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GESTÃO FINANCEIRA VISÃO GERAL SOBRE GESTÃO FINANCEIRA Nuno Ferreira Aluno Nº 20101095 Sílvia Esperto Aluno N.º 21150356 RESUMO: O objectivo deste trabalho é visualizar de uma forma geral a Gestão Financeira. Para tal abordaremos os conceitos fundamentais para a sua fácil compreensão em três partes distintas: o conceito de Gestão Financeira (objectivos, organização nas empresas), conceito de contabilidade e documentos contabilísticos fundamentais para a análise financeira da empresa (demonstração de resultados, balanço e rácios). INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL JUNHO DE 2007

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GESTÃO FINANCEIRA

VISÃO GERAL SOBRE GESTÃO FINANCEIRA

Nuno Ferreira

Aluno Nº 20101095

Sílvia Esperto

Aluno N.º 21150356

RESUMO: O objectivo deste trabalho é visualizar de uma forma geral a Gestão Financeira. Para tal abordaremos os conceitos fundamentais para a sua fácil compreensão em três partes distintas: o conceito de Gestão Financeira (objectivos, organização nas empresas), conceito de contabilidade e documentos contabilísticos fundamentais para a análise financeira da empresa (demonstração de resultados, balanço e rácios).

INSTITUTO POLITÉCNICO DE COIMBRA

INSTITUTO SUPERIOR DE ENGENHARIA DE COIMBRA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA CIVIL

JUNHO DE 2007

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ÍNDICE

1 INTRODUÇÃO............................................................................................................ 3

2 OS CONCEITOS DE GESTÃO, ANÁLISE E FUNÇÃO FINANCEIRA................. 3

2.1. A Função Financeira…………………………………………………………...... 3

2.2. A Gestão Financeira……………………………………………………………... 4

2.3. A Análise Financeira…………………………………………………………...... 6

3 PRINCIPAIS OBJECTIVOS DA GESTÃO FINANCEIRA……………………... 7

4 O GESTOR FINANCEIRO, OS ÓRGÃOS E OS AGENTES DA FUNÇÃO

FINANCEIRA .............................................................................................................. 8

4.1. Perfil de um gestor financeiro…………………………………………………..... 8

4.2. Organização da função financeira nas empresas……………………………….... 10

4.3. Quais os erros mais comuns na gestão financeira?................................................. 11

5. NOÇÕES DE CONTABILIDADE GERAL……………………………………....... 12

5.1. Conceitos de despesa e receita, custo e proveito, pagamento e recebimento…….. 12

5.2. Diagrama de fluxos financeiros……………………………................................... 13

5.2.1. Fluxos reais e financeiros……………………………………………………... 13

5.2.2. Os ciclos financeiros…………………………………………………....……... 15

6. INSTRUMENTOS BASE DE ANÁLISE FINANCEIRA…………………..……. 18

6.1. A Demonstração de Resultados……………………………………………............ 18

6.2. O Balanço………………………………………………………………………..... 19

6.3. Os Rácios……………………………………………………………………......... 22

7. BIBLIOGRAFIA…………………………………………………………………...... 25

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1. INTRODUÇÃO

O presente trabalho pretende dar uma visão geral sobre a gestão financeira, procurando explicar o objectivo da maximização do valor da empresa referindo ainda os mais importantes conceitos relacionados com as trocas de valores (económicos e financeiros) da empresa, como se organiza a função financeira na empresa e anunciando os principais documentos contabilísticos para análise da situação financeira da empresa.

Gerir é procurar a optimização, implementando as competências e os meios humanos, técnicos e financeiros, com vista a atingir os objectivos fixados.

Devido a esta necessidade surge a gestão financeira nas empresas na qual se concentra sobre o estudo das decisões financeiras necessárias ás empresas, ocupando sempre um lugar privilegiado na sua gestão porque diz respeito á sua política geral: o seu nascimento, crescimento e autonomia. Numa economia de mercado, baseada nas trocas, é sob forma monetária que aparecem ligações entre os agentes económicos.

A gestão financeira procura combinar recursos dentro da empresa quer através dos accionistas, quer através de financiamentos que deveram ser investidos num processo de produção e troca que liberte um excedente (lucro).

1. OS CONCEITOS DE GESTÃO, ANÁLISE E FUNÇÃO FINANCEIRA

2.1 A Função Financeira

A função financeira reporta-se através de valores que a empresa realiza com o exterior e internamente. A empresa integra nas suas funções a de adquirir bens e serviços, a de produzir ou de transformar e adequar à venda e a de vender bens ou prestar serviços a outros sujeitos económicos.

Para que a empresa se mantenha em actividade, isto é, para que compre, produza, venda, ou simplesmente troque, carece de meios ou recursos financeiros. A função financeira trata de os obter, procurando assegurar que a soma dos resultados obtidos seja o mais elevado possível.

Para alem do lucro imediato, à que pensar nos lucros futuros; para isso a empresa deve procurar manter o seu capital e desenvolver-se.

