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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Simone Teixeira RELAÇÕES ENTRE PESQUISA, PRODUÇÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DAS ARTES VISUAIS CURITIBA 2011

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UNIVERSIDADE TUIUTI DO PARANÁ Simone Teixeira

RELAÇÕES ENTRE PESQUISA, PRODUÇÃO E PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS NO ENSINO DAS ARTES VISUAIS

CURITIBA 2011

RELAÇÕES ENTRE PESQUISA, PRODUÇÃO E PRÁTICAS PEDAGÓGICAS NO ENSINO DAS ARTES VISUAIS

Curitiba 2011

Simone Teixeira

RELAÇÕES ENTRE PESQUISA, PRODUÇÃO E PRÁTICAS

PEDAGÓGICAS NO ENSINO DAS ARTES VISUAIS

Monografia apresentada ao curso de pós-graduação Ensino das Artes Visuais: Práticas Pedagógicas e Linguagens Contemporâneas da Faculdade de Ciências Humanas, Letras e Artes da Universidade Tuiuti do Paraná, como requisito parcial para obtenção do grau de Especialista em Ensino das Artes Visuais.

Orientadora: Profª Denise Wendt.

Curitiba 2011

Na linguagem da arte há criação, construção, invenção. O ser humano, através dela, forma,

transforma a matéria oferecida pelo mundo da natureza em algo significativo. Atribui significados a

sons, gestos, cores, com uma intenção, num exercício que mais parece um jogo de armar, um

quebra-cabeça no qual se busca a forma justa. Vários caminhos são percorridos, várias soluções são

experimentadas, num processo de ir e vir, um fazer/construir lúdico – estético que, embora

comparado a um jogo, tem a diferença de que esse jogo e suas regras são inventadas enquanto se

joga e por quem joga.

Mirian Celeste Martins

RESUMO

Este trabalho tem o objetivo de traçar paralelos entre a minha pesquisa

enquanto aluna, experiência como professora de escola estadual, trabalhos e

experiências dos alunos nas aulas de arte. As experiências com os alunos são

pautadas em minhas próprias experiências, ou seja, todo trabalho de pesquisa

enquanto aluna se transforma em trabalho desenvolvido pelos alunos com alguns

resultados fotografados e mostrado no decorrer desse trabalho.

Ao trabalhar o vídeo, a fotografia, a gravura, e outros, antes de qualquer coisa

eu busco referências em artistas quais me dão embasamento para tais experiências,

essas narradas no decorrer dessa pesquisa.

Partindo dessa questão analiso trabalhos e assuntos qual mais adiante

apresento em sala de aula e proponho as atividades.

Palavras – chave: Arte educação, práticas pedagógicas e ensino fundamental.

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1- Beba Arte, 2004.......................................................................................40

FIGURA 2- Compre Arte, 2004 ................................................................................40

FIGURA 3 – Veja Arte, 2004......................................................................................41

FIGURA 4 – People, 2006 .........................................................................................41

FIGURA 5 – People, 2006 .........................................................................................42

FIGURA 6 - R$1,99, 2007 .........................................................................................42

FIGURA 7 – Sem título, 2007.....................................................................................43

FIGURA 8 – Não identificado, 2007...........................................................................43

FIGURA 9 - Não identificados, 2007..........................................................................44

FIGURA 10 - O Que Você Vê, 2007..........................................................................44

FIGURA 11 - GOELDI, Oswaldo, Luz Noturna .........................................................45

FIGURA 12 - GOELDI, Oswaldo, Luz Noturna .........................................................45

FIGURA 13 - NEUENSHWANDER, Rivane, Continente/Nuvem, 2008 ....................46

FIGURA 14 - Atividade realizada pela aluna do 3º ano ensino médio, 2010 ............47

FIGURA 15 - Atividade realizada pela aluna do 3º ano ensino médio, 2010 ............47

FIGURA 16- Atividade realizada pela aluna do 3º ano ensino médio, 2010 .............48

FIGURA 17 - Atividade realizada pelo aluno do 3º ano ensino médio, 2010 ............48

FIGURA 18 - Atividade realizada pelo aluno do 3º ano ensino médio, 2010 ............49

FIGURA 19 - Atividade realizada pela aluna do 1º ano ensino médio, 2010 ............49

FIGURA 20 - Atividade realizada pela aluna do 2º ano ensino médio, 2010 ............50

FIGURA 21 - Atividade realizada pela aluna do 1º ano ensino médio, 2010 ............50

FIGURA 22 - Atividade realizada pela aluna do 1º ano ensino médio, 2010 ............51

FIGURA 23 - Atividade realizada pela aluna do 1º ano ensino médio, 2010 ............51

FIGURA 24 - Atividade realizada pela aluna do 1º ano ensino médio, 2010 ............52

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO …………………………………………………….......................07 2 O ENSINO DA ARTE: BREVE HISTÓRICO..................................................08 3 PESQUISA E PRODUÇÃO: CONSTRUIR E REFLETIR..............................13 3.1 NOVAS LINGUAGENS................................................................................19 3.2 DE ALUNA DE ARTES VISUAIS À PROFESSORA...................................25 3.3 PROFESSORA DE ARTE...........................................................................27

4 PROPOSTAS PEDAGOGICAS: O ESPAÇO DA ARTE...............................29 4.1 O VÍDEO :PRÁTICA PEDAGÓGICA............................................................31

4.2 ATIVIDADE REALIZADA A PARTIR DAS GRAVURAS DO ARTISTA GOELDI E DO TRABALHO DE RIVANE NEUENSHWANDER COM OS ALUNOS DE 1º, 2º E 3º ANO DA ESCOLA ESTADUAL CASEMIRO KARMAN-EMF....................................................................................................................33 4.3 O GRAFITE, PRÁTICA EM SALA DE AULA...............................................34 5 A EXPERIÊNCIA DA ESPECIALIZAÇÃO.....................................................36 6 CONSIDERAÇÕES FINAIS...........................................................................38 REFERÊNCIAS.................................................................................................39 ANEXOS 1: Minhas produções enquanto aluna e pesquisadora de arte...41 ANEXOS 2: Obras de referência ....................................................................46 ANEXOS 3: trabalhos realizados pelos alunos.............................................48

1 INTRODUÇÃO

Este trabalho surge da necessidade de analisar minha pesquisa e produção

artística enquanto aluna de graduação e de especialização. Mas, principalmente

como esta pesquisa, produção e experiência interferem na docência. Como esta

pesquisa contribui para a formação de jovens que ao entrar na sala de aula,

encontrem nas aulas de Artes objetivos reais.

Mas para que eu consiga desenvolver um trabalho digno de ser relatado,

antes tive que experimentar um processo longo, entre pesquisas e produções.

Precisei observar nas aulas de estágios qual era a realidade da escola, depois ao

entrar na sala de aula mais situações me colocaram a prova e todas essas situações

serviram como incentivo para minha busca não terminar. E de fato não terminou nas

duas graduações, mas se estendeu para a especialização.

Sendo assim dou início ao primeiro capítulo analisando quais os fatos

históricos que são relevantes para o ensino da Arte na escola, e depois caminho

para minhas experiências e convergências em experiências como profissional, e

qual a necessidade de um professor pesquisador.

