Você é feliz no seu trabalho? · – Alô? – Oi, Maggie, é o Joe. ... Quer dizer, não que...

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John P. Strelecky Você é feliz no seu trabalho?

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John P. Strelecky

Você é feliz no seu

trabalho?

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Para todos os grandes líderes

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Prefácio

EM CENTENAS DE LIVROS de História e nos incontáveis museus aoredor do mundo é possível aprender sobre liderança. Mas, emgrande parte, o que aprenderemos é como ser um mau líder. Quemmatou mais pessoas? Quem chegou ao topo por meio de fraudes etraições? Quem construiu o maior templo à custa do trabalhoescravo? Isso até daria um interessante estudo sobre o caráter hu -mano; o problema é que nos proporcionaria péssimos exemplos.

No mundo de hoje, a internet, as revistas, os jornais e os noti-ciários de TV divulgam histórias de má liderança o tempo todo.Então, onde buscar inspiração para descobrir o que significa serum grande líder?

Podemos nos inspirar nas pessoas cujas histórias não costu-mam ser contadas, naquelas que estão ocupadas demais fazendocoisas importantes. Eu sei que essas pessoas existem porque,numa gélida manhã, em uma plataforma de trem de Chicago,conheci o maior líder do mundo. Seus negócios geraram fortunas,seus funcionários o amavam e, quando necessário, seus clientesesperavam semanas só para fechar negócios com ele.

Seu nome era Thomas Derale. Ele morreu tragicamente aos55 anos e até mesmo no momento de sua morte foi capaz de ins-pirar todos que o cercavam.

Esta é a história de quem ele era, de como liderava e de comopartiu deste mundo. E estes são os segredos que me ensinou.

JOE POGRETE

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TIREI A MOCHILA DOS OMBROS e a coloquei no chão. Espetacular,pensei, admirando a vista à minha frente. Realmente espetacular. Asmulheres que eu havia conhecido no trem tinham razão. A esca-lada era difícil, mas definitivamente valia o esforço. Baixei a mão,peguei a garrafa de água do compartimento lateral da mochila etomei um longo gole.

Abaixo de mim estendiam-se quilômetros de picos e vales.Dava para discernir pequenos vilarejos agrícolas em algumas dasáreas mais abertas. Densas florestas, como a que eu havia atraves-sado durante a escalada, preenchiam os flancos da maioria dasmontanhas. Eu não tinha planejado fazer essa caminhada, masaquelas mochileiras australianas haviam se desmanchado em elo-gios sobre a trilha. Estava contente por ter seguido suas sugestões.

De repente, Thomas passou outra vez pela minha cabeça.Deve estar acontecendo alguma coisa importante com ele e Maggie,pensei. Ele invadiu meus pensamentos uma dúzia de vezes estamanhã. Preciso acessar meu e-mail hoje à noite e ver se há algu-ma mensagem dele.

Nos últimos anos, aprendi que, se uma pessoa nos vem à mentecom a mesma frequência com que me ocorreu hoje a imagem deThomas, é porque alguma coisa está acontecendo com ela. Quasesempre algo de bom.

Admirei a paisagem outra vez e respirei profundamente o arpuro. Eu estava no meio de uma viagem de quatro meses pelaEspanha e vivera vários momentos mágicos como aquele. Arqui -tetura grandiosa, gente simpática, paisagens de tirar o fôlego... Éisso aí, pensei. Como diz Thomas, todo dia é preciso subir um

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pouquinho mais na curva da vida. Sempre progredir em direçãoaos nossos sonhos.

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MAGGIE DERALE ATENDEU a uma ligação do consultório médico.O marido dormia profundamente, coisa rara nos últimos tempos,e ela não queria acordá-lo. Enquanto escutava a pessoa do outrolado da linha, precisou morder o lábio para controlar o choro.

– Sim – ela disse –, eu compreendo... Pode deixar, ele estará aíamanhã... Não, acho que não há nada que vocês possam fazer.

Maggie desligou e sentou-se numa das cadeiras da cozinha. Elae Thomas haviam escolhido o conjunto de mesa e cadeiras haviaquase duas décadas, durante as férias que tiravam juntos todos osanos. Na época, ele caçoara por causa do tecido escandaloso queela escolhera para a capa do assento. Aquilo se tornara uma fonteconstante de piadas desde então. A lembrança passou como umraio pela sua mente e ela se pôs a chorar. As lágrimas começarambrandas, mas se transformaram numa torrente e ela passou a solu-çar ao se dar conta do que estava acontecendo.

Quando parou de chorar, Maggie decidiu que não haveriamais lágrimas, pelo menos por enquanto. Pegou o telefone.

