UTILIZAÇÃO DE LEGO® PARA O ENSINO DOS CONCEITOS … · Existem várias técnicas de modelagem de...

12
UTILIZAÇÃO DE LEGO® PARA O ENSINO DOS CONCEITOS SOBRE SIMULAÇÃO COMPUTACIONAL A EVENTOS DISCRETOS Alexandre Ferreira de Pinho (UNIFEI) [email protected] Fabiano Leal (UNIFEI) [email protected] José Arnaldo Barra Montevechi (UNIFEI) [email protected] Rafael Florêncio da Silva Costa (UNIFEI) [email protected] Este artigo mostra como é possível facilitar o aprendizado dos conceitos sobre a Simulação Computacional a Eventos Discretos, através de técnicas lúdicas de ensino. É apresentada neste artigo uma dinâmica de ensino através de bloquinhos de montagem LEGO®, batizada de SIMBA - Simulação com Bloquinhos Animados. Esta dinâmica além de abordar os principais conceitos sobre simulação computacional, também demonstra os conceitos sobre modelagem conceitual, coleta de dados e modelo computacional. O artigo descreve as três fases utilizadas na dinâmica SIMBA e como os conceitos descritos anteriormente são transmitidos aos alunos. Palavras-chaves: Simulação computacional a eventos discretos, ensino de engenharia de produção, bloquinho de montagem LEGO® XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO A Engenharia de Produção e o Desenvolvimento Sustentável: Integrando Tecnologia e Gestão. Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

Transcript of UTILIZAÇÃO DE LEGO® PARA O ENSINO DOS CONCEITOS … · Existem várias técnicas de modelagem de...

  • UTILIZAO DE LEGO PARA O

    ENSINO DOS CONCEITOS SOBRE

    SIMULAO COMPUTACIONAL A

    EVENTOS DISCRETOS

    Alexandre Ferreira de Pinho (UNIFEI)

    [email protected]

    Fabiano Leal (UNIFEI)

    [email protected]

    Jos Arnaldo Barra Montevechi (UNIFEI)

    [email protected]

    Rafael Florncio da Silva Costa (UNIFEI)

    [email protected]

    Este artigo mostra como possvel facilitar o aprendizado dos

    conceitos sobre a Simulao Computacional a Eventos Discretos,

    atravs de tcnicas ldicas de ensino. apresentada neste artigo uma

    dinmica de ensino atravs de bloquinhos de montagem LEGO,

    batizada de SIMBA - Simulao com Bloquinhos Animados. Esta

    dinmica alm de abordar os principais conceitos sobre simulao

    computacional, tambm demonstra os conceitos sobre modelagem

    conceitual, coleta de dados e modelo computacional. O artigo descreve

    as trs fases utilizadas na dinmica SIMBA e como os conceitos

    descritos anteriormente so transmitidos aos alunos.

    Palavras-chaves: Simulao computacional a eventos discretos, ensino

    de engenharia de produo, bloquinho de montagem LEGO

    XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto.

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    2

    1. Introduo

    A dinmica de ensino proposta neste artigo vem sendo aplicada na Universidade Federal de

    Itajub desde setembro de 2008, associada ao tema Simulao Computacional a Eventos

    Discretos, e utilizada na graduao e na ps-graduao em Engenharia de Produo desta

    instituio. A dinmica SIMBA (Simulao com Bloquinhos Animados) representa um

    sistema de produo caracterizado por ser do tipo puxado, ou seja, cada estao puxa o

    resultado da montagem da estao anterior, de acordo com sua necessidade, e os produtos

    finais da operao so puxados pelo cliente de acordo com sua demanda. O objetivo

    principal desta dinmica desenvolver nos alunos a habilidade de modelar a partir do contato

    com um sistema real.

    Esta dinmica se caracteriza por ser um modelo de aprendizagem vivencial, pois segundo

    Kolb (1997) esta dinmica enfatiza a experincia no processo de aprendizagem. Para que

    ocorra o aprendizado necessrio que as pessoas se envolvam completa e abertamente em

    novas experincias concretas. Em seguida, necessrio refletir sobre essas experincias e

    observ-las a partir de outras perspectivas. Depois, as concluses obtidas devem ser

    generalizadas, criando-se novos conceitos que consigam integrar as observaes em teorias

    lgicas. No final, deve-se transferir, ou mesmo testar, estes conceitos em novas situaes,

    modificando procedimentos, tomando decises ou resolvendo problemas.

