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UNIVERSIDADE FEDERAL DO PARÁPRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
DIRETORIA DE PESQUISA
PROGRAMA INSTITUCIONAL DE BOLSAS DE INICIAÇÃO CIENTÍFICA
RELATÓRIO TÉCNICO - CIENTÍFICO
Período: 09/2014 a 08/2015( ) PARCIAL( X) FINAL
IDENTIFICAÇÃO DO PROJETO
Título do Projeto de Pesquisa: Conservação de recursos zoogenéticos: produção in vitro de embriões de Pecari tajacu.
Nome da Orientadora: Hilma Lucia Tavares Dias
Titulação da Orientadora: Doutorado
Unidade: Campus Guamá, Instituto de Ciências Biológicas
Laboratório: Laboratório de Tecnologia Biomolecular
Título do Plano de Trabalho: Avaliação da qualidade microbiológica das carcaças de frango in natura comercializadas em diferentes pontos da cidade de Belém, PA.
Nome do Bolsista: Benedito Maia Neto
Tipo de Bolsa : ( ) PIBIC/CNPq( ) PIBIC/CNPq-AF( X ) PIBIC/UFPA( ) PIBIC/UFPA-AF( ) PIBIC/INTERIOR( ) PIBIC/FAPESPA( ) PARD( ) PARD – renovação( ) PADRC( ) Bolsistas PIBIC do edital CNPq 001/2007
Resumo do Projeto de Pesquisa: Atualmente, a Amazônia está no centro das discussões sobre a conservação
ambiental, assim como dos conflitos agrários, uma vez que o índice de
desenvolvimento humano (renda, educação e saúde) desta região é
considerado um dos mais baixos do Brasil (PUDN-ONU, 2012). Em parte,
esses problemas sócio-ambientais são reflexos da política de desenvolvimento
econômico adotado no passado para a região, a qual foi baseada
fundamentalmente em grandes latifúndios para a pecuária e no comércio da
madeira, e mais recentemente na exploração mineral. Entretanto, é possível
diminuir ou mesmo excluir alguns problemas enfrentados atualmente nesta
região, quer seja do ponto de vista ambiental, social ou econômico, por meio do
desenvolvimento e da difusão do conhecimento sobre processos/atividades
alternativos e rentáveis. Neste contexto, a exploração racional da rica
biodiversidade em benefício das comunidades é de fundamental importância.
As espécies autóctones, adaptadas as condições locais, são geneticamente
importantes e ideais para o manejo ou a criação. Em estudo sobre os produtos
florestais não madeireiros, a FAO (1999) afirma que o Brasil, em especial a
região Amazônica, possui uma grande quantidade destes recursos genéticos.
Entre esses há uma lista de animais da fauna nativa de interesse em
bioprospecção. Algumas espécies da fauna silvestre como o caititu (Pecari
tajacu), a capivara (Hydrochoerus hydrochaeris), a cutia (Dasyprocta sp.), a
paca (Cuniculus paca) e alguns quelônios são amplamente utilizados para o
consumo de carne e/ou ovos (Bonaudo et al., 2005; Pezzuti et al., 2004, 2010).
Em relação à biodiversidade de pouco adiantará possuí-la se não for possível
conhecê-la e utilizá-la em melhorias para a sociedade (Rumpf et al., 2000). O
uso da biotecnologia da reprodução possibilita a conservação da diversidade
biológica, sendo mais um recurso para evitar a perda das espécies (Barbosa,
2001). O caititu (Pecari tajacu) é um dos animais mais caçados na Amazônia
para alimentação humana e a sua criação em cativeiro é um instrumento legal
para a comercialização. Apesar do interesse na criação, há poucos dados
sobre a sua biologia, o que dificulta o aumento da produção desta espécie.
Diante do exposto, torna-se importante e necessário a aplicação de pesquisa
na área da reprodução animal que contribuam para o aumento na oferta
produtiva, e auxiliem o desenvolvimento sustentado da Amazônia.
