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1 UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA Curso de Fisioterapia A FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NO PRÉ E NO PÓS-OPERATÓRIO DA CIRURGIA BARIÁTRICA Rafael Camargo Rio de Janeiro 2012

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Curso de Fisioterapia

A FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NO PRÉ E NO PÓS-OPERATÓRIO DA

CIRURGIA BARIÁTRICA

Rafael Camargo

Rio de Janeiro

2012

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UNIVERSIDADE VEIGA DE ALMEIDA

Curso de Fisioterapia

A FISIOTERAPIA RESPIRATÓRIA NO PRÉ E NO PÓS-OPERATÓRIO DA

CIRURGIA BARIÁTRICA

Rafael Camargo

Orientadora: Prof. Kenia Maynard da Silva

Rio de Janeiro

2012

Monografia apresentada como requisito parcial para

o Bacharelado em Fisioterapia

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AGRADECIMENTOS

Primeiramente a Deus, a quem eu dedico este estudo. Sem Ele nada seria

possível.

Em memória aos meus avós Isette Siciliano Camargo e Nelson Camargo,

pessoas responsáveis pela formação de meu caráter.

Em especial a minha tia Valéria, inspiração para o tema desta monografia,

pessoa essencial em minha vida, que muito ajudou na formação de meu

caráter.

Aos esforços da minha tia Jurema, do meu tio Roberto e do meu primo Júnior.

A minha mãe, que mesmo com todas suas dificuldades e limitações sempre

me apoiou, além de ter financiado as mensalidades do meu curso.

A minha namorada Selma uma verdadeira amiga e companheira, que teve

bastante paciência e compreensão durante a elaboração deste estudo.

A minha orientadora, Kenia Maynard da Silva, pela paciência, confiança e por

aceitar dirigir-me.

Ao meu supervisor de estágio Marcos Alves por sua confiança e paciência.

Aos meus professores, pelo conhecimento compartilhado durante a

graduação, em especial ao professor Silmar Silva Teixeira.

Aos meus colegas e amigos do Hospital Semiu, em especial ao fisioterapeuta

Dr. Fabio Reges e ao médico Dr. Leandro Valga.

A fisioterapeuta Dr. Patrícia Freitas.

A todos os amigos, que por mim torceram durante esta trajetória, em especial

para o Sr. Almir dos Santos Monsores e aos pais da minha namorada, o Sr.

Antônio Martiniano da Silva e a Sr.ª Irene da Silva Martiniano.

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LISTA DE TABELAS

Tabela 1. Classificação de obesidade segundo IMC e risco da doença...........PAG 17

Tabela 2. Comparação entre os procedimentos cirúrgicos abertos e por

videolaparoscopia..............................................................................................PAG 29

Tabela 3. Contra indicações para o uso da ventilação não invasiva com pressão

positiva...............................................................................................................PAG 50

LISTA DE ABREVIATURAS

AO – osteoartrite

AOS – apneia obstrutiva do sono

ATM – articulação temporo -mandibular

AVC – acidente vascular cerebral

AVD’s – atividades de vida diária

BIPAP – Bilevel Positive Pressure Airway

CPAP – Continuous Positive Air Pressure

CRF – capacidade residual funcional

CTP – capacidade pulmonar total

DAC – doença arterial coronariana

DEXA – absorciometria por dupla emissão de raios – x

DM – diabete mellitus

DM 2 – diabete mellitus tipo 2

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HAS – hipertensão arterial sistêmica

HDA – história da doença atual

HF – história familiar

HPP – história patológica pregressa

HSA – história social e ambiental

IAM – infarto agudo do miocárdio

IC – insuficiência cardíaca

ICC – insuficiência cardíaca congestiva

IMC – índice de massa corporal

IBGE – instituto brasileiro de geografia e estatística

MMII – membros inferiores

MMSS – membros superiores

PIA – pressão intra-abdominal

WHO – world health organization

POF – pesquisa de orçamento familiar

RCQ – relação cintura-quadril

RGE – refluxo gastro esofágico

RNM – ressonância nuclear magnética

SAOS – síndrome da apneia obstrutiva do sono

SNC – sistema nervoso central

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TC – tomografia computadorizada

TVP – trombose venosa profunda

US – ultrassonografia

VE – ventrículo esquerdo

VNI – ventilação não invasiva

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“Talvez não tenha conseguido fazer o melhor, mas lutei para

que o melhor fosse feito. Não sou o que deveria ser, mas

Graças a Deus, não sou o que era antes.”

Marthin Luther King

Epígrafe

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Resumo

A obesidade é considerada um problema de saúde pública mundial,

afetando adultos, adolescentes e crianças. Sendo considerada uma doença crônica,

ela constitui fator de risco para muitas outras doenças associadas. A cirurgia

bariátrica é considerada um tratamento eficaz para tratar a obesidade mórbida.

A fisioterapia respiratória pré-operatória atua com objetivo de prevenir e

reduzir as possíveis complicações respiratórias do período pós-operatório, além de

“preparar” o paciente para o dia da cirurgia. O objetivo do presente estudo é analisar

a intervenção da fisioterapia respiratória no pré e no pós-operatório da cirurgia

bariátrica realizada por videolaparoscopia, como prevenção e tratamento

fisioterapêutico de complicações pulmonares pós-operatórias.

Conclui-se que a fisioterapia respiratória constitui um recurso de grande

importância aplicado no período pré e pós-operatório da cirurgia bariátrica,

prevenindo ou tratando as complicações pulmonares que podem surgir depois da

cirurgia.

Palavras Chaves: obesidade; cirurgia bariátrica, fisioterapia respiratória pré-

operatória e fisioterapia respiratória pós-operatória.

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Abstract

The obesity is considered a worldwide public health problem, that affects

adults, teenagers and children as well. As a chronic medical disease that can lead to

many others illnesses as a risk factor. The bariatric surgery is known as an effective

treatment for morbid obesity.

In addition to prevent post operation complications, preoperative respiratory

therapy is a form to prevention and preparation the patient to surgery besides. To

analyze the respiratory therapy procedure before-after surgery to perform by

laparoscopy to prevent and to treat for post-surgery pulmonary complications is the

objective of this study.

The physiotherapy is a great source applicable to pre and post bariatric

surgery period in a way to prevent and to treat the pulmonary complications that can

appear after operation.

Key Words: obesity, bariatric surgery, respiratory therapy, preoperative and

postoperative physiotherapy.

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SUMÁRIO

CAPITULO I...............................................................................................................12

1.1 Introdução.............................................................................................................12

1.2 Justificativa ..........................................................................................................14

1.3 Objetivos ..............................................................................................................15

1.3.1 Objetivo Geral ...................................................................................................15

1.3.2 Objetivos Específicos........................................................................................15

CAPÍTULO II .............................................................................................................16

2. Revisão de Literatura ............................................................................................16

2.1 Obesidade............................. ..............................................................................16

2.1.1 Alterações respiratórias em obesos mórbidos não pneumopatas....................19

2.1.2 Alterações cardiovasculares em obesos mórbidos...........................................22

2.1.3 Alterações posturais e osteomioarticulares em obesos mórbidos....................23

2.2 A cirurgia bariátrica e suas possíveis complicações pós- operatórias................26

2.2.1 Indicações e contra- indicações cirúrgicas........................................................26

2.2.2 A cirurgia bariátrica............................................................................................27

2.2.3 As possíveis complicações causadas pela anestesia.......................................32

2.2.4 As possíveis complicações respiratórias no pós-operatórios da cirurgia

bariátrica.....................................................................................................................36

2.3 A fisioterapia respiratória no pré- operatório da cirurgia bariátrica.......................35

2.3.1 A importância da avaliação fisioterapêutica......................................................35

2.3.2 A fisioterapia respiratória pré-operatória...........................................................36

2.4 A fisioterapia respiratória no pós- operatório da cirurgia bariátrica......................44

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CAPÍTULO III.............................................................................................................52

Metodologia................................................................................................................52

CAPITULO IV.............................................................................................................53

Conclusão...................................................................................................................53

Referência bibiográfica...............................................................................................55

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CAPÍTULO I

1.1 Introdução

Nos dias atuais, a obesidade é considerada um sério problema de saúde

pública afetando milhares de pessoas em todo o mundo. Quando se trata em

método avaliativo, esta doença utiliza-se internacionalmente de um índice muito

simples, o Índice de massa corporal, também designado através da sigla IMC (WHO,

2012). Além do IMC existem outras formas de avaliação para se diagnosticar a

obesidade, que embora apresentem alto custo, oferecem melhor precisão, é o caso

da ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância nuclear magnética

(DÂMASO, 2003).

Reconhecida como doença crônica, a obesidade constitui fator de risco para

muitas outras doenças como, diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias,

cardiopatias, AVC e alguns tipos de câncer (HOLANDA et al, 2010). As Doenças

cardiovasculares e a DM se correlacionam especificamente com a obesidade central

(CABRERA; FILHO; JACOB, 2001), que pode elevar em até dez vezes o risco para

o desenvolvimento de diabetes tipo 2, além de constituir fator de risco para

hipertensão arterial em adultos na faixa etária de 20 à 45 anos (HOLANDA et al,

2010).

O obeso mórbido é marcado por uma serie de alterações

cardiorrespiratórias. Na parte respiratória, alterações na capacidade pulmonar total,

volume residual expiratório e capacidade residual funcional se fazem presentes. O

quadro de hipoxemia arterial se instala quando ocorre redução significativa na CRF.

Comprometimentos na caixa torácica e pulmões resultam numa diminuição da

complacência respiratória total (MANCINI, 2001). O padrão restritivo, adquirido neste

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tipo de paciente é prejudicial para a musculatura envolvida na ventilação (PAISANI;

CHIAVEGATO; FARESIN, 2005), tendo como consequência um aumento do

trabalho respiratório e um consumo maior de energia e oxigênio (TENORIO; LIMA;

BRASILEIRO, 2010). Se tratando da parte cardíaca, estudos mostram obesos com

corações hipertrofiados, com depósitos de gordura subepicárdica e pequenos graus

de infiltração gordurosa no miocárdio, que podem prejudicar a mecânica normal do

coração e a função ventricular (MANCINI, 2001).

