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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ JULIA SOLDI SCHÜHLI OPERAÇÕES DE ABATE E O ABATE SANITARIO PARA A TUBERCULOSE CURITIBA Junho/2016

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

JULIA SOLDI SCHÜHLI

OPERAÇÕES DE ABATE E O ABATE SANITARIO PARA A TUBERCULOSE

CURITIBA

Junho/2016

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

JULIA SOLDI SCHÜHLI

OPERAÇÕES DE ABATE E O ABATE SANITARIO PARA A TUBERCULOSE

CURITIBA

Junho/2016

Trabalho de Conclusão apresentado ao Curso de

Medicina Veterinária da Universidade Tuiuti do

Paraná como requisito parcial para a obtenção do

grau de Médico Veterinário.

Orientador Acadêmico: Profª Ana Carolina Aust

Orientador Profissional: Med. Vet. Renato Menon

UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ

REITOR

Prof. Luiz Guilherme Rangel Santos

PRÓ-REITOR ADMINISTRATIVO

Carlos Eduardo Rangel Santos

PRÓ-REITORA ACADÊMICA

Prof. Dra. Carmen Luiza da Silva

DIRETOR DE GRADUAÇÃO

Prof. Dr. João Henrique Faryniuk

COORDENADOR DO CURSO DE MEDICINA VETERINÁRIA

Prof. Dr. Welington Hartmann

TERMO DE APROVAÇÃO

OPERAÇÕES DE ABATE E O ABATE SANITARIO PARA A TUBERCULOSE

Este Trabalho de Conclusão de Curso foi julgado e aprovado para obtenção do título de

Médico (a) Veterinário (a) pela Comissão Examinadora do Curso de Medicina

Veterinária da Universidade Tuiuti do Paraná.

COMISSÃO EXAMINADORA

Presidente: Profª Ana Carolina Aust

__________________________________

Profª Silvana Krychak

__________________________________

Profª Anderlise Borsoi

__________________________________

Curitiba, 28 de junho de 2016.

DEDICATÓRIA

Dedico este trabalho à meus pais, Marilene e

Vinícius, por todo o esforço e dedicação, para que eu

pudesse chegar onde cheguei.

AGRADECIMENTOS

Aos meus Professores, que durante a minha jornada acadêmica me passaram

todo o conhecimento e a sabedoria que hoje carrego comigo, para a vida

profissional.

Ao Dr. Renato Menon, aos auxiliares da Inspeção Federal do Frigorífico Argus:

José, Antônio, Francisco e Ivonete, pela oportunidade que me foi dada de

cumprir meu estágio junto à eles, pela amizade e pela orientação durante todo o

período.

À Profª Ana Carolina Aust, pela orientação, ajuda e paciência na execução desse

trabalho, e pela confiança em mim depositada.

E a todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, o meu

muito obrigada.

SUMÁRIO

LISTA DE QUADROS ..............................................................................9

LISTA DE FIGURAS ..............................................................................10

LISTA DE SIGLAS E ABREVIAÇÕES ..................................................12

1. INTRODUÇÃO .......................................................................................14

1.2. DESCRIÇÃO DO LOCAL DE ESTÁGIO ...............................................15

1.2.1 Atividades desenvolvidas durante o estágio ..........................................15

2. O SERVIÇO DE INSPEÇÃO ..................................................................18

3. OPERAÇÕES DE ABATE .....................................................................20

3.1. Recepção dos animais ...........................................................................20

3.2. Inspeção ante mortem ............................................................................21

3.3. Período de repouso ................................................................................22

3.4. Banho de aspersão ................................................................................23

3.5. Boxe de Atordoamento e Área de Vômito ..............................................25

3.6. Sangria ...................................................................................................27

3.7. Remoção dos chifres ..............................................................................29

3.8. Esfola e desarticulação dos membros anteriores ..................................29

3.9. Esfola e desarticulação do membro posterior esquerdo ........................30

3.10. Esfola da porção esquerda do traseiro ..................................................30

3.11. Primeiro transpasse ...............................................................................31

3.12. Deslocamento da cabeça .......................................................................31

3.13. Esfola e retirada da pata direita (segundo transpasse) ..........................31

3.14. Retirada das orelhas e esfola da cabeça ...............................................31

3.15. Esfola do dianteiro ..................................................................................32

3.16. Abertura do tórax ....................................................................................32

3.17. Oclusão do reto ......................................................................................33

3.18. Retirada do couro (Rolo) ........................................................................33

3.19. Desarticulação da cabeça ......................................................................34

3.20. Identificação da cabeça e da carcaça ....................................................34

3.21. Oclusão do esôfago ...............................................................................35

3.22. Lavagem da cabeça ...............................................................................35

3.22.1. Linha B da Inspeção Federal .......................................................35

3.23. Pré-evisceração .....................................................................................37

3.24. Evisceração ............................................................................................37

3.24.1. Linha D da Inspeção Federal .......................................................37

3.24.2. Linha E da Inspeção Federal .......................................................38

3.24.3. Linha F da Inspeção Federal .......................................................39

3.24.4. Destinação dos órgãos ................................................................41

3.25. Separação das meias carcaças .............................................................41

3.26. Carimbagem e identificação ...................................................................42

3.27. Linha G da Inspeção Federal .................................................................42

3.28. Linha H da Inspeção Federal .................................................................43

3.29. Linha I da Inspeção Federal ...................................................................44

3.30. D.I.F (Departamento de Inspeção Final) ................................................45

3.31. Plataforma de limpeza ............................................................................46

3.32. Toalete do dianteiro e traseiro ................................................................46

3.33. Plataforma para re-inspeção, carimbagem e toalete final ......................47

3.34. Balança e lavagem das carcaças ............................................................47

4. PRINCIPAIS ACHADOS DA INSPEÇÃO DO DIF ..................................50

4.1. Cisticercose ............................................................................................50

4.1.2 Decisão Sanitária para Cisticercose Viva ................................................52

4.1.3 Decisão Sanitária para Cisticercose Calcificada .....................................53

4.1.4 Destinação das carcaças segundo o RIISPOA .......................................53

4.2. Pleurisia ..................................................................................................54

4.3. Abscessos e lesões supuradas ...............................................................55

4.4. Contaminação ........................................................................................57

5. TUBERCULOSE ....................................................................................58

5.1. Etiologia ..................................................................................................58

5.2. Transmissão ...........................................................................................59

5.3. Patogenia e Sinais Clínicos ....................................................................59

5.4. O abate sanitário para Tuberculose........................................................62

5.4.1. Destinação das carcaças........................................................................63

5.5. A Tuberculose Bovina no Estado do Paraná .........................................64

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................68

7. REFERÊNCIAS ......................................................................................69

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 Relação da destinação de carcaças, partes da carcaça e vísceras,

conforme doença procedente durante o período de

estágio................................................................................................17

QUADRO 2 Resultado do estudo da prevalência da tuberculose bovina no

Estado do Paraná ......................................................................................65

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 Rampa de desembarque ..............................................................21

FIGURA 2 Bovinos nos currais de descanso .................................................23

FIGURA 3 Bovinos no Banho de Aspersão ....................................................24

FIGURA 4 Bovinos em banho de aspersão na rampa de acesso à sala

de matança ...................................................................................24

FIGURA 5 Bovino no boxe de atordoamento sendo insensibilização .............25

FIGURA 6 Local correto para insensibilização ...............................................26

FIGURA 7 Animal insensibilizado sendo rolado para área de vômito .............26

FIGURA 8 Bovino insensibilizado sendo içado na área de vômito .................27

FIGURA 9 Operador promovendo o corte da barbela antes da sangria .........28

FIGURA 10 Operador promovendo o corte da jugular e carótida na sangria ....28

FIGURA 11 Operador promovendo a remoção dos chifres com alicate

pneumático ..................................................................................29

FIGURA 12 Desarticulação dos membros anteriores de bovino ......................30

FIGURA 13 Operador promovendo a remoção das orelhas e esfola da

cabeça .........................................................................................32

FIGURA 14 Operador promovendo a oclusão do reto .....................................33

FIGURA 15 Operador promovendo a retirada do couro através do rolo ...........34

FIGURA 16 Cabeça de bovino sendo lavada após a desarticulação ...............35

FIGURA 17 Corte dos linfonodos da cabeça na inspeção do conjunto

cabeça-língua ..............................................................................35

FIGURA 18 Corte dos linfonodos na inspeção da cadeia mesentérica ............38

FIGURA 19 Realização da inspeção visual do fígado ......................................39

FIGURA 20 Abertura das câmaras na inspeção do coração ............................40

FIGURA 21 Corte dos linfonodos pulmonares na inspeção do pulmão ............40

FIGURA 22 Operador realizando a divisão da carcaça ....................................41

FIGURA 23 Operador promovendo a carimbagem nas meias carcaças .........42

FIGURA 24 Corte dos linfonodos na inspeção da porção caudal da

meia carcaça ................................................................................43

FIGURA 25 Corte do linfonodo na inspeção dos linfonodos

pré-escapulares ...........................................................................44

FIGURA 26 Agentes da Inspeção Federal atuando no DIF ..............................45

FIGURA 27 Operador realizando o toalete do dianteiro ...................................46