    O objetivo deste trabalho descrever a dinmica SIMBA utilizada em sala de aula e

    demonstrar como os recursos visuais que esta dinmica proporciona facilitam o aprendizado

    dos alunos de graduao e ps-graduao. Nesta dinmica, as equipes podem tomar diferentes

    decises durante suas trs fases e acompanhar os resultados de suas decises. Tambm sero

    abordados, neste artigo, os conceitos envolvidos para a realizao desta dinmica.

    A disciplina de simulao na qual se insere a dinmica possui a filosofia de ensino de preparar

    os alunos para atuar em modelagem e simulao em empresas. Desta forma, durante a

    disciplina, os alunos vo a campo e modelam um sistema (da rea de manufatura ou servio).

    A funo da dinmica preparar o aluno para o trabalho prtico, ou seja, reproduzir em

    laboratrio parte das dificuldades que este ter na prtica

    Este artigo apresentar no item 2 uma breve reviso bibliogrfica sobre a simulao

    computacional a eventos discretos, destacando trs etapas de projetos de simulao abordados

    com mais nfase na dinmica. O item 3 apresenta uma reviso sobre tcnicas de ensino em

    engenharia de produo, inclusive com o uso de peas de montagem Lego. A aplicao da

    dinmica detalhada no item 4 e as concluses no item 5. Por fim o artigo apresenta as

    referncias utilizadas.

    2. Simulao Computacional a Eventos Discretos

    De acordo com Chwif e Medina (2006), os sistemas reais geralmente apresentam uma maior

    complexidade devido, principalmente, a sua natureza dinmica (que muda seu estado ao longo

    do tempo) e a sua natureza aleatria (que regida por variveis aleatrias). O modelo de

    simulao consegue capturar com mais fidelidade essas caractersticas, procurando repetir em

    um computador o mesmo comportamento que o sistema apresentaria quando submetido s

    mesmas condies de contorno. O modelo de simulao utilizado, particularmente, como

    uma ferramenta para se obter respostas a sentenas do tipo: o que ocorreria se....

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    3

    Para Kleijnen (1995), a viso completa do processo de modelagem e simulao envolve arte e

    cincia. Destacando o papel do modelo, Harrel e Tumay (1997) destacam que o modelo deve

    ser vlido no sentido de representar satisfatoriamente a realidade, e ser mnimo, no sentido de

    incluir somente elementos que influenciam no problema a ser solucionado.

    Sobre a questo de experimentos em simulao, Law (2006) afirma que o uso de modelos de

    simulao vem a substituir experimentaes diretamente em sistemas reais (existentes ou

    no), nos quais os experimentos se tornam inviveis economicamente, ou mesmo impossveis

    de serem realizados.

    Alguns autores apresentam uma seqncia de passos, contrariando uma falsa idia de que a

    simulao consiste na programao computacional de um modelo. Esta seqncia pode ser

    observada em trabalhos como Chwif (1999) e Montevechi et al. (2007).

    Neste artigo 3 etapas de projetos de simulao sero destacadas, pois faro parte da dinmica

    de ensino proposta. Estas etapas so: modelagem conceitual, coleta de dados e modelagem

    computacional.

    2.1 Modelo Conceitual

    Na etapa de concepo, o modelo que est na mente do analista (modelo abstrato) deve ser

    representado de acordo com alguma tcnica de representao, a fim de torn-lo um modelo

    conceitual, de modo que outras pessoas possam entend-lo.

