_Versão_Final_TFC_LUCIANO
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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE
INSTITUTO DE MATEMÁTICA
LANTE – Laboratório de Novas Tecnologias de Ensino
EQUAÇÕES POLINOMIAIS:
PROPOSTAS E PERSPECTIVAS DE ENSINO COM AS NOVAS TECNOLOGIAS
LUCIANO APARECIDO MAGRINI
DIADEMA/SP
2012
LUCIANO APARECIDO MAGRINI
EQUAÇÕES POLINOMIAIS:
PROPOSTAS E PERSPECTIVAS DE ENSINO COM AS NOVAS TECNOLOGIAS
Trabalho Final de Curso apresentado à Coordenação do Curso de Pós-graduação da Universidade
Federal Fluminense, como requisito parcial para a obtenção do título de Especialista Lato Sensu em
Novas Tecnologias no Ensino da Matemática.
Aprovada em ........................................................de 2012.
BANCA EXAMINADORA
________________________________________________________________________
Prof. Roberto Alfonso Olivares Jara - Orientador
IME - UERJ
_________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
RESUMO
Este trabalho tem como objetivo investigar o potencial pedagógico do software educativo GeoGebra.
Descreve uma experiência realizada em sala de aula com alunos do Ensino Médio onde o Estudo
das Equações Algébricas foi realizado com o apoio do software educativo. Através do
desenvolvimento do presente estudo, foi possível observar que o software GeoGebra trouxe um
impacto positivo no processo de ensino e aprendizagem do tema desenvolvido em sala reforçando a
importância das TIC’s para novas práticas em sala de aula.
Palavras–chave: Equações, GeoGebra, Ensino
SUMÁRIO
1 – INTRODUÇÃO
1.1 – Justificativa ................................................................................................................. 5
1.2 – Objetivos ..................................................................................................................... 6
1.3 – Metodologia ................................................................................................................ 6
1.4 - Organização do Trabalho ............................................................................................ 7
2 - PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
2.1 - Teoria de Aprendizagem – O Modelo de Van Hiele ................................................... 8
2.2 - Pressupostos Algébricos .............................................................................................. 9
2.3 - Pressupostos Tecnológicos .......................................................................................... 11
3 - RESULTADOS, DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
3.1 – Preliminares.................................................................................................................
3.2 – Análise do Roteiro de Aprendizagem I.......................................................................
3.3 – Análise do Roteiro de Aprendizagem II......................................................................
3.4 – Análise do Roteiro de Aprendizagem III.....................................................................
14
14
15
16
4 - CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................... 18
5 – REFERÊNCIAS................................................................................................................ 19
5
Capítulo 1
INTRODUÇÃO
Nossa prática pedagógica enquanto Professores de Matemática em exercício na Educação
Básica mostra o quanto os alunos apresentam sérias dificuldades no estudo da Álgebra e na
generalização das propriedades numéricas ou operações fundamentais. Seus questionamentos e erros
cometidos nos fazem refletir sobre como podemos atuar na apresentação e/ou desenvolvimento desses
temas, e também, sobre como abordar os alunos a partir das dúvidas mostradas em suas falas e em
suas composições escritas.
As discussões que emergiram dos fóruns e materiais indicados nas disciplinas estudadas no
curso de Novas Tecnologias no Ensino da Matemática (NTEM), do Lante – UFF, aliadas às nossas
reflexões sobre os resultados de nossos alunos, instigaram a ideia de explorar os conteúdos da Álgebra
utilizando novas tecnologias, em especial o Ensino de Funções e Equações que, em última análise,
costumam apresentar dificuldades tanto para quem ensina e quanto para quem aprende, em qualquer
nível de escolarização.
A manipulação do GeoGebra, software que possibilita as relações entre Geometria e Álgebra,
nos fez verificar que poderíamos explorar esses conteúdos considerando, como objetos matemáticos
que são suas diferentes formas de representação.
No intuito de contribuir com os estudos sobre o ensino e a aprendizagem da Álgebra, nosso
grupo se dividiu e cada integrante optou por um enfoque contemplando a Educação Básica. São estes:
1) Como o modelo de Van Hiele pode ser aplicado desde as séries iniciais para o ensino da Álgebra; 2)
Resolução geométrica de equações do 2º grau, utilizando o software GeoGebra e 3) Análise da
eficácia do uso do GeoGebra no ensino de Equações Algébricas de qualquer grau para os alunos do
Ensino Médio.
No capítulo 2, Referencial Teórico, apresentamos o Modelo de Van Hiele, as considerações
teóricas matemáticas e algumas especificidades do software GeoGebra, que respaldam nosso trabalho.
Em Resultados, Discussões e Conclusões, no capítulo 3, explicitamos os dados coletados em
cada uma das pesquisas e nossas análises e conclusões tomando por base essas informações.
No último capítulo retomamos o objetivo central da pesquisa e apresentamos uma reflexão
sobre os resultados encontrados pelo grupo.
Na sequência deste capítulo apresentamos os objetivos de pesquisa e como se deu a
organização do grupo para o desenvolvimento da pesquisa.
