UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE...

67
UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA KIZZY ALVES PEDRO AVALIAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO EM ESTABELECIMENTOS DE VENDA NO VAREJO CURITIBA 2016

Transcript of UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE...

Page 1: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE CIÊNCIAS BIOLÓGICAS E DA SAÚDE

CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

KIZZY ALVES PEDRO

AVALIAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO EM ESTABELECIMENTOS DE VENDA NO VAREJO

CURITIBA 2016

Page 2: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

KIZZY ALVES PEDRO

AVALIAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO EM ESTABELECIMENTOS DE VENDA NO VAREJO

Relatório de Estágio Curricular apresentado ao Curso de Medicina Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do título de Médica Veterinária. Professora Orientadora: Prof. Ana Carolina Camargo de Oliveira Aust Orientador Profissional: Cássima Garcia Laureano dos Santos

CURITIBA 2016

Page 3: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

2 Reitor

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

Pró-Reitora Promoção Humana Prof. Ana Margarida de Leão Taborda

Pró-Reitor

Sr. Carlos Eduardo Rangel Santos

Pró-Reitora Acadêmica Prof. Carmen Luiza da Silva

Pró-Reitor de Planejamento

Sr. Afonso Celso Rangel dos Santos

Diretor de Graduação Prof. João Henrique Faryniuk

Secretário Geral

Sr. Bruno Carneiro da Cunha Diniz

Coordenador do Curso de Medicina Veterinária Prof. Welington Hartmann

Supervisora de Estágio Curricular

Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns

Campus Barigui Rua Sydnei A Rangel Santos, 238

CEP: 82010-330 – Curitiba – PR

Fone: (41) 3331-7958

Page 4: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

3

TERMO DE APROVAÇÃO

KIZZY ALVES PEDRO

AVALIAÇÃO DE BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO EM ESTABELECIMENTOS DE VENDA NO VAREJO

Este trabalho de conclusão de curso de graduação foi julgado e aprovado como requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária apresentado a

Faculdade de Ciências Biológicas e de Saúde da Universidade Tuiuti do Paraná.

Aprovado em: _____ de _______________ de 2016.

Medicina Veterinária Universidade Tuiuti do Paraná

_____________________________________

Orientadora: Prof. Ana Carolina Camargo de Oliveira Aust

Universidade Tuiuti do Paraná

____________________________________

Prof. Elza Maria Galvão Ciffoni Arns

Universidade Tuiuti do Paraná

__________________________________

Prof. José Maurício França

Universidade Tuiuti do Paraná

Page 5: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

4

A meus pais Joselito e Luiza,meu irmão Marcelo, e meu companheiro, meu amor Samuel.

DEDICO

Page 6: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

5

AGRADECIMENTOS

Aos meus pais, Joselito e Luiza, por terem me dado apoio e acreditado

em mim durante esses anos de graduação, e de terem investido tudo para eu

realizar meu sonho. A meu irmão Marcelo, pela ajuda e apoio. E a Deus, que me

guiou para chegar até aqui.

Ao meu noivo, Samuel, por toda sua dedicação comigo, paciência,

ajuda, muitos ensinamentos, e principalmente o amor!

Aos meus mestres, que ensinaram com muita paciência e que vão fazer

parte da minha história, em especial: Prof. Celso Grigoletti , Profª. Jesséa de Fátima

França, Prof. Vinicius Ferreira Caron, Prof. José Maurício França, Prof. Welington

Hartmann. Obrigada por tudo mesmo!

Às minhas duas grandes professoras: Cássima Garcia Laureano dos

Santos, que despertou em mim a paixão por Higiene e Inspeção, e que me ajudou e

ensinou muito durante o estágio. À Ana Carolina Camargo de Oliveira Aust, que

continuou o trabalho da Cássima, ensinando, ajudando, corrigindo e orientando

todos os passos do meu TCC. Muito obrigada pela oportunidade de fazer parte de

uma área fantástica da Medicina Veterinária, e por ter me auxiliado nos primeiros

passos para tornar-me uma boa profissional, e pela confiança!

À equipe dos supermercados, pelos ensinamentos.

Page 7: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

6

“Ama-se mais o que se conquista com esforço.”

(Benjamin Disraeli)

Page 8: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

7 APRESENTAÇÃO

Este trabalho de Conclusão de Curso, apresentado ao Curso de Medicina

Veterinária da Faculdade de Ciências Biológicas e da Saúde, da Universidade Tuiuti

do Paraná, como requisito parcial para a obtenção do título de Médica Veterinária, é

composto pelo Relatório de Estágio, onde são descritas as atividades realizadas

durante o período de 25 de julho a 07 de outubro de 2016, na Empresa SOLUVISA –

Soluções em Vigilância Sanitária Eireli - ME, localizada no município de Curitiba-PR,

local de cumprimento do Estágio Curricular, relatando a importância de Boas

Práticas em um estabelecimento comercial varejista.

Page 9: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

8 RESUMO

A qualidade dos produtos alimentícios aliada à segurança alimentar, tem

levado os estabelecimentos manipuladores de alimentos, a investirem na adequação

de seus processos produtivos a fim de fidelizar o consumidor, agregar valor ao

produto, bem como se adequar a legislação vigente. Para isso, cada vez mais um

número crescente de estabelecimentos comerciais tem contado com o trabalho de

Responsáveis Técnicos, Médicos Veterinários, na orientação e implantação de

normas de Boas Práticas de Fabricação, e na fiscalização da continuidade dos

processos produtivos. Com esta finalidade, desenvolveu-se um trabalho que

demonstra a importância do Médico Veterinário, nas ações realizadas em

determinados estabelecimentos, tendo como objetivo corrigir e manter o

estabelecimento dentro das normas solicitadas pela Agência Nacional de Vigilância

Sanitária (ANVISA). As atividades desenvolvidas estão relacionadas à Inspeção de

Produtos de Origem Animal, aplicando as práticas das legislações sanitárias em

diferentes áreas como: açougue, padaria, confeitaria, hortifruti, recebimento,

armazenamento e exposição de alimentos à venda, treinamento dos manipuladores

e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05 ANVISA e verificação

de Boas Práticas de Manipulação. Podemos observar que, que por meio do

Responsável Técnico, os locais de estudo conseguiram alcançar uma padronização

determinada pela legislação, diminuindo riscos que possam comprometer a

segurança do alimento, a imagem do estabelecimento e a saúde do consumidor

final.

Palavras chave: Boas Práticas de Manipulação, Lista de Verificação, Segurança

dos alimentos.

Page 10: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

9

LISTA DE ABREVIATURAS

ANVISA Agência Nacional de Vigilância Sanitária BPF Boas Práticas de Fabricação POP Procedimentos Operacionais Padronizado

DTAs Doenças Transmitidas por Alimentos

EPIs Equipamento de Proteção Individual

APPCC Análise Perigos e Pontos Críticos de Controle

PPHO Procedimento Padrão de Higiene Operacional

RT Responsável Técnico

ABRAS Associação Brasileira de Supermercados

RAMA Rastreabilidade e Monitoramento de Alimentos

SESA Secretaria de Saúde

OMS Organização Mundial de Saúde

CRMV-PR Conselho Regional de Medicina Veterinária do Paraná

POA Produtos de Origem Animal

VISA Vigilância Sanitária

Page 11: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

10

LISTA DE TABELAS

TABELA 1 LISTA DE VERIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO VISTORIADO PELA EMPRESA SOLUVISA NO PERÍODO DE 08/08/16 à 12/08/16....................................................................

29

TABELA 2 LISTA DE VERIFICAÇÃO DO ESTABELECIMENTO VISTORIADO PELA EMPRESA SOLUVISA NO PERÍODO DE 19/09/16 à 23/09/16....................................................................

35

TABELA 3 AÇÕES E MEDIDAS EMPREGADAS NA IMPLANTAÇÃO DE BPFs EM UMA INDÚSTRIA........................................................

57

Page 12: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

11

LISTA DE ILUSTRAÇÕES

FIGURA 1 BALCÃO DE ATENDIMENTO DO AÇOUGUE............................... 16

FIGURA 2 ÁREA INTERNA DE MANIPULAÇÃO DO AÇOUGUE................... 17

FIGURA 3 SALA DE PREPARO DE FRIOS.................................................... 17

FIGURA 4 ÁREA INTERNA DA PADARIA....................................................... 18

FIGURA 5 BALCÃO DE ATENDIMENTO DA PADARIA.................................. 19

FIGURA 6 ÁREA INTERNA DA CONFEITARIA.............................................. 20

FIGURA 7 BALCÃO DE ATENDIMENTO DA CONFEITARIA......................... 20

FIGURA 8 SETOR DE HORTIFRUTI............................................................... 22

FIGURA 9 RASTREABILIDADE DOS PRODUTOS FVL’S.............................. 22

FIGURA 10 EXEMPLO DE ROTULAGEM DE UM PRODUTO......................... 23

FIGURA 11 PAREDE DA COZINHA (antes)....................................................... 40

FIGURA 12 PAREDE DA COZINHA (depois)..................................................... 40

FIGURA 13 EMBAIXO DOS PALLETS DO DEPÓSITO DE HORTIFRUTI

(antes)...............................................................................................

