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TREINAMENTO FUNCIONAL PARA ATLETAS DE FUTSAL ENTRE 14 E 16 ANOS. FUNCTIONAL TRAINING FOR FUTSAL ATHLETES BETWEEN 14 AND 16 YEARS OLD. Bruno Teles Ricci – [email protected] Lucas Vaz Bezerra – [email protected] Raul Lucas Correia Stancia – [email protected] Graduandos do UNISALESIANO. Prof. Esp. Dagnou Pessoa de Moura - UNISALESIANO - [email protected] RESUMO O treinamento funcional atua de forma integrada para melhora de aspectos motores do dia-a-dia nos movimentos executados pelos seus praticantes. No âmbito esportivo pode ser integrado aos treinamentos específicos das modalidades. O Futsal é um esporte muito frequentado no Brasil, de forma a fazer com que as capacidades físicas de quem o pratica sejam aprimoradas. Foi realizado uma pesquisa experimental com abordagem quantitativa. Foram avaliadas as capacidades físicas agilidade, velocidade, flexibilidade e potência de membros inferiores, além de resistência abdominal. Para tal foram realizados o teste do SEMO (agilidade); corrida de 20 metros (velocidade); sentar e alcançar (flexibilidade); impulsão horizontal (potência de membros inferiores); e resistência muscular de abdome (resistência abdominal). Foi utilizada estatística descritiva (teste t student) para dados dependentes, onde foi adotado um nível de significância p ≤ 0,05. Somente o teste de agilidade e potencia de membros inferiores obtiveram um desempenho com melhora estatística. Palavras-chave: Treinamento funcional. Futsal. Capacidades físicas. ABSTRACT Universitári@ - Revista Científica do Unisalesiano – Lins – SP, ano 7, n.15, jul- dez de 2016

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TREINAMENTO FUNCIONAL PARA ATLETAS DE FUTSAL ENTRE 14 E 16 ANOS.

FUNCTIONAL TRAINING FOR FUTSAL ATHLETES BETWEEN 14 AND 16 YEARS OLD.

Bruno Teles Ricci – [email protected] Vaz Bezerra – [email protected]

Raul Lucas Correia Stancia – [email protected] do UNISALESIANO.

Prof. Esp. Dagnou Pessoa de Moura - UNISALESIANO - [email protected]

RESUMO

O treinamento funcional atua de forma integrada para melhora de aspectos motores do dia-a-dia nos movimentos executados pelos seus praticantes. No âmbito esportivo pode ser integrado aos treinamentos específicos das modalidades. O Futsal é um esporte muito frequentado no Brasil, de forma a fazer com que as capacidades físicas de quem o pratica sejam aprimoradas. Foi realizado uma pesquisa experimental com abordagem quantitativa. Foram avaliadas as capacidades físicas agilidade, velocidade, flexibilidade e potência de membros inferiores, além de resistência abdominal. Para tal foram realizados o teste do SEMO (agilidade); corrida de 20 metros (velocidade); sentar e alcançar (flexibilidade); impulsão horizontal (potência de membros inferiores); e resistência muscular de abdome (resistência abdominal). Foi utilizada estatística descritiva (teste t student) para dados dependentes, onde foi adotado um nível de significância p ≤ 0,05. Somente o teste de agilidade e potencia de membros inferiores obtiveram um desempenho com melhora estatística.

Palavras-chave: Treinamento funcional. Futsal. Capacidades físicas.

ABSTRACT

Functional training acts in an integrated way to improve day-to-day motor aspects in the movements performed by its practitioners. In the sport field can be integrated to the specific training modalities. Futsal is a very popular sport in Brazil, in order to make the physical capacities of those who practice it are improved. An experimental research with a quantitative approach was carried out. Physical abilities were assessed for agility, speed, flexibility and potency of lower limbs, as well as abdominal resistance. For this, the SEMO test (agility) was performed; 20-meter run (speed); Sit and achieve (flexibility); Horizontal impulsion (potency of lower limbs); And abdominal muscle resistance (abdominal resistance). Descriptive statistics (Student's t test) were used for dependent data, where a level of significance was adopted p ≤ 0.05. Only the agility and lower limb power test obtained a performance with statistical improvement.

