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VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E RIZOMAS DE Simaba ferruginea ST. HIL. E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIÚLCERA E ANTINOCICEPTIVA DOS EXTRATOS E COMPOSTOS ISOLADOS. ITAJAÍ - 2005

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VÂNIA FLORIANI NOLDIN

ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E RIZOMAS DE Simaba ferruginea ST. HIL. E AVALIAÇÃO DA

ATIVIDADE ANTIÚLCERA E ANTINOCICEPTIVA DOS EXTRATOS E COMPOSTOS ISOLADOS.

ITAJAÍ - 2005

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE

PROGRAMA DE MESTRADO ACADÊMICO EM CIÊNCIAS

FARMACÊUTICAS

ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E RIZOMAS DE Simaba ferruginea ST. HIL. E AVALIAÇÃO DA

ATIVIDADE ANTIÚLCERA E ANTINOCICEPTIVA DOS EXTRATOS E COMPOSTOS ISOLADOS.

Dissertação submetida à Universidade do Vale do Itajaí

Como parte dos requisitos para a Obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

VÂNIA FLORIANI NOLDIN

Itajaí, Agosto de 2005.

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ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E RIZOMAS DE Simaba ferruginea ST. HIL. E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIÚLCERA E ANTINOCICEPTIVA DOS EXTRATOS E

COMPOSTOS ISOLADOS.

Vânia Floriani Noldin

‘Esta Dissertação foi julgada adequada para obtenção do Título de Mestre em Ciências Farmacêuticas, Área de Concentração em Produtos Naturais, e aprovada em sua forma final pelo Programa de Mestrado em Ciências Farmacêuticas da Universidade do Vale do Itajaí.’

____________________________________ Valdir Cechinel Filho, Dr.

__________________________________________________________ Tania Mari Bellé Bresolin, Dra.

Coordenadora do Programa de Pós-Graduação em Ciências Farmacêuticas

Banca Examinadora:

______________________________________

Valdir Cechinel Filho, Dr. Presidente

______________________________________ Brás H. de Oliveira, Dr.

______________________________________ Ângela Malheiros, Dra.

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AGRADECIMENTOS

... À Deus pela vida, fé e força.

... Ao Ângelo, pelo amor, compreensão, dedicação e estímulo. Você foi o alicerce para

construir e realizar mais este sonho.

... À minha mãe por suas orações, força e pelo amor incondicional em todos os momentos de

minha vida.

... Ao Dionei e Vanessa, por todo o carinho e força.

... À família e aos amigos pelas orações e torcida, especialmente ao pessoal da farmácia e Pe

Alcides.

... Ao Pedro e a Diva por toda a prestatividade.

... A Rosélia por toda a amizade, prestatividade e carinho.

... Aos professores do NIQFAR por toda a amizade, por todos os ensinamentos e apoio na

construção do conhecimento, especialmente: Niero, Fátima, Cris, Ângela e Clóvis.

... Ao professor Dr. Domingos T. O. Martins e seus colaboradores pelos testes

farmacológicos.

... Ao professor Dr. Franco Delle Monache pelas análises espectrocópicas.

... Aos professores da banca interna, em especial Ângela e Márcia pelas considerações.

.... Aos colegas de sala, pela amizade e apoio, especialmente Karina, companheira de

bancada.

... Aos colegas de laboratório, pela amizade e força, especialmente a Cláudia.

... Ao professor e amigo Cechinel, pela parceria e confiança em mais uma etapa de minha

formação.

... A todos que de alguma forma me auxiliaram ou torceram por mim, cujos nomes são muitos

e que posso ter esquecido, todo o meu carinho e meu muito obrigada por tudo.

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Resumo da Dissertação apresentada à UNIVALI como parte dos requisitos necessários para a obtenção do grau de Mestre em Ciências Farmacêuticas.

ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E RIZOMAS DE Simaba ferruginea ST. HIL. E AVALIAÇÃO DA ATIVIDADE ANTIÚLCERA E ANTINOCICEPTIVA DOS EXTRATOS E COMPOSTOS ISOLADOS.

Vânia Floriani Noldin

Agosto / 2005.

Orientador: Valdir Cechinel Filho, Dr. Área de Concentração: Produtos Naturais. Palavras-chave: Simaba ferruginea, alcalóides, atividade antiúlcera. Número de Páginas: 82

RESUMO Simaba ferruginea (Calunga) é uma espécie típica do cerrado brasileiro, cujos rizomas são

utilizados para tratar diarréias, úlceras gástricas, febres.Com este estudo objetiva-se investigar

a constituição química e atividade farmacológica das folhas e rizomas de S. ferruginea. Os

materiais vegetais foram macerados separadamente com metanol, de onde foram preparados

os extratos metanólicos brutos (EMB), que após particionados renderam as frações hexano

(H), diclorometano (DCM) e acetato de etila (AE) das folhas e rizomas. Dos rizomas foi

obtido também a fração alcaloídica (FA). As frações foram purificadas e analisadas através de

métodos cromatográficos. Os compostos puros foram identificados através de técnicas

espectroscópicas. Os EMB, frações e compostos isolados foram avaliados quanto à atividade

antiúlcera (úlcera induzida por etanol e indometacina) e atividade antinociceptiva (modelo de

contorções abdominais/ácido acético). Das frações H, DCM e FA dos rizomas, foram isolados

os alcalóides: cantin-6-ona e 4-metoxicantin-6-ona. Da fração H das folhas foi isolado o �-

sitosterol e da fração AE a quercitrina. Na ulceração induzida por etanol, o EMB dos rizomas

e folhas apresentaram inibição acima de 80 % assim como a fração alcaloídica, que foi efetiva

em diferentes vias de administração, superando a ação dos alcalóides isolados ou associados.

Na ulceração induzida por indometacina somente a fração DCM-RA foi efetiva. Ambos os

alcalóides apresentaram significante antinocicepção. Conclui-se que a S. ferruginea apresenta

atividade antiulcerogênica, principalmente os rizomas cuja atividade é atribuída aos

alcalóides. Esses resultados confirmam os dados etnofarmacológicos sobre a planta.

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Abstract of dissertation presented to UNIVALI as a partial fulfillment of the requirements for the degree of Master in Pharmaceutical Sciences.

PHYTOCHEMICAL STUDIES OF THE LEAVES END RHIZOME OF Simaba ferruginea ST. HIL. AND EVALUATE ULCER GASTRIC AND ANTINOCICEPTIVA ACTIVITY OF EXTRACTS AND ISOLATED

COMPOUNDS.

VÂNIA FLORIANI NOLDIN August/2005

Advisor: Valdir Cechinel Filho, Dr Area of Concentrations: Natural products Keywords: Simaba ferruginea, alkaloids ulcer gastric activity. Number of Pages: 82 Simaba ferruginea (calunga) is a typical species of Brazilian Cerrado, and the rhizomes are

used to treat diarrhea, gastric ulcer, fever, among other. The aim of the present study was the

examination of the chemical composition and pharmacological activity of leaves and rhizome

of S. ferruginea. The plant material was macerated with methanol, and the respective

methanolic extracts (EMB) were sucessively partitioned with n-hexane (H), dichloromethane

(DCM) and ethyl acetate (EA), giving the respective fractions of leaves and rhizome. From

rhizome it was obtained the alkaloid fraction (FA). The fractions were fractioned through

chromatographic methods, and the isolated compounds were identified by spectroscopic data.

The EMB, fractions and isolated compounds were examined for the possible gastric ulcer

activity (induced by ethanol and indomethacin) and antinociceptive activity (writhing test).

From H, DCM and FA (rhizome) were isolated the following alkaloids: canthin-6-one and

4-metoxicanthin-6-one. From H fraction (leaves) was isolated the β-sitosterol and from EA

fraction it was isolated the the quercitrin. In the ulceration induced by ethanol, the EMB from

rhizome and leaves presented approximately 80 % of inhibition in the ulceration. The FA

fraction was effective in the distinct administration form. The FA fraction was more effective

than isolated for associated alkaloids. In the ulceration induced by indomethacin, only DCM-

RA fraction was effective. The alkaloids presented significant antinociceptive activity. In

conclusion, S. ferruginea present promising antiulcerogenic activity, specially the rhizome,

which is related to the presence of the alkaloids. These results confirm and justify the

ethnophamacological data about this plant.

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SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO .............................................................................................................01

2 OBJETIVOS ...................................................................................................................03

2.1 Objetivo geral................................................................................................................03

2.2 Objetivo específico........................................................................................................03

3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ...................................................................................04

3.1 Importância das plantas medicinais............................................................................04

3.2 Biomas brasileiros: Cerrado ...................................................................................... 08

3.3 Família Simaroubaceae .............................................................................................. 09

3.3.1 Simaba multiflora ...................................................................................................... 10

3.3.2 Simaba orinocensis ................................................................................................... 10

3.3.3 Simaba guianensis …………………………….……………………………………11

3.3.4 Simaba cuspidata ……………………………….…………………………………. 11

3.3.5 Simaba cedron …………………………………………………………………....... 11

3.3.6 Simaba polyphylla .....………………………….………………..…………………. 14

3.3.7 Simaba subcymosa .................................................................................................... 14

3.3.8 Simaba ferruginea St. Hil.......................................................................................... 14

3.3.9 Outros gêneros relevantes da família Simaroubaceae .......................................... 15

4 METODOLOGIA .......................................................................................................... 17

4.1 Análise fitoquímicados rizomas.................................................................................. 17

4.1.1 Material vegetal......................................................................................................... 17

4.1.2 Preparação do extrato bruto.................................................................................... 17

4.1.3 Obtenção das frações................................................................................................ 17

4.1.4 Análise cromatográfica............................................................................................. 18

4.1.5 Separação e purificação dos compostos.................................................................. 18

4.1.6 Identificação e elucidação estrutural dos compostos isolados............................... 19

4.2 Análise fitoquímica das folhas .................................................................................... 19

4.2.1 Material vegetal ........................................................................................................ 19

4.2.2 Obtenção dos extratos ... .......................................................................................... 19

4.2.3 Preparação das frações ............................................................................................ 20

4.2.4 Análise cromatográfica ............................................................................................ 20

4.2.5 Separação e purificação dos compostos ................................................................. 20

4.2.6 Identificação dos compostos isolados...................................................................... 20

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4.3 Atividade farmacológica ............................................................................................. 23

4.3.1 Atividade antinociceptiva......................................................................................... 23

4.3.2 Atividade antiúlcera ................................................................................................. 24

4.3.3 Análise estatística ..................................................................................................... 26

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO .................................................................................. 27

5.1 Análise fitoquímica.... .................................................................................................. 27

5.1.1 Frações do Rizoma – Extração Convencional ...................................................... 28

5.1.1.1 Caracterização química e revisão da literatura do composto C ....................... 30

5.1.1.2 Caracterização química e revisão da literatura do composto D ....................... 34

5.1.2 Frações do Rizoma – Extração Específica para Alcalóides ................................. 39

5.1.3 Frações das Folhas de S. ferruginea ........................................................................ 42

5.1.3.1 Caracterização química e revisão da literatura do composto FA .................... 43

5.1.3.2 Caracterização química e revisão da literatura do composto FB ..................... 46

5.2 Atividade farmacológica ............................................................................................. 51

5.2.1 Atividade antiúlcera dos rizomas ........................................................................... 52

5.2.2 Atividade antinociceptiva dos rizomas de S. ferruginea ........................................ 62

5.2.3 Atividade antiúlcera das folhas de S. ferruginea .................................................... 64

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS ....................................................................................... 69

7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS......................................................................... 71

8 ANEXOS ......................................................................................................................... 77

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LISTA DE FIGURAS

Figura 01 Simaba ferruginea: folhas e rizoma......................................................... 15

Figura 02 Fluxograma da extração convencional dos rizomas ...............................21

Figura 03 Fluxograma do processo extrativo de alcalóides......................................22

Figura 04 Fluxograma da extração convencional das folhas ..................................23

Figura 05 Espectro de RMN-1H do composto C em CDCl3.....................................32

Figura 06 Espectro de RMN-13C do composto C em CDCl3....................................33

Figura 07 Espectro de RMN-1H do composto D em CDCl3.....................................36

Figura 08 Espectro de RMN-13C do composto D em CDCl3....................................37

Figura 09 Espectro de IV do composto ββββ-sitosterol..................................................46

Figura 10 Espectro de IV do composto quercitrina..................................................47

Figura 11 Espectro de RMN-1H (300 Mz) da quercitrina........................................49

Figura 12 Espectro de RMN-13C do composto quercitrina..................................... 50

Figura 13 Atividade antiúlcera do extrato metanólico bruto via i.p. .................... 53

Figura 14 Atividade antiúlcera das frações via oral ............................................... 53

Figura 15 Atividade antiúlcera da Fr. AE e DCM-RA via oral ........................... 54

Figura 16 Atividade antiúlcera da fração alcaloídica via oral .............................. 55

Figura 17 Atividade antiúlcera da fração alcaloídica e dos alcalóides 5 mg/kg.... 56

Figura 18 Atividade antiúlcera da fração alcaloídica e dos alcalóides 20 mg/kg.. 56

Figura 19 Atividade antiúlcera dos alcalóides associados via i.p. .......................... 58

Figura 20 Atividade antiúlcera dos alcalóides associados via i.p. e oral ............... 59

Figura 21 Atividade antinociceptiva na dose de 5 mg/kg ....................................... 63

Figura 22 Atividade antinociceptiva na dose de 20 mg/kg...................................... 64

Figura 23 Atividade antiúlcera do extrato metanólico bruto das folhas ............... 65

Figura 24 Atividade antiúlcera da quercitrina......................................................... 66

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1 INTRODUÇÃO

A utilização de plantas para o tratamento e cura de enfermidades é tão antigo quanto à

espécie humana, representando muitas vezes, o único recurso terapêutico de algumas

comunidades. Desde então, o homem adquiriu conhecimentos empíricos sobre plantas

medicinais, repassando-os às demais gerações. Os produtos naturais exerceram importante

papel na descoberta de muitos medicamentos e constituíram a base da medicina moderna, a

qual está estritamente ligada às plantas medicinais (CECHINEL FILHO; YUNES, 2001;

YUNES et al., 2001; BUTLER, 2005; VEIGA JUNIOR et al., 2005).

Muitas vezes as propriedades terapêuticas das plantas, são relatadas pela população, as

quais são confirmadas em sua maioria nos estudos científicos, comprovando a importância da

pesquisa etnofarmacológica. Tais propriedades propiciaram o desenvolvimento de vários

medicamentos descobertos há muito tempo e ainda utilizados na medicina, sejam estes

obtidos por síntese a partir de molécula protótipo ou através de isolamento de produtos

naturais, cujos principais exemplos são: os digitálicos, quinina, morfina, atropina, ácido acetil

salicílico, entre outros (MACIEL et al., 2002; KINGHORN, 2002; HOSTETTMANN et al.,

2003; NIERO et al., 2003; BUTLER, 2004).

Segundo Tulp e Bohlin (2002), há várias razões pelas quais os estudos com extratos

vegetais continuarão a ser o alvo da maioria dos pesquisadores das diversas áreas biológicas,

uma vez que muitos medicamentos disponíveis hoje no mercado são de origem natural, ou

foram sintetizados a partir de compostos naturais. Além disso, muitos destes compostos têm

apresentado atividades similares às de compostos sintéticos já disponíveis no mercado, cujo

apelo comercial da origem natural faz com que ganhem ainda mais espaço no mercado.

De acordo com Koehn e Carter (2005), no período entre 1981 e 2002 foram registradas

877 novas substâncias químicas, sendo que 49 % destas originaram-se de produtos naturais,

semi-síntese de produtos naturais e ou compostos sintéticos baseados no grupo farmacofórico

de compostos isolados de plantas.

Deve-se salientar ainda, que alguns compostos naturais com significativa atividade

biológica são obtidos exclusivamente através de isolamento, mesmo que em pequenas

concentrações, pois apresentam estrutura química complexa o que inviabiliza sua síntese. Tal

característica demonstra a importância do metabolismo secundário dos vegetais, que através

de suas rotas biossintéticas podem fornecer compostos com inovadoras estruturas moleculares

e atividades farmacológicas promissoras (TULP; BOHLIN, 2002).