FIGURA 28 Carcaças sendo carimbadas e re-inspecionadas na plataforma

final ..............................................................................................47

FIGURA 29 Pesagem das carcaças antes da expedição .................................48

FIGURA 30 Lavagem das carcaças .................................................................48

FIGURA 31 Expedição das carcaças para o resfriamento ...............................49

FIGURA 32 Cisticercose viva encontrada no esôfago .....................................51

FIGURA 33 Cisticercose calcificada encontrada no coração ...........................52

FIGURA 34 Pleurisia seca sendo retirada da carcaça de bovino ...................55

FIGURA 35 Abcesso encontrado na carcaça de bovino .................................56

FIGURA 36 Carcaça bovina contaminada por conteúdo fecal ........................57

FIGURA 37 Lesão tuberculosa encontrada durante a inspeção do

pulmão bovino ..............................................................................61

FIGURA 38 Lesão tuberculosa encontrada em linfonodo na cabeça de

bovino ..........................................................................................61

FIGURA 39 Regiões de estudo da prevalência da tuberculose bovina no

Estado Paraná .............................................................................65

FIGURA 40 Focos de tuberculose bovina no ano de 2014 no Estado do

Paraná .........................................................................................66

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

ADAPAR Agência de Defesa Agropecuária do Paraná

BSE Encefalopatia Espongiforme Bovina

DIF Departamento de Inspeção Final

GTA Guia de Transporte Animal

MER Material Específico de Risco

MAPA Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento

PNCEBT Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e

Tuberculose Animal

RIISPOA Regulamento de Inspeção Industrial e Sanitária de Produtos de

Origem Animal

SEAB Secretaria de Agricultura e Abastecimento

SIF Serviço de Inspeção Federal

SIGSIF Sistema de Informações Gerenciais do Serviço de Inspeção Federal

RESUMO

Assegurar a qualidade e a condição higiênico-sanitária do produto de

origem animal é a principal preocupação da produção e do processamento de

alimentos. O Médico Veterinário é o profissional responsável pela inspeção em

todas as etapas de produção, garantindo assim a qualidade do produto que irá

para a mesa do consumidor, uma vez que somente esse possui a capacitação

necessária para que isso seja possível.

Dentre as principais afecções que acometem o rebanho bovino nacional,

a tuberculose é tida como uma das mais importantes, devido à significativa perda

econômica na produção, ao caráter de zoonose impactante da doença sobre a

saúde pública, além de acarretar na condenação de carcaças no abate e

representar uma barreira sanitária para comércio exterior. Através do PCNEBT

(Programa Nacional de Erradicação e Controle da Brucelose e Tuberculose), a

doença vem sido controlada, apresentando significativa diminuição no número

de focos.

Durante o estágio, foi possível acompanhar a atuação da Inspeção

Federal na linha de abate de bovinos, no Departamento de Inspeção Federal

(DIF) bem como no abate sanitário, com foco em Tuberculose.

Palavras chave: frigorífico, tuberculose, abate sanitário, inspeção.

14

1. INTRODUÇÃO

O setor de produtos cárneos está entre os setores que mais cresceram

nos últimos anos na economia do país (TIVERON, 2014). Devido ao potencial

pecuário do mesmo, o Brasil ocupa o cargo de maior exportador de carne do

mundo, desde 2008 (MAPA, 2016).

Com o aumento do consumo e da exportação dos produtos cárneos,

naturalmente a exigência e a preocupação em entregar um produto de boa

qualidade, que ofereça segurança e inocuidade para os consumidores, também

aumentou, se tornando uma tarefa complexa. Para tal, a forma que se

estabeleceu para que se possa garantir o nível higiênico-sanitário dos produtos,

dá-se através de ações de fiscalização, controle e inspeção dos produtos de

origem animal.

O papel do Médico Veterinário em um abatedouro-frigorífico é de suma

importância, pois este é o responsável por inspecionar e garantir a qualidade dos

produtos que irão à mesa do consumidor. Portanto, faz-se necessário que o

Médico Veterinário encarregado do papel de inspetor federal, além de ser

competente e ter conhecimento na área de inspeção sanitária, possua uma boa

capacidade de interação com os funcionários do estabelecimento, para que

possa instruir a correta realização do fluxograma de abate e, com isso,

proporcionar um ambiente de trabalho ideal e livre de complicações tanto

profissionais como para o produto final.

Dentre as principais afecções que acometem o rebanho bovino nacional,

a tuberculose é tida como uma das mais importantes, devido à significativa perda

econômica na produção, ao caráter de zoonose impactante da doença sobre a

saúde pública, além de ser uma barreira sanitária para comércio exterior.

Com o objetivo de diminuir o impacto dessa patologia no mercado da

carne e na saúde dos consumidores, programas de controle da doença vem

sendo implantados em vários países em desenvolvimento, onde sua incidência

é maior.

15

1.2 DESCRIÇÃO DO LOCAL DO ESTÁGIO

O estágio obrigatório supervisionado foi realizado no período de 29 de

março à 10 de junho de 2016, em um abatedouro-frigorífico na região de Curitiba,

tendo como orientador profissional o Médico Veterinário Dr. Renato Menon e,

como professor orientador, a Médica Veterinária Profª Ana Carolina Aust.

O frigorífico era dotado de instalações para matança de bovinos,

bubalinos, vitelos, suínos e esporadicamente outros animais como carneiros e

javalis. Possuia equipamentos para frigorificação de produtos, com

dependências industriais para preparação de miúdos, carnes desossadas e

embaladas a vácuo, farinha de ossos e carne, graxaria e triparia, abatendo em

média 7000 animais da espécie bovina/mês, e 1500 animais da espécie

suína/mês.

O frigorífico possui inscrição no Serviço de Inspeção Federal (SIF), sendo

habilitado para exportação de seus produtos, e portanto, a inspeção realizada no

mesmo é feita pelo Médico Veterinário Fiscal Federal responsável e uma equipe

de funcionários treinados para tal. Além da Inspeção Federal, o frigorífico possui

uma equipe de Médicos Veterinários que atuam em conjunto, no controle de

qualidade.

1.2.1 – Atividades desenvolvidas durante o estágio

As atividades desenvolvidas no estágio foram focadas na sala de abate,

com as linhas de inspeção e o DIF (Departamento de Inspeção Final), como

descritas no tópico a seguir. As demais dependências e atribuições do frigorífico

(sala de miúdos, desossa, graxaria e triparia), foram somente visitadas e as

atividades observadas eventualmente, para conhecimento do estagiário, já que

não era o foco do estágio.

O papel do Médico Veterinário do SIF em um abatedouro frigorífico é

indispensável e de extrema importância para que o produto final esteja em boas

condições para o consumo. Para a eficácia das ações essenciais na apreciação

higiênica dos produtos de origem animal destinados ao consumo humano, e para

assegurar a qualidade do produto, torna-se indispensável à intervenção de um

16

técnico de formação universitária adequada, o Médico Veterinário inspetor,

funcionário nomeado pela autoridade nacional competente no domínio da Saúde

Pública Veterinária, para inspecionar os animais destinados ao abate, suas

carnes e despojos, e assegurar o controle da sua higiene, tendo em vista que

somente este está habilitado e possui a instrução necessária para a atividade.

Durante o estágio foram realizadas as seguintes atividades:

a) acompanhamento da rotina de inspeção ante-mortem em bovinos,

bubalinos e suínos;

- observação do estado sanitário dos animais nos currais.

b) acompanhamento e realização dos exames post-mortem em todas as

linhas de inspeção federal, em bovinos e bubalinos;

- exame visual e cortes nas peças para busca de alterações, em

todas as linhas de inspeção.

c) acompanhamento e realização de exames de inspeção das carcaças

encaminhadas ao DIF;

- limpeza de carcaças contaminadas;

- limpeza de carcaças acometidas por pleurisia;

- limpeza de carcaças lesionadas;

- limpeza de carcaças com presença de abscessos e/ou lesões

supuradas;

- inspeção de cisticercose através de cortes específicos nas

carcaças desviadas por achado de lesão.

d) acompanhamento da destinação de carcaças inspecionadas no DIF;

- acompanhamento da decisão do DIF para a destinação das

carcaças inspecionada.

e) acompanhamento da coleta e envio de amostras solicitadas pelo

MAPA;

- observação da coleta de material.

As carcaças depois de inspecionadas, podem ter os seguintes

destinos:

a) liberadas para consumo: carcaças liberadas para consumo in natura;

17

b) aproveitamento condicional: carcaças destinada à salsicharia ou

conserva, onde passarão por tratamento de calor;

c) rejeição parcial: carcaças onde a alteração se restringe à um grupo

muscular, sendo liberadas pra consumo parcialmente após a retirada

das partes acometidas;

d) condenação total: carcaças onde nada pode ser liberado para

consumo humano, sendo destinadas à graxaria para produção de

sebo e farinhas.

Durante o período de estágio, várias patologias foram identificadas nas

linhas de inspeção, que acarretaram na condenação total ou parcial de carcaças

e vísceras, ou ainda liberadas, quando julgadas aptas para o consumo, como

mostra o quadro a seguir:

QUADRO 1 – Relação da destinação de carcaças, partes da carcaça e vísceras,

conforme doença procedente durante o período de estágio.