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Keywords: Functional Training. Futsal. Physical Capabilities.

INTRODUÇÃO

O treinamento funcional é um tema muito abordado atualmente, tanto que

muitos profissionais de educação física têm utilizado esse método de treinamento

nas aulas propostas aos seus alunos.

Segundo Monteiro; Evangelista (2010), o treinamento funcional teve sua

origem através dos profissionais da área de fisioterapia, que utilizavam dos

exercícios padrões de movimentos corporais para a reabilitação de pacientes que

necessitavam de cuidados específicos após cirurgias e lesões, tendo em vista a

melhora no condicionamento físico durante a reabilitação dos pacientes

possibilitando um retorno breve as suas funções.

Thompson (2012) define o treinamento funcional como a utilização de força,

para a melhora do equilíbrio, coordenação, potência e resistência sendo

frequentemente utilizada em programas clínicos que imitam atividades da vida diária,

ou seja, para o indivíduo ter um melhor desempenho nas tarefas funcionais do dia a

dia e até mesmo nas tarefas desportivas.

O futsal é um esporte coletivo com muitos praticantes no Brasil e no mundo.

Em todo local que há uma quadra e fãs do esporte, as pessoas, principalmente

crianças e adolescentes, não perdem tempo e já o tem como uma atividade

esportiva.

Santos Filho (1998, p. 08) afirma que “os praticantes de futebol de salão

necessitam fundamentalmente de: endurance, velocidade, resistência muscular

localizada e potência muscular”. O mesmo autor ainda cita que a coordenação,

agilidade, equilíbrio, flexibilidade e ritmo são qualidades importantes em praticantes

de futsal.

O objetivo do estudo é verificar o efeito do treinamento funcional no

condicionamento físico dos atletas de futsal entre 14 e 16 anos. Pretende-se

também analisar o efeito do treinamento funcional nas capacidades físicas agilidade,

velocidade, flexibilidade, potência de membros inferiores e 15 resistência abdominal,

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além de observar se o treinamento funcional pode auxiliar na preparação física dos

atletas.

Para tal fim, foram utilizados os seguintes métodos de avaliação das

capacidades físicas citadas acima: o teste do SEMO, para a agilidade; o teste de

corrida de 20 metros, para a velocidade; o teste de sentar e alcançar, para a

flexibilidade; o teste de impulsão horizontal, para a potência de membros inferiores;

e o teste de resistência muscular de abdome, para resistência abdominal.

Diante do exposto, o estudo busca compreender quais alterações que o

treinamento funcional pode proporcionar nas capacidades físicas agilidade,

velocidade, flexibilidade, potência de membros inferiores e resistência abdominal no

período de 08 semanas em atletas de futsal de 14 a 16 anos de idade.

Dessa forma, acredita-se que o treinamento funcional pode melhorar as

capacidades físicas agilidade, velocidade, flexibilidade, potência de membros

inferiores e resistência abdominal para atletas de futsal de 14 a 16 anos de idade.

1 CONCEITOS PRELIMINARES

1.1 Treinamento Funcional

Clark (2001), afirma que movimentos funcionais referem-se a movimentos

integrados e que envolvem mais de um segmento ao mesmo tempo, que pode ser

realizado em diferentes planos e que envolvem diferentes ações musculares

(excêntrica, concêntrica, e isométrica).

Monteiro; Evangelista (2010) apontam que o treinamento funcional tem como

princípio preparar o organismo de maneira íntegra, segura e eficiente através do

centro do corpo (core), que é composto pelos três grupos musculares apresentados

a seguir.

Região do abdome: reto abdominal, oblíquo externo, oblíquo interno e

transverso do abdome.

Região da coluna lombar: grupo dos transversos espinhais (rotadores, inter

espinhais, inter transversais, semiespinhais e multifídios).

