOLD,1996).

Após se rebater lateralmente o musculo retrator peniano, faz-se uma incisão

longitudinal no interior do corpo esponjo e da uretra, deve-se evitar o corpo

cavernoso lateral a uretra, podem-se colocar sutura de retenção no corpo esponjoso

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para ajudar na identificação e na exposição da mucosa uretral, o revestimento

esbranquiçado e brilhante da mucosa da uretra contrasta com o corpo esponjoso

circundante, removem-se e coletam os urolitos para uma análise mineral

quantitativa, avança-se proximamente um cateter para conferir urolitos adicionais e

distalmente para desalojar cálculos no interior da uretra peniana. Pode-se fechar a

incisão da uretrotomia com suturas absorvíveis sintéticas 4-0 em um padrão

interrompido simples, ou dechar aberto para cicatrizar por segunda intenção,

decisão de se fechar ou não a uretrostomia depende da preferência do cirurgião e

dos matérias disponíveis, pode ocorrer uma maior hemorragia pós-operatória se não

se suturar a uretra, mas a sutura da uretra requer um tempo adicional, uma

manipulação tecidual suave e instrumentos delicado para impedir uma estenose

(ARNOLD,1996).

Faz-se uma incisão cutânea de 1 a 2cm no terço caudal do abdômen, nos

cães machos faz-se uma incisão cutânea lateralmente ao prepúcio, rebate-se

lateralmente o mesmo e faz-se uma incisão na linha alba na linha media, nos gatos

e nas cadelas são feitas incisões cutâneas e abdominais na linha média, exterioriza

a bexiga e mantem a mesma nessa posição com duas suturas de retenção

(ARNOLD,1996).

Coloca-se uma sutura em bolsa-de-tabaco absorvível através da serosa e

das camadas musculares da parede vesical ventral cranial, faz então uma incisão

estocada no interior da bexiga dentro da bolsa de tabaco, insere-se um cateter de

foley pequeno ou um francês 8 na bexiga e infla-se o mesmo com solução salina

estéril, pode –se incorporar o omento a bolsa de tabaco a medida que esta é

amarrada ao redor do cateter de foley, passam suturas de retenção através da linha

alba ou da facia abdominal e amarrasse as mesmas, fecham-se a linha alba e as

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incisões cutâneas, e prende-se o cateter de foley a pele, conecta-se o cateter e um

sistema de drenagem fechado estéril, pode-se desinflar e remover o cateter após 3

dias ou mais (ARNOLD,1996).

3 .7 PÓS OPERATÓRIO

Após se restaurar o fluxo urinário por meio de uma cateterização uretral, uma

uretrostomia ou uma cistotomia por sonda, administrar uma fluidoterapia a

apropriada para corrigir os desiquilíbrios hídricos, eletrolíticos, acido básico, deve-se

monitorar a produção urinaria, como os rins podem apresentar uma diurese ade

agua e sódio obrigatória por vários dias após se aliviar uma obstrução uretral, torna-

se essência a monitoração do estado hídrico, da função renal e dos níveis eletrolítico

(ARNOLD, 1996).

O plano terapêutico para se evitar a recorrência dos urolitos dependo dos

resultado da analise mineral quantitava dos cálculos, da cultura bacteriana urinaria e

dos testes de sensibilidade (ARNOLD,1996).

3.8 PROGNÓSTICO

Alguns autores afirmam que, caso não se trate a doença, a infecção ou a

anormalidade metabólica subjacentes, a maior parte dos urólitos recidivará.

Episódios subsequentes podem ocorrer dentro de alguns meses. O

prognóstico é considerado bom, exceto nas obstruções completas da uretra, que

necessitam de tratamentos emergenciais. No entanto, quando há a resolução inicial

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dos sinais, o prognóstico é considerado excelente. Sendo que a ocorrência de

cálculos ou ITU recidivantes é possível em todos os casos (CUNHA, 2008).

3 .9 PROFILAXIA

A dieta é a principal forma de se evitar recidivas dos urólitos em animais com

predisposição a tê-los. O alimento fornece energia e nutrientes para o animal, sendo

que alguns deles são essenciais e devem estar presentes na dieta como minerais,

água, alguns aminoácidos como lisina, triptofano, histidina, leucina, valina,

fenilalanina, treonina, isoleucina, arginina e metionina, ácidos graxos e vitaminas. A

quantidade de cada nutriente a ser oferecida na dieta deve ser adaptada em função

do tipo de urólitos do animal (RIBEIRO, 2004).

4 RELATO DE CASO

4 .1 IDENTIF ICAÇÃO DO PACIENTE

O paciente apresentado neste trabalho é da espécie canina, macho, com oito

anos de idade, Labrador de pelagem amarela, pesando 40 kg.

4 .2 H ISTÓRICO

O paciente foi encaminhado à clínica Prontovet por um veterinário clínico que

suspeitou de cistite recorrente. O mesmo já teria passado por vários tratamentos

com uso de antibióticos e antiinflamatórios, mas era recorrente a recidiva dos sinais

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clínicos da cistite, como disúria, estrangúria e polaciúria, porém não havia sido

notada a hematúria até alguns dias antes da consulta.