41

FIGURA 14 EMBAIXO DOS PALLETS DO DEPÓSITO DE HORTIFRUTI

(depois).............................................................................................

41

FIGURA 15 RALO SEM PROTEÇÃO CONTRA INSETOS E SUJO (antes)....... 42

FIGURA 16 RALO SEM PROTEÇÃO CONTRA INSETOS (depois)................... 42

FIGURA 17 HORTIFRUTI EXPOSTO PARA VENDA SEM ETIQUETA DE

RASTREABILIDADE (antes)............................................................

43

FIGURA 18 HORTIFRUTI EXPOSTO PARA VENDA COM ETIQUETA DE

RASTREABILIDADE (depois)..........................................................

43

FIGURA 19 CHÃO DA FIAMBRERIA (antes)...................................................... 44

FIGURA 20 CHÃO DA FIAMBRERIA (depois).................................................... 44

FIGURA 21 TANQUE DA ÁREA DE MANIPULAÇÃO DO AÇOUGUE (antes)... 45

FIGURA 22 TANQUE DA ÁREA DE MANIPULAÇÃO DO AÇOUGUE

(depois)............................................................................................

45

FIGURA 23 BALCÃO DE ATENDIMENTO DO AÇOUGUE, PACOTE DE

LINGUIÇA ENCOSTANDO NAS CARNES E CARNES SEM

ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO (antes).........................................

46

FIGURA 24 CARNES COM ETIQUETA DE IDENTIFICAÇÃO (depois)............. 46

Page 13: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

12 FIGURA 25 LINGUIÇA EXPOSTA E ARMAZENADA, SEM A EMBALAGEM

DE ORIGEM (antes).........................................................................

47

FIGURA 26 LINGUIÇA EXPOSTA NO BALCÃO DE ATENDIMENTO

DENTRO DA SUA EMBALAGEM DE ORIGEM..............................

48

FIGURA 27 TANQUE DA CENTRAL DE DILUIÇÃO DE PRODUTOS DE

LIMPEZA (antes).............................................................................

48

FIGURA 28 TANQUE DA CENTRAL DE DILUIÇÃO DE PRODUTOS DE

LIMPEZA (depois)............................................................................

49

FIGURA 29 PIA DE LAVAGEM DE MAÕS DO ATENDIMENTO DO

AÇOUGUE (antes)..........................................................................

49

FIGURA 30 PIA DE LAVAGEM DE MAÕS DO ATENDIMENTO DO

AÇOUGUE (depois)..........................................................................

50

FIGURA 31

FIGURA 32

FIGURA 33

FIGURA 34

EMBAIXO DO BALCÃO DA PADARIA (antes)................................

EMBAIXO DO BALCÃO DA PADARIA (depois)...............................

SABONETEIRA DA COZINHA (antes).............................................

SABONETEIRA DA COZINHA (depois)...........................................

51

51

52

52

Page 14: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

13 1

SUMÁRIO INTRODUÇÃO...........................................................................................

14

2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO................................................... 15 2.1 AÇOUGUE................................................................................................. 16

2.2 FIAMBRERIA.............................................................................................. 17

2.3 PADARIA.................................................................................................... 18

2.4 CONFEITARIA........................................................................................... 19

2.5 HORTIFRUTI............................................................................................. 21

3 ATIVIDADES DESENVOLVIDAS.............................................................. 24

3.1 LISTA DE VERIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS VISTORIADOS

PELA EMPRESA SOLUVISA.....................................................................

27

3.2 ILUSTRAÇÕES DO TRABALHO DESENVOLVIDO (Antes e Depois)...... 40

4 PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO RESPONSÁVEL TÉCNICO........... 53

5 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA...................................................................... 54

5.1 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO........................................................ 54

5.2 IMPORTÂNCIA DAS BOAS PRÁTICAS NA SEGURANÇA E

QUALIDADE DO ALIMENTO.....................................................................

55

5.2.1 Perigos Biológicos..................................................................................... 58

5.2.2 Perigos Químicos....................................................................................... 58

5.2.3 Perigos Físicos........................................................................................... 59

5.3 MANIPULADOR DE ALIMENTOS............................................................. 59

5.3.1 DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES DOS MANIPULADORES EM CADA

SETOR.......................................................................................................

60

6 CONCLUSÃO............................................................................................. 62 7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS.......................................................... 63

Page 15: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

14

1. INTRODUÇÃO

Dentre as mais variadas áreas de atuação do Médico Veterinário, se

encontra a Responsabilidade Técnica, de comércio varejista e atacadista de

alimentos de origem animal. Esta área é pouco conhecida da grande maioria da

população, mas que tem grande importância na saúde pública, pois trata da

qualidade e da segurança microbiológica do alimento á ser ofertado e consumido

pela maioria maciça da população.

O estágio curricular realizado para obtenção do título de Médica Veterinária

foi realizado na empresa Soluvisa Soluções em Vigilância Sanitária Eireli – ME., na

cidade de Curitiba, Estado do Paraná, no período de 25 de julho a 07 de outubro de

2016, totalizando 440 horas, na área de Higiene e Inspeção de Alimentos, sob a

supervisão profissional da Médica Veterinária Cássima Garcia Laureano dos Santos,

CRMV-PR 4893, e orientação acadêmica da professora Ana Carolina Camargo de

Oliveira Aust, CRMV-PR 8907.

A carga horária foi cumprida de segunda a sexta-feira, das 08:00 às

17:00 horas, com intervalo de 1 hora para o almoço.

As atividades desenvolvidas no estágio curricular relacionadas às Boas

Práticas de Fabricação nos estabelecimentos comerciais varejistas (mercados),

aplicando as práticas das legislações sanitárias nas suas diferentes áreas (açougue,

padaria, confeitaria, hortifruti), e nos vários processos envolvidos na cadeia de

produção (recebimento, armazenamento e exposição de alimentos à venda),

treinamento dos manipuladores e elaboração de listas de verificações (check-lists)

diários, baseados em duas legislações vigentes, a RDC 216/04 e a RDC 275/02 e

verificação das Boas Práticas de Manipulação.

Page 16: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

15 2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO

A empresa SOLUVISA - Soluções em Vigilância Sanitária e Serviços de

Inspeção de Produtos de Origem Animal, sob a responsabilidade da Médica

Veterinária Cássima Garcia Laureano dos Santos, CRMV-PR 4893, tem como

objetivo realizar consultoria, assessoria e responsabilidade técnica em

estabelecimentos comerciais de varejo, que manipulam, transformam, embalam e

comercializam Produtos de Origem Animal (POA).

O estágio curricular foi realizado em um estabelecimento à varejo no

município de Curitiba, classificado de supermercados convencionais que são de

porte médio, e mantêm o caráter essencialmente de loja de alimentos, apresentando

uma boa variedade de produtos. A maioria das redes de supermercados no Brasil

opera com grande número de lojas que são classificadas como supermercados

convencionais (PARENTE, 2013).

Os mercados podem ser diferentemente classificados levando em conta o

formato de loja, de acordo com a Associação Brasileira de

Supermercado (ABRAS). Os itens considerados para a classificação são os

seguintes: A área de venda em metros quadrados utilizada, número médio de itens,

percentual de vendas de não alimentos , número de seções e check-outs. Deste

modo podendo ter os seguintes formatos: loja de sortimentos limitados, loja de

conveniência, supermercado compacto, superlojas, supermercado convencional,

hipermercados, loja de depósito e clube atacadista.

O Varejo consiste em todas as atividades que englobam o processo de venda

de produtos e serviços para atender a uma necessidade pessoal do consumidor

final. O varejista é qualquer instituição cuja atividade principal consiste no varejo, isto

é, na venda de produtos e serviços para o consumidor final. O varejista faz parte dos

sistemas de distribuição entre o produtor e o consumidor, desempenhando um papel

de intermediário, funcionando como um elo entre o nível do consumo e o nível do

atacado ou da produção. Os varejistas compram, recebem e estocam produtos de

fabricantes ou atacadistas para oferecer aos consumidores a conveniência de tempo

e lugar para a aquisição de produtos, para atender às expectativas do mercado. O

supermercado é uma loja de varejo onde são separados por departamentos que

disponibiliza para o consumidor final os produtos que se categorizam em uma ampla

variedade de bebidas, higiene pessoal, hortifrutícolas, mercearia, bazar e não

Page 17: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

16 alimentares, carnes, aves e peixes, limpeza, frios e laticínios, padaria, é uma loja

que tem como finalidade fechar o elo da cadeia de produção onde o produto

acabado é levado de forma a satisfazer a necessidade do consumidor final

(PARENTE, 2013).