1.1 Justificativa
Compreender os conceitos básicos da Álgebra é essencial para que o aluno consiga lidar com
questões envolvendo abstração e generalização. O que vemos, no entanto, é que apesar de serem
capazes de operar com símbolos matemáticos, os alunos não conseguem lidar tão bem com
generalizações. Isso ocorre por uma falta de compreensão das técnicas e dos conceitos algébricos. O
ato de “decorar fórmulas” faz com que esses alunos vejam a Matemática como algo mecânico,
buscando-se tão somente o resultado correto ao final dos cálculos, sem se importar em compreender
quais processos foram necessários para se chegar até ali.
As primeiras iniciativas do grupo para tentar delimitar o objetivo de pesquisa foram a leitura e
a análise de uma amostra da literatura sobre temas relacionados à Álgebra. Foram obtidos materiais
que discorriam sobre seus aspectos históricos, didáticos e/ou metodológicos e epistemológicos. Em
seguida, a busca sobre os possíveis recursos tecnológicos para a abordagem de seus conteúdos.
6
Na leitura desses materiais encontramos dados que corroboram nossas reflexões iniciais acerca
do ensino da Álgebra e que justificam a pesquisa nesse tema, tais como: as defasagens e as
dificuldades de assimilação dos conteúdos algébricos, apresentadas pelos alunos nas análises
estatísticas de avaliações em nível nacional; a necessidade de incluir no ensino os recursos oferecidos
pelas novas tecnologias, considerando suas potencialidades e limitações, como mais uma estratégia
didática para propiciar a compreensão matemática e, logo, o desenvolvimento do pensamento
algébrico; a importância da utilização das novas tecnologias para uma nova abordagem da Álgebra,
favorecendo suas diferentes representações; a história da Álgebra e implicações no ensino; o papel do
trabalho com a Álgebra no desenvolvimento da capacidade de abstração e generalização, essenciais
para a compreensão da matemática, como apontam alguns documentos oficiais nacionais, como os
PCN’s (1998).
1.2 Objetivos
O objetivo geral do Trabalho de Conclusão ora apresentado é o de investigar as implicações
do uso do software GeoGebra no ensino da Álgebra (especificamente equações polinomiais) para
alunos do Ensino Fundamental II e Médio e as contribuições do modelo de Van Hiele para o tema
proposto.
São objetivos específicos:
Analisar as contribuições do software GeoGebra para o processo de aprendizagem do
conteúdo “Equações Algébricas de Qualquer Grau” desenvolvido no Terceiro Ano do Ensino
Médio.
Apresentar propostas de trabalho que se baseiem fortemente no uso de novas tecnologias aos
professores de Matemática da Educação Básica
1.3 Metodologia
Nosso projeto de pesquisa inclui uma revisão da literatura científica disponível acerca das
Novas Tecnologias do Ensino e do Ensino da Matemática com a consequente elaboração de uma
proposta prática de implementação numa unidade escolar de alguns dos tópicos abordados nas partes
teóricas. A revisão da literatura científica acerca das Novas Tecnologias que será desenvolvida no
presente trabalho levará em consideração o fato de que nos últimos anos, Institutos de Educação das
mais renomadas Universidades de país desenvolveram linhas de pesquisa sobre o uso da tecnologia
nos processos educacionais buscando entender seus mecanismos de funcionamento, estudando seus
fundamentos e metodologias e os aspectos intrínsecos aos novos processos de ensino desenvolvidos
através de seu uso.
Também nos pautamos pelo princípio de que as propostas pedagógicas a serem
desenvolvidas/implementadas que fazem uso das TIC’s demandam por parte do aluno disciplina e
organização, uma vez que ele mesmo será responsável por grande parte do sucesso do processo
educativo que se busca desenvolver. O modelo de ensino tradicional imprime no aluno a impressão de
que a presença física do professor é indispensável e que este é responsável por determinar o que e
quando o aluno deve aprender. Em contraste, o uso da tecnologia pressupõe uma postura ativa por
parte do aluno, tornando-o protagonista de todo o processo de ensino e aprendizagem. Apesar de todo
o potencial pedagógico que o uso das tecnologias possui, estas ferramentas devem ser entendidas
como estratégias de ensino e jamais como substitutas do trabalho docente, pois este é prioritariamente
um trabalho humano.
Com relação ao Ensino e Aprendizagem da Matemática buscar-se-á investigar dentro da
literatura disponível quais as vantagens e desvantagens do uso dos softwares educativos aplicados ao
processo educativo.
7
Quanto às pesquisas realizadas com alunos do Ensino Fundamental II e Médio, apresentamos
atividades que exploram a estimativa, a dedução e a generalização de conceitos algébricos e, logo, as
formas de representação geométrica e de resolução de equações polinomiais, por representações por
áreas e gráficos.
O software GeoGebra é um simulador que, dentre outras possibilidades, permite a construção
de gráficos e figuras e a animação destes. Utilizamos esse recurso tecnológico como uma ferramenta
que permite a visualização e a manipulação geométricas como caminhos para a generalização, ou seja,
para a integração entre a Geometria e a Álgebra.