Introdução
No processo de produção de aves de corte é aplicado metodologias,
para promoção de crescimento e tratamento de infecções, utilizando
antibióticos. Há problemas sérios desencadeados devido a isso, pois a
utilização deles gera, por processos evolutivos, a resistência de micro-
organismos patogênicos, o que é altamente problemático para saúde animal e
humana (Loddi et al, 2000 ). Essa correlação entre uso de antibióticos e
resistência foi evidenciada, por análise comparativa, entre amostras de carcaça
de franco orgânico, criado sem utilização de antibióticos, e convencional,
mostrando que a ocorrência de enterobactérias resistentes isolados das ultimas
é maior que o das primeiras (ROSSA et al, 2013).
Há diversos estudos mostrando a existência perda de sensibilidade.
Cardoso et al.(2002) analisando a sensibilidade de cepas de Escherichia coli
constatou que mesmo os antibióticos de ampla ação estão se tornando
ineficazes contra esse patógeno. Algo certamente prejudicial à produção de
aves de corte, quanto à saúde humana. A ocorrência de genes produtores de
resistência como, por exemplo, o blaKpc vem crescendo progressivamente em
bactérias gram-negativas, demonstrando a gravidade do atual panorama (Alvez
e Behar, 2013).
Para a avaliação microbiológica dos alimentos, o International Committe
on Microbiological Specification for Foods (ICMSF, 1978) recomenda a análise
de microrganismos patogênicos, que compreendem as bactérias de
importância em saúde pública (Freitas et al., 2001).
O processo de contaminação está relacionado à condição de higiene da
granja como a procedência do lote; condição higiênico-sanitária dos
abatedouros, contaminação cruzada ocorrida nas áreas de depenagem,
lavagem e embalagem (Tirolli e Costa, 2006). Então, pode-se deduzir que a
maior porcentagem das amostras contaminadas será daquelas obtidas de
feiras populares, onde os procedimentos de abate e embalagem são
artesanais; em comparação as de supermercados.
Os procedimentos de obtenção das amostras seguiram recomendações
estabelecidas pela Resolução RDC n° 12, de 02 de janeiro de 2001. Já a
análise foi realizada de acordo com o protocolo fornecido pelo Ministério da
Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA).
Nesse trabalho foram selecionas para estudo as bactérias
Staphylococcus spp, Coliformes fecais, Escherichia coli e Salmonella spp.
Devido ser importantes agentes indicadores de contaminação e relacionadas a
infecção alimentar.
Justificativa
Desde a introdução em 1937 dos primeiros agentes antimicrobianos
eficazes, isto é, as sulfonamidas, ocorreram o desenvolvimento de mecanismos
de resistências específicos que tornaram ineficiente o uso terapêutico delas. O
uso de antibióticos, dessa maneira, mesmo utilizado com critério, induz o
surgimento de linhagens resistentes. O Monitoramento, porém, do uso de
antibióticos e do surgimento de organismos resistentes é importante para
conter a origem e disseminação de patógenos resistentes. Há, pois, uma forte
correlação entre a frequência de utilização dessas substâncias e o surgimento
de cepas que resiste a elas (Davies e Davies, 2010).
A atualização dos dados sobre resistência microbiana é de importância
clinica e necessária para manter os profissionais da saúde informados, melhor
direcionando o diagnóstico e tratamento de possíveis vítimas.
Há também a possibilidade de se aplicar o conhecimento a fim de
executar medidas preventivas como, por exemplo, a regulação do uso de
promotores de crescimento para aves, assim como o uso pela medicina animal
e humana. Há evidências de que o tratamento indiscriminado de animais, com
antibióticos, tornem seus produtos e derivados, fonte para resistência aos
antibióticos na espécie humana (MOTA et al. 2005).
Uma vez que se originam genes provedores de resistência, pode ocorrer
uma cascata de transferência dessa adaptação, devido ao grande potencial
para mobilidade de informação genética entre as bactérias, podendo gerar
graves problemas a saúde humana. Isso é favorecido por concentrações
subterapêuticas de antimicrobiano, as quais atuam como fator seletivo de
cepas menos sensíveis, que podem transferir os genes por conjugação ou
transdução (JAWETZ, et al., 2001).
A alimentação é uma das principais conexões entre os patógenos que
afetam humanos e animais. Técnicas higiênico-sanitárias são importantes
barreiras profiláticas, não somente a infecção, como também a disseminação
de enterobactérias resistentes.
