VIBRAÇÃO E VIBRACIONAIS: INTRODUÇÃOaeradoespirito.net/JorRev/InformativoComCienciaA01N03.pdf ·...

4
Ano I – Nº 3 Mar-Abr/2006 Grupo ComCiência de Estudos Filosóficos e Científicos à Luz do Espiritismo “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal” <<Allan Kardec>> EDITORIAL: Inicialmente o grupo ComCiência optou pelo tema geral “Mediunidade” buscando engajar-se nas atividades da área mediúnica da Casa Espírita e atuar com o estudo e a pesquisa de assuntos de interesse e necessidade dessa área, a qual funciona como laboratório permitindo a observação, experimentação e aplicação do conhecimento, associando teoria e prática. <<Os editores>> VIBRAÇÃO E VIBRACIONAIS: INTRODUÇÃO egundo Borges, em Doutrina Espírita no Tempo e Espaço, vibração “consiste na reunião de algumas pessoas que, em prece e pela ação da vontade, emitem pensamentos benevolentes para uma pessoa que esteja, física ou moralmente doente, ou mesmo sã, mas atravessando período de dificuldades. (...) O pensamento é vida, dinamicidade e, dessa forma, qualquer pessoa pode emitir vibração em benefício ou prejuízo de outrem, de acordo com os sentimentos próprios; porém, a vibração propriamente dita tem sempre a finalidade de auxiliar alguém”. O mesmo autor define médium vibracional como sendo “aquele que emite vibrações magnéticas, através do pensamento (...). O médium vibracional espírita procura envolver o irmão necessitado, encarnado ou desencarnado, em ondas de energia eletromagnética imbuídas de afeto, bem estar, saúde, através da oração e do pensamento em Deus”. E por fim, menciona Borges, que “vibrar é emitir pensamentos de amor, saúde, equilíbrio, em benefício de uma ou mais pessoas que estejam à distância ou mesmo presentes. Essa atitude provoca emissão de fluidos 1 salutares em maior ou menor intensidade, conforme a vontade e preparo espiritual de cada médium vibracional”. O termo “vibracional” ou “médium vibracional” possui sinônimos na literatura espírita, tais como os apresentados na apostila Médium de Sustentação, da União Espírita Mineira. São eles: “participante”, “assembléia”, “assistente”, “apoio” e “médium de sustentação”. Segundo o trabalho citado, “modernamente o termo médium de sustentação, vem sendo aplicado, entre outros, ao encarnado que, participando de uma reunião mediúnica, não sinta qualquer influência significativa à presença de um espírito desencarnado”. Surge então uma dúvida: por que é chamado o participante que realiza vibrações, de médium vibracional ou médium de sustentação, sendo que o termo “médium” é comumente usado para caracterizar aquela pessoa que possui mediunidade ostensiva 2 ? Inicialmente é importante lembrar que “médium”, segundo o Livro dos Médiuns 3 , uma das obras básicas da Doutrina Espírita, é “Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos” e que “Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo”. E na mesma obra conclui-se que 1 Fluído, de acordo com o entendimento espírita, é matéria em uma forma mais sutil, sendo difícil inclusive observá-la com nossos equipamentos atuais. Por exemplo, o ar é matéria bem mais sutil que a água, e os fluídos que partem (ou saem) de nós são mais sutis que o próprio ar. 2 A mediunidade ostensiva é, segundo o Livro dos Médiuns, capítulo XIV, item 159, aquela faculdade “bem caracterizada” e que “se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade”. Os médiuns ostensivos são, portanto, aqueles que possuem uma maior e mais evidente capacidade de serem intermediários dos Espíritos seja, por exemplo, através da psicofonia (fala), psicografia (escrita), vidência (visão) ou audiência (audição). 3 Capítulo XIV – Dos Médiuns, Item 159. “Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns”. Mesmo não sendo, muitas vezes, um médium ostensivo, o vibracional é um médium, pois é influenciado pelos Espíritos, como todo ser humano. Portanto, os termos “médium de sustentação” ou “médium vibracional” são adequados. Todo ser humano emite vibrações que estão relacionadas diretamente à capacidade de pensar. Pensar é vibrar. De acordo com o conteúdo e características dos pensamentos de uma pessoa, pode-se, de forma simplificada, classificá-la como possuidora de uma vibração baixa ou elevada. A vibração elevada é característica de espíritos esclarecidos e evangelizados, os quais exercitam constantemente o amor, a caridade, a benevolência, o devotamento, a abnegação e o auto-conhecimento. Possuem interesses voltados principalmente para a vida espiritual. Já a vibração baixa é característica de espíritos ignorantes e pouco evangelizados, nos quais predomina ainda o orgulho, o egoísmo, o ódio, o rancor, a inveja e o fato de estarem ligados principalmente à vida material. Na maioria de nós ainda há o predomínio das vibrações baixas na maior parte do tempo e possuímos momentos de vibrações “um pouco mais elevadas”. Portanto, quando nos candidatamos a ser médiuns vibracionais em qualquer tarefa espírita, inclusive em reuniões mediúnicas 4 , temos pela frente o desafio de sustentar, por uma ou algumas horas, boas vibrações que possibilitem o desenvolvimento harmonioso dos trabalhos. É importante lembrar que o alcance dos objetivos traçados pela espiritualidade 5 para a reunião depende desse esforço. Finalizando estas reflexões iniciais sobre vibração e vibracionais, resta uma questão: Quem são os médiuns vibracionais em uma reunião mediúnica? A resposta é simples: são todos os presentes, não importando qual função desempenhem (dirigente, esclarecedores, médiuns ostensivos, médiuns de sustentação e inclusive visitantes). E vale lembrar que não são, necessariamente, aqueles que há meses ou anos freqüentam a reunião, uma vez que aquele que visita a reunião pela primeira vez pode vibrar mais adequadamente que o próprio tarefeiro. Isso ocorre quando o tarefeiro passa, ao longo dos meses ou anos, a realizar sua tarefa de forma automática, sem amor, sem carinho, como uma simples rotina. E então passa a vibrar menos intensamente acreditando que toda reunião é igual às anteriores, ou seja, acomoda-se. 4 Uma reunião mediúnica é aquela na qual ocorrem comunicações de espíritos desencarnados através de médiuns. 5 É comum denominar “espiritualidade” à equipe do plano espiritual que participa e dirige uma determinada tarefa espírita. S