MARÇO ABRIL DESTINO TOTAL

Cabeça Adenite 2 1 Graxaria 3

Cisticercose 13 19 Graxaria 32

Contaminação 50 42 Graxaria 92

Tuberculose 16 1 Graxaria 17

Carcaça C. Calcificada 53 79 Liberado 132

C. Viva 11 12 Trat. Pelo frio 23

2 3 Graxaria 5

Contaminação 136 148 Liberado 284

Lesão Supurada 62 54 Liberado 116

Lesão Traumática 214 194 Liberado 408

2 0 Graxaria 2

Pleurite 17 15 Liberado 32

Pneumonia 1 0 Graxaria 1

Hidatiose 0 1 Graxaria 1

Tuberculose 16 1 Graxaria 17

Coração Cisticercose 51 72 Graxaria 123

Contaminação 39 32 Graxaria 71

Pericardite 42 38 Graxaria 80

Tuberculose 16 1 Graxaria 17

Fígado Cirrose Hepática 56 62 Graxaria 118

Cisticercose 2 3 Graxaria 5

Congestão 262 278 Graxaria 540

Contaminação 131 125 Graxaria 256

18

Fasciolose 6 11 Graxaria 17

Lesão Supurada 562 543 Graxaria 1105

Perihepatite 45 37 Graxaria 82

Teleangiectasia 163 146 Graxaria 309

Tuberculose 16 1 Graxaria 17

Intestino Adenite 7 12 Graxaria 19

Contaminação 67 72 Graxaria 139

Lesão Supurada 6 4 Graxaria 10

Tuberculose 16 1 Graxaria 17

Língua Adenite 3 1 Graxaria 4

Cisticercose 2 3 Graxaria 5

Contaminação 22 18 Graxaria 40

Tuberculose 16 1 Graxaria 17

Pulmão Aspiração de Sangue 74 82 Graxaria 156

Congestão 13 15 Graxaria 28

Contaminação 63 54 Graxaria 117

Enfisema 44 52 Graxaria 96

Pleurite 17 15 Graxaria 32

Tuberculose 16 1 Graxaria 17

Quarto Dianteiro Lesão Supurada 1 2 Graxaria 3

Lesão Traumática 2 3 Graxaria 5

Rins Congestão 866 903 Graxaria 1769

Infarto Anemico 624 587 Graxaria 1211

Nefrite 596 621 Graxaria 1217

Tuberculose 32 2 Graxaria 34

Uronefrose 694 649 Graxaria 1343

Fonte: Estatística do frigorífico. C.: Cisticercose.

Dentre essas enfermidades, a tuberculose bovina é uma das mais

importantes patologias encontradas nos rebanhos de bovinos do Brasil, tendo

nos últimos anos, um aumento de abates sanitários para tal, devido à

implantação do Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e

Tuberculose Animal (PNCEBT).

2. O SERVIÇO DE INSPEÇÃO

Criado pelo Ministério da Agricultura em 1915, o SIF atua de forma a

promover a orientação, controle e fiscalização de todas as etapas de produção

nos aspectos higiênico, sanitário e tecnológico dos estabelecimentos onde se

19

encontram, garantindo a qualidade de produtos de origem animal comestíveis,

destinados ao mercado interno e externo.

A regulamentação do SIF é feita DIPOA (Departamento de Inspeção de

Produtos de Origem Animal), através do RIISPOA (Regulamento de Inspeção

Industrial e Sanitária de Produtos de Origem Animal), que prevê as normas de

inspeção industrial e sanitária ante e post-mortem, recebimento, manipulação,

transformação, elaboração e preparo de produtos de origem animal. Este

abrange ainda, fiscalizações no estabelecimento e no rebanho em cada etapa

de criação e produção.

O Serviço de Inspeção Federal é um sistema de controle do MAPA que

avalia a qualidade na produção de alimentos de origem animal comestíveis ou

não comestíveis, destinados ao mercado interno e externo, bem como de

produtos importados. Todos os produtos de origem animal sob responsabilidade

do MAPA, são registrados e aprovados pelo SIF visando garantir produtos com

certificação sanitária e tecnológica para o consumidor brasileiro, respeitando as

legislações nacionais e internacionais vigentes.

O Serviço de Inspeção Federal tem, como principal responsabilidade, a

realização de exames minuciosos de inspeção, a fim de encontrar alguma

alteração presente no organismo animal, visando garantir a qualidade higiênico-

sanitária para a comercialização do mesmo. Sua função é detectar nas linhas de

inspeção as carcaças que possuem quaisquer anormalidades e destiná-las ao

DIF, para que o veterinário inspetor avalie, julgue e dê o correto destino da

carcaça.

A primeira regulamentação do Serviço de Inspeção Federal foi o Decreto

nº 11.462, de 11 de janeiro de 1915, que tratou do “Serviço de Inspeção das

Fábricas de Produtos Animais”, subordinado ao Ministério da Agricultura,

Indústria e Comércio e sob direção do Serviço de Indústria Pastoril. (DUBOIS;

MELLO; HATSCCHABCH, 2001).

Segundo o Art. 11 do RIISPOA (BRASIL, 1952), “A inspeção Federal será

instalada em caráter permanente ou periódico.”, sendo que, o caráter periódico

significa que o estabelecimento recebe visitas frequentes de inspetores federais

autorizados, e o caráter permanente, possui a presença diária de um inspetor

federal. Destarte, o RIISPOA, art. 11 (BRASIL, 1952), parágrafo único, estipula

e lista os estabelecimentos que terão inspeção federal permanente, sendo,

20

portanto, aqueles que manipulam carnes e derivados, que abatem e

industrializam as diferentes espécies de açougue e de caça, bem como aqueles

que preparam produtos gordurosos, que recebem e beneficiam o leite e o

destinem ao consumo público, seja no todo ou em parte, que recebem,

armazenam e distribuem o pescado e, por fim, aqueles que recebem e fazem a

distribuição dos ovos.

3. OPERAÇÕES DE ABATE

3.1 Recepção dos animais

De modo geral, os caminhões que efetuam o transporte dos bovinos da

sua origem até o abate, chegam ao frigorífico nos períodos de fim de tarde, no

entanto, não podem realizar o desembarque antes de passar pela fiscalização

do SIF. Conforme o Art. 107 parágrafo 1º do RIISPOA (BRASIL, 1952), “por

ocasião da chegada de animais, a Inspeção Federal deve verificar os

documentos de procedência e julgar das condições de saúde do lote.”

É necessário que se faça a verificação do GTA (Guia de Transporte

Animal), uma vez que este documento carrega informações detalhadas sobre o

lote em questão, tais como atestados de exame para doenças como brucelose

e tuberculose; dados sobre a vacinação; certificação da procedência dos

animais; o emitente do documento; além da emissão (contendo local, data e

validade específicas); Carimbo de Identificação da Repartição Expedidora, bem

como de identificação e assinatura do emitente.

Segundo o art. 105, parágrafo 2º do RIISPOA (BRASIL, 1952), “qualquer

caso suspeito implica no exame clínico do animal ou animais incriminados,

procedendo-se, quando necessário, ao isolamento de todo o lote e aplicando-se

medidas próprias de política sanitária animal, que cada caso exigir.”

Após a verificação e liberação dos animais por parte do SIF, os animais

são descarregados em uma rampa (figura 1), onde deve-se realizar a inspeção

ante mortem, observando-se e avaliando a situação em que os animais se

encontram, encaminhando-os em seguida aos currais de descanso.

Em caso de recebimento de animais fraturados e/ou em estado crítico, é

feito o abate de emergência, em local próprio e exclusivo.

21

Figura 1 – Rampa de Desembarque

3.2 Inspeção ante mortem

A inspeção ante mortem tem como objetivo verificar o estado sanitário dos

animais, através de termometria, auscultação cardíaca, pulmonar e ruminatória,

palpação (observação da mobilidade, volume, consistência e percussão do

rumem), exame das mucosas, além da observação da postura, comportamento,

estado nutricional e físico dos bovinos, bem como a verificação dos certificados

de sanidade dos animais, verificação do peso, raça e categoria dos animais,

conferir a relação do número de animais a serem abatidos e a certificação das

condições higiênicas e de conservação dos currais. É ainda nessa etapa que

22

ocorre a rejeição das fêmeas recém paridas (10 dias), no último terço de

gestação e, aquelas que abortaram a menos de 12 dias.

A inspeção ante mortem é primeiramente geral, de todo o lote, de forma

visual, para observação do comportamento dos animais. Depois deve ser

realizada a separação dos animais que merecem um exame mais aprofundado,

em um curral a parte, para que os animais sejam observados em repouso e em

movimento.

Deve ser realizada em dois momentos: no período da tarde quando os

animais a serem abatidos no dia seguinte já estiverem separados e em

descanso, e outra logo antes do início do abate dos mesmos.

3.3 Período de repouso

Nos currais de descanso (figura 2), os animais devem permanecer em

jejum, com o objetivo de reduzir o conteúdo gástrico, para prevenir a

contaminação das carcaças no processo de evisceração, reduzir a migração de

bactérias para a corrente circulatória e, facilitar a sangria. No entanto, ocorre a

dieta hídrica, onde existe o fornecimento de água à vontade, que além de

também facilitar a sangria, promove a hidratação nos animais, levando à uma

melhoria no momento da esfola.

