Validade, Fiabilidade e Ética na Pesquisa Social

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Ficha de Apoio Página 1 Docente: André Xavier, [email protected] VALIDADE E FIABILIDADE Sem o devido rigor científico a pesquisa torna-se ficção e perde a sua verdade. O rigor pode ser assegurado apenas considerando a validade e a fiabilidade em todos tipos de métodos de pesquisa. 1. VALIDADE A validade da pesquisa é a extensão em que as descobertas da pesquisa são verdadeiras. Significa que a validade refere-se ao grau de congruência entre as explicações do fenómeno e as realidades do mundo. O estudo da validade da pesquisa engloba três níveis: construto, interna e externa. 1.1. Validade do Construto A validade do construto é a extensão em que o seu construto é operacional e representa o fenómeno a ser estudado. O construto constitui o conceito inicial, noção, questão ou hipótese que vai determinar quais são os dados a recolher e como serão recolhidos. Assim, a validade do construto é uma forma combinada de validade que consiste em três passos, a saber: 1 º. Verificar se a operacionalização é adequada em relação ao conteúdo; 2 º. Examinar se a relação entre os indicadores ou itens está de acordo com a teoria; 3 º. Finalmente, examinar a relação entre a variável operacionalizada e outras variáveis, verificar se as relações empíricas estabelecidas são congruentes com as relações constantes na teoria. 1.2. Validade Interna A validade interna é o alcance em que o desenho de pesquisa permite realmente tecer conclusões acerca da relação entre as variáveis. Assim, para garantir a validade interna o pesquisador recorre ao estudo piloto.

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Metodologia de Pesquisa

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Docente: André Xavier, [email protected]

VALIDADE E FIABILIDADE

Sem o devido rigor científico a pesquisa torna-se ficção e perde a sua verdade. O

rigor pode ser assegurado apenas considerando a validade e a fiabilidade em

todos tipos de métodos de pesquisa.

1. VALIDADE

A validade da pesquisa é a extensão em que as descobertas da pesquisa são

verdadeiras. Significa que a validade refere-se ao grau de congruência entre as

explicações do fenómeno e as realidades do mundo.

O estudo da validade da pesquisa engloba três níveis: construto, interna e externa.

1.1. Validade do Construto

A validade do construto é a extensão em que o seu construto é operacional e

representa o fenómeno a ser estudado.

O construto constitui o conceito inicial, noção, questão ou hipótese que vai

determinar quais são os dados a recolher e como serão recolhidos.

Assim, a validade do construto é uma forma combinada de validade que consiste

em três passos, a saber:

1 º. Verificar se a operacionalização é adequada em relação ao conteúdo;

2 º. Examinar se a relação entre os indicadores ou itens está de acordo com a

teoria;

3 º. Finalmente, examinar a relação entre a variável operacionalizada e outras

variáveis, verificar se as relações empíricas estabelecidas são congruentes com

as relações constantes na teoria.

1.2. Validade Interna

A validade interna é o alcance em que o desenho de pesquisa permite realmente

tecer conclusões acerca da relação entre as variáveis.

Assim, para garantir a validade interna o pesquisador recorre ao estudo piloto.

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De uma forma geral, os procedimentos recomendáveis ao estudante-pesquisador

são:

1 º. Com base no quadro operacional, construir os instrumentos de recolha de

recolha de dados;

2 º. Submeter estes instrumentos à um colega para avalia-los;

3 º. Com base nessa avaliação, fazer as devidas correcções e construir a 2a versão

dos instrumentos de recolha de dados;

4 º. Submeter a 2a versão ao(s) docente(s) da especialidade (ou outro expert) para

a devida avaliação;

5 º. Com base nessa avaliação, fazer as devidas correcções e construir a 3a versão

dos instrumentos de recolha de dados;

6 º. Submeter a 3a versão ao supervisor (ou tutor) da pesquisa para a devida

avaliação;

7 º. Com base nessa avaliação, fazer as devidas correcções e construir os

instrumentos de recolha de dados que serão usados no estudo piloto;

8 º. Realizar o estudo piloto (ou aplicar os instrumentos);

9 º. Analisar os dados e compilar o respectivo relatório;

10 º. Construir a versão final dos instrumentos de recolha de dados.

1.3. Validade externa

A validade externa é a extensão em que a amostra é genuinamente representativa

da população donde foi extraída.

Assim, o pesquisador deve recorrer as técnicas de amostragem que garantem a

representatividade da amostra.

2. FIABILIDADE

A fiabilidade é a extensão em que os resultados da pesquisa são repetitivos.

Significa que a fiabilidade diz respeito ao rigor metodológico que garante que,

repetidos os procedimentos, os resultados serão os mesmos. Portanto, o objectivo da

fiabilidade é minimizar os erros e preconceitos num estudo.

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Alguns pesquisadores defendem que a questão da fiabilidade concerne a medição,

daí que não tem relevância na pesquisa qualitativa. Contudo, outros defendem que

não há validade sem fiabilidade, por isso a demonstração da validade é suficiente para

estabelecer a fiabilidade.

ÉTICA NA PESQUISA

Ao se abordar as questões éticas da pesquisa deve-se ter em conta os seguintes

princípios básicos:

Anonimato: as identidades dos respondentes devem ser protegidas, ou seja, o

pesquisador não deve revelar a terceiros a identidade dos respondentes;

Respeito e Honestidade: é preciso tratar respeitosamente os respondentes para

obter a sua cooperação e abster-se de mentiras e não registar conversas ou

imagens com gravadores escondidos;

Negociação: negociar de forma clara e explícita os termos de acordo e

respeitá-los até à conclusão da pesquisa. É preciso ser realista;

Autenticidade: o pesquisador deve ser autêntico ao escrever os resultados,

mesmo que estes entrem em conflito com as suas convicções ideológicas ou por

pressão de terceiros. Isto é, o pesquisador deve ser devoto e fiel aos dados que

obtiver.

BIBLIOGRAFIA

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