    Apesar de importante, muito comum encontrar em trabalhos de simulao uma apresentao

    simplificada deste modelo ou mesmo sua omisso. Os autores Chwif e Medina (2006, p.55)

    afirmam em seu prprio trabalho que (...) a etapa de criao do modelo conceitual o

    aspecto mais importante de um estudo de simulao (...) embora muitos livros e muitos

    analistas pulem esta etapa.

    comum, em praticantes de simulao, certa confuso entre os conceitos de modelo

    conceitual e modelo computacional. Em seu trabalho, Sargent (2004) procura explicar a

    diferena entre o modelo conceitual e o modelo computacional. Segundo este autor, o modelo

    conceitual a representao matemtica, lgica ou verbal do problema; e o modelo

    computacional o modelo conceitual implementado em um computador. O modelo conceitual

    desenvolvido atravs de fases de anlise e modelagem, e o modelo computacional

    desenvolvido atravs de uma programao computacional e uma fase de implementao.

    Existem vrias tcnicas de modelagem de processos. Kettinger, Teng e Guha (1997) listaram

    mais de 100 em uma survey realizada. Aguilar-Savn (2004) confirma que o processo de

    seleo da tcnica ou ferramenta correta para modelagem de processos vem se tornando mais

    e mais complexo, no somente devido ao grande nmero de abordagens disponveis, mas

    tambm devido falta de um guia que explique e descreva os conceitos envolvidos nas

    diversas tcnicas e ferramentas de modelagem. Tcnicas especficas de mapeamento de

    processo visando modelagem conceitual de projetos de simulao ainda no esto bem

    consolidadas, como mostra o trabalho de Leal, Almeida e Montevechi (2008). Neste trabalho

    citado, os autores propem uma nova tcnica de modelagem conceitual: o IDEF-SIM.

    2.2 Coleta de Dados

    Para Vicent (1998), o aspecto mais difcil da modelagem dos dados de entrada de uma

    simulao a unio de dados com qualidade suficiente, quantidade e variedade para obter

    uma anlise razovel.

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    4

    Aps a coleta dos dados, estes devem ser tratados. O tratamento consiste em se utilizar

    tcnicas para descrever os dados levantados, identificar as possveis falhas nos valores

    amostrados e aumentar o conhecimento a cerca do fenmeno. Nesta fase torna-se comum o

    uso de pacotes comerciais de estatstica.

    Nelson e Yamnitsky (1998) j apontavam um grande nmero de pacotes de softwares para dar

    suporte na modelagem de dados de entrada, como o ExpertFit, o Arena Input Processor,

    Stat::Fit e BestFit.

    Aps a coleta dos dados e anlise, realizada a inferncia sobre o comportamento da

    populao a partir de uma amostra. Como resultado, tem-se um modelo probabilstico que

    representar o fenmeno aleatrio em estudo e este ser incorporado ao modelo de simulao.

    2.3 Modelo Computacional

    Com o passar dos anos, houve uma grande evoluo das interfaces grficas dos sistemas

    operacionais dos PCs, favorecendo os softwares de simulao a ficar bem mais fceis de

    operar, devido construo dos modelos ter se tornado mais grfica e menos textual.

    Um ponto importante em um estudo de simulao (porm no fundamental) a escolha

    correta do software de simulao. Para Chwif e Medina (2006), no fundamental pois o

    ponto mais importante o humanware, ou o analista que est realizando o estudo. Porm, no

    se pode negar que a seleo do software e do hardware influencia sobretudo o tempo total de

    um estudo de simulao. Uma possvel fonte de informaes sobre os softwares de simulao

    a revista eletrnica OR/MS Today (2005), mantida pelo Institute for Operations Research

    and the Management Sciences Informs. Esta revista apresenta uma survey com os principais

    softwares de simulao, relacionando vendedores, principais usos, custos, principais clientes,

    sistema operacional utilizado, etc.

    3. Dinmicas para o ensino de engenharia de produo

    Atualmente muitos cursos no mundo inteiro tm utilizado a aplicao de jogos de empresas

    como forma complementar de ensino.

    O jogo de empresas o tipo de dinmica na qual se realiza um exerccio de tomada de deciso

    em seqncia, buscando o treinamento sistemtico de uma equipe ou conjunto de equipes,

    trabalhando sobre o modelo de uma operao empresarial no qual os participantes assumem

    posies definidas como se estivessem dentro de uma empresa (MURY, 2002). Sua principal

    utilizao nos dias de hoje se d principalmente no treinamento empresarial. No entanto, uma

    das dificuldades encontradas fazer com que o modelo se aproxime o mximo possvel da

    realidade. uma excelente ferramenta de ensino, baseando-se geralmente em modelos

    matemticos que buscam simular o comportamento econmico, empresarial e organizacional.