Diante do conhecimento da patogenicidade das bactérias
Staphylococcus aureus, Coliformes fecais, E. coli e Salmonella spp para o
homem e outros animais e de sua resistência a determinadas drogas
antimicrobianas, este projeto tem como objetivo avaliar a qualidade
microbiológica da carne de frango e testar a sensibilidade e resistência das
diferentes amostras.
Objetivos
Objetivo Geral
Determinar a qualidade microbiológica da carne de frango comercializada
na região metropolitana de Belém-PA
Objetivos Específicos
Identificar e quantificar Coliformes a 35 °C, Coliformes a 45 °C, E. coli,
Staphylococcus ssp. e Salmonella spp.;
.
Determinar o perfil de sensibilidade e resistência de bactérias isoladas
das carcaças de frango;
Verificar a adequação microbiológica destas amostras a legislação
vigente.
Materiais e Métodos
Foram obtidas 15 amostras para o estudo, em feiras livres e
supermercados da cidade de Belém, realizando-se três coletas alternadas em
cada estabelecimento. Foram selecionados cortes de franco como coxa,
sobrecoxa, asa e peito, devidamente armazenados em cubas isotérmicas,
cobertas com gelo reutilizável e transportados ao laboratório para o
processamento. Todas as condições de assepsia foram atendidas, seguindo
procedimentos estabelecidos na Resolução RDC ANVISA n° 12, de 2 de
janeiro de 2011 (BRASIL, 2001).
Pesquisa de Staphylococcus aureus
Para isolamento de Staphylococcus aureus foram seccionados partes
superficiais da amostra até a massa de 25 g e homogeneizado em solução
peptonada 0,1%. Dessa mistura realizaram-se as diluições seriadas até 10 -3,
fazendo uso da proporção de 1 mL da diluição anterior para 9 mL de solução
peptonada 0,1%.
Foram transferidas alíquotas de 0,1 mL de cada diluição para placas
correspondentes, em duplicata, e distribuídas uniformemente com uma alça de
Drigaslski estéril. O meio utilizado nessas placas foi o Baird Parker (BP) com
5% de solução de gema de ovo com telurito. Ele é um meio seletivo e
diferencia que possibilita a identificação de atividade proteolítica e lipolítica do
Staphylococcus aureus, através do surgimento de um halo de transparência e
outro de precipitação em torno da colônia; além disso, Staphylococcus
coagulase positivos tem a capacidade de reduzir o telurito, formando colônias
negras.
As placas foram incubadas a 37 °C por 48 horas e as colônias típicas
(presença dos dois halos e colônias negras) e atípicas(ausência ou presença
de apenas um halo, com colônias negras ou cinza) foram contadas para
obtenção da unidade formadora de colônias(UFC). Placas que apresentaram
menos que 20 e mais que 200 colônias foram ignoradas na contagem. A
fórmula utilizada para contagem segue abaixo:
R = a x 10b UFC/g ou mL
R = resultado
a = os dois primeiros algarismos significativos, números de 0 a 9
b = expoente em módulo da diluição usada (0 a 10)
UFC = unidade formadora de colônias
g = grama e mL= mililitro
Após a seleção química e tintorial, foram realizados os testes da catalase,
da coagulase e a coloração de Gram. A primeira tem como base a identificação
da presença da enzima catalase, a qual decompõe peróxido de hidrogênio,
produzindo gás oxigênio, visível pela formação de bolhas. A prova é executada
adicionando uma colônia da bactéria a ser testada e adicionando peróxido de
hidrogênio a 3% e observando a reação.
A coagulase permite a distinção de Staphylococcus patogênicos e não
patogênicos, sendo ótimo indicador de S. aureus. A capacidade de coagular o
plasma de coelho utilizado no teste demonstra resultado positivo para presença
da enzima. O método utilizado foi a prova em lâmina na qual é adicionado, em
uma lâmina, duas gotas de solução salina a 0,85%, uma colônia do
microrganismo e uma gota do plasma de coelho, respectivamente.
A coloração de Gram permite a distinção morfológica e tintorial dos
microrganismos. Sendo os Staphylococcus Gram-positivos e possuindo formas
circulares (cocos). O processo diferencial se deve a diferença constitucional da
parede celular das bactérias, com as positivas retendo o corante cristal violeta
durante o tratamento com etanol.