1.4 Organização do Trabalho
O presente TFC apresentará nas seções que seguem: (1) Resolução geométrica de equações do
2º grau com alunos do EF II, utilizando o software GeoGebra (Rosania Maria da Silva); (2) Análise da
eficácia do uso do GeoGebra no ensino de Equações Algébricas de qualquer grau para os alunos do
Ensino Médio (Luciano Aparecido Magrini); (3) Como o modelo de Van Hiele pode ser aplicado
desde as séries iniciais para o ensino da Álgebra (Helber Marcondes da Silva).
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Capítulo 2
PRESSUPOSTOS TEÓRICOS
Neste capítulo apresentamos os referenciais teóricos explorados ao longo deste Trabalho Final
de Curso. Uma vez que a investigação do grupo se desenvolveu no campo da Álgebra,
especificadamente sobre Equações Polinomiais para o Ensino Fundamental II e Médio e Modelo de
Van Hiele para o Ensino Fundamental I, o objetivo é apresentar ao leitor referências para o
acompanhamento do relatório.
No intuito de que este possa vir a se tornar um material de apoio ao trabalho do professor em
sala de aula, apresentamos um estudo teórico das equações polinomiais. Além disso, descrevemos
algumas particularidades do software GeoGebra, a ferramenta tecnológica utilizada nesta pesquisa e as
contribuições do Modelo de Van Hiele no ensino e na aprendizagem da Geometria.
2.1 Teoria de aprendizagem – O Modelo de Van Hiele
O modelo de van Hiele é uma teoria de ensino/aprendizado para o estudo da geometria. Foi
elaborado em 1957 pelo casal Dina van Hiele-Geldof e Pierre van Hiele como uma tese de doutorado
da Universidade de Utrecht, nos Países Baixos. Os resultados dessa pesquisa começaram a ser
publicados em 1959, porém, com a morte de Dina van Hiele-Geldof pouco tempo depois das
publicações iniciais, coube a seu marido, Pierre, desenvolver e reformular essa teoria a partir de seu
livro original, Structure and Insight: A theory of mathematics education. Pouco conhecida por quase
trinta anos, essa teoria só passou a ser mais bem divulgada a partir da tradução para o inglês feita em
1984, por Geddes, Fuys e Tisher (Ciscar, 1990).
Basicamente, o que o modelo de van Hiele nos diz é que a aprendizagem da Geometria é feita
passando por níveis graduais de pensamento, independente da idade. As principais características
desse modelo de pensamento são:
Só é possível alcançar determinado nível de pensamento após ter passado pelo nível
imediatamente anterior;
O que era implícito em determinado nível de pensamento, volta explícito no nível seguinte;
Cada nível de pensamento possui sua própria linguagem, símbolos e significância dos
conteúdos, ou seja, cada símbolo possui um significado;
Dois alunos em níveis diferentes não podem se entender.
Segundo Werlang e Pazos (2007), apesar da forte semelhança entre o modelo de Van Hiele e a
teoria de Piaget, onde é consenso que o ensino deve começar pelos conceitos mais simples e
gradualmente alcançar ideias melhor elaboradas, há uma diferença entre seus objetivos fundamentais.
A teoria de Piaget se fundamenta no desenvolvimento das ideias abordadas, diminuindo o valor do
ensino. Já o método de Van Hiele é focado nas Fases de Aprendizagem, onde o aluno desenvolve
diferentes níveis de raciocínio gradualmente, sem pular etapas. Nesse ponto, sua forma de abordar a
aprendizagem tem muito em comum com o pensamento de Vygotsky (1978), no sentido de interpretar
o desenvolvimento do aprendizado como algo influenciado pelo ambiente cultural, a sua própria
exploração e suas reações ante um processo de aprendizagem guiada.
Os níveis de compreensão do modelo de van Hiele, dentro do estudo da Geometria são cinco,
normalmente numerados de 0 a 4, sendo que também pode ser utilizada anotação de 1 a 5:
Nível 0 - Visualização ou reconhecimento
- O aluno reconhece uma figura geométrica como um todo (aparência física);
- Começa a aprender o vocabulário geométrico;
- Não reconhece ainda as características de uma determinada figura.
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Nível 1 - Análise
- Aprende a identificar as características de uma determinada figura;
- O aluno ainda não é capaz de distinguir relações entre as figuras e definir conceitos.
Nível 2 - Dedução Informal ou Ordenação
- O aluno se torna capaz de distinguir relações entre as figuras e definir conceitos de maneira simples;
- São capazes de acompanhar demonstrações formais, mas sem conseguir construir outras.
Nível 3 - Dedução Formal
- Conseguem construir demonstrações formais e desenvolver novas formas;
- Começa a empregar o sistema axiomático, mas ainda sem muito rigor em suas deduções.
Nível 4 - Rigor
- Consegue comparar sistemas baseados em axiomas diferentes;
- Desenvolve o pensamento abstrato, próprio para o estudo de geometrias não euclidianas.
Segundo De Villiers (1986), os Van Hiele atribuíram como principal ponto falho no currículo
da Geometria Tradicional o fato do mesmo estar em um nível mais alto do que o dos alunos. Por esse
motivo, os alunos não conseguiam entender o que era ensinado pelo professor. Em contrapartida, o
professor não conseguia entender o porquê de seus alunos não conseguir entendê-lo. Partindo desse
pressuposto, é razoável deduzir que o mesmo ocorre em outras áreas da Matemática, assim como pode
ocorrer em outras disciplinas.
