VergíLio Ferreira

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escola secundária gil eanes . literatura portuguesa II . professora antónia mancha . ano lectivo 2008/2009 Vergílio Ferreira Sou do Alentejo como da serra onde nasci, a mesma voz de uma e de outra ressoa em mim a espaço, a angústia e a solidão.

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Vergílio FerreiraSou do Alentejo como da serra onde nasci, a mesma

voz de uma e de outra ressoa em mim a espaço, a angústia e a solidão.

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Nasceu em Melo, no concelho de Gouveia, em Janeiro de 1916, filho de António Augusto Ferreira e de Josefa Ferreira. A ausência dos pais, emigrados nos Estados Unidos, marcou toda a sua infância e juventude. Após uma peregrinação a Lourdes, e por sugestão dos familiares, frequenta o Seminário do Fundão durante seis anos. Daí sai para completar o Curso Liceal na cidade da Guarda. Ingressa em 1935 na Faculdade de Letras a Universidade de Coimbra, onde concluirá o Curso de Filologia Clássica em 1940. Dois anos depois, terminado o estágio no liceu D. João III, nesta mesma cidade, parte para Faro onde iniciará uma prolongada carreira como docente, que o levará a pontos tão distantes como Bragança, Évora ou Lisboa.Morre em Lisboa, no dia 1 de Março de 1996.

Breve apontamento biográfico

Vergílio Ferreira

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Contexto LiterárioDo REALISMO ao NEO-REALISMO

Visava a objectividade, a representação fiel da realidade;

O escritor deveria “pintar” o vivo da realidade, diagnosticar as causas dos vícios da sociedade, no intuito de encontrar o remédio adequado.

Temas principais: o adultério; a educação; a ambição; etc.

Também defende a objectividade da arte, partindo de outros pressupostos: a literatura é uma forma de intervenção social e política: o escritor é um combatente, devendo dar uma visão social da realidade, empenhar-se na denúncia das injustiças sociais.Temas principais: exploração do homem pelo homem; os conflitos sociais; a consciência da classe e as condições sociais do proletariado.

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Principais vultos do Neo-Realismo português: Alves Redol, Soeiro Pereira Gomes; Manuel da Fonseca; Carlos de Oliveira, Mário Dionísio e ...

... Vergílio Ferreira... Vergílio Ferreira... Vergílio Ferreira

Vergílio FerreiraIniciou a sua actividade literária em 1943, com a publicação do romance O Caminho fica Longe, seguido de Onde tudo foi morrendo (1944) e Vagão J (1946), obras ideologicamente ligadas ao neo-realista, por isso não escapando às garras da censura salazarista.

Em 1949 – publicação do romance Mudança – irrompe a problemática existencial e metafísica, que nunca mais o abandonará, podendo toda a sua obra posterior ser chamada ROMANCE DA CONDIÇÃO HUMANA.

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... Vergílio Ferreira... Vergílio Ferreira... Vergílio FerreiraEncontramos, assim, Vergílio Ferreira ligado ao

Existencialismo•Prioridade da existência sobre a essência;( para os objectos, a essência precede a existência; para a consciência humana, a existência precede a essência. O Homem primeiramente existe e só depois sabe quem é – é o acto de existir que conduz à descoberta do ser que existe em cada um de nós.) Vejam-se as afirmações de Sartre:

“O Homem primeiramente existe, descobre-se, surge no mundo e só depois se define. O Homem, tal como o concebe o existencialista, se não é definível, é porque primeiramente não é nada.Só depois (existindo) será alguma coisa e tal como a si próprio se fizer. Assim, não há natureza humana, visto que não há Deus para a conceber.”

•O Homem é um ser possível e livre(Ele é a pura possibilidade, que jamais pode dizer para si mesmo: “sou isto!”. É sempre possível um novo acto que dê à vida desse homem outro sentido, até porque ele é livre; é ele quem escolhe o seu destino no mundo, independentemente de qualquer desígnio divino.)

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... Vergílio Ferreira... Vergílio Ferreira... Vergílio FerreiraEncontramos, assim, Vergílio Ferreira ligado ao

Existencialismo•Existir é ser um ser incompleto; (As coisas, porque não cuidam do seu ser, estão fechadas, perfeitas. São o que são e nada mais, mas o Homem é um ser aberto, é um ser possível, para o qual há sempre um “ainda não” e nunca um “já está”. Há sempre um depois.)

•Existir é ser para a morte. Existir é ser para nada. (Somos para a morte. A morte é a possibilidade impossível porque, ao contrário dos outros possíveis que posso realizar, esse possível (a morte...) é aquele que não realizarei. Porque jamais poderei dizer “Eis-me morto”.)

•A solidão marca a existência ( sem Deus, o Homem é um ser só.)

Então, só e livre, cabe ao ser humano encontrar razões para a vida, razões para a morte e para o absurdo que esta representa.

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... Vergílio Ferreira... Vergílio Ferreira... Vergílio FerreiraTópicos-base para a leitura de Aparição

Romance – EnsaioSegundo Vergílio Ferreira há dois tipos de romance:O romance-espectáculo, que pretende dar uma imagem do real que nos circunda.O romance-problema ou romance-ensaio, cujo saldo é a reflexão.A obra filosófica ensina, aquilo a que Vergílio Ferreira chama romance-problema, interroga.

Assim…

... deveremos ter em conta:O nível dos eventos narrados e o nível das reflexões provocadas por eles.

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... Vergílio Ferreira... Vergílio Ferreira... Vergílio FerreiraTópicos-base para a leitura de Aparição

Trata-se também de um romance-personagem, pois há uma personagem que ocupa a centralidade da obra, à volta da qual tudo e todos gravitam. Pode-se descobrir uma intriga muito sofisticada e profunda que consiste no combate que a personagem-narrador tem de travar para vencer certos condicionalismos, limitações e contradições até ao desnudamento de si próprio.

Trata-se de uma obra com algumas afinidades com o “novo romance”, que tenta subverter os cânones do romance tradicional: desvaloriza-se a intriga dotada de lógica interna, desagrega-se a personagem, que se torna problemática e evidencia crise de confiança na pessoa humana, dissolve-se a sequência temporal da cronologia e esvazia-se o espaço do sentido meramente referencial.

Há um eu-narrador distante dos acontecimentos que narra e um narrador-personagem autodiegético, ou seja, personagem principal. O eu-narrador distante move-se num tempo posterior aos acontecimentos narrados e num espaço bem determinado: um casarão herdado, na aldeia.

O narrador-personagem movimenta-se no tempo da diegese: acontecimentos passados cerca de vinte anos antes, de Setembro a Junho, numa época em que leccionou no Liceu de Évora, acontecimentos que ocupam 25 capítulos da obra.

Terá sido aquela sala vazia e silenciosa, evocadora dos acontecimentos da sua infância e juventude, que desencadeou o processo da narração, favorecido pela noite de luar quente de Verão. Curiosamente, o processo de escrita irá prolongar-se por cerca de nove meses, traçando um percurso paralelo às peripécias da diegese.