A gestão financeira clarificada pela política e pela estratégia financeira, visa:

• Alimentar a empresa de disponibilidades quando necessário;

• Assegurar a melhor situação dos recursos financeiros da empresa;

• Controlar para que nenhum bem seja inutilizado ou mal utilizado;

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• Optimizar a rotação dos recursos e das aplicações.

2.2. A Gestão Financeira

A razão mais importante pela gestão financeira em qualquer organização é de assegurar que a empresa saiba de quanto dinheiro vai necessitar, como obter o dinheiro de que necessita e como deve empregar esse dinheiro para alcançar os seus objectivos de forma ética, responsável e sustentável. É impossível uma organização sobreviver sem uma gestão financeira apropriada.

Um elemento importante a lembrar é que, a menos que a organização empregue os seus recursos financeiros de forma aberta e responsável, a probabilidade de receber dinheiro dos doadores é nula. Os doadores querem estar seguros que o dinheiro deles está a ser bem empregue e, para este fim, a organização que recebe o financiamento deve estar dotada de uma forte gestão financeira.

Estruturas fortes de gestão financeira facilitam a prestação de contas por parte da organização perante os doadores, o que, por sua vez, instala confiança nos doadores a respeito da gestão da organização. É lógico que os doadores preferem dar dinheiro a organizações em que têm confiança do que àquelas em que não confiam.

A gestão financeira trata-se de uma tarefa e responsabilidade que abarca o passado, o presente e o futuro. Em primeiro lugar, uma boa gestão financeira exige que seja mantido um registo de todo o dinheiro que a sua organização já recebeu ou gastou (o passado). Segundo, há que controlar o dinheiro na posse da organização (o presente) e, por último, a gestão financeira ajuda-o a tomar decisões acerca do futuro da organização.

Uma boa gestão financeira ajuda a direcção da organização a planear para o futuro, uma vez que indica quanto dinheiro tem em mão, quanto dinheiro é necessário e quanto custarão os planos que tem para o futuro. A administração das finanças do passado, do presente e do futuro da sua organização passa por três tarefas de gestão financeira que, embora distintas, estão interligadas. Estas são:

• Planeamento financeiro (futuro);

• Controlo financeiro (presente);

• Monitorização financeira (passado)

Do que trata a gestão financeira?

A gestão financeira assenta em dois princípios muito importantes:

• Responsabilidade financeira: Deve procurar sempre gerir as suas finanças de modo responsável e sustentável. Todas as organizações precisam de dinheiro para sobreviverem e alcançarem os seus objectivos. A única forma de assegurar isto é

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ao administrar o dinheiro de modo a não pôr a organização em risco desnecessariamente. Se a organização prevê continuar a existir no futuro, deve certificar-se que recebe dinheiro suficiente e que o gasta com prudência.

• Prestação de contas: A organização deve poder explicar de onde recebe o dinheiro e como o gasta. A prestação de contas ajuda-o não só a saber o que fez com o dinheiro, mas também o ajuda a explicar as suas actividades às partes interessadas. Isto é importante em especial para as empresas e organizações que recorrem a doadores, pois estes, normalmente, possuem normas e regras rigorosas em matéria da prestação de contas. Só financiam organizações que possam prestar contas em relação ao dinheiro que receberam.

Através de uma boa gestão financeira, poderá identificar o que pode fazer, quanto dinheiro tem, de quanto dinheiro precisa, como foi gasto o seu dinheiro, e onde pode obter mais dinheiro. Este processo integra três actividades:

• Planeamento: Ajuda-o a identificar os objectivos da organização para o futuro, de quanto dinheiro irá precisar para alcançar esses objectivos e como ou onde encontrará recursos financeiros suficientes para alcançar esses objectivos e manter a organização em actividade no futuro.

• Controlo: Integra diversos passos:

Fixar uma política: A organização deve decidir quais as normas e procedimentos que devem ser seguidos para assegurar que o dinheiro seja gasto prudente e seguramente;

Fixar as atribuições: A organização deve decidir quem será permitido a gastar dinheiro, quanto lhes será permitido gastar e quando poderão gastá-lo. É importante também decidir quem pode vincular a organização do ponto de vista financeiro;

Fixar a responsabilidade: Há que decidir quem é responsável pelos recursos financeiros da organização. É importante que a responsabilidade pelo dinheiro da organização seja assumida por uma determinada pessoa ou pessoas. Nem todos podem estar encarregues das finanças.

• Monitorização: Esta actividade envolve:

1. Registar a informação financeira – função do tesoureiro;

2. Preparar demonstrações financeiras;

3. Analisar as demonstrações financeiras;

4. Reporte financeiro.

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2.3. A Análise Financeira

Por si, os valores têm pouco significado; mas, ao compará-los a determinados outros valores, pode-se aperceber da situação da organização. Por exemplo, pode-se comparar as despesas previstas no orçamento às despesas actuais, para ver se a despesa está no bom caminho.