2.2 Pressupostos Algébricos
Nesta seção vamos fornecer os principais conceitos algébricos que serão trabalhados em sala
de aula pelos professores que fazem parte deste TFC. Iniciamos introduzindo o conceito de
polinômio.
Definição 2.2.1 (de polinômio) Se n é um número inteiro não negativo e a0, a1, a2,..., an são números
reais quaisquer, então
é um polinômio na variável x com
coeficientes a0, a1, a2,..., an.
O grau de um polinômio é o maior expoente da variável x no polinômio. Por exemplo, o
polinômio acima tem grau n (se ). Tal é chamado coeficiente dominante (ou líder); o
coeficiente a0 por não aparecer acompanhado da variável x é chamado de coeficiente livre. Polinômios
de grau 0, 1, 2 e 3 são chamados de polinômios constantes, lineares, quadráticos e cúbicos
respectivamente. O polinômio nulo, definido como aquele cujos coeficientes são todos iguais a zero,
não possui grau.
Exemplo 2.2.2: A expressão 2x-1 é um polinômio de grau 1 e os coeficientes 2 e -1 são
respectivamente seus coeficientes dominante e livre. O Polinômio 3x2-x+5 tem grau 2 e possui
coeficiente dominante 3 e coeficiente livre 5.
Os polinômios na variável x são representados por f(x), g(x), h(x), etc. Tal notação é chamada
notação funcional, pois cada polinômio define uma função como nos mostra a seguinte definição:
Definição 2.2.3 (de função polinomial). Se
é um polinômio,
então a função p: , definida por p(x) =
é chamada função
polinomial de grau n.
Se o grau do polinômio é 1, dizemos que p é uma função polinomial linear ou função linear, e
se o grau do polinômio é 2, então p é dita função polinomial quadrática ou função quadrática.
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Exemplo 2.2.4: A função polinomial p(x) =2x-5 é uma função linear, e q( ) é uma
funções quadrática.
Definição 2.2.5: Dada uma função polinomial :p A qualquer, definimos o gráfico de p
como sendo o subconjunto Gr(p) do plano tal que:
2( ) {( , ( )) | }rG p x p x x A
Sabe-se que o gráfico de uma função linear é sempre uma reta (crescente ou decrescente,
conforme o sinal do coeficiente dominante do polinômio); analogamente, o gráfico de uma função
quadrática é sempre uma parábola (com concavidade voltada para cima ou para baixo, conforme o
sinal do coeficiente dominante do polinômio). Para funções polinomiais de grau maior que 2, os
gráficos são simplesmente denominados de curvas e os métodos para determinar um esboço dessas
curvas não serão incluídas aqui, mas podem ser achados em qualquer livro de Cálculo 1.
Tomando um complexo α qualquer e a função polinomial 1
1 1 0( ) ...n n
n np x a x a x a x a
definimos o valor numérico de ( )p x em α como sendo o
complexo obtido quando substituímos a variável x por α e efetuamos as operações; ou seja:
1
1 1 0( ) ...n n
n np a a a a
No caso particular em que p( ) = 0 diz-se que α é uma raiz de p(x). Geometricamente, dizer
que α é uma raiz do polinômio p(x) significa afirmar que no ponto de abscissa α o gráfico da função
p(x) intercepta o eixo das abscissas.
Exemplo 2.2.6: Tome a equação 2 5 6 0x x ; é de fácil verificação que
2( ) 5 6p x x x se
anula em 3 e em 2 . Logo, 3 e 2 são raízes da equação 2 5 6 0x x .
Exemplo 2.2.7: Considere a equação ax b de primeiro grau (a 0). Sua raiz (única!) é dada
explicitamente porb
a , uma vez que tomando ( )p x ax b temos:
0b b
p a b b ba a
Exemplo 2.2.8: De maneira análoga, para a equação 2 0ax bx c de segundo grau temos que suas
duas raízes são dadas explicitamente por
2 4
2
b b ac
a
, sendo esta última expressão
conhecida como Fórmula de Bháskara. O leitor está convidado a verificar que de fato a expressão da
Fórmula de Bháskara fornece as raízes de uma equação polinomial de segundo grau.
Apesar de podermos encontrar as raízes de uma equação do segundo grau pelo resultado do
exemplo anterior, é importante notar que primeiro membro de algumas equações do 2º grau completas
(isto é, com todos os coeficientes não nulos) pode ser representado por um trinômio quadrado perfeito.
Um trinômio é chamado de quadrado perfeito quando pode ser fatorado sob a forma do
quadrado de uma soma ou de uma diferença de dois termos: (a + b)² = a² + 2ab + b² e (a – b)² = a² -
2ab + b².
Se c é uma raiz de p(x), então p(c) = 0, logo: p(x) = (x – c) q(c).