Os setores de manipulação de produtos de origem animal e perecíveis são

divididos em:

2.1 AÇOUGUE: É o setor responsável pelo corte, preparo, armazenamento e

distribuição das carnes. Os diferentes tipos de carne, quer sejam bovinas, suínas,

ovinas, aves, pescados, carnes de caça são alimentos altamente perecíveis, por

serem ricos em proteínas e água, tornando-se muito susceptíveis a alterações de

origem microbiana. Para garantir a qualidade dos produtos cárneos, é necessário

que sejam adotados critérios de segurança em todas as etapas de preparo. Os

pontos críticos de controle no preparo de produtos cárneos são o controle de

temperatura do alimento e da câmara frigorifica ou geladeira, nas etapas de

armazenamento e descongelamento; rapidez no processo e a higiene das

instalações. Esses cuidados são fundamentais para a redução de riscos de

contaminação e multiplicação dos microrganismos no setor de açougue

(ARRUDA,1996).

Figura 1: Balcão de atendimento do açougue

(FONTE: autor próprio)

Page 18: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

17

Figura 2: Área interna de manipulação do açougue

(FONTE: autor próprio)

2.2 FIAMBRERIA: Os setores de fiambreria dos supermercados e

hipermercados fracionam uma grande quantidade de alimentos (queijos, presuntos e

outros frios), sendo submetidos ao risco de manipulação e contaminação cruzada.

Os produtos da fiambreria geralmente não sofrem processamento térmico posterior,

sendo destinado ao pronto consumo (GOTTARDI, 2006).

Figura 3: Sala de preparo de frios

(FONTE: autor próprio)

Page 19: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

18

2.3 PADARIA: Setor responsável pelo preparo de pães, bolos e massas

folhadas. Os pães, em geral, representam baixo risco de veiculação de doenças,

porque dispõe de baixo índice de atividade de água, dificultando a sobrevivência e

multiplicação microbiana. Exceções podem ser feitas aos pães recheados com

cremes ou alimentos proteicos. É importante que este setor receba rigoroso controle

de higiene nas áreas, equipamentos e utensílios, já que as sujidades provenientes

de farinhas, ovos e gorduras, dificultam a manutenção da limpeza do local. No caso

de recheios e coberturas, o armazenamento refrigerado e a rapidez no processo de

manuseio dos alimentos são as condutas de segurança mais importantes

(ARRUDA,1996).

A padaria tem a característica de atuar desde a produção até a venda,

integrando atividades de fabricação e manipulação de alimentos e exposição de

alimentos à venda. Em todas essas atividades as Boas Práticas devem ser

aplicadas para se prevenir a contaminação dos alimentos (ABIP, 2010).

Figura 4: Área interna da Padaria

(FONTE: autor próprio)

Page 20: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

19

Figura 5: Balcão de atendimento da padaria

(FONTE: autor próprio)

2.4 CONFEITARIA: Setor que realiza o preparo e decoração de bolos,

doces,tortas, pudim, etc.

As sobremesas são componentes do cardápio que exigem muita

habilidade e técnica dos profissionais que as preparam. Por serem na maioria das

vezes, cremes, mouses, massas úmidas, coberturas cremosas, classificam-se como

alimentos potencialmente perigosos, sob ponto de vista sanitário. Na confeitaria a

manutenção de limpeza é dificultada pela presença de sujidades provenientes do

manuseio de farinha, ovos e gorduras, exigindo uma atenção redobrada por parte do

supervisor em relação ao controle higiênico-sanitário das instalações. A rapidez no

processo, a higiene dos equipamentos e utensílios e armazenamento correto em

refrigeração, são os pontos críticos de controle mais importantes. Os profissionais

confeiteiros devem obedecer rigorosos cuidados de higiene pessoal para que seja

evitada a recontaminação dos produtos anteriormente processados (ARRUDA,

1996).

Page 21: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

20

Figura 6: Área interna da confeitaria

(FONTE: http://www.fieac.org.br)

Figura 7: Balcão de atendimento da Confeitaria

(FONTE: autor próprio)

Page 22: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

21

2.5 HORTIFRUTI: Área de venda e exposição de diversas frutas, verduras e

legumes (FVL).

Alguns fatores, como tempo de estocagem, temperatura de armazenamento,

odores e tratamentos pós-colheita influenciam na vida útil de um alimento. E quando

são colhidos os vegetais, já estão sofrendo o processo de perda de qualidade como

a degradação (BROEKMEULEN, 1998).

A Associação Brasileira de Supermercados (ABRAS) está atenta à

segurança dos alimentos vendidos nos supermercados. Em 2013, a entidade

nacional do setor implantou o Programa de Monitoramento e Rastreabilidade de

Alimentos, o RAMA, que conta com a parceria da ANVISA e do Ministério da

Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA). O programa, focado no

monitoramento e rastreabilidade de frutas, legumes e verduras (FLV), controla a

quantidade e qualidade de agrotóxicos utilizados, da produção dos alimentos até o

ponto de venda. Seu principal objetivo é garantir que a aplicação de defensivos

agrícolas nos alimentos não esteja acima do nível permitido por lei e, portanto, eles

estejam seguros para o consumo humano. O Programa de Rastreabilidade e

Monitoramento de Alimentos (RAMA) possui dois pilares principais. O primeiro é a

rastreabilidade das frutas, legumes e verduras de todos os produtores e

distribuidores cadastrados pelas empresas participantes. O segundo é o

monitoramento do nível de agrotóxico nos produtos, que mede, por meio de

amostras coletadas (mais de 1,3 mil realizadas desde 2013), a quantidade de

resíduos presentes nos produtos avaliados. O caminho completo do produto até o

consumidor (rastreabilidade) fica disponível na internet para consulta pública. Já as

análises técnicas são disponibilizadas por meio de um portal para que produtores-

distribuidores e supermercadistas monitorem os produtos continuamente e ainda

possam desenvolver ajustes e ações de boas práticas para melhorar de forma

compartilhada os resultados (ABRAS, 2016).

Page 23: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

22 Figura 8 : Setor de Hortifruit

(FONTE: autor próprio)

Figura 9: Rastreabilidade dos produtos (FVL)

(FONTE: autor próprio)

Page 24: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

23

A rotulagem de frutas e hortaliças in natura foi tema do Grupo de Trabalho

do Alimento Seguro, estabelecido em março de 2012 pelo Termo de Cooperação

Técnica firmado entre o Ministério Público do Estado do Paraná e doze instituições

estaduais vinculadas à saúde, produção e comércio de frutas e hortaliças. A

resolução SESA nº 748/2014 (Publicada no Diário Oficial nº 9356, de 17 de

dezembro de 2014, dispõe sobre a rotulagem de produtos hortícolas in natura a

granel e embalados, comercializados no Estado do Paraná. O objetivo desse termo

é a integração dos entes públicos e privados envolvidos na cadeia agro alimentar de

produtos hortícolas e outros alimentos de origem vegetal, para promover a

comercialização de alimentos seguros a partir da definição, implementação de

políticas e informação sobre medidas que permitam principalmente o rastreamento

da origem dos produtos, além da possibilidade de realização de análises de resíduos

de agrotóxicos. Segundo o Codex Alimentarius, alimento seguro é aquele livre, ou

que contenha níveis aceitáveis, de contaminantes de origem biológica, química ou

física, e, portanto, não cause danos à saúde. A garantia de alimentos seguros

demanda a responsabilidade compartilhada do governo, de produtores, de técnicos,

da indústria, do comércio, dos serviços de alimentação e da população (FAEP,

2016).

Figura 10: Exemplo de rotulagem de um produto

FONTE: (RESOLUÇÃO SESA nº 748/2014)

Page 25: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

24

3. ATIVIDADES DESENVOLVIDAS O estabelecimento comercial onde foi realizado o estágio, havia passado por

fiscalização recentemente da Vigilância Sanitária (VISA), devido à denúncia de um

cliente. A orientação para este supermercado foi de parar de comercializar produtos

de origem animal fracionados, manipulados e embalados na ausência do

consumidor e que ficassem expostos à disposição dos clientes, pois o mesmo

trabalhava em sistema de auto serviço e não era registrado a nenhum órgão de

inspeção, o que, por lei, o obriga. A Lei Federal Nº 7.889 de 23 de novembro de

1989, dispõe sobre inspeção sanitária e industrial dos produtos de origem animal, e

dá outras providências. De acordo com a Lei todo estabelecimento que tem tais

atividades deve estar registrado em algum órgão de inspeção, seja Federal,

Estadual ou Municipal, vinculados às Secretarias de Agricultura. Diante desta

situação o estabelecimento se viu obrigado a contratar um Responsável Técnico,

para se adequar as normas propostas pela VISA. Os colaboradores não possuíam

conhecimento sobre lista de verificação e tão pouco treinamento adequado aos

funcionários, o qual os deixariam cientes de suas responsabilidades com os

materiais trabalhados no local. Por possuir pouco tempo de existência, o

supermercado convivia com a falta de normas que prejudicaram a qualidade dos

produtos e infraestrutura, pois desconheciam as normas de higienização dos setores

e dos equipamentos, bem como normas de manipulação do preparo, embalagem,

armazenamento e exposição dos produtos, levando à erros e gerando risco a saúde

dos consumidores.