Independentemente do tipo de tratamento adotado para obesidade

(dietético, medicamentoso ou cirúrgico), a mudança do estilo de vida, baseada em

hábitos alimentares saudáveis, juntamente com a prática regular de atividade física é

essencial (BORGES, C.B.N ; BORGES, R.M.; SANTOS, 2006). Se tratando de

obesos mórbidos, a cirurgia bariátrica é considerada um tratamento eficaz, cuja

finalidade consiste na melhora da qualidade e do tempo de vida do doente,

solucionando desta forma problemas de ordem física e psicossocial que o excesso

de peso acarreta (COSTA et al, 2009).

No Brasil são aprovadas quatro modalidades diferentes de cirurgia bariátrica,

podendo ser realizadas por procedimentos aberto ou videolaparoscópicos. São elas:

Bypass gástrico, banda gástrica ajustável; gastrectomia vertical e duodenal switch.

Dentre as técnicas apresentadas, o bypass gástrico, também conhecido como

gastroplastia intestinal em Y de Roux, se destaca por ser o tipo de procedimento

mais realizado no Brasil, correspondendo a 75% do total de cirurgias bariátricas

realizadas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA METABÓLICA).

A fisioterapia respiratória no pré-operatório da cirurgia bariátrica se

apresenta como um recurso bastante eficiente, cujo objetivo é melhorar a

capacidade respiratória e a função pulmonar, prevenindo complicações respiratórias,

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como atelectasias e infecções, e deixando o paciente preparado para o evento

cirúrgico. O tratamento fisioterapêutico propriamente dito, não fica gessado a um

protocolo fixo, podendo o fisioterapeuta lançar mão sobre uma variedade de técnicas

distintas (TENORIO; LIMA; BRASILEIRO, 2010).

A atuação fisioterapêutica no pós-operatório da cirurgia da obesidade tem

como objetivos principais prevenir e auxiliar na resolução das complicações

pulmonares, para isso, o fisioterapeuta matem a ventilação adequada do paciente,

trabalha na reexpansão de áreas atelectasiadas, assiste na remoção de qualquer

excesso de secreção pulmonar, além de auxiliar no posicionamento do paciente no

leito e a deambulação precoce (FONTANA; JACINTO; PAULIN, 2009).

1.2 Justificativa

A obesidade vem tomando proporções endêmicas em todo mundo, afetando

milhares de pessoas, independentemente de sexo, idade, cor, raça, ou nível social.

A cirurgia bariátrica é considerada um método de tratamento eficaz para doentes

portadores de obesidade com indicação cirúrgica. As cirurgias bariátricas realizadas

por videolaparoscopia representam um avanço biotecnológico na área médica e

apresentam diversas vantagens sobre a cirurgia aberta, dai a preocupação de se

abordar nesse estudo uma técnica cirúrgica mais atual, que apresenta inúmeras

vantagens e benefícios, com melhor prognóstico para os pacientes.

A abordagem do tratamento cirúrgico para obesidade requer dos cuidados

de uma equipe multidisciplinar, onde o fisioterapeuta esta inserido, atuando no pré e

no pós-operatório. Os pacientes obesos mórbidos carregam consigo uma série de

alterações respiratórias, que são intensificadas no período pós- operatório, podendo

ocasionar complicações respiratórias. Levando em consideração todo esse contexto,

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se justifica a realização da fisioterapia pré e pós-operatória da cirurgia bariátrica e a

importância deste estudo para a sociedade atual, pois os índices de pessoas obesas

são cada vez mais crescentes.

1.3 Objetivos

1.3.1 Objetivo Geral

Analisar a intervenção da fisioterapia respiratória no pré e no pós-

operatório da cirurgia bariátrica realizada por videolaparoscopia, como prevenção e

tratamento fisioterapêutico de complicações pulmonares pós-operatórias.

1.3.2 Objetivos Específicos

Descrever sobre obesidade, as alterações respiratórias e

osteomioarticulares, dando ênfase a obesidade mórbida.

Pesquisar sobre a cirurgia bariátrica e suas possíveis complicações

pós-operatórias.

Analisar a resposta à intervenção da fisioterapia pré e pós-operatória

na cirurgia bariátrica por videolaparoscopia.

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CAPÍTULO II

2 Revisão de literatura

2.1 Obesidade

Por muitos séculos a obesidade era vista como sinônimo de beleza, bem

estar físico, riqueza e poder (DÂMASO, 2003). Hipócrates e Cláudio Galeno,

pesquisadores greco-romanos, naquela época, já se preocupavam com os riscos da

obesidade para a saúde. Hipócrates afirmava que a morte súbita era mais comum

em indivíduos gordos do que magros, já Galeno, seu discípulo, classificou a

obesidade em natural e mórbida. Para ele tal problema era consequência da falta de

disciplina do indivíduo (CUNHA, NETO E JÚNIOR, 2006).

Atualmente a obesidade é vista como um problema de saúde pública

mundial, uma epidemia, que afeta crianças, adolescentes e adultos (WHO, 2012).

No Brasil o número de obesos, vem aumentando em um ritmo bastante acelerado,

segundo a POF 2008-2009, realizada por uma parceria entre o IBGE e o Ministério

da Saúde, dos 188 mil brasileiros, com 20 ou mais anos de idade, avaliados, 29,4%

foram considerados obesos, sendo 12,5% do sexo masculino e 16,9% do sexo

feminino (COMUNICAÇÃO SOCIAL DO IBGE, 2010).

A obesidade é definida como um excesso de gordura corporal acumulada no

tecido adiposo, com implicações para saúde. Esta adiposidade em excesso é

consequência de um desequilíbrio entre a alta ingesta de alimentos e o baixo gasto

calórico com exercícios físicos (WHO, 2012). Se tratando de etiologia, ela é

multifatorial e bastante complexa, envolvendo componentes genéticos,

comportamentais, psicológicos, sociais, metabólicos e endócrinos (BJÖRNTORP,

2003). Existem dois grandes grupos de fatores que levam a obesidade: os fatores

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endógenos (Genéticos, endócrinos, psicogênicos, medicamentosos, neurológicos e

metabólicos) e os fatores exógenos, que são alimentação inadequada, estresse e

inatividade física (DÂMASO, 2003).

Para classificar sobrepeso e obesidade em adultos, é utilizado

internacionalmente um método muito simples, o índice de massa corporal, que

corresponde ao peso do individuo, em quilogramas, dividido pela sua altura em

metros, ao quadrado (WHO, 2012). Os valores normais desse índice e a

classificação da obesidade em graus I, II e III, são apresentados logo abaixo, na

tabela 01.

FONTE: Tabela adaptada da World Health Organization, disponível em: <http://apps.who.int/bmi/index.jsp?introPage=intro_3.html> com acesso em: 05/11/2012. .

TABELA 01 - Classificação da Obesidade segundo IMC e Risco de doença

IMC

CLASSIFICAÇÃO

RISCO DE DOENÇA

ASSOCIADA

18,5 - 24,9

Normal

Normal

25,0 - 29,9

Sobrepeso

Elevado

30,0 - 34,9

Obesidade Grau I

Muito Elevado

35,0 - 40,0

Obesidade Grau II

Muitíssimo Elevado

> 40,0

Obesidade Grau III

Doença presente

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Porém essa avaliação antropométrica possui algumas limitações, ela não é

capaz de quantificar a gordura corporal e leva em consideração apenas o peso, e

não a composição corporal de cada indivíduo (BORGES, C.B.N ; BORGES, R.M.;

SANTOS, 2006) o que leva em alguns casos, a possibilidade de uma avaliação um

pouco distorcida, é o caso de pacientes muito musculosos, edemaciados, ou

hipercifóticos, que podem apresentar IMC falsamente elevado (MANCINI, 2001).

Embora o índice de massa corporal seja bastante utilizado no meio

acadêmico-cientifico, devido a sua praticidade e baixo custo, existem outras técnicas

e métodos, que oferecem maior precisão para avaliação e diagnostico da obesidade,

dentre eles podemos citar as dobras cutâneas, a RCQ, a circunferência da cintura, a

impedância bioelétrica, a pesagem hidrostática, DEXA, US, TC e RNM (DÂMASO,

2003).

O tratamento da obesidade é complexo e multidisciplinar (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA), inicialmente ele se

baseia na modificação do comportamento alimentar, juntamente com o incremento

da atividade física (LIMA, 2007). A terapia farmacológica pode ser uma alternativa

em casos específicos, no entanto não existe nenhum fármaco que seja isoladamente

eficaz no tratamento da obesidade (SOCIEDADE BRASILEIRA DE

ENDOCRINOLOGIA E METABOLOGIA).

De acordo com a classificação da Organização mundial de Saúde,

obesidade grau III, são aquelas pessoas onde o IMC esta acima de 40 kg/m2 (WHO,

2012). Para este grupo especial de obesos, empregamos o termo obesidade

mórbida, criado por Payne, em 1963 (LEITE; VALENTE, 2003) e introduzido na

medicina para indicar as pessoas com grande excesso de peso, as quais

apresentam alto risco de complicações se não forem tratadas de maneira adequada

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e precoce (COLÉGIO BRASILEIRO DE CIRURGIA DIGESTIVA). A gravidade da

obesidade mórbida se caracteriza pela conexão de três fatores: prevalência elevada

de compulsão alimentar, falha e resistência aos tratamentos clínicos e associação

com doenças que são provocadas ou agravadas pela obesidade (SANTO;

CECCONELLO, 2008).

Inúmeros estudos mostram a associação da obesidade, principalmente a do

tipo III, com uma série de doenças, dentre as quais podem ser citadas: DM2,

dislipidemia, diversos tipos de neoplasias, doenças cardiovasculares (como DAC,

angina, IAM, ICC, HAS, AVC, fibrilação atrial), SAOS, litíase biliar sintomática,

pancreatite aguda, doença do refluxo gastroesofágico, asma brônquica, IRC,

disfunção erétil, hipertensão intracraniana idiopática, demência e AO (MELO, 2011).