Outro tipo de comparação assenta nos rácios. Um rácio trata-se de uma comparação feita ao dividir um valor por outro. Por exemplo, as organizações não governamentais devem reduzir os custos de modo a disponibilizar mais dinheiro aos programas. Ao dividir as despesas de um programa pelo total das despesas revela o custo da administração do seu programa. Ao fazer este exercício com regularidade, irá estabelecer-se muito rapidamente se o valor que se está a gastar na administração está a estagnar, a aumentar, ou a decrescer.

A interpretação dos resultados dos diversos tipos de comparações depende do carácter da organização. Por exemplo, uma associação pode esperar gastar muito menos em despesas administrativas do que uma agência de serviços sociais. A informação que se espera obter da análise depende do tipo de organização que administra, bem como dos objectivos particulares da organização.

As principais funções da Análise Financeira são:

- Análise e Planeamento Financeiro: analisar os resultados financeiros e planear acções necessárias para obter melhorias.

- Captação e Aplicação de Recursos Financeiros: analisar e negociar a captação dos recursos financeiros necessários, bem como a aplicação dos recursos financeiros disponíveis.

- Crédito e Cobrança: analisar a concessão de crédito aos clientes e administrar o recebimento dos créditos concedidos.

- Caixa: efectuar os recebimentos e os pagamentos, controlando o saldo de caixa.

- Contas a Receber: controlar as contas a receber relativas às vendas a prazo.

- Contas a Pagar: controlar as contas a pagar relativas às compras a prazo, impostos, despesas operacionais, e outras.

- Contabilidade: registrar as operações realizadas pela empresa e emitir os relatórios.

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3. PRINCIPAIS OBJECTIVOS DA GESTÃO FINANCEIRA

As acções e decisões dos gestores financeiros têm essencialmente os seguintes objectivos:

a) Assegurar à empresa a estrutura financeira mais adequada

Tal estrutura caracteriza-se pela importância relativa das diferentes aplicações dos capitais obtidos pela empresa, comparada com a importância relativa das fontes desses capitais. A estrutura financeira obedece a certas regras de equilíbrio, devendo corresponder a uma perfeita adequação dos meios financeiros postos à disposição da empresa para a realização dos seus objectivos económicos.

b) Manter a integridade do capital e promover o seu reforço

Este objectivo traduz-se em estudar a realização dos ciclos de exploração da empresa de modo a evitar que nos mesmos se verifiquem insuficiências dos proveitos e receitas obtidos relativamente aos custos e despesas, mantendo uma taxa de lucro adequada para remunerar capital e constituir autofinanciamento necessário. Os resultados positivos aumentam as possibilidades financeiras da empresa mas não se deverá distribuir aos sócios esse excedente sem comprometimento da integridade do capital. A manutenção na empresa de uma parte dos resultados sob a forma de reservas (autofinanciamento) permite aumentar o capital investido.

c) Permitir a constante solvibilidade da empresa

Este objectivo atinge-se vigiando as evoluções dos recursos financeiros e das suas aplicações, de modo a encontrar-se a empresa em condições de vir satisfazendo as suas dívidas nos vencimentos. A solvibilidade é a aptidão para pagar as suas dívidas. A solvibilidade final de uma empresa determina-se admitindo ou considerando a hipótese da liquidação da empresa, na qual corresponde à demonstração de que no caso de a empresa ter de extinguir-se, a realização forçada dos activos permite ou não pagar as dívidas existentes e as que derivam de indemnizações e outros encargos dos actos de dissolução e liquidação. Os factores de solvibilidade são pois o grau de liquidez dos capitais investidos, isto é, a sua aptidão a transformar-se em disponibilidades, e o prazo das exigibilidades.

d) Assegurar a rendibilidade dos capitais

A rendibilidade dos capitais analisa-se comparando os rendimentos obtidos com os capitais próprios ou alheios. Normalmente os capitais próprios são remunerados pelos lucros enquanto que os capitais alheios são remunerados pelos juros. A ausência de rendibilidade vai desencorajar os sócios e eventualmente os credores, pois a manutenção do capital garante a estabilidade e o reembolso.

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4. O GESTOR FINANCEIRO, OS ORGÃOS E OS AGENTES DA FUNÇÃO FINANCEIRA

4.1. Perfil de um Gestor Financeiro

O objectivo do gestor financeiro é aumentar o valor do património líquido da empresa, por meio da geração de lucro líquido, decorrente das actividades operacionais da empresa. Para realizar essa tarefa, o gestor financeiro precisa ter um sistema de informações gerenciais que lhe permita conhecer a situação financeira da empresa e tomar as decisões mais adequadas, maximizando seus resultados.

Segundo um estudo realizado na London School of Economics, intitulado “The Changing Role of the Finance Director”, o gestor financeiro gasta em média 20% do seu tempo nas decisões estratégicas da empresa sendo considerados elementos chave nas suas organizações.

Neste sentido, designou-se para esta função um executivo financeiro (director, gestor ou administrador), que deverá ter certas qualificações especiais e características chave para exercer a sua função.