Os setores verificados foram: hortifruti (sua área de venda e seu

depósito), açougue (balcão de autoserviço de carnes e aves, área de atendimento,

área de manipulação, câmaras frias de carne e aves), balcão de pescados

congelados, câmara fria de bebidas e hortifruti, corredor das câmaras frias, central

de diluição de produtos de limpeza, câmara de congelados, câmara fria de frios e

laticínios, fiambreria, pátio de recebimento, casa de máquinas/caixa d’ água,

vestiários e instalações sanitárias, refeitório, atendimento da

padaria/confeitaria/rotisseria e sua área de suporte, depósito de insumos da padaria,

padaria, confeitaria e a cozinha.

Durante o período de estágio, foi verificado diariamente uma lista de

procedimentos, levando em conta as Boas Práticas de Fabricação em cada setor.

Page 26: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

25 No açougue, foi verificado se as carnes expostas no balcão para venda

possuíam etiqueta de origem e estavam dentro do seu pacote, pois carne sem

etiqueta ou fora do pacote, deve ser considerada vencida ou clandestina e

consequentemente não passou por um serviço de inspeção como determina o

RIISPOA de 29 de março de 1952. Sendo crime estar exposta para venda e

armazenada na câmara fria, pois se torna imprópria para o consumo, conforme a Lei

nº 8.137/90, art. 7º, IX. Na etiqueta ou no pacote vem descrito toda a origem da

carne, como: a data de produção, data de validade, o peso, a temperatura a ser

mantida, a chancela indicando a inspeção por um Médico Veterinário, o nome do

corte da carne, qual espécie, informação nutricional e a marca do produto.

Na área de venda do hortifruti, foi verificado se todos os produtos expostos

estavam em bom estado de conservação e se, possuíam a identificação de

rastreabilidade.

Na padaria e confeitaria foi verificado, se todos os insumos utilizados

estavam dentro do prazo de validade, e caso fossem abertos, se estavam

identificados, os potes de insumos descartados após o término do produto não

devem ser reutilizados, e se o óleo da cozinha estava em boas condições de uso.

Em todos esses setores de manipulação, foi verificado também se os funcionários

estavam sem adornos, sem maquiagem, se utilizavam touca e se não possuíam

objetos pessoais no setor. Por fim, todos os produtos deveriam estar sobre estrados

evitando o contato direto com o chão.

Foram realizados a cada 15 dias, treinamentos para os funcionários do

açougue sobre identificação de carnes e Produtos de Origem Animal (POA).

O resultado observado foi de uma gradativa melhora durante o período de

estágio, pois a cada dia foram apontadas melhorias e adequação das atividades

praticadas, fazendo assim, cumprir-se com a Lista de Verificação e as Boas Práticas

de Fabricação. Além da necessidade dos treinamentos e da checagem diária é

preciso muita cobrança do Responsável Técnico Médico Veterinário, para correção

dos erros, pois alguns funcionários não colaboravam voluntariamente e não estão

abertos a evoluir e melhorar seu desempenho na empresa. Devido a estes fatores

apresentados, a lista de verificação sozinha não é suficiente para suprir as

necessidades de correção, pois existem fatores que ela não abrange, como a

colaboração dos empregados participantes. Então, é necessário interagir, treinar e

cobrar dos funcionários, explicando como e o porquê, para eles entenderem e

Page 27: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

26 aplicarem as Boas Práticas de Fabricação na manipulação dos alimentos, buscando

garantir bons produtos e serviços, no estabelecimento.

Todas as atividades relacionadas no estágio, e o assunto detalhado neste

trabalho estão relacionadas à RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 da ANVISA,

que dispõe sobre o Regulamento Técnico de Procedimentos Operacionais

Padronizados e a Lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação aplicados

aos Estabelecimentos Produtores/Industrializadores de alimentos (ANVISA,2002).

Seu objetivo é estabelecer Procedimentos Operacionais Padronizados que

contribuam para a garantia das condições higiênico-sanitárias necessárias ao

processamento/industrialização de alimentos, complementando as Boas Práticas de

Fabricação, aplicando aos estabelecimentos processadores/industrializadores nos

quais sejam realizadas algumas das seguintes atividades: produção/industrialização,

fracionamento, armazenamento e transporte de alimentos industrializados (LOPES,

2004).

E a RDC n° 216, de 15 de setembro de 2004 da ANVISA, que aprova o

Regulamento Técnico de Boas Práticas para Serviços de Alimentação (ANVISA,

2004). Seu objetivo é estabelecer procedimentos de Boas Práticas para serviços de

alimentação a fim de garantir condições higiênico-sanitárias do alimento preparado,

e a sua abrangência aplica-se aos serviços de alimentação que realizam algumas

das seguintes atividades: manipulação, preparo, fracionamento, armazenamento,

distribuição, transporte, exposição à venda e entrega de alimentos preparados ao

consumo, tais como cantinas, bufês, comissárias, confeitarias, cozinhas industriais,

cozinhas institucionais, delicatéssens, lanchonetes, padarias, pastelarias,

restaurantes, rotisserias e congêneres (SILVA JUNIOR, 2005).

Page 28: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

27 3.1 LISTA DE VERIFICAÇÃO DOS ESTABELECIMENTOS VISTORIADOS

PELA EMPRESA SOLUVISA

A lista de Verificação das Boas Práticas de Fabricação em Estabelecimentos

Produtores/Industrializadores de Alimentos, contida na RDC nº 275, é a ferramenta

usada pela fiscalização para avaliação do cumprimento do Regulamento Técnico

sobre as Condições Higiênico- Sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para

estabelecimentos Produtores/Industrializadores de Alimentos aprovado pela Portaria

SVS/MS nº 326, de 30 julho de 1997, bem como os POPs, previstos na RDC nº 275.

Esta lista também pode ser usada pelas empresas como referencial para suas

próprias auditorias internas (LOPES, 2004).

A finalidade desta lista é comparar os procedimentos teóricos ideais de cada

setor com os realizados no local estudado, utilizando-se de marcações positivas com

a palavra (SIM) ou o não cumprimento com a palavra (NÃO), resaltando que

quando for negativa a marcação estará em vermelho para ter um destaque e poder

ser corrigida o mais breve possível.

Podem ser encontradas mais duas marcações além da positiva (SIM) e

negativa (NÃO), que se refere à uma situação que não se enquadra na lista padrão

ou de não existência no local com as siglas de NSA (não se aplica) e NV (não

verificado), lembrando que estas aparecem com menos frequência na Lista de

Verificação (Check-List).

Dada sua importância o Responsável Técnico (RT) Médico Veterinário

habilitado precisa ter a consciência de que cada local tem sua própria estrutura física

e por isso existe uma série de diferentes itens a serem listados pelo check-list

sempre havendo a necessidade de adequar cada um ao devido estabelecimento

para não excluir itens importantes de verificação.

Uma das lojas analisadas utilizou a seguinte lista de verificação para a

avaliação dos setores do estabelecimento, exemplificada na tabela 1 e tabela 2.

Page 29: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

28 Podemos observar na lista de verificação aplicada nos dias 08 à 12 de

agosto de 2016, muitas marcações com a palavra (NÃO), destacadas de vermelho,

mostrando que existia muitas irregularidades nos setores do estabelecimento. Esta

lista é apenas uma parte do que foi vistoriado abordando os setores do açougue,

câmaras frias, câmara de congelados, central de diluição de produtos de limpeza,

corredor das câmaras frias, fiambreria, pátio de recebimento e instalações sanitárias.

Tabela 1: Lista de Verificação do estabelecimento vistoriado pela empresa

Soluvisa no período de 08/08/16 à 12/08/16

Page 30: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

29

Page 31: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

30

Page 32: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

31

Page 33: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

32

Page 34: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

33

Page 35: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

34 Podemos observar na lista de verificação aplicada nos dias 19 à 23 de

setembro de 2016, uma diminuição de marcações com a palavra (NÃO),

correspondendo uma melhoria de alguns itens listados nos setores. Esta melhora se

deve aos treinamentos realizados, capacitando os funcionários, a conversa diária

orientando-os, e fazendo com que os funcionários se comprometam, se sensibilizem

e se conscientizem com as mudanças.

Tabela 2: Lista de Verificação do estabelecimento vistoriado pela empresa Soluvisa

no período de 19/09/16 à 23/09/16.