Além das inúmeras doenças associadas, os indivíduos portadores desse tipo

especial de obesidade, enfrentam dificuldades em realizar suas AVD’s, nas relações

sociais, e na participação de atividades de lazer e até mesmo de trabalho (ROSA;

LEITE; MOYA, 2009).

Nos pacientes que apresentam obesidade grave, a abordagem clinica

geralmente é ineficaz, sendo a cirurgia bariátrica uma opção de tratamento. Desse

modo, a terapêutica deste paciente, apresenta suas particularidades, levando em

consideração as dimensões corporais associadas às comorbidades desenvolvidas

pelo paciente, juntamente com os fatores de risco cirúrgico e anestésico (TANAKA;

PENICHE, 2008).

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2.1.1 As alterações respiratórias em obesos mórbidos (não pneumopatas)

Devido ao efeito de massa e a pressão imposta sobre o diafragma, esses

pacientes, apresentam alterações na CPT, VRE e CRF. Uma redução significativa

na CRF pode levar a oclusões de pequenas vias aéreas, distúrbios de ventilação-

perfusão, ocasionando uma hipoxemia arterial. Na maioria dos casos a CRF se

encontra reduzida devido a uma redução no VRE, no entanto o volume residual se

apresenta dentro dos padrões de normalidade. O VEF1 e a CVF, na maioria das

vezes encontram níveis de variação dentro do previsto, embora alguns estudos,

demostrem que esses níveis, obtiveram melhoras nos pacientes que apresentaram

perda de peso (MANCINI, 2001).

A mecânica ventilatória também adquire alterações importantes, onde a

complacência respiratória total se encontra reduzida por causa de

comprometimentos na caixa torácica e pulmões. O excesso de gordura que rodeia

as costelas, o diafragma e o abdome são responsáveis pela redução da

complacência da parede torácica, enquanto que, a redução da complacência

pulmonar é justificada pelo aumento do volume sanguíneo nos pulmões (AULER JR;

GIANNINI; SARAGIOTTO, 2003). As alterações na complacência e resistência dos

pulmões levam a um padrão respiratório rápido com um aumento do trabalho

respiratório e limitação da capacidade ventilatória máxima (MANCINI, 2001).

O trabalho diafragmático e a funcionalidade dos outros músculos envolvidos

na ventilação se encontram prejudicadas, devido ao padrão restritivo adquirido, onde

a expansão pulmonar e a caixa torácica se encontram em restrição (PAISANI;

CHIAVEGATO; FARESIN, 2005). A ineficiência da musculatura respiratória pode

levar a uma redução da força muscular e da endurance, consequentemente

ocorrendo um aumento do trabalho respiratório, com um consumo maior de oxigênio

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e de energia gasta no processo de ventilação (TENORIO; LIMA; BRASILEIRO,

2010).

Se tratando da mecânica respiratória de indivíduos obesos, o seguinte

cenário é visualizado: a musculatura intercostal movimenta uma massa muito

aumentada de revestimento de tórax, em consequência o diafragma ao se contrair

atua contra uma enorme pressão de um abdome distendido. Esses fatos ocasionam

uma alteração de força na musculatura envolvida na ventilação (COSTA, et al,

2003). Com a cirurgia bariátrica, os músculos respiratórios podem apresentar

disfunções, que levam a redução de volumes e capacidades pulmonares causando

atelectasias. Segundo Saglam et al , (apud MIRANDA , 2011) uma adequada força

muscular inspiratória no pré-operatório é responsável por maior capacidade

funcional quando comparada aos indivíduos que apresentaram fraqueza muscular

no período anterior à cirurgia(MIRANDA ; PADULLA ; BORTOLATO C.R, 2011).

O obeso grave possui grande massa corporal, impondo a ele uma alta

demanda metabólica e um gasto energético compatível com seu corpo, estes fatores

elevam nestes pacientes o consumo de oxigênio e a produção de gás carbônico

(TANAKA; PENICHE, 2008). Quando ocorre um aumento do gasto energético em

função de alguma atividade, o consumo de oxigênio é maior ainda, podendo levar a

uma insuficiência relativa da musculatura ventilatória. A normocapnia é mantida por

aumento da ventilação minuto (MANCINI, 2001).

Todas as alterações respiratórias citadas anteriormente levam ao obeso

mórbido uma pré-disposição para o desenvolvimento de algumas principais doenças

respiratórias, como a Síndrome obstrutiva da apneia do sono, as doenças

pulmonares restritivas e a síndrome da hipoventilação (MANCINI, 2001). Altas taxas

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percentuais (71% a 98%) de obesos graves apresentam apneia do sono e

consequentemente desenvolverão a SAOS (MELO, 2011).

2.1.2 Alterações cardiovasculares em obesos mórbidos

Estudos de autópsia em obesos mórbidos evidenciam corações

hipertrofiados, com depósitos de gordura subepicárdica e pequenos graus de

infiltração gordurosa no miocárdio. Nesses casos a mecânica normal do coração e a

função ventricular podem ser prejudicadas, o que favorece anormalidades no

sistema de condução e arritmias (MANCINI, 2001). Na ecocardiografia se evidencia

o aumento do peso do coração de um obeso mórbido, quando comparado a de uma

pessoa de IMC normal (DÂMASO, 2003). Outros achados sugestivos deste exame

são: aumento do débito cardíaco, hipertrofia ventricular esquerda, aumento da

pressão diastólica final em VE (MANCINI, 2001). No eletrocardiograma são

evidenciadas algumas variáveis como: voltagem diminuída do complexo QRS, que

representa a onda progressiva da despolarização ventricular (SILVERTHORN,

2003); aumento da amplitude da onda R em aVL, da onda S em aVR e da razão R/S

em V1(indicativos de uma hipertrofia ventricular esquerda); achatamento da onda T

nas alterações precordiais. Entretanto, o eletrocardiograma é extremamente limitado

na detecção de hipertrofias ventriculares e/ou aumento de câmaras cardíacas em

obesos mórbidos (MANCINI, 2001). Defeitos na condução e disritmias cardíacas

podem antecipar a morte súbita em obesos graves (AULER JR; GIANNINI;

SARAGIOTTO, 2003).

O peso em excesso gera um aumento da pré e pós-carga, devido ao

aumento da volemia, níveis de renina, aldosterona, mineralocorticoide e

catecolaminas. Pode haver hipercinesia, hipertrofia miocárdica e disfunção

diastólica, resultando em um trabalho cardíaco maior (SANCHES et al, 2007).

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O volume circulatório e plasmático, débito cardíaco, pressões de enchimento e

consumo de oxigênio aumentam de forma diretamente proporcional com o aumento

de peso, podendo causar hipertensão pulmonar, que muitas vezes pode ser

agravada pela SAOS, em consequência do aumento da hipoxemia (AULER JR;

GIANNINI; SARAGIOTTO, 2003).

Os aumentos constantes de peso propiciam ao obeso grave alterações

anato-fisiológicas em seu sistema vascular, que aumenta de tamanho, necessitando

assim de uma força maior para impulsionar o sangue, consequentemente levando a

hipertensão arterial (AULER JR; GIANNINI; SARAGIOTTO, 2003). Entretanto, vale

ressaltar que o possível mecanismo para o desenvolvimento da HAS em obesos

mórbidos é muito mais complexo e envolve fatores genéticos, hormonais e

hemodinâmicos (MANCINI, 2001). Medidas de pressão arterial não invasivas, não

são fidedignas e por isso quando se suspeita de instabilidade hemodinâmica, a

monitorização com cateter arterial é indicada (SANCHES et al, 2007).

2.1.3 Alterações posturais e osteomioarticulares em obesos mórbidos

Levando em consideração o posicionamento corporal e a linha de gravidade,

a postura de uma pessoa pode ser considerada adequada ou inadequada. Uma

postura adequada exige o mínimo de sobrecarga sobre as estruturas ósseas,

musculares e articulares, associado a um baixo gasto energético, por outro lado,

uma postura inadequada é caracterizada por uma sobrecarga maior nas estruturas

que sustentam o corpo em associação com um equilíbrio pouco eficiente do corpo

sobre suas bases de apoio. O excesso de peso distribuído de forma irregular leva ao

indivíduo obeso a adoção de uma postura considerada inadequada ou precária

(SIQUEIRA; DA SILVA, 2011).

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As alterações posturais associadas à obesidade podem emergir em virtude

da ação mecânica desempenhada pelo excesso de peso do corpo somada ao

aumento das necessidades mecânicas regionais (SIQUEIRA; DA SILVA, 2011). A

presença de gordura corporal localizada no abdome leva a uma protrusão

abdominal, que desloca anteriormente o centro de gravidade, gerando assim,

adaptações na coluna vertebral, que quando se instalam de maneira definitiva, são

consideradas patológicas. A hiperlordose lombar leva a uma cifose torácica

compensatória, que por sua vez leva a um aumento da lordose cervical, juntamente

com anteriorização da cabeça (BRANDALISE; LEITE; 2010).

A hiperlordose lombar normalmente esta associada à fraqueza de

musculatura abdominal (com ênfase no músculo transverso do abdome e multífidos),

que deixa de exercer sua função compressiva sobre a coluna, com a anteriorização

da pelve, características encontradas em obesos graves com excesso de tecido

adiposo concentrado no abdome. A partir da curvatura excessiva localizada na

região lombar, são desencadeadas várias outras alterações compensatórias na

região da coluna e adjacências, como a hipercifose torácica, hiperlordose cervical,

ombros e cabeça anteriorizada. O quadro de lombalgia, muitas vezes presentes nos

obesos graves se justifica por uma alteração biomecânica da região, que promove

fraqueza e distensão muscular adicionado ao tensionamento de estruturas

articulares quando em movimento (SIQUEIRA; DA SILVA, 2011).

