Vila Lothammer - 01
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Vila Lothammer
PIRATABA, município de TORRES – RS.
Elio E. Müller 1
Minha primeira estada em Vila Lothammer foi de 5 dias,
do meio-dia de 20 até a manhã de 24 de dezembro de 1969.
FOLHETO POPULAR – VL 1
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® de Elio Eugenio Müller, 1974
Revisão em 1999.
Reservados todos os direitos ao autor.
EUO EUGENIO MÜLLER
Rua Guilherme Pugsley 2512, Ap 1003
80600-310 - Curitiba - PR
Fone: (041) 99511741
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As minhas primeiras impressões
de Vila Lothammer.
Cheguei na Vila Lothammer próximo ao meio dia do dia 20 de dezembro
de 1969.
A viagem de ônibus pela Empresa Mampituba havia sido bastante
desconfortável, além do calor e superlotação, agravado pelo sacolejar do
ônibus que tinha que transitar por uma estrada bastante precária, em particular
desde a Vilão São João até Pirataba.
Felizmente eu podia contar com uma pessoa da Comunidade que fora
me aguardar na Rodoviária em Torres. Tratava-se da senhora Dora Herr,
esposa de Waldemar Herr, presidente da Comunidade. De alguma forma o
pastor Fischer conseguira enviar recado para esta família solicitando que me
fosse concedido este apoio, aliás um tanto desnecessário pois eu certamente
teria conseguido me localizar em Torres para encontrar o ônibus certo, para a
viagem até a Vila Lothammer.
Sra. Dora Herr, a primeira pessoa de Vila Lothammer,
que eu conheci na Estação Rodoviária de Torres RS..
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Para mim tudo era novidade e marcado por inesperadas descobertas, no
contato com a vida de pessoas até então desconhecidas, nesta minha primeira
missão pastoral e missionária na Paróquia que me estava sendo confiada.
Eu estava cumprindo uma tarefa concedida pelo pastor Ernesto Fischer
que dentro de poucos dias desejava me entregar a função de pároco da vasta
Comunidade Evangélica de Três Forquilhas, sediada em Itati, no então
município de Osório – RS.
Na primeira reunião de trabalho em 19 de dezembro à noite, o pastor
Fischer explicara: - Esta é a minha primeira e última ordem direta que te darei
para cumprires uma missão. Marquei para você uma missão em Vila
Lothammer de 20 até 24 de dezembro, concluído com um culto para eles, na
manhã do dia 24, às 09 horas. Terminado o culto, eles te levarão até Vila São
João onde terás que pegar um ônibus até Morro Alto e ali deverás baldear para
seguir até Capão da Canoa onde terás outro culto natalino, às 20 horas. Em
Capão da Canoa deverás ir até a residência de Hans Birlem, presidente da
Comunidade que te conduzirá ate o templo e, depois, te hospedará naquela
noite. Já com relação ao ano de 1970, quando tiveres sido investido como o
novo pároco de Três Forquilhas, terás que organizar sozinho o teu quadro de
atividades, de acordo com o meu antigo plano em execução e que eu te
entregarei com todos os meus apontamentos, em especial, sobre a pessoa de
apoio em cada lugar. Estarão indicados os locais de culto, locais de ensino
confirmatório, escolas onde ministrar ensino religioso e reuniões da OASE.
Você terá que assumir todas estas tarefas normais de atendimento, além de
visitas que desejares estabelecer. Peço que faças muitas visitas...
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AS MINHAS ATIVIDADES INICIAIS,
NO FINAL DE DEZEMBRO DE 1969.
O meu primeiro quadro de trabalho ficou estabelecido conforme segue:
Plano de atividades de dezembro de 1969.
Algumas atividades foram depois alteradas, como por exemplo,
o culto natalino de Vila Lothammer, foi antecipado
para a noite de 23 de dezembro.
Portanto, o meu primeiro deslocamento foi no rumo da cidade de Torres
no dia 20 de dezembro de 1969. A tarefa era de preparar intensivamente um
grupo de confirmandos de Vila Lothammer, das família Herr, Lothammer,
Wagner, Bauer, Dahmer e Ebsen, que o pastor Fischer ainda desejava
confirmar nas próximas semanas.
