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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA - EEL/USP TIAGO AUGUSTO PAULO TEIXEIRA UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS NO DESENVOLVIMENTO DE UMA FORMULAÇÃO DE DEFENSIVO AGRÍCOLA Lorena - SP 2012

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UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO

ESCOLA DE ENGENHARIA DE LORENA - EEL/USP

TIAGO AUGUSTO PAULO TEIXEIRA

UTILIZAÇÃO DE FERRAMENTAS ESTATÍSTICAS NO DESENVOLVIMENTO DE

UMA FORMULAÇÃO DE DEFENSIVO AGRÍCOLA

Lorena - SP

2012

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I

Estudo de aplicação de ferramentas de estatística no desenvolvimento de

formulações de defensivos agrícolas.

Monografia apresentada à Escola de

Engenharia de Lorena da

Universidade de São Paulo como

requisito parcial para obtenção do

título de Engenheiro Industrial

Químico.

Área de Concentração: Modelagem de misturas

Orientador: Prof. Dr. Adriano F. Siqueira

Lorena – SP

2012

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II

Dedicatória

Aos meus pais e familiares pelo apoio e compreensão nas horas de estudo e

trabalho, onde por muitas vezes me ausentei. Pelo incentivo e pelas oportunidades

fornecidas ao longo de minha vida.

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III

Agradecimentos

Primeiramente a Deus, por tudo aquilo que tem me oferecido e pela força que

me passa nos momentos difíceis.

Ao professor Dr. Adriano F. Siqueira, por fazer parte deste trabalho, me

orientando e apoiando no desenvolvimento deste trabalho.

Aos colegas da BASF S.A., pela compreensão e apoio no desenvolvimento

deste trabalho, pela utilização dos equipamentos e dos laboratórios para a

realização dos testes.

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IV

... Porque ter a mente boa não é o bastante; o principal é aplicá-la bem. As maiores

almas são capazes tanto das maiores virtudes quanto dos maiores vícios, e aqueles

que marcham lentamente podem avançar muito mais, se seguirem o caminho certo,

do que os que correm porém dele se afastam.

Descartes, Discurso sobre o método, parte I

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V

RESUMO

As indústrias de produtos para agricultura, utilizam diferentes técnicas para

obter uma formulação adequada, ou seja, um produto que melhor se adapte às

condições de aplicação e atenda às necessidades do cliente. Para se obter tal

resultado, diversas combinações entre os “ingredientes” da fórmula são feitas,

obedecendo à determinadas proporções, o que gera uma grande quantidade de

fatores e testes a serem realizados. Assim sendo, este trabalho visa mostrar como,

através da utilização de ferramentas estatísticas, através do software Minitab,

podemos otimizar o tempo de pesquisa. Desde o planejamento de experimentos

implicando em uma redução do número de testes, sem prejudicar a qualidade da

informação, até a análise dos resultados obtidos nos testes.

PALAVRAS CHAVES: DEFENSIVO AGRÍCOLA, DESENVOLVIMENTO, MINITAB,

PLANEJAMENTO DE MISTURAS.

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VI

ABSTRACT

The industries of agricultural products, use diferent techniques to obtain a

suitable formulation, wich best suits application conditions and meet customer

needs. To obtain this result, various combinations of the “ingredients” of the formula

are made, according to certain proportions, wich generates a lot of factors and tests

to be performed. Thus, this work aims to show how, through the use of statistical

tools, through the Minitab software, we can optimize the search time. Since the

design of experiments implying a reduction in the number of tests without harming

the quality of information, to analyze the results obtained in the tests.

KEYWORDS: AGRICULTURAL PRODUCTS, DEVELOPMENT, MINITAB, DESIGN

OF EXPERIMENTS

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VII

Lista de Figuras

Figura 1 - Configuração espacial da região Simplex .................................................. 6

Figura 2 - Espaço experimental para misturas de três componentes......................... 8

Figura 3 - Esquema de funcionamento de espectroscopia de difração a laser

(Malvern) .................................................................................................................. 14

Figura 4 - Exemplo de resultado obtido pelo equipamento ...................................... 15

Figura 5 – Mastersizer 2000®, equipamento utilizado para determinação da

distribuição granulométrica ...................................................................................... 15

Figura 6 - Viscosimetros, equipamentos utilizados para determinação da viscosidade

de líquidos ................................................................................................................ 16

Figura 7 - spindles para os modelos brookfield RVT e LVT ..................................... 17

Figura 8 - pHmetro, equipamento utilizado para determinação do pH ..................... 17

Figura 9 – Foto das peneiras após o teste ............................................................... 18

Figura 10 - Agitadores mecânicos IKA® ................................................................... 19

Figura 11 - Ultra-turrax T25 basic® .......................................................................... 20

Figura 12 - Minizeta, moinho utilizado para o preapro das amostras ....................... 20

Figura 13 – Planejamento experimento do tipo Simplex centroide realizado. .......... 22

Figura 14 – Planejamento utilizado da Fase Final. .................................................. 24

Figura 15 – Contour Plot para viscosidade .............................................................. 27

Figura 16 - Optimization Plot para os resultados de viscosidade ............................. 28

Figura 17 - Optimization Plot para os resultados de viscosidade e granulometria ... 31

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VIII

Lista de Tabelas

Tabela 1 – Limites de concentração dos ingredientes na fórmula final - ................ 21

Tabela 2 – Concentração dos ingredientes nas fórmulas testadas - ...................... 22

Tabela 3 – Proporção dos ingredientes nas fórmulas testadas - ............................ 23

Tabela 4 – Concentração dos ingredientes A, B e C nas fórmulas da fase final- ... 24

Tabela 5 – Resultados obtidos após o teste de moagem - ..................................... 25

Tabela 6 – Resultados da regressão de misturas para viscosidade - .................... 26

Tabela 7 – Resultados da análise de variância para viscosidade - ........................ 26

Tabela 8 – Resultados da regressão de misturas para d (0,5) - ............................ 29

Tabela 9 – Resultados da análise de variância para d (0,5) - ................................ 29

Tabela 10 – Resultados da regressão de misturas para d (0,9) - ........................... 29

Tabela 11 – Resultados da análise de variância para d (0,9) - .............................. 29

Tabela 12 – Concentrações para fase final - .......................................................... 32

Tabela 13 – Cronograma de estabilidade- . ............................................................ 33

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IX

Sumário

1. Introdução - .......................................................................................................... 1

2. Revisão Bibliográfica - .......................................................................................... 2

2.1. Defensivos Agrícolas - ....................................................................................... 2

2.1.1. Suspensão Concentrada (SC) - ...................................................................... 4

2.2. Estudo de estabilidade Acelerada - ................................................................... 5

2.3. Planejamento de misturas - ............................................................................... 5

2.4. Minitab - ............................................................................................................. 6

2.4.1. Simplex - ......................................................................................................... 7

2.4.2. Regressão - .................................................................................................... 9

2.4.3. Análise de variância - ................................................................................... 10

2.4.4. Superfície de resposta – Contour Plot - ........................................................ 11

2.4.5. Função de desejabilidade – Optimization Plot - ............................................ 11

3. Parte Experimental - . .......................................................................................... 13

3.1. Amostras - . ...................................................................................................... 13

3.1.1. Caracterização - ........................................................................................... 13

3.1.1.1. Granulometria - .......................................................................................... 13

3.1.1.2. Viscosidade - ............................................................................................. 15

3.1.1.3. pH - ............................................................................................................ 17

3.2. Planejamento - ................................................................................................ 18

3.2.1. Fase Preliminar - .......................................................................................... 19

3.2.2. Fase Final - ................................................................................................... 23

4. Resultados e Discussões - ................................................................................. 25

4.1. Resultados fase preliminar - ............................................................................ 25

4.2. Resultados fase final - ..................................................................................... 33

5. Conclusão - ........................................................................................................ 34

6. Referências bibliográficas - ................................................................................ 35

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1. Introdução

Segundo (Neto, Scarminio, & Bruns, 2007) é comum, especialmente em

indústrias químicas, aparecerem problemas em que precisamos estudar várias

propriedades ao mesmo tempo e estas, por sua vez, são afetadas por um grande

número de fatores experimentais.

No desenvolvimento de um novo produto de Defensivo Agrícola não é

diferente, a inúmera possibilidade de combinação entre inúmeros ingredientes gera

uma gera a questão: Como investigar os efeitos de todos os fatores sobre as

propriedades, minimizando o trabalho necessário?

Se tratando de uma pesquisa em indústrias o tempo é um fator determinante,

e este trabalho visa mostrar como otimizar o tempo de pesquisa sem perder em

qualidade da mesma. A utilização do software Minitab® e suas ferramentas

estatísticas é uma excelente opção para isto.