As alterações biomecânicas em obesos mórbidos citadas anteriormente

levam a anteversão pélvica, valgismo dos joelhos e pés planos (CHANCUR et al). As

sobrecargas mecânicas, o desalinhamento postural, juntamente com as alterações

do centro de gravidade causadas pela presença de abdome protuso, levam aos

obesos graves uma adaptação consequente de um novo esquema corporal.

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Nos pés, a ação de descarga do peso corporal faz com que o arco longitudinal

medial tenda a desabar, levando a uma planificação plantar, conhecida como pé

pronado ou valgo. Semelhante a um “efeito dominó”, o sistema locomotor destes

indivíduos vão adotando mecanismos compensatórios: A tíbia roda internamente,

levando a um quadro de dor, desgaste e compressão de estruturas mediais do

joelho, que, juntamente com a rotação interna da articulação do quadril, contribui

para o surgimento de joelho valgo, potencializando assim, o desalinhamento do

aparelho extensor e a predisposição para o surgimento de um quadro de

condromalácia patelar (GAMA et al 2009).

A osteoartrose do joelho, também chamada de gonartrose, é a consequência de alterações morfológicas, funcionais e estruturais das deformidades angulares adquiridas ao longo dos anos associadas ao excesso de compressão articular devido à obesidade e à má postura, acarretando diminuição da amplitude de movimento, espasmo muscular e crepitação articular, chegando a afetar uma em cada três pessoas a cima de quarenta anos (GAMA et al 2009).

Os obesos mórbidos adotam uma postura denominada cifolordótica, que

acarreta uma série de alterações osteomioarticulares, devido à sobrecarga nas

estruturas levando ao aparecimento da dor. Dentre as estruturas sobrecarregadas,

possivelmente consideradas como potenciais fontes de dor pode-se citar: o ligamento

longitudinal anterior, o espaço posterior do disco e forame intervertebral (que se

encontram estreitados, podendo comprimir vasos sanguíneos e nervos), as facetas

articulares, que se encontram aproximadas, podendo gerar assim, irritação sinovial e

inflamação articular. Se tratando dos comprometimentos musculares, observa-se a

diminuição da flexibilidade dos músculos flexores do quadril (ílio psoas, tensor da

fáscia lata e reto femoral) e dos músculos extensores lombares (eretores da espinha),

e um alongamento e fragilidade da musculatura abdominal.

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A anteriorização da cabeça pode acarretar no surgimento de disfunções na ATM

(Articulação temporo-mandibular) (ANDRADE; URTIGA; DE LIMA, 2009).

2.2 A cirurgia bariátrica e suas possíveis complicações pós- operatórias

2.2.1 Indicações e contraindicações cirúrgicas

O tratamento de primeira escolha para obesidade deve ser sempre baseado

em mudanças no estilo de vida, com implementação de hábitos alimentares

saudáveis, através de dietas leves e balanceadas juntamente com a prática regular

de atividade física (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E

METABÓLICA). O tratamento medicamentoso requer de uma avaliação médica

especializada e minuciosa, realizada individualmente de acordo com as

necessidades de cada paciente, além disto, ele é utilizado apenas como coadjuvante

no referido tratamento de primeira escolha (HALPERN; MANCINI, 2002).

Conforme os preceitos médicos, a indicação cirúrgica deve ser decidida sob a análise de três critérios: IMC, idade e tempo da doença. Em relação ao índice de massa corpórea (IMC): IMC acima de 40 kg/m², independentemente da presença de comorbidades; IMC entre 35 e 40 kg/m² na presença de comorbidades; IMC entre 30 e 35 kg/m² na presença de comorbidades que tenham obrigatoriamente a classificação “grave” por um médico especialista na respectiva área da doença. É também obrigatória a constatação de “intratabilidade clínica da obesidade” por um endocrinologista. Em relação à idade: Abaixo de 16 anos: exceto em caso de síndrome genética, quando a indicação é unânime, o Consenso Bariátrico recomenda que, nessa faixa etária, os riscos sejam avaliados por cirurgião e equipe multidisciplinar. A operação deve ser consentida pela família ou responsável legal e estes devem acompanhar o paciente no período de recuperação. Entre 16 e 18 anos: sempre que houver indicação e consenso entre a família ou o responsável pelo paciente e a equipe multidisciplinar. Entre 18 e 65 anos: sem restrições quanto à idade. Acima de 65 anos: avaliação individual pela equipe multidisciplinar, considerando risco cirúrgico, presença de comorbidades, expectativa de vida e benefícios do emagrecimento. Em relação ao tempo da doença: Apresentar IMC e comorbidades em faixa de risco há pelo menos dois anos e ter realizado tratamentos convencionais prévios. Além disso, ter tido insucesso ou recidiva do peso, verificados por meio de dados colhidos do histórico clínico do paciente (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA).

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Indivíduos com adiposidade extremamente excessiva, portadores de

pneumopatias graves, insuficiência renal, lesão acentuada do miocárdio e cirrose

hepática, são contra indicados para realização da cirurgia. A indicação ou não da

bariátrica para pacientes psiquiátricos é tema de controvérsia entre os

pesquisadores do assunto (FANDINO et al, 2004)

2.2.2 A Cirurgia bariátrica

São inúmeros os sinônimos para o tratamento cirúrgico da obesidade:

cirurgia bariátrica, cirurgia da obesidade, cirurgia metabólica, ou até mesmo redução

de estômago, uma designação bastante popular. Independentemente da

nomenclatura escolhida, o importante é que a cirurgia bariátrica reúne técnicas com

respaldo cientifico destinadas ao tratamento da obesidade e das doenças a ela

associadas (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E

METABÓLICA). Esta cirurgia consiste em um método de tratamento eficaz para o

controle de peso em longo prazo para obesos mórbidos (BRANCO et al, 2011) A

avaliação desses pacientes realizadas no pré e no pós-operatório requer a

necessidade de uma equipe multidisciplinar, composta por vários profissionais da

área de saúde (SEGAL; FANDINO, 2002)

O impacto econômico da obesidade mórbida é de grande relevância.

Estimativas indicam que de 2 a 8 % dos gastos em tratamento de saúde em vários

países do mundo sejam destinados à obesidade (FANDINO et al, 2004). Em países

como os Estados Unidos, os obesos graves são responsáveis por 21% de todos os

custos da saúde associados à obesidade (PADWAL et al, 2009). Esse país investe

por ano 10 milhões de dólares, direcionados para pesquisa, tratamento e prevenção

da obesidade (ARCILA et al, 2002).

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Os custos da cirurgia bariátrica impactam agressivamente o orçamento de

saúde pública brasileiro. Nas últimas décadas, registrou-se um aumento de 542%

dos procedimentos cirúrgicos, devido ao aumento da prevalência da obesidade e da

regulamentação da bariátrica pelo SUS. Além disso, 20% da população brasileira

possuem planos de saúde, onde existe a possibilidade para realizar a cirurgia

bariátrica, com o intervalo mínimo desde sua indicação (SUSSENBACH, 2011).

Em relação à incisão cirúrgica, a cirurgia bariátrica pode ser realizada de

duas formas, a cirurgia aberta (tradicional) e a cirurgia laparoscópica. Essa última

apresenta vantagens sobre o método cirúrgico convencional, por ser um método

menos invasivo. A vídeolaparoscopia reduz a morbidade pós-operatória, reduz a

agressão a órgãos e sistemas e apresenta tempo de recuperação diminuído. A

principal desvantagem para realização deste tipo de cirurgia é o custo dos materiais

utilizados no procedimento, que nem sempre são custeados pelo SUS ou convênios

particulares (VALENTE; TERZI, 2012).

As cirurgias realizadas por vídeo podem apresentar intercorrências havendo

a necessidade de conversão em cirurgia aberta. A experiência do cirurgião e de sua

equipe deve ser levada em consideração, no entanto, alguns problemas como,

hemorragias incontroláveis, trauma nas vias biliares ou falta de visibilidade de

estruturas anatômicas; são fatores que levam a necessidade de abertura da

cavidade abdominal, para realização do procedimento convencional. Quando por

algum motivo existe dificuldade cirúrgica, o tempo cirúrgico é prolongado, e as

alterações cardiorrespiratórias aumentam, elevando a possibilidade de complicações

no pós-operatório (OLIVEIRA, 2005).

A tabela de número 02 apresenta uma comparação entre os dois

procedimentos mencionados anteriormente:

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FONTE: SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA.

TABELA O2 – COMPARAÇÃO ENTRE OS PROCEDIMENTOS CIRÚRGICOS ABERTOS E POR VIDEOLAPAROSCOPIA

DADOS

VIDEOLAPAROSCÓPICA

ABERTA

Custo médio (R$)

R$15 mil a 25 mil

R$10 mil a 15 mil

Duração da cirurgia

40 minutos a 1h30 min

2 a 3 horas

Tempo de internação

36 horas

120 horas

Retorno á rotina normal

10 dias

30 a 60 dias

Numero e tamanho da

incisão

05 cortes de 0,5 a 1,2 cm

cada

01corte de pelo menos

20 cm

Incidência de hérnia no

corte em 01 ano

3%

30%

Custos de re-operação e

internação

R$ 8.000,00

R$ 8.000,00

Cirurgias realizadas em

2010 no Brasil

21 mil (35%)

39 mil (65%)

Dor pós-operatória

Leve por um dia ou

inexistente

Moderada a intensa por

sete dias

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Em relação aos tipos de procedimento a cirurgia bariátrica é classificada em

duas categorias: restritiva e disabsortiva. Estas duas técnicas podem ser mescladas

e utilizadas numa mesma cirurgia, formando um procedimento misto. Nos

procedimentos restritivos, partes do estômago são fechadas, tornando-o menor e

restringindo a quantidade de alimento ingerido. Nas cirurgias restritivas o processo

digestivo normal não é interferido, como resultado, os pacientes perdem a

capacidade comer grande parte de comida uma só vez. Já os procedimentos

disabsortivos apresentam uma técnica combinada, que consiste na restrição do

estômago com um desvio parcial do intestino delgado (CAPELLA, 1996). Numa

breve comparação entre os dois tipos de procedimentos, pode-se dizer que as

técnicas restritivas são mais simples, oferecem um risco menor e uma adaptação

mais fácil pelo paciente. Por outro lado, as técnicas disabsortivas impõem um

controle mais rígido em relação aos distúrbios metabólicos de elementos minerais e

vitaminas, em contrapartida, este procedimento oferece uma perda maior de peso,

correspondente até 50% do peso inicial (CAVALIERE, 2004).