Apesar de não ser permitido o abate de animais com menos de 24 horas

de repouso, o Art. 110 parágrafo 1º do RIISPOA (1997) diz que “o período de

repouso pode ser reduzido, quando o tempo de viagem não for superior a 2

(duas) horas e os animais procedam de campos próximos, mercados ou feiras,

sob controle sanitário permanente; o repouso, porém, em hipótese alguma, deve

ser inferior a 6 (seis) horas.”

23

Figura 2 – Bovinos nos Currais de Descanso

3.4 Banho de Aspersão

Após o período de descanso nos currais, onde ocorre o primeiro banho de

aspersão no dia do abate, os animais são encaminhados para as rampas de

acesso à sala de matança, onde recebem o segundo banho de aspersão, como

mostra a figura 3. A água utilizada nesta etapa é hiperclorada na média de 2

ppm, sendo liberada à pressão de 3 atm, e o tempo de permanência dos animais

varia de 8 a 12 minutos.

O objetivo desta operação é, basicamente, realizar a limpeza da pele dos

animais destinados ao abate, removendo as sujidades e assim, diminuindo a

carga microbiana epidermal.

Segundo Trecenti (2013), “o banheiro de aspersão constitui parte do

corredor que liga os currais ao corredor de acesso à sala de abate. Esse possui

um sistema tubular de chuveiros dispostos transversal, longitudinal e

lateralmente orientando os jatos de água para o centro do corredor”, conforme a

figura 4.

Pardi et al (1995) citam que, no banho de aspersão “ocorre vasoconstrição

periférica e vasodilatação interna, o que propicia uma sangria mais eficiente.”,

no entanto, de acordo com Roça e Serrano (1995) o teor de hemoglobina retido

no músculo e a eficiência da sangria, não são afetados pelo banho de aspersão.

24

Figura 3 – Bovinos no Banho de Aspersão

Figura 4 – Bovinos em banho de aspersão na rampa de acesso à sala de matança

25

3.5 Boxe de Atordoamento e Área de Vômito

Roça (2002) considera que a insensibilização é a operação mais crítica

de todo o processo de abate e tem por objetivo alcançar o estado de

inconsciência no animal durante toda a sangria, sem oferecer sofrimento

desnecessário, obtendo a sangria mais efetiva possível. Para que isso aconteça,

a insensibilização é realizada com pistola pneumática com pressão de 165 a 167

libras, por um funcionário devidamente treinado, o magarefe (figura 5).

Figura 5 – Bovino no boxe de atordoamento sendo insensibilização

Para que a insensibilização ocorra de maneira eficiente, o atordoamento

deve ser feito em local anatômico correto no animal. O disparo deve ser feito no

plano frontal, na interseção de duas linhas imaginárias, que vão da base do chifre

até o olho do lado oposto da cabeça, conforme a figura 6 (LANDIM, 2011).

26

Figura 6- Local correto para insensibilização

Fonte: NEVES (2008)

Após a insensibilização, o animal contido no boxe de atordoamento é

rolado para a área de vômito (figura 7), que é composta por piso de grade tubular,

onde será içado até o trilho pelo membro posterior direito (figura 8). Nesta etapa,

poderá ocorrer regurgitação, portanto, há um funcionário responsável que

promove a limpeza rápida dessa área, para que evitar contaminação.

Figura 7 – Animal insensibilizado sendo rolado para área de vômito

27

Figura 8 – Bovino insensibilizado sendo içado na área de vômito

3.6 Sangria

Segundo Silva (2012) “a operação de sangria deve ser iniciada logo após

a insensibilização do animal, de modo a provocar um rápido, profuso e mais

completo possível escoamento de sangue, antes que o animal recupere a

sensibilidade.”

O tempo entre a insensibilização e a sangria, não deve exceder 1 (um)

minuto e o animal deve sangrar por um tempo de, no mínimo, 3 (três) minutos.

O volume de sangue bovino é estimado em 6,4 a 8,2 litros/100kg/PV

(TRECENTI, 2013), e de acordo com Roça et al. (2001), “para obtenção de uma

carne com adequada capacidade de conservação, deve ser removido cerca de

60% do volume total de sangue na sangria, sendo que o restante fica retido nos

músculos (10%) e vísceras (20-25%).”

28

A sangria se procede realizando um corte da barbela do bovino (figura 9)

e, com outra faca, é feito a sangria propriamente dita, ou seja, são incisadas os

grandes vasos, jugular e carótida (figura 10).

Figura 9 – Operador promovendo o corte da barbela antes da sangria

Figura 10 – Operador promovendo o corte da jugular e carótida na sangria

29

3.7 Remoção dos Chifres

São retirados com o auxílio de um alicate pneumático próprio, aplicado na

base dos processos cornuais. (figura 11).

Figura 11 – Operador promovendo a remoção dos chifres com alicate pneumático

3.8 Esfola e desarticulação dos membros anteriores

No mesmo local em que se realiza a remoção dos chifres, também ocorre

a esfola e a retirada das patas dianteiras (figura 12), desarticulando-as ao nível

da articulação metacarpo-falangeana e encaminhando estas ao chute para seu

destino no frigorífico.

30

Figura 12 – Desarticulação dos membros anteriores de bovino

3.9 Esfola e desarticulação do membro posterior esquerdo

Em uma plataforma ao alcance dos membros inferiores, é realizada a

retirada da pata posterior esquerda (que não está suspensa) ao nível da

articulação metatarsiana, sendo encaminhada para seu destino no frigorífico.

Neste momento ocorre também a esfola do mesmo membro, até a área

da articulação fêmoro-tíbio-patelar, a incisão da pele da região abdominal,

seccionando-a até a área da cicatriz umbilical, bem como a retirada dos

testículos.

3.10 Esfola da porção esquerda do traseiro

Em um plataforma mais baixa, ocorre a esfola das regiões torácica e

abdominal que já foram liberadas parcialmente em etapas anteriores. Na

31

plataforma seguinte, situada na mesma altura da primeira, acontece a esfola da

porção esquerda do traseiro. Inicia-se com um corte no terço médio distal do

abdômen, incisando-se a linha alba horizontalmente (não incisar úbere ou o

pênis), estendendo o corte e circundando a região perianal da porção esquerda

do traseiro. Faz-se então, a secção da pele do traseiro, a partir da região perianal

até a região da articulação fêmoro-tíbio-patelar, onde a partir desde ponto, a pata

já se encontra esfolada, expondo desta forma, quase todo o traseiro esquerdo e

parte do abdômen.

3.11 Primeiro transpasse

Suspende-se o traseiro esquerdo através do tendão calcanear e, solta-se

a pata direita, a qual se encontrava presa com a maneia.

3.12 Deslocamento da cabeça

Faz-se o deslocamento da cabeça com o auxílio de faca, e em seguida o

deslocamento do couro da mesma.

3.13 Esfola e retirada da pata posterior direita (segundo transpasse)

Nesta etapa, a pata traseira direita não se encontra mais suspensa,

portanto, faz-se a sua retirada e a esfola do respectivo membro, da mesma forma

que o membro esquerdo, sendo encaminhada para a seção de mocotós.

Ainda nessa etapa, se desloca a pele da porção direita do traseiro com o

auxílio de equipamento específico, liberando assim, o couro dos quartos

traseiros e suspendendo novamente o animal pelo membro posterior direito.

3.14 Retirada das orelhas e esfola da cabeça

Retiram-se as orelhas, que tem como destino a graxaria, e realiza-se a

esfola da parte facial da cabeça (figura 13).

32

Figura 13 – Operador promovendo a remoção das orelhas e esfola da cabeça

3.15 Esfola do dianteiro

Desprende-se o couro ainda remanescente das áreas do tórax, traseiro

(região lombar) e região perianal, para posterior oclusão do reto, além de

seccionar todo o couro em torno da cauda, para facilitar a retirada através do

rolo.

3.16 Abertura do tórax

Feita através da primeira serra, promove-se a abertura do tórax na região

esternal, devendo-se tomar cuidado para não perfurar os órgãos próximo,

evitando assim a contaminação da carcaça.

33

3.17 Oclusão do reto

O reto é liberado e deslocado para que possa ser envolvido em um

plástico e amarrado, evitando extravasamento de conteúdo fecal, e então,

reposicionado novamente no orifício, como mostra a figura 14.

Figura 14 – Operador promovendo a oclusão do reto

3.18 Retirada do couro – Rolo

A retirada total do couro é realizada através de uma corrente, presa ao

mesmo, que quando acionada, traciona o couro para baixo, fazendo com que

este se desprenda da carcaça, e então seja encaminhada para o seu destino no

frigorífico (figura 15).

34

Figura 15 – Operador promovendo a retirada do couro através do rolo

3.19 Desarticulação da cabeça

A desarticulação da cabeça é a primeira etapa da área limpa, onde se faz

a secção da musculatura do pescoço, mantendo-a, desta forma, suspensa

apenas pelo esôfago e traqueia.