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Na determinação dos efeitos terapêuticos de produtos oriundos de plantas, é muito

importante a colaboração entre grupos multidisciplinares, os quais destacam-se: a fitoquímica,

a farmacologia, a microbiologia, a toxicologia, farmacotécnica e outras áreas afins

(CECHINEL FILHO; YUNES, 1998; SIMÕES et al., 2002).

Acredita-se que "somente cerca de 5% das espécies vegetais tem sido estudadas

fitoquimicamente" (CECHINEL FILHO; YUNES, 1998), mas a comunidade científica tem

constantemente demonstrado grande interesse em validar as plantas utilizadas na medicina

popular, principalmente quando se refere ao desenvolvimento e produção de novos

fitoterápicos e fitofármacos, os quais beneficiariam as indústrias brasileiras e a população. É

importante mencionar que em países desenvolvidos, a prescrição de fitomedicamentos é

superior a 25% das prescrições totais, demonstrando a credibilidade da eficácia desta terapia

pelos pacientes e médicos, e também, a promissora fonte de obtenção de novos medicamentos

baseados na imensa biodiversidade brasileira, distribuída em seus distintos biomas

(CECHINEL FILHO, 1995; CECHINEL FILHO; YUNES, 1998; YUNES et al., 2001;

MACIEL et al., 2002; HOSTETTMANN et al., 2003).

Sob este aspecto, o Núcleo de Investigações Químico-Farmacêuticas

(NIQFAR/CCS/UNIVALI) vem pesquisando e avaliando várias plantas utilizadas na

medicina popular, onde os resultados obtidos são bastante promissores sob o ponto de vista

químico-medicinal (CECHINEL FILHO, 2000).

Diante do exposto, é de interesse do grupo dar continuidade a estudos realizados

preliminarmente com a planta Simaba ferruginea St. Hil., como parte de um programa de

intercâmbio científico envolvendo a UNIVALI (NIQFAR) e a Faculdade de Medicina da

UFMT (Cuibá – MT). O extrato metanólico bruto desta planta apresentou considerável

atividade antiúlcera, confirmando dados etnofarmacológicos (MARCELLO, 2001). No

entanto, esta espécie típica do cerrado brasileiro, nunca foi estudada fitoquimicamente,

tornando relevante a determinação de sua composição química, bem como elucidar quais os

compostos responsáveis pelos efeitos biológicos encontrados na planta.

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2 OBJETIVOS

2.1 Objetivo geral

Investigar a constituição química e atividade farmacológica das folhas e rizomas de

Simaba ferruginea e elucidar a estrutura de seus principais constituintes bioativos.

2.2 Objetivos específicos

- Analisar fitoquimicamente os extratos brutos e semi purificados das folhas e rizomas de

Simaba ferruginea, através de cromatografia em camada delgada (CCD) para determinar

as principais classes de compostos presentes na planta;

- Isolar e purificar os constituintes bioativos presentes na planta utilizando estudo bio-

monitorado “in vivo” e técnicas cromatográficas (cromatografia em coluna aberta,

cromatografia centrífuga ou preparativa);

- Identificar os compostos isolados através de métodos espectroscópicos, tais como: (IV,

RMN-1H, RMN-13C);

- Avaliar a atividade farmacológica (atividades antinociceptiva e antiúlcera) de extratos,

frações semi purificadas e compostos isolados de Simaba ferruginea.

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3 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Importância das plantas medicinais

Os produtos naturais causam intenso fascínio à ciência, especialmente por suas

atividades medicinais, as quais vêm recebendo especial atenção de inúmeros pesquisadores,

pois muitos dos compostos naturais, sejam de origem vegetal ou animal, tem apresentado

atividade biológica relevante, possibilitando que estes se tornem potenciais candidatos ao

desenvolvimento de novos medicamentos (CECHINEL FILHO; YUNES, 2001; RASKIN et

al., 2002; NIERO et al., 2003).

Ainda segundo Nash (2004), não somente a indústria farmacêutica vem utilizando

produtos naturais para fins terapêuticos, mas também a indústria de alimentos busca

enriquecer seus produtos com as propriedades medicinais dos vegetais, promovendo ainda

mais a busca por produtos naturais aliados as inúmeras atividades biológicas relatadas na

literatura.

Nos últimos anos, a pesquisa com produtos naturais tem sido um sucesso devido à

descoberta de vários compostos farmacologicamente ativos, e ao alto faturamento das

indústrias farmacêuticas com a venda de medicamentos de origem natural. Estima-se que

somente os vinte fitomedicamentos mais vendidos no mundo, renderam nesta última década

mais de US$ 20 bilhões à indústria farmacêutica (NIERO et al., 2003; TULP; BOHLIN,

2002, 2004).

O emprego de plantas medicinais pelo homem para tratamentos de enfermidades, é

documentado desde as primeiras civilizações, que as utilizavam para tratamento de

determinadas doenças onde observavam seus efeitos, que podiam curar ou agravar o estado

patológico, iniciando assim a primeira seleção de plantas com ação terapêutica. Desde então,

as plantas medicinais tornaram-se fonte inesgotável de propriedades medicinais, ainda que

seus constituintes químicos não sejam conhecidos (PHILLIPSON, 2001; SARDESAI, 2002;

MACIEL et al., 2002).

No Brasil, a utilização de plantas medicinais está relacionada com a cultura dos índios

que aqui habitavam na época da colonização, já que os primeiros portugueses a explorarem o

país, expuseram-se às doenças endêmicas e diante da escassez de medicamentos, recorreram

aos remédios utilizados pelos povos indígenas, os quais constituíam-se de ervas nativas, cujo

poder de curar logo tornou-se conhecido. Os efeitos observados vêm despertando até os dias

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de hoje, grande interesse em identificar e investigar fitoquimicamente e biologicamente tais

plantas. Por outro lado, os estrangeiros também contribuíram por aumentar o arsenal

terapêutico de origem vegetal, trazendo ao Brasil, espécies vegetais conhecidas por estes,

nativas da Europa, África, e de outras partes da América (CECHINEL FILHO; YUNES,

1998; PINTO et al., 2002; SIMÕES et al., 2002).

Ultimamente observa-se grande tendência por parte da população em utilizar terapias

alternativas e complementares para o tratamento ou cura de suas enfermidades, o que

aumentou consideravelmente a utilização de produtos derivados de plantas. Tais produtos

naturais são empregados de diversas maneiras e diferentes propósitos, sendo os mais

utilizados: in natura através de preparações caseiras, onde o chá é a forma mais consumida;

sob a forma pulverizada ou extrato bruto seco, comercializados geralmente em cápsulas ou

tinturas, podendo conter mais de uma espécie vegetal; os fitofármacos que são substâncias

ativas, isoladas de matérias-primas vegetais ou mesmo, mistura de substâncias ativas de

origem vegetal (RATES, 2001b; VEIGA JUNIOR et al., 2005).

Nos países da América do Norte e Europa, há maior controle no registro e

comercialização de fitoterápicos, havendo portanto, maior rigidez nas normas para

certificação de qualidade das preparações fitoterápicas. Talvez por isso, na Alemanha, onde

são consumidos mais da metade dos extratos vegetais produzidos na Europa, 70 % dos

clínicos gerais prescrevem as centenas de ervas licenciadas para comercialização (VEIGA

JUNIOR et al., 2005).

Em 1998 na Alemanha, o fitoterápico Gingko biloba estava presente em 5,4 milhões

de prescrições médicas. Também deve-se ressaltar os fitoterápicos a base de Hypericum

perforatum, o qual vem sendo amplamente utilizado no tratamento de depressão leve à

moderada, substituindo o tratamento convencional com antidepressivos tricíclicos ou os

seletivos, como Prozac®, especialmente por apresentar menos efeitos indesejáveis que os

compostos sintéticos (TULP; BOHLIN, 2002; VEIGA JUNIOR et al., 2005).

Segundo Sardesai (2002) e Raskin et al. (2002), este crescente consumo de produtos

naturais deve-se a várias razões, desde a insatisfação com os medicamentos disponíveis no

mercado como o fácil acesso a estes produtos, pois são comercializados sob a forma de venda

livre, cuja aquisição não está vinculada à prescrição médica, ou ainda, como nos EUA, onde

estes são comercializados como suplementos dietéticos.

A crescente procura de plantas com propriedades terapêuticas por pessoas de

diferentes classes sociais deve-se ainda, à decepção de alguns pacientes com tratamentos

convencionais, tanto devido aos efeitos adversos bem como a inexistência de medicamentos

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para determinadas patologias; além da tendência generalizada dos consumidores em utilizar

preferencialmente produtos naturais, a fim de diminuir efeitos colaterais e toxicidade, devido

à crença equivocada de que todo produto natural é inofensivo (RATES, 2001a; SIMÕES et

al., 2002; VEIGA JUNIOR et al., 2005).

As pesquisas com produtos naturais têm dois enforques importantes: a

etnofarmacologia e a toxicologia, cuja estratégia tem se revelado eficiente, pois dinamiza os

trabalhos de investigação científica, por indicar espécies a serem estudadas e os testes

biológicos a serem realizados, ainda que, inúmeras vezes são descobertas atividades não

relatadas pela medicina tradicional para determinada espécie vegetal (TULP; BOHLIN,

2004).

Através da etnofarmacologia, que estuda a relação entre as pessoas e as plantas,

especialmente índios e curandeiros, foram descobertas substâncias como a vincristina,

pilocarpina, fisostigmina, reserpina, digitálicos e outros, estimando-se que 74% das 119

substâncias descobertas de plantas sejam resultados de pesquisas etnofarmacológicas (COX;

HEINRICH, 2001).

A importância das plantas medicinais deve-se também, ao fato de propiciarem, através

de técnicas de isolamento, o acesso a novos constituintes químicos, biologicamente ativos,

que podem ser empregados como protótipos para a síntese de novos fármacos (CECHINEL

FILHO, 1995; CECHINEL FILHO; YUNES, 1998). O mercado mundial de fitoterápicos

movimenta cerca de US$ 22 bilhões por ano, seduzindo cada vez mais adeptos ao setor. No

Brasil, não há dados confiáveis sobre o consumo de fitoterápicos, por serem produtos

comercializados na forma de “venda livre”, mas estima-se que nos últimos dois anos houve

um crescimento de 15%. Segundo a ABIFITO (Associação Brasileira da Indústria de

Fitoterápicos), esse mercado movimenta cerca de US$ 500 milhões de dólares por ano. Esse

crescimento do consumo de fitoterápicos é visto pelos fenômenos mercadológicos como os

medicamentos a base de Panax ginseng, Ginkgo biloba, Hypericum perforatum, Cassia

senna, entre outros (MORETTO, 2000; YUNES et al., 2001; MARTINS, 2003).

A Resolução RDC nº 17 de 24/2/2000 da ANVISA, revogada pela RDC nº 48 de

16/03/2004 da ANVISA, dispõe sobre a regulamentação da produção e registro de

fitoterápicos no Brasil. A RDC nº 48 define que os fitoterápicos são medicamentos

exclusivamente de origem vegetal, cuja eficácia e segurança devem ser assegurados por

levantamentos etnofarmacológicos e ensaios biológicos. Assim, a legislação de fitoterápicos,

exige que as empresas realizem estudos de eficácia e toxicidade de todos os produtos

fitoterápicos, garantindo qualidade e confiabilidade a estes medicamentos, além de promover

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o uso racional, já que são empregados para tratar diversas patologias, sendo as mais comuns:

problemas alérgicos, respiratórios, digestivos, insônia, ansiedade, depressão e outros

(SIMÕES; SCHNKEL, 2001; ANVISA, 2004).

Para o desenvolvimento de um fitoterápico ou sua adequação às leis vigentes, a

indústria farmacêutica necessita de pessoas com qualificação em diversas áreas, muitas vezes

estabelecendo parcerias com universidades, a fim de reunir pesquisadores que trabalhem com

grupos multidisciplinares. Estes trabalhos de cooperação, visam agilizar e garantir o sucesso

no desenvolvimento das pesquisas, as quais iniciam com a identificação da espécie vegetal até

o desenvolvimento final do fitoterápico, envolvendo diversas áreas do conhecimento como:

botânica, química orgânica, farmacologia, química medicinal, farmacotécnica e outras

(MARQUES, 1999; MACIEL et al., 2002; CAÑIGUERAL, 2002; MORAES, 2003).

Cabe ressaltar que, o uso indiscriminado de fitoterápicos e de plantas medicinais in

natura para fins curativos tem ocasionado muitas intoxicações, sendo a hipersensibilidade e a

hepatotoxicidade os efeitos indesejáveis mais comuns. Pesquisas demonstram que

determinadas plantas são potencialmente perigosas devido aos efeitos tóxicos de algumas

substâncias naturalmente presentes nestas. As intoxicações podem ocorrer ainda por

adulterações, pelo uso errado de uma planta devido ao equívoco na identificação das espécies

(RATES, 2001a,b; SARDESAI, 2002; VEIGA JUNIOR et al., 2005).

O consumo exacerbado e predatório de plantas medicinais tem promovido à

degradação do meio ambiente e a extinção de muitas espécies, ainda que a diversidade da

flora brasileira seja imensa, porém não consegue regenerar-se tão fugazmente quanto à mão

destruidora do homem (RATES, 2001a,b; KINGHORN, 2002; SIMÕES et al., 2002).

A biodiversidade vegetal do Brasil tem atraído investimentos de grandes grupos de

indústrias farmacêuticas com o propósito de obterem novos medicamentos, mas tem sido alvo

também, da biopirataria, especialmente de espécies vegetais da Amazônia. Tal evento

demonstra a necessidade de uma política governamental que incentive os grupos de pesquisa

do país, a explorarem de forma sustentável, a biodiversidade vegetal, e criar formas de

fiscalizar e punir a degradação da fauna e flora brasileira e o envio de plantas para o exterior

(KATO, 2001).

Quanto a biopirataria, deve-se salientar também, a dificuldade em realizar trabalhos de

colaboração com determinados grupos estrangeiros, os quais nem sempre visam o mesmo

objetivo. No entanto, muitos trabalhos realizados em colaboração são essenciais devido a

equipamentos e metodologias de alta tecnologia, disponíveis nos países desenvolvidos, onde

os grupos de pesquisa recebem apoio financeiro do governo e instituições privadas. Outro

Page 17: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

17

aspecto preocupante da biopirataria é a aproximação de pesquisadores com o povo indígena,

os quais apropriam-se da sabedoria destes para beneficiarem-se com a indicação de espécies

vegetais promissoras quanto à atividade biológica, sem que as tribos indígenas recebam

posteriormente os méritos de sua sabedoria milenar (CALIXTO, 2000; PLOTKIN, 2001).

3.2 Biomas brasileiros: Cerrado

O Brasil, por ser detentor de uma grande diversidade vegetal, possui um enorme

potencial para o desenvolvimento de novos medicamentos (sejam fitoterápicos ou moléculas

isoladas) a partir de suas plantas medicinais. O Brasil abriga cerca de 50 mil espécies de

plantas superiores, distribuídas em grandes biomas, como a Amazônia com 25-30 mil

espécies, a Mata Atlântica com 16 mil, o Cerrado com 7 mil, e as demais espécies distribuídas

na Caatinga e na Floresta Subtropical (VIEIRA; MARTINS, 2002).

Além da floresta Amazônica, bioma brasileiro com maior destaque nacional e

internacional devido à diversidade biológica, e principalmente pela grande área territorial e

reserva de água doce, o Cerrado e a Mata Atlântica destacam-se pela biodiversidade, e

também, pelas imensas áreas de matas destruídas pelo avanço da ocupação humana e suas

atividades exploratórias (VIEIRA, 1999; VIEIRA; MARTINS, 2002).

O cerrado é o segundo maior bioma do Brasil. Ocupa uma área de aproximadamente 2

milhões de km2, e apenas 1,5 % desta extensão está protegida por lei. “É considerado um

complexo vegetacional de grande heterogeneidade fito fisionômica” (GUARIM NETO;

MORAIS, 2003).

A diversidade de táxons no Cerrado ressalta ainda mais a importância de pesquisas

com plantas, porque quanto maior a diversidade taxonômica em níveis superiores, maior é o

distanciamento filogenético entre as espécies e maior a diferença e diversidade química entre

as plantas, indicando o forte potencial desta região para a descoberta de novos agentes

terapêuticos (Ibidem).