No Brasil são aprovadas quatro modalidades diferentes de cirurgia bariátrica,

podendo ser realizadas por procedimento aberto ou por videolaparoscopia. São elas:

Bypass gástrico, banda gástrica ajustável; gastrectomia vertical e duodenal Switch.

Dentre as técnicas citadas, o Bypass gástrico, um procedimento misto, recebe

destaque por ser o tipo de cirurgia mais realizada no Brasil, correspondendo a 75%

do total de cirurgias. Esta técnica também conhecida como gastroplastia com desvio

intestinal em “Y de Roux”. Em nível de curiosidade, esta nomenclatura foi uma

homenagem ao cirurgião que criou a técnica, o Dr. Roux, a letra “Y” esta relacionada

com a costura realizada no intestino, que tinha formato de “Y” (SOCIEDADE

BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA).

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A técnica de gastroplastia intestinal em Y de Roux consiste na secção do

estômago, onde se delimita juntamente a cardia, um pequeno reservatório de

aproximadamente 20 ml com um orifício de 1,3 cm de diâmetro que limita seu

esvaziamento. Todo o restante do estômago, o duodeno e os 30 cm iniciais de

jejuno, ficam excluídos permanentemente do trajeto por onde passa o alimento. O

pequeno reservatório gástrico sofre anastomose, se ligando assim, com uma alça

jejunal isolada em Y de Roux. O material secretivo proveniente do estômago e do

duodeno exclusos desembocam no jejuno, através de uma anastomose localizada

90 cm abaixo (GARRIDO, 2000).

A Banda gástrica ajustável chegou ao Brasil em 1996 representando 5% dos

procedimentos bariátricos realizados nesse país. Considerada uma técnica segura e

eficaz (com uma perda de 20 a 30% do peso inicial), instala-se um anel de silicone

inflável, que se ajusta ao redor do estômago, apertando um pouco mais ou um

pouco menos o órgão, podendo assim controlar o esvaziamento do estômago.

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA).

Também conhecida com Gastroplastia vertical com bandagem, a

gastrectomia vertical, é uma técnica bastante recente, onde o estômago é

seccionado verticalmente por grampeadores lineares, transformando-o em um tubo

gástrico com capacidade bastante reduzida (LEMOS et al, 2005). É considerado um

procedimento totalmente restritivo e muito simples, sem anastomoses e com menor

risco de complicações, sendo mais eficaz para pacientes super obesos com IMC

maior que 50 Kg/m2 (BRANCO et al, 2011).

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O procedimento Duodenal switch foi descrito em 1987, por Demeester,

inicialmente como solução cirúrgica para gastrite primaria por refluxo biliar ou para

diminuir os sintomas da pós-gastrectomia (GARY et al, 2003). A técnica é uma

associação entre a gastrectomia vertical e desvio intestinal, onde 85% do estomago

são retirados, porém a anatomia básica e o processo fisiológico de esvaziamento

são mantidos. O desvio intestinal reduz a absorção de nutrientes, levando ao

emagrecimento, que corresponde a uma perda de 40 a 50% do peso inicial

(SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E METABÓLICA).

Em alguns casos de pacientes portadores de superobesidade (IMC maior

que 50 kg/m2), é indicada na fase de preparo pré-operatória da cirurgia metabólica,

uma terapia auxiliar denominada balão intra-gástrico. Considerado um procedimento

não cirúrgico, o balão intra-gástrico é realizado via endoscópica onde um implante

de prótese de silicone é implantado no estômago visando a diminuição de sua

capacidade e a sensação de saciedade para o doente. O balão é preenchido com

500 ml de liquido azul de metileno, e quando ele vaza ou rompe a urina expelida

apresenta coloração azulada. O paciente fica com o balão por um período médio de

seis meses (SOCIEDADE BRASILEIRA DE CIRURGIA BARIÁTRICA E

METABÓLICA).

2.2.3 – As possíveis complicações causadas pela anestesia

A anestesia geral é a técnica de escolha para a maioria dos procedimentos

cirúrgicos laparoscópicos, pois ela elimina o desconforto causado pelo

pneumoperitônio de CO2 e pelas mudanças de decúbito do paciente na mesa de

cirurgia. A seleção de drogas anestésicas influencia no despertar precoce, livre de

ações residuais e com o surgimento de menos efeitos colaterais, como náusea,

vômitos, dor e depressão respiratória no pós- operatório (OLIVEIRA, 2005).

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Logo após a anestesia geral, ocorre o aparecimento de atelectasias em áreas

dependentes do parênquima pulmonar que são responsáveis pelas alterações de

oxigenação peri operatória (SOUZA, 2009).

Com intuito de uma melhor visualização das estruturas anatômicas a serem

trabalhadas, as cirurgias laparoscópicas, necessitam da introdução de um gás

dentro da cavidade abdominal, gás esse que causa distensão e separa as paredes

dos órgãos internos entre si, resultando num espaço maior para realização do

procedimento. O pneumoperitônio de CO2 de ser instalado de forma lenta, iniciando

em um fluxo baixo, aumentando progressivamente. A insuflação de gás carbônico na

cavidade abdominal repercute em uma série de alterações sistêmicas, como

aumento da pressão intra-abdominal, diminuição do volume sanguíneo central,

aumento da resistência vascular sistêmica, diminuição do débito cardíaco, aumento

da pressão arterial, redução da complacência pulmonar, elevação diafragmática,

diminuição da CV, CPT e CRF. Todas essas alterações sistêmicas podem

desencadear em complicações no período pós-operatório. Arritmias cardíacas,

enfisema de mediastino, hipotensão, hipoxemia, pneumotórax, embolia pulmonar por

CO2 e colapso cardiovascular, são complicações graves que podem surgir devido à

altas pressões(acima de 20 mmHg) utilizadas para insuflação de CO2 (OLIVEIRA,

2005).

Alterações respiratórias durante as anestesias podem contribuir para o

aumento da PaCO2, diminuição de mais de 50% da complacência pulmonar e

elevação do pico e “plateau” de pressão das vias aéreas durante aumento na

pressão e volume intra-abdominais para a instalação do pneumoperitônio. As

regiões de base pulmonar originam atelectasias, com queda na CV e na CRF,

levando a um aumento do espaço morto e desequilíbrio na relação

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ventilação/perfusão (CAVALCANTI; FERNANDO; ASSAD, 2006). Dentre as

alterações que anestesia geral causa no aparelho respiratório, pode-se citar: a

diminuição da ação ciliar normal da árvore traqueobrônquica, podendo levar ao

maior acúmulo de secreções; a depressão do centro respiratório, localizado no SNC,

o que leva a um padrão respiratório superficial, com VC e CV; e depressão dos

reflexos de tosse (KISNER; COLBY, 2005).

As alterações que a anestesia geral causa no parênquima pulmonar são de

grande importância, elas juntamente com as possíveis complicações após a cirurgia

vão direcionar a conduta fisioterapêutica. A CRF pode estar reduzida em até 30%

nas primeiras 24 horas pós- cirúrgicas, podendo permanecer por muitos dias. Esse

fato se relaciona com a disfunção diafragmática, que aparentemente pode estar

associada com aumento do tônus abdominal e/ ou uma redução reflexa do nervo

frênico. A redução do volume pulmonar desencadeia na redução da complacência

muscular, que aumenta a resistências das vias aéreas, gerando atelectasias

(PRYOR ; WEBBER, 2002)

Outra alteração anestésica importante em pacientes muito obesos, é a

redução da pressão pulmonar inspiratória. A narcose reduz a sensibilidade do centro

respiratório, dificultando a eliminação de gás carbônico. O débito cardíaco então é

diminuído, reduzindo drasticamente o fluxo sanguíneo pulmonar e a perfusão

pulmonar, aumentando o espaço morto fisiológico e deixando a relação ventilação-

perfusão desproporcional (PRYOR; WEBBER, 2002).

A resistência vascular pulmonar pode aumentar devido a períodos de hipóxia

e hipercarpnia precipitando assim uma IC direita. Obesos mórbidos sob sedação,

não devem ventilar espontaneamente, necessitando de Ventilação mecânica, em

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geral com alta fração inspirada de oxigênio e provável adição de PEEP

(MANCINI, 2001).

As alterações de volumes pulmonares encontradas em obesos mórbidos se

intensificam durante a anestesia e a posição deitada, levando a uma redução

adicional de 50% da CRF (MANCINI, 2001), portanto, quanto maior o tempo

anestésico maior a probabilidade de ocorrência de complicações pulmonares. Estes

pacientes, quando em anestesia tendem a colapsos alveolares, que podem ser

corrigidos na ventilação mecânica, se alterando o VC, porém cuidados devem ser

tomados, pois se é administrado um volume corrente muito alto, pode gerar uma

elevação importante da pressão da via aérea, o que pode ser intrinsicamente

prejudicial ao parênquima pulmonar (AULER JR; GIANNINI; SARAGIOTTO, 2003).

Pacientes portadores de SAOS que entram no processo cirúrgico

apresentam um risco maior de mortalidade durante a anestesia ou ato cirúrgico

propriamente dito. Quando esta comorbidade é de longa duração, os doentes podem

desenvolver a Síndrome de Pickwick, como resultado de uma dessensibilização dos

centros respiratórios para hipóxia ou hipercarpinia. Esta síndrome, também

conhecida como síndrome de hipoventilação da obesidade, se caracteriza por

sonolência, hipóxia, hipercarpnia e obesidade (BAGATINI et al, 2006).