Este trabalho é voltado para uma etapa das etapas de desenvolvimento de

uma formulação de um Defensivo Agrícola do tipo Suspensão Concentrada. Este

tipo de formulação é dividido, basicamente, em duas etapas, o preparo da base de

moagem, e posteriormente o fechamento da fórmula.

O desenvolvimento por completo de uma formulação demanda um período

de tempo muito grande, podendo atingir anos de duração, por isso é dividido em

diversas etapas. A primeira etapa é a chamada Feasiability (Viabilidade), que será o

foco do trabalho, nesta etapa a resposta desejada é uma formulação que

aparentemente atinge suas expectativas, ou seja, nesta etapa buscamos uma

composição para a fórmula que foi submetida à alguns testes e atingiu o resultado

esperado, porém não se sabe se suportará aos requisitos de um estudo completo. A

resposta desta etapa, é basicamente, se é possível ou não a formulação desejada,

e se sim, qual seria esta composição.

Nesta etapa do desenvolvimento de uma formulação deste tipo, a sua

composição é definida, e parte dos ingredientes têm suas composições já

estabelecidas, não podendo ser alteradas. Os ingredientes A, B e C, que

chamaremos de agentes umectantes e dispersantes, tem seus limites de

concentrações e proporções estabelecidos pelos fabricantes, e a soma dos mesmos

tem uma concentração definida na fórmula, a questão é qual a concentração de

cada um que nos proporcionará a melhor composição da fórmula. Portanto, teremos

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fórmulas que se diferenciam pelas concentrações destes três diferentes

ingredientes.

Para atingirmos a melhor composição, o trabalho foi dividido em duas partes,

a fase preliminar onde foram analisadas apenas as bases de moagem das

formulações, e a fase final onde as fórmulas definidas foram fechadas e analisadas.

Na primeira etapa, a composição das bases preparadas foi definida através de um

planejamento simplex centróide, de acordo com os critérios de limites de

concentração de cada ingrediente em estudo, e a concentração total dos três

ingredientes. Nesta etapa foram analisados duas propriedades das bases, a

viscosidade e a granulometria, e de acordo com critérios definidos, foram criadas

curvas de tendências, as quais direcionaram para a melhor região do simplex

estabelecido no planejamento inicial. Na fase final foi definido uma outra região de

interesse, na qual as fórmulas foram preparadas por completo e submetidas a um

estudo de estabilidade acelerada.

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2. Revisão Bibliográfica

2.1. Defensivos Agrícolas

De acordo com (Macedo, 2002)Agrotóxicos, defensivos agrícolas, pesticidas,

praguicidas, veneno etc., estas são algumas das inúmeras denominações

relacionadas a um grupo de substâncias químicas utilizadas no controle de pragas.

São utilizadas nas florestas nativas e plantadas, nos ambientes hídricos,

urbanos e industriais e, em larga escala, na agricultura, pastagens, pecuária e

também nas campanhas sanitárias para o combate a vetores de doenças.

Segundo (Prisco) Agrotóxicos e afins são produtos e agentes de processos

físicos, químicos ou biológicos, destinados ao uso nos setores de produção, no

armazenamento e beneficiamento de produtos agrícolas, nas pastagens, na

proteção de florestas, nativas ou plantadas, e de outros ecossistemas e de

ambientes urbanos, hídricos e industriais, cuja finalidade seja alterar a composição

da flora ou da fauna, a fim de preservá-las da ação danosa de seres vivos

considerados nocivos, bem como as substâncias de produtos empregados como

desfolhantes, dessecantes, estimuladores e inibidores de crescimento.

Ingrediente ativo é o agente químico, físico ou biológico que confere eficácia

aos agrotóxicos e afins.

Produto Técnico são substâncias obtidas diretamente das matérias-primas por um

processo de manufatura (químico, físico ou biológico) cuja composição contem

porcentagens definidas de ingrediente ativo, impurezas e eventualmente aditivos em

pequenas quantidades.

Inertes são substâncias ou impurezas de fabricação que devem ser não

ativas, resultantes dos processos de obtenção dos produtos técnicos e também

aquelas usadas apenas como veículos ou diluentes ou adjuvantes nas formulações.

Normalmente, moléculas de ingredientes ativos em sua forma pura, não

podem ser aplicadas, por não formar soluções químicas estáveis. Para que possam

permanecer nas embalagens e, depois, possam ser aplicadas de alguma maneira,

elas devem ser formuladas para atender as necessidades do cliente.

A formulação, de um modo geral, envolve a mistura da molécula do

ingrediente ativo a solventes, surfactantes e ingredientes inertes que irão viabilizar a

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estabilidade do produto para seu armazenamento, transporte e aplicação, sem a

perda de suas propriedades. Uma mesma molécula pode ser formulada de

diferentes maneiras, de acordo com as características físico-químicas da molécula.

Basicamente, segundo (Tadros, 1996) a formulação visa:

- permitir a dispersão do formulado no veículo (geralmente a água) que

possibilita a distribuição uniforme de uma quantidade relativamente pequena

em uma grande área;

- conferir facilidade de manuseio e armazenamento do produto formulado;

- aumentar a eficiência do ativo, reduzir a toxidade, volatilidade e a foto

decomposição.

As formulações podem, segundo (Daltin, 2011) conter substâncias como:

Agentes Molhantes (permitem a mistura do pó molhável com a água);

Dispersantes (permitem que os praguicidas se distribuam

uniformemente sobre a superfície tratada);

Suspensores (mantêm a suspensão das partículas);

Emulsionantes ou Emulsificantes (permitem que praguicidas à base de

óleos, como concentrados emulsionáveis, se misturem com água pela

formação de uma emulsão).

Bactericidas (agentes químicos utilizados para evitar o

desenvolvimento de bactérias e fungos, destruindo-as ou impedindo

sua proliferação).

Antiespumantes (agentes químicos que promovem a aglutinação de

bolhas de ar que se encontram na massa de um fluido).

Resumidamente, existem diversos tipos de formulações no comércio,

inclusive produtos de formulações diferentes com o mesmo ingrediente ativo. Nas

operações de controle químico, emprega-se grande variedade de defensivos

agrícolas, sendo a escolha dos princípios ativos, respectivas formulações e

concentrações baseada na espécie a ser combatida, sua suscetibilidade ao produto,

fase alvo do ciclo de vida, forma de aplicação, equipamentos envolvidos, eficácia

dos produtos, relação custo/benefício, risco para a população humana e impacto no

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ambiente. O importante é que o defensivo selecionado tenha toxicidade baixa para

os mamíferos e alta para os organismos alvos.

2.1.1. Suspensão Concentrada (SC)

Suspensão concentrada é uma formulação constituída de uma suspensão

estável de ingrediente(s) ativo(s) em veículo líquido que pode conter ingrediente

ativo dissolvidos para aplicação após diluição em água (NBR 12679 - Produtos

Tecnicos E Formulacoes De Agrotoxicos - Terminologia).

O processo de formulação é dividido em duas etapas, a etapa de moagem e

a de fechamento. Na etapa de moagem é preparada uma base de moagem, na qual

todo o ingrediente ativo é umectado e estabilizado em uma quantidade de água

através da ação de agentes umectantes e dispersantes, a quantidade de água varia

de acordo com a necessidade do processo. Esta base passa por um processo de

moagem até que a granulometria atinja o tamanho especificado, ou desejado.

Com o ingrediente ativo já moído e disperso no diluente, com auxílio dos

tensoativos passaremos para a etapa de fechamento, onde formulação será

completada, com a adição dos demais ingredientes na base de moagem.

A formulação será estabilizada pela ação de agentes dispersantes,

umectantes, espessantes, entre outros, de acordo com a necessidade.

2.2. Estudo de estabilidade acelerada

A expressão estabilidade está associada à ideia de permanência em um

determinado estado por um determinado tempo. Quando tratamos de uma

estabilidade acelerada, nos referimos a um estudo em curto tempo para uma

avaliação do comportamento de determinados produtos sob condições diferentes.

Estudo de estabilidade se caracteriza por uma análise de parâmetros pré-

estabelecidos ao longo de diferentes condições de armazenamento. O que significa

submeter uma amostra a diferentes condições de stress, através de temperaturas e

períodos de armazenamentos variáveis. A estabilidade acelerada é um estudo

reduzido, em um período curto, com poucas condições, possibilitando uma análise

de comportamento não muito detalhada.

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2.3. Planejamento de Misturas

De acordo com (Silva, 2006), muitos produtos são formados pela mistura de

duas ou mais matérias-primas, e determinar a melhor composição dos produtos é

um desafio que pode ser superado com um bom planejamento de experimentos.

Experimentos com misturas são tipos especiais de experimentos onde

variáveis de controle não são independentes e seguem algumas restrições.