Das suas características e qualificações destacam-se (de entre outras relativas à gestão e liderança):

• Qualificações base:

- Domínio das matérias de contabilidade, auditoria e gestão financeira;

- Experiência profissional fora das áreas financeiras;

- Experiência de gestão.

• Qualificações especiais:

- Compreensão da economia mundial e da economia financeira;

- Domínio das técnicas e praticas referentes aos negócios internacionais;

- Entendimento profundo dos mercados;

- Domínio dos instrumentos, técnicas e processos referentes às funções de tesouraria;

- Capacidade de avaliação dos riscos da gestão

• Características chave:

- Desenvolvimento de alta eficiência quanto ao processo conducente à realização de negócios;

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- Necessidade de atender aos parceiros vitais para os negócios;

- Mobilização de equipas profissionais.

Da responsabilidade do gestor financeiro estão as decisões financeiras da empresa. A função financeira, contrariamente a outras funções da empresa, implica a previsão de acontecimentos futuros, visto que as decisões financeiras dizem respeito ao futuro. É este facto que torna imprescindível a integração das dimensões tempo e risco na função financeira. São normalmente classificadas em função da duração da operação.

As decisões financeiras a longo prazo compreendem:

- Decisões de investimento, ou seja, decisões relativas à aquisição de activos corpóreos (edifícios, equipamentos, …), activos incorpóreos (alvarás, …) e activos financeiros (acções, …);

- Decisões de financiamento, ou seja, decisões relativas ao financiamento de activos, e de acções de investimento. Incluem-se também as decisões relativas às distribuições de dividendos.

As decisões de investimento e financiamento estão intimamente ligadas e, por esse motivo, o gestor financeiro deve considera-las sempre em simultâneo.

As decisões financeiras a curto prazo estão dependentes das decisões de longo prazo, onde se procura ajustar, ao menor custo, todas as aplicações e recursos da empresa, através de acções sobre os activos financeiros e sobre os débitos a curto prazo. As principais decisões são:

- Decisões de investimento, ou seja, decisões relativas à aquisição de activos corpóreos (edifícios, equipamentos, …), activos incorpóreos (alvarás, …) e activos financeiros (acções, …);

- Decisões de financiamento, ou seja, decisões relativas ao financiamento de activos, e de acções de investimento. Incluem-se também as decisões relativas às distribuições de dividendos.

As decisões de investimento e financiamento estão intimamente ligadas e, por esse motivo, o gestor financeiro deve considera-las sempre em simultâneo.

As decisões financeiras a curto prazo estão dependentes das decisões de longo prazo, onde se procura ajustar, ao menor custo, todas as aplicações e recursos da empresa, através de acções sobre os activos financeiros e sobre os débitos a curto prazo. As principais decisões são:

- Colocação de disponibilidades;

- Cessão de créditos (descontos comerciais);

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- Endividamento pelo crédito a fornecedores;

- Recurso a créditos bancários.

Outro aspecto importante é o facto de as decisões a longo prazo e curto prazo serem complementares, pois as decisões de curto prazo permitem alargar os limites da restrição do financiamento do ciclo de exploração (5.2.2) e permitem libertar capitais a longo prazo para aumentar capitais.

4.2. Organização da Função Financeira nas Empresas

A organização interna das direcções financeiras varia consideravelmente consoante a dimensão das empresas.

No organigrama de muitas pequenas e médias empresas (PMEs) apenas surge o serviço de contabilidade mais ou menos desenvolvido. Este serviço tem a seu cargo a recolha dos dados contabilísticos e fornece a informação ao director financeiro, sendo que o contabilista assegura a função de tesoureiro.

Quando a empresa se desenvolve, a direcção geral também gere uma parte das suas finanças. Normalmente a direcção financeira está associada a outras direcções:

Fig.1: Direcção financeira nas PMEs

As actividades representativas da função financeira são:

- Finanças: análise financeira, plano financeiro, operações financeiras, tesouraria e planificação;

- Tratamento de informação: Contabilidade analítica, controlo de gestão, informática

- Administração geral: contabilidade geral, direito, fiscalidade, imobiliário, auditoria, relações exteriores.

Nas grandes empresas o sistema financeiro é muito mais complexo, na medida em que o número de serviços especializados aumenta e as funções a desempenhar sofrem um

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desenvolvimento onde os planos da empresa se inscrevem a longo prazo e o universo económico e financeiro se alarga.

Os fluxos financeiros não resultam apenas das actividades industriais e financeiras, mas também das participações de outras empresas.

Dos funcionários mais importantes da actividade financeira destacam-se a Tesoureiro e o Caixa que têm as seguintes funções:

Tesoureiro: Dirige a tesouraria, em escritórios em que haja departamento próprio, tendo a responsabilidade dos valores de caixa que lhe estão confiados; verifica as diversas caixas e confere as respectivas existências; prepara os fundos para serem depositados nos bancos e toma as disposições necessárias para levantamentos; verifica periodicamente se o montante dos valores em caixa coincide com o que os livros indicam. Pode autorizar certas despesas e executar outras tarefas relacionadas com as operações financeiras.