O fluxograma a segui ilustra a sequência utilizada para identificação de S.
aureus
Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2010.
Pesquisa de Coliformes e Escherichia coli.
A partir dos cortes de frango foi obtido massa de 25 gramas,
adicionada a 225 mL de solução peptonada 0,1% e homogeneizada. Dessa
solução realizaram-se diluições seriadas utilizando-se a proporção de 1 mL da
diluição anterior para 9 mL de solução peptonada 0,1%, formando a diluição
subsequente. Esse processo se repetiu até obter-se a diluição de 10-4.
Para obtenção do número mais provável de Coliformes Totais e
Termotolerantes foram realizadas duas provas em meios seletivos. Na
primeira, foi realizada incubação das diluições, em séries de três tubos de
ensaio contendo caldo lauril sulfato de sódio, o qual apresenta um agente
surfactante aniônico que atua na membrana citoplasmática de microrganismos
Gram positivos, inibindo o seu crescimento. O meio foi mantido incubado na
estufa a 35 °C até 48 horas e verificando-se em seguida a formação de gás em
tubos de Durham invertidos previamente adicionados.
Na segunda etapa os tubos com turvação e formação de gás,
características positivas para Coliformes totais, foram repicados para tubos
correspondentes contendo caldo verde brilhante bile lactose 2%, com tubo de
Durhan invertidos, e incubados em estufa a 37 °C por 24 horas, para
confirmação de Coliformes Totais. Esse meio apresenta em sua composição
bile bovina e um corante derivado do trifenilmetano, responsáveis pela inibição
dos microrganismos Gram positivos.
O mesmo procedimento foi executado para confirmação de Coliformes
termotolerantes, utilizando como meio seletivo o caldo EC, o qual apresenta em
sua composição uma mistura de fosfatos que lhe confere poder tamponante,
impedindo a sua acidificação, e sais biliares, responsáveis pela inibição dos
microrganismos Gram positivos. A temperatura de incubação de 45 °C é um
dos principais fatores de diferenciação, pois favorece a proliferação de
Coliformes termotolerantes, em detrimento dos demais. Os positivos foram
identificados pela presença de turvação e formação de gás, contido dentro do
tubo de Durhan.
Com os resultados foi realizada a quantificação do NMP (Número Mais
Provável) utilizando a tabela fornecida pela Bacteriological Analytical Manual
Online, 2001 para inóculo de 1,0, 0,1 e 0,01 mL e intervalo de confiança de
95%.
Os microrganismos que cresceram no caldo EC foram semeados em
EMB (Ágar eosina-azul-de-metileno) para isolamento e identificação de E. coli.
Os corantes de anilina (eosina e azul-de-metileno) desse meio atuam como
inibidores do crescimento de gram-positivas e algumas gram-negativas e
apresenta reação com precipitação de corante sobre bactérias produtoras de
ácidos fortes, que passam a apresentar coloração negro-esverdeadas com
brilho metálico. A bactéria E. coli sendo intensa fermentadora de lactose,
acidifica o meio apresentando a cor diferencial citada. Os resultados
bioquímicos esperados estão apresentados na tabela número 1.
Pesquisa de Salmonella spp.
Foram extraídos, e pesados, 25 gramas das amostras e adicionas em
225 mL de solução peptonada 1% tamponada, para cada amostra. Deixadas
uma hora em temperatura ambiente e posteriormente incubadas a 36 °C
durante período de 16 horas.
Seguiu-se com o enriquecimento seletivo. Pipetaram-se alíquotas de 0,1
mL das amostras pré-enriquecidas para tubos contendo 10 mL de caldo
Rappaport Vassiliadis, com incubação de dois tubos a 41 °C em banho-maria,
por 24 horas. Em outro tubo, pipetaram-se alíquotas de 1 mL das amostras
pré-enriquecidas em tubos contendo 10 mL de caldo selenito cistina e
incubadas juntamente com o Rappaport. Esses caldos possuem substâncias
inibitórias que caracterizam a seletividade do meio, como verde malaquita e
cloreto de magnésio, no primeiro caldo e, selenito de sódio o qual atua no caldo
selenito cistina inibindo o crescimento de coliformes e enterococos. A
temperatura também atua na seleção.