2 O ENSINO DA ARTE: BREVE HISTÓRICO

A escola pública brasileira, nas últimas décadas, passou a atender a um

número cada vez maior de estudantes oriundos das classes populares. Ao assumir

essa função, que historicamente justifica a existência da escola pública, intensificou-

se a necessidade de discussões contínuas sobre o papel do ensino básico no

projeto de sociedade que se quer para o país.

Assumir um currículo disciplinar significa dar ênfase à escola como lugar de

socialização e do conhecimento, pois essa função da instituição escolar é

especialmente importante para os estudantes das classes menos favorecidas, que

têm nela uma oportunidade, algumas vezes a única, de acesso ao mundo letrado, do

conhecimento científico, da reflexão filosófica e do contato com a arte. (FRIGOTTO,

2004).

Sabemos que os conteúdos ensinados na escola devem ser tratados de modo

contextualizados, estabelecendo-se entre eles relações interdisciplinares e

colocando sob suspeita tanto a rigidez com que tradicionalmente se apresentam

quanto o estatuto de verdade atemporal dado a eles. Dessa perspectiva, propõe-se

que tais conhecimentos contribuam para a critica as contradições sociais, políticas e

econômicas presentes nas estruturas da sociedade contemporânea e propiciem

compreender a produção artística nos contextos em que elas se constituem.

A dimensão artística é fruto de uma relação específica do ser humano com o

mundo e o conhecimento. Essa relação é materializada pela e na obra de arte, que

“é parte integrante da realidade social, é elemento da estrutura de tal sociedade e

expressão da produtividade social e espiritual do homem” (KOSIK, 2002, p. 139). A

obra de arte é constituída pela razão, pelos sentidos e pela transcendência da

própria condição humana.

O conhecimento artístico tem como características centrais a criação e o

trabalho criador. A arte é criação, qualidade distintiva fundamental da dimensão

artística, pois criar “é fazer algo inédito, novo e singular, que expressa o sujeito

criador e simultaneamente, transcendendo-o, pois o objeto criado é portador de

conteúdo social e histórico e como objeto concreto é uma nova realidade social”

(PEIXOTO, 2003, p.39).

Esta característica da arte ser criação é um elemento fundamental para a

educação, pois a escola é a um só tempo, o espaço do conhecimento historicamente

produzido pelo homem e espaço de construção de novos conhecimentos, no qual é

imprescindível o processo de criação. Assim, o desenvolvimento da capacidade

criativa dos alunos, inerente a dimensão artística, tem uma direta relação com a

produção de conhecimento.

O ensino de Arte nas escolas e os cursos de Arte oferecidos nos mais

diversos espaços sociais são influenciados, também, por movimentos políticos e

sociais. Nas primeiras décadas da República, por exemplo, ocorreu a Semana de

Arte Moderna de 1922, um importante marco para a arte brasileira.

O sentido antropofágico do movimento era de devorar a estética européia e

transformá-la em uma arte brasileira, valorizando a expressão singular do artista,

rompendo com os modos de representação realistas. Esses artistas direcionaram

seus trabalhos para a pesquisa e produção de obras a partir de raízes nacionais.

(BRASIL, 1996).

O movimento modernista valorizava a cultura popular, pois entendia que

desde o processo de colonização a arte indígena, a arte medieval e a renascentista

européia e a arte africana, cada qual com suas especificidades, constituíam a matriz

da cultura popular brasileira.

O ensino de Arte passou a ter, então, enfoque na expressividade,

espontaneidade e criatividade.

Essa nova maneira de pensar a Arte na escola apoiou-se muito na pedagogia

da Escola Nova, fundamentada na livre expressão de formas, na individualidade,

inspiração e sensibilidade, o que rompia com a transposição mecanicista de padrões

estéticos da escola Tradicional. (BRASIL, 1996).

No Paraná, houve vários processos pelos quais passou o ensino da Arte,

assim como no final do século XlX, com a chegada dos imigrantes e, entre eles,

artistas, vieram novas idéias e experiências culturais diversas, como a aplicação da

Arte aos meios produtivos e o estudo sobre a importância da Arte para o

desenvolvimento da sociedade. As características da nova sociedade em formação

e a necessária valorização da realidade local estimularam movimentos a favor da

Arte se tornar disciplina escolar.

Entre os artistas e professores que participaram desse movimento histórico

destacaram-se Mariano Lima, Alfredo Andersen, Guido Viaro, Emma Koch, Ricardo

Koch, Bento Mossurunga e outros precursores do ensino da Arte no Paraná.

(BRASIL, 1996).

A partir da década de 1960, as produções e movimentos artísticos se

intensificaram: nas artes plásticas, com as Bienais,e os movimentos contrários a

elas; na música, com a Bossa Nova e os festivais; no Teatro, com o Teatro Oficina e

o Teatro de Arena de Augusto Boal e no cinema, com o Cinema Novo de Glauber

Rocha. Esses movimentos tiveram forte caráter ideológico, propunham uma nova

realidade social e, gradativamente, deixaram de acontecer com o endurecimento do

regime militar. (BRASIL, 1996).

Com o ato institucional n. 5 (Al-5), em 1968, esses movimentos foram

reprimidos e vários artistas, professores, políticos e intelectuais que se opunham ao

regime foram perseguidos e exilados. Em 1971, foi promulgada a Lei Federal n.

5692/71, cujo artigo 7º determinava a obrigatoriedade do ensino da arte nos

currículos do Ensino Fundamental (a partir da 5ª série) e do Ensino Médio

(denominados de 1º. e 2º. graus respectivamente).

Numa aparente contradição, foi nesse momento de repressão política e

cultural que o ensino de Arte tornou-se obrigatória no Brasil.

Porém seu ensino foi fundamentado para o desenvolvimento de habilidades

técnicas, o que minimizou o conteúdo, o trabalho criativo e o sentido estético da arte.

Cabia ao professor trabalhar com o aluno o domínio dos materiais que seriam

utilizados na sua expressão. A partir de 1980, o país iniciou um amplo processo de

mobilização social pela redemocratização e elaborou-se a nova Constituição,

promulgada em 1988.

A pedagogia histórico-crítica fundamentou o Currículo Básico para o Ensino

de 1º grau, publicado em 1990 e o Documento de Reestruturação do Ensino de 2º

Grau da Escola Pública do Paraná, publicado em seguida. Tais propostas

curriculares pretendiam fazer da escola um instrumento para a transformação social

e nelas o ensino da Arte retomou a formação do aluno pela humanização dos

sentidos, pelo saber estético e pelo trabalho artístico. (BRASIL, 1996).

Os PCNs em Arte tiveram como principal Fundamentação a proposta de Ana

Mãe Barbosa, denominada de Metodologia Triangular.

Metodologia essa que consisti em produzir arte, apreciá-la e inseri-la dentro

do contexto que lhe cabe.