3.20 Identificação da cabeça e da carcaça

Segundo o art. 144 dp RIISPOA (BRASIL, 1952), “a cabeça, antes de

destacada do corpo, deve ser marcada para permitir fácil identificação com a

respectiva carcaça”, que é feita no côndilo occipital e no carpo.

35

3.21 Oclusão do esôfago

Neste momento, se faz a liberação da língua e a separação do esôfago e

da traqueia, acompanhados da oclusão do esôfago para que não ocorra a

contaminação do conjunto cabeça-língua, com conteúdo gástrico.

3.22 Lavagem da cabeça

O conjunto cabeça-língua é então separado do resto da carcaça com um

corte a nível da glote, e o mesmo é conduzido ao lavadouro de cabeças (figura

16).

Figura 16 – Cabeça de bovino sendo lavada após a desarticulação

3.22.1 Linha B da Inspeção Federal

Segundo o art. 147 do RIISPOA (BRASIL, 1952), “a inspeção post-mortem

consiste no exame de todos os órgãos e tecidos, abrangendo a observação e

apreciação de seus caracteres externos, sua palpação e abertura dos gânglios

linfáticos correspondentes, além de cortes sobre o parênquima dos órgãos,

quando necessário.”

Após a sua lavagem, a cabeça segue para a linha B de inspeção (exame

do conjunto cabeça-língua), onde se realizam os cortes de inspeção, sendo eles:

dois cortes na musculatura do masseter e um no músculo pterigoide (em ambos

os lados da cabeça), incisão dos gânglios parotídeos, retrofaríngeos e

36

sublinguais (figura 17). O objetivo dessa linha de inspeção é pesquisar a

presença de possíveis cisticercos vivos e/ou calcificados, bem como lesões

tuberculosas.

As lesões tuberculosas encontradas nos linfonodos do conjunto cabeça-

língua, normalmente são de consistência firme e ao serem cortadas apresentam-

se bem delimitadas, com conteúdo pastoso de coloração amarelada, podendo

as vezes, conter áreas calcificadas.

Neste momento também, é realizada a retirada das tonsilas palatinas

(amigdalas), que juntamente ao cérebro, olhos, pálpebras, medula espinhal e

íleo, retirados posteriormente, serão encaminhadas para a incineração, por

serem considerados materiais de risco de contaminação da BSE (Encefalopatia

Espongiforme Bovina), ou seja, Material de Risco Específico (MRE).

Figura 17 – Corte dos linfonodos da cabeça na inspeção do conjunto cabeça-língua

37

3.23 Pré-evisceração

Após a retirada da cabeça, a carcaça segue a linha de abate passando

pela pré-evisceração, onde nas fêmeas, é feita a retirada das glândulas

mamárias intactas, e nos machos, é retirado o pênis, através da secção de sua

raiz.

3.24 Evisceração

Dá-se através da incisão da linha alba, com o auxilia de faca e das mãos,

promovendo a retirada primeiramente das vísceras brancas (estômago,

intestinos delgado e grosso, pâncreas, baço e bexiga), aparelho genital das

fêmeas (gravídico ou não), e na sequência a retirada das vísceras vermelhas

(coração, pulmão e fígado), sendo colocadas em bandejas separadas. Essas

bandejas contendo as vísceras, seguem para as linhas de inspeção D, E e F,

dispostas sobre uma mesa rolante.

3.24.1 Linha D da Inspeção Federal

Exame do trato gastrointestinal, baço, pâncreas, bexiga e útero, através

da palpação, visualização e incisão de pelo menos 10 (dez) linfonodos da cadeia

mesentérica (figura 18), além da separação do baço.

38

Figura 18 – Corte dos linfonodos na inspeção da cadeia mesentérica

3.24.2 Linha E da Inspeção Federal

Inspeção de fígado através de 3 (três) cortes longitudinais, para a

verificação de presença de Fasciola hepatica nos ductos biliares, além da

visualização do mesmo (figura 19), para detecção de abscessos e palpação. A

vesícula biliar é retirada, para a remoção de possíveis cálculos que possuem alto

valor comercial, tendo como destino principalmente o mercado oriental, onde é

utilizado na indução da formação de pérolas em fazendas de ostras, dentre

outras aplicações.

39

Figura 19 – Realização da inspeção visual do fígado

3.24.3 Linha F da Inspeção Federal

Inspeção do coração através de palpação, visualização e incisão das

câmaras de forma que desfolhe todo o órgão (figura 20), para a pesquisa de

cisticercos. Neste momento também é realizada a inspeção dos pulmões,

através de visualização, palpação e incisão (com dois cortes longitudinais dos

lobos pulmonares) bem como os gânglios traqueobrônquico direito, apical,

esofagiano e mediastinal (figura 21), onde pode-se encontrar lesões

tuberculosas, além de outras lesões indicativas de pneumonia, por exemplo.

40

Figura 20 – Abertura das câmaras na inspeção do coração

Figura 21 – Corte dos linfonodos pulmonares na inspeção do pulmão

41

3.24.4 Destinação dos órgãos

Ao final da linha de inspeção dos órgãos, existem 4 chutes de destinação

dos mesmos, podendo ter como destino à sala de miúdos, que irá receber órgãos

como fígado e coração; com destinação à graxaria, onde irão os órgãos que

forem condenados devido à alterações, que não podem ser aproveitados; com

destinação à triparia, que receberá os intestinos delgado e grosso; e por fim, o

chute que recebe o estômago propriamente dito (rúmen, retículo, omaso e

abomaso) e que é aproveitado para a alimentação humana.

3.25 Separação das meias carcaças

A divisão da carcaça é realizada através de uma serra posicionada de

modo a dividir a coluna vertebral em toda a sua extensão, separando-a em duas

metades iguais (figura 22).

Figura 22 – Operador realizando a divisão da carcaça

42

3.26 Carimbagem e identificação

Após divisão das meias carcaças, a carimbagem é realizada de acordo

com o número de animais abatidos a cada lote na data em questão, da seguinte

forma: Nº do animal / Nº do lote / Data (figura 23).

Figura 23 – Operador promovendo a carimbagem nas meias carcaças

3.27 Linha G da Inspeção Federal

O art. 151, parágrafo único do RIISPOA (BRASIL, 1952), cita que “os rins

só podem permanecer aderentes à carcaça por exigência de país importador.

Nesses casos sua inspeção será realizada após incisão da gordura que os

envolve, expondo-se os de modo a tornar possível sua apreciação, sem desligá-

los completamente da posição natural. Após o exame serão recolocadas em sua

posição normal.”

No frigorífico em questão, a inspeção é realizada mantendo os rins

aderidos à carcaça até a plataforma final, de re-inspeção, onde só então serão

retirados e encaminhados à seção de miúdos, pois de outra forma não seria

possível sua exportação para alguns países.

43

Segundo o Art. 189 do RIISPOA (BRASIL, 1952), devem ser condenados

todos os rins que possuírem lesões características de: nefrite, nefrose,

pielonefrite ou outras.

3.28 Linha H da Inspeção Federal

Exame da face medial e lateral da porção caudal da meia carcaça, sendo

feita de forma visual e através de cortes nos nodos linfáticos (inguinais ou

retromamários, précrural, ilíaco e isquiático) (figura 24), além da inspeção do

diafragma, seccionando-o e analisando sua conformação e aspecto, bem como

a presença de possíveis cisticercos e, a desarticulação do rabo.

Figura 24 – Corte dos linfonodos na inspeção da porção caudal da meia carcaça

44

3.29 Linha I da Inspeção Federal

Inspeção visual da porção dianteira interna e externa da meia carcaça;

inspeção dos linfonodos pré-escapulares (figura 25), realizada através da incisão

do gânglio citado, além de inspecionar o ligamento cervical, em busca de

possíveis lesões de brucelose, e da remoção de possíveis abscessos vacinais

encontrados.

Figura 25 – Corte do linfonodo na inspeção dos linfonodos pré-escapulares

45

3.30 D.I.F (Departamento de Inspeção Final)

Segundo o art. 152 do RIISPOA (BRASIL, 1952), “toda carcaça, partes de

carcaça e órgãos com lesões ou anormalidades que possam torna-los impróprios

para o consumo, devem ser convenientemente assinalados pela Inspeção

Federal e diretamente conduzidos ao “Departamento de Inspeção Final”, onde

serão jugados após exame completo.”

É ainda para o DIF (figura 26) que são desviadas as carcaças com

contusões, sempre que a extensão das lesões não permita a limpeza nas linhas

de inspeção, bem como carcaças contaminadas. A providência preliminar no

exame das peças é a verificação da intercorrespondência dos órgãos e a carcaça

(sistema de marcação). A seguinte, é o conhecimento da localização e a

natureza da causa que motivou o envio das peças ao DIF. Finalmente, após o

exame das diferentes peças do animal, firmar o diagnóstico e dar o destino final

a carcaça e as vísceras, que não poderão ser exportados.

Figura 26 – Agentes da Inspeção Federal atuando no DIF

46

3.31 Plataforma de limpeza

Se a carcaça estiver contundida, mas não apresentar fraturas ou

contaminações, esta será direcionada a plataforma de limpeza, que fará a

remoção das lesões e o toalete do dianteiro e traseiro.