Transcript of VIBRAÇÃO E VIBRACIONAIS: INTRODUÇÃOaeradoespirito.net/JorRev/InformativoComCienciaA01N03.pdf ·...

Page 1: VIBRAÇÃO E VIBRACIONAIS: INTRODUÇÃOaeradoespirito.net/JorRev/InformativoComCienciaA01N03.pdf · obras principais da Doutrina Espírita, que nos permitam um início de entendimento.

�������������������� Ano I – Nº 3 Mar-Abr/2006

Grupo ComCiência de Estudos Filosóficos e Científicos à Luz do Espiritismo “O Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, bem como de suas relações com o mundo corporal” <<Allan Kardec>>

EDITORIAL:

Inicialmente o grupo ComCiência optou pelo tema geral “Mediunidade” buscando engajar-se nas atividades da área mediúnica da Casa Espírita e atuar com o estudo e a pesquisa de assuntos de interesse e necessidade dessa área, a qual funciona como laboratório permitindo a observação, experimentação e aplicação do conhecimento, associando teoria e prática.

<<Os editores>>

VIBRAÇÃO E VIBRACIONAIS: INTRODUÇÃO

egundo Borges, em Doutrina Espírita no Tempo e Espaço, vibração “consiste na reunião de algumas

pessoas que, em prece e pela ação da vontade, emitem pensamentos benevolentes para uma pessoa que esteja, física ou moralmente doente, ou mesmo sã, mas atravessando período de dificuldades. (...) O pensamento é vida, dinamicidade e, dessa forma, qualquer pessoa pode emitir vibração em benefício ou prejuízo de outrem, de acordo com os sentimentos próprios; porém, a vibração propriamente dita tem sempre a finalidade de auxiliar alguém”. O mesmo autor define médium vibracional como sendo “aquele que emite vibrações magnéticas, através do pensamento (...). O médium vibracional espírita procura envolver o irmão necessitado, encarnado ou desencarnado, em ondas de energia eletromagnética imbuídas de afeto, bem estar, saúde, através da oração e do pensamento em Deus”. E por fim, menciona Borges, que “vibrar é emitir pensamentos de amor, saúde, equilíbrio, em benefício de uma ou mais pessoas que estejam à distância ou mesmo presentes. Essa atitude provoca emissão de fluidos1 salutares em maior ou menor intensidade, conforme a vontade e preparo espiritual de cada médium vibracional”.