No Brasil, o número de pesquisadores que atuam nessa nova realidade de pesquisa é

expressivo, e pode ser comprovado pela considerável quantidade de artigos publicados por

autores brasileiros em revistas nacionais e internacionais do ramo. Isso mostra que há uma

consciência sobre o potencial da biodiversidade brasileira, portanto um celeiro para a busca de

novas substâncias. Embora os pesquisadores tenham a mão a matéria-prima mais abundante e

diversificada do planeta, deve-se priorizar os estudos nas áreas com elevada degradação

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18

ambiental, cujas espécies que apresentam maior risco de extinção concentram-se no Cerrado e

Mata Atlântica (PINTO et al., 2002).

A importância de se estudar estes ecossistemas, visa não somente o conhecimento do

seu perfil químico e a descoberta de novas substâncias úteis ao homem, mas também sua

preservação (PINTO et al., 2002; GUARIM NETO; MORAIS, 2003).

A flora do Estado de Mato Grosso caracteriza-se por uma grande diversidade de

espécies sendo formada pelas áreas biogeográficas do Cerrado, Pantanal, Amazônia e áreas de

transição, sendo que a presença de árvores de médio e grande porte é uma das características

mais significantes da região (LEITZKE; GUARIM NETO, 2002).

Visto o alto grau de endemismo que cada estado possui em relação a certas espécies do

cerrado, algumas espécies são comuns a todos os estados e outras são particulares de cada um.

São relatadas 561 espécies vegetais para este bioma (GUARIM NETO; MORAIS, 2003).

3.3 Família Simaroubaceae

Esta família compreende 32 gêneros, de distribuição pantropical, sendo todos

representantes lenhosos, arbustos ou árvores com folhas alternas compostas ou às vezes

inteiras, sem pontuações, podendo ou não ter espinhos. Flores, em geral, reunidas em

inflorescências axilares. Flores hermafroditas ou, por aborto, masculinas e hermafroditas,

trímeras. Sépalas livres ou soldadas. Pétalas sempre livres, raramente faltam. Estames em

número duplo ao das pétalas, filetes muitas vezes com apêndices (escamas). Ovário súpero

sobre um curto ginóforo ou sobre um disco em geral com 4 a 5 carpelos (ou menos), em geral

livres na base e soldados pelo estilete com 1 (Quassia) ou 2 óvulos por carpelo. Fruto

drupáceo, em geral separando-se em frutículos (JOLY, 1998; MUHAMMAD et al., 2004).

Diversos gêneros da família Simaroubaceae são distinguidos pela quantidade de

substâncias amargas, sendo os derivados quassinóides os mais relevantes. Provavelmente é a

presença destas substâncias que conferem as propriedades farmacológicas atribuídas a estas

plantas. A Quassia amara L, é o exemplo de espécie mais estudada desta família, a qual

apresenta vários compostos com atividades para distúrbios gastrintestinais. As principais

atividades biológicas atribuídas aos gêneros desta família são: antitumoral, antimalárica,

amebicida, antiinflamatória, inseticida, herbicida, etc (TOMA et al., 2002; TAMURA et al.,

2003; MUHAMMAD et al., 2004).

As espécies do gênero Simaba citadas em literatura estão descritas abaixo, sendo que

apenas a S. cedron é que apresenta vários estudos químicos e biológicos.

Page 19: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

19

3.3.1 Simaba multiflora

A partir do fracionamento do extrato do lenho de Simaba multiflora foram isolados

dois quassinóides denominados de 6-α-senecioiloxichaparrinona e chaparrina, sendo que o

primeiro composto apresentou atividade antineoplásica contra várias linhagens de células em

camundongos (WANI et al., 1978). Esta atividade antineoplásica também foi observada em

outro estudo, onde também foi isolado o quassinóide 6-α-senecioiloxichaparrina (ARISAWA

et al., 1983a).

Desta espécie foram isolados vários alcalóides derivados do cantin-6-ona como: 10-

metoxicantin-6-ona, 10-hidroxicantin-6-ona, cantin-2,6-diona, 3-metoxicantin-2,6-diona e

escopoletina (ARISAWA et al., 1983b). Foram isolados ainda, os quassinóides 13,18-

dehidro-6-α-senecioiloxichaparrina e 12-dehidro-6-α-senecioiloxichaparrina (MORETTI et

al., 1986).

3.3.2 Simaba orinocensis

Desta espécie foram isolados o quassinóide orinocinolida (1) e o composto

simalikalactona D (2), sendo que ambos apresentaram boa atividade contra Plasmodium

falciparum, e ainda, o quassinóide (1) também apresentou melhor atividade contra

Leishamania donovani quando comparado com fármacos como pentamidina e anfotericina B

(MUHAMMAD et al., 2004).

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(1) orinocinolida (2) simalikalactona D

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20

3.3.3 Simaba guianensis

Em um estudo com a S. guianensis, coletada em Manaus – AM, foram isolados os

quassinóides gutolactona e simalikalactona D, sendo que ambos apresentaram atividade

antimalárica em testes in vitro (CABRAL et al., 1993).

3.3.4 Simaba cuspidata Spruce

A S. cuspidata é encontrada em várias regiões da América do Sul, cujo extrato foi

investigado quanto à atividade antineoplásica. Os resultados foram significativos na inibição

do crescimento do tumor da linhagem de células leucêmicas P388. Foram isolados os

quassinóides 6-α-tigloiloxichaparrinona e 6-α-tigloiloxichaparrina, isolados posteriormente

da Ailanthus grandis Prain (Simaroubaceae), os quais também apresentaram atividade

antineoplásica no modelo analisado (POLONSKY et al., 1980).

3.3.5 Simaba cedron Planchon

Esta espécie é conhecida como "cedron", a qual é amplamente utilizada para o

tratamento de febres e picadas de cobras. Suas sementes foram introduzidas recentemente no

mercado por serem utilizadas no tratamento de problemas estomacais e infecções hepáticas.

Os frutos são usados para cólica e tratamento da malária, enquanto a casca é usada como

antiespasmódica (GUPTA, 1995).

Dentre os vários relatos da composição química da Simaba cedron, destacam-se os

compostos: cedronolactonas A, B, C, D (3-6) E, chaparrinona (7), chaparrina (8),

glaucarubolona (9), glaucarubol (10), samaderina Z, guanepolida (11), ailanquassina A (12),

poliandrol (13), cedronina e simalikalactone D (MORETTI et al., 1994; OZEKI et al., 1998,

HITOTSUYANAGI et al., 2001).

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21

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(3) cedronolactona A (4) cedronolactona B

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(5) cedronolactona C (6) cedronolactona D

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(7) chaparrinona (8) chaparrina

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(9) glaucarubolona (10) glaucarubol

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22

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(11) guanepolia (12) ailanquassina A

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(13) poliandrol

Os quassinóides cedronolactonas A-E apresentaram nestes estudos significante

atividade citotóxica contra linhagens de células P388 (OZEKI et al., 1998). O composto

cedronina quando testado in vitro e in vivo contra o Plasmodium vinkei no modelo clássico de

4 dias, apresentou maior atividade e menor índice de resistência quando comparado com a

cloroquina, porém a relação dose terapêutica/ dose tóxica é menor que a relação dose

tóxica/dose terapêutica para a cloroquina, restringindo assim sua utilização terapêutica

(MORETTI et al., 1994).

3.3.6 Simaba polyphylla Caval.

Esta espécie é conhecida na Amazônia como marupazinho, utilizada principalmente

como antipirética. Do extrato hexânico e da fração clorofórmica dos galhos desta espécie

foram isolados os triterpenos: nilocitina, diidronilocitina, taraxerona e o alcalóide 9-

metoxicantinona (SARAIVA, 2004).

Page 23: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

23

3.3.7 Simaba subcymosa

Das cascas de S. subcymosa foi isolado um novo quassinóide denominado de

cimosanina, além dos outros conhecidos como: cedronina, chaparinona e simarolida (DE

SOUZA et al., 2005).

3.3.8 Simaba ferruginea St. Hil.

A Simaba ferruginea é conhecida popularmente como calunga ou féo-da-terra e é a

planta de interesse nesse estudo. Está distribuída amplamente na região do cerrado Mato-

grossense. É utilizada pela população local para tratar distúrbios gastrintestinais e obesidade

(MARCELLO et al., 2002 a, b).

A árvore possui de 3-5 metros de altura e é pouco ramificada. Possui folhas compostas

imparipenadas, com 2-4 pares de folíolos, os quais são coriáceos, elípticos, subsésseis, de cor

amarelada, dispostas em panículas terminais compostas e mais curtas que a folhagem (Fig. 1).

Os frutos são drupas oblongas de cor marrom-esverdeada quando maduras e reproduz-se por

sementes (LORENZI; MATOS, 2002).

Está distribuída nas regiões Centro-Oeste e Norte do Brasil, e também na América

Central. O decocto das cascas e rizoma da S. ferruginea, é utilizado na medicina popular

como antifebrífugo, antidiarreico, anti-reumático e contra hidropisia. Esta espécie faz parte

também de um projeto nacional da EMBRAPA com a UFMT de estudos de conservação e

pesquisa de plantas medicinais, por ser uma planta de amplo uso popular, com forte pressão

antrópica e ser obtida exclusivamente por extrativismo (LORENZI; MATOS, 2002; VIEIRA;

MARTINS, 2002).

Na literatura científica não há relatos sobre a composição química ou atividade

biológica da S. ferruginea, exceto alguns estudos publicados em resumos de congressos, onde

foram utilizados extratos de rizomas e cascas do caule, os quais apresentaram atividades

antiúlcera, antiinflamatória, ação estimulante da propulsão intestinal e uma possível ação

estimulante central (MARCELLO et al., 2002 a, b).

Page 24: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

24

Figura 1: Simaba ferruginea: folhas e rizoma

3.3.9 Outros gêneros relevantes da família Simaroubaceae

A espécie Eurycoma longifolia Jack vem sendo amplamente citada na literatura devido

à presença de vários constituintes com atividade citotóxica e antimalárica, sendo esta última

propriedade terapêutica mencionada na medicina tradicional. Das raízes desta planta foram

isolados inúmeros compostos: quassinóides (euricomanona, 13,21-dihidroeuricomanona, 13-α

-(21)-epoxieuricomanona, euricomalactona, euricolactona D, E, F) e os alcalóides (9-

hidroxicantin-6-ona (15), 9-metoxicantin-6-ona (16), 1-hidroxi-9-metoxicantin-6-ona (17), 5-

hidroximetil-9-metoxicantin-6-ona (18), 9-metoxicantin-6-ona-N-oxide), (KARDONO et al.,

1991; ANG et al., 2002; CHOO et al., 2002; TAN et al., 2002; KUO et al., 2003; CHAN

et al., 2004).

Das folhas de Eurycoma longifolia foram isolados alguns quassinóides como: 14,15β-

dihidroxikalaineanona, 15-β-O-acetil-14-hidroxikalaineanona, longilactona, os quais

apresentaram atividades antiesquistossomal, antitumoral e antimalárica (JIWAJINDA et al.,

2002).

Estudos com o lenho da Quassia amara L. tem demonstrado atividade inibitória da

secreção basal do hormônio luteinizante (LH) e folículo estimulante (FSH) e também redução

Page 25: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

25

dos níveis de testosterona pelas células Leydig em teste in vitro e in vivo, cujo efeito biológico

foi similar entre os compostos 2-metoxicantin-6-ona (19) e quassina, ambos isolados desta

planta e que demonstraram efeitos antifertilidade (NJAR et al., 1995; RAJI, BOLARINWA,

1997).

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(15) 9-hidroxicantin-6-ona (16) 9-metoxicantin-6-ona

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(17) 1-hidroxi-9-metoxicantin-6-ona (18) 5-hidroximetil-9-metoxicantin-6-ona

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(19) 2-metoxicantin-6-ona

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26

4 METODOLOGIA 4.1 Análise fitoquímica dos rizomas

4.1.1 Material vegetal

Os rizomas da árvore Simaba ferruginea St. Hil. foram coletados em outubro de 2001,

no município de Cuiabá – MT, bairro Jardim Itália, cuja exsicata nº 21.883 foi depositada no

Herbário Central da Universidade Federal do Mato Grosso. Os rizomas foram secos em estufa

a 40 ºC, posteriormente moídos e pesados.

4.1.2 Preparação do extrato bruto

Utilizou-se 2 kg de rizomas secos, que foram igualmente divididos em duas porções de

1 kg, e macerados separadamente com metanol por sete dias em percolador. Após este

período, o macerado foi filtrado e recolhido em recipientes apropriados. Em seguida, foram

concentrados em evaporador rotatório sob pressão reduzida até volume desejado, cujos

recipientes foram armazenados em geladeira. A partir desses extratos foi realizada à extração

específica para alcalóides e o fracionamento convencional (CECHINEL FILHO; YUNES,

1998).

4.1.3 Preparação das frações

a) Particionamento Convencional

O solvente do extrato foi evaporado até secura, cujo rendimento foi de 40 g de extrato

metanólico bruto. Deste, foram reservados 5 g para testes farmacológicos, e o restante foi

suspenso em 250 mL de metanol e 100 mL de água e posteriormente particionado com

solventes de polaridade crescente (Fig. 2), onde obteve-se as respectivas frações: Hexano

(4,16 g), Diclorometano (1,53 g) e Acetato de Etila (0,6 g), propiciando desta forma, uma

semi-purificação conforme a polaridade de seus constituintes e do solvente aplicado para a

extração (CECHINEL FILHO; YUNES, 1998).

b) Extração Específica para Alcalóides

O outro recipiente com extrato metanólico bruto permaneceu reservado em geladeira

por determinado tempo, e ao iniciar a evaporação do solvente foi percebido o acúmulo de

precipitado no béquer, o qual foi filtrado, seco (2,528 g) e reservado para análises posteriores.

Page 27: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

27

Obteve-se um rendimento de 38 g de extrato metanólico bruto após a evaporação do solvente

(Fig. 3).

Deste extrato, utilizou-se 15 g, que foram dissolvidos com 150 mL de metanol e 75

mL de água, cuja suspensão foi alcalinizada com amônia (10 %) até pH 9 e extraída

sucessivamente com clorofórmio, obtendo-se duas soluções: clorofórmio e resíduo do extrato

bruto alcalino aquoso. Em seguida a solução clorofórmica foi acidificada com uma solução de

ácido clorídrico (0,1 M) até pH 4-5 a qual foi recolhida separadamente através do funil de

separação. Por fim, esta solução aquosa foi alcalinizada novamente com amônia e extraída

três vezes consecutivamente com clorofórmio, obtendo-se a Fração de Alcalóides (1,015 g)

(UGAZ, 1994; SIMÕES et al., 2002).

O resíduo aquoso alcalino do extrato bruto foi novamente extraído com DCM por 3

vezes consecutivas de 100 mL, seguido de extração com AE e butanol, resultando em 3

frações: Fração DCM-RA (0,28 g), Fração AE-RA (0,46 g) e Fração Butanólica-RA (3,6 g).

4.1.4 Análise cromatográfica

Todas as frações foram submetidas à cromatografia em camada delgada (CCD),

visando uma análise fitoquímica preliminar, utilizando-se sistemas de eluentes e reveladores

usuais para “screening” fitoquímico.

Para este procedimento foram utilizadas placas de cromatografia de sílica Gel 60 F254

adquiridas da Merck como fase estacionária, e diversos eluentes como fase móvel, variando o

tipo e a proporção conforme o comportamento da fração analisada, sendo eles: clorofórmio,

metanol, hexano, acetato de etila.

Para revelar as classes dos compostos foram utilizados reveladores universais como

Ultra-Violeta e Ácido sulfúrico 10%, e reveladores específicos como: anisaldeído sulfúrico

para terpenóides e esteróides que se apresentam em manchas coradas de rosa ou roxo, cloreto

férrico 3% para flavonóides e compostos fenólicos cujas manchas apresentam-se coloridas,

Dragendorff para alcalóides através da cor laranja, e outros (UGAZ, 1994).