No planejamento de qualquer experimento, a primeira coisa que devemos

fazer é decidir quais são as variáveis de controle e as respostas de interesse. As

variáveis de controle, em geral, são variáveis que o experimentador tem condições

de controlar, no caso deste trabalho serão as concentrações de alguns dos

componentes da fórmula. As respostas são as variáveis de saída do sistema, nas

quais estamos interessados, e que serão – ou não – afetadas pelas modificações

provocadas nas variáveis de controle. No caso em estudo teremos duas respostas

de interesse, que deverão ser consideradas simultaneamente (Neto, Scarminio, &

Bruns, 2007)

É importante saber que em experimentos com mistura a resposta medida

depende apenas da proporção de cada ingrediente presente na mistura e não do

total da mistura. (Cornell, 2002). Ressalta-se que as proporções dos diversos

componentes de uma mistura, quando somadas, devem sempre resultar no valor de

100%.

Sabendo da influência de cada ingrediente na resposta, faz-se necessário a

realização de testes para determinar estas influências, podendo atingir a resposta

desejada. Para isto, precisamos de técnicas estatísticas para minimizar a

quantidade de experimento para atingir o objetivo.

A utilização de técnicas estatísticas no planejamento de experimentos implica

na redução do número de testes, sem prejuízo da qualidade da informação. Por

outro lado, promove-se o estudo simultâneo de diversas variáveis, a determinação

da confiabilidade dos resultados, a representação do processo estudado através de

expressões matemáticas e a elaboração de conclusões a partir de resultados

quantitativos e qualitativos (Neto, Scarminio, & Bruns, 2007).

Em um experimento do tipo mistura, as proporções de cada elemento devem

ser limitadas, esta restrição é feita através da criação de fronteiras. A combinação

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destas fronteiras determinará a região de estudo, a qual é denominada região

simplex. A Figura 1 apresenta a configuração espacial desta região.

Figura 1 - Configuração espacial da região Simplex

Os vértices do triângulo, x1, x2 e x3, representam a mistura pura com

proporção de um componente sendo 1 e os outros sendo 0.

Podem existir restrições de regiões da realização do experimento em apenas

algumas regiões da região simplex. Um componente da mistura pode variar entre 0

e 1, porém alguns destes componentes possuem restrições quanto as suas

quantidades em uma mistura. Estas restrições devem ser levadas em consideração

no momento do planejamento de experimentos.

2.4. Minitab

O Minitab é um software de computador que foi desenvolvido em 1972

voltado para fins estatísticos. Este software tem sua interface parecida com uma

planilha eletrônica com capacidade de realizar análises mais complexas.

Os recursos de planejamento de experimentos (DOE – Design of

experiments) existentes no software, fornecem um método para investigar

simultaneamente os efeitos de variáveis múltiplas em uma variável de saída

(resposta). Esses experimentos consistem em uma série de ensaios, ou testes, nos

quais são feitas alterações deliberadas para inserção de variáveis ou fatores, e os

dados são coletados em cada ensaio. Os profissionais responsáveis pela qualidade

usam o DOE para identificar as condições do processo e os componentes do

produto que influenciam a qualidade, para então determinar as configurações de

variáveis de entrada (fatores) que maximizem os resultados.

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O Minitab oferece quatro tipos de experimentos planejados: fatorial,

superfície de resposta, misto e Taguchi (robusto). Os passos seguidos no Minitab

para criar, analisar e fazer gráficos de um projeto experimental são similares para

todos os tipos de experimentos. Depois que o experimento é conduzido os

resultados são inseridos, o Minitab oferece várias ferramentas gráficas e analíticas

para auxiliá-lo a entender os resultados (Conheça o Minitab).

2.4.1. Simplex

Segundo (Cornell, 2002), as técnicas de seleção dos pontos experimentais

basicamente quando se trabalha com até três componentes são os arranjos

simplex.

De acordo com (Neto, Scarminio, & Bruns, 2007), o espaço experimental

para processos com três fatores independentes inclui todos os pontos dentro de

um cubo. O espaço experimental para misturas de três componentes limita-se

aos pontos pertencentes ao triângulo. Uma superfície de resposta para todas as

possíveis misturas dos componentes 1, 2 e 3, como mostra a Figura 2.

Figura 2 - Espaço experimental para misturas de três componentes

Para sistemas ternários, ou seja, com três fatores independentes, todas as

composições possíveis da mistura são representadas pelos pontos pertencentes

a um triângulo equilátero. Os vértices correspondem aos componentes puros e os

lados às misturas binárias, enquanto os pontos situados no interior do triângulo

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representam as misturas de três componentes (Larson & Farber, 2009)

(Montgomery & Runger, 2003)

O software nos fornece uma ferramenta para a criação das regiões simplex

do estudo. Segundo (Lacerda, 2008), existem diversos tipo de regiões simplex,

que se diferenciam pela distribuição das amostras no interior dos limites da

região simplex.

Os principais tipos de projetos utilizando simplex são:

Simplex lattice: Os pontos são distribuídos uniformemente por toda a região

compreendida pelo simplex. Para pesquisar o comportamento da mistura no

interior da região simplex, o projeto precisa ser incrementado com pontos

interiores;

Simplex centróide: Diferentemente do Simplex lattice, inclui observações

para misturas nas quais os componentes sempre aparecem em proporções

iguais;

Simplex com pontos axiais: Contém pontos das misturas dentro da região

simplex e são recomendados quando se deseja explorar a superfície de resposta

através das misturas. O projeto denominado incremento é aquele que recebe,

adicionalmente, pontos axiais interiores e centróides;

Vértices extremos: É utilizado quando existem restrições às proporções dos

componentes da mistura. Os componentes Cn são expressos por Li ≤ Cn ≤ Ls,

onde Li é o limite inferior e deve estar presente quando o componente for

indispensável à mistura; Ls é o limite superior e deve estar presente sempre que

a mistura não puder conter mais do que a proporção indicada para o

componente.

2.4.2. Regressão

Regressão é uma técnica estatística que permite explorar e inferir a relação

de uma variável dependente com variáveis independentes específicas. Esta técnica

designa uma equação matemática que descreve a relação entre duas ou mais

variáveis, os chamados modelos matemáticos. Neste trabalho utilizaremos o modelo

linear e o modelo quadrático.

Segundo (Neto, Scarminio, & Bruns, 2007), para obtermos modelos de

misturas ternárias ampliamos os modelos utilizados para misturas binárias.

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O modelo linear é dado por

Equação 1: y = b0 + b1x1 + b2x2 + b3x3

com a restrição x1 + x2 + x3 = 1..

Substituindo o termo b0 por b0(x1 + x2 + x3) e agrupando os termos em xi,

obtemos a seguinte equação:

Equação 2: y = b1*x1 + b2

*x2 + b3*x3

Sendo bi* = b0 + bi, para i = 1, 2 e 3.

Outro modelo que pode ser utilizado caso o modelo linear não se mostre

satisfatório é o modelo quadrático. Para misturas com três componentes, a

expressão geral do modelo quadrático contém dez termos:

Equação 3: y = b0 + b1x1 + b2x2 + b3x3 + b11x12 + b22x2

2 + b33x32 + b12x1x2 + b13x1x3 +

b23x2x3

Substituindo as relações 1.b0 = (x1 + x2 + x3).b0 e b11x12= b11x1(1-x2-x3), além

de expressões análogas para b22x22 e b33x3

2, temos:

Equação 4: y = b0.(x1 + x2 + x3) + b1x1 + b2x2 + b3x3 + b11x1(1-x2-x3) + b22x2(1-x1-x3) +

b33x3(1-x1-x2) + b12x1x2 + b13x1x3 + b23x2x3

Agrupando os termos, obtemos:

Equação 5: y = b1*x1 + b2

*x2 + b3*x3 + b12

*x1x2 + b13*x1x3 + b23

*x2x3

onde bi*= b0 + bi + bii e bij

* = bij – bii - bjj, com i ≠ j.

Nestes modelos, y representa a variável resposta, e x a variável controle.

Percebe-se que o modelo quadrático contém, além dos termos do modelo

linear, termos cruzados que descrevem as interações entre dois componentes.

Geralmente o modelo quadrático consegue reproduzir satisfatoriamente os valores

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da resposta nos vértices e nas arestas do triângulo de concentrações, que

representam respectivamente os componentes puros e suas misturas.

2.4.3. Análise de variância

A análise de variâncias é usada para analisar observações que dependem de

um ou mais efeitos, que são causados por fatores, cujos níveis também são

denominados grupos. Não será detalhado neste trabalho a teoria envolvida na

análise de variância, apenas algumas definições que serão necessárias para o

entendimento dos resultados.