    Porm, no Brasil, essa prtica ainda pouco apreciada, pois, para algumas pessoas, os jogos

    empresariais ainda possuem conotao puramente ldica e de perda de tempo. A validade de

    tais jogos ainda um paradigma em fase de mudana. As experincias de educadores de

    diversas instituies no mundo inteiro tm sido positivas e promovem uma transformao na

    forma de se encarar a complementaridade dos jogos, quando aliados aos mtodos tradicionais

    de ensino. Nas universidades, os jogos conseguem auxiliar no desenvolvimento de diversos

    aspectos: viso sistmica, tratamento do vis cognitivo, trabalho em equipe, liderana,

    dinmica de sistemas, relacionamento das reas das empresas, esprito crtico nas decises etc.

    Para que a mudana de paradigma ocorra, so necessrios a elaborao de jogos com

    propsitos especficos para a aplicao nas diversas reas da Engenharia de Produo. Alm

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    5

    disso, deve haver tambm a conscientizao dos educadores, seja pela experincia de

    terceiros, bem como pelos estudos, qualitativos e quantitativos, feitos sobre jogos de

    empresas, da necessidade de agregar valor a seus cursos, tornando-os mais produtivos e

    eficazes.

    Neste contexto, a dinmica apresentada neste artigo trata-se de um mtodo de instruo e

    aprendizagem colaborativa, construtivista e contextualizada que promove, dentre outras

    habilidades, a busca por soluo de problemas, o trabalho em grupo, bem como atitudes

    diferenciadas, tais como o estudo autnomo.

    O uso de peas de montagem Lego em dinmicas de ensino tem sido aplicado e publicado

    em trabalhos cientficos como Burgi, Victor e Lentz (2004) e Lindh e Holgersson (2007).

    Em 2005, o artigo entitulado de Utilizao de Bloquinhos de Montagem LEGO para o

    Ensino dos Conceitos do Sistema Toyota de Produo, dos autores Pinho, Leal e Almeida

    (2005), foi premiado na sesso de ensino de engenharia, no Encontro Nacional de Engenharia

    de Produo. Neste artigo, tcnicas utilizadas no Sistema Toyota de Produo so simuladas

    atravs de uma empresa fictcia cuja matria prima composta por peas de montagem, como

    mostra a Figura 01.

    Figura 01 Dinmica aplicada para o ensino do Sistema Toyota de Produo (MIB Montagem Interativa de

    Bloquinhos). Fonte: Pinho, Leal e Almeida (2005)

    4. A dinmica SIMBA

    A dinmica de ensino apresentada neste artigo recebeu o nome de SIMBA (Simulao com

    Bloquinhos Animados). A Figura 02 mostra a imagem representativa desta dinmica.

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    6

    Figura 02 - Figura representativa da dinmica SIMBA

    O objetivo principal desta dinmica desenvolver nos alunos a habilidade de modelar a partir

    do contato com um sistema real. Seus objetivos especficos so: desenvolver a habilidade de

    modelagem conceitual; desenvolver a habilidade de observao e cronometragem; fazer com

    que os alunos modelem os dados de entrada; desenvolver o uso de elementos e comandos do

    software (Promodel); gerar relatrio de anlise da simulao e fazer a interpretao destes.

    Cabe ressaltar que alm das fotos que sero mostradas neste artigo, realizada, tambm, uma

    filmagem da dinmica. Esta filmagem utilizada como instrumento adicional para a

    motivao dos estudantes, uma vez que esta filmagem entregue aos alunos para que este

    possa se auto-avaliar.

    A dinmica consiste na montagem de bloquinhos LEGO em um produto final, batizado de

    DinoCar. Para a montagem deste produto so necessrios trs estgios de produo, sendo

    cada estgio responsvel por uma etapa do desenvolvimento do produto. A Figura 03 mostra

    cada estgio do processo do produto e o produto final. estipulado um tempo total de 5

    minutos por rodada e so realizadas 3 rodadas.