– Alô, Kerry, é Maggie... Não, sinto lhe dizer que não... Émesmo aquilo que achavam... Eu sei, Kerry, eu sei... Eu tam-bém... Olhe, eu quero que você vá em frente com a sua ideia.Empenhe todo seu tempo e sua energia nisso. Eu vou fazendo aminha parte e lhe mando tudo na próxima semana. E, Kerry...você não vai ter muito tempo.

Depois que desligou, Maggie foi para o escritório e acessouseu e-mail. Preciso entrar em contato com Joe, pensou.

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ENTREI NUM PEQUENO cibercafé e me sentei junto a um dos ter-minais. Passara a tarde descendo as montanhas e percorrendo ocaminho de volta até o vilarejo onde estava hospedado. Thomashavia permanecido em meus pensamentos o tempo todo. Comtanta frequência, aliás, que eu tinha decidido verificar meus e-mails antes mesmo de ir para o hotel ou de jantar. Ele deve teralguma boa notícia para me dar, pensei.

– Oi, Joe. Eu me virei e olhei para a esquerda. – Oi – respondi, sorrindo. Era uma das australianas que haviam

recomendado a caminhada que eu acabava de fazer. – Obrigadopela ótima dica. Foi espetacular.

Voltei a olhar o monitor à minha frente. O cursor piscava natela enquanto o navegador abria. O café estava abarrotado de outrosmochileiros e de alguns moradores locais. É incrível, pensei. Há 15anos, a internet nem existia e hoje podemos nos comunicar emtempo real com gente de todo o mundo. Entrei na minha conta doYahoo! e cliquei na caixa de entrada. Como eu já esperava, haviauma mensagem de Thomas. Na verdade, era da esposa dele,Maggie, o que não era incomum. De vez em quando ela mandavanotícias dos dois. Cliquei na mensagem e esperei abrir. Instantesdepois, vi sete palavras que fizeram meu sangue gelar.

“Thomas está doente. Por favor, me ligue.” Enquanto fazia a ligação pelo Skype, minha mente voava. O que

será que está acontecendo? Thomas nunca fica doente. Ouvi a cha-mada do outro lado da linha e, a seguir, a voz de Maggie.

– Alô?– Oi, Maggie, é o Joe. Recebi sua mensagem, o que houve?

Como Thomas está?

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– Nada bem, Joe. – Deu para ouvir o leve tremor na voz dela.– Sinto muito entrar em contato com você durante sua viagem,mas achei que ia querer saber.

– Saber o quê? – Senti o peito apertar enquanto esperava aresposta.

– Thomas está morrendo, Joe.– Ele está o quê? – perguntei, preplexo. Não podia acreditar

no que acabava de ouvir.– Ele está morrendo. Os sintomas começaram há três meses.

Acabo de receber um telefonema do médico e ele confirmou queThomas está com um tumor no cérebro. É grande demais paraoperar.

Tentei processar o que Maggie dizia. – E não há outra coisa a fazer? Algum outro tipo de tratamen-

to? Radioterapia, quimioterapia? Tem de haver alguma opção. Maggie ficou calada ao telefone.– Não, já perguntamos tudo isso. Não há mais nada que pos-

sam fazer. Está avançado demais. Thomas vai morrer. Conversei com Maggie por mais alguns minutos. Eu não con-

seguia acreditar naquilo. Thomas esbanjava saúde. Procurei nainternet o telefone da minha companhia aérea e fiz outra ligação.Eu precisava voltar para os Estados Unidos.

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COLOQUEI A MOCHILA no compartimento de bagagem e me senteina poltrona a bordo do 777. Ainda não conseguira absorver comple -tamente a notícia sobre Thomas. Eu sabia que era verdade, mas, poralgum motivo, aquilo não parecia real. Eu o vira há alguns meses e eleaparentava estar bem. Como, de repente, podia estar morrendo?

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Fiz um aceno discreto com a cabeça para a mulher sentada aomeu lado e fechei os olhos. Meus dedos ficaram fazendo peque-nos movimentos circulares em torno das minhas têmporas.

– Você está bem? – Era a mulher que eu tinha cumprimentadohá pouco.

Abri os olhos e a fitei.– Estou, obrigado. É que acabei de receber uma péssima notícia.

Um amigo está muito doente. Os médicos dizem que está morrendo.– Oh – Minha resposta a pegara de surpresa. – Eu sinto muito,

não quis me intrometer. – Não, tudo bem... Quer dizer, não que esteja tudo bem... A situa-

ção dele não é nada boa. Mas não há nada que eu possa fazer a res-peito agora. Na verdade, nem sei se posso fazer alguma coisa, masquero voltar para conversar com ele. Para ajudar no que puder.