Região do quadril: glúteo máximo, glúteo médio, íliopsoas e isquiotibiais.

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Essa visão abrangente permite que o treinamento funcional atinja o objetivo

de controlar o sistema muscular esquelético, sem abrir mão do aperfeiçoamento do

sistema sensório motor e proprioceptivo esquecidos pelos treinamentos isolados.

O treinamento funcional procura levar a seus praticantes a um melhor

equilíbrio muscular e uma melhor estabilidade articular, estes benefícios podem ser

alcançados por meio de um treinamento que enfatize a capacidade natural do corpo

de mover-se nos três planos anatômicos (CLARK, 2001).

1.2 Preparação física no futsal

A preparação física é o meio utilizado por profissionais para fazerem com que

seus atletas possam ter o desenvolvimento das capacidades físicas utilizadas no

esporte de forma adequada e ordenada, visando o melhor rendimento ao longo de

toda a temporada competitiva (GOMES, 1999; DANTAS, 2003).

Para o desenvolvimento físico de atletas as equipes utilizam etapas de

preparação que são importantes durante a temporada competitiva.

O futsal é um esporte coletivo com muitos praticantes no Brasil e no mundo.

Criado oficialmente no Uruguai em 1933 por Juan Varlos Ariani o futebol de salão se

e ganhou a admiração de muitas pessoas.

Os principais fundamentos para um jogador de linha são: passe, chute (ou

finalização), recepção de bola, condução de bola, drible e finta.

Santos Filho (1998, p. 08) afirma que “os praticantes de futebol de salão

necessitam fundamentalmente de: endurance, velocidade, resistência muscular

localizada e potência muscular”. O mesmo autor ainda cita que a coordenação,

agilidade, equilíbrio, flexibilidade e ritmo são qualidades importantes em praticantes

de futsal.

ACSM (2003) aponta que o condicionamento relacionado a saúde possui 4

componentes: capacidade aeróbica, que é a capacidade de o corpo captar e utilizar

o oxigênio para produzir energia; capacidade muscular, a força e a resistência de

seus músculos; flexibilidade, a capacidade de flexionar as articulações e os

músculos por meio de uma série de movimentos; composição corporal, que é a

relação entre a quantidade de tecido adiposo e a de outro tecido no seu corpo.

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O condicionamento físico deve ser trabalhado com base em seis fatores

principais: resistência cardiovascular, força, flexibilidade, nutrição, peso e

composição corporal apropriado e relaxamento. Quando esses objetivos são

alcançados a pessoa estará no caminho certo para conseguir o condicionamento

físico ideal.

Capacidades podem ser classificadas como “aquelas condições orgânicas

básicas para a aprendizagem e aperfeiçoamento de ações motoras físico-

esportivas.” (COLETIVO DE AUTORES apud CRUZ; GUERRA; MACÍAS, 2006, p.

19), ou seja, capacidade física é tudo aquilo que o corpo humano apresenta e pode

ser aperfeiçoado com o treinamento continuo e orientado para que o indivíduo possa

ter um melhor rendimento no esporte do qual ele faz parte e compete.

Essas capacidades físicas, mobilidade, rapidez, força, resistência, e

coordenativas formam a base fundamental para uma preparação esportiva, seja ela

qual for, quando se desenvolve adequadamente essas forças será mais fácil e

melhor aproveitada à assimilação de conceitos técnicos e táticos, psicológicos,

teóricos, permitindo mais facilmente a obtenção de resultados superiores de

rendimento (SILVA, 2006).

2 EXPERIMENTO

Tipo de pesquisa utilizado: experimental com abordagem quantitativa.

O estudo foi aprovado pelo aprovado Comitê de Ética em Pesquisa responsável

5379 do Centro Universitário Católico Salesiano Auxilium – UniSALESIANO/SP no

dia 29 de junho de 2015. Diante disso, o estudo obedece ao que se segue na

Resolução 466 / 2012 sobre pesquisas com seres humanos.