3 PESQUISA E PRODUÇÃO: CONSTRUIR E REFLETIR

Minha pesquisa começa no curso de Artes Visuais com ênfase em

computação gráfica, bacharelado, no ano de 2004. A arte sempre fez parte da minha

vida escolar, era a disciplina que eu mais gostava, onde mantinha as maiores notas,

e a que me realizava enquanto aluna. Nas aulas de arte eu sempre desenvolvia

trabalhos além do que o solicitado pela professora, pois tamanho era meu interesse

em criar. E com o passar do tempo à necessidade de pesquisa e descobertas

tornam-se maiores.

Na faculdade tive contato com a história da Arte, artistas e respectivas

produções. De fato estudar a história é fundamental, localizar as obras no tempo em

que foram criadas dá sentido à produção de arte. Não que as obras de arte

necessitem de uma explicação linear e pictórica, porém uma vez em frente aos

trabalhos busca-se um sentido. A arte é assim mesmo, uma confusão organizada

em minha vida.

O contato com os ateliês deixavam-me a vontade, para experimentar

materiais, e aos poucos, tornou-se uma espécie de segundo lar. Tudo que eu

pensava durante o dia eram as aulas e os materiais, procurando constantemente

respostas.

O encontro com a Pop Art, título de um dos capítulos do meu TCC (trabalho

de conclusão de curso), do curso de bacharel, foi o estopim para toda a pesquisa

que viria a seguir. Eu procurava um lugar na sociedade contemporânea e

consumista, queria encontrar respostas para quem eu era e quem eram as pessoas

que habitavam o mesmo espaço que eu, e como elas reagiam diante dos

acontecimentos do mundo moderno como consumismo, por exemplo. Toda a

pesquisa permeou a história da arte, a história do movimento da Pop com as

ideologias de artistas como: Andy Warhol, Roy Lichtenstein, Richard Hamilton e

Cildo Meireles. Artistas que foram o alicerce para minha pesquisa e para minhas

produções.

A Coca-Cola foi um ícone muito explorado por mim, meu objetivo era

entender como a população agia diante de produtos massificados pela mídia. E

minha conclusão foi o automatismo quando se pensa na sede ou na bebida, vindo à

tona o nome “Coca-Cola”. O que seria essa tendência? Seria uma espécie de

obrigação que as pessoas têm em querer, gostar ou optar sempre pelo “melhor”?!

Sabemos que Coca-Cola vai muito além de um líquido qual sacia a sede. Ela se

torna um ícone do consumo mundial. E de certa forma me vejo fazendo parte desse

círculo consumista. E toda minha discussão na pesquisa gira em torno de questões

de critica na forma de denúncia a este universo de consumo.

Em minhas produções eu subverto o lugar original das coisas, pois para mim

a arte deve explorar o universo onde tudo é reversível e tudo muda de lugar o tempo

todo. (Ver figuras 1 e 2 no anexo 1).

Quando penso em meus trabalhos, quero que os mesmos dialoguem com o

espectador de tal maneira que as questões do consumo, da reprodução, que teve

início com o sonho americano, não fiquem esquecidas, mas que retornem a

atualidade gerando discussões e questionamentos.

Minha pesquisa vai além, uso imagens midiáticas e imagens de comerciais

antigos e insiro na minha pintura, provocando a questão temporal. (Ver figura 3, no

anexo 1). A mistura da publicidade com as artes visuais é uma maneira de chamar o

público pra essa convergência que a arte contemporânea busca e pede

incessantemente.

“Na indústria cultural tudo se reduz a condição de mercadoria, tudo é

consumido vorazmente”. (MORAIS, 1997, p.6). Meus trabalhos, minha pesquisa,

exprimem sim o caráter de mercadoria, e vice-versa. A junção das duas linguagens,

a publicitária e os produtos comercializados, facilmente identificados pelo

espectador, contribui para o diálogo entre obra e o público.

Depois de explorar o universo do consumo usando produtos massificados

pela mídia, como a Coca-Cola, me ative aos Códigos. Qual a importância dos

códigos de barras para o meio mercadológico.

Minha pesquisa dessa vez foi no atelier de gravura, usando o material linóleo,

entre um sulco e outro na borracha pensava em que criar, talvez uma imagem que

não fugisse do meu objetivo, a repetição, a massificação, mas que falasse com o

espectador de modo visualmente diferenciado. Foi com o código de barras que eu

consegui essa resposta. Apropriei-me da imagem de um código de barras e

reproduzi no linóleo e a partir dela fui fazendo reproduções, explorando tintas e

cores. (Ver figura 4 no anexo 1). O conceito de indústria estaria sendo mais uma vez

explorada, mas dessa vez com a pesquisa indo além nos materiais. Fui fazendo

várias impressões do mesmo código e num segundo momento parei diante do

trabalho e percebi a relação direta entre ícones e pessoas. Ora pelo fato de

consumir, ora pelo fato de ser consumado por uma sociedade infinitamente

capitalista. Foi nesse momento que inseri na imagem do código de barras a palavra

“people” (Ver figura 5 no anexo 1).

Com o desdobramento da pesquisa novas necessidades foram surgindo e

uma delas era como aproximar ainda mais o trabalho do expectador.

Como afirma Baudrillard “já não há cena da mercadoria: não há mais que sua

forma obscena e vazia. E a publicidade é a ilustração desta forma saturada e vazia.”

(1981, p. 120).

Minha ligação com o mundo e acontecimentos da sociedade, como forma de

observação sempre foi aguçada, analisando tudo que ocorria a minha volta e

pensava em um modo de expor isso o que me instigava a transformar coisas ou

situações, do sistema de automação, onde eu pudesse subverter objetos, subverter

o lugar, o modo com que eles fossem vistos. E a arte permite-me estar manipulando

meu mundo, e como o vejo, e interferindo visualmente no mundo exterior que é

observado pelo outro.

No decorrer do processo de pesquisa e produção, percebo existir em meus

trabalhos uma relação com as obras do artista Glauco Menta.

A maneira como o artista constrói suas obras, a apropriação de imagens, a

discussão do consumo, à produção industrial, certa ironia em relação ao consumo

ao bem material, ao homem, são características que associo ao meu trabalho.

Archer comenta:

No que diz respeito ao temas da Pop Art, sua própria banalidade era uma afronta a seus críticos. Sem uma evidencia mais clara de que o material havia passado por algum tipo de transformação ao ser incorporado à arte, não se podia dizer que a própria arte oferecia qualquer coisa qual a vida já não proporcionasse. Contrário a essa opinião, Lichtenstein achava que a transformação não era de nenhum modo, a função da arte: “transformação é uma palavra estranha de usar. Implica que a arte transforma. Ela não transforma; apenas forma.” (2001, p. 11).

Explorar os caminhos da arte, a necessidade de conhecer e experimentar me

traria cada vez mais possibilidades e foi então que percebi que tinha ao meu alcance

a tecnologia, e ela era suficiente para transformar e ver meus trabalhos por vários

ângulos, e pensando sobre tais possibilidades passo a utilizar recursos digitais. Já

havia passado pelo desenho, pintura, escultura e gravura. Era hora de ir além, pois

as técnicas não davam mais conta de suprir minhas necessidades de criações, era

hora de expandir minha pesquisa e usar uma linguagem mais próxima do mundo

moderno e contemporâneo. O que era Linóleo gravura se transforma em adesivo, os

códigos de barras eram feitos no computador e reproduzidos em um sistema

mecânico chamado plotter de recorte.