O termo “vibracional” ou “médium vibracional” possui sinônimos na literatura espírita, tais como os apresentados na apostila Médium de Sustentação, da União Espírita Mineira. São eles: “participante”, “assembléia”, “assistente”, “apoio” e “médium de sustentação”. Segundo o trabalho citado, “modernamente o termo médium de sustentação, vem sendo aplicado, entre outros, ao encarnado que, participando de uma reunião mediúnica, não sinta qualquer influência significativa à presença de um espírito desencarnado”.

Surge então uma dúvida: por que é chamado o participante que realiza vibrações, de médium vibracional ou médium de sustentação, sendo que o termo “médium” é comumente usado para caracterizar aquela pessoa que possui mediunidade ostensiva2? Inicialmente é importante lembrar que “médium”, segundo o Livro dos Médiuns3, uma das obras básicas da Doutrina Espírita, é “Todo aquele que sente, num grau qualquer, a influência dos Espíritos” e que “Essa faculdade é inerente ao homem; não constitui, portanto, um privilégio exclusivo”. E na mesma obra conclui-se que 1 Fluído, de acordo com o entendimento espírita, é matéria em uma forma mais sutil, sendo difícil inclusive observá-la com nossos equipamentos atuais. Por exemplo, o ar é matéria bem mais sutil que a água, e os fluídos que partem (ou saem) de nós são mais sutis que o próprio ar. 2 A mediunidade ostensiva é, segundo o Livro dos Médiuns, capítulo XIV, item 159, aquela faculdade “bem caracterizada” e que “se traduz por efeitos patentes, de certa intensidade”. Os médiuns ostensivos são, portanto, aqueles que possuem uma maior e mais evidente capacidade de serem intermediários dos Espíritos seja, por exemplo, através da psicofonia (fala), psicografia (escrita), vidência (visão) ou audiência (audição). 3 Capítulo XIV – Dos Médiuns, Item 159.

“Pode, pois, dizer-se que todos são, mais ou menos, médiuns”. Mesmo não sendo, muitas vezes, um médium ostensivo, o vibracional é um médium, pois é influenciado pelos Espíritos, como todo ser humano. Portanto, os termos “médium de sustentação” ou “médium vibracional” são adequados.

Todo ser humano emite vibrações que estão relacionadas diretamente à capacidade de pensar. Pensar é vibrar. De acordo com o conteúdo e características dos pensamentos de uma pessoa, pode-se, de forma simplificada, classificá-la como possuidora de uma vibração baixa ou elevada. A vibração elevada é característica de espíritos esclarecidos e evangelizados, os quais exercitam constantemente o amor, a caridade, a benevolência, o devotamento, a abnegação e o auto-conhecimento. Possuem interesses voltados principalmente para a vida espiritual. Já a vibração baixa é característica de espíritos ignorantes e pouco evangelizados, nos quais predomina ainda o orgulho, o egoísmo, o ódio, o rancor, a inveja e o fato de estarem ligados principalmente à vida material.

Na maioria de nós ainda há o predomínio das vibrações baixas na maior parte do tempo e possuímos momentos de vibrações “um pouco mais elevadas”. Portanto, quando nos candidatamos a ser médiuns vibracionais em qualquer tarefa espírita, inclusive em reuniões mediúnicas4, temos pela frente o desafio de sustentar, por uma ou algumas horas, boas vibrações que possibilitem o desenvolvimento harmonioso dos trabalhos. É importante lembrar que o alcance dos objetivos traçados pela espiritualidade5 para a reunião depende desse esforço.

Finalizando estas reflexões iniciais sobre vibração e vibracionais, resta uma questão: Quem são os médiuns vibracionais em uma reunião mediúnica? A resposta é simples: são todos os presentes, não importando qual função desempenhem (dirigente, esclarecedores, médiuns ostensivos, médiuns de sustentação e inclusive visitantes). E vale lembrar que não são, necessariamente, aqueles que há meses ou anos freqüentam a reunião, uma vez que aquele que visita a reunião pela primeira vez pode vibrar mais adequadamente que o próprio tarefeiro. Isso ocorre quando o tarefeiro passa, ao longo dos meses ou anos, a realizar sua tarefa de forma automática, sem amor, sem carinho, como uma simples rotina. E então passa a vibrar menos intensamente acreditando que toda reunião é igual às anteriores, ou seja, acomoda-se.