O pastor Fischer recomendou: - Solicito que, em três dias intensivos,
ensines aos jovens os 10 mandamentos, o Credo Apostólico, o Pai Nosso e
alguns Salmos que indicarei. Desejo que eles decorem tudo isto, conforme o
catecismo Menor de Martinho Lutero, cada mandamento com explicação e as
três partes do Credo, também com explicação.
Chegando em Vila Lothammer, o grupo de jovens já me aguardava
numa salinha de uma escola municipal que funcionava nas proximidades do
templo. Assim, já no dia 20 eles tiveram cinco horas de ensino confirmatório,
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com pequenas pausas para brincadeiras e descanso. Enquanto eu ministrava o
ensino fiquei refletindo e cheguei a conclusão que não poderia aplicar
integralmente este método de ensino proposto pelo pastor Fischer. O problema
maior é que alguns poucos jovens tinham facilidade para decorar textos e
alguns apresentavam extrema dificuldade, acrescido com uma alfabetização
deficiente. Decidi, por minha decisão, alterar o plano estabelecido pelo pastor
Fischer e transformei as aulas em diálogo e conversa sobre a vida deles e no
enfoque dos mandamentos, dentro da nova metodologia que eu aprendera
durante o Curso de Catequese, em Ivoti – RS.
Feliz, notei que os jovens reagiram positivamente ao novo método. Ao
anoitecer quando deles me despedi, recomendei que, quando chegassem em
casa, começassem a decorar apenas os mandamentos, sem pressão alguma
do “Exame” que o pastor Fischer desejava fazer com eles, no dia da
Confirmação.
Tomei como compromisso pessoal de falar com o colega Fischer e
convencê-lo a não mais realizar um tal de “Exame”. Conforme eu soube
posteriormente o pastor realmente abrandou o “Exame” e o transformou em
simples leituras de explicações que Lutero fez sobre cada um dos 10
mandamentos
Hospedado na casa de Frederico Lothammer.
Terminada a maratona daquele dia, das aulas intensivas de doutrinação
fui conduzido até a residência de Frederico Lothammer onde, a princípio, eu
ficaria hospedado na primeira noite, num rodízio de residências das famílias da
comunidade E, quanto às refeições, sempre haveriam de ser na casa vizinha,
de Lothar e Idelga Lothammer.
Tomei um banho rápido e almejava descansar em algum local tranquilo
para refletir sobre as atividades desse dia.
No entanto, os filhos de Frederico, Libório, Walter, Alfredo, vieram me
intimando, dizendo: - “Pastor, estamos com o nosso carro pronto para irmos até
a Vila São João. Vamos tomar < umas >, num barzinho que nós apreciamos
muito”.
Nada respondi pois notei que os jovens não aceitariam um < não >.
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No barzinho eles logo pediram duas cervejas. Solicitei que para mim
eles pedissem um refrigerante. Eles me olharam espantados e reclamaram: -
“Não vais tomar uma cerveja conosco?”.
Sorrindo, respondi: - “Amigos, estou de serviço e eu não costumo beber
em serviço”.
Eles acharam graça mas reclamaram alegando que o serviço do dia já
acabara e que chegara a hora de se divertir um pouco e descansar.
Para contemporizar, prometi que, no dia em que houvesse uma festa da
comunidade, depois de realizado o culto, eu aceitaria tomar dois copos de
cerveja com eles, durante o almoço, de preferência com um bom churrasco.
O mais velho, o Libório me apertou a mão e falou: - “Então está
combinado, no dia de nossa festa você fará um brinde conosco, na hora do
almoço e tomará a sua cerveja”.
Eles passaram a imitar os beatles e, Libório, jogando o cabelo comprido
para trás, cantarolava: - Ye ye ye, YES. Sie liebt dich, ye, ye, ye,
Sie liebt dich, ye ye ye...”.