Os exemplos 2.1.6 e 2.1.7 sugerem um resultado bastante importante na teoria das equações
algébricas; note que a equação do primeiro grau apresentou uma raiz e a do segundo grau apresentou
duas raízes (complexas). Generalizando, podemos dizer que uma equação de grau n admite
exatamente n raízes complexas. Este resultado é conhecido como Teorema Fundamental da Álgebra e
foi demonstrado pela primeira vez em 1799 por Gauss em sua tese de doutoramento. Apesar de o
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Teorema Fundamental da Álgebra garantir a existência das raízes, ele não fornece método algum para
obtê-las. Trata-se de um teorema de existência. Para as equações de graus um e dois é possível (como
fizemos acima) encontrar explicitamente as raízes através de fórmulas resolutivas. Para as equações de
grau três e quatro também existem fórmulas resolutivas, porém muito complicadas para uso prático e
cotidiano. Para as equações de grau maior ou igual a cinco é impossível obter qualquer fórmula
resolutiva, como demonstrada em uma das mais belas teorias matemáticas desenvolvidas: a Teoria de
Galois.
É importante ressaltar que as n raízes de uma equação algébrica não são necessariamente
distintas. A quantidade de vezes que um número α aparece como raiz de uma equação é chamada de
multiplicidade da raiz. Considere por exemplo a equação 2 2 1 0x x ; ao se aplicar a Fórmula de
Bháskara para encontrar suas raízes o discriminante se anula e as duas raízes encontradas são 1x .
As raízes complexas de um polinômio aparecem em quantidade par. Isto decorre do fato de
que se o complexo a bi for raiz da equação 1
1 1 0( ) ... 0n n
n np x a x a x a x a
então
seu conjugado a bi também é raiz. A afirmação do parágrafo anterior tem consequências
interessantes dentre as quais destacamos:
Uma equação do segundo grau possui somente raízes reais ou somente raízes complexas,
uma vez que ela possui apenas duas raízes.
Uma equação de grau ímpar deve possuir pelo menos uma raiz real.
É impossível que existam somente raízes complexas, já que estas como sabemos aparecem
aos pares.
Uma equação de grau n possui exatamente n raízes complexas e este fato nos permite
demonstrar que esta equação pode ser escrita como o produto de n polinômios de grau igual a um
sobre os complexos. O resultado formal é o seguinte: “Toda equação (na variável x) de grau n com
raízes 1 2 3, , ,... nr r r r pode ser escrita na forma
1 2( ).( )....( ) 0n na x r x r x r ”. Observe que este
resultado nos permite (pelo menos em teoria) encontrar todas as raízes de uma equação polinomial de
grau n se for conhecida a sua decomposição em fatores lineares.
Diante da impossibilidade de se encontrar as raízes de uma equação polinomial de grau
qualquer por métodos diretos, torna-se importante conhecer técnicas e resultados que permitam
encontrar pelo menos algumas destas raízes. Para cada raiz que se conhece, a determinação das demais
se torna mais simples na medida em que (como consequência da decomposição em fatores lineares) é
possível diminuir o grau da equação original. O teorema a seguir é muito utilizado para se pesquisar
raízes racionais de uma equação com coeficientes inteiros; ele mostra em linhas gerais que, se uma
equação possui raízes racionais estas estão diretamente relacionadas com seus coeficientes dominante
e livre:
Teorema 2.2.9: (das Raízes Racionais): Seja a equação polinomial de coeficientes inteiros
1
1 1 0... 0n n
n na x a x a x a
. Se o número racional p
q, com e p q primos entre si, é raiz desta
equação, então 0 é divisor de e é divisor de np a q a .
Note que o teorema acima não garante a existência de raízes racionais em uma equação com
coeficientes inteiros; apenas fornece todas as possibilidades para tais raízes caso de fato elas existam.
2.3 Pressupostos Tecnológicos
Com o advento da informática e o desenvolvimento de novos métodos de ensino, é possível
uma aplicação cada vez mais eficiente de diversas práticas pedagógicas simultaneamente, com
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resultados bastante promissores. O uso de meios computacionais, por exemplo, tornaram mais simples
o estudo e compreensão das geometrias não euclidianas.
Em pesquisa realizada em 2006 pelo National Trainning Laboratories, foi identificado que a
porcentagem do quanto se retém de conhecimento de determinado conteúdo varia conforme se altera a
forma como o mesmo é apresentado.
- 5% do que é apresentado de maneira expositiva;
- 10% do que é apresentado em uma leitura;
- 20% do que é apresentado por meio de um recurso multimídia;
- 30% do que é apresentado por meio de uma demonstração;
- 50% do que é apresentado em um grupo de discussão;
- 75% do que é feito na prática e;
- 90% por meio da apresentação do conteúdo.
Pelos dados acima, podemos concluir que quanto mais o aluno interage com o conteúdo a ser
aprendido, melhor será sua compreensão sobre o tema. Os Parâmetros Curriculares Nacionais
(BRASIL, 1988, p. 116) já ressaltam a importância de não estarmos presos a uma única forma de
ensino: “existe um razoável consenso de que para garantir o desenvolvimento do pensamento
algébrico o aluno deve estar necessariamente engajado em atividades que inter-relacionem as
diferentes concepções da álgebra”.