3.32 Toalete do dianteiro e traseiro

As carcaças que não forem desviadas ao DIF, seguem direto para o

encarregado da limpeza do dianteiro que fará a remoção do diafragma, ligamento

largo e linfonodos pré-escapulares e, na sequência em uma plataforma a nível

do traseiro, outro encarregado fará o toalete do mesmo, retirando quaisquer

sujidades encontradas (figura 27).

A mesma pessoa responsável pelo toalete do dianteiro, é responsável por

encaminhar as carcaças marcadas para desvio ao DIF.

Figura 27 – Operador realizando o toalete do dianteiro

47

3.33 Plataforma para re-inspeção, carimbagem e toalete final

Nesta plataforma, por onde passam todas as carcaças (independente de

terem sido desviadas ou não), é realizada a marcação com o carimbo do SIF no

coxão, lombo, paleta e ponta-de-agulha, sendo ainda, re-inspecionadas, afim de

encontrar quaisquer sujidades que possam ter passado despercebidas pela

linha, excessos de gordura, pedaços de órgãos e/ou linfonodos. Ocorre também,

a retirada do rim e do rabo, que serão direcionados em chutes, à seção de

miúdos e a retirada da medula (figura 28).

Figura 28 – Carcaças sendo carimbadas e re-inspecionadas na plataforma final

3.34 Balança, lavagem das carcaças e expedição

Ao final de todo o processo de abate e inspeção, as meias carcaças

passam pela pesagem (figura 29) feita manualmente, e pela tipificação, seguindo

para o processo de lavagem (figura 30), com água a 37°C, pressão de 3 atm e

cloração de 1 ppm.

Após a lavagem, as carcaças, que saem da sala de abate (figura 31) com

uma temperatura entre 30 a 39°C, são encaminhadas para a refrigeração,

mantidas em câmaras de resfriamento, com temperatura aproximada de 3°C,

velocidade do ar de 0,3 a 0,1 m/s e umidade relativa de 85 a 95%. As carcaças

48

deverão atingir a temperatura de 10°C em 24 horas. Estima-se que a perda de

peso no resfriamento é de 2,5%, devido à perda de líquido.

Figura 29 – Pesagem das carcaças antes da expedição

Figura 30 – Lavagem das carcaças

49

Figura 31 – Expedição das carcaças para o resfriamento

50

4. PRINCIPAIS ACHADOS DA INSPEÇÃO DO DIF

Durante a maior parte do período de estágio, foi possível acompanhar o

trabalho da Inspeção Federal no Departamento de Inspeção Final. Nesse

período, algumas afecções motivaram o encaminhamento de carcaças ao DIF

mais do que outras, são elas: Cisticercose, Pleurisia, Abscessos e Lesões

Supuradas e Contaminações, que serão discutidas a seguir, além da

Tuberculose.

4.1 Cisticercose

A cisticercose é uma das principais afecções encontradas nas linhas de

inspeção do abatedouro e é de grande importância econômica e de saúde

pública. Esta lesão pode aparecer na forma de cistos vivos (figura 32) ou

calcificados (figura 33). Os locais em que estes cistos se instalam são,

principalmente, a cabeça e língua, coração e o diafragma. Quando encontrado,

a carcaça, cabeça-língua e coração são marcados com uma ficha de número

igual, sendo encaminhados para o DIF para que seja realizado um exame

minucioso em busca de outros cisticercos.

É causada pelo metacestoda Cysticercus bovis que está presente na

musculatura do bovino, hospedeiro intermediário desta parasitose (SOUZA et

al., 2007), e trata-se de uma zoonose de distribuição global, porem sua

ocorrência é maior em países em desenvolvimento, devido às condições

econômicas e sociais, higiene pessoal e ambiental. No Brasil essa patologia tem

sido constantemente diagnosticada em bovinos abatidos sob inspeção sanitária

(PEIXOTO et al., 2012).

O complexo teníase-cisticercose engloba duas doenças distintas, com

sintomatologia e epidemiologia totalmente diferentes: a teníase, onde o parasita

adulto está presente apenas no homem, e a cisticercose, onde o estádio larval

da Taenia saginata, que acomete bovinos, ou da Taenia solium, que pode

acometer suínos e seres humanos. Na maioria das vezes, o complexo teníase-

cisticercose está relacionado tão somente às precárias condições sanitárias e ao

baixo nível socioeconômico, que induzem e permitem o acesso da população ao

51

consumo de carne de má procedência, verdura e águas contaminadas

(MEDEIROS et al, 2008).

Ao serem desviadas pro DIF, no frigorífico, é feita a pesquisa de

cisticercose, aonde são inspecionados os músculos mastigadores, coração,

porção muscular do diafragma, inclusive seus pilares, bem como os músculos

do pescoço, estendendo-se o exame aos intercostais e a outros músculos,

sempre que necessário.

Figura 32 – Cisticercose viva encontrada no esôfago

52

Figura 33 – Cisticercose calcificada encontrada no coração

4.1.2 Decisão Sanitária para Cisticercose Viva

No frigorífico em questão, caso fosse encontrado cisticerco vivo nas linhas

de inspeção, a decisão sanitária era a seguinte:

- encontrado 1 ou mais cisticercos vivos no coração e até quatro na

carcaça, condena-se o coração, cabeça e língua, e após a retirada dos

cisticercos da carcaça, faz-se o seu encaminhamento para a câmara de

sequestro, por 10 dias em um temperatura aproximada de -16ºC;

- encontrado 1 ou mais cisticercos vivos na cabeça e até quatro na

carcaça, condena-se a cabeça, língua e coração, e após a retirada dos

cisticercos, faz-se o seu encaminhamento da carcaça para a câmara de

sequestro, por 10 dias em um temperatura aproximada de -16ºC;

- encontrado 1 ou mais cisticercos vivos na língua e até quatro na carcaça,

condena-se a cabeça, língua e coração, e após remover os cisticercos da

carcaça, se encaminha a mesma para a câmara de sequestro, por 10 dias em

um temperatura aproximada de -16ºC;

- encontrados até 4 cisticercos vivos na carcaça, condena-se cabeça,

língua e coração, remove-se os cisticercos e se encaminha para a câmara de

sequestro, por 10 dias em um temperatura aproximada de -16ºC;

53

- se forem encontrados mais de 4 cisticercos vivos na carcaça

(generalizada), a carcaça é condenada e junto com ela a cabeça, língua e

coração.

4.1.3 Decisão Sanitária para Cisticercose Calcificada

No frigorífico em questão, caso fosse encontrado cisticerco calcificado nas

linhas de inspeção, a decisão sanitária era a seguinte:

- um cisticerco calcificado na cabeça, condena-se então a cabeça e libera

a língua, coração e carcaça;

- um cisticerco calcificado na língua, condena-se a cabeça e a língua, e

libera-se o coração e a carcaça;

- um cisticerco calcificado no coração, este é condenado e se libera

cabeça, língua e carcaça;

- um cisticerco calcificado na carcaça, faz-se a liberação da cabeça, língua

e coração e depois da remoção do cisticerco da carcaça, a mesma também é

liberada;

- até cinco cisticercos calcificados na carcaça, se faz a remoção dos cistos

e realiza o encaminhamento para a câmara de sequestro por 10 dias em uma

temperatura em torno de -16ºC;

- mais de cinco cisticercos calcificados na carcaça (generalizada), a

carcaça é condenada.

4.1.4 Destinação das carcaças segundo o RIISPOA

Segundo o art. 176 do RIISPOA (BRASIL,1952) “serão condenadas as

carcaças com infestações intensas pelo Cysticercus bovis ou quando a carne é

aquosa ou descorada”. Ainda no referido artigo, o RIISPOA (BRASIL, 1952) diz

que “faz-se rejeição parcial nos casos em que se verifique infestação discreta ou

moderada, após cuidadoso exame sobre o coração, músculos da mastigação,

língua, diafragma e seus pilares, bem como, sobre músculos facilmente

acessíveis. Nestes casos devem ser removidas e condenadas todas as partes

com cistos, inclusive os tecidos circunvizinhos; as carcaças são recolhidas às

54

câmaras frigoríficas ou desossadas e a carne tratada por salmora, pelo prazo

mínimo de 21 (vinte e um) dias em condições que permitam, a qualquer

momento, sua identificação e reconhecimento. Esse período pode ser reduzido

para 10 (dez) dias, desde que a temperatura nas câmaras frigoríficas seja

mantida sem oscilação e no máximo a 1ºC (um grau centígrado).” As carcaças

acometidas por cisticercose ainda podem ser aproveitadas condicionalmente

quando o número de cistos for maior do que o mencionado no item anterior, mas

a infestação não alcance generalização, a carcaça será destinada à esterilização

pelo calor. Podem ser aproveitadas para consumo as carcaças que apresentem

um único cisto já calcificado, após remoção e condenação dessa parte. Em

relação ás vísceras das carcaças acometidas pela cisticercose, com exceção

dos pulmões, coração e porção carnosa do esôfago e a gordura das carcaças

destinadas ao consumo ou à refrigeração, o artigo diz que não sofrerão qualquer

restrição, desde que consideradas isentas de infestação. Os intestinos podem

ser aproveitados para envoltório, depois de trabalhados como normalmente.