Segundo Júlio Plaza e Mônica Tavares:

O surgimento de novos meios tecnológicos de produção audiovisual, sobretudo os eletrônicos, provoca uma influencia de difícil avaliação sobre as formas culturais tradicionais e que esses meios possuem caracteres que renovam a criação audiovisual reformulando nossa visão de mundo, criam novas formas de imaginários e discursos, ao mesmo tempo em que recodificam as imagens dos períodos anteriores. (1998, p.15).

Essa ruptura que ocorre no desenvolvimento do processo, inserindo agora a

máquina (tecnologia), entre o homem e o mundo, me trouxe novas possibilidades de

criação, e minha relação entre arte e tecnologia ganha espaço na construção da

minha maneira de pensar arte. É sem dúvida alguma, antes de qualquer coisa um

desafio, pois essas novas tecnologias tendem ainda por afetar o mundo inteligível da

arte.

Uma vez que trago para dentro do meu processo de pesquisa e criação

questões do mundo, da atualidade, da relação entre o homem e o consumo, não

importando a origem desse consumo, descrevo uma nova arte visual que está

inserida na nova cultura, a mesma que trago nos meus trabalhos, essa nova cultura

que está inserida em toda sociedade independente de diferenças sócio econômicas.

O desdobramento de questões técnicas da arte em minha pesquisa resulta

em um questionamento, que para mim como aluna e pesquisadora foram

interessantes. Se até o momento parti do pressuposto que o lugar das pessoas era

somente como expectadores, agora nessa nova fase proponho que façam parte do

trabalho. Para o sujeito, não importa a condição que ele viva, está sempre a mercê

de uma sociedade consumista que em alguns momentos nos coloca como vítimas e

em outros nos beneficia com o sistema. Sendo assim, essa parte da minha pesquisa

se dá primeiro pela apropriação de imagens de pessoas retiradas da internet e

manipuladas, ou seja, reconstruo as imagens, tornando-as minhas imagens. (Ver

figuras 6 e 7, no anexo 1).

Num segundo momento insiro essas imagens diretamente no corpo das

pessoas, adesivando-as com a imagem do código de barras. É nesse momento que

o espectador se torna parte do trabalho. (Ver figuras 8 e 9, no anexo 1).

Segundo Ana Mae Barbosa:

Temos que alfabetizar para a leitura de imagem. Através da leitura das obras de artes plásticas estaremos preparando o público para a decodificação da gramática visual, da imagem fixa e, através da leitura do cinema, da televisão, e dos CD – ROM o preparemos para aprender a gramática da imagem em movimento. (BARBOSA, 2009, p. 5).

Ou seja, é justamente essa preocupação que tenho ao extrair uma imagem do

universo de ícones de consumo e trazer ela para o universo da arte, o espectador

está familiarizado com a imagem qual reconhece instantaneamente. Porém toda

subjetividade que a arte traz consigo causa estranhamento o que implica o não

entendimento imediato do trabalho.

3.1 NOVAS LINGUAGENS

Nesse momento da minha pesquisa e produção sinto ainda mais necessidade

de ir além. Como ir além? Partindo para a linguagem contemporânea de fato. O

computador. Com o trabalho “o que você vê?” que se trata de uma animação em

flash inicio uma nova fase da minha pesquisa. (Ver figura 10 no anexo 1). Conforme

Diana Domingues:

Há pessoas tão resistentes que não admitem nem mesmo um convívio necessário com as tecnologias, como o uso de terminais públicos ou quiosques de feiras. Tal resistência a interagir com as máquinas está trazendo limitações para as tarefas cotidianas do homem deste final de século. (1997, p. 15).

Descrever tecnologia é tratar de um assunto ainda complexo e delicado, pois

como nas palavras da autora, as pessoas ainda resistem a essa “novidade”, e

preferem manter-se distante de tudo que requer algum conhecimento tecnológico

mesmo tendo que conviver no dia a dia com essa realidade. É quase um assunto

proibido, um tabu, para muitos que se negam a inserir no cotidiano algumas tarefas

simples, como manusear um aparelho celular, usar o caixa eletrônico, usar o

computador, aparelho de DVD entre outros. E como entender a arte com essa

“nova” linguagem tecnológica?

Segue a autora Diana Domingues lembrando que na idade média as artes

visuais era um conceito inexistente, ocupava seu lugar a palavra artesanato, arte

utilitária, ou seja, quem construía tal arte era o indivíduo dotado de habilidades

manuais, qual tinha por objetivo construção de objetos e utensílios de uso pessoal

ou decorativo. Os artistas da Idade Média não tinham a finalidade de se expressar

através dos objetos criados, mas criar algo útil qual pudessem fazer uso no meio em

que viviam.

No Renascimento a arte é conceituada sob outro ponto de vista, e o intelecto

dos artistas passa a ser reconhecido elevando a arte a um grau maior dentro do que

hoje chamamos de artes visuais.

Durante algum tempo somente algumas modalidades especificas de arte

tinham espaço no âmbito das artes, eram elas a arquitetura, a pintura e a escultura.

Elas contavam com a ajuda financeira de alguns patrocinadores, quais apoiavam

financeiramente a produção artística, esses patrocinadores eram denominados de

Mecenas.

A Revolução Industrial foi responsável por mudanças irreversíveis na cultura e

nos costume da sociedade. Desde então, a arte não é mais a mesma. O conceito

“cultura de massa” surge e ganha espaço dentro das artes com o movimento

denominado Pop art (arte popular). E tudo se modifica de modo muito rápido na arte,

tão rápido quanto às engrenagens das máquinas que originam os sistemas de

comunicação e junto deles os que o compõem: a fotografia, a televisão, a

publicidade, os jornais, as revistas, etc.

As artes e as comunicações passaram a caminhar juntas, uma inserida na

outra com diferentes propósitos. Por mais que muitos críticos ainda neguem tal

possibilidade. A arte se apropria das ferramentas da comunicação para expandir seu

campo de criação, tornou-se híbrida, abrangendo vários pontos tecnológicos. A arte

pop é uma mostra de tal associação. E muito antes a fotografia já ocupava lugar ao

lado da pintura. Tendo em vista essas novas possibilidades de inseri-la e torná-la

acessível a todo espectador independente da classe social e nível cultural.

Nas palavras de Santaella (2007), uma segunda Revolução industrial foi à

eletroeletrônica, como apogeu da comunicação massiva. Com esta revolução vieram

o rádio e a televisão.

A cultura de massa provocou profundas mudanças nas antigas polaridades entre cultura erudita e a popular, produzindo novas apropriações e intercessões, absorvendo-as para dentro de suas malhas. Em síntese, a comunicação massiva deu início a um processo que estava destinado a se

tornar cada vez mais absorvente: a hibridação das formas de comunicação e de cultura (2007, p.11).

A condição da arte a partir da sua popularização através da massificação,

como foi o caso da pop, foi de tornar a arte acessível a todos. Se antes quem tinha

acesso à arte eram as classes sociais mais elevadas, não só de poder aquisitivo,

mas também por ter posse da chamada cultura erudita, agora o povo em geral é

inserido no meio artístico podendo ter acesso à arte.