4.1.5 Separação e purificação dos compostos

Após determinação do perfil fitoquímico, as frações com melhor rendimento foram

submetidas a procedimentos de cromatografia em coluna (CC), onde utilizou-se sílica Gel 60

(70-230 mesh) da Merck, para as colunas das frações brutas. No intuito de purificar as

subfrações, estas foram recromatografadas conforme o sistema citado anteriormente e também

através de cromatografia flash, utilizando sílica gel Merck (250-400 mesh) como fase

Page 28: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

28

estacionária. Para purificação de subfrações muito polares, foi utilizado como fase

estacionária o polímero Sephadex LH-20, cujo mecanismo de separação é a exclusão de

tamanho.

Os eluentes da fase móvel foram selecionados de acordo com a análise feita em CCD,

tendo aumento gradual de polaridade conforme a fração utilizada. O eluente mais o produto

carreado foram recolhidos por gotejamento em frascos de aproximadamente 10 mL,

numerados seqüencialmente, sendo que cada frasco foi analisado por CCD. Após a análise do

perfil cromatográfico, os frascos semelhantes foram reunidos formando uma subfração, sendo

que as que se encontravam com maior grau de pureza e bom rendimento, foram novamente

cromatografadas até obtenção de compostos puros.

4.1.6 Identificação e elucidação estrutural dos compostos isolados

Os compostos puros ou semi-puros foram identificados por métodos espectroscópicos

usuais, como Infra-Vermelho (IV – BOMEM-100) existente na Central Analítica do curso de

Farmácia na UNIVALI, Ressonância Magnética de Hidrogênio (RMN-1H) e Carbono-13

(RMN13C Varian XL-300) que foram realizados na Itália (CNR/Roma) pelo professor Dr.

Franco Delle Monache.

Compostos conhecidos, como esteróides, foram identificados apenas através de Infra

Vermelho, Ponto de Fusão e Co-CCD.

4.2 Análise fitoquímica das folhas

4.2.1 Material vegetal

As folhas de Simaba ferruginea, oriundas da cidade de Santo Antônio de Leverger –

MT (30 Km ao Sul de Cuiabá), foram coletadas em outubro de 2001, e identificadas por

comparação com a exsicata n° 21.883. Estas foram secas em temperatura ambiente, moídas e

pesadas.

4.2.2 Obtenção dos extratos

O material vegetal (400 g) foi macerado durante sete dias com metanol e após este

período foi concentrado em evaporador rotatório sob pressão reduzida até secura a fim de

obter o extrato metanólico bruto (EMB) (Fig. 4).

4.2.3 Preparação das frações

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29

O EMB foi suspenso com acréscimo de metanol/água (150:75 mL) e em seguida

particionado com solventes de polaridade crescente como: Hexano (HEX), Diclorometano

(DCM) e Acetato de Etila (AE), a fim de realizar uma semi-purificação conforme a polaridade

dos compostos. As frações obtidas foram evaporadas até a secura e armazenadas no

dessecador a fim de obter-se o rendimento real e evitar proliferação de fungos (CECHINEL

FILHO; YUNES, 1998).

4.2.4 Análise Cromatográfica

Todas as frações foram analisadas através de cromatografia de camada delgada (CCD)

a fim de identificar as principais classes de compostos presentes em cada uma, conforme

método descrito em 4.1.4.

4.2.5 Separação e purificação dos compostos

As frações foram submetidas a procedimentos de cromatografia em coluna (CC),

utilizando-se sílica gel Merck 60 (70-230 mesh) como fase estacionária e vários sistemas de

eluentes como fase móvel, escolhidos previamente pela análise em CCD. Os compostos

eluídos foram coletados em frascos de aproximadamente 10 mL, que após secos foram

analisados por CCD e reunidos conforme perfil cromatográfico, formando as subfrações, as

quais foram recromatografadas até obter-se compostos puros. Conforme perfil da fração que

estava sendo purificada, foi utilizado ainda, cromatografia centrífuga (Cromatotron) que

auxiliou no isolamento de compostos a partir de subfrações quase puras, e cromatografia em

coluna com Sephadex LH-20 para substâncias muito polares.

As subfrações obtidas foram monitoradas quanto ao grau de pureza através de CCD. O

critério de pureza adotado foi aquele em que variando-se o sistema de solvente empregado,

observou-se apenas uma única mancha uniforme em CCD.

4.2.6 Identificação dos compostos

Idem item 4.1.6

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30

Figura 2: Fluxograma dos processos realizados com o extrato bruto dos rizomas de Simaba

ferruginea (DCM: diclorometano, AE: acetato de etila).

5 sub-frações

Simaba ferruginea (rizoma- 1kg)

Extrato Metanólico Bruto de Simaba ferruginea (35 g)

Fração Hexano (4,16 g)

4-9 (450 mg)

5 sub-frações

10-40 (250 mg)

66-110 (127 mg)

C

140-179 (45 mg)

D B

A

Fração AE (0,6 g) Fração DCM (1,53 g)

12-54 (87 mg)

4 sub-frações

55-174 (83 mg)

C

175-246 (136 mg)

D

CC sílica gel 1,5 g

CC sílica gel 1 g

Page 31: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

31

Figura 3: Fluxograma do processo extrativo de alcalóides

Simaba ferruginea (rizomas- 1kg)

Extrato Metanólico Bruto de Simaba ferruginea (15 g)

Suspensão do Ext. Bruto (metanol /água 150:75)

Fração de Clorofórmio Alcalina (500 mL) Resíduo Ext. Bruto Alcalino

CHCl3 ácido

Fração Aquosa

Fração Alcaloídica (1,015 g)

Hidróxido de amônio – pH 9-10

Acidificação pH 4-5 c/ HCl

Alcalinização e extração com CHCl3

Fr. DCM (280 mg) Res. Ext. Bruto

Fr. AE ( 467 mg) Res. Ext. Bruto

Fr. Butanólica (3,6 g)

Maceração c/ MeOH por 7 dias

Page 32: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

32

Figura 4: Fluxograma dos processos de preparação das frações e purificação dos compostos

isolados das folhas de Simaba ferruginea.

4.3 Atividade Farmacológica

As avaliações dos efeitos antiúlcera e antinociceptivo, foram realizadas na Faculdade

de Medicina/UFMT, sob a coordenação do professor Dr. Domingos Tabajara de Oliveira

Martins, através dos modelos experimentais descritos a seguir.

4.3.1 Atividade antinociceptiva

A) Teste das contorções abdominais induzidas por ácido acético

Este modelo de nocicepção desenvolvido por Collier et al. (1968), é relativamente

simples, mas avalia atividade antinociceptiva das substâncias testadas de forma inespecífica

Simaba ferruginea

(folhas – 400 g)

Extrato Metanólico Bruto de Simaba ferruginea (19 g)

Fração Hexano (2,2 g)

1 - 11

(189 mg)

12 -18

(81 mg)

46 -153

(127 mg)

FA

Fração DCM (0,857 g) Fração AE (4,42 g)

25 -54 (635 mg)

FB

Vários Compostos

Vários Compostos

55 -70 (444 mg)

FB + outro composto

Simaba ferruginea

(folhas – 400 g)

Extrato Metanólico Bruto de Simaba ferruginea (19 g)

Fração Hexano (2,2 g)

1 - 11

(189 mg)

12 -18

(81 mg)

46 -153

(127 mg)

FA

Fração DCM (0,857 g) Fração AE (4,42 g)

25 -54 (635 mg)

FB

Vários Compostos

Vários Compostos

55 -70 (444 mg)

FB + outro composto

88 - 144 (298 mg)

FB

CC sílica gel CC sílica gel

Page 33: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

33

(atividade central ou periférica), sendo amplamente utilizada pelos farmacologistas (SOUZA

et al., 2003).

Os animais foram divididos em onze grupos distintos com 8 animais cada, sendo um

controle, cujo pré-tratamento constituiu-se apenas de veículo, e os demais grupos tratados

conforme as amostras testadas: extrato metanólico 5 mg/kg e 20 mg/kg, fração alcaloídica 5

mg/kg e 20 mg/kg, compostos C, D e FB 5 mg/kg e 20 mg/kg cada, por via intraperitoneal 30

minutos antes da injeção de ácido acético. O ácido acético 0,6 % foi diluído em salina 0,9%

(10 mL/kg). Em seguida os animais foram colocados na bancada sob funis de vidro

individualmente, onde anotou-se o número de contorções a cada 5 minutos por 30 minutos.

Ao final relacionou-se graficamente as médias acumuladas em função do tempo.

4.3.2 Atividade antiúlcera

A) Úlcera gástrica aguda induzida por etanol

Este modelo de lesão gástrica ocorre independentemente de qualquer efeito sobre a

secreção ácida gástrica, pois está relacionada com a geração de espécies reativas de oxigênio a

partir de sua metabolização, causando focos hiperêmicos e hemorrágicos por todo o

estômago, indicando ainda, comprometimento do fluxo sanguíneo neste órgão (LAPA et al.,

2002).

Camundongos machos pesando entre 30-35 g, em jejum por 12 hs, distribuídos nos

respectivos grupos a serem analisados receberam as amostras (extrato metanólico dos rizomas

e folhas, frações dos rizomas e folhas, compostos isolados (C, D, FB) nas doses de 5 mg/kg

ou 20 mg/kg, via oral (1 h) ou via intraperitoneal 30 minutos antes da administração de etanol

50% (10 mL/kg) via oral.

Após 30 minutos da administração do etanol, os animais foram sacrificados sob

anestesia etérea e seus estômagos foram removidos e abertos pela grande curvatura,

posteriormente lavados com salina 0,9% e mantidos em béquer contendo salina a 0,9%

gelada. Após esse procedimento, os estômagos foram estendidos e prendidos em placa de

Petri com fundo parafinado por meio de alfinetes, e as lesões gástricas foram avaliadas por

meio de lupa estereoscópica (ROBERT et al., 1979).

B) Úlcera gástrica induzida por indometacina

Page 34: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

34

Este modelo avalia a formação de úlceras por inibição da síntese de prostaglandinas

(PGE2 e PGI2), as quais são responsáveis pela formação e secreção do muco, cuja atividade é

inibida na presença de medicamentos que atuam sobre a ciclooxigenase 1, mecanismo de ação

dos AINES, como a indometacina (LAPA et al., 2002).

Ratos machos pesando em média 200 g para cada dose de cada amostra, foram

submetidos a jejum por 18 h com água ad libidum. Após esse tempo, os animais receberam os

tratamentos conforme os respectivos grupos (extrato metanólico dos rizomas, frações,

compostos isolados – C, D, FB) nas doses de 5 mg/kg e 20 mg/kg via oral e intraperitoneal,

enquanto o grupo controle recebeu somente veículo.

As lesões gástricas foram induzidas pela administração de 30 mg/kg de indometacina

dissolvida em bicarbonato de sódio a 2% após 1 hora do tratamento com a planta. Após 3

horas da administração do agente ulcerogênico, repetiu-se o tratamento com as amostras da

planta e veículo.

Passados 6 horas da administração do agente lesivo, os animais foram sacrificados por

anestesia etérea, os estômagos retirados, abertos pela grande curvatura, lavados com salina

0,9% e mantidos imersos em béquer contendo salina 0,9 % gelada. As lesões gástricas foram

quantificadas para atribuição do número e índice de úlceras (DJAHANGUIRI, 1969).

Para se determinar à magnitude da ulceração foi utilizado um índice de ulceração,

além do número médio de úlceras para cada grupo experimental e controle. O índice de

ulcerações foi considerado como sendo a soma total dos pontos obtidos após o exame da

mucosa gástrica, levando-se em conta, o número total de úlceras e a média dos índices de

lesão de acordo com o grau e a pontuação atribuída conforme dados citados abaixo.

Page 35: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

35

Quadro 1: Escores para avaliação das lesões gástricas induzidas por indometacina ÍTENS

ANALISADOS ATRIBUIÇÕES DE

ESCORES

a) Coloração da mucosa

Normal (0 ponto)

Hiperêmica (1 ponto)

Descorada (1 ponto)

b) Perda de pregas da mucosa

(1ponto)

c) Petéquias Leve (1ponto)

Moderado (2 pontos)

Intenso (3 pontos)

d) Edema Leve (1ponto)

Moderado (2 pontos)

Intenso (3 pontos)

e) Hemorragia Leve (1ponto)

Moderado (2 pontos)

Intenso (3 pontos)

f) Perda de muco Leve (1ponto)

Moderado (2 pontos)

Intenso (3 pontos)

g) Lesões necro-hemorrágicas (úlcera

Até 1 mm (ponto)

Maior que 1mm (1,5pontos x mm)

Perfuradas (5pontos x mm)

Foi considerado o grau de lesão leve quando a área afetada foi < 25 %, moderado =50% e intensa > 50 %.

4.3.3 Análise estatística

Os dados dos gráficos foram expressos em Média ± Erro Padrão Médio. Aos dados

não paramétricos, usou-se a mediana com os limites mínimo e máximo.

A comparação entre duas médias foi realizada através do teste “T” de Student, não

pareado, bicaudal. Para comparação múltipla dos dados paramétricos foi utilizada a análise de

variância (ANOVA), seguida de Student-Newman-Keuls.

Em todas as análises estatísticas, considerou-se o nível crítico para rejeição da hipótese

de nulidade menor que 0,05 (p<0,05). Os asterísticos (* p< 0,05; ** p < 0,01 e *** p <0,001)

serviram para caracterizar o grau de significância estatística entre o grupo controle e o grupo

analisado (STUDENT, 1908; SNEDECOR, 1963).

Page 36: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

36

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 Análise fitoquímica

Para realizar as análises da constituição química dos rizomas e folhas de Simaba

ferruginea, logo após secagem destes materiais vegetais, os mesmos foram macerados com

metanol, onde obteve-se os três extratos brutos, que foram utilizados no decorrer do trabalho

de pesquisa. Os extratos metanólicos brutos dos rizomas apresentaram bom rendimento, pois

ambos partiram de 1 kg de material vegetal e renderam 40 g e 38 g de EMB cada, o que

corresponde a aproximadamente 4 % e 3,8 % de massa bruta, sendo que o último foi

reservado para extração específica de alcalóides.

As folhas de S. ferruginea, após maceradas com metanol, renderam 21 g de EMB, o

que corresponde a aproximadamente 5,25% de massa bruta, sendo este considerado um bom

rendimento já que a quantidade de material vegetal utilizado foi relativamente pequena em

vista dos rizomas, porém neste extrato havia considerável quantidade de clorofila e outros

pigmentos. Após particionamento de 19 g do EMB obteve-se as seguintes frações com seus

respectivos rendimentos: Fr. Hexano (2,2 g), Fr. DCM (0,857 g), Fr. AE (4,42 g) e Fr. Aquosa

(10,15 g). Observa-se, através dos rendimentos obtidos durante o fracionamento do extrato

bruto, que a maioria dos compostos apresenta alta polaridade, pois foram extraídos com

quantidade relativamente suficiente para purificação, somente às frações AE e Aquosa,

considerando que de cada fração, necessita-se de aproximadamente 1 g para testes biológicos.

Para o fracionamento dos rizomas, foi utilizado 35 g de extrato metanólico bruto que

foi dissolvido em metanol: água (250:100 mL), sendo que restou uma massa insolúvel que foi

armazenada em geladeira, denominada de resíduo do extrato bruto. Obteve-se as frações

Hexano (4,16 g), DCM (1,53), AE (0,6 g) e Aquosa (15 g). Deve-se ressaltar, que a extração

foi repetida 5 vezes de 100 mL com cada solvente, e ainda assim, o rendimento das frações foi

baixo, principalmente da fração AE, que não foi cromatografada devida a pequena quantidade

obtida.

Posteriormente, alíquotas de cada fração, dos rizomas e das folhas, foram submetidas a

procedimentos cromatográficos em camada delgada (CCD) a fim de estabelecer o perfil

fitoquímico, determinando as principais classes de compostos presentes em cada parte da

planta, e também selecionar as frações a serem cromatografadas, bem como os solventes a

serem utilizados no processo de purificação das frações.

Page 37: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

37

Verificou-se que os rizomas e as folhas apresentam constituição química distinta,

sendo que nos rizomas há predomínio de compostos alcaloídicos e nas folhas presença

majoritária de compostos fenólicos. Conforme pode ser observado no quadro abaixo, nos

rizomas praticamente não há compostos fenólicos, enquanto nas folhas não foi detectado à

presença de alcalóides, demonstrando a variabilidade metabólica de uma planta em suas

diferentes partes, o que pode conferir distintas propriedades terapêuticas e maior

probabilidade de encontrar novos compostos de interesse biológico.