Dois fatores que serão mostrados no trabalhos são:

- Soma de Quadrados devido a falta de ajuste (Seq Adj): depende do modelo

determinado, será tanto maior quanto mais as estimativas das variáveis de

respostas determinadas pelo modelo se desviarem da resposta média

correspondente (Neto, Scarminio, & Bruns, 2007);

- Soma de Quadrados devido ao erro puro (Seq SS): não estão relacionados

com os modelos matemáticos obtidos, portanto não depende das estimativas das

variáveis resposta dadas pelos modelos. Reflete apenas na dispersão em cada nível

de resposta (Neto, Scarminio, & Bruns, 2007).

2.4.4. Superfície de resposta - Contour Plot

De acordo com (Neto, Scarminio, & Bruns, 2007), a metodologia de

superfícies de resposta tem duas etapas distintas, modelagem e o deslocamento,

etapas que podem ser repetidas quantas vezes necessárias para atingir uma região

ótima da superfície que deseja investigar.

A modelagem é feita ajustando-se modelos simples, como descrito no tópico

de regressão deste trabalho. Em suma, esta etapa consiste em definir a equação

que rege o comportamento da resposta em função das variáveis de controle.

O deslocamento se dá sempre ao longo do caminho de máxima inclinação de

um determinado modelo, que é a trajetória na qual a resposta varia de forma mais

pronunciada.

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A superfície de resposta que utilizaremos neste trabalho será uma

representação bidimensional da superfície modelada, com curvas de níveis, que são

linhas em que a resposta é constante.

Uma das ferramentas disponíveis no software com esta finalidade é a

Contour Plot. Esta ferramenta nos fornece em gráfico a superfície de resposta,

mostrando como as variáveis afetam na resposta obtida, mostrando o que seria o

comportamento dos parâmetros avaliados em função das variáveis controladas, no

caso do trabalho as concentrações dos três ingredientes (Minitab StatGuide).

Este gráfico obtido nos permite uma avaliação da região do simplex onde

atingimos os parâmetros desejados, direcionando o estudo.

2.4.5. Função de desejabilidade - Optimization Plot

Segundo (Neto, Scarminio, & Bruns, 2007) existem várias possibilidades para

descobrir os níveis dos fatores que produzirão o conjunto de respostas mais

satisfatório, isto varia em função do problema avaliado. Se o número de fatores

significativos avaliados permitir a visualização dos modelos ajustados, e se o

número de respostas não for grande demais, pode-se sobrepor as superfícies de

respostas e localizar a melhor região por uma análise visual.

Por outro lado, se o objetivo for maximizar ou minimizar uma dada resposta

mantendo as outras respostas sujeitas a determinadas restrições, podemos utilizar

métodos de programação linear.

Se estas ferramentas não forem suficientes, pode-se utilizar a metodologia de

otimização simultânea.

Este método se baseia na definição de uma função de desejabilidade para

cada resposta, com valores restritos ao intervalo entre 0 e 1. Onde zero é um valor

inaceitável e um o valor mais desejável.

Uma vez especificadas as funções de desejabilidade (d) para todas as

respostas, uma combinação com a desejabilidade global (D), que é normalmente

obtida pela média geométrica de todas desejabilidades individuais.

Através disto, a otimização das várias respostas se reduz à maximização de

um único valor, a desejabilidade global.

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A fórmula da função de desejabilidade, quando se tem um valor ótimo, que

chamaremos de A, situado em algum ponto dentro de uma faixa de aceitação, cujos

limites superior e inferior são representados por Ls e Li, respectivamente, é:

Equação 6: (

) (

)

Uma desejabilidade igual a um só será obtida se a resposta coincidir

exatamente com o valor alvo, tornando os numeradores iguais aos denominadores

das funções. Quanto mais y se afastar do alvo, menor será a desejabilidade,

tornando zero quando sair da faixa de aceitação.

Os expoentes s e t definem a taxa de variação da desejabilidade com a

resposta estimada. A escolha dos expoentes depende da importância relativa ou da

prioridade atribuída a cada resposta. Variando estes expoentes, podemos acelerar

ou retardar a variação da taxa de variação da desejabilidade. Os valores s e t

podem ser diferentes, uma vez que seja mais aceitável que uma resposta tenha um

valor acima do alvo do que abaixo dele, neste caso t deve ser menor que s.

Com o objetivo de atingir os níveis que produzirão o conjunto de resposta

desejado, a ferramenta utilizada no trabalho foi a Optimization Plot (Gráfico de

otimização), esta ferramenta do Minitab® mostra o efeito das variáveis do processo

na resposta e compare a intensidade deste efeito. Pode ser criadas curvas para

uma única variável ou para duas ou mais variáveis ao mesmo tempo.

Esta ferramenta fornece dois gráficos, um em relação a desejabilidade e

outro que possui uma linha de referência, esta paralela ao eixo x, e uma curva da

resposta, obtida através dos modelos obtidos na regressão.

O gráfico da desejabilidade mostra o comportamento da desejabilidade em

função das variáveis de controle.

O outro gráfico, nos mostra o comportamento da variável reposta em função

da variável saída, juntamente com uma linha de referência no valor desejado. A

curvatura da curva obtida em relação a linha de referencia mostra a interferência

daquela variável de processo na variável resposta. Se a curva for paralela a linha de

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referência, não existe interferência, porém quanto mais inclinada for a curva em

relação a linha, maior a interferência (Minitab StatGuide).

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3. Parte Experimental

3.1. Amostras

As amostras utilizadas na fase preliminar deste trabalho foram bases de

moagem preparadas variando três diferentes surfactantes, A, B e C, e suas

respectivas concentrações. Estas bases foram preparadas e caracterizadas para

posterior avaliação dos comportamentos.

Na fase final as formulações completas foram preparadas por completo e

submetidas a estudo de estabilidade acelerada.

3.1.1. Caracterização

A caracterização das bases de moagem foi feita através de dois parâmetros,

o tamanho das partículas e a viscosidade. Já a caracterização das fórmulas

completadas da fase final foi feita através do estudo de estabilidade acelerada, no

qual as amostras foram submetidas à diferentes condições de temperatura e por

períodos de tempo diferentes, e posteriormente a cada ponto de estabilidade, suas

propriedades foram avaliadas. As propriedades avaliadas foram: granulometria,

viscosidade, pH e peneira úmida.

3.1.1.1. Granulometria

A granulometria, ou a distribuição do tamanho de partícula, foi determinada

através da espectroscopia de difração a laser, utilizando o equipamento Mastersizer

2000 – Malvern®.

De acordo com (Lacerda, 2008), este método baseia-se no fato de que o

ângulo de difração é inversamente proporcional ao tamanho de partícula. O

funcionamento deste é equipamento é baseado em um laser de He-Ne que produz

um feixe de luz monocromática com comprimento de onda λ=0,63 µm, o qual

ilumina a célula de medida onde se encontram as partículas. A luz incidente é

difratada pelas partículas, gerando-se um padrão de difração estável, independente

do movimento das partículas. Em seguida, este padrão de difração é captado por

uma lente focalizadora e um detector fotoelétrico constituído por detectores de

silicone fotosensitivos, Figura 3. Produz-se, deste modo, um sinal proporcional à

intensidade da luz incidente, o qual, após ser amplificado por um tubo

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fotomultiplicador, é transmitido a um computador que registra o padrão de difração e

realiza as integrações necessárias.

Figura 3 - Esquema de funcionamento de espectroscopia de difração a laser

(Malvern)

Para se medir o tamanho de uma partícula é utilizado o volume de esfera

equivalente. O diâmetro desta esfera equivalente é considerado o tamanho da

partícula. A unidade captura óptica captura o padrão real de espalhamento de um

conjunto de partículas e então calcula o tamanho das partículas que geraram aquele

padrão. Pode-se prever a forma que a partícula irá espalhar a luz conhecendo o

tamanho da mesma e outros detalhes de sua estrutura. Os tamanhos de partículas

terão espalhamentos de luz característicos.

Podem ser determinadas partículas no intervalo de 0,02 µm a 200 µm, e parâmetros

granulométricos são determinados automaticamente para cada medição:

Uniformidade, o desvio absoluto em relação a mediana;

D[3,2] ou diâmetro médio de Sauter, superfície médias das partículas;

D[4,3] ou diâmetro médio de Brouker, volume médio das partículas;

d(0,1), o diâmetro máximo (em µm) apresentado por 10% da

distribuição granulométrica da amostra;

d(0,5), o diâmetro máximo (em µm) apresentado por 50% da

distribuição granulométrica da amostra;

d(0,9), o diâmetro máximo (em µm) apresentado por 90% da

distribuição granulométrica da amostra.

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Figura 4 - Exemplo de resultado obtido pelo equipamento

Figura 5 – Mastersizer 2000®, equipamento utilizado para determinação da

distribuição granulométrica

A Figura 4 nos mostra um resultado obtido através de uma análise realizada

em um Mastersizer 2000®, equipamento mostrado na Figura 5.

