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SEGUNDA-FEIRA, 30 DE AGOSTO DE 2010
A NOTÍCIA
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O Brasil sempre foi considerado um país jovem. Não mais. Com a melhora das condições de vida e da assistência à saúde, a situação está mudando. Nas últimas cinco
décadas, a proporção de pessoas com mais de 60 anos de idade na população passou de 8% para 11%, devendo chegar a 30% em 2050, segundo estudo do Instituto Brasileiro de Geografi a e Estatística. Boa notícia, mas que demanda certas providências: idosos, mesmo ativos e cheios de vida, muitas vezes precisam de algum auxílio, por exemplo, para subir ou descer escadas, para carregar um objeto pesado. Quem proporcionará essa ajuda?
A CENA MÉDICAMOACYR SCLIAR
A NOTÍCIA
SEGUNDA-FEIRA, 30 DE AGOSTO DE 2010 3
JOINVILLE
O conhecimento das avós sempre é lembrado no tratamen-to caseiro da febre. Elas sempre têm uma receita pronta para indicar: emplastros ou o famo-so escalda-pés. Para a medicina moderna, o procedimento é cor-reto. “Para ter boa saúde, é pre-ciso ter pé quente e cabeça fria”, diz o doutor Juarez Furtado, re-lembrando o dito popular.
Dores, vermelhidão, diarreia e vômito são algumas das conse-quências da febre. Ela pode ser o sinal de uma gripe ou até mesmo uma hemorragia cerebral. Mas, apesar de assustar os pais, a febre é um processo natural de defesa do organismo e nem sempre ela surge por causa de uma infecção. “A febre é um dos sintomas mais frequentes na infância e uma das maiores causas de visitas ao con-sultório pediátrico. Muitos pais e mães fi cam apavorados quando o termômetro começa a subir”, afi rma o pediatra Juarez Furtado.
Em vários momentos da vida, a febre surge. É comum, por exemplo, quando nascem os primeiros dentes dos bebês. Mas para cada idade há limites de temperatura que o organismo suporta sem trazer danos mais sérios à saúde. A joinvilense Rose Maria Ledoux Pereira tem duas fi lhas, e cada uma delas apresen-tou febre de modos diferentes. A caçula, Viviane, de quatro anos, sempre conta com a experiência da mãe no tratamento. Cuidado-sa, Rose sempre percebe na apa-rência da filha quando há algo errado. “Quando ela começa a fi car febril, a gente já sabe como proceder”, explicou. Segundo ela, se a febre está alta, logo procura o atendimento médico.
A febre, tanto na infância quanto na maturidade, é o au-mento da temperatura do cor-po acima do normal (de 36,5º a 37 ºC), causado pelo desequilí-brio entre a produção de calor no organismo e a sua elimina-
ção. A sensação de frio decorre da perda de calor na superfície do corpo, pela dilatação dos va-sos sanguíneos da pele. Em geral, é acompanhada de transpiração, que tenta diminuir a tempera-tura. Sabe-se que hoje o mesmo calor que ativa as células de de-fesa também inibe o crescimento de bactérias e mata o vírus. Ou seja, além de um sintoma, a febre é um remédio que renova o or-ganismo. Portanto, ela não deve ser simplesmente cortada, mas conduzida. A febre age do cen-tro para as extremidades (mãos e pés) e de cima para baixo (da cabeça para os pés).
“O mais importante nessa hora é saber como agir e auxi-liar o organismo a vencer essa batalha imunológica. Se a febre persistir repetidamente por 48 horas, entre em contato com seu médico ou dirija-se a um serviço de emergência para exame”, re-comenda Furtado.
Entretanto, a temperatura corporal oscila normalmente, devido a vários fatores. Um deles é a alimentação, que ativa o me-tabolismo e aquece o organismo. E durante o sono, o corpo resfria-se. Então, o ideal é medir a febre com o uso de termômetro na axila, por três minutos. Caso não seja possível, note a aparência e confi ra a temperatura encostan-do os lábios na testa da criança. Para não errar, outra alternativa são os medidores de fi ta e termô-metros auriculares.
O reconhecimento e a vi-vência com a criança indicarão quando ela precisa ser medica-da. “O importante para saber-mos quando medicarmos os pe-quenos é o estado geral físico da criança. Há crianças que com 37,5ºC já ficam abatidas e com mal-estar. Outras, porém, su-portam temperaturas altas, de 39 a 40º C”, explica. Depois de seguir as dicas das avós e a fe-bre persistir, pode-se fazer uso de antitérmicos. Sempre com orientação médica.
PÉ QUENTE, CABEÇA FRIA
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Os porteiros dos prédios, responde um projeto recentemen-te lançado no Rio e que se chama, signifi cativamente, Porteiro Amigo do Idoso, coordenado pelo médico Alexandre Kalache, ex-diretor do Departamento de Envelhecimento e Saúde da Or-ganização Mundial de Saúde e conselheiro sobre envelhecimen-to da Academia de Medicina de Nova York. Conheço o dr. Kala-che há muito tempo e sei que, além de ser um especialista na área da saúde do idoso, é um profi ssional dinâmico e criativo.