Segundo CLARK & HOLQUIST (1984), em estudo da obra de Mikhail Bakhtin (1975), cada
esfera de produção, circulação e recepção de conteúdos necessita de um gênero de linguagem
apropriado. A maneira como nos são apresentados os enunciados e a forma correta de interpretá-los
influem decididamente na maneira com que o aluno irá interpretar e estruturar definições futuras, de
maneira progressiva. Sob esse ponto de vista, o uso de ferramentas Web 2.0 podem contribuir bastante
para uma compreensão mais efetiva do conteúdo proposto por parte do aluno, uma vez que incentivam
uma participação não passiva de abordagem dos assuntos elencados.
Assim, apresentamos uma proposta de ensino que forneça subsídios para aqueles que lidam
com a educação matemática sejam mais estimulados a fazer uso das TIC’s, seja com o uso de
softwares ou por meio de novas abordagens pedagógicas, como uma prática alternativa viável dentro
da sala de aula, tendo em vista abranger desde a Educação Básica até o Nível Superior. O assunto
abrangido será sobre equações quadráticas, e como meios de análise dos resultados obtidos serão
utilizados softwares gratuitos de Geometria dinâmica, como o GeoGebra (http://www.geogebra.org),
além de blogs, slides e outros recursos da Web 2.0 como materiais de apoio para o ensino da álgebra.
O GeoGebra é um software desenvolvido em Java, o que permite sua utilização em diversas
plataformas e sistemas operacionais. Ele foi desenvolvido na Universidade de Salzburg por Markus
Hohenwarter, com o intuito de utilizá-lo em sala de aula. Ele permite a criação e desenvolvimento de
gráficos que podem ser alterados dinamicamente, permitindo ainda duas representações diferentes do
mesmo objeto matemático. Possui também recursos para o estudo de derivações, vetores, além da
geometria, sendo assim um software bastante versátil para o estudo da álgebra e do cálculo. O uso
intuitivo, aliado aos comandos simplificados em relação aos recursos disponíveis, torna esse programa
um dos melhores para o estudo da matemática.
Escolhemos esse recurso, pois ele permite duas representações diferentes do mesmo objeto
matemático: a geométrica e a algébrica. Conforme o usuário cria figuras na tela o programa exibe na
denominada janela algébrica, a sua respectiva escrita algébrica. Assim, ao se construir um ponto, ela
exibe o seu nome e suas coordenadas; ao construir uma circunferência, ela apresenta seu nome e a
equação de seus pontos.
O software oferece ao usuário, em propriedades da figura, dentre outras possibilidades, a
opção “mostrar rótulo”, que podem ser: valor, nome, nome&valor ou legenda. Sendo assim, ao
construir um quadrado, por exemplo, é opcional mostrar a medida de sua área e também é possível
representa-la por uma legenda qualquer. Foi a opção “legenda” que utilizamos para a representação
das variáveis. Logo, para construir um quadrado que representasse o monômio x², utilizamos a
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ferramenta “polígono regular”, com 4 lados. E, para que essa construção não mostrasse o valor
numérico de seus lados e de sua área, optamos por esconder a medida da área e mostrar o rótulo
(legenda) da medida do lado, onde digitamos “x”.
As opções construção de círculos foram também recursos utilizados na construção das figuras,
com as opções de “Círculo definido pelo centro e um de seus pontos”; “Círculo dados centro e raio” e
“Compasso”. Sendo este último uma importante opção para a construção de círculos de mesmo raio e
que mantenham essa igualdade na movimentação do primeiro.
Além dessas ferramentas, foi preciso utilizar as de marcação de “pontos de intersecção”, “reta
paralela” e “reta perpendicular” e outros recursos de exibição, como “exibir eixos” ou “exibir malha
quadriculada” para a construção das figuras.
14
Capítulo 3
RESULTADOS, DISCUSSÕES E CONCLUSÕES
3.1 Preliminares
Apresentamos nesta seção os resultados da aplicação do Software GeoGebra na apresentação
de alguns temas ligados às equações algébricas para alunos do Terceiro Ano do Ensino Médio.
Para efeitos de pesquisa e por ser inviável desenvolver o tema somente com o uso da
tecnologia, optamos por uma estratégia simples: durante o período da manhã a sala escolhida para
estudo (com 35 alunos frequentes) tinha aulas tradicionais sobre o conteúdo e um grupo de 08 alunos
que manifestaram interesse e tinham disponibilidade de horários tinha aulas extras sobre o tema no
contra turno onde o conteúdo desenvolvido no período da manhã foi abordado com o uso do
GeoGebra.
O programa não era conhecido dos alunos; assim foi necessário que acontecessem alguns
encontros para discutir as ferramentas básicas e comandos que seriam utilizados durante o trabalho a
ser realizado. Houve o cuidado de se disponibilizar para material de estudos uma apostila (Disponível
em: http://www.ebah.com.br/content/ABAAAAQSkAA/apostila-geogebra-ufpr-verao-2009, acessado
em 17/03/2012) e recomendamos aos alunos que instalassem o programa em suas máquinas pessoais.
O uso do software permitiu que os alunos estabelecessem algumas conexões entre a análise
algébrica (presente de maneira dominante nas aulas regulares em sala) e a análise geométrica
(facilmente desenvolvida com o GeoGebra). A maioria destas conexões não foram descobertas por
manipulações livres dos alunos; foram guiadas por Roteiros de Estudo desenvolvidos especialmente
para este fim.