    Figura 03 Estgios de produo e o produto final (DinoCar)

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    7

    Dois cenrios so executados na dinmica: um fluxo sem estoques intermedirios, sendo a

    capacidade de cada posto de trabalho de uma pea; e um fluxo com dois estoques

    intermedirios, sendo um deles entre os estgios 1 e 2, e outro entre os estgios 2 e 3. Ambos

    os estgios apresentam capacidade de uma pea. Esta situao d condies ao aluno de

    inserir em seus modelos a programao de estoque, alm da interpretao de cenrios.

    Cada grupo participante dividido em no mnimo dez componentes:

    Operador 1: responsvel pela primeira parte da montagem (estgio 1);

    Operador 2: responsvel pela segunda parte da montagem (estgio 2);

    Operador 3: responsvel pela terceira parte da montagem (estgio 3);

    Expedio: responsvel pelo embarque no caminho;

    Trs engenheiros de processo: responsveis em desenvolver o modelo conceitual

    (fluxograma), alm de cronometrar os tempos utilizados na montagem do DinoCar em

    cada estgio produtivo;

    Trs analistas de simulao: responsveis em criar o modelo computacional com base no

    modelo conceitual desenvolvido e nos tempos de produo coletados.

    O sistema de produo criado nico na dinmica. Todas as equipes devem modelar este

    sistema. Ou seja, aps a observao, as equipes se dividem para o trabalho de modelagem. A

    seguir so detalhadas cada uma das trs fases existentes nesta dinmica.

    4.1 Fase 1: modelo conceitual

    Aps a montagem dos produtos (DinoCar), cada equipe elabora o modelo conceitual do

    sistema observado. Nesta etapa, as equipes utilizam a tcnica do fluxograma para o

    mapeamento. A capacidade de observao e modelagem so desenvolvidas nesta etapa. A

    Figura 04 representa um posto de trabalho observado pelas equipes.

    Figura 04 Posto de trabalho do sistema a ser simulado

    A Figura 05 mostra um modelo conceitual desenvolvido por uma equipe. Para isto, a equipe

    utilizou o software Microsoft Office Visio.

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    8

    ESTGIO 01

    Montagem do Chassi

    do Dino Car

    Matria-Prima

    O ESTGIO 02

    est disponvel?N

    S ESTGIO 02 Montagem da

    Carroceria do Dino Car

    Estoque Final

    Modelo 02 Com Estoque Intermedirio

    Dist. Normal

    t = 16,5 s

    Desv. Pad.= 0,7 s

    Dist. Normal

    t = 24,3 s

    Desv. Pad.= 1,5 s

    Dist. Normal

    t = 25 s

    Desv. Pad.= 2,0 s

    O Estoque em 02

    est disponvel?

    Estoque Intermedirio

    entre 01 e 02

    S

    N

    O ESTGIO 03

    est disponvel?

    N

    S

    O Estoque em 03

    est disponvel?

    Estoque Intermedirio

    entre 02 e 03

    S

    N

    ESTGIO 03

    Insero das rodas do

    Dino Car

    Figura 05 Modelagem conceitual atravs de fluxograma desenvolvido por uma equipe

    4.2 Fase 2: anlise dos tempos cronometrados

    Nesta fase, as equipes ajustam os tempos cronometrados em distribuies, atravs de

    softwares como Minitab e Stat:Fit. Desta forma, o modelo de simulao trabalhar com

    dados de entrada na forma estocstica. A Figura 06 destaca a coleta dos tempos.

    Figura 06 Destaque para a cronometragem dos tempos

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    9

    Antes da cronometragem, so discutidos alguns aspectos importantes. Decide-se, com as

    equipes quais sero os pontos de incio e trmino de cronometragem. Alm disto, decide-se

    qual a posio do cronometrista. Vale destacar que, na dinmica, os responsveis pelos postos

    de trabalho devem se levantar e deslocar at o prximo posto, e o cronometrista no deve

    atrapalhar este percurso.

    4.3 Fase 3: modelagem computacional

    Aps a confeco do modelo conceitual e da modelagem dos dados de entrada, as equipes

    iniciam a modelagem computacional, utilizando neste caso o software Promodel. Uma

    biblioteca grfica foi editada com peas de montagem Lego, para que as equipes possam

    utilizar melhor o recurso da animao grfica do modelo, como mostra a Figura 07.