2.1 Procedimento

O local de realização do estudo foi o Centro Universitário Católico Salesiano

(Unisalesiano) da cidade de Lins – SP. As avaliações foram realizadas na Clínica de

Educação Física e na quadra poliesportiva.

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Após assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e

Termo de Assentimento, os participantes da pesquisa passaram por uma avaliação

física na clínica de educação física no Unisalesiano de Lins, onde foram coletadas a

altura, peso, circunferências, além das avaliações das capacidades físicas

analisadas no estudo (agilidade, velocidade, flexibilidade, potência de membros

inferiores e resistência abdominal).

Métodos de avaliação: teste do SEMO (agilidade); teste de corrida de 20

metros (velocidade); teste de sentar e alcançar (flexibilidade); o teste de impulsão

horizontal, (potência de membros inferiores); e o teste de resistência muscular de

abdome (resistência abdominal).

Os participantes da pesquisa fizeram parte de um grupo único que realizava o

treinamento funcional. O período de total de treinamento foi de 8 semanas, por dois

dias na semana. Após o período de treinamento funcional os participantes foram

reavaliados em todos os itens da primeira avaliação, sendo que a avaliação e a

reavaliação ocorreram em dias onde os atletas não realizaram o treinamento

funcional.

A análise estatística utilizada foi o teste t student, o nível de significância

adotado foi de p≤0,05.

2.2 Amostra

Os participantes da pesquisa foram 06 atletas de futsal, nascidos entre os

anos de 1999 e 2001, que fazem parte da equipe de futsal masculino do Centro

Social Urbano (CSU) de Lins – SP.

Os participantes da pesquisa frequentavam os treinos de futsal durante a

semana nos dias de segunda-feira, quarta-feira e sexta-feira. Dessa forma, os

experimentos com o treinamento funcional do presente estudo eram realizados na

terça-feira e quinta-feira.

2.3 Treinamento funcional

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Os treinamentos eram constituídos com uma duração de 45 minutos sendo

que 5 minutos eram realizados aquecimento muscular geral com bola, ou com os

próprios exercícios que seriam usados nos circuitos visando aquecimento muscular

geral, prevenção de lesão e ativação neural para realizarem a atividade com maior

eficiência.

Após o aquecimento de uma forma rápida os exercícios foram explicados e o

objetivo de cada um no treinamento foi esclarecido para que ficassem

conscientizados da importância e dos benefícios que o treino poderia proporcionar a

eles no âmbito da modalidade do futsal.

Posteriormente era iniciada a primeira etapa do circuito que consistiu em sete

estações onde eram trabalhadas as capacidades físicas desejadas com o tempo de

30 a 45 segundos de acordo com a percepção de esforço e o objetivo de alcançar a

maior intensidade possível sem oscilações para que houvesse melhora, após todos

passarem por pelas estações com tempo de duração de 5 a 7 minutos, somente

com um curto intervalo entre um exercício e o outro, os atletas realizaram uma

prancha em decúbito ventral de um minuto objetivando a melhora da resistência dos

músculos estabilizadores do core que já estavam sendo trabalhando durante os

exercícios do circuito e ao término era respeitado o tempo de descanso de 2 a 3

minutos passivamente.

Dando sequência ao treinamento, logo que recuperados, era iniciada a

segunda parte da sessão que consistiu nos mesmos exercícios executados

anteriormente, visando evitar o processo pedagógico, buscando somente melhorar o

desempenho.

Com a finalização da segunda parte do treino era executado o intervalo e

assim que recuperados partimos para a terceira etapa do treinamento que constituiu

por exercícios de potência de membros inferiores com métodos calistênicos,

pliométricos, de estabilização de core e de velocidade.

O treinamento durou oito semanas, sendo que no meio desse período (a partir

de quinta semana) foi modificada sua estrutura para reduzir a monotonia psicológica,

ou seja, o chamado platô e melhorar ainda mais a eficiência do mesmo nas

capacidades físicas pesquisadas.