Do século XX em diante já havia tornado-se o campo das artes uma espécie

de campo de “experimentações”, que foi do movimento pop passando pelo

minimalismo, Realismo, arte conceitual, Arte Povera, arte processual, antiforma,

Land Arte, Body Art, Performance etc. Os artistas foram tornando as relações dos

meios de comunicação e a arte cada vez mais estreita. Apropriavam-se desses

meios para suas criações. E entre os anos 70 e 80, com dispositivos tecnológicos,

equipamentos de vídeo, fotocopiadoras, os filmes super 8 e 16mm, o offset, os

artistas começam a criar o que seria o inicio da arte tecnológica. (SANTAELLA,

2007).

A arte nas linguagens da fotografia, vídeos, filmes, foram tomando lugar nos

museus e galerias. Houve então por meio das novas tecnologias uma expansão no

campo das artes, qual alcança e se apropria dessas num caminho sem volta. O uso

da comunicação massiva qual a arte se apropria como uma ferramenta a mais a

favor da criação, também se torna responsável por difundir a arte através dessas

mídias. Os artistas também se beneficiam da mídia para exposição não só dos seus

trabalhos, mas também de suas imagens.

A possibilidade de expansão das imagens artísticas por meio midiática, leva a

arte a um número maior de pessoas, um público cada vez mais diversificado, agora

todos já podem ter contato com a arte ou ao menos reconhecê-la através de

reproduções possibilitadas por imagens fotográficas ou réplicas tridimensionais

vendidas em museus e galerias. A arte hoje é permeada por um público que antes

não tinha acesso a ela, nem a sua história e que após essa Revolução artística

tornou possível. (SANTAELLA, 2007).

A fotografia ganha espaço ao lado da pintura, e marcaria o começo de

questionamentos sobre as diversas formas de produzir arte.

O impacto da máquina sobre a arte envolve posições a favor e posições

contrárias. Mas o fato é que pintura e fotografia há muito tempo caminham juntas

pelos caminhos da arte, e sabe-se que a câmera obscura já era utilizada há séculos

para se produzir pintura.

A busca pela imagem realística insere a fotografia na produção artística,

Segundo Santaella “[...] a máquina fotográfica significou a substituição da habilidade

humana de pintar [...].”(2007, p. 20).

A fotografia desde então caminha junto à pintura como uma ferramenta a

mais a favor do artista, uma se insere a outra, o olhar humano tem dificuldade em

captar tudo que vê a fotografia por sua vez, congela e eterniza a imagem. Existem

duas situações, o olhar do artista que “cria” e o olhar do espectador que decodifica e

analisa a imagem, um e outro podem estar contaminados, influenciado por situações

externas ou internas, mas o fato é que a imagem é única para ambos. Não é uma

imagem neutra tão pouco fria, pois existe o introspecto humano, o olhar particular do

criador e do espectador e a máquina mediando o acontecimento.

“Gastaram-se vãs sutilezas a fim de se decidir se a fotografia era ou não arte,

porém não se indagou antes se essa própria invenção não transformaria o caráter

geral da arte.” (BENJAMIN, 1975, p19-20 citado por SANTAELLA, 2007, p.21). Com

o surgimento de novos meios tecnológicos, mais impactantes ainda os meios

eletrônicos, houve alterações na cultura tradicional, no modo de ver, pensar e agir.

Toda minha pesquisa voltada para as questões tecnológicas foi explorada

com trabalhos de animação ou com sites de finalidade artística.

“Uma obra de arte deveria ensinar-mos sempre que não havíamos visto o que

vemos. A educação profunda consiste em desfazer a educação primitiva”. (VALÉRY,

1991,145, citado por PLAZA, 1998, p.9).

Penso que como diz o autor a prática do meu trabalho é justamente, a

exploração, não só de assuntos em relação à sociedade e o que a permeia, mas, o

que possa a ser explorado de modo que novas linguagens me tragam novas

possibilidades e as devolvo em forma de trabalho para o espectador, e o mesmo

perceba que a arte pode ser muito mais, além do que ele pensa e tenha visto.

Em paralelo a essa pesquisa também uso como referencia trabalhos de

artistas como: Goto, com seu projeto DESLIGARE. A proposta do artista é a

percepção da alienação de quem assiste TV e o questionamento desta situação

permitiu que Goto verificasse ainda outros sintomas de impregnação dos meios

eletrônicos.

Outros artistas também se utilizam de meios tecnológicos e criam com as

ferramentas de comunicação. A revolução industrial foi o marco para essa mudança

radical na arte.

O gesto de Duchamp muito antes da revolução artística tecnológica já havia

sido inovador para o conceito da arte. A arte não é uma ciência exata ou mais

provável de acertos. A arte é o caminho para experimentações, para criar

independente do resultado. Arte é expressão e através dela podemos falar, cantar,

chorar. E tudo isso sem absoluta exatidão, porque a arte transforma, “avança” e nos

faz pensar.

Para Gombrich (1987), o objetivo do artista não é proposição verdadeira como

na ciência, senão um efeito psicológico que pode ser estudados analisados, mas

não podem ser demonstrados.

E de fato não são respostas exatas que procuro, mas cada vez mais

possibilidades de criação e pesquisa, e esse caminho que a arte segue,

possibilitando diversas linguagens é porta de acesso para a continuidade da minha

pesquisa.

3.2 DE ALUNA DE ARTES VISUAIS À PROFESSORA

Ao terminar o curso de bacharel em Artes Visuais a possibilidade de me

tornar professora e lecionar arte, por em prática com pessoas que talvez, nunca

tiveram contato com o apreciar, o fazer artístico, me despertou interesse. Nesse

momento eu já tinha uma razoável pesquisa e prática artística o que me deu

bagagem para ingressar em sala de aula.

O conteúdo pra começar eu já tinha. Mas como colocar tudo isso em prática? As

respostas encontrei no curso de licenciatura em Artes Visuais, e mais algum tempo

nas disciplinas teóricas, pouca prática, todo período de curso voltado para questões

da educação em sala de aula propriamente dita.

Foi nesse momento que percebi quão fundamental foram os quatro anos do

curso de bacharel, onde tive contato direto com a prática acompanhada da teoria, da

contextualização. Lecionar eu aprenderia com o passar do tempo, mas a prática

artística não tem como aprender se não for assim, laboratório mesmo, experiência,

tentativa e erro, casualidades, subjetividades. Todo o fazer artístico levei para o

curso de licenciatura, e foi lá que comecei refletir sobre como seriam minhas aulas, a

realidade da sala de aula eu não conhecia, mas tinha certeza que eu seria útil para

aquela realidade que tanto ouvia falar, apesar de não vivenciada por mim até o

momento.

Somente quando começaram os estágios que meus primeiros contatos com

a sala de aula começaram a se concretizar. E confesso que foram frustrantes, sala

de aulas tumultuadas, a professora fazendo atividade do famoso “desenho livre”, ou

então ela ensinando que não se podia pintar a terra de outra cor que não marrom.