4 Uma reunião mediúnica é aquela na qual ocorrem comunicações de espíritos desencarnados através de médiuns. 5 É comum denominar “espiritualidade” à equipe do plano espiritual que participa e dirige uma determinada tarefa espírita.

S

Page 2: VIBRAÇÃO E VIBRACIONAIS: INTRODUÇÃOaeradoespirito.net/JorRev/InformativoComCienciaA01N03.pdf · obras principais da Doutrina Espírita, que nos permitam um início de entendimento.

�������������������� � � � �

VIBRAÇÃO E VIBRACIONAIS: MECANISMOS E CONCEITOS

Os termos “vibração” e “vibracional” são muito empregados no meio espírita e estão normalmente associados a outros termos como “ondas”, “pensamento”, e “corrente de vibração”. Este conjunto nos sugere algumas questões, tais como: De onde surge a vibração no homem? Vibração é pensamento? Pensamento é onda? O que é uma corrente de vibração?

Não pretendemos aqui responder a perguntas de forma definitiva, mas apenas apresentar alguns conceitos, provenientes das obras principais da Doutrina Espírita, que nos permitam um início de entendimento.

ONDAS André Luiz, no capítulo I – Ondas e Percepções, de

Mecanismos da Mediunidade, inicia dizendo que “a vida desenvolve agitação (...) E toda agitação produz ondas” e continua com exemplos como: “Uma frase que emitimos ou um instrumento que vibra criam ondas sonoras”, “Liguemos o aquecedor e espalharemos ondas caloríficas”, “Acendamos a lâmpada e exteriorizaremos ondas luminosas”. E conclui nos informando que “Em suma, toda inquietação se propaga em forma de ondas, através de diferentes corpos da natureza”. No mesmo capítulo é feita uma pergunta bastante direta: “Que é, no entanto, uma onda?” E a resposta é:

À falta de terminologia mais clara, diremos que uma onda é determinada forma de ressurreição da energia, por intermédio do elemento particular que a veicula ou estabelece. (...) entenderemos que a fonte primordial de qualquer irradiação é o átomo ou partes dele em agitação, despedindo raios ou ondas que se articulam, de acordo com as oscilações que emite.

Do ponto de vista das ciências naturais (ver referências de HECHT e OXFORD), podemos definir onda (propagante) de modo menos formal como sendo um distúrbio ou perturbação periódica e auto-sustentável que se propaga em um meio material ou no espaço, capaz de transferir energia de um lugar a outro por meio de vibrações. Esta definição é essencialmente a mesma trazida pelos autores espirituais.

Pelas citações anteriores, deduzimos que tudo na natureza produz ondas, irradiações ou raios, mesmo a matéria sólida aparentemente imóvel possui algum tipo de onda associada a ela. As ondas, de acordo com a sua natureza, podem se propagar pelo ar, pela água pelo solo ou por qualquer outro meio e mesmo na ausência de um meio material, como é o caso da luz. Por exemplo, as ondas provenientes do sol ou de uma chama, podem ser vistas e sentidas na forma de calor em nossa pele, e as ondas sonoras que fazem nosso aparelho auditivo vibrar e nos permitem ouvir sons. E a origem dessas ondas são os átomos ou partes deles que possuem movimento em todos os estados conhecidos da matéria.

Notamos também a diferença entre as ondas, por exemplo, sonoras e luminosas. Sobre essas diferenças nos esclarece André Luiz, no mesmo capítulo citado antes, que “As ondas ou oscilações eletromagnéticas são sempre da mesma substância, diferenciando-se, porém, na pauta do seu comprimento ou distância que se segue do penacho ou crista de uma onda à crista da onda seguinte”.

A figura a seguir ilustra duas ondas diferentes. A distância entre duas oscilações, vibrações ou pontos idênticos de ondas sucessivas denomina-se comprimento de onda. É comum determinar o comprimento da onda como a distância entre duas “cristas” que são os pontos máximos de oscilação. No caso das ondas de rádio, temos, por exemplo, ondas longas que possuem grandes comprimentos de onda (1km a 10km). Já uma onda curta, por exemplo, situa-se na

faixa de 10cm a 100m. Além do comprimento de onda, para caracterizar as ondas precisamos definir freqüência, amplitude e velocidade de propagação.