O RGE se relaciona com a medicação administrada antes da anestesia,

além de se apresentar como um dos fatores que aumentam a possibilidade de

regurgitação e aspiração pulmonar durante a indução da anestesia. Para estes

casos medidas de profilaxia com o uso de medicamentos são adotadas 60 a 90

minutos antes da cirurgia (BAGATINI et al, 2006).

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2.2.4 As possíveis complicações pós- operatórias da cirurgia bariátrica por

videolaparoscopia

A cirurgia de obesidade, tem se mostrado um tratamento seguro, no entanto

complicações pós-operatórias podem existir (VALENTE; TERZI, 2012),

representando um grande problema para cirurgiões e anestesistas, pois muitas

delas são decorrentes da anestesia e do tempo seu tempo (BAGATINI et al, 2006).

As cirurgias abdominais realizadas com incisão acima da cicatriz do umbigo

apresentam maiores incidências de complicações pulmonares, quando comparadas

com as cirurgias de baixas incisões. Isso ocorre pela perda da integridade da

musculatura do abdome em consequência da diminuição da força de contração, o

que leva a alterações tóraco-abdominais por dor ou inibição reflexa (DELGADO;

LUNARDI, 2011).

O pós-operatório da cirurgia bariátrica pode apresentar complicações gerais,

comuns, independentemente da modalidade cirúrgica realizada e aquelas

complicações específicas, de um determinado tipo de cirurgia. Como exemplos

destas complicações específicas, se tem a banda gástrica ajustável, com índice de

mortalidade de 0,02 a 0,1 %, apresenta a derrapagem da banda ajustável como uma

complicação bastante comum. Esta derrapagem ocasionava complicações como

intolerância alimentar e refluxo gastresofágico. A erosão da banda gástrica para o

lúmem do estomago também é bastante frequente, e pode apresentar sintomas

como dor abdominal e infecção no local de acesso. Já no caso da técnica de bypass

gástrico, as deficiências de ferro e vitamina B12, embolia pulmonar, fístulas, TVP,

abscesso, obstrução intestinal, estenose da gastrojejunostomia são complicações

bastante comuns (BEAUCHAMP et al, 2009).

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As complicações respiratórias são as mais frequentes, sendo consequência

da própria obesidade e da manipulação cirúrgica na parte superior do abdômen, elas

resultam na redução das capacidades e volumes pulmonares (BAGATINI et al,

2006).Como já foi relatado, o obeso mórbido adota um padrão restritivo, devido ao

acúmulo em excesso de gordura, principalmente na região abdominal. Esta

síndrome restritiva se agrava após anestesia geral, reduzindo ainda mais os

volumes pulmonares e a CRF, favorecendo assim o desenvolvimento de

atelectasias, uma alteração respiratória bastante comum, que pode ocorrer no pós-

operatório da cirurgia bariátrica, independentemente do procedimento adotado

(VALENTE; TERZI, 2012). A pneumonia também é uma complicação presente após

o procedimento, ela pode ocorrer devido à diminuição da atividade mucociliar, tosse

ineficiente e aumento de secreções pulmonares. Já a embolia pulmonar é a

complicação mais comum no pós- operatório da cirurgia metabólica , estando ela

associada aos altos valores de IMC, SAOS e HAS. Quadros de hipoventilação e

insuficiência respiratória também estão incluídas nas complicações respiratórias

mais comuns da cirurgia bariátrica (DELGADO; LUNARDI, 2011).

Evidências demonstram a disfunção diafragmática como principal fator

etiológico nas complicações pulmonares pós-operatórias. Possivelmente esta

disfunção é originada na manipulação das vísceras durante o ato cirúrgico, que

determina a inibição reflexa do nervo frênico e consequente paresia temporária do

diafragma (COSTA et al, 2009).

Uma complicação bem comum no pós-operatório da cirurgia que trata a

obesidade é a TVP (BRASILEIRO; MOURA; SANTOS, 2006), que consiste na

formação de trombos que atingem o sistema venoso profundo, causando uma

oclusão parcial ou total da veia acometida. Quando esses trombos se deslocam pela

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circulação sanguínea, eles podem parar e se alojar na artéria pulmonar, levando a

complicação pós-operatória que frequentemente evolui para óbitos, a embolia

pulmonar (PICINATO, 2008). A videolaparoscopia apresenta risco moderado para

TVP, risco este, proveniente do pneumoperitônio de gás carbônico e a posição de

tredelemburg invertida, que fazem com que o retorno venoso dos MMII fique

reduzido, levando a um quadro de estase venosa e consequente aumento do risco

de trombose (BRASILEIRO; MOURA E SANTOS, 2006).

A parede arterial é composta por uma variedade de colágenos, as

deficiências nutricionais encontradas no pós-operatório dos procedimentos

bariátricos podem levar a alterações nesta parede, deixando-as frágeis, levando ao

risco de complicações como dissecções e aneurisma de aorta, no entanto, outras

complicações cardiovasculares são encontradas em literaturas (GAIA et al, 2008 )

Dentre os distúrbios gástricos pós bariátrica, a Síndrome de Dumping surge

de uma resposta fisiológica relacionada ao consumo de alimentos não compatível

com a nova capacidade de armazenamento do estômago, adquirida após o

processo cirúrgico. Diarreias, dores abdominais, sudorese, palpitações, palidez,

desmaios e fraqueza, são os sintomas apresentados por esta síndrome (LEMKER;

CORREIA, 2008).

Ao tratar dos distúrbios nutricionais após a cirurgia bariátrica, vale ressaltar a

deficiência de vitamina B12, envolvida na maturação das células vermelhas. A

deficiência desta vitamina, também conhecida como cobalamina, pode ocasionar

transtornos hematológicos, neurológicos e cardiovasculares. A falta de cobalamina

pode levar a uma anemia macrocítica, onde ocorre uma diminuição na produção de

células vermelhas juntamente com um transporte de oxigênio deficiente. Para evitar

danos irreversíveis pela falta desta vitamina o diagnóstico precoce é essencial

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(MANCINI, 2010). As complicações neurológicas, devido a distúrbios nutricionais,

estão entre as mais temidas complicações da cirurgia bariátrica (VALENTE; TERZI,

2012).

Quanto à função renal, a oligúria é uma complicação comum e ocorre por

uma diminuição de perfusão e fluxo do sangue renal, que leva a redução do ritmo de

filtração glomerular, no débito urinário e na eliminação de sódio. A diminuição do

débito urinário também pode ocorrer pela compressão da veia cava, gerada pela

PIA, consequente da introdução de CO2 no abdômen ou de maneira secundária

devida as elevadas concentrações de hormônio antidiurético (OLIVEIRA, 2005).

2.3 A fisioterapia respiratória pré – operatória na cirurgia bariátrica

2.3.1 A importância da avaliação fisioterapêutica

Antes da realização de qualquer conduta fisioterapêutica, o paciente

necessita de uma avaliação, cujo objetivo é definir de maneira correta os problemas

do paciente. Uma avaliação correta aliada a um sólido conhecimento teórico

possibilita o desenvolvimento de um plano apropriado de tratamento para os

problemas que podem ser melhorados com a fisioterapia (PRYOR; WEBBER, 2002).

O inicio de uma boa avaliação, surge a partir da entrevista com o paciente,

juntamente com o apanhado de sua história clinica. A entrevista consiste em uma

série de questões direcionadas, onde a informação especifica se relaciona com a

busca do diagnóstico. Realizar perguntas chaves, no tempo certo, requer habilidade,

que provem de experiência e da familiaridade com os sinais e sintomas da doença

pulmonar, dentre os quais podemos citar: dispneia, tosse, hemoptise, dor torácica e

febre. Outro ponto de grande importância no inicio de uma avaliação fisioterapêutica

é a anamnese, composta por QP, HDA, HPP, HF, HSA. Todos os profissionais de

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saúde devem estar familiarizados com a história clinica dos pacientes que eles estão

tratando (WILKINS; STOLLER; KACMAREK, 2009).

Numa próxima etapa da avaliação compõe-se do exame físico, que se

realizado de maneira cuidadosa, é essencial para avaliar as possíveis patologias do

paciente, determinando assim os efeitos da terapia. O exame físico é composto por

quatro elementos: inspeção, que é o exame visual, palpação, percussão e ausculta.

Durante a avaliação deve-se correlacionar os métodos avaliativos com as

características e particularidades do doente, no caso de obesos, durante o exame de

palpação, o frêmito tátil frequentemente se encontra diminuído (WILKINS;

STOLLER; KACMAREK, 2009). Ao examinar um paciente com obesidade mórbida,

as cormorbidades mais prevalentes, como HAS, osteoartrose, SAOS, RGE, DM e

asma merecem destaque (BAGATINI et al, 2006). A avaliação pré-operatória do

doente portador de obesidade é de grande importância para o estabelecimento do

vinculo terapeuta/paciente. Nela o fisioterapeuta toma conhecimento sobre fatores

de risco, comorbidizes e possíveis disfunções nos sistemas orgânicos de interesse

(respiratório, cardiovascular, musculoesquelético), permitindo um comparativo com o

pós-operatório, onde muitas destas disfunções podem ser adquiridas e/ou

agravadas. Dessa forma, se objetiva um atendimento eficaz para o doente (COSTA

et al, 2006).

A avaliação fisioterapêutica deve se adaptada e dirigida para o obeso grave

juntamente com suas alterações fisiopatológicas, considerando os períodos pré e o

pós-operatório. Pode-se citar como exemplo, a avaliação dos músculos respiratórios,

se utiliza a PImáx para indicar a força do diafragma e a PEmax para avaliar a

musculatura abdominal e os intercostais. No estudo de Nicola e Rigatto onde foram

avaliadas seis mulheres obesas divididas em dois grupos de três, sendo o primeiro

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grupo composto por mulheres que realizaram a cirurgia bariátrica e já tinha seus IMC

diminuídos, e um segundo grupo, com obesas mórbidas treinadas em período pré-

operatório com mais de três meses, apresentando IMC médio de 44kg/m2. O grupo

1, apresentou mecânica respiratória alterada, com valores de Pimax abaixo do

normal, pois a perda de peso decorrente da cirurgia, levou a uma diminuição na

força dos músculos respiratórios. Já o grupo 2 não apresentou alterações de PImax

e PEmax, devido aos obesos mórbidos apresentarem maior sobrecarga inspiratória,

que corresponde a um efeito de treinamento sobre a musculatura respiratória

(NICOLA E RIGATO, 2008).