Passei por três escolas no estágio, uma particular, qual tive contato com alunos de

1ª a 4ª série, uma pública também de 1ª a 4ª série. Mas foi na escola estadual, de 5ª

a 8ª série que vivi a realidade que me esperaria dali em diante.

Com turmas de 5ª, 6ª e 8ª séries tive meus primeiros contatos como

professora. E minha preocupação era levar a sala de aula algum assunto que fosse

de fato relevante. Foi mais um laboratório para mim. Porém já no primeiro dia de

regência do estágio percebi que a situação que me esperaria durante toda minha

vida profissional não seria nada fácil. Percebi o descaso com as aulas, a falta de

interesse, a indisciplina, o espaço físico inadequado, entre outras situações. Mas

estava ali com um objetivo e iria até o fim.

Fiz a regência, apresentei da Pop Art, já usando minha pesquisa da

faculdade, obtive um resultado até que satisfatório para quem estava enfrentando a

sala de aula pela primeira vez.

Porém logo após essa primeira experiência, após esse primeiro contato com

o ato de ensinar, começo minha jornada efetivamente, lecionando em escola

estadual. Experiência que narrarei a seguir.

3.3 PROFESSORA DE ARTE

Pronto, agora já sou professora, formada, bacharel em Artes Visuais e

também licenciada em Artes Visuais.

Em Fevereiro de 2009 entrei na sala de aula pela primeira vez como

professora, com a responsabilidade de uma turma todinha só para mim.

Segundo Fusari:

O compromisso com um projeto educativo que vise reformulações qualitativas na escola precisa do desenvolvimento, em profundidade, de saberes necessários para um competente trabalho pedagógico. No caso do professor de Arte, a sua prática-teoria artística e estética deve estar conectada a uma concepção de arte, assim como consistentes propostas pedagógicas. Em síntese, ele precisa saber arte e saber ser professor de arte.(2001, p. 53).

Ou seja, estava eu de frente a esta realidade, necessitando saber arte e saber

ser professor de arte. Não foi um começo fácil, de modo algum, foi turbulento, pois

percebi que a realidade da escola não é só o conteúdo formal que está lá nas

Diretrizes que deve ser ensinado.

A sala de aula é um misto, onde o professor tem que dar conta de ensinar o

conteúdo, perceber individualmente o aluno, atende-lo individualmente se assim for

necessário, e ainda tentar manter a ordem da sala de aula. Ainda assim, considero

que foi um ano de experiência total válida para os dois anos seguintes e que viriam e

que exigiriam muito mais de mim. Por que escola é assim, quanto mais intimidade,

quanto mais envolvimento, mais responsabilidades acarretam ao professor.

Existem inúmeras abordagens teórico-metodológicas sobre o que seja ensinar

e aprender arte, mas, poucas têm se preocupado com as elaborações estéticas

artísticas dos alunos.

Para ser sincera eu tinha uma única preocupação, a de ensinar arte. Cheguei

com vontade de ensinar tudo que eu aprendi nesses quase seis anos de faculdade,

entre pesquisas, experimentações e produções. Não pensava em metodologia

alguma. Mesmo sabendo que conforme eu ensinaria, aquele procedimento teria um

nome formal. Qual de fato eu não estava nem um pouco preocupada. O que eu tinha

em mente era a metodologia triangular de Ana Mae Barbosa. Eu tinha como objetivo

que eles tivessem a apreciação estética, que eles pensassem e refletissem sobre o

que viam e que conseguisse produzir e que existisse a contextualização. Mas de

que modo isso seria feito, qual ordem, o que ensinar primeiro, não era minha

preocupação.

Durante o ano de 2009, aprendi e vivi qual era a realidade da escola pública

então percebi a diferença entre as turmas, entre os alunos, percebi que entrar em

sala de aula com uma receita de bolo não dará certo nunca. E percebi

principalmente que mais do que nunca a escola precisa da Arte, mas de maneira

produtiva, como estudamos nas teorias, como lemos nas pesquisas. No próximo

capítulo descreverei propostas e experiências com alunos de 5ª série do ensino

fundamental ao 3º anodo ensino médio.

4 PROPOSTAS PEDAGOGICAS: O ESPAÇO DA ARTE

Penso que o hábito de visitar espaços de arte deve começar de modo simples

colocando o museu ou qualquer outro espaço, dentro da realidade do contexto da

criança. Antes de pensar em um museu propriamente dito, deve-se discutir

conversar com os alunos diagnosticar o que pensam encontrar dentro desses

espaços, e se alguém já foi visitar algum espaço de arte com a família ou amigos.

Tive essa experiência com uma turma de 6ª série do Colégio Estadual Albina Novak

Muginoski – EFM, que leciono e para minha surpresa nem um dos 40 alunos sequer

visitou nem o museu histórico da cidade onde residem (Campo Largo). Então aqui

vou descrever como trabalhei com eles até chegar à visita ao museu e qual foi à

atividade após a visita.

Primeiro houve questionamentos sobre o que significa um espaço de arte,

mostrei imagens de várias galerias, explicando que as obras de arte ora estavam ali

ora iam pra outra galeria, onde mais pessoas de diversos lugares poderiam ter

acesso às obras. Depois comecei a falar de museus e acervos, onde se preserva a

historia não só da cidade, em um espaço permanente para os objetos de memória

da historia da cidade, como é o caso de Campo Largo, mas também artistas expõem

suas obras ali como numa galeria e que depois de um determinado tempo essas

obras sairiam dali e vão para outro lugar para serem expostas, ou não, pois também

tem artistas com acervos nos museus. Mostrei imagens de Vários museus pelo

mundo e mostrei imagens de obras e artistas que eles já haviam visto nas aulas, e

fui relacionando os artistas, as obras e mostrando em qual museu se encontra.

Retomei a diferença de museu e espaços de arte como galerias, por exemplo,

e enfatizei o significado de acervo, porque era o que mais me interessava, pois

percebo que é o principio para o entendimento de todos os outros processos.

Depois de quatro aulas teóricas fomos ao museu de Campo Largo. E lá eles

identificaram os objetos de acervo da cidade e logo observaram as fotografias que

não eram acervos. E sim de um artista local e também professor de arte. O curioso é

que deu pra relacionar o acervo com o trabalho do artista, pois tratavam de

fotografias com imagens da cidade, como uma espécie de memória, lugares, igrejas,

praças, entre outras. Campo Largo é uma cidade que possui fortes raízes históricas,

muitas tradições, famílias de varias gerações, e tudo isso eles identificaram nas

imagens.

Voltando pra sala de aula pedi um breve texto onde eles deveriam descrever

a diferença de museu e de galerias ou outros espaços de arte.

E para o trabalho prático decidi explorar a fotografia, aí entrei em outro

território, da técnica de uma ferramenta que o artista tem, qual congela a imagem

como forma de memória onde o artista decide o que será fotografado, decide a luz

as cores, o ângulo, etc. e propus a eles que em grupos de 5 fotografassem o que

para eles significaria memória dentro da escola, o que eles consideravam mais

importante, o que queriam registrar pra ficar marcado como passagem deles no

Colégio Estadual Albina Novak Muginoski – EFM Como só possuía duas câmeras,

precisei de oito aulas para concluir todo trabalho. E no fim cada grupo apresentou

falando porque e o qual significados das imagens para eles. Depois expomos as

fotografias no corredor da escola, cada grupo ficou responsável pela ordem das

cinco imagens fotografadas. Quanto ao texto, houve a compreensão das diferenças,

pois escreveram de maneira correta, claro que ao modo deles se expressarem,

porém o objetivo foi alcançado.