Perguntei ao Libório onde ele aprendera essa musiquinha certamente
baseada nos Beatles e ele, com orgulho, explicou: - “Passei um ano na
Alemanha, para realizar um estágio agrícola”. E depois completou: - “Agora em
1970, o meu irmão Walter também irá e, depois, esperamos que também o
Alfredo possa fazer o mesmo”.
Os jovens Lothammer eram arteiros...
Chegamos de retorno â casa de Frederico Lothammer por volta das 23
horas. Eu já estava bastante cansado pois o dia havia sido repleto de desafios
e exigências, em espacial, para conhecer os jovens confirmandos e para
estabelecer um método de ensino que fosse o mais prazeiroso possível para
eles.
Chegando à casa da família hospedeira, eles me mostraram o local onde
eu haveria de dormir naquela noite. Era no sofá da sala, preparado com roupa
de cama e um grande travesseiro de penas.
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Família de FREDERICO LOTHAMMER, da esquerda a Ingred, o Arthur, o Walter.
No centro o casal Lothammer, depois ainda o Libório e o Alfredo.
Acervo fotográfico de Ingred Luiza Eberhardt.
Notei que todos, até a confirmanda Ingred e o pequeno Arthur, também
se mostravam muito ansiosos para que eu fosse dormir logo. Imaginei que
alguma coisa eles poderiam ter aprontado para mim.
Bocejando, eu disse: - “Boa noite que eu vou cair no sofá e dormir...”
Apaguei a vela e notei as passadas de todos, se dirigindo para seus
dormitórios.
No escuro fui apalpando o sofá e notei que os pés do mesmo, num lado
estavam soltos.
Eu sabia perfeitamente que em algum momento eu teria que fazer esse
sofá tombar e até teria que ajudar a fazer uma boa duma barulheira, para fazer
a diversão deles. Mas eu queria ganhar tempo com o objetivo de deixá-los
ainda mais ansiosos e para que a expectativa fosse aumentando, para que os
arteiros pudessem se deliciar com a ação planejada.
Com muito cuidado me deitei, para ver se conseguiria equilibrar o sofá,
sobre os pés restantes.
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Porém não tive sucesso e estrondosamente rolei com sofá e cobertas
parando num canto, contra a parede. O barulho foi estrondoso, ampliado pelo
silêncio da noite.
Luis Libório Lothammer
O primeiro a chegar foi o Libório com uma lamparina e logo outros rostos
risonhos começaram a assomar pelo corredor, chegando à sala e me
rodeando.
O senhor Frederico como se mostrasse preocupação, falou: - “Dói em
algum lugar, machucou-se?”.
Comecei a me divertir com a liberdade e o espírito arteiro desses jovens
e sorrindo expliquei: - “Sinto uma dor muito forte nas costelas como se tivesse
levado um coice de um cavalo selvagem...”.
Essas minhas palavras foram a “deixa” para que o Libório, com ar de
preocupação, se dirigisse ao pai, dizendo: - “Veja só o que o pastor fez. Ele
quebrou o nosso lindo sofá novo...”
O senhor Frederico fazendo ar de seriedade confirmou: - “É verdade, o
pastor nos deu prejuízo e vamos ter que cobrar isso do Sínodo Riograndense.
Eles terão que nos indenizar com a compra de um sofá novo...”.
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Fiz um sinal de concordância e orientei: - “Mandem a conta para o pastor
Fischer, em Itati pois apenas ele é responsável pelo fato de eu me encontrar
aqui em vossa residência...”.
Frederico discordou: - “O Fischer não te enviou para ser nosso novo
pastor. Isso foi coisa lá de São Leopoldo e, no mínimo, o pastor Kunert tem o
dedo dele metido nisso. Nós iremos cobrar a conta, é dele...”. Depois, olhando
para o relógio ordenou: - “Agora todos para a cama e muito silêncio pois o
nosso pastor terá outro dia de muito trabalho com estes nossos
confirmandos...”.
Continuando com a doutrinação...
No dia seguinte, bem cedo, lá estavam os confirmandos, de volta à sala.