4 .3 CONDUTA CLÍNICA

Na palpação, durante o exame físico no dia 04/08/2012, verificou-se

sensibilidade abdominal e suspeitou-se, então, de cálculo vesical. Para confirmação

do diagnóstico foi realizado ultrassonografia abdominal, onde foi encontrada,

segundo o laudo, vesícula urinária em moderada repleção líquida, paredes

espessadas e mucosas irregulares, repleta por conteúdo anecogênico apresentando

incontáveis estruturas hiperecóicas, variando entre 0,5 cm a 2,5 cm de diâmetro,

formando intenso sombreamento acústico. Próstata de contornos definidos,

dimensões aumentadas e com textura mantida. Não havia evidências sonográficas

de líquido livre abdominal, alterações em linfonodos abdominais ou em grandes

vasos (Artéria Aorta e Veia Cava Caudal). A impressão diagnóstica foi então de

urolitíase vesical severa (figuras 11 e 12), com provável cistite associada e sinais de

hiperplasia prostática benigna (figura 13).

Como forma de tratamento preconizou-se o procedimento cirúrgico que foi

realizado no dia 06/08/2012. O animal se encontrava em bom estado geral e optou-

se pelo protocolo anestésico com medicação pré-anestésica – droga do grupo das

fenotiazinas, acepromazina, na dose de 0,1 mg/kg intramuscular + tramadol 2 mg/kg;

indução com propofol na dose de 5 mg/kg por via intravenosa e; manutenção – com

anestesia inalatória , com isoflurano.

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Após a aplicação da medicação pré-anestésica, realizou-se tricotomia da

região abdominal e posterior lavagem de toda a região com PVPI degermante. Em

ato contínuo o animal foi anestesiado e colocado em decúbito dorsal.

Durante o procedimento cirúrgico foi realizada a sondagem uretral e neste

momento observou-se que a uretra poderia estar obstruída por cálculos. Realizou-se

então a celiotomia mediana retro-umbilical. A bexiga foi localizada, retrofletida e

isolada externamente ao abdome com compressas, para que fosse minimizada a

contaminação abdominal. A cistotomia foi realizada no aspecto dorsal da bexiga em

uma região hipovascular, os cálculos foram removidos (Figuras 15 e 16). No entanto,

a uretra estando obstruída deveria ser também aberta, foi então realizada a

uretrostomia peniana, os cálculos foram removidos e a uretra suturada com fio de

poligalactina 910. Realizou-se cistorrafia em dois planos de sutura, no padrão

Cushing, com o fio de poligalactina 910, número 2-0. A laparorrafia foi elaborada

com pontos contínuos interrompidos, com fio de nylon número 0, o subcutâneo no

padrão contínuo intradérmico e pele com nylon número 0.

O paciente ainda deveria passar por uma orquiectomia devido à hiperplasia

benigna da próstata, esta foi então realizada seguindo as técnicas cirúrgicas

conhecidas.

No pós-operatório imediato foi administrado 4ml de Shotapen® LA. Foi

receitado antibiótico, enrofloxacina, 5mg/kg oral, uma vez ao dia por 10 dias e

antiinflamatório meloxicam 0,1mg/kg oral, uma vez ao dia. O cálculo foi

encaminhado para análise e recomendou-se que o proprietário retornasse a clínica

após 10 dias para reavaliação, porém o proprietário optou por manter o paciente na

clinica até a retirada dos pontos, pois em sua casa não havia local adequado para

manter o paciente em repouso.

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No dia 09/08/2012 o paciente apresentou inapetência, estava sem se

alimentar desde o dia 07/08/2012, foi instituída alimentação enteral por meio de

sonda nasogástrica, mas logo em seguida ocorreram vômitos de conteúdo

enegrecido e odor desagradável. Foi necessário entrar com bloqueador H2

Ranitidina 2mg/kg intravenoso a cada 12 horas e suspender o uso de

antiinflamatórios. O paciente passou a receber fluidoterapia intravenosa com solução

de cloreto de sódio 0,9% diariamente.

No quarto dia de pós-operatório (10/08/2012), já se sentindo melhor, comeu

canja de galinha preparada exclusivamente para o paciente, pois apresentava

apetite caprichoso. Neste mesmo dia, no período da tarde, o paciente sofreu

deiscência, abertura da sutura abdominal, sem evisceração, pois o plano de sutura

da pele não foi rompido. Houve sangramento as mucosas estavam pálidas e o

tempo de preenchimento capilar aumentou. Foi necessário realizar transfusão de

sangue total antes da nova intervenção cirúrgica. Neste novo procedimento o

paciente foi anestesiado com Telazol® dose de 0,10ml/kg intramuscular. A cavidade

abdominal foi minuciosamente explorada e lavada não havia alterações, a bexiga

estava intacta. O plano de sutura abdominal foi realizado com nylon em pontos

isolados e captonados. Uma nova terapia antibiótica foi instituída, passou a ser

administrado Trissulmax ® 15mg/kg duas vezes ao dia por 7 dias. Nos dias

seguintes da nova intervenção cirúrgica o paciente continuou internado recebendo

curativos diários com Iruxol ® pomada, até o dia 27/09/2012, dia da alta clínica.