    Figura 07 Biblioteca grfica construda para a dinmica

    A criao desta biblioteca grfica tem o objetivo de destacar a animao grfica em modelos

    de simulao. A animao tem um importante papel na verificao do modelo, permitindo ao

    aluno visualizar possveis erros de modelagem, observando o fluxo simulado.

    A Figura 08 ilustra a modelagem computacional realizada por uma das equipes.

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    10

    Figura 08 Modelagem computacional sendo realizada por uma das equipes

    Durante a fase de coleta de dados, os alunos envolvidos no sistema de produo produziram

    DinoCars por 5 minutos. A quantidade produzida foi anotada. Aps a confeco do modelo

    computacional pelas equipes, foi sugerido que os modelos fossem rodados por 5 minutos, para

    que se pudesse realizar uma comparao do total produzido pelo modelo e o total produzido

    pelo sistema. Esta uma forma simples, porm no suficiente, para a validao do modelo.

    Demais formas de validao foram discutidas com as equipes.

    Cada equipe simulou seu modelo gerando 10 rplicas. A varivel de sada mensurada foi o

    nmero de DinoCars produzidos em um turno de 8 horas. Este resultado foi dado na forma de

    intervalo, atravs da eq. (1).

    n

    stx n 2/,1 (1)

    sendo que:

    x = mdia de DinoCars produzidos nas 10 rplicas;

    t n-1,/2 = t (Student);

    s = desvio padro da amostra (conjunto de 10 rplicas);

    n = nmero de dados da amostra (conjunto de 10 rplicas).

    Cada equipe ainda foi orientada a definir, a partir do relatrio da simulao, qual o estgio

    gargalo, a porcentagem de bloqueio dos estgios de trabalho e as propostas de melhorias. As

    informaes foram interpretadas a partir de relatrios gerados pelo prprio software de

    simulao, como mostra a Figura 09.

    Cada equipe elabora ento um relatrio, destacando as fases executadas no projeto de

    simulao, com dados obtidos e as informaes geradas aps a anlise. Os softwares

    necessrios j estavam pr-instalados no laboratrio onde ocorreu a dinmica.

    Figura 09 Anlise do tempo consumido em cada estgio

    5. Concluses

    A aplicao da dinmica SIMBA com os alunos da graduao e ps-graduao das turmas de

    Engenharia de Produo mostrou-se adequada ao ensino de modelagem de sistemas. Esta

    dinmica passou a ser um recurso de ensino adicional dentro do curso de Engenharia de

    Produo.

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    11

    Os conceitos sobre simulao computacional a eventos discretos (modelo conceitual, coleta

    de dados e modelo computacional) so transmitidos para os alunos, alm de tornar a aula bem

    mais atraente do ponto de vista didtico.

    A capacidade do aluno em visualizar um sistema de produo e model-lo o ponto principal

    desta dinmica. Alm disto, a interpretao dos resultados da simulao discutida em

    equipe, de forma a estimular a tomada de deciso em grupo.

    A dinmica ainda apresentou uma caracterstica de interdisciplinaridade, como:

    conceitos de projeto de simulao, como modelagem computacional atravs de software

    (Promodel);

    tcnicas de racionalizao, como cronometragens e avaliao de postos de trabalho;

    conceitos de planejamento e controle da produo, como o uso de estoques intermedirios;

    tcnicas de mapeamento de processo, como o fluxograma;

    fundamentos estatsticos, como a definio de intervalos e seleo de distribuies de

    probabilidade;

    trabalho em equipe;

    observao de sistemas.

    Como trabalho futuro pretende-se desenvolver novas dinmicas a partir da construo de

    maquetes de sistemas produtivos a partir de peas de montagem Lego acopladas a motores e

    sensores, permitindo assim a criao de objetos de estudo em movimento. Este kit de

    montagem chamado de Lego Mindstorm j aparece em alguns trabalhos citados na reviso

    bibliogrfica deste artigo. Tais dinmicas visam aperfeioar o ensino de modelagem de

    sistemas e esto sendo desenvolvidas na Universidade Federal de Itajub pelo NEAAD

    (Ncleo de Estudos Avanados para Auxlio Deciso).