Caixa: Tem a seu cargo as operações de caixa e registo do movimento relativo a transacções respeitantes à gestão da empresa, recebe numerário e outros valores e verifica se a sua importância corresponde à indicada nas notas de venda ou nos recibos; prepara os sobrescritos segundo as folhas de pagamento. Pode preparar os fundos destinados a serem depositados e tomar as decisões necessárias para os levantamentos.

4.3. Quais os Erros mais Comuns na Gestão Financeira?

A inexistência de uma adequada gestão financeira pelas empresas provoca uma série problemas de análise, planeamento e controle financeiro das suas actividades operacionais, entre os quais citamos:

- Não ter as informações correctas sobre saldo do caixa, valor do stock das mercadorias, valor das contas a receber, valor das contas a pagar, volume das despesas fixas ou

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financeiras, etc. Isso ocorre porque não fazem o registro adequado das transacções realizadas.

- Não saber se a empresa está tendo lucro, ou não, nas suas actividades operacionais, porque não elaboram o demonstrativo de resultados.

- Não calcular correctamente o preço de venda de seus produtos, porque não conhecem os seus custos e despesas.

- Não conhecer correctamente o volume e a origem dos recebimentos, e o volume e o destino dos pagamentos, porque não elaboram o fluxo de caixa.

- Não saber o valor patrimonial da empresa, porque não elaboram o balanço patrimonial.

- Não saber quanto os sócios retiram de pró-labore, porque não estabelecem um valor fixo para a remuneração dos sócios.

- Não conhecer correctamente o custo das mercadorias vendidas, porque não fazem um registro adequado do stock de mercadorias.

- Não saber correctamente o valor das despesas fixas da empresa, porque não fazem separação das despesas pessoais dos sócios em relação às despesas da empresa.

- Não saber administrar correctamente o capital de giro da empresa, porque não conhecem o ciclo financeiro de suas operações.

- Não fazer análise e planeamento financeiro da empresa, porque não tem um sistema de informações gerenciais (fluxo de caixa, demonstrativo de resultados e balanço patrimonial).

5. NOÇÕES DE CONTABILIDADE GERAL

5.1. Conceitos de Despesa e Receita, Custo e Proveito, Pagamento e Recebimento

As empresas, durante a sua actividade económica, desempenham funções financeiras e sociais muito importantes para a economia, mantendo relações viradas tanto para os aspectos internos como para os aspectos externos, que se traduzem por fluxos de bens e serviços e fluxos monetários.

Para melhor se entenderem esses fluxos apresenta-se o esquema seguinte:

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Fig.3: Fluxos das Empresa

Ao olharmos para este esquema convém conhecer bem os seguintes conceitos:

- Uma despesa é um pagamento de um bem ou serviço, necessário ao processo produtivo, na qual a empresa se endivida; uma receita é uma recepção de valores em troca das vendas efectuadas ou serviços prestados. As despesas e receitas dizem respeito às acções de pagar e receber.

- O custo representa o que foi gasto no consumo de um recurso (material, intangível, humano, …), que foi usado na produção; o proveito representa o produto apto para venda, ou seja, as empresas para produzir têm necessariamente custos, cujo produto final é o proveito.

- Recebimento é a liquidação da dívida de um terceiro, ou seja a entrada de valores monetários da empresa; Pagamento é a liquidação de uma despesa, anulando a dívida.

5.2. Diagrama de Fluxos Financeiros

5.2.1. Fluxos Reais e Financeiros

Chama-se fluxo à quantidade de bens ou dinheiro, transferida durante um dado período entre dois agentes económicos. Através desta definição, e olhando para a fig.3, chega-se à conclusão que existem duas categorias de fluxos: fluxos reais (ou económico, representado pelos bens e serviços prestados e aos investimentos realizados) e fluxos financeiros (corresponde à tesouraria onde se recebe dinheiro derivado das actividades

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realizadas). Como exemplo apresenta-se na figura 4 o diagrama de fluxos financeiros de uma empresa industrial.

Dos objectivos da gestão financeira releva-se como fundamental o ajustamento dos fluxos financeiros, classificando-se em induzidos e autónomos. Os fluxos financeiros induzidos, que compreendem aqueles derivados dos fluxos reais, podem classificar-se em directos ou indirectos. Os fluxos financeiros directos são os que envolvem unicamente os dois agentes económicos intervenientes na própria transacção, ou no fluxo real. Os fluxos directos podem ser imediatos ou diferidos: são imediatos quando o fluxo real e financeiro coincidem no tempo, ou seja, um dos agentes económicos intervenientes concede ou obtém crédito. Os fluxos financeiros indirectos são os que resultam da intervenção de mais do que dois agentes económicos. Os fluxos financeiros autónomos não decorrem de qualquer fluxo real, por exemplo a obtenção de um empréstimo, a curto ou a médio prazo. De uma forma resumida apresenta-se o que foi dito:

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Os fluxos podem ainda classificar-se em cíclicos, os fluxos económicos e financeiros ligados ao ciclo da exploração, e em acíclicos os derivados de decisões estratégicas relacionadas com o equilíbrio financeiro estrutural da empresa, com as opções de investimento e o consequente recurso às fontes de financiamento, com a detenção de activos imobilizados e com as decisões de financiamento de curto prazo decorrentes da situação de tesouraria.