Continuei com o conteúdo indicado pelo pastor Fischer, mas sempre aplicando
tudo a situações reais dos jovens,
Neste dia fizemos intervalos maiores para mais brincadeiras e
momentos estratégicos para descanso, pois os jovens mostravam momentos
com déficit de concentração e atenção.
Ao entardecer desse dia apareceu a senhora Idelga Herr Lothammer
solicitando que eu passasse a dormir na casa deles, no sentido de estabelecer
um rodízio com os membros da Comunidade.
Fiquei muito feliz pois quando falei que eu estava bastante cansado a
senhora Idelga falou: - “Tome então o seu banho e até lá a janta estará na
mesa”.
Quando fui até o banheiro e tirei minhas sandálias, notei um comichão
estranho num dedo do pé. Após o banho sentei na soleira da porta da cozinha
para melhor olhar o dedo pé, que me incomodava.
O Sr. Lothar Lothammer, dono da casa, veio curioso e quis saber: -
Algum machucado?”
Expliquei o que eu sentia.
Lothar pegou uma lamparina e a acendeu e então passou a examinar o
dedo do meu pé.
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Com ar de autoridade como se fosse algum médico ele disse: - “É
apenas um espinho de bananeira!”.
- “Bananeira não dá espinhos”, eu reclamei.
Ele não disse mais nada, foi até uma gaveta da cozinha de onde trouxe
um canivetinho bem afiado. Passou a lâmina sob a chama da lamparina,
sentou num tamborete e pegando meu pé, passou a cortar naquele dedo, o
entorno, onde eu sentia o incômodo. Devagar porém com grande eficiência,
depois de alguns minutos ele extraiu uma pequena bolota, que havia se
tornado morada de um bicho de pé.
Nunca esquecerei este episódio pois, se eu for dizer que eu nunca tivera
um bicho de pé em minha vida, irão dizer que estou mentindo. Mas a verdade é
esta. Eu tive o meu primeiro bicho de pé logo ali em Vila Lothammer, em minha
primeira atividade pastoral.
Recusando um mata bicho.
Na manhã do dia seguinte acordei cedo e passando pela cozinha vi que
ali já se encontrava o senhor Lothar Lothammer colocando amendoim para
torrar sobre a chapa do fogão e bebericando um cafezinho.
Lothar perguntou: - “Aceita um mata bicho, pastor?”.
Olhei espantado e recusei, enquanto abria a porta para ir até o banheiro,
para lavar o rosto e escovar os dentes. De volta à cozinha sentei perto do
fogão, olhando com curiosidade para o que o dono da casa fazia.
Pensei: < Se ele me oferecesse um cafezinho e amendoim torrado eu
até aceitaria >. Mas eu não disse nada e fiquei apenas olhando com
curiosidade.
Novamente o dono da casa perguntou: - “Aceita um mata bicho,
pastor?”.
Sorri meio desajeitado e voltei a recusar e falei: - “Se me oferecesse um
cafezinho, eu até aceitaria!”.
Lothar deu uma gargalhada e explicou: - “Pastor, aqui na fronteira com o
Estado de Santa Catarina, o mata bicho é um cafezinho, apenas com o
acréscimo de algumas gotas de rum só, isso para garantir que todas as
lombrigas morram!”.
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Notei que estas famílias de Vila Lothammer eram muito divertidas, eram
hospitaleiros e gostavam de acolher o pastor em suas casas. Eles disputavam
a hospedagem e para evitar reclamações, estabeleciam um rodízio, de casas.
O senhor Lothar Lothammer, naquela manhã contou-me, em rápidos
traços, um pouco sobre a história da chegada das primeiras famílias
evangélicas à região de Pirataba, no município de Torres. Ele enfatizou que
para o ano de 1974, era sonho deles, fazer uma festa especial para a
comemoração os 60 anos, da vinda das primeiras famílias para essa região.
Um encontro de confraternização.