A freqüência da onda corresponde ao número de oscilações ou vibrações que passam por um determinado ponto num segundo e é medida em Hertz (Hz), sendo que 1Hz corresponde a uma vibração ou ciclo por segundo. A amplitude é a distância vertical entre o meio da onda e a crista. É o tamanho da oscilação. Por fim, temos a velocidade de propagação da onda, que é a rapidez com que ela passa por um meio ou percorre uma distância e é obtida pela multiplicação da freqüência pelo comprimento de onda. Por exemplo, a velocidade de propagação de ondas eletromagnéticas (no vácuo) é a chamada velocidade da luz que equivale a 300.000 quilômetros por segundo. Na figura, a primeira onda apresenta o dobro do comprimento de onda e da amplitude da segunda.

Quanto à sua natureza, as ondas são comumente classificadas como mecânicas e eletromagnéticas. Além dessas, a teoria da relatividade prevê a existência de ondas gravitacionais, ainda um grande desafio para a ciência formal. As ondas mecânicas são produzidas por uma perturbação num meio material, como, por exemplo, jogando uma pedra na água, a vibração de uma corda de violão ou a voz de uma pessoa. As ondas eletromagnéticas são produzidas por variação de um campo elétrico e um campo magnético, tais como as ondas de rádio, de televisão, as microondas e a própria luz. As ondas eletromagnéticas não necessitam de um meio material para se propagarem, logo podem propagar-se no vácuo, ou seja, sem a presença de ar ou qualquer outra substância. As ondas mecânicas não têm essa possibilidade.

Outra classificação comum para as ondas é quanto à freqüência. Por exemplo, normalmente ouvimos sons gerados por ondas sonoras de até 15.000 Hertz ou 15.000 vibrações por segundo. Já as ondas luminosas e raios X possuem freqüência acima de 100.000.000.000.000 Hertz, o que equivale a 100.000 Gigahertz.

Críticas e sugestões são muito importantes para nós. Contribua com sua opinião! Obtenha edições anteriores

no site.

Email: [email protected] Site: http://br.groups.yahoo.com/group/comcienciaespirita/

Page 3: VIBRAÇÃO E VIBRACIONAIS: INTRODUÇÃOaeradoespirito.net/JorRev/InformativoComCienciaA01N03.pdf · obras principais da Doutrina Espírita, que nos permitam um início de entendimento.

�������������������� � � � �

Novamente André Luiz, no capítulo I de Mecanismos da Mediunidade, conclui suas informações sobre as ondas conhecidas atualmente pela ciência dizendo que “Semelhantes notas oferecem ligeira idéia da transcendência das ondas nos reinos do Espírito, com base nas forças do pensamento”. E abre novo campo de observações quanto ao ser humano em meio às ondas, mencionando:

Para a valorização e enriquecimento do caminho que lhe compete percorrer, recebe dessa mesma vida, que o acalenta e a que deve servir, o tesouro do cérebro, por intermédio do qual exterioriza as ondas que lhe marcam a individualidade, no concerto das forças universais, e absorve aquelas com as quais pode entrar em sintonia, ampliando os recursos do seu cabedal de conhecimento, e das quais se deve aproveitar, no aprimoramento intensivo de si mesmo, no trabalho da própria sublimação.

PENSAMENTO Pelo livro Mecanismos da Mediunidade, concluímos que

o pensamento é onda e é matéria, tal qual uma onda sonora ou luminosa. No capítulo IV - Matéria Mental, André Luiz nos diz que:

(...) da matéria mental dos seres criados, estudamos o pensamento ou fluxo energético do campo espiritual de cada um deles, a se graduarem nos mais diversos tipos de onda, desde os raios super-ultra-curtos, em que se exprimem as legiões angélicas, (...) passando pelas oscilações curtas, médias e longas em que se exterioriza a mente humana, até às ondas fragmentárias dos animais, cuja vida psíquica, ainda em germe, somente arroja de si determinados pensamentos ou raios descontínuos.

Percebemos que os pensamentos, que são energias provenientes do Espírito, possuem diferenças, indo de ondas de freqüência elevadíssima, diminuindo a freqüência nas ondas que somos capazes de emitir, até as ondas descontínuas geradas pelo princípio inteligente6 dos animais.