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2.3.1 Exercícios

Burpee, afundo pliométrico, salto com flexão de joelhos sobre plataforma,

passe de peito, medicine ball slam, flexão de tronco, rotação de tronco com medicine

ball, pular corda, agachamento pliométrico, salto horizontal, tração, mudança de

direção com cones (simulação do SEMO), corrida em U, corrida de frente e de

costas, deslocamento escada frontal, deslocamento escada lateral, sobe e desce

step frontal, sobe e desce step lateral, velocidade de reação com mudança de

direção sob comando manual, tiro de 20 metros, flexão alternada de membros

inferiores com estabilização do tronco na fita de suspensão, flexão de tronco com

medicine ball, prancha frontal, prancha lateral.

2.4 Protocolos de avaliação

Na avaliação da estatura foi utilizado o estadiômetro da marca Sanny, já o

peso corporal total foi verificado em uma balança de Bioimpedância (TANITA – Body

Fat Analyzer, modelo nº TBF 305).

A forma para a mensuração da capacidade de flexibilidade dos analisados foi

o teste de sentar e alcançar, teste esse também conhecido como banco de Wells.

Foi realizado o teste de resistência abdominal. O teste tem objetivo de avaliar

a resistência dos músculos abdominais num tempo pré-determinado de um minuto.

Os testes de impulsão horizontal têm como objetivo avaliar a potência dos

membros inferiores.

Protocolo de avaliação da agilidade, foi realizado o teste de SEMO.

Protocolo de avaliação da velocidade dos participantes da pesquisa, foi

realizado o teste de corrida de 20 metros.

3 RESULTADOS

As características dos participantes da pesquisa seguem na tabela 1.

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Tabela 1 – Características dos participantes

  Idade (anos)

Peso (Kg)

Altura (metros)

IMC (Kg/m)

Média 14,67 50,13 1,66 17,8

DP 1,21 4,87 0,079 2,12Fonte: Elaborada pelos autores, 2015.

Os resultados obtidos na pesquisa estão apresentados na tabela 2, sendo

que Pré (avaliação dos testes realizada antes do treinamento funcional), Pós

(avaliação dos testes realizada após 08 semanas de treinamento funcional) e P

(análise estatística). Como forma simplificada, os resultados mostram a média geral

dos participantes da pesquisa.

Como pode ser observado, todas as capacidades físicas analisadas no

estudo tiveram melhoras. As capacidades físicas resistência abdominal, flexibilidade,

velocidade e potência de membros inferiores indicam que seu desempenho foi

aprimorado, ou seja, significativo, porém não alcançaram um resultado

estatisticamente significante. Já a capacidade física agilidade obteve uma melhora

estatisticamente significante.

Os resultados encontrados na pesquisa mostram que o tempo de realização

de experimento, 08 semanas (16 dias de treinamento), pode ter influenciado, haja

vista que em estudos com tempo maior de pesquisa os 45 resultados foram

melhores. O número de participantes, 06, também pode ter sido determinante nos

resultados finais, pois com um número pequeno de participantes como esse os

dados estatísticos acabam por sofrer influências, pois um número maior apresentaria

resultados mais favoráveis. O treinamento funcional em si exerceu o efeito esperado

nos participantes da pesquisa, tanto que, como apontado em outros estudos, o

treinamento com foco na potência de membros inferiores pode auxiliar no

desenvolvimento da capacidade física agilidade, que foi a única que mostrou uma

melhora estatisticamente significante. Essa melhora da agilidade também pode estar

ligada ao fato de alguns treinamentos proporcionados aos participantes da pesquisa

abordarem as mudanças de direção, como a corrida em U e a corrida de frente e de

costas.