4.1 O VÍDEO: PRÁTICA PEDAGÓGICA

Vou aqui detalhar um trabalho realizado pelos alunos das 8ª séries (8ªA e 8ªB),

do ensino fundamental do Colégio Estadual Albina Novak Muginoski – EFM da

cidade de Campo Largo.

A proposta era da criação de dois vídeos, a 8ª A deveria a partir da câmera de

seus celulares para criarem individualmente registros de cores. Cada aluno

trabalhou com uma cor específica, ex: quem escolheu o azul, registraria maior

quantidade de objetos azuis encontrados na escola: papéis, paredes, roupas dos

colegas, materiais de limpeza foram filmados, etc. o objetivo era não só o registro, o

vídeo como produção de arte, mas trabalhar a “textura”, como perceber a textura na

imagem do vídeo, o vídeo como suporte de criação, observando os diferentes

materiais filmados. Esses vídeos não tiveram áudio, ou seja, o aluno não poderia

interferir no áudio, mas escolheria o que seria filmado. (60 segundos de filme).

Na 8ª B, os alunos também com a câmera de seus celulares abordariam

pessoas e fariam a seguinte pergunta: “o que a cor azul significa para você?”, assim

o fizeram com todas as cores.

A proposta final era unir a imagem, objetos, 8ªA, as descrições de cores dos

vídeos da 8ª B. E analisar as diferenças percepções sobre cores, que as pessoas

tinham.

Uma observação interessante foi que quando registrado o azul, através do

objeto “céu”, a pessoa entrevistada quando questionada sobre a cor azul, citava o

azul do céu.

Comentei com eles sobre as referencias de mundo que nós temos e estendi

sobre signos e símbolos.

Mas em momento algum pensei essa proposta sobre a perspectiva de

trabalhar sobre vídeo como registro documental. O que caberia tranquilamente

dentro desta atividade, então partindo desta, propus realizar um desdobramento

para uma segunda etapa desta atividade, para a experimentação do vídeo como

objeto documental. Partindo da teoria da história do cinema, o que já prevê a LDB,

proporcionando aos alunos a possibilidade de recolher informações, selecionar e

interpretar, para determinado fim.

4.2 ATIVIDADE REALIZADA A PARTIR DAS GRAVURAS DO ARTISTA GOELDI E

DO TRABALHO DE RIVANE NEUENSHWANDER COM OS ALUNOS DE 1º., 2º. E

3º. ANO DA ESCOLA ESTADUAL CASEMIRO KARMAN-EMF.

Nas turmas do ensino médio existem jovens e adultos com opiniões próprias,

e em minhas aulas de arte abro estimulo debates e discussões sobre trabalhos e

artistas. Eles gostam também de explorar técnicas, não querem saber de papel em

branco e lápis. Definitivamente eles não se interessam pelo desenho “convencional”,

pois existe uma série de questões que alegam, dentre elas a principal é: “não sei

desenhar”.

Tenho explorado o grafite, a monotipia o vídeo e a fotografia com os alunos. E

pensando nessa relação entre os trabalhos de Goeldi (Ver figuras 11 e 12 de anexo

2) e Rivane (Ver figura 13 de anexo 2). A fotografia como suporte para a proposta

seria ideal. Explorar a história da fotografia dentro da história da arte e sobre as

questões técnicas já foi feito, partiria direto para poética da proposta. Após mostrar

ambos os artistas cujos trabalhos foram descritos no texto acima, fiz uma discussão

sobre as obras de cada um. Luz Noturna, de Goeldi, a série toda, e

Continente/Nuvem, de Rivane. Como uma imagem fotografada carrega tantos

fragmentos de informações. O contexto modificado pela posição da imagem

fotografada, o olhar, o escolher espaço e objetos fotografados, tudo isso é uma

manipulação da realidade. A fotografia não é uma verdade absoluta, é a sua

verdade manipulada. Partindo desses supostos, trabalhei a questão do tempo, da

fotografia tirada durante o dia e no mesmo local essa fotografia tirada há noite, o que

muda nessa imagem? O que uma simples condição de luz é capaz de modificar

dentro da fotografia e dentro do conceito da imagem congelada. A questão da

ausência também seria importante, a fotografia de um local com fluxo de pessoas e

desse mesmo local vazio, isso poderia ser feito na própria escola, escola cheia e

vazia. Qual significado essas imagens ganham com ausência e com o acúmulo de

pessoas.

Trabalhar essas questões é perceber o espaço e treinar um olhar sensível,

ver que as imagens não são somente acaso, falam, dialogam com quem as vê, ela é

carregada de informações subjetivas, Goeldi quando congelou na xilogravura as

imagens eleitas por ele, ele falava de um individualismo mas também de uma

massa, e isso só conseguimos perceber quando nosso olhar é treinado, quando é

sensibilizado para além das questões formais. Como a cor, foco, enquadramento,

etc.

As imagens seriam analisadas coletivamente, mas criadas individualmente e

depois de todo debate em torno dos trabalhos, o que gosto de fazer, é instigá-los a

escrever sobre o que produziram.

4.3 O GRAFITE: PRÁTICA EM SALA DE AULA

Com enorme relevância o grafite é trabalhado nas aulas de arte, sendo ele a

linguagem dos jovens. Através do grafite tenho conseguido levar a sala de aula

assuntos de cunho social, e falar da realidade sob vários aspectos.

O grafite como técnica de arte ainda não é muito difundido nas aulas de arte,

mas foi através dele que mediei há criação dos alunos do ensino médio com temas

relevantes pra nossa sociedade.

A proposta da atividade era antes de qualquer coisa analisar questões quais

eles gostariam de trabalhar, ou seja, se fosse para construir imagens num ambiente

externo, o que eles gostariam que os expectadores vissem. O grafite somente pelo

grafite, ou seja, explorar a técnica ou essas imagens carregariam algum tema,

algumas questões? A partir desse propósito começaram as construções de textos,

cada aluno poderia criar conforme sua vontade, mas não fugindo do objetivo do

trabalho.

Depois de analisadas todas as questões partimos para construção das

máscaras de grafite e na seqüência para os trabalhos que foram construídos

(grafitados) nos muros. (Ver figuras, no anexo 3).

5 A EXPERIÊNCIA DA ESPECIALIZAÇÃO

Já em sala de aula, com várias experiências postas a prova, as quais

trazidas das duas graduações, bacharelado e licenciatura em artes visuais, resolvi ir

além, busquei o curso de especialização em Artes Visuais. Já com experiências dos

ateliês, das técnicas experimentadas, com a teoria de ensino do curso de

licenciatura, o curso de especialização trouxe-me o “gás” que eu buscava para

continuar a pesquisa, explorar o universo da arte, esse universo infindável de

questões a serem analisadas.