No mesmo capítulo citado antes, somos informados que o pensamento é a base de todas as realizações nos planos físico e espiritual, e de que “ele ainda é matéria, a matéria mental”. Esta matéria forma “um mar de energia sutil em que todos nos achamos imersos” onde são encontrados elementos químicos ainda desconhecidos do mundo. A matéria mental também é formada de átomos, mas em diferentes condições vibratórias.

No pensamento normal, a excitação dos “átomos mentais” produzirá ondas muito longas ou de simples sustentação do indivíduo. Em estado de atenção, como na reflexão ou oração, os “elétrons mentais” produzirão ondas de comprimento médio. Já em situações extraordinárias da mente, como emoções profundas, as grandes dores, as laboriosas concentrações de força mental ou as súplicas aflitivas, serão emitidos raios muito curtos ou de imenso poder transformador do ser. E o autor conclui: “Assim considerando, a matéria mental, embora em aspectos fundamentalmente diversos, obedece a princípios idênticos àqueles que regem as associações atômicas, na esfera física, demonstrando a divina unidade de plano do Universo”.

O pensamento nasce das emoções e desejos íntimos do Espírito, nas profundezas da mente, através de fenômenos ainda não possíveis de serem mais esclarecidos pelos mentores do plano espiritual devido à nossa condição evolutiva atual. Cada uma das partículas constituintes do 6 O princípio inteligente presente nos animais, vegetais e minerais pode ser considerado como sendo o princípio do Espírito. Ver Livro Dos Espíritos, questão 607a.

pensamento se movimenta então a partir do Espírito. Esta “corrente mental” formada é responsável por dar vida ao perispírito7 e conseqüentemente ao corpo físico, além de se exteriorizar do ser humano através de raios, formas ou imagens. Estas ondas possuem freqüência e poder de atuação de acordo com o estado mental do espírito emissor e atingem, pelo seu caminho, todos que lhes sintonizem, ou possuam semelhança de desejos e ações, como explicado por André Luiz no livro Evolução em Dois Mundos, no capítulo XIII – Alma e Fluídos, no item Reflexão das Idéias:

A partícula de pensamento, (...), tanto quanto o átomo, é uma unidade na essência, a subdividir-se, porém, em diversos tipos, conforme a quantidade, qualidade, comportamento e trajetórias dos componentes que a integram. E assim como o átomo é uma força viva e poderosa na própria contextura, passiva, entretanto, diante da inteligência que a mobiliza para o bem ou para o mal, a partícula de pensamento, embora viva e poderosa na composição em que se derrama do espírito que a produz, é igualmente passiva perante o sentimento que lhe dá forma e natureza para o bem ou para o mal, convertendo-se, por acumulação, em fluido gravitante ou libertador, ácido ou balsâmico, doce ou amargo, alimentício ou esgotante, vivificador ou mortífero, segundo a força do sentimento que o tipifica e configura.

No capítulo XV – Cargas Elétricas e Cargas Mentais, do livro Mecanismos da Mediunidade, é chamada nossa atenção para a necessidade de equilíbrio de nossos pensamentos. A corrente mental gerada por cada indivíduo afeta, em primeira mão, seu perispírito e corpo físico (caso esteja encarnado) sendo benéfica ou maléfica de acordo com as características boas ou más dos pensamentos. Em seguida esta “corrente” gera ao redor do indivíduo sua aura8 que funciona tal como uma carta de apresentação, causando nas pessoas ou coisas uma impressão boa ou ruim. E como já citado antes, a corrente mental gera ondas que podem chegar a distâncias inimagináveis levando consigo o bem ou o mal, de acordo com o pensamento, e atingindo tudo e todos que lhe sejam afins. Desta forma um pensamento de alegria pode auxiliar alguém muito distante, desde que ele esteja em condição receptiva. E ao contrário, um pensamento negativo pode atingir aqueles que estejam pessimistas, desanimados ou tristes. Allan Kardec confirma a responsabilidade com nossos pensamentos quando pergunta aos Espíritos na questão 834, do Livro dos Espíritos: “É responsável o homem pelo seu pensamento?” E eles respondem: “Perante Deus, é. Somente a Deus sendo possível conhecê-lo, Ele o condena ou absolve, segundo a Sua justiça”. Nossos pensamentos geram conseqüências em nós e nos outros.