5.2.2. Os Ciclos Financeiros

Ciclo financeiro é uma rede de fluxos que assegura o processo de troca entre a empresa e os outros agentes económicos. Um ciclo financeiro pode ser definido enumerando todas as operações que surgem a partir do momento em que a empresa transforma o dinheiro, que tem ou que procura através de empréstimos, em bens ou serviços, até recupera-lo.

O ciclo financeiro é um processo pelo qual a empresa assegura a opção entre a detenção de activos fixos, de activos financeiros e de dinheiro para permitir o seu funcionamento e desenvolvimento, opções essas que levam à reconstituição das disponibilidades iniciais conduzindo a valores finais superiores aos inicias, libertando um “excedente monetário”.

Na figura 6, pode-se observar a existência de três ciclos financeiros: o ciclo das operações de investimento; o ciclo das operações financeiras e o ciclo das operações de exploração.

a) Ciclo das operações de investimento

O ciclo de investimento não é mais que uma tomada de decisões referentes a novos investimentos em capital fixo e em participações financeiras.

Pode ser analisado do ponto de vista económico e do ponto de vista financeiro. A nível económico o investimento é mais ou menos uma transformação de dinheiro em activos fixos, com reflexos ao nível técnico, produtivo, administrativo ou comercial da empresa,

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pois é considerado uma despesa imediata que pode ter efeitos negativos na estrutura da empresa se o investimento não for devidamente ponderado. A nível financeiro o incorrecto financiamento pode ter consequências graves na estrutura de tesouraria da empresa, pois a recuperação das despesas do investimento processa-se de uma forma lenta, contínua e geralmente linear.

b) Ciclo das operações financeiras

O ciclo financeiro engloba as decisões financeiras derivadas de opções de económicas, tais como investimentos em capital fixo e participações financeiras, e de opções estritamente financeiras ligadas aos fluxos financeiros autónomos e que afectam a tesouraria.

As decisões financeiras procuram fontes de financiamento que vai desde empréstimos a entidades de crédito até aos accionistas para proporcionar a sobrevivência da empresa.

Os fluxos financeiros autónomos compreendem os empréstimos obtidos e concedidos. O empréstimo concedido avalia-se com a transformação do dinheiro em activo financeiro, onde o reembolso é superior ao valor emprestado devido aos juros. O empréstimo obtido é a operação inversa, na qual a empresa recebe dinheiro mas em contrapartida contrai uma dívida, reembolsando e pagando os juros.

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c) Ciclo das operações de exploração

O ciclo das operações de exploração é o conjunto das operações realizadas pala empresa para atingir o seu objectivo: produzir bens e serviços para troca, ou seja, compreende um ciclo (económico de exploração) que se inicia com a aquisição dos materiais destinados ao ciclo de produção e finaliza com a formação dos proveitos (venda e variação das existências de produtos acabados), e o ciclo das operações financeiras de exploração, que começa também, com a aquisição dos materiais e termina com os recebimentos efectuados das vendas dos produtos acabados:

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Legenda:

(1) Aquisição de existências a pronto pagamento.

(2) Aquisição de existências com recurso ao crédito de fornecedores.

(3) Encargos pagos antecipadamente referentes ao período seguinte.

(4) Proveitos obtidos antecipadamente referentes ao período seguinte.

(5) Operação financeira de exploração por créditos concedidos, por exemplo, a clientes.

(6) Operação financeira de exploração por créditos obtidos, por exemplo, de fornecedores.

6. INSTRUMENTOS BASE DE ANÁLISE FINANCEIRA

6.1. A Demonstração de Resultados

O segundo dos relatórios principais que compõe as demonstrações financeiras é a demonstração de resultados. A demonstração de resultados quantifica os valores que entraram e saíram da organização num determinado período de tempo. É preparada periodicamente (todos os meses e no fim do exercício fiscal) para mostrar os resultados da exploração durante esses períodos contabilísticos. Normalmente, é preparado em conformidade com os princípios de contabilidade geralmente aceites e contém categorias específicas de proveitos e despesas, independentemente do carácter do negócio.

Categorias da demonstração de resultados

As categorias da demonstração de resultados são calculadas conforme abaixo descrito:

• Receitas líquidas (total das receitas menos os valores que foram devolvidos);

• Menos o custo das vendas (custo do inventário), se o negócio da organização for a venda de mercadorias;

• Equivale à margem bruta (lucros brutos sobre as vendas antes dos custos de exploração);

• Menos despesas administrativas (salários, ordenados, impostos de benefícios sobre a folha de salários, aluguer, utilidades, despesas de manutenção, artigos de escritórios, despesas de correio, despesas como automóveis/viaturas, seguros, despesas jurídicas e contabilísticas, amortização);

• Equivale ao lucro operacional (lucros antes de outros lucros ou despesas não operacionais);

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• Mais outras receitas (receitas de descontos, investimentos, contas de encargos de clientes);

• Menos outras despesas (juros cobrados); Equivale ao lucro (ou perda) líquida antes dos impostos (o valor que serve de base para calcular os impostos);

• Menos imposto sobre os rendimentos (se aplicável);

• Equivale ao lucro (ou perda) líquida depois dos impostos no bom caminho.