A cirtometria, também designada como perimetria toracoabdominal, tem

como finalidade avaliar a expansibilidade torácica, muitas vezes reduzida em obesos

mórbidos. Essa técnica de medida tem sido bastante utilizada na avaliação

fisioterapêutica apresentando com objetivo a avaliação da mobilidade do gradil

costal e do abdome durante os movimentos respiratórios. A perimetria toraco-

abdominal pode ser usada tanto no período pré , quanto no período pós -operatório

servindo como índice comparativo (COSTA et al 2009).

2.3.2 A fisioterapia respiratória pré-operatória

A fisioterapia respiratória pode atuar prevenindo ou tratando doenças

respiratórias em ambulatórios, hospitais e unidades de terapia intensiva. Para isto,

ela se utiliza de diversas técnicas e procedimentos terapêuticos, com o objetivo de

estabelecer ou reestabelecer um padrão respiratório funcional, onde os gastos

energéticos durante a ventilação são reduzidos, tornado assim, o paciente

capacitado para realizar suas AVD’s, com o seu organismo isento de grandes

transtornos e repercussões negativas (ABREU et al, 2007).Por sua vez, a

fisioterapia respiratória utilizada em pré-operatórios tem como objetivo a melhora da

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capacidade respiratória e da funcionalidade pulmonar, capacitando o paciente para o

procedimento cirúrgico e prevenindo complicações prováveis no pós- operatório, tais

como infecções e atelectasias (TENORIO; SANTOS, 2008).

Como já foi visto, os obesos graves apresentam uma serie de alterações

anato-fisiológicas, principalmente alterações pulmonares, que necessitam de

avaliações específicas na função pulmonar, aliadas a um tratamento fisioterapêutico,

tanto no período pré como no período pós- operatório. Os objetivos do tratamento

com a fisioterapia respiratória se baseiam no monitoramento das condições

mecânicas do aparelho respiratório, no auxilio e orientação de medidas preventivas

e de reabilitação (NICALO E RIGATO, 2008).

A intervenção fisioterapêutica no período pré-operatório da cirurgia bariátrica

esta relacionada com a análise de uma boa avaliação pulmonar, composta de

espirometria, onde são avaliados volumes e capacidades pulmonares; PImax e PEmax,

avaliadas através do manovacuômetro; padrões respiratórios, que podem ser

avaliados pela FR; Saturação de oxigênio, podendo ser avaliada por oximetros de

pulso; entre outros. Quando as anormalidades pulmonares são identificadas no

período pré-operatório, os doentes podem ser tratados mais intensamente,

reduzindo assim, as possíveis complicações pós-operatórias (SILVA et al, 2007).

As orientações gerais fornecidas ao pacientes no período pré-operatório são

de grande valia e diminuem os níveis de ansiedade do paciente, tornando-o mais

preparado para o pós-operatório. O fisioterapeuta pode orientar e informar os

pacientes sobre uma série de assuntos, como a importância da fisioterapia na

redução de complicações pós-operatórias; os efeitos da cirurgia e da anestesia na

função respiratória; a localização e cuidados com incisões cirúrgicas, o manuseio e

os cuidados com o dreno; a importância da mobilização precoce; o posicionamento

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adequado quando restrito ao leito; o controle adequado da dor através de um

programa regular com exercícios de expansão torácica e a maneira correta de tossir.

(PRYOR ; WEBBER, 2002).

Como já foi relatado os obesos mórbidos apresentam um aumento do

trabalho respiratório com um maior consumo de oxigênio e de energia gasta na

ventilação. Nesse caso, o fisioterapeuta pode aplicar a técnica de controle

respiratório, que consiste na respiração corrente normal usando o tórax inferior com

relaxamento da região superior e ombros. O controle respiratório também pode ser

utilizado como controlador de uma crise de tosse ou tosse paroxística. (PRYOR ;

WEBBER, 2002).

Levando em consideração o padrão restritivo (onde a expansão pulmonar e

a caixa torácica se encontram em restrição) e o risco para o desenvolvimento de

atelectasias pós-operatórias em obesos mórbidos, a inspirometria de incentivo, pode

ser um recurso eficiente empregado no período que antecede a cirurgia. Essa

técnica é realizada através de aparelhos a fluxo ou a volume, que oferecem um

feedback visual para os pacientes quando o fluxo ou volume desejados tiverem sido

alcançados. Dentre os objetivos dessa terapia de expansão pulmonar, pode-se citar

ausência ou melhora dos sinais de atelectasia, melhora da PaO2 com diminuição da

Pa CO2, restauração da CRF ou CV pré-operatórios, aumento da CVF e melhora do

desempenho da musculatura inspiratória e tosse (WILKINS; STOLLER;

KACMAREK, 2009).A fraqueza muscular respiratória pré-operatória em obesos

graves aumenta incidência de complicações pulmonares no pós-operatório e o

treinamento muscular inspiratório auxilia na prevenção de complicações pós-

operatórias. Os estudos de Feltrim et al, demonstram que o treinamento muscular

inspiratório evita maiores complicações pulmonares, devido a melhora da força e

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endurance dos músculos respiratórios, podendo assim ser uma técnica

fisioterapêutica empregada antes da cirurgia (MIRANDA ,2011).

Nos doentes portadores de obesidade grave, a adiposidade central exerce

efeito mecânico direto sobre a caixa torácica e o músculo diafragma, ocasionando

uma restrição na expansão do tórax e redução dos volumes pulmonares. A

Estimulação Diafragmática Elétrica Transcutânea (EDET) é um dos recursos que o

fisioterapeuta respiratório pode empregar no pré-operatório desses pacientes. A

EDET tem como objetivo prevenir a hipotrofia da musculatura respiratória e a

diminuição dos volumes pulmonares através de contrações musculares

desencadeadas por estímulos elétricos. Essa recente técnica pode ser aplicada em

associação com técnicas respiratórias mais tradicionais, como inspirações

profundas, inspirações fracionadas em 2 e 3 tempos e exercícios respiratórios

associados a flexão de ombro com extensão dos MMSS(COSTA et al, 2009).

2.4 A fisioterapia respiratória no pós-operatório da cirurgia bariátrica

Sendo a gastroplastia classificada como uma cirurgia abdominal alta, além

das alterações pulmonares relacionadas com a obesidade já citadas anteriormente,

o paciente é submetido a um tipo de procedimento cirúrgico que altera a respiração,

padrão respiratório, trocas gasosas e mecanismos de defesa pulmonar, propiciando

o aparecimento de inúmeras complicações: pulmonares e não pulmonares no pós-

operatório (PAISANI, 2005).

O acompanhamento do paciente de pós-operatório da cirurgia bariátrica

deve ser ininterrupto, devido à cronicidade da doença associada aos efeitos

colaterais da cirurgia, que se forem bem controlados, podem ser tratados facilmente.

(MANCINI et al, 2010). A fisioterapia pós-operatória é de grande importância para a

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prevenção de complicações pulmonares pós-operatórias em pacientes submetidos à

cirurgia da obesidade, devendo ser iniciada o quanto antes (FONTANA; JACINTO;

PAULIN, 2009).

O pneumoperitônio com CO2, utilizado durante o período de anestesia, leva

a um aumento progressivo da pressão parcial de CO2 arterial (PaCO2). Com a

deflação do pneumoperitônio, o CO2 acumulado no sangue dos capilares peritoniais

colapsados, retorna a circulação sistêmica, necessitando ventilação adicional para

que ele seja eliminado. Por esse motivo os obesos mórbidos, se beneficiam com a

ventilação mecânica controlada prolongada no pós-operatório, pois mesmo sendo

hiperventilados no período intra-operatório, ainda existe risco de hipercarbia e

acidose, se forem mantidos em ventilação ao ar ambiente ou extubados antes do

tempo. Dependendo das doenças associadas, do tempo cirúrgico e intercorrências

no intra-operatório, estes pacientes são encaminhados para UTI após a cirurgia

(CAVALCANTI et al, 2006).

No momento que se precede o ato cirúrgico, os objetivos da fisioterapia são

prevenir e auxiliar na resolução de complicações pulmonares: reexpandindo áreas

pulmonares atelectasiadas; mantendo uma ventilação adequada para o paciente, de

acordo com as necessidades do mesmo; auxiliando na remoção de qualquer

secreção pulmonar em excesso, posicionando e mobilizando o paciente de maneira

correta e fazendo com que o paciente deambule o mais rápido possível (PRYOR;

WEBBER, 2002).

Todas as etapas da avaliação fisioterapêutica realizadas no pré-operatório

devem ser repetidas, porém com uma atenção maior devido às alterações causadas

pela anestesia e procedimento cirúrgico. A partir de uma minuciosa avaliação o

fisioterapeuta impõe seus objetivos com o paciente, que serão alcançados através

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da ajuda de técnicas fisioterapêuticas corretas e bem planejadas (PRYOR;

WEBBER, 2002)

O reflexo de tosse é deprimido pela sedação e pelas incisões abdominais.

Com os volumes pulmonares reduzidos, se torna mais difícil gerar pressão para

soltar e mobilizar o muco das vias (PRYOR; WEBBER, 2002). Nesse cenário a

fisioterapia entra em ação, ensinado ao paciente uma tosse efetiva, que é aspecto

essencial para limpeza de vias aéreas. Inicialmente o fisioterapeuta avalia a tosse

voluntária ou reflexa do paciente, depois ele escolhe a técnica mais efetiva a ser

empregada para aquele caso. Dentre as técnicas podemos citar: A tosse manual

assistida pelo fisioterapeuta; as técnicas auto assistidas de tosse; e as técnicas de

tosse onde o paciente com dor, imobiliza a região dolorosa para então tossir. Os

objetivos dessas técnicas de tosse são: estimulação de uma tosse mais forte e

eficaz que auxiliará na mobilização e expectoração de secreção, uma limpeza mais

eficiente das vias aéreas, prevenção de atelectasias e pneumonias (KISNER;

COLBY, 2005).