Um indivíduo, ao emitir bons pensamentos, por exemplo, de alegria, esperança e ânimo, cria ao seu redor um ambiente propício para que ele receba boas vibrações e evite as ondas negativas. Já aquele que produz maus pensamentos como os de descrença e desânimo, estará propício a receber as más vibrações de outros e evitará as energias positivas e benéficas. É o que entendemos da citação seguinte, no livro Nos Domínios da Mediunidade, capítulo 13 – Pensamento e Mediunidade:

7 O perispírito é o envoltório do espírito (ou alma), de natureza semi-material, isto é, mais sutil que a matéria conhecida atualmente. É o que dá forma ao espírito e, quando encarnado, o liga ao corpo físico. 8 Segundo André Luiz em Mecanismos da Mediunidade, capítulo X – Fluxo Mental, “a alma encarnada ou desencarnada está envolvida na própria aura ou túnica de forças eletromagnéticas, (...) onde circulam as irradiações que lhe são peculiares”.

“O amor é o rosto e o corpo do Universo. É o tecido conectivo do Universo, o material de que somos feitos. O amor é a experiência de ser total e ligado à Divindade Universal”. <<Mãos de Luz>>

Page 4: VIBRAÇÃO E VIBRACIONAIS: INTRODUÇÃOaeradoespirito.net/JorRev/InformativoComCienciaA01N03.pdf · obras principais da Doutrina Espírita, que nos permitam um início de entendimento.

�������������������� � � � �

Imaginar é criar. E toda criação tem vida e movimento, ainda que ligeiros, impondo responsabilidade à consciência que a manifesta. E como a vida e o movimento se vinculam aos princípios de permuta, é indispensável analisar o que damos, a fim de ajuizar quanto àquilo que devamos receber. Quem apenas mentalize angústias e crime, miséria e perturbação, poderá refletir no espelho da própria alma outras imagens que não sejam as da desarmonia e do sofrimento?

CORRENTE DE VIBRAÇÃO Pelas informações anteriores, sobre ondas e

pensamentos, compreendemos a força e o poder de ação que o ato de pensar possui. E nos perguntamos se pessoas reunidas com pensamentos semelhantes alcançariam maiores possibilidades do que uma só. No Livro dos Médiuns, capítulo XXIX, item 331, os Espíritos explicam sobre reuniões mediúnicas dizendo que:

Uma reunião é um ser coletivo, cujas qualidades e propriedades são a resultante das de seus membros e formam como que um feixe. Ora, este feixe tanto mais força terá, quanto mais homogêneo for. (...) vinte pessoas, unindo-se com a mesma intenção, terão necessariamente mais força do que uma só; mas, a fim de que todos esses pensamentos concorram para o mesmo fim, preciso é que vibrem em uníssono; que se confundam, por assim dizer, em um só, o que não pode dar-se sem a concentração.

A explicação dos Espíritos à Kardec nos foi suficiente para concluirmos que quando duas ou mais pessoas se unem em pensamentos comuns estes possuem mais força que o pensamento de uma só pessoa. Em uma reunião mediúnica este fato é muito importante porque boa parte da “matéria-prima” utilizada nos trabalhos são pensamentos. E quanto mais forças tiverem estes pensamentos, melhores resultados serão obtidos. Por estas explicações entendemos o motivo de serem tão empregados, no meio espírita, os termos “corrente”, “cadeia”, “corrente vibratória”, “cadeia magnética”, entre outros.

No livro O Passe o autor Jacob Melo destaca informações interessantes sobre as correntes. No capítulo VII – As Técnicas, item 8 – As Correntes, Jacob traz que:

Chama-se “corrente” ao conjunto de forças magnéticas que se forma, em dado local, quando indivíduos de pensamentos e objetivos idênticos se reúnem e vibram em comum, visando a sua realização. (...) Nessa corrente, além da conjugação de forças mentais, estabelece-se o contato entre as auras, casam-se os fluídos, harmonizam-se as vibrações individuais, ligam-se entre si os elementos psíquicos e forma-se uma estrutura espiritual da qual cada componente é um elo, mas elo vivo, vibrante, operante,

integralizador do conjunto. Um pensamento ou sentimento discordante individual, afeta toda a estrutura, dissocia-a, desagrega-a e prejudica o trabalho, assim como o elo quebrado de uma corrente a torna fraca ou imprestável. (...) A formação de uma boa corrente magnética é, pois, a condição primária para a realização de todo e qualquer bom trabalho espiritual.