A partir dos caldos seletivos de enriquecimento, repicou-se sobre a
superfície previamente seca das placas, com cada meio sólido seletivo,
estriando de forma a se obter colônias isoladas. Dessa forma foram obtidas
duas placas de Ágar Verde Brilhante Vermelho de Fenol Lactose Sacarose
(BPLS), uma originária do caldo Rappaport Vassiliadis e outra do caldo selenito
cistina e duas placas do Agar Xilose Lisina Desoxicolato (Agar XLD), obtidas do
mesmo modo. Incubaram-se todas as placas, invertidas, em estufa a 36 °C por
24 horas. No BPLS há a presença de novobiocina a qual inibe o crescimento
de Proteus spp.a bile bovina e o corante verde brilhante inibem microrganismos
Gram-positivos. Já o XLD é um meio seletivo e diferencial, sua seletividade se
deve a presença principalmente de desoxicolato de sódio e diferenciação por
um sistema de indicador de H2S, o qual permite a visualização do sulfeto de
hidrogênio produzido.
As colônias positivas apresentam-se incolores ou de cor rosada, entre
translúcidas a ligeiramente opacas no BPLS. No XLD elas aparecem vermelho-
amareladas com centros pretos. A confirmação foi realizada pelos testes
bioquímicos listados na tabela 1.
Tabela 1- Perfil Bioquímico e de Motilidade
TESTE BÍOQUIMICO RESULTADO
Salmonela Escherichia coli
Presença de gás sulfídrico (H2S) Positivo Negativo
Presença de gás V Positivo
D-glicose Positivo Positivo
D-sacarose Negativo Positivo ou negativo
D-lactose Negativo Positivo
VM Positivo Positivo
VP Negativo Negativo
Indol (IDL) Negativo Positivo
L-triptofano(fenilalanina desamilase) Negativo Negativo
L-lisina (LDC) Positivo Positiva ou Negativa
Motilidade Positivo Positiva ou Negativa
Citrato Positivo Negativo
Urease Negativa
Fonte: Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), 2010.
Antibiograma
As bactérias isoladas e identificadas como Staphylococcus aureus,
Salmonela spp. e E. coli foram utilizadas na realização do antibiograma, para
analisar o perfil de resistência.
O meio aplicado foi o Agar Mueller Hinton que é o recomendado pelos
padrões estabelecidos pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária, norma
M2-A8, Vol 23, N° 1 de janeiro de 2003 (ANVISA, 2003). Utilizado no
procedimento de difusão de disco para obtenção de resultados de sensibilidade
dos microrganismos aos agentes antimicrobianos.
Esse meio permite a difusão através de Agar em gel dos agentes
antimicrobianos impregnados em discos de papel. A concentração de cada
substância testada é padronizada com a finalidade de se obter uma correlação
adequada entre o diâmetro do halo de inibição formado, em meio com bactéria
sensível, com a concentração mínima inibitória. A quantidade de bactérias
utilizadas como inoculo é padronizada também, e a determinação da
sensibilidade, resistência intermediária ou resistência é executada através da
comparação das dimensões das zonas de inibição formadas com as tabelas 2A
a 2D no documento M100(M2) do CLSI. OS antibióticos testados para cada
bactéria estão listados na tabela 2.
Tabela 2. Antimicrobianos aplicados no teste
Microrganismo / AntimicrobianoStaphycoccus Salmonela spp Escherichia coli
Bacitracina Acido Nalidixico(30 µg)
Acido Nalidixico (30 µg)
Cloranfenicol(30 µg )
Nitrofunantoína(300 µg)
Nitrofunantoína(300 µg)
Cefalexina(30 µg )
Cloranfenicol(30 µg )
Cloranfenicol (30 µg)
Vancomicina(30 µg )
Amoxilina (10 µg )
Amoxilina(10 µg )
Penicilina (10 UI)
Estreptomicina (10 µg )
Estreptomicina (10 µg )
Tobramicina (10 µg )
Eritromicina (15 µg )
Eritromicina (15 µg )
Oxacilina(1 µg )
Sulfonamidas(300 µg )
Sulfonamidas (300 µg )
Amoxilina(10 µg )
Tetraciclina(30 µg )
Tetraciclina (30 µg )
Norfloxacin NorfloxacinNovobiocina Novobiocina
Acido nalidixico(30 µg )
Acido nalidíxico(30 µg )
Tetraciclina (30 µg )
Tetraciclina (30 µg)
Azitromicina (15 µg)
Azitromicina (15 µg )
Sulfonamidas (300 µg )
Sulfonamidas(300 µg )
Resultados e Discussão
Das 15 amostras coletadas seis foram positivas para Staphylococcus
spp. (40%) e quatro para Staphylococcus aureus (26,67%). Cinco delas
apresentaram presença de Salmonella spp. (33,3%) e de nove foi possível
isolar cepas de Escherichia coli (60%). O resultado das contagem de colônias
de Staphylococcus em unidade formadora de colônia (UFC), o número mais
provável (NMP) de Coliformes totais e termotolerantes, assim como os
resultados para Salmonella spp. encontram-se dispostos na tabela 3.