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Tabela 2 – Resultados dos protocolos aplicados

Testes Pré Pós P

Resistência abdominal 51 53 0,58

Flexibilidade 21,33 24,92 0,46

Velocidade 3,37 3,16 0,22

Potência de membros inferiores 2,08 2,27 0.001*

Agilidade 13,62 9,41 0,0000011*

Fonte: Elaborada pelos autores, 2015. *P≤0,05

3.1 Discussão

O presente trabalho mostrou que, de todas as capacidades físicas avaliadas,

a agilidade e potencia de membros inferiores mostraram uma melhora estatística.

Não foram encontrados estudos que analisaram o treinamento funcional como

método de preparação física para o futsal.

Segundo Pereira (2011) os treinamentos extras, ou seja, treinamentos que

foram realizados à parte do convencional para velocidade no qual os indivíduos

foram submetidos não trouxeram diferença estatisticamente significativa para a

amostra talvez pelo fato de o tempo em que o treinamento fora aplicado tenha sido

curto, 05 semanas apenas, ou pelo tamanho reduzido de participantes, mas houve

melhora significativa com os testes que foram realizados antes de iniciar os

treinamentos. Pereira (2011) corrobora com o presente estudo quando cita que o

pouco tempo de treinamento pode ter influenciado no resultado, assim como o

pequeno número de participantes de pesquisa do grupo experimental, 05.

Del Vecchio, Picanço, Silva (2012) concluíram que o treinamento de força e

agilidade com o intuito de verificar qual a influência dessas duas capacidades no

rendimento dos atletas fez com que se descobrisse que a potência de membros

inferiores está interligada por essas duas capacidades supracitadas e que quanto

melhor for a potência muscular de membros inferiores, mais ágil poderá ser o

jogador. O estudo tem por seu objetivo e descoberta final a conclusão de que a

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melhora da capacidade de potência em membros inferiores pode realmente agregar

ainda mais na qualidade da capacidade do indivíduo de ser ágil. Tal capacidade

pode ter influenciado na melhora estatisticamente significante da capacidade física

agilidade do presente estudo, pois também foi trabalhada a potência de membros

inferiores, que por sua vez houve apenas melhora significativa na pesquisa, mas

pode mesmo assim complementar para que a agilidade tenha sido melhorada.

DiStefano et. al. (2013) compararam o treinamento integrado com o

treinamento isolado na mensuração de performance e controle neural e chegaram à

conclusão de que o treinamento integrado, aquele que chamamos de funcional deve

ser incorporado junto com o treinamento tradicional haja vista que o isolado não

trabalhe totalmente todas as capacidades físicas dos indivíduos estudados

precisando de um complemento para melhorar mais ainda suas valências físicas. A

adição desses exercícios do âmbito funcional fez com que melhorasse a agilidade,

flexibilidade, resistência, pliometria, etc. O estudo apresentado confirma que um

treinamento integrado, treinamento funcional, pode ser mais proveitoso para o atleta

do que o treinamento isolado, isso não quer dizer que o isolado deva ser deixado de

lado, mas exemplifica o quão importante é o treinamento integrado, ajudando a

melhorar as capacidades físicas estudadas. Esse fato corrobora com o presente

estudo ao incluir o treinamento funcional como complemento ao treinamento de

futsal, já que o mesmo tem como foco o treinamento de praticantes de futsal onde

agilidade, pliometria, flexibilidade e resistência têm enorme importância para o

desempenho do atleta, ao fazer com que esse tipo de treinamento seja uma opção

para uma preparação completa.

Em estudo com equipe amadora de futsal por meio de acompanhamento de

aproximadamente dois meses e meio do treinamento, com avaliações pré e pós a

esse período, Santos; Lima; Verdelli (2013) encontraram resultados estatisticamente

significantes nos testes de agilidade e potência de membros inferiores, já a

flexibilidade teve melhora, mas não estatisticamente significante. Isso demonstra a

importância da utilização da agilidade no futsal, pois assim como no presente

estudo, ela apresentou resultado estatisticamente significante no período de

acompanhamento.