4.2 Pleurisia

Pleurisia ou pleurite é uma inflamação das pleuras pulmonares (parietal e

visceral) que pode ser seca (figura 34) ou com aumento do líquido pleural

(derrame pleural). Geralmente é uma extensão de pneumonia, podendo ser

também secundária às lesões em outros órgãos torácicos.

Na pleurite seca, é retirada a pleura e liberada a carcaça, já na pleurite

exsudativa, são retiradas as costelas e a carcaça é encaminhada para conserva,

onde a carne passará por um processo de cozimento.

55

Figura 34 – Pleurisia seca sendo retirada da carcaça de bovino

4.3 Abscessos e lesões supuradas

Achado comum no abate de bovinos, os abscessos (figura 25) aparecem

mais comumente em locais aonde os animais recebem vacinas, portanto, são

provenientes de reações vacinais, podendo também ser resultado de algum

trauma sofrido pelo animal.

Consoante o RIISPOA, art. 157 (BRASIL, 1952), as carcaças, partes da

carcaça ou órgãos atingidos de abscessos ou de lesões supuradas, por critérios

56

legalmente estabelecidos no referido artigo, devem ser processadas da seguinte

forma: quando a lesão é externa, múltipla ou disseminada, de modo a atingir

grande parte da carcaça, esta deverá necessariamente, ser condenada, bem

como também serão condenadas as carcaças ou parte de carcaça que se

contaminarem acidentalmente com pus. Quanto aos abcessos ou lesões

supuradas localizadas, o texto de lei faculta serem removidas, condenando

apenas órgãos e partes atingidas, e, por fim, serão ainda condenadas as

carcaças com alterações gerais (emagrecimento, anemia, icterícia) decorrentes

de processo purulento.

Figura 35 – Abcesso encontrado na carcaça de bovino

57

4.4 Contaminação

A contaminação da carcaça (figura 36) e de órgãos por conteúdo ruminal,

fezes ou bile, pode ocorrer no momento da abertura do tórax e na evisceração,

por rompimento ou perfuração das vísceras.

Faz-se a retirada das partes ou órgãos contaminados, que serão

destinados à graxaria, e libera-se o restante da carcaça.

Figura 36 – Carcaça bovina contaminada por conteúdo fecal

58

5. TUBERCULOSE

A tuberculose bovina é uma patologia infectocontagiosa, transmissível,

crônica de caráter zoonótico causada pelo agente etiológico M. bovis que afeta

mamíferos e aves, fato este que acarreta em um sério problema de saúde pública

e animal. Uma característica marcante desta doença é a presença de tubérculos,

também conhecido como nódulos granulares (ALZAMORRA FILHO, 2013). A

descoberta do agente causador ocorreu no final século XIX, concomitantemente

houve um agravo do quadro da tuberculose humana e bovina, especialmente em

países subdesenvolvidos.

De acordo com BRASIL (2006), “a prevalência da doença é maior nos

países em desenvolvimento, e menor nos países desenvolvidos, onde o controle

e a erradicação encontram-se em fase avançada”. Em vista disso, em 2006 foi

implantado no Brasil, o Programa Nacional de Controle e Erradicação da

Brucelose e Tuberculose, que assim como outros programas em países em

desenvolvimento, “visam o saneamento do rebanho, através da identificação de

animais infectados e sacrifício dos animais reagentes à tuberculina, implantação

de um sistema de vigilância epidemiológica da doença a partir do monitoramento

de carcaças de animais com lesões presuntivas de tuberculose em matadouros-

frigoríficos com serviços oficiais e também pela pasteurização do leite para o

consumo” (KANTOR et al., 2008).

5.1 Etiologia

As bactérias causadoras de tuberculose pertencem à ordem

Actinomycetales, família Mycobacteriacea e ao gênero Mycobacterium, sendo a

espécie M. bovis o agente causal da tuberculose bovina. São bacilos curtos

aeróbicos, imóveis, não capsulados, não flagelados, apresentando aspecto

granular quando corados, medindo de 0,5 a 10 μm de comprimento por 0,2 a 0,7

μm de largura, sendo a álcool-ácido resistência, a sua propriedade mais

característica (SIMÕES, 2011).

O M. bovis tem um amplo espectro de patogenicidade para as espécies

domésticas e silvestres, principalmente bovinos e bubalinos, e pode participar da

59

etiologia da tuberculose humana. A doença humana causada pelo M. bovis é

também denominada tuberculose zoonótica.

5.2 Transmissão

O aumento da densidade populacional de bovinos por propriedade, a

introdução de animais ou material genético infectado, contaminação ambiental,

alteração no manejo sanitário e tipo de exploração facilitam a disseminação de

diversos microrganismos patogênicos, como o M. bovis, de grande importância

sanitária e econômica para a bovinocultura (DUARTE, 2010). Espécies silvestres

podem assumir papel importante na cadeia epidemiológica como reservatórios

do M. bovis, em condições de introduzir ou reintroduzir a doença em rebanhos

(BITTENCOURT, 2009).

A principal forma de transmissão é a aerógena, sendo que, segundo

COSTA (2012), “cerca de 80 a 90% das infecções pelo M. bovis em bovinos e

bubalinos se dá pela via respiratória através da inalação de aerossóis

contaminados com microrganismos”. Também o M. bovis pode ser eliminado

pelo leite, fezes, urina, secreções uterovaginais, sêmen e produtos de

abscedação de linfonodos, sendo que a sua transmissão ocorre em menor

proporção através da contaminação da água, pastagens, utensílios e cochos por

essas secreções (SALAZAR, 2005).

5.3 Patogenia e Sinais Clínicos

A tuberculose bovina é uma enfermidade de evolução crônica na qual a

principal porta de entrada do bacilo é o alvéolo pulmonar, favorecendo o

aparecimento de lesões granulomatosas no parênquima pulmonar,

principalmente nos gânglios brônquicos e/ou mediastínicos (LOPES, 2008).

As lesões pulmonares têm início na junção bronquíoloalveolar com

disseminação para os alvéolos e linfonodos brônquicos, podendo regredir,

persistir estabilizadas ou progredir. A disseminação da infecção para outros

órgãos pode ocorrer precocemente durante o desenvolvimento da doença, ou

numa fase tardia, provavelmente em função de uma queda na imunidade do

animal (MAPA, 2006).

60

Segundo MAPA (2006), “a generalização da infecção pode assumir duas

formas: 1) miliar, quando ocorre de maneira abrupta e maciça, com entrada de

um grande número de bacilos na circulação; 2) protraída, mais comum, que se

dá por via linfática ou sanguínea, acometendo o próprio pulmão, linfonodos,

fígado, baço, úbere, ossos, rins, sistema nervoso central, disseminando-se por,

praticamente, todos os tecidos.

As lesões macroscópicas têm, em geral, coloração amarelada,

apresentam-se na forma de nódulos de 1 a 3 cm de diâmetro, ou mais, que

podem ser confluentes, de aspecto purulento ou caseoso (figura 37), com

presença de cápsula fibrosa, podendo apresentar necrose de caseificação no

centro da lesão ou, ainda, calcificação nos casos mais avançados (figura 38).

Embora possam estar presentes em qualquer tecido do animal, as lesões são

encontradas com mais frequência em linfonodos (mediastínicos, retrofaríngeos,

bronquiais, parotídeos, cervicais, inguinais superficiais e mesentéricos), em

pulmão e fígado (MAPA, 2006).

Os sinais clínicos da tuberculose bovina na maioria das vezes estão

ocultos, e quando presentes são representados por perda de peso, infartamento

dos linfonodos, debilidade, caquexia, sinais respiratórios, e com menor

frequência, por sinais digestivos e geniturinários, neurológicos e outros (CAINO,

2011).

61

Figura 37 – Lesão tuberculosa encontrada durante a inspeção do pulmão bovino

Figura 38 – Lesão tuberculosa encontrada em linfonodo na cabeça de bovino

62

5.4 O abate sanitário para Tuberculose

Animais que são atestados positivos para Tuberculose, são encaminhado

para o sacrifício, não sendo abatidos juntamente com animais sadios, pois

acarretaria na contaminação das carcaças. Para tal, o denominado abate

sanitário é realizado após o abate de todos os animais sadios.

Com o intuito de diminuir o impacto negativo dessas zoonoses na saúde

humana e animal, o MAPA criou o Programa Nacional de Controle e Erradicação

de Brucelose e Tuberculose (PCNEBT). O programa foi instituído em 2001 e é

de adesão voluntária, visando reduzir a prevalência e a incidência de novos

focos, além de promover a competitividade da pecuária nacional. A sua atuação

se dá através da vacinação contra a brucelose em fêmeas de 3 a 8 meses de

idade e, do sacrifício dos animais reagentes positivos para ambas as doenças

(brucelose e tuberculose), certificando as propriedades como livres ou

monitoradas e oferecendo bonificação aos produtores que participam do

programa, quando enviam seus animais positivos para tuberculose, para o abate

sanitário.

Com a implantação do PNCEBT e a bonificação dos produtores que

abatem os seus animais reagentes positivos para a tuberculose, o aumento do

número de abates sanitários aumentou, mostrando-se lucrativo ao produtor,

tendo em vista que esses animais não seriam liberados para consumo, tampouco

para exportação. Além disso, a certificação das propriedades como livres ou

monitoradas, dá ao consumidor a garantia de origem do produto, bem como

maior credibilidade sanitária.