Relembrar alguns assuntos e buscar outros consolida meu entendimento que

não se pode parar. No curso tive contato com módulo de arte contemporânea onde

conheci o que se faz hoje no meio da arte com o vídeo, maneiras de trabalhar o

vídeo e suas especificidades como comercial ou artística, também com a tecnologia,

que foi pra onde minha pesquisa tomou rumo, explorar o universo das novas

linguagens e entender esta convergência, entre arte e tecnologia, esse início de uma

nova era artística, continuar buscando conhecimento para poder transferir todos

esses saberes para a sala de aula.

Com a especialização firmo a real necessidade de não parar a pesquisa.

Conforme Fusari:

A sociedade contemporânea, com suas pesquisas e descobertas cientificas, tecnológicas, traz inúmeras oportunidades no campo das imagens. Estas, enriquecidas com novos meios, vêm complementar as experiências do desenho, da pintura, da gravura, escultura, arquitetura, e passam a ser produzidas também através das tecnologias eletrônicas, digitais, etc. em vista disto, convivemos hoje com outras linguagens visuais, audiovisuais, que têm especificidades próprias, mas interagem o universo da comunicação das artes. (FUSARI, 2001, pg. 94).

Pois percebemos que a pesquisa se estende, e para entender-mos para onde

a pesquisa se desdobra não se pode parar.

Esse aprofundamento enquanto professor pesquisador tem de ser incessante.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Toda esta pesquisa que se desdobrou em experiências vividas enquanto

aluna, professora e pesquisadora de arte, confirma o que eu já sentia necessidade

mesmo sem antes entrar em sala de aula. A necessidade de conhecimento

específico e também diverso, assim assumindo um compromisso com o ensino.

Ao passar pelas experiências dos ateliês, dos materiais, das técnicas e aliado

a história da arte, foram saberes básicos para toda necessidade de pesquisa

posterior.

Um professor em constante construção é fundamental para contribuir com a

realidade da escola. Só um professor que pesquisa consegue se adequar aos fatos

realmente necessários.

E com toda esta análise, da história da educação brasileira, da necessidade

da arte na escola mais a minha necessidade de ser uma professora que pesquisa,

concluo de maneira satisfatória mais esta trajetória que chega a um ponto. Porém

não ao ponto final, mas ao ponto de partida, pois daqui em diante existirá

necessidade ainda maior de acordo com novos desafios, e a pesquisa não pode

cessar, assim como a necessidade da escola não cessa, ela aumenta

gradativamente conforme as mudanças de mundo. E eis a razão da necessidade de

me tornar uma professora que não se satisfaz com o que já conhece, mas que,

busca de forma incessante mais informações para transformá-las em experiências.

REFERÊNCIAS

ARCHER, Michael. Arte Contemporânea: Uma história concisa. São Paulo: Martons

Fontes, 2001.

BORDIEU, Pierre. O amor pela arte: os museus de arte na Europa e seu público. 2ª ed. EDUSP, 2007.

BAUDRILLARD, Jean. Simulacros e Simulação. Lisboa: Relógio d’água, 1991.

BRASIL. Leis, decretos, etc. Lei n. 5692/71: lei de diretrizes e bases da educação nacional, LDB. Brasília, 1971. BRASIL, LDB - Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, LEI 9394 de 20 de

Dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional.

Brasília, 1996.

CELESTE M, Mirian; PICOSQUE, Gisa; TELLES G, M Terezinha. Didática do Ensino da Arte: A língua do mundo, Poetizar, fruir e conhecer arte. São Paulo: FTD, 1998.

CONSUMO COTIDIANO DA ARTE. São Paulo: Itaú Cultural, 1999.

DOMINGUES, Diana. A arte no Século XXI: A Humanização das tecnologias. São Paulo: Fundação Editora da UNESP, 1997. FUSARI, Maria F. de Resende. A arte na educação escolar: São Paulo: ed.Cortez, 2001. FLUSSER, Vilém. O mundo Codificado: Por uma filosofia do design e da comunicação. São Paulo: Cosac Naify. 2007. FRIGOTTO, G. Sujeitos e conhecimento: os sentidos do ensino médio. In FRIGOTTO, G. e CIAVATTA, M. Ensino Médio: ciência, cultura e trabalho. Brasília: MEC, SEMTEC, 2004. HADDAD A, Denise; MORBIN G, Dulce. A arte de fazer arte: São Paulo: ed. Saraiva 2004. KOSIK, karel. Dialética do concreto. 2ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2002. PEIXOTO, Maria Inês Hamann. Arte e grande público: a distância a ser extinta. Campinas: Autores Associados, 2003.

PILLAR, D. Analice. Desenho & escrita como sistemas de representação. Porto Alegre: Artes Médicas, 1996. PLAZA, Júlio; TAVARES, Mônica. Processos Criativos com os meios eletrônicos: Poéticas Digitais. São Paulo: Hucitec, 1998.

SANTAELLA, Lúcia. Por que as comunicações e as artes estão convergindo?. São Paulo: Editora Paulus, 2ª ed. 2007.

ANEXOS 1: Minhas produções enquanto aluna e pesquisadora de arte.

FIGURA 01 - “Beba Arte” 2004 Assemblage sobre tela

FIGURA 02 - “Compre Arte”

2004 Rótulos de Coca-Cola sobre chassi

FIGURA 03 - “Veja Arte”

2004 Colagem sobre tela

FIGURA 04 - “People” 2006

Linóleo gravura

FIGURA 05 - “PEOPLE”

2006 Linóleo gravura

FIGURA 06 - “R$1,99” 2007

Manipulação Digital

FIGURA07 - “Sem Título” 2007

Manipulação Digital

FIGURA 08 - “Não identificado” 2007

Manipulação Digital

FIGURA 09 - “Não Identificados” 2007

Adesivo e Fotografia

FIGURA 10 - “O Que Você Vê?”. 2007

Layout da animação digital

ANEXOS 2: Obras de referência.

FIGURA 11 – Luz Noturna Oswaldo Goeldi:

Figura extraída do site: http://www.centrovirtualgoeldi.com Acesso em: 29/01/2011

FIGURA 12 – Luz Noturna Oswaldo Goeldi:

Figura extraída do site: http://www.centrovirtualgoeldi.com Acesso em: 29/01/2011

FIGURA 13 - Continente/Nuvem 2008

Rivane Neuenshwander Figura extraída do site: http://www.inhotim.org.br

Acesso em: 29/01/2011

ANEXOS 3: trabalhos realizados pelos alunos.

FIGURA 14 – “Cartão vermelho para a violência” Aluna do 3º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 15 – “Homenagem a Alex Vallauri” Aluna do 3º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 16 – “Natureza” Aluna do 3º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 17 – “Não Fume” Aluno do 3º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 18 – “Paz” Aluno do 3º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 19 – “Alien” Aluna do 1º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 20 – “Viva a Música” Aluna do 2º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 21 – “Automóveis” Aluna do 1º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 22 – “Planeta Água” Aluna do 1º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 23 – “Natureza” Aluno do 1º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite

FIGURA 24 – “Natureza” Aluna do 1º ano do ensino médio

2010 Técnica: grafite