6.2. O Balanço

O balanço proporciona uma visão geral da situação financeira de uma organização a um determinado momento, normalmente no fim do exercício financeiro.

Demonstra em detalhe tudo quando a organização possui os seus activos e tudo quanto a organização deve. Os activos não se limitam ao dinheiro em caixa, mercadorias, terreno, edifícios, equipamentos, maquinaria, mobiliário, patentes, marcas comerciais e congéneres, mas incluem também o dinheiro que é devido à organização por outras organizações e pessoas, (conhecido por contas a receber).

O passivo é o dinheiro ou artigos que uma organização deve a outras organizações ou pessoas. Isto pode incluir os valores monetários concedidos em empréstimo à organização ou quaisquer produtos ou serviços que a organização comprou a crédito.

Um bom exemplo disto seria o dinheiro devido ao banco depois de a sua organização ter obtido um empréstimo para comprar equipamentos de escritório. O montante ainda por liquidar ao banco a um determinado momento aparece sempre no balanço como passivo. É importante notar que o passivo não se refere às dívidas a curto prazo, como a conta de electricidade. Refere-se, sim, à dívida a ser reembolsada num prazo mais longo.

A qualquer momento, os activos de uma organização equivalem ao total dos passivos, acrescidos do total dos valores introduzidos na organização pelos fundadores ou sócios. O balanço tem por intuito demonstrar como os activos, o passivo, e o capital se encontram distribuídos a qualquer momento. É normalmente preparado a intervalos regulares; por exemplo, no fim de cada mês e, sobretudo, no fim de cada exercício fiscal.

Através da preparação regular deste sumário do que a organização possui e deve (o balanço), a gestão pode identificar e analisar as tendências e a força financeira do negócio. Também apresenta uma boa perspectiva do que a gestão deve fazer para melhorar a sua situação financeira, tal como a redução progressiva da dívida da organização perante os credores.

Todos os balanços contêm as mesmas categorias de activos, passivos e capital. Os activos são expostos em ordem decrescente em relação à rapidez com a qual podem ser transformados em dinheiro (liquidez). Os passivos são apresentados em função do período

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de reembolso, seguidos pelos lucros retidos (valores monetários que podem ser retidos na organização).

As categorias e o formato do balanço são fixadas num sistema designado de princípios de contabilidade geralmente aceites, cujos princípios são aplicados a todas as organizações, grandes e pequenas, a fim que todos quanto leiam o balanço entendam a história que relata.

Categorias do balanço

O activo e o passivo são compostos das categorias abaixo descritas:

Activo: um activo é tudo quanto possua um valor monetário e que seja propriedade do negócio.

- Os activos circulantes incluem caixa, dinheiro investido em títulos, contas a receber, inventário, despesas pré-pagas, e qualquer outro artigo que possa ser transformado em dinheiro no prazo de um ano no decurso normal do negócio;

- As mobilizações (mobilizado) são todos os activos adquiridos para utilização a longo termo num negócio, tais como, terrenos, instalações, equipamentos, máquinas, obras de beneficiação, mobiliário, acessórios e outros artigos com uma vida útil medida em anos;

- Outros activos incluem imobilizações incorpóreas, tais como patentes, royalties, direitos de autor, contratos de exclusividade e contas a receber de quadros directivos e empregados.

Passivo: tratam-se de as reivindicações dos credores contra o activo do negócio (dívidas a reembolsar pelo negócio).

- O passivo circulante é composto das contas a pagar, as notas a pagar aos bancos, despesas acumuladas (salários, ordenados), impostos a pagar, a porção corrente (a reembolsar no prazo de um ano) da dívida e outras obrigações a longo prazo perante os credores;

- O passivo a longo prazo inclui hipotecas, empréstimos bancários intermediários e a longo prazo, empréstimos de equipamentos e outros valores a pagar com uma data de vencimento superior a um ano.

Capital: equivale ao activo da organização menos o seu passivo.

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O Balanço representa a situação patrimonial da empresa (activos, dívida e capital) num determinado momento de tempo.

Tal como a Demonstração de Resultados (DR), é apresentado no final de um período contabilístico (trimestre, semestre, ano). Ao contrário da DR, que pretende representar factos ocorridos ao longo de um período, o Balanço é uma “fotografia” respeitante a um momento preciso.

Existe uma relação fundamental que tem que verificar-se obrigatoriamente no Balanço:

Activo = Passivo + Capital Próprio

Esta expressão constitui o princípio básico da contabilidade, segundo o qual a aquisição do património da empresa (activo) tem que ser financiada por capitais dos sócios (capital próprio) ou por capitais alheios (passivo).