Quadro 2: Perfil fitoquímico das frações das folhas e rizomas de S. ferruginea observados em

CCD através de reveladores específicos para algumas classes de compostos.

Frações Anisaldeído FeCl3 Dragendorff KOH

Hexano rizomas XXX - XX -

DCM rizomas XX - XXX -

AE rizomas X X - -

Hexano folhas XXX - - -

DCM folhas XXX - - -

AE folhas - XXX - -

Desenvolvimento de “n” manchas coloridas: X (1-2 ), XX (até 4), XXX (várias e ou predominantes)

Devido o interesse da equipe em trabalhar com alcalóides, constituintes químicos que

geralmente apresentam atividade biológica relevante, realizou-se a extração específica para

alcalóides a partir do extrato bruto metanólico (15 g), conforme foi demonstrado na figura 3,

que rendeu a fração alcaloídica (1,015 g). A fim de tentar extrair mais compostos, foi

particionado o resíduo do extrato aquoso bruto oriundo do processo de obtenção da fração

alcaloídica, o qual rendeu as frações: DCM-RA (280 mg), AE-RA (467 mg) e fração

butanólica-RA (3,6 g).

5.1.1 Frações do Rizoma – Extração convencional

A) Fração Hexano

A partir de processo cromatográfico em coluna aberta (CC) com sílica gel como fase

estacionária, e proporções distintas e crescentes de hexano/ acetona como fase móvel, obteve-

se 9 subfrações que foram analisadas por CCD, e as que apresentaram maior rendimento e

melhor perfil, foram recromatografadas.

Page 38: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

38

A subfração 4-9 (450 mg) rendeu mais 5 subfrações (A-E) após recromatografada,

sendo que a subfração 4-9 B (78 mg) que apresentava-se mais pura, tratava-se de uma mistura

de ácidos graxos insaturados (A), assim como as demais subfrações oriundas desta CC.

A subfração 10-40 (250 mg) quando recromatografada também rendeu 5 subfrações

(A-E), sendo que a subfração 10-40 A (82 mg), foi novamente recromatografada, mas não

houve sucesso na purificação, mas provavelmente há presença de resíduos de ácidos graxos e

esteróides (B), pois algumas manchas reveladas com anisaldeído, apresentaram o mesmo Rf

de esteróides comumente encontrados nas plantas.

Após recromatografar a subfração 66-110 (127 mg) com sílica gel e hexano / acetona,

obteve-se 17 mg do composto C, encontrado posteriormente com maior rendimento nas

frações DCM, DCM-RA, AE-RA e fração alcaloídica. Da subfração 140-179 (45 mg) após

cromatografia obteve-se o composto D (9 mg), o qual também foi isolado nas frações citadas

acima.

B) Fração DCM

Esta fração (1 g) foi cromatografada em CC de sílica gel, hexano / acetona, rendendo 5

subfrações: 1-11 (21 mg), 12-54 (87 mg), 55-174 (83 mg), 175-246 (136 mg), 247-300 (49

mg). Três destas subfrações foram novamente recromatografadas, devido melhor rendimento

e melhor perfil fitoquímico observado em CCD.

Da subfração 12-54 (87 mg) obteve-se 4 subfrações (A-D), cuja subfração 12-54 C foi

lavada com metanol gelado, e o composto obtido provavelmente é uma mistura dos esteróides

estigmasterol e β-sitosterol (22 mg).

A subfração 55-174 (83 mg) quando purificada rendeu 5 subfrações, sendo a subfração

A foi identificada como sendo o composto C (12 mg), e as demais subfrações 55-174 B-E não

apresentaram-se puras.

Obteve-se 6 subfrações da subfração 175-246 (136 mg), sendo a subfração 175-246 C

(11 mg) identificada como sendo o composto D, e a subfração 175-246 E, uma mistura do

composto D com outro alcalóide não identificado, que devido Rf muito semelhante não foi

possível isolar.

5.1.1.1 Caracterização química e revisão da literatura do composto C

Page 39: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

39

O composto C isolado de algumas frações dos rizomas de Simaba ferruginea foi

identificado como sendo o alcalóide cantin-6-ona (20) ou cantinona, sendo relatado pela

primeira vez para esta espécie vegetal.

��

/0

123

45/�6

/�/

(20) Cantin-6-ona

O composto C foi isolado sob a forma de um óleo viscoso de coloração amarela. É

facilmente dissolvido em acetona e evidenciado em CCD, eluído com hexano/acetona (6:4),

pelo desenvolvimento da coloração laranja, quando revelado com o reativo Dragendorff. Foi

identificado por técnicas espectroscópicas de ressonância magnética nuclear de hidrogênio e

carbono-13, comparadas com a literatura conforme tabela 1.

O composto foi dissolvido em CDCl3, cujos sinais relevantes de hidrogênios vistos no

espectro abaixo (Fig. 5) são:

- dublete em 7 ppm referente ao H-5, e dublete em 8,03 referente ao H-4, um pouco mais

deslocado devido proximidade a carbonila.

- dublete em 8,68 ppm referente ao H-8; triplete em 7,54 ppm referente H-9; duplo dublete

em 7,78 ppm referente H-10; dublete em 8,11 ppm referente H-11, região típica de

hidrogênios de aromáticos, sendo apenas o deslocamento do H-8 mais acentuado devido

proximidade ao nitrogênio.

- dublete em 7,97 ppm referente ao H-1, e dublete em 8,83 ppm referente ao H-2 próximo ao

nitrogênio. Esses deslocamentos são também citados em literatura (KOIKE; OHMOTO,

1985; FACUNDO et al., 2002).

Os sinais observados no espectro de carbono-13 (Fig. 6) correspondem aos citados na

literatura (FACUNDO et al., 2002), sendo:

- sinais em 117,32; 130,9; 125,67 e 122,69 ppm correspondem respectivamente aos C-8, 9,

10 e 11, todos do tipo C-H conforme pode ser observado no espectro APT.

Page 40: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

40

- sinais em 135,23; 139,6; 124,4; 130,3; 132,0 correspondem aos respectivos carbonos

quaternários C3a, C7a, 11 a,b,c, sendo os carbonos mais próximos ao nitrogênio com maior

deslocamento.

- o sinal em 159,5 ppm é relativo ao C6 (carbonila).

Tabela 01: Valores dos deslocamentos químicos (ppm) de 13C e 1H para o alcalóide cantin-6-

ona conforme dados da literatura e valores obtidos para o composto C.

Carbono � 13C

DMSO-d6

� 1H (J=Hz)

CDCl3

Composto C

CDCl3 - � 13C

Composto C

CDCl3 - � 1H (J=Hz)

C

3a 135,53 136,23

6 158,21 159,5

7a 138,24 139,6

11a 123,63 124,4

11b 129,43 130,3

11c 130,91 132,0

CH

1 115,90 7,59 (d J =5,0) 116,42 7,97 (d J= 5,0)

2 145,33 8,58 (d J = 5,0) 145,85 8,83 (d J= 5,0)

4 139,00 7,77 (d J = 9,7) 144,08 8,01 (d J= 9,8)

5 128,37 6,75 (d J = 9,7) 128,94 7,00 (d J= 9,8)

8 116,60 8,28 (d J = 7,7) 117,32 8,69 (d J= 7,7)

9 130,29 7,45 (t J =7,7) 130,89 7,53 (td J= 7,5; 1,1)

10 125,13 7,28 (t J =7,7) 125,67 7,71 (td J= 7,5; 1,1)

11 122,03 7,73 (d J = 7,7) 122,66 8,12 (d J= 7,7)

Fonte: KOIKE; OHMOTO, 1985; FACUNDO et al., 2002.

Page 41: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

41

Figura 5: Espectro de RMN-1H do composto C em CDCl3 (300 MHz).

Page 42: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

42

Figura 6: Espectro de RMN-13C do composto C em CDCl3 (75.5 MHz).

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43

Os alcalóides constituem um vasto grupo de metabólitos com imensa diversidade

estrutural, classificados de acordo com o aminoácido precursor de sua rota biossintética. O

alcalóide cantin-6-ona é classificado como um alcalóide indólico, cujo aminoácido precursor

é o triptofano. Esta classe de alcalóides apresenta grande importância econômica e

farmacológica, sendo os principais compostos desta classe: vincristina e vimblastina,

alcalóides com atividade antineoplásica isolados da Catharanthus roseus; ergotamina que é

utilizada para tratamento da enxaqueca devida atividade adrenérgica sobre receptores α-2,

isolada da Claviceps purpurea; ajmalicina (Rauwolfia serpentina) e ioimbina (Pausinystalia

yohimbe) agentes simpatolíticos utilizados para hipertensão e impotência masculina

respectivamente; entre vários outros alcalóides indólicos com significativa atividade

terapêutica (DEWICK, 2002; SIMÕES et al., 2002; HOSTETTMANN et al., 2003).

Dentre as várias atividades do alcalóide cantin-6-ona citadas na literatura, destacam-se

os estudos que demonstraram atividade contra Leishmania amazonensis, sendo mais

significativa no tratamento de infecção tópica (FERREIRA et al., 2002); atividade inibitória

sobre a ativação do Epstein-Barr (MURAKAMI et al., 2004); a citotoxicidade observada

sobre queratinócitos de cobaia (ANDERSON et al., 1983) e ainda mais relevante, a efetiva

atividade citotóxica contra várias linhagens humanas de células cancerosas como: melanoma,

fibrosarcoma, pulmão, mama, antileucêmico e outras (FUKAMIYA et al., 1986; KARDONO

et al., 1991; KUO et al., 2003).

Deve-se ressaltar ainda, um estudo bio-monitorado da planta Zanthoxylum chiloperone

por bioautografia, onde foi isolado o alcalóide cantin-6-ona que exibiu atividade antifúngica

de amplo espectro, sendo efetivo contra cepas de: Aspergillus fumigatus, A. niger, A. terreus,

Cândida albicans, C. tropicalis, C. glabrata, Saccharomyces cerevisiae, entre outros, cujo

MIC (concentração inibitória mínima) variou entre 5,3 a 46 micro mol/L (THOUVENEL et

al., 2003). A atividade fungicida do cantin-6-ona encontra-se relatada também em um estudo

biodirecionado das raízes e cascas de Zanthoxylum usambarense (HE et al., 2002).

5.1.1.2 Caracterização química e revisão da literatura do composto D

O composto D foi identificado como sendo o alcalóide indólico 4-metoxicantin-6-ona

(21) ou 4-metoxicantinona. Assim como o composto C, este foi isolado em grande quantidade

na fração alcaloídica e demais frações, sendo também, descrito pela primeira vez para esta

espécie vegetal.

Page 44: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

44

Este alcalóide foi isolado sob a forma de pó amorfo e cristais de coloração amarela,

solúvel em acetona. Detectado em CCD quando eluído com hexano/acetona (6:4) e revelado

com Dragendorff, cuja reação demonstrava forte cor laranja.

��

� ��� 7

8

9:;

<

8�8

(21) 4-metoxicantin-6-ona

O alcalóide 4-metoxicantin-6-ona apresenta espectro de RMN-1H (Fig. 7) semelhante

ao cantin-6-ona, cujos sinais que os diferenciam referem-se aos hidrogênios 4 e 5, que antes

eram dois dubletes, estão representados agora por dois singletes em � 7,31 referente à H-5 e

em � 4,07 referente ao H da metoxila que encontra-se ligada ao carbono 4, cujos resultados

coincidem com os citados na literatura, conforme tabela 2.

Page 45: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

45

Figura 7: Espectro de RMN-1H do composto D em CDCl3 (300 MHz).

Page 46: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

46

Figura 8: Espectro de RMN-13C do composto D em CDCl3 (75.5 MHz).

Page 47: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

47

O espectro de carbono do composto D (Fig. 8) também é semelhante ao do alcalóide

cantin-6-ona, cujos sinais que os diferenciam são:

- 109,1 ppm referente ao C-5 que foi deslocado para campo baixo devido proximidade do

carbono que tem ligado uma metoxila

- observa-se também um sinal adicional em 56,7 ppm referente ao carbono da metoxila, e em

154,34 ppm referente ao C-4, cujo grupo metoxila está ligado, deslocando-o para campo alto

no espectro, bem próximo ao sinal da carbonila (155,2 ppm).

Tabela 02: Valores dos deslocamentos químicos (ppm) de 13C e 1H para o alcalóide 4,5-

dimetoxicantin-6-ona conforme dados da literatura e valores obtidos para o composto D.

Carbono � 13C

CDCl3

� 1H (J= Hz)

CDCl3

Composto D

CDCl3 - � 13C

Composto D

CDCl3 - � 1H (J = Hz)

C

3a 132,71 136,28

4 152,05 154,34

6 157,43 155,2

7a 138,22 139,81

11a 123,96 124,88

11b 129,15 129,58

11c 127,61 127,20

CH

1 114,89 7,47 (d J =5,0) 113,87 8,07 ( d J= 5,0)

2 144,48 8,54 (d J = 5,0) 145,33 8,77 ( d J= 5,0)

5 127,98 - 109,73 7,31

8 116,24 8,16 (d J = 7,7) 117,07 8,64 (d J= 7,7)

9 130,01 7,37 (t J =7,7) 130,47 7,78 (dt J= 7,5; 1,1)

10 124,59 7,19 (t J =7,7) 125,77 7,63 (dt J= 7,5; 1,1)

11 121,78 7,54 (d J = 7,7) 122,57 8,33 (d J= 7,7)

CH3

4-OCH3 61,17 4,40 (s) 56,63 4,07

Fonte: KOIKE; OHMOTO, 1985; FACUNDO et al., 2002.

Page 48: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

48

O alcalóide cantin-6-ona pode ter várias substituições em seu núcleo fundamental,

sendo o grupamento metoxila um dos mais constantes, distribuídos em vários carbonos,

conferindo maior lipossolubilidade ao composto e também diferentes ou potentes atividades

biológicas. Em uma avaliação com compostos alcaloídicos tipo beta-carbolinas, indólicos e

isoquinolínicos quanto à afinidade em receptores benzodiazepínicos, observou-se que apenas

as moléculas metoxiladas e ou com grupamentos carbonilas foram capazes de ligarem-se aos

receptores benzodiazepínicos (GUZMAN et al., 1984).

Em outro estudo com os derivados metoxilados do cantin-6-ona foi observado

atividade citotóxica in vitro contra cultura de células KB e, atividade contra o Plasmodium

falciparum (CHAN et al., 2004).

5.1.2 Frações do Rizoma – Extração Específica para Alcalóides

A partir de 15 g do extrato metanólico bruto dos rizomas, dissolvidos em metanol /

água (150:75 mL), seguiu-se à metodologia descrita por UGAZ (1994), para extração

específica de alcalóides (Fig. 3), até obtenção da fração alcaloídica (1,015 g), da qual, 400 mg

foram enviados para testes farmacológicos.

Devido o volume do resíduo do extrato bruto ser relativamente grande

(aproximadamente 120 mL), procedeu-se partição deste com solventes de polaridade

crescente, que rendeu as frações: DCM-RA (280 mg), AE-RA (467 mg), Butanólica –RA (3,6

g), tendo a denominação final de RA (resíduo da fração alcaloídica) para diferenciar do

particionamento convencional.

Durante o processo de preparação deste extrato bruto, houve a formação de um

precipitado amarelo no fundo do béquer, que foi filtrado, seco, pesado (2,528 g) e

denominado de fração PPT.

A) Fração alcaloídica

Foi cromatografado 300 mg desta fração em CC de sílica gel, eluída com hexano /

acetona, onde obteve-se 4 subfrações: 2-7 (19 mg), 8-16 (10 mg), 17-80 (34 mg) e 81-113 (29

mg). Devido ao baixo rendimento, ficou inviável a purificação destas subfrações, mas através

de CCD, eluída sempre com a mistura Hexano / Acetona 6:4 e revelada com Dragendorff,

constatou-se que a subfração 2-7 continha 4-metoxicantin-6-ona e outro alcalóide, assim

Page 49: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

49

como a subfração 17-80 é constituída por cantin-6-ona mais outro alcalóide, com Rf distinto

do alcalóide observado na subfração 2-7.