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Machado Filho (2014) mostra em seu estudo que em 12 semanas de

treinamento específico de futsal em meninos escolares (de 11 a 13 anos de idade),

com avaliação pré e pós a esse período, houve melhora estatisticamente significante

nas capacidades flexibilidade, força de membros inferiores, agilidade e testes

abdominais, o que indica que o período adotado no presente estudo, de 08

semanas, pode ter sido uma variável importante na interferência do resultado. Vale

ressaltar ainda que há diferença de idade entre os participantes de pesquisa dos

dois estudos.

Em estudo com alunos da 5ª e 7ª série do ensino fundamental, com idade

entre 11 e 14 anos, através de avaliação em forma de questionário com o tema “A

Importância do Futsal no Desenvolvimento Psicomotor e Formação Cidadã”, sendo

que esses frequentavam as aulas de futsal, Melo (2013) mostra que os alunos, em

sua maioria, tanto meninos quanto meninas, concordam que a prática do futsal pode

melhorar o desenvolvimento de suas capacidades de flexibilidade, velocidade, força,

entre outros. Diante disso, percebe-se que os próprios praticantes de futsal

reconhecem os benefícios que ele traz no aprimoramento das capacidades físicas,

porém o estudo não realizou nenhum método de avaliação física em seus

participantes de pesquisa. Pode-se dizer então que, quando se quantifica essa

melhora com a realização de métodos avaliativos, como é o caso do presente

estudo, os praticantes de futsal conseguem ganhar um estímulo maior na realização

dessa atividade física ou até mesmo na prática esportiva competitiva.

3.2 Conclusão

O presente estudo buscou verificar se o treinamento funcional pode causar

efeito no condicionamento físico dos atletas de futsal, o que foi confirmado pelos

resultados apresentados, mesmo que a melhora estatisticamente significante tenha

sido em apenas uma capacidade física.

O fato de o tempo de treinamento funcional ser de somente 08 semanas, haja

vista que em estudos com tempo maior entre avaliações pré e pós treinamento os

resultados foram estatisticamente significantes, pode ter influenciado diretamente no

resultado do estudo, bem como o pequeno número de participantes da pesquisa, 6.

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Um limitador para o presente estudo foi o baixo número de pesquisas sobre

treinamento funcional em língua portuguesa, que fez com que não houvesse muitas

opções de referências para a realização do presente estudo, ainda que houve a

utilização de estudos em língua inglesa.

De acordo com o que foi citado em estudos abordados nessa pesquisa, o

desempenho de uma capacidade física pode ser aprimorado com o trabalho em

outras capacidades. Esse fato confirma o motivo de a agilidade obter o resultado

estatisticamente significante, mesmo com um treinamento que envolvia também

outras finalidades, como resistência abdominal, flexibilidade, velocidade e potência

de membros inferiores.

Diante disso, percebeu-se que ao complementar o treinamento de futsal

específico com o treinamento funcional, os participantes da pesquisa melhoraram o

seu condicionamento físico, o que agregou e auxiliou na preparação física desses

atletas ao permitir a eles uma melhora em seu desempenho nas capacidades físicas

abordadas no presente estudo, ainda que somente uma, a agilidade, mostrou

resultado estatisticamente significante.

Ainda que tenha sido apenas uma capacidade física, como foi observado

durante toda a pesquisa, a capacidade física agilidade é de muita importância para

um atleta de futsal desempenhar o seu papel na prática esportiva, pois o mesmo

exige trocas rápidas de direção.

O presente estudo sugere que, em futuras pesquisas envolvendo o

treinamento funcional como complemento ao treinamento de futsal, haja um tempo

mais adequado para a pesquisa, assim como um número maior de participantes e

sejam envolvidas outras capacidades físicas utilizadas na prática do esporte.

Salienta-se ainda um cuidado com o tempo de recuperação e descanso dos

participantes da pesquisa, já que, devido ao volume de treinamento, estes podem

sofrer desgastes e, dessa forma, não atingir os objetivos propostos.

REFERÊNCIAS

AMERICAN COLLEGE OF SPORTS MEDICINE. Diretrizes do ACSM para os testes de esforço e sua prescrição. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003.

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