A aspiração endotraqueal se apresenta como um meio de limpar as vias

aéreas em pacientes que mesmo após serem estimulados através de mecanismos

reflexos de tosse se demonstram incapazes de tossir voluntariamente. O

procedimento de aspiração remove secreção apenas da traqueia e dos brônquios

principais. Vale ressaltar que somente profissionais capacitados podem utilizar essa

técnica em seus pacientes, pois quando realizado de maneira incorreta, este

procedimento pode lesionar vias aéreas e causar infecção (KISNER; COLBY, 2005).

O possível quadro álgico (nem sempre relatado) nos cortes cirúrgicos leva a

um quadro de imobilização muscular, com diminuição da complacência da parede

torácica, que por sua vez, leva a um padrão respiratório superficial (KISNER;

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COLBY, 2005). Com intuito da melhora desse padrão respiratório, os obesos

recentemente operados podem se beneficiar da técnica de alongamento intercostal,

onde uma pressão é aplicada na borda superior da costela, alongando assim o

musculo intercostal para baixo. A posição de alongamento se mantem e o paciente

continua respirando normalmente. Como resultado ocorre um aumento gradual nos

movimentos respiratórios na área sob e envolta da realização do exercício (PRYOR ;

WEBBER, 2002)

A inspirometria de incentivo se apresenta como sustentação da terapia de

expansão pulmonar durante muitos anos (WILKINS; STOLLER; KACMAREK, 2009).

O inspirômetro de incentivo tem sido muito usado para prevenir e tratar

complicações pulmonares após cirurgias abdominais. Trata-se de um instrumento

que reproduz o suspiro natural através de um feedback visual para o doente,

estimulando-o na realização de inspirações lentas e profundas. A prevenção de

colapso alveolar em pós-operatórios e o baixo custo dos aparelhos utilizados nessa

terapia devem ser consideradas no tratamento do paciente (CHINALI et al, 2009).

Os objetivos destes aparelhos, que podem ser a fluxo ou volume (PRYOR;

WEBBER, 2002) já foram descritos neste estudo, na fase pré-operatória.

Em pós-operatórios, como no caso da cirurgia bariátrica, são empregadas

inúmeras técnicas de cinesioterapia respiratória e manobras de higiene brônquica,

como: percussão, tapotagem, vibração, vibrocompressão, percussão cubital,

drenagem postural, TEF ou huff, shaking, freno labial, exercícios de inspiração

máxima sustentada, entre outros. De maneira generalizada o objetivo dessas

técnicas é mobilizar e favorecer a expectoração de secreções pulmonares,

melhorando a ventilação do paciente e prevenindo o surgimento ou o agravo de

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atelectasias ou pneumonias, complicações que podem ser desenvolvidas pelo

paciente bariátrico após a cirurgia (WILKINS; STOLLER; KACMAREK, 2009).

Os pacientes pós operados podem ser beneficiados com a ciclo ativo das

técnicas de respiração. O ACBT (Active Cycle of Breating Techniques) é um método

flexível de tratamento, que consiste em um ciclo de controle de respiração,

exercícios de expansão torácica e TEF (Técnica de expiração forçada). Os objetivos

do ACBT são: melhorar a mobilização e a eliminação de secreções brônquicas e

melhorar a função pulmonar (PRYOR; WEBBER, 2002). Levando em consideração

que os pacientes em pós-operatórios submetidos a cirurgia bariátrica apresentam

uma serie de alterações nas funções pulmonares e a pré-disposição para o

desenvolvimento de atelectasias, que podem se agravar com o acúmulo de

secreções no trato respiratório (Mancini, 2001), o ciclo ativo nas técnicas de

respiração pode se mostrar eficaz nestes pacientes (PRYOR ; WEBBER, 2002).

Os exercícios de expansão torácica consistem em respirações profundas

com ênfase na inspiração, que pode ser sustentada por 3 segundos, antes da

expiração relaxada e passiva. No caso de pós-operatórios, como a cirurgia

bariátrica, a sustentação da inspiração pode ser útil na diminuição do colapso

pulmonar, porém o paciente deve ser bem avaliado, pois se ele se apresentar muito

dispneico (fato que pode ocorrer em obesos recentemente operados), esta técnica

provavelmente se torna inapropriada. Os exercícios de expansão torácica podem ser

realizados em combinação com shaking (sacudidelas torácicas), vibração, vibro

compressões e tapotagem torácica (PRYOR; WEBBER, 2002).

A TEF é a combinação de uma ou duas expirações forçadas, também

conhecidas como “huffs” e períodos de controle de respiração. Tanto a TEF, quanto

a tosse, são eficientes para eliminar secreções pulmonares, no entanto a TEF requer

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menos esforço do paciente, fato importante quando se trata de um paciente obeso

em fase pós-operatória ( PRYOR ; WEBBER, 2002).

A grande quantidade de gordura armazenada na cavidade abdominal exerce

um efeito compressivo sobre o diafragma e a caixa torácica do obeso mórbido,

restringindo a expansibilidade dos pulmões, reduzindo os volumes pulmonares e as

incursões diafragmáticas. Nesse caso, os exercícios de reexpansão pulmonar por

meio de inspiração profunda, inspiração em tempos, soluços inspiratórios e

sustentação máxima inspiratória, realizados com ou sem elevação de MMSS

(FONTANA; JACINTO; PAULIN 2009)

A obesidade mórbida se associa como principal fator de risco para apneia

obstrutiva do sono. Obesos portadores de AOS exigem uma avaliação pré-

operatória rigorosa, pois apresentam o risco de descompensação respiratória com

agravamento da hipoventilação e distúrbios restritivos, muitas vezes estes pacientes

são indicados para VNI com usos de CPAP e BIPAP (CENEVIVA, 2006). No pós-

operatório imediato de cirurgias abdominais eletivas a VNI pode ser utilizada com

cautela, respeitando as limitações e contra-indicações, que estão sendo

apresentadas logo a seguir na tabela 3.

Indivíduos obesos mórbidos geralmente apresentam apneia obstrutiva do

sono, que muitas vezes depois da cirurgia evoluem para SAOS, uma doença

crônica, progressiva, incapacitante com alta mortalidade e morbidade

cardiovascular. Na maioria dos casos esses doentes são indicados para VNI com

usos de CPAP e BIPAP (CENEVIVA, 2006). Uma boa alternativa de tratamento

fisioterapêutico para os casos graves de SAOS é a o uso de CPAP; que cria uma

pressão positiva que alarga as vias respiratórias, resultando em um bom prognostico

da doença, com as apneias e roncos diminuindo na primeira noite de uso do

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aparelho. Embora exista uma série de questionários padrões na literatura médica

(Mancini 2000), a polissonografia é o exame de referência para o diagnóstico da

SAOS e é ela quem vai determinar ou titular o valor de pressão ideal para utilização

da CPAP (Pressão Positiva Contínua nas Vias Aéreas), pressão esta suficiente para

manter as vias aéreas superiores pérvias (CENEVIVA, 2006).

TABELA 3: CONTRA INDICAÇÕES PARA O USO DA VENTILAÇÃO NÃO

INVASIVA COM PRESSÃO POSITIVA

Diminuição da consciência, sonolência, agitação, confusão ou recusa do paciente.

Instabilidade hemodinâmica com necessidade de medicamento vasopressor.

Pressão arterial sistólica < 90 mm Hg.

Obstrução de via aérea superior ou trauma de face.

Tosse ineficaz ou incapacidade de deglutição.

Distensão abdominal, náuseas ou vômitos.

Sangramento digestivo alto.

Infarto agudo do miocárdio.

Pós-operatório recente de cirurgia de face, via aérea superior ou esôfago. OBS: Uso de VNI é controverso: pós-operatório de cirurgia gástrica, gravidez.

Fonte: FUNDAMENTOS DA TERAPIA RESPIRATÓRIA – EGAN

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Para os obesos submetidos à cirurgia metabólica a TVP se apresenta como

mais um tipo de complicação pós operatória, estando ela relacionada a fatores como

idade, tipo de cirurgia e fatores de risco associados (CARDOSO, 2011). A obesidade

visceral causa aumento da PIA, levando a estenose venosa em MMII e diminuição

da atividade fibrinolítica, gerando um estado de hipercoaguabilidade, aumentando o

risco de TVP e embolia pulmonar (MANCINI, 2001). Nesses casos o uso de

medicamentos profiláticos mostrou efetividade, no entanto, aumentaram o

sangramento (CARDOSO, 2011). Quando se fala em assistência fisioterapêutica na

trombose venosa profunda; embora ainda existam muitas controvérsias sobre o

assunto, estudos mais recentes, relatados no estudo de Penha et al, 2008 ,

demonstram que a estratégia terapêutica de deambulação precoce, combinada com

anticoagulação e compressão da perna afetada se mostrou eficaz no quadro de

edema e dor(Penha et al 2008).

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CAPÍTULO III

Metodologia

O presente estudo de revisão literária baseou-se em dados de fontes

bibliográficas como: Scielo, Pubmed e Google scholer, além de livros acadêmicos de

forma indireta e direta.

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CAPÍTULO IV

Conclusão:

De acordo com o presente estudo, conclui-se que a fisioterapia respiratória

aplicada no pré e no pós-operatório da cirurgia bariátrica por videolaparoscopia

assume um papel de grande importância na prevenção das possíveis complicações

pulmonares pós-operatórias. Desse modo a assistência fisioterapêutica torna-se

fundamental na abordagem multidisciplinar do paciente obeso com indicação de

tratamento cirúrgico.

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Referência bibliográfica

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