Mesmo não sendo possível o isolamento e a identificação destes dois alcalóides

presentes nesta fração, a constatação da presença de outros alcalóides foi muito importante,

pois justificam as atividades farmacológicas encontradas e discutidas mais adiante, visto que,

os alcalóides cantin-6-ona e 4-metoxicantin-6-ona são os compostos majoritários na planta,

mas podem ter suas propriedades terapêuticas potencializadas por outros alcalóides, mesmo

que estes encontrem-se em quantidade muito pequena, o que é muito comum para esta classe

de metabólitos, que muitas vezes até são relatados como ausentes em determinadas plantas

devido ao baixo rendimento e difícil detecção.

B) Fração PPT

Utilizou-se 2,5 g desta fração para cromatografia em coluna aberta com sílica gel,

eluída com hexano / acetona com aumento gradativo de polaridade. Obteve-se 10 subfrações:

1-6 (369 mg), 7-13 (110 mg), 14-56 (225 mg), 57-69 (46 mg), 70-99 (130 mg), 100-102 (4

mg), 103-140 (31 mg), 141-159 (12 mg), 160-221 (90 mg), 222-250 (497 mg). Estas

subfrações foram analisadas em CCD com vários reveladores, onde detectou-se a presença

majoritária dos dois alcalóides já identificados e também da presença de outros alcalóides,

sendo que alguns provavelmente são os mesmos obtidos na fração alcaloídica segundo Rf

destes.

Da subfração 14-56 após recromatografada obteve-se o alcalóide cantin-6-ona (179

mg) e, da subfração 70-99, 188 mg de 4-metoxicantin-6-ona.

C) Fração DCM-RA

Através de análise em CCD, constatou-se a presença majoritária dos compostos

alcaloídicos C e D, sendo esta fração reservada para testes biológicos.

D) Fração AE-RA

Através de análise em CCD, observou-se que esta fração é constituída

majoritariamente pelos dois alcalóides (C e D), a qual foi reservada para isolamento destes

quando necessário para testes biológicos.

Page 50: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

50

E) Fração Butanólica

Esta fração foi cromatografada em sílica gel, eluída com clorofórmio / metanol em

diversas proporções, ainda que a grande maioria dos compostos ficaram retidos na sílica,

devido à alta polaridade destes. Obteve-se 6 subfrações: 1-14 (24 mg), 15-27 (26 mg), 28-40

(92 mg), 41-62 (234 mg), 63-74 (209 mg), 75-111 (30 mg).

A subfração 41-62 foi recromatografada em CC com Sephadex LH-20 que rendeu

mais 7 subfrações (A-G), sendo que a subfração 41-62 E, foi novamente recromatografada em

Sephadex LH-20, que assim como as demais, não houve sucesso no isolamento de compostos,

senão açúcares, detectados através de análises espectroscópicas.

Os resultados obtidos da análise fitoquímica dos rizomas da S. ferruginea, permitem

afirmar que a constituição majoritária desta parte da planta são os alcalóides cantin-6-ona e 4-

metoxicantin-6-ona, além de outros alcalóides evidenciados em CCD, porém alguns não

foram isolados e dois obtiveram rendimento de 2 mg, não sendo possível identificá-los.

Observou-se através da revisão bibliográfica, que a família Simaroubaceae, bem como

o gênero Simaba, apresentam inúmeros triterpenóides do tipo quassinóides, geralmente

responsáveis pelo sabor amargo da planta e por inúmeras atividades biológicas, como:

antiinflamatória, antiparasitária, antitumoral, antimalárica, citotóxica, amebicida, fungicida,

inseticida, etc (MORETTI et al., 1994; OZEKI et al., 1998; JIWAJINDA et al., 2003;

TAMURA et al., 2003).

A S. ferruginea, provavelmente deve apresentar compostos do tipo quassinóides em

sua constituição, mas em concentração relativamente baixa, pois foi observado em CCD, a

presença de compostos terpenóides, ainda que não foram isolados, devido ao baixo

rendimento das subfrações após procedimento cromatográfico de purificação em sílica. Além

disso, o intenso sabor amargo da S. ferruginea, é outro indicativo da presença destes

compostos, característica organoléptica atribuída a esta classe de compostos, explicando o

porquê da denominação féo-da-terra.

Sendo assim, a composição química dos rizomas de S. ferruginea, diferem

significativamente da maioria das espécies do gênero Simaba, pois na literatura, apenas outras

duas espécies, S. multiflora e S. polyphylla, apresentam relatos de que em sua constituição

química são encontrados alcalóides, pois nestas espécies, os compostos predominantes

também são os quassinóides. Outro aspecto importante, é a concentração destes alcalóides nos

rizomas, dos quais foram isolados mais de 200 mg de cada, quantidade considerada

Page 51: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

51

extremamente relevante para produtos naturais, especialmente alcalóides, que geralmente

encontram-se ou são isolados em quantidades muito inferiores a estas obtidas neste trabalho.

Deve-se salientar ainda, que a melhor metodologia para obtenção destes alcalóides é a

extração específica para alcalóides, tanto pela via ácida, a qual foi descrita neste trabalho,

como pela via alcalina. A via alcalina foi utilizada apenas a fim de estabelecer a melhor forma

de extração, sendo que, apresenta a desvantagem de extrair outros compostos. A extração

específica para alcalóides permite uma purificação rápida dos compostos além do bom

rendimento, facilitando o processo de obtenção dos alcalóides desejados.

5.1.3 Frações das folhas de S. ferruginea

A) Fração Hexano

A partir de 1,5 g desta fração foi realizada CC de sílica gel eluída com hexano /

acetona, onde obteve-se 7 subfrações: 1-11 (189 mg); 12-18 (81 mg); 19-31 (29 mg); 32-45

(25 mg); 46-153 (127 mg); 154-187 (128 mg) e 188-224 (45 mg). Todas foram analisadas em

CCD, cujos resultados demonstraram a presença de inúmeros compostos em cada subfração.

As subfrações com maior rendimento ou que se encontravam mais puras (22) foram

novamente recromatografadas em CC de sílica gel, sendo que apenas houve êxito na

purificação da subfração 12-18 (81 mg) que rendeu 14 mg do composto FA.

B) Fração DCM

Devido ao baixo rendimento desta fração (0,857 g) não foi realizado procedimento de

purificação, pois em análises de CCD esta fração também apresentou uma diversificada

composição química e nenhum composto majoritário que propiciasse sua purificação.

C) Fração AE

Esta fração foi a que melhor apresentou rendimento (4,42 g), dos quais 2 g foram

utilizados para purificação em CC de sílica gel eluída com CHCl3/ metanol, onde obteve-se 9

subfrações: 1-3 (15 mg); 4-13 (48 mg); 14-24 (146 mg); 25-54 (635 mg); 55-70 (444 mg); 71-

87 (146 mg); 88-144 (298 mg); 145-200 (61 mg).

Algumas subfrações apresentaram um bom rendimento e quando analisadas em CCD

constatou-se a presença majoritária de um composto fenólico dentre os demais. A primeira

subfração eleita para processos de purificação foi a subfração 25-54 (635 mg) por apresentar

maior rendimento e também pelo interesse em isolar o composto majoritário desta subfração.

Page 52: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

52

Esta subfração foi eluída com clorofórmio / metanol e rendeu mais 7 subfrações, sendo

uma delas um precipitado de 50 mg do composto FB. Após novos processos de purificação

destas subfrações obteve-se mais 106 mg de FB.

Posteriormente foi cromatografada a subfração 55-70 (200 mg) em CC de sílica gel

eluída com clorofórmio / metanol, mas grande parte da amostra ficou retida na fase

estacionária, obtendo-se 5 subfrações com rendimento muito baixo e ainda impuras.

Visando ainda isolar os compostos fenólicos presentes na amostra, cromatografou-se

os 244 mg restantes da subfração (55-70), em CC com Sephadex LH-20 a fim de separar os

dois compostos majoritários desta subfração, sendo um deles o composto FB. Obteve-se 5

subfrações, sendo a subfração 8-20 (55-70) com rendimento de 130 mg. Esta foi então

recromatografada através de cromatografia em camada delgada centrífuga, utilizando o

aparelho Cromatotron e os eluentes clorofórmio/ metanol num fluxo contínuo de 3,2 mL/

minuto. Deste procedimento cromatográfico obteve-se 6 subfrações, sendo uma delas o

composto FB (26 mg), e novamente insucesso no isolamento do outro composto fenólico

presente na amostra. A subfração que continha a mistura dos dois flavonóides (31 mg) foi

então submetida à cromatografia em camada delgada preparativa, eluída com

clorofórmio/metanol (7:3), da qual também não houve êxito na separação.

A subfração 88-144 (298 mg) foi cromatografada em CC de sílica gel com pressão

(CC “flash”), cuja granulometria da sílica é menor e confere maior resolução e rapidez no

processo de purificação. Obteve-se 8 subfrações, sendo uma delas o composto FB (29 mg), e

as demais subfrações permaneceram impuras e com rendimento inferior a 10 mg, sendo então

reservadas.

5.1.3.1 Caracterização química e revisão da literatura do composto FA

O composto FA foi identificado através de análise em IV, ponto de fusão e Co-CCD

como sendo o esteróide β-sitosterol (22). Foi isolado sob a forma de pó amorfo de coloração

branca, com odor característico (levemente adocicado), cujo ponto de fusão é 139,1 – 140,2

ºC, conforme relatado na literatura (MERCK INDEX).

Em análise por Co-CCD com padrão autêntico, observou-se à presença de uma única

mancha, conferindo o bom grau de pureza do composto e a confirmação de que se tratava

deste esteróide, já que não é possível diferenciar através de CCD a presença de estigmasterol

e β-sitosterol, por apresentarem o mesmo Rf.

Page 53: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

53

= => =?

=A@

=

> =?=? >

> =A?

> =A?

> =A?=

=

(22) β-sitosterol

O espectro de infravermelho (Fig. 9) deste esteróide mostra bandas de absorções

referentes a deformações axiais de OH na região de 3400 cm-1; absorção intensa na faixa de

2943 cm-1 referente a estiramento de grupos CH. As absorções na região de 1464, 1371 e 1047

cm-1 representam, respectivamente, deformações angulares de CH2, CH3 e deformação axial

de CO.

Os esteróides são compostos importantes não só por fazerem parte da composição das

membranas biológicas ou por serem precursores da biossíntese de hormônios esteroidais, mas

também pelas demais atividades biológicas atribuídas a estes, tais como: antiinflamatória,

antibacteriana, antifúngica, e mais recentemente como protetor de tumores no cólon intestinal

e inibidor da promoção e indução de células tumorais (OVESNA et al., 2004).

Estudos vêm comprovando cientificamente várias atividades biológicas dos esteróides

vegetais, como o β-sitosterol, que mostrou ser efetivo no combate a hiperlipidemias, cuja

ingestão cumulativa não promove arteriosclerose e ainda facilita a síntese de HDL, a

lipoproteína que promove a limpeza das veias e artérias (CICERO et al., 2004; FARKAS et

al., 2004; TOMOYORI et al., 2004).

Há relatos de atividades estrogênicas do β-sitosterol e seu glicosídeo, assim como

atividade citotóxica contra células cancerosas da linhagem Bowes (JU et al., 2004; NGUYEN

et al., 2004).

Um estudo com camundongos que tiveram sua dieta adicionada por fitoesteróides,

principalmente beta-sitosterol, demonstrou um aumento plasmático dos hormônios

testosterona e estradiol respectivamente em camundongos machos e fêmeas. Este estudo

Page 54: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

54

confirma as atividades estrogênicas e progestogênicas desta classe de compostos

(RYOKKNEN et al., 2005).

Das folhas, caules e raízes da Phyllanthus corcovadensis foram isolados alguns

esteróides, os quais foram avaliados quanto à atividade antinociceptiva no modelo de

contorções induzidas por ácido acético comparados com a aspirina. Todos os esteróides

testados apresentaram significativa resposta antinociceptiva, sendo o β-sitosterol, o composto

mais efetivo neste modelo, cuja DI50 9 mg/kg foi inferior a da aspirina 24 mg/kg (SANTOS et

al., 1995).

Além destas, alguns autores atribuem atividades analgésicas, antiulcerogênicas,

antihiperglicemiantes e antimicrobianas ao composto β-sitosterol (ABOUTABL et al., 2002;

RAMESH et al., 2001).

Figura 9: Espectro de IV do composto β-sitosterol (pastilha KBr).

5.1.3.2 Caracterização química e revisão da literatura do composto FB

Page 55: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

55

O composto FB isolado de várias subfrações da fração AE das folhas de S. ferruginea,

foi identificado como sendo o flavonóide quercitrina (23). Este composto, é também

denominado de quercetina-3-α-O-ramnosil, sendo este o constituinte majoritário da fração AE

e provavelmente das folhas, visto baixo rendimento das demais frações.

B

B

C B

B C

B CB C

BB D CFE B C

B CC B

GH

IJ KLMN

OQP JSRG R H R

ITRLURM R

J V G V H VIWVLSV

(23) quercitrina

A quercitrina é um flavonóide heterosídico cujo núcleo fundamental apresenta

substituição na posição C-3 por uma hidroxila, por isso, denominado de flavonol. Isolado sob

a forma de pó amorfo e cristais de coloração amarela, com ponto de fusão entre 176-179 ºC.,

num rendimento total de 211 mg.

A identificação deste composto foi realizada através de análises espectrais comparadas

com as citadas em literatura.

Observa-se no espectro de IV (Fig. 10) banda de deformação axial de OH em 3400

cm-1, em 1656 cm-1 sinal correspondente à deformação axial C= O e em 1610 cm-1

deformação axial de C=C, como os principais sinais de absorção de energia no infravermelho

(JEONG; SHIM, 2004).

Page 56: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

56

Figura 10: Espectro de IV do composto quercitrina (pastilha KBr).

O espectro de RMN-1H (Fig. 11) apresenta sinais característicos deste composto

conforme descrito em literatura, sendo alguns destes:

- 13,4 ppm referente ao OH-5;

- 8,04 ppm referente ao H-2’; 7,7 ppm ao H-6’ e 7,34 ppm ao H-5’

- 6,72 ppm e 6,67 ppm referentes ao H-6 e H-8. Os hidrogênios referentes ao açúcar

encontram-se na região 6,29-1,49 ppm. Os valores de RMN-1H e 13C encontram-se na tabela

3.

Page 57: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

57

Tabela 03: Valores dos deslocamentos químicos (ppm) de 13C e 1H para a quercitrina

conforme dados da literatura e valores obtidos para o composto FB (piridina-d5).

Carbono � 13C

CD3OD (100 MHz)

� 1H (J=Hz)

DMSO-d6 (600 MHz)

Composto FB

� 13C

Composto FB

� 1H (J=Hz)

2 158,6 - 157,5 -

3 136,3 - 135,8 -

4 179,7 - 178,9 -

5 163,3 - 162,7 13,4

6 99,8 6,3 (d J= 2,0) 99,5 6,7 (d J= 2,0)

7 165,9 - 165,6 -

8 94,7 6,4 (s J= 2,0) 94,3 6,6 (d J= 2,0)

9 159,3 - 158,0 -

10 105,9 - 105,2 -

1` 122,9 - 122,1 -

2` 116,9 7,4 (d J= 2,3) 116,3 8,0 (d J= 2,1)

3` 146,4 - 147,1 -

4` 149,8 - 150,3, -

5` 116,4 7,1 (d J= 8,2) 116,9 7,3 (d J= 8,3)

6` 123,0 7,4 (dd J= 8,2; 2,3) 121,9 7,7 (dd J= 8,3; 2,1)

1a 103,6 5,48 (d J= 1,6) 103,8 6,3 (d J= 1,4)

2a 72,1 4,3 (dd J= 1,6; 3,0) 73,1 5,1 (dd J= 1,5; 2,5)

3a 72,1 3,9 (dd J= 3,2; 9,5) 72,3 4,6 (dd J= 3,3; 9,0)

4a 73,3 3,5 (t J= 9,5) 71,9 4,32 (t)

5a 71,9 3,5 (dd J= 9,5; 6,2) 71,8 4,35 (m)

6a 17,7 1,1 (d J= 6,2) 18,2 1,5 (d J= 6,0)

Fonte: ZHONG et al., 1997.