3.1.1.2. Viscosidade

De acordo com (Corrêa, Camargo Júnior, Ignácio, & Leonardi) viscosidade é

uma expressão de resistência do fluido ao fluxo: quanto maior a viscosidade, maior

a resistência.

A viscosidade é a propriedade do fluido que caracteriza a resistência que as

moléculas de um fluido oferecem ao movimento do mesmo, um tipo de atrito interno.

É um parâmetro importante na caracterização de Defensivos Agrícolas, pois está

diretamente relacionada a aplicação dos mesmos. Esta característica varia em

função de temperatura e também da força que está atuando sobre o fluido.

A viscosidade pode ser medida por diversas maneiras e uma delas é através

do viscosímetro Brookfield.

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Segundo (Silveira) o viscosímetro Brookfield, mostrado na Figura 6, é, sem

dúvida, um dos instrumentos mais utilizados mundialmente na medida de

viscosidade. Devido a seu custo, modesto em relação a outros viscosímetros de

velocidade variável, encontra grande aplicação nos laboratórios.

Apesar de sua relativa simplicidade, este aparelho pode realizar estudos

reológicos bastante avançados. O viscosímetro Brookfield, além de seu custo

relativamente reduzido, oferece ainda uma série de vantagens, como por exemplo:

- Alta sensibilidade da mola sensora de torque (sobretudo nos modelos LVT e

RVT);

- Disponibilidade de sistemas concêntricos opcionais, além dos sistemas de

disco "standard" fornecidos junto com o aparelho;

- Os novos modelos digitais permitem o registro gráfico de medidas e sua

apresentação direta, o que elimina o uso de tabelas e cálculos de conversão.

A viscosidade neste equipamento é medida em função do spindle utilizado e

da velocidade de rotação utilizada.

Figura 6 - Viscosímetros, equipamentos utilizados para determinação da viscosidade de líquidos

A Figura 7 nos mostra a diversidade de spindles existentes para este

equipamento.

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Figura 7 - spindles para os modelos brookfield RVT e LVT

3.1.1.3. pH

Segundo (Propriedades dos ácidos e das bases, 2005) o pH é o símbolo para a

grandeza físico-química potencial hidrogeniônico, que indica acidez, neutralidade ou

alcalinidade de uma solução. Determina a concentração de íons de hidrogênio (H+)

presentes em uma solução. Os valores variam de 0 a 14, sendo que valores de 0 a

7 são considerados ácidos, valores em torno de 7 são neutros e valores acima de 7

são denominados básicos ou alcalinos. Quanto menor o pH de uma substância,

maior a concentração de íons H+ e menor a concentração de íons OH- Valores

abaixo de 0 e acima de 14 são possíveis, porém muito raros.

O procedimento de leitura do pH consistiu em apenas introduzir o eletrodo,

pré calibrado, na amostra. O valor lido, após estabilização do mostrador, é o valor

do pH. A Figura 8 nos mostra um equipamento para determinação do pH.

Figura 8 - pHmetro, equipamento utilizado para determinação do pH

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3.1.1.4. Granulometria por via úmida

A análise granulométrica por via úmida consiste na determinação do teor de

resíduo retido em peneiras, com malhas definidas, após 3 minutos de passagem de

água pela mesma.

Isso simula a preparação da calda do agricultor através de um "dispositivo de

lavagem" a uma determinada pressão; o equipamento força a passagem do produto

pela peneira.

São utilizadas peneiras com aberturas de 100, 200 e 325 mesh, como

mostradas na Figura 9, a vazão de água é controlada. Após a passagem da calda

de produto em água pela peneira, as peneiras são secas em estufas com

temperaturas controladas e por um período determinado, após secas se obtém a

massa residual de produto na peneira, conhecido a massa da mesma (NBR 13237 -

Agrotóxico e afins - Determinação da granulometria por peneiramento úmido -

Método de ensaio, 2006).

Figura 9 – Foto das peneiras após o teste

3.2. Planejamento

O trabalho foi dividido em duas partes, um preliminar e uma final. Por se

tratar de um desenvolvimento de um Defensivo Agrícola do tipo Suspensão

Concentrada, o planejamento foi realizado visando primeiramente a análise das

bases de moagem.

As bases foram preparadas e estudadas na fase preliminar, obtendo

composições candidatas e que seriam posteriormente avaliadas na fase final.

Na fase final, as bases escolhidas foram completadas e o produto final foi

submetido a estudo de estabilidade acelerada.

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3.2.1. Fase Preliminar

Nesta etapa realizamos ensaios de moagem para identificar os agentes

Umectantes e Dispersantes mais apropriados nas bases de moagem. As

concentrações das bases em relação ao total de Ingredientes Ativos foram de 54%

m/m.

O preparo das amostras consistiu em misturar os ingredientes da base de

moagem, em ordem pré definida, em agitadores mecânicos IKA®, mostrados na

Figura 10, com agitação padronizada de 600 rpm.

Figura 10 - Agitadores mecânicos IKA®

Após a mistura, as amostras foram submetidas à etapa de pré-moagem,

onde se utilizou um moinho coloidal ULTRA-TURRAX T25 basic ®, mostrados na

Figura 11, por 3 minutos e com velocidade de 13500 rpm.

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Figura 11 - Ultra-turrax T25 basic®

A última etapa foi a de moagem, onde utilizou-se um moinho de esferas

MiniZeta®, com esferas de óxido de zircônio de diâmetro entre 0,6 e 0,8 mm,

preenchendo 80% da capacidade da câmara de moagem do moinho. A moagem foi

feita com velocidade de 3006 rpm durante o tempo de 5 min.

Figura 12 - Minizeta, moinho utilizado para o preapro das amostras

Nesta etapa, o tamanho de partícula e viscosidade foram as variáveis

resposta, além de observações das características da mistura durante a moagem e

também a formação de espuma. A granulometria e a viscosidade foram

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determinadas após a moagem. Lembrando que as fórmulas não foram completadas,

apenas as bases de moagem foram avaliadas.

Os agentes umectantes e dispersantes testados foram: A, B e C. A

concentração total dos umectantes e dispersantes na fórmula final será 2,8%.

Os componentes avaliados tinham concentrações de utilização indicadas

pelos fornecedores, o que estabeleceu seus respectivos limites. Os limites de

concentrações dos ingredientes foram identificados e estão na Tabela 1.

Tabela 1 - Limites de concentração dos ingredientes na fórmula final.

Ingrediente

Concentração

mínima

recomendada

(%m/v)

Proporção

em relação

ao total de

tensoativos

(%)

Concentração

máxima

recomendada

(%m/v)

Proporção

em relação

ao total de

tensoativos

(%)

A 0,03 1 1,23 44

B 0,03 1 1,23 44

C 1,54 55 2,74 98

Conhecidos os limites de cada ingrediente a ser estudado, foi feito o

planejamento de misturas, estabelecendo a região simplex a ser estudada. Foram

estabelecidas sete diferentes composições através de um simplex centróide, criado

pelo Minitab®, gerando as fórmulas Q, R, S, T, U, V e W.

O planejamento foi realizado conhecidos os limites, portanto os ingredientes

A, B e C terão suas concentrações variadas dentro dos limites mostrados na tabela

1. A Figura 13 nos mostra a região simplex obtida pelo software para um

planejamento o tipo simplex centroide, explicado na revisão bibliográfica, com os

limites estabelecidos.

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Figura 13 – Planejamento experimento do tipo Simplex centroide realizado.

Na Tabela 2, temos as composições em função das concentrações em %m/v

de cada ingrediente na formulação final, de cada ponto em vermelho na região

simplex estabelecida.

Tabela 2 - Concentração dos ingredientes nas fórmulas testadas.

Ingrediente

Concentração na fórmula final (%m/v)

Q R S T U V W

A 1,23 0,03 0,03 0,63 0,63 0,03 0,43

B 0,03 1,23 0,03 0,63 0,03 0,63 0,43

C 1,54 1,54 2,74 1,54 2,14 2,14 1,94

Total= 2,80 2,80 2,80 2,80 2,80 2,80 2,80

Como mostra a Tabela 2, a soma das concentrações dos ingredientes a

serem avaliados é sempre igual a 2,80 %m/v, independente da proporção entre os

três.

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Como o planejamento foi realizado em função das proporções, como mostra

a Figura 13, a Tabela 3 foi criada mostrando as mesmas composições da Tabela 2,

entretanto, em função da proporção entre os componentes. Pode-se perceber que

os vértices dos triângulos, representados pelos pontos Q, R e S apresentam

composições com o máximo de um determinado ingrediente e o mínimo dos outros

dois, tendo como base os limites estabelecidos.

Tabela 3 - Proporção dos ingredientes nas fórmulas testadas.