Page 36: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

35

Page 37: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

36

Page 38: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

37

Page 39: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

38

Page 40: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

39

Page 41: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

40

3.2 ILUSTRAÇÕES DO TRABALHO DESENVOLVIDO (Antes e Depois)

Após termos realizado os treinamentos, orientado os funcionários, capacitá-

los e implementado o check-list no estabelecimento, obtivemos alguns resultados,

conforme mostra as ilustrações, onde temos as fotos do início do estabelecimento e

após as implementações de Boas Práticas.

A figura 11, mostra a parede embaixo da chapa de fritar carne, com muita

gordura e sujeira acumulada, dando a impressão de que não havia a constante

higienização no local, como deveria ser realizada.

Figura 11: Parede da cozinha (antes)

(FONTE: autor próprio) A figura 12, mostra a parede limpa. Orientamos aos funcionários deste setor a

sempre realizar a limpeza semanalmente ou quando houver sujidades recorrentes,

evitando a população microbiológica desta área.

Figura 12: Parede da cozinha (depois)

(FONTE: autor próprio)

Page 42: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

41

A figura 13, mostra embaixo dos pallets do depósito de hortifruti, com

bastante acúmulo de sujeira, restos de alimentos, fazendo com que isto atraia

roedores e insetos, contaminando os alimentos armazenados.

Figura 13: Embaixo dos pallets do depósito de hortifruti (antes)

(FONTE: autor próprio)

A figura 14, mostra que foi realizado a limpeza embaixo dos pallets, mas

não de maneira ideal, ainda apresentando sujidades, porém, no estado atual

conseguimos reduzir a chance de atrair roedores e insetos, diminuindo os riscos de

contaminação dos alimentos armazenados no local.

Figura 14: Embaixo dos pallets do depósito de hortifruti (depois)

(FONTE: autor próprio)

Page 43: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

42

A figura 15, mostra o ralo da cozinha sujo e sem proteção contra insetos. Foi

solicitado que trocasse o ralo por um mais moderno que abre/fecha, porém o

gerente do estabelecimento não quis trocá-lo.

Figura 15: Ralo sem proteção contra insetos e sujo (antes)

(FONTE: autor próprio)

Na figura 16, mostra que não foi feita a troca do ralo por um de sistema de

abre/fecha, porém foi realizada a limpeza do ralo e solicitamos que mantivesse

limpo no final de cada expediente, colocando uma colher de água sanitária em seu

interior.

Figura 16: Ralo sem proteção contra insetos (depois)

(FONTE: autor próprio)

Page 44: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

43

A figura 17, mostra a área de venda do hortifruti, sem a etiqueta de

rastreabilidade estabelecida pela SESA n° 748/2014 dos produtos hortícolas

comercializados no Estado do Paraná.

Figura 17: Hortifruti exposto para venda sem etiqueta de rastreabilidade (antes)

(FONTE: autor próprio)

A figura 18, mostra a implantação da etiqueta de rastreabilidade, fazendo

que, com isso, o consumidor final tenha acesso a produtos seguros, pois são

alimentos controlados com o monitoramento e rastreamento, desde a produção dos

alimentos até o ponto de venda.

Figura 18: Hortifruti exposto para venda com etiqueta de rastreabilidade (depois)

(FONTE: autor próprio)

Page 45: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

44 A figura 19, mostra o chão da fiambreria, embaixo da pia de lavagem de mãos.

Pode-se observar que não havia higiene constante no local, por parte dos

manipuladores, podendo haver contaminação nos frios fracionados.

Figura 19: Chão da fiambreria (antes)

(FONTE: autor próprio)

A figura 20, mostra a fiambreria limpa, porém como determinou a VISA, não

poderiam mais fracionar, manipular, embalar produtos de origem animal e colocar

em exposição no balcão de autoserviço, pois não eram registrados a nenhum órgão

de inspeção.

Figura 20: Chão da fiambreria (depois)

(FONTE: autor próprio)

Page 46: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

45 A figura 21, mostra o tanque da área de manipulação do açougue, com o

acúmulo de sujidades em seu interior, podendo provocar a contaminação dos

utensílios e esponjas. Esses microorganismos podem contaminar quaisquer

alimentos manipulados nesta área.

Figura 21: tanque da área de manipulação do açougue (antes)

(FONTE: autor próprio)

A figura 22, mostra o tanque limpo, diminuindo os riscos de contaminação.

Figura 22: tanque da área de manipulação do açougue (depois)

(FONTE: autor próprio)

A figura 23, mostra o balcão de atendimento do açougue, com as carnes

expostas para venda sem etiqueta de origem, e sem a divisão, fazendo com que o

Page 47: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

46 pacote de linguiça encoste diretamente na carne bovina, provocando a

contaminação da mesma. Foi sugerido que colocasse um vidro para a separação

das carnes.

Figura 23: Balcão de atendimento do açougue, pacote de linguiça encostando na

carne, e carnes sem etiqueta de identificação (antes)

(FONTE: autor próprio)

A figura 24 mostra que depois do treinamento, conversa com os

manipuladores e a aplicação do check-list, conseguimos que no balcão do açougue,

todas as carnes expostas para a venda fossem identificadas, para o cliente verificar

todos os dados contidos na etiqueta, como data de fabricação, validade e se a carne

possui a chancela de inspeção.

Figura 24: Carnes com etiqueta de identificação (depois)

(FONTE: autor próprio)

Page 48: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

47

A figura 25, mostra a linguiça, que estava exposta na área de venda, sem

estar dentro do seu pacote de origem. Não podemos saber se ela está vencida, se é

clandestina, se passou por algum serviço de inspeção ou está imprópria para o

consumo, pois não temos a identificação dela. Esta linguiça foi descartada.

Figura 25: Lingüiça exposta e armazenada, sem a embalagem de origem (antes)

(FONTE: autor próprio)

A figura 26, mostra que depois de todo o treinamento, conversas com os

funcionários, aplicação do check-list, conseguimos que todas as linguiças ficassem

dentro do seu pacote de origem na área de venda, e que só tirasse apenas o que o

cliente pedisse e imediatamente já fechasse o pacote, diminuindo os riscos de

contaminação, e podendo posteriormente identificar esta carne, caso venha

apresentar algum problema, facilitando para o cliente consultar a sua data de

fabricação, sua validade e verificar a chancela de inspeção.

Page 49: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

48 Figura 26: Lingüiça exposta no balcão de atendimento dentro da sua embalagem

de origem (depois)

(FONTE: autor próprio)

A figura 27, mostra o tanque da central de produtos de limpeza, que deveria

permanecer limpo para garantir a limpeza do estabelecimento, mas se encontrava

todos os dias com muita sujeira, água parada, restos de bebidas e alimentos,

favorecendo o aparecimento de insetos, roedores e mosquitos.

Figura 27: tanque da central de diluição de produtos de limpeza (antes)

(FONTE: autor próprio) A figura 28, mostra que depois de muita conversa, conseguimos manter o

tanque da central de produtos de limpeza limpo, favorecendo a limpeza do

estabelecimento.

Page 50: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

49 Figura 28: tanque da central de diluição de produtos de limpeza (depois)

(FONTE: autor próprio)

A figura 29, mostra a pia de lavagem de mãos do açougue, com muitos

entulhos, objetos pessoais no setor, condizendo que os funcionários não

higienizavam as mãos corretamente no atendimento aos clientes.

Figura 29: pia de lavagem de mãos do atendimento do açougue (antes)

(FONTE: autor próprio)

Page 51: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

50 A figura 30, mostra a pia de lavagem de mãos do atendimento do açougue,

instalada, funcionando e limpa. Também foram instalados a saboneteira e o toalheiro

que não havia no local. Os objetos pessoais foram retirados do setor e os entulhos

em cima da pia. Com isso a higienização dos funcionários aumentou e

consequentemente alimentos seguros (com uma carga microbiana em níveis

aceitáveis) são ofertados aos consumidores.

Figura 30: pia de lavagem de mãos do atendimento do açougue (depois)

(FONTE: autor próprio)

A figura 31 mostra embaixo do balcão da padaria, onde continha restos de

alimentos, muita sujeira, provavelmente o local não era limpo periodicamente,

atraindo insetos, roedores e um cano aberto com entrada para o esgoto, com um

mal cheiro no local, aumentando ainda mais as chances de insetos e roedores,

contaminando os alimentos.

Page 52: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

51 Figura 31: Embaixo do balcão da padaria (antes)

(FONTE: autor próprio)

A Figura 32, mostra o chão embaixo do balcão da padaria limpo e com o cano

consertado. Foi orientado para que mantivesse limpo diariamente o chão, evitando a

atração de insetos e roedores.