No frigorífico onde foi realizado o estágio, o lote de animais com destino

ao abate sanitário da tuberculose é recebido, sua GTA é verificada pelo Inspetor

Federal, constando o atestado positivo para a doença, e em anexo o

encaminhamento e declaração de recebimento desses animais para o abate.

Após a verificação esses animais são desembarcados e mantidos separados dos

demais, até o momento do abate.

Durante o período de estágio, foi possível acompanhar 2 abates sanitários

para tuberculose, num total de 16 animais, sendo que 14 apresentaram atestado

positivo, e 2 inconclusivos. Desses 16 animais, somente 8 apresentaram lesões

63

na inspeção post mortem, e nos demais provavelmente houve uma regressão

nas lesões, depois da fazer de replicação.

Além do abate sanitário, durante a rotina de inspeção, foram identificados

e diagnosticados com tuberculose, 6 animais, apresentando lesões em pulmão

e cabeça, calcificadas e caseosas. Não foi observado nenhum caso de

tuberculose miliar.

5.4.1 Destino das carcaças

O art. 196 do RIISPOA (BRASIL, 1952), diz que a condenação total de

carcaças bovinas com tuberculose deve ser realizada quando no exame "ante-

mortem" o animal estiver febril, bem como em casos em que a tuberculose é

acompanhada de anemia ou caquexia, quando se constatarem alterações

tuberculosas nos músculos, nos tecidos intramusculares, nos ossos (vértebras)

ou nas articulações ou, ainda, nos gânglios linfáticos que drenam a linfa dessas

partes. Também ocorre condenação total nas situações que ocorrerem lesões

caseosas concomitantemente em órgãos torácicos e abdominais, com alteração

de suas serosas, quando houverem lesões miliares de parênquimas ou serosas,

quando forem múltiplas, agudas e ativamente progressivas, considerando-se o

processo nestas condições quando há inflamação aguda nas proximidades das

lesões, necrose de liquefação ou presença de tubérculos jovens e, ainda, quando

existir tuberculose generalizada.

O RIISPOA (BRASIL, 1952, Art. 196, parágrafo 1˚), ainda cita: “A

tuberculose é considerada generalizada, quando além das lesões dos aparelhos

respiratórios, digestivos e seus gânglios linfáticos, são encontradas lesões em

um dos seguintes órgãos: baço, rins, útero, ovário, testículos, cápsulas supra-

renais, cérebro e medula espinhal ou suas membranas. Tubérculos numerosos

uniformemente distribuídos em ambos os pulmões, também evidenciam

generalização.”

No frigorífico, todos os animais provenientes de abate sanitário são

condenados. No entanto conforme ressalva o art. 196, parágrafo 2º do RIISPOA

(BRASIL, 1952), poderão ser rejeitados parcialmente os animais nos casos em

que: partes da carcaça ou órgão apresentem lesões de tuberculose, mas quando

se tratar de tuberculose localizada em tecidos imediatamente sob a musculatura,

64

como a tuberculose da pleura e peritônio parietais, a condenação incidirá não

apenas sobre a membrana ou parte atingida, mas também sobre a parede

torácica ou abdominal correspondente; quando parte da carcaça ou órgãos se

contaminarem com material tuberculoso, por contato acidental de qualquer

natureza. As cabeças com lesões tuberculosas devem ser condenadas, exceto

quando correspondam a carcaças julgadas em condições de consumo e desde

que na cabeça as lesões sejam discretas, calcificadas ou encapsuladas,

limitadas no máximo a dois gânglios, caso em que serão consideradas em

condições de esterilização pelo calor, após remoção e condenação dos tecidos

lesados. Devem ser condenados os gânglios linfáticos correspondentes

apresentem lesões tuberculosas e, por fim, intestino e mesentério com lesões de

tuberculose são também condenados, a menos que as lesões sejam discretas,

confinadas a gânglios linfáticos e a respectiva carcaça não tenha sofrido

qualquer restrição, nestes casos os intestinos podem ser aproveitados como

envoltório e a gordura para fusão, depois de remoção e condenação dos gânglios

atingidos.

Portanto, as carcaças que puderem ser aproveitadas parcialmente, são

encaminhadas para salsicharia, onde sofrerão esterilização pelo calor.

5.5 A Tuberculose Bovina no Estado do Paraná

A SEAB (Secretaria de Agricultura e Abastecimento), atual ADAPAR

(Agência de Defesa Agropecuária do Paraná), realizou em 2005 um estudo de

prevalência da Tuberculose em todo o Estado. Nesse estudo, o Estado foi divido

em 7 regiões (figura 39), onde em cada uma delas, foram analisadas as

prevalências nas propriedades e em animais, atestados positivos em

tuberculinização à campo, como mostra a tabela 2.

65

Figura 39 – Regiões de estudo da prevalência da tuberculose bovina no Estado Paraná

Fonte: SEAB (2005)

Quadro 2 – Resultado do estudo da prevalência da tuberculose bovina no Estado do

Paraná

ESTRATO PREV. PROPRIEDADES

(%) PREV. ANIMAIS (%)

1- Umuarama e Paranavaí 3,69 1,08

2 - Campo Mourão, Maringá e Londrina

3,48 0,43

3 - Cornélio Procópio, Ivaiporã e Jacarezinho

1,96 0,17

4 - L. Sul, Guarapuava e Ponta Grossa

3,89 0,29

5 - Cascavel e Toledo 0 0

6 - Curitiba, União da Vitória, Paranaguá e Irati

1,03 0,20

7 - Francisco Beltrão e Pato Branco

2,24 0,22

TOTAL 2,33 0,42 Fonte: SEAB (2005)

Nesse estudo, pode-se observar a prevalência maior de animais

acometidos pela tuberculose na região 1, correspondente aos municípios de

Umuarama e Paranavaí, mesmo não sendo a região com maior prevalência de

propriedades, o que pode ser explicado por um número maior de animais

acometidos dentro de uma mesma propriedade. A região 5, correspondente aos

66

municípios de Cascavel e Toledo, não apresentou nenhum caso, o que não

necessariamente quer dizer que não houveram animais acometidos, mas sim,

que não foram constatados e notificados.

No ano de 2014, a ADAPAR divulgou a relação de focos notificados

durante todo o ano no Estado, mostrando uma maior incidência na região oeste

(figura 40). Durante todo o ano, 405 focos de tuberculose foram notificados,

totalizando 1364 animais, sendo 1337 fêmeas e 27 machos (ADAPAR, 2015).

Figura 40 – Focos de tuberculose bovina no ano de 2014 no Estado do Paraná

Fonte: ADAPAR (2015)

Mesmo com a implantação do PNCEBT, e o aumento do número de

abates sanitários para Tuberculose, ainda são constatados casos de animais

supostamente sadios, que vão para o abate e, durante a inspeção, são

identificados com lesões tuberculosas, acarretando na condenação do mesmo.

Segundo dados do sistema SIGSIF (Sistema de Informações Gerenciais

do Serviço de Inspeção Federal) no ano de 2012 foram condenados 377 animais

por Tuberculose em todo o Estado do Paraná, durante o abate. Isso mostra que,

mesmo com a ação do PNCEBT, ainda são necessários esforços no sentido de

conscientizar os produtores não credenciados, para que estes possam aderir ao

67

programa, visando uma diminuição de casos não identificados no campo,

permitindo assim um controle maior da afecção.

68

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Apesar de o Brasil ser o maior exportador de carne do mundo, muitos

problemas relacionados à pecuária de corte ainda devem ser combatidos.

Doenças carenciais, infecciosas e parasitárias, bem como falhas no manejo e

transporte dos animais, resultam em significativas perdas econômicas para o

produtor e consequentemente, para todo o setor.

A função do Fiscal Agropecuário assume grande magnitude, tendo em

vista a sua responsabilidade sobre a segurança alimentar dos produtos cárneos.

As linhas de inspeção são de extrema importância no abate de bovinos, sendo

de caráter obrigatório, pois através destas, são realizados os corretos

diagnósticos e destinação de peças e carcaças, que possuam afecções.

A tuberculose, representa um risco em potencial à pecuária de gado de

corte brasileira, e consequentemente ao consumidor. Portanto, faz-se

necessário o cumprimento das normas estabelecidas, tendo em vista que o

resultado disso, só acarreta em melhorias, tanto para o produtor quanto para o

consumidor.

Durante o estágio, foi possível observar a incidência da tuberculose em

16 animais encaminhados para o abate sanitário, bem como em 6 animais

identificados e condenados por tuberculose nas linhas de inspeção durante o

abate, permitindo a identificação e visualização de lesões tuberculosas além de

conhecer e acompanhar o trabalho e a atuação da Inspeção Federal no controle

da tuberculose bovina.

Em todo o período de estágio com a equipe de Inspeção Federal no

frigorífico, foi possível adquirir uma experiência prática única, aliando-a ao

conhecimento teórico previamente adquirido na sala de aula, levando à um

engrandecimento tanto profissional quanto pessoal.

69

7. REFERÊNCIAS

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Bovina no Estado do Paraná no ano de 2014. Curitiba, PR, 2015.

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