Fiz uma pausa e olhei para ela. Devia ter quase 40 anos. Tinhaum rosto bonito, cabelos castanhos na altura dos ombros, olhoscastanhos e traços angulosos. Estendi a mão e me apresentei:

– Eu me chamo Joe. Obrigado por se preocupar.– De nada! Meu nome é Sonia – respondeu ela, apertando

minha mão. – É um prazer conhecê-lo. Olha, eu não quismesmo me intrometer. Se você quiser se desligar nas próximas12 horas e ficar sozinho com seus pensamentos, eu compreendoperfeitamente.

Eu fiz que não. – Não. Mas obrigado pela compreensão. Ficamos sentados em silêncio por alguns instantes.– Quem é o seu amigo? – perguntou ela. – O que ele tem?– O nome dele é Thomas. Thomas Derale. É o maior líder do

mundo. – Era uma forma estranha de descrever alguém, espe-cialmente quando esse alguém era seu amigo, mas isso era o queme vinha à cabeça quando eu pensava nele.

– É uma descrição incomum.

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– Eu sei. Ele é muitas outras coisas também, mas é assim queeu costumo pensar nele.

– E como foi que vocês se tornaram amigos?– Essa é uma longa história. Ela sorriu.– Temos 12 horas pela frente, Joe, e eu sou uma ótima ouvinte. Eu devolvi o sorriso. – Está certo – assenti com a cabeça. – Tudo começou quando

Thomas me fez uma perguntinha sobre um museu.

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EU HAVIA CHEGADO à estação de trem às 6h47 da manhã. Era opri meiro trecho da jornada que eu fazia todos os dias, de segun-da a sexta-feira. Começava no meu prédio, no extremo norte deChicago, e incluía uma caminhada até a estação, uma viagem de trem e depois outra caminhada até o escritório.

Chicago é uma cidade ótima na primavera e no verão. Se des-locassem o equador cerca de 1.300 km para o norte, tudo seriaperfeito. Infelizmente, não estávamos nem na primavera nem noverão. Era fevereiro e os termômetros registravam -12℃, mas asensação térmica era de -19℃ por causa do vento.

Acordei às 5h40 da manhã, com o despertador anunciandomais um dia de trabalho. Fui tiritando de frio até o chuveiro efiquei debaixo da água quente na esperança de que, por algumaesquisitice da natureza, quando eu saísse fosse sábado, não se -gunda. Isso aconteceu comigo uma vez, quando eu era criança.Eu havia me levantado, tomado banho, me vestido e descido ape-nas para me dar conta de que era fim de semana e que eu nãotinha de ir à escola.

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Mas naquele dia não dei tanta sorte. Depois de uma tigela decereal matinal e uma xícara de café, vesti um terno azul-escuro,uma camisa azul-clara, uma gravata elegante e saí porta afora.Após andar por dez minutos pela gelada Armitage Avenue, euestava de pé na plataforma do trem.

E foi então que Thomas olhou para mim, fez um aceno com acabeça e perguntou:

– Esta é uma manhã digna de museu?Eu acabaria descobrindo que aquela era, de fato, uma manhã

digna de museu, embora naquele momento eu não tivesse amenor ideia do que ele queria dizer. Aquele seria um dia espe-cial porque foi quando conheci Thomas.

Na verdade, eu nem respondi de forma coerente quando ele meabordou. Ou pelo menos acho que não. As pessoas não costumamconversar com desconhecidos quando estão paradas na platafor-ma do trem, principalmente quando a temperatura está tão con-gelante. Thomas me pegou de surpresa tanto pela atitude quantopela pergunta. Creio que grunhi uma resposta ou então murmu-rei algo de grande inteligência, como “ã-hã”, e dei um sorrisodaqueles que a gente dá quando escuta alguém falar alguma coisamas não sabe ao certo o que o outro quis dizer.

Quando o trem chegou, embarcamos. Cada um foi para umaextremidade do vagão, então nossa conversa terminou onde eua deixei, na plataforma, com o meu profundo “ã-hã”.

Havia algo em Thomas, no entanto, que me fez pensar naque-la pergunta o dia todo. Ele usava um sobretudo longo de lã pretae luvas. Seu cabelo tinha um corte curto e sóbrio, e ele tinha pre-sença. Sabe quando uma pessoa simplesmente domina um am -biente ao entrar? Pois Thomas possuía essa qualidade mesmo às6h47 da manhã numa plataforma de trem lotada de estranhos,em pleno inverno de Chicago.

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