Figura 32: Embaixo do balcão da padaria (depois)

(FONTE: autor próprio)

Page 53: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

52

A figura 33, mostra a saboneteira da cozinha, havia o detergente de lavar

louças, com muita sujeira acumulada, fazendo com que, contamine os utensílios a

serem lavados, esponjas e até mesmo as mãos dos manipuladores.

Figura 33: Saboneteira da cozinha (antes)

(FONTE: autor próprio)

A figura 34, mostra que foi lavado a saboneteira e substituído outro

detergente para lavagem dos utensílios da cozinha.

Figura 34: Saboneteira da cozinha (depois)

(FONTE: autor próprio)

Page 54: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

53 4. PAPEL DO MÉDICO VETERINÁRIO RESPONSÁVEL TÉCNICO

O Responsável Técnico (RT) é importante no âmbito profissional, uma vez

que é atribuída a ele referendar ao consumidor a qualidade do produto final ou do

serviço prestado, de modo que responde cívil e penalmente por eventuais danos que

possam ocorrer ao consumidor decorrente de sua conduta profissional, uma vez

caracterizada sua culpa, seja por negligência, imprudência, imperícia ou omissão.

Por esses motivos, este profissional deverá ter acesso, autoridade e competência

para capacitação de pessoal, elaboração de manual de boas práticas de fabricação

e manipulação do produto; desfrutando de reciclagens através de cursos e livros

para manter-se atualizado a respeito dos assuntos relativos à sua gestão. É, acima

de tudo, o responsável pela saúde dos animais em exposição, devendo trabalhar em

consonância com os órgãos de fiscalização e controle de endemias, executando

ações de vigilância sanitária e epidemiológica. Não havendo autonomia sobre todas

as áreas, comunicar por escrito ao CRMV para que este tome as providências

necessárias. Em última análise o responsável técnico (RT) é uma espécie de tutor,

um fiscal do consumidor, e sua principal função é orientar preventivamente e treinar,

com competência técnica, funcionários e empreendedores. Para padronização e

total entendimento das regras, incluindo vantagens e obrigações de um responsável

técnico, foi criado uma resolução, evitando que alguma função efetuada de forma

errada não seja passível de punição (ADAPTAÇÃO DO SITE: REVISTA

VETERINÁRIA, 2012).

A Resolução nº 12, de 09 de setembro de 2014, atualiza as Normas de

orientação técnico profissional destinadas ao médico veterinário e ao zootecnista

que desempenham a função de Responsável Técnico em empresas, associações,

companhias, cooperativas, entidades públicas, empresas de economia mista e

outras que exercem atividades peculiares à medicina veterinária e à zootecnia

(CRMV-PR RESOLUÇÃO N° 12/2014, 2014)

Page 55: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

54 5. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA 5.1 BOAS PRÁTICAS DE FABRICAÇÃO

Boas Práticas de Fabricação são os procedimentos efetuados sobre a

matéria-prima e insumos até a obtenção de um produto final, em qualquer etapa de

seu processamento, armazenamento e transporte, necessários para garantir a

qualidade e segurança dos alimentos. A garantia da qualidade e da segurança nos

alimentos é um direito dos consumidores, por isso é importante que as empresas do

setor alimentício, busquem assegurar a qualidade dos seus serviços e produtos

(ANVISA, 2009; SILVA, 2009).

A importância da higiene como força de venda é inegável, um produto de

qualidade, manipulado e fabricado sob severas regras sanitárias é um construtor de

vendas (ABERC, 2016).

A adoção de Boas Práticas de Fabricação (BPF) é um requisito fundamental

em um programa de Segurança Alimentar, por se tratar de um conjunto de princípios

e regras para o correto manuseio de alimentos, abrangendo, desde matérias primas,

até o produto final, de forma a garantir a saúde e a integridade do consumidor

(APOSTILA TRHIM, 2002).

O conjunto de BPFs compreende procedimentos, processos, controles e

precauções que garantem a segurança no processamento de alimentos, sob o ponto

de vista de saúde do consumidor, mas também de eficiência das industrias e, por

extensão, do produto, de modo a facilitar a produção e uniformizar a qualidade dos

alimentos. As BPFs compreendem quatro fundamentos: a exclusão de micro-

organismos indesejáveis e material estranho ao alimento; a remoção de micro-

organismos indesejáveis ou material estranho ao alimento; a inibição de crescimento

microbiano indesejável no alimento; e a destruição de micro-organismos

indesejáveis (FREITAS,2015).

No Brasil, as BPF são estabelecidas por meio de Portarias e Resoluções

da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). A Portaria SVS/MS nº 326,

de 30 de julho de 1997, estabelece os requisitos gerais sobre as condições

higiênico-sanitárias e de Boas Práticas de Fabricação para estabelecimentos

produtores/ industrializadores de alimentos. A RDC 275, de 21 de outubro de 2002,

é ato normativo complementar à Portaria nº 326, que introduz o controle contínuo de

Page 56: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

55 BPF e os Procedimentos Padrões Operacionais, dispondo de uma lista de

verificação das BPF em estabelecimentos produtores/industrializadores de

alimentos.

As BPF são imprescindíveis em locais onde há produção e

industrialização de alimentos, para garantir a qualidade do alimento. Portanto, as

empresas alimentícias devem abranger quesitos como a higienização das

instalações, dos equipamentos e utensílios, controle de água de abastecimentos,

dos vetores transmissores de doenças e de pragas urbanas, a capacitação dos

profissionais, a supervisão da higiene dos colaboradores e manejo correto do lixo

(BRASIL, 2004).

5.2 IMPORTÂNCIA DAS BOAS PRÁTICAS NA SEGURANÇA E QUALIDADE DO ALIMENTO

A segurança alimentar chamou a atenção da indústria de alimentos, do

público consumidor e dos órgãos reguladores governamentais, em todo o mundo,

devido à extensão e ao impacto de surtos de gastroenterites humanas de origem

alimentar e as suas enormes consequências sociais e econômicas. Microrganismos

como Listeria monocytogenes, Campylobacter jejuni e Escherichia coli O157:H7

emergiram como importantes agentes de doenças transmitidas pelos alimentos,

entre eles o leite e seus derivados, e cujas fontes e origem são encontradas no meio

ambiente, em animais, homem e, mesmo, nas instalações e nos processos

industriais (MADDEN,1994).

As condutas para boas práticas e prevenção das Doenças Transmitidas

por Alimentos (DTAs) são divididas em três principais aspectos que são:

funcionários, ambiente de trabalho e alimentos. Com relação aos funcionários

podemos incluir alguns exames laboratoriais, o treinamento e a capacitação, regras

de higienização, regras de prevenção da contaminação, medidas disciplinares.

Atuando no ambiente de trabalho devemos nos preocupar com os equipamentos e

utensílios utilizados, realizalização da higienização adequada, do armazenamento

correto, da fiscalização diária, desinsetização e desratização periódicas, e o fluxo

planejado de atividades. Finalizado com os alimentos os dois tópicos mais

importantes são: A análise microbiológica de triagem e controle, e a higienização

Page 57: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

56 para descontaminação. É importante o armazenamento correto, a refrigeração e a

conservação equivalentes a cada alimento. (SILVA JR, 2005)

A implantação de BPFs deve ser direcionada para e visar os seguintes

elementos (Universidade Federal de Viçosa, 1994) :

(a) Pessoal; (b) Fábrica ( instalações, ambiente interno) e imediações (ambiente

externo); (c) Operações sanitárias; (d) Equipamentos e utensílios; (e) Processos e

controles; (f) Armazenamento e distribuição.

A tabela 3 resume os fundamentos e as ações empregadas na

implantação de BPFs numa indústria de alimentos.

Page 58: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

57 Tabela 3. Ações e medidas empregadas na implantação de BPFs em uma indústria.

Elemento Práticas e Fundamentos Pessoal É o elemento mais importante. Responsável pela verificação

do funcionamento efetivo das BPFs. Bons hábitos de higiene pessoal, uso de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs), vestuário adequado, prevenção de riscos funcionais e operacionais são ações relacionadas com a Mão de obra empregada nos mais diferentes setores do processo produtivo industrial.

Industria (instalações e meio ambientes interno e externo

Desenho, construção e funcionamento das instalações que permitam a prevenção de contaminação de matérias-primas, ingredientes e produtos acabados durante os processos e após a obtenção; separação de setores de acordo com as operações; disposição adequada das instalações, permitindo a implantação de programas de limpeza e sanitização. Meio ambiente externo livre de pragas; resíduos e sujidades adequadamente manejados e eliminados. Exclusão é a palavra chave na implementação de BPFs.

Operações Sanitárias Programas de limpeza e sanitização de instalações e equipamentos, manutenção de instalações, equipamentos e ambiente interno em condições próprias de uso. Com fundamentos são empregadas ações de remoção e destruição.