Ingrediente

Proporção dos Ingredientes na fórmula em relação ao total de

agentes Umectantes e Dispersantes (%)

Q R S T U V W

A 44.0% 1.0% 1.0% 22.5% 22.5% 1.0% 15.3%

B 1.0% 44.0% 1.0% 22.5% 1.0% 22.5% 15.3%

C 55.0% 55.0% 98.0% 55.0% 76.5% 76.5% 69.3%

Total= 100% 100% 100% 100% 100% 100% 100%

Após o planejamento as bases de moagem foram preparadas e submetidas

ao processo de moagem, já descrito acima. Após o preparo das amostras, as

mesmas foram caracterizadas.

A caracterização feita foi, como dito anteriormente, da viscosidade e da

granulometria d(0,5) e d(0,9).

Nesta etapa não foi realizado nenhuma repetição de nenhuma amostra,

devido a limitações de tempo e disponibilidade de ingredientes ativos.

3.2.2. Fase Final

Após a realização da fase preliminar foi determinada a região de interesse,

ou seja, quais proporções entre os ingredientes de estudo atingiram a expectativa.

Por se tratar de um trabalho voltado para um laboratório de uma empresa, o tempo

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é um dos fatores de grande importância, e devido a isto, nesta etapa as fórmulas

escolhidas serão completadas e avaliadas em estudo de estabilidade acelerada.

Como foi descrito na revisão bibliográfica, este estudo implica em submeter

as amostras preparadas em diferentes condições de temperatura e tempo, portanto

a avaliação será diferente da fase preliminar, onde somente as bases de moagem

foram avaliadas.

A Tabela 4 mostra a composição das amostras da fase final.

Tabela 4 - Concentração dos ingredientes A, B e C nas fórmulas da fase final

Ingrediente/

Fórmula

Concentração do ingrediente (% m/v) na formulação final

a b c d e f g h i

A 0,63 0,63 0,21 0,21 0,42 0,00 0,84 0,84 0,00

B 0,63 0,91 1,33 1,05 0,98 1,12 0,24 0,84 1,68

C 1,54 1,26 1,26 1,54 1,40 1,68 1,68 1,12 1,12

Total= 2,8 2,8 2,8 2,8 2,8 2,8 2,8 2,8 2,8

Ingrediente/

Fórmula

% em relação ao total de tensoativos

a b c d e f g h i

A 22,5 22,5 7,5 7,5 15,0 0,0 30,0 30,0 0,0

B 22,5 32,5 47,5 37,5 35,0 40,0 10,0 30,0 60,0

C 55,0 45,0 45,0 55,0 50,0 60,0 60,0 40,0 40,0

Total= 100 100 100 100 100 100 100 100 100

A Figura 14 mostra a região simplex, criada através do Minitab®, que foi

utilizada para esta etapa. Esta região foi determinada em função dos resultados

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obtidos na fase preliminar do trabalho, o que será discutido e demonstrado nas

discussões dos resultados.

Figura 14 – Planejamento utilizado da Fase Final.

Foram preparadas nove diferentes formulações para estabilidade acelerada

nesta etapa. Após serem submetidas as respectivas condições as amostras tiveram

suas características químicas e físico-químicas, estabelecidas anteriormente,

determinadas.

O preparo das formulações, como explicado na revisão bibliográfica, consiste

em, após se obter as bases de moagem, como na fase preliminar, adicionar

espessante, ajustar o pH para a faixa desejada e adicionar o restante da água para

o fechamento da fórmula.

Nesta etapa também não foi realizada nenhuma repetição, pelos mesmos

motivos descritos anteriormente.

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4. Resultados e Discussões

4.1. Resultados fase preliminar

Após o planejamento, as amostras foram preparadas e caracterizadasos

resultados obtidos foram tabelados, e comparados as respectivas especificações,

como mostra a Tabela 5.

Tabela 5 - Resultados obtidos após o teste de moagem.

Fórmula (C; B; A)

Granulometria (µm) Viscosidade

(mPas) D (0,5) D (0,9)

Q (0,55 ; 0,01 ; 0,44) 1.756 3.445 31.4

R (0,55 ; 0,44 ; 0,01) 1.451 2.686 23

S (0,98 ; 0,01 ; 0,01) Não foi possível moer.

T (0,55 ; 0,225; 0,225) 1.511 2.909 25.8

U (0,765 ; 0,01 ; 0,225) 1.717 3.329 15.6

V (0,765 ; 0,225 ; 0,01) Não foi possível moer.

W (0,693 ; 0,153 ; 0,153) 1.64 3.129 15.7

Especificação <2 3 15 - 25

Durante o processo de moagem, as fórmulas S e V tiveram um grande

aumento de viscosidade, impossibilitando a moagem, as demais amostras não

apresentaram nenhum tipo de problema com relação ao processo de preparo.

Devido a este comportamento existente nestas amostras, as mesmas foram

descartadas do estudo, uma vez que não são viáveis ao interesse da formulação.

Para a formulação em questão, como é mostrado na Tabela 5, a base de

moagem ideal deve ter a viscosidade na faixa de 15 a 25 mPas e a granulometria

com d(0,5) menor que 2 µm e d(0,9) próximo a 3 µm. Pode-se perceber que em

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relação ao parâmetro d(0,5) da granulometria todas as amostras moídas atingiram o

esperado, portanto trabalhamos mais focados nos resultados de viscosidade e

d(0,9).

Os resultados obtidos foram inseridos no planejamento do Minitab®, onde

através de análise de regressão de misturas, obtemos modelos matemáticos que

representassem a interferência de cada componente nos parâmetros analisados. O

primeiro estudo foi em relação a viscosidade.

Importante ressaltar que devido a falta de repetições nos testes, os erros dos

modelos não puderam ser calculados.

A obtenção dos coeficientes, e consequentemente dos modelos matemáticos

seguem a teoria apresentada na revisão bibliográfica, porém não será detalhado

novamente, uma vez que o software será o responsável por nos fornecer estas

informações.

Tabela 6 - Resultados da regressão de misturas para viscosidade

Termo Coef.

A -8.61

B 73.92

C -18.83

A*B -21.63

A*C 183.88

Tabela 7 - Resultados da análise de variância para viscosidade

DF Seq SS Adj SS Adj MS

Regressão 4 169.20 169.20 42.30

Linear 2 165.32 147.18 73.59

Quadrática 2 3.88 3.88 1.94

Com os coeficientes conhecidos, obtemos o modelo matemático para o

comportamento da viscosidade em função das concentrações de cada ingrediente.

O modelo obtido foi o seguinte:

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Equação 7: Viscosidade = -8.61xA + 73.92xB -18.83xC - 21.63xAxB + 183.88xAxC

Os coeficientes da Tabela 6 são os coeficientes da equação de regressão

para cada termo, quanto maior este coeficiente, maior a interferência no parâmetro

analisado. O alto coeficiente encontrado para a interação entre A e C, representada

por A*C, sugere uma forte interação sinérgica entre os componentes.

A análise de variância, Tabela 7, nos mostra os resultados de soma

quadrática, os quais indicam que o modelo quadrático apresenta um melhor

resultado, pois a soma quadrática é menor que para o modelo linear. A coluna Seq

SS representa a soma quadrática devida ao erro puro, e a outra coluna representa a

soma quadrática devida a falta de ajuste.

Com base no modelo criado pelo software, criamos uma curva de tendência,

chamada de Contour Plot, que é uma projeção da superfície de resposta como um

plano bidimensional, para os resultados de viscosidade e percebemos uma região

do simplex onde as concentrações dos três ingredientes atingem a faixa de

viscosidade desejada.

A Figura 15 mostra que temos uma faixa onde as proporções entre os três

ingredientes atingem a faixa de viscosidade desejada, entre 15 e 25 mPas.

Considerando a viscosidade ideal de 20 mPas.

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Figura 15 – Superfície de resposta para viscosidade

Criado o modelo, utilizamos outra ferramenta do software para criar o que seria a

combinação ideal entre os três ingredientes para atingir a viscosidade desejada.

Esta função é a Optimization Plot (Gráfico de otimização), explicada na revisão

bibliográfica, mas que basicamente utiliza o modelo para calcular o que seria a

composição ideal para o parâmetro desejado, ou seja, a composição de cada

ingrediente que resultará na viscosidade desejada.

Figura 16 - Gráfico de otimização para os resultados de viscosidade

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Em destaque (na cor vermelha) na Figura 16 temos as proporções de cada

ingrediente para atingir, de acordo com o modelo, a viscosidade de 20 mPas (em

azul na figura).

Na parte superior da figura, temos o comportamento da desejabilidade em

função da concentração dos três ingredientes individualmente, e na parte inferior o

comportamento da viscosidade, e nota-se que para o valor de viscosidade desejado

a desejabilidade é 1, pois o valor de viscosidade obtido para a composição em

destaque, através dos modelos é exatamente o valor desejado.