Um outro aspecto fundamental é a relação entre activo circulante e passivo de curto prazo (ou exigível num prazo inferior a um ano). Se o primeiro for superior ao segundo, a empresa evidencia capacidade para satisfazer os seus compromissos de curto prazo. Caso contrário, é provável que a empresa se veja forçada a recorrer a empréstimos para saldar as suas dívidas mais imediatas.

6.3. Rácios

Os Rácios são indicadores de gestão que dão informação há cerca do comportamento financeiro da empresa. São como o balanço e demonstração de resultados, mas dão a informação através de um valor que resulta do quociente entre duas grandezas correlacionadas e típicas da situação, da actividade ou do rendimento, potencial ou efectivo, de uma empresa.

Existem vários tipos de rácios, dependendo das classificações tais como: rácios financeiros, económicos e económicos.

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Os Princípios do Método dos Rácios

a) Objectivo a atingir

Por principio, o recurso ao método dos rácios permite determinar intervalo de valores, isto é, normas que ajudam à apreciação da situação de uma empresa através da comparação entre o valor dos rácios, calculados a partir dos elementos contabilísticos, e os valores de referencia.

Estes valores de referência podem corresponder aos valores que esses mesmos rácios tomam quando calculados em bases estatísticas ou ainda aos valores determinados a partir das contas de empresas-tipo (concorrentes em relação aos quais convém “situar-se”, ou então uma empresa de referencia) ou finalmente aos valores que correspondem a objectivos que os dirigentes das empresas desejam atingir.

No entanto, o meio empresarial adequa-se mal à definição de normas, de patamares que poderiam constituir indicadores fiáveis e constantes que permitiriam diagnosticar a boa saúde, a eficácia da gestão ou a evolução patológica de uma empresa.

Em primeiro lugar, a ausência de normas resulta das alterações conjunturais que deslocam os patamares correspondentes aos valores óptimos ou aos valores críticos dos rácios. Esta observação pode ser ilustrada pela evolução dos critérios utilizados pela comunidade financeira para avaliar as capacidades e os limites de endividamento.

A segunda razão pela qual o método dos rácios não pode basear-se em normas rígidas reside nas obrigações ou oportunidades técnicas, comerciais, financeiras, económicas que se apresentam à empresa e se traduzem pela disparidade das estruturas patrimoniais e das suas condições de equilíbrio financeiro.

Apesar destas observações que convidam à prudência, a ideia segundo a qual a composição do balanço reflecte as condições do equilíbrio financeiro mantém a sua validade e justifica ainda uma utilização, se bem que menos categórica, do método dos rácios.

b) Os principais tipos de rácios financeiros

A classificação dos principais rácios financeiros pode apoiar-se na natureza das informações utilizadas para o seu calculo e nas características financeiras que permitem evidenciar.

Quanto à natureza das informações utilizadas, os cálculos dos rácios financeiros envolve essencialmente valores que figuram:

- Nas aplicações de fundos;

- Nas origens de fundos;

- Na demonstração dos resultados;

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- No plano de financiamento.

c) Quanto a características financeiras evidenciadas pelos rácios, podemos ordena-los de acordo com a seguinte classificação:

Os rácios de estrutura calculados a partir das aplicações de fundos permitem a caracterização da composição do património económico da empresa, dos seus”instrumentos de produção”, evidenciando as limitações técnicas, económicas e jurídicas que influenciam a evolução da empresa.

Os rácios de estrutura calculados a partir das origens de fundos traduzem a estrutura do financiamento da empresa, destacando em particular o grau de estabilidade e a autonomia que a combinação de origens, de grau de exigibilidade e de proveniência diversas asseguram à empresa.

Os rácios de síntese comparam elementos do passivo e dos capitais próprios com elementos do activo, procurando demonstrar as condições de equilíbrio financeiro da empresa.

Os rácios de rotação são calculados através da comparação entre rubricas do balanço e dos fluxos que caracterizam a actividade. Permitem medir a velocidade e os prazos de rotação de certos elementos ligados à actividade de exploração da empresa: existências, clientes, fornecedores.

Por fim, os rácios de rentabilidade são calculados a partir da demonstração dos resultados e comparam o valor dos resultados com os valores que caracterizam o fluxo da actividade (por exemplo, o volume de negócios) ou então com as rubricas de origens e aplicações de fundos da empresa utilizadas para a obtenção destes resultados.

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Fig. 9: Resumindo a Gestão Financeira

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[5] Neves, J. C. – Análise financeira – métodos e técnicas. Texto Editora, Lisboa 1991.

[6] Prof. José Figueiredo – Fundamentos de Gestão (apontamentos informais sobre contabilidade e gestão). I.S.T., 2004/2005

[7] Braga, R. – Fundamentos e técnicas de administração financeira. Atlas 1989

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[10] Baranger, P, Peretti,J.M- Gestão. Sílabo.