Um relato bastante oportuno sobre “correntes” nos foi trazido por André Luiz no livro Missionários da Luz onde, no capítulo 1, é descrito um momento de concentração dos tarefeiros encarnados:

(...) os dezoito companheiros encarnados demoravam-se em rigorosa concentração do pensamento, elevado a objetivos altos e puros. Era belo sentir-lhes a vibração particular. Cada qual emitia raios luminosos, muito diferentes entre si, na intensidade e na cor. Esses raios confundiam-se à distância aproximada de sessenta centímetros dos corpos físicos e estabeleciam uma corrente de força bastante diversa das energias de nossa esfera. Essa corrente não se limitava ao círculo movimentado. Em certo ponto, despejava elementos vitais, à maneira de fonte miraculosa, com origem nos corações e nos cérebros humanos, que aí se reuniam. As energias dos encarnados casavam-se aos fluidos vigorosos dos trabalhadores de nosso plano de ação, congregados em vasto número, formando precioso armazém de benefícios para os infelizes, extremamente apegados às sensações fisiológicas.

Pelo relato anterior percebe-se a formação da corrente de vibração entre os encarnados. Estas energias são unidas às dos desencarnados formando um círculo energético onde os recursos necessários poderão ser obtidos. Ainda é reforçado, no mesmo capítulo, que “Semelhantes forças mentais não são ilusórias, como pode parecer ao raciocínio terrestre, menos esclarecido quanto às reservas infinitas de possibilidades além da matéria mais grosseira”. Outro fato interessante é a corrente vibracional formada entre os desencarnados como pode ser observado no capítulo 17 – Doutrinação, do livro Missionários da Luz, que diz “Nos recintos de orações e trabalhos espirituais para doutrinação muitos servidores do plano espiritual mantêm-se de mãos dadas, formando extensa corrente protetora da mesa consagrada aos serviços. Trata-se da cadeia magnética necessária à eficiência da tarefa de doutrinação.”

Com estas informações podemos perceber a necessidade da boa vibração de cada participante da reunião mediúnica. Uma má vibração prejudica o trabalho mental feito pela equipe de encarnados e desencarnados. Conseqüentemente, o auxílio a ser dado aos irmãos enfermos também será prejudicado.

REFERÊNCIAS ANDRÉ LUIZ (Espírito). Evolução em Dois Mundos. Psicografado por Francisco Cândido.Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2001. 19a ed.

ANDRÉ LUIZ (Espírito). Mecanismos da Mediunidade. Psicografado por Francisco Cândido Xavier e Waldo Vieira. Rio de Janeiro: FEB, 2003. 22a ed.

ANDRÉ LUIZ (Espírito). Missionários da Luz. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2001. 36a ed.

ANDRÉ LUIZ (Espírito). Nos Domínios da Mediunidade. Psicografado por Francisco Cândido Xavier. Rio de Janeiro: FEB, 2000. 27a ed.

BORGES, XXX. Doutrina Espírita no Tempo e Espaço.

HECHT, E. Optics. Addison-Wesley Publishing Company, p-676, 1990. 2ª ed.

KARDEC, Allan. Livro dos Espíritos. Trad. J. Herculano Pires. São Paulo: LAKE, 1993. 2a ed.

KARDEC, Allan. Livro dos Médiuns. Trad. J. Herculano Pires. São Paulo: LAKE, 1998. 4a ed.

MELO, Jacob. O Passe: Seu Estudo, Suas Técnicas, Sua Prática. Rio de Janeiro: FEB, 2003. 13a ed.

OXFORD. Dictionary of Physics. Oxford: Oxford University Press, p-474, 1996. 3ª ed.

UNIÃO ESPÍRITA MINEIRA. Médium de Sustentação. Belo Horizonte, 2005.

EXPEDIENTE: Redação: Eva Helena Martins, Marcos Flávio de Oliveira, Maria de Fátima Andrade, Maria Nazaré

Silva Mayrink e Roberto Valadão. Colaboradores: Grupo Espírita de Fraternidade Albino Teixeira, Grupo Espírita Jacó e Mateus,

Luiz Cláudio Meira Belo e Cibele Konzen. Edição: Maria do Carmo C. Vilas Boas MG02797

Tiragem: 500 exemplares.