Seguindo o mesmo que foi feito para a viscosidade, realizamos a regressão

de misturas para os parâmetros de granulometria d(0,5) e d(0,9), os resultados do

d(0,5) estão na Tabela 8.

Tabela 8 - Resultados da regressão de misturas para d (0,5)

Termo Coef.

A 4.073

B 0.538

C 2.201

A*B -2.001

A*C -5.138

Tabela 9 - Resultados da análise de variância para d (0,5)

DF Seq SS Adj SS Adj MS

Regressão 4 0.068622 0.068622 0.017155

Linear 2 0.062605 0.007489 0.003745

Quadrática 2 0.006017 0.006017 0.003009

Com os coeficientes conhecidos, obtemos o modelo matemático para o

comportamento da granulometria d(0,5) em função das concentrações de cada

ingrediente. O modelo obtido foi o seguinte:

Equação 8: d(0,5) = 4.073xA + 0.538xB + 2.201xC -2.001xAxB – 5.138xAxC

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A Tabela 9 , nos mostra os resultados da análise de variância, e, repetindo o

que aconteceu com o primeiro modelo em função da viscosidade o modelo

quadrático apresentou um melhor comportamento, como pode-se perceber pelas

somas quadráticas.

Analisando o último parâmetro, que é o d (0,9), também foi determinada a

regressão de misturas para avaliar os fatores de maior interferência.

Tabela 10 - Resultados da regressão de misturas para d (0,9)

Termo Coef.

A 7.274

B 1.017

C 4.046

A*B -3.386

A*C -8.167

Tabela 11 - Resultados da análise de variância para d (0,9)

DF Seq SS Adj SS Adj MS

Regressão 4 0.380183 0.380183 0.095046

Linear 2 0.363200 0.027798 0.013899

Quadrática 2 0.016983 0.016983 0.008491

Com os coeficientes conhecidos, mostrados na Tabela 10, obtemos o modelo

matemático para o comportamento da granulometria d(0,9) em função das

concentrações de cada ingrediente. O modelo obtido foi o seguinte:

Equação 9: d(0,9) = 7.274xA + 1.017xB + 4.046xC – 3.386xAxB – 8.167xAxC

Com relação à análise de variância, mostrada na Tabela 11, pode-se

perceber que assim como os outros para os outros parâmetros, o modelo quadrático

apresentou um resultado mais satisfatório.

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Por se tratar de um parâmetro de mesma natureza que o d (0,5), já que

ambos estão relacionados ao tamanho das partículas, um comportamento parecido

era esperado, o que aconteceu. Os termos de maior interferência são os mesmos

que os de maior interferência para o d(0,5).

Após o estudo das interferências nos parâmetros individualmente, o mais

importante é analisar e buscar o que seria a composição ideal para que todos os

parâmetros sejam atingidos. Percebeu-se que os comportamentos são diferentes

para a granulometria, d(0,5) e d(0,9), e para a viscosidade, os termos de maior

impacto não são os mesmos.

Através do gráfico de otimização, temos a possibilidade de avaliar dois dos

três parâmetros, uma vez conhecidos os modelos para cada um deles. Não foi

realizada esta análise para os três parâmetros, pois o comportamento do parâmetro

d(0,5) foi satisfatório em todos os experimentos realizados, sendo assim,

descartamos este parâmetro da avaliação.

Esta função, como foi descrita na revisão bibliográfica, nos fornece a

concentração de cada ingrediente, no caso em proporção, para atingir os dois

parâmetros desejados. A Figura 17 nos mostra o gráfico de otimização fornecido

pelo Minitab®.

Figura 17 - Gráfico de otimização para os resultados de viscosidade e granulometria

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Em destaque (na cor vermelha) temos a composição de cada ingrediente

para atingir os parâmetros desejados (na cor azul). Percebe-se que não foi utilizado

o parâmetro d (0,5), pois na análise inicial dos resultados percebeu-se que o mesmo

apresentou resultado satisfatório em todas as composições moídas, sendo assim

desconsiderado nesta análise.

Nota-se na Figura 17, que foi realizada em função dos parâmetros de

viscosidade e d(0,9), os valores de desejabilidade (d) obtidos são,

aproximadamente, iguais a 1. Esta informação é importante pois, com estes valores,

indica que para a composição em destaque, segundo o modelo, os resultados

desejados serão atingidos.

O Minitab® nos forneceu através de seus modelos a composição que atingirá

os parâmetros desejados, porém como o estudo feito foi baseado apenas na etapa

de moagem, e não pudemos realizar repetições e tão pouco um maior número de

testes, é importante para a próxima etapa uma avaliação de quais composições

iremos avaliar.

Nesta etapa do trabalho temos uma formulação sugerida pelos modelos

matemáticos, e focamos agora em fazer o planejamento da fase final do

experimento. Foi levado em conta além do resultado obtido, os limites de aplicação

dos ingredientes, e variáveis como custo e facilidades de manuseio de cada

ingrediente avaliado.

Esta etapa do desenvolvimento é de extrema importância, pois é necessário

que, ao menos uma das amostras que serão avaliadas atingirá os resultados

desejados. Importante ressaltar que na fase final a fórmula será completada e

outros parâmetros serão avaliados, diferentemente desta etapa.

Partindo desta situação, foi feito um planejamento para a fase final,

mostrando quais serão as faixas das composições de estudo, mostrado na Tabela

12.

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Tabela 12 - Concentrações para fase final

Componentes Limites de

indicação (%)

Composição

indicada (%)

Limites das

composições de estudo

(%)

A 1 – 44 14,18 0 - 30

B 1 – 44 23,59 10 - 60

C 55 - 98 62,23 40 - 60

Total= 100% 100% 100%

Percebe-se que em relação ao ingrediente C, utilizamos uma faixa que

começa em um valor menor que o indicado pelo fornecedor, e termina em uma

proporção menor que a proporção indicada pelo modelo matemático. Esta escolha

foi baseada no fato de que este ingrediente tem um alto custo, e a indicação é feita

para a utilização deste ingrediente como único agente umectante ou dispersante de

uma fórmula, como estamos trabalhando com mais dois decidimos reduzir um

pouco a faixa.

O ingrediente B teve uma faixa maior do que a indicada pois apresenta um

custo relativamente baixo e teve um comportamento bom em outras fórmulas, já

desenvolvidas anteriormente, quando utilizado em concentrações maiores. Em

relação ao componente A, trabalhamos com uma faixa baseada na composição

indicada pelo software.

Por segurança de atingir o resultado desejado, trabalhamos com uma faixa

relativamente grande dos limites de composição, pois assim conseguimos avaliar de

uma maneira mais ampla diversar composições.

O planejamento foi realizado partindo-se de uma formulação com a

composição exatamente no centro dos limites de composição do estudo mostrados

na Tabela 12. Com base nesta formulação foi realizado um planejamento variando a

concentração de todos os ingrediente para o limite inferior e o limite superior,

formando nove diferentes combinações entre eles. Os limites foram variados em

0%, 25%, 50%, 75 % e 100 %, considerando os limites máximos como 100% e

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mínimos como 0%, a Figura 14, mostrada do planejamento da fase final, na parte

experimental do trabalho, nos mostra a região de interesse para estudo.

4.2. Resultados fase final

Na fase final, os resultados estão relacionados a estudos de estabilidade, os

quais foram realizados ao longo de três meses, em cada ponto de estabilidade. As

amostras após cada período sob ação de uma temperatura era retirada e tinha suas

propriedades analisadas e comparadas com as análises realizadas quando

preparadas.

A Tabela 13 mostra as condições que as amostras serão submetidas nesta

estabilidade.

Tabela 13 - Cronograma de estabilidade

Tempo (semanas) 2 4 4 4 12 12

Condição 54 ºC 5 ºC FTT 54 ºC 40 ºC Ambiente

A sigla FTT significa Frezze-thaw test, nesta condição as amostras ficam em

uma câmara climática que submete as mesmas à um ciclo de doze horas em

temperatura de 40 ºC e doze horas em temperatura e 5 ºC.

No Anexo 1 temos a tabela com todos os resultados, e podemos observar o

comportamento de cada fórmula em cada condição. Baseando-se na especificação

do produto, escolhemos a(s) fórmula(s) que atendem o que esperamos.

Através dos resultados obtidos ao longo de três meses de estudo, podemos

perceber que temos algumas fórmulas que atingiram o esperado. Para escolhermos

a(s) fórmula(s) que seguirão nas demais etapas de desenvolvimento, partimos para

critérios de custos e facilidades de processo, os quais não serão detalhados no

trabalho.

A fórmula “e” apresentou um resultado muito satisfatório, pois em nenhuma

condição apresentou um resultado fora da especificação desejada, sendo escolhida

como a formulação principal. Outras fórmulas apresentaram resultados satisfatórios,

onde em apenas algumas condições tivemos resultados fora das especificações,

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porém resultados que podem ser corrigidos com pequenas alterações na

composição da fórmula, eventualmente até uma adição de algum outro ingrediente

com o objetivo de melhor uma propriedade em específico.