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58

Figura 11: Espectro de RMN-1H (300 Mz) da quercitrina em piridina-d5.

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59

Figura 12: Espectro de RMN-13C do composto quercitrina em piridina-d5.

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60

O espectro de RMN-13C apresenta os sinais:

- na região de 73,7 e 71,7 ppm referentes aos carbonos da C-2a e C-5a . Em 103,8 ppm sinal

referente ao carbono anomérico.

- Em 94,3; 99,5; 105,2; 157,4; 158,0; 162,7; 165,6 e 178,9 ppm referentes aos respectivos

carbonos: 8, 6, 10, 2, 9, 5, 7 e 4. Demais sinais correspondem aos citados em literatura (XI-

ZING et al., 1997).

Os flavonóides são metabólitos secundários encontrados abundantemente em muitas

espécies vegetais, sob a forma livre ou heterosídica em sua maioria, com atividades biológicas

relevantes, das quais destacam-se: antioxidantes, antiinflamatórias, antivirais, antitumorais,

anti-hemorrágica, antivirais, antimicrobianas, antilipidêmica, hepatoprotetora entre outras

(NARAYANA et al., 2001; SIMÕES et al., 2002; SANTOS et al., 2004).

A capacidade antioxidante dos polifenóis como a quercitrina, é sem dúvida uma das

atividades mais relevantes destes compostos, atribuídas a capacidade destas substâncias

unirem-se aos complexos biológicos e quelarem íons metálicos transitórios, catalisarem o

transporte de íons e depurarem os radicais livres, sendo portanto, agentes protetores em

doenças como diabetes, infecções virais e alérgicas, cardiopatias, úlceras. Esta atividade

antioxidante deve-se a presença da estrutura O-dihidroxi do anel B do núcleo fundamental dos

flavonóides, além da insaturação no carbono 3. Ainda, presença de hidroxilas nas posições C-

3 e C-5 conferem máxima potência antioxidante a molécula, sendo assim, os flavonóis

quercetina e quercitrina, apresentam os requisitos para exercerem excelente atividade

antioxidante (MARTINEZ-FLOREZ et al., 2002; TRUEBA, 2003).

A quercitrina isolada da Bauhinia microstachya foi avaliada quanto à atividade

antinociceptiva no modelo de contorções induzidas por ácido acético, demonstrando

significativa inibição do processo doloroso, justificando a utilização desta planta pela

população como analgésica (SILVA-MEYRE et al., 2001).

Em outro estudo, após observado o efeito antidiarreico e mucolítico da quercitrina,

também foi avaliado a atividade antiinflamatória em colite intestinal induzida em ratos, cujos

resultados demonstraram efeito regulador da quercitrina sobre a cascata da inflamação além

de interferir no transporte hidroeletrolítico, principal injúria causada por esta patologia, que

pode ocasionar óbito por choque hipovolêmico (GALVEZ et al., 1995; SANCHES et al.,

2002; CAMUESCO et al., 2004; COMALADA et al., 2005).

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61

5.2 Atividade farmacológica

5.2.1 Atividade antiúlcera dos rizomas

As úlceras gástrica e duodenal afetam grande parte da população mundial, sendo os

principais fatores desencadeantes o estresse, deficiência nutricional, cigarro, uso de

antiinflamatórios não esteroidais, entre outros. Assim, numerosas pesquisas buscam através de

extratos vegetais e seus princípios ativos, novas formas de tratamento contra os processos

ulcerogênicos e seus sintomas (TOMA et al., 2002; BATISTA et al., 2004).

Foram avaliadas as atividades antiúlcera e antinociceptiva dos extratos, frações e

compostos isolados da S. ferruginea conforme modelos descritos anteriormente, cujos

resultados obtidos serão discutidos a seguir.

Inicialmente foi avaliado o índice de ulceração em camundongos tratados com o

extrato metanólico bruto administrado intraperitonealmente, que inibiu 95% do índice de

ulceração na dose de 20 mg/kg (Fig. 13). Entretanto, as frações hexânica e diclorometânica

derivadas do extrato metanólico foram testadas no mesmo modelo, porém administradas por

via oral, não apresentaram perfil antiulcerogênico (Fig. 14).

Acreditava-se que as frações hexano e diclorometano seriam efetivas neste modelo de

ulceração, pois além de apresentarem rendimento significativo, foi a partir destas frações que

foram isolados os alcalóides cantin-6-ona e metoxicantin-6-ona, que quando testados

isoladamente foram efetivos contra ulceração induzida por etanol via oral e intraperitoneal,

portanto, independente da via de administração.

Sugere-se que os resultados obtidos e demonstrado na figura 14, devem-se a

quantidade significativa de ácidos graxos presentes nestas frações, principalmente na fração

hexano, que possam estar interferindo no processo de absorção dos compostos ativos, ou

mesmo, que estes compostos ativos encontrarem-se muito diluídos entre os demais

constituintes da fração, pois conforme citado anteriormente, observou-se em outros testes que

os alcalóides isolados são agentes antiulcerogênicos eficazes, conforme mostrado mais

adiante.

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62

0

5

10

15

20

25

Índ.

Ulc

eraç

ão

Controle

MeOH 5 mg/Kg

MeOH 20 mg/Kg

Figura 13: Atividade antiúlcera do extrato metanólico bruto de Simaba ferruginea nas doses de 5 mg/kg e 20 mg/kg administradas via intraperitoneal em relação à ulceração induzida por etanol 50% (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01, p*** < 0,001.

0

5

10

15

20

25

30

Índ.

Ulc

eraç

ão

Controle

Hex 5 mg/kg

Hex 20 mg/kg

DCM 5 mg/kg

DCM 20 mg/kg

Figura 14: Atividade antiúlcera das frações hexano e diclorometano nas doses de 5 mg/kg e 20 mg/kg administradas via oral em relação à ulceração induzida por etanol 50 % (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01.

82 % *** 95 %

***

Fração Hexano Fração DCM (5, 20 mg/kg) (5,20 mg/kg)

20 % 16 %

40 %

20 %

Page 63: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

63

As frações AE e DCM-RA (Fig. 15), também foram testadas no mesmo modelo de

ulceração, sendo que a fração AE não foi efetiva nas duas doses testadas, enquanto a fração

DCM-RA na dose de 20 mg/kg apresentou uma inibição de 92% sobre a indução da

ulceração. Estes dados indicam que a atividade antiúlcera está relacionada à presença dos

alcalóides, uma vez que a fração AE que não apresenta tais componente químicos não foi

efetiva, enquanto a fração DCM-RA, rica em alcalóides, apresentou efeito significativo na

inibição da atividade ulcerogênica causada pelo etanol.

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Índ.

Ulc

eraç

ão

Controle

AE 5 mg/kg

AE 20 mg/kg

DCM-RA 5 mg/kg

DCM-RA 20 mg/kg

Figura 15: Atividade antiúlcera da Fr. AE e DCM-RA de Simaba ferruginea nas doses de 5 mg/kg e 20 mg/kg administradas via oral em relação à ulceração induzida por etanol 50% (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01, p*** < 0,001.

Posteriormente, avaliou-se a atividade antiulcerogênica da fração alcaloídica através

do modelo de úlcera induzida por etanol (Fig. 16), a qual apresentou inibição dose-dependente

da ulceração, onde a concentração de 5 mg/kg inibiu 66% e a dose de 20 mg/kg inibiu 80% a

formação de úlceras nos animais testados. Esses resultados são bastante significativos, uma

vez que as doses analisadas são relativamente baixas e a via de administração coincide com a

utilizada pela população, que também emprega a infusão dos rizomas para o tratamento de

úlcera (MARCELLO, 2001).

92 % **

50 % 50 %

Fração AE Fração DCM-RA (5, 20 mg/kg) (5, 20 mg/kg)

Page 64: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

64

A inibição da ulceração pela fração alcaloídica, também é relevante devido à dose

estar muito abaixo da DL50 (1800 mg/kg v.o.), determinada em outro estudo utilizando extrato

hidroalcoólico de rizomas de Simaba ferruginea, onde também é citado que a dose letal é

muito superior aquela pela população do Mato Grosso, que ingere geralmente 1 colher de

sopa duas vezes ao dia, de uma solução aquosa dos rizomas da planta, o que corresponde no

máximo a 50 mg/kg de extrato (MARCELLO, 2001).

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20

índ.

Ulc

eraç

ão

Controle

F. Alc. 5 mg/kg

F. Alc. 20 mg/kg

Figura 16: Atividade antiúlcera da fração alcaloídica de Simaba ferruginea nas doses de 5 mg/kg e 20 mg/kg administradas via oral em relação à ulceração induzida por etanol 50% (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01, p*** < 0,001.

A fração alcaloídica foi novamente analisada no modelo de ulceração induzida por

etanol, administrada por via intraperitoneal e comparada com os alcalóides cantin-6-ona e 4-

metoxicantin-6-ona, que são os componentes majoritários dessa fração, conforme análise em

CCD e Co-CCD. Além deles, foi detectada ainda a presença de pelo menos mais dois

alcalóides, os quais não foram isolados. Conforme as figuras 17 e 18, pode ser observado que

a fração alcaloídica foi efetiva em reduzir o processo ulcerativo já na concentração de 5

mg/kg, enquanto os dois alcalóides só foram efetivos na concentração de 20 mg/kg.

66 % **

80 % **

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65

0

5

10

15

20

25

Índ.

Ulc

eraç

ão Controle

Fr. Alc.

Cantin

4-MeO-Can

Figura 17: Atividade antiúlcera da fração alcaloídica de Simaba ferruginea e dos alcalóides cantin-6-ona e 4-metoxicantin-6-ona na dose de 5 mg/kg administrados via intraperitoneal em relação à ulceração induzida por etanol 50% (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01, p*** < 0,001.

0

5

10

15

20

25

Índ.

Ulc

eraç

ão Controle

Fr. Alc.

Cantin

4-MeO-Cant

Figura 18: Atividade antiúlcera da fração alcaloídica de Simaba ferruginea e dos alcalóides cantin-6-ona e 4-metoxicantin-6-ona na dose de 20 mg/kg administrados via intraperitoneal em relação à ulceração induzida por etanol 50% (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01, p* ** < 0,001.

Provavelmente, a maior efetividade da ação antiúlcera encontrada na fração

alcaloídica deve-se ao sinergismo dos dois alcalóides, ou ainda, à interação sinérgica com os

demais alcalóides presentes na mesma fração, potencializando o efeito terapêutico. Este

76 % ***

35 %

18 %

83 % ***

53 % *

76 % ***

Page 66: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

66

resultado alerta para o fato de que em estudos químico-biológicos os efeitos esperados não

devem concentrar-se somente nos compostos isolados.

Daí a importância de testes com frações semi-purificadas, que por conterem vários

compostos podem apresentar ação sinérgica, seja pela potencialização do efeito de

determinado composto ou por agir através de outros mecanismos, cujo advento final, é uma

resposta terapêutica eficaz e potente, valorizando assim a utilização de fitoterápicos para o

tratamento de muitas enfermidades, e não somente o consumo de fármacos e fitofármacos

(BUTLER, 2005).

A utilização de fitofármacos apresentam-se mais atraentes à indústria farmacêutica e

aos prescritores porque geralmente apresentam propriedades químicas, farmacodinâmicas e

farmacocinéticas amplamente conhecidas e comprovadas, visto que, tais informações nem

sempre podem ser esclarecidas quando há uma mistura de substâncias (fitoterápicos), as quais

podem agir em diversos alvos farmacológicos (MORAES et al., 2003) .

Em decorrência dos diferentes resultados obtidos entre a fração alcaloídica e os

alcalóides, procurou-se avaliar o efeito antiulcerogênico (em camundongos no modelo de

indução por etanol) da associação dos dois alcalóides cantin-6-ona (C) e 4-metoxicantin-6-

ona (D) administrados por diferentes vias (intraperitoneal e oral) a fim de verificar possível

ação sinérgica destes compostos.

O tratamento que associou 2,5 mg/kg de cada alcalóide via intraperitoneal (Fig. 19),

apresentou significativa inibição da ulceração (62 %) quando comparado com o tratamento de

5 mg/kg de cada alcalóide administrado separadamente pela mesma via (C 35 % e D 18 %).

Estes dados demonstram que ocorreu sinergismo, isto é, houve uma potenciação do efeito

antiulcerogênico, já que a inibição da ulceração ocasionada pela interação dos dois alcalóides

foi maior que a soma dos efeitos de cada um, podendo ou não agir pelo mesmo mecanismo de

ação (BARBOSA, YOEM, 2001).

Ainda, na mesma figura (19), observa-se que a outra associação de C + D na dose de

10 mg/kg cada, apresentou uma inibição de 69 % no processo ulcerogênico, não diferindo

muito do tratamento com menor dose (62 %).

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67

0

2

4

6

8

10

12

14

16

Índ.

Ulc

eraç

ão

Controle

Cpto C + D (2,5 mg/kg)

Cpto C + D (10 mg/kg)

Figura 19: Atividade antiúlcera dos alcalóides cantin-6-ona + 4-metoxicantin-6-ona nas doses de 2,5 mg/kg cada e 10 mg/kg cada, administradas via intraperitoneal em relação à ulceração induzida por etanol 50% (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01, p* ** < 0,001.

Ainda, ao comparar-se os dados da figura acima com as figuras 16,17 e 18, pode-se

constatar que nas duas diferentes vias de tratamento e dose, a fração alcaloídica demonstrou-

se mais efetiva do que os tratamentos com os alcalóides isolados administrados tanto de forma

individual como associados. A provável explicação para o melhor desempenho

antiulcerogênico da fração alcaloídica, deve-se provavelmente a ação sinérgica entre os

demais compostos presentes na fração, mesmo que estes se encontrem em baixíssima

concentração.

Foi avaliada ainda, a atividade antiulcerogênica do tratamento associando os dois

alcalóides (10 mg/kg cada) administrados por vias diferentes (Fig. 20), onde a via oral

demonstrou ser mais efetiva, inibindo 76,9 % da ulceração, sendo somente um pouco menos

efetiva que a fração alcaloídica 20 mg/kg v.o. que inibiu 80%.

61,2 % ** 69,2 %

**

Page 68: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

68

0

2

4

6

8

10

12

14

16Ín

d. U

lcer

ação

Controle

Cpto C + D (10 mg/kg i.p)

Cpto C + D (10 mg/Kg v.o)

Figura 20: Atividade antiúlcera dos alcalóides cantin-6-ona + 4-metoxicantin-6-ona nas doses de 10 mg/kg cada administradas via intraperitoneal e oral em relação à ulceração induzida por etanol 50% (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01, p* ** < 0,001.

Os resultados obtidos no modelo de úlcera induzida por etanol, indicam que a fração

alcaloídica, na dose de 20 mg/kg, administrada via oral ou intraperitoneal, é a mais efetiva, e

seu perfil farmacológico assemelha-se ao perfil exibido pela associação dos alcalóides cantin-

6-ona e 4-metoxicantin-6-ona na dose 10 mg/kg cada.

Em um estudo citado em literatura, a atividade antiulcerogênica do extrato etanólico e

das frações hexano e DCM de Quassia amara, são atribuídas aos alcalóides indólicos e β-

carbolinas e aos quassinóides, ambos presentes nos extratos e frações, que inibiram entre 50 à

90 % o processo ulcerogênico induzido por etanol e indometacina (TOMA et al., 2002).

Em outro estudo, Toma e colaboradores (2004), testaram a atividade antiulcerogênica

de um extrato rico em alcalóides pirrolizidínicos administrados via oral frente ao etanol,

indometacina e betanecol, e hipotermia. O extrato alcaloídico apresentou resultados

significativos em todos os testes, sendo que os autores sugeriram que tais efeitos devem-se a

uma cito-proteção e também por outros mecanismos ainda não elucidados.

Deve-se ressaltar que somente os relatos citados acima referiam-se a atividade

antiulcerogênica dos alcalóides. Entretanto, atividades analgésicas, anticolinesterásicas,

colinérgicas, antimaláricas, antineoplásicas e outras, encontram-se amplamente citadas em

literatura (RASKIN et al., 2002).