Nesse trabalho 33,3% das amostras poderiam ocasionar solmonelose,
caso ingerido. Estudo realizado por Torolli e Costa (2006) avaliou a presença
de Salmonella spp. em carcaça de frango, na cidade de Manaus-AM e,
obtiveram 50% de presença do microrganismo. Pires et al (2009) analizando 24
amostra de frango encontrou 0% de bactérias do gênero Salmonella. Esses
resultados discrepantes provavelmente estão relacionados à manipulação do
alimento; condições higiênicas sanitária dos abatedouros, contaminação
cruzada nas áreas de depenagem, lavagem, resfriamento e embalagem. Além
de contaminação ocorrida durante a manipulação do comerciante e transporte
(Corry et al 2002; Mikolajczyk e Radkowski, 2002).
Tabela 3- Resultados encontrados para presença de microrganismos indicadores em cortes de carcaça de frango, na região metropolitana de Belém-PA.Amostra Coliformes
totais ( NMP/g)
Coliformes termotolerantes
(NMP/g)
Staphylococcus
(UFC/g)
Salmonella spp.
*S1 46 46 <20 Presente
*S2 240 46 8,4 x 10 2 Ausente
*S3 460 0 4,3 x 10 3 Presente
**S4 3 3 <20 Presente
**S5 46 4,3 2,5 x10 3 Ausente
**S6 2,3 0 5,9 X 10 2 Ausente
***F1 >1100 >1100 1,21 x 104 Ausente
***F2 1100 240 9,6 x 10 2 Ausente
***F3 >1100 >1100 1,12 x 10 4 Ausente
*F4 >1100 >1100 <20 Presente
*F5 3 <3 <20 Ausente
*F6 110 110 9 x102 Ausente
*F7 9,3 9,3 <20 Presente
*F8 240 <3 1,86 x103 Ausente
*F9 >1100 24 3 x102 Ausente
*Resfriado, **congelado, ***in natura. S = supermercado, F= feira livre.
Há Coliformes totais em todos os cortes de frango analisados, sendo
impróprio para consumo 9/15 (60%) das amostras por estarem fora do padrão
(100 NMP/g). Resultado diferente foi encontrado por Delú et al (2006) ao
avaliar as condições higiênico-sanitárias de trinta amostras de cortes de frango
resfriados, comercializados em Minas Gerais, onde 100% das amostras
apresentavam-se contaminadas por coliformes totais e fecais, contudo, de
acordo com o limite estabelecido pela legislação todas estavam próprias ao
consumo. A identificação E. coli em 60%(9/15) do material indica contaminação
de origem fecal, podendo conter a presença do enteropatógeno. Leite e Franco
(2006), trabalhando com trinta amostras de carcaça de frango, observou que
80% delas atendiam ao padrão de qualidade preconizado pela legislação
vigente e 20% apresentavam contagem superior ao permitido, sendo a maior
parte proveniente de estabelecimentos sem inspeção.
Staphylococcus estava ausente em 33,3 % (5/15) das amostras e acima
do preconizado pela legislação (104 UFC) em 13,3% (2/15), sendo as ultimas
resultado de amostras in natura, de estabelecimento não inspecionado e
regularizado. Freitas et al (2001) avaliando 15 carcaças de frangos
constataram a influência da temperatura na qualidade microbiológica, sendo a
variação de contagem 103 a 104 originária de carcaças mantidas a temperatura
ambiente.