Como resultado deste trabalho chegamos na fórmula e como fórmula

escolhida, e as fórmulas c e d como sendo as formulações reservas.

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5. Conclusão

Em se tratando de um estudo realizado em indústrias, onde o tempo é um

fator de extrema importância, onde existe sempre uma cobrança para que o

resultado seja atingido com qualidade e dentro do menor tempo possível, diversas

dificuldades são geradas em um estudo de planejamento de misturas. Uma vez que

na mistura de três diferentes componentes com suas respectivas limitações, temos

um número extremamente grande de possíveis combinações entre eles, o que torna

inviável o estudo de todas.

No caso específico de um desenvolvimento de um defensivo agrícola existe

outra dificuldade, que é a limitação de ingredientes ativos imposta legalmente, o que

gera uma limitação da quantidade de matéria prima para o estudo, fazendo com que

seja necessário um redução do número de testes.

Tendo em vista estas dificuldades impostas, este trabalho mostrou uma saída

viável para se conciliar tempo e qualidade do resultado neste desenvolvimento de

formulação por planejamento de misturas. Atingindo a fórmula desejada no final, a

qual atende as especificações do produto desejado dentro de um tempo aceitável

para uma indústria.

Em termos estatísticos esta não foi a melhor maneira para um estudo de

planejamento de misturas, uma vez que nem mesmo repetições de amostras

pudemos realizar devido as limitações de estudo. Mas, mesmo assim o resultado

pode ser atingido através de uma análise que nos indica a melhor direção, para que

possamos reduzir a região de interesse inicial, nos propiciando um número menor

de possíveis combinações e assim possamos fazer um estudo mais completo de

formulações. Através deste estudo, avaliando as propriedades das fórmulas em

função de diferentes temperaturas e tempos, chegamos a melhor composição da

fórmula de acordo com as especificações desejadas.

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Anexo 1: Resultados de estabilidade acelerada da fase final

Tabela de resultados da estabilidade acelerada

Condição Especificação a b c d e f g h i

4 - 6 5.7 5.4 5.4 5.4 5.4 5.5 5.5 5.4 5.4

D(0,5) < 2 1.5 1.5 1.6 1.4 1.4 1.4 1.5 1.5 1.3

D(0,9) < 3,2 3.1 3.1 3.1 3.1 3.0 3.2 3.2 2.9 2.9

#100 < 3 1.0% 1.0% 0.3% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.5% 0.2%

#200 < 3 1.2% 2.0% 1.0% 1.0% 0.0% 0.0% 0.0% 1.0% 0.4%

Viscosidade

(mPa.s)D100 < 120 101 106 109 112 108 114 105 113 122

4 - 6 4.7 4.5 4.5 4.5 4.5 4.5 4.5 4.4 4.4

D(0,5) < 2 1.5 1.4 1.6 1.6 1.5 1.5 1.5 1.6 1.5

D(0,9) < 3,2 3.1 3.2 3.3 3.1 3.2 3.2 3.3 3.1 2.9

#100 *2 < 3 2.0% 2.0% 1.0% 1.0% 2.0% 4.0% 2.0% 1.0% 1.0%

#200 *3 < 3 3.0% 3.0% 2.0% 2.0% 2.0% 5.0% 3.0% 2.0% 2.0%

Viscosidade

(mPa.s)D100 < 120 92 93 100 99 96 110 99 109 100

< 5 % 5.0% 4.0% 7.0% 2.0% 1.0% 9.0% 3.0% 5.0% 6.0%

Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não

4 - 6 5.4 5.2 5.3 5.4 5.4 5.4 5.4 5.4 5.4

D(0,5) < 2 1.6 1.4 1.6 1.6 1.6 1.5 1.5 1.5 1.5

D(0,9) < 3,2 3.3 3.1 3.1 3.3 3.0 3.5 3.2 3.0 2.9

#100 *2 < 3 0.0% 1.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0% 0.0%

#200 *3 < 3 1.0% 2.0% 1.0% 1.0% 0.0% 0.0% 0.0% 1.0% 0.0%

Viscosidade

(mPa.s)D100 < 120 106 111 113 116 113 119 107 117 127

< 5 % 4.0% 3.0% 1.0% 0.0% 0.0% 0.0% 1.0% 1.0% 0.0%

Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não

4 - 6 4.9 4.7 4.8 4.7 4.7 4.8 4.8 4.7 4.7

D(0,5) < 2 1.6 1.4 1.6 1.6 1.6 1.4 1.5 1.5 1.5

D(0,9) < 3,2 3.3 3.1 3.1 3.1 3.2 3.2 3.1 2.9 2.9

#100 *2 < 3 0.3% 1.0% 1.0% 1.0% 1.0% 1.0% 0.0% 0.0% 1.0%

#200 *3 < 3 1.0% 1.0% 1.0% 1.2% 2.0% 2.0% 2.0% 1.0% 2.0%

Viscosidade

(mPa.s)D100 < 120 101 104 106 108 114 114 102 119 122

< 5 % 3.0% 3.0% 2.0% 1.0% 2.0% 1.0% 2.0% 4.0% 5.0%

Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não

Inicial

Teste

FórmulasEstabilidade acelerada

28 dias

@ FTT*1

pH

Granulometria

(µm)

Granulometria

por via úmida(%)

Separação de fases

Sedimentação

28 dias

@ 5 ºC

pH

Granulometria

(µm)

Granulometria

por via úmida(%)

Separação de fases

Sedimentação

14 dias

@ 54ºC

pH

Granulometria

(µm)

Granulometria

por via úmida(%)

Separação de fases

Sedimentação

Granulometria

(µm)

Granulometria

por via úmida(%)

pH

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Continuação da Tabela de resultados da estabilidade acelerada

4 - 6 4.5 4.4 4.3 4.4 4.3 4.4 4.4 4.3 4.3

D(0,5) < 2 1.6 1.6 1.6 1.6 1.6 1.5 1.5 1.5 1.5

D(0,9) < 3,2 3.3 3.3 3.2 3.1 3.0 3.0 3.2 3.0 2.9

#100 *2 < 3 3.0% 1.9% 2.0% 2.3% 1.8% 2.0% 2.1% 1.5% 2.1%

#200 *3 < 3 5.5% 3.3% 2.9% 3.2% 2.0% 3.5% 3.3% 2.7% 3.0%

Viscosidade

(mPa.s)D100 < 120 88 114 93 113 93 107 91 101 108

< 5 % 8.3% 8.3% 10.6% 6.7% 4.0% 8.3% 9.3% 9.1% 7.0%

Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não

4 - 6 4.6 4.4 4.3 4.3 4.3 4.2 4.3 4.2 4.2

D(0,5) < 2 1.6 1.6 1.5 1.5 1.4 1.4 1.5 1.5 1.4

D(0,9) < 3,2 3.2 3.3 3.3 3.1 3.0 3.2 3.0 3.0 2.9

#100 *2 < 3 2.2% 3.8% 2.9% 2.4% 2.4% 2.1% 2.7% 3.7% 2.6%

#200 *3 < 3 4.7% 6.0% 5.5% 5.0% 2.0% 4.9% 4.9% 6.7% 5.0%

Viscosidade

(mPa.s)D100 < 120 95 139 173 103 106 119 94 144 163

< 5 % 0.1 0.0 0.0 0.1 traços 0.0 0.1 0.0 0.0

Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não

4 - 6 4.9 4.7 4.7 4.7 4.7 4.7 4.8 4.7 4.6

D(0,5) < 2 1.5 1.4 1.5 1.6 1.4 1.4 1.4 1.4 1.3

D(0,9) < 3,2 3.2 3.1 3.3 3.3 3.0 3.3 3.1 1.3 2.8

#100 *2 < 3 0.6% 0.6% 0.6% 0.1% 2.0% 0.3% 0.8% 0.0% 0.0%

#200 *3 < 3 1.5% 0.7% 0.7% 0.6% 2.4% 0.3% 1.4% 0.2% 0.0%

Viscosidade

(mPa.s)D100 < 120 104 108 115 111 112 117 107 126 130

< 5 % 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0 0.0

Não Não Não Não Não Não Não Não Não Não

*1FTT (Frezzer Tau test) - 12 horas a 40 ºC e 12 horas a 5ºC

90 dias

@

Ambiente

pH

Sedimentação

Granulometria

(µm)

Granulometria

por via úmida(%)

Separação de fases

90 dias

@ 40ºC

pH

Granulometria

(µm)

Granulometria

por via úmida(%)

Separação de fases

Sedimentação

28 dias

@ 54ºC

pH

Sedimentação

Granulometria

(µm)

Granulometria

por via úmida(%)

Separação de fases