    6. Agradecimentos

    Os autores agradecem ao NEAAD (Ncleo de Estudos Avanados para Auxlio Deciso),

    FAPEMIP, CNPq, CAPES e empresa PadTec, pelo apoio a esta pesquisa.

    Referncias

    AGUILAR-SAVN, R.S. Business process modeling: Review and framework. International Journal of

    Production Economics, v.90, p.129149, 2004.

    BURGI, P.; VICTOR, B. & LENTZ, J. Case study: modeling how their business really works prepares

    managers for sudden changes. Strategy and Leadership, v. 32, n.2, p. 28-35, 2004.

    CHWIF, L. Reduo de modelos de simulao de eventos discretos na sua concepo: uma abordagem causal.

    151 f. Tese (Doutorado em Engenharia Mecnica) - Escola Politcnica, Universidade de So Paulo, So Paulo,

    1999.

    CHWIF, L. & MEDINA, A.C. Modelagem e Simulao de Eventos Discretos: Teoria e Aplicaes. So Paulo:

    Ed. dos Autores, 254p, 2006.

    HARREL, C. & TUMAY, K. Simulation Made Easy. Engineering & Management press, 311p, 1997.

    KETTINGER, W.J.; TENG, J.T.C. & GUHA, S. Business process change: a study of methodologies,

    techniques, and tools. MIS Quarterly, v.21, n.1, p.5580, 1997.

    KLEIJNEN, J.P.C. Theory and Methodology: Verification and validation of simulation models. European

    Journal of Operational Research, v.82, p.145-162, 1995.

  • XXIX ENCONTRO NACIONAL DE ENGENHARIA DE PRODUCAO A Engenharia de Produo e o Desenvolvimento Sustentvel: Integrando Tecnologia e Gesto

    Salvador, BA, Brasil, 06 a 09 de outubro de 2009

    12

    KOLB, D. A. Como as organizaes aprendem: relatos do sucesso das grandes empresas. So Paulo: Futura,

    p.321. 1997.

    LAW, A.M. How to build valid and credible simulation models. In: Proceedings of the 2006 Winter Simulation

    Conference, Monterey, CA, USA.

    LEAL, F.; ALMEIDA, D.A. de & MONTEVECHI, J.A.B. Uma Proposta de Tcnica de Modelagem

    Conceitual para a Simulao atravs de elementos do IDEF. In: Anais do XL Simpsio Brasileiro de Pesquisa

    Operacional, Joo Pessoa, PB, 2008.

    LINDH, J. & HOLGERSSON, T. Does lego training stimulate pupils ability to solve logical problems?

    Computers & Education, 49, 10971111, 2007.

    MONTEVECHI, J.A.B.; PINHO, A.F. de; LEAL, F. & MARINS, F.A.S. Application of design of

    experiments on the simulation of a process in an automotive industry. In: Proceedings of the 2007 Winter

    Simulation Conference, Washington, DC, USA.

    MURY, A. R. Simulando a cadeia de suprimento atravs de um jogo logstico: um processo de treinamento.

    Tese de Doutorado, COPPE/UFRJ, Rio de Janeiro, 2002.

    NELSON, B. L. & YAMNITSKY, M. Input modeling tools for complex problems. In: Proceedings of the 1998

    Winter Simulation Conference, Washington, DC, USA.

    OR/MS TODAY. Institute for Operations Research and the Management Sciences. Informs, 2005. Disponvel

    em: . Acesso em: 14 set. 2007.

    PINHO, A. F. de; LEAL, F. & ALMEIDA, D.A. de. Utilizao de Bloquinhos de Montagem LEGO para o

    Ensino dos Conceitos do Sistema Toyota de Produo. XXV Encontro Nacional de Engenharia de Produo,

    Porto Alegre, RS, 2005.

    SARGENT, R.G. Validation and verification of simulation models. In: Proceedings of the 2004 Winter

    Simulations Conference, Washington, DC, USA.

    VICENT, S. Input data analysis. In: BANKS, J. Handbook of simulation: Principles, Methodology, Advances,

    Applications, and Practice. John Wiley & Sons, Inc., cap. 3, 1998.