Naquela noite de 22 de dezembro, foi realizado um encontro comunitário
visando realizar um ensaio geral para o culto natalino e aproveitar para para
fazer uma confraternização das famílias de Vila Lothammer.
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Foi chegando gente das mais diferentes localidades e acredito que
estabeleceu-se um momento que foi fundamental para o meu entrosamento
com estas famílias.
Todos queriam me conhecer, escutar minha voz e saber detalhes sobre
a minha procedência. Os mais idosos falavam em língua alemã, talvez para
testar o meu domínio dessa língua. Mostravam satisfação quando com eles
dialogava com dicção perfeita e fluente.
Os mais jovens apenas utilizavam o português e cada qual desejava
relatar alguma experiência de atividades na Comunidade, no contato com os
pastores anteriores.
Escrevendo cartas a beira do rio.
Foi bom ter permanecido hospedado com a família de Lothar Lothammer
pois assim consegui visitar demoradamente o cemitério, até o sol se por, para
ler as inscrições das lápides.
Além disso, antes disso, consegui também ir até a beira do rio que
passava nas proximidades, para ali, no sossego, escrever duas cartinhas, uma
para os meus pais e outra para uma colega de escola da qual eu gostava um
pouco mais do que de outras.
Quando fui à beira do rio escrever as cartas, foram a pequenina Vera, e
a confirmanda Laura, filhas de meus hospedeiros que me serviram de guia,
para mostrar o melhor caminho.
O Sr. Waldemar Herr veio até onde eu estava, na beira do rio, pois ele
era o seguinte na lista de hospedeiros e reclamou: - “Você não quer sair daqui?
Você está dando preferência para a casa da minha irmã?”.
O cunhado dele, o Lothar que o acompanhava, aproveitou então para
contar a respeito da pequena cirurgia que ele tivera que realizar na noite
anterior para extrair o tal do “espinho de bananeira”.
Foi então possível escutar uma gargalhada sonora de Waldemar Herr e,
nunca mais me livrei em Vila Lothammer, dessa piada de ter pisado num
“espinho de bananeira”.
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O MEU PRIMEIRO CULTO NATALINO
EM VILA LOTHAMMER.
Por decisão da Comunidade, o culto natalino foi antecipado para a noite
do dia 23, às vinte horas.
Eles eram de opinião que deste modo, no dia seguinte eu poderia viajar
com mais tranquilidade. Eu teria que pegar o ônibus, bem cedo que vinha de
Praia Grande para seguir até Torres, para depois dali seguir até Morro Alto e
depois de lá para Capão da Canoa.
O culto foi bastante concorrido com a presença da maioria das famílias
da Comunidade.
.Culto natalino de 23 de dezembro de 1969.
Foto de Libório Lothammer.
Até vizinhos católicos vieram talvez curiosos para também conhecerem
o novo pastor e para se integrarem na festa, à fim de participar da alegria pelo
anúncio da Boa Nova do nascimento do Salvador, que é Jesus Cristo nosso
Senhor.
Eu tinha dificuldades na área de música e canto e necessitava de apoio
de alguém mais entendido. Apresentou-se a senhora Idelga se dispondo a
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conduzir um ensaio de cânticos natalinos. Ela conduziu-se com muita
desenvoltura e firmeza e a minha deficiência foi plenamente contornada.
Aproveitei o momento para elogiar a senhora Idelga pela atitude dela, e
completei: - “Acredito que Deus não me concedeu todos os dons por um motivo
especial. Certamente não foi para me humilhar mas somente para fazer-me
dependente de outras pessoas que possuam os dons que eu não tenho. Não
recebi, por exemplo, o dom de música e canto. Assim preciso buscar aqueles
que podem suprir este campo de serviço à Comunidade”.
Dona Idelga não deixou por menos e aproveitou o momento para dizer
algo que despertou o riso de todos, quando orientou: - “O nosso novo pastor dê
um jeito de encontrar uma moça para casar que tenha esse dom de música e
canto. Com certeza veremos então um belo casal que completará os dons
pastorais, que o serviço em nossa Igreja carece”.
Elio Eugenio Müller