A análise do cálculo urinário segue no quadro abaixo.

RESULTADO DA ANÁLISE FÍSICO-QUÍMICA DO CÁLCULO Forma Fragmentada Cor Branca

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Consistência Pétrea Aspecto Opaco Peso 0,32 gramas Superfície Rugosa Carbonato Ausente Oxalato Presente Cálcio Presente Fosfato Presente Magnésio Presente Amônio Presente Urato Ausente Cistina Ausente

CONCLUSÃO NA ANÁLISE Oxalato de cálcio (++) Fosfato Triplo Amoníaco Magnesiano (+++) Amônio (+++)

Fonte: Laboratórios Hermes Parini

FIGURA 11 - UROLITÍASE VESICAL SEVERA.

FONTE: Nerone Ultrassonografia Veterinária.

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FIGURA 12 - UROLITÍASE VESICAL SEVERA.

FONTE: Nerone Ultrassonografia Veterinária.

FIGURA 13 - HIPERPLASIA PROSTÁTICA BENIGNA.

FONTE: Nerone Ultrassonografia Veterinária.

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FIGURA 14 - INCISÃO CIRÚRGICA DA VESÍCULA URINÁRIA

FONTE: arquivo pessoal

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FIGURA 15 - CÁLCULOS URINÁRIOS REMOVIDOS DA VESÍCULA URINÁRIA

FONTE: arquivo pessoal

FIGURA 16 - CÁLCULOS URINÁRIOS REMOVIDOS

FONTE: arquivo pessoal

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FIGURA 17 - SUTURA DA VESÍCULA UTILIZANDO POLIGALACTINA 910

FONTE: arquivo pessoal

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5 DISCUSSÃO

O tipo de mineral encontrado foi fosfato triplo amoníaco magnesiano, amônio

e oxalato de cálcio. Segundo Osborne (1992) o tipo mais comum encontrado nos

urólitos de cães é o fosfato amoníaco magnesiano. O urato ácido de amônia, ácido

úrico, fosfato de cálcio (mono e diidratado) ocorrem muito menos frequentemente.

Um exame físico completo foi essencial para ajudar identificar os cálculos. A

palpação dos cálculos pode ficar mais fácil quando a bexiga se encontra

completamente distendida. Os cálculos grandes são frequentemente palpáveis como

massas firmes no interior da vesícula urinária. Se encontrarem presentes cálculos

múltiplos pode ser palpável uma consistência de coisas que raspam ou arenosas. A

palpação da vesícula urinária disparou uma resposta dolorosa.

Concordamos com Grauer (1998) que a dissolução clínica dos urólitos de

estruvita, urato e cistina tem demonstrado eficácia. A escolha entre a remoção

cirúrgica de urólitos e a dissolução clinica nem sempre é nítida. As desvantagens da

cirurgia são anestesia, invisibilidade dos procedimentos, possibilidade de remoção

incompleta dos urólitos, já no tratamento clínico visa-se a redução na concentração

de cristalóides na urina e o aumento do volume urinário, para que seja produzida

urina subsaturada. A principal desvantagem do tratamento clínico da Urolitíase é o

elevado grau de cooperação necessária da parte do responsável pelo paciente,

durante várias semanas ou meses.

Como relata Sanches (2010) os urólitos de oxalato de cálcio não respondem a

tratamentos dietéticos, uma vez que eles não são dissolvidos na vesícula urinária.

Portanto, a única forma efetiva para essa afecção é a retirada cirúrgica do cálculo o

que foi realizado. Uma vez retirado o cálculo sugere-se a precaução de também

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orientar o responsável a respeito de uma dieta com menor quantidade de proteínas

e de minerais.

Do presente relato de caso, concluiu-se que cistites recorrentes podem ter

uma doença de base como a presença de urólitos. A cistite pode ter sido causada

pela presença dos cálculos que ali estavam mascarando o diagnóstico. Neste caso

pode ser indicado como diagnóstico complementar a urinálise, que indica os

componentes presentes na urina e avalia também a função renal.

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6 CONCLUSÃO

A urolitíase deve ser diagnosticada e tratada o mais rápido possível, uma vez

que a doença se complica no avanço dos sinais clínicos, ocasionando a ruptura da

vesícula urinária. É indispensável a realização da anamnese, exame físico, como a

palpação e de exames complementares como radiografias, ultrasonografias e

urinálise. Confirmada a presença dos cálculos é necessário orientar o responsável

das alterações que estão ocorrendo no animal, da urgência do tratamento a ser

efetuado e também dos cuidados a serem tomados como dietas e medicamentos

que diminuíram a reincidência.

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