Criatividade não falta a esse projeto, que terá como cenário inicial o bairro de Copacabana, onde está a maior concentração de idosos do Rio de Janeiro: um de cada três moradores tem mais de 60 anos (o bairro de Higienópolis, em São Paulo, tam-bém está incluído). O projeto tem o apoio do Senac e do Bra-desco Seguros, o que mostra uma nova e inteligente atitude das companhias seguradoras: ajudando seus segurados a viver mais e melhor, ajudam a si mesmas.
E por que os porteiros? Quem mora em prédio sabe que, ao menos no caso dos mais dedicados, esses funcionários não se limitam a vigiar a portaria. Inevitavelmente, se relacionam com os moradores, sobretudo aqueles mais solitários e desamparados. Não é raro que idosos confiem a eles as chaves de seus aparta-mentos, para que possam agir em caso de alguma emergência.
Por meio desse projeto, os porteiros receberão treinamento, devidamente certifi cado, e incentivos do tipo auxílio para trans-porte e refeição. Os prédios também ganharão um selo de cer-tifi cação. A ideia é estender o treinamento a outras categorias, como motoristas de ônibus e policiais, dentro de um programa mais amplo que é o da Cidade Amiga do Idoso.
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O projeto encerra uma mensagem importante. A saúde re-sulta de ações pessoais e também coletivas. É um empreendi-mento social, classicamente atribuído ao poder público, mas não exclusivo deste. Onde quer que haja uma comunidade, numa cidade, num bairro ou num prédio, podem ser desenvol-vidas ações capazes de melhorar a situação das pessoas. Isto se traduz num aumento da expectativa de vida, o que é ótimo, mas se expressa também no incremento da qualidade de vida. Os porteiros de Copacabana representam a vanguarda de um novo movimento. Seu santo padroeiro, São Pedro (segundo a tradi-ção, o porteiro do céu), deve estar aplaudindo lá em cima.
OS PORTEIROS E A SAÚDE Os conselhos das
vovós não estão errados: contra a febre, aposte em banho morno, compressas e comidas leves
SALMO DUARTE
O que é a convulsão febril?A convulsão febril é um dis-
túrbio elétrico que ocorre devido ao aquecimento cerebral. Ela pro-voca movimentos descontrolados de pernas e braços e atinge crian-ças de dois a cinco anos. Mas em geral, cessam em segundos e, em seguida, a criança adormece. Quando ocorre, deve-se prote-ger a cabeça da criança. Depois, a criança deve receber avaliação médica. Segundo o pediatra Jua-rez Furtado, este problema atinge 5% das crianças, porém, costuma ocorrer somente uma vez.
Em alguns deles, a temperatu-
ra corporal pode ser de 37,5° C; o que indica que ela também ocor-re com febre baixa. Na maioria dos casos, é benigna e não deixa sequelas. De acordo com o Furta-do, a convulsão febril é uma das complicações mais sentidas pe-los pais, porém, tranquilizada por neurologistas. “O organismo tem um controle sobre a temperatu-ra corporal. É como se o corpo da criança soubesse até onde pode chegar para não ‘estragar’ nada. Casos mais graves são raros e não estão necessariamente ligados à febre alta”, afi rma Juarez.
Saiba mais
Os benefícios� Aumenta a mobilidade dos leucócitos (células de defesa do organismo).� Eleva a eficiência dos leucócitos.� Diminui os efeitos das endotoxinas (substâncias eliminadas por determinadas bactérias).� Eleva a proliferação das células T ou linfócitos (tipo de leucócito).� Eleva a atividade da interferona (proteína antiviral, que atua na defesa do organismo).
Dicas� Os pés e mãos estão frios e
a cabeça quente. É necessário esquentar as extremidades e resfriar a cabeça, pois a febre só para de subir quando chega aos pés e às mãos. � Faça compressas frias na testa, bolsa de água quente nos pés e cobertor nas pernas. � Quando todo o corpo estiver aquecido, é preciso resfriá-lo. Dê um banho morno ou frio no corpo todo. � A alimentação deve ser leve. Ofereça chás, refrescos de frutas naturais, alimentos com baixo teor de gordura e pouca ou nenhuma proteína (carnes, ovos e queijos, por exemplo).
EXPERIÊNCIA Rose já percebe na aparência da fi lha Viviane, de quatro anos, quando ela está começando a ter febre
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FEBRE BAIXA
FEBRE MODERADA
FEBRE ALTA
HIPERPIREXIA
37º a 38º 38,5º 39º 42º
A febre é um dos sintomas mais frequentes na infância e uma das maiores causas de visitas ao consultório pediátrico. Muitos pais e mães ficam apavorados quando o termômetro começa a subir.
JUAREZ FURTADO, pediatra
O organismo tem um controle sobre a temperatura corporal. É como se o corpo da criança soubesse até onde pode chegar para não ‘estragar’ nada. Casos mais graves são raros e não estão necessariamente ligados à febre alta.
JUAREZ FURTADO, pediatra
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