Passaremos agora à análise de alguns dos Roteiros de Estudo aplicados aos alunos. A escolha
dos Roteiros aqui analisados foi feita com base na eficácia e impacto positivo no processo de
aprendizagem avaliado pelo professor aplicador ao longo das atividades.
3.2 Análise do Roteiro de Aprendizagem I
Este Roteiro de Aprendizagem procurava levar os alunos a investigar se existia alguma relação
entre o conceito (puramente) algébrico de grau de uma equação polinomial (2.2.3) e o aspecto do
gráfico da equação.
Os alunos deveriam plotar no GeoGebra dez equações de diferentes graus e verificar o aspecto
dos gráficos (2.2.5).
Durante a realização das atividades, algumas discussões foram surgindo no meio dos alunos.
Foram orientados a anotar as dúvidas e conclusões para discussão em grupo posteriormente. No
momento da discussão da atividade realizada, algumas questões foram surgindo, dentre as quais
destacamos:
“Já sabia que o gráfico da equação do primeiro grau é uma reta. Mas por que professor?”
“O grau parece modificar equações até o segundo grau. Depois todos os gráficos viram
curvas.”
Diante da primeira questão foi explorado com os alunos o conceito de demonstração. Disse
aos alunos que era possível provar que o gráfico de uma equação do primeiro grau sempre é uma reta.
Em geral, demonstrações não são apresentadas na Escola Básica e diante do interesse dos alunos foi
esboçada rapidamente a demonstração da linearidade da equação do primeiro grau.
15
O aluno que formulou a segunda questão provavelmente não identificou as diferenças entre os
vários gráficos apresentados. Foi retomado então como todo o grupo a análise dos gráficos para que
em conjunto apontássemos diferenças entre todos.
Ao final da discussão todos os alunos responderam afirmativamente à questão inicial proposta,
ou seja, que o grau de uma equação influi no aspecto do gráfico apresentado; contudo não souberam
explicar em termos precisos a conexão entre o grau e o gráfico, o que de fato é bastante natural, pois
parte das explicações dependem dos resultados do Teorema Fundamental da Álgebra e das
propriedades do crescimento/decrescimento da função associada à equação em estudo.
3.3 Análise do Roteiro de Aprendizado II
A atividade proposta no Roteiro de Aprendizagem II tinha por objetivo analisar os pontos nos
quais o gráfico de uma equação polinomial intersecta o eixo das ordenadas e das abscissas. A
definição de zero ou raiz de uma equação polinomial já havia sido apresentada formalmente durante as
aulas regulares e esperava-se que os alunos interpretassem geometricamente o fato de um polinômio
p(x) ter raiz x = x0.
Por questão de simplicidade, nesta atividade foram apresentadas apenas equações polinomiais
com raízes reais (afim de que suas propriedades pudessem de fato ser exploradas no gráfico plotado no
GeoGebra) e com multiplicidade 1 (afim de que os alunos já pudessem intuir o Teorema Fundamental
da Álgebra).
Não houve muitas dificuldades e os alunos logo perceberam que (nas palavras de uma aluna):
“uma equação do grau dois tem duas raízes, uma equação do grau três tem três raízes e assim por
diante, professor!”.
Com um pouco mais de dificuldades os alunos perceberam que geometricamente as raízes
indicam os pontos onde os gráficos intersectam o eixo das abscissas (este resultado poderia ter sido
mostrado aos alunos ensinando o comando “Raiz[f(x)]” do GeoGebra; como o objetivo era de que os
próprios alunos deduzissem o resultado, ele foi apresentado aos alunos somente na discussão final da
atividade.).
Na elaboração da atividade supôs-se que os alunos conseguiriam verificar utilizando
substituição que o valor x = x0 era raiz do polinômio p(x) se e somente se p(x0) = 0; aconteceram
dificuldades diversas neste ponto: muitos mostraram pouca habilidade no cálculo numérico e que
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ainda não haviam entendido a condição de se ter a anulação do polinômio em x0 para que tal valor seja
sua raiz. Um dos polinômios (2.2.1) apresentados aos alunos era p(x) = 2x3 + 3x
2 – 8x + 3, cujo
gráfico encontra-se abaixo:
Para verificar que de fato os valores indicados por A, B e C eram raízes de p(x) os alunos
precisavam determinar p(-3), p(0,5) e p(1) e o cálculo com números relativos e decimais foi bastante
trabalhoso pelo fato dos alunos não dominarem os assuntos.
Portanto, houve a necessidade de uma retomada do conteúdo. Na discussão desta atividade
com os alunos os exemplos foram refeitos com o enfoque algébrico; todas as verificações das raízes
foram (re)feitas e houve um espaço para recuperação paralela na medida em que questões sobre
simples manipulações numéricas iam sendo levantadas. Além disso, houve a preocupação em reforçar
a equivalência 0 0 é raiz de ( ) ( ) 0x p x p x apresentada durante as aulas regulares e que já se
admitia assimilada pelos alunos.