Equipamentos e Utensílios Desenho e fabricação ajustados a operações e processos, tipo de indústria e facilidade para limpeza e sanitização; considerações sobre o material de que são construídos em função do contato com matérias-primas e ingredientes, assim como manutenção preventiva e adequação ao fluxograma de operações. As ações implicam em exclusão.

Processos e Controles Dispositivos e procedimentos manuais ou automáticos para exercer o controle de forma efetiva e consistente sobre cada atributo (temperatura, fluxo, ph, acidez, peso, entre outros) e um técnico responsável pela manutenção do processo e sistemas de registros de informações. As ações, práticas e medidas devem ser suficientes para inibir o crescimento microbiano e, quando necessário, empregar meios para a sua destruição.

Armazenamento e Distribuição

Manutenção de matérias-primas, ingredientes e produtos acabados em ambiente que proteja sua integridade e qualidade. Temperatura baixa (resfriamento, congelamento) é essencial, de acordo com o tipo de indústria. Equipamentos para controle de temperatura, fluxo do ar, velocidade do ar, umidade relativa, entre outros, em câmaras frigorificas; incluem ainda o controle de pragas no ambiente e armazenagem, bem como operações de limpeza e sanitizações periódicas, empregadas de acordo com o tipo de indústria. Inibição e exclusão são as palavras chave nesse elemento.

FONTE: FREITAS,2015

Page 59: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

58

Para garantir a produção de alimentos seguros à saúde do consumidor foi

desenvolvido o sistema Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC),

é um sistema que identifica, avalia, e indica os controles dos perigos, essenciais

para a segurança alimentar, está designado para ser implantado a nível de

produção, transformação, transporte, distribuição, armazenamento, exposição a

venda, consumo ou qualquer outra etapa que represente um risco à segurança do

produto (SILVA JR,2005)

Este sistema tem como pré-requisitos as Boas Práticas de Fabricação e a

Resolução RDC nº 275, de 21 de outubro de 2002 sobre Procedimentos Padrões de

Higiene Operacional (PPHO). Esses pré-requisitos identificam os perigos potenciais

à segurança do alimento desde a obtenção das matérias-primas até o consumo,

estabelecendo em determinadas etapas (Pontos Críticos de Controle), medidas de

controle e monitorização que garantem, ao final do processo, a obtenção de um

alimento seguro e com qualidade.

Como primeiro princípio do sistema APPCC impõe-se a relação de todos os

perigos que devem ser classificados em biológicos, químicos e físicos.

5.2.1 PERIGOS BIOLÓGICOS – Os perigos biológicos são: as Bactérias

patogênicas e/ou suas toxinas causam a maioria dos surtos com casos de doenças

de origem alimentar. Esses microrganismos podem ser encontrados em variadas

quantidades nos alimentos, podendo se multiplicar, desde que encontrem condições

favoráveis, como estocagem, manipulação e/ou temperatura impróprias (SILVA

JR,2005).

Incluem-se nos perigos biológicos os Parasitos e protozoários ( tênias,

Cysticercus cellulosae, C.bovis, Toxoplasma gondii); insetos (ovos e larvas);

bactérias (Salmonella sp., Shigella sp., E. coli, Campylobacter sp., Vibrio sp.,

Clostridium, Bacillus, Staphylococcus, Listeria); vírus e fungos diversos (FREITAS,

2015).

5.2.2 PERIGOS QUÍMICOS – os perigos químicos são: contaminantes de

natureza química, resíduos de produtos de degradação em níveis inaceitáveis nos

alimentos. Os efeitos dos contaminantes químicos podem ser a longo prazo, que

podem se acumular no organismo durante muitos anos, ou a curto prazo, como os

produzidos por alimentos alergênicos (SILVA JR,2005).

Exemplos de perigos químicos são: agentes de limpeza e detergentes;

pesticidas ( inseticidas, fungicidas, herbicidas, rodenticidas); metais tóxicos (cádmio,

Page 60: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

59 chumbo, outros); antimicrobianos (antibióticos, sulfamidas); hormônios; aditivos

químicos (nitritos, nitratos, niacina); promotores de crescimento; tranquilizantes;

estrógenos; micotoxinas e outras biotoxinas (FREITAS, 2015).

5.2.3 PERIGOS FÍSICOS – os perigos físicos são: contaminantes de natureza

física, como corpos estranhos, em níveis e dimensões inaceitáveis. (SILVA

JR,2005).

Como exemplos de contaminantes físicos podemos citar: vidros, metais,

madeira, plástico, entre os perigos de natureza biológica (FREITAS, 2015), pedras,

fragmentos de ossos, pragas.

5.3 MANIPULADOR DE ALIMENTOS

No setor de varejo, ocorre um aumento da rotatividade de funcionários. A

necessidade urgente de trabalhadores faz com que sejam contratados sem

experiência no setor alimentício. Para evitar riscos relacionados à segurança dos

alimentos é preciso agilidade e uma eficaz capacitação dos funcionários . É através

da capacitação que os funcionários adquirem conhecimento melhorando a

qualidade dos processos e buscando a eficiência nas atividades propostas pela

empresa. De acordo com Rêgo; Stamford e Pires (2001), deve-se dar aos

manipuladores conhecimentos teórico-práticos necessários para capacitá-los e levá-

los ao desenvolvimento de habilidades e de atividades específicas na área de

alimentos.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), o termo “manipuladores

de alimentos”, em seu sentido mais amplo, corresponde a todas as pessoas que

podem entrar em contato com um produto comestível, em qualquer etapa da cadeia

alimentar, desde a sua fonte até o consumidor (GERMANO,2011).

Em supermercados, o cliente tem contato direto com o manipulador, e

sua apresentação serve como referência se neste são seguidos os padrões

higiênicos necessários. Por isso, os manipuladores devem apresentar boa higiene

corporal (barbeados, unhas limpas), não utilizar adornos, utilizar uniforme completo

(touca,jaleco, calça comprida, sapato fechado), de cor clara, limpo, com ausência de

objetos (ANVISA, 2004).

As pessoas que, manipulam os alimentos nas diversas fases da sua produção

são portadoras de microrganismos que podem alterar os alimentos e provocar

Page 61: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

60 doenças a quem os consome. Os microrganismos estão presentes, em diversas

partes do corpo (cabelo, nariz, boca, garganta, intestinos, pele, mãos e unhas) e

mesmo que o manipulador apresente um bom estado de saúde, sem sintomas de

qualquer doença, existem sempre no seu corpo microrganismos que se forem

ingeridos podem provocar doenças. Higienizar as mãos é fundamental para evitar a

contaminação dos alimentos. Por isso, as mãos devem ser lavadas sempre quando

o manipulador chegar ao estabelecimento, ao iniciar a manipulação de alimentos, ao

mexer em alimentos, depois de mexer em alimentos não higienizados, sempre que

for trocar de atividade, depois que utilizar o sanitário, tossir e espirrar, depois que

usar materiais de limpeza ou panos, sempre que tocar em sacos, garrafas e caixas,

depois de mexer com dinheiro, depois de recolher o lixo. Os manipuladores de

alimentos devem entender que a higiene é uma forma de proteger a sua saúde e a

dos consumidores, assim como os comportamentos adotados durante a

manipulação, pois são um dos principais veículos de contaminação dos alimentos.

Uma boa higiene e um comportamento adequado evitam a contaminação dos

alimentos a nível biológico, químico, e físico (MANUAL DE BOAS PRÁTICAS DE

SEGURANÇA ALIMENTAR, 2014).

O manipulador de alimentos deve ser afastado de sua função quando houver

algum machucado no corpo (corte, queimadura, estiver resfriado ou apresentar

qualquer infecção (BRASIL, 2008).

5.3.1 DESCRIÇÃO DAS FUNÇÕES DOS MANIPULADORES EM CADA SETOR

As Boas Práticas devem ser implantadas em todas as etapas que envolvem

a manipulação de um alimento. A aplicação dessas práticas em cada setor reflete

positivamente, diminuindo os riscos que comprometem a segurança do alimento até

o consumidor final. Para a produção de um alimento seguro é necessário

estabelecer normas, limites e padrões, exercendo tarefas de inspeção, controle,

fiscalização e vigilância, de forma que os contaminantes que causam perigo à

saúde estejam ausentes ou abaixo do limite de risco ( COUTO et al.,2005).