Percebe-se pelos resultados (tabela 3) que as amostragens de feiras
populares são mais susceptíveis a contaminação, comparadas as de
supermercado. Sendo que das 9 amostras acima do padrão para Coliformes,
por exemplo, 7/9 (77,8%) foram de feiras e 2/9 (22,2%) de supermercados.
Algo relacionado a manipulação inadequada do alimento, temperatura de
resfriamento e exposição ao ambiente.
Para avaliar o perfil de sensibilidade e resistência antimicrobiana foram
selecionadas quatro cepas de Staphylococcus aureus, cinco de Salmonella spp
e nove de E. coli. Os valores encontrados estão disponíveis nas tabelas 4 e 5,
respectivamente.
Pode-se observar na tabela 4 que das cepas de Staphylococcus 0%
cloranfenicol, 75% bacitracina, 100% ácido nalidixico, 50% Sulfonamida e
25% de penicilina apresentaram resistência. Freitas et al (2001) trabalhando
com resistência de cepas isoladas de carcaça de frango observou que 30/33
(91,0%) das cepas apresentaram sensibilidade ao cloranfenicol, 17/33 ( 51,5%)
a bacitracina, 14/33 (42,4%) a penicilina e 14/33 (42,4%).
A porcentagem de Salmonella spp. resistente variou de 20% (1/5) a
100% (5/5), os antimicrobianos com menor efeito inibitório foram
nitrofunantoína, cloranfenicol, estreptomicina com 20% cada. Os
antimicrobianos mais eficazes foram eritromicina, acido nalidixico e
sulfonamidas, com respectivamente 100%, 60%, 60% de cepas resistentes.
Ribeiro et al (2006) pesquisando a resistência de 22 bactérias isoladas de
carcaça de frango congelada, no estado do Rio Grande do Sul, obteve
resultado divergente para tetraciclina, com 100% das cepas resistentes. O
mesmo autor observou 4,54% de resistência a cloranfenicol, 18,8% a
nitrofurantoína, 86,36 % a ácido nalidíxico e 100% a sulfozotrim.
Tabela 4- Perfil de resistência para cepas de Staphylococcus aureus
Antimicrobian
o
Staphyloccocus aureus resistentes (%)
Bacitracina 75%
Cloranfenicol 0%
Cefalexina 0%
Vancomicina 50%
Penicilina 25%
Tobramicina 0%
Oxacilina 75%
Amoxilina 25%
Norfloxacin 25%
Novobiocina 75%
Acido Nalidixico 100%
Tetraciclina 0%
Azitromicina 50%
Sulfonamidas 50%
Tabela 5- Perfil de resistência de cepas de Salmonella spp. e E.coli
Antimicrobiano Salmonella spp. resistente (%) E.coli resistente (%)
Acido Nalidixico 60% 55,5%
Nitrofunantoína 20% 0%
Cloranfenicol 20% 22,2%
Amoxilina 40% 55,6%
Estreptomicina 20% 33,3%
Eritromicina 100% 100%
Sulfonamidas 60% 11,1%
Tetraciclina 40% 55,6%
Conclusão
Este estudo averiguou e constatou a ocorrência de Salmonella spp., E.
coli e Sthahylococcus aureus em cortes de frango, comercializados na região
metropolitana de Belém-PA. Assim como foram quantificados o número mais
provável e unidade formadora de colônia de coliformes totais e Staphyloccocus
spp, respectivamente, e presença/ausência de Salmonella spp. para averiguar
a adequação a legislação.
Como observado, é necessário um maior controle da qualidade
microbiológica, principalmente nas zonas populares e não regularizadas de
comercialização. Seria recomendada a realização de trabalho de
conscientização a esses vendedores, com relação aos fatores interferentes na
qualidade do produto, a exemplo, técnicas adequadas de refrigeração,
cuidados com a higiene pessoal e manipulação das carcaças de frango.
O teste de resistência não apontou o desenvolvimento de resistência
contra agentes antimicrobianos, fora aqueles já descritos na literatura. As não
congruências de dados coletados, com os comparados de outros trabalhos
deve-se a fatores diversos, como a temperatura na qual as amostras estavam
acondicionadas, o número de amostras, as mais diversas vias de
contaminação por manipulação e locais selecionados.
Referencias Bibliográficas
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