Durante a exploração dos exemplos com os alunos, questões interessantes surgiram; um dos
alunos apresentou a questão: “Se para achar a raiz é só resolver a equação p(x) = 0, o que fazer com
as equações “maiores” que as de segundo grau se a gente (sic) não conhece a fórmula para
resolver?” A questão por si só indicava que os alunos esperavam uma fórmula para resolver as
equações de graus maiores que 2; diante da resposta do professor de que não se usam fórmulas para
resolver as equações de grau maiores que 2 (apesar de elas existirem para graus 3 e 4) os alunos
demonstraram certo desapontamento, mas ficaram curiosos para saber o que fazer nestes casos.
A discussão com os alunos terminou com o grupo intuindo o resultado do Teorema
Fundamental da Álgebra, segundo o qual uma equação de grau n possui n raízes. Como as equações
apresentadas possuíam apenas raízes simples, o resultado foi facilmente aceito pelos alunos.
3.4 Análise do Roteiro de Atividade III
O terceiro roteiro apresentado aos alunos (que foi na íntegra reescrito após a aplicação e
discussão com os alunos do Roteiro II) tinha por objetivo fazer com que se estabelecesse com os
alunos o Teorema 2.2.9 (das Raízes Racionais); uma primeira resposta à questão levantada sobre o
que fazer para encontrar as raízes de um polinômio de grau maior que dois.
Aos alunos foram apresentados quatro polinômios de grau maior que dois; eles deveriam
inicialmente identificar os coeficientes livre e dominante de cada um e todos os seus respectivos
divisores; na sequência deveriam escrever frações cujo numerador fosse divisor do coeficiente livre e
cujo denominador fosse divisor do coeficiente dominante.
A parte prática desta atividade era a de encontrar as raízes com o uso do GeoGebra e comparar
com as frações escritas anteriormente.
Um dos polinômios propostos era p(x) = 3x3 – 7x
2 + 8x – 2 = 0. Os alunos não tiveram
dificuldades em identificar os coeficientes livres e dominantes e em escrever as oito frações possíveis
com numerador igual a um divisor inteiro do coeficiente livre e denominador igual a um divisor inteiro
do coeficiente dominante. Ao desenhar p(x) no GeoGebra os alunos obtiveram o print abaixo e a
dificuldade maior foi em identificar o decimal 0.33 apresentado como raiz com uma das frações
escritas pelos alunos. A dificuldade veio, portanto do fato de que os alunos não dominavam a
transformação de fração em decimal e demonstravam desconhecer o conceito de fração enquanto
divisão.
Após a finalização da atividade, os alunos concluíram que, com exceção de apenas um dos
polinômios que não apresentou raízes dentre as frações escritas, os demais tiveram pelo menos uma de
suas raízes identificadas pelo método. O professor então explicou para o grupo que o resultado
verificado era conhecido em Matemática como Teorema das Raízes Racionais (2.2.9) e que respondia
em parte à questão de como se resolver equações de grau maior que dois, levantada na atividade
anterior.
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Quando “o grupo indagou sobre o polinômio que “não cumpriu a regra” do teorema 2.2.9”,
houve espaço para uma discussão mais ampla sobre o significado deste. Os alunos demonstraram em
um primeiro momento não entender como um polinômio podia não “cumprir as regras”; o teorema foi
então enunciado de maneira rigorosa para os alunos e interpretado acerca de suas implicações. O
grupo até encontrou motivo de risos na análise do enunciado do teorema, pois segundo um dos alunos
aquilo estava parecendo “aula de português”.
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Capítulo 4
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos roteiros apresentados e analisados acima é possível destacar o potencial motivador
do software educativo GeoGebra e sua eficácia enquanto metodologia a ser empregada no estudo da
Teoria das Equações com alunos da Educação Básica. Em todas as atividades houve espaço para a
formulação de hipóteses por parte do grupo e para discussões proveitosas que em geral não
aconteceriam em meio às aulas tradicionais desenvolvidas sobre o tema.
Certamente o potencial e eficácia do uso do software são melhores aproveitados quando existe
a preocupação do professor em oferecer atividades que facilitem a descoberta por parte dos alunos.
Não se trata, portanto, de simplesmente verificar resultados teóricos apresentados prontos e acabados
para os alunos; trata-se de trilhar um caminho de descobertas previamente já preparado pelo professor.
Mesmo o grupo que não participou diretamente do desenvolvimento deste trabalho se
beneficiou, na medida em que as atividades desenvolvidas com o GeoGebra mostraram com clareza as
dificuldades dos alunos com o tema (como os cálculos numéricos envolvidos no Roteiro de Atividade
II ou a falta de compreensão do conceito de raiz de um polinômio como sendo os valores para os quais
este se anula).
Os resultados do trabalho apresentado mostra também o quanto o uso do software educativo
GeoGebra pode oferecer mecanismos para o professor trabalhar (através de maneira intuitiva) o
conteúdo de maneira que os alunos sintam a necessidade de novas ferramentas teóricas para a
resolução de problemas, como a indagação levantada pelos alunos durante a aplicação do Roteiro de
Atividade II sobre os polinômios de graus maiores que dois.
É certo que os resultados obtidos, ainda que iniciais, indicam o vasto potencial educativo a ser
explorado no uso do GeoGebra.
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