No açougue, o açougueiro efetua a desossa e separação dos diferentes

tipos de carnes a serem comercializados, preparando-as para embalamento ou

atendimento de solicitações dos clientes, devem conhecer os tipos de carnes,

Page 62: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

61 produtos e derivados; preparar cortes especiais e fracionamento de peças; executar

serviços de serra de desossa; conhecer e seguir as normas de higiene e segurança

referentes à manipulação adequada dos produtos; Manter a limpeza e higienização,

a desinfecção, a organização dos balcões e do setor; buscar melhoria para

minimizar perdas e quebras. Na fiambreria o responsável pelo setor executa

serviços de corte de frios e embutidos, embandejamento, pesagem e exposição, é

responsável pelo armazenamento dos frios, e faz a higiene da fatiadora e atende as

solicitações dos clientes. Na padaria o padeiro executa trabalhos de fabricação de

pães, preparando e assando massas diversas, é responsável pela verificação dos

insumos se estão aptos para o uso na produção dos produtos que serão vendidos. Na confeitaria o confeiteiro fabrica bolos, doces, biscoitos e outras guloseimas,

misturando os ingredientes em doses adequadas, conforme a receita, sendo

responsáveis pela verificação dos insumos que estão sendo utilizados para a

fabricação dos produtos que serão vendidos. No setor de Hortifruti o repositor

executa os serviços de reposição, embalamento e exposição, zelando pelo

manuseio e higiene dos produtos, a fim de atender as solicitações dos clientes.

Conhecer os produtos e derivados, para sugerir e atender o cliente em suas dúvidas;

conhecer e seguir as normas de higiene e segurança referentes à manipulação e

exposição adequadas dos produtos; manter a limpeza e organização dos

expositores de produtos; buscar uma melhor produtividade minimizando perdas e

quebras; atentar para a qualidade dos produtos quanto ao processo de recebimento

das mercadorias e seus prazos de validade (MANUAL DE DESCRIÇÃO DE

CARGOS DE SUPERMERCADOS, 2016).

Page 63: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

62 6. CONCLUSÃO O estágio curricular me possibilitou conhecer a área de atuação

desejada, obtendo novos conhecimentos, responsabilidades, competências e

capacidades.

Os Médicos Veterinários desempenham um papel importante na

Responsabilidade Técnica dentro dos supermercados, orientando e buscando

garantir bons produtos e serviços à sociedade, fato que, a área de atuação não é

conhecida pela maioria das pessoas.

As boas práticas devem ser implantadas em todas as etapas que envolve a

manipulação do alimento, diminuindo os riscos e aumentando a segurança do

alimento, não comprometendo a imagem do estabelecimento e a saúde do

consumidor final.

Após ter essa experiência conclui que as listas de verificação (check- lists)

diários, não são suficientes sem a interação do Responsável Técnico com os

funcionários, orientando-os, treinando-os e cobrando-os quando necessário,

evitando falhas humanas de manipulação no processo.

Page 64: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

63

7 . REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABIP. Boas Práticas na panificação e na confeitaria - Da produção ao ponto de

venda. Série Qualidade e Segurança Alimentar. 2010.

ABERC, Associação Brasileira das Empresas de Refeições Coletivas.

Disponível em : http://www.aberc.com.br/

Acessado em: 10 de outubro de 2016.

ABRAS. Associação Brasileira de Supermercados. Disponível em:

http://www.abras.com.br/supermercadosustentavel/categoria/seguranca-

alimentar/agrotoxicos/

Acessado em: 20 de setembro de 2016.

ANVISA, Cartilha sobre boas práticas para serviços de alimentação, Resolução-RDC

nº 216/2004. 2009.

ARRUDA, Gillian Alonso. Manual de boas práticas. 2ªedição. São Paulo. Editora

Ponto critico , 1996.

APOSTILA TRHIM (Treinamento em Higiene para Manipuladores) –

Manipuladores de alimentos, Curitiba-PR, 2002.

BRASIL. ANVISA. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Resolução-RDCnº. 216, de 15 de setembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento

Técnico de Boas práticas para serviços de alimentação. Diário Oficial (da) República

Federativa do Brasil, Brasília,DF, 2004.

BRASIL. ANVISA. Ministério da Saúde. Agência Nacional de Vigilância Sanitária.

Resolução-RDCnº. 275, de 21 de outubro de 2002. Dispõe sobre o Regulamento Técnico

de Procedimentos Operacionais Padronizados e a Lista de Verificação das Boas

Práticas de Fabricação aplicados aos Estabelecimentos

Page 65: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

64 Produtores/Industrializadores de alimentos Diário Oficial (da) República Federativa

do Brasil, Brasília,DF, 2002.

BRASIL. Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Embrapa. Manual

para comerciantes e manipuladores de frutas, legumes e verduras: três passos para

o sucesso das vendas. Documentos 92. Dezembro de 2008.

BRASIL, Lei Nº 7.889, de 23 de novembro de 1989. Dispõe sobre inspeção sanitária

e industrial dos produtos de origem animal e dá outras providências,1989.

Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L7889.htm

Acessado em: 15 de novembro de 2016

BRASIL. Inciso IX do Artigo 7 da Lei nº 8.137 de 27 de Dezembro de 1990.

Disponível em: http://www.camara.gov.br/sileg/integras/768489.pdf

acessado em: 15 de novembro de 2016

BROEKMEULEN, R. A. C. M., Operations Management of Distribution Centers for

Vegetables and Fruits. International Transactions in Operational Research, vol. 5,

1998.

COUTO, S. R. M. et al.Diagnóstico higiênico-sanitário de uma unidade hoteleira de

produção de refeições coletivas.Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 19 2005.

CRMV-PR. RESOLUÇÃO N° 12/2014. Conselho Regional de Medicina Veterinária.

Disponível em: http://www.crmv-pr.org.br/?p=legislacao/legislacao_detalhes&id=82

Acessado em : 07 de novembro de 2016

FAEP.CARTILHA DE ORIENTAÇÕES SOBRE ROTULAGEM. Disponível em:

http://www.rotulagem.sistemafaep.org.br

Acessado em: 15 de novembro de 2016

FIEAC, Federação das Indústrias do Estado do Acre. Disponível em:

http://www.fieac.org.br

Page 66: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

65 Acessado em: 15 de novembro de 2016

FREITAS, José Arimatéa. Introdução à higiene e conservação das matérias-primas

de origem animal. São Paulo. Atheneu Editora, 2015.

GERMANO, Pedro Manuel Leal. Higiene e vigilância sanitária de alimentos. São

Paulo. Livraria varela, 2011.

GOTTARDI, C. P. T.. Avaliação das condições higiênico-sanitárias do ambiente de

manipulação de produtos fatiados de origem animal de redes de

supermercado de Porto Alegre. 80 f. Dissertação (Mestrado em Ciências

Veterinárias) Universidade Federal do Rio Grande do Sul, Faculdade Veterinária,

Porto Alegre. 2006.

LOPES, Ellen Almeida – Guia para elaboração dos procedimentos operacionais

padronizados exigidos pela RDC nº 275 da ANVISA. São Paulo. Livraria Varela,

2004.

Manual de descrição de cargos de supermercados. Disponível em:

https://www.scribd.com/doc/201434483/MANUAL-DE-DESCRICAO-DE-CARGOS-

DOS-SUPERMERCADOS-xxxxxxxx

Acessado em: 15 de setembro de 2016.

Manual de Boas Práticas de Segurança Alimentar. Disponível em:

https://www.cm-loures.pt/media/pdf/PDF20141029164943798.pdf

Acessado em: 07 de novembro de 2016.

PARENTE, Juracy. Varejo no Brasil: Gestao e estratégia. 1ª edição. 12. Reimpr. São

Paulo. Atlas, 2013.

RÊGO, J. C.; STAMFORD, T. L. M.; PIRES, E. M. F. Proposta de um programa de

boas práticas de manipulação e processamento de alimentos para unidades de

alimentação e nutrição. Revista Higiene Alimentar, São Paulo, v. 15, n. 89, p. 22-27,

out. 2001.

Page 67: UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ FACULDADE DE …tcconline.utp.br/media/tcc/2017/04/AVALIACAO-DE-BOAS-PRATICAS-DE... · e elaboração de check-list’s diários baseados na RDC 275/05

66 SILVA JUNIOR, Eneo Alves da. Manual de controle higiênico-sanitario em serviços

de alimentação. São Paulo. 2º edição. Livraria varela, 2005.

SILVA, M.T.B.; Curso de Boas Práticas de Fabricação e Manipulação de Alimentos.

Disponível em: http://www.crq4.org.br/downloads/minicurso_alimentos_05_07.pdf.

Acessado em: 04 de novembro de 2016.

RIISPOA, Regulamento da Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de Origem

Animal. Disponível em:

http://www.agricultura.gov.br/arq_editor/file/Aniamal/MercadoInterno/Requisitos/Reg

ulamentoInspecaoIndustrial.pdf

Acessado em: 15 de novembro de 2016

RESOLUÇÃO SESA nº 748/2014. Disponível em:

http://www.saude.pr.gov.br/arquivos/File/RESOLUCAO_2014/Resolucao7482104.pdf

Acessado em: 07 de novembro de 2016.

ADAPTAÇÃO DO SITE: REVISTA VETERINÁRIA. Disponível em:

http://www.revistaveterinaria.com.br/2012/04/23/o-que-e-ser-responsavel-tecnico-

em-veterinaria/

Acessado em: 07 de novembro de 2016.