69,2 % ** 76,9 %

**

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69

Especificamente da classe indólica, tal como o cantin-6-ona e 4-metoxicantin-6-ona,

são relatadas atividades como antitumoral, anti-microbiana, anti-hipertensiva e estimulante do

sistema nervoso central (MEDEIROS et al., 2001).

Ainda, ao idealizar-se a comercialização da S. ferruginea para o tratamento de

gastrites e úlceras, a viabilidade econômica da produção da fração alcaloídica em relação ao

isolamento dos compostos é disparadamente mais favorável, além da rapidez do processo de

obtenção, e garantia de uma boa purificação da amostra (metodologia para extração de

alcalóides). Desponta então, a possibilidade da produção de um fitoterápico com uma espécie

vegetal endêmica do Cerrado brasileiro, para tratamento de uma das afecções que mais vem

acometendo pessoas no mundo, principalmente por causa do estresse e má alimentação, cujo

tratamento convencional é relativamente caro e geralmente não é fornecido pelo Sistema

Único de Saúde (RATES, 2001a; MORAES et al., 2003).

Confirmando essa tendência pela busca de extratos e frações semi-purificadas, Cox e

Heinrich (2001), afirmam que a fitoterapia moderna vai se voltar para o “screening” de

extratos vegetais, os quais geralmente são efetivos devido a mistura de compostos presentes

nestes extratos, ao invés de pesquisar uma única substância, que necessita de mais processos

para obtenção, com conseqüente aumento de custo, além dos baixos rendimentos.

Também foi avaliado o perfil antiulcerogênico do extrato metanólico, da fração

alcaloídica e dos alcalóides administrados via intraperitoneal no modelo de úlcera induzida

por indometacina 30 mg/kg via oral em ratos (Quadro 03), cujos resultados obtidos não foram

significativos, ainda que houvesse ocorrido a redução da ulceração nos animais.

Page 70: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

70

Quadro 03: Avaliação da atividade antiulcerogênica do extrato metanólico, fração alcaloídica

e alcalóides isolados da S. ferruginea nas doses 5 e 20 mg/kg via intraperitoneal no modelo de

úlcera induzida por indometacina (30 mg/kg via oral) em ratos.

Tratamento Dose (i.p.) Mediana Q1 – Q3 Significância

Controle - 31 21-64 -

Ext. MeOH 5 mg/kg 38 35-44 ns

Ext. MeOH 20 mg/kg 46 41-52 ns

Fr. Alcaloídia 5 mg/kg 50 44-58 ns

Fr. Alcaloídica 20 mg/kg 41 38-48 ns

Cantin-6-ona 5 mg/kg 43 40-53 ns

Cantin-6-ona 20 mg/kg 48 45-58 ns

4-MeO-cantin-6-ona 5 mg/kg 40 38-43 ns

4-MeO-cantin-6-ona 20 mg/kg 37 33-45 ns

Num estudo anterior, o extrato hidroalcoólico de rizomas de S. ferruginea demonstrou

ser efetivo contra ulcerações no modelo citado acima, a partir de 20 mg/kg. Segundo o autor,

esta proteção gástrica contra lesões induzida por indometacina sugere um possível

envolvimento do extrato da planta em interferir na síntese de prostaglandinas e assim

desempenhar atividade citoprotetora/antiúlcera (MARCELLO, 2001).

Ainda, segundo Marcello (2001), o extrato hidroalcoólico de S. ferruginea, foi efetivo

contra ulcerações nos modelos induzidos por etanol v.o. em ratos e também, em animais

submetidos a estresse por frio e por ácido acético, demonstrando também efeito significativo

na redução da secreção gástrica e antimucolítica. Foi também sugerido que o possível efeito

gastroprotetor do extrato da planta deve-se a uma combinação de efeitos antioxidantes,

varredor de radicais livres, interferência com a síntese de PGE2 ou PGI2, através de efeitos

sistêmicos e locais, observados pela redução da secreção e acidez total no estômago dos

animais avaliados.

O quadro 04 apresenta os resultados dos tratamentos com o extrato metanólico e as

várias frações do rizoma de S. ferruginea administrados nas doses de 5 mg/kg e 20 mg/kg via

oral em ratos, onde as frações DCM e DCM-RA foram os únicos tratamentos que

apresentaram inibição significativa da ulceração induzida por indometacina. O extrato

metanólico e a fração alcaloídica apresentaram atividade, mas não de forma estatisticamente

significativas.

Page 71: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

71

A composição da fração DCM-RA pouco difere da fração alcaloídica, que constitui-

se praticamente só de alcalóides, pois esta fração derivou da extração seletiva para alcalóides,

enquanto na fração DCM detectou-se apenas os alcalóides C e D e alguns compostos

esteroidais/ terpenóides. Isto indica que a atividade encontrada provavelmente se deve a

presença dos alcalóides, o que não justifica os resultados obtidos para a fração alcaloídica,

que também deveria ter apresentado resultado significativo neste modelo.

A inibição da ulceração no modelo induzido por indometacina através do tratamento

com as frações DCM e DCM-RA, devem-se provavelmente por suas ações sobre a secreção

do muco gástrico, conforme prevê o próprio modelo.

Quadro 04: Avaliação da atividade antiulcerogênica do extrato metanólico e frações da S.

ferruginea nas doses 5 e 20 mg/kg via oral no modelo de úlcera induzida por indometacina

(30 mg/kg via oral) em ratos.

Tratamento Dose (v.o.) Mediana Q1 – Q3 Significância

Veículo - 20 9 – 23 -

Ext. metanólico 5 mg/kg 10 10 – 15 ns

Ext. metanólico 20 mg/kg 7 02 – 22 ns

Fr. Hexano 5 mg/kg 18 15 – 22 ns

Fr. Hexano 20 mg/kg 29 23 – 35 ns

Fr. DCM 5 mg/kg 11 8 – 13 ns

Fr. DCM 20 mg/kg 1 0 – 2 **

FR. AE 5 mg/kg 22 17 – 24 ns

Fr. AE 20 mg/kg 21 07 – 26 ns

Fr. Aquosa 5 mg/kg 21 13 – 22 ns

Fr. Aquosa 20 mg/kg 18 4 – 21 ns

Fr. Alcaloídica 5 mg/kg 07 6 – 17 ns

Fr. Alcaloídica 20 mg/kg 08 2 – 16 ns

Fr. DCM-RA 5 mg/kg 4 2 – 7 *

Fr. DCM-RA 20 mg/kg 1 0 - 2 **

Page 72: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

72

5.2.2 Atividade antinociceptiva dos rizomas de S. ferruginea.

A fim de verificar outras propriedades terapêuticas da S. ferruginea, o extrato, as

frações e compostos isolados foram avaliados em modelo de dor para verificar a atividade

antinociceptiva administrados via intraperitoneal nas doses de 5 mg/kg e 20 mg/kg.

Os tratamentos produziram inibição do processo doloroso induzido pelo ácido

acético, sobretudo na dose de 20 mg/kg (Fig. 21 e 22). A ordem de efetividade desses

tratamentos foi: cantin-6-ona (71 %) > 4-metoxicantin-6-ona (63 %) > fração alcaloídica (47

%) > extrato metanólico (27 %) quando comparados com o grupo controle (Fig. 22).

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

50

Nro

con

torç

ões Controle

Ext. MeOH

Fr. Alc.

Cantin

4-OMe-Cantin

Figura 21: Atividade antinociceptiva do extrato metanólico, da fração alcaloídica de Simaba ferruginea e dos alcalóides cantin-6-ona e 4-metoxicantin-6-ona na dose de 5 mg/kg administrada via intraperitoneal em relação a nocicepção induzida por ácido acético 0,6% em camundongos. Cada grupo representa a média de 8 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01, p***< 0,001.

19 % 32 %

*

20 %

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73

0

5

10

15

20

25

30

35

40

45

Nro

con

torç

ões Controle

Ext. MeOH

Fr.Alc.

Cantin

4-OMe-Cantin

Figura 22: Atividade antinociceptiva do extrato metanólico, da fração alcaloídica de Simaba ferruginea e dos alcalóides cantin-6-ona e 4-metoxicantin-6-ona na dose de 20 mg/kg administrada via intraperitoneal em relação a nocicepção induzida por ácido acético 0,6% em camundongos. Cada grupo representa a média de 8 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01, p*** < 0,001.

5.2.3 Atividade antiúlcera das folhas de S. ferruginea

O extrato metanólico bruto das folhas de S. ferruginea também foi avaliado no

modelo de úlcera induzido por etanol via oral em camundongos, sendo que apresentou

atividade significativa nas duas concentrações (5 mg/kg e 20 mg/kg), uma vez que inibiu 80%

a formação de úlcera nos animais tratados (Fig. 23). Tal resultado exibe muita relevância pois

a composição química das folhas, consiste principalmente de flavonóides, sendo a quercitrina

o composto majoritário e diferindo da composição dos rizomas que também foram efetivos

neste modelo.

27 %

47 % ***

71 % *** 63 %

***

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74

0

2

4

6

8

10

12

14

16

18

20Ín

d. U

lcer

ação

Controle

MeOH 5 mg/kg

MeOH 20 mg/kg

Figura 23: Atividade antiúlcera do extrato metanólico bruto das folhas de Simaba ferruginea nas doses de 5 mg/kg e 20 mg/kg administrada via oral em relação à ulceração induzida por etanol 50% (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01.

As frações das folhas de S. ferruginea foram testadas neste mesmo modelo de

ulceração, porém não apresentaram resultados significativos, inclusive a fração AE, cujo

constituinte majoritário é o flavonóide quercitrina. Entretanto, este composto quando testado

isoladamente (Fig. 24), apresentou uma inibição significativa da ulceração de 66,7% na dose

de 20 mg/kg quando administrado via oral.

80 % **

80 % **

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75

0

2

4

6

8

10

12

14

16Ín

d. U

lcer

ação

Controle

Quercitrina 5 mg/kg

Quercitrina 20 mg/kg

Figura 24: Atividade antiúlcera da quercitrina nas doses de 5 mg/kg e 20 mg/kg administrada via oral em relação à ulceração induzida por etanol 50% (10 mL/kg) em camundongos. Cada grupo representa a média de 5 a 7 animais, e as barras verticais, os EPM. Difere significativamente do controle, *p < 0,05, ** p < 0,01.

O modelo de ulceração por etanol é caracterizado pela produção de espécies reativas

do oxigênio (radicais livres) que promovem lesão celular, exercendo papel importante na

injúria isquêmica do estômago. Talvez isso justifique o efeito protetor do extrato metanólico,

rico em quercitrina, um dos flavonóides com maior poder antioxidante, exercendo então,

papel importantíssimo de seqüestrar os radicais livres envolvidos na injúria induzida pelo

etanol, e por isso, prevenindo a formação de úlcera nos animais tratados (LA CASA et al.,

2000; MARCELLO, 2001; REPETTO; LLESUY, 2002; MARTINEZ- FLOREZ et al.,

2002).

Em um estudo com uma fração rica e outra deficiente em flavonóides, foi avaliado o

perfil antiulcerogênico frente aos agentes etanol e indometacina, cujos resultados

apresentados indicam que os flavonóides exercem atividades antisecretoras e citoprotetoras,

combatendo efetivamente o processo ulceroso (BATISTA et al., 2004).

Segundo Repetto e Llesuy (2002) as possíveis ações antioxidantes dos flavonóides

que conferem ação protetora da mucosa gástrica, devem-se a quelação de metais de transição,

a inibição de enzimas oxidativas ou produção de radicais livres pelas células e ao seqüestro

dos radicais livres.

São relatados três prováveis mecanismos de ação dos flavonóides, os quais talvez

expliquem essa ação gastroprotetora: aumento intracelular de glutationa que é responsável

por diminuir os níveis de espécies reativas de oxigênio durante o processo de metabolização;

extinção de espécies reativas de oxigênio e prevenção do influxo de cálcio que sinaliza o

41,6 %

66 % **

Page 76: VÂNIA FLORIANI NOLDIN ESTUDO FITOQUÍMICO DAS FOLHAS E ...

76

último passo da morte celular induzida pela cascata do glutamato (ISHIGE et al., 2001;

REPETTO, LLESUY, 2002).

Estudos com flavonóides isolados como rutina, quercetina e kaempferol,

demonstraram a inibição dose-dependente dos danos na mucosa gástrica induzida por etanol,

demonstrando o significativo efeito protetor destes compostos sobre a mucosa gástrica

(NARAYANA et al., 2001).

Segundo Sannomiya e colaboradores (2005), num estudo com as folhas de Byrsonima

crassa, os flavonóides presentes no extrato metanólico são os compostos responsáveis pela

inibição de até 93 % da ulceração induzida por etanol para a dose 500 mg/kg. Ainda, deve-se

ressaltar, que os flavonóides isolados neste estudo são todos derivados da quercetina, além da

amentoflavona, catequina e epicatequina.

No modelo de úlcera induzida por indometacina, o extrato, as frações e o composto

quercitrina das folhas, foram administrados via oral, não inibiram a ulceração nas duas doses

testadas. Houve redução dos índices de ulceração, mas não foram significativos

estatisticamente (Quadro 5). Provavelmente, a atividade antiúlcera da quercitrina deve-se

principalmente ao efeito antioxidante, seqüestrando os radicais livres do oxigênio, não sendo

tão efetiva sobre a secreção de muco gástrico, não apresentando atividade neste modelo

(NARAYANA et al., 2001).

Quadro 05: Avaliação da atividade antiulcerogênica da quercitrina isolada da fração AE das

folhas de S. ferruginea nas doses 5 e 20 mg/kg via oral no modelo de úlcera induzida por

indometacina (30 mg/kg via oral) em ratos.

Tratamento Dose (mg/kg) Mediana Q1 – Q3 Significância

Veículo - 30 9-36 -

Quercitrina 5 22 20- 25 ns

Quercitrina 20 10 3 - 42 ns

Mesmo a composição química das folhas diferindo dos rizomas, observou-se neste

trabalho, que ambas as partes estudadas apresentaram atividade antiúlcera, sendo os alcalóides

isolados dos rizomas mais eficazes e potentes que a quercitrina isolada das folhas, assim como

as respectivas frações dos rizomas e folhas.

Evidencia-se por este estudo, que mais uma vez, são confirmadas as indicações

populares (etnofarmacologia), que apontaram a parte da planta e utilização terapêutica de

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forma correta, isto é, as informações da medicina popular sobre a S. ferruginea foram em

parte evidenciadas por este trabalho.

Possíveis modificações estruturais nos alcalóides, de forma que aumentem sua

lipossolubilidade, podem torná-los mais efetivos, tal como a adição de grupamentos metilas

ou metoxilas, que favoreceriam sua absorção e conseqüentemente sua ação biológica.

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através dos testes fitoquímicos e farmacológicos realizados com os rizomas e folhas

da S. ferruginea, pode-se relatar alguma considerações:

- a constituição química dos rizomas e folhas da Simaba ferruginea é distinta,

prevalecendo nos rizomas compostos graxos e alcalóides, enquanto nas folhas, compostos

fenólicos (flavonóides).

- os compostos isolados dos rizomas foram os alcalóides: cantin-6-ona e 4-

metoxicantin-6-ona (constituintes majoritários nesta parte da planta).

- os compostos isolados das folhas foram: β-sitosterol e quercitrina (composto

majoritário das folhas).

- a fração alcaloídica mostrou-se efetiva na inibição da ulceração induzida por etanol

em camundongos, administrada nas vias oral e intraperitoneal, e também nas concentrações

de 5 e 20 mg/kg.

- os alcalóides apresentaram atividade antiúlcera no modelo de úlcera por etanol,

sendo mais efetivos na dose de 20 mg/kg cada um.

- a associação dos alcalóides mostrou-se efetiva na dose de 2,5 mg/kg de cada

alcalóide, demonstrando possível ação sinérgica entre estes dois compostos.

- na ulceração induzida por indometacina a fração DCM-RA foi efetiva nas

concentrações de 5 mg/kg e 20 mg/kg via oral em ratos.

- na atividade antinociceptiva os alcalóides apresentaram maior atividade que a fração

alcaloídica no modelo de nocicepção induzida por ácido acético em camundongos.

- o flavonóide quercitrina apresentou atividade antiúlcera no modelo de ulceração por

etanol somente na dose de 20 mg/kg, e não foi efetivo na úlcera induzida por indometacina.

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8 